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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA TRABALHO FINAL DO 6º ANO MÉDICO COM VISTA À ATRIBUIÇÃO DO GRAU DE MESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE ESTUDOS DE MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA BIANCA RAQUEL TEIXEIRA DE JESUS MICRONUTRIENTES NA PREVENÇÃO DA DOENÇA NO IDOSO ARTIGO DE REVISÃO ÁREA CIENTÍFICA DE GERIATRIA TRABALHO REALIZADO SOB A ORIENTAÇÃO DE: PROFESSOR DOUTOR MANUEL TEIXEIRA MARQUES VERÍSSIMO FEVEREIRO/2015

MICRONUTRIENTES NA PREVENÇÃO DA DOENÇA NO IDOSO · processo neurodegenerativo e sugeriram que o aumento do ferro livre cerebral poderá ser responsável pela degradação neuronal

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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

TRABALHO FINAL DO 6º ANO MÉDICO COM VISTA À ATRIBUIÇÃO DO

GRAU DE MESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE ESTUDOS DE MESTRADO

INTEGRADO EM MEDICINA

BIANCA RAQUEL TEIXEIRA DE JESUS

MICRONUTRIENTES NA PREVENÇÃO DA

DOENÇA NO IDOSO

ARTIGO DE REVISÃO

ÁREA CIENTÍFICA DE GERIATRIA

TRABALHO REALIZADO SOB A ORIENTAÇÃO DE:

PROFESSOR DOUTOR MANUEL TEIXEIRA MARQUES VERÍSSIMO

FEVEREIRO/2015

Micronutrientes na Prevenção da Doença no Idoso

Artigo de Revisão

Bianca Raquel Teixeira de Jesus 1 ; Manuel Teixeira Marques Veríssimo

1,2

1 Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra, Portugal

2 Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Portugal

Autora: Bianca Raquel Teixeira de Jesus

Endereço de correio eletrónico: [email protected]

3

Índice

Lista de siglas ............................................................................................................................. 5

Resumo ....................................................................................................................................... 6

Abstract ...................................................................................................................................... 8

Materiais e Métodos ................................................................................................................. 10

1-Introdução ............................................................................................................................. 11

2- O Envelhecimento e a nutrição ............................................................................................ 13

2.1 - Desnutrição no Idoso .................................................................................................... 15

3- Micronutrientes .................................................................................................................... 19

3.1- Vitaminas ...................................................................................................................... 21

3.2- Minerais ......................................................................................................................... 29

4- Micronutrientes e o Cancro .................................................................................................. 35

4.1- Vitamina A e Cancro do pulmão ................................................................................... 36

4.2- Vitamina B e Cancro da mama ..................................................................................... 37

5- Micronutrientes e as Doenças Cardiovasculares .................................................................. 39

5.1- Micronutrientes na prevenção das doenças cardiovasculares ....................................... 39

5.1.1- Vitamina A ............................................................................................................. 40

5.1.2- Vitaminas do complexo B ...................................................................................... 40

5.1.3- Vitamina C .............................................................................................................. 42

5.1.4- Vitamina E .............................................................................................................. 43

4

5.1.5- Vitamina D ............................................................................................................. 43

5.1.6- Cálcio ...................................................................................................................... 47

5.2- Antioxidantes e a Dieta Mediterrânica .......................................................................... 49

6- Micronutrientes e o Declínio Cognitivo .............................................................................. 51

6.1- Micronutrientes e stress oxidativo ................................................................................ 52

6.2- Micronutrientes como antioxidantes cerebrais .............................................................. 53

6.2.1- Zinco ....................................................................................................................... 54

6.2.2- Selénio .................................................................................................................... 55

6.2.3- Ferro ........................................................................................................................ 56

6.2.4- Vitaminas do complexo B ...................................................................................... 56

6.2.5- Vitamina C .............................................................................................................. 58

6.2.6- Vitamina E .............................................................................................................. 59

7- Conclusão ............................................................................................................................. 61

8- Agradecimentos ................................................................................................................... 65

9- Referências ........................................................................................................................... 66

5

Lista de siglas

AD: doença de Alzheimer

AVC: acidente vascular cerebral

DCV: doenças cardiovasculares

DGS: Direção Geral da Saúde

DNA: ácido desoxirribonucleico

EM: enfarte do miocárdio

ER : recetores de estrogénios

HDL: lipoproteínas de alta densidade

LDL: lipoproteínas de baixa densidade

MMSE: Mini-Mental State Examination

NMDA: N-metil-D-aspartato

PAD: pressão arterial diastólica

PAS: pressão arterial sistólica

PR: recetores de progesterona

RAR: recetor do ácido retinóico

RC: randomizados e controlados

ROS: espécies reativas de oxigénio

RXR: recetor retinoide X

SRAA: sistema renina angiotensina aldosterona

SeP: selenoproteína P

UI: unidades internacionais

UNESCO: United Nations Educational Scientific and Cultural Organization

25(OH)D: 25-hidroxicolecalciferol

6

Resumo

O envelhecimento progressivo da população é um fenómeno mundial. Cerca de 80%

da população idosa tem uma ou mais doenças crónicas e o declínio cognitivo é um fenómeno

frequente que aumenta ao longo da idade.

Vários estudos demonstraram a relação dos micronutrientes com estas problemáticas,

nomeadamente, na sua patogénese, evolução, tratamento e prevenção.

Esta revisão teve como objetivos, identificar alguns micronutrientes e prováveis

mecanismos de ação envolvidos na prevenção do cancro, das doenças cardiovasculares e do

declínio cognitivo e avaliar a existência de benefícios da suplementação destes

micronutrientes na dieta do idoso.

Propôs-se que em relação ao cancro, a vitamina A atue como supressor tumoral,

podendo estar relacionada com um maior risco de cancro do pulmão e do estômago. Quanto

ao ácido fólico e às vitaminas B6 e B12 sugeriu-se apresentarem um potencial carcinogénico

e os resultados da relação entre a sua suplementação e o risco de cancro da mama não foram

conclusivos para o ácido fólico e não foram estatisticamente significativos para as vitaminas

B6 e B12.

Os resultados dos estudos relativos ao efeito da suplementação das vitaminas A, B, C e

D nas doenças cardiovasculares foram inconclusivos e não houve consenso quanto à relação

entre as vitaminas A, B e C e o risco de surgimento destas doenças. Relativamente à

suplementação com cálcio, os resultados foram inconclusivos, quanto ao seu potencial

preventivo nas doenças cardiovasculares, no entanto, a ingestão de baixas doses foi sugerida

como sendo benéfica no controlo na PAS e PAD.

7

Estudos sugeriram que os níveis plasmáticos de zinco estejam relacionados com a

melhoria da função cognitiva, propondo um possível envolvimento na patogénese da AD.

Estudos recentes indicaram que níveis diminuídos de selénio podem estar relacionados com

uma maior mortalidade e declínio da função cognitiva. Estudos indicaram o papel do ferro no

processo neurodegenerativo e sugeriram que o aumento do ferro livre cerebral poderá ser

responsável pela degradação neuronal. Estudos estabeleceram uma relação entre os níveis

baixos de ácido fólico com o declínio cognitivo, não tendo esta evidência sido verificada para

as vitaminas B6 e B12. Verificaram ainda que a suplementação com ácido fólico exerce

influência na performance cognitiva, contudo com vitamina B12 esta influência não existe.

Estudos referiram que as vitaminas C e E apresentam atividade neuromodeladora e que

quando os níveis plasmáticos se encontram diminuídos estão associados a um maior risco de

declínio cognitivo.

Palavras-chave: micronutrientes, prevenção primária, prevenção secundária, cancro, doenças

cardiovasculares,, declínio cognitivo, micronutrientes (ação farmacológica) suplementos

diatéticos, idoso, idoso com 80 ou mais anos

8

Abstract

The progressive aging of the population is a global phenomenon. About 80% of the

elderly population has one or more chronic diseases and the cognitive decline is a common

phenomenon which increases with age.

Several studies have shown the relationship of micronutrients with these issues,

particularly, in its pathogenesis, evolution, treatment and prevention.

This revision aimed to identify some micronutrients and probable action mechanisms

involved in preventing cancer, cardiovascular diseases, cognitive decline and evaluate the

existence of supplementation benefits of these micronutrients on the elderly’s diet.

It was proposed that in relation to cancer the vitamin A acts as a tumor suppressor and

may be associated with an increased risk of lung and stomach cancer. As for the folic acid and

the vitamins B6 and B12 it was suggested to present themselves as having a carcinogenic

potential and the results between the relationship of the folic acid and its supplementation and

the risk of breast cancer have been inconclusive and it weren't statistically significant for the

vitamins B6 and B12.

The outcomes of the supplementation effect of vitamins A, B, C and D in

cardiovascular diseases were inconclusive, and there was not consensus on the relationship

between the vitamins A, B and C and the risk of emergence of these diseases. In relation to

the calcium supplementation, the results were inconclusive regarding its preventive potential

in cardiovascular diseases, however, the ingestion of low-doses was suggested as being

beneficial in monitoring the sistolic and diastolic blood pressure.

Studies have suggested that the zinc plasma levels are related to the improvement of

cognitive function, suggesting a possible role in the pathogenesis of the Alzheimer's disease.

Recent studies indicate that low selenium levels can be associated with higher mortality and

9

decline in the cognitive function. Studies have indicated the role of iron in neurodegenerative

process and suggested that the increase in the free iron brain may be responsible for the

neuronal degradation. Studies have established a link between the low levels of folic acid with

the cognitive decline and this evidence has not been verified for the B6 and B12 vitamins.

They have also verified that the supplementation with folic acid influences the cognitive

performance, although with the B12 vitamin this influence does not exist. Studies have

indicated that the vitamins C and E show neuromodelator activity when the plasma levels are

low they are associated to a higher risk of cognitive decline.

Keywords: micronutrientes; primary prevention; secondary prevention; neoplasms;

cardiovascular diseases; mild cognitive impairment; micronutrients [Pharmacological

Action]; dietary supplements; aged; aged, 80 and over

10

Materiais e Métodos

A pesquisa para a revisão literária foi realizada mediante a consulta de um conjunto de

vários artigos de revisão e artigos científicos publicados entre 2009 e 2015, recorrendo às

bases de dados da Pubmed, B-on e Cochrane, utilizando os seguintes termos de pesquisa:

“micronutrients”, “micronutrients [pharmacological action]”,“/therapeutic use”, “/therapy”,

“dietary supplements”, “Treatment Outcome”, “Aged”, “Aged, 80 and over”, “micronutrients

AND cardiovascular disease”, “micronutrients AND cognitive decline” “micronutrients AND

cognitive function” e “micronutrients AND cancer”.

Foram consultados artigos com informação epidemiológica relativa às situações

patológicas mais comuns no idoso, seguindo-se a seleção de estudos sobre alguns

micronutrientes com interação com estas patologias e de outros referentes à sua

suplementação.

Foram também consultadas outras fontes de informação tais como: o livro “Krause’s

Food & Nutrition Therapy”, para obtenção de conteúdos sobre as características e

generalidades dos micronutrientes; uma norma da Direção Geral da Saúde (DGS):

“Abordagem Terapêutica das Alterações Cognitivas” para obtenção de informação adicional

sobre o défice cognitivo; o programa nacional para as doenças oncológicas: “Portugal

Doenças Oncológicas em Números – 2013” e o relatório sobre a saúde da população

portuguesa com 65 ou mais anos de idade: “Portugal Idade Maior em Números – 2014”, para

a obtenção de dados estatísticos relativos à prevalência do cancro e ao envelhecimento

demográfico na população portuguesa.

11

1-Introdução

A população mundial está a envelhecer progressivamente, consequência do aumento

da percentagem de indivíduos na faixa etária geriátrica. A longevidade conduz ao aumento da

prevalência das doenças cardiovasculares (DCV), neoplásicas e neurodegenerativas e acarreta

consequências decorrentes da coexistência de múltiplas doenças crónicas que afetam

significativamente a qualidade de vida do idoso e aumentam a necessidade aos cuidados de

saúde. (1,2,3)

A nutrição é essencial na promoção de saúde, independentemente da faixa etária e é

um elemento chave no envelhecimento saudável. (3,4,5,6,7) Uma alimentação não adequada

é um problema comum que pode afetar o estado funcional e físico dos idosos. O risco de

malnutrição aumenta com a idade, como tal, a nutrição e a suplementação nutricional na

população geriátrica são assuntos deveras importantes que merecem a devida atenção. (3,4)

Os micronutrientes são componentes essenciais da dieta alimentar e são elementos

fundamentais na prevenção da doença. Apresentam um conjunto de funções essenciais na

regulação da homeostasia do organismo, são elementos chave nas vias metabólicas, e a sua

ausência pode comprometer o estado de saúde do indivíduo. (8)

Os défices nutricionais são comuns na população em geral e podem ocorrer devido a

um consumo insuficiente de alimentos, a perdas orgânicas ou a um aumento das necessidades

fisiológicas de determinados nutrientes superior ao que uma dieta equilibrada fornece. (9) Os

idosos pertencem a um dos grupos etários mais suscetíveis os défices nutricionais podendo,

por isso, beneficiar com a suplementação de micronutrientes.

A suplementação de vitaminas e de sais minerais é comumente usado como forma de

promoção de saúde e prevenção de doenças crónicas (10) tendo-se assistido, atualmente, a um

12

aumento do consumo de suplementos vitamínicos por parte desta população (11), embora

grupos de especialistas defendam que uma dieta variada e balanceada é suficiente como fonte

de aporte dos micronutrientes essenciais. (9) Permanecem ainda algumas questões sobre a

necessidade em recorrer aos suplementos vitamínicos e se as suas doses estão adaptadas ao

indivíduo, tendo em conta a idade, a dieta diária e as comorbilidades.(11)

Esta revisão tem como objetivos, identificar alguns micronutrientes e os prováveis

mecanismos de ação envolvidos na prevenção das DCV e do declínio cognitivo e avaliar a

existência de benefícios da suplementação destes micronutrientes na dieta do idoso.

Esta revisão tem como objetivos, identificar alguns micronutrientes e prováveis

mecanismos de ação envolvidos na prevenção do cancro, das DCV e do declínio cognitivo e

avaliar a existência de benefícios da suplementação destes micronutrientes na dieta do idoso.

13

2- O Envelhecimento e a Nutrição

A população mundial está a envelhecer progressivamente e de acordo com o relatório

“Portugal Maior”, publicado pela DGS, referente à população com 65 e mais anos de idade, o

envelhecimento demográfico é uma tendência a longo prazo que teve início há várias décadas,

em Portugal e na Europa (figura 1).(12) É uma consequência do aumento da percentagem de

indivíduos na faixa etária geriátrica mundial ao longo do tempo, à custa de múltiplos fatores,

nomeadamente, a redução das taxas de fertilidade e de mortalidade e o aumento da esperança

média de vida, este último assumindo uma importância mais significativa.

No entanto, à custa de uma maior longevidade, assiste-se a um aumento da prevalência

de determinadas patologias, especialmente das denominadas doenças silenciosas, tais como:

DCV, demência e cancro.(2,7)

Estima-se que 80% da população idosa tenha uma ou mais doenças crónicas, pelo que

a coexistência desta multiplicidade de patologias como sejam: diabetes, DCV, demência e /ou

cancro, são acompanhadas de “efeitos colaterais” que no indivíduo idoso afetam de forma

significativa a sua qualidade de vida, aumentando assim a necessidade de recorrer aos

cuidados de saúde. (2,7)

Neste sentido, o processo de envelhecimento conduz a consequências acentuadas na

estrutura etária da população que por sua vez determinam alterações nas necessidades sociais

e na atividade económica e política, no sentido de responder a esta nova realidade social.(12)

A prevenção de doenças crónicas e a redução das suas respetivas complicações

constitui uma estratégia essencial na promoção e manutenção da saúde e de facto a prevenção

primária e secundária destas doenças provou ser uma medida eficaz.(7)

14

O estado de saúde é influenciado por múltiplos fatores, dos quais a nutrição assume

um papel fundamental, uma vez que o organismo, através das trocas de energia e de nutrientes

com o meio ambiente, permite a manutenção da homeostasia e do bom funcionamento

corporal.(3) Existem vários estudos epidemiológicos que sugerem a existência de uma

relação robusta entre o estado de saúde e o estado nutricional, independente da idade,

apoiando assim a importância da nutrição na promoção de saúde, não só nas faixas etárias

mais jovem, mas também na geriátrica.(3,5,7)

Tendo em conta a problemática do envelhecimento populacional associado ao declínio

da qualidade de vida, devido a um maior predomínio da prevalência de doenças crónicas e

respetivas consequências, devem ser feitos esforços no sentido de criar medidas

intervencionais e programas de promoção de saúde e de prevenção primária e secundária de

doenças para população em geral, com objetivo de melhorar o estado de saúde quer dos

idosos quer das faixas etárias mais jovens, promovendo assim um envelhecimento mais

saudável, mais funcional e, principalmente, com maior qualidade de vida.

Figura 1: Distribuição da população residente (%), por grupo etário, em Portugal Continental (1970-2012)

Fonte: Relatório da Direção Geral da Saúde “Portugal Idade Maior em Números” 2014

15

2.1 - Desnutrição no Idoso

A idade e as patologias intimamente relacionadas podem resultar numa infinidade de

alterações fisiológicas e sociais que afetam o consumo dos alimentos. Uma alimentação não

adequada é um problema comum que afeta o estado funcional e físico dos idosos.(4,7)

O impacto do envelhecimento no organismo exerce influência nas necessidades

nutricionais dos idosos. As reduções na massa muscular, na densidade óssea, na função

imunológica, e na absorção e metabolismo dos nutrientes, podem tornar difícil para os idosos

atender às exigências nutricionais, especialmente pelo fato das suas necessidades energéticas

serem reduzidas. Fatores como perda da massa magra, aumento de cerca de 50 % da massa

gorda para ambos os géneros (tecido sem atividade metabólica significativa), diminuição da

taxa metabólica basal em 2% por década, menor atividade física dos idosos relativamente à

população mais jovem, são responsáveis pelo menor gasto energético e consequentemente

menor necessidade energética diária dos idosos.(3)

As alterações na constituição corporal bem como as alterações fisiológicas associadas

ao envelhecimento podem influenciar diretamente as exigências de nutrientes. Apesar dos

idosos apresentarem uma metabólica basal diminuída, as necessidades relativas aos

micronutrientes, de uma forma geral, para a maioria das vitaminas e minerais não sofrem

redução e se existirem são muito ligeiras. (2,3)

A nutrição constitui um elemento chave para um envelhecimento saudável com

qualidade de vida e acredita-se que os insultos no estado de saúde resultam de interações

complexas entre fatores genéticos, ambientais, culturais e hábitos pessoais. (7)

Os hábitos alimentares nos idosos são determinados não só por preferências adquiridas

ao longo da vida, mas também por alterações psicológicas, fatores financeiros e grau de

incapacidade.

16

Dadas estas especificidades deve ser dada especial atenção aos requisitos especiais da

nutrição dos idosos. (3)

A malnutrição constitui um facto altamente relevante com consequências, quer

clínicas quer socioeconómicas e o seu risco aumenta com a idade. (4) É uma condição muito

frequente em grupos mais frágeis da população, pessoas com baixos rendimentos e idosos,

especialmente quando estão institucionalizados. Relativamente aos idosos, o facto da eficácia

da deteção e reação ao estímulo da fome estar diminuído, faz deles um grupo particularmente

vulnerável a uma situação de desnutrição. Uma alimentação deficitária resulta no

aparecimento de múltiplos défices nutricionais que provocam efeitos adversos na constituição

e no funcionamento orgânico, tais como: compromisso da função muscular, redução da massa

óssea, disfunção imunológica (maior risco de infeções), diminuição da função cognitiva,

anemia, dificuldade na cicatrização de feridas, entre outros. Desta forma a malnutrição

constitui uma das principais causas de morbilidade e de mortalidade da população

geriátrica.(6)

Existem vários parâmetros clínicos, funcionais, sociais e económicos, que

individualmente ou associados, podem influenciar o estado nutricional o idoso (figura 2)

podendo assim estar na base da origem da desnutrição (6,7,13):

Alterações fisiológicas relacionadas com a idade,

Diminuição do apetite,

Saciedade precoce,

Alterações do tubo digestivo, tais como: alterações da dentição, atrofia das

papilas gustativas, diminuição peristaltismo esofágico, atrofia da mucosa

gástrica, hipocloridria gástrica e diminuição da capacidade de absorção

intestinal, que consequentemente conduzem à redução da ingestão de alimentos,

17

opção por dietas monótonas e seletivas e diminuição da absorção e

biodisponibilidade dos micronutrientes,

Fatores patológicos

‐ Presença de patologia, nomeadamente, doenças crónicas que muitas

vezes conduzem à polimedicação (antiácidos, diuréticos, antibióticos).

Estes dois fatores podem também afetar absorção e biodisponibilidade

dos micronutrientes,

Fatores psicológicos

‐ Depressão e a solidão,

Problemas socioeconómicos:

‐ Poucos recursos económicos, falta de apoio de terceiros e isolamento

social,

Fatores Culturais

‐ Religião, hábitos tradicionais, e alcoolismo.

18

Figura 2: Fatores influenciadores do estado de saúde relacionados com a qualidade de vida e com o

processo de envelhecimento.

Adaptado de: Bernstein et al. “Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Food and Nutrition

for Older Adults: Promoting Health and Wellness”.

Estado

Nutricional

Processo de

Envelhecimento

Estado de Saúde

Presença de doença aguda ou crónica

Medicação

Alterações sensoriais: paladar, olfato, aspeto, textura

Saúde oral

Estado físico e funcional:

Limitações físicas

Equilíbrio

Força física e resistência

Atividade /Exercício físico

Cognição

Alteração do estado mental

Depressão

Necessidades emocionais

Alimentação diária

Crenças relacionadas com

saúde e nutrição

Ambiente

Condições de vida

Condições financeiras

Tradições e crenças

religiosas

Estilo de vida

Acesso aos alimentos e

respetiva preparação

Socialização

Genética

Idade

Género

19

3- Micronutrientes

Os micronutrientes são constituídos por substâncias orgânicas (vitaminas lipossolúveis

e hidrossolúveis) e inorgânicas (minerais).

Os micronutrientes são essenciais a nível do metabolismo e da fisiologia humana,

nomeadamente na manutenção na homeostasia e funcionamento do organismo e na promoção

e manutenção de saúde e na prevenção de doença. Apresentam uma variedade de funções

incluindo estruturais, enzimáticas, equilíbrio de fluídos, função celular e neurotransmissão.

Como tal são elementos indispensáveis da dieta.(8)

As vitaminas e os minerais estão presentes nos alimentos sob forma de

macronutrientes, que sofrem digestão e posteriormente são absorvidos na mucosa do intestino

delgado, a nível da bordadura de escova. A biodisponibilidade destes micronutrientes é

afetada por inúmeros fatores tais como: mecanismo de transporte, presença de outros

nutrientes específicos, por exemplo ácidos ou bases e presença de oxalatos. (14)

A maioria das vitaminas não sofre modificações desde a sua absorção no intestino

delgado, realizada por difusão passiva, até chegar à corrente sanguínea, através de vários

mecanismos diferentes de transporte individual de vitaminas. Os fármacos, por exemplo,

podem compartilhar os mesmos mecanismos usados pelas vitaminas, podendo assim competir

pelo mecanismo e interferir com a biodisponibilidade das vitaminas.

O processo de absorção dos minerais é mais complexo, especialmente a absorção de

minerais catiónicos, tal como o selénio. Neste caso a absorção é feita por quelação, em que

um mineral liga-se a um ligante, geralmente um ácido ou um aminoácido, ficando desta forma

capaz de ser absorvido para a mucosa intestinal.

20

O trato gastrointestinal constitui um local onde ocorrem importantes interações entre

os minerais, as quais podem prejudicar ou eventualmente promover a absorção de outros,

como por exemplo, a presença de grandes quantidades de ferro ou de zinco podem reduzir a

absorção do cobre e por sua vez a presença de cobre pode reduzir a absorção de ferro e

molibdénio. É provável que estas interações traduzam a sobreposição dos mecanismos de

absorção entre os minerais.

Os minerais são transportados pela corrente sanguínea ligados proteínas

transportadoras. Esta ligação pode ser específica (por exemplo a transferrina, que se liga ao

ferro) ou inespecífica (por exemplo a albumina, que se liga a várias substâncias). Uma fração

de cada mineral também é transportada no soro sob forma de complexos com aminoácidos ou

com péptidos.

As proteínas de transporte específicas, geralmente, não ficam completamente

saturadas e esta capacidade de reserva pode atuar como um fator protetor contra uma

exposição excessiva. A toxicidade por minerais normalmente ocorre somente depois de os

níveis existentes de um determinado micronutriente superarem o limite de saturação das

proteínas existentes. A figura 2 esquematiza sumariamente o processo de digestão dos

micronutrientes.

21

3.1- Vitaminas

O termo “vitamina” foi criado para denominar um grupo de micronutrientes essenciais

que satisfazem os seguintes critérios:

1. Compostos orgânicos diferentes dos lípidos, hidratos de carbono e das

proteínas,

2. Componentes alimentantes naturais, normalmente presentes em pequenas

quantidades,

Figura 3. Locais de secreção e absorção dos micronutrientes no trato gastro intestinal

Adaptado de: Mahan LK, Escott-Stump S. Krause’s Food & Nutrition Therapy. 12th ed.

22

3. Não são sintetizados pelo organismo em quantidades adequadas às

necessidades fisiológicas,

4. São fundamentais, geralmente em pequenas quantidades, para a função

fisiológica normal, isto é, a manutenção, crescimento, desenvolvimento, e

reprodução,

5. A sua eventual falta ou insuficiência provoca uma síndrome de deficiência

específica.

As vitaminas apresentam um conjunto vasto de funções, incluindo ação a nível da

expressão genética, no entanto em termos de funções metabólicas elas classicamente foram

separadas em quatro categorias, embora entre elas tenham poucos aspetos químicos em

comum, são estas:

1. Estabilizadores de membrana,

2. Doadores e recetores de hidrogeniões (H+) e de eletrões,

3. Hormonas,

4. Coenzimas.

Em níveis subclínicos ou inferiores aos níveis ótimos, as vitaminas podem contribuir

para surgimento de doenças que normalmente não estão associados com o status da vitamina.

As vitaminas podem ser também classificadas com base na sua solubilidade, em

vitaminas lipossolúveis (A, D, E, e K) e as vitaminas hidrossolúveis (ácido ascórbico, tiamina,

riboflavina, niacina, piridoxina, biotina, ácido pantoténico, ácido fólico e cobalamina). As

vitaminas lipossolúveis são absorvidas passivamente para os vasos linfáticos e são

transportadas juntamente com os lípidos. Tendem a ser encontradas nas porções lipídicas da

célula, tais como membranas e gotículas lipídicas. A sua eliminação é geralmente é feita

através das fezes pela circulação enteropática. As vitaminas hidrossolúveis são absorvidas por

23

mecanismos passivos e ativos, têm transportadores específicos, não são armazenadas em

quantidades apreciáveis no organismo e são excretados pela urina.(14)

Ao conjunto das várias formas das vitaminas, incluindo todos os isómeros e análogos

ativos, denomina-se por vitâmeros.

No quadro 1 apresenta de forma sucinta as informações e características mais

relevantes relativamente às várias vitaminas.

24

Vitaminas Vitameros Metabolismo Função fisiológica Fontes

Doses diárias

recomendadas

(adultos)

A

Retinol

Retinal

Ácido retinóico

‐ Absorção dependente do teor de

gordura da dieta

‐ Proteínas de transporte: RBP

‐ Proteínas de ligação intracelular:

CRBP

‐ Armazenada no fígado (constitui 50 %

a 80% da vitamina presente no

organismo

‐ Excreção pela bílis e fezes

‐ Pigmentos visuais (opsina)

‐ Síntese lacrimal

‐ Função imunológica

‐ Diferenciação celular (ação hormonal)

‐ Regulação genética

‐ Desenvolvimento ósseo

‐ Reprodução

Vitamina A

Alimentos de origem

animal:

‐ Fígado, leite e ovos

‐ Bacalhau e óleo de

fígado de bacalhau

Carotenóides

‐ Legumes e frutas com

folha verde escura e

cores amarelo a

laranja

‐ Cores escuras estão

associadas a maiores

níveis de carotenóides

700-900

mcg/dia de

retinol,

dependente

do género

D

Colcalciferol-

D3

Ergucalciferol-

D2 (plantas)

‐ Calcitriol [1,25(OH)2D3] é a forma

metabólica ativa (função hormonal)

‐ Sintetizada na pele (exposta à luz

solar) a partir do 7-dehidrocolesterol

‐ Ativada por duas hidroxilações

sequenciais, uma hepática e outra

renal

‐ Absorção dependente do teor de

gordura da dieta

‐ Proteínas de transporte: DBP,

transcalciferina

‐ Pequena quantidade é armazenada no

fígado

‐ Homeostasia do cálcio e fósforo

‐ Envolvimento no metabolismo ósseo

‐ Essencial na formação dos ossos e dos

dentes

‐ Regulação da expressão genética

(maioria dos genes não estão

envolvidos no metabolismo mineral)

‐ Diferenciação, proliferação e

desenvolvimento celular de vários

tecidos (ainda pouco estudado): pele,

músculo, pâncreas, nervos, glândula

parótida e sistema imunológico

Produtos de origem

animal:

‐ Grande quantidade:

óleo de fígado de

peixe

‐ Pequenas quantidades:

leite materno e de

vaca, manteiga, natas,

gema de ovo e fígado

5-15

mcg/ dia

dependente

da idade e do

género

25

E

-tocoferol

-tocoferol

Tocotrienol

‐ Absorção dependente do teor de

gordura da dieta

‐ Incorporada nas VLDLs

‐ Proteínas de ligação intracelular: TBP

‐ Excreção pelas fezes e pequena parte

pela urina

‐ Antioxidante (importante)

‐ Proteção das lipoproteínas da oxidação

(tocoferóis)

‐ Prevenção da oxidação de ácidos

gordos livres, vitamina A no intestino

delgado

‐ Proteção dos eritrócitos da hemólise

‐ Papel na síntese de prostaglandinas

‐ Papel na manutenção dos tecidos

‐ Regulação da sinalização celular e da

expressão genética (ainda em estudo)

Produtos vegetais:

(melhores fontes)

‐ Óleos vegetais

‐ Vegetais de folha

verde (espargos,

nabiças)

‐ Nozes, amendoins,

avelãs, amêndoas

‐ Abacate

Produtos animais:

‐ Leite gordo

‐ Gema de ovo

‐ Sardinha

15 mg/dia

K

Filoquinonas

(K1)

Menaquinonas

(K2)

Menadiona

(K3)

‐ Pode ser sintetizada pelas bactérias do

trato intestinal

‐ Absorção dependente do teor de

gordura da dieta

‐ Proteínas de transporte: VLDL, LDL

‐ Excreção: K1 pelas fezes; K2 pela

urina

‐ Coagulação sanguínea

‐ Envolvido no metabolismo do cálcio

‐ Envolvimento no metabolismo ósseo

‐ Regulação enzimática

‐ Vísceras de animais

(fígado)

‐ Óleo vegetal

‐ Vegetais de folha

verde

90 -120

mcg/dia

dependente

do género

C

Ácido ascórbico

Ácido

dehidroascórbi-

co

‐ Forma oxidada é melhor absorvida

‐ Eficácia da absorção entérica é maior

para níveis de ingestão mais baixos

‐ Circula na corrente sanguínea na

forma de ácido ascórbico

‐ Eliminação pela urina

‐ Agente antioxidante

‐ Participa na biossíntese do colagénio

‐ Participa nas reações, redox, na

hidroxilação de esteróides sintetizados

nas supra-renais

‐ Participa na síntese de serotonina e

norepinefrina

‐ Redução do Fe 3+

para Fe2+

‐ Função imunológica

‐ Elemento fundamental na recuperação

‐ Frutas (ex: citrinos,

tomate, melão, kiwi)

‐ Vegetais

‐ Vísceras de animais

15 a 120

mg/dia

dependente

da idade e do

género

26

da forma reduzida da vitamina E,

recuperando a função antioxidativa.

B1 Tiamina

‐ Ativada por fosforilação

‐ Consumo de álcool e o défice em

ácido fólico interferem com o

processo de transporte da vitamina

‐ Transporte na corrente sanguínea

pelos eritrócitos

‐ Sem local de armazenamento

‐ Excretada pela urina

‐ Coenzima de desidrogenases, essencial

no metabolismo do piruvato e de

outros cetoácidos

‐ Coenzima na descarboxilação de

-cetoácidos

‐ Envolvida no metabolismo HC

‐ Coenzima na via das pentoses e no

metabolismo energético

‐ Função neuronal

‐ Fígado de porco

‐ Vísceras de animais

‐ Leguminosas

‐ Grãos integrais (fonte

mais importante)

‐ Cereais enriquecidos

‐ Gérmen de trigo

‐ Pão

‐ Batata

0,2- 1,4

mg/dia

dependente

da idade e do

género

B2 Riboflavina

‐ Absorção é mediada por ATP por

transportadores ativos

‐ Transporte na corrente sanguínea

ligada à albumina

‐ Armazenada em pequenas quantidades

no fígado e nos rins, que não suprem

as necessidades do organismo

‐ Convertida em coenzima por processo

de fosforilação dependente de ATP

(regulado por HT, ACTH e

aldosterona)

‐ Excretada pela urina

‐ Envolvida no metabolismo de HC e

aminoácidos

‐ Agente antioxidante

‐ Participa em reações de metilação

Coenzima em reações redox de ácidos

gordos e TCA (como FAD e FMN)

‐ FMN é necessário para a conversão de

piridoxina em piridoxal fosfato (forma

ativa)

‐ FAD participa na biossíntese de

Niacina a partir do triptofano

‐ Leite e produtos

lácteos

‐ Carne

‐ Ovos

‐ Vegetais de folhas

verdes

‐ Cereais enriquecidos

‐ Pão

0,3- 1,6

mg/dia

dependente

da idade e do

género

Niacina Ácido nicotínico

Nicotinamida

‐ Componente do NAD e NADPH

‐ Pode ser sintetizada a partir do

triptofano (não é suficiente para suprir

as necessidades orgânicas)

‐ A síntese é dependente de vitamina B6

e Riboflavina

‐ Coenzima de várias desidrogenases,

enzimas envolvidas no metabolismo

dos HC, ácidos gordos e aminoácidos

‐ Envolvimento no mecanismo de

reparação do DNA e na estabilidade

genética

‐ Participa na síntese de serotonina

‐ Peixe

‐ Vísceras de animais

(fígado)

‐ Carnes vermelhas

‐ Carnes brancas

‐ Ovos

‐ Leite

2-18 mg/dia

dependente

da idade e do

género

27

‐ Ações dependentes de:

NAD: respiração celular

NADPH: vias de biossíntese

‐ Grãos

‐ Amendoins

‐ Vegetais

Ácido

pantoténico

Ácido

pantoténico

(Ac.P)

‐ Parte integral da CoA

‐ Absorção requer hidrólise de

fosfatopanteína e conversão em Ac.P

‐ Transporte: eritrócitos

‐ Convertida a nível intercelular em

CoA

‐ Excreção urinária (principal)

‐ Pequena parte oxidada e excretada

pelos pulmões como CO2

‐ Formação de acetil CoA

‐ Participação TCA

‐ Coenzima no metabolismo de ácidos

gordos e colesterol, na acetilação de

aminas, aminoácidos e álcoois

‐ Carnes

‐ Gema de ovo

‐ Leite desnatado

‐ Cogumelos

‐ Abacate

‐ Brócolos

‐ Batata-doce

‐ Arroz

1,7- 7 mg/dia

dependente

da idade e do

género

B6

Piridoxol (PN)

Piridoxal (PL)

Piridoxamina

(PM)

‐ Forma de coenzima metabolicamente

ativa: piridroxal fosfato (PLP)

‐ PLP é a forma predominante na

corrente sanguínea

‐ Proteína de transporte: albumina

‐ Músculo é o maior local de

armazenamento

‐ Eliminada pela urina

‐ Coenzima no metabolismo de

aminoácidos, glicogénio,

esfingolípidos, esteróides, grupo heme

‐ Essencial na síntese e no metabolismo

de neurotransmissores como

serotonina, norepinefrina, GABA

‐ Possivelmente sintetizado pelas

bactérias intestinais

Todos os alimentos de

origem vegetal e animal

‐ Ovos, vísceras de

animais e salmão

‐ Grãos integrais,

legumes e nozes

0,1-2,0

mg/dia

dependente

da idade e do

género

Biotina Biotina

‐ Absorvida por difusão passiva

‐ Transportada livremente no plasma

‐ Eliminação pela urina

‐ Coenzimas nos processos de

carboxilação

‐ Componente essencial de várias

enzimas

‐ Amendoins, amêndoas

‐ Ovos

‐ Iogurte, leite

desnatado

‐ Batata-doce

‐ Banana, melancia,

tomate e morangos

30 mg /dia

Folato

Ácido fólico

Pteroilmono-

glutamato

‐ Existente nos alimentos como

poliglutamato

‐ Absorção por transporte ativo e requer

‐ Coenzimas no metabolismo de

hidratos de carbono simples e em

reações de síntese no metabolismo de

‐ Carne bovina

‐ Leite

‐ Gema de ovo

65-600

mg/dia

28

hidrólise em monoglutamato

‐ Proteína de transporte: albumina

‐ Inter-relação com vitamina B12

‐ Armazenada em quantidades que

suprem as necessidades durante 4

meses

aminoácidos e nucleótidos

‐ Essencial na síntese e na maturação

dos eritrócitos e leucócitos

‐ Farelo de trigo, aveia

‐ Pão integral

‐ Leguminosas

‐ Vegetais de folha

verde (espinafre,

espargos e brócolos)

dependente

da idade e do

género

B12 Cobalamina

‐ Facto intrínseco é essencial para sua

absorção

‐ Proteínas de transporte:

transcobalaminas (TC) e haptocorrina

‐ Armazenada em grandes quantias

sobretudo no fígado (supre as

necessidades durante 2-4 anos)

‐ Circulação entero-hepática contribui

para o armazenamento

‐ Eliminação pela bílis e urina

‐ Coenzimas no metabolismo dos

fragmentos de propionato,

aminoácidos e HC simples

‐ Vísceras

‐ Carnes vermelhas

‐ Peixe

‐ Leite

‐ Ovos

‐ Ostras, ameijoas

0,4- 2,8

mg/dia

dependente

da idade e do

género

Quadro 1: Vitaminas e suas características

Legenda: ACTH: adrenocorticotrofina, CoA: coenzima A; CRBP: cellular retinol-binding protein; DBP: vitamin D- binding protein; mcg: microgramas; FAD: flavin adenine

dinucleotide; Fe3+

: ferro férrico; Fe2+

: ferro ferroso; FMN: flavin adenine mononucleotide, GABA: ácido gama-aminobutírico; HC: hidratos de carbono; HT: hormonas

tiroideias; NAD: nucleótido de nicotinamida e adenina ; NADPH: fosfato de nucleótido de nicotinamida e adenina; RBP: retinol-binding protein; TBP: tocopherol-binding

protein; TCA: Ciclo de Krebs;

29

3.2- Minerais

Os minerais são reconhecidos como elementos essenciais para o bom funcionamento

do organismo. Dividem-se em macrominerais (necessidades ≥ 100 mg/ dia), microminerais ou

elementos traço (necessidades ≤ 15 mg/ dia) e elementos ultra-traço cujas necessidades são

menores do que as estabelecidas para os elementos traço.

Os minerais representam 4 a 5% do peso corporal, dos quais, cerca de 50% de cálcio,

25% de fósforo, existente sob forma de fosfatos, e os restantes 25% são representados por

cinco macrominerais essenciais (magnésio, sódio, potássio, cloro e enxofre) e onze

microminerais (ferro, zinco, iodo, selénio, manganês, flureto, molibdénio, cobre, crómio,

cobalto e boro).

Relativamente aos elementos ultra-traço, permanecem ainda por estabelecer as

quantidades necessárias para o ser humano. Este grupo é constituído por arsénio, alumínio,

estanho, níquel, vanádio e sílica.

Os minerais podem existir como componentes orgânicos ou sob forma iónica pela qual

são, geralmente, absorvidos.

O quadro 2 apresenta os minerais existentes no organismo em quantidades mais

significativas, o cálcio e o fósforo e alguns dos que existem em menores quantidades. Destes,

o quadro apenas contém os mais relevantes de acordo com a temática abordada no artigo.

30

Minerais Características Função Fontes Doses diárias

recomendadas

Cálcio

‐ Mineral mais abundante no organismo

‐ 99% localizado nos ossos e nos dentes, o restante está

no sangue, nos fluidos extracelulares e a nível

intracelular, onde regula funções metabólicas

importantes

‐ Absorção mais eficaz em meio ácido e é maior na

presença de ácido clorídrico (o mesmo ocorre com os

suplementos de cálcio) e de lactose. Apenas 30% do

cálcio ingerido é absorvido

‐ Metabolismo regulado por PTH (principal), vitamina

D, calcitonina, estrogénios, corticosteróides e

hormonas tiroideias

‐ Biodisponibilidade é influenciada por vários fatores:

estados de maior exigência, eficácia de síntese de

vitamina D, acidez gástrica (diminuição da secreção do

ácido gástrico reduz absorção de cálcio) e medicação

‐ Níveis plasmáticos são mantidos num intervalo estreito

ente 8,8 a 10,8 mg/dl

‐ Excreção pela urina e pelas fezes

‐ Participa no metabolismo ósseo

‐ Formação e manutenção dentária

‐ Participa no processo de contração

muscular e no metabolismo celular

‐ Influência sobre:

Permeabilidade da membrana

celular

Neurotransmissão

Função hormonal

Libertação ou ativação intracelular

e extracelular de enzimas

Coagulação sanguínea

‐ Leite de vaca e

derivados

(maiores fontes)

‐ Vegetais de folha

verde escura

(brócolos, couve

galega, nabo, couve

lombarda)

‐ Soja

‐ Salmão

‐ Mariscos

‐ Amêndoas

1000-1200

mg/dia

dependente da

idade e do

género

Fósforo

‐ Segundo mineral mais abundante no organismo

‐ 85% presente nos ossos e nos dentes sob forma de

cristais e 15% encontra-se na forma metabolicamente

ativa em todas as células do corpo e no fluido

extracelular

‐ 50% do fósforo inorgânico presente no soro como iões

livres, H2PO4- e H2PO4

2-

‐ Níveis são regulados pela PTH

‐ Hipofosfatémia (<2,5 mg/dl) é frequente nos idosos

‐ Absorção é feita no estado inorgânico, a sua eficácia

‐ Elemento constituinte de:

‐ nucleótidos: DNA, RNA, ATP

‐ fosfolípidos

‐ Participa reações de fosforilação e

desfosforilação que conduzem à

ativação ou inativação de enzimas

‐ Combina-se com iões de cálcio

originando cristais hidroxiapatite,

constituinte mineral essencial na

composição óssea e dentária

‐ Carne vermelha

‐ Carne de peru

‐ Peixe

‐ Ovos

‐ Leite e derivados

‐ Nozes

‐ Leguminosas

‐ Cereais e grãos

700 mg/dia

31

varia entre 60 a 70% nos adultos e a sua rapidez é

maior do que a verificada para o cálcio

‐ Biodisponibilidade depende da forma em que o fosfato

se encontra e do pH

‐ Eliminado pela urina (maior parte) e pelas fezes

Magnésio

‐ Segundo catião intracelular mais abundante

‐ Localização: 60% no osso (dos quais 70% não são

mobilizáveis), 26% nos músculos, e o restante a nível

dos tecidos moles e fluidos corporais

‐ Absorção por mecanismos de transporte facilitado ou

difusão simples. A eficácia da absorção varia entre os

35 a 45% e depende da quantidade existente no

organismo e da ingerida na dieta

‐ Níveis plasmáticos normais encontram-se dentro do

intervalo entre 1,5 a 2,1 mEq/L (0,75 a 1,1 mmol/L)

‐ Não existe uma hormona que regule os níveis de

magnésio plasmático

‐ A sua homeostasia é mantida pelo equilíbrio entre a

absorção intestinal e a excreção renal

‐ Os rins controlam o equilíbrio de magnésio através da

conservação deste de forma eficiente, especialmente

quando a ingestão é baixa

‐ Estabilizar a estrutura do ATP em

reções enzimáticas dependentes de ATP

‐ Importante na formação de cAMP

‐ Cofator de mais de 300 enzimas

envolvidas no metabolismo de

nutrientes e na síntese de muitos

produtos metabólicos

‐ Papel na atividade e transmissão

neuromuscular atuando em conjunto

com o cálcio, de forma antagónica

(exemplo: na contração muscular o

cálcio atua como fator estimulador e o

magnésio como fator relaxante)

‐ O rácio de cálcio e magnésio no sangue

determina a reatividade das células do

músculo liso, incluindo as do músculo

liso vascular

‐ Nozes

‐ Leguminosas

‐ Cereais moídos

‐ Vegetais verde

escuros

‐ Leite e derivados

‐ Peixe, carne

‐ Frutos: bananas,

laranjas, maçãs

‐ Tofu

310-400

mg/dia

dependente da

idade e do

género

Zinco

‐ Ião intracelular que na sua maioria está ligado a

proteínas

‐ Existe em grandes concentrações no cérebro, no fígado,

no pâncreas, nos rins, nos ossos e nos músculos

‐ Absorção e excreção são controladas por mecanismos

ainda pouco compreendidos

‐ Absorção é afetada pelos níveis de zinco na dieta,

fitatos, cobre, cálcio e ácido fólico

‐ Funciona associado a muitas enzimas

‐ Participação em reações de síntese ou

de degradação de vários metabolitos:

HC, lípidos, proteínas e ácidos

nucleicos

‐ Função estrutural como componente de

várias proteínas

‐ Sinalização intracelular a nível das

‐ Carnes vermelhas

‐ Carne de peru

‐ Leite

8-11 mg/dia

dependente

da idade e do

género

32

‐ A glicose, lactose e o vinho tinto aumentam a

absorção de zinco

‐ Proteína transportadora: albumina (principal),

transferrina, e 2-macroglobina

‐ Perante uma situação de lesão ou estado inflamatório

os níveis de zinco plasmático flutuam, sofrendo uma

queda de 50% em fases agudas de uma lesão devido a

um provável sequestro hepático

‐ Excreção, maioritária, pelas fezes

células cerebrais

‐ Estabilização estrutural de proteínas e

ácidos nucleicos

‐ Função imunitária

‐ Expressão genética

Ferro

‐ Elemento essencial

‐ O seu défice é dos mais comuns a nível mundial

‐ Existe em duas formas químicas:

Fe heme (Fe funcional): Hemoglobina, mioglobina e

enzimas

Fe não heme: Ferritina (Fe ligado à apoferritina),

hemossiderina e transferrina

Estas formas sofrem diferentes processos de absorção

‐ A eficácia da absorção varia entre 5 a 15%, podendo

atingir os 50% nos indivíduos com anemia por défice

de Fe e pode ser determinada por certos nutrientes:

vitamina C, proteínas animais, aminoácidos que

contêm enxofre, açúcares e leite humano

(promotores). As secreções gástricas aumentam a

absorção do ferro heme

‐ A solubilidade e a biodisponibilidade são

influenciadas pelo grau de acidez gástrica

‐ Diariamente 90% do ferro é recuperado e reutilizado

‐ Formas de armazenamento: ferritina e hemossiderina

‐ Proteína de transporte: transferrina

‐ Excreção através do suor, da bílis, das fezes e da

‐ Participação em reações redox.

‐ Pode interagir com O2 originando ROS

‐ Está envolvido e é determinante na

funcionalidade dos eritrócitos

(hemoglobina), mioglobina e em

enzimas com ou sem grupo heme

‐ Componente ativo dos citocromos,

envolvidos nos processos de respiração

celular, na síntese de energia (ATP) e

no metabolismo de substâncias

químicas endógenas e exógenas

‐ Envolvimento na função imunitária e

performance cognitiva

‐ Vísceras de animais

(fígado, rins,

coração)

‐ Marisco

‐ Carnes brancas

‐ Gema de ovo

‐ Leite e derivados

‐ Feijões secos

‐ Vegetais

‐ Frutos secos

‐ Grãos integrais

8-18 mg/dia

dependente

da idade e do

género

33

exfoliação normal do cabelo e da pele

Cobre

‐ Constituinte sanguíneo

‐ Presente em maiores concentrações no fígado, cérebro,

coração e rins

‐ Músculo estriado contém quase 40% do cobre presente

no organismo

‐ A ingestão elevada de vitamina C reduz os níveis de

cobre sanguíneo, podendo influenciar a ação da

ceruloplasmina na síntese de eritrócitos

‐ Absorção eficaz varia entre 25 a 60%

‐ Biodisponibilidade é afetada pelas fibras e fitatos

‐ 90% do cobre plasmático é convertido em

ceruloplasmina e o restante permanece ligado à

albumina, transcupreína, outras proteínas, aminoácidos

livres e histidina

‐ Proteína de transporte: albumina

‐ Locais de armazenamento: ligação com a albumina

(temporário) e fígado (ligada à metalotioneína)

‐ Pode ser mais ou menos reabsorvido ou eliminado de

acordo com as necessidades do organismo

‐ Excretado pela bílis (principalmente). Outras vias

minor de eliminação: urina, suor, menstruação

‐ Constituinte de várias enzimas

participando em várias reações

metabólicas:

Síntese de colagénio

Respiração celular

Síntese de melanina e

catecolaminas

‐ Na ceruloplasmina intervém na

oxidação do ferro

‐ Antioxidante

‐ Marisco

‐ Vísceras de animais

(fígado e rim)

‐ Febra

‐ Chocolate

‐ Frutos secos

‐ Grãos de cereais

‐ Leguminosas secas

0,2-1,3 mg/dia

dependente da

idade e do

género

Molibdénio

‐ Presente em pequenas quantidades no organismo

‐ Absorção interrelacionada com a de outros minerais

como o cobre e o sulfato

‐ A sua homeostasia é assegurada pelos processos de

absorção e excreção

‐ Excretado pela urina (principalmente) e pela bílis

‐ É essencial ao funcionamento de várias

enzimas envolvidas em reações redox :

Xantina oxidase

Aldeído oxidase

Sulfito oxidase

‐ Leguminosas

‐ Grãos de cereais

integrais

‐ Leite e derivados

‐ Vegetais de folha

verde

43-45 g/ dia

34

Selénio

‐ Envolvimento no metabolismo dos lípidos

‐ Manutenção da glutationa peroxidase

‐ Coopera com vitamina E como agente antioxidante

‐ O seu status é obtido pelo doseamento de selénio ou

de glutationa peroxidase no plasma, nas plaquetas, nos

eritrócitos ou no sangue total

‐ O doseamento de selénio nos eritrócitos é um

indicador da ingestão a longo prazo

‐ Absorção é mais eficaz em situação de défice

‐ Proteína transportadora: albumina e 2-globulina

‐ Excreção pela urina

‐ Antioxidante

‐ Regulação imunitária

‐ Proteção do estado redox da vitamina C

e de outras moléculas

‐ Modelador do metabolismo das

hormonas tiroideias

‐ Nozes do Brasil

‐ Marisco

‐ Vísceras de animais

(fígado e rim)

‐ Carnes vermelhas

‐ Carne de peru

55 g/dia

Quadro 2: Minerais e suas características

Legenda: ATP:adenosina trifosfato; cAMP: adenosina monofosfato cíclico; DNA: ácido desoxirribonucleico; Fe: Ferro; K+: potássio; mEq: miliequivalentes; O2: oxigénio;

PTH: paratormona; RNA: ácido ribonucleico; ROS : espécies reactivas de oxigénio

35

4- Micronutrientes e o Cancro

O cancro é uma das doenças do futuro (e do presente) que para além duma perspetiva

clínica multidisciplinar, necessita de uma abordagem política e social concertada, que se

estende para além dos muros das estruturas de saúde. De acordo com o Programa Nacional

para as doenças oncológicas, de 2013, as previsões para a próxima década, realizadas pela

International Agency for Research on Cancer (IARC), para União Europeia, tendo como base

apenas o envelhecimento da população, determina um aumento dos novos casos de cancro em

13,7%. As previsões para Portugal são semelhantes e apontam para um acréscimo de

12,6%.(15)

O cancro é um problema de saúde púbica cujos níveis de mortalidade têm aumentado

todos os anos. Os cientistas têm tentado desenvolver numerosas estratégias para prevenir e

tratar o cancro. As terapias anti-tumorais tais como: cirurgia, quimioterapia e radioterapia

foram evoluindo ao longo dos anos, contudo torna-se necessário desenvolver abordagens

inovadoras para um tratamento mais eficiente. (16)

Figura4: Previsão da evolução da incidência de cancro em Portugal (2010 a 2030)

Fonte: Programa Nacional para as Doenças Oncológicas: “Portugal Doenças

Oncológicas em Números”, 2013.

36

Os dez tumores malignos mais frequentes em Portugal são o do estômago, do cólon,

do reto, do pulmão, traqueia e brônquios, da mama feminina, do colo do útero, do corpo do

útero, da próstata, da bexiga e o linfoma Não Hodgkin. (15)

O recurso às vitaminas é uma estratégia promissora na prevenção e no tratamento do

cancro, de tal modo, que nos últimos anos, o seu potencial quimiopreventivo tem sido alvo de

análise e estudo.(16)

4.1- Vitamina A e Cancro do pulmão

O cancro do pulmão é o cancro que mais mortalidade determina em todo o mundo. Em

Portugal, o cancro do pulmão continua a ser a principal causa de morte por cancro, no sexo

masculino. Ao longo dos últimos 50 anos até à década de 90, a mortalidade por cancro do

pulmão cresceu de forma persistente. Contudo, nos últimos anos, verificou-se alguma

desaceleração no sexo masculino. As mulheres com cancro do pulmão representam

unicamente 20% do número do total de casos de cancro do pulmão em Portugal, porém nos

últimos anos, observou-se uma tendência crescente. (17)

Os retinóides possuem um efeito anti-proliferativo a nível celular através de uma via

de sinalização de interrupção do processo de crescimento, da promoção da diferenciação e da

indução da apoptose. A maioria das atividades dos retinoides é mediada por recetores

nucleares: o recetor do ácido retinóico (RAR) e o recetor retinoide X (RXR), cada um com os

subtipos , e . Estes atuam como fatores de transcrição regulados por ligandos que

modulam os padrões de expressão genética, pensa-se que ativam vias que conduzem à

paragem na fase G1 do ciclo celular, contudo não está completamente elucidado os

mecanismos pelos quais operam.(16,18)

37

A progressão tumoral tem sido associada à diminuição da expressão RAR-. Tal

evidência levou a que se propusesse que RAR- possa atuar diretamente como um supressor

tumoral.(16,18)

Uma meta análise indica que a suplementação com -carotenos não só aumenta o risco

de vir a desenvolver cancro do pulmão, bem como cancro gástrico. (19) Em Fritz et al. foram

analisados 248 estudos sobre o tratamento e a prevenção primária e secundária do cancro do

pulmão após suplementação. Os autores referem que embora alguns dos estudos analisados

tenham demonstraram benefícios consideráveis, não encontraram uma relação

estatisticamente significativa da eficácia do uso de retinóides como meio de prevenção ou de

tratamento do cancro do pulmão.(18) Jeon et al. também apuram a evidência anterior,

acrescentando não existir também efeito significativo a nível incidência ou mortalidade deste

cancro. (20)

4.2- Vitamina B e Cancro da mama

O cancro da mama é o cancro mais comum na mulher a nível mundial. A sua etiologia

é complexa e envolve vários fatores entre os quais: genéticos, eventos ocorridos durante o

período de idade fértil, hormonoterapia e dieta.(21) Relativamente à dieta, mais

concretamente aos micronutrientes tais como as vitaminas do complexo B (principalmente

B6, ácido fólico e B12), estas estão envolvidas na síntese, reparação e metilação do DNA,

como tal podem constituir um fator de risco para o cancro da mama.(22)

As vitaminas do complexo B são cofatores essenciais na via do folato, uma rede de

vias metabólicas complexas que envolve as interações entre várias vitaminas do complexo B

com a homocisteína e com a metionina. Qualquer disrupção nesta via pode interferir com a

38

síntese, a replicação e a reparação do DNA e a regulação da expressão genética, através dos

processos de metilação, e consequentemente pode conduzir à carcinogénese. (16,21,22)

Zhang et al. encontraram uma relação estatisticamente significativa entre os níveis de

vitamina B6 e ácido fólico na dieta com o risco de cancro da mama em todos os subtipos de

recetores hormonais tumorais, nomeadamente os recetores de Estrogénio (ER) e os de

Progesterona (PR), que constituem os marcadores mais estudados do tecido mamário.(23)

Stevens et al. sugerem a mesma associação apenas para ácido fólico (24) e Shrubsole et al.

sugerem que o risco de cancro da mama associado ao ácido fólico é baixo.

Shrubsole et al. e Batlle et al. também verificaram que a ingestão de níveis elevados de

ácido fólico em mulheres pré-menopausicas está associada a um risco, embora pequeno, para

o desenvolvimento de cancro mamário ER-/ PR

-. (21,25)

Alguns estudos não verificaram relação entre a ingestão de vitaminas B6 (24,25) e

B12 (23,24) e o risco de cancro da mama.

Por fim em Batlle et al. os resultados obtidos não apoiam a associação inversa entre os

níveis de ácido fólico ingerido na dieta ou outras vitaminas B e o risco de cancro da

mama.(21)

Relativamente à suplementação, Vollset et al. não verificaram efeitos significativos da

suplementação de acido fólico no cancro da mama (26), contudo em Marutiet et al. não se

verificou essa evidência, antes pelo contrário, sugerem que pode constituir um fator protetor

particularmente com os cancros ER -. Marutiet el al. também referem não existir uma relação

estatisticamente significativa entre a ingestão de suplementos de vitamina B6 e B12 e o risco

de cancro da mama.(27)

39

5- Micronutrientes e as Doenças Cardiovasculares

As DCV são a principal causa de morte em muitos países desenvolvidos e em vias de

desenvolvimento.(28) De acordo com o relatório “Portugal Maior”, publicado pela DGS, as

DCV constituem uma das principais causas de morte em Portugal, sendo a principal causa de

morte no grupo etário dos 65 aos 74 anos.(12)

Vários estudos mostraram o papel da oxidação das lipoproteínas de baixa densidade

(LDL) na génese da aterosclerose. Esta evidência permitiu colocar a hipótese dos

antioxidantes serem úteis na proteção e no tratamento de um número de DCV.(28) Suposição

esta que conduziu ao recurso dos suplementos vitamínicos, como uma das formas

frequentemente usadas, na atualidade, na prevenção das DCV, embora não haja evidências

claras sobre os riscos ou benefícios. (10,29)

5.1- Micronutrientes na prevenção das doenças cardiovasculares

Dados observacionais apoiam a sabedoria popular que estabelece uma relação entre

dietas ricas em frutas e vegetais e a melhoria do estado de saúde. Atualmente conhecem-se

alguns dos papéis desempenhados pelas vitaminas e sais minerais nas DCV e sabe-se que

apresentam influência benéfica.(28,29) Resta saber se com o recurso à suplementação é

possível reproduzir esses mesmos benefícios ou até potenciá-los com vista à promoção da

saúde, prevenção de doença, melhoria da qualidade de vida dos idosos e promoção de um

envelhecimento mais saudável.

40

Vários estudos epidemiológicos e populacionais reportaram que o efeito antioxidante

das vitaminas A, C e E pode ser benéfico na redução do risco para DCV, embora não existam

muitos estudos que suportem esta evidência.(28,29)

5.1.1- Vitamina A

Evidências recentes apontam para um possível papel da vitamina A, mais

propriamente dos β-carotenos, na prevenção da oxidação das LDL e consequentemente na

prevenção da doença cardíaca. Também sugerem a existência de propriedades antioxidantes

da vitamina A e a presença de uma função alternativa num modelo mais complexo de

aterosclerose, em que a vitamina A e os carotenóides retardariam o processo de aterogénese,

através da modulação dos níveis de citoquinas e da alteração do metabolismo lipídico. (29)

Num conjunto de estudos randomizados e controlados (RC), não foram encontradas

evidências de que a suplementação com vitamina A diminuísse a ocorrência de eventos

cardiovasculares major e além disto sugerem uma relação dos β-carotenos com o aumento do

risco de doença coronária fatal, em indivíduo sem história prévia de enfarte agudo do

miocárdio (EAM).(29)

5.1.2- Vitaminas do complexo B

As vitaminas do complexo B, nomeadamente a vitamina B6, B12 e o ácido fólico

atuam como cofatores ou substratos na via metabólica a homocisteína.(4,5,30,31) Défices

nestas vitaminas, atualmente, é reconhecido como uma causa de níveis plasmáticos elevados

41

de homocisteína, (4,5) tendo este fato sido observado também no estudo Framingham

Heart.(5)

A homocisteína é uma molécula com grande potencial de gerar stress oxidativo nas

células endoteliais e estudos prévios sugerem a existência de uma relação entre os níveis

plasmáticos elevados de homocisteína e as DVC, sendo a hiperhomocisteinémia, atualmente,

reconhecida como um fator de risco vascular independente do seu efeito tóxico direto na

parede dos vasos. (9,29)

Tendo em conta a relação das vitaminas do complexo B com a homocisteína e destas

com as DCV, foram realizados estudos com o objetivo de averiguar se a suplementação com

vitaminas do complexo B permitia reduzir os níveis de homocisteína e se havia redução do

risco de DCV dependente ou não deste efeito.

Num estudo recente, randomizado e duplamente cego, que envolveu 12064 indivíduos

do sexo masculino sobreviventes de um enfarte do miocárdio, com o objetivo de avaliar os

efeitos da redução dos níveis da homocisteína, a nível vascular e não vascular, por meio da

suplementação diária com 2 mg de ácido fólico e 1 mg de vitamina B12 versus placebo,

durante um período de 7 anos, verificou-se uma redução significativa nos níveis de

homocisteína plasmática, não tendo sido encontradas diferenças na incidência de enfarte do

miocárdio (EM), de acidente vascular cerebral (AVC) e na necessidade de revascularização.

(32) Outro estudo randomizado,“Women’s Antioxidant and Folic Acid Cardiovascular

Study”, efetuado para avaliar se a suplementação combinada de ácido fólico com vitamina B6

e B12 permitia reduzir o risco de DCV em mulheres com alto risco e em mulheres sem risco.

5442 mulheres receberam diariamente um suplemento multivitamínico composto por 2.5 mg

de ácido fólico, 50 mg de vitamina B6 e 1 mg vitamina B12, durante 7.3 anos. Concluiu-se

que esta combinação multivitamínica não reduziu o risco DCV em ambos os grupos. (33)

42

Numa revisão de 11 artigos da Cochrane também não se verificou a diminuição da

incidência de EM com a ingestão de suplementos vitamínicos.(34) Ainda noutro estudo,

“Vitamins to Prevent Stroke”, a suplementação diária com vitaminas do complexo B,

nomeadamente, B6 e B12, durante 3,4 anos não reduziu a incidência de AVC, EM e de morte

atribuível a causas vasculares. (35) Outra meta-análise envolvendo 19 estudos RC cuja

suplementação foi realizada com vitaminas B6, B12 e ácido fólico, observou-se uma redução

do risco de AVC, em 12%, e concluiu-se que a suplementação permite a redução dos níveis

de homocistinémia, no entanto esta redução não causou alterações na incidência de DCV,

doença coronária, EM e morte por DCV.(36)

A diminuição do risco de AVC em 7%, também foi verificada numa meta análise de

26 estudos RC com objetivo de conhecer quais os efeitos da suplementação com ácido

fólico.(37)

5.1.3- Vitamina C

A vitamina C, tal como a vitamina A, parece influenciar a patogénese da aterosclerose

embora o faça por outros meios, incluindo a remodelação vascular, a função endotelial e a

peroxidação lipídica. (29)

Em estudos prévios, na última década, foi proposto que a suplementação isolada com

vitamina C diminuiria a incidência de DCV, contudo estudos atuais são contraditórios. (29)

No estudo “WACS”, verificou-se que a suplementação com vitamina C não reduziu o risco de

DCV.(38) Esta evidência é consistente com uma meta-análise de 7 estudos relativos à

suplementação com vitamina C. (39)

43

Ainda no estudo “WACS”, verificou-se que a vitamina C quando combinada com a

vitamina E conduz a uma diminuição na incidência de AVC isquémico (38), no entanto num

estudo observacional, “Physicians’ Health Study”, não se verificou alterações na incidência

de AVC com o uso desta combinação. (40)

5.1.4- Vitamina E

A vitamina E, à semelhança da vitamina C foi-lhe reconhecida a influência na

oxidação das lipoproteínas na aterogénese e postula-se que atue na inibição da síntese de

células espumosas, na função plaquetária e na eliminação de radicais livres, este último

verificado em estudos in vitro. Estas evidências despertaram o interesse da investigação sobre

possíveis efeitos protetores da vitamina E nas doenças cardíacas. (29) Numa meta análise de

15 estudos RC não foram encontrados efeitos da suplementação com vitamina E, vitamina C e

-carotenos, conhecidos pelas suas propriedades antioxidantes, sobre a incidência de EM,

doença coronária, angina e insuficiência cardíaca, AVC, morte por DCV e necessidade de

revascularização. (41) Outra meta análise de 9 estudos RC sugere que a suplementação com

vitamina E poderá estar associada ao aumento significativo do risco de AVC hemorrágico

(22%) e à diminuição do risco do AVC isquémico.(42)

5.1.5- Vitamina D

Desde os anos 60, a maioria dos estudos publicados referiram a existência de uma

relação entre a vitamina D e a doença cardíaca. Nos anos 70 foram realizados estudos com

44

objetivo de explorar a ligação entre a ingestão de concentrações elevadas de vitamina D e a

hipercalcémia e o aumento do risco de DCV. Atualmente surgiram estudos observacionais

que estabeleceram ligação entre níveis plasmáticos diminuídos de 25-hidroxicolecalciferol

[25(OH)D] e aumento da incidência de DCV. (43,44,45).

Os mecanismos propostos subjacentes à relação existente entre a vitamina D e as DCV

ainda não estão completamente compreendidos, no entanto sabe-se que alguns deles incluem

a modelação do óxido nítrico, o sistema renina- angiotensina – aldosterona (SRAA), a função

do músculo liso vascular e a função imunitária. Estes mecanismos podem ser categorizados

como diretos versus indiretos e genéticos versus não genéticos.(29,44) O quadro 3 apresenta

os efeitos da vitamina D nos parâmetros do sistema cardiovascular.

45

Existem vários estudos que apoiam a relação entre os níveis diminuídos de vitamina D

e o surgimento de DCV. Num estudo com ratos knockout para o recetor de vitamina D,

demonstrou-se a existência do aumento dos marcadores de DCV, nomeadamente, a

hipertensão, a hipertrofia ventricular esquerda e a proteinúria. Os autores propõem como uma

das principais hipóteses envolvidas, a regulação negativa da vitamina D sobre o SRAA.(46).

Em Brøndum-Jacobsen et al. testou-se a hipótese de que níveis baixos de 25(OH)D estariam

associados ao aumento do risco de doença cardíaca isquémica, EM e morte precoce na

Parâmetros Mecanismos

Tensão arterial

Inibição SRAA

Diminuição do tónus e do número das VSMC

Melhor controlo do balanço Na+/K

+

Melhoria da função renal

Diminuição da inflamação da parede vascular secundária à inibição das

citoquinas

Metabolismo

glicose

Aumento da sensibilidade à insulina

Promove o metabolismo da glicose

Ação anti-inflamatória

Níveis lipídicos

Redução da síntese e a absorção intestinal de lípidos

Promove a lipólise

Melhora o metabolismo lipídico

Diminuição dos níveis de colesterol pela regulação da síntese de

colesterol dos ácidos biliares por interação com o gene do Cyp71

Eventos

cardiovascula-

res

Redução VC por:

- Diminuição PTH

- Aumento da expressão Kloth

Aumento da VC por:

- Aumento o cálcio plasmático

Diminuição da agregação plaquetar

Diminuição da trombogenicidade e melhoria da fibrinólise

Supressão da apoptose dos cardiomiócitos

Provoca hipertrofia do ventrículo esquerdo pela up-regulation do FGF-23

Quadro 3: Efeito da vitamina D nos parâmetros do sistema cardiovascular

Legenda : FGF-23: Fibroblastic Growth Factor 23; K+: potássio; Na

+: sódio PTH: Paratormona ; SRAA:

sistema renina angiotensina aldosterona; VC: calcificação vascular; VSMC: células musculares lisas

vasculares.

Adaptado de: D.Challoumas et al. “Effects of combined vitamin D - Calcium supplements on the

cardiovascular system: Should we be cautious?”

46

população em geral e observaram um aumento progressivo do risco de doença cardíaca

isquémica, EM e morte precoce proporcional à diminuição progressiva dos níveis de

25(OH)D. (44) No entanto, existem estudos que sugerem que em determinadas doses, a

vitamina D tem um papel benéfico nas DCV, é o exemplo de uma revisão realizada com o

objetivo de determinar os níveis ideais de 25(OH) D para obter efeitos benéficos e determinar

a quantidade de vitamina D que é necessária ingerir para alcançar os níveis ideais de

25(OH)D. Nesta revisão Bischoff-Ferrari et al. concluíram que concentrações plasmáticos de

25(OH)D entre 75 a 100 nmol/l, atingidas com suplementação de níveis de vitamina D entre

os 1800 a 4000 UI (unidades internacionais) por dia mostraram maior eficácia na prevenção

das DCV, cancro colo-rectal e mortalidade em geral. (47)

Contrariamente, uma meta-análise envolvendo 51 estudos randomizados demonstrou

não haver benefício na suplementação de vitamina D, tendo este facto sido verificado num

subgrupo de indivíduos com défices de vitamina D, em alguns dos estudos incluídos na meta

análise. (48)

O efeito secundário mais importante da suplementação com vitamina D é a

hipercalcémia e relativamente a esta problemática Bischoff-Ferrari et al. referem que não

terem sido encontradas evidências que sugeriram a existência de riscos associados quer aos

níveis de vitamina D recomendados pelos autores, quer aos níveis de 25(OH)D alcançados

com essa ingestão . Além disso verificaram que a hipercalcémia era mais frequentemente em

indivíduos com ingestão de quantidades de vitamina D superior a 100 000 UI ou superiores a

240 nmol/l de 25(OH)D, que, segundo os autores, constituem níveis deveras superiores em

relação os níveis mínimos necessários para obter benefício. (47)

47

5.1.6- Cálcio

O cálcio ao longo dos anos tem recebido grande ênfase dado os seus benefícios a

nível do metabolismo ósseo, razão pela qual a sua suplementação se tornou recorrente na

prática clínica, como opção terapêutica para a prevenção e o tratamento da osteoporose,

especialmente na população idosa. No entanto novas evidências sugerem a existência de

efeitos da suplementação do cálcio no sistema cardiovascular, surgindo assim questões

relativamente à segurança da ingestão de suplementos de cálcio. (49,50,51,52) Os

mecanismos pelos quais o cálcio poderá exercer a sua ação no sistema cardiovascular estão

listados no quadro 4. (51)

Parâmetro Mecanismo de ação

Tensão arterial

Diminui a tensão arterial ao inibir a vitamina D e a PTH

Efeito natriurético

Efeito no SRAA (possível down-regulation)

Efeitos estabilizadores de membrana e de relaxamento vascular

Redução dos níveis de cálcio intracelular nas VSMC pela redução dos

níveis de 1,25 (OH)2D3

Metabolismo da

glicose

Melhora a regulação do cálcio intracelular aumentado a sensibilidade

e a libertação de insulina

Nível de lípidos

plasmáticos

Aumenta a lipólise e inibe a lipogénese pela redução dos níveis de

cálcio intracelular

Estimulação da oxidação dos lípidos e da apoptose de adipócitos

Reduz a absorção de lípidos secundária à formação de complexos

insolúveis de cálcio com ácidos gordos, que por sua vez são

excretados pelas fezes

Diminui os níveis de colesterol aumentando a excreção de sais biliares

Eventos

cardiovasculares

Acelera a calcificação vascular e valvular através:

‐ Redução do fosfato plasmático

‐ Ligação aos recetores sensíveis a cálcio presentes nas

plaquetas (implicadas em eventos vasculares) e VSMCs

(levando à mineralização)

48

Quadro 4: Efeito do cálcio nos parâmetros do sistema cardiovascular

Legenda: VSMC: células musculares lisas vasculares; 1,25 (OH)2D3: Calcitriol; PTH: Paratormona;

SRAA: sistema renina angiotensina aldosterona.

Adaptado de: D.Challoumas et al. “Effects of combined vitamin D - Calcium supplements on the

cardiovascular system: Should we be cautious?”

Têm sido realizados novos estudos para melhor esclarecimento quanto ao efeito

benéfico da suplementação de cálcio e às vantagens da suplementação com cálcio. Num

estudo RC foi avaliado o efeito da suplementação de cálcio, na dose diária de 600 mg ou 1200

mg versus placebo, na alteração de parâmetros relacionados com o sistema cardiovascular,

nomeadamente, a proporção entre HDL e LDL, as alterações nos níveis de colesterol total,

triglicerídeos e nos valores de pressão sanguínea. Nos resultados obtidos não foram

encontrados efeitos significativos da suplementação nos níveis plasmáticos de lípidos. Os

autores sugerem que a ingestão de baixas doses de cálcio pode ser benéfica no controlo da

tensão arterial, no entanto acrescentam que o valor terapêutico do cálcio na gestão hipertensão

é provável que seja pequeno e insuficiente para justificar o seu uso rotineiro em doentes

hipertensos que apresentam níveis de cálcio dentro dos valores normais. No entanto, a

suplementação seletiva em pessoas com baixa ingestão dietética poderá ser considerada.(53)

Pfeifer et al. mostraram que a curto prazo a ingestão de 1.2 g/dia de cálcio diário reduziu

significativamente a pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD)

comparativamente ao valor de base, sendo esta redução mais notória na PAS quando à

suplementação de cálcio é associada vitamina D (na PAD há redução mas não é

estatisticamente significativa). Também sugerem uma associação inversa entre a densidade

mineral óssea e o AVC e mortalidade cardiovascular. (54) D. Challoumas et al., num artigo

revisão sobre os efeitos da ingestão de cálcio em mulheres pós-menopáusicas referem que os

49

dados da literatura consultada são contraditórios e controversos, no entanto sugerem que

níveis elevados de cálcio provenientes da dieta ou pela suplementação podem aumentar o

risco de DCV apesar dos seus efeitos benéficos em alguns dos fatores de risco envolvidos nas

DCV tais como: níveis plasmáticos de HDL e LDL, relação HDL/LDL e redução da pressão

arterial.(49)

Numa meta-análise de 11 estudos RC duplamente cegos, foi avaliado a existência de

uma relação entre a suplementação de cálcio e o risco de eventos cardiovasculares. Foi

reunida uma amostra de 20070 indivíduos, dos quais 83% eram do género feminino, com uma

média de idades de 72 anos, que receberam um suplemento de cálcio diário, numa dose igual

ou superior a 500 mg, durante um período mínimo de 1 ano, tendo sido seguidos em média,

durante 3,6 anos. Verificou-se o aumento da incidência de EM e de AVC. (52) Num outro

estudo feito por Xiao et al., demonstrou que a suplementação com cálcio não está associada à

alteração do risco de morte por DCV, doença cerebrovascular e de doença cardíaca.(50)

5.2- Antioxidantes e a Dieta Mediterrânica

A falta de recomendações relativamente à suplementação levou a aposta-se na

introdução ou no reforço da dieta com as fontes naturais de substâncias antioxidantes como

por exemplo: a vitamina C e E e o selénio, entre outros, capazes de proteger contra o dano

oxidativo.(28)

A dieta mediterrânica faz parte das recomendações atuais e é considerada, desde 2013,

como património mundial e imaterial da humanidade pela United Nations Educational

Scientific and Cultural Organization (UNESCO) como herança cultural intangível de vários

países da região mediterrânica, incluindo países como por exemplo: Portugal, Espanha,

50

Grécia, Croácia e Itália. Esta é baseada na dieta padrão destes países e é caracterizada pelo

elevado consumo de azeite de oliveira, leguminosas, vegetais, frutas e de cereais não

refinados; consumo moderado de peixe, lacticínios, vinho e baixo consumo de carne. Os

benefícios das dietas tipo mediterrânica na diminuição do risco das DCV, a sua relação

indireta com a pressão arterial sistólica e diastólica e a sua associação a um declínio cognitivo

mais lento, têm vindo a ser alvo de vários estudos e isso condicionou o despertar do interesse

na dieta mediterrânica, como ferramenta protetora das DCV. (7,28)

As recomendações dietéticas atuais para redução do risco das DCV recomendam um

padrão alimentar variado, em que seja favorecida a ingestão de peixe e carnes brancas e

magras, alimentos com baixo teor de gorduras e de alimentos ricos em fibras, nomeadamente

frutas, vegetais, leguminosas e cerais integrais, em detrimento do consumo de alimentos com

colesterol, gorduras trans e saturadas. Esta medida não só permite a redução do risco DCV

como também é um meio de combate à desnutrição e ao défice vitamínico.(28)

51

6- Micronutrientes e o Declínio Cognitivo

De acordo com a DGS o declínio cognitivo é um fenómeno com elevada prevalência

mundial e as expectativas futuras são de um aumento progressivo do número de casos.(55) As

funções cognitivas tendem a diminuir com a idade.(56) A sua manifestação clínica é

complexa envolvendo sintomatologia de natureza cognitiva, funcional e neuropsiquiátrica,

originando um elevado impacto nos familiares e cuidadores. O seu diagnóstico e abordagem

clínica deverão assim ter um carácter multidimensional e multidisciplinar.(55)

As funções cognitivas tais como memória, linguagem, perceção, funções executivas e

organização espacial tendem a diminuir com o avançar da idade. (5)

Os micronutrientes são indispensáveis para uma função cerebral normal. (5,30)

Estudos sugerem que um plano alimentar adequado terá um efeito protetor contra o declínio

da função cognitiva e a demência, e realçam determinados micronutrientes que assumem

particular interesse para o cérebro. Na ausência de tratamentos eficazes, a intervenção

nutricional pode contribuir de forma significativa para a otimização do funcionamento

cognitivo durante o tempo de vida (57)

52

6.1- Micronutrientes e stress oxidativo

O stress oxidativo, comummente conhecido como o resultado do desequilibro entre as

vias produtoras de espécies reativas de oxigénio (ROS) e os sistemas de defesa antioxidante

biológicos, aumenta com a idade e é um importante fator de risco para o declínio cognitivo

associado à idade. Além disso é considerado com um fator importante na patogénese doença

de Alzheimer (AD). Estas considerações levaram ao aumento do interesse investigação

relativa ao papel dos antioxidantes na prevenção ou retardamento do início do declínio

cognitivo.(57)

A disfunção mitocondrial é a principal causa do stress oxidativo relacionado com o

envelhecimento e é agravada pela inadequada ingestão de nutrientes antioxidantes, pela

diminuição das defesas antioxidantes, pela sobrecarga de ferro e pela resistência à insulina,

que por sua vez são situações frequentemente encontradas em pessoas idosas. (5)

O excesso de stress oxidativo tem como consequência o surgimento de várias doenças

crónicas, nomeadamente as cardiovasculares, neurodegenerativas e diabetes, encontradas

usualmente na população idosa. Cada vez mais existe evidências que suportam o papel

conjunto do stress oxidativo com o estado inflamatório no declínio cognitivo e nas patologias

neurodegenerativas e psiquiátricas. (30)

O cérebro é particularmente vulnerável ao stress oxidativo devido à exigência elevada

de oxigénio, à sua capacidade de armazenamento de ferro e ao seu teor elevado de ácidos

gordos polinsaturados.(5)(30) Consequentemente, uma vez que o cérebro é um alvo de stress

oxidativo, pode ser colocada a hipótese de que a manutenção e / ou o restabelecimento do

estado nutricional adequado de micronutrientes antioxidantes poderá ter um papel na

prevenção do declínio cognitivo induzido por radicais livres. (5)

53

Estudos alertam para a relação entre os défices em micronutrientes, stress oxidativo e

o declínio cognitivo e sugerem que nutrientes como vitaminas, microminerais ou elementos

traço podem diminuir o risco de declínio cognitivo e têm descrito várias possibilidades de

mecanismos do efeito protetor dos micronutrientes, como sejam, ação antioxidante, proteção

vascular e influência nos neurotransmissores.(5)

6.2- Micronutrientes como antioxidantes cerebrais

Os antioxidantes são conhecidos pelos seus benéficos na patogénese da disfunção

cognitiva e na doença de Alzheimer (AD). Podem ser de natureza enzimática (exemplo:

glutationa) ou não enzimática (exemplo: micronutrientes) e têm capacidade de proteger o

cérebro ao prevenir, inibir ou reparar os danos provocados pelo stress oxidativo através da

inibição da síntese de ROS, redução dos iões hidroperóxidos e sequestro de iões

metálicos.(5,7)

Os micronutrientes em relação ao stress oxidativo podem atuar como antioxidantes ou

cofatores, nomeadamente o zinco, o selénio e as vitamina C e E. (5) Desta forma a existência

de défices destes micronutrientes no idoso podem exacerbar processos patológicos que

conduzem à deterioração cognitiva e /ou AD, pelo que a sua suplementação pode ter efeito

significativo na prevenção do declínio cognitivo e demência em adultos mais velhos. (7)

Têm sido realizados estudos no sentido de avaliar as funções, os principais órgãos

alvo, os mecanismos de ação e os potenciais benefícios dos diversos micronutrientes. Foram

encontrados micronutrientes com particular ação a nível cerebral, os quais são referidos nos

subcapítulos seguintes.

54

6.2.1- Zinco

É um mineral essencial, encontrado em grandes concentrações no cérebro e está

associado à estrutura e funcionamento cerebral. Markiewicz-Żukowska et al. sugerem que os

níveis de zinco estão correlacionados com a saúde mental dos idosos. (58) Pode atuar como

neuromodelador ou neurotransmissor, participa no metabolismo dos ácidos nucleicos e na

síntese de tubulina cerebral e tem ainda uma função importante no desenvolvimento

neurológico, no crescimento celular e na transmissão axonal e sináptica. Sabe-se que o zinco,

no cérebro, está ligado a uma metaloproteína, a nível dos neurónios e das células da glia. Nos

neurónios glutamatérgicos, o zinco está presente nas vesículas pré-sinápticas, modulando a

neurotransmissão, permanecendo em discussão o mecanismo de ação do zinco nestas células.

Existem áreas cerebrais mais sensíveis aos défices de zinco, nomeadamente o

hipocampo, que perante uma situação de défice de zinco pode conduzir à disfunção cognitiva

e aos distúrbios de aprendizagem, memória, atenção e pensamento.(5)

Alguns estudos epidemiológicos focaram-se na correlação entre as quantidades de

zinco ingeridas e as presentes no organismo e a função cognitiva no idoso. Ortega et al.

encontraram uma correlação positiva entre a ingestão de zinco e os resultados do Mini-Mental

State Examination (MMSE) e do Pfeiffer’s Mental Status Questionnaire em 260 indivíduos

com idades compreendidas entre os 65 e 90 anos.(59) Outro estudo realizado com o objetivo

de avaliar o efeito da suplementação do zinco na função cognitiva de 387 indivíduos com

idades entre 55-87 anos verificaram, após 3 meses de suplementação com 15 ou 30 mg de

zinco, um efeito benéfico a nível da memória espacial.(60)

Estudos sugerem o envolvimento do zinco na patogénese da AD. (5,61,62) Watt et al.

sugerem que o zinco é fundamental no processamento não amiloidogénico da proteína

percussora da amiloide e na degradação enzimática do peptídeo -amilóide, porque constitui

55

um requisito essencial para atividade catalítica de metaloproteases, enzimas envolvidas no

processamento da proteína percussora da amiloide e do peptídeo -amilóide. O zinco liga – se

ao peptídeo -amilóide modulando sua neurotoxicidade. Referem ainda ser necessário mais

investigação para clarificar qual a influência do zinco sobre os mecanismos moleculares e

celulares, quer em situações normais, quer patológicas.(61)

6.2.2- Selénio

É um elemento essencial para o bom funcionamento da glutationa peroxidase cerebral e

da selenoproteína P (SeP). A SeP é uma proteína plasmática que tem como funções o transporte

de selénio e a ação antioxidante a nível cerebral. Também poderá apresentar um papel protetor

nos astrócitos, responsáveis pela remoção das ROS no cérebro. (5) O selénio apresenta

atividade antioxidativa, podendo ser um elemento importante no combate ao stress oxidativo e

a outros fatores nocivos na AD, doença de Huntington e de Parkinson.(63)

Os níveis de selénio diminuem com a idade e os défices podem contribuir para o

declínio cognitivo no envelhecimento. Estudos recentes indicam que níveis plasmáticos

diminuídos de selénio, na população idosa, podem estar relacionados com uma maior

mortalidade, declínio da função cognitiva. Smorgon et al. encontraram a relação positiva entre

a função cognitiva e os níveis plasmáticos de selénio. (64) Mais recentemente Gao et al.

sugeriram que níveis baixos de selénio ao longo da vida estariam associados a menor função

cognitiva. (65) Pillai et al. sugerem que o selénio e as selenoproteínas têm potencial para

reduzir a progressão da doença em várias patologias neurodegenerativas e que o selénio pode

ter um papel na prevenção da AD.(63)

56

6.2.3- Ferro

O ferro é essencial para manutenção da função do sistema nervoso central e é um

cofator essencial na síntese de neurotransmissores e no processo de mielinização. Portanto,

alterações da disponibilidade de ferro podem influenciar não só a homeostasia de ferro no

cérebro, mas também a função motora e cognitiva. Por outro lado o ferro constitui uma fonte

potente de ROS e consequentemente um fator adicional na génese de stress oxidativo, que por

sua vez constitui um fator de risco para o declínio cognitivo, tal como referido

anteriormente.(5,59)

Em várias doenças neurodegenerativas, incluindo a AD, ocorre a acumulação de ferro,

propondo-se assim a hipótese do envolvimento do ferro no processo neurodegenerativo. A

maioria dos estudos salienta a importância da homeostasia do ferro no cérebro para o seu

normal funcionamento. No entanto, o aumento seletivo de ferro livre cerebral pode ser, em

parte, responsável pela degradação neuronal verificada na doença de Parkinson e na

AD.(5,59,66)

6.2.4- Vitaminas do complexo B

As vitaminas do complexo B estão envolvidas na neuroproteção e prevenção do

declínio cognitivo através do seu papel na síntese de neurotransmissores e participação na

reação de metilação e do metabolismo da homocisteína / metionina. (5,30,31)

A Tiamina desempenha um papel essencial na transmissão nervosa e é libertada

conjuntamente com acetilcolina potenciando a sua ação, possivelmente por inibição das

colinesterases.(5)

57

A vitamina B6, B12 e o ácido fólico atuam como cofatores ou substratos das enzimas

na via metabólica da homocisteína (4,5,30,31) e participam na síntese de dopamina,

noradrenalina, serotonina e ácido gama-aminobutírico (GABA), estando fortemente

envolvidas nas funções cerebrais. (5,30,31) Défices nestas vitaminas são, atualmente,

reconhecidos como uma causa de níveis plasmáticos elevados de homocisteína, (4,5) tendo

este facto sido observado também no estudo “Framingham Heart”.(5)

A homocisteína é uma molécula neurotóxica cujos níveis estão relacionados com o

aumento da idade e com as concentrações de B6, B12 e ácido fólico no organismo e por esta

razão constitui um marcador sensível de défices em ácido fólico e vitamina B12. (5,31) Para

além do grande potencial para causar stress oxidativo nas células endoteliais, já referido

anteriormente, em níveis elevados está associada a doenças neurodegenerativas nos idosos. A

hiperhomocisteinémia é reconhecida como um fator de risco vascular independente do seu

efeito tóxico direto na parede dos vasos. Estudos sugerem a possibilidade da homocisteína ser

um fator de risco de declínio cognitivo acompanhado ou não de demência e desta estar

associada ao declínio da memória a longo prazo. (5)

Estudos recentes estabeleceram uma relação entre níveis baixos de ácido fólico com o

declínio cognitivo e a demência em indivíduos idosos. (4,5) Kado et al. sugerem que baixos

níveis plasmáticos de ácido fólico podem constituir um fator de risco para o declínio

cognitivo, no entanto não encontraram associação entre os níveis plasmáticos de vitamina B6

e B12 e a função cognitiva.(67) Doets et al. não encontraram associação entre as quantidades

ingeridas de vitamina B12 e a função cognitiva (avaliada com o MMSE).(68)

Relativamente à suplementação, Doets et al. e Kado et al. não encontraram relação

entre a suplementação de vitamina B12 e a performance cognitiva.(68) Durga et al. num

estudo RC duplamente cego em que 818 participantes, com idades compreendidas entre os 50

a 70 anos de idade, receberam aleatoriamente uma dose de 800 mg/dia de ácido fólico ou

58

placebo durante 3 anos, verificaram um atraso significativo do declínio cognitivo, não

observando qualquer efeito sobre os indivíduos com demência já estabelecida. Foram

observados efeitos benéficos sobre na memória, na velocidade de processamento de

informação e na avaliação média da função cognitiva global.(69) Eussen et al. verificaram que

a suplementação com vitamina B12 isolada ou associada ao ácido fólico, durante um período

de 24 semanas, não melhorou a função cognitiva, numa amostra constituída por indivíduos

com idades superiores a 70 anos com défice de vitamina B.(70)

6.2.5- Vitamina C

A vitamina C tem um papel chave na manutenção do balanço redox a nível cerebral e

na síntese das catecolaminas tais como: dopamina, noradrenalina e adrenalina, visto ser

necessária para as reações dependentes de hidroxilase. Uma vez que a dopamina e a

noradrenalina são neurotransmissores essenciais, o consumo adequado de alimentos com

vitamina C é crucial na prevenção de défices e, consequentemente, de distúrbios na síntese de

catecolaminas e do aumento do stress oxidativo.(5,71) A vitamina C parece estar envolvida

na recaptação pré-sináptica do glutamato evitando danos excitotóxicos, causados por excesso

de glutamato extracelular, evitando assim a hiperpolarização do recetor N-metil-D-aspartato

(NMDA) e dano neuronal subsequente. Além disso foi demonstrado que a vitamina C inibe a

ligação de glutamato ao recetor de NMDA, prevenindo desta forma a hiperestimulação

neuronal pelo glutamato. (71) A concentração de vitamina C no líquido cefalorraquídeo é

superior à do plasma. Esta evidência leva a pensar que a vitamina C parece ser importante

para as defesas do cérebro. (30)

Vários estudos sugerem uma associação entre os níveis plasmáticos baixos de

vitamina C e o declínio cognitivo.(72,73,74,75) Perrig et al. verificaram que níveis elevados

59

de vitamina C plasmática em indivíduos com idades compreendidas entre os 65 a 94 anos

estavam correlacionados com melhor desempenho da memória.(72) Estes resultados foram

posteriormente confirmados por Paleologos et al. que encontraram uma correlação positiva

entre a ingestão de vitamina C e uma menor prevalência de declínio cognitivo. (73) Sato et al.

avaliaram a associação entre a vitamina C e a função cognitiva em indivíduos com idades

superiores a 65 anos e constataram que indivíduos com maiores concentrações plasmáticas de

vitamina C (> 1.87 mg/dl) tiveram melhores resultados em termos cognitivos do que os

indivíduos com concentrações mais baixas (<1.04 mg/dl). (75) Kalmijn et al. não encontraram

associação entre vitamina C e o declínio cognitivo. (76)

Lee et al. e Ortega et al. mostraram que a ingestão de vitamina C na dieta em doses de

80 mg/dia (população composta apenas por homens) e em doses superiores a 130mg/dia

(população mista), respetivamente, foram associadas a uma melhor performance

cognitiva.(59,77). Num estudo de longa duração (20 anos), Gale et al. verificaram que a

ingestão de quantidades elevadas de vitamina C pode ser um fator protetor contra o declínio

cognitivo e a doença cerebrovascular. (78) Morris et al. não encontraram relação entre a

ingestão de vitamina C com AD. (79)

Em doentes com AD os níveis plasmáticos de vitamina C encontram-se diminuídos e

estão inversamente relacionados com a gravidade do declínio cognitivo. (5,71) No estudo de

“Rotterdam” concluiu-se, após vários ajustes, que a ingestão de quantidades elevadas de

vitamina C e E podem reduzir o risco de AD.(5,80) Alguns estudos concluíram que a

suplementação com doses elevadas de vitamina C e E podem reduzir o risco de AD(80,81),

enquanto outros negam esta relação. (82,83)

6.2.6- Vitamina E

60

A vitamina E à semelhança da vitamina C é um poderoso antioxidante e apresenta-se

mais comumente sob a forma de -tocoferol. (5,29,84)

A vitamina E tem inúmeras funções tais como: previne a peroxidação lipídica; é um

fator importante na preservação das membranas celulares; participa na estabilização das

membranas celulares, incluindo as das células nervosas; está envolvida no metabolismo dos

eicosanóides, controlando a libertação de ácido araquidónico e modulando a atividade de

ciclo-oxigenase e lipo-oxigenase; e aumenta a produção de prostaciclina, um potente

vasodilatador e inibidor da agregação de plaquetas a nível das células endoteliais.(5)

Alguns estudos verificaram a existência de uma relação entre os níveis baixos de

vitamina E e o declínio cognitivo. (85,86) Morris et al. verificaram um declínio cognitivo

lento nos indivíduos com elevados níveis de vitamina E. (79)

Relativamente à AD, estudos in vitro sugerem que agentes antioxidantes, como é o

caso da vitamina E e C, podem prevenir a disfunção da proteína Tau hiperfosforilada.(84)

Nos doentes com AD foram também relatados baixos níveis plasmáticos de vitamina E.(5,84)

Engelhart et al. sugerem que a ingestão de níveis elevados de vitamina E e C podem diminuir

o risco de AD.(80)

Relativamente ao efeito da suplementação de vitamina E, Morris et al. não

encontraram uma relação estatisticamente significativa entre a ingestão de suplementos, quer

de vitamina C, quer de vitamina E com o risco de AD.(79) Kang et al. num estudo RC

duplamente cego, não observaram benefícios cognitivos nas 6377 mulheres com 65 e mais

anos de idade, suplementadas com vitamina E. (87)

Verificou-se que a suplementação com vitamina E em formas combinadas, compostas

pelas quatro formas diferentes de tocoferol (,,,) e os quatro tocotrienóis correspondentes,

revelou um efeito protetor cerebral, não se verificando este efeito com o uso de

suplementação com vitamina E em formas isoladas. (5)

61

7- Conclusão

O envelhecimento é um processo fisiológico que se inicia no nascimento, e é um

processo evolutivo que pode transformar um adulto saudável num idoso frágil e

vulnerável.(5)

O aumento progressivo da população geriátrica é um fenómeno global

consequentemente associado a uma maior prevalência de doenças crónicas, entre elas, o

cancro e as DCV, e do declínio cognitivo. Vitaminas e minerais são comumente usados como

suplementos com objetivo de promover de saúde e prevenir as doenças crónicas. Vários

estudos demonstraram a relação dos micronutrientes com estas problemáticas,

nomeadamente, na sua patogénese, evolução, tratamento e prevenção. Atualmente conhecem-

se algumas das funções básicas dos micronutrientes e muitas serão identificadas com a

evolução da medicina e da tecnologia.(88,89)

Nesta revisão, relativamente à temática do cancro propõe-se que a vitamina A poderá

ter um papel de supressor tumoral por meio do RAR-. A sua suplementação não traz

benefícios em termos de prevenção ou tratamento do carcinoma do pulmão e quando feita

com - carotenos pode aumentar o risco de cancro do pulmão e do estômago. Quanto às

vitaminas do complexo B e a sua relação com o cancro da mama, sabe-se que estas exercem

62

influência na síntese, replicação e reparação do DNA e na regulação da expressão genética,

postulando –se assim o seu potencial risco carcinogénico em situações de défice. No entanto,

verificou-se que níveis elevados de ingestão de ácido fólico estão associados ao risco de

cancro da mama, não se verificando esta relação com as vitaminas B6 e B12. Os resultados

dos estudos referentes ao efeito da sua suplementação, em relação ao ácido fólico foram

inconclusivos e relativamente às vitaminas B6 e B12 não foram estatisticamente

significativos.

No que concerne às DCV, o recurso às vitaminas constitui um meio de prevenção

comummente utilizado, contudo a evidência existente não é clara quanto aos seus benefícios

ou riscos. Os resultados dos estudos relativos ao efeito da suplementação das vitaminas A, B,

C e D neste grupo de patologias foram inconclusivos e não há consenso quanto à relação entre

as vitaminas A, B e C e o risco de surgimento destas doenças. Relativamente à suplementação

com cálcio não foram encontrados efeitos significativos nos níveis plasmáticos de lípidos e os

resultados foram inconclusivos quanto ao seu potencial preventivo nas DCV, no entanto, a

ingestão de baixas doses de cálcio é sugerida como benéfica no controlo na PAS e PAD,

podendo este efeito ser mais evidente na PAS, quando associado à Vitamina D. Esta evidência

pode constituir uma nova abordagem no controlo da tensão arterial no idoso, no entanto, o

efeito terapêutico do cálcio é provável ser pequeno e insuficiente para justificar o seu uso

rotineiro em doentes hipertensos que apresentam níveis de cálcio dentro dos valores normais.

A suplementação seletiva em pessoas com baixa ingestão dietética poderá ser considerada.

As recomendações dietéticas atuais propostas para a redução do risco das DCV

indicam uma dieta que utilize como padrão a dieta mediterrânica, a qual proporciona níveis

adequados de antioxidantes e apresenta uma relação indireta com a pressão arterial sistólica e

diastólica e além disso constitui um fator protetor das funções cognitivas.

63

Na temática sobre o declínio cognitivo, evidencia-se que a função cognitiva diminui

com a idade e a prevalência do declínio cognitivo deverá subir nos próximos anos, como

resultado do envelhecimento da população. (57). Uma adequada ingestão de micronutrientes é

importante para o funcionamento cerebral e os antioxidantes são conhecidos pelos seus

benefícios na patogénese da disfunção cognitiva e na doença de Alzheimer. Seguem-se as

conclusões relacionadas com os micronutrientes com maior impacto nesta patologia.

O zinco está relacionado com o estado de saúde dos idosos e os seus níveis

plasmáticos estão relacionados com a melhoria da função cognitiva. Perante esta evidência é

necessário um aporte e manutenção de níveis plasmáticos adequados de zinco nos idosos.

Estudos sugerem um possível envolvimento do zinco na patogénese da AD. Outros referem

ainda ser necessário mais investigação para clarificar qual a influência do zinco sobre os

mecanismos moleculares e celulares, quer em situações normais, quer patológicas.

O selénio atua em várias respostas fisiológicas.(63) Estudos recentes indicam que

níveis baixos de selénio, na população idosa, podem estar relacionados com uma maior

mortalidade e declínio da função cognitiva. Tendo em conta o seu efeito neuroprotetor e as

prováveis consequências dos défices nos idosos, torna-se importante a promoção do consumo

de alimentos ou suplementos que melhorem os níveis plasmáticos de selénio. Estas evidências

deverão, também, servir de estímulo para a realização de estudos que visem uma melhor

compreensão das funções desempenhadas pelo selénio e pelas selenoproteínas e que avaliem

o efeito da suplementação de selénio na função cognitiva, permitindo deste modo o

desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas.

O ferro está envolvido no processo neurodegenerativo e na degradação neuronal, no

entanto, estudos referem que o aumento seletivo de ferro livre cerebral pode ser, em parte,

responsável pela degradação neuronal verificada na doença de Parkinson e AD.

64

Quanto ao ácido fólico e às vitaminas B6 e B12, estudos recentes estabeleceram uma

relação entre níveis baixos de ácido fólico com o declínio cognitivo e a demência, não tendo

esta evidência sido verificada para as vitaminas B6 e B12. Estudos sugerem que a

suplementação com ácido fólico exerce influência na performance cognitiva, contudo com

vitamina B12 esta influência não existe. Refira-se que esta evidência concernente ao ácido

fólico resultou de um estudo de curta duração (3 anos), que segundo o mesmo deveria ser

mais longa para corrigir as deficiências subclínicas.

As vitaminas C e a E são dois poderosos antioxidantes com atividade

neuromodeladora, exibindo funções essenciais ao bom funcionamento cognitivo. Estudos

mencionam que níveis baixos de Vitamina C e vitamina E no organismo estão associados a

um maior risco de declínio cognitivo. Em doentes com AD observou-se a presença de níveis

plasmáticos de vitamina C e E diminuídos, contudo, os resultados dos estudos referentes ao

benefício da suplementação com estas vitaminas, neste grupo de doentes, foram

inconclusivos.

A nutrição no idoso e a sua influência na patogénese das doenças crónicas e do

declínio cognitivo é deveras um tema vasto e muito complexo. Esta complexidade envolve

por um lado um conjunto de elementos, nomeadamente, os micronutrientes que interagem

entre si e que estão envolvidos em várias vias metabólicas que por sua vez se complementam

culminando no funcionamento normal do organismo. Por outro inclui o indivíduo idoso com

todas as suas especificidades de natureza biopsicológica, patológica e socioeconómica, que

condicionam as suas necessidades nutricionais. Assim sendo, torna-se importante assegurar

no idoso, o aporte adequado de micronutrientes, através de uma dieta adaptada ou através da

suplementação, caso os níveis assegurados pela dieta não sejam suficientes.

Recomenda-se a realização de novos estudos mais específicos sobre a temática da

nutrição como meio de prevenção das doenças na população geriátrica, a fim de estabelecer

65

novas linhas orientadoras consensuais com vista à promoção da qualidade do processo de

envelhecimento.

8- Agradecimentos

Agradeço ao meu orientador, o senhor Professor Doutor Manuel Teixeira Veríssimo

por todo o apoio, orientação e atenção dispensadas e ainda pela disponibilidade e prontidão no

esclarecimento de dúvidas e de outras questões, durante a realização deste artigo de revisão.

Agradeço aos meus pais e irmãos pelo amor incondicional, carinho e ânimo, e

especialmente à minha mãe pelo constante incentivo, pelos sábios conselhos, pela paciência e

por todo o apoio prestado, essenciais à concretização deste trabalho.

Agradeço ao meu amigo Carlos, pela sua amizade, pelo constante apoio e

compreensão e também pelas constantes palavras de encorajamento e motivação

fundamentais para alcançar este objetivo.

Agradeço à Barbara pela sua disponibilidade e preciosa ajuda prestada.

Finalizo, agradecendo aos meus amigos de curso pela amizade e pelo

companheirismo.

66

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