156
, M M i i l l a a g g r r e e s s E E u u c c a a r r í í s s t t i i c c o o s s Relatos de mais de cem dos maiores milagres eucarísticos ocorridos desde o início do Cristianismo até os dias atuais Compilador dos textos: Juraci Josino Cavalcante http://quodlibeta.blogspot.com/

MILAGRES EUCARISTICOS

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: MILAGRES EUCARISTICOS

,

MMiillaaggrreess EEuuccaarrííssttiiccooss

Relatos de mais de cem dos maiores milagres eucarísticos ocorridos desde o início do Cristianismo até os dias atuais Compilador dos textos: Juraci Josino Cavalcante – http://quodlibeta.blogspot.com/

Page 2: MILAGRES EUCARISTICOS

2

Breves comentários sobre os milagres

É a manifestação sobrenatural mais reveladora da misericórdia divina, quando o próprio Cristo, Nosso Senhor, procura constantemente, ao longo dos anos, comprovar o cumprimento de suas palavras: “Ficarei convosco até o fim dos tempos”.

SSããoo ccoonnhheecciiddooss mmaaiiss ddee cceemm MMiillaaggrreess EEuuccaarrííssttiiccooss ooccoorrrriiddooss eemm ddiivveerrssooss

ppaaíísseess,, ddeessddee oo iinníícciioo ddoo CCrriissttiiaanniissmmoo aattéé nnoossssooss ddiiaass,, aa mmaaiioorriiaa ccoommpprroovvaaddaa aattéé

cciieennttiiffiiccaammeennttee.. CCaaddaa aaccoonntteecciimmeennttoo éé bbeemm ddiiffeerreennttee uumm ddoo oouuttrroo,, ee ccaaddaa hhiissttóórriiaa

éé aa mmaaiiss bboonniittaa ee aa mmaaiiss ffaasscciinnaannttee.. IIssttoo ppoorrqquuee,, ttuuddoo oo qquuee ssee rreellaacciioonnaa ccoomm aa

SSaaggrraaddaa EEuuccaarriissttiiaa iinndduubbiittaavveellmmeennttee tteemm uumm vvaalloorr iinnccoommeennssuurráávveell..

AAqquuii eessttããoo rreellaattaaddooss ttaannttoo ooss mmiillaaggrreess ooccoorrrriiddooss ccoomm aass SSaaggrraaddaass EEssppéé--

cciieess,, ccoomm aallgguummaass mmaanniiffeessttaaççõõeess ssee ppeerrppeettuuaannddoo aaoo lloonnggoo ddooss aannooss,, ccoommoo ttaamm--

bbéémm aaqquueelleess hhaavviiddooss ccoomm ssaannttooss ee mmííssttiiccooss,, ccoommoo ooss iimmpprreessssiioonnaanntteess ccaassooss eemm

qquuee aallgguunnss ddeelleess ppaassssaarraamm mmuuiittooss aannooss aalliimmeennttaannddoo--ssee uunniiccaammeennttee ddee HHóóssttiiaass

ccoonnssaaggrraaddaass..

Principais características: 1. Causas dos milagres: a) Incredulidade ou negligência do celebrante:

O mais antigo milagre eucarístico (Lanciano) teve como causa principal a incredulidade do celebrante. Outros milagres tiveram a mesma causa, em numero de quinze, mais ou menos. Houve um caso, porém, que denota não só increduli-dade, mas irreverência, como o de Cássia, quando o sacerdote colocou a Partícu-la consagrada dentro do Breviário. Talvez o que denota maior gravidade, pois o-casionou um milagre mais portentoso, foi o de Regensburg, haja vista que o Cruci-fixo que estava no altar estende sua mão e toma o cálice da mão do celebrante.

No primeiro milagre de Florença (1230), nota-se que houve também negli-gência do celebrante, pois havia deixado algumas gotas de vinho consagrado no cálice: provavelmente não o ingeriu completamente durante a Missa. No milagre de Roma (o de 1610), o celebrante não só duvidou da Real Presença na Hóstia consagrada, mas agiu também negligentemente deixando-A cair no chão. Em ou-tros dois casos, nos milagres de Alkmaar e de Boxtel Hoogstraten, ambos na Ho-landa, os celebrantes negligentemente deixaram derramar o vinho consagrado (quer dizer, o Sangue de Cristo) sobre o altar. b) Incêndios:

RENATO
Realce
RENATO
Realce
RENATO
Realce
RENATO
Realce
RENATO
Realce
Page 3: MILAGRES EUCARISTICOS

3

Diversos foram os milagres decorrentes de incêndios ocorridos em capelas, igrejas e santuários. Não se sabe se todos foram proposital ou não, sendo mais provável que, na sua maioria, tenham sido ocasional ou por causa de negligência daqueles que cuidam das coisas sagradas. Em Faverney, Pressac, Wilsnack, Flo-rença (no milagre de 1595), Morrovalle, Amsterdam e Stiphout, ocorreram os mais conhecidos. Em Pressac, embora o cálice tenha se derretido completamente, no entanto a Hóstia que estava dentro dele permaneceu intacta. Em Wilsnack, as Hóstias não só estavam intactas após o incêndio, mas também sangrando, o que talvez indique que o acidente foi proposital.

O milagre de Amsterdam, no entanto, tem uma particularidade: não foi de-corrente de um incêndio ocorrido numa igreja, mas do fogo de uma lareira, na qual uma empregada havia jogado uma Hóstia consagrada que seu patrão vomitara minutos antes: a Sagrada Partícula salvou-se do fogo flutuando milagrosamente na lareira.

d) Sacrilégios, roubos e profanações:

Uma grande quantidade de milagres eucarísticos ocorreram após ter havido sacrilégios, roubos e profanações do Santíssimo Sacramento. Muitos casos, co-mo o de Santarém, o narrado por São Pedro Damião e o de Ettiswil, na Suíça, foram cometidos por pessoas que receberam a Comunhão, tiraram a Hóstia da boca logo depois e a levaram para ser profanada por algum feiticeiro. Em outros casos foram hereges ou ateus que conseguiram obter as Sagradas Espécies, ou roubando ou por intermédio de alguém, para fazer uma profanação acintosa con-tra Cristo, como o ocorrido com as Sagradas Hóstias do “El Escorial”, de Bruxelas, na Bélgica, de Paris (em 1290), de Poznan, na Polônia, e de Alcoy, na Espanha. Em outros casos, o ladrão nem sequer chegou a consumar completamente o sa-crilégio ou profanação, como o ocorrido em Weiten-Raxendorf, na Áustria, e He-rentals, na Bélgica. Nos casos de Augsburg, Bettbrunn e Erding, todos na Alema-nha, o roubo deu-se porque os fiéis (uma senhora e dois camponeses), por uma piedade ignorante ou falsa, queriam ter o Santíssimo dentro de casa e, como não era permitido, resolveram roubá-Lo.

E no caso de uma comunhão indigna, estando a pessoa em estado de pe-cado mortal? Temos então o milagre ocorrido em Mogoro, no ano 1604, quando dois homens tiveram suas línguas queimadas logo após comungarem indignamen-te: cuspiram as Hóstias na mesma hora e em seguida explicaram ao sacerdote que elas estavam como carvões em brasa na boca.

Em Patierno (Nápoles) as Sagradas Espécies foram roubadas por duas ve-zes: na primeira, em 1772, ocorreu o fenômeno da recuperação milagrosa, mas na segunda, ocorrida já no século XX, em 1978, nada ocorreu e, lamentavelmente, as partículas estão desaparecidas até hoje.

2. Natureza dos milagres: a) Hóstias transformam-se em carne e vinho em sangue:

RENATO
Realce
RENATO
Realce
RENATO
Realce
Page 4: MILAGRES EUCARISTICOS

4

Muitos foram os milagres em que as Sagradas Espécies se transformaram em carne e sangue. O principal e mais antigo deles é o de Lanciano, visto até os dias atuais. O mesmo ocorreu em Middleburg, na Bélgica, em Augsburg, na Ale-manha, em Alatri e em Bagno di Romagna, na Itália. Em, na Espanha, o sacerdote não conseguiu engolir a Hóstia, transformada em carne. Em “O Cebreiro”, também na Espanha, ambas as espécies, Hóstia e Vinho, transformaram-se em carne e sangue ao mesmo tempo na hora da Missa.

No entanto, o caso mais espantoso foi o narrado no Apoftegma dos Monges do Deserto, num lugar do Egito chamado Scete. Como um monge duvidasse da real presença de Cristo na Eucaristia, na hora da consagração foi visto próximo ao altar o Menino Jesus ao lado de um Anjo armado de uma espada (que logo O imo-laou), de cuja carne foi oferecida como Hóstia aos monges para que comungas-sem.

Em Daroca, na Espanha, Bolsena e Offida, na Itália, as Hóstias transforma-ram-se em Sangue e em Bagno di Romagna, na Itália, e Alkmaar, Boxmeer e Box-tel , na Holanda, foi o vinho que se transformou. b) Hóstias que sangram:

Neste casos, as sagradas espécies, especialmente as Hóstias, não trans-formaram-se em carne, mas sangraram. Hóstias sangraram em Santarém, Has-selt, em Corcum (as Hóstias que estão no “El Escorial”), Guadalupe, Macerata, Fiecht, Bois-Seigneur-Isaac, Bruxelas, Herkeronde, Ludbreg, Blanot, Dijon, Bern-ningen, Wilsnack, Asti, Roma, Trani, etc. Algumas chegam até a esguichar san-gue.

c) Hóstias que flutuam e/ou brilham:

Após algum sacrilégio, o milagre se iniciava geralmente com o sangramento

das hóstias, mas logo depois, no lugar onde o profanador as escondia, elas come-çavam a brilhar para que os fiéis as encontrassem. Isto deu-se especialmente nos milagres de Santarém e Herentals.

Em outros milagres, porém, as Sagradas Espécies ficavam flutuando, sozi-nhas ou juntamente com o ostensório, para escapar de algum incêndio, como o ocorrido em Faverney, ou de profanadores, como o de Paris (ano de 1290), Volter-ra (Itália), ou então sem motivo aparente, como os de Douai e Erding.

d) Manifestações ou Imagens de Cristo na Hóstia:

Em outros milagres a manifestação sobrenatural consistiu numa ação explí-cita de Nosso Senhor, através da impressão de imagens na Hóstia, como em Waldurn que teve Suas imagens impressas no Corporal, ou até mesmo de Sua intervenção, como no milagre de Regensburg em que o Crucifixo pega o cálice da mão do celebrante incrédulo. e) Animais que veneram as Sagradas Espécies:

RENATO
Realce
RENATO
Realce
RENATO
Realce
RENATO
Realce
Page 5: MILAGRES EUCARISTICOS

5

Em Daroca, a mula que carregava as Espécies milagrosas, após caminhar 200 milhas em doze dias, finalmente ajoelha-se e cai morta perante o local esco-lhido pela Providência. Em Sousa, no Brasil, o pastor encontra as ovelhas ajoe-lhadas venerando a Sagrada Eucaristia no meio do mato e o milagre repete-se dias depois, com as ovelhas ajoelhando-se ao ouvir o toque do sino para a Missa. Em Glotowo, na Polônia, os bois estancam respeitosamente perante as Sagradas Espécies, que não estavam visíveis, mas enterradas. O mais estupendo, porém, foi o milagre realizado por Santo Antonio em Rímini, na Itália: uma mula, embora faminta a vários dias, recusa o alimento oferecido e ajoelha-se perante o Osten-sório com a Hóstia Consagrada.

f) castigos:

Alguns milagres eucarísticos realizaram-se com castigos a homens maus e incrédulos. Em Seefeld, o chão se abriu aos pés de um profanador, em Wilsnack um incrédulo cavaleiro ficou cego e em Santa Maria do Monte saiu uma língua de fogo do Tabernáculo e queimou um soldado que o profanava.

g) pessoas curadas ou miraculadas:

Em grande parte dos milagres eucarísticos houve muitas curas, algumas na hora, outras depois do milagre eucarístico. Em La Rochelle tivemos a cura instan-tânea de um menino de 7 anos de idade. Em Marselle, destacam-se as curas de um sacerdote, paralítico e mudo, e de um cego. Milagre mais estupendo foi o ocor-rido em Miguel-Juan Pellicer, na Espanha: um aleijado teve sua perna, amputada, completamente restabelecida ao tronco do seu corpo. Muitos outros milagres de curas ocorreram, alguns não mencionados nas crônicas, outros aqui omitidos para não alongar demais o presente relato.

h) vencendo as forças da Natureza:

Grande parte dos milagres eucarísticos deu-se vencendo as próprias forças da natureza. Em Avignon as águas de uma enchente afastam-se como as do Mar Vermelho no tempo de Moisés, permitindo que o Santíssimo seja retirado são e salvo do Sacrário. Em Tumaco, na Colômboa, o Santíssimo acalma um maremoto salvando toda uma população católica. No Egito, uma santa anacoreta caminha sobre o rio Jordão para receber a Comunhão. Na Martinica, o Santíssimo salva o lugarejo chamado Morne-Rouge da fúria de um vulcão. Em Canosio, fez parar uma enchente. Em Cava del Tirreni, na Itália, faz cessar uma peste. Em Dronero, também na Itália, faz apagar um incêndio que ameaçava a cidade. Já em Pibrac, na França, as águas de um rio afastam-se para que Santa Germana Cousin passe a pé enxuto para assistir a Santa Missa e comungar. i) Eucaristia como único alimento:

A devoção à Eucaristia levou inclusive muitos santos a alimentar-se unica-mente dela, comprovando assim também o seu valor como alimento meramente

RENATO
Realce
RENATO
Realce
RENATO
Realce
RENATO
Realce
Page 6: MILAGRES EUCARISTICOS

6

natural. A Beata Ana Catarina Emerich, também estigmatizada, passou vários a-nos tendo como único alimento a Hóstia Consagrada; quando muito se acrescen-tava uma ameixa e copo d’água. Outros santos nem sequer tinham qualquer com-plemento ao da Eucarista, como a Serva de Deus Teresa Newman de Konners-reuth, alemã, que viveu assim durante 36 anos. A Beata Alexandrina de Balasar, portuguesa, passou 13 anos alimentando-se unicamente da Eucaristia. São Nico-lau Flueli, Patrono da Suíça, 20 anos; a Serva de Deus Anne-Louise Lateau, 12 anos. O caso mais fantástico é da vidente e estigmatizada francesa Martha Robin que passou 53 anos alimentando-se unicamente da Hóstia Consagrada! Nem se-quer água ela podia ingerir... j) Perpetuação das Sagradas Espécies sem se decompor por muitos anos:

O fenômeno mais impressionante foi o de Lanciano, cujas Espécies man-têm-se intactas e incorruptas por mais de 13 séculos! Em Alcalá, o milagre foi ofi-cialmente reconhecido após as Espécies se manterem intactas por onze anos. Já em Onil, também na Espanha, duraram 119 anos. Em San Juan de las Abadesas há uma Hóstia colocada numa estátua em 1251 e que permanece incorrupta até os dias atuais. E assim, vários foram os milagres cujas espécies sacramentais permaneceram incorruptas por anos a fio, muitos deles vistos até os dias atuais. 3. Milagres vistos até hoje:

Até os dias atuais podem ser vistos os milagres de Lanciano (13 séculos), Santarém (sete séculos e meio), Seefeld (seis séculos), Hasselt (sete séculos), Faverney (quatro séculos), “El Escorial” (quatro séculos), Fiecht (sete séculos), Middleburg (sete séculos), Douai (mais de sete séculos), Neuvy Saint Sépulcre (quase oito séculos), Erding (seis séculos), Bagno di Romagna (seis séculos), Mauro La Bruca (277 anos), os dois milagres de Florença (um com quase 8 sécu-los e o outro com quatro centenários), Offida (sete séculos), Boxmeer (seis sécu-los), Alcalá (quatro séculos), Siena (277 anos), com uma particularidade: em Siena continuam intactas mais de 200 hóstias!

4. Relíquias indiretas conservadas:

Em alguns milagres as Sagradas Espécies já não existem, mas ainda se conservam relíquias indiretas, como em Faverney (um ostensório), em Guagalupe (os corporais e a pala), em Bruxelas (os relicários), em Blanot (uma toalha), em Mogoro (pedras) e em Boxtel (o corporal).

5. Milagres conhecidos e aprovados pelo Papa:

Vários milagres eucarísticos foram oficialmente conhecidos e aprovados por papas ao longo dos séculos. O Papa Leão X estabelece sede episcopal em Lan-ciano no século XVI, e, alguns anos depois, Pio IV eleva-a ao arquiepiscopado.

RENATO
Realce
Page 7: MILAGRES EUCARISTICOS

7

Eugênio IV concedeu ano de jubileu para Daroca a cada 10 anos e reconheceu como autênticos os milagres de Waldürn, na Alemanha, e de Ferrara, na Itália. O Papa Sérgio IV toma conhecimento oficial, através de São Pedro Armengol, do milagre de Ivorra e o aprova através de uma bula. Bonifácio IX concede a Cássia indulgência equivalente à da Porciúncula. Gregório IX reconhece o milagre de Alatri através de uma bula, Paulo III o de Asti e Ubano IV o de Bolsena. O Papa Pio IV reconhece o de Morrovalle e Inocêncio VIII o de “O Cebreiro”. A maior parte destes reconhecimentos foi através da concessão de indulgências especiais.

6. Extinção das espécies miraculadas:

Muitas das Sagradas Espécies miraculadas já não existem. No entanto, du-raram vários anos atestando a grandeza do milagre. As do milagre de Dijon dura-ram 364 anos, de Les Ulmes 130 anos, de Marselle e de Paris sete séculos, de Bettbrunn 105 anos, de Wilsnack 139 anos, de Patierno 204 anos, de Turim cerca de dois séculos, de Veroli apenas 12 anos, de Gerona quase sete séculos e de Silla 29 anos (destruídas pelos comunistas em 36).

7. A Eucaristia e a ciência

Os estudos mais documentados são os do milagre de Lanciano, com várias pesquisas feitas ao longo dos séculos. Finalmente, no século XX foram feitos es-tudos científicos mais completos, onde se constatou a autenticidade do milagre. Também foram feitos estudos nas relíquias de Ivorra no ano 2000 e se constatou o mesmo. Também no século XX, em 1958, foram analisadas as manchas do Corporal do milagre de Bagno di Romagna, onde se confirmou que eram de natu-reza hematológica. Também foram feitos estudos de natureza científica em Pati-erno. Um cientista, pelo menos, converteu-se e tornou-se santo: trata-se de Nico-la Stenon, beatificado pela Igreja. 8. Milagres feitos por intercessão de Santos:

Alguns milagres foram feitos por intercessão de santos, dentre eles, os grandes milagres de Santa Clara de Assis e de Santo Antonio. Mas pode-se a-crescentar também os de São João Bosco, Santa Maria, a Egípcia, São Sátiro, Santa Lúcia Filippini, Beata Imelda Lambertini, Santa Juliana Falcinieri, Beata Ân-gela de Foligno, e tantos outros que é impossível aqui relatar. 9. Milagres eucarísticos e as três revoluções:

A maior parte dos milagres eucarísticos deram-se no período que vai desde a Renascença até o Protestantismo, decorrentes, principalmente, das heresias que negavam a presença real na Eucaristia. Um fato que se chama a atenção: em 1593, um monge pregava citando o milagre de Fiecht, na Áustria, e fez uma multi-dão de protestantes recuar sem argumentos. O milagre exposto em “El Escorial” foi realizado em decorrência da ação de hereges protestantes da Holanda, um dos quais converteu-se.

RENATO
Realce
Page 8: MILAGRES EUCARISTICOS

8

No entanto, o ódio contra a Eucaristia foi mais violento na Revolução Fran-cesa, ocasião em que se destruíram, inclusive, várias relíquias provenientes de milagres existentes ainda na França. Em 1794, destruíram as relíquias do milagre de Dijon; nesta mesma época sumiram-se as relíquias do milagre de Douai; as sagradas espécies de Les Ulmes tiveram que ser consumidas pelo sacerdote para se evitar uma profanação pelos revolucionários. Finalmente, as hóstias milagro-samente conservadas pelo milagre de Paris desde 1290 foram destruídas pelos revolucionários cinco séculos depois!

Com relação ao comunismo, tivemos maior quantidade de relíquias destruí-das durante a revolução comunista de 36, na Espanha. Em Ludbreg, na Croácia, só foi possível restabelecer o culto às sagradas relíquias após a queda do regime comunista. 10. Santos Eucarísticos

Não se pode dizer que um santo não seja eucarístico, pois a Eucaristia é o centro de toda santidade. No entanto, alguns deles se caracterizaram por ter sido especialmente devotos da Eucaristia, como São Tomás de Aquino, São Bernardo, São Pedro Julião Eymard, São João Bosco, etc. Merece destaque o Beato Ivan Merz, croata, que, apesar de ter vivido num mundo materialista e conturbado (sé-culos XIX e XX), conseguia comungar diariamente.

11. A Eucaristia e as aparições marianas:

O Santíssimo Sacramento esteve presente em quase todas as últimas apa-rições marianas. As aparições à Santa Catarina Labouré geralmente se davam quando ela fazia a adoração da Eucaristia. A devoção à Eucaristia em Lourdes teve incrível incremento quando um sacerdote propôs realizar uma procissão com o Santíssimo Sacramento e ocorreu uma cura prodigiosa. A partir de então, todos os doentes que vão a Lourdes são abençoados com o Santíssimo Sacramento.

Em Fátima, as aparições foram precedidas por uma aparição do Anjo com um Cálice apresentando uma Hóstia, gotejando sangue, logo dada em comunhão às crianças. Tudo indica que Francisco e Jacinta ainda não tinham feito a Primei-ra Comunhão até aquele momento.

Segue os relatos.

RENATO
Realce
Page 9: MILAGRES EUCARISTICOS

9

MMiillaaggrreess EEuuccaarrííssttiiccooss

LANCIANO, Itália, ano 700

Lanciano é uma pequena cidade medieval, banhada pelo Mar Adriático,

na Itália, entre as cidades de San Giovanni Rotondo e Loreto.

Antigamente a denominavam de “Anxanum”. A mudança de nome foi

com a finalidade de perpetuar uma homenagem à conversão de Longino, que

segundo a Tradição nasceu lá e foi o centurião romano que cravou a sua lança

no flanco direito de Jesus Crucificado, alcançando o Coração do Redentor,

para ver se ELE ainda estava vivo, conforme descreve São João em seu Evan-

gelho (Jo 19,34).

Na seqüência dos muitos acontecimentos que sucederam na vida do

centurião, despertaram o seu espírito e o conduziram ao caminho da conver-

são. A Igreja reconhece a notável transformação espiritual que o santificou e o

colocou entre os Santos. É conhecido como São Longino e sua imagem está

no Vaticano, no Santo Sepulcro em Jerusalém e em diversos outros altares do

mundo. Sua Festa é comemorada no dia 15 de Março.

Na época em que aconteceu o Milagre, a Igreja de Lanciano estava en-

tregue a proteção dos Santos Legonciano e Domiciano, e era administrada pe-

los Monges Basilianos do Rito Grego Ortodoxo.

Um Monge da Ordem de São Basílio (Basiliano), sábio nas coisas do

mundo, vacilava contudo nas coisas da fé, atravessava um terrível período de

perturbação espiritual de tal ordem, que o levava a duvidar da presença Real

de Nosso Senhor Jesus Cristo na Hóstia Consagrada. Mas ele lutava contra

Page 10: MILAGRES EUCARISTICOS

10

aquela abominável tentação e rezava, suplicando ao Criador que iluminasse o

seu espírito e o livrasse daquela dúvida e do medo que envolvia a sua consci-

ência, que o fazia imaginar estar perdendo a vocação sacerdotal. À medida que

passavam os dias, aquele drama interior aumentava de intensidade e afetava a

sua disposição, roubando-lhe até o prazer de viver.

Por outro lado, a situação do mundo naquela época não lhe favorecia em

nada, para ajudá-lo fortalecer a sua fé. Havia muitas heresias disseminadas em

todas as partes, as quais eram acolhidas por leigos e pessoas da Igreja. Diver-

sos Bispos e Sacerdotes aceitavam aquelas doutrinas naturalmente, sem uma

maior e mais profunda reflexão, deixando confusa as mentes de muitos fieis e

religiosos que observavam aquele comportamento, resultando sempre em mal-

estar e incompreensões no seio da Igreja.

Numa manhã, como habitualmente fazia, o Monge celebrava uma Santa

Missa, quando foi acometido por uma incontrolável onda de dúvidas. Enver-

gonhado consigo mesmo, com um olhar de piedade, contemplou a Hóstia com

o vinho que estavam a sua frente e que ele Consagrava. De súbito, suas mãos

tremeram e seu corpo foi envolvido por uma vi-

gorosa e profunda emoção. Permaneceu imóvel,

em silêncio, de costas para o povo, como as

Missas eram celebradas antigamente. Depois de

alguns minutos, voltando-se para os fieis que

sem saber o que acontecia, aguardavam com ex-

pectativa e ansiedade, falou:

“Ó testemunhas afortunadas, a quem o Santís-

simo Deus, para destruir minha falta de fé, quis

revelar-SE a SI Mesmo neste Bendito Sacramen-

to e fazer-SE visível diante de nossos olhos. Ve-

nham irmãos, venham todos e maravilhem-se

com o nosso Deus tão próximo de nós. Venham

contemplar a Carne e o Sangue de nosso Amado Cristo”.

A Hóstia tinha se transformado em Carne e o Vinho convertido em

Sangue do Senhor.

As pessoas presenciando o Milagre, se manifestaram emocionadas e

surpresas, repletas de alegria pela infinita bondade Divina em lhes proporcio-

nar tão extraordinária manifestação. Por isso, clamavam perdão e misericórdia

Page 11: MILAGRES EUCARISTICOS

11

para as suas vidas, declarando-se indignas de presenciarem tão grandioso e

comovente Milagre.

Com o avançar das horas, saíram para as suas casas e divulgaram a aus-

piciosa notícia por onde passavam. Em pouco tempo, toda a cidade ficou sa-

bendo da notável manifestação sobrenatural e afluíram à Igreja, centenas e mi-

lhares de pessoas, que superlotaram todas as dependências do templo cristão,

porque todos estavam ávidos de verem o Corpo e o Sangue de Jesus.

O Milagre ocorreu no ano 700 de nossa era e causou um efeito admirá-

vel, porque atuou preponderantemente sobre a crença daquele Sacerdote Basi-

liano e sobre a fé de muitas pessoas frias e indiferentes, que não acreditavam

na Sagrada Eucaristia, na presença Real de Jesus, em Corpo, Sangue, Alma e

Divindade, na Hóstia e no Vinho Consagrados.

É importante destacar que desde a data do acontecimento, a Igreja aco-

lheu o Milagre como “um verdadeiro Sinal do Céu” e venerou o Corpo e o

Sangue do Senhor nas procissões que anualmente são realizadas no dia da Fes-

ta, último domingo do mês de Outubro.

Inicialmente o Milagre foi conservado num artístico relicário de mar-

fim. Posteriormente foi colocado num magnífico Ostensório de ouro.

O Sangue do Senhor no momento do Milagre, coagulou em cinco por-

ções, como se fossem cinco pelotas. Elas guardam uma incrível propriedade:

cada bola de sangue coagulado tem o mesmo peso que as outras juntas.

O Sangue adquiriu uma cor marrom-sépia.

A Carne ficou com uma cor grená-escuro. Entre-

tanto, quando se coloca uma lâmpada por trás,

ela adquire uma cor rosada.

A Igreja de Lanciano permaneceu sob a

custódia dos Monges de São Basílio até 1176,

quando assumiram os Padres Beneditinos e per-

maneceram até 1252. A seguir vieram os Fran-

ciscanos e tiveram que fazer muitas obras, por-

que a estrutura do templo estava comprometida.

Page 12: MILAGRES EUCARISTICOS

12

Em 1258, os Franciscanos construíram uma nova Igreja, no local da an-

tiga, e a colocaram sob a proteção de São Francisco.

Em 1515 o Papa Leão X implantou em Lanciano uma sede episcopal e

em 1562, o Papa Pio IV emitiu uma Bula elevando-a a condição de sede Ar-

cepiscopal.

Em 1887 o Arcebispo de Lanciano, Monsenhor Petrarca, obteve do Pa-

pa Leão XIII indulgência plenária perpétua para quem visitasse o Milagre Eu-

carístico no período da Festa, último domingo de Outubro e os seguintes oito

dias, da oitava, em cujo período transcorre as celebrações em honra do Sangue

e do Corpo do Senhor.

Em 1566, com a ameaça de invasão pelos turcos, Frei Giovanni Antônio

de Mastro Renzo e seus companheiros, construíram uma Capela especial e

bem protegida, a Capela Valsecca, onde foi

abrigado com segurança o Milagre de Jesus

Eucarístico. Ali permaneceu até o ano 1902,

quando construíram um magnífico Altar com

dois Tabernáculos: no superior colocaram o

Milagre e no inferior está o Sacrário com as

Hóstias Consagradas nas Santas Missas, para

serem consumidas pelos fieis. Pela parte de

trás, tem uma pequena escada de acesso, por

onde as pessoas podem admirar bem de perto o

extraordinário Milagre.

A Carne e o Sangue atualmente visíveis não

só são a Carne e o Sangue de Jesus Cristo co-

mo toda \Hóstia consagra, senão que mantém

até hoje os acidentes próprios de carne e san-

gue humano. A Carne, desde 1713, conserva-

se num artístico ostensório de prata, da escola

napolitana, finamente trabalhado. O Sangue está contido numa rica e antiga

ampola de cristal de Roca.

A emoção da visita é sempre grande e proporciona manifestações es-

pontâneas que atestam a admiração e a comoção das pessoas, diante do pró-

prio Deus.

Page 13: MILAGRES EUCARISTICOS

13

A parte da Hóstia no centro do círculo de carne, embora fosse verdadei-

ramente a Carne de Jesus Cristo continuou apresentando os acidentes de pão

sem levedura depois do milagre, tal como ocorre com o Consagração. Mante-

ve-se por muitos anos, porém se desintegrou porque a lâmina que a continha

não havia sido hermeticamente fechada.

Ao longo dos séculos, desde o início, muitas pesquisas foram feitas com

a Carne e o Sangue do Milagre Eucarístico. As investigações mais modernas,

que foram concluídas em 1970-71 e 1991, levados a efeito pelo Professor O-

doardo Linoli, docente de Anatomia e História Patológica em Química e Mi-

croscopia Clínica, em colaboração com o Professor Ruggero Bertelli, da Uni-

versidade de Siena, utilizando-se de recursos avançados de pesquisa, concluí-

ram o seguinte:

Page 14: MILAGRES EUCARISTICOS

14

1 – A Carne é verdadeira carne humana.

2 – A Carne é um pedaço do tecido muscular

do coração, presentes partes do miocárdio,

do endocárdio e do nervo vago do ventrículo

cardíaco esquerdo.

3 – O Sangue também é humano

4 – A Carne e o Sangue tem o mesmo tipo

sanguíneo: “AB”.

5 – No Sangue encontram-se proteínas na

mesma proporção que se encontra num san-

gue humano vivo.

6 – No Sangue também se encontram mine-

rais em proporções idênticas as encontrada

num ser humano normal: dosagem do cloro,

fósforo, magnésio, potássio, sódio e do cál-

cio.

7 – A preservação da Carne e do Sangue du-

rante 12 séculos sem a ajuda de qualquer in-

grediente químico, é perfeita e admirável.

Milagre de Eucarístico de

Lanciano

A Carne é verdadeira Carne

O Corpo e o Sangue de Cristo

no Milagre Eucarístico, perma-

necem frescos depois de mais de 1200 anos

O Sangue é verdadeiro Sangue

Page 15: MILAGRES EUCARISTICOS

15

Através dos tempos se têm escrito muitos relatos para comprovar a au-

tenticidade do milagre eucarístico de Lanciano, relatando milagres de natureza

tanto física quanto espiritual. Estes fatos foram cuidadosamente registrados

por causa da importância que a Cristandade, e com e ela Igreja, sempre deu a

este milagre.

Na mesma época do milagre, os fatos foram redigidos num manuscrito,

em Grego e Latim. Numa cronologia da cidade de Lanciano, um historiador

escreveu que em princípios de 1500 dois monges basilianos vieram à igreja,

que estava aos cuidados dos franciscanos, e pediram para passar a noite ali.

Pediram também para ver o pergaminho que continha a história do Milagre.

Os franciscanos lhes deixaram ver e estudar o pergaminho histórico durante a

noite, porém ao amanhecer os monges basilianos foram embora cedo levando

consigo o pergaminho. Acredita-se que o motivo da conduta dos monges basi-

lianos é que ficaram envergonhados porque um deles havia perdido a fé na

Eucaristia. O fato é que o manuscrito nunca foi recuperado.

A igreja onde se encontra o Milagre Eucarístico de Lanciano está no lo-

cal que hoje se insere no centro da cidade, mas na época do milagre era um

subúrbio e se chamava de “Igreja dos Santos Longino e Domiciano”. Um dos

benfeitores da igreja foi o bispo Landulfo que lhe fez o Santuário. Em 1258 os

franciscanos edificaram a igreja atual, reformada finalmente em 1700 de estilo

românico-gótico para o estilo barroco.

Em 25 de junho de 1672, o Papa Celemente X declarou o altar do Mila-

gre Eucarístico como um altar privilegiado na Oitava do dia de Finados e em

todas as segundas-feiras do ano.

No tempo de Napoleão, em 1809, os franciscanos foram expulsos da

cidade, mas voltaram a assumi-la solenemente em 21 de junho de 1953.

Ainda em 1566, no dia 1º de agosto, Frei Giovanni Antonio de Mastro

Renzo, perdeu a fé, não na Eucaristia, mas na proteção da Providência para

salvá-los junto com os outros frades da investida dos turcos. Vendo a necessi-

dade de salvar o milagre eucarístico, colheu o relicário e com seus frades de-

sapareceu da cidade. Caminharam toda a noite e antes do amanhecer Frei Gio-

vanni sentiu que já havia grande distância entre eles e o inimigo, ordenando

então a seus frades que descansassem. Ao surgir o sol, pela manha, se deram

conta de que se encontravam exatamente na entrada da cidade. Entenderam,

Page 16: MILAGRES EUCARISTICOS

16

então, que o Senhor havia intervindo porque queria que o Milagre Eucarístico

fosse um sinal de segurança para as pessoas da cidade, um sinal de que Deus

não os havia abandonado. Inspirados pelo Espírito Santo, todos os frades ofe-

receram-se, então, com magnanimidade para ficar na igreja e proteger o Mila-

gre Eucarístico com suas vidas. Nosso Senhor os protegeu e não foi necessário

suas vidas, pois os turcos recuaram.

A primeira experiência, dita “científica”, feita com as sagradas espécies

data do ano de 1574, quando descobriram um fenômeno inexplicável: as cinco

bolhas de sangue coaguladas são de diferentes tamanhos e formas, mas têm o

mesmo peso. O fato foi documentado.

Page 17: MILAGRES EUCARISTICOS

17

SANTARÉM, Portugal, ano1247

Entre os anos 1225 e 1247, havia uma mulher

em Santarém que se sentia muito infeliz, porque

o seu marido lhe era infiel, demonstrando que

não lhe amava mais. Querendo salvar o seu ca-

samento, ouviu a sugestão de pessoas amigas e

procurou a orientação e o serviço de uma feiti-

ceira. A bruxa logo lhe prometeu fazer com que

o seu marido mudasse de conduta, isto se ela

seguisse as suas recomendações. Pediu que a

mulher levasse para ela uma Hóstia Consagra-

da. Diante do espanto da mulher, a feiticeira lhe

instruiu dizendo que fingisse uma enfermidade

e comunicasse sua doença a Igreja, assim ela

poderia receber a Comunhão durante a semana

e teria oportunidade de levar a Hóstia Consagrada para ela fazer o trabalho. A

mulher ficou aterrorizada, porque sabia que isto era um abominável sacrilégio.

Permaneceu em silêncio, não disse nada. Saiu da presença da feiticeira e por

longo tempo pensou naquele pedido, tentando solucionar a dúvida que afligia

o seu coração. Por fim, imaginando a possibilidade de converter o marido e

alcançar a sonhada felicidade que buscava para a sua vida matrimonial, inven-

tou uma grande mentira e contou ao sacerdote, a fim de conseguir a devida

autorização.

O pároco concedeu a licença e ela foi receber a Sagrada Comunhão na

Igreja de São Esteves. No momento da Comunhão, ela estava visivelmente

emocionada e com um imenso drama de consciência. Ao receber Jesus Sacra-

mentado na língua, não consumiu a Hóstia. Guardou-a e deixou a Igreja ime-

diatamente, seguindo em direção da casa da feiticeira. A Partícula Sagrada

começou a sangrar. Várias pessoas notaram manchas de sangue em sua roupa

e pensaram que ela estivesse com algum problema de saúde, com alguma he-

morragia. Diante do acontecido, o medo tomou conta de seu coração. Decidiu

Page 18: MILAGRES EUCARISTICOS

18

não continuar com o projeto. Levou a Hóstia Consagrada para casa, envolveu-

a num lenço bem limpo e completou a proteção com um tecido de linho bran-

co e depois a colocou num baú que possuía no quarto de casal.

Todavia, durante a noite ela e o marido foram acordados por uma radia-

ção clara e luminosa que vinha do baú e iluminava inteiramente o quarto. Es-

pantados e comovidos, viram dois Anjos abrirem o baú e libertarem Nosso

Senhor Eucarístico daquela prisão. Sem palavras e admirados com aquele fato,

viram a pequena Hóstia branca bem no meio do lenço aberto. E diante daquela

realidade, chorando e arrependida pelo pecado, a esposa contou ao marido to-

da a verdade sobre o acontecido. Ambos chorando e emocionados passaram a

noite de joelhos rezando diante Nosso Senhor Eucarístico, suplicando perdão

por aquele terrível desatino. Em estado de vigília e adoração ali permaneceram

até a manhã do dia seguinte, quando vieram diversas pessoas. Elas foram atra-

ídas por lampejos e brilhos como se fossem pequenos relâmpagos, que saíam

do telhado da casa. Repletas de curiosidade, foram até o local para saber o que

estava acontecendo. Foi então que conheceram o fato, narrado pela voz emo-

cionada do casal e, assim, testemunharam o notável milagre.

Um padre foi convidado a comparecer e levou a Hóstia Consagrada em

procissão para a Igreja. Por ordem superior, a Partícula foi colocada em cera

de abelha e lacrada num recipiente. Dezenove anos depois aconteceu outro

milagre. Um outro sacerdote abrindo o Tabernáculo, notou que o recipiente de

cera que guardava a Hóstia havia quebrado o lacre e a Partícula Sagrada se

transformara em Sangue do Senhor, que permaneceu visível dentro de um re-

cipiente cristalino fechado. As autoridades eclesiásticas em respeito, objeti-

vando homenagear a Manifestação Divina, encomendaram um precioso Reli-

cário onde colocaram o Milagre, que se mantém na Igreja do Santo Milagre,

para a visitação e veneração dos fieis. Desde aquela época até hoje, todos os

anos, no segundo domingo do mês de Abril, o Relicário em procissão, percor-

re as ruas de Santarém, até a casa onde morava aquela mulher. Na mencionada

casa construíram um respeitoso Altar, transformando a residência em Capela

diocesana.

Page 19: MILAGRES EUCARISTICOS

19

SEEFELD, Áustria, ano 1384

Na diocese de Innsbruck, entre as mon-

tanhas arborizadas da província do Tyrol, na

aldeia de Seefeld, Áustria, a Paróquia de São

Oswaldo deve sua popularidade a um milagre

que aconteceu na quinta-feira Santa de 1384.

Naquela época o senhor Knight Milser

era o guardião do Castelo de Schlossberg, lo-

calizado ao norte do lugarejo. O castelo foi

estrategicamente construído para proteger uma

importante estrada de acesso e servir como

uma fortaleza, para defender os moradores da

localidade. O senhor Knight sempre se mos-

trou orgulhoso da posição que ocupava e de

sua autoridade. Por isso mesmo, estava sempre

em evidência, nas colunas sociais e nos alber-

gues de maior freqüência. Todos os fatos que

aconteciam com ele ou com pessoas aparentadas, ou de sua relação de amiza-

de, forçosamente eram publicados no jornal da comunidade: A Crônica Dou-

rada de Hohenschwangau.

Certa manhã, ele foi com alguns de seus seguidores a Igreja Paroquial.

Cercou o Padre e a congregação com homens bem armados. Por sua autorida-

de, exigiu do sacerdote que ia celebrar a Santa Missa comungar com a Hóstia

grande, aquela utilizada na cerimônia. Segundo ele, a Hóstia pequena tinha

pouco valor. O Padre ficou apreensivo e preocupado, porque recusar um pedi-

do do senhor Knight poderia significar a morte. No momento da Comunhão, o

profanador com a espada puxada e a cabeça coberta, estacionou à esquerda do

altar e ali permaneceu. O Padre, pressionado, deu-lhe a Hóstia Grande Consa-

grada. No mesmo momento em que o senhor Knight a colocou na boca, im-

pressionantemente o solo se abriu embaixo de seus pés, fazendo com que ele

se afundasse até os joelhos. Assustado e com uma palidez mortal, querendo

sair dali, segurou no Altar com decisão, com ambas as mãos como se seguras-

se numa tábua de salvação, e tanto esforço fez, que suas impressões digitais

ficaram gravadas na mesa do Altar e podem ser vistas até hoje. Mesmo assim,

não conseguiu sair daquele lugar. Cheio de terror, implorou ao Padre remover

Page 20: MILAGRES EUCARISTICOS

20

a Hóstia Consagrada que estava em sua boca, porque ele também não a conse-

guia engolir e ela estava lhe sufocando. Assim que o sacerdote retirou a Sa-

grada Espécie, o chão ficou firme novamente. A Hóstia retirada da boca do

senhor Knight estava totalmente vermelha, impregnada pelo Sangue de Jesus.

Logo a seguir, ele conseguiu sair daquela posição em que se encontrava e se

apressou a chegar no Mosteiro de Stams, onde chamou um sacerdote e, arre-

pendido, confessou os seus muitos pecados. Mudou seu modo de vida e o seu

proceder, procurando viver uma vida santa e realizando com freqüência exer-

cícios de penitência, ajudando os mais necessitados da comunidade. Morreu

dois anos após. Conforme o seu desejo, foi enterrado numa área próxima a

capela do Santíssimo Sacramento do Mosteiro. O manto aveludado que ele

usava durante a Santa Missa na quinta-feira Santa, mandou cortar e fazer uma

casula sacerdotal, a qual doou ao Mosteiro de Stams. A Hóstia do Milagre foi

guardada numa Âmbula por determinação da autoridade eclesiástica, até a

confecção de um belíssimo relicário de prata em estilo gótico, muito bonito,

também encomendado pelo convertido.

A relíquia sagrada é preservada até hoje na Igreja de São

Oswaldo, disponível a visitação pública da mesma.

Na cena do milagre ainda é mantido o buraco no piso,

onde o senhor Knight afundou até os joelhos. Por motivo

de segurança, o buraco foi coberto com um grelha de fer-

ro para evitar que alguém distraidamente caísse nele. En-

tretanto, a grelha pode ser removida, e assim, as pessoas

que desejarem, podem examinar minuciosamente o bura-

co.

Localizado no santuário em sua posição original, também

está o altar de pedra, onde aconteceu o Milagre. Ficou um

pouco distante do Altar Novo que é mais alto e foi cons-

truído quando a Igreja foi aumentada. O Altar Novo está

mais alto e mais distante, a fim de ficar propositalmente

separado do Altar do Milagre.

Tudo foi organizado de forma que uma diferença

na altura da laje dos dois altares e uma distância de alguns metros que os sepa-

ram, permite uma visão clara do Altar do Milagre. Ainda se pode ver no lado

do Altar de pedra, as impressões digitais das mãos do senhor Knight cujos de-

dos afundaram na pedra na hora do acontecimento sobrenatural.

Page 21: MILAGRES EUCARISTICOS

21

Não se sabe quando a Igreja de São Oswaldo foi construída, mas a ocor-

rência é mencionada numa crônica de 1320. A igreja atual, teve sua constru-

ção concluída em 1472.

Em 1984 a Igreja de São Oswaldo celebrou 600 anos de aniversário do

Milagre Eucarístico.

HASSELT, Bélgica, ano 1317

Em 1317, um Padre de Viversel que ajudava na cidade de Lummen, foi solicitado a levar

o Santo Viático (Sagrada Comunhão ministrada aos doentes e idosos) a um homem da al-

deia que estava enfermo. Levando um Cibório com uma Hóstia Consagrada, o padre entrou

na casa e colocou o utensílio sagrado em cima de uma mesa enquanto foi conversar com a

família e o doente no quarto.

Outro homem que estava em pecado mortal, passando pela sala e vendo

o Cibório, cheio de curiosidade mas sem fé, removeu a tampa de cobertura e

segurou na Hóstia Consagrada. Imediatamente a Hóstia começou a sangrar.

Assustado, jogou a Hóstia dentro do Cibório e saiu apressado. Quando o padre

veio pegar o Cibório para ministrar a Comunhão ao doente, o encontrou aber-

to! Surpreso observou também que a Hóstia estava com diversas manchas de

Page 22: MILAGRES EUCARISTICOS

22

sangue. No momento ficou indeciso sobre o que fazer, entretanto logo a seguir

decidiu procurar o senhor Bispo e levar o fato ao seu conhecimento. O pastor

percebeu que se tratava de uma manifestação eucarística sobrenatural e, por

essa razão, aconselhou-o que levasse a Hóstia Milagresa a um Sacrário na I-

greja das freiras Cisterciense em Herkenrode, aproximadamente a 50 quilôme-

tros de distancia.

Este convento que está perto de Liege, na Bélgica, foi fundado no sécu-

lo XII e pertence às freiras Cistercienses. Por causa da reputação venerável e

repleta de santidade da comunidade religiosa, o senhor Bispo escolheu aquele

local, porque estava convencido de que lá seria o lugar mais adequado para

acolher a Hóstia Milagresa.

O sacerdote viajou para o Convento das Irmãs e assim que chegou, des-

creveu o acontecido. A seguir, acompanhado das Irmãs e em procissão entra-

ram na igreja e aproximou-se do altar. Quando abriu o Sacrário para colocar o

Cibório com a Hóstia Milagrosa, teve uma visão de Cristo coroado com espi-

nhos, que também foi visto por todas as pessoas presentes. Nosso Senhor pa-

recia dar um sinal especial de que a vontade dEle era permanecer ali. Por cau-

sa desta visão e da presença da Hóstia Milagrosa, Herkenrode tornou-se um

dos lugares mais famosos de peregrinação na Bélgica.

A Sagrada Hóstia permaneceu na Igreja em Herkenrode até 1796, época

da Revolução francesa, quando as freiras foram expulsas do Convento. Naque-

le tempo terrível a Hóstia foi confiada aos cuidados de diferentes famílias.

Conta-se que foi até acomodada numa caixa metálica comum e embutida na

parede da cozinha de uma casa.

Em 1804, a Hóstia foi removida do esconderijo e levada em solene pro-

cissão para a Catedral de São Quintinus em Hasselt. O Templo possui uma

bela arquitetura gótica e foi construído no século XIV. Contém pinturas im-

pressionantes dos séculos XVI e XVII que recordam eventos da história do

Milagre. Mas muito mais importante que a construção e a beleza da Catedral,

é o Relicário com a Hóstia Sagrada do notável Milagre Eucarístico ocorrido

em 1317 que ela abriga, em esplêndida condição de conservação. O Relicário

foi colocado num Altar especial, aberto a veneração dos fieis.

Page 23: MILAGRES EUCARISTICOS

23

DAROCA, Espanha, ano 1239, e a institui-

ção da festa de Corpus Christi

Na cidade de Daroca, localizada no nordeste da Espanha, os habitantes se or-

gulham de seu passado histórico e de sua importância durante os tempos ro-

manos. É protegida por muros altos em todos os lados e possui mais de cem

torres para vigilância e observação. Está a cerca de 75 quilômetros de Zarago-

za e foi escolhida pelo Senhor para uma notável manifestação sobrenatural

eucarística. É a primeira povoação espanhola, e talvez do mundo, que estabe-

leceu uma festa pública em honra do Santíssimo Sacramento.

Page 24: MILAGRES EUCARISTICOS

24

O passado da cidade ainda parece vivo mostrando muros e castelos me-

dievais, torres, praças e ruas conforme o traçado romano daquela época. Nas

igrejas e museus podem ser encontradas a inestimável arte romana e dos mou-

ros, observando-se também a predominância do estilo gótico e a influência do

Renascimento.

Todavia, embora tenha toda esta riqueza histórica, o maior tesouro de

Daroca é a relíquia dos Sagrados Corporais, que data de 1239, quando aconte-

ceu o milagre. Por aquele ano, quando a cidade de Valencia estava sob o rei-

nado do Rei católico Dom Jaime, o rei sarraceno Zaen Moro decidiu tomar a

cidade com as tropas que haviam chegado do norte da África. O rei católico

vendo as intenções do sarraceno, e sabendo que a força militar espanhola era

menor, ordenou oferecer uma Santa Missa ao ar livre, e encorajou os soldados

assim como os oficiais, a receberem a Sagrada Eucaristia. O Rei Jaime assegu-

rou aos militares que se eles fossem fortalecidos espiritualmente com o Corpo

do Senhor, poderiam lutar sem medo porque receberiam a proteção e a ajuda

Divina.

As tropas cristãs de Daroca, Teruel e Calatayud se dispunham a con-

quistar dos mouros o Castelo de Chio, Luchente, distante três léguas de Jativa.

Estávamos a 23 de fevereiro de 1239. O Capelão celebrara, momentos antes, a

Santa Missa na qual consagrou seis hóstias destinadas à Comunhão dos seis

capitães daquelas tropas: Jiménez Pérez, Fernando Sánchez, Pedro, Raimundo,

Page 25: MILAGRES EUCARISTICOS

25

Guilhermo e Simone Carroz. O sacerdote ficou confuso e aterrorizado com o

estrondo de canhões, os tiros, gritos e toda a confusão que se formou, pois os

mouros iniciavam um ataque de surpresa. Foi obrigado a interromper a Missa,

escondendo as sagradas espécies que já estavam consagradas, envoltas nos

corporais, num pedregulho do monte.

Num intervalo da batalha, quando os sarracenos se retiraram para agru-

par as suas forças, os soldados católicos se ajoelharam diante do altar para dar

graças a Deus por aquela primeira vitória alcançada. Saindo os cristãos parci-

almente vitoriosos, os comandantes pediram ao sacerdote que lhes desse a

Comunhão em ação de graças ao Senhor pela vitória alcançada. Sem perca de

tempo, o padre Mateo tentou encontrar o lugar onde havia escondido as Hós-

tias e teve grande dificuldade, porque em face da confusão reinante ficou em

dúvidas quando ao local. Mas por fim encontrou os Corporais e logo abriu pa-

ra verificar se estava tudo bem com as Hóstias Consagradas. Ficou perplexo

com o que viu! As seis Hóstias tinham desaparecido e ficaram em seu lugar

seis manchas de sangue no Corporal. Tinha acontecido uma notável manifes-

tação milagrosa. Apressado, o sacerdote subiu ao altar improvisado e mostrou

aos militares o Corporal com as manchas do Sangue do Senhor, para reverên-

cia e veneração de todos.

Os comandantes se regozijaram ante o que viram. Tomaram isto como

um sinal de Jesus de que iam ser vitoriosos. Fizeram com que o sacerdote le-

vantasse o corporal manchado de sangue num mastro como se fosse um estan-

darte. Voltaram á batalha contra os mouros e o castelo de Chio foi recaptura-

do. O mérito desta batalha deu-se ao milagre eucarístico.

A notícia do milagre circulou ligeira e inclusive despertou ciúmes nos

habitantes das cidades vizinhas. Como a celebração da Santa Missa foi reali-

zada no campo, bem distante da cidade de Valência, as três cidades: Teruel,

Catalayud e Daroca, reivindicaram que o milagre havia acontecido dentro de

suas jurisdições territoriais. Todas as três queriam ficar com a custódia dos

Santos Corporais. O assunto foi debatido durante muito tempo e depois de

muitas palavras, decidiram que a disputa seria resolvida através da sorte. Em-

bora fosse um critério incomum, foi o escolhido de comum acordo entre as

partes. Através da sorte seria indicada a cidade que ficaria na posse dos Panos

Sagrados. Concordaram ainda, que os Corporais, devidamente acondicionados

e protegidos, seriam colocados sobre uma mula e o animal deveria escolher

qual a direção e o caminho a seguir.

Page 26: MILAGRES EUCARISTICOS

26

E assim foi feito! A mula deixou o monte onde estava e iniciou sua jor-

nada, seguida pela assistência composta dos guerreiros e sacerdotes com velas

acesas. Depois de vaguear durante 12 dias, num percurso de cerca de 200 mi-

lhas, dobra os joelhos e cai morta em frente à Igreja de São Marcos (hoje Igre-

ja da Trindade), em Daroca. Então Daroca foi a cidade escolhida. Há vários

relatos que se referem à viagem da mula, quando ocorreram muitos milagres

em seu percurso, ouviram-se cantos e músicas angelicais ao lado de fúria de

demônios que abandonavam pessoas que tinham possuído, ao lado, também,

de conversões de vários pecadores. O Corporal ficou nesta igreja até que se

trasladou para a de Santa Maria. Estávamos a 7 de março de 1239, festa de

São Tomás de Aquino (que era vivo e tinha cerca de 14 anos de idade), um

grande devoto e defensor da Eucaristia. Mais tarde, São Tomás foi nomeado o

protetor do Milagre Eucarístico de Daroca.

Os habitantes felizes com o desfecho, providenciaram a construção de

uma igreja, para ser a depositária dos preciosos Panos de linho. Num altar es-

pecial colocaram os dois Corporais dentro de molduras e vidros protetores, a

fim de que os fiéis pudessem apreciar e venerar as seis manchas com o Sangue

do Senhor. Atualmente a Igreja em Daroca onde estão os Corporais Sagrados

é denominada, Igreja de Santa Maria Colegiada, ou simplesmente “A Colegia-

da”. Nas paredes foram pintadas cenas admiráveis do milagre, e junto ao altar

existem muitas imagens e estátuas feitas de alabastro, multicoloridas, no estilo

medieval.

No ano de 1261, no reinado do Papa Urbano IV, a cidade de Daroca e o

seu cabido resolveram enviar uma delegação à Roma a fim de informar deta-

lhadamente Sua Santidade sobre as maravilhas operadas por Deus no porten-

toso milagre. E tinha aumentado tanto a piedade dos fiéis que foi necessário

construir fora dos muros da cidade uma pequena torre de pedra para abrigar a

Santa Relíquia. O Papa Urbano IV era contemporâneo da Beata Juliana de Li-

ege, a monja que passou sua vida tentando instituir a Festa do Santíssimo Sa-

cramento e foi ele quem declarou a autenticidade do milagre de Daroca. Um

ano depois, em 1262, instituiu a Festa de Corpus Christi. Acredita-se que o

Papa tenha visto no milagre de Daroca um sinal divino para que fosse instituí-

da a festa de Corpus Christi.

Chegou também ao Papa os informes de dois grandes santos, São Boa-

ventura e São Tomás de Aquino, conclamando a Igreja para uma veneração

pública das Sagradas Espécies, o que inclinou o ânimo do Santo Padre na as-

sinatura dos decretos que instituíram na Igreja a soleníssima festa de “Corpus

Page 27: MILAGRES EUCARISTICOS

27

Christi”, ordenando que desde então se fizessem procissões públicas e solenes

e que nelas se levasse o Santíssimo Sacramento para ser adorado.

São Vicente Ferrer, em 1414, pregou na torre onde estavam as relíquias

e converteu na ocasião 110 judeus. De tal forma repercutiu tal milagre em toda

a Cristandade que a partir de então começaram a vir peregrinos de todo o

mundo para venerar aquelas relíquias.

Em 1444, o Papa Eugênio IV concedeu um ano de jubileu para Daroca,

cada 10 anos. Este foi o mesmo Papa que reconheceu como autênticos os mi-

lagres eucarísticos de Walldürn, na Alemanha e de Ferrara, na Itália.

Lápide na entrada da Igreja da Trindade onde encontrou Daroca o Tesouro inestimá-vel de seus Sagrados Corporais

pois aqui caiu morta a mula que os trazia.

Page 28: MILAGRES EUCARISTICOS

28

FAVERNEY, França, ano 1600

O Milagre Eucarístico que aconteceu em Fa-

verney, na França consistiu numa notável

demonstração sobrenatural de superação da

lei da gravidade.

Faverney está localizado a 20 quilômetros de

Vesoul, no Departamento de Haute Saône,

Região Administrativa de "Franche-Comtè",

distante 68,7 quilômetros de Besançon.

A abadia onde se encontra a Igreja em que

aconteceu o milagre foi fundada por São Gu-

de no século VIII e pertencia a Ordem ecle-

siástica de São Benedito. O Templo foi colo-

cado sob a proteção de Nossa Senhora de La

Blanche, representada por uma pequena imagem colocada à direita do Altar

Principal, na Capela do Coro. Desde a sua fundação, a Abadia estava entregue

às freiras, mas a partir de 1132, os monges as substituíram.

No inicio de 1600 a vida religiosa do povo não era tão fervorosa o quan-

to deveria ser. O difícil aparecimento de vocações revelava a falta de estímulo

espiritual da comunidade leiga. Por outro lado, viviam na Abadia somente seis

monges e dois noviços. Mas para manter a fé das pessoas, debilitada pela ter-

rível influência protestante, os monges procuravam sempre realizar todas as

cerimônias tradicionais, constantes do calendário litúrgico, revestidas com a

maior solenidade, objetivando despertar o fervor espiritual da população.

Também cultivavam com interesse e freqüência a reza da Via Sacra, a do Ter-

ço e a adoração do Santíssimo Sacramento.

Para a celebração da Festa de Pentecostes, montaram um magnífico Al-

tar de madeira próximo ao Portão de entrada do Coro, todo ele adornado com

belíssimas flores. E de fato, a cerimônia religiosa realizada no domingo de

Pentecostes foi bonita e participada por um grande número de fiéis que lota-

vam o templo. Ao anoitecer, fecharam as portas da Igreja e os monges foram

repousar, deixando duas lâmpadas com óleo para iluminar o Santíssimo Sa-

cramento num Ostensório, que permaneceu exposto sobre o Altar.

Page 29: MILAGRES EUCARISTICOS

29

No dia seguinte, segunda-feira 26 de Maio, quando o sacristão Don

Garnier abriu as portas da Igreja, observou que havia muita fumaça e chamas

em quantidade, que subiam por todos os lados do Altar. Apressou-se em avisar

os Monges, que imediatamente se uniram aos leigos e com todo empenho pro-

curaram salvar a Igreja, porque as chamas violentamente devoravam o Altar e

ameaçavam espalhar para consumir o templo. Um dos noviços chamado Hu-

delot, foi o primeiro a notar que o Ostensório com o Santíssimo Sacramento,

elevou-se do Altar e ficou suspenso no ar e que as chamas se inclinavam e não

tocavam nele. Estava acontecendo um notável milagre! As pessoas que esta-

vam na igreja ajudando a apagar o incêndio, ao verem aquele fenômeno fica-

ram impressionadas e a notícia se espalhou depressa. Os habitantes do lugare-

jo, pessoas que residiam nas proximidades, gente de todas as idades vieram

ligeiro à igreja para ver o que estava acontecendo. Os Frades Capuchinhos de

Vesoul, ao tomarem conhecimento do fato também se apressaram em vir ob-

servar e testemunhar o fenômeno que se mantinha. Mesmo tendo os monges

conseguido debelar o incêndio, o Milagre não cessou, o Ostensório com Jesus

Sacramentado continuou flutuando no espaço. As pessoas que chegavam, ajo-

elhavam em demonstração de respeito, de temor e em sinal de adoração, dian-

te do Ostensório suspenso no ar, enquanto diversos céticos, mudos, sem pala-

vras e argumentos, também se aproximaram para constatar aquele notável mi-

lagre que acontecia.

Ao longo do dia e durante a noite os monges não estabeleceram nenhu-

ma restrição, e os curiosos puderam livremente visitar a Igreja e presenciar o

fenômeno, que continuava.

Na manhã de terça-feira, dia 27 de Maio, o Milagre permanecia. Vieram

padres dos bairros circunvizinhos e de outras cidades e celebraram a Santa

Missa em horários seguidos, enquanto o Ostensório se mantinha suspenso no

ar. Aproximadamente às 10 horas da manhã, no momento da Consagração, na

Santa Missa que estava sendo celebrada pelo Padre Nicolas Aubry, Pároco de

Menoux, as pessoas presenciaram o Ostensório mudar a sua posição e suave-

mente descer sobre o Altar onde celebravam, que foi montado para substituir

aquele que foi destruído pelo fogo. A suspensão do Ostensório permaneceu

durante 33 horas.

No dia 31 de Maio, uma investigação foi ordenada por S. Excia. o Ar-

cebispo Ferdinand de Rye. Foram recolhidos cinqüenta e quatro testemunhos

de monges, padres, autoridades, homens e mulheres do povo. Em 30 de Julho

de 1608, depois de estudar os testemunhos e o material colecionado durante a

Page 30: MILAGRES EUCARISTICOS

30

investigação, o senhor Arcebispo decidiu afirmar que havia acontecido de fa-

to, um notável milagre eucarístico.

Examinando alguns detalhes da ocorrência, observamos:

O Altar era de madeira e foi quase que completamente reduzido a cin-

zas, com exceção dos pés. Queimou totalmente a toalha de linho e o Corporal

que estavam sobre a Mesa de Celebrações, assim como um dos lustres que

decorava o Altar foi encontrado derretido pelo calor do fogo. Todavia, o Os-

tensório que abrigava Jesus Sacramentado estava perfeito, misteriosamente

preservado de qualquer dano. As duas Hóstias Consagradas que se encontra-

vam dentro dele, permaneceram intactas. Também foram poupados e perma-

neceram sem nenhum dano quatro preciosidades que estavam dentro de um

tubo cristalino preso ao Ostensório: uma relíquia de Santa Agatha, um peque-

no pedaço de seda que protegia a relíquia, uma proclamação de indulgências

pelo Santo Padre, e uma carta episcopal em que a cera do selo derreteu e cor-

reu em cima do pergaminho, sem contudo alterar o texto.

Sobre o Ostensório que se manteve flutuando livremente no espaço du-

rante 33 horas, 54 pessoas testemunharam, inclusive padres de outras Ordens

Religiosas que vieram presenciar o acontecimento sobrenatural. Deram decla-

rações sob juramento e assinaram um documento que ainda é conservado.

Considerando que a Igreja possuía piso de madeira, disseram também

que a suspensão do Ostensório não foi afetada pelas vibrações das pessoas que

se moviam ao redor para melhor observar o milagre, nem das pessoas que

constantemente entravam e saíam do templo, assim como da atividade dos

monges que se dedicaram à imediata remoção do material queimado pelo fogo

e da montagem de um altar provisório. Posteriormente, uma pedra de mármo-

re foi colocada para marcar o local do milagre. Nela estão cinzeladas as pala-

vras "Lieu Du Miracle" - Lugar do Milagre.

Em dezembro de 1608, uma das duas Hóstias que estavam no Ostensó-

rio na hora da suspensão Milagresa foi transferida solenemente para a cidade

de Dole, que era a capital do município.

Durante a Revolução Francesa, infelizmente, o Ostensório do Milagre

foi destruído, mas a Hóstia Consagrada foi preservada de qualquer dano por

membros do conselho municipal de Faverney que a manteve escondida até

passar o perigo. Depois, mandaram confeccionar outro magnífico Ostensório

onde colocaram a Sagrada Hóstia. Dentro deste novo Ostensório a mesma

Page 31: MILAGRES EUCARISTICOS

31

Hóstia Consagrada que ficou em suspensão Milagrosa durante 33 horas, so-

brevivendo ao grande calor do fogo de um incêndio, encontra-se em perfeito

estado de conservação e disponível à veneração dos fieis na Igreja de Nossa

Senhora de La Blanche.

REGENSBURG, Alemanha, ano 1257

Durante muitos anos havia em Regensburg (antigamente chamado Ratis-

bon) uma Capela entregue a proteção de São Salvador que tem uma história mui-

to interessante envolvendo o Santíssimo Sacramento.

No dia 25 de Março de 1255, numa quinta-

feira Santa, padre Dompfarrer von Ulrich Dorn-

berg levou o Santíssimo Sacramento para diver-

sos membros de sua paróquia que estavam doen-

tes. Na trajetória tinha que atravessar um pequeno

córrego chamado Bachgasse. Cuidadosamente

colocou o pé numa prancha estreita de madeira

que servia como ponte, para passar de um lado

para o outro, mas deslizou e perdeu o equilíbrio,

caindo de suas mãos o Cibório com as Hóstias

Consagradas que se espalharam na margem do

córrego. Foi com muita dificuldade que conse-

guiu recolhe-las uma a uma, por causa da lama.

Os paroquianos quando souberam do a-

contecido, decidiram em sinal de reparação pe-

lo desrespeito ao Santíssimo Sacramento, cons-

truir uma Capela no local onde as Hóstias Con-

sagradas ficaram sujas de lama, ainda que o incidente não tenha sido intencio-

nal. A construção de uma capela de madeira foi começada no mesmo dia e foi

concluída três dias depois, ou seja, em 28 de março. O Bispo Albert de Re-

gensburg denominou à pequena estrutura de madeira de Capela de São Salva-

dor e a consagrou no dia 8 de setembro de 1255.

Page 32: MILAGRES EUCARISTICOS

32

O famoso milagre que colocou Regensburg na História da Igreja, acon-

teceu dois anos depois, exatamente nesta mesma Capela entregue a proteção

de São Salvador.

Um padre cujo nome não é conhecido, celebrava a Santa Missa na Ca-

pela, em todos os fins de semana, aos sábados e domingos. Todavia ele tinha

um sério problema íntimo, pois duvidava da Presença Real de Jesus na Sagra-

da Eucaristia. Havia ocasiões em que a crise da falta de fé aumentava tanto

que ele ficava desnorteado, sem rumo certo, celebrando a Missa como se fosse

um autômato, sem fé, sem esperança e sem estímulo.

Certo dia, entrou na Capela para a celebração e se sentia meio fora do

normal. Existia uma angústia em seu coração que colocava um sorriso sarcástico

em seus lábios e acendia a desconfiança em seu espírito. E assim, sem nenhuma

motivação iniciou a celebração da Santa Missa.

Diante do Altar tinha um Crucifixo grande, onde Jesus Crucificado parecia

estar vivo. Quando o sacerdote começou a Consagração, Nosso Senhor, da Cruz,

estendeu a mão e retirou o Cálice das mãos dele! Com o susto do inesperado ele

tremeu e recuou um passo, permanecendo estático e assustado, contemplando

atentamente o Senhor. Uma força estranha percorreu todo o seu corpo, produzin-

do tremor e fraqueza nas pernas, fazendo com que

ele se prostrasse com os joelhos no chão em sinal

de profundo arrependimento, ao mesmo tempo em

que as lágrimas desceram de seus olhos. Compre-

endia a grandeza do pecado que cometeu e que por-

tanto, se tornava urgente e necessária a sua reconci-

liação com o Senhor. Abaixou a cabeça e interior-

mente fez uma sincera súplica de perdão. Assim

permaneceu por alguns minutos. Depois ficou o-

lhando para Jesus... Até que percebeu, que Ele que-

ria devolver-lhe o Cálice com o Sangue Redentor.

Levantou-se e respeitosamente segurou o Cálice

que o Senhor deixou em suas mãos. As pessoas que

participavam da Santa Missa ficaram impressiona-

das e comovidas, testemunhando todo o Milagre Eucarístico, que logo foi divul-

gado intensamente em todas as partes.

Após a celebração, o sacerdote respeitosamente beijou os pés do Cristo

Crucificado e deixou rapidamente o recinto. Nunca mais foi visto. Algumas pes-

Page 33: MILAGRES EUCARISTICOS

33

soas disseram que ele entrou num Mosteiro em Ulms e lá permaneceu recluso até

a sua morte.

Depois do milagre multidões de pessoas foram visitar o famoso Cristo da

Capela de São Salvador. Com as doações reformaram totalmente a Capela refor-

çando a estrutura e edificando-a com pedras. Quando a concluíram no ano de

1260, mudaram o seu nome para “Kreuzkapelle”, palavra alemã que significa

“Capela da Cruz” em honra ao Crucifixo Milagroso que nela permaneceu e ficou

sendo venerado por todos os fieis.

Em 1267 foi construído um Mosteiro no terreno ao lado da Capela de pe-

dra, confiada a Ordem dos Agostinianos Eremitas. Em 1542 a Capela foi confis-

cada pelos luteranos e durante séculos passou a ser usada como dormitório. Con-

tudo, os objetos sagrados e inclusive o Cristo Crucificado foram salvos e escon-

didos, graças à coragem e o desprendimento de fiéis que verdadeiramente ama-

vam a Igreja. E por causa da perseguição luterana jamais foi mostrado ao público

e por isso mesmo, com a seqüência dos anos, ficou no esquecimento e hoje nin-

guém mais tem notícia dele.

Por outro lado, depois do longo tempo de ocupação pelos luteranos, a Ca-

pela ficou fechada e esquecida. Foi demolida na época da Segunda Grande Guer-

ra Mundial.

Regensburg está situado na Bavária, parte sul da Alemanha, próximo a

Munique. Naquela época pertencia a administração de Munique. Nos arquivos da

Cúria Arquidiocesana de Munique estes acontecimentos estão registrados, mas o

nome do sacerdote propositalmente foi ocultado.

A Sagrada Hóstia do “El Escorial”

O fato ocorreu no final de junho de 1572. O Mosteiro (e também Palá-

cio), chamado de “San Lorenzo Del Escorial”, fica situado na aldeia do mes-

mo nome, na serra de Guadarrama, perto de Madri. Foi construído por ordem

de Felipe II para comemorar a batalha de Saint-Quentin, ocorrida em 1557, e

obedecendo ao testamento do Imperador Carlos V para que se erguesse ali

uma sepultura para seus restos mortais e de sua esposa, D. Isabel. Tornou-se,

por isso, também necrópole real. A ocorrência abaixo se deu quando o mostei-

ro ainda estava em construção, pois suas obras iniciaram-se em 1563 e só fo-

ram concluídas em 1584, ano em que também faleceu a grande Santa Teresa.

Page 34: MILAGRES EUCARISTICOS

34

Dos Países Baixos, a Holanda, que pertencera à Espanha, naquela época

estava sendo abalada pela revolta protestante. A Santa Fé Católica era não só

negada mas perseguida pelos seguidores do herege suíço Zwinglio. Dentre as

heresias, aqueles protestantes negavam tenazmente a presença real de Nosso

Senhor Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia.

Certo dia, os sequazes de Zwinglio invadiram a catedral católica de

Corcum, na Holanda Meridional apoderaram-se de uma hóstia consagrada e a

lançaram no chão com violência. Não satisfeitos com este ato insensato resol-

verem pisotear a Sagrada Espécie. No entanto, no calçado daquele que a piso-

teou havia três pregos salientes, deixando na Hóstia, Milagrosamente, três ori-

fícios sanguinolentos. Dali surgiram três gotas de sangue.

Perante tão grandioso prodígio, um dos profanadores, talvez o mesmo

que pisoteou a Hóstia, procurou o Deão da catedral, D. João van der Delft, que

foi até o local e, respeitosamente, pegou a Hóstia do chão. A notícia correu

logo por toda a região. Maravilhados com o ocorrido ficaram tanto o herege

quanto o próprio Deão, sendo que este procurou levar vida mais recolhida

num eremtério e o herege converteu-se com grande arrependimento, entrando

posteriormente na Ordem Franciscana.

Anos depois, a Sagrada Hóstia Milagrosa foi levada para ser venerada

no Mosteiro do “El Escorial”, onde se encontra até hoje, preservada Milagro-

samente intacta por mais de 400 anos! Está exposta na sacristia daquele Mos-

teiro, onde fiéis rezam o rosário perante a Hóstia, exposta num belo Sacrário,

principalmente em dias especiais. Pode-se, porém, constatar o milagre ainda

hoje visível aos visitantes.

O Milagre Eucarístico de Sousa

(Estupendo milagre em pleno sertão nordestino)

Dia 25 de março de 1814, festa da Encarnação do Verbo.

O Santo Sacrifício da Missa transcorria em sua tranqüila e solene ma-

jestade na igrejinha do Rosário, na cidadezinha de Sousa, perdida no sertão do

Rio Peixe, na Paraíba, quando gritos angustiados cortaram o silêncio:

Sacrilégio! Sacrilégio!

Em função de minutos, a fervorosa população põe-se a correr atrás de

um negro enorme que se precipitou para dentro de um matagal.

Page 35: MILAGRES EUCARISTICOS

35

Entre brados de indignação e lágrimas de dor, a piedosa população co-

mentava o ocorrido e pedia clemência ao Céu, pressentindo que algum castigo

se abateria sobre a região.

O fugitivo era um feiticeiro que, tendo-se confessado no dia anterior,

aproximou-se da Sagrada Mesa para receber o Corpo do Senhor. Tão logo a

Hóstia tocou em sua língua ele A retirou, escondendo-A nas dobras de sua

camisa. Percebido o fato por alguns fiéis, o infeliz pegou a Partícula e saiu em

desabalada carreira para praticar talvez mais um tenebroso culto satânico.

“Deus vai nos castigar!” gritavam muitos, enquanto todos procuravam

punir o sacrílego. Mas onde encontrá-lo naquele matagal? O povo perseguiu-

o, mas com seu passo rápido o negro fugiu para sempre.

E de Nosso Senhor Jesus Cristo o que foi feito? Perguntavam os fiéis,

ardendo em zelo eucarístico. A resposta não se fez tardar.

Dias depois, numa ensolarada manhã, um velho pastor tangia suas ove-

lhas entre juazeiros frondosos quando notou, curioso, que estas se ajoelharam

em círculo em torno de um ponto.

Aproximou-se. Eis que percebe, pairando no ar sobre um capinzal, a

Hóstia com as ovelhas “montando guarda ao Cordeiro de Deus que tira os pe-

cados do mundo”. Com propriedade de expressão e senso poético lembra um

cronista do fato que Jesus Cristo pairava sobre aquelas serranias como outrora

sobre as águas do mar da Galiléia.

A Sagrada Partícula resistira ao calor, ás intempéries e se conservava de

tal modo perfeita em sua alvura, que as mãos sacrílegas não A puderam profa-

nar.

“Seu vigário, encontrei Noss’enhor! Mas como sei que só Vosmecê po-

de pegar nEle, não trouxe a Hóstia. Vamos depressa, os carneiros ficaram

botando sentido!”

Nessa singeleza de linguagem, que exprime tanta fé, o piedoso pastor

relatou o ocorrido, e o Vigário, à testa de todo o povo, recolheu a Hóstia numa

custódia de ouro. Sob o pálio de seda e entre o dobrar dos sinos e cânticos de

alegria, recolheram o Divino Hóspede à sua Casa.

Dizia e ainda diz o povo de Sousa, que naquele cortejo de adoração a

Jesus Eucarístico também iam as ovelhas e cordeiros acompanhando, até che-

garem à Igreja da Senhora dos Remédios. E todas as vezes que o sino tocava,

o rebanhozinho que estava pastando no campo se encaminhava para o pátio da

Matriz.

Embora os campos tenham sido cercados, e os rebanhos diminuídos, es-

te sinal de Deus continua se manifestando através dos homens e também dos

animais.

Page 36: MILAGRES EUCARISTICOS

36

Depois de tantos anos, um vigário da paróquia, que escreveu um livro

sobre o referido milagre, relata que foi testemunha ocular do seguinte fato: um

rebanho de ovelhas e cordeiros subiram balindo, rodearam e bafejaram os es-

combros da velha Matriz do Bom Jesus, em fase de demolição. Ele completa

afirmando que esse sinal extraordinário ocorreu no dia 20 de novembro de

1972 às 5 horas da manhã, quando se preparava para celebrar o Santo Sacrifí-

cio da Missa.

Entre as lições que de tão belo fato podem-se tirar, destaca-se a de como

a Providência Divina é pródiga em premiar um povo cheio de fé.

(Os fatos acima foram extraídos dos livros “Um Milagre, Sousa”, do Pe. Dagmar Nobre de Al-

meida (1990) e “Antes que ninguém conte”, de Julieta Pordeus Gadelha, da União Editora (1986) – O

texto do resumo é de Geraldo Martins)

Page 37: MILAGRES EUCARISTICOS

37

MILAGRE EUCARÍSTICO DE AVIGNON

Avignon, cidade italiana que passou

para a França em 1790, tornou-se

conhecida por haver sido sede do

cisma do Ocidente, tendo porém ou-

tro motivo para justificar sua fama:

lá ocorreu um grandioso milagre

eucarístico.

Para se entender melhor o significa-

do do milagre eucarístico, temos que

nos reportar ao ano de 1226, ou seja,

217 anos antes do milagre. A heresia

albigense, cujo nome advém de ha-

ver surgido na cidade de Albi, pro-

pagava-se por todo o sul da França

recusando todos os Sacramentos,

especialmente o matrimônio e a Eu-

caristia. Esta heresia foi condenada

pela Igreja desde o século XI, porém

tornou-se muito mais perigosa

quando, cem anos depois, obteve poder para atacar os governos seculares e

cristãos, perseguindo os autênticos fiéis.

Os albigenses eram, portanto, muito poderosos em 1226, especialmente

na região de Avignon. Para repelir os ataques que eles faziam contra a real

presença de Jesus na Eucaristia, o rei Luís VIII, pai de São Luís IX, construiu

uma igreja próxima do rio Ródano em honra do Santíssimo Sacramento. Tam-

bém escolheu o dia 14 de setembro de 1226, festa da “Exaltação da Santa

Cruz”, para fazer um ato público de reparação pelos sacrilégios cometidos pe-

los albigenses. Fez-se uma procissão com o Santíssimo Sacramento que termi-

nou na nova igreja da Santa Cruz.

O rei aguardava receber a procissão na igreja da Santa Cruz vestido de

saco, uma corda cingida na sua cintura e uma vela na mão. A seu lado estava o

Cardeal Legate, toda a sua corte e muitos fiéis. A procissão em torno da cidade

foi dirigida pelo Bispo Corbie. O Santíssimo permaneceu exposto toda a noite

e por vários dias, até que o Bispo resolveu que deveria ficar perpetuamente ali

para ser venerado dia e noite. Este costume foi continuado por seus sucessores

e aprovado pelo Santo Padre, o Papa. A igreja foi entregue aos cuidados dos

“Penitentes Grises”, da Ordem de São Francisco.

Crucifixo que se venera na capela do milagre

Page 38: MILAGRES EUCARISTICOS

38

Os Corações de Jesus e de Maria guardam a entrada da capela. Vê-se, no interior, a nave onde ocorreu o

milagre

Capela do milagre Eucarístico de Avignon ontem e hoje. Esquerda: Representação do milagre em que as águas da inundação

se afastam deixando seco e seguro o tabernáculo Direita: Peregrinos adorando a Eucaristia em 1999

Page 39: MILAGRES EUCARISTICOS

39

O MILAGRE

O Ródano é um rio que passa pela cidade de Avignon, onde ocorria

sempre seu transbordamento e inundação da cidade com seus arredores. Em

fins de novembro de 1433, depois de fortes chuvas, sobreveio uma grande i-

nundação. A água subiu mais do que das vezes anteriores, foi uma das piores

inundações ali ocorridas. Nas noites de 29 e 30 de novembro, o nível da água

subiu a grandes alturas, inundando toda a cidade. Os Penitentes Grises, da Or-

dem Franciscana, estavam certos de que a pequena igreja da Santa Cruz tinha

sido inundada e decidiram ir até lá para salvar a Eucaristia. Dois dos superio-

res dos Penitentes Grises subiram num bote e remaram até a igrejinha.

Quando lá chegaram, descobriram que a água só havia subido até à me-

tade da porta de entrada da igreja. Para surpresa de todos, quando abriram a

porta, verificaram que o corredor que vai até o altar estava completamente se-

co. Ficaram pasmados ao olharem para os lados do corredor. a água havia se

acumulado, formando paredes à direita e à esquerda do mesmo, a cerca de

quatro pés de altura. Nosso Senhor Jesús Cristo, na Hóstia Consagrada na cus-

tódia, permanecia regiamente sobre o altar, completamente seco e incólume.

O Milagre faz lembrar o episódio narrado pela Sagrada Escritura sobre a

abertura do Mar Vermelho para Moisés passar com o povo eleito. Imediata-

mente, os Penitentes Grises mandaram chamar os outros religiosos da Ordem,

para que fossem testemunhar o Milagre. Dois outros frades logo ali chegaram

para atender o chamado urgente. Os quatro religiosos, emocionados, rezaram

juntos e levaram a custódia que continha o Santíssimo Sacramento a uma igre-

ja franciscana que ficava em terra enxuta. Quando colocaram a custódia no

altar, leram o livro do Êxodo em que era relatado o milagre do Mar Vermelho.

Os franciscanos lavraram o testemunho público dos quatro frades nos registros

oficiais de sua comuna, que podem ser vistos até nossos dias.

A partir daqueles tempos imemoriais, criou-se uma tradição que ainda

hoje está em prática: a 30 de novembro de cada ano, na capela da igreja de A-

vignon, os Penitentes Grises põem uma corda ao redor do pescoço, e arrastan-

do-se piedosamente com as mãos e joelhos no chão, reproduzem o incidente

daquela época, rememorando os passos que seguiram seus antepassados pelo

mesmo caminho que seguiram na noite do milagre.

Page 40: MILAGRES EUCARISTICOS

40

Walldürn, Alemanha, 1330

O fato é narrado por Hoffius, sacerdote da paróquia, em 1589. Walldürn

é um pequeno povoado alemão situado entre bosques, campos de trigo e cere-

ais no centro-sul do país, entre as cidades de Würzburg e Heidelberg, na dire-

ção sudoeste a cerca de uns 50 km.

Um sacerdote chamado Heinrich Otto celebrava a Santa Missa em 1330

quando acidentalmente derrubou o cálice que já havia consagrado. O precioso

Sangue de Jesus Cristo caiu sobre o Corporal e um Crucifixo e a cor vermelha

do sangue se fez visível sobre o mesmo. Ao redor desta imagem se podiam ver

onze cabeças iguais de Cristo com coroas de espinhos, conforme se vê na figu-

ra abaixo estampada num estandarte existente na capela de São Jorge, onde

ocorreu o milagre.

Cheio de temor, o sacerdote escondeu o Corporal sob o altar, e somente

confessou o que havia feito quando estava em seu leito de morte. Do modo

como o confessou, ali encontraram o milagroso Corporal, recebendo em se-

guida a veneração geral de todos. Desde então tem ocorrido muitas curas, mi-

lagres e conversões.

Em 1408, depois que lhe mostraram o Corporal milagroso, o bispo de

Würzburg, Gerhard Von Schwarzenberg, em cuja jurisdição estava o povoado

de Walldürn, deu aprovação oficial às peregrinações. Em 1448, o Corporal foi

levado ao Papa Eugênio IV, quando as imagens de Cristo ainda eram visíveis.

O fenômeno milagroso foi confirmado pelo mesmo Papa, que concedeu indul-

Page 41: MILAGRES EUCARISTICOS

41

gências que ainda hoje se preserva. O milagre ficou famoso em toda a Euro-

pa.

Em meados de 1920 acrescentou-se ao Corporal uma tela de linho pro-

tetora, posta na parte de trás. Em 1950 uma investigação científica foi feita e

já não se podia mais ver as imagens no Corporal. No entanto, quando a tela

protetora foi exposta à radiação com luz ultravioleta, descobriu-se nela, para

assombro de todos, a imagem de Cristo Crucificado claramente visível. Os

cientistas atestaram que a figura não era nenhuma pintura que se desfazia com

o tempo.

O padre Heinrich Otto escondendo o Corporal

Tela de 1723 exposta na capela de São Jorge

Page 42: MILAGRES EUCARISTICOS

42

Padre Agustino apresenta o corporal

milagroso aos peregrinos.

Em 1698 iniciou-se a construção de uma basílica, concluída em 1728.

Desde 1938 a basílica está sob os cuidados de monges agostinianos. Em 1962,

o Papa João XXIII a elevou á basílica menor. O corporal milagroso, contando

já com mais de seis séculos, está exposto num lateral esquerdo. As imagens,

porém, não são vistas a olho nu, mas no equipamento ultravioleta vê-se a figu-

ra mostrada abaixo.

Page 43: MILAGRES EUCARISTICOS

43

Guadalupe, Espanha

O milagre ocorreu no Santuário de Guadalupe, em Cáceres, na Espanha,

no século XV. O venerável padre Cabañuelas, ou frei Pedro de Valladolid, que

era seu nome religioso na Ordem de São Jerônimo, foi o protagonista deste

prodigioso milagre. Ele e outros religiosos eram discípulos de frei Fernando

Yánez de Figueroa, capelão e primeiro prior daquele mosteiro que ilustrou

com sua virtude no início de seu estabelecimento na Ordem.

O padre Cabañuelas distinguiu-se por uma profunda devoção à Sagrada

Eucaristia, passando grande parte de horas em sua contemplação e meditação.

Porém, quis a Providência lhe pôr a prova e medir sua fé, permitindo ao Ini-

migo das almas que viesse perturbar sua imaginação com terríveis dúvidas

sobre a presença real de Cristo no Sacramento do Altar, dúvidas que lhe pro-

duziam tremenda angústia, principalmente na hora em que celebrava o Santo

Sacrifício.

Quando o virtuoso sacerdote havia feito 60 anos, em meados do ano

1420, ocorreu o fato milagroso. O relato está consignado em depoimento feito

pelo próprio religioso a um dos seus irmãos de hábito, encontrado entre seus

papéis após sua morte:

“A um frade desta casa disse que lhe sucedeu que um sábado, cele-

brando a Santa Missa,depois que consagrou o Corpo de Nosso Senhor Jesus

Cristo, viu como que uma nuvem que cobria a ara do altar e o cálice, de ma-

neira que não via outra coisa senão um pouco da cruz que estava detrás da

ara, a qual nuvem lhe incutiu grande temor e rogou ao Senhor, com muitas

lágrimas, que lhe tivesse piedade e lhe manifestasse que coisa era isso e que o

livrasse de tão grande perigo. Estando muito atribulado e espantado, pouco a

pouco se foi saindo aquela nuvem, e quando sumiu completamente não achou

a Hóstia consagrada e viu que a pala que estava sobre o cálice não estava

mais ali, e o cálice também estava vazio. Ao ver isso, começou a chorar for-

temente, implorando misericórdia a Deus e encomendando-se devotamente á Virgem Maria.

Page 44: MILAGRES EUCARISTICOS

44

“Estando assim aflito, viu chegar a Hóstia consagrada posta numa pa-

tena muito resplandecente e se pôs direto na boca do cálice; então começou a

sair dela gotas de sangue que caíam em tanta quantidade no cálice que ficou

cheio como antes se encontrava. Uma vez que o cálice encheu-se pôs a pala

em cima do mesmo e a Hóstia sobre a ara do altar como antes estava. O fra-

de, que ainda estava espantado e chorando, ouviu uma voz que dizia: Acaba teu ofício e fique para ti em segredo o que vistes”.

O fato foi logo conhecido e divulgado por toda a nação, e até mesmo os

reis de Castela, dom João II e sua esposa D. Maria de Aragão, com o príncipe

Henrique, o futuro Henrique IV, acudiram a Guadalupe.

Ainda nos resta um precioso testemunho da Missa milagrosa, os corpo-

rais e a pala, com umas gotas de sangue usados na mesma, os quais, reconhe-

cidos ante o notário apostólico no século XVII, foram declarados autênticos e

são hoje a mais preciosa relíquia com que se venera o relicário de Guadalupe.

O padre Cabañuelas morreu a 20 de março de 1441 em odor de santida-

de, muito querido e venerado por todos

Ivorra, Cataluña, Espana

A 15 minutos do povoado espanhol de Ivorra, no bispado de Solsona

(na Catalunha) há uma antiqüíssima capela chamada de Santa Maria que foi

cenário, a dez séculos, de um milagre eucarístico.

Quando celebrava a Santa Missa, em certo dia do ano de 1010, o Reve-

rendo Bernardo Oliver, reitor da referida capela, no momento de pronunciar as

palavras da consagração sobre o cálice, o assaltou uma forte tentação de dúvi-

da referente à presença real de Jesus Cristo no vinho consagrado.

Fosse porque o sacerdote não houvesse rechaçado a tentação com a de-

vida prontidão ou que o Senhor se servisse dela para confirmar uma vez mais

a verdade do dogma da Transubstanciação com um prodígio de sua onipotên-

cia, o caso foi que começou a brotar do cálice uma fonte de sangue tão abun-

dante e copioso que empapou os corporais e não parou até espalhar-se pelo

pavimento da capela. Não há palavras para explicar a turbação do sacerdote

Page 45: MILAGRES EUCARISTICOS

45

celebrante e a admiração dos assistentes ao Santo Sacrifício da Missa diante

de um prodígio tão surpreendente.

A notícia correu em seguida por todo o povoado e algumas piedosas

mulheres apressaram-se a empapar naquele Sangue milagroso o primeiro pano

que tivessem à mão.

Enquanto isso ocorria dentro da capela, os sinos, no alto da torre, come-

çaram a repicar sozinhos, como os anjos a anunciar tão grandiosa maravilha.

Entre as pessoas que correram para presenciar o milagre encontrava-se

São Pedro Armengol, bispo de Urgel, que casualmente passava pelas proximi-

dades. Este santo, após informar-se bem de todas as circunstâncias, logo reco-

nheceu que se tratava de um fato sobrenatural e divino.

Anos mais tarde, desejoso de proceder com toda a discrição e prudência

que a Igreja costuma empregar em casos semelhantes, São Pedro Armengol

recolheu parte daquele Sangue preciosíssimo e o encaminhou para Roma,

dando conta disso ao Papa, que era então Sérgio IV.

O Papa escutou surpreendido e admirado o relato que lhe fez o santo

bispo, e depois de aprovar a conduta de São Pedro Armengol deu crédito à sua

história e autorizou o culto daquele Sangue prodigioso e, em retribuição ao

rico presente que o Santo lhe trouxera, regalou-o com preciosas relíquias, den-

tre elas um espinho da Coroa de Nosso Senhor. O mesmo Papa autorizou o

culto àquelas santas relíquias através de uma bula datada de 1010. Um Decre-

to da Sagrada Congregação dos Ritos o confirmou em data de 27 de junho de

1868.

Estas relíquias, juntamente com os corporais tintos daquele Sangue mi-

lagroso estão conservados e ainda se veneram em Ivorra, principalmente as

festas que se celebram anualmente em memória perene daquele prodígio. Re-

feridas festas ocorrem no segundo Domingo de Páscoa e no dia 16 de agosto

com grandes solenidades, próprias do espírito católico do povo espanhol.

Depois de mais de mil anos do milagre eucarístico de Ivorra, a ciência

humana passou a se interessar pelo caso, conforme dados extraídos do site “La

Vanguarda Digital” (www.lavanguarda.es/cgi-bin/noticia), datado de 13 de

maio de 2000. Foram divulgados os resultados de algumas análises efetuadas

numa universidade norte-americana certificando a autenticidade da tela e do

sangue contidos em algumas das relíquias que se conservavam no santuário da

Page 46: MILAGRES EUCARISTICOS

46

Mãe de Deus em Ivorra. De outro lado, análises também feitas num laborató-

rio da Alemanha resultaram na seguinte declaração de Mosén Fermi Manteca,

reitor de Ivorra: “Trata-se de realizar um estudo histórico mais rigoroso possí-

vel, uma revisão do milagre com intencionalidade histórica. O Vaticano, por

ocasião do Jubileu, queria repassar como se tem vivido a Eucaristia ao longo

de toda a história da Igreja”.

MILAGRE EUCARISTICO DE CÁSSIA, ITÁLIA

Milagre Eucarístico

Visto de perto

Cássia, a cidade da famosa Santa Rita, é um pequeno povoado encrava-

do nas montanhas da Úmbria, na Itália. Na capela do milagre, sob o tabernácu-

lo, há uma caixa de cristal com os ossos do Beato Simone Fidati, o protagonis-

ta do referido milagre eucarístico. O Padre Simone pertencia à ordem agosti-

niana e o milagre ocorreu no ano 1330, sendo conhecido na Úmbria como um

religioso sábio e santo apesar de ser jovem.

Durante o tempo em que o Beato Simone esteve isolado no mosteiro

agostiniano de Siena, certo dia um sacerdote veio até ele para fazer-lhe esta

estranha confissão: havia perdido seu respeito pela Eucaristia. Deduz-se que

Page 47: MILAGRES EUCARISTICOS

47

isto queria dizer também que sua fé na Presença Real de Jesus na Eucaristia

havia se acabado ou era muito fraca.

Outro dia, aquele sacerdote incrédulo recebeu o chamado para atender a

um enfermo. Lá chegando, em vez de pôr a Eucaristia no relicário para levá-la

perto de seu coração, irreverentemente colocou-a entre as páginas do Breviá-

rio. Quando abriu o Breviário para dar a comunhão ao enfermo ficou abalado

com o que viu: em lugar da Hóstia havia duas manchas de sangue, uma frente

à outra, entre as páginas do livro. Imediatamente o referido religioso, em pâni-

co, correu para casa a procura de Beato Simone, que já gozava fama de santi-

dade mesmo entre os confrades do mosteiro.

Beato Simone escutou o sacerdote contar-lhe o sucedido em confissão,

dando-lhe a absolvição em seguida. Conseguiu que o mesmo lhe desse as duas

páginas manchadas com o Precioso Sangue de Cristo: uma delas foi posta num

tabernáculo de Perugia e a outra foi enviada ao mosteiro agostiniano de Cás-

sia.

Ao passar dos anos, começou a se notar um estranho fenômeno mila-

groso para se confirmar aos incrédulos a veracidade do fato: no centro da

mancha do Sangue começou a se formar um rosto, para alguns o do próprio

Cristo. Este rosto torna-se visível principalmente quando o sacerdote abre o

tabernáculo para mostrar aos fiéis o Milagre Eucarístico: é visto o rosto de

perfil de Cristo, perfeitamente retratado com barba e bigode como é costume

se ver na iconografia cristã.

Este milagre eucarístico tem sido venerado há séculos pelos fiéis de

Cássia e os Papas lhe têm concedido indulgências especiais. Por exemplo, o

Papa Bonifácio IX, em 1401, a indulgência equivalente à da Porciúncula. O

prodígio milagroso é comemorado todo ano na festa de Corpus Christi.

Page 48: MILAGRES EUCARISTICOS

48

MILAGRE EUCARISTICO DE MACERATA

Itália - 1356

Os Católicos de Macerata dizem que sua cidade se chama “Cidade do Santís-

simo Sacramento”. E isto por duas razões: por causa do milagre eucarístico que

lá ocorreu e por ter sido a primeira cidade do mundo a organizar a “Confraterni-

dade em honra do Santíssimo Sacramento”.

Na manhã de 25 de abril de 1356, celebrava-se a Santa Missa na igreja das

monjas beneditinas. No começo da Consagração, o sacerdote duvidou da real

presença de Jesus na Eucaristia e também da sua presença real nas frações da

hóstia partida.

No momento em que partia a Hóstia consagrada, sangue fresco começou a

derramar pelas bordas da partícula. O sacerdote, emocionado, começou a tremer

tanto que fez com que o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo caísse fora co cáli-

ce, manchando o Corporal.

Ao terminar a Santa Missa, o celebrante apressou-se em comunicar o ocorrido

ao bispo Dom Nicolo di Santo Martino. O bispo ordenou que se levasse á cate-

dral o corporal manchado de sangue e que se investigasse o ocorrido. Este mila-

gre assemelha-se ao de Bolsena, ocorrido um século antes, na festa de Corpus

Christi.

Após ser constatada a autenticidade dos acontecimentos por uma comissão

canônica, o corporal foi reverentemente exposto á veneração dos fiéis, colocado

em local proeminente. Cada ano, no primeiro domingo depois de Pentecoste, a

relíquia era levada em procissão solene pelas ruas da cidade, que era assistida não

só pelos moradores de Macerata, mas por gente vinda de todas as partes.

Dando prosseguimento à perseguição religiosa, Napoleão suprimiu as confra-

ternidades e proibiu as procissões tradicionais em 1807. Então foi necessário es-

conder o santo corporal para não ser profanado. O corporal permaneceu escondi-

do durante todo o período conturbado da perseguição anticatólica do século XIX.

Finalmente, a 10 de outubro de 1861 foi novamente declarado autêntico por

Monsenhor Zangari, e renovado em 15 de setembro de 1885 por Monsenhor Ga-

leati. Porém, só foi devolvido para a veneração pública no século seguinte, a par-

tir de 1932. No período do fascismo e do nazismo foi novamente escondido, so-

mente trazido para o local original após a segunda guerra.

Page 49: MILAGRES EUCARISTICOS

49

Outra preciosidade da cidade é a imagem milagrosa da Virgem das Mercês de

Macerata. A peste grassava em Macerata no ano de 1447. O Conselho da cidade

se reuniu e promulgaram uma lei muito peculiar: seria construída uma pequena

igreja em honra da Santíssima Virgem no período de 24 horas, pedindo a Ela que

desta forma os livrasse daquela praga. Escolheram o dia 15 de agosto, Festa da

Assunção de Nossa Senhora, para construir a igreja.

Todas as pessoas da cidade participaram do projeto, tanto simples operários

quanto pessoas da nobreza, clérigos e aldeãos. A capela foi, realmente, construí-

da dentro do prazo de 24 horas, fazendo com que Santíssima Virgem os livrasse

repentinamente e milagrosamente da peste no mesmo prazo. Cinqüenta anos de-

pois se edificou uma igreja mais apropriada. Em 1721 o Vaticano honrou Nossa

Senhora com uma Coroa, reformando-se então a igreja com mais suntuosidade.

Page 50: MILAGRES EUCARISTICOS

50

Outros Milagres Eucarísticos

Fiecht, ÁUSTRIA, 1310

O povoado de São Georgenberg-Fiecht situado no vale do Inn, é conhe-

cido principalmente por causa de um Milagre Eucarístico ocorrido em

1310. Durante a Santa Missa, o sacerdote duvidou da presença real de

Jesus na Eucaristia e imediatamente depois da consagração o vinho se

transformou em Sangue e começou a borbulhar e a sair do Cálice. Em

1480, 170 anos depois, o Santo Sangue ainda estava “fresco como se ti-

vesse saído hoje de uma ferida”, escrevia um cronista da época. O San-

gue continua intacto e está guardado num Relicário no Mosteiro de São

Georgenberg.

Perto do Altar lateral da igreja do mosteiro de São Georgenberg encon-

tramos uma lápide que relata: “No ano de 1310 da Graça de Nosso Senhor Je-

sus Cristo, sob a jurisdição do abade Rupert, um sacerdote que celebrava a

Santa Missa nessa Igreja dedicada ao Santo Mártir Jorge e ao Santo Apóstolo

Tiago, depois de ter consagrado o vinho, duvidou de que sob essas espécies

estivesse verdadeira e realmente presente o Sangue de Cristo. Logo em segui-

da o vinho se transformou em Sangue e começou a borbulhar dentro do Cálice

chegando a derramar-se. O Abade, os monges, que estavam no coro, e os nu-

merosos peregrinos que participavam da missa, se aproximaram do Altar e

viram o que tinha acontecido. O sacerdote, assustado, não conseguiu beber

todo o Santo Sangue, assim o Abade colocou o que restou num recipiente per-

to do purificador que secava o Cálice dentro do Tabernáculo do Altar Maior.

Assim que a notícia desse milagroso acontecimento se espalhou, os peregrinos

começaram a chegar, cada vez mais em maior número, para adorar o Santo

Sangue. O número dos devotos ao Santo Sangue era tão elevado que no ano de

1472 o Bispo Georg von Brixen enviou a São Georgenberg o Abade de Wil-

ten, Johannes Lösch e os senhores párocos Sigmund Thaur e Kaspar di Ab-

sam, para analisar bem o fenômeno. Logo depois da investigação, a Adoração

do Santo Sangue foi promovida e o Milagre foi considerado autêntico. Entre

os devotos, estavam altos representantes da Igreja, como o Bispo de Trieste,

Giovanni, o Bispo de Brixen, George, o Arcebispo de Colônia e Duque de Ba-

viera, Rupert, o Bispo de Chiemsee, Federico e outros mais.”

Numa lápide se relata que a Relíquia do Santo Sangue ajudou a conser-

var o credo católico durante o cisma protestante: “Quando, por volta do ano de

1593, os dogmas de Lutero se difundiam por todos os lados no Tirolo, foi ce-

Page 51: MILAGRES EUCARISTICOS

51

dido aos monges de São Georgenberg pregar o Credo a todos. O Abade Mi-

chael Geisser pregava com grande êxito diante de uma grande multidão na i-

greja paroquial de Schwaz e não hesitava em citar o Milagre do Santo Sangue

como prova da existência da real presença de Jesus Cristo no Santíssimo Sa-

cramento do Altar. Ele respondia em modo tão convincente que os seus adver-

sários foram obrigados a abandonar o campo. Esta vitória completa sobre o

credo errado era vista pelos fiéis como uma graça especial que o Senhor con-

cedia aos seus devotos, adoradores do precioso Sangue”.

Weiten-Raxendorf. ÁUSTRIA, 1411

No Século XV ocorreram em Áustria muitos furtos de Hóstias Consa-

gradas e por esta razão os religiosos começaram a guardá-las nas sacris-

tias. Apesar dessa precaução, no ano de 1411 um ladrão conseguiu rou-

bar uma Hóstia Consagrada da paróquia de Weiten. A Partícula caiu no

chão sem que o ladrão percebesse e dias depois foi achada por uma pie-

dosa senhora. A Hóstia era radiante, estava dividida em duas partes,

mas unidas graças a filamentos de carne ensangüentada.

Na paróquia de Weinten, um ladrão conseguiu entrar na sacristia e rou-

bar uma Hóstia consagrada e colocá-la nas luvas. As crônicas do vilarejo de

Weinten relatam que o furto ocorreu no ano de 1411. O ladrão montou no seu

cavalo com a intenção de ir a um vilarejo vizinho chamado Spitz. Mas ao in-

vés de tomar a estrada principal, preferiu a estrada paralela que passa pela fos-

sa de Mühldorf que é conhecida como “Am Schuß”.

Quando o homem chegou no lugar no qual hoje se encontra a capela

construída em homenagem ao Milagre, o cavalo empacou e não se moveu a-

pesar das surras que recebia. Alguns lavradores que estavam trabalhando nos

campos vizinhos viram a cena e foram ajudá-lo. Mas o cavalo não se movia,

parecia petrificado. De repente, o animal disparou com o seu dono na garupa e

a Hóstia que estava escondida na luva caiu sem que ninguém percebesse.

Poucos dias depois, a senhora Scheck de Mannersdorf passava por ali e

viu uma luz fortíssima que vinha de perto de uma cerca, quando ela se apro-

ximou viu uma Hóstia no centro da luz. A mulher recolheu-a e maravilhada

notou que a Partícula estava dividida em duas partes unidas entre si graças a

filamentos de carne ensangüentada. Em ação de graças, a mulher comovida

mandou construir uma pequena capela naquele lugar, arcando com todas as

despesas. Assim que a notícia se espalhou numerosos fiéis começaram a visi-

tá-la. Logo em seguida foi necessário construir uma igreja maior, capaz de a-

Page 52: MILAGRES EUCARISTICOS

52

colher as multidões que vinham cada ano em peregrinação para homenagear a

Preciosa Relíquia.

Bois-Seigneur-Isaac, BÉLGICA, 1405

No Milagre Eucarístico de Bois-Seigneur-Isaac, a Hóstia consagrada

sangrou e manchou o Corporal da Missa. No dia 3 de maio de 1413, o

Bispo de Cambrai, Pierre d‟Ailly, autorizou o culto da Sacra Relíquia

do Milagre com uma procissão. A primeira procissão realizou-se em

1414. No dia 13 de janeiro de 1424, o Papa Martim V, aprovou ofici-

almente a edificação do Mosteiro de Bois-Seigneur-Isaac. Ainda hoje o

Mosteiro é meta dos peregrinos e na sua capela é possível venerar a Sa-

cra Relíquia do Corporal manchada de Sangue.

Depois da terça-feira que antecedia o dia de Pentecostes do ano de

1405, Jesus coberto de sangue apareceu durante três noites consecutivas ao

senhor Jean de Huldenburg. Somente durante a terceira aparição é que o Se-

nhor dirigiu-lhe a palavra dizendo: “Vai na Capela de Isaac e lá me encontra-

rás”. Pela mesma época, o pároco Pierre Ost, também escutou uma voz que

lhe ordenava celebrar uma missa da Santa Cruz na capela de Isaac. No dia se-

guinte o pároco convocou todos os fiéis a participar da missa na capela de Isa-

ac, entre eles estava Jean de Huldenberg. O sacerdote, então, começou a cele-

brar a missa, mas quando abriu o Corporal, viu que bem no meio tinha ficado

um pedaço da Hóstia Magna consagrada na missa da terça-feira anterior. Quis

então consumi-la, mas a Hóstia não se desgrudava do Corporal e começou a

sangrar. O sacerdote empalideceu e Jean, que se deu conta de tudo, foi conso-

lá-lo dizendo: “não tenhas medo, esta maravilha vem de Deus” e contou-lhe as

suas visões. Durante quatro dias, desde a terça-feira até o dia de Pentecostes,

o Sangue continuou gotejando e a mancha chegou a medir um dedo de largura.

Depois que o Corporal estava quase todo manchado, o Sangue coagulou len-

tamente e se secou.

O Milagre foi visto e examinado por muitas pessoas. O Bispo de Cam-

brai, Pierre d‟Ailly, sabendo do ocorrido, quis ver o Coporal manchado de

Sangue, levou-o à sua casa e o conservou lá por dois anos. Cada tentativa de

remover a mancha do Corporal era em vão. O Bispo então abriu um processo

e recolheu todos os testemunhos sobre os Prodígios realizados pelo Preciosís-

simo Sangue da Relíquia. No dia 16 de junho de 1410, o Bispo Pierre d‟Ailly,

concedeu 40 dias de indulgência a todos que visitassem a capela de Bois-

Seigneur-Isaac e no dia 3 de maio de 1413, declarou que o Corporal podia ser

Page 53: MILAGRES EUCARISTICOS

53

venerado como Sacra Relíquia e instituiu uma Procissão solene para homena-

gear o Prodígio com a exposição pública do Santíssimo Sacramento. Ainda

hoje, cada ano, no domingo que segue à Natividade de Maria, os cidadãos de

Bois-Seigneur-Isaac se reúnem em oração para celebrar a memória do Milagre

Eucarístico.

BRUGES, BÉLGICA, 1203

Os documentos mais antigos sobre o Santo Sangue de Bruges são do

ano de 1256. O Santo Sangue provavelmente fazia parte de um grupo de

Relíquias da Paixão de Cristo que se conservava no Museu Imperial de

Bucoleon, Constantinopla. No ano de 1203, essa cidade foi assediada e

conquistada pelos Cruzados. Baldovino IX, conde de Flandres, depois

de ser coroado Imperador, enviou a Relíquia do Preciosíssimo Sangue

de volta à sua pátria em Bruges.

Recentemente analisou-se novamente a garrafa de cristal-de-rocha que

contém o Santo Sangue. A garrafa é do século XI e é seguro que foi confec-

cionada numa área perto da antiga Constantinopla. Apesar de que a Bíblia não

menciona o fato de que o Sangue de Cristo foi conservado, num dos evange-

lhos apócrifos se diz que José de Arimatéia conservou algumas gotas do San-

gue de Jesus. Conforme a uma antiga tradição o Conde Diederik van den El-

zas, na 2ª Cruzada, levou, de Jerusalém a Bruges, a garrafa que contém o San-

to Sangue. Investigações recentes evidenciaram que a Relíquia chegou a Bru-

ges mais tarde, provavelmente ao redor do ano de 1350 e que provinha de

Constantinopla.

No dia da Festa da Ascensão realiza-se uma grande procissão interna-

cional pelas ruas da cidade de Bruges, parece que a sua origem vem da Adora-

ção da Relíquia. Os cidadãos dessa cidade se fantasiam com roupas de época e

representam episódios bíblicos e a chegada na cidade do Conde de Flandres

com a Relíquia.

BRUXELAS, BÉLGICA, 1370

Na Catedral de Bruxelas, existem muitas obras de arte que dão testemu-

nho de um Milagre Eucarístico ocorrido em 1370. Alguns profanadores

roubaram Hóstias Consagradas e num ato de extrema rebeldia, as esfa-

quearam. As partículas então começaram a sangrar. O Milagre foi vene-

Page 54: MILAGRES EUCARISTICOS

54

rado até poucas décadas atrás. Vários relicários, de diversas épocas, uti-

lizados para guardar as Hóstias prodigiosas do Miracle du Saint Sacra-

ment, estão até hoje conservados na antiga capela dedicada ao Santíssi-

mo Sacramento, adjacente ao museu da Catedral; existem também tape-

çarias do século XVIII que recordam o evento milagroso.

Os dez vitrais que enfeitam a nave lateral da Catedral evocam diversas

fases do Milagre Eucarístico e foram trabalhados entre os anos 1436 e 1870.

Os Reis de Bélgica Leopoldo I e Leopoldo II doaram os dois primeiros vitrais

da parte inferior. Os outros foram presenteados por famílias nobres da cidade.

Os primeiros dez vitrais (“oito na Nave lateral da direita perto do coro e dois

no fundo da nave lateral da esquerda), representam a história do Prodígio que

era contada em Bruxelas a partir da metade do século XV. Um antigo docu-

mento conta que “no outono de 1369, um rico mercador de Enghien, hostil à

religião católica, ordenou a um jovem de Lovaina que roubasse algumas Hós-

tias consagradas, porém, o mercador foi assassinado, poucos dias depois, em

circunstâncias misteriosas e a viúva pensando que fosse um castigo de Deus,

imediatamente se desfez das Hóstias entregando-as a alguns amigos do mari-

do, também hostis à religião. Pois bem, na Sexta-feira Santa de 1370, eles fi-

zeram uma cerimônia privada na qual esfaquearam as Hóstias em sinal de

desprezo. As Hóstias começaram, então, a sangrar e isso perturbou muito um

dos profanadores. Decidiram, então, livrar-se das Hóstias vendendo-as a um

rico mercador católico, que contou toda a história ao pároco da Igreja de Notre

Dame de la Chapelle, em Bruxelas.

O pároco ficou com as Hóstias e os profanadores foram condenados à

morte pelo duque de Brabant. Logo em seguida as Santas Partículas foram

transferidas, com uma solene procissão, para a Catedral de Santa Gudula .”O

Sacrament du Miracle, adquiriu um papel muito importante na história da ci-

dade e foi considerado um símbolo nacional.

Herentals, BÉLGICA, 1412

No milagre Eucarístico de Herentals, algumas Hóstias roubadas foram

achadas depois de oito dias perfeitamente intactas, apesar das chuvas.

As Partículas foram encontradas num campo perto de uma toca de coe-

lhos, rodeadas por uma forte luz e dispostas em forma de cruz. Todos os

anos, dois quadros do pintor Antoon van Ysendyck saem em procissão

até o campo no qual foi construído o pequeno Santuário – De Hegge.

Page 55: MILAGRES EUCARISTICOS

55

Ali, se celebra uma missa para comemorar o Milagre. As duas pinturas

que descrevem o milagre atualmente estão conservadas na Catedral de

Sint-Waldetrudiskerk em Herentals.

Em 1412, um tal Jan van Langestede, alojou-se numa hospedaria mais

ou menos distante da cidadezinha de Herentals. O homem era um ladrão que

roubava objetos sagrados das igrejas e depois os revendia por toda Europa. No

dia seguinte da sua chegada a Herentals, foi ao vilarejo de Poederlee, entrou

na igreja e sem que ninguém percebesse, roubou o cálice e o cibório com cin-

co Hóstias consagradas dentro. Enquanto caminhava rumo a Herentals, na zo-

na conhecida como “De Hegge” (O Tapume), sentiu que uma força misteriosa

lhe impedia de continuar o seu caminho. Quis, então, jogar as Hóstias no rio e

por mais que tentasse não conseguia; desesperado, Jan tentou escondê-las num

campo, mais precisamente numa grande toca de coelhos. Como correu tudo

bem, Jan pôde regressar tranqüilamente a Herentals. Enquanto isso, o juiz da

cidade, Gilbert De Pape, já tinha começado as buscas para descobrir quem ti-

nha roubado a igreja de Poederlee e entre os suspeitos estava o nosso Jan. A

polícia revistou a sua bagagem e encontrou o cálice e o cibório.

Jan então confessou tudo, exceto que havia jogado fora as Hóstias. Foi

condenado à forca imediatamente. Quando Jan estava no palanque, um sacer-

dote animou-o a confessar-se para salvar a sua alma e foi assim que ele con-

fessou completamente a sua culpa indicando inclusive o lugar onde tinha es-

condido as Hóstias roubadas. O juiz suspendeu a execução e ordenou que Jan

mostrasse o lugar exato onde tinha deixado as Partículas; foram, então, ao

campo seguidos por uma multidão. Assim que chegaram lá, viram as Hóstias

radiantes dispostas em forma de cruz, elas estavam intactas apesar de terem

passado a noite ao ar-livre. Em seguida, uma parte das Hóstias foi levada em

procissão a Herentals e outra parte a Poederlee onde ficou até o século XVI.

No dia 2 de janeiro de 1442, o Milagre foi declarado autêntico pelo magistra-

do de Herentals e no lugar onde as Hóstias foram encontradas construiu-se

uma pequena capela que recebeu a visita de numerosos prelados, entre eles,

Jean Malderus, Bispo de Anversa (1620) e o Papa Bento XIV (1749). A filha

de João de Luxemburgo, Elisabeth Van Görlitiz, financiou a ampliação da Ca-

pela que posteriormente foi transformada em Santuário.

Herkenrode-Haselt, BÉLGICA, 1317

Na Catedral de São Quintino em Hasselt está exposta a Relíquia do Mi-

lagre Eucarístico ocorrido em Herkenrode em 1317. No decorrer dos

Page 56: MILAGRES EUCARISTICOS

56

séculos foram realizadas numerosas análises para constatar a conserva-

ção milagrosa da Hóstia consagrada que sangrou, lembramos as reali-

zadas no século XVIII pelo Núncio Apostólico Carafa e pelo Bispo de

Liegie e as realizadas pelo Arcebispo de Malines durante uma visita da

arquiduquesa Isabela.

No dia 25 de julho de 1317, o pároco da igreja de Viversel foi à casa de

um dos seus paroquianos, que estava muito doente, para levar-lhe os Santos

Sacramentos. Chegando lá, colocou a bolsa que continha a píxide com a Hós-

tia consagrada numa mesa na entrada da casa e foi confessar o doente. Um

familiar curioso abriu a bolsa e sem que ninguém percebesse, pegou a píxide,

levantou a tampa e meteu a mão. Quando se deu conta de que dentro da bolsa

tinha uma Hóstia, imediatamente colocou tudo em ordem. Enquanto isso, o

sacerdote tinha já saído do quarto do doente para pegar a Hóstia e dar-lhe a

comunhão. Pegou a bolsa e quando abriu a píxide viu que a Hóstia que ele ti-

nha consagrado durante a missa estava manchada de sangue e estava grudada

no linho que cobria o fundo do recipiente. Perturbado e em pânico, inventou

uma desculpa e saiu correndo da casa e foi procurar o pároco de Lumen para

contar o que tinha acontecido. Ele aconselhou-o a levar a Partícula à Abadia

de Herkenrode.

No dia 1º de agosto de 1317, o sacerdote partiu levando consigo a Píxi-

de. Durante a viagem aconteceram fatos extraordinários e assim que chegou

ao mosteiro de São Bento mostrou a todos os religiosos a Partícula manchada

de Sangue. Depois disso, na Hóstia apareceu o rosto de Cristo coroado de es-

pinhos e existem numerosos testemunhos; na Catedral de Hasselt, por exem-

plo, encontramos um quadro no qual está pintado um redil ajoelhado enquanto

um sacerdote passa com a Santa Relíquia (nesse lugar, denominado Sacre-

mentsberg, foi edificada uma pequena capela em memória perpétua do mila-

gre). Logo em seguida, “o Santo Sacramento do Milagre” que foi colocado

num Relicário e exposto para a veneração dos fiéis fez várias curas e protegeu

o Mosteiro de Herkenrode de um incêndio. A Relíquia do Milagre foi conser-

vada na Abadia até o ano de 1796. Em 1804 foi transferida na igreja de São

Quintino de Hasselt.

LIÈGE, BÉLGICA, 1374

Instituição da Festa de Corpus Christi

BULA TRANSITURUS DE HOC MUNDO

«Por mais que a Eucaristia seja solenemente celebrada todos os dias, a-

creditamos ser justo que, ao menos uma vez ao ano, seja comemorada

Page 57: MILAGRES EUCARISTICOS

57

com mais honra. Outras coisas que nós recordamos, as apreendemos

com o espírito e com a mente, mas nem por isso obtemos a real presen-

ça delas. Mas, nesta comemoração sacramental do Cristo, ainda que sob

outra forma, Jesus está presente no meio de nós com a sua própria subs-

tância. De fato, antes de subir aos céus disse: Eis que estou convosco

todos os dias, até o fim do mundo. (Mt 28,20)».

Foi Santa Juliana de Liégi, uma monja do Mosteiro de Mont Cornillon,

quem impulsionou a instituição da festa de Corpus Christi. A santa, desde a

sua adolescência, tinha visões misteriosas relacionadas à instituição de uma

festa para homenagear o Santíssimo Sacramento: em particular ela via uma lua

cheia, que apresentava uma rachadura no disco. O Senhor revelou-lhe que a

lua representava a Igreja do seu tempo e a rachadura a ausência de uma sole-

nidade no ciclo litúrgico dedicada ao Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso

Senhor Jesus Cristo. Santa Juliana contou às autoridades sobre a sua visão de-

pois de 1230. No Sínodo de 1246, Roberto de Thourotte, Bispo de Liégi, esta-

beleceu na sua diocese uma festa em homenagem ao Santíssimo Sacramento

que foi celebrada pela primeira vez no dia 5 de junho de 1249.

Alguns anos depois da morte de Santa Juliana, a festa se difundiu no

mundo católico graças ao Papa Urbano IV, que com a Bula Transiturus de hoc

mundo (11 de agosto), estendeu a festa a toda a Igreja Universal.

Page 58: MILAGRES EUCARISTICOS

58

SANTA JULIANA DE LIEGI

Virgem (Festa a 1 de abril)

Juliana foi a segunda filha do matrimônio de Enrique e Frescinda, do povoado

de Retina, perto de Liegi. Nasceu em 1192 e ficou órfão aos cinco anos. Junto

com sua irmã Inês, que tinha seis anos, foi levada ao convento de Monte Cornil-

lón, recentemente fundado, cujas religiosas se dedicavam, além do Oficio divino,

ao cuidado dos leprosos e enfermos.

Demasiado meninas as duas irmãs para aplicar-se às obras de caridade, foram

postas sob a direção de sóror Sapiência, uma religiosa que as instruiu nos rudi-

mentos da doutrina cristã e as iniciou nas virtudes que são a base da vida espiri-

tual: obediência, humildade, mortificação e penitência.

Os biógrafos, que têm deixado na penumbra a Inês, nos falam da brilhante san-

tidade de Juliana. Dotada de excepcionais qualidades, aprendeu o Saltério de

memória, demonstrou um amor pela solidão e um zelo excessivo pela mortifica-

ção, do que teve que corrigi-la sua mestra, até fazê-la entender que a obediência

vale mais que os sacrifícios.

Aos quatorze anos pediu sua admissão entre as irmãs do convento, recebendo o

hábito de professa em 1207. Então estudou latim para instruir-se mais a fundo

nas verdades da fé, chegando a ler sem dificuldade a Santo Agostinho e São Ber-

nardo. Deus derramou sobre aquela alma privilegiada abundantes bênçãos, so-

bretudo durante a celebração dos sagrados mistérios.

Aos seis anos teve uma visão que no pôde compreender. Viu a lua resplande-

cente de luz, mas atravessada por uma mancha escura, que parecia cortar o globo

em duas partes. Falou de sua visão às religiosas, porém não souberam interpretá-

la; pior ainda: lhe disseram que era perigoso investigar a mesma. Sem embargo,

a notícia se divulgou por Liegi e a reputação da pequena tomou vulto.

A devoção de Juliana pela sagrada Eucaristia ia em aumento, guiada por Sapi-

Page 59: MILAGRES EUCARISTICOS

59

ência, sua mestra, a qual, tendo sido nomeada priora, fez construir para Juliana

um oratório, onde a fervorosa jovem pudesse entregar-se livremente à oração.

Porém a visão que contemplara de menina se lhe apresentava continuamente a

seu espírito, enchendo-a de turbação e vergonha. Finalmente, por força de súpli-

cas, conseguiu que se lhe revelasse o mistério. Uma voz celestial lhe manifestou

que o globo da lua era figura da Igreja militante, e a mancha representava a falta

de uma festa especial ao Santíssimo Sacramento, querendo Deus que fosse insti-

tuída dita festa, pois, a Quinta-Feira Santa, que comemorava tal celebração, ao

coincidir com a Semana Santa não dava lugar à solenidade requerida. A alma de

Juliana encheu-se de imenso gozo ao ver decifrado o enigma. Humilhava-se na

presença do Santíssimo Sacramento e pedia favor ao Altíssimo para levar adiante

seu propósito.

Lutou para conseguir que se estabelecesse esta festa, porém morreu sem ver

cumprido seu desejo. No ano de 1264, 9 anos depois de sua morte, o Santo Papa

Urbano IV estabeleceu a Festa de Corpus Christi, cujo ofício se deve à inspiração

de São Tomás de Aquino, o Doutor Seráfico da Igreja.

Milagre Eucarístico de Middleburg, BÉLGICA, 1374

Esse Milagre Eucarístico é do ano de 1347. Na Igreja de São Pedro em

Middleburg, durante a comunhão, a Hóstia consagrada se transformou

em carne ensangüentada. Uma parte da Hóstia ainda hoje é custodiada

em Lovaina pelos padres agostinianos. Foi o monge Jean de Gheest,

confessor do Bispo, que aprovou o culto, quem pediu o privilégio de

custodiar a Hóstia. A outra parte está na Igreja de São Pedro em Mid-

dleburg.

Existe uma abundante documentação sobre esse Milagre Eucarístico.

Na monografia intitulada “Le Sacrement du Miracle de Louvain”, escrita em

1905 pelo historiador Jos Wils, docente da Universidade Católica de Lovaina,

estão reproduzidos quase todos os documentos e testemunhos da época. Uma

nobre dama que vivia em Middleburg era conhecida por todos pela sua grande

fé e devoção. Ela era também muito atenta à formação espiritual dos seus fa-

miliares e empregados. Durante a Quaresma do ano de 1374, como todos os

anos, na sua casa se fazia penitência em preparação para a Páscoa. Mas uns

dias antes, um rapaz chamado Jean, que levava uma vida devassa, tinha come-

Page 60: MILAGRES EUCARISTICOS

60

çado a trabalhar na sua casa e fazia muito tempo que não se confessava. Um

dia, a senhora convidou todos os empregados a participar da Missa e Jean não

quis recusar o convite para não fazer uma desfeita. Assim que, ele participou

de toda a celebração Eucarística, mas quando chegou a sua vez de comungar,

ele aproximou-se do altar com muita superficialidade e no instante em que re-

cebeu a Hóstia, ela se transformou em carne ensangüentada.

Jean, então, rapidamente tirou da boca a Partícula que gotejou Sangue

sobre a toalha que cobria um pequeno parapeito que estava diante do altar. O

sacerdote compreendeu imediatamente o que estava acontecendo e comovido,

colocou a Hóstia milagrosa numa bandeja dentro do Tabernáculo. Jean, arre-

pendido, confessou o seu pecado diante de todos e daquele dia em diante le-

vou uma vida exemplar e conservou sempre uma grande devoção ao Santíssi-

mo Sacramento. Todas as autoridades eclesiásticas e civis da cidade foram

informadas do evento prodigioso e o Bispo, depois de minuciosas averigua-

ções, aprovou o seu culto.

Tumaco, COLÔMBIA, 1906

O maremoto que no ano de 1906 atingiu a costa do Pacífico causou e-

normes danos e destruições em diversas zonas. O Padre Bernardino

Garcia de la Concepción, que no momento se encontrava na cidade do

Panamá, deu esse testemunho sobre a terrível catástrofe: “de repente

uma enorme onda arrasou o porto, entrou na feira arrastando tudo e as

embarcações que estavam em terra firme foram lançadas ao alto-mar.

Foi uma grande desgraça.” A pequena ilha de Tumaco foi poupada mi-

lagrosamente daquela terrível catástrofe graças à fé dos moradores e a

bênção do Santíssimo Sacramento dada pelo Padre Gerardo Larrondo.

No dia 31 de Janeiro de 1906 às 10:00 da manhã, em Tumaco, uma pe-

quena ilha do Oceano Pacífico que pertence à Colômbia, a terra tremeu assus-

tadoramente durante mais ou menos 10 minutos. Todos os habitantes do vila-

rejo se reuniram na porta da igreja e suplicaram ao pároco, Padre Gerardo Lar-

rondo e ao Padre Julián que organizassem imediatamente uma procissão com

o Santíssimo Sacramento. O mar estava entrando na costa, já tinha avançado

um quilômetro e meio, formado uma grande montanha de água e coberto uma

parte da praia; faltava pouco para que se formasse uma imensa onda. Padre

Gerardo, assustado, consumiu imediatamente todas as Hóstias consagradas da

píxide, conservando apenas a Hóstia Magna. Dirigindo-se ao povo exclamou

“Vamos, meus filhos, vamos todos à praia e que Deus tenha piedade de nós!”

Page 61: MILAGRES EUCARISTICOS

61

Sentindo-se seguros com a presença de Jesus Eucaristia, todos marcharam aos

prantos e aclamando a Deus.

Assim que o Padre Larrondo chegou na praia com o Ostensório na mão

foi corajosamente em direção à orla e quando a onda estava aproximando-se,

com as mãos firmes e o coração pleno de fé levantou a Hóstia Consagrada na

frente de todos e traçou no ar o sinal da cruz; foi um momento de grande sole-

nidade! A onda avançou só um pouquinho e antes que o padre Larrondo e o

padre Julián, que estava ao seu lado, percebessem o que tinha acontecido, a

população, comovida e atônita gritou: “Milagre, Milagre!” Realmente, a onda

que ameaçava fazer desaparecer da face da terra a ilha de Tumaco foi detida

por uma força invisível, superior àquela da natureza e começou a retroceder.

Enquanto isso o mar tornava ao seu estado normal. Os moradores de

Tumaco foram tomados por uma euforia e alegria incontroláveis porque Jesus

Sacramentado lhes salvou da morte. Todos agradeciam fervorosamente ao Se-

nhor e falou-se muito do Milagre de Tumaco em todo o mundo, tanto assim

que o Padre Larrondo recebeu muitas cartas, inclusive vindas da Europa, com

pedidos de orações.

Ludbreg, CROÁCIA, 1411

Em Ludbreg, no ano de 1411, durante a Missa, um sacerdote duvidou

que nas espécies eucarísticas consagradas estivesse realmente presente o

Corpo e o Sangue de Cristo. Imediatamente depois da consagração o vi-

nho se transformou em Sangue. Ainda hoje, a Relíquia do Sangue do

Milagre atrai milhares de fiéis e todos os anos, no início de mês de se-

tembro, durante uma semana se celebra a “Sveta Nedilja” – o “Santo

Domingo” para homenagear este Milagre Eucarístico.

No ano de 1411, em Ludbreg um sacerdote foi celebrar uma Missa na

capela do castelo dos condes Batthyany, mas quando ele estava consagrando o

vinho duvidou que a transubstanciação acontecesse realmente e nesse momen-

to o vinho se transformou em Sangue. O Sacerdote, sem saber como proceder,

por fim resolveu emparedar a Relíquia atrás do altar principal e o pedreiro que

fez esse trabalho foi obrigado a guardar silêncio. O Sacerdote guardou o seu

segredo até os últimos momentos da sua vida, quando finalmente revelou tu-

do. Depois da revelação do padre, a notícia se espalhou rapidamente e todos

começaram a peregrinar a Ludbreg. A Santa Sé mandou então que a Relíquia

do Milagre fosse conduzida à Roma e ficasse lá por alguns anos. Os morado-

res de Ludbreg e das vizinhanças continuaram a fazer peregrinações rumo à

capela do castelo. A inícios de 1500, durante o pontificado do Papa Julio II,

Page 62: MILAGRES EUCARISTICOS

62

uma comissão foi convocada a Ludbreg para investigar os fatos relacionados

ao Milagre Eucarístico.

Muitas pessoas testemunharam que foram curadas milagrosamente

quando estavam em oração diante da Relíquia. No dia 14 de abril de 1513, o

Papa Leão X publicou uma Bula na qual se autorizava a veneração da Santa

Relíquia que ele mesmo tinha levado em Procissão pelas ruas de Roma. A Re-

líquia depois foi restituída à Croácia. Durante o século XVIII, a Croácia seten-

trional foi arrasada pela peste e todo o povo implorou ajuda a Deus e o Parla-

mento croata reunido na sessão do dia 15 de dezembro de 1739, em Varazdin

prometeu-Lhe construir uma capela em Ludbreg em memória do Milagre se a

peste terminasse. A peste cessou, mas só foi possível cumprir a promessa em

1994, após a queda do comunismo e o restabelecimento da democracia na

Croácia. Em 2005, na capela votiva, o pintor Marijan Jakubin pintou um gran-

de afresco sobre a Santa Ceia, mas no lugar dos apóstolos colocou santos e

beatos croatas. No lugar de São João está o beato Ivan Merz que durante o Sí-

nodo dos Bispos sobre a Eucaristia realizado em Roma em 2005, foi incluído

na lista dos 18 santos eucarísticos mais importantes da história da Igreja. Na

pintura, Cristo carrega o Ostensório que guarda a Relíquia do Milagre Eucarís-

tico.

Santa Maria, a Egípcia1

EGITO, SÉCULO VI

Este Milagre Eucarístico é ligado à figura de Santa Maria, a Egípcia,

que viveu no deserto durante 47 anos. Foi através de Sofrônio, Bispo de

Jerusalém (sec. VI d. C.), que temos informações sobre a sua vida. San-

ta Maria, a Egípcia atravessou caminhando sobre rio Jordão para rece-

ber a Eucaristia que o monge Zózimo lhe havia levado.

Sabemos que aos 12 anos, Santa Maria, a Egípcia abandonou os seus

pais e se dirigiu à Alexandria. Lá, durante 17 anos, conduziu uma vida muito

devassa. Um dia viu um navio que se aproximava e levava a bordo um insólito

grupo. Perguntou quem eram aquelas pessoas e aonde andavam, responderam-

lhe que eram peregrinos que se dirigiam a Jerusalém para a festa da Exaltação

da Santa Cruz. Decidiu então subir também a bordo e unir-se ao grupo. Che-

garam ao seu destino no dia da celebração da festa; estando para entrar no

templo, Maria sentiu que uma força misteriosa impedia os seus passos. Ame-

1 Também conhecida como “A Egipcíaca” ou “A Egipciana”, termo derivado do grego “aigyptiakos”, nada

mais do que sinônimo de egípcia.

Page 63: MILAGRES EUCARISTICOS

63

drontada, levantou os olhos, viu uma imagem da Virgem Maria e se arrepen-

deu amargamente da vida pecaminosa que havia levado até aquele dia. Depois

disso conseguiu entrar na igreja e adorar o Sagrado Madeiro da Cruz, mas não

ficou lá muito tempo, porque Nossa Senhora lhe disse: “se cruzas o Jordão,

encontrarás paz.” No dia seguinte, depois de confessar-se e comungar, Maria,

a Egípcia, cruzou o rio que se estendia além do deserto de Arábia.

Desde então, a santa viveu no deserto durante 47 anos, sempre solitária,

sem encontrar nem homens, nem animais. Ela emagreceu muito, os cabelos

cresceram e ficaram totalmente brancos, mas conforme a promessa de Nossa

Senhora encontrou naquele deserto hostil a paz para a sua alma. Um dia, Ma-

ria encontrou o monge Zózimo e lhe pediu que voltasse no ano seguinte para

dar-lhe os Sacramentos. Um ano depois, Zózimo chegou às margens do Jordão

com a Eucaristia, como havia prometido. Mas como Maria demorava a chegar,

dolorido, Zózimo levantou os olhos aos céus e rezou: “Senhor meu Deus, rei e

criador de todas as coisas, não frustres o meu desejo, mas concede que eu veja

a tua santíssima serva.” Depois falou consigo mesmo: “Mas o que farei se ela

vem, visto que não tem nenhuma embarcação para atravessar o rio? Pobre de

mim, o meu desejo se verá frustrado.” Enquanto estava pensando, Maria apa-

receu do outro lado do rio, Zózimo ao vê-la se alegrou muito e louvou a Deus,

mas eis que a santa fez o sinal da cruz na água e começou a caminhar sobre o

rio como se estivesse em terra firme. Santa Maria comungou e preparou-se

para os últimos dias de sua vida. No ano seguinte Zózimo foi outra vez ao de-

serto, mas a santa penitente já tinha morrido. Com a ajuda de um leão, o mon-

ge cavou a sepultura da santa.

Milagre Eucarístico de Scete EGITO, SÉCULO III-V

A narração desse milagre Eucarístico vem dos primeiros séculos do

cristianismo e faz parte da coletânea de apotegmas dos Padres do Deser-

to que viviam no Egito como eremitas para seguir o exemplo de Santo

Antônio Abade. Um monge duvidou da presença real de Jesus no pão e

vinho consagrados e durante a Missa, depois da consagração, no lugar

do pão estava o Menino Jesus. Outros três monges que assistiam à Mis-

sa tiveram a mesma visão.

Nos apotegmas dos Padres do Deserto, encontramos a descrição de um

antigo Milagre Eucarístico. O Padre Daniel, o Faranita conta: “O nosso Padre

Page 64: MILAGRES EUCARISTICOS

64

Arsênio nos dizia que um monge de Scetis era muito trabalhador, mas rude em

matéria de fé. Por ignorância, se equivocava quando dizia: “o pão que come-

mos não é realmente o Corpo de Cristo, mas um símbolo.” Dois padres mais

velhos que o ouviram falar, sabendo que ele era um homem piedoso e de bom

coração, pensaram que dizia isso sem malícia e por ignorância, assim que fo-

ram falar com ele: “Pai, ouvimos dizer que uma pessoa diz coisas contrárias à

fé, diz que o pão que recebemos não é realmente o Corpo de Cristo, mas é um

símbolo.” O monge lhes disse: “Sou eu que o diz!” Então os anciãos começa-

ram a exortá-lo: “Tu não deves crer nisto, mas naquilo que a Igreja Católica

transmite. Nós acreditamos que este pão é o Corpo de Cristo e que este Cálice

é o Sangue de Cristo e não um símbolo.” (...), Mas o monge respondeu: “se

não acontece nada que me convença do contrário, não mudo de idéia.” Os dois

padres anciãos lhe disseram: “Durante toda a semana rezaremos a Deus sobre

este Mistério e acreditamos que Ele o desvelará. (...)

No domingo seguinte, os três foram à igreja e se puseram num lugar à

parte, o monge incrédulo estava sentado no meio dos outros dois. Os olhos

deles se abriram quando o pão para o Santo Sacrifício da Missa foi colocado

sobre o Santo Altar e viram que no lugar dele havia um menino. Somente os

três monges tiveram essa visão; quando o sacerdote estava para partir o pão,

eis que desceu do céu um anjo do Senhor com uma espada e sacrificou o me-

nino e verteu o seu sangue no cálice, e quando o sacerdote partiu pão em pe-

quenos pedaços o anjo fez o mesmo com a criança. No momento em que eles

se aproximaram para receber os santos dons, o monge incrédulo recebeu carne

ensangüentada. Diante daquela visão, ele aterrorizado gritou: “Creio, ó Se-

nhor, que o pão é o teu Corpo e o Cálice o teu Sangue!” Imediatamente a car-

ne que estava nas suas mãos tomou as aparências do pão, conforme o Mistério

e ele comungou dando graças a Deus.”

Blanot, FRANÇA, 1331

No Milagre Eucarístico de Blanot, durante a Missa de Páscoa do ano de

1331, no momento da Comunhão, o sacerdote, sem querer, deixou cair

um pedacinho de Hóstia sobre a toalha. O pároco quis imediatamente

recolhê-lo, mas foi impossível, o fragmento tinha se transformado em

Sangue e deixou uma mancha espessa na toalha. Até hoje no vilarejo de

Blanot se conserva a Relíquia da toalha manchada de Sangue.

No século XIV, Blanot era um pequeno vilarejo no centro da França e

fazia parte da diocese de Autun. No ano em que esse Milagre ocorreu, o Bispo

Page 65: MILAGRES EUCARISTICOS

65

da cidade, Pierre Bertrand, mandou que um oficial da cúria, chamado Jean Ja-

rossier fizesse uma investigação. Por isso, o relatório detalhado dos fatos ain-

da está disponível: “No dia da Páscoa do ano de 1331, na Hora Prima, o padre

Hugues de la Baume, vigário de Blanot, celebrou a primeira Missa do dia, mas

quando foi dar a comunhão a Jacquette, viúva de Regnaut d‟Effour, um frag-

mento da Hóstia caiu na toalhinha que dois “probiviri” seguravam. Um deles

se chamava Thomas Caillot. A senhora Jacquette não percebeu nada, mas

Thomas viu a partícula caída e avisou ao sacerdote que já estava colocando a

píxide sobre o Altar: “Reverendo, regressa porque o Corpo de Nosso Senhor

caiu da boca dessa senhora sobre a toalha”. O celebrante regressou imediata-

mente para recolher o pedacinho, mas de repente a fração, que equivalia a um

quinto da hóstia, desapareceu e no seu lugar apareceu uma gota de sangue.

Vendo isso, o Vigário levou a toalha para a sacristia e começou a lavar com

água a parte onde o sangue aparecia. Porém, mesmo depois de ter lavado e

esfregado a toalha repetidas vezes, a gota ficava cada vez mais vermelha e

mais ampla.

O Vigário, maravilhado e comovido, pediu uma faca emprestada a

Thomas Caillot, cortou a parte vermelha da toalha e colocou-a num relicário,

depois mostrou aos fiéis dizendo: “Minha boa gente: aqui está o Preciosíssimo

Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, porque eu lavei e torci esta toalha repe-

tidas vezes e não consegui tirar esta mancha dela”. Todos os anos na cidadezi-

nha de Blanot se rende homenagem à Relíquia do Milagre no dia da Festa de

Corpus Christi.

Bordeaux, FRANÇA, 1822

No Milagre Eucarístico de Bordeaux, na Hóstia exposta aos fiéis para a

adoração apareceu, durante mais de 20 minutos, uma imagem de Jesus

dando uma bênção. Ainda hoje é possível visitar a Capela do Milagre e

venerar a Preciosa Relíquia do Ostensório da aparição em Martillac,

França, na igreja de uma comunidade contemplativa. A igreja é conhe-

cida como “La Solitude”.

O Milagre Eucarístico de Bordeaux é intimamente ligado a uma comu-

nidade fundada em 1820 pelo venerável padre Pierre Noaille. Ainda hoje a

comunidade é ativa, principalmente na Ásia e na África. O Milagre ocorreu

vinte meses depois da fundação dessa comunidade na igreja de Santa Eulália

na Rua Mazarin em Bordeaux. A imagem de Jesus apareceu na Hóstia assim

Page 66: MILAGRES EUCARISTICOS

66

que o Abade Delot, que naquele dia substituía o Padre Noaille nas celebrações

litúrgicas, abençoava os fiéis com o Santíssimo Sacramento.

Todos os presentes puderam contemplar por mais de vinte minutos a

aparição na Hóstia da imagem de Jesus dando uma bênção. Alguém, inclusive,

disse que ouviu Jesus dizer: “Eu sou aquele que é”. Este acontecimento foi

aprovado pelas autoridades eclesiásticas, entre elas o Arcebispo de Bourde-

aux, Dom d‟Aviau, quem pessoalmente escutou os testemunhos dos fiéis que

presenciaram o Prodígio. Nos dias de hoje ainda é possível visitar a Capela do

Milagre e venerar a preciosa Relíquia do “Ostensório da Aparição”.

Dijon, FRANÇA, 1430

No Milagre Eucarístico de Dijón, uma senhora comprou um Ostensório

que continha ainda a Hóstia Magna. A mulher decidiu, então, usar uma

faca para tirar a Hóstia, mas ela começou a soltar Sangue vivo que ime-

diatamente se secou deixando impressa a imagem do Senhor sentado

num trono semicircular, dos dois lados do trono havia imagens de al-

guns instrumentos da Paixão. A Partícula se manteve intacta por mais

de 350 anos até o dia em que foi destruída por revolucionários em 1794.

No ano de 1430, em Mônaco, uma mulher comprou de um vendedor de

coisas velhas um Ostensório que seguramente era roubado porque continha

ainda a Hóstia Magna usada para a Adoração. A mulher, sendo muito ignoran-

te sobre a presença real de Cristo na Eucaristia, decidiu tirá-la do Ostensório

com uma faca. De repente a Hóstia começou a soltar Sangue vivo, mas ele se

secou imediatamente deixando impressa as imagens de Jesus sentado num tro-

no semicircular e de alguns instrumentos da Paixão.

A mulher, perturbada, foi falar com o cônego Anelon, quem ficou com a

Hóstia. O Papa Eugênio IV rapidamente tomou conhecimento do episódio e

quis doar a Hóstia milagrosa ao duque Felipe de Borgonha, quem por sua vez

doou à cidade de Dijón. Sabemos com certeza que em 1794 a Hóstia milagro-

sa estava na Basílica de São Miguel Arcanjo, mas no dia 9 de fevereiro daque-

le mesmo ano os revolucionários do município de Dijón requereram a igreja

para consagrá-la como templo da nova seita “la Raison”, que quer dizer “deu-

sa razão” e a Hóstia milagrosa foi queimada. Os documentos e as obras de arte

que ilustram o Milagre são numerosos, por exemplo um dos vitrais da Cate-

dral de Dijón mostra a cena principal do Prodígio.

Page 67: MILAGRES EUCARISTICOS

67

Douai, FRANÇA, 1254

No Milagre Eucarístico de Douai, enquanto um sacerdote distribuía a

comunhão aos fiéis, sem querer, deixou cair no chão uma Hóstia consa-

grada. Imediatamente se abaixou para pegá-la, mas ela se elevou sozi-

nha, voou e pousou no purificador. Em seguida, no seu lugar apareceu

um Menino lindíssimo e todos os fiéis e religiosos que presenciavam a

celebração puderam contemplá-lo. Apesar de que transcorreram mais de

800 anos, ainda hoje é possível admirar a Hóstia do Milagre. Todas as

quintas-feiras, na igreja de São Pedro de Douai, numerosos fiéis se reú-

nem em oração diante da Hóstia Prodigiosa.

Bonum universale de Apibus (“Bem Universal Segundo as Abelhas”),

foi um manual de regras morais práticas publicado em 1263, onde o Autor e-

voca São Luís IX como exemplo ilustrativo das virtudes cristãs comparadas

com as abelhas. O autor, o dominicano Thomas de Cantimpré, era doutor em

teologia e Bispo “sufragâneo” de Cambrai, tendo sido testemunha ocular des-

se Milagre e por isso o incluiu no seu manual como exemplo de fé e piedade

católicas. Na Páscoa de 1254, na igreja de Santo Amado, em Douai, o sacer-

dote que estava distribuindo a Comunhão, sem querer, deixou uma Hóstia

consagrada cair no chão. Imediatamente ele se abaixou para pegá-la, mas ela

se elevou sozinha, voou e pousou no purificador. Em seguida, no lugar da

Hóstia apareceu um Menino lindíssimo e todos os fiéis e religiosos que pre-

senciavam a celebração puderam contemplá-lo. A notícia difundiu-se veloz-

mente e o Bispo de Cambrai foi imediatamente a Douai para constatar pesso-

almente os fatos que ele mesmo descreve: “Fui imediatamente ver o decano da

igreja e quando o encontrei, pedi-lhe que me mostrasse o Milagre. Muitos fiéis

me seguiram. O decano, então, abriu a caixa na qual ele tinha colocado a Hós-

tia do Milagre, mas no momento eu não vi nada de especial, contudo eu era

consciente de que nada me impedia de ver o Sacro Corpo como viram os de-

mais. Nem tive muito tempo para fazer-me muitas perguntas, porque olhando

novamente a Hóstia vi a imagem do rosto de Cristo coroado de espinhos com

duas gotas de sangue que escorriam da testa. Imediatamente me ajoelhei e em

lágrimas, dei graças a Deus”.

É seguro que em 1359, um século depois da aparição, todos os anos se

celebrava na Quarta-feira de Páscoa uma festa em memória do Milagre do

Santíssimo Sacramento e o documento que dá testemunho disso indica que

este uso existia há muito tempo. A preciosa Relíquia do Milagre foi conserva-

Page 68: MILAGRES EUCARISTICOS

68

da e venerada até a época da Revolução, depois perdeu-se a pista durante mui-

tos anos. Mas, em outubro de 1854, o pároco da igreja de São Pedro em Dou-

ai, por acaso, achou debaixo do Cristo do altar dos defuntos, uma caixa de

madeira que continha uma pequena Hóstia branca degenerada nas extremida-

des. O sacerdote achou também uma carta escrita em latim que atesta: “Eu,

subscritor, cônego da insigne igreja de Santo Amado, atesto que esta é a ver-

dadeira Hóstia do Santo Milagre que felizmente recolhi e salvei do perigo i-

minente da profanação. Eu mesmo a coloquei nessa píxide e deixei este ates-

tado escrito com próprio punho e letra para os fiéis que a descobrirão no futu-

ro (5 de janeiro de 1793)”.

La Rochelle, FRANÇA, 1461

O Milagre Eucarístico de La Rochelle nos apresenta a história da cura

instantânea de um menino que aos sete anos de idade ficou mudo e pa-

ralítico. Depois de ter recebido a Comunhão na Missa de Páscoa em

1461, o menino ficou completamente curado da paralisia e adquiriu no-

vamente o uso da fala. O documento mais fidedigno que descreve, com

desenhos, este Milagre, é o quadro-manuscrito que ainda hoje é conser-

vado na Catedral de La Rochelle.

Durante a Páscoa de 1461, a senhora Jehan Leclerc levou o seu filho de

12 anos, Bertrand, à igreja de São Bartolomeu. Aos sete anos de idade o me-

nino ficou mudo e paralítico por causa de uma queda. No momento da Santa

Comunhão, o menino deu a entender à sua mãe que queria receber Jesus Euca-

ristia. A princípio, o sacerdote não queria dar a Comunhão porque como ele

não podia falar, não podia confessar-se. Mas o menino continuava a suplicar e

o sacerdote finalmente cedeu e permitiu-lhe receber a Eucaristia.

Assim que Bertrand recebeu a Hóstia sentiu uma força misteriosa e viu

que podia mover-se e falar. Estava curado! Conforme o documento escrito à

mão imediatamente depois do Milagre, as primeiras palavras que Bertrand

pronunciou foram: “Auditorium nostrum in nomine Domini!”. O documento

mais fidedigno que descreve com desenhos este Milagre, é o quadro-

manuscrito que ainda hoje é conservado na Catedral de La Rochelle.

Page 69: MILAGRES EUCARISTICOS

69

NEUVY SAINT SÉPULCRE, FRANÇA, 1257

Na igreja de Neuvy Saint Sépulcre nas redondezas de Indre, se conser-

vam duas gotas do Sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo recolhidas no

Calvário durante a Paixão. Essas gotas foram levadas à França em 1257

pelo Cardeal Eudes quando regressava da Terra Santa.

Para homenagear a Santa Relíquia do Preciosíssimo Sangue de Jesus,

numerosas indulgências foram concedidas. Em 1621 o Arcebispo de Bruges

André Frémiot, para propiciar o seu culto, fundou a Irmandade do Preciosís-

simo Sangue e dois anos depois, o Papa Gregório XV concedeu novas indul-

gências aos devotos do Santo Sangue. Todas as segundas-feiras de Páscoa e o

1º de julho de cada ano se celebram missas solenes e procissões para adorar e

homenagear a Sagrada Relíquia. Muitas graças são atribuídas à invocação do

Santo Sangue de Neuvy-Saint-Sépulcre. Esta Relíquia, constituída de Sangue

coagulado e puro, quer dizer, não misturado com água ou terra, desde 1257 é

conservada na igreja de Neuvy Saint Sépulcre, edificada na primeira metade

do ano 1000 conforme o modelo da igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém.

Les Ulmes, FRANÇA, 1668

No Milagre Eucarístico de Les Ulmes, durante a exposição do Santíssi-

mo Sacramento, no lugar da Hóstia apareceu a forma de um homem que

tinha os cabelos compridos castanhos-claros, o rosto resplandecente, as

mãos cruzadas e vestido com uma túnica branca. Depois de uma meti-

culosa investigação, o Bispo autorizou o culto do Milagre. Atualmente

só podemos ver o nicho que durante aproximadamente 130 anos guar-

dou a Hóstia Milagrosa, pois durante a revolução francesa, o vigário de

Puy-Notre-Dame consumiu-a devotamente porque temia uma profana-

ção.

No dia 2 de junho de 1668, no sábado da oitava de Corpus Christi, na

pequena igreja de Les Ulmes, o Santíssimo Sacramento foi exposto aos fiéis.

O pároco da igreja, Nicolas Nezan, começou a incensar o Ostensório enquanto

todos cantavam o hino Pange lingua, “quando cantaram “Verbum caro Panem

verum”, na Hóstia apareceu a forma de um homem de cabelos compridos e

castanhos-claros, o seu rosto era resplandecente, as suas mãos estavam cruza-

Page 70: MILAGRES EUCARISTICOS

70

das e ele vestia uma túnica branca. O Santíssimo Sacramento estava exposto

dentro do Tabernáculo, mas o sacerdote colocou-o sobre o altar para que todos

pudessem vê-lo mais de perto. Toda a aparição durou um pouco mais de 15

minutos”. No dia 13 de junho, o pároco comunicou o evento ao seu Bispo,

Henry Arnaud, quem imediatamente ordenou uma investigação. No dia 25 de

junho publicou uma carta pastoral com o “relato fiel” do Milagre. Entre as vá-

rias obras que descrevem objetivamente o Milagre, recordamos a Clypeus

Theologiae, escrita pelo padre dominicano Gonet e publicada em 1669 pelo

editor francês Bertier. No VIII volume, o padre Gonet fala desse Milagre.

O Bispo mandou que se difundisse amplamente a notícia desse aconte-

cimento e por isso foram imediatamente ordenadas três xilogravuras: a primei-

ra é de Edelynck de ótima qualidade, conservada em Paris, depois temos a de

Jean Bidault de Saumur e finalmente a do editor Ernou de Paris. Até o século

XVIII na paróquia de Les Ulmes todos os anos, se celebrava o aniversário da

aparição, mas infelizmente hoje só é possível ver o nicho onde, por aproxima-

damente 130 anos, a Hóstia do Milagre esteve guardada, porque durante a re-

volução francesa, o vigário de Puy- Notre-Dame, devotamente consumiu-a,

pois temia uma profanação. Em 1901, na paróquia de Les Ulmes realizou-se o

Congresso Eucarístico Internacional d‟Angers e em julho de 1933, durante o

Congresso Eucarístico Nacional se dedicou uma inteira sessão ao estudo do

Milagre de 1668.

Marseille, FRANÇA, 1533

Em 1533 alguns ladrões entraram numa igreja, roubaram um cibório

com as Hóstias consagradas e depois jogaram-nas num campo. Apesar

da forte tempestade de neve, as Partículas foram encontradas depois de

alguns dias em perfeito estado; contudo, nem as inumeráveis curas o-

corridas depois do Milagre, nem a grande devoção popular puderam

proteger as Hóstias da destruição dos profanadores.

No ano de 1532, no final do mês de dezembro, alguns ladrões entraram

na igreja de Marseille en Beauvais, roubaram um valioso cibório de prata que

continha Hóstias consagradas e as deixaram abandonadas no meio da rua prin-

cipal, escondidas debaixo de uma grande pedra. No dia 1º de janeiro, o senhor

Jean Moucque passava por ali, apesar da forte tempestade de neve. Enquanto

caminhava viu uma grande pedra na beira da rua que não estava coberta de

neve, este fato chamou a sua atenção, ele, aproximando-se, levantou a pedra e

para a sua surpresa viu que as Hóstias estavam completamente intactas. Ime-

Page 71: MILAGRES EUCARISTICOS

71

diatamente foi avisar o pároco, o padre Prothais, quem acompanhado por mui-

tos fiéis, levou as Santas Partículas à paróquia. No lugar da descoberta foi cra-

vada uma cruz e posteriormente construiu-se uma capela para agilizar o fluxo

dos fiéis devotos. A capela foi chamada “Chapel dês Saintes Hosties” e ali o

Senhor realizou muitas curas; o historiador Pierre Louvet descreveu algumas

no seu livro “História das antiguidades da diocese de Beauvais”.

Impressionante foi a cura do sacerdote Jacques Sauvage, que afetado

por uma paralisia havia perdido o uso da fala. Outro exemplo é a do Senhor

d‟Autreche, um cego de nascença a quem foi dada a vista. Apesar de todas

essas graças que Deus concedeu, em 1561 o Bispo-Conde de Beauvais, Odet

de Coligny, passou ao calvinismo e casou-se com Elisabeth de Hauteville e

antes de abjurar ordenou que as Santas Hóstias, milagrosamente preservadas,

fossem consumidas. A capela das Santas Hóstias existe ainda hoje e todos os

anos, no dia 2 de janeiro se celebra uma Missa solene em memória do Milagre

de 1533.

Paris, FRANÇA, 1290

Durante a Páscoa de ano de 1290 um ateu, que odiava a fé e não acredi-

tava na presença real de Cristo na Eucaristia, conseguiu adquirir uma

Hóstia consagrada para profaná-la. Ele esfaqueou a Hóstia e depois jo-

gou-a na água fervendo, mas a Hóstia alçou vôo diante do homem que

ficou transtornado e pousou na cesta de uma mulher devota, quem ime-

diatamente entregou-a ao próprio pároco. As autoridades eclesiásticas, o

povo, inclusive o rei decidiram transformar a casa do profanador numa

capela e conservar ali a Santa Hóstia, que foi destruída durante a revo-

lução.

Existem numerosos documentos que atestam todos os acontecimentos

relacionados com este Milagre. O historiador italiano Giovanni Villani, na sua

célebre “História de Florença”, no livro VII, capítulo 136 também relata bre-

vemente os fatos mais importantes do Milagre. A Senhora Moreau-Rendu, na

sua obra “Em Paris, rua dos Jardins”, editada em 1954, com prefácio de Dom

Touzé, Bispo auxiliar de Paris, demonstrou ter feito uma investigação profun-

da de todas as fontes e depois de analisar rigorosamente todos os documentos,

a autora pronunciou-se com segurança a favor da autenticidade do Milagre.

Porém, o relato do Milagre mais famoso é o do livro “História da Igreja de

Paris”, escrito pelo Arcebispo francês, Dom Rupp. O Milagre Eucarístico de

Page 72: MILAGRES EUCARISTICOS

72

Paris é mencionado nas páginas dedicadas ao Episcopado de Simon Matifas

de Busay, com sede em Saint-Dennis de 1290 a 1304. “No Domingo de Pás-

coa, 2 de abril de 1290, um homem chamado Jonathas odiava a fé católica e

não acreditava na presença real de Cristo na Hóstia consagrada. Um dia ele

conseguiu adquirir, pagando uma pessoa, uma Partícula consagrada.

Quando tinha a Hóstia nas mãos, o homem esfaqueou-a e ela começou

a sangrar tanto que inundou o recipiente onde estava. Em pânico, decidiu jogá-

la no fogo, mas ela alçou vôo e ficou em cima da brasa; desesperado, jogou

água fervendo nela, mas ela voou de novo e tomou a forma de um crucifixo,

finalmente, a Hóstia sozinha pousou na cesta de uma paroquiana de Saint-

Jean-en-Gréve e ela levou-a ao seu pároco. Durante séculos, a Hóstia perma-

neceu num pequeno relicário na igreja de Saint-Jean, porém desde a revolução

não se sabe nada do seu paradeiro.” Ocorreram outros fatos significativos: o

confisco da casa de Jonathas, conhecida como “a Casa dos Milagres” pelo rei

Felipe, o Belo e o seu registro como casa vendida em 1291; a transformação

da casa em Oratório com a Bula de Bonifácio VIII; a mudança, a pedido do

povo, do nome da Rua dos Jardins para “Rue du Dieu boulli” (Rua do Deus

fervido) e a celebração Eucarística na capela des Billettes do Ofício da Repa-

ração, todos os segundos domingos de Advento e Quaresma.

Pressac, FRANÇA, 1643

No Milagre Eucarístico de Pressac, depois de um incêndio na igreja pa-

roquial, o Cálice, que continha uma Hóstia consagrada, derreteu com-

pletamente. Dele só restou o pé sobre qual se formou uma bola de esta-

nho que cobria a Hóstia que ficou completamente intacta. A Partícula

Milagrosa foi consumida no dia seguinte, mas ainda hoje existem nume-

rosos documentos que relatam o Milagre; além desses textos, na igreja

de Pressac estão os vitrais que mostram as fases do Prodígio.

O Milagre aconteceu na Quinta-feira Santa de 1643. Terminada a cele-

bração da Missa, os fiéis regressaram às suas ocupações e o sacerdote colocou

o Cálice no repositório, que permanecia guardado perto do Altar dedicado a

Santa Virgem. Esse Altar era constituído por uma placa de mármore, coberta

por um corporal e sustentado por 4 pilares de madeira. Atrás do Altar tinha

uma pintura de um episódio Eucarístico. O Cálice estava coberto por um véu e

aos seus pés tinham duas velas acesas. Ao meio-dia, o sacristão fechou a igre-

ja; mas, duas horas depois os vizinhos notaram uma fumaça negra e espessa

que saía das janelas do templo; elas ficaram abertas por distração e provavel-

Page 73: MILAGRES EUCARISTICOS

73

mente o vento intensificou as chamas das velas e isso acelerou o incêndio. Os

vizinhos chamaram o sacristão para que ele abrisse a porta e assim pudessem

entrar para verificar os danos. O repositório e o quadro estavam destruídos,

restaram somente a mesa de mármore, o corporal e a base do Cálice, que ao

derreter-se assumiu a forma de uma “gota de estanho”, dirá mais tarde o rela-

tório. Em cima do pé do Cálice formou-se uma bola de estanho e debaixo dela

estava a Hóstia que resistiu às chamas e ao derretimento do metal, ficando as-

sim intacta.

O Vigário Simon Sauvage foi ao lugar do Milagre e colocou o Cálice

quente sobre o Altar Maior para mostrá-lo aos paroquianos. A Hóstia, leve-

mente avermelhada nas extremidades, foi consumida na manhã do dia seguin-

te durante o Ofício da Sexta-feira Santa. Lembramos que a Liturgia prescrevia

naquele tempo, que depois da Missa da Quinta-feira Santa, somente uma Hós-

tia consagrada era conservada no cibório e colocada no Cálice coberto por um

simples véu. O Abade d‟Availles-Limouzine, Françoise du Theil, recolheu

todos os depoimentos e entregou ao Bispo de Poitiers, Henri Louis Chastagni-

er de la Roche-Posay que autorizou o culto com um ato solene que dizia: “Os

Mistérios sagrados são incompreensíveis se o esplendor da graça não ilumina

os espíritos com a finalidade de elevar-lhes aos altos conhecimentos dos efei-

tos admiráveis da Potência de Deus. E para obrigar os homens a adorá-lo co-

mo é devido, a bondade inefável se manifesta às vezes de maneira extraordi-

nária, operando Milagre na Igreja com a finalidade de confirmar a Fé Católica

e confundir os erros dos espíritos infiéis”.

Augsburg, ALEMANHA, 1194

O Milagre Eucarístico de Augsburg, conhecido pelos moradores como

“Wunderbarlichen Gutes – Bem Milagroso”, é descrito em numerosos

livros e documentos históricos que podem ser consultados na biblioteca

estadual e civil de Augsburg. Uma Hóstia roubada transformou-se em

carne ensangüentada. Com o passar dos anos foram realizadas diversas

análises na Partícula que confirmaram sempre que se trata de carne e

sangue humanos. Hoje o Convento de Heilig Kreuz é custodiado pelos

padres dominicanos.

Em 1194, uma senhora de Augsburg particularmente devota ao Santís-

simo Sacramento, depois de receber a comunhão, sem que ninguém percebes-

se, envolveu a Hóstia num lencinho, levou-a a casa e colocou-a num recipiente

de cera dentro de um armário. Naquele tempo era muito difícil encontrar ta-

bernáculos nas igrejas para fazer a Adoração Eucarística. Somente no ano de

Page 74: MILAGRES EUCARISTICOS

74

1264, com a introdução da Festa de Corpus Christi, é que se difundiu essa

devoção. Passaram-se cinco anos e no dia 11 de maio de 1199, a mulher, cheia

de remorsos, confessou-se com o Padre Berthold, Superior do convento de

Heilig Kreuz. O sacerdote, então, pediu que ela lhe desse a Hóstia, mas, quan-

do ele abriu o recipiente de cera que envolvia a Hóstia, viu que ela tinha se

transformado em carne ensangüentada. A Hóstia se apresentava “dividida em

duas partes unidas uma à outra através de finos filamentos de carne ensan-

güentada”. O padre Berthold foi imediatamente ver o Bispo da cidade, Udals-

kalk quem ordenou que a Hóstia prodigiosa fosse “levada, acompanhada pelo

clero e pelo povo, para a Catedral e exibida num Ostensório de cristal para a

Adoração dos fiéis”.

Mas o Milagre continuou: a Hóstia começou a crescer e a inchar-se e

esse fenômeno durou desde a Páscoa até a festa de São João Batista. Depois

disso, o Bispo Udalskalk mandou que levassem a Hóstia de volta ao convento

de Heilig Kreuz e estabeleceu que “para recordar um fato tão memorável e

extraordinário”, todos os anos se realize uma festa em homenagem à Santa

Relíquia. Em 1200, o conde Rechber, doou aos padres de Santo Agostinho um

cofre retangular de prata, com uma abertura anterior, onde a Hóstia do Milagre

é colocada. Ademais do Prodígio Eucarístico verificaram-se outros episódios

extraordinários como a aparição, em cima da Hóstia, do Menino Jesus todo

vestido de branco com o rosto radiante e a cabeça adornada com una coroa de

ouro; o sangramento do crucifixo da igreja e a aparição de Jesus abençoando a

assembléia.

Benningen, ALEMANHA, 1216

No ano de 1216, o vilarejo de Benningen foi o palco do Milagre Euca-

rístico da Hóstia que sangrou. Poucos anos depois, em 1221, os mora-

dores de Benningen iniciaram a construir uma capela para homenagear

esse Prodígio. A capela é conhecida como “Riedkapelle zum Hochwür-

digen Gut”. De 1674 até 1718 a Riedkapelle foi reestruturada e amplia-

da para acolher os numerosos peregrinos. Cada ano, durante a festa de

Corpus Christi, a paróquia de Benningen sai em procissão em direção a

Riedkapelle para celebrar a memória do Milagre.

Um antigo documento de 1216 conta a história de dois moleiros que es-

tavam brigados fazia muitos anos; um dia, um deles, irritado com a última bri-

ga, depois de ter comungado roubou uma Hóstia consagrada e escondeu-a en-

Page 75: MILAGRES EUCARISTICOS

75

tre as pedras do moinho do vizinho com a intenção de caluniá-lo. Mas, durante

a festa de São Gregório, a Hóstia começou a sangrar abundantemente; todo o

vilarejo e o Bispo tomaram conhecimento do evento. O moleiro sacrílego ar-

rependeu-se e confessou o sacrilégio.

A capela construída em memória do Prodígio possui pinturas de Johann

Friederich Sichelbein que ilustram toda a história do Milagre como, por e-

xemplo, o quadro acima do altar mostra o Bispo Federico de Augsburg colo-

cando a Hóstia num recipiente precioso na Igreja de São Martinho em Mem-

mingen. Por causa de vicissitudes históricas perdeu-se a pista da preciosa Re-

líquia. Durante muito tempo se pensava que os quadros que adornam a capela

são cópias dos que estão expostos no Museu do mosteiro de Ottobeuren; so-

mente em 1987, quando os quadros da capela foram restaurados, é que se des-

cobriu que eram os originais. O teto em madeira traz afrescos que representam

a Paixão de Cristo e episódios do Antigo Testamento.

Bettbrunn, ALEMANHA, 1125

O Milagre Eucarístico de Bettbrunn, conta a história de um camponês

muito piedoso, que movido por um zelo excessivo, roubou uma Hóstia

consagrada e levou-a à sua fazenda de Viehbrunn. Um dia a Hóstia caiu

na terra e ninguém conseguia recolhê-la. Tentaram de tudo e nada, fi-

nalmente o Bispo de Regensburg conseguiu recolher a Partícula mas só

depois de ter prometido ao Senhor construir uma igreja em sua home-

nagem. A notícia do Prodígio difundiu-se velozmente e atraiu numero-

sos peregrinos.

A construção do vilarejo de Bettbrunn e da atual igreja de São Salvador

se deve a um Milagre Eucarístico ocorrido no ano de 1125. Atualmente, onde

é o povoado e a igreja, antes era somente um sítio chamado Viehbrunn, por-

que aí por perto havia um poço que era usado para dar de beber aos animais. O

proprietário era um homem profundamente devoto ao Santíssimo Sacramento,

mas como ele morava a uma hora e meia de distância da paróquia de Tholling

nem sempre conseguia ir à missa. Para solucionar essa situação decidiu então

roubar uma Hóstia consagrada e levá-la para casa. O camponês pegou o bastão

que tinha sempre consigo, fez um furo na ponta superior e aí colocou a Hóstia.

Cada dia na hora do descanso dos animais, o camponês afundava o bastão no

terreno e se ajoelhava diante do Santíssimo durante horas.

Page 76: MILAGRES EUCARISTICOS

76

Essa situação durou meses, mas um dia, o camponês, sem querer, lan-

çou impulsivamente o bastão que continha a Hóstia para deter um animal que

estava afastando-se. A Hóstia, então caiu no chão e o pastor, profundamente

dolorido, inclinou-se para recolhê-la. Todas as tentativas foram inúteis e não

sabendo mais o que fazer, foi chamar o pároco de Tholling, mas nem ele con-

seguia pegar a Hóstia; decidiram então chamar o Bispo de Regensburg, Hart-

wich, quem imediatamente foi ao local do Prodígio com todo o clero. Somente

quando o Bispo prometeu construir naquele lugar uma capela, é que conseguiu

tirar a Hóstia do chão. No mesmo ano de 1125 o Bispo mandou construir a

capela e a Relíquia foi conservada naquele lugar até 1330, ano em que um in-

cêndio destruiu tudo. A capela foi reconstruída e dentro colocou-se uma das

pilastras que se salvou do incêndio.

Erding, ALEMANHA, 1417

Na Quinta-feira Santa do ano de 1417, um camponês roubou uma Hós-

tia consagrada. No meio do caminho ela escapou das suas mãos e ficou

flutuando no ar. Em vão ele tentou recuperá-la. Foi somente graças à in-

tervenção do Bispo que a Partícula foi recuperada. No lugar onde o Mi-

lagre aconteceu edificou-se rapidamente uma capela. Muitas curas e mi-

lagres foram atribuídos à veneração desse Milagre.

Um pobre camponês de Erding, não conseguia de nenhuma maneira

melhorar a sua condição econômica por mais que trabalhasse muitas horas por

dia. O seu vizinho, ao invés, que fazia o mesmo trabalho conseguia viver co-

modamente. Um dia, ele contou ao camponês que o êxito do seu trabalho era

devido a que ele guardava o Santíssimo Sacramento dentro da sua casa. O po-

bre camponês, ignorante em matéria de fé, pensou que o Santíssimo Sacra-

mento fosse uma espécie de amuleto e decidiu imitar o seu vizinho. Na quinta-

feira Santa, ele foi à Missa e depois de receber a Comunhão, escondeu a Hós-

tia num lenço e saiu da igreja. No meio do caminho, a sua consciência come-

çou a pesar e assim decidiu voltar atrás e devolver a Partícula. Enquanto ca-

minhava a Hóstia escapou das suas mãos e voou com o vento. O camponês

procurou a Hóstia, mas não conseguiu encontrá-la. Aterrorizado com o acon-

tecimento, correu para advertir o pároco que foi imediatamente ao lugar onde

a Hóstia tinha desaparecido.

Assim que chegou o sacerdote viu que a Partícula estava sobre montinho

de terra e que emanava uma luz muito forte. Aproximou-se para pegá-la, mas

ela voou outra vez e desapareceu. O sacerdote, então, advertiu o Bispo que

Page 77: MILAGRES EUCARISTICOS

77

quis ir pessoalmente o lugar do Milagre. A Hóstia apareceu de novo flutuando

no ar, o Bispo e os cidadãos decidiram, então, construir uma capela em memó-

ria do Milagre Eucarístico. A multidão de peregrinos que vinham a ver o lugar

do Milagre começou a ser tão grande que em 1675 as autoridades locais deci-

diram construir um Santuário mais amplo de estilo barroco. O Bispo Kaspar

Künner di Freising, no dia 19 de Setembro de 1677, abençoou a nova igreja

que foi dedicada ao Preciosíssimo Sangue. O Santuário guarda diversas Relí-

quias entre elas, o Preciosíssimo Sangue de Cristo e desde 1992 está sob a

custódia da Ordem dos Monges de São Paulo do deserto.

Kranenburg bei Kleve, ALEMANHA, 1280

Em 1284 na cidadezinha de Kranenburg bei Kleve, ocorreu um Milagre

conhecido como “o crucifixo milagroso”. Um pastor que não conseguia

engolir a Hóstia consagrada por causa de uma doença, cuspiu-a perto de

uma árvore. Quando a árvore foi cortada pela metade de dentro dela sa-

iu um crucifixo perfeitamente talhado. Uma igreja foi construída nesse

lugar e ainda hoje recebe numerosos peregrinos. Papas e Bispos sempre

incentivaram o culto ao Crucifixo Milagroso concedendo privilégios e

indulgências; a última concedida foi no ano 2000.

Muitos documentos descrevem o milagre ocorrido em 1280. Um pastor

de Kranenburg depois de ter recebido a Comunhão, não podendo engoli-la,

cuspiu-a perto de uma árvore do seu jardim. Cheio de remorsos, o homem foi

contar ao pároco que imediatamente foi ao lugar do delito para procurar a

Hóstia, mas foi tudo em vão.

Depois de alguns anos o homem decidiu derrubar a árvore que foi pri-

meiro cortada em duas partes. Assim que a cortou, de dentro dela saiu um cru-

cifixo perfeitamente talhado que caiu no chão. A notícia de que um crucifixo

“cresceu de uma Hóstia consagrada”, propagou-se velozmente. Os Bispos de

Colônia e o Conde de Kleve interessaram-se pessoalmente pelo Milagre e

desde então, começaram as numerosas peregrinações. Em 1408 os cidadãos de

Kranenburg começaram a construir uma igreja em memória do Milagre. A

construção terminou em 1444. A igreja é dos exemplos mais significativos do

estilo gótico da zona do baixo Reno.

Weingarten, ALEMANHA, 1094

Page 78: MILAGRES EUCARISTICOS

78

Em Weingarten, perto do mosteiro beneditino, é possível venerar, faz

mais de 900 anos, a Relíquia de uma parte do Preciosíssimo Sangue de

Jesus. De acordo com muitos historiadores, o soldado Longino, levou a

Mantova a Relíquia do Preciosíssimo Sangue de Cristo, que foi dividida

em muitas partes e doada a vários poderosos daquela época (o mais co-

nhecido é Carlos Magno) e a diversos Papas.

A Relíquia do Preciosíssimo Sangue chegou também a Weingarten. De

acordo com um antigo documento, no ano de 1055, o Imperador Henrique III

de Franconia recebeu a doação de uma parte dessa preciosa Relíquia, mas o

Imperador deixou-a em herança ao Conde Baldovino de Fiandra, quem por

sua vez doou-a a sua filha Judite.

Quando Guelfo IV de Baviera pediu a mão de Judite, ela presenteou o

futuro esposo com a Relíquia; mas pouco tempo depois, ele a doou ao mostei-

ro beneditino de Weingarten, que estava sob a direção do abade Wilichon. A

solene cerimônia realizou-se no dia 4 de março de 1094. Desde então, a Aba-

dia beneditina recebe numerosas indulgências concedidas por diversos Papas e

transformou-se num centro religioso de extraordinária importância. Todos os

anos, em Weingarten, se organiza em louvor da Relíquia uma cerimônia co-

nhecida como a “Cavalgada do Sangue”. Trata-se de um desfile no qual parti-

cipam quase 3000 cavalos montados por pessoas adultas das paróquias do po-

voado e do clero das igrejas.

Wilsnack, ALEMANHA, 1383

Durante um terrível incêndio no vilarejo de Wilsnack em 1383, entre os

restos da igreja paroquial foram encontradas três Hóstias completamen-

te intactas, mas que sangravam continuamente. Os peregrinos começa-

ram a chegar em grande quantidade e por isso se construiu uma igreja

para homenagear o Milagre. O culto foi aprovado com duas bulas do

Papa Eugênio IV no ano de 1447.

No mês de agosto do ano de 1383, o vilarejo de Wilsnack foi saqueado,

destruído e incendiado pelo Cavaleiro Heinrich Von Bülow. Entre os restos da

igreja foram encontradas três Hóstias consagradas perfeitamente intactas, mas

que sangravam. Depois que as Hóstias foram achadas, verificaram-se muitos

milagres. Por exemplo, o Cavaleiro Dietrich von Wenckstern, que tinha mui-

tas dúvidas sobre o sangramento das Hóstias, perdeu a visão e somente quan-

do se arrependeu de ter duvidado do Milagre é que a recuperou. A notícia es-

Page 79: MILAGRES EUCARISTICOS

79

palhou-se rapidamente e em 1384 o Bispo já tinha confirmado o Milagre das

Hóstias sangrantes de Wilsnack. O Papa Urbano VI deu um dote para a re-

construção da igreja; o Arcebispo de Magdeburg e os Bispos de Bradenburg,

Havelberg e Levus também fizeram as suas doações. Wilsnack se transfor-

mou, até o século XVI, num dos lugares de peregrinação mais importantes de

Europa.

Graças às numerosas ofertas dadas pelos peregrinos que vinham para

adorar as Hóstias milagrosas, foi possível construir a grande Igreja de São Ni-

colau, dedicada ao Milagre. A igreja representa ainda hoje um dos mais im-

portantes testemunhos do estilo gótico em tijolo cozido típico da Alemanha

setentrional. O Ostensório que contém as Relíquias das Hóstias foi destruído

em um incêndio no ano de 1522. Do milagre somente restaram os testemunhos

escritos e as obras de arte que representam o Prodígio.

Morne-Rouge, ILHA MARTINICA, 1902

Na manhã do dia 8 de maio de 1902, o vulcão da montanha Pelée entrou

em erupção. A lava chegou rapidamente na cidade de Saint-Pierre (de

35 mil habitantes) que ficou completamente destruída, ao passo que o

vilarejo de Morne-Rouge localizado aos pés do vulcão, foi misteriosa-

mente poupado. Este evento prodigioso foi acompanhado pela aparição

de Jesus e do seu Sagrado Coração no Sacramento exposto para a Ado-

ração. As testemunhas deste Prodígio foram numerosas.

No dia 8 de maio de 1902, Festa da Ascensão (antiga Festa em honra de

São Miguel), o vulcão da montanha Pelée começou a expelir lava e cinzas. A

população de Morne-Rouge, muito devota do Sagrado Coração de Jesus, foi

imediatamente à igreja paroquial para implorar a Nossa Senhora do Livramen-

to que poupasse o vilarejo daquela catástrofe.

Naquele perigo iminente, as pessoas inimigas se reconciliaram e confes-

saram os seus pecados. O pároco, padre Marty, deu a absolvição geral a todos

os fiéis, distribuiu a Santa Comunhão e expôs o Santíssimo Sacramento. Num

determinado momento uma senhora começou a gritar: “O Sagrado Coração de

Jesus está dentro da Hóstia!”. Um grandíssimo número de pessoas testemu-

nharam a aparição de Jesus na Hóstia que mostrava o seu Sagrado Coração

coroado de espinhos. Outros disseram ter visto sair Sangue do Coração de Je-

sus. A visão durou muitas horas e acabou somente quando o Ostensório foi

colocado de novo no Tabernáculo. No dia 8 de maio o vilarejo de Morne-

Page 80: MILAGRES EUCARISTICOS

80

Rouge foi poupado da fúria devastadora do vulcão e isso consentiu que a po-

pulação se reconciliasse com Deus e recebesse os Santos Sacramentos prepa-

rando-se assim para morrer em graça de Deus. No dia 30 de agosto do mesmo

ano o vulcão destruiu inclusive o vilarejo de Morne- Rouge.

Chirattakonam, INDIA, 5 DE MAIO DE 2001

Este Milagre Eucarístico ocorreu recentemente, no dia 5 de maio de

2001 em Trivandrum. Na Hóstia apareceu o rosto de um homem similar

ao de Cristo coroado de espinhos. Sua Beatitude Cyril Mar Baselice,

Arcebispo dessa Diocese escreveu sobre esse Prodígio: “...Para nós que

temos fé, o que vimos é algo que desde sempre acreditamos ...Se o Nos-

so Senhor está falando conosco através deste sinal, temos certamente

que responder.” A Hóstia está conservada num Ostensório dentro da i-

greja.

O Padre, Frei Johnson Karoor, pároco da igreja na qual ocorreu esse

Milagre Eucarístico conta no seu depoimento: “no dia 28 de abril de 2001, na

igreja da paróquia de St. Mary of Chirattakonam, iniciamos, como todos os

anos, a novena de São Judas Tadeu. Às 8:49 da manhã, expus o Santíssimo

Sacramento e comecei a Adoração pública. Depois de alguns minutos vi que

apareceram três pontinhos na Santa Eucaristia. Deixei então de rezar e come-

cei a olhar o Ostensório. Chamei à atenção dos fiéis para os três pontos e lhes

pedi que continuassem a rezar. Coloquei então o Ostensório dentro do Taber-

náculo. No dia 30 de abril, celebrei a Santa Missa e no dia seguinte parti para

Trivandrum. Na manhã do dia 5 de maio de 2001, que caía num sábado, abri a

igreja para a celebração da missa, me preparei e fui abrir o Tabernáculo para

ver que coisa tinha acontecido à Eucaristia que estava no Ostensório. Imedia-

tamente reparei que nela estava figurado um rosto humano. Fiquei muito per-

turbado e pedi aos fiéis que se ajoelhassem e começassem a rezar. Pensava

que só eu via o rosto e perguntei ao coroinha que coisa ele via no Ostensório.

Ele respondeu: “vejo a figura de um homem.” Notei que os fiéis olhavam fi-

xamente o Ostensório.

Começamos a Adoração e a figura do homem, com o passar do tempo

era cada vez mais nítida. Não tive a coragem de falar nada e comecei a chorar.

Durante a Adoração temos o costume de ler um versículo da Sagrada Escritura

e a citação daquele dia era aquela do capítulo 20 do Evangelho de São João

que narra a aparição de Jesus Ressuscitado a São Tomé na qual o Senhor pede

que o apóstolo veja as suas chagas. Consegui dizer umas poucas palavras na

Page 81: MILAGRES EUCARISTICOS

81

Homilia e tendo que ir a celebrar a Missa na paróquia vizinha de Kokkodu,

mandei chamar um fotógrafo para tirar fotos da Santa Eucaristia com o rosto

humano. Duas horas depois as fotos estavam reveladas e a cada foto o rosto

era sempre mais nítido.”

Milagre Eucarístico de Saint-André, ILHA DA REUNIÃO,

1902

No dia 26 de Janeiro de 1902, na igreja da cidade de Saint-André, na I-

lha da Reunião (colônia francesa), o Abade Henry Lacombe, pároco da-

quela igreja deu um testemunho do Milagre que ele mesmo presenciou.

O religioso falou para milhares de pessoas no Congresso Eucarístico de

Angoulême (1904) e para um grupo de sacerdotes em retiro espiritual

na cidadezinha de Périgueux. O rosto de Jesus apareceu durante horas

na Hóstia e esse fenômeno foi visto e contado por milhares de pessoas.

Vejamos o relato do Abade Lacome: “26 de Janeiro de 1902; dia da fes-

ta da Adoração Perpétua (40 horas). O Santíssimo Sacramento estava exposto

no Tabernáculo e eu comecei a celebrar a Missa. Depois da consagração, mais

precisamente na hora do Pai Nosso, os meus olhos se alçaram em direção da

Hóstia e vi uma auréola brilhante ao redor dos raios do Ostensório. Continuei

celebrando a Missa, mas com uma grande perturbação em minh‟alma que,

contudo, tratei de dominar. Quando chegou o momento da comunhão olhei

novamente o Ostensório e dessa vez vi na Hóstia um rosto humano com os

olhos fechados, os cílios eram longos e grossos e tinha uma coroa de espinhos

na cabeça; mas o que mais me comoveu foi a dor estampada no rosto. Procurei

disfarçar a minha agitação interior e ao final da celebração entrei na sacristia e

chamei imediatamente os rapazes mais velhos do coro e lhes disse que olhas-

sem atentamente o Ostensório.

Os rapazes regressaram dizendo: “Padre, vimos a cabeça de um homem

na Hóstia, é o Bom Deus que se manifesta!” Entendi então que a visão era au-

têntica. Nesse momento, chegou um rapaz de 16 anos, Adam Villiers, que ti-

nha estudado num colégio na França e eu lhe disse: “Vai na igreja e vê se tem

alguma coisa de extraordinário no Tabernáculo”. O jovem estudante foi na

igreja e quando regressou me disse: “Padre, é o bom Deus que aparece na

Hóstia, vejo o seu Divino rosto”. A partir daquele momento as minhas dúvidas

desapareceram e pouco a pouco toda a cidade foi entrando na igreja para ver o

Milagre. Vieram também jornalistas e gente de Saint Dennis. De repente, o

Page 82: MILAGRES EUCARISTICOS

82

rosto na Hóstia pareceu ganhar vida e a coroa de espinhos desapareceu. Usei

todos os meios de precaução possíveis, porque temia que fosse um efeito da

luz, assim que mandei apagar todas as velas e fechar todas as janelas. O fenô-

meno era agora mais claro ainda e na escuridão os traços daquele rosto eram

mais resplandecentes. Alguns visitantes tinham lentes de aumento para ver

melhor, mas não era necessário. Muitas pessoas vieram ver o Milagre, entre

elas uma jovem pintora que retratou fielmente o rosto impresso na Hóstia. Ho-

ras mais tarde a imagem mudou outra vez e apareceu um crucifixo que cobria

a Hóstia completamente. Depois da Bênção Eucarística e da recitação do Tan-

tum Ergo a imagem desapareceu”.

Alatri, ITÁLIA, 1228

A Catedral de São Paulo em Alatri guarda a Relíquia do Milagre Euca-

rístico ocorrido em 1228 quando uma Hóstia se transformou em Carne.

Uma jovem que queria reconquistar o amor do seu namorado procurou

uma feiticeira. A maga mandou que a jovem roubasse uma Hóstia Con-

sagrada para fazer um feitiço de amor. Durante a Missa, a moça conse-

guiu pegar a Hóstia e escondê-la num pedaço de pano. Quando ela che-

gou em casa viu que a Hóstia tinha se transformado em Carne ensan-

güentada. Numerosos documentos falam sobre esse Milagre, entre eles

uma Bula do Papa Gregório IX.

O testemunho mais fidedigno desse Milagre é a Bula Fraternitas tuae

escrita pelo Papa Gregorio IX (13 de março de 1228), na qual o Pontífice res-

ponde às perguntas do Bispo de Alatri, Giovanni V. Eis o texto da Bula Ponti-

fícia: “Gregório, Bispo, servo dos servos de Deus ao venerável irmão e Bispo

de Alatri, saúde e benção Apostólica. Nós recebemos a tua carta, caríssimo

irmão, na qual nos informas sobre uma certa jovem que, influenciada pelo

mau conselho de uma mulher malvada, depois de ter recebido do sacerdote o

Sacratíssimo Corpo de Cristo, reteve-o na boca até achar o momento propício

para escondê-lo num pedaço de pano. Nos informas também que três dias de-

pois, o Corpo do Senhor, que tinha sido recebido em forma de pão, foi encon-

trado em forma de Carne e que até hoje qualquer pessoa pode vê-la com os

seus próprios olhos. Já que as duas mulheres humildemente confessaram tudo,

desejas o nosso parecer sobre qual punição infligir às culpadas. Em primeiro

lugar, devemos agradecer com todas as nossas forças Àquele que, sempre o-

brando de maneira maravilhosa em cada coisa, algumas vezes repete milagres

Page 83: MILAGRES EUCARISTICOS

83

e provoca novos prodígios, para que, fortificando a fé na verdade da Igreja

Católica, sustentando a esperança e despertando a caridade, chame os pecado-

res, converta os pérfidos e confunda a maldade dos hereges.

Portanto, caro irmão, por meio desta carta apostólica, dispomos que tu

dês uma punição mais leve à jovem, que cremos ter agido delinqüentemente

mais por debilidade que por maldade, especialmente porque acreditamos que

está suficientemente arrependida já que confessou o seu pecado. À instigado-

ra, que com a sua perversão, levou a jovem a cometer este sacrilégio, depois

de que tenhas aplicado, a teu critério, as medidas disciplinares oportunas, im-

põe que ela visite e confesse humildemente o seu reato aos Bispos mais pró-

ximos e implore o perdão deles com devota submissão”. O Sumo Pontífice

interpretou o episódio como um sinal contra as heresias sobre a presença real

de Jesus na Eucaristia e perdoou as duas mulheres arrependidas. Por ocasião

do 750º aniversário do Milagre, mandou-se cunhar uma medalha comemorati-

va. A medalha mostra, de um lado, a fachada da Catedral sobreposta ao Reli-

cário da Hóstia Encarnada e do outro o busto do Papa Gregório IX com a Bula

Pontifícia.

Milagre Eucarístico de Santa Clara, ITÁLIA, 1240

A “Legenda de Santa Clara” conta vários milagres realizados pela santa:

multiplicação de pães, aparição de garrafas de óleo que não existiam no

convento, etc. Mas entre os milagres que realizou, o mais famoso é o

milagre ocorrido em 1240. Numa sexta-feira, Santa Clara afugentou al-

guns soldados sarracenos que invadiram o claustro do convento de São

Damião mostrando-lhes a Hóstia Santa.

Este Milagre é narrado na obra “A Legenda de Santa Clara”, de autoria

de Tomás de Celano; o texto conta como Santa Clara de Assis conseguiu ex-

pulsar as tropas sarracenas do Imperador Frederico II de Suécia com o Santís-

simo Sacramento. Assim diz o texto: “Pelotões de soldados e bandos de ar-

queiros sarracenos, sombrios como harpias, estavam acampados naquele lugar

por ordem imperial, com a finalidade de devastar os acampamentos e conquis-

tar a cidade. Um dia, durante um ataque do feroz exército dos sarracenos con-

tra Assis, cidade particular do Senhor, eles irromperam nas adjacências de São

Damião, mais propriamente no claustro das virgens. Os corações das monjas

se contraíram pelo terror e trêmulas de medo, dirigiram os seus prantos à Ma-

dre Superiora (Santa Clara), quem, com o coração intrépido, ordenou que a

Page 84: MILAGRES EUCARISTICOS

84

pusessem, embora estivesse doente, diante da porta, bem na frente dos inimi-

gos, trazendo uma caixinha de prata e marfim, na qual estava guardado com

suma devoção o Corpo do Santo dos santos.

Prostrada em oração, entre lágrimas, falou com o seu Senhor: “Ó Meu

Senhor, queres colocar as tuas servas indefesas nas mãos dos pagãos, as mes-

mas, que por amor a Ti, eu eduquei? Senhor, eu te peço, protege estas tuas

servas, porque eu sozinha não posso salvá-las”. Imediatamente uma voz de

criança, vinda do Tabernáculo, sussurrou aos seus ouvidos: “Eu as custodiarei

sempre!”. “Meu Senhor”, acrescentou, “protege também, se é a tua vontade,

esta cidade, que nos sustenta pelo teu amor”. E Cristo lhe diz: “Terá que sofrer

duras penas, mas a minha proteção a defenderá”. Então a virgem ergueu o ros-

to banhado em lágrimas e consolou as irmãs que estavam aos prantos: “Eu ga-

ranto, minhas filhas, que não sofrereis nenhum mal; somente tendes fé em

Cristo!” Não demorou muito e a audácia dos agressores se transformou em

espanto; e abandonando apressadamente os muros que tinham escalado, foram

derrotados pela força daquela mulher que rezava. Imediatamente Clara adver-

tiu as irmãs que tinham ouvido a voz: “Enquanto eu estiver viva, cuidem-se

bem, queridas filhas, de comentar com qualquer pessoa sobre aquela voz”.

Milagres Eucarísticos de Asti, ITÁLIA, 1535-1718

Nos dois Milagres de Asti, a Hóstia consagrada esguichou sangue. Os

dois acontecimentos são confirmados por numerosos documentos. No

primeiro Milagre, o Bispo de Asti, Dom Scipione Roero, mandou redi-

gir um documento registrado em cartório e o Papa Paulo III, com um

Breve (6/11/1535), concedeu Indulgência Plenária a todos que visitas-

sem a Igreja de São Segundo no aniversário do Milagre.

No dia 25 de julho de 1535, enquanto o pio sacerdote Domenico Occelli

celebrava a Santa Missa das 7 no Altar Maior da Colegiada de São Segundo,

chegado o momento da fração do Pão, das extremidades da Hóstia partida saiu

vivo Sangue. Três gotas caíram dentro do Cálice e uma quarta permaneceu na

extremidade da Hóstia. Inicialmente, o padre Domenico continuou a celebrar a

Santa Missa, mas assim que partiu o pedacinho da Hóstia que deveria ser co-

locada no Cálice viu que saiu mais Sangue. Estupefato, o padre virou-se para

os presentes e convidou-os a que se aproximassem do altar para ver o Prodí-

gio. Quando o sacerdote segurou a Hóstia para consumi-la, o sangue tinha de-

saparecido e voltou ao seu aspecto natural. Estes foram os fatos ocorridos con-

Page 85: MILAGRES EUCARISTICOS

85

forme a tradução do relatório oficial, enviado pelo Bispo de Asti, Dom Scipi-

one Roero à Santa Sé e reproduzido no Breve Apostólico do dia 6 de novem-

bro de 1535 no qual o Papa Paulo III concedeu Indulgência Plenária a todos

que “no dia da comemoração do Milagre visitem a Igreja do Santo e recitem

três Pai-Nossos e três Aves-Marias, pelas intenções do Pontífice”.

De acordo com outro documento reproduzido numa inscrição em már-

more, naquela ocasião, ao ver o Milagre alguns soldados hereges se converte-

ram; naquele tempo Asti estava sob o domínio do Imperador Carlos V e mui-

tas das suas tropas residiam naquela cidade. Esta narração se encontra no livro

da Companhia do Santíssimo Sacramento instituída na Colegiada de São Se-

gundo e nos Arquivos Vaticanos, de lá se extraiu uma cópia em 1884 a mando

do Canônico Longo. Outros testemunhos do Prodígio são: o quadro do Mila-

gre presente na Capela do Crucifixo (sec. XVI) e a inscrição em mármore que

diz “Hic ubi Christus Ex sacro pane Effuso saguino Exteram vi traxit fidem

Astensem roboravit – Aqui, Cristo do Pão Sagrado espalhando Sangue atraiu

os que estão longe da fé e robusteceu a dos presentes”.

O segundo Milagre ocorrido na Capela da Obra Pia Milliavacca é do-

cumentado por numerosos testemunhos recolhidos por um notário e as-

sinado pelo sacerdote que celebrava a missa quando ocorreu o Milagre e

por celebridades eclesiásticas e leigas.

Na manhã do dia 10 de maio de 1718, o sacerdote Francisco Scotto, foi

à “Opera Millivacca” para celebrar a Santa Missa. Eram mais ou menos 8:00

horas. A Igreja do Instituto era dividida em duas partes: a parte anterior era

reservada aos de fora e ali estavam somente o notário Scipione Alessando

Ambrogio, Chanceler do Bispo e tesoureiro do Instituto e um sobrinho do sa-

cerdote que ajudava na missa. Na parte posterior, atrás do altar estavam as es-

tudantes, porque esta parte era reservada a elas. Quando o sacerdote elevou a

Hóstia, o doutor Ambrogio notou que ela estava partida. Assim que o sacerdo-

te elevou o Cálice, o doutor achando que uma hóstia quebrada não era matéria

válida, aproximou-se do sacerdote para adverti-lo e foi trazer outra hóstia da

sacristia. Nesse meio tempo, o celebrante segurou a Hóstia e viu que ela real-

mente estava partida em duas, mas para o seu estupor viu que o perfil longitu-

dinal das duas partes estava avermelhado, o pé do Cálice e a copa também es-

tavam manchados de vermelho e o corporal estava salpicado de Sangue.

Quando Ambrogio voltou com a Hóstia viu que a outra estava sangrando e

imediatamente começou a chorar. Todos os que estavam presentes viram o

Milagre. O notário foi depressa chamar o cônego Argenta, confessor do Insti-

tuto, o teólogo Vaglio e o penitenciário Ferrero e eles foram testemunhas dire-

Page 86: MILAGRES EUCARISTICOS

86

tas do Prodígio. Outros sacerdotes e três médicos da cidade chegaram ao

mesmo tempo que eles. Os doutores Argenta, Volpini e Vercellone declararam

sob juramento que as gotas vermelhas eram sangue de verdade. Uma das pes-

soas que estava entre os presentes ficou em dúvida e pensou que o sangue po-

dia ter escorrido do nariz ou da boca do sacerdote, mas os médicos presentes,

depois de examinar tudo, excluíram tal possibilidade. Depois da intervenção

do vigário episcopal, do secretário da cúria e do vigário da Inquisição, R. Bor-

dino, de comum acordo se procedeu ao relatório do Milagre. Outra prova im-

portante da autenticidade do Milagre foi fornecida por um documento que diz

que Monsenhor Filippo Artico, Bispo de Asti, no ano de 1814 mandou exami-

nar o Cálice e a Hóstia do Milagre por alguns físicos que confirmaram a ori-

gem hematológica das manchas. A “Obra Pia Millavacca” conservou cuidado-

samente os testemunhos do Milagre: o cálice com as manchas de Sangue, a

patena, o corporal e a copa de prata dourada. A Hóstia da celebração, lamen-

tavelmente sofreu o processo de corrupção e foi reduzida a pó.

Bagno di Romagna, ITÁLIA, 1412

Em 1412, o Padre Lázaro da Verona, naquela época Prior da Basílica de

Santa Maria de Bagno di Romagna, enquanto celebrava a Santa Missa

duvidou da Presença Real de Jesus no Santíssimo Sacramento. Mal ti-

nha terminado de pronunciar sobre o vinho as palavras da Consagração,

ele se transformou em sangue vivo e começou a ferver saindo do Cálice

e derramando-se sobre o corporal. O Padre Lázaro, profundamente co-

movido e arrependido, confessou a sua falta de fé aos fiéis presentes e o

grande Milagre que o Senhor tinha feito diante dos seus olhos.

Em Bagno di Romagna, na Basílica de Santa Maria Assunta, se conser-

va a Relíquia do Milagre Eucarístico do “Sacro Linho empapado de sangue”.

O historiador Fortunio descreve o Milagre na sua célebre obra Annales Ca-

maldulenses: “Era o ano de 1412 e a Abadia camaldulense de Santa Maria in

Bagno (naquela época Priorado) era governada pelo padre Lázaro, oriundo de

Veneto. Enquanto ele celebrava o divino Sacrifício, a sua mente foi ocupada,

por obra do demônio, por uma forte dúvida sobre a Presença Real de Jesus no

Santíssimo Sacramento; quando eis que viu que as sagradas espécies do vinho

começaram a ferver e a sair do Cálice e espalhar-se sobre o Corporal em for-

ma de vivo e pulsante sangue, ensopando dessa forma o Corporal. Podemos

imaginar a emoção e a confusão do sacerdote naquele momento diante de um

acontecimento assim grandioso. Chorando, ele se dirigiu aos presentes, con-

Page 87: MILAGRES EUCARISTICOS

87

fessando a sua falta de fé e o Milagre que tinha sido realizado diante dos seus

olhos”.

O padre Lázaro foi transferido a Bolonha para ser capelão do mosteiro

feminino camaldulense de Santa Cristina, e ficou lá até 1416, ano da sua mor-

te. Os Camaldulenses, com muitos problemas, se encarregaram da paróquia de

Bagno até a supressão napoleônica no ano de 1808; desde aquela época a Pa-

róquia-Basílica de Santa Maria Assunta, depois de ser dirigida por um breve

tempo pela diocese de Sansepolcro, no ano de 1975 passou definitivamente a

fazer parte da diocese de Cesena. Em 1912 o Cardeal Giulio Boschi, Arcebis-

po de Ferrara, mandou celebrar o V centenário do Milagre com uma reunião

de estudos Eucarísticos. No ano de 1958, S.Exª. Domenico Bornigia, mandou

analisar as manchas do Corporal do Milagre na Universidade de Florença on-

de se confirmou que eram de natureza hematológica. Na Basílica se encontra

uma xilogravura, colorida e muito particular, do ano de 1400 chamada “Nossa

Senhora do Sangue”. A imagem está situada na terceira capela à direita e é

conhecida com esse nome porque, como refere o P. Benedetto Tenaci, abade

de Bagno e testemunha ocular do Prodígio, no dia 20 de maio de 1498, do

braço direito do ícone saiu sangue. Cada ano, durante a festa de Corpus Chris-

ti, o Corporal sai em procissão pelas ruas da cidade e é exposto todos os do-

mingos de março a novembro, na missa das 11 da manhã.

Bolsena, ITÁLIA, 1264

Um sacerdote de Praga que viajava pela Itália, um dia estava celebrando

a Missa na Basílica de Bolsena, quando no momento da consagração

ocorreu um Prodígio: a Hóstia transformou-se em Carne. Este Milagre

robusteceu a fé do sacerdote que duvidava da presença real de Cristo na

Eucaristia. O Papa Urbano IV e Santo Tomás de Aquino examinaram as

Sacras Espécies e o Pontífice decidiu estender a festa de Corpus Christi

a toda a Igreja “para que este excelso e venerável Sacramento seja para

todos peculiar e insigne memorial do extraordinário amor de Deus por

nós.”

Recentes pesquisas estão de acordo com os testemunhos de antigas fon-

tes históricas que dizem que o Milagre de Bolsena ocorreu no verão de 1264.

Um sacerdote Boemo, Pedro de Praga, esteve na Itália para ter uma audiência

com o Papa Urbano IV, quem naquele verão estava em Orvieto acompanhado

por Santo Tomás de Aquino e vários outros teólogos e cardeais. Depois que o

Page 88: MILAGRES EUCARISTICOS

88

Papa recebeu o sacerdote, ele regressou a Boêmia, mas no meio do caminho se

deteve em Bolsena e celebrou uma Missa na igreja dedicada a Santa Cristina.

No momento da consagração, quando ele pronunciou as palavras que permi-

tem a transubstanciação, ocorreu o Milagre cuja descrição está gravada numa

lápide: “De repente, naquela Hóstia apareceu claramente uma carne verdadeira

banhada em Sangue, exceto a partezinha que estava entre os dedos do sacerdo-

te: o que não ocorreu sem mistério, mas para que fosse mais evidente a todos

que a carne era realmente aquela Hóstia elevada acima do cálice pelas mãos

do celebrante”.

Com esse Milagre, o Senhor reforçou a fé de Pedro de Praga, um sacer-

dote de grandíssima piedade e retidão moral, mas que infelizmente duvidava

da presença de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, isto é sob as aparên-

cias sensíveis do pão e do vinho. A notícia difundiu-se rapidamente e o Papa e

Santo Tomás de Aquino puderam ver imediatamente o Milagre. Depois de um

exame minucioso, Urbano IV aprovou a sua autenticidade e decidiu que o

Santíssimo Corpo do Senhor deveria ser adorado através de uma festa particu-

lar e exclusiva e foi assim que estabeleceu que a festa de Corpus Christi, uma

festa da diocese de Liégi, fosse estendida a toda a Igreja Universal. O Papa

também pediu a Santo Tomás que escrevesse a liturgia que acompanharia a

Bula “Transiturus de hoc mundo ad Patrem” que expõe as razões pelas quais

a Eucaristia, quer dizer, a Presença Real de Cristo é tão importante.

Canosio, ITÁLIA, 1630

Este Milagre Eucarístico teve como protagonista um pároco: o P. Antô-

nio Reinardi. Graças à sua grande piedade eucarística, o sacerdote con-

seguiu salvar o vilarejo de Canosio de uma enchente provocada pelo

transbordamento da torrente Maira abençoando-o com o Santíssimo Sa-

cramento. Muitas pessoas que assistiram o Milagre se converteram e a-

inda hoje a fé nesse Prodígio é muito forte. Todos os anos, os cidadãos

de Canosio celebram a festa na oitava da Solenidade de Corpus Christi

em homenagem ao Milagre.

Canosio é um pequeno povoado do Vale Maira, na diocese de Saluzzo.

No ano de 1630 a fé do povo de Canosio estava muito fraca por causa do cres-

cimento da heresia calvinista. Alguns dias depois da festa de Corpus Christi, a

torrente Maira transbordou por causa de fortes chuvas. A fúria das águas era

tão violenta que arrastou consigo grandes pedras rochosas que rolaram das

montanhas em direção ao vale e ao povoado.

Page 89: MILAGRES EUCARISTICOS

89

O Padre Antônio Reinardi, pároco de Canosio, fez soar os sinos, exor-

tou todos os cidadãos a rezar ao Senhor para que Ele detivesse a enchente e a

fazer uma promessa: se o povoado de Canosio se salvasse da fúria devastadora

das águas, os cidadãos deveriam mandar celebrar, desde agora e para sempre,

todos os anos uma festa na Oitava de Corpus Christi. O Padre Reimardi pegou

o Santíssimo Sacramento, colocou-o no Ostensório e dirigiu-se em procissão

ao lugar da enchente acompanhado por alguns fiéis cantando o “Miserere”.

Depois de dar a benção, a chuva parou imediatamente e o nível das águas vol-

tou à normalidade. Este episódio contribuiu para reanimar a fé dos cidadãos de

Canosio e até os dias de hoje os moradores dessa cidade são fiéis à promessa

feita. Lamentavelmente, muitos dos documentos que descreviam esse Milagre,

conservados até o século XVII nos arquivos paroquiais, foram queimados du-

rante a guerra entre a Espanha e a França. Possuímos somente uma cópia do

relatório escrito pelo pároco, testemunha ocular do evento.

Cava dei Tirreni, ITÁLIA, 1656

A “Festa di Castello”, comemorada com pontualidade desde 1657, re-

corda a epidemia de peste iniciada em Cava dei Tirreni no dia 25 de

maio de 1656, dia da Ascensão. O “mal” terminou depois da pia procis-

são de Corpus Christi, que partia do lugarejo de Santíssima Annunziata

e terminava na parte superior do Monte Castello.

Em Nápoles, maio de 1656, difundiu-se uma terrível epidemia de peste

graças a uma invasão de soldados espanhóis oriundos da Sardenha. A epide-

mia rapidamente se estendeu aos povoados e campos vizinhos chegando até na

pequena cidade de Cava dei Tirreni. Milhares de pessoas morreram tanto na

cidade como no campo. O Padre Paolo Franco foi um dos poucos sacerdotes

que sobreviveu à peste. Inspirado pelo Altíssimo e desafiando todos os peri-

gos, convocou a população e organizou uma procissão, em reparação dos pe-

cados. A procissão ia até ao Monte Castello, situado a poucos quilômetros da

cidade. Quando chegaram no cimo do monte, o Padre Franco abençoou Cava

dei Tirreni com o Santíssimo Sacramento. A peste desapareceu milagrosamen-

te e ainda hoje, todos os anos, no mês de junho, a população de Cava promove

procissões solenes em memória do Milagre.

Page 90: MILAGRES EUCARISTICOS

90

Dronero, ITÁLIA, 1631

Em 1631, uma camponesa imprudente, num dia de ventania, acendeu

palhas secas e provocou um grande incêndio num povoado da cidade de

Dronero. Todas as tentativas para domar o fogo foram inúteis. O Padre

Capuchinho Maurício da Ceva, inflamado pelo amor ao Santíssimo Sa-

cramento, retirou o Ostensório com a Hóstia da Igreja de Santa Brígida

e foi em procissão ao lugar do incêndio. O fogo foi domado e o povo,

comovido, começou a louvar a Deus pelo Milagre.

Num domingo, 3 de agosto de 1631, mais ou menos na hora das Véspe-

ras, a cidadezinha de Dronero, no marquesado de Saluzzo, foi vítima de um

grande incêndio. Uma jovem camponesa, imprudentemente, acendeu uma pa-

lha seca no momento em que começava a soprar um vento forte anunciando

tempestade. Em poucos minutos o fogo alastrou-se violentamente e atingiu as

casas da aldeia de Maira. A população tentou apagar o fogo de todas as manei-

ras possíveis, mas foi tudo em vão, pois ele aumentava cada vez mais. O Padre

Maurício da Ceva, Capuchinho, teve uma inspiração e recorreu ao Poder do

Senhor escondido sob as espécies eucarísticas. Imediatamente ele organizou

uma procissão solene com o Santíssimo Sacramento e seguido pelos cidadãos

dirigiu-se ao lugar do incêndio. Enquanto o Santíssimo Sacramento avançava

na direção da cidade o fogo diminuía paulatinamente. Uma lápide que está na

Igreja de Santa Brígida em Dronero descreve detalhadamente o Milagre e to-

dos os anos, por ocasião da festa de Corpus Christi, os cidadãos de Dronero

comemoram o Prodígio com uma procissão solene do Santíssimo Sacramento.

Mauro La Bruca, ITÁLIA, 1969

O Milagre Eucarístico ocorrido em Sena (1730) é semelhante a este de

São Mauro la Bruca (1969). Uns ladrões entraram numa igreja e se apo-

deraram de alguns objetos sacros, entre eles, a píxide que continha al-

gumas Hóstias consagradas. As Hóstias foram jogadas fora, mas no dia

seguinte um menino encontrou-as na beira de uma estrada. Ainda hoje

as Partículas estão intactas e as autoridades eclesiásticas autorizaram o

seu culto.

Na noite do dia 25 de julho de 1969, alguns ladrões entraram furtiva-

mente na igreja de São Mauro la Bruca com a intenção de roubar objetos vali-

osos. Depois de terem forçado o Tabernáculo, pegaram a píxide com as Hós-

Page 91: MILAGRES EUCARISTICOS

91

tias consagradas dentro. Assim que os ladrões saíram da igreja, jogaram fora

as Hóstias numa pequena vereda. Na manhã seguinte, um menino notou no

ângulo da vereda um monte de Hóstias, recolheu-as e levou-as ao pároco. So-

mente em 1994, depois de 25 anos de profundas análises, Dom Biagio

D‟Agostino, Bispo do Vale da Lucania, reconheceu que a conservação das

Hóstias é milagrosa e autorizou o culto. Exames realizados por cientistas e

químicos revelam que depois de 6 meses o pão ázimo se estraga e depois de

dois anos, no máximo, se reduz a pó.

Ferrara, ITÁLIA, 1171

Este Milagre Eucarístico aconteceu em Ferrara, na Basílica de Santa

Maria de Vado. Num domingo de Páscoa (28 de março de 1171), Padre

Pietro da Verona, Prior da Basílica, estava celebrando a Missa e no

momento em que ele partiu o Pão Consagrado, jorrou um fluxo de San-

gue que tingiu a pequena abóbada que estava acima do altar. A abóbada

tingida de Sangue foi encerrada num pequeno templo construído em

1595 e ainda hoje é possível vê-la na monumental Basílica de Santa

Maria de Vado.

No dia 28 de março de 1171, o P. Pietro da Verona, prior dos Cônegos

Regulares Portuenses, celebrava solenemente a Missa Pascoal, ajudado por

três irmãos (Bono, Leonardo e Aimone). No momento em que ele partiu a

Hóstia consagrada, saiu dela um fluxo de Sangue que se dividiu em grandes

gotas por toda a pequena abóbada da capela. As narrações falam do “sagrado

terror do celebrante e da imensa maravilha do povo apinhado na igrejinha”.

Muitas testemunhas afirmaram ter visto a Hóstia adquirir uma cor sangüínea e

tiveram a impressão de ter visto nEla a figura de um menino. O Bispo de Fer-

rara, Dom Amato e o Arcebispo de Ravena, Dom Geraldo, foram avisados

imediatamente e eles viram com os seus próprios olhos o Sangue do Milagre,

“O Sangue de um vermelho vivíssimo que estava na pequena abóbada do al-

tar”. A Igreja que virou rapidamente meta de romarias, a partir do ano de 1495

foi reestruturada e ampliada por ordem do Duque Ercole I d‟Este.

Os testemunhos históricos e autorizados sobre o Milagre são numero-

sos: o documento mais antigo é de Geraldo Cambrese (1197); quase da mesma

época do Milagre e que foi reencontrado pelo historiador Antônio Samaritani

numa obra intitulada “Gemma Ecclesiastica”. O manuscrito é conservado na

Biblioteca Lamberthiana de Canterbury. Outro documento, do dia 6 de março

de 1404 é a Bula do Cardeal Migliorati, na qual se concede indulgência a “to-

Page 92: MILAGRES EUCARISTICOS

92

dos que visitem a igreja e rendam homenagem ao Sangue Prodigioso”. Mas, o

documento que tem maior autoridade é a Bula do Papa Eugênio IV, do dia 30

de março de 1442. Na Bula, o Pontífice fala do Milagre referindo-se aos tes-

temunhos dos fiéis e a antigas fontes históricas. O aniversário é comemorado

de diversas maneiras: todos os dias 28 de cada mês na Basílica se faz a Adora-

ção Eucarística e todos os anos, para preparar a Festa de Corpus Christi, se

celebram as solenes 40 horas. No ano de 1971 foi celebrado o oitavo centená-

rio do Milagre.

Milagres Eucarísticos de Florença, ITÁLIA, 1230-1595

Em Florença, na Igreja de Santo Ambrósio, se conservam as Relíquias

de dois Milagres Eucarísticos ocorridos em 1230 e em 1595. No Mila-

gre de 1230, um sacerdote depois de ter celebrado a Missa, distraida-

mente, deixou no cálice algumas gotas de vinho consagrado. No dia se-

guinte, quando foi celebrar a missa viu dentro do Cálice gotas de sangue

vivo e coagulado. O sangue foi imediatamente colocado numa ampola

de cristal. O outro Milagre aconteceu na Sexta-Feira Santa de 1595,

quando depois de um grande incêndio na Igreja, algumas Partículas

consagradas ficaram prodigiosamente intactas.

1230 - O primeiro Milagre aconteceu no dia 30 de dezembro de 1230. Um

sacerdote chamado Uguccione, depois da celebração da Santa Missa, não per-

cebeu que algumas gotas de vinho consagrado que ele deixou no cálice tinham

se transformado em Sangue. O historiador Giovanni Villani descreve dessa

maneira o Milagre: “No dia seguinte, quando foi usar novamente o cálice, viu

que dentro dele tinha sangue coagulado e vivo (...) o sacerdote foi imediata-

mente contar tudo às irmãs do mosteiro, às pessoas que estavam por perto, ao

Bispo, a todo o clero e aos cidadãos de Florença, os quais, com grande devo-

ção, se reuniram para ver o Milagre. O Sangue foi tirado do Cálice, posto nu-

ma ampola de cristal e ainda hoje é exposto ao povo com grande reverência”.

O Bispo Ardingo de Pavia, mandou trazer a Relíquia ao Arcebispado, onde

permaneceu por algumas semanas e depois foi restituída às freiras do Mostei-

ro. O Papa Bonifácio IX, em 1399, concedeu aos fiéis que visitassem a igreja

de Santo Ambrósio e que tivessem contribuído para adornar a Relíquia do Mi-

lagre o mesmo tipo de indulgência da Porciúncula. A Relíquia (algumas gotas

de Sangue que medem aproximadamente 1 cm2) atualmente é conservada

Page 93: MILAGRES EUCARISTICOS

93

num valioso Ostensório, dentro de um Tabernáculo construído a mando de

Mino da Fiesole. No ano de 1980 celebrou-se o 750º aniversário do Milagre.

1595 - Na Sexta-feira Santa do ano de 1595 uma vela acesa que estava

sobre o altar da capela lateral, também chamada capela do sepulcro, caiu no

chão e incendiou toda capela. As pessoas conseguiram dominar o fogo e sal-

var o Santíssimo Sacramento e o Cálice com a Hóstia Magna. Mas, no meio

da confusão, seis Hóstias consagradas destinadas aos doentes caíram no tapete

incandescente. Assim que as chamas foram apagadas, as Hóstias foram encon-

tradas junto de um Corporal intactas e unidas entre sí. No ano de 1628 o Arce-

bispo de Florença Marcio Medici, depois de examiná-las, encontrou-as incor-

ruptas e fez com que as pusessem num valioso relicário. Durante as 40 horas,

que se celebram no mês de maio, as duas Relíquias são expostas juntas, todos

os anos, num relicário que também contêm uma Hóstia consagrada para a A-

doração.

Gruaro, ITÁLIA, 1294

Entre os documentos mais fidedignos que descrevem o Milagre Eucarís-

tico ocorrido em Gruaro no ano de 1294 está o do historiador Antônio

Nicoletti (1765). Uma mulher estava lavando uma das toalhas do altar

da Igreja de São Justo num tanque construído à beira da Fossa Versiola.

De repente, o linho da Toalha tingiu-se de sangue. Observando com

mais atenção, a mulher notou que o sangue saía de uma Partícula con-

sagrada que ficou entre as pregas da toalha.

A Relíquia está conservada na Igreja do Santíssimo Corpo de Cristo em

Valvasone, mas o Milagre ocorreu em Gruaro. No ano de 1294, uma jovem

que ajudava na Igreja dirigiu-se ao tanque da Fossa Versiola, para lavar a toa-

lha do altar da Igreja de São Justo de Gruaro. De repente a mulher reparou que

uma Hóstia consagrada tinha ficado entre as pregas da toalha e que dela saía

sangue. Assustada com o que estava acontecendo foi correndo avisar o pároco,

quem por sua vez informou o Bispo de Concordia, Giacomo d‟Ottonello da

Cividale. Uma vez que os fatos foram constatados, o Bispo pediu para ficar

com a toalha do Milagre na sua Catedral em Concordia. Mas o pároco de Gru-

aro e a família dos Condes de Valvasone, que tinha poder de jurisdição sobre

as igrejas de Gruaro e de Valvasone, também queriam ficar com a toalha. Não

foi possível chegar a um acordo e por isso a contenda foi parar na Santa Sé,

que por fim autorizou que os Condes ficassem com a Relíquia em Valvasone,

Page 94: MILAGRES EUCARISTICOS

94

sob a condição de que mandassem construir uma Igreja dedicada ao Santíssi-

mo Corpo de Cristo. A Construção da Igreja terminou no ano de 1483.

O documento mais fidedigno e antigo que descreve o Milagre é um res-

crito do ano de 1454 do Papa Nicolau V. O nome da igreja de Santa Maria e

São João Evangelista foi mudado, por ordem do Papa Nicolau V, para Igreja

do Santíssimo Corpo de Cristo (28 de março de 1454). Atualmente a toalha é

conservada dentro de um cilindro de cristal, sustentado por um precioso relicá-

rio de prata feito pelo ourives Antônio Galligari. A festa da Sacra Toalha, que

conta com a participação dos sacerdotes e da comunidade de Valvasone, se

celebra na V Quinta-feira da Quaresma, ao final da jornada de adoração do

Santíssimo Sacramento. Durante a festa de Corpus Christi, a relíquia sai em

procissão com o Santíssimo Sacramento.

Mogoro, ITÁLIA, 1604

No mês de abril do ano de 1604, em Mogoro ocorreu um Milagre Euca-

rístico descrito pelo historiador Pietro M. Cossu. Durante a Santa Missa,

dois homens em pecado mortal, cuspiram duas Hóstias, que deixaram as

suas marcas no balaústre. Por causa deste Prodigioso acontecimento e

em reparação daquele ato sacrílego, cada ano, no segundo domingo de

Páscoa, em Mogoro se faz uma solene procissão Eucarística.

Em Mogoro, Sardenha, na segunda-feira de Páscoa do ano de 1604, o

padre Salvatore Spiga, pároco da Igreja de São Bernardinho, celebrava a Mis-

sa e depois da consagração começou a distribuir a Comunhão aos fiéis. Num

determinado momento viu que se aproximavam dois homens reconhecidos por

levar uma vida devassa. O pároco deu a eles a Comunhão, mas apenas recebe-

ram as Hóstias, cuspiram-nas no chão, na pedra do balaústre. Os dois homens

se justificaram dizendo que as Hóstias estavam quentes como carvão aceso e

que tinham queimado as suas línguas. Cheios de remorsos por não terem se

confessado antes, escaparam. O padre Salvatore mandou recolher as Hóstias

Sagradas e viu que na pedra ficou impressa a marca delas, em seguida, orde-

nou que lavassem cuidadosamente as pedras esperando que as marcas fossem

apagadas, mas cada tentativa falhava miseravelmente. Muitos historiadores,

entre eles o sacerdote Pietro Cossu e o Padre Casu, narram as investigações

feitas pelo Bispo da época, Dom Antônio Surredo e pelos seus sucessores.

Entre os documentos mais importantes que confirmam o Milagre, temos

o ato público outorgado pelo Notário Pietro Antônio Escano do dia 25 de maio

Page 95: MILAGRES EUCARISTICOS

95

de 1686, com o qual o Reitor de Mogoro estipulou um contrato para a edifica-

ção de um pequeno templo de madeira dourada sobre o vértice do altar maior.

Este pequeno templo deveria ter uma cavidade para acolher a “pedra do Mila-

gre”, que deveria ser conservada fechada dentro de uma caixa e colocada de

tal modo que pudesse ser vista pelos fiéis. A pedra apresenta ainda hoje as

marcas das duas Hóstias.

Morrovalle, ITALIA, 1560

No ano de 1560, um grande incêndio destruiu toda a Igreja dos francis-

canos, menos a Hóstia Magna que estava dentro de uma Píxide (que se

queimou também, exceto a tampa). No ano de 1960 se celebrou sole-

nemente o 4º centenário do Milagre Eucarístico de Morrovalle e o Con-

selho Municipal, unanimemente, decidiu colocar sobre a fachada da

porta principal da cidade uma placa com a seguinte inscrição: «Civitas

Eucaristica».

Na noite entre os dias 16 e 17 de abril de 1560, Oitava de Páscoa, mais

ou menos às duas horas da madrugada, em Morrovalle, o irmão leigo Angelo

Blasi acordou assustado com um barulho de um violento estouro. Olhando

pela janela da sua cela, viu que a igreja estava em chamas e foi correndo avi-

sar os outros frades. O incêndio foi domado depois de 7 horas e somente no

dia seguinte começaram os trabalhos de evacuação do imenso monte de detri-

tos. No dia 27 de abril, o padre Battista da Ascoli, quando removeu um pedaço

de mármore do Altar Maior, maravilhou-se ao ver que na cavidade do muro, a

Píxide com o corporal um pouco queimado, conservava intacta e inteira a

Hóstia grande consagrada. O padre Battista, aos prantos gritou ao Milagre pe-

dindo misericórdia; muitas pessoas correram rapidamente ao lugar para admi-

rar o Prodígio. Durante três dias inteiros o Santíssimo Sacramento ficou ex-

posto para a adoração dos fiéis. Quando finalmente chegou o Padre provincial

Evangelista da Morró d‟Alba, a Hóstia milagrosa foi colocada novamente nu-

ma caixa de marfim.

O Bispo de Bertinoro, Monsenhor Ludovico di Forlí, foi imediatamen-

te enviado pelo Papa Pio IV a Morrovalle para indagar sobre a veracidade dos

fatos. Quando o Papa Pio IV recebeu o resumo do Bispo, julgou o evento su-

perior a qualquer causa natural e autorizou o culto com a indiciação da Bula

Sacrosanta Romana Ecclesia (1560). De acordo com as disposições contidas

na Bula Pontifícia, os dias do aniversário do incêndio e da descoberta da San-

tíssima Hóstia (17 e 27 de abril) foram declarados feriados e foram chamados

Page 96: MILAGRES EUCARISTICOS

96

os dias “dos dois perdões”. A Igreja foi ampliada por causa da multidão de

fiéis que acudiam às celebrações. Atualmente as duas datas são festejadas com

a exposição do Santíssimo Sacramento e do Relicário sobre o Altar Maior e

“os Perdões”, isto é, duas indulgências plenárias podem ser alcançados na I-

greja de São Bartolomeu. Até o ano de 1600 a Hóstia Milagrosa se conservou

intacta, mas por causa de vicissitudes históricas, depois desta data não se tem

mais notícias da Hóstia Milagrosa. Hoje, resta somente o Relicário e a tapa da

píxide que resistiram às chamas.

Offida, ITÁLIA, 1273-1280

Em Offida, na Igreja de Santo Agostinho, se conservam as relíquias de

um Milagre ocorrido em 1273. Uma Hóstia se converteu em carne en-

sangüentada. O Milagre é descrito em numerosos documentos, entre e-

les um texto autêntico, escrito à mão pelo notário Giovanni Battista Do-

ria em 1788. Além desse documento existem várias bulas papais, a pri-

meira é de Bonifácio VII (1295) e a última de Sisto V (1585); interven-

ções de Congregações romanas; decretos de Bispos; estatutos munici-

pais; dons votivos; afrescos; epígrafes; inscrições; lápides e testemu-

nhos de historiadores ilustres, entre eles Antinori e Fella.

Em Lanciano, no ano de 1273, uma mulher chamada Ricciarela queren-

do reconquistar o amor do seu esposo Giacomo Stasio, procurou uma bruxa da

cidade quem lhe aconselhou roubar uma Hóstia Consagrada, colocá-la no fogo

e depois que a Hóstia tivesse sido reduzida a pó, a espalhasse na comida do

marido. Mas, no momento em que a Hóstia foi ao fogo converteu-se em carne.

Ricciarella, amedrontada, pegou uma toalha de linho e envolveu a telha que

continha a Hóstia e enterrou-a no estábulo do marido. Começaram, então, a

ocorrer coisas estranhas: a mula de Giacomo todas as vezes que entrava no

estábulo se prostrava na direção do lugar onde a Hóstia estava enterrada, pare-

cia até que queria adorá-la. Giacomo começou a pensar que a esposa tivesse

enfeitiçado a besta. Sete anos depois, Ricciarella, cheia de remorsos, confes-

sou o seu sacrilégio ao frade Giacomo Diotallevi, nativo de Offida, Prior do

convento de Santo Agostinho em Lanciano. “Matei Deus! Matei Deus!", gri-

tava a mulher aos prantos. Depois de escutar toda a história, o frade foi ao es-

tábulo e viu que as Relíquias envolvidas no lenço estavam intactas.

De acordo com uma antiga crônica, para conservar a Sacra Hóstia, os

membros da cidade de Offida, decidiram construir um relicário em forma de

Cruz. Frei Michele Mallicani e um irmão foram a Veneza e quando chegaram

Page 97: MILAGRES EUCARISTICOS

97

na cidade, fizeram que o ourives jurasse que não contaria a ninguém o que iria

ver e colocar na cruz. Quando o ourives segurou a copa com a Hóstia milagro-

sa, de repente sentiu-se febril e exclamou: “Que coisa me trouxestes, meu bom

frade!” O religioso, então perguntou se ele estava em pecado mortal, o ourives

respondeu que sim e se confessou naquele mesmo momento. A febre então

desapareceu e sem problemas segurou a copa, pegou a Hóstia e a guardou jun-

to ao Sagrado Madeiro na cruz, como se vê claramente ainda hoje. Os relicá-

rios da telha e do lenço manchado de sangue com a Cruz que contém a Hóstia

milagrosa estão expostos na Igreja de Santo Agostinho em Offida. A casa de

Ricciarella em Lanciano foi transformada numa pequena capela. Em 1973 se

celebrou o VII centenário do Milagre e todos os anos, no dia 3 de maio, os

cidadãos festejam o aniversário do Prodígio.

Patierno (Nápoles), ITÁLIA, 1772

No dia 29 de agosto de 1774 a Cúria Arquiepiscopal se expressou em

favor da milagrosa recuperação das Hóstias roubadas da Igreja de São

Pedro em Patierno no dia 24 de fevereiro de 1772 e da sua inexplicável

conservação. Em 1971 celebrou-se o Ano Eucarístico diocesano para

ajudar a comunidade a tomar consciência desse Milagre Eucarístico.

Lamentavelmente em 1978, alguns ladrões conseguiram roubar o Reli-

cário com as Partículas Milagrosas.

Em 1772, ladrões desconhecidos roubaram um certo número de Hóstias

consagradas, que foram reencontradas, um mês depois, completamente intac-

tas debaixo de um monte de feno nas terras do Duque de Grottolelle. Foi pos-

sível reencontrá-las graças à aparição de luzes misteriosas e de uma pomba

que sobrevoava o lugar onde estavam cobertas. Santo Afonso Maria de Ligó-

rio descreveu detalhadamente esse Milagre e se serviu dele para despertar a fé

e a devoção dos fiéis à Eucaristia. A circunferência das Partículas roubadas da

Igreja de São Pedro a Patierno correspondia perfeitamente àquela do ferro uti-

lizado na Igreja de São Pedro para a confecção das Hóstias. O Vigário Geral,

Monsenhor Onorati, redigiu os relatórios do processo diocesano que durou 2

anos (1772-1774) e colocou o selo com cera vermelha de Espanha sobre o nó

do laço que amarrava as “garrafinhas de prata encaixadas”. Nas atas se lê:

“Dizemos, decretamos e declaramos que a mencionada aparição das luzes e a

conservação das Sagradas Partículas por tantos dias debaixo do feno, foi e é

um autêntico e respeitável Milagre operado por Deus Absolutamente Bonís-

Page 98: MILAGRES EUCARISTICOS

98

simo, para ilustrar mais e mais a verdade do dogma católico e aumentar muito

mais o culto à real e verdadeira presença de Cristo Senhor no Santíssimo Sa-

cramento da Eucaristia”.

Entre os muitos depoimentos estavam os de três ilustres cientistas da

época entre eles, o célebre Dr. Domenico Cotugno da Universidade Régia de

Nápoles, que se expressou da seguinte maneira sobre esse Milagre: “Certa-

mente, a extraordinária aparição das luzes, variada em tantas formas e a con-

servação das Partículas desenterradas não podem ser explicadas com princí-

pios físicos porque os fatos superam as leis da natureza: então, só podem ser

considerados como milagrosos”. No ano de 1972 o professor Pietro De Fran-

ciscis, professor de fisiologia humana na Universidade de Nápoles, confirmou

o que disse o Dr. Domenico na sua “Palestra sobre a recuperação das Sagradas

Hóstias, realizada no dia 24 de fevereiro de 1772, em São Pedro em Patierno”.

No ano de 1967, o Cardeal Arcebispo Conrado Ursi, escrevia na Bula especi-

al, promulgada por ocasião da elevação da Igreja de São Pedro a Santuário

Diocesano Eucarístico: “O Prodígio de São Pedro em Patierno é um dom e

uma advertência divina para toda a nossa arquidiocese. A sua voz não deve ser

debilitada, mas deve eficazmente empurrar os fiéis de todos os tempos a con-

siderar a mensagem que Jesus deixou em Carfanaum sobre o “Pão da Vida

para a salvação do mundo”.

Rimini, ITÁLIA, 1227

Este Milagre Eucarístico foi realizado por Santo Antônio depois de que

um tal Bonovillo o desafiou a demonstrar a verdade sobre a presença

real de Jesus na Eucaristia. A biografia mais antiga de Santo Antônio, A

Assídua, traz as palavras exatas que Bonovillo disse ao santo: “Padre!

Eu te digo diante de todos: acreditarei na Eucaristia se a minha mula,

que farei jejuar durante três dias, coma a Hóstia que tu oferecerás e não

o feno que eu darei”. A mula, ainda que estivesse esfomeada por causa

do jejum, inclinou-se diante da Hóstia consagrada e rejeitou o feno.

Em Rimini é possível visitar a igreja edificada em memória do Milagre

Eucarístico realizado por Santo Antônio de Pádua no ano de 1227. Esse episó-

dio também é citado na Benignitas, uma das obras mais antigas sobre a vida

de Antônio: “Este santo homem discutia com um herege que era contra o Sa-

cramento da Eucaristia. Ele já estava quase conduzindo-o à fé católica quando

o herege, depois de escutar inumeráveis argumentos, declarou: se tu, Antônio,

Page 99: MILAGRES EUCARISTICOS

99

consegues com um milagre convencer-me que na Comunhão está realmente o

Corpo de Cristo, então, depois de abjurar totalmente da heresia, me converto

imediatamente à fé católica. Proponho um desafio: eu vou amarrar uma das

minhas bestas e fazê-la passar fome. Depois de três dias, eu a soltarei e colo-

carei comida diante dela. Tu ficarás na sua frente, com isso que tu pensas que

é o Corpo de Cristo. Se a besta, deixando de lado os víveres, adora o teu Deus,

eu compartilharei a fé da tua Igreja”. Santo Antônio, iluminado pelos Céus,

aceitou o desafio. O encontro foi marcado na Praça Grande (atual praça “Tre

Martiri”) e atraiu uma multidão de curiosos. No dia fixado e na hora marcada,

os protagonistas desse estranho desafio apareceram na praça seguidos pelos

seus simpatizantes.

Santo Antônio, seguido por fiéis católicos, apresentou-se com a Hóstia

Consagrada dentro de um Ostensório e Bonovillo (assim se chamava o herege

cátaro) seguido pelos seus aliados na incredulidade, com a sua mula esfomea-

da. O Santo milagroso, depois de ter pedido e obtido silêncio, virou-se para a

mula e disse: “Em virtude e em nome do teu Criador que, por mais que eu seja

indigno, tenho nas minhas mãos, te ordeno: avança rapidamente com o devido

respeito e rende homenagem ao Senhor; para que os malvados e os hereges

compreendam que todas as criaturas devem humilhar-se diante do Criador que

está nas mãos dos sacerdotes sobre o altar”. O animal, rejeitando o alimento,

aproximou-se imediatamente e com docilidade do religioso e diante da Hóstia

dobrou reverentemente as patas dianteiras. Santo Antônio não tinha se enga-

nado sobre a sinceridade do seu adversário, ele se jogou aos seus pés e abdi-

cou publicamente dos seus erros, convertendo-se daquele dia em diante num

dos mais zelosos cooperadores do Santo taumaturgo.

Milagres Eucarísticos de Roma, ITÁLIA,

SÉCULOS VI-VII

Este milagre, cuja Relíquia está guardada até os dias de hoje em Ande-

chs, Alemanha é confirmado por numerosos documentos. Aconteceu em

Roma no ano de 595 durante uma Celebração Eucarística presidida pelo

Papa São Gregório Magno. Uma nobre dama romana, assaltada pela

dúvida sobre a presença real do Senhor no pão consagrado, deu uma

gargalhada no momento em que ia receber a Comunhão. O Pontífice,

perturbado, não permitiu que ela comungasse e nesse mesmo instante as

espécies se transformaram em Carne e Sangue.

Page 100: MILAGRES EUCARISTICOS

100

Entre as obras mais importantes que mencionam este milagre que acon-

teceu em Roma no ano de 595, está a Vita beati Gregorii Papae (787) de auto-

ria do Diácono Paulo.

Era costume naquele tempo que o pão utilizado para a Celebração Eu-

carística fosse preparado pelos próprios fiéis. O Papa São Gregório Magno foi

testemunha direta deste Milagre. Quando o Papa celebrava a missa dominical

na antiga igreja dedicada a São Pedro, no momento de dar a Comunhão, viu

que uma das senhoras que havia preparado o pão estava na fila dando garga-

lhadas. O Pontífice, perplexo, repreendeu-a duramente e perguntou porque ela

se comportava daquele jeito. Ela se justificou dizendo que não conseguia a-

creditar que naquele pão que ela mesma tinha preparado estivesse o Corpo de

Cristo. São Gregório, então, não permitiu que a mulher comungasse e implo-

rou a Deus que a iluminasse. Assim que o Papa terminou de rezar, o pedaço de

pão que a mulher preparou tinha se transformado em Carne e Sangue. A mu-

lher, arrependida, ajoelhou-se e começou a chorar. Ainda hoje, uma parte da

Relíquia está guardada em Andechs, Alemanha, no Mosteiro Beneditino local.

Roma, 1610

Ainda hoje é possível ver a marca milagrosa deixada pela Hóstia que

caiu nos degraus do altar da Capela Caetani na Igreja de Santa Pudenzi-

ana em Roma. A marca ficou impressa nos degraus depois que a Hóstia

caiu das mãos de um sacerdote que, no momento em que ele celebrava a

missa, duvidou da Presença de Jesus no Sacramento da Eucaristia.

A Igreja de Santa Pudenziana é uma das mais antigas de Roma. Con-

forme a maioria dos historiadores, uma vez o Senador romano Pudente hospe-

dou o Apóstolo Pedro na sua casa, que atualmente é a Igreja de Santa Puden-

ziana, filha desse senador.

Pudenziana e a sua irmã Prassede, nunca foram martirizadas, mas torna-

ram-se célebres porque recolhiam o sangue dos mártires depois da execução

deles. A igreja é enfeitada com muitos mosaicos romanos da era cristã e por

desejo de Prassede e Pudenziana foi construída em 145 d.C., sob o pontificado

do Papa Pio I, no lugar que antes era a casa do Senador. Nos degraus do altar

da Capela Caetani, assim denominada porque foi construída por esta família,

ainda hoje é possível ver a mancha de sangue deixada por uma Hóstia que caiu

das mãos do sacerdote que celebrava a missa. Ele, de repente, duvidou de que

Jesus estivesse realmente presente nas espécies consagradas e assim que con-

sagrou a Hóstia, sem querer, deixou-a cair no chão que ficou marcado com a

forma da Partícula e manchado de Sangue.

Page 101: MILAGRES EUCARISTICOS

101

A Estátua do Sagrado Coração que sangrou repetida-mente. Rosano, ITÁLIA, 1948

Na Igreja do Mosteiro de Rosano venera-se a estátua do Sagrado Cora-

ção de Jesus que sangrou e chorou em diversas ocasiões. A estátua, em

tamanho natural, foi doada em 1948 ao mosteiro por uma pessoa devota

para pagar uma promessa feita durante a Segunda Guerra Mundial. O

rosto de Cristo tem uma expressão forte de viril doçura que convida à

oração e ao recolhimento. O Coração sobressai ao centro do peito, rode-

ado por uma coroa de espinhos.

Carta do Bispo Luciano Giovanetti, 4 de abril de 1948 “No anoitecer

do dia 4 de abril de 1948, “Domingo in Albis”, durante a oração das vésperas,

observou-se por primeira vez que escorriam dos olhos da estátua gotas como

se fossem lágrimas. No mês de junho, do mesmo ano, ocorreu outro Prodígio

“impressionante e inesperado”: escorrimento de sangue. Esses fatos acontece-

ram repetidamente entre os anos de 1948 e 1950 e são comprovados por nu-

merosas testemunhas oculares: as próprias monjas, em particular, a Madre

Abadessa M. Ildegarde Cabitza, de venerada memória. No arquivo do mostei-

ro se conservam muitas declarações sob juramento de sacerdotes, pregadores e

visitantes ocasionais, junto das análises clínicas do sangue que empapou ma-

nustérgios e sanguíneos. Entre todas as declarações temos o valioso depoi-

mento de Mons. Angelo Scapecchi, que posteriormente foi nomeado Bispo

Auxiliar da Diocese de Arezzo. Os arquivos nos dão a conhecer as indagações

do Visitador P. Luis Romoli O.P. enviado pelo Santo Ofício, quem interrogou

pessoalmente todas as monjas impondo à comunidade o mais absoluto silên-

cio. Depois, no dia 14 de novembro de 1950, o próprio Santo Ofício ordenou a

remoção da estátua para custodiá-la num lugar secreto. A estátua regressou a

Rosano no ano de 1952. As irmãs do Mosteiro viveram aquele acontecimento

com íntima alegria e grande emoção, mas com extrema discrição, como con-

firma a crônica, a comunidade não saiu da sua quotidianidade, mas a vida mo-

nástica ficou mais intensa conforme o lema beneditino “Ora et Labora”. O fato

que a estátua lacrimejasse e derramasse sangue é inexplicável desde o ponto

de vista natural e humano. O meu venerado predecessor Mons. Giovanni Gi-

orgis concebeu os acontecimentos de Rosano como um apelo do Senhor "à

fidelidade, à reparação e à oração”. (...) Caríssimos irmãos e irmãs recordemos

com emoção tudo o que aconteceu há cinqüenta anos atrás na nossa Diocese,

vejamos neles um sinal da benevolência e do amor do Senhor, e um convite a

uma séria e profunda reflexão. Renovemos com alegria a nossa ardente devo-

Page 102: MILAGRES EUCARISTICOS

102

ção ao Sagrado Coração de Jesus e acolhendo esta mensagem peçamos o dom

de uma conversão cada vez mais profunda ao seu amor, a graça de crescer no

ardor apostólico e também o dom de numerosas e santas vocações sacerdotais

e religiosas, para fazer que Cristo seja o coração do mundo. Olhando o Cora-

ção de Jesus, alcançaremos com alegria as fontes da Salvação”.

Milagre Eucarístico de São Pedro Damião, ITÁLIA, SÉCULO XI

Uma feiticeira que queria fazer um malefício, pediu a uma mulher cristã

que lhe trouxesse uma Hóstia Consagrada. A mulher foi à missa e

quando recebeu a Hóstia escondeu-a num lencinho. O sacerdote viu o

que ela fez e foi atrás dela, quando a alcançou mandou que ela mostras-

se o lenço. A mulher abriu o lencinho e, maravilhados, viram que a

Hóstia roubada tinha se transformado em Carne e a outra metade con-

servava ainda o aspecto de Pão.

São Pedro Damião, Doutor da Igreja, foi ordenado sacerdote no Êremo

de Fonte Avellana. O Milagre Eucarístico que relatamos é narrado num dos

seus escritos (Opuscul. XXXVI; patrol. lat. tom CXLV, col. 573): “Este acon-

tecimento Eucarístico é de grande importância. Aconteceu no ano de 1050.

Uma mulher, cedendo a idéias abomináveis, roubou o Pão Eucarístico para

fazer um malefício. Mas um sacerdote percebeu o que tinha acontecido, encur-

ralou a mulher e recuperou a Hóstia evitando o furto sacrílego. Ele, então, a-

brindo o linho branco que envolvia a Hóstia Santa, viu que a metade da Hóstia

tinha se transformado no Corpo do Senhor e a outra metade permaneceu com

a sua forma natural de Partícula. Deus quer, com um testemunho tão evidente,

vencer a incredulidade e a heresia dos que não querem aceitar a Presença Real

de Cristo no Mistério Eucarístico: numa metade do pão consagrado era visível

o Corpo do Senhor, na outra a sua forma natural para evidenciar assim, a rea-

lidade da transubstanciação sacramental que acontece na consagração”.

Scala, ITÁLIA, 1732

Perto do Mosteiro do Santíssimo Redentor de Scala, em 1732, durante

três meses seguidos, apareceram os sinais da Paixão de Nosso Senhor

Jesus Cristo na Hóstia Consagrada durante a exposição do Santíssimo

Page 103: MILAGRES EUCARISTICOS

103

Sacramento. Tudo isso se verificou diante de numerosos testemunhos

entre eles o grande doutor da Igreja, Santo Afonso Maria de Ligório.

A Venerável Irmã Maria Celeste Crostarosa fundou, junto com Santo

Afonso Maria de Ligório, o Mosteiro do Santíssimo Redentor (Redentoristas).

Todas as quintas-feiras, no Mosteiro do Santíssimo Redentor de Scala, depois

da Missa matutina, se fazia a adoração pública do Santíssimo Sacramento. A

partir do dia 11 de setembro de 1732, por 3 meses consecutivos, durante a ex-

posição do Santíssimo apareceram na Hóstia que estava no ostensório os si-

nais da Paixão de Cristo. Tudo isso foi visto pelas Monjas, pelo Povo e inclu-

sive pelo Bispo de Scala, Dom Santoro e pelo Bispo de Castellamare. A Pro-

digiosa aparição ocorreu também diante do grande doutor da Igreja Santo A-

fonso Maria de Ligório. Monsenhor Santoro escreveu uma carta ao Núncio

Apostólico de Nápoles, Monsenhor Simonetti, na qual descrevia todos os de-

talhes relativos às imagens presentes na Santa Hóstia exposta. Monsenhor Si-

monetti então, transmitiu o conteúdo da carta ao Secretário de Estado daquela

época, o Cardeal Barbieri.

Siena, ITÁLIA, 1730

223 Hóstias (que restaram de um total de 351 consagradas em 1730) es-

tão conservadas intactas na Basílica de São Francisco em Siena faz 276

anos. O Arcebispo Tibério Borghese mandou lacrar, por 10 anos, numa

caixa de lata algumas Hóstias não consagradas a fim de constatar se era

natural que se conservassem intactas. A comissão científica encarregada

do caso, quando abriu a caixa encontrou somente vermes e fragmentos

putrefatos. O fato contradiz todas as leis físicas e biológicas, o cientista

Enrico Medi manifestou-se da seguinte forma: “Esta intervenção direta

de Deus, é o Milagre...Milagre no sentido estrito da palavra, realizado e

mantido milagrosamente pelos séculos, dando testemunho da presença

permanente de Cristo no Sacramento Eucarístico”.

Entre os documentos mais importantes que descrevem o Milagre está

um diário escrito por um tal Macchi no ano de 1730. Nele se narra que no dia

14 de agosto de 1730, alguns ladrões conseguiram entrar na Igreja de São

Francisco em Siena e roubar a píxide que continha 351 Partículas consagradas.

Depois de três dias, no dia 17 de agosto, na caixinha da esmola do Santuário

de Santa Maria em Provengano, no meio do pó, encontraram as 351 Hóstias

intactas. Todo o povo correu para festejar a recuperação das santas Hóstias

Page 104: MILAGRES EUCARISTICOS

104

que foram imediatamente levadas, numa solene procissão, à Igreja de São

Francisco. Com o passar dos anos as Partículas não apresentaram nenhum si-

nal de alteração. Mais de uma vez, homens ilustres as examinaram com todos

os recursos científicos e as conclusões foram sempre as mesmas: “As Sagra-

das Partículas estão ainda frescas, intactas, fisicamente incorruptas, quimica-

mente puras e não apresentam sinais de início de corrupção”. No ano de 1914,

o Papa São Pio X autorizou uma análise da qual participaram professores de

bromatologia, higiene, química e farmacologia, entre os quais, estava também

o célebre professor Siro Grimaldi.

A conclusão final do relatório dizia: “As santas partículas de Siena são

um clássico exemplo de perfeita conservação de partículas de pão ázimo con-

sagradas no ano de 1730, e constituem um fenômeno singular, que suscita atu-

almente um grande interesse, que inverte as leis naturais da conservação da

matéria orgânica (...) É estranho, é surpreendente, é anormal: as leis da nature-

za se inverteram, o vidro virou sede de mofo e o pão ázimo ficou mais refratá-

rio que o cristal (...). É um fato único consagrado nos anais das ciências”. Ou-

tras análises foram realizadas no ano de 1922, quando as Partículas foram

transferidas a um cilindro feito de puro cristal extraído das rochas, no ano de

1950 e em 1951. O Papa João Paulo II, quando fez uma visita pastoral a Siena

no dia 14 de setembro de 1980, diante das Hóstias Prodigiosas, se expressou

desta maneira: “É a Presença!”. O Milagre permanente das Santíssimas Partí-

culas é custodiado na capela Piccolomini durante o verão e na capela Marti-

nozzi durante o inverno. Muitas são as iniciativas dos cidadãos de Siena em

honra das Santas Hóstias: a homenagem dos bairros, os presentes das crianças

da Primeira Comunhão, a Solene Procissão na festa de Corpus Christi, o Cen-

tenário Eucarístico no final do mês de setembro, a jornada de Adoração Euca-

rística no dia 17 de cada mês em memória da recuperação das Hóstias no dia

17 de agosto de 1730.

Trani, ITÁLIA, SÉCULO XI

Uma mulher, não cristã, que não acreditava no dogma católico da Pre-

sença Real de Jesus na Eucaristia roubou, com a ajuda de uma amiga

cristã, uma Hóstia consagrada durante a celebração da Santa Missa. A

mulher, querendo provocar Deus, colocou a partícula consagrada dentro

de uma panela de óleo e levou-a ao fogo. De repente a Hóstia esguichou

uma grande quantidade de Sangue que se espalhou pelo chão, saindo

pela porta da casa.

Page 105: MILAGRES EUCARISTICOS

105

Na cidade de Trani, até hoje se guarda na Catedral de Maria Santíssima

Assunta, a preciosa Relíquia deste Milagre Eucarístico do ano 1000. Muitos

documentos relatam esse Prodígio, entre eles alguns monogramas Eucarísticos

reproduzidos nas antigas ruas da cidade. O Frei Bartolomeu Campi, descreve

na sua obra “L’Inamorato di Gesú Cristo” (1625), um resumo detalhado dos

fatos: “A mulher, fingindo ser cristã, foi comungar com as outras...E tendo a

partícula na boca, tirou-a e colocou-a num lencinho. Quando chegou a sua ca-

sa, querendo saber se era pão ou não, colocou a Partícula Bendita dentro de

uma panela para fritá-la. Ao entrar em contato com o óleo quente, a Hóstia se

transformou em carne ensangüentada e espirrava tanto sangue que ele se espa-

lhou por toda aquela maldita e abominável casa. A mulher, assustada, come-

çou a berrar e os vizinhos correram para ver qual era o motivo de tanta gritari-

a...”

O Arcebispo foi imediatamente informado dos fatos ocorridos e ordenou

que os restos da Hóstia fossem levados com reverência à Igreja. O abade cis-

terciense Ferdinando Ughelli (1670) escreveu na sua conhecidíssima obra en-

ciclopédica “Itália Sacra” (Vol VII): “Em Trani é venerada uma Hóstia, que

foi frita por desprezo da nossa fé...na qual, levantado o véu do pão ázimo, apa-

rece a verdadeira Carne e o verdadeiro Sangue de Cristo, que se esparramou

pelo chão”. O Milagre foi confirmado indiretamente com uma afirmação de

São Pio de Pietralcina que uma vez exclamou: “Trani é afortunada, pois o

Sangue de Cristo banhou as suas terras duas vezes”. As palavras do santo se

referiam ao Milagre que estamos narrando e ao milagre do Crucifixo de Co-

lonna, que tinha o nariz desfigurado e do qual saiu um abundante fluxo de

Sangue. No ano de 1706 a casa da mulher foi transformada numa capela gra-

ças a generosa oferta do nobre Ottaviano Campitelli. A Relíquia da Hóstia foi

colocada no ano de 1616 dentro de um antigo relicário de prata doado por Fa-

brizio de Cunio. Esta Santa Relíquia foi analisada em várias ocasiões; a última

análise foi em 1924, por ocasião do Congresso Eucarístico inter-diocesano a

cargo de Monsenhor Giuseppe Maria Leo.

Milagres Eucarísticos de Turim ITÁLIA, 1453

Na Basílica de Corpus Christi em Turim, encontra-se uma grade de fer-

ro que protege o lugar onde ocorreu o primeiro Milagre Eucarístico de

Turim em 1453. No chão, atrás da grade, está escrito como o Milagre

Page 106: MILAGRES EUCARISTICOS

106

ocorreu: “Eis o lugar onde caiu prostrado o jumento que transportava o

Corpo Divino – o lugar onde a Sacra Hóstia saindo de uma bolsa ele-

vou-se sozinha – onde desceu clementemente nas mãos dos cidadãos de

Turim – eis o lugar santificado pelo Milagre – recordando-o e rezando

ajoelhado venera-o com santo temor”. (6 de junho de 1453)

No Alto Val Susa, em Exilles, as tropas de Renato d‟Anjou lutaram

contra as milícias do duque Ludovico de Savóia que saquearam o vilarejo e

entraram na Igreja. Um dos soldados da milícia, forçou a porta do Tabernáculo

e roubou o Ostensório com a Hóstia consagrada; envolvendo o furto numa

bolsa e montando num jumento dirigiu-se à cidade de Turim. Na Praça princi-

pal, perto da Igreja de São Silvestre, hoje Igreja do Espírito Santo, lugar que

futuramente seria erguida a Igreja do Corpus Christi, o jumento empacou e

caiu no chão. Então a bolsa se abriu e o Ostensório com a Hóstia se elevou

sobre as casas vizinhas para a maravilha do povo. Entre os presentes, estava o

padre Bartolomeu Coccolo, quem foi correndo avisar o Bispo Ludovico do

marquesado de Romagnano. O Bispo, acompanhado por um cortejo formado

pelo povo e pelo clero, se dirigiu à praça, prostrou-se em adoração e rezou

com as palavras dos discípulos de Emaús “Permanece conosco, Senhor”. Na-

quele mesmo momento se verificou outro milagre: o Ostensório caiu no chão

deixando livre a Hóstia consagrada que reluzia como o sol. O Bispo elevou o

Cálice que tinha nas mãos e lentamente a Hóstia consagrada começou a descer

e pousou dentro Cálice.

A devoção ao Milagre Eucarístico de 1453 foi imediatamente difundida

por toda a cidade que promoveu a construção de um nicho no lugar onde ocor-

reu o Milagre. Posteriormente, o nicho foi substituído pela Igreja dedicada ao

Corpo de Cristo. Mas a expressão mais significativa foram as festas organiza-

das pela ocasião do cinqüentenário e do centenário do Milagre (1653-1703-

1753-1853- e em parte 1903). Os documentos que relatam o Milagre são mui-

tos: os mais antigos são três Atos Capitulares dos anos de 1454, 1455 e 1456 e

alguns documentos da municipalidade de Turim. No ano de 1853 o Beato Pa-

pa Pio IX celebrou solenemente o IV centenário do Milagre, cerimônia na

qual participaram São João Bosco e Padre Rua. Pio IX para essa ocasião, a-

provou o Ofício e a Missa própria do Milagre para a diocese de Turim. No ano

de 1928 Pio XI elevou a Igreja do Corpus Christi à dignidade de Basílica Me-

nor. A Hóstia do Milagre foi conservada até o século XVI, momento em que a

Santa Sé ordenou consumir a Hóstia “para não forçar Deus a fazer um Milagre

eterno mantendo incorrupta, como estiveram até aquele momento, as mesmas

espécies eucarísticas”.

Page 107: MILAGRES EUCARISTICOS

107

O ferro com o qual foi impressa a milagrosa partícula foi transportado a

Turim da Exilles no ano de 1673 e no ano de 1684 ao Município que até hoje

o guarda no Arquivo Histórico da Cidade. Em 1528, no lugar onde ocorreu o

milagre, foi erguido o nicho de Mateus Sanmicheli adornado com pinturas que

relembravam as fases mais significativas dos acontecimentos, depois o nicho

foi substituído pela atual Igreja do Corpus Christi, cuja construção foi iniciada

por Ascanio Vittozzi no ano de 1604. A edificação da Igreja do Corpus Christi

foi uma decisão do Município no ano de 1598 durante a epidemia da peste e

uma resposta ao pedido da Confraria do Espírito Santo.

Santa Maria do Monte, ITÁLIA, 1640

Durante a invasão das tropas do Conde d‟Harcourt, os soldados entra-

ram na Igreja de Santa Maria do Monte e mataram muitos civis. Os Fra-

des Capuchinhos, porém, foram poupados. Um soldado francês abriu o

Tabernáculo que conservava a píxide com algumas Hóstias consagra-

das; milagrosamente saiu uma linha de fogo do Tabernáculo que quei-

mou o rosto e a roupa do soldado. A portinha do Tabernáculo, decorada

com ágata e lápis lazúli, mostra ainda hoje os vestígios do arrombamen-

to do soldado.

Em 1640, as tropas francesas do Conde d‟Hacourt ultrapassou o rio Pó

conquistando inclusive o reduto do Monte dos Capuchinhos. O Padre Capu-

chinho Pier Maria da Cambiano conta com detalhes um Milagre Eucarístico

ocorrido durante a ocupação das tropas francesas na Igreja de Santa Maria do

Monte:

“O Piemonte foi invadido por exércitos estrangeiros, entre eles o exér-

cito francês, que, depois de libertar Casale Monferrato dos espanhóis, marcha-

ram rumo a Turim. No dia 6 de maio de 1640 chegaram a Chieri, no dia 7 a

Montecalieri e no dia 10 chegaram perto de Turim. Eles contornaram a mar-

gem esquerda do rio Pó e lá nos atacaram, porém, apesar da nossa defesa, to-

maram a ponte. Os nossos soldados se refugiaram no convento dos Capuchi-

nhos do Monte, mas nem ali estavam a salvo. Na manhã do dia 12 de maio os

franceses fizeram duros e enérgicos assaltos às trincheiras e se bem que foram

repelidos duas vezes, na terceira, obrigaram os nossos a depor as armas. Eles,

então se esconderam no povoado e esperavam estar sãos e salvos na Igreja,

mas os invasores entraram no Templo e mataram homens e mulheres, jovens e

velhos, burgueses e soldados, inclusive os que se refugiaram perto do altar

Page 108: MILAGRES EUCARISTICOS

108

sagrado ou nos braços dos frades capuchinhos. Todos pediam piedade e cle-

mência. Os religiosos, porém, não foram agredidos, mas os corações deles es-

tavam despedaçados vendo toda aquela chacina. Depois de derramar tanto

sangue, os soldados roubaram os objetos sagrados e saquearam o convento,

porque como era um lugar seguro, os fugitivos tinham levado para lá alguns

utensílios. Logo depois, dentro da Igreja, (é horrível contar) começaram a co-

meter atos libidinosos. Mas, como se não tivesse sido suficiente, um herege

soldado francês subiu no altar e depois de ter afundado a porta do Tabernáculo

agarrou, cheio de orgulho, a píxide com as Hóstias Santas em sinal de despre-

zo! Mas, Milagre! Uma linha de fogo saiu do Tabernáculo e foi direto no peito

do francês sacrílego e queimou-lhe o rosto e a roupa. O soldado, assustadíssi-

mo, foi à terra, gritando e implorando perdão a Deus. Imediatamente a igreja

foi invadida por uma densa fumaça e para o estupor e terror de todos, o vanda-

lismo terminou”.

Veroli, ITÁLIA, 1570

Na Páscoa do ano de 1570, na Igreja de Santo Erasmo em Veroli, du-

rante a exposição do Santíssimo Sacramento (que naquele tempo era co-

locado num relicário cilíndrico que por sua vez era colocado dentro de

um grande Cálice coberto com a patena), para as Quarenta Horas de a-

doração pública, o Menino Jesus apareceu na Hóstia exposta e dispen-

sou numerosas graças. Atualmente o Cálice onde o Santíssimo Sacra-

mento foi exposto, está guardado na Igreja de Santo Erasmo e uma vez

ao ano, na terça-feira depois da Páscoa, é utilizado para a celebração da

Santa Missa.

Na Páscoa do ano de 1570, perto da Igreja de Santo Erasmo, a Hóstia

consagrada, conforme o rito tradicional, era colocada num Relicário fechado

de prata em forma cilíndrica, que por sua vez era colocado dentro de um gran-

de Cálice, também de prata e coberto com a patena. Em seguida, tudo era en-

volto num pálio de seda. É importante recordar que no século XV, a exposição

ao Santíssimo Sacramento no ostensório não era muito comum, se bem que no

Concílio de Colônia (1452) já se falava sobre isso. Como era de costume, os

membros da Irmandade da Misericórdia, que se vestiam com hábitos negros e

estavam na frente dos das Irmandades de Corpus Christi e de Nossa Senhora,

se ajoelharam para rezar. Foi nesse momento que ocorreu o Milagre.

Page 109: MILAGRES EUCARISTICOS

109

O depoimento de um tal Giacomo Meloni, uma das primeiras testemu-

nhas do Milagre, é muito detalhado: “Quando olhei o Cálice, vi uma estrela

esplêndida e em cima dela estava o Santíssimo Sacramento, era do mesmo ta-

manho da Hóstia que o Sacerdote costuma usar na Missa; a estrela estava uni-

da ao Santíssimo Sacramento(...). A visão maravilhosa completou-se quando,

ao redor da Hóstia consagrada, vi crianças em adoração, semelhantes a peque-

nos anjos...”. Mas, o documento mais digno de fé sobre esse Milagre Eucarís-

tico foi redigido pela Cúria imediatamente depois dos fatos e é conservado nos

arquivos da Igreja de Santo Erasmo. Todos os anos, até os dias de hoje, se re-

corda esse Milagre na terça-feira depois da Páscoa, com uma Solene cerimô-

nia que conta com a participação do Bispo. O Cálice com a patena onde o San-

tíssimo Sacramento foi exposto, sempre esteve guardado entre as relíquias dos

santos, assim como o Relicário de prata. As sagradas espécies da Hóstia Mila-

grosa de Veroli, depois de 12 anos foram consumidas. Em 1970 por ocasião

do IV centenário do Milagre, celebrou-se o terceiro Congresso Eucarístico da

Diocese de Veroli- Frosinone. A Adoração Eucarística se realiza toda a pri-

meira sexta-feira do mês e as outras igrejas fecham nesse dia.

Volterra, ITÁLIA, 1472

No ano de 1472, durante a guerra entre Florença e Volterra, um soldado

florentino, entrou na Catedral de Volterra e conseguiu apoderar-se de

uma valiosa píxide de marfim que continha várias Hóstias consagradas.

Assim que saiu da Igreja, num momento de ódio contra Jesus Sacra-

mentado, atirou a píxide com as Hóstias contra uma parede da Igreja.

Todas as Hóstias, iluminadas por uma luz misteriosa, se alçaram mila-

grosamente no ar e ficaram bastante tempo flutuando. Foram muitas as

testemunhas que viram esse Milagre.

Entre as principais causas que desencadearam a inútil guerra dos “Al-

lumiere”, que terminou com a pilhagem de Volterra em 1472 pelas milícias

do duque de Montefeltro, estava principalmente os contrastes sociais entre as

diversas classes e os interesses pessoais de Lourenço de Médici. Absorvida

pelo Estado florentino, Volterra foi sujeita a um duro tratamento que provocou

a emigração de muitas famílias ricas, a confiscação dos seus bens e a falência.

Neste contexto histórico, em 1472, verificou-se o nosso Milagre Eucarístico.

Entre as testemunhas mais dignas de fé que relatam o Prodígio, temos a

relação escrita pelo frei Biagio Lisci, que foi uma testemunha ocular do Mila-

Page 110: MILAGRES EUCARISTICOS

110

gre. Essa relação está conservada nos arquivos da Igreja de São Francisco e

em algumas atas municipais guardadas na biblioteca municipal de Volterra.

Um soldado florentino entrou na Catedral e aproximando-se rapidamente do

Tabernáculo, roubou uma píxide com Hóstias consagradas dentro e outros ob-

jetos sacros. Apenas saiu da Igreja, num acesso de ódio por Jesus Eucaristia,

arrojou a píxide contra uma parede externa da Igreja e todas as Hóstias, que

pareciam ser sustentadas por uma mão invisível, flutuaram no ar emitindo uma

luz radiante. O soldado caiu por terra, assustado e arrependido começou a cho-

rar. As testemunhas do Prodígio foram muitas.

Alkmaar, HOLANDA, 1429

No ano de 1429 em Alkmaar, na Catedral de São Lourenço, um sacer-

dote chamado Folkert celebrava a sua primeira Missa; depois da consa-

gração, derramou, sem querer, o vinho consagrado sobre o Altar e sobre

a casula. O vinho milagrosamente transformou-se em Sangue e todas as

tentativas de remover as manchas de Sangue da casula foram inúteis. A

preciosa Relíquia da casula manchada de Sangue se conserva ainda hoje

na Catedral de São Lourenço em Alkamaar.

A Catedral de São Lourenço em Alkmaar possui um valioso Relicário

em forma de Anjo que contém a casula manchada com o Sangue do Milagre

Eucarístico ocorrido no dia 1º de maio de 1429.

Um sacerdote chamado Folkert celebrou a sua primeira Missa na Cate-

dral de São Lourenço. Um pároco chamado Volpert Schult também assistia à

celebração. Assim que terminou de pronunciar as palavras da consagração,

Folkert derramou, sem querer, na casula o vinho que estava dentro do Cálice.

O vinho era branco. Imediatamente na casula formou-se uma mancha de San-

gue vivo. Ao final da Missa, em pânico, o sacerdote cortou a parte da casula

manchada de Sangue e a queimou, depois pegou a casula e começou a remen-

dá-la. Assim que terminou o remendo, a casula se manchou outra vez de San-

gue. Os dois sacerdotes sem saber o que fazer foram mostrá-la ao Bispo de

Ultrech. O Bispo, depois de numerosas investigações canônicas, aprovou ofi-

cialmente o culto do Milagre em 1433.

Amsterdam, HOLANDA, 1345

No Milagre Eucarístico de Amsterdam, a Hóstia Consagrada foi preser-

vada das chamas. Ysbrand Dommer estava muito doente e por isso vo-

Page 111: MILAGRES EUCARISTICOS

111

mitou a Comunhão que tinha recebido; a sua empregada então jogou o

vômito na lareira acesa. No dia seguinte, a Hóstia foi encontrada intacta,

flutuando no meio da lareira. Muitas pessoas testemunharam esse Mila-

gre e o Bispo de Ultrech, Jan van Arkel, autorizou imediatamente o seu

culto. Ainda hoje, em Amsterdam, todos os anos se realiza uma procis-

são em memória do Prodígio.

No dia 12 de março de 1345, alguns dias antes da Páscoa, Ysbrand

Dommer, pressentindo que a sua vida chegava ao fim, mandou chamar o páro-

co da igreja de Oude Kerk para receber o Santo Viático. Porém, assim que o

doente recebeu a Comunhão vomitou tudo numa bacia e o vômito foi jogado

na lareira acesa. No dia seguinte Ysbrand estava perfeitamente bem de saúde.

Uma das empregadas que cuidavam dele, aproximou-se da lareira para atiçar o

fogo e viu uma estranha luz com a Hóstia ao centro. A mulher começou a gri-

tar e toda a vizinhança correu para ver o que tinha acontecido. Ysbrand reco-

lheu a Hóstia, envolveu-a num lenço, colocou-a numa caixa e levou-a imedia-

tamente ao pároco. Mas o Milagre continuou: o sacerdote teve que voltar à

casa do doente três vezes para pegar a Hóstia, porque ela sempre regressava à

casa de Ysbrand. Foi decidido então que a casa deveria ser transformada numa

capela. No dia da Páscoa, todas as testemunhas do Milagre e o prefeito do po-

voado de Amstel redigiram um detalhado relatório dos acontecimentos que foi

entregue ao Bispo de Ultrech, Jan van Arkel, quem autorizou o culto do Mila-

gre.

No ano de 1452 a capela foi destruída num incêndio, mas o Ostensório

que guardava a Sagrada Partícula ficou ileso. No ano de 1665 o Conselho da

cidade autorizou o padre Jan van der Mey a transformar em capela uma das

casas do ex-convento das Beguinas. O Ostensório foi transferido para lá, mas

pouco tempo depois foi roubado. Ainda hoje o Santíssimo é permanentemente

exposto para homenagear o Milagre. Os únicos objetos que recordam esse Mi-

lagre Eucarístico são a caixinha que continha a Hóstia, os documentos que re-

latam o Milagre e algumas pinturas conservadas no Museu Histórico de Ams-

terdam. Todos os anos, na noite anterior ao Domingo de Ramos, em memória

do Milagre se realiza uma silenciosa procissão (Stille Omgang).

Bergen, HOLANDA, 1421

A cidade de Bergen é famosa pelos seus canais, mas também pelo Mi-

lagre Eucarístico ocorrido em 1421. Fazia muito tempo que o pároco da

Page 112: MILAGRES EUCARISTICOS

112

igreja de São Pedro e Paulo andava duvidando que na Hóstia consagra-

da estivesse presente verdadeiramente o Corpo e o Sangue de Cristo. O

sacerdote não demonstrava nenhuma devoção ao Santíssimo Sacramen-

to, tanto assim que um dia, depois de ter celebrado a Missa, pegou umas

Hóstias que sobraram e jogou-as no rio. Depois de alguns meses as

Hóstias foram encontradas flutuando nas águas, manchadas de Sangue.

Bergen op Zoom (cidade sobre a Orla), situa-se paralelamente à foz do

rio Schelda e é atravessada por numerosos canais. No ano de 1421, no domin-

go anterior à Festa de Pentecostes, o pároco da igreja de São Pedro e São Pau-

lo, que não acreditava na Transubstanciação, depois de ter celebrado a Missa,

pegou as Hóstias que sobraram e jogou-as num canal. Alguns meses depois,

alguns pescadores encontraram as Hóstias manchadas de Sangue coagulado

flutuando na água.

A notícia da descoberta das Hóstias Prodigiosas propagou-se velozmen-

te e imediatamente começou a afluência de numerosos peregrinos. O Bispo

aprovou o culto, se bem que durante a revolta protestante foi proibido por um

longo período; mas apesar disso, os católicos mantiveram viva, mas em silên-

cio, a memória desse Milagre. No século XX o culto foi restabelecido e são

muitas as iniciativas populares que recordam o Prodígio.

Boxmeer, HOLANDA, 1400

Em Boxmeer, Holanda, no ano de 1400, as espécies do vinho se trans-

formaram em Sangue, derramando-se do Cálice e caindo sobre o corpo-

ral. O sacerdote, aterrorizado com essa visão, pediu perdão a Deus pelas

suas dúvidas e nesse mesmo instante o Sangue parou de sair do Cálice.

O Sangue que caiu no corporal, coagulou-se numa massa e ficou do ta-

manho de uma noz. Ainda hoje é possível ver o Sangue que não sofreu

alterações apesar do tempo que passou.

O Milagre Eucarístico de Boxmeer ocorreu na igreja de São Pedro e

Paulo no ano de 1400.

O sacerdote Arnoulds Groen estava celebrando a Missa e assim que

consagrou as espécies eucarísticas, duvidou da presença real do Senhor no pão

e no vinho consagrados. As espécies do vinho repentinamente começaram a

borbulhar, saíram do Cálice e caíram no Corporal. O vinho se transformou em

Sangue e coagulou-se formando um grande grânulo. Ainda hoje a Relíquia do

Corporal e do Sangue é conservada e todos os anos se comemora o aniversário

Page 113: MILAGRES EUCARISTICOS

113

do Milagre com uma procissão solene. Os documentos que descrevem o Pro-

dígio são numerosos, muitos deles são lápides e pinturas. Os Pontífices Cle-

mente I, Bento XIV, Pio IX e Leão XIII manifestaram uma particular devo-

ção a esse Milagre.

Boxtel Hoogstraten,HOLANDA, 1380

Boxtel é famosa principalmente por causa de um Milagre Eucarístico

que ocorreu por volta do ano de 1380. Um sacerdote chamado Eligio

van der Aker celebrava a Missa diante do Altar dos Reis Magos. Sem

querer, depois da consagração, ele esbarrou no Cálice derramando o vi-

nho branco consagrado. O vinho se transformou em Sangue e manchou

o Corporal e a toalha do Altar. A Relíquia do Corporal manchado de

Sangue é conservada em Boxtel, mas a toalha foi doada à cidadezinha

de Hoogstraten. O documento mais fidedigno que descreve esse Mila-

gre é um decreto do Cardeal Pileus (1380).

Em 1380, o sacerdote Eligio van der Aker celebrou a Missa na igreja de

São Pedro e assim que consagrou o vinho, derramou-o sem querer sobre o

Corporal e sobre a toalha do Altar. Apesar de que ele utilizou vinho branco

para a Missa, ele se transformou em Sangue. No final da celebração o sacerdo-

te entrou na sacristia e tratou de tirar a mancha de Sangue dos linhos sagrados,

mas era tudo em vão. Não sabendo o que fazer, resolveu esconder a toalha e o

Corporal numa mala debaixo da sua cama e somente revelou o seu segredo

quando estava à beira da morte.

O seu confessor, o padre Henrique van Meerhein, a quem o padre Eligio

revelou o segredo, avisou imediatamente o Cardeal Pileus, quem naquele tem-

po era legado apostólico do Papa Urbano VI e titular da igreja de Santa Pras-

sede. O Cardeal investigou profundamente o desenvolvimento dos fatos e no

dia 25 de junho de 1380 autorizou o culto das Relíquias com um decreto. Em

1652, por causa de conflitos religiosos, as Relíquias foram levadas a Hoosg-

traten, fronteira com a Bélgica. Somente em 1924, depois de insistentes pedi-

dos, o Corporal foi restituído à pequena cidade de Boxtel. Todos os anos, os

cidadãos de Boxtel, por ocasião da Festa da Santíssima Trindade, organizam

uma solene procissão para homenagear o Milagre Eucarístico e a Relíquia é

exposta para que os fiéis possam venerá-la.

Page 114: MILAGRES EUCARISTICOS

114

Breda-Niervaart, HOLANDA, 1300

O Milagre Eucarístico de Breda-Niervaart ocorreu no dia 24 de junho

de 1300. Naquele tempo a Holanda estava ocupada pelas tropas do e-

xército espanhol e durante um saque, um soldado roubou uma Hóstia

consagrada. Pouco tempo depois, um camponês chamado Jan Bautoen

achou a Hóstia escondida em perfeito estado, debaixo de um punhado

de terra. Um dos documentos mais fidedignos e completos que descre-

vem os acontecimentos relacionados ao Milagre é uma investigação rea-

lizada pelo Bispo de Link. Infelizmente, desse Milagre só temos notici-

as através de documentos e de pinturas da igreja.

No dia 24 de junho de 1300, o camponês Jan Bautoen estava arando um

terreno situado nas vizinhanças do vilarejo de Niervaart. Levantando um pu-

nhado de terra, encontrou uma Hóstia completamente intacta; imediatamente

levou-a ao Pároco do vilarejo. A Hóstia foi colocada numa preciosa Custódia

e apesar de que passavam os anos, as espécies do Pão se mantinham intactas.

A notícia se espalhou rapidamente e as pessoas começaram a venerar a Hóstia.

Em 1449, a Partícula foi transferida para a igreja Colegiada de Nossa

Senhora de Breda e para custodiá-la foi fabricado um Ostensório que era uma

verdadeira obra de arte. Por causa dos conflitos religiosos perdeu-se a pista da

Hóstia milagrosa, mas a devoção a este Prodígio Eucarístico ainda se mantém

viva. Depois de muitas reviravoltas, uma Confraria de Breda dedicada ao San-

tíssimo Sacramento conseguiu solenemente restabelecer o culto. Ainda hoje,

todos os anos, durante a festa de Corpus Christi, se realizam procissões e ora-

ções públicas para homenagear o Milagre.

Meerssen, HOLANDA, 1222-1465

Na cidadezinha de Meerssen, em 1222 e em 1465 ocorreram dois im-

portantes Milagres Eucarísticos. No primeiro, durante a Santa Missa, a

Hóstia Magna consagrada esguichou Sangue e manchou o Corporal. No

segundo Milagre, em 1465, um camponês conseguiu salvar a Relíquia

do Milagre de um incêndio que destruiu toda a igreja. A igreja foi re-

construída e em 1938, o Papa Pio XI elevou-a a categoria de Basílica

Menor. Numerosos peregrinos vão todos os anos a Meerssen para vene-

rar a Relíquia do Milagre.

Page 115: MILAGRES EUCARISTICOS

115

Graças à ajuda de Gerberga de Saxônia, esposa do rei de França, Luis

IV d‟Outremer, a antiga capela de Meerssen foi ampliada na metade do século

X e transformou-se numa importante igreja. Em 1222, aconteceu nessa mesma

igreja um Milagre Eucarístico que posteriormente foi reconhecido pelas auto-

ridades eclesiásticas. Durante a celebração da Missa dominical, o sacerdote

consagrou as espécies Eucarísticas e a Hóstia Magna começou a esguichar

Sangue e o Corporal ficou todo manchado.

Séculos depois, no ano de 1465 ocorreu um grande incêndio que destru-

iu toda a igreja, mas um camponês conseguiu salvar a Relíquia da “Hóstia que

sangrou” das chamas, completamente ilesa. Este episódio é recordado pelos

moradores como o “Milagre do fogo”. Depois do incêndio, a igreja foi imedia-

tamente reconstruída e em 1938, o Papa Pio XI elevou-a à categoria de Basíli-

ca Menor. Ainda hoje a Basílica é um dos maiores centros de peregrinação de

Holanda e a Relíquia do Prodígio sai em procissão todos os anos na oitava de

Corpus Christi.

Stiphout, HOLANDA, 1342

No Milagre Eucarístico de Stiphout, as Hóstias consagradas foram pre-

servadas de um violento incêndio que destruiu toda a igreja,que posteri-

ormente foi reconstruída. As provas deste episódio extraordinário são os

documentos que o relatam e um quadro que é possível admirar na igreja

onde ele ocorreu. Os cidadãos de Stiphout, todos os anos recordam esse

Milagre pela época da Festa de Corpus Christi.

Em 1342, no povoado de Stiphout, desabou repentinamente um tempo-

ral e um raio atingiu a paróquia que se incendiou. As chamas rapidamente se

alastraram queimando toda a igreja por dentro. O pároco, que era já de idade,

sem saber o que fazer, foi advertir os vizinhos. Um grupo de fiéis liderados

por Jan Baloys, decidiu salvar o Santíssimo Sacramento, mas era impossível

entrar; a única solução era saltar pela janela superior. Jan Baloys, então, se

ofereceu como voluntário.

Quebrando o vidro da janela que estava perto do altar com uma barra de

ferro, Jan entrou e desceu; mas para a sua maravilha viu que as chamas que

tinham devastado toda a igreja se mantinham longe da zona do Tabernáculo.

Jan abriu o Tabernáculo, pegou a píxide com as Hóstias consagradas e retirou-

as sãs e salvas. Imediatamente gritou-se “Milagre!”. A igreja foi reconstruída

e as hóstias se mantiveram intactas até 1557. Infelizmente, também por causa

de conflitos religiosos, perdeu-se a pista das Hóstias.

Page 116: MILAGRES EUCARISTICOS

116

Eten, PERÚ, 1649

O Milagre Eucarístico de Eten ocorreu 356 anos atrás na cidade peruana

de Porto Eten. A imagem do Menino Jesus apareceu na Hóstia com três

corações brancos e resplandecentes unidos entre si. Todos os anos, a

festa em comemoração desse acontecimento começa no dia 12 de julho

com a trasladação da imagem do Menino Milagroso do seu Santuário ao

Templo da Cidade de Eten e termina no dia 24 de julho.

A primeira aparição da imagem do Divino Menino no Santíssimo Sa-

cramento ocorreu na noite do dia 2 de junho de 1649 enquanto se rezava as

vésperas durante a Adoração do Santíssimo, época da Festa de Corpus Christi.

No final da Adoração, o frei franciscano Jerônimo da Silva Manrique estava

colocando o Ostensório no Tabernáculo quando de repente, se deteve. Na

Hóstia havia aparecido o rosto resplandecente de um Menino de cabelos com-

pridos castanhos e cacheados. Todos os fiéis que estavam na igreja tiveram a

mesma visão.

Dias depois, no dia 22 de julho do mesmo ano, durante as festividades

de Santa Maria Madalena, padroeira da cidade, ocorreu uma segunda aparição.

De acordo com o testemunho de Frei Marcos Lopez, superior do convento de

Chiclayo, durante a exposição do Santíssimo Sacramento “o Divino Menino

Jesus, apareceu de novo na Hóstia vestido com uma toga violeta. Debaixo da

toga, ele vestia uma camisa que cobria a metade do corpo, de acordo com os

costumes indígenas.” Com esse sinal o Divino Menino queria identificar-se

com os habitantes mochicas de Eten para demonstrar-lhes o Seu amor. Duran-

te a aparição, que durou mais ou menos 15 minutos, muitas pessoas viram na

Hóstia três pequenas flores brancas unidas entre si. Elas simbolizavam as três

pessoas da Santíssima Trindade: o Padre, o Filho e o Espírito Santo presentes

na Hóstia Consagrada. Ainda hoje, todos os anos, a festa do Menino Milagro-

so de Eten continua atraindo milhares de fiéis.

Cracóvia, POLÔNIA, 1345

No Milagre Eucarístico de Cracóvia temos notícia de Hóstias que foram

preservadas da lama e de estranhos fenômenos luminosos. Uns ladrões

roubaram uma Píxide com Partículas consagradas e as abandonaram

num pântano nas redondezas de Wawel. Na igreja de Corpus Christi em

Page 117: MILAGRES EUCARISTICOS

117

Cracóvia ainda estão visíveis as pinturas que mostram o Milagre e se

conservam os documentos e testemunhos da época.

No ano de 1345, o rei da Polônia Casimiro III, o Grande, mandou cons-

truir uma igreja dedicada ao Corpo de Cristo em memória do Milagre Eucarís-

tico que ocorreu naquele mesmo ano nos campos de Wawel, perto de Cracó-

via.

Alguns ladrões entraram numa igreja pouco distante de Cracóvia e de-

pois que forçaram o Tabernáculo se apoderaram da Píxide que continha algu-

mas Hóstias consagradas. Rapidamente perceberam que a Píxide não era de

ouro e assim se desfizeram dela jogando-a num pântano cheio de lixo e lama.

Imediatamente uma luz fortíssima saiu do meio do lodo e o resplendor conti-

nuou dia e noite durante vários dias. Todo o povoado viu o estranho fenômeno

e foi decidido por unanimidade que o Bispo deveria ser avisado. O Prelado,

não entendendo como num pântano pudesse resplandecer uma luz tão intensa

e visível a quilômetros de distância, decidiu convocar três dias de jejum e ora-

ção. No terceiro dia todo o povoado fez uma procissão encabeçada pelo Bispo

e se dirigiu ao pântano iluminado. Todo o pântano foi revistado e finalmente

um homem achou a Píxide com as Hóstias dentro; elas estavam completamen-

te intactas e emanavam uma luz ofuscante. O povo comovido começou a lou-

var o Senhor e a celebrar o Milagre. Ainda hoje, por ocasião da Festa de Cor-

pus Christi, se comemora o Milagre na Igreja do Corpo de Cristo em Cracó-

via.

Glotowo, POLÔNIA, 1290

Em 1290, por causa da invasão dos Lituanos, um sacerdote do vilarejo

de Glotowo tinha escondido num campo uma píxide de prata dourada,

na qual por distração tinha ficado uma Hóstia Consagrada. As tropas li-

tuanas destruíram completamente o povoado e a igreja; porém, nenhum

dos sobreviventes sabia nada da Hóstia. Depois de muitos anos, numa

primavera, um camponês que arava o campo, encontrou a Hóstia graças

ao comportamento fora do comum dos seus bois: eles se inclinaram pa-

ra adorar a Hóstia que emanava uma luz brilhantíssima.

Os documentos mais antigos que descrevem o Milagre começam a nar-

ração dizendo que alguns bois arrastavam um arado, atrás do qual caminhava

um camponês e o sol se punha lentamente além do horizonte formando uma

grande sombra. O homem olhou para o alto e empurrou os animais que, depois

Page 118: MILAGRES EUCARISTICOS

118

de uma longa jornada de trabalho, subiam a colina com dificuldade. Depois de

tanto trabalho – pensava o camponês – teremos o pão. De repente o arado pa-

rou; os bois frearam tão bruscamente que ao lado do arado se formou um

grande monte de terra. Os animais se detiveram como se tivessem sido petrifi-

cados. Num primeiro momento o camponês, impaciente, começou a castigá-

los, mas parou transtornado, porque notou uma mudança no ambiente. O cam-

po iluminou-se como se fosse meio dia, pois o terreno emitia uma luz intensa

que envolvia os bois ajoelhados. O camponês começou a escavar e viu que a

luz provinha de uma píxide toda suja de terra, mas que continha uma Hóstia

íntegra e branca como a neve.

A notícia do fenômeno se difundiu rapidamente e o povo correu ao lu-

gar. As autoridades locais organizaram uma procissão solene para levar a Par-

tícula à igreja de “Dobre Miasto”. Mas, conforme a uma antiga crônica, a Hós-

tia foi parar, inexplicavelmente, no mesmo lugar onde tinha sido encontrada

pela primeira vez. Isso foi interpretado como um sinal de Deus e no lugar do

Milagre foi construída uma pequena igreja dedicada ao Corpo de Cristo. A

popularidade de Glotowo continuou a crescer com o passar do tempo e no sé-

culo XVIII a velha igreja medieval consagrada pelo Bispo Krzysztof Potocki

no dia 24 de julho de 1726 foi ampliada. Ainda hoje, o Santuário do vilarejo

de Glotowo atrai todos os anos numerosos peregrinos que querem venerar a

Hóstia que se mantém intacta desde 1290.

Poznan, POLÔNIA, 1399

Na cidade de Poznan em 1399, alguns profanadores roubaram três Hós-

tias consagradas e, por desprezo, furaram-nas com um estilete. As Hós-

tias começaram a sangrar e todas as tentativas de destruí-las foram inú-

teis. Os malfeitores então, para que não fossem descobertos, decidiram

jogá-las no pântano. Mas as Partículas flutuaram no ar e começaram a

irradiar fortes fachos de luz. Somente depois de orações fervorosas o

Bispo conseguiu recuperar as Partículas que ainda hoje podem ser vene-

radas na igreja do Corpo de Cristo em Poznan.

Em 1399, na cidade de Poznan um grupo de amigos particularmente

hostis à fé cristã, convenceram uma empregada a tirar da igreja dos dominica-

nos (atualmente dos jesuítas), três Hóstias consagradas. A mulher, estimulada

por uma gorda recompensa, conseguiu roubar as três Hóstias. Assim que os

malfeitores receberam as Hóstias, desceram ao andar subterrâneo de um edifí-

Page 119: MILAGRES EUCARISTICOS

119

cio, colocaram-nas em cima de uma mesa e profanaram-nas furando-as com

um estilete. De repente, as Partículas começaram a esguichar tanto Sangue que

salpicou o rosto de uma moça cega que pertencia ao grupo. A moça recuperou

a vista naquele mesmo instante. Os profanadores em pânico e angustiados ten-

tavam destruir as Hóstias que, contudo, permaneciam íntegras. Como não con-

seguiam livrar-se delas, decidiram levá-las fora da cidade e jogaram-nas num

pântano nas redondezas do rio Warta.

Nesse meio tempo, um jovem pastor que passava perto do pântano, viu

as três Hóstias radiantes flutuando no ar. Controlando as emoções, o rapaz re-

gressou a casa e contou tudo ao pai e às autoridades locais. O juiz não lhe deu

atenção e pensando que era um impostor colocou-o na prisão. O jovem pastor,

porém, conseguiu livrar-se misteriosamente da prisão e apresentou-se outra

vez ao juiz, que finalmente se convenceu e foi ao lugar do Milagre. Enquanto

isso, toda a população estava já reunida ao redor das três Hóstias flutuantes e

luminosas. Somente o Bispo Wojciech Jastrzebiec, depois de ter dirigido fer-

vorosas orações ao Céu, conseguiu recuperar as três Partículas que desceram e

pousaram na píxide que ele tinha nas mãos. O Bispo ordenou imediatamente

que se fizesse uma procissão solene para acompanhar as Hóstias Prodigiosas à

igreja dedicada a Santa Maria Madalena. No lugar do Milagre construiu-se

uma capela de madeira que virou imediatamente meta de peregrinações. Até o

rei Wladyslaw Jagiello tomou conhecimento do Milagre e foi a Poznan para

venerar as Hóstias Prodigiosas. Para testemunhar a sua devoção o rei mandou

construir uma igreja dedicada ao Corpo de Cristo exatamente no lugar onde

ocorreu o Milagre. No século XIX, no lugar do velho edifício onde ocorreu a

profanação das Hóstias construiu-se um Santuário onde ainda hoje se conserva

a mesa com as manchas do Sangue das Hóstias. Todas as quintas-feiras do

ano, na igreja do Corpo de Cristo de Poznan, se faz uma procissão com o San-

tíssimo Sacramento para recordar o Milagre.

Alboraya-Almácera, ESPANHA, 1348

Em 1348, quando um sacerdote ia visitar alguns doentes para levar-lhes

a Comunhão, no momento em que atravessou um pequeno rio, escorre-

gou e caiu na água com a píxide cheia de Hóstias consagradas dentro. O

pobre sacerdote, resignado com o acidente, ouviu que lhe chamavam,

eram uns pescadores que lhe diziam que se aproximasse da margem pa-

ra ver alguns peixes que tinham uns discos na boca que pareciam Hós-

tias. As Partículas foram recuperadas e levadas na igreja com uma pro-

cissão solene na qual participou todo o vilarejo.

Page 120: MILAGRES EUCARISTICOS

120

Em 1348, no povoado de Alboraya-Almácera, ocorreu um Milagre Eu-

carístico que se parece a eventos da vida de São Francisco. É a prova de que

se os homens vivem plenamente em graça de Deus, então todas as criaturas

podem viver em harmonia. Um sacerdote atravessava um pequeno rio monta-

do numa mula e transportava uma píxide com o Viático destinado a alguns

doentes. De repente o sacerdote foi derrubado por uma maré alta, as Hóstias

caíram na água e foram levadas pela corrente em direção à foz do rio. O sa-

cerdote, que se salvou com dificuldade, enquanto se limpava da lama e se se-

cava, se lamentava, cheio de remorsos, pelo que tinha acontecido. Nesse mo-

mento aproximaram-se uns pescadores admirados porque viram três peixes

que tinham na boca três discos brancos no lugar onde as águas do rio se fun-

dem com as do mar. Os pescadores estavam perplexos porque aqueles discos

pareciam Hóstias.

O sacerdote foi imediatamente à igreja para pegar outra píxide e voltar

ao rio; nem parou para averiguar se o que os pescadores contaram era verdade.

A sua alegria foi imensa quando viu que os peixes milagrosos estavam ali,

quase completamente fora d‟água e com as Hóstias intactas na boca, como se

fossem pequenos troféus. Ele ajoelhou-se e rezou como nunca tinha rezado

antes na sua vida e os peixes colocaram as Hóstias no Cálice, uma a uma; de-

pois deram um salto veloz, mergulharam e desapareceram no mar. O sacerdote

só percebeu que estava rodeado por um grupo de homens e mulheres quando

tudo tinha terminado, todos presenciaram a cena. Ainda hoje é possível con-

sultar vários documentos que atestam esse Milagre. Existe também uma igre-

jinha edificada no lugar do Prodígio, na porta foram esculpidos dois peixes e

existem também dois quadros que reproduzem todo o episódio.

Alcalá, ESPANHA, 1597

Em 1597, um ladrão roubou de uma igreja, perto de Alcalá, algumas

Hóstias consagradas e alguns objetos valiosos. Dias depois, o ladrão se

arrependeu amargamente e decidiu confessar-se numa igreja dos jesuí-

tas. O sacerdote que confessou o ladrão pediu as Hóstias, mas por pru-

dência, preferiu guardá-las dentro de uma urna, sem consumi-las. De-

pois de 11 anos as Hóstias estavam ainda intactas e após um minucioso

exame médico e teológico, o fato foi declarado milagroso.

Em 1597, um ladrão arrependido foi confessar- se na igreja dos Jesuítas

de Alcalá. Contou que tinha sido membro de um bando de salteadores mouros,

Page 121: MILAGRES EUCARISTICOS

121

que espalhados pelas montanhas, haviam saqueado muitas igrejas em diversos

povoados e roubado ostensórios e objetos sagrados, cometendo, desse modo,

muitos sacrilégios. O ladrão arrependido levava consigo algumas Hóstias con-

sagradas e aos prantos entregou-as ao confessor, quem muito emocionado, foi

encontrar o seu superior para contar-lhe tudo. Inicialmente, a idéia era que as

Hóstias fossem consumidas durante a Missa, mas depois, temendo que as Hós-

tias estivessem envenenadas, decidiu-se conservá-las num cofre de prata e es-

perar a sua natural decomposição. A razão dessa mudança de planos é que em

Murcia e Segovia alguns sacerdotes tinham sido envenenados com Hóstias.

Onze anos depois, as vinte e quatro Partículas estavam ainda intactas. O asceta

Padre Luis de Palma, na qualidade de Provincial, ordenou que as Hóstias fos-

sem transferidas para um porão e que junto delas fossem colocadas hóstias não

consagradas. Meses depois, as que não estavam consagradas se decompuse-

ram por causa da umidade, as outras, continuaram intactas.

O catedrático e médico pessoal de Sua Majestade, Garcia Carrera reali-

zou novos exames e muitos teólogos intervieram e consideraram que a inte-

gridade das Hóstias era um verdadeiro Milagre. Em 1620 as autoridades ecle-

siásticas autorizaram oficialmente o culto do Milagre. As Santas Hóstias fo-

ram adoradas publicamente inclusive pelo rei Felipe III, quem em 1620 presi-

diu uma solene procissão na qual participou toda a família real. Quando Car-

los III expulsou os Jesuítas da Espanha as Santas Partículas foram levadas à

Catedral. Em 1939, revolucionários comunistas incendiaram a igreja, mas os

sacerdotes pouco antes de serem assassinados esconderam as Hóstias milagro-

sas e até hoje não se sabe onde estão escondidas. A igreja e a cripta foram re-

vistadas muitas vezes, mas sem nenhum resultado e, até hoje, ninguém tem

nenhuma notícia sobre as 24 Hóstias Santas de Alcalá. “Deus faça de novo um

Milagre!”, exclama o erudito biógrafo da cidade, padre Anselmo Raymundo

Tornero, quem transmitiu os dados históricos do Milagre, minuciosamente

descritos na sua obra.

Alcoy, ESPANHA, 1568

O Milagre Eucarístico ocorrido em Alcoy no ano de 1568 nos apresenta

a história da recuperação de algumas Hóstias roubadas. O Prodígio é re-

lembrado todos os anos pelos moradores de Alcoy com uma grande ce-

lebração por ocasião da Festa de Corpus Crhisti. A casa do homem que

cometeu o sacrilégio foi transformada em oratório e atualmente é possí-

vel visitá-la.

Page 122: MILAGRES EUCARISTICOS

122

N dia 20 de janeiro de 1568, um morador de Alcoy, de origem francesa

e muito necessitado economicamente, chamado Juan Prats, entrou sorrateira-

mente na igreja paroquial e roubou muitos objetos sagrados, entre eles um va-

lioso cofrinho de prata que continha Hóstias consagradas. Juan consumiu as

três Partículas e escondeu o cofrinho no seu estábulo debaixo dos cepos. No

dia seguinte, o padre Antônio, pároco da igreja, se deu conta do furto sacrílego

e transtornado, soou imediatamente os sinos para avisar ao povo o que tinha

acontecido; rapidamente os moradores de Alcoy se reuniram em oração diante

da igreja. As buscas começaram naquele mesmo instante, mas foram inúteis.

Havia uma devota viúva, chamada Maria Miralles que morava perto da casa

de Prats e possuía uma estátua do Menino Jesus. Profundamente perturbada

pela profanação, começou a rezar intensamente diante da estátua do Menino

Jesus, pedindo que os moradores de Alcoy encontrassem as Hóstias consagra-

das. Havia passado umas poucas horas desde que Maria tinha começado a sua

fervorosa oração quando ela viu a mãozinha da estátua do Menino mexer-se e

apontar o dedo na direção da casa do seu vizinho Juan Prats.

A mulher, receosa, pensou que deveria advertir imediatamente as auto-

ridades civis sobre o que tinha acontecido. Naquele mesmo instante o pároco

movido por uma força misteriosa foi ao jardim da casa de Prats e entrou no

estábulo. Revisou debaixo de alguns cepos e rapidamente encontrou o cofri-

nho com três Hóstias dentro. Juan Prats não podendo entender como era pos-

sível que as três Hóstias que ele tinha consumido estivessem dentro do cofre

arrependeu-se profundamente e confessou o seu delito. Os documentos rela-

cionados ao Prodígio e à estátua do Menino Jesus estão conservados no mos-

teiro do Santo Sepulcro em Alcoy.

Caravaca de la Cruz, ESPANHA, 1231

O Milagre Eucarístico de Caravaca de la Cruz nos apresenta a história

da celebração de uma Missa milagrosa na qual Jesus apareceu dentro da

Hóstia e um crucifixo que desceu dos céus. Graças a essas aparições, o

rei muçulmano de Murcia e toda a sua família se converteram ao catoli-

cismo.

Entre os documentos que relatam este Milagre o mais fidedigno é um

testemunho da época, fornecido pelo franciscano historiador do rei São Fer-

nando, o padre Gilles di Zamorra. Sabemos com certeza que um sacerdote ca-

tólico, o padre Gines Pérez Chirinos de Cuenca, foi viver entre os mouros do

Page 123: MILAGRES EUCARISTICOS

123

reino de Murcia com a intenção de pregar o Evangelho. Ele, porém, foi captu-

rado e conduzido à presença do rei mouro Zeyt-Abu-Zeit, quem o interrogou

sobre alguns aspectos da religião cristã. Particularmente, o rei queria saber

mais sobre o significado da Missa. O sacerdote explicou detalhadamente a im-

portância da Missa e o rei, fascinado com a pregação do frade, ordenou-lhe

celebrar uma. Mas, como o sacerdote não tinha os materiais necessários para a

celebração, o rei mouro mandou que alguns dos seus homens os trouxessem

de Cuenca, um povoado vizinho e território cristão. Porém, os homens esque-

ceram da Cruz que deve estar sobre o altar durante a celebração e o sacerdote

sem dar-se conta da sua ausência, começou a Missa; mas quando ele percebeu

que faltava a Cruz parou a celebração perturbado.

O rei perguntou qual era a razão daquela perturbação e o sacerdote res-

pondeu que faltava a Cruz; o rei disse imediatamente: “Não será aquela?” Na-

quele momento, dois anjos colocavam uma Cruz sobre o altar e o sacerdote

comovido, deu graças ao Senhor e continuou a celebração com alegria. Mas o

Milagre não acabou! Na hora da consagração o rei viu que no lugar da Hóstia

estava um belíssimo Menino que olhava para ele com doçura. Depois de ter

presenciado esse evento milagroso, o rei e toda a sua família se converteram

ao cristianismo e foram batizados. Zeit-Abu-Zeyt passou a chamar-se Vicente

e a sua mulher Helena. Daquele dia em diante, 3 de maio de 1231, o povoado

passou a chamar-se Caravaca de la Cruz. Recentemente a Santa Sé concedeu o

Ano Jubilar a Caravaca de la Cruz, que significa que ela é a quinta cidade do

mundo, depois de Santiago de Compostela, Santo Toribio de Liébana, Roma e

Jerusalém, que pode celebrar o Jubileu Perpétuo (um Ano Santo cada sete a-

nos in perpetuum) no Santuário onde a “Vera Cruz” é custodiada.

Cimballa, ESPANHA, 1370

Em 1370, o pároco de Cimballa durante a Missa duvidou da presença

real de Jesus na Eucaristia. A Hóstia, então, se transformou em Carne

que começou a sangrar abundantemente e o sangue caiu no corporal. O

episódio reforçou a fé débil do sacerdote que arrependido retirou-se a

um mosteiro dedicando-se a uma vida de penitência e oração. Todos os

anos, no dia 12 de setembro se celebra a memória do Milagre na igreja

paroquial que guarda a Relíquia do corporal manchado de Sangue.

“Santíssimo Mistério da Dúvida”, assim é conhecido em Cimballa o

Milagre Eucarístico ocorrido em 1370 na igreja da “Purificación de Nuestra

Señora.” O pároco da igreja, o padre Tom, fazia muitos meses que andava du-

Page 124: MILAGRES EUCARISTICOS

124

vidando da real presença de Jesus no Sacramento da Eucaristia. Durante a ce-

lebração de uma Santa Missa dominical, depois que pronunciou as palavras da

Consagração, o padre Tomás viu a Hóstia transformar-se em Carne e que dela

o Sangue escorria abundantemente chegando até a manchar o corporal.

O sacerdote arrependido começou a chorar cheio de remorsos e os fiéis

vendo-o tão transtornado se aproximaram imediatamente do altar e assim pu-

deram ver o Milagre. A Relíquia saiu em procissão e a notícia se espalhou por

todos os lados. Muitos Milagres foram atribuídos ao “Santíssimo Mistério da

Dúvida” que desde então foi sempre objeto de grande devoção dos fiéis. A

Relíquia do corporal manchado de Sangue é exposta todos os anos, no dia 12

de setembro por ocasião da festa do Milagre.

Gerona, ESPANHA, 1297

No Milagre Eucarístico de Gerona, durante a celebração da Missa, um

sacerdote duvidou da presença real de Cristo na Eucaristia e quando

chegou a hora dele comungar, não conseguiu engolir a Hóstia porque

ela tinha se transformado em Carne dentro da sua boca. Essa Relíquia,

infelizmente foi destruída em 1936 durante a guerra civil.

O Milagre ocorreu na igreja do antigo mosteiro das beneditinas de São

Daniel, o qual, até o século passado, conservava um valioso Relicário que

continha um pano manchado de Sangue e que o povo chamava de “Sant

Dubt”, a “Santa Dúvida”. Em 1297, enquanto assistiam a Missa na capela, as

monjas repararam que no momento em que o sacerdote deveria consumir a

Hóstia, ele ficou paralisado e perplexo. Uma religiosa assistia o rito desde o

coro que estava em cima do altar e viu o sacerdote tirar algo da boca, envolver

no Corporal e colocar num canto do altar. Ao final da Missa, a monja foi ime-

diatamente ver o que o sacerdote tinha escondido, quando ela abriu o pano

branco, viu, estupefata, um pedaço de Carne que sangrava. O sacerdote foi

interrogado e confessou ter duvidado da presença real de Jesus na Eucaristia.

Assim que ele pôs a Hóstia na boca, ela aumentou de volume e adquiriu uma

consistência tal que era impossível engoli-la, por isso envolveu-a num dos

corporais que estava sobre o altar.

A Partícula convertida em Carne foi posta num Relicário; infelizmente,

perderam-se muitos dos documentos relacionados a esse Milagre e o Relicário

que continha a Hóstia feita Carne e o Corporal manchado de Sangue foram

destruídos durante a guerra civil em 1936.

Page 125: MILAGRES EUCARISTICOS

125

Moncada, ESPANHA, 1392

No Milagre Eucarístico de Moncada, o Menino Jesus aparece na Hóstia

consagrada para dissipar as dúvidas de um sacerdote incerto da validez

da sua Ordenação Sacerdotal. No final do século XIV, os Cardeais fran-

ceses tinham decidido eleger um antipapa na esperança de que ele trans-

ferisse novamente a Santa Sé a Avignon. Este episódio criou um clima

de confusão tão grande no clero, que muitos sacerdotes começaram a

duvidar da validez da ordenação deles. O episódio é reportado nos Ana-

les Eclesiásticos do padre Odorico Raynaldi e em outros numerosos do-

cumentos conservados no arquivo do município de Moncada.

A eleição do Papa Urbano VI (18 de abril de 1378) foi duramente con-

testada pelos Cardeais franceses que queriam um Papa francês na esperança de

que ele transferisse novamente a Santa Sé a Avignon. Depois de muitos pro-

blemas, no dia 20 de setembro de 1378 elegeram o antipapa Clemente VII. Os

cismáticos tentaram imediatamente apoderar-se de Roma, inclusive usando

armas, mas não conseguiram; então se retiraram a Avignon e Clemente VII

continuou a agir como se fosse o legítimo Papa. Nesse período de grande in-

certeza um sacerdote de Moncada, Mosén Jaime Carrós, vivia atormentado,

pensando que a sua ordenação sacerdotal não fosse válida porque ele foi con-

sagrado por um Bispo nomeado por Clemente VII. Cada vez que celebrava a

Missa sentia medo de enganar os fiéis, dando-lhes Hóstias não consagradas e

temia também que nenhum dos sacramentos que administrava fossem válidos.

O sacerdote pedia ao Senhor um sinal que confirmasse o seu sacerdócio. Re-

cebeu a resposta no natal de 1392.

Naquele dia também participaram da Missa uma nobre dama chamada

Ângela Alpicat e a sua filha Inês de cinco anos (futura Santa Inês de Monca-

da). Quando a missa terminou, a criança se recusou a sair da igreja dizendo à

sua mãe que queria ficar brincando com aquele maravilhoso menino que o pá-

roco tinha nos braços durante a consagração. No dia 26, dona Ângela foi no-

vamente à missa e quando o sacerdote elevou a Hóstia, a menina viu nova-

mente o menino nos braços do sacerdote. No final da Missa dona Ângela con-

tou ao padre as visões da sua filha e ele imediatamente interrogou a menina. A

pequena Inês respondia com facilidade todas as perguntas, inclusive as mais

difíceis, porém o sacerdote quis prová-la e convidou-a a regressar no dia se-

guinte para a Missa. O religioso tomou duas Hóstias, mas consagrou somente

uma. Tomou a Hóstia consagrada e perguntou à menina que coisa ele tinha nas

Page 126: MILAGRES EUCARISTICOS

126

mãos, ela respondeu: “o Menino Jesus”. Depois elevou a Hóstia não consa-

grada e fez a mesma pergunta. Inês respondeu: “um disco branco”. O sacerdo-

te não conseguia falar de tanta alegria e toda a assembléia exultou porque foi

demonstrada a validez do sacerdócio do seu pároco. Por mais que o Bispo que

ordenou o pároco de Moncada, tenha sido consagrado por um antipapa, Deus

permaneceu fiel à sucessão apostólica determinada pela imposição das mãos.

Monserrat, ESPANHA, 1657

O Milagre Eucarístico de Monserrat nos leva a refletir sobre a realidade

do Purgatório e nos recorda que cada Missa tem um valor infinito por-

que atualiza o único Sacrifício de Cristo padecido no Calvário. Este

Prodígio Eucarístico é relatado pelo padre beneditino, R.P. Francio de

Paula Crusellas, no seu livro “Nueva historia del Santuário e Monaste-

rio de Nuestra Señora de Monserrat”.

Em 1657, o reverendíssimo padre Bernardo de Ontevieros, o Superior

Geral da Ordem dos Beneditinos em Espanha e o Abade padre Milán de Mi-

rando estavam no mosteiro de Nossa Senhora de Monserrat para participar de

algumas conferências. Durante as atividades, apresentou-se no mosteiro uma

mulher com a sua filha que pedia insistentemente ao Abade Milán que ele ce-

lebrasse três missas pelo seu pai defunto, convencida que com essas três mis-

sas a alma dele seria liberada das penas do Purgatório. O bom Abade, como-

vido com as lágrimas da criança, no dia seguinte celebrou a primeira Missa de

sufrágio e a menina que participava com a sua mãe, durante a celebração disse

que viu o pai ajoelhado nos degraus do altar maior e rodeado por chamas pa-

vorosas. O Superior Geral duvidava da menina e para certificar-se de que a

história dela era verdadeira, disse-lhe que aproximasse um lencinho daquelas

chamas que rodeavam o seu pai. A menina obedeceu e colocou o lenço dentro

daquele fogo misterioso que somente ela conseguia ver e imediatamente todos

os monges viram o lenço consumir-se entre vivas chamas.

Durante a segunda Missa a menina afirmou ter visto o pai em pé perto

do diácono, vestido com um hábito de cores muito vivas. Na terceira e última

Missa o pai mostrou-se à filha vestido com um hábito branco como a neve.

Assim que a Missa terminou a menina exclamou: “Eis que o meu pai está par-

tindo, está subindo aos céus!”. O pai da menina ordenou que ela agradecesse a

comunidade dos monges. Participavam daquela Missa o Reverendíssimo Su-

Page 127: MILAGRES EUCARISTICOS

127

perior Geral da Ordem dos Beneditinos em Espanha, o Bispo de Astorga e

numerosos moradores do povoado.

O Cebreiro, ESPANHA, 1300

No Milagre Eucarístico de O Cebreiro, durante a Missa a Hóstia se con-

verteu em Carne e o vinho em Sangue que transbordou do Cálice man-

chando o Corporal. O Senhor operou este prodígio para robustecer a

pouca fé do sacerdote que não acreditava na Presença Real de Jesus na

Eucaristia. As Sagradas Relíquias do Milagre estão ainda hoje guarda-

das na igreja onde ocorreu o Prodígio e são muitos os peregrinos que

todos os anos vão venerá-la.

Num gélido inverno do ano de 1300, um sacerdote beneditino estava ce-

lebrando a Santa Missa numa capela lateral na igreja do convento de O Ce-

breiro. Ele pensava que naquele dia tão cruel que nevava abundantemente e o

vento era insuportável, ninguém teria coragem de sair de casa para ir à Missa,

mas se equivocava. Um camponês de Barxamaior, chamado Juan Santín, su-

biu ao convento para participar da Missa. O sacerdote celebrante, que não a-

creditava na presença real de Cristo no Santíssimo Sacramento, olhou com

desdém o sacrifício e a boa vontade do camponês e com esse sentimento co-

meçou a celebrar a Missa. Assim que ele pronunciou as palavras da consagra-

ção, a Hóstia se converteu em Carne e o vinho em Sangue que começou a

transbordar do Cálice manchando o Corporal. Parece que até a cabeça da está-

tua de Nossa Senhora abaixou-se em sinal de adoração no momento do Mila-

gre. O povo hoje chama a estátua “Nossa Senhora do Santo Milagre”. O Se-

nhor quis abrir os olhos do sacerdote incrédulo que tinha duvidado e recom-

pensar a grande devoção do camponês.

Durante quase duzentos anos a Hóstia transformada em Carne ficou

guardada em cima da Patena; mas numa peregrinação da Rainha Isabel a San-

tiago de Compostela, ela passou por O Cebreiro e tomou conhecimento do Mi-

lagre e mandou confeccionar um valioso Relicário de cristal, sob medida, para

guardar a Hóstia Milagrosa. Atualmente a Hóstia, o Cálice e a Patena, podem

ser venerados na igreja do Milagre. Todos os anos, no dia da festa de Corpus

Christi, no dia 15 de agosto e no dia 8 de setembro, as Relíquias do Prodígio e

a Estátua de Nossa Senhora saem em Procissão. Entre os documentos que dão

testemunho do Milagre, recordamos a Bula do Papa Inocêncio VIII do ano de

1487 e do Papa Alexandre VI do ano de 1496 e um resume do padre Yepes.

Page 128: MILAGRES EUCARISTICOS

128

Onil, ESPANHA, 1824

O Milagre Eucarístico de Onil nos apresenta a história de um Ostensó-

rio que foi roubado de uma igreja paroquial com a Hóstia consagrada

dentro. Dias depois, uma mulher de Tibi, um povoado vizinho, encon-

trou o Ostensório com a Hóstia abandonado numa plantação. Exatamen-

te 119 anos depois, no dia 28 de novembro de 1943, o padre Guillermo

Hijarrubia, delegado do Arcebispo de Valença, confirmou a autentici-

dade do Milagre, pois a Hóstia permanecia incorrupta. Ainda hoje a

Partícula está intacta apesar de que se passaram mais de 182 anos.

No dia 5 de novembro de 1824, o Ostensório que continha o Santíssimo

Sacramento e alguns objetos dedicados ao culto foram roubados da igreja de

Onil por Nicolás Bernabeu, o qual quando era criança tinha sido coroinha na-

quela mesma igreja. A notícia do furto difundiu-se rapidamente por toda a re-

gião; assim, quando o ladrão tratou de revender os objetos em Alicante, o ne-

gociante suspeitou e decidiu advertir as autoridades. Nicolás Bernabeu foi ar-

restado, mas não quis revelar onde tinha escondido o Ostensório com o Santís-

simo. Os fiéis e as autoridades civis procuraram, durante dias, por toda a regi-

ão, mas foi no povoado no qual o ladrão tinha se estabelecido que a senhora

Teresa Carbonell, no dia 28 de novembro de 1824 encontrou o Ostensório

roubado na zona conhecida como “A Pedreira”. Imediatamente a mulher le-

vou-o a Onil e o povo o recebeu com grande festa. 119 anos depois, no dia 28

de novembro de 1943, o padre Guillermo Hijarrubia, delegado do Arcebispo

de Valença, confirmou a autenticidade do Milagre atestando a conservação da

Partícula que permaneceu incorrupta no Ostensório roubado.

Ainda hoje é possível admirar a Hóstia Milagrosa que permanece intacta

depois de dois séculos na igreja paroquial de São Tiago Apóstolo de Onil. To-

dos os anos se celebra a Festa de Nosso Senhor “Robat”, para comemorar o

Prodígio Eucarístico e a recuperação da Hóstia.

Ponferrada, ESPANHA, 1533

No Milagre Eucarístico de Ponferrada, Juan De Benavente decidiu ar-

rombar o Tabernáculo da própria paróquia e roubar um valioso cibório

de prata com várias Hóstias consagradas. Somente depois de muito

Page 129: MILAGRES EUCARISTICOS

129

tempo e em circunstâncias milagrosas foi possível recuperar as Hós-

tias roubadas que permaneceram em perfeito estado de conservação.

Juan De Benevente vivia em Ponferrada com a sua esposa. Aparente-

mente era uma pessoa devota e religiosa, dado que todas as noites ia rezar na

igreja. Um dia, enquanto rezava, caiu em tentação e tirou do Tabernáculo um

simples baú de madeira que continha uma valiosa píxide de prata com Hóstias

consagradas. Tendo saído da igreja foi ao rio Sil para jogar fora o baú de ma-

deira que não tinha nenhum valor comercial, mas quando chegou às margens

do rio não conseguiu lançá-lo porque tinha ficado tão pesado que não era pos-

sível jogá-lo na água. Regressou então à sua casa onde escondeu tudo e não

disse nada à sua esposa. Mas durante a noite constantes fachos de luz que vi-

nham do baú, levantaram as suspeitas da mulher. Juan, então, decidiu desfa-

zer-se definitivamente do roubo sacrílego. Quando chegou num lugar chama-

do campo do Areal, jogou fora o baú e as Partículas no meio dos espinhos. A

descoberta do furto causou apreensão em toda a população e cada dia que pas-

sava Juan ficava mais nervoso e ansioso, visto que não sabia como revender o

cibório de prata sem ser descoberto.

Perto do campo do Areal, o proprietário do terreno, Diego Nuñez de

Losada, organizou um jogo de tiro ao alvo para divertir os moradores. Teste-

munhas oculares contaram que no período no qual as Santas Partículas esta-

vam ainda entre os espinhos, de noite viam fachos de luz e de dia pombas fora

do comum. Os atiradores trataram de atingir as pombas, mas era em vão. O

moleiro Nogaledo decidiu capturar as pombas com as próprias mãos e meten-

do-se entre os espinhos viu o baú e as santas Hóstias das quais saíam intensos

raios de luz. Transtornado, foi correndo à igreja e tocou os sinos sem parar.

Organizou-se rapidamente o regresso das Sagradas Espécies à igreja com uma

solene procissão e Juan com remorsos, decidiu confessar a sua culpa. No lugar

onde as Hóstias Milagrosas foram encontradas construiu-se uma capela e em

1750 o pároco projetou a ampliação do edifício e instituiu uma solene procis-

são em memória do Milagre que se realiza na oitava da festa de Corpus Chris-

ti.

San Juan de las Abadesas ESPANHA, 1251

O Conde Vifredo em 887 fundou um mosteiro no Pirineo Catalano ao

redor do qual imediatamente surgiu um vilarejo conhecido como “San

Juan de las Abadesas”. Ali é conservado ainda hoje um crucifixo com a

Page 130: MILAGRES EUCARISTICOS

130

estátua de Jesus. A cabeça da estátua abriga uma Hóstia que está intacta

desde 1251.

Em 1251 foram esculpidas estátuas em madeira para a igreja do mostei-

ro; as estátuas representavam o descenso de Jesus da Cruz. Havia imagens de

Jesus e sua Mãe, de José de Arimatéia e Nicodemos, de São João, o discípulo

que Jesus amava, e dos dois ladrões. Essas belíssimas obras de arte se livraram

da destruição na época da guerra civil de 1936 por causa da sua expressivida-

de que causava em muitos uma grande emoção.

Especialmente a cabeça de Jesus crucificado é de uma beleza imponen-

te, quando foi esculpida, o artista, fez um buraco de 6 centímetros de diâmetro

com a intenção de colocar ali a Santa Eucaristia e assim foi feito em 1251.

Mas a lembrança daquela Hóstia escondida na cabeça de Jesus perdeu-se no

tempo. Somente em 1426, durante os trabalhos de restauração das estátuas é

que foi redescoberto aquele buraco sigilado com uma pequena placa de prata

na cabeça de Jesus. Dentro do buraco encontrou-se a Hóstia consagrada em

1251, envolvida num linho branco, totalmente intacta. Desde então aquela

Hóstia, conhecida como o “Santíssimo Mistério de San Juan de las Abadesas”

é adorada e visitada todos os anos por numerosos peregrinos.

Silla, ESPANHA, 1907

Ainda hoje é possível adorar as Hóstias incorruptas na igreja do povoa-

do de Silla, às portas da cidade de Valença.

Durante a Missa do dia 25 de março de 1907, festa da Anunciação, Fer-

nando Gómez, pároco da igreja de Nossa Senhora dos Anjos de Silla, foi ao

Tabernáculo para pegar Hóstias e levá-las aos fiéis. Para o seu desconcerto

encontrou a portinha do Tabernáculo aberta e viu que a valiosa píxide de prata

tinha desaparecido com as Hóstias dentro. As Sagradas Partículas foram en-

contradas dois dias depois numa pequena horta fora da cidade, escondidas de-

baixo de uma pedra. O pároco então as regressou à igreja com uma solene

procissão.

Em 1934, constatando que as Hóstias permaneciam “no mesmo estado

em que foram encontradas debaixo da pedra e mantinham inalteradas as con-

dições originais”, o Arcebispo de Valença iniciou um processo para declarar

milagrosa a conservação delas, redigiu um documento detalhado sobre o Pro-

dígio e sigilou com cera o Relicário que continha as hóstias. Infelizmente dois

Page 131: MILAGRES EUCARISTICOS

131

anos depois a Mitra Arquiepiscopal foi incendiada por anarquistas comunistas

e assim se perdeu aquele raríssimo documento. Finalmente, em 1982, o então

Arcebispo de Valença, Dom Miguel Roca, iniciou um novo processo canônico

com o qual decretou oficialmente o culto às Sagradas Hóstias do Milagre.

O Santo Graal de Valença, ESPANHA

Este precioso objeto sempre foi o tema principal de histórias e romances

fantásticos como por exemplo a lenda dos Cavaleiros da Távola Redon-

da em Inglaterra e os relatos de Percival em França ou Parsifal em Ale-

manha nos séculos XII-XIII. O gênero foi utilizado também por Wagner

numa perspectiva cristã-esotérica e ao final do século XX em romances

“fantasy” escritos por B. Cornwell favoreceram o nascimento de uma

linha editorial que dura até hoje.

O Santo Graal de Valença é o Cálice que Jesus usou na Santa Ceia com

os apóstolos para consagrar e oferecer o vinho Eucarístico, isto é, o seu San-

gue. Mas também costuma ser identificado com a taça com a qual José de A-

rimatéia recolheu o Sangue de Cristo Crucificado. Existem muitas variações

para indicar o Graal: San Grëal, Holy Grail, Sangreal em Inglaterra; Sanct

Graal e Saint Graal em francês antigo e moderno; Gral e Graal em alemão. A

Grolla1 valdostana é uma parente léxica próxima a graal e parecida ao latim

gradalis o gratalis, “copo”. Por muitas fontes sabemos que alguns séculos de-

pois da morte de Cristo, em Jerusalém era costume mostrar o Santo Graal aos

peregrinos cristãos. De acordo com o relatório de Arculfo, Bispo francês que

viveu na Terra Santa em 720 d. C.. Na igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém

era conservado o Cálice do Senhor com o qual ele mesmo consagrou o próprio

Sangue. São Beda, o venerável acrescenta que a Copa era protegida por uma

rede, mas que era possível tocá-la e beijá-la através de uma abertura feita ex-

pressamente para isso. Não se sabe bem quando levaram o Cálice de Jerusa-

lém, provavelmente no século VII.

Atualmente se expõe para a veneração dos fiéis um Cálice milagroso

que costuma ser identificado com o Santo Graal. Este Cálice é conservado na

Catedral de Valença, na Capela do Santo Cálice. A base desse valiosíssimo

objeto é formada por diferentes partes: a parte superior de um cálice de corna-

lina virado de cabeça para baixo constitui a base; o talo é enriquecido com pe-

dras preciosas e a parte superior é uma copa, que também é feita de cornalina.

Essas partes são atribuídas a épocas diversas, a copa é a mais antiga e difícil

Page 132: MILAGRES EUCARISTICOS

132

de datar, porém é a parte mais interessante. Além disso, sobre a base existe

uma inscrição em árabe de interpretação controvertida, mas que pode ajudar a

fornecer uma prova para o estabelecimento da data. De acordo com o profes-

sor Antuñano, “quando se conhece o mistério do Cálice do Santo Graal nos

damos conta que nele não existe nada de enigmático ou esotérico. A história

desse precioso Cálice conta a história mais dramática, mais sublime que a hu-

manidade tenha vivido: a história do Verbo que se fez homem e Eucaristia”.

Zaragoza, ESPANHA, 1427

No Milagre Eucarístico de Zaragoza, na Hóstia consagrada roubada por

uma mulher cristã para fazer um feitiço de amor, apareceu o Menino Je-

sus. Nos arquivos da Câmara Municipal da cidade de Zaragoza ainda

hoje se conserva o documento que descreve detalhadamente o Milagre e

na Catedral, na capela de “San Dominguito de Val”, encontra-se uma

antiga pintura que mostra o Prodígio com uma descrição minuciosa do

evento.

Este Milagre Eucarístico ocorreu na cidade de Zaragoza em 1427,

quando o Bispo era Dom Alfonso Arthuela. O Padre Dorner, arquidiácono da

cidade deixou um relatório do acontecimento: “Uma mulher casada consultou

nesta cidade um mago mouro, para pedir-lhe uma solução ao seu problema:

fazer com que o marido, que era de índole muito violenta, não a tratasse com

tanta dureza. O mago lhe disse que para mudar o temperamento do marido ela

tinha primeiro que lhe trazer uma Hóstia consagrada. A mulher, que era muito

supersticiosa, foi à igreja de São Miguel, confessou-se e comungou, mas com

astúcia diabólica, tirou a Hóstia da boca, colocou-a num cofrinho e levou-a a

casa do mago. Quando abriram o cofre, se assustaram porque dentro não esta-

va mais a Hóstia, mas um pequeno menino rodeado de luz. O mago disse à

mulher que levasse o cofrinho com o menino à sua casa, queimasse tudo e lhe

trouxesse as cinzas. A mulher, sem escrúpulos, fez como lhe havia sido orde-

nado, mas para a sua surpresa, apesar de que o cofre tivesse ficado totalmente

queimado, o menino permanecia ileso. Aterrorizada e fora de si, a mulher cor-

reu à casa do mago para contar-lhe o que tinha acontecido.

O mouro depois de ter escutado toda a história começou a tremer de

medo de um castigo do céu. Decidiram então ir à Catedral para contar tudo ao

Bispo Dom Alonso, confessar-se e implorar para o mouro o Santo Batismo. O

Bispo consultou diversos prelados e teólogos da diocese para aclarar os fatos e

Page 133: MILAGRES EUCARISTICOS

133

decidiu finalmente de levar o Menino Milagroso da casa da mulher à catedral

com uma solene procissão. Toda a cidade saiu às ruas para unir-se à procissão

e todos ficaram muito emocionados e comovidos ao ver aquele maravilhoso

Menino passar. Quando a procissão chegou na Catedral, conduziram o Menino

Milagroso ao Altar da capela de São Valério para que o povo pudesse admirá-

lo e venerá-lo. No dia seguinte, enquanto o Bispo celebrava a Santa Missa no

Altar de São Valério ocorreu um segundo Milagre: à pronúncia da consagra-

ção, no lugar do Menino apareceu uma Hóstia que foi imediatamente consu-

mida pelo Prelado. Graças a este Milagre Eucarístico, em todo o povo de Za-

ragoza se avivou a devoção ao Santíssimo Sacramento”. Este é o documento

conservado nos arquivos da Câmara Municipal.

Ettiswil, SUÍÇA, 1447

Em Ettiswil, existe um Santuário dedicado a um Prodígio Eucarístico

ocorrido em 1447. Anna Vögtli, membro de uma seita satânica, roubou

de uma paróquia a píxide com a Hóstia Magna que pouco tempo depois

foi encontrada perto de uma cerca, no meio do mato, entre as urtigas. A

Hóstia flutuava no ar envolvida por uma luz e, dividida em seis pedaços

unidos entre si, parecia um ramo de flores. Muitos papas concederam

indulgências aos visitantes do Santuário; o último foi Pio XII em 1947.

O Milagre se festeja no domingo “Laetare” e nos dois dias seguintes.

O documento mais importante que descreve o Milagre é o “Protocolo de

Justiça”, constituído por Hermann von Rüsseg, senhor de Büron. Diz o docu-

mento: “Numa quarta-feira, 23 de maio de 1447, o Santíssimo Sacramento foi

roubado da paróquia de Ettiswil e pouco tempo depois foi encontrado por uma

jovem guardiã de porcos, chamada Margarida Schulmeister. A Hóstia, que não

estava longe da igreja, foi achada perto de uma cerca jogada no chão entre as

urtigas, parecia um ramo de flores resplandecente.” Depois de uma meticulosa

investigação, a polícia deteve a jovem Anna Vögtli de Bischoffingen que es-

pontaneamente confessou tudo: “Depois que coloquei a mão entre as estreitas

grades de ferro consegui pegar a Hóstia Magna, mas assim que cruzei os limi-

tes do cemitério o Santíssimo Sacramento começou a ficar tão pesado que e eu

fui incapaz de carregá-lo. Como não conseguia andar nem para frente, nem

para trás, joguei fora a Hóstia perto de um tapume, entre as urtigas”.

No relato de Margarida, a jovem que encontrou a Partícula diz assim:

“quando cheguei com os meus porcos nas redondezas do lugar onde o Santís-

simo Sacramento tinha sido deixado, os meus animais não quiseram mais

Page 134: MILAGRES EUCARISTICOS

134

prosseguir. Pedi ajuda a dois senhores que passavam por ali a cavalo e foram

eles que viram a Hóstia roubada. Ela estava entre as urtigas dividida em sete

pedaços, seis deles formavam uma flor parecida a uma rosa e uma forte luz

rodeava a Hóstia.” O pároco, que foi advertido imediatamente, correu ao lugar

para recolher a Hóstia e levá-la à igreja. Muitos paroquianos o seguiram. Re-

colheu os seis pedaços, mas quando quis pegar o sétimo, que estava no centro,

ele enterrou-se diante dos olhos de todos. Esse desaparecimento foi interpre-

tado como um sinal e decidiu-se então construir uma capela exatamente na-

quele ponto no qual a Hóstia tinha desaparecido. Os seis pedaços da Hóstia

foram conservados na igreja de Ettiswil; os moradores do vilarejo e também

muitos forasteiros fizeram deles objeto de grande veneração e Deus realizou,

através daqueles seis pedaços da Hóstia, numerosas curas. A nova capela e o

altar foram consagrados no dia 28 de dezembro de 1448, um ano e seis meses

depois daquele acontecimento.

SÃO TOMÁS DE AQUINO E A EUCARISTIA

Sorbonne, PARIS, 1272

Nos anos da sua maturidade teológica, São Tomás de Aquino foi cha-

mado a Paris desde 1269 até 1272 para resolver uma complexa interpre-

tação do Sacramento da Eucaristia. Antes de iniciar a sua dissertação

São Tomás foi à igreja para rezar e depois escreveu o texto. Uma vez

terminada a sua exposição São Tomás regressou na igreja e Jesus apare-

ceu-lhe e confirmou que o seu escrito estava bem.

São Tomás, durante o seu segundo ano de ensino em Paris, encontrou-

se no meio de uma disputa entre os professores da Universidade da Sorbone

sobre o Sacramento da Eucaristia. De um lado, efetivamente, os sentidos per-

cebem a presença dos “acidentes”: cor, sabor, dureza, quantidade, extensão no

pão e no vinho Eucarísticos; do outro, a fé afirma que no Sacramento está pre-

sente o Corpo e o Sangue de Cristo, aparentemente as duas posturas se contra-

dizem. Os teólogos parisienses estavam divididos em dois grupos: um pela

constatação objetiva e outro pela avaliação da Fé e, por isso, decidiram con-

sultar São Tomás porque outras vezes puderam constatar a sua inteligência

filosófica e a sua santidade teológica. Pediram então que ele desse uma sen-

tença, que posteriormente seria normativa. Colocaram por escrito as duas pos-

turas que se contrapunham e as apresentaram a São Tomás. Ele imediatamente

recolheu-se em oração e em contemplação, “como era usual, começou a rezar

Page 135: MILAGRES EUCARISTICOS

135

com grande devoção. Depois pôs por escrito, no modo mais breve e claro pos-

sível, tudo o que a sua mente descobria e Deus lhe inspirava”.

Voltou à igreja e aproximando-se do Altar colocou o que tinha escrito

sob o olhar do Crucifixo e rezou: “Senhor Jesus, verdadeiramente presente e

admiravelmente operante neste Sacramento, eu busco apreender a tua verdade

e ensiná-la sem erros. Por isso eu te suplico, concede-me uma graça: se as coi-

sas que eu escrevi sobre Ti e com a tua ajuda são verdade, fazei que eu possa

falar delas e ensiná-las publicamente. Mas se eu escrevi alguma coisa que não

estão de acordo com a verdade revelada e é alheio ao Mistério deste Sacra-

mento, impeça-me de propor o que poderia ser um desvio da fé católica”. Esta

é a humilde oração de um teólogo que sabe que trata sobre coisas maiores que

ele e que tem uma grande responsabilidade para com aqueles que virão. Frei

Reginaldo, o seu secretário, e outros irmãos tiveram a fortuna de presenciar,

quando São Tomás estava rezando, a aparição de Cristo, que indicando os es-

critos do santo, disse: “Escreveste bem sobre o Sacramento do meu Corpo,

escreveste bem e conforme a verdade resolveste o problema que te propuse-

ram e o fizeste na medida em que é possível para um homem, que está nesta

terra, entender e definir estas coisas”. Tomás, cheio de gratidão e felicidade

prostrou-se em oração diante do Senhor.

São Bernardo Converte um Duque com a Eucaristia

FRANÇA, SÉCULO XII

São Bernardo foi protagonista de um importante Milagre Eucarístico. O

Duque de Aquitânia tinha se separado da Igreja Católica e não tinha ne-

nhuma intenção de voltar. Mas São Bernardo, depois de ter celebrado a

Missa, parou diante do Duque com o Santíssimo Sacramento. Ele sen-

tiu-se agitado por uma força misteriosa, caiu ajoelhado e pediu perdão

pelo seu afastamento da Igreja Católica.

Um dos biógrafos de São Bernardo conta que o santo “tinha ido a Aqui-

tânia para reconciliar um Duque daquela Província. Mas como ele rejeitava a

Reconciliação, o santo de Deus dirigiu-se ao Altar para celebrar a missa en-

quanto o Duque esperava na porta da igreja, porque estava excomungado.

Depois da consagração, São Bernardo colocou a Hóstia na patena e sa-

iu da igreja, levando a Hóstia levantada e com a face inflamada de santa ira.

Quando estava diante do Duque, censurou-o com estas palavras: “Nós implo-

ramos e tu nos desprezaste: eis que é chegada a hora, o Filho da Virgem veio a

ti, o Senhor da Igreja que tu persegues, eis que está diante de ti Aquele Juiz

Page 136: MILAGRES EUCARISTICOS

136

que um dia terá a tua alma nas mãos: te atreverás rejeitá-lo como fizeste com o

servo? Resiste se fores capaz!” Imediatamente o Duque sentiu as suas pernas

dobrarem-se e prostrou-se aos pés de São Bernardo, quem lhe ordenou de al-

çar-se para escutar a sentença de Deus. O Duque levantou-se tremendo e fazia

tudo o que Bernardo lhe mandava”.

Milagre Eucarístico de São João Bosco ITÁLIA, 1848

São João Bosco foi sempre muito devoto da Eucaristia e numerosos são

os escritos em que o santo fala da importância desse Sacramento. Uma

vez, tendo sobrado somente oito Hóstias na píxide, começou a multipli-

cá-la e assim pôde dar a Comunhão aos 360 rapazes que assistiam a sua

Missa.

Os biógrafos contam que em 1848, durante uma Missa celebrada em

homenagem à Festa da Anunciação, Dom Bosco percebeu que só tinham oito

Hóstias na píxide que estava no Tabernáculo, na hora de dar a Comunhão aos

360 rapazes que assistiam à Missa. Todo mundo se deu conta disso e começa-

ram a perguntar-se que coisa ia fazer Dom Bosco. Giuseppe Buzzeti, que seria

um dos primeiros sacerdotes salesianos, servia na Missa e quando viu Dom

Bosco multiplicar as Hóstias e dar a comunhão aos 360 rapazes, passou mal

com tanta emoção. Dom Bosco uma vez contou que sonhou com uma terrível

batalha marítima, desencadeada por uma grande frota de pequenas e grandes

embarcações que lutava contra uma barca majestosa, símbolo da Igreja. A

barca foi atingida muitas vezes, mas saía sempre vitoriosa e o Papa a conduzia

para ancorar-se segura entre duas colunas que saíam do mar. Na primeira, ele-

vava-se uma grande Hóstia com a inscrição “Salus credentium”, sobre a outra,

mais baixa, ficava a estátua da Imaculada com a inscrição “Auxilium Crhistia-

norum”.

Santa Germana Cousin FRANÇA, 1589

O Milagre Eucarístico de Pibrac nos conta que Santa Germana Cousin

(1579-1601) para poder participar da Santa Missa atravessou um rio que

estava cheio e que as águas se dividiram em duas para deixá-la passar.

Page 137: MILAGRES EUCARISTICOS

137

Quando a nossa jovem pastorinha ficou órfã de mãe, o pai casou-se de

novo com uma mulher que desde sempre se mostrou muito hostil com ela por

causa da acne que lhe deformava o rosto. A madrasta não suportava ver o ros-

to dela e convenceu o marido a mandar Germana viver no porão. A pobre me-

nina ficou totalmente isolada lá e as suas únicas companhias eram os ratos.

Germana, porém, era muito próxima do Senhor e amava particularmente o

Santíssimo Sacramento do qual se aproximava quotidianamente. Todos os dias

deixava o seu rebanho para receber a Eucaristia e os lobos nunca o atacaram.

Germana para chegar na igreja, tinha que passar o rio Courbet. Um dia por

causa de forte chuvas, era praticamente impossível atravessar o rio, mas a me-

nina, para não perder a Comunhão, corajosamente decidiu enfrentar a fúria das

correntezas, mas antes de entrar na água fez o sinal da Cruz e quando recitava

orações viu que as águas se abriam milagrosamente, dando-lhe passagem a pé

enxuto. Isso aconteceu na ida e na volta.

O “Milagre dos Milagres” – Miguel-Juan Pellicer, ESPANHA, 1640

O jovem Miguel-Juan Pellicer teve a sua perna amputada por causa de

um acidente, mas graças à sua grande devoção ao Santíssimo Sacramen-

to e à Virgem do Pilar, aconteceu o grande milagre que foi imediata-

mente reconhecido e aprovado pelo Bispo de Zaragoza, quem presidiu o

processo canônico. Na sentença definitiva ele escreveu que “a Miguel-

Juan Pellicer de Calanda, foi restituída milagrosamente a perna direita,

amputada anos atrás e isso não foi um fato natural, mas milagroso”.

Miguel-Juan Pellicer, nasceu em 1617 em Calanda, um vilarejo a uns

cem quilômetros de Zaragoza, numa família de pobres camponeses. Aos 19

anos decidiu trabalhar com um tio em Castellon de la Plata. Um dia, durante

os trabalhos do campo, uma carroça cheia de grãos passou em cima dele e Mi-

guel-Juan foi levado ao hospital geral de Valença com a perna direita fratura-

da. Juan viu que os médicos daquele hospital não eram capazes de curá-lo,

assim que saiu de lá e viajou trezentos quilômetros para chegar em Zaragoza e

pedir ajuda a Nossa Senhora do Pilar. Caminhou com muletas, apoiando o joe-

lho da perna fraturada e infeccionada num pedaço de madeira. Chegou a Zara-

goza em outubro de 1637 exausto e febril, arrastou-se até o Santuário do Pilar

onde se confessou e recebeu a Eucaristia; depois foi internado no Real Hospi-

Page 138: MILAGRES EUCARISTICOS

138

tal da Graça. Dado o estado da gangrena os médicos estabeleceram que o úni-

co modo de salvar a sua vida era amputando a perna; assim ela foi cortada

com serra e escalpelo quatro dedos abaixo do joelho e cauterizada com ferro

incandescente.

Um jovem estagiário, Juan Lorenzo Garcia, recolheu o membro ampu-

tado e enterrou-o no cemitério anexado ao hospital. Desse dia em diante, Mi-

guel foi obrigado a sobreviver pedindo esmola nas portas do Santuário da Vir-

gem do Pilar. Todas as manhãs estava presente na Missa e rezava com fervor

diante do Santíssimo Sacramento e tinha o costume de ungir a perna amputada

com o óleo da lâmpada do Tabernáculo. Depois de três anos fora de casa, de-

cidiu regressar e a família o acolheu com afeição. Em março de 1640, depois

de uma vigília mariana, Miguel-Juan, sentindo-se muito cansado, foi a descan-

sar mais cedo e como sempre, ungiu a sua ferida com o óleo da lâmpada do

Santíssimo Sacramento do Santuário da Virgem do Pilar. Quando a mãe de

Miguel foi ver se ele estava bem, observando-o enquanto dormia, viu dois pés

debaixo das cobertas e não um só. Miguel-Juan tinha recuperado milagrosa-

mente a mesma perna que tinha sido enterrada três anos antes pelo estagiário

Garcia. De acordo com o testemunho dos presentes e com o processo canônico

“a perna era pálida, menor e com a massa muscular mais reduzida, mas era

perfeitamente viva e permitia caminhar”.

O Cientista e a Eucaristia – Beato Nicola Stenon 1638-1686

Depois de dedicar a sua juventude ao estudo e à investigação científica,

Nicola Stenon, aos 28 anos, enquanto assistia a procissão de Corpus

Christi, converteu-se ao catolicismo pensando na grandeza e na magni-

ficência da Eucaristia: a presença real de Jesus na Hóstia. Decidiu então

ser sacerdote e missionário na sua Pátria.

Nicola Stenon nasceu em Copenhagen no dia 1º de janeiro de 1638.

Desde a sua juventude dedicou-se às ciências naturais e foi considerado entre

os pais fundadores da cristalografia, paleontologia e geologia e a sua fecunda

atividade científica obrigava-o viajar por toda a Europa. No dia 24 de junho de

1666, em Livorno, Stenon recebeu a graça da conversão à fé católica. Os seus

biógrafos dizem que Stenon “observava com curiosidade e perplexidade o fer-

vor que animava a procissão de Corpus Christi, a ampla praça das Armas esta-

va embelezada com cores e sons; os sinos soavam sem parar. O jovem lem-

brou-se que tinha assistido três anos atrás em Lovaina, Bélgica, uma procissão

Page 139: MILAGRES EUCARISTICOS

139

de estudantes e uma dezena de professores em toga; mas nessa procissão, tudo

lhe parecia diferente. Talvez, mais alegria, mais calor humano…ou será que

eram os seus olhos que estavam mudados? Desfilavam filas de homens can-

tando, com túnicas brancas; desfilavam estandartes e bandeiras que ondeavam

ao vento leve vindo do mar; frades e sacerdotes desfilavam com cândidas ma-

lhas adornadas de tranças e franjas, outros sacerdotes portavam capas pluviais

que luziam ao sol; crianças levavam turíbulos com incenso perfumado e de-

pois…eis um grande baldaquim de ouro, debaixo dele um ministro da Igreja,

solenemente revestido, absorto, abraçando fortemente o Ostensório com a

Hóstia. As pessoas se ajoelhavam ao Seu passo e os olhos ardiam de amor ao

olhá-la e as cabeças se abaixavam em sinal de adoração; de todas as partes

choviam pétalas e flores. O coração do jovem Nicola Stenon esteve profun-

damente inquieto durante todo o dia. Lembrava do padre jesuíta com quem

tinha discutido sobre a presença real de Jesus no pão consagrado; o religioso

tinha falado sobre o valor das palavras de Jesus durante a última ceia: “Isto é o

meu corpo” e mencionado a carta de Paulo aos Coríntios.

Naquele mesmo dia,Stenon converteu-se ao catolicismo, entrou no Se-

minário e depois de nove anos de estudo foi ordenado sacerdote. Ele descreve

assim a sua conversão: “Depois de ter considerado atentamente as benevolên-

cias de Deus para comigo, elas me pareciam tão grandes que a única coisa que

poderia fazer era entregar-me a Ele do fundo do meu coração, dar o melhor de

mim e da melhor maneira. Assim, depois de ter conhecido a dignidade do sa-

cerdócio, pedi e obtive que a mim também fosse consentido, oferecer ao Pai

Eterno, a Hóstia imaculada por mim e pelos irmãos”.

Page 140: MILAGRES EUCARISTICOS

140

Alimentando-se somente da Eucaristia

Teresa Newman - ALEMANHA, 1898-1962

(Durante 36 anos)

A vida de Teresa Newman, mudou radicalmente depois da milagrosa

cura da paralisia e da cegueira que teve aos 25 anos. Alguns anos depois

recebeu os estigmas e iniciou um jejum que durou 36 anos, até a sua

morte. O seu único alimento foi a Eucaristia e por isso a autoridade na-

zista, durante a guerra, retirou-lhe o subsídio alimentar, mas concedeu

um ração dupla de sabão para lavar as roupas que todas as sextas-feiras

se empapavam de sangue, quando em êxtase recebia as marcas da Pai-

xão de Cristo. Hitler tinha muito medo de Teresa e ordenou: “não to-

quem nela!”.

Teresa Newman nasceu em Konnersreuth, em Alemanha, no dia 8 de

abril de 1898, de uma família muito pobre e profundamente católica. No seu

diário escreveu que o seu maior desejo era ter sido missionária em África, mas

infelizmente, um acidente que sofreu aos vinte anos impediu-a de realizar o

seu sonho. Em 1918, uma fazenda vizinha incendiou-se e Teresa correu para

ajudar, mas pelo esforço de carregar os baldes de água para apagar as chamas

sofreu uma grave lesão na medula espinhal que a deixou paralisada e comple-

tamente cega. Teresa passava todo o dia em oração e um dia aconteceu o mi-

lagre da cura em presença do Padre Naber que conta como tudo aconteceu:

“Teresa disse que via uma grande luz e uma voz extraordinariamente doce

perguntava se ela queria curar-se. A resposta de Teresa foi surpreendente; dis-

se que para ela tudo estava bem, ficar curada, continuar doente, ou morrer,

contanto que fosse feita a vontade de Deus. A voz misteriosa lhe disse que

“hoje ela teria, sim, uma pequena alegria, ficaria curada da sua doença, mas

que depois sofreria muito”.

Por um tempo, Teresa esteve bem de saúde, mas em 1926 começaram

as experiências místicas que duraram até a sua morte: os estigmas, o jejum

completo tendo a Eucaristia como o seu único alimento. Padre Naber, que lhe

dava a Comunhão todos os dias até o momento da sua morte escreveu: “Nela

se cumpre literalmente a Palavra de Deus: “Pois a minha carne é verdadeira-

mente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida”. Teresa

oferecia o seu sofrimento físico a Deus por causa da perda de sangue com os

Page 141: MILAGRES EUCARISTICOS

141

estigmas que durava desde a quinta-feira, dia do início da Paixão do Senhor

até o domingo, dia da sua Ressurreição e rezava pelos pecadores que lhe pedi-

am ajuda. Cada vez que era chamada ao leito de morte de uma pessoa teste-

munhava no juízo particular dela, o que ocorre imediatamente depois da mor-

te. As autoridades eclesiásticas realizaram muitos controles e monitorizaram o

jejum de Teresa; o Jesuíta Carl Sträter, por ordem do Bispo de Ratisbonne,

encarregou-se das investigações sobre a vida de Teresa e os seus estigmas e

ele afirmava: “o jejum de Teresa Newman quis demonstrar a todos os homens

do mundo o valor da Eucaristia, dar a entender que Cristo é verdadeiramente

presente sob as espécies do pão e que através da Eucaristia é possível conser-

var inclusive, a vida física”.

Beata Alexandrina de Balasar - PORTUGAL, 1904-1955

(Durante 13 anos)

Beata Alexandrina, enquanto fugia de um ato de violência, sofreu um

dramático acidente aos 21 anos que a deixou paralítica. Porém, ela ven-

ceu a tristeza e a solidão: “Jesus - pensava Alexandrina - Tu és prisio-

neiro no tabernáculo como eu sou prisioneira na minha cama, assim fa-

zemos companhia um ao outro”. Ao sofrimento físico por causa da pa-

ralisia, se uniram os sofrimentos místicos: durante quatro anos, todas as

sextas-feiras, ela vivia as dores da Paixão e depois, durante treze anos

até a sua morte, alimentou-se somente da Eucaristia. A sua vida trans-

formou-se em oração contínua para converter os escravizados pelo pe-

cado.

A Beata Alexandrina Maria da Costa nasceu em Balasar, freguesia do

Concelho de Póvoas do Vazim, Portugal, no dia 30 de março de 1904. Aos 14

anos de idade não hesitou em jogar-se pela janela para fugir de três homens

que ameaçavam a sua pureza. As conseqüências foram terríveis, mas não ime-

diatas; depois de alguns anos, ela foi obrigada a ficar em cama por causa de

uma paralisia que foi agravando-se durante os trinta anos que lhe restou de

vida. Ela não se desesperou e abandonou-se nas mãos de Jesus com essas pa-

lavras: “Jesus, Tu és prisioneiro no tabernáculo como eu sou na minha cama,

assim fazemos companhia um ao outro”. Em seguida começou a ter experiên-

cias místicas cada vez mais fortes que começavam numa sexta-feira, 3 de ou-

tubro de 1938 e terminavam no dia 24 de março de 1942. Experimentou 182

vezes, todas as sextas-feiras, os sofrimentos da Paixão e desde 1942 até o dia

da sua morte, Alexandrina alimentou-se unicamente da Eucaristia. Quando

Page 142: MILAGRES EUCARISTICOS

142

esteve internada no hospital da “Foce Del Douro” em Oporto, vários médicos

controlaram o seu jejum absoluto e a anúria (ausência de urina). Esse controle

durou 40 dias e 40 noites. Depois dos dez longos anos de paralisia que ela ha-

via oferecido para a reparação Eucarística e para a conversão dos pecadores,

no dia 30 de julho de 1935 Jesus apareceu-lhe e lhe disse:

“Eu te coloquei no mundo para que vivas somente de Mim, para teste-

munhar ao mundo o valor da Eucaristia (...) A cadeia mais forte que acorrenta

as almas a Satanás é a carne, é a impureza. Nunca se viu antes uma expansão

de vícios, de maldades e crimes como hoje! Nunca se pecou tanto (...) A Euca-

ristia, o meu Corpo e o Meu Sangue! A Eucaristia: eis a salvação do mundo”.

Também Santa Maria apareceu-lhe no dia 2 de setembro de 1949 com um ter-

ço na mão, dizendo: “O mundo agoniza e morre no pecado. Quero oração,

quero penitência. Protege com o meu terço aos que amas e a todo o mundo”.

No dia 13 de outubro de 1955, aniversário da última aparição de Nossa Senho-

ra de Fátima, Alexandrina exclamou: “Sou feliz porque vou ao céu”. Às 19:30

desse mesmo dia expirou. Foi beatificada em 25 de abril de 2004.

Marta Robin, FRANÇA, 1902-1981

(durante 53 anos)

O filósofo Jean Guiton nos deixou um impactante testemunho sobre

Marta Robin: “Era uma camponesa dos campos franceses, que por trinta

anos não ingeriu nem comida, nem bebida, nutria-se somente da Euca-

ristia e cada sexta-feira revivia, com os estigmas, as dores da Paixão de

Jesus. Uma mulher que talvez foi a pessoa mais estranha, extraordinária

e desconcertante da nossa época, mas que justamente no século da tele-

visão permaneceu desconhecida ao público, sepultada no mais profundo

silêncio…Desde o primeiro encontro com Marta Robin, entendi que ela

seria uma “irmã na caridade”, como sempre foi para milhares de visitan-

tes”.

Marta Robin, nasceu no dia 13 de março de 1902, em Châteauneuf-de-

Galaure (Drôme), França, numa família de camponeses e passou toda a sua

vida na casa paterna, onde morreu no dia 6 de fevereiro de 1981. Toda a exis-

tência de Marta girou ao redor de Jesus Eucaristia, quem para ela foi “Aquele

que cura, consola, aligeira, abençoa, o meu Tudo”. Desde 1928, depois de uma

grave doença neurológica, Marta estava quase absolutamente impossibilitada

de movimentar-se, particularmente não podia engolir porque os músculos da

deglutição estavam bloqueados, além disso foi obrigada, por causa de uma

Page 143: MILAGRES EUCARISTICOS

143

doença nos olhos, a viver praticamente na escuridão. Eis o testemunho do pa-

dre Finet, o seu diretor espiritual: “Quando recebeu os estigmas, no início do

mês de outubro de 1930, Marta já vivia a sua Paixão desde 1925, ano em que

ela se ofereceu como vítima de amor. No mesmo dia, Jesus lhe disse que de-

pois da Virgem Maria, Ele tinha escolhido ela para viver mais intensamente a

Paixão e ninguém poderia vivê-la de maneira tão plena. Acrescentou que cada

dia ela sofreria mais e mais que nunca mais dormiria à noite. Depois dos es-

tigmas, Marta não pôde mais nem comer, nem beber e o êxtase durava até a

segunda ou terça-feira”.

Marta Robin aceitou todos os sofrimentos por amor a Jesus redentor e

pelos pecadores que queria salvar. O grande filósofo Jean Guitton recordando

o seu encontro com a vidente escreveu: “Encontrei-me naquele quarto escuro,

apresentado por uma das mentes mais contestatárias do nosso tempo: o médi-

co de Anatole France, o doutor Couchourd, discípulo de Alfred Loisy e diretor

de uma coleção de livros anticristãos. Desde o primeiro encontro com Marta

Robin, entendi que ela seria uma “irmã na caridade”, como sempre foi para

milhares de visitantes”. Efetivamente, além dos fenômenos místicos extraor-

dinários, a obra evangelizadora que Marta levou adiante foi realmente signifi-

cativa, apesar das suas condições. Graças à ajuda do padre Finet, fundou ses-

senta “Foyers de Lumiére, de Charité er d‟Amour” espalhados por todo o

mundo.

São Nicolau de Flueli

(Durante 20 anos)

São Nicolau de Flueli, mais conhecido como Irmão Klaus foi proclama-

do por Pio XII padroeiro da Suíça em 1947. Nasceu em 1417 em Flueli numa

família de camponeses acima de Sachseln na região de Obwald. Casou-se, te-

ve 10 filhos e levou uma vida comum até que, aos 50 anos, sentiu uma fortís-

sima chamada do Senhor que o convocava a deixar tudo e segui-lo. São Nico-

lau pediu três graças: conseguir a autorização da esposa, Doroteia e dos filhos

mais velhos, não sentir a tentação de voltar atrás e finalmente, se Deus quises-

se, poder viver sem comer, nem beber. Todos os seus pedidos foram escuta-

dos. Durante 20 anos viveu na floresta como ermitão e alimentou-se somente

com a Eucaristia, como atestaram muitíssimas testemunhas.

Serva de Deus Anne-Louise Lateau

(Durante 12 anos)

Page 144: MILAGRES EUCARISTICOS

144

Também na Bélgica, em Bois-d‟Haine, a Serva de Deus, Anne-Louise

Lateau desde o dia 26 de março de 1871 e durante 12 anos viveu sem comer,

beber e dormir. No dia 1º de janeiro de 1808 recebeu, como Nosso Senhor, os

estigmas nos pés, nas mãos, na testa, no lado e nas costas do lado direito e os

suportou até o fim da sua vida. No dia 23 de abril de 1873, o Papa Leão XIII

fez a seguinte afirmação sobre Anne-Louise: “ o evento de Bois-d‟Haine é ex-

traordinário. Vós podeis dizer em meu nome que nunca a medicina poderá ex-

plicar este fato”. Anne-Loiuse morreu aos 33 anos no dia 25 de agosto de

1883. Em 1991 abriu-se oficialmente a causa para a beatificação.

Page 145: MILAGRES EUCARISTICOS

145

Nas últimas aparições marianas

FRANÇA, 1830

Santa Catarina Labouré nasceu no dia 2 de maio de 1806 numa família

de agricultores. No dia 21 de abril entrou na ordem religiosa das “Filhas

da Caridade” e fez o noviciado na Casa Madre em Paris, “Rue du Bac”.

Foi lá que em 1830, Nossa Senhora das Graças apareceu a Catarina e

lhe disse: “Faça cunhar uma medalha por este modelo; todas as pessoas

que a trouxerem receberão grandes graças, sobretudo se a trouxerem no

pescoço”. Durante toda a sua permanência na “Rue du Bac”, Catarina

viu Jesus na Hóstia consagrada, na Comunhão e na Exposição do San-

tíssimo Sacramento.

A própria Catarina relatou assim a sua visão: “Enquanto eu fazia a Ado-

ração Eucarística num profundo silêncio, pareceu-me ouvir um barulho, como

o farfalhar de uma seda. O barulho vinha do lado da tribuna, alcei a vista e vi a

Santíssima Virgem. A sua estatura era mediana e era indescritivelmente bela.

Portava um véu branco que ia da cabeça aos pés e ela estava em cima de um

globo. As suas mãos estavam na altura da cintura e ela carregava sem esforço

outro globo menor e de ouro; em cima dele tinha uma cruz que também era de

ouro. Ela olhava para o Céu e enquanto eu a contemplava, a Virgem Santíssi-

ma olhou para mim e falou ao íntimo do meu coração: „Este globo que vês

representa o mundo inteiro, particularmente a França e cada pessoa. E a Vir-

gem acrescentou: Os raios simbolizam as graças que derramo sobre as pessoas

que me pedem. Compreendi então como é doce rezar a Maria e o quanto Ela é

generosa com as pessoas que a invocam. Formou-se, então, em volta da San-

tíssima Virgem um quadro oval, no qual em letras de ouro se liam estas pala-

vras que a circundavam: Ó MARIA, CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI

POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS.

Desapareceu, então, o globo que Nossa Senhora tinha nas mãos e, co-

mo se elas não agüentassem mais o peso de tantas graças, Ela as estendeu na

direção do globo no qual os seus pés estavam apoiados, pisando a cabeça de

uma serpente verde com manchas amareladas. De repente, o quadro se virou e

vi o “reverso da medalha”, isto é, o monograma de Maria debaixo da Cruz, no

plano inferior tinha dois corações: o de Jesus coroado de espinhos e o de Ma-

ria atravessado por uma espada. Ao redor, como uma moldura, havia uma co-

roa de doze estrelas. Ouvi, então, uma voz que me dizia: „Faça cunhar uma

Page 146: MILAGRES EUCARISTICOS

146

medalha por este modelo; todas as pessoas que a trouxerem receberão grandes

graças, sobretudo se a trouxerem no pescoço; as graças serão abundantes, es-

pecialmente para aqueles que a usarem com confiança.”

Milagres Eucarísticos de Lourdes, FRANÇA, 1888 - Curas milagro-

sas ocorridas durante a passagem do Santíssimo Sacramento.

Quando um sacerdote francês da Peregrinação Nacional propôs em

1888 realizar uma procissão com o Santíssimo Sacramento em Lourdes,

ocorreu uma cura prodigiosa. Desde então, os doentes que vão a Lour-

des em peregrinação são abençoados com o Santíssimo Sacramento e

são incalculáveis as curas milagrosas ocorridas durante a passagem do

Santíssimo. O Santuário de Lourdes é um exemplo luminoso da fé na

presença real de Jesus na Eucaristia.

No dia 22 de agosto de 1888 às 4 horas da tarde, realizou-se por primei-

ra vez em Lourdes a procissão com a bênção dos enfermos com o Santíssimo

Sacramento. Foi um sacerdote quem propôs esta iniciativa piedosa e desde

então não foi nunca deixada. Nesse mesmo dia, quando os doentes foram a-

bençoados com o Santíssimo diante da gruta das aparições da Virgem, Pedro

Delanoy, que durante anos vinha sofrendo de ataraxia (doença que impede a

coordenação dos movimentos voluntários e que conduz seguramente à morte),

ficou curado instantaneamente quando o Ostensório passou. Era o primeiro

Milagre Eucarístico que ocorria em Lourdes. Daquele dia em diante, nunca

mais se deixou de realizar a procissão Eucarística para os doentes.

Fátima e a Eucaristia O ANJO DE PORTUGAL, 1916,

Um Anjo apareceu três vezes aos pastorzinhos de Fátima para preparar

as futuras aparições de Nossa Senhora e para elevá-los com a Comu-

nhão a um estado sobrenatural. Durante a terceira aparição o Anjo deu a

Comunhão a Lúcia com uma Hóstia que gotejava Sangue que foi reco-

lhido num cálice. Francisco e Jacinta, que não tinham feito ainda a Pri-

meira Comunhão, receberam-na com o conteúdo do cálice. O Anjo dis-

se nesta aparição: “Tomai e Bebei o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor

Page 147: MILAGRES EUCARISTICOS

147

Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os

seus crimes e consolai o Vosso Deus”.

Primeira Aparição do Anjo “Vimos uma luz mais branca que a neve,

com a forma de jovem transparente, mais brilhante que um cristal, atravessado

pelos raios do sol… enquanto ele se aproximava foi possível distinguir os seus

traços: um jovem de 14 ou 15 anos, muito belo. Estávamos surpresos, não e-

mitíamos uma palavra, aproximando-se de nós disse: “"Não tenham medo. Eu

sou o anjo da Paz. Rezem comigo". Depois se ajoelhou, inclinando-se até to-

car o seu rosto no solo e rezou: "Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-

Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não

Vos amam" E disse esta oração três vezes. Quando parou, disse às crianças

"Rezem assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos à voz de suas súpli-

cas". A atmosfera sobrenatural que nos envolvia era intensa que quase não

percebíamos, durante um longo espaço de tempo, a nossa própria existência.

Segunda Aparição do Anjo O Anjo nos disse: “Que fazeis? Orai! Orai

muito! Os corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia.

Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios”. – “Como nos

havemos de sacrificar?” – perguntei. “De tudo que puderdes, oferecei um sa-

crifício em ato de reparação pelos pecados com que ele é ofendido e de súplica

pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou

o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com

submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar”. E desapareceu… Aquelas

palavras do Anjo marcaram o nosso espírito, como uma luz que nos fazia

compreender quem era Deus: como nos ama e quer ser amado; o valor do sa-

crifício e como lhe é agradável e como por meio dele, converte os pecadores”.

Terceira Aparição do Anjo. Vimos o Anjo se apresentar com um Cálice

na mão esquerda e uma Hóstia na mão direita sobre o Cálice e da qual caíam

gotas de sangue. O Anjo ajoelhou-se ao lado dos Pastorzinhos, deixando o cá-

lice e a Hóstia suspensos no ar e convidou-os a repetir por três vezes a seguin-

te oração: "Santíssima Trindade, pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profun-

damente, e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de

Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultra-

jes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E, pelos méri-

tos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria,

peço-Vos a conversão dos pobres pecadores". Em seguida, o Anjo ergueu-se,

tomou de novo o cálice e a hóstia, que tinham ficado suspensos no ar e deu a

Hóstia à Lúcia e o que continha o cálice ao Francisco e à Jacinta, dizendo ao

mesmo tempo: - “Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, horri-

Page 148: MILAGRES EUCARISTICOS

148

velmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o

Vosso Deus” e desapareceu.

Page 149: MILAGRES EUCARISTICOS

149

Comunhões milagrosas

São Esanislau Kotstka 1550-1568

São Estanislau Kostka aos 17 anos adoeceu gravemente, tanto assim

que parecia que era já o fim. Naquela época era hóspede de um nobre

protestante que não lhe permitia ser visitado por um sacerdote. Estanis-

lau não perdeu a esperança e uma noite, na qual estava presente também

o seu preceptor, recebeu a Comunhão de modo milagroso. Depois de

alguns dias sarou e tomou a decisão de entrar na ordem dos Jesuítas.

São Estanislau Kostka nasceu em 1550 em Rostkow a poucos quilôme-

tros de Varsóvia. Em 1564, aos 14 anos, foi mandado a Viena com o irmão

mais velho para completar os seus estudos junto aos Jesuítas. Ele gostava mui-

to do estudo e da vida ordenada do colégio e pensava em dedicar-se à vida re-

ligiosa. Lamentavelmente, os Jesuítas tiveram que fechar o colégio e Estanis-

lau, o seu irmão e o preceptor deles foram obrigados a ir embora e a aceitar a

hospitalidade de um nobre de fé luterana. Estanislau manteve um comporta-

mento religioso exemplar, apesar das pressões do irmão, do preceptor e do an-

fitrião luterano que o criticavam. Estanislau aceitava tudo com paciência e

submissão e todas as noites rezava por eles. Aos 17 anos, adoeceu gravemen-

te; recordamos que o jovem pertencia à irmandade de Santa Bárbara e os seus

membros se confiam à sua padroeira para receber a Comunhão no momento

da morte. Estanislau, então, confiava plenamente que isso aconteceria e efeti-

vamente, uma noite acordou o preceptor que velava ali perto, revelando-lhe:

“Eis aqui Santa Bárbara! Ela está aqui com dois Anjos! Trazem o Santíssimo

Sacramento!

E assim foi: os Anjos se aproximaram dele e lhe deram a Comunhão. O

rapaz, sereno, deitou-se. Dias depois, para a surpresa de todos, Estanislau se

levantou completamente curado, afirmando que queria andar pessoalmente

agradecer ao Senhor e manifestar-lhe o seu desejo de ser religioso. O Superior

Regional dos Jesuítas o rejeitou porque era muito jovem e porque faltava o

“nulla obsta” paterno, mas Estanislau não perdeu as esperanças e decidiu ten-

tar em Alemanha ou até mesmo em Itália. Despojou-se das suas belas roupas e

vestiu-se como um camponês, encaminhou-se em direção a Augusta onde mo-

rava o grande São Pedro Canísio, Provincial dos Jesuítas em Alemanha.

Quando se deu conta da sua ausência, o irmão procurou-o por muito tempo e

começou a sentir remorsos pela sua atitude hostil; enquanto isso São Pedro

Page 150: MILAGRES EUCARISTICOS

150

Canísio, ponderava com muita atenção a vocação do jovem e decidiu enviá-lo

ao seminário dos Jesuítas em Roma. Na carta de apresentação do jovem Esta-

nislau estava escrito: “Estanislau, nobre polonês, jovem direito e cheio de ze-

lo, foi provado durante um tempo no Colégio Interno de Dilingen e mostrou-

se sempre rigoroso com os próprios deveres e sólido na vocação, esperamos

grandes coisas dele”.

São Sátiro - salvo do naufrágio pela Eucaristia SÉCULO IV

É o próprio Santo Ambrósio que descreve esse Milagre Eucarístico na

sua obra De excessu fratis Satyri. O protagonista foi o seu irmão São

Sátiro, quem conseguiu salvar-se de um naufrágio graças a Eucaristia.

Santo Ambrósio escreveu sobre o seu irmão Sátiro: “Que posso dizer

sobre a sua observância do culto a Deus? Um fato bastará. Antes de ser inicia-

do completamente nos sublimes mistérios, sofreu um naufrágio. O navio no

qual viajava encalhou num arrecife de rochedos e as ondas o despedaçavam,

mas ele não temeu a morte, só temia uma coisa: deixar essa vida sem ter rece-

bido os Sagrados Mistérios. Por isso, pediu o Divino Sacramento dos fiéis aos

que ele sabia que eram iniciados; certamente não para pôr olhos curiosos sobre

os arcanos, mas para obter a ajuda da fé. Escondeu-o num lenço e amarrou-o

ao pescoço. Depois se lançou ao mar, buscou agarrar-se a uma tábua despren-

dida do navio e não nadou para salvar-se, porque tinha buscado somente as

armas da fé, pensava que estava suficientemente protegido e defendido por ela

e não quis outro auxílio. Contemplemos juntos a sua força de ânimo: na des-

truição da embarcação não agarrou uma tábua como qualquer náufrago, mas

buscou em si mesmo a base da sua coragem; a sua esperança não o abandonou

e a sua convicção não o traiu.

Assim que se salvou das ondas e chegou à terra firme, reconheceu o Ca-

pitão em quem tinha confiado e assim que soube que todos os Seus servos es-

tavam salvos, não se lamentou pelos bens perdidos, mas foi à igreja de Deus

para agradecer pela sua salvação e pela possibilidade de conhecer os Mistérios

Eternos, declarando que não existe maior dever que o da gratidão...Ele que

tinha experimentado o grande auxílio dos Mistérios Celestes envolvidos num

lencinho, considerava que era coisa grande recebê-los na boca e acolhê-los no

mais profundo do coração!”.

Page 151: MILAGRES EUCARISTICOS

151

A Eucaristia e Santa Catarina de Sena 1347-1380

Jesus apareceu a Santa Catarina para revelar-lhe que da mesma forma

que um grande fogo que não diminui e não se apaga serve para acender

muitas velas, assim o grande fogo da Eucaristia não sofre nada quando

inflama os fiéis que se aproximam dele com muita ou pouca fé. A maior

ou menor caridade de cada um é simbolizada pela dimensão das velas.

Jesus disse à Santa Catarina as seguintes palavras sobre a Eucaristia:

“Vós recebestes toda a essência divina neste dulcíssimo Sacramento sob a

brancura do pão. E como o sol não pode dividir-se, assim Aquele que é todo

Deus e todo homem não pode dividir-se na brancura da Hóstia. Imaginemos

uma Hóstia dividida: ainda que fosse esmigalhada em mil pedaços, cada um

deles é o Cristo todo Deus e todo homem. Assim como se quebra um espelho,

mas não se quebra a imagem que se vê, assim, dividindo essa Hóstia, não se

divide nem Deus, nem o homem, mas em cada uma das partes está tudo e não

diminui em si mesmo, como acontece com o fogo; vejamos esse exemplo: se

tu tivesses uma chama e todo o mundo viesse acender a sua vela nesta chama,

ela não diminuiria por isso e todos teriam uma chama completa. É verdade que

existe quem participa mais ou menos desta chama, porque cada um recebe o

fogo segundo a sua capacidade.

E para que tu entendas melhor eu te dou outro exemplo: se muitas pes-

soas tivessem uma vela e uma tivesse uma onça de cera, outra duas, outra seis,

outra uma libra e outra mais de uma libra e todas acendessem a sua vela na

mesma chama, a verdade é que em cada vela acesa, grande ou pequena, se ve-

ria a chama completa, o mesmo calor, a mesma cor e a mesma luz; apesar dis-

so tu dirias que aquele que possui somente uma onça de cera tem menos luz

do que àquele que tem uma libra. Assim acontece com esse Sacramento. O

homem leva a sua vela, que é o santo desejo com o qual recebe este Sacramen-

to; mas a vela está apagada, somente se acende quando recebe a Eucaristia.

Portanto, se bem todos tenham uma mesma matéria, porque todos foram cria-

dos à minha imagem e semelhança e como cristãos possuem a chama do santo

batismo; cada um cresce em amor e virtude, segundo a própria vontade e me-

diante a minha graça. Não é que podem mudar a vida sobrenatural que eu dou,

mas podem crescer no amor às virtudes, usando o livre arbítrio, com virtude e

com caridade enquanto ainda há tempo; porque terminado o tempo, não é mais

possível crescer”.

Page 152: MILAGRES EUCARISTICOS

152

Santa Lúcia Filippini

Um dia Santa Lúcia Filippini (século XVII) foi a Pitigliano, perto de

Grosseto, para inspecionar uma escola de artesanato que ela tinha fundado.

Mas primeiro parou na igreja dos frades franciscanos para assistir à Santa

Missa. O seu desejo de receber Jesus Eucaristia era tão grande que o Senhor

quis premiá-la com um Milagre. Quando o sacerdote partiu a Hóstia Magna

em duas e ia colocar um pedacinho no Cálice, justamente aquele pedacinho

fugiu da sua mão, voou e foi parar na língua da futura santa. Atualmente o

Santuário onde ocorreu esse Milagre é custodiado pelas Mestras Pias de Santa

Lúcia Filippini.

Beata Imelda Lambertini

Beata Imelda Lambertini, desde criança demonstrou um grande amor

por Jesus Eucaristia, mas o capelão lhe recordava sempre que a Santa Comu-

nhão só podia ser recebida aos 14 anos. No dia 12 de maio de 1333, vigília da

Ascensão do Senhor, a menina foi à missa e apresentou-se para receber a San-

ta Comunhão. O sacerdote ignorou-a completamente, mas o Senhor quis aten-

der ao desejo da pequena Imelda e uma Hóstia luminosa voou e se deteve di-

ante dela. Quando recebeu o corpo de Cristo, a sua cândida alma voou imedia-

tamente ao Céu. A Beata Imelda é Padroeira das Primeiras Comunhões.

Santa Juliana Falconieri

Santa Juliana Falconieri foi sempre devotíssima da Eucaristia. Nos úl-

timos dias da sua vida fez um tratamento para um mal de estômago, que por

muito tempo a atormentava e que lhe impedia receber a Comunhão. Antes de

morrer, em 1341, pediu que uma Hóstia Consagrada fosse colocada no seu

peito e enquanto ela rezava, a Hóstia desapareceu, deixando uma marca viole-

ta, come se tivesse sido impressa. Santa Juliana foi beatificada em 1678 e ca-

nonizada em 1737.

Santa Agnese Segni

Durante a sua permanência em Proceno, a dominicana Santa Agnese

Segni (1268-1317) ia de vez em quando sozinha até a horta do mosteiro para

rezar perto de um pé de oliveira. Nas primeiras horas de uma manhã de do-

mingo começou a rezar tão profundamente e somente depois de muitas horas

se deu conta que era dia festivo e que deveria ir à missa, mas veio um Anjo do

Page 153: MILAGRES EUCARISTICOS

153

Senhor e trouxe consigo uma Hóstia imaculada e deu-lhe a Comunhão. Este

fato repetiu-se em outras ocasiões.

Santa Clara de Montefalco

O biógrafo de Santa Clara de Montefalco (1275-1308) faz referência a este

fato nos atos do processo de canonização que “um dia Clara aproximou-se

sem o véu à Comunhão, a irmã Giovanna repreendeu-a duramente dizendo:

“Fora, não quero que comungues.” Escutando essas palavras Clara reparou

que estava sem o véu e sentiu uma grande dor e entrando na sua cela, chorou

amargamente. Mas eis que, enquanto ainda estava em lágrimas rezando, Cris-

to apareceu, deu-lhe um beijo e depois a Comunhão; isso a deixou profunda-

mente consolada.

Beata Ângela de Foligno

A Beata Ângela de Foligno (1248-1309) contou que “uma vez, na Hós-

tia viu Cristo com as feições de um rapaz, mas Ele se apresentava muito ma-

jestoso, semelhante a um rei; estava sentado num trono e parecia que tinha al-

gum objeto na mão que significava autoridade (...) Então, no momento em que

todos se ajoelharam, eu não o fiz e não estou segura se corri em direção ao

altar ou se fiquei imobilizada pela alegria e pela contemplação, senti uma

grande pena quando o sacerdote, apressado, colocou outra vez a Hóstia no Al-

tar.”

Os discípulos de Emaús São Lucas assim descreve o milagre eucarístico ocorrido quando Nosso Senhor apareceu aos dois discípulos em Emaús: “Aconteceu que, estando com eles à mesa, tomou o pão, benzeu-o, partiu e lho dava. Abriram-se-lhe os olhos e reconheceram-no; mas ele desapareceu” (Lc 24, 30). Embora Nosso Senhor os tenha feito companhia durante o caminho e com eles conversado, somente quando “tomou o pão, benzeu-o, partiu e lho dava”, quer dizer, quando comungaram, é que “abriram os olhos” e O reconheceram, mostrando o poder da Eucaristia de abrir a alma, clarear a mente para Deus.

Page 154: MILAGRES EUCARISTICOS

154

Testemunhos de mártires da Eucaris-

tia

1. Cardeal Van Thuan

Como celebrava a Missa o cardeal vietnamita que esteve vários anos num campo de concentração comunista? Van Thuan, o arcebispo vietnamita que este-ve anos na prisão, hoje cardeal da Igreja Católica, dá testemunho sobre como conseguiu celebrar missa num campo de concentração comunista:

“Quando prenderam-me tive que ir-me logo de mãos vazias. No dia seguinte prometeram-me escrever aos meus entes queridos para pedir-lhes o que fosse necessário: roupa, pasta de dentes, etc. Disse-lhes: por favor, enviai-me um pouco de vinho como medicina contra dor de estômago. Os fiéis compreenderam logo.

Enviaram-me uma garrafa de vinho de missa com a etiqueta: medicina contra a dor de estômago; acompanhava-a algumas hóstias escondidas num círio contra as intempéries.

A polícia perguntou-me: - Dói-lhe o estômago? - Sim. - Aqui tem o remédio para você. Nunca poderei expressar minha grande alegria: diariamente, com três gotas

de vinho e uma gota de água na palma da mão celebrei a missa. Este era meu altar e esta era a minha catedral! Era a verdadeira medicina da alma e do corpo: Medicina de imortalidade, remédio para não morrer, senão para viver sempre em Jesus Cristo, como disse Inácio de Antioquia.

A cada passo tinha ocasião de estender os braços e cravar-me na cruz com Jesus, de beber com Ele o cálice mais amargo. Cada dia, ao recitar as palavras da consagração, confirmava com todo o coração e com toda a alma um novo pacto, um pacto eterno entre Jesus e eu, mediante seu sangue mesclado com o meu. Foram as missas mais bonitas de minha vida!”

2. Fulton Sheen

Alguns meses antes de sua morte Fulton J. Sheen foi entrevistado por uma repórter de TV da seguinte forma: “Você inspirou a milhões de pessoas em todo mundo. Quem o inspirou, foi acaso um Papa?”

Fulton Sheen respondeu que sua maior inspiração não foi um Papa, nem um cardeal ou outro bispo, e nem sequer um sacerdote ou monge. Foi uma meni-na chinesa de onze anos de idade.

Explicou que quando os comunistas apoderaram-se da China encarceraram um sacerdote em sua própria reitoria perto da igreja. O sacerdote observou ater-rado de sua janela como os comunistas penetraram na igreja e dirigiram-se ao santuário. Cheios de ódio profanaram o tabernáculo, tomaram o cálice e o joga-ram no chão, espalhando as hóstias consagradas. Eram tempos de perseguição e o sacerdote sabia exatamente quantas hóstias haviam no cálice: trinta e duas.

Page 155: MILAGRES EUCARISTICOS

155

Quando os comunistas se retiraram, talvez não se deram conta ou não prestaram atenção a uma menina que rezava na parte de trás da igreja, a qual viu tudo o que sucedeu. Essa noite a pequena regressou e, evitando a guarda mon-tada junto à reitoria, entrou na igreja. Ali fez uma hora santa de oração, um ato de amor para reparar o ato de ódio. Depois de sua hora santa, entrou no santuário, ajoelhou-se e, inclinando-se, com sua língua recebeu a Jesus na Sagrada Comu-nhão. Fê-lo assim porque não teve a coragem de pegar a hóstia com a mão como fazem alguns comungantes dos dias atuais.

A pequena continuou regressando cada noite, fazendo sua hora santa e re-cebendo a Jesus Eucarístico em sua língua. Na trigésima segunda noite, depois de haver consumido a última hóstia, acidentalmente fez um ruído que despertou o guarda. Este correu atrás dela, agarrou-a e a golpeou até matá-la com a culatra de seu rifle.

Este ato de martírio heróico foi presenciado pelo sacerdote enquanto, su-mamente abatido, olhava da janela de seu quarto convertido em prisão.

Quando o bispo Fulton Sheen escutou o relato, inspirou-se de tal modo que prometeu a Deus que faria uma hora santa de oração frente a Jesus Sacra-mentado todos os dias, pelo resto de sua vida. Se aquela pequena pôde dar tes-temunho com sua vida da real e formosa presença de seu Salvador no Santíssimo Sacramento, então o bispo se via obrigado ao mesmo. Seu único desejo desde então seria o de atrair ao mundo o Coração ardente de Jesus no Santíssimo Sa-cramento.

A pequena ensinou ao bispo o verdadeiro valor e zelo que se deve ter pela Eucaristia; como a fé pode sobrepor-se a todo medo e como o verdadeiro amor a Jesus na Eucaristia deve transcender à própria vida.

O que se esconde na Hóstia Consagrada é a glória de Seu amor. Todo o criado é um reflexo da realidade suprema que é Jesus Cristo. O sol no céu é tão somente um símbolo do filho de Deus no Santíssimo Sacramento. Por isso é que muitos ostensórios imitam os raios do sol. Como o sol é a fonte natural de toda energia, o Santíssimo Sacramento é a fonte sobrenatural de toda graça e amor.

Jesus é o Santíssimo Sacramento, a luz do mundo. (Traduzido do artigo “Let the Son Shine”, do pe. Martin Lucia)

Page 156: MILAGRES EUCARISTICOS

156

Milagre eucarístico?

Santo: São João Crisóstomo

Data: Ano 400

Local: Constantinopla

Título : O Pão dos Hereges

O Senhor permitiu que acontecesse um fato maravilhoso com uma mulher que se obstinava em permanecer filiada aos sectários macedônios, e tal fato determinou por fim sua perfeita conversão. As verdades católicas expostas por Crisóstomo mostravam-se tão evidentes ao marido dessa mulher, que lhe pareceu que não deveria tolerar por mais tempo que sua esposa professasse os perniciosos erros da heresia. Procurava persuadi-la a renunciar a eles e abraçar a verdadeira Fé católica, mas nenhum fruto tirava de seus conselhos nem de suas longas discus-sões, porque era a tenacidade com que ela aceitava as opiniões heréticas. Afinal, esgotado todos os meios de conduzi-la ao bom caminho, ameaçou de separar-se dela se não acedesse aos seus desejos, seguindo o bom exemplo que lhe tinha dado. A mulher, para obedecer ao marido na aparência, mas perseverando na sua obstinação, lhe disse que faria o que mandava; mas, combinando antes com uma criada sua, foi a um templo de hereges e, tomando o pão falsamente consagrado que davam a seus adeptos, deu-o à criada para que o guardasse; em seguida foi à igreja dos católicos com seu marido, para comungar e assegurar-lhe que já era católica, e recebendo a Sagrada Hóstia, fingindo que se inclinava para orar, deu-a à criada que estava ao seu lado, e tomou dela o pão recebido dos hereges, o qual imediatamente se transformou em pedra. A desventurada mulher, atônita e fora de si, procurou São João Crisóstomo para narrar-lhe o que lhe tinha acontecido, e ele a converteu à Fé católica e publicou o milagre, conservando-se em Constantino-pla, para perpétua memória, aquela pedra em que o pão dos hereges se tinha convertido.

Fonte: Livro Milagres Eucarísticos do Padre Manuel Traval y Roset S.J.; São Gre-gório Magno, Diálogo, livro 3, cap. 3; - Sozomeno, Vida de San Juan Crisóstomo, liv. 8, cap. 5 - Baronius, Annales Ecclesiastici, t.5, p. 126