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MMiillaaggrreess EEuuccaarrííssttiiccooss
Relatos de mais de cem dos maiores milagres eucarísticos ocorridos desde o início do Cristianismo até os dias atuais Compilador dos textos: Juraci Josino Cavalcante – http://quodlibeta.blogspot.com/
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Breves comentários sobre os milagres
É a manifestação sobrenatural mais reveladora da misericórdia divina, quando o próprio Cristo, Nosso Senhor, procura constantemente, ao longo dos anos, comprovar o cumprimento de suas palavras: “Ficarei convosco até o fim dos tempos”.
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Principais características: 1. Causas dos milagres: a) Incredulidade ou negligência do celebrante:
O mais antigo milagre eucarístico (Lanciano) teve como causa principal a incredulidade do celebrante. Outros milagres tiveram a mesma causa, em numero de quinze, mais ou menos. Houve um caso, porém, que denota não só increduli-dade, mas irreverência, como o de Cássia, quando o sacerdote colocou a Partícu-la consagrada dentro do Breviário. Talvez o que denota maior gravidade, pois o-casionou um milagre mais portentoso, foi o de Regensburg, haja vista que o Cruci-fixo que estava no altar estende sua mão e toma o cálice da mão do celebrante.
No primeiro milagre de Florença (1230), nota-se que houve também negli-gência do celebrante, pois havia deixado algumas gotas de vinho consagrado no cálice: provavelmente não o ingeriu completamente durante a Missa. No milagre de Roma (o de 1610), o celebrante não só duvidou da Real Presença na Hóstia consagrada, mas agiu também negligentemente deixando-A cair no chão. Em ou-tros dois casos, nos milagres de Alkmaar e de Boxtel Hoogstraten, ambos na Ho-landa, os celebrantes negligentemente deixaram derramar o vinho consagrado (quer dizer, o Sangue de Cristo) sobre o altar. b) Incêndios:
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Diversos foram os milagres decorrentes de incêndios ocorridos em capelas, igrejas e santuários. Não se sabe se todos foram proposital ou não, sendo mais provável que, na sua maioria, tenham sido ocasional ou por causa de negligência daqueles que cuidam das coisas sagradas. Em Faverney, Pressac, Wilsnack, Flo-rença (no milagre de 1595), Morrovalle, Amsterdam e Stiphout, ocorreram os mais conhecidos. Em Pressac, embora o cálice tenha se derretido completamente, no entanto a Hóstia que estava dentro dele permaneceu intacta. Em Wilsnack, as Hóstias não só estavam intactas após o incêndio, mas também sangrando, o que talvez indique que o acidente foi proposital.
O milagre de Amsterdam, no entanto, tem uma particularidade: não foi de-corrente de um incêndio ocorrido numa igreja, mas do fogo de uma lareira, na qual uma empregada havia jogado uma Hóstia consagrada que seu patrão vomitara minutos antes: a Sagrada Partícula salvou-se do fogo flutuando milagrosamente na lareira.
d) Sacrilégios, roubos e profanações:
Uma grande quantidade de milagres eucarísticos ocorreram após ter havido sacrilégios, roubos e profanações do Santíssimo Sacramento. Muitos casos, co-mo o de Santarém, o narrado por São Pedro Damião e o de Ettiswil, na Suíça, foram cometidos por pessoas que receberam a Comunhão, tiraram a Hóstia da boca logo depois e a levaram para ser profanada por algum feiticeiro. Em outros casos foram hereges ou ateus que conseguiram obter as Sagradas Espécies, ou roubando ou por intermédio de alguém, para fazer uma profanação acintosa con-tra Cristo, como o ocorrido com as Sagradas Hóstias do “El Escorial”, de Bruxelas, na Bélgica, de Paris (em 1290), de Poznan, na Polônia, e de Alcoy, na Espanha. Em outros casos, o ladrão nem sequer chegou a consumar completamente o sa-crilégio ou profanação, como o ocorrido em Weiten-Raxendorf, na Áustria, e He-rentals, na Bélgica. Nos casos de Augsburg, Bettbrunn e Erding, todos na Alema-nha, o roubo deu-se porque os fiéis (uma senhora e dois camponeses), por uma piedade ignorante ou falsa, queriam ter o Santíssimo dentro de casa e, como não era permitido, resolveram roubá-Lo.
E no caso de uma comunhão indigna, estando a pessoa em estado de pe-cado mortal? Temos então o milagre ocorrido em Mogoro, no ano 1604, quando dois homens tiveram suas línguas queimadas logo após comungarem indignamen-te: cuspiram as Hóstias na mesma hora e em seguida explicaram ao sacerdote que elas estavam como carvões em brasa na boca.
Em Patierno (Nápoles) as Sagradas Espécies foram roubadas por duas ve-zes: na primeira, em 1772, ocorreu o fenômeno da recuperação milagrosa, mas na segunda, ocorrida já no século XX, em 1978, nada ocorreu e, lamentavelmente, as partículas estão desaparecidas até hoje.
2. Natureza dos milagres: a) Hóstias transformam-se em carne e vinho em sangue:
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Muitos foram os milagres em que as Sagradas Espécies se transformaram em carne e sangue. O principal e mais antigo deles é o de Lanciano, visto até os dias atuais. O mesmo ocorreu em Middleburg, na Bélgica, em Augsburg, na Ale-manha, em Alatri e em Bagno di Romagna, na Itália. Em, na Espanha, o sacerdote não conseguiu engolir a Hóstia, transformada em carne. Em “O Cebreiro”, também na Espanha, ambas as espécies, Hóstia e Vinho, transformaram-se em carne e sangue ao mesmo tempo na hora da Missa.
No entanto, o caso mais espantoso foi o narrado no Apoftegma dos Monges do Deserto, num lugar do Egito chamado Scete. Como um monge duvidasse da real presença de Cristo na Eucaristia, na hora da consagração foi visto próximo ao altar o Menino Jesus ao lado de um Anjo armado de uma espada (que logo O imo-laou), de cuja carne foi oferecida como Hóstia aos monges para que comungas-sem.
Em Daroca, na Espanha, Bolsena e Offida, na Itália, as Hóstias transforma-ram-se em Sangue e em Bagno di Romagna, na Itália, e Alkmaar, Boxmeer e Box-tel , na Holanda, foi o vinho que se transformou. b) Hóstias que sangram:
Neste casos, as sagradas espécies, especialmente as Hóstias, não trans-formaram-se em carne, mas sangraram. Hóstias sangraram em Santarém, Has-selt, em Corcum (as Hóstias que estão no “El Escorial”), Guadalupe, Macerata, Fiecht, Bois-Seigneur-Isaac, Bruxelas, Herkeronde, Ludbreg, Blanot, Dijon, Bern-ningen, Wilsnack, Asti, Roma, Trani, etc. Algumas chegam até a esguichar san-gue.
c) Hóstias que flutuam e/ou brilham:
Após algum sacrilégio, o milagre se iniciava geralmente com o sangramento
das hóstias, mas logo depois, no lugar onde o profanador as escondia, elas come-çavam a brilhar para que os fiéis as encontrassem. Isto deu-se especialmente nos milagres de Santarém e Herentals.
Em outros milagres, porém, as Sagradas Espécies ficavam flutuando, sozi-nhas ou juntamente com o ostensório, para escapar de algum incêndio, como o ocorrido em Faverney, ou de profanadores, como o de Paris (ano de 1290), Volter-ra (Itália), ou então sem motivo aparente, como os de Douai e Erding.
d) Manifestações ou Imagens de Cristo na Hóstia:
Em outros milagres a manifestação sobrenatural consistiu numa ação explí-cita de Nosso Senhor, através da impressão de imagens na Hóstia, como em Waldurn que teve Suas imagens impressas no Corporal, ou até mesmo de Sua intervenção, como no milagre de Regensburg em que o Crucifixo pega o cálice da mão do celebrante incrédulo. e) Animais que veneram as Sagradas Espécies:
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Em Daroca, a mula que carregava as Espécies milagrosas, após caminhar 200 milhas em doze dias, finalmente ajoelha-se e cai morta perante o local esco-lhido pela Providência. Em Sousa, no Brasil, o pastor encontra as ovelhas ajoe-lhadas venerando a Sagrada Eucaristia no meio do mato e o milagre repete-se dias depois, com as ovelhas ajoelhando-se ao ouvir o toque do sino para a Missa. Em Glotowo, na Polônia, os bois estancam respeitosamente perante as Sagradas Espécies, que não estavam visíveis, mas enterradas. O mais estupendo, porém, foi o milagre realizado por Santo Antonio em Rímini, na Itália: uma mula, embora faminta a vários dias, recusa o alimento oferecido e ajoelha-se perante o Osten-sório com a Hóstia Consagrada.
f) castigos:
Alguns milagres eucarísticos realizaram-se com castigos a homens maus e incrédulos. Em Seefeld, o chão se abriu aos pés de um profanador, em Wilsnack um incrédulo cavaleiro ficou cego e em Santa Maria do Monte saiu uma língua de fogo do Tabernáculo e queimou um soldado que o profanava.
g) pessoas curadas ou miraculadas:
Em grande parte dos milagres eucarísticos houve muitas curas, algumas na hora, outras depois do milagre eucarístico. Em La Rochelle tivemos a cura instan-tânea de um menino de 7 anos de idade. Em Marselle, destacam-se as curas de um sacerdote, paralítico e mudo, e de um cego. Milagre mais estupendo foi o ocor-rido em Miguel-Juan Pellicer, na Espanha: um aleijado teve sua perna, amputada, completamente restabelecida ao tronco do seu corpo. Muitos outros milagres de curas ocorreram, alguns não mencionados nas crônicas, outros aqui omitidos para não alongar demais o presente relato.
h) vencendo as forças da Natureza:
Grande parte dos milagres eucarísticos deu-se vencendo as próprias forças da natureza. Em Avignon as águas de uma enchente afastam-se como as do Mar Vermelho no tempo de Moisés, permitindo que o Santíssimo seja retirado são e salvo do Sacrário. Em Tumaco, na Colômboa, o Santíssimo acalma um maremoto salvando toda uma população católica. No Egito, uma santa anacoreta caminha sobre o rio Jordão para receber a Comunhão. Na Martinica, o Santíssimo salva o lugarejo chamado Morne-Rouge da fúria de um vulcão. Em Canosio, fez parar uma enchente. Em Cava del Tirreni, na Itália, faz cessar uma peste. Em Dronero, também na Itália, faz apagar um incêndio que ameaçava a cidade. Já em Pibrac, na França, as águas de um rio afastam-se para que Santa Germana Cousin passe a pé enxuto para assistir a Santa Missa e comungar. i) Eucaristia como único alimento:
A devoção à Eucaristia levou inclusive muitos santos a alimentar-se unica-mente dela, comprovando assim também o seu valor como alimento meramente
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natural. A Beata Ana Catarina Emerich, também estigmatizada, passou vários a-nos tendo como único alimento a Hóstia Consagrada; quando muito se acrescen-tava uma ameixa e copo d’água. Outros santos nem sequer tinham qualquer com-plemento ao da Eucarista, como a Serva de Deus Teresa Newman de Konners-reuth, alemã, que viveu assim durante 36 anos. A Beata Alexandrina de Balasar, portuguesa, passou 13 anos alimentando-se unicamente da Eucaristia. São Nico-lau Flueli, Patrono da Suíça, 20 anos; a Serva de Deus Anne-Louise Lateau, 12 anos. O caso mais fantástico é da vidente e estigmatizada francesa Martha Robin que passou 53 anos alimentando-se unicamente da Hóstia Consagrada! Nem se-quer água ela podia ingerir... j) Perpetuação das Sagradas Espécies sem se decompor por muitos anos:
O fenômeno mais impressionante foi o de Lanciano, cujas Espécies man-têm-se intactas e incorruptas por mais de 13 séculos! Em Alcalá, o milagre foi ofi-cialmente reconhecido após as Espécies se manterem intactas por onze anos. Já em Onil, também na Espanha, duraram 119 anos. Em San Juan de las Abadesas há uma Hóstia colocada numa estátua em 1251 e que permanece incorrupta até os dias atuais. E assim, vários foram os milagres cujas espécies sacramentais permaneceram incorruptas por anos a fio, muitos deles vistos até os dias atuais. 3. Milagres vistos até hoje:
Até os dias atuais podem ser vistos os milagres de Lanciano (13 séculos), Santarém (sete séculos e meio), Seefeld (seis séculos), Hasselt (sete séculos), Faverney (quatro séculos), “El Escorial” (quatro séculos), Fiecht (sete séculos), Middleburg (sete séculos), Douai (mais de sete séculos), Neuvy Saint Sépulcre (quase oito séculos), Erding (seis séculos), Bagno di Romagna (seis séculos), Mauro La Bruca (277 anos), os dois milagres de Florença (um com quase 8 sécu-los e o outro com quatro centenários), Offida (sete séculos), Boxmeer (seis sécu-los), Alcalá (quatro séculos), Siena (277 anos), com uma particularidade: em Siena continuam intactas mais de 200 hóstias!
4. Relíquias indiretas conservadas:
Em alguns milagres as Sagradas Espécies já não existem, mas ainda se conservam relíquias indiretas, como em Faverney (um ostensório), em Guagalupe (os corporais e a pala), em Bruxelas (os relicários), em Blanot (uma toalha), em Mogoro (pedras) e em Boxtel (o corporal).
5. Milagres conhecidos e aprovados pelo Papa:
Vários milagres eucarísticos foram oficialmente conhecidos e aprovados por papas ao longo dos séculos. O Papa Leão X estabelece sede episcopal em Lan-ciano no século XVI, e, alguns anos depois, Pio IV eleva-a ao arquiepiscopado.
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Eugênio IV concedeu ano de jubileu para Daroca a cada 10 anos e reconheceu como autênticos os milagres de Waldürn, na Alemanha, e de Ferrara, na Itália. O Papa Sérgio IV toma conhecimento oficial, através de São Pedro Armengol, do milagre de Ivorra e o aprova através de uma bula. Bonifácio IX concede a Cássia indulgência equivalente à da Porciúncula. Gregório IX reconhece o milagre de Alatri através de uma bula, Paulo III o de Asti e Ubano IV o de Bolsena. O Papa Pio IV reconhece o de Morrovalle e Inocêncio VIII o de “O Cebreiro”. A maior parte destes reconhecimentos foi através da concessão de indulgências especiais.
6. Extinção das espécies miraculadas:
Muitas das Sagradas Espécies miraculadas já não existem. No entanto, du-raram vários anos atestando a grandeza do milagre. As do milagre de Dijon dura-ram 364 anos, de Les Ulmes 130 anos, de Marselle e de Paris sete séculos, de Bettbrunn 105 anos, de Wilsnack 139 anos, de Patierno 204 anos, de Turim cerca de dois séculos, de Veroli apenas 12 anos, de Gerona quase sete séculos e de Silla 29 anos (destruídas pelos comunistas em 36).
7. A Eucaristia e a ciência
Os estudos mais documentados são os do milagre de Lanciano, com várias pesquisas feitas ao longo dos séculos. Finalmente, no século XX foram feitos es-tudos científicos mais completos, onde se constatou a autenticidade do milagre. Também foram feitos estudos nas relíquias de Ivorra no ano 2000 e se constatou o mesmo. Também no século XX, em 1958, foram analisadas as manchas do Corporal do milagre de Bagno di Romagna, onde se confirmou que eram de natu-reza hematológica. Também foram feitos estudos de natureza científica em Pati-erno. Um cientista, pelo menos, converteu-se e tornou-se santo: trata-se de Nico-la Stenon, beatificado pela Igreja. 8. Milagres feitos por intercessão de Santos:
Alguns milagres foram feitos por intercessão de santos, dentre eles, os grandes milagres de Santa Clara de Assis e de Santo Antonio. Mas pode-se a-crescentar também os de São João Bosco, Santa Maria, a Egípcia, São Sátiro, Santa Lúcia Filippini, Beata Imelda Lambertini, Santa Juliana Falcinieri, Beata Ân-gela de Foligno, e tantos outros que é impossível aqui relatar. 9. Milagres eucarísticos e as três revoluções:
A maior parte dos milagres eucarísticos deram-se no período que vai desde a Renascença até o Protestantismo, decorrentes, principalmente, das heresias que negavam a presença real na Eucaristia. Um fato que se chama a atenção: em 1593, um monge pregava citando o milagre de Fiecht, na Áustria, e fez uma multi-dão de protestantes recuar sem argumentos. O milagre exposto em “El Escorial” foi realizado em decorrência da ação de hereges protestantes da Holanda, um dos quais converteu-se.
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No entanto, o ódio contra a Eucaristia foi mais violento na Revolução Fran-cesa, ocasião em que se destruíram, inclusive, várias relíquias provenientes de milagres existentes ainda na França. Em 1794, destruíram as relíquias do milagre de Dijon; nesta mesma época sumiram-se as relíquias do milagre de Douai; as sagradas espécies de Les Ulmes tiveram que ser consumidas pelo sacerdote para se evitar uma profanação pelos revolucionários. Finalmente, as hóstias milagro-samente conservadas pelo milagre de Paris desde 1290 foram destruídas pelos revolucionários cinco séculos depois!
Com relação ao comunismo, tivemos maior quantidade de relíquias destruí-das durante a revolução comunista de 36, na Espanha. Em Ludbreg, na Croácia, só foi possível restabelecer o culto às sagradas relíquias após a queda do regime comunista. 10. Santos Eucarísticos
Não se pode dizer que um santo não seja eucarístico, pois a Eucaristia é o centro de toda santidade. No entanto, alguns deles se caracterizaram por ter sido especialmente devotos da Eucaristia, como São Tomás de Aquino, São Bernardo, São Pedro Julião Eymard, São João Bosco, etc. Merece destaque o Beato Ivan Merz, croata, que, apesar de ter vivido num mundo materialista e conturbado (sé-culos XIX e XX), conseguia comungar diariamente.
11. A Eucaristia e as aparições marianas:
O Santíssimo Sacramento esteve presente em quase todas as últimas apa-rições marianas. As aparições à Santa Catarina Labouré geralmente se davam quando ela fazia a adoração da Eucaristia. A devoção à Eucaristia em Lourdes teve incrível incremento quando um sacerdote propôs realizar uma procissão com o Santíssimo Sacramento e ocorreu uma cura prodigiosa. A partir de então, todos os doentes que vão a Lourdes são abençoados com o Santíssimo Sacramento.
Em Fátima, as aparições foram precedidas por uma aparição do Anjo com um Cálice apresentando uma Hóstia, gotejando sangue, logo dada em comunhão às crianças. Tudo indica que Francisco e Jacinta ainda não tinham feito a Primei-ra Comunhão até aquele momento.
Segue os relatos.
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MMiillaaggrreess EEuuccaarrííssttiiccooss
LANCIANO, Itália, ano 700
Lanciano é uma pequena cidade medieval, banhada pelo Mar Adriático,
na Itália, entre as cidades de San Giovanni Rotondo e Loreto.
Antigamente a denominavam de “Anxanum”. A mudança de nome foi
com a finalidade de perpetuar uma homenagem à conversão de Longino, que
segundo a Tradição nasceu lá e foi o centurião romano que cravou a sua lança
no flanco direito de Jesus Crucificado, alcançando o Coração do Redentor,
para ver se ELE ainda estava vivo, conforme descreve São João em seu Evan-
gelho (Jo 19,34).
Na seqüência dos muitos acontecimentos que sucederam na vida do
centurião, despertaram o seu espírito e o conduziram ao caminho da conver-
são. A Igreja reconhece a notável transformação espiritual que o santificou e o
colocou entre os Santos. É conhecido como São Longino e sua imagem está
no Vaticano, no Santo Sepulcro em Jerusalém e em diversos outros altares do
mundo. Sua Festa é comemorada no dia 15 de Março.
Na época em que aconteceu o Milagre, a Igreja de Lanciano estava en-
tregue a proteção dos Santos Legonciano e Domiciano, e era administrada pe-
los Monges Basilianos do Rito Grego Ortodoxo.
Um Monge da Ordem de São Basílio (Basiliano), sábio nas coisas do
mundo, vacilava contudo nas coisas da fé, atravessava um terrível período de
perturbação espiritual de tal ordem, que o levava a duvidar da presença Real
de Nosso Senhor Jesus Cristo na Hóstia Consagrada. Mas ele lutava contra
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aquela abominável tentação e rezava, suplicando ao Criador que iluminasse o
seu espírito e o livrasse daquela dúvida e do medo que envolvia a sua consci-
ência, que o fazia imaginar estar perdendo a vocação sacerdotal. À medida que
passavam os dias, aquele drama interior aumentava de intensidade e afetava a
sua disposição, roubando-lhe até o prazer de viver.
Por outro lado, a situação do mundo naquela época não lhe favorecia em
nada, para ajudá-lo fortalecer a sua fé. Havia muitas heresias disseminadas em
todas as partes, as quais eram acolhidas por leigos e pessoas da Igreja. Diver-
sos Bispos e Sacerdotes aceitavam aquelas doutrinas naturalmente, sem uma
maior e mais profunda reflexão, deixando confusa as mentes de muitos fieis e
religiosos que observavam aquele comportamento, resultando sempre em mal-
estar e incompreensões no seio da Igreja.
Numa manhã, como habitualmente fazia, o Monge celebrava uma Santa
Missa, quando foi acometido por uma incontrolável onda de dúvidas. Enver-
gonhado consigo mesmo, com um olhar de piedade, contemplou a Hóstia com
o vinho que estavam a sua frente e que ele Consagrava. De súbito, suas mãos
tremeram e seu corpo foi envolvido por uma vi-
gorosa e profunda emoção. Permaneceu imóvel,
em silêncio, de costas para o povo, como as
Missas eram celebradas antigamente. Depois de
alguns minutos, voltando-se para os fieis que
sem saber o que acontecia, aguardavam com ex-
pectativa e ansiedade, falou:
“Ó testemunhas afortunadas, a quem o Santís-
simo Deus, para destruir minha falta de fé, quis
revelar-SE a SI Mesmo neste Bendito Sacramen-
to e fazer-SE visível diante de nossos olhos. Ve-
nham irmãos, venham todos e maravilhem-se
com o nosso Deus tão próximo de nós. Venham
contemplar a Carne e o Sangue de nosso Amado Cristo”.
A Hóstia tinha se transformado em Carne e o Vinho convertido em
Sangue do Senhor.
As pessoas presenciando o Milagre, se manifestaram emocionadas e
surpresas, repletas de alegria pela infinita bondade Divina em lhes proporcio-
nar tão extraordinária manifestação. Por isso, clamavam perdão e misericórdia
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para as suas vidas, declarando-se indignas de presenciarem tão grandioso e
comovente Milagre.
Com o avançar das horas, saíram para as suas casas e divulgaram a aus-
piciosa notícia por onde passavam. Em pouco tempo, toda a cidade ficou sa-
bendo da notável manifestação sobrenatural e afluíram à Igreja, centenas e mi-
lhares de pessoas, que superlotaram todas as dependências do templo cristão,
porque todos estavam ávidos de verem o Corpo e o Sangue de Jesus.
O Milagre ocorreu no ano 700 de nossa era e causou um efeito admirá-
vel, porque atuou preponderantemente sobre a crença daquele Sacerdote Basi-
liano e sobre a fé de muitas pessoas frias e indiferentes, que não acreditavam
na Sagrada Eucaristia, na presença Real de Jesus, em Corpo, Sangue, Alma e
Divindade, na Hóstia e no Vinho Consagrados.
É importante destacar que desde a data do acontecimento, a Igreja aco-
lheu o Milagre como “um verdadeiro Sinal do Céu” e venerou o Corpo e o
Sangue do Senhor nas procissões que anualmente são realizadas no dia da Fes-
ta, último domingo do mês de Outubro.
Inicialmente o Milagre foi conservado num artístico relicário de mar-
fim. Posteriormente foi colocado num magnífico Ostensório de ouro.
O Sangue do Senhor no momento do Milagre, coagulou em cinco por-
ções, como se fossem cinco pelotas. Elas guardam uma incrível propriedade:
cada bola de sangue coagulado tem o mesmo peso que as outras juntas.
O Sangue adquiriu uma cor marrom-sépia.
A Carne ficou com uma cor grená-escuro. Entre-
tanto, quando se coloca uma lâmpada por trás,
ela adquire uma cor rosada.
A Igreja de Lanciano permaneceu sob a
custódia dos Monges de São Basílio até 1176,
quando assumiram os Padres Beneditinos e per-
maneceram até 1252. A seguir vieram os Fran-
ciscanos e tiveram que fazer muitas obras, por-
que a estrutura do templo estava comprometida.
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Em 1258, os Franciscanos construíram uma nova Igreja, no local da an-
tiga, e a colocaram sob a proteção de São Francisco.
Em 1515 o Papa Leão X implantou em Lanciano uma sede episcopal e
em 1562, o Papa Pio IV emitiu uma Bula elevando-a a condição de sede Ar-
cepiscopal.
Em 1887 o Arcebispo de Lanciano, Monsenhor Petrarca, obteve do Pa-
pa Leão XIII indulgência plenária perpétua para quem visitasse o Milagre Eu-
carístico no período da Festa, último domingo de Outubro e os seguintes oito
dias, da oitava, em cujo período transcorre as celebrações em honra do Sangue
e do Corpo do Senhor.
Em 1566, com a ameaça de invasão pelos turcos, Frei Giovanni Antônio
de Mastro Renzo e seus companheiros, construíram uma Capela especial e
bem protegida, a Capela Valsecca, onde foi
abrigado com segurança o Milagre de Jesus
Eucarístico. Ali permaneceu até o ano 1902,
quando construíram um magnífico Altar com
dois Tabernáculos: no superior colocaram o
Milagre e no inferior está o Sacrário com as
Hóstias Consagradas nas Santas Missas, para
serem consumidas pelos fieis. Pela parte de
trás, tem uma pequena escada de acesso, por
onde as pessoas podem admirar bem de perto o
extraordinário Milagre.
A Carne e o Sangue atualmente visíveis não
só são a Carne e o Sangue de Jesus Cristo co-
mo toda \Hóstia consagra, senão que mantém
até hoje os acidentes próprios de carne e san-
gue humano. A Carne, desde 1713, conserva-
se num artístico ostensório de prata, da escola
napolitana, finamente trabalhado. O Sangue está contido numa rica e antiga
ampola de cristal de Roca.
A emoção da visita é sempre grande e proporciona manifestações es-
pontâneas que atestam a admiração e a comoção das pessoas, diante do pró-
prio Deus.
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A parte da Hóstia no centro do círculo de carne, embora fosse verdadei-
ramente a Carne de Jesus Cristo continuou apresentando os acidentes de pão
sem levedura depois do milagre, tal como ocorre com o Consagração. Mante-
ve-se por muitos anos, porém se desintegrou porque a lâmina que a continha
não havia sido hermeticamente fechada.
Ao longo dos séculos, desde o início, muitas pesquisas foram feitas com
a Carne e o Sangue do Milagre Eucarístico. As investigações mais modernas,
que foram concluídas em 1970-71 e 1991, levados a efeito pelo Professor O-
doardo Linoli, docente de Anatomia e História Patológica em Química e Mi-
croscopia Clínica, em colaboração com o Professor Ruggero Bertelli, da Uni-
versidade de Siena, utilizando-se de recursos avançados de pesquisa, concluí-
ram o seguinte:
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1 – A Carne é verdadeira carne humana.
2 – A Carne é um pedaço do tecido muscular
do coração, presentes partes do miocárdio,
do endocárdio e do nervo vago do ventrículo
cardíaco esquerdo.
3 – O Sangue também é humano
4 – A Carne e o Sangue tem o mesmo tipo
sanguíneo: “AB”.
5 – No Sangue encontram-se proteínas na
mesma proporção que se encontra num san-
gue humano vivo.
6 – No Sangue também se encontram mine-
rais em proporções idênticas as encontrada
num ser humano normal: dosagem do cloro,
fósforo, magnésio, potássio, sódio e do cál-
cio.
7 – A preservação da Carne e do Sangue du-
rante 12 séculos sem a ajuda de qualquer in-
grediente químico, é perfeita e admirável.
Milagre de Eucarístico de
Lanciano
A Carne é verdadeira Carne
O Corpo e o Sangue de Cristo
no Milagre Eucarístico, perma-
necem frescos depois de mais de 1200 anos
O Sangue é verdadeiro Sangue
15
Através dos tempos se têm escrito muitos relatos para comprovar a au-
tenticidade do milagre eucarístico de Lanciano, relatando milagres de natureza
tanto física quanto espiritual. Estes fatos foram cuidadosamente registrados
por causa da importância que a Cristandade, e com e ela Igreja, sempre deu a
este milagre.
Na mesma época do milagre, os fatos foram redigidos num manuscrito,
em Grego e Latim. Numa cronologia da cidade de Lanciano, um historiador
escreveu que em princípios de 1500 dois monges basilianos vieram à igreja,
que estava aos cuidados dos franciscanos, e pediram para passar a noite ali.
Pediram também para ver o pergaminho que continha a história do Milagre.
Os franciscanos lhes deixaram ver e estudar o pergaminho histórico durante a
noite, porém ao amanhecer os monges basilianos foram embora cedo levando
consigo o pergaminho. Acredita-se que o motivo da conduta dos monges basi-
lianos é que ficaram envergonhados porque um deles havia perdido a fé na
Eucaristia. O fato é que o manuscrito nunca foi recuperado.
A igreja onde se encontra o Milagre Eucarístico de Lanciano está no lo-
cal que hoje se insere no centro da cidade, mas na época do milagre era um
subúrbio e se chamava de “Igreja dos Santos Longino e Domiciano”. Um dos
benfeitores da igreja foi o bispo Landulfo que lhe fez o Santuário. Em 1258 os
franciscanos edificaram a igreja atual, reformada finalmente em 1700 de estilo
românico-gótico para o estilo barroco.
Em 25 de junho de 1672, o Papa Celemente X declarou o altar do Mila-
gre Eucarístico como um altar privilegiado na Oitava do dia de Finados e em
todas as segundas-feiras do ano.
No tempo de Napoleão, em 1809, os franciscanos foram expulsos da
cidade, mas voltaram a assumi-la solenemente em 21 de junho de 1953.
Ainda em 1566, no dia 1º de agosto, Frei Giovanni Antonio de Mastro
Renzo, perdeu a fé, não na Eucaristia, mas na proteção da Providência para
salvá-los junto com os outros frades da investida dos turcos. Vendo a necessi-
dade de salvar o milagre eucarístico, colheu o relicário e com seus frades de-
sapareceu da cidade. Caminharam toda a noite e antes do amanhecer Frei Gio-
vanni sentiu que já havia grande distância entre eles e o inimigo, ordenando
então a seus frades que descansassem. Ao surgir o sol, pela manha, se deram
conta de que se encontravam exatamente na entrada da cidade. Entenderam,
16
então, que o Senhor havia intervindo porque queria que o Milagre Eucarístico
fosse um sinal de segurança para as pessoas da cidade, um sinal de que Deus
não os havia abandonado. Inspirados pelo Espírito Santo, todos os frades ofe-
receram-se, então, com magnanimidade para ficar na igreja e proteger o Mila-
gre Eucarístico com suas vidas. Nosso Senhor os protegeu e não foi necessário
suas vidas, pois os turcos recuaram.
A primeira experiência, dita “científica”, feita com as sagradas espécies
data do ano de 1574, quando descobriram um fenômeno inexplicável: as cinco
bolhas de sangue coaguladas são de diferentes tamanhos e formas, mas têm o
mesmo peso. O fato foi documentado.
17
SANTARÉM, Portugal, ano1247
Entre os anos 1225 e 1247, havia uma mulher
em Santarém que se sentia muito infeliz, porque
o seu marido lhe era infiel, demonstrando que
não lhe amava mais. Querendo salvar o seu ca-
samento, ouviu a sugestão de pessoas amigas e
procurou a orientação e o serviço de uma feiti-
ceira. A bruxa logo lhe prometeu fazer com que
o seu marido mudasse de conduta, isto se ela
seguisse as suas recomendações. Pediu que a
mulher levasse para ela uma Hóstia Consagra-
da. Diante do espanto da mulher, a feiticeira lhe
instruiu dizendo que fingisse uma enfermidade
e comunicasse sua doença a Igreja, assim ela
poderia receber a Comunhão durante a semana
e teria oportunidade de levar a Hóstia Consagrada para ela fazer o trabalho. A
mulher ficou aterrorizada, porque sabia que isto era um abominável sacrilégio.
Permaneceu em silêncio, não disse nada. Saiu da presença da feiticeira e por
longo tempo pensou naquele pedido, tentando solucionar a dúvida que afligia
o seu coração. Por fim, imaginando a possibilidade de converter o marido e
alcançar a sonhada felicidade que buscava para a sua vida matrimonial, inven-
tou uma grande mentira e contou ao sacerdote, a fim de conseguir a devida
autorização.
O pároco concedeu a licença e ela foi receber a Sagrada Comunhão na
Igreja de São Esteves. No momento da Comunhão, ela estava visivelmente
emocionada e com um imenso drama de consciência. Ao receber Jesus Sacra-
mentado na língua, não consumiu a Hóstia. Guardou-a e deixou a Igreja ime-
diatamente, seguindo em direção da casa da feiticeira. A Partícula Sagrada
começou a sangrar. Várias pessoas notaram manchas de sangue em sua roupa
e pensaram que ela estivesse com algum problema de saúde, com alguma he-
morragia. Diante do acontecido, o medo tomou conta de seu coração. Decidiu
18
não continuar com o projeto. Levou a Hóstia Consagrada para casa, envolveu-
a num lenço bem limpo e completou a proteção com um tecido de linho bran-
co e depois a colocou num baú que possuía no quarto de casal.
Todavia, durante a noite ela e o marido foram acordados por uma radia-
ção clara e luminosa que vinha do baú e iluminava inteiramente o quarto. Es-
pantados e comovidos, viram dois Anjos abrirem o baú e libertarem Nosso
Senhor Eucarístico daquela prisão. Sem palavras e admirados com aquele fato,
viram a pequena Hóstia branca bem no meio do lenço aberto. E diante daquela
realidade, chorando e arrependida pelo pecado, a esposa contou ao marido to-
da a verdade sobre o acontecido. Ambos chorando e emocionados passaram a
noite de joelhos rezando diante Nosso Senhor Eucarístico, suplicando perdão
por aquele terrível desatino. Em estado de vigília e adoração ali permaneceram
até a manhã do dia seguinte, quando vieram diversas pessoas. Elas foram atra-
ídas por lampejos e brilhos como se fossem pequenos relâmpagos, que saíam
do telhado da casa. Repletas de curiosidade, foram até o local para saber o que
estava acontecendo. Foi então que conheceram o fato, narrado pela voz emo-
cionada do casal e, assim, testemunharam o notável milagre.
Um padre foi convidado a comparecer e levou a Hóstia Consagrada em
procissão para a Igreja. Por ordem superior, a Partícula foi colocada em cera
de abelha e lacrada num recipiente. Dezenove anos depois aconteceu outro
milagre. Um outro sacerdote abrindo o Tabernáculo, notou que o recipiente de
cera que guardava a Hóstia havia quebrado o lacre e a Partícula Sagrada se
transformara em Sangue do Senhor, que permaneceu visível dentro de um re-
cipiente cristalino fechado. As autoridades eclesiásticas em respeito, objeti-
vando homenagear a Manifestação Divina, encomendaram um precioso Reli-
cário onde colocaram o Milagre, que se mantém na Igreja do Santo Milagre,
para a visitação e veneração dos fieis. Desde aquela época até hoje, todos os
anos, no segundo domingo do mês de Abril, o Relicário em procissão, percor-
re as ruas de Santarém, até a casa onde morava aquela mulher. Na mencionada
casa construíram um respeitoso Altar, transformando a residência em Capela
diocesana.
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SEEFELD, Áustria, ano 1384
Na diocese de Innsbruck, entre as mon-
tanhas arborizadas da província do Tyrol, na
aldeia de Seefeld, Áustria, a Paróquia de São
Oswaldo deve sua popularidade a um milagre
que aconteceu na quinta-feira Santa de 1384.
Naquela época o senhor Knight Milser
era o guardião do Castelo de Schlossberg, lo-
calizado ao norte do lugarejo. O castelo foi
estrategicamente construído para proteger uma
importante estrada de acesso e servir como
uma fortaleza, para defender os moradores da
localidade. O senhor Knight sempre se mos-
trou orgulhoso da posição que ocupava e de
sua autoridade. Por isso mesmo, estava sempre
em evidência, nas colunas sociais e nos alber-
gues de maior freqüência. Todos os fatos que
aconteciam com ele ou com pessoas aparentadas, ou de sua relação de amiza-
de, forçosamente eram publicados no jornal da comunidade: A Crônica Dou-
rada de Hohenschwangau.
Certa manhã, ele foi com alguns de seus seguidores a Igreja Paroquial.
Cercou o Padre e a congregação com homens bem armados. Por sua autorida-
de, exigiu do sacerdote que ia celebrar a Santa Missa comungar com a Hóstia
grande, aquela utilizada na cerimônia. Segundo ele, a Hóstia pequena tinha
pouco valor. O Padre ficou apreensivo e preocupado, porque recusar um pedi-
do do senhor Knight poderia significar a morte. No momento da Comunhão, o
profanador com a espada puxada e a cabeça coberta, estacionou à esquerda do
altar e ali permaneceu. O Padre, pressionado, deu-lhe a Hóstia Grande Consa-
grada. No mesmo momento em que o senhor Knight a colocou na boca, im-
pressionantemente o solo se abriu embaixo de seus pés, fazendo com que ele
se afundasse até os joelhos. Assustado e com uma palidez mortal, querendo
sair dali, segurou no Altar com decisão, com ambas as mãos como se seguras-
se numa tábua de salvação, e tanto esforço fez, que suas impressões digitais
ficaram gravadas na mesa do Altar e podem ser vistas até hoje. Mesmo assim,
não conseguiu sair daquele lugar. Cheio de terror, implorou ao Padre remover
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a Hóstia Consagrada que estava em sua boca, porque ele também não a conse-
guia engolir e ela estava lhe sufocando. Assim que o sacerdote retirou a Sa-
grada Espécie, o chão ficou firme novamente. A Hóstia retirada da boca do
senhor Knight estava totalmente vermelha, impregnada pelo Sangue de Jesus.
Logo a seguir, ele conseguiu sair daquela posição em que se encontrava e se
apressou a chegar no Mosteiro de Stams, onde chamou um sacerdote e, arre-
pendido, confessou os seus muitos pecados. Mudou seu modo de vida e o seu
proceder, procurando viver uma vida santa e realizando com freqüência exer-
cícios de penitência, ajudando os mais necessitados da comunidade. Morreu
dois anos após. Conforme o seu desejo, foi enterrado numa área próxima a
capela do Santíssimo Sacramento do Mosteiro. O manto aveludado que ele
usava durante a Santa Missa na quinta-feira Santa, mandou cortar e fazer uma
casula sacerdotal, a qual doou ao Mosteiro de Stams. A Hóstia do Milagre foi
guardada numa Âmbula por determinação da autoridade eclesiástica, até a
confecção de um belíssimo relicário de prata em estilo gótico, muito bonito,
também encomendado pelo convertido.
A relíquia sagrada é preservada até hoje na Igreja de São
Oswaldo, disponível a visitação pública da mesma.
Na cena do milagre ainda é mantido o buraco no piso,
onde o senhor Knight afundou até os joelhos. Por motivo
de segurança, o buraco foi coberto com um grelha de fer-
ro para evitar que alguém distraidamente caísse nele. En-
tretanto, a grelha pode ser removida, e assim, as pessoas
que desejarem, podem examinar minuciosamente o bura-
co.
Localizado no santuário em sua posição original, também
está o altar de pedra, onde aconteceu o Milagre. Ficou um
pouco distante do Altar Novo que é mais alto e foi cons-
truído quando a Igreja foi aumentada. O Altar Novo está
mais alto e mais distante, a fim de ficar propositalmente
separado do Altar do Milagre.
Tudo foi organizado de forma que uma diferença
na altura da laje dos dois altares e uma distância de alguns metros que os sepa-
ram, permite uma visão clara do Altar do Milagre. Ainda se pode ver no lado
do Altar de pedra, as impressões digitais das mãos do senhor Knight cujos de-
dos afundaram na pedra na hora do acontecimento sobrenatural.
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Não se sabe quando a Igreja de São Oswaldo foi construída, mas a ocor-
rência é mencionada numa crônica de 1320. A igreja atual, teve sua constru-
ção concluída em 1472.
Em 1984 a Igreja de São Oswaldo celebrou 600 anos de aniversário do
Milagre Eucarístico.
HASSELT, Bélgica, ano 1317
Em 1317, um Padre de Viversel que ajudava na cidade de Lummen, foi solicitado a levar
o Santo Viático (Sagrada Comunhão ministrada aos doentes e idosos) a um homem da al-
deia que estava enfermo. Levando um Cibório com uma Hóstia Consagrada, o padre entrou
na casa e colocou o utensílio sagrado em cima de uma mesa enquanto foi conversar com a
família e o doente no quarto.
Outro homem que estava em pecado mortal, passando pela sala e vendo
o Cibório, cheio de curiosidade mas sem fé, removeu a tampa de cobertura e
segurou na Hóstia Consagrada. Imediatamente a Hóstia começou a sangrar.
Assustado, jogou a Hóstia dentro do Cibório e saiu apressado. Quando o padre
veio pegar o Cibório para ministrar a Comunhão ao doente, o encontrou aber-
to! Surpreso observou também que a Hóstia estava com diversas manchas de
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sangue. No momento ficou indeciso sobre o que fazer, entretanto logo a seguir
decidiu procurar o senhor Bispo e levar o fato ao seu conhecimento. O pastor
percebeu que se tratava de uma manifestação eucarística sobrenatural e, por
essa razão, aconselhou-o que levasse a Hóstia Milagresa a um Sacrário na I-
greja das freiras Cisterciense em Herkenrode, aproximadamente a 50 quilôme-
tros de distancia.
Este convento que está perto de Liege, na Bélgica, foi fundado no sécu-
lo XII e pertence às freiras Cistercienses. Por causa da reputação venerável e
repleta de santidade da comunidade religiosa, o senhor Bispo escolheu aquele
local, porque estava convencido de que lá seria o lugar mais adequado para
acolher a Hóstia Milagresa.
O sacerdote viajou para o Convento das Irmãs e assim que chegou, des-
creveu o acontecido. A seguir, acompanhado das Irmãs e em procissão entra-
ram na igreja e aproximou-se do altar. Quando abriu o Sacrário para colocar o
Cibório com a Hóstia Milagrosa, teve uma visão de Cristo coroado com espi-
nhos, que também foi visto por todas as pessoas presentes. Nosso Senhor pa-
recia dar um sinal especial de que a vontade dEle era permanecer ali. Por cau-
sa desta visão e da presença da Hóstia Milagrosa, Herkenrode tornou-se um
dos lugares mais famosos de peregrinação na Bélgica.
A Sagrada Hóstia permaneceu na Igreja em Herkenrode até 1796, época
da Revolução francesa, quando as freiras foram expulsas do Convento. Naque-
le tempo terrível a Hóstia foi confiada aos cuidados de diferentes famílias.
Conta-se que foi até acomodada numa caixa metálica comum e embutida na
parede da cozinha de uma casa.
Em 1804, a Hóstia foi removida do esconderijo e levada em solene pro-
cissão para a Catedral de São Quintinus em Hasselt. O Templo possui uma
bela arquitetura gótica e foi construído no século XIV. Contém pinturas im-
pressionantes dos séculos XVI e XVII que recordam eventos da história do
Milagre. Mas muito mais importante que a construção e a beleza da Catedral,
é o Relicário com a Hóstia Sagrada do notável Milagre Eucarístico ocorrido
em 1317 que ela abriga, em esplêndida condição de conservação. O Relicário
foi colocado num Altar especial, aberto a veneração dos fieis.
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DAROCA, Espanha, ano 1239, e a institui-
ção da festa de Corpus Christi
Na cidade de Daroca, localizada no nordeste da Espanha, os habitantes se or-
gulham de seu passado histórico e de sua importância durante os tempos ro-
manos. É protegida por muros altos em todos os lados e possui mais de cem
torres para vigilância e observação. Está a cerca de 75 quilômetros de Zarago-
za e foi escolhida pelo Senhor para uma notável manifestação sobrenatural
eucarística. É a primeira povoação espanhola, e talvez do mundo, que estabe-
leceu uma festa pública em honra do Santíssimo Sacramento.
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O passado da cidade ainda parece vivo mostrando muros e castelos me-
dievais, torres, praças e ruas conforme o traçado romano daquela época. Nas
igrejas e museus podem ser encontradas a inestimável arte romana e dos mou-
ros, observando-se também a predominância do estilo gótico e a influência do
Renascimento.
Todavia, embora tenha toda esta riqueza histórica, o maior tesouro de
Daroca é a relíquia dos Sagrados Corporais, que data de 1239, quando aconte-
ceu o milagre. Por aquele ano, quando a cidade de Valencia estava sob o rei-
nado do Rei católico Dom Jaime, o rei sarraceno Zaen Moro decidiu tomar a
cidade com as tropas que haviam chegado do norte da África. O rei católico
vendo as intenções do sarraceno, e sabendo que a força militar espanhola era
menor, ordenou oferecer uma Santa Missa ao ar livre, e encorajou os soldados
assim como os oficiais, a receberem a Sagrada Eucaristia. O Rei Jaime assegu-
rou aos militares que se eles fossem fortalecidos espiritualmente com o Corpo
do Senhor, poderiam lutar sem medo porque receberiam a proteção e a ajuda
Divina.
As tropas cristãs de Daroca, Teruel e Calatayud se dispunham a con-
quistar dos mouros o Castelo de Chio, Luchente, distante três léguas de Jativa.
Estávamos a 23 de fevereiro de 1239. O Capelão celebrara, momentos antes, a
Santa Missa na qual consagrou seis hóstias destinadas à Comunhão dos seis
capitães daquelas tropas: Jiménez Pérez, Fernando Sánchez, Pedro, Raimundo,
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Guilhermo e Simone Carroz. O sacerdote ficou confuso e aterrorizado com o
estrondo de canhões, os tiros, gritos e toda a confusão que se formou, pois os
mouros iniciavam um ataque de surpresa. Foi obrigado a interromper a Missa,
escondendo as sagradas espécies que já estavam consagradas, envoltas nos
corporais, num pedregulho do monte.
Num intervalo da batalha, quando os sarracenos se retiraram para agru-
par as suas forças, os soldados católicos se ajoelharam diante do altar para dar
graças a Deus por aquela primeira vitória alcançada. Saindo os cristãos parci-
almente vitoriosos, os comandantes pediram ao sacerdote que lhes desse a
Comunhão em ação de graças ao Senhor pela vitória alcançada. Sem perca de
tempo, o padre Mateo tentou encontrar o lugar onde havia escondido as Hós-
tias e teve grande dificuldade, porque em face da confusão reinante ficou em
dúvidas quando ao local. Mas por fim encontrou os Corporais e logo abriu pa-
ra verificar se estava tudo bem com as Hóstias Consagradas. Ficou perplexo
com o que viu! As seis Hóstias tinham desaparecido e ficaram em seu lugar
seis manchas de sangue no Corporal. Tinha acontecido uma notável manifes-
tação milagrosa. Apressado, o sacerdote subiu ao altar improvisado e mostrou
aos militares o Corporal com as manchas do Sangue do Senhor, para reverên-
cia e veneração de todos.
Os comandantes se regozijaram ante o que viram. Tomaram isto como
um sinal de Jesus de que iam ser vitoriosos. Fizeram com que o sacerdote le-
vantasse o corporal manchado de sangue num mastro como se fosse um estan-
darte. Voltaram á batalha contra os mouros e o castelo de Chio foi recaptura-
do. O mérito desta batalha deu-se ao milagre eucarístico.
A notícia do milagre circulou ligeira e inclusive despertou ciúmes nos
habitantes das cidades vizinhas. Como a celebração da Santa Missa foi reali-
zada no campo, bem distante da cidade de Valência, as três cidades: Teruel,
Catalayud e Daroca, reivindicaram que o milagre havia acontecido dentro de
suas jurisdições territoriais. Todas as três queriam ficar com a custódia dos
Santos Corporais. O assunto foi debatido durante muito tempo e depois de
muitas palavras, decidiram que a disputa seria resolvida através da sorte. Em-
bora fosse um critério incomum, foi o escolhido de comum acordo entre as
partes. Através da sorte seria indicada a cidade que ficaria na posse dos Panos
Sagrados. Concordaram ainda, que os Corporais, devidamente acondicionados
e protegidos, seriam colocados sobre uma mula e o animal deveria escolher
qual a direção e o caminho a seguir.
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E assim foi feito! A mula deixou o monte onde estava e iniciou sua jor-
nada, seguida pela assistência composta dos guerreiros e sacerdotes com velas
acesas. Depois de vaguear durante 12 dias, num percurso de cerca de 200 mi-
lhas, dobra os joelhos e cai morta em frente à Igreja de São Marcos (hoje Igre-
ja da Trindade), em Daroca. Então Daroca foi a cidade escolhida. Há vários
relatos que se referem à viagem da mula, quando ocorreram muitos milagres
em seu percurso, ouviram-se cantos e músicas angelicais ao lado de fúria de
demônios que abandonavam pessoas que tinham possuído, ao lado, também,
de conversões de vários pecadores. O Corporal ficou nesta igreja até que se
trasladou para a de Santa Maria. Estávamos a 7 de março de 1239, festa de
São Tomás de Aquino (que era vivo e tinha cerca de 14 anos de idade), um
grande devoto e defensor da Eucaristia. Mais tarde, São Tomás foi nomeado o
protetor do Milagre Eucarístico de Daroca.
Os habitantes felizes com o desfecho, providenciaram a construção de
uma igreja, para ser a depositária dos preciosos Panos de linho. Num altar es-
pecial colocaram os dois Corporais dentro de molduras e vidros protetores, a
fim de que os fiéis pudessem apreciar e venerar as seis manchas com o Sangue
do Senhor. Atualmente a Igreja em Daroca onde estão os Corporais Sagrados
é denominada, Igreja de Santa Maria Colegiada, ou simplesmente “A Colegia-
da”. Nas paredes foram pintadas cenas admiráveis do milagre, e junto ao altar
existem muitas imagens e estátuas feitas de alabastro, multicoloridas, no estilo
medieval.
No ano de 1261, no reinado do Papa Urbano IV, a cidade de Daroca e o
seu cabido resolveram enviar uma delegação à Roma a fim de informar deta-
lhadamente Sua Santidade sobre as maravilhas operadas por Deus no porten-
toso milagre. E tinha aumentado tanto a piedade dos fiéis que foi necessário
construir fora dos muros da cidade uma pequena torre de pedra para abrigar a
Santa Relíquia. O Papa Urbano IV era contemporâneo da Beata Juliana de Li-
ege, a monja que passou sua vida tentando instituir a Festa do Santíssimo Sa-
cramento e foi ele quem declarou a autenticidade do milagre de Daroca. Um
ano depois, em 1262, instituiu a Festa de Corpus Christi. Acredita-se que o
Papa tenha visto no milagre de Daroca um sinal divino para que fosse instituí-
da a festa de Corpus Christi.
Chegou também ao Papa os informes de dois grandes santos, São Boa-
ventura e São Tomás de Aquino, conclamando a Igreja para uma veneração
pública das Sagradas Espécies, o que inclinou o ânimo do Santo Padre na as-
sinatura dos decretos que instituíram na Igreja a soleníssima festa de “Corpus
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Christi”, ordenando que desde então se fizessem procissões públicas e solenes
e que nelas se levasse o Santíssimo Sacramento para ser adorado.
São Vicente Ferrer, em 1414, pregou na torre onde estavam as relíquias
e converteu na ocasião 110 judeus. De tal forma repercutiu tal milagre em toda
a Cristandade que a partir de então começaram a vir peregrinos de todo o
mundo para venerar aquelas relíquias.
Em 1444, o Papa Eugênio IV concedeu um ano de jubileu para Daroca,
cada 10 anos. Este foi o mesmo Papa que reconheceu como autênticos os mi-
lagres eucarísticos de Walldürn, na Alemanha e de Ferrara, na Itália.
Lápide na entrada da Igreja da Trindade onde encontrou Daroca o Tesouro inestimá-vel de seus Sagrados Corporais
pois aqui caiu morta a mula que os trazia.
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FAVERNEY, França, ano 1600
O Milagre Eucarístico que aconteceu em Fa-
verney, na França consistiu numa notável
demonstração sobrenatural de superação da
lei da gravidade.
Faverney está localizado a 20 quilômetros de
Vesoul, no Departamento de Haute Saône,
Região Administrativa de "Franche-Comtè",
distante 68,7 quilômetros de Besançon.
A abadia onde se encontra a Igreja em que
aconteceu o milagre foi fundada por São Gu-
de no século VIII e pertencia a Ordem ecle-
siástica de São Benedito. O Templo foi colo-
cado sob a proteção de Nossa Senhora de La
Blanche, representada por uma pequena imagem colocada à direita do Altar
Principal, na Capela do Coro. Desde a sua fundação, a Abadia estava entregue
às freiras, mas a partir de 1132, os monges as substituíram.
No inicio de 1600 a vida religiosa do povo não era tão fervorosa o quan-
to deveria ser. O difícil aparecimento de vocações revelava a falta de estímulo
espiritual da comunidade leiga. Por outro lado, viviam na Abadia somente seis
monges e dois noviços. Mas para manter a fé das pessoas, debilitada pela ter-
rível influência protestante, os monges procuravam sempre realizar todas as
cerimônias tradicionais, constantes do calendário litúrgico, revestidas com a
maior solenidade, objetivando despertar o fervor espiritual da população.
Também cultivavam com interesse e freqüência a reza da Via Sacra, a do Ter-
ço e a adoração do Santíssimo Sacramento.
Para a celebração da Festa de Pentecostes, montaram um magnífico Al-
tar de madeira próximo ao Portão de entrada do Coro, todo ele adornado com
belíssimas flores. E de fato, a cerimônia religiosa realizada no domingo de
Pentecostes foi bonita e participada por um grande número de fiéis que lota-
vam o templo. Ao anoitecer, fecharam as portas da Igreja e os monges foram
repousar, deixando duas lâmpadas com óleo para iluminar o Santíssimo Sa-
cramento num Ostensório, que permaneceu exposto sobre o Altar.
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No dia seguinte, segunda-feira 26 de Maio, quando o sacristão Don
Garnier abriu as portas da Igreja, observou que havia muita fumaça e chamas
em quantidade, que subiam por todos os lados do Altar. Apressou-se em avisar
os Monges, que imediatamente se uniram aos leigos e com todo empenho pro-
curaram salvar a Igreja, porque as chamas violentamente devoravam o Altar e
ameaçavam espalhar para consumir o templo. Um dos noviços chamado Hu-
delot, foi o primeiro a notar que o Ostensório com o Santíssimo Sacramento,
elevou-se do Altar e ficou suspenso no ar e que as chamas se inclinavam e não
tocavam nele. Estava acontecendo um notável milagre! As pessoas que esta-
vam na igreja ajudando a apagar o incêndio, ao verem aquele fenômeno fica-
ram impressionadas e a notícia se espalhou depressa. Os habitantes do lugare-
jo, pessoas que residiam nas proximidades, gente de todas as idades vieram
ligeiro à igreja para ver o que estava acontecendo. Os Frades Capuchinhos de
Vesoul, ao tomarem conhecimento do fato também se apressaram em vir ob-
servar e testemunhar o fenômeno que se mantinha. Mesmo tendo os monges
conseguido debelar o incêndio, o Milagre não cessou, o Ostensório com Jesus
Sacramentado continuou flutuando no espaço. As pessoas que chegavam, ajo-
elhavam em demonstração de respeito, de temor e em sinal de adoração, dian-
te do Ostensório suspenso no ar, enquanto diversos céticos, mudos, sem pala-
vras e argumentos, também se aproximaram para constatar aquele notável mi-
lagre que acontecia.
Ao longo do dia e durante a noite os monges não estabeleceram nenhu-
ma restrição, e os curiosos puderam livremente visitar a Igreja e presenciar o
fenômeno, que continuava.
Na manhã de terça-feira, dia 27 de Maio, o Milagre permanecia. Vieram
padres dos bairros circunvizinhos e de outras cidades e celebraram a Santa
Missa em horários seguidos, enquanto o Ostensório se mantinha suspenso no
ar. Aproximadamente às 10 horas da manhã, no momento da Consagração, na
Santa Missa que estava sendo celebrada pelo Padre Nicolas Aubry, Pároco de
Menoux, as pessoas presenciaram o Ostensório mudar a sua posição e suave-
mente descer sobre o Altar onde celebravam, que foi montado para substituir
aquele que foi destruído pelo fogo. A suspensão do Ostensório permaneceu
durante 33 horas.
No dia 31 de Maio, uma investigação foi ordenada por S. Excia. o Ar-
cebispo Ferdinand de Rye. Foram recolhidos cinqüenta e quatro testemunhos
de monges, padres, autoridades, homens e mulheres do povo. Em 30 de Julho
de 1608, depois de estudar os testemunhos e o material colecionado durante a
30
investigação, o senhor Arcebispo decidiu afirmar que havia acontecido de fa-
to, um notável milagre eucarístico.
Examinando alguns detalhes da ocorrência, observamos:
O Altar era de madeira e foi quase que completamente reduzido a cin-
zas, com exceção dos pés. Queimou totalmente a toalha de linho e o Corporal
que estavam sobre a Mesa de Celebrações, assim como um dos lustres que
decorava o Altar foi encontrado derretido pelo calor do fogo. Todavia, o Os-
tensório que abrigava Jesus Sacramentado estava perfeito, misteriosamente
preservado de qualquer dano. As duas Hóstias Consagradas que se encontra-
vam dentro dele, permaneceram intactas. Também foram poupados e perma-
neceram sem nenhum dano quatro preciosidades que estavam dentro de um
tubo cristalino preso ao Ostensório: uma relíquia de Santa Agatha, um peque-
no pedaço de seda que protegia a relíquia, uma proclamação de indulgências
pelo Santo Padre, e uma carta episcopal em que a cera do selo derreteu e cor-
reu em cima do pergaminho, sem contudo alterar o texto.
Sobre o Ostensório que se manteve flutuando livremente no espaço du-
rante 33 horas, 54 pessoas testemunharam, inclusive padres de outras Ordens
Religiosas que vieram presenciar o acontecimento sobrenatural. Deram decla-
rações sob juramento e assinaram um documento que ainda é conservado.
Considerando que a Igreja possuía piso de madeira, disseram também
que a suspensão do Ostensório não foi afetada pelas vibrações das pessoas que
se moviam ao redor para melhor observar o milagre, nem das pessoas que
constantemente entravam e saíam do templo, assim como da atividade dos
monges que se dedicaram à imediata remoção do material queimado pelo fogo
e da montagem de um altar provisório. Posteriormente, uma pedra de mármo-
re foi colocada para marcar o local do milagre. Nela estão cinzeladas as pala-
vras "Lieu Du Miracle" - Lugar do Milagre.
Em dezembro de 1608, uma das duas Hóstias que estavam no Ostensó-
rio na hora da suspensão Milagresa foi transferida solenemente para a cidade
de Dole, que era a capital do município.
Durante a Revolução Francesa, infelizmente, o Ostensório do Milagre
foi destruído, mas a Hóstia Consagrada foi preservada de qualquer dano por
membros do conselho municipal de Faverney que a manteve escondida até
passar o perigo. Depois, mandaram confeccionar outro magnífico Ostensório
onde colocaram a Sagrada Hóstia. Dentro deste novo Ostensório a mesma
31
Hóstia Consagrada que ficou em suspensão Milagrosa durante 33 horas, so-
brevivendo ao grande calor do fogo de um incêndio, encontra-se em perfeito
estado de conservação e disponível à veneração dos fieis na Igreja de Nossa
Senhora de La Blanche.
REGENSBURG, Alemanha, ano 1257
Durante muitos anos havia em Regensburg (antigamente chamado Ratis-
bon) uma Capela entregue a proteção de São Salvador que tem uma história mui-
to interessante envolvendo o Santíssimo Sacramento.
No dia 25 de Março de 1255, numa quinta-
feira Santa, padre Dompfarrer von Ulrich Dorn-
berg levou o Santíssimo Sacramento para diver-
sos membros de sua paróquia que estavam doen-
tes. Na trajetória tinha que atravessar um pequeno
córrego chamado Bachgasse. Cuidadosamente
colocou o pé numa prancha estreita de madeira
que servia como ponte, para passar de um lado
para o outro, mas deslizou e perdeu o equilíbrio,
caindo de suas mãos o Cibório com as Hóstias
Consagradas que se espalharam na margem do
córrego. Foi com muita dificuldade que conse-
guiu recolhe-las uma a uma, por causa da lama.
Os paroquianos quando souberam do a-
contecido, decidiram em sinal de reparação pe-
lo desrespeito ao Santíssimo Sacramento, cons-
truir uma Capela no local onde as Hóstias Con-
sagradas ficaram sujas de lama, ainda que o incidente não tenha sido intencio-
nal. A construção de uma capela de madeira foi começada no mesmo dia e foi
concluída três dias depois, ou seja, em 28 de março. O Bispo Albert de Re-
gensburg denominou à pequena estrutura de madeira de Capela de São Salva-
dor e a consagrou no dia 8 de setembro de 1255.
32
O famoso milagre que colocou Regensburg na História da Igreja, acon-
teceu dois anos depois, exatamente nesta mesma Capela entregue a proteção
de São Salvador.
Um padre cujo nome não é conhecido, celebrava a Santa Missa na Ca-
pela, em todos os fins de semana, aos sábados e domingos. Todavia ele tinha
um sério problema íntimo, pois duvidava da Presença Real de Jesus na Sagra-
da Eucaristia. Havia ocasiões em que a crise da falta de fé aumentava tanto
que ele ficava desnorteado, sem rumo certo, celebrando a Missa como se fosse
um autômato, sem fé, sem esperança e sem estímulo.
Certo dia, entrou na Capela para a celebração e se sentia meio fora do
normal. Existia uma angústia em seu coração que colocava um sorriso sarcástico
em seus lábios e acendia a desconfiança em seu espírito. E assim, sem nenhuma
motivação iniciou a celebração da Santa Missa.
Diante do Altar tinha um Crucifixo grande, onde Jesus Crucificado parecia
estar vivo. Quando o sacerdote começou a Consagração, Nosso Senhor, da Cruz,
estendeu a mão e retirou o Cálice das mãos dele! Com o susto do inesperado ele
tremeu e recuou um passo, permanecendo estático e assustado, contemplando
atentamente o Senhor. Uma força estranha percorreu todo o seu corpo, produzin-
do tremor e fraqueza nas pernas, fazendo com que
ele se prostrasse com os joelhos no chão em sinal
de profundo arrependimento, ao mesmo tempo em
que as lágrimas desceram de seus olhos. Compre-
endia a grandeza do pecado que cometeu e que por-
tanto, se tornava urgente e necessária a sua reconci-
liação com o Senhor. Abaixou a cabeça e interior-
mente fez uma sincera súplica de perdão. Assim
permaneceu por alguns minutos. Depois ficou o-
lhando para Jesus... Até que percebeu, que Ele que-
ria devolver-lhe o Cálice com o Sangue Redentor.
Levantou-se e respeitosamente segurou o Cálice
que o Senhor deixou em suas mãos. As pessoas que
participavam da Santa Missa ficaram impressiona-
das e comovidas, testemunhando todo o Milagre Eucarístico, que logo foi divul-
gado intensamente em todas as partes.
Após a celebração, o sacerdote respeitosamente beijou os pés do Cristo
Crucificado e deixou rapidamente o recinto. Nunca mais foi visto. Algumas pes-
33
soas disseram que ele entrou num Mosteiro em Ulms e lá permaneceu recluso até
a sua morte.
Depois do milagre multidões de pessoas foram visitar o famoso Cristo da
Capela de São Salvador. Com as doações reformaram totalmente a Capela refor-
çando a estrutura e edificando-a com pedras. Quando a concluíram no ano de
1260, mudaram o seu nome para “Kreuzkapelle”, palavra alemã que significa
“Capela da Cruz” em honra ao Crucifixo Milagroso que nela permaneceu e ficou
sendo venerado por todos os fieis.
Em 1267 foi construído um Mosteiro no terreno ao lado da Capela de pe-
dra, confiada a Ordem dos Agostinianos Eremitas. Em 1542 a Capela foi confis-
cada pelos luteranos e durante séculos passou a ser usada como dormitório. Con-
tudo, os objetos sagrados e inclusive o Cristo Crucificado foram salvos e escon-
didos, graças à coragem e o desprendimento de fiéis que verdadeiramente ama-
vam a Igreja. E por causa da perseguição luterana jamais foi mostrado ao público
e por isso mesmo, com a seqüência dos anos, ficou no esquecimento e hoje nin-
guém mais tem notícia dele.
Por outro lado, depois do longo tempo de ocupação pelos luteranos, a Ca-
pela ficou fechada e esquecida. Foi demolida na época da Segunda Grande Guer-
ra Mundial.
Regensburg está situado na Bavária, parte sul da Alemanha, próximo a
Munique. Naquela época pertencia a administração de Munique. Nos arquivos da
Cúria Arquidiocesana de Munique estes acontecimentos estão registrados, mas o
nome do sacerdote propositalmente foi ocultado.
A Sagrada Hóstia do “El Escorial”
O fato ocorreu no final de junho de 1572. O Mosteiro (e também Palá-
cio), chamado de “San Lorenzo Del Escorial”, fica situado na aldeia do mes-
mo nome, na serra de Guadarrama, perto de Madri. Foi construído por ordem
de Felipe II para comemorar a batalha de Saint-Quentin, ocorrida em 1557, e
obedecendo ao testamento do Imperador Carlos V para que se erguesse ali
uma sepultura para seus restos mortais e de sua esposa, D. Isabel. Tornou-se,
por isso, também necrópole real. A ocorrência abaixo se deu quando o mostei-
ro ainda estava em construção, pois suas obras iniciaram-se em 1563 e só fo-
ram concluídas em 1584, ano em que também faleceu a grande Santa Teresa.
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Dos Países Baixos, a Holanda, que pertencera à Espanha, naquela época
estava sendo abalada pela revolta protestante. A Santa Fé Católica era não só
negada mas perseguida pelos seguidores do herege suíço Zwinglio. Dentre as
heresias, aqueles protestantes negavam tenazmente a presença real de Nosso
Senhor Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia.
Certo dia, os sequazes de Zwinglio invadiram a catedral católica de
Corcum, na Holanda Meridional apoderaram-se de uma hóstia consagrada e a
lançaram no chão com violência. Não satisfeitos com este ato insensato resol-
verem pisotear a Sagrada Espécie. No entanto, no calçado daquele que a piso-
teou havia três pregos salientes, deixando na Hóstia, Milagrosamente, três ori-
fícios sanguinolentos. Dali surgiram três gotas de sangue.
Perante tão grandioso prodígio, um dos profanadores, talvez o mesmo
que pisoteou a Hóstia, procurou o Deão da catedral, D. João van der Delft, que
foi até o local e, respeitosamente, pegou a Hóstia do chão. A notícia correu
logo por toda a região. Maravilhados com o ocorrido ficaram tanto o herege
quanto o próprio Deão, sendo que este procurou levar vida mais recolhida
num eremtério e o herege converteu-se com grande arrependimento, entrando
posteriormente na Ordem Franciscana.
Anos depois, a Sagrada Hóstia Milagrosa foi levada para ser venerada
no Mosteiro do “El Escorial”, onde se encontra até hoje, preservada Milagro-
samente intacta por mais de 400 anos! Está exposta na sacristia daquele Mos-
teiro, onde fiéis rezam o rosário perante a Hóstia, exposta num belo Sacrário,
principalmente em dias especiais. Pode-se, porém, constatar o milagre ainda
hoje visível aos visitantes.
O Milagre Eucarístico de Sousa
(Estupendo milagre em pleno sertão nordestino)
Dia 25 de março de 1814, festa da Encarnação do Verbo.
O Santo Sacrifício da Missa transcorria em sua tranqüila e solene ma-
jestade na igrejinha do Rosário, na cidadezinha de Sousa, perdida no sertão do
Rio Peixe, na Paraíba, quando gritos angustiados cortaram o silêncio:
Sacrilégio! Sacrilégio!
Em função de minutos, a fervorosa população põe-se a correr atrás de
um negro enorme que se precipitou para dentro de um matagal.
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Entre brados de indignação e lágrimas de dor, a piedosa população co-
mentava o ocorrido e pedia clemência ao Céu, pressentindo que algum castigo
se abateria sobre a região.
O fugitivo era um feiticeiro que, tendo-se confessado no dia anterior,
aproximou-se da Sagrada Mesa para receber o Corpo do Senhor. Tão logo a
Hóstia tocou em sua língua ele A retirou, escondendo-A nas dobras de sua
camisa. Percebido o fato por alguns fiéis, o infeliz pegou a Partícula e saiu em
desabalada carreira para praticar talvez mais um tenebroso culto satânico.
“Deus vai nos castigar!” gritavam muitos, enquanto todos procuravam
punir o sacrílego. Mas onde encontrá-lo naquele matagal? O povo perseguiu-
o, mas com seu passo rápido o negro fugiu para sempre.
E de Nosso Senhor Jesus Cristo o que foi feito? Perguntavam os fiéis,
ardendo em zelo eucarístico. A resposta não se fez tardar.
Dias depois, numa ensolarada manhã, um velho pastor tangia suas ove-
lhas entre juazeiros frondosos quando notou, curioso, que estas se ajoelharam
em círculo em torno de um ponto.
Aproximou-se. Eis que percebe, pairando no ar sobre um capinzal, a
Hóstia com as ovelhas “montando guarda ao Cordeiro de Deus que tira os pe-
cados do mundo”. Com propriedade de expressão e senso poético lembra um
cronista do fato que Jesus Cristo pairava sobre aquelas serranias como outrora
sobre as águas do mar da Galiléia.
A Sagrada Partícula resistira ao calor, ás intempéries e se conservava de
tal modo perfeita em sua alvura, que as mãos sacrílegas não A puderam profa-
nar.
“Seu vigário, encontrei Noss’enhor! Mas como sei que só Vosmecê po-
de pegar nEle, não trouxe a Hóstia. Vamos depressa, os carneiros ficaram
botando sentido!”
Nessa singeleza de linguagem, que exprime tanta fé, o piedoso pastor
relatou o ocorrido, e o Vigário, à testa de todo o povo, recolheu a Hóstia numa
custódia de ouro. Sob o pálio de seda e entre o dobrar dos sinos e cânticos de
alegria, recolheram o Divino Hóspede à sua Casa.
Dizia e ainda diz o povo de Sousa, que naquele cortejo de adoração a
Jesus Eucarístico também iam as ovelhas e cordeiros acompanhando, até che-
garem à Igreja da Senhora dos Remédios. E todas as vezes que o sino tocava,
o rebanhozinho que estava pastando no campo se encaminhava para o pátio da
Matriz.
Embora os campos tenham sido cercados, e os rebanhos diminuídos, es-
te sinal de Deus continua se manifestando através dos homens e também dos
animais.
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Depois de tantos anos, um vigário da paróquia, que escreveu um livro
sobre o referido milagre, relata que foi testemunha ocular do seguinte fato: um
rebanho de ovelhas e cordeiros subiram balindo, rodearam e bafejaram os es-
combros da velha Matriz do Bom Jesus, em fase de demolição. Ele completa
afirmando que esse sinal extraordinário ocorreu no dia 20 de novembro de
1972 às 5 horas da manhã, quando se preparava para celebrar o Santo Sacrifí-
cio da Missa.
Entre as lições que de tão belo fato podem-se tirar, destaca-se a de como
a Providência Divina é pródiga em premiar um povo cheio de fé.
(Os fatos acima foram extraídos dos livros “Um Milagre, Sousa”, do Pe. Dagmar Nobre de Al-
meida (1990) e “Antes que ninguém conte”, de Julieta Pordeus Gadelha, da União Editora (1986) – O
texto do resumo é de Geraldo Martins)
37
MILAGRE EUCARÍSTICO DE AVIGNON
Avignon, cidade italiana que passou
para a França em 1790, tornou-se
conhecida por haver sido sede do
cisma do Ocidente, tendo porém ou-
tro motivo para justificar sua fama:
lá ocorreu um grandioso milagre
eucarístico.
Para se entender melhor o significa-
do do milagre eucarístico, temos que
nos reportar ao ano de 1226, ou seja,
217 anos antes do milagre. A heresia
albigense, cujo nome advém de ha-
ver surgido na cidade de Albi, pro-
pagava-se por todo o sul da França
recusando todos os Sacramentos,
especialmente o matrimônio e a Eu-
caristia. Esta heresia foi condenada
pela Igreja desde o século XI, porém
tornou-se muito mais perigosa
quando, cem anos depois, obteve poder para atacar os governos seculares e
cristãos, perseguindo os autênticos fiéis.
Os albigenses eram, portanto, muito poderosos em 1226, especialmente
na região de Avignon. Para repelir os ataques que eles faziam contra a real
presença de Jesus na Eucaristia, o rei Luís VIII, pai de São Luís IX, construiu
uma igreja próxima do rio Ródano em honra do Santíssimo Sacramento. Tam-
bém escolheu o dia 14 de setembro de 1226, festa da “Exaltação da Santa
Cruz”, para fazer um ato público de reparação pelos sacrilégios cometidos pe-
los albigenses. Fez-se uma procissão com o Santíssimo Sacramento que termi-
nou na nova igreja da Santa Cruz.
O rei aguardava receber a procissão na igreja da Santa Cruz vestido de
saco, uma corda cingida na sua cintura e uma vela na mão. A seu lado estava o
Cardeal Legate, toda a sua corte e muitos fiéis. A procissão em torno da cidade
foi dirigida pelo Bispo Corbie. O Santíssimo permaneceu exposto toda a noite
e por vários dias, até que o Bispo resolveu que deveria ficar perpetuamente ali
para ser venerado dia e noite. Este costume foi continuado por seus sucessores
e aprovado pelo Santo Padre, o Papa. A igreja foi entregue aos cuidados dos
“Penitentes Grises”, da Ordem de São Francisco.
Crucifixo que se venera na capela do milagre
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Os Corações de Jesus e de Maria guardam a entrada da capela. Vê-se, no interior, a nave onde ocorreu o
milagre
Capela do milagre Eucarístico de Avignon ontem e hoje. Esquerda: Representação do milagre em que as águas da inundação
se afastam deixando seco e seguro o tabernáculo Direita: Peregrinos adorando a Eucaristia em 1999
39
O MILAGRE
O Ródano é um rio que passa pela cidade de Avignon, onde ocorria
sempre seu transbordamento e inundação da cidade com seus arredores. Em
fins de novembro de 1433, depois de fortes chuvas, sobreveio uma grande i-
nundação. A água subiu mais do que das vezes anteriores, foi uma das piores
inundações ali ocorridas. Nas noites de 29 e 30 de novembro, o nível da água
subiu a grandes alturas, inundando toda a cidade. Os Penitentes Grises, da Or-
dem Franciscana, estavam certos de que a pequena igreja da Santa Cruz tinha
sido inundada e decidiram ir até lá para salvar a Eucaristia. Dois dos superio-
res dos Penitentes Grises subiram num bote e remaram até a igrejinha.
Quando lá chegaram, descobriram que a água só havia subido até à me-
tade da porta de entrada da igreja. Para surpresa de todos, quando abriram a
porta, verificaram que o corredor que vai até o altar estava completamente se-
co. Ficaram pasmados ao olharem para os lados do corredor. a água havia se
acumulado, formando paredes à direita e à esquerda do mesmo, a cerca de
quatro pés de altura. Nosso Senhor Jesús Cristo, na Hóstia Consagrada na cus-
tódia, permanecia regiamente sobre o altar, completamente seco e incólume.
O Milagre faz lembrar o episódio narrado pela Sagrada Escritura sobre a
abertura do Mar Vermelho para Moisés passar com o povo eleito. Imediata-
mente, os Penitentes Grises mandaram chamar os outros religiosos da Ordem,
para que fossem testemunhar o Milagre. Dois outros frades logo ali chegaram
para atender o chamado urgente. Os quatro religiosos, emocionados, rezaram
juntos e levaram a custódia que continha o Santíssimo Sacramento a uma igre-
ja franciscana que ficava em terra enxuta. Quando colocaram a custódia no
altar, leram o livro do Êxodo em que era relatado o milagre do Mar Vermelho.
Os franciscanos lavraram o testemunho público dos quatro frades nos registros
oficiais de sua comuna, que podem ser vistos até nossos dias.
A partir daqueles tempos imemoriais, criou-se uma tradição que ainda
hoje está em prática: a 30 de novembro de cada ano, na capela da igreja de A-
vignon, os Penitentes Grises põem uma corda ao redor do pescoço, e arrastan-
do-se piedosamente com as mãos e joelhos no chão, reproduzem o incidente
daquela época, rememorando os passos que seguiram seus antepassados pelo
mesmo caminho que seguiram na noite do milagre.
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Walldürn, Alemanha, 1330
O fato é narrado por Hoffius, sacerdote da paróquia, em 1589. Walldürn
é um pequeno povoado alemão situado entre bosques, campos de trigo e cere-
ais no centro-sul do país, entre as cidades de Würzburg e Heidelberg, na dire-
ção sudoeste a cerca de uns 50 km.
Um sacerdote chamado Heinrich Otto celebrava a Santa Missa em 1330
quando acidentalmente derrubou o cálice que já havia consagrado. O precioso
Sangue de Jesus Cristo caiu sobre o Corporal e um Crucifixo e a cor vermelha
do sangue se fez visível sobre o mesmo. Ao redor desta imagem se podiam ver
onze cabeças iguais de Cristo com coroas de espinhos, conforme se vê na figu-
ra abaixo estampada num estandarte existente na capela de São Jorge, onde
ocorreu o milagre.
Cheio de temor, o sacerdote escondeu o Corporal sob o altar, e somente
confessou o que havia feito quando estava em seu leito de morte. Do modo
como o confessou, ali encontraram o milagroso Corporal, recebendo em se-
guida a veneração geral de todos. Desde então tem ocorrido muitas curas, mi-
lagres e conversões.
Em 1408, depois que lhe mostraram o Corporal milagroso, o bispo de
Würzburg, Gerhard Von Schwarzenberg, em cuja jurisdição estava o povoado
de Walldürn, deu aprovação oficial às peregrinações. Em 1448, o Corporal foi
levado ao Papa Eugênio IV, quando as imagens de Cristo ainda eram visíveis.
O fenômeno milagroso foi confirmado pelo mesmo Papa, que concedeu indul-
41
gências que ainda hoje se preserva. O milagre ficou famoso em toda a Euro-
pa.
Em meados de 1920 acrescentou-se ao Corporal uma tela de linho pro-
tetora, posta na parte de trás. Em 1950 uma investigação científica foi feita e
já não se podia mais ver as imagens no Corporal. No entanto, quando a tela
protetora foi exposta à radiação com luz ultravioleta, descobriu-se nela, para
assombro de todos, a imagem de Cristo Crucificado claramente visível. Os
cientistas atestaram que a figura não era nenhuma pintura que se desfazia com
o tempo.
O padre Heinrich Otto escondendo o Corporal
Tela de 1723 exposta na capela de São Jorge
42
Padre Agustino apresenta o corporal
milagroso aos peregrinos.
Em 1698 iniciou-se a construção de uma basílica, concluída em 1728.
Desde 1938 a basílica está sob os cuidados de monges agostinianos. Em 1962,
o Papa João XXIII a elevou á basílica menor. O corporal milagroso, contando
já com mais de seis séculos, está exposto num lateral esquerdo. As imagens,
porém, não são vistas a olho nu, mas no equipamento ultravioleta vê-se a figu-
ra mostrada abaixo.
43
Guadalupe, Espanha
O milagre ocorreu no Santuário de Guadalupe, em Cáceres, na Espanha,
no século XV. O venerável padre Cabañuelas, ou frei Pedro de Valladolid, que
era seu nome religioso na Ordem de São Jerônimo, foi o protagonista deste
prodigioso milagre. Ele e outros religiosos eram discípulos de frei Fernando
Yánez de Figueroa, capelão e primeiro prior daquele mosteiro que ilustrou
com sua virtude no início de seu estabelecimento na Ordem.
O padre Cabañuelas distinguiu-se por uma profunda devoção à Sagrada
Eucaristia, passando grande parte de horas em sua contemplação e meditação.
Porém, quis a Providência lhe pôr a prova e medir sua fé, permitindo ao Ini-
migo das almas que viesse perturbar sua imaginação com terríveis dúvidas
sobre a presença real de Cristo no Sacramento do Altar, dúvidas que lhe pro-
duziam tremenda angústia, principalmente na hora em que celebrava o Santo
Sacrifício.
Quando o virtuoso sacerdote havia feito 60 anos, em meados do ano
1420, ocorreu o fato milagroso. O relato está consignado em depoimento feito
pelo próprio religioso a um dos seus irmãos de hábito, encontrado entre seus
papéis após sua morte:
“A um frade desta casa disse que lhe sucedeu que um sábado, cele-
brando a Santa Missa,depois que consagrou o Corpo de Nosso Senhor Jesus
Cristo, viu como que uma nuvem que cobria a ara do altar e o cálice, de ma-
neira que não via outra coisa senão um pouco da cruz que estava detrás da
ara, a qual nuvem lhe incutiu grande temor e rogou ao Senhor, com muitas
lágrimas, que lhe tivesse piedade e lhe manifestasse que coisa era isso e que o
livrasse de tão grande perigo. Estando muito atribulado e espantado, pouco a
pouco se foi saindo aquela nuvem, e quando sumiu completamente não achou
a Hóstia consagrada e viu que a pala que estava sobre o cálice não estava
mais ali, e o cálice também estava vazio. Ao ver isso, começou a chorar for-
temente, implorando misericórdia a Deus e encomendando-se devotamente á Virgem Maria.
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“Estando assim aflito, viu chegar a Hóstia consagrada posta numa pa-
tena muito resplandecente e se pôs direto na boca do cálice; então começou a
sair dela gotas de sangue que caíam em tanta quantidade no cálice que ficou
cheio como antes se encontrava. Uma vez que o cálice encheu-se pôs a pala
em cima do mesmo e a Hóstia sobre a ara do altar como antes estava. O fra-
de, que ainda estava espantado e chorando, ouviu uma voz que dizia: Acaba teu ofício e fique para ti em segredo o que vistes”.
O fato foi logo conhecido e divulgado por toda a nação, e até mesmo os
reis de Castela, dom João II e sua esposa D. Maria de Aragão, com o príncipe
Henrique, o futuro Henrique IV, acudiram a Guadalupe.
Ainda nos resta um precioso testemunho da Missa milagrosa, os corpo-
rais e a pala, com umas gotas de sangue usados na mesma, os quais, reconhe-
cidos ante o notário apostólico no século XVII, foram declarados autênticos e
são hoje a mais preciosa relíquia com que se venera o relicário de Guadalupe.
O padre Cabañuelas morreu a 20 de março de 1441 em odor de santida-
de, muito querido e venerado por todos
Ivorra, Cataluña, Espana
A 15 minutos do povoado espanhol de Ivorra, no bispado de Solsona
(na Catalunha) há uma antiqüíssima capela chamada de Santa Maria que foi
cenário, a dez séculos, de um milagre eucarístico.
Quando celebrava a Santa Missa, em certo dia do ano de 1010, o Reve-
rendo Bernardo Oliver, reitor da referida capela, no momento de pronunciar as
palavras da consagração sobre o cálice, o assaltou uma forte tentação de dúvi-
da referente à presença real de Jesus Cristo no vinho consagrado.
Fosse porque o sacerdote não houvesse rechaçado a tentação com a de-
vida prontidão ou que o Senhor se servisse dela para confirmar uma vez mais
a verdade do dogma da Transubstanciação com um prodígio de sua onipotên-
cia, o caso foi que começou a brotar do cálice uma fonte de sangue tão abun-
dante e copioso que empapou os corporais e não parou até espalhar-se pelo
pavimento da capela. Não há palavras para explicar a turbação do sacerdote
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celebrante e a admiração dos assistentes ao Santo Sacrifício da Missa diante
de um prodígio tão surpreendente.
A notícia correu em seguida por todo o povoado e algumas piedosas
mulheres apressaram-se a empapar naquele Sangue milagroso o primeiro pano
que tivessem à mão.
Enquanto isso ocorria dentro da capela, os sinos, no alto da torre, come-
çaram a repicar sozinhos, como os anjos a anunciar tão grandiosa maravilha.
Entre as pessoas que correram para presenciar o milagre encontrava-se
São Pedro Armengol, bispo de Urgel, que casualmente passava pelas proximi-
dades. Este santo, após informar-se bem de todas as circunstâncias, logo reco-
nheceu que se tratava de um fato sobrenatural e divino.
Anos mais tarde, desejoso de proceder com toda a discrição e prudência
que a Igreja costuma empregar em casos semelhantes, São Pedro Armengol
recolheu parte daquele Sangue preciosíssimo e o encaminhou para Roma,
dando conta disso ao Papa, que era então Sérgio IV.
O Papa escutou surpreendido e admirado o relato que lhe fez o santo
bispo, e depois de aprovar a conduta de São Pedro Armengol deu crédito à sua
história e autorizou o culto daquele Sangue prodigioso e, em retribuição ao
rico presente que o Santo lhe trouxera, regalou-o com preciosas relíquias, den-
tre elas um espinho da Coroa de Nosso Senhor. O mesmo Papa autorizou o
culto àquelas santas relíquias através de uma bula datada de 1010. Um Decre-
to da Sagrada Congregação dos Ritos o confirmou em data de 27 de junho de
1868.
Estas relíquias, juntamente com os corporais tintos daquele Sangue mi-
lagroso estão conservados e ainda se veneram em Ivorra, principalmente as
festas que se celebram anualmente em memória perene daquele prodígio. Re-
feridas festas ocorrem no segundo Domingo de Páscoa e no dia 16 de agosto
com grandes solenidades, próprias do espírito católico do povo espanhol.
Depois de mais de mil anos do milagre eucarístico de Ivorra, a ciência
humana passou a se interessar pelo caso, conforme dados extraídos do site “La
Vanguarda Digital” (www.lavanguarda.es/cgi-bin/noticia), datado de 13 de
maio de 2000. Foram divulgados os resultados de algumas análises efetuadas
numa universidade norte-americana certificando a autenticidade da tela e do
sangue contidos em algumas das relíquias que se conservavam no santuário da
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Mãe de Deus em Ivorra. De outro lado, análises também feitas num laborató-
rio da Alemanha resultaram na seguinte declaração de Mosén Fermi Manteca,
reitor de Ivorra: “Trata-se de realizar um estudo histórico mais rigoroso possí-
vel, uma revisão do milagre com intencionalidade histórica. O Vaticano, por
ocasião do Jubileu, queria repassar como se tem vivido a Eucaristia ao longo
de toda a história da Igreja”.
MILAGRE EUCARISTICO DE CÁSSIA, ITÁLIA
Milagre Eucarístico
Visto de perto
Cássia, a cidade da famosa Santa Rita, é um pequeno povoado encrava-
do nas montanhas da Úmbria, na Itália. Na capela do milagre, sob o tabernácu-
lo, há uma caixa de cristal com os ossos do Beato Simone Fidati, o protagonis-
ta do referido milagre eucarístico. O Padre Simone pertencia à ordem agosti-
niana e o milagre ocorreu no ano 1330, sendo conhecido na Úmbria como um
religioso sábio e santo apesar de ser jovem.
Durante o tempo em que o Beato Simone esteve isolado no mosteiro
agostiniano de Siena, certo dia um sacerdote veio até ele para fazer-lhe esta
estranha confissão: havia perdido seu respeito pela Eucaristia. Deduz-se que
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isto queria dizer também que sua fé na Presença Real de Jesus na Eucaristia
havia se acabado ou era muito fraca.
Outro dia, aquele sacerdote incrédulo recebeu o chamado para atender a
um enfermo. Lá chegando, em vez de pôr a Eucaristia no relicário para levá-la
perto de seu coração, irreverentemente colocou-a entre as páginas do Breviá-
rio. Quando abriu o Breviário para dar a comunhão ao enfermo ficou abalado
com o que viu: em lugar da Hóstia havia duas manchas de sangue, uma frente
à outra, entre as páginas do livro. Imediatamente o referido religioso, em pâni-
co, correu para casa a procura de Beato Simone, que já gozava fama de santi-
dade mesmo entre os confrades do mosteiro.
Beato Simone escutou o sacerdote contar-lhe o sucedido em confissão,
dando-lhe a absolvição em seguida. Conseguiu que o mesmo lhe desse as duas
páginas manchadas com o Precioso Sangue de Cristo: uma delas foi posta num
tabernáculo de Perugia e a outra foi enviada ao mosteiro agostiniano de Cás-
sia.
Ao passar dos anos, começou a se notar um estranho fenômeno mila-
groso para se confirmar aos incrédulos a veracidade do fato: no centro da
mancha do Sangue começou a se formar um rosto, para alguns o do próprio
Cristo. Este rosto torna-se visível principalmente quando o sacerdote abre o
tabernáculo para mostrar aos fiéis o Milagre Eucarístico: é visto o rosto de
perfil de Cristo, perfeitamente retratado com barba e bigode como é costume
se ver na iconografia cristã.
Este milagre eucarístico tem sido venerado há séculos pelos fiéis de
Cássia e os Papas lhe têm concedido indulgências especiais. Por exemplo, o
Papa Bonifácio IX, em 1401, a indulgência equivalente à da Porciúncula. O
prodígio milagroso é comemorado todo ano na festa de Corpus Christi.
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MILAGRE EUCARISTICO DE MACERATA
Itália - 1356
Os Católicos de Macerata dizem que sua cidade se chama “Cidade do Santís-
simo Sacramento”. E isto por duas razões: por causa do milagre eucarístico que
lá ocorreu e por ter sido a primeira cidade do mundo a organizar a “Confraterni-
dade em honra do Santíssimo Sacramento”.
Na manhã de 25 de abril de 1356, celebrava-se a Santa Missa na igreja das
monjas beneditinas. No começo da Consagração, o sacerdote duvidou da real
presença de Jesus na Eucaristia e também da sua presença real nas frações da
hóstia partida.
No momento em que partia a Hóstia consagrada, sangue fresco começou a
derramar pelas bordas da partícula. O sacerdote, emocionado, começou a tremer
tanto que fez com que o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo caísse fora co cáli-
ce, manchando o Corporal.
Ao terminar a Santa Missa, o celebrante apressou-se em comunicar o ocorrido
ao bispo Dom Nicolo di Santo Martino. O bispo ordenou que se levasse á cate-
dral o corporal manchado de sangue e que se investigasse o ocorrido. Este mila-
gre assemelha-se ao de Bolsena, ocorrido um século antes, na festa de Corpus
Christi.
Após ser constatada a autenticidade dos acontecimentos por uma comissão
canônica, o corporal foi reverentemente exposto á veneração dos fiéis, colocado
em local proeminente. Cada ano, no primeiro domingo depois de Pentecoste, a
relíquia era levada em procissão solene pelas ruas da cidade, que era assistida não
só pelos moradores de Macerata, mas por gente vinda de todas as partes.
Dando prosseguimento à perseguição religiosa, Napoleão suprimiu as confra-
ternidades e proibiu as procissões tradicionais em 1807. Então foi necessário es-
conder o santo corporal para não ser profanado. O corporal permaneceu escondi-
do durante todo o período conturbado da perseguição anticatólica do século XIX.
Finalmente, a 10 de outubro de 1861 foi novamente declarado autêntico por
Monsenhor Zangari, e renovado em 15 de setembro de 1885 por Monsenhor Ga-
leati. Porém, só foi devolvido para a veneração pública no século seguinte, a par-
tir de 1932. No período do fascismo e do nazismo foi novamente escondido, so-
mente trazido para o local original após a segunda guerra.
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Outra preciosidade da cidade é a imagem milagrosa da Virgem das Mercês de
Macerata. A peste grassava em Macerata no ano de 1447. O Conselho da cidade
se reuniu e promulgaram uma lei muito peculiar: seria construída uma pequena
igreja em honra da Santíssima Virgem no período de 24 horas, pedindo a Ela que
desta forma os livrasse daquela praga. Escolheram o dia 15 de agosto, Festa da
Assunção de Nossa Senhora, para construir a igreja.
Todas as pessoas da cidade participaram do projeto, tanto simples operários
quanto pessoas da nobreza, clérigos e aldeãos. A capela foi, realmente, construí-
da dentro do prazo de 24 horas, fazendo com que Santíssima Virgem os livrasse
repentinamente e milagrosamente da peste no mesmo prazo. Cinqüenta anos de-
pois se edificou uma igreja mais apropriada. Em 1721 o Vaticano honrou Nossa
Senhora com uma Coroa, reformando-se então a igreja com mais suntuosidade.
50
Outros Milagres Eucarísticos
Fiecht, ÁUSTRIA, 1310
O povoado de São Georgenberg-Fiecht situado no vale do Inn, é conhe-
cido principalmente por causa de um Milagre Eucarístico ocorrido em
1310. Durante a Santa Missa, o sacerdote duvidou da presença real de
Jesus na Eucaristia e imediatamente depois da consagração o vinho se
transformou em Sangue e começou a borbulhar e a sair do Cálice. Em
1480, 170 anos depois, o Santo Sangue ainda estava “fresco como se ti-
vesse saído hoje de uma ferida”, escrevia um cronista da época. O San-
gue continua intacto e está guardado num Relicário no Mosteiro de São
Georgenberg.
Perto do Altar lateral da igreja do mosteiro de São Georgenberg encon-
tramos uma lápide que relata: “No ano de 1310 da Graça de Nosso Senhor Je-
sus Cristo, sob a jurisdição do abade Rupert, um sacerdote que celebrava a
Santa Missa nessa Igreja dedicada ao Santo Mártir Jorge e ao Santo Apóstolo
Tiago, depois de ter consagrado o vinho, duvidou de que sob essas espécies
estivesse verdadeira e realmente presente o Sangue de Cristo. Logo em segui-
da o vinho se transformou em Sangue e começou a borbulhar dentro do Cálice
chegando a derramar-se. O Abade, os monges, que estavam no coro, e os nu-
merosos peregrinos que participavam da missa, se aproximaram do Altar e
viram o que tinha acontecido. O sacerdote, assustado, não conseguiu beber
todo o Santo Sangue, assim o Abade colocou o que restou num recipiente per-
to do purificador que secava o Cálice dentro do Tabernáculo do Altar Maior.
Assim que a notícia desse milagroso acontecimento se espalhou, os peregrinos
começaram a chegar, cada vez mais em maior número, para adorar o Santo
Sangue. O número dos devotos ao Santo Sangue era tão elevado que no ano de
1472 o Bispo Georg von Brixen enviou a São Georgenberg o Abade de Wil-
ten, Johannes Lösch e os senhores párocos Sigmund Thaur e Kaspar di Ab-
sam, para analisar bem o fenômeno. Logo depois da investigação, a Adoração
do Santo Sangue foi promovida e o Milagre foi considerado autêntico. Entre
os devotos, estavam altos representantes da Igreja, como o Bispo de Trieste,
Giovanni, o Bispo de Brixen, George, o Arcebispo de Colônia e Duque de Ba-
viera, Rupert, o Bispo de Chiemsee, Federico e outros mais.”
Numa lápide se relata que a Relíquia do Santo Sangue ajudou a conser-
var o credo católico durante o cisma protestante: “Quando, por volta do ano de
1593, os dogmas de Lutero se difundiam por todos os lados no Tirolo, foi ce-
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dido aos monges de São Georgenberg pregar o Credo a todos. O Abade Mi-
chael Geisser pregava com grande êxito diante de uma grande multidão na i-
greja paroquial de Schwaz e não hesitava em citar o Milagre do Santo Sangue
como prova da existência da real presença de Jesus Cristo no Santíssimo Sa-
cramento do Altar. Ele respondia em modo tão convincente que os seus adver-
sários foram obrigados a abandonar o campo. Esta vitória completa sobre o
credo errado era vista pelos fiéis como uma graça especial que o Senhor con-
cedia aos seus devotos, adoradores do precioso Sangue”.
Weiten-Raxendorf. ÁUSTRIA, 1411
No Século XV ocorreram em Áustria muitos furtos de Hóstias Consa-
gradas e por esta razão os religiosos começaram a guardá-las nas sacris-
tias. Apesar dessa precaução, no ano de 1411 um ladrão conseguiu rou-
bar uma Hóstia Consagrada da paróquia de Weiten. A Partícula caiu no
chão sem que o ladrão percebesse e dias depois foi achada por uma pie-
dosa senhora. A Hóstia era radiante, estava dividida em duas partes,
mas unidas graças a filamentos de carne ensangüentada.
Na paróquia de Weinten, um ladrão conseguiu entrar na sacristia e rou-
bar uma Hóstia consagrada e colocá-la nas luvas. As crônicas do vilarejo de
Weinten relatam que o furto ocorreu no ano de 1411. O ladrão montou no seu
cavalo com a intenção de ir a um vilarejo vizinho chamado Spitz. Mas ao in-
vés de tomar a estrada principal, preferiu a estrada paralela que passa pela fos-
sa de Mühldorf que é conhecida como “Am Schuß”.
Quando o homem chegou no lugar no qual hoje se encontra a capela
construída em homenagem ao Milagre, o cavalo empacou e não se moveu a-
pesar das surras que recebia. Alguns lavradores que estavam trabalhando nos
campos vizinhos viram a cena e foram ajudá-lo. Mas o cavalo não se movia,
parecia petrificado. De repente, o animal disparou com o seu dono na garupa e
a Hóstia que estava escondida na luva caiu sem que ninguém percebesse.
Poucos dias depois, a senhora Scheck de Mannersdorf passava por ali e
viu uma luz fortíssima que vinha de perto de uma cerca, quando ela se apro-
ximou viu uma Hóstia no centro da luz. A mulher recolheu-a e maravilhada
notou que a Partícula estava dividida em duas partes unidas entre si graças a
filamentos de carne ensangüentada. Em ação de graças, a mulher comovida
mandou construir uma pequena capela naquele lugar, arcando com todas as
despesas. Assim que a notícia se espalhou numerosos fiéis começaram a visi-
tá-la. Logo em seguida foi necessário construir uma igreja maior, capaz de a-
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colher as multidões que vinham cada ano em peregrinação para homenagear a
Preciosa Relíquia.
Bois-Seigneur-Isaac, BÉLGICA, 1405
No Milagre Eucarístico de Bois-Seigneur-Isaac, a Hóstia consagrada
sangrou e manchou o Corporal da Missa. No dia 3 de maio de 1413, o
Bispo de Cambrai, Pierre d‟Ailly, autorizou o culto da Sacra Relíquia
do Milagre com uma procissão. A primeira procissão realizou-se em
1414. No dia 13 de janeiro de 1424, o Papa Martim V, aprovou ofici-
almente a edificação do Mosteiro de Bois-Seigneur-Isaac. Ainda hoje o
Mosteiro é meta dos peregrinos e na sua capela é possível venerar a Sa-
cra Relíquia do Corporal manchada de Sangue.
Depois da terça-feira que antecedia o dia de Pentecostes do ano de
1405, Jesus coberto de sangue apareceu durante três noites consecutivas ao
senhor Jean de Huldenburg. Somente durante a terceira aparição é que o Se-
nhor dirigiu-lhe a palavra dizendo: “Vai na Capela de Isaac e lá me encontra-
rás”. Pela mesma época, o pároco Pierre Ost, também escutou uma voz que
lhe ordenava celebrar uma missa da Santa Cruz na capela de Isaac. No dia se-
guinte o pároco convocou todos os fiéis a participar da missa na capela de Isa-
ac, entre eles estava Jean de Huldenberg. O sacerdote, então, começou a cele-
brar a missa, mas quando abriu o Corporal, viu que bem no meio tinha ficado
um pedaço da Hóstia Magna consagrada na missa da terça-feira anterior. Quis
então consumi-la, mas a Hóstia não se desgrudava do Corporal e começou a
sangrar. O sacerdote empalideceu e Jean, que se deu conta de tudo, foi conso-
lá-lo dizendo: “não tenhas medo, esta maravilha vem de Deus” e contou-lhe as
suas visões. Durante quatro dias, desde a terça-feira até o dia de Pentecostes,
o Sangue continuou gotejando e a mancha chegou a medir um dedo de largura.
Depois que o Corporal estava quase todo manchado, o Sangue coagulou len-
tamente e se secou.
O Milagre foi visto e examinado por muitas pessoas. O Bispo de Cam-
brai, Pierre d‟Ailly, sabendo do ocorrido, quis ver o Coporal manchado de
Sangue, levou-o à sua casa e o conservou lá por dois anos. Cada tentativa de
remover a mancha do Corporal era em vão. O Bispo então abriu um processo
e recolheu todos os testemunhos sobre os Prodígios realizados pelo Preciosís-
simo Sangue da Relíquia. No dia 16 de junho de 1410, o Bispo Pierre d‟Ailly,
concedeu 40 dias de indulgência a todos que visitassem a capela de Bois-
Seigneur-Isaac e no dia 3 de maio de 1413, declarou que o Corporal podia ser
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venerado como Sacra Relíquia e instituiu uma Procissão solene para homena-
gear o Prodígio com a exposição pública do Santíssimo Sacramento. Ainda
hoje, cada ano, no domingo que segue à Natividade de Maria, os cidadãos de
Bois-Seigneur-Isaac se reúnem em oração para celebrar a memória do Milagre
Eucarístico.
BRUGES, BÉLGICA, 1203
Os documentos mais antigos sobre o Santo Sangue de Bruges são do
ano de 1256. O Santo Sangue provavelmente fazia parte de um grupo de
Relíquias da Paixão de Cristo que se conservava no Museu Imperial de
Bucoleon, Constantinopla. No ano de 1203, essa cidade foi assediada e
conquistada pelos Cruzados. Baldovino IX, conde de Flandres, depois
de ser coroado Imperador, enviou a Relíquia do Preciosíssimo Sangue
de volta à sua pátria em Bruges.
Recentemente analisou-se novamente a garrafa de cristal-de-rocha que
contém o Santo Sangue. A garrafa é do século XI e é seguro que foi confec-
cionada numa área perto da antiga Constantinopla. Apesar de que a Bíblia não
menciona o fato de que o Sangue de Cristo foi conservado, num dos evange-
lhos apócrifos se diz que José de Arimatéia conservou algumas gotas do San-
gue de Jesus. Conforme a uma antiga tradição o Conde Diederik van den El-
zas, na 2ª Cruzada, levou, de Jerusalém a Bruges, a garrafa que contém o San-
to Sangue. Investigações recentes evidenciaram que a Relíquia chegou a Bru-
ges mais tarde, provavelmente ao redor do ano de 1350 e que provinha de
Constantinopla.
No dia da Festa da Ascensão realiza-se uma grande procissão interna-
cional pelas ruas da cidade de Bruges, parece que a sua origem vem da Adora-
ção da Relíquia. Os cidadãos dessa cidade se fantasiam com roupas de época e
representam episódios bíblicos e a chegada na cidade do Conde de Flandres
com a Relíquia.
BRUXELAS, BÉLGICA, 1370
Na Catedral de Bruxelas, existem muitas obras de arte que dão testemu-
nho de um Milagre Eucarístico ocorrido em 1370. Alguns profanadores
roubaram Hóstias Consagradas e num ato de extrema rebeldia, as esfa-
quearam. As partículas então começaram a sangrar. O Milagre foi vene-
54
rado até poucas décadas atrás. Vários relicários, de diversas épocas, uti-
lizados para guardar as Hóstias prodigiosas do Miracle du Saint Sacra-
ment, estão até hoje conservados na antiga capela dedicada ao Santíssi-
mo Sacramento, adjacente ao museu da Catedral; existem também tape-
çarias do século XVIII que recordam o evento milagroso.
Os dez vitrais que enfeitam a nave lateral da Catedral evocam diversas
fases do Milagre Eucarístico e foram trabalhados entre os anos 1436 e 1870.
Os Reis de Bélgica Leopoldo I e Leopoldo II doaram os dois primeiros vitrais
da parte inferior. Os outros foram presenteados por famílias nobres da cidade.
Os primeiros dez vitrais (“oito na Nave lateral da direita perto do coro e dois
no fundo da nave lateral da esquerda), representam a história do Prodígio que
era contada em Bruxelas a partir da metade do século XV. Um antigo docu-
mento conta que “no outono de 1369, um rico mercador de Enghien, hostil à
religião católica, ordenou a um jovem de Lovaina que roubasse algumas Hós-
tias consagradas, porém, o mercador foi assassinado, poucos dias depois, em
circunstâncias misteriosas e a viúva pensando que fosse um castigo de Deus,
imediatamente se desfez das Hóstias entregando-as a alguns amigos do mari-
do, também hostis à religião. Pois bem, na Sexta-feira Santa de 1370, eles fi-
zeram uma cerimônia privada na qual esfaquearam as Hóstias em sinal de
desprezo. As Hóstias começaram, então, a sangrar e isso perturbou muito um
dos profanadores. Decidiram, então, livrar-se das Hóstias vendendo-as a um
rico mercador católico, que contou toda a história ao pároco da Igreja de Notre
Dame de la Chapelle, em Bruxelas.
O pároco ficou com as Hóstias e os profanadores foram condenados à
morte pelo duque de Brabant. Logo em seguida as Santas Partículas foram
transferidas, com uma solene procissão, para a Catedral de Santa Gudula .”O
Sacrament du Miracle, adquiriu um papel muito importante na história da ci-
dade e foi considerado um símbolo nacional.
Herentals, BÉLGICA, 1412
No milagre Eucarístico de Herentals, algumas Hóstias roubadas foram
achadas depois de oito dias perfeitamente intactas, apesar das chuvas.
As Partículas foram encontradas num campo perto de uma toca de coe-
lhos, rodeadas por uma forte luz e dispostas em forma de cruz. Todos os
anos, dois quadros do pintor Antoon van Ysendyck saem em procissão
até o campo no qual foi construído o pequeno Santuário – De Hegge.
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Ali, se celebra uma missa para comemorar o Milagre. As duas pinturas
que descrevem o milagre atualmente estão conservadas na Catedral de
Sint-Waldetrudiskerk em Herentals.
Em 1412, um tal Jan van Langestede, alojou-se numa hospedaria mais
ou menos distante da cidadezinha de Herentals. O homem era um ladrão que
roubava objetos sagrados das igrejas e depois os revendia por toda Europa. No
dia seguinte da sua chegada a Herentals, foi ao vilarejo de Poederlee, entrou
na igreja e sem que ninguém percebesse, roubou o cálice e o cibório com cin-
co Hóstias consagradas dentro. Enquanto caminhava rumo a Herentals, na zo-
na conhecida como “De Hegge” (O Tapume), sentiu que uma força misteriosa
lhe impedia de continuar o seu caminho. Quis, então, jogar as Hóstias no rio e
por mais que tentasse não conseguia; desesperado, Jan tentou escondê-las num
campo, mais precisamente numa grande toca de coelhos. Como correu tudo
bem, Jan pôde regressar tranqüilamente a Herentals. Enquanto isso, o juiz da
cidade, Gilbert De Pape, já tinha começado as buscas para descobrir quem ti-
nha roubado a igreja de Poederlee e entre os suspeitos estava o nosso Jan. A
polícia revistou a sua bagagem e encontrou o cálice e o cibório.
Jan então confessou tudo, exceto que havia jogado fora as Hóstias. Foi
condenado à forca imediatamente. Quando Jan estava no palanque, um sacer-
dote animou-o a confessar-se para salvar a sua alma e foi assim que ele con-
fessou completamente a sua culpa indicando inclusive o lugar onde tinha es-
condido as Hóstias roubadas. O juiz suspendeu a execução e ordenou que Jan
mostrasse o lugar exato onde tinha deixado as Partículas; foram, então, ao
campo seguidos por uma multidão. Assim que chegaram lá, viram as Hóstias
radiantes dispostas em forma de cruz, elas estavam intactas apesar de terem
passado a noite ao ar-livre. Em seguida, uma parte das Hóstias foi levada em
procissão a Herentals e outra parte a Poederlee onde ficou até o século XVI.
No dia 2 de janeiro de 1442, o Milagre foi declarado autêntico pelo magistra-
do de Herentals e no lugar onde as Hóstias foram encontradas construiu-se
uma pequena capela que recebeu a visita de numerosos prelados, entre eles,
Jean Malderus, Bispo de Anversa (1620) e o Papa Bento XIV (1749). A filha
de João de Luxemburgo, Elisabeth Van Görlitiz, financiou a ampliação da Ca-
pela que posteriormente foi transformada em Santuário.
Herkenrode-Haselt, BÉLGICA, 1317
Na Catedral de São Quintino em Hasselt está exposta a Relíquia do Mi-
lagre Eucarístico ocorrido em Herkenrode em 1317. No decorrer dos
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séculos foram realizadas numerosas análises para constatar a conserva-
ção milagrosa da Hóstia consagrada que sangrou, lembramos as reali-
zadas no século XVIII pelo Núncio Apostólico Carafa e pelo Bispo de
Liegie e as realizadas pelo Arcebispo de Malines durante uma visita da
arquiduquesa Isabela.
No dia 25 de julho de 1317, o pároco da igreja de Viversel foi à casa de
um dos seus paroquianos, que estava muito doente, para levar-lhe os Santos
Sacramentos. Chegando lá, colocou a bolsa que continha a píxide com a Hós-
tia consagrada numa mesa na entrada da casa e foi confessar o doente. Um
familiar curioso abriu a bolsa e sem que ninguém percebesse, pegou a píxide,
levantou a tampa e meteu a mão. Quando se deu conta de que dentro da bolsa
tinha uma Hóstia, imediatamente colocou tudo em ordem. Enquanto isso, o
sacerdote tinha já saído do quarto do doente para pegar a Hóstia e dar-lhe a
comunhão. Pegou a bolsa e quando abriu a píxide viu que a Hóstia que ele ti-
nha consagrado durante a missa estava manchada de sangue e estava grudada
no linho que cobria o fundo do recipiente. Perturbado e em pânico, inventou
uma desculpa e saiu correndo da casa e foi procurar o pároco de Lumen para
contar o que tinha acontecido. Ele aconselhou-o a levar a Partícula à Abadia
de Herkenrode.
No dia 1º de agosto de 1317, o sacerdote partiu levando consigo a Píxi-
de. Durante a viagem aconteceram fatos extraordinários e assim que chegou
ao mosteiro de São Bento mostrou a todos os religiosos a Partícula manchada
de Sangue. Depois disso, na Hóstia apareceu o rosto de Cristo coroado de es-
pinhos e existem numerosos testemunhos; na Catedral de Hasselt, por exem-
plo, encontramos um quadro no qual está pintado um redil ajoelhado enquanto
um sacerdote passa com a Santa Relíquia (nesse lugar, denominado Sacre-
mentsberg, foi edificada uma pequena capela em memória perpétua do mila-
gre). Logo em seguida, “o Santo Sacramento do Milagre” que foi colocado
num Relicário e exposto para a veneração dos fiéis fez várias curas e protegeu
o Mosteiro de Herkenrode de um incêndio. A Relíquia do Milagre foi conser-
vada na Abadia até o ano de 1796. Em 1804 foi transferida na igreja de São
Quintino de Hasselt.
LIÈGE, BÉLGICA, 1374
Instituição da Festa de Corpus Christi
BULA TRANSITURUS DE HOC MUNDO
«Por mais que a Eucaristia seja solenemente celebrada todos os dias, a-
creditamos ser justo que, ao menos uma vez ao ano, seja comemorada
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com mais honra. Outras coisas que nós recordamos, as apreendemos
com o espírito e com a mente, mas nem por isso obtemos a real presen-
ça delas. Mas, nesta comemoração sacramental do Cristo, ainda que sob
outra forma, Jesus está presente no meio de nós com a sua própria subs-
tância. De fato, antes de subir aos céus disse: Eis que estou convosco
todos os dias, até o fim do mundo. (Mt 28,20)».
Foi Santa Juliana de Liégi, uma monja do Mosteiro de Mont Cornillon,
quem impulsionou a instituição da festa de Corpus Christi. A santa, desde a
sua adolescência, tinha visões misteriosas relacionadas à instituição de uma
festa para homenagear o Santíssimo Sacramento: em particular ela via uma lua
cheia, que apresentava uma rachadura no disco. O Senhor revelou-lhe que a
lua representava a Igreja do seu tempo e a rachadura a ausência de uma sole-
nidade no ciclo litúrgico dedicada ao Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Santa Juliana contou às autoridades sobre a sua visão de-
pois de 1230. No Sínodo de 1246, Roberto de Thourotte, Bispo de Liégi, esta-
beleceu na sua diocese uma festa em homenagem ao Santíssimo Sacramento
que foi celebrada pela primeira vez no dia 5 de junho de 1249.
Alguns anos depois da morte de Santa Juliana, a festa se difundiu no
mundo católico graças ao Papa Urbano IV, que com a Bula Transiturus de hoc
mundo (11 de agosto), estendeu a festa a toda a Igreja Universal.
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SANTA JULIANA DE LIEGI
Virgem (Festa a 1 de abril)
Juliana foi a segunda filha do matrimônio de Enrique e Frescinda, do povoado
de Retina, perto de Liegi. Nasceu em 1192 e ficou órfão aos cinco anos. Junto
com sua irmã Inês, que tinha seis anos, foi levada ao convento de Monte Cornil-
lón, recentemente fundado, cujas religiosas se dedicavam, além do Oficio divino,
ao cuidado dos leprosos e enfermos.
Demasiado meninas as duas irmãs para aplicar-se às obras de caridade, foram
postas sob a direção de sóror Sapiência, uma religiosa que as instruiu nos rudi-
mentos da doutrina cristã e as iniciou nas virtudes que são a base da vida espiri-
tual: obediência, humildade, mortificação e penitência.
Os biógrafos, que têm deixado na penumbra a Inês, nos falam da brilhante san-
tidade de Juliana. Dotada de excepcionais qualidades, aprendeu o Saltério de
memória, demonstrou um amor pela solidão e um zelo excessivo pela mortifica-
ção, do que teve que corrigi-la sua mestra, até fazê-la entender que a obediência
vale mais que os sacrifícios.
Aos quatorze anos pediu sua admissão entre as irmãs do convento, recebendo o
hábito de professa em 1207. Então estudou latim para instruir-se mais a fundo
nas verdades da fé, chegando a ler sem dificuldade a Santo Agostinho e São Ber-
nardo. Deus derramou sobre aquela alma privilegiada abundantes bênçãos, so-
bretudo durante a celebração dos sagrados mistérios.
Aos seis anos teve uma visão que no pôde compreender. Viu a lua resplande-
cente de luz, mas atravessada por uma mancha escura, que parecia cortar o globo
em duas partes. Falou de sua visão às religiosas, porém não souberam interpretá-
la; pior ainda: lhe disseram que era perigoso investigar a mesma. Sem embargo,
a notícia se divulgou por Liegi e a reputação da pequena tomou vulto.
A devoção de Juliana pela sagrada Eucaristia ia em aumento, guiada por Sapi-
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ência, sua mestra, a qual, tendo sido nomeada priora, fez construir para Juliana
um oratório, onde a fervorosa jovem pudesse entregar-se livremente à oração.
Porém a visão que contemplara de menina se lhe apresentava continuamente a
seu espírito, enchendo-a de turbação e vergonha. Finalmente, por força de súpli-
cas, conseguiu que se lhe revelasse o mistério. Uma voz celestial lhe manifestou
que o globo da lua era figura da Igreja militante, e a mancha representava a falta
de uma festa especial ao Santíssimo Sacramento, querendo Deus que fosse insti-
tuída dita festa, pois, a Quinta-Feira Santa, que comemorava tal celebração, ao
coincidir com a Semana Santa não dava lugar à solenidade requerida. A alma de
Juliana encheu-se de imenso gozo ao ver decifrado o enigma. Humilhava-se na
presença do Santíssimo Sacramento e pedia favor ao Altíssimo para levar adiante
seu propósito.
Lutou para conseguir que se estabelecesse esta festa, porém morreu sem ver
cumprido seu desejo. No ano de 1264, 9 anos depois de sua morte, o Santo Papa
Urbano IV estabeleceu a Festa de Corpus Christi, cujo ofício se deve à inspiração
de São Tomás de Aquino, o Doutor Seráfico da Igreja.
Milagre Eucarístico de Middleburg, BÉLGICA, 1374
Esse Milagre Eucarístico é do ano de 1347. Na Igreja de São Pedro em
Middleburg, durante a comunhão, a Hóstia consagrada se transformou
em carne ensangüentada. Uma parte da Hóstia ainda hoje é custodiada
em Lovaina pelos padres agostinianos. Foi o monge Jean de Gheest,
confessor do Bispo, que aprovou o culto, quem pediu o privilégio de
custodiar a Hóstia. A outra parte está na Igreja de São Pedro em Mid-
dleburg.
Existe uma abundante documentação sobre esse Milagre Eucarístico.
Na monografia intitulada “Le Sacrement du Miracle de Louvain”, escrita em
1905 pelo historiador Jos Wils, docente da Universidade Católica de Lovaina,
estão reproduzidos quase todos os documentos e testemunhos da época. Uma
nobre dama que vivia em Middleburg era conhecida por todos pela sua grande
fé e devoção. Ela era também muito atenta à formação espiritual dos seus fa-
miliares e empregados. Durante a Quaresma do ano de 1374, como todos os
anos, na sua casa se fazia penitência em preparação para a Páscoa. Mas uns
dias antes, um rapaz chamado Jean, que levava uma vida devassa, tinha come-
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çado a trabalhar na sua casa e fazia muito tempo que não se confessava. Um
dia, a senhora convidou todos os empregados a participar da Missa e Jean não
quis recusar o convite para não fazer uma desfeita. Assim que, ele participou
de toda a celebração Eucarística, mas quando chegou a sua vez de comungar,
ele aproximou-se do altar com muita superficialidade e no instante em que re-
cebeu a Hóstia, ela se transformou em carne ensangüentada.
Jean, então, rapidamente tirou da boca a Partícula que gotejou Sangue
sobre a toalha que cobria um pequeno parapeito que estava diante do altar. O
sacerdote compreendeu imediatamente o que estava acontecendo e comovido,
colocou a Hóstia milagrosa numa bandeja dentro do Tabernáculo. Jean, arre-
pendido, confessou o seu pecado diante de todos e daquele dia em diante le-
vou uma vida exemplar e conservou sempre uma grande devoção ao Santíssi-
mo Sacramento. Todas as autoridades eclesiásticas e civis da cidade foram
informadas do evento prodigioso e o Bispo, depois de minuciosas averigua-
ções, aprovou o seu culto.
Tumaco, COLÔMBIA, 1906
O maremoto que no ano de 1906 atingiu a costa do Pacífico causou e-
normes danos e destruições em diversas zonas. O Padre Bernardino
Garcia de la Concepción, que no momento se encontrava na cidade do
Panamá, deu esse testemunho sobre a terrível catástrofe: “de repente
uma enorme onda arrasou o porto, entrou na feira arrastando tudo e as
embarcações que estavam em terra firme foram lançadas ao alto-mar.
Foi uma grande desgraça.” A pequena ilha de Tumaco foi poupada mi-
lagrosamente daquela terrível catástrofe graças à fé dos moradores e a
bênção do Santíssimo Sacramento dada pelo Padre Gerardo Larrondo.
No dia 31 de Janeiro de 1906 às 10:00 da manhã, em Tumaco, uma pe-
quena ilha do Oceano Pacífico que pertence à Colômbia, a terra tremeu assus-
tadoramente durante mais ou menos 10 minutos. Todos os habitantes do vila-
rejo se reuniram na porta da igreja e suplicaram ao pároco, Padre Gerardo Lar-
rondo e ao Padre Julián que organizassem imediatamente uma procissão com
o Santíssimo Sacramento. O mar estava entrando na costa, já tinha avançado
um quilômetro e meio, formado uma grande montanha de água e coberto uma
parte da praia; faltava pouco para que se formasse uma imensa onda. Padre
Gerardo, assustado, consumiu imediatamente todas as Hóstias consagradas da
píxide, conservando apenas a Hóstia Magna. Dirigindo-se ao povo exclamou
“Vamos, meus filhos, vamos todos à praia e que Deus tenha piedade de nós!”
61
Sentindo-se seguros com a presença de Jesus Eucaristia, todos marcharam aos
prantos e aclamando a Deus.
Assim que o Padre Larrondo chegou na praia com o Ostensório na mão
foi corajosamente em direção à orla e quando a onda estava aproximando-se,
com as mãos firmes e o coração pleno de fé levantou a Hóstia Consagrada na
frente de todos e traçou no ar o sinal da cruz; foi um momento de grande sole-
nidade! A onda avançou só um pouquinho e antes que o padre Larrondo e o
padre Julián, que estava ao seu lado, percebessem o que tinha acontecido, a
população, comovida e atônita gritou: “Milagre, Milagre!” Realmente, a onda
que ameaçava fazer desaparecer da face da terra a ilha de Tumaco foi detida
por uma força invisível, superior àquela da natureza e começou a retroceder.
Enquanto isso o mar tornava ao seu estado normal. Os moradores de
Tumaco foram tomados por uma euforia e alegria incontroláveis porque Jesus
Sacramentado lhes salvou da morte. Todos agradeciam fervorosamente ao Se-
nhor e falou-se muito do Milagre de Tumaco em todo o mundo, tanto assim
que o Padre Larrondo recebeu muitas cartas, inclusive vindas da Europa, com
pedidos de orações.
Ludbreg, CROÁCIA, 1411
Em Ludbreg, no ano de 1411, durante a Missa, um sacerdote duvidou
que nas espécies eucarísticas consagradas estivesse realmente presente o
Corpo e o Sangue de Cristo. Imediatamente depois da consagração o vi-
nho se transformou em Sangue. Ainda hoje, a Relíquia do Sangue do
Milagre atrai milhares de fiéis e todos os anos, no início de mês de se-
tembro, durante uma semana se celebra a “Sveta Nedilja” – o “Santo
Domingo” para homenagear este Milagre Eucarístico.
No ano de 1411, em Ludbreg um sacerdote foi celebrar uma Missa na
capela do castelo dos condes Batthyany, mas quando ele estava consagrando o
vinho duvidou que a transubstanciação acontecesse realmente e nesse momen-
to o vinho se transformou em Sangue. O Sacerdote, sem saber como proceder,
por fim resolveu emparedar a Relíquia atrás do altar principal e o pedreiro que
fez esse trabalho foi obrigado a guardar silêncio. O Sacerdote guardou o seu
segredo até os últimos momentos da sua vida, quando finalmente revelou tu-
do. Depois da revelação do padre, a notícia se espalhou rapidamente e todos
começaram a peregrinar a Ludbreg. A Santa Sé mandou então que a Relíquia
do Milagre fosse conduzida à Roma e ficasse lá por alguns anos. Os morado-
res de Ludbreg e das vizinhanças continuaram a fazer peregrinações rumo à
capela do castelo. A inícios de 1500, durante o pontificado do Papa Julio II,
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uma comissão foi convocada a Ludbreg para investigar os fatos relacionados
ao Milagre Eucarístico.
Muitas pessoas testemunharam que foram curadas milagrosamente
quando estavam em oração diante da Relíquia. No dia 14 de abril de 1513, o
Papa Leão X publicou uma Bula na qual se autorizava a veneração da Santa
Relíquia que ele mesmo tinha levado em Procissão pelas ruas de Roma. A Re-
líquia depois foi restituída à Croácia. Durante o século XVIII, a Croácia seten-
trional foi arrasada pela peste e todo o povo implorou ajuda a Deus e o Parla-
mento croata reunido na sessão do dia 15 de dezembro de 1739, em Varazdin
prometeu-Lhe construir uma capela em Ludbreg em memória do Milagre se a
peste terminasse. A peste cessou, mas só foi possível cumprir a promessa em
1994, após a queda do comunismo e o restabelecimento da democracia na
Croácia. Em 2005, na capela votiva, o pintor Marijan Jakubin pintou um gran-
de afresco sobre a Santa Ceia, mas no lugar dos apóstolos colocou santos e
beatos croatas. No lugar de São João está o beato Ivan Merz que durante o Sí-
nodo dos Bispos sobre a Eucaristia realizado em Roma em 2005, foi incluído
na lista dos 18 santos eucarísticos mais importantes da história da Igreja. Na
pintura, Cristo carrega o Ostensório que guarda a Relíquia do Milagre Eucarís-
tico.
Santa Maria, a Egípcia1
EGITO, SÉCULO VI
Este Milagre Eucarístico é ligado à figura de Santa Maria, a Egípcia,
que viveu no deserto durante 47 anos. Foi através de Sofrônio, Bispo de
Jerusalém (sec. VI d. C.), que temos informações sobre a sua vida. San-
ta Maria, a Egípcia atravessou caminhando sobre rio Jordão para rece-
ber a Eucaristia que o monge Zózimo lhe havia levado.
Sabemos que aos 12 anos, Santa Maria, a Egípcia abandonou os seus
pais e se dirigiu à Alexandria. Lá, durante 17 anos, conduziu uma vida muito
devassa. Um dia viu um navio que se aproximava e levava a bordo um insólito
grupo. Perguntou quem eram aquelas pessoas e aonde andavam, responderam-
lhe que eram peregrinos que se dirigiam a Jerusalém para a festa da Exaltação
da Santa Cruz. Decidiu então subir também a bordo e unir-se ao grupo. Che-
garam ao seu destino no dia da celebração da festa; estando para entrar no
templo, Maria sentiu que uma força misteriosa impedia os seus passos. Ame-
1 Também conhecida como “A Egipcíaca” ou “A Egipciana”, termo derivado do grego “aigyptiakos”, nada
mais do que sinônimo de egípcia.
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drontada, levantou os olhos, viu uma imagem da Virgem Maria e se arrepen-
deu amargamente da vida pecaminosa que havia levado até aquele dia. Depois
disso conseguiu entrar na igreja e adorar o Sagrado Madeiro da Cruz, mas não
ficou lá muito tempo, porque Nossa Senhora lhe disse: “se cruzas o Jordão,
encontrarás paz.” No dia seguinte, depois de confessar-se e comungar, Maria,
a Egípcia, cruzou o rio que se estendia além do deserto de Arábia.
Desde então, a santa viveu no deserto durante 47 anos, sempre solitária,
sem encontrar nem homens, nem animais. Ela emagreceu muito, os cabelos
cresceram e ficaram totalmente brancos, mas conforme a promessa de Nossa
Senhora encontrou naquele deserto hostil a paz para a sua alma. Um dia, Ma-
ria encontrou o monge Zózimo e lhe pediu que voltasse no ano seguinte para
dar-lhe os Sacramentos. Um ano depois, Zózimo chegou às margens do Jordão
com a Eucaristia, como havia prometido. Mas como Maria demorava a chegar,
dolorido, Zózimo levantou os olhos aos céus e rezou: “Senhor meu Deus, rei e
criador de todas as coisas, não frustres o meu desejo, mas concede que eu veja
a tua santíssima serva.” Depois falou consigo mesmo: “Mas o que farei se ela
vem, visto que não tem nenhuma embarcação para atravessar o rio? Pobre de
mim, o meu desejo se verá frustrado.” Enquanto estava pensando, Maria apa-
receu do outro lado do rio, Zózimo ao vê-la se alegrou muito e louvou a Deus,
mas eis que a santa fez o sinal da cruz na água e começou a caminhar sobre o
rio como se estivesse em terra firme. Santa Maria comungou e preparou-se
para os últimos dias de sua vida. No ano seguinte Zózimo foi outra vez ao de-
serto, mas a santa penitente já tinha morrido. Com a ajuda de um leão, o mon-
ge cavou a sepultura da santa.
Milagre Eucarístico de Scete EGITO, SÉCULO III-V
A narração desse milagre Eucarístico vem dos primeiros séculos do
cristianismo e faz parte da coletânea de apotegmas dos Padres do Deser-
to que viviam no Egito como eremitas para seguir o exemplo de Santo
Antônio Abade. Um monge duvidou da presença real de Jesus no pão e
vinho consagrados e durante a Missa, depois da consagração, no lugar
do pão estava o Menino Jesus. Outros três monges que assistiam à Mis-
sa tiveram a mesma visão.
Nos apotegmas dos Padres do Deserto, encontramos a descrição de um
antigo Milagre Eucarístico. O Padre Daniel, o Faranita conta: “O nosso Padre
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Arsênio nos dizia que um monge de Scetis era muito trabalhador, mas rude em
matéria de fé. Por ignorância, se equivocava quando dizia: “o pão que come-
mos não é realmente o Corpo de Cristo, mas um símbolo.” Dois padres mais
velhos que o ouviram falar, sabendo que ele era um homem piedoso e de bom
coração, pensaram que dizia isso sem malícia e por ignorância, assim que fo-
ram falar com ele: “Pai, ouvimos dizer que uma pessoa diz coisas contrárias à
fé, diz que o pão que recebemos não é realmente o Corpo de Cristo, mas é um
símbolo.” O monge lhes disse: “Sou eu que o diz!” Então os anciãos começa-
ram a exortá-lo: “Tu não deves crer nisto, mas naquilo que a Igreja Católica
transmite. Nós acreditamos que este pão é o Corpo de Cristo e que este Cálice
é o Sangue de Cristo e não um símbolo.” (...), Mas o monge respondeu: “se
não acontece nada que me convença do contrário, não mudo de idéia.” Os dois
padres anciãos lhe disseram: “Durante toda a semana rezaremos a Deus sobre
este Mistério e acreditamos que Ele o desvelará. (...)
No domingo seguinte, os três foram à igreja e se puseram num lugar à
parte, o monge incrédulo estava sentado no meio dos outros dois. Os olhos
deles se abriram quando o pão para o Santo Sacrifício da Missa foi colocado
sobre o Santo Altar e viram que no lugar dele havia um menino. Somente os
três monges tiveram essa visão; quando o sacerdote estava para partir o pão,
eis que desceu do céu um anjo do Senhor com uma espada e sacrificou o me-
nino e verteu o seu sangue no cálice, e quando o sacerdote partiu pão em pe-
quenos pedaços o anjo fez o mesmo com a criança. No momento em que eles
se aproximaram para receber os santos dons, o monge incrédulo recebeu carne
ensangüentada. Diante daquela visão, ele aterrorizado gritou: “Creio, ó Se-
nhor, que o pão é o teu Corpo e o Cálice o teu Sangue!” Imediatamente a car-
ne que estava nas suas mãos tomou as aparências do pão, conforme o Mistério
e ele comungou dando graças a Deus.”
Blanot, FRANÇA, 1331
No Milagre Eucarístico de Blanot, durante a Missa de Páscoa do ano de
1331, no momento da Comunhão, o sacerdote, sem querer, deixou cair
um pedacinho de Hóstia sobre a toalha. O pároco quis imediatamente
recolhê-lo, mas foi impossível, o fragmento tinha se transformado em
Sangue e deixou uma mancha espessa na toalha. Até hoje no vilarejo de
Blanot se conserva a Relíquia da toalha manchada de Sangue.
No século XIV, Blanot era um pequeno vilarejo no centro da França e
fazia parte da diocese de Autun. No ano em que esse Milagre ocorreu, o Bispo
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da cidade, Pierre Bertrand, mandou que um oficial da cúria, chamado Jean Ja-
rossier fizesse uma investigação. Por isso, o relatório detalhado dos fatos ain-
da está disponível: “No dia da Páscoa do ano de 1331, na Hora Prima, o padre
Hugues de la Baume, vigário de Blanot, celebrou a primeira Missa do dia, mas
quando foi dar a comunhão a Jacquette, viúva de Regnaut d‟Effour, um frag-
mento da Hóstia caiu na toalhinha que dois “probiviri” seguravam. Um deles
se chamava Thomas Caillot. A senhora Jacquette não percebeu nada, mas
Thomas viu a partícula caída e avisou ao sacerdote que já estava colocando a
píxide sobre o Altar: “Reverendo, regressa porque o Corpo de Nosso Senhor
caiu da boca dessa senhora sobre a toalha”. O celebrante regressou imediata-
mente para recolher o pedacinho, mas de repente a fração, que equivalia a um
quinto da hóstia, desapareceu e no seu lugar apareceu uma gota de sangue.
Vendo isso, o Vigário levou a toalha para a sacristia e começou a lavar com
água a parte onde o sangue aparecia. Porém, mesmo depois de ter lavado e
esfregado a toalha repetidas vezes, a gota ficava cada vez mais vermelha e
mais ampla.
O Vigário, maravilhado e comovido, pediu uma faca emprestada a
Thomas Caillot, cortou a parte vermelha da toalha e colocou-a num relicário,
depois mostrou aos fiéis dizendo: “Minha boa gente: aqui está o Preciosíssimo
Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, porque eu lavei e torci esta toalha repe-
tidas vezes e não consegui tirar esta mancha dela”. Todos os anos na cidadezi-
nha de Blanot se rende homenagem à Relíquia do Milagre no dia da Festa de
Corpus Christi.
Bordeaux, FRANÇA, 1822
No Milagre Eucarístico de Bordeaux, na Hóstia exposta aos fiéis para a
adoração apareceu, durante mais de 20 minutos, uma imagem de Jesus
dando uma bênção. Ainda hoje é possível visitar a Capela do Milagre e
venerar a Preciosa Relíquia do Ostensório da aparição em Martillac,
França, na igreja de uma comunidade contemplativa. A igreja é conhe-
cida como “La Solitude”.
O Milagre Eucarístico de Bordeaux é intimamente ligado a uma comu-
nidade fundada em 1820 pelo venerável padre Pierre Noaille. Ainda hoje a
comunidade é ativa, principalmente na Ásia e na África. O Milagre ocorreu
vinte meses depois da fundação dessa comunidade na igreja de Santa Eulália
na Rua Mazarin em Bordeaux. A imagem de Jesus apareceu na Hóstia assim
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que o Abade Delot, que naquele dia substituía o Padre Noaille nas celebrações
litúrgicas, abençoava os fiéis com o Santíssimo Sacramento.
Todos os presentes puderam contemplar por mais de vinte minutos a
aparição na Hóstia da imagem de Jesus dando uma bênção. Alguém, inclusive,
disse que ouviu Jesus dizer: “Eu sou aquele que é”. Este acontecimento foi
aprovado pelas autoridades eclesiásticas, entre elas o Arcebispo de Bourde-
aux, Dom d‟Aviau, quem pessoalmente escutou os testemunhos dos fiéis que
presenciaram o Prodígio. Nos dias de hoje ainda é possível visitar a Capela do
Milagre e venerar a preciosa Relíquia do “Ostensório da Aparição”.
Dijon, FRANÇA, 1430
No Milagre Eucarístico de Dijón, uma senhora comprou um Ostensório
que continha ainda a Hóstia Magna. A mulher decidiu, então, usar uma
faca para tirar a Hóstia, mas ela começou a soltar Sangue vivo que ime-
diatamente se secou deixando impressa a imagem do Senhor sentado
num trono semicircular, dos dois lados do trono havia imagens de al-
guns instrumentos da Paixão. A Partícula se manteve intacta por mais
de 350 anos até o dia em que foi destruída por revolucionários em 1794.
No ano de 1430, em Mônaco, uma mulher comprou de um vendedor de
coisas velhas um Ostensório que seguramente era roubado porque continha
ainda a Hóstia Magna usada para a Adoração. A mulher, sendo muito ignoran-
te sobre a presença real de Cristo na Eucaristia, decidiu tirá-la do Ostensório
com uma faca. De repente a Hóstia começou a soltar Sangue vivo, mas ele se
secou imediatamente deixando impressa as imagens de Jesus sentado num tro-
no semicircular e de alguns instrumentos da Paixão.
A mulher, perturbada, foi falar com o cônego Anelon, quem ficou com a
Hóstia. O Papa Eugênio IV rapidamente tomou conhecimento do episódio e
quis doar a Hóstia milagrosa ao duque Felipe de Borgonha, quem por sua vez
doou à cidade de Dijón. Sabemos com certeza que em 1794 a Hóstia milagro-
sa estava na Basílica de São Miguel Arcanjo, mas no dia 9 de fevereiro daque-
le mesmo ano os revolucionários do município de Dijón requereram a igreja
para consagrá-la como templo da nova seita “la Raison”, que quer dizer “deu-
sa razão” e a Hóstia milagrosa foi queimada. Os documentos e as obras de arte
que ilustram o Milagre são numerosos, por exemplo um dos vitrais da Cate-
dral de Dijón mostra a cena principal do Prodígio.
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Douai, FRANÇA, 1254
No Milagre Eucarístico de Douai, enquanto um sacerdote distribuía a
comunhão aos fiéis, sem querer, deixou cair no chão uma Hóstia consa-
grada. Imediatamente se abaixou para pegá-la, mas ela se elevou sozi-
nha, voou e pousou no purificador. Em seguida, no seu lugar apareceu
um Menino lindíssimo e todos os fiéis e religiosos que presenciavam a
celebração puderam contemplá-lo. Apesar de que transcorreram mais de
800 anos, ainda hoje é possível admirar a Hóstia do Milagre. Todas as
quintas-feiras, na igreja de São Pedro de Douai, numerosos fiéis se reú-
nem em oração diante da Hóstia Prodigiosa.
Bonum universale de Apibus (“Bem Universal Segundo as Abelhas”),
foi um manual de regras morais práticas publicado em 1263, onde o Autor e-
voca São Luís IX como exemplo ilustrativo das virtudes cristãs comparadas
com as abelhas. O autor, o dominicano Thomas de Cantimpré, era doutor em
teologia e Bispo “sufragâneo” de Cambrai, tendo sido testemunha ocular des-
se Milagre e por isso o incluiu no seu manual como exemplo de fé e piedade
católicas. Na Páscoa de 1254, na igreja de Santo Amado, em Douai, o sacer-
dote que estava distribuindo a Comunhão, sem querer, deixou uma Hóstia
consagrada cair no chão. Imediatamente ele se abaixou para pegá-la, mas ela
se elevou sozinha, voou e pousou no purificador. Em seguida, no lugar da
Hóstia apareceu um Menino lindíssimo e todos os fiéis e religiosos que pre-
senciavam a celebração puderam contemplá-lo. A notícia difundiu-se veloz-
mente e o Bispo de Cambrai foi imediatamente a Douai para constatar pesso-
almente os fatos que ele mesmo descreve: “Fui imediatamente ver o decano da
igreja e quando o encontrei, pedi-lhe que me mostrasse o Milagre. Muitos fiéis
me seguiram. O decano, então, abriu a caixa na qual ele tinha colocado a Hós-
tia do Milagre, mas no momento eu não vi nada de especial, contudo eu era
consciente de que nada me impedia de ver o Sacro Corpo como viram os de-
mais. Nem tive muito tempo para fazer-me muitas perguntas, porque olhando
novamente a Hóstia vi a imagem do rosto de Cristo coroado de espinhos com
duas gotas de sangue que escorriam da testa. Imediatamente me ajoelhei e em
lágrimas, dei graças a Deus”.
É seguro que em 1359, um século depois da aparição, todos os anos se
celebrava na Quarta-feira de Páscoa uma festa em memória do Milagre do
Santíssimo Sacramento e o documento que dá testemunho disso indica que
este uso existia há muito tempo. A preciosa Relíquia do Milagre foi conserva-
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da e venerada até a época da Revolução, depois perdeu-se a pista durante mui-
tos anos. Mas, em outubro de 1854, o pároco da igreja de São Pedro em Dou-
ai, por acaso, achou debaixo do Cristo do altar dos defuntos, uma caixa de
madeira que continha uma pequena Hóstia branca degenerada nas extremida-
des. O sacerdote achou também uma carta escrita em latim que atesta: “Eu,
subscritor, cônego da insigne igreja de Santo Amado, atesto que esta é a ver-
dadeira Hóstia do Santo Milagre que felizmente recolhi e salvei do perigo i-
minente da profanação. Eu mesmo a coloquei nessa píxide e deixei este ates-
tado escrito com próprio punho e letra para os fiéis que a descobrirão no futu-
ro (5 de janeiro de 1793)”.
La Rochelle, FRANÇA, 1461
O Milagre Eucarístico de La Rochelle nos apresenta a história da cura
instantânea de um menino que aos sete anos de idade ficou mudo e pa-
ralítico. Depois de ter recebido a Comunhão na Missa de Páscoa em
1461, o menino ficou completamente curado da paralisia e adquiriu no-
vamente o uso da fala. O documento mais fidedigno que descreve, com
desenhos, este Milagre, é o quadro-manuscrito que ainda hoje é conser-
vado na Catedral de La Rochelle.
Durante a Páscoa de 1461, a senhora Jehan Leclerc levou o seu filho de
12 anos, Bertrand, à igreja de São Bartolomeu. Aos sete anos de idade o me-
nino ficou mudo e paralítico por causa de uma queda. No momento da Santa
Comunhão, o menino deu a entender à sua mãe que queria receber Jesus Euca-
ristia. A princípio, o sacerdote não queria dar a Comunhão porque como ele
não podia falar, não podia confessar-se. Mas o menino continuava a suplicar e
o sacerdote finalmente cedeu e permitiu-lhe receber a Eucaristia.
Assim que Bertrand recebeu a Hóstia sentiu uma força misteriosa e viu
que podia mover-se e falar. Estava curado! Conforme o documento escrito à
mão imediatamente depois do Milagre, as primeiras palavras que Bertrand
pronunciou foram: “Auditorium nostrum in nomine Domini!”. O documento
mais fidedigno que descreve com desenhos este Milagre, é o quadro-
manuscrito que ainda hoje é conservado na Catedral de La Rochelle.
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NEUVY SAINT SÉPULCRE, FRANÇA, 1257
Na igreja de Neuvy Saint Sépulcre nas redondezas de Indre, se conser-
vam duas gotas do Sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo recolhidas no
Calvário durante a Paixão. Essas gotas foram levadas à França em 1257
pelo Cardeal Eudes quando regressava da Terra Santa.
Para homenagear a Santa Relíquia do Preciosíssimo Sangue de Jesus,
numerosas indulgências foram concedidas. Em 1621 o Arcebispo de Bruges
André Frémiot, para propiciar o seu culto, fundou a Irmandade do Preciosís-
simo Sangue e dois anos depois, o Papa Gregório XV concedeu novas indul-
gências aos devotos do Santo Sangue. Todas as segundas-feiras de Páscoa e o
1º de julho de cada ano se celebram missas solenes e procissões para adorar e
homenagear a Sagrada Relíquia. Muitas graças são atribuídas à invocação do
Santo Sangue de Neuvy-Saint-Sépulcre. Esta Relíquia, constituída de Sangue
coagulado e puro, quer dizer, não misturado com água ou terra, desde 1257 é
conservada na igreja de Neuvy Saint Sépulcre, edificada na primeira metade
do ano 1000 conforme o modelo da igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém.
Les Ulmes, FRANÇA, 1668
No Milagre Eucarístico de Les Ulmes, durante a exposição do Santíssi-
mo Sacramento, no lugar da Hóstia apareceu a forma de um homem que
tinha os cabelos compridos castanhos-claros, o rosto resplandecente, as
mãos cruzadas e vestido com uma túnica branca. Depois de uma meti-
culosa investigação, o Bispo autorizou o culto do Milagre. Atualmente
só podemos ver o nicho que durante aproximadamente 130 anos guar-
dou a Hóstia Milagrosa, pois durante a revolução francesa, o vigário de
Puy-Notre-Dame consumiu-a devotamente porque temia uma profana-
ção.
No dia 2 de junho de 1668, no sábado da oitava de Corpus Christi, na
pequena igreja de Les Ulmes, o Santíssimo Sacramento foi exposto aos fiéis.
O pároco da igreja, Nicolas Nezan, começou a incensar o Ostensório enquanto
todos cantavam o hino Pange lingua, “quando cantaram “Verbum caro Panem
verum”, na Hóstia apareceu a forma de um homem de cabelos compridos e
castanhos-claros, o seu rosto era resplandecente, as suas mãos estavam cruza-
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das e ele vestia uma túnica branca. O Santíssimo Sacramento estava exposto
dentro do Tabernáculo, mas o sacerdote colocou-o sobre o altar para que todos
pudessem vê-lo mais de perto. Toda a aparição durou um pouco mais de 15
minutos”. No dia 13 de junho, o pároco comunicou o evento ao seu Bispo,
Henry Arnaud, quem imediatamente ordenou uma investigação. No dia 25 de
junho publicou uma carta pastoral com o “relato fiel” do Milagre. Entre as vá-
rias obras que descrevem objetivamente o Milagre, recordamos a Clypeus
Theologiae, escrita pelo padre dominicano Gonet e publicada em 1669 pelo
editor francês Bertier. No VIII volume, o padre Gonet fala desse Milagre.
O Bispo mandou que se difundisse amplamente a notícia desse aconte-
cimento e por isso foram imediatamente ordenadas três xilogravuras: a primei-
ra é de Edelynck de ótima qualidade, conservada em Paris, depois temos a de
Jean Bidault de Saumur e finalmente a do editor Ernou de Paris. Até o século
XVIII na paróquia de Les Ulmes todos os anos, se celebrava o aniversário da
aparição, mas infelizmente hoje só é possível ver o nicho onde, por aproxima-
damente 130 anos, a Hóstia do Milagre esteve guardada, porque durante a re-
volução francesa, o vigário de Puy- Notre-Dame, devotamente consumiu-a,
pois temia uma profanação. Em 1901, na paróquia de Les Ulmes realizou-se o
Congresso Eucarístico Internacional d‟Angers e em julho de 1933, durante o
Congresso Eucarístico Nacional se dedicou uma inteira sessão ao estudo do
Milagre de 1668.
Marseille, FRANÇA, 1533
Em 1533 alguns ladrões entraram numa igreja, roubaram um cibório
com as Hóstias consagradas e depois jogaram-nas num campo. Apesar
da forte tempestade de neve, as Partículas foram encontradas depois de
alguns dias em perfeito estado; contudo, nem as inumeráveis curas o-
corridas depois do Milagre, nem a grande devoção popular puderam
proteger as Hóstias da destruição dos profanadores.
No ano de 1532, no final do mês de dezembro, alguns ladrões entraram
na igreja de Marseille en Beauvais, roubaram um valioso cibório de prata que
continha Hóstias consagradas e as deixaram abandonadas no meio da rua prin-
cipal, escondidas debaixo de uma grande pedra. No dia 1º de janeiro, o senhor
Jean Moucque passava por ali, apesar da forte tempestade de neve. Enquanto
caminhava viu uma grande pedra na beira da rua que não estava coberta de
neve, este fato chamou a sua atenção, ele, aproximando-se, levantou a pedra e
para a sua surpresa viu que as Hóstias estavam completamente intactas. Ime-
71
diatamente foi avisar o pároco, o padre Prothais, quem acompanhado por mui-
tos fiéis, levou as Santas Partículas à paróquia. No lugar da descoberta foi cra-
vada uma cruz e posteriormente construiu-se uma capela para agilizar o fluxo
dos fiéis devotos. A capela foi chamada “Chapel dês Saintes Hosties” e ali o
Senhor realizou muitas curas; o historiador Pierre Louvet descreveu algumas
no seu livro “História das antiguidades da diocese de Beauvais”.
Impressionante foi a cura do sacerdote Jacques Sauvage, que afetado
por uma paralisia havia perdido o uso da fala. Outro exemplo é a do Senhor
d‟Autreche, um cego de nascença a quem foi dada a vista. Apesar de todas
essas graças que Deus concedeu, em 1561 o Bispo-Conde de Beauvais, Odet
de Coligny, passou ao calvinismo e casou-se com Elisabeth de Hauteville e
antes de abjurar ordenou que as Santas Hóstias, milagrosamente preservadas,
fossem consumidas. A capela das Santas Hóstias existe ainda hoje e todos os
anos, no dia 2 de janeiro se celebra uma Missa solene em memória do Milagre
de 1533.
Paris, FRANÇA, 1290
Durante a Páscoa de ano de 1290 um ateu, que odiava a fé e não acredi-
tava na presença real de Cristo na Eucaristia, conseguiu adquirir uma
Hóstia consagrada para profaná-la. Ele esfaqueou a Hóstia e depois jo-
gou-a na água fervendo, mas a Hóstia alçou vôo diante do homem que
ficou transtornado e pousou na cesta de uma mulher devota, quem ime-
diatamente entregou-a ao próprio pároco. As autoridades eclesiásticas, o
povo, inclusive o rei decidiram transformar a casa do profanador numa
capela e conservar ali a Santa Hóstia, que foi destruída durante a revo-
lução.
Existem numerosos documentos que atestam todos os acontecimentos
relacionados com este Milagre. O historiador italiano Giovanni Villani, na sua
célebre “História de Florença”, no livro VII, capítulo 136 também relata bre-
vemente os fatos mais importantes do Milagre. A Senhora Moreau-Rendu, na
sua obra “Em Paris, rua dos Jardins”, editada em 1954, com prefácio de Dom
Touzé, Bispo auxiliar de Paris, demonstrou ter feito uma investigação profun-
da de todas as fontes e depois de analisar rigorosamente todos os documentos,
a autora pronunciou-se com segurança a favor da autenticidade do Milagre.
Porém, o relato do Milagre mais famoso é o do livro “História da Igreja de
Paris”, escrito pelo Arcebispo francês, Dom Rupp. O Milagre Eucarístico de
72
Paris é mencionado nas páginas dedicadas ao Episcopado de Simon Matifas
de Busay, com sede em Saint-Dennis de 1290 a 1304. “No Domingo de Pás-
coa, 2 de abril de 1290, um homem chamado Jonathas odiava a fé católica e
não acreditava na presença real de Cristo na Hóstia consagrada. Um dia ele
conseguiu adquirir, pagando uma pessoa, uma Partícula consagrada.
Quando tinha a Hóstia nas mãos, o homem esfaqueou-a e ela começou
a sangrar tanto que inundou o recipiente onde estava. Em pânico, decidiu jogá-
la no fogo, mas ela alçou vôo e ficou em cima da brasa; desesperado, jogou
água fervendo nela, mas ela voou de novo e tomou a forma de um crucifixo,
finalmente, a Hóstia sozinha pousou na cesta de uma paroquiana de Saint-
Jean-en-Gréve e ela levou-a ao seu pároco. Durante séculos, a Hóstia perma-
neceu num pequeno relicário na igreja de Saint-Jean, porém desde a revolução
não se sabe nada do seu paradeiro.” Ocorreram outros fatos significativos: o
confisco da casa de Jonathas, conhecida como “a Casa dos Milagres” pelo rei
Felipe, o Belo e o seu registro como casa vendida em 1291; a transformação
da casa em Oratório com a Bula de Bonifácio VIII; a mudança, a pedido do
povo, do nome da Rua dos Jardins para “Rue du Dieu boulli” (Rua do Deus
fervido) e a celebração Eucarística na capela des Billettes do Ofício da Repa-
ração, todos os segundos domingos de Advento e Quaresma.
Pressac, FRANÇA, 1643
No Milagre Eucarístico de Pressac, depois de um incêndio na igreja pa-
roquial, o Cálice, que continha uma Hóstia consagrada, derreteu com-
pletamente. Dele só restou o pé sobre qual se formou uma bola de esta-
nho que cobria a Hóstia que ficou completamente intacta. A Partícula
Milagrosa foi consumida no dia seguinte, mas ainda hoje existem nume-
rosos documentos que relatam o Milagre; além desses textos, na igreja
de Pressac estão os vitrais que mostram as fases do Prodígio.
O Milagre aconteceu na Quinta-feira Santa de 1643. Terminada a cele-
bração da Missa, os fiéis regressaram às suas ocupações e o sacerdote colocou
o Cálice no repositório, que permanecia guardado perto do Altar dedicado a
Santa Virgem. Esse Altar era constituído por uma placa de mármore, coberta
por um corporal e sustentado por 4 pilares de madeira. Atrás do Altar tinha
uma pintura de um episódio Eucarístico. O Cálice estava coberto por um véu e
aos seus pés tinham duas velas acesas. Ao meio-dia, o sacristão fechou a igre-
ja; mas, duas horas depois os vizinhos notaram uma fumaça negra e espessa
que saía das janelas do templo; elas ficaram abertas por distração e provavel-
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mente o vento intensificou as chamas das velas e isso acelerou o incêndio. Os
vizinhos chamaram o sacristão para que ele abrisse a porta e assim pudessem
entrar para verificar os danos. O repositório e o quadro estavam destruídos,
restaram somente a mesa de mármore, o corporal e a base do Cálice, que ao
derreter-se assumiu a forma de uma “gota de estanho”, dirá mais tarde o rela-
tório. Em cima do pé do Cálice formou-se uma bola de estanho e debaixo dela
estava a Hóstia que resistiu às chamas e ao derretimento do metal, ficando as-
sim intacta.
O Vigário Simon Sauvage foi ao lugar do Milagre e colocou o Cálice
quente sobre o Altar Maior para mostrá-lo aos paroquianos. A Hóstia, leve-
mente avermelhada nas extremidades, foi consumida na manhã do dia seguin-
te durante o Ofício da Sexta-feira Santa. Lembramos que a Liturgia prescrevia
naquele tempo, que depois da Missa da Quinta-feira Santa, somente uma Hós-
tia consagrada era conservada no cibório e colocada no Cálice coberto por um
simples véu. O Abade d‟Availles-Limouzine, Françoise du Theil, recolheu
todos os depoimentos e entregou ao Bispo de Poitiers, Henri Louis Chastagni-
er de la Roche-Posay que autorizou o culto com um ato solene que dizia: “Os
Mistérios sagrados são incompreensíveis se o esplendor da graça não ilumina
os espíritos com a finalidade de elevar-lhes aos altos conhecimentos dos efei-
tos admiráveis da Potência de Deus. E para obrigar os homens a adorá-lo co-
mo é devido, a bondade inefável se manifesta às vezes de maneira extraordi-
nária, operando Milagre na Igreja com a finalidade de confirmar a Fé Católica
e confundir os erros dos espíritos infiéis”.
Augsburg, ALEMANHA, 1194
O Milagre Eucarístico de Augsburg, conhecido pelos moradores como
“Wunderbarlichen Gutes – Bem Milagroso”, é descrito em numerosos
livros e documentos históricos que podem ser consultados na biblioteca
estadual e civil de Augsburg. Uma Hóstia roubada transformou-se em
carne ensangüentada. Com o passar dos anos foram realizadas diversas
análises na Partícula que confirmaram sempre que se trata de carne e
sangue humanos. Hoje o Convento de Heilig Kreuz é custodiado pelos
padres dominicanos.
Em 1194, uma senhora de Augsburg particularmente devota ao Santís-
simo Sacramento, depois de receber a comunhão, sem que ninguém percebes-
se, envolveu a Hóstia num lencinho, levou-a a casa e colocou-a num recipiente
de cera dentro de um armário. Naquele tempo era muito difícil encontrar ta-
bernáculos nas igrejas para fazer a Adoração Eucarística. Somente no ano de
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1264, com a introdução da Festa de Corpus Christi, é que se difundiu essa
devoção. Passaram-se cinco anos e no dia 11 de maio de 1199, a mulher, cheia
de remorsos, confessou-se com o Padre Berthold, Superior do convento de
Heilig Kreuz. O sacerdote, então, pediu que ela lhe desse a Hóstia, mas, quan-
do ele abriu o recipiente de cera que envolvia a Hóstia, viu que ela tinha se
transformado em carne ensangüentada. A Hóstia se apresentava “dividida em
duas partes unidas uma à outra através de finos filamentos de carne ensan-
güentada”. O padre Berthold foi imediatamente ver o Bispo da cidade, Udals-
kalk quem ordenou que a Hóstia prodigiosa fosse “levada, acompanhada pelo
clero e pelo povo, para a Catedral e exibida num Ostensório de cristal para a
Adoração dos fiéis”.
Mas o Milagre continuou: a Hóstia começou a crescer e a inchar-se e
esse fenômeno durou desde a Páscoa até a festa de São João Batista. Depois
disso, o Bispo Udalskalk mandou que levassem a Hóstia de volta ao convento
de Heilig Kreuz e estabeleceu que “para recordar um fato tão memorável e
extraordinário”, todos os anos se realize uma festa em homenagem à Santa
Relíquia. Em 1200, o conde Rechber, doou aos padres de Santo Agostinho um
cofre retangular de prata, com uma abertura anterior, onde a Hóstia do Milagre
é colocada. Ademais do Prodígio Eucarístico verificaram-se outros episódios
extraordinários como a aparição, em cima da Hóstia, do Menino Jesus todo
vestido de branco com o rosto radiante e a cabeça adornada com una coroa de
ouro; o sangramento do crucifixo da igreja e a aparição de Jesus abençoando a
assembléia.
Benningen, ALEMANHA, 1216
No ano de 1216, o vilarejo de Benningen foi o palco do Milagre Euca-
rístico da Hóstia que sangrou. Poucos anos depois, em 1221, os mora-
dores de Benningen iniciaram a construir uma capela para homenagear
esse Prodígio. A capela é conhecida como “Riedkapelle zum Hochwür-
digen Gut”. De 1674 até 1718 a Riedkapelle foi reestruturada e amplia-
da para acolher os numerosos peregrinos. Cada ano, durante a festa de
Corpus Christi, a paróquia de Benningen sai em procissão em direção a
Riedkapelle para celebrar a memória do Milagre.
Um antigo documento de 1216 conta a história de dois moleiros que es-
tavam brigados fazia muitos anos; um dia, um deles, irritado com a última bri-
ga, depois de ter comungado roubou uma Hóstia consagrada e escondeu-a en-
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tre as pedras do moinho do vizinho com a intenção de caluniá-lo. Mas, durante
a festa de São Gregório, a Hóstia começou a sangrar abundantemente; todo o
vilarejo e o Bispo tomaram conhecimento do evento. O moleiro sacrílego ar-
rependeu-se e confessou o sacrilégio.
A capela construída em memória do Prodígio possui pinturas de Johann
Friederich Sichelbein que ilustram toda a história do Milagre como, por e-
xemplo, o quadro acima do altar mostra o Bispo Federico de Augsburg colo-
cando a Hóstia num recipiente precioso na Igreja de São Martinho em Mem-
mingen. Por causa de vicissitudes históricas perdeu-se a pista da preciosa Re-
líquia. Durante muito tempo se pensava que os quadros que adornam a capela
são cópias dos que estão expostos no Museu do mosteiro de Ottobeuren; so-
mente em 1987, quando os quadros da capela foram restaurados, é que se des-
cobriu que eram os originais. O teto em madeira traz afrescos que representam
a Paixão de Cristo e episódios do Antigo Testamento.
Bettbrunn, ALEMANHA, 1125
O Milagre Eucarístico de Bettbrunn, conta a história de um camponês
muito piedoso, que movido por um zelo excessivo, roubou uma Hóstia
consagrada e levou-a à sua fazenda de Viehbrunn. Um dia a Hóstia caiu
na terra e ninguém conseguia recolhê-la. Tentaram de tudo e nada, fi-
nalmente o Bispo de Regensburg conseguiu recolher a Partícula mas só
depois de ter prometido ao Senhor construir uma igreja em sua home-
nagem. A notícia do Prodígio difundiu-se velozmente e atraiu numero-
sos peregrinos.
A construção do vilarejo de Bettbrunn e da atual igreja de São Salvador
se deve a um Milagre Eucarístico ocorrido no ano de 1125. Atualmente, onde
é o povoado e a igreja, antes era somente um sítio chamado Viehbrunn, por-
que aí por perto havia um poço que era usado para dar de beber aos animais. O
proprietário era um homem profundamente devoto ao Santíssimo Sacramento,
mas como ele morava a uma hora e meia de distância da paróquia de Tholling
nem sempre conseguia ir à missa. Para solucionar essa situação decidiu então
roubar uma Hóstia consagrada e levá-la para casa. O camponês pegou o bastão
que tinha sempre consigo, fez um furo na ponta superior e aí colocou a Hóstia.
Cada dia na hora do descanso dos animais, o camponês afundava o bastão no
terreno e se ajoelhava diante do Santíssimo durante horas.
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Essa situação durou meses, mas um dia, o camponês, sem querer, lan-
çou impulsivamente o bastão que continha a Hóstia para deter um animal que
estava afastando-se. A Hóstia, então caiu no chão e o pastor, profundamente
dolorido, inclinou-se para recolhê-la. Todas as tentativas foram inúteis e não
sabendo mais o que fazer, foi chamar o pároco de Tholling, mas nem ele con-
seguia pegar a Hóstia; decidiram então chamar o Bispo de Regensburg, Hart-
wich, quem imediatamente foi ao local do Prodígio com todo o clero. Somente
quando o Bispo prometeu construir naquele lugar uma capela, é que conseguiu
tirar a Hóstia do chão. No mesmo ano de 1125 o Bispo mandou construir a
capela e a Relíquia foi conservada naquele lugar até 1330, ano em que um in-
cêndio destruiu tudo. A capela foi reconstruída e dentro colocou-se uma das
pilastras que se salvou do incêndio.
Erding, ALEMANHA, 1417
Na Quinta-feira Santa do ano de 1417, um camponês roubou uma Hós-
tia consagrada. No meio do caminho ela escapou das suas mãos e ficou
flutuando no ar. Em vão ele tentou recuperá-la. Foi somente graças à in-
tervenção do Bispo que a Partícula foi recuperada. No lugar onde o Mi-
lagre aconteceu edificou-se rapidamente uma capela. Muitas curas e mi-
lagres foram atribuídos à veneração desse Milagre.
Um pobre camponês de Erding, não conseguia de nenhuma maneira
melhorar a sua condição econômica por mais que trabalhasse muitas horas por
dia. O seu vizinho, ao invés, que fazia o mesmo trabalho conseguia viver co-
modamente. Um dia, ele contou ao camponês que o êxito do seu trabalho era
devido a que ele guardava o Santíssimo Sacramento dentro da sua casa. O po-
bre camponês, ignorante em matéria de fé, pensou que o Santíssimo Sacra-
mento fosse uma espécie de amuleto e decidiu imitar o seu vizinho. Na quinta-
feira Santa, ele foi à Missa e depois de receber a Comunhão, escondeu a Hós-
tia num lenço e saiu da igreja. No meio do caminho, a sua consciência come-
çou a pesar e assim decidiu voltar atrás e devolver a Partícula. Enquanto ca-
minhava a Hóstia escapou das suas mãos e voou com o vento. O camponês
procurou a Hóstia, mas não conseguiu encontrá-la. Aterrorizado com o acon-
tecimento, correu para advertir o pároco que foi imediatamente ao lugar onde
a Hóstia tinha desaparecido.
Assim que chegou o sacerdote viu que a Partícula estava sobre montinho
de terra e que emanava uma luz muito forte. Aproximou-se para pegá-la, mas
ela voou outra vez e desapareceu. O sacerdote, então, advertiu o Bispo que
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quis ir pessoalmente o lugar do Milagre. A Hóstia apareceu de novo flutuando
no ar, o Bispo e os cidadãos decidiram, então, construir uma capela em memó-
ria do Milagre Eucarístico. A multidão de peregrinos que vinham a ver o lugar
do Milagre começou a ser tão grande que em 1675 as autoridades locais deci-
diram construir um Santuário mais amplo de estilo barroco. O Bispo Kaspar
Künner di Freising, no dia 19 de Setembro de 1677, abençoou a nova igreja
que foi dedicada ao Preciosíssimo Sangue. O Santuário guarda diversas Relí-
quias entre elas, o Preciosíssimo Sangue de Cristo e desde 1992 está sob a
custódia da Ordem dos Monges de São Paulo do deserto.
Kranenburg bei Kleve, ALEMANHA, 1280
Em 1284 na cidadezinha de Kranenburg bei Kleve, ocorreu um Milagre
conhecido como “o crucifixo milagroso”. Um pastor que não conseguia
engolir a Hóstia consagrada por causa de uma doença, cuspiu-a perto de
uma árvore. Quando a árvore foi cortada pela metade de dentro dela sa-
iu um crucifixo perfeitamente talhado. Uma igreja foi construída nesse
lugar e ainda hoje recebe numerosos peregrinos. Papas e Bispos sempre
incentivaram o culto ao Crucifixo Milagroso concedendo privilégios e
indulgências; a última concedida foi no ano 2000.
Muitos documentos descrevem o milagre ocorrido em 1280. Um pastor
de Kranenburg depois de ter recebido a Comunhão, não podendo engoli-la,
cuspiu-a perto de uma árvore do seu jardim. Cheio de remorsos, o homem foi
contar ao pároco que imediatamente foi ao lugar do delito para procurar a
Hóstia, mas foi tudo em vão.
Depois de alguns anos o homem decidiu derrubar a árvore que foi pri-
meiro cortada em duas partes. Assim que a cortou, de dentro dela saiu um cru-
cifixo perfeitamente talhado que caiu no chão. A notícia de que um crucifixo
“cresceu de uma Hóstia consagrada”, propagou-se velozmente. Os Bispos de
Colônia e o Conde de Kleve interessaram-se pessoalmente pelo Milagre e
desde então, começaram as numerosas peregrinações. Em 1408 os cidadãos de
Kranenburg começaram a construir uma igreja em memória do Milagre. A
construção terminou em 1444. A igreja é dos exemplos mais significativos do
estilo gótico da zona do baixo Reno.
Weingarten, ALEMANHA, 1094
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Em Weingarten, perto do mosteiro beneditino, é possível venerar, faz
mais de 900 anos, a Relíquia de uma parte do Preciosíssimo Sangue de
Jesus. De acordo com muitos historiadores, o soldado Longino, levou a
Mantova a Relíquia do Preciosíssimo Sangue de Cristo, que foi dividida
em muitas partes e doada a vários poderosos daquela época (o mais co-
nhecido é Carlos Magno) e a diversos Papas.
A Relíquia do Preciosíssimo Sangue chegou também a Weingarten. De
acordo com um antigo documento, no ano de 1055, o Imperador Henrique III
de Franconia recebeu a doação de uma parte dessa preciosa Relíquia, mas o
Imperador deixou-a em herança ao Conde Baldovino de Fiandra, quem por
sua vez doou-a a sua filha Judite.
Quando Guelfo IV de Baviera pediu a mão de Judite, ela presenteou o
futuro esposo com a Relíquia; mas pouco tempo depois, ele a doou ao mostei-
ro beneditino de Weingarten, que estava sob a direção do abade Wilichon. A
solene cerimônia realizou-se no dia 4 de março de 1094. Desde então, a Aba-
dia beneditina recebe numerosas indulgências concedidas por diversos Papas e
transformou-se num centro religioso de extraordinária importância. Todos os
anos, em Weingarten, se organiza em louvor da Relíquia uma cerimônia co-
nhecida como a “Cavalgada do Sangue”. Trata-se de um desfile no qual parti-
cipam quase 3000 cavalos montados por pessoas adultas das paróquias do po-
voado e do clero das igrejas.
Wilsnack, ALEMANHA, 1383
Durante um terrível incêndio no vilarejo de Wilsnack em 1383, entre os
restos da igreja paroquial foram encontradas três Hóstias completamen-
te intactas, mas que sangravam continuamente. Os peregrinos começa-
ram a chegar em grande quantidade e por isso se construiu uma igreja
para homenagear o Milagre. O culto foi aprovado com duas bulas do
Papa Eugênio IV no ano de 1447.
No mês de agosto do ano de 1383, o vilarejo de Wilsnack foi saqueado,
destruído e incendiado pelo Cavaleiro Heinrich Von Bülow. Entre os restos da
igreja foram encontradas três Hóstias consagradas perfeitamente intactas, mas
que sangravam. Depois que as Hóstias foram achadas, verificaram-se muitos
milagres. Por exemplo, o Cavaleiro Dietrich von Wenckstern, que tinha mui-
tas dúvidas sobre o sangramento das Hóstias, perdeu a visão e somente quan-
do se arrependeu de ter duvidado do Milagre é que a recuperou. A notícia es-
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palhou-se rapidamente e em 1384 o Bispo já tinha confirmado o Milagre das
Hóstias sangrantes de Wilsnack. O Papa Urbano VI deu um dote para a re-
construção da igreja; o Arcebispo de Magdeburg e os Bispos de Bradenburg,
Havelberg e Levus também fizeram as suas doações. Wilsnack se transfor-
mou, até o século XVI, num dos lugares de peregrinação mais importantes de
Europa.
Graças às numerosas ofertas dadas pelos peregrinos que vinham para
adorar as Hóstias milagrosas, foi possível construir a grande Igreja de São Ni-
colau, dedicada ao Milagre. A igreja representa ainda hoje um dos mais im-
portantes testemunhos do estilo gótico em tijolo cozido típico da Alemanha
setentrional. O Ostensório que contém as Relíquias das Hóstias foi destruído
em um incêndio no ano de 1522. Do milagre somente restaram os testemunhos
escritos e as obras de arte que representam o Prodígio.
Morne-Rouge, ILHA MARTINICA, 1902
Na manhã do dia 8 de maio de 1902, o vulcão da montanha Pelée entrou
em erupção. A lava chegou rapidamente na cidade de Saint-Pierre (de
35 mil habitantes) que ficou completamente destruída, ao passo que o
vilarejo de Morne-Rouge localizado aos pés do vulcão, foi misteriosa-
mente poupado. Este evento prodigioso foi acompanhado pela aparição
de Jesus e do seu Sagrado Coração no Sacramento exposto para a Ado-
ração. As testemunhas deste Prodígio foram numerosas.
No dia 8 de maio de 1902, Festa da Ascensão (antiga Festa em honra de
São Miguel), o vulcão da montanha Pelée começou a expelir lava e cinzas. A
população de Morne-Rouge, muito devota do Sagrado Coração de Jesus, foi
imediatamente à igreja paroquial para implorar a Nossa Senhora do Livramen-
to que poupasse o vilarejo daquela catástrofe.
Naquele perigo iminente, as pessoas inimigas se reconciliaram e confes-
saram os seus pecados. O pároco, padre Marty, deu a absolvição geral a todos
os fiéis, distribuiu a Santa Comunhão e expôs o Santíssimo Sacramento. Num
determinado momento uma senhora começou a gritar: “O Sagrado Coração de
Jesus está dentro da Hóstia!”. Um grandíssimo número de pessoas testemu-
nharam a aparição de Jesus na Hóstia que mostrava o seu Sagrado Coração
coroado de espinhos. Outros disseram ter visto sair Sangue do Coração de Je-
sus. A visão durou muitas horas e acabou somente quando o Ostensório foi
colocado de novo no Tabernáculo. No dia 8 de maio o vilarejo de Morne-
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Rouge foi poupado da fúria devastadora do vulcão e isso consentiu que a po-
pulação se reconciliasse com Deus e recebesse os Santos Sacramentos prepa-
rando-se assim para morrer em graça de Deus. No dia 30 de agosto do mesmo
ano o vulcão destruiu inclusive o vilarejo de Morne- Rouge.
Chirattakonam, INDIA, 5 DE MAIO DE 2001
Este Milagre Eucarístico ocorreu recentemente, no dia 5 de maio de
2001 em Trivandrum. Na Hóstia apareceu o rosto de um homem similar
ao de Cristo coroado de espinhos. Sua Beatitude Cyril Mar Baselice,
Arcebispo dessa Diocese escreveu sobre esse Prodígio: “...Para nós que
temos fé, o que vimos é algo que desde sempre acreditamos ...Se o Nos-
so Senhor está falando conosco através deste sinal, temos certamente
que responder.” A Hóstia está conservada num Ostensório dentro da i-
greja.
O Padre, Frei Johnson Karoor, pároco da igreja na qual ocorreu esse
Milagre Eucarístico conta no seu depoimento: “no dia 28 de abril de 2001, na
igreja da paróquia de St. Mary of Chirattakonam, iniciamos, como todos os
anos, a novena de São Judas Tadeu. Às 8:49 da manhã, expus o Santíssimo
Sacramento e comecei a Adoração pública. Depois de alguns minutos vi que
apareceram três pontinhos na Santa Eucaristia. Deixei então de rezar e come-
cei a olhar o Ostensório. Chamei à atenção dos fiéis para os três pontos e lhes
pedi que continuassem a rezar. Coloquei então o Ostensório dentro do Taber-
náculo. No dia 30 de abril, celebrei a Santa Missa e no dia seguinte parti para
Trivandrum. Na manhã do dia 5 de maio de 2001, que caía num sábado, abri a
igreja para a celebração da missa, me preparei e fui abrir o Tabernáculo para
ver que coisa tinha acontecido à Eucaristia que estava no Ostensório. Imedia-
tamente reparei que nela estava figurado um rosto humano. Fiquei muito per-
turbado e pedi aos fiéis que se ajoelhassem e começassem a rezar. Pensava
que só eu via o rosto e perguntei ao coroinha que coisa ele via no Ostensório.
Ele respondeu: “vejo a figura de um homem.” Notei que os fiéis olhavam fi-
xamente o Ostensório.
Começamos a Adoração e a figura do homem, com o passar do tempo
era cada vez mais nítida. Não tive a coragem de falar nada e comecei a chorar.
Durante a Adoração temos o costume de ler um versículo da Sagrada Escritura
e a citação daquele dia era aquela do capítulo 20 do Evangelho de São João
que narra a aparição de Jesus Ressuscitado a São Tomé na qual o Senhor pede
que o apóstolo veja as suas chagas. Consegui dizer umas poucas palavras na
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Homilia e tendo que ir a celebrar a Missa na paróquia vizinha de Kokkodu,
mandei chamar um fotógrafo para tirar fotos da Santa Eucaristia com o rosto
humano. Duas horas depois as fotos estavam reveladas e a cada foto o rosto
era sempre mais nítido.”
Milagre Eucarístico de Saint-André, ILHA DA REUNIÃO,
1902
No dia 26 de Janeiro de 1902, na igreja da cidade de Saint-André, na I-
lha da Reunião (colônia francesa), o Abade Henry Lacombe, pároco da-
quela igreja deu um testemunho do Milagre que ele mesmo presenciou.
O religioso falou para milhares de pessoas no Congresso Eucarístico de
Angoulême (1904) e para um grupo de sacerdotes em retiro espiritual
na cidadezinha de Périgueux. O rosto de Jesus apareceu durante horas
na Hóstia e esse fenômeno foi visto e contado por milhares de pessoas.
Vejamos o relato do Abade Lacome: “26 de Janeiro de 1902; dia da fes-
ta da Adoração Perpétua (40 horas). O Santíssimo Sacramento estava exposto
no Tabernáculo e eu comecei a celebrar a Missa. Depois da consagração, mais
precisamente na hora do Pai Nosso, os meus olhos se alçaram em direção da
Hóstia e vi uma auréola brilhante ao redor dos raios do Ostensório. Continuei
celebrando a Missa, mas com uma grande perturbação em minh‟alma que,
contudo, tratei de dominar. Quando chegou o momento da comunhão olhei
novamente o Ostensório e dessa vez vi na Hóstia um rosto humano com os
olhos fechados, os cílios eram longos e grossos e tinha uma coroa de espinhos
na cabeça; mas o que mais me comoveu foi a dor estampada no rosto. Procurei
disfarçar a minha agitação interior e ao final da celebração entrei na sacristia e
chamei imediatamente os rapazes mais velhos do coro e lhes disse que olhas-
sem atentamente o Ostensório.
Os rapazes regressaram dizendo: “Padre, vimos a cabeça de um homem
na Hóstia, é o Bom Deus que se manifesta!” Entendi então que a visão era au-
têntica. Nesse momento, chegou um rapaz de 16 anos, Adam Villiers, que ti-
nha estudado num colégio na França e eu lhe disse: “Vai na igreja e vê se tem
alguma coisa de extraordinário no Tabernáculo”. O jovem estudante foi na
igreja e quando regressou me disse: “Padre, é o bom Deus que aparece na
Hóstia, vejo o seu Divino rosto”. A partir daquele momento as minhas dúvidas
desapareceram e pouco a pouco toda a cidade foi entrando na igreja para ver o
Milagre. Vieram também jornalistas e gente de Saint Dennis. De repente, o
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rosto na Hóstia pareceu ganhar vida e a coroa de espinhos desapareceu. Usei
todos os meios de precaução possíveis, porque temia que fosse um efeito da
luz, assim que mandei apagar todas as velas e fechar todas as janelas. O fenô-
meno era agora mais claro ainda e na escuridão os traços daquele rosto eram
mais resplandecentes. Alguns visitantes tinham lentes de aumento para ver
melhor, mas não era necessário. Muitas pessoas vieram ver o Milagre, entre
elas uma jovem pintora que retratou fielmente o rosto impresso na Hóstia. Ho-
ras mais tarde a imagem mudou outra vez e apareceu um crucifixo que cobria
a Hóstia completamente. Depois da Bênção Eucarística e da recitação do Tan-
tum Ergo a imagem desapareceu”.
Alatri, ITÁLIA, 1228
A Catedral de São Paulo em Alatri guarda a Relíquia do Milagre Euca-
rístico ocorrido em 1228 quando uma Hóstia se transformou em Carne.
Uma jovem que queria reconquistar o amor do seu namorado procurou
uma feiticeira. A maga mandou que a jovem roubasse uma Hóstia Con-
sagrada para fazer um feitiço de amor. Durante a Missa, a moça conse-
guiu pegar a Hóstia e escondê-la num pedaço de pano. Quando ela che-
gou em casa viu que a Hóstia tinha se transformado em Carne ensan-
güentada. Numerosos documentos falam sobre esse Milagre, entre eles
uma Bula do Papa Gregório IX.
O testemunho mais fidedigno desse Milagre é a Bula Fraternitas tuae
escrita pelo Papa Gregorio IX (13 de março de 1228), na qual o Pontífice res-
ponde às perguntas do Bispo de Alatri, Giovanni V. Eis o texto da Bula Ponti-
fícia: “Gregório, Bispo, servo dos servos de Deus ao venerável irmão e Bispo
de Alatri, saúde e benção Apostólica. Nós recebemos a tua carta, caríssimo
irmão, na qual nos informas sobre uma certa jovem que, influenciada pelo
mau conselho de uma mulher malvada, depois de ter recebido do sacerdote o
Sacratíssimo Corpo de Cristo, reteve-o na boca até achar o momento propício
para escondê-lo num pedaço de pano. Nos informas também que três dias de-
pois, o Corpo do Senhor, que tinha sido recebido em forma de pão, foi encon-
trado em forma de Carne e que até hoje qualquer pessoa pode vê-la com os
seus próprios olhos. Já que as duas mulheres humildemente confessaram tudo,
desejas o nosso parecer sobre qual punição infligir às culpadas. Em primeiro
lugar, devemos agradecer com todas as nossas forças Àquele que, sempre o-
brando de maneira maravilhosa em cada coisa, algumas vezes repete milagres
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e provoca novos prodígios, para que, fortificando a fé na verdade da Igreja
Católica, sustentando a esperança e despertando a caridade, chame os pecado-
res, converta os pérfidos e confunda a maldade dos hereges.
Portanto, caro irmão, por meio desta carta apostólica, dispomos que tu
dês uma punição mais leve à jovem, que cremos ter agido delinqüentemente
mais por debilidade que por maldade, especialmente porque acreditamos que
está suficientemente arrependida já que confessou o seu pecado. À instigado-
ra, que com a sua perversão, levou a jovem a cometer este sacrilégio, depois
de que tenhas aplicado, a teu critério, as medidas disciplinares oportunas, im-
põe que ela visite e confesse humildemente o seu reato aos Bispos mais pró-
ximos e implore o perdão deles com devota submissão”. O Sumo Pontífice
interpretou o episódio como um sinal contra as heresias sobre a presença real
de Jesus na Eucaristia e perdoou as duas mulheres arrependidas. Por ocasião
do 750º aniversário do Milagre, mandou-se cunhar uma medalha comemorati-
va. A medalha mostra, de um lado, a fachada da Catedral sobreposta ao Reli-
cário da Hóstia Encarnada e do outro o busto do Papa Gregório IX com a Bula
Pontifícia.
Milagre Eucarístico de Santa Clara, ITÁLIA, 1240
A “Legenda de Santa Clara” conta vários milagres realizados pela santa:
multiplicação de pães, aparição de garrafas de óleo que não existiam no
convento, etc. Mas entre os milagres que realizou, o mais famoso é o
milagre ocorrido em 1240. Numa sexta-feira, Santa Clara afugentou al-
guns soldados sarracenos que invadiram o claustro do convento de São
Damião mostrando-lhes a Hóstia Santa.
Este Milagre é narrado na obra “A Legenda de Santa Clara”, de autoria
de Tomás de Celano; o texto conta como Santa Clara de Assis conseguiu ex-
pulsar as tropas sarracenas do Imperador Frederico II de Suécia com o Santís-
simo Sacramento. Assim diz o texto: “Pelotões de soldados e bandos de ar-
queiros sarracenos, sombrios como harpias, estavam acampados naquele lugar
por ordem imperial, com a finalidade de devastar os acampamentos e conquis-
tar a cidade. Um dia, durante um ataque do feroz exército dos sarracenos con-
tra Assis, cidade particular do Senhor, eles irromperam nas adjacências de São
Damião, mais propriamente no claustro das virgens. Os corações das monjas
se contraíram pelo terror e trêmulas de medo, dirigiram os seus prantos à Ma-
dre Superiora (Santa Clara), quem, com o coração intrépido, ordenou que a
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pusessem, embora estivesse doente, diante da porta, bem na frente dos inimi-
gos, trazendo uma caixinha de prata e marfim, na qual estava guardado com
suma devoção o Corpo do Santo dos santos.
Prostrada em oração, entre lágrimas, falou com o seu Senhor: “Ó Meu
Senhor, queres colocar as tuas servas indefesas nas mãos dos pagãos, as mes-
mas, que por amor a Ti, eu eduquei? Senhor, eu te peço, protege estas tuas
servas, porque eu sozinha não posso salvá-las”. Imediatamente uma voz de
criança, vinda do Tabernáculo, sussurrou aos seus ouvidos: “Eu as custodiarei
sempre!”. “Meu Senhor”, acrescentou, “protege também, se é a tua vontade,
esta cidade, que nos sustenta pelo teu amor”. E Cristo lhe diz: “Terá que sofrer
duras penas, mas a minha proteção a defenderá”. Então a virgem ergueu o ros-
to banhado em lágrimas e consolou as irmãs que estavam aos prantos: “Eu ga-
ranto, minhas filhas, que não sofrereis nenhum mal; somente tendes fé em
Cristo!” Não demorou muito e a audácia dos agressores se transformou em
espanto; e abandonando apressadamente os muros que tinham escalado, foram
derrotados pela força daquela mulher que rezava. Imediatamente Clara adver-
tiu as irmãs que tinham ouvido a voz: “Enquanto eu estiver viva, cuidem-se
bem, queridas filhas, de comentar com qualquer pessoa sobre aquela voz”.
Milagres Eucarísticos de Asti, ITÁLIA, 1535-1718
Nos dois Milagres de Asti, a Hóstia consagrada esguichou sangue. Os
dois acontecimentos são confirmados por numerosos documentos. No
primeiro Milagre, o Bispo de Asti, Dom Scipione Roero, mandou redi-
gir um documento registrado em cartório e o Papa Paulo III, com um
Breve (6/11/1535), concedeu Indulgência Plenária a todos que visitas-
sem a Igreja de São Segundo no aniversário do Milagre.
No dia 25 de julho de 1535, enquanto o pio sacerdote Domenico Occelli
celebrava a Santa Missa das 7 no Altar Maior da Colegiada de São Segundo,
chegado o momento da fração do Pão, das extremidades da Hóstia partida saiu
vivo Sangue. Três gotas caíram dentro do Cálice e uma quarta permaneceu na
extremidade da Hóstia. Inicialmente, o padre Domenico continuou a celebrar a
Santa Missa, mas assim que partiu o pedacinho da Hóstia que deveria ser co-
locada no Cálice viu que saiu mais Sangue. Estupefato, o padre virou-se para
os presentes e convidou-os a que se aproximassem do altar para ver o Prodí-
gio. Quando o sacerdote segurou a Hóstia para consumi-la, o sangue tinha de-
saparecido e voltou ao seu aspecto natural. Estes foram os fatos ocorridos con-
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forme a tradução do relatório oficial, enviado pelo Bispo de Asti, Dom Scipi-
one Roero à Santa Sé e reproduzido no Breve Apostólico do dia 6 de novem-
bro de 1535 no qual o Papa Paulo III concedeu Indulgência Plenária a todos
que “no dia da comemoração do Milagre visitem a Igreja do Santo e recitem
três Pai-Nossos e três Aves-Marias, pelas intenções do Pontífice”.
De acordo com outro documento reproduzido numa inscrição em már-
more, naquela ocasião, ao ver o Milagre alguns soldados hereges se converte-
ram; naquele tempo Asti estava sob o domínio do Imperador Carlos V e mui-
tas das suas tropas residiam naquela cidade. Esta narração se encontra no livro
da Companhia do Santíssimo Sacramento instituída na Colegiada de São Se-
gundo e nos Arquivos Vaticanos, de lá se extraiu uma cópia em 1884 a mando
do Canônico Longo. Outros testemunhos do Prodígio são: o quadro do Mila-
gre presente na Capela do Crucifixo (sec. XVI) e a inscrição em mármore que
diz “Hic ubi Christus Ex sacro pane Effuso saguino Exteram vi traxit fidem
Astensem roboravit – Aqui, Cristo do Pão Sagrado espalhando Sangue atraiu
os que estão longe da fé e robusteceu a dos presentes”.
O segundo Milagre ocorrido na Capela da Obra Pia Milliavacca é do-
cumentado por numerosos testemunhos recolhidos por um notário e as-
sinado pelo sacerdote que celebrava a missa quando ocorreu o Milagre e
por celebridades eclesiásticas e leigas.
Na manhã do dia 10 de maio de 1718, o sacerdote Francisco Scotto, foi
à “Opera Millivacca” para celebrar a Santa Missa. Eram mais ou menos 8:00
horas. A Igreja do Instituto era dividida em duas partes: a parte anterior era
reservada aos de fora e ali estavam somente o notário Scipione Alessando
Ambrogio, Chanceler do Bispo e tesoureiro do Instituto e um sobrinho do sa-
cerdote que ajudava na missa. Na parte posterior, atrás do altar estavam as es-
tudantes, porque esta parte era reservada a elas. Quando o sacerdote elevou a
Hóstia, o doutor Ambrogio notou que ela estava partida. Assim que o sacerdo-
te elevou o Cálice, o doutor achando que uma hóstia quebrada não era matéria
válida, aproximou-se do sacerdote para adverti-lo e foi trazer outra hóstia da
sacristia. Nesse meio tempo, o celebrante segurou a Hóstia e viu que ela real-
mente estava partida em duas, mas para o seu estupor viu que o perfil longitu-
dinal das duas partes estava avermelhado, o pé do Cálice e a copa também es-
tavam manchados de vermelho e o corporal estava salpicado de Sangue.
Quando Ambrogio voltou com a Hóstia viu que a outra estava sangrando e
imediatamente começou a chorar. Todos os que estavam presentes viram o
Milagre. O notário foi depressa chamar o cônego Argenta, confessor do Insti-
tuto, o teólogo Vaglio e o penitenciário Ferrero e eles foram testemunhas dire-
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tas do Prodígio. Outros sacerdotes e três médicos da cidade chegaram ao
mesmo tempo que eles. Os doutores Argenta, Volpini e Vercellone declararam
sob juramento que as gotas vermelhas eram sangue de verdade. Uma das pes-
soas que estava entre os presentes ficou em dúvida e pensou que o sangue po-
dia ter escorrido do nariz ou da boca do sacerdote, mas os médicos presentes,
depois de examinar tudo, excluíram tal possibilidade. Depois da intervenção
do vigário episcopal, do secretário da cúria e do vigário da Inquisição, R. Bor-
dino, de comum acordo se procedeu ao relatório do Milagre. Outra prova im-
portante da autenticidade do Milagre foi fornecida por um documento que diz
que Monsenhor Filippo Artico, Bispo de Asti, no ano de 1814 mandou exami-
nar o Cálice e a Hóstia do Milagre por alguns físicos que confirmaram a ori-
gem hematológica das manchas. A “Obra Pia Millavacca” conservou cuidado-
samente os testemunhos do Milagre: o cálice com as manchas de Sangue, a
patena, o corporal e a copa de prata dourada. A Hóstia da celebração, lamen-
tavelmente sofreu o processo de corrupção e foi reduzida a pó.
Bagno di Romagna, ITÁLIA, 1412
Em 1412, o Padre Lázaro da Verona, naquela época Prior da Basílica de
Santa Maria de Bagno di Romagna, enquanto celebrava a Santa Missa
duvidou da Presença Real de Jesus no Santíssimo Sacramento. Mal ti-
nha terminado de pronunciar sobre o vinho as palavras da Consagração,
ele se transformou em sangue vivo e começou a ferver saindo do Cálice
e derramando-se sobre o corporal. O Padre Lázaro, profundamente co-
movido e arrependido, confessou a sua falta de fé aos fiéis presentes e o
grande Milagre que o Senhor tinha feito diante dos seus olhos.
Em Bagno di Romagna, na Basílica de Santa Maria Assunta, se conser-
va a Relíquia do Milagre Eucarístico do “Sacro Linho empapado de sangue”.
O historiador Fortunio descreve o Milagre na sua célebre obra Annales Ca-
maldulenses: “Era o ano de 1412 e a Abadia camaldulense de Santa Maria in
Bagno (naquela época Priorado) era governada pelo padre Lázaro, oriundo de
Veneto. Enquanto ele celebrava o divino Sacrifício, a sua mente foi ocupada,
por obra do demônio, por uma forte dúvida sobre a Presença Real de Jesus no
Santíssimo Sacramento; quando eis que viu que as sagradas espécies do vinho
começaram a ferver e a sair do Cálice e espalhar-se sobre o Corporal em for-
ma de vivo e pulsante sangue, ensopando dessa forma o Corporal. Podemos
imaginar a emoção e a confusão do sacerdote naquele momento diante de um
acontecimento assim grandioso. Chorando, ele se dirigiu aos presentes, con-
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fessando a sua falta de fé e o Milagre que tinha sido realizado diante dos seus
olhos”.
O padre Lázaro foi transferido a Bolonha para ser capelão do mosteiro
feminino camaldulense de Santa Cristina, e ficou lá até 1416, ano da sua mor-
te. Os Camaldulenses, com muitos problemas, se encarregaram da paróquia de
Bagno até a supressão napoleônica no ano de 1808; desde aquela época a Pa-
róquia-Basílica de Santa Maria Assunta, depois de ser dirigida por um breve
tempo pela diocese de Sansepolcro, no ano de 1975 passou definitivamente a
fazer parte da diocese de Cesena. Em 1912 o Cardeal Giulio Boschi, Arcebis-
po de Ferrara, mandou celebrar o V centenário do Milagre com uma reunião
de estudos Eucarísticos. No ano de 1958, S.Exª. Domenico Bornigia, mandou
analisar as manchas do Corporal do Milagre na Universidade de Florença on-
de se confirmou que eram de natureza hematológica. Na Basílica se encontra
uma xilogravura, colorida e muito particular, do ano de 1400 chamada “Nossa
Senhora do Sangue”. A imagem está situada na terceira capela à direita e é
conhecida com esse nome porque, como refere o P. Benedetto Tenaci, abade
de Bagno e testemunha ocular do Prodígio, no dia 20 de maio de 1498, do
braço direito do ícone saiu sangue. Cada ano, durante a festa de Corpus Chris-
ti, o Corporal sai em procissão pelas ruas da cidade e é exposto todos os do-
mingos de março a novembro, na missa das 11 da manhã.
Bolsena, ITÁLIA, 1264
Um sacerdote de Praga que viajava pela Itália, um dia estava celebrando
a Missa na Basílica de Bolsena, quando no momento da consagração
ocorreu um Prodígio: a Hóstia transformou-se em Carne. Este Milagre
robusteceu a fé do sacerdote que duvidava da presença real de Cristo na
Eucaristia. O Papa Urbano IV e Santo Tomás de Aquino examinaram as
Sacras Espécies e o Pontífice decidiu estender a festa de Corpus Christi
a toda a Igreja “para que este excelso e venerável Sacramento seja para
todos peculiar e insigne memorial do extraordinário amor de Deus por
nós.”
Recentes pesquisas estão de acordo com os testemunhos de antigas fon-
tes históricas que dizem que o Milagre de Bolsena ocorreu no verão de 1264.
Um sacerdote Boemo, Pedro de Praga, esteve na Itália para ter uma audiência
com o Papa Urbano IV, quem naquele verão estava em Orvieto acompanhado
por Santo Tomás de Aquino e vários outros teólogos e cardeais. Depois que o
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Papa recebeu o sacerdote, ele regressou a Boêmia, mas no meio do caminho se
deteve em Bolsena e celebrou uma Missa na igreja dedicada a Santa Cristina.
No momento da consagração, quando ele pronunciou as palavras que permi-
tem a transubstanciação, ocorreu o Milagre cuja descrição está gravada numa
lápide: “De repente, naquela Hóstia apareceu claramente uma carne verdadeira
banhada em Sangue, exceto a partezinha que estava entre os dedos do sacerdo-
te: o que não ocorreu sem mistério, mas para que fosse mais evidente a todos
que a carne era realmente aquela Hóstia elevada acima do cálice pelas mãos
do celebrante”.
Com esse Milagre, o Senhor reforçou a fé de Pedro de Praga, um sacer-
dote de grandíssima piedade e retidão moral, mas que infelizmente duvidava
da presença de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, isto é sob as aparên-
cias sensíveis do pão e do vinho. A notícia difundiu-se rapidamente e o Papa e
Santo Tomás de Aquino puderam ver imediatamente o Milagre. Depois de um
exame minucioso, Urbano IV aprovou a sua autenticidade e decidiu que o
Santíssimo Corpo do Senhor deveria ser adorado através de uma festa particu-
lar e exclusiva e foi assim que estabeleceu que a festa de Corpus Christi, uma
festa da diocese de Liégi, fosse estendida a toda a Igreja Universal. O Papa
também pediu a Santo Tomás que escrevesse a liturgia que acompanharia a
Bula “Transiturus de hoc mundo ad Patrem” que expõe as razões pelas quais
a Eucaristia, quer dizer, a Presença Real de Cristo é tão importante.
Canosio, ITÁLIA, 1630
Este Milagre Eucarístico teve como protagonista um pároco: o P. Antô-
nio Reinardi. Graças à sua grande piedade eucarística, o sacerdote con-
seguiu salvar o vilarejo de Canosio de uma enchente provocada pelo
transbordamento da torrente Maira abençoando-o com o Santíssimo Sa-
cramento. Muitas pessoas que assistiram o Milagre se converteram e a-
inda hoje a fé nesse Prodígio é muito forte. Todos os anos, os cidadãos
de Canosio celebram a festa na oitava da Solenidade de Corpus Christi
em homenagem ao Milagre.
Canosio é um pequeno povoado do Vale Maira, na diocese de Saluzzo.
No ano de 1630 a fé do povo de Canosio estava muito fraca por causa do cres-
cimento da heresia calvinista. Alguns dias depois da festa de Corpus Christi, a
torrente Maira transbordou por causa de fortes chuvas. A fúria das águas era
tão violenta que arrastou consigo grandes pedras rochosas que rolaram das
montanhas em direção ao vale e ao povoado.
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O Padre Antônio Reinardi, pároco de Canosio, fez soar os sinos, exor-
tou todos os cidadãos a rezar ao Senhor para que Ele detivesse a enchente e a
fazer uma promessa: se o povoado de Canosio se salvasse da fúria devastadora
das águas, os cidadãos deveriam mandar celebrar, desde agora e para sempre,
todos os anos uma festa na Oitava de Corpus Christi. O Padre Reimardi pegou
o Santíssimo Sacramento, colocou-o no Ostensório e dirigiu-se em procissão
ao lugar da enchente acompanhado por alguns fiéis cantando o “Miserere”.
Depois de dar a benção, a chuva parou imediatamente e o nível das águas vol-
tou à normalidade. Este episódio contribuiu para reanimar a fé dos cidadãos de
Canosio e até os dias de hoje os moradores dessa cidade são fiéis à promessa
feita. Lamentavelmente, muitos dos documentos que descreviam esse Milagre,
conservados até o século XVII nos arquivos paroquiais, foram queimados du-
rante a guerra entre a Espanha e a França. Possuímos somente uma cópia do
relatório escrito pelo pároco, testemunha ocular do evento.
Cava dei Tirreni, ITÁLIA, 1656
A “Festa di Castello”, comemorada com pontualidade desde 1657, re-
corda a epidemia de peste iniciada em Cava dei Tirreni no dia 25 de
maio de 1656, dia da Ascensão. O “mal” terminou depois da pia procis-
são de Corpus Christi, que partia do lugarejo de Santíssima Annunziata
e terminava na parte superior do Monte Castello.
Em Nápoles, maio de 1656, difundiu-se uma terrível epidemia de peste
graças a uma invasão de soldados espanhóis oriundos da Sardenha. A epide-
mia rapidamente se estendeu aos povoados e campos vizinhos chegando até na
pequena cidade de Cava dei Tirreni. Milhares de pessoas morreram tanto na
cidade como no campo. O Padre Paolo Franco foi um dos poucos sacerdotes
que sobreviveu à peste. Inspirado pelo Altíssimo e desafiando todos os peri-
gos, convocou a população e organizou uma procissão, em reparação dos pe-
cados. A procissão ia até ao Monte Castello, situado a poucos quilômetros da
cidade. Quando chegaram no cimo do monte, o Padre Franco abençoou Cava
dei Tirreni com o Santíssimo Sacramento. A peste desapareceu milagrosamen-
te e ainda hoje, todos os anos, no mês de junho, a população de Cava promove
procissões solenes em memória do Milagre.
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Dronero, ITÁLIA, 1631
Em 1631, uma camponesa imprudente, num dia de ventania, acendeu
palhas secas e provocou um grande incêndio num povoado da cidade de
Dronero. Todas as tentativas para domar o fogo foram inúteis. O Padre
Capuchinho Maurício da Ceva, inflamado pelo amor ao Santíssimo Sa-
cramento, retirou o Ostensório com a Hóstia da Igreja de Santa Brígida
e foi em procissão ao lugar do incêndio. O fogo foi domado e o povo,
comovido, começou a louvar a Deus pelo Milagre.
Num domingo, 3 de agosto de 1631, mais ou menos na hora das Véspe-
ras, a cidadezinha de Dronero, no marquesado de Saluzzo, foi vítima de um
grande incêndio. Uma jovem camponesa, imprudentemente, acendeu uma pa-
lha seca no momento em que começava a soprar um vento forte anunciando
tempestade. Em poucos minutos o fogo alastrou-se violentamente e atingiu as
casas da aldeia de Maira. A população tentou apagar o fogo de todas as manei-
ras possíveis, mas foi tudo em vão, pois ele aumentava cada vez mais. O Padre
Maurício da Ceva, Capuchinho, teve uma inspiração e recorreu ao Poder do
Senhor escondido sob as espécies eucarísticas. Imediatamente ele organizou
uma procissão solene com o Santíssimo Sacramento e seguido pelos cidadãos
dirigiu-se ao lugar do incêndio. Enquanto o Santíssimo Sacramento avançava
na direção da cidade o fogo diminuía paulatinamente. Uma lápide que está na
Igreja de Santa Brígida em Dronero descreve detalhadamente o Milagre e to-
dos os anos, por ocasião da festa de Corpus Christi, os cidadãos de Dronero
comemoram o Prodígio com uma procissão solene do Santíssimo Sacramento.
Mauro La Bruca, ITÁLIA, 1969
O Milagre Eucarístico ocorrido em Sena (1730) é semelhante a este de
São Mauro la Bruca (1969). Uns ladrões entraram numa igreja e se apo-
deraram de alguns objetos sacros, entre eles, a píxide que continha al-
gumas Hóstias consagradas. As Hóstias foram jogadas fora, mas no dia
seguinte um menino encontrou-as na beira de uma estrada. Ainda hoje
as Partículas estão intactas e as autoridades eclesiásticas autorizaram o
seu culto.
Na noite do dia 25 de julho de 1969, alguns ladrões entraram furtiva-
mente na igreja de São Mauro la Bruca com a intenção de roubar objetos vali-
osos. Depois de terem forçado o Tabernáculo, pegaram a píxide com as Hós-
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tias consagradas dentro. Assim que os ladrões saíram da igreja, jogaram fora
as Hóstias numa pequena vereda. Na manhã seguinte, um menino notou no
ângulo da vereda um monte de Hóstias, recolheu-as e levou-as ao pároco. So-
mente em 1994, depois de 25 anos de profundas análises, Dom Biagio
D‟Agostino, Bispo do Vale da Lucania, reconheceu que a conservação das
Hóstias é milagrosa e autorizou o culto. Exames realizados por cientistas e
químicos revelam que depois de 6 meses o pão ázimo se estraga e depois de
dois anos, no máximo, se reduz a pó.
Ferrara, ITÁLIA, 1171
Este Milagre Eucarístico aconteceu em Ferrara, na Basílica de Santa
Maria de Vado. Num domingo de Páscoa (28 de março de 1171), Padre
Pietro da Verona, Prior da Basílica, estava celebrando a Missa e no
momento em que ele partiu o Pão Consagrado, jorrou um fluxo de San-
gue que tingiu a pequena abóbada que estava acima do altar. A abóbada
tingida de Sangue foi encerrada num pequeno templo construído em
1595 e ainda hoje é possível vê-la na monumental Basílica de Santa
Maria de Vado.
No dia 28 de março de 1171, o P. Pietro da Verona, prior dos Cônegos
Regulares Portuenses, celebrava solenemente a Missa Pascoal, ajudado por
três irmãos (Bono, Leonardo e Aimone). No momento em que ele partiu a
Hóstia consagrada, saiu dela um fluxo de Sangue que se dividiu em grandes
gotas por toda a pequena abóbada da capela. As narrações falam do “sagrado
terror do celebrante e da imensa maravilha do povo apinhado na igrejinha”.
Muitas testemunhas afirmaram ter visto a Hóstia adquirir uma cor sangüínea e
tiveram a impressão de ter visto nEla a figura de um menino. O Bispo de Fer-
rara, Dom Amato e o Arcebispo de Ravena, Dom Geraldo, foram avisados
imediatamente e eles viram com os seus próprios olhos o Sangue do Milagre,
“O Sangue de um vermelho vivíssimo que estava na pequena abóbada do al-
tar”. A Igreja que virou rapidamente meta de romarias, a partir do ano de 1495
foi reestruturada e ampliada por ordem do Duque Ercole I d‟Este.
Os testemunhos históricos e autorizados sobre o Milagre são numero-
sos: o documento mais antigo é de Geraldo Cambrese (1197); quase da mesma
época do Milagre e que foi reencontrado pelo historiador Antônio Samaritani
numa obra intitulada “Gemma Ecclesiastica”. O manuscrito é conservado na
Biblioteca Lamberthiana de Canterbury. Outro documento, do dia 6 de março
de 1404 é a Bula do Cardeal Migliorati, na qual se concede indulgência a “to-
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dos que visitem a igreja e rendam homenagem ao Sangue Prodigioso”. Mas, o
documento que tem maior autoridade é a Bula do Papa Eugênio IV, do dia 30
de março de 1442. Na Bula, o Pontífice fala do Milagre referindo-se aos tes-
temunhos dos fiéis e a antigas fontes históricas. O aniversário é comemorado
de diversas maneiras: todos os dias 28 de cada mês na Basílica se faz a Adora-
ção Eucarística e todos os anos, para preparar a Festa de Corpus Christi, se
celebram as solenes 40 horas. No ano de 1971 foi celebrado o oitavo centená-
rio do Milagre.
Milagres Eucarísticos de Florença, ITÁLIA, 1230-1595
Em Florença, na Igreja de Santo Ambrósio, se conservam as Relíquias
de dois Milagres Eucarísticos ocorridos em 1230 e em 1595. No Mila-
gre de 1230, um sacerdote depois de ter celebrado a Missa, distraida-
mente, deixou no cálice algumas gotas de vinho consagrado. No dia se-
guinte, quando foi celebrar a missa viu dentro do Cálice gotas de sangue
vivo e coagulado. O sangue foi imediatamente colocado numa ampola
de cristal. O outro Milagre aconteceu na Sexta-Feira Santa de 1595,
quando depois de um grande incêndio na Igreja, algumas Partículas
consagradas ficaram prodigiosamente intactas.
1230 - O primeiro Milagre aconteceu no dia 30 de dezembro de 1230. Um
sacerdote chamado Uguccione, depois da celebração da Santa Missa, não per-
cebeu que algumas gotas de vinho consagrado que ele deixou no cálice tinham
se transformado em Sangue. O historiador Giovanni Villani descreve dessa
maneira o Milagre: “No dia seguinte, quando foi usar novamente o cálice, viu
que dentro dele tinha sangue coagulado e vivo (...) o sacerdote foi imediata-
mente contar tudo às irmãs do mosteiro, às pessoas que estavam por perto, ao
Bispo, a todo o clero e aos cidadãos de Florença, os quais, com grande devo-
ção, se reuniram para ver o Milagre. O Sangue foi tirado do Cálice, posto nu-
ma ampola de cristal e ainda hoje é exposto ao povo com grande reverência”.
O Bispo Ardingo de Pavia, mandou trazer a Relíquia ao Arcebispado, onde
permaneceu por algumas semanas e depois foi restituída às freiras do Mostei-
ro. O Papa Bonifácio IX, em 1399, concedeu aos fiéis que visitassem a igreja
de Santo Ambrósio e que tivessem contribuído para adornar a Relíquia do Mi-
lagre o mesmo tipo de indulgência da Porciúncula. A Relíquia (algumas gotas
de Sangue que medem aproximadamente 1 cm2) atualmente é conservada
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num valioso Ostensório, dentro de um Tabernáculo construído a mando de
Mino da Fiesole. No ano de 1980 celebrou-se o 750º aniversário do Milagre.
1595 - Na Sexta-feira Santa do ano de 1595 uma vela acesa que estava
sobre o altar da capela lateral, também chamada capela do sepulcro, caiu no
chão e incendiou toda capela. As pessoas conseguiram dominar o fogo e sal-
var o Santíssimo Sacramento e o Cálice com a Hóstia Magna. Mas, no meio
da confusão, seis Hóstias consagradas destinadas aos doentes caíram no tapete
incandescente. Assim que as chamas foram apagadas, as Hóstias foram encon-
tradas junto de um Corporal intactas e unidas entre sí. No ano de 1628 o Arce-
bispo de Florença Marcio Medici, depois de examiná-las, encontrou-as incor-
ruptas e fez com que as pusessem num valioso relicário. Durante as 40 horas,
que se celebram no mês de maio, as duas Relíquias são expostas juntas, todos
os anos, num relicário que também contêm uma Hóstia consagrada para a A-
doração.
Gruaro, ITÁLIA, 1294
Entre os documentos mais fidedignos que descrevem o Milagre Eucarís-
tico ocorrido em Gruaro no ano de 1294 está o do historiador Antônio
Nicoletti (1765). Uma mulher estava lavando uma das toalhas do altar
da Igreja de São Justo num tanque construído à beira da Fossa Versiola.
De repente, o linho da Toalha tingiu-se de sangue. Observando com
mais atenção, a mulher notou que o sangue saía de uma Partícula con-
sagrada que ficou entre as pregas da toalha.
A Relíquia está conservada na Igreja do Santíssimo Corpo de Cristo em
Valvasone, mas o Milagre ocorreu em Gruaro. No ano de 1294, uma jovem
que ajudava na Igreja dirigiu-se ao tanque da Fossa Versiola, para lavar a toa-
lha do altar da Igreja de São Justo de Gruaro. De repente a mulher reparou que
uma Hóstia consagrada tinha ficado entre as pregas da toalha e que dela saía
sangue. Assustada com o que estava acontecendo foi correndo avisar o pároco,
quem por sua vez informou o Bispo de Concordia, Giacomo d‟Ottonello da
Cividale. Uma vez que os fatos foram constatados, o Bispo pediu para ficar
com a toalha do Milagre na sua Catedral em Concordia. Mas o pároco de Gru-
aro e a família dos Condes de Valvasone, que tinha poder de jurisdição sobre
as igrejas de Gruaro e de Valvasone, também queriam ficar com a toalha. Não
foi possível chegar a um acordo e por isso a contenda foi parar na Santa Sé,
que por fim autorizou que os Condes ficassem com a Relíquia em Valvasone,
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sob a condição de que mandassem construir uma Igreja dedicada ao Santíssi-
mo Corpo de Cristo. A Construção da Igreja terminou no ano de 1483.
O documento mais fidedigno e antigo que descreve o Milagre é um res-
crito do ano de 1454 do Papa Nicolau V. O nome da igreja de Santa Maria e
São João Evangelista foi mudado, por ordem do Papa Nicolau V, para Igreja
do Santíssimo Corpo de Cristo (28 de março de 1454). Atualmente a toalha é
conservada dentro de um cilindro de cristal, sustentado por um precioso relicá-
rio de prata feito pelo ourives Antônio Galligari. A festa da Sacra Toalha, que
conta com a participação dos sacerdotes e da comunidade de Valvasone, se
celebra na V Quinta-feira da Quaresma, ao final da jornada de adoração do
Santíssimo Sacramento. Durante a festa de Corpus Christi, a relíquia sai em
procissão com o Santíssimo Sacramento.
Mogoro, ITÁLIA, 1604
No mês de abril do ano de 1604, em Mogoro ocorreu um Milagre Euca-
rístico descrito pelo historiador Pietro M. Cossu. Durante a Santa Missa,
dois homens em pecado mortal, cuspiram duas Hóstias, que deixaram as
suas marcas no balaústre. Por causa deste Prodigioso acontecimento e
em reparação daquele ato sacrílego, cada ano, no segundo domingo de
Páscoa, em Mogoro se faz uma solene procissão Eucarística.
Em Mogoro, Sardenha, na segunda-feira de Páscoa do ano de 1604, o
padre Salvatore Spiga, pároco da Igreja de São Bernardinho, celebrava a Mis-
sa e depois da consagração começou a distribuir a Comunhão aos fiéis. Num
determinado momento viu que se aproximavam dois homens reconhecidos por
levar uma vida devassa. O pároco deu a eles a Comunhão, mas apenas recebe-
ram as Hóstias, cuspiram-nas no chão, na pedra do balaústre. Os dois homens
se justificaram dizendo que as Hóstias estavam quentes como carvão aceso e
que tinham queimado as suas línguas. Cheios de remorsos por não terem se
confessado antes, escaparam. O padre Salvatore mandou recolher as Hóstias
Sagradas e viu que na pedra ficou impressa a marca delas, em seguida, orde-
nou que lavassem cuidadosamente as pedras esperando que as marcas fossem
apagadas, mas cada tentativa falhava miseravelmente. Muitos historiadores,
entre eles o sacerdote Pietro Cossu e o Padre Casu, narram as investigações
feitas pelo Bispo da época, Dom Antônio Surredo e pelos seus sucessores.
Entre os documentos mais importantes que confirmam o Milagre, temos
o ato público outorgado pelo Notário Pietro Antônio Escano do dia 25 de maio
95
de 1686, com o qual o Reitor de Mogoro estipulou um contrato para a edifica-
ção de um pequeno templo de madeira dourada sobre o vértice do altar maior.
Este pequeno templo deveria ter uma cavidade para acolher a “pedra do Mila-
gre”, que deveria ser conservada fechada dentro de uma caixa e colocada de
tal modo que pudesse ser vista pelos fiéis. A pedra apresenta ainda hoje as
marcas das duas Hóstias.
Morrovalle, ITALIA, 1560
No ano de 1560, um grande incêndio destruiu toda a Igreja dos francis-
canos, menos a Hóstia Magna que estava dentro de uma Píxide (que se
queimou também, exceto a tampa). No ano de 1960 se celebrou sole-
nemente o 4º centenário do Milagre Eucarístico de Morrovalle e o Con-
selho Municipal, unanimemente, decidiu colocar sobre a fachada da
porta principal da cidade uma placa com a seguinte inscrição: «Civitas
Eucaristica».
Na noite entre os dias 16 e 17 de abril de 1560, Oitava de Páscoa, mais
ou menos às duas horas da madrugada, em Morrovalle, o irmão leigo Angelo
Blasi acordou assustado com um barulho de um violento estouro. Olhando
pela janela da sua cela, viu que a igreja estava em chamas e foi correndo avi-
sar os outros frades. O incêndio foi domado depois de 7 horas e somente no
dia seguinte começaram os trabalhos de evacuação do imenso monte de detri-
tos. No dia 27 de abril, o padre Battista da Ascoli, quando removeu um pedaço
de mármore do Altar Maior, maravilhou-se ao ver que na cavidade do muro, a
Píxide com o corporal um pouco queimado, conservava intacta e inteira a
Hóstia grande consagrada. O padre Battista, aos prantos gritou ao Milagre pe-
dindo misericórdia; muitas pessoas correram rapidamente ao lugar para admi-
rar o Prodígio. Durante três dias inteiros o Santíssimo Sacramento ficou ex-
posto para a adoração dos fiéis. Quando finalmente chegou o Padre provincial
Evangelista da Morró d‟Alba, a Hóstia milagrosa foi colocada novamente nu-
ma caixa de marfim.
O Bispo de Bertinoro, Monsenhor Ludovico di Forlí, foi imediatamen-
te enviado pelo Papa Pio IV a Morrovalle para indagar sobre a veracidade dos
fatos. Quando o Papa Pio IV recebeu o resumo do Bispo, julgou o evento su-
perior a qualquer causa natural e autorizou o culto com a indiciação da Bula
Sacrosanta Romana Ecclesia (1560). De acordo com as disposições contidas
na Bula Pontifícia, os dias do aniversário do incêndio e da descoberta da San-
tíssima Hóstia (17 e 27 de abril) foram declarados feriados e foram chamados
96
os dias “dos dois perdões”. A Igreja foi ampliada por causa da multidão de
fiéis que acudiam às celebrações. Atualmente as duas datas são festejadas com
a exposição do Santíssimo Sacramento e do Relicário sobre o Altar Maior e
“os Perdões”, isto é, duas indulgências plenárias podem ser alcançados na I-
greja de São Bartolomeu. Até o ano de 1600 a Hóstia Milagrosa se conservou
intacta, mas por causa de vicissitudes históricas, depois desta data não se tem
mais notícias da Hóstia Milagrosa. Hoje, resta somente o Relicário e a tapa da
píxide que resistiram às chamas.
Offida, ITÁLIA, 1273-1280
Em Offida, na Igreja de Santo Agostinho, se conservam as relíquias de
um Milagre ocorrido em 1273. Uma Hóstia se converteu em carne en-
sangüentada. O Milagre é descrito em numerosos documentos, entre e-
les um texto autêntico, escrito à mão pelo notário Giovanni Battista Do-
ria em 1788. Além desse documento existem várias bulas papais, a pri-
meira é de Bonifácio VII (1295) e a última de Sisto V (1585); interven-
ções de Congregações romanas; decretos de Bispos; estatutos munici-
pais; dons votivos; afrescos; epígrafes; inscrições; lápides e testemu-
nhos de historiadores ilustres, entre eles Antinori e Fella.
Em Lanciano, no ano de 1273, uma mulher chamada Ricciarela queren-
do reconquistar o amor do seu esposo Giacomo Stasio, procurou uma bruxa da
cidade quem lhe aconselhou roubar uma Hóstia Consagrada, colocá-la no fogo
e depois que a Hóstia tivesse sido reduzida a pó, a espalhasse na comida do
marido. Mas, no momento em que a Hóstia foi ao fogo converteu-se em carne.
Ricciarella, amedrontada, pegou uma toalha de linho e envolveu a telha que
continha a Hóstia e enterrou-a no estábulo do marido. Começaram, então, a
ocorrer coisas estranhas: a mula de Giacomo todas as vezes que entrava no
estábulo se prostrava na direção do lugar onde a Hóstia estava enterrada, pare-
cia até que queria adorá-la. Giacomo começou a pensar que a esposa tivesse
enfeitiçado a besta. Sete anos depois, Ricciarella, cheia de remorsos, confes-
sou o seu sacrilégio ao frade Giacomo Diotallevi, nativo de Offida, Prior do
convento de Santo Agostinho em Lanciano. “Matei Deus! Matei Deus!", gri-
tava a mulher aos prantos. Depois de escutar toda a história, o frade foi ao es-
tábulo e viu que as Relíquias envolvidas no lenço estavam intactas.
De acordo com uma antiga crônica, para conservar a Sacra Hóstia, os
membros da cidade de Offida, decidiram construir um relicário em forma de
Cruz. Frei Michele Mallicani e um irmão foram a Veneza e quando chegaram
97
na cidade, fizeram que o ourives jurasse que não contaria a ninguém o que iria
ver e colocar na cruz. Quando o ourives segurou a copa com a Hóstia milagro-
sa, de repente sentiu-se febril e exclamou: “Que coisa me trouxestes, meu bom
frade!” O religioso, então perguntou se ele estava em pecado mortal, o ourives
respondeu que sim e se confessou naquele mesmo momento. A febre então
desapareceu e sem problemas segurou a copa, pegou a Hóstia e a guardou jun-
to ao Sagrado Madeiro na cruz, como se vê claramente ainda hoje. Os relicá-
rios da telha e do lenço manchado de sangue com a Cruz que contém a Hóstia
milagrosa estão expostos na Igreja de Santo Agostinho em Offida. A casa de
Ricciarella em Lanciano foi transformada numa pequena capela. Em 1973 se
celebrou o VII centenário do Milagre e todos os anos, no dia 3 de maio, os
cidadãos festejam o aniversário do Prodígio.
Patierno (Nápoles), ITÁLIA, 1772
No dia 29 de agosto de 1774 a Cúria Arquiepiscopal se expressou em
favor da milagrosa recuperação das Hóstias roubadas da Igreja de São
Pedro em Patierno no dia 24 de fevereiro de 1772 e da sua inexplicável
conservação. Em 1971 celebrou-se o Ano Eucarístico diocesano para
ajudar a comunidade a tomar consciência desse Milagre Eucarístico.
Lamentavelmente em 1978, alguns ladrões conseguiram roubar o Reli-
cário com as Partículas Milagrosas.
Em 1772, ladrões desconhecidos roubaram um certo número de Hóstias
consagradas, que foram reencontradas, um mês depois, completamente intac-
tas debaixo de um monte de feno nas terras do Duque de Grottolelle. Foi pos-
sível reencontrá-las graças à aparição de luzes misteriosas e de uma pomba
que sobrevoava o lugar onde estavam cobertas. Santo Afonso Maria de Ligó-
rio descreveu detalhadamente esse Milagre e se serviu dele para despertar a fé
e a devoção dos fiéis à Eucaristia. A circunferência das Partículas roubadas da
Igreja de São Pedro a Patierno correspondia perfeitamente àquela do ferro uti-
lizado na Igreja de São Pedro para a confecção das Hóstias. O Vigário Geral,
Monsenhor Onorati, redigiu os relatórios do processo diocesano que durou 2
anos (1772-1774) e colocou o selo com cera vermelha de Espanha sobre o nó
do laço que amarrava as “garrafinhas de prata encaixadas”. Nas atas se lê:
“Dizemos, decretamos e declaramos que a mencionada aparição das luzes e a
conservação das Sagradas Partículas por tantos dias debaixo do feno, foi e é
um autêntico e respeitável Milagre operado por Deus Absolutamente Bonís-
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simo, para ilustrar mais e mais a verdade do dogma católico e aumentar muito
mais o culto à real e verdadeira presença de Cristo Senhor no Santíssimo Sa-
cramento da Eucaristia”.
Entre os muitos depoimentos estavam os de três ilustres cientistas da
época entre eles, o célebre Dr. Domenico Cotugno da Universidade Régia de
Nápoles, que se expressou da seguinte maneira sobre esse Milagre: “Certa-
mente, a extraordinária aparição das luzes, variada em tantas formas e a con-
servação das Partículas desenterradas não podem ser explicadas com princí-
pios físicos porque os fatos superam as leis da natureza: então, só podem ser
considerados como milagrosos”. No ano de 1972 o professor Pietro De Fran-
ciscis, professor de fisiologia humana na Universidade de Nápoles, confirmou
o que disse o Dr. Domenico na sua “Palestra sobre a recuperação das Sagradas
Hóstias, realizada no dia 24 de fevereiro de 1772, em São Pedro em Patierno”.
No ano de 1967, o Cardeal Arcebispo Conrado Ursi, escrevia na Bula especi-
al, promulgada por ocasião da elevação da Igreja de São Pedro a Santuário
Diocesano Eucarístico: “O Prodígio de São Pedro em Patierno é um dom e
uma advertência divina para toda a nossa arquidiocese. A sua voz não deve ser
debilitada, mas deve eficazmente empurrar os fiéis de todos os tempos a con-
siderar a mensagem que Jesus deixou em Carfanaum sobre o “Pão da Vida
para a salvação do mundo”.
Rimini, ITÁLIA, 1227
Este Milagre Eucarístico foi realizado por Santo Antônio depois de que
um tal Bonovillo o desafiou a demonstrar a verdade sobre a presença
real de Jesus na Eucaristia. A biografia mais antiga de Santo Antônio, A
Assídua, traz as palavras exatas que Bonovillo disse ao santo: “Padre!
Eu te digo diante de todos: acreditarei na Eucaristia se a minha mula,
que farei jejuar durante três dias, coma a Hóstia que tu oferecerás e não
o feno que eu darei”. A mula, ainda que estivesse esfomeada por causa
do jejum, inclinou-se diante da Hóstia consagrada e rejeitou o feno.
Em Rimini é possível visitar a igreja edificada em memória do Milagre
Eucarístico realizado por Santo Antônio de Pádua no ano de 1227. Esse episó-
dio também é citado na Benignitas, uma das obras mais antigas sobre a vida
de Antônio: “Este santo homem discutia com um herege que era contra o Sa-
cramento da Eucaristia. Ele já estava quase conduzindo-o à fé católica quando
o herege, depois de escutar inumeráveis argumentos, declarou: se tu, Antônio,
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consegues com um milagre convencer-me que na Comunhão está realmente o
Corpo de Cristo, então, depois de abjurar totalmente da heresia, me converto
imediatamente à fé católica. Proponho um desafio: eu vou amarrar uma das
minhas bestas e fazê-la passar fome. Depois de três dias, eu a soltarei e colo-
carei comida diante dela. Tu ficarás na sua frente, com isso que tu pensas que
é o Corpo de Cristo. Se a besta, deixando de lado os víveres, adora o teu Deus,
eu compartilharei a fé da tua Igreja”. Santo Antônio, iluminado pelos Céus,
aceitou o desafio. O encontro foi marcado na Praça Grande (atual praça “Tre
Martiri”) e atraiu uma multidão de curiosos. No dia fixado e na hora marcada,
os protagonistas desse estranho desafio apareceram na praça seguidos pelos
seus simpatizantes.
Santo Antônio, seguido por fiéis católicos, apresentou-se com a Hóstia
Consagrada dentro de um Ostensório e Bonovillo (assim se chamava o herege
cátaro) seguido pelos seus aliados na incredulidade, com a sua mula esfomea-
da. O Santo milagroso, depois de ter pedido e obtido silêncio, virou-se para a
mula e disse: “Em virtude e em nome do teu Criador que, por mais que eu seja
indigno, tenho nas minhas mãos, te ordeno: avança rapidamente com o devido
respeito e rende homenagem ao Senhor; para que os malvados e os hereges
compreendam que todas as criaturas devem humilhar-se diante do Criador que
está nas mãos dos sacerdotes sobre o altar”. O animal, rejeitando o alimento,
aproximou-se imediatamente e com docilidade do religioso e diante da Hóstia
dobrou reverentemente as patas dianteiras. Santo Antônio não tinha se enga-
nado sobre a sinceridade do seu adversário, ele se jogou aos seus pés e abdi-
cou publicamente dos seus erros, convertendo-se daquele dia em diante num
dos mais zelosos cooperadores do Santo taumaturgo.
Milagres Eucarísticos de Roma, ITÁLIA,
SÉCULOS VI-VII
Este milagre, cuja Relíquia está guardada até os dias de hoje em Ande-
chs, Alemanha é confirmado por numerosos documentos. Aconteceu em
Roma no ano de 595 durante uma Celebração Eucarística presidida pelo
Papa São Gregório Magno. Uma nobre dama romana, assaltada pela
dúvida sobre a presença real do Senhor no pão consagrado, deu uma
gargalhada no momento em que ia receber a Comunhão. O Pontífice,
perturbado, não permitiu que ela comungasse e nesse mesmo instante as
espécies se transformaram em Carne e Sangue.
100
Entre as obras mais importantes que mencionam este milagre que acon-
teceu em Roma no ano de 595, está a Vita beati Gregorii Papae (787) de auto-
ria do Diácono Paulo.
Era costume naquele tempo que o pão utilizado para a Celebração Eu-
carística fosse preparado pelos próprios fiéis. O Papa São Gregório Magno foi
testemunha direta deste Milagre. Quando o Papa celebrava a missa dominical
na antiga igreja dedicada a São Pedro, no momento de dar a Comunhão, viu
que uma das senhoras que havia preparado o pão estava na fila dando garga-
lhadas. O Pontífice, perplexo, repreendeu-a duramente e perguntou porque ela
se comportava daquele jeito. Ela se justificou dizendo que não conseguia a-
creditar que naquele pão que ela mesma tinha preparado estivesse o Corpo de
Cristo. São Gregório, então, não permitiu que a mulher comungasse e implo-
rou a Deus que a iluminasse. Assim que o Papa terminou de rezar, o pedaço de
pão que a mulher preparou tinha se transformado em Carne e Sangue. A mu-
lher, arrependida, ajoelhou-se e começou a chorar. Ainda hoje, uma parte da
Relíquia está guardada em Andechs, Alemanha, no Mosteiro Beneditino local.
Roma, 1610
Ainda hoje é possível ver a marca milagrosa deixada pela Hóstia que
caiu nos degraus do altar da Capela Caetani na Igreja de Santa Pudenzi-
ana em Roma. A marca ficou impressa nos degraus depois que a Hóstia
caiu das mãos de um sacerdote que, no momento em que ele celebrava a
missa, duvidou da Presença de Jesus no Sacramento da Eucaristia.
A Igreja de Santa Pudenziana é uma das mais antigas de Roma. Con-
forme a maioria dos historiadores, uma vez o Senador romano Pudente hospe-
dou o Apóstolo Pedro na sua casa, que atualmente é a Igreja de Santa Puden-
ziana, filha desse senador.
Pudenziana e a sua irmã Prassede, nunca foram martirizadas, mas torna-
ram-se célebres porque recolhiam o sangue dos mártires depois da execução
deles. A igreja é enfeitada com muitos mosaicos romanos da era cristã e por
desejo de Prassede e Pudenziana foi construída em 145 d.C., sob o pontificado
do Papa Pio I, no lugar que antes era a casa do Senador. Nos degraus do altar
da Capela Caetani, assim denominada porque foi construída por esta família,
ainda hoje é possível ver a mancha de sangue deixada por uma Hóstia que caiu
das mãos do sacerdote que celebrava a missa. Ele, de repente, duvidou de que
Jesus estivesse realmente presente nas espécies consagradas e assim que con-
sagrou a Hóstia, sem querer, deixou-a cair no chão que ficou marcado com a
forma da Partícula e manchado de Sangue.
101
A Estátua do Sagrado Coração que sangrou repetida-mente. Rosano, ITÁLIA, 1948
Na Igreja do Mosteiro de Rosano venera-se a estátua do Sagrado Cora-
ção de Jesus que sangrou e chorou em diversas ocasiões. A estátua, em
tamanho natural, foi doada em 1948 ao mosteiro por uma pessoa devota
para pagar uma promessa feita durante a Segunda Guerra Mundial. O
rosto de Cristo tem uma expressão forte de viril doçura que convida à
oração e ao recolhimento. O Coração sobressai ao centro do peito, rode-
ado por uma coroa de espinhos.
Carta do Bispo Luciano Giovanetti, 4 de abril de 1948 “No anoitecer
do dia 4 de abril de 1948, “Domingo in Albis”, durante a oração das vésperas,
observou-se por primeira vez que escorriam dos olhos da estátua gotas como
se fossem lágrimas. No mês de junho, do mesmo ano, ocorreu outro Prodígio
“impressionante e inesperado”: escorrimento de sangue. Esses fatos acontece-
ram repetidamente entre os anos de 1948 e 1950 e são comprovados por nu-
merosas testemunhas oculares: as próprias monjas, em particular, a Madre
Abadessa M. Ildegarde Cabitza, de venerada memória. No arquivo do mostei-
ro se conservam muitas declarações sob juramento de sacerdotes, pregadores e
visitantes ocasionais, junto das análises clínicas do sangue que empapou ma-
nustérgios e sanguíneos. Entre todas as declarações temos o valioso depoi-
mento de Mons. Angelo Scapecchi, que posteriormente foi nomeado Bispo
Auxiliar da Diocese de Arezzo. Os arquivos nos dão a conhecer as indagações
do Visitador P. Luis Romoli O.P. enviado pelo Santo Ofício, quem interrogou
pessoalmente todas as monjas impondo à comunidade o mais absoluto silên-
cio. Depois, no dia 14 de novembro de 1950, o próprio Santo Ofício ordenou a
remoção da estátua para custodiá-la num lugar secreto. A estátua regressou a
Rosano no ano de 1952. As irmãs do Mosteiro viveram aquele acontecimento
com íntima alegria e grande emoção, mas com extrema discrição, como con-
firma a crônica, a comunidade não saiu da sua quotidianidade, mas a vida mo-
nástica ficou mais intensa conforme o lema beneditino “Ora et Labora”. O fato
que a estátua lacrimejasse e derramasse sangue é inexplicável desde o ponto
de vista natural e humano. O meu venerado predecessor Mons. Giovanni Gi-
orgis concebeu os acontecimentos de Rosano como um apelo do Senhor "à
fidelidade, à reparação e à oração”. (...) Caríssimos irmãos e irmãs recordemos
com emoção tudo o que aconteceu há cinqüenta anos atrás na nossa Diocese,
vejamos neles um sinal da benevolência e do amor do Senhor, e um convite a
uma séria e profunda reflexão. Renovemos com alegria a nossa ardente devo-
102
ção ao Sagrado Coração de Jesus e acolhendo esta mensagem peçamos o dom
de uma conversão cada vez mais profunda ao seu amor, a graça de crescer no
ardor apostólico e também o dom de numerosas e santas vocações sacerdotais
e religiosas, para fazer que Cristo seja o coração do mundo. Olhando o Cora-
ção de Jesus, alcançaremos com alegria as fontes da Salvação”.
Milagre Eucarístico de São Pedro Damião, ITÁLIA, SÉCULO XI
Uma feiticeira que queria fazer um malefício, pediu a uma mulher cristã
que lhe trouxesse uma Hóstia Consagrada. A mulher foi à missa e
quando recebeu a Hóstia escondeu-a num lencinho. O sacerdote viu o
que ela fez e foi atrás dela, quando a alcançou mandou que ela mostras-
se o lenço. A mulher abriu o lencinho e, maravilhados, viram que a
Hóstia roubada tinha se transformado em Carne e a outra metade con-
servava ainda o aspecto de Pão.
São Pedro Damião, Doutor da Igreja, foi ordenado sacerdote no Êremo
de Fonte Avellana. O Milagre Eucarístico que relatamos é narrado num dos
seus escritos (Opuscul. XXXVI; patrol. lat. tom CXLV, col. 573): “Este acon-
tecimento Eucarístico é de grande importância. Aconteceu no ano de 1050.
Uma mulher, cedendo a idéias abomináveis, roubou o Pão Eucarístico para
fazer um malefício. Mas um sacerdote percebeu o que tinha acontecido, encur-
ralou a mulher e recuperou a Hóstia evitando o furto sacrílego. Ele, então, a-
brindo o linho branco que envolvia a Hóstia Santa, viu que a metade da Hóstia
tinha se transformado no Corpo do Senhor e a outra metade permaneceu com
a sua forma natural de Partícula. Deus quer, com um testemunho tão evidente,
vencer a incredulidade e a heresia dos que não querem aceitar a Presença Real
de Cristo no Mistério Eucarístico: numa metade do pão consagrado era visível
o Corpo do Senhor, na outra a sua forma natural para evidenciar assim, a rea-
lidade da transubstanciação sacramental que acontece na consagração”.
Scala, ITÁLIA, 1732
Perto do Mosteiro do Santíssimo Redentor de Scala, em 1732, durante
três meses seguidos, apareceram os sinais da Paixão de Nosso Senhor
Jesus Cristo na Hóstia Consagrada durante a exposição do Santíssimo
103
Sacramento. Tudo isso se verificou diante de numerosos testemunhos
entre eles o grande doutor da Igreja, Santo Afonso Maria de Ligório.
A Venerável Irmã Maria Celeste Crostarosa fundou, junto com Santo
Afonso Maria de Ligório, o Mosteiro do Santíssimo Redentor (Redentoristas).
Todas as quintas-feiras, no Mosteiro do Santíssimo Redentor de Scala, depois
da Missa matutina, se fazia a adoração pública do Santíssimo Sacramento. A
partir do dia 11 de setembro de 1732, por 3 meses consecutivos, durante a ex-
posição do Santíssimo apareceram na Hóstia que estava no ostensório os si-
nais da Paixão de Cristo. Tudo isso foi visto pelas Monjas, pelo Povo e inclu-
sive pelo Bispo de Scala, Dom Santoro e pelo Bispo de Castellamare. A Pro-
digiosa aparição ocorreu também diante do grande doutor da Igreja Santo A-
fonso Maria de Ligório. Monsenhor Santoro escreveu uma carta ao Núncio
Apostólico de Nápoles, Monsenhor Simonetti, na qual descrevia todos os de-
talhes relativos às imagens presentes na Santa Hóstia exposta. Monsenhor Si-
monetti então, transmitiu o conteúdo da carta ao Secretário de Estado daquela
época, o Cardeal Barbieri.
Siena, ITÁLIA, 1730
223 Hóstias (que restaram de um total de 351 consagradas em 1730) es-
tão conservadas intactas na Basílica de São Francisco em Siena faz 276
anos. O Arcebispo Tibério Borghese mandou lacrar, por 10 anos, numa
caixa de lata algumas Hóstias não consagradas a fim de constatar se era
natural que se conservassem intactas. A comissão científica encarregada
do caso, quando abriu a caixa encontrou somente vermes e fragmentos
putrefatos. O fato contradiz todas as leis físicas e biológicas, o cientista
Enrico Medi manifestou-se da seguinte forma: “Esta intervenção direta
de Deus, é o Milagre...Milagre no sentido estrito da palavra, realizado e
mantido milagrosamente pelos séculos, dando testemunho da presença
permanente de Cristo no Sacramento Eucarístico”.
Entre os documentos mais importantes que descrevem o Milagre está
um diário escrito por um tal Macchi no ano de 1730. Nele se narra que no dia
14 de agosto de 1730, alguns ladrões conseguiram entrar na Igreja de São
Francisco em Siena e roubar a píxide que continha 351 Partículas consagradas.
Depois de três dias, no dia 17 de agosto, na caixinha da esmola do Santuário
de Santa Maria em Provengano, no meio do pó, encontraram as 351 Hóstias
intactas. Todo o povo correu para festejar a recuperação das santas Hóstias
104
que foram imediatamente levadas, numa solene procissão, à Igreja de São
Francisco. Com o passar dos anos as Partículas não apresentaram nenhum si-
nal de alteração. Mais de uma vez, homens ilustres as examinaram com todos
os recursos científicos e as conclusões foram sempre as mesmas: “As Sagra-
das Partículas estão ainda frescas, intactas, fisicamente incorruptas, quimica-
mente puras e não apresentam sinais de início de corrupção”. No ano de 1914,
o Papa São Pio X autorizou uma análise da qual participaram professores de
bromatologia, higiene, química e farmacologia, entre os quais, estava também
o célebre professor Siro Grimaldi.
A conclusão final do relatório dizia: “As santas partículas de Siena são
um clássico exemplo de perfeita conservação de partículas de pão ázimo con-
sagradas no ano de 1730, e constituem um fenômeno singular, que suscita atu-
almente um grande interesse, que inverte as leis naturais da conservação da
matéria orgânica (...) É estranho, é surpreendente, é anormal: as leis da nature-
za se inverteram, o vidro virou sede de mofo e o pão ázimo ficou mais refratá-
rio que o cristal (...). É um fato único consagrado nos anais das ciências”. Ou-
tras análises foram realizadas no ano de 1922, quando as Partículas foram
transferidas a um cilindro feito de puro cristal extraído das rochas, no ano de
1950 e em 1951. O Papa João Paulo II, quando fez uma visita pastoral a Siena
no dia 14 de setembro de 1980, diante das Hóstias Prodigiosas, se expressou
desta maneira: “É a Presença!”. O Milagre permanente das Santíssimas Partí-
culas é custodiado na capela Piccolomini durante o verão e na capela Marti-
nozzi durante o inverno. Muitas são as iniciativas dos cidadãos de Siena em
honra das Santas Hóstias: a homenagem dos bairros, os presentes das crianças
da Primeira Comunhão, a Solene Procissão na festa de Corpus Christi, o Cen-
tenário Eucarístico no final do mês de setembro, a jornada de Adoração Euca-
rística no dia 17 de cada mês em memória da recuperação das Hóstias no dia
17 de agosto de 1730.
Trani, ITÁLIA, SÉCULO XI
Uma mulher, não cristã, que não acreditava no dogma católico da Pre-
sença Real de Jesus na Eucaristia roubou, com a ajuda de uma amiga
cristã, uma Hóstia consagrada durante a celebração da Santa Missa. A
mulher, querendo provocar Deus, colocou a partícula consagrada dentro
de uma panela de óleo e levou-a ao fogo. De repente a Hóstia esguichou
uma grande quantidade de Sangue que se espalhou pelo chão, saindo
pela porta da casa.
105
Na cidade de Trani, até hoje se guarda na Catedral de Maria Santíssima
Assunta, a preciosa Relíquia deste Milagre Eucarístico do ano 1000. Muitos
documentos relatam esse Prodígio, entre eles alguns monogramas Eucarísticos
reproduzidos nas antigas ruas da cidade. O Frei Bartolomeu Campi, descreve
na sua obra “L’Inamorato di Gesú Cristo” (1625), um resumo detalhado dos
fatos: “A mulher, fingindo ser cristã, foi comungar com as outras...E tendo a
partícula na boca, tirou-a e colocou-a num lencinho. Quando chegou a sua ca-
sa, querendo saber se era pão ou não, colocou a Partícula Bendita dentro de
uma panela para fritá-la. Ao entrar em contato com o óleo quente, a Hóstia se
transformou em carne ensangüentada e espirrava tanto sangue que ele se espa-
lhou por toda aquela maldita e abominável casa. A mulher, assustada, come-
çou a berrar e os vizinhos correram para ver qual era o motivo de tanta gritari-
a...”
O Arcebispo foi imediatamente informado dos fatos ocorridos e ordenou
que os restos da Hóstia fossem levados com reverência à Igreja. O abade cis-
terciense Ferdinando Ughelli (1670) escreveu na sua conhecidíssima obra en-
ciclopédica “Itália Sacra” (Vol VII): “Em Trani é venerada uma Hóstia, que
foi frita por desprezo da nossa fé...na qual, levantado o véu do pão ázimo, apa-
rece a verdadeira Carne e o verdadeiro Sangue de Cristo, que se esparramou
pelo chão”. O Milagre foi confirmado indiretamente com uma afirmação de
São Pio de Pietralcina que uma vez exclamou: “Trani é afortunada, pois o
Sangue de Cristo banhou as suas terras duas vezes”. As palavras do santo se
referiam ao Milagre que estamos narrando e ao milagre do Crucifixo de Co-
lonna, que tinha o nariz desfigurado e do qual saiu um abundante fluxo de
Sangue. No ano de 1706 a casa da mulher foi transformada numa capela gra-
ças a generosa oferta do nobre Ottaviano Campitelli. A Relíquia da Hóstia foi
colocada no ano de 1616 dentro de um antigo relicário de prata doado por Fa-
brizio de Cunio. Esta Santa Relíquia foi analisada em várias ocasiões; a última
análise foi em 1924, por ocasião do Congresso Eucarístico inter-diocesano a
cargo de Monsenhor Giuseppe Maria Leo.
Milagres Eucarísticos de Turim ITÁLIA, 1453
Na Basílica de Corpus Christi em Turim, encontra-se uma grade de fer-
ro que protege o lugar onde ocorreu o primeiro Milagre Eucarístico de
Turim em 1453. No chão, atrás da grade, está escrito como o Milagre
106
ocorreu: “Eis o lugar onde caiu prostrado o jumento que transportava o
Corpo Divino – o lugar onde a Sacra Hóstia saindo de uma bolsa ele-
vou-se sozinha – onde desceu clementemente nas mãos dos cidadãos de
Turim – eis o lugar santificado pelo Milagre – recordando-o e rezando
ajoelhado venera-o com santo temor”. (6 de junho de 1453)
No Alto Val Susa, em Exilles, as tropas de Renato d‟Anjou lutaram
contra as milícias do duque Ludovico de Savóia que saquearam o vilarejo e
entraram na Igreja. Um dos soldados da milícia, forçou a porta do Tabernáculo
e roubou o Ostensório com a Hóstia consagrada; envolvendo o furto numa
bolsa e montando num jumento dirigiu-se à cidade de Turim. Na Praça princi-
pal, perto da Igreja de São Silvestre, hoje Igreja do Espírito Santo, lugar que
futuramente seria erguida a Igreja do Corpus Christi, o jumento empacou e
caiu no chão. Então a bolsa se abriu e o Ostensório com a Hóstia se elevou
sobre as casas vizinhas para a maravilha do povo. Entre os presentes, estava o
padre Bartolomeu Coccolo, quem foi correndo avisar o Bispo Ludovico do
marquesado de Romagnano. O Bispo, acompanhado por um cortejo formado
pelo povo e pelo clero, se dirigiu à praça, prostrou-se em adoração e rezou
com as palavras dos discípulos de Emaús “Permanece conosco, Senhor”. Na-
quele mesmo momento se verificou outro milagre: o Ostensório caiu no chão
deixando livre a Hóstia consagrada que reluzia como o sol. O Bispo elevou o
Cálice que tinha nas mãos e lentamente a Hóstia consagrada começou a descer
e pousou dentro Cálice.
A devoção ao Milagre Eucarístico de 1453 foi imediatamente difundida
por toda a cidade que promoveu a construção de um nicho no lugar onde ocor-
reu o Milagre. Posteriormente, o nicho foi substituído pela Igreja dedicada ao
Corpo de Cristo. Mas a expressão mais significativa foram as festas organiza-
das pela ocasião do cinqüentenário e do centenário do Milagre (1653-1703-
1753-1853- e em parte 1903). Os documentos que relatam o Milagre são mui-
tos: os mais antigos são três Atos Capitulares dos anos de 1454, 1455 e 1456 e
alguns documentos da municipalidade de Turim. No ano de 1853 o Beato Pa-
pa Pio IX celebrou solenemente o IV centenário do Milagre, cerimônia na
qual participaram São João Bosco e Padre Rua. Pio IX para essa ocasião, a-
provou o Ofício e a Missa própria do Milagre para a diocese de Turim. No ano
de 1928 Pio XI elevou a Igreja do Corpus Christi à dignidade de Basílica Me-
nor. A Hóstia do Milagre foi conservada até o século XVI, momento em que a
Santa Sé ordenou consumir a Hóstia “para não forçar Deus a fazer um Milagre
eterno mantendo incorrupta, como estiveram até aquele momento, as mesmas
espécies eucarísticas”.
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O ferro com o qual foi impressa a milagrosa partícula foi transportado a
Turim da Exilles no ano de 1673 e no ano de 1684 ao Município que até hoje
o guarda no Arquivo Histórico da Cidade. Em 1528, no lugar onde ocorreu o
milagre, foi erguido o nicho de Mateus Sanmicheli adornado com pinturas que
relembravam as fases mais significativas dos acontecimentos, depois o nicho
foi substituído pela atual Igreja do Corpus Christi, cuja construção foi iniciada
por Ascanio Vittozzi no ano de 1604. A edificação da Igreja do Corpus Christi
foi uma decisão do Município no ano de 1598 durante a epidemia da peste e
uma resposta ao pedido da Confraria do Espírito Santo.
Santa Maria do Monte, ITÁLIA, 1640
Durante a invasão das tropas do Conde d‟Harcourt, os soldados entra-
ram na Igreja de Santa Maria do Monte e mataram muitos civis. Os Fra-
des Capuchinhos, porém, foram poupados. Um soldado francês abriu o
Tabernáculo que conservava a píxide com algumas Hóstias consagra-
das; milagrosamente saiu uma linha de fogo do Tabernáculo que quei-
mou o rosto e a roupa do soldado. A portinha do Tabernáculo, decorada
com ágata e lápis lazúli, mostra ainda hoje os vestígios do arrombamen-
to do soldado.
Em 1640, as tropas francesas do Conde d‟Hacourt ultrapassou o rio Pó
conquistando inclusive o reduto do Monte dos Capuchinhos. O Padre Capu-
chinho Pier Maria da Cambiano conta com detalhes um Milagre Eucarístico
ocorrido durante a ocupação das tropas francesas na Igreja de Santa Maria do
Monte:
“O Piemonte foi invadido por exércitos estrangeiros, entre eles o exér-
cito francês, que, depois de libertar Casale Monferrato dos espanhóis, marcha-
ram rumo a Turim. No dia 6 de maio de 1640 chegaram a Chieri, no dia 7 a
Montecalieri e no dia 10 chegaram perto de Turim. Eles contornaram a mar-
gem esquerda do rio Pó e lá nos atacaram, porém, apesar da nossa defesa, to-
maram a ponte. Os nossos soldados se refugiaram no convento dos Capuchi-
nhos do Monte, mas nem ali estavam a salvo. Na manhã do dia 12 de maio os
franceses fizeram duros e enérgicos assaltos às trincheiras e se bem que foram
repelidos duas vezes, na terceira, obrigaram os nossos a depor as armas. Eles,
então se esconderam no povoado e esperavam estar sãos e salvos na Igreja,
mas os invasores entraram no Templo e mataram homens e mulheres, jovens e
velhos, burgueses e soldados, inclusive os que se refugiaram perto do altar
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sagrado ou nos braços dos frades capuchinhos. Todos pediam piedade e cle-
mência. Os religiosos, porém, não foram agredidos, mas os corações deles es-
tavam despedaçados vendo toda aquela chacina. Depois de derramar tanto
sangue, os soldados roubaram os objetos sagrados e saquearam o convento,
porque como era um lugar seguro, os fugitivos tinham levado para lá alguns
utensílios. Logo depois, dentro da Igreja, (é horrível contar) começaram a co-
meter atos libidinosos. Mas, como se não tivesse sido suficiente, um herege
soldado francês subiu no altar e depois de ter afundado a porta do Tabernáculo
agarrou, cheio de orgulho, a píxide com as Hóstias Santas em sinal de despre-
zo! Mas, Milagre! Uma linha de fogo saiu do Tabernáculo e foi direto no peito
do francês sacrílego e queimou-lhe o rosto e a roupa. O soldado, assustadíssi-
mo, foi à terra, gritando e implorando perdão a Deus. Imediatamente a igreja
foi invadida por uma densa fumaça e para o estupor e terror de todos, o vanda-
lismo terminou”.
Veroli, ITÁLIA, 1570
Na Páscoa do ano de 1570, na Igreja de Santo Erasmo em Veroli, du-
rante a exposição do Santíssimo Sacramento (que naquele tempo era co-
locado num relicário cilíndrico que por sua vez era colocado dentro de
um grande Cálice coberto com a patena), para as Quarenta Horas de a-
doração pública, o Menino Jesus apareceu na Hóstia exposta e dispen-
sou numerosas graças. Atualmente o Cálice onde o Santíssimo Sacra-
mento foi exposto, está guardado na Igreja de Santo Erasmo e uma vez
ao ano, na terça-feira depois da Páscoa, é utilizado para a celebração da
Santa Missa.
Na Páscoa do ano de 1570, perto da Igreja de Santo Erasmo, a Hóstia
consagrada, conforme o rito tradicional, era colocada num Relicário fechado
de prata em forma cilíndrica, que por sua vez era colocado dentro de um gran-
de Cálice, também de prata e coberto com a patena. Em seguida, tudo era en-
volto num pálio de seda. É importante recordar que no século XV, a exposição
ao Santíssimo Sacramento no ostensório não era muito comum, se bem que no
Concílio de Colônia (1452) já se falava sobre isso. Como era de costume, os
membros da Irmandade da Misericórdia, que se vestiam com hábitos negros e
estavam na frente dos das Irmandades de Corpus Christi e de Nossa Senhora,
se ajoelharam para rezar. Foi nesse momento que ocorreu o Milagre.
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O depoimento de um tal Giacomo Meloni, uma das primeiras testemu-
nhas do Milagre, é muito detalhado: “Quando olhei o Cálice, vi uma estrela
esplêndida e em cima dela estava o Santíssimo Sacramento, era do mesmo ta-
manho da Hóstia que o Sacerdote costuma usar na Missa; a estrela estava uni-
da ao Santíssimo Sacramento(...). A visão maravilhosa completou-se quando,
ao redor da Hóstia consagrada, vi crianças em adoração, semelhantes a peque-
nos anjos...”. Mas, o documento mais digno de fé sobre esse Milagre Eucarís-
tico foi redigido pela Cúria imediatamente depois dos fatos e é conservado nos
arquivos da Igreja de Santo Erasmo. Todos os anos, até os dias de hoje, se re-
corda esse Milagre na terça-feira depois da Páscoa, com uma Solene cerimô-
nia que conta com a participação do Bispo. O Cálice com a patena onde o San-
tíssimo Sacramento foi exposto, sempre esteve guardado entre as relíquias dos
santos, assim como o Relicário de prata. As sagradas espécies da Hóstia Mila-
grosa de Veroli, depois de 12 anos foram consumidas. Em 1970 por ocasião
do IV centenário do Milagre, celebrou-se o terceiro Congresso Eucarístico da
Diocese de Veroli- Frosinone. A Adoração Eucarística se realiza toda a pri-
meira sexta-feira do mês e as outras igrejas fecham nesse dia.
Volterra, ITÁLIA, 1472
No ano de 1472, durante a guerra entre Florença e Volterra, um soldado
florentino, entrou na Catedral de Volterra e conseguiu apoderar-se de
uma valiosa píxide de marfim que continha várias Hóstias consagradas.
Assim que saiu da Igreja, num momento de ódio contra Jesus Sacra-
mentado, atirou a píxide com as Hóstias contra uma parede da Igreja.
Todas as Hóstias, iluminadas por uma luz misteriosa, se alçaram mila-
grosamente no ar e ficaram bastante tempo flutuando. Foram muitas as
testemunhas que viram esse Milagre.
Entre as principais causas que desencadearam a inútil guerra dos “Al-
lumiere”, que terminou com a pilhagem de Volterra em 1472 pelas milícias
do duque de Montefeltro, estava principalmente os contrastes sociais entre as
diversas classes e os interesses pessoais de Lourenço de Médici. Absorvida
pelo Estado florentino, Volterra foi sujeita a um duro tratamento que provocou
a emigração de muitas famílias ricas, a confiscação dos seus bens e a falência.
Neste contexto histórico, em 1472, verificou-se o nosso Milagre Eucarístico.
Entre as testemunhas mais dignas de fé que relatam o Prodígio, temos a
relação escrita pelo frei Biagio Lisci, que foi uma testemunha ocular do Mila-
110
gre. Essa relação está conservada nos arquivos da Igreja de São Francisco e
em algumas atas municipais guardadas na biblioteca municipal de Volterra.
Um soldado florentino entrou na Catedral e aproximando-se rapidamente do
Tabernáculo, roubou uma píxide com Hóstias consagradas dentro e outros ob-
jetos sacros. Apenas saiu da Igreja, num acesso de ódio por Jesus Eucaristia,
arrojou a píxide contra uma parede externa da Igreja e todas as Hóstias, que
pareciam ser sustentadas por uma mão invisível, flutuaram no ar emitindo uma
luz radiante. O soldado caiu por terra, assustado e arrependido começou a cho-
rar. As testemunhas do Prodígio foram muitas.
Alkmaar, HOLANDA, 1429
No ano de 1429 em Alkmaar, na Catedral de São Lourenço, um sacer-
dote chamado Folkert celebrava a sua primeira Missa; depois da consa-
gração, derramou, sem querer, o vinho consagrado sobre o Altar e sobre
a casula. O vinho milagrosamente transformou-se em Sangue e todas as
tentativas de remover as manchas de Sangue da casula foram inúteis. A
preciosa Relíquia da casula manchada de Sangue se conserva ainda hoje
na Catedral de São Lourenço em Alkamaar.
A Catedral de São Lourenço em Alkmaar possui um valioso Relicário
em forma de Anjo que contém a casula manchada com o Sangue do Milagre
Eucarístico ocorrido no dia 1º de maio de 1429.
Um sacerdote chamado Folkert celebrou a sua primeira Missa na Cate-
dral de São Lourenço. Um pároco chamado Volpert Schult também assistia à
celebração. Assim que terminou de pronunciar as palavras da consagração,
Folkert derramou, sem querer, na casula o vinho que estava dentro do Cálice.
O vinho era branco. Imediatamente na casula formou-se uma mancha de San-
gue vivo. Ao final da Missa, em pânico, o sacerdote cortou a parte da casula
manchada de Sangue e a queimou, depois pegou a casula e começou a remen-
dá-la. Assim que terminou o remendo, a casula se manchou outra vez de San-
gue. Os dois sacerdotes sem saber o que fazer foram mostrá-la ao Bispo de
Ultrech. O Bispo, depois de numerosas investigações canônicas, aprovou ofi-
cialmente o culto do Milagre em 1433.
Amsterdam, HOLANDA, 1345
No Milagre Eucarístico de Amsterdam, a Hóstia Consagrada foi preser-
vada das chamas. Ysbrand Dommer estava muito doente e por isso vo-
111
mitou a Comunhão que tinha recebido; a sua empregada então jogou o
vômito na lareira acesa. No dia seguinte, a Hóstia foi encontrada intacta,
flutuando no meio da lareira. Muitas pessoas testemunharam esse Mila-
gre e o Bispo de Ultrech, Jan van Arkel, autorizou imediatamente o seu
culto. Ainda hoje, em Amsterdam, todos os anos se realiza uma procis-
são em memória do Prodígio.
No dia 12 de março de 1345, alguns dias antes da Páscoa, Ysbrand
Dommer, pressentindo que a sua vida chegava ao fim, mandou chamar o páro-
co da igreja de Oude Kerk para receber o Santo Viático. Porém, assim que o
doente recebeu a Comunhão vomitou tudo numa bacia e o vômito foi jogado
na lareira acesa. No dia seguinte Ysbrand estava perfeitamente bem de saúde.
Uma das empregadas que cuidavam dele, aproximou-se da lareira para atiçar o
fogo e viu uma estranha luz com a Hóstia ao centro. A mulher começou a gri-
tar e toda a vizinhança correu para ver o que tinha acontecido. Ysbrand reco-
lheu a Hóstia, envolveu-a num lenço, colocou-a numa caixa e levou-a imedia-
tamente ao pároco. Mas o Milagre continuou: o sacerdote teve que voltar à
casa do doente três vezes para pegar a Hóstia, porque ela sempre regressava à
casa de Ysbrand. Foi decidido então que a casa deveria ser transformada numa
capela. No dia da Páscoa, todas as testemunhas do Milagre e o prefeito do po-
voado de Amstel redigiram um detalhado relatório dos acontecimentos que foi
entregue ao Bispo de Ultrech, Jan van Arkel, quem autorizou o culto do Mila-
gre.
No ano de 1452 a capela foi destruída num incêndio, mas o Ostensório
que guardava a Sagrada Partícula ficou ileso. No ano de 1665 o Conselho da
cidade autorizou o padre Jan van der Mey a transformar em capela uma das
casas do ex-convento das Beguinas. O Ostensório foi transferido para lá, mas
pouco tempo depois foi roubado. Ainda hoje o Santíssimo é permanentemente
exposto para homenagear o Milagre. Os únicos objetos que recordam esse Mi-
lagre Eucarístico são a caixinha que continha a Hóstia, os documentos que re-
latam o Milagre e algumas pinturas conservadas no Museu Histórico de Ams-
terdam. Todos os anos, na noite anterior ao Domingo de Ramos, em memória
do Milagre se realiza uma silenciosa procissão (Stille Omgang).
Bergen, HOLANDA, 1421
A cidade de Bergen é famosa pelos seus canais, mas também pelo Mi-
lagre Eucarístico ocorrido em 1421. Fazia muito tempo que o pároco da
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igreja de São Pedro e Paulo andava duvidando que na Hóstia consagra-
da estivesse presente verdadeiramente o Corpo e o Sangue de Cristo. O
sacerdote não demonstrava nenhuma devoção ao Santíssimo Sacramen-
to, tanto assim que um dia, depois de ter celebrado a Missa, pegou umas
Hóstias que sobraram e jogou-as no rio. Depois de alguns meses as
Hóstias foram encontradas flutuando nas águas, manchadas de Sangue.
Bergen op Zoom (cidade sobre a Orla), situa-se paralelamente à foz do
rio Schelda e é atravessada por numerosos canais. No ano de 1421, no domin-
go anterior à Festa de Pentecostes, o pároco da igreja de São Pedro e São Pau-
lo, que não acreditava na Transubstanciação, depois de ter celebrado a Missa,
pegou as Hóstias que sobraram e jogou-as num canal. Alguns meses depois,
alguns pescadores encontraram as Hóstias manchadas de Sangue coagulado
flutuando na água.
A notícia da descoberta das Hóstias Prodigiosas propagou-se velozmen-
te e imediatamente começou a afluência de numerosos peregrinos. O Bispo
aprovou o culto, se bem que durante a revolta protestante foi proibido por um
longo período; mas apesar disso, os católicos mantiveram viva, mas em silên-
cio, a memória desse Milagre. No século XX o culto foi restabelecido e são
muitas as iniciativas populares que recordam o Prodígio.
Boxmeer, HOLANDA, 1400
Em Boxmeer, Holanda, no ano de 1400, as espécies do vinho se trans-
formaram em Sangue, derramando-se do Cálice e caindo sobre o corpo-
ral. O sacerdote, aterrorizado com essa visão, pediu perdão a Deus pelas
suas dúvidas e nesse mesmo instante o Sangue parou de sair do Cálice.
O Sangue que caiu no corporal, coagulou-se numa massa e ficou do ta-
manho de uma noz. Ainda hoje é possível ver o Sangue que não sofreu
alterações apesar do tempo que passou.
O Milagre Eucarístico de Boxmeer ocorreu na igreja de São Pedro e
Paulo no ano de 1400.
O sacerdote Arnoulds Groen estava celebrando a Missa e assim que
consagrou as espécies eucarísticas, duvidou da presença real do Senhor no pão
e no vinho consagrados. As espécies do vinho repentinamente começaram a
borbulhar, saíram do Cálice e caíram no Corporal. O vinho se transformou em
Sangue e coagulou-se formando um grande grânulo. Ainda hoje a Relíquia do
Corporal e do Sangue é conservada e todos os anos se comemora o aniversário
113
do Milagre com uma procissão solene. Os documentos que descrevem o Pro-
dígio são numerosos, muitos deles são lápides e pinturas. Os Pontífices Cle-
mente I, Bento XIV, Pio IX e Leão XIII manifestaram uma particular devo-
ção a esse Milagre.
Boxtel Hoogstraten,HOLANDA, 1380
Boxtel é famosa principalmente por causa de um Milagre Eucarístico
que ocorreu por volta do ano de 1380. Um sacerdote chamado Eligio
van der Aker celebrava a Missa diante do Altar dos Reis Magos. Sem
querer, depois da consagração, ele esbarrou no Cálice derramando o vi-
nho branco consagrado. O vinho se transformou em Sangue e manchou
o Corporal e a toalha do Altar. A Relíquia do Corporal manchado de
Sangue é conservada em Boxtel, mas a toalha foi doada à cidadezinha
de Hoogstraten. O documento mais fidedigno que descreve esse Mila-
gre é um decreto do Cardeal Pileus (1380).
Em 1380, o sacerdote Eligio van der Aker celebrou a Missa na igreja de
São Pedro e assim que consagrou o vinho, derramou-o sem querer sobre o
Corporal e sobre a toalha do Altar. Apesar de que ele utilizou vinho branco
para a Missa, ele se transformou em Sangue. No final da celebração o sacerdo-
te entrou na sacristia e tratou de tirar a mancha de Sangue dos linhos sagrados,
mas era tudo em vão. Não sabendo o que fazer, resolveu esconder a toalha e o
Corporal numa mala debaixo da sua cama e somente revelou o seu segredo
quando estava à beira da morte.
O seu confessor, o padre Henrique van Meerhein, a quem o padre Eligio
revelou o segredo, avisou imediatamente o Cardeal Pileus, quem naquele tem-
po era legado apostólico do Papa Urbano VI e titular da igreja de Santa Pras-
sede. O Cardeal investigou profundamente o desenvolvimento dos fatos e no
dia 25 de junho de 1380 autorizou o culto das Relíquias com um decreto. Em
1652, por causa de conflitos religiosos, as Relíquias foram levadas a Hoosg-
traten, fronteira com a Bélgica. Somente em 1924, depois de insistentes pedi-
dos, o Corporal foi restituído à pequena cidade de Boxtel. Todos os anos, os
cidadãos de Boxtel, por ocasião da Festa da Santíssima Trindade, organizam
uma solene procissão para homenagear o Milagre Eucarístico e a Relíquia é
exposta para que os fiéis possam venerá-la.
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Breda-Niervaart, HOLANDA, 1300
O Milagre Eucarístico de Breda-Niervaart ocorreu no dia 24 de junho
de 1300. Naquele tempo a Holanda estava ocupada pelas tropas do e-
xército espanhol e durante um saque, um soldado roubou uma Hóstia
consagrada. Pouco tempo depois, um camponês chamado Jan Bautoen
achou a Hóstia escondida em perfeito estado, debaixo de um punhado
de terra. Um dos documentos mais fidedignos e completos que descre-
vem os acontecimentos relacionados ao Milagre é uma investigação rea-
lizada pelo Bispo de Link. Infelizmente, desse Milagre só temos notici-
as através de documentos e de pinturas da igreja.
No dia 24 de junho de 1300, o camponês Jan Bautoen estava arando um
terreno situado nas vizinhanças do vilarejo de Niervaart. Levantando um pu-
nhado de terra, encontrou uma Hóstia completamente intacta; imediatamente
levou-a ao Pároco do vilarejo. A Hóstia foi colocada numa preciosa Custódia
e apesar de que passavam os anos, as espécies do Pão se mantinham intactas.
A notícia se espalhou rapidamente e as pessoas começaram a venerar a Hóstia.
Em 1449, a Partícula foi transferida para a igreja Colegiada de Nossa
Senhora de Breda e para custodiá-la foi fabricado um Ostensório que era uma
verdadeira obra de arte. Por causa dos conflitos religiosos perdeu-se a pista da
Hóstia milagrosa, mas a devoção a este Prodígio Eucarístico ainda se mantém
viva. Depois de muitas reviravoltas, uma Confraria de Breda dedicada ao San-
tíssimo Sacramento conseguiu solenemente restabelecer o culto. Ainda hoje,
todos os anos, durante a festa de Corpus Christi, se realizam procissões e ora-
ções públicas para homenagear o Milagre.
Meerssen, HOLANDA, 1222-1465
Na cidadezinha de Meerssen, em 1222 e em 1465 ocorreram dois im-
portantes Milagres Eucarísticos. No primeiro, durante a Santa Missa, a
Hóstia Magna consagrada esguichou Sangue e manchou o Corporal. No
segundo Milagre, em 1465, um camponês conseguiu salvar a Relíquia
do Milagre de um incêndio que destruiu toda a igreja. A igreja foi re-
construída e em 1938, o Papa Pio XI elevou-a a categoria de Basílica
Menor. Numerosos peregrinos vão todos os anos a Meerssen para vene-
rar a Relíquia do Milagre.
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Graças à ajuda de Gerberga de Saxônia, esposa do rei de França, Luis
IV d‟Outremer, a antiga capela de Meerssen foi ampliada na metade do século
X e transformou-se numa importante igreja. Em 1222, aconteceu nessa mesma
igreja um Milagre Eucarístico que posteriormente foi reconhecido pelas auto-
ridades eclesiásticas. Durante a celebração da Missa dominical, o sacerdote
consagrou as espécies Eucarísticas e a Hóstia Magna começou a esguichar
Sangue e o Corporal ficou todo manchado.
Séculos depois, no ano de 1465 ocorreu um grande incêndio que destru-
iu toda a igreja, mas um camponês conseguiu salvar a Relíquia da “Hóstia que
sangrou” das chamas, completamente ilesa. Este episódio é recordado pelos
moradores como o “Milagre do fogo”. Depois do incêndio, a igreja foi imedia-
tamente reconstruída e em 1938, o Papa Pio XI elevou-a à categoria de Basíli-
ca Menor. Ainda hoje a Basílica é um dos maiores centros de peregrinação de
Holanda e a Relíquia do Prodígio sai em procissão todos os anos na oitava de
Corpus Christi.
Stiphout, HOLANDA, 1342
No Milagre Eucarístico de Stiphout, as Hóstias consagradas foram pre-
servadas de um violento incêndio que destruiu toda a igreja,que posteri-
ormente foi reconstruída. As provas deste episódio extraordinário são os
documentos que o relatam e um quadro que é possível admirar na igreja
onde ele ocorreu. Os cidadãos de Stiphout, todos os anos recordam esse
Milagre pela época da Festa de Corpus Christi.
Em 1342, no povoado de Stiphout, desabou repentinamente um tempo-
ral e um raio atingiu a paróquia que se incendiou. As chamas rapidamente se
alastraram queimando toda a igreja por dentro. O pároco, que era já de idade,
sem saber o que fazer, foi advertir os vizinhos. Um grupo de fiéis liderados
por Jan Baloys, decidiu salvar o Santíssimo Sacramento, mas era impossível
entrar; a única solução era saltar pela janela superior. Jan Baloys, então, se
ofereceu como voluntário.
Quebrando o vidro da janela que estava perto do altar com uma barra de
ferro, Jan entrou e desceu; mas para a sua maravilha viu que as chamas que
tinham devastado toda a igreja se mantinham longe da zona do Tabernáculo.
Jan abriu o Tabernáculo, pegou a píxide com as Hóstias consagradas e retirou-
as sãs e salvas. Imediatamente gritou-se “Milagre!”. A igreja foi reconstruída
e as hóstias se mantiveram intactas até 1557. Infelizmente, também por causa
de conflitos religiosos, perdeu-se a pista das Hóstias.
116
Eten, PERÚ, 1649
O Milagre Eucarístico de Eten ocorreu 356 anos atrás na cidade peruana
de Porto Eten. A imagem do Menino Jesus apareceu na Hóstia com três
corações brancos e resplandecentes unidos entre si. Todos os anos, a
festa em comemoração desse acontecimento começa no dia 12 de julho
com a trasladação da imagem do Menino Milagroso do seu Santuário ao
Templo da Cidade de Eten e termina no dia 24 de julho.
A primeira aparição da imagem do Divino Menino no Santíssimo Sa-
cramento ocorreu na noite do dia 2 de junho de 1649 enquanto se rezava as
vésperas durante a Adoração do Santíssimo, época da Festa de Corpus Christi.
No final da Adoração, o frei franciscano Jerônimo da Silva Manrique estava
colocando o Ostensório no Tabernáculo quando de repente, se deteve. Na
Hóstia havia aparecido o rosto resplandecente de um Menino de cabelos com-
pridos castanhos e cacheados. Todos os fiéis que estavam na igreja tiveram a
mesma visão.
Dias depois, no dia 22 de julho do mesmo ano, durante as festividades
de Santa Maria Madalena, padroeira da cidade, ocorreu uma segunda aparição.
De acordo com o testemunho de Frei Marcos Lopez, superior do convento de
Chiclayo, durante a exposição do Santíssimo Sacramento “o Divino Menino
Jesus, apareceu de novo na Hóstia vestido com uma toga violeta. Debaixo da
toga, ele vestia uma camisa que cobria a metade do corpo, de acordo com os
costumes indígenas.” Com esse sinal o Divino Menino queria identificar-se
com os habitantes mochicas de Eten para demonstrar-lhes o Seu amor. Duran-
te a aparição, que durou mais ou menos 15 minutos, muitas pessoas viram na
Hóstia três pequenas flores brancas unidas entre si. Elas simbolizavam as três
pessoas da Santíssima Trindade: o Padre, o Filho e o Espírito Santo presentes
na Hóstia Consagrada. Ainda hoje, todos os anos, a festa do Menino Milagro-
so de Eten continua atraindo milhares de fiéis.
Cracóvia, POLÔNIA, 1345
No Milagre Eucarístico de Cracóvia temos notícia de Hóstias que foram
preservadas da lama e de estranhos fenômenos luminosos. Uns ladrões
roubaram uma Píxide com Partículas consagradas e as abandonaram
num pântano nas redondezas de Wawel. Na igreja de Corpus Christi em
117
Cracóvia ainda estão visíveis as pinturas que mostram o Milagre e se
conservam os documentos e testemunhos da época.
No ano de 1345, o rei da Polônia Casimiro III, o Grande, mandou cons-
truir uma igreja dedicada ao Corpo de Cristo em memória do Milagre Eucarís-
tico que ocorreu naquele mesmo ano nos campos de Wawel, perto de Cracó-
via.
Alguns ladrões entraram numa igreja pouco distante de Cracóvia e de-
pois que forçaram o Tabernáculo se apoderaram da Píxide que continha algu-
mas Hóstias consagradas. Rapidamente perceberam que a Píxide não era de
ouro e assim se desfizeram dela jogando-a num pântano cheio de lixo e lama.
Imediatamente uma luz fortíssima saiu do meio do lodo e o resplendor conti-
nuou dia e noite durante vários dias. Todo o povoado viu o estranho fenômeno
e foi decidido por unanimidade que o Bispo deveria ser avisado. O Prelado,
não entendendo como num pântano pudesse resplandecer uma luz tão intensa
e visível a quilômetros de distância, decidiu convocar três dias de jejum e ora-
ção. No terceiro dia todo o povoado fez uma procissão encabeçada pelo Bispo
e se dirigiu ao pântano iluminado. Todo o pântano foi revistado e finalmente
um homem achou a Píxide com as Hóstias dentro; elas estavam completamen-
te intactas e emanavam uma luz ofuscante. O povo comovido começou a lou-
var o Senhor e a celebrar o Milagre. Ainda hoje, por ocasião da Festa de Cor-
pus Christi, se comemora o Milagre na Igreja do Corpo de Cristo em Cracó-
via.
Glotowo, POLÔNIA, 1290
Em 1290, por causa da invasão dos Lituanos, um sacerdote do vilarejo
de Glotowo tinha escondido num campo uma píxide de prata dourada,
na qual por distração tinha ficado uma Hóstia Consagrada. As tropas li-
tuanas destruíram completamente o povoado e a igreja; porém, nenhum
dos sobreviventes sabia nada da Hóstia. Depois de muitos anos, numa
primavera, um camponês que arava o campo, encontrou a Hóstia graças
ao comportamento fora do comum dos seus bois: eles se inclinaram pa-
ra adorar a Hóstia que emanava uma luz brilhantíssima.
Os documentos mais antigos que descrevem o Milagre começam a nar-
ração dizendo que alguns bois arrastavam um arado, atrás do qual caminhava
um camponês e o sol se punha lentamente além do horizonte formando uma
grande sombra. O homem olhou para o alto e empurrou os animais que, depois
118
de uma longa jornada de trabalho, subiam a colina com dificuldade. Depois de
tanto trabalho – pensava o camponês – teremos o pão. De repente o arado pa-
rou; os bois frearam tão bruscamente que ao lado do arado se formou um
grande monte de terra. Os animais se detiveram como se tivessem sido petrifi-
cados. Num primeiro momento o camponês, impaciente, começou a castigá-
los, mas parou transtornado, porque notou uma mudança no ambiente. O cam-
po iluminou-se como se fosse meio dia, pois o terreno emitia uma luz intensa
que envolvia os bois ajoelhados. O camponês começou a escavar e viu que a
luz provinha de uma píxide toda suja de terra, mas que continha uma Hóstia
íntegra e branca como a neve.
A notícia do fenômeno se difundiu rapidamente e o povo correu ao lu-
gar. As autoridades locais organizaram uma procissão solene para levar a Par-
tícula à igreja de “Dobre Miasto”. Mas, conforme a uma antiga crônica, a Hós-
tia foi parar, inexplicavelmente, no mesmo lugar onde tinha sido encontrada
pela primeira vez. Isso foi interpretado como um sinal de Deus e no lugar do
Milagre foi construída uma pequena igreja dedicada ao Corpo de Cristo. A
popularidade de Glotowo continuou a crescer com o passar do tempo e no sé-
culo XVIII a velha igreja medieval consagrada pelo Bispo Krzysztof Potocki
no dia 24 de julho de 1726 foi ampliada. Ainda hoje, o Santuário do vilarejo
de Glotowo atrai todos os anos numerosos peregrinos que querem venerar a
Hóstia que se mantém intacta desde 1290.
Poznan, POLÔNIA, 1399
Na cidade de Poznan em 1399, alguns profanadores roubaram três Hós-
tias consagradas e, por desprezo, furaram-nas com um estilete. As Hós-
tias começaram a sangrar e todas as tentativas de destruí-las foram inú-
teis. Os malfeitores então, para que não fossem descobertos, decidiram
jogá-las no pântano. Mas as Partículas flutuaram no ar e começaram a
irradiar fortes fachos de luz. Somente depois de orações fervorosas o
Bispo conseguiu recuperar as Partículas que ainda hoje podem ser vene-
radas na igreja do Corpo de Cristo em Poznan.
Em 1399, na cidade de Poznan um grupo de amigos particularmente
hostis à fé cristã, convenceram uma empregada a tirar da igreja dos dominica-
nos (atualmente dos jesuítas), três Hóstias consagradas. A mulher, estimulada
por uma gorda recompensa, conseguiu roubar as três Hóstias. Assim que os
malfeitores receberam as Hóstias, desceram ao andar subterrâneo de um edifí-
119
cio, colocaram-nas em cima de uma mesa e profanaram-nas furando-as com
um estilete. De repente, as Partículas começaram a esguichar tanto Sangue que
salpicou o rosto de uma moça cega que pertencia ao grupo. A moça recuperou
a vista naquele mesmo instante. Os profanadores em pânico e angustiados ten-
tavam destruir as Hóstias que, contudo, permaneciam íntegras. Como não con-
seguiam livrar-se delas, decidiram levá-las fora da cidade e jogaram-nas num
pântano nas redondezas do rio Warta.
Nesse meio tempo, um jovem pastor que passava perto do pântano, viu
as três Hóstias radiantes flutuando no ar. Controlando as emoções, o rapaz re-
gressou a casa e contou tudo ao pai e às autoridades locais. O juiz não lhe deu
atenção e pensando que era um impostor colocou-o na prisão. O jovem pastor,
porém, conseguiu livrar-se misteriosamente da prisão e apresentou-se outra
vez ao juiz, que finalmente se convenceu e foi ao lugar do Milagre. Enquanto
isso, toda a população estava já reunida ao redor das três Hóstias flutuantes e
luminosas. Somente o Bispo Wojciech Jastrzebiec, depois de ter dirigido fer-
vorosas orações ao Céu, conseguiu recuperar as três Partículas que desceram e
pousaram na píxide que ele tinha nas mãos. O Bispo ordenou imediatamente
que se fizesse uma procissão solene para acompanhar as Hóstias Prodigiosas à
igreja dedicada a Santa Maria Madalena. No lugar do Milagre construiu-se
uma capela de madeira que virou imediatamente meta de peregrinações. Até o
rei Wladyslaw Jagiello tomou conhecimento do Milagre e foi a Poznan para
venerar as Hóstias Prodigiosas. Para testemunhar a sua devoção o rei mandou
construir uma igreja dedicada ao Corpo de Cristo exatamente no lugar onde
ocorreu o Milagre. No século XIX, no lugar do velho edifício onde ocorreu a
profanação das Hóstias construiu-se um Santuário onde ainda hoje se conserva
a mesa com as manchas do Sangue das Hóstias. Todas as quintas-feiras do
ano, na igreja do Corpo de Cristo de Poznan, se faz uma procissão com o San-
tíssimo Sacramento para recordar o Milagre.
Alboraya-Almácera, ESPANHA, 1348
Em 1348, quando um sacerdote ia visitar alguns doentes para levar-lhes
a Comunhão, no momento em que atravessou um pequeno rio, escorre-
gou e caiu na água com a píxide cheia de Hóstias consagradas dentro. O
pobre sacerdote, resignado com o acidente, ouviu que lhe chamavam,
eram uns pescadores que lhe diziam que se aproximasse da margem pa-
ra ver alguns peixes que tinham uns discos na boca que pareciam Hós-
tias. As Partículas foram recuperadas e levadas na igreja com uma pro-
cissão solene na qual participou todo o vilarejo.
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Em 1348, no povoado de Alboraya-Almácera, ocorreu um Milagre Eu-
carístico que se parece a eventos da vida de São Francisco. É a prova de que
se os homens vivem plenamente em graça de Deus, então todas as criaturas
podem viver em harmonia. Um sacerdote atravessava um pequeno rio monta-
do numa mula e transportava uma píxide com o Viático destinado a alguns
doentes. De repente o sacerdote foi derrubado por uma maré alta, as Hóstias
caíram na água e foram levadas pela corrente em direção à foz do rio. O sa-
cerdote, que se salvou com dificuldade, enquanto se limpava da lama e se se-
cava, se lamentava, cheio de remorsos, pelo que tinha acontecido. Nesse mo-
mento aproximaram-se uns pescadores admirados porque viram três peixes
que tinham na boca três discos brancos no lugar onde as águas do rio se fun-
dem com as do mar. Os pescadores estavam perplexos porque aqueles discos
pareciam Hóstias.
O sacerdote foi imediatamente à igreja para pegar outra píxide e voltar
ao rio; nem parou para averiguar se o que os pescadores contaram era verdade.
A sua alegria foi imensa quando viu que os peixes milagrosos estavam ali,
quase completamente fora d‟água e com as Hóstias intactas na boca, como se
fossem pequenos troféus. Ele ajoelhou-se e rezou como nunca tinha rezado
antes na sua vida e os peixes colocaram as Hóstias no Cálice, uma a uma; de-
pois deram um salto veloz, mergulharam e desapareceram no mar. O sacerdote
só percebeu que estava rodeado por um grupo de homens e mulheres quando
tudo tinha terminado, todos presenciaram a cena. Ainda hoje é possível con-
sultar vários documentos que atestam esse Milagre. Existe também uma igre-
jinha edificada no lugar do Prodígio, na porta foram esculpidos dois peixes e
existem também dois quadros que reproduzem todo o episódio.
Alcalá, ESPANHA, 1597
Em 1597, um ladrão roubou de uma igreja, perto de Alcalá, algumas
Hóstias consagradas e alguns objetos valiosos. Dias depois, o ladrão se
arrependeu amargamente e decidiu confessar-se numa igreja dos jesuí-
tas. O sacerdote que confessou o ladrão pediu as Hóstias, mas por pru-
dência, preferiu guardá-las dentro de uma urna, sem consumi-las. De-
pois de 11 anos as Hóstias estavam ainda intactas e após um minucioso
exame médico e teológico, o fato foi declarado milagroso.
Em 1597, um ladrão arrependido foi confessar- se na igreja dos Jesuítas
de Alcalá. Contou que tinha sido membro de um bando de salteadores mouros,
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que espalhados pelas montanhas, haviam saqueado muitas igrejas em diversos
povoados e roubado ostensórios e objetos sagrados, cometendo, desse modo,
muitos sacrilégios. O ladrão arrependido levava consigo algumas Hóstias con-
sagradas e aos prantos entregou-as ao confessor, quem muito emocionado, foi
encontrar o seu superior para contar-lhe tudo. Inicialmente, a idéia era que as
Hóstias fossem consumidas durante a Missa, mas depois, temendo que as Hós-
tias estivessem envenenadas, decidiu-se conservá-las num cofre de prata e es-
perar a sua natural decomposição. A razão dessa mudança de planos é que em
Murcia e Segovia alguns sacerdotes tinham sido envenenados com Hóstias.
Onze anos depois, as vinte e quatro Partículas estavam ainda intactas. O asceta
Padre Luis de Palma, na qualidade de Provincial, ordenou que as Hóstias fos-
sem transferidas para um porão e que junto delas fossem colocadas hóstias não
consagradas. Meses depois, as que não estavam consagradas se decompuse-
ram por causa da umidade, as outras, continuaram intactas.
O catedrático e médico pessoal de Sua Majestade, Garcia Carrera reali-
zou novos exames e muitos teólogos intervieram e consideraram que a inte-
gridade das Hóstias era um verdadeiro Milagre. Em 1620 as autoridades ecle-
siásticas autorizaram oficialmente o culto do Milagre. As Santas Hóstias fo-
ram adoradas publicamente inclusive pelo rei Felipe III, quem em 1620 presi-
diu uma solene procissão na qual participou toda a família real. Quando Car-
los III expulsou os Jesuítas da Espanha as Santas Partículas foram levadas à
Catedral. Em 1939, revolucionários comunistas incendiaram a igreja, mas os
sacerdotes pouco antes de serem assassinados esconderam as Hóstias milagro-
sas e até hoje não se sabe onde estão escondidas. A igreja e a cripta foram re-
vistadas muitas vezes, mas sem nenhum resultado e, até hoje, ninguém tem
nenhuma notícia sobre as 24 Hóstias Santas de Alcalá. “Deus faça de novo um
Milagre!”, exclama o erudito biógrafo da cidade, padre Anselmo Raymundo
Tornero, quem transmitiu os dados históricos do Milagre, minuciosamente
descritos na sua obra.
Alcoy, ESPANHA, 1568
O Milagre Eucarístico ocorrido em Alcoy no ano de 1568 nos apresenta
a história da recuperação de algumas Hóstias roubadas. O Prodígio é re-
lembrado todos os anos pelos moradores de Alcoy com uma grande ce-
lebração por ocasião da Festa de Corpus Crhisti. A casa do homem que
cometeu o sacrilégio foi transformada em oratório e atualmente é possí-
vel visitá-la.
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N dia 20 de janeiro de 1568, um morador de Alcoy, de origem francesa
e muito necessitado economicamente, chamado Juan Prats, entrou sorrateira-
mente na igreja paroquial e roubou muitos objetos sagrados, entre eles um va-
lioso cofrinho de prata que continha Hóstias consagradas. Juan consumiu as
três Partículas e escondeu o cofrinho no seu estábulo debaixo dos cepos. No
dia seguinte, o padre Antônio, pároco da igreja, se deu conta do furto sacrílego
e transtornado, soou imediatamente os sinos para avisar ao povo o que tinha
acontecido; rapidamente os moradores de Alcoy se reuniram em oração diante
da igreja. As buscas começaram naquele mesmo instante, mas foram inúteis.
Havia uma devota viúva, chamada Maria Miralles que morava perto da casa
de Prats e possuía uma estátua do Menino Jesus. Profundamente perturbada
pela profanação, começou a rezar intensamente diante da estátua do Menino
Jesus, pedindo que os moradores de Alcoy encontrassem as Hóstias consagra-
das. Havia passado umas poucas horas desde que Maria tinha começado a sua
fervorosa oração quando ela viu a mãozinha da estátua do Menino mexer-se e
apontar o dedo na direção da casa do seu vizinho Juan Prats.
A mulher, receosa, pensou que deveria advertir imediatamente as auto-
ridades civis sobre o que tinha acontecido. Naquele mesmo instante o pároco
movido por uma força misteriosa foi ao jardim da casa de Prats e entrou no
estábulo. Revisou debaixo de alguns cepos e rapidamente encontrou o cofri-
nho com três Hóstias dentro. Juan Prats não podendo entender como era pos-
sível que as três Hóstias que ele tinha consumido estivessem dentro do cofre
arrependeu-se profundamente e confessou o seu delito. Os documentos rela-
cionados ao Prodígio e à estátua do Menino Jesus estão conservados no mos-
teiro do Santo Sepulcro em Alcoy.
Caravaca de la Cruz, ESPANHA, 1231
O Milagre Eucarístico de Caravaca de la Cruz nos apresenta a história
da celebração de uma Missa milagrosa na qual Jesus apareceu dentro da
Hóstia e um crucifixo que desceu dos céus. Graças a essas aparições, o
rei muçulmano de Murcia e toda a sua família se converteram ao catoli-
cismo.
Entre os documentos que relatam este Milagre o mais fidedigno é um
testemunho da época, fornecido pelo franciscano historiador do rei São Fer-
nando, o padre Gilles di Zamorra. Sabemos com certeza que um sacerdote ca-
tólico, o padre Gines Pérez Chirinos de Cuenca, foi viver entre os mouros do
123
reino de Murcia com a intenção de pregar o Evangelho. Ele, porém, foi captu-
rado e conduzido à presença do rei mouro Zeyt-Abu-Zeit, quem o interrogou
sobre alguns aspectos da religião cristã. Particularmente, o rei queria saber
mais sobre o significado da Missa. O sacerdote explicou detalhadamente a im-
portância da Missa e o rei, fascinado com a pregação do frade, ordenou-lhe
celebrar uma. Mas, como o sacerdote não tinha os materiais necessários para a
celebração, o rei mouro mandou que alguns dos seus homens os trouxessem
de Cuenca, um povoado vizinho e território cristão. Porém, os homens esque-
ceram da Cruz que deve estar sobre o altar durante a celebração e o sacerdote
sem dar-se conta da sua ausência, começou a Missa; mas quando ele percebeu
que faltava a Cruz parou a celebração perturbado.
O rei perguntou qual era a razão daquela perturbação e o sacerdote res-
pondeu que faltava a Cruz; o rei disse imediatamente: “Não será aquela?” Na-
quele momento, dois anjos colocavam uma Cruz sobre o altar e o sacerdote
comovido, deu graças ao Senhor e continuou a celebração com alegria. Mas o
Milagre não acabou! Na hora da consagração o rei viu que no lugar da Hóstia
estava um belíssimo Menino que olhava para ele com doçura. Depois de ter
presenciado esse evento milagroso, o rei e toda a sua família se converteram
ao cristianismo e foram batizados. Zeit-Abu-Zeyt passou a chamar-se Vicente
e a sua mulher Helena. Daquele dia em diante, 3 de maio de 1231, o povoado
passou a chamar-se Caravaca de la Cruz. Recentemente a Santa Sé concedeu o
Ano Jubilar a Caravaca de la Cruz, que significa que ela é a quinta cidade do
mundo, depois de Santiago de Compostela, Santo Toribio de Liébana, Roma e
Jerusalém, que pode celebrar o Jubileu Perpétuo (um Ano Santo cada sete a-
nos in perpetuum) no Santuário onde a “Vera Cruz” é custodiada.
Cimballa, ESPANHA, 1370
Em 1370, o pároco de Cimballa durante a Missa duvidou da presença
real de Jesus na Eucaristia. A Hóstia, então, se transformou em Carne
que começou a sangrar abundantemente e o sangue caiu no corporal. O
episódio reforçou a fé débil do sacerdote que arrependido retirou-se a
um mosteiro dedicando-se a uma vida de penitência e oração. Todos os
anos, no dia 12 de setembro se celebra a memória do Milagre na igreja
paroquial que guarda a Relíquia do corporal manchado de Sangue.
“Santíssimo Mistério da Dúvida”, assim é conhecido em Cimballa o
Milagre Eucarístico ocorrido em 1370 na igreja da “Purificación de Nuestra
Señora.” O pároco da igreja, o padre Tom, fazia muitos meses que andava du-
124
vidando da real presença de Jesus no Sacramento da Eucaristia. Durante a ce-
lebração de uma Santa Missa dominical, depois que pronunciou as palavras da
Consagração, o padre Tomás viu a Hóstia transformar-se em Carne e que dela
o Sangue escorria abundantemente chegando até a manchar o corporal.
O sacerdote arrependido começou a chorar cheio de remorsos e os fiéis
vendo-o tão transtornado se aproximaram imediatamente do altar e assim pu-
deram ver o Milagre. A Relíquia saiu em procissão e a notícia se espalhou por
todos os lados. Muitos Milagres foram atribuídos ao “Santíssimo Mistério da
Dúvida” que desde então foi sempre objeto de grande devoção dos fiéis. A
Relíquia do corporal manchado de Sangue é exposta todos os anos, no dia 12
de setembro por ocasião da festa do Milagre.
Gerona, ESPANHA, 1297
No Milagre Eucarístico de Gerona, durante a celebração da Missa, um
sacerdote duvidou da presença real de Cristo na Eucaristia e quando
chegou a hora dele comungar, não conseguiu engolir a Hóstia porque
ela tinha se transformado em Carne dentro da sua boca. Essa Relíquia,
infelizmente foi destruída em 1936 durante a guerra civil.
O Milagre ocorreu na igreja do antigo mosteiro das beneditinas de São
Daniel, o qual, até o século passado, conservava um valioso Relicário que
continha um pano manchado de Sangue e que o povo chamava de “Sant
Dubt”, a “Santa Dúvida”. Em 1297, enquanto assistiam a Missa na capela, as
monjas repararam que no momento em que o sacerdote deveria consumir a
Hóstia, ele ficou paralisado e perplexo. Uma religiosa assistia o rito desde o
coro que estava em cima do altar e viu o sacerdote tirar algo da boca, envolver
no Corporal e colocar num canto do altar. Ao final da Missa, a monja foi ime-
diatamente ver o que o sacerdote tinha escondido, quando ela abriu o pano
branco, viu, estupefata, um pedaço de Carne que sangrava. O sacerdote foi
interrogado e confessou ter duvidado da presença real de Jesus na Eucaristia.
Assim que ele pôs a Hóstia na boca, ela aumentou de volume e adquiriu uma
consistência tal que era impossível engoli-la, por isso envolveu-a num dos
corporais que estava sobre o altar.
A Partícula convertida em Carne foi posta num Relicário; infelizmente,
perderam-se muitos dos documentos relacionados a esse Milagre e o Relicário
que continha a Hóstia feita Carne e o Corporal manchado de Sangue foram
destruídos durante a guerra civil em 1936.
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Moncada, ESPANHA, 1392
No Milagre Eucarístico de Moncada, o Menino Jesus aparece na Hóstia
consagrada para dissipar as dúvidas de um sacerdote incerto da validez
da sua Ordenação Sacerdotal. No final do século XIV, os Cardeais fran-
ceses tinham decidido eleger um antipapa na esperança de que ele trans-
ferisse novamente a Santa Sé a Avignon. Este episódio criou um clima
de confusão tão grande no clero, que muitos sacerdotes começaram a
duvidar da validez da ordenação deles. O episódio é reportado nos Ana-
les Eclesiásticos do padre Odorico Raynaldi e em outros numerosos do-
cumentos conservados no arquivo do município de Moncada.
A eleição do Papa Urbano VI (18 de abril de 1378) foi duramente con-
testada pelos Cardeais franceses que queriam um Papa francês na esperança de
que ele transferisse novamente a Santa Sé a Avignon. Depois de muitos pro-
blemas, no dia 20 de setembro de 1378 elegeram o antipapa Clemente VII. Os
cismáticos tentaram imediatamente apoderar-se de Roma, inclusive usando
armas, mas não conseguiram; então se retiraram a Avignon e Clemente VII
continuou a agir como se fosse o legítimo Papa. Nesse período de grande in-
certeza um sacerdote de Moncada, Mosén Jaime Carrós, vivia atormentado,
pensando que a sua ordenação sacerdotal não fosse válida porque ele foi con-
sagrado por um Bispo nomeado por Clemente VII. Cada vez que celebrava a
Missa sentia medo de enganar os fiéis, dando-lhes Hóstias não consagradas e
temia também que nenhum dos sacramentos que administrava fossem válidos.
O sacerdote pedia ao Senhor um sinal que confirmasse o seu sacerdócio. Re-
cebeu a resposta no natal de 1392.
Naquele dia também participaram da Missa uma nobre dama chamada
Ângela Alpicat e a sua filha Inês de cinco anos (futura Santa Inês de Monca-
da). Quando a missa terminou, a criança se recusou a sair da igreja dizendo à
sua mãe que queria ficar brincando com aquele maravilhoso menino que o pá-
roco tinha nos braços durante a consagração. No dia 26, dona Ângela foi no-
vamente à missa e quando o sacerdote elevou a Hóstia, a menina viu nova-
mente o menino nos braços do sacerdote. No final da Missa dona Ângela con-
tou ao padre as visões da sua filha e ele imediatamente interrogou a menina. A
pequena Inês respondia com facilidade todas as perguntas, inclusive as mais
difíceis, porém o sacerdote quis prová-la e convidou-a a regressar no dia se-
guinte para a Missa. O religioso tomou duas Hóstias, mas consagrou somente
uma. Tomou a Hóstia consagrada e perguntou à menina que coisa ele tinha nas
126
mãos, ela respondeu: “o Menino Jesus”. Depois elevou a Hóstia não consa-
grada e fez a mesma pergunta. Inês respondeu: “um disco branco”. O sacerdo-
te não conseguia falar de tanta alegria e toda a assembléia exultou porque foi
demonstrada a validez do sacerdócio do seu pároco. Por mais que o Bispo que
ordenou o pároco de Moncada, tenha sido consagrado por um antipapa, Deus
permaneceu fiel à sucessão apostólica determinada pela imposição das mãos.
Monserrat, ESPANHA, 1657
O Milagre Eucarístico de Monserrat nos leva a refletir sobre a realidade
do Purgatório e nos recorda que cada Missa tem um valor infinito por-
que atualiza o único Sacrifício de Cristo padecido no Calvário. Este
Prodígio Eucarístico é relatado pelo padre beneditino, R.P. Francio de
Paula Crusellas, no seu livro “Nueva historia del Santuário e Monaste-
rio de Nuestra Señora de Monserrat”.
Em 1657, o reverendíssimo padre Bernardo de Ontevieros, o Superior
Geral da Ordem dos Beneditinos em Espanha e o Abade padre Milán de Mi-
rando estavam no mosteiro de Nossa Senhora de Monserrat para participar de
algumas conferências. Durante as atividades, apresentou-se no mosteiro uma
mulher com a sua filha que pedia insistentemente ao Abade Milán que ele ce-
lebrasse três missas pelo seu pai defunto, convencida que com essas três mis-
sas a alma dele seria liberada das penas do Purgatório. O bom Abade, como-
vido com as lágrimas da criança, no dia seguinte celebrou a primeira Missa de
sufrágio e a menina que participava com a sua mãe, durante a celebração disse
que viu o pai ajoelhado nos degraus do altar maior e rodeado por chamas pa-
vorosas. O Superior Geral duvidava da menina e para certificar-se de que a
história dela era verdadeira, disse-lhe que aproximasse um lencinho daquelas
chamas que rodeavam o seu pai. A menina obedeceu e colocou o lenço dentro
daquele fogo misterioso que somente ela conseguia ver e imediatamente todos
os monges viram o lenço consumir-se entre vivas chamas.
Durante a segunda Missa a menina afirmou ter visto o pai em pé perto
do diácono, vestido com um hábito de cores muito vivas. Na terceira e última
Missa o pai mostrou-se à filha vestido com um hábito branco como a neve.
Assim que a Missa terminou a menina exclamou: “Eis que o meu pai está par-
tindo, está subindo aos céus!”. O pai da menina ordenou que ela agradecesse a
comunidade dos monges. Participavam daquela Missa o Reverendíssimo Su-
127
perior Geral da Ordem dos Beneditinos em Espanha, o Bispo de Astorga e
numerosos moradores do povoado.
O Cebreiro, ESPANHA, 1300
No Milagre Eucarístico de O Cebreiro, durante a Missa a Hóstia se con-
verteu em Carne e o vinho em Sangue que transbordou do Cálice man-
chando o Corporal. O Senhor operou este prodígio para robustecer a
pouca fé do sacerdote que não acreditava na Presença Real de Jesus na
Eucaristia. As Sagradas Relíquias do Milagre estão ainda hoje guarda-
das na igreja onde ocorreu o Prodígio e são muitos os peregrinos que
todos os anos vão venerá-la.
Num gélido inverno do ano de 1300, um sacerdote beneditino estava ce-
lebrando a Santa Missa numa capela lateral na igreja do convento de O Ce-
breiro. Ele pensava que naquele dia tão cruel que nevava abundantemente e o
vento era insuportável, ninguém teria coragem de sair de casa para ir à Missa,
mas se equivocava. Um camponês de Barxamaior, chamado Juan Santín, su-
biu ao convento para participar da Missa. O sacerdote celebrante, que não a-
creditava na presença real de Cristo no Santíssimo Sacramento, olhou com
desdém o sacrifício e a boa vontade do camponês e com esse sentimento co-
meçou a celebrar a Missa. Assim que ele pronunciou as palavras da consagra-
ção, a Hóstia se converteu em Carne e o vinho em Sangue que começou a
transbordar do Cálice manchando o Corporal. Parece que até a cabeça da está-
tua de Nossa Senhora abaixou-se em sinal de adoração no momento do Mila-
gre. O povo hoje chama a estátua “Nossa Senhora do Santo Milagre”. O Se-
nhor quis abrir os olhos do sacerdote incrédulo que tinha duvidado e recom-
pensar a grande devoção do camponês.
Durante quase duzentos anos a Hóstia transformada em Carne ficou
guardada em cima da Patena; mas numa peregrinação da Rainha Isabel a San-
tiago de Compostela, ela passou por O Cebreiro e tomou conhecimento do Mi-
lagre e mandou confeccionar um valioso Relicário de cristal, sob medida, para
guardar a Hóstia Milagrosa. Atualmente a Hóstia, o Cálice e a Patena, podem
ser venerados na igreja do Milagre. Todos os anos, no dia da festa de Corpus
Christi, no dia 15 de agosto e no dia 8 de setembro, as Relíquias do Prodígio e
a Estátua de Nossa Senhora saem em Procissão. Entre os documentos que dão
testemunho do Milagre, recordamos a Bula do Papa Inocêncio VIII do ano de
1487 e do Papa Alexandre VI do ano de 1496 e um resume do padre Yepes.
128
Onil, ESPANHA, 1824
O Milagre Eucarístico de Onil nos apresenta a história de um Ostensó-
rio que foi roubado de uma igreja paroquial com a Hóstia consagrada
dentro. Dias depois, uma mulher de Tibi, um povoado vizinho, encon-
trou o Ostensório com a Hóstia abandonado numa plantação. Exatamen-
te 119 anos depois, no dia 28 de novembro de 1943, o padre Guillermo
Hijarrubia, delegado do Arcebispo de Valença, confirmou a autentici-
dade do Milagre, pois a Hóstia permanecia incorrupta. Ainda hoje a
Partícula está intacta apesar de que se passaram mais de 182 anos.
No dia 5 de novembro de 1824, o Ostensório que continha o Santíssimo
Sacramento e alguns objetos dedicados ao culto foram roubados da igreja de
Onil por Nicolás Bernabeu, o qual quando era criança tinha sido coroinha na-
quela mesma igreja. A notícia do furto difundiu-se rapidamente por toda a re-
gião; assim, quando o ladrão tratou de revender os objetos em Alicante, o ne-
gociante suspeitou e decidiu advertir as autoridades. Nicolás Bernabeu foi ar-
restado, mas não quis revelar onde tinha escondido o Ostensório com o Santís-
simo. Os fiéis e as autoridades civis procuraram, durante dias, por toda a regi-
ão, mas foi no povoado no qual o ladrão tinha se estabelecido que a senhora
Teresa Carbonell, no dia 28 de novembro de 1824 encontrou o Ostensório
roubado na zona conhecida como “A Pedreira”. Imediatamente a mulher le-
vou-o a Onil e o povo o recebeu com grande festa. 119 anos depois, no dia 28
de novembro de 1943, o padre Guillermo Hijarrubia, delegado do Arcebispo
de Valença, confirmou a autenticidade do Milagre atestando a conservação da
Partícula que permaneceu incorrupta no Ostensório roubado.
Ainda hoje é possível admirar a Hóstia Milagrosa que permanece intacta
depois de dois séculos na igreja paroquial de São Tiago Apóstolo de Onil. To-
dos os anos se celebra a Festa de Nosso Senhor “Robat”, para comemorar o
Prodígio Eucarístico e a recuperação da Hóstia.
Ponferrada, ESPANHA, 1533
No Milagre Eucarístico de Ponferrada, Juan De Benavente decidiu ar-
rombar o Tabernáculo da própria paróquia e roubar um valioso cibório
de prata com várias Hóstias consagradas. Somente depois de muito
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tempo e em circunstâncias milagrosas foi possível recuperar as Hós-
tias roubadas que permaneceram em perfeito estado de conservação.
Juan De Benevente vivia em Ponferrada com a sua esposa. Aparente-
mente era uma pessoa devota e religiosa, dado que todas as noites ia rezar na
igreja. Um dia, enquanto rezava, caiu em tentação e tirou do Tabernáculo um
simples baú de madeira que continha uma valiosa píxide de prata com Hóstias
consagradas. Tendo saído da igreja foi ao rio Sil para jogar fora o baú de ma-
deira que não tinha nenhum valor comercial, mas quando chegou às margens
do rio não conseguiu lançá-lo porque tinha ficado tão pesado que não era pos-
sível jogá-lo na água. Regressou então à sua casa onde escondeu tudo e não
disse nada à sua esposa. Mas durante a noite constantes fachos de luz que vi-
nham do baú, levantaram as suspeitas da mulher. Juan, então, decidiu desfa-
zer-se definitivamente do roubo sacrílego. Quando chegou num lugar chama-
do campo do Areal, jogou fora o baú e as Partículas no meio dos espinhos. A
descoberta do furto causou apreensão em toda a população e cada dia que pas-
sava Juan ficava mais nervoso e ansioso, visto que não sabia como revender o
cibório de prata sem ser descoberto.
Perto do campo do Areal, o proprietário do terreno, Diego Nuñez de
Losada, organizou um jogo de tiro ao alvo para divertir os moradores. Teste-
munhas oculares contaram que no período no qual as Santas Partículas esta-
vam ainda entre os espinhos, de noite viam fachos de luz e de dia pombas fora
do comum. Os atiradores trataram de atingir as pombas, mas era em vão. O
moleiro Nogaledo decidiu capturar as pombas com as próprias mãos e meten-
do-se entre os espinhos viu o baú e as santas Hóstias das quais saíam intensos
raios de luz. Transtornado, foi correndo à igreja e tocou os sinos sem parar.
Organizou-se rapidamente o regresso das Sagradas Espécies à igreja com uma
solene procissão e Juan com remorsos, decidiu confessar a sua culpa. No lugar
onde as Hóstias Milagrosas foram encontradas construiu-se uma capela e em
1750 o pároco projetou a ampliação do edifício e instituiu uma solene procis-
são em memória do Milagre que se realiza na oitava da festa de Corpus Chris-
ti.
San Juan de las Abadesas ESPANHA, 1251
O Conde Vifredo em 887 fundou um mosteiro no Pirineo Catalano ao
redor do qual imediatamente surgiu um vilarejo conhecido como “San
Juan de las Abadesas”. Ali é conservado ainda hoje um crucifixo com a
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estátua de Jesus. A cabeça da estátua abriga uma Hóstia que está intacta
desde 1251.
Em 1251 foram esculpidas estátuas em madeira para a igreja do mostei-
ro; as estátuas representavam o descenso de Jesus da Cruz. Havia imagens de
Jesus e sua Mãe, de José de Arimatéia e Nicodemos, de São João, o discípulo
que Jesus amava, e dos dois ladrões. Essas belíssimas obras de arte se livraram
da destruição na época da guerra civil de 1936 por causa da sua expressivida-
de que causava em muitos uma grande emoção.
Especialmente a cabeça de Jesus crucificado é de uma beleza imponen-
te, quando foi esculpida, o artista, fez um buraco de 6 centímetros de diâmetro
com a intenção de colocar ali a Santa Eucaristia e assim foi feito em 1251.
Mas a lembrança daquela Hóstia escondida na cabeça de Jesus perdeu-se no
tempo. Somente em 1426, durante os trabalhos de restauração das estátuas é
que foi redescoberto aquele buraco sigilado com uma pequena placa de prata
na cabeça de Jesus. Dentro do buraco encontrou-se a Hóstia consagrada em
1251, envolvida num linho branco, totalmente intacta. Desde então aquela
Hóstia, conhecida como o “Santíssimo Mistério de San Juan de las Abadesas”
é adorada e visitada todos os anos por numerosos peregrinos.
Silla, ESPANHA, 1907
Ainda hoje é possível adorar as Hóstias incorruptas na igreja do povoa-
do de Silla, às portas da cidade de Valença.
Durante a Missa do dia 25 de março de 1907, festa da Anunciação, Fer-
nando Gómez, pároco da igreja de Nossa Senhora dos Anjos de Silla, foi ao
Tabernáculo para pegar Hóstias e levá-las aos fiéis. Para o seu desconcerto
encontrou a portinha do Tabernáculo aberta e viu que a valiosa píxide de prata
tinha desaparecido com as Hóstias dentro. As Sagradas Partículas foram en-
contradas dois dias depois numa pequena horta fora da cidade, escondidas de-
baixo de uma pedra. O pároco então as regressou à igreja com uma solene
procissão.
Em 1934, constatando que as Hóstias permaneciam “no mesmo estado
em que foram encontradas debaixo da pedra e mantinham inalteradas as con-
dições originais”, o Arcebispo de Valença iniciou um processo para declarar
milagrosa a conservação delas, redigiu um documento detalhado sobre o Pro-
dígio e sigilou com cera o Relicário que continha as hóstias. Infelizmente dois
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anos depois a Mitra Arquiepiscopal foi incendiada por anarquistas comunistas
e assim se perdeu aquele raríssimo documento. Finalmente, em 1982, o então
Arcebispo de Valença, Dom Miguel Roca, iniciou um novo processo canônico
com o qual decretou oficialmente o culto às Sagradas Hóstias do Milagre.
O Santo Graal de Valença, ESPANHA
Este precioso objeto sempre foi o tema principal de histórias e romances
fantásticos como por exemplo a lenda dos Cavaleiros da Távola Redon-
da em Inglaterra e os relatos de Percival em França ou Parsifal em Ale-
manha nos séculos XII-XIII. O gênero foi utilizado também por Wagner
numa perspectiva cristã-esotérica e ao final do século XX em romances
“fantasy” escritos por B. Cornwell favoreceram o nascimento de uma
linha editorial que dura até hoje.
O Santo Graal de Valença é o Cálice que Jesus usou na Santa Ceia com
os apóstolos para consagrar e oferecer o vinho Eucarístico, isto é, o seu San-
gue. Mas também costuma ser identificado com a taça com a qual José de A-
rimatéia recolheu o Sangue de Cristo Crucificado. Existem muitas variações
para indicar o Graal: San Grëal, Holy Grail, Sangreal em Inglaterra; Sanct
Graal e Saint Graal em francês antigo e moderno; Gral e Graal em alemão. A
Grolla1 valdostana é uma parente léxica próxima a graal e parecida ao latim
gradalis o gratalis, “copo”. Por muitas fontes sabemos que alguns séculos de-
pois da morte de Cristo, em Jerusalém era costume mostrar o Santo Graal aos
peregrinos cristãos. De acordo com o relatório de Arculfo, Bispo francês que
viveu na Terra Santa em 720 d. C.. Na igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém
era conservado o Cálice do Senhor com o qual ele mesmo consagrou o próprio
Sangue. São Beda, o venerável acrescenta que a Copa era protegida por uma
rede, mas que era possível tocá-la e beijá-la através de uma abertura feita ex-
pressamente para isso. Não se sabe bem quando levaram o Cálice de Jerusa-
lém, provavelmente no século VII.
Atualmente se expõe para a veneração dos fiéis um Cálice milagroso
que costuma ser identificado com o Santo Graal. Este Cálice é conservado na
Catedral de Valença, na Capela do Santo Cálice. A base desse valiosíssimo
objeto é formada por diferentes partes: a parte superior de um cálice de corna-
lina virado de cabeça para baixo constitui a base; o talo é enriquecido com pe-
dras preciosas e a parte superior é uma copa, que também é feita de cornalina.
Essas partes são atribuídas a épocas diversas, a copa é a mais antiga e difícil
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de datar, porém é a parte mais interessante. Além disso, sobre a base existe
uma inscrição em árabe de interpretação controvertida, mas que pode ajudar a
fornecer uma prova para o estabelecimento da data. De acordo com o profes-
sor Antuñano, “quando se conhece o mistério do Cálice do Santo Graal nos
damos conta que nele não existe nada de enigmático ou esotérico. A história
desse precioso Cálice conta a história mais dramática, mais sublime que a hu-
manidade tenha vivido: a história do Verbo que se fez homem e Eucaristia”.
Zaragoza, ESPANHA, 1427
No Milagre Eucarístico de Zaragoza, na Hóstia consagrada roubada por
uma mulher cristã para fazer um feitiço de amor, apareceu o Menino Je-
sus. Nos arquivos da Câmara Municipal da cidade de Zaragoza ainda
hoje se conserva o documento que descreve detalhadamente o Milagre e
na Catedral, na capela de “San Dominguito de Val”, encontra-se uma
antiga pintura que mostra o Prodígio com uma descrição minuciosa do
evento.
Este Milagre Eucarístico ocorreu na cidade de Zaragoza em 1427,
quando o Bispo era Dom Alfonso Arthuela. O Padre Dorner, arquidiácono da
cidade deixou um relatório do acontecimento: “Uma mulher casada consultou
nesta cidade um mago mouro, para pedir-lhe uma solução ao seu problema:
fazer com que o marido, que era de índole muito violenta, não a tratasse com
tanta dureza. O mago lhe disse que para mudar o temperamento do marido ela
tinha primeiro que lhe trazer uma Hóstia consagrada. A mulher, que era muito
supersticiosa, foi à igreja de São Miguel, confessou-se e comungou, mas com
astúcia diabólica, tirou a Hóstia da boca, colocou-a num cofrinho e levou-a a
casa do mago. Quando abriram o cofre, se assustaram porque dentro não esta-
va mais a Hóstia, mas um pequeno menino rodeado de luz. O mago disse à
mulher que levasse o cofrinho com o menino à sua casa, queimasse tudo e lhe
trouxesse as cinzas. A mulher, sem escrúpulos, fez como lhe havia sido orde-
nado, mas para a sua surpresa, apesar de que o cofre tivesse ficado totalmente
queimado, o menino permanecia ileso. Aterrorizada e fora de si, a mulher cor-
reu à casa do mago para contar-lhe o que tinha acontecido.
O mouro depois de ter escutado toda a história começou a tremer de
medo de um castigo do céu. Decidiram então ir à Catedral para contar tudo ao
Bispo Dom Alonso, confessar-se e implorar para o mouro o Santo Batismo. O
Bispo consultou diversos prelados e teólogos da diocese para aclarar os fatos e
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decidiu finalmente de levar o Menino Milagroso da casa da mulher à catedral
com uma solene procissão. Toda a cidade saiu às ruas para unir-se à procissão
e todos ficaram muito emocionados e comovidos ao ver aquele maravilhoso
Menino passar. Quando a procissão chegou na Catedral, conduziram o Menino
Milagroso ao Altar da capela de São Valério para que o povo pudesse admirá-
lo e venerá-lo. No dia seguinte, enquanto o Bispo celebrava a Santa Missa no
Altar de São Valério ocorreu um segundo Milagre: à pronúncia da consagra-
ção, no lugar do Menino apareceu uma Hóstia que foi imediatamente consu-
mida pelo Prelado. Graças a este Milagre Eucarístico, em todo o povo de Za-
ragoza se avivou a devoção ao Santíssimo Sacramento”. Este é o documento
conservado nos arquivos da Câmara Municipal.
Ettiswil, SUÍÇA, 1447
Em Ettiswil, existe um Santuário dedicado a um Prodígio Eucarístico
ocorrido em 1447. Anna Vögtli, membro de uma seita satânica, roubou
de uma paróquia a píxide com a Hóstia Magna que pouco tempo depois
foi encontrada perto de uma cerca, no meio do mato, entre as urtigas. A
Hóstia flutuava no ar envolvida por uma luz e, dividida em seis pedaços
unidos entre si, parecia um ramo de flores. Muitos papas concederam
indulgências aos visitantes do Santuário; o último foi Pio XII em 1947.
O Milagre se festeja no domingo “Laetare” e nos dois dias seguintes.
O documento mais importante que descreve o Milagre é o “Protocolo de
Justiça”, constituído por Hermann von Rüsseg, senhor de Büron. Diz o docu-
mento: “Numa quarta-feira, 23 de maio de 1447, o Santíssimo Sacramento foi
roubado da paróquia de Ettiswil e pouco tempo depois foi encontrado por uma
jovem guardiã de porcos, chamada Margarida Schulmeister. A Hóstia, que não
estava longe da igreja, foi achada perto de uma cerca jogada no chão entre as
urtigas, parecia um ramo de flores resplandecente.” Depois de uma meticulosa
investigação, a polícia deteve a jovem Anna Vögtli de Bischoffingen que es-
pontaneamente confessou tudo: “Depois que coloquei a mão entre as estreitas
grades de ferro consegui pegar a Hóstia Magna, mas assim que cruzei os limi-
tes do cemitério o Santíssimo Sacramento começou a ficar tão pesado que e eu
fui incapaz de carregá-lo. Como não conseguia andar nem para frente, nem
para trás, joguei fora a Hóstia perto de um tapume, entre as urtigas”.
No relato de Margarida, a jovem que encontrou a Partícula diz assim:
“quando cheguei com os meus porcos nas redondezas do lugar onde o Santís-
simo Sacramento tinha sido deixado, os meus animais não quiseram mais
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prosseguir. Pedi ajuda a dois senhores que passavam por ali a cavalo e foram
eles que viram a Hóstia roubada. Ela estava entre as urtigas dividida em sete
pedaços, seis deles formavam uma flor parecida a uma rosa e uma forte luz
rodeava a Hóstia.” O pároco, que foi advertido imediatamente, correu ao lugar
para recolher a Hóstia e levá-la à igreja. Muitos paroquianos o seguiram. Re-
colheu os seis pedaços, mas quando quis pegar o sétimo, que estava no centro,
ele enterrou-se diante dos olhos de todos. Esse desaparecimento foi interpre-
tado como um sinal e decidiu-se então construir uma capela exatamente na-
quele ponto no qual a Hóstia tinha desaparecido. Os seis pedaços da Hóstia
foram conservados na igreja de Ettiswil; os moradores do vilarejo e também
muitos forasteiros fizeram deles objeto de grande veneração e Deus realizou,
através daqueles seis pedaços da Hóstia, numerosas curas. A nova capela e o
altar foram consagrados no dia 28 de dezembro de 1448, um ano e seis meses
depois daquele acontecimento.
SÃO TOMÁS DE AQUINO E A EUCARISTIA
Sorbonne, PARIS, 1272
Nos anos da sua maturidade teológica, São Tomás de Aquino foi cha-
mado a Paris desde 1269 até 1272 para resolver uma complexa interpre-
tação do Sacramento da Eucaristia. Antes de iniciar a sua dissertação
São Tomás foi à igreja para rezar e depois escreveu o texto. Uma vez
terminada a sua exposição São Tomás regressou na igreja e Jesus apare-
ceu-lhe e confirmou que o seu escrito estava bem.
São Tomás, durante o seu segundo ano de ensino em Paris, encontrou-
se no meio de uma disputa entre os professores da Universidade da Sorbone
sobre o Sacramento da Eucaristia. De um lado, efetivamente, os sentidos per-
cebem a presença dos “acidentes”: cor, sabor, dureza, quantidade, extensão no
pão e no vinho Eucarísticos; do outro, a fé afirma que no Sacramento está pre-
sente o Corpo e o Sangue de Cristo, aparentemente as duas posturas se contra-
dizem. Os teólogos parisienses estavam divididos em dois grupos: um pela
constatação objetiva e outro pela avaliação da Fé e, por isso, decidiram con-
sultar São Tomás porque outras vezes puderam constatar a sua inteligência
filosófica e a sua santidade teológica. Pediram então que ele desse uma sen-
tença, que posteriormente seria normativa. Colocaram por escrito as duas pos-
turas que se contrapunham e as apresentaram a São Tomás. Ele imediatamente
recolheu-se em oração e em contemplação, “como era usual, começou a rezar
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com grande devoção. Depois pôs por escrito, no modo mais breve e claro pos-
sível, tudo o que a sua mente descobria e Deus lhe inspirava”.
Voltou à igreja e aproximando-se do Altar colocou o que tinha escrito
sob o olhar do Crucifixo e rezou: “Senhor Jesus, verdadeiramente presente e
admiravelmente operante neste Sacramento, eu busco apreender a tua verdade
e ensiná-la sem erros. Por isso eu te suplico, concede-me uma graça: se as coi-
sas que eu escrevi sobre Ti e com a tua ajuda são verdade, fazei que eu possa
falar delas e ensiná-las publicamente. Mas se eu escrevi alguma coisa que não
estão de acordo com a verdade revelada e é alheio ao Mistério deste Sacra-
mento, impeça-me de propor o que poderia ser um desvio da fé católica”. Esta
é a humilde oração de um teólogo que sabe que trata sobre coisas maiores que
ele e que tem uma grande responsabilidade para com aqueles que virão. Frei
Reginaldo, o seu secretário, e outros irmãos tiveram a fortuna de presenciar,
quando São Tomás estava rezando, a aparição de Cristo, que indicando os es-
critos do santo, disse: “Escreveste bem sobre o Sacramento do meu Corpo,
escreveste bem e conforme a verdade resolveste o problema que te propuse-
ram e o fizeste na medida em que é possível para um homem, que está nesta
terra, entender e definir estas coisas”. Tomás, cheio de gratidão e felicidade
prostrou-se em oração diante do Senhor.
São Bernardo Converte um Duque com a Eucaristia
FRANÇA, SÉCULO XII
São Bernardo foi protagonista de um importante Milagre Eucarístico. O
Duque de Aquitânia tinha se separado da Igreja Católica e não tinha ne-
nhuma intenção de voltar. Mas São Bernardo, depois de ter celebrado a
Missa, parou diante do Duque com o Santíssimo Sacramento. Ele sen-
tiu-se agitado por uma força misteriosa, caiu ajoelhado e pediu perdão
pelo seu afastamento da Igreja Católica.
Um dos biógrafos de São Bernardo conta que o santo “tinha ido a Aqui-
tânia para reconciliar um Duque daquela Província. Mas como ele rejeitava a
Reconciliação, o santo de Deus dirigiu-se ao Altar para celebrar a missa en-
quanto o Duque esperava na porta da igreja, porque estava excomungado.
Depois da consagração, São Bernardo colocou a Hóstia na patena e sa-
iu da igreja, levando a Hóstia levantada e com a face inflamada de santa ira.
Quando estava diante do Duque, censurou-o com estas palavras: “Nós implo-
ramos e tu nos desprezaste: eis que é chegada a hora, o Filho da Virgem veio a
ti, o Senhor da Igreja que tu persegues, eis que está diante de ti Aquele Juiz
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que um dia terá a tua alma nas mãos: te atreverás rejeitá-lo como fizeste com o
servo? Resiste se fores capaz!” Imediatamente o Duque sentiu as suas pernas
dobrarem-se e prostrou-se aos pés de São Bernardo, quem lhe ordenou de al-
çar-se para escutar a sentença de Deus. O Duque levantou-se tremendo e fazia
tudo o que Bernardo lhe mandava”.
Milagre Eucarístico de São João Bosco ITÁLIA, 1848
São João Bosco foi sempre muito devoto da Eucaristia e numerosos são
os escritos em que o santo fala da importância desse Sacramento. Uma
vez, tendo sobrado somente oito Hóstias na píxide, começou a multipli-
cá-la e assim pôde dar a Comunhão aos 360 rapazes que assistiam a sua
Missa.
Os biógrafos contam que em 1848, durante uma Missa celebrada em
homenagem à Festa da Anunciação, Dom Bosco percebeu que só tinham oito
Hóstias na píxide que estava no Tabernáculo, na hora de dar a Comunhão aos
360 rapazes que assistiam à Missa. Todo mundo se deu conta disso e começa-
ram a perguntar-se que coisa ia fazer Dom Bosco. Giuseppe Buzzeti, que seria
um dos primeiros sacerdotes salesianos, servia na Missa e quando viu Dom
Bosco multiplicar as Hóstias e dar a comunhão aos 360 rapazes, passou mal
com tanta emoção. Dom Bosco uma vez contou que sonhou com uma terrível
batalha marítima, desencadeada por uma grande frota de pequenas e grandes
embarcações que lutava contra uma barca majestosa, símbolo da Igreja. A
barca foi atingida muitas vezes, mas saía sempre vitoriosa e o Papa a conduzia
para ancorar-se segura entre duas colunas que saíam do mar. Na primeira, ele-
vava-se uma grande Hóstia com a inscrição “Salus credentium”, sobre a outra,
mais baixa, ficava a estátua da Imaculada com a inscrição “Auxilium Crhistia-
norum”.
Santa Germana Cousin FRANÇA, 1589
O Milagre Eucarístico de Pibrac nos conta que Santa Germana Cousin
(1579-1601) para poder participar da Santa Missa atravessou um rio que
estava cheio e que as águas se dividiram em duas para deixá-la passar.
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Quando a nossa jovem pastorinha ficou órfã de mãe, o pai casou-se de
novo com uma mulher que desde sempre se mostrou muito hostil com ela por
causa da acne que lhe deformava o rosto. A madrasta não suportava ver o ros-
to dela e convenceu o marido a mandar Germana viver no porão. A pobre me-
nina ficou totalmente isolada lá e as suas únicas companhias eram os ratos.
Germana, porém, era muito próxima do Senhor e amava particularmente o
Santíssimo Sacramento do qual se aproximava quotidianamente. Todos os dias
deixava o seu rebanho para receber a Eucaristia e os lobos nunca o atacaram.
Germana para chegar na igreja, tinha que passar o rio Courbet. Um dia por
causa de forte chuvas, era praticamente impossível atravessar o rio, mas a me-
nina, para não perder a Comunhão, corajosamente decidiu enfrentar a fúria das
correntezas, mas antes de entrar na água fez o sinal da Cruz e quando recitava
orações viu que as águas se abriam milagrosamente, dando-lhe passagem a pé
enxuto. Isso aconteceu na ida e na volta.
O “Milagre dos Milagres” – Miguel-Juan Pellicer, ESPANHA, 1640
O jovem Miguel-Juan Pellicer teve a sua perna amputada por causa de
um acidente, mas graças à sua grande devoção ao Santíssimo Sacramen-
to e à Virgem do Pilar, aconteceu o grande milagre que foi imediata-
mente reconhecido e aprovado pelo Bispo de Zaragoza, quem presidiu o
processo canônico. Na sentença definitiva ele escreveu que “a Miguel-
Juan Pellicer de Calanda, foi restituída milagrosamente a perna direita,
amputada anos atrás e isso não foi um fato natural, mas milagroso”.
Miguel-Juan Pellicer, nasceu em 1617 em Calanda, um vilarejo a uns
cem quilômetros de Zaragoza, numa família de pobres camponeses. Aos 19
anos decidiu trabalhar com um tio em Castellon de la Plata. Um dia, durante
os trabalhos do campo, uma carroça cheia de grãos passou em cima dele e Mi-
guel-Juan foi levado ao hospital geral de Valença com a perna direita fratura-
da. Juan viu que os médicos daquele hospital não eram capazes de curá-lo,
assim que saiu de lá e viajou trezentos quilômetros para chegar em Zaragoza e
pedir ajuda a Nossa Senhora do Pilar. Caminhou com muletas, apoiando o joe-
lho da perna fraturada e infeccionada num pedaço de madeira. Chegou a Zara-
goza em outubro de 1637 exausto e febril, arrastou-se até o Santuário do Pilar
onde se confessou e recebeu a Eucaristia; depois foi internado no Real Hospi-
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tal da Graça. Dado o estado da gangrena os médicos estabeleceram que o úni-
co modo de salvar a sua vida era amputando a perna; assim ela foi cortada
com serra e escalpelo quatro dedos abaixo do joelho e cauterizada com ferro
incandescente.
Um jovem estagiário, Juan Lorenzo Garcia, recolheu o membro ampu-
tado e enterrou-o no cemitério anexado ao hospital. Desse dia em diante, Mi-
guel foi obrigado a sobreviver pedindo esmola nas portas do Santuário da Vir-
gem do Pilar. Todas as manhãs estava presente na Missa e rezava com fervor
diante do Santíssimo Sacramento e tinha o costume de ungir a perna amputada
com o óleo da lâmpada do Tabernáculo. Depois de três anos fora de casa, de-
cidiu regressar e a família o acolheu com afeição. Em março de 1640, depois
de uma vigília mariana, Miguel-Juan, sentindo-se muito cansado, foi a descan-
sar mais cedo e como sempre, ungiu a sua ferida com o óleo da lâmpada do
Santíssimo Sacramento do Santuário da Virgem do Pilar. Quando a mãe de
Miguel foi ver se ele estava bem, observando-o enquanto dormia, viu dois pés
debaixo das cobertas e não um só. Miguel-Juan tinha recuperado milagrosa-
mente a mesma perna que tinha sido enterrada três anos antes pelo estagiário
Garcia. De acordo com o testemunho dos presentes e com o processo canônico
“a perna era pálida, menor e com a massa muscular mais reduzida, mas era
perfeitamente viva e permitia caminhar”.
O Cientista e a Eucaristia – Beato Nicola Stenon 1638-1686
Depois de dedicar a sua juventude ao estudo e à investigação científica,
Nicola Stenon, aos 28 anos, enquanto assistia a procissão de Corpus
Christi, converteu-se ao catolicismo pensando na grandeza e na magni-
ficência da Eucaristia: a presença real de Jesus na Hóstia. Decidiu então
ser sacerdote e missionário na sua Pátria.
Nicola Stenon nasceu em Copenhagen no dia 1º de janeiro de 1638.
Desde a sua juventude dedicou-se às ciências naturais e foi considerado entre
os pais fundadores da cristalografia, paleontologia e geologia e a sua fecunda
atividade científica obrigava-o viajar por toda a Europa. No dia 24 de junho de
1666, em Livorno, Stenon recebeu a graça da conversão à fé católica. Os seus
biógrafos dizem que Stenon “observava com curiosidade e perplexidade o fer-
vor que animava a procissão de Corpus Christi, a ampla praça das Armas esta-
va embelezada com cores e sons; os sinos soavam sem parar. O jovem lem-
brou-se que tinha assistido três anos atrás em Lovaina, Bélgica, uma procissão
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de estudantes e uma dezena de professores em toga; mas nessa procissão, tudo
lhe parecia diferente. Talvez, mais alegria, mais calor humano…ou será que
eram os seus olhos que estavam mudados? Desfilavam filas de homens can-
tando, com túnicas brancas; desfilavam estandartes e bandeiras que ondeavam
ao vento leve vindo do mar; frades e sacerdotes desfilavam com cândidas ma-
lhas adornadas de tranças e franjas, outros sacerdotes portavam capas pluviais
que luziam ao sol; crianças levavam turíbulos com incenso perfumado e de-
pois…eis um grande baldaquim de ouro, debaixo dele um ministro da Igreja,
solenemente revestido, absorto, abraçando fortemente o Ostensório com a
Hóstia. As pessoas se ajoelhavam ao Seu passo e os olhos ardiam de amor ao
olhá-la e as cabeças se abaixavam em sinal de adoração; de todas as partes
choviam pétalas e flores. O coração do jovem Nicola Stenon esteve profun-
damente inquieto durante todo o dia. Lembrava do padre jesuíta com quem
tinha discutido sobre a presença real de Jesus no pão consagrado; o religioso
tinha falado sobre o valor das palavras de Jesus durante a última ceia: “Isto é o
meu corpo” e mencionado a carta de Paulo aos Coríntios.
Naquele mesmo dia,Stenon converteu-se ao catolicismo, entrou no Se-
minário e depois de nove anos de estudo foi ordenado sacerdote. Ele descreve
assim a sua conversão: “Depois de ter considerado atentamente as benevolên-
cias de Deus para comigo, elas me pareciam tão grandes que a única coisa que
poderia fazer era entregar-me a Ele do fundo do meu coração, dar o melhor de
mim e da melhor maneira. Assim, depois de ter conhecido a dignidade do sa-
cerdócio, pedi e obtive que a mim também fosse consentido, oferecer ao Pai
Eterno, a Hóstia imaculada por mim e pelos irmãos”.
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Alimentando-se somente da Eucaristia
Teresa Newman - ALEMANHA, 1898-1962
(Durante 36 anos)
A vida de Teresa Newman, mudou radicalmente depois da milagrosa
cura da paralisia e da cegueira que teve aos 25 anos. Alguns anos depois
recebeu os estigmas e iniciou um jejum que durou 36 anos, até a sua
morte. O seu único alimento foi a Eucaristia e por isso a autoridade na-
zista, durante a guerra, retirou-lhe o subsídio alimentar, mas concedeu
um ração dupla de sabão para lavar as roupas que todas as sextas-feiras
se empapavam de sangue, quando em êxtase recebia as marcas da Pai-
xão de Cristo. Hitler tinha muito medo de Teresa e ordenou: “não to-
quem nela!”.
Teresa Newman nasceu em Konnersreuth, em Alemanha, no dia 8 de
abril de 1898, de uma família muito pobre e profundamente católica. No seu
diário escreveu que o seu maior desejo era ter sido missionária em África, mas
infelizmente, um acidente que sofreu aos vinte anos impediu-a de realizar o
seu sonho. Em 1918, uma fazenda vizinha incendiou-se e Teresa correu para
ajudar, mas pelo esforço de carregar os baldes de água para apagar as chamas
sofreu uma grave lesão na medula espinhal que a deixou paralisada e comple-
tamente cega. Teresa passava todo o dia em oração e um dia aconteceu o mi-
lagre da cura em presença do Padre Naber que conta como tudo aconteceu:
“Teresa disse que via uma grande luz e uma voz extraordinariamente doce
perguntava se ela queria curar-se. A resposta de Teresa foi surpreendente; dis-
se que para ela tudo estava bem, ficar curada, continuar doente, ou morrer,
contanto que fosse feita a vontade de Deus. A voz misteriosa lhe disse que
“hoje ela teria, sim, uma pequena alegria, ficaria curada da sua doença, mas
que depois sofreria muito”.
Por um tempo, Teresa esteve bem de saúde, mas em 1926 começaram
as experiências místicas que duraram até a sua morte: os estigmas, o jejum
completo tendo a Eucaristia como o seu único alimento. Padre Naber, que lhe
dava a Comunhão todos os dias até o momento da sua morte escreveu: “Nela
se cumpre literalmente a Palavra de Deus: “Pois a minha carne é verdadeira-
mente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida”. Teresa
oferecia o seu sofrimento físico a Deus por causa da perda de sangue com os
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estigmas que durava desde a quinta-feira, dia do início da Paixão do Senhor
até o domingo, dia da sua Ressurreição e rezava pelos pecadores que lhe pedi-
am ajuda. Cada vez que era chamada ao leito de morte de uma pessoa teste-
munhava no juízo particular dela, o que ocorre imediatamente depois da mor-
te. As autoridades eclesiásticas realizaram muitos controles e monitorizaram o
jejum de Teresa; o Jesuíta Carl Sträter, por ordem do Bispo de Ratisbonne,
encarregou-se das investigações sobre a vida de Teresa e os seus estigmas e
ele afirmava: “o jejum de Teresa Newman quis demonstrar a todos os homens
do mundo o valor da Eucaristia, dar a entender que Cristo é verdadeiramente
presente sob as espécies do pão e que através da Eucaristia é possível conser-
var inclusive, a vida física”.
Beata Alexandrina de Balasar - PORTUGAL, 1904-1955
(Durante 13 anos)
Beata Alexandrina, enquanto fugia de um ato de violência, sofreu um
dramático acidente aos 21 anos que a deixou paralítica. Porém, ela ven-
ceu a tristeza e a solidão: “Jesus - pensava Alexandrina - Tu és prisio-
neiro no tabernáculo como eu sou prisioneira na minha cama, assim fa-
zemos companhia um ao outro”. Ao sofrimento físico por causa da pa-
ralisia, se uniram os sofrimentos místicos: durante quatro anos, todas as
sextas-feiras, ela vivia as dores da Paixão e depois, durante treze anos
até a sua morte, alimentou-se somente da Eucaristia. A sua vida trans-
formou-se em oração contínua para converter os escravizados pelo pe-
cado.
A Beata Alexandrina Maria da Costa nasceu em Balasar, freguesia do
Concelho de Póvoas do Vazim, Portugal, no dia 30 de março de 1904. Aos 14
anos de idade não hesitou em jogar-se pela janela para fugir de três homens
que ameaçavam a sua pureza. As conseqüências foram terríveis, mas não ime-
diatas; depois de alguns anos, ela foi obrigada a ficar em cama por causa de
uma paralisia que foi agravando-se durante os trinta anos que lhe restou de
vida. Ela não se desesperou e abandonou-se nas mãos de Jesus com essas pa-
lavras: “Jesus, Tu és prisioneiro no tabernáculo como eu sou na minha cama,
assim fazemos companhia um ao outro”. Em seguida começou a ter experiên-
cias místicas cada vez mais fortes que começavam numa sexta-feira, 3 de ou-
tubro de 1938 e terminavam no dia 24 de março de 1942. Experimentou 182
vezes, todas as sextas-feiras, os sofrimentos da Paixão e desde 1942 até o dia
da sua morte, Alexandrina alimentou-se unicamente da Eucaristia. Quando
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esteve internada no hospital da “Foce Del Douro” em Oporto, vários médicos
controlaram o seu jejum absoluto e a anúria (ausência de urina). Esse controle
durou 40 dias e 40 noites. Depois dos dez longos anos de paralisia que ela ha-
via oferecido para a reparação Eucarística e para a conversão dos pecadores,
no dia 30 de julho de 1935 Jesus apareceu-lhe e lhe disse:
“Eu te coloquei no mundo para que vivas somente de Mim, para teste-
munhar ao mundo o valor da Eucaristia (...) A cadeia mais forte que acorrenta
as almas a Satanás é a carne, é a impureza. Nunca se viu antes uma expansão
de vícios, de maldades e crimes como hoje! Nunca se pecou tanto (...) A Euca-
ristia, o meu Corpo e o Meu Sangue! A Eucaristia: eis a salvação do mundo”.
Também Santa Maria apareceu-lhe no dia 2 de setembro de 1949 com um ter-
ço na mão, dizendo: “O mundo agoniza e morre no pecado. Quero oração,
quero penitência. Protege com o meu terço aos que amas e a todo o mundo”.
No dia 13 de outubro de 1955, aniversário da última aparição de Nossa Senho-
ra de Fátima, Alexandrina exclamou: “Sou feliz porque vou ao céu”. Às 19:30
desse mesmo dia expirou. Foi beatificada em 25 de abril de 2004.
Marta Robin, FRANÇA, 1902-1981
(durante 53 anos)
O filósofo Jean Guiton nos deixou um impactante testemunho sobre
Marta Robin: “Era uma camponesa dos campos franceses, que por trinta
anos não ingeriu nem comida, nem bebida, nutria-se somente da Euca-
ristia e cada sexta-feira revivia, com os estigmas, as dores da Paixão de
Jesus. Uma mulher que talvez foi a pessoa mais estranha, extraordinária
e desconcertante da nossa época, mas que justamente no século da tele-
visão permaneceu desconhecida ao público, sepultada no mais profundo
silêncio…Desde o primeiro encontro com Marta Robin, entendi que ela
seria uma “irmã na caridade”, como sempre foi para milhares de visitan-
tes”.
Marta Robin, nasceu no dia 13 de março de 1902, em Châteauneuf-de-
Galaure (Drôme), França, numa família de camponeses e passou toda a sua
vida na casa paterna, onde morreu no dia 6 de fevereiro de 1981. Toda a exis-
tência de Marta girou ao redor de Jesus Eucaristia, quem para ela foi “Aquele
que cura, consola, aligeira, abençoa, o meu Tudo”. Desde 1928, depois de uma
grave doença neurológica, Marta estava quase absolutamente impossibilitada
de movimentar-se, particularmente não podia engolir porque os músculos da
deglutição estavam bloqueados, além disso foi obrigada, por causa de uma
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doença nos olhos, a viver praticamente na escuridão. Eis o testemunho do pa-
dre Finet, o seu diretor espiritual: “Quando recebeu os estigmas, no início do
mês de outubro de 1930, Marta já vivia a sua Paixão desde 1925, ano em que
ela se ofereceu como vítima de amor. No mesmo dia, Jesus lhe disse que de-
pois da Virgem Maria, Ele tinha escolhido ela para viver mais intensamente a
Paixão e ninguém poderia vivê-la de maneira tão plena. Acrescentou que cada
dia ela sofreria mais e mais que nunca mais dormiria à noite. Depois dos es-
tigmas, Marta não pôde mais nem comer, nem beber e o êxtase durava até a
segunda ou terça-feira”.
Marta Robin aceitou todos os sofrimentos por amor a Jesus redentor e
pelos pecadores que queria salvar. O grande filósofo Jean Guitton recordando
o seu encontro com a vidente escreveu: “Encontrei-me naquele quarto escuro,
apresentado por uma das mentes mais contestatárias do nosso tempo: o médi-
co de Anatole France, o doutor Couchourd, discípulo de Alfred Loisy e diretor
de uma coleção de livros anticristãos. Desde o primeiro encontro com Marta
Robin, entendi que ela seria uma “irmã na caridade”, como sempre foi para
milhares de visitantes”. Efetivamente, além dos fenômenos místicos extraor-
dinários, a obra evangelizadora que Marta levou adiante foi realmente signifi-
cativa, apesar das suas condições. Graças à ajuda do padre Finet, fundou ses-
senta “Foyers de Lumiére, de Charité er d‟Amour” espalhados por todo o
mundo.
São Nicolau de Flueli
(Durante 20 anos)
São Nicolau de Flueli, mais conhecido como Irmão Klaus foi proclama-
do por Pio XII padroeiro da Suíça em 1947. Nasceu em 1417 em Flueli numa
família de camponeses acima de Sachseln na região de Obwald. Casou-se, te-
ve 10 filhos e levou uma vida comum até que, aos 50 anos, sentiu uma fortís-
sima chamada do Senhor que o convocava a deixar tudo e segui-lo. São Nico-
lau pediu três graças: conseguir a autorização da esposa, Doroteia e dos filhos
mais velhos, não sentir a tentação de voltar atrás e finalmente, se Deus quises-
se, poder viver sem comer, nem beber. Todos os seus pedidos foram escuta-
dos. Durante 20 anos viveu na floresta como ermitão e alimentou-se somente
com a Eucaristia, como atestaram muitíssimas testemunhas.
Serva de Deus Anne-Louise Lateau
(Durante 12 anos)
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Também na Bélgica, em Bois-d‟Haine, a Serva de Deus, Anne-Louise
Lateau desde o dia 26 de março de 1871 e durante 12 anos viveu sem comer,
beber e dormir. No dia 1º de janeiro de 1808 recebeu, como Nosso Senhor, os
estigmas nos pés, nas mãos, na testa, no lado e nas costas do lado direito e os
suportou até o fim da sua vida. No dia 23 de abril de 1873, o Papa Leão XIII
fez a seguinte afirmação sobre Anne-Louise: “ o evento de Bois-d‟Haine é ex-
traordinário. Vós podeis dizer em meu nome que nunca a medicina poderá ex-
plicar este fato”. Anne-Loiuse morreu aos 33 anos no dia 25 de agosto de
1883. Em 1991 abriu-se oficialmente a causa para a beatificação.
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Nas últimas aparições marianas
FRANÇA, 1830
Santa Catarina Labouré nasceu no dia 2 de maio de 1806 numa família
de agricultores. No dia 21 de abril entrou na ordem religiosa das “Filhas
da Caridade” e fez o noviciado na Casa Madre em Paris, “Rue du Bac”.
Foi lá que em 1830, Nossa Senhora das Graças apareceu a Catarina e
lhe disse: “Faça cunhar uma medalha por este modelo; todas as pessoas
que a trouxerem receberão grandes graças, sobretudo se a trouxerem no
pescoço”. Durante toda a sua permanência na “Rue du Bac”, Catarina
viu Jesus na Hóstia consagrada, na Comunhão e na Exposição do San-
tíssimo Sacramento.
A própria Catarina relatou assim a sua visão: “Enquanto eu fazia a Ado-
ração Eucarística num profundo silêncio, pareceu-me ouvir um barulho, como
o farfalhar de uma seda. O barulho vinha do lado da tribuna, alcei a vista e vi a
Santíssima Virgem. A sua estatura era mediana e era indescritivelmente bela.
Portava um véu branco que ia da cabeça aos pés e ela estava em cima de um
globo. As suas mãos estavam na altura da cintura e ela carregava sem esforço
outro globo menor e de ouro; em cima dele tinha uma cruz que também era de
ouro. Ela olhava para o Céu e enquanto eu a contemplava, a Virgem Santíssi-
ma olhou para mim e falou ao íntimo do meu coração: „Este globo que vês
representa o mundo inteiro, particularmente a França e cada pessoa. E a Vir-
gem acrescentou: Os raios simbolizam as graças que derramo sobre as pessoas
que me pedem. Compreendi então como é doce rezar a Maria e o quanto Ela é
generosa com as pessoas que a invocam. Formou-se, então, em volta da San-
tíssima Virgem um quadro oval, no qual em letras de ouro se liam estas pala-
vras que a circundavam: Ó MARIA, CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI
POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS.
Desapareceu, então, o globo que Nossa Senhora tinha nas mãos e, co-
mo se elas não agüentassem mais o peso de tantas graças, Ela as estendeu na
direção do globo no qual os seus pés estavam apoiados, pisando a cabeça de
uma serpente verde com manchas amareladas. De repente, o quadro se virou e
vi o “reverso da medalha”, isto é, o monograma de Maria debaixo da Cruz, no
plano inferior tinha dois corações: o de Jesus coroado de espinhos e o de Ma-
ria atravessado por uma espada. Ao redor, como uma moldura, havia uma co-
roa de doze estrelas. Ouvi, então, uma voz que me dizia: „Faça cunhar uma
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medalha por este modelo; todas as pessoas que a trouxerem receberão grandes
graças, sobretudo se a trouxerem no pescoço; as graças serão abundantes, es-
pecialmente para aqueles que a usarem com confiança.”
Milagres Eucarísticos de Lourdes, FRANÇA, 1888 - Curas milagro-
sas ocorridas durante a passagem do Santíssimo Sacramento.
Quando um sacerdote francês da Peregrinação Nacional propôs em
1888 realizar uma procissão com o Santíssimo Sacramento em Lourdes,
ocorreu uma cura prodigiosa. Desde então, os doentes que vão a Lour-
des em peregrinação são abençoados com o Santíssimo Sacramento e
são incalculáveis as curas milagrosas ocorridas durante a passagem do
Santíssimo. O Santuário de Lourdes é um exemplo luminoso da fé na
presença real de Jesus na Eucaristia.
No dia 22 de agosto de 1888 às 4 horas da tarde, realizou-se por primei-
ra vez em Lourdes a procissão com a bênção dos enfermos com o Santíssimo
Sacramento. Foi um sacerdote quem propôs esta iniciativa piedosa e desde
então não foi nunca deixada. Nesse mesmo dia, quando os doentes foram a-
bençoados com o Santíssimo diante da gruta das aparições da Virgem, Pedro
Delanoy, que durante anos vinha sofrendo de ataraxia (doença que impede a
coordenação dos movimentos voluntários e que conduz seguramente à morte),
ficou curado instantaneamente quando o Ostensório passou. Era o primeiro
Milagre Eucarístico que ocorria em Lourdes. Daquele dia em diante, nunca
mais se deixou de realizar a procissão Eucarística para os doentes.
Fátima e a Eucaristia O ANJO DE PORTUGAL, 1916,
Um Anjo apareceu três vezes aos pastorzinhos de Fátima para preparar
as futuras aparições de Nossa Senhora e para elevá-los com a Comu-
nhão a um estado sobrenatural. Durante a terceira aparição o Anjo deu a
Comunhão a Lúcia com uma Hóstia que gotejava Sangue que foi reco-
lhido num cálice. Francisco e Jacinta, que não tinham feito ainda a Pri-
meira Comunhão, receberam-na com o conteúdo do cálice. O Anjo dis-
se nesta aparição: “Tomai e Bebei o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor
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Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os
seus crimes e consolai o Vosso Deus”.
Primeira Aparição do Anjo “Vimos uma luz mais branca que a neve,
com a forma de jovem transparente, mais brilhante que um cristal, atravessado
pelos raios do sol… enquanto ele se aproximava foi possível distinguir os seus
traços: um jovem de 14 ou 15 anos, muito belo. Estávamos surpresos, não e-
mitíamos uma palavra, aproximando-se de nós disse: “"Não tenham medo. Eu
sou o anjo da Paz. Rezem comigo". Depois se ajoelhou, inclinando-se até to-
car o seu rosto no solo e rezou: "Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-
Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não
Vos amam" E disse esta oração três vezes. Quando parou, disse às crianças
"Rezem assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos à voz de suas súpli-
cas". A atmosfera sobrenatural que nos envolvia era intensa que quase não
percebíamos, durante um longo espaço de tempo, a nossa própria existência.
Segunda Aparição do Anjo O Anjo nos disse: “Que fazeis? Orai! Orai
muito! Os corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia.
Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios”. – “Como nos
havemos de sacrificar?” – perguntei. “De tudo que puderdes, oferecei um sa-
crifício em ato de reparação pelos pecados com que ele é ofendido e de súplica
pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou
o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com
submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar”. E desapareceu… Aquelas
palavras do Anjo marcaram o nosso espírito, como uma luz que nos fazia
compreender quem era Deus: como nos ama e quer ser amado; o valor do sa-
crifício e como lhe é agradável e como por meio dele, converte os pecadores”.
Terceira Aparição do Anjo. Vimos o Anjo se apresentar com um Cálice
na mão esquerda e uma Hóstia na mão direita sobre o Cálice e da qual caíam
gotas de sangue. O Anjo ajoelhou-se ao lado dos Pastorzinhos, deixando o cá-
lice e a Hóstia suspensos no ar e convidou-os a repetir por três vezes a seguin-
te oração: "Santíssima Trindade, pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profun-
damente, e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de
Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultra-
jes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E, pelos méri-
tos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria,
peço-Vos a conversão dos pobres pecadores". Em seguida, o Anjo ergueu-se,
tomou de novo o cálice e a hóstia, que tinham ficado suspensos no ar e deu a
Hóstia à Lúcia e o que continha o cálice ao Francisco e à Jacinta, dizendo ao
mesmo tempo: - “Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, horri-
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velmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o
Vosso Deus” e desapareceu.
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Comunhões milagrosas
São Esanislau Kotstka 1550-1568
São Estanislau Kostka aos 17 anos adoeceu gravemente, tanto assim
que parecia que era já o fim. Naquela época era hóspede de um nobre
protestante que não lhe permitia ser visitado por um sacerdote. Estanis-
lau não perdeu a esperança e uma noite, na qual estava presente também
o seu preceptor, recebeu a Comunhão de modo milagroso. Depois de
alguns dias sarou e tomou a decisão de entrar na ordem dos Jesuítas.
São Estanislau Kostka nasceu em 1550 em Rostkow a poucos quilôme-
tros de Varsóvia. Em 1564, aos 14 anos, foi mandado a Viena com o irmão
mais velho para completar os seus estudos junto aos Jesuítas. Ele gostava mui-
to do estudo e da vida ordenada do colégio e pensava em dedicar-se à vida re-
ligiosa. Lamentavelmente, os Jesuítas tiveram que fechar o colégio e Estanis-
lau, o seu irmão e o preceptor deles foram obrigados a ir embora e a aceitar a
hospitalidade de um nobre de fé luterana. Estanislau manteve um comporta-
mento religioso exemplar, apesar das pressões do irmão, do preceptor e do an-
fitrião luterano que o criticavam. Estanislau aceitava tudo com paciência e
submissão e todas as noites rezava por eles. Aos 17 anos, adoeceu gravemen-
te; recordamos que o jovem pertencia à irmandade de Santa Bárbara e os seus
membros se confiam à sua padroeira para receber a Comunhão no momento
da morte. Estanislau, então, confiava plenamente que isso aconteceria e efeti-
vamente, uma noite acordou o preceptor que velava ali perto, revelando-lhe:
“Eis aqui Santa Bárbara! Ela está aqui com dois Anjos! Trazem o Santíssimo
Sacramento!
E assim foi: os Anjos se aproximaram dele e lhe deram a Comunhão. O
rapaz, sereno, deitou-se. Dias depois, para a surpresa de todos, Estanislau se
levantou completamente curado, afirmando que queria andar pessoalmente
agradecer ao Senhor e manifestar-lhe o seu desejo de ser religioso. O Superior
Regional dos Jesuítas o rejeitou porque era muito jovem e porque faltava o
“nulla obsta” paterno, mas Estanislau não perdeu as esperanças e decidiu ten-
tar em Alemanha ou até mesmo em Itália. Despojou-se das suas belas roupas e
vestiu-se como um camponês, encaminhou-se em direção a Augusta onde mo-
rava o grande São Pedro Canísio, Provincial dos Jesuítas em Alemanha.
Quando se deu conta da sua ausência, o irmão procurou-o por muito tempo e
começou a sentir remorsos pela sua atitude hostil; enquanto isso São Pedro
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Canísio, ponderava com muita atenção a vocação do jovem e decidiu enviá-lo
ao seminário dos Jesuítas em Roma. Na carta de apresentação do jovem Esta-
nislau estava escrito: “Estanislau, nobre polonês, jovem direito e cheio de ze-
lo, foi provado durante um tempo no Colégio Interno de Dilingen e mostrou-
se sempre rigoroso com os próprios deveres e sólido na vocação, esperamos
grandes coisas dele”.
São Sátiro - salvo do naufrágio pela Eucaristia SÉCULO IV
É o próprio Santo Ambrósio que descreve esse Milagre Eucarístico na
sua obra De excessu fratis Satyri. O protagonista foi o seu irmão São
Sátiro, quem conseguiu salvar-se de um naufrágio graças a Eucaristia.
Santo Ambrósio escreveu sobre o seu irmão Sátiro: “Que posso dizer
sobre a sua observância do culto a Deus? Um fato bastará. Antes de ser inicia-
do completamente nos sublimes mistérios, sofreu um naufrágio. O navio no
qual viajava encalhou num arrecife de rochedos e as ondas o despedaçavam,
mas ele não temeu a morte, só temia uma coisa: deixar essa vida sem ter rece-
bido os Sagrados Mistérios. Por isso, pediu o Divino Sacramento dos fiéis aos
que ele sabia que eram iniciados; certamente não para pôr olhos curiosos sobre
os arcanos, mas para obter a ajuda da fé. Escondeu-o num lenço e amarrou-o
ao pescoço. Depois se lançou ao mar, buscou agarrar-se a uma tábua despren-
dida do navio e não nadou para salvar-se, porque tinha buscado somente as
armas da fé, pensava que estava suficientemente protegido e defendido por ela
e não quis outro auxílio. Contemplemos juntos a sua força de ânimo: na des-
truição da embarcação não agarrou uma tábua como qualquer náufrago, mas
buscou em si mesmo a base da sua coragem; a sua esperança não o abandonou
e a sua convicção não o traiu.
Assim que se salvou das ondas e chegou à terra firme, reconheceu o Ca-
pitão em quem tinha confiado e assim que soube que todos os Seus servos es-
tavam salvos, não se lamentou pelos bens perdidos, mas foi à igreja de Deus
para agradecer pela sua salvação e pela possibilidade de conhecer os Mistérios
Eternos, declarando que não existe maior dever que o da gratidão...Ele que
tinha experimentado o grande auxílio dos Mistérios Celestes envolvidos num
lencinho, considerava que era coisa grande recebê-los na boca e acolhê-los no
mais profundo do coração!”.
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A Eucaristia e Santa Catarina de Sena 1347-1380
Jesus apareceu a Santa Catarina para revelar-lhe que da mesma forma
que um grande fogo que não diminui e não se apaga serve para acender
muitas velas, assim o grande fogo da Eucaristia não sofre nada quando
inflama os fiéis que se aproximam dele com muita ou pouca fé. A maior
ou menor caridade de cada um é simbolizada pela dimensão das velas.
Jesus disse à Santa Catarina as seguintes palavras sobre a Eucaristia:
“Vós recebestes toda a essência divina neste dulcíssimo Sacramento sob a
brancura do pão. E como o sol não pode dividir-se, assim Aquele que é todo
Deus e todo homem não pode dividir-se na brancura da Hóstia. Imaginemos
uma Hóstia dividida: ainda que fosse esmigalhada em mil pedaços, cada um
deles é o Cristo todo Deus e todo homem. Assim como se quebra um espelho,
mas não se quebra a imagem que se vê, assim, dividindo essa Hóstia, não se
divide nem Deus, nem o homem, mas em cada uma das partes está tudo e não
diminui em si mesmo, como acontece com o fogo; vejamos esse exemplo: se
tu tivesses uma chama e todo o mundo viesse acender a sua vela nesta chama,
ela não diminuiria por isso e todos teriam uma chama completa. É verdade que
existe quem participa mais ou menos desta chama, porque cada um recebe o
fogo segundo a sua capacidade.
E para que tu entendas melhor eu te dou outro exemplo: se muitas pes-
soas tivessem uma vela e uma tivesse uma onça de cera, outra duas, outra seis,
outra uma libra e outra mais de uma libra e todas acendessem a sua vela na
mesma chama, a verdade é que em cada vela acesa, grande ou pequena, se ve-
ria a chama completa, o mesmo calor, a mesma cor e a mesma luz; apesar dis-
so tu dirias que aquele que possui somente uma onça de cera tem menos luz
do que àquele que tem uma libra. Assim acontece com esse Sacramento. O
homem leva a sua vela, que é o santo desejo com o qual recebe este Sacramen-
to; mas a vela está apagada, somente se acende quando recebe a Eucaristia.
Portanto, se bem todos tenham uma mesma matéria, porque todos foram cria-
dos à minha imagem e semelhança e como cristãos possuem a chama do santo
batismo; cada um cresce em amor e virtude, segundo a própria vontade e me-
diante a minha graça. Não é que podem mudar a vida sobrenatural que eu dou,
mas podem crescer no amor às virtudes, usando o livre arbítrio, com virtude e
com caridade enquanto ainda há tempo; porque terminado o tempo, não é mais
possível crescer”.
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Santa Lúcia Filippini
Um dia Santa Lúcia Filippini (século XVII) foi a Pitigliano, perto de
Grosseto, para inspecionar uma escola de artesanato que ela tinha fundado.
Mas primeiro parou na igreja dos frades franciscanos para assistir à Santa
Missa. O seu desejo de receber Jesus Eucaristia era tão grande que o Senhor
quis premiá-la com um Milagre. Quando o sacerdote partiu a Hóstia Magna
em duas e ia colocar um pedacinho no Cálice, justamente aquele pedacinho
fugiu da sua mão, voou e foi parar na língua da futura santa. Atualmente o
Santuário onde ocorreu esse Milagre é custodiado pelas Mestras Pias de Santa
Lúcia Filippini.
Beata Imelda Lambertini
Beata Imelda Lambertini, desde criança demonstrou um grande amor
por Jesus Eucaristia, mas o capelão lhe recordava sempre que a Santa Comu-
nhão só podia ser recebida aos 14 anos. No dia 12 de maio de 1333, vigília da
Ascensão do Senhor, a menina foi à missa e apresentou-se para receber a San-
ta Comunhão. O sacerdote ignorou-a completamente, mas o Senhor quis aten-
der ao desejo da pequena Imelda e uma Hóstia luminosa voou e se deteve di-
ante dela. Quando recebeu o corpo de Cristo, a sua cândida alma voou imedia-
tamente ao Céu. A Beata Imelda é Padroeira das Primeiras Comunhões.
Santa Juliana Falconieri
Santa Juliana Falconieri foi sempre devotíssima da Eucaristia. Nos úl-
timos dias da sua vida fez um tratamento para um mal de estômago, que por
muito tempo a atormentava e que lhe impedia receber a Comunhão. Antes de
morrer, em 1341, pediu que uma Hóstia Consagrada fosse colocada no seu
peito e enquanto ela rezava, a Hóstia desapareceu, deixando uma marca viole-
ta, come se tivesse sido impressa. Santa Juliana foi beatificada em 1678 e ca-
nonizada em 1737.
Santa Agnese Segni
Durante a sua permanência em Proceno, a dominicana Santa Agnese
Segni (1268-1317) ia de vez em quando sozinha até a horta do mosteiro para
rezar perto de um pé de oliveira. Nas primeiras horas de uma manhã de do-
mingo começou a rezar tão profundamente e somente depois de muitas horas
se deu conta que era dia festivo e que deveria ir à missa, mas veio um Anjo do
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Senhor e trouxe consigo uma Hóstia imaculada e deu-lhe a Comunhão. Este
fato repetiu-se em outras ocasiões.
Santa Clara de Montefalco
O biógrafo de Santa Clara de Montefalco (1275-1308) faz referência a este
fato nos atos do processo de canonização que “um dia Clara aproximou-se
sem o véu à Comunhão, a irmã Giovanna repreendeu-a duramente dizendo:
“Fora, não quero que comungues.” Escutando essas palavras Clara reparou
que estava sem o véu e sentiu uma grande dor e entrando na sua cela, chorou
amargamente. Mas eis que, enquanto ainda estava em lágrimas rezando, Cris-
to apareceu, deu-lhe um beijo e depois a Comunhão; isso a deixou profunda-
mente consolada.
Beata Ângela de Foligno
A Beata Ângela de Foligno (1248-1309) contou que “uma vez, na Hós-
tia viu Cristo com as feições de um rapaz, mas Ele se apresentava muito ma-
jestoso, semelhante a um rei; estava sentado num trono e parecia que tinha al-
gum objeto na mão que significava autoridade (...) Então, no momento em que
todos se ajoelharam, eu não o fiz e não estou segura se corri em direção ao
altar ou se fiquei imobilizada pela alegria e pela contemplação, senti uma
grande pena quando o sacerdote, apressado, colocou outra vez a Hóstia no Al-
tar.”
Os discípulos de Emaús São Lucas assim descreve o milagre eucarístico ocorrido quando Nosso Senhor apareceu aos dois discípulos em Emaús: “Aconteceu que, estando com eles à mesa, tomou o pão, benzeu-o, partiu e lho dava. Abriram-se-lhe os olhos e reconheceram-no; mas ele desapareceu” (Lc 24, 30). Embora Nosso Senhor os tenha feito companhia durante o caminho e com eles conversado, somente quando “tomou o pão, benzeu-o, partiu e lho dava”, quer dizer, quando comungaram, é que “abriram os olhos” e O reconheceram, mostrando o poder da Eucaristia de abrir a alma, clarear a mente para Deus.
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Testemunhos de mártires da Eucaris-
tia
1. Cardeal Van Thuan
Como celebrava a Missa o cardeal vietnamita que esteve vários anos num campo de concentração comunista? Van Thuan, o arcebispo vietnamita que este-ve anos na prisão, hoje cardeal da Igreja Católica, dá testemunho sobre como conseguiu celebrar missa num campo de concentração comunista:
“Quando prenderam-me tive que ir-me logo de mãos vazias. No dia seguinte prometeram-me escrever aos meus entes queridos para pedir-lhes o que fosse necessário: roupa, pasta de dentes, etc. Disse-lhes: por favor, enviai-me um pouco de vinho como medicina contra dor de estômago. Os fiéis compreenderam logo.
Enviaram-me uma garrafa de vinho de missa com a etiqueta: medicina contra a dor de estômago; acompanhava-a algumas hóstias escondidas num círio contra as intempéries.
A polícia perguntou-me: - Dói-lhe o estômago? - Sim. - Aqui tem o remédio para você. Nunca poderei expressar minha grande alegria: diariamente, com três gotas
de vinho e uma gota de água na palma da mão celebrei a missa. Este era meu altar e esta era a minha catedral! Era a verdadeira medicina da alma e do corpo: Medicina de imortalidade, remédio para não morrer, senão para viver sempre em Jesus Cristo, como disse Inácio de Antioquia.
A cada passo tinha ocasião de estender os braços e cravar-me na cruz com Jesus, de beber com Ele o cálice mais amargo. Cada dia, ao recitar as palavras da consagração, confirmava com todo o coração e com toda a alma um novo pacto, um pacto eterno entre Jesus e eu, mediante seu sangue mesclado com o meu. Foram as missas mais bonitas de minha vida!”
2. Fulton Sheen
Alguns meses antes de sua morte Fulton J. Sheen foi entrevistado por uma repórter de TV da seguinte forma: “Você inspirou a milhões de pessoas em todo mundo. Quem o inspirou, foi acaso um Papa?”
Fulton Sheen respondeu que sua maior inspiração não foi um Papa, nem um cardeal ou outro bispo, e nem sequer um sacerdote ou monge. Foi uma meni-na chinesa de onze anos de idade.
Explicou que quando os comunistas apoderaram-se da China encarceraram um sacerdote em sua própria reitoria perto da igreja. O sacerdote observou ater-rado de sua janela como os comunistas penetraram na igreja e dirigiram-se ao santuário. Cheios de ódio profanaram o tabernáculo, tomaram o cálice e o joga-ram no chão, espalhando as hóstias consagradas. Eram tempos de perseguição e o sacerdote sabia exatamente quantas hóstias haviam no cálice: trinta e duas.
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Quando os comunistas se retiraram, talvez não se deram conta ou não prestaram atenção a uma menina que rezava na parte de trás da igreja, a qual viu tudo o que sucedeu. Essa noite a pequena regressou e, evitando a guarda mon-tada junto à reitoria, entrou na igreja. Ali fez uma hora santa de oração, um ato de amor para reparar o ato de ódio. Depois de sua hora santa, entrou no santuário, ajoelhou-se e, inclinando-se, com sua língua recebeu a Jesus na Sagrada Comu-nhão. Fê-lo assim porque não teve a coragem de pegar a hóstia com a mão como fazem alguns comungantes dos dias atuais.
A pequena continuou regressando cada noite, fazendo sua hora santa e re-cebendo a Jesus Eucarístico em sua língua. Na trigésima segunda noite, depois de haver consumido a última hóstia, acidentalmente fez um ruído que despertou o guarda. Este correu atrás dela, agarrou-a e a golpeou até matá-la com a culatra de seu rifle.
Este ato de martírio heróico foi presenciado pelo sacerdote enquanto, su-mamente abatido, olhava da janela de seu quarto convertido em prisão.
Quando o bispo Fulton Sheen escutou o relato, inspirou-se de tal modo que prometeu a Deus que faria uma hora santa de oração frente a Jesus Sacra-mentado todos os dias, pelo resto de sua vida. Se aquela pequena pôde dar tes-temunho com sua vida da real e formosa presença de seu Salvador no Santíssimo Sacramento, então o bispo se via obrigado ao mesmo. Seu único desejo desde então seria o de atrair ao mundo o Coração ardente de Jesus no Santíssimo Sa-cramento.
A pequena ensinou ao bispo o verdadeiro valor e zelo que se deve ter pela Eucaristia; como a fé pode sobrepor-se a todo medo e como o verdadeiro amor a Jesus na Eucaristia deve transcender à própria vida.
O que se esconde na Hóstia Consagrada é a glória de Seu amor. Todo o criado é um reflexo da realidade suprema que é Jesus Cristo. O sol no céu é tão somente um símbolo do filho de Deus no Santíssimo Sacramento. Por isso é que muitos ostensórios imitam os raios do sol. Como o sol é a fonte natural de toda energia, o Santíssimo Sacramento é a fonte sobrenatural de toda graça e amor.
Jesus é o Santíssimo Sacramento, a luz do mundo. (Traduzido do artigo “Let the Son Shine”, do pe. Martin Lucia)
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Milagre eucarístico?
Santo: São João Crisóstomo
Data: Ano 400
Local: Constantinopla
Título : O Pão dos Hereges
O Senhor permitiu que acontecesse um fato maravilhoso com uma mulher que se obstinava em permanecer filiada aos sectários macedônios, e tal fato determinou por fim sua perfeita conversão. As verdades católicas expostas por Crisóstomo mostravam-se tão evidentes ao marido dessa mulher, que lhe pareceu que não deveria tolerar por mais tempo que sua esposa professasse os perniciosos erros da heresia. Procurava persuadi-la a renunciar a eles e abraçar a verdadeira Fé católica, mas nenhum fruto tirava de seus conselhos nem de suas longas discus-sões, porque era a tenacidade com que ela aceitava as opiniões heréticas. Afinal, esgotado todos os meios de conduzi-la ao bom caminho, ameaçou de separar-se dela se não acedesse aos seus desejos, seguindo o bom exemplo que lhe tinha dado. A mulher, para obedecer ao marido na aparência, mas perseverando na sua obstinação, lhe disse que faria o que mandava; mas, combinando antes com uma criada sua, foi a um templo de hereges e, tomando o pão falsamente consagrado que davam a seus adeptos, deu-o à criada para que o guardasse; em seguida foi à igreja dos católicos com seu marido, para comungar e assegurar-lhe que já era católica, e recebendo a Sagrada Hóstia, fingindo que se inclinava para orar, deu-a à criada que estava ao seu lado, e tomou dela o pão recebido dos hereges, o qual imediatamente se transformou em pedra. A desventurada mulher, atônita e fora de si, procurou São João Crisóstomo para narrar-lhe o que lhe tinha acontecido, e ele a converteu à Fé católica e publicou o milagre, conservando-se em Constantino-pla, para perpétua memória, aquela pedra em que o pão dos hereges se tinha convertido.
Fonte: Livro Milagres Eucarísticos do Padre Manuel Traval y Roset S.J.; São Gre-gório Magno, Diálogo, livro 3, cap. 3; - Sozomeno, Vida de San Juan Crisóstomo, liv. 8, cap. 5 - Baronius, Annales Ecclesiastici, t.5, p. 126