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C AD . S AÚDE C OLET ., R IO DE J ANEIRO , 16 (4): 659 - 676, 2008 – 659 MONITORAMENTO DA EXPOSIÇÃO A ORGANOCLORADOS: UMA REVISÃO SOBRE ANÁLISES EM MATRIZES BIOLÓGICAS Monitoring organochlorine exposure: a review on biological matrices analysis Ana Cristina Simões Rosa 1 , Paula de Novaes Sarcinelli 2 RESUMO Agrotóxicos organoclorados (OC) são classificados como poluentes orgânicos persistentes e podem ser determinados em uma ampla variedade de matrizes ambientais e biológicas. O controle da exposição a estes químicos é considerado um desafio para as autoridades de saúde pública, desde que o espectro de efeitos adversos às populações inclui desregulação do sistema endócrino e carcinogenicidade. O objetivo deste artigo é apresentar uma revisão sobre os métodos de análise de OC em amostras biológicas, e discutir os fatores que mais influenciam o monitoramento biológico. Os métodos para análise de resíduos de OC requerem alta sensibilidade, e a etapa de extração dos analitos da matriz é crítica para garantir a qualidade dos resultados. Muitos métodos são disponíveis tais como a extração líquido-líquido, utilização de cartuchos ou discos para extração em fase sólida, extração em fase sólida com micro fibras e extração com barra agitadora. A matriz biológica mais utilizada para detectar OC é o soro, que pode ser convenientemente obtida. PALAVRAS-CHAVE Agrotóxicos organoclorados, monitoramento biológico, métodos de extração, matriz biológica ABSTRACT Organochlorine pesticides (OC) are classified as persistent organic pollutants and can be determined in a great variety of environment and biological matrices. The control of the exposure to these chemicals is considered a challenge to the public health authorities, since the spectrum of adverse effects to the populations includes disruption of endocrine system and carcinogenicity. The objective of this study is to present a review about the methods of analysis of OC in biological samples, and to discuss the factors that most influence biological monitoring. The methods used for trace analysis of OC need to be highly sensitive and the extraction stage of the analytes from the matrix is a critical step to ensure the quality of results. Many methods are available such as liquid-liquid extraction, utilization of cartridges, disks and micro fibers for solid phase extraction, and extraction with stirring bars. The most used biological matrix for tracking OC is the serum, which can be very conveniently obtained. 1 Mestre em Saúde Pública. Pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, ENSP/ FIOCRUZ. 2 Doutora em Biologia Molecular e Celular. Pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, ENSP/ FIOCRUZ. End.: Rua Leopoldo Bulhões, 1480 - Manguinhos - Rio de Janeiro - CEP: 21041-210 E-mail: [email protected]

Monitoring organochlorine exposure: a review on biological ... · e discutir os fatores que mais influenciam o monitoramento biológico. Os métodos para análise de resíduos de

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CA D. S A Ú D E C O L E T . , R I O D E JA N E I R O , 16 (4 ) : 659 - 676, 2008 – 659

MONITORAMENTO DA EXPOSIÇÃO A ORGANOCLORADOS: UMA REVISÃO SOBRE ANÁLISES

EM MATRIZES BIOLÓGICAS

Monitoring organochlorine exposure: a review on biologicalmatrices analysis

Ana Cristina Simões Rosa1, Paula de Novaes Sarcinelli2

RESUMO

Agrotóxicos organoclorados (OC) são classificados como poluentes orgânicos persistentese podem ser determinados em uma ampla variedade de matrizes ambientais ebiológicas. O controle da exposição a estes químicos é considerado um desafio para asautoridades de saúde pública, desde que o espectro de efeitos adversos às populaçõesinclui desregulação do sistema endócrino e carcinogenicidade. O objetivo deste artigoé apresentar uma revisão sobre os métodos de análise de OC em amostras biológicas,e discutir os fatores que mais influenciam o monitoramento biológico. Os métodospara análise de resíduos de OC requerem alta sensibilidade, e a etapa de extração dosanalitos da matriz é crítica para garantir a qualidade dos resultados. Muitos métodossão disponíveis tais como a extração líquido-líquido, utilização de cartuchos ou discospara extração em fase sólida, extração em fase sólida com micro fibras e extraçãocom barra agitadora. A matriz biológica mais utilizada para detectar OC é o soro,que pode ser convenientemente obtida.

PALAVRAS-CHAVE

Agrotóxicos organoclorados, monitoramento biológico, métodos de extração,matriz biológica

ABSTRACT

Organochlorine pesticides (OC) are classified as persistent organic pollutants and canbe determined in a great variety of environment and biological matrices. The controlof the exposure to these chemicals is considered a challenge to the public healthauthorities, since the spectrum of adverse effects to the populations includes disruptionof endocrine system and carcinogenicity. The objective of this study is to present areview about the methods of analysis of OC in biological samples, and to discuss thefactors that most influence biological monitoring. The methods used for trace analysisof OC need to be highly sensitive and the extraction stage of the analytes from thematrix is a critical step to ensure the quality of results. Many methods are availablesuch as liquid-liquid extraction, utilization of cartridges, disks and micro fibers forsolid phase extraction, and extraction with stirring bars. The most used biologicalmatrix for tracking OC is the serum, which can be very conveniently obtained.

1 Mestre em Saúde Pública. Pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e EcologiaHumana, ENSP/ FIOCRUZ.

2 Doutora em Biologia Molecular e Celular. Pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhadore Ecologia Humana, ENSP/ FIOCRUZ. End.: Rua Leopoldo Bulhões, 1480 - Manguinhos - Rio deJaneiro - CEP: 21041-210 E-mail: [email protected]

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A N A C R I S T I N A S I M Õ E S R O S A , P A U L A D E N O V A E S S A R C I N E L L I

KEY WORDS

Organochlorine pesticides, biological monitoring, extraction methods, biological matrix

1. INTRODUÇÃO

Os agrotóxicos organoclorados (OC) foram amplamente utilizados naagricultura nas décadas de 50 e 60, e no controle de vetores transmissores dedoenças endêmicas. A partir da década de 70 os OC começaram a ser banidos namaioria dos países desenvolvidos ou ter seu uso restrito a campanhas de saúdepública, como é o caso da Índia até os dias de hoje. No Brasil, foram proibidos naagricultura em 1985, e utilizados para o combate a vetores até a década de 90(Goni et al., 2007).

Os OC são classificados como poluentes orgânicos persistentes (POP), epodem ser encontrados no meio ambiente, em todos os compartimentos, comoáguas superficiais e subterrâneas, sedimentos, solo, ar e até nas calotas polares.Também são encontrados nos alimentos, animais, vegetais e, no homem, podemser analisados no plasma, soro, leite materno, tecido adiposo e outras matrizesbiológicas menos comuns. Outros compostos orgânicos persistentes também têmdestaque na literatura, como as bifenilas policloradas (PCB) e dibenzodioxinas edibenzofuranos policlorados. Neste trabalho, serão focados os OC, apesar devárias referências citarem simultaneamente os OC e PCB (Pauwels et al., 1999;Rogers et al., 2004; Frías et al., 2004; Conka et al., 2005; Goni et al., 2007;Covaci et al., 2002).

A sua persistência em todos os compartimentos ambientais e biológicos sedeve basicamente à sua alta estabilidade química, baixa solubilidade em água ealta solubilidade em solventes orgânicos e lipídeos (Conka et al, 2005; Goni et al.,2007). Assim, eles tendem a se bioconcentrar e biomagnificar mais de 70.000vezes ao longo de toda cadeia alimentar, e no homem, que se encontra no topoda cadeia, observa-se um acúmulo nos tecidos e fluidos com alto teor lipídico(Barr et al, 2003).

Os OC têm sido bastante investigados por possuírem propriedades estrogênicase anti-estrogênicas, responsáveis pela ação desreguladora dos sistemas endócrinoe reprodutor, e terem grande possibilidade de atuarem direta ou indiretamentena carcinogênese. Também são associados aos OC efeitos sobre o sistemaimunológico e hepatotoxicidade. São classificados no IARC (InternationalAgency of Research on Cancer) como possivelmente carcinogênicos - grupo 2B(Goni et al., 2007).

Na Conferência de Estocolmo, em 2001, foi preconizado que ações globaisdeviam ser tomadas a fim de reduzir e eliminar esses compostos. Por esta razão, omonitoramento biológico de OC é importante do ponto de vista da saúde pública,

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M O N I T O R A M E N T O D A E X P O S I Ç Ã O A O R G A N O C L O R A D O S :U M A R E V I S Ã O S O B R E A N Á L I S E S E M M A T R I Z E S B I O L Ó G I C A S

já que uma parcela importante da população está ambientalmente e cronicamenteexposta a baixas doses destes compostos (Lopez et al., 2007).

Após cerca de 30 anos de uso extensivo dos OC em todo mundo, somente noinício da década de 70 intensificaram-se os estudos clínico-epidemiológicos parainvestigar a associação entre exposição e patologias humanas, principalmente oscânceres. Cabe ressaltar que geralmente há um período muito longo entre aexposição a uma substância reconhecidamente carcinogênica e o surgimento decâncer, o que dificulta o estabelecimento de uma associação de causa e efeito.Essa dificuldade aumenta quando se leva em conta a multiplicidade de produtosquímicos com os quais as populações entram em contato, sendo praticamenteimpossível isolar um único agente químico em estudos feitos após décadas deexposição (Sunyer et al., 2002; Flores et al., 2004).

Um grande desafio dos estudos epidemiológicos é a estimativa correta daexposição passada à OC. Estudos epidemiológicos baseados em métodos indiretosutilizam questionários e outros registros para avaliar a exposição retrospectiva.Uma abordagem mais precisa é a determinação da presença do agente ou seusmetabólitos diretamente em amostras biológicas. Técnicas analíticas sofisticadas esensíveis permitem a avaliação deste tipo de exposição, através do uso de indica-dores biológicos de exposição ou de dose interna (Woodruff et al., 1994).

Os efeitos dos OC sobre o sistema endócrino e a relação entre a redução donível de hormônios esteróides e osteoporose, levou pesquisadores no Canadá aconduzirem um estudo para investigar uma possível associação entre níveis deOC e osteoporose. Embora não tenha sido demonstrada nenhuma evidência destacorrelação, os autores recomendam a continuidade da pesquisa com algunscompostos OC, visto que a deficiência hormonal é um fator de risco bem conhe-cido para a doença (Côté et al., 2006).

Há evidências de que OC podem causar diabetes mellitus tipo 2 em populaçãode pescadores que fazem alto consumo de peixes gordurosos, de origem do marBáltico (Rylander et al., 2005). A carga corpórea destes compostos pode ser influ-enciada pelo padrão de exposição na infância e adolescência, como relataramoutros autores (Glynn et al., 2007).

Na Alemanha, Hong et al. (2002) mostraram que p,p´-DDE foi detectado emníveis consideráveis em mecônio de recém-nascidos, o que comprova a transfe-rência da mãe para o feto, pela placenta. O mecônio é o primeiro material fecalexcretado pelo recém-nascido e as concentrações de OC nesta matriz refletem aexposição ao feto durante a gravidez. Os efeitos decorrentes das exposiçõesintrauterinas devem ser melhor investigados, visto que os sistemas nervoso,imunológico e endócrino estão em desenvolvimento e, portanto, mais vulneráveisa ação destes compostos (Hong et al., 2002).

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A N A C R I S T I N A S I M Õ E S R O S A , P A U L A D E N O V A E S S A R C I N E L L I

Vários estudos foram conduzidos para investigação das concentrações deOC em leite materno (Krauthacker et al., 1998; Jaraczewska et al., 2006; Chaoet al., 2006; Yu et al., 2007; Szyrwinska & Lulek, 2007; Rivas et al., 2007; Muelleret al., 2008), principalmente pelo fato de alguns OC ainda serem utilizados emcampanhas de saúde pública, para o combate de vetores transmissores de doenças.Pode-se citar um estudo conduzido na Tailândia, onde o uso de DDT ainda épermitido para campanha contra o mosquito transmissor da malária e os níveisencontrados em leite materno demonstram esta realidade (200 – 2000 ng.mL-1)(Stuetz et al., 2001).

A persistência destes compostos e a gama de efeitos adversos à saúde justificama necessidade do monitoramento da exposição à OC, que requer métodosanalíticos sensíveis e reprodutíveis para sua identificação e quantificação. A etapade extração dos analitos da matriz é uma etapa crítica para a garantia da boaqualidade dos resultados. Existe a tendência de utilização de equipamentos bas-tante sofisticados, que assegurem bons resultados mesmo para matrizes complexas,com uma redução considerável das etapas de preparo e, conseqüentemente, dotempo e custo da análise. Entretanto, quando não se dispõem de tais equipamentos,métodos confiáveis podem ser desenvolvidos com uma etapa de extração bemelaborada. O objetivo deste artigo é apresentar uma revisão sobre os métodosmais utilizados para a análise de OC em matrizes biológicas, discutir suas vantagense limitações, e os fatores que interferem nos estudos de monitoramento, a partirde um levantamento bibliográfico realizado na base de dados da Scielo e PubMed,em artigos e revisões publicados no período de 1998 a 2007, disponíveis emwww.scielo.org e www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/, respectivamente.

ORGANOCLORADOS E MATRIZES BIOLÓGICAS

Os OC são comumente medidos no sangue total, plasma, soro (mais usual-mente e contém 1% de gordura), leite materno (2 a 4% de gordura), tecidoadiposo (80% de gordura), e outras matrizes ricas em gordura. O aldrin égeralmente estimado através do dieldrin, seu primeiro metabólito, mas uma vezdetectado reflete uma exposição recente, visto que a metabolização a dieldrinocorre em tempo relativamente rápido. Clordano e heptaclor são monitoradoscomo oxyclordano e heptaclor epóxido. DDT é biodegradado a DDE, seuindicador de exposições passadas (Aprea et al., 2002; Barr et al., 2003).

Os OC mais investigados são o DDT e seus metabólitos, HCH, em todas assuas formas isômeras, Endossulfan I e II e seus metabólitos, Aldrin e seusmetabólitos, Heptaclor e seus metabólitos, Heptaclor epóxido A e B. A matrizbiológica mais utilizada para o monitoramento de OC é o soro (Lino et al.,1998; Pauwels et al., 1999; Liu & Pleil, 2002; Barr et al., 2003; Cruz et al., 2003;

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Rogers et al., 2004; Frías et al., 2004; Conka et al., 2005; Luzardo et al., 2006;Torres et al., 2006; Sundberg et al., 2006; Goni et al., 2007; Lopez et al., 2007), aqual pode ser muito convenientemente obtida.

A distribuição de OC entre o tecido adiposo e o soro é da ordem de 200para 1, dependendo da molécula e da quantidade de gordura disponível em cadacompartimento, cerca de 90% no tecido adiposo e de 0,4% no soro (Liu & Pleil,2002). Assim, apesar da maior concentração no tecido adiposo, o que se fazusualmente é analisar os OC no soro e leite materno por causa da maior viabi-lidade de obter a amostra biológica (Yu et al., 2007; Szyrwinska & Lulek, 2007).

A escolha da matriz biológica para o monitoramento e o estabelecimento doscritérios de seleção da população requerem um conhecimento específico sobre atoxicocinética dos OC, a fim de que se tenha uma visão integrada da exposiçãocom a menor variabilidade possível entre as concentrações medidas. Atualmente,na maioria dos países, o monitoramento tem o objetivo de controlar a carga depoluição ambiental a essas substâncias altamente lipofílicas, armazenadas nosdepósitos lipídicos distribuídos nos tecidos e fluidos orgânicos. Uma vez estabele-cido o equilíbrio, quando as velocidades de absorção e eliminação de OC noorganismo são iguais, isto é, a fração absorvida pelo organismo se iguala à eliminada,as concentrações de OC nas porções lipídicas dos diferentes tecidos são similares(Mussalo-Rauhamaa, 1991, Schecter et al., 1991, Wingfors et al., 1998; Aylward etal., 2003). Entretanto, esse processo só é evidenciado quando as concentraçõessão corrigidas e expressas em bases lipídicas, como demonstrado em um estudorealizado por Rusiecki et al., em 2005, com o objetivo de mostrar que as concen-trações sanguíneas refletem a carga corpórea de POP. Os níveis de OC em soro,tecido adiposo da mama e dos glúteos, foram comparados em mulheres comcâncer submetidas à cirurgia, na Índia. Uma forte correlação foi observada entreas concentrações encontradas no soro e tecido adiposo, entretanto, houve umadiferença considerável entre as razões de OC no soro e tecido adiposo, quandoestas não foram ajustadas por lipídios totais (Rusiecki et al., 2005).

Dentre as amostras com possibilidade de detecção de OC, além do tecidoadiposo, estão o sangue, leite, cabelo e mecônio, cada uma delas apresentavantagens e desvantagens que vão desde considerações éticas até os cuidadoscom o paciente. O leite é a matriz ideal do ponto de vista da facilidade de coletae aprovação pelos comitês de ética, mas fica restrita à população feminina. Nosestudos em que se utiliza o sangue como amostra, são maiores as possibilidades daavaliação da exposição em uma população com relação ao sexo, diferentes faixasetárias e condições de saúde. As limitações desta matriz estão relacionadas àinterferência da alimentação, complexidade da matriz, baixa concentração delipídios e conseqüentemente à sensibilidade do método de análise (Cruz et al., 2003).

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Além da necessidade de correção das concentrações sanguíneas por dosagemde lipídios totais, a opção pelo soro ou plasma também é muito polêmica. Thomaset al., em 2006, trouxeram uma contribuição importante para esta discussão, aopublicarem um estudo de comparação entre os níveis de OC em amostras de soroe plasma, coletadas em 154 voluntários, em jejum. Amostras de soro e plasma domesmo participante foram analisadas, mostrando não haver diferença estatística entreas concentrações determinadas nas duas matrizes, corrigidas ou não por lipídios totais.

2. MÉTODOS DE EXTRAÇÃO

Vários métodos são divulgados na literatura internacional, que vão desde aextração líquido-líquido (Bucholski et al, 1996; Liu et al., 2002; Barr et al., 2003;Cruz et al., 2003; Rogers et al., 2004; Frías et al., 2004; Chao et al., 2006; Thomaset al., 2006; Torres et al., 2006; Luzardo et al., 2006) a métodos mais elaborados,com a utilização de cartuchos ou discos para extração em fase sólida (Pauwels etal., 1999; Aprea et al., 2002; Conka et al., 2005; Rusiecki et al., 2005; Jaraczewskaet al., 2006; Goni et al., 2007), seguida de uma etapa de limpeza do extrato,denominada clean up, para retirada de interferentes. Ainda são utilizadas fibraspara micro extração em fase sólida (Hernandez et al., 2002; Lopez et al., 2007).Após a limpeza, o extrato é então analisado por cromatografia capilar em fasegasosa com detecção por captura de elétrons (Lino et al., 1998; Hernandez et al.,2002; Cruz et al., 2003; Rogers et al., 2004; Conka et al., 2005; Torres et al., 2006;Luzardo et al., 2006; Sundberg et al., 2006; Goni et al., 2007; Lopez et al., 2007)por espectrometria de massas (Pauwels et al., 1999; Colume et al., 2001; Hong et al.,2002; Hernandez et al., 2002; Liu et al., 2002; Barr et al., 2003; Frias et al., 2004;Torres et al., 2006; Goni et al., 2007) ou por espectrometria de massas de altaresolução (Hernandez et al., 2002; Barr et al., 2003; Frias et al., 2004).

EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO (ELL)

Os métodos baseados em extração líquido-líquido são considerados muito demo-rados, com a utilização de volumes grandes de solventes e reagentes, sendo, portanto,inadequados para aplicação em estudos epidemiológicos, onde a quantidade deamostras costuma ser elevada (Goni et al., 2007). Apesar destes inconvenientes,a extração líquido-líquido ainda é bastante utilizada pela simplicidade de manipulação,fácil disponibilidade de materiais, não sendo necessário nenhum aparato sofisticadopara a sua realização. Além disso, ela garante ótimos resultados de recuperação elimites de quantificação, similares aos métodos mais sofisticados como a extraçãoem fase sólida (Lino et al., 1998; Liu et al., 2002; Barr et al., 2003; Rogers et al., 2004).

Nas Tabelas 1 e 2 estão demonstradas as técnicas e resultados de performancedos métodos, organizadas de maneira a serem mais facilmente visualizadas e comparadas.

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EXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA (EFS)Os métodos baseados na extração em fase sólida são considerados mais

vantajosos em relação àqueles baseados na extração líquido-líquido, utilizammenores volumes de solvente e costumam ser mais rápidos. Os sorbentes maisutilizados são C18 (octadecilsílica) e copolímero de estireno-divinilbenzeno(Sundberg et al., 2006). Para garantir melhor eficiência dos cartuchos de EFS, édesejável que se faça o pré-tratamento da amostra. O pré-tratamento mais utilizadoé a desnaturação das proteínas séricas com solventes orgânicos ou ácidos. Casohaja formação de precipitado, este pode ser removido através de centrifugaçãoantes da colocação do sobrenadante no cartucho de extração em fase sólida(Sundberg et al., 2006; Goni et al., 2007).

Após a passagem pelo cartucho, normalmente é feita uma etapa de limpezado extrato usualmente denominada de cleanup, com o objetivo de remover inter-ferentes contidos naturalmente na matriz. Os métodos de cleanup mais utilizadospara avaliação de OC em soro são a adição de ácido sulfúrico concentrado, epassagem por outra coluna de EFS contendo amina, sílica ou florisil® (Pauwels et al.,1999; Conka et al., 2005; Sundberg et al., 2006; Goni et al., 2007).

Sundberg et al. (2006) apontam um método de desnaturação de proteínasséricas com uréia, sem utilização de solventes orgânicos, sem centrifugação dosoro antes de passar pela coluna e sem cleanup do extrato antes da análisecromatográfica (Sundberg et al., 2006). Goni et al. (2007) propõem a utilizaçãode placas com 96 poços contendo discos de extração em fase sólida, aliandoa vantagem da EFS com a rapidez das análises em placas com 96 poços(Goni et al., 2007).

Os inconvenientes da extração em fase sólida mais citados na literatura são osinterferentes que percolam junto aos analitos de interesse, coagulação e a falta decontato com toda superfície da fase sólida pela passagem do analito e respectivamatriz em alguns interstícios da fase sólida. As etapas de limpeza do extrato cau-sam a diminuição dos limites de detecção e quantificação, o que não é desejável(Lopez et al., 2007).

A utilização de discos de C18, ao invés do cartucho, se apresenta como umaboa alternativa para a realização de análises por EFS. O menor leito promove aredução do volume de solvente durante o condicionamento e a eluição. Alémdisso, o extrato final do disco é mais limpo do que o da coluna empacotada(Pauwels et al., 1999).

MICRO EXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA (MEFS)

Este método tem sido considerado uma alternativa muito boa para a ELL e aEFS, pois não há utilização de solventes e pode ser realizada diretamente na fase

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líquida onde o analito está, ou na fase gasosa acima do líquido – headspace. Alémdisso, esta técnica requer poucas etapas analíticas e, portanto, pouca manipulação.O procedimento por headspace é citado como mais vantajoso para ser aplicadoem fluidos biológicos por não promover o contato da fibra com a matriz eaumentar sua vida útil. Parâmetros importantes para serem otimizados quandoda utilização da micro extração em fase sólida são o tipo de fibra, tempo evelocidade de agitação, temperatura, tempo de extração, volume da fase gasosaacima do líquido e adição de sal. Como são muitos os parâmetros para seremavaliados é desejável a utilização de uma metodologia estruturada de análise fatorialpara auxiliar na definição dos experimentos e interpretação dos resultados (Beltranet al., 2000; Lopez et al., 2007). Hernandez et al. (2002) apontam a utilização damicroextração em fase sólida com headspace, acoplada a EM-EM em sanguetotal (Hernandez et al., 2002).

EXTRAÇÃO COM BARRA AGITADORA (EBA)

O método de extração através de barra de agitação coberta com o mesmomaterial utilizado na confecção de fibra de micro extração em fase sólida aindatem seu uso restrito a matrizes ambientais, mas seu uso já foi apontado paraanálise de sêmen e leite materno (Benijts et al., 2001; David & Sandra, 2007).

IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO

A cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM)é o método mais adequado para identificação e quantificação de OC devido asua seletividade. A CG-DCE (cromatografia em fase gasosa acoplada a detectorpor captura de elétrons) é bastante utilizada devido ao menor custo de operação,facilidade de utilização e grande sensibilidade para compostos clorados. A maiordesvantagem do DCE é que compostos que coeluem não podem ser diferenciados(Rogers et al., 2004).

O uso de espectrometria de massas com triplo quadrupolo ou ion trap garantea confirmação de cada analito, sem conclusões equivocadas (Frías et al., 2004).

3. CONCLUSÕES

O sucesso de um estudo de monitoramento depende de vários fatores quevão desde a escolha da matriz e das condições da amostragem populacional,que podem influenciar a variabilidade das concentrações de OC nas amostrasanalisadas, até, em última instância, ao método utilizado para a análise. Todasas etapas deste processo devem ser bem avaliadas a priori, para garantir a inter-pretação correta dos resultados e permitir a comparação com outros estudosde monitoramento.

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A técnica de EFS vem sendo cada vez mais utilizada e apresenta mais vantagensem relação à ELL, como a obtenção de extratos mais limpos, menor consumo desolventes e de tempo para a realização do procedimento. A MEFS vem ganhandoadeptos e, a partir da comercialização de fibras que se deu em 1993, o número depublicações vem aumentando. São mais numerosos os trabalhos que a utilizamem matriz aquosa, mas a sua aplicação com a técnica de headspace tem semostrado bastante conveniente e eficiente para matrizes complexas, como osfluidos biológicos. Com a utilização de equipamentos mais sofisticados, como osCG-EM/EM e CG-EMAR, as etapas de extração tendem a ser mais simples emenos elaboradas.

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Recebido em: 19/08/2008Aprovado em: 22/12/2008