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FRANCO, FERNANDA MARIA (2007). Dissertação de mestrado ; manual NEO PI-R 1.3. O Modelo dos Cinco Grandes Fatores Os cinco grandes fatores são definidos como agrupamentos de traços relacionados, que sintetizam o estilo emocional dos indivíduos. Este modelo tem recebido um amplo suporte nas últimas décadas, devido a evidências fornecidas pela análise fatorial exploratória de conjuntos de termos lingüísticos relacionados aos traços, de pesquisas de universalidade destas dimensões, e da relação de inventários de traços com outros questionários e avaliações (Pervin & John, 2004). Entretanto, a análise fatorial confirmatória tem rejeitado a estrutura simples proposta por este modelo (Aluja et al., 2005). Por outro lado, Costa e McCrae (1992b) afirmam que os cinco fatores representam as dimensões mais básicas identificadas tanto na linguagem natural quanto em questionários psicológicos. A estrutura do modelo consiste de cinco grandes fatores, supostamente independentes (De Raad, 2000), cada um deles subdividido em seis subfatores inter-relacionados que auxiliam na compreensão dos resultados. As definições abaixo se referem às descrições dadas por Costa e McCrae (1992b) no manual original do NEO PI-R e reproduzidas no manual português do teste (Costa & McCrae, 2000). As denominações dos fatores e das facetas foram retiradas do manual brasileiro do teste (Costa & McCrae, 2007). a) Neuroticismo (Neuroticism – N) O Neuroticismo avalia a adaptação e a instabilidade emocional, isto é, identifica características de preocupação, ansiedade, insegurança e stress. A tendência geral a experimentar afetos negativos, como medo, tristeza, vergonha, raiva, culpa e desgosto é o núcleo deste fator. Por outro lado, pessoas com baixo N são normalmente calmas, sensatas e tranqüilas, além de capazes de encarar situações estressantes sem se entristecerem ou enraivecerem. Embora a palavra Neuroticismo seja um título bastante utilizado no meio clínico para este fator, o termo 1

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FRANCO, FERNANDA MARIA (2007). Dissertação de mestrado ; manual NEO PI-R

1.3. O Modelo dos Cinco Grandes Fatores

Os cinco grandes fatores são definidos como agrupamentos de traços relacionados, que

sintetizam o estilo emocional dos indivíduos. Este modelo tem recebido um amplo suporte nas

últimas décadas, devido a evidências fornecidas pela análise fatorial exploratória de conjuntos

de termos lingüísticos relacionados aos traços, de pesquisas de universalidade destas

dimensões, e da relação de inventários de traços com outros questionários e avaliações (Pervin

& John, 2004). Entretanto, a análise fatorial confirmatória tem rejeitado a estrutura simples

proposta por este modelo (Aluja et al., 2005). Por outro lado, Costa e McCrae (1992b) afirmam

que os cinco fatores representam as dimensões mais básicas identificadas tanto na linguagem

natural quanto em questionários psicológicos.

A estrutura do modelo consiste de cinco grandes fatores, supostamente independentes (De

Raad, 2000), cada um deles subdividido em seis subfatores inter-relacionados que auxiliam na

compreensão dos resultados. As definições abaixo se referem às descrições dadas por Costa e

McCrae (1992b) no manual original do NEO PI-R e reproduzidas no manual português do teste

(Costa & McCrae, 2000). As denominações dos fatores e das facetas foram retiradas do manual

brasileiro do teste (Costa & McCrae, 2007).

a) Neuroticismo (Neuroticism – N)

O Neuroticismo avalia a adaptação e a instabilidade emocional, isto é, identifica características

de preocupação, ansiedade, insegurança e stress. A tendência geral a experimentar afetos

negativos, como medo, tristeza, vergonha, raiva, culpa e desgosto é o núcleo deste fator. Por

outro lado, pessoas com baixo N são normalmente calmas, sensatas e tranqüilas, além de

capazes de encarar situações estressantes sem se entristecerem ou enraivecerem. Embora a

palavra Neuroticismo seja um título bastante utilizado no meio clínico para este fator, o termo

Estabilidade Emocional é mais comumente usado já que denota uma qualidade positiva do

indivíduo.

b) Extroversão (Extraversion – E)

A Extroversão, juntamente com seu outro pólo, a introversão, certamente é o fator mais

discutido e analisado nos registros da Psicologia Diferencial, pois tem sido estudado desde Jung

(1991). Para este autor, a Extroversão se refere a um fluxo de energia direcionada para o

mundo externo, enquanto a introversão se direciona para a psique, isto é, o íntimo. Embora as

teorias atuais se expressem de maneira menos subjetiva e mais científica, o fator não perdeu

suas características principais, que são o direcionamento das ações do indivíduo e as relações

interpessoais, estando presente em quase todos os modelos e inventários de personalidade de

natureza multidimensional. Além de gostar das pessoas e preferir grupos amplos e encontros,

os extrovertidos são também assertivos, ativos, otimistas e falantes. Gostam de excitação e

estimulação e tendem a ser alegres e dispostos. Muitas vezes, a introversão deve ser vista

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como uma falta de Extroversão – mais do que seu oposto – pois não são pessoas

necessariamente tristes, infelizes e solitárias, mas sim pessoas que não possuem a exuberância

dos extrovertidos.

c) Abertura à Experiência (Openness – O)

A Abertura à Experiência é a menos conhecida e mais controversa das cinco dimensões, pois

possui altas correlações com inteligência. Alguns autores inclusive consideram a capacidade

intelectual como justaposta à personalidade. Este fator caracteriza sujeitos que apreciam novas

experiências e estão predispostos a mudanças, novas idéias, valores e concepções. Por outro

lado, pessoas “fechadas” simplesmente possuem um escopo mais estreito e uma intensidade de

interesses menor. Os elementos, ou facetas, de O têm um importante papel nas medidas de

personalidade, mas sua coerência em um único e amplo fator raramente é reconhecida.

d) Amabilidade (Agreeableness – A)

A Amabilidade é uma dimensão que diz respeito às tendências interpessoais, caracterizando

pessoas cooperativas, cordiais e simpáticas com as outras; anseiam em ajudar e acreditam que

os outros serão igualmente simpáticos em troca. Em seu pólo oposto estão pessoas

egocêntricas, irritáveis e manipuladoras, céticas sobre as intenções alheias, e mais competitivas

que cooperativas. Assim como a Extroversão, este fator leva em conta, primariamente, as

tendências interpessoais. É o fator de personalidade com menor história e possuiu um papel

ambíguo devido a sua alta carga de desejabilidade social.

e) Conscienciosidade (Conscientiousness - C)

O último dos cinco fatores é a Conscienciosidade, que já foi denominada Caráter e contém

aspectos pró-ativos e inibidores do comportamento. Ela avalia o grau de organização,

persistência e motivação, contrastando com a preguiça e o descuido. É importante na avaliação

laboral e educacional, pois representa a vontade de realizar e chegar ao fim de algo. Pessoas

com alto C são escrupulosas, pontuais e confiáveis. Baixos escores não necessariamente

representam falta de princípios morais, mas essas pessoas são menos exatas ao aplicá-los,

assim como são mais displicentes no trabalho rumo a seus objetivos.

O modelo Big Five não deve ser identificado diretamente com suas operacionalizações; ele é um

construto científico, não um instrumento. Entretanto, o instrumento mais representativo deste

modelo, atualmente, é o NEO Personality Inventory Revised (NEO PI-R; Costa & McCrae,

1992b; 2000; 2007), desenvolvido nas versões de auto-relato (Forma S – self-report) e hetero-

observação (Forma R – observer rating), para avaliar as 30 facetas organizadas pelo modelo em

cinco grandes domínios. Cada faceta é medida por oito itens e conseqüentemente cada fator é

formado por 48 itens. O inventário total é constituído por 240 itens em Escala Likert de cinco

pontos, variando de “discordo fortemente” a “concordo fortemente”, sobre comportamentos,

pensamentos e sentimentos do próprio respondente.

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O NEO PI-R tem sido amplamente correlacionado a outros instrumentos fatoriais, como o EPQ e

o 16PF (Pervin & John, 2004) e se tornou uma boa alternativa para a avaliação da

personalidade adulta (Costa, McCrae & Martin, 2005). Os cinco fatores representados são

bipolares, isto é, em um pólo determinada característica é extremamente alta e no outro ela é

extremamente baixa. Entre os pólos pressupõe-se haver variação dentro de um contínuo. Não

existem pontos de corte que separem as pessoas que “têm” das que “não têm” determinado

traço, já que, teoricamente, todas as pessoas apresentam todos os traços em determinada

intensidade (Costa & McCrae, 1992b). Suas escalas são recomendadas para a avaliação de

pessoas do grupo não clínico, embora existam indícios de que resultados extremos possam ser

correspondentes a tendências psicopatológicas (por exemplo, Miller et al., 2001; Reynolds &

Clark, 2001; Weinstock & Whisman, 2006).

Devido às constantes queixas citadas na literatura quanto à baixa precisão e validade dos

questionários de auto-relato (Griffin, Hesketh & Grayson, 2004), assim como à pequena

convergência encontrada na aplicação de questionários para observadores (Mirels et al., 1998),

o NEO-PI-R forma R vem sendo preenchido por pais e cônjuges, de acordo com a situação, pois

se espera que tenham mais conhecimento sobre seus filhos (Laidra et al., 2006) e parceiros

(Pervin & John, 2004). Entretanto, Costa e McCrae (1992a) relatam que os cinco fatores são

invariantes com relação ao método de administração do instrumento. Este modelo também tem

sido considerado invariante em seu número de fatores em estudos entre culturas, isto é, os

traços de personalidade existem e funcionam aproximadamente da mesma forma em várias

culturas (por exemplo, Costa et al., 2004; McCrae et al., 1998; Terracciano, 2003).

Interpretação dos perfis segundo os cinco domínios

Neuroticismo (N - Neuroticism)

Segundo Costa e McCrae (1992a), a tendência a vivenciar estados emocionais negativos que

interferem na adaptação é, provavelmente, um dos determinantes de que homens e mulheres

com altos escores em N sejam propensos a apresentar idéias irracionais, a serem pouco hábeis

em controlar seus impulsos e a lidar pobremente com o estresse.

Como o próprio nome sugere, pacientes com neuroses tendem a apresentar altos escores neste

fator (Eysenck, H. & Eysenck, S., 1975) e alguns deles podem vir a apresentar problemas

psiquiátricos. Mas a escala N do NEO PI-R, assim como as outras escalas, mede a dimensão

normal da personalidade e, portanto, N não pode ser considerada uma medida de

psicopatologia. É possível obter altos escores em N e, entretanto, não apresentar nenhum tipo

de transtorno psiquiátrico. E, ao contrário, nem todas as categorias psiquiátricas implicam altos

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níveis de N. Por exemplo, um indivíduo pode apresentar um transtorno de personalidade anti-

social sem apresentar alto N.

Indivíduos que apresentam resultados baixos em N são emocionalmente estáveis, normalmente

calmos, moderados, tranqüilos e são capazes de encarar situações estressantes sem aborrece-

rem-se ou perturbarem-se.

Extroversão (E - Extraversion)

Extrovertidos são sociáveis, preferem grupos amplos e reuniões de pessoas, são também

assertivos, ativos e falantes. Gostam de excitação e estimulação, e tendem a ser alegres e bem

dispostos. São positivos, enérgicos e otimistas. Vendedores representam o protótipo de

extrovertidos na cultura ocidental. Os baixos escores em extroversão, ou introvertidos, são mais

reservados do que "pouco amigáveis", são mais independentes do que seguidores, "medem

seus passos" mais do que são apáticos. Introvertidos podem dizer que são tímidos quando

preferem ficar sozinhos. Na realidade, eles não sofrem, necessariamente, como os tímidos, de

ansiedade social. Finalmente, embora não consigam ter o espírito altamente exuberante dos

extrovertidos, introvertidos não são infelizes ou pessimistas. Essas distinções são fortemente

amparadas por pesquisas e formam um dos avanços conceituais mais importantes no modelo

dos CGF (Costa & McCrae, 1980; McCrae & Costa, 1987). Segundo Costa e McCrae (1992a).

quebrai' os paradigmas mentais que ligam os pares "feliz-infeliz", "amigável-hostil", "sociável-

tímido" permite novos e importantes esclarecimentos sobre a personalidade.

Abertura a experiências (O - Openness)

Indivíduos "abertos" são curiosos sobre seus mundos tanto interno quanto externo, e suas vidas

são ricas em experiências. Eles são dispostos a se divertir com novas idéias e valores não

convencionais e experienciam tanto emoções positivas quanto negativas mais fortemente que

os indivíduos "fechados". Entretanto, não se deve confundir a valorização da novidade dos

indivíduos altamente abertos com a busca de sensações dos altamente extrovertidos. Um

cientista, por exemplo, pode apresentar uma alta abertura a novos conceitos e idéias, mas não

necessariamente realiza atividades para provocar sensações ou excitação.

Pessoas com escores baixos em O tendem a apresentar comportamento convencional e ponto

de vista conservador. Elas preferem o familiar ao novo, e suas respostas emocionais não se

apresentam de forma descomedida. Embora, segundo Costa e McCrae (1992a), escores altos

ou baixos em O possam influenciar na forma de defesa psicológica utilizada, não há evidências

de que "se fechar" seja uma reação de defesa generalizada. Na realidade, é provável que

pessoas "fechadas" simplesmente possuam um estreito escopo de interesses. Similarmente,

embora tendam a ser social e politicamente conservadoras, pessoas "fechadas" não devem ser

vistas como autoritárias. Falta de abertura não implica intolerância hostil ou agressão autoritária.

Essas características são mais comuns em pessoas com escores muito baixos em A.

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Uma outra distinção deve ser feita no pólo da abertura. Indivíduos abertos são não convencio-

nais, dispostos a questionar autoridades e preparados para se entreter com novas idéias éticas,

sociais e políticas. Essas tendências, entretanto, não significam que eles sejam "sem princípios".

Uma pessoa aberta pode aplicar seu sistema de valores de forma conscienciosa da mesma

forma que faria um tradicionalista. Uma pessoa aberta pode parecer mais saudável ou mais

madura para muitos psicólogos. No entanto, o valor de escores altos ou baixos em O depende

do que é requerido em cada situação, e tanto indivíduos com escores altos quanto aqueles com

escores baixos são úteis à sociedade.

Amabilidade (A - Agreeableness)

Segundo Costa e McCrae (1992a), a pessoa amável é fundamentalmente altruísta. Ela é

simpática com os outros e anseia por ajudá-los. Acredita que, em contrapartida, os outros serão

igualmente amáveis. Em contraste, a pessoa antagonista, ou não cordial, é egocêntrica, cética

sobre as intenções dos outros e mais competitiva do que cooperativa.

Também é o caso de que as pessoas amáveis sejam mais populares que os indivíduos antago-

nistas, mas, em contrapartida, podem ser mais vulneráveis em situações de competição. Como

nenhum pólo dessa dimensão é intrinsecamente melhor do ponto de vista da sociedade,

nenhum é necessariamente melhor em termos de saúde mental dos indivíduos. Horney (1945)

apresentou duas tendências neuróticas - movimentar-se contra as pessoas ou movimentar-se

em direção às pessoas - que se assemelham às formas patológicas de amabilidade e

antagonismo. Um escore baixo em A é associado com Transtornos de Personalidade Narcisista,

Anti-social e Paranóide, enquanto um escore alto é associado com Transtorno de Personalidade

Dependente (Costa & McCrae, 1990).

Conscienciosidade (C - Conscientiousness)

O indivíduo consciencioso é, descrito por Costa e McCrae (1992a) como uma pessoa propo-

sitada, com força de vontade, determinada. Provavelmente poucas pessoas se tornam grandes

músicos ou atletas sem um nível razoavelmente alto nesse traço. Digman e Takemoto-Chock

(1981) se referem a esse domínio como "disposição para a realização" (Will to Achievement). Do

lado positivo, alto C é associado com realização acadêmica e ocupacional; do lado negativo,

pode induzir a um estado de alta exigência, limpeza compulsiva ou compulsão pelo trabalho.

C alto é associado a pessoas escrupulosas, pontuais e confiáveis. Escores baixos não são

necessariamente desprovidos de princípios morais, mas indicam pessoas menos exigentes ao

aplicá-los ou simplesmente mais distraídas. Há alguma evidência de que são mais hedonistas e

interessadas em sexo (McCrae, Costa & Busch, 1986).

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Domínios

Neuroticismo

Extroversão

Abertura

Amabilidade

Conscienciosidade

Facetas de Neuroticismo

Ansiedade

Raiva/Hostilidade

Depressão

Embaraço/Constrangimento

Impulsividade

Vulnerabilidade

Facetas de Extroversão

Acolhimento

Gregarismo

Assertividade

Atividade

Busca de Sensações

Emoções Positivas

Facetas de Abertura

Fantasia

Estética

Sentimentos

Ações variadas

Idéias

Valores

Facetas de Amabilidade

Confiança

Franqueza

Altruísmo

Complacência

Modéstia

Sensibilidade

Facetas de Conscienciosidade

Competência

Ordem

Senso do dever

Esforço por realizações

Autodisciplina

Ponderação

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Subfatores

(N1) Ansiedade

(N2) Raiva/Hostilidade

(N3) Depressão

(N4) Constrangimento

(N5) Impulsividade

(N6) Vulnerabilidade

 

(E1) Acolhimento

(E2) Gregarismo

(E3) Assertividade

(E4) Atividade

(E5) Busca de emoções

(E6) Emoções positivas

 

(O1) Fantasia

(O2) Estética

(O3) Sentimentos

(O4) Ações

(O5) Idéias

(O6) Valores

 

(A1) Confiança

(A2) Franqueza

(A3) Altruísmo

(A4) Complacência

(A5) Modéstia

(A6) Sensibilidade

 

(C1) Competência

(C2) Ordem

(C3) Cumprimento do dever

(C4) Esforço por realizações

(C5) Autodisciplina

(C6) Deliberação

AS FACETAS

Há uma série de vantagens na estratégia de avaliar uma variedade de facetas. Primeiro, as-

segura que os itens usados para medir o domínio cubram um espectro de pensamentos,

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sentimentos e ações tão amplo quanto possível. A escala N, por exemplo, inclui itens que

medem hostilidade, depressão, autocontrole, impulsividade e vulnerabilidade ao estresse, bem

como ansiedade. As facetas são, portanto, delineadas para refletir as maiores dimensões de

personalidade.

Em segundo lugar, dispor de uma série de facetas independentes para cada domínio permite a

replicação interna dos resultados. Por exemplo, cada uma das facetas de N é significativamente

relacionada ao afeto negativo e à baixa satisfação na vida (Costa & McCrae, 1984), o que

permite assegurar que N está, de fato, relacionado ao bem-estar psicológico. Da mesma forma,

os clínicos que percebem que um paciente é alto em ansiedade, hostilidade e constrangimento,

bem como depressão, podem estar seguros de que aquele apresenta profundo estresse

psicológico.

A terceira e crucial vantagem da abordagem multifacetada para a medida dos cinco fatores

surgiu do fato de que diferenças individuais podem ser encontradas dentro dos domínios.

Abertura a fantasia, estética, sentimentos, ações, idéias e valores co-variam para formar o

domínio Abertura (O). Indivíduos com escores altos em uma das facetas apresentam escores

altos também nas outras. Mas isso é somente uma expressão de probabilidade. Alguns indi-

víduos, por exemplo, são abertos para novas idéias mas não para valores ou são abertos para

sentimentos mas não para estética. Essas diferenças individuais dentro do domínio são estáveis

ao longo do tempo e confirmadas por heteroavaliações (McCrae & Costa, 1990), de tal forma

que elas podem ser consideradas como fatos reais de personalidade e não apenas como

variação aleatória.

Um exame das facetas pode promover uma análise mais refinada das pessoas ou dos grupos.

Isso pode ser particularmente esclarecedor quando o escore do domínio geral está na faixa

média. Por exemplo, um indivíduo cujo escore médio A inclui Altruísmo muito baixo e Com-

placência muito alta reagirá diferentemente do indivíduo que apresenta um igual escore em A,

mas com um padrão de alto Altruísmo e baixa Complacência.

Finalmente, uma informação detalhada a partir da consideração dos escores das facetas pode

ser útil na interpretação de construtos e formulação de teorias. A Extroversão é sabidamente

relacionada com bem-estar psicológico (Costa & McCrae, 1984), mas um olhar mais detalhado

mostra que duas das facetas, Acolhimento e Emoções Positivas, são as principais responsáveis

por esta associação. Por outro lado, a faceta Busca de Sensações não está relacionada com o

bem-estar. Tais resultados têm importante implicações para a teoria da personalidade.

Facetas de Neuroticismo

(N - Neuroticism)

NI: Ansiedade

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Indivíduos ansiosos são apreensivos, medrosos, nervosos, tensos, propensos a preocupações,

agitados. A escala não mede condutas fóbicas e medos específicos, mas escores mais altos são

prováveis de apresentar tais medos, assim como ansiedade flutuante. Escores baixos são

calmos e relaxados, não remoem coisas que poderiam dar errado, não antecipam catástrofes e,

portanto, são menos prováveis de apresentar estados emocionais negativos.

N2: Raiva/Hostilidade

Essa escala mede a prontidão do indivíduo para experimentar a raiva; a expressão da raiva,

contudo, dependerá do nível de Amabilidade do indivíduo. Entretanto, pessoas não cordiais

freqüentemente têm escores altos nesta escala. Escores baixos são pessoas fáceis de lidar,

além de apresentarem baixa reatividade à raiva.

N3: Depressão

Altos escores estão predispostos a sentimentos de culpa, tristeza, desesperança e solidão. Eles

são facilmente desencorajados e freqüentemente desanimados. Baixos escores raramente

experienciam tais emoções, mas não são necessariamente alegres e despreocupados, pois

essas características estão associadas com Extroversão.

N4: Embaraço/Constrangimento

Indivíduos que se constrangem facilmente, ficam desconfortáveis ante outras pessoas, são

sensíveis ao ridículo e tendem a se sentir inferiores. Essa faceta aproxima-se da timidez. Os

baixos escores não necessariamente são seguros de si ou têm boas habilidades sociais; eles

simplesmente são menos perturbados por situações sociais incômodas.

N5: Impulsividade

Desejos (p. ex.: comida, tabaco, possessões) são percebidos como sendo tão fortes que o

indivíduo com alto escore não consegue resistir a eles, apesar de poder se arrepender posterior-

mente de seu comportamento. Baixos escores acham fácil resistir a tais tentações, tendo uma

alta tolerância à frustração.

N6: Vulnerabilidade

A faceta final de N é a vulnerabilidade ao estresse. Indivíduos que têm altos escores nessa

escala sentem-se incapazes de lidar com o estresse, tornando-se dependentes,

desesperançosos ou entram em pânico quando enfrentam situações de emergência. Os baixos

escores se percebem como sendo capazes de conduzir-se em situações difíceis.

Facetas de Extroversão (E - Extmversion)

E1: Acolhimento

As pessoas acolhedoras são afetuosas e amigáveis. Elas genuinamente gostam das pessoas e

facilmente formam vínculos próximos com os outros. Escores baixos não são hostis nem

necessariamente sem compaixão, mas são mais formais, reservados e distantes que os escores

altos. Essa faceta é a que mais se aproxima de A.

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E2: Gregarismo

Pessoas gregárias desfrutam da companhia dos outros, e quanto mais melhor. Escores baixos

nessa escala tendem a ser pessoas solitárias que não procuram - ou mesmo evitam ativamente

- a estimulação social.

E3: Assertividade

Altos escores nesta escala são dominantes, vigorosos e ascendentes socialmente. Falam sem

excitação e freqüentemente se tornam líderes de grupos. Os escores baixos preferem se manter

em segundo plano e deixar os outros aparecerem e falarem.

E4: Atividade

Um alto escore é visto em pessoas agitadas, ágeis e dinâmicas, no sentido de energia e vigor e

com uma necessidade de se manterem ocupadas. Pessoas ativas levam vidas de ritmo rápido.

Os baixos escores são mais vagarosos e calmos, apesar de não serem necessariamente lerdos

ou preguiçosos.

E5: Busca de sensações

Altos escores nessa escala anseiam por excitação e estimulação. Gostam de cores brilhantes e

ambientes barulhentos. Escores baixos sentem pouca necessidade de emoções/excitações

fortes e preferem um estilo de vida considerado pelos altos escores como "entediante".

E6: Emoções positivas

Altos escores nessa escala riem com facilidade e freqüentemente são alegres e otimistas.

Baixos escores não são necessariamente infelizes; eles são apenas menos exuberantes e

menos bem humorados.

Facetas de Abertura (O - Openness)

Segundo Costa e McCrae (1992a), convencionalmente as facetas de O são designadas a cobrir

aspectos ou áreas de experiências para as quais o indivíduo está aberto. Portanto, uma pessoa

com alto escore na escala de Fantasia deleita-se com novas, ricas e variadas experiências em

seu mundo de fantasias, ou um alto escore na escala de idéias desfruta de novas experiências,

ricas e variadas, em sua vida intelectual. Nas publicações, o termo "abertura a..." é

freqüentemente expresso. Por exemplo, McCrae e Costa (1989a, p. 32) escreveram que "o

MBTI (Myers-Briggs Type Indicator) escala TF... foi diretamente relacionado a Abertura a

Sentimentos".

O1: Fantasia

Indivíduos que têm abertura à fantasia deva-neiam não apenas como uma forma de escape,

mas como uma maneira de criar para si mesmos um mundo interno interessante. Eles elaboram

e desenvolvem suas fantasias e acreditam que a imaginação contribui para uma vida rica e

criativa. Baixos escores são mais prosaicos e preferem manter suas mentes em tarefa

concretas.

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O2: Estética

Altos escores nessa escala são movidos pela poesia, absorvidos pela música e intrigados pela

arte. Não necessariamente possuem talentos artísticos, nem sempre são aquelas a quem as

pessoas consideram de "bom gosto"; mas, para muitos deles, seu interesse nas artes os leva a

desenvolver um conhecimento e uma apreciação mais amplos do que o indivíduo médio. Baixos

escores são relativamente insensíveis e desinteressados em arte e beleza.

O3: Sentimentos

Altos escores experienciam estados emocionais mais profundos e diferenciados assim como

sentem felicidade e infelicidade mais intensamente que outras pessoas. Baixos escores são um

tanto embotados afetivamente e não acreditam que estados emocionais possuam muita

importância.

O4: Ações variadas

Altos escores nesta escala preferem novidade e variedade à familiaridade e rotina. Com o tem-

po, podem se engajar em uma série de atividades diferentes. Escores baixos acham difícil

mudar e preferem se manter com a segurança do já conhecido.

O5: Idéias

Altos escores apreciam tanto argumentos filosóficos quanto desafios mentais. Abertura a idéias

não implica necessariamente inteligência alta, apesar de que ela pode contribuir para o

desenvolvimento de potencial intelectual. Baixos escores na escala têm curiosidade limitada e,

se altamente inteligentes, focam seus recursos estritamente em tópicos limitados.

O6: Valores

Indivíduos fechados tendem a aceitar a autoridade e honrar tradições e, como conseqüência,

são geralmente conservadores, independentemente do partido político a que pertençam.

Abertura a valores pode ser considerada oposta ao dogmatismo.

Facetas de Amabilidade

A1: Confiança

Pessoas com altos escores estão dispostas a acreditar que os outros são honestos e bem in-

tencionados. Baixos escores nessa escala tendem a ser cínicos e céticos e assumem que os

outros podem ser desonestos e perigosos.

A2: Franqueza

Indivíduos com altos escores são francos, sinceros e ingênuos. Baixos escores estão mais

dispostos a manipular e enganar os outros por meio de adulação ou astúcia. Eles vêem essas

táticas como habilidades sociais necessárias e podem considerar as pessoas francas como in-

gênuas. Quando se interpreta essa escala (assim como também as outras facetas de A e C), é

de especial importância lembrar que os escores refletem uma posição relativa a outros

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indivíduos. Um baixo escore nessa escala é mais provável de adaptar a verdade ou ser

comedido em expressar seus sentimentos verdadeiros, mas não se deve interpretar que a

pessoa é desonesta ou manipuladora. Particularmente, essa escala não deve ser considerada

como uma escala de avaliação da mentira, seja para fins de validar o próprio teste ou para fazer

predições a respeito da honestidade no emprego ou em outros locais.

A3: Altruísmo

Altos escores nessa escala dão importância ao bem-estar dos outros e assim demonstram

espontaneamente generosidade, consideração e disposição para assistir aqueles que precisam

de ajuda. Baixo escores nessa escala são autocentra-dos e relutantes em se envolver nos

problemas alheios.

A4: Complacência

Altos escores tendem a deferir, inibir a agressão, perdoar e esquecer. Geralmente as pessoas

são dóceis e meigas. Escores baixos são agressivos, preferem competir a cooperar e não

relutam em expressar raiva quando necessário.

A5: Modéstia

Altos escores nessa escala são humildes e apagados, apesar de não necessariamente lhes

faltar autoconfiança e auto-estima. Baixos escores acreditam que são pessoas superiores e

podem ser consideradas presunçosas e arrogantes pelos outros. A falta patológica de modéstia

é parte da concepção clínica de narcisismo.

A6: Sensibilidade

Altos escores agem sempre considerando as necessidades alheias e enfatizam o lado humano

das políticas sociais. Baixos escores são mais impiedosos e menos movidos pela compaixão.

Eles considerariam a si mesmos realistas por tomar decisões racionais baseadas em uma lógica

fria.

Facetas de Conscienciosidade

(C - Conscientiousness)

C1: Competência

Altos escores nessa escala se sentem bem preparados para lidar com a vida. Baixos escores

têm uma opinião mais desfavorável sobre suas habilidades e admitem que muitas vezes são

despreparados e inaptos.

C2: Ordem

Altos escores nessa escala são arrumados e bem organizados. Eles mantêm as coisas em seus

próprios lugares. Baixos escores são incapazes de serem organizados e se descrevem como

não metódicos. Levada aos extremos, alta Ordem pode contribuir para um Transtorno de

Personalidade Compulsiva.

C3: Senso do dever

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FRANCO, FERNANDA MARIA (2007). Dissertação de mestrado ; manual NEO PI-R

Altos escores nessa escala mantêm-se fiéis estritamente aos seus princípios éticos e

escrupulosamente cumprem suas obrigações morais. Baixos escores são mais casuais quanto a

esses aspectos e podem ser menos confiáveis.

C4: Esforço por realizações

Altos escores nessa faceta têm níveis de aspiração mais altos e trabalham duro para alcançar

seus objetivos. São diligentes e determinados e têm um senso de direção na vida. Escores

muito altos, contudo, podem investir muito em suas carreiras e tornar-se viciados em trabalho.

Baixos escores são distraídos e talvez preguiçosos. Não são motivados para o sucesso. Falta-

lhes ambição e podem parecer sem rumo, mas muitas vezes estão perfeitamente contentes com

seus baixos níveis de realização.

C5: Autodisciplina

Altos escores têm a habilidade de motivarem a si mesmos para terminar um trabalho. Baixo

escores procrastinam o começo de uma tarefa doméstica, são facilmente desencorajados e

anseiam por desistir. Essa faceta não deve ser confundida com a Impulsividade. As pessoas

altas em Impulsividade não conseguem resistir a fazer aquilo que não desejam fazer; enquanto

pessoas com baixa autodisciplina não podem se forçar a fazer aquilo que gostariam de fazer. A

primeira requer estabilidade emocional e a segunda necessita um grau maior de motivação.

C6: Ponderação

Tendência a pensar cuidadosamente antes de agir. Altos escores nessa faceta são cuidadosos

e deliberadores. Baixos escores são apressados e freqüentemente falam ou agem sem

considerar as conseqüências. Na melhor das hipóteses, escores baixos são espontâneos e

capazes de tomar decisões súbitas quando necessário.

Administração

O NEO PI-R pode ser administrado em grupos ou individualmente. O ambiente de aplicação

deve ser confortável e livre de distrações, com iluminação adequada, uma mesa com cadeira e

um lápis. Se o respondente usa óculos, o aplicador deve certificar-se de que ele o esteja usando

enquanto responde ao teste. O examinador deve motivar o avaliando na tarefa de responder a

todos os itens do teste. Com isso, objetiva-se reduzir a possibilidade de respostas em uma

mesma direção ou respostas aleatórias aos itens. Se isso ocorrer, poderá haver anulação do

protocolo.

Orientações para aplicação

Disponibilize ao respondente o livreto de exercício com os itens, a folha de respostas e um lápis.

Solicite que leia as instruções para responder ao NEO PI-R e que preencha os dados de identifi -

cação requeridos na folha de respostas.

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FRANCO, FERNANDA MARIA (2007). Dissertação de mestrado ; manual NEO PI-R

Após o respondente ter preenchido os dados de identificação e lido as instruções, pergunte se

ele tem alguma dúvida. Quando todas as dúvidas tiverem sido respondidas, peça ao

respondente que vá para a próxima página e comece. Não existe limite de tempo para o

preenchimento do teste. A maioria dos respondentes, na amostra brasileira, demorou por volta

de 45 a 60 minutos. Em geral, observou-se que quanto maior era o nível de instrução, menor era

o tempo de leitura e resposta.

Procedimentos alternativos de administração

Na versão americana, é permitido que os respondentes preencham o questionário em casa.

Essa prática não é encorajada no Brasil, pois é de conhecimento dos pesquisadores, e dos

clínicos em geral, o baixo índice de devolução de questionários ou a devolução de questionários

incorretamente respondidos. No entanto, pode acontecer de algum respondente solicitar o

preenchimento fora da visão do aplicador (p. ex.: dificuldade do paciente em locomover-se até o

local do avaliador). Nesse caso, o profissional é responsável pela proteção da integridade do

teste.

Também é possível ocorrer que algum respondente tenha baixa visão ou, por alguma razão, ter

problemas de leitura (p. ex.: dislexia). Nesses casos, permite-se que o examinador leia os itens

do instrumento em voz alta e marque as respostas na folha pelo examinando. No entanto, o

aplicador deve estar atento a qualquer evidência de desconforto, desejabilidade social ou

aquiescência do respondente.

Orientações para pontuação e correção

A) Respostas perdidas

Examine a folha de respostas e esteja certo de que apenas uma resposta foi dada a cada item.

Se encontrar itens não respondidos, peça ao respondente que complete o teste. Em situações

de aplicação coletiva, se o respondente não compreendeu o significado do item ou não está

certo quanto à resposta, sugira que ele marque a opção Neutro.

Se o respondente deixou de responder a algum item e não está disponível ao examinador, este

deve determinar se os dados são válidos para pontuação e interpretação. Nesse sentido, é mui-

to importante que o avaliador leve em conta os seguintes critérios para considerar um protocolo

como inválido:

1. 41 ou mais dos itens sem resposta, mesmo que alternadamente. Se estiverem sem resposta

menos de 41 itens, eles devem ser marcados como neutros.

2. Na ausência de mais de 3 respostas em cada escala, as facetas individuais devem ser

interpretadas com ressalvas. Em caso de pesquisas com amostras amplas, a média do grupo

para um item pode ser acrescentada ao item perdido.

B) Verificação da validade das respostas Itens de lembrete

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FRANCO, FERNANDA MARIA (2007). Dissertação de mestrado ; manual NEO PI-R

Os itens A e B apresentados na folha de respostas servem para checar a validade e ajudam a

certificar-se de que o respondente fez o teste completo e acuradamente.

Os itens A e B, perguntam se o sujeito respondeu a todos os itens e se respondeu nos locais

corretos. O objetivo é lembrá-lo de completar os itens deixados em branco e de checar se as

suas respostas foram marcadas corretamente. Se o respondente respondeu "Não" ao item A, o

examinador deve explorar as razões para ter deixado as respostas em branco e ver as

instruções para respostas perdidas. A resposta "Não" ao item B indica distração ao fazer o teste

e normalmente invalida os resultados. O examinador pode discutir com o respondente os

motivos da resposta para determinar se os dados são válidos.

Aquiescência

Todas as escalas do NEO PI-R foram construídas de forma a controlar o efeito da "aquies-

cência" (tendência à anuência). Para controlar a aquiescência, conte o número de "Concordo" e

"Concordo Fortemente". Em uma ampla amostra de voluntários americanos (Costa, McCrae &

Dye, 1991), 99% dos respondentes concordaram com até 150 itens. No Brasil, observou-se que

94,8% da amostra concordaram com até 150 itens. Portanto, se aparecerem mais de 150

"Concordo" e/ou "Concordo Fortemente", o teste deve ser interpretado com cautela, pois uma

forte aquiescência pode ter influenciado os resultados.

Tendência a discordar

É contrária à aquiescência e é indicada por um pequeno número de respostas "Concordo" e

"Concordo Fortemente". Para identificar essa tendência, deve-se contar o número de respostas

afirmativas. Aproximadamente 1% de uma amostra de voluntários americanos (Costa, McCrae &

Dye, 1991) concordou com até 50 itens. No Brasil, somente 0,2% da amostra concordou com

até 50 itens. Portanto, se o respondente concordar com menos de 50 itens, o teste deverá ser

interpretado com cautela.

Respostas aleatórias

Ocasionalmente, os respondentes podem não ser cooperativos e responder aos itens de forma

descuidada e aleatória, principalmente quando a aplicação é feita de forma coletiva e fora do

contexto de avaliação (p. ex.: durante o ensino do instrumento a alunos de psicologia). Isso

acontece mais comumente quando o examinador não oferece uma explanação suficiente acerca

da proposta da testagem. Sujeitos pouco interessados podem responder ao acaso para

terminarem mais rápido o teste. O examinador pode evitar esse problema certificando-se de que

o teste seja apresentado de forma a motivar o respondente.

As respostas aleatórias podem ser avaliadas visualmente. Para tanto, verifica-se se existe uma

mesma opção de resposta ao longo de vários itens consecutivos. Costa e McCrae (1992a)

relacionam os critérios para invalidar a pontuação e a interpretação formal do NEO PI-R. Eles

são:

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FRANCO, FERNANDA MARIA (2007). Dissertação de mestrado ; manual NEO PI-R

1. 6 ou mais respostas consecutivas "Discordo Fortemente" (na amostra brasileira apenas 0.6%

da amostra apresentou essa situação);

2. 9 ou mais respostas consecutivas "Discordo" (na amostra brasileira apenas 0.7% da amostra

apresentou essa situação);

3. 10 ou mais respostas consecutivas "Neutro" (na amostra brasileira apenas 0.8% da amostra

apresentou essa situação);

4. 14 ou mais respostas consecutivas "Concordo" (na amostra brasileira apenas 0.1% da

amostra apresentou essa situação);

5. 9 ou mais respostas consecutivas "Concordo Fortemente" (na amostra brasileira apenas 0.2%

da amostra apresentou essa situação).

AVALIAÇÃO DO TESTE

Para avaliar o teste proceda da seguinte maneira:

1. Instale o Crivo de Correção Informatizado no computador.

2. Coloque a chave que acompanha o software do Crivo de Correção Informatizado em uma

porta USB do computador.

1. Inicialize o Crivo de Correção Informatizado.

3. Verifique as licenças disponíveis, escolha a opção NEO PI-R e clique em EXECUTAR.

2. Aparece a tela de Cadastro do Candidato.

4. Preencha os dados solicitados e clique em SALVAR.

5. Selecione o nome da pessoa a ser avaliada e clique em DIGITAR.

6. Uma tela com a folha para transcrever as respostas será aberta.

7. Ao finalizar a transcrição clique em RESULTADOS.

8. O sistema pede a confirmação dos dados (verifique se não há nada a ser corrigido, caso

esteja tudo correto clique em SIM).

9. O sistema mostra a tela de Configuração do Relatório.

10. Clique em Tabela, depois em Gráfico para selecionar as opções de visualização.

11. Clique em Visualiza Relatório e depois em imprimir. Para maiores informações sobre o Crivo

Informatizado, consulte o Manual do software que acompanha o produto.

O avaliador não deve esquecer nunca de verificar a validade das respostas. Deve consultar

antes de transpor para a folha de avaliação informatizada o item Orientações para pontuação e

correção.

Estabelecimento de perfis

Quando você avalia o Neo-PI-R, utilizando o Crivo de Correção Informatizado, depois de

preencher a folha de avaliação que aparece na tela, basta você clicar no botão Resultado e

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FRANCO, FERNANDA MARIA (2007). Dissertação de mestrado ; manual NEO PI-R

ajustar as configurações do relatório (tipo de tabela e gráfico), que terá um perfil miniaturizado

do teste, já com os escores T.

Orientação para elaboração dos perfis

Se o perfil fornecido pela avaliação através do Crivo de Correção Informatizado e miniaturizado

não lhe agradar visualmente, você poderá obter um perfil de mais fácil visualização

transportando os dados para as folhas de perfil comercializadas opcionalmente pela Vetor. ,

Existem quatro tipos de folhas opcionais: três de perfis, além de uma de síntese dos resultados.

As folhas de perfis, nas quais já estão impressos os escores T, percentil e zona de classificação,

estão dispostas em Normas para Adultos do Sexo Feminino, Normas para Adultos do Sexo

Masculino e Normas Gerais para Adultos.

O perfil miniaturizado obtido através da impressão dos resultados do teste mostra-se mais útil

quando você trabalha na área de RH avaliando pessoas, cujos resultados precisam ser mais

rápidos.

Orientações para interpretação

Para interpretar os resultados do NEO PI-R, o profissional precisa estar familiarizado com os

fundamentos da testagem psicológica, conhecer as razões teóricas e empíricas do modelo CGF

(sugerem-se as leituras nacionais listadas nas referências bibliográficas), saber o que a escala

mede e as implicações para o funcionamento psicológico do indivíduo, além de ser competente

em integrar os escores das escalas dentro de um perfil significativo.

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