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Unidade de Educação a Distância

Estudos orientados - Língua Portuguesa

Autoras: Gleides Ander Nonato Mírian Lúcia Brandão Mendes

BELO HORIZONTE / 2013

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Disciplina: Estudos Orientados – Língua Portuguesa

Autoras: Gleides Ander Nonato Mìrian Lúcia Brandão Mendes

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ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

REITOR

JOAO PAULO BARROS BELDI

VICE-REITORA JULIANA SALVADOR FERREIRA DE MELLO

COORDENAÇÃO GERAL SINARA BADARO LEROY

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO

AUXILIAR PEDAGÓGICO

FABÍOLA MARIA FERREIRA MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA

DESIGNER INSTRUCIONAL JUCÉLIA SOARES COELHO

EQUIPE DE WEB DESIGNER CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR

FILIPE AFONSO CALICCHIO SOUZA GABRIELA SANTOS DA PENHA

LUCIANA REGINA VIEIRA

REVISORA DE TEXTO MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO

SECRETARIA

LUANA DOS SANTOS ROSSI MARIA LUIZA AYRES

MONITORIA

ELZA MARIA GOMES

AUXILIAR ADMINISTRATIVO MARIANA TAVARES DIAS RIOGA

THAYMON VASCONCELOS SOARES

AUXILIAR DE TUTORIA FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS

MIRIÃ NERES PEREIRA VANESSA OLIVEIRA BARBOSA

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Legenda

Nosso Tema

Síntese

Referências Bibliográficas

Saiba mais

Reflexão

Material complementar

Atividade

Dica

Importante

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Sumário

Unidade 1: Leitura e escrita no Ensino Superior ........................................................ 9

Unidade 2: Gêneros textuais ............................................................. .......................28

Unidade 3: A organização do texto ..........................................................................46

Unidade 4: A coerência e coesão textuais ...............................................................60

Unidade 5: Produção de texto ..................................................................................84

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Nosso Tema

Prezado (a) aluno (a),

Com o propósito de oferecer um Ensino Superior de qualidade, a Coordenação Geral dos Cursos de

EaD do Centro Universitário Newton, com o apoio institucional, elaborou a disciplina “Estudos

Orientados em EaD – Língua Portuguesa”, especialmente dirigida a você, que está ingressando no

Ensino Superior, tendo em vista enriquecer seu desempenho nas atividades ligadas à Língua

Portuguesa.

Visa a uma formação mais coerente com as necessidades do mercado, pois, comunicar-se de forma

precisa é fundamental nas mais diversas atividades, seja na elaboração e exposição de projetos, até

mesmo na participação em processos seletivos.

Você sabe, certamente, que as questões de Conhecimentos Gerais do Enade compreendem o

conhecimento da nossa língua, além disso, mesmo na parte específica, as técnicas de interpretação,

sumarização e redação auxiliam a compreensão das questões e, também, o desenvolvimento das

respostas.

Clique no link a seguir e veja esta reportagem que mostra como

candidatos perdem vagas por erros de português!

http://g1.globo.com/bom-dia-

brasil/noticia/2012/04/pesquisa-revela-que-candidados-perdem-vaga-por-erros-

de-portugues.html

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Fique atento (a) para o que se segue. Nesta disciplina, como você vai perceber, as atividades

ocorrerão por meio do Portal Universitário, são obrigatórias e serão avaliadas para que você sinta o

seu progresso ao realizá-las.

Queremos participar de seu sucesso, mas sabemos que não há receitas mágicas e conselhos

infalíveis para a escrita de um bom texto. Entretanto, é fato que quem lê melhor aprende a pensar

melhor e a escrever com mais espontaneidade. Por isso acreditamos, também, que muito pode

ser aperfeiçoado nesse sentido. Por esta razão, a nossa proposta é provocar você, jovem graduando,

para uma reflexão sobre a leitura e o texto escrito.

Contamos com você nesta caminhada. Estaremos sempre junto de você e torcendo por seu sucesso !

Qualquer dúvida, entre em contato com a monitoria.

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Reflexão

Para iniciar, gostaríamos de levar você a refletir sobre a leitura respondendo a algumas perguntas .

Como se deu a sua formação enquanto leitor?

Quanto do seu tempo é reservado para a leitura?

Você gosta de ler?

Qual é sua leitura preferida? Como você vê a leitura na sociedade?

Você acha que a leitura pode modificar a vida de alguém?

E, então, o que você concluiu? Veja: o indivíduo não pode ser completo quando ele não sabe ler e

interpretar as situações que o rodeiam. Leitura não significa simplesmente decifrar o que os textos

nos apresentam, é muito mais. Significa perceber tudo que acontece no nosso cotidiano: as

conversas entre amigos, a fala do professor, a interpretação de um filme, entre várias outras

situações.

Pesquisas mostram que a pessoa que não possui o hábito da leitura, quando lê sente dificuldade

para fazer uma análise, apresenta menos facilidade para se relacionar, se expressar no convívio

social e profissional, além de tornar-se pobre de vocabulário. Ainda que quanto mais pratiquemos a

leitura mais informações estão a nossa disposição , imperioso se faz continuar essa busca incessante

pelo conhecimento, por abrir horizontes. A leitura deve tornar-se hábito, vício, deleite, e prazer, visto

que ela favorece o pensar, o querer e o sentir. A leitura estimula, inspira e provoca a inteligência.

A arte de ler e escrever foi durante muitos anos

monopólio sagrado de pequenas elites. Por volta de

1750, no amanhecer da Revolução Industrial, haviam

decorrido quase 5 mil anos sobre o aparecimento dos

primeiros rudimentos da arte da escrita. Contudo, mais

de 90% da população mundial não tinham acesso a

essa arte. A leitura não era domínio de todas as

pessoas, apenas uma minoria privilegiada podia

desvendar o mistério dos símbolos que envolvem as

letras e a escrita. Fonte: Disponível em: http://verdadeumfato.blogspot.com.br/2010/06/verdade-sobre-biblia.html Acesso em: 29/07/2013

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Hoje, porém, a leitura é considerada um dos meios mais eficazes para o desenvolvimento da

aprendizagem permitindo romper barreiras educacionais.

O cidadão é alguém que chega à vida adulta capacitado a ler e entender manuais, embalagens de

produtos, relatórios, poesias, formulários, gráficos, tabelas, artigos de jornal e todas as outras formas

da escrita cotidiana.

Que técnico não necessita ler um

manual ao instalar uma máquina; a

dona de casa, ao instalar um

aparelho eletrônico; a criança, ao

contato com o vídeo game? Existe até

a necessidade de nos informarmos

com as bulas contidas nos

medicamentos. Assim, nada justifica a

ausência de leitura, pois, em nosso

cotidiano, ela está presente em todos

os momentos.

A Internet trouxe-nos uma oportunidade ímpar, pois ela faz com que naveguemos por diversos

assuntos enriquecendo-nos e proporcionando-nos a capacidade de análise, comparações e

conclusões.. Com ela, a leitura chega mais facilmente a nossos lares, os livros estão mais acessíveis

e as informações chegam mais rapidamente ao nosso conhecimento.

As páginas que se seguem levarão você a perceber melhor a importância da leitura e da escrita.

Então, vamos começar?

Fonte: Disponível em: http://f.i.uol.com.br/folha/informatica/images/08351342.jpg Acesso em: 30/07/2013

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Unidade 1: Leitura e Escrita no Ensino Superior “Além de saber ler é necessário saber o que se está lendo. [...] Cria-se um leitor quando, depois de

aprender a ler o que está escrito, aprende-se a ler o não está.”

(Marina Colasanti)

1. Conteúdo Didático

Nesta unidade, estudaremos a importância da Leitura e da Escrita no Ensino Superior. Veremos que

a compreensão de sentido dependerá dos conhecimentos prévios que você tem sobre o assunto que

está sendo lido. É sobre esse processo de produção de sentido na leitura que falaremos no item

seguinte. Acompanhe.

1.1 Leitura, inferências, apreensão e compreensão de sentido.

Sem dúvida, a leitura intensa e criativa põe em ação os sentimentos, a vontade, a memória, a

imaginação e a inteligência, mas para adentrar em um universo de conhecimento é preciso

concentrar-se, abrir o livro com dedicação e disposição para dedicar-se à leitura. No Ensino Superior,

você irá entrar em contato com diversos textos científicos que exigirão uma boa dose de

Fonte: Disponível em: http://leiturarecomendada.blogspot.com Acesso em 17/07/2013

Fonte: Disponível em: http://src.odiario.com/Imagem/2013/04/24/m_leitura-cartazaberto-4-custon.jpg Acesso em:27/07/2013

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concentração e dedicação. Essas o (a) ajudarão a compreender e interpretar os mais diversos tipos

de textos.

Entretanto, é importante que a leitura seja feita com um lápis ou uma caneta nas mãos. Tudo que não

for bem decifrado, ou que agrade a você, merece ser sublinhado, enfatizado, anotado, pois anotar é

guardar. Aquela citação que nos chama a atenção merece ser lembrada quando precisamos das

palavras certas para concordar ou discordar de algo. Além disso, anotar torna a leitura reflexiva e útil,

pois, quando nos faltar a inspiração, bastará nos lembrarmos daquela passagem que foi devidamente

destacada ou das boas ideias que foram registradas em nosso arquivo de anotações para aproveitá-

las. Se você procurar biografias de grandes pensadores e escritores, dificilmente encontrará algum

que não tenha mantido um “diário de pesquisa” ou anotações.

Mas como compreender melhor um livro ou um texto escrito?

Compreender um livro, um texto ou um autor consiste em ler com tranquilidade captando os conceitos

fundamentais.

Leia o texto, a seguir, que lhe dará um passo a passo para você realizar uma leitura eficiente.

Em qualquer tipo de leitura, há por trás um propósito.

Se você se depara com um texto acadêmico, seu objetivo é definido pelo seu propósito. Geralmente, um entendimento mais detalhado do texto lhe é exigido. Mas, em linhas gerais, há certas estratégias para se fazer uma leitura eficiente de qualquer texto.

Definido o objetivo ou propósito da leitura, tente seguir estas indicações abaixo: 1ª : VISÃO DE TODO - LEITURA CORRIDA/SUPERFICIAL

• Observe o leiaute do texto, títulos, imagens, subtítulos, autoria, ou seja, elementos periféricos do texto, mas que têm importância para compreendê-lo.

• Tente ler o texto sem preocupações, com o simples objetivo de perceber a

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temática do texto. • Pergunte-se: "De que trata o texto? Ele é relevante para meus propósitos?"

2ª : VISÃO DAS PARTES - LEITURA ANALÍTICA

• Tente detectar as ideias chaves do texto: tese [ponto de vista do autor], objetivos, argumentos de defesa, exemplo.

• Tente extrair as ideias principais de cada parágrafo, separando-as das secundárias.

• Sublinhe as partes principais.

3ª : VISÃO SINTÉTICA - RECONSTRUÇÃO DA LEITURA

• Releia as partes sublinhadas. Cada parte deve estar organizada de modo a constituir-se em uma unidade de sentido.

• Monte um texto/resumo com as partes sublinhadas utilizando conectivos e acrescentando palavras coesivas para ligar cada ideia do texto.

• (Re) Leia o seu texto/resumo e compare com o original.

Obedecendo a essas três etapas de leitura, seu entendimento melhorará a cada dia.

Fonte: Disponível em: http://aprendaaestudar.blogspot.com.br/2009/04/estrategias-para-um-leitura-eficiente.html Acesso em: 26/07/2013

Ajuda muito, também, se você ler outros livros do mesmo autor, observando, na teoria, a linha de

raciocínio que ele segue. A leitura conduz ao pensamento e o pensamento conduz à escrita.

É preciso ler para compreender e, para que a compreensão ocorra, devemos ser capazes de

estabelecer associações desse texto do momento com outros já lidos, por isso a compreensão é

também um exercício de convivência sociocultural. Segundo Ângela Kleiman (2004, p. 14),

A concepção hoje predominante nos estudos de leitura é a de leitura como prática social, que na linguística aplicada, é subsidiada teoricamente pelos estudos do letramento, nessa perspectiva, os usos da leitura estão ligados à situação; são determinados pelas histórias dos participantes, pelas características das instituições em que se encontram, pelo grau de formalidade ou de informalidade da situação, pelo objetivo da atividade de leitura, diferindo segundo o grupos social.

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Por essa visão da autora, nota-se que, atualmente, a leitura vem sendo tratada em um novo contexto

teórico que considera as práticas sob um aspecto crítico e voltado para atividades, sobretudo,

sociointerativas.

De maneira geral, podemos dizer que compreender é decodificar e inferir. Para compreender,

partimos dos conhecimentos trazidos pelo texto e dos conhecimentos pessoais para inferir um sentido

como produto de nossa leitura. Compreender um texto é realizar inferências a partir das informações

dadas no texto e situadas em contextos mais amplos. Desse modo, pode-se dizer que as inferências

são aquelas informações que o leitor adiciona ao texto. Não podemos deixar de destacar a sua

participação ativa, enquanto leitor, para que surja a compreensão do texto.

É importante que você apure sua sensibilidade e sua inteligência de leitor para desenvolver a

capacidade de escrever. Para isso é necessário:

• ler identificando as ideias do texto;

• ler percebendo o tipo de texto que está sendo lido e o modo como foi organizado;

• ler estabelecendo relações entre o que estamos lendo e o que pensamos;

• ler tirando conclusões sobre o que lemos.

Depois de ter aprendido alguns pontos chave para uma leitura eficiente, vamos falar sobre a

escrita, acompanhe.

Os conhecimentos prévios exercem uma influência muito grande para compreendermos um texto. São estes os conhecimentos responsáveis pela nossa compreensão:

• Conhecimentos linguísticos;

• Conhecimentos factuais (enciclopédicos);

• Conhecimentos específicos (pessoais);

• Conhecimentos de normas (institucionais, culturais, sociais);

• Conhecimentos lógicos (processos).

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1.2. Escrita no Ensino Superior Sabemos que a escrita é fundamental para o

exercício de várias profissões. Você já deve ter

passado por alguma situação em que precisou

elaborar uma redação no trabalho, ou se

comunicar com outras empresas, a partir da

modalidade escrita, de forma clara.

No entanto, para muitos, o ato de escrever não é agradável, pois a pouca ou total ausência da escrita

foi uma das lacunas deixadas pelos ensinos fundamental e médio. Contudo, no ensino superior, a

produção de textos deve fazer parte da rotina acadêmica. Após a leitura de um poema, de um trecho

de um romance, de um texto científico, de uma reportagem, ou de um debate, você deve se sentir

estimulado a elaborar um texto sobre o tema sugerido.

Escrever é parte inerente ao universitário e não costuma

ser tarefa fácil para ninguém. Normalmente, as pessoas

"sofrem" muito quando têm que colocar suas ideias no

papel.

Durante muitos anos, o ensino da língua não se destinou

à produção, à leitura e à interpretação de textos, mas se

limitou a exigir do aluno as nomenclaturas gramaticais,

uma vez que essas são exigidas pelas provas e

concursos em geral. O resultado de tal postura foi um

universitário que, muitas vezes, mal sabe escrever e, o

pior, que pode passar quatro anos na universidade sem

sabê-lo.

A sociedade exige do profissional, seja ele engenheiro, advogado, jornalista, dentista ou professor, a

capacidade de passar para o papel os seus estudos, divulgando assim o seu trabalho. Escrever

significa comunicar-se e todos sabem que, nas empresas e instituições, a comunicação se faz, muito

mais, por meio da modalidade escrita do que da oral. Para isso, são necessários conhecimentos

específicos da elaboração da redação, como veremos mais à frente na nossa disciplina.

Fonte: Disponível em: http://blogassuntosdiversos.blogspot.com.br/2012/02/escrevendo-so-por-escrever.html Acesso em: 30/07/2013

Fonte: Disponível em: http://www.revistadigital.com.br/wp-content/uploads/2012/06/vest.jpg Acesso em: 30/07/2013

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No Ensino Superior, além das leituras de textos científicos, você, também, produzirá textos

acadêmicos (resenha, resumo, artigo científico, relatórios, entre outros), cada um com características

próprias. Nas unidades que se seguem, falaremos sobre a construção e as particularidades desses

textos. Para o momento, é importante você saber que, ao redigir um texto, é necessário considerar a

intencionalidade, pois, de acordo com a intenção toda a estrutura do texto se modifica.

Vamos saber mais sobre esse assunto no próximo item.

1.2 Linguagem como manifestação do pensamento e os diferentes tipos de textos

A linguagem é a atividade humana que, nas representações de mundo que constrói, revela aspectos

históricos, sociais e culturais. É por meio da linguagem que o ser humano organiza e dá forma às

suas experiências. Não há ação sem pensamento, assim, a linguagem passa a ser encarada como

forma de ação, ação sobre o mundo dotada de intencionalidade. O uso da linguagem ocorre na

interação social e pressupõe a existência de interlocutores1,mas, além do intuito comunicativo, a

1 Interlocutor: cada um dos participantes de um diálogo.

Fonte: Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/-LazZGve_m_U/TbEJ4-ThGiI/AAAAAAAAACk/WICg6fvAAss/s1600/linguagem.jpg Acesso em: 30/07/2013

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linguagem deve dar conta, também, das necessidades subjetivas, que se expressam nas palavras,

nos sentimentos, nas sensações, nas emoções.

São exemplos de diferentes linguagens utilizadas pelo ser humano: as línguas, a pintura, a dança, os

logotipos, os quadrinhos, os sistemas gestuais, entre outros. Toda produção cultural está fundada na

linguagem e materializada sob a forma de texto.

Você provavelmente está acostumado a ver a palavra texto. Mas sabe qual o seu conceito? Para entendê-lo, pense nas duas seguintes situações: 1) Você foi visitar um amigo que está hospitalizado e, pelos corredores, você vê placas com a palavra "Silêncio". 2) Você está andando por uma rua e vê um pedaço de papel, jogado no chão, onde está escrito "Ouro". Em qual das situações uma única palavra pode constituir um texto? Na situação 1, a palavra "Silêncio" está dentro de um contexto significativo por meio do qual as pessoas interagem: você, como leitor das placas, e os administradores do hospital, que têm a intenção de comunicar a necessidade de haver silêncio naquele ambiente. Assim, a palavra "Silêncio" é um texto. Na situação 2, a palavra "Ouro" não é um texto. É apenas um pedaço de papel encontrado na rua por alguém. A palavra "Ouro", na circunstância em que está, quer dizer o quê? Não há como saber. Mas e se a palavra "Ouro" estiver escrita em um cartaz pendurado nas costas de um daqueles homens que ficam nas esquinas do centro das cidades grandes que anunciam a compra de ouro? Aí sim, nessa situação, a palavra "Ouro" constitui um texto, porque se encontra num contexto significativo em que alguém quer dizer algo para outra pessoa (no caso, vender/comprar ouro) e, então anuncia isso. Texto é, então, uma sequência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma um todo que tem sentido para um determinado grupo de pessoas em uma determinada situação. O texto pode ter uma extensão variável: uma palavra, uma frase ou um conjunto maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de um contexto significativo para existir. Fonte: Disponível em: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/texto-voce-sabe-qual-o-conceito.htm Acesso em: 26/07/2013

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O texto representa o resultado material do ato de comunicação e de escolhas conscientes (ou

inconscientes) feitas pelo sujeito falante dentre as Categorias de língua e os Modos de organização

do discurso. Esses modos de organização do discurso são princípios de organização do material

linguístico, que se dá de acordo com certas finalidades.

Apesar de os discursos se caracterizarem pela sua heterogeneidade, ou seja, a homogeneidade

textual quase não existe, é possível classificar os textos de acordo com a predominância do discurso

que eles apresentam. A situação de comunicação é que determina a organização e a estrutura das

sequências linguísticas encontradas em cada texto. São quatro os modos principais de organização

do discurso que contribuem para construir textos:

Com relação ao sujeito produtor do texto, podemos dizer que ele ocupa o centro de uma situação de

comunicação que constitui um espaço de troca no qual ele se põe em relação com seu parceiro ou

interlocutor. Em uma situação de comunicação, utiliza, estrategicamente, categorias de língua

ordenadas nos modos de organização do discurso para produzir sentido, por meio da configuração de

um texto. Cada um desses modos de organização tem uma finalidade discursiva e um princípio de

organização. Agora, vamos analisar cada um deles:

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Modos de organização textual

Modo enunciativo:

Referente aos protagonistas, seres da fala, internos ao ato de linguagem. Essa categoria organiza a posição dos sujeitos da linguagem e testemunha a posição que o locutor mantém com seu interlocutor, com o que é dito em seu discurso e com a realidade exterior.

Modo descritivo:

Reconstrói e qualifica universos segundo códigos sociais e de acordo com a finalidade de comunicação na qual está inserida. Nomeação e qualificação são componentes da construção descritiva.

Modo narrativo:

Permite a construção de uma realidade a partir do desenrolar de ações sucessivas. A ordem narrativa é descrita em torno de relações conceituais entre tipos de fazer (do ponto de vista dos atores) e tipos de ser (de qualificação dos atores).

Modo argumentativo:

É um processo intersubjetivo que envolve um sujeito que desenvolve uma posição e outro que é alvo dessa argumentação. Para que essa persuasão ocorra, é necessário que eles compartilhem representações socioculturais. Procedimentos semânticos e discursivos funcionam para validar a argumentação. A argumentação nos proporciona um momento de criticidade, ou seja, por ela podemos ser leitores e espectadores na defesa de pontos de vista e, a partir dessa análise, verificarmos com qual nos identificamos melhor.

QUADRO 1 Fonte: Própria autora

Veja alguns exemplos desses tipos de texto para que você os conheça, caracterize e

identifique.

Exemplo de Texto Narrativo:

Conta a lenda que um velho funcionário público de Veneza noite e dia, dia e noite rezava

e implorava para que o seu Santo o fizesse ganhar sozinho na loteria cujo valor do

prêmio o faria realizar todos seus desejos e vontades. Assim passavam os dias, as

semanas, os meses e anos. E nada acontecia. Até que, no dia do Santo, de tanto que

seu fiel devoto chorava e implorava, o Santo surgiu do nada e, numa voz de desespero

e raiva, gritou: - Pelo menos, meu filho, compra o bilhete!!

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Exemplo de texto descritivo:

“A árvore é grande, com tronco grosso e galhos longos. É cheia de cores, pois tem o marrom, o verde, o vermelho das flores e até um ninho de passarinhos. O rio espesso

com suas águas barrentas desliza lento por entre pedras polidas pelos ventos e gastas

pelo tempo.”

Exemplo de texto argumentativo:

Uma nova ordem

Nunca foi tão importante no país uma cruzada pela moralidade. As denúncias que se

sucedem, os escândalos que se multiplicam, os casos ilícitos que ocorrem em diversos níveis da administração pública exibem, de forma veemente, a profunda crise moral por

que passa o país.

O povo se afasta cada vez mais dos políticos, como se estes fossem símbolos de todos os males. As instituições normativas, que fundamentam o sistema democrático, caem

em descrédito. Os governantes, eleitos pela expressão do voto, também engrossam a

caldeira da descrença e, frágeis, acabam comprometendo seus programas de gestão.

Para complicar, ainda, estamos no meio de uma recessão que tem jogado milhares de

trabalhadores na rua, ampliando os bolsões de insatisfação e amargura.

Não é de estranhar que parcelas imensas do eleitorado, em protesto contra o que veem

e sentem, procurem manifestar sua posição com o voto nulo, a abstenção ou o voto em branco. Convenhamos, nenhuma democracia floresce dessa maneira.

A atitude de inércia e apatia dos homens que têm responsabilidade pública os

condenará ao castigo da história. É possível fazer-se algo, de imediato, que possa acender uma pequena chama de esperança. O Brasil dos grandes valores, das grandes

ideais, da fé e da crença, da esperança e do futuro necessita, urgentemente, da ação

solidária, tanto das autoridades quanto do cidadão comum, para instaurar uma nova ordem na ética e na moral.

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Você sabia que os textos podem ser heterogêneos, como o romance, por exemplo, que é um texto

narrativo com vários trechos descritivos? Veja o exemplo abaixo:

O trecho que você leu pertence a um dos mais belos romances da nossa literatura romântica,

Iracema, de José de Alencar. Você deve ter percebido a presença das passagens narrativas e

descritivas no romance, o que confirma a heterogeneidade do texto. Desse modo, podemos dizer que

um mesmo texto pode conter passagens narrativas, descritivas e argumentativas.

Já com relação à intenção de comunicação, pode-se dizer que ela pode ser configurada em diversos

gêneros textuais: carta pessoal, e-mail, charge, publicidade, entre outras. Em nosso convívio social,

“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.

O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.

Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. [...]”

ALENCAR José de. Iracema.Rio de Janeiro: Ed. José Aguilar, 1959

Fonte: Disponível em: http://cristhianoaguiar.com.br/blog/wp-content/uploads/2012/10/iracema.jpg Acesso em: 29/07/2013

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deparamo-nos com esses vários gêneros textuais, cada um com suas particularidades, como você

poderá perceber na Unidade 2.

Chegamos ao final desta unidade, mas antes de avançar para a próxima, sugerimos que você visite

as nossas seções “Teoria na prática” e “Síntese”. Aproveite este momento para avaliar o seu

aprendizado e colocá-lo em prática.

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2. Teoria na Prática

As questões que se seguem são referentes ao texto abaixo. Leia-o, com atenção, e responda

corretamente:

a) Qual é o tipo textual que predomina neste texto? b) Quais são as personagens presentes?

c) O texto nos apresenta duas situações de comunicação com um interlocutor (personagem)

comum às duas. Identifique-as.

d) Qual o conteúdo da mensagem (oral e escrita) trocada entre os interlocutores na primeira

situação de comunicação?

O diretor do banco

E o homem, empurrado, apenas sentiu o empurrão. Caminhava absorto, mas contente, espraiando a alma, desabado de cuidados e fastios. Era o diretor de banco, o que acabava de fazer a visita de pêsames ao Palha. Sentiu o empurrão, e não se zangou; consertou o sobretudo e a alma, e lá se foi andando tranquilamente.

Convém dizer, para explicar a indiferença do homem, que ele tivera, no espaço de uma hora, comoções opostas. Fora primeiro à casa de um Ministro de Estado, tratar de requerimento de um irmão. O ministro, que acabava de jantar, fumava calado e pacífico. O diretor expôs atrapalhadamente o negócio, tornando atrás, saltando adiante, ligando e desligando as frases. Mal sentado, para não perder a linha do respeito, trazia na boca um sorriso constante e venerador; e curvava-se, pedia desculpas. O Ministro fez algumas perguntas; ele, animado, deu respostas longas, extremamente longas, e acabou entregando um memorial. Depois ergueu-se, agradeceu, apertou a mão ao Ministro, este acompanhou-o até à varanda. Aí fez o diretor duas cortesias, - uma em cheio, antes de descer a escada, - outra em vão, já embaixo, no jardim; em vez do ministro, viu só a porta de vidro fosco, e na varanda, pendente do teto, o lampião de gás. Enterrou o chapéu, e saiu. Saiu humilhado, vexado de si mesmo. Não era o negócio que o afligia, mas os cumprimentos que fez, as desculpas que pediu, as atitudes subalternas, um rosário de atos sem proveito. Foi assim que chegou à casa do Palha.

Em dez minutos, tinha a alma espantada e restituída a si mesma, tais foram as mesuras do dono da casa, os “apoiados” de cabeça, e um raio de sorriso perene, não contando oferecimentos de chá e charutos. O diretor fez-se então severo, superior, frio, poucas palavras; chegou a arregaçar com desdém a venta esquerda, a propósito de uma ideia do Palha, que a recolheu logo, concordando que era absurda. Copiou do Ministro o gesto lento. Saindo, não foram dele as cortesias, mas do dono da casa.

Estava outro, quando chegou à rua, daí o andar sossegado e satisfeito, o espraiar da alma devolvida a si própria, e a indiferença com que recebeu o embate do Rubião. Lá se ia a memória dos seus rapapés; agora o que ele rumina saborosamente são os rapapés de Cristiano Palha. (Machado de Assis. Quincas Borba)

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e) Caracterize os elementos espaço-temporais dessa narrativa, isto é, onde se passam os

acontecimentos da narrativa e por quanto tempo?

Leia o texto (e/ou escute a música) e responda, em seguida, às questões:

Cotidiano

Chico Buarque

Todo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode às seis horas da manhã,

Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã.

Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar E essas coisas que diz toda mulher.

Diz que está me esperando pro jantar E me beija com a boca de café.

Todo dia eu só penso em poder parar; Meio-dia eu só penso em dizer não,

Depois penso na vida pra levar E me calo com a boca de feijão.

Seis da tarde, como era de se esperar, Ela pega e me espera no portão

Diz que está muito louca pra beijar

Agora vejamos as possíveis respostas:

a) O narrativo.

b) Diretor do banco, Cristiano Palha, Ministro de Estado.

c) As duas situações acontecem com o Diretor do Banco, primeiro quando visita o

Ministro de Estado, onde foi não foi bem recebido, por isso saiu humilhado. A

segunda situação acontece na casa de Cristiano Palha, onde foi recebido com

cordialidades. Nessa segunda situação, as cortesias não foram do Ministro que tratou

Cristiano Palha com a mesma frieza que fora tratado na casa do Ministro de Estado.

d) O requerimento de um irmão, ou seja, assunto de negócios.

e) Por 1 hora, na casa do Ministro de Estado, na casa de Cristiano Palha e na rua.

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E me beija com a boca de paixão.

Toda noite ela diz pra eu não me afastar; Meia-noite ela jura eterno amor

E me aperta pra eu quase sufocar E me morde com a boca de pavor.

Todo dia ela faz tudo sempre igual: Me sacode às seis horas da manhã,

Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã.

Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar E essas coisas que diz toda mulher.

Diz que está me esperando pro jantar E me beija com a boca de café.

Todo dia eu só penso em poder parar; Meio-dia eu só penso em dizer não,

Depois penso na vida pra levar E me calo com a boca de feijão.

Seis da tarde, como era de se esperar, Ela pega e me espera no portão

Diz que está muito louca pra beijar E me beija com a boca de paixão.

Toda noite ela diz pra eu não me afastar; Meia-noite ela jura eterno amor

E me aperta pra eu quase sufocar E me morde com a boca de pavor.

Todo dia ela faz tudo sempre igual: Me sacode às seis horas da manhã,

Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã.

(HOLLANDA, Chico Buarque de. “Cotidiano”. Construção, 1971, Philips, Faixa 2)

a) Há duas pessoas neste texto: ela e eu. Quem é “ela”? Quem é o “eu”?

b) Na terceira estrofe, o autor rompe um pouco com a estrutura que usou para todas as

outras. Como ele faz isso?

c) “Todo dia eu só penso em poder parar.” Parar o quê? Parar de quê? Parar por quê?

d) “Meio-dia eu só penso em dizer não”. Dizer não para o quê? Dizer não por quê?

e) “Depois penso na vida pra levar”. Que vida é essa?

f) “E me calo com a boca de feijão”. Se cala por quê?

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g) Há uma refeição que as personagens não fazem juntas. Qual é? Que elementos do texto

indicam isso?

h) Neste texto, o autor usa a linguagem coloquial. Que elementos do texto nos permitem dizer

isso? Por que ele faz uso dessa linguagem?

i) Por que a última estrofe é a repetição da primeira?

j) O que esse texto quer dizer? Qual parece ter sido a intenção do autor?

Agora veja as possíveis respostas:

a) O texto fala do dia a dia de um casal ainda jovem de classe média bem tradicional. O homem

(ele) é quem trabalha para dar conforto à família, enquanto a mulher (ela) fica em casa

cuidando dos afazeres domésticos.

b) Em todas as estrofes, o pensamento da personagem gira em torno da sua rotina com sua

esposa, mas na terceira estrofe, ele pensa no seu trabalho, ele pensa sozinho na sua vida

profissional. Em todas as estrofes ela fala “dela”. Somente na terceira ele usa explicitamente

o pronome “eu”.

c) O homem parece estar cansado da vida maçante que leva, de todos os dias fazer a mesma

coisa no trabalho. Interessante notar que ele, nas outras estrofes, fala com carinho da mulher

e do que ela faz. Já no trabalho, ele pensa em parar e dizer não para a rotina entediante. Mas

logo ele se lembra de que precisa do dinheiro do seu trabalho para levar a vida, para

continuar vivendo e se resigna, se conforma.

d) Para sua vida sem lazer, sem direitos. Vida de proletário, de trabalhador assalariado. Dizer

não talvez porque ele não se sinta feliz e acredita que merece uma vida melhor, com mais

oportunidades, com mais cultura, com mais bens.

e) É sua vida junto da esposa, pois é ele que paga as despesas da casa e quem deve dar boas

condições de vida para sua mulher e, provavelmente, planeja ter filhos e quer dar a eles o

melhor que puder.

f) A refeição que as personagens não fazem juntas é o almoço. A mulher diz que espera o

marido para jantar e o beija com a boca de café, indicando que a ação se passa pela manhã.

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Seis da tarde ela o espera no portão, de onde se pode concluir que ele, como todo

trabalhador comum, só volta para casa nesse horário e que eles passarão o horário do jantar

juntos.

g) A linguagem coloquial se faz notar pelo uso do pronome para começar a frase (me beija, me

sacode); no uso do “pra” no lugar de “para”; no uso de expressões coloquiais como “ela

pega”, “vida pra levar” e o pleonasmo “sorri um sorriso”.

h) A última estrofe é a repetição da primeira para mostrar que a história se repete todos os dias.

Para, junto com o título, dizer que a vida da personagem, que por sua vez representa uma

camada da nossa sociedade, é repetir sempre a mesma rotina, sem perspectivas de

mudanças.

i) A intenção do autor parece ser denunciar uma faceta perversa da nossa sociedade, que é o

trabalho e a rotina entediante, sem tempo e nem dinheiro para o lazer e a cultura.

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3. Síntese

Querido (a) aluno (a),

Nesta unidade, buscamos entender melhor a importância da leitura e da escrita no Ensino Superior.

Vimos que compreender um livro, um texto ou um autor consiste em ler com tranquilidade captando

conceitos fundamentais.

Aprendemos, também, que a situação de comunicação é que determina a organização e a estrutura

das sequências linguísticas encontradas em cada texto.

Chegamos ao final da primeira unidade. Esperamos que o estudo desta unidade possa ajudar você

nas suas atividades de leitura e que seja colocado em prática na produção dos textos.

Vamos em frente, pois, ainda, temos muito que aprender sobre “Os gêneros textuais” na Unidade 2.

Até breve!

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Unidade 2: Gêneros Textuais

1. Conteúdo Didático

Caro (a) aluno (a),

Na unidade anterior, falamos sobre a leitura e a escrita no Ensino Superior. Nesta unidade,

estudaremos a conceituação de gêneros textuais, quais são as características que diferenciam os

gêneros e por que os gêneros se modificam ao longo do tempo, investigaremos e analisaremos os

textos como produto de interação. Para isso, buscaremos exemplos de charges, de tirinhas, de

notícias e de textos publicitários, analisando o seu público alvo, os aspectos linguísticos e vocabulário

foram utilizados.

Então, está preparado (a)?

1.1 Gêneros textuais: conceito

O texto é uma criação que inclui em si o criador e o leitor, pois, o autor está sempre presente na obra

como parte constituinte de sua forma artística. Por essa razão, o processo de produção e o próprio

texto são criações dialógicas. Quero dizer que o texto é um ato de comunicação impressa,

constituído de um elemento da comunicação verbal onde há manifestações empíricas (sem caráter

científico) sobre o ponto de vista dos discursos de outrem (subordinado a uma determinada ideologia)

e do discurso próprio de quem produz esse determinado texto.

Isto significa que o texto é compreendido como representação de atos, elementos e relações culturais

diversificadas, surgida como signo da relatividade de um campo com diferentes focalizações

(interdiscursividade, intertextualidade e estilo individual) visto, assim, como objeto privilegiado de

manifestações culturais. Cabe ao elaborador construir um texto com elementos de intertextualidade e

com seu modo particular de reflexão sobre o mundo e sobre a realidade social.

Como não vivemos isolados, o autor utiliza-se de outros discursos, outros

textos, que envolvem um diálogo com outras pessoas, com o mundo e com

as suas experiências pessoais. Na verdade, o escritor/produtor de um texto

é um leitor da realidade que o cerca, fazendo uma releitura do mundo e

criando um novo texto.

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Sendo assim, pode-se dizer que interagir com o outro é uma forma de produzir linguagem, é adquirir

conhecimento, é conhecer mundos diversificados, e é a partir da interação que tudo se agiliza, que há

a internalização de um saber construído com o outro. Isso pode ser aplicado em qualquer situação da

vida, a partir da interação comunicativa, da troca de experiências entre todos os sujeitos envolvidos

no processo. Por isso, a língua não é um produto acabado, é um eterno e ininterrupto processo de

interação. Sempre há o que dizer ou o que escrever e maneiras diferentes de fazê-lo com base na

história discursiva de cada sujeito envolvido no processo de interação.

Por conseguinte, não há textos totalmente inéditos, nem discursos totalmente

não comprometidos; e, além do mais, existem sempre maneiras diferentes de

falar e linguagens diversas, refletindo as múltiplas experiências sociais. Observe

a imagem abaixo e repare na intertextualidade com a obra de Leonardo Da Vinci,

sugerida pela marca Bombril:

Assim, confirmamos que o texto é um instrumento fundamental para adquirir conhecimento,

capacidade produtiva, comunicativa e de estruturação gramatical, tendo em vista sua ampla

possibilidade de fazer o ser social assimilar e compreender a partir das palavras, conectando

Fonte: Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/-O4t7GKia1eM/T-C6F6-8qeI/AAAAAAAACJc/IOTUlJLAo34/s400/monbijou.jpg

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linguagem e vida. Isto porque a produção textual, seja ela oral ou escrita, é uma forma de dialogar

com outrem, é instaurar o elo entre o sujeito e o mundo onde vive, por meio da intertextualidade e da

intersubjetividade.

O sujeito expõe suas ideias, anseios, temores, expectativas de seu tempo, de seu grupo social em

um processo de produção textual. Para isso, ele lança mão de diferentes gêneros textuais que o

ajudarão a disponibilizar sua criação, mostrando a sua realidade, inserida em uma sociedade, em um

determinado momento histórico.

Como nos ensina Bakhtin, gêneros textuais definem-se principalmente por sua função social. São textos que se realizam por uma (ou mais de uma) razão determinada em uma situação comunicativa (um contexto) para promover uma interação específica. Trata-se de unidades definidas por seus conteúdos, suas propriedades funcionais, estilo e composição organizados em razão do objetivo que cumprem na situação comunicativa.

Explicando melhor: isso significa que, a cada vez que produzo um texto, seleciono um gênero...

• em função daquilo que desejo comunicar;

• em função do efeito que desejo produzir em meu interlocutor;

• em função da ação que desejo produzir no meio em que me inscrevo.

Fonte: Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/conceito-genero-textual-seu-uso-aula-735561.shtml?page=2Acesso em 29/07/2013

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Para ampliar seus conhecimentos, assista ao vídeo que trata sobre Gêneros Textuais, clicando no

link a seguir:

http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk

E por falar em gêneros textuais, precisamos nos deter neste aspecto. Muitas

vezes nos confundimos quando vamos estabelecer a diferença entre tipos e

gêneros textuais. Não é correto afirmar que uma carta pessoal ou um e-

mail, é um tipo de texto. Eles são, na verdade, gêneros textuais.

É importante notar que os gêneros não são entidades naturais, mas são artifícios culturais

construídos pelo homem e, como tal, estão sujeitos a mudanças e adaptação históricas. Isso significa

que os gêneros textuais obedecem a certos moldes de composição de texto determinados pelo

contexto em que são produzidos, pelo público a que se destinam, por sua intenção, por seu contexto

de circulação. Vários são os gêneros discursivos. Somente para ilustrar, podemos citar o conto, a

história em quadrinhos, a carta, o bilhete, a receita, o anúncio, o ensaio, o editorial, o e-mail.

Fonte: Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk Acesso em: 28/07/2013

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Podemos, assim, definir gênero textual como textos materializados, encontrados no dia a dia e que

apresentam características sociocomunicativas definidas pelos conteúdos que expressam, pelas

propriedades funcionais, pelo estilo e composição.

Ele, o gênero, cumpre uma função social específica. Ou seja, nós, quase que intuitivamente,

sabemos que gênero utilizar em momentos específicos de interação, de acordo com a função social

que ele representa.

Se preciso comunicar aos meus filhos, que estão dormindo

neste momento, que vou até o banco e que voltarei em meia

hora, qual é o gênero que eu utilizarei? Certamente um

pequeno bilhete, deixado sobre a mesa do café da manhã. Se

preciso me comunicar com alguém, que está em reunião de

trabalho no momento, a qual não posso interromper,

provavelmente, enviarei uma mensagem de celular. Assim,

acabamos nos interagindo e utilizando o meio adequado, com

a linguagem adequada. Escrever um e-mail a um amigo não é

o mesmo que escrever um e-mail para uma universidade

pedindo informações sobre um processo de vestibular, por

exemplo.

Não podemos nos esquecer de que um bom texto não é aquele que apresenta características

literárias, mas aquele que é adequado à situação comunicacional para a qual foi produzido. Para isso,

devemos levar em consideração a escolha do gênero, da estrutura, do conteúdo, do estilo e do nível

de língua. Se esses estiverem adequados ao interlocutor, o texto cumpre a sua finalidade.

A título de ilustração, mencionamos acima alguns gêneros textuais. E, para complementar a lista,

você conhecerá outros, para que possa se lembrar de que o gênero textual também pode ser

vinculado a uma produção oral, como um telefonema, ou um sermão, ou uma aula expositiva, ou uma

reunião de condomínio. Ainda complementando a lista, podemos citar o aviso, um comunicado, um

edital, um informe, uma citação, um ofício, uma petição, um memorial, um requerimento, um abaixo

assinado, uma nota promissória, um termo de compromisso.

Não é preciso ir muito longe para notar que, enquanto produção vinculada a objetivos sociais, os

gêneros se modificam ao longo do tempo, visto estarem todos atrelados aos fins históricos e

Fonte: Disponível em: http://1.bp.blogspot.com Acesso em: 31/07/2013

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comunicacionais de uma época. Os bilhetes que os namorados escreviam na década de 50 não são

nem um pouco parecidos com os bilhetes escritos hoje, se é que os namorados hoje fazem uso deste

recurso, afinal a tecnologia já está mudando este hábito. As mudanças nos códigos das leis também

interferem na produção dos textos de uma petição.

Para engrossar ainda mais a listagem, citamos outros gêneros: diário, agenda, anotações pessoais,

romance, blog, piadas, cardápio, horóscopo, lista de compras, dentre outros.

Não se esqueça de que somos seres sociais, vinculados a um momento histórico. A nossa maneira

de comunicar também está conectada a tais fatores e, portanto, é mutável.

1.1.1 Charges

A charge é um gênero discursivo que possui a finalidade de criticar, de forma bem pontual, algum

acontecimento contemporâneo ao momento em que é reproduzida. Ela é constituída de uma

ilustração e é usualmente acompanhada por texto escrito. Também pode apresentar personagens e,

normalmente, expressa a visão e (re)leitura de uma realidade político-social que o artista quer

registrar. É frequente o uso do humor que ajuda o escritor a melhor expressar a sua visão crítica da

realidade em análise.

Veja uma charge bem atual.

Fonte: Disponível em: http://nefcristo.files.wordpress.com/2013/04/bilhete.jpg Acesso em: 31/07/2013

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Fica claro para nós, ao lermos o texto, que há uma crítica, bem contundente, em relação aos gastos

indevidos do dinheiro dos cofres públicos que privilegiam alguns em detrimento dos gastos que

deveriam ser feitos para a melhoria da saúde e educação públicas. Ao estudar as expressões

corporais, notamos na posição da perna esquerda sobre a outra, o descanso de quem não precisa

trabalhar muito para conseguir o seu intento. E as feições são bem maquiavélicas, quase que

demoníacas. Ou seja, estão traçando um plano que irá prejudicar quem os elegeu, mas, neste

momento, isto não importa. Fala mais alto o interesse pessoal. Veja agora a próxima charge:

Fonte: Disponível em: http://fernandocabral.org/Charges/Charge-24-07-2011.jpg Acesso em: 17 jul. 2013.

Fonte: Disponível em: http://www.panoramablogmario.blogger.com.br/zope4.jpg Acesso em: 17 jul. 2013

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Observe o local. As pessoas envolvidas. E tente responder: Onde moram estas pessoas? Como

vivem? Quem são elas? O que estão fazendo? Sobre o que estão comentando? São pessoas

letradas? O que faz com que esta charge seja engraçada? O que o escritor pretende criticar?

Imaginamos que você tenha chegado à conclusão de que se trata de uma crítica ao plano de

aceleração do crescimento do governo, que pretende fazer com que o país possa crescer

economicamente, dando às pessoas mais oportunidade de entrarem para a era tecnológica e dando

ao Brasil a oportunidade de se tornar mais competidor no mercado internacional. Contudo, notamos

que, apesar da intenção de crescimento, o governo ainda não foi capaz de exterminar a pobreza que

ainda faz parte do cotidiano dos brasileiros. E é este contraste entre a pobreza presente e a

necessidade de crescimento no mercado internacional que torna a charge engraçada.

Dando continuidade, faremos algumas análises de tirinhas. Vamos lá?

1.1.2 Tirinha

Trata-se de uma série de vinhetas, que, em inglês, recebe o nome de comic strips. São usualmente

publicadas diariamente em vários meios de comunicação, principalmente em jornais. Normalmente

são produzidas por equipes, com editores, escritores, artistas gráficos. Contudo, podem, também, ser

criadas por anônimos e são usualmente divulgadas na Internet. Geralmente possuem poucos

quadros, com uma piada rápida e de fácil entendimento.

Vamos analisar algumas?

Veja, na tirinha a seguir,,como os comportamentos mudam com o passar do tempo.

Fonte: Disponível em: http://imguol.com Acesso em: 17 jul. 2013.

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Fica perfeitamente clara a mudança comportamental das pessoas que antes, ao esperarem em uma

fila de um banco ou num ponto de ônibus, interagiam, conversando sobre assuntos triviais. Hoje,

preferimos o mundo virtual. Os nossos celulares são o instrumento de comunicação entre nós e os

distantes. Ignoramos aqueles que fisicamente estão perto de nós e preferimos manter contato com as

pessoas que, fisicamente, estão ausentes.

Vamos ler mais uma:

E agora? O que você me diz a respeito desta? Note que há uma crítica velada em relação à

dificuldade que a população brasileira encontra quanto aos empréstimos. Pelo fato de as taxas de

juros serem muito altas, somente outro empréstimo é capaz de fazer com que um anterior seja pago.

Ou seja, trata-se de uma crítica às altas taxas de juros bancários que tornam a vida do cidadão mais

e mais difícil de ser regularizada.

Veja que as charges e as tirinhas precisam estar muito bem situadas dentro de um contexto social.

Se uma pessoa não tiver esta informação contextual, certamente não compreenderá o que acabamos

de analisar. É impossível compreendê-las sem o momento situacional.

Vamos prosseguir? Também é nosso objetivo analisar textos publicitários. Este será o nosso próximo

assunto. Preparado (a)?

Fonte: Disponível em: http://imguol.com Acesso em: 17 /07/ 2013.

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1.1.3 Publicidade

O texto publicitário exige uma linguagem bem especial já que objetiva persuadir o leitor, ou seja,

procura despertar no interlocutor o desejo de comprar algo, uma ideia, um produto ou, simplesmente,

aderir a uma causa.

Veja, por exemplo, a imagem que foi utilizada pelo governo americano para recrutar americanos para

se alistarem para a Segunda Guerra Mundial.

Observe que o olhar direto, o dedo em riste, a palavra you, em destaque, são uma ordem. Ou seja,

passa-se a ideia de que não se admite um não como resposta. O objetivo aqui é despertar o

sentimento patriota de que you (você) é importantíssimo para o governo e para a guerra.

“Quero VOCÊ no exército americano. Seção de recrutamento mais próxima.” (Tradução nossa) Fonte: Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1d/Unclesamwantyou.jpg/220px-Unclesamwantyou.jpg. Acesso em: 17 /07/ 2013.

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Agora veja a próxima imagem:

Esta imagem argumenta em favor do

fim da intervenção americana no

Vietnã. Observe que o texto aqui foi

totalmente dispensável. Bastou uma

imagem para comunicar o objetivo: a

retirada dos americanos do território

vietnamita.

Assim, podemos verificar que os textos publicitários estabelecem uma interlocução direta e se

utilizam de diversos recursos da linguagem para conseguir a adesão do leitor. Para isso, vários são

os gêneros discursivos usados: anúncios (em revistas, jornais, outdoors, televisão), panfletos,

folhetos, fôlderes, fliers, entre outros.

A boa publicidade procura mostrar ao leitor que o produto anunciado é a possibilidade de realização

de um sonho ou de satisfação de uma necessidade. Desta maneira, o desafio maior desses textos é

promover a associação entre um produto ou ideia a ser divulgado (a) e alguma necessidade ou

desejo de seu público leitor. Para isso, bons argumentos serão necessários, além de uma retórica

convincente. O público alvo, também, deve ser levado em conta para ser escolhido o melhor meio de

circulação. Com isso, a estrutura do texto, também, deve se adequar ao contexto de circulação. Em

um anúncio televisivo, por exemplo, além do texto, da imagem, a música também é um elemento a

ser considerado. Esse último elemento estará ausente em um anúncio de jornal, que precisará dizer

mais com um elemento a menos.

Questionamos: Quais são os elementos importantes para uma boa publicidade? Você tem um

minuto para pensar... Conseguiu enumerá-los? Então, confira: título, que deverá ser curto, em

destaque, e deve atrair a atenção imediata do leitor, criando uma identificação entre o produto ou

ideia a ser divulgada e seu público-alvo. O texto, que tem a função de apresentar os principais

argumentos para convencer o leitor a adotar o comportamento desejado. Tais argumentos devem ser

apresentados em sintonia com o público que se deseja atingir. Esses argumentos precisam ser

Fonte: Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/-jXVJjGo9LdI/T57pUi0SKGI/AAAAAAAADXs/QZaA4Vru0JE/s320/GUERRA+DO+VIETN%C3%83.png Acesso em: 29/07/2013

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objetivos, diretos. A assinatura, que aparece no canto direito inferior, ao lado do texto, fechando

assim o anúncio, e estabelece a marca do produto / campanha que está sendo divulgado (a). O leitor

precisa se identificar com esta marca. Ela acaba se tornando parte de seu dia a dia. As imagens, que

são elementos extraordinários de persuasão e devem ser exploradas em todo o seu potencial.

Alguns anúncios ficaram tão marcantes, que não esquecemos os seus slogans. Vamos nos lembrar

de alguns?

Veja a imagem seguinte: O jogo de cores que despertam em nosso cérebro o desejo de nos

alimentar, a imagem bem montada dos alimentos que parecem saudáveis; o tomate parece ter sido

colhido neste momento. Com a vantagem de possuir somente 27 calorias por porção, essa

informação torna a maionese ainda mais agradável visto estarmos todos preocupados em não ganhar

peso. Tudo isto mostrado em uma foto bem montada e projetada.

“Coca-Cola é isso aí.”

“Globo e você: tudo a ver.”

“Se é Bayer, é bom.”

“Hellmanns: a verdadeira maionese.”

Fonte: Disponível em: http://www.mundodomarketing.com.br/images/materias/hellmanns_limitada_blog.jpg . Acesso em: 17 jul. 2013.

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Para finalizar esta unidade, passemos ao próximo assunto: a notícia.

1.1.4 Notícia

Veremos quais são as características estruturais de uma notícia, qual é sua finalidade, em que

contextos circula e qual é o perfil de seus leitores, como é a linguagem utilizada na sua elaboração.

Vamos iniciar este assunto de maneira diferente. Primeiro lhe daremos a notícia, depois analisaremos

como o texto foi tecido. Mãos à obra.

Dilma quer rever tarifas e critica qualidade de transportes A presidente alegou que o governo federal se antecipou às manifestações na redução das tarifas de ônibus e metrô.

Ao fazer um relato dos cinco pactos em resposta às manifestações, a presidente Dilma Rousseff

prometeu uma “ampla reunião” sobre a planilha de cálculo das tarifas. O encontro deverá reunir gestores públicos e prestadores de serviços de transportes, mas a presidente evitou dar mais detalhes.

Dilma discursava durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), colegiado que reúne empresários e representantes políticos e da sociedade civil, e admitiu a baixa qualidade do transporte público brasileiro, comparando-o a uma lata de sardinhas. "(O transporte público

brasileiro é de) má qualidade, extremamente apertados - como sardinha - e com uma frequência não tão adequada em várias partes do nosso país", disse.

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A presidente alegou que o governo federal se antecipou às manifestações na redução das tarifas de ônibus e metrô. Ela lembrou que a isenção de PIS/Cofins, no setor, e a redução dos encargos da folha de pagamentos provocou uma redução de 7,23% no preço das passagens. Dilma criticou ainda gestões

anteriores pela falta de investimentos em mobilidade urbana. "A questão urbana é extremamente grave em outros países do mundo também, em países ricos e

desenvolvidos. Num país pobre como o nosso - entre parênteses pobre, porque não foi investido o suficiente nos últimos anos nessa área. Nós somos pobres nessa área. Não foi investido, primeiro, por causa da crise da dívida e, segundo, porque não foi investido", afirmou.

"O trânsito na cidade é como a circulação do sangue no nosso organismo, portanto, não foi uma questão

menor que desencadeou as manifestações de junho, foi uma questão muito importante", acrescentou a presidente.

Como vivemos na era da informação, somos bombardeados de notícias a cada minuto pelos meios

de comunicação aos quais estamos expostos: a televisão, a Internet, jornais revistas. Estes meios

nos apresentam acontecimentos importantes quase que instantaneamente. O trecho acima é um

exemplo disso. Foi retirado do site Terra, local onde podemos investigar as últimas notícias a cada

meia hora. Às vezes, até em menor tempo.

Passemos ao texto: Com que finalidade ele foi escrito? A quem ele se

dirigiu? Como está estruturado?

Para início de conversa, a notícia é um texto que apresenta o registro de fatos, sem que haja a

interferência de opinião de quem a está relatando. Possui a finalidade de informar de modo objetivo e

preciso as circunstâncias em que aconteceram os fatos de interesse público e geral. Para que o leitor

encontre de modo rápido as informações principais, as notícias são redigidas de acordo com uma

estrutura característica deste gênero. Possui um título que tem a função de chamar atenção do leitor.

A primeira parte do texto da notícia segue, preferencialmente, a técnica conhecida como pirâmide

invertida. Ou seja, apresentam-se as informações básicas no início do texto, que terá o nome de lide

ou lead. À medida que o texto continua, o leitor acompanhará a articulação e o desenvolvimento das

informações apresentadas no lide.

Fonte: Disponível em: http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/dilma-quer-rever-tarifas-e-critica-qualidade-de-transportes,62205e0b22eef310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html. Acesso em: 17 jul. 2013.

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O lide é a primeira frase ou, às vezes, as duas primeiras frases que permitem ao leitor responder às

seguintes perguntas: o quê? quem? quando? Ou seja, saberemos o que aconteceu, quem estava

envolvido e quando ocorreu.

Quanto à linguagem, opta-se pela obediência às normas do padrão culto, e costuma ser definida por

frases curtas, com uma estrutura sintática básica que envolve sujeito – predicado – complemento.

Obviamente que cada escritor possui o seu estilo, e escapar destas regras que normalmente são

seguidas não significará que o mesmo empobreceu a sua notícia.

Voltemos às perguntas formuladas anteriormente: Com que finalidade ele foi escrito? A quem ele se

dirigiu? Como está estruturado?

O texto oferecido a você foi escrito com a finalidade de passar uma informação? Sim. Ele se dirigiu à

população brasileira interessada em ler a respeito dos aspectos políticos da administração de nosso

país? Sim. Está estruturado de maneira que podemos identificar a ideia central logo após o título e o

subtítulo? Sim. Possui isenção de opinião pessoal do autor? Sim. Foi utilizada a língua padrão culta?

Sim.

Podemos, então, concluir que se trata de um bom texto jornalístico com a

finalidade de nos informar? Se a sua resposta foi um SIM, então podemos

concluir que se trata de um texto bem redigido.

Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final desta unidade . Esperamos que tenha se deliciado com esta

nova maneira de ver como a comunicação é importante em nossas vidas e como estamos inseridos

em sua construção.

Aguardamos você na próxima unidade, nela analisaremos a construção do texto acadêmico.

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2. Teoria na Prática

Questão 1 - Após a leitura do capítulo, faça a leitura do texto que se segue e responda às perguntas

referentes a ele.

Novo bisturi 'inteligente' detecta tecido com câncer instantaneamente

'iKnife' analisa fumaça liberada por corte elétrico em paciente. Equipamento pode ajudar a evitar cirurgias adicionais.

Uso do bisturi 'inteligente' é demonstrado por um médico usando um pedaço de músculo

animal, no Hospital St Mary, em Londres (Foto: Sang Tan/AP e Luke MacGregor/Reuters)

Pesquisadores do London Imperial College, no Reino Unido, desenvolveram um bisturi

“inteligente” que pode detectar em segundos se um tecido que está sendo cortado é

canceroso ou não. A novidade promete tornar as cirurgias para retirada de tumores mais efetivas no futuro, evitando operações adicionais.

A tecnologia une um bisturi elétrico com um espectrômetro de massa capaz de fazer análises

químicas. Muitas vezes, cirurgiões não conseguem identificar visualmente se um tecido é saudável ou canceroso. O resultado é que, nas operações para retirar câncer dos seios, por

exemplo, é necessária uma intervenção adicional em um quinto dos casos. O novo

equipamento se chama “iKnife” e é desenhado para analisar amostras da fumaça que surge

quando o tecido é cortado pela corrente elétrica do bisturi.

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Ele acaba de ser testado em 91 pacientes e acertou a identificação de tecido com câncer em 100% das vezes. Os resultados estão publicados na “Science Translational Medicine”. Até o

surgimento do “iKnife”, o procedimento equivalente adotado era o de enviar amostras de

tecido para exame em laboratório enquanto o paciente permanece sedado. No entanto, cada nova análise demora cerca de meia hora, enquanto o novo bisturi elétrico consegue checar se

as células são cancerosas em apenas três segundos. NOVO bisturi 'inteligente' detecta tecido com câncer instantaneamente. Globo.com., 2013. Disponível em: <http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/07/novo-bisturi-inteligente-detecta-tecido-com-cancer-instantaneamente.html>. Acesso em 17 jul. 2013.

Agora reflita...

Questão 2 - ANALISE a charge abaixo e ESCOLHA a alternativa correta.

a. Qual é a finalidade do texto acima?

b. Como esta finalidade é atingida?

c. O autor do texto foi cuidadoso e ofereceu informações que possam responder às perguntas: o quê?, quem?, quando?, como? Identifique, no texto, as respostas para tais perguntas.

d. Você acha que esta notícia tem como público alvo a comunidade

científica? Por quê?

e. Ao analisar o texto, é possível detectar a técnica da pirâmide invertida?

Fonte: Disponível em: http http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRISm3Rlp0Z0sMPf3ELu59OPM5e8MjSVX0-J7AwVOIiIWE5LFBfqA Acesso em: 20/07/2013

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Podemos afirmar que:

A) Nem todos acreditam mais naquilo que os políticos afirmam.

B) Podemos garantir que o candidato está mentindo.

C) Todos os presentes certamente apoiam o candidato.

D) O candidato deseja que o apoiem, já que fala a verdade.

E) Aquele que usa roupa nova não usou dinheiro público.

Veja as possíveis respostas às perguntas acima:

Questão 1

a. A finalidade do texto é informar o surgimento de um novo bisturi capaz de detectar células

cancerígenas.

b. O texto informa de maneira clara e concisa como o bisturi pode, em apenas três segundos,

detectar se os tecidos que estão sendo removidos em uma cirurgia são cancerígenos.

c. Os envolvidos são pesquisadores do London Imperial College, os quais desenvolveram o

bisturi e o apresentaram à comunidade britânica. A informação foi divulgada no dia 17 de

julho de 2013. A tecnologia une um bisturi elétrico com um espectrômetro de massa capaz

de fazer análises químicas e, em apenas três segundos, é capaz de fazer a análise, evitando

a espera prolongada de uma análise, com o paciente em cirurgia ou em uma nova

intervenção cirúrgica.

d. Não. Ela tem como público alvo a comunidade não científica. Ela utiliza a linguagem padrão

culta, mas não utiliza de jargão específico da área, possibilitando aos leigos compreenderem

a importância de tal invenção.

e. Sim. É possível. No primeiro parágrafo é dada a notícia principal e maiores detalhes são

adicionados nos parágrafos subsequentes.

Questão 2

Resposta A

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3. Síntese

Caro (a) aluno (a), nesta unidade nós investimos os nossos estudos nos seguintes assuntos:

A língua não é um produto acabado, sendo um eterno e ininterrupto processo de interação.

O texto é concebido como um momento de criação e recriação.

Por se tratar de releitura da realidade, o texto é um elo entre o sujeito e o mundo onde este sujeito

vive, utilizando assim a intertextualidade e podendo ser subjetivo.

Verificamos que há diversos gêneros textuais, os quais devem ser utilizados de acordo com o objetivo

de seu autor e com o público ao qual o autor se dirige.

Vimos que a charge é um gênero discursivo que possui a finalidade de criticar, de forma bem pontual,

algum acontecimento contemporâneo no momento em que é reproduzida. Normalmente o humor é

utilizado para atingir o seu objetivo.

Detivemos um pouco nosso olhar sobre as tirinhas, as quais possuem poucos quadros, apresentam

uma piada rápida e de fácil entendimento.

Notamos que a boa publicidade mostra ao leitor que o produto anunciado é a possibilidade de

realização de um sonho ou de uma necessidade. E que, para atingir o seu objetivo, a publicidade

precisa utilizar uma linguagem convincente.

E, finalmente, vimos que a notícia é um texto que apresenta o registro de fatos, sem que haja a

interferência de opinião de quem a está relatando. Possui a finalidade de informar de modo objetivo e

preciso as circunstâncias em que aconteceram os fatos de interesse público e geral.

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Unidade 3: A organização do texto “Os poetas dizem a verdade quando afirmam que, ao começar a escrever um poema, não sabem o

que vão dizer. Escrevemos para dizer o não dito, e para conhecê-lo.”

(Albert Camus)

1. Conteúdo Didático

1.1 A construção do parágrafo

Na unidade anterior, estudamos os gêneros textuais. Nesta unidade, falaremos sobre a construção

do parágrafo. Organizar o parágrafo é um dos aspectos mais importantes da elaboração do texto

acadêmico. Um texto bem dividido em parágrafos não é um texto “pesado”, mas sim convidativo à

leitura pois apresenta as ideias encadeadas e dispostas coerentemente. Em contrapartida, um texto

sem a devida paragrafação pode parecer um emaranhado sem fim de linhas e causar uma aparência

“assustadora” para o leitor. Certamente você já deixou de ler algo parecido.

Como nós queremos que o seu texto seja lido e

entendido, estamos aqui para ajudá-lo a organizar as

informações e ideias que você já armazenou por meio

das suas leituras. Nas páginas seguintes, você verá que

elaborar parágrafos bem escritos é uma tarefa muito

fácil. Basta organizar as ideias antes de colocá-las no

papel. Quer saber como fazer isso? Então, vamos lá!

O parágrafo é indicado materialmente na página

impressa ou manuscrita por um ligeiro afastamento da

margem esquerda da folha. Ele facilita ao escritor a

tarefa de isolar ou ajustar convenientemente as ideias

principais da composição do texto, além de permitir ao

leitor acompanhar melhor o desenvolvimento de seus

estágios.

Fonte: Disponível em: http://www.blumenauti.com.br/arquivo/images/jointventure.jpg Acesso em: 07/08/2013

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Agora, vamos ver, na prática, um exemplo de paragrafação. Compare os textos abaixo:

TEXTO A Não se pode ser sem rebeldia

Eu acho que os adultos, pais e professores, deveriam compreender melhor que a rebeldia, afinal, faz parte do processo de autonomia, quer dizer, não é possível ser sem rebeldia. O grande problema está em como amorosamente dar sentido produtivo, dar sentido criador ao ato rebelde e de não acabar com a rebeldia. Tem professores que acham que a única saída para a rebelião, para a rebeldia é a castração. Eu tenho, confesso que tenho, grandes dúvidas em torno da eficácia do castigo. Eu acho que a liberdade não se autentica sem o limite da autoridade, mas o limite que a autoridade se deve propor a si mesma, para propor ao jovem a liberdade, é um limite que necessariamente não se explicita através de castigos. Eu acho que a liberdade precisa de limites, a autoridade inclusive tem a tarefa de propor os limites, mas o que é preciso, ao propor os limites, é propor à liberdade que ela interiorize a necessidade ética do limite, jamais através do medo. A liberdade que não faz uma coisa porque teme o castigo não está “eticizando-se”. É preciso que eu aceite a necessidade ética, aí o limite é compromisso e não mais imposição, é assunção. O castigo não faz isso. O castigo pode criar docilidade, silêncio. Mas os silenciados não mudaram o mundo.

Paulo freire. Pedagogia dos sonhos possíveis. Org. Ana M. A. Freire. Editora Unesp.

TEXTO B Não se pode ser sem rebeldia

Eu acho que os adultos, pais e professores, deveriam compreender melhor que a rebeldia, afinal, faz parte do processo de autonomia, quer dizer, não é possível ser sem rebeldia. O grande problema está em como amorosamente dar sentido produtivo, dar sentido criador ao ato rebelde e de não acabar com a rebeldia. Tem professores que acham que a única saída para a rebelião, para a rebeldia é a castração. Eu tenho, confesso que tenho, grandes dúvidas em torno da eficácia do castigo.

Eu acho que a liberdade não se autentica sem o limite da autoridade, mas o limite que a autoridade se deve propor a si mesma, para propor ao jovem a liberdade, é um limite que necessariamente não se explicita através de castigos. Eu acho que a liberdade precisa de limites, a autoridade inclusive tem a tarefa de propor os limites, mas o que é preciso, ao propor os limites, é propor à liberdade que ela interiorize a necessidade ética do limite, jamais através do medo.

A liberdade que não faz uma coisa porque teme o castigo não está “eticizando-se”. É preciso que eu aceite a necessidade ética, aí o limite é compromisso e não mais imposição, é assunção. O castigo não faz isso. O castigo pode criar docilidade, silêncio. Mas os silenciados não mudaram o mundo.

Paulo freire. Pedagogia dos sonhos possíveis.

Org. Ana M. A. Freire. Editora Unesp.

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Esse é um exemplo interessante de um texto argumentativo, mas repare que a página do texto A é

graficamente “pesada” e pouco convidativa à leitura. Já a página do texto B, pela sua divisão em

parágrafos bem destacados e pela diferença da primeira linha, é mais agradável e convidativa à

leitura. Então, se você tivesse que escolher entre uma delas, qual você leria? Certamente você

escolheria a página B pela clareza gráfica do texto.

Como se vê, o parágrafo tem uma importância visual, pois um texto com

parágrafos bem organizados é um convite à leitura. A aparência gráfica do

texto e o próprio texto podem fazer uma enorme diferença do ponto de vista

do leitor, que é o alvo de quem escreve. A letra legível, os sinais de

pontuação bem colocados e a organização do parágrafo são aspectos que

podem colaborar para o sucesso e compreensão do texto.

Agora, que já sabemos da importância do parágrafo, vamos aprender a organizá-lo.

1.2 A organização do parágrafo: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Para iniciar este tópico, e para que você melhor compreenda as partes de um texto, leia o texto a

seguir retirado do site InfoEscola.

Uma redação é um texto formado de uma passagem escrita, de um todo independente, em torno de uma ideia, de um sentido. Essa organização obedece a certos princípios, de modo que se crie um todo significativo, cumprindo um objetivo e uma determinada situação. Em um texto coerente todas as partes se encaixam, na verdade se completam, não pode haver partes que destoem ou contradigam as demais partes do texto. As conexões entre as partes internas da redação também devem ser estudadas, é o que se chama de coesão textual, está diretamente ligada às conexões gramaticais.

É importante ao escrever provocar uma reação em quem lê. Escrever sem dúvida é uma arte. Esta arte pode ser gradativamente evoluída em cada ser humano com o bom hábito da leitura. Ler várias linhas de pensamento, jornais, revistas, grandes obras de literatura, tudo pode contribuir para a ampliação do ponto de vista e formação de ideias.

Dissertação é analisar, explicar, refletir, conceituar, avaliar, expor ideias quando se quer defender

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um ponto de vista, uma opinião, uma tese, uma argumentação bem estruturada para se chegar a uma conclusão. Uma boa e estruturada redação dissertativa deve englobar uma introdução chamativa; um desenvolvimento explicativo com consistência de ideias; uma conclusão como um fechamento claro e preciso e sem desmentir o corpo do texto.

INTRODUÇÃO

É o início do texto, contendo o tema a ser desenvolvido, exposto com muita clareza. Envolve o problema a ser analisado. Geralmente pode ser exposto em apenas um parágrafo.

Uma introdução não deve ser muito longa para não desmotivar ou ficar cansativa para o leitor. Se a redação tiver trinta linhas, aconselha-se a que o escritor use de quatro a seis para a parte introdutória.

DEVE-SE EVI TAR EM UMA I NTRODUÇÃO

• Iniciar uma ideia geral que não transpassa por todo o texto (o uso de ideias totalmente diferentes);

• Usar chavões; • Iniciar a introdução com as mesmas palavras do título; • Frequentemente fazer desvios do assunto principal; • Escrever período longo; • Escrever de forma pessoal, ou seja, usar a 1ª pessoa.

DESENVOLVIMENTO

É o corpo do texto, onde se organiza o pensamento. Compõem-no os argumentos que, no caso, ligam-se ao posicionamento adotado. Os argumentos podem se classificar em: argumento de autoridade, argumento por ilustração, argumento do pensamento lógico, argumentação de prova concreta e argumentação de competência linguística.

Argumento por autoridade é a citação de frase ou pensamento de autor do tema em questão. Pode ser uma “faca de dois gumes”, de forma positiva fazendo uma intertextualidade ou negativa se for inadequado ao tema proposto. Argumento por ilustração é o uso de exemplos relativos à realidade. Argumento do pensamento lógico é uma ideia que parte do geral para o particular ou ao contrário do particular para o geral. Argumento de prova concreta é uma prova concreta seja de lei, dados estatísticos, fatos do conhecimento geral, como o reforço da ideia defendida.

Em uma redação de trinta linhas, a redação deverá destinar de catorze (14) a dezoito (18) linhas para o corpo ou desenvolvimento da mesma.

DEVE-SE EVI TAR EM UM DESENVOLVIMENTO

• Repetições;

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• Escrever pormenorizando; • Exemplos extremamente excessivos; • Usar de exemplos fracos e fora do contexto.

CONCLUSÃO

É a síntese do problema tratado no decorrer do texto, fechamento da redação. Se a redação está planejada para trinta linhas, a parte da conclusão deve ter quatro a seis linhas.

Na conclusão, as ideias tratadas no texto propõem uma solução. O ponto de vista do escritor, apesar de ter aparecido nas outras partes, adquire maior destaque na conclusão.

DEVE-SE EVI TAR EM UMA CONCLUSÃO

• O principal defeito não conseguir finalizar; • Evitar as expressões “em resumo”, “concluindo”, “terminando”.

Agora que você já viu como organizar um texto, vamos falar especificamente sobre os parágrafos.

Segundo Emediato (2007, p. 87), o parágrafo é uma subunidade de significado na unidade maior do

texto que pode ser caracterizada da seguinte forma:

a) O parágrafo deve manter uma unidade de objetivo, ou seja, é importante delimitar um

conjunto ou tipo de informações que será introduzido nessa unidade.

b) O parágrafo-padrão deve possuir introdução, desenvolvimento e conclusão.

A introdução normalmente é representada por um ou dois períodos curtos iniciais, em que se

expressa de maneira sucinta a ideia-núcleo ou tópico frasal. Veja o exemplo apresentado por Garcia (

2010, p. 223):

O Brasil é a primeira grande experiência que faz, na história moderna, a espécie humana para criar um

grande país independente, dirigindo-se por si mesmo, debaixo dos trópicos. Somos os iniciadores, os

ensaiadores, os experimentadores de uma das mais amplas, profundas e graves empresas que ainda se

Fonte: Disponível em: http://www.infoescola.com/redacao/introducao-desenvolvimento-e-conclusao/ Acesso em: 31/07/2013

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acharam em mãos da humanidade. Os navegadores das descobertas que chegaram até nós impelidos pela

vibração matinal da renascença, cumpriram um feito que terminava com o triunfo na luz da própria glória;

belo era o país que descobriam, opulenta a terra que pisavam, maravilhoso o mundo que em redor se

desdobrava; podiam voltar, contentes, que tudo para eles se cumprira.

(Amado, 1963:332)

O primeiro período, grifado em negrito, constitui o tópico frasal. Nele, está a ideia central ou tópico

frasal do parágrafo, trazendo a informação de que o Brasil é um país independente. Nas linhas

seguintes, o autor especifica, justifica e fundamenta o que anunciou nas três primeiras linhas. Na

redação final, você poderá desenvolver cada um desses itens propostos no parágrafo-padrão, o que

garantirá a coerência entre as diferentes partes da composição.

De acordo com Garcia (2010, p. 229), o desenvolvimento é a explanação da ideia núcleo

apresentada na introdução.

A Grande São Paulo – isto é, a capital paulista e as cidades que a circulam – já anda em torno da décima parte

da população brasileira. Apesar da alta arrecadação do município e das obras custosas, que se multiplicam a

olhos vivos, apenas um terço da cidade tem esgotos. Metade da capital paulista serve-se de água proveniente

de poços domiciliares. A rede de hospitais é notoriamente deficiente para a população, ameaçada por uma

taxa de poluição que técnicos internacionais consideram superior à de Chicago. O trânsito é um tormento, pois

o acréscimo de novos veículos supera a capacidade de dar solução de urbanismo ao problema. Em média, o

paulista perde três horas do seu dia para ir e voltar, entre a casa e o trabalho.

(De um editorial do Jornal do Brasil)

O tópico frasal deste parágrafo que você acabou de ler traduz a ideia dos “graves problemas urbanos

que enfrenta a Grande São Paulo”. Se colocada no fim, essa declaração viria introduzida pela

conjunção conclusiva “portanto, assim, por conseguinte, entre outras”. Veja outro exemplo:

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TÓPICO: A arte (...) é tudo o que pode causar uma emoção estética [tópico frasal], tudo é capaz de emocionar

suavemente a..

DESENVOLVIMENTO: ...nossa sensibilidade, dando volúpia do sonho e da harmonia, fazendo pensar em coisas

vagas e transparentes, mais iluminadas e amplas como o firmamento, dando-nos a visão de uma realidade

mais alta e mais perfeita, transportando-nos a um mundo novo, onde se aclara todo o mistério e se desfaz

toda a sombra, e onde a própria dor se justifica como revelação ou pressentimento de uma volúpia sagrada.

CONCLUSÃO: É, em conclusão, a energia criadora do ideal.

(Farias Brito apud Monteiro, 1939:91)

Você acabou de ler um parágrafo rico em detalhes que leva o leitor a ter uma ideia do que é emoção

estética.

Não existe parágrafo-padrão que sirva para qualquer tipo de texto. A

extensão do parágrafo sempre vai depender da natureza do texto.

1.3 O planejamento do parágrafo

Como já discutido na Unidade 1, as ideias não surgem como um passe de mágica na mente. As

verdadeiras fontes de inspiração estão nos livros, nos textos, nas discussões e nas informações que

recebemos pela mídia. Em suma, a verdadeira inspiração é a leitura constante.

Planejar bem um parágrafo é organizar de maneira sequencial as ideias no texto, fixando objetivos

para cada período e para cada parágrafo. Um parágrafo é uma unidade de texto constituída por um,

ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central a que se agregam outras

secundárias.

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O parágrafo pode variar quanto a sua estrutura e extensão. Assim, você poderá encontrar parágrafos

de duas linhas ou parágrafos de página inteira. O que servirá de critério para a delimitação da

extensão são o seu núcleo e a sua ideia central. As ideias mais complexas podem se desdobrar em

mais de um parágrafo.

Antes de planejar um parágrafo, você deve investigar o seu conhecimento sobre o assunto. O melhor

método para que as ideias surjam é a leitura constante e o planejamento. Este último dá

racionalidade ao trabalho de redação. Vale também fazer um esboço de itens e tópicos que poderão

servir para o desenvolvimento dos períodos e dos parágrafos.

O planejamento do parágrafo é uma etapa importante que pode ser realizada de muitas formas. Veja

algumas:

1) Parágrafo por tempo e espaço (histórico)

Dependendo do tema, é necessário situar o parágrafo no tempo, para que ele possa fornecer ao leitor

uma informação cronológica, histórica e temporal, como no exemplo abaixo:

Fonte: Disponível em: http://www2.unucseh.ueg.br/paragrafos/imagens/capa_paragrafos.png Acesso em: 31/07/2013

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Entre 1890 e 1930, Taylor e outros conceberam a administração científica. Taylor iniciou seus estudos nos

Estados Unidos, no final do século XIX e o desenvolvimento das primeiras teorias sobre administração coincide

com o início do século XX. Durante este período, em 1916, Henry Fayol, na França, idealizou a teoria clássica

das organizações, enquanto Max Weber, na Alemanha, por volta de 1910, desenvolveu seu trabalho sobre a

escola burocrática de administração.

2) Parágrafo organizado por definição

Trata-se de uma forma de organização cujo objetivo é definir um conceito teórico, um termo técnico,

uma teoria, um objeto de natureza complexa. A compreensão do significado de um termo chave é

crucial para o desenvolvimento da leitura:

A metonímia consiste em designar uma coisa (A) pelo nome de outra (B), em virtude de uma relação não de

semelhança ou similaridade, mas de contiguidade, de interdependência real entre ambas.

3) Parágrafo organizado por enumeração

Trata-se de um parágrafo cujo objetivo predominante é listar princípios, exemplos, características,

fatos, ações e acontecimentos, por considerar importante a listagem descritiva. Esse tipo de

parágrafo pode ser organizado em itens, como no exemplo abaixo:

Henry Fayol propôs 14 princípios essenciais para a organização administrativa:

a) princípio da....., que visava...

b) princípio de....., podendo ser definido como....

c) princípio de......, que tinha como objetivo....

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d) princípio da ........., que buscava....

e) princípio de ......, caracterizando-se por....

4) Parágrafo organizado por analogia e comparação

O objetivo deste parágrafo é estabelecer relações de comparação (associação) e de contraste

(dissociação), buscando ideias que demonstrem similaridades e diferenças entre dois ou mais

objetos, eventos ou conceitos. Veja na prática:

O melhor seria não generalizar, porque cada qual tem o seu jeito próprio de viver e de trabalhar. Mas,

tomando por base a vida daquele de quem me tornei amigo e confidente, eu diria que ser correspondente no

estrangeiro é cometer adultérios múltiplos. É trair a mulher ou o homem amando...

5) Parágrafo organizado por causa e efeito

Este parágrafo oferece uma informação fundamental ainda não presente no texto. O objetivo é buscar

informações sobre resultados, ou seja, os fatores causais e suas consequências:

A teoria da administração científica produziu os resultados desejados na época da sua aplicação. A

produtividade das empresas aumentou significativamente por força da adoção da racionalização da força

produtiva, sobretudo através da gestão dos tempos e dos movimentos. Como consequência, houve também

um aumento importante dos salários, que se elevaram e atingiram padrões significativos para a época. Com a

produtividade aumentando, crescia também o consumo e o rendimento de empresários e trabalhadores. Por

outro lado, os sindicatos começaram a desconfiar dos métodos utilizados e da racionalização excessiva, por

medo de demissões, o que resultou em greves importantes em várias organizações.

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6) Parágrafo organizado por exemplificação

O objetivo deste parágrafo é fixar o objetivo de apresentar exemplos em um novo parágrafo. É

semelhante ao parágrafo ordenado por enumeração, mas se diferencia na intenção expressa de

fornecer exemplos que sustentem alguma afirmação contida em um parágrafo anterior:

Um bom exemplo de cidadão é também aquele que se preocupa com o meio ambiente: apaga as luzes ao sair

de casa, fecha bem as torneiras e separa o lixo para reciclagem. Ele está preocupado com o planeta que as

pessoas viverão dentro de anos, décadas e séculos, mesmo que não esteja mais presente para conhecer as

gerações futuras.

7) Parágrafo organizado por conclusão-dedução

Trata-se de um parágrafo cujo objetivo é o de finalizar o texto e a argumentação na forma de uma

dedução geral de seus objetivos e das informações apresentadas e discutidas nos parágrafos

anteriores:

Assim, pode-se dizer que as crianças só se transformarão em adultos gentis se tiverem um bom exemplo

dentro de casa, se fizerem parte de uma família em quel todos se tratam bem. O cidadão deve ter paciência e

tolerância com seus filhos. Crianças e adolescentes estão em fase de descobrimento. Se forem tratados com

carinho, esses jovens cidadãos passarão adiante todas as lições que aprenderem.

Acabamos de aprender algumas formas de planejamento do parágrafo, mas é importante lembrar que

os processos de elaboração e desenvolvimento podem variar conforme a natureza do assunto e a

finalidade da exposição.

Querido aluno, chegamos ao final desta unidade e esperamos que as formas propostas de

organização do parágrafo possam ajudar você na construção de um texto acadêmico bem

elaborado. Na próxima unidade, falaremos sobre a coerência e a coesão textual. Você aprenderá a

concatenar ideias, estabelecer as relações de dependência de forma clara e coerente como as

informações que acabamos de ver. Agora é o momento de colocar os seus conhecimentos em prática

visitando a nossa seção “Teoria na Prática”.

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2. Teoria na Prática

Leia os parágrafos abaixo e classifique-os segundo a sua organização:

1- Diante disso, não há como deixar de responsabilizar também a sociedade por parte dos atos e

violência dos jovens. A superação dessa tendência só se dará quando agirmos de uma maneira mais

responsável em relação à formação das novas gerações. Uma autocrítica por parte de todos – mídia,

família, pais, educadores – é o caminho por onde devemos começar.

a) ( ) Tempo e espaço

b) ( ) Enumeração

c) ( ) Analogia e comparação

d) ( ) Conclusão-dedução

e) ( ) Definição

Resposta: letra D

2- Já a fronteira sul de seus empreendimentos ficava em Rio Grande, quase na divisa com o Uruguai,

onde o comércio local girava em torno da agência de seu banco, com filiais em Pelotas e Porto

Alegre. Um pouco mais ao norte, em São Paulo, Mauá iniciava seu maior empreendimento nas

províncias brasileiras. Para tocá-lo, em 2005, teve que montar três agências bancárias, uma em São

Paulo, outra em Santos, a terceira em Campinas…

a) ( ) Tempo e espaço

b) ( ) Enumeração

c) ( ) Analogia e comparação

d) ( ) Conclusão-dedução

e) ( ) Definição

Resposta: letra A

3- O Sol é muitíssimo maior do que a Terra, e está ainda tão quente que é como uma enorme bola

incandescente, que inunda o espaço em torno com a luz e calor. Nós, aqui na Terra, não poderíamos

passar muito tempo sem a luz e calor que nos vêm do Sol, apesar de sabermos produzir aqui mesmo

tanto luz como calor. Realmente podemos acender uma fogueira para obtermos luz e calor. Mas a

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madeira que usamos veio de árvores, e as plantas não podem viver sem luz. Assim, se temos lenha,

é porque a luz do Sol tornou possível o crescimento das árvores.

a) ( ) Tempo e espaço

b) ( ) Conclusão-dedução

c) ( ) Analogia e comparação

d) ( ) Enumeração

e) ( ) Definição

Resposta: letra C

4- Os trechos abaixo compõem um texto, mas estão desordenados. De acordo com a estrutura de um

texto dissertativo (com introdução, desenvolvimento e conclusão) ordene-os nos parênteses

acrescentando respectivamente 1, 2, 3.

a) ( ) A Alemanha, a Itália e o Japão haviam sofrido uma derrota tão esmagadora que

apareceram, durante algum tempo, destinados a desempenhar um papel subalterno nos

assuntos mundiais. Oficialmente, a lista de grandes potências incluía cinco estados: União

Soviética, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e República da China. Eram esses os Cinco

Grandes que, ao chegar o fim da guerra, pareciam fadados a dominar o mundo. Entretanto, a

China logo se viu engolfada numa revolução comunista, enquanto a Grã-Bretanha e a França

se tornavam cada vez mais dependentes dos Estados Unidos.

b) ( ) Em resultado disso, durante dez anos, depois de 1945, a comunidade das nações

assumiu um caráter bipolar, com os Estados Unidos e a União Soviética competindo pela

supremacia e esforçando-se por arrastar os estados restantes para sua órbita.

c) ( ) Em consequência da Segunda Guerra Mundial, as relações mundiais de poder viram-se

drasticamente alteradas.

De acordo com a ordenação, a alternativa que confirma a sequência correta é:

a) b,a,c b) c,a,b c) a,b,c d) b,c,a e) c,b,a

Agora confira a sequência correta: B

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3. Síntese

Querido (a) aluno (a),

Nesta unidade, buscamos entender melhor a organização e o planejamento do parágrafo.

Vimos que o parágrafo-padrão deve manter uma unidade de objetivo e possuir introdução,

desenvolvimento e conclusão.

Aprendemos, também, que, antes de planejar um parágrafo, é importante investigar o conhecimento

que temos sobre o assunto. Aprendemos, sobretudo, que o melhor método para que as ideias surjam

é a leitura constante e o planejamento.

Por fim, conhecemos algumas formas de planejar o parágrafo.

Chegamos ao final da terceira unidade. Esperamos que os conhecimentos aqui adquiridos possam

ajudar você nas suas atividades de leitura e que sejam colocados em prática na produção dos seus

textos. Vamos em frente, pois, ainda, temos muito que aprender sobre coerência e coesão textual.

Até breve!!!

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Unidade 4: A coerência e coesão textual

1. Conteúdo Didático

Caro (a) aluno (a),

Nesta unidade, vamos discutir a respeito da coerência e da coesão textual. Imaginamos que estas

duas palavras já são conhecidas por você. Contudo, muitas vezes ouvimos alguém nos dizer: “Este

texto não tem coerência!” ou “Não vejo coesão neste trecho!”. E nos questionamos: “O que tenho que

fazer para torná-lo coerente e coeso?”

Este é o nosso objetivo: mostrar-lhe que essa não é uma tarefa difícil de executar. Afinal, somos

falantes de uma língua e nos comunicamos muito bem. Somos compreendidos, nos fazemos

entender quando falamos. Então, para fazê-lo por escrito, basta seguirmos algumas dicas e colocar

em prática a nossa intuição de falantes nativos de português.

Então, está preparado (a)?

1.1 Coerência textual

Você sabe que para escrever um bom texto é exigida de nós a capacidade de estabelecer relações

claras entre as várias ideias a serem apresentadas. O desafio maior é descobrir a melhor maneira de

estabelecer essas relações com os recursos que a língua nos oferece.

A coerência textual é a relação lógica entre as ideias, pois essas devem se complementar, é o

resultado da não contradição entre as partes do texto. Texto coerente é aquele por meio qual

é possível estabelecer sentido; é entendido como um princípio de interpretabilidade. Veja o exemplo:

“As crianças estão morrendo de fome por causa da riqueza do país.” “Adoro sanduíche porque engorda.”

As frases são contraditórias, não apresentam informações claras, portanto, são incoerentes.

Fonte: Disponível em: http://www.brasilescola.com/redacao/coerencia.htm Acesso em:01/08/2013

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Sabemos que um texto é mais que a soma dos enunciados que o compõem. Por isso, a sua produção

e compreensão resultam de uma competência específica do falante: a competência textual. Como

dissemos acima, somos falantes nativos de nossa própria língua e capazes de distinguir um texto

coerente de um aglomerado incoerente de enunciados. Essa competência que possuímos é a

competência linguística. Todo falante é capaz de parafrasear um texto, de resumi-lo, de atribuir-lhe

um título, produzir um texto com base em um tema dado e de distinguir um texto segundo os vários

gêneros textuais. Por exemplo: fazer a distinção entre um texto científico e um de comentário

esportivo.

Veja a tirinha a seguir:

O que torna o texto engraçado para nós é que esperamos que “a cura” esteja no suposto líquido que

se encontra no vidro. A quebra da coerência tornou o texto agradável. Contudo, a quebra de

coerência em outros textos pode provocar um desconforto ou um mau entendimento.

O uso adequado de conjunções e de todos os conectivos, que servem para a transição de ideias,

permite superar dificuldades de construção de trechos coerentes. Por isso, o autor deve tomar

cuidado e escolher a conjunção adequada à ideia a ser expressada já que a transição, na maioria

das vezes, se faz com ideias e não com conjunções. Além disso, a pontuação também exerce papel

importantíssimo e colabora para expressar as ideias com clareza.

Outro fator importante para obter coerência no texto é o aprimoramento da ordem de um texto. É

recomendável tomar cuidado especial com relação a causas e consequências, evitando incorrer no

erro de não distingui-las. Portanto, é bom nos lembrarmos de que causa é o que faz com que algo

Fonte: Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000000658/0000006518.jpg Acesso em: 18/07/2013

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exista. Está diretamente ligada ao efeito. A consequência é o resultado de uma causa ou

comportamento.

Lembre-se, “a coerência é uma característica textual que depende da

interação do texto, seu produtor e aquele que procura compreendê-lo. Há

no texto pistas que permitem estabelecer o sentido e a coerência, mas

muito depende do receptor, de seu conhecimento de mundo e da situação

de produção do texto e do grau de domínio dos elementos linguísticos

constantes do texto.” (MEDEIROS; TOMASI, 2010, p. 231)

1.1.1 Construindo sentido

Podemos dizer que a coerência é a base de sentido dos textos. Para que isto ocorra, alguns fatores

são primordiais a fim de que possamos construir e atribuir sentido ao que estamos escrevendo.

Vamos estudar um pouco sobre esses fatores?

Fatores para a construção de sentidos

Conhecimento linguístico

É o conhecimento das estruturas gramaticais e do significado das palavras. Contudo, fique atento: somente o domínio das estruturas e palavras, isoladamente, não traz significação se estiverem descontextualizadas.

Conhecimento do mundo

O conhecimento prévio de um determinado assunto ou do mundo nos permite fazer a leitura do texto, relacionando os seus elementos por meio de inferências. Podemos, assim, dar continuidade de sentido aos segmentos textuais.

Conhecimento partilhado

Tanto emissor quanto receptor possuem diferentes leituras do mundo e diferentes conhecimentos em quantidade e em qualidade. Para que haja coerência, é necessário que ambos – emissor e receptor – tenham conhecimento do assunto em comum para que haja um perfeito equilíbrio entre informações. É por isso que charges ou tirinhas não possuem boa compreensão se a pessoa que as lê não tiver ciência do contexto social ao qual elas se referem.

Inferências São as deduções que fazemos sobre um determinado assunto. Normalmente, não são totalmente expressas. Dizem respeito à

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interpretação que fazemos das entrelinhas.

Fatores de contextualização

São todos os fatores que relacionam o texto a uma situação comunicacional determinada. Se estamos lendo o jornal Estado de Minas, por exemplo, não esperamos encontrar nele informações que normalmente são vinculadas numa revista científica.

Situacionalidade

“Refere-se ao conjunto de elementos situacionais que servem para dar coerência ao texto: os participantes do ato comunicativo – quem são, qual a sua relação hierárquica, onde estão, etc. – o momento da enunciação, o local, etc.” (CARNEIRO, 1997, p. 44)

Informatividade

Trata-se da quantidade de informações presentes num texto e que está estritamente relacionada à presunção do emissor sobre o seu receptor. Enquanto escritora de receitas de pão caseiro, devo supor que quem irá ler as minhas receitas tenha conhecimento de determinadas informações do preparo do pão.

Focalização

Diz respeito ao foco que demos a um determinado evento. Enquanto pintor, irei a uma exposição de arte e a verei de maneira diferenciada daquela que um turista vai perceber. Se a exposição mostrar informações sobre a anatomia humana, um médico a verá de maneira divergente daquela vista pelo pintor e pelo turista.

Intertextualidade

É o conhecimento prévio que temos de outros textos, tanto no que se refere à forma, quanto ao conteúdo. Podemos mencionar, por exemplo, citações, paráfrases ou paródias, em se tratando da forma. Quanto ao conteúdo, ela se torna constante, visto serem os textos interlocutores entre si. Ou seja, textos dialogam uns com os outros. Se eu mencionar que a peça de teatro que estou ensaiando se chama “A Branca que não era Neve”, certamente este título irá remeter você a uma expectativa sobre qual é o vínculo que a peça possa ter com o desenho “Branca de Neve”.

Intencionalidade e a aceitabilidade

“ A intencionalidade está ligada, por parte do emissor, a todos os meios de que ele lança mão no sentido de atingir seus objetivos; já a aceitabilidade, no caso do receptor; está ligada à sua capacidade de atribuir coerência ao texto.” (CARNEIRO, 1997, p. 44)

Consistência e a relevância

A consistência se dá através da maneira com que os dados se relacionam entre si, evitando a contradição. A relevância se dá por meio de enunciados ligados ao mesmo tema.

QUADRO 2 Fonte: Próprio autor.

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Se observarmos tais informações, caro (a) aluno (a), certamente o texto que estamos construindo terá

a coerência que perseguimos.

Passemos, agora, ao próximo assunto, muito importante para a construção do texto: A coesão.

1.2 Coesão textual

A coesão, tentando explicar de maneira bem simples, é a ligação entre as partes do texto. Quando

um texto está coeso, temos a sensação de que a leitura se dá com mais facilidade, ela flui. Para

produzir um texto que apresente a coesão, devemos escrever de maneira que as ideias se liguem

umas às outras, formando um fluxo lógico e contínuo.

Veja um exemplo:

Ana Maria gosta de ir ao teatro, mas seu irmão, é um jovem bonito, famoso. Ana Maria,

professora do ensino médio, acorda cedo, enquanto o irmão, ator de novelas de televisão,

acorda às 4 da manhã. A avó recrimina a dedicação do filho ator, mas rejeita o cuidado da

professora.

Veja que o texto acima possui elementos isolados. A coesão somente seria possível, se houvesse

uma ordem e inter-relação. Por ordem entende-se a necessidade de narrar fatos sequencialmente de

tal forma que o desenvolvimento de uma depende do desenvolvimento anterior de outra. Entendemos

que o ajuntamento de partes desconexas prejudica a compreensão de um texto. O leitor sente-se

perdido no emaranhado de detalhes e acaba não reconhecendo o objetivo do autor.

A coesão é uma das marcas principais da textualidade e pode ocorrer por meio de mecanismos

diferentes, a saber: a coesão referencial, a coesão recorrencial e a coesão sequencial.

1.2.1 Mecanismos coesivos

Estudemos um pouco estes mecanismos.

A coesão referencial

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Acontece quando um elemento da sequência textual se remete a outro elemento do mesmo texto,

substituindo-o. Vejamos, por exemplo, a seguinte sentença:

1. Visitamos os nossos pais na semana passada, mas não pudemos ficar muitos dias com

eles.

2. Eles estavam lá, em nossa casa de campo, os nossos pais.

Observe que as palavras destacadas se referem às mesmas pessoas. Houve substituição sem

prejuízo de entendimento.

A coesão referencial pode ocorrer com a substituição de um elemento por outro, ou por reiteração,

isto é, repetição, de elementos do texto.

A substituição de um elemento por outro pode acontecer por:

1. As formas pronominais: como no exemplo acima, substituímos nomes por pronomes. Essas

substituições podem ser por:

a) Pronomes pessoais de terceira pessoa: O comprador chegou bem cedo, mas ele e o

vendedor não conseguiram fechar o negócio.

b) Pronomes substantivos indefinidos: Meus irmãos estiveram em nossa reunião, mas

nenhum deu opinião sobre aquele assunto.

c) Pronomes substantivos possessivos: Meu marido comprou um carro novo. Contudo,

acabou usando o meu na viagem.

d) Pronomes substantivos demonstrativos: Tentamos chegar a um acordo quanto à cor

que escolheríamos para o meu carro e acabamos escolhendo esta.

e) Pronomes substantivos interrogativos: Meus velhos amigos de escola nos reunimos

no final de semana, mas quem teve esta brilhante ideia?

f) Pronomes substantivos relativos: Aquela mulher, cuja filha está morando no exterior,

decidiu ir embora do país.

g) Pronomes adverbiais: Sandra foi a Paris e lá encontrou a sua alma gêmea.

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2.As formas verbais: Neste caso, os verbos fazer e ser são utilizados em referência a todo o

predicado e não apenas ao verbo: Alceu trouxe todos os livros, mas é porque eu precisava.

3.As formas adverbiais: Meu irmão viajou várias vezes para a África e eu, nunca.

4. As formas numerais:

Se o tempo continuar como está, um quarto de toda a população sofrerá com este calor.

Caíque e Sônia saíram muito cedo de casa. Contudo, os dois voltaram bem tarde.

Reiterações de elementos do texto:

As repetições do mesmo termo:

1. De forma idêntica: A fábrica inventou um novo modelo. Entretanto, o modelo não era

particularmente interessante.

2. Com um novo determinante: a fábrica inventou um novo modelo. Entretanto, esse

modelo não era particularmente interessante.

3. De forma abreviada: O Imposto Predial e Territorial Urbano está ficando cada vez mais

difícil de ser pago. A bem da verdade, o IPTU tem se tornado um problema para aqueles

que não possuem melhores condições financeiras. 4. De forma ampliada: Obama tem sido considerado um bom presidente. Todavia,

percebemos que uma boa parte da população americana não se diz satisfeita com o

governo de Barack Obama.

5. Por forma cognata: Trabalhar é bom e o trabalho enobrece o homem.

Poderíamos continuar mostrando outros detalhes sobre a coesão referencial, mas o nosso objetivo foi

atingido ao mostrar os exemplos acima. Passemos, então, à coesão recorrencial.

Caracteriza-se “pela repetição de algum tipo de elemento anterior que não funciona, a exemplo do

caso da coesão referencial, como uma alusão ao mesmo referente, mas como uma “recordação” de

um mesmo padrão.” (CARNEIRO, 1997, p. 38)

Veja alguns exemplos:

A coesão recorrencial

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Paulinha ria, ria, ria...

Isso vai ajudar a empresa a reerguer-se no mercado e reconquistar seus antigos clientes.

Uso das seguintes expressões: isto é, ou seja, digo, ou melhor.

A coesão sequencial é aquela que cria condições para que o discurso avance. As diferentes

flexões verbais de tempo e modo e as conjunções são os principais elementos linguísticos

responsáveis pelo êxito da coesão.

Veja um exemplo: Todos chegaram a tempo para a reunião, pois não havia nenhuma manifestação

naquela hora do dia.

Veja também alguns exemplos de coerência e coesão na charge e tirinha a seguir:

Fonte: Disponível em: http://www.nadacerto.com.br/wp-content/uploads/2012/06/hagar_12-08-06_pt.gif Acesso em: 18 /07/ 2013

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Acreditamos que você, com a sua experiência linguística, será capaz de detectar as informações que

tornam as charges acima engraçadas, seria redundância tentar explicá-las. Mas gostaríamos que

você fizesse tal leitura lembrando-se das explicações a respeito da coerência e coesão. Também não

se esqueça de que o que concorre para a boa compreensão do pensamento é o nosso cohecimento

prévio. Não poderíamos achar engraçada a charge, se não notássemos o tom irônico da Helga. Nem

conseguiríamos as expressões dos rostos da Mônica e do Cebolinha se não soubéssemos que ecos

não possuem voz própria. Então, vamos à Teoria na Prática?

Fonte: Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/img/lingua-portuguesa/027-prova-brasil-lp-monica.jpg Acesso em 18/07/2013.

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2. Teoria na Prática

As músicas de Chico Buarque de Holanda são muito ricas para estudos interpretativos. Veja a letra

da música “Cálice” de autoria sua e de Gilberto Gil.

Cálice Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga Tragar a dor e engolir a labuta?

Mesmo calada a boca resta o peito Silêncio na cidade não se escuta

De que me vale ser filho da santa? Melhor seria ser filho da outra Outra realidade menos morta

Tanta mentira, tanta força bruta

Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado Se na calada da noite eu me dano Quero lançar um grito desumano

Que é uma maneira de ser escutado Esse silêncio todo me atordoa

Atordoado eu permaneço atento Na arquibancada, prá a qualquer momento

Ver emergir o monstro da lagoa

Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda (Cálice!) De muito usada a faca já não corta

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Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!) Essa palavra presa na garganta

Esse pileque homérico no mundo De que adianta ter boa vontade?

Mesmo calado o peito resta a cuca Dos bêbados do centro da cidade

Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice Pai! Afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!) Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)

Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!) Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)

Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!) Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)

Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!) Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)

Caso você prefira ouvir a música, acesse o link: http://www.youtube.com/watch?v=vWxxVt_Tbd8

Fonte: Disponível em: http://letras.mus.br/chico-buarque/45121/ Acesso em: 06/08/2013

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Para início de conversa, precisamos contextualizar a música, a qual foi escrita durante o

período da ditadura militar no Brasil. Trata-se de uma música que tenta denunciar o drama das

torturas ocorridas naquele período e a dificuldade de se verem livres delas .

Iniciando pelo próprio título da obra, podemos vinculá-lo ao processo da Paixão de Cristo e ao

sofrimento vivido pela população devido ao regime autoritário. Além disso, no final da música,

troca-se a palavra “cálice” pela expressão “cale-se”, remetendo-nos à censura imposta.

Quando se reporta ao cálice “de vinho tinto de sangue” procura mostrar que durante a

ditadura as vítimas também têm o seu sangue derramado devido à repressão e torturas.

“Como beber desta bebida amarga” este símbolo nos informa a dificuldade de aceitar

uma situação social tão degradante, tão cruel.

“Tragar a dor, engolir a labuta” refere-se à dor como se fosse algo natural e quanto à

labuta significa ter que suportar o trabalho subumano sem poder ter o direito de se rebelar

contra tal situação.

“Mesmo calada a boca, resta o peito / mesmo calado o peito, resta a cuca”

dão-nos a entender que se pode tentar fazer uma boca se calar, mas o sentimento continua

latente no peito. E mesmo que este peito se cale, devido ao massacrante processo imposto, as

ideias jamais se calam.

“De que me vale ser filho da santa / Melhor seria ser filho da outra” nos

remetem ao hino nacional quando nos referimos ao nosso país como “pátria mãe”. A situação

estava tão humilhante, que não tinham orgulho desta pátria. O ideal teria sido se fôssemos

filhos “da outra” que, normalmente, se refere a uma amante ou prostituta. Levando-nos a

entender que a “pátria mãe” se colocava, naquele momento, em situação bastante inferior. Não

podia ser mais vista como “mãe”.

“Tanta mentira, tanta força bruta” lembram-nos de que o país tentava mostrar ao

exterior que estávamos vivendo um bom momento. Contudo, a força era utilizada para manter

a ordem.

“Como é difícil acordar calado / se na calada da noite eu me dano” expressa a

dificuldade de se calar perante o que ocorria e, durante a noite, é que podiam, de maneira

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sorrateira, tentar reverter a situação, criando movimentos que pudessem denunciar o que

ocorria.

“Quero lançar um grito desumano / que é uma maneira de ser escutado”

procura chamar para o confronto, uma vez que, pacificamente, não parecia haver um jeito de

reverter aquele quadro.

“Esse silêncio todo me atordoa / atordoado, eu permaneço atento” busca

denunciar os atos que silenciavam aqueles que tentavam ir contra o regime. E, mesmo se

sentindo atordoado, não havia como não se atentar para o que estava ocorrendo.

“Na arquibancada, pra qualquer momento ver emergir o monstro da lagoa”

entendemos que o monstro se trata de mais um mecanismo de ordem do regime militar o qual

todos estavam aguardando surgir a qualquer momento, como mais uma forma de imposição.

“De muito gorda a porca já não anda / de muito usada a faca já não corta”

nos remete ao próprio sistema ditatorial – a porca – que, mesmo usando a força bruta, já não

consegue mais ser respeitada, visto já estar com a sua imagem desgastada.

“Como é difícil, pai, abrir a porta” expressa a dificultade de se encontrar uma saída

para a situação.

“Essa palavra presa na garganta” nos remete novamente ao fato de terem que

permanecer calados, mesmo tendo as ideias fervilhando. Está ficando cada vez mais difícil

ficar em silêncio vendo tantas atrocidades acontecerem.

“Este pileque homérico no mundo” refere-se ao desejo, quase que heróico, de

conseguir a liberdade.

“De que adianta ter boa vontade” possivelmente refere-se à expressão bíblica “paz na

terra aos homens de boa vontade”. Ou seja, não há uma recompensa por ser uma pessoa de

paz. Mesmo o sendo, há uma espécie de castigo a ser imposto.

“Talvez o mundo não seja pequeno / nem seja a vida um fato consumado”

mostra que há possibilidade de haver uma chance de que tudo possa vir a ser diferente.

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“Quero inventar o meu próprio pecado / quero morrer do meu próprio veneno”

nos indica que o eu-lírico se reconhece humano e, como tal, passivo de erros. Contudo,

expressa que ele quer se reconhecer nesta situação por algo que ele tenha feito e não por algo

que o sistema lhe tenha imposto.

“Quero perder de vez tua cabeça / minha cabeça perder teu juízo” acrescenta

aqui a necessidade de ser ele próprio o dono de seu julgamento, além de mostrar a

necessidade de fazer com a ditadura pudesse ser extirpada.

Por fim, encerram com “Quero cheirar fumaça de óleo diesel / me embriagar até

que alguém me esqueça” que foi uma forma de denunciar uma das táticas de tortura, que

era fazer com que os prisioneiros políticos cheirassem óleo diesel queimado, cuja fumaça os

deixava como se estivessem embriagados. Para escaparem de tal tortura, os mesmo fingiam-

se desmaiados minimizando o tempo de sofrimento causado por esta estratégia.

Sugiro que reveja a música, escute-a e, após toda a contextualização busque compreender

que se trata de um texto totalmente harmônico, coerente e coeso. Aguardamos você na nossa

próxima unidade, na qual enfocaremos a produção textual.

3. Síntese

Para sintetizar, apresentamos abaixo, o que foi estudado nesta unidade.

Estudamos o conceito de coerência e de coesão.

Estipulamos a diferença entre eles.

Discorremos sobre os fatores que nos ajudam a tornar um texto coerente.

Vimos alguns dos mecanismos que podemos utilizar para conseguir escrever um texto

coeso.

Interpretamos charge e tirinha colocando em prática a nossa teoria.

Estudamos a letra da música “Cálice” de Chico Buarque e Gilberto Gil. Entendemos

que sem o contexto a que esta letra se refere impossível seria identificar a coerência.

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Unidade 5: Produção textual

1. Conteúdo Didático

Caro (a) aluno (a),

Todos nós, escritores ou não, somos cônscios de que há dificuldades na tarefa de escrever.

Sabemos que se trata de um aprendizado que se faz ao longo de toda a nossa vida e terá

sempre a necessidade de ser lapidado.

Nesta unidade, iremos focalizar a produção textual. Priorizaremos a delimitação do assunto, a

escolha do tema e a elaboração de textos que, certamente, estarão presentes em sua vida

acadêmica, tais como: resumo, resenha, relatório e artigo de opinião.

Mãos à obra!

1.1 Escolha do tema e a delimitação do assunto

Como já mencionado, a boa qualidade de um texto depende de uma série de fatores que são o

suporte para manter a clareza das ideias que queremos transmitir.

Fonte: Disponível em: http://www.navegandonaweb.com/wp-content/uploads/2012/03/temas-para-tcc.jpg Acesso em: 06/08/2013

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O assunto proposto para a discussão geralmente possui uma característica mais abrangente,

pois é visto de maneira global. Para melhorar a sua compreensão, imagine, por exemplo, a

questão da violência. Este assunto engloba vários tipos de violência, que pode ir desde a força

física até a violência velada em uma discussão.

Quando delimitamos o assunto, podemos focalizar o tema de

maneira mais específica. Então, poderemos escrever sobre: A

violência no trânsito, ou A violência nos estádios de futebol, ou A

violência dos manifestantes. Veja que ficará mais centralizada a sua

ideia e você poderá discorrer sobre o assunto de maneira mais

segura. Ao delimitarmos o assunto, falando, por exemplo, da violência

dos manifestantes, estamos, consequentemente, criando o nosso

tema.

Lembre-se de que um parágrafo apresenta, usualmente, uma frase-núcleo seguida de outras,

as secundárias, que desenvolvem a ideia central de um assunto. As ideias apresentadas no

parágrafo devem estar profundamente relacionadas pelo sentido através da observância dos

princípios de coerência e coesão textual.

Então, não se esqueça que delimitar o assunto é

restringir. Ou seja, é fazer com que as suas ideias

passem por uma espécie de funil. Assim, você se

sentirá mais seguro para escrever, uma vez que

focalizará somente um aspecto de um assunto

mais amplo.

Fonte: Disponível em: http://projetoaprendizagemeliskleder.

Não podemos deixar de mencionar que você precisa ser cuidadoso ao delimitar o

assunto dado. Precisamos evitar que possam ocorrer dois deslizes básicos: a

redução e a extrapolação. A redução acontece quando se aborda apenas uma

parte, um elemento do tema, em detrimento de outros, também presentes. Já a

extropolação ocorre quando a argumentação ultrapassa os limites do tema

proposto, tratando de assuntos não pertinentes.

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Veja como podemos colocar em prática: Educação será o assunto. Qual delimitação podemos

fazer?

DELIMITAÇÃO

a) O fracasso escolar;

b) De quem é a culpa pelo fracasso escolar?

PARÁGRAFO RESPEITANDO A DELIMITAÇÃO

Percebemos que a nossa sociedade está centrada em comportamentos que exigem dos

seus indivíduos determinadas práticas de leitura e escrita as quais estão sujeitas ao tipo

de sociedade e às políticas educacionais em vigor num determinado momento histórico.

Quando estas práticas não correspondem à expectativa, surge o fracasso escolar e ao

educando é, usualmente, atribuída a responsabilidade por esta falha. Normalmente, a

escola não se assume como co-responsável por tal processo. O mesmo se dá com a

família que, durante o processo escolar, habitualmente delega à escola

responsabilidades que, a priori, são suas por natureza.

Note que, ao fazermos a delimitação do assunto, ficou mais fácil focalizar as nossas ideias,

centralizando-as. Lembre-se de que o parágrafo é de fundamental importância na construção

textual. Sua função principal é de articular as ideias, fazendo com que estas fiquem distribuídas

de maneira uma, clara, concisa, objetiva, com correção e originalidade.

Tendo exposto essas informações importantes, passemos agora ao estudos de diferentes

gêneros, a saber: resumo, resenha, relatório e artigo de opinião.

Está preparado(a)?

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1.2 Resumo

O resumo possui objetivos distintos

que podem ser: a apresentação de

um sumário narrativo das partes mais

significativas de um texto, o que não

dispensa a leitura do texto original.

Também pode ser a condensação do

conteúdo, fazendo a exposição, ao

mesmo tempo, das finalidades e

metodologia e dos resultados obtidos,

bem como as conclusões da autoria.

Desta maneira, permitirá a utilização em trabalhos científicos e dispensa a leitura posterior do

texto original. Além disso, pode possuir o caráter de análise interpretativa de um documento,

criticando os diferentes aspectos inerentes ao texto.

Veja, agora, como resumir:

1. Numa primeira leitura, fazemos um esboço do texto, tentando captar o plano geral da

obra e seu desenvolvimento.

2.Numa segunda leitura, lemos o texto para responder às duas questões principais: De

que trata este texto? O que pretende demonstrar? Desta maneira, identificamos a ideia

central e o objetivo que guiaram o autor.

3.Numa terceira leitura, devemos nos preocupar com mais uma questão: Como o autor o

fez. Ou seja, tratamos, neste momento, de descobrir as partes principais em que se

estrutura o texto. Neste último momento, tentamos compreender as ideias, provas, exemplos que serviram de motivo para explicação, discussão e demonstração da ideia

principal desenvolvida pelo autor.

4.Numa última leitura, buscaremos compreender o sentido de cada parte relevante do texto, anotando as palavras-chave e verificando o tipo de relação entre as partes, que

podem ser de consequência, oposição, complementação, entre outras.

Fonte: Disponível em: http://noticias.universia.pt/pt/images/tiempo%20libre/r/re/res/resumos.jpg Acesso em: 06/08/2013

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Veja, caro (a) aluno (a), que, em momento algum, pedimos que você somente se utilizasse das

ideias centrais, copiando somente as primeiras sentenças de cada parágrafo. Uma vez que

você tenha compreendido o texto, selecionado as palavras-chave e compreendido a relação

entre as partes essenciais, poderá passar à elaboração de seu próprio texto, o resumo.

Devemos, antes de passar para os exemplos, informar-lhe que existem três tipos diferentes de

resumos, a saber: indicativo, informativo e crítico. Este último é, também, chamado de resenha,

ou resenha crítica.

1.2.1 Resumo indicativo

Refere-se às partes mais importantes do texto, utilizando frases curtas, cada uma

correspondendo a um elemento importante da obra que está sendo resumida. Não se trata de

enumeração do sumário ou do índice do trabalho e muito menos dispensa a leitura do texto

original.

Veja um exemplo:

“Etapas do desenvolvimento econômico que caracterizam a transição do feudalismo para o

capitalismo. Distinção entre as relações sociais formais de produção e as relações sociais no trabalho,

segundo as sucessivas fases de organização industrial: sistema familiar, de corporações, doméstico e

fabril; também de acordo com a natureza das elites que introduzem ou determinam o processo de

industrialização nas diferentes sociedades: elite dinástica, classe média, intelectuais revolucionários,

administrador colonial, líder nacionalista. As elites influem ainda no processo de recrutamento da

Fonte: Disponível em: http://www.cliqueaquidicas.com/wp-content/uploads/2012/11/Resumo-de-texto.jpg Acesso em: 06/08/2013

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mão de obra, na integração do trabalhador na empresa, na autoridade que elabora as normas

referentes à relação entre o trabalhador e a direção da empresa e no caráter da atividade da gerência

sobre os trabalhadores. Conceito de trabalhador temporário. Etapas de desenvolvimento econômico

das sociedades que influem no processo de trabalho. Organização do trabalho e suas alterações,

causa e consequência das transformações da sociedade. Surgimento e desenvolvimento do trabalho

temporário segundo as etapas de desenvolvimento econômico e da organização do trabalho.

Metodologia da pesquisa, seleção da amostra, técnicas de coleta de dados, enunciado das hipóteses e

variáveis. Análise e interpretação dos dados, comprovação ou refutação das hipóteses. Perfil do

trabalhador temporário.”2

1.2.2 Resumo informativo

Este tipo de resumo apresenta as

informações principais apresentadas no

texto, permitindo a dispensa do texto

original. Trata-se de um resumo mais amplo

que o indicativo e tem por finalidade

informar o conteúdo das principais ideias do

autor. Ele procura dar relevância aos

objetivos e ao assunto, apresenta os

métodos e técnicas utilizados na pesquisa

(mesmo que seja de forma concisa), bem

como a apresentação dos resultados e das

conclusões do trabalho.

Este tipo de resumo não exige que o autor do resumo apresente comentários pessoais ou faça

julgamentos de valor. Também não lhe dá a oportunidade de formular nenhuma crítica. Ao

autor do resumo cabe fazer uso de suas próprias palavras e, se por acaso, for mencionar as

palavras do autor do texto que está resumindo, é obrigado a apresentá-las entre aspas,

2 LAKATOS, Eva Maria. O trabalho temporário: nova forma de relações sociais no trabalho. São Paulo: Escola de Sociologia e Política de São Paulo, 1979,2. v. (Tese de Livre-Docência).

Fonte: Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/_bF7RRT_MpHM/S9TJokicAAI/AAAAAAAABEQ/dbdh5MhxDL8/s400/escrever-bem.jpg Acesso em: 06/08/2013

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utilizando as regras da ABNT para fazer as citações. Ao final do resumo, indicam-se as

palavras-chave do texto.

Neste tipo de resumo, o ideal é que sejam evitadas expressões tais como: o autor disse, o

autor falou, segundo o autor ou segundo ele, a seguir, este livro (ou artigo, ou documento) e

outras do gênero, ou seja, todas as palavras supérfluas. Preferencialmente, utilizamos a forma

impessoal.

Vamos ao exemplo:

“A partir da Idade Média, as sucessivas fases da organização industrial apresentam o sistema familiar,

onde a produção era realizada pelos membros da família, para seu próprio consumo e não para a

venda, pois praticamente inexistia mercado; o sistema de corporações, em que a produção ficava a

cargo de mestres artesãos independentes, donos da matéria-prima e das ferramentas de trabalho,

auxiliados por aprendizes, atendendo a um mercado pequeno e estável: não vendiam seu trabalho,

mas o produto de sua atividade; sistema doméstico, com um mercado em expansão, onde o mestre

artesão perde parte de sua independência: surge o intermediário a quem pertence a matéria-prima e,

em consequência, o produto acabado; sistema fabril, atendendo a um mercado cada vez mais amplo e

oscilante, onde a produção é realizada em estabelecimentos pertencentes ao empregador, sendo o

trabalhador totalmente dependente, pois não é mais dono dos instrumentos de produção: vende,

portanto, sua força de trabalho. As relações sociais formais de produção resultam "dos direitos

definidos de acesso a um particular meio de vida e de participação nos resultados do processo de

trabalho".

As relações sociais no trabalho compreendem "aquelas relações que se originam da associação, entre

indivíduos, no processo cooperativo de produção". A Revolução Industrial não alterou as relações

sociais formais de produção do sistema fabril. De acordo com a natureza da elite que orienta, introduz

ou determina o processo de industrialização, as relações sociais no trabalho recebem diferentes

influências. As principais são: processo empregado no recrutamento da mão de obra; na integração

do trabalhador na empresa; na autoridade que elabora as normas referentes às relações entre o

trabalhador e a direção da empresa; no caráter da autoridade da gerência sobre o trabalhador.

A elite dinástica recruta, baseada em laços familiares; utiliza mecanismos paternalistas de integração;

elabora normas através do Estado e da própria gerência e tem uma preocupação paternalista com os

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trabalhadores. A classe média recruta segundo a habilidade; cria mecanismos específicos de

integração; a elaboração das normas é pluralista e considera o trabalhador como cidadão. Os

intelectuais revolucionários realizam um recrutamento apoiados na filiação política; a integração dá-

se através do apelo ideológico; a elaboração das normas encontra-se sobre a égide do partido e do

Estado, e a autoridade tem caráter ditatorial, de início, e, mais tarde, constitucional.

Os administradores coloniais recrutam segundo a naturalidade; a integração é paternalista; as normas

são elaboradas pela metrópole e as formas de autoridade são ditatoriais e paternalistas. Os líderes

nacionalistas recrutam segundo a qualificação profissional e política; a integração baseia-se na

elaboração de normas; consideram o trabalhador como patriota; a elaboração de normas destaca o

Estado e os dirigentes, e a autoridade depende do tipo de gerentes. Distingue-se o trabalho

temporário de outras atividades, tais como: trabalho parcial, recrutamento direto, período de

experiência, empréstimo de trabalhador, subcontratação, empreitada, trabalhador sazonal, diarista,

trabalhador externo e trabalhador doméstico.

Na conceituação de trabalhador temporário, faz-se referência a uma relação triangular entre o

empregador (agência de mão de obra temporária - fornecedor), o trabalhador temporário e a

empresa cliente (tomador). A sociedade industrialmente desenvolvida favorece o surgimento do

trabalho temporário. A ampliação deste é incentivada pelo aumento da divisão do trabalho e pela

especialização: coincide sua expansão com o aumento do desemprego. O trabalhador temporário

diferencia-se daquele que é fixo por um conjunto de características, sendo as mesmas uma

decorrência do tipo de atividade exercida, assim como do tempo de exercício da função. O

trabalhador é encaminhado a esta atividade principalmente pela insuficiência de oferta de empregos

fixos. O trabalhador temporário é predominantemente do sexo masculino; entre 18 e 30 anos; com

primário completo; sem companheiro; família pouco numerosa, geralmente migrante do próprio

Estado; renda familiar entre Cr$ 2.500,00 e Cr$ 5.000,00 (1976); responsável econômico da família;

mora em casa alugada e não possui outra fonte de renda ou bens.

Palavras-chave: Sistema familiar, de corporações, doméstico e fabril. Relações sociais formais de

produção. Relações sociais no trabalho. Revolução Industrial. Elite dinástica, classe média, intelectuais

revolucionários, administradores coloniais e líderes nacionalistas. Trabalho temporário.

Trabalhadores temporários. Características dos trabalhadores temporários.”3

3 LAKATOS, Eva Maria. O trabalho temporário: nova forma de relações sociais no trabalho. São Paulo: Escola de Sociologia e Política de São Paulo, 1979,2. v. (Tese de Livre-Docência).

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1.2.3 Resumo crítico

Como já mencionado anteriormente, este resumo também recebe a designação de resenha.

Ele procura formular um julgamento sobre o trabalho que está sendo analisado. Trata-se de

uma crítica da forma, no que se refere aos aspectos metodológicos. É também uma crítica ao

conteúdo, ao desenvolvimento da lógica da demonstração, à técnica de apresentação das

ideias principais.

Veja bem, não estamos aqui falando de uma crítica que irá tentar derrubar o trabalho do autor,

mas de uma análise de seu trabalho. Cremos que se você ler o exemplo que escolhemos para

lhe mostrar, compreenderá melhor o que queremos dizer.

Mais um detalhe: neste tipo de resumo não pode haver citações.

Passemos ao exemplo:

“Traça um panorama do trabalho temporário nos dias atuais, nos municípios de São Paulo, ABC e Rio

de Janeiro, relacionando as razões históricas, sociais e econômicas que levaram ao seu aparecimento

e desenvolvimento. Divide-se em duas partes. Na primeira, geral, tem-se a retrospectiva do trabalho

temporário. Partindo do surgimento da produção industrial, traça um panorama da evolução dos

Fonte: Disponível em: https://si0.twimg.com/profile_images/1532007201/LITERATURA2.jpg Acesso em: 01/08/2013

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sistemas de trabalho. Dessa maneira são enfocadas, do ponto de vista sociológico, as relações de

produção através dos tempos. Esse quadro histórico fornece a base para a compreensão dos fatores

sociais e econômicos que levaram à existência do trabalho temporário tal como é conhecido hoje no

contexto urbano. A parte teórica permite também visualizar a realidade socioeconômica do

trabalhador temporário, conduzindo, em sequência lógica, as pesquisas de campo apresentadas na

segunda parte do trabalho. A parte essencial consiste em uma pesquisa realizada em três níveis: o

trabalhador temporário, as agências de mão de obra temporária e as empresas que a utilizam. Ao

abordar os três elementos atuantes no processo, a pesquisa cerca o problema e faz um levantamento

profundo do mesmo. As técnicas utilizadas para a seleção da amostra e coleta de dados são

rigorosamente corretas do ponto de vista metodológico, o que dá à pesquisa grande confiabilidade.

As tabelas apresentadas confirmam ou refutam as hipóteses levantadas, permitindo que, a cada

passo, se acompanhe o raciocínio que leva às conclusões do trabalho. Estas são apresentadas por

tópicos e divididas conforme a parte a que se referem, permitindo ao leitor uma confrontação entre o

texto comprobatório e a conclusão dele resultante. Ao final de cada capítulo aparece um glossário,

com a definição dos principais conceitos utilizados no texto. São ainda apresentadas, em anexo, a

legislação referente ao trabalho temporário, o modelo de formulário utilizado na pesquisa e a lista de

itens que a integra. As tabelas que apresentam os resultados da pesquisa fazem parte do segundo

volume. Esse material permite que se conheça em detalhes e se possa reproduzir o processo de

investigação realizado.”4

Se você foi um leitor (a) cuidadoso (a), certamente deve ter notado que todos os resumos

acima apresentados são de uma mesma obra. Esperamos que tenha compreendido a

diferença entre os três tipos de resumos. Passemos agora a mais alguns aspectos sobre a

resenha.

4 LAKATOS, Eva Maria. O trabalho temporário: nova forma de relações sociais no trabalho. São Paulo: Escola de Sociologia e Política de São Paulo, 1979,2. v. (Tese de Livre-Docência).

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1.3 Resenha

Como já mencionado , a resenha é um texto

que possui a finalidade de relatar os

aspectos relevantes de um objeto.

Certamente, o resenhador não irá escrever

um resumo extenso e exaustivo de um livro

ou filme. Irá selecionar os aspectos mais

relevantes da obra tendo em vista o público

alvo que quer atingir.

Usualmente, a resenha apresenta os seguintes itens.

1. Uma parte descritiva com informações sobre o texto:

• Nome do autor (ou autores);

• Título da obra;

• Nome da editora;

• Lugar e data de publicação;

• Número de volumes e páginas.

2. Uma parte que trata especificamente do conteúdo:

• Um resumo do assunto em linhas gerais (resumo “panorâmico”);

• Ponto de vista adotado pelo autor;

• Pontos essenciais do texto.

A resenha pode conter comentários do resenhador a respeito das ideias do autor, a respeito da

utilidade da obra e da relação que o texto mantém com o pensamento de outros escritores que

também fazem a abordagem do mesmo objeto. Neste caso, trata-se da resenha crítica, que é

um texto melhor elaborado, pois implica que o resenhador tenha informações mais detalhadas

sobre o assunto que está sendo resenhado.

Escrever resenhas é um excelente exercício, pois proporciona o desenvolvimento da

competência linguística visto que são trabalhados aspectos como o vocabulário, a pontuação, a

concordância, a ortografia, a construção de parágrafos, entre outros tantos aspectos

importantes da língua. Além disso, é também uma excelente estratégia de estudo de um

assunto, uma vez que amplia o conhecimento sobre o mesmo, além de promover o

Fonte: Disponível em: http://www.dicasgratisbrasil.com/dicasgr

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desenvolvimento da competência crítica. E, para o leitor, a resenha é uma maneira de lhe

oferecer um conhecimento sobre uma obra ou assunto, mesmo que seja de maneira sucinta,

talvez instigando-lhe o desejo de leitura completa da obra.

1.4 Relatório

Relatório é uma exposição escrita, minuciosa e circunstanciada relativa a um assunto ou fato

ocorrido. É um documento que descreve, detalhadamente, um trabalho técnico, como uma

experiência científica ou a implementação de uma tecnologia.

Trata-se de um texto conciso, claro e direto, com mínimo de

elementos supérfluos, quer sejam eles de conteúdo, quer sejam de

estilo. Trata-se de um texto analítico-expositivo no qual os resultados

de um experimento são apresentados. Sendo assim, deve fornecer

um relato que possua coerência e que seja capaz de permitir

tomadas de decisões corretas.

Um relatório divide-se, geralmente, em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Enfim, serve o relatório como uma espécie de prestação de contas ao final de uma atividade

desenvolvida.

Da introdução deve constar a indicação do assunto, a experiência feita, ou o fato investigado e os

objetivos que foram propostos. Se o trabalho for realizado em equipe, dele deve constar o nome das

pessoas que o realizaram, bem como a especificação da tarefa de cada um.

Do desenvolvimento deve constar o relato minucioso da experiência feita ou do fato investigado.

Dependendo do assunto, nessa parte do relatório devem estar mencionadas as datas de início e

término da experiência ou da investigação do fato, o local de sua realização, os procedimentos e

métodos empregados e a discussão do assunto.

Da conclusão deve constar o resultado a que se chegou depois da investigação do fato ou da

experiência. Dependendo do fato investigado, admite-se que nessa parte se aconselhe a adoção de

medidas relacionadas a ele.

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1.5 Artigo de opinião

Todo texto escrito contém informações, mas há textos que basicamente informam e outros que

são escritos com a intenção central de dar uma opinião sobre um assunto. Trata-se de um

gênero discursivo argumentativo que tenta buscar expressar o ponto de vista do autor que o

assina. Nos textos de opinião, o objetivo central do autor é convencer o leitor de um

determinado ponto de vista. Por isso, este tipo de texto sempre faz parte de um diálogo

contemporâneo, ou seja, argumenta-se em torno de questões que nos dizem respeito no tempo

presente, tais como questões sociais, políticas, culturais, entre outras.

É possível, também, que o ponto de vista assumido pelo autor se choque com outros pontos de

vista. No processo de interação com os diferentes pontos de vistas, é importante que você

pense sobre as informações que são colocadas antes de concordar com elas ou discordar das

mesmas. Quanto mais você estiver exposto à diversidade de opiniões, mais será capaz de

pensar sobre o mundo que nos cerca. As diversidades de opiniões nos transformam e nos

estimulam.

O texto de opinião integra, geralmente, três partes: a introdução (indicação da ideia que se vai

defender), o desenvolvimento (apresentação das razões e exemplos que justificam a opinião) e

a conclusão (síntese das razões apresentadas ou insistência num dos exemplos referidos).

Para produzir um bom texto de opinião você deve:

Deixar claro o assunto que está sendo abordado e a opinião que vai defender;

Justificar a sua opinião por meio de exemplos;

Terminar o texto insistindo no seu ponto de vista e na justificativa que considerar mais

forte;

Utilizar linguagem apelativa e expressiva;

Atribuir um título ao texto.

Agora, observe o texto abaixo:

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Dilma e Marina no segundo turno ou Lula no primeiro? Que tal uma injeção no olho, sem anestesia? Ou: Os pobres ainda não apareceram para falar

Por: Reinaldo Azevedo

Uma pausa nas minhas férias para comentar pesquisa Estadão-Ibope de intenção de votos para a Presidência da República. Vocês encontram mais detalhes do portal do jornal. Destaco aqui alguns dados que me parecem relevantes. Também este levantamento, a exemplo de outros que o antecederam, registra a monumental despencada de Dilma Rousseff (PT), que caiu de 58% em março para 30% — no cenário em que aparecem Marina Silva (Rede), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Com esses mesmos nomes, Lula obteria 41% e se elegeria no primeiro turno. Em qualquer dos casos, quem mais ganhou eleitores entre o levantamento de março e o de agora é Marina: com Dilma na disputa, ela salta de 12% para 22%, Aécio passa de 9% para 13%, e Campos, de 3% para 5%. Quando o nome do PT é Lula, a ex-ministra do Meio Ambiente fica com 18%, e o senador tucano, com 12%. Em qualquer cenário, a ex-senadora petista fica em segundo lugar. Num eventual segundo turno entre as duas, há empate: 35% para Dilma contra 34% para Marina.

É claro que eu não gosto do resultado, mas ele traduz, sim, o espírito das manifestações de rua, que, sabem vocês, nunca foi do meu agrado. Os números apontam para duas perspectivas para mim horripilantes: a que garantiria a vitória de Lula no primeiro turno e a que permitiria uma disputa, em segundo, entre Dilma e Marina Silva. Nesse caso, ocorreria o que chamo de choque de obscurantismos — o deste mundo (Dilma) contra o do outro mundo (Marina). Sei que ainda não há campanha na TV; que a petista tende a ter um latifúndio de tempo, contra alguns segundos da sua eventual adversária e coisa e tal… A diferença pode fazer diferença no primeiro turno; no segundo, tudo se iguala. Uma Marina Silva falando contra a política tradicional, emprestando-se ares de Davi contra a Golias da Maldade, do “tostão contra o milhão”…Ah, meus caros, a chance de um desastre dessas proporções de realizar é imensa!

E há, como se constata, a chance de Lula entrar na jogada. E cumpre não descartar essa possibilidade. Em palestra para estudantes da Universidade Federal do ABC, ele reiterou que sua candidata é Dilma e coisa e tal, mas avisou: não está doente coisa nenhuma! Sendo ele quem é, não é o tipo de desmentido que se deva ignorar. “Ah, ele só está corrigindo uma informação…” Não quando se é Lula e quando vemos o patrimônio eleitoral do PT se desmanchar. É uma tolice supor que ele possa mesmo estar fora da jogada. É preciso ignorar a natureza do petismo para supor que o partido caminharia para uma derrota eleitoral certa ou para uma disputa de máximo risco. Se preciso, Lula volta à cena, sim, senhores!, pouco importa o seu real estado de saúde. Se puder fazer uma campanha mínima, isso basta.

Não, não… O resultado eleitoral das ruas buliçosas não é nada bom. No cenário em que Lula (38%) é candidato e em que aparecem Joaquim Barbosa (6%) e Marina Silva (17%), a soma desses três nomes alcança 61%. Nesse caso, o tucano Aécio Neves obtém apenas 12% — índice que se repete em dois outros; o máximo que atingiu foi 13%. Isso significa que o único nome identificado com a oposição obteve bem pouco ganho com a derrocada de Dilma. Como se explica? O movimento das ruas, ainda que assentado, às vezes, em causas as mais meritórias, é, infelizmente, contra a política. E Marina Silva é muito mais eficiente do que todos os seus adversários na arte de fingir de que faz outra coisa que não… política!

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E os pobres? Tomei aqui algumas pancadas porque escrevi que, até agora, os pobres não foram às ruas. Pancadas, acho eu, injustas porque eu não estava desqualificando nada. Fazia um registro para entender a realidade e não alimentar falsas ilusões. A pesquisa Ibope evidencia que a minha observação era pertinente. O movimento das ruas fez quase dobrar o índice de Marina. Agora vejam este número: Marina tem 44% das intenções de votos de quem ganha mais de 10 mínimos, contra apenas 19% de Dilma – em março, era o contrário: 43% a 18% em favor da petista. Já entre os que ganham até um mínimo, a presidente alcança 43%, contra apenas 13% da ex-ministra. Os números estão aí. [...]. E volto aos dias de hoje para encerrar:

Fonte: Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/dilma-e-marina-no-segundo-turno-ou-lula-no-primeiro-que-tal-uma-injecao-no-olho-sem-anestesia-ou-os-pobres-ainda-nao-apareceram-para-falar/. Acesso em 19 jul. 2013.

O texto que você acabou de ler é um artigo de opinião. Ele tem um assunto claramente

delimitado, que é a discussão sobre a intenção de votos para a presidência da Repúbica na

próximas eleições. Para dar sustentação ao seu ponto de vista, o autor apresenta dados

estatísticos que foram divulgados recentemente, após os movimentos de rua que estão

acordando o Brasil para as dificuldades que enfrentamos com o transporte público, a

educação, a saúde, a corrupção e os gastos exagerados da máquina governamental. O texto

apresenta uma linguagem clara, simples, e tem a possibilidade de atingir um número muito

grande de leitores, visto ser possuidor das características que tornam um texto bem redigido,

que são: clareza, concisão, objetividade, correção e originalidade.

Caro (a) leitor (a), chegamos ao final da unidade e ao final de nosso curso. Esperamos que

você tenha tido ótimas oportunidades para perceber que o ato de escrever exige técnica,

dedicação, bom vocabulário, conhecimento das estruturas linguísticas. Não obstante, trata-se

de uma habilidade que podemos adquirir ao longo de nossas vidas e que sempre poderemos

lapidar, dando-nos o prazer de fazê-lo com competência. Para que isto aconteça é

imprescindível que você continue a sua busca para uma melhor produção textual.

Aguardamos você na seção “Teoria na Prática”. Dê uma passadinha pela síntese e,

esperamos que você possa responder às perguntas, que elaboramos, de maneira bem

proveitosa.

Desejamos-lhe bons estudos e muito sucesso!

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2. Teoria na Prática

Vamos colocar em prática a sua interpretação e análise do texto de opinião que colocamos

acima? Leia novamente o texto intitulado “Dilma e Marina no segundo turno ou Lula no primeiro? Que tal uma injeção no olho, sem anestesia? Ou: Os pobres ainda não

apareceram para falar”. Siga o roteiro abaixo e responda às questões:

1. Identifique os dados relevantes que o autor analisou.

2. Na opinião do autor, o que estes números revelam?

3. É possível notar qual é a posição do autor em relação à candidatura do presidente

Lula? Que opinião ele tem a este respeito?

4. Agora que você já repassou a leitura, escreva um pequeno texto argumentando a sua

posição em relação às ideias do autor.

Sugestões de respostas:

1. O autor analisou percentualmente a possibilidade de haver um segundo

turno para a campanha presidencial, devido às manifestações populares.

2. Para ele, estes números revelam que houve uma mudança de opinião

popular em relação aos “presidenciáveis’, mudança que pode acarretar

um segundo turno.

3. Parece que ele não está muito satisfeito com o rumo que as

manifestações tomaram. Para ele, o presidente Lula pode ser um

possível candidato. Quanto a isto, ele utilizou a palavra “horripilante”,

demonstrando o seu desagrado.

4. Resposta pessoal.

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3. Síntese

Prezado (a) aluno (a), veja o que estudamos nesta unidade:

Focalizamos a produção textual.

Vimos a distinção entre tema e assunto e como fazer a delimitação do assunto.

Percebemos quão importante é fazer essa delimitação.

Vimos o que é resumo e quais são os tipos de resumo com os quais podemos

trabalhar.

Estudamos a resenha e percebemos o quão importante ela é para nos proporcionar

momentos de crescimento linguístico, vocabular e para desenvolver o nosso raciocínio

crítico.

Dissertamos sobre o relatório, sobre a sua importância e papel que desempenha na

vida acadêmica.

Analisamos artigo de opinião e a sua função prática em nossa vida diária e vimos como

os artigos de opinião nos instigam a ler mais e nos tornar mais cônscios da nossa vida

social, política e cultural.

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4. Referências

ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M. Produção de texto: Interlocução e gêneros. São Paulo: Moderna, 2007. CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em Construção: a escritura do texto. São Paulo: Moderna, 1997. EMEDIATO, Wander. A fórmula do texto: redação, argumentação e leitura. São Paulo: Geração Editoria, 2007. FIORIN, J. L. ; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto. 5. ed. São Paulo: Ática, 1997. GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 14 ed. Rio de Janeiro: FGV, 1988. HUHNE, L.M. Metodologia científica. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2000. pp.64-65. KLEIMAN, Ângela. Abordagens da leitura. Belo Horizonte: Sripta, 2004. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 270p. MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina. Comunicação Empresarial. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2010. MOYSÉS, Carlos Alberto: Língua Portuguesa: atividades de leitura e produção de textos. São Paulo: Saraiva, 2005.