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A G E N D A D A POL˝TICA EXTERNA DOS EUA novembro de 2002 NA POL˝TICA EXTERNA DOS EUA NA POL˝TICA EXTERNA DOS EUA O PAPEL DAS THINK TANKS O PAPEL DAS THINK TANKS VOLUME 7 REVISTA ELETRÔNICA DO DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA NÚMERO 3

O Papel Dos Think Tanks

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Page 1: O Papel Dos Think Tanks

A G E N D A D APOLÍTICA EXTERNA DOS EUA

novembro de 2002

NA POLÍTICA EXTERNA DOS EUANA POLÍTICA EXTERNA DOS EUA

O PAPEL DAS THINK TANKSO PAPEL DAS THINK TANKS

VOLUME 7 REVISTA ELETRÔNICA DO DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA NÚMERO 3

Page 2: O Papel Dos Think Tanks

"Entre as diversas influências na formulação da política de relaçõesexteriores dos EUA, o papel das "think tanks" está entre o mais importantee o menos apreciado".

� Richard HaassDiretor de Política e PlanejamentoDepartamento do Estado dos EUA

"Houve momentos na evolução da política de relações exteriores dos EUAem que as "think tanks" tiveram impacto decisivo na reformulação dasabedoria convencional e no estabelecimento de um novo direcionamentode um ponto estratégico fundamental".

� Ronald D. AsmusMembro Transatlântico Sênior, German Marshall Funddos Estados Unidos e Membro Adjunto Sênior,Conselho de Relações Exteriores

Este número da "Agenda da Política Externa dos EUA" examina o papel único desempenhado

pelas organizações de pesquisa e análise de política pública, ou "think tanks", na formulação da

política de relações exteriores dos EUA. Um importante funcionário do Departamento de Estado

relaciona os benefícios principais oferecidos pelas "think tanks" aos formuladores de políticas dos

EUA. Dois peritos revêem a história e a evolução do envolvimento das "think tanks" na política de

relações exteriores dos EUA e mencionam a recente proliferação dessas instituições ao redor do

mundo. Dois presidentes de "think tanks" e um vice-presidente executivo explicam como uma

"think tank" importante funciona, o papel especial de uma "think tank" criada pelo Congresso dos

EUA e como uma das maiores "think tanks" do país trabalha com as Forças Armadas dos EUA.

Para encerrar, três estudos mostram a influência dessas organizações em dois assuntos

fundamentais da política e demonstram como criar uma "think tank", usando Honduras

como exemplo.

O PAPEL DAS "THINK TANKS" NA POLÍTICA EXTERNA DOS EUA

AGENDA DA POLÍTICA EXTERNA DOS EUA REVISTA ELETRÔNICA DO DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA VOLUME 7, NÚMERO 3, NOVEMBRO DE 2002

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A G E N D A D APOLÍTICA EXTERNA DOS EUA

Revista eletrônica do Departamento de Estado dos EUA

O PAPEL DAS "THINK TANKS" NA POLÍTICA EXTERNA DOS EUA

ÍNDICE

A VISÃO DE UM FORMULADOR DE POLÍTICAS

THINK TANKS E A POLÍTICA DE RELAÇÕES EXTERIORES DOS EUA: A PERSPECTIVA DE UMFORMULADOR DE POLÍTICAS 5

Por Richard N. HaassDiretor de Política e Planejamento, Departamento de Estado

UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA

THINK TANKS E A POLÍTICA DE RELAÇÕES EXTERIORES DOS EUA: UMA VISÃO HISTÓRICA 10Por Donald E. AbelsonProfessor, Departamento de Ciências Políticas, University of Western Ontario

THINK TANKS E A TRANSNACIONALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE RELAÇÕES EXTERIORES 15Por James G. McGannMembro Sênior, Foreign Policy Research Institute

COMO FUNCIONAM TRÊS "THINK TANKS"

BROOKINGS INSTITUTION: COMO FUNCIONA UMA "THINK TANK" 21Por Strobe TalbottPresidente, Brookings Institution

RAND: COMO AS "THINK TANKS" INTERAGEM COM AS FORÇAS ARMADAS 25Por Michael D. RichVice-presidente executivo, RAND

U.S. INSTITUTE OF PEACE: UMA ABORDAGEM PRÁTICA PARA RESOLVER CONFLITOS 29Por Richard H. SolomonPresidente, United States Institute of Peace

CASOS

CAUSANDO UM IMPACTO: "THINK TANKS" E O DEBATE SOBRE A EXPANSÃO DA OTAN 32Por Ronald D. AsmusMembro Transatlântico Sênior, German Marshall Fund dos EUA e Membro Sênior Adjunto, Conselho de Relações Exteriores

HERITAGE FOUNDATION: INFLUENCIANDO O DEBATE SOBRE A DEFESA COM MÍSSEIS 36Por Baker SpringMembro pesquisador do F.M. Kirby em Política de Segurança Nacional, The Heritage Foundation

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A G E N D A D A

POLÍTICA EXTERNA DOS EUA

O Escritório de Programas Internacionais de Informação do Departamento deEstado dos EUA fornece produtos e serviços que explicam as políticas, asociedade e os valores americanos para o público estrangeiro. O Escritóriopublica cinco revistas eletrônicas que tratam das principais questões enfrentadaspelos Estados Unidos e pela comunidade internacional. As revistas -Perspectivas Econômicas, Questões Globais, Questões de Democracia, Agendada Política Externa dos EUA e Sociedade e Valores dos EUA - apresentamdeclarações sobre políticas norte-americanas, bem como análises, comentários einformações de caráter geral sobre suas áreas temáticas.

Todas as edições das revistas aparecem em inglês, francês, português eespanhol, e algumas edições selecionadas também são publicadas em árabe erusso. Uma nova edição em inglês é publicada aproximadamente a cada mês. Asversões traduzidas geralmente são publicadas duas a quatro semanas após apublicação do original em inglês.

As opiniões expressas nas revistas não refletem, necessariamente, a posiçãonem as políticas do governo dos Estados Unidos. O Departamento de Estado nãoassume nenhuma responsabilidade pelo conteúdo nem pela continuidade doacesso aos sites da Internet para os quais há links nesta publicação; talresponsabilidade é única e exclusiva das entidades que publicam esses sites. Osartigos podem ser reproduzidos e traduzidos fora dos Estados Unidos, a menosque contenham restrições de direitos autorais explícitas para tal uso. Osusuários potenciais das fotos com créditos precisam obter autorização prévia deuso com a fonte citada.

Números atuais ou atrasados das revistas, assim como a relação das próximasedições, podem ser encontrados na home page do Escritório de ProgramasInternacionais de Informação, na World Wide Web, no seguinte endereçohttp://usinfo.state.gov/journals/journals.htm. As publicações estão disponíveis emvários formatos eletrônicos para facilitar a visualização online, transferência,download e impressão.

Comentários são bem-vindos na embaixada dos Estados Unidos no seu país ounos escritórios editoriais:

Editor, Agenda da Política Externa dos EUASegurança política -- IIP/T/PSU.S. Department of State301 4th Street, S.W.Washington, D.C. 20547United States of AmericaE-mail: [email protected]

Este número da Agenda da Política Externa dos EUA pode ser encontrado nahome page internacional do Escritório de Programas Internacionais deInformação na seguinte URL:"http://usinfo.state.gov/journals/itps/1102/ijpe/ijpe1102.htm".

Editora-chefe...................................................Judith S. Siegel

Editor...............................................................Michael T. Scanlin

Editores-gerentes............................................Margaret A. McKay,

.........................................................................Jacquelyn S. Porth

Editor associado..............................................Wayne Hall

Editores colaboradores....................................Brenda Butler

.........................................................................Ralph Dannheisser

.........................................................................David Denny

.........................................................................Margaret Kammeyer

.........................................................................Merle D.Kellerhals Jr.

.........................................................................Jody Rose Platt

Especialistas (referência)................................Sam Anderson

.........................................................................Camille Lyon

..........................................................................Rebecca Ford Mitchell

.........................................................................Vivian Stahl

Assistente do programa...................................Tracy Nelson

Estagiária de segurança interna..........................Jennifer Flahive

Diretor de arte..................................................Min Yao

Assistente gráfica............................................Sylvia Scott

Conselho editorial............................................George Clack

.........................................................................Judith S. Siegel

.........................................................................James Bullock

REVISTA ELETRÔNICA DO DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA VOLUME 7, NÚMERO 3, NOVEMBRO DE 2002

Um diálogo nacional sobre a criação de uma "think tank": O Caso de Honduras 40Por Amy Coughenour BetancourtMembro Adjunto do Americas Program, Center for Strategic and International Studies

INFORMATIVO

A PORTA GIRATÓRIA 45

THINK TANKS" EM RESUMO 48

UM GUIA PARA LEITURAS ADICIONAIS

O PAPEL DAS "THINK TANKS" NA POLÍTICA DE RELAÇÕES EXTERIORES DOS EUA BIBLIOGRAFIA 52Destacando outros pontos de vista

O PAPEL DAS "THINK TANKS" NA POLÍTICA DE RELAÇÕES EXTERIORES DOS EUA. UMA SELEÇÃODE SITES NA INTERNET 54

Links na Internet para recursos sobre temas relacionados

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Entre as diversas influências na formulação dapolítica de relações exteriores dos EUA, opapel das "think tanks" está entre o mais

importante e o menos apreciado. Sendo umfenômeno absolutamente americano, a instituiçãoindependente de pesquisa política molda ocompromisso global dos EUA há quase 100 anos.Mas, devido ao fato de as "think tanks" realizarem amaior parte de seu trabalho longe dos holofotes damídia, elas recebem menos atenção do que outrasfontes da política dos EUA - como o "empurra-empurra" dos grupos de interesse, as manobras entrepartidos políticos e as rivalidades entre segmentos dogoverno. Apesar desse perfil relativamente discreto,as "think tanks" afetam os formuladores de políticaexterna americanos em cinco maneiras distintas:através do desenvolvimento de idéias e opçõesoriginais para a política, através do fornecimento deuma equipe de peritos para atuarem no governo,através do oferecimento de locais para discussões dealto nível, através da educação dos cidadãosamericanos sobre o mundo e através de esforçosoficiais suplementares para a mediação e resoluçãode conflitos.

ORIGEM E EVOLUÇÃO

As "think tanks" são instituições independentes,organizadas para a realização de pesquisas e geraçãode conhecimento independente, com conteúdopolítico relevante. Elas preenchem uma lacuna deimportância crítica entre o mundo acadêmico e a

esfera governamental. Dentro das universidades, apesquisa é freqüentemente impulsionada por debatesmetodológicos e teóricos, afastados dos dilemaspolíticos reais. Enquanto isso, dentro da estruturagovernamental, os funcionários absorvidos pelasexigências concretas do dia-a-dia dos formuladoresde política estão, na maioria das vezes, muitoocupados para recuar um passo e reconsiderar atrajetória mais ampla da política dos EUA. Sendoassim, a contribuição primordial das "think tanks" é acriação de uma ponte de ligação entre o mundo dasidéias e da ação.

O surgimento das "think tanks" modernascorresponde ao surgimento dos Estados Unidos comolíder global. Elas surgiram há um século, durante aera progressiva, como parte do movimento paraprofissionalizar o governo. Na maioria das vezes, omandato era declaradamente apolítico: promover ointeresse do público, oferecendo conselhos derelevância política imparciais aos representantes dogoverno. Exemplos recentes incluem o Institute forGovernment Research (1916), o precursor doBrookings Institution (1927). A primeira "think tank"dedicada exclusivamente às relações exteriores foi aCarnegie Endowment for International Peace,fundada em 1910 para investigar as causas da guerrae promover acordos pacíficos de disputas. Essastarefas assumiram um caráter mais urgente com adeclaração da Primeira Guerra Mundial, que gerouum apaixonado debate sobre o real papel global daAmérica. Durante o inverno de 1917-1918, o coronel

"THINK TANKS" E A POLÍTICA DE RELAÇÕES EXTERIORES DOS EUA:A PERSPECTIVA DE UM FORMULADOR DE POLÍTICAS

Por Richard N. HaassDiretor de Política e PlanejamentoDepartamento de Estado dos EUA

Segundo o embaixador Richard N. Haass, diretor de Política e Planejamento,Departamento do Estado, de acordo com a perspectiva dos formuladores de política dosEUA, as "think tanks" de hoje oferecem cinco benefícios fundamentais. Ele diz que elasgeram "novos modos de pensamento" entre os tomadores de decisão dos EUA, treinamperitos para atuarem na administração pública e no Congresso, dão aos formuladores depolítica um ponto para compartilhar o entendimento sobre opções de política, educam oscidadãos americanos sobre o mundo e fornecem mediação para partes em conflito.

V I S Ã O D E U M F O R M U L A D O R D E P O L Í T I C A S

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Edward House, conselheiro do Presidente WoodrowWilson, reuniu discretamente intelectuais de destaquepara explorarem opções para a paz pós-guerra.Conhecido como "The Inquiry" (O Inquérito), estegrupo aconselhou a delegação americana naConferência de Paz em Paris e, em 1921, junto comimportantes banqueiros, advogados e acadêmicos deNova York, formaram o Council on ForeignRelations. A primeira geração de "think tanks"ajudou a construir e manter um eleitorado domésticobem informado sobre o engajamento global,mantendo a chama internacionalista brilhandodurante os anos entre o repúdio americano da Ligadas Nações e a chegada da Segunda Guerra Mundial.

Uma segunda onda de "think tanks" surgiu depois de1945, quando os Estados Unidos assumiram aposição de superpotência e (com o surgimento daGuerra Fria) o papel de defensor do mundo livre.Inúmeras instituições receberam apoio direto dogoverno dos EUA, que dedicou sólidos recursos paracientistas e pesquisadores na área de defesa. ARAND Corporation, que inicialmente foi criada em1948, como uma instituição independente, sem finslucrativos, com o apoio financeiro da Força Aérea,desenvolveu estudos pioneiros de análises desistemas, teoria de jogos e barganha estratégica quecontinuam a moldar a maneira como analisamos,décadas depois, a política de defesa e intimidação.

Nos últimos trinta anos, uma terceira onda de "thinktanks" foi criada. Estas instituições focalizam tanto aadvocacia quanto a pesquisa, buscando oferecerconselhos adequados que possam competir em ummercado lotado, repleto de idéias e influenciar asdecisões políticas. O arquétipo da "think tank" emadvocacia é a conservadora Heritage Foundation,fundada em 1973. O liberal Institute for PolicyStudies tem papel similar.

No alvorecer do século XXI, mais de 1.200 "thinktanks" aparecem no cenário político americano. É umgrupo heterogêneo, com diferenças em seu campo deação, verba, mandato e localização. Algumas, como oInstitute for International Economics (IIE), o Inter-American Dialogue, ou o Washington Institute forNear East Policy, focalizam determinadas áreas ouregiões. Outras, como o Center for Strategic andInternational Studies (CSIS), cobrem a política

externa. Algumas "think tanks", como o Brookings,possuem grande verba e aceitam pouco ou nenhumtipo de patrocínio oficial. Outras, como a RAND, têmsua renda proveniente de contratos de trabalho com ogoverno ou com o setor privado e, outras ainda, comoo United States Institute of Peace (USIP), sãomantidas exclusivamente com fundosgovernamentais. Em alguns casos, as "think tanks"agem também como organizações ativistas não-governamentais. Por exemplo, o International CrisisGroup, estabeleceu uma rede de analistas em pontosestratégicos em todo o mundo, para monitorarsituações políticas voláteis, formulandorecomendações originais e independentes para acriação de pressão global em favor de uma resoluçãopacífica.

A FÁBRICA DE IDÉIAS

Sob a perspectiva dos formuladores de política dosEUA, as "think tanks" de hoje oferecem cincobenefícios principais. Seu maior impacto (de acordocom o nome que levam) está na geração de "novasformas de pensamento" que modifica a maneira comoos tomadores de decisão compreendem e respondemao mundo. Concepções originais podem modificar asidéias sobre interesses nacionais dos EUA,influenciar a escala de prioridades, oferecerestratégias de ação, mobilizar coalizões políticas eburocráticas e criar o design de instituiçõesduradouras. Todavia, não é fácil chamar a atençãodos "ocupados formuladores de políticas" que já seencontram submersos em informações. Para isso, as"think tanks" precisam explorar vários canais eestratégias de marketing - publicação de artigos,livros e, às vezes, dissertações; aparecer comregularidade na televisão, editoriais em jornais erevistas e em entrevistas na mídia impressa; produzirresumos e informativos de fácil leitura e páginas naWeb. Audiências no Congresso oferecem outraoportunidade para influenciar as escolhas políticas.Livres das posições oficiais, os especialistas das"think tanks" podem dar-se ao luxo de fazeravaliações francas sobre os desafios globais e aqualidade das respostas governamentais.

Certas circunstâncias históricas apresentamoportunidades excepcionais para injetar novospensamentos na "arena" da política externa.

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A Segunda Guerra Mundial foi uma dessascircunstâncias. Depois do início da guerra, o Councilon Foreign Relations iniciou um gigantesco projetode Estudos de Guerra e Paz, para explorar asfundações desejáveis de uma paz pós-guerra. Osparticipantes deste esforço produziram 682memorandos para o Departamento de Estado, cujosassuntos iam da ocupação da Alemanha à criação dasNações Unidas. Dois anos depois do final da Guerraa revista do Council, "Foreign Affairs", publicou umartigo anônimo intitulado "The Sources of SovietConduct" (As fontes da conduta soviética). O artigo,na verdade, redigido pelo diplomata americanoGeorge Kennan, ajudou a estabelecer a baseintelectual da política de restrição realizada pelosEUA nas quatro décadas seguintes. E, em 1993, a"Foreign Affairs" publicou "The Clash ofCivilizations" (O choque das civilizações) docientista político de Harvard, Samuel P. Huntington,uma contribuição seminal para o debate sobre apolítica externa americana na era Pós-Guerra Fria.Desde 11 de setembro de 2001, estudos do CSIS,Heritage e Brookings têm contribuído para asdiscussões no governo sobre as estratégias adequadase as organizações necessárias para confrontar aameaça terrorista em território nacional e estrangeiro.

As campanhas e transições presidenciais são ocasiõesideais para definir a agenda de política externa.Martin Anderson, do Hoover Institution explica: "Énesta época que os candidatos à Presidência solicitamo aconselhamento de vários intelectuais paraestabelecer as posições políticas sobre váriosproblemas domésticos e externos. Os candidatos àPresidência trocam idéias com peritos em política etestam estas idéias durante a campanha. É como umaestratégia de teste de marketing nacional". O casomais famoso aconteceu logo após a eleição de 1980,quando a administração Reagan adotou a publicaçãoda Heritage Foundation, "Mandate for Change",como esquema de governo. Outra ocorrência recentefoi o relatório de 1992, feito pelo IIE e o CarnegieEndowment, propondo um "conselho de segurançaeconômica". A administração Clinton implementouesta proposta na criação do National EconomicCouncil (um organismo que existe até hoje).

FORNECENDO TALENTO

Além de gerar novas idéias para os funcionáriosseniores do governo, as "think tanks" oferecem umfluxo contínuo de especialitas para trabalharem nasadministrações e equipes do Congresso. Essa funçãoé de fundamental importância no sistema políticoamericano. Em outras democracias avançadas, comoa França e o Japão, os novos governantes podemconfiar na continuidade oferecida por um amploserviço de profissionais civis. Nos Estados Unidos,cada transição traz um giro com centenas defuncionários do escalão intermediário e executivosênior. As "think tanks" ajudam os presidentes e ossecretários de gabinete a preencher este vazio. Depoisde sua eleição em 1976, Jimmy Carter contratoudiversos indivíduos para sua administração vindos doBrookings Institution e do Conselho de RelaçõesExteriores. Quatro anos mais tarde, Ronald Reaganprocurou outras "think tanks" para atuarem como seuceleiro de idéias. Durante os dois mandatos, eleutilizou os serviços de 150 profissionais do Heritage,do Hoover Institution e do American EnterpriseInstitute (AEI).

A atual administração Bush seguiu um padrãoparecido na contratação para os níveis superiores desua equipe de política externa. Dentro doDepartamento de Estado, funcionários seniores comexperiência em "think tanks" incluem a subsecretáriade Assuntos Globais, Paula Dobriansky,anteriormente vice-presidente sênior e diretora doConselho de Relações Exteriores do escritório deWashington; o subsecretário para Controle de Armase Segurança Internacional, John R. Bolton, ex-vice-presidente da AEI; o secretário de Segurança para aÁsia Ocidental e o Pacífico, James Kelly, ex-presidente do Pacific Forum of CSIS (Honolulu) e asecretária assistente para Organização de NegóciosInternacionais, Kim Holmes, ex-vice-presidente daHeritage Foundation. Enquanto isso, no Pentágono,Peter W. Rodman assumiu o cargo de secretárioassistente de Defesa para Assuntos de SegurançaInternacional depois de ser o diretor de programas desegurança nacional no Nixon Center.

Além de fornecer especialistas para futuras

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administrações governamentais, as "think tanks"oferecem ambientes institucionais onde podemcompartilhar idéias, permanecendo engajados emdebates sobre política externa criando assim umambiente de relações externas paralelo. Esta "portagiratória" acontece somente nos Estados Unidos e é afonte de sua força. Na maioria dos outros paísesexiste uma divisão rígida entre os funcionários dogoverno e analistas externos. Isso não acontece naAmérica. Madeleine Albright, que ocupou o cargoque hoje é de Colin Powell, como secretária deEstado, dirigiu o Center for National Policy. seu ex-interino, Strobe Talbott, é hoje o presidente daBrookings Institution - onde eu atuei como vice-presidente e diretor de estudos de política exterior.Tendo dividido minha carreira entre o serviçogovernamental e as "think tanks" posso testemunharem favor da visão obtida ao se combinar idéias e aprática. Nos últimos 25 anos, alternei cargos noConselho de Segurança Nacional, Departamentos deDefesa e Estado e no Congresso com cargos noBrookings, no International Institute for StrategicStudies, no Conselho de Relações Exteriores e noCarnegie Endowment.

REUNINDO PROFISSIONAIS

Além de levar novas idéias e especialistas para ogoverno, as "think tanks" treinam formuladores depolíticas em instituições onde podem criar umambiente de conhecimento compartilhado, se não umconsenso, sobre opções políticas no chamado"público de política exterior", termo cunhado pormeu colega de Harvard, Ernest May: que são osformadores e criadores de opinião em todas asprofissões. Como regra, nenhuma iniciativa depolítica externa consegue sustentar-se sem quepossua uma base fundamental de apoio dentro daampla comunidade de política externa. Entre as"think tanks", o Conselho de Relações Exteriores,sem afiliação política, tem sido o mais adequado aeste papel, organizando centenas de encontros emNova York, Washington e nas principais cidades dopaís. Para os funcionários do governo dos EUA, oseventos das principais "think tanks" oferecem umambiente sem vínculos partidários onde podem seranunciadas novas iniciativas, explicar a política atuale lançar balões de ensaio para novas idéias. Para osdignitários estrangeiros em visita ao país, a

oportunidade de aparecer perante as destacadasaudiências das "think tanks" oferece acesso aossegmentos mais influentes do ambiente da políticaexterna dos EUA.

ATRAINDO O PÚBLICO

Mesmo reunindo as elites, as "think tanks" tambémenriquecem a cultura cívica da América, através daeducação dos cidadãos dos EUA sobre a natureza domundo em que vivem. O ritmo acelerado daglobalização potencializou ainda mais essa função. Àmedida que o mundo fica mais integrado, eventos eforças globais tocam as vidas do cidadão americanomédio. Não importa o assunto, garantir espaço nosmercados internacionais para os produtos agrícolasamericanos, acompanhar a trajetória de doençasinfecciosas, proteger software americano contrapirataria, garantir a segurança de turistas americanos noexterior ou proteger nossos portos contra infiltraçõesterroristas. O público americano interessa-se cada vezmais pela política externa. Oito Conselhos de AssuntosMundiais, espalhados pelos Estados Unidos, são fórunsvaliosos onde milhões de adultos e estudantes do 2°grau podem discutir eventos internacionais. Mastambém as "think tanks" formais começam a atrair cadavez mais os cidadãos americanos. Em 1999, o AspenInstitute lançou uma Iniciativa de InterdependênciaGlobal (Global Interdependence Initiative), "um esforçode dez anos para informar melhor, e motivar maiseficazmente, o apoio público para tipos decompromissos internacionais americanos que sejamadequados a um mundo interdependente".

UNINDO DIFERENÇAS

E, por fim, as "think tanks" podem adotar um papelmais ativo na política externa patrocinando diálogossensíveis e oferecendo mediação entre partes emconflito. Como parte de seu mandado no Congresso,o Instituto da Paz dos EUA, vem facilitandonegociações informais "Track II", além de treinarfuncionários do governo para o papel de mediadoresem disputas prolongadas. As "think tanks" maistradicionais também ampliaram seu campo deatuação, participando ativamente nas áreas dediplomacia preventiva, administração e resolução deconflitos. A partir de meados da década de 80, oCarnegie Endowment realizou uma série de

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encontros em Washington, reunindo importanteslíderes políticos sul-africanos, membros do clero,empresários, representantes trabalhistas, acadêmicos,figuras proeminentes no exílio e americanos,membros do Congresso e funcionários do Executivo.Estes encontros, realizados durante oito anos,ajudaram a estabelecer o primeiro diálogo e aconstruir uma base de entendimento sobre o futuro daÁfrica do Sul durante o delicado período de transiçãopolítica. Do mesmo modo, o CSIS lançou projetospara melhorar as relações étnicas na ex-Iugoslávia,criando um elo entre as divergências religiosasseculares em Israel e facilitando o diálogo entregregos e turcos.

Estas iniciativas não-oficiais são atividadesdelicadas. Mas possuem grande potencial paraconstruir a paz e trazer a reconciliação em regiões deconflito e sociedades destruídas pela guerra, sejacomo complemento aos esforços do governo dosEUA ou como substituto, quando a presença oficialdos EUA é impossível. Mesmo em obscuros cantosdo mundo, elas atuam como olhos, ouvidos e, atémesmo, a consciência dos Estados Unidos e dacomunidade internacional.

AGENDA DA POLÍTICA EXTERNA DOS EUA REVISTA ELETRÔNICA DO DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA VOLUME 7, NÚMERO 3, NOVEMBRO DE 2002

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Àmedida que os eventos trágicos de 11 desetembro de 2001 começaram a desdobrar-se,executivos de emissoras de televisão e

jornalistas nos EUA lutavam para encontrar peritosem política que fossem capazes de responder duasperguntas críticas: por que dois dos maiores símbolosdo poder econômico e militar da América - o WorldTrade Center e o Pentágono - foram atacados? Equem, no final das contas, foi o responsável peloplanejamento e coordenação desses atosabomináveis?

Para dar respostas aos milhões de espectadores aestas e outras perguntas, os jornalistas buscaram emsuas agendas os nomes de analistas políticos emdúzias de "think tanks" americanas. Essa buscafrenética deu resultado. A verdade é que, muito antesdo choque inicial ter sido absorvido, os analistaspolíticos de algumas das principais "think tanks"americanas nas áreas de defesa e política externa jáapareciam em algumas das redes de televisão paraoferecer seu ponto de vista. Nas semanas e meses quese seguiram, a visibilidade dos peritos das "thinktanks" na mídia aumentou.

A disposição das "think tanks" em participar dahisteria da mídia ao redor do evento de 11 desetembro não surpreendeu os peritos que haviamtestemunhado seu envolvimento cada vez mais ativono processo da formulação política. Uma vez que as"think tanks" estão no ramo do desenvolvimento,reembalagem e marketing de idéias para os

formuladores de políticas, elas não poderiam deixarpassar a oportunidade de comentar sobre um dos diasmais trágicos na história americana contemporânea.Todavia, ter acesso à mídia é apenas uma dasinúmeras estratégias usadas pelas "think tanks" paramoldar a opinião pública e a política.

Meu objetivo não é simplesmente descrever asatividades das "think tanks" nos Estados Unidos, nemtampouco especular sobre o nível de influência queestas instituições podem ter ou não. Ao contrário, ireiexplorar rapidamente a evolução e a proliferação das"think tanks" americanas e destacar as inúmerasestratégias nas quais apóiam-se para fazer suascontribuições na tomada de decisões em políticaexterna. Irei esclarecer o motivo pelo qual as "thinktanks" nos EUA tornaram-se parte integral dapaisagem política do país e porque os formuladoresde políticas no Congresso, no Executivo e naburocracia federal recorrem com freqüência a elaspara aconselhamento político.

UMA BREVE HISTÓRIA DAS "THINK TANKS"AMERICANAS

Analistas que estudaram o crescimento edesenvolvimento das "think tanks" costumamconcordar entre si que a natureza altamentedescentralizada do sistema político americano, unidoà falta de uma rígida disciplina partidária e a grandeinfusão de fundos provenientes de fundaçõesfilantrópicas, contribuiu muito para a proliferação das

AS "THINK TANKS" E A POLÍTICA EXTERIOR DOS EUA:UMA VISÃO HISTÓRICA

Por Donald E. AbelsonProfessor, Departamento de Ciências Políticas

University of Western Ontario

[Embora as "think tanks" tenham tornado-se, nos últimos anos, "um fenômeno global", as"think tanks" dos EUA destacam-se de suas similares em outros países por sua habilidadeem "participar direta e indiretamente da realização da política" e pela "disposição dosformuladores de políticas em consultá-las para aconselhamento", diz Donald Abelson,professor de ciências políticas da University of Western Ontario e autor de dois livros sobreas "think tanks".]

_ U M A V I S Ã O H I S T Ó R I C A

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"think tanks" nos últimos 25 anos. Infelizmente, nãoconseguem chegar ao mesmo consenso sobre adefinição de quando foi criada a primeira "thinktank" nos EUA ou o que é essa entidade, Comoresultado, ao invés de tentarem definir o que é uma"think tank" - uma tarefa difícil e frustrante levando-se em conta a gigantesca variedade - ospesquisadores contentaram-se em identificar asprincipais ondas ou períodos de crescimento das"think tanks". Todavia, neste artigo, irei considerá-lascomo sendo institutos sem fins lucrativos, semfiliação partidária (o que não quer dizer a mesmacoisa que sem ideologia), voltados para a pesquisa eque, entre seus objetivos principais, está influenciar aopinião pública e a política.

Alguns comentários devem ser feitos: embora otermo "think tank" tenha sido usado originalmentenos Estados Unidos, durante a Segunda GuerraMundial, para referir-se a uma sala ou ambienteseguro onde cientistas e planejadores militares dedefesa reuniam-se para discutir estratégias, este usorestrito do termo expandiu-se para descrever quasemais de 2 mil organizações com sede nos EUA quelidam com a análise política e cerca de 2,5 milinstituições similares espalhadas pelo mundo. Uma"think tank" pode trazer à mente a imagem de umaorganização como a RAND, uma das principaisinstituições de pesquisa em política externa e dedefesa, com mais de mil funcionários e umorçamento anual de mais de U$100 milhões. Maspode também descrever uma organização modesta,como o Institute for Policy Studies de Washington,com menos de 24 funcionários e um orçamento anualentre U$1 a 2 milhões.

Ao narrar a história das "think tanks" americanas,particularmente as das engajadas no estudo depolítica externa, é importante ter em mente a enormediversidade da comunidade das "think tanks".Também é necessário reconhecer que, embora as"think tanks" compartilhem do desejo comum demoldar a opinião pública e as preferências e escolhaspolíticas dos tomadores de decisão, o modo comoprocuram exercer esta influência depende de seusobjetivos, recursos e prioridades.

A PRIMEIRA GERAÇÃO: AS "THINK TANKS"COMO INSTITUIÇÕES DE PESQUISA POLÍTICA

A primeira grande onda de "think tanks" de políticaexterna nos EUA surgiu no início do século XX,basicamente como resultado do desejo deimportantes filantropos e intelectuais. Essasinstituições em particular começaram a fazer-se notarnas primeiras décadas do século XX: o CarnegieEndowment for International Peace (1910), fundadapelo barão do aço de Pittsburgh, Andrew Carnegie; oHoover Institution on War, Revolution and Peace(1919), criado pelo presidente Herbert Hoover e aCouncil on Foreign Relations (1921), uma instituiçãoque evoluiu de um clube com jantares mensais paratornar-se uma das mais respeitadas instituições derelações exteriores do mundo. Outras duas "thinktanks": o Institute for Government Research (1916),que depois se fundiu com outros dois institutos paracriar a Brookings Institution (1927), um ícone deWashington e o American Enterprise Institute forPublic Policy Research (1943), uma "think tank"conservadora muito respeitada, iriam, com o passardo tempo, dar considerável atenção a um amploespectro de assuntos da política externa.Estas e outras "think tanks" criadas durante as duasprimeiras décadas do século XX comprometeram-sea aplicar seu conhecimento científico em uma sériede problemas políticos. Funcionando, como explicamas palavras de Kent Weaver, um dos especialistas deBrookings, como "universidades sem alunos", "thinktanks" como o Carnegie Endowment e a Brookingsdão a mais alta prioridade à produção de pesquisasacadêmicas de qualidade. Elas publicam livros,revistas e outros materiais buscando atingir públicosdiferentes. Embora os estudiosos destas instituiçõesaconselhassem ocasionalmente os formuladores depolíticas quando se estabeleceram, sua metaprimordial não era influenciar diretamente asdecisões políticas, mas ajudar a educar e informar osformuladores de políticas e o público sobre asconseqüências em potencial de acompanhar de pertovárias opções em política externa. Em parte, adisposição das "think tanks", voltadas para a pesquisapolítica, em permanecerem desligadas do processopolítico tem raízes no seu compromisso em preservarsua independência intelectual e institucional, algoque várias "think tanks" contemporâneas estãopreparadas para sacrificar.

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A SEGUNDA GERAÇÃO: O SURGIMENTO DECONTRATANTES GOVERNAMENTAIS

Como conseqüência da Segunda Guerra Mundial, anecessidade de conselhos em política externaindependentes tornou-se extremamente importantepara os formuladores de política americanos. Aoencarar o aumento das responsabilidades geradaspelo "tornar-se um poder hegemônico em um mundobipolar", os tomadores de decisões em Washingtonprecisavam da visão e do conhecimento das "thinktanks" que poderiam ajudá-los a desenvolver umapolítica de segurança nacional sólida e coerente. Em1948, os formuladores de política sabiam a quemrecorrer. A RAND Corporation foi criada em maio de1948 para promover e proteger os interesses desegurança dos EUA durante a era nuclear.

Além de preencher um vazio na comunidade depesquisa em política externa, a RAND apresentouuma nova geração de "think tanks" - contratantesgovernamentais - instituições de pesquisa políticacom ampla verba de departamentos e agênciasgovernamentais, cujas pesquisas endereçavampreocupações específicas dos formuladores depolíticas. Nos anos seguintes, a RAND iria inspirar acriação de outros contratados governamentaisincluindo o Hudson Institute (1961) e o UrbanInstitute (1968).

A TERCEIRA GERAÇÃO: O SURGIMENTODAS "THINK TANKS" ATIVISTAS

Nenhum outro tipo de "think tank" gerou maisexposição na mídia nos últimos 30 anos do que achamada "think tank" ativista. Combinando apesquisa política com técnicas de marketingagressivas, uma função que compartilham com váriosgrupos de interesse, as "think tanks" ativistasalteraram fundamentalmente a natureza e o papel dacomunidade das "think tanks". Ao contrário das"think tanks" do início do século XX que relutavamem envolver-se em debates políticos, as "think tanks"ativistas incluindo o Center for Strategic andInternational Studies (1962), a Heritage Foundation(1973) e o CATO Institute (1977) dão as boas-vindasàs oportunidades que surgem para influenciar adireção e o conteúdo da política externa. À medidaque a indústria das "think tanks" torna-se mais

competitiva, a maioria delas percebeu a importânciade capturar a atenção do público e das mentes dosformuladores de políticas.

A QUARTA GERAÇÃO: "THINK TANKS" QUESÃO "PRODUTOS DE LEGADOS"

O tipo mais recente de "think tank" que surgiu nacomunidade de formuladores de políticas são aschamadas "produtos de legados". Entre elas estão oCarter Center, em Atlanta e o Nixon Center for Peaceand Freedom, em Washington, D.C. Elas são "thinktanks" criadas por ex-presidentes que buscam deixarum legado duradouro na política exterior edoméstica. Todas produzem uma ampla variedade depublicações, realizam seminários e "workshops" econduzem pesquisas em várias áreas da política.

EXERCITANDO A INFLUÊNCIA POLÍTICA: ASESTRATÉGIAS DAS "THINK TANKS" DOS EUA

As "think tanks" estão no ramo do desenvolvimento epromoção de idéias e como as corporações do setorprivado, destinam recursos consideráveis para omarketing de seus produtos. Todavia, ao contráriodas corporações, as "think tanks" não medem osucesso através de margens de lucro (afinal, sãoregistradas como organizações independentes semfins lucrativos), mas através do total de influênciaque possuem na formação da opinião pública e dapolítica. Nesse sentido, as "think tanks" ficaramparecidas com os grupos de interesse ou pressão quecompetem pelo poder político e prestígio com outrasorganizações não-governamentais. Apesar dealgumas diferenças notáveis entre as "think tanks" egrupos de interesse, as características entre elasficaram nebulosas com o passar do tempo.

As "think tanks" variam muito em termos detamanho, quadro de funcionários e recursosinstitucionais, mas todas confiam, até um certoponto, nos canais públicos e privados para exercitar ainfluência política. Entre as quase 2 mil "think tanks"nos EUA, cerca de 25% são consideradasindependentes ou livres. A grande maioria está ligadaa departamentos de universidades.

As "think tanks" dependem de várias estratégias paratransmitir seus pontos de vista para os formuladores

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de políticas e o público. Estas podem incluir: arealização de conferências e seminários abertos aopúblico para a discussão de vários problemas dapolítica externa; encorajar pesquisadores residentes arealizar palestras em universidades, sedes do RotaryClube, etc; testemunhar em comitês legislativos;aumentar a exposição na mídia impressa e eletrônica;divulgar sua pesquisa e criar sites na Internet.

Num nível privado, os especialistas nas "think tanks"podem buscar envolvimento na política externa:através da aceitação de cargos de gabinete,subgabinete ou outras posições no governo federal(depois do serviço nestes cargos governamentais, amaioria dos formuladores de políticas retornam oupassam a integrar o quadro de uma "think tank");servindo como conselheiro durante eleiçõespresidenciais, de equipes de transição e do conselhopresidencial ou congressista; convidandoformuladores de políticas selecionados doDepartamento de Defesa, Departamento de Estado,Conselho de Segurança Nacional, CIA e outrasagências de inteligência para participarem de"workshops" e seminários particulares e oferecendoaos formuladores de políticas no Congresso, noExecutivo e em todo o governo federal resumospolíticos e estudos relevantes sob problemas políticosatuais - a marca registrada da Heritage Foundation,conhecida como a mais refinada e apurada das "thinktanks" ativistas.

AVALIANDO O IMPACTO POLÍTICO: AS "THINK TANKS" AMERICANASSÃO INFLUENTES?

Até recentemente, estudiosos e jornalistas achavamque as "think tanks" eram um fenômenoexclusivamente americano e que as situadas em e aoredor de Washington, D.C. eram particularmenteinfluentes. As duas afirmações precisam serdetalhadas. Em primeiro lugar, embora os EUAsejam o lar de algumas das mais notáveis "thinktanks" do mundo, as mesmas instituições surgiramem número significativo na maioria dos paísesdesenvolvidos e em desenvolvimento. No Canadá,Grã-Bretanha, Alemanha, Austrália, na maior parteda Europa Ocidental e Oriental, Ásia, Oriente Médioe África, as "think tanks" passaram a ter umapresença mais visível nos últimos anos. Contando

com o apoio financeiro de fundações, corporações,organizações internacionais como o Banco Mundial epartidos políticos, as "think tanks" tornaram-se umfenômeno global.

O que torna a existência das "think tanks" nos EUAalgo único, além do seu grande número, é a formacomo se tornaram ativamente envolvidas no processoda realização política. Em resumo, o que distingue as"think tanks" americanas de suas equivalentes emoutras regiões do mundo é o quão bem financiadassão algumas das instituições. Além disso, é ahabilidade das "think tanks" americanas em participardireta e indiretamente da formulação de políticas e avontade dos formuladores de políticas em consultá-las em busca de aconselhamento que faz com quealguns estudiosos concluam que as "think tanks"americanas possuem o maior impacto na formataçãoda política pública.

Infelizmente, poucos estudiosos analisaram bem deperto o como esta influência política é obtida e osvários obstáculos que devem ser superados paramedir ou avaliar a influência das "think tanks". E,finalmente, é importante reconhecer que as "thinktanks" exercem tipos diferentes de influência políticaem estágios diferentes do ciclo da formulação depolíticas. Enquanto algumas "think tanks" como oAmerican Enterprise Institute e a HeritageFoundation são eficientes na ajuda a conceitualizarcertos debates políticos como o corrente debate sobrea defesa de mísseis, outras, incluindo a RAND, sãomais influentes ao trabalharem intimamente com osformuladores de políticas para avaliarem os custos ebenefícios do desenvolvimento de novas tecnologiasmilitares.

À medida que o número de "think tanks" nos EUA ena comunidade internacional continua a crescer,haverá uma tendência a se deduzir que sua influênciaestá crescendo. Todavia, antes de se chegar a estaconclusão, estudiosos e jornalistas precisam prestarmais atenção em como as "think tanks" contribuíramem debates específicos de política externa e se osformuladores de políticas em divisões, departamentose agências diferentes analisaram com cuidado seusconselhos. Somente então poderão ser feitasobservações mais fundamentadas sobre seu papele impacto.

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As "think tanks" surgiram como jogadores visíveis eem muitos aspectos importantes na comunidade dosformuladores de políticas. Contudo, o fato de teremproliferado em grande número nos conta mais sobre acultura, sociedade e política dos EUA do que sobreaté onde este conjunto diverso de organizaçõesinfluencia o ambiente dos formuladores de políticas eespecifica as decisões políticas. Não há dúvidas deque as "think tanks" podem e fazem contribuiçõesvaliosas para a política externa e doméstica dos EUA.As perguntas que continuam a intrigar os estudiosossão quanto de impacto e em que maneira? Asrespostas para estas e outras perguntas irão ofereceruma percepção aguda adicional do papel e da funçãodestas organizações e seu lugar no processo darealização da política externa americana.

AGENDA DA POLÍTICA EXTERNA DOS EUA REVISTA ELETRÔNICA DO DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA VOLUME 7, NÚMERO 3, NOVEMBRO DE 2002

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Vivemos em uma época turbulenta onde aúnica constante é a mudança, onde oimpensável tornou-se uma realidade negra e

onde a fronteira entre política doméstica einternacional está cada vez mais confusa. A promessae o perigo da globalização transformou nossa visãosobre as relações internacionais e abriu o processo daformulação política para um novo grupo de atores,agendas e resultados. Relações internacionais jáforam domínio exclusivo de diplomatas, burocratas eestados, mas os formuladores de políticas de hojedevem analisar um conjunto diverso de atoresinternacionais, quando formulam uma políticaexterna que inclui organizações como a CNN, a al-Jazeera, o International Committee to BanLandmines, Greenpeace, Deutsche Bank, al-Qaeda, aASEAN e a OPEC. Embora estes atores não tenhamnascido com a globalização, foram fortalecidos porela. Basta analisar o simples fato que em 1950 haviaapenas 50 nações e um número limitado deorganizações intergovernamentais e não-governamentais operando no mundo e começa-se aentender a complexidade e desafio único enfrentadospelos formuladores de políticas quando tentam criaruma política externa eficaz. Os desafios para osformuladores de políticas dos EUA são ainda maisassustadores quando se leva em consideração a seu"status" de superpotência, compromissos globais e oalcance dos atores e problemas transnacionais quedeve enfrentar diariamente.

Neste mundo cada vez mais complexo,

interdependente e rico em informações, os governose os formuladores de políticas individuais enfrentamo problema de trazer conhecimento de peritos paraajudarem nas tomadas de decisões governamentais.Os formuladores de políticas necessitam deinformações básicas sobre o mundo e as sociedadesque governam, como funcionam as políticas atuais,possíveis alternativas e seus prováveis custose conseqüências.

Para os formuladores de políticas em muitos paísesnão é a falta de informações que os políticos efuncionários do governo enfrentam, mas umaavalanche de informações e papéis. Sem dúvida, osformuladores de políticas são freqüentemente sitiadospor mais informações do que podem utilizar: queixasde eleitores, relatórios de agências internacionais ouorganizações da sociedade civil, conselhos deburocratas, relatórios de lobistas e grupos deinteresse e revelações sobre os problemas dosprogramas atuais do governo entre a elite e a camadapopular. O problema reside no fato de que estasinformações podem não ser sistemáticas, não seremconfiáveis e/ou estarem distorcidas pelos interessesdaqueles que as estão divulgando. Algumasinformações podem ser tão técnicas queformuladores de políticas generalistas podem nãoentendê-las ou utilizá-las. Algumas informaçõespodem ser políticas, financeiras ouadministrativamente impraticáveis, ou irem contra osinteresses dos formuladores de políticas que precisamtomar decisões baseados em informações que

AS "THINK TANKS" E A TRANSNACIONALIZAÇÃODA POLÍTICA EXTERNA

Por James G. McGannMembro Sênior do Foreign Policy Research Institute

Os formuladores de políticas cada vez mais se voltam para as organizações independentesde pesquisa política, conhecidas como "think tanks", em busca de informações e análisesque sejam atuais, compreensíveis, confiáveis, acessíveis e úteis, diz James G. McGann,membro Sênior do Foreign Policy Research Institute e presidente da McGann Associates Odesafio do novo milênio, diz ele, será "estar ligado ao vasto reservatório de conhecimento,informações e energia associacional que existem nas organizações de pesquisa políticapública em todas as regiões do mundo").

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consideram pouco adequadas. Outras informaçõespodem ser inúteis porque diferem radicalmente davisão mundial ou da ideologia de quem as recebe.Em países em desenvolvimento ou transição, osdados básicos necessários para a tomada informadade decisões são, freqüentemente, inexistentes ouprecisam ser coletados, analisados e formatados demodo a ser úteis para parlamentares e burocratas.

Em política, as informações não se traduzem empoder a menos que estejam na forma correta echeguem na hora certa. Governos e formuladores depolíticas precisam sempre aproveitar o momento emque as forças sociais e políticas corretas estãoalinhadas ou quando uma crise os impulsiona a agir.Seja como for, eles com freqüência movem-serapidamente e tomam decisões com base nasinformações disponíveis, o que nem sempre os leva apolítica melhor informada. Em resumo, osformuladores de políticas e outros interessados noprocesso de formulação de políticas precisam deinformações oportunas, compreensíveis, confiáveis,acessíveis e úteis.

Existem diversas fontes em potencial para estasinformações, incluindo: agências governamentais,pesquisadores universitários, centros de pesquisa,consultorias com fins lucrativos e agênciasinternacionais. Mas em países ao redor do mundo,políticos e burocratas voltam-se cada vez mais paraum grupo especializado de instituições paraatenderem às suas necessidades. Organizaçõesindependentes de pesquisa e análise de políticapública, conhecidas como "think tanks", suprem anecessidade insaciável dos formuladores de políticaspor informações e análises sistemáticas sobre o que érelevante para a política. Esta necessidade imperiosade informação foi o que causou a criação dasprimeiras "think tanks" - Royal Institute forInternational Affairs (1920), Carnegie Endowmentfor International Peace (1910), Kiel Institute forWorld Economics (1914) e Brookings Institution(1916) - no início do século XX e ainda continuasendo a força primária por trás da proliferação dasorganizações de pesquisa política da atualidade. Omovimento da sociedade civil internacional tambémajudou a estimular o interesse nas "think tanks" comosendo uma fonte alternativa de informações sobreassuntos de interesse internacional, nacional e local e

atuando como críticas em potencial das políticas degovernos nacionais e organizações internacionais quepodem manifestar-se com uma voz objetiva,independentes do governo e da comunidadeempresarial. (1)

Na maior parte do século XX, as "think tanks"independentes, que realizavam pesquisa e davamaconselhamento em política pública, eram umfenômeno organizacional encontrado basicamentenos EUA e em um número muito menor no Canadá eEuropa Ocidental. Embora existam "think tanks" noJapão há algum tempo, elas geralmente perdem emindependência, por causa de suas ligações estreitascom ministérios e corporações. (2) Nos anos 80 as"think tanks" proliferaram ao redor do mundo, comoresultado das forças da globalização, o final daGuerra Fria e o surgimento de problemastransnacionais. Dois terços de todas as "think tanks"que existem hoje foram fundadas depois de 1970 emais da metade existe desde 1980.

O impacto da globalização do movimento "thinktank" é evidente em regiões como África, EuropaOriental, Ásia Central e partes do Sudoeste da Ásia,onde há um esforço concentrado da comunidadeinternacional em apoio à criação de organizações depesquisa política independentes. Uma pesquisarecente realizada pelo Think Tanks and CivilSocieties Program do Foreign Policy ResearchInstitute ressalta a importância deste esforço edocumenta o fato de que a maioria das "think tanks"nestas regiões surgiu nos últimos 10 anos. Hojeexistem mais de 4.500 instituições deste tipo ao redordo mundo. A maioria das "think tanks" maisestabelecidas foram criadas durante a Guerra Fria efocalizam assuntos internacionais, estudos desegurança e política externa.

"Think Tanks" existem em quase todos os países commais de alguns milhões de habitantes e pelo menosum pouco de liberdade intelectual. Durante o séculopassado, a grande maioria das "think tanks" estavanos EUA, mas agora, pela primeira vez, o número de"think tanks" no mundo supera o número deinstituições nos EUA (3). As "think tanks" atuaisoperam em diversos sistemas políticos, participam devárias atividades relacionadas à política e abrangemum conjunto variado de instituições com formas

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Tipologia das "Think Thanks" Autônomas e Afiliadas em Política Pública

DataOrganização Estab Tipo organizacional

Konrad Adenauer Foundation 1964 Com ligações partidárias (Alemanha)

Jaures Foundation (França) 1990 Com ligações partidárias

Progressive Policy Institute 1998 Com ligações partidárias (EUA)

China Development Institute 1989 Governamental (RPC)

Institute for Political and 1984 Governamental International Studies (Irã)

Congressional Research 1914 Governamental Service (EUA)

Institute for Strategic & International Studies (Malásia)198 Quase-governamental

Korean Development Institute (Coréia) 1971 Quase-governamental

Woodrow International Center For Scholars (EUA) 1968 Quase-governamental

Pakistan Institute of International Affairs (Paquistão) 1947 Autônoma/independente

Institute for Security Studies (África do Sul) 1990 Autônoma/independente

Institute for International Economics (EUA) 1981 Autônoma/independente

European Trade Union Institute (Bélgica) 1978 Quase-independente

NLI Research Institute (Japão) 1988 Quase-independente

Center for Defense Information (EUA) 1990 Quase-independente (EUA)

Foreign Policy Institute, Hacettepe University (Turquia) 1974 Afiliada à universidade (Turquia)

Institute For International Relations (Brazil) 1979 Afiliada à universidade (Brasil)

The Hoover Institution on War, Revolution and Peace, 1919 Stanford University (EUA)

Com ligações partidárias — afiliada formalmente a um partido político.Governamental— parte da estrutura do governo.Autônoma e independente — Significantemente independente de quaisquer grupos de interesse oudoadores e autônoma em suas operações e verba, sem depender do governo. Quase-governamental — Recebe verba governamental e seus contratos, mas não faz parte da estruturaformal do governo. Quase-independente — Autônoma do governo, mas controlada por um grupo de interesse doador ouagência contratante que oferece a maior parte da verba e tem influência significativa sobre as operaçõesda "think tank".Afiliada à universidade — centro de pesquisa política em uma universidade.

organizacionais variadas. E, embora quase todas as"think tanks" realizem a mesma função básica - porexemplo, levar conhecimento e experiência ao

processo de formulação de políticas - nem todas as"think tanks" possuem o mesmo grau deindependência financeira, intelectual e jurídica.

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O desafio para todas as "think tanks" é comoconseguir e manter sua independência de forma quepossam sempre dizer "a verdade ao poder".(4)

Levando em consideração as diferenças comparativasnos sistemas políticos e as sociedades civis,desenvolvi as seguintes categorias que tentamcapturar o espectro completo das "think tanks" quepodem ser encontradas no mundo hoje.Nos Estados Unidos você pode encontrar todas asformas de organizações de política pública enquantoque o resto do mundo tende a ter "think tanks" deescopo mais limitado e variedade restrita. As "thinktanks" fora dos EUA caem em três grandes categorias- afiliadas a universidades, ao governo e a partidospolíticos - e costumam não ter o mesmo grau deautonomia que suas companheiras americanas.

Independentemente de sua estrutura, as "think tanks"tornaram-se parte permanente da paisagem política eagora, em vários países, elas fazem parte integral doprocesso político. "Think tanks" de diversos tiposrealizaram diversas funções diferentes, incluindo:

- a execução de pesquisa e análise de problemaspolíticos;

- oferecer aconselhamento para preocupaçõesimediatas em política;

- a avaliação de programas do governo;

- a interpretação de políticas para a mídia impressa eeletrônica, facilitando assim a compreensão dopúblico e seu apoio para iniciativas políticas;

- facilitar a construção de "redes de problemas" queenvolvem um grupo diversificado de atores políticosque se reúnem numa base "ad hoc" para tratar de umproblema ou tema político em particular; e

- providenciar o fornecimento de pessoal-chave parao governo.

Embora o surgimento das "think tanks" não tenhasempre sido visto pela estrutura política como umproduto perfeito, mesmo assim as "think tanks"tiveram mais influência positiva do que negativa noprocesso político. Isto é particularmente evidente em

vários países em desenvolvimento e em transição,onde as "think tanks" funcionaram comocatalisadoras para a mudança que ajudou atransformar o panorama político e criar umasociedade civil atuante.

Embora as tradições históricas e políticas em outrasregiões do mundo difiram significativamente dasencontradas nos EUA e embora todos os paísespossuam seu conjunto específico de problemas enecessidades políticas, algumas lições úteis podemser apreendidas da experiência dos EUA. As origensda cultura "think tank" nos Estados Unidos estãoligadas às tradições da era progressiva da América dafilantropia corporativa, à distinção aguda entre olegislativo e o executivo, aos partidos políticosfracos, ao compromisso público com a abertura eindependência e à inclinação do público e de seusrepresentantes eleitos de confiarem no setor privadopara que este seja a interface e a assistência aogoverno. Estes fatores reunidos oferecem poucosobstáculos aos analistas políticos, ideólogos eempresários que desejam entrar no mercado de idéiase contribuir para o processo de formulação depolíticas. Finalmente, as "think tanks" ganharamdestaque porque existe a percepção de que elasfreqüentemente oferecem o que a burocraciagovernamental não oferece.

Especificamente, "think tanks" são:

- orientadas para o futuro de maneira mais eficaz doque os funcionários de pesquisa do governo, cujosesforços criativos nunca são recompensados.

- mais capazes de gerar agendas políticasreconfiguradas, enquanto a burocracia floresce noambiente de segurança máxima dos procedimentosoperacionais padrão.

- mais capazes de facilitar a colaboração entre gruposseparados de pesquisadores em busca de um objetivocomum porque não possuem interesses permanentesem um campo.

Além disso, ajudam à síntese intelectualque surge com o rompimento dasbarreiras burocráticasporque são:

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- mais capazes do que as agências governamentais nadisseminação de pesquisas políticas relevantes dentrodo governo e externamente para as elites políticas, amídia e o público.

- melhor equipadas para lidarem com a naturezaentrecortada dos problemas políticos mundiais.

- mais capazes de reunir e atrair acionistas para oprocesso de formulação de políticas.

- mais competentes para encaixarem-se no processopolítico - da reunião de dados à criação deconhecimento/política.

- mais capazes de conceber meios de implementaçãodo que a burocracia governamental, que pode sersegmentada internamente por departamento e área deespecialização.Apesar dos esforços de alguns estudiosos eformuladores de políticas no questionamento dopotencial de transferência do estilo independente das"think tanks" americanas para outras regiões e paísesdo mundo, vários formuladores de políticas e gruposda sociedade civil ao redor do mundo lutam paracriar "think tanks" verdadeiramente independentes elivres para ajudar seus governos a pensar. Sendoassim, enquanto a transferência do modelo daBrookings Institution, RAND Corporation ou daHeritage Foundation para outros países está sendodebatida, a necessidade e o desejo de reproduzir aindependência e a influência destas instituições nãosão questionados.

A transnacionalização do movimento "think tank"tem sido encorajada com freqüência e recebidosuporte financeiro da comunidade internacional dedoadores e fundações particulares nos EUA, Europae Japão. Junto com o fluxo internacional de fundosveio a internacionalização do quadro de funcionáriosda "think tank". Programas como os mantidos peloBrookings Institution, Carnegie Endowment forInternational Peace, National Institute for ResearchAdvancement, Woodrow Wilson International Centerfor Scholars, German Marshall Fund, AtlasEconomic Research Foundation e outrasorganizações, oferecem oportunidades para quefuncionários de "think tanks" e universidades emeconomias em desenvolvimento ou em transição

venham e consultem seus colegas trocandoinformações e idéias sobre problemas internacionaise aprendam as melhores maneiras de criar e sustentaruma organização de política pública.

As "think tanks" nos EUA também estão engajadasativamente na exportação de seus estudiosos, formasde análise política e estruturas organizacionais paraoutros países. O Urban Institute, a HeritageFoundation, o Foreign Policy Research Institute e oHudson Institute promovem ativamente suaabordagem de análise política para grupos na África,Ásia, Europa Oriental e a ex-União Soviética. OUrban Institute, o Carnegie Endowment e a HeritageFoundation foram além e estabeleceram filiaisno exterior.

Os avanços em sistemas de informações e detelecomunicações ampliaram em muito o escopo e oimpacto da colaboração entre instituições eestudiosos. Intercâmbios bilaterais e multilateraisacontecem diariamente enquanto avançostecnológicos permitem que as equipes de uma "thinktank" comuniquem-se e operem com mais eficáciaatravés das fronteiras internacionais. A Internetpermite que as "think tanks" espalhadas pelo mundoconectem-se entre si de maneira inimaginável anosatrás. Fóruns globais, conferências e debatesacontecem regularmente na World Wide Web.Projetos de pesquisa colaborativa envolvendopesquisadores de 20 ou mais países são comuns.Recentemente, instituições como o Global PolicyProgram (Programa de Política Global) do CarnegieEndowment for International Peace, o GlobalDevelopment Network (Rede de DesenvolvimentoGlobal) do Banco Mundial, Global Public PolicyNetwork (Rede de Política Pública Global) dasNações Unidas e o Think Tanks and Civil SocietiesProgram (Programa de Sociedades Civis e "ThinkTanks") do Foreign Policy Research Institute criaramparcerias com "think tanks" em todo o mundo, numesforço para criar redes globais que irão analisarproblemas globais, tentar moldar políticas externas einfluenciar os programas e as prioridades dasinstituições internacionais. Além disso, um númeroigual de redes regionais foi organizado na Europa(Transition Policy Network, Trans European PolicyStudies Association Network, e Partnership for PeaceNetwork), Ásia (Association of Southeast Asian

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Nations Institute of Strategic and InternationalStudies Network), África (African Capacity BuildingFoundation Network) e América Latina (AtlasFoundation Network) buscando objetivos similares.

O crescimento das organizações de pesquisa depolítica pública nas últimas duas décadas só pode serdescrito como explosivo. Estas organizações nãosomente aumentaram em tamanho como também oescopo e o impacto de seu trabalho expandiram-sedrasticamente. Mesmo assim, o potencial das "thinktanks" no apoio e sustentação dos governosdemocráticos e sociedades civis ao redor do mundoestá longe de ter se exaurido. O desafio do novomilênio é o de estar ligado ao vasto reservatório deconhecimento, informações e energia associacionalque existem nas organizações de pesquisa políticapública em todas as regiões do mundo. É essencialque o Departamento de Estado dos EUA e outrasagências internacionais do governo dos EUA adotemações imediatas para trabalharem com e através das"think tanks" para ajudar a desenvolver e apoiar umarede de institutos políticos que irão ultrapassar asfronteiras físicas, políticas e disciplinarias em busca desoluções para alguns dos problemas políticosemergentes e duradouros de nosso tempo.

(1) Ver James G. McGann e Kent R. Weaver, eds."Think Tanks" e Sociedades Civis: Catalysts for Ideasand Action (Catalisadores de idéias e ação);Transaction Publications 2000. Ver também JeffreyTelgarsky e Makiko Ueno, Introduction: Think Tanksand a Changing Japan (Introdução: "Think tanks" e umJapão em mudança), Telgarsky e Ueno, eds., ThinkTanks in a Democratic Society: ("Think tanks" em umasociedade democrática: Uma voz alternativa,(Washington, D.C.: The Urban Institute, 1996), pg.3.

(2) Telgarsky e Ueno, Introduction, pg.2.

(3) Segundo dados recentes reunidos pelo FPRIThink Tanks and Civil Societies Program existemmais de 4.500 "think tanks" no mundo eaproximadamente 1.500 delas estão nos EUA.

(4) Wildavsky, Aaron, Speaking Truth to Power: TheArt and Craft of Policy Analysis (Falando a verdadeao poder: A Arte e o talento da análise política)(Boston: Little, Brown and Co. 1979)

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AGENDA DA POLÍTICA EXTERNA DOS EUA REVISTA ELETRÔNICA DO DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA VOLUME 7, NÚMERO 3, NOVEMBRO DE 2002

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material bruto de trabalho utilizado pelas"think tanks" são idéias. As "think tanks" -ou, mais adequadamente, organizações de

pesquisa de política pública - avaliam a validade eutilidade de idéias que formam a base para a políticae desenvolvem novas idéias para servirem de apoiopara a criação de políticas futuras. James AllenSmith, um historiador com uma série de livrospublicados sobre as "think tanks", descreveu-as notítulo de um deles como sendo "The Idea Brokers"(As corretoras de idéias).

O Brookings Institution é uma das mais antigas"think tanks" dos EUA. O precursor do atualBrookings - o Institute for Government Research -foi fundado em Washington em 1916 por umempresário e filantropo de St. Louis, chamado RobertBrookings. Depois disso ele fundou duasorganizações relacionadas; o Institute for Economicse a Graduate School of Economics and Government.

Robert Brookings estabeleceu estas organizaçõesporque viu que os negócios no começo do século XXtiravam proveito das disciplinas relativamente novasda pesquisa econômica e administraçãoorganizacional e acreditou que o governo tambémpoderia beneficiar-se com elas. As três organizaçõesde pesquisa uniram-se em 1927 criando o BrookingsInstitution, que inicialmente focalizava a políticasocial doméstica e a política econômica. Estudosinternacionais só foram incluídos na agenda doBrookings depois da Segunda Guerra Mundial.O Brookings está organizado em três grandes áreas

de pesquisa: Estudos de Política Externa, EstudosEconômicos e Estudos de Governo, embora asdistinções entre estes departamentos não sejamprecisas, uma vez que a instituição analisa problemasinterdisciplinares que definem o mundo globalizado.Nossa estrutura organizacional também inclui várioscentros de pesquisa, focalizando áreas como oOriente Médio ou problemas funcionais como apolítica educacional.

Robert Brookings disse uma vez: "Por trás de todasas atividades do Brookings está a crença nanecessidade de contextualizar os problemas de modopreciso e imparcial, apresentando idéias semideologia". Desde o princípio, o Brookings forneceaos formuladores de políticas e ao público, pesquisasatuais que buscam encontrar soluções para osdesafios mais complexos da política da América.

Com o passar das décadas, as idéias que emanaramdo Brookings desempenharam um papel fundamentalnas mobilizações para a Primeira e Segunda GuerrasMundiais; a criação do processo orçamentário dogoverno federal, do sistema de serviço civil e daPrevidência Social; o desenvolvimento do PlanoMarshall; a imposição de controles de preços durantea Segunda Guerra Mundial; o uso de sanções parapunir e influenciar estados criminosos; a organizaçãodo National Security Council (Conselho de SegurançaNacional) e outras estruturas de política externa e dedefesa; o compromisso na promoção do desenvolvi-mento em países mais pobres; a evolução da políticados EUA com relação à Rússia e outras políticas.

O BROOKINGS INSTITUTION: COMO FUNCIONA UMA "THINK TANK"

Por Strobe TalbottPresidente, Brookings Institution

(O objetivo do Brookings Institution e de todas as outras "think tanks" é "fornecer análisese conclusões à comunidade política que possam ser usadas como base para odesenvolvimento de políticas novas e para modificar e remover políticas já existentes" -declarou o presidente do Brookings, Strobe Talbott. "Uma das tarefas mais desafiadoras",diz ele, "é identificar com rapidez os problemas novos e importantes que nossa nação e omundo irão enfrentar no futuro" e levá-los até os formuladores de políticas e o público).

_ C O M O F U N C I O N A M T R Ê S T H I N K T A N K S

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Desde os ataques terroristas de 11 de setembro, apesquisa no instituto foi redirecionada paraconcentrar-se intensamente na geração de idéias einspirações que levarão ao desenvolvimento ourevisão de políticas abordando as relações entre omundo ocidental e o mundo islâmico; o equilíbrioadequado entre vigilância contra o terrorismo e aproteção das liberdades civis; o conflito entre Israel eos palestinos; a necessidade de ajustar a diplomaciatradicional entre estados para que leve em conta aascensão de participantes sem estados; o debate sobreestados de guerra preemptivos ou preventivos comoresposta a ameaças de terroristas ou de estados queapóiam terroristas; o desenvolvimento de umaestratégia internacional em longo prazo para o mundoPós-guerra Fria; o futuro do controle de armas e ocaso do sistema defensivo de mísseis.

"As "think tanks" continuam sendo a fonte principalde informações e experiência para formuladores depolíticas e jornalistas", concluiu Andrew Rich, umprofessor de ciências políticas que estudou as "thinktanks", em um relatório publicado há cinco anos."Seus estudos e relatórios são considerados deconfiança para guiar e/ou apoiar membros doCongresso em seus esforços legislativos e osjornalistas em suas reportagens".

Em uma pesquisa entre membros da equipe docongresso e jornalistas cobrindo o Senado e aCâmara dos Deputados, Rich descobriu que mais de90% dos indivíduos considerava as "think tanks"como sendo "influentes ou muito influentes" sobre apolítica americana contemporânea. Rich informouque o Brookings foi considerado a "mais confiável"das 30 "think tanks" listadas na pesquisa.

O Brookings é sempre mencionado como sendo "umauniversidade sem estudantes". Vários de nossos 75estudiosos seniores possuem diplomas avançados eum bom número deles vêm de universidades.Sua pesquisa e textos são revisados pelacomunidade acadêmica.

Alguns deles são o que chamamos de "estudiososprofissionais". Esta descrição aplica-se aospesquisadores que aceitam periodicamente posiçõesno governo onde possam testar suas conclusõesacadêmicas em circunstâncias do mundo real e

formar funcionários que venham para o quadro doBrookings depois de passarem um tempo no serviçopúblico, usando assim sua experiência no governopara acrescentar um ponto de vista prático para nossapesquisa acadêmica.

Por exemplo, mais de uma dúzia de "estudiososprofissionais" do Brookings trabalharam noDepartamento de Estado ou no National SecurityCouncil (Conselho de Segurança Nacional),incluindo James Steinberg, o vice-presidente e diretordo programa de Estudos de Política Externa noBrookings (ex-conselheiro interino de SegurançaNacional na Casa Branca e diretor da Equipe dePlanejamento Político do Departamento de Estado);Helmut Sonnenfeldt (membro sênior do Conselho deSegurança Nacional)na administração Nixon e ex-diretor do Departamento de Pesquisa sobre a UniãoSoviética e Europa Oriental do Departamento deEstado) e Martin Indyk, diretor do Saban Center forMiddle East Policy (ex-secretário de Estado Adjuntopara Assuntos do Oriente Próximo e duas vezesEmbaixador dos EUA em Israel). O Brookingstambém tem especialistas de todas as outras divisõesdo governo, como o ex-senador Bill Frenzel (PartidoRepublicano-Minnesota), um de nossos peritosresidentes sobre impostos, comércio livre epolítica orçamentária.

O National Institute for Research Advancement emTóquio, relacionou 3.500 "think tanks" no mundo,metade nos EUA. Nem todas essas organizações depesquisa política mantêm uma atmosfera rigidamenteacadêmica ou exigem "independência não-partidária"em suas análises, como faz o estatuto do Brookings.Algumas "think tanks" são mais políticas. Algumasfocalizam apenas um problema ou um númeropequeno de assuntos relacionados. Algumas possuemuma agenda ideológica ou uma abordagem partidáriaclaramente identificável, com formuladores depolíticas lobistas para implementarem esta agenda.Mas, sejam elas identificadas como sendo deesquerda ou direita - ou centrista como o Brookings -todas as "think tanks" dedicam-se a divulgar suaspesquisas e recomendações aos formuladores depolíticas, mídia, líderes de opinião influentes,organizações interessadas e membros do público. Portrás de todas estas atividades está objetivo doBrookings Institution e de todas as outras "think

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tanks" - fornecer análises e conclusões à comunidadepolítica que possam ser usadas como base para odesenvolvimento de políticas novas e para modificare remover políticas já existentes.

A disseminação das análises e recomendaçõespolíticas do Brookings é feita de várias maneiras. Asconclusões de vários pesquisadores são apresentadasem livros e relatórios. Há alguns anos, quandopercebemos que os formuladores de políticas e suasequipes não tinham tempo para ler livros e relatórioslongos, o Brookings começou a publicar suasdescobertas em formatos mais curtos e maisacessíveis, intitulados Policy Briefs (ResumosPolíticos). Outras "think tanks" também começaram afazer isso.

Os estudiosos do Brookings freqüentementecomunicam suas conclusões diretamente aosformuladores de políticas através de testemunhos noCongresso, consultas particulares e reuniões commembros do Congresso e do Executivo. Acomunicação ao público interessado não-governamental é feita através de fóruns, mesas-redondas e outros eventos.

Os formuladores de políticas são freqüentementeinfluenciados pela opinião pública e a opiniãopública é freqüentemente influenciada pela coberturada mídia jornalística. Além disso, muito do que osformuladores de políticas, seus conselheiros e opúblico sabem sobre problemas políticos é ensinadopela mídia jornalística. Portanto, não é de surpreenderque muitos estudiosos no Brookings e outras "thinktanks" destinem uma boa parte de seus esforços naapresentação de suas idéias e descobertas através damídia jornalística. Isso acontece na forma deentrevistas na televisão, rádio e mídia impressa, artigosassinados para as páginas de editoriais em jornais,conferências de imprensa, discursos e artigos pararevistas acadêmicas. Há mais de um ano, o Brookingsinaugurou seu estúdio particular de rádio e TV parafacilitar a realização de entrevistas com a mídia.

O Brookings e outras "think tanks" também publicam"guias de mídia" para ajudar os jornalistas alocalizarem e entrevistarem estudiosos comexperiência no problema político sobre o qual ojornalista está escrevendo.

A verba para patrocinar toda essas pesquisas,análises, divulgação e promoção - e os funcionários -gira em torno de aproximadamente US$40 milhõespor ano no Brookings. O dinheiro vem de um legadoestabelecido originalmente pelo fundador, RobertBrookings; de doações feitas por fundações,corporações e indivíduos e de fontes de renda como oBrookings Institution Press, que publica mais de 50livros por ano e o Center for Public Policy Education,que oferece seminários educacionais para executivosdo governo e área corporativa.

Regras elaboradas garantem que os provedoresfinanceiros não possuem nenhum tipo de influênciasobre o planejamento e resultados das pesquisas doBrookings.

Uma das tarefas mais desafiadoras é identificar comrapidez os problemas novos e importantes que nossanação e o mundo irão enfrentar no futuro. Depoisdisso, seguindo a tradição do Brookings, focalizamosnossos esforços para levar esses problemas para aatenção dos formuladores de políticas e o público,oferecendo pesquisas e análises sólidas, informandopara a realização de debates e fornecendo idéiasconstrutivas e recomendações.

Como disse o historiador James Allen Smith em seumaterial sobre a história de Brookings em seu 75ºaniversário, "... quando poucos estudiosos estavamdisponíveis e preparados para lidar com problemaspolíticos emergentes, o Brookings sempre trabalhoupara redirecionar a atenção deles e para criar novasredes de conhecimento, fosse na regulamentação efinanças governamentais, nas economias das naçõesasiáticas ou no comando e controle de armasnucleares. Sem dúvida, o melhor teste do sucesso einfluência de uma instituição em longo prazo nãoestá no seu impacto imediato sobre determinadasdecisões políticas... mas em sua habilidade de formarredes de peritos de modo que elas continuem aantecipar os problemas da nação mesmo antes doscontornos do debate político estarem delineados".

Os ocupados formuladores de políticasgovernamentais apreciam o valor adicionado àhabilidade do Brookings em combinar a análise detendências em longo prazo com a recomendação depolíticas de curto prazo. Embora muitos dos

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problemas que enfrentamos hoje não podiam nem serimaginados por Robert Brookings em 1916, seumétodo de pesquisa não-partidária, voltado para apolítica permanece constante desde o dia denossa fundação.

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Desde o início do Departamento de Defesa dosEUA (DOD), as "think tanks" têm trabalhadode perto com as lideranças civil e militar em

uma extensa gama de assuntos, desde novastecnologias até o planejamento e operações militares,para melhor ajudar na proteção dos interesses dosEUA contra as ameaças sempre em evolução.

Como liderança civil do Departamento de Defesa, osserviços militares uniformizados exigem altaqualidade, pesquisa objetiva em tendênciasgeopolíticas e as implicações de diferentes opções depolítica externa. Entre outras coisas, tal pesquisa énecessária para que situações realistas orientem oplanejamento e avaliações do programa, e paradesenvolver uma compreensão de prováveisconstrangimentos de flexibilidade operacional.

A seu favor, os serviços militares e o gabinete dosecretário de Defesa (OSD) criaram e usaram umgrande conjunto de fontes para esta pesquisa, desdeinstitutos pequenos como o Center for Strategic andInternational Studies (CSIS) e o Lexington Institute,apoiado principalmente por doações de empresas oude indivíduos, até grandes organizações de pesquisapolítica como o Institute for Defense Analyses quetem um contrato com o Departamento de Defesa. Amais antiga e maior destas organizações de pesquisasé a RAND que foi criada com capital privado, comouma corporação sem fins lucrativos, em 1948. Cercade metade dos trabalhos atuais de RAND estãoligados à defesa nacional, enquanto a outra metade

lida com diversos assuntos de política nacional.

A RAND opera três centros federais de pesquisa edesenvolvimento (FFRDCs) patrocinados peloDepartamento de Defesa. FFRDCs são programas depesquisa operados por organizações sem finslucrativos (não-comerciais) com contratos de longoprazo. Desenvolvem e mantêm perícias essenciais ecapacidades importantes para seus patrocinadores eoperam nos interesses públicos, livres de reais oupossíveis conflitos de interesse.

A criação da RAND permitiu à Força Aérea reter eestender as importantes contribuições científicas civisdurante a Segunda Guerra Mundial. Como parte deum programa maior de pesquisa sobre poder aéreo naRAND, a Força Aérea semeou o desenvolvimento deum esforço analítico de quebra de caminho, com oobjetivo de entender a União Soviética. Algumas daspesquisas da RAND trataram do desenvolvimento daestratégia soviética, da doutrina e dos sistemasmilitares. A Força Aérea também pediu análises daeconomia soviética, da política externa, dosprogramas de ciência e de tecnologia, entre muitosoutros tópicos.

O trabalho pioneiro da RAND era tão novo querequereu a tradução de muitos textos soviéticosfundamentais e a criação ou refinamento denumerosos métodos analíticos que se tornarampadrão em toda a comunidade de pesquisa, inclusivea entrevista de emigrantes cuja desconfiança dos

("Think Tanks" que trabalham com agências de defesa e de inteligência, inicialmente como foco exclusivo em tópicos regionais e funcionais, agora também estão sendo chamadaspara ajudar as forças armadas a tratar do novo desafio do terrorismo e da segurança dapátria, afirmou Michael D. Rich, vice-presidente executivo da RAND. Os pesquisadores daRAND que têm estudado o terrorismo por mais de 30 anos, agora estão ajudando ostomadores de decisões a desenvolver uma aproximação analítica abrangente para defesacontra ataques terroristas, e, ao mesmo tempo, estão aumentando a pesquisa em outrosassuntos para governos em todo o mundo.)

RAND: COMO “THINK TANKS” INTERAGEMCOM AS FORÇAS ARMADAS

Por Michael D. RichVice-presidente executivo da RAND

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funcionários do governo, em caso contrário, os teriatornado inacessíveis.

Logo, a Força Aérea e, em seguida, o gabinete dosecretário de Defesa procuraram a RAND parapesquisar sobre a China, Europa Oriental, Japão,Sudeste Asiático, Oriente Médio, América Latina eEuropa Ocidental. Embora menores, em escala, doque as análises da União Soviética, esses estudostambém forneceram à Força Aérea - através dosrelatórios da RAND amplamente disseminados, orestante do governo dos EUA e o público - um órgãoindependente de pesquisa em uma grande variedadede tópicos. Estes tópicos incluíram força econômica,capacidades militares, insurreições, intenções dehegemonia e possibilidades de sucessão de liderançaem muitas nações e regiões em todo o mundo.

Com o passar do tempo, a RAND desenvolveu linhascomplementares de pesquisa para as forças armadas,como também para outros clientes federais como acomunidade de inteligência. E o Departamento deDefesa aumentou o número e a diversidade de suasfontes externas de pesquisa continuamente, tambémusando outras no crescente mundo de "think tanks"como o Council on Foreign Relations, o AmericanEnterprise Institute, e o Brookings Institution.

Os centros de pesquisa e desenvolvimento da RAND,financiados em nível federal, têm um papel especialpara ajudar a conhecer as necessidades de pesquisa eanálise dos seus patrocinadores do Departamento deDefesa. Os FFRDCs são: Project AIR FORCE; theArmy's Arroyo Center e the National DefenseResearch Institute (NDRI) que primeiramente prestaserviços para o gabinete do secretário de Defesa; oEstado Maior Conjunto e as Agências de Defesa.Cada um desses centros é responsável por umabrangente e integrado programa de pesquisa quetrata de necessidades emergentes de segurança e suasimplicações para as organizações patrocinadoras; odesenvolvimento de novas estratégias, doutrinas,táticas e conceitos de operações; a aplicação de novastecnologias; e assuntos relacionados com logística,força de trabalho, treinamento, pessoal, cuidadomédico, e aquisição de sistemas. Para cada FFRDC, a RAND se compromete adesenvolver e manter um conjunto de específicas"capacidades básicas". Tudo isto é feito com uma

grande familiaridade com a estrutura, doutrina,operações, e personalidades das organizaçõespatrocinadoras. Na verdade, uma das forças dasFFRDCs, operadas pela RAND ou por outrasentidades sem fins lucrativos, é a sua estabilidade e arelação estratégica, próxima e em longo prazo, comseus patrocinadores militares ou do OSD.

O processo de estabelecimento da agenda de pesquisaé interativo, e se inicia com o desenvolvimento deum plano de pesquisa em longo prazo que é revisadoanualmente. Discussões contínuas entre osresponsáveis pela pesquisa da RAND e funcionáriosde gabinete ou civis de grau comparável permitemque a RAND desenvolva um programa de pesquisaanual de estudos individuais, que depois é aprovadopor um conselho de alto nível. No caso do ProjectAIR FORCE e do Arroyo Center, os conselhos sãopresididos pelo vice-chefe de serviços; no caso doNDRI, a presidência é do subsecretário de defesaresponsável por aquisição, tecnologia, e logística.Estudos individuais são tipicamente comissionadospara um ou mais oficiais ou funcionários de gabineteseniores que ajudam a formar o escopo, as fases, ocronograma da pesquisa - fornecendo comentários,sugestões e críticas durante o processo.

Como um exemplo de tal estudo, temos o projetomultianual do Project AIR FORCE sobre amodernização da defesa chinesa e suas implicaçõespara a Força Aérea. Embora tenha sido desenvolvidocontra o fundo de amplas interações entre a RAND ea liderança sênior da Força Aérea, os contornosespecíficos do estudo foram trabalhados com o entãochefe das Forças Aéreas do Pacífico, o generalRichard Myers, e o chefe do Quartel Geral da ForçaAérea para Operações Aéreas e Espaciais, o tenente-geral John Jumper (agora, chefe de Força Aérea doEstado Maior Conjunto). Os dois oficiais, comotambém seus sucessores, foram ativos participantesdurante as análises. A equipe de pesquisa conseguiumuitos outros membros, inclusive os experientes doForeign Service e especialistas acadêmicos.

Uma vez que os objetivos do estudo foramacordados, a RAND reuniu uma equipe discrepantede pesquisadores sob a liderança de ZalmayKhalilzad, um ex-funcionário sênior dosDepartamentos de Estado e Defesa que trabalhava

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para a RAND. Khalilzad é agora um membro daequipe do Conselho de Segurança Nacional (NationalSecurity Council), além de ser o enviado dopresidente para o Afeganistão. Além de especialistaschineses, havia outros especialistas regionais eperitos em estratégia de defesa, poder aéreo,inteligência, e economia.

A equipe foi acrescida de diversos oficiais da ForçaAérea que trabalham para a RAND como executivosfederais. Durante a pesquisa, a equipe de estudorevisou o trabalho em andamento com um grupo deconselheiros composto de uma grande variedade deoficiais federais seniores, atuais e ex-funcionários,tanto de governos democráticos como republicanos,incluindo o ex-conselheiro de segurança nacional,Brent Scowcroft e três ex-secretários de defesa:Harold Brown, Frank Carlucci e William Perry.

Este projeto produziu numerosas instruçõesespecíficas internas para os oficiais seniores da ForçaAérea e para outros funcionários de Departamento deDefesa, e produtos escritos, como um relatório final eum documento derivado que foram publicados eamplamente divulgados. De uma forma quecaracteriza muito a pesquisa de FFRDCs, o projetoenvolveu uma contínua e íntima interação com aForça Aérea em todos os níveis. Mais importante, otrabalho era de valor prático para a liderança sêniorda Força Aérea e foi amplamente lida e usada pelogoverno dos EUA e pela região.

Todo o produto da RAND passa por um processorigoroso de garantia de qualidade e este relatório nãofoi exceção. Além de revisões internas, o manuscritofoi revisado, antes da publicação, por I. Lewis Libby,ex-subsecretário do Departamento de Defesa efuncionário do Departamento de Estado e por DavidShambaugh, professor de ciência política e relaçõesinternacionais e diretor do China Policy Program naThe George Washington University.

Este estudo é um dos muitos feitos pelo FFRDCs daRAND durante os últimos anos que examinaramassuntos importantes das relações entre EUA eChina. Outros estudos de FFRDC da RAND, duranteo mesmo período, examinaram problemas críticosenvolvendo nações como Coréia do Norte, Indonésia,Índia, Afeganistão, Irã, Iraque, Turquia e Colômbia.

Cada um desses estudos utilizou as mesmascapacidades da RAND no caso do estudo sobre aChina: um time multidisciplinar de pesquisadores,extensos contatos com o exterior e uma íntimarelação de trabalho com o patrocinador militar.

O trabalho individual em e sobre países permitiu quea RAND realizasse análises detalhadas de assuntosde segurança em um nível regional na Ásia Oriental,Sul da Ásia, Oriente Médio e Golfo Pérsico. Narealidade, a RAND está fazendo cada vez maistrabalhos para governos em todo o mundo. O padrãode estudos detalhados sobre um país e as análisesregionais mais abrangentes foi especialmente efetivono trabalho na Europa. A RAND tem uma presençasignificativa na Europa, com três escritórios eprogramas de pesquisa em defesa e campos de nãodefesa. Uma série de análises sobre controle de armasconvencionais, usando avançados modelos decombate, e sobre as questões relacionadas com poderaéreo tiveram uma influência significativa na posiçãodos EUA, e finalmente no Tratado de ForçasConvencionais da Europa (CFE). Além disso, muitodo pensamento inicial sobre a razão para caminhosalternativos para expansão de OTAN foi feito pelaRAND e por outras "think tanks".

As "think tanks" agora são convocadas paracontribuir para um novo desafio: a emergência doterrorismo como uma ameaça mundial e de segurançanacional já que é uma prioridade nacional da maisalta ordem. Os pesquisadores da RAND estãoestudando o terrorismo há mais de 30 anos, e hojeestão ajudando o governo dos EUA a desenvolveruma aproximação analítica abrangente para a defesacontra ataques terroristas. Bombas maiores, melhoresarmas e novos sistemas de armas não são suficientespara derrotar os terroristas, que operam longe dostradicionais campos de batalha. Precisamos tambémde uma melhor compreensão de quem são osterroristas, como operam, o que os motiva e o quepode ser feito para impedir que ampliem seu campode atuação. E precisamos de uma melhorcompreensão das vulnerabilidades de nossa nação ecomo reduzir essas vulnerabilidades. As pesquisas eas análises da RAND desempenham um papelimportante para ajudar a melhorar a política dogoverno e as tomadas de decisões nestas áreas vitais.Desde os ataques aos EUA em 11 de setembro de

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2001, os FFRDCs da RAND - como os outrosFFRDCs operados por outras instituições, como oCentro de Análises Navais que ajudam oDepartamento de Defesa regularmente - têm sidoconvocados por seus patrocinadores para modificarsuas agendas de pesquisa. O legado dos trabalhosanteriores e as capacidades resultantes, combinadocom a flexibilidade dos arranjos institucionais e asíntimas relações de trabalho entre patrocinadores epesquisadores, operadores e analistas, equipou osFFRDCs para estas novas dimensões no contexto dapolítica externa e do planejamento de defesa.

É claro que os "velhos" assuntos não foramesquecidos. Simplesmente foram unidos ecomplicados pelos mais recentes. Os peritos daRAND, em uma grande variedade de assuntos desegurança nacionais, têm ajudado as forças armadasdos EUA a defender a nação por mais de 50 anos,lidando ao mesmo tempo com ameaças que agorafazem parte de história, e com ameaças que estarãonas primeiras páginas dos jornais de amanhã.

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TO United States Institute of Peace é umaentidade única dentro da, cada vez mais,aglomerada comunidade de "think tanks" de

política externa de Washington. Talvez o aspectomais óbvio deste nosso caráter único seja o fato desermos uma criação do Congresso dos EUA. Somosuma entidade federal independente. Entretanto, nossoaspecto mais evidente é que adotamos umaabordagem prática e pró-ativa no sentido de cumprirnossa missão de promover a resolução pacífica deconflitos internacionais. Alguns membros de nossaequipe, na verdade, gostam de se referir a nós comouma "think-and-do tank", ou seja, uma "think tank"que age. Voltarei a falar sobre isso após uma breveexplicação das origens e missão do Instituto.

No final da década de 70 e início da década de 80 -na esteira da guerra do Vietnã - havia um debateentusiasmado nos Estados Unidos sobre o valor de seestabelecer uma "academia da paz" nacional paratreinar profissionais nas habilidades de criarcondições para a paz, como complemento à missãoeducacional das três academias militaresadministradas pelo governo. Como resultado dessedebate, o Congresso dos EUA decidiu em 1984estabelecer "um instituto nacional independente esem fins lucrativos, para atender à população e aogoverno por meio da mais ampla gama possível deopções de educação e treinamento, oportunidades depesquisa básica e aplicada e serviços de informaçãorelacionados ao tema da paz, visando promover a pazinternacional e a resolução de conflitos entre nações epovos do mundo, sem recorrer à violência".

Desta forma surgiu o United States Institute of Peace.Financiado anualmente pelo Congresso esupervisionado por um conselho diretivo bipartidário,indicado pelo presidente e confirmado pelo Senado, oInstituto concentra seus esforços em educação,treinamento, desenvolvimento de políticas eprogramas práticos para o gerenciamento deconflitos, sempre buscando a paz internacional - noOriente Médio, nos Bálcãs, no Afeganistão, na ÁfricaSubsaariana - na verdade em qualquer região domundo onde houver ameaça ou ocorrência deconflitos violentos.

Embora nossa missão tenha uma abordagem parecidacom a de uma "think tank" não governamentaltradicional - através de pesquisa, estudos, concessãode bolsas, eventos públicos e publicações - tambémtemos programas práticos que são mais aplicados doque o trabalho de uma "think tank" tradicional. Comomencionei na introdução, gostamos de nos descrevercomo uma "think-and-do tank", ou seja, uma "thinktank" que age. Portanto, qual a parte prática da equação?

Trata-se, em grande parte, de treinamento eeducação. Somos muito ativos no treinamento dospacificadores de hoje e na educação daqueles dofuturo. Em termos de treinamento, por exemplo, oInstitute of Peace, por meio de um acordo decooperação com o Departamento de Estado dosEUA, treina policiais americanos que se ofereceramcomo voluntários para servir no exterior comoguardiões da paz especialmente treinados para atuarem áreas pós-conflito, como os Bálcãs e o Timor

THE U.S. INSTITUTE OF PEACE: UMA ABORDAGEM PRÁTICA PARA RESOLVER CONFLITOS

Por Richard H. SolomonPresidente, United States Institute of Peace (USIP)

(A abordagem do United States Institute of Peace é "dar um passo a mais" do que a "thinktank" tradicional e "pular nas trincheiras junto com aquelas pessoas que estão tentandolevar a paz para suas regiões do mundo e trabalhar diretamente com elas", disse RichardH. Solomon, presidente do USIP. Neste contexto, disse ainda que o Instituto - criado peloCongresso dos EUA - agrega "uma quantidade cada vez maior de conhecimento e perícianas técnicas de gerenciamento de conflitos e criação de condições para a paz".)

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Leste. Existem centenas de policiais civis servindono exterior e muitos deles passaram pelo Programade Treinamento antes de embarcarem.O Programa de Treinamento funciona não apenas emWashington, mas em todo o mundo. As pessoastreinadas incluem diplomatas, funcionários dogoverno, líderes civis, representantes deOrganizações Não Governamentais (ONGs) emilitares dos Estados Unidos e de dezenas de outrospaíses. Eles são treinados para lidar com todas asfases de um conflito, desde uma ação preventiva até aestabilização e a reconciliação pós-conflito.

Um exemplo recente do trabalho do programa foi umcurso interativo, de duas semanas, orientado àformação de um espírito de confiança e de equipepara cerca de 30 jovens líderes de ONGs da Sérvia edo Kosovo. O programa era composto de quatropartes: um curso de um dia, que consistia emdiversos desafios ao ar livre que exigiam umplanejamento colaborativo e trabalho em equipe; umsegundo dia de discussões e exercícios sobrenegociação e mediação; uma simulação intensiva,computadorizada, de três dias, envolvendonegociação e formulação de políticas; e um dia dediálogo com formuladores de políticas deWashington. Durante a simulação, os participanteseram desafiados a lidar, em um ambiente de altapressão, com os problemas de um país fictício queenfrenta desafios pós-conflito, como tensões étnicas,alto desemprego, degradação ambiental e umaepidemia de HIV/Aids. Nos três dias eles"elaboraram políticas" através de uma simulação emcomputador que lhes permitia acompanhar os efeitosde suas políticas sobre a economia e a sociedade dopaís ao longo de um período de 10 anos.Nosso Programa de Educação procura prepararjovens americanos para a difícil tarefa de levar a paza países assolados por conflitos e estimula a novageração de líderes a buscarem um desenvolvimentoprofissional na área de gerenciamento de conflitosinternacionais. Isto é feito por meio da produção demanuais didáticos e da realização de "workshops" eseminários para professores americanos de 2° grau euniversitários que desejam incorporar estudos sobreresolução de conflitos a seus currículos.

O programa também trabalha com educadores emzonas de conflito no exterior, realizando "workshops"

e seminários sobre análise e gerenciamento deconflitos e o papel que os educadores podemdesempenhar no sentido de promover a reconciliaçãoe a tolerância naquelas áreas. Desde 11 de setembrode 2001, estes esforços concentraram-seprincipalmente em países e regiões com uma grandepopulação muçulmana.O Programa de Educação também atua diretamentecom estudantes americanos de 2° grau, por meio dopatrocínio anual de um Concurso Nacional deEnsaios sobre a Paz. Todos os estudantes de 2° graudos EUA estão qualificados - e são encorajados - aparticipar enviando um ensaio sobre um determinadotema relacionado à paz. O tópico deste ano é umajustificativa para a guerra, isto é, é possível haveruma guerra "justa"? Milhares de estudantes em todoo país participam do concurso. Cada estado escolheum vencedor local que ganha uma bolsa para auniversidade e uma viagem até o Instituto emWashington, onde três vencedores nacionais sãoescolhidos e recebem uma bolsa adicional.

Nosso Programa "Rule of Law" (Estado de Direito)também possui uma abordagem prática e pró-ativa desua missão. As pessoas tendem a pensar emdemocracia como algo que consiste em doiselementos: eleições e liberdade de expressão epensamento. Mas uma democracia plena consiste emmuitos outros elementos, sendo que um dos maisimportantes é a aderência ao estado de direito. Aspesquisas sugerem de forma incisiva que sociedadesque defendem o estado de direito estão menospropensas a serem agressoras e têm uma maiorprobabilidade de contribuir para a paz internacional.

A equipe do Programa "Rule of Law" viaja comfreqüência para países em processo de transição dototalitarismo para a democracia, oferecendo umaorientação no que diz respeito à implementação deprincípios legais amplamente aceitos.

A pedido dos ministros da Justiça israelense epalestino, por exemplo, a equipe do Programa "Ruleof Law" organizou uma iniciativa especial sobre odiálogo jurídico entre palestinos e israelenses. Oobjetivo é criar relacionamentos profissionais entreas duas comunidades legais e permitir que elasexplorem em conjunto uma gama de problemascomuns - um processo que eles não foram capazes de

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iniciar sem uma ajuda externa e que nenhum outroorganismo internacional havia assumido. Por meio demesas-redondas e grupos de trabalho em Israel e nosterritórios palestinos, membros das duascomunidades legais e especialistas internacionaisdiscutem questões legais práticas que afetam ainteração diária entre os dois sistemas, analisamexemplos relevantes de relacionamentos legais entrepaíses vizinhos ao redor do mundo e desenvolvempropostas de solução para problemas comuns. Até omomento já participaram mais de 120 membros dasduas comunidades legais. Os tópicos tratados variamde acidentes de trânsito entre israelenses e palestinosaté direitos e representação de propriedade intelectualnos tribunais das duas comunidades.

Além de nossos programas voltados para questõesespecíficas, temos programas cujo enfoque - prático epró-ativo - são regiões particulares que estãoenfrentando conflitos violentos ou se recuperando deum período de violência. Um desses programas évoltado para os Bálcãs - uma área em fase de francarecuperação depois de anos de violência étnica. Umoutro programa concentra-se em uma região maior,menos facilmente definida e na qual os conflitos sãohistóricos, recorrentes e potenciais - o amplomundo islâmico.

O Programa para os Bálcãs do Instituto estáprofundamente envolvido em ajudar os Estados,comunidades e grupos étnicos da antiga Iugoslávia asair dos destroços de uma década de conflitosviolentos e mortais e a reconstruir suas sociedades.Seu diretor, Daniel Serwer, tem sido extremamenteativo na região e organizou inúmeros "workshops"para líderes comunitários e autoridades do governonos Bálcãs para ajudá-los a planejar uma coexistênciapacífica entre várias comunidades étnicas e religiosasque tradicionalmente eram inimigas.

Nosso mais recente programa, e de importância vital,é a Iniciativa Especial sobre o Mundo Islâmico. Umfato que os terroristas deixaram claro de maneiradolorosa com os ataque de 11 de setembro de 2001 éque os americanos e outras sociedades ocidentais sãocompletamente ignorantes dos costumes, cultura ecrenças que predominam em um segmento amplo eimportante da população mundial - os mais de 1

bilhão de muçulmanos, habitantes de uma vasta áreageográfica que se estende da África ocidental até oleste da Ásia.

Sob o comando do ex-embaixador dos EUA noAzerbaijão, Richard Kauzlarich, a Iniciativa doMundo Islâmico explora maneiras de promover acompreensão e a tolerância entre os mundosocidental e islâmico, concentrando-se inicialmente noconflito entre israelenses e palestinos, em seguida noIraque e nos acontecimentos no sul e sudesteasiáticos. Ela também apóia atividades relacionadasdo Instituto dentro dos programas "Rule of Law",Religião, Promoção da Paz, Educação e Treinamento.

Embora se tenha dado muita atenção ao papel dareligião ao fomentar conflitos violentos, existemalgumas "think tanks" que estudam seu papel nosentido de promover a paz. A Iniciativa Religião ePaz do Instituo trabalha para aprimorar a capacidadede comunidades baseadas na fé tornarem-seinstrumentos em favor da paz. A Iniciativa organizadiálogos e "workshops" entre credos diferentes nosBálcãs, no Oriente Médio e nos Estados Unidos.

Estes são apenas alguns de nossos programas. Temosoutros que se concentram nos efeitos das novastecnologias de telecomunicação, como a Internet etecnologia de satélites, sobre a diplomacia moderna eem funções mais tradicionais das "think tank", taiscomo pesquisas orientadas a políticas e trabalhoseditoriais. Mas os programas operacionais descritosaqui são aqueles que nos tornam verdadeiramenteúnicos em um mundo com cada vez mais "thinktanks" voltadas para política externa. O "modusoperandi" tradicional neste universo é elaborar novasopções de políticas e oferecê-las a autoridades eagentes para que eles as apliquem na mesa denegociação ou em campo. Nossa abordagem é dar umpasso a mais - pular nas trincheiras junto com aquelaspessoas que estão tentando levar a paz para suasregiões do mundo e trabalhar diretamente com elas,trazendo conosco uma quantidade cada vez maior deconhecimento e perícia nas técnicas degerenciamento de conflito e criação de condiçõespara a paz.

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TExistiram momentos na evolução da políticaexterna dos EUA em que as "think tanks"causaram um impacto decisivo ao alterar a

visão de mundo convencional e ao definir um novocaminho em relação a uma importante questãoestratégica. O debate sobre a expansão da OTAN noinício da década de 90 foi um desses momentos. As"think tanks" dos EUA desempenharam um papelfundamental no desenvolvimento e criação de umabase de apoio para que os EUA decidissem expandira OTAN como parte de uma estratégia mais ampla:superar a divisão do continente causada pela GuerraFria e construir uma Europa unida, livre e pacífica.

Foi um período dramático. O colapso do comunismona Europa Central e do Leste, em 1989, e adesintegração da própria União Soviética, dois anosdepois, deixaram atrás de si um vácuo em termos depolítica ocidental na região. As revoluçõesdemocráticas de 1989 na Europa Central e do Lestepegaram o ocidente de surpresa. Por mais bem-vindas que tenham sido, elas viraram de "ponta-cabeça" muitos dos pressupostos que haviamanteriormente guiado o pensamento e as políticasocidentais.

Os eventos reais ocorriam muito mais rapidamentedo que os formuladores de políticas eram capazes derepensá-los. Em alguns momentos os governos e asburocracias estavam atrás da curva da história - esabiam disto - vítimas, de certo modo, de nossopróprio sucesso. Após ter conseguido derrotar o

comunismo sem o disparo de um único tiro emconfrontos entre o Leste e o Oeste, o Ocidente nãoestava preparado politica e intelectualmente paraapresentar uma nova visão de que tipo de EuropaPós-Guerra-Fria e qual relacionamento transatlânticoeram necessários para o futuro. Qual a finalidadeda OTAN em um mundo sem o comunismo e aameaça soviética?

Estas questões produziram um dos mais acalorados epolarizadores debates sobre política externa dadécada de 90 neste país. A questão não era apenasdecidir se a OTAN seria expandida para englobarpaíses da Europa Central e do Leste. De certa forma,isto era apenas a ponta do iceberg. Os formuladoresde políticas também estavam debatendo-se paradecidir sobre que tipo de Europa e relacionamentoEUA-Europa os Estados Unidos deveriam construirpara esta nova era. Os resultados foram algumas dasmudanças de mais longo alcance na estratégia dosEUA e da OTAN em décadas. Tive sorte de ter umavisão geral deste debate - inicialmente como analistada RAND, depois como vice-secretário adjunto deEstado no European Bureau e, finalmente, como ummembro sênior do Conselho de Relações Exteriores.

Por que as "think tanks" desempenharam um papeltão fundamental neste debate? Por vários motivos.Em primeiro lugar, no início da década de 90 haviauma forte demanda por idéias novas em ambos oslados do Atlântico e geralmente os governos nãoestavam bem equipados para fornecê-las. Lidar com

CAUSANDO UM IMPACTO: "THINK TANKS" E O DEBATESOBRE A EXPANSÃO DA OTAN

Por Ronald D. AsmusMembro transatlântico sênior, German Marshall Fund dos Estados Unidos

Membro adjunto sênior, Conselho de Relações Exteriores

(As "think tanks" dos EUA desempenharam um papel central no debate para expandir aOTAN no início da década de 90, segundo Ronald D. Asmus, membro transatlântico sêniordo German Marshall Fund dos Estados Unidos e membro adjunto sênior do Conselho deRelações Exteriores. Segundo ele, diversos fatores estavam envolvidos: havia a demandapor idéias novas sobre o assunto de ambos os lados do Atlântico, membros do governo dosEUA estavam inicialmente divididos sobre o assunto e a equipe da "think tank" contribuiucom dados e energia únicos para o debate.)

_ E S T U D O S D E C A S O S

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uma mudança radical ou apresentar um novoparadigma intelectual não fazem parte dashabilidades naturais das burocracias. Não que aspessoas que trabalham dentro do sistema sejammenos capacitadas. Mas elas precisam operar pormeio de consenso, às vezes são avessas ao risco esimplesmente sobrecarregadas com questões erequisitos operacionais de curto prazo. É muito maisfácil pensar de maneira mais ampla ou trazer idéiasnovas quando se está fora do sistema e em uma"think tank", onde as estruturas de incentivo sãomuito diversas. A observação do ex-secretário deEstado Henry Kissinger, de que se deve fortalecer seu"capital intelectual" antes de entrar no governo é,infelizmente, verdade na maioria dos casos, porqueao trabalhar dentro da burocracia apenas se gastaesse "capital".

Em segundo lugar, no início da década de 90, osprimeiros esforços do governo dos EUA para lidarcom estas questões provocaram sérias divergências.Muitos participantes do governo dos EUA da épocarecorreram a pessoas de fora em busca de informaçõese análises adicionais. Em alguns casos, isso serviusimplesmente para reforçar seus próprios pontos devista. Em outros, isso refletia os esforços paraencontrar novas maneiras de superar as diferençasexistentes entre o processo interagências. O resultadoseguinte foi que funcionários seniores dos EUA cadavez mais entraram em contato de forma pró-ativa com"think tanks" e deram-lhes acesso a discussõesinteragências, que normalmente são restritas.

Em terceiro lugar, algumas "think tanks" foramcapazes de aproveitar estas oportunidades, poiscontribuíram com dados e energia únicos. No inícioda década de 90, a RAND possuía uma das melhoresequipes de especialistas europeus em segurança forado governo dos EUA. Além de uma relação detrabalho próxima com diferentes áreas do governodos EUA, ela também tinha ótimos contatos naEuropa Central, Ocidental e Oriental, além da Rússia.Juntamente com a National Defense University(Universidade de Defesa Nacional) e o AtlanticCouncil (Conselho do Atlântico), ela estava entre asprimeiras "think tanks" a marcar presença nas novasdemocracias da Europa Central e do Leste. Naverdade, tanto o governo alemão quanto os governosda Europa Central e do Leste recorreram a esses

institutos em busca de apoio analítico para odesenvolvimento de novas políticas. Desta forma,eles tiveram acesso ao pensamento corrente emWashington e em ambos os lados da Europa, acessoesse que poucas outras pessoas de fora tiveram.

Mas apenas o acesso não era suficiente. Em umaépoca na qual o trabalho e a análise de algumas"think tanks" são cada vez mais partidários epolíticos, é importante salientar que instituiçõescomo a RAND foram bem sucedidas precisamenteporque elas deram um passo a mais e mantiveram-seanalíticas e objetivas. Elas foram capazes de fornecera formuladores de política sênior, normalmenteocupados e sobrecarregados de trabalho, aquilo deque eles mais necessitavam - uma estrutura e umamaneira de analisar um problema, assim como umconjunto completo de opções com seus prós econtras. Em Washington, visões alternativas depolíticas encontram-se aos montes. Mas trabalhos depesquisa que ajudam a fornecer uma nova estruturaanalítica são raros.

Por exemplo, o trabalho analítico mais bem sucedido,produzido pela RAND durante o debate sobre aexpansão da OTAN, não foram os artigos assinadosou outros materiais de apoio elaborados porindivíduos. Ao contrário, foi uma série de resumosanalíticos que exploraram explicações alternativaspara a expansão da Aliança, as questões práticas decomo isso poderia ser feito, os custos envolvidos e asimplicações para a Rússia e outros países nãoconvidados. Como uma instituição, a RAND nuncaassumiu uma posição oficial a favor ou contra aexpansão da OTAN. Ela encarava seu papel emprimeiro lugar e, principalmente, como aquele deajudar os formuladores de políticas a compreender asquestões, as opções e as concessões e permitir queeles tomassem decisões próprias com base no maiornúmero possível de informações.

Por exemplo, o trabalho analítico mais bem sucedido,produzido pela RAND durante o debate sobre aexpansão da OTAN, não foram os artigos assinadosou outros materiais de apoio elaborados porindivíduos. Ao contrário, foi uma série de resumosanalíticos que exploraram explicações alternativaspara a expansão da Aliança, as questões práticas decomo isso poderia ser feito, os custos envolvidos e as

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implicações para a Rússia e outros países nãoconvidados. Como uma instituição, a RAND nuncaassumiu uma posição oficial a favor ou contra aexpansão da OTAN. Ela encarava seu papel emprimeiro lugar e, principalmente, como aquele deajudar os formuladores de políticas a compreender asquestões, as opções e as concessões e permitir queeles tomassem decisões próprias com base no maiornúmero possível de informações.

Como resultado, várias "think tanks" tornaram-se,durante algum tempo, uma parte informal, porém realdo processo e do debate interagência dentro dogoverno dos EUA sobre o futuro da OTAN. Seusresumos informativos e memorandos tornaram-separte fundamental do debate intelectual e sobrepolíticas. Analistas de "think tanks" trabalharam emcontato próximo com funcionários seniores e eramconvidados com freqüência a fornecer informações.Eles eram solicitados com freqüência a cruzar oAtlântico e colocar em prática idéias e opções depolíticas junto a aliados da Europa Ocidental ouparceiros da Europa Central, com o propósito deobter comentários e sugestões antes que fossemtomadas decisões definitivas em Washington.

Em meados da década de 90 o papel das "thinktanks" no debate sobre a expansão da OTANcomeçou a mudar. Os debates dentro do governo dosEUA foram sendo resolvidos, mas o amplo debatepúblico sobre a expansão da OTAN estava apenascomeçando. À medida que as questões da expansãoda OTAN foram tornando-se o ponto central de umdebate cada vez mais acalorado, outras "think tanks"começaram a participar para ajudar a oferecer umfórum para uma discussão pública mais ampla. OConselho de Relações Exteriores, a BrookingsInstitution, e a "New Atlantic Initiative" do AmericanEnterprise Institute passaram a participar, criandogrupos de estudo e outros mecanismos para estimulara expressão e o debate públicos. Dificilmente umaquestão ganhou tanta atenção e foi assunto de debatespúblicos sobre políticas quanto a expansão da OTANem meados e final da década de 90.

O papel das "think tanks" mudou para refletir estanova realidade. Elas continuaram sendo cruciais emtermos de um debate mais amplo, de entendimento ede apoio público em relação a novas políticas. Mas

elas deixaram de exercer o papel de alguém quaseinterno ao processo ou de atuar como "motivadoraschave" desse processo. Mesmo assim, muitasautoridades importantes do início e meados dadécada de 90 - como o secretário de Estado WarrenChristopher, o vice-secretário de Estado StrobeTalbott e o embaixador dos EUA nas Nações UnidasRichard Holbrooke - foram testemunhas doimportante papel desempenhado por "think tanks"externas que os ajudaram a desenvolver suas própriasidéias sobre estas questões.

Olhando em retrospecto, o que se pode aprenderdeste período e do papel crucial exercido pelas "thinktanks" ao ajudar no desenvolvimento das políticasdos EUA e da OTAN? Até que ponto o impacto das"think tanks" foi o resultado de uma fase única dahistória, na qual formuladores de políticas sêniorbuscavam apoio externo para compreender asmudanças radicais ocorridas, aliada a habilidadesempreendedoras de diversos "think tanks"? Ou seráque esta experiência nos ensina algo mais duradourosobre a formulação de políticas nos temposmodernos?

O fato básico é que, no atual mundo globalizado, oritmo da diplomacia está acelerando enquanto acapacidade interna dos governos para pensar emlongo prazo e de forma conceitual continua adiminuir. Esta tendência é reforçada ainda mais poruma redução em longo prazo de recursos para oDepartamento de Estado. Na prática, isto significaque quaisquer recursos existentes no papel paraplanejamento estratégico de longo prazo são naverdade usados para simplesmente atender às tarefasoperacionais do dia-a-dia. Em geral sobra pouco ouquase nada para outras tarefas.

No papel de "um indicado político vindo do mundodas "think tanks" para o governo", fiquei surpreso aodescobrir como as necessidades operacionais do dia-a-dia normalmente impediam que fossem envidadosmais esforços para pensamentos intelectuais de longoprazo. Além disso, as equipes ou células deplanejamento ou formulação de políticas são cadavez menos capazes de exercer o papel inicialmenteplanejado para elas. A época em que um diplomataveterano como George Kennan poderia passarsemanas escrevendo um artigo que seria

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sistematicamente discutido e talvez definisse apolítica externa dos EUA está cada vez mais distante.

Isto sugere que a demanda de dentro do governo poridéias criativas vindas de fora provavelmentecontinuará e poderá até mesmo crescer. Claro que oinício da década de 90 na Europa significou uma faseextraordinária, na qual mudanças radicais colocaramem xeque muitos dos pressupostos anteriores. Mas nofuturo haverá outras questões ou regiões do mundoonde importantes mudanças provavelmente tornarãoas atuais políticas obsoletas. Enquanto os governossofrerem de uma capacidade interna limitada paraexecutar um planejamento estratégico de longoprazo, eles continuarão a recorrer ao mundo das"think tanks" a procura de pesquisas e de idéias queeles possam aproveitar e explorar.

Se as futuras "think tanks" serão capazes de atender aessas necessidades é uma outra questão. Por um lado,muitas "think tanks" ficaram mais espertas. E omercado está cada vez mais competitivo. À medidaque cresce a concorrência entre "think tanks" emtermos de influenciar políticas oficiais, surge umanova geração de analistas empreendedores quecultivam com assiduidade seus contatos no governocom o propósito de obter acesso exclusivo. Mas obtero acesso é apenas parte da questão. No final dascontas, a chave para o sucesso é a qualidade dotrabalho, a capacidade de atender às necessidades deformuladores de política sênior e a elaboração derecomendações práticas de políticas.

AGENDA DA POLÍTICA EXTERNA DOS EUA REVISTA ELETRÔNICA DO DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA VOLUME 7, NÚMERO 3, NOVEMBRO DE 2002

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Mesmo antes do discurso do ex-presidenteRonald Reagan, de março de 1983, criandoo programa SDI (Strategic Defense

Initiative ou Iniciativa de Defesa Estratégica), adefesa contra mísseis era uma das questões que maispreocupava a Heritage Foundation. O estudopatrocinado pela Fundação, chamado "HighFrontier", que defendia a implantação de um sistemaeficaz de defesa contra mísseis balísticos, foipublicado em 1982. Desde então, a HeritageFoundation, uma organização não-partidária depesquisa de políticas públicas, sediada emWashington, isto é, uma "think tank", tem trabalhadopara educar formuladores de políticas sobre anecessidade de se implantar tal sistema.

Hoje os Estados Unidos retiram-se do Tratado deMísseis Antibalísticos (ABM) de 1972, que impediaa implantação de um sistema eficaz de defesa contramísseis, e a administração Bush está em busca de umprograma de defesa contra mísseis para abrigar umsistema eficaz o mais rápido possível. Estesdesenvolvimentos bem-vindos não surgiram poracidente. Numerosos grupos e indivíduos, tantodentro quanto fora do governo dos EUA,desempenharam papéis importantes na alteração dapolítica dos EUA no que diz respeito à defesa contramísseis.

O esforço educacional da Heritage Foundationempregou uma variedade de meios para influenciar oprocesso de políticas em Washington em relação à

defesa contra mísseis. O principal meio foi apublicação de estudos sucintos chamados"Backgrounders" (Históricos) e "ExecutiveMemoranda" (Memorandos Executivos) sobreassuntos específicos relacionados à defesa contramísseis, sempre que o Congresso ou o poderexecutivo defrontavam-se com importantes decisõessobre políticas. Os estudos tinham o objetivo deatender às necessidades dos atarefados formuladoresde políticas, que precisavam inteirar-se rapidamentesobre a questão. Uma outra maneira de exercerinfluência incluía o fornecimento de informativospúblicos e privados para membros do Congresso esuas equipes, o envio de testemunhos para audiênciaslegislativas, o fornecimento de boletins informativospara a imprensa e o patrocínio de uma variedade depalestras e seminários sobre o tópico de defesa contramísseis balísticos.

Dois exemplos demonstram melhor de que forma aHeritage Foundation influenciou o debate dentro dogoverno dos EUA sobre a questão da defesa contramísseis nos últimos anos. O primeiro exemplo tem aver com o Tratado ABM e o segundo estárelacionado a uma opção de instalar sistemas dedefesa contra mísseis em navios no mar.

BLOQUEANDO A POLÍTICA DAADMINISTRAÇÃO CLINTON QUE PRETENDIAPRESERVAR O TRATADO ABM

Durante muito tempo analistas da Heritage

A HERITAGE FOUNDATION: INFLUENCIANDO O DEBATE SOBRE DEFESA CONTRA MÍSSEIS

Por Baker SpringMembro pesquisador F.M. Kirby em Políticas de Segurança Nacional

The Heritage Foundation

A Heritage Foundation tem empregado ao longo das duas últimas décadas uma variedadede meios para influenciar o processo de políticas em Washington sobre a questão de defesacontra mísseis, disse Baker Spring, membro pesquisador F.M. Kirby de políticas de defesanacional da Heritage Foundation. Ele analisa os desenvolvimentos relacionados ao fim doTratado de Mísseis Antibalísticos de 1972 e a busca por um sistema de defesa contramísseis baseado no mar, para mostrar como a Fundação foi capaz de influenciar a tomadade decisão em termos de políticas.

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Foundation acreditaram que o Tratado ABMrepresentava um obstáculo intransponível para ainstalação de um sistema eficaz de defesa contramísseis. Já em 1995, estes mesmos analistasconcluíram que a melhor opção era tentar adissolução do tratado, ao invés de buscar introduzirmudanças incrementais em seu texto. Aadministração Clinton, que na melhor das hipótesesmanteve um ceticismo em relação à idéia de seestabelecer uma defesa contra mísseis, procuroupreservar o acordo. Um dos motivos pelos quais osanalistas da Heritage Foundation em 1995 optarampor tentar desfazer o acordo tinha a ver com aincapacidade da administração Clinton, na época, deresolver a questão sobre quais Estados sucederiama antiga União Soviética como partes envolvidasno tratado.

Tanto os opositores quanto os defensores do TratadoABM reconheciam que para a preservação do tratadocomo um acordo com valor legal, seria necessárioresolver a questão da sucessão. A administraçãoClinton assumiu que poderia resolver essa questãosem levar em conta a exigência da Constituição dosEUA, que diz que o Senado precisa dar suaaprovação, o chamado "advice and consent", para aratificação de tratados. Ela estava preparada paraargumentar que a resolução da questão da sucessãonão exigia mudança substancial no tratado. Osanalistas da Heritage Foundation discordaram. Apartir de 1996, eles trabalharam para convencerimportantes senadores de que a substituição da UniãoSoviética como a outra parte do tratado ABMexigiria mudanças substanciais no tratado e, portanto,qualquer acordo que resolvesse a questão da sucessãoprecisaria de um consentimento do Senado.(1) Deacordo com a Constituição dos EUA, oconsentimento do Senado para a ratificação detratados requer uma maioria de dois terços.

Na época, o presidente da Comissão de RelaçõesExteriores do Senado, senador Jesse Helms, daCarolina do Norte, acabou desempenhando um papelfundamental nessa questão. O senador Helms e suaequipe no comitê concordaram com as conclusõesdos analistas da Heritage Foundation. Em 1997, osenador Helms agiu. Durante a apreciação de umoutro tratado relativo a forças militaresconvencionais na Europa, ele conseguiu incorporar

um dispositivo cuja exigência era que o presidenteClinton assegurasse que submeteria ao Senadoqualquer acordo envolvendo a sucessão do TratadoABM. O presidente Clinton cumpriu o exigido em 15de maio de 1997.

A partir daquele momento, os esforços daadministração Clinton para preservar o Tratado ABMcomeçaram a perder força. Embora tenha sidoassinado em 26 de setembro de 1997 um acordodesignando a Belarus, o Cazaquistão, a Rússia e aUcrânia como sucessores da União Soviética noTratado ABM, a administração Clinton não foi capazde obter a aprovação do Congresso e esse acordonunca entrou em vigor. Se a administração Clintontivesse sido bem sucedida em sua política depreservar o Tratado ABM, é pouco provável que opresidente Bush, como uma questão prática, fossecapaz de ordenar a retirada dos EUA do tratado emjunho de 2002. Isto porque teria sido muitocomplicado desfazer um acordo tão recente, já queele representava um compromisso legal com osquatro Estados sucessores no sentido de manter aobservância dos EUA ao Tratado ABM.

EM BUSCA DA OPÇÃO DE DEFESA CONTRAMÍSSEIS BASEADA NO MAR

Além de seu interesse no aspecto de controle dearmas, da questão de defesa contra mísseis, aHeritage Foundation procurou educar formuladoresde políticas sobre as opções tecnológicas paraimplantar um sistema eficaz de defesa contra mísseis.Seu interesse nas opções tecnológicas levou aHeritage Foundation a formar sua Comissão sobreDefesa Contra Mísseis em 1995. A Comissão,presidida pelo ex-diretor do programa SDI,embaixador Henry Cooper, era composta poralgumas das melhores cabeças do país no que dizrespeito a opções tecnológicas para defesa contramísseis. A Heritage Foundation publicou o que seriaa primeira de várias edições do relatório da Comissãono final do mesmo ano.(2)

A Comissão recomendava a instalação deinterceptadores de defesa contra mísseis noscruzadores da classe Aegis da marinha dos EUAcomo a melhor opção em curto prazo para a defesacontra mísseis. Especificamente, ela recomendava

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atualizar a tecnologia, o que já estava sendo tentadopor meio do programa então conhecido como "NavyUpper Tier" (Camada Superior da Marinha). AComissão determinou que essa opção poderia instalar650 interceptadores em 22 navios, em cinco a seisanos, com um custo entre US$2 bilhões e US$3bilhões. A proposta também previa que osinterceptadores teriam acesso a informações sobrealvos, fornecidas pela constelação de satélitessensores conhecida então pelo nome de "BrilliantEyes" (Olhos Brilhantes).

O Congresso mostrou-se receptivo em relação àComissão sobre Defesa contra mísseis. A Lei deAutorização de Defesa do ano fiscal de 1996, umaversão anterior vetada pelo presidente Clinton,aumentava o financiamento ao programa "UpperTier", passando de pouco mais de US$ 30 milhõessolicitados pela administração Clinton para mais deUS$ 200 milhões. A atitude do presidente Clinton emvetar uma versão anterior desta Lei de Autorizaçãode Defesa deve-se em parte ao fato de ele opor-se àdefesa contra mísseis balísticos.

Se por um lado a administração Clinton foi obrigadaa aceitar os valores mais altos de financiamento parao programa de desenvolvimento "Navy Upper Tier",por outro ela recusou-se a administrar o programa deforma consistente com as recomendações daComissão sobre Defesa Contra Mísseis da HeritageFoundation. Ela agiu desta forma, pois considerava aabordagem da Heritage Foundation incompatívelcom sua política de preservar o Tratado ABM.Especificamente, a administração Clinton não queriapermitir que o sistema tivesse acesso a dados dosatélite e de outros sensores, o que teria permitidoque ele enfrentasse mísseis balísticos de longoalcance. A administração Clinton mostrou-sedisposta a financiar o programa, mas apenas se atecnologia ficasse "mais burra".

O Congresso, porém, continuou pressionando aadministração Clinton, ressaltando o potencial deuma opção de defesa contra mísseis balísticosbaseada no mar. A Lei de Autorização de DefesaNacional para o ano fiscal de 1998 incluía umaexigência para que a administração Clintoninformasse ao Congresso se o sistema "Upper Tier"da Marinha poderia ser atualizado para oferecer uma

defesa limitada contra mísseis balísticos de longoalcance. A Organização de Defesa contra mísseisBalísticos (BMDO) do Pentágono produziu orelatório e um resumo de suas conclusões que foramlançados em 1° de junho de 1999. O relatório daBMDO fazia referência a uma edição posterior dorelatório da Comissão sobre Defesa Contra Mísseisda Heritage Foundation.(3) E mais importante, orelatório da BMDO confirmou as conclusões daHeritage Foundation de que uma versão atualizada doentão chamado sistema "Navy Theater-Wide" (NTW)seria capaz de interceptar mísseis de longo alcance.

Embora a administração Clinton continuasse aretardar o desenvolvimento do sistema NTW, houveprogressos. Hoje a administração Bush chama oprograma NTW de programa "Sea-Based Mid-course". Duas vezes este ano um protótipo dointerceptador destruiu alvos de mísseis balísticos emtestes de vôo. O primeiro teste de vôo aconteceu emjaneiro de 2002 e o segundo em junho. Os testes bemsucedidos de interceptação serviram para apoiar arecomendação feita inicialmente em 1995 pelaComissão sobre Defesa contra Mísseis da HeritageFoundation, que favorecia a opção de basearinterceptadores de defesa contra mísseis no mar.

CONCLUSÃO

O papel da Heritage Foundation em remodelarpolíticas públicas, assim como acontece com outras"think tanks" nos Estados Unidos, é educar membrosdo Congresso e outros formuladores de políticas noque diz respeito a questões específicas. A Fundaçãonão é um lobby e nem uma entidade política. Suainfluência deriva da qualidade de suas propostas paraa resolução de problemas relacionados a políticaspúblicas.

Na área de segurança nacional, o problema era tratarda vulnerabilidade tanto dos Estados Unidos quantode seus aliados à crescente ameaça representada pelaproliferação e tecnologia de mísseis balísticos. Assoluções propostas pela Heritage Foundation paraestes problemas incluíam retirar-se do Tratado ABMe instalar um sistema eficaz e global de defesa contramísseis, começando com interceptadores baseados nomar. Os formuladores de políticas dos EUAaceitaram a primeira proposta e estão caminhando em

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direção a aceitar a segunda. Essas ações são oresultado direto da força das próprias propostas e doesforço educacional daqueles que as originaram.

(1) Baker Spring, "The Senate Should Block the WhiteHouse's End Run on ABM Treaty" (O Senado deveriabloquear a ofensiva da Casa Branca sobre o TratadoABM), Heritage Backgrounder n° 1106, 11 de marçode 1996.

(2) Comissão sobre Defesa contra Mísseis daHeritage Foundation, Defending America:A Near-and Long-Term Plan to Deploy MissileDefenses (Defendendo a América: Um plano decurto e longo prazo para instalar defesas contramísseis)(Washington, D.C.: The Heritage Foundation, 1995).

(3) Comissão sobre Defesa contra Mísseis daHeritage Foundation, Defending America: A Plan to Meet the Urgent Missile Threat (Defendendo a América: Um plano para enfrentar aameaça urgente dos mísseis) (Washington, D.C.:The Heritage Foundation, 1999).

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Quando fui convidada no início deste ano pararealizar um seminário com lídereshondurenhos sobre "como estabelecer uma

"think tank" estratégica", considerei uma série dequestões sobre como orientar um país através desteprocesso. Embora muitos especialistas em "thinktank" tenham analisado uma ampla gama dequestões, incluindo a história destas instituições e arazão pela qual elas foram fundadas, poucos, se é queexistem, desenvolveram orientações práticas paraaqueles interessados em criar uma instituição destanatureza. Além disso, o próprio conceito de uma"think tank" no contexto hondurenho precisava serexaminado. Como ex-membro da equipe e atualmembro adjunto do Americas Program no Centro deEstudos Estratégicos e Internacionais emWashington, estou familiarizada com a estruturainterna de uma "think tank" no estilo norte-americano, ou seja, uma organização independente esem fins lucrativos que produz pesquisa e análisecom o objetivo de formular políticas públicas.Entretanto, este não era necessariamente um modelorelevante para Honduras, dadas as limitaçõesfinanceiras e falta de tradição em instituições destetipo naquele país. A abordagem que finalmenteselecionei tratava das quatro seguintes questõeschave:

• De onde viria a liderança para a criação de umainstituição desta natureza e quem faria parte dela?

• Quais são as características de uma "think tank",

seu papel e função e por que elas surgem?

• Qual o contexto geral de organizações não-governamentais (ONGs) na América Latina noqual este tipo de instituição está inserida e,especificamente, existem instituições em Hondurasatualmente que possuem característicassemelhantes às de uma "think tank"?

• Que tipos de recurso estão disponíveis parainstituições de políticas públicas?

Finalmente, o cerne do "workshop", que foipatrocinado pela embaixada dos EUA em Honduras,concentrou-se em um exercício "visionário" paraidentificar questões de políticas e lacunas no contextohondurenho que poderiam servir de estímulo para acriação de um esforço de pesquisa em políticaspúblicas.

Eram dois os propósitos de se organizar um"workshop" sobre "think tanks" em Honduras: emprimeiro lugar, havia uma necessidade visível de umainstituição nacional que produzisse pesquisa de altonível sobre questões nacionais e internacionais,particularmente aquelas relacionadas à políticaexterna. Não existia qualquer instituição que sedestacasse como líder autônoma nesta área. Emsegundo lugar, não havia instituição que pudesseoferecer um conjunto de peritos reconhecidos emquestões nacionais e internacionais a quem líderesnacionais, o governo, o Congresso, o corpo

UM DIÁLOGO NACIONAL SOBRE O ESTABELECIMENTO DEUMA "THINK T ANK": O CASO DE HONDURAS

Por Amy Coughenour BetancourtMembro adjunto do Americas Program

Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais

("Think Tanks" podem ser criadas a partir de eventos marcantes na história de um país ounascerem em função de urgentes questões nacionais que motivem a busca por melhoressoluções de políticas e são, em muitos casos, "o fruto da mente" de uma pessoa ou de umpequeno grupo de visionários, diz Amy Coughenour Betancourt, membro adjunto doAmericas Program do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. Em Honduras, disseela, "a idéia era plantar a semente entre uma ampla gama de líderes nacionais queparticiparam de um "workshop" e permitir o surgimento de uma liderança natural.")

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diplomático e outros pudessem recorrer para obteranálise de políticas, dados, palestrantes e outrosprodutos e serviços tipicamente fornecidos por uma"think tank". Após detectarmos essas necessidades,ocorreu uma interessante sessão de brainstormingsobre o papel que as instituições de políticas públicasexercem na vida política, como e por que elas sedesenvolvem, como as questões de políticasnacionais são identificadas e priorizadas e, em últimainstância, como identificar a liderança paraimplementar a criação de tal instituição em um paísem desenvolvimento.

LIDERANÇA E PARTICIPANTES

Identificar os participantes em uma discussãonacional sobre a criação de uma nova "think tank"nacional - ou o fortalecimento de organizações jáexistentes de políticas públicas - é um desafio, poispode predeterminar os pontos de vista e questões queserão trazidas à baila. No caso de Honduras, aacademia diplomática do Ministério das RelaçõesExteriores hondurenho assumiu a liderança,identificando as principais instituições e participantesa serem incluídos na sessão de planejamento. Entreos grupos representados estavam funcionários dogoverno, autoridades da área de defesa, a mídia,ONGs, empresas internacionais de consultoria,grupos empresarias e comerciais, o centro depesquisa jurídica da universidade e o Centro dePesquisa Legislativa. Outros participantespotencialmente importantes que estavam ausentes do"workshop", mas que seriam valiosos em taliniciativa incluem uma representação mais efetiva daUniversidade Nacional e outras instituiçõesacadêmicas, membros ou funcionários do congresso,uma gama mais ampla de organizações da sociedadecivil, autoridades do governo, prefeitos e outrosrepresentantes de governos locais e pessoas comespecialização ou com bolsas de estudo na área depolíticas públicas.

Estes grupos não apenas têm interesse em pesquisana área de políticas públicas, mas também têm opotencial de oferecer parte da liderança intelectualnecessária, além de apoio financeiro ou elementosorganizacionais para futuros empreendimentos.

O dilema é que, idealmente, um diálogo nacional

sobre a criação de uma instituição cuja intenção éprovocar impacto em escala nacional deveria incluiruma ampla gama de pontos de vista, mashistoricamente as "think tanks" são geralmenteformadas por pessoas ou grupos com uma agenda,conjunto de objetivos e imperativos de política bemparticulares. Raramente elas são constituídas por umgrupo díspar de instituições ou pessoas com missõese funções variadas que se reúnem por consenso.

As "think tanks" são geralmente criadas a partir deeventos marcantes na história de um país ou nascemem função de urgentes questões nacionais quemotivem a busca por melhores soluções de políticas esão, em muitos casos, "o fruto da mente" de umapessoa ou de um pequeno grupo de visionários. Porexemplo, o Conselho de Relações Exteriores, umadas mais antigas instituições de políticas públicas dosEstados Unidos, foi fundado originalmente em 1921por homens de negócio, banqueiros e advogadosdeterminados a manter os Estados Unidos engajadosno mundo. Isto ocorreu logo após a Primeira GuerraMundial quando muitas lideranças políticas dos EUAdefendiam uma visão mais insular para a políticaamericana. No início da década de 80, diversas "thinktanks" conservadoras, como a Heritage Foundation,foram criadas a partir de uma ruptura ideológica como legado das políticas do "New Deal" do entãopresidente Franklin D. Roosevelt.(1) Em Honduras,entretanto, a idéia era plantar a semente entre umaampla gama de grupos e permitir o surgimento deuma liderança natural.

PAPEL E ANÁLISE DE "THINK TANKS"

Uma vez reunidos os participantes em Tegucigalpa, oprimeiro objetivo era desenvolver um entendimentocomum do que seriam "think tanks", ou centros depesquisa em políticas públicas, e examinar asfunções, papéis e atividades típicas de taisorganizações. Foram colocadas e discutidas questõessobre a missão, o enfoque, a autonomia, o tamanho, oorçamento, a ideologia e outras características,usando uma amostragem de "think tanks" dos EUAcomo pano de fundo para análises e discussões empequenos grupos e posteriormente uma amostragemde instituições latino-americanas. As instituições dosEUA incluíam a CSIS, o Centro de PolíticasInternacionais, a Brookings Institution, a Heritage

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Foundation e o Conselho de Relações Exteriores.Entre as instituições latino-americanas temos gruposcomo El Colegio de Mexico, a FundaçãoSalvadorenha para o Desenvolvimento Econômico eSocial (FUSADES), o Centro para Estudo do Estadoe Sociedade (CEDES) na Argentina, o Instituto paraa Liberdade e Democracia (ILD) no Peru, e aFundação Getúlio Vargas no Brasil.

Dentro do contexto do papel e função das "thinktanks", o grupo também discutiu as razões para osurgimento delas - um elemento importante para secompreender os catalisadores políticos, sociais,culturais e econômicos envolvidos na criação de taisinstituições. Estudos comparativos sobre "thinktanks" feitos por importantes especialistas na áreafacilitaram a discussão ao fornecerem dados práticossobre a proliferação de instituições de pesquisa empolíticas públicas ao redor do mundo. Os estudostambém forneceram idéias valiosas no sentido deentender como as estruturas políticas e interações depolíticas de um país traduzem-se em instituiçõesúnicas de pesquisa em políticas públicas.(2)

O "TERCEIRO SETOR" E "THINK TANKS" NAAMÉRICA LATINA

Uma das etapas críticas do "workshop" foi observar osurgimento de centros de pesquisa em políticaspúblicas dentro do contexto da explosão de ONGs eoutras entidades civis na América Latina ao longodas últimas décadas. Conforme observaram muitosestudiosos, estes florescentes grupos do "terceirosetor" - que não fazem parte do setor público (oEstado) e nem do setor privado, que busca o lucro (omercado) - surgiram a partir das conexões cada vezmais indistintas entre governo, mercados e sociedadecivil. Uma grande quantidade de material escritosobre sociedade civil, democracia e alteração deestruturas de poder começou a esclarecer os variadostipos de organizações da sociedade civil, seurelacionamento tanto com o governo quanto com omercado, e o crescente poder que elas exercem emimportantes debates na sociedade na América Latinae em outras partes do mundo.(3)

Alguns subconjuntos de ONGs são instituiçõesdedicadas ao debate sobre políticas, pesquisa e impactode políticas públicas e, em alguns casos, defesa de

mudanças sociais efetivas. Na América Latina, estasinstituições - por exemplo, o Centro de Pesquisa para oDesenvolvimento (CIDAC) e o Centro para Pesquisa eEnsino Econômico (CIDE) no México, o Centro paraEstudos Públicos (CEP) no Chile e o Instituto deEstudos Peruanos (IEP) no Peru - não apenas existem,mas têm proliferado rapidamente ao longo de váriasdécadas e, em alguns casos, estão prosperando. Mesmoassim, com poucas exceções dignas de nota, elas sãopouco compreendidas em vista da escassa pesquisadedicada a elas. Embora não tão grandes e conhecidosquanto seus equivalentes nos Estados Unidos e outrospaíses, muitos institutos latino-americanos de políticaspúblicas foram bem sucedidos em atrair talentosintelectuais de renome na área de pesquisa e em exercerpapéis importantes ao estruturar debates sobre políticasnacionais.(4)

O CONTEXTO HONDURENHO

Os participantes do "workshop" passaram então aanalisar a história e a situação atual das instituiçõesde políticas públicas em Honduras. A maneira comoas instituições hondurenhas foram classificadasquanto a estarem ou não envolvidas em atividades depesquisa independente e não vinculada a partidos naárea de políticas públicas baseou-se parcialmente emuma comparação com o modelo de "think tank" dosEUA. A maioria se enquadrava no modelo dos EUA,mas após uma análise mais cuidadosa, Hondurasmostrou possuir um histórico interessante de funçõesparecidas com aquelas de uma "think tank" massendo exercidas por uma série de instituições.Mapear estas instituições, a maneira como elassurgiram, suas fontes de financiamento e os tipos deatividades realizadas por elas foi fundamental paradeterminar quaisquer passos futuros no sentido defortalecer instituições e atividades ligadas a políticaspúblicas.(5)

A maioria dessas organizações produziu pesquisa anível nacional sobre questões específicas e organizoufóruns de políticas e outros eventos. Entretanto,provavelmente nenhuma destas instituições - porvários motivos, entre eles falta de autonomia,recursos limitados, um enfoque no setor de negóciose a incapacidade de causar impacto nas políticas -seria considerada uma "think tank" "clássica".Mesmo assim, cada uma delas possuía

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conhecimentos valiosos para contribuir em umaampla gama de questões relevantes de política, emuitas incorporaram de forma criativa atividades depesquisa e políticas ao seu portfólio quando haviarecursos disponíveis.

RECURSOS E FINANCIAMENTO

A questão do financiamento é o fator determinanteem qualquer discussão sobre a criação de umainstituição. Foram analisados diversos mecanismosde financiamento, incluindo; financiamento externopara o desenvolvimento, fundações, contribuições dosetor privado, financiamento estatal, concessão debolsas de estudo, cobrança de mensalidade, pesquisade contrato, venda de publicações, serviços e taxas deconferência. Fica bastante evidente que eminstituições latino-americanas é necessáriodiversificar as fontes de financiamento e evitar umaexcessiva dependência de uma única fonte. Quandoesta fonte única - em muitos casos financiamentoexterno - se esgota ou as prioridades de um doadormudam, as instituições ficam com pouco ou nenhumfinanciamento e são, portanto, bastante enfraquecidas,o que faz com que elas muitas vezes fechem suasportas ou reduzam drasticamente seus orçamentos.

CONCLUSÕES

O cerne do "workshop" foi o processo "visionário"dos participantes no sentido de identificar questõesespecíficas de políticas que fossem importantes paraos hondurenhos, descobrir lacunas na área depolíticas e mostrar oportunidades para modelarpolíticas e propor uma agenda que trouxessemudanças. Eles analisaram as questões obrigatóriasde políticas e os participantes relevantes, assim comoo papel que uma "think tank" poderia exercer nocontexto hondurenho.

Embora os participantes tenham expressadosentimentos muito positivos sobre os resultados do"workshop", ainda é uma incógnita se Honduras serábem sucedida em fortalecer a qualidade e o impactode sua pesquisa em políticas públicas. Chegou-se aum consenso em relação às principais questõesprioritárias de política para Honduras assim como emrelação a onde estão as oportunidades parainfluenciar estas políticas.(6) O grupo também

concordou em formar um comitê diretivo que sereuniria para desenvolver um estudo conceitual, umaestratégia de financiamento e um plano de ação.

Até o momento, ocorreram duas reuniões sob aliderança da equipe diplomática do Ministério dasRelações Exteriores. Mas planos para criar um"centro de documentação e pesquisa" dentro do corpodiplomático - por mais útil que seja para aprofissionalização do serviço de relações exterioreshondurenho - não atendem, em última instância, àsnecessidades de uma instituição autônoma, não-partidária, confiável e com enfoque em políticas parafortalecer o debate sobre políticas públicas no país. Oímpeto para se criar uma "think tank" independenteem Honduras - ou em quase qualquer país - que nãoesteja ligada diretamente ao setor de negócios, aogoverno, às forças armadas ou a outros interessesespecíficos, será determinado, em última análise, pelaurgência percebida para reformas, a forte valorizaçãode um pensamento independente no debate sobrepolíticas públicas e por um grupo de líderes ebenfeitores com uma visão para modelar o futuro dopaís por meio de sólidas soluções de políticas.

(1) Smith, James. 1991. Idea Brokers: Think Tanksand the Rise of the New Policy Elite (Corretores deidéias: "Think tanks" e a ascensão da nova elite naárea de políticas). Nova York: Free Press.

(2) Veja Stone, Diane, Andrew Denham e MarkGarnett, editores. 1998. Think Tanks Across Nations:A Comparative Approach ("Think tanks" ao redor domundo: Uma abordagem comparativa). Manchester eNova York: Manchester University Press.

(3) Veja Meyer, Carrie. 1999. The Economics andPolitics of NGOs in Latin America (O aspectoeconômico e político das ONGs na América Latina).Westport: Praeger.

(4) Para uma excelente pesquisa sobre os centroslatino-americanos de políticas públicas, veja Levy,Daniel, 1996. Building the Third Sector: LatinAmerica's Private Research Centers and NonprofitDevelopment (Construindo o terceiro setor: Centroslatino-americanos de pesquisa privada edesenvolvimento sem fins lucrativos). Pittsburgh:University of Pittsburgh Press.

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AGENDA DA POLÍTICA EXTERNA DOS EUA REVISTA ELETRÔNICA DO DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA VOLUME 7, NÚMERO 3, NOVEMBRO DE 2002

(5) Diversos membros do grupo compartilharam seuconhecimento sobre estas instituições, entre elas aFoundation for Investment and Development ofExports (FIDE); o National Defense College; oInstitute for Juridical Research da NationalAutonomous University; o Honduran Council forPrivate Enterprise (COHEP); e o Citizens' Forum(Foro Ciudadano), para citar apenas algumas.Obrigado a John Sanbrailo, diretor-executivo da PanAmerican Development Foundation, por suas idéiassobre as instituições hondurenhas de políticas públicas.

(6) Segurança e corrupção foram as duas principaisquestões de política, seguidas de redução da pobreza,desenvolvimento sustentável, educação e economia.

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I N F O R M A T I V O S

A PORTA GIRATÓRIA

"'Think tanks' fornecem um fluxo contínuo deespecialistas para servir em administrações queestão entrando e gabinetes do congresso", umafunção que é "crítica para o sistema político norte-americano", disse o diretor de políticas eplanejamento do Departamento de Estado, RichardHaass. Além disso, observou, "as 'think tanks'fornecem aos funcionários que estão deixando ogoverno a estrutura institucional na qual elespodem compartilhar idéias coletadas de serviços dogoverno" e "permanecem engajados em pressionaros debates sobre política externa".

A seguir temos uma lista de alguns proeminentesnorte-americanos que serviram tanto no governoquanto em "think tanks":

James Baker:presidente honorário do James A.Baker III Institute for Public Policy na RiceUniversity do TexasAnteriormente: secretário de Estado da primeiraadministração Bush (1989-1992), secretário doTesouro e presidente do Conselho de PolíticaEconômica do presidente (1985-1988).

C. Fred Bergsten:dDiretor do Institute forInternational EconomicsAnteriormente: Carnegie Endowment forInternational Peace (1981), secretário adjunto doTesouro para Assuntos Internacionais (1977-1981),membro sênior da Brookings Institution (1972-1976),diretor sênior para Assuntos de EconomiaInternacional do Conselho de Segurança Nacional(1969-1971) e do Conselho de Relações Exteriores(1967-1968).

John Bolton: subsecretário de Estado para Controlede Armas e Segurança InternacionalAnteriormente: vice-presidente do AmericanEnterprise Institute e secretário de Estado adjunto paraAssuntos de Organizações Internacionais (1989-1993).

Zbigniew Brzezinski:conselheiro do Centro deEstudos Estratégicos e Internacionais

Anteriormente: conselheiro de Segurança Nacionaldo presidente Carter (1977-1981).

Paula Dobriansky:subsecretária de Estado paraAssuntos GlobaisAnteriormente: vice-presidente sênior e diretor doEscritório do Conselho de Relações Exteriores emWashington, diretor associado de Políticas eProgramas da U.S. Information Agency, diretor deAssuntos Europeus e Soviéticos do Conselho deSegurança Nacional.

Lee Feinstein:membro sênior para Política Externados EUA e Direito Internacional do Conselho deRelações ExterioresAnteriormente: principal vice-diretor da Equipe dePlanejamento de Políticas do Departamento deEstado na administração Clinton.

Leslie Gelb:Presidente do Conselho de RelaçõesExterioresAnteriormente: mMembro sênior do CarnegieEndowment (1980-1981), secretário de Estadoadjunto para Assuntos Político-militares (1977-1979), membro sênior da Brookings (1969-1973),diretor de Política e Planejamento do Departamentode Estado (1967-1969).

Morton H. Halperin: membro sênior e diretor doU.S. Foreign Policy e do Centro para Democracia eLivre Mercado do Conselho de Relações ExterioresAnteriormente: diretor da equipe de planejamento depolíticas do Departamento de Estado (1998-2001),vice-presidente sênior da CenturyFoundation/Twentieth Century Fund (1997-1998),assistente especial do presidente e diretor sênior paraDemocracia do National Security Council(Conselhode Segurança Nacional) (1994-1996), membro sêniordo Carnegie Endowment (1992-1994), membrosênior da Brookings (1969-1973), vice-secretárioadjunto de Defesa para Assuntos de SegurançaInternacional (1967-1969).

Richard Holbrooke:conselheiro do Conselho deRelações ExterioresAnteriormente: secretário de

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Estado adjunto para a Europa (1994-1996), enviadoespecial do presidente Clinton para a Bósnia e oKosovo, secretário de Estado adjunto do presidenteCarter para Assuntos do Leste da Ásia e Pacífico(1977-1981), editor-gerente da revista trimestral"Foreign Policy" do Carnegie Endowment (1972-1976).

Kim Holmes:secretário de Estado adjunto designadopara Assuntos de Organizações InternacionaisAnteriormente: vice-presidente da HeritageFoundation, membro sênior do Institute for ForeignPolicy Analysis da Fletcher School.

Martin Indyk: diretor do Saban Center para Políticasdo Oriente Médio da Brookings InstitutionAnteriormente: secretário de Estado adjunto paraAssuntos do Oriente Próximo (1997-2000).

James Kelly:secretário de Estado adjunto paraAssuntos do Leste da Ásia e PacíficoAnteriormente: presidente do Pacific Forum doCenter for Strategic and International Studies emHonolulu, assistente especial do presidente Reaganpara Assuntos de Segurança Nacional e diretor sêniorpara Assuntos Asiáticos do National SecurityCouncil (Conselho de Segurança Nacional) (1986-1989), vice-secretário adjunto de Defesa paraAssuntos de Segurança Internacional (Ásia do leste ePacífico).

Zalmay Khalilzad:enviado especial do presidenteBush para o Afeganistão e assistente especial para osudoeste asiático, Oriente Médio e Norte da Áfricado National Security CouncilAnteriormente: diretor do programa Estratégia,Doutrina e Estrutura de Força do Project Air Force daRAND (1993-1999); subsecretário adjunto de Defesapara Política e Planejamento (1991-1992), cientistapolítico sênior na RAND (1991-1992), conselheiroespecial do subsecretário de Estado para AssuntosPolíticos sobre a Guerra Irã-Iraque e a guerrasoviética no Afeganistão (1985-1989).

Henry Kissinger:secretário de Estado (1973-1977) eassistente do presidente para Assuntos de SegurançaNacional nas administrações Nixon e Ford (1969-1975), diretor de estudos do programa de ArmasNucleares e Política Externa do Conselho deRelações Exteriores (1955-1956).

Lawerence Korb:membro sênior e diretor deEstudos de Segurança Nacional do Conselho deRelações ExterioresAnteriormente: secretário de Defesa adjunto(1981-1985).

Jessica Matthews: Presidente do CarnegieEndowment for International PeaceAnteriormente: membro sênior do Conselho deRelações Exteriores e diretora do programaWashington do CFR (1993-1997), vice-subsecretáriade Estado para Assuntos Globais (1993), vice-presidente fundadora e diretora de pesquisa do WorldResources Institute (1982-1993), diretora do Officeof Global Issues do National Security Council(1977-1979).

Richard Perle:membro-residente do AmericanEnterprise Institute, presidente do Conselho dePolítica de Defesa do Departamento de DefesaAnteriormente: Secretário de Defesa adjunto paraPolítica de Segurança Internacional (1981-1987).

Peter Rodman:Secretário de Defesa adjunto paraAssuntos de Segurança InternacionalAnteriormente: Diretor de Programas de SegurançaNacional do Nixon Center (1995-2001), assistenteespecial do presidente para Assuntos de SegurançaNacional e conselheiro do National Security Council(1987-1990), diretor da Equipe de Planejamento dePolíticas do Departamento de Estado (1984-1986).

George Shultz:distinto membro Thomas W. e SusanB. Ford da Hoover InstitutionAnteriormente: secretário de Estado na administraçãoReagan (1982-1989), presidente do ConselhoConsultivo de Políticas Econômicas do presidenteReagan (1981-1982), secretário do Tesouro (1972-1974), secretário do Trabalho da administraçãoNixon (1969-1970).

Richard Solomon:Presidente do U.S. Institute of PeaceAnteriormente: secretário de Estado adjunto paraAssuntos do Leste da Ásia e Pacífico (1989-1992);diretor de Política e Planejamento do Departamentode Estado (1986-1989); funcionário sênior doNational Security Council (1971-1976).

Helmut Sonnenfeldt:diretor do Atlantic Council of

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the United States e estudioso convidado daBrookingsAnteriormente: conselheiro do Departamento deEstado (1974-1977), funcionário sênior do Conselhode Segurança Nacional na administração Nixon(1969-1974).

Gene Sperling:membro sênior para PolíticaEconômica e diretor do Center on UniversalEducation do Conselho de Relações ExterioresAnteriormente: conselheiro econômico nacional dopresidente Clinton e diretor do National EconomicCouncil (1996-2000)

James Steinberg:vice-presidente e diretor deEstudos de Política Externa da Brookings InstitutionAnteriormente: vice-conselheiro de SegurançaNacional da administração Clinton (1996-2000),diretor de Política e Planejamento do Departamentode Estado (1994-1996), analista sênior da RAND(1989-1993).

Strobe Talbott: presidente da Brookings InstitutionAnteriormente: vice-secretário de Estado naadministração Clinton (1994-2001), assistenteespecial do presidente e diretor sênior para Assuntosdo Oriente Próximo e do Sul da Ásia do NationalSecurity Council (1993-1995).

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James McGann, do Foreign Policy ResearchInstitute disse que aproximadamente 1,5 mil "thinktanks" nos EUA "se ocupam de uma variedade deatividades relacionadas com política, e abrangemuma diversidade de instituições que têm váriasformas organizacionais."

Este informativo traça o perfil de nove "thinktanks" dos EUA, que foram selecionadas paramostrar uma representativa gama de visões, comorçamentos variando de US$ 3 milhões até quaseUS$ 30 milhões, e com equipes que variam de 35até quase 200 pessoas.

American Enterprise Institute(http://www.aei.org)

Missão: The American Enterprise Institute forPublic Policy Research, fundado em 1943, dedica-sea preservar e fortalecer as fundações da liberdade -governos limitados, iniciativa privada, instituiçõesculturais e políticas vitais, e uma forte políticaexterna e defesa nacional - através de pesquisaescolar, debates abertos e publicações. AEI étotalmente não-partidária e não toma qualquerposição institucional sobre leis ou outras questõespolíticas pendentes.

Estrutura : Um Conselho de Curadores compostopor 24 membros, importantes executivosempresariais e financeiros, administra o Instituto esua agenda de pesquisa e compromissos é revista porConselheiros Acadêmicos, um grupo especial deestudantes externos. O presidente Christopher C.DeMuth orienta as operações diárias do instituto quetem aproximadamente 50 estudantes residentes ecolaboradores. Além disso, mantém uma redesuplementar de mais de 100 estudantes emuniversidades dos EUA e institutos de política.

Recursos Financeiros: AEI é uma organizaçãoindependente, sem fins lucrativos, financiadaprincipalmente por doações e contribuições de

fundações, empresas e indivíduos. Seu orçamento em2000 foi de US$ 17 milhões.

The Carnegie Endowment for International Peace(http://www.ceip.org)

Missão : The Carnegie Endowment for InternationalPeace (CEIP), fundado em 1910, é uma organizaçãoprivada, sem fins lucrativos, dedicada a aumentar acooperação entre nações e promover um ativocompromisso internacional por parte dos EUA.Através de pesquisas, publicações, reuniões e,ocasionalmente, criando novas instituições e redesinternacionais, os membros do Endowment formamnovas aproximações políticas.

Estrutura : O Conselho de Curadores, composto de23 líderes empresariais dos EUA e da vida pública,administra o Endowment e dirige suas iniciativas depesquisa. A presidente Jessica T. Matthewssupervisiona as operações diárias. O escritório emWashington tem 100 pessoas, e cerca de 40 estudantesrussos trabalham no escritório de CEIP em Moscou.

Recursos Financeiros :The Endowment tem umorçamento anual de US$ 18.3 milhões. A maior partede seus recursos vem de contribuições, rendimentosde aluguéis e publicações, incluindo "ForeignPolicy", uma das mais importantes revistas depolítica e economia internacionais.

The CATO Institute(http://www.cato.org)

Missão : The Cato Institute, fundado em 1977 comouma fundação de pesquisa de política pública, semfins lucrativos, busca alargar os parâmetros de debatede política pública para permitir análises dostradicionais princípios americanos de governolimitado, liberdade individual, mercados livres e paz.Para atingir esta meta, o instituto se esforça paraconseguir um maior envolvimento do público emquestões políticas e sobre o próprio papel de governo.

RESUMO DE "THINK TANKS"

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Estrutura : Um Conselho Administrativo, compostode 15 profissionais empresariais, administra oinstituto que tem cerca de 90 funcionários em tempointegral, 60 estudantes e 16 colaboradores, além deestagiários. O presidente e fundador Edward H.Crane supervisiona as operações diárias do Instituto.

Recursos Financeiros: Para manter suaindependência, the Cato Institute, que tem umaoperação anual de US$ 15 milhões, não aceitaqualquer doação ou recursos do governo. Oscontribuintes incluem indivíduos, empresas efundações. Outra fonte de renda vem da venda depublicações e taxas pagas para conferência.

Center for Nonproliferation Studies(http://cns.miis.edu/)

Missão: The Center for Nonproliferation Studies(CNS), criado em 1989 por seu diretor atual, Dr.William Potter, se esforça para combater a expansãode armas de destruição em massa (WMD), treinandoa próxima geração de especialistas de não-proliferação e disseminando informações e análisesatualizadas. CNS Monterey Institute of InternationalStudies é a maior organização não-governamental,nos Estados Unidos, dedicada exclusivamente àpesquisa e ao treinamento em assuntos relacionados ànão-proliferação.

Estrutura: CNS tem uma equipe em tempo integral,com mais de 65 especialistas e mais de 65 assistentesdiplomados em pesquisa, localizada em escritóriosem Monterey, Califórnia; Washington, D.C.; eAlmaty, Cazaquistão. Um Conselho AdministrativoInternacional - que inclui legisladores dos EUA eRússia, ex-embaixadores, funcionários da ONU,renomados peritos em não-proliferação e executivosempresariais - se reúne duas vezes por ano pararevisar programas e atividades da CNS. Além disso,o Centro participou do Grupo de Estratégia de Não-proliferação, um grupo internacional de peritos quese encontra periodicamente para desenvolverrecomendações de política.

Recursos Financeiros:CNS tem um orçamento anualde US$ 6,5 milhões, e é uma instituição educacionalsem fins lucrativos, financiada por doações dosindivíduos, de fundações e empresas. Três vezes por

ano, publica a revista "The NonproliferationReview".”

Center for Strategic and International Studies(CSIS)(http://www.csis.org)

Missão : Durante quatro décadas, The Center forStrategic and International Studies (CSIS) tem sededicado a fornecer aos líderes mundiais insightsestratégicos e soluções de política para os assuntosglobais atuais e emergentes. CSIS ajuda adesenvolver políticas públicas nacionais einternacionais, gerando insights estratégicos,reunindo redes estratégicas, criando soluções depolíticas e desenvolvendo os líderes de hoje e deamanhã.

Estrutura : CSIS é liderada pelo presidente e diretor-geral, John J. Hamre, ex-subsecretário de Defesa, e éorientada por um Conselho de Curadores presididopelo ex-senador Sam Nunn e composta porproeminentes representantes do setor público eprivado. CSIS emprega 190 pesquisadores, além depessoal de apoio.

Recursos Financeiros: Contribuições decorporações, fundações e indivíduos constituem 85%dos recursos necessários para atender ao orçamentodo CSIS que em 2001 foi de US$ 17.5 milhões. Orestante dos recursos vem de doações, contratos como governo e vendas de publicações.

Conselho de Relações Exteriores(http://www.cfr.org)

Missão : Fundado em 1921, o Conselho RelaçõesExteriores é uma organização de sociedade não-partidária, centro de pesquisa e editora. Dedica-se aocrescente entendimento dos EUA com relação aomundo e contribui com idéias para a política externados EUA. O Conselho realiza estes objetivos,principalmente promovendo debates e discussõesconstrutivas, esclarecendo assuntos mundiais epublicando Foreign Affairs, a principal publicaçãoem assuntos globais.

Estrutura : A organização é administrada por um

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Conselho de Administração de 31 membros. LeslieH. Gelb é o diretor-geral e presidente. Tem umaequipe de aproximadamente 200 pessoas, incluindocerca de 75 colaboradores. Seus associados (cerca de4 mil que são escolhidos através de um processo deindicação) estão divididos quase que igualmenteentre Nova York, Washington, D.C. e o resto do país.

Recursos Financeiros : O Conselho é umaorganização independente, isenta de imposto efinanciada por pagamentos e contribuições dosassociados, financiamento e doações individuais,contribuições de empresas e rendas próprias.O orçamento total para o ano fiscal atual é de US$29.6 milhões.

The Heritage Foundation(http://www.heritage.org)

Missão : Fundado em 1973, The Heritage Foundationé um instituto educacional e de pesquisa cuja missãoé formular e promover políticas públicasconservadoras, baseadas nos princípios de livre-empresa, governo limitado, liberdade individual,tradicionais valores dos EUA e uma forte defesanacional. A Fundação produz pesquisa e gerasoluções consistentes com suas convicções que sãocomercializadas para o Congresso, o poderexecutivo, agências de notícias e outros.

Estrutura :Um Conselho de Curadores, composto de19 membros, administra o trabalho de 185funcionários da Heritage, incluindo uns 75 peritos emuma extensa gama de assuntos de política nacional eestrangeira. O presidente Edwin J. Feulnersupervisiona as operações diárias da Fundação.

Recursos Financeiros : The Heritage Foundation,que tem um orçamento anual de US$ 28.4 milhões,obtém seus recursos através de contribuições de seussócios, inclusive empresas e mais de 200 milindivíduos nos EUA.

Hudson Institute(http://www.hudson.org/)

Missão : The Hudson Institute, fundado em 1961,produz pesquisa independente, de alta qualidade e se

esforça para competir corajosamente no debate deidéias de política. Hudson trabalha para aconselhar eorientar mudanças de políticas, aplicando suas idéias,sempre que possível, junto a outros líderes emcomunidades, negócios, organizações sem finslucrativos e também governos. Sua missão é ser aprimeira fonte de pesquisa aplicada em duradourosdesafios de política nos EUA.

Estrutura : Em 1984, Hudson ampliou seu escopo aogarantir uma equipe de pesquisa influente ediversificada. O Instituto tem uma equipe de 75pessoas e mantém sua sede em Indianápolis, Indiana,além de ter um escritório em Washington, D.C. eescritórios-satélites nos EUA. O presidente doInstituto, Herbert I. London e dois vice-presidentes,um em Indianápolis e outro em Washington, D.C.,presidem o Instituto. Seus trabalhos são orientadospor um Conselho de Curadores.

Recursos Financeiros : Hudson Institute, com umorçamento anual de US$ 7 milhões, é umaorganização sem fins lucrativos, e seus recursos vêm,principalmente, de contribuições de indivíduos,fundações e empresas.

New America Foundation(http://www.newamerica.net/)

Missão : O propósito da the New AmericaFoundation, fundado em janeiro de 1999, é trazernovas vozes e idéias para serem discutidaspublicamente com a nação. Confiando em umaaproximação de capital de risco, a Fundação investeem excelentes indivíduos e idéias de política quetranscendem o aspecto político convencional. NewAmerica patrocina uma extensa variedade depesquisas, publicações, conferências e eventos sobreos mais importantes assuntos do momento.

Estrutura : The New America Foundation tem umaequipe de 35 pessoas e é um instituto: de políticapública, independente, não-partidário, sem finslucrativos. Foi concebido pelo trabalho colaborativode um grupo diversificado e de várias gerações deintelectuais públicos, líderes cívicos e executivosempresariais. O Conselho de Administração da NewAmerica, presidido por James Fallow, e Ted Halsteadé o fundador e diretor executivo da organização.

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Recursos Financeiros :The New AmericaFoundation, com um orçamento anual de US$ 3milhões, é financiada principalmente por doações econtribuições de fundações, empresas e indivíduos epela venda de suas publicações.

AGENDA DA POLÍTICA EXTERNA DOS EUA REVISTA ELETRÔNICA DO DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA VOLUME 7, NÚMERO 3, NOVEMBRO DE 2002

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O papel das "think tanks" na política de relações externas dos EUA: BIBLIOGRAFIA

U M G U I A P A R A L E I T U R A S A D I C I O N A I S

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O papel das "think tanks" na política de relações exteriores dos EUA UMA SELEÇÃO DE SITES NA INTERNET

(Existem aproximadamente 1.500 "think tanks" nos EUA. A lista abaixo, incompleta, pretende divulgaruma amostragem ou referência das "think tanks" que lidam com problemas da política externa dos EUA. Parauma visão mais abrangente, use as duas últimas URLs da Internet, que oferecem muitos outros links para as"think tanks". (O Departamento de Estado não assume nenhuma responsabilidade pelo conteúdo edisponibilidade dos recursos listados abaixo. Esta responsabilidade é somente dos fornecedores destesmateriais).

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