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1 De Olho no olho 1- Glaucoma. Pág...... 2- Ambliopia. 3- Estrabismo. 4- Insuficiência de convergência. 5- Catarata. 6- Corpo estranho na córnea. 7- Queimaduras. 8- Uso de colírios sem receita médica. 9- Ceratocone. 10- Pterígio. 11- Tumores oculares. 12- Obstrução das vias lacrimais. 13- Cefaléias. 14- Toxina botulínica 15- Erros de refração miopia- hipermetropia- astigmatismo- presbiopia. 16- Dilatação das pupilas 17- Lentes de contato. 18- Bolsas palpebrais e dermatocalázio. 19- Problemas de retina - buracos e descolamentos. 20- Retinopatia do diabético. 21- Trombose da veia central da retina. 22- Traumatismos. 23- Uveítes. 24- Ptose. 25- Ectrópio. 26- Entrópio. 27- Triquíase 28- Calázio- Hordéolo- Terçol. 29- Reconstrução estética do globo ocular e Próteses oculares. 30- Proptose- Basedow-Graves. 31- Xantelasma. 32- Tipos de lentes disponíveis no mercado, vantagens e desvantagens. 33- Conjuntivites. 34- Edema de papila e tumores cerebrais. 35- Retinose pigmentar. 36- . Colobomas. 37- Paralisia facial 38- . Visão subnormal 39- Blefarites caspas nos cílios. 40- Raridades e curiosidades da oftalmologia. 41- Mitos da Oftalmologia Verdades e Mentiras.

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De Olho no olho

1- Glaucoma. Pág......

2- Ambliopia.

3- Estrabismo.

4- Insuficiência de convergência.

5- Catarata.

6- Corpo estranho na córnea.

7- Queimaduras.

8- Uso de colírios sem receita médica.

9- Ceratocone.

10- Pterígio.

11- Tumores oculares.

12- Obstrução das vias lacrimais.

13- Cefaléias.

14- Toxina botulínica

15- Erros de refração – miopia- hipermetropia- astigmatismo- presbiopia.

16- Dilatação das pupilas

17- Lentes de contato.

18- Bolsas palpebrais e dermatocalázio.

19- Problemas de retina - buracos e descolamentos.

20- Retinopatia do diabético.

21- Trombose da veia central da retina.

22- Traumatismos.

23- Uveítes.

24- Ptose.

25- Ectrópio.

26- Entrópio.

27- Triquíase

28- Calázio- Hordéolo- Terçol.

29- Reconstrução estética do globo ocular e Próteses oculares.

30- Proptose- Basedow-Graves.

31- Xantelasma.

32- Tipos de lentes disponíveis no mercado, vantagens e desvantagens.

33- Conjuntivites.

34- Edema de papila e tumores cerebrais.

35- Retinose pigmentar.

36- . Colobomas.

37- Paralisia facial

38- . Visão subnormal

39- Blefarites – caspas nos cílios.

40- Raridades e curiosidades da oftalmologia.

41- Mitos da Oftalmologia – Verdades e Mentiras.

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DEDICATÓRIA

DEDICATÓRIA

Dedico este livro a todos profissionais da saúde e aos portadores de problemas visuais. ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

INTRODUÇÃO

Por vários anos no exercício da medicina oftalmológica busquei não só

diagnosticar e tratar meus pacientes, mas também aplacar seus anseios e preocupações.

Nesse período compreendi que nem todos os problemas e dúvidas podem ser sanadas em

uma consulta. Isso foi o que me levou a conceber este livro.

Em linguagem simples e acessível, este livro tem por objetivo proporcionar

respostas e conhecimento dos principais problemas oftalmológicos que podem ocorrer.

Uma pessoa mal informada pode protelar na busca de tratamento, ou pior,

mascarar um quadro usando medicamentos inadequados, o que sem dúvida prejudica o

diagnóstico e conseqüentemente o tratamento.

Tenha este livro sempre à mão. Ele poderá ser um grande aliado na prevenção e

tratamento de diversos problemas oftalmológicos.

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GLAUCOMA

É uma patologia na qual ocorre o aumento da pressão intra-ocular (pressão dos

olhos), dano no nervo óptico e perda de campo visual.

Os olhos, assim como o corpo humano, são dotados de pressão. A pressão do

corpo é chamada de pressão arterial. A do olho, PRESSÃO INTRA-OCULAR (P.I.O.).

Estatisticamente, 1,5% da população acima de 40 anos apresenta essa patologia. É

um número bastante significativo, pois, somente no Brasil, estima-se a existência de

aproximadamente dois milhões e meio de pessoas glaucomatosas.

O glaucoma chega a ser 15 vezes mais freqüente na raça negra, afeta mais os

míopes, e ocorre mais em pessoas acima de 40 anos, apesar de crianças poderem nascer

com glaucoma. Os diabéticos e os portadores de problemas cardíacos e vasculares

também são mais afetados que as pessoas sem essas patologias.

É uma doença de caráter genética e traiçoeira, pois, na maioria das vezes é

insidiosa, silenciosa. Não provoca dores na maioria dos pacientes. Mais de 95% dos

portadores de glaucoma não sentem dor alguma.

A ausência de dor prejudica um diagnóstico precoce, pois a dor é um sintoma que

induz o paciente a procurar ajuda médica rapidamente.

Semelhantemente ocorre com a hipertensão arterial. Não há sintomas até que

venham as complicações.

No glaucoma, ocorre quase sempre um aumento da pressão intra-ocular, à

exceção do glaucoma de pressão considerada normal ou até mesmo baixa, chamado

Glaucoma Low-tension.

A maior parte dos glaucomas ditos de pressão baixa deve-se ao fato de não ter sido

encontrada a hora exata na qual a pressão esteja alterada.

Medindo-se a pressão de madrugada, muitos casos mudarão o diagnóstico de

pressão baixa para glaucomas de alta pressão. Pois, em muitos casos, é neste horário que

a pressão intra-ocular sobe.

A pressão normal dos olhos é variável de acordo com as pessoas, mas, há um

consenso que deva estar entre 10 a 20 mm de Hg (milímetros de mercúrio).

Na prática diária, muitas pessoas com pressões maiores que 20 mm de Hg não

apresentarão danos no nervo óptico, enquanto outras, com pressões menores que 20 mm

de Hg poderão sofrer danos nesse nervo. Cada caso é um caso e deverá ser avaliado pelo

médico oftalmologista. Avalia-se não só a pressão intra-ocular, mas também as lesões do

nervo óptico e as perdas de campo visual.

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O diagnóstico de glaucoma está baseado em três aspectos:

1- pressão intra-ocular elevada;

2- danos ao nervo óptico;

3- perda de campo visual, diagnosticado pelo exame denominado de campimetria.

O aparelho comumente usado para medir a pressão ocular chama-se Tonômetro

de Aplanação de Goldmann, criado pelo médico oftalmologista e cientista Hans

Goldmann (1889-1991)*. Apesar de existirem outros aparelhos, este, por ser o mais

preciso, ainda é o mais usado.

* “O Dr. Goldmann nasceu na cidade de Komotau, no império Austro-

Húngaro, que posteriormente virou a Tchecoslováquia.

Ele tinha grandes habilidades científicas e principalmente matemáticas desde

muito cedo na vida.

Foi para a cidade de Praga para estudar medicina (German Charles

University), graduando-se em 1923.

Posteriormente, foi para a cidade de Bern, Suíça, como assistente do professor

Siegrist. Após a aposentadoria deste, Goldmann passou a ser o titular da cadeira, em

1935.

Sem dúvida alguma Hans Goldmann foi um dos maiores, senão o maior

oftalmologista do século XX. Além do desenvolvimento do tonômetro de aplanação

para medir a pressão intra-ocular, ele desenvolveu diversos aparelhos, tais como:

Perímetro ou Campímetro (para avaliar o campo visual), a lâmpada de fenda (usada

para avaliar os olhos, com detalhes), lentes de prismas, usadas para exames, tanto da

parte anterior quanto posterior dos olhos, além de deixar inúmeras contribuições de

pesquisas sobre diversas patologias oculares. Esse grande cientista foi o responsável

pela evolução da oftalmologia dos dias atuais”.

Dentro dos olhos, ocorre a produção de um líquido chamado HUMOR AQUOSO.

Essa produção é feita por estruturas chamadas de processos ciliares. Esse líquido é de

extrema importância para nutrir as células oculares. Como existe a produção, existe

também a drenagem. O humor aquoso deve ser renovado constantemente.

É justamente aí que começa o problema. Quando existe uma falha na drenagem

ou aumento na produção desse líquido, a pressão do olho aumenta. A pressão depende do

continente e do conteúdo. Todas as vezes que se aumenta qualquer conteúdo dentro de

qualquer continente que não se expanda, aumenta-se a pressão em seu interior. É

exatamente o que ocorre com o olho. O continente (olho) não se expande no adulto. Se o

conteúdo (humor aquoso) aumentar, haverá certamente aumento da pressão intra-ocular.

Quando o glaucoma aparece no recém nascido, o olho cresce devido à esclera (parte

branca dos olhos) ainda ser bem flexível. Os olhos das crianças que nascem com

glaucoma podem ficar muito volumosos (sofrem o processo de expansão), dando aspecto

de olho de boi, como é conhecido na literatura médica (buftalmo).

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O tratamento do glaucoma congênito é sempre cirúrgico e urgente. Quanto mais cedo

detectado e tratado, melhor o prognóstico.

No adulto, o crescimento do olho não ocorre porque a esclera já está “dura”,

rígida. O que de fato ocorre é o desenvolvimento de uma escavação do nervo óptico,

nervo este, que se situa no fundo do olho. A pressão repercute até o fundo, destruindo o

nervo óptico gradativamente, lesando as fibras nervosas, e conseqüentemente,

danificando a visão permanentemente. A visão é perdida gradativamente, sem que o

paciente perceba. Primeiro perde-se a visão periférica e só por último a central. É comum

encontrarmos pessoas que perderam toda a visão periférica, mas ainda enxergam muito

bem no centro. É como se estivessem olhando pelo cano de uma espingarda ou por uma

luneta. Apesar de enxergarem bem centralmente, a visão periférica é fraca ou ausente.

Nessa fase, a doença está muito avançada.

É muito provável que motoristas estejam dirigindo com a visão periférica

comprometida e desconhecem o fato e os riscos a que estão expostos.

Cabe lembrar que a perda visual decorrente do glaucoma crônico simples é de caráter

irreversível. Alguns tipos de glaucoma são exceções, como o glaucoma agudo, no qual a

visão pode ser recuperada se este for tratado a tempo.

O glaucoma crônico do adulto leva anos para causar cegueira, dando muito tempo

para o paciente e médico diagnosticar e tratar. Glaucoma crônico do adulto que vem a

causar cegueira é sinônimo de descuido.

O diagnóstico precoce é a melhor forma de se precaver. A medida da pressão

intra-ocular é extremamente importante durante a consulta com o oftalmologista. Mesmo

crianças e adolescentes devem ter a pressão ocular medida. Tão logo a criança permita,

mede-se a pressão. Em crianças muito pequenas, quando necessário, por motivos de

suspeitas de glaucoma, recorre-se à anestesia geral para que se proceda ao exame.

Com a grande quantidade de medicações disponíveis, torna-se cada vez mais rara

a indicação de cirurgia para se tratar o glaucoma crônico do adulto. O oftalmologista tem

à sua disposição diversos recursos medicamentosos que até há pouco tempo não existiam

no mercado.

Existem diversos tipos de glaucomas. Para simplificarmos, vamos considerar aqui

somente os mais freqüentes.

Na criança, o glaucoma mais importante é o congênito, que se deve à má

formação nas vias de drenagem do Humor Aquoso. Os sintomas mais freqüentes que se

deve observar são:

Lacrimejamento;

Maior sensibilidade à luz (fotofobia);

Córnea esbranquiçada*;

Aumento do volume do olho:

* Córnea é uma estrutura transparente que fica na frente da parte colorida dos

olhos. Essa parte colorida chama-se íris. O pequeno círculo negro no centro da íris

chama-se pupila (“menina do olho”).

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Como já dissemos, o tratamento do glaucoma congênito é sempre cirúrgico. O

objetivo é corrigir as vias de drenagem do aquoso e restaurar o fluxo, diminuindo-se a

pressão intra-ocular. A cirurgia é uma urgência para que não haja seqüelas e para que o

globo ocular não cresça muito, causando defeito estético futuro.

No adulto, os tipos de glaucoma mais comuns, são:

1- Glaucoma crônico simples. Também chamado de glaucoma de

ângulo aberto.

2- Glaucoma agudo. Também chamado de glaucoma de ângulo

estreito ou fechado.

Os dois são completamente distintos, com diagnóstico e tratamento diferentes.

O mais comum é o crônico simples, de ângulo aberto. Ele representa perto de

90% a 95% de todas as formas de glaucoma. Portanto, será o que você mais ouvirá na

vida prática.

Esse tipo é indolor e assintomático até sua fase mais tardia. O diagnostico inicial

só é possível durante as consultas com seu médico oftalmologista.

Não se sabe a causa do glaucoma de ângulo aberto, mas sabe-se como tratá-lo

para que não cause cegueira. Infelizmente, o glaucoma crônico simples de ângulo aberto

ainda é uma das maiores causas de cegueira no mundo.

O segundo tipo de glaucoma, o de ângulo estreito, fechado, ou agudo, representa

menos de 5% dos casos. Ele é chamado de agudo porque ocorre repentinamente. Aparece

subitamente, com alta pressão, geralmente acima de 45 mm Hg.

A dor decorrente dessa forma de glaucoma é, na maioria das vezes, muito severa,

chegando a causar náuseas e vômitos, o que pode gerar um grande equívoco de

diagnóstico, pois o paciente freqüentemente se queixa mais do quadro gástrico, indo

procurar um médico dessa especialidade (gastroenterologista).

Deve-se ficar atento aos outros sintomas desse tipo de glaucoma. Geralmente vem

acompanhado de dor ocular, olho vermelho, pupila dilatada e paralítica, ou seja, não

reage à luz, e a visão fica embaçada.

A pupila normal reage à presença de luz contraindo-se, ficando menor, mais

fechada, o que se chama de miose.

No glaucoma agudo ela fica mais aberta (midríase paralítica), pois, não se fecha

com a luz incidente no olho.

Pode ocorrer da pessoa com glaucoma agudo enxergar halos coloridos em torno da

luz.

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A crise de glaucoma agudo geralmente ocorre pela madrugada pelo fato de que, à

noite, a pupila se dilata naturalmente, e essa dilatação favorece o mecanismo físico para o

aparecimento dessa forma de glaucoma.

Existe a possibilidade de surgir glaucoma agudo após exame oftalmológico, com

dilatação das pupilas, se o paciente for susceptível, ou seja, apresentar o ângulo estreito.

A dilatação das pupilas é necessária para que o oftalmologista possa fazer exames de

grau e de retina.

Quando alguém estiver com dor ocular, olho vermelho, visão embaçada, náuseas,

vômitos, pupila dilatada, que não se fecha à presença da luz direta, provavelmente trata-

se de um paciente portador de glaucoma agudo.

O tratamento deverá ser iniciado o mais breve possível, pois só assim se consegue

salvar a visão do paciente.

Esse tipo de glaucoma muito provavelmente será tratado com cirurgia, para criar

uma via com facilidade de escoar o líquido (humor aquoso). Antes da cirurgia, faz-se o

tratamento clínico, para reduzir ao máximo, o nível da pressão ocular.

Por ser uma patologia de caráter genético, descendentes de glaucomatosos devem

ficar mais atentos. Há maior probabilidade de apresentarem a doença do que a população

em geral.

A negligência pode ter conseqüências irremediáveis nos casos de glaucoma. Por

isso:

- Evite a protelação de procurar auxílio médico.

- Leve o tratamento a sério.

- Use corretamente a medicação proposta pelo seu médico oftalmologista.

– Vá aos retornos propostos nas datas marcadas.

- Consulte seu oftalmologista pelo menos uma vez ao ano.

- Lembre-se: somente ele poderá diagnosticar r tratar esta patologia.

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AMBLIOPIA

A ambliopia é um fenômeno muito conhecido pelos oftalmologistas, porém,

desconhecido pela maioria das pessoas.

Devido à sua importância, esse problema mereceria uma grande campanha de

divulgação nacional.

A ambliopia é uma doença grave, pois causa perda de grande parte da visão, e

essa perda visual é de caráter irreversível, se não for tratada até uma certa idade. Somente

se conseguirá recuperar a visão se ela for tratada a tempo.

O que é a ambliopia?

É um fenômeno que afeta as crianças abaixo de oito anos.

Causa diminuição da visão, em níveis variáveis, de caráter permanente.

Existe um fator que impede a imagem de chegar nítida em um dos olhos, ou

mesmo nos dois. O mais comum é afetar apenas um deles.

Como o olho acometido não tem uma visão nítida, não há estímulos cerebrais para

o desenvolvimento da mesma, e o que o cérebro faz é “esquecer” o olho afetado.

Se não houver o estímulo na hora certa, a visão ficará prejudicada

permanentemente, sem recursos disponíveis para reverter o quadro.

Principais causas de ambliopias:

1- Estrabismos que aparecem antes dos 8 anos de idade;

2- Anisometropias - diferença significativa de grau entre um olho e outro;

3- Cataratas congênitas;

4- Opacidades da córnea na área central que se desenvolvem antes dos 8 anos;

5- Ptose completa ou total, causando obliteração do eixo visual.

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1- Os estrabismos congênitos e de aparecimento antes dos 8 anos de idade.

Existem diversos tipos de estrabismos, mas os que nos interessam nesse capítulo

são os que causam ambliopia. Mais adiante, em capítulo especial, veremos outras formas.

Até os 6 meses de idade, pequenos desvios são considerados normais, pois o

processo da acomodação visual ainda está em fase de amadurecimento, fazendo com que

algumas crianças pareçam estrábicas, mas requerem apenas acompanhamento médico.

Os estrabismos causadores da ambliopia são os que aparecem antes dos 8 anos de

idade.

Existem falsos estrabismos.

Um falso estrabismo é aquele que aparentemente o olho está desviado, mas ao

exame clínico constata-se não haver o desvio.

Uma das causas mais freqüentes do falso estrabismo é a prega epicântica,

existente em algumas crianças, principalmente orientais. Essa prega fica entre o olho e o

nariz. Quando a criança olha para os lados, um dos olhos fica parcialmente encoberto

pela prega, dando o aspecto de desvio ocular.

Outro caso de falso desvio é o posicionamento dos olhos na órbita (espaço

formado por ossos onde o olho se aloja) e no qual se forma um ângulo mais aberto ou

mais fechado que o normal. Chama-se a esse ângulo de ângulo Kappa. Se for positivo,

tem-se a impressão de um desvio para fora, denominado de exotropia. Se for negativo, a

impressão é de haver desvio para dentro, chamado de esotropia.

Por outro lado, existem estrabismos verdadeiros, somente sendo detectados através

de um exame oftalmológico minucioso.

Esses são os piores, pois se não aparecem, os pais não percebem, e não levam a

criança para fazer exame, uma vez que ela não se queixa.

Sem o diagnóstico precoce, perde-se a melhor oportunidade de se tratar a

ambliopia a tempo. Não tratada, instala-se a visão monocular. As pessoas que apresentam

apenas uma visão têm dificuldades de ver em profundidade, perdem a capacidade de

visão em 3 D, ou seja, em três dimensões. Muitas profissões requerem uma visão de

profundidade normal para serem bem executadas, como por exemplo cirurgião, piloto de

avião, motorista.

O tratamento da ambliopia é simples na maioria dos casos, porém, depende da

colaboração da família, e principalmente da criança. Não havendo tal colaboração, o

resultado final torna-se prejudicado.

Feito o diagnóstico, inicia-se o tratamento, que consiste em ocluir, com um

tampão, o olho bom, para que o ruim (amblíope ) se desenvolva.

Uma das coisas que atrapalha muito o tratamento é quando a criança já está

freqüentando a escola, pois os colegas criticam-na, colocando apelidos, tipo “pirata”,

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fazendo com que ela seja desestimulada a continuar usando o tampão. Ela se sente

excluída de seu grupo.

Outro fator agravante é que, ao ocluirmos o olho bom, sua visão ficará dificultada

por um período de tempo, impedindo-lhe um bom acompanhamento na escola, fazendo

com que ela retire o tampão para poder enxergar melhor.

Aqui se espera a compreensão e colaboração da família no sentido de não

desanimarem e desistirem do uso do tampão.

Quanto mais próximo de 8 anos, mais dificilmente o cérebro responde ao

tratamento.

Um médico oftalmologista americano, especializado em tratar estrabismos,

costumava dar broncas nas mães de seus pacientes, que não conseguiam fazê-los usar o

tampão. Seu próprio filho nasceu com estrabismo e foi um de seus pacientes mais

rebeldes. Jamais permitia o uso do tampão. Bastava colocar o oclusor e a criança o

retirava imediatamente. Descobriu por experiência própria que nem sempre a culpa era

dos pais. Ficou mais maleável, e acabou por desenvolver uma forma de tratamento para o

filho, e que nos serve de exemplo para casos semelhantes.

Ele encomendou a um amigo ortopedista uma tala de gesso, a qual fixou com

atadura crepe nos cotovelos da criança. Toda vez que ela tentava retirar o tampão, a tala

impedia que a mão chegasse ao seu destino. Assim, em alguns dias, houve a adaptação ao

uso do mesmo, não mais desejando retirá-lo.

Parece exagero ter que se valer desse meio, porém, às vezes, é a única forma de se

tratar crianças que retiram o tampão. Caso contrário, quando tiver passado o tempo e o

caso se tornar irreversível, o sofrimento dos pais será maior que o uso da tala e tampão. O

sacrifício será recompensado com a restauração da visão da criança.

Muitos desses casos de estrabismos congênitos deverão ser submetidos à cirurgia

para a correção do desvio. Aqui não se trata somente de correção estética - como ocorre

na maioria dos adultos - e sim, uma correção funcional. Porém, a cirurgia deverá ser

realizada somente após o tratamento da ambliopia, porque o desvio será útil durante o

tratamento da mesma. Os oftalmologistas e ortoptistas se guiam pela preferência do olho

quando a criança ainda é muito pequena para informar se está enxergando ou não.

Imagine uma criança que ainda não conhece letras, nem números, ou seja, não nos

dá informação alguma a respeito de sua visão. Qual o parâmetro que se tem para saber se

o tratamento está sendo eficaz, ou não, nessa fase?

É exatamente o desvio.

Se a criança desvia sempre um dos olhos, por exemplo, o direito,

conseqüentemente, olha somente com o esquerdo.Isso indica que a visão esquerda deve

ser boa e a direita, ruim.

Trata-se então a visão ruim, ou seja, a direita, ocluindo-se o olho bom, o

esquerdo, até que a criança passe a alternar: enxergar, ora com o olho direito, ora com o

esquerdo. Conseguindo-se isso, conclui-se que a visão está muito próxima uma da outra.

Uma vez curada a ambliopia, trata-se o desvio com maior segurança.

Mesmo após a cirurgia do desvio, deve-se acompanhar essas crianças até os 8 anos

de idade.

A forma de ocluir varia de caso a caso, dependendo da idade da criança, do

problema causador, e da severidade da ambliopia.

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Por exemplo, quando nos deparamos com uma forma de estrabismo congênito de

grande ângulo de desvio, cuja visão seja cruzada, ou seja, a criança olha para direita com

o olho esquerdo e para a esquerda com o olho direito, opta-se por ocluir os olhos

alternadamente. Denominamos essa forma de oclusão 1:1. (um para um). Um dia oclui-se

um olho e no dia seguinte o outro. Esse é só um exemplo. Existem diversas formas de se

ocluir os olhos para tratamento da ambliopia. Cada caso é um caso.

O importante é identificar esse grave problema que tem solução se tratado a

tempo.

Há oclusores para a pele e para as lentes dos óculos.

Quanto pior a visão a ser tratada, mais se torna necessário que o tampão seja na

pele, e não, nas lentes dos óculos.

Somente se permite o uso do tampão nas lentes dos óculos nos casos em que a

visão já esteja próxima uma da outra, caso contrário, a criança olhará por cima da lente

ocluida, prejudicando o tratamento.

Quando somente um olho fixa o objeto e o outro sempre é o torto, significa que

este não deve enxergar muito bem, ou seja, deve ter sofrido o efeito da ambliopia.

Dizemos então que existe uma dominância patológica de um olho sobre o outro.

Não confundir com a dominância natural que todos temos. Observe seu olho

dominante. É aquele que, toda vez que você vai tirar uma fotografia, é ele quem olha no

visor da câmera. Isso é reflexo e imediato. Para fotografar com o olho não dominante

você terá que parar e pensar para centralizar a imagem, enquanto que, com o olho

dominante ela será imediatamente focalizada e centralizada.

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2- As anisometropias

As anisometropias são as diferenças de grau de um olho com relação ao outro.

Também são causas freqüentes de ambliopia.

A única forma de tratamento é o diagnóstico precoce através do exame

oftalmológico.

Quando a diferença é pequena, menos de 2 graus, dificilmente ocorre a ambliopia,

porém, quando a diferença é significativa, geralmente mais de 2,5 graus, o olho com

maior grau será esquecido pelo cérebro, não irá se desenvolver, e sofrerá os efeitos da

ambliopia.

É a lei do menor esforço. Um olho enxerga bem as imagens; o outro enxerga mal.

Por que o cérebro realizaria um maior esforço, para enxergar com o pior, se ele pode

enxergar, sem esforço, com o olho bom?

Se for diagnosticada a tempo, antes de causar a ambliopia, a anisometropia é

facilmente tratada com a prescrição de óculos. Coexistindo a ambliopia, usam-se os

óculos para corrigir a imagem, e o tampão no olho bom, para promover o

desenvolvimento da visão do ruim.

Existe ainda a possibilidade de haver anisometropia significante (acima de 2,5

graus) e não ocorrer a ambliopia. Se um olho for míope de 3 graus e o outro for normal,

muito provavelmente ocorrerá um fenômeno diferente. O olho míope será usado para a

visão de perto e o olho normal para a visão de longe. A pessoa enxergará com um olho

para longe e com o outro para perto alternadamente. Não haverá visão binocular, mas,

também não haverá o prejuízo visual que ocorre na ambliopia. Os dois olhos terão boa

visão.

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3- As cataratas congênitas

A ambliopia também aparecerá nas cataratas congênitas não tratadas. Nesses

casos, o tratamento é um pouco mais difícil, porque, deve-se retirar a causa, que é a

catarata. Após sua retirada, ficamos com outro problema: um olho com uma diferença

muito grande de grau em relação ao outro. Com isso, cria-se uma anisometropia.

É comum, após a remoção da catarata em crianças, o olho ficar com 20 graus,

com uma variação para mais ou para menos. Nesses casos, deve-se corrigir a visão com

óculos ou lentes de contato no olho operado, mais o tampão no olho bom.

O uso de lentes de contato nessa idade é de difícil manuseio, e os cuidados serão

muito importantes no que se refere à limpeza da lente.

As lentes dos óculos, quando são muito fortes de um lado só, também causam

grande desconforto, devido à diferença no tamanho das imagens formadas. Essa diferença

no tamanho das imagens chama-se de aniseicônia.

A lente intra-ocular nessa fase também é complicada por vários motivos: o olho

cresce e necessita de troca da lente com o crescimento, as inflamações são comuns e mais

graves nessa fase da vida.

Na prática, acaba-se optando pelos óculos e tampão. Óculos para o olho operado e

tampão para o olho bom.

Esta patologia requer muita dedicação por parte dos pais. As maiores dificuldades

acontecem quando a família tem poucas condições financeiras e ainda mora em cidades

que não possuam esse tratamento, devendo se deslocar para locais maiores e com

melhores recursos.

Por incrível que pareça, o tratamento da ambliopia é mais fácil quando a catarata

congênita acomete os dois olhos. Isso ocorre porque, se for num olho apenas, a criança

prefere enxergar pelo olho normal, no qual a imagem é mais nítida.

Existem alguns casos de catarata congênita “sui-generis”. Há cataratas que são

densas, mas afetam somente o centro da visão, que é a principal parte dela. Porém, como

são somente centrais, se for feita uma abertura na íris (área colorida do olho),

denominada de iridectomia setorial, cria-se uma passagem para as imagens. Com esse

artifício, poupa-se a criança de uma cirurgia mais agressiva e ainda se conserva o

cristalino* natural. Muitos casos tratados assim obtiveram êxito tão bom, ou melhor, do

que se tivesse retirado o cristalino. Por isso, uma avaliação criteriosa e minuciosa é

fundamental antes de se indicar uma cirurgia na criança portadora de catarata congênita.

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* cristalino- lente natural do olho- vide capítulo de catarata.

4- As opacidades centrais da córnea.

As opacidades centrais da córnea também podem provocar a ambliopia.

Funcionam com o mesmo princípio da catarata, impedindo a imagem de chegar

nitidamente até a retina.

As opacidades grandes, abrangendo a área central, podem requerer o transplante

da córnea, as pequenas, e fora do centro, não afetam a visão e não requerem tratamento.

Já as pequenas, densas e no centro, pode-se lançar mão daquele recurso, da iridectomia

setorial, abrindo um grande espaço na íris e poupando a criança de uma cirurgia mais

agressiva, que é o transplante de córnea.

As complicações inerentes de uma cirurgia de transplante de córnea são muito

mais freqüentes e sérias em crianças.

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5- As ptoses congênitas

Ptose é a pálpebra superior caída. Se for muito acentuada, a ponto de ocluir a

pupila, ou seja, o eixo visual, a imagem não chegará à retina, e conseqüentemente, não

haverá desenvolvimento visual, causada pela ambliopia que irá se formar. Veremos a

ptose mais detalhadamente no capítulo próprio.

Um detalhe sobre a ptose é que ela causa mais problemas estéticos que alterações

visuais. Raramente nos deparamos com uma criança que tenha apresentado ambliopia

devido à ptose.

É comum ocorrer associação da ptose com outras causas de ambliopia, como por

exemplo o estrabismo, as anisometropias, as opacidades da córnea.

Na presença de ptose e estrabismo simultâneos, sempre é aconselhável corrigir

primeiro o desvio do olho, e depois a queda da pálpebra.

Muitas crianças que apresentam esse problema ao nascimento podem ter outras

alterações concomitantes, e uma avaliação geral se faz necessária.

Uma conclusão importante, deste capítulo, é que se deve levar as crianças para

um exame com um especialista em olhos (oftalmologista), de preferência, ao nascer, com

acompanhamento até os 8 anos de idade.

Quando há casos de ambliopia na família, deve-se ficar ainda mais atento, pela

maior probabilidade de aparecer o mesmo problema em outras crianças.

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ESTRABISMOS

Os estrabismos compreendem todas as formas de desvios oculares: é o nome

científico para o olho torto.

Existem diversas formas de estrabismos. Já se falou sobre os efeitos maléficos

que essa patologia pode causar nas crianças: as ambliopias.

Serão vistos agora algumas outras formas de estrabismos e tratamentos estéticos

para a correção desses desvios.

Como referido, o estrabismo é uma patologia que causa problemas graves a uma

criança, sendo fonte de enormes traumas psicológicos e inseguranças, que serão levadas

por toda a vida. Quando adultas, quase sempre são portadoras de dificuldades de

relacionamentos sociais. São pessoas retraídas e introvertidas.

Por esses motivos, julga-se importante tratar essa patologia.

Formas mais comuns de estrabismos:

- Esotropia

- Exotropia

- Hipertropias

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ESOTROPIA

É a forma de estrabismo na qual o olho fica torto para dentro, como se estivesse

olhando para o próprio nariz, enquanto o olho bom fixa o objeto desejado. Também é

conhecido como desvio convergente ou ainda endotropia. Endo significa dentro.

Pode ser alternante, ou seja, ora olha com o direito, ora com o esquerdo.

A alternância é um bom sinal, e ocorre quando a visão dos dois olhos foi

desenvolvida e são próximas uma da outra. Se houver diferença de visão nesses casos

alternantes, esta será muito pequena a ponto de não atrapalhar na alternância.

Os resultados cirúrgicos são melhores para as pessoas que possuem alternância.

Quando a criança estiver olhando somente com um olho, em detrimento do outro,

isso significa provável ambliopia, devendo ser tratada primeiramente a ambliopia, e a

seguir efetuar a cirurgia do estrabismo.

Caso o paciente já esteja fora da idade de tratamento da ambliopia, só resta o

tratamento estético do estrabismo, ou seja, faz-se a cirurgia para correção estética do

desvio, independentemente de haver ambliopia ou não.

A maioria dos pacientes é beneficiada com a cirurgia. Ganha-se muito

esteticamente com a correção. A melhora é sempre possível, mesmo não se conseguindo

melhora da visão ou ainda, uma correção total do desvio.

Existe uma grande probabilidade de pessoas portadoras de desvio para dentro

(esotropia) apresentarem também hipermetropia*, e geralmente num grau mais elevado.

Freqüentemente acima de 3 graus.

* A hipermetropia é o defeito visual no qual o olho é menor que o habitual ou que

a córnea seja mais plana. A correção é feita com lentes positivas. Veja capítulo: Erros de

Refração.

Quando o desvio é dependente do grau de hipermetropia denomina-se de:

Esotropia Acomodativa.

Os hipermétropes, quando estão sem os óculos, fazem um grande esforço para

acomodar a visão, desencadeando um fenômeno acoplado chamado de convergência*.

Essa convergência é maior que a normal, acarretando o desvio para dentro, e é a

forma mais fácil de se tratar dentre os tipos de estrabismos, bastando a prescrição dos

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óculos e o seu uso adequado.

O uso dos óculos relaxa a acomodação e o olho fica centralizado novamente.

Quando a esotropia é totalmente acomodativa, o desvio é corrigido apenas com os

óculos. Porém, existe a forma mista, quando existe uma parte do desvio que é dependente

dos óculos, e a outra é independente.

Nestes casos, os óculos tratam a parte acomodativa e faz-se a cirurgia para tratar

o que não é acomodativo.

A cirurgia somente será feita se a parte restante estiver causando defeito estético.

Se for muito pequena, melhor não operar.

Nem todos hipermétropes apresentarão estrabismos convergentes e nem todos

estes estrabismos melhoram com os óculos.

Existe ainda uma forma de estrabismo na qual o desvio é diferente nas diversas

posições do olhar. Essa forma é chamada de: Incomitante.

A incomitância pode ser horizontal ou vertical.

Dentro da forma horizontal pode ser para longe e perto ou, nas posições laterais

do olhar, ou seja, direita ou esquerda, e na forma vertical, existe incomitância quando o

desvio é diferente ao olhar para cima ou para baixo.

*convergência é o fenômeno dos olhos se moverem simultaneamente para dentro,

e que ocorre a cada vez que olhamos para um objeto próximo. Esse fenômeno está

diretamente acoplado à focalização de perto (acomodação). Para olharmos de perto,

nossos olhos usam um esforço denominado de acomodação de 3 graus positivos. Isso

ocorre para focalizar um objeto a 33 cm dos olhos. Todas as pessoas que não possuem

grau algum na visão, usam 3 graus para ver de perto. Essa acomodação é possível graças

ao músculo ciliar (1), à zônula (2), e ao cristalino (3).

O músculo ciliar contrai, relaxa a zônula, “engordando” o cristalino, aumentando

seu poder dióptrico, permitindo a focalização para perto.

(1) músculo ciliar - músculo involuntário responsável pela acomodação.

(2) zônula - estrutura que liga o cristalino ao músculo ciliar

(3) cristalino - lente natural do olho, responsável pela acomodação. Sua remoção é

feita quando há catarata. Catarata é a opacificação do cristalino.

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EXOTROPIA

É o desvio do olho para fora. Também conhecido como divergente. Um olho fixa

um determinado objeto e o outro fica desviado para fora, como se quisesse olhar para a

orelha.

Um caso interessante aconteceu com um cinegrafista, de uma importante rede de

televisão, que tinha estrabismo divergente. Este problema nunca o havia incomodado, até

o momento em que levou uma surra sem saber o motivo. Ele estava filmando um evento

e, quando menos esperava, foi agredido por um dos presentes. Quando conseguiram

apartar a confusão, chamaram o agressor para explicar o que estava ocorrendo. Ele disse:

-“ Esse safado finge que está filmando, mas está olhando e piscando o tempo todo

para minha esposa.”

Na verdade, o cinegrafista usava um olho para filmar enquanto seu olho torto

ficava na direção de outra coisa, que no caso, para o azar dele, era a esposa de alguém,

que ficou enfurecido com a situação.

Nos casos de estrabismo divergente, quase sempre há visão boa em ambos os

olhos, propiciando uma visão alternada. Se estiver focalizando com o olho direito, as

imagens que chegam ao esquerdo não serão percebidas pelo cérebro, e, portanto, não

serão vistas, a menos que ele queira passar a enxergar com esse olho, deixando de

enxergar com aquele. Portanto, no nosso exemplo, o rapaz realmente não estava

olhando para a senhora, e sim, para a cena que filmava.

A exotropia também pode ser intermitente, ou seja, ora aparece, ora não. Essa

forma tem uma ligação estreita com o estado emocional. O desvio aparece mais

freqüentemente quando a pessoa está nervosa, cansada ou estressada, ou ainda quando

está simplesmente distraída.

Alguns desses casos podem ser tratados colocando-se óculos com lentes negativas

para forçar o olho a convergir, ou seja, ir para dentro, num movimento contrário ao

desvio, anulando-o. Outros casos deverão ser tratados cirurgicamente. A avaliação pelo

oftalmologista e ortoptista permitirá distinguir um caso do outro.

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HIPERTROPIAS

Denominam-se de hipertropias os desvios verticais dos olhos.

Não confundir hipertropias com hipermetropias. São completamente diferentes.

Nas hipertropias há um olho desviado para cima ou para baixo. É como se um olho

estivesse olhando para o teto ou para o chão enquanto o olho bom está olhando um

determinado objeto.

Quando um está para baixo podemos nos referir como hipotropia. Porém,

convencionou-se fazer referência ao olho que está acima. Por exemplo, se o olho direito

está em cima e o esquerdo em baixo, diz-se hipertropia OD/OE, ou seja, olho direito

sobre olho esquerdo. Se for o contrário, o olho esquerdo estando em cima e o direito em

baixo, refere-se como hipertropia OE/OD, ou seja, olho esquerdo sobre olho direito.

Pequenas hipertropias podem passar despercebidas. Quando notadas causam

problemas estéticos importantes.

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INSUFICIÊNCIA DE CONVERGÊNCIA

A insuficiência de convergência é um capítulo dentro do estrabismo. Pela

freqüência com que aparece, e pelos sintomas que provoca, é de extrema importância

identificá-la e tratá-la.

Os sintomas da insuficiência de convergência são relacionados aos esforços

visuais tais como: leitura, televisão, computador.

E são eles:

- dores de cabeça - cefaléias, muitas das quais confundidas com enxaquecas.

- sonolência.

- dores oculares.

- olhos vermelhos.

- perda da seqüência da linha na leitura, havendo necessidade de seguir com uma

régua ou com o dedo.

- náuseas, enjôos.

- lacrimejamento.

- cansaço visual.

Tudo isso pode aparecer em alguém acometido pela insuficiência de

convergência. A pessoa pode apresentar um ou mais desses sintomas, ou ainda, nos casos

mais graves, todos de uma vez.

Os músculos que fazem o esforço para a visão de perto são:

a) o músculo ciliar, que está dentro do olho, tem a musculatura lisa, e sua

contração é involuntária, ou seja, não depende de nossa vontade ou desejo. Basta olhar

algo de perto e ele já estará funcionando automaticamente.

b) os músculos retos mediais estão localizados no canto medial, próximos ao

nariz, um em cada olho. São músculos esqueléticos e, portanto, podemos interferir na

contração deles. Podemos dar uma ordem para que olhemos para a direita ou para a

esquerda, ou ainda que ambos olhem para dentro (convergindo).

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Se olharmos para a direita, o músculo reto medial esquerdo irá se contrair, mas o

reto medial direito deverá relaxar, para que os olhos sejam levados para a direita. Ao

olharmos para a esquerda, ocorre exatamente o contrário.

Quem faz o trabalho de “olhar as coisas de perto”, como, por exemplo, ler, são os

músculos retos mediais. Eles se contraem simultaneamente, de modo que os dois olhos se

movam para dentro, no processo conhecido como convergência.

Quando esses músculos estão mais fracos que o normal, haverá um cansaço ao se

fazer tarefas que requeiram esse esforço para perto. Daí, aparecerem os sintomas

descritos acima e o desconforto com os trabalhos executados usando-se a visão de perto.

Só há dois caminhos: ou se trata o problema para aumentar a capacidade de

leitura; ou diminui-se o esforço ocular, reduzindo-se a leitura, a tv, o computador.

Como a sociedade impõe as regras, “quem estuda menos, freqüentemente tem

menor chance de sucesso”, a melhor opção é sanar o problema, tratando-o.

Muitas crianças crescem taxadas de preguiçosas para estudar. Na verdade elas

podem possuir esse distúrbio da visão. Sem o tratamento a tempo, dificilmente, a criança

desenvolverá o gosto pela leitura. Na idade adulta, mesmo tratando, ficará difícil

desenvolver este hábito.

Façamos uma analogia. Se pedirem para que você corra 40 quilômetros hoje,

provavelmente dirá que é impossível, que não está preparado. Suas pernas e coração não

suportariam tamanha carga de esforço numa única empreitada. Mas se lhe derem tempo e

exercícios de condicionamento, em alguns dias ou semanas, provavelmente será capaz de

correr os 40 Km de uma só vez.

O mesmo ocorre com quem tem insuficiência de convergência, se não necessitar

de muita leitura, jamais vai sentirá seus efeitos. Entretanto, se ler um pouco mais, sentirá

o cansaço visual ou, qualquer um daqueles oito sintomas descritos anteriormente.

A pessoa pode ler aos poucos ou, pode se submeter ao tratamento simples de

condicionamento visual para aumentar a capacidade de leitura através dos exercícios

ortópticos.

A ortóptica é uma especialidade coadjuvante da oftalmologia que se preocupa em

resolver esses problemas visuais. Existem exercícios capazes de aumentar a resistência da

musculatura ocular. É uma forma de fisioterapia do olho.

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CATARATA

Catarata é a opacificação do cristalino, a lente natural do olho.

Existe uma grande confusão entre catarata e pterígio.

Aquela “carne vermelha” no canto dos olhos chama-se pterígio, e não catarata.

A catarata é dentro do olho, e na maioria das vezes, imperceptível aos olhos sem

aparelhagem adequada. Quando ela chega a ser vista a olho nu, significa que está

avançada, muito madura.

Somente um exame oftalmológico poderá detectar a catarata em seus diversos

estágios.

Outra confusão comum é se achar que catarata só aparece em pessoas de idade,

quando na verdade há crianças que já nascem com ela.

A cirurgia deve ser indicada levando-se em consideração os seguintes fatores:

- a intensidade da catarata;

- a visão do paciente;

- se é uni ou bilateral;

- a idade da pessoa a ser operada;

- problemas de saúde adjuvantes como diabetes, hipertensão;

- profissão, pois há profissões que exigem uma melhor visão, determinando-se uma

cirurgia mais precocemente;

- se o paciente é portador de visão monocular, ou seja, se tem apenas uma visão;

- condições do paciente dar continuidade ao pós-operatório.

Enfim, várias questões serão consideradas para se indicar a cirurgia da catarata.

O tratamento da catarata é cirúrgico e deverá ser retirado o cristalino opacificado

e implantar-se uma lente artificial em seu lugar. Esse cristalino artificial chama-se: lente

intra-ocular.

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Certamente o advento da lente intra-ocular permitiu a visão nítida com o uso de

óculos mais finos e muitas vezes, até sem a necessidade destes.

Mas existem casos em que a lente intra-ocular pode trazer mais malefícios que

benefícios como é o caso da Córnea Gutata.

Essa patologia se caracteriza por uma sensível redução das células endoteliais da

córnea. Essas células são únicas e não são renovadas no nosso organismo. São de extrema

importância para a boa visão, pois, mantêm a total transparência da córnea. Sem essa

transparência, não há uma boa visão.

Quando a córnea perde sua transparência, diz-se que ela descompensou. Uma

córnea descompensada é turva, opaca. Nesse caso, acontece um fenômeno no qual

aparecem bolhas na córnea, e por isso, chama-se de Ceratopatia Bolhosa. O quadro é de

dor, olho vermelho, sensação de corpo estranho no olho, lacrimejamento, visão de halos

coloridos nas luzes, e redução da visão. Geralmente ocorre mudança na tonalidade da cor

do olho acometido, que fica cinza ou azulado.

Quem tem a córnea gutata pode entrar em descompensação espontaneamente, ou

seja, mesmo sem cirurgia. Se tiver que operar catarata, aumenta-se o risco de haver a

descompensação. Se a lente for colocada, aumenta-se ainda mais esse risco.

Há outras situações que também merecem cuidado e, às vezes, é melhor colocar a

lente num segundo tempo, em condições mais favoráveis. Por exemplo, num paciente que

apresentou descolamento de retina em um olho e há provável ruptura da retina periférica

no outro. A presença da lente pode dificultar o exame para se detectar a ruptura e a

realização do Laser como medida preventiva de descolamento da retina desse olho.

Isso também se aplica em alguns casos de pessoas diabéticas, quando se deseja

fazer o tratamento do fundo de olho com Laser. Se a lente não for colocada no primeiro

instante, o tratamento será facilitado.

Em cirurgias difíceis, no intra-operatório, quando o tempo de operação se

prolonga, na maioria das vezes será preferível a colocação da lente posteriormente.

O paciente deve compreender que, se o seu cirurgião optou pela não colocação,

teve seus motivos.

Ser prudente nesses casos é louvável, e pode fazer a diferença entre a visão e a

cegueira.

Há duas formas de cataratas que merecem menção: as nucleares a as sub-

capsulares posteriores.

As nucleares fazem com que a visão seja reduzida gradativamente e mais

lentamente, como se a pessoa enxergasse através de uma neblina, ou de um vidro sujo. As

imagens tornam-se mais amareladas.

Nas sub-capsulares posteriores, a redução da visão geralmente é mais rápida.

Na presença de uma luz forte, como o sol, por exemplo, a visão fica muito

reduzida. As pessoas com catarata sub-capsular, se expostas ao sol, têm a visão muito

prejudicada. Sentem-se melhor em ambientes de baixa luminosidade.

Existem formas diferentes de tratamento. Cada caso deve ser avaliado, e opta-se

pelo melhor, conforme cada paciente e o tipo da catarata.

Após a cirurgia de catarata, grande parte dos pacientes poderá precisar de

aplicação a Laser dentro de um prazo variável.

Esse procedimento se faz necessário para abrir a cápsula que fica atrás da lente

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intra-ocular e serve de suporte à mesma.

Isso ocorre porque essa cápsula poderá ficar opacificada com o tempo, impedindo

uma boa visão.

A aplicação a Laser é um procedimento rápido, seguro e indolor.

CORPO ESTRANHO NA CÓRNEA

Há profissionais que são mais susceptíveis a esse tipo de acidente, como,

serralheiros, carpinteiros, marceneiros, funileiros. Porém, pode ocorrer com qualquer

pessoa, a qualquer momento.

Os corpos estranhos de córnea vão desde um simples cisco trazido pelo vento, até

limalhas de ferro, que podem causar sérios danos se não removidos a tempo.

Os objetos de metal, quando em contato com a córnea, se não retirados logo,

sofrem efeito da oxidação (ferrugem) pela presença da lágrima.

Qualquer objeto no olho representa uma ameaça à visão, pois abre caminho para

infecções.

A córnea é muito resistente às infecções quando íntegra, porém, muito frágil

quando lesada.

Mesmo os pequenos ciscos podem causar grande dor e desconforto ocular.

Quando ocorre no fim de semana e não se acha tratamento, o sofrimento é grande.

Era uma prática comum algumas pessoas possuírem colírio anestésico em casa

para essas eventualidades.

A compra desses colírios foi restringida porque, se usado com freqüência, são

tóxicos à córnea, causando perda da visão. Somente o médico oftalmologista pode indicar

essa medicação de modo seguro. Jamais a use sem orientação. Se lhe ocorrer acidente

desse tipo, o melhor a fazer é chamar por socorro médico especializado. Não brinque com

sua visão.

Algumas vezes, o corpo estranho não fica na córnea, mas sim, na parte interna da

pálpebra superior, denominada de conjuntiva tarsal superior, causando grande

desconforto. Para retirá-lo deve-se inverter a pálpebra superior.

Muitas vezes, o corpo estranho fica restrito à córnea externamente. Mas, há

situações em que o objeto vem com tamanha velocidade e calor que consegue penetrar o

olho, tornando o tratamento muito mais complicado. Por isso, seja prudente e consciente.

Procure sempre tratamento especializado.

Diante de um cisco no olho, jamais esfregue. O ato de esfregar provoca arranhões

e, mesmo o objeto sendo removido, haverá a sensação de que ele ainda permanece. Feche

os olhos e espere que ela saia espontaneamente. Caso contrário, procure ajuda médica.

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QUEIMADURAS.

As queimaduras oculares são sempre uma urgência médica e podem ser de várias

formas, causadas por diversos agentes.

Podem ser:

1- Químicas;

2- Térmicas;

3- Actínicas.

As químicas são causadas por quaisquer produtos químicos.

As térmicas pelas variações bruscas de temperatura.

As actínicas são as queimaduras provocadas pela luz ou raios luminosos. As mais

comuns dentre as actínicas são as solares e as causadas por aparelhos que emitem

irradiação luminosa.

São acidentes freqüentes em ambientes de trabalho assim como residências,

especialmente nas que possuem crianças. Os frascos coloridos podem despertar a

curiosidade das mesmas e o contato com os olhos poderá ser extremamente prejudicial.

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1- QUÍMICAS

Dentre as queimaduras químicas, podemos destacar as mais importantes em dois

grupos:

a) Álcalis; ou substâncias alcalinas ou básicas.

b) Ácidos.

a) As Bases ou Álcalis

As substâncias alcalinas mais freqüentes são:

Hidróxido de sódio (NaOH); é a soda cáustica.

Hidróxido de potássio (KOH);

Hidróxido de Magnésio (Mg OH2);

Óxido de cálcio (CaO); cal

Amônia (NH4);

Amoníaco (NH3).

As substâncias alcalinas ou básicas são muito mais agressivas aos olhos,

comparando-se com os ácidos, porque continuam a penetrar na córnea, e quanto mais o

tempo passa, mais grave a lesão se torna.

A conduta é lavar de imediato e abundantemente o olho afetado, mas,

concomitantemente, tenha pressa em achar um oftalmologista, pois sem tratamento

adequado, as seqüelas poderão ser graves e permanentes.

A melhor terapia será feita pelo oftalmologista, com o olho anestesiado, sem a dor

da queimadura atrapalhando, porém, não perca tempo. Lave muito antes de chegar ajuda

médica, por mais difícil que seja abrir os olhos. Se possível, caia numa piscina de olhos

abertos, se não, encha uma bacia de água e faça o mesmo.

O tratamento oftalmológico consiste basicamente em:

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- Uso de lágrimas artificiais sem conservantes, uma vez que as substâncias usadas

para essa finalidade podem retardar a reepitelização da córnea. A intenção de se usar

essas medicações é como lubrificante do olho.

- Antibióticos. São usados profilaticamente até a completa reepitelização da

córnea. O uso de antivirais e antimicóticos não é feito rotineiramente devido à toxicidade

desses produtos e pela raridade com que os vírus e fungos afetam as pessoas vítimas de

queimaduras químicas. Não compensa a relação

risco x benefício.

- Tratamento anti-glaucomatoso. É comum aparecer glaucoma após a queimadura

por álcalis devido à dificuldade de drenagem do humor aquoso devido ao processo

inflamatório. Deve-se diminuir a inflamação e usar medicações que diminuam a produção

do aquoso, tais como: inibidores da anidrase carbônica ( acetazolamida 250 mg 3 vezes

ao dia) e beta-bloqueadores ( maleato de timolol 0,25% a 0,50% 2 vezes ao dia).

- Cicloplégicos. Diminuem a dor, a fotofobia e a formação de sinéquias

posteriores, que são aderências da íris ao cristalino. Essas aderências constituem uma

complicação grave se não prevenidas ou tratadas.

- Corticóides. O emprego de colírio ou pomada com corticóides é controverso,

pois existe o efeito benéfico na redução do processo inflamatório ajudando, mas pode ter

aumento do risco de uma infecção bacteriana, viral ou fúngica secundária. O maior

benefício é nos primeiros 10 dias. Além desse prazo pode se tornar arriscado o emprego

dessa medicação.

- Citrato a 10% tópico ocular. Reduz o risco de úlceras e perfurações oculares

decorrentes das queimaduras químicas.

Nos casos de ingestão dessas substâncias alcalinas não provoque vômito, o que

pode complicar ainda mais. Sempre dê água em abundância e procure ajuda médica

imediata.

Tome bastante cuidado com essas substâncias em contato com umidade e

próximas de combustíveis e substâncias inflamáveis, pois, a reação com a água gera

calor, podendo desencadear um incêndio.

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b) Os Ácidos

Os ácidos que mais freqüentemente causam lesões oculares são:

Ácido Sulfúrico (H2 SO4);

Ácido Sulfuroso (H2 So3);

Ácido Fluorídrico (HF);

Ácido Clorídrico (HCL);

Ácido Nitroso (HNO3);

Ácido Acético (CH3 COOH).

Os ácidos, ao entrarem em contato com a córnea, reagem e ocorre uma

precipitação protéica, formando uma barreira, o que impede o aprofundamento da lesão.

As lesões são mais superficiais.

Há exceções de ácidos que conseguem penetrar na córnea, são os que contêm

metais pesados.

Em caso de acidente oftalmológico com ácidos lave abundantemente e procure

ajuda médica imediata, pois o oftalmologista completará a lavagem e prescreverá colírios

e pomadas antibióticas oftalmológicas. Muitas vezes, a oclusão ocular será necessária até

a cicatrização total da córnea e conjuntiva.

Dentre os ácidos, o que mais freqüentemente causa lesões nos olhos é o ácido

sulfúrico, pois trata-se de um produto muito usado nas indústrias e está contido nas

baterias automotivas.

O ácido sulfúrico reage com a água da lágrima produzindo uma reação química

geradora de calor, causando carbonização do epitélio da córnea e do tecido conjuntival.

Forma-se uma queimadura mista: química e térmica.

O ácido sulfuroso é muito usado na conservação de alimentos. É um ácido que

combina com gorduras. Esse fato faz dele um perigo ao olho, o qual contém gordura na

lágrima. Em contato com a gordura do olho aumenta-se o tempo de contato e maiores

danos são causados. Pode haver destruição dos nervos da córnea.

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O ácido fluorídrico é um ácido inorgânico que produz lesões oculares graves

devido à toxicidade dos íons de flúor. É usado no refinamento de Urânio, e Berílio. Está

na composição da gasolina. O íon flúor penetra facilmente no estroma corneano.

Os ácidos clorídrico, acético e nitroso raramente causam danos oculares graves,

devido à fraca penetração ocular. Somente causam lesões graves se o contato for muito

prolongado.

O ácido acético é o componente do vinagre. Como a concentração perigosa é a

partir de 10% e o uso comercial quase sempre é inferior a essa porcentagem, explica-se o

fato de raramente causar danos oculares.

Lembre-se sempre disso: quanto mais cedo iniciar o tratamento, melhor o

prognóstico. Lave abundantemente e procure ajuda especializada.

2- TÉRMICAS

As queimaduras térmicas são causadas por variações bruscas na temperatura do

olho.

Freqüentemente ocorre associada a uma queimadura química, quando o produto

sofre uma reação exotérmica liberando calor. Por exemplo, o ácido sulfúrico.

Podem-se considerar como queimaduras térmicas todos os acidentes com fogo ou

produtos quentes que por ventura entrem em contato com os olhos, como por exemplo, as

gorduras provenientes de frituras, cozimentos, leite quente, etc.

O tratamento consiste em oclusão dos olhos com pomada antibiótica

oftalmológica, colírios para dilatar as pupilas para alívio da dor, nos casos necessários,

até a completa cicatrização da queimadura. Em algumas situações extremas de dor, pode-

se administrar analgésicos e antiinflamatórios orais como coadjuvantes ao tratamento

ocular.

Raramente as queimaduras térmicas causam seqüelas.

A cura completa se dá dentro de 48 a 72 horas, na grande maioria dos casos.

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3- ACTÍNICAS

As queimaduras por solda elétrica são muito comuns, e os sintomas aparecem

horas depois da exposição, geralmente à noite, podendo levar de 6 a 10 horas para que

apareçam os incômodos. A pessoa acorda com uma dor lancinante, com lacrimejamento

profuso e grande dificuldade de abrir os olhos (espasmo das pálpebras). A claridade,

nesses casos, causa grande incômodo (fotofobia).

Deve-se procurar o médico, que fará o tratamento adequado com oclusão e

medicação.

As queimaduras solares também são nocivas à córnea. São mais raras que as

demais citadas.

Ocorre em pessoas que tentam ver eclipses solares sem a devida proteção,

alpinistas, esquiadores da neve.

Os raios ultravioletas queimam mais as pálpebras e a córnea. Raramente penetra

até o cristalino, o que somente ocorre se a dose for muito elevada. Devido à intensa

absorção dos raios ultravioletas pela córnea, não chegam a causar danos dentro dos olhos,

ou seja, freqüentemente, não atingem a retina.

Os raios infravermelhos também causam mais danos às pálpebras que aos olhos.

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USO DE COLÍRIOS SEM A PRESCRIÇÃO MÉDICA

A prática da automedicação pode causar graves conseqüências.

O uso de colírio anestésico, sem orientação, é de grande perigo aos olhos.

No passado, quando não havia controle por parte da vigilância sanitária, e

qualquer pessoa podia comprá-lo, era comum pessoas perderem a visão pelo uso

excessivo dessa medicação.

Isso ocorria porque, ao ter um corpo estranho na córnea, conseguia-se alívio, para

a dor, pela anestesia.

As medicações anestésicas para os olhos possuem uma particularidade: quanto

mais se usa, mais curto é o tempo de seu efeito e obriga a pessoa a usá-la mais

precocemente.

Isso faz com que a pessoa, no desespero, pingue o colírio de minuto em minuto.

Como a medicação nessa dosagem é extremamente tóxica para a córnea, associada com o

corpo estranho que ainda se encontra presente no local, (somente sendo suportado pelo

anestésico) ocorre infecção secundária, e conseqüentemente perda visual.

O desconhecimento dessa particularidade foi de fato, o grande causador de perdas

visuais.

Outros colírios que causam desconforto se usados sem orientação, são os

indicados para dilatar a pupila. Às vezes esses remédios são prescritos para alguém da

família, e outra pessoa desavisada, pega no armário, pensa que é para “refrescar a vista” e

pinga em si mesma. Fica com a visão borrada, variando de horas a dias de acordo com a

medicação usada.

Outras medicações muito freqüentemente usadas sem prescrição médica são os

clareadores dos olhos.

Essas medicações somente promovem um refrescamento e clareamento dos

mesmos, sem, contudo tratar a causa verdadeira dos olhos vermelhos. Com essa prática,

pode-se estar adiando a cura de uma patologia. Sem contar que o uso indiscriminado de

colírios, leva com freqüência a conjuntivites químicas medicamentosas, induzidas

comumente pelos conservantes contidos nesses produtos. Como são vasoconstritores, o

uso indiscriminado e prolongado poderá causar hipertensão arterial.

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Outra prática comum e aparentemente sem risco, é o uso indiscriminado de

colírios antibióticos.

O uso de antibióticos, sem critério, provoca o aparecimento de bactérias

resistentes aos mesmos, e quando a pessoa realmente necessitar, eles não terão o efeito

desejado.

Existe outra classe de medicamentos que, se usados sem orientação, podem causar

danos irremediáveis. São os colírios de corticóides ou corticosteróides. Essas medicações,

bem usadas, nas mãos de oftalmologistas são imprescindíveis para muitas patologias

oculares, mas, sem critério e sem acompanhamento do paciente, podem ser uma

verdadeira catástrofe. Os corticóides são potentes antiinflamatórios oculares. Mas podem

ter como efeitos colaterais a formação de catarata e de glaucoma cortisônico*.

Todas essas medicações mencionadas são muito importantes à oftalmologia e de

efeito benéfico, desde que bem empregadas.

Qualquer medicação sem orientação é muito perigosa.

Muitas pessoas perdem a visão por tentarem se tratar sem o devido conhecimento,

retardando a cura da patologia. Quando vêem que não resolvem o problema, procuram o

médico, muitas vezes, tarde demais.

*glaucoma cortisônico é uma forma de glaucoma causado pelo uso de corticóides.

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CERATOCONE

O Ceratocone é uma patologia degenerativa da córnea, tornando-a um cone, ou

seja, fica pontuda.

É bilateral na grande maioria dos casos, e quase sempre assimétrico. Um dos

olhos enxerga menos que o outro.

Os casos unilaterais são raros.

Qualquer raça pode ser afetada. Tem caráter hereditário

(genético – com fator autossômico recessivo).

Devido ao caráter recessivo, são poucos os casos onde há mais de uma pessoa

afetada na mesma família.

Os sintomas aparecem na adolescência, após os 10 anos de idade, geralmente por

volta dos 13 anos, e progridem mais rapidamente até os 20 anos e a partir daí, mais

lentamente.

O ceratocone pode ficar estacionado em muitos pacientes, deixando de haver a

progressão.

No início, causa apenas miopia com astigmatismo, com boa visão com os óculos.

Depois, gera diminuição gradativa da visão, que pode ser variável, desde uma leve

redução da visão até graves alterações visuais.

Muitas vezes não é diagnosticado logo no início. Posteriormente, vai tornando o

astigmatismo irregular, e mesmo com óculos, não há uma visão perfeita como antes.

Nessa fase, o diagnóstico é muito mais fácil.

Os portadores de ceratocone devem ser muito cautelosos ao esfregar os olhos,

pois, como a córnea fica mais fina, o ato de esfregar com força pode desencadear a

ruptura de uma membrana chamada de Descemet, causando diminuição aguda da visão

devido ao edema da mesma (Hidropsia aguda).

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Tratamentos existentes

1- óculos

2- lentes de contato

3- anel de Ferrara

4- transplante de córnea

No início, ou mesmo até em algumas fases mais adiantadas do ceratocone, os

óculos ainda são possíveis e conseguem dar uma visão razoável.

Faz-se o exame com as pupilas dilatadas e sem dilatá-las, e comparam-se os

resultados. Muitas vezes, nos portadores de ceratocone, o grau sem a dilatação produz

melhores resultados para o paciente.

Quando os óculos já não são tão gratificantes, pode-se lançar mão das lentes de

contato rígidas, também conhecidas como gases permeáveis. São elas: siliconadas e

fluorcarbonadas.

As lentes acrílicas, muito usadas no passado, estão em desuso atualmente.

Deixam-se os procedimentos cirúrgicos para os casos que as lentes já não mais

produzem boa visão.

No anel de Ferrara, é colocado um anel dentro do estroma da córnea com a

intenção de moldar e corrigir a deformidade do ceratocone. Em muitos casos há grande

melhora da visão. Pode haver extrusão, ou expulsão do anel em alguns casos. É um

procedimento cirúrgico e requer seus cuidados. Os pacientes operados poderão ainda ter

que usar as lentes de contato ou óculos.

Há um consenso em não se indicar qualquer procedimento cirúrgico para aqueles

pacientes com boa adaptação com as lentes de contato.

Somente quando outros recursos não proporcionam bons resultados, opta-se pelo

transplante de córnea, devido às complicações inerentes a esse procedimento.

O melhor tratamento somente será definido pelo seu médico oftalmologista.

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PTERÍGIO

É aquela carne vermelha incômoda no canto dos olhos. Muitos a confundem com

catarata, conforme dissemos anteriormente.

É mais comum em pessoas mais expostas aos raios solares. Portanto, muito mais

freqüente no Norte, Nordeste e Centro Oeste que no Sul e Sudeste do Brasil.

O canto interno dos olhos, parte medial, ou nasal (porque está mais próximo do

nariz) é mais afetado que o lateral, ou temporal (lado da orelha).

O tratamento é cirúrgico. Sendo duas as indicações para este procedimento:

a) Se o pterígio estiver crescendo e invadindo a córnea, com o risco de

atingir a pupila e comprometer a visão. Como a córnea é transparente, você poderá tomar

como base a parte colorida do olho, que é a íris.

b) Se ele estiver causando irritação com freqüência, com olhos vermelhos e

ardor.

Tem-se ainda o aspecto estético, que pode e deve ser levado em consideração para

se indicar a cirurgia.

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TUMORES OCULARES

Existem diversos tipos de tumores oculares.

Um dos mais importantes é o RETINOBLASTOMA.

É um tumor que pode aparecer até os três anos de vida. Alguns casos são

congênitos.

Aproximadamente 2/3 dos casos aparecem antes dos 3 anos de idade e 1/3 é

congênito.

Pela sua característica maligna deve ser diagnosticado e tratado imediatamente.

O diagnóstico é feito através do exame da retina com a pupila dilatada.

Aproximadamente 30% dos casos ocorrem bilateralmente.

Como é um tumor de caráter genético dominante, os filhos de pessoas que tiveram

o retinoblastoma têm quase 50% de chance de apresentar a doença. E com um agravante!

Nas gerações seguintes, a probabilidade de ser bilateral é maior.

Os pais que tiveram um filho com retinoblastoma podem ter outros com o mesmo

problema, e a probabilidade disso ocorrer é de 4 a 7 %.

A maior parte aparece por mutação genética (94%).

Não só para se diagnosticar o retinoblastoma como também outras patologias da

infância, devem-se encaminhar as crianças recém nascidas para exame ocular.

Os olhos afetados por esse tumor e por outros problemas congênitos ou da

infância, costumam apresentar um reflexo branco chamado de leucocoria, cujo

significado é pupila branca.

Isso pode ser demonstrado ao se incidir uma luz nos olhos. O olho bom

apresentará um reflexo do fundo do olho avermelhado, enquanto o acometido mostrará

um reflexo cinza ou esbranquiçado. Esse teste simples tem melhor efeito à noite devido à

dilatação natural das pupilas.

Qualquer pessoa que apresente alteração no reflexo ocular deve ser encaminhada

imediatamente ao médico oftalmologista.

Quando o reflexo da pupila fica branco, o tumor poderá já estar muito grande. O

ideal é que se faça exames periodicamente dos olhos.

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Há dois tipos de tumores que freqüentemente afetam a pele, e que, não raro,

aparecem perto dos olhos, nas pálpebras. Um deles é o CARCINOMA BASO-

CELULAR e o outro é o CARCINOMA ESPINO-CELULAR.

São lesões predispostas pela exposição aos raios solares.

Acometem em maior proporção as pessoas de pele clara que trabalham ou

trabalharam muito sob o sol.

São pequenas feridas que formam uma casquinha, a pessoa retira, forma-se outra,

e jamais cicatriza. Às vezes pode sangrar. Esse tipo de lesão deverá ser avaliado por um

profissional, e se for constatado o tumor, este deverá ser retirado e levado para análise

anátomo-patológico.

Há ainda o MELANOMA. Esse é um tumor que pode surgir tanto na pele quanto

dentro do olho, numa estrutura chamada de coróide. É maligno e extremamente

agressivo. Requer tratamento urgente. Qualquer lesão negra na pele, que esteja

crescendo, sangre ou apresente crostas, deve ser levada ao conhecimento de um

especialista urgentemente. Qualquer lesão dentro do olho de aspecto elevado, de

coloração escura ou não, deve ser avaliada pelo oftalmologista.

TUMORES VASCULARES

HEMANGIOMAS e LINFANGIOMAS. São tumores benignos. Os hemangiomas

podem ser do tipo CAPILAR ou CAVERNOSO.

O hemangioma capilar geralmente aparece no primeiro mês após o nascimento.

Forma um nódulo vermelho. A regressão espontânea pode ocorrer e não requer

tratamento na maioria dos casos, exceto naqueles em que a estética ou a função ocular

esteja prejudicada.

O hemangioma cavernoso é um tumor benigno do adulto. Aparece geralmente

entre a segunda e a quarta década de vida. Em geral, seu sinal é a presença de uma massa

na órbita, entre os músculos extra-oculares.

Os linfangiomas são tumores mais raros que os hemangiomas. Podem aumentar

de volume pelo sangramento que pode ocorrer dentro deles. Pelo seu caráter benigno

raramente requerem tratamento.

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Há casos de tumores da conjuntiva, aquela película transparente que recobre os

olhos. A conjuntiva fica sobre a esclera, que é a parte branca do olho. Qualquer lesão

ocular que apareça, merece um tratamento especializado.

Em todos os casos, o profissional da área médica deverá ser consultado.

Muitos casos de tumores cerebrais causam edema do nervo óptico devido ao

aumento da pressão no crânio, e, portanto poderão ser diagnosticados através do exame

ocular do fundo de olho.

OBSTRUÇÃO DAS VIAS LACRIMAIS.

As obstruções das vias lacrimais caracterizam-se por lacrimejamento,

denominado de epífora.

As lágrimas, que normalmente seriam drenadas e conduzidas pelas vias lacrimais

até o nariz, escorrem para fora do olho, porque encontram a passagem obstruída. A

pessoa fica com aspecto de estar chorando constantemente.

Trata-se de um distúrbio que causa grande incômodo e desconforto. Assim, a

pessoa se vê na situação de levar sempre consigo um lenço, para enxugar as lágrimas.

As crianças podem apresentar esse problema logo ao nascimento, pelo fato de não

terem as vias lacrimais abertas. Existe má formação nessas vias. Nesses casos, pode-se,

com orientação médica, fazer massagens, na tentativa de abrir o canal lacrimal obstruído.

Se não obtiver sucesso, leva-se a criança ao centro cirúrgico para resolver o problema.

Além do lacrimejamento, pode surgir uma secreção de aspecto purulento. Essa

secreção purulenta indica que está ocorrendo uma infecção, e deve ser tratada com

antibióticos.

Há casos que não são tratados a tempo nos quais pode ocorrer uma infecção mais

severa, com grande dor, levando a uma fístula na pele. O pus é drenado espontaneamente

pela pele em forma de abscesso. Deve-se evitar chegar a esse ponto, através da correção

cirúrgica imediata.

Ao se fazer o diagnóstico de obstrução das vias lacrimais do adulto, opta-se

pela cirurgia precocemente. Na criança apenas se opera quando as massagens não

resolvem a obstrução.

A protelação ao tratamento poderá ter como conseqüência uma infecção, que

não é nada agradável ao paciente.

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CEFALÉIAS (DORES DE CABEÇA).

As dores de cabeça têm origens variadas, sendo que muitas delas são

desencadeadas por alterações visuais.

As causas visuais que mais provocam dores de cabeça são:

1- erros de refração - necessidade de usar óculos.

2- insuficiência de convergência.

3- estrabismos horizontais ou verticais de pequeno ângulo de desvio.

4- contratura da musculatura frontal, acompanhada ou não de dermatocalázio.

Saiba diferenciar as características das dores de cabeça de origem visual de uma

enxaqueca.

A dor de cabeça de origem visual aparece sempre após esforços visuais, tais como

ler, assistir à televisão, trabalhar com o computador, etc. A pessoa dorme e a dor

desaparece. É mais frontal, na testa e em torno dos olhos. Às vezes, na parte posterior do

crânio, chamada de occipital.

A enxaqueca tem característica diferente. Ela é pulsátil, latejante, mais

freqüentemente em um dos lados da cabeça. A veia temporal, às vezes, fica dilatada,

saliente. Não tem correlação com a hora do dia nem com os esforços visuais.

Na enxaqueca, o paciente pode apresentar o que se chama de pródromos, ou seja,

ele sabe que vai ter a crise, pois há algum sinal que o adverte. Por exemplo, ele pode

enxergar as coisas pela metade, “estrelinhas brilhantes”, uma chuva delas, e a seguir, vem

a dor de cabeça, muitas das vezes, intensa, causando verdadeiras restrições às pessoas, na

sua capacidade produtiva.

Pode também haver simultaneidade das coisas. Pode-se ter enxaqueca e ainda

apresentar alterações visuais, que causem dores de cabeça. Por isso, é importante se

pesquisar sempre a presença das alterações oculares, conjuntamente com a avaliação

neurológica.

O tratamento da dor de cabeça depende da origem do distúrbio causador da

mesma.

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Quando a dor é gerada pela necessidade de óculos, devido aos erros de refração, o

tratamento será mais simples. O uso de óculos adequados resolverá o problema. Muitos

casos de cefaléias crônicas são totalmente curados com o uso de óculos.

Se for devida à insuficiência de convergência, cura-se o problema através dos

exercícios ortópticos, já mencionados anteriormente.

Nos casos de estrabismos horizontais ou verticais pequenos, o uso de óculos com

prismas ou mesmo os exercícios ortópticos poderão resolver.

Na testa encontra-se a musculatura frontal, que contraída, gera dor de cabeça. A

aplicação da toxina botulínica alivia a dor pelo tempo de duração do efeito da medicação,

que pode durar entre 3 a 6 meses.

Quando essa contratura está relacionada com a presença de dermatocalázio - um

excesso de pele na pálpebra superior - esse excesso deverá ser removido cirurgicamente.

O peso maior nas pálpebras superiores faz com que a pessoa tenha que contrair o

músculo frontal para ajudar a elevação das mesmas.

Essa contração constante determina a dor, e quanto mais o tempo passa, maior é a

contração, e mais forte se torna esse músculo, além de causar o aparecimento de rugas na

testa. O excesso de pele nas pálpebras também causa comprometimento da estética facial.

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TOXINA BOTULÍNICA

Atualmente, a aplicação da toxina botulínica é um dos procedimentos médicos

mais difundidos pelo mundo.

Trata-se de uma das medicações mais vendidas.

Os motivos desse sucesso são:

- A grande variedade de indicações para seu uso na área médica;

- O grande efeito rejuvenescedor facial que ela causa em seus usuários;

- Facilidade de aplicação;

- Rapidez e segurança do tratamento.

O seu custo relativamente elevado, não impediu que se tornasse um dos maiores

sucessos de vendas da indústria farmacêutica.

Antes de ser consagrada como medicação terapêutica, ela foi conhecida como

uma doença letal, depois como arma biológica. Somente numa terceira etapa foi

descoberta como uma medicação dotada de grandes utilidades dentro da medicina.

HISTÓRICO

1817 – Justinus Kerner descreve pela primeira vez o botulismo - doença- ingestão

de salsicha por uma mulher

Botulus = Salsicha

1896 - 33 pessoas são contaminadas num restaurante na Bélgica- Emile Pierre

Van Emergen isola o bacilo anaeróbio gran positivo-Bacillus botulinus. Sua capacidade

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de observação fez com que isolasse o bacilo dos alimentos do restaurante e inoculasse em

animais reproduzindo a doença. Estava feita a descoberta!

1920 – A indústria americana de enlatados entra em crise devido a alguns casos

da doença, forçando estas indústrias a investirem em estudos sobre este mal. Dr Herman

Sommer isola a toxina tipo A na sua forma bruta (Universidade da Califórnia).

1922- Nova denominação- Clostridium botulinum – Clostridium vem da palavra

Kloster que significa fio torcido

1939 a 1945- Durante a II GUERRA, suspeitas de que o eixo estava

desenvolvendo armas biológicas, dentre elas, a toxina botulínica (Clostridium

botulinum), Clostridium tetani (tétano) e o Bacilo Antrax. Os EUA criam o Campo

Detrick, mais tarde Forte Detrick ( Maryland), onde Carl Lamanna em 1946 isola a toxina

tipo A purificada e em 1949, Burgen descobre o seu mecanismo de ação: Bloqueio do

impulso nervoso na junção neuromuscular, inibindo a liberação de aceticolina.

Cessada a ameaça com o fim da guerra e com o controle da indústria dos

enlatados, a Toxina Botulínica cai no esquecimento, até que um oftalmologista, Dr. Alan

Scott – usa pela primeira vez a toxina botulínica para o tratamento sem cirurgia do

estrabismo, com grande sucesso. Os testes foram feitos em macacos!

1982- A oftalmologista canadense Jean Carruthers tratou uma paciente com

blefaroespasmo e percebeu que as rugas da glabela- entre as sobrancelhas- sumiram. A

partir daí, ela e seu marido, o dermatologista Alastair Carruthers deram início ao estudo

da toxina botulínica para tratamento estético das rugas faciais.

1988-1992- Os estudos conclusivos sobre a segurança da toxina botulínica para

uso humano permitem sua produção industrial com finalidades terapêuticas. Em 1992 são

publicados estes resultados de sua utilização em músculos normais para fins estéticos.

A partir de então, o uso mundial dessas medicações revolucionou o mundo

médico, e das pessoas, com melhora da auto-estima causada pelo rejuvenescimento

propiciado pela toxina botulínica.

INDICAÇÕES:

1- Estrabismos;

2- Blefaroespasmos;

3- Paralisias Faciais com assimetrias;

4- Estética-

5- Enxaquecas;

6- Sorriso gengival – gengiva exposta ao sorrir;

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7- Hiperidrose axilar, palmar e plantar – sudorese excessiva;

8- Acalásia de esôfago- o esfíncter do esôfago se fecha e o alimento é

impedido de passar para o estômago. Via endoscopicamente é injetado a TB e o paciente

tem alívio dos sintomas, sem a necessidade de cirurgia;

9- Aumento do tônus do esfíncter urinário, no qual a bexiga é impedida de se

esvaziar e pode levar ao comprometimento renal;

10- Esfíncter anal hipertônico leva a fissuras e obstipação;

11- Salivação nas crianças portadoras de paralisia cerebral;

12- Hipertrofia das cordas vocais com disfonia vocal;

13- Distonia cervical - torcicolos.

Cuidados após a aplicação

1- Evitar deitar por 4 horas.

2- Evitar massagear a área de aplicação – no dia da aplicação.

3- Evitar viajar de avião pela alteração de pressão, a qual pode difundir a TB

para áreas não desejadas – somente no dia da aplicação.

4- Evitar fazer exercícios físicos - no dia da aplicação.

5- Evitar uso de antiinflamatórios – no dia da aplicação.

A ação da toxina botulínica começa em 24 horas e se completa em 2 semanas.

Dentro de 15 dias está em seu máximo efeito, o qual se mantém por 12 a 16 semanas, e, a

partir daí, inicia o processo de enfraquecimento da paralisia do músculo, retornando

gradativamente o efeito da contração muscular. Permanece com certa eficácia às vezes

até por 6 meses. Recomenda-se uma nova aplicação no fim desse período.

Apesar de inúmeras indicações para seu uso terapêutico, a maior procura por parte

dos clientes ainda é na área estética ou cosmética.

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ERROS DE REFRAÇÃO

a) Miopia

b) Astigmatismo

c) Hipermetropia

d) Presbiopia

a) Miopia

A miopia é o defeito visual em que a pessoa tem dificuldade para enxergar de

longe.

No olho míope, o foco da imagem cai antes da retina, devido ao excesso de

convergência corneana aos raios de luz ou, pela maior dimensão do globo ocular.

Esse distúrbio da visão aparece por dois mecanismos:

- a córnea do míope é mais curva que a do emétrope;

- ou o olho é maior que o habitual em seu eixo longitudinal – Antero-posterior.

Chama-se olho emétrope aquele que não apresenta defeito de refração, ou seja,

não necessita de óculos.

Esse crescimento acima do normal faz com que, os portadores de miopia, sejam

mais susceptíveis à formação de degenerações da retina, denominadas de Degenerações

Lattice, as quais predispõem à formação de buracos. Esses buracos, por sua vez

predispõem aos descolamentos de retina (chamados de regmatogênicos), muito mais

comuns nos míopes.

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A única forma de prevenção dos descolamentos ditos regmatogênicos, é o exame

da retina, com a pupila bem dilatada, para se enxergar toda a periferia da mesma, até a

região chamada de ora serrata. Essa região parece-se com uma serra, daí seu nome.

Muitas pessoas deixaram de ter descolamento de retina devido à prevenção com o

exame de Mapeamento da Retina.

As lentes corretoras da miopia são denominadas lentes esféricas negativas ou

divergentes.

Essas lentes têm a propriedade óptica de diminuir as imagens. Um olho observado

por trás de uma lente negativa fica aparentemente menor do que é realmente.

b) Astigmatismo

O astigmatismo é um defeito visual um pouco mais complexo que a miopia.

Geralmente, o astigmatismo causa menor dificuldade de enxergar que a miopia, se

compararmos os mesmos graus.

O astigmatismo é causado pela presença de duas curvaturas diferentes na córnea,

sendo uma mais plana e outra mais curva.

O efeito disso é uma visão borrada, associada com dores de cabeça.

Quanto menor o astigmatismo, maior a dor de cabeça e menor a dificuldade de

enxergar, e quanto maior o astigmatismo, mais dificuldade para enxergar e menos dor de

cabeça.

Esse problema de visão pode estar associado tanto com a miopia, quanto com a

hipermetropia ou a presbiopia.

Uma das causas mais freqüentes de dores de cabeça é o astigmatismo.

As lentes corretoras do astigmatismo são denominadas de cilíndricas ou tóricas.

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c) Hipermetropia

A hipermetropia é o defeito visual mais freqüente.

Quando o grau é baixo, não causa dificuldade para enxergar, até uma certa idade.

A dificuldade vai aparecer conforme a idade e o grau visual que a pessoa

apresente.

A hipermetropia pode causar dificuldades para enxergar de perto, ou ainda, longe

e perto, juntos.

As lentes corretoras da hipermetropia são as esféricas positivas ou convergentes.

Essas lentes causam aumento das imagens. Ao se observar o olho de uma pessoa

hipermétrope, tem-se a impressão que é maior que o normal.

Quanto maior o grau da hipermetropia, maior fica a imagem.

A hipermetropia pode surgir por um dos dois motivos básicos:

- a córnea do hipermétrope é mais plana que o normal;

- o olho é menor que o normal no seu eixo longitudinal.

Um dos problemas que afeta mais os hipermétropes que as outras pessoas, é o

glaucoma agudo, de ângulo estreito ou fechado, já descrito anteriormente, devido ao fato

de olhos pequenos e rasos apresentam maior probabilidade de desenvolverem esta

patologia.

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d) Presbiopia

A presbiopia, conhecida como “vista cansada”, aparece por volta dos quarenta

anos de idade, mas pode aparecer antes, ou mesmo depois dessa idade.

Ocorre pelo enfraquecimento do músculo ciliar, já mencionado no capítulo de

insuficiência de convergência.

É comum a pessoa dormir enxergando bem, e acordar com a visão borrada para

perto. Com o passar dos dias, a dificuldade vai se acentuando, obrigando-a a colocar o

jornal ou revista mais distante dos olhos, para conseguir lê-los, tendo a impressão de que

o braço está ficando curto.

As lentes corretivas da presbiopia também são as esféricas positivas ou

convergentes. Podem ser:

- bifocais;

- multifocais;

- ou ainda monofocais - somente de perto.

O míope frequentemente não necessitará de óculos para leitura, uma vez que

enxerga muito bem, de perto, sem os mesmos. Basta retirá-los quando for ler. Essas

pessoas geralmente preferem ler sem os óculos ao invés de usar as lentes bifocais ou

multifocais.

O hipermétrope apresentará dificuldade para perto mais precocemente que o

emétrope.

Uma pessoa poderá apresentar dois ou até três problemas associados no mesmo

olho:

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Miopia e astigmatismo

Hipermetropia e astigmatismo

Presbiopia - miopia e astigmatismo;

Presbiopia - hipermetropia e astigmatismo.

O que não ocorre é miopia e hipermetropia juntas no mesmo olho, pois são

antagônicas.

Mas pode ocorrer miopia em um olho e hipermetropia no outro.

Nesse caso, dependendo do grau de miopia e de hipermetropia, a pessoa

provavelmente usará o olho míope para enxergar de perto, e o hipermétrope para

enxergar de longe.

DILATAÇÃO DAS PUPILAS

Há muita controvérsia e muitas dúvidas na população a respeito da dilatação

pupilar.

Por que alguns precisam dilatar e outros não?

Quando dilatar e quando não dilatar?

Existe algum risco em dilatar a pupila?

Essas e outras questões serão respondidas nesse capítulo.

A dilatação das pupilas, artificialmente, é feita através de colírios que causam os

efeitos conhecidos como cicloplegia e midríase. A cicloplegia é a paralisação do músculo

ciliar e a midríase é o aumento do diâmetro da pupila. Nesse caso, a midríase é um efeito

secundário desses colírios, sendo a cicloplegia o efeito primário.

À noite, ocorre naturalmente o fenômeno da dilatação pupilar (midríase), devido

à presença de pouca luz, sem, contudo, haver a cicloplegia.

A luz é um forte estímulo para que a pupila fique fechada, o que é um mecanismo

de defesa inteligente da natureza, pois se a pupila ficasse muito aberta durante o dia

ensolarado, a luz do sol prejudicaria a visão das pessoas.

Durante a noite, como existe pouca luminosidade, o olho inteligentemente faz

com que a pupila aumente de tamanho através da dilatação, propiciando maior entrada de

luz. Se esse fenômeno não ocorresse, a visão noturna ficaria muito prejudicada pela

pouca entrada de estímulos luminosos até a retina.

Para que serve a dilatação das pupilas?

Para duas coisas basicamente: uma é para se realizar um bom exame de vista

(refração); a outra é para termos melhor acesso à retina, a fim de realizar um completo

exame da mesma.

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É comum acreditar que, após os 40 anos de idade não se devem ou não se podem

dilatar as pupilas. Isso não é verdade! Existem vários casos em que se precisam dilatar as

pupilas dessas pessoas.

A dilatação é de extrema importância para um bom exame oftalmológico na

maioria dos casos.

Deve-se ter o cuidado, após a dilatação, de checar a pressão ocular, pois há

pessoas que possuem o ângulo da câmara anterior fechado, e a dilatação poderá precipitar

um glaucoma de ângulo fechado (já descrito anteriormente).

Esse tipo de glaucoma poderia ocorrer nessas pessoas mesmo em casa à noite

pela dilatação natural, porém, poderá ocorrer por causa da dilatação das pupilas para o

exame oftalmológico. Isso é raro, mas existe a possibilidade de acontecer.

Qualquer paciente que tenha sido submetido à dilatação pupilar e que em casa

apresente olhos vermelhos e diminuição acentuada da visão com ou sem dor, deve entrar

em contato com seu médico oftalmologista imediatamente. Se ele não for encontrado, que

se procure um serviço de urgência em oftalmologia para reverter o quadro.

Outro cuidado que se deve ter, é não dirigir veículos automotivos após a dilatação

das pupilas, principalmente durante um dia ensolarado. O ofuscamento visual poderá

causar sérios acidentes.

Em algumas pessoas, a dilatação poderá provocar alguns sintomas

desconfortáveis, mas passageiros, tais como:

1- Embaçamento da visão, principalmente para perto.

2- Sonolência.

3- Confusão mental e desorientação.

4- Náuseas e enjôos.

5- Aumento da temperatura corporal, como se fosse uma febre.

6- Rubor facial. A face poderá ficar avermelhada.

7- Taquicardia - aumento na freqüência cardíaca.

8- Inibição da transpiração e boca seca.

9- Insônia e excitação.

Esses sintomas são mais intensos com o uso da atropina do que com o

ciclopentolato ou a tropicamida.

Existem informações equivocadas a respeito da dilatação pupilar. Apesar dos

desconfortos dessas medicações, elas são de extrema importância para o exame ocular, na

grande maioria dos casos.

O uso do computador no exame oftalmológico não elimina a necessidade de

dilatação. Esse equipamento moderno é apenas um coadjuvante do exame e não dispensa

nem o médico, nem a dilatação, na maioria das vezes.

Há casos nos quais a dilatação será necessária. Somente o oftalmologista poderá

julgar essa necessidade.

Existem medicações que causam somente efeito midriático, ou seja, o de dilatar as

pupilas, sem afetar a acomodação, e, portanto, não causam aqueles efeitos desagradáveis

da cicloplegia.

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As medicações que causam a cicloplegia são denominadas de cicloplégicas. Os

midriáticos não causam cicloplegia, mas os cicloplégicos causam os dois efeitos, ou seja,

a midríase e a cicloplegia.

Quando se quer apenas examinar a retina, sem realizar o exame de refração, pode-

se dilatar as pupilas somente com a medicação midriática, exceto nos casos onde ela é

contra-indicada.

Quando se precisa da cicloplegia para exame de grau, deve-se usar as medicações

cicloplégicas. Nesses casos, teremos a dilatação das pupilas também, pois é um efeito

secundário dessas medicações.

MIDRIÁTICOS

São substâncias simpatomiméticas (mimetizam ou imitam os efeitos do sistema

nervoso simpático*).

A substância mais usada desse grupo é o cloridrato de fenilefrina, na

dosagem que varia de 2,5% a 10%.

Seu efeito ocorre 30 minutos após a instilação nos olhos e dura de 2 a 3 horas. Em

crianças recém-nascidas, hipertensos, cardiopatas, usa-se a dosagem menor, devido ao

efeito que pode ter na pressão corporal. Assim como em pessoas que estejam usando

antidepressivos tricíclicos. Informar sempre ao oftalmologista o uso de medicações.

* Sistema Nervoso Simpático

O sistema nervoso simpático é o responsável pela defesa do ser humano frente ao

perigo, seja esse, real ou imaginário.

Exemplos de perigos reais: fugir ou lutar diante uma agressão, seja de um outro ser

humano, um animal, um acidente.

Exemplos de perigos imaginários: uma cena chocante de um filme, pessoas que se

imaginam perseguidas, síndrome do pânico.

O medo de falar em público abrange tanto o real quanto o imaginário. Pode haver

uma platéia realmente hostil ao palestrante, ou o medo ser infundado, somente existindo

na mente de quem vai se pronunciar.

Efeitos do sistema nervoso simpático no organismo como um todo:

Olhos: contração do músculo radial da íris, causando midríase.

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Coração: causam taquicardia, que é o aumento da freqüência cardíaca e também

aumento da força de contração do coração.

Vasos sanguíneos: contração das artérias e veias com diminuição nos seus

calibres, e, conseqüentemente aumento da pressão arterial. Como o sangue tem maior

dificuldade de ir até a periferia, a pessoa fica com a pele pálida. Por isso que diante de um

susto, as pessoas ficam pálidas.

Músculos esqueléticos: já nos músculos esqueléticos, o sistema nervoso

simpático causa vaso-dilatação, para aumentar a capacidade de contração dos mesmos.

Isso explica porque um atleta tem sua capacidade física aumentada diante de uma torcida

que o estimule, fazendo suas glândulas supra-renais produzirem mais epinefrina

(adrenalina). Como ocorre alteração na sua contração, geralmente aparece tremor

muscular associado.

Órgãos Sexuais: o sistema nervoso simpático é o responsável pela ejaculação. A

ereção ocorre pelo sistema nervoso parassimpático através da vasodilatação. O

parassimpático causa ereção e aumento do pênis e o simpático vasoconstricção e

diminuição do mesmo.

Brônquios nos pulmões: relaxamento dos brônquios causando dilatação dos

mesmos, para que o ar passe mais facilmente e em maior quantidade.

Pele: nos músculos eretores dos pêlos causa contração. Por isso os pêlos ficam

eriçados. Nas glândulas sudoríparas causa sudorese (suor em maior abundância). A pele

fica pálida, como já dissemos, pela diminuição da chegada do sangue devido à

vasoconstricção.

Glândulas salivares: causa o espessamento da secreção salivar, com sensação de

boca seca.

Aparelho Digestivo e Urinário: o simpático diminui a contração do aparelho

digestivo e fecha os esfíncteres.

O Sistema Nervoso Parassimpático tem o efeito contrário do simpático.

CICLOPLÉGICOS

São substâncias parassimpatolíticas, ou seja, inibem o sistema parassimpático,

fazendo com que o sistema simpático se sobressaia e atue.

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Sulfato de atropina

A concentração varia de 0,25 a 2%. No mercado encontra-se com mais facilidade

0,5% e 1%. Em crianças abaixo de 10 anos o ideal é usar o sulfato de atropina a 0,5%

para uma boa refração, apesar de que a grande maioria dos serviços oftalmológicos utiliza

outras medicações de tempo mais curto de duração, pois o sulfato de atropina pode durar

mais de 2 semanas num olho normal, sem inflamação. A freqüência a ser instilada para

um bom exame varia de 2 a 4 vezes ao dia, dois ou três dias antes do exame e mais uma

gota uma hora antes da criança ser examinada.

Ela começa a fazer efeito 30 a 40 minutos após ser instilada nos olhos.

Cloridrato de ciclopentolato

Concentrações de 0,5% e 1%. O início se dá dentro de 30 a 60 minutos. Pinga-se

uma gota em cada olho e repete-se após 10 minutos. O tempo de duração é menor que 24

horas. Como essa substância atravessa a barreira hemato-encefálica, chega ao cérebro,

pode causar efeitos colaterais de confusão mental, alucinações visuais e fala

incompreensível.

Alguma pessoas passaram a usar essa medicação em altas doses como alucinógeno,

por isso seu uso foi restrito aos profissionais da área médica. É um bom colírio para se

fazer exame de refração.

Tropicamida ou Tropicamide

Concentrações de 0,5% e 1%. Instila-se uma gota 2 a 3 vezes com intervalo de 5

minutos. O efeito máximo se dá em 20 a 25 minutos após a instilação nos olhos, e dura

apenas 15 a 20 minutos sua máxima eficácia. A recuperação completa se dá em 5 a 6

horas. Caso opte-se por usar somente a tropicamida, o exame oftalmológico deverá

respeitar esse tempo de ação máxima da medicação.

Há ainda mais duas medicações com o mesmo efeito parassimpatolítico mas que

são raramente usadas no Brasil, são elas: O Bromidrato de Escopolamina a 0,25% e o

Bromidrato de Homatropina 1% , 2% e 5%.

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LENTES DE CONTATO

Atualmente, cada vez mais observamos que os pacientes relutam em usar óculos,

recorrendo aos procedimentos a Laser ou ao uso das lentes de contato.

A evolução no campo das lentes de contato foi notável, assim como também nos

produtos de limpeza das mesmas.

A segurança de um paciente usuário de lentes de contato é muito maior hoje. As

lentes são mais finas, permitindo maior passagem de oxigênio para oxigenar a córnea. Os

produtos limpam mais, sem necessidade de se ficar fervendo as mesmas.

As lentes descartáveis permitem maior segurança, desde que o usuário obedeça

aos prazos de validade determinado pelos fabricantes.

A grande vantagem das lentes descartáveis é que a pessoa tem lentes sempre

novas. Existem lentes descartáveis trimestrais, mensais, quinzenais, semanais e até

diárias.

O custo varia de acordo com o tipo de lente.

Existem fabricantes nacionais e internacionais atuando no mercado brasileiro.

O mais importante para o usuário de lentes é ter boa assepsia e limpar

cuidadosamente suas lentes, mesmo que não as utilize todos os dias. Deve-se mantê-las

sempre imersas na solução própria, e jamais usar água de torneira para enxaguá-las

devido ao risco de contaminação.

Como a lente de contato funciona como um “analgésico” nos olhos, diminuindo a

sensação de dor, com o surgimento de qualquer irritação, principalmente vermelhidão,

deve-se retirá-las e procurar o oftalmologista. Não espere ter dor, pois a dor pode

aparecer somente em fase tardia de uma infecção. Muitos pacientes insistem em usar as

lentes, a despeito do olho vermelho.

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Pode não ser nada, mas é melhor ser precavido nesses casos. ocorrendo uma

infecção, a continuidade do uso das lentes pode retardar o tratamento e prejudicar a

recuperação.

Dormir com as lentes não traz beneficio algum ao paciente, a não ser a

comodidade. Essa prática aumenta os riscos de se contrair uma infecção na córnea.

Somente durma de lentes, mesmo ela sendo de uso prolongado, em situações especiais de

grande necessidade, caso contrário, opte sempre por removê-las à noite.

Há dois inconvenientes em nadar com as lentes: o primeiro é contaminá-las, pois

nem sempre a piscina é tão bem tratada como deveria ser;

o segundo é perdê-las na água.

Para a melhor segurança do usuário, o ideal é que todas as lentes de contato,

inclusive as cosméticas, coloridas, sejam prescritas pelo oftalmologista, pois somente ele

tem o conhecimento pleno desses produtos, assim como os equipamentos necessários

para uma boa adaptação das mesmas.

BOLSAS PALPEBRAIS E DERMATOCALÁZIO

Dermatocalázio é o excesso de tecido palpebral.

As pálpebras superiores estando, pesadas pelo excesso de pele, causam cansaço e

desconforto.

O peso excessivo da pálpebra superior causa contração do músculo frontal e,

conseqüentemente, dores de cabeça e rugas na testa. Essa contratura ocorre para ajudar

no levantamento das pálpebras que estão mais pesadas que o normal.

As pálpebras inferiores, além do excesso de pele visível, costumam expor bolsas

de gorduras.

Esse problema deixa um aspecto de cansaço e sonolência nas pessoas afetadas.

Nos casos mais acentuados, pode-se ter um aspecto de pessoa alcoolizada.

É freqüente haver muitas pessoas com esse problema dentro de uma mesma

família, principalmente, as pálpebras superiores inchadas.

O tratamento é simples e consiste na retirada do excesso de pele.

Existe dentro da oftalmologia um departamento que cuida desse problema: o

departamento de plástica ocular, que representa uma sub-especialidade dentro da

oftalmologia.

Nessa cirurgia, evita-se a retirada excessiva da pele tanto superior quanto inferior.

A remoção em excesso da pálpebra superior provoca dificuldade em se fechar os

olhos, e na pálpebra inferior, os olhos ficam caídos, abertos e vermelhos (ectrópio

iatrogênico).

Ocorre grande melhora no aspecto estético facial e na auto-estima após alguns

dias da cirurgia.

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Opta-se pela anestesia local com sedação, para maior comodidade, conforto e

segurança do paciente.

PROBLEMAS DE RETINA – BURACOS E DESCOLAMENTOS

O descolamento de retina é um dos graves problemas visuais que podem acometer

uma pessoa. É extremamente traiçoeiro. Os sintomas, na maioria das vezes, são sutis,

fazendo com que a pessoa pense não ser nada importante. Esses sintomas podem ser:

1- enxergar flashes de luzes (faíscas ou relâmpagos) em um determinado campo

da visão.

2- enxergar bolinhas passando de um lado para o outro.

3- enxergar “moscas” voando em frente ao olho. Muitas pessoas chegam a tentar

pegar a “mosca” na primeira vez que o quadro aparece. Esse aparecimento da “mosca”

nem sempre é indício de descolamento de retina iminente. Na maioria das vezes, não é

nada grave mas, é prudente fazer o exame.

Dos três sintomas descritos acima, o mais importante é o primeiro. Enxergar

flashes de luzes num determinado campo da visão é um quadro que requer cuidados e

avaliação médica.

Esses flashes de luzes podem indicar uma tração da retina.

Podem ser uni ou bilaterais, de aparecimento brusco, com duração de frações de

segundos e reaparecimento após intervalo de tempo variável.

O descolamento denominado regmatogênico ocorre pela presença de um buraco

na retina, proveniente de uma tração do vítreo e/ou presença de degeneração, chamada de

Degeneração Lattice (mencionada na descrição da miopia).

Quando diagnosticada no início, essa tração e/ou degeneração, com ruptura, pode

e deve ser tratada com a aplicação de raios Laser, protegendo-se assim a área de risco,

evitando-se o descolamento da retina. No início, o tratamento é simples, rápido, barato e

de excelente resultado. Passada a fase inicial, se houver de fato o descolamento, torna-se

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uma cirurgia muito mais complicada, com gastos maiores e de prognóstico nem sempre

tão satisfatório.

O melhor exame de prevenção desse grave problema é o exame de mapeamento

da retina, com a lente de três espelhos de Goldmann, através de uma boa dilatação das

pupilas. É um exame relativamente rápido, de baixo custo, e de extrema importância.

Os míopes devem ter maior cuidado com suas retinas, uma vez que o olho míope

cresce um pouco mais que o olho normal, e a retina não cresce, mas sim, estica, tornando-

se mais fina e frágil. Por isso, os riscos de rupturas e descolamentos da retina serem

maiores nas pessoas míopes que nas demais. Todos os míopes, mesmo os operados,

necessitam de exames periódicos da retina.

Existem outras formas de descolamentos de retina além dos regmatogênicos, tais

como:

- os devidos aos traumas oculares causados por acidentes;

- os descolamentos desencadeados pela tração vítrea nos casos mais graves de

retinopatia diabética.

RETINOPATIA DOS DIABÉTICOS

O diabetes é uma das patologias que mais causa cegueira no mundo.

No início da doença, a probabilidade de se ter a retinopatia é pequena. À medida

que o tempo passa, aumentam-se as chances.

Quanto melhor se controla a taxa de glicemia, menor a probabilidade de

problemas visuais.

A única forma de se prevenir a cegueira causada pelo Diabetes é controlar bem a

glicemia e fazer exame oftalmológico periodicamente.

Essa patologia causa além dos distúrbios visuais, alterações renais, neurológicas,

cárdio-vasculares, urológicas.

Divide-se a retinopatia diabética em dois tipos:

A) Retinopatia Diabética Não Proliferativa

B) Retinopatia Diabética Proliferativa

A) A retinopatia diabética não proliferativa é a forma mais branda, sendo que em

muitos casos não há progressão da doença para a forma proliferativa.

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Caracteriza-se pelo aparecimento de microaneurismas nos capilares retinianos,

dilatação das veias e extravasamento de líquidos para a retina, causando edema da mesma

e ainda baixa de visão quando há comprometimento da mácula, que é a estrutura da retina

responsável pela visão central e em cores.

Hemorragias poderão surgir, e de acordo com a profundidade, podem assumir

duas formas:

1- Chama de vela (hemorragias mais superficiais).

2- Redondas (hemorragias mais profundas).

Podem aparecer manchas amareladas ou esbranquiçadas chamadas de exsudatos

duros e algodonosos* respectivamente. Os duros são de limites mais precisos enquanto os

algodonosos não têm uma boa delimitação. Os primeiros são decorrentes de reabsorção

de líquidos serosos na retina, enquanto os segundos são decorrentes de isquemia e

sofrimento de irrigação da retina.

Na retinopatia diabética, os exsudatos duros são mais freqüentes que os

algodonosos, enquanto na retinopatia hipertensiva ocorre o oposto.

O tratamento poderá variar desde simples acompanhamento e controle da

glicemia, até a realização de aplicações a Laser para controlar o extravasamento de

líquidos, dos vasos sanguíneos para a retina.

* exsudatos duros e algodonosos são manchas que aparecem na retina. Eles

indicam que existe uma patologia. Os duros são de cor mais amarelada, enquanto os

algodonosos são mais esbranquiçados e se parecem muito com flocos de algodão.

B) A retinopatia diabética proliferativa é a forma mais grave da retinopatia

diabética. A irrigação da retina fica prejudicada, o que gera um estímulo para a

proliferação de novos vasos sanguíneos. Esses novos vasos são muito frágeis e podem se

localizar na face posterior do vítreo, e através de uma tração, romperem e causarem

sangramento intra-ocular, com baixa da visão.

Essas alterações vasculares podem sofrer transformações fibrosas, e tracionarem a

retina, podendo causar o descolamento progressivo da mesma (sem buraco de retina) ou

um buraco com conseqüente descolamento regmatogênico (já descrito anteriormente).

Muitas vezes, um descolamento da retina pode ficar encoberto pela presença de

hemorragia vítrea.

Alguns pacientes continuam enxergando até uma fase mais tardia da doença, o

que faz com que eles retardem a busca de ajuda médica especializada.

Nos casos em que a isquemia da retina é mais grave, os vasos anômalos

produzidos podem se estender até a íris e ângulo de câmara anterior, podendo causar um

tipo de glaucoma chamado de neo-vascular, de graves conseqüências à visão.

A terapia com o Laser tem sido usada para se evitar as complicações oculares

causadas pelo diabetes.

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TROMBOSE DA VEIA CENTRAL DA RETINA

Trata-se de um grave problema visual. É causado por um êmbolo, ou trombo, que

se aloja na veia central da retina ou, em um de seus ramos.

Quando o trombo oclui a veia central, as seqüelas são mais graves que nas

oclusões em um de seus ramos secundários.

Aparecem hemorragias na retina, com perda parcial da visão, na maioria das

vezes.

Se não tratada, geralmente 90 a 100 dias decorridos da trombose da veia central

de retina, pode ocorrer um glaucoma extremamente severo, chamado de glaucoma dos

100 dias, do tipo neo-vascular, ou seja, com formação de novos vasos sanguíneos onde

não existiam anteriormente.

Esses vasos formam-se na íris e ângulo da câmara anterior, local em que o líquido

do olho (humor aquoso ) é drenado.

Forma-se uma barreira, impedindo a drenagem do aquoso, e, como conseqüência,

a pressão intra-ocular aumenta consideravelmente, formando-se o glaucoma. Essa forma

de glaucoma é extremamente difícil de se tratar, e quase sempre conduz à severa

diminuição da visão.

O paciente procurando tratamento na fase inicial dará ao oftalmologista condições

de prevenir o aparecimento dessa complicação através da terapia adequada.

É importante que se trate a hipertensão arterial sistêmica, devido ao fato dessa

patologia ser uma condição predisponente para a oclusão da veia central da retina ou de

seus ramos.

A pressão arterial elevada pode causar, nos olhos, um quadro semelhante ao da

trombose da veia central da retina. Apesar das semelhanças, existem dados que permitem

diferenciá-las.

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Na retinopatia hipertensiva o quadro é bilateral, simétrico, ou seja, ambos os

olhos são afetados igualmente.

Aparecem hemorragias superficiais do tipo chama de vela. Pode haver a formação

de exsudatos duros em torno da mácula, formando uma “estrela” macular ou exsudatos

algodonosos se houver sofrimento isquêmico da retina. As hemorragias não se estendem

até a periferia da retina. Na retinopatia hipertensiva não costuma ocorrer grande edema da

mácula ou perda visual importante.

Na oclusão da veia central da retina ocorre diferente. Geralmente é unilateral. As

hemorragias espalham-se para a periferia, tem edema macular importante com perda

significativa da visão. As veias ficam muito congestas, dilatadas e tortuosas.

O exame que pode comprovar o diagnóstico clínico é a Angiografia Fluorescente

ou Retinografia Fluorescente.

TRAUMATISMOS OCULARES

A obrigatoriedade do uso de cintos de segurança nos veículos automotivos foi

uma medida extremamente eficaz para a redução, não só de mortes nos acidentes

automobilísticos, mas também dos casos de traumatismos graves dos olhos e das

pálpebras, com perfurações e lacerações.

Mecanismos de segurança incorporados aos veículos, tais como os freios ABS e

as bolsas infláveis (AIR BAGS) também colaboram para diminuir a gravidade das lesões

provocadas por esses acidentes.

Em casos de acidentes automotivos com lesões oculares jamais deve-se tentar

limpar o sangramento esfregando os olhos, porque se houver perfuração ou laceração, a

pressão exercida para limpá-los, poderá agravar a situação, com o extravasamento do

conteúdo do globo ocular.

Acalme a vítima e conduza-a para um hospital especializado em traumas oculares.

Acidentes traumáticos podem vir também de lugares pouco prováveis, como por

exemplo, a própria residência.

As crianças, por desconhecerem os riscos, geralmente colocam outras pessoas em

perigo.

Animais domésticos também podem provocar acidentes oculares.

A rolha de champanhe poderá causar hemorragia intra-ocular se atingir um olho

devido à pressão com que ela sai da garrafa.

Outro cuidado, que se deve ter, é com a bola de tênis, pois sua forma e tamanho

fazem com que ela tenha um encaixe perfeito na órbita ocular, podendo gerar trauma,

com hemorragia interna.

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UVEÍTES

Uveítes são inflamações oculares do trato uveal: íris, corpo ciliar e coróide.

Podem ser anteriores, posteriores, intermediárias ou mistas.

Se for inflamação da íris, chama-se irite, do corpo ciliar denomina-se ciclite e

iridociclite quando envolve a íris e o corpo ciliar.

A inflamação da coróide trata-se de uma coroidite.

As anteriores são as irites, ciclites e as iridociclites.

As posteriores são as coroidites ou coriorretinites.

As uveítes anteriores causam sintomas que podem ser confundidos com a

conjuntivite, e somente o oftalmologista será capaz de fazer a diferenciação e ministrar o

tratamento correto.

É freqüente haver automedicação nesses casos. A pessoa usa colírio por conta

própria achando que se trata de uma conjuntivite e na realidade apresenta uma uveíte.

Essa prática poderá comprometer a visão.

Uma uveíte anterior é de fácil tratamento no início, com cura completa do

problema sem deixar seqüelas, mas, se mal tratada ou não tratada, poderá levar à perda da

visão do olho acometido.

Principais sintomas da uveíte anterior:

1- Olho vermelho

2- Dor ocular

3- Fotofobia - desconforto com a luz.

4- Diminuição da visão - embaçamento visual.

5- Lacrimejamento

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Note que o quadro pode ser facilmente confundido com uma conjuntivite.

As conjuntivites apresentam secreções de cor variável, conforme o agente

causador. As causadas por bactérias costumam ter secreção amarelada ou esverdeada, as

virais, uma secreção mais esbranquiçada, assim como nas conjuntivites alérgicas.

Nas conjuntivites alérgicas, o que mais chama a atenção é o prurido (coceira)

ocular.

Nas conjuntivites, o desconforto com a luz não é tão importante quanto nas

uveítes anteriores.

De um modo geral, a conjuntivite não causa diminuição da visão, salvo casos

raros.

Nas conjuntivites também não há dor como na uveíte, mas sim, uma sensação de

corpo estranho na córnea, como se tivesse um cisco.

Ocorre dor e fotofobia nas ceratoconjuntivites, ou seja, nas conjuntivites que

afetam a córnea.

Sem o equipamento oftalmológico apropriado é difícil fazer o diagnóstico entre

uma conjuntivite e uma uveíte, principalmente se for uma cerato-conjuntivite.

Por esse motivo, diante de uma possível conjuntivite, convém procurar ajuda

especializada, para se ministrar o tratamento mais apropriado.

Algumas complicações que podem surgir decorrentes das uveítes:

- catarata;

- glaucoma;

- descolamento de retina;

- problemas na mácula;

- edema de córnea.

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PTOSE

Ptose é o termo usado para a patologia em que a pálpebra superior está caída,

abaixo da sua posição normal.

Ela pode ser:

- unilateral ou bilateral;

- simétrica ou assimétrica, quando as duas estão caídas no mesmo nível ou

uma mais caída que a outra;

- parcial ou completa, se estiver caída um pouco ou totalmente;

- congênita ou adquirida.

O músculo principal, responsável pala elevação da pálpebra superior, é o músculo

elevador da pálpebra superior.

A ptose ocorre quando esse músculo se torna fraco e impossibilitado de exercer

plenamente sua função.

A correção cirúrgica tem dois aspectos: estético e funcional.

Funcional quando há riscos para a visão no caso de acometer uma criança, devido

à probabilidade de haver ambliopia. Estético quando somente há comprometimento da

estética, sem haver danos à visão.

Somente se opera uma criança, logo cedo, se a visão estiver sendo ameaçada pela

pálpebra muito baixa. Caso contrário, por ser uma cirurgia estética, pode-se esperar que a

criança fique maior.

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A Miastenia Gravis é uma patologia em que as pálpebras ficam caídas

bilateralmente, no período vespertino com nítida melhora pela manhã. A pessoa

acometida desta patologia apresenta um aspecto de sonolência. Com a medicação

adequada as pálpebras voltam à posição normal.

A cirurgia da ptose é relativamente simples de ser executada, mas que exige

grande conhecimento das estruturas envolvidas.

ECTRÓPIO

No ectrópio as pálpebras inferiores ficam caídas, viradas para fora, e o vermelho

do olho aparece pela exposição da conjuntiva.

As principais causas são:

1- Senis - aparecem com a idade.

2- Cicatriciais - por acidentes, queimaduras químicas, solares.

3- Iatrogênicas – remoção excessiva de pele ou aplicação inadequada de

toxina botulínica.

4- Após paralisia facial.

O ectrópio compromete o aspecto estético da pessoa acometida.

A correção é relativamente simples na maioria dos casos.

Além do comprometimento estético a pálpebra inferior virada para fora faz com

que ocorra lacrimejamento constante, pois o ponto lacrimal inferior fica fora de sua

posição normal.

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ENTRÓPIO

Entrópio é o contrário do ectrópio.

Nele, ocorre a inversão das pálpebras, as quais ficam viradas para dentro.

Não causa tanto defeito estético como o ectrópio, e sim, graves problemas na

visão, se não tratado, porque os cílios ficam virados para dentro, podendo causar úlceras

na córnea e conseqüentemente, criar defeitos que prejudiquem a visão severamente.

As causas mais freqüentes de entrópio são:

1- Senil. Ocorre involução do ligamento da pálpebra inferior.

2- Cicatricial. O tracoma é uma conjuntivite severa causada pela Clamídia

tracomatis e uma das causas mais comuns da forma cicatricial de entrópio. É conhecido

popularmente como “dordolho”. No passado houve grande epidemia no Brasil e ainda

hoje, há regiões endêmicas dessa patologia em nosso país.

TRIQUÍASE

É o posicionamento dos cílios para dentro, causando danos à córnea. Pode estar

associado ou não ao entrópio. Deve ser tratado, devido ao risco de lesão e também pelo

desconforto que causa ao paciente.

Na triquíase não há inversão da pálpebra como ocorre no entrópio, apenas dos

cílios.

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HORDÉOLO - TERÇOL – CALÁZIO.

Hordéolo - é a infecção das glândulas palpebrais causada por estafilococos (uma

espécie de bactéria). Causa dor, aumento de temperatura local, inchaço e vermelhidão da

pele. Trata-se de um abscesso e contém pus no seu interior.

Quando afeta a glândula meibomiana* é chamado de hordéolo interno.

Terçol – é quando afeta as glândulas de Zeiss e Moll*. Também chamado de

hordéolo externo, ou “bonitinha”.

O tratamento do hordéolo e do terçol consiste em aplicações de compressas

quentes, medicamentos antibióticos e ainda drenagem quando o caso não é resolvido em

48 horas.

Calázio - é uma inflamação granulomatosa da glândula de meibomius, localizada

nas pálpebras, tanto superior quanto inferior. Não há infecção associada e, portanto, não

tem os sinais das infecções, tais como dor, aumento da temperatura local e vermelhidão

na pele. Ele se caracteriza pela tumoração na pele, geralmente virado para a parte de

dentro, deixando a conjuntiva vermelha, o que pode ser visto evertendo-se a conjuntiva.

Quando muito grande, pode desenvolver astigmatismo, ocasionado pela

compressão da córnea.

Raramente regride espontaneamente e deve ser retirado através de cirurgia.

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* glândulas de Meibomius, Zeiss e Moll.

São glândulas que desempenham importante papel na lágrima. As glândulas de

Meibomius e Zeiss produzem uma camada lipídica (gordura) que impede a evaporação

rápida da lágrima, permitindo que ela atue por mais tempo, lubrificando a córnea.

As glândulas de Moll são sudoríparas.

RECONSTRUÇÃO ESTÉTICA DO GLOBO OCULAR E PRÓTESES

OCULARES.

Existem diversas causas que levam os olhos a atrofiarem. Ficam murchos

semelhantemente a um pneu vazio. O olho vai ficando cada vez mais diminuto, e com sua

retração, a pálpebra perde seu suporte e desce, causando uma ptose. Esse processo do

olho murchar é conhecido como Atrofia Bulbar ou Phitíase bulbi.

As causas mais comuns são os acidentes com perfuração do olho.

Nos casos de perfurações, com perda da visão e desenvolvimento da atrofia do

globo ocular, há o risco de aparecer uma uveíte grave no outro olho, denominada de

OFTALMIA SIMPÁTICA. Por esse motivo, opta-se por esvaziar e limpar o conteúdo do

olho doente, para evitar a perda da outra visão.

A oftalmia simpática é rara, porém, muito grave. Quando ocorre, destrói a

visão do olho que era bom.

Os tratamentos existentes têm duas finalidades: prevenir o aparecimento da

oftalmia simpática e corrigir o defeito estético causado pela atrofia do olho.

Um dos tratamentos consiste na cirurgia de evisceração e adaptação de próteses

oculares, conhecidas popularmente como “olhos de vidro”.

Retira-se o conteúdo do olho doente e coloca-se uma pequena esfera dentro.

Geralmente essa esfera tem um diâmetro de 14 a 15 milímetros. Posteriormente adapta-se

uma prótese externa. Existem próteses que permitem movimentação ou não.

A prótese tem a finalidade de melhorar a estética dessas pessoas. Há muitos casos

em que a auto-estima é restaurada. Como desvantagem das próteses externas, pode-se

citar:

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- Nem sempre serão preservados todos os movimentos oculares, exceto em alguns

casos nos quais uma haste liga uma esfera de hidroxiapatita à prótese, o que permite tais

movimentos.

- O cuidado rigoroso de higiene que se deve ter.

- Há formação de secreções que ocorre com certa freqüência causando

desconforto aos usuários das mesmas.

- O aspecto psicológico. É freqüente haver comprometimento do estado

psicológico. Observa-se uma nítida diferença na aceitação entre uma pessoa que nasceu

com essa deficiência ou que tenha aparecido logo na infância e crescido com ela em

relação à outra que tenha adquirido na fase adulta. No primeiro caso, a aceitação é

melhor, na maioria das vezes.

Outra forma de tratamento, ainda pouco conhecida da oftalmologia, é a cirurgia

de expansão do globo ocular que estava murcho e pequeno. Essa técnica foi desenvolvida

pelo médico oftalmologista Dr. Mário Reis e divulgada no Congresso Brasileiro de 1997

ocorrido na cidade de Goiânia.

Nessa cirurgia coloca-se uma esfera bem maior, geralmente 22 a 23 milímetros

para que o volume do globo ocular fique próximo do real. Após a fase de cicatrização,

faz-se uma pintura (tatuagem) na córnea ou adapta-se uma lente de contato filtrante.

A satisfação com o aspecto estético é notória na grande maioria dos casos.

Como vantagens dessa cirurgia pode-se destacar:

- A pessoa tem todos os movimentos oculares preservados;

- Dispensa os cuidados de uma prótese ocular;

- Não causa secreções incômodas.

Se o conteúdo ocular já foi esvaziado, a córnea removida e já se usa prótese, não

se consegue mais a realização dessa técnica cirúrgica.

A condição ideal para se realizar esse procedimento é que não se tenha feita a

cirurgia de evisceração (retirada do conteúdo ocular). A córnea deve estar intacta.

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PROPTOSE - BASEDOW GRAVES

A proptose é a protrusão do globo ocular, o qual fica saltado, dando a aparência

de uma pessoa assustada.

Uma das causas mais freqüentes de proptose é o hipertireoidismo.

Um quadro conhecido de hipertireoidismo é a doença de Graves ou Basedow-

Graves. Sua causa ainda é desconhecida, porém, sabe-se identificá-la e tratá-la.

Sinais que a acompanham essa patologia:

- Doença da tireóide com hipertrofia dessa glândula, onde há um aumento da

produção dos hormônios tireoidianos, conhecida como hipertireoidismo;

- Infiltrações na pele (dermatopatia infiltrativa);

- Infiltrações nos olhos (oftalmopatia infiltrativa).

Sinais e sintomas oculares da doença de Basedow-Graves:

1- Retração das pálpebras (sinal de Dalrymple*).

2- Atraso no acompanhamento das pálpebras em relação aos olhos

quando o paciente olha para baixo (sinal de lid-lag ou de Von Graefe*).

3- Resistência à tração para baixo da pálpebra superior (sinal de Grove*).

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4- Tremor das pálpebras fechadas (sinal de Rosenbach*).

5- Diminuição da freqüência do ato de piscar (sinal de Stellwag*).

6- Aumento da pigmentação da pele palpebral (sinal de Jellinek*).

7- Dificuldade na convergência (sinal de Möbius*).

8- Paralisias dos músculos extra-oculares causando estrabismos (sinal de

Ballet*).

9- Fraca fixação do olhar lateral (sinal de Suker*).

10- Dilatação desigual das pupilas (sinal de Knie*).

11- Dificuldade de franzir a testa ao olhar para cima (sinal de Joffoy*).

12- Fraca contração da pupila à exposição de luz no outro olho,

denominado de reflexo consensual (sinal de Cowen*).

13- Crepitação audível sobre as pálpebras fechadas (sinal de Riesman*).

14- Dores oculares

15- Lacrimejamento intenso.

* os nomes dos sinais são provenientes de seus respectivos descobridores.

O olho saltado para fora da órbita, causado por essa doença, tem uma conotação

estética muito importante.

Os pacientes portadores dessa alteração ocular ficam muito preocupados com a

mudança na sua fisionomia.

O importante é fazer o diagnóstico da patologia da tireóide precocemente e tratá-

la adequadamente, para reduzir os efeitos sobre os olhos.

Uma vez instalada a proptose, o oftalmologista realizará o tratamento mais

indicado, para cada caso. Algumas vezes, a cirurgia é necessária para melhorar a parte

estética a um nível satisfatório para o paciente.

XANTELASMA

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Xantelasmas são manchas amareladas, de gordura, que aparecem nas pálpebras,

tanto superiores quanto inferiores, causando defeito estético.

A cirurgia é a melhor forma de tratar esse problema, e é relativamente simples.

São externas e superficiais, diferentemente das bolsas de gorduras orbitárias, que

são internas e profundas.

A recuperação é muito rápida, porém, a recorrência do problema é possível,

apesar de boa técnica cirúrgica.

CONJUNTIVITES

As conjuntivites formam um capítulo extenso dentro da oftalmologia e merecem

um cuidado especial, pela freqüência com que aparecem na população, sendo a doença

ocular mais freqüente do hemisfério ocidental.

Podem causar surtos de epidemia, assumir formas graves e, ainda, causar

confusões com outras doenças de sintomas semelhantes.

A lágrima é o meio de defesa mais eficaz do olho contra as invasões de

microorganismos. Seus mecanismos de proteção são basicamente:

a) Lavar e diluir os microorganismo através do escoamento pelas vias lacrimais,

jogando-os para o nariz, e assim, eliminando uma grande quantidade de germes presentes

nos olhos.

b) A evaporação da lágrima resfria o olho, inibindo o crescimento bacteriano.

c) A lágrima contém substâncias que inibem o crescimento de microorganismos:

lisozima; betalisina; IgA e IgG.

Tipos mais importantes de conjuntivites:

1- Bacterianas.

2- Clamídias ( tracoma e outras cepas de clamídias).

3- Virais.

4- Fúngicas.

5- Parasitárias.

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6- Químicas.

7- Alérgicas (atópicas).

8- Associada às doenças sistêmicas (doenças da tireóide; gota; sífilis;

tuberculose).

Características gerais das conjuntivites.

1- Olhos vermelhos.

2- Lacrimejamento.

3- Secreção ocular.

4- Sensação de corpo estranho (cisco).

5- Redução na visão quando a córnea está comprometida (cerato-

conjuntivite).

6- Fotofobia – sensibilidade à luz – também ocorre quando a córnea está

afetada. Não é tão exacerbada como na uveíte.

7- Ausência de dor, que só aparece se a córnea for atingida.

EDEMA DE PAPILA, ATROFIAS ÓPTICAS E TUMORES CEREBRAIS.

Os tumores cerebrais podem causar alterações visuais precocemente, mesmo antes

de causarem alterações neurológicas.

São três as alterações oftalmológicas mais comuns causadas pelos tumores

cerebrais:

a) Edema de papila (na cabeça do nervo óptico).

b) Atrofia do nervo óptico (fica com coloração pálida).

c) Redução da visão e do campo de visão.

O nervo óptico normal apresenta-se com as bordas bem delimitadas e uma

coloração alaranjada.

Nos casos em que essa borda perde seu nítido contorno ou ele muda de cor,

ficando esbranquiçado, pedem-se exames radiológicos para descartar a presença de um

tumor intracraniano.

O exame oftalmológico completo pode revelar outros problemas sistêmicos ainda

não detectados. Os tumores cerebrais são apenas um desses problemas, mas também

pode-se detectar o diabetes, ou a hipertensão arterial sistêmica.

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RETINOSE PIGMENTAR

Também chamada de retinite pigmentar.

É uma doença de caráter hereditário, na qual há degeneração dos bastonetes.

Os bastonetes são células receptoras da retina, responsáveis pela visão periférica

e da visão noturna.

Por isso, o primeiro sintoma da retinose pigmentar é a cegueira noturna conhecida

como hemeralopia.

A hemeralopia também pode aparecer na carência de vitamina A.

Essa doença tem início cedo, na juventude.

Após os sintomas iniciais de cegueira noturna, começa ocorrer a contração do

campo de visão, com perda da visão periférica, semelhante ao que ocorre no glaucoma, a

ponto da pessoa enxergar somente pelo centro, como se estivesse olhando por um cano de

uma espingarda ou por um tubo.

A resolução do quadro da retinose pigmentar ainda está em fase de estudos.

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COLOBOMAS

Colobomas são as más formações de certas estruturas oculares, por exemplo, da

íris, das pálpebras, e do nervo óptico.

Na íris - parte colorida dos olhos - o coloboma comumente aparece causando um

defeito na pupila. No lugar de ser redonda, a pupila fica no formato de uma fechadura.

Nas pálpebras, o coloboma causa um defeito de formação fazendo com que a

pálpebra fique partida em duas, com uma reentrância entre elas.

O coloboma do nervo óptico pode determinar uma grave redução na visão.

Aproximadamente 60% dos casos de coloboma do nervo óptico afetam os dois

olhos.

Essa patologia pode causar defeitos funcionais ou apenas estéticos.

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PARALISIA FACIAL

A paralisia facial pode afetar a função ocular. Isso ocorre porque o nervo facial

inerva os músculos da mímica facial, incluindo o músculo orbicular, que é o responsável

pelo fechamento das pálpebras.

Sinais e sintomas de uma pessoa que apresenta a paralisia facial:

1- Desvio da boca para o lado bom (sem a paralisia).

2- Queda da pálpebra inferior do lado afetado (ectrópio).

3- Perda da capacidade de contrair a testa do lado afetado.

4- Lacrimejamento.

5- Sensação de areia nos olhos.

6- Defeito estético com alteração do estado emocional.

7- Dificuldade de se fechar o olho (lagoftalmo). Constitui um grave problema à

noite durante o sono, pois o olho aberto irá ressecar. Esse item é o que mais preocupa o

oftalmologista.

Quando a pessoa tenta assobiar, a boca automaticamente entorta para o lado bom.

Esse fenômeno causa confusão. A pessoa com essa patologia pensa que o lado

torto é o afetado, enquanto na verdade, é justamente o contrário.

O lado paralisado é o que fica aparentemente certo, em posição normal, no centro.

O lado que fica aparentemente desviado é o bom.

Procurar auxílio médico oftalmológico é muito importante, pois a paralisia facial

pode deixar o olho exposto, principalmente à noite, o que pode causar uma úlcera de

córnea e às vezes, a perda da visão.

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VISÃO SUBNORMAL

A visão normal é medida por uma escala denominada de Escala de Snellen. A

medida da visão normal é de 20/20.

Essa é uma padronização americana, e a visão de 20/20 significa que uma

pessoa enxerga uma determinada letra do projetor oftalmológico a 20 pés, que equivalem

a seis metros em nossos padrões de medidas.

Considera-se uma pessoa portadora de visão sub-normal àquela que apresente

redução da visão de ambos os olhos, com visão igual ou inferior a 20/200.

Ter uma visão de 20/200 significa que essa pessoa enxerga uma letra a seis

metros, enquanto uma pessoa de visão normal enxergaria a mesma letra a 200 pés, ou

seja, a 60 metros.

Cada medida em pés corresponde aproximadamente a 33 cm em nossa escala.

Uma pessoa com visão de 20/100 enxerga a 6 metros a mesma letra que uma

pessoa normal enxergaria a 30 metros.

Quanto maior o segundo número, menor é a visão. Quem enxerga 20/400

enxerga menos que aquele com visão de 20/200. O que tem visão de 20/100 enxerga

melhor que aquele com 20/200 e assim por diante.

Quando a visão é fraca a ponto de não enxergar as letras do projetor passa-se

para a contagem de dedos. O médico mostra sua mão e pergunta ao paciente quantos

dedos estão sendo mostrados. Quando não se enxerga os dedos mesmo a uma distância

próxima, passa-se para os movimentos de mão. Se for impossível detectar os movimentos

de mão, passa-se para a detecção de luz. O nível mais baixo de visão que possa ocorrer é

a ausência de percepção luminosa. Nesses casos diz-se que a visão é zero ou SPL – sem

percepção luminosa.

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Quando a perda da visão é somente central ou macular, e a retina periférica está

preservada, as lupas podem trazer benefícios a essas pessoas, pois a imagem maior atinge

áreas fora da mácula, e o paciente consegue enxergar melhor, principalmente

aproximando o objeto dos olhos.

O ato de aproximar um objeto do olho faz com que a imagem formada na

retina seja bem maior. Um mesmo objeto a 20 cm dos olhos produz uma imagem

retiniana de tamanho 0,06 mm. O mesmo objeto a 2 cm dos olhos produz uma imagem de

0,6 mm, ou seja, 10 vezes maior.

Por isso, crianças portadoras de baixa visão preferem trazer objetos bem

próximos aos olhos, pois assim, enxergam bem melhor do que se o objeto estivesse na

posição normal. Numa pessoa de visão normal a aproximação acentuada de um objeto

provoca o inverso, ou seja, fica mais difícil de se enxergar.

BLEFARITES

Blefarites são as inflamações das pálpebras nas quais aparecem aquelas

“caspinhas” nos cílios.

Trata-se de um problema causador de desconforto ao paciente, tanto sintomático

quanto estético.

Os sinais e sintomas mais comuns são:

- olhos vermelhos;

- sensação de cisco nos olhos;

- prurido;

- Ardência;

Deve-se buscar o tratamento especializado para alívio desses sinais e sintomas.

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CURIOSIDADES DA OFTALMOLOGIA.

No exercício da oftalmologia presenciei alguns casos que merecem ser descritos:

1- Uma senhora que possuía uma alteração nos olhos que ela mesma desconhecia

sentou-se na cadeira de exames oftalmológicos. Após alguns exames, realizei o teste dos

movimentos oculares.

Solicitei que ela olhasse para baixo e no momento que levantei as pálpebras

superiores, os dois olhos saltaram para fora, e as pálpebras ficaram retraídas e presas atrás

dos olhos, que estavam numa posição anômala e não mais voltaram à posição normal.

A paciente estava sentindo dor intensa, sem saber o que fazer, ficando

desesperada. Eu tentava empurrar os olhos para dentro sem sucesso.

Os olhos estavam duros como “pedra”. Ela gritando e cada vez mais desesperada.

Tentei puxar as pálpebras para fora, também em vão.

Como os olhos haviam saltado ao olhar para baixo, solicitei que olhasse para cima.

Somente assim os olhos entraram em seus devidos lugares. A paciente e eu ficamos

aliviados.

2- Conheci uma ortoptista em Guarulhos que entorta os olhos propositalmente,

um de cada vez, mantendo o outro completamente normal em posição reta. Ela fica

estrábica de um olho só, alternadamente. Isso é muito difícil de se fazer. Poucas pessoas

no mundo devem conseguir essa façanha. O comum é entortar ambos ao mesmo tempo.

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3- Em São Paulo, um empresário conseguia deixar cair uma pálpebra superior de

cada olho alternadamente, causando uma ptose. Sem fazer força, como se fosse fechar o

olho. Ele simplesmente deixava a pálpebra cair naturalmente. É, sem dúvida, algo muito

difícil de se fazer.

4- Um paciente conseguia movimentar os olhos em ambas as direções numa

velocidade incrível, num vai e vem, sem parar, durante alguns segundos. Isso também é

raro de se ver. Ele imitava voluntariamente um movimento ocular anômalo e involuntário

chamado de nistagmo. O nistagmo via de regra demonstra haver alguma lesão

neurológica.

5- Uma vez ao indagar uma paciente sobre a medicação que estava usando. Ela

respondeu que estava usando um colírio chamado PARAPLÉGICO. O nome certo do

remédio é CICLOPLÉGICO.

6- Em outra ocasião, ao ser indagada sobre o remédio que estava usando, a

paciente disse que era um colírio chamado DINOSSAURO. O nome certo é

DUNASSON.

7- Em São Paulo estava examinando uma senhora, justamente aquele exame dos

movimentos oculares, em que a paciente deveria olhar para todos os lados e depois

somente para a ponta da caneta. Para todos os lados ela foi perfeita. Fez tudo certo, mas

quando foi solicitada que olhasse para a ponta de caneta, ela continuava a olhar para

todos os lados menos para a ponta da caneta.

Depois de muito solicitar que olhasse para a ponta da caneta disse, já quase perdendo a

paciência: Só para a ponta da caneta!

Ela imediatamente soprou a ponta da caneta. A frase: “só para a ponta da caneta” foi

entendida como: “sopre a ponta da caneta!”

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MITOS DA OFTALMOLOGIA

VERDADES E MENTIRAS

Esse capítulo é dedicado às questões e dúvidas mais freqüentes.

1- A criança que fica no berço olhando para um determinado objeto

pendurado apresentará estrabismo?

Essa é uma crença muito freqüente. É comum os pais de crianças com estrabismo

congênito ou de aparecimento até o primeiro ano de idade queixarem-se de que a criança

ficou com os olhos tortos por causa dos brinquedinhos pendurados no berço.

Na realidade, o estrabismo apareceu não por causa desse esforço para olhar os

brinquedos, e sim por ser um problema pré-existente.

2- Almoçar e tomar banho ou se olhar no espelho causa estrabismo ou

outra doença nos olhos?

Esta é uma outra crença popular muito arraigada. Almoçar e tomar banho ou se

olhar no espelho não causa dano algum para os olhos.

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3- Golpe de ar frio após um banho quente, causa problema de vista?

Tomar banho quente e pegar um vento pode até causar algum resfriado se a

pessoa estiver com a resistência imunológica mais frágil, mas não causa danos aos olhos,

como se imagina.

4- Tomar leite com manga faz mal para a visão?

Nem leite com manga, nem com melancia nem com nenhuma outra fruta. É claro

que existem pessoas que têm a digestão mais difícil. Essas pessoas podem até ter algum

distúrbio digestivo com certas associações alimentares, mas sem nenhum dano para os

olhos.

5- Assistir televisão de perto, computador ou vídeo game causa danos à

visão?

Os monitores de vídeo-game, televisão ou computadores emitem uma certa dose

de radiação ultra-violeta, porém, nada que cause danos à visão, que tenha sido

comprovado cientificamente. Principalmente, os equipamentos mais modernos, que são

dotados de telas com proteção.

Deficientes visuais que precisam ficar próximos da tela para enxergar, podem

fazê-lo sem o menor problema.

6- Ler com o carro em movimento faz mal para os olhos ou dá dor de

cabeça?

Pode até causar dor de cabeça e tontura em algumas pessoas, porém, não passa

disso. Não causa nenhum dano para os olhos. Há pessoas que jamais conseguem ler com

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o carro em movimento. Outras lêem sem nenhum sintoma. Vai da constituição de cada

um. Se você consegue ler em movimento, pode continuar.

7- Ler com pouca iluminação faz mal à visão?

Ler em ambiente de pouca luz não chega a prejudicar a visão como muitos

acreditam, mas torna a leitura mais difícil e trabalhosa. Pode causar cansaço visual pelo

maior esforço, mas não dano permanente à visão. Entretanto recomenda-se ler em

ambientes bem iluminados e arejados, o que facilita a leitura e a torna mais prazerosa.

8- Ler deitado faz mal à visão?

Ler deitado não prejudica a visão. Pode causar cansaço devido ao esforço de ter

que segurar o livro ou dor nas costas se estiver de bruços, pelo estiramento lombar.

Quanto à visão pode ficar tranqüilo.

9- Brincar de entortar os olhos e pegar um vento pode causar olho torto

para sempre?

Isso também é crendice. Brincar de entortar os olhos não causa estrabismo

permanente, nem com vento nem sem vento. O estrabismo é uma patologia multifatorial

que envolve genética, fator emocional, doenças sistêmicas, traumas, erros de refração.

Mas não há comprovação que pessoas que brincam de entortar os olhos possam vir a se

tornar estrábicas permanentemente.

10- Lavar os olhos com chá de rosas brancas é bom para coceiras e

irritações?

As medicinas alternativas, naturais, têm muitas coisas e propriedades que são

desconhecidas pela medicina alopática tradicional. O que se pode afirmar é que o referido

chá causa alívio do prurido (coceira) em alguns casos de alergias oculares. Deve-se ter

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em mente uma coisa, cuidado com a água com que se faz o chá. Se for água contaminada

com germes, pode haver contaminação do olho, principalmente com amebas

(acanthameba). Isso pode ser nocivo. Outro problema da automedicação dessa natureza é

se for um problema mais grave que uma simples irritação alérgica. O retardo no

tratamento especializado poderá causar maiores danos aos olhos.

11- Costurar muito prejudica a visão?

Freqüentemente, pessoas relatam que ficaram com a visão fraca para perto porque

fizeram muito esforço para costurar durante anos de suas vidas.

Na realidade, essas pessoas teriam a vista cansada de qualquer forma, mesmo se

não tivessem costurado uma única vez.

O fenômeno da vista cansada aparece por volta dos 40 anos de idade na maioria

das pessoas afetando tanto homens quanto mulheres.

Na maioria das vezes, muitos desses homens nunca colocaram linha numa agulha.

Portanto, se você gosta de costurar, bordar, tricotar, fique tranqüila, não haverá

nenhum mal aos seus olhos por conta disso.

12- Rodelas de batatas ou pepinos colocadas sobre os olhos refrescam?

Esse é um fato verdadeiro. Rodelas de pepinos ou de batatas colocados sobre os

olhos fechados, ou seja, sobre as pálpebras, realmente refrescam e retiram o cansaço dos

mesmos.

O mesmo efeito pode ser observado quando se faz compressas de água fria sobre os

olhos. Há um refrescamento imediato.

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13- Compressa de água gelada melhora irritação ou inchaço?

A compressa de água gelada produz um refrescamento ocular e promove redução

no edema, principalmente pós-traumatismos ou cirurgias nas pálpebras.

14- Pingar limão nos olhos faz bem ou mal?

O limão é muito usado na prática da medicina natural. Existe uma prática popular

de usá-lo também nos olhos.

Ele causa uma queimação e ardor quando instilado nos olhos devido seu PH ácido.

O que se observa é que algumas irritações mais simples como, por exemplo, as

causadas pelas alergias, realmente sofrem uma certa melhora com o limão. O problema é

o mesmo do chá de rosas brancas. Pode causar o retardo na procura de um tratamento

mais adequado e especializado.

15- É verdade que uma criança pode ter olho torto quando nasce um

irmãozinho ou irmãzinha?

Acha-se que isso é simples crendice popular, mas não é.

Esse fato é real. O estrabismo pode aparecer após uma forte emoção, tais como

separação dos pais, nascimento de uma nova criança na família, o que desperta ciúme por

parte da criança mais velha, que pensa que vai perder seu “lugar de destaque”.

16- Coçar os olhos faz mal?

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O hábito de esfregar os olhos com força pode ser muito prejudicial aos mesmos.

Aumenta-se o risco de haver rupturas na retina e por conseguinte, descolamentos da

mesma.

Os portadores de ceratocone, já discutido no capítulo apropriado, ao coçarem os

olhos podem causar um edema na córnea, havendo descompensação da mesma com

queda da visão.

Quando há prurido ocular intenso, a causa mais provável é alergia ocular. Deve-se

procurar o tratamento adequado para se evitar problemas mais graves futuros.

Ainda há um grave perigo para as pessoas que esfregam os olhos com força. A

compressão do globo ocular gera em estímulo chamado vagal, que vem do nervo vago,

ou também chamado de óculo-cardíaco.

Esse estímulo vagal pode gerar uma bradicardia - diminuição na freqüência do

coração-, o que pode ser perigoso em pessoas mais susceptíveis.

17- O uso de água boricada para lavar os olhos faz mal?

A água boricada não causa mal algum. Ela pode ser usada para lavar os olhos.

Tenha o cuidado de mantê-la na geladeira depois de aberta, para evitar contaminação.

Evite frascos grandes, pois demoram a acabar e aumenta-se o risco de contaminação.

Caso a irritação permaneça, procure seu oftalmologista.

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CONCLUSÃO FINAL

A visão é um sentido nobre. Quem a possui perfeita costuma dar pouco valor.

Quando se perde, descobre-se a falta que faz.

Espero que essas informações sobre os principais problemas dos olhos tenham lhe

sido de grande utilidade.

O maior objetivo desse livro é instruir e alertar sobre as patologias oculares mais

freqüentes e evitar que pessoas percam a visão por desconhecimento.

CONTRA-CAPA

Este livro tem por objetivo auxiliar na compreensão e nos cuidados com os olhos, solucionando dúvidas e principalmente ajudando na prevenção de doenças deste órgão. Sua linguagem acessível e a disposição de seus capítulos propiciam que ele seja usado também para consulta rápida, sendo um ótimo livro para se ter à mão sempre que precisar.