Orientações Curriculares Pré-Escolar

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    PR-ESCOLAR

    EDUCAO

    O r i e n t a e s C u r r i c u l a r e s p a r a a E d u c a o P r - E s c o l a r

    M I N I S T R I O D A E D U C A ODepartamento da Educao Bsica Ncleo de Educao Pr-Escolar

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    PR-ESCOLAR

    EDUCAO

    O r i e n t a e s C u r r i c u l a r e s p a r a a E d u c a o P r - E s c o l a r

    M I N I S T R I O D A E D U C A ODepartamento da Educao Bsica Ncleo de Educao Pr-Escolar

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    Ficha Tcnica

    TtuloOrientaes Curriculares

    para a Educao Pr-Escolar

    EditorMinistrio da Educao

    Departamento da Educao BsicaGabinete para a Expanso

    e Desenvolvimentoda Educao Pr-Escolar

    Av. 24 de Julho, 140 1300 Lisboa

    Directora do Departamentoda Educao BsicaTeresa Vasconcelos

    TextoM. Isabel Ramos Lopes da Silva

    (Instituto de Inovao Educacional)e Ncleo de Educao Pr-Escolar

    IlustraoManuela Bacelar

    Capa e Concepo GrficaCeclia Guimares

    Tiragem25 000

    ImpressoEditorial do Ministrio da Educao

    Data

    Setembro 1997N.o Depsito Legal

    114 801/97

    ISBN972-742-087-7

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    ColecoEDUCAO PR-ESCOLAR

    1Orientaes Curricularespara a Educao Pr-Escolar

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    com maior gosto que levamos a todos os jardins de infncia as Orientaes Curricularespara a Educao Pr-Escolar. Trata-se do culminar de um processo que envolveu profissio-nais, formadores, investigadores e tcnicos da administrao central e local, associaesprofissionais e sindicais, representantes dos pais, etc., na construo de um documento quefosse espelho daquilo que hoje sabemos que a educao pr-escolar deve proporcionar s cri-anas, isto , reflexo daquilo que a sociedade, no seu todo, pede educao pr-escolar.

    Estas Orientaes Curriculares sero pontos de apoio para a prtica pedaggica dos edu-cadores, so espelho da sua coerncia profissional, permitindo uma maior afirmao soci-

    al da educao pr-escolar, como afirmavam, h j largos anos, alguns educadores de infn-cia, sondados sobre esta matria*. Doutora Isabel Lopes da Silva (Instituto de InovaoEducacional) e ao Ncleo de Educao Pr-Escolar do Departamento da Educao Bsica, oreconhecimento pelo trabalho de rigor e qualidade desenvolvido na preparao deste docu-mento.

    No esqueamos: o educador o construtor, o gestor do currculo, no mbito do projectoeducativo do estabelecimento ou do conjunto de estabelecimentos. O educador deve cons-truir esse currculo com a equipa pedaggica, escutando os saberes das crianas e suas fam-lias, os desejos da comunidade e, tambm, as solicitaes dos outros nveis educativos.

    Pretende-se que estas Orientaes sejam um ponto de apoio para uma educao pr-esco-lar enquanto primeira etapa da educao bsica, estrutura de suporte de uma educao quese desenvolve ao longo da vida. Podero contribuir para que a educao pr-escolar de qua-lidade se torne motor de cidadania, alicerce de uma vida social, emocional e intelectual, queseja um todo integrado e dinmico para todas as crianas portuguesas e no apenas paraalgumas.

    Teresa Vasconcelos

    Directora do Departamento da Educao Bsicae

    Coordenadora do Gabinete para a Expanso e Desenvolvimento

    da Educao Pr-Escolar(GEDEPE)

    * Vasconcelos, (1990) Modelos Pedaggicos na educao pr-escolar: Que pensam os educadores?Aprender, 11,38-44.

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    NDICE

    II Princpios GeraisIntroduo __________________________________________________________________________________________ 13

    Princpio geral e objectivos pedaggicos enunciadosna Lei-Quadro da Educao Pr-Escolar _________________________________________ 15Fundamentos e organizao das OrientaesCurriculares _________________________________________________________________________________________ 17Orientaes globais para o educador ________________________________________________ 25

    II Interveno Educativa

    Organizao do ambiente educativo _________________________________________________ 31

    Abordagem sistmica e ecolgica do ambiente educativo ______________ 31Organizao do grupo, do espao e do tempo ________________________________ 34Organizao do meio institucional __________________________________________________ 41Relao com os pais e outros parceiros educativos _________________________ 42

    reas de contedo ______________________________________________________________________________ 47

    Articulao de contedos ________________________________________________________________ 48rea de formao pessoal e social __________________________________________________ 51rea de expresso e comunicao ___________________________________________________ 56

    Domnio das expresses motora, dramtica, plstica e musical ________ 57Domnio da linguagem oral e abordagem escrita _________________________ 65Domnio da matemtica _______________________________________________________________ 73

    rea de conhecimento do mundo ____________________________________________________ 79

    Continuidade educativa ______________________________________________________________________ 87

    Intencionalidade Educativa ________________________________________________________________ 93

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    I . P r i n c p i o s G e r a i s

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    As Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar aprovadas pelo presentedespacho* decorrem de um debate amplamente participado que permitiu a sua pro-gressiva reformulao.

    A diversidade e riqueza das contribuies de servios e instituies que desempenhamum papel relevante na educao pr-escolar, bem como de numerosos grupos de edu-cadores que se disponibilizaram para analisar o documento base e apresentar as suascrticas e sugestes, possibilitaram a progressiva melhoria do documento final. Esteprocesso permitiu, ainda, distinguir os princpios gerais das Orientaes Curriculares,a que se refere este despacho, do seu desenvolvimento pedaggico, a publicar peloDepartamento da Educao Bsica. A complementaridade destes dois textos visatorn-los um instrumento til para os educadores reflectirem sobre a prtica e encon-trarem as respostas educativas mais adequadas para as crianas com quem trabalham.

    As Orientaes Curriculares constituem um conjunto de princpios para apoiar oeducador nas decises sobre a sua prtica, ou seja, para conduzir o processo educa-tivo a desenvolver com as crianas.

    As Orientaes Curriculares constituem uma referncia comum para todos os edu-cadores da Rede Nacional de Educao Pr-Escolar e destinam-se organizao dacomponente educativa. No so um programa, pois adoptam uma perspectiva maiscentrada em indicaes para o educador do que na previso de aprendizagens a rea-lizar pelas crianas. Diferenciam-se tambm de algumas concepes de currculo,por serem mais gerais e abrangentes, isto , por inclurem a possibilidade de funda-mentar diversas opes educativas e, portanto, vrios currculos.

    Ao constituirem um quadro de referncia para todos os educadores, as OrientaesCurriculares pretendem contribuir para promover uma melhoria da qualidade daeducao pr-escolar.

    O presente documento organiza-se do seguinte modo:

    1 Princpio geral e objectivos pedaggicos enunciados na Lei Quadro da Educa-o Pr-Escolar

    * Despacho n.o 5220/97 (2.a srie), de 10 de Julho, publicado no D. R. n.o 178, II srie, de 4 de Agosto.

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    INTRODUO

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    2 Fundamentos e organizao das Orientaes Curriculares

    3 Orientaes gerais para o educador

    As Orientaes Curriculares assentam nos seguintes fundamentos articulados: o desenvolvimento e aprendizagem como vertentes indissociveis;

    o reconhecimento da criana como sujeito do processo educativo o quesignifica partir do que a criana j sabe e valorizar os seus saberes como funda-mento de novas aprendizagens;

    a construo articulada do saber o que implica que as diferentes reas a con-templar no devero ser vistas como compartimentos estanques, mas abordadasde uma forma globalizante e integrada;

    a exigncia de resposta a todas as crianas o que pressupe uma pedagogiadiferenciada, centrada na cooperao, em que cada criana beneficia do processoeducativo desenvolvido com o grupo.

    Com suporte nestes fundamentos, o desenvolvimento curricular, da responsabili-dade do educador, ter em conta:

    os objectivos gerais enunciados na Lei Quadro da Educao Pr-Escolarcomo intenes que devem orientar a prtica profissional dos educadores;

    a organizao do ambiente educativo como suporte do trabalho curricular eda sua intencionalidade. O ambiente educativo comporta diferentes nveis eminteraco: a organizao do grupo, do espao e do tempo; a organizao do esta-belecimento educativo; a relao com os pais e com outros parceiros educativos;

    as reas de contedo que constituem as referncias gerais a considerar noplaneamento e avaliao das situaes e oportunidades de aprendizagem. Distin-guem-se trs reas de contedo: rea de Formao Pessoal e Social; rea de Expresso/Comunicao que compreende trs domnios:

    a) domnio das expresses com diferentes vertentes expresso motora,expresso dramtica, expresso plstica e expresso musical;

    b) domnio da linguagem e abordagem escrita;c) domnio da matemtica;

    rea de Conhecimento do Mundo;

    a continuidade educativa como processo que parte do que as crianas j sabeme aprenderam, criando condies para o sucesso nas aprendizagens seguintes;

    a intencionalidade educativa que decorre do processo reflexivo de observa-

    o, planeamento, aco e avaliao desenvolvido pelo educador, de forma aadequar a sua prtica s necessidades das crianas.

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    A Lei-Quadro da Educao Pr-Escolar estabelece comoprincpio geral que a educao pr-escolar a primeiraetapa da educao bsica no processo de educao ao longo

    da vida, sendo complementar da aco educativa da fam-lia, com a qual deve estabelecer estreita relao, favore-cendo a formao e o desenvolvimento equilibrado da cri-ana, tendo em vista a sua plena insero na sociedadecomo ser autnomo, livre e solidrio.

    Este princpio fundamenta todo o articulado da lei e deledecorrem os objectivos gerais pedaggicos definidos para aeducao pr-escolar:

    a) Promover o desenvolvimento pessoal e social da crianacom base em experincias de vida democrtica numaperspectiva de educao para a cidadania;

    b) Fomentar a insero da criana em grupos sociaisdiversos, no respeito pela pluralidade das culturas,favorecendo uma progressiva conscincia como membroda sociedade;

    c) Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso escola e para o sucesso da aprendizagem;

    d) Estimular o desenvolvimento global da criana no res- peito pelas suas caractersticas individuais, incutindocomportamentos que favoream aprendizagens signifi-cativas e diferenciadas;

    e) Desenvolver a expresso e a comunicao atravs delinguagens mltiplas como meios de relao, de infor-mao, de sensibilizao esttica e de compreenso domundo;

    Princpio Geral

    Objectivos

    Pedaggicos

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    PRINCPIO GERAL E OBJECTIVOS PEDAGGICOSENUNCIADOS NA LEI-QUADRODA EDUCAO PR-ESCOLAR

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    f) Despertar a curiosidade e o pensamento crtico;

    g) Proporcionar criana ocasies de bem estar e de segu-rana, nomeadamente no mbito da sade individual e

    colectiva;

    h) Proceder despistagem de inadaptaes, deficinciasou precocidades e promover a melhor orientao eencaminhamento da criana;

    i) Incentivar a participao das famlias no processo edu-cativo e estabelecer relaes de efectiva colaboraocom a comunidade.

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    O princpio geral e os objectivos pedaggicos enunciadosna Lei-Quadro enquadram os fundamentos e a organizaodas Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar.

    Assim, as diferentes afirmaes contidas no princpio geralda Lei-Quadro, destacadas no texto, relacionam-se com osobjectivos gerais, para explicitar como se traduzem nasOrientaes Curriculares.

    A educao pr-escolar a primeira etapa da educa-o bsica no processo de educao ao longo davida.

    Esta afirmao implica que durante esta etapa se criem ascondies necessrias para as crianas continuarem aaprender, ou seja, importa que na educao pr-escolar ascrianas aprendam a aprender. Desta afirmao decorretambm o objectivo geral:

    Contribuir para a igualdade de oportunidades noacesso escola e para o sucesso das aprendiza-gens.

    No se pretende que a educao pr-escolar se organize emfuno de uma preparao para a escolaridade obrigatria,mas que se perspective no sentido da educao ao longo davida, devendo, contudo, a criana ter condies para abor-dar com sucesso a etapa seguinte.

    A educao pr-escolar foi apontada como um possvellocal de insucesso escolar precoce em que algumas crian-as aprendem que no so to capazes como as outras.Concluses da investigao sociolgica demonstraram,

    educao ao

    longo da vida

    aprender a

    aprender

    igualdade de

    oportunidades

    sucesso escolar

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    FUNDAMENTOSE ORGANIZAODAS ORIENTAES CURRICULARES

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    tambm, que o insucesso escolar recai maioritariamente emcrianas de meios populares, cuja cultura familiar est maisdistante da cultura escolar.

    Para que a educao pr-escolar possa contribuir para umamaior igualdade de oportunidades, as Orientaes Curri-culares acentuam a importncia de uma pedagogia estrutu-rada, o que implica uma organizao intencional e sistem-tica do processo pedaggico, exigindo que o educador pla-neie o seu trabalho e avalie o processo e os seus efeitos nodesenvolvimento e na aprendizagem das crianas.

    Adoptar uma pedagogia organizada e estruturada no sig-nifica introduzir na educao pr-escolar certas prticas"tradicionais" sem sentido para as crianas, nem menospre-zar o carcter ldico de que se revestem muitas aprendiza-gens, pois o prazer de aprender e de dominar determinadascompetncias exige tambm esforo, concentrao e inves-timento pessoal.

    A educao pr-escolar cria condies para o sucesso daaprendizagem de todas as crianas, na medida em que pro-

    move a sua auto-estima e auto-confiana e desenvolvecompetncias que permitem que cada criana reconhea assuas possiblidades e progressos.

    Os diversos contextos de educao pr-escolar so, assim,espaos onde as crianas constroem a sua aprendizagem, deforma a:

    Favorecer a formao e o desenvolvimento equili-brado da criana.

    Esta afirmao do princpio geral fundamenta o objectivo:

    Estimular o desenvolvimento global da criana, norespeito pelas suas caractersticas individuais,desenvolvimento que implica favorecer aprendiza-gens significativas e diferenciadas.

    Este objectivo aponta, assim, para a interligao entre desen-

    volvimento e aprendizagem defendida por diferentes cor-rentes actuais da psicologia e da sociologia, que conside-

    pedagogia

    estruturada

    carcter ldico

    sucesso da

    aprendizagem

    formao e

    desenvolvimento

    interligao

    desenvolvimento /

    aprendizagem

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    ram que o ser humano se desenvolve num processo de inter-aco social. Nesta perspectiva a criana desempenha umpapel activo na sua interaco com o meio que, por seu

    turno, lhe dever fornecer condies favorveis para que sedesenvolva e aprenda.

    Admitir que a criana desempenha um papel activo naconstruo do seu desenvolvimento e aprendizagem, supeencar-la como sujeito e no como objecto do processoeducativo.

    Neste sentido, acentua-se a importncia da educao pr--escolar partir do que as crianas sabem, da sua cultura esaberes prprios. Respeitar e valorizar as caractersticasindividuais da criana, a sua diferena, constitui a base denovas aprendizagens. A oportunidade de usufruir de expe-rincias educativas diversificadas, num contexto facilitadorde interaces sociais alargadas com outras crianas e adul-tos, permite que cada criana, ao construir o seu desenvol-vimento e aprendizagem, v contribuindo para o desenvol-vimento e aprendizagem dos outros.

    O respeito pela diferena inclui as crianas que se afastamdos padres "normais", devendo a educao pr-escolar darresposta a todas e a cada uma das crianas. Nesta perspectivade "escola inclusiva", a educao pr-escolar dever adoptara prtica de uma pedagogia diferenciada, centrada na coope-rao, que inclua todas as crianas, aceite as diferenas,apoie a aprendizagem, responda s necessidades individuais.

    O conceito de "escola inclusiva" supe que o planeamento

    seja realizado tendo em conta o grupo. Este plano adap-tado e diferenciado de acordo com as cractersticas indivi-duais, de modo a oferecer a cada criana condies estimu-lantes para o seu desenvolvimento e aprendizagem. Pelasua referncia ao grupo, vai mais longe que a perspectivade integrao que admitia a necessidade de planos indivi-duais e especficos para as crianas "diferentes". Assim,mesmo as crianas diagnosticadas como tendo "necessida-des educativas especiais" so includas no grupo e benefi-

    ciam das oportunidades educativas que so proporcionadasa todos.

    criana como

    sujeito

    do processo

    educativo

    partir do que a

    criana sabe

    educao paratodos

    escola

    inclusiva

    planeamento

    para o grupo

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    As condies que se consideram necessrias para a existnciade uma "escola inclusiva" tais como, o bom funcionamentodo estabelecimento educativo, o envolvimento de todos inter-

    venientes profissionais, crianas, pais e comunidade aplanificao em equipa, so aspectos a ter em conta no pro-cesso educativo a desenvolver na educao pr-escolar.

    A resposta que a educao pr-escolar deve dar a todas ascrianas organiza-se:

    Tendo em vista a sua plena insero na sociedadecomo ser autnomo, livre e solidrio.

    Esta ltima afirmao do princpio geral que orienta a edu-cao pr-escolar concretiza-se em diferentes objectivos,relacionando-se directamente com os seguintes:

    Promover o desenvolvimento pessoal e social da cri-ana com base em experincias de vida democrticanuma perspectiva de educao para a cidadania;

    Fomentar a insero da criana em grupos sociaisdiversos, no respeito pela pluralidade das culturas,

    favorecendo uma progressiva conscincia comomembro da sociedade.

    No sentido da educao para a cidadania, as OrientaesCurriculares do particular importncia Organizao doAmbiente Educativo como um contexto de vida democr-tica em que as crianas participam, onde contactam eaprendem a respeitar diferentes culturas. nesta vivnciaque se inscreve a rea de Formao Pessoal e Social consi-derada como rea integradora de todo o processo de educa-o pr-escolar.

    tambm objectivo da educao pr-escolar:

    Proporcionar ocasies de bem-estar e de segu-rana, nomeadamente no mbito da sade individuale colectiva.

    O bem estar e segurana dependem tambm do ambiente

    educativo, em que a criana se sente acolhida, escutada evalorizada, o que contribui para a sua auto-estima e desejo

    funcionamento

    do estabeleci-

    mento educativo

    desenvolvi-

    mento pessoal e

    social

    educao para

    a cidadania

    Organizao do

    Ambiente

    Educativo

    Formao

    Pessoal e Social

    bem-estar

    e segurana

    0

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    de aprender. Um ambiente em que se sente bem porque soatendidas as suas necessidades psicolgicas e fsicas. Obem estar relacionado com a sade individual e colectiva

    tambm ocasio de uma educao para a sade que fazparte da formao do cidado.

    Mas, a educao da criana, tendo em vista a plena inser-o na sociedade como ser autnomo, livre e solidrio,implica tambm outras formas de desenvolvimento eaprendizagem, a que se refere o objectivo:

    Desenvolver a expresso e a comunicao atravsde linguagens mltiplas como meios de relao, de

    informao, de sensibilizao esttica e de compre-enso do mundo.

    Este objectivo contemplado nas reas Expresso eComunicao e Conhecimento do Mundo. Existindo umaligao entre as duas, a primeira engloba diferentes formasde linguagem distribudas por trs domnios: domnio dasexpresses, com diferentes vertentes expresso motora,expresso dramtica, expresso plstica e expresso musi-

    cal ; domnio da linguagem e abordagem escrita, queinclui outras linguagens como a informtica e a audiovisuale ainda, a possiblidade de sensibilizao a uma lnguaestrangeira; o domnio da matemtica, considerado comouma outra forma de linguagem, faz tambm parte da reade Expresso e Comunicao.

    Sendo o domnio destas linguagens importante em simesmo, elas tambm so meios de relao, de sensibiliza-o esttica e de obteno de informao. Deste modo, area de Expresso e Comunicao constitui uma reabsica que contribui simultaneamente para a FormaoPessoal e Social e para o Conhecimento do Mundo. Por seuturno, a rea do Conhecimento do Mundo permite articularas outras duas, pois atravs das relaes com os outrosque se vai construindo a identidade pessoal e se vaitomando posio perante o "mundo" social e fsico. Darsentido a esse "mundo" passa pela utilizao de sistemassimblico-culturais.

    Expresso

    e Comunicao

    Conhecimento

    do Mundo

    articulao de

    contedos

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    No se considerando estas diferentes reas como comparti-mentos estanques, acentua-se a importncia de interligar asdiferentes reas de contedo e de as contextualizar num

    determinado ambiente educativo. Assim, a organizao doambiente educativo na relao com o meio envolventeconstitui o suporte do desenvolvimento curricular. S esteprocesso articulado permite atingir um outro objectivo quedever atravessar toda a educao pr-escolar:

    despertar a curiosidade e o esprito crtico.

    Este objectivo concretiza-se nas diferentes reas de con-tedo que se articulam numa formao global, que ser o

    fundamento do processo de educao ao longo da vida.Uma outra afirmao do princpio geral da Lei-Quadroconsidera a educao pr-escolar como:

    complementar da aco educativa da famlia, com aqual deve estabelecer estreita relao.

    Esta afirmao que acentua a importncia da relao com afamlia, traduz-se no objectivo:

    Incentivar a participao das famlias no processoeducativo e estabelecer relaes de efectiva colabo-rao com a comunidade.

    Os pais ou encarregados de educao so os responsveispela criana e tambm os seus primeiros e principais edu-cadores. Estando hoje, de certo modo ultrapassada a tnicacolocada numa funo compensatria, pensa-se que osefeitos da educao pr-escolar esto intimamente relacio-

    nados com a articulao com as famlias. J no se procuracompensar o meio familiar, mas partir dele e ter em contaa(s) cultura(s) de que as crianas so oriundas, para que aeducao pr-escolar se possa tornar mediadora entre asculturas de origem das crianas e a cultura de que tero dese apropriar para terem uma aprendizagem com sucesso.

    Sendo a educao pr-escolar complementar da aco edu-cativa da famlia, haver que assegurar a articulao entre o

    estabelecimento educativo e as famlias, no sentido deencontrar, num determinado contexto social, as respostas

    curiosidade e

    esprito crtico

    participao da

    famlia

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    mais adequadas para as crianas e famlias, cabendo aospais participar na elaborao do projecto educativo do esta-belecimento.

    Mas, no s a famlia, como tambm o meio social em quea criana vive influencia a sua educao, beneficiando aescola da conjugao de esforos e da potencializao derecursos da comunidade para a educao das crianas e dos jovens. Assim, tanto os pais, como outros membros dacomunidade podero colaborar no desenvolvimento doprojecto educativo do estabelecimento.

    O processo de colaborao com os pais e com a comuni-dade tem efeitos na educao das crianas e, ainda, conse-quncias no desenvolvimento e na aprendizagem dos adul-tos que desempenham funes na sua educao.

    projecto

    educativo do

    estabelecimento

    participao da

    comunidade

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    A intencionalidade do processo educativo que caracteriza ainterveno profissional do educador passa por diferentesetapas interligadas que se vo sucedendo e aprofundando,

    o que pressupe:

    Observar cada criana e o grupo para conhecer as suascapacidades, interesses e dificuldades, recolher as informa-es sobre o contexto familiar e o meio em que as crianas

    vivem, so prticas necessrias para compreender melhoras caractersticas das crianas e adequar o processo educa-tivo s suas necessidades.

    O conhecimento da criana e da sua evoluo constitui ofundamento da diferenciao pedaggica que parte do queesta sabe e capaz de fazer para alargar os seus interessese desenvolver as suas potencialidades. Este conhecimentoresulta de uma observao contnua e supe a necessidadede referncias tais como, produtos das crianas e diferentesformas de registo.

    Trata-se fundamentalmente de dispr de elementos quepossam ser periodicamente analisados, de modo a compre-ender o processo desenvolvido e os seus efeitos na apren-dizagem de cada criana. A observao constitui, destemodo, a base do planeamento e da avaliao, servindo desuporte intencionalidade do processo educativo.

    Observar

    conhecimento

    da criana

    diferenciao

    pedaggica

    base do planea-

    mento e da ava-

    liao

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    ORIENTAES GLOBAISPARA O EDUCADOR

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    Planear o processo educativo de acordo com o que o edu-cador sabe do grupo e de cada criana, do seu contextofamiliar e social condio para que a educao pr-esco-lar proporcione um ambiente estimulante de desenvolvi-mento e promova aprendizagens significativas e diversifi-cadas que contribuam para uma maior igualdade de opor-tunidades.

    Planear implica que o educador reflicta sobre as suas inten-

    es educativas e as formas de as adequar ao grupo, pre-vendo situaes e experincias de aprendizagem e organi-zando os recursos humanos e materiais necessrios suarealizao. O planeamento do ambiente educativo permites crianas explorar e utilizar espaos, materiais e instru-mentos colocados sua disposio, proporcionando-lhesinteraces diversificadas com todo o grupo, em pequenosgrupos e entre pares, e tambm a possibilidade de interagircom outros adultos. Este planeamento ter em conta asdiferentes reas de contedo e a sua articulao, bem comoa previso de vrias possibilidades que se concretizam oumodificam, de acordo com as situaes e as propostas dascrianas.

    Cabe, assim, ao educador planear situaes de aprendiza-gem que sejam suficientemente desafiadoras, de modo ainteressar e a estimular cada criana, apoiando-a para quechegue a nveis de realizao a que no chegaria por si s,mas acautelando situaes de excessiva exigncia de que

    possa resultar desencorajamento e diminuio de auto-estima.

    O planeamento realizado com a participao das crianas,permite ao grupo beneficiar da sua diversidade, das capaci-dades e competncias de cada criana, num processo departilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimentode todas e de cada uma.

    Planear

    aprendizagenssignificativas e

    diversificadas

    reflexo sobre

    as inteneseducativas

    articulao das

    reas de con-

    tedo

    participao

    das crianas no

    planeamento

    6

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    P r i n c p i o s G e r a i s

    Concretizar na aco as suas intenes educativas, adap-tando-as s propostas das crianas e tirando partido dassituaes e oportunidades imprevistas. A participao deoutros adultos auxiliar de aco educativa, pais, outrosmembros da comunidade na realizao de oportunidadeseducativas planeadas pelo educador uma forma de alargaras interaces das crianas e de enriquecer o processo edu-cativo.

    Avaliar o processo e os efeitos, implica tomar conscinciada aco para adequar o processo educativo s necessida-des das crianas e do grupo e sua evoluo.

    A avaliao realizada com as crianas uma actividadeeducativa, constituindo tambm uma base de avaliao para

    o educador. A sua reflexo, a partir dos efeitos que vaiobservando, possibilita-lhe estabelecer a progresso dasaprendizagens a desenvolver com cada criana. Neste sen-tido, a avaliao suporte do planeamento.

    O conhecimento que o educador adquire da criana e domodo como esta evolui enriquecido pela partilha comoutros adultos que tambm tm responsabilidades na suaeducao, nomeadamente, colegas, auxiliares de acoeducativa e, tambm, os pais. Se o trabalho de profissionaisem equipa constitui um meio de auto-formao com bene-fcios para a educao da criana, a troca de opinies comos pais permite um melhor conhecimento da criana e deoutros contextos que influenciam a sua educao: famlia ecomunidade.

    Comunicar

    Avaliar

    Agir

    concretizaoda aco

    tomar

    conscincia

    da aco

    avaliao com

    as crianas

    partilha com

    a equipa

    e com os pais27

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    Cabe ao educador promover a continuidade educativa numprocesso marcado pela entrada para a educao pr-escolare a transio para a escolaridade obrigatria. A relao esta-belecida com os pais antes da criana frequentar a educa-o pr-escolar facilita a comunicao entre o educador eos pais, favorecendo a prpria adaptao da criana. tam-bm funo do educador proporcionar as condies paraque cada criana tenha uma aprendizagem com sucesso nafase seguinte competindo-lhe, em colaborao com os pais

    e em articulao com os colegas do 1.o

    ciclo, facilitar atransio da criana para a escolaridade obrigatria.

    Articular

    continuidadeeducativa

    articulao

    com o 1.o ciclo

    8

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    I I . I n t e r v e n o E d u c a t i v a

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    A segunda parte das Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar Interveno Educativa desenvolve e concretiza os Princpios Gerais aprova-dos pelo Despacho n.o 5220/97 (2.a srie), de 4 de Agosto. Este texto constitui umabase de reflexo individual e colectiva, com o objectivo de permitir aos educadoressituar as suas opes educativas e encontrar as prticas mais adequadas ao contexto

    e ao grupo de crianas.

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    ORGANIZAODO AMBIENTE EDUCATIVO

    I n t e r v e n o E d u c a t i v a

    O contexto institucional de educao pr-escolar deveorganizar-se como um ambiente facilitador do desenvolvi-mento e da aprendizagem das crianas. Este ambiente

    dever ainda proporcionar ocasies de formao dos adul-tos que trabalham nesse contexto.

    Esta organizao diz respeito s condies de interacoentre os diferentes intervenientes - entre crianas, entre cri-anas e adultos e entre adultos - e gesto de recursoshumanos e materiais que implica a prospeco de meiospara melhorar as funes educativas da instituio.

    Por todas estas razes se considera que a organizao doambiente educativo constitui o suporte do trabalho curricu-lar do educador.

    ABORDAGEM SISTMICA E ECOLGICADO AMBIENTE EDUCATIVO

    Para que a educao pr-escolar encontre as respostas maisadequadas populao que a frequenta, a organizao doambiente educativo ter em conta diferentes nveis em inter-aco, o que aponta para uma abordagem sistmica e ecol-gica da educao pr-escolar. Esta perspectiva assenta nopressuposto que o desenvolvimento humano constitui um pro-

    cesso dinmico de relao com o meio, em que o indivduo influenciado, mas tambm influencia o meio em que vive.

    31

    suporte

    do trabalho

    curricular

    diferentes

    nveis em

    interaco

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    Para compreender a complexidade do meio importa consi-der-lo como constitudo por diferentes sistemas quedesempenham funes especficas e que, estando em inter-

    conexo, se apresentam como dinmicos e em evoluo.Deste modo, a perspectiva sistmica e ecolgica consideraque o indivduo em desenvolvimento interage com diferen-tes sistemas que esto eles prprios em evoluo.

    Nesta abordagem importa distinguir os sistemas restritos eimediatos, com caractersticas fsicas e materiais particula-res a casa, a sala de aula, a rua, etc. em que h umainteraco directa entre actores que desempenham papis docente, pai ou me, aluno, filho, etc. e desenvolvemformas de relao interpessoal, implicando-se em activida-des especficas que se realizam em espaos e tempos pr-prios. So exemplos destes sistemas restritos, com particu-lar importncia para a educao da criana, a famlia e ocontexto de educao pr-escolar.

    As relaes que se estabelecem entre estes e outros siste-mas restritos formam um outro tipo de sistema com carac-

    tersticas e finalidades prprias.

    Por seu turno, estes sistemas restritos e os sistemas de rela-o so englobados por sistemas sociais mais vastos contextos sociais mais alargados.

    As caractersticas destes diferentes sistemas e a sua inter-aco configuram-se de modo particular para cada indiv-duo, que se situa tambm de forma prpria na sua interac-

    o com o meio e os diferentes sistemas em relao.

    Assim, cada criana tem uma famlia pais ou seus subs-titutos que diferente composio, caractersticasscio-econmicas e culturais; frequenta um determinadoestabelecimento de educao pr-escolar que tem tambma sua especificidade edifcio, dimenso, equipamentos e corresponde a uma determinada modalidade de educa-o pr-escolar. Na instituio, a criana est habitual-

    mente inserida num grupo que tem caractersticas prprias,partilhando um espao e um tempo comuns.

    interaco

    indivduo/

    sistemas

    sistemas

    restritos

    relaes entre

    sistemas

    restritos

    sistemas

    alargados

    famlia

    estabelecimento

    de educao

    pr-escolar

    2

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    I n t e r v e n o E d u c a t i v a

    Estes so alguns dos contextos imediatos da educao dascrianas que frequentam a educao pr-escolar. Estas cri-anas tambm se relacionam e interagem directamente com

    outras famlias e com outros servios e instituies dacomunidade servios sociais, de sade, etc.

    Tanto estes contextos de vida da criana como as relaesque estabelecem entre eles tm uma influncia na educaoda criana, nomeadamente as relaes entre a famlia e oestabelecimento de educao pr-escolar.

    Por sua vez, o meio social envolvente localidade oulocalidades de onde provm as crianas que frequentam umdeterminado estabelecimento de educao pr-escolar, aprpria insero geogrfica deste estabelecimento temtambm influncia, embora indirecta, na educao das cri-anas. As caractersticas desta(s) localidade(s) tipo depopulao, possibilidades de emprego, rede de transportes,servios e instituies existentes, meios de comunicaosocial, etc. no so tambm independentes de sistemasmais vastos e englobantes, sistemas polticos, jurdicos,educativos ainda mais alargados.

    A abordagem sistmica e ecolgica constitui, assim, umaperspectiva de compreenso da realidade que permite ade-quar, de forma dinmica, o contexto educativo institucionals caractersticas e necessidades das crianas e adultos.Constitui ainda um instrumento de anlise para que o edu-cador possa adaptar a sua interveno s crianas e ao meiosocial em que trabalha.

    De uma forma esquemtica, poder-se- dizer que a pers-pectiva sistmica e ecolgica oferece elementos para:

    compreender melhor cada criana, ao conhecer os sis-temas em que esta cresce e se desenvolve, de forma arespeitar as suas caractersticas pessoais e saberes jadquiridos, apoiando a sua maneira de se relacionarcom os outros e com o meio social e fsico;

    contribuir para a dinmica do contexto de educao pr-

    -escolar na sua interaco com outros sistemas que tam-bm infuenciam a educao das crianas e a formao

    relaes entre

    famlias e

    estabelecimento

    meio social

    envolvente

    sociedade

    contributos da

    abordagem

    sistmica

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    dos adultos, de forma a que esse contexto se organize pararesponder melhor s suas caractersticas e necessidades;

    perspectivar o processo educativo de forma integrada,

    tendo em conta que a criana constri o seu desenvol-vimento e aprendizagem, de forma articulada, em inter-aco com os outros e com o meio;

    permitir a utilizao e gesto integrada dos recursos doestabelecimento educativo e de recursos que, existindono meio social envolvente, podem ser dinamizados;

    acentuar a importncia das interaces e relaes entreos sistemas que tm uma influncia directa ou indirecta

    na educao das crianas, de modo a tirar proveito dassuas potencialidades e ultrapassar as suas limitaes,para alargar e diversificar oportunidades educativas dascrianas e apoiar o trabalho dos adultos.

    Para facilitar a concretizao desta perspectiva, analisam--se seguidamente algumas caractersticas relevantes para aorganizao do ambiente educativo em contexto de educa-o pr-escolar.

    ORGANIZAO DO GRUPO, DO ESPAOE DO TEMPO

    A educao pr-escolar um contexto de socializao emque muitas aprendizagens decorrem de vivncias relacio-nadas com o alargamento do meio familiar de cada criana,de experincias relacionais e de ocasies de aprendizagemque implicam recursos humanos e materiais diversos. Esteprocesso educativo desenvolve-se em tempos que lhe sodestinados e, em geral, em espaos prprios.

    Na educao pr-escolar o grupo proporciona o contextoimediato de interaco social e de relao entre adultos e

    contexto

    de socializao

    ORGANIZAODO GRUPO

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    crianas e entre crianas que constitui a base do processoeducativo.

    H diferentes factores que influenciam o modo prprio defuncionamento de um grupo, tais como, as caractersticasindividuais das crianas que o compem, o maior ou menornmero de crianas de cada sexo, a diversidade de idadesdas crianas, a dimenso do grupo.

    A composio etria do grupo pode depender de uma opopedaggica, benefcios de um grupo com idades prximasou diversas; das condies do jardim de infncia, existn-cia de uma ou vrias salas; dos critrios de prioridade deadmisso utilizados por cada instituio ou, ainda, das

    caractersticas demogrficas, pequenas povoaes oupopulao dispersa.

    Sabe-se, no entanto, que a interaco entre crianas emmomentos diferentes de desenvolvimento e com saberesdiversos, facilitadora do desenvolvimento e da aprendiza-gem. Para isso, torna-se importante o trabalho entre pares eem pequenos grupos, em que as crianas tm oportunidadede confrontar os seus pontos de vista e de colaborar na

    resoluo de problemas ou dificuldades colocadas por umatarefa comum.

    Se a existncia no grupo de crianas de diferentes idadespode favorecer este processo, torna-se contudo importante,qualquer que seja a composio do grupo, que o educadorapoie o trabalho entre pares e em pequenos grupos que per-mita esse confronto.

    O educador alarga as oportunidades educativas, ao favore-cer uma aprendizagem cooperada em que a criana se

    A relao individualizada que o educador estabelececom cada criana facilitadora da sua insero nogrupo e das relaes com as outras crianas. Esta rela-o implica a criao de um ambiente securizante quecada criana conhece e onde se sente valorizada.

    composio

    etria

    crianas

    em diferentes

    momentos de

    desenvolvimento

    trabalho

    entre pares e

    pequenos grupos

    aprendizagem

    cooperada

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    desenvolve e aprende, contribuindo para o desenvolvi-mento e aprendizagem das outras.

    Enquanto vivncia num grupo social alargado, a educaopr-escolar dever promover a aprendizagem da vidademocrtica.

    A atitude do educador, a forma como se relaciona com ascrianas, desempenha um papel fundamental neste pro-cesso. Alguns instrumentos frequentes em jardins de infn-cia quadro de presenas, quadro de tarefas e outros podem facilitar a organizao e a tomada de conscincia depertena a um grupo e, ainda, a ateno e o respeito pelooutro.

    As razes das normas que decorrem da vida em grupo por exemplo, esperar pela sua vez, arrumar o que desarru-mou, etc. tero de ser explicitadas e compreendidaspelas crianas. Estas normas e outras regras indispensveis vida em comum adquirem maior fora e sentido se todo ogrupo participar na sua elaborao, bem como na distribui-o de tarefas necessrias vida colectiva por exemplo,regar as plantas, tratar de animais, encarregar-se de pr amesa, distribuir refeies, etc.

    A participao de cada criana e do grupo no pro-cesso educativo atravs de oportunidades de coope-rao, deciso em comum de regras colectivas indis-pensveis vida social e distribuio de tarefasnecessrias vida colectiva constituem outras expe-rincias de vida democrtica proporcionadas pelogrupo.

    A aprendizagem da vida democrtica implica que oeducador proporcione condies para a formao dogrupo, criando situaes diversificadas de conheci-mento, ateno e respeito pelo outro.

    aprendizagem

    da vida

    democrtica

    atitude

    do educador

    participao

    das crianas

    na elaborao

    de normas

    e regras

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    A participao no grupo permite tambm criana con-frontar-se com opinies e posies diferentes das suas,experimentar situaes de conflito. O educador apoiar as

    tentativas de negociao e resoluo de conflitos, favore-cendo ainda oportunidades de colaborao.

    A organizao democrtica do grupo constitui a base darea de Formao Pessoal e Social, sendo ainda fonte deoutras aprendizagens. Por exemplo, verificar quem est equem falta, bem como a marcao de presenas, pode con-tribuir para aprendizagens matemticas, para a construoda noo do tempo e facilitar a identificao de palavras,ligando-se tambm ao reconhecimento da escrita.

    A participao das crianas no planeamento e avaliao da

    organizao do grupo relaciona-se com a contribuio dogrupo e de cada criana para a construo do processo edu-cativo. Prever o que se vai fazer, tomar conscincia do quefoi realizado so condies da organizao democrtica dogrupo, como tambm o suporte da aprendizagem nas dife-rentes reas de contedo.

    Os espaos de educao pr-escolar podem ser diversos,

    mas o tipo de equipamento, os materiais existentes e aforma com esto dispostos condicionam, em grandemedida, o que as crianas podem fazer e aprender.

    A organizao e a utilizao do espao so expresso dasintenes educativas e da dinmica do grupo, sendo indis-pensvel que o educador se interrogue sobre a funo efinalidades educativas dos materiais de modo a planear efundamentar as razes dessa organizao.

    Planear e avaliar com as crianas, individualmente,em pequenos grupos ou no grande grupo so oportu-nidades de participao das crianas e meios dedesenvolvimento cognitivo e da linguagem.

    resoluo

    de conflitos

    partticipao

    das crianasno planeamento

    e avaliao

    ORGANIZAODO ESPAO

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    Esta reflexo sobre o espao, materiais e sua organizao condio indispensvel para evitar espaos estereotipados epadronizados que no so desafiadores para as crianas.

    O processo de aprendizagem implica tambm que as crian-

    as compreendam como o espao est organizado e comopode ser utilizado e que participem nessa organizao e nasdecises sobre as mudanas a realizar. O conhecimento doespao, dos materiais e das actividades possveis tambmcondio de autonomia da criana e do grupo.

    A possibilidade de fazer escolhas e de utilizar o material dediferentes maneiras, que incluem formas imprevistas ecriativas, supe uma responsabilizao pelo que parti-

    lhado por todos.

    A importncia de que se reveste o equipamento e o mate-rial na aprendizagem das crianas implica que:

    Assim, na escolha dos materiais o educador atender a cri-trios tais como variedade, funcionalidade, durabilidade,segurana e valor esttico. O aproveitamento de material dedesperdcio tambm uma possiblilidade a prever e orga-nizar, com a colaborao dos pais e da comunidade.

    O espao exterior do estabelecimento de educao pr--escolar igualmente um espao educativo. Pelas suas

    O educador defina prioridades na aquisio do equi-pamento e do material, de acordo com as necessida-des das crianas e o seu projecto pedaggico, tendo

    em conta critrios de qualidade.

    A reflexo permanente sobre a funcionalidade e ade-quao do espao e as potencialidades educativas dos

    materiais permite que a sua organizao v sendomodificada de acordo com as necessidades e evolu-o do grupo.

    autonomia

    responsabiliza

    o

    equipamento

    e material

    critrios

    de qualidade

    espao

    exterior

    8

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    potencialidades e pelas oportunidades educativas que podeoferecer, merece a mesma ateno do educador que oespao interior.

    Sendo um prolongamento do espao interior, onde as mes-mas situaes de aprendizagem tm lugar ao "ar livre", per-mite uma diversficao de oportunidades educativas, pelautilizao de um espao com outras caractersticas e poten-cialidades.

    Embora as actividades informais no se realizem s noespao exterior, este tambm um local privilegiado derecreio onde as crianas tm possibilidade de explorar erecriar o espao e os materiais disponveis. Nesta situa-o, o educador pode manter-se como observador ou inter-agir com as crianas, apoiando e enriquecendo as suas

    iniciativas.

    O espao exterior possibilita a vivncia de situaes edu-cativas intencionalmente planeadas e a realizao de acti-vidades informais. Esta dupla funo exige que a suaorganizao seja cuidadosamente pensada, devendo osequipamentos e materiais corresponder a critrios dequalidade, com particular ateno s condies de segu-rana.

    Mas o espao educativo no se limita ao espao imediatopartilhado pelo grupo; situa-se num espao mais alargado o estabelecimento educativo em que a criana se rela-ciona com outras crianas e adultos, que, por sua vez, englobado pelo meio social, um meio social mais vasto.

    O conhecimento do meio prximo e de outros meios maisdistantes, constitui oportunidade de aprendizagens rela-

    cionadas com a rea de Conhecimento do Mundo.

    O espao exterior um local que pode proporcionarmomentos educativos intencionais, planeados peloeducador e pelas crianas.

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    Porque a organizao do grupo, do espao e do tempo cons-tituem o suporte do desenvolvimento curricular, importa queo educador reflicta sobre as potencialidades educativas que

    oferece, ou seja, que planeie esta organizao e avalie omodo como contribui para a educao das crianas, intro-duzindo os ajustamentos e correces necessrios.

    ORGANIZAO DO MEIO INSTITUCIONAL

    Cada modalidade de educao pr-escolar tem caractersti-cas organizacionais prprias e uma especificidade quedecorre da sua dimenso e dos recursos materiais e huma-nos de que dispe.

    As diferentes modalidades de educao pr-escolar podemagrupar-se entre si ou integrar-se em estabelecimentos prxi-mos de outros nveis de ensino. Esta insero num estabeleci-

    mento ou num territrio educativo constitui uma modalidadeorganizacional que permite tirar proveito de recursos humanose materiais, facilitando ainda a continuidade educativa.

    Qualquer que seja a modalidade organizacional, trata-se deum contexto que permite o trabalho em equipa dos adultosque, na instituio ou instituies, tm um papel na educa-o das crianas. As reunies regulares, entre educadores,entre educadores e auxiliares de aco educativa, entre edu-

    cadores e professores, so um meio importante de forma-o profissional com efeitos na educao das crianas.Cabe ao director pedaggico de cada estabelecimento ouestabelecimentos, em colaborao com os educadores,encontrar as formas e os momentos de trabalho em equipa.

    Estas equipas podem ainda beneficiar do apoio de diferen-tes profissionais, tais como professores de educao espe-cial, psiclogos, trabalhadores sociais e outros que, enri-

    quecendo o trabalho da equipa, facilitam a procura de res-postas mais adequadas s crianas e s famlias.

    trabalho

    em equipa

    apoio

    de diferentes

    profissionais

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    Cada modalidade organizacional de educao pr-escolarconstitui um espao educativo alargado que oferece mlti-plas possibilidades de interaco entre crianas, entre gru-

    pos de crianas, entre crianas e adultos do estabelecimentoeducativo e, ainda, adultos de outras instituies e/ounveis de ensino.

    Cada estabelecimento tem formas de funcionamento e normasque as crianas devero conhecer. A participao das crianasna dinmica institucional, em que a organizao democrticado grupo se amplia num contexto social mais alargado, tam-bm uma forma de desenvolvimento pessoal e social.

    No caso do estabelecimento de educao pr-escolar ofere-cer para alm da componente educativa, a componente deapoio famlia, estas duas componentes devero ser pensa-das de forma articulada e complementar, de modo a queno haja repeties e sobreposies cansativas; so sobre-tudo de evitar os tempos de espera inteis que provocammal estar e cansao nas crianas.

    O trabalho em equipa torna-se fundamental para reflectir

    sobre a melhor forma de organizar o tempo e os recursoshumanos, no sentido de uma aco articulada e concertadaque responda s necessidades das crianas e dos pais.

    A organizao da componente de apoio famlia pode tam-bm beneficiar com o agrupamento de estabelecimentos deeducao pr-escolar ou destes com estabelecimentos deoutros nveis de ensino.

    RELAO COM OS PAISE OUTROS PARCEIROS EDUCATIVOS

    A necessidade de comunicao com os pais ou encarregados

    de educao tem caractersticas muito prprias na educaopr-escolar, dada a idade das crianas e alguma dificuldade

    espao

    educativo

    alargado

    participao

    das crianas

    na dinmica

    institucional

    articulao

    componente

    educativa e

    componente

    de apoio

    familia

    2

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    por parte da sociedade em compreender as finalidades, fun-es e benefcios educativos da educao pr-escolar.

    As relaes com os pais podem revestir vrias formas enveis. Importa distinguir a relao que se estabelece comcada famlia que decorre do facto da educao pr-esco-lar e a famlia serem dois contextos que contribuem para aeducao da mesma criana da relao organizacionalque implica colectivamente os pais.

    A relao com cada famlia, resultante de pais e adultos dainstituio serem co-educadores da mesma criana, centra--se em cada criana, passando pela troca de informaessobre o que lhe diz respeito, como est na instituio, qualo seu progresso, os trabalhos que realiza...

    Porque os pais so os principais responsveis pela educa-o das crianas tm tambm o direito de conhecer, esco-lher e contribuir para a resposta educativa que desejam paraos seus filhos. Este o sentido da participao dos pais noprojecto educativo do estabelecimento que constitui a pro-posta educativa prpria desse estabelecimento e a formaglobal como se organiza para dar resposta educao dascrianas, s necessidades dos pais e caractersticas da

    comunidade. Assim, o projecto educativo do estabeleci-mento dever explicitar, de forma coerente, valores e inten-es educativas, formas previstas para concretizar essesvalores e intenes (estratgias globais, horrios, activida-des colectivas, etc.) e os meios da sua realizao.

    O agrupamento de vrios estabelecimentos de educaopr-escolar e /ou de outros nveis educativos implica a ela-borao de um projecto comum em que o projecto de cada

    estabelecimento se enquadra num projecto de territrio ouprojecto local.

    A famlia e a instituio de educao pr-escolar sodois contextos sociais que contribuem para a educa-o da mesma criana; importa por isso, que haja umarelao entre estes dois sistemas.

    nveis

    de relao

    famlia/

    estabelecimento

    projecto

    educativo do

    estabelecimento

    43

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    grupo. Estes projectos, com durao e complexidade vari-veis, vo-se entrosando no projecto do educador que se con-cretiza e modifica com a participao das crianas.

    Mesmo que os educadores de um ou de vrios estabeleci-mentos de educao pr-escolar desenvolvam um projectopedaggico colectivo, este no se identifica com o projectodo estabelecimento ou territrio que se refere ao desenvol-vimento organizacional.

    Os pais e outros membros da comunidade podem tambmparticipar no projecto educativo do educador. A comunica-o com os pais atravs de trocas informais e de reuniesso ocasies de conhecer as suas expectativas educativas,de os esclarecer sobre o processo educativo a desenvolvercom o grupo e de ouvir as suas sugestes. Os pais podero,eventualmente, participar em situaes educativas planea-das pelo educador para o grupo, vindo contar uma histria,falar da sua profisso, colaborar em visitas e passeios, etc.

    Assim, a colaborao dos pais, e tambm de outros mem-bros da comunidade, o contributo dos seus saberes e com-

    petncias para o trabalho educativo a desenvolver com ascrianas, um meio de alargar e enriquecer as situaes deaprendizagem.

    O educador, ao dar conhecimento aos pais e a outros mem-bros da comunidade do processo e produtos realizados pelascrianas a partir das suas contribuies, favorece um climade comunicao, de troca e procura de saberes entre crianase adultos.

    A colaborao com cada famlia na educao da criana ea participao dos pais no projecto educativo do estabele-cimento e no projecto educativo do educador so meios deesclarecimento e de compreenso do trabalho educativoque se realiza na educao pr-escolar.

    A participao dos representantes dos pais e dos representantesde outros parceiros em rgos de direco do estabelecimento

    facilita esta interaco, correspondendo ao exerccio da gestodemocrtica que se pretende para todo o sistema educativo.

    I n t e r v e n o E d u c a t i v a

    comunicao

    com os pais

    contributo

    dos pais para

    o trabalhoeducativo

    gesto

    democrtica do

    estabelecimento

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    6

    Todas estas formas de comunicao e de participaopodem desempenhar um papel positivo no desenvolvi-mento e educao dos adultos, com efeitos na educao das

    crianas. Efeitos que se manifestam a curto prazo, mas queso particularmente importantes a mdio e a longo prazo.

    A importncia da participao dos pais e suas potencialida-des para a educao das crianas e para a formao dosadultos pressupe que o educador, em colaborao com adireco e/ou director pedaggico do estabelecimento deeducao pr-escolar, encontre as melhores formas demotivar a participao dos pais, tendo em conta que as cri-anas so as mediadoras dessa relao. por causa delas, etendo em vista a sua educao, que estas relaes tm sen-tido, embora contribuam tambm para o desenvolvimentodos adultos.

    O envolvimento dos pais e de outros parceiros educativosconstitui um processo que se vai construindo. Encontrar osmeios mais adequados de promover a sua participaoimplica uma reflexo por parte do educador e da equipasobre o nvel e formas de participao desejveis e as ini-

    ciativas a desenvolver, num processo que vai sendo corri-gido e ajustado de acordo com a avaliao realizada.

    desenvolvimento

    e educao

    de adultos

    participao

    a construir

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    as reas de contedo so mais do que reas de actividadespois implicam que a aco seja ocasio de descobrir rela-es consigo prpria, com os outros e com os objectos, o

    que significa pensar e compreender.As diferentes reas de contedo partem do nvel de desen-volvimento da criana, da sua actividade espontnea eldica, estimulando o seu desejo de criar, explorar e trans-formar, para incentivar formas de aco reflectida e pro-gressivamente mais complexa.

    Este processo educativo encara a criana como sujeito daaprendizagem, tendo em conta o que cada uma j sabe e asua cultura, para lhe permitir aceder a uma cultura que sepode designar por "escolar", pois corresponde a sistemassimblico-culturais codificados.

    Esta cultura, ao adquirir sentido para a criana, constituiro incio da aprendizagem ao longo da vida, favorecendosimultaneamente a sua formao com vista a uma plenainsero na sociedade como ser autnomo, livre e solidrio.

    ARTICULAO DE CONTEDOS

    Tal como habitual quando se utiliza o termo "rea", a dis-tino entre diferentes reas de contedo corresponde a

    uma chamada de ateno para aspectos a contemplar, quedevem ser vistos de forma articulada, visto que a constru-o do saber se processa de forma integrada, e que h inte-relaes entre os diferentes contedos e aspectos formati-vos que lhes so comuns.

    Deste modo, as diferentes reas de contedo devero serconsideradas como referncias a ter em conta no planea-mento e avaliao de experincias e oportunidades educa-

    tivas e no como compartimentos estanques a serem abor-dados separadamente.

    acesso

    a sistemas

    simblico-

    -culturais

    codificados

    8

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    Esta perspectiva, que na educao pr-escolar se costumadesignar como globalizante, tambm se pretende atingirnoutros nveis de ensino atravs da importncia dada a con-

    tedos transversais e abordagem transdisciplinar doensino e da aprendizagem.

    No sentido de favorecer a articulao de contedos, asOrientaes Curriculares assentam na Organizao doAmbiente Educativo, enquanto contexto que dever pro-mover vivncias e experincias educativas que dem sen-tido aos diferentes contedos, propondo a rea deFormao Pessoal e Social como rea integradora do pro-cesso educativo. Alis, a Organizao do Ambiente Edu-cativo e a rea de Formao Pessoal e Social tm umantima relao pois atravs das interaces sociais comadultos significativos, com os seus pares e em grupo que acriana vai construindo o seu prprio desenvolvimento eaprendizagem.

    A Formao Pessoal e Social integra todas as outras reaspois tem a ver com a forma como a criana se relacionaconsigo prpria, com os outros e com o mundo, num pro-

    cesso que implica o desenvolvimento de atitudes e valores,atravessando a rea de Expresso e Comunicao com osseus diferentes domnios e a rea de Conhecimento doMundo que, tambm se articulam entre si.

    O conhecimento e a relao com o mundo social e fsicosupe formas de expresso e de comunicao que apelampara diferentes sistemas de representao simblica que seintegram na rea de Expresso e Comunicao.

    Tendo conscincia de que qualquer proposta de diferencia-o de contedos se baseia numa anlise sempre redutora,procura-se apresentar, em cada um dos aspectos, possveisligaes com outros. A referncia a relaes mais evidentesentre as vrias reas e domnios surge apenas a ttulo indi-cativo, cabendo a cada educador encontrar outras possibili-dades.

    No processo de desenvolvimento e aprendizagem nas dife-rentes reas de contedo privilegia-se a interveno do

    perspectiva

    globalizante

    Organizao

    do Ambiente

    Educativo

    Formao

    Pessoal

    e Social

    Expresso

    e Comunicao

    Conhecimento

    do Mundo

    interveno

    do educador

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    educador que, partindo do que a criana sabe e da sua acti-vidade espontnea:

    Para esclarecer melhor o que se entende por cada rea oudomnio, apresentam-se, ao longo do texto, alguns exem-plos que no esgotam as possibilidades de cada rea, nemtm como inteno diferenciar nveis de desenvolvimento e

    Diferencia o processo de aprendizagem, propondosituaes que sejam suficientemente interessantes edesafiadoras de modo a estimular a criana, mas decuja exigncia no resulte desencorajamento e dimi-nuio da auto-estima.

    Apoia cada criana para que atinja nveis a que nochegaria por si s, facilitando uma aprendizagem coo-perada, que d oportunidade s crianas de colabora-rem no processo de aprendizagem umas das outras.

    Estabelece uma progresso de experincias e oportu-nidades de aprendizagem nas diferentes reas de con-tedos, tendo em conta o que observa da evoluo dogrupo e do desenvolvimento de cada criana.

    Articula a abordagem das diferentes reas de contedoe domnios inscritos em cada uma, de modo a que seintegrem num processo flexvel de aprendizagem quecorresponda s suas intenes e objectivos educativose que tenha sentido para a criana. Esta articulaopoder partir da escolha de uma "entrada" por umarea ou domnio para chegar a todos os outros.

    0

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    aprendizagem. Os exemplos apresentados no pretendem,pois, ser limitativos das opes, das prticas e da criativi-dade do educador.

    REA DE FORMAO PESSOAL E SOCIAL

    A criao de uma rea de Formao Pessoal e Social para aqual devero contribuir todas as componentes curriculares

    dos ensinos bsico e secundrio um dos princpios em quese fundamenta a organizao curricular do sistema educa-tivo. Esta rea corresponde a um processo que dever favo-recer, de acordo com as fases do desenvolvimento, a aqui-sio de esprito crtico e a interiorizao de valores espiri-tuais, estticos, morais e cvicos.

    A Formao Pessoal e Social considerada uma rea trans-versal, dado que todas as componentes curriculares devero

    contribuir para promover nos alunos atitudes e valores quelhes permitam tornarem-se cidados conscientes e solid-rios, capacitando-os para a resoluo dos problemas davida. Tambm a educao pr-escolar deve favorecer a for-mao da criana, tendo em vista a sua plena insero nasociedade como ser autnomo livre e solidrio.

    Ao diferenciar esta rea, as Orientaes Curriculares pre-tendem acentuar a sua importncia e sublinhar as finali-

    dades formativas de socializao que marcam a tradio daeducao pr-escolar em Portugal, perspectivando-a comorea integradora que enquadra e d suporte a todas as outras.

    A importncia dada rea de Formao Pessoal e Socialdecorre ainda da perspectiva que o ser humano se constriem interaco social, sendo influenciado e influenciando omeio que o rodeia. nos contextos sociais em que vive, nasrelaes e interaces com outros, que a criana vai inte-riormente construindo referncias que lhe permitem com-preender o que est certo e errado, o que pode e no pode

    rea

    transversal

    rea

    integradora

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    fazer, os direitos e deveres para consigo e para com osoutros.

    na famlia e no meio scio-cultural em que vive os pri-meiros anos que a criana inicia o seu desenvolvimento pes-soal e social, constituindo a educao pr-escolar um con-texto educativo mais alargado que vai permitir criana inter-agir com outros adultos e crianas que tm, possivelmente,valores diferentes dos que interiorizou no seu meio de ori-gem. Ao possibilitar a interaco com diferentes valores eperspectivas, a educao pr-escolar constitui um contextofavorvel para que a criana v aprendendo a tomar consci-ncia e si e do outro. Desta forma a educao pr-escolar temum papel importante na educao para os valores.

    Valores que no se ensinam, mas que se vivem na acoconjunta e nas relaes com os outros. na inter-relaoque a criana vai aprendendo a atribuir valor a comporta-mentos e atitudes seus e dos outros, conhecendo, reconhe-cendo e diferenciando modos de interagir. A educao paraos valores acontece, assim, em situao, num processo pes-soal e social de procura do bem prprio e bem colectivo.

    So os valores subjacentes prtica do educador e o modocomo este os concretiza no quotidiano do jardim de infn-cia, que permitem que a educao pr-escolar seja um con-texto social e relacional facilitador da educao para osvalores. As relaes e interaces que o educador estabe-lece com cada criana e com o grupo, a forma como apoiaas relaes e interaces entre crianas no grupo, so osuporte dessa educao. Assim:

    A relao que o educador estabelece com cada criana, a

    forma como a valoriza e respeita, estimula e encoraja osseus progressos, contribuem para a auto-estima da criana

    O desenvolvimento pessoal e social assenta na cons-tituio de um ambiente relacional securizante, emque a criana valorizada e escutada, o que contribuipara o seu bem-estar e auto-estima.

    educao

    para

    os valores

    valores

    subjacentes

    ao contexto

    relacional

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    e constituem um exemplo para as relaes que as crianasestabelecero entre si. Este processo de construo de umauto-conceito positivo supe um apoio ao processo de cres-

    cimento em que cada criana e o grupo se vo tornandoprogressivamente mais independentes e autnomos.

    Adquirir maior independncia significa, na educao pr--escolar, ir dominando determinados saber-fazer vestir--se, despir-se, lavar-se, comer utilizando adequadamente ostalheres, etc. e tambm ser capaz de utilizar melhor osmateriais e instrumentos sua disposio jogos, tintas,pincis, lpis...

    A independncia das crianas e do grupo passa tambm poruma apropriao do espao e do tempo que constitui a base

    de uma progressiva autonomia, em que vai aprendendo aescolher, a preferir, a tomar decises e a encontrar critriose razes para as suas escolhas e decises.

    A construo de autonomia supe a capacidade individuale colectiva de ir, progressivamente, assumindo responsabi-lidades. Este processo de desenvolvimento pessoal e socialdecorre de uma partilha do poder entre o educador, as cri-anas e o grupo.

    Esta participao permite construir uma autonomia colectivaque passa por uma organizao social participada em queas regras, elaboradas e negociadas entre todos, so com-

    preendidas pelo grupo, que se compromete a aceit-las;tambm a deciso colectiva sobre as tarefas necessrias ao

    A participao democrtica na vida do grupo ummeio fundamental de formao pessoal e social.

    Favorecer a autonomia da criana e do grupo assentana aquisio do saber-fazer indispensvel sua inde-pendncia e necessrio a uma maior autonomia,enquanto oportunidade de escolha e responsabilizao.

    independncia

    autonomia

    partilha

    do poder

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    REA DE EXPRESSO E COMUNICAO

    A rea de expresso e comunicao engloba as aprendiza-gens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor esimblico que determinam a compreenso e o progressivodomnio de diferentes formas de linguagem.

    Esta a nica rea em que se distinguiram vrios domnios.Domnios que se consideraram dever estar intimamenterelacionados, porque todos eles se referem aquisio e aprendizagem de cdigos que so meios de relao com os

    outros, de recolha de informao e de sensibilizao est-tica, indispensveis para a criana representar o seu mundointerior e o mundo que a rodeia.

    Numa idade em que as crianas ainda se servem muitasvezes do imaginrio para superar lacunas de compreensodo real, importa que a educao pr-escolar proporcionesituaes de distino entre o real e o imaginrio e forneasuportes que permitam desenvolver a imaginao criadora

    como procura e descoberta de solues e explorao dediferentes mundos.

    Estas caractersticas levam a consider-la uma rea bsicade contedos porque incide sobre aspectos essenciais dodesenvolvimento e da aprendizagem e engloba instrumen-tos fundamentais para a criana continuar a aprender aolongo da vida.

    Ao iniciar a educao pr-escolar, a criana j realizoualgumas aquisies bsicas nos diferentes domnios da reade expresso e comunicao. Estas so o ponto de partidapara o educador favorecer o contacto com as vrias formasde expresso e comunicao, proporcionando o prazer derealizar novas experincias, valorizando as descobertas dacriana, apoiando a reflexo sobre estas experincias e des-cobertas, de modo a permitir uma apropriao dos diferen-tes meios de expresso e comunicao. Este processo

    implica planear e proporcionar situaes de aprendizagemdiversificadas e progressivamente mais complexas.

    rea bsica

    apropriao

    de meios

    de expresso

    e comunicao

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    Ao incluir vrios domnios numa mesma rea no se pro-cura minimizar a importncia fundamental de cada um,nem to pouco das vertentes mencionadas em relao a

    alguns deles, mas apenas acentuar a sua inter-relao. A juno numa mesma rea, embora com designaes umpouco diferentes, de contedos que so referidos nos pro-gramas do 1.o ciclo, como: expresso e educao fsico-motora, expresso musical, expresso dramtica, expressoplstica, lngua portuguesa e matemtica, decorre de umaperspectiva mais globalizante que acentua a articulaoentre eles.

    Domnio das expresses

    motora, dramtica, plstica e musical

    Podem diferenciar-se neste domnio quatro vertentes expres-so motora, expresso dramtica, expresso plstica e

    expresso musical que tm a sua especificidade prpria,mas que no podem ser vistas de forma totalmenteindependente, por se complementarem mutuamente.

    As formas de expresso que de seguida se abordam, indi-cando algumas das suas relaes, so tambm meios decomunicao que apelam para uma sensiblizao esttica eexigem o progressivo domnio de instrumentos e tcnicas.Esse domnio pressupe a interveno do educador e, porisso, as diferentes formas de expresso comportam uma

    O domnio das diferentes formas de expressoimplica diversificar as situaes e experincias deaprendizagem, de modo a que a criana v domi-nando e utilizando o seu corpo e contactando com

    diferentes materiais que poder explorar, manipular etransformar de forma a tomar conscincia de si pr-prio na relao com os objectos.

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    dimenso educativa. Assim, nalguns casos, o termo expres-so substitudo por educao. Utiliza-se, ainda, o termoactividade para designar oportunidades educativas que cor-

    respondem a propostas que exigem uma orientao do edu-cador, e no so portanto, da iniciativa da criana .

    O corpo que a criana vai progressivamente dominandodesde o nascimento e de cujas potencialidades vai tomandoconscincia, constitui o instrumento de relao com omundo e o fundamento de todo o processo de desenvolvi-mento e aprendizagem.

    Ao entrar para a educao pr-escolar a criana j possuialgumas aquisies motoras bsicas, tais como andar,transpor obstculos, manipular objectos de forma mais oumenos precisa.

    Tendo em conta o desenvolvimento motor de cada criana,a educao pr-escolar deve proporcionar ocasies de exer-ccio da motricidade global e tambm da motricidade fina,de modo a permitir que todas e cada uma aprendam a utili-

    zar e a dominar melhor o seu prprio corpo.

    A diversificao de formas de utilizar e de sentir o corpo trepar, correr e outras formas de locomoo, bem comodeslizar, baloiar, rodopiar, saltar a p juntos ou num s p,etc. podem dar lugar a situaes de aprendizagem emque h um controlo voluntrio desse movimento iniciar,parar, seguir vrios ritmos e vrias direces. A inibio domovimento, ou seja, a capacidade de estar quieto e de se

    relaxar faz tambm parte do trabalho a nvel da motricidadeglobal.

    A explorao de diferentes formas de movimento permiteainda tomar conscincia dos diferentes segmentos docorpo, das suas possibilidades e limitaes, facilitando aprogressiva interiorizao do esquema corporal e tambm atomada de conscincia do corpo em relao ao exterior esquerda, direita, em cima, em baixo, etc. situando o seu

    prprio corpo que a criana apreende as relaes no espaorelacionadas com a matemtica.

    EXPRESSO

    MOTORA

    motricidade

    global

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    O desenvolvimento da motricidade fina insere-se no quoti-diano do jardim de infncia, onde as crianas aprendem amanipular diversos objectos. Exige tambm ocasies em

    que as crianas possam receber e projectar objectos ati-rar e apanhar bolas ou outros materiais de arremesso, utili-zando as mos ou os ps.

    A expresso motora pode apoiar-se em materiais existentesna sala e no espao exterior ou, ainda, ter lugar em espaosprprios apetrechados para o efeito. Os diferentes espaostm potencialidades prprias, cabendo ao educador tirarpartido das situaes, espaos e materiais que permitamdiversificar e enriquecer as oportunidades de expressomotora.

    O ritmo, os sons produzidos atravs do corpo e o acompa-nhamento da msica ligam a expresso motora dana etambm expresso musical. Identificar e designar as dife-rentes partes do corpo, bem como a sua nomeao, ligam aexpresso motora linguagem.

    Por seu turno, os jogos de movimento com regras progres-

    sivamente mais complexas so ocasies de controlo motore de socializao, de compreenso e aceitao das regras ede alargamento da linguagem.

    Todas estas situaes permitem que a criana aprenda a uti-lizar melhor o seu corpo e v progressivamente interiori-zando a sua imagem. Permitem igualmente que v tomandoconscincia de condies essenciais para uma vida saud-vel, o que se relaciona com a educao para a sade.

    A expresso dramtica um meio de descoberta de si e dooutro, de afirmao de si prprio na relao com o(s)outro(s) que corresponde a uma forma de se apropriar desituaes sociais. Na interaco com outra ou outras crian-as, em actividades de jogo simblico, os diferentes par-ceiros tomam conscincia das suas reaces, do seu podersobre a realidade, criando situaes de comunicao verbal

    e no verbal.

    motricidade

    fina

    jogos

    de movimento

    EXPRESSODRAMTICA

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    A expresso e comunicao atravs do prprio corpo a quechamamos jogo simblico uma actividade espontnea queter lugar no jardim de infncia, em interaco com os

    outros e apoiada pelos recursos existentes. Materiais queoferecem diferentes possibilidades de fazer de conta,permitindo criana recrear experincias da vida quotidi-ana, situaes imaginrias e utilizar os objectos livremente,atribuindo-lhes significados mltiplos.

    A aco do educador facilita a emergncia de outras situa-es de expresso e comunicao que incluem diferentesformas de mimar e dramatizar vivncias e experincias dascrianas. Atravs do corpo/voz podem exprimir-se situaesda vida quotidiana levantar-se, vestir-se, viajar; movi-mentos vento, crescer; sentimentos ou atitudes estartriste, alegre, cansado....

    A interveno do educador permite um alargamento do jogo simblico atravs de sugestes que ampliam as pro-postas das crianas, criam novas situaes de comunicao,novos "papis" e sua caracterizao.

    Dialogar com as crianas sobre qual o material necessrio,como o adaptar e transformar e o que acrescentar para cor-responder aos interesses e necessidades do grupo, someios de enriquecer os materiais e situaes de jogo sim-blico.

    Tambm decorre da interveno do educador a possibili-dade de chegar a dramatizaes mais complexas que impli-cam um encadeamento de aces, em que as crianas

    desempenham diferentes papis, como por exemplo, a dra-matizao de histrias conhecidas ou inventadas que cons-tituem ocasies de desenvolvimento da imaginao e dalinguagem verbal e no verbal.

    O domnio da expresso dramtica ser ainda trabalhadoatravs da utilizao de fantoches, de vrios tipos e formas,que facilitam a expresso e a comunicao atravs de "umoutro", servindo tambm de suporte para a criao de

    pequenos dilogos, histrias, etc.

    jogo

    simblico

    evoluo

    do jogo

    simblico

    jogo

    dramtico

    fantoches

    0

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    As "sombras chinesas" constituem outro suporte para acti-vidades de dramatizao. Se as formas mais simples projectar o corpo ou as mos, por exemplo podem ser

    realizadas pelas crianas, as formas mais elaboradas exi-gem o apoio do educador para construir silhuetas que ascrianas podero utilizar.

    As crianas exploram espontanemente diversos materiais einstrumentos de expresso plstica, mas h que ter emconta que, se algumas crianas chegam educao pr--escolar com uma grande experincia na sua utilizao,outras no tiveram essa oportunidade. Todas tero de pro-gredir a partir da situao em que se encontram.

    A expresso plstica implica um controlo da motricidadefina que a relaciona com a expresso motora, mas recorre amateriais e instrumentos especficos e a cdigos prpriosque so mediadores desta forma de expresso.

    As actividades de expresso plstica so de iniciativa dacriana que exterioriza espontaneamente imagens que inte-

    riormente construiu. Tornam-se situaes educativasquando implicam um forte envolvimento da criana que setraduz pelo prazer e desejo de explorar e de realizar um tra-balho que considera acabado.

    Valorizar o processo de explorao e descoberta de dife-rentes possibilidades e materiais supe que o educador esti-mule construtivamente o desejo de aperfeioar e fazermelhor. Apoiar o processo inclui tambm uma exigncia

    em termos de produto que dever corresponder s capaci-dades e possiblidades da criana e sua evoluo.

    O desenho, pintura, digitinta bem como a rasgagem, recortee colagem so tcnicas de expresso plstica comuns naeducao pr-escolar. Porque de acesso mais fcil, o dese-nho por vezes a mais frequente. No se pode, porm,esquecer que o desenho uma forma de expresso plsticaque no pode ser banalizada, servindo apenas para ocupar

    o tempo. Depende do educador torn-la uma actividadeeducativa.

    sombras

    chinesas

    EXPRESSO

    PLSTICA

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    A expresso plstica enquanto meio de representao ecomunicao pode ser da iniciativa da criana ou propostapelo educador, partindo das vivncias individuais ou de

    grupo. Recriar momentos de uma actividade, aspectos deum passeio ou de uma histria, so meios de documentarprojectos que podem ser depois analisados, permitindo umaretrospectiva do processo desenvolvido e da evoluo dascrianas e do grupo, servindo tambm para transmitir aospais e comunidade o trabalho desenvolvido.

    A interaco das crianas durante as actividades de expres-so plstica e a realizao de trabalhos por duas ou maiscrianas so ainda meios de diversificar as situaes, poisimplicam uma resoluo conjunta de problemas ou um pla-neamento feito em comum em que se acordam formas decolaborao.

    Estas diferentes situaes requerem uma organizao ade-quada do espao, um ambiente cuidado e so enriquecidaspela diversidade e qualidade dos materiais disponibilizados.

    Se todo o material existente num contexto de educao

    pr-escolar deve obedecer a critrios de qualidade, essaqualidade torna-se essencial no que diz respeito aos mate-riais e instrumentos de expresso plstica. A disposioordenada desses materiais, a sua diversidade e acessibili-dade so condies para que a criana possa realizar o quedeseja. Essa realizao implica tambm o conhecimento deregras no molhar o mesmo pincel em diferentes frascosde tinta, limp-los depois de os utilizar, cuidar dos lpis,servir-se de cola e de tesouras, etc. o cuidado com os

    materiais e a responsabilizao pelo material colectivo,bem como o respeito pelo trabalho dos outros, relaciona-secom o desenvolvimento pessoal e social.

    A diversidade e acessibilidade dos materiais utilizados per-mite ainda outras formas de explorao. Importa, por exem-plo, que as crianas tenham sempre sua disposio vriascores que lhes possibilitem escolher e utilizar diferentes for-mas de combinao. A identificao e nomeao de cores, a

    mistura de cores bsicas para formar outras, so aspectos daexpresso plstica que se ligam com a Linguagem e o

    meio

    de representao

    e comunicao

    qualidade

    dos materiais

    diversidade

    e acessibilidade

    dos materiais

    2

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    Conhecimento do Mundo. Tambm a utilizao de materi-ais de diferentes texturas, vrios tipos de papel e pano, ls,linhas, cordel, aparas de madeira, algodo, elementos da

    natureza, etc. so meios de alargar as experincias, desen-volver a imaginao e as possibilidades de expresso.

    expresso plstica a duas dimenses acrescentam-se aspossibilidades tridimensionais, como a modelagem. A mode-lagem pode utilizar materiais diversos desde os mais dcteis,como a areia molhada at aos mais consistentes como obarro, de preferncia, mas tambm a plasticina e a pasta depapel, passando eventualmente pela massa de cores.

    No domnio do trabalho a trs dimenses h outro tipo demateriais pouco dispendiosos com grandes potencialida-des, como a rede de capoeira, os canos de plstico de dife-rentes dimetros que se podem encaixar e torcer. O recurso,ainda menos oneroso, a materiais de desperdcio, tais comocaixas, frascos, tampas e mesmo tacos de madeira oferecetambm inmeras possibilidades, nomeadamente, porquepode atingir dimenses que permitem construes degrande volume. Se a expresso plstica a duas e trs dimen-

    ses estar presente durante toda a educao pr-escolar, aexpresso tridimensional tem uma importncia fundamen-tal para as crianas mais pequenas.

    A explorao de materiais que ocupam um espao bi- outridimensional, com texturas, dimenses, volumes e formasdiferentes, remete para o domnio da Matemtica. Por seuturno, a diversidade de situaes que enriquecem a expres-so plstica proporciona o contacto com diferentes formas

    de manifestao artstica.

    Os contactos com a pintura, a escultura, etc. constituemmomentos privilegidados de acesso arte e cultura que setraduzem por um enriquecimento da criana, ampliando o seuconhecimento do mundo e desenvolvendo o sentido esttico.

    A expresso musical assenta num trabalho de explorao de

    sons e ritmos, que a criana produz e explora espontanea-mente e que vai aprendendo a identificar e a produzir, com

    expresso

    tridimensional

    acesso arte

    e cultura

    EXPRESSO

    MUSICAL

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    base num trabalho sobre os diversos aspectos que caracteri-zam os sons: intensidade (fortes e fracos), altura (graves eagudos), timbre (modo de produo), durao (sons longos

    e curtos), chegando depois audio interior, ou seja, acapacidade de reproduzir mentalmente fragmentos sonoros.

    A expresso musical est intimamente relacionada com aeducao musical que se desenvolve, na educao pr--escolar, em torno de cinco eixos fundamentais: escutar,cantar, danar, tocar e criar.

    O trabalho com o som tem como referncia o silncio, quenunca absoluto, mas que permite ouvir e identificar ofundo sonoro que nos rodeia. Saber fazer silncio parapoder escutar e identificar esses sons faz parte da educaomusical.

    A explorao das caractersticas dos sons pode passar, tam-bm, por escutar, identificar e reproduzir sons e rudos danatureza gua a correr, vento, "vozes" dos animais, etc. e da vida corrente como o tic-tac do relgio, a campainhado telefone ou motor do automvel, etc.

    A relao entre a msica e a palavra uma outra forma deexpresso musical. Cantar uma actividade habitual naeducao pr-escolar que pode ser enriquecida pela produ-o de diferentes formas de ritmo.

    Trabalhar as letras das canes relaciona o domnio daexpresso musical com o da linguagem, que passa por com-preender o sentido do que se diz, por tirar partido das rimas

    para discriminar os sons, por explorar o carcter ldico daspalavras e criar variaes da letra original.

    A msica pode constituir uma oportunidade para as crian-as danarem. A dana como forma de ritmo produzidopelo corpo liga-se expresso motora e permite que as cri-anas exprimam a forma como sentem a msica, criem for-mas de movimento ou aprendam a movimentar-se,seguindo a msica. A dana pode tambm apelar para o tra-

    balho de grupo que se organiza com uma finalidadecomum.

    escutar

    cantar

    danar4

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    I n t e r v e n o E d u c a t i v a

    O acompanhamento musical do canto e da dana permiteenriquecer e diversificar a expresso musical. Este acom-panhamento pode ser realizado pelas crianas, pelo educa-

    dor ou recorrer a msica gravada .Se instrumentos de percusso simples podem ser constru-dos pelas crianas relacionando-se com o domnio da acti-vidade plstica, estas podero tambm utlizar instrumentosmusicais mais complexos e com outras possibilidades jogos de sinos, tringulos, pandeiretas, xilofones, etc. que devero ter grande qualidade. Outros instrumentospodero ser usados pelo educador como a flauta, a guitarra...

    A utilizao de um gravador permite registar e reproduzirvrios tipos de sons e msicas que, podendo ser um suportepara o trabalho de expresso, possibilita ainda que as cri-anas alarguem a sua cultura musical, desenvolvendo asensibilidade esttica neste domnio.

    Domnio da linguagem orale abordagem escrita

    A aquisio e a aprendizagem da linguagem oral tem tido atagora uma importncia fundamental na educao pr-escolar,pensando-se que a leitura e a escrita s deveriam ter lugar no1.o ciclo do ensino bsico. actualmente indiscutvel que tam-

    bm a abordagem escrita faz parte da educao pr-escolar.No h hoje em dia crianas que no contactem com ocdigo escrito e que, por isso, ao entrar para a educaopr-escolar no tenham j algumas ideias sobre a escrita.Ao fazer, neste domnio, referncia abordagem escritapretende-se acentuar a importncia de tirar partido do quea criana j sabe, permitindo-lhe contactar com as diferen-tes funes do cdigo escrito. No se trata de uma introdu-o formal e "clssica" leitura e escrita, mas de facilitar aemergncia da linguagem escrita.

    tocar

    emergncia

    da escrita65

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