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Palavras de despedida e saudações ao futuro com poesia Hotel Tivoli Marina, Vilamoura | 2 a 4 de Dezembro, 2010 Publicação de distribuição gratuita e exclusiva neste Congresso EDição Diária do 53.º Congresso Português de oftalmologia Diagnóstico da patologia do fundo ocular O Curso organizado pelo Grupo Português de Retina-Vítreo, que decorre hoje, tem o objectivo de melhorar a interpretação dos exames complementares na prática clínica, contribuindo para o aperfeiçoamento do diagnóstico da patologia do fundo ocular. P.4 Dia 3 6.ª feira Ética e guidelines em Oftalmologia O presidente-eleito da Associação Americana de Oftalmologia aborda, hoje, em duas conferências, os aspectos éticos e práticos na aprendizagem de novos procedimentos e o papel das guidelines na melhoria dos cuidados de saúde. P.8 Atlas Digital de Retina Pediátrica Composto por mais de 300 imagens de patologias e exames complementares, o Atlas Digital de Retina Pediátrica, único no País, é apresentado hoje, pelo seu autor, o Prof. Eduardo Silva, coordenador da secção de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo da SPO. P.13 Abertura Oficial do Congresso Numa sessão que apelou às emoções, ontem, ao cair da noite, ouviu-se declamar Álvaro de Campos, José Régio e Chico Buarque. Foram poemas que deram o mote às palavras de despedida do Dr. António Travassos, presidente cessante da SPO. E porque é no presente que se vive e no futuro que se deposita a esperança, o Dr. Richard Abbott, presidente-eleito da Academia Americana de Oftalmologia (AAO), que encerrou as intervenções da sessão de abertura, lançou o repto aos oftalmologistas portugueses para que participem mais nas iniciativas e eventos internacionais, como os da AAO. P. 9

Palavras de despedida e saudações ao futuro com poesia · diagnóstico da patologia do fundo ocular. P.4 Dia 3 6.ª feira Ética e guidelines em Oftalmologia O presidente-eleito

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Palavras de despedida e saudações ao futuro com poesia

Hotel Tivoli Marina, Vilamoura | 2 a 4 de Dezembro, 2010Publicação de distribuição gratuita e exclusiva neste Congresso

EDição Diária

do 53.º Congresso

Português de oftalm

ologia

Diagnóstico da patologia do fundo ocularO Curso organizado pelo Grupo Português de Retina-Vítreo, que decorre hoje, tem o objectivo de melhorar a interpretação dos exames complementares na prática clínica, contribuindo para o aperfeiçoamento do diagnóstico da patologia do fundo ocular. P.4

Dia 36.ª feira

Ética e guidelines em OftalmologiaO presidente-eleito da Associação Americana de Oftalmologia aborda, hoje, em duas conferências, os aspectos éticos e práticos na aprendizagem de novos procedimentos e o papel das guidelines na melhoria dos cuidados de saúde. P.8

Atlas Digital de Retina PediátricaComposto por mais de 300 imagens de patologias e exames complementares, o Atlas Digital de Retina Pediátrica, único no País, é apresentado hoje, pelo seu autor, o Prof. Eduardo Silva, coordenador da secção de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo da SPO. P.13

Abertura Oficial do Congresso

Numa sessão que apelou às emoções, ontem, ao cair da noite, ouviu-se declamar Álvaro de Campos, José Régio e Chico Buarque. Foram poemas que deram o mote às palavras de despedida do Dr. António Travassos, presidente cessante da

SPO. E porque é no presente que se vive e no futuro que se deposita a esperança, o Dr. Richard Abbott, presidente-eleito da Academia Americana de Oftalmologia (AAO), que encerrou as intervenções da sessão de abertura, lançou o repto aos

oftalmologistas portugueses para que participem mais nas iniciativas e eventos internacionais, como os da AAO. P. 9

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Edição Diária do Congresso

Controvérs ias da c i rurg ia refract iva em debate

Envolver a assistência na discussão de casos complicados de cirurgia refractiva é o objectivo da sessão «À Conversa com os Especialistas» de hoje. Perante um tema controverso e sobre o qual não há unanimidade entre os especialistas, o debate está garantido. Às 9h00, na sala Gemini.

Vanessa Pais

«O tratamento de astigmatismos irregulares; o tratamento da presbiopia; os tratamentos topográficos e a cirurgia

refractiva no queratocone.» Estes são, segundo o Prof. Joaquim Murta, coordenador da sessão «À Conversa com Especialistas» de hoje, dedicada ao tema «Cirurgia refractiva – casos complica-dos», alguns dos desafios que levam os especialistas a reunir-se para debater o tema. «Pretende-se uma reunião com muita dis-cussão, polémica e com o levantamento de várias questões», afir-ma Joaquim Murta.

Do painel de oradores, para além do coordenador, fazem parte os Profs. António Marinho e Sheraz Daya (Inglaterra); e os Drs. Luis Ca-darso (Espanha); António Limão; Andreia Rosa; Luís Cardoso; Fer-nando Vaz e Miguel Trigo. Antes da discussão dos casos clínicos, estão previstas cinco breves apresentações sobre os temas: «Abor-dagem da correcção da presbiopia» (António Marinho); «Primeiros resultados com o implante intracorneano Presbylens® na correcção da presbiopia» (António Limão); «Cirurgia refractiva no queratoco-ne» (Luis Cadarso); «Tratamentos guiados por topografia» (Andreia Rosa) e «Cross-linking – certezas e incertezas» (Joaquim Murta).

O restante tempo da sessão será dedicado a casos clínicos di-fíceis ou controversos. «Cada especialista apresentará um ou dois casos clínicos em que o diagnóstico ou tratamento são difíceis», indica Joaquim Murta. Uma das formas de alargar a discussão será através de um sistema interactivo que permite à assistência votar no diagnóstico ou tratamento que lhe pareça mais correcto, após a apresentação de um caso clínico. «Esta é uma forma de podermos avaliar o grau de conhecimento e o envolvimento da assistência em relação aos assuntos abordados», esclarece o co-ordenador do Curso.

Edição Av. Almirante Reis, n.º 114, 4.º E • 1150 - 023 Lisboa Tel.: 219 172 815 • [email protected] • www.esferadasideias.ptCoordenação: Madalena Barbosa ([email protected])Redacção: Ana João Fernandes, Rute Barbedo e Vanessa Pais • Fotografia: Celestino Santos • design: Diana ChavesMarketing e Publicidade: Joana Carneiro ([email protected])

Ficha técnica

PRoPRiEdadESociedade Portuguesa de OftalmologiaCampo Pequeno, 2-13.º • 1000 - 078 LisboaTel.: 217 820 443 • Fax: 217 820 [email protected]

ALGUNS DOS ORADORES (da esq. para a dta.): Dr. Miguel Trigo, Prof. António Marinho, Dr. Fernando Vaz e Prof. Joaquim Murta (coordenador da sessão).

«Pretende-se uma reunião com muita discussão, polémica e com

o levantamento de várias questões»Joaquim Murta

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Edição Diária do Congresso

Curso pretende aperfe içoar d iagnóst ico da patolog ia do fundo ocular

Hoje, às 9h00, o Grupo Português de Retina-Vítreo promove um Curso sobre métodos de diagnóstico da patologia do fundo ocular. Vários casos clínicos vão ser discutidos, com vista a uma melhor interpretação dos exames complementares na prática clínica.

ana João Fernandes

Durante largos anos, dispôs-se, essencialmente, da angiografia fluoresceínica, da ecografia e

dos exames electrofisiológicos para avaliar as pa-tologias do fundo ocular. Na última década, e so-bretudo nos anos mais recentes, foram introduzidos novos exames complementares de diagnóstico na prática clínica. «São exemplos a tomografia de co-erência óptica 3D, o electrorretinograma multifocal, a ICG (indocianina verde), a autofluorescência, as imagens com infravermelho ou a microperimetria», enumera o Prof. Rufino Silva, coordenador do Grupo Português de Retina-Vítreo (GPRV).

Sobre esses novos exames de diagnóstico, o especialista acrescenta que «permitem uma melhor compreensão da fisiopa-tologia das doenças do fundo do olho, uma correlação estrutura/ /função e uma avaliação morfológica que se aproxima, muitas ve-zes, da histologia».

Para melhorar o reconhecimento da utilidade desses exames complementares na prática clínica, bem como para ajudar na sua interpretação, o GPRV organiza este Curso sobre métodos de diagnóstico da patologia do fundo ocular, a decorrer hoje, entre as 9h00 e as 11h00, na sala Vega. Optou-se pela discussão de casos clínicos, pois é «um modelo mais prático, que associa a interpretação do exame à sua utilidade diagnóstica», observa Ru-fino Silva, coordenador do Curso.

«Cada vez mais, dispomos de tecnologia sofisticada, mas tam-bém dispendiosa para avaliarmos as patologias do fundo do olho. Temos imagens da retina com resolução na ordem dos três mi-crons e recentes desafios relacionados com a interpretação dos novos exames», salienta Rufino Silva. Por outro lado, «o apareci-mento de novos tratamentos para as patologias do fundo ocular mais frequentes – como a retinopatia diabética, as oclusões ve-nosas ou a degenerescência macular relacionada com a idade – exigem que todos os oftalmologistas dominem os novos exames complementares de diagnóstico e saibam quando podem ser

úteis e o que podem esperar deles», completa o oftalmologista. «Um correcto diagnóstico é indispensável em qualquer patologia, para podermos definir o melhor tratamento e avaliar a sua relação custo/benefício.»

No final do Curso, espera-se que os participantes estejam mais aptos a «saber quando pedir um exame complementar de diag-nóstico, saber interpretar os seus achados na prática clínica e saber qual a sua utilidade na orientação terapêutica», afirma o coordenador.

De referir que, para além de Rufino Silva, intervêm no Curso o Prof. Amândio Sousa e as Dr.ªs Ângela Carneiro e Elisete Bran-dão, do Hospital de São João; a Dr.ª Filomena Pinto, do Hospital de Santa Maria; e a Dr.ª Maria João Veludo, do Centro Hospitalar Lisboa Central.

«Um correcto diagnóstico é indispensável em qualquer

patologia, para podermos definir o melhor tratamento e avaliar a sua relação custo/benefício.»

Prof. Rufino Silva

OS «FORMADORES»: Atrás: Profs. Rufino Silva (coordenador do Curso) e Amândio Sousa. À frente: Dr.ªs Filomena Pinto, Elisete Brandão, Ângela Carneiro e Maria João Veludo.

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Edição Diária do Congresso

Reab i l itaçãoda superfíc ie ocular– uma abordagem s istemát ica

As queimaduras químicas, a síndrome de Stevens-Johnson e o penfigóide ocular cicatricial são algumas condições que têm

um efeito devastador sobre a superfície ocular, provocando baixa visão. Outras condições menos frequentes que provocam defici-ência límbica pura, como a Aniridia, podem ter consequências semelhantes.

A abordagem para a reabilitação de um olho com problemas na superfície ocular passa, primeiro, por considerar a causa e, se es-tiver em curso, tratá-la. Se houver inflamação, esta também deve ser controlada. A reabilitação da superfície ocular em casos de deficiência límbica consiste na reconstrução da estrutura e função das pálpebras e do estado de lubrificação e na restauração da morfologia corneana. Mais importante, porém, é tratar a doença subjacente, se for progressiva, bem como eliminar a inflamação.

As pálpebras são vitais em termos de oclusão e de função, pro-porcionando uma acção de limpeza em toda a superfície da cór-nea. As anomalias, como a lagoftalmia, necessitam de ser resolvidas por cirurgia plástica ocular. Se houver queratinização, é necessária uma correcção com transplante de mucosa (bucal ou nasal).

O fórnix também tem uma função impor-tante e serve como um reservatório de lá-grimas. Se estiver comprometido, deve também ser reconstruído. O estado de lubrificação deve ser tratado se a oclusão dos pontos canaliculares for baixa, poden-do ser considerado o uso de secretagogos, como a pilocarpina oral (Salagen®). Se a oclu-são for muito insignificante, então a reabilitação pode não ser possível. Uma vez que todos os pro-cedimentos para a reconstrução da superfície ocular tenham sido tomados e tenham sido satisfatórios, então a restaura-ção morfológica da córnea pode ser considerada.

RestauRação da moRfologia coRneana Nas últimas décadas, as técnicas de transplante de limbo com células estaminais evoluíram bastante. A escolha do procedimen-

Dr. Sheraz Daya Director da Corneoplastic Unit and Eye Bank, Queen Victoria Hospital, no Reino Unido

OPINIÃO

to depende de se a condição é unilateral ou bilateral. Se é unila-teral, e se o outro olho está normal, então um transplante autólogo de limbo conjuntival é a melhor opção.

Na doença bilateral, é necessário um aloenxerto e, como todos os transplantes, uma melhor compatibilidade HLA [human leukocite antigene] tem mais hipóteses de sucesso. Neste caso, se houver um familiar com uma boa histocompatibilidade, então o alotrans-plante de limbo conjuntival é uma opção. No entanto, é mais acon-selhado uma imunossupressão sistémica. No caso de não haver boa histocompatibilidade com um familiar, as opções restantes passam por um transplante querato-límbico de cadáver ou por um alotransplante de células estaminais por engenharia tecidular.

Os enxertos querato-límbicos têm demonstrado ser muito úteis na restauração do fenótipo corneano. No entanto, devido à na-tureza altamente antigénica do material dos dadores e à não-histocompatibilidade, a rejeição e o fracasso a longo prazo são

bastante comuns. A imunossupressão, neste contexto, é vital. Os enxertos com engenharia de tecidos são uma gran-

de promessa e tem havido vários relatos de sucesso. O nosso grupo demonstrou a reabilitação da

morfologia da superfície após aloenxerto límbico ex-vivo de células estaminais. Contudo, a per-da completa de linhas celulares de dadores foi comprovada, por análise de ADN. Parece que o processo de um alotransplante provocou uma resposta do hospedeiro com o repovoamento do

nicho de células estaminais com células do pró-prio hospedeiro. Se for este o caso, o estímulo será

a chave para o desenvolvimento de métodos mais avançados de engenharia de tecidos, incluindo a aplica-

ção de outros tecidos e órgãos.Com a proliferação de técnicas de transplante de superfície ocu-

lar, é necessária uma nomenclatura comum para promover a coe-rência na comunicação. Recentemente, a Corneal Society aprovou as recomendações de um comité internacional de especialistas da superfície ocular chefiado por mim e por Edward Holland. Esta no-menclatura será publicada em breve, na revista Cornea.

Nota: devido ao cancelamento de voos no Reino unido,

relacionado com os fortes nevões, o dr. sheraz daya não pôde vir a este

congresso proferir a conferência «Ocular Surface Rehabilitation»,

que iria decorrer hoje. no entanto, enviou este artigo para ser publicado no jornal diário.

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Novas PerspectivasClínicas e Cirúrgicas

em Oftalmologia

SIMPOSIUM

Sábado 4 de Dezembro.

13.00h/14.30h

SALA GEMINI

www.alcon.com

Coordenadores:

Dr. António FigueiredoDr. José Pita Negrão

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Edição Diária do Congresso

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Vanessa Pais

O Dr. Richard Abbott, presidente-eleito da American Academy of Ophthalmology (AAO) tem uma participação muito activa

neste 53.º Congresso Português de Oftalmologia. Depois de ter proferido ontem duas conferências inseridas na temática «Medi-cal Education» das Jornadas de Investigação, e de ter saudado oficialmente os congressistas, enquanto presidente da AAO, na Cerimónia de Abertura, hoje é o palestrante de duas conferências que têm lugar na sala Gemini.

Na primeira conferência, às 11h30, sobre o tema «Questões éticas na experimentação de novas técnicas cirúrgicas», Richard Abbott fala sobre os aspectos éticos e práticos na aprendizagem de novos procedimentos. Para o presidente-eleito da AAO, antes de ser tomada qualquer decisão sobre a experimentação de no-vos procedimentos, «deve ser traçada a linha entre a oferta de nova tecnologia e o que é melhor para os doentes». Abbott de-fende que «os doentes têm de compreender aquilo que estão a escolher e a decisão do médico deve sempre partir da pergunta: “É bom para o doente?”».

PaPel das guidelineS na melhoRia dos cuidados Sobre o tema «O uso das guidelines na melhoria dos cuidados de saúde – uma iniciativa global», Richard Abbott foca-se na importância das directrizes, o seu processo de formação e na explicação de como é que devem ser utilizadas pelo médico na sua prática clínica. O presidente-eleito da AAO define guidelines da seguinte forma: «São elementos mensuráveis no processo de prestação de cuidados de saúde a um doente. Geralmente, são aceites como as melhores práticas, no entanto, não explicam como abordar o caso de um determinado doente em concreto. É aqui que entra a avaliação do médico com base na sua experi-ência.»

Sendo que não indicam como abordar um doente concreto, en-tão, qual é o objectivo das guidelines? Esta é uma das questões a que Richard Abbott se propõe responder na sua conferência das 15h00. No entanto, avançou algumas respostas ao Notícias Diárias: «Identificar os níveis apropriados de cuidados; incentivar a realização progressiva de níveis mais elevados de qualidade no atendimento oftalmológico em todo o mundo; aumentar a eficiên-cia; custos mais baixos; disponibilizar uma fonte de evidências baseadas em informações actualizadas sobre o processo de cui-dados são alguns dos objectivos das guidelines.»

Quanto à utilização destas directrizes, Abbott sublinha que elas devem permitir «fazer a coisa certa, na hora certa, e fazê-lo bem». Em conclusão, para o presidente da AAO, «o médico deve usar o seu melhor julgamento clínico na prestação de cuidados a um determinado doente, orientando-se pelas guidelines».

Richard Abbott para além da presidência da AAOAlém de presidente-eleito da American Academy of Ophthalmology (AAO), Richard Abbott é professor de Oftalmologia Clínica e co-director do Serviço de Cirurgia Refractiva e da Córnea do Departamento de Oftalmologia da Universidade da Califórnia, em São Francisco, EUA. Em termos de investigação, este oftalmologista tem-se centrado nas questões da educação, principalmente na área das guidelines e do desenvolvimento de módulos ao nível do conhecimento cognitivo e ético. Enquanto Secretary for Quality of Care and Knowledge Base Development da AAO, lidera também o desenvolvimento de directrizes e de uma base de conhecimento clínico relevante para a manutenção da certificação. Richard Abbott é, ainda, presidente da Comissão de Desenvolvimento de Guidelines do International Council of Ophthalmology.

As questões éticas na experimentação de novos procedimentos cirúrgicos e o uso das guidelines na melhoria dos cuidados de saúde são os assuntos que o Dr. Richard Abbott vai abordar nas suas duas conferências, que têm lugar hoje, às 11h30 e às 15h00, respectivamente, na sala Gemini.

Pres idente-ele ito da Assoc iação Amer icana de Oftalmolog ia fala sobre ét ica e gu idel ines

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Homenagem ao Prof. José Faria de AbreuO Prof. José Rui Faria de Abreu, presidente honorário deste Congresso, não pôde estar presente na sessão oficial de abertura por motivos de saúde, mas fez chegar através de António Travassos algumas palavras que justificaram a sua ausência e reforçaram a sua forma de ser. O presidente cessante da SPO quis homenagear José Faria de Abreu e, ao mesmo tempo, mostrar a essência desta figura incontornável da Oftalmologia nacional através da projecção de um vídeo (na foto ao lado). Tratou-se da sua participação no programa televisivo Prós e Contras, transmitido pela RTP a 6 de Maio de 2006, com o tema «DMI em debate». Os congressistas puderam assistir à intervenção de Faria de Abreu no

programa e apreciar a sua irreverência, espontaneidade e franqueza. «Foi um homem que nunca hesitou em dizer o que pensa», lembrou António Travassos que, após a transmissão, concluiu: «Foi o José Rui no seu melhor!»

DEsTaquE DE CaPa

«Partir!Nunca voltarei,Nunca voltarei porque nunca se volta,O lugar a que se volta é sempre outro,A gare a que se volta é outra.Já não está a mesma gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia.»Álvaro de Campos

Na sequência da declamação deste poema, em jeito de despe-dida, o Dr. António Travassos afirmou: «Partirei sem quaisquer re-ceios.» Logo de seguida, introduziu o poema Toada de Portalegre, de José Régio, poeta e professor no Liceu Mouzinho da Silveira, em Portalegre, frequentado por António Travassos e por Florindo Esteves Esperancinha, que também fez parte da mesa, enquanto presidente do Colégio de Oftalmologia da Ordem dos Médicos.

«Parto em paz, acreditando que o futuro será melhor para a SPO», disse António Travassos, antes de anunciar o seu último «convidado»: Chico Buarque, com o poema Construção, que foi declamado o som da guitarra. O presidente cessante da SPO justificou a escolha do seguinte modo: «Construção, porque uma sociedade, para se manter viva e activa, precisa de estar em per-manente construção. Quem me suceder que compreenda o espí-rito de Gaudi e continue a construir esta “Sagrada Família” que é a SPO», concluiu o presidente cessante.

Pela inteRnacionalização da oftalmologia PoRtuguesa«A Oftalmologia portuguesa ombreia com o que se faz no mundo inteiro» e uma forma de atingir a internacionalização poderá ser «através de projectos como o e-learning», declarou o Dr. F. Este-ves Esperancinha na sua intervenção. E sublinhou: «Queremos colaborar com o Dr. Richard Abbott e com a Academia Americana de Oftalmologia [AAO].»

O presidente do Colégio de Oftalmologia da Ordem dos Médicos destacou ainda a importância do impulso dado pela SPO para a criação de um colégio e de uma especialidade de Oftalmologia nos países africanos de língua oficial portuguesa, como está a aconte-

Poes ia insp i rou Abertura Ofic ialdo Congresso

Foi com Álvaro de Campos que o Dr. António Travassos, presidente cessante da SPO, deu início à sessão de Abertura Oficial do 53.º Congresso Português de Oftalmologia. A poesia, declamada pelo actor Carlos Paulo, foi uma convidada muito especial nesta cerimónia, para surpresa dos congressistas.

cer em Angola. «É muito importante que os oftalmologistas prove-nientes dos países de expressão portuguesa, que são formados em Portugal, possam, depois, exercer no seu país de origem», reforçou.

Por sua vez, o Dr. Richard Abbott, presidente-eleito da AAO, trouxe à sessão de abertura deste 53.º Congresso a experiência da instituição que vai presidir a partir do próximo mês de Janeiro: «Trinta por cento dos sócios da AAO vivem fora do território norte--americano», afirmou Abbott, para sublinhar o carácter internacio-nal desta Academia. O representante destacou, ainda, um outro grande objectivo da AAO, que entende ser uma «necessidade global» e um exemplo a seguir por outras entidades: «Continuar a realizar reuniões científicas internacionais e a apostar na educa-ção e na investigação para conseguir eliminar a cegueira evitável no mundo.» Vanessa Pais

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Edição Diária do Congresso

11Devolver a v isão ao mundo…A Fundação Olhos do Mundo tem contribuído para a melhoria da saúde ocular nos países mais vulneráveis. Uma vez que os oftalmologistas portugueses têm manifestado interesse em participar nos seus projectos de cooperação, a Fundação marca presença neste Congresso da SPO, com um stand na área da exposição técnica.

ana João Fernandes

Valentim é uma criança moçambicana, de 9 anos, e tem uma ca-tarata congénita bilateral. Se tivesse nascido num país desen-

volvido, essa disfunção visual teria sido detectada e tratada preco-cemente. Mas não foi essa a sua sorte e está na idade considerada limite para ser operado com um resultado satisfatório. Ainda assim, a equipa de profissionais voluntários da Fundação Olhos do Mundo – que actua em Moçambique desde 2002 e que já tratou, só nesse país, cerca de 11 mil pessoas com problemas oculares – decidiu que valia a pena tentar. Missão cumprida: hoje, Valentim já pode cuidar de si mesmo, estudar, trabalhar.

Nas viagens que tem feito como voluntária da Olhos do Mundo, a Dr.ª Lurdana Gomes, representante desta Fundação em Portugal, tem visto «muitas pessoas que, como o Valentim, estavam cegas, devido a problemas que poderiam ter sido detectados de forma precoce e tratados com técnicas relativamente simples», mas às quais «os países mais pobres não têm acesso». «Para estes pa-cientes, voltar a ver significa dar um passo em frente para sair da pobreza em que se encontram, ou seja, recuperar a capacidade de serem autosuficientes e de poderem realizar tarefas tão básicas e

importantes como estudar ou trabalhar», afirma. É esse o propósito da Fundação Olhos do Mundo, afinal. De acor-

do com o Dr. Borja Corcóstegui, vice-presidente dessa instituição sem fins lucrativos, o seu objectivo passa por «prestar cuidados de saúde de qualidade às pessoas com deficiência visual e sem recursos eco-nómicos dos países mais pobres, mas também incentivar o desen-volvimento de infra-estruturas, a prevenção das doenças oculares e, principalmente, a formação dos recursos humanos locais».

Recorde-se que os números de Moçambique são alarmantes (como foi, de resto, assinalado nas duas reuniões luso-africanas de Oftalmologia já realizadas). Por cada milhão de habitantes, há uma média de dois oftalmologistas e quatro técnicos. Quer isto dizer que uma em cada dez pessoas fica sem acesso a cuidados visuais. Mais alarmante ainda é que, segundo o Ministério da Saúde mo-çambicano, há, em todo o país, «180 mil pessoas cegas e 720 mil com problemas oculares». Por isso, o trabalho da Fundação Olhos do Mundo é deveras importante. Ainda não o conhece ou quer sa-ber mais? Então, dirija-se ao seu stand neste Congresso ou visite o site www.olhosdomundo.org.

Conferênc ia aborda a evolução dos transplantes lamelares

Hoje, pelas 15h30, na sala Gemini, o Prof. Joaquim Murta profere uma conferência sobre a «evolução dos transplantes lamelares» e os grandes desafios futuros na área da transplantação.

ana João Fernandes

Pioneiro em Portugal de inúmeras técnicas de transplanta-ção, nomeadamente de transplantes lamelares, o Serviço

de Oftalmologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) vai partilhar a sua experiência nessa área neste 53.º Congresso. O seu director, Prof. Joaquim Murta, profere hoje uma conferência sobre os transplantes lamelares da córnea, entre as 15h30 e as 16h00, onde também falará sobre o envol-vimento do Serviço de Oftalmologia dos HUC em vários projec-tos de investigação nesse campo.

«Neste momento, estamos envolvidos em dois projectos: um deles visa desenvolver uma técnica de obtenção de tecidos para o DMEK (descemet membrane endothelial keratoplasty) de forma mais segura; o outro é um estudo multicêntrico in-ternacional, sobre os chamados DSAEK (descemet’s stripping automated endothelial keratoplasty) ultrafinos. A espessura da

lamela parece ser muito importante na rápida recuperação vi-sual destes doentes», afirma Joaquim Murta.

O conferencista vai abordar, fundamentalmente, a evolução dos transplantes lamelares posteriores, na última década. Na sua perspectiva, permitem «recuperações muito mais rápidas, sendo as taxas de rejeição muito menos frequentese e um prognóstico visual-refractivo e de estabilidade muito melhor», considera.

«Ao fim de um mês, os pacientes já estão a ver quatro ou cinco décimos sem grandes metropias. No caso dos transplan-tes ultrafinos, ainda é mais rápido.», prossegue Joaquim Murta.

Na opinião do director do Serviço de Oftalmologia dos HUC, os transplantes lamelares «são tecnicamente mais difíceis, exi-gem mais instrumentação, mas os seus resultados são franca-mente melhores». De referir, ainda, que o conferencista vai falar sobre os desafios futuros nesta área.

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Edição Diária do Congresso

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«O Atlas pode ajudar a chegar ma is ráp ido ao d iagnóst ico»

Com o objectivo de partilhar conhecimentos com todos os

oftalmologistas, e porque «uma imagem vale mais do que mil palavras», o Prof. Eduardo Silva construiu o Atlas Digital de Retina Pediátrica, único no

País, cuja apresentação acontece hoje, às 17h00, na sala Gemini. Em entrevista

ao Notícias Diárias, Eduardo Silva desvendou alguns dos conteúdos e

mais-valias desta obra.

Prof. Eduardo Silva, autor do Atlas Digital de Retina Pediátrica

Vanessa Pais

Como surgiu a ideia de elaborar um Atlas Digital de Retina Pedi-átrica?Durante toda a minha vida de oftalmologista, fui fazendo uma co-lecção mais ou menos ordenada das diferentes patologias com que me deparava no dia-a-dia, pelo que tinha um grande reposi-tório de imagens. As pessoas que trabalham comigo sabem que tenho um hábito obsessivo-compulsivo de construir bases de dados de patologias. Mas não tinha em mente que me fosse lan-çado o repto de construir um Atlas Digital de Retina Pediátrica, como aconteceu na primeira reunião deste biénio da Comissão Central da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO).

Quais os objectivos deste projecto?O objectivo principal foi o de disponibilizar a todos os oftalmo-logistas, em especial aos mais novos, imagens que incluem a representação de um conjunto significativo de patologias com que se podem deparar no seu quotidiano e também algumas menos frequentes. Por um lado, pode servir de ponto de refe-rência para que, mais rapidamente, se chegue ao diagnóstico. Além disso, permite familiarizar os oftalmologistas com as altera-ções que vão sendo encontradas nos exames complementares e que também vão ajudar ao diagnóstico.

De que forma estão organizados os conteúdos?São cerca de 300 imagens, às quais é muito fácil aceder. Todas são relatadas e acompanhadas de um pequeno texto com infor-mação suplementar sobre outras manifestações clínicas que se poderão verificar como, por exemplo, quando há aspectos ge-néticos que podem estar relacionados com a situação. Contém imagens de patologias malformativas, hereditárias e degenerati-vas, de infecção ocular isolada e com complicações sistémicas, patologia do nervo óptico, situações oncológicas, inflamatórias e também traumáticas.

No âmbito dos exames complementares, o Atlas inclui foto-grafias de angiografia fluoresceínica, angiografias com verde de indocianina, OCT e autofluorescência. Integra, ainda, ima-

gens de exames que só são possíveis de realizar com um equi-pamento que nós temos [no Centro Cirúrgico de Coimbra] e que penso ser único no País – o OctoMap –, que nos permite ter uma imagem completa da retina. Nenhum outro tipo de exa-me nos permite examinar, numa só imagem, a retina do doente com tanta abrangência e ter uma perspectiva integrada daquilo que está a ocorrer naquele momento.

Como será possível ter acesso ao Atlas Digital de Retina Pediá-trica?Vai ser distribuído em DVD a todos os que demonstrarem interes-se em tê-lo, durante este Congresso da SPO. Eventualmente, no futuro, o projecto poderá sofrer uma expansão, se tiver uma boa aceitação por parte dos destinatários (oftalmologistas e internos de Oftalmologia), como uma segunda edição mais completa.

Como pensa que o Atlas vai ser recebido pelos destinatários?Penso que suscitará bastante interesse, porque estão repre-sentadas situações que não são muito frequentes na prática clínica. O oftalmologista que se vê confrontado com uma situa-ção diferente, se puder ter algo à sua disposição para consul-tar e fazer uma confrontação directa entre a imagem que está no Atlas e o que tem à sua frente, chegará mais rapidamente ao diagnóstico. Nós só conseguimos diagnosticar aquilo que conhecemos.

Até porque «uma imagem vale mais do que mil palavras» e, como a nossa especialidade é extremamente visual, o Atlas será uma mais-valia, não só para quem já está estabelecido como oftalmologista, mas, fundamentalmente, para aqueles que estão em fase de formação e que deverão confrontar-se com o maior número de patologias possível.

Há uma frase de que gosto particularmente e que resume um pouco tudo isto: «A ciência é como o amor: quanto mais se dá, mais se tem.» De facto, é na partilha que está a mais-valia. O conhecimento não é para ficar dentro de nós. Se o conseguir par-tilhar, principalmente com os mais novos, ficarei satisfeito!

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53 . º Congresso Português de Oftalmolog ia2 3 4 D e z | 2 0 1 0

Edição Diária do Congresso

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Laser femtossegundo no transplante de córnea

O femtossegundo é um laser infravermelho, de pulsos ultra-rápidos, que causa uma fo-

todisrupção a nível molecular, com formação de CO2 e água, que são absorvidos pela bomba endotelial. Actualmente, diferentes empresas co-

mercializam este tipo de laser: Intralase® (AMO); LDV® (Ziemer Ophthalmics); Perfect Vision 20/10®

(Techonolas); Visumax® (Zeiss) ou Waveligh® (Alcon). Os aparelhos que apresentam uma plataforma mais desenvolvida para a realização de transplante de córnea são o Intralase® e o Perfect Vision®. Porém, ainda são pouco publicados na literatura.

Com a sua capacidade de fotodisrupção, o femtossegundo consegue realizar trata-mentos profundos e com diferentes forma-tos. O programa permite alterar a energia, a distância entre pontos de tratamento, a angulação de tratamento, a localização, o diâmetro, a profundidade, a arquitectura do corte e a localização do pedículo.

Prof.ª Luciene BarbosaChefe do Setor de Doenças Externas Oculares e da Córnea, na Universidade de São Paulo, Brasil

OPINIÃO

Os diversos moldes de corte permitidos pelo laser femtosse-gundo abrem um capítulo novo na trepanação da córnea para transplante penetrante. Com isso, temos o transplante dito mo-delado, que permite uma maior personalização do procedimento cirúrgico de acordo com a patologia do doente.

Sabe-se que a longo prazo, especialmente em doentes portado-res de queratocone, a instabilidade da cicatriz ténue na junção do-

ador/receptor pode levar a grandes astigmatismos. O aumento da área de contacto entre os tecidos abre uma perspectiva de

maior estabilidade refraccional, maior resistência a traumas e, inclusive, a possibilidade de diminuir o número de sutu-ras ou a substituição das mesmas por adesivos teciduais.

Um estudo prospectivo realizado na nossa instituição demonstrou melhor acuidade visual, desde o primeiro dia

da cirurgia em doentes operados com o laser de femtosse-gundo, comparados com a técnica manual.

Aplicações do laser femtossegundoNa cirurgia da córnea, o laser femtossegundo está a ser utilizado para realização de:

• Transplante penetrante tradicional;

• Transplante penetrante modelado (chápeu, cogumelo, Z, árvore, etc.) (ver figura.)

• Construção de túneis para implantes corneanos;

• Queratotomia astigmática;

• Implante de queratoprótese;

• Transplantes lamelares anteriores e posteriores;

• Cirurgia refractiva.

Padrões de corte no transplante modelado

Nota:a Prof.ª luciene

Barbosa é a prelectora da conferência «laser

femtossegundo e córnea», que decorre

hoje, às 15h00, na sala gemini.

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Glaucoma:os meios e os fins

3 de Dezembro de 201013.00h

Viamoura MarinotelSala Gemini

Chairman:Dr. Nunes da SilvaOradores:Dra. Maria da Luz FreitasDr. António Figueiredo Dr. António Martinez Dra. Manuela Carvalho

www.msd.pt www.univadis.pt Linha Verde MSD 800 20 25 20Quinta da Fonte, 19 - Edifício Vasco da Gama, 2770-192 Paço de ArcosNIPC 500 191 360

SIMPÓSIO MSD/CHIBRET53º Congresso Português de Oftalmologia