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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE PERFIL IMUNOLÓGICO DOS INDIVÍDUOS COM A COINFECÇÃO HIV/LEISHMANIA INFANTUM MANOELLA DO MONTE ALVES NATAL/RN 2017

PERFIL IMUNOLÓGICO DOS INDIVÍDUOS COM A … · perguntas” (Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas) viii RESUMO ... Palavras-chave: HIV, AIDS, leishmaniose, coinfecção, ativação

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

PERFIL IMUNOLÓGICO DOS INDIVÍDUOS COM A COINFECÇÃO

HIV/LEISHMANIA INFANTUM

MANOELLA DO MONTE ALVES

NATAL/RN

2017

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MANOELLA DO MONTE ALVES

PERFIL IMUNOLÓGICO DOS INDIVÍDUOS COM A COINFECÇÃO HIV/LEISHMANIA INFANTUM

Dissertação apresentada ao Programa de Pós

graduação em Ciências da Saúde da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

com requisito para a obtenção do título de

Mestre em Ciências da Saúde.

Orientadora: Profa. Selma Maria Bezerra

Jerônimo

Co-orientadora: Profa. Eliana Lúcia Tomaz do

Nascimento.

NATAL/RN

2017

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Alves, Manoella do Monte. Perfil imunológico dos indivíduos com a coinfecçãoHIV/Leishmania infantum / Manoella do Monte Alves. - Natal,2017. 63f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação emCiências da Saúde. Centro de Ciências da Saúde. UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte. Orientadora: Selma Maria Bezerra Jerônimo. Coorientadora: Eliana Lúcia Tomaz do Nascimento.

1. Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - Dissertação. 2.HIV - Dissertação. 3. Leishmaniose - Dissertação. 4. Ativaçãoimune - Dissertação. I. Jerônimo, Selma Maria Bezerra. II.Nascimento, Eliana Lúcia Tomaz do. III. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 616.98:578.828

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Coordenador do Programa de Pós - Graduação em Ciências da Saúde

Prof. Dr. Eryvaldo Sócrates Tabosa do Egito

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MANOELLA DO MONTE ALVES

PERFIL IMUNOLÓGICO DOS INDIVÍDUOS COM A COINFECÇÃO HIV/LEISHMANIA INFANTUM

Aprovada em 17/03/2017

Banca examinadora:

Presidente da Banca: Prof. Selma Maria Bezerra Jerônimo

Membros da Banca: Lara de Melo Barbosa Andrade e Lucas Pedreira de Carvalho

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DEDICATÓRIA

A todos os Severinos do Brasil, que permanecem longe dos olhos e dos interesses

dos governantes deste país.

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AGRADECIMENTOS

Aos pacientes que convivem com o HIV, que mesmo na sua busca constante pelo

anonimato, me emprestaram um pouco de seu tempo e aceitaram fazer parte do

estudo.

A todos que fazem o Instituto de Medicina Tropical do Rio Grande do Norte, pelas

portas sempre abertas e que sem eles, este estudo não aconteceria.

E em especial a:

Carol Aguiar, pela paciência, parceria e ajuda inestimável no aperto das horas.

Amanda Albuquerque, por ter sido meus pés e mãos neste estudo.

Glória Monteiro, pelo otimismo, disponibilidade e carinho.

Professora Eliana Tomaz pela oportunidade que me abriu ao falar do IMT e por ter

me convidado para iniciar este mestrado.

Este estudo recebeu suporte do National Institutes of Health (NIH-AI-30639) e

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

E por fim, agradeço à Professora Selma, que segurando o leme do IMT nesses

mares pouco favoráveis, é capaz de nos levar a horizontes melhores.

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“Vivendo, se aprende; mas o que se aprende mais, é só a fazer outras maiores

perguntas” (Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas)

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RESUMO

A Leishmania infantum é um patógeno de comportamento oportunista. O risco de

pessoas com infecção assintomática por L. infantum desenvolverem leishmaniose

visceral (LV) é maior naquelas coinfectadas com HIV (vírus da imunodeficiência

humana) do que em imunocompetentes. A hipótese do presente estudo é que ativação

persistente de células T em pessoas coinfectadas com HIV (HIV+) e L. infantum

aumenta o risco de progressão para LV. Para testar essa hipótese, foi realizado um

estudo, entre maio de 2014 a agosto de 2016, em uma área endêmica para LV no

estado do Rio Grande do Norte, Brasil, com objetivo de determinar a frequência de

coinfecção assintomática HIV/L. infantum e avaliar a resposta imune em pessoas com

coinfecção Leishmania-HIV. Em estudo transversal, um total de 1.134 pessoas HIV+

foram avaliadas quanto a frequência de infecção por L. infantum, usando-se como

marcador anticorpo anti-Leishmania. Um subgrupo de coinfectados HIV/L. infantum

foi seguido e determinados os níveis de ativação, senescência, anergia, exaustão e

regulação de células T e a evolução clínica, comparando-os com pessoas HIV+,

AIDS/LV, LV e saudáveis. A taxa de infecção assintomática por L. infantum em

pessoas HIV+ foi de 23,6% (n=268), destas 2 desenvolveram LV dentro de 1 ano e

foram a óbito. Pessoas dos grupos HIV/L. infantum, AIDS/LV e LV apresentaram maior

expressão de CD38HLA-DR e PD1 em linfócitos T CD8 do que pessoas com HIV. Em

todos os grupos houve expressão aumentada de CD57 nos linfócitos T CD8. O grupo

HIV/L. infantum apresentou maior expressão de CD25FoxP3 nos linfócitos T CD8.

Pessoas infectadas por L. infantum apresentaram uma maior ativação de linfócitos T

CD8. Essa ativação persistente em pessoas com HIV/L. infantum pode levar a déficits

imunológicos que aumentaria o risco de progressão para LV. Esses resultados

sinalizam para a necessidade de avaliação de profilaxia com drogas leishmanicidas

como medida para reduzir o risco de desenvolver LV sintomática.

Palavras-chave: HIV, AIDS, leishmaniose, coinfecção, ativação imune.

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ABSTRACT

The risk to develop visceral leishmaniasis (VL) in subjects with HIV+ (Human

immunodeficiency virus) is greater than for immunocompetent people with

asymptomatic Leishmania infantum. The hypothesis of this study was that persistent

T cell activation in HIV co-infected persons and asymptomatic Leishmania infection

increases the risk of progression to VL and to relapse. To test this hypothesis, a cross-

sectional study of subjects HIV+ was carried out between May 2014 and August 2016

in an endemic area for LV, in the state of Rio Grande do Norte, northeast Brazil, with

the goal to determine the rate of asymptomatic L. infantum infection in HIV-infected

persons (HIV +) and the immunological status of this co-infection. A total of 1,134 HIV+

subjects was recruited. A subgroup of HIV/L. infantum was followed to determine the

level of T cell activation, senescence, anergy, exhaustion and regulation and clinical

follow up and compared to a HIV+, AIDS/VL, VL alone and healthy individuals. The

rate of L. infantum asymptomatic infection was 23.6%. Of the 268 HIV/L. Infantum, 2

developed VL and died. Subjects with HIV/L. infantum, AIDS/VL and VL group

presented higher expression of CD38HLA-DR and PD1 in CD8 cells than subjects with

only HIV. For all groups, there was an increased expression of CD57 in T CD8

lymphocytes. HIV/L. infantum group presented the higher CD25FoxP3 expression in T

CD8 lymphocytes. People infected with L. infantum had a greater activation of CD8 T

lymphocytes. This persistent activation may lead to possible immunologic deficits that

in individuals with immunosuppressive diseases would increase the risk to develop VL.

Therefore, prophylaxis with leishmanicidal drugs should be considered.

Keywords: HIV, Aids, leishmaniasis, co-infection, immune activation.

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LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

Aids Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida

APCs Célula Apresentadora de Antígeno

CCR5 Receptor de quimiocina Tipo 5

CD cluster de diferenciação

CD3 Linfócito T CD3

CD4 Linfócito T CD4

CD8 Linfócito T CD8

CTLA4 Antígeno de Linfócito Citotóxico Tipo 4

CXR4 Receptor CXC de quimiocina Tipo 4

DO Densidade óptica

EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético

ELISA Ensaio Imunoenzimático

FoxP3 Fator de Transcrição da Família “forkhead”

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

HLA Antígeno Leucocitário Humano

HLADR Antígeno Leucocitário Humano - antigen D Related

IFI Imunofluorescência Indireta

IFN Interferon

IFNγ Interferon Gama

IL Interleucina

LV Leishmaniose Visceral

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MDMs Macrófago derivado de monócito

MHC Complexo Principal de Histocompatibilidade

MIF Fator Inibidor de Migração de Macrófagos

MIP-1β Proteína Inflamatória de Macrófago 1β

NFkB Fator de Transcrição Nuclear kappa B

NK Células Natural Killers

PBMC Célula Mononuclear do Sangue Periférico

PCR Reação em cadeia da polimerase

PD1 Morte programada - 1

qPCR Reação em Cadeia da Polimerase quantitativo

rK39 Proteína Recombinante Cinesina 39

sCD14 Fração solúvel do receptor CD14

SLA Antígeno solúvel de Leishmania

TARV Terapia Antirretroviral

TGF- Fator de Transformação do Crescimento β

Th1 Células T auxiliares do tipo 1

Th17 Células T auxiliares do tipo 17

Th2 Células T auxiliares do tipo 2

TLR Receptores Toll-like

TNF Fator de Necrose Tumoral

TNF-α Fator de Necrose Tumoral alfa

Treg Células T reguladoras

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LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1 - Fluxograma do arrolamento dos participantes do estudo.. ....................... 28

Figura 2 - Distribuição de IgG anti-rK39 por grupos. ................................................. 33

Figura 3 - Distribuição de IgG anti-SLA por grupos. .................................................. 34

Figura 4 – Valores de CD4 por grupo. ....................................................................... 36

Figura 5 - Valores de CD8 por grupo. ....................................................................... 36

Figura 6- Relação T CD4/CD8 por grupo.. ................................................................ 38

Figura 7 - Expressão de CD38HLA-DR em linfócitos T CD3CD4 (A) e CD3CD8 (B).

.................................................................................................................................. 41

Figura 8 - Expressão de CTLA4 em linfócitos T CD3CD4 (A) e CD3CD8 (B). .......... 42

Figura 9 - Expressão de PD1 em linfócitos T CD3CD4 (A) e CD3CD8 (B). .............. 43

Figura 10 - Expressão de CD57 em linfócitos T CD3CD4 (A) e CD3CD8 (B). .......... 43

Figura 11 - Expressão de CD25FoxP3 em linfócitos T CD3CD4 (A) e CD3CD8 (B). 44

Gráfico 1 - Taxa de coinfecção assintomática HIV/L. infantum. ................................ 32

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 – Características demográficas dos grupos ............................................... 32

Tabela 2 – Avaliação da infecção por L. infantum por presença de anticorpo anti-

Leishmania, anti-SLA e anti-rK39 .............................................................................. 33

Tabela 3 – Contagem de linfócitos e carga viral do HIV ............................................ 35

Tabela 4 - Teste de comparação múltipla entre os grupos para linfócitos T CD4 e T

CD8 ........................................................................................................................... 35

Tabela 5 – Características demográficos e laboratoriais dos grupos ........................ 40

Tabela 6 – Dados de ativação, exaustão, anergia, senescência e regulação dos

linfócitos T CD4 e T CD8 ........................................................................................... 45

Quadro 1 - Painel de anticorpos para determinar ativação, anergia, exaustão,

senescência e regulação linfocítica ........................................................................... 30

Quadro 2 - Grupos x Estrato CD4 ............................................................................ 37

Quadro 3 - Grupo x Estrato Carga Viral (CV) do HIV ............................................... 37

Quadro 4 – Correlação entre os linfócitos CD4 e CD8 dos indivíduos ..................... 38

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15

2. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 18 2.1 Leishmaniose visceral e AIDS: Epidemiologia e Clínica ....................................... 18 2.2 Resposta imune a Leishmania infantum e HIV ...................................................... 22

3. OBJETIVOS ....................................................................................................... 27 3.1 Geral: ........................................................................................................................ 27 3.2 Específicos: .............................................................................................................. 27

4. MÉTODOS .......................................................................................................... 28 4.1 Tipo de estudo e população estudada ................................................................... 28 4.2 Definição dos grupos: ............................................................................................. 28 4.3 Coleta de dados ....................................................................................................... 29 4.4 Determinação de anticorpos anti-Leishmania pelo teste ELISA .......................... 29 4.5 Determinação da ativação, exaustão, anergia, senescência e regulação de linfócitos T CD4 e CD8 ................................................................................................... 29 4.6 Análise estatística .................................................................................................... 30 4.7 Considerações éticas .............................................................................................. 31

5. RESULTADOS ................................................................................................... 32 5.1 Caracterização da população estudada ................................................................. 32 5.1.1 Frequência da coinfecção assintomática HIV/L. infantum ................................. 32 5.2 Perfil imunológico dos grupos estudados ............................................................. 39 5.2.1 Características demográficas e laboratoriais ..................................................... 39 5.2.2 Avaliação dos marcadores de ativação, exaustão, anergia, senescência e regulação de linfócitos T CD4 e CD8 ............................................................................ 41

6. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 46

7. CONCLUSÕES .................................................................................................. 49

8. REFERÊNCIAS: ................................................................................................. 50

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1. INTRODUÇÃO

O surgimento da pandemia HIV/AIDS modificou o espectro das Leishmanioses.

Foi no grupo de pessoas com leishmaniose visceral, LV/AIDS, que a Leishmania foi

primeiro reconhecida como patógeno de comportamento oportunista. Desde a

primeira publicação da coinfecção, em meados da década de 80, o número de casos

LV/AIDS tem aumentado, em todas as áreas endêmicas para LV no mundo, e passa

a ser um problema importante, pela frequência de recaída da LV (1, 2).

Estudos conduzidos no nordeste do Brasil indicam que a maioria das pessoas

infectadas com L. infantum são capazes de montar uma respostar celular efetiva, sem

que haja o desenvolvimento LV (3, 4). A infecção assintomática por L. infantum no

estado do Rio Grande do Norte, tem variado ao longo dos anos. Jeronimo et cols. (5),

no ano de 2004, observaram uma prevalência de 35% em área endêmica na região

periurbana de Natal e Lima et cols., no ano de 2012, observaram uma prevalência de

24,6%. Vários fatores ambientais estão envolvidos com essa variação na taxa de

infecção por L. infantum e desenvolvimento de LV (6).

Garrote et cols., em um estudo transversal com 4.825 pessoas, observaram

uma soroprevalência de 64% para L. infantum entre as 217 pessoas HIV+ versus 4,9%

na população geral (7). Carranza-Tamayo et cols., observaram uma prevalência

cumulativa de infecção por Leishmania em 16% de 163 pessoas HIV+ em Brasília,

Brasil (8). Em 2012, Orsini et cols., observaram 20,2% de positividade em área

metropolitana endêmica para LV do Sudeste do Brasil (9), enquanto outro estudo na

região Norte do país mostrou prevalência de 3,4% (10).

A infecção pelo HIV aumenta o risco de desenvolvimento de LV (11) e acredita-

se que mais de 90% destes casos sejam recaídas e não, reinfecções (12). O que não

é uma surpresa já que na infecção pelo HIV, existe disfunção de células CD4. É sabido

que pessoas infectadas pelo HIV apresentam ativação imune persistente em níveis

maiores que controles saudáveis, vista na expressão de HLA-DR e CD25 nos

linfócitos T CD4 e T CD8 (13). Além disso, viremia residual do HIV, translocação

bacteriana e presença de coinfecções, como a citomegalovirose, tem sido claramente

relacionados à ativação imune, por meio da ativação de sinalizações intercelulares,

expressão de moléculas de adesão e por fim, elevada expressão de citocinas (14-16).

Sabe-se também que o parasitismo no tecido linfoide intestinal pelas formas

amastigotas da leishmania acelera o dano na mucosa associado à infecção pelo HIV,

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aumentando translocação bacteriana e favorecendo a ativação linfocitária (17, 18).

Leishmaniose visceral e HIV são endêmicas no Brasil (19), país que reporta a

maioria das coinfecções nas Américas. A incidência de AIDS no país cresceu de 0,8

casos por 100.000 habitantes em 1986 para 20,1 casos por 100.000 habitantes em

2009 (20). No Brasil, as novas infecções por HIV aumentaram 11% entre 2005 e 2013.

Em 2014, o país registrou 47% de todos os novos casos contabilizados na América

Latina (21). No período de 2000 a 2013, foram registrados 4.185 casos de AIDS em

adultos no estado do Rio Grande do Norte (22). Além disso, em 2014, o Brasil foi

responsável por 90% dos casos de LV na América Latina, sendo o Nordeste

responsável por 58% destes casos. Nos últimos 10 anos, a incidência de LV no país

foi de 2 casos para cada 100.000 habitantes (23).

É bem conhecido que a chegada da terapia antirretroviral (TARV) altamente

efetiva modificou a história natural do HIV e das doenças oportunistas associadas a

AIDS, incluindo a LV (24). Porém, estudos mostraram que entre 38 a 70% dos

coinfectados HIV/L. infantum que já tiveram LV, recebendo TARV, apresentavam

recidiva da LV, mesmo após tratamento efetivo para esta infecção, havendo uma

resposta diminuída ao tratamento antiparasitário (25, 26). Isso pode ser explicado pela

fisiopatologia de ambas as infecções, já que leishmania infecta e se multiplica dentro

de macrófagos e o HIV também pode invadir e se replicar nesta população celular (27,

28). Ambas as infecções mudam a resposta celular do padrão Th1 para o padrão Th2,

através de complexos mecanismos mediados por citocinas (29). Além disso, essa

dificuldade na recuperação imune tem sido parcialmente explicada pela depleção de

precursores celulares na medula óssea promovida pela leishmania, levando à

deficiência de liberação de novos linfócitos na periferia (26).

Casado et cols., demonstraram recentemente que LV pregressa em indivíduos

infectados pelo HIV é uma causa independente de níveis persistentemente elevados

de ativação imune, imunosenescência, inflamação e translocação microbiana

comparado com outros pacientes HIV+ , a despeito de uma TARV efetiva e carga viral

indetectável por no mínimo 1 ano (13). Santos-Oliveira et cols. (30) demonstraram que

indivíduos coinfectados HIV/L. infantum, com LV já tratada e baixas cargas virais, por

no mínimo 6 meses, ainda apresentavam níveis de lipopolissacarídeos e sCD14

(ambos associados a translocação bacteriana e ativação imune, respectivamente),

interleucina 1β, interleucina 6, interleucina 8, interleucina 17, fator inibitório de

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migração de macrófagos (MIF), proteína 1β de inflamação de macrófagos (MIP-1) e

fator de necrose tumoral (TNF) elevados e similares aos vistos em pacientes

coinfectados com LV ativa (31).

Ainda hoje existem lacunas de conhecimento e de estudos clínicos e

imunológicos relacionados a coinfecção HIV/L. infantum. Sendo assim, um melhor

entendimento se faz necessário, principalmente devido ao grande número de pessoas

com infecção pelo HIV em áreas endêmicas para leishmaniose, como é o caso do

estado do Rio Grande do Norte e diversas localidades no Brasil (6). Na verdade, todos

os estados da federação brasileira já notificaram casos autóctones de LV. Além disso,

existe um número cada vez maior de pessoas recebendo terapias imunossupressoras,

associadas a doenças autoimunes, neoplasias e transplantes, resultando em

imunidade celular suprimida. Dessa maneira, um melhor entendimento do mecanismo

imunológico da coinfecção Leishmania-HIV poderia auxiliar a estabelecer estratégias

quanto ao tratamento que permitiria diminuir a morbidade e mortalidade nesta

população (32). Este estudo teve como objetivo determinar a frequência de infecção

por L. infantum num centro de referência para HIV no Rio Grande do Norte, estado

endêmico para LV, e avaliar o perfil imunológico dos indivíduos com a coinfecção

assintomática HIV/L. infantum.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Leishmaniose visceral e AIDS: Epidemiologia e Clínica Ainda hoje as doenças infecciosas e parasitárias são consideradas as maiores

responsáveis pela mortalidade mundial e por ¼ da carga global de doenças (33). Os

recursos são limitados, onde menos de 10% do gasto mundial em saúde é dirigido às

doenças tropicais e 90% destes gastos são dirigidos a doenças que afetam apenas

10% da população do mundo (34).

Dentre as doenças negligenciadas, as leishmanioses se encontram na nona

posição quanto ao seu impacto em mortalidade, morbidade e custos, refletidos nos

Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade. Trezentos e cinquenta milhões

de pessoas vivem em áreas de risco para infecção por alguma espécie de Leishmania.

Um total de 12 milhões estão atualmente infectadas em 98 países e 2 milhões de

novos casos de leishmanioses (cutânea, mucosa e visceral) são estimados para

ocorrer anualmente. No mundo, LV é responsável por cerca de 500.000 casos por ano

(35) e é a segunda causa de morte por doença parasitária (36).

Previamente descrita como uma doença rural, a LV tornou-se endêmica e

epidêmica em várias cidades brasileiras desde a década de 80. Em 2012, o Brasil foi

responsável por 96,5% das pessoas com diagnóstico de LV nas Américas (37) e

ocupa a terceira posição em prevalência mundial (38), onde as taxas de mortalidade

tem variado de 4,2% a 10,2% (39).

A LV na América Latina e Europa é uma zoonose causada pelo protozoário do

gênero Leishmania infantum (sin. L. chagasi, na América Latina), enquanto na Índia é

uma antroponose, tendo como agente etiológico Leishmania donovani. Esses

microrganismos pertencem a ordem Kinetoplastida e à família Trypanosomatidae (40).

A primeira descrição da L. donovani foi realizada por William Leishman, em 1903, em

um soldado irlandês morto da conhecida febre Dum-Dum na Índia. Leishman

acreditava que os parasitas visualizados fossem tripanossomos que tivessem sofrido

alterações post-mortem (41).

Leishmanias são parasitas dimórficos, com duas formas em seu ciclo de vida:

promastigota (que se multiplica no intestino do inseto vetor) e amastigota (forma

intracelular obrigatória, encontrada em macrófagos de hospedeiros vertebrados) (42).

Leishmania é transmitida aos vertebrados através da picada da fêmea do

flebotomínio. L. longipalpis é a principal espécie vetora de L. infantum nas Américas.

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Outras vias ocasionais de transmissão incluem o uso de seringas contaminadas,

transfusão de hemoderivados, a via transplacentária e contaminação em laboratório

(ocupacional) (43). A via de transmissão transplacentária é difícil de estimar sua

importância, na manutenção da endemia, uma vez que nas áreas endêmicas para LV

há vetores competentes para transmitirem Leishmania. O cão (Canis familiaris) é o

principal reservatório da doença nas áreas urbanas no Brasil (44), sendo a raposa

(Lycalopex vetulus e Cerdocyon thous) e o gambá (Didelphis albiventris) reservatórios

silvestres (45).

A LV caracteriza-se clinicamente como uma síndrome consumptiva febril de

caráter crônico, onde o exame clínico mostra uma hepatoesplenomegalia febril e o

hemograma, uma bicitopenia ou pancitopenia. A LV resulta, na maioria dos casos, em

morte se não tratada, mas mesmo com tratamento, a mortalidade pode alcançar 20%

(35). Nas Américas, o impacto da LV não é exatamente conhecido, já que ainda

existem falhas nos sistemas de notificação (38), apesar de melhora substancial no

sistema de notificação no Brasil, que é responsável por mais de 90% dos casos de LV

nas Américas.

Para o diagnóstico da LV são comumente usados testes com visualização

direta do parasita e presença de sinais clínicos. No entanto, em áreas endêmicas, a

maioria das pessoas apresenta infecção assintomática, sendo confirmada por meio

de positividade ao teste intradérmico a antígenos de leishmania (Montenegro) e/ou

aos testes sorológicos (3, 46). Esse último grupo não recebe tratamento e se não

apresentarem alguma imunossupressão permanecem saudáveis.

No Brasil, o método padrão ouro para diagnóstico da forma sintomática da LV,

continua sendo a observação direta do parasita em aspirado de medula óssea ou a

cultura deste, originado de amostras teciduais, requerendo procedimentos invasivos,

com maior risco de eventos adversos (47). Nos últimos 20 anos, foram desenvolvidos

vários ensaios sorológicos para diagnóstico de infecção por Leishmania, e estes têm

facilitado a confirmação do diagnóstico de doença quando da presença de sinais e

sintomas característicos de LV.

A base do tratamento da LV era feita com antimoniatos por via intravenosa ou

intramuscular, durante 28 dias (48). No entanto, resistência tem sido relatada no Brasil

e em outras localidades, com demonstração de presença de alelos de resistência na

Leishmania (49). A maioria dos casos de LV na Índia é resistente a antimoniais, sendo

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a anfotericina e suas formulações lipídicas as mais utilizadas para tratamento. No

Brasil, há resposta aos antimoniatos, mas anfotericina lipossomal está direcionada ao

pacientes com maiores morbidades, devido a uma maior ocorrência de eventos

adversos com o uso dos antimoniatos (50).

A prevalência da infecção por Leishmania infantum em pessoas convivendo

com o HIV pode variar, dependendo da região estudada (9, 47, 51), porém os dados

ainda são bastante escassos. Ao longo dos anos, houve a interiorização do HIV e a

urbanização da L. infantum, no Brasil, permitindo o aumento do número de casos de

LV em pacientes Aids (32).

A Aids teve suas primeiras descrições em 1981, quando homens americanos

previamente saudáveis e que praticavam sexo com outros homens passaram a

apresentar quadros infecciosos por agentes oportunistas. O vírus da Imunodeficiência

Humana (HIV), reconhecido em 1983, é um vírus de RNA, identificado como um

Lentivirus da família Retroviridae, se distribuindo mundialmente nos últimos 35 anos

(52).

Em 2015 existiam 37,6 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo, 2,1

milhões de novas infecções e 1,1 milhão de óbitos (53). De 2007 até junho de 2016,

foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, (Sinan),

sistema de notificação do Ministério da Saúde do Brasil, 136.945 casos de infecção

pelo HIV no Brasil, ressaltando que a notificação compulsória da infecção pelo HIV é

muito recente no país, o que impede uma completa análise epidemiológica dos casos

(54).

A transmissão do HIV se dá por via sexual na grande maioria dos casos, porém

pode ocorrer através de transfusão sanguínea, compartilhamento de seringas e de

forma vertical na gestação. Após entrada no organismo humano, o vírus se replica na

mucosa, submucosa e segue para tecido linfonodal (55). A célula alvo principal do HIV

é o linfócito T CD4, que após replicação viral, é destruído. A resposta inicial ao vírus

se faz por produção de anticorpos não neutralizantes, não impedindo o escape viral

(56); e pela população linfocitária T CD8. Esta que controlará parcialmente a infecção

por atuar na parte viral mutante, permitindo lentificação e queda da replicação viral,

tanto na fase inicial aguda quanto na fase crônica da infecção (57, 58). Enquanto a

maioria dos linfócitos morrem após ativação e atividade citotóxica, uma população de

linfócitos T CD8 de memória permanece. Caso essa população se torne senescente,

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isto é, caracterizada pelo marcador CD57, haverá aumento de susceptibilidade a

infecções e autoimunidade. A infecção pelo HIV tem sido associada a expansão de

linfócitos T CD8+CD57+ (59).

Certos pacientes com HLA-B57 e HLA-B27 apresentam uma resposta T CD8

mais efetiva, culminando em maior destruição viral, consequentemente, com queda

mais lentificada dos níveis de linfócitos T CD4 (60). Durante toda a fase de infecção

crônica por HIV, há ativação persistente de células T CD4 e células T CD8 e elevados

níveis de citocinas pró-inflamatórias, incluindo TNF-, IL-6 e IL-1 (61).

A maioria dos indivíduos HIV+ progridem para a Aids na ausência de TARV,

culminando com a ocorrência de doenças oportunistas, incluindo a LV. No Brasil, o

tratamento antirretroviral é oferecido gratuitamente a todos os indivíduos que

convivem com o HIV, sendo atualmente o esquema inicial composto por 2 inibidores

da transcriptase reversa e um inibidor da integrase viral. Estudos recentes, no entanto,

mostram que a sobrevida de pessoas convivendo com HIV pode ser semelhante a

pessoas imunocompetentes (62).

O diagnóstico clínico e laboratorial da coinfecção sintomática Aids e LV muitas

vezes tem sido difícil, pois características associadas à LV, como febre prolongada,

hepatoesplenomegalia, perda de peso e pancitopenia nem sempre estão presentes,

além disso, apresentações atípicas podem aparecer, como pneumonites ou formas

intestinais. A presença de outras doenças oportunistas também pode dificultar o

diagnóstico (9).

Somado a isso, a depleção de células T CD4 promovida pela presença do HIV,

implica em não reconhecimento dos antígenos de leishmania e consequente não

estimulação de linfócitos B, o que de certa maneira explica sorologias negativas

nestes coinfectados (63). O HIV também provoca uma inibição na resposta do

hospedeiro frente à leishmania, favorecendo a disseminação do parasita em sítios

atípicos e promovendo alta parasitemia (64).

O uso da PCR tem sido estudado para o diagnóstico de LV, tanto em sangue

periférico quanto em medula óssea, com sensibilidades variando de 73% a 100% e

especificidade próximo a 100% para o diagnóstico da infecção, principalmente em

pacientes HIV+ (65-69), sendo menor, a sensibilidade por métodos sorológicos (63).

Além disso, métodos usando PCR tem revelado até 30% da coinfecção em pacientes

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HIV+ assintomáticos (70).

Existem vários fatores que determinam a expressão clínica da leishmaniose em

pacientes com HIV, como: sistema imune do hospedeiro, fatores de virulência do

parasita e outros relacionados ao vírus (26, 71). Molina et cols. (47), em estudo

recente, observou que independente de todos estes fatores citados acima, ao avaliar

a carga parasitária por qPCR (PCR quantitativo) em pacientes HIV+ que foram

tratados para LV, mostrou que esta era preditiva da recorrência da LV.

2.2. Resposta imune a Leishmania infantum e HIV

A resposta imune do hospedeiro é crucial em determinar o quadro clínico na

infecção por L. infantum e outras espécies de Leishmania em pessoas

imunocompetentes. Testes cutâneos de hipersensibilidade tardia, avaliado pelo teste

de Montenegro (72) e resposta linfocitária, no passado, no Brasil, indicavam que 1 em

cada 5 -10 crianças infectadas por L. infantum desenvolviam LV (73). No entanto, na

Europa, o risco de desenvolver LV é menor. Tanto a imunidade inata quanto a

adaptativa participam na resposta à leishmania. Uma vez que as formas

promastigotas penetram a derme, ocorre ativação do sistema complemento,

resultando na destruição de mais de 90% dos parasitas inoculados (74). Dessa forma,

apenas uma pequena quantidade do parasita parece ser responsável pelo

estabelecimento da infecção. O início da interação parasito-hospedeiro envolve

reconhecimento do parasita através de receptores Toll-like (TLRs) expressos em

várias populações de leucócitos, incluindo células dendríticas, macrófagos e linfócitos

T (75).

Em modelos murinos, Interleucina(IL)-12, produzida pelas células dendríticas,

dirige ao final, a resposta imune Th1, com ativação das células NK (natural killers),

estas que são a fonte inicial de interferon gamma (IFN-γ), e são responsáveis por

limitar a reprodução do parasita, até que ocorra uma resposta T celular específica

(40, 76). Sabe-se que neste processo ocorre um aumento na produção das espécies

reativas de oxigênio, como superóxido e peróxido de hidrogênio, que são essenciais

para a destruição do parasita (77). Células mononucleares periféricas de sangue

periférico (PBMCs) de pessoas com infecção assintomática ou subclínica respondem

ao antígeno de leishmania com proliferação e produção de IL-2, IFN-γ e IL-12 (78).

Em contraste, PBMCs de pacientes com LV, na fase sintomática, não respondem a

antígenos específicos de Leishmania e não produzem IFN-γ (79, 80). Na fase

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sintomática da LV, a resposta imune preponderante é do tipo Th2 através de um

subgrupo de linfócitos T CD4 com expressão de IL-4, IL-5, IL-10, IL-13 e TGF-. Essa

imunossupressão Leishmania específica é temporária e revertida após o tratamento

bem sucedido (81).

Pacientes com LV possuem altos níveis de anticorpos IgE, IgM e IgG anti-

leishmania (82). O aumento na produção de anticorpos parece não proporcionar

proteção, pois ao opsonizar o patógeno, permitem que macrófagos o fagocite,

estimulando IL-10 e TGF-, diminuindo a capacidade microbicida desta célula, (83).

Além disso, IL-10 aumenta a sobrevida de linfócitos B e estudos mostram que

camundongos depletados de células B são menos susceptíveis à infecção por L.

donovani (84). IL-10 também tem sido fortemente implicado como fator

imunossupressor na infecção por leishmania. Estudos com pacientes sudaneses

mostram que na LV, existe produção simultânea de IL-10 e IFN-γ nos linfonodos e na

medula óssea. Os níveis de IL-10 diminuem após resolução da doença (85, 86).

Presume-se que esta citocina tenha caráter regulatório, participando de uma rede

homeostática de proteção aos tecidos, evitando danos colaterais causados por uma

excessiva inflamação (82).

TNF-α tem papel fundamental na eliminação do parasita a nível hepático e

esplênico, já que esta citocina é essencial na formação do granuloma, com

consequente controle na proliferação da leishmania. Porém, o excesso de TNF-α pode

ser responsável por dano celular progressivo e disfunção imunológica, visto, por

exemplo, na infecção por Leishmania braziliensis (87, 88). Dessa forma, a resposta

do hospedeiro à infecção não apenas se deve à expressão de determinadas citocinas,

como também, na regulação fina destas (89).

IL-6 é uma citocina liberada em resposta a uma ampla gama de estímulos

inflamatórios, incluindo infecção intracelular, sendo considerado um fator pro-

inflamatório (90). Entretanto, em certos modelos, IL-6 tem sido reportado como

supressor de mecanismos inflamatórios, diminuindo a ativação macrofágica e tendo

efeitos antimicrobianos (91). Resultados in-vitro e in-vivo indicam que IL-6 pode

promover, suprimir ou deixar inalterada a resposta anti-leishmania intracelular do

hospedeiro infectado(92).

Receptores Toll-like (TLRs), cruciais na resposta imune inata, também são

reportados como participantes na resposta à infecção por este parasita (77), como já

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dito anteriormente. Vários estudos tem confirmado sua importância no início da

infecção e na susceptibilidade e resistência do hospedeiro a Leishmania (93, 94), já

que evidências atuais demonstram que esses receptores podem regular o balanço

Th1/Th2 (77). Um exemplo disto é o TLR2 mediando a expressão de IL-10,

aumentando ou diminuindo a destruição intracelular da leishmania (95). Pois acredita-

se que seja a atuação dos TLRs que irá determinar a atuação das células

apresentadoras de antígenos (APCs) como também a habilidade de células T em

expressar a resposta Th1 ou Th17 na presença dos antígenos de leishmania (96).

Pouco se tem estudado sobre a resposta Th17 na LV e na coinfecção Aids/LV,

porém é sabido que esta resposta apresenta um importante papel na interação

hospedeiro-patógeno na superfície de mucosa (97) e sabe-se que a presença de

poucas células Th17 em mucosa está associada a translocação bacteriana no epitélio

intestinal. Como dito anteriormente, IL-27 produzida por macrófagos, bloqueia a

resposta Th17 na LV (82). Estudos em pacientes com LV mostraram elevados níveis

séricos de IL-27 e aumento na expressão de fatores de transcrição relacionados a

esta interleucina em aspirado esplênico (98).

Estudos relacionados à função das células Treg (caracterizadas pela

expressão do marcador FoxP3) na leishmaniose em humanos são limitados (99).

Vallejo et al., ao estudar indivíduos positivos para o HIV, observou níveis mais baixos

de células T naive no grupo que teve leishmaniose, assim como maior número de

células Treg.

Expressão elevada de CTLA4 (Antígeno de Linfócito Citotóxico Tipo 4) foi

encontrada em pessoas com LV sintomática, sendo esta expressão diminuída após

a cura clínica (Rodrigues-Neto, 2017 aceito). Além disso, níveis diminuídos de células

T naive também foram observados em pacientes assintomáticos infectados por L.

infantum, sem evidência de infiltração medular (99). O CTLA-4 é uma molécula de

superfície que é expressa em linfócitos T CD4 e T CD8, apesar de já ter sido reportada

sua expressão em células B. Sua expressão se dá após ativação de células T,

atuando como uma molécula contra-regulatória, impedindo proliferação desordenada

do linfócito T, sendo um marcador de anergia (100). Anergia é observada na fase

sintomática da LV.

A leishmania aumenta a replicação do HIV, tanto em culturas in-vitro como em

pessoas coinfectadas (28), em parte, devido a ativação crônica do sistema imune

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(101), com a indução de produção de TNF-α e IL-1 (102) e consequente amplificação

de genes de replicação do HIV (103), e aumento da expressão de co-receptores virais

(CCR5 e CXR4), favorecendo a entrada, integração, formação e liberação de

partículas virais (104). Sabe-se que a expressão de CCR5 se correlaciona

positivamente com a carga viral do HIV e negativamente com a contagem de CD4,

mostrando uma relação direta com progressão da doença (105). Isso promove um

aumento na secreção de TNF-α, IL-2, IL 4, IL 6 e IL-10, com progressão da

imunodeficiência e diminuição na sobrevida destes pacientes (106). IL-6 tem sido

implicada na estimulação da replicação viral em macrófagos via NF-kB (107). Uma

produção aumentada desta interleucina tem sido detectada em macrófagos infectados

com leishmania (108, 109). Foi visto que CCR5 tem expressão precoce e aumentada

em macrófagos infectados in vitro por leishmania (110-112). Por outro lado, o HIV

aumenta a fagocitose e a replicação da leishmania dentro de monócitos derivados de

macrófagos (MDMs) (102), dado contraditório, pois sabe-se que a infecção pelo HIV

inibe atividade fagocitária (113).

Além disso, Barreto de Souza et cols. mostraram que o HIV aumenta a

replicação da leishmania em população de macrófagos coinfectados por meio da

expressão da ciclooxigenase-2, síntese de prostaglandina E2 e o fator de crescimento

β (TGF-β), por transativação da proteína Tat (114). Vallejo et cols. (99) demonstraram

que pacientes coinfectados HIV/L. infantum com passado de LV tinham uma depleção

importante de células T naive comparados a pacientes considerados mau

respondedores imunológicos (CD4 < 250 células/mm3) ambos em uso de TARV por

mais de 1 ano e carga viral indetectável, demonstrando uma pior recuperação imune.

Foram observadas maiores densidades de CCR5 nas células T CD8+ dos pacientes

que tinham tido LV previamente (99). Somado a isso, exaustão de linfócitos T tem sido

proposta como um mecanismo insatisfatório de recuperação imune (115) através da

observação da expressão de PD1 (morte programada-1) em linfócitos de pacientes

HIV+ (116, 117). A molécula PD-1 e seus ligantes são amplamente expressas e

exercem uma diversidade de funções imunoregulatórias na ativação e tolerância de

células T, protegendo os tecidos de agressões autoimunes. Pode ser expressa em

células T CD4, T CD8, monócitos, células natural killers e células dendríticas. Por

permitir tolerância de células T, esta molécula facilita a persistência de infecções

crônicas, como a infecção pelo HIV, sendo um marcador de anergia e com função

crítica na proliferação de células T regulatórias (118).

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Por fim, Jiménez et col. observaram que indivíduos HIV+ mesmo em uso de

TARV e carga viral indetectável por pelo menos 1 ano apresentavam telômeros mais

curtos do que os indivíduos controles saudáveis (119). Durante o envelhecimento, se

é observado o encurtamento dos telômeros em células do sistema imune, e isto é

mais evidente durante estados de inflamação crônica e em indivíduos HIV+ sem

tratamento (120). Evidenciando assim um estado de proliferação celular constante

(121) e ativação imune nestes indivíduos.

Dessa maneira, em pacientes coinfectados, acredita-se que o HIV usa parte da

rede de citocinas mediada pela leishmania para sua replicação (122). Sendo assim,

HIV/L. infantum surge como uma importante comorbidade, onde ambos os patógenos

agem sinergicamente (64). Ainda é bastante debatido se a perda da competência

imunológica dos indivíduos coinfectados é devido a ativação imune persistente,

supressão da proliferação linfocitária ou por ambos os fenômenos (123).

Todos estes dados se tornam relevantes na medida em que se tem atualmente

um grupo de pacientes com a coinfecção, que nunca apresentaram LV. O

conhecimento de que a ocorrência da LV, imprime nestes pacientes uma resposta

imunológica desfavorável, tornando-os susceptíveis a recaídas e piorando seu

prognóstico imunológico (124), sugere uma preocupação crescente no grupo do

coinfectados assintomáticos. Sendo assim, o presente estudo buscou avaliar o perfil

imunológico destes indivíduos por meio da análise da ativação, anergia, exaustão,

senescência e regulação dos linfócitos T CD4 e T CD8.

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3. OBJETIVOS

3.1 Geral: Avaliar o perfil de ativação imune das pessoas com a coinfecção

assintomática HIV/L. infantum.

3.2 Específicos:

3.2.1 Determinar a frequência da infecção assintomática por L. infantum em

pessoas com infecção pelo HIV e residentes em área endêmica para

Leishmaniose Visceral.

3.2.2 Avaliar o perfil de ativação imune das pessoas com AIDS e leishmaniose

visceral; pessoas com HIV sem infecção por L. infantum e; pessoas com

leishmaniose visceral sem infecção pelo HIV.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Tipo de estudo e população estudada Um estudo transversal foi realizado entre maio de 2014 a agosto de 2016, onde

1.134 indivíduos HIV+, residindo no Rio Grande do Norte, área endêmica para LV

(125), foram testados para a infecção por L. infantum (126). Um subgrupo destes

pacientes com a coinfecção assintomática HIV/L. infantum foi seguido para avaliação

da resposta imune. Outros 4 grupos foram recrutados, incluindo AIDS e LV; HIV; LV;

e saudáveis (S) e tiveram amostras sanguíneas coletadas para o estudo imunológico

(Figura 1). As amostras de sangue da população HIV foram obtidas no Laboratório

Central do Rio Grande do Norte (LACEN-RN), onde são

coletados e processados os exames de contagem de carga viral, contagem de

linfócitos T CD4 e linfócitos T CD8; enquanto as demais populações foram recrutadas

no Hospital Giselda Trigueiro, hospital de referência em doenças infectocontagiosas

do estado do Rio Grande do Norte.

4.2 Definição dos grupos: 1. Indivíduos com sorologia positiva para o HIV e para Leishmania infantum sem

diagnóstico de leishmaniose visceral (HIV/L. infantum). 2. Indivíduos positivos para o HIV e com sorologia negativa para L. infantum (HIV).

3. Indivíduos com AIDS e leishmaniose visceral (AIDS/LV): pessoas que

apresentaram sorologia positiva para HIV e tiveram diagnóstico de leishmaniose

A B

Figura 1 – Fluxograma do arrolamento dos participantes do estudo. A. Estudo

transversal para determinação da frequência infecção por L. infantum. B. subgrupo

arrolado para o estudo imunológico.

HIV+ n=1.134

HIV/L. infantum

n=268

HIV/L. infantum

n=10

HIV+ n=845

AIDS/LV n=21

HIV+ n=16

AIDS/LV n=14

LV n=8

Saudáveis n=6

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visceral. O diagnóstico de LV foi confirmado por achado do parasito no aspirado de

medula óssea ou pela presença de anticorpos anti-leishmania. 4. Indivíduos com leishmaniose visceral e negativos para o HIV (LV).

5. Indivíduos com sorologia negativa para o HIV e para Leishmania infantum (S).

4.3 Coleta de dados

Dados demográficos e laboratoriais (sexo, idade, endereço, contagem de

linfócitos T CD4 e CD8 e carga viral do HIV) foram obtidos na base de dados do

Ministério da Saúde. Pessoas positivas para o HIV tiveram, em geral, a contagem de

linfócitos T CD4 e CD8 e carga viral do HIV medidas, 2 vezes por ano, de acordo com

protocolo nacional. Dados demográficos, clínicos e laboratoriais dos indivíduos dos

subgrupos foram obtidos por entrevista ou via prontuário.

4.4 Determinação de anticorpos anti-Leishmania pelo teste ELISA

A detecção de anticorpos IgG anti-leishmania no soro foi realizada por ELISA,

(Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) utilizando a fração solúvel de antígenos de

promastigotas (SLA) obtido de um isolado de medula óssea de um paciente oriundo

de Natal (Cepa IOC 341) (5, 127) e/ou proteína recombinante (rK39) (128), usando

um protocolo previamente publicado.

4.5 Determinação da ativação, exaustão, anergia, senescência e regulação de linfócitos T CD4 e CD8

Os linfócitos foram analisados em amostra ex-vivo. Foram coletados 4 ml de

sangue de cada participante em tubos contendo heparina como anticoagulante. O

sangue foi dividido em 2 partes de 2mL cada, e para cada parte foi adicionado 6mL

de tampão de lise de células vermelhas. O sangue foi incubado por 20 min a 4oC e

centrifugado a 2851 x g por 15min a 10oC. A lise de células vermelhas foi realizada

duas vezes para a obtenção das células brancas. O pool de células brancas foi lavado

com 10mL de PBS-Azida 0,1% centrifugado a 754 x g por 10 min a 4oC. O pellet de

células brancas foi ressuspenso em 400uL de PBS-BSA (0,5%). A suspensão celular

foi dividida em 100μl por tubo cônico de polipropileno de 5 ml (BD) e incubado com

anticorpos monoclonais segundo desenho experimental (quadro 1). Após a incubação

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por 30 minutos a 4oC, as células foram lavadas em PBS por centrifugação (754 xg, 10

minutos a 4oC) e ressuspensas em PBS contendo 1% de formaldeído (Sigma). As

células então foram fixadas por 15 minutos em temperatura ambiente, e após a

fixação, as células foram lavadas em PBS por centrifugação (754 x g, 10 minutos a

4oC). Por fim, o pellet contendo as células marcadas e fixadas foram ressuspensas

em 200ul de PBS e armazenadas a 4oC até o momento da aquisição em citômetro de

fluxo BD canto II (BD).

O tubo para o painel de regulação, após a última fixação e lavagem, foi incubado

com solução permeabilizadora (PBS-0,5% Saponina- 0,5% BSA) por 10 min em

temperatura ambiente, no escuro. Ao final desse tempo, o tubo foi centrifugado (754

x g, 10 minutos a 4oC), as células ressuspensas em PBS e incubadas com o anticorpo

por 30 min à temperatura ambiente. Após a incubação, as células foram lavadas

com solução permeabilizadora e foram centrifugadas. Por último, as células foram

lavadas em PBS por centrifugação como as etapas anteriores, após a marcação

intracelular, e os tipos celulares e marcadores quantificados no citômetro.

Quadro 1 - Painel de anticorpos para determinar ativação, anergia, exaustão, senescência e regulação linfocítica Painéis Marcadores

FITC PE PE-Cy5 PE-Cy7 APC APC-Cy7

1 -Ativação CD38 HLA-DR CD4 CD3 CD8

2-Senescência,

anergia e exaustão CD57 CTLA4 PD1 CD4 CD3 CD8

3- Regulação FoxP3 CD25 CD4 CD3 CD8

FITC = Isocianato de fluoresceína; PE = Ficoeritrina; APC = Aloficocianina.

4.6 Análise estatística

O teste qui-quadrado foi usado para avaliar a associação entre as variáveis

categóricas e o teste de Kruskal-Wallis foi usado para avaliar se havia diferença entre

os grupos. O teste de Pearson foi usado para avaliar a correlação entre as variáveis

quantitativas. O software usado foi o STATISTICA 7.0 Statsoft.

Na avaliação dos valores de densidade óptica e marcadores imunológicos, o

teste de Kruskal-Wallis foi usado para a comparação entre os grupos e o teste de

comparação múltipla de Dunn foi feito na avaliação grupo a grupo. O software usado

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foi o GraphPad Prism versão 6.01. Foi adotado o nível de significância de 5%.

4.7 Considerações éticas Este protocolo e o consentimento informado foram avaliados e aprovados pelo

Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP- UFRN) e pelo

Comitê de Ética Nacional Brasileira (CONEP). O certificado de aprovação ética (CAAE

12584513.1.0000.5537).

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5. RESULTADOS

5.1 Caracterização da população estudada

5.1.1 Frequência da coinfecção assintomática HIV/L. infantum Um total de 1.134 indivíduos HIV+, residentes no estado do Rio Grande do Norte,

foram avaliados quanto a infecção por L. infantum. Desses, 268 (23,6%) tiveram

sorologia positiva para L. infantum; e 21 (1,9%) tinham AIDS/LV (gráfico 1). Dos 268

HIV/L. infantum, 2 desenvolveram LV dentro de 1 ano após a testagem sorológica e

ambos foram a óbito. Desses, 736 eram do sexo masculino (64,9%), sem diferença

entre os grupos (p=0,723). A mediana da idade foi de 40 anos sem diferença entre os

grupos (p=0,259) (Tabela 1).

Gráfico 1 - Taxa de coinfecção assintomática HIV/L. infantum.

Tabela 1 – Características demográficas dos grupos

Grupos Parâmetros

Idade, anos. p = 0,259

Sexo masculino/feminino, p=0,723

HIV 40 (2-78) 544/301 HIV/L. infantum 38,5 (4-82) 177/91 AIDS/LV 40 (20-55) 15/6

Nota: os dados estão descritos nos valores de mediana (mínimo-máximo), exceto para sexo. Qui-

quadrado foi usado para comparar sexo e Kruskal-Wallys para comparar a idade entre os grupos.

O grupo LV teve a maior mediana quanto aos níveis de anticorpos, tanto para

anti-rK39 quanto para anti-SLA (Tabela 2). O grupo HIV/L. infantum teve mediana de

HIV+74.5%

HIV/L. infantum23.6%

AIDS/LV1.9%

Taxa de coinfecção assintomática HIV/L. infantum

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33

densidade óptica menor do que o grupo LV e sem diferença em relação ao grupo

AIDS/LV, tanto para rK39 quanto para SLA (p = 0,002 e p < 0,0001, respectivamente)

(Tabela 2 e Figuras 2 e 3).

Tabela 2 – Avaliação da infecção por L. infantum por presença de anticorpo anti-Leishmania, anti-SLA e anti-rK39

Grupos Antígenos

SLA, p<0,0001 rK39, p<0,0001

HIV (n=845) 0,40 (0,08-0,99) 0,34 (0,06-0,99)

HIV/L. infantum (n=268) 1,15 (0,11-11,51) 1,06 (0,08-9,94)

AIDS/LV (n = 20) 0,65 (0,08-10,37) 0,78 (0,10-9,37)

LV (n = 6) 6,29 (3,05-10,47) 7,62 (1,02-9,47) n = número. Nota: os dados estão descritos nos valores de mediana (mínimo-máximo). Kruskal-

Wallys foi usado para comparação dos parâmetros.

Figura 2 - Distribuição de IgG anti-rK39 por grupos. A figura mostra os valores de

IgG anti-rK39 para cada grupo. A parte superior da barra representa a mediana e os

quadrados e triângulos os valores extremos. A linha tracejada representa o cut-off do

teste.

RelativeOpticalDensity

Anti-rK39IgG

HIV

HIV/L.infantum

AIDS/LV LV

0

2

4

6

8

10

12 p<0.0001

p=0.0059 p=0.003

p=0.002

p<0.0001

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34

Figura 3 - Distribuição de IgG anti-SLA por grupos. A figura mostra os valores de

IgG anti- SLA para cada grupo. A parte superior da barra representa a mediana e os

quadrados e triângulos os valores extremos. A linha tracejada representa o cut-off do

teste.

Quanto a contagem de linfócitos T CD4 e CD8 e carga viral, houve diferença

entre os três grupos (HIV, HIV/L. infantum e AIDS/LV), (p <0,0001) (Tabela 3 e Figuras

4 e 5), não foi determinada a contagem total destas células para o grupo LV.

Observou-se que a quantidade de CD4 diminuiu em presença da infecção por

Leishmania. No entanto, a contagem de T CD8 não apresentou diferença entre o

grupo HIV e HIV/L. infantum (p = 0,111) (Tabela 4).

RelativeOpticalDensity

Anti-SLAIgG

HIV

HIV/L.infantum

AIDS/LV LV

0

2

4

6

8

10

12p<0.0001

p=0.0273

p<0.0001

p<0.0001

p=0.004

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35

Tabela 3 – Contagem de linfócitos e carga viral do HIV

Parâmetros

Grupo Células T CD4

(céls/mm3) p<0,0001

Células T CD8, (céls/mm3)

p<0,0001

Carga do HIV (cópias/mL)

p<0,0001

HIV n = 843;

567 (2-3.272)

n = 843;

979 (52-6.241)

n = 821;

<40 (<40-6.656.651)

HIV/L. infantum

n = 267;

488 (4-1.703)

n = 267;

1.090 (110-6.172)

n = 262;

<40 (<40-5.477.781)

AIDS/LV n = 19;

115 (11-857)

n = 19;

430 (132-1.648)

n = 21;

122.926 (<40-2.353.459)

n = número. Nota: os dados estão descritos nos valores de mediana (mínimo-máximo). Kruskal-Wallys

foi usado para comparação dos parâmetros.

Tabela 4 - Teste de comparação múltipla entre os grupos para linfócitos T CD4 e T CD8

Tipo de linfócito

Teste de comparação múltipla, valor p (n=1.129) HIV

HIV/L. infantum

AIDS/LV

CD4

HIV 0,0021 0,000 HIV/L. infantum 0,0021 0,00029 AIDS/LV 0,000 0,00029 CD8

HIV 0,111 0,000 HIV/L. infantum 0,111 0,000 AIDS/LV 0,000 0,000

• Teste Kruskal-Wallis, anova não paramétrica

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36

Figura 4 – Valores de CD4 por grupo. Box-plots mostram a mediana de CD4 para

cada grupo. Os círculos e as estrelas representam valores atípicos (>1,5x amplitude

interquartílica e >3x amplitude interquartílica, respectivamente).

Figura 5 - Valores de CD8 por grupo. Box-plots mostram a mediana de CD8 para

cada grupo. Os círculos e as estrelas representam valores atípicos (>1,5x amplitude

interquartílica e >3x amplitude interquartílica, respectivamente).

Os indivíduos com AIDS/LV apresentaram menor contagem de CD4 e maior

carga viral (p<0,0001). Nesse mesmo grupo, a contagem de células T CD4 estava

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37

abaixo de 100 células/mm3 em 42,1% dos indivíduos, e em 26,3%, estava acima de

250 células/mm3. A carga viral < 1.000 cópias/ml foi mais presente nos grupos HIV e

HIV/L. infantum, e cargas virais mais altas estavam presentes no grupo AIDS/LV (p

<0,0001) (quadros 2 e 3).

Quadro 2 - Grupos x Estrato CD4

Estrato CD4 (céls/mm3)

Total <= 100

100 a

250 > 250

Grupo HIV n 51 62 730 843

% 6,0% 7,4% 86,6% 100,0%

HIV/L.

infantum

n 23 36 208 267

% 8,6% 13,5% 77,9% 100,0%

AIDS/LV n 8 6 5 19

% 42,1% 31,6% 26,3% 100,0%

Total n 82 104 943 1129

% 7,3% 9,2% 83,5% 100,0%

n = número. Χ2 = 62,31 4 g.l. p<0,0001

Quadro 3 - Grupo x Estrato Carga Viral (CV) do HIV

Estrato CV

(cópias/ml)

Total

<=

1000 > 1000

Grupos HIV n 631 190 821

% 76,9% 23,% 100,0%

HIV/L.

infantum

n 177 85 262

% 67,6% 32,4% 100,0%

AIDS/LV n 5 16 21

% 23,8% 76,2% 100,0%

Total n 813 291 1104

% 73,6% 26,4% 100,0%

n = número. Χ2 = 36,24 2 g.l. p<0,0001

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38

Os valores de T CD4 e T CD8 correlacionaram-se positivamente (p <0,001)

(quadro 4) e a razão CD4/CD8 foi menor no grupo AIDS/LV (p <0,0001) (Figura 7).

Quadro 4 – Correlação entre os linfócitos CD4 e CD8 dos indivíduos

CD4 CD8 CD4 Correlação de Pearson

Sig. (bicaudal)

N

1

1.129

.216**

.000

1.129 CD8 Correlação de Pearson

Sig. (bicaudal)

N

.216**

.000

1.129

1

1.129 **. A correlação é significante ao nível de 0,01 (bicaudal).

Figura 6- Relação T CD4/CD8 por grupo. Box-plots mostram a mediana da razão

CD4/CD8 para cada grupo. Os círculos e as estrelas representam valores atípicos

(>1,5x amplitude interquartil e >3x amplitude interquartil, respectivamente). A relação

CD4/CD8 foi menor no grupo AIDS/VL (p <0,0001).

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39

5.2 Perfil imunológico dos grupos estudados

5.2.1 Características demográficas e laboratoriais Um total de 54 indivíduos foram avaliados quanto a ativação, anergia,

exaustão, senescência e regulação de células T CD4 e CD8. Desses, 6 eram do grupo

de indivíduos saudáveis, 16 eram do grupo HIV, 10 do grupo HIV/ L. infantum, 14 do

grupo AIDS/LV e 8 do grupo LV. Não houve diferença significativa quanto a idade

(p=0,56) entre os grupos e a maioria dos indivíduos era do sexo masculino, tanto HIV

quanto LV incidem mais frequentemente na população adulta. Não houve diferença

quanto a contagem de linfócitos T CD8 entre os grupos (p=0,23), porém houve

diferença quanto a contagem de linfócitos T CD4 (p<0,0001) e carga viral (p<0,0001)

(tabela 5). Três pessoas do grupo AIDS/LV apresentaram outras infecções

oportunistas concomitante ao quadro de LV, que foram: neurotoxoplasmose;

tuberculose pulmonar; e tuberculose miliar e pneumocistose.

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40

Tabela 5 – Características demográficos e laboratoriais dos grupos

Grupo

Parâmetros

Idade, anos. p = 0,08

Sexo masculino, n, (%)

Células T CD4 (céls/mm3) a

p = 0,003

Células T CD8 (céls/mm3) b

p = 0,33

Carga do HIV (cópias/mL) c

p = 0,0006

Saudáveis (n=6) 35 (31-43) 3 (50) não mensurado não mensurado não mensurado*

HIV (n = 16) 42 (21-54) 7 (43,8) 512 (64-1153) 817 (284-3.226) <40 (<40-9452)

HIV/L. infantum (n = 10) 41 (29-62) 7 (70) 414 (105-747) 1.002 (316-3.992) <40 (<40-35.462)

AIDS/LV (n = 14) 40 (18-53) 12 (85,8) 85 (8-161) 737 (218-1.194) 193.021(<40-

7.000.000)

LV (n = 8) 30 (16-51) 7 (87,5) não mensurado não mensurado não mensurado*

n = número. Nota: dados estão demonstrados em mediana e valores mínimos e máximos; a = HIV x HIV/L. infantum (p>0.9); HIV x AIDS/LV (p < 0.0001); HIV/L.

infantum x AIDS/LV (p = 0.005); b = HIV x HIV/L. infantum (p >0.9); HIV x AIDS/LV (p = 0.71); HIV/L. infantum x AIDS/LV (p = 0.3); c = HIV x HIV/L. infantum (p >0,9);

HIV x AIDS/LV (p < 0.0001); HIV/L. infantum x AIDS/VL (p = 0.01); * teste rápido para HIV negativo

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41

5.2.2 Avaliação dos marcadores de ativação, exaustão, anergia, senescência e regulação de linfócitos T CD4 e CD8

Pessoas do grupo AIDS/LV e do grupo LV tiveram uma maior expressão do

CD38HLA-DR nas células T CD4 (p=0,03), Figura 7A. Quanto aos linfócitos T CD8,

indivíduos dos grupos HIV/L. infantum, AIDS/LV e LV apresentaram uma maior

expressão de CD38HLA-DR do que os indivíduos do grupo HIV (p = 0,04 e p < 0,0001,

respectivamente), Figura 7B.

Figura 7 - Expressão de CD38HLA-DR em linfócitos T CD3CD4 (A) e CD3CD8 (B). HIV/LI se refere ao grupo HIV/L. infantum. S corresponde ao grupo de indivíduos

saudáveis. Cada ponto representa um paciente e a barra representa a mediana dos

valores.

0

20

40

60

80

100

%CD3CD4CD38HLADR

HIV/LI AIDS/LVHIV LV

0.030.0010.002

S0

20

40

60

80

100

%CD3CD8CD38HLADR

HIV/LI AIDS/LVHIV LVS

0.00010.0002

< 0.00010.040.04

A B

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42

Para avaliar se havia anergia dos linfócitos T CD4 e CD8 (Figura 8A e 8B,

respectivamente), a porcentagem de células expressando CTLA4 foi analisada e,

porém não há diferença entre os grupos.

Figura 8 - Expressão de CTLA4 em linfócitos T CD3CD4 (A) e CD3CD8 (B). HIV/LI

se refere ao grupo HIV/L. infantum. S corresponde ao grupo de indivíduos saudáveis.

Cada ponto representa um paciente e a barra representa a mediana dos valores.

Para avaliar a existência de exaustão, os linfócitos T CD4 e CD8 foram

marcados com anticorpos anti-PD1. Pessoas com AIDS-LV apresentaram maior

exaustão de linfócitos T CD4, havendo diferença significativa apenas com o grupo

saudável (Figura 9 A). Para a subpopulação de células TCD8, a maior expressão de

PD1 foi no grupo HIV/LI, e essa expressão foi diferente significativamente do

observado no grupo HIV (figura 9B).

%CD3CD4CTLA4

0

20

40

60

80

100

HIV/LI AIDS/LVHIV LVS

%CD3CD8CTLA4

0

10

20

30

40

HIV/LI AIDS/LVHIV LVS

A B

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43

Figura 9 - Expressão de PD1 em linfócitos T CD3CD4 (A) e CD3CD8 (B). HIV/LI se

refere ao grupo HIV/L. infantum. S corresponde ao grupo de indivíduos saudáveis.

Cada ponto representa um paciente e a barra representa a mediana dos valores.

Na avaliação da senescência dos linfócitos T CD4 e CD8 (figure 10A e 10B,

respectivamente), os linfócitos foram marcados com anticorpo anti-CD57.

Observamos que não houve diferença entre os grupos para os linfócitos TCD4. Para

os linfócitos TCD8, foi observada uma maior expressão deste marcador em relação

aos linfócitos T CD4, além de que o grupo HIV/LI expressou níveis mais altos em

relação aos outros grupos e significativamente diferente do grupo HIV.

Figura 10 - Expressão de CD57 em linfócitos T CD3CD4 (A) e CD3CD8 (B). HIV/LI

se refere ao grupo HIV/L. infantum. S corresponde ao grupo de indivíduos saudáveis.

Cada ponto representa um paciente e a barra representa a mediana dos valores.

%CD3CD4PD1

0

10

20

30

40

50

HIV/LI AIDS/LVHIV LVS

0.01

%CD3CD8PD1

0

20

40

60

80

100

0.0090.00010.002

HIV/LI AIDS/LVHIV LVS

A B

%CD3CD4CD57

0

20

40

60

80

100

HIV/LI AIDS/LVHIV LVS

%CD3CD8CD57

0

20

40

60

80

100

HIV/LI AIDS/LVHIV LVS

0.01A B

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44

Finalmente, para avaliar a regulação dos linfócitos T CD4 e CD8 (figura 11A e

11B, respectivamente), os linfócitos foram marcados com anticorpos anti-CD25 e anti-

FoxP3. Não observamos diferença entre os grupos quanto aos linfócitos T CD4, mas

houve uma expressão aumentada deste marcador nos linfócitos T CD8 do grupo

HIV/L. infantum, quando comparado com os outros grupos.

Figura 11 - Expressão de CD25FoxP3 em linfócitos T CD3CD4 (A) e CD3CD8 (B). HIV/LI se refere ao grupo HIV/L. infantum. S corresponde ao grupo de indivíduos

saudáveis. Cada ponto representa um paciente e a barra representa a mediana dos

valores.

A tabela abaixo (tabela 6) descreve os valores de mediana, mínimo e máximo

dos marcadores imunológicos já descritos.

%CD3CD4CD25FOXP3

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

HIV/LI AIDS/LVHIV LVS%CD3CD8CD25FOXP3

0

5

10

15 0.00070.020.002

HIV/LI AIDS/LVHIV LVS

BA

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45

Tabela 6 – Dados de ativação, exaustão, anergia, senescência e regulação dos linfócitos T CD4 e T CD8

Parâmetros

Grupos

Saudável n=6

HIV n = 16

HIV/L. infantum n = 10

AIDS/LV n = 14

LV n = 8

p

%CD3CD4CD38HLADR 2,0 (0,8-13,7) 2,5 (0,8-17,7) 6,9 (3,3-15,8) 18,0 (0,7-86,2) 14,2 (0,85-31,7) <0,0001

%CD3CD8CD38HLADR 2,8 (0,54-3,58) 4,1 (2,1-25,1) 24,6 (6,7-50,4) 36,9 (14,7-96,9) 54,0 (2,0-65,0) <0,0001

%CD3CD4CTLA4 6,9 (0,26-62,1) 1,0 (0,03-92,0) 0,7 (0,2-17,9) 1,5 (0,04-37,3) 6,4 (0,7-42,8) 0,41

%CD3CD8CTLA4 0,7 (0-5,8) 0,3 (0,04-14,4) 0,7 (0,2-15,9) 0,4 (0,1-28,8) 3,4 (0,17-25,0) 0,27

%CD3CD4PD1 8,6 (3,9-12,9) 5,0 (0,2-15,4) 5,4 (1,3-21,4) 18,0 (0,4-40,2) 11,8 (0,73-45,9) 0,03

%CD3CD8PD1 0,04 (0-0,5) 2,5 (0,01-58,0) 42,6 (15,7-80,1) 21,4 (6,2-57,0) 15,1 (4,3-55,7) <0,0001

%CD3CD4CD57 12,8 (1,2-37) 4,0 (0,7-52,2) 15,7 (2,6-66,7) 10,8 (0,2-40,0) 5,8 (1,2-28,7) 0,17

%CD3CD8CD57 39,4(15,9-60,1) 39,1 (17,1-69,6) 62,8 (42,6-88,0) 54,6 (21,3-72,4) 49,7(11,1-59,1) 0,02

%CD3CD4CD25FoxP3 0,07 (0,01-1,4) 0,42 (0,03-0,65) 0,1 (0,04-1,5) 0,09 (0-1,0) 0,09(0-0,62) 0,38

%CD3CD8CD25FoxP3 0,10 (0-0,8) 0,25 (0,04-9,9) 4,0 (1,6 – 12,4) 0,12 (0 – 3,9) 0,11 (0,02-0,39) 0,0002

n = número de pacientes avaliados. Nota: os dados estão em valores de mediana e valores mínimo e máximo

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46

6. DISCUSSÃO

Infecção assintomática por L. infantum é comum em áreas endêmicas para LV

e a maioria das pessoas infectadas são capazes de controlar a infecção e não

desenvolver LV (5, 6, 129). Entretanto, lacunas existem quanto a condução dos casos

assintomáticos, quando há a presença de comorbidades imunossupressoras, como é

a infecção por HIV. Neste estudo foi observado que 23,6% (n=268) das pessoas HIV+

apresentavam infecção por Leishmania, mensurada pela presença de anticorpos anti-

leishmania. Essa frequência foi maior do que a observada para pessoas sem HIV,

residentes na mesma área endêmica, que apresentaram uma infecção por

Leishmania de 14,8% (Coutinho et al, 2016, dados não publicados). É conhecido que

a prevalência de infecção por Leishmania pode variar, de ano para ano, dependendo

de vários outros fatores, incluindo ambientais. Em uma área endêmica para LV, como

o estado do Rio Grande do Norte (32), a soroprevalência desta infecção varia ao longo

dos anos de 3-8%. Onde a incidência cumulativa da infecção assintomática medida

pelo teste de Montenegro pode ser tão alta quanto 49.4% (5, 6).

Dos 268 indivíduos HIV+ infectados por L. infantum, 2 evoluíram para o status

AIDS/LV e ambos morreram desta doença. Observamos também uma taxa de óbito

de 28% no grupo AIDS/LV neste mesmo período (dados não mostrados). Apesar da

introdução da TARV altamente efetiva ter levado ao aumento da sobrevida dos

pacientes infectados pelo HIV, estudos tem mostrado uma recuperação apenas

parcial do status imunológico destas pessoas (130, 131) e por conseguinte, isto

poderia resultar em desenvolvimento de LV. Neste estudo, tanto indivíduos com

AIDS/LV quanto indivíduos coinfectados assintomáticos HIV/L. infantum

apresentaram níveis de anticorpos consideravelmente mais baixos do que indivíduos

com LV, alguns sem produção alguma de anticorpos, demonstrando o déficit

imunológico provocado pela simples presença do HIV.

Sabe-se que a ativação imune de linfócitos T medida pela expressão de HLA-

DR e CD38 permanece alta entre os indivíduos positivos para o HIV mesmo após 1

ano de TARV (132). Como já mencionado, Casado et col. (13), demonstrou que LV

prévia em indivíduos infectados pelo HIV é uma causa independente de níveis

persistentemente altos de ativação imune, imunosenescência, inflamação e

translocação microbiana comparado com outros indivíduos positivos para o HIV,

apesar de uma TARV efetiva e cargas virais indetectáveis por no mínimo 1 ano. Por

conseguinte, para analisar se a infecção por L. infantum poderia alterar a resposta

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47

imune, nós comparamos a expressão de CD38HLA-DR em linfócitos T CD4 e CD8 de

pessoas com LV, HIV, AIDS/LV, coinfecção assintomática por HIV/L. Infantum e

indivíduos saudáveis. Conforme já conhecido, indivíduos HIV+ exibiram ativação de

linfócitos T, e pacientes AIDS/LV e LV apresentaram uma ativação ainda maior.

Surpreendentemente, indivíduos com a coinfecção assintomática HIV/L. infantum

tiveram a ativação de linfócitos T similar ao grupo AIDS/LV e LV. Então, apesar da

contagem de linfócitos T CD8 não diferir entre o grupo HIV e HIV/L. infantum, o status

imunológico do indivíduo coinfectado assintomático é similar aos dos indivíduos com

LV.

Um estudo de Hunt et col. em pacientes HIV+ mostrou que mesmo com

supressão da carga viral pela TARV, a frequência de células T CD8 ativadas

(CD38HLADR) predisse um aumento de mortalidade (133). E um estudo recente feito

por Cannizzo et col. mostrou que pacientes positivos para o HIV sem receber TARV

apresentavam uma maior ativação de células T CD8 (CD8CD38) e que em indivíduos

em uso de TARV, esta ativação estava reduzida mas níveis altos ainda eram vistos

em comparação com controles saudáveis (134). Nossa população de coinfectados,

mesmo sem expressão de LV, se comportou, em parte, em termos da resposta imune

como pacientes AIDS/LV e LV.

Indivíduos com LV apresentam uma imunossupressão induzida pela

leishmania e que é revertida dentro de meses após o sucesso do tratamento (135,

136). Esta anergia na LV pode ser devida em parte à expressão de CLTA4 (Rodrigues-

Neto, 2017 aceito), em resposta a exposição de Leishmania. Neste presente estudo,

não foi observado aumento da expressão de CTLA4, possivelmente, devido as células

não terem sido estimuladas com antígenos de Leishmania.

O marcador PD1 tem sido previamente identificado na superfície de linfócitos

T CD8 em exaustão. Um estudo de Day et col. (137), quando avaliando um grupo de

71 indivíduos HIV+, mostrou que a expressão de PD1 em linfócitos T CD8 se

correlacionou positivamente com valores de carga viral. Confirmando que altos níveis

de antígenos virais na infecção crônica pelo HIV estão associadas com expressão

aumentada de PD1 em linfócitos T CD8. Nosso estudo mostrou que em relação aos

parâmetros avaliados, a expressão deste marcador é alta. Tem sido visto que ativação

imune desencadeada pelo HIV leva a um aumento de expressão de células Treg com

ativação de vias contra-regulatórias, incluindo produção aumentada de IL-10 e

aumento na expressão de PD1 nos linfócitos T (138, 139). Entretanto, L. infantum

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isoladamente pode induzir aumento da expressão de PD1 na LV (140).

Quando avaliamos a senescência de linfócitos T CD4 e CD8, observamos que

não houve diferença entre os grupos, mas uma expressão aumentada deste marcador

foi vista nos linfócitos T CD8. CD57 é um marcador de maturação de células T CD8

em indivíduos HIV+ (141) e uma forte correlação tem sido vista entre a expressão

deste marcador e supressão da replicação viral mediada por linfócitos T CD8 (142).

Somado a isso, Casado et col. observou uma maior expressão deste marcador em

indivíduos com passado de LV, TARV por 1 ano e carga viral indetectável,

comparados com indivíduos com CD4 abaixo de 200 células/mm3 , TARV por um ano

e carga viral indetectável porém sem passado de LV (13). Então, mesmo com 50%

do grupo HIV/L. infantum ter carga viral indetectável, existiu expressão de CD57 nos

linfócitos T CD8. Como o grupo LV também apresentou uma alta expressão de CD57,

é possível que a leishmania atue como um estimulador desta via.

Por fim, ao avaliar a expressão de CD25FoxP3, observamos expressão em

linfócitos T CD4 sem diferença entre os grupos, justificada pela presença do HIV e da

L. infantum nos grupos, estimulando a resposta T regulatória (143, 144). Porém uma

expressão aumentada deste marcador foi vista nos linfócitos T CD8 do grupo HIV/L.

infantum. Em humanos, as células Treg (CD4+) suprimem respostas direcionadas a

patógenos, incluindo o próprio HIV. Não se sabe ainda ao certo qual a importância da

expressão de FoxP3 em células T CD8. Estudos tem mostrado um aumento na

expressão deste marcador nos linfócitos T CD8 em indivíduos HIV+ com doença

avançada e em indivíduos progressores rápidos, caracterizados por uma resposta T

CD8 pobre em relação ao HIV (145). Pacientes imunodeprimidos mostram uma

marcada redistribuição na expressão deste marcador, com uma diminuição nos

linfócitos T CD4 e aumento nos linfócitos T CD8 (143). Observamos uma maior

marcação de T CD8 apenas no grupo HIV/L. infantum. Uma possível justificativa para

tal achado, seria o fato de que a presença da infecção pelo L. infantum desencadearia

uma resposta inflamatória, estimulando a produção de uma resposta contra-

regulatória. O mesmo não sendo observado no grupo AIDS/LV e LV devido a uma

intensa imunossupressão, potencialmente devido a uma perda das células

progenitoras, resultando em perda do repertório linfocitário. Uma outra hipótese para

o nosso achado seria a de que progressores rápidos se relacionam com o nosso grupo

HIV/L. infantum pela presença de um patógeno circulante. Naquele grupo seria alta

carga viral e neste grupo seria a presença da leishmania.

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7. CONCLUSÕES

1. A frequência de infecção assintomática pelo L. infantum em pessoas HIV+ em

área endêmica para leishmaniose é alta.

2. Pessoas HIV+ com infecção assintomática por L. infantum apresentam uma

baixa expressão de anticorpos anti-Leishmania, similar ao grupo AIDS/LV e

inferior ao grupo LV, demonstrando assim um déficit imunológico já instalado.

3. Pessoas infectados pela L. infantum, mesmo sem passado de LV, mostram

uma maior ativação de linfócitos T CD8.

4. O padrão de anergia e exaustão de linfócitos T CD4 e CD8 em pessoas com a

coinfecção AIDS/LV pode justificar as várias recaídas vistas nestes pacientes.

5. O padrão de ativação, exaustão, senescência e expressão de FoxP3 em

linfócitos TCD8 do grupo HIV/L. Infantum aponta para a necessidade de um

olhar clínico diferenciado neste grupo de indivíduos.

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