POB-034 Janaina Mourao Freire

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    Paul Claval, ao falar dos temas abordados pela Nova Geografia Cultural, d a

    seguinte justificativa: A percepo do real, os meios para modific-lo e os sonhos, que

    muitas vezes servem de modelos para a ao, so produtos originados da cultura:

    esta a importncia desses temas (CLAVAL, 1999, p.59). Segundo o mesmo autor,

    antigamente os gegrafos se preocupavam com a parte cultural relacionada aos

    hbitos, utenslios e tcnicas (exemplos da abordagem material antes utilizada). No

    entanto, com algumas singularidades: a Geografia francesa dava nfase aos gneros

    de vida5 e a Geografia americana, seguida tambm pela alem, centrava-se na

    paisagem cultural (esse termo ainda era utilizado de maneira bem diferente dos dias

    atuais). Essas formas de anlise se apresentaram limitadas, em consequncia do

    novo mundo globalizado, por dois principais motivos: a) a uniformizao das tcnicas,

    que traz um distanciamento do contedo material, fazendo com que a diversidade

    cultural esteja mais ligada as representaes e valores; b) e a crtica epistemolgica

    ps-moderna, que se afasta ainda mais da doutrina positivista.

    Para todos aqueles que aceitam a crtica ps-moderna, a

    cultura designa o conjunto de savoir-faire6, de prticas, de

    conhecimentos, de atitudes e de idias que cada indivduo

    recebe, interioriza, modifica ou elabora no decorrer de sua

    existncia (CLAVAL apudDUNCAN, 1999, p.64)

    Essa nova Geografia sofre influncia de trs principais vertentes geogrficas: a

    primeira, ainda vinculada escola americana de Bekerley; a segunda, ao materialismo

    histrico dialtico, que d origem a Geografia Crtica7; e a terceira s filosofias de

    significado, caracterizadas como Geografia Humanstica. (CRREA, 1999)

    Para o presente trabalho, nos concentraremos na Geografia Cultural, vinculada

    ltima abordagem exposta anteriormente. O ramo humanstico do que seria uma

    rvore geogrfica permite que se alcance uma valorizao da experincia, do

    sentimento e intuio, assim como da intersubjetividade do homem. Objetiva-setrabalhar com o conceito de espao vivido, assim como aqueles expostos por Tuan a

    respeito das experincias ntimas com o lugar, espao mtico e topofilia.

    5 Os gneros de vida diferenciavam os hbitos e homens, mulheres e crianas. Pretendiam analisar osmodos de existncia dos grupos humanos; no entanto, como a diversificao das atividades, os gneros devida perdem credibilidade.(CLAVAL,1999)

    6 Esse conceito no uniforme, mas segundo algumas interpretaes remete a habilidade ou sabedoriasobre algo. A traduo literal savoir = saber; faire = fazer.

    7A cultura se insere como um reflexo da condio social imposta pelo modo de produo capitalista

    (CORRA, 1999).

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    A base metodlica humanstica aqui vai adquirir um referencial filosfico,

    voltado para o que se conhece como Fenomenologia..

    A fenomenologia tem noo de intencionalidade. A compreenso da realidade

    obtida atravs do olhar do observador, em sua relao enquanto sujeito para com oobjeto, que algo concreto. O processo de intuio anterior reflexo e esta por sua

    vez dependente dos valores que o observador possui. A decomposio da realidade

    no acorre de forma homognea, pelo contrrio, ela histrica e intersubjetiva e por

    isso no h um caminho absoluto; existem diversos percursos a seguir.

    Importante frisar que aqui adotaremos a fenomenologia atravs de um olhar

    geogrfico. Isso significa dizer que centrar no homem e simplesmente nele no

    nossa prioridade; pelo contrrio, de nada vale, para ns, avali-lo sem sua relao

    com o meio.(...) os fenomenologistas tm focalizado quase exclusivamente nos

    indivduos e a experincia social e a interao tm sido construdas basicamente mais

    no contexto das relaes interpessoais do que nas intergrupais(BUTTIMER, 1985, p.

    171). A vida em sociedade e a interao com o lugar so a base para o entendimento

    da presente pesquisa.

    2. O MISTICISMO DA CAPITAL

    Muito alm de Braslia, existem aqueles que profetizam sobre a Nova Era da

    humanidade h muito tempo. O novo surgir, para muitos, pelo Brasil, pas que teria

    como misso ser o bero da nova civilizao. Indcios dessa previso so encontrados

    desde maons a eubiticos, de profetas a espiritualistas e em canes e poesias. No

    ntimo do ser humano, o misticismo habita h sculos.

    Anes Gonalo Bandarra(1500-1556), trovador portugus, j fazia profecias que

    encantavam a populao e preocupavam a Santa Inquisio, que no tardou a puni-lo.

    Falava, dentre outras coisas, do Quinto Imprio, o ltimo que reinaria sobre a terra e

    surgiria pelo mundo lusitano. Os quatro imprios anteriores eram por ordem: Assrios,

    Medos, Persas e Romanos. Padre Antnio Vieira muito escreveu sobre as trovas de

    Bandarra, tornando- se um paladino8 do sonho milenarista do Quinto Imprio

    (MARQUES, 2004, p.1)

    Em estudos posteriores, passou-se a considerar que o Quinto Imprio viria pelo

    Brasil, por ser um pas de origem Lusitana e com potencial geogrfico para cumprir tal

    misso.

    8 Segundo o dicionrio Houaiss: Indivduo destemido e cavalheiresco; indivduo sempre pronto a

    defender os oprimidos e a lutar por causas justas

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    Indcios do futuro do Brasil tambm se encontram em obras mais recentes

    como a de Giuseppe Drago9 (1969), que acreditava j se ter em findado os imprios

    tirnicos como os de Csar, Napoleo, Hitler, Mussolini e Stalin; dando lugar era do

    amor, que j se vai vislumbrando (p.19). Sua teoria vai alm, quando fala da

    importncia de Braslia como a capital da futura Amrica unida, que se converteria em

    capital universal e seria o centro de irradiao e orientao poltica, econmica e

    social do mundo e concluiu com um fato um tanto quanto inesperado: sob a

    presidncia vitalcia do jovem presidente John Kennedy (p.21).

    Acreditava o autor que John Kennedy deveria ser o futuro presidente de um

    governo mundial, com a aliana de todos os partidos e todas as naes e todas as

    religies, tendo por princpio o preceito do amai-vos uns aos outros (p.21/22). Drago

    conta que, quando em uma visita a Braslia, pela segunda vez, na igreja de SantaCruz, no Cruzeiro, teve uma viso de John Kennedy assumindo a ltima eleio do

    que ele chamou de Amrica Unificada, com capital em Braslia, e este estava despido

    de ambio humana e riqueza material, para uma dedicao de corpo e alma (...) por

    amor humanidade (...)

    2.1 A Localizao Geogrfica

    A escolha do local para construir a nova capital gerou um debate que

    durou longo tempo. No entanto, a escolha no se deveu apenas a aspectos

    fsicos ou geopolticos. Diz Giuseppe Drago:

    Braslia se me afigura como essa nova terra de promisso,

    capaz de abrigar um aglomerado humano de todas as raas,

    religies e ideologias, aptas a converterem-se na Capital da

    Amrica e do mundo, como centro irradiador de uma nova

    civilizao, com preparo moral, cultural, poltico e social e mais

    que tudo espiritual suficiente para superar as lutas ideolgicase raciais e estabelecer o bem-estar social (...) (p.20/21).

    Drago acredita que o Planalto Central um lugar privilegiado, um

    recanto do planeta Terra (p.122). Braslia teria surgido como que por encanto

    e as energias boas que aqui se recebe vem do que ele considera como chama

    sagrada viva e imorredoura.

    9O livro impresso ainda em datilografia e no tem participao editorial. intitulado: O mundo semalma, mensagem de Braslia de amor e de paz e de esperana para todos os habitantes de nosso planeta

    com as seguintes datas registradas: 31-12-1968 / 1-1-1969.

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    Braslia est desempenhando, nesta hora difcil de toda a

    humanidade, o sagrado papel da me natura, que est no seu

    estado de maturidade e de gestao, dando a luz Nova Era

    do amor, que vem do perdo, que deve nascer da renncia

    individual, para o bem estar coletivo, humano, impessoal edivino (p.127)

    A sociedade Eubitica tambm trouxe algumas profecias. Tratou de

    temas como a potencialidade evolutiva da Amrica do sul, em que o Brasil,

    como rea central do territrio, ser o Ponto de origem, o bero de uma nova

    civilizao. E complementa:

    Esta promessa de uma nova forma de vivncia sobre a Terra

    faz do Novo Mundo, do continente Sul-Americano e, mui

    especialmente, do Planalto Central do Brasil, a Terra da

    Promisso, isto , da promessa que, dentro da Tnica

    Avatrica10 do Novo Ciclo, constituiremos as bases tnicas de

    uma Nova Raa que vai elaborar e reconstituir uma nova

    civilizao (SOUZA,1968, p.537).

    No Livro do autor Ruy Fabiano (2005), Profanao, tambm

    encontramos relatos importantes para o presente trabalho. Em um dos

    captulos, o protagonista Gregrio Pedra reflete sobre profetas e profeciais.

    Brasilia, afirmavam, [os profetas] era a terra prometida. Havia uma atmosfera

    mstica na cidade, que, conforme o estado de esprito do fregus, se

    apresentava mais ou menos intensa (p.236)

    Dentre alguns relatos msticos, o autor fala de Pietro Ubaldi, nascido na

    Itlia em 1886 e formado em direito, curso extremamente cosmopolita para a

    poca (quem sabe at mesmo para os dias atuais). Cresceu absorvendoinfluncias franciscanas que lhe fizeram, inclusive, abdicar de uma fortuna que

    receberia com a morte de sua av. Desvendou o que seriam as leis espirituais

    para os homens e suas relaes sociais. Escreveu 24 livros de cunho

    espiritualista, em que abordava temas alheios ao establishment11 de ento:

    10 Segundo o Dicionrio Houaiss, a palavra Avatar significa: processo metamrfico; transformao,

    mutao11Grupo sociopoltico que detm poder, controle ou influncia

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    Chakras. O Chakra cardaco seria onde bate o corao

    do planeta. (SIQUEIRA, 2003, p.41)

    2.2 A Simbologia Egpcia e Braslia

    Na tese da professora Iara Kern (1984), percebe-se a importncia s

    formas piramidais em Braslia. Trabalhou-se aqui com cada uma

    individualmente, porm, de maneira sucinta, de modo a vislumbrar-se um

    parmetro sobre a teoria sem negar possveis interpretaes individuais.

    1. A Pirmide de Dom Bosco

    No Antigo Egito, havia o costume de construir templos prximos gua,

    como um significado simblico de se estar prximo ao lago sagrado. EmBraslia, o mesmo aconteceu com a construo da Ermida Dom Bosco, que,

    alm de ter uma forma piramidal, repousa tranquila e bela, junto ao lago

    Parano, voltada para cidade, vendo toda a histria de Braslia, os dias

    amanhecerem e a noite se pr (p.19). Teria sido construda com o mesmo

    objetivo que os antigos egpcios buscavam para a construo de templos: uma

    forma de homenagear algum.

    Figura 5: Ermida Dom Bosco - fotografada por Pedro Paulo Rosa

    2. A Pirmide da CEB

    No Egito, existem formas piramidais erguidas em degraus. A pirmide de

    Skara uma delas e foi descrita pela autora como a mais antiga estrutura de

    pedra talhada, erguida pelo homem, em todo o mundo (p.29). O seu interior

    est bem preservado e, como em todas as pirmides, tem como funo

    proporcionar as eternas moradas s figuras de grande importncia na histriaegpcia.

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    A pirmide de degraus que guarda a energia csmica em Braslia o

    prdio da CEB, que existe na mesma forma, com as mesmas medidas (...)

    para guardar a energia fsica, de Braslia e Cidades Satlites [afinal, estamos

    tratando da Companhia de Eletricidade de Braslia]

    Alm disso, h um pssaro que pode ser visto no alto do prdio na parte

    de trs, imagem que representaria Ibis, o pssaro do Antigo Egito, guardio

    das pirmides.

    Figura 6 e 7: CEB 6. fotografada por Pedro Paulo Rosa. 7. Pintura Byron

    de Quevedo retirado de Kern (1986)

    3. Congresso Nacional e Rodoviria

    A Rodoviria e o Congresso Nacional tambm tm sua simbologia. A

    Rodoviria seria um H deitado que ocupa trs planos da terra: um subterrneo,

    um ao nvel da terra e outro sobre a terra. O plano inferior, que d passagem

    entre a Asa Norte e a Asa Sul (e vice e versa), seria como o ID; o plano da

    terra, o EGO; e o plano superior, o SUPER-EGO. O conjunto dos trs planos

    resultaria na representao do homem mortal.

    Na frente da Rodoviria, est edificado o Congresso Nacional, com uma

    arquitetura em forma de H em p, representando o homem imortal e espiritual.

    Alm disso, as duas conchas, uma de cada lado do Congresso, unidas, formam

    uma esfera que osmbolo do Universo (p.33).

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    Figura 8 e 9: Congresso Nacional 8. fotografada por Pedro Paulo Rosa.

    9. Pintura Byron de Quevedo retirado de Kern (1986)

    4. Catedral e Itamarati

    A Catedral tambm tem forma piramidal, mas no apenas isso que a

    assemelha ao Egito. Assim como muitos prdios de Braslia, subterrnea,

    ligando a Cria, a Sacristia e o Batistrio (p.34). Para entrar, atravessa-se um

    tnel escuro e, no final da passagem, a claridade emerge, levando o homem

    das trevas luz. A autora faz ainda mais correlaes espirituais, como, por

    exemplo, com os trs anjos dentro da Igreja, que seriam a representao da

    Santssima Trindade, e a gua que a circunda seria a representao de umlago sagrado.

    Os profetas na frente da Igreja tambm tm, para a professora, um

    significado simblico. So trs de um lado e apenas um na frente. Como o

    apstolo Joo foi o que disse mais coisas, escreveu inclusive sobre o

    Apocalipse, est na frente dos outros trs, porque merece mais ateno. No

    Egito, as esttuas tambm se organizavam de acordo com o grau de

    importncia.

    Segundo a autora, em Braslia, tudo est construdo dentro da

    numerologia egpcia e da Cabala Hebraica. A Catedral feita dentro da

    simbologia antiga (...) sustentada por 16 colunas, assim como o Palcio da

    Alvorada. O nmero 16 na Cabala Hebraica como no Tarot Egpcio o nmero

    do Templo.

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    Figura10, 11 e 12: Catedral 10 e 11. fotografada por Pedro Paulo Rosa.

    12. Pintura Byron de Quevedo retirado de Kern (1986)

    5. Cemitrio

    A Espiral como representao da evoluo espiritual faz parte de uma

    doutrina esprita muito antiga. A prpria matemtica reconheceu sua

    importncia, quando descoberta a Sequncia de Fibonacci, que levava

    proporo urea. Isso foi possvel atravs do estudo de espirais em caracis,

    folhas e outras fontes naturais. A sequncia comea com 0 e 1 e vai crescendo

    a partir da soma dos dois algartmos anteriores. Resulta em uma sequncia

    basicamente assim: {0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13...}

    A razo urea, obtida atravs da sequncia de Fibonacci, indica o quo

    proporcional e simtrico um objeto ou mesmo uma pessoa. Monalisa foi

    pintada dentro dessa proporo. Por ser, como matematicamente comprovado,

    uma representao da perfeio e por tender ao infinito, a espiral adquiriu

    simbolismo transcendental. O cemitrio de Braslia foi construdo em formato

    espiralado e representa, segundo a autora, que o homem, ao morrer, parte

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    para outra faixa da espiral em busca da evoluo espiritual, um ciclo que leva

    ao ponto de partida. Para a professora, at no cemitrio Braslia mstica.

    Espirais podem ser encontradas desenhadas tanto na LBV Legio da

    Boa Vontade, como na Catedral de Braslia.

    Figura 14 e 15: Cemitrio 14. fotografada por Pedro Paulo Rosa. 15.

    Pintura Byron de Quevedo retirado de Kern (1986)

    6. Memorial JK

    Alm de possuir a forma da base de uma pirmide, o Memorial JK tem

    uma funo equivalente, abrigar o tmulo de um governante, no caso, JK. Diz-

    se que no dia 21 de abril, dia do aniversrio de Braslia, a luz incide

    exatamente no meio do Congresso Nacional, iluminando diretamente omemorial JK, dando a impresso de que se est em um templo egpcio.

    Figura16: Memorial JK fotografada por Pedro Paulo Rosa

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    Para publicao de seu livro, Iara Kern pediu que Byron de Quevedo

    pintasse alguns quadros que ilustrassem sua teoria. Na entrevista, Byron pde

    revelar como isso aconteceu. Iara lecionava Antropologia Cultural na

    Universidade de Braslia e deu-lhe livros sobre o tema que havia estudado para

    sua tese. Isso o cativou a pesquisar, de modo que, aos poucos, foi encontrando

    relao.

    Nas dez telas pintadas por mim, procurei dar beleza e

    poesia s chamadas coincidncias entre os prdios e

    palcios brasilienses e as runas egpcias. E foi

    fazendo o trabalho que fui verificando que de fato havia

    grande semelhana entre as duas arquiteturas. Quanto

    s questes msticas sobre o tema, elas so melhores

    explicadas pela criadora da tese.

    Ao ser perguntado sobre o futuro do Brasil, afirmou que nosso

    pas ainda ser considerado um pacificador para muitas questes

    internacionais de grande importncia. Quanto a Braslia, acredita que tambm

    ter papel importante no mundo e no nega que a cidade seja envolta por

    misticismo, pois como ele mesmo diz:

    sem dvida intrigante que uma crena num futuro

    prdigo tenha comeado e se concretizado, baseando-

    se a previso no em bases cientficas, mas sensoriais

    [referente ao sonho de Dom Bosco]. Ou seja, a cidade

    j teve desde suas primeiras concepes, o

    componente mstico.

    Contou um fato muito interessante: uma vez, quando morava nos

    Estados Unidos, assistiu a um debate com dirigentes da NASA. Elesconfabulavam sobre qual local da Terra seria mais seguro caso houvesse uma

    guerra nuclear entre EUA, URSS e China. Byron transcreveu, com suas

    palavras, o que o Diretor Geral da NASA teria dito (no entanto, no se lembra o

    nome dele):

    Em qualquer das hipteses a Terra se tornaria um inferno para

    se habitar. Mas o Planalto Central do Brasil,onde se situa sua

    capital, por ter o terreno mais compactado do mundo e com

    subsolo sem cavernas, seria o local mais seguro. Claro que

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    horas depois das exploses nucleares, a radioatividade

    acabaria chegando por l,mas os efeitos seriam menores. A

    rea total do Planalto Central composta por um tipo de saibro

    amarelado,o que significa ser aquele um terreno muito antigo,

    denso e pouco afeito a tremores de terra.

    3. CONCLUSO

    Dois mitos constituem a cidade: o primeiro se refere cidade moderna e

    planejada e o segundo a terra prometida, idealizada como o bero da nova civilizao.

    A partir da anlise da segunda vertente obtiveram-se alguns resultados.

    Primeiramente, atravs da retrospectiva efetuada sobre o processo de

    interiorizao, percebeu-se que o mstico j estava presente em seus idealizadores,

    pois esses acreditavam, de certo modo, que a partir do deslocamento da capital oBrasil alcanaria progresso. Na anlise das profecias da Nova Era, concluiu-se que

    muitas delas tm relao direta com Braslia, ou seja, acredita-se que o Brasil ser o

    futuro da humanidade, atravs de sua capital, a terra prometida.

    Alm disso, conclui-se que Braslia, ao lado de suas funes polticas e

    econmicas, tambm centro de concentrao do imaginrio popular. Tem-se, por

    trs da paisagem institucional, uma cultural, construda pela subjetividade do homem e

    suas experincias ntimas, nas relaes com o lugar em que vivem. O misticismo, o

    mito e a crena na Nova Era moldam uma cidade diferenciada, nica. Aqui, pretendeu-

    se descrever alguns relatos que pudessem comprov-lo.

    No houve, nem seria possvel, a pretenso de esgotar o tema. Muitos outros

    msticos e instituies religiosas e iniciticas que aqui vivem e atuam poderiam ter sido

    ouvidos e citados. O estudo quis apenas fornecer o esboo de um tema, rico e

    fascinante - a Braslia Imaginria -, que aguarda aprofundamento.

    Brasil, Ns temos a oitava maravilha. Braslia, capital da esperana." (Msica

    de Capito Furtado)

    4. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ABBAGNANO, Nicola. Dicionrio de Filosofia. 5 Ed. So Paulo: Martins Fontes, 1210

    Pg. 2007.

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    CLAVAL, Paul. A Paisagem do Gegrafo. In: CORRA, R.L.; ROSENDAHL, Z. (orgs);

    Paisagens, Textos e Identidades. 1 Ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2004. p. 13-74.

    CORRA, Roberto Lobato. Geografia Cultural: passado e futuro uma introduo. In:

    ROSENDAHL, Z.; CORRA, R.L. (orgs); Manifestaes da cultura no espao. 1 Ed. Rio de

    Janeiro: EdUERJ, 1999. p. 49-58.

    DRAGO, Giuseppe. O mundo sem alma: mensagem de Braslia, de amor, de paz e de

    esperana para todos os habitantes do nosso planeta. Braslia, 1969.

    HUSSERL, Edmund. Idias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia

    fenomenolgica: introduo geral fenomenologia pura.2 Ed. Aparecida, SP: Idias

    e Letras, 383 pg. 2006.

    KERN, Iara. De Aknaton a JK: das Pirmides a Braslia. 2 Ed. (tese de doutorado).

    Braslia, 128 pg. 1984.

    RABELLO,Ruy Fabiano Baptista. Profanao. So Paulo: A Girafa Editora, 256 pg.

    2005

    SIQUEIRA, Deis. As novas religiosidades no Ocidente: Braslia, cidade mstica.

    Braslia: Editora Universidade de Braslia, 130 pg. 2003.

    SOUZA, Carlos Lucas de. Orgo Monumental da Civilizao Eubitica. Braslia: Ed

    Grfica Alvorada, 575 pg. 1968.