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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVII • Edição 1141 • Quinzenário à sexta-feira • 10 de Abril de 2015 • Preço 1,40 ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR 1,60 PUB > Uma pechincha dizem os especialistas. A Lone Star com- prou a Lusort e com ela Vila- moura e a concesssão da Mari- na de Vilamoura aos espanhóis do Catalunya Banc por menos 300 milhões do que André Jor- dan a tinha vendido p. 2 Vilamoura em mãos americanas por 200 milhões > Pelo segundo ano a ser posto em prática, o orçamento partici- pativo de Albufeira espera a par- ticipação dos munícipes com propostas para o investimento de 100 mil euros. A autarquia reser- va para 2016 uma fatia importan- te do orçamento para a escolha directa dos cidadãos p. 5 Freitas do Amaral abre ciclo de presenças ilustres em Vila Real Sinónimos de Leitura: > 6 D.R. D.R. Albufeira quer propostas para o orçamento participativo FINANÇAS AUTÁRQUICAS Sábado arrancam os IV Jogos de Quelfes OLIMPISMO > 5 Ferragudo teme obras no molhe do Arade > 8 D.R. Jorge Moreira da Silva: Debaixo de protestos que o ministro diz estarem a ser instrumentalizados o titutlar da pasta do Ambiente mantém as demolições nas ilhas-barreira > 3 Governo não recua nas demolições EM FOCO 2 MOREIRA DA SILVA NÃO RECUA NAS DEMOLIÇÕES 3 JÁ SÓ RESTA UMA TECEDEIRA EM MONCHIQUE 4 VI JOGOS DE QUELFES ABREM SÁBADO 5 VILA REAL VAI RECEBER GRANDES NOMES DA CULTURA 6 IEFP - ALGARVE INICIA NOVOS CURSOS DE APRENDIZAGEM 7 CLASSIFICADOS 9 D.R. LAGOA

POSTAL 1141 - 10 ABR 2015

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• CONHEÇA O POSTAL DESTA SEMANA! • (Sexta-feira 10/04) nas bancas com o jornal PÚBLICO • LEIA E PARTILHE A INFORMAÇÃO INDISPENSÁVEL SOBRE O ALGARVE • * NESTA EDIÇÃO COM O CULTURA.SUL * EM DESTAQUE NESTA EDIÇÃO: > Vilamoura em, mãos americanas por 200 milhões > Governo não recua nas demolições > Freitas do Amaral abre ciclo de presenças ilustres em Vila Real > IV Jogos de Quelfes arrancam amanhã > Ferragudo teme obras no molhe do Arade > Albufeira quer propostas para o orçamento participativo • POUPE centenas de euros ao assinar o POSTAL por 30€ anuais com o Plano de Saúde gratuito em medicina dentária, estética e ginásio • PRÓXIMA EDIÇÃO DO POSTAL dia 24 de Abril: o indispensável sobre o Algarve

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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVII • Edição 1141 • Quinzenário à sexta-feira • 10 de Abril de 2015 • Preço € 1,40

ÀS SEXTAS EMCONJUNTO COM OPÚBLICO POR €1,60

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> Uma pechincha dizem os especialistas. A Lone Star com-prou a Lusort e com ela Vila-moura e a concesssão da Mari-na de Vilamoura aos espanhóis do Catalunya Banc por menos 300 milhões do que André Jor-dan a tinha vendido p. 2

Vilamoura em mãos americanas por 200 milhões

> Pelo segundo ano a ser posto em prática, o orçamento partici-pativo de Albufeira espera a par-ticipação dos munícipes com propostas para o investimento de 100 mil euros. A autarquia reser-va para 2016 uma fatia importan-te do orçamento para a escolha directa dos cidadãos p. 5

Freitas do Amaral abre ciclo de presenças ilustres em Vila Real

Sinónimos de Leitura:

> 6

d.r.

d.r.

Albufeira quer propostas para o orçamento participativo

FINANÇAS AUTÁRQUICAS

Sábado arrancam os IV Jogos de Quelfes

OLIMPISMO

> 5

Ferragudo teme obras no molhe do Arade

> 8

d.r.

Jorge Moreira da Silva: Debaixo de protestos que o ministro diz estarem a ser instrumentalizados o titutlar da pasta do Ambiente mantém as demolições nas ilhas-barreira > 3

Governo não recua nas demolições

EM FOCO 2 MOREIRA DA SILVA NÃO RECUA NAS DEMOLIÇÕES 3 JÁ SÓ RESTA UMA TECEDEIRA EM MONCHIQUE 4 VI JOGOS DE QUELFES ABREM SÁBADO 5

VILA REAL VAI RECEBER GRANDES NOMES DA CULTURA 6 IEFP - ALGARVE INICIA NOVOS CURSOS DE APRENDIZAGEM 7 CLASSIFICADOS 9

d.r. LAGOA

em foco

2 | 10 de Abril de 2015

Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 FaroTelef.: 289 820 850 ¦ Fax: 289 878 342

[email protected] ¦ www.advogados.com.pt

Venda de Vilamoura mostra confiança no imobiliário e turismoPreço baixo não afasta importância do investimento

Ricardo [email protected]

A GESTORA DE FUNDOS DE IN-VESTIMENTO norte-americana Lone Star é a nova dona de Vi-lamoura, num negócio que se realizou nos últimos dias de Março e que ditou a venda, à empresa criada em 1995 por John Grayken, da Lusort, dona de Vilamoura e da con-cessão da respectiva marina.

O Catalunya Banc, dono da Lusort (e o Banco Bilbao y Vizcaya Argentaria, um dos principais accionistas do Ca-talunya Banc), deixam o ne-gócio imobiliário associado à Lusort e a Vilamoura e en-tregam por cerca de 200 mi-lhões de euros aos america-nos os direitos de construção de cerca de 700 mil metros quadrados de área.

É exactamente aqui que está o negócio, uma vez que, neste momento, a fatia de leão de Vilamoura já não é propriedade da Lusort, sendo que dos activos da empresa apenas valem realmente di-nheiro os terrenos a construir e a concessão da Marina de Vilamoura que é lucrativa.

Ainda assim, a opinião geral dos analistas veicula-dos por variados órgão de comunicação social, nomea-damente nacionais, é que o valor da transacção, naquele que já é considerado o ne-gócio imobiliário do ano no país, é baixo.

Em comparação com a úl-tima troca de mãos de Vila-moura, realizada entre André Jordan e Vasco Branco e a Lu-sort (em duas tranches com os campos de golfe a serem ven-didos separadamente do resto do empreendimento por 120 milhões de euros), Vilamoura foi agora vendida por menos 300 milhões de euros.

A APOSTA NA CIDADE LACUSTRE A galinha dos ovos de ouro da compra de Vilamoura é o espaço onde deverá nascer o projecto Cidade Laustre, con-cebido pelo gabinete de ar-quitectos Rafael de La Hoz há cerca de uma década.

São 316 mil metros qua-drados de área edificável, dos quais 188,5 mil para fins resi-denciais, a que se somam 14 mil de área comercial e 113,5 mil de área turística.

Três lagos ligados por uma rede de canais navegáveis a que se acederá por uma eclusa destinada a manter um volu-me de água de 605 mil metros cúbicos de água dentro do sis-tema lagunar prometem criar um ambiente único na zona que se estende a partir do The Lake Resort para poente e norte.

Neste complexo de canais, ilhas e passadiços promete--se fazer nascer três mil novas camas entre aldeamentos, ho-

téis e villas, além de 300 novos postos de amarração.

A MARINA UMA MAIS-VALIA LUCRATIVA Outro dos activos que valem bem o dinheiro in-vestido pela Lone Star é a Ma-rina de Vilamoura, a maior infra-estrutura do género do país e também a mais antiga

e conhecida marina nacional.A marina dá lucro e a con-

cessão é por isso um activo valioso, ainda mais quando constitui um dos principais atractivos de Vilamoura e da futura Cidade Lacustre face a outras ofertas, quer no Algar-ve, quer em destinos como o Sul de Espanha.

Com 825 amarrações a marina é a jóia da coroa da actual Vilamoura, podendo acolher barcos até 60 metros de comprimento e quatro de calado e ficando a escassas 160 milhas de Lisboa, 140 de Gibraltar e 190 de Puerto Ba-nus em Marbella.

Recorde-se que a preços actu-

ais e em época alta a Marina de Vilamoura cobra uma mensa-lidade de 4.560 euros por uma embarcação atracada entre 35 e 40 metros de comprimento.

Por outro lado, Vilamoura é uma aposta relativamente segu-ra para quem quer arriscar no imobiliário no Algarve, uma vez que, o projecto está em pleno funcionamento e em situação de maturidade, perfeitamente enquadrado na envolvente e cimentado enquanto destino turístico.

Neste quadro desempenham um papel fundamental os cin-co campos de golfe de 18 bu-racos existentes no complexo, além de áreas reservadas ao hipismo, ténis, paddle, squash, circuitos de manutenção, ciclo-vias e ginásios.

A tudo isto soma-se a oferta de cada um dos hotéis de Vila-moura, onde estão algumas das mais prestigiadas unidades da região e do país, três quilóme-tros de areal entre as praias da Falésia e Vilamoura, o Museu Cerro da Vila e o Parque Am-biental de Vilamoura com cer-ca de 200 hectares.

Tudo a somar para criar o en-quadramento perfeito para um investimento turístico.

Certo é que haverá ainda que conseguir fundos capazes de garantirem o correcto alavancar da nova aposta imobiliária na Ci-dade Lacustre e uma verdadeira política de vendas que garanta retorno num espaço de tempo viável para o volume de investi-mento, decerto muito elevado.

Mas não menos certo é que o investimento dos norte-ame-ricanos significa uma aposta no Algarve enquanto destino de investimento imobiliário e turístico. Algo que pode sig-nificar a médio prazo muitos postos de trabalho e um refor-ço da oferta regional em ter-mos turísticos, quer em quan-tidade, quer em qualidade.

fotos: d.r.

Ô A gestora de fundos norte-americana Lone Star comprou o complexo turístico de Vilamoura por cerca de 200 milhões de euros

Ô Imagem de antevisão do projecto da Cidade Lacustre

região

10 de Abril de 2015 | 3

Moreira da Silva não recua nas demoliçõesMinistro assegura que todas as famílias estão a ser realojadas

Ricardo Claro/[email protected]

O MINISTRO DO AMBIENTE AFIRMOU na passada terça--feira no Parlamento que as de-molições são para continuar nas ilhas barreiras da Ria Formosa, mas assegurou que todas as fa-mílias cujas casas são primeira habitação estão a ser realojadas.

“Não tem havido nenhuma demolição que não tenha sido antecedida de realojamento, tratando-se de primeiras habi-tações. Em casos que temos dú-vidas, existe uma reavaliação do processo”, explicou aos deputa-dos Jorge Moreira da Silva.

O governante foi ouvido pela Comissão do Ambiente, Orde-namento do Território e Poder Local sobre as demolições na Ria Formosa e o Plano de Or-denamento da Orla Costeira (POOC) previsto para aquela região algarvia.

Face às críticas dos deputados dos partidos da oposição que acusaram o Governo de estar com uma “fúria demolidora”, Jorge Moreira da Silva argu-mentou que se trata de uma “reposição da legalidade”, uma

vez que as habitações que estão a ser demolidas “são ilegais”.

“Não faz sentido que, de norte ao sul, os cidadãos sejam insta-dos a fazer sacrifícios para se pro-teger o litoral e depois se aceite a construção ilegal. Ninguém faz demolições de ânimo leve”, su-blinhou o governante.

MINISTRO ACUSA POPULAÇÕES DE INSTRUMENTALIZAÇÃO Jorge Moreira da Silva acusou mesmo muitas famílias de estarem a ten-tar instrumentalizar os protestos para ocultar que possuem outras alternativas habitacionais.

“Na maioria dos casos esta-mos a falar de casas de férias e não de primeira habitação. Até Junho temos condições de rea-lizar todas as demolições previs-tas com a excepção daquelas que são primeira habitação. O realo-jamento é da responsabilidade dos municípios e não do Gover-no”, apontou.

OPOSIÇÃO ACUSA O GOVERNO DE QUERER EXPULSAR AS CO-MUNIDADES Por seu turno, os partidos da oposição, nomea-damente o PCP e o BE, acusa-ram o Governo de querer “ex-

pulsar” as comunidades locais para no futuro beneficiarem entidades privadas.

“Trata-se de uma concepção fundamentalista de que para conservar e proteger o am-biente é necessário expulsar as comunidades locais. Primei-ro, expulsa-se, depois renatu-raliza-se e no fim entrega-se a privados”, afirmou o deputado do PCP Paulo Sá.

Em resposta às críticas, Jorge

Moreira da Silva respondeu que a intenção é a de que as ilhas pas-sem a ser “desfrutadas por toda a população” e não só por alguns.

Moreira da Silva adiantou que o Governo prevê iniciar em Junho as primeiras dragagens no canal Faro-Olhão, Barrinho do Ancão e Esteiro do Ramalhe-te, Barra da Armona e Tavira e terminá-las em Dezembro, um investimento de cerca de cinco milhões de euros.

O governante adiantou ainda que as obras da ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) de Faro irão iniciar-se ainda este ano e que a empreitada terá um prazo de execução de um ano e meio.

Moreira da Silva referiu que a construção da ETAR de Faro e as dragagens representarão um in-vestimento do Governo de cerca de 41 milhões de euros.

MINISTRO FALA EM PLANO DE PORMENOR QUE AINDA NÃO É MAIS DO QUE UM ESTUDO “Há ainda muito por fazer, que vai além das demolições. Estare-mos disponíveis para tentar en-contrar investimento, nomeada-mente para o núcleo central da ilha de Faro”.

Nesse sentido, Moreira da Silva instou a Câmara de Faro a aprovar o plano de porme-nor para a ilha, que já foi en-tregue pela tutela ao executivo municipal.

Mas Rogério Bacalhau, presi-dente da autarquia farense, em declarações ao POSTAL, esclarece que “não há qualquer plano de pormenor da Praia de Faro para aprovar”.

dr

Ô Moreira da Silva diz que demolições são uma reposição da legalidade

VI Jogos de Quelfes abrem sábado pág. 5

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“O que existe é um estudo para o plano de pormenor rea-lizado pela Polis que não é em nada o mesmo que um plano de pormenor susceptível de ser submetido a aprovação pelos órgãos camarários”, diz.

“O plano de pormenor que está incluído nos projectos a desenvolver pela Sociedade Po-lis terá ainda de ser realizado antes de poder ser submetido às autoridades competentes e à autarquia para aprovação e nes-ta matéria nada foi até ao mo-mento discutido com a tutela”, diz o autarca, que realça que no estudo existe para já uma falha que considera relevante “a não previsão de realojamento para os pescadores da Ilha de Faro que devem ser realojados na própria ilha no nosso entender”.

Rogério Bacalhau antevê que para a realização do plano de pormenor final se tenha mesmo de prorrogar no tempo o Progra-ma Polis, o que aliás já foi feito por diversas vezes.

O ministro parece assim pelo menos mal informado sobre a validade do que efectivamente existe em termos de planos ur-banísticos para a zona central da Praia de Faro e para a requalifica-ção daquela zona da Península do Ancão.

Na intervenção final, o mi-nistro do Ambiente reiterou que todo o processo de demo-lições foi feito em coordenação com a população e com as au-tarquias locais e que não irão ser construídas mais habita-ções nas ilhas da Ria Formosa.

região

4 | 10 de Abril de 2015

Já só resta uma tecedeira em MonchiqueAos 80 anos Maria Nunes gostava de ensinar a arte mas não aparecem interessados

luís forra/lusa

MARIA NUNES É A ÚNICA TE-CEDEIRA DA VILA DE MONCHI-QUE e, aos 80 anos, continua a dar forma no tear aos fios de linho, transformando-os em tapeçaria que comercializa em feiras e exposições.

“Como a saúde já não me deixa ficar muitas horas sen-tada ao tear, vou fazendo tra-balhos mais pequenos, uns por encomenda e outros que gosto de imaginar e que são mais fáceis de vender”, disse à Lusa a artesã, na sua oficina na serra algarvia, onde outro-ra dezenas de pessoas faziam da tecelagem uma forma de vida.

“Existiam muitas, mas hoje sou a única aqui na vila. Umas morreram e outras deixaram a arte, porque isto dá muito trabalho e pouco sustento”, frisou.

De acordo com Maria Nu-nes, a tecelagem em Monchi-que chegou a ser uma activi-dade rentável, “mas hoje em dia vendem-se poucas peças e o trabalho não compensa”.

APRENDEU A ARTE COM A MÃE Nascida no seio de uma famí-lia de tecedeiras, Maria apren-deu a arte com a mãe, tendo iniciado aos 14 anos os seus próprios trabalhos, quando um acidente que afectou o braço da progenitora a impediu de tra-balhar, privando-a do principal rendimento familiar.

“Foi muito fácil começar. A minha mãe não fazia mais tra-balho nenhum a não ser este e fui crescendo e aprendendo a ver como ela fazia. Por vezes, sem ela querer, ia para o tear imitar as peças dela”, recordou.

Desde então, nunca mais deixou o tear e a qualidade e originalidade das suas peças valeram-lhe o reconhecimento em várias feiras e exposições por todo o país.

“Toda a gente elogiava os meus tapetes, panos de cozinha e de tabuleiros, até os estrangei-ros. Gostam do que eu faço e continuam a vir cá a casa muitos estrangeiros para comprarem ta-petes e outros paninhos”, subli-nhou, apontando para as várias

peças acomodadas nas pratelei-ras da oficina.

Segundo Maria Nunes, “foi a procura” que a levou a desenvol-ver novos trabalhos, não só em linho, como noutros materiais.

O primeiro, explicou, é “mui-to especial”, pelo que passou a utilizar também fios de outros tecidos, já que dão mais volume para os alforges para burros, panos de anca, painéis e vários tipos de tapetes.

MARIA NUNES DEDICANDO MAN-TÉM A CABEÇA OCUPADA E FAZ O QUE DÁ PRAZER Sentada junto ao centenário tear de madeira que herdou da mãe, onde che-ga a trabalhar cerca de seis horas por dia, Maria Nunes lamenta que não existam mais pessoas que queiram aprender o ofício e a quem possa transmitir os co-nhecimentos.

“Gostava muito de poder ensi-nar a arte de tratar o linho, fiar, armar o tear e tecer, mas infe-lizmente não aparecem muitas pessoas para aprender, porque esta arte não é muito rentável”,

Ô Maria Nunes recusa-se a abandonar a tecelagem

lamentou, acrescentando que só de vez em quando é que surgem interessados.

Recentemente, uma rapariga pediu-lhe para ensinar a fiar e a tecer, o que a deixou muito con-tente e orgulhosa.

Apesar da idade avançada e dos problemas de saúde, Maria Nunes recusa abandonar a tece-lagem, dedicando “algumas ho-ras diárias ao tear para manter a cabeça ocupada e a fazer o que dá prazer”.

“A partir de agora apenas faço pequenos trabalhos e, quando a saúde permite, participo nalgu-mas feiras e exposições aqui na região do Algarve”, contou a te-cedeira de Monchique. Lusa

Vila Real vai receber grandes nomes da cultura pág. 6

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NOTARIADO PORTUGUÊSJOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA

NOTÁRIO em TAVIRANos termos do Artº. 100, nº.1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia um de Abril de dois mil e quinze, a folhas vinte e seis, do livro de notas para escrituras diversas número cento e setenta e cinco – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, na qual JOSÉ CATARINO GUERREIRO, NIF 114.463.760 e mulher MARIA CUSTÓDIA RITA GUERREIRO, NIF 114.463.808, ambos naturais da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes no sitio de Mealha, Caixa Postal 920-Z., Cachopo, Tavira, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios rústicos, todos sitos em Cercado da Soalheira – Mealha – Cachopo, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira e não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira, a saber:

a) Prédio composto por de pastagem e azinheiras, a confrontar do norte com José do Nascimento, do sul com Manuel Francisco e do nascente e poente com José Catarino Guerreiro e outros, com a área de quatro mil oitocentos e oitenta metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 19.599;

b) Prédio composto por pastagem e azinheiras, a confrontar do norte com José de Brito, do sul com Mariana Serafina Pereira e outros, do nascente com Francisco Mateus e do poente com José do Nascimento e outro, com a área de quatro mil setecentos e oitenta metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 19.602;

c) Prédio composto por pastagem e cultura, a confrontar do norte com José do Nascimento, do sul com António Manuel e do nascente e poente com Manuel Francisco Brazida, com a área de três mil setecentos e cinquenta metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 19.600.

Que adquiriram os prédios, já no estado de casados, por compra verbal e nunca reduzida a escritura pública, no ano de mil novecentos e oitenta e nove, em data que não é possível precisar, os indicados nas alíneas a) e b) por compra a Manuel Francisco Brazia e mulher Maria Inácia, casados no regime da comunhão geral de bens e o prédio indicado na alínea c), por compra a José Lourenço e mulher Ilda Rita; todos residentes em Mealha referida. Que desde esse ano possuem os prédios em nome próprio, cuidando e cultivando a terra, fazendo as respectivas sementeiras, colhendo os frutos, pagando os impostos e contribuições devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram os prédios por usucapião.

Vai conforme o original. Tavira, aos 01 de Abril de 2015

A funcionária por delegação de poderes;

Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3

Conta registada sob o nº. PAO454/2015 Factura nº. 0454

(POSTAL do ALGARVE, nº 1141, de 10 de Abril de 2015)

V E N D AALGARVE - CABANAS DE TAVIRA

FLORENTINO MATOS LUIS, Administrador de Insolvência, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, 48-A - 1700-031 LISBOA, nomeado nos Autos de Insolvência nº. 579/11.1TBTVR, a correr termos pela Instância Central – Secção do Comércio – J2 – Comarca de Faro - Olhão, em que foi declarada insolvente a firma DUJA - Sociedade de Construções, Ldª., vai proceder à venda no estado físico e jurídico em que se encontra, por negociação particular e por meio de propostas que serão remetidas em carta fechada, do seguinte imóvel:

Lote de terreno para construção, com a área total de 287 m2, sito na Rua Capitão Baptista Marçal, nº. 11, em Cabanas, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob a ficha nº. 892/20071212, da freguesia de Cabanas de Tavira, e inscrito na matriz predial urbana sob o artº. 1707.

Recebem-se propostas, ficando a aceitação das mesmas condicionada à aprovação da Comissão de Credores.

Para efeito da apresentação das propostas, o bem pode ser visto mediante marcação, através dos telefones 218406953 e 917247040.

REGULAMENTO:

• As propostas serão remetidas, até ao dia 27/04/2015, que inclui a data do registo de expedição dos CTT, remetidas em envelope fechado, por sua vez introduzido em carta registada, dirigida ao Administrador da Insolvência de DUJA - Sociedade de Construções, Ldª., Florentino Matos Luis, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, nº. 48-A, 1700-031 LISBOA.

• As propostas deverão conter: nome ou denominação completa da entidade proponente; morada ou sede social; número de con-tribuinte ou de pessoa colectiva; representante, em caso de pessoa colectiva, indicação de telefone e/ou fax de contacto e valor oferecido por extenso.

• A abertura das propostas realizar-se-à no dia 29/04/2015, pelas 15H00, no escritório do Administrador da Insolvência, sito na Av.Almirante Gago Coutinho, 48-A, em Lisboa, na presença dos elementos da Comissão de Credores e dos Senhores Credores que pretendam assistir, onde deverão comparecer os proponentes, condição para que as s/ propostas sejam aceites. Serão excluídas as propostas que não contenham todos os elementos solicitados.

• Desde que exista mais que um proponente com propostas válidas serão os mesmos convidados a licitarem entre si a compra do bem, cujo valor base de licitação será o da melhor proposta recebida, o que se fará (no mesmo local) pelas 15H30 do referido dia, ficando a aceitação desta condicionada à aprovação da Comissão de Credores

• O proponente da maior proposta apresentada entregará, um cheque de 20% do valor proposto, a título de sinal, o qual só será movimentado após aceitação da mesma, sendo os restantes 80% pagos no ato da transmissão.

• A escritura será outorgada no prazo de 60 dias.

• Se não for possível realizar a escritura por razões imputáveis ao promitente comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido.

• Serão de conta do comprador todos os encargos legais decorrentes da compra, designadamente o IMT, escritura e registos. São igualmente por conta do comprador os encargos de emolumentos com o cancelamento dos ónus existentes.

• Caberá ao Meretíssimo Juíz do processo de insolvência, a resolução de todas e quaisquer questões surgidas, que não estejam contempladas no presente regulamento.

O Administrador da Insolvência

(Florentino Matos Luis)

(POSTAL do ALGARVE, nº 1141, de 10 de Abril de 2015)

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10 de Abril de 2015 | 5

região

VI Jogos de Quelfes abrem sábadoEvento promove Olimpismo como filosofia de vidaO AUDITÓRIO MUNICIPAL DE OLHÃO acolhe no próximo sábado a Cerimónia de Aber-tura dos VI Jogos de Quelfes, um grandioso espectáculo audiovisual de pendor vinca-damente humanista, dando assim o pontapé de saída para uma festa de grande activida-de desportiva e cultural, onde a filosofia do Olimpismo é a grande protagonista.

Envolvendo um forte leque de entidades, de onde se des-tacam os Municípios de Faro, Loulé, Olhão, São Brás de Al-portel e Tavira, as associações de andebol, atletismo, bas-quetebol, esgrima e natação, o IPDJ ou a Academia Olímpi-ca e o Comité Paralímpico de Portugal, este evento utiliza o desporto e a cultura para incu-tir nos alunos do 1.º ciclo um conjunto de prerrogativas que potencie a aquisição de com-petências pessoais e sociais mas, sobretudo, alimente a vontade de progredir e me-lhorar todos os quadrantes da

existência humana - O Espírito Olímpico.

Durante uma semana, os alunos de Albufeira e Silves juntam-se aos colegas dos concelhos anfitriões, num to-tal de 1.500, para competir nalgumas das mais emblemá-ticas arenas desportivas do Al-garve, como é o caso das Pisci-nas de Quarteira, do Pavilhão

Eduardo Mansinho em Tavira ou do Estádio Algarve, tendo sempre presente aquilo que faz, deste evento, algo único e muito especial, como é o caso de todas as equipas lerem um texto elogioso ao adversário antes de qualquer partida, a ênfase colocada na superação pessoal ou a promoção da res-ponsabilidade social, através

de acções como a recolha das tampas das garrafas de água para propósitos humanitários.

As actividades encerram domingo, dia 19, pelas 16 horas, em São Brás de Alpor-tel, onde o Pavilhão Municipal acolherá a grande Cerimónia de Encerramento.

Com o apoio do Comité Olímpico de Portugal, “os Jo-gos de Quelfes constituem uma celebração das origens mitológicas deste Movimento Educativo, sendo, actualmente, o maior e mais emblemático evento de promoção do Olim-pismo em Portugal e também o único, no nosso país, a me-recer a chancela da Academia Olímpica Internacional e do Centro Internacional para a Trégua Olímpica, instituições que no seio do Movimento Olímpico, se dedicam à pro-moção do Olimpismo enquan-to filosofia de vida e da paz”, explica a comissão organiza-dora em nota de imprensa en-viada à nossa redacção.

Ô Durante uma semana 1.500 alunos disputam vários jogos olímpicos

d.r.

IEFP - Algarve inicia novos cursos de aprendizagem pág. 7

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ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Albufeira convida população a apresentar propostasA RECOLHA DE PROPOSTAS DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO (OP) 2016 em Albufeira já se iniciou e decorre até à próxi-ma quinta-feira, dia 16.

O OP que abrange todo o território municipal é, este ano, dedicado à promoção da “Qualidade de Vida” e dispõe de uma verba de 100 mil eu-ros, destinada a financiar os projectos que vierem a ser se-leccionados pelos cidadãos do concelho.

A primeira sessão pública de participação teve lugar na passada segunda-feira na Esco-la EB 2, 3 da Guia. A seguinte realizou-se esta quinta-feira na Escola Secundária de Albufeira

Refira-se que o objectivo destas sessões passa por pro-mover a apresentação de pro-postas de investimento desti-nadas a favorecer a definição colectiva de prioridades atra-vés do debate a implementar entre todos os participantes. No final, pretende-se que haja consenso para eleger as pro-postas que apresentem melho-res condições para prosseguir para a fase de análise técnica.

As próximas sessões já estão marcadas com o seguinte ca-

lendário: 11 de Abril – salão da Junta de Freguesia de Paderne (17h); 13 de Abril – Escola EB 2, 3 de Ferreiras (20h30) e 16 de Abril – Escola EB 1 de Olhos de Água (20h30).

O OP foi implementado pela primeira vez, em Albufeira, du-rante o ano passado.

A iniciativa deu então ori-gem à escolha do projecto de construção de um centro de bem-estar animal, em Vale Pedras, como aquele em que a autarquia liderada por Car-los Silva e Sousa deveria in-vestir os 60 mil euros então destinados ao orçamento participativo.

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Ô Carlos Silva e Sousa

d.r.

CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRAEdital nº. 12/2015

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 17 de março de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 38/2015/CM, referente a Associação Uma Porta Amiga - Apoio ao projeto “Apartamento de Autonomização”;

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 39/2015/CM, referente a Atribuição de apoio em espécie à Associação Viver Cabanas;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 40/2015/CM, referente ao Jazigo de consumpção aeróbia n.º 142, Grupo K, Rua H, 2.º piso - Gracinda Maria Serôdio - Isenção de taxa de ocupação;

4. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 41/2015/CM, referente a APSI - Associação para a Pro-moção da Segurança Infantil - Revogação da adesão;

5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 42/2015/CM, referente a APHM - Associação Por-tuguesa de Habitação Municipal - Revogação da adesão;

6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 43/2015/CM, referente a Atribuição de apoio – Sociedade da Banda de Tavira.

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 17 de março do ano 2015

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1141, de 10 de Abril de 2015)

CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRAEdital nº. 13/2015

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 31 de março de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 44/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Cáritas Diocesana de Beja - Reabilitação de munícipe;

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 45/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Cruz Ver-melha Portuguesa;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 46/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à ARMAÇÃO DO ARTISTA - Associação Artístico-Cultural e Desportiva;

4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 47/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Raiz - Asso-ciação de Luta Contra a Pobreza e a Exclusão Social;

5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 48/2015/CM, referente a Anulação de auxílios económicos para livros escolares;

6. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 49/2015/CM, referente a Assunção de compromissos plurianuais – Delegação de competências no Presidente, até ao limite de €99.759,58;

7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 50/2015/CM, referente a Parque habitacional social - Plano de incentivos à regularização da mora;

8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 51/2015/CM, referente a Atribuição de topónimo - Freguesia de Santa Luzia.

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 31 de março do ano 2015

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1141, de 10 de Abril de 2015)

6 | 10 de Abril de 2015

Vila Real vai receber grandes nomes da cultura‘Sinónimos de Leitura’ é a iniciativa da Biblioteca Municipal em que vão participar nomes como, Pilar del Rio, Freitas do Amaral ,Mário Zambujal e Sérgio Godinho

d.r.

Ô Biblioteca reúne grandes nomes da cultura nacional e ibérica

AS CONVERSAS à volta do uni-verso dos livros, da leitura, do teatro e da literatura re-gressam a Vila Real de Santo António com um ambicioso programa que traz até à Bi-blioteca Municipal Vicente Campinas grandes nomes da cultura nacional e ibérica como Freitas do Amaral, Pi-lar del Rio, Sérgio Godinho ou Mário Zambujal.

Pelo quarto ano consecu-tivo, entre os próximos dias 16 e 24, o ciclo “Sinónimos de Leitura” reúne dezenas de autores, ilustradores, contadores de histórias e profissionais do palco num ambiente informal onde a troca de ideias e o debate são de participação totalmente livre.

Além de um vasto pro-grama que inclui apresenta-ções e lançamento de livros, sessões de conto e poesia e conversas com autores, a

iniciativa reserva igualmen-te espaço para uma feira do livro, teatro e oficinas de música, dança e expressão plástica.

CARTAZ PARA TODOS OS PÚBLI-COS E FAIXAS ETÁRIAS Com um cartaz para todos os públi-cos e faixas etárias, o even-to tem como convidados os investigadores e académicos Filipe Vasconcelos Romão, que apresentará o livro “Na-cionalismos espanhóis – ten-são e conflitualidade” (16) ou Freitas do Amaral, que apresentará o livro “Uma introdução à Política” (17).

O cantautor Sérgio Godi-nho também se associou à programação e irá apresentar, na primeira pessoa, a sua obra “Vidadupla” (21), enquanto o escritor Mário Zambujal fala-rá de “Serpentina”, o seu mais recente trabalho (23).

O universo de José Sara-

mago volta a estar em des-taque com uma palestra que contará com a presença de Pilar del Rio (presidente da Fundação José Saramago) e do académico Carlos Reis, que apresentará o último

texto editado de Saramago intitulado “Alabardas, ala-bardas, espingardas, espin-gardas” (17).

Simultaneamente, estará patente, durante todo o ci-clo, a exposição “Mail Art”,

de Diego Mesa, produzida a partir do livro “Levantado do Chão”, de José Saramago.

Para ampliar as perspec-tivas e os caminhos que tor-nam possível a leitura, será dado um importante desta-que à ilustração no univer-so da literatura e promovido um encontro com a ilustra-dora Danuta Wojciecho-wska (23).

As celebrações de Abril também dão corpo ao pro-grama: na manhã do dia 24 será exibido o documentário de Edgar Pêra “25 de Abril - uma aventura para a de-mocracia”, enquanto a tar-de será dedicada ao debate “O 25 de Abril nos media do século XXI”.

Paralelamente, os Sinóni-mos de Leitura dão espaço às artes de palco, com duas apresentações do grupo de teatro “A Gorda” (dia 22) e um espectáculo do grupo “Doismaisum”, também de-dicado à revolução de Abril.

As sessões de conto – es-pecialmente dedicadas ao púbico escolar - serão uma constante ao longo da sema-na, com diversas acções que se farão ouvir pelos diferen-tes espaços da biblioteca.

O ciclo “Sinónimos de Lei-tura” é organizado pela Câ-mara de Vila Real de Santo António/Biblioteca Munici-pal Vicente Campinas.

Todos os eventos têm en-trada livre.

região

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Ferragudo teme que redução de molhe aumente inundações pág. 8

Bruno Filipe Torres Marcos Notário

Cartório Notarial de Tavira

Extrato de Escritura de JustificaçãoCERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do No-tariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em dezanove de Março de dois mil e quinze, exarada a folhas cento e vinte e quatro e seguintes do Livro de notas para escrituras diversas número Cinquenta e oito – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A:

- Natália do Nascimento Pereira Viegas, viúva, natural da freguesia de Tavira (Santa Maria), concelho de Tavira, residente na Rua Frei João de São José, n.º 4, r/c dto, 8800-461 Tavira, declarou:

- Que é dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem, do prédio rústico com-posto por terra de cultura e pastagem com árvores, com a área de oito mil e sessenta metros quadrados (8.060,00 m2), sito na Fonte Salgada, freguesia da União das Fre-guesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, que confronta a Norte e Nascente com José Pereira Lourenço, a Sul com Marcelo Cansado e irmãos, e a Poente com José Sebastião de Jesus, inscrito na matriz da actual freguesia em nome da he-rança de Manuel Lourenço, sob o artigo 33881, com proveniência no artigo 33126 da anterior freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 643,45 €, igual ao atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira;

- Que este prédio, veio à posse dela justificante, por compra meramente verbal no ano de mil novecentos e noventa e três, em data que não pode precisar, feita a Manuel Lourenço e mulher Maria Segunda, actualmente já falecidos e residentes que foram no Curral dos Boeiros, nunca chegando a outorgar a respectiva escritura, não tendo deste modo título que lhe permita fazer o registo do prédio em seu nome.

- Que, porém, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencida de ser titular do respectivo direito de propriedade e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aquele prédio – semeando a terra, tratando das culturas, colhendo os respectivos frutos, amanhando e limpando a terra, tratando das árvores, e dele retirando os respectivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu o referido prédio por USUCAPIÃO, o que invoca.

Tavira, 19 de Março de 2015.

O Notário,

Bruno Filipe Torres Marcos

Acto registado sob o n.º 2/559

(POSTAL do ALGARVE, nº 1141, de 10 de Abril de 2015)

CONCURSO VAI SER DISPUTADO ENTRE 2 DE MAIO E 6 DE JUNHO

Vila do Bispo procura novos talentos do fadoAS INSCRIÇÕES para a 16ª edi-ção do Concurso de Fado Cerveja Sagres Concelho de Vila do Bispo já podem ser feitas.

O concurso, que se realiza de 2 de Maio a 6 de Junho, destina--se a todos aqueles que cantam fado e para participarem devem inscrever-se num dos dois esca-lões etários definidos: dos 6 aos 17 anos, correspondente à ver-tente juvenil, e a partir dos 18 anos que corresponde à vertente sénior. A vertente juvenil é com-posta por quatro eliminatórias e uma final. Para os fadistas com idades superiores ou iguais a 18 anos, o concurso será disputado ao longo de quatro eliminató-rias, uma semifinal e uma final.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas por via postal dirigidas ao Centro Cultural de Vila do Bispo, Largo do Municí-pio, 8650-407 Vila do Bispo; pelo telefone 282 630 600, fax 282 639 325, email - tania.lucas@

cm-viladobispo.pt e ainda pesso-almente nos serviços da cultura a funcionarem no Centro Cultural.

As normas de participação bem como a ficha de inscrição e declaração de responsabilidade (para concorrentes com idades inferiores a 18 anos) encontram--se disponíveis no sítio on-line da Câmara de Vila do Bispo.

O concurso vai ser disputa-do ao longo de quatro elimi-natórias, uma semifinal e uma final. A primeira decorre já no próximo dia 2 de Maio, no Sa-lão de Festas Nossa Senhora da Graça, em Sagres. A segunda está agendada para o dia 9 de Maio, no Salão de Festas Tem-pomar, no Burgau. A terceira

e a quarta eliminatórias estão marcadas para os dias 16 e 23 de Maio, em Budens e no Au-ditório do Centro Cultural de Vila do Bispo, respectivamen-te. A final da vertente juvenil e semifinal para o dia 30 de Maio, no Pavilhão Multiusos da Raposeira. A final está agen-dada para o dia 6 de Junho, no Salão de Festas da Sociedade Recreativa de Barão de São Miguel.

“Divulgar e estimular o gosto pelo Fado, Património Imaterial da Humanidade, bem como dar a conhecer novos talentos musicais, são alguns dos objectivos” refe-ridos pela Câmara de Vila do Bispo, entidade promotora da iniciativa que “contribui para o desenvolvimento cul-tural do concelho”.

À semelhança do ano pas-sado, a Cerveja Sagres é a pa-trocinadora oficial do evento.

Ô Ana Rato foi a vencedora da última edição do concurso de fado

d.r.

região

10 de Abril 2015 | 7

d.r.

Ô Cursos destinam-se a jovens com idade inferior a 25 anos

IEFP - Algarve inicia novos cursos de aprendizagemMais oferta formativa na região com formação dual

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OS SERVIÇOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL do IEFP - Algar-ve vão iniciar cinco novos cur-sos de Aprendizagem, duran-te o corrente mês de Abril.

Os cursos, que funcionam num sistema dual, destinam--se a jovens com idade infe-rior a 25 anos, permitindo obter uma dupla certifica-ção, escolar (12º ano) e pro-fissional (nível 4).

O sistema dual caracte-riza-se pela conjugação da componente teórica com a componente prática, em contexto de trabalho, favo-

recendo a inserção no mer-cado de trabalho e o pros-seguimento de estudos de nível superior.

TRÊS MIL E 200 HORAS DE CUR-SO DAS QUAIS CERCA DE META-DE SÃO PRÁTICAS Um percur-so de aprendizagem dura aproximadamente 3.200 horas (cerca de dois anos e meio), das quais 1.500 são realizadas em empresas que acolhem os formandos.

Ao longo dos últimos anos, a procura dos jovens por esta modalidade de formação tem

vindo a aumentar. Em 2014, o IEFP Algarve abrangeu qua-se 1.500 jovens nesta modali-dade de formação.

A oferta formativa dispo-nibilizada pela Delegação Regional do Algarve é di-versificada, está disponível em toda a região, e procura responder às necessidades de trabalhadores qualificados, manifestadas pelas empresas. A inscrição para estes novos cursos pode ser feita nos Servi-ços de Emprego do IEFP IP e a pré inscrição em https://www.iefp.pt/en/ofertas-formacao.

A iniciar no mês de Abril estão previstos os segintes cursos:

8 | 10 de Abril de 2015

Ferragudo teme que redução de molhe aumente inundaçõesPopulação receia aumento da insegurança na zona ribeirinha

d.r.

Ô Em baixo à direita o extenso molhe de Ferragudo que protege toda a margem esquerda do Arade

A PREVISTA REDUÇÃO DO MO-LHE DE FERRAGUDO para per-mitir a entrada de grandes navios de cruzeiro em Porti-mão está a preocupar os au-tarcas de Lagoa, que temem um aumento da insegurança na zona ribeirinha.

A zona ribeirinha de Ferra-gudo, pequena vila piscató-ria, atravessada por um canal fluvial e que está separada de Portimão pelo Rio Ara-de, costuma ficar inundada sempre que há tempestades, ondulação forte ou marés vi-vas, o que por vezes sucede mesmo no Verão, alagando o principal largo da vila, onde se situa boa parte do comér-cio e restauração.

As intervenções previstas para o porto de Portimão - que permitirão que a estru-tura possa receber navios de cruzeiro de grande porte, actualmente impedidos de aceder à infra-estrutura por falta de desassoreamento dos canais de navegação -, vão obrigar a uma reconfigura-ção do molhe de Ferragudo,

que deverá ser diminuído em cerca de 70 metros.

Em declarações à Lusa, o presidente da Junta de Fre-guesia de Ferragudo, Luís Alberto, disse que, apesar de ainda se aguardar pela con-clusão de estudos técnicos, “tudo leva a crer” que a di-minuição do molhe vai fazer com que haja uma maior de-posição de areia em determi-nadas zonas e, por outro lado, uma maior probabilidade de

inundações em Ferragudo.“O que vai acontecer é que,

não só em caso de chuva, mas quando houver marés cheias ou maré maior, iremos ter zonas mais inundadas”, afir-mou, argumentando que é a favor do desenvolvimento turístico, mas desde que as populações e os turistas es-tejam protegidos.

VEREADORA MANIFESTA GRAN-DE PREOCUPAÇÃO COM A IN-

TERVENÇÃO Anabela Simão, vereadora da Câmara de Lagoa com os pelouros do Ambiente e Litoral e Orla Costeira, manifestou à Lusa uma “grande preocupação” com a prevista intervenção, afirmando que aguarda a conclusão do estudo da hi-drodinâmica do local, que está a ser efectuado pelo La-boratório Nacional de Enge-nharia Civil (LNEC).

“Uma das coisas nefastas

que podem acontecer é a re-tirada de areias das nossas praias estuarinas, segundo nos dizem os nossos pesca-dores”, afirmou, lembrando que a tempestade registada em Janeiro do ano passado fustigou toda a zona do mo-lhe de Ferragudo, arrastan-do pedras de grande dimen-são para o lado do rio.

Ouvido pela Lusa, André Dias, do Centro de Obser-vação de Cetáceos do Al-garve, que opera a partir de Ferragudo, afirmou que a barra de Portimão “é uma das mais seguras do país”, em termos de entrada de mar, uma vez que apenas não está protegida contra o mar que vem do Sul, o que só acontece “uma vez por ano, ou de ano a ano”, tem-pestades que conseguem sempre prever-se com algu-ma margem.

“Obviamente, se ela [a barra] for um pouco maior, a onda entra com mais força e pode causar algum tipo de problema, no entanto, face

ao histórico que existe, com-parando com o que aconte-ce noutras barras, não vejo isso como um grande pro-blema e vejo mais até como uma oportunidade para a região”, defendeu o biólogo.

Além da intervenção no molhe da entrada da bar-ra de Portimão, está ainda prevista a requalificação do cais ribeirinho de Ferragudo e da Praia da Angrinha.

No primeiro caso, deverá ser feito um reordenamento da área ribeirinha, onde os pescadores depositam ac-tualmente as suas artes de pesca, delimitando a área atribuída a cada barco ou pescador.

No caso da Praia da An-grinha, situada numa zona contígua e onde existem actualmente 29 barracas de apoio à pesca e actividades náuticas, prevê-se que sejam demolidas algumas estrutu-ras mais próximas da base das arribas e que toda a área seja requalificada.

Lusa

REGIÃO

FESTIVAL SPRING BOOGIE 2015

Pára-quedistas invadem céu de PortimãoO AERÓDROMO MUNICIPAL DE PORTIMÃO voltou a ser o local de eleição para algumas cente-nas de pára-quedistas europeus, que, até o próximo domingo, participam no Festival Spring Boogie 2015.

O evento é promovido pela Paralvor, através da Skydive Al-garve, e conta com a participa-ção de cerca de trezentos pra-ticantes da modalidade vindos da Alemanha, Áustria, Suíça, No-ruega, Inglaterra, Escócia, Irlan-da, Espanha e Portugal, muitos dos quais acompanhados pelas suas famílias, que escolheram este período para passar férias na região, dinamizando assim a actividade económica local, em particular nos sectores da ho-telaria, restauração, aluguer de carros e comércio.

Durante o festival são utili-

zados dois aviões Dornier G92, aeronaves de duas turbinas com capacidade para trans-portar simultaneamente 15 pára-quedistas, que realizam os seus saltos a partir dos 14 mil pés de altitude, em cerca de 13 minutos. Estas aerona-ves são usadas no Reino Unido para a maior competição de pára-quedismo do mundo: o

Campeonato Nacional Britâni-co de Pára-quedismo (British Skydiving Championships).

A conhecida Satory Academy está a treinar durante o evento, sob a orientação de Julia Fo-zwell, campeã britânica de VF4 e campeã mundial feminina. As modalidades de LO, RW, Free Fly, AFF Course, Beach Jumps, Wing Suit Camp, 2do28@Al-

garve, e Hight Altitude Jumps constam no programa do fes-tival e a atrair a presença de muitos outros pára-quedistas europeus está Marco Arrigo, o campeão italiano de Voo de Formação. Ally Milne, do Reino Unido, campeão britânico de Formação Vertical e recordista europeu de Freefly está tam-bém a ajudar a organizar e trei-nar grupos de pára-quedistas.

Durante o evento, a Skydive Algarve tem organizado saltos para a Praia de Alvor, oferecen-do aos pára-quedistas a opor-tunidade de aterrar e observar o pôr-do-sol de Alvor. Os Sal-tos Tandem estão disponíveis ao público ao preço normal, oferecendo a possibilidade de saltar a uma altitude de 14 mil pés acompanhado por um ins-trutor qualificado.

d.r.

Ô Festival conta com trezentos praticantes da modalidade

DISTINÇÃO

Doutorando da UAlg vence Prémio Fluviário - Jovem Cientista

THIAGO ROCHA, investigador e doutorando da Universidade do Algarve, foi vencedor do “Prémio Fluviário 2014: Jovem Cientista do Ano”, com o artigo “Immu-nocytotoxicity, cytogenotoxicity and genotoxicity of cadmiumba-sed quantum dots in the marine mussel Mytilus galloprovincia-lis”, publicado na revista cien-tífica “Marine Environmental Research”.

Thiago Rocha é natural do Brasil e está a desenvolver a sua tese de doutoramento em Ciên-cias do Mar, da Terra e do Am-biente, no Centro de Investiga-ção Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve, ao abrigo do programa Ciência sem Fronteiras.

O “Prémio Fluviário – Jovem Cientista do Ano”, lançado em

2010, em conjunto com o seu Núcleo de Investigação (NIFM), pretende distinguir um aluno (PhD, MSc, Lic.) que tenha publi-cado, como primeiro autor, um artigo na temática conservação e biodiversidade de recursos aquá-ticos continentais.

Dos cinco prémios atribuídos pelo Fluviário este é o segundo atribuído a investigadores da Universidade do Algarve.

Ô Thiago Rocha à direita na imagem

d.r.

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10 de Abril de 2015 | 9

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SANTA CATARINA – FONTE DO BISPO

MARIA GRACIETE DE BRITO VIEGAS

NASCEU 21/12/1932 – FALECEU 09/02/2015

AGRADECIMENTOA sua família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram às cerimónias fúnebres do seu ente querido, realizadas no dia 10 de Fevereiro, em Santa Catarina da Fonte do Bispo, bem como a todos os que, de algum modo, manifestaram o seu pesar.Agradecem também a todos que rezaram Missa de 7º. Dia, pelo seu eterno descanso, celebrada dia 15 de Fe-vereiro, na Igreja de Santa Catarina da Fonte do Bispo.

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10 | 10 de Abril de 2015

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Artigos Funerários e Religiosos / Catálogo de Lápides e Campas

AGÊNCIA FUNERÁRIA

Santos & Bárbara, Lda

SANTO ESTÊVÃO – TAVIRASANTA MARIA E SANTIAGO – TAVIRA

MARIA DE LURDES LUTEGARDA DE JESUS16-06-1932 / 18-03-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

VILA N. CACELA – VILA R. STO ANTÓNIOSANTA MARIA E SANTIAGO

FERNANDA DE ASSUNÇÃO SÁRES05-10-1922 / 03-04-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a to-dos quantos se dignaram acompanhar o seu ente que-rido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

SANTIAGO – TAVIRASANTA MARIA E SANTIAGO – TAVIRA

MARIA JOSÉ VIERA29-04-1927 / 30-03-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

CONCEIÇÃO – TAVIRASANTA MARIA E SANTIAGO

JACINTO DA CONCEIÇÃO AFONSO22-03-1939 / 27-03-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a to-dos quantos se dignaram acompanhar o seu ente que-rido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

FUNERAIS | CREMAÇÕES | TRASLADAÇÕES ARTIGOS RELIGIOSOS

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CONCEIÇÃO - TAVIRASANTA MARIA E SANTIAGO

ALFREDO LOURENÇO28-10-1933 / 25-03-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

VILA N. CACELA - VILA R. STO ANTÓNIOCONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA

FLORIVAL DA PIEDADE AFONSO01-11-1932 / 25-03-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

MONCARAPACHO – OLHÃO SANTO ESTÊVÃO – TAVIRA

ERCÍLIA DA GRAÇA MADEIRA27-06-1929 / 23-03-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTA MARIA – TAVIRASANTA MARIA E SANTIAGO

MARIA DE LURDES CANDEIAS04-01-1930 / 22-03-2015

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

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A venda de Vilamoura a uma empresa norte-americana gestora de fundos de investimento pode significar um im-portante sinal de confiança no Algarve enquanto destino de investimentos imobiliários e turísticos (Ler pág. 2).

Demolições

Moreira da Silva não recua nas demolições na Ria formosa. A verda-de é que a pressa foi em demolir, deixando para trás o muito que há para fazer e que faria muito mais sen-tido antes de destruir (Ler pág. 3).

A jornalista e escritora Leo-nor Xavier escreveu o seu tes-temunho sobre a batalha que travou com um cancro, “O cor-po estranho dentro do corpo, passageiro clandestino”. Pare-cem páginas de um diário, en-tremeadas de dizeres retirados de bloco de notas, mesmo de papéis avulsos garatujados em sala de espera. É essa a grande encenação literária, a inver-são da escala, a mistura en-tre o palco e os bastidores, o estar a falar num ensaio ou a

declamar para a assistência, e ludibriar-nos sobre os tempos e lugares. Depois amassa-se to-dos estes ingredientes, e neste caso, “Passageiro Clandestino”, por Leonor Xavier, Temas e De-bates, 2014, temos obra-prima, um dos acontecimentos literá-rios de 2014.

Somos logo espevitados no abrir das hostilidades: “As histórias podem contar-se ao contrário. Mas só quando co-meçam e acabam, quando se lhes conhecem as curvas e os contornos, quando as perso-nagens que as povoam estão definidas, quando há um co-meço e um fim que possa ser o começo de outra história e de outra, até mais não”. E assim vai começar uma aventura, a des-coberta de que se tem cancro, de que se está à mercê dos mé-dicos, dos meios auxiliares de diagnóstico, da quimioterapia, das biópsias, das esperas nos

consultórios. E as operações e a ansiedade dos resultados.

A doente confronta-se com o novo vocabulário, nomes como leucócitos e plaquetas, basófilos e monócitos, como se dessas palavras pudesse sal-tar a faísca para o caminho da cura. Assumido o estatuto de doente, passamos a cavalgar solidariedades, os outros, ami-gos e vizinhos dão pormenores sobre o diagnóstico, a eficiên-cia do hospital, a duração dos tratamentos, é assim silencio-sa a união entre doentes de cancro. Porque há intimidades que só se devem ter dentro da confraria: “A partir de um cer-to momento, percebi que esta viagem de cancro só pode ser comentada com companheiros de percurso. A tendência da-queles que não acompanham estes meus passos é para soli-dariamente se aproximarem de mim (…) Agradeço-lhes do

fundo do meu coração, sem pa-lavras para lhes dizer o quanto forte é o agradecimento. Mas não sabem eles que estamos a seguir por caminhos colados, mas paralelos, desde o momen-to em que este ponto final do destino apareceu nas nossas vidas”.

Depois, redescobre-se a casa, os olhares sobre o mun-do, as bagatelas ganham ou-tro sabor, chegam mensagens de diferentes proveniências, o doente está exausto, as re-cordações e memórias desen-contradas afloram em tropel, é bom que fiquem registadas assim, o leitor que lhes tire o proveito. Até porque há uma razão particular: “O cancro é uma viagem, e como as mais comuns viagens, tem as suas peripécias interiores. São elas uma boa razão para nos ani-marmos, já que há variados casos para contar, entre ir e

voltar, partir e chegar”. A do-ente entrega-se à vontade de Deus, di-lo com recato, e com a mesma serenidade com que se despedirá do leitor, depois das batalhas, e com uma nova espera pelo caminho: “Não te-nho previsões de futuro, mas projectos de viagem por den-tro e por fora, num mundo a múltiplas dimensões. Na urgência do tempo, situo--me no presente, sem prazos, sem perguntar onde, quan-do, como será. Entrego-me. Estou certa de que desistir, desanimar, resignar-me não são bons caminhos para per-ceber como consenti que o passageiro clandestino te-nha abusado de mim. Nada melhor do que um palavrão bem pronunciado, para dizer a dor. O amor à vida, que não é coragem nem bondade, que não é inteligência nem dever, é o dom que tudo explica”.

10 de Abril de 2015 | 11

ficha técnica

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: [email protected]: www.postal.pt

Director: Henrique Dias(CP 3259).

Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388).Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defe-sa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco.Propriedade do título: Henrique Manuel Dias FreireEdição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT.

Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Tiragem desta edição:8.072 exemplares

Passageiro clandestino: uma respiração de serenidade

E-mail da redacção:

[email protected]

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. Várias escolas do Algarve já aderiram à iniciativa: AE Professor Paula Nogueira (Olhão) / AE da Sé (Faro) / AE D. Afonso III (Faro) / AE Dr. Alberto Iria (Olhão) / Colégio Bernardette Romeira (Olhão) / AE Dr. João Lúcio (Fuseta) / AE de Estoi (Faro) / AE Joaquim Magalhães (Faro) / AE do Montenegro (Faro) / AE de Castro Marim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: [email protected] ou [email protected].

>> SOLUÇÃO da edição passada

>> ASSINALE A FRASE CORRETA

� A – Eu movome depressa. � B – Eu movu-me depressa. � C – Eu môvo-me depressa. � D – Eu movo-me depressa.

Beja SantosAssessor do Instituto de Defesado Consumidor e consultor do POSTAL

O tempo não era muito, mas eu não quis pisar no acelerador.

- Não, não! Não vou mais depressa, já viste que mau presságio seria, se apanhasse uma multa mesmo antes da primeira apresentação da tua biografia?

- Porque têm as pessoas essa

mania, Ana?- Qual?- De inventar travões. Não

há porque inventar travões! Os maus presságios são uma in-venção estúpida dos receosos.

- E os bons augúrios? Como os vês?

- Sim, esses podemos dar-nos ao luxo de ter. Lembra-te sem-

pre de algo: duvidar é perder o controle. Fica longe de tudo o que te faça duvidar de ti, espe-cialmente se fores tu a inventá--lo. Parece-me óbvio, não?

- E lógico!Nem maus presságios, nem

bons augúrios. Confiar e não perder o controle. Assim tudo corre bem.

Maus presságios e bons augúrios

� A – Qualquer revistas me agradam. � B – Qualqueres revistas me agradam. � C – Quaisqueres revistas me agradam. ; D – Quaisquer revistas me agradam.

Ana Amorim Dias - [email protected]

d.r.

últimaBiblioteca Municipal de Faro sopra 14 velasOrBlua e Contos Tradicionais animam a festa

Ô OS Orblua actuam na biblioteca em dia de aniversário

Tiragem desta edição:8.072 exemplares

d.r.

O POSTAL regressa no dia

24 de Abril

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A BIBLIOTECA MUNICIPAL DE FARO ANTÓNIO RAMOS ROSA assinala no próximo dia 23 o seu 14º aniversário, que coincide com a comemora-ção do Dia Mundial do Livro.

Ao longo destes 14 anos de actividade, a biblioteca tem desenvolvido uma im-portante acção cultural no concelho, “através da sua programação própria, da responsabilidade dos seus vários serviços, que vão das mostras documentais e bi-bliográficas à relevante ac-tividade desenvolvida pelo Serviço Educativo, na ver-tente da formação, e numa procura de melhoria cons-tante na prestação de ser-viços aos leitores que nos procuram”, refere o comu-

nicado de imprensa enviado à nossa redacção.

Por outro lado, como um local de acolhimento, cada vez com mais relevo, das actividades de agentes cul-turais, autores, editores e

outras associações, no que respeita a “conferências, se-minários, exposições, música e cinema, acções de forma-ção e outras actividades de divulgação sociocultural”, destaca.

Do programa do aniversá-rio, destaca-se, de 20 a 30 de Abril, a Mostra Bibliográfica Poesia Liberdade Livre, um percurso da vida e obra de António Ramos Rosa (pa-trono da Biblioteca); no dia 23, às 10 e 14 horas, His-tórias em Movimento, um espaço reservado aos mais novos, da responsabilidade do Serviço Educativo da Bi-blioteca Municipal de Faro.

A terminar o dia e a partir das 21.30 horas, será inau-gurada a exposição “Retra-tos Cinéticos”, de Jorge Ju-bilot, e apresentado o livro/álbum homónimo por Edu-ardo Pinto; seguindo-se um momento musical com a ac-tuação dos OrBlua e Contos Tradicionais por Ana Pi.

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Mensalmente com o POSTAL

em conjuntocom o PÚBLICO

ABRIL2015n.º 79

d.r.

Recursos patrimoniais versus sustentabilidade:

o caso de Vila do Bispo p. 10

FNAC: cada vez mais um pólo cultural p. 5

Panorâmica:

d.r.

Americanah, uma obra de Chimamanda Ngozi Adichiep. 4

d.r.

Grande ecrã:

59 anos de cinema em Faro

p. 3

Espaço Alfa:

A paixão pelos retratos a preto e branco

d.r.

p. 7

d.r.

Letras e Leituras:

Herberto Helder, in memoriamp. 11

d.r.

Da minha biblioteca:

10.04.2015  2Cultura.Sul

AGENDAR

A Memória é dos grandes.Não a memória de cada um

de nós, mas a Memória, a coisa colectiva que recorda o que ver-dadeiramente importa e é repo-sitório da identidade cultural de um povo.

Essa universalidade imaterial feita de vapores da imagem que nos deixam aqueles que são ver-dadeiramente marcantes e, mui-tas vezes, feita de um ideário co-lectivo transmitido de geração em geração em cumprimento do passar ao futuro a lembrança do que verdadeiramente não se pode jamais esquecer.

A Memória, esta, é dos gran-des, dos grandes factos e acon-tecimentos, dos grandes medos e temores, dos maiores perigos e lutas, das melhores e das pio-res personagens que povoaram esta nossa terra.

Aos verdadeiramente gran-des reservamos por acto qua-se compulsivo de criar um pa-trimónio identitário, que se vai construindo de mil peças, um lugar nela. Está reservado a estes enormes de todos os tempos, pessoas e factos, um espaço de relevo na tábua rasa da História e nela, sulcadas a ferro quente, ficam as marcas de quem e do que verdadeira-mente importa.

Muitos tudo fazem para ca-berem neste rol de eleitos, e tantas vezes falham miseráveis, outros simplesmente existem e pela simples existência, de um valor que muitas vezes têm por somenos, são verdadeiros pro-prietários de um lugar nos anais da suprema forma de existência.

Exemplos por direito deste direito à Memória, Herberto Hélder e Manoel de Olivei-ra são, hoje já não entre nós, aquilo que já eram antes, dig-nos nomes da nossa Memória colectiva.

A Memória é dos grandesPatrimónio Cultural Imaterial no Algarve:

Passado, Presente e Futuro

A cultura é hoje perspetiva-da como um processo de cons-tante produção de significados, como forma de construção de identidade social. Qualquer po-lítica cultural deve promover a reconstrução de uma identi-dade pelos grupos sociais, ou mesmo pelos indivíduos, aten-dendo às especificidades locais, aos seus públicos e formas de expressão culturais (incluindo as tradições).

A par das tendências globali-zantes e de uma uniformização de comportamentos e modelos de desenvolvimento associados a uma sociedade designada de pós-moderna, emergem as preocupações com o reconhe-cimento e salvaguarda das iden-tidades culturais locais.

Recorrendo às palavras de Luís Aires-Barros (1995:2) a pro-pósito do património construí-do “Quando o povo perde o seu património cultural, perde-se na memória do futuro, já que o seu passado não tem futuro e no presente não guardamos a sua memória”1.

No entanto, o Património

Cultural Imaterial (PCI) e as suas manifestações diferem do património móvel e imóvel em definição, mas também em formas de proteção. Podem ser incluídos no PCI: tradições e ex-pressões orais; expressões artís-

ticas e manifestações de caráter performativo; práticas sociais, rituais e festivais; conhecimen-tos e práticas relacionadas com a natureza e o universo; e sabe-res e técnicas tradicionais.

Por sua vez, os bens móveis e imóveis possuem três níveis de proteção: interesse nacional, pú-blico ou municipal, enquanto

que o PCI tem previsto no âm-bito do seu regime de proteção legal, o registo no Inventário Nacional do PCI, como a sua forma principal de salvaguarda (Dec. Lei n.º 139/2009 de 15 de Junho e Portaria n.º196/2010,

de 9 de Abril).Quando o PCI em processo

de inventariação não está em risco eminente de desapare-cimento ou ameaça a sua for-ma de proteção e salvaguarda traduz-se no registo em Inven-tário Nacional, mas quando há uma manifestação em risco de desaparecimento no curto ou

médio prazo, o regime jurídico de proteção legal denomina-se “salvaguarda urgente”.

Uma vez que estamos em pe-ríodo de grandes festividades re-ligiosas associadas à quadra Pas-cal, há que assumir que algumas

destas manifestações são hoje importantes marcos das dinâ-micas da identidade regional e local que importa salvaguardar.

O Algarve inclui várias ma-nifestações de Património Cul-tural Imaterial que é necessário registar, inventariar e salvaguar-dar. A consagração de Dieta Me-diterrânica como Património

da Humanidade pela UNESCO trouxe um grande impulso e outro olhar sobre este ‘novo património’, mas outros inte-ressará reconhecer e proteger.

Com o envolvimento direto da Direção Regional da Cultura do Algarve, para além do apoio à salvaguarda da Dieta Medi-terrânica, decorre durante este ano, o apoio técnico à inventa-riação e registo de quatro ma-nifestações: a Festa da Chouriça de Querença (Loulé), a Festa das Tochas Floridas de São Brás de Alportel, a Festa da Pinha em Es-toi (Faro) e na doçaria regional, o Dom Rodrigo em Lagos.

No âmbito do PCI incluem--se saberes, técnicas, objetos e lugares que as comunidades reconhecem como sua per-tença e que são transmitidos de geração em geração, sendo objeto de constante recriação e proporcionando um senti-do de continuidade e de iden-tidade. Este é um processo de toda a comunidade, pelo que, esperamos que seja o início de muitos outros registos que nos ajudem a preservar a memó-ria e a identidade futura do Algarve.

1 Aires-Barros, L. (1995) As grandes questões

do património cultural construído, SPPC (2), Évora

Os jovens e as conquistas de Abril

A pergunta que o J faz a alguns jovens desta terra vem muito a propósito, não só pelo facto de estarmos no mês de Abril, mas também como barómetro para

se perceber a importância da Re-volução e suas consequências na óptica desta geração.

É bem verdade que o valor da liberdade, da livre opinião ou da plural manifestação político--partidária, por exemplo, são um legado que não é questio-nado pelos nossos jovens, com alguma naturalidade, porque coabitam com eles desde que tomaram consciência. A ques-tão que se colocava era: será que as gerações mais novas têm co-nhecimento de que as liberdades

de Abril foram uma conquista e que estavam vedadas aos jovens, como eles, antes de 1974?

Pelo conteúdo das respos-tas, sim. Não é despiciendo, pois, que se continue a come-morar o 25 de Abril e as suas conquistas, no mínimo para que a sua mensagem possa ir chegando sempre às gerações subsequentes.

Acontece, porém, que as res-postas destes jovens reflectem uma profunda consciência po-lítica e social de então, mostran-

do-se agradecidos por serem beneficiários da Revolução. Mais. Alguns deles fazem o transporte dos valores de Abril para a situ-ação social actual do País, num raciocínio de exigência e incon-formismo, o que mostra uma geração crítica e atenta.

Não sabemos, pois, se esta amostra de seis respostas é uma demonstração de como pen-sam a globalidade dos jovens de Olhão, conquanto possamos ficar satisfeitos por aqueles que vamos auscultando.

Ricardo [email protected]

EditorialMissão Cultura

Direção Regionalde Cultura do Algarve

Juventude, artes e ideias

Carlos CampaniçoEscritor

d.r.

“SUSSURROS”Até 27 ABR | Galeria de Arte Pintor Samora Barros - AlbufeiraSamantha Couto mostra um conjunto de pinturas no formato retrato de mulheres que usam véu para esconder a sua identidade

“CONCERTO PELA JAZZ’ARTE BIG BAND”25 ABR | 21h30 | Centro Cultural de LagosO repertório do concerto consistirá em standards e originais do jazz moderno assim como um arran-jo de “Era um Redondo Vocábulo” do emblemático cantautor Zeca Afonso

d.r.

Saberes, técnicas, objetos e lugares são transmitidos de geração em geração

10.04.2015 3 Cultura.Sul

Espaço AGECAL

Salvaguardar o património cultu-ral imaterial é torná-lo viável e para tal há que atender à vida das pesso-as propriamente dita, aos contextos onde as manifestações se desenro-lam e a aspectos estruturantes das comunidades, nomeadamente a sustentabilidade económica, social e ambiental. Não sou eu que digo isto, é a “Convenção para a Salvaguarda do Património Imaterial”, adoptada pela UNESCO, em 2003, e transpos-ta para o regime jurídico português, em 2009.

No ano passado, em pleno Ano Internacional da Agricultura Fami-liar, mais ou menos por esta altura escrevi, neste mesmo jornal, sobre a necessidade de um enquadramento legislativo adequado para salvaguar-

dar práticas e saberes tradicionais no campo da produção alimentar que constituem, atualmente, património cultural imaterial (lembremo-nos da dieta mediterrânica, por exemplo). Vimos que esta questão se relaciona com a oportunidade dos produtos chegarem ao circuito comercial e posteriormente à nossa mesa. Numa pequena unidade familiar de explora-ção agrícola, guardada a quantidade suficiente para consumo próprio, o restante serviria para venda, de for-ma a garantir mais uns rendimentos, para juntar a, frequentemente, ma-gras reformas e/ou subsídios. Com isto estaríamos não só a garantir a transmissão de saberes e usos tra-dicionais mas também a reproduti-bilidade de variedades autóctones, vegetais e animais, que nos servem de alimento, e também de comidas, cheiros e sabores de outros tempos. Saberes e sabores já por si muito frá-geis face a uma hegemonização do gosto.

Vamos dar uma volta pelo cam-po, aqui, nos algarves - o que vemos? Entre paisagens muito belas, vê-se, por exemplo, a fruta da época a apodrecer nas árvores ou no chão (enquanto que

espécimes similares são pagos a pre-ços altos nas grandes superfícies, sen-do frequentemente trazidos de longe e aumentando a pegada ambiental). E porquê? Entre outros factores, as pes-soas que têm pequenos excedentes não os podem vender sem terem o devido enquadramento fiscal que, feitas as contas, não lhes é vantajoso. E mesmo que cumpram todas as regras, se não podem vender os seus produtos a um preço justo, o mais provável é que dei-xem de os cuidar/cultivar de todo ou os

substituam por outros mais rentáveis, mais favoráveis às exigências do merca-do. Para não falar do enquadramento legal que preside à indústria artesanal de transformação alimentar - bem ver-dade que o mesmo serve para garantir que o consumo seja seguro, no entan-to também faz com que produtos feitos na porta ao lado, com todo o preceito, não cheguem à minha mesa - seja em casa, numa cantina ou num restaurante.

Talvez me esteja a escapar algo. Se ca-lhar não estou a ver corretamente todas

estas questões.No final de março, o Conselho de

Ministros aprovou um regime jurídi-co aplicável aos mercados locais de produtores, e passo a citar o comu-nicado, “que prevê a criação de mer-cados de proximidade, promovendo o desenvolvimento dos produtos lo-cais e do consumo local. Os sistemas agroalimentares locais estimulam a economia local e promovem a intera-ção social entre as comunidades rural e urbana, desempenhando funções que beneficiam os produtores, os consumidores, o ambiente e a eco-nomia local”.

Espero que esta legislação, cujo conteúdo efetivo se desconhece por ora, ajude a chegar ao meu prato as nêsperas do sr. José, os chícharos da dona Maria, as alcagoitas da dona Elvira, os maragotões do sr. Chico… (hipotéticos nomes de camponeses e, em simultâneo, agentes de patrimó-nio cultural imaterial) e consiga dar resposta a outros problemas que se colocam hoje no panorama da pro-dução alimentar familiar. E que, actu-almente, e de um ponto de vista mais alargado, também dizem respeito à gestão cultural. A ver vamos.

Grande ecrã

Outra vez o património cultural imaterial, outra vez os mercados

Luísa RicardoAntropóloga, sócia da AGECAL

d.r.

Cineclube de TaviraProgramação: www.cineclubetavira.com281 971 546 | [email protected]

SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO AN-TÓNIO PINHEIRO | 21.30 HORAS16 ABR | LEVIAFAN - LEVIATHAN (LEVIA-TÃ), Andrey Zvyagintsev – Rússia 2014 (140’) M/12

23 ABR | OUTRO PAÍS: MEMÓRIAS, SO-NHOS, ILUSÕES..., Sérgio Tréfaut – Portu-gal 2000 (70’) M/1230 ABR | SELMA (... A MARCHA DA LI-BERDADE), Ava DuVernay – Reino Unido/E.U.A. 2014 (128’) M/12

59 anos de cinema em FaroO Cineclube de Faro celebrou

no dia 6 de Abril o seu 59º aniver-sário. Os filmes deste mês serão, assim, uma comemoração em jei-to de comédia, com o ciclo “A Rir Há 59 anos”, que teve início no dia 7 com “Viva a Liberdade”, de Ro-berto Andó. Destaque para a últi-ma sessão, dia 28, no Teatro das Figuras, com “O Circo”, de Charles Chaplin, a subir ao palco na com-panhia de Catherine Morisseau, pianista que colabora com a Ci-nemateca Portuguesa, que lhe en-comendou um trabalho original para acompanhar esta obra única.

Este mês há também uma no-vidade nas sessões para sócios que decorrem todas as 5ªs feiras, na sede do CCF, gratuitamente. Desta vez serão os próprios sócios responsáveis pela programação mensal. A estrear este novo for-mato teremos a associada Clarisse Rebelo que propõe uma jornada pelo mundo dos Filmes Musicais, começou a 9 de Abril, com “Va-mo-nos Amar”, de George Cukor.

O Fórum Cinema Sobre Tran-sição é outro dos destaques, a

partir de 10 de Abril, no Ginásio Clube de Faro. A abrir teremos “Economia da Felicidade”, um olhar sobre a falência do actual modelo económico e os encon-tros de comunidades que visam reconstruir economias a uma escala mais humana, ecológica e localizada.

Nota de especial destaque

merece a festa de aniversário do CCF, promovida em colaboração com o Palácio do Tenente, dia 11, com um cine-concerto da dupla britânica ‘Nagra’, num espectá-culo único de comunhão entre cinema e música, para celebrar o 59º aniversário deste que é um dos mais importantes e antigos cineclubes do país.

fotos: d.r.

Cineclube de Faro Programação: cineclubefaro.blogspot.pt

CICLO “A RIR HÁ 59 ANOS”IPJ | 21.30 HORAS | ENTRADA PAGA14 ABR | “AMAR, BEBER E CANTAR”, Alain Resnais21 ABR | “O GRANDE KILAPY”, Zézé Gamboa 28 ABR | “O CIRCO”, Charles Chaplin

A TELA AOS SÓCIOS: “FILMES MUSICAIS” | 21.30 HORAS | SEDE CCF16 ABR “BIRD - FIM DO SONHO”, Clint Eastwood23 ABR | “A DIVA E OS GANGSTERS”, Jean---Jacques Beineix30 ABR | “ENSAIO DE ORQUESTRA”, Fede-rico Fellini

FÓRUM CINEMA SOBRE TRANSIÇÃO | GI-NÁSIO CLUBE FARENSE | 2130 HORAS 10 ABR | INTRODUÇÃO À TEMÁTICA “ECO-NOMIA DA FELICIDADE”24 ABR | SAÚDE, ALIMENTAÇÃO E AGRI-CULTURA “SEMENTES DA LIBERDADE”

SESSÃO ESPECIAL | CINEMA GLÓRIA | VILA REAL DE STO. ANTÓNIO | 21.30 HORAS10 ABR | “DEBAIXO DA PELE”, Jonathan Glazer

10.04.2015  4Cultura.Sul

Uma questão de cabelo (e de cor): Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie

Na internet pode-se encon-trar um vídeo de uma TedTalk em que Chimamanda Ngozi Adichie narra como cresceu a ler histórias infantis e juvenis de crianças de cabelos louros e olhos azuis, que adoravam brin-car na neve, comer maçãs e fala-vam frequentemente do tempo e da sorte que tinham quando fazia um dia de sol. A ficção não podia ser mais gritantemente distinta da realidade desta auto-ra, traduzida agora em mais de 30 línguas, nascida na Nigéria em 1977, que foi estudar para os Estados Unidos aos dezanove anos. 

Mais tarde, os seus contos apareceram em diversas pu-blicações e receberam inúme-ros prémios. Os seus primeiros romances foram amplamente premiados: A Cor do Hibisco foi distinguido com o Com-monwealth Writers Prize 2005, finalista do Orange Broadband Prize 2004 e nomeado para o Man Booker Prize 2004; Meio Sol Amarelo venceu, em 2007, o Orange Broadband Prize, o Anisfield-Wolf Book Award e o PEN “Beyond Margins Award”.

Aqui interessa falar de Ame-ricanah, o mais recente e igual-mente aclamado romance. A história segue a vida adulta de uma nigeriana, Ifemelu, que vive na América e alcançou um certo estatuto na sua vida. Conseguiu uma bolsa em Princeton, tem uma relação com Blaine, pro-fessor em Yale, um homem que lhe é completamente dedicado, é conhecida pelo seu blog sobre questões de raça onde a sua voz é reconhecida como mordaz, in-teligente, divertida.

Mas esta mulher não está completamente satisfeita. Ao sentar-se num salão de cabelei-reiro especialmente dedicado a cabelo africano, com as jovens empregadas do salão a circular em seu redor, constatando (que é como quem diz invejando) a sua pronúncia, o seu sucesso, Ifemelu parece apenas refletir

no seu passado, mergulho esse que é motivado pela cisão que se afigura na sua vida, pois esta jovem nigeriana entretanto americanizada, mas só até certo ponto, decide deixar o estatuto que alcançou para voltar ao seu país natal. E dizemos america-nizada (daí o título do roman-ce: Americanah, com a ironia característica da voz da heroína e da autora patente na corrup-tela da palavra americana), até certo ponto, porque esta jovem continua presa às memórias da Nigéria, memórias essas que irão desfilar ao longo do resto do ro-mance, que nos apresenta a sua vida passada: a infância e adoles-cência na Nigéria, o seu namoro com Obinze, a vida dos seus pais, da sua tia, numa espécie de mo-saico da realidade nigeriana das últimas décadas. As dúvidas que rondam Ifemelu transparecem no próprio facto de para

encontrar esse salão africano, a protagonista tem de atravessar a zona de conforto onde reside para chegar a Trenton, uma es-pécie de subúrbio, o que reflete a intenção crítica social, cultural e racial do romance. Tal como Ife-melu faz no seu blog, ao escrever e lançar debates sobre questões de raça e de género, Chimaman-da dança na corda bamba con-seguindo manter um delicado

equilíbrio entre a lamechice de um romance que fala de uma paixão perdida na adolescência para mais tarde poder vir a ser reencontrada e as questões de identidade que atravessam esta mulher africana a viver num país estrangeiro.

Durante o decurso do que pa-recia uma adolescência absoluta-mente pacífica, no seio de uma família carinhosa e com uma

boa situação económica, a di-tadura deflagra na Nigéria, com consequências mais ou menos diretas e imediatas junto da sua família. O pai é despedido por-que se recusa a dirigir-se à sua chefe como “Mamã” conforme ela o obriga. A tia Uju, amante de um general e que vivia num apartamento subsidiado por essa figura da nação, de forma luxuosa sem ter de trabalhar, acaba por se ver sem chão. E assim, a posição económica dos pais decresce, enquanto o próprio país vive tempos con-turbados, que se traduzem em constantes greves no ensino e que motivam a partida de Ife-melu para os Estados Unidos da América apesar das dificuldades económicas que os pais atraves-sam e, por conseguinte, ela tam-bém, chegando a passar fome e, a certa altura, a ter de se prosti-tuir para conseguir alimentar-se.

Naturalmente que este não é um romance sobre os flagelos da escravatura, ou do apartheid, mas reflete como na contempo-raneidade o ser humano ainda continua a balizar-se por pre-conceitos e estereótipos. O pró-prio livro parece ter capítulos e capítulos em que se fala de ca-belo, onde se descrevem exaus-tivamente os tratamentos que o cabelo típico de uma mulher africana deve levar, aliás peno-sos. A questão do cabelo, mais do que a cor, e a forma como a mulher o usa, acaba por refletir a adaptação desta jovem nigeriana ao meio americano: Ifemelu vive e move-se na América, mas recu-sa-se a esticar o cabelo de forma a parecer mais ocidental, mais civilizada, para ser mais facil-mente aceite nos meios em que se move. Tal como a certa altura do romance se pode ler como a irrita particularmente o facto de

as empregadas do salão, do Mali e do Senegal, parecerem esperar dela, apenas por partilharem a mesma cor, uma espécie de sen-timento de irmandade, da mes-ma forma que a irrita, por outro lado, que outros se refiram a ela como africana, como se o conti-nente da África fosse todo um país. Mas corre-lhe nas veias o sangue africano ou nigeriano, e por isso mesmo Ifemelu boico-ta a sua relação perfeita com um homem negro perfeito, Blaine, como manifestação de um sen-timento maior de inadaptação ao país. Sentimento esse de não pertença que está também per-sonificado na relação de amor entre Ifemelu e Obinze que de-pois de tantos anos, e como se esse fosse também um dos pre-parativos para a sua partida de regresso à Nigéria, despindo a pele de mulher americanizada, que anseia apenas pela sua terra e pelo rapaz agora homem que nunca deixou de amar, ainda que a sua memória possa estar tão-somente envolta numa ne-blina romântica de idealismo e platonismo, que funciona como armadura contra a negri-tude que os envolve. O próprio Obinze acaba por tentar a vida em Londres mas vê-se reduzido a trabalho pesado, clandestino e mal pago, enquanto outro nigeriano que terá alcançado grande sucesso quando emi-grou (uma mentira que ele tenta alimentar a todo o custo até confessar a verdade ao seu amigo de juventude) lhe ten-ta arranjar um casamento por conveniência que lhe permita obter um visto de residência, o que acaba de forma desastrosa. Paradoxalmente, quando se vê obrigado a regressar à Nigéria, a posterior ascensão de Obinze reveste-se ainda de uma sombra duvidosa quanto à legalidade do seu trabalho, ainda que seja essa mesma obscuridade que permitem a aparência de uma vida perfeita, com uma casa pa-laciana, e uma mulher apostada em manter o luxo que acha ade-quado à sua existência.

Chimamanda é uma jovem escritora em ascensão com a sua própria voz, onde prima pelo seu espírito crítico e inteligente-mente divertido, e que nos dá a conhecer mais uma faceta des-se mundo imenso que muitas vezes nos reconhecemos a ver, perdidos que estamos na nossa imensa pequenez.

Paulo SerraInvestigador da UAlgassociado ao CLEPUL

Letras e Leituras

foto

s: d.r.

A escritora Chimamanda Ngozi Adichie

10.04.2015 5 Cultura.Sul

FNAC cada vez mais próxima dos algarvios

FNAC Faro e UAlg celebram protocolo que pretende gerar sinergias

fotos: ricardo claro

Panorâmica

Três meses e meio depois da abertura do espaço FNAC em Faro a estratégia da multinacio-nal para o Algarve está deline-ada e passa por reforçar de for-ma notória a proximidade com os algarvios, seja na nova FNAC farense, seja no espaço do Algar-veShopping.

Desejada durante anos na ca-pital algarvia, a FNAC não deixa por mãos alheias os seus crédi-tos e a filosofia de estabelecer em cada espaço FNAC uma relação de grande proximidade e cum-plicidade com os clientes assu-me um papel preponderante no posicionamento estratégico da empresa.

O primeiro passo foi dado re-centemente, referiu ao CULTU-RA.SUL José d’Orey, responsável pela FNAC farense, com a cele-bração de um protocolo com a Universidade do Algarve.

Uma parceria explicada ao CULTURA.SUL numa conversa em que a Universidade do Algar-ve esteve representada por Joana Lessa, sub-directora do curso de Design de Comunicação da ins-tituição, e onde a nota de realce vai para as vantagens que ambas as entidades vêem num estreitar de relações em prol do mútuo desenvolvimento e, muito em particular, em prol da cidade e da população universitária da Universidade do Algarve.

Muito mais do que os descon-tos e vantagens decorrentes, o protocolo agora celebrado para a população universitária, alunos e corpos docente e não docente da universidade, esta união estra-tégica avança com a disponibi-lização de estágios profissionais para os alunos da instituição de ensino superior regional na es-trutura da FNAC a nível regional e nacional e na criação de espaço para divulgação da produção de conhecimento da instituição.

Estágios profissionais integram parceria entre

a UAlg e a FNAC

José d’Orey destaca que neste momento já existe um estudan-te da universidade a estagiar na sede nacional da FNAC, na área de Comunicação, e que em bre-

ve outro aluno da instituição irá integrar a equipa da loja de Faro.

A professora Joana Lessa subli-nha, por seu turno, a importân-cia de mais esta parceria na área de estágios para a instituição de ensino, dando como exemplo o curso de Design de Comunica-ção. “Trata-se por um lado de acrescer ao portefólio de enti-dades e empresas com as quais temos parcerias na área dos está-gios curriculares de uma grande multinacional, proporcionando aos alunos uma experiência profissional numa grande ca-deia nacional durante o estágio

curricular e, por outro, permitir criar mais uma forma de integrar o conhecimento criado na uni-versidade no âmbito empresa-rial, levando os estudantes para as empresas, neste caso a FNAC, um olhar refrescado sobre as diversas questões com que se confrontam em meio laboral prático”.

Para a FNAC, refere José d’Orey, “é positiva a integração de estudantes nos seus quadros que têm uma postura menos cristalizada face à realidade e aos desafios que lhes são coloca-dos na esfera profissional”. “São

profissionais qualificados que transportam consigo conheci-mento, reflexão e inovação que o mundo universitário permite e desenvolve e que constituem uma mais-valia para as empresas que, como a FNAC, tentam sem-pre manter-se na vanguarda da oferta que disponibilizam”.

Divulgação do trabalhoda universidade juntoda população em geral

Já na área da divulgação da produção da Universidade do Algarve a aposta da FNAC e da

instituição académica passa por trazer a universidade e o know--how ali produzido para fora dos limites da instituição.

Além da criação de um área devidamente identificada no espaço FNAC de Faro para pu-blicações da Universidade do Algarve ou realizadas em parce-ria com a instituição académica, a FNAC disponibiliza o Fórum FNAC para apresentações de li-vros e de publicações variadas por parte da universidade.

Uma ferramenta importante quando se pensa que a FNAC de Faro espera 1,2 milhões de visitantes em 2015, o que pode representar uma visibilidade e uma divulgação de relevo do trabalho da universidade junto da população em geral.

Mesmo do ponto de vista da divulgação das iniciativas univer-sitárias este protocolo permite criar sinergias entre a universida-de e as cerca de 10.700 pessoas que integram a população uni-versitária e a população em geral que podem em muito potenciar o trabalho da instituição junto da comunidade, realça José d’Orey.

Queremos que nesta parceria como noutras que vamos esta-belecendo em permanência a FNAC seja um verdadeiro palco para o que se faz na região. Por isso mesmo, realça o responsável, das 400 iniciativas que prevemos realizar no Fórum FNAC em Faro, queremos que cerca de metade sejam desenvolvidas por agentes locais.

“Estamos em permanente di-álogo com a comunidade, quer através dos nossos clientes, quer através do meio associativo que no Algarve tem grande activida-de e importância e desejamos que a FNAC possa desempenhar um papel de relevo enquanto agente cultural de referência para Faro e para a região”, refere.

O certo é que a FNAC do Fó-rum Algarve é hoje um espaço incontornável em Faro e para o Sotavento algarvio, com uma ac-tividade cultural programada e consistente que permite falar de uma nova centralidade cultural na região.

Exactamente aquilo por que ansiavam aqueles que tanto es-peraram pela abertura deste es-paço na capital algarvia. A pro-messa de manter uma relação de proximidade e cooperação com a envolvente está assim a ser levada à prática num espaço que é hoje um destino obriga-tório para quem quer conhecer muito do que se faz de melhor a nível cultural no Algarve e no país.

Ricardo ClaroJornalista / [email protected]

Ficha Técnica:

Direcção:GORDAAssociação Sócio-Cultural

Editor: Ricardo Claro

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Responsáveis pelas secções:• Artes visuais:

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Cineclube de FaroCineclube de Tavira

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• Letras e literatura: Paulo Serra• Momento:

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Ricardo Claro• Património:

Isabel Soares• Sala de leitura:

Paulo Pires• Um olhar sobre o património:

Alexandre Ferreira

Colaboradoresdesta edição:Carlos CampaniçoLuísa RicardoRicardo SoaresTânia Guerreiro

Parceiros:Direcção Regional de Cultu-ra do Algarve, FNAC Forum Algarve

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Tiragem:8.072 exemplares

José d’Orey e Joana Lessa explicaram ao Cultura.Sul a nova parceria

10.04.2015  6Cultura.Sul

A arte e a ciência são mundos diferentes?Artes visuais

Saul Neves de JesusProfessor catedrático da UAlg;Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora

Desde há muito tempo que a arte e a ciência andam interliga-das, sendo os primeiros grandes cientistas identificados na histó-ria também como artistas, como é o caso de Leonardo Da Vinci, considerado por White (2002) como o primeiro grande cien-tista da história da humanida-de. Leonardo afirmava o seguin-te: “Para uma mente completa, estude a arte da ciência, estude a ciência da arte; aprenda a obser-var, perceba que tudo se conecta a tudo” (Araújo-Jorge, 2004).

Nesta perspectiva da estreita ligação entre arte e ciência, já os gregos haviam designado Apo-lo como o Deus da Música e da Ciência e no juramento de Hipó-crates a medicina é considerada uma arte. E, por exemplo, as cer-ca de 600 pinturas e 1.500 gravu-ras descobertas nas cavernas de Lascaux, no sul de França, realiza-das antes de 10.000 aC, no perío-do paleolítico, tanto são referidas na história da ciência como na história da arte.

Este vínculo estreito entre ci-ência e arte parece ter existido até ao século XVI (Araújo-Jor-ge, 2004). No entanto, a cada vez maior especialização das várias áreas do conhecimento levou à perda de uma visão mais holística do saber e a um progressivo afastamento entre a arte e a ciência.

Em particular, com a criação das primeiras academias de ciên-cia, a partir do século XVI, come-çou a haver uma divisão entre os dois domínios no mundo acadé-mico. Ao contrário da Academia de Platão, na Antiguidade Clás-sica, em que a ciência, a arte e o desporto andavam interligados, as Academias de Ciências vieram promover uma clivagem entre a ciência e a arte. Entre 1568 e 1807 foram criadas cerca de 80

academias, tendo sido a primeira em Nápoles, em 1568. Nesta épo-ca, a que mais se destacou foi a de Roma, fundada em 1600, pois teve Galileu como um dos seus membros.

Desde então, as diferenças en-tre a arte e a ciência têm vindo a ser defendidas por diversos au-tores. A obra mais referenciada sobre a análise da separação en-tre arte e ciência é da autoria de Snow, que escreveu o livro “The two cultures” (1960). Este autor, na linha do dualismo cartesiano, que distinguiu entre o corpo e a mente, vem analisar a separação entre as artes e as humanidades, de um lado, e as ciências, do ou-tro, apresentando-as como “duas culturas” diferentes, opostas nos pressupostos, sendo a ciência considerada como racional e a arte como emocional.

Também tem sido salientado que a ciência procura aproxi-mar-se progressivamente duma “verdade” cada vez mais estável e constante na forma de explicar a realidade, enquanto a arte não tem nenhum compromisso com a verdade. Ou, conforme referia George Braque: “A arte está des-tinada a desconcertar, enquanto a ciência cria certezas” (Gante-fuhrer-Trier, 2005).

No entanto, a maior diferen-ça, para Thomas Kuhn (1962), seria que, enquanto os produtos da atividade artística do passa-do continuam a fazer parte da cena artística do presente, sen-do inclusivamente valorizadas, as obras científicas vão sendo ultrapassadas e desvalorizadas com o tempo.

Também Paul Valéry acentu-ava a diferença entre ciência e arte pelos produtos resultantes: “Ciência e arte são praticamente indissociáveis durante as fases de observação e de meditação (...) e separam-se definitivamente nos seus resultados” (Malysse, 2005), pois enquanto nas primeiras é esperado serem obtidos resulta-dos certos ou muito prováveis, nas segundas os resultados são muitas vezes incertos.

Não obstante todas as diferen-ças referidas, concordamos com Wilson, quando afirma que a arte e a ciência são os dois mo-tores da criatividade, mas erra-

damente são considerados tão diferentes como o dia da noite (2010).

Na mesma linha, Massarani, Moreira e Almeida (2006), ao procurarem responder à ques-tão “Para quê um diálogo entre ciência e arte?”, consideravam que ambas se nutrem da curio-sidade humana, da criativida-de, do desejo de experimentar. Neste sentido, o fazer artístico e o científico constituem duas faces complementares da ação e do pensamento humanos.

No seu livro “Centelhas de gé-nios. Como pensam as pessoas mais criativas do mundo”, M. Root-Bernstein e R. Root-Berns-tein (1999) sistematizam os estu-dos sobre o pensamento criativo, concluindo com a necessidade de articulação entre a ciência e a arte para o fomento da criati-

vidade, pois aprender a pensar criativamente numa área “abre a porta” para pensar criativamente nas outras.

Aliás, na história moderna, há vários casos de cientistas, inclusi-vamente vencedores de Prémios Nobel de medicina ou fisiologia, como são os casos de Roger Guil-lemin, Salvadore Luria ou Robert Holley, todos eles nascidos no sé-culo XX, que também desenvol-veram trabalhos no domínio da arte visual, sendo a criatividade necessária à produção científica e à produção artística que per-mite fazer a ponte entre os dois domínios. Tendo em conta esta realidade, Araújo-Jorge (2004) considera que as trajectórias do artista e do cientista podem ser semelhantes e, inclusivamente, complementares.

De acordo com Buss (2004),

“tanto a arte como a ciência são necessárias para o completo en-tendimento da natureza”, pelo que, conforme concluem De Meis e Rumjanek (2004), “não existem duas culturas; estamos inseridos numa única cultura e o que é preciso saber é como integrarmo-nos nela”.

Depois da voz e da escrita, a imagem tem uma importância cada vez maior nos processos de expressão e comunicação, pelo que a utilização da imagem visu-al é outro domínio em que pode ocorrer uma colaboração próxi-ma entre o cientista e o artista.

De acordo com a pintora Os-trower (1998), no seu livro “Sen-sibilidade e intelecto”, a imagem pode ser um bom instrumento para permitir estabelecer pon-tes entre a ciência e a arte, pois a imagem é universal.

Assim, a imagem pode ser uti-lizada como instrumento para o desenvolvimento do pensa-mento científico. No seu livro, “Guia de Arte”, Rowling (2006) apresenta dezenas de pinturas que podem ser utilizadas para descrever e abordar diversos te-mas de índole social e também científica. Por exemplo, o quadro “O triunfo da morte”, de Bruegel, ilustra o impacto da peste, per-mitindo a discussão sobre as te-orias do contágio, nos planos histórico e científico.

Várias vezes a arte se revelou essencial na ciência, através da utilização da imagem visual. Uma situação de “encontro” entre o cientista e o artista, é aquela em que o cientista pre-cisa da imagem para comuni-car sobre o seu trabalho, pois, conforme referia Leonardo da Vinci, no seu “Tratado de pin-tura”, “a mais útil das ciências será aquela cujo fruto seja mais comunicável” (Araújo--Jorge, 2004). Por exemplo, a história mostra-nos que, sem a percepção artística da pers-pectiva, Galileu certamente não teria feito a descrição da superfície da Lua em 1610, quando a observava com o recém-inventado telescópio, desenhando-a com crateras e sombras, em ângulos diferen-tes, de acordo com a posição do Sol, descrição que produ-ziu um importante impacto na visão cosmológica. Já no sécu-lo XVI, quando o estudo da anatomia era dificultado pela proibição de dissecar cadáve-res, haviam sido chamados artistas para colaborar com os cientistas, permitindo tornar compreensível e mais rigorosa a descrição da realidade.

Assim, através do poder da imagem, a arte tem sido es-sencial, em vários momentos históricos, para a introdução de novos pontos de vista na ciência.

Nota: Este artigo integra o livro “Construção de um per-

curso multidisciplinar, integrativo e de síntese nas

Artes Visuais”, de Saul Neves de Jesus

([email protected])

Desenho de Leonardo da Vinci, conhecido como o “Homem Vitruviano” (1490)

d.r.

AGENDAR“BUSTOS DE PRESIDENTES DA REPÚBLICA”

Até 17 ABR | Paços do Concelho de LouléExposição da totalidade dos Presidentes da Repúbli-ca, da autoria do barrista barcelense Joaquim Esteves, mestre que se notabilizou em termos artísticos, na olaria, figurado e na caricatura

“CONCERTO PELOS DIABO NA CRUZ”18 ABR | 21.30 | Teatro das Figuras - FaroOs ‘reis’ do rock popular português vêm à capital algarvia para um concerto que irá difundir o pensa-mento de uma geração que se descobre a si mesma, no acto de se preparar para ‘o amanhã’

10.04.2015 7 Cultura.Sul

Momento

Guitar Hero

Foto de Ana Omelete

Espaço ALFA

Penso que o meu fascínio e a minha paixão pela fotografia a preto e branco iniciou-se quando comecei a ver as fotografias anti-gas que tinha em casa, daquelas que se revela o rolo.

Cheguei inclusive a comparar imagens semelhantes do mesmo local ou de pessoas, uma a cores e outra a preto e branco e sempre achei que as fotos a preto e branco tinham “algo mais” do que as ou-tras, que eram diferentes.

Dentro das fotografias a preto e branco as que me dão mais prazer a nível pessoal são sem dúvida os retratos. Adoro executar estes tra-balhos. Para mim, ao observar este tipo de fotografias em oposição às de cores, parece que estas têm mais alma, que ganham vida.

Quando faço este tipo de tra-balhos, o meu objetivo é que o

resultado final mostre o má-ximo possível daquilo que a pessoa é e que de certa for-ma ela também deixe a sua “impressão digital” naquela imagem.

Um dos pontos mais im-portantes e no qual eu foco mais a minha atenção são os olhos, porque é através do olhar que a pessoa vai con-tar a sua história, transmitir mais emoção e dar charme à fotografia. E a minha função enquanto fotógrafa é captar essa mensagem e transmiti--la da melhor forma possível.

A paixão pelos retratos a preto e branco

Tânia GuerreiroMembro da ALFA

10.04.2015  8Cultura.Sul

Um olhar sobre o patrimónioSala de leitura

Comunicar o Património II

Criatividade tem que atingir o público-alvo

d.r.

Nos dias vertiginosos que vivemos, onde tudo o que nos passa em frente dos olhos não pode durar mais do que meia dúzia de segundos sob pena de perdermos o interesse, somos bombardeados com uma quantidade enorme de informação, a qual não temos capacidade de processar. Hoje em dia, a concorrência des-medida pela nossa atenção é uma realidade, o que nos obriga, enquanto consumi-dores, a tomar uma de duas opções: desligar de tudo o que nos rodeia (tarefa só por si hercúlea e face aos estímu-los, de difícil execução) ou sermos extremamente selec-tivos e criteriosos com o que merece a nossa atenção.

Para conseguir captar a atenção do consumidor, a comunicação terá que o con-quistar, provocando uma reacção emocional, potenci-ando o sentimento de par-tilha de um bem comum. E é neste ponto que a elaboração da estratégia de marketing facilita a criação de uma co-municação mais efectiva e as-sertiva porque leva à reflexão sobre diversas dimensões do elemento patrimonial: a) o seu posicionamento na socie-dade, ou o que o torna dife-rente face a ofertas similares, o seu grau de atractividade ou a sua autenticidade; o produ-to a comunicar, o qual não se restringe ao elemento patri-monial em si mesmo, mas também os serviços e todas as actividades complemen-tares, que podem ir desde o edifício, as colecções, as pub-licações, sejam catálogos ou brochuras, até ao serviço de cafetaria ou mesmo os sani-tários, caso existam, devem ser pensados como um todo que é oferecido/disponibili-zado aos utentes, reforçando desta forma a sua presença e a sua marca; b) os pontos de acesso ao elemento deverão ser igualmente equaciona-dos, isto é, como é que se facilita o acesso do público ao elemento patrimonial, seja para visitá-lo (definição

de horários, identificação de percursos, sinalização, facili-dade de circulação para pes-soas com necessidades espe-ciais), seja para simplesmente obter informações (através do site, mediante contacto tele-fónico); c) a definição de uma política de Preços e Descontos deverá ser clara e transpar-ente, tendo em conta não só o meio onde o elemento está inserido, mas também a sua utilização como forma de cap-tação de novos públicos e/ou fidelização de utilizadores esporádicos, não esquecendo que se a definição dos custos de acesso/ingresso e dos diver-sos serviços complementares oferecidos, for desfasada do contexto onde o elemento patrimonial se integra, a eficácia da estratégia de mar-

keting fica comprometida; d) por último a Promoção, que consiste na adequação dos meios a utilizar na comuni-cação com os públicos alvo, públicos estes que se podem estratificar em perfis, devendo a comunicação adaptar-se, ao nível da imagem, linguagem e suportes, às particularidades de cada um dos perfis (visi-tante, fornecedor, mecenas).

Qualquer suporte de comu-nicação deve servir como um meio de promoção e reforço da marca para com o exteri-or, pelo que os recursos hu-manos são igualmente deter-minantes na criação de uma imagem coesa e coerente de marca/produto/serviço, pelo que no seu processo forma-tivo deverão adquirir conhe-

cimentos acerca dos valores patrimoniais e históricos do bem, mas também dos ob-jectivos da função que vão exercer e da entidade que tu-tela o elemento patrimonial, tornando-se assim na sua “primeira linha” de comuni-cação e valorização.

Nos últimos anos tem-se verificado uma crescente aposta na utilização de algu-mas ferramentas do Market-ing aplicadas ao Património Cultural. Contudo estas constituem-se ainda como acções isoladas, as quais ca-recem de integrar um plano devidamente estruturado, diminuindo a possibilidade de se atingirem os objectivos propostos.

É nosso desejo com estes artigos despertar o interesse

por esta área que coloca à nossa disposição um manan-cial de ferramentas bastante úteis que permitam alavancar o crescimento das nossas ins-tituições culturais, dotando-as de metodologias e processos de comprovada eficácia nou-tras áreas.

Não se pense contudo que há uma fórmula certa, com resultados garantidos! Exis-te sim, um conjunto de va-riáveis que, conforme sejam combinadas, podem resul-tar numa excelente acção de marketing. O que manda é a criatividade para atingir o pú-blico-alvo, de forma a atender os objetivos de comunicação do elemento patrimonial ou entidade que o tutele, com os recursos disponíveis.

Num sarau realizado em 2011, à conversa com João Caraça (então director do Ser-viço de Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian), debatí-amos um tema aparentemen-te inusitado: os benefícios da dança na política nacional. Isto porque, a propósito da inquietante obra por si co-ordenada, intitulada Ideias Perigosas para Portugal – pro-postas que se arriscam a salvar o país (Tinta-da-China), uma das 60 personalidades convi-dadas para dar o seu testemu-nho preconizava que todos os detentores de cargos polí-ticos deviam ser obrigados a aprender a dançar e a prestar exames regulares de aptidão nessa área.

Em finais de Oitocentos, Friedrich Nietzsche, influen-te filósofo alemão, já tinha colocado polemicamente a questão mas num plano divi-no, associando crença/verda-de, dança e religião ao afirmar que só poderia acreditar num Deus que soubesse dançar. Transpondo para a política, e sabendo-se das velhas e no-vas “danças das cadeiras” (e de bastidores), e da (in)visível flexibilidade vertebral de não poucos indivíduos ligados ao universo partidário/governa-tivo (sobretudo na arte das cambalhotas, como diria o humorista José de Pina), seria, de facto, prudente e aconse-lhável que a classe dirigente soubesse dançar. Isso dissi-paria decerto eventuais dú-vidas a seu respeito. Se há ca-sos conhecidos de deputados e governantes que dançam e cantam em comícios, festas, jantares e afins (segundo al-guns, para fins eleitorais), por que não alargar essa prática ao efectivo exercício das suas funções? A dança seria então, nesta linha, sinónimo de ins-trução ecléctica, de amor à vida, de liberdade de espíri-to, de não renegação ou não

afastamento do mundo real e dos problemas das pessoas, de não submissão acrítica a interesses obscuros em que se enredam tantas decisões políticas que afectam a vida dos cidadãos.

Na educação grega (a “pai-déia”) a dança era matéria obrigatória na formação e autoc ontrole dos jovens: “os que honram melhor os deu-ses pela dança são também os melhores no combate”, e um homem verdadeiramen-te educado era aquele que sabia de política, de filosofia, de música… e de dança. Aliás, ao longo de séculos esta arte do corpo e do espírito acompa-nhou a evolução do homem facultando-lhe a opção pela autonomia, pela expressão espontânea de si mesmo e pelo instigante desafio de co-municar autenticamente com os outros – funcionando quer como estímulo à imaginação e criatividade, quer como pre-cioso veículo de socialização.

Hoje é residual a presença das artes performativas no sistema oficial de ensino, não obstante o esforço e perseve-rança de algumas escolas e docentes sensíveis e abertos a novas abordagens que ex-travasem a tradicional e ten-tadora “caixa disciplinar”, a sobrecarga obsessiva de ma-térias e obras, e as metodolo-gias retrógradas e ineficazes. Música, linguagem dramática/corporal e artes plásticas têm sofrido uma redução drástica nos programas e metas es-colares emanados das várias reformas de ensino, haven-do actualmente um acesso muito limitado a essas áreas, salvando-se a educação física e pouco mais.

Se as artes proporcionam ferramentas transversais que preparam melhor o indivíduo para a vida em sociedade e para o mercado de trabalho (como as antigas civilizações acreditavam), a iniciação/for-mação, trajecto e exercício da prática política em particular não deveriam ficar alheios a essa evidência e, assim, à aqui-sição e aperfeiçoamento de competências a nível da dan-ça. Caso contrário, há o sério risco de, daqui a algum tempo (?), a classe dirigente se resu-mir – isso sim perigosamente – às três tipologias básicas de

personalidade política (salvo honrosas excepções) certei-ramente identificadas pelo já aludido José de Pina no seu li-vro Nascido para mandar – guia prático para chegar ao poder em Portugal (Gradiva/Produções Fictícias): o verbo-de-encher, o espalha-brasas e o idiota útil (sendo que este capítulo inclui mesmo testes para cada leitor descobrir em que perfil encaixa).

A julgar por estudos recen-tes (como o realizado pela Universidade de Hertfordshi-re, no Reino Unido, em 2013), existe uma modalidade de exercício corporal ainda mais completa do que a natação: a dança, em particular o ballet clássico. A equipa de investi-gadores daquela instituição universitária comparou o de-sempenho de membros da famosa academia Royal Ballet com o de nadadores da selec-ção olímpica britânica e con-cluiu: os bailarinos apresenta-ram melhores resultados em sete das dez medidas de condi-cionamento físico em análise, mormente nos itens “equilí-brio psicológico”, “flexibilida-de” e “equilíbrio corporal”.

Tal como o estudo enfatiza no tocante à dança, também na política é preciso saber respirar bem fundo aprovei-tando o máximo possível da capacidade do diafragma; manter, a vários níveis, uma postura adequada, cultivando a verticalidade, a delicadeza e a elegância (o que implica também encolher a barriga); ter flexibilidade e garantir o equilíbrio das posições; refor-çar a agilidade e coordenação nos gestos; e não descurar a leveza, o bem-estar e a auto--estima.

A aclamada coreógrafa e dançarina alemã Pina Bausch (1940-2009) acreditava que se a Humanidade parasse de dançar estaria irremediavel-mente perdida. Dança e sal-vação/perdição, dança e fé/desilusão, dança e verdade/aparência – no fundo, diferen-tes faces dessa valsa insondá-vel e cativante que é a vida. E se a dança fosse a chance últi-ma, o grito derradeiro de um político para alguém acreditar nele ou nessa “grande porca” (como a apelidava Rafael Bor-dalo Pinheiro em 1900) cha-mada política?

Ideias perigosas: um político que saiba dançar

Paulo PiresProgramador culturalno Município de [email protected]

Para o meu amigo José Louro

Alexandre FerreiraLicenciado em PatrimónioCultural, UAlg

10.04.2015 9 Cultura.Sul

Abril

Pedro [email protected]

O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

Alerg(r)ia

Os dias mais quentes do que o ano já leva convidam a passeios mais prolongados. O perfume que exala das flores campestres aro-matiza os caminhos que levam até ti. Apesar do estado de encanto que a brisa provoca, sei que à noite os meus olhos se emudecerão, e quererás saber porque lacrimejo. Tão sim-plesmente devido à elevada concentração de pólen no ar. Vicissitudes desta estação.

Poesia Em-Alta-VozAs noites de leitura de Poesia Em-Alta-Voz

com música, da Casa Álvaro de Campos em Tavira, prometem continuar, depois do su-cesso das primeiras sessões que em Abril re-

ceberam «Palavra Final» do Escritor SubZero e «Uma Oração Americana» com poesia dos Estados Unidos da América

Janela da ria

Nas manhãs, o horizonte mais limpo de nebulosidades abrange agora muito mais sul. Apetece abrir as janelas à brisa de leste enquanto se põe a mesa para o almoço. A hora já passa para a tarde quando o xarém no caldo dos vários peixes guisados se aco-moda no estômago. Depois na esplanada de beber café, limpam-se à beira-ria os olhares que estavam demasiado focados naquele cin-zento todo que anda por aí nos dias.

Pessoa(s) em Cena

A 17 de abril (sexta) pelas 21h45, a Casa Álvaro de Campos-Tavira recebe no seu foyer

a apresentação de «Pessoa(s) em Cena» - As cartas ridículas do Senhor Fernando e os sus-piros líricos da Menina Ofélia e Conversas entre Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, de Paulo Moreira.

Luísa Monteiro, escritora, docente e inves-tigadora pessoana regressa à Casa do poeta de Tavira, agora como editora na Redil Pu-blicações para falar sobre o livro com duas peças de teatro a partir de textos de F. Pessoa, seus heterónimos (e Ofélia Queirós), produ-zido pelo actor e encenador Paulo Moreira.

Abril

A 20 de abril de 1974, dias antes da revo-lução, Sophia Mello Breyner Andresen estava em Lagos e escreveu o poema Lagos I para o livro ‘O Nome das Coisas’:«(…)Os ditado-res — é sabido — não olham para os mapas /Suas excursões desmesuradas fundam-se em confusões /O seu ditado vai deixando jovens corpos mortos pelos caminhos /Jovens cor-pos mortos ao longo das extensões//(…) Na luz de Lagos matinal e aberta /Na praça qua-drada tão concisa e grega /Na brancura da cal tão veemente e directa /O meu país se

invoca e se projecta».No dia da revolução, Francisco Tavares

andava de megafone na mão. Quantas pa-lavras importantes centradas na liberdade terá dito! Mas a liberdade é sempre eféme-ra, e palavras ditas mesmo alto e bom som e para muita gente, leva-as também o vento - já ouvimos cantar esta verdade. No mes-mo dia Sophia, (provavelmente ainda em La-gos) munida de lápis na mão escreveu por linhas eternas: «Esta é a madrugada que eu esperava/O dia inicial inteiro e limpo/Onde emergimos da noite e do silêncio/E livres ha-bitamos a substância do tempo».

Andorinha

Despertei para a manhã clara ao som de agi-tadas ‘delichon urbicum’ de asa negra atare-fadas nas suas construções, e elas sim, voltam sempre nesta estação. Já tu verdadeiro ‘pássaro urbano’ (a alcunha que lhes deste) há muito que não migras até estas paragens de sul, en-volta que estás nas tuas desconstruções. Ao sair encontrei uma andorinha morta sobre o pas-seio. Mas por nenhuma destas razões se acaba o fado da Primavera.

fotos: d.r.

AGENDAR“A ÚLTIMA SEMANA DO FASCISMO”

24 ABR a 30 JUN | Biblioteca Municipal de LagosExposição de pintura de Manuela Caneco constituída por 14 obras originais, estruturadas em cinco séries: “Corrosão do Sistema”; “Repressão em Lisboa”, “Tor-tura”, “Luta” e “Emigração forçada e clandestina”

“CHEIO”23 ABR | 21.30 | Teatro das Figuras - FaroPeça apresenta-se de modo a convocar o público a descobrir e explorar o processo de trabalho artístico do intérprete

10.04.2015  10Cultura.Sul

Recursos patrimoniais versus sustentabilidade:o caso de Vila do Bispo

Espaço ao Património

No âmbito da minha ati-vidade enquanto arqueólo-go da Câmara Municipal de Vila do Bispo, partilho aqui algumas genéricas reflexões sobre o vastíssimo e particu-larmente atual tema da “ges-tão patrimonial”.

Em boa verdade, trata-se de um depoimento estrita-mente pessoal, num modo de pensamentos “em voz alta”, com o qual apenas pretendo partilhar um certo “estado de alma” e algumas positivas experiências profissionais e sociais a barlavento, no ter-ritório da ‘sagrada finisterra vicentina’.

Tempos de euforia turística e de feiras do património!

Se por um lado atravessa-mos tempos particularmente difíceis – a crónica desculpa para uma ‘cultural’ carência de investimento na Cultura –, por outro, definem-se no horizon-te alguns sinais de positivas re-ações, nem sempre genuínas, mas ainda assim assinaláveis. Apregoa-se a racionalização dos recursos disponíveis e o investimento low budget, a va-lorização dos recursos endó-genos, o envolvimento social e a integração comunitária, a implementação de mode-los de gestão partilhada e de cooperação intermunicipal, a abertura à iniciativa privada... enfim! Todavia, reincide-se na perigosa tendência de se olhar o Património numa perspeti-va meramente económica, en-quanto recurso financeiro.

Com isto, o Património lá vai dando “um ar da sua gra-ça”, surgindo amiúde ‘empa-cotado’, como oferta turística, sendo parcamente alimentado a migalhas, na expectativa da criação de uma salvadora, mas raramente profícua, “galinha dos ovos de ouro”... “só para inglês ver”!

Material ou imaterial, o Pa-

trimónio, enquanto legado de autenticidade natural e de identidade cultural, apre-senta-se, na prática, como um conceito demasiadamen-te abstrato, tendencialmente confundido com o património de ordem económica, quanti-ficável em valor, traduzível em retorno financeiro.

Os tradicionais paradigmas civilizacionais e as clássicas po-laridades dos fluxos de viagens intercontinentais alteram-se globalmente. O velho conti-nente europeu apresenta-se hoje como um atraente novo mundo de (re)descobertas, massivamente procurado pelo seu longo passado, por um certo ‘exotismo’ cultural e pela aventura intercivilizacional.

Ao sabor da mesma corren-te, Portugal vive uma verda-deira euforia turística, fruto do reconhecimento e procu-ra internacional de atraentes valores culturais de históricas cidades como Lisboa, Porto, Coimbra, Évora… A imateria-lidade cultural do fado, do cante e da dieta mediterrâni-ca encontra-se reconhecida no ‘panteão’ do Património Uni-versal. Surgem desconcertan-tes expressões como “feiras do património”. Santuários natu-rais, como os Açores, expõem--se aos enxames dos low cost. O turismo cultural e o turismo de natureza estão na moda! Aos agentes culturais exige-se um certo “toque de Midas”, ou seja, a alquímica capacidade

de transformar o Património em receita financeira.

Se por um lado o turismo implica, inevitavelmente, um destrutivo impacto no Patri-mónio (sobretudo natural), por outro, o turismo poderá ser trabalhado como garante do próprio Património. Não se tratando de uma natural rela-ção simbiótica, o Património e o turismo podem conviver em harmónica valorização mútua. A fórmula do equilíbrio deve-rá residir na sustentabilidade! Entretanto, a montante, há que promover o conhecimen-to profundo e a investigação

sistemática, a única via para a estabilidade da partilha – dig-nificar no presente um passa-do com futuro.

Boas práticas de gestão patrimonial

em Vila do Bispo

No Algarve, a região de Vila do Bispo ainda preserva deter-minadas áreas intocadas pela ação humana, que, por tão genuínas e raras, são por isso bastante procuradas por visi-tantes de todo mundo, nelas reconhecendo a pureza da ori-ginal autenticidade da Nature-

za. Porém, quando se trata de turismo de natureza, enquanto recurso dificilmente renovável, impõe-se uma decisiva formu-lação estratégica, mais uma vez assente na sustentabilidade!

Do ponto de vista cultural, as paisagens de Vila do Bispo também revelam interessan-tes e diversificados discursos antropogénicos, designada-mente arqueológicos, histó-ricos e etnográficos, muitos dos quais revestidos de apre-ciável monumentalidade.

As paisagens constituem-se como palcos de realidades tão distintas como complemen-tares. A sua integrada leitura permitir-nos-á partilhá-las, de modo sustentável e sem pre-juízo para os diversos apon-tamentos nelas implantados: a biodiversidade, a geologia, as marcas paleontológicas, os vestígios arqueológicos, os monumentos históricos, os re-cursos do mar, as terras culti-vadas... a Cultura!

O potencial do património vilabispense encontra-se am-plamente reconhecido e a sua procura já é uma indomada realidade. No sentido de uma prudente partilha de todo este complexo paisagístico, urge a sua aquilatada leitura e o seu efetivo conhecimento. Importa ordenar e educar a sua fruição, sob o risco da sua irreversível perda e vulgarização enquan-to extensão de uma região há muito descaracterizada.

Num território substan-cialmente dependente do

turismo, o estratégico desen-volvimento de diferenciados produtos de natureza e de cultura, pela sua diversidade, qualidade e latente potencia-lidade, permitirá uma alterna-tiva oferta aos habituais fluxos da sazonalidade.

A mais desafiante missão do projeto autárquico que te-nho vindo a integrar, consiste na promoção de estratégias com impacto socioeconómi-co, orientadas pelo reconhe-cimento de diferenciadores fatores de identidade local, potenciáveis como vantagens competitivas.

Na região algarvia, o turis-mo constitui o principal gera-dor económico, o “fim último” da esmagadora maioria das atividades público-privadas desenvolvidas entre São Vicen-te e o Guadiana. Numa região estigmatizada pela massifica-ção turística, e no âmbito de um mercado extremamente competitivo, a fórmula do ‘su-cesso’ reside, necessariamente, na qualidade e na diferencia-ção da oferta.

Posto isto, e em suma, tor-na-se essencial o profundo conhecimento dos territórios e das diversas realidades ne-les existentes. A montante, a investigação permitirá deli-near os trilhos mais equili-brados, minimizando o ine-vitável impacto da fruição turística e da partilha de um inestimável bem comum, promovendo-o tal como é, sem perda da sua natural es-sência diferenciadora.

O Concelho de Vila do Bis-po, território extremo, peri-férico e de baixa densidade, tem vindo a cultivar a apro-ximação, o diálogo e a cola-boração entre as tutelas do ambiente, da cultura e do turismo, as universidades, a comunidade científica, as empresas de turismo de na-tureza, hoteleiras e de restau-ração, os técnicos municipais, a comunidade local, as ativi-dades tradicionais, os novos e os mais velhos, o público em geral, a sociedade…

Só assim faz sentido, só assim será possível a sus-tentável ‘exploração’ socio-económica dos recursos pa-trimoniais presentes neste precioso recanto do mundo, tido como naturalmente ex-cecional, e por isso mesmo cada vez mais procurado!

Ricardo Soares Arqueólogo na Câmarade Vila do Bispohttp://vila-do-bispo-arqueologi-ca.blogspot.pt/

O Passado no Presente – estratégias de comunicação arqueológica

fotos: ricardo soares

O trilho certo dos Homens do Futuro – educação e sensibilização patrimonial

10.04.2015 11 Cultura.Sul

Da minha biblioteca

Adriana NogueiraClassicistaProfessora da Univ. do [email protected]

Na minha biblioteca tenho alguns livros de Herberto Helder (vá-rios de Poesia Toda, que nunca é toda), um poeta que come-cei a amar já tarde (já passava eu dos 30 anos), poeta preferi-do de algumas pesso-as que me são muito queridas, que me en-sinaram a descobri-lo e a lê-lo. Como pouco poderia acrescentar ao que tanto já foi dito e escrito aquando da sua recente morte, fica aqui uma seleção, pessoalíssima, da sua poesia.

disseram: mande um poe-ma para a revista onde cola-boram todos

e eu respondi: mando se não colaborar ninguém, porque

nada se reparte: ou se de-vora tudo

ou não se toca em nada,morre-se mil vezes de uma

só morte ouuma só vez das mortes to-

das juntas:só colaboro na minha morte:e eles entenderam tudo, e

pensaram: que este não cola-bore nunca,

que o demónio o leve, e foram-se,

e eu fiquei contente de nada e de ninguém,

e vim logo escrever este, o mais curto possível, e de-pressa, e

vazio poema de senti-do e de endereço e

de razão deveras,só porque sim, isto é: só

porque não agora

(in Servidões, 2013)

[…]A minha morte agora é

uma alegria manual escre-vendo escrevendo as suas musas intoleráveis.

Mas o próprio poema é que escreve o seu poeta arranca-do à música, à cega e sobres-saltada beleza dos acentos.

[…]

(in Retrato em Movimento, 1967)

Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra

e seu arbusto de sangue. Com ela

encantarei a noite.[…]

(in O amor em visita, 1958)

Dedicatória – a uma deva-garosa mulher de onde sur-gem os dedos, dez e queima-dos por uma forte delicadeza. Atrás, o monumento do seu vestido ocidental – erguido e curvo. E o vestido trabalhava desde o fundo e de dentro – como uma raiz branca – para o aparecimento da cabeça. A paisagem posterior é de livros, todos eles de costas voltadas, dominados pelas ardentes pancadas das suas letras.

[…]

(in Retrato em Movimento, 1967)

[…]Celebro a tecelagem, as

mãos som-bria-mente embebidas no tra-

balho. E por cimade tudo as pedrasrosas das cabeça, os cestos,

as liras, o pão.E em baixo o sangue bate

acen-den-do e apagan-do. E eu agora sei tudo, e

esqueçomuito devagar.[…]

(in Lugar, 1962)

Mulheres correndo, corren-do pela noite.

O som de mulheres corren-do, lembradas, correndo

como éguas abertas, como sonoras

corredoras magnólias. Mulheres pela noite dentro

levando nas patas grandiosos lenços brancos.

Correndo com lenços mui-to vivos nas patas

pela noite dentro. Lenços vivos com suas pa-

tas abertas como magnólias correndo, lembradas, patas

pela noite viva. Levando, lembrando,

correndo.

É o som delas batendo como estrelas

nas portas. O céu por cima, as crinas negras

batendo: é o som delas. Lembradas,

correndo. Estrelas. Eu ouço: passam, lembrando.

As grandiosas patas bran-cas abertas no som,

à porta, com o céu lem-brando.

Crinas correndo pela noite, lenços vivos

batendo como magnólias levadas pela noite,

abertas, correndo, lem-brando.

De repente, as letras. O ros-to sufocado como

se fosse abril num canto da noite.

O rosto no meio das letras, sufocado a um canto,

de repente. Mulheres correndo, de por-

ta em porta, com lenços sufocados, lembrando le-

tras, levando lenços, letras – nas patas negras, grandiosamente

abertas. Como se fosse abril, sufo-

cadas no meio.

Era o som delas, como se fosse abril a um canto

da noite, lembrando.

Ouço: são elas que partem. E levam

o sangue cheio de letras, as patas floridas

sobre a cabeça, correndo, pensando.

Atiram-se para a noite com o sonho terrível

de um lenço vivo. E vão batendo com as es-

trelas nas portas. E sobre a cabeça branca, as patas

lembrando pela noite dentro. O rosto sufocado, o som

abrindo, muito lembrado. E a cabeça cor-

rendo, e eu ouço: são elas que partem, pen-

sando.

Então acordo de dentro e, lembrando, fico

de lado. E ouço correr, le-vando

grandiosos lenços contra a noite com estrelas

batendo nas patas como magnólias pensan-

do, abertas, correndo. Ouço de lado: é o som. São

elas, lembrando de lado, com as patas no meio das letras, o rosto

sufocado correndo pelas portas

grandiosas, as crinas brancas batendo. E eu

ouço: é o som delas com as patas negras, com

as magnólias negras contra a noite.

Correndo, lembrando, ba-tendo.

(in A Máquina Lírica, 1964)

(a carta do silêncio)Há às vezes uma tal vee-

mência no silêncio que urgeinquirir se a poesia não é

uma prática para o silêncio.[…]

(in Photomaton e Vox)

A última obra de Herberto Helder intitula-se ‘A Morte Sem Mestre’

d.r.

AGENDAR“CORPO RESTRITO”

Até s3 MAI | Museu Municipal de FaroExposição fotográfica de Vasco Célio, com imagens inéditas dos objectos sobre modelos, Jóias da Fotogra-fia, com o objectivo principal de colocar em diálogo os novos conceitos da Joalharia Contemporânea de Autor

“PINTURA DE ANNA CUMMING”Até 30 ABR | Casa dos Condes - AlcoutimA artista gosta de pintar a natureza que a rodeia, re-centemente começou a incluir a figura humana nas suas paisagens

«Só colaboro na minha morte» Herberto Helder (1930-2015)

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