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Prtica de Ensino Supervisionada em Educao Pr-Escolar
Helena Umblina Afonso
Relatrio Final de Estgio apresentado Escola Superior de Educao de Bragana
para obteno do Grau de Mestre em Educao Pr-Escolar
Orientado por
Professora Doutora Maria Angelina Sanches
Bragana
2012
Prtica de Ensino Supervisionada em Educao Pr-Escolar
Helena Umblina Afonso
Relatrio Final de Estgio apresentado Escola Superior de Educao de Bragana
para obteno do Grau de Mestre em Educao Pr-Escolar
Orientado por
Professora Doutora Maria Angelina Sanches
Bragana
2012
I
Dedicatria
memria dos meus pais
Ao meu filho e minha nora
Ao Guilherme e Margarida.
AGRADECIMENTOS
II
Agradecimentos
Antes de iniciar a apresentao deste relatrio, expresso o mais profundo
agradecimento e considerao a todos aqueles que, pelo encorajamento e ajuda,
contriburam para que a realizao deste trabalho fosse possvel.
Agradeo especialmente minha orientadora, Professora Doutora Maria
Angelina Sanches, pelo seu saber cientfico, pela sua amizade, incentivo e
disponibilidade que demonstrou no decorrer deste trabalho.
Ao jardim de infncia onde realizei o estgio e, em particular, educadora da
sala em que me integrei, pela ajuda, disponibilidade e partilha de saberes, compreenso,
incentivo e franca colaborao que, ao longo do ano, me deram para a concretizao da
prtica profissional.
s crianas pelos momentos de alegria e carinho que me proporcionaram e pelo
que permitiram aprender, bem como aos seus pais pela ateno e colaborao prestadas
ao longo desse percurso.
Aos professores da Escola Superior de Educao do Instituto Politcnico de
Bragana, por me terem transmitido conhecimentos, que contriburam para a minha
formao.
Santa Casa da Misericrdia, instituio onde trabalho, pelo apoio e pelas
oportunidades criadas para que pudesse frequentar este curso.
s minhas amigas, pela amizade, incentivos, presena e confiana que
depositaram em mim, nos bons e maus momentos.
Gostaria ainda de deixar um agradecimento especial ao meu filho e minha
nora, pelo orgulho, fora, incentivo, confiana e compreenso que depositaram em mim
nos momentos mais difceis deste percurso e, sobretudo, por terem acreditado neste meu
sonho.
A todos, muito obrigada!
RESUMO
III
Resumo
O presente relatrio insere-se no mbito da unidade curricular de Prtica de Ensino
Supervisionada do Mestrado em Educao Pr-escolar e integra como principal objetivo
aprofundar a reflexo sobre a ao educativa que desenvolvemos ao longo do presente
ano letivo, num jardim de infncia situado em contexto urbano.
Nesse sentido, procedemos, num primeiro ponto, contextualizao da prtica
educativa e explicitao das opes pedaggicas em que se apoiou.
Num segundo ponto, procuramos descrever, analisar e interpretar algumas das
experincias de aprendizagem que desenvolvemos e que englobaram, de forma
integrada, as diferentes reas e domnios de contedo curricular. Ao longo do processo
educativo, procurmos mobilizar saberes que nos permitissem ajudar as crianas a
construrem aprendizagens significativas do ponto de vista da sua aprendizagem e
desenvolvimento. Tentmos sustentar esse processo em princpios pedaggicos de
natureza participativa, valorizando o papel ativo que as crianas assumem o seu prprio
processo de aprendizagem, o direito de serem respeitadas como seres capazes de tomada
de decises e o papel mediador que, nesse processo, o educador solicitado a assumir.
Tommos em considerao os interesses, necessidades formativas e ideias prvias do
grupo, bem como os espaos e recursos disponveis, quer ao nvel da sala de atividades,
quer da instituio e do contexto local, valorizando-os enquanto meios potencialmente
facilitadores de aprendizagem e bem-estar das crianas.
Por ltimo, procedemos a uma reflexo sobre a ao e formao em que nos
envolvemos, no sentido de melhor poder compreender e repensar esses processos, em
ordem ao desenvolvimento de respostas educativas de qualidade.
Em todo esse processo, foi fundamental procedermos ao alargamento de conhecimentos
de natureza terica e prtica, com base na consulta de literatura cientfica e pedaggica
no campo da educao de infncia e dos processos de aprendizagem e desenvolvimento
humano e em dados que, no decurso da prtica profissional, nos foi possvel recolher e
analisar.
Palavras-Chaves: Educao pr-escolar, aprendizagens integradas, participao ativa,
experincias de aprendizagem.
RESUMO
IV
Abstract
This report falls within the course of Supervised Teaching Practice of the Pre-school
Education Master and its main is to deepen the reflection on the educational activities
that were developed throughout this school year, in a kindergarten located in urban
context.
Therefore, at first we made the contextualization of the educational practice and
explained the pedagogical options in which it was supported.
Then we described, analyzed and interpreted some of the learning experiences that were
developed, that included, in an integrated way, different areas and domains of the
curriculum content. Throughout the educational process, we tried to mobilize
knowledge that would allow us help children build meaningful learning. We tried to
sustain this process on pedagogical principles of participatory nature, emphasizing the
active role that children assume in their own learning process, the right to be respected
in their decisions and also valuing the role of mediator that the teacher is asked to take.
We have taken into account the interests, training needs and the preconceived ideas of
the group, as well as the spaces and resources available, not only of the activity room
but also of the institution itself and the local context, regarding them as potential means
of facilitating learning and promoting the childrens well-being.
Finally, we proceeded to a discussion on the formation and action we engaged in, in
order to be able to understand and rethink these processes and develop quality
educational responses.
Throughout this process it was crucial to broaden theoretical and practical knowledge
through the consultation of scientific and pedagogical literature in the field of early
childhood education, of the processes of learning and human development and of data
that, in the course of the professional practice, we could collect and analyze.
Keywords: Pre-school education, integrated learning, active participation, learning
experiences.
NDICE GERAL
V
ndice Geral
Dedicatria ................................................................................................................................I
Agradecimentos ........................................................................................................................ II
Resumo.................................................................................................................................... III
Abstract .................................................................................................................................. IV
ndice Geral ............................................................................................................................. V
ndice de Figuras..................................................................................................................... VI
ndice de Tabelas ................................................................................................................... VII
Introduo................................................................................................................................. 1
Captulo I Contextualizao da prtica de ensino supervisionada ............................................ 4
1.1. Contexto institucional ................................................................................................ 4
1.2. Caraterizao do grupo de crianas ............................................................................ 7
1.3. Aspetos pedaggicos no funcionamento do grupo/sala ............................................. 10
1.3.1. O Espao ............................................................................................................. 11
1.3.2. O tempo educativo ............................................................................................... 15
1.3.3. As interaes ....................................................................................................... 17
1.4. Fundamentao das opes educativas ..................................................................... 18
Captulo II Descrio, anlise e interpretao de experincias de aprendizagem desenvolvidas
............................................................................................................................................... 25
2.1. Experincia de aprendizagem: (Re)organizao da rea da casa/faz-de-conta ............... 29
2.2. Experincia de aprendizagem: descoberta de novos conhecimentos .......................... 31
2.3. Experincia de aprendizagem: Observando para conhecer ............................................ 47
2.4. Experincia de aprendizagem: Descobrindo outros espaos culturais ........................... 60
2.5. Experincia de aprendizagem: descoberta dos padres ............................................. 65
Captulo III - Reflexo Final ................................................................................................... 70
Bibliografia ............................................................................................................................. 74
Anexos ................................................................................................................................... 78
NDICE DE FIGURAS
VI
ndice de Figuras
Figura 1 - Planta da Sala ......................................................................................................... 13
Figura 2 - rea da casa/expresso dramtica ........................................................................... 14
Figura 3 - Materiais ................................................................................................................. 14
Figura 4 - Materiais ................................................................................................................. 14
Figura 5 - rea da casa/faz-de-conta ....................................................................................... 30
Figura 6 - rea da casa/faz-de-conta, aps a transformao: casa e floresta ............................. 31
Figura 7 - Representao dos animais que entravam na histria ............................................... 34
Figura 8 - Associao dos nomes/Descoberta das letras/Diversidade de animais ...................... 36
Figura 9 - Descoberta de palavras que rimam .......................................................................... 38
Figura 10 - Trabalhos realizados pelas crianas com barro e material de desperdcio ............... 39
Figura 11 - Registo grfico da atividade de matemtica ........................................................... 41
Figura 12 - O circo construdo pelas crianas .......................................................................... 41
Figura 13 - Registo dos animais feitos pelas crianas ............................................................... 43
Figura 14 - Criana a untar a forma com manteiga ................................................................... 44
Figura 15 - Mistura dos ingredientes ....................................................................................... 44
Figura 16 - Confeo do bolo de iogurte .................................................................................. 45
Figura 17 - Registo da receita feita pelas crianas .................................................................... 46
Figura 18 - Observao das caratersticas das sementes ........................................................... 48
Figura 19 - Participao na organizao, concretizao e registo da atividade da sementeira .... 49
Figura 20 - Guio da atividade ................................................................................................ 50
Figura 21 - Escolha das sementes ............................................................................................ 50
Figura 22 - Guio de planificao em tabela de dupla entrada .................................................. 51
Figura 23 - Observao das sementes ...................................................................................... 52
Figura 24 - Registos feitos pelas crianas ................................................................................ 53
Figura 25 - Observao e registo da experincia de alteraes da cor de cravos ....................... 56
Figura 26 - Carta sobre o poema "A sementinha" .................................................................... 56
Figura 27 - Atividade de solubilidade ...................................................................................... 58
Figura 28 - Reproduo do tomateiro ...................................................................................... 59
Figura 29 - A Cidade dos Prncipes - Nadir Afonso ................................................................. 61
Figura 30 Produes das crianas ......................................................................................... 62
Figura 31 Trabalhos realizados pelas crianas....................................................................... 64
Figura 32 - Realizao de conjuntos e padres......................................................................... 66
Figura 33 - Construo de colares seguindo um padro ........................................................... 67
Figura 34 Registo dos padres realizados pelas crianas ....................................................... 68
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NDICE DE TABELAS
VII
ndice de Tabelas
Tabela 1- Frequncia de idades ................................................................................................. 8
INTRODUO
1
Introduo
A educao pr-escolar reconhecida, no nosso pas, como a primeira etapa da
educao bsica no processo de aprendizagem ao longo da vida, a qual deve favorecer a
formao e o desenvolvimento equilibrado da criana, tendo em vista a sua plena
insero na sociedade como ser autnomo, livre e solidrio (Lei n 5/97, de 10 de
Fevereiro). Requer-se que favorea o desenvolvimento global da criana,
proporcionando-lhe um ambiente rico em experincias educativas, em que seja
valorizada a participao das crianas, o exerccio ativo da sua cidadania e a igualdade
de oportunidades de sucesso de todos, no quadro de uma aprendizagem e
desenvolvimento ao longo da vida. A criana como ser ativo que , constri a sua
aprendizagem atravs de atividades que projeta e desenvolve, e que, potencialmente, a
leva a refletir e a aumentar a sua curiosidade e desejo de conhecer o mundo em que se
integra.
Tendo em conta esta linha de pensamento, o trabalho que aqui apresentamos
norteou-se por uma abordagem integradora e participativa, de matriz socio-
construtivista, atravs da qual nos foi possvel promover oportunidades para as crianas
se desenvolverem de forma global. Por sua vez, as experincias de aprendizagem foram
perspetivadas como meios facilitadores de expresso criativa das crianas, prazer na
experimentao pela descoberta, participao ativa e incentivo livre iniciativa para
intervir pelos seus prprios meios, enquanto cidados livres autnomos e solidrios.
Neste sentido, as experincias de aprendizagem foram estruturadas de modo a
favorecer o desenvolvimento integral das crianas, procurando responder aos seus
interesses e necessidades formativas e s linhas de ao definidas no projeto curricular
da sala/grupo. Procurmos apoiar o trabalho em princpios pedaggicos relevados nas
Orientaes Curriculares para Educao Pr-Escolar1 (ME/DEB; 1997), nas brochuras
de apoio operacionalizao destas nas diversas reas de contedo e nas Metas de
Aprendizagem para a Educao Pr-escolar.
O desenvolvimento da prtica de ensino supervisionada (PES) constituiu-se
como uma etapa fundamental na nossa formao profissional, permitindo-nos
familiarizar-nos com a realidade educativa que se desenvolve em contexto pr-escolar,
nas diversas interfaces de ao e de relao que integra. Assim, o presente relatrio
1 Considerando que, ao longo do texto, vamos utilizar vrias vezes a designao Orientaes Curriculares
para a Educao Pr-escolar, passamos a utilizar apenas Orientaes Curriculares.
INTRODUO
2
procura dar conta do processo educativo em que nos envolvemos numa sala de jardim-
de-infncia, situado em contexto urbano do concelho de Bragana, e com um grupo de
crianas com idades compreendidas entre os quatro e os seis anos de idade.
As experincias de aprendizagem que se apresentam incidem,
predominantemente, na rea de Conhecimento do Mundo, mais especificamente sobre o
envolvimento das crianas na descoberta e conhecimento de alguns animais. de
sublinhar que, sendo esse o ponto de partida para o envolvimento das crianas em
atividades de pesquisa, que nos propusemos promover, elas integraram uma abordagem
transversal e integradora de diferentes reas de contedo.
O trabalho encontra-se estruturado em trs captulos interligados, atravs dos
quais procuramos fundamentar, caraterizar e interpretar a prtica profissional que
desenvolvemos.
No primeiro captulo, procede-se contextualizao da prtica de ensino
supervisionada, caraterizando o contexto institucional, relativamente ao meio e rede da
educao pr-escolar em que se integra, e tambm a equipa educativa e o grupo de
crianas com o qual desenvolvemos a nossa interveno. Abordamos ainda, os aspetos
pedaggicos relativos ao funcionamento do grupo/sala, no que diz respeito
organizao do ambiente educativo, descrevendo o espao interior e exterior, bem como
os materiais pedaggicos, a organizao do tempo e a natureza das interaes
estabelecidas.
As opes educativas merecem tambm referncia, efetuando uma breve
descrio dos pressupostos tericos e metodolgicos em que procurmos apoiar a ao
educativa, sublinhando a importncia do recurso a uma pedagogia centrada na
participao ativa das crianas, no respeito por todas e na valorizao das suas
potencialidades e na procura de superao das limitaes, relevando a ao mediadora
que cabe ao educador desempenhar nesse processo.
No segundo captulo, so descritas, analisadas e refletidas algumas experincias
de aprendizagem, contemplando as vrias reas e domnios curriculares. Recorremos a
uma metodologia descritiva dos processos realizados, utilizando como instrumentos de
recolha de dados o dilogo, a observao direta, os registos e trabalhos das crianas, e
fotografias que evidenciam as tarefas e processos de aprendizagem promovidos.
Por fim, no terceiro captulo apresentada uma reflexo crtica, centrada na
anlise de alguns aspetos entendidos como fundamentais para ajudar-nos a melhor
compreender a ao educativa pr-escolar e para favorecer o nosso desenvolvimento
INTRODUO
3
profissional e pessoal. Assim, contemplamos nessa reflexo os processos de
planificao, a ao do educador, como observador, promotor, guia e avaliador de
aprendizagens integradoras e a progresso das crianas, a interao com as famlias e
outros parceiros educativos, entre outros aspetos.
So ainda apresentadas as referncias bibliogrficas consultadas para a
elaborao deste trabalho.
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
4
Captulo I Contextualizao da prtica de ensino supervisionada
Para melhor podermos compreender a ao educativa promovida, importa
conhecermos o contexto institucional e o ambiente educativo em que decorreu,
dimenses sobre as quais nos debruamos neste captulo
1.1. Contexto institucional
O presente trabalho foi desenvolvido num jardim de infncia da rede pblica de
educao pr-escolar, enquadrado num Agrupamento de Escolas, e situado num
contexto predominantemente urbano do nordeste transmontano.
O jardim de infncia tinha capacidade para abranger cinco grupos de crianas e,
conforme a legislao em vigor, um mximo de 25 crianas por sala. Todavia, esse
nmero pode ser inferior, caso o grupo integre crianas com necessidades educativas
especiais, como no caso do grupo de crianas com o qual desenvolvemos a nossa ao,
como mais adiante explicitamos melhor.
A instituio localiza-se numa rua com bastante afluncia de trnsito, devido
principalmente proximidade de uma superfcie comercial. O meio que a envolve rico
em servios educativos e sociais. Nas proximidades existe uma igreja, um
estabelecimento prisional, o mercado municipal, os servios da Segurana Social, os
bombeiros e a P.S.P., bem como uma zona de comrcio, cafs e restaurantes. Por isso,
quer pela localizao, quer pela existncia de todas estas infraestruturas e recursos faz
com que zona onde se integra a instituio seja bastante agradvel e de fcil acesso,
podendo contribuir para que possa ser implementada uma ao educativa de qualidade.
No que se refere s instalaes, trata-se de um edifcio de um s piso, ao nvel
do rs-do-cho, construdo de raiz para a funo educativa pr-escolar. Apresenta, em
nosso entender, uma planta bem estruturada e funcional, bem como boas condies e
equipamentos para desenvolver a ao educativa nas vrias reas e domnios que
engloba.
O espao interior composto por cinco salas de atividades, um gabinete de
apoio s atividades pedaggicas, que inclui uma biblioteca para as crianas, um gabinete
de coordenao, uma cozinha que utilizada como local de realizao de atividades de
culinria e atividades de expresso plstica, possuindo uma despensa destinada
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
5
arrumao dos materiais. Existem, ainda, quatro casas de banho, duas para adultos e
duas para as crianas e um salo polivalente, no qual so desenvolvidas atividades de
expresso motora, atividades diversas em grande grupo e festividades. , ainda,
utilizado como espao de recreio interior e para concretizao das atividades
promovidas ao nvel da componente de apoio famlia. Est equipado com diversos
recursos, como colches, televiso e vdeo, mesas, cadeiras, escorrega e casa para
poderem brincar ao faz de conta. Os corredores ligam todas as divises da instituio,
nos quais se encontram cabides que se destinam ao arrumo do vesturio e objetos das
crianas. Nas paredes destes corredores existem placares que servem para afixao dos
trabalhos realizados pelas crianas, podendo assim os pais visualizarem os trabalhos dos
seus filhos quando os vm buscar escola.
Todo o espao interior se encontra devidamente equipado com um sistema de
aquecimento central, que permite suportar as baixas condies meteorolgicas que se
fazem sentir em meses mais frios e apresenta boa luminosidade. No que respeita s
condies de segurana, est equipado com extintores de incndio e as sadas que
permitem uma fcil evacuao.
No que respeita ao espao exterior, podemos consider-lo amplo, agradvel e
favorvel prtica das mais diversas experincias de aprendizagem por iniciativa das
crianas ou orientadas pelos adultos. Encontra-se delimitado por um muro com grades,
de forma a favorecer a proteo e segurana das crianas. O pavimento constitudo por
paralelos, relva, areia e terra, permitindo s crianas explorar diferentes pisos e
atividades. O espao de recreio est equipado com parque infantil, adequado faixa
etria das crianas, facilitando o desenvolvimento da motricidade global e as interaes
entre as crianas. Dispe de um escorrega, barras e cordas para trepar, um apoio com
dois baloios, dois cavalinhos tendo uma mola na base, o jogo da macaca e um pequeno
campo de futebol. Segundo Hohmann e Weikart (2009) o espao exterior permite s
crianas brincarem juntas, inventar os seus prprios jogos e regras e familiarizarem-se
com os ambientes naturais (p. 231), dada a amplitude do mesmo, este era facilitador de
atividades de jogos e brincadeiras.
Este deve ser considerado um local privilegiado de recreio, onde as crianas tm
possibilidade de explorar e recriar o espao, possibilitando assim a vivncia de situaes
do quotidiano e deve tambm ser visto como um espao educativo, um prolongamento
do espao interior, proporcionando momentos educativos intencionais, planeados no s
pelo educador, mas tambm pelas crianas.
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
6
No que se refere ao funcionamento o jardim de infncia segue o calendrio
escolar da rede pblica. Para responder s necessidades educativas dos pais, para alm
das cinco horas letivas diria, inclui a componente de apoio famlia nos tempos do
incio da manh, hora de almoo e do fim da tarde, estando a instituio aberta por um
perodo alargado que vai das 8 s 19 horas
A instituio, como j referimos anteriormente, insere-se num Agrupamento de
Escolas, que engloba diferentes nveis educativos, o que, como alertam as Orientaes
Curriculares (ME/DEB, 1997), permite tirar proveito de outros recursos materiais e
humanos e partilhar de um projeto educativo comum, podendo tambm favorecer a
continuidade educativa.
A equipa educativa assume um importante papel na organizao do
funcionamento da instituio, no sentido de pens-la de modo a responder aos interesses
as necessidades formativas das crianas bem como das suas famlias, num quadro de
uma educao e cuidado de qualidade. Por isso, importa que, corroborando as ideias de
Hohmann e Weikart (2009), os membros da equipa partilhem idntico
comprometimento ao nvel da abordagem educacional e que partilhem informaes,
planeiem e avaliem, em conjunto, estratgias curriculares.
A equipa educativa da instituio, em que realizmos o estgio e que vimos a
caraterizar, era constituda por:
Cinco educadoras pertencentes ao quadro do Agrupamento de Escolas,
em que se inclui o jardim de infncia, estando uma delas sem grupo por
se encontrar a exercer funes de coordenao de departamento;
Uma educadora que integra a equipa de educao especial;
Uma Terapeuta da Fala;
Uma educadora do quadro de outro Agrupamento de Escolas, em
condies especficas, mas que colaborava nas atividades em
desenvolvimento na instituio.
Colaboram com esta equipa, o pessoal no docente, integrando sete assistentes
operacionais que apoiavam a componente no letiva e a componente de apoio famlia.
Importa sublinhar a preocupao manifestada pela equipa educativa em
promover e apoiar o desenvolvimento de projetos e atividades que encorajem as
crianas a tornarem-se participantes ativos, observadores atentos do mundo em que nos
integramos e capazes de formular juzos crticos. Tambm a preocupao em que as
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
7
crianas usufruam de experincias educativas com continuidade, mas diferenciando-se
das promovidas pela componente educativa e pela componente de apoio famlia.
O grupo de crianas proporciona o contexto imediato de interao que importa
ter tambm em considerao, pois como sublinham as Orientaes Curriculares (idem)
constitui a base do processo educativo (p. 34).
1.2. Caraterizao do grupo de crianas
A informao apresentada sobre as caratersticas do grupo de crianas decorre da
observao direta efetuada, de registos feitos pelas crianas, de dilogos atravs dos
quais era possvel identificar os seus interesses e necessidades formativas e de dilogos
com a educadora e outros intervenientes implicados na sua educao e cuidado.
Como referem Orientaes Curriculares (ME/DEB, 1997):
Observar cada criana e o grupo para conhecer as suas capacidades,
interesses e dificuldades, recolher as informaes sobre o contexto familiar
e o meio em que as crianas vivem, so prticas necessrias para
compreender melhor as caractersticas das crianas e adequar o processo
educativo s suas necessidades (p. 25).
Nesta linha de orientao importa caraterizar o grupo de crianas com o qual
trabalhmos, nas suas diferentes dimenses, para melhor podermos ponderar quais as
metodologias e estratgias mais adequadas para favorecer a sua aprendizagem, num
quadro de bem-estar e de facilitao do seu desenvolvimento.
As crianas manifestavam-se, de um modo geral, muito ativas, predispostas a
aprender e aderiam com motivao e interesse s experincias de aprendizagem
promovidas, relativamente a todas as reas de contedo contempladas nas Orientaes
Curriculares.
O grupo era constitudo por vinte crianas, com idade compreendidas entre 4 e
os 6 anos. A heterogeneidade etria do grupo pode entender-se como uma mais-valia
formativa, pois, como sublinham as Orientaes Curriculares (idem) sabe-se () que a
interao entre crianas em momentos diferentes de desenvolvimento e com saberes
diversos, facilitadora do processo de desenvolvimento e da aprendizagem (p. 35).
Nesta linha de pensamento, torna-se importante favorecer o trabalho entre pares ou em
pequenos grupos, no sentido de as crianas poderem partilhar e comparar os seus pontos
de vista com os de outros e de colaborar na resoluo de problemas e realizao de
tarefas.
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
8
As crianas provinham de diferentes zonas da cidade e de famlias com origens
sociais e culturais diferenciadas e com rendimentos econmicos tambm diferentes.
Ao nvel da distribuio etria, o grupo integrava maioritariamente crianas de
quatro anos, isto , de um total de 20 que integravam o grupo, 14 tinham quatro anos, 4
crianas tinham cinco anos, uma 3 anos e outra 6 anos, apresentando esta necessidades
educativas especiais (NEE).
Ao nvel do grupo sexual de pertena, observava-se uma organizao
equilibrada, sendo que de um total de 20 crianas, 50% eram do sexo feminino (10) e
50% do sexo masculino (10), como os dados da tabela 1 permitem observar.
Ao nvel do tempo de frequncia da instituio, a maioria das crianas (14)
frequenta pela segunda vez a instituio. Apenas uma criana frequenta pela primeira
vez, quatro frequentam pela terceira vez e uma criana frequenta pela quarta vez, sendo
portadora de NEE.
Tabela 1- Frequncia de idades
Frequncia
por idade
1 Vez 2 Vez 3 Vez 4 Vez Total por
idades e sexo
M F M F M F M F M F
4 Anos 0 1 8 6 0 0 0 0 8 7
5 Anos 0 0 0 0 2 2 0 0 2 2
6 Anos 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Total parcial 0 1 8 6 2 2 0 1 10 10
TOTAL 1 14 4 1 20
A criana com NEE apresentava limitaes graves ao nvel cognitivo, algumas
dificuldades na oralidade, utilizando frequentemente frases simples, distraia-se com
muita facilidade e demonstrava pouco controlo ao nvel psicomotor. Apesar das
dificuldades possudas, ao longo do ano, revelou progressos nos domnios referidos.
De forma a adequar o processo de ensino-aprendizagem para dar resposta s
necessidades desta criana, foram aplicadas, de acordo com o Decreto-Lei n.3/2008, de
7 de Janeiro, as seguintes medidas educativas: Apoio pedaggico personalizado (Artigo
17); Adequaes curriculares individuais (Artigo 18) e Adequaes no processo de
avaliao (Artigo 20).
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
9
Esta criana beneficiava de apoio em terapia da fala e era, ainda, apoiada, 4
horas por semana, por uma educadora com formao especializada em Educao
Especial.
O grupo era recetivo a novas experincias de aprendizagem, predisposto a levar
a cabo tanto as atividades propostas como as que surgiam por iniciativa prpria,
revelando uma atitude de questionamento e desejo de conhecer o mundo que nos rodeia.
As crianas manifestavam gostar de se envolver em atividades diversificadas e
dinmicas, demonstrando grande empenho em concretizar as tarefas propostas.
Parece-nos poder considerar, que se tratava de um grupo bastante ativo,
determinado a realizar diferentes atividades, manifestando grande desejo em explorar e
tirar partido dos materiais e espaos existentes e em questionar os adultos, no sentido de
satisfazer a sua curiosidade. Essa manipulao constante dos objetos estimulava o seu
sentido de criatividade e desenvolvimento psicomotor.
Funcionava como um todo, independentemente de ser um grupo heterogneo,
participando todas as crianas na planificao e reviso/reflexo das atividades.
Manifestavam interesses semelhantes, gostavam muito de se envolver em atividades
ldicas nas diferentes reas da sala, nomeadamente: faz de conta/dramatizao;
construes; jogos; expresso plstica, que inclua o desenho, pintura, recorte, colagem
e modelagem. Manifestavam tambm interesse pela expresso oral, atravs da leitura e
audio de histrias, que contribuam para a criao de um mundo de fico e, atravs
deste, para o conhecimento da realidade. Demonstravam ainda interesse pela rea da
biblioteca e pela utilizao das novas tecnologias.
As crianas mostravam interesse em aprender, implicando-se com empenho na
realizao de atividades de natureza diversa, mas em particular, nas que lhes
possibilitavam acompanhar com gestos e movimento, manipular e explorar materiais, o
que nos parece reforar a ideia que a curiosidade natural das crianas e seu desejo de
aprender podem ser fomentados e alargados atravs das oportunidades de contacto,
descoberta e explorao do mundo que a educao pr-escolar lhes possibilita
experienciar (ME/DEB, 1997).
As regras e normas de convivncia em contexto de sala eram j conhecidas das
crianas, o que lhes proporcionava uma maior autonomia no domnio da rotina diria da
sala, embora, por vezes se observassem dificuldades em cumpri-las, sobretudo, no que
se refere a respeitar a vez de falar de cada um, nos tempos de trabalho em grande grupo.
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
10
Ao nvel das interaes que estabeleciam com pares, por vezes, surgiam
conflitos, mas prevalecia a entreajuda e o respeito pelos direitos de cada um. Em suma,
as crianas manifestavam-se carinhosas, ativas, criativas e procuravam agir com
autonomia.
O conhecimento do nvel profissional e sociocultural dos pais das crianas
revela-se tambm importante, na medida em que influencia o ambiente sistmico da
criana. Pelos dados a que nos foi possvel aceder, parece-nos poder entender que o
grupo dos pais/famlias se apresentava heterogneo, sendo-nos sobretudo possvel
observar a existncia de diferentes graus de habilitao acadmica, profisses, faixas
etrias e organizao da estrutura familiar. Respeitando e valorizando essas
caratersticas, foi nossa preocupao solicitar e acolher os contributos de todas as
famlias para o desenvolvimento do projeto curricular que nos propusemos desenvolver
e ir partilhando com elas informaes que permitissem compreender e apoiar a
aprendizagem e desenvolvimento das crianas, procurando criar relaes de bom
entendimento e mtua confiana e favorecer a complementaridade definida na Lei
Quadro da Educao Pr-escolar (Lei n 5/97, de 10 Fevereiro).
Neste mbito, de considerar a ideia apontada por Hohmann e Weikart (2009),
em que alertam que uma das formas possveis que podem levar construo de
relaes confiantes o levar a ver-se, a si prprio e aos outros, como membros de uma
mesma famlia: a famlia da humanidade (p. 120) e, ao que ns acrescentamos, a olhar
a tarefa educativa das crianas como uma responsabilidade partilhada, pelo que a
partilha de (in)formaes se torna necessria.
1.3. Aspetos pedaggicos no funcionamento do grupo/sala
Pretendendo que a educao pr-escolar se apresente com um contexto
facilitador do desenvolvimento global das crianas, este deve ser organizado de modo a
proporcionar s crianas o necessrio bem-estar e incentivo explorao e descoberta.
Por conseguinte, torna-se importante proceder a uma organizao cuidada dos espaos e
dos tempos que facilitem s crianas envolver-se em diferentes nveis de interao, em
situaes educativas de natureza diversa e que integrem uma progressiva complexidade.
O processo educativo em que nos envolvemos foi organizado tendo em conta as
intencionalidades do projeto curricular de grupo/sala e a planificao semanal das
atividades, sendo orientado segundo perspetiva curricular holstica e integradora.
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
11
Como referem as Orientaes Curriculares (ME/DEB, 1997) cabe ao educador
planear situaes de aprendizagem que sejam suficientemente desafiadoras, de modo a
interessar e a estimular cada criana, apoiando-a para que chegue a nveis de realizao
que no chegaria por si s (p. 26).
A planificao um importante suporte para a ao e avaliao educativas,
entendendo-se como devendo integrar suficiente flexibilidade para integrar as alteraes
e sugestes que se considerem pertinentes para responder a interesses e necessidades
formativas diferenciadas e, por conseguinte, possibilitar uma ao que favorea a
progresso de todas as crianas.
Neste sentido, procurmos planificar a ao educativa de modo a englobar
experincias de aprendizagem que permitissem s crianas desenvolver competncias
de natureza diversa e criar oportunidades para que, as suas opinies e intenes de
trabalho, pudessem ser apresentadas e integradas na planificao. Instaurar esta
dinmica no foi uma tarefa fcil, mas que, procurmos promover, contando com a
cooperao daqueles que acompanhavam e supervisionavam a nossa ao,
reconhecendo a longa caminhada que importa percorrer.
Nesse processo, procurmos ter presente a importncia de proporcionar s
crianas experincias de aprendizagem em que pudessem assumir um papel ativo e
progredir com vista aos desenvolvimento de competncias que facilitassem a sua plena
insero na sociedade como seres autnomos, livres e solidrios (Lei n 5/97, 10 de
fevereiro).
1.3.1. O Espao
Como preconizam as Orientaes Curriculares (ME/DEB, 1997), importa ter em
conta que Os espaos de educao podem ser diversos, mas a organizao e o tipo de
equipamento, e os materiais existentes e a forma como esto dispostos condicionam, em
grande parte o que as crianas podem fazer e aprender (p.37).
Como alerta Gandini (1999), importa tornar os espaos mais do que apenas um
local til e seguro, pois, devem refletir a cultura e a histria de cada instituio. As
crianas necessitam sentir que no s um contexto agradvel e acolhedor, como
espao de construo de conhecimento e de desenvolvimento da cultura das pessoas.
No que se refere sala onde desenvolvemos a ao educativa, esta integrava
uma forma hexagonal, com cerca de 42 m2de rea, boa luminosidade e fcil arejamento.
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
12
A sua organizao foi concebida como um espao flexvel, aberto s mudanas,
de modo a dar resposta a necessidades e interesses emergentes e a fomentar a autonomia
e a independncia das crianas. Como alertam as Orientaes Curriculares (1997):
A organizao e a utilizao do espao so expresso das intenes
educativas e da dinmica do grupo, sendo indispensvel que o educador se
interrogue sobre a funo e finalidades educativas dos materiais de modo a
planear e fundamentar as razes dessa organizao (p.37)
Entendemos ser essencial que as crianas compreendam como o espao
organizado e como pode ser utilizado, participando dessa organizao e nas decises
sobre as mudanas a introduzir-lhe. Aspeto que procurmos ter em conta, colaborando
com a educadora responsvel pelo grupo, para tornar efetiva essa dimenso. Assim, e
sendo a sala de atividades um espao destinado ao desenvolvimento de atividades
educativas, que podem ocorrer em grande ou pequenos grupos e a nvel individual,
essas dimenses foram levadas em considerao na sua organizao e envolvidas as
crianas nesse processo.
A organizao das reas de trabalho dava possibilidade ao adulto de visualizar
todas as crianas, proporcionando assim o acompanhamento das atividades que
realizavam e os grupos de interao que constituam.
No centro da sala existia um espao amplo, que era utilizado como rea de
trabalho em grande grupo, sentando-se as crianas em cadeiras dispostas em crculo.
Esse espao era utilizado como zona de acolhimento e para planear, fazer e rever as
atividades, dialogar sobre tpicos do interesse do grupo, organizao do trabalho e
desenvolvimento de atividades diversas, como leitura de histrias, entoao de canes,
jogos e dramatizaes.
No que se refere organizao das restantes reas de trabalho da sala, num
primeiro momento encontravam-se em funcionamento: a rea da casa/faz de conta,
construes; jogos, expresso plstica e biblioteca. As crianas participaram na
identificao e organizao dessas reas e dos materiais nelas includas, o que permitiu
a realizao de atividades de classificao, atendendo a caratersticas como cor, forma,
tamanho, organizao de sequncias, padres entre outras experincias educativas.
Como sugerem as Orientaes Curriculares (1997), a reflexo permanente
sobre a funcionalidade e adequao do espao e as potencialidades educativas dos
materiais permite que a sua organizao v sendo modificada de acordo com as
necessidades e evoluo do grupo (p.38).
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
13
Nesta linha de pensamento e procurando promover novas oportunidades de
aprendizagem e de desenvolvimento das crianas, sentimos necessidade de reestruturar
algumas reas de aprendizagem, como ao longo da descrio das mesmas, teremos
ocasio de referir.
Na figura que se segue apresenta-se a planta da sala, que d conta da
organizao obtida aps essa transformao.
A rea da casa das bonecas est bem equipada, no espao de cozinha tem lava-
loia, fogo, mesa, quatro cadeiras e vrios utenslios de cozinha, tudo em pequenas
dimenses. O espao do quarto tem cama, bonecos, guarda-fatos, arca com roupa,
calado e adornos diversos, que permitem s crianas a explorao de diferentes
possibilidades de faz-de-conta e de experimentao de vrios papis sociais, e
familiarizar-se com diferentes culturas. O uso de materiais em tamanho real acaba por
ser pertinente, pois so objetos com os quais podem contactar em casa e que as crianas
podem utilizar. Na rea de faz-de-conta (ver figura 2) onde se observam maiores
interaes, revelando as crianas necessidades de assumir e reproduzir papis e
situaes de natureza diversa.
Legenda
Placares 1-rea dos jogos
Janelas 2-rea das construes
Armrios de documentao e
apoio
3-rea da biblioteca
Armrio de apoio aos
materiais
4, 5, 6, 7 - rea de expresso
plstica: modelagem, recorte e
colagem, pintura e desenho
8- rea da casa da casa/ faz-de-
conta
Portas
Kidsmart
Figura 1 - Planta da Sala
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
14
A rea da casa das bonecas integrou algumas alteraes, ao longo do ano, tendo
sido envolvidas as crianas nesse processo, no sentido de melhor puderem compreender
a importncia que assume um espao bem organizado. Este espao foi transformado,
integrando materiais que pudessem ajudar a imaginar e recriar um espao que as
crianas denominaram e passaram a explorar como sendo uma floresta, onde havia
diferentes seres vivos, como mais adiante poderemos ver.
Na sala encontravam-se materiais diversificados, estando identificados, de modo
a facilitar o acesso das crianas aos mesmos.
Estes apresentavam diferentes tamanhos,
formas, bem como diferentes possibilidades de
utilizao.
Ao longo da prtica, para alm de
termos procurado introduzir nas reas diversos
materiais, tentmos tambm promover
aprendizagens ativas, fomentando a interao
entre e com as crianas e apoiando-as sempre
que necessrio. Era dada liberdade para as crianas trabalharem por si, usufruindo de
oportunidades para se expressarem e auxiliando-as quando necessrio.
Nas paredes da sala havia grandes placares, servindo um deles para apoio
pintura e os outros facilitavam a exposio/afixao das produes das crianas,
realizadas ao longo do ano, refletindo aprendizagens realizadas e permitindo dar e
receber feedback em relao ao trabalho desenvolvido.
Existiam ainda quadros que ajudavam a regular o funcionamento do grupo, entre
os quais destacamos o quadro da rotina diria, o quadro das presenas e o quadro das
regras. Tambm a organizao e o funcionamento desses quadros foram partilhados e
Figura 4 - Materiais
Figura 2 - rea da casa/expresso dramtica
Figura 3 - Materiais
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
15
explorados com as crianas, o que levou a que as normas previstas pudessem ser
compreendidas e aceites.
1.3.2. O tempo educativo
A sala onde decorreu a prtica pedaggica estava organizada em torno de uma
rotina diria, que procurava ir ao encontro dos interesses e necessidades formativas e de
desenvolvimento das crianas. Importa considerar que, como referem as Orientaes
Curriculares (1997) a rotina diria pr-escolar educativa porque intencionalmente
planeada pelo educador e porque conhecida pelas crianas que sabem o que podem
fazer nos vrios momentos e prever a sua sucesso, tendo a liberdade de propor
modificaes (p. 40).
A organizao de tempo oferece segurana e confiana s crianas, na medida
em que lhes permite prever e entender alguns acontecimentos. Da que, e corroborando
a ideia expressa pelas Orientaes Curriculares (idem), se procurasse organizar uma
rotina que contemplasse de forma equilibrada diversos ritmos, tipos de atividade e
situaes, designadamente a nvel individual, em pequenos e em grande grupo, e
permitisse criar oportunidades diversificadas de aprendizagem.
Nesta linha de pensamento, tornou-se importante prever e organizar um tempo
estruturado, flexvel e, sobretudo, que tivesse sentido para as crianas. Esse tempo pode
entender-se, ainda, como contribuindo para a promoo da autoiniciativa na realizao
de escolhas e na tomada de decises, da criatividade e resoluo de problemas.
Esse tempo educacional era, por vezes, desestabilizado quando as crianas
acompanhadas dos pais chegavam atrasadas.
A rotina diria praticada no grupo/sala em que nos integrmos, era a que a seguir
descrevemos. No que se refere rotina da manh: Acolhimento; Tempo de trabalho em
grande grupo; Tempo de lanche; Tempo de recreio; Tempo de trabalho em pequeno
grupo; Interrupo para o almoo. A rotina da tarde integrava: Relaxamento; Tempo de
planear; Tempo de trabalho; Tempo de rever; Lanche (leite) e Tempo de recreio.
Assim, existiam diferentes momentos de trabalho e interao entre as crianas
e entre estas e os adultos. No momento de acolhimento, de manh, quando as crianas
entravam na sala, sentavam-se em cadeiras, formando um crculo para cantar a cano
dos bons dias, conversavam um pouco entre si e com os adultos sobre vivncias, saberes
e observaes diversas.
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
16
No tempo de trabalho em grande grupo, eram criadas oportunidades de
envolvimento das crianas em experincias de aprendizagem nos diferentes domnios,
tal como explorar histrias, poesias, lengalengas, canes, jogos de linguagem e de
movimento, entre outros.
O tempo de lanche/recreio tornava-se um tempo de liberdade de ao, de
movimento e convvio entre grupos de todas as salas. Quando o tempo climatrico
permitia as crianas usufruam do espao exterior, caso contrrio, recorria-se ao salo
polivalente.
O tempo de trabalho em pequeno grupo era um tempo destinado
experimentao e explorao dos materiais por parte das crianas. Como referem
Hohmann e Weikart (2009) o tempo de pequeno grupo quando planeado tem em vista
os interesses das crianas, encorajam-nas a fazer coisas de que so capazes e que
gostam de realizar (p. 375). As crianas dispem de liberdade face utilizao dos
materiais e na descrio das suas produes, recorrendo linguagem oral e abordagem
escrita. O tempo de arrumar destinava-se a arrumar os materiais utilizados e dos
espaos frequentados. No almoo, algumas crianas iam almoar cantina de uma
instituio que tambm se enquadra no Agrupamento de Escolas e onde ele tinha a sua
sede, as restantes iam almoar a casa com a famlia.
O relaxamento era um momento de concentrao e de ouvir msica, decorria em
grande grupo e permitia preparar as crianas para as atividades que iriam desenvolver.
Seguia-se o tempo de planear em que as crianas e adultos se juntavam com vista a
planear as diversas atividades a concretizar pelas crianas.
No tempo de trabalho em pequenos grupos (da tarde), as crianas concretizavam
as atividades previamente planeadas.
Por fim, no tempo de reviso procedia-se sistematizao das experincias de
aprendizagem desenvolvidas, atravs do dilogo em grande grupo, escutando e
partilhando opinies.
Pode considerar-se, corroborando a opinio de Hohmann e Weikart (2009), que
ao fazer planos dirios, ao segui-los e, depois, ao relembrar aquilo que fizeram, as
crianas pequenas aprendem a articular as suas intenes e a refletir sobre as suas
aes (p. 247).
Pretendeu-se criar uma sequncia regular de acontecimentos que define, de
forma flexvel, o uso do espao e a forma como adultos e crianas interagem durante o
tempo em que esto juntas (Hohmann & Weikart, 2009, p. 226). Cada criana foi
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
17
conquistando uma forma particular de viver cada um desses tempos, aumentando a sua
curiosidade e o interesse de explorar diferentes materiais e desencadeando novas
experincias de aprendizagem.
Aos adultos a rotina diria facilitou-lhes a observao das crianas em ao e a
possibilidade de dar um maior apoio extenso da sua ao, podendo planificar de
acordo com as necessidades e interesses do grupo de crianas. Como refere Oliveira-
Formosinho (2007),
a rotina diria e o ambiente educacional so um organizador duplo da ao do
educador, porque, por um lado, requerem uma iniciativa docente pr-ativa e por
outro criam condies estruturais para a criana ser independente, ativa,
autnoma, numa utilizao cooperativa do poder (p.70) .
Nesta linha de pensamento, podemos dizer que a organizao do tempo se
constituiu como uma rotina flexvel e aberta, que proporcionou momentos diversos de
interao, de aprendizagem e de participao ativa de todos.
1.3.3. As interaes
As interaes so um importante meio de aprendizagem e o modo como estas se
apresentam permite compreender o tipo de perspetiva pedaggica em que esse processo
apoiado. As crianas e os adultos so seres ativos e interativos (Hohmann & Weikart,
2009). Pode entender-se que as crianas so ativas na escolha dos materiais, atividades e
colegas de brincadeira. Por sua vez, os adultos assumem um papel ativo ao apoiar e
participar nas experincias de aprendizagem iniciadas pelas crianas, bem como, ao
planificar as experincias de grupo e ao promover a sua concretizao, incentivando e
apoiando cada criana descoberta. Por outro lado, crianas e adultos so interativos
nas iniciativas que tomam juntos e quando respondem s iniciativas uns dos outros. So
interaes desta natureza que facilitam a aprendizagem.
Como tal, torna-se importante criar um ambiente educativo que promova o
desenvolvimento de aprendizagens, dando oportunidades s crianas de participarem
ativamente na construo do seu conhecimento, atravs da realizao de experincias de
aprendizagem nas diferentes reas de contedo.
Na sala em que nos integrmos, existiam regras, direitos e deveres que todos
procuraram ter em conta. As crianas conheciam-nos, no entanto, quando algum no os
cumpria, era alertado por colegas ou adultos, procurando criar-se um ambiente de
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
18
respeito por todos e de responsabilidade pessoal pelo cuidado e preservao dos espaos
e dos materiais que so pertena de todos.
Durante a prtica pedaggica procurou-se favorecer o envolvimento de todos os
intervenientes no processo educativo (educadoras, pais, crianas e parceiros da
comunidade), o que possibilitou vivenciar experincias de aprendizagem estimulantes,
bem como conhecer outros espaos educativos da cidade, alargando por isso o campo de
interao.
Ao longo deste processo, promovemos atividades que pudessem contribuir para
ajudar as crianas a desenvolverem os seus planos e ideias. Assumindo o papel de
observador, fizemos perguntas, comunicmos com as crianas, procurmos escutar as
suas ideias e sugestes, motiv-las para a concretizao de jogos e brincadeiras,
estimulando-as para a partilha e a cooperao com os outros, no sentido de cada um
poder crescer, ser bem-sucedido e agir com progressiva autonomia. No sentido, de
melhor poder compreender-se os fundamentos em que todo esse processo foi apoiado,
importa que aprofundemos a reflexo sobre as opes educativas levadas em
considerao.
1.4. Fundamentao das opes educativas
Vrios autores e organizaes2 tm, nas ltimas dcadas, vindo a alertar para a
importncia de promover respostas educativas pr-escolares de qualidade, constituindo,
por isso, um importante suporte para ajudar-nos a pensar a nossa ao educativa.
As Orientaes Curriculares3 apresentam um conjunto de princpios que visam
apoiar os educadores no processo educativo a desenvolver com as crianas, sublinhando
a importncia da sua interveno ao nvel da organizao do ambiente educativo e do
desenvolvimento de experincias educativas tendo em conta as seguintes reas e
domnios de contedo: rea de formao pessoal e social; rea de
expresso/comunicao, contemplando o domnio de expresses (plstica, musical e
dramtica), o domnio da linguagem e abordagem escrita e o domnio da matemtica;
e a rea de conhecimento do mundo.
Segundo as Orientaes Curriculares (ME/DEB, 1997),
2 Entre os autores sublinhamos os contributos de Piaget, Bruner, Vygotsky e Dewey e entre as
organizaes os contributos da OCDE, promovendo esta organizao estudos e relatrios com
recomendaes e sugestes a ter em conta para a melhoria dos servios de educao de infncia. 3 Despacho n5220/97, de 4 de Agosto; Ministrio da Educao/Departamento de Educao Bsica (1997).
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
19
no se pretende que a educao pr-escolar se organize em funo de uma
preparao para a escolaridade obrigatria, mas que se perspetive no sentido
da educao ao longo da vida, devendo, contudo, a criana ter condies
para abordar com sucesso a etapa seguinte (p. 17).
Pretende-se, sobretudo, que a educao pr-escolar crie as condies necessrias
para que todas as crianas possam aprender e criar gosto em conhecer e em continuar a
instruir-se ao longo da vida, para o que se requer que promova a sua autoestima e
autoconfiana e o desenvolvimento de competncias que lhes permitam reconhecer as
suas possibilidades e progressos, e ter sucesso (idem).
Ao nvel da nossa interveno educativa procurmos promover experincias de
aprendizagem que tivessem como base de sustentao as Orientaes Curriculares, as
metas de aprendizagem, e o projeto curricular da sala/grupo, favorecendo uma
abordagem globalizante e integrada.
Nesta perspetiva, a intencionalidade que carateriza a ao profissional que
desenvolvemos passa pela tomada em considerao de vrias dimenses da interveno
que se prendem com observar, planear, agir, avaliar, comunicar e articular, como
sugerem as Orientaes Curriculares (idem, pp.27,28).
Recorremos a uma metodologia descritiva dos processos realizados e utilizmos
como instrumentos de recolha de dados, os dilogos, os registos feitos pelas crianas, os
registos da observao que realizvamos e fotografias relativas ao processo de ensino-
aprendizagem.
Tomando como ponto de partida os interesses, necessidades formativas e ideias
prvias das crianas, procurmos explorar contedos das diferentes reas curriculares,
mas merecendo particular relevo a rea do Conhecimento do Mundo, com incidncia
nos tpicos a floresta e os seres vivos, mais especificamente os animais.
Pretendendo orientar esse processo segundo uma perspetiva de aprendizagem de
natureza socioconstrutivista, procurmos, como sugere Bruner, de acordo com
Kishimoto (2007), promover uma aprendizagem por descoberta e valorizando a
participao das crianas, com vista a promover aprendizagens significativas.
Todavia, no se trata de um processo fcil, confrontando-nos com a necessidade,
de, em simultneo, responder a solicitaes diversificadas, o que nos levou a sentir
desanimadas, mas sem que perdssemos a firme deciso de ir em frente e caminhar, no
sentido de todos podermos enriquecer-nos e ajudar-nos mutuamente a progredir.
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
20
Para que melhor pudssemos fundamentar e orientar esse processo procurmos
aprofundar os nossos saberes em torno dos modelos curriculares mais conhecidos, no
nosso pas, e reconhecidos como podendo apoiar o desenvolvimento de prticas de
qualidade. Entre esses modelos situam-se o modelo curricular High Scope, o modelo
curricular do Movimento Escola Moderna e o modelo pedaggico de Reggio Emilia.
Estes modelos apontam para a adoo de uma pedagogia diferenciada, transversal e
flexvel.
Assim, importa retomar as ideias de Formosinho (2011), que considera que:
os modelos curriculares incorporam uma viso integradora dos fins da
educao e das fontes do currculo, dos objetivos e dos mtodos de ensino,
dos mtodos e da organizao do espao e do tempo escolar.
Consubstanciam uma viso sistmica da educao para a cidadania e da
prtica da sala de aula, dos princpios curriculares e da formao contnua
de educadores congruentes com esses princpios. Assim, os modelos
curriculares so um poderoso instrumento de mediao da teoria e da prtica
(p. 11).
Passamos a debruar-nos sobre as linhas de ao em que se apoia cada um
desses modelos, no sentido da procura de contributos que nos permitam fundamentar e
melhor concretizar a prtica profissional.
O Modelo Reggio Emlia, de acordo com Lino (2007), acentua a importncia
da interao, da participao e da colaborao, bem como do ambiente fsico,
considerando que todos os espaos e materiais devam ser cuidadosamente planeados e
organizados de forma a criar um ambiente educativo, onde educadores, pais e crianas
se sintam bem. Existe uma preocupao particular com a beleza e harmonia dos
espaos, no sentido de assegurar s crianas um ambiente que lhes proporcione a
realizao de experincias diversas e que responda aos seus interesses e necessidades
formativas. Entende-se que a organizao do espao fsico e o desenvolvimento do
processo de aprendizagem das crianas resultam de um trabalho de cooperao e
colaborao entre todos os intervenientes no processo, educadores, crianas, pais e a
comunidade em geral.
O tempo dirio organizado de modo a possibilitar momentos de trabalho e
reflexo entre crianas e adultos. Esse tempo no regulado exaustivamente, de modo a
dar tempo para estabelecer interaes e atender a ritmos diferenciados de trabalho e de
aprendizagem das crianas.
Neste modelo acredita-se na competncia da criana e acentua-se uma imagem
de sujeito com direitos, rico em recursos e interesses, e capaz de continuamente
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
21
construir e testar teorias acerca de si prprio e do mundo que o rodeia (Lino, 2007).
Acredita-se, ainda, que a colaborao um elemento fundamental e que marca a
diferena no processo educativo, sendo importante reconhecer a sua riqueza e vantagens
na construo do conhecimento. Por isso, como sublinha Lino (2007, retomando ideias
de Malaguzzi, 1998), o papel dos pares e o trabalho de pequeno e grande grupo so
considerados como essenciais e necessrios ao desenvolvimento cognitivo das crianas.
Entende-se como importante encorajar as crianas ao dilogo, a emitir juzos crticos,
comparar, negociar levantar hipteses e resolver problemas no mbito do grupo (idem).
O papel do educador tambm relevado, considerando a importncia de
escutar as crianas, observar e registar os diferentes momentos da sua ao, incentiv-
las resoluo de problemas, favorecer a construo de um ambiente educativo rico e
estimulante, partilhar ideias e sugestes e promover experincias de aprendizagens
diversificadas.
Neste sentido, os projetos surgem em contextos de investigao e de
experincias em grupo, onde no seu planeamento so traados objetivos e formuladas
hipteses, tendo em conta os interesses e necessidades formativas das crianas.
A documentao pedaggica das experincias e atividades realizadas,
merecem, tambm, grande ateno nas prticas inscritas neste modelo, recorrendo a
formas diversificadas de registo: escritos; registos em vdeo, udio e fotogrfico e
amostras de trabalhos das crianas. O recurso aos espaos verticais para dar a conhecer
e promover a reflexo sobre as produes das crianas tambm uma dimenso
considerada neste modelo.
O modelo curricular High-Scope alicera-se numa perspetiva de
aprendizagem pela aco (Hohmann & Weikart, 2009), relevando princpios bsicos
que dizem respeito interao adulto-criana, ao ambiente de aprendizagem, rotina
diria e avaliao.
Segundo Oliveira-Formosinho (2007), o currculo High-Scope () no
acredita na diretividade das aprendizagens pr-estruturadas, mas tambm no acredita
em situaes totalmente desestruturadas em que meros acessos de energia da criana
sugerem, no momento, cursos de ao, ao educador (p. 68). Como refere a autora
(idem), num contexto educacional High-Scope, a estruturao da situao emerge dos
contributos dos adultos e das crianas.
Os defensores deste modelo consideram que as crianas aprendem mais atravs
da interao com as pessoas e os materiais que existem sua disposio. Assim, e no
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
22
que refere ao papel do adulto, Oliveira-Formosinho (2007) sublinha que deve ser o de
criar situaes que desafiem o pensamento atual da criana e, assim, provoquem
conflito cognitivo (p. 71), no sentido de favorecer a sua aprendizagem e
desenvolvimento. Todavia, no pode deixar de se considerar que o empenhamento
ativo e individual da criana que constitui o motor de construo do seu conhecimento,
mas tambm que com a colaborao do adulto renova esse empenhamento e, por
conseguinte, crie oportunidades de aprendizagem.
Este modelo d grande importncia planificao da organizao dos espaos
e dos materiais, de modo a tornarem-se facilitadores de uma aprendizagem ativa, dando
s crianas oportunidades de escolha e deciso. O espao da sala de atividades ,
normalmente, organizado por reas diferenciadas que possibilitam que as crianas
realizem diferentes aprendizagens curriculares. Essa organizao pode ir integrando
alteraes ao longo do ano, em funo das necessidades formativas e interesses que o
desenrolar do jogo quotidiano das crianas vai permitindo identificar. As reas devem
conter materiais visveis, acessveis e etiquetados (Oliveira-Formosinho, 2007;
Hohmann & Weikart, 2009) o que permite s crianas a vivncia de um quotidiano
ordenado e conquista de autonomia em poder escolher, usar e arrumar sozinho os
materiais de que necessita.
A avaliao implica que os profissionais levem a cabo tarefas diversas para
observar as crianas, interagir com elas e planear para elas. Segundo Hohmann e
Weikart (idem), neste modelo avaliar significa trabalhar em equipa para construir e
apoiar o trabalho nos interesses e competncias de cada criana (p. 9).
O Movimento da Escola Moderna (MEM), segundo Niza (2007), assenta num
Projecto Democrtico de autoformao cooperada de docentes, que transfere, por
analogia, essa estrutura de procedimentos para o modelo de cooperao educativa nas
escolas (p. 125). A escola entendida como um espao de iniciao vida
democrtica, em que valorizada a organizao participada e a criao de um clima de
livre de expresso, reforado pela valorizao e partilha das suas experincias de vida,
das suas opinies e ideias.
Segundo Niza (2007), uma primeira condio em que se fundamenta o MEM
a da constituio dos grupos de crianas, no por nveis etrios, mas, de
forma vertical, integrando de preferncia as vrias idades para que se possa
assegurar a heterogeneidade geracional e cultural que melhor garanta o
respeito pelas diferenas individuais no exerccio da interajuda e
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
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colaborao formativas que pressupe este projecto de enriquecimento
cognitivo e sociocultural (p. 131).
, ainda, defendido que as crianas devem usufruir de tempo ldico para que
possam explorar ideias e materiais ou documentos, e se interroguem sobre eles, no
sentido de suscitar projetos de pesquisa iniciados pelo educador ou pelas crianas. A
partilha de responsabilidade so pilares da organizao do trabalho e do exerccio do
poder, o que implica o envolvimento de educadores e educandos no planeamento e
avaliao das atividades curriculares. Preconiza-se uma prtica partilhada com sentido
social, de modo a garantir o exerccio ativo da cidadania, assente em valores de respeito,
de autonomizao e de solidariedade.
Neste sentido, como sublinha Niza (2007), os educadores assumem-se como:
promotores da organizao participada; dinamizadores da cooperao; animadores
cvicos e morais do treino democrtico; auditores ativos para provocarem a livre
expresso e a atitude crtica (p. 139).
As crianas participam ativamente na tomada de decises e assumem
responsabilidades na distribuio de tarefas necessrias dinmica do grupo, ou outras,
como as que se referem participao na resoluo de situaes de conflito, marcao e
verificao de presenas.
valorizada a interao com a comunidade e a articulao com as famlias,
referindo Niza (2007), que:
conta-se com o envolvimento e implicao das famlias e da comunidade,
quer para resolver problemas do quotidiano de organizao, quer para que o
jardim-de-infncia possa cumprir o seu papel de mediador e de promotor
das expresses culturais das populaes que serve (p. 40).
A famlia e a comunidade so convidadas a participar nas sesses de animao e
em diversas atividades, valorizando-os como fontes de conhecimento e de (in)
formao.
Na linha de pensamento que temos vindo a desenvolver, importa sublinhar que,
no decurso da nossa ao, sentimos necessidade de organizar o ambiente educativo,
entendendo a criana como agente ativo na construo da sua aprendizagem e
procurando cultivar a sua curiosidade e criatividade, desempenhando o papel de
mediadores desse processo.
Assim, corroborando a opinio de Hohmann e Weikart (2009), foi tambm nossa
preocupao encorajar as crianas a uma aprendizagem ativa, no dizendo s crianas o
que aprender ou como aprender, mas em vez disso, proporcionar-lhes oportunidades de
CONTEXTUALIZAO DA PRTICA
24
terem controlo sobre a sua prpria aprendizagem. Por outro, tal como indicam as
Orientaes Curriculares (ME/DEB), criar condies favorveis para poderem aprender
e desenvolver-se. Criar um ambiente onde a criana pudesse ser possuidora de voz
prpria, envolver-se em dilogos e tomada de decises, onde a criana se sentisse com
liberdade de expresso para poder expandir informaes e ideias, nas suas diferentes
formas de expresso oral, escrita ou artstica.
Procurmos, assim, que o nosso papel fosse o de apoiar e guiar as crianas nas
diferentes aventuras ldicas e experincias de aprendizagem em que procurmos
envolv-las, reconhecendo que a explorao uma das formas mais importantes da
aprendizagem.
A planificao das atividades e a reflexo com as crianas sobre as aes
desenvolvidas; o registo dos comentrios das crianas, em cada tempo da rotina, foram
uma mais-valia para melhor compreender e orientar o processo de ensino-
aprendizagem. Procurmos, ainda, que as crianas valorizassem e acedessem a
instrumentos culturais que lhe fossem teis para aprender e para continuar a aprender ao
longo da vida.
EXPERINCIAS DE APRENDIZAGEM
25
Captulo II Descrio, anlise e interpretao de experincias de
aprendizagem desenvolvidas
Neste captulo pretendemos explicitar, analisar e interpretar algumas das
experincias de aprendizagem desenvolvidas, tendo em conta as diferentes reas e
domnios curriculares previstos nas Orientaes Curriculares. Referem-se no apenas a
momentos de ao, mas tambm de formao, uma vez que contriburam no s para a
aprendizagem e desenvolvimento das crianas e para a nossa prpria aprendizagem e
desenvolvimento pessoal e profissional.
Procurmos favorecer o desenvolvimento de aprendizagens integradoras, de
natureza diversificada, que promovessem a participao ativa da criana e que
abrangessem as diferentes reas de contedo curricular previstas na Orientaes
Curriculares, embora, como j antes referimos, nem sempre essa tarefa se nos
apresentou fcil de concretizar.
Como referem as Orientaes Curriculares (ME/DEB, 1997):
se a criana aprende a partir da ao, as reas de contedo so mais do que reas
de atividades pois implicam que a ao seja ocasio de descobrir relaes
consigo prprio, com os outros e com os objetos, o que significa pensar e
compreender (pp.47-48).
Nesta linha de pensamento, procurmos promover experincias educativas que
levassem em conta o desenvolvimento e a espontaneidade das crianas, no sentido de
estimular o seu desejo de descobrir e favorecer a sua criatividade, progresso e insero
na sociedade como ser autnomo, livre e solidrio.
No que se refere rea do Conhecimento do mundo, importa lembrar que est
relacionada com a introduo s cincias, conhecimento do meio prximo e outros
meios e culturas. Trata-se de uma rea que pressupe despertar a curiosidade natural da
criana e desejo de saber, abrangendo saberes sociais, mtodo cientfico, observao e
registo, construo de conceitos, educao para a sade e ambiente. Assim,
promovemos vrias atividades com o objetivo de desenvolver conhecimentos sobre o
meio envolvente e realizao de experincias, proporcionando s crianas a
oportunidade de formular e testar hipteses, observar e partilhar ideias e, assim, ampliar
os seus conhecimentos.
No que se refere rea de Formao Pessoal e Social, uma rea transversal,
sendo por isso considerada uma rea integradora que enquadra e d suporte a todas as
EXPERINCIAS DE APRENDIZAGEM
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outras (ME/DEB, 1997, p.51). Assenta no conhecimento de si, do outro e na relao
com os outros. Pode, portanto, dizer-se que o desenvolvimento pessoal e social se apoia
na construo de um ambiente relacional em que as crianas sejam e se sintam
escutadas e valorizadas, em ordem ao desenvolvimento da autoestima, autoconfiana e
independncia, aprendendo a saber ser, a saber relacionar-se e a saber fazer. Estas
atitudes favorecem a autonomia e socializao, a conscincia de diferentes valores
sociais e a aquisio de um esprito crtico, promovendo a aprendizagem da cidadania.
Trata-se de dimenses que procurmos ter em conta nas diferentes atividades e projetos
desenvolvidos.
No que diz respeito rea de expresso e comunicao, procurmos ter em
conta, tal como sugerem as Orientaes Curriculares (ME/DEB, 1997), as
aprendizagens relacionadas com o crescimento psicomotor e simblico as quais
determinam a compreenso e o progressivo domnio de diferentes formas de
linguagem (p. 56). Esta rea integra vrios domnios, designadamente: o domnio das
expresses motora, dramtica, plstica e musical, que tendo vertentes prprias se
complementam; o domnio da linguagem oral e abordagem escrita e o domnio da
matemtica.
Todos esses domnios devem entender-se relacionados entre si, porque, como
afirmam as Orientaes Curriculares (idem) se referem aquisio e aprendizagem
de cdigos que so meios de relao com os outros, de recolha de informao e
sensibilizao esttica, indispensveis para a criana representar o seu mundo interior e
o mundo que a rodeia (p.56).
No mbito da expresso dramtica, surge o jogo simblico e dramtico, como
forma de descoberta de si e do outro, afirmao de si prprio e a interao com outras
crianas em pleno contexto das atividades. O educador deve favorecer a ampliao do
jogo simblico atravs de iniciativas que alarguem as propostas das crianas, criando
novas situaes de comunicao. Corroboramos a ideia de que a expresso dramtica
de extrema importncia para o crescimento das crianas, pois atravs das
representaes simblicas que tomam conscincia das suas reaes e do seu poder sobre
a realidade, e o dos outros, usufruindo de oportunidades de comunicao de uns com os
outros. Para fomentar o jogo simblico recorremos a fantoches e a peluches de animais,
entre outros tipos de materiais colocados disposio das crianas.
A expresso plstica um domnio bastante trabalhado, como meio de
representao e comunicao. Est intimamente relacionada com a expresso motora,
EXPERINCIAS DE APRENDIZAGEM
27
pois implica o controlo da motricidade fina, atravs do manuseamento de materiais,
instrumentos e tcnicas que vo desde o desenho, pintura, modelagem, recorte e
colagem. Procurmos promover o contacto com materiais diversificados, para que as
crianas os experimentassem e realizassem as suas produes e criaes, respeitando-as.
Para alargar conhecimentos e despertar a curiosidade das crianas em relao
expresso artstica organizmos uma visita de estudo ao Museu Abade Baal para ver as
obras do pintor Nadir Afonso, pois consideramos que o contacto com a pintura, a
escultura e a arte promovem o enriquecimento cultural das crianas e ampliam o seu
conhecimento e desenvolvimento esttico do mundo em que nos integramos.
A expresso musical foi bastante trabalhada, possibilitando s crianas envolver-
se em diversas atividades que lhe permitiam aprender a escutar, cantar, tocar, produzir e
explorar ritmos e sons e, por vezes, danar.
Em relao expresso motora, foram proporcionadas atividades e materiais que
proporcionaram s crianas sentir, utilizar e exercitar o seu corpo. Neste sentido, foram
realizadas atividades de expresso motora no salo polivalente e no exterior, bem como
vrios jogos, incluindo os tradicionais, entre outros, que surgiam por iniciativa das
crianas ou dos adultos. Essas atividades permitiram ainda, como sugerem as
Orientaes Curriculares (ME/DEB, 1997), ajudar a uma progressiva interiorizao do
esquema corporal e tambm a tomada de conscincia do seu corpo em relao ao
exterior - esquerda, direita, em cima, em baixo, etc. (p. 58). Neste sentido, merece
considerar que situando o seu prprio corpo que a criana apreende as relaes no
espao relacionadas com a matemtica (idem).
No que se refere ao domnio da matemtica, importa relevar que o quotidiano do
jardim-de-infncia oferece s crianas mltiplas oportunidades de realizarem
aprendizagens matemticas, cabendo ao educador a criao de momentos de
consolidao e sistematizao dessas aprendizagens. atravs da vivncia do espao e
do tempo que as crianas constroem muitas noes matemticas, como as que decorrem
da tomada de conscincia da sua posio e deslocao no espao e da relao e
manipulao de objetos que ocupam espao, permitindo-lhes aprender, por exemplo, o
que est longe e perto, dentro, fora e entre, aberto e fechado, em cima e em baixo
(ME/DEB, 1997, p. 73). Permite-lhes, ainda, descobrir princpios lgicos que lhe
proporcionam classificar, seriar e ordenar objetos. Cabe ao educador a importante tarefa
de promover experincias diversificadas, incentivar e apoiar a reflexo das crianas, que
lhe permitam ampliar a construo de noes matemticas (idem).
EXPERINCIAS DE APRENDIZAGEM
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Deste modo, procurmos desenvolver vrias experincias de aprendizagem do
domnio matemtico, surgindo algumas atividades espontneas e outras de atividades
propostas pelo adulto. Para uma melhor compreenso dos conceitos a explorar,
recorremos a materiais diversificados, alguns levados pelo adulto e outros que existiam
na sala, como por exemplo, legos, domins e lpis, entre outros. Esses materiais
ajudaram-nos a explorar semelhanas e diferenas, utilizando, por vezes, a
correspondncia, a quantidade e o algarismo. Tambm, procurmos proporcionar o
contacto com outros materiais, explorando noes como, por exemplo, as unidades de
medida, em que disponibilizamos diferentes recipientes para que as crianas pudessem
experimentar, comparar e testar capacidades e volumes.
Quanto ao domnio da linguagem oral e abordagem escrita foram criadas
formas variadas de representao, procurando criar um clima de comunicao que
favorecesse o enriquecimento do seu vocabulrio. Nesta perspetiva, proporcionmos
momentos de contacto livre e direto com diferentes tipos de cdigos simblicos e
manuscritos, explorando, com carter ldico, imagens, gravuras e texto, para que as
crianas sentissem interesse e prazer pela leitura e pela escrita e, pela comunicao
verbal e no-verbal. Indo, assim, ao encontro das Orientaes Curriculares (ME/DEB,
1997), quando afirmam que:
cabe ao educador alargar intencionalmente as situaes de comunicao, em
diferentes contextos, com diversos interlocutores, contedos e intenes que
permitam s crianas dominar progressivamente a comunicao como
emissores e receptores (p. 68).
Pretendemos promover momentos que potencializassem a emergncia da escrita
e a aquisio de um maior domnio da linguagem oral, promovendo a leitura de
diferentes textos, recorrendo leitura e narrao de histrias, poesias, trava-lngua,
lengalengas e explorao de rimas, diviso silbica e jogos de natureza diversa.
Empenhmo-nos em criar, em conjunto com a educadora e as crianas, um ambiente
agradvel e promotor de oportunidades de comunicar. Neste sentido, partilhamos da
opinio de Sim-Sim, Silva e Nunes (2008), defendendo as autoras que
Para que a criana possa aprender a comunicar usando a lngua do seu grupo
social, precisa de estar imersa num ambiente onde oua falar e tenha
oportunidade para falar com falantes da sua lngua materna. Para alm do
contexto familiar, o ambiente educativo do jardim-de-infncia constitui um
dos contextos privilegiados para o desenvolvimento das capacidades
comunicativas e lingusticas da criana (p. 11)
EXPERINCIAS DE APRENDIZAGEM
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Quanto rea de Conhecimento do mundo, entendemos ser fundamental
procurar conhecer o meio envolvente para fortalecer a sua curiosidade e compreenso
do mundo em que nos integramos. Neste sentido, foram promovidas vrias sadas ao
exterior, no sentido de favorecer ocasies de descoberta e de interao com a
comunidade prxima, mas aproveitando outras oportunidades para conhecer modos de
vida e recursos culturais de outros contextos mais distantes, para o que recorremos a
meios como a televiso, internet e livros. Promovemos ainda algumas atividades
experimentais, comeando por conhecer as ideias prvias das crianas, de forma a
proporcionar-lhes a ajuda necessria para enriquecerem os seus conhecimentos. Como
referem Martins et al. (2009): cabe ao(s) educadores(as) conceber e dinamizar
atividades promotoras de literacia cientfica, com vista ao desenvolvimento de cidados
mais competentes nas suas dimenses pessoal, interpessoal, social e profissional (p. 15).
Tendo em conta as diferentes reas de contedos atrs referidas, apresentam-se,
de seguida, algumas das experincias de aprendizagem que desenvolvemos e que
ajudam a melhor compreender o modo como decorreu a nossa interveno educativa.
2.1. Experincia de aprendizagem: (Re)organizao da rea da
casa/faz-de-conta
A rea da casa/faz-de-conta encontrava-se organizada por dois espaos, um de
cozinha e o outro de quarto, onde as crianas se envolviam em atividades de explorao,
imitao e faz-de-conta, representando situaes relacionadas com a confeo de
refeies, o cuidar da casa e o desempenho de papis familiares diversos, bem como, de
explorao de tpicos que emergiam de atividades e projetos desenvolvidos na sala ou
de acontecimentos que experienciavam ou ouviam falar. A imitao de animais e a
procura de adereos que as ajudassem a representar esse papel, faziam parte de algumas
das atividades ldicas que a realizavam.
Refletindo sobre as potencialidades formativas que essa rea poderia oferecer e
os interesses ldicos que as crianas revelavam, pareceu-nos importante repensar a sua
organizao, no sentido de alargar oportunidades de representao e aprendizagem que
proporcionava. Assim, e para melhor nos assegurarmos da necessidade dessa
transformao e as linhas em que orient-la, recorremos a fontes diversas de recolha de
informao, incluindo a escuta das crianas e observao de vrias situaes de faz de
conta que a eram desenvolvidas nos tempos de trabalho nas reas.
EXPERINCIAS DE APRENDIZAGEM
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Da leitura desses dados, entendemos que essa rea poderia ser tornada no s
mais atrativa e funcional, como integrar novas e diferentes oportunidades de interao e
de explorao de objetos e materiais, enriquecendo a atividade ldica das crianas e, por
conseguinte, as suas possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento. As imagens
que a seguir se apresentam do conta da forma como a rea se encontrava organizada.
Foi nosso objetivo que as crianas participassem na reorganizao desse espao,
de modo a que melhor compreendessem a importncia que assume um espao bem
organizado. Assim, estabelecemos um dilogo, em grande grupo, para a recolha de
opinies e sugestes das crianas sobre o que poderiam e gostariam de poder fazer
naquela rea, e que materiais ou equipamentos seria interessante arranjar para equip-la.
A intencionalidade principal incidiu em criar um espao que assumisse uma
nova dinmica (in)formativa e recreativa, considerando que, como alertam Castro e
Rodrigues (2008):
uma das funes do jardim-de-infncia criar ambientes de aprendizagem ricos,
em que as crianas se possam desenvolver como seres de mltiplas facetas,
construindo percees e bases onde alicerar aprendizagens, que se refletiro ao
longo da vida, quer nas aprendizagens, quer na socializao e mesmo no
reconhecimento de algumas regras e pr