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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº 1163 Junho/2013 Quixelô - CE “Gosto do cheiro do mato Do sertão a onde eu moro Mesmo estando na cidade A minha terra eu adoro E eu estando longe dela Se sentir saudade eu choro Por isso é que eu imploro Não me deixe aqui ficar Mesmo eu ganhando dinheiro Eu pretendo regressar A terra que eu nasci Não há de me abandonar” (Poema de Davi Calisto Neto) E é como recita o poeta dos versos acima que Dona Terezinha, 66 anos, realizou há pouco mais de uma década o sonho de ter uma vida simples e mais tranqüila no campo. Nascida em Campina Grande - PB, Dona Terezinha foi morar em São Paulo em 1977, onde ficou lá por 25 anos trabalhando e perto de alguns de seus familiares. Com isso em 2002 ao fazer uma visita a Quixelô - CE, o coração falou mais alto e fez com que ela não pensasse duas vezes em trocar a agitada cidade de São Paulo pela pacata e modesta vida na comunidade Chapada a cinco quilometros de Quixelô, realizando assim seu grande sonho de um dia morar no campo. Dona Terezinha cita que ao chegar à propriedade não encontrou muita coisa por ali, apenas um pé de pitomba e a antiga casa, que hoje fica no mesmo terreno, porém ao lado da sua atual residência, servindo como boas lembranças do passado, ou seja, um museu para Dona Terezinha e para quem chega ao local. Na casa antiga observamos os antigos fogões usados por ela em um passado não tão distante, sendo um a lenha e outro a carvão. O antigo moedor de milho ainda esbanja destaque na sala ao lado do pequeno armazenamento de sementes em garrafas pet. Pode-se notar também coisas exóticas, como a casa não mais habitada pelo joão de barro, ave nativa da região que em toda estação visitava Dona Terezinha. Preservando o passado e convivendo com o meio ambiente

Preservando o passado e convivendo com o meio ambiente

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Page 1: Preservando o passado e convivendo com o meio ambiente

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº 1163 Junho/2013

Quixelô - CE

“Gosto do cheiro do mato Do sertão a onde eu moro Mesmo estando na cidade A minha terra eu adoro E eu estando longe dela Se sentir saudade eu choro Por isso é que eu imploroNão me deixe aqui ficar Mesmo eu ganhando dinheiro Eu pretendo regressarA terra que eu nasci Não há de me abandonar”

(Poema de Davi Calisto Neto)

E é como recita o poeta dos versos acima que Dona Terezinha, 66 anos, realizou há pouco mais de uma década o sonho de ter uma vida simples e mais tranqüila no campo. Nascida em Campina Grande - PB, Dona Terezinha foi morar em São Paulo em 1977, onde ficou lá por 25 anos trabalhando e perto de alguns de seus familiares. Com isso em 2002 ao fazer uma visita a Quixelô - CE, o coração falou mais alto e fez com que ela não pensasse duas vezes em trocar a agitada cidade de São Paulo pela pacata e modesta vida na comunidade Chapada a cinco quilometros de Quixelô, realizando assim seu grande sonho de um dia morar no campo.

Dona Terezinha cita que ao chegar à propriedade não encontrou muita coisa por ali, apenas um pé de pitomba e a antiga casa, que hoje fica no mesmo terreno, porém ao lado da sua atual residência, servindo como boas lembranças do passado, ou seja, um museu para Dona Terezinha e para quem chega ao local.

Na casa antiga observamos os antigos fogões usados por ela em um passado não tão distante, sendo um a lenha e outro a carvão. O antigo moedor de milho ainda esbanja destaque na sala ao lado do pequeno armazenamento de sementes em garrafas pet. Pode-se notar também

coisas exóticas, como a casa não mais habitada pelo joão de barro, ave nativa da região que em toda estação visitava Dona Terezinha.

Preservando o passado e convivendo

com o meio ambiente

Page 2: Preservando o passado e convivendo com o meio ambiente

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará

Realização Apoio

A falta de água ainda é um ponto crucial para Dona Terezinha, mas com muita perseverança e criatividade ela armazena água das chuvas através de uma bica que colhe a água do telhado que cai em uma cisterna quadrada de tijolos que ela mandou construir, semelhante à cisterna de placa do P1MC (Programa Um Milhão de Cisternas), porém, com menos capacidade de armazenamento. Além disso também é armazenada água da chuva em pequenas dornas e baldes, a fim de servir aos animais da propriedade e aos animais nativos que a visitam.

O amor pelos seres vivos é algo notório a todos que a conhecem ou passam por ali. Um grande comedouro para pássaros tem seu endereço fixo há anos no centro do quintal, criando um ponto de encontro certo e com horário marcado pelas aves da região, todos os dias pela manhã. Os cachorros de Dona Terezinha também são muito comentados na comunidade pela beleza e saúde que eles esbanjam e não podemos esquecer é claro, do caçula e tão querido gato de estimação de Dona Terezinha, o Bento, que já deixou bem claro para os cachorros que ele é quem manda dentro da residência.

Outro ponto de destaque na propriedade de Dona Terezinha é a diversidade de plantas nativas, frutíferas e a grande variedade de flores que cercam a propriedade fazendo com que tudo isso junto formem uma grande experiência de vida e superação e que reflete como exemplo para todos que a visitam. Isso demonstra claramente que é possível a convivência no Semiárido, mesmo em regiões menos propícias a água das chuvas.

Dona Terezinha não se casou e nem teve filhos, mas esbanja uma felicidade incontestável para quem a conhece. Ela ama seus vizinhos e vive em harmonia com a natureza e com os animais e

considera-se uma pessoa privilegiada por Deus.

Seu quintal é como um santuário preservado e com uma diversificação de espécies que se respeitam e cumprem o ciclo natural da vida.

“Não reclamo da vida na cidade, lá eu iniciei tudo e consegui juntar um dinheiro pra ter uma velhice mas tranqüila”, diz Dona Terezinha”.