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Livro Ergonomia

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Projeto Ergonômico de Salas de Controle

PROJETO ERGONÔMICO DE SALAS DE CONTROLE

Venétia SantosMaria Cristina Zamberlan

BOLSA DE AUXÍLIO À PESQUISA SOBRE ERGONOMIA, CORRESPONDENTE À CONVOCAÇÃO DE 1992.

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FICHA CATALOGRÁFICA

Santos, V: Zamberlan, M.C.

Projeto Ergonômico de Salas de Controle Fundación Mapfre – SP – Sucursal Brasil

143 p.:il.

1. Ergonomia2. Salas de Controle3. Projeto Ergonômico I.Título

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Agradecimentos

A todos aqueles que nos permitiram observar seu trabalho e compartilhar o seu cotidiano.

Às empresas e instituições que acreditaram e investiram nos ergonomistas.

Aos profissionais que nos ensinaram que a transformação e melhoria do trabalho não se esgota na Ergonomia.

Dedicamos este Projeto aos nossos filhos Taíssa, Joana, Pedro e Marco; aos nossos país, aos nossos maridos, João e Fábio, que nos acompnham nessa caminhada científica; à amiga Margaretee, e a toda a equipe da

ERGON Projetos.

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Introdução

Com o avanço das novas tecnologias, transformam-se não só os meios e a organização do trabalho mas, também, os requisitos de formação dos operadores.

A partir da automação dos setores industriais e de serviços, as relações entre os usuários e os meios de produção alteraram-se substancialmente.

A Ergonomia, ciência que vem estudando as transformações das atividades humanas no trabalho, participa há alguns anos dos processos de automação, adaptando as situações de trabalho ao homem.

Na última década, vários ergonomistas (SPERANDIO, J., 1983; KEYSER, V., 1980; DANIELLOU, F., 1987) contribuíram para a elaboração de alguns modelos sobre o trabalho humano, principalmente em centros e salas de controle do processo. Esses estudos foram realizados em diversos setores, como: montagem de automóveis, refinação de petróleo, fabricação de cimento, fabricação de papel, controle de usina nuclear, controle de tráfego aéreo, e controle das linhas de metrô e trem.

As salas de controle são fruto da introdução, no meio industrial, de técnicas de transmissão à distância e de ordens de comando que permitem agrupar a maioria de comandos e medidas em um único local.

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Os processos de automação começaram com a introdução de sistemas de controle local e passaram, progressivamente, para o nível de coordenação de todos os subsistemas. Os sistemas de comando foram dotados de sistemas de vigilância, centralizando as informações dos automatismos em uma sala de controle ou em um posto de vigilância.

A atividade humana se transformou. Hoje, controlar um processo significa controlar um sistema físico que evolui de maneira mais ou menos contínua. O controle do processo é o conjunto de intervenções que busca manter as grandezas físicas, que interferem em determinados valores, sejam quais forem as variações externas e internas do sistema. O objetivo desse procedimento é obter, permanentemente, um funcionamento normal do sistema, atuando em regulagens pontuais que devem ser executadas pelos automatismos ou pelos operadores humanos.

Quando os automatismos funcionam a intervenção humana não é necessária, mas em situações de irregularidade os operadores são indispensáveis para assegurar as tarefas de tomada de decisão.

Do ponto de vista da Ergonomia, estuda-se a presença humana ainda necessária nos sistemas automatizados, que tem por atividade conduzir, regular e supervisionar o funcionamento de um sistema que evolui de maneira contínua.

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A Ergonomia traz métodos de análise e conhecimentos científicos sobre o funcionamento dos operadores humanos, que tem papel crucial para o funcionamento do sistema, para sua produção e segurança. Ela contribui para o projeto do trabalho humano de maneira a torná-lo compatível com os comportamentos dos operadores.

A concepção e projeto ergonômico de uma sala de controle é parte de um processo de concepção e de realização de toda uma unidade de produção. Sobre o plano prático, a Ergonomia interfere no processo projetual desde os estudos de viabilização, nas fases iniciais da concepção, até a implantação das situações criadas, passando pela definição dos ambientes de trabalho, definição do mobiliário, definição de equipamentos informatizados, configuração de telas, pelo recrutamento de pessoal, e pela formação e organização do trabalho.

A complexidade do projeto de trabalho é um tema de extrema importância, que implica em uma reflexão conjunta de vários profissionais.

Objetivando elucidar as questões humanas que estão relacionadas ao processo de automação e sua importância na concepção dos centros de controle, propomos este Manual, que servirá como referência para outros profissionais envolvidos na automação do trabalho. Nosso intuito é apresentar algumas questões que devem ser consideradas no projeto de salas de controle.

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No primeiro capítulo encontram-se detalhados o histórico e a evolução das salas de controle, assim como a evolução das atividades humanas nos processos automatizados.No segundo capítulo são abordadas as questões projetuais das novas situações de trabalho. Em seguida são levantados os fatores relacionados à organização do trabalho, à definição do mobiliário e do ambiente físico, assim como recomendações para a configuração de telas.Nos últimos dois capítulos são apresentados dois estudos de caso realizados no Setor Petroquímico da Refinaria Alberto Pasqualini/PETROBRÁS, Canoas - RS, e no METRÔ do Rio de Janeiro. Esses exemplos elucidam a contribuição da abordagem ergonômica no projeto dos Centros ou de Salas de Controle.

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Índice

I. A ERGONOMIA E AS SALAS DE CONTROLE1. A Evolução Tecnológica e as Salas de Controle1.1. Instalações1.2. Quadro Sinótico1.3. Monitor em Cores e Computador2. A Evolução das Atividades Humanas no Controle do Processo2.1. Atividade de Controle do Processo2.2. Etapas de Tomada de Decisão no Controle do Processo

II. METODOLOGIA1. Aspectos Metodológico1.1. Análise das Situações Existentes1.2. Métodos e Técnicas1.2.1. Métodos Diretos1.2.2. Métodos Subjetivos2. O Funcionamento Humano2.1. Exigências Humanas na Atividade de Controle do Processo2.2. Comportamentos Inteligentes/ Tratamento de Informações2.3. Características Humanas - Estado de Alerta

e Percepção de Sinais2.4. Características da Visão2.4.1. Função Visual2.4.2. Regulagens do Aparelho Visual

III. CONTRIBUIÇÃO DA ERGONOMIA NO PROJETO DE SALAS DE CONTROLE

1. Projetar o Trabalho a Partir das Considerações Humanas1.2. As Diversas Etapas do Projeto1.2.1. Reconhecimento da Situação Existente

x Parâmetros Projetuais1.2.2. Especificação e Compra de Tecnologia1.2.3. Acompanhamento do Desenvolvimento do Projeto1.2.4. Implantação do Projeto2. Organização do Trabalho nas Salas de Controle2.1. Intervenções Humanas no Controle e Cálculo do Efetivo2.1.1 Pausas2.1.2 Escapes da Situação de Trabalho

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2.1.3. A Sala dos Operadores2.1.4. Rodízios3. Projeto Ergonômico de Lay-Out4. Projeto Ergonômico de Mobiliário4.1. A Postura nas Salas de Controle4.2. Recomendações para Projeto Ergonômico

de Mesas e Cadeiras4.3. Conscientizaçãos dos usuários4.4. Recomendações a Serem Adotadas na Compra do Mobiliário4.5. Variáveis Antropométricas a Serem Consideradas

em Projeto de Posto de Trabalho4.6. Recomendações para Postos de Trabalho

Dinâmicos em Situações Informatizadas5. O Ambiente Físico nas Salas de Controle5.1. Iluminação5.1.1. Luminâncias e Relação de Luminâncias5.2. Conforto Acústico5.3. Temperatura Ambiente e Conforto Térmico

IV. RECOMENDAÇÕES PARA CONFIGURAÇÃO DE TELAS1. Configuração das Telas1.1. Divisão das Informações na Tela1.2. Agrupamento das Informações1.3. Codificação1.4. Dialógo com o Computador1.5. Concepção de Alarmes1.5.1. Agrupamento de Alarmes1.6. Diagramação dos Dados na Tela1.7. Linguagem de Comando1.8. Suportes para o Diálogo com o Sistema1.9. Combinação de Cores para Caracteres e Fundo2. Introdução das Cores nas Telas2.1. Escolha de Telas com Contraste Positivo ou Negativo2.2. Persistência e Cintilação da Imagem2.3. As Cores2.3.1. A Cor e o Computador2.3.2. Percepção da Cor Cromática2.3.3. Diferenciação das Cores nas Telas2.3.4. Tamanho do Campo Colorido2.3.5. Adaptação do Nível de Brilho2.3.6. Número de Cores na Tela

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2.3.7. Fundo da Tela2.3.8. Localização do Estímulo da Cor2.3.9. Demanda de Desempenho2.3.10. Características Visuais da População Usuária2.3.11. Fadiga Visual2.3.12. Consequências do Uso de Telas em Cores Sobre o Operador

V. ESTUDOS DE CASOS1. Projeto Ergonômico da Casa de Controle

Centralizado da REFAP1.1. Demanda1.2. Escopo1.3. Metodologia1.3.1. Levantamento dos Dados1.3.2. Validação dos Dados1.3.3. Elaboração das Recomendações1.4. Resultados do Estudo1.5. Conclusões Gerais1.6. Projeto Ergonômico de Configuração das Telas1.7. Conclusões da Empresa1.8. Sugestões2. Projeto Ergonômico do Centro de Controle Operacional

do Metrô do Rio de Janeiro2.1. Demanda2.2. Metodologia2.3. Dados que Contribuíram para a Especificação dos Equipamentos2.4. Conclusões da Análise do Trabalho2.5. Módulo C2.6. Conclusão

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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I. A ERGONOMIA E AS SALAS DE CONTROLE

1. A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E AS SALAS DE CONTROLE

Nos últimos anos multiplicou-se a utilização dos computadores no controle da produção industrial, particularmente nas indústrias de processos contínuos.

Esse fato colocou aos engenheiros dos sistemas industriais algumas questões:

• A primeira sobre o nível de automação a ser atingido, de modo que o homem não seja mais o principal elemento de não confiabilidade do sistema.

• A segunda sobre a questão da interferência humana no sistema. Quais os riscos e como minimizá-los?

• A terceira questão está relacionada ao planejamento das informações fornecidas pelo computador. Como apresentá-las? Que forma lhes dar?

1.1. Instalações

Segundo DE KEYSER (1980), a evolução tecnológica das salas de controle está intimamente ligada a evolução tecnológica dos sistemas de regulação.

Há aproximadamente trinta anos os componentes utilizados nos sistemas de controle eram mecânicos e de grandes dimensões;

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eram pneumáticos e montados fisicamente próximos às tomadas de impulsão.

Os operadores tinham como tarefa principal percorrer as unidades e observar os diversos equipamentos. A localização geográfica das instalações lhes permitia ter sob controle somente um número limitado de variáveis do processo.

Por outro lado, mesmo se o produto fabricado não pudesse ser visualizado, como no caso das siderúrgicas ou das fábricas de cimento, restaria entretanto aos operadores toda uma série de índices informais ao longo do seu percurso, sobre os quais eles se baseavam para formular um diagnóstico, no caso de uma disfunção no processo: ruídos, calor, fumaças, vibrações etc. A experiência de campo seria indispensável ao exercício dessa tarefa.

1.2. Quadro Sinótico

A preocupação em centralizar as informações para economizar tempos de percursos pelas instalações e assegurar o controle de diferentes parâmetros simultaneamente, impôs o reagrupamento dos equipamentos de controle mais importantes sobre quadros estrategicamente posicionados.

A melhoria das técnicas de transmissão, dentro de salas de controle, conduziu ao agrupamento dos principais aparelhos de regulação, registradores, indicadores, bem como dos equipamentos de comando do processo à distância.

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As dimensões dos aparelhos exigiram, ainda, quadros pesados de grandes dimensões e, geralmente, bastante longos. As salas de controle deveriam ser grandes. Quando as instalações eram mais complexas, eram necessários vários operadores, que controlavam, cada um ou em grupo, determinadas partes do quadro sinótico.

Os problemas ergonômicos, advindos do trabalho nessas instalações, eram sobretudo ligados à escolha dos dispositivos de sincronização, quais tipos de mostradores seriam necessários utilizar para efetuar determinadas medidas, que graduações adotar, onde situar, no quadro sinótico, os parâmetros mais importantes a controlar, como ocupar os espaços no quadro.

O número crescente de variáveis a controlar colocava em discussão dois problemas: o primeiro com relação às condições - forma "econômica" de apresentar a informação ao operador; o segundo com relação aos alarmes - que dispositivos poderiam ser utilizados para evitar que o operador não percebesse uma flutuação de parâmetros considerados como anormais pelo engenheiro do sistema?

A partir dos anos cinquenta, aparelhos mais compactos começaram a surgir. Essa tecnologia permitiu acrescentar um maior número de aparelhos por unidade de superfície do quadro sinótico, o que acentuou a tendência à centralização do controle.Os operadores tinham então um maior número de variáveis a controlar; ao longo dos anos, a tendência à militarização e substituição dos aparelhos foi seguida por uma tendência crescente à centralização das informações.1.3. Monitor em Cores e Computador

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As pesquisas mais recentes no domínio dos computadores e o surgimento dos microprocessadores abriram as portas ao encaminhamento de novas tentativas no sentido de uma maior centralização. Modificaram-se os meios de informação dos operadores, reproduzindo-se ou substituindo-se totalmente os quadros sinóticos pelas impressoras e monitores de raios catódicos. Essas modificações afetaram a tomada de informações na medida que:

• A informação passa a ser seqüencial. O operador pede ao computador que lhe forneça certos dados. Em numerosos casos ocorre a perda da visão global, possível anteriormente a partir de uma visão geral dos parâmetros observáveis no quadro sinótico.

• Há flexibilidade no modo de dar suporte à informação; o projetista não tem somente que escolher entre os registradores e os mostradores, mas pode trabalhar a partir de certos tipos de tela de dados numéricos, gráficos, diagramas sinóticos demonstrativos das instalações físicas, diagramas dos fluxos demonstrativos das funções do sistema etc. O nível de detalhamento dessas figuras também pode variar.

• Os dados retransmitidos não são, necessariamente, os fornecidos naquele momento pelo sistema; eles podem ser tratados pelo computador que chega à solução de um sistema de equações.

Em função dessa nova situação, os problemas ergonômicos se colocam de forma diversa. Poderemos, por exemplo, substituir totalmente os quadros sinóticos deixando somente as telas? Qual deverá ser a divisão das funções entre o homem e o computador?

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Existem diferentes modelos de controle do processo passíveis de serem fornecidos ao computador? Qual deve ser escolhido para que a lógica utilizada se ajuste à do operador? Como fazer para auxiliar o operador no seu diagnóstico de incidente? Como fazer para que ele não seja perturbado por uma avalanche de alarmes? Ele disporá de dispositivos especiais que possa utilizar em caso de emergência? Quais são as modificações no comportamento do operador que se observam em situação de carga de trabalho mental elevada? Quais os erros que o operador pode cometer, quais são os determinantes, qual a sua influência sobre o sistema, como podemos evitá-los?

A complexidade das instalações, a centralização, o risco inerente a certos processos contínuos, em particular químico e nuclear, colocaram em evidência os problemas de confiabilidade dos sistemas.

Como conceber as instalações onde o risco, ligado aos fatores humanos, possa ser reduzido ao mínimo?

Isso implicaria em uma avaliação do que chamamos risco relacionado ao fator humano.

Entretanto, nessa concepção, as finalidades específicas do operador humano, suas necessidades psicológicas e sociais, são raramente incluídas.

Os objetivos da Ergonomia recobrem parcialmente os da confiabilidade dos sistemas. Trata-se de implantar sistemas automatizados seguros e de estudar os componentes em função

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desse objetivo, mas trata-se, também, de implantar sistemas compatíveis com a lógica de operação humana.

Quando o operador percorria a área, as instalações e as informações levantadas eram sintéticas. A partir de inspeções cuidadosas ele compreendia o estado do processo.

Diante de uma tela, ao contrário, ele é obrigado, face a uma informação analítica, a decompor as informações, consultando de maneira seqüencial diferentes painéis.

É possível, graças ao computador, criar formatos nos quais a síntese da informação é realizada por figuras, formas etc.

Ainda segundo DE KEYSER (1980), a tendência à centralização, que observamos hoje em dia, com a quantidade de informações a tratar que ela impõe ao operador, não mais se justifica de maneira racional, por motivos econômicos, de segurança ou técnicos.

Parece que isso vem do desejo da empresa de "controlar o controle", mais do que de dominar o processo.

O evento dos microprocessadores pode reverter esta tendência e ajudar a criar postos de controle e de vigilância mais próximos do processo, onde os índices informais não estão totalmente encobertos.Deve-se, entretanto, reconhecer que esta tendência criará unidades de controle descentralizadas e múltiplas, mas esta visão deve ainda ser considerada a longo prazo.

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2. A EVOLUÇÃO DAS ATIVIDADES HUMANAS NO CONTROLE DO PROCESSO

Em paralelo a toda evolução tecnológica, as tarefas confiadas ao homem também se modificaram.

LEJAN (1991) distingue quatro tarefas básicas que são hoje exigidas aos operadores em centros de controle:

• Dar assistência às regulações e automatismos.• Otimizar o funcionamento do processo.• Amenizar os defeitos do automatismo.• Remediar os inevitáveis defeitos do processo, já que o

automatismo é incapaz de considerá-lo.

Segundo o autor, em futuro próximo, com a evolução tecnológica, somente as paradas de urgência das situações que possam ser perigosas para o material e pessoal serão executadas pelo puro automatismo.

A contribuição humana para o automatismo será ainda indispensável. A atuação humana permite um funcionamento degradado temporário em condições de incidente.

Esta função humana não será extinta e logo começarão a ser utilizados sistemas especialistas que contribuirão para esta tarefa. Não se deve esquecer que o cérebro humano com 1014 synapses, com acesso aleatório a auto enriquecedor de ordem de milhões de segundos, é ainda mais poderoso que um lote de computadores.

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A partir dos estudos realizados em salas de controle, citados a seguir, tem-se algumas conclusões sobre as exigências físicas, mentais e psíquicas dos operadores, que devem ser consideradas por todos os profissionais envolvidos no projeto de novas salas de controle.

2.1. Atividade de Controle do Processo

PAVARD (1989) faz uma revisão da evolução da atividade de controle do processo, enquanto uma atividade complexa que ativa processos cognitivos, determinados pelos fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo.

Segundo CELLIER e MARQUIÉ (1989), o controle do processo é uma situação dinâmica, na qual as ações dos operadores são dependentes da dinâmica interna do processo e do ambiente no qual se desenvolve esta dinâmica.

PAVARD enfatiza que a atividade de controle do processo é de natureza virtual da interface entre o processo e o operador; as informações (variações, evoluções), vindas da dinâmica do processo, são mediatizadas por uma representação física (os quadros sinóticos, terminais de video) que é, mais ou menos, adaptada à representação de um estado do processo, podendo ser conveniente a uma situação de controle normal e não ser adaptada em caso de incidente.

Ainda, a confiabilidade dos indicadores não é total e o valor da informação é susceptível de ser questionado pelos operadores.

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Uma outra característica importante, das situações de controle do processo nos ambientes dinâmicos, é a forte dependência funcional e a interação entre os diversos componentes do processo que, em certos casos, torna delicada a identificação de origem de um evento normal.

Uma terceira característica concerne ao tempo de latência que separa a tomada de decisão e a ação resultante do surgimento dos efeitos ao nível do processo. O problema é mais agudo quando os tempos de latência são longos e o controle é longo (HOC, 1988), o operador para influenciar parâmetros particulares, pode levar as ações causais até os parâmetros anteriores. A interdependência entre os eventos que se sucedem vão influenciar o diagnóstico e a tomada de decisão.

A evolução dos conjuntos dos parâmetros ao longo do processo é considerada para guiar a seleção de hipóteses, permitindo explicar certos eventos críticos, assim como as ações que eles vão ocasionar.

A natureza evolutiva dos dados a controlar requer capacidades de antecipação das situações que virão: o operador deve ser capaz de inferir, qualquer que seja o estado de certos parâmetros do sistema, a partir da situação presente. Esta inferência pode ser realizada através dos conhecimentos adquiridos (referindo-se a histórias estocadas em memória) ou a partir de uma simulação mental que solicita conhecimentos sobre o funcionamento e estrutura do processo.

Os eventos que acontecem em um período temporal serão memorizados até o final do processo e servirão de referência

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para outras fases (noção de história). O problema é identificar quais critérios vão definir a passagem do episódio ao permanente.

O diagnóstico pode ser mascarado pela interação entre os componentes do sistema físico.

No caso de incidente que necessite uma atividade de diagnóstico, o operador tentará relacionar o incidente a uma classe de incidentes já encontrada, a qual são associados os procedimentos de recuperação (DANIELLOU & BOEL, 1983). Como exemplo podemos considerar o caso de incidente 1 ao qual será associado o sintoma Sx. Fundamentado por uma informação pertinente percebida (sintoma Sx), o operador vai identificar a natureza desse incidente, mas o processo pode ser muito mais complexo do que parece, na medida em que um mesmo sintoma Sx pode ser associado a incidentes diferentes Is e Iz.

O operador deverá gerar várias hipóteses simultaneamente e procurar obter informações que irão permitir precisar o diagnóstico. A procura orientada das informações vai ser limitada pela disponibilidade das informações, o custo ligado a esta aquisição, as imposições temporais, os conhecimentos anteriores sobre a freqüência de ocorrência dos diferentes tipos de problema e o histórico da situação em curso.

Os problemas encontrados pelos operadores serão ainda mais complexos em situação de dupla falha ou falhas múltiplas. A multiplicação de casos de figuras incidentais determinando um número importante de situações potenciais.

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A tarefa de diagnóstico é ainda mais difícil quando dois incidentes se interferem simultaneamente, tornando os sintomas que lhes são associados atípicos.

2.2. Etapas de Tomada de Decisão no Controle do Processo

É reconhecido que toda tomada de decisão determine um número de etapas precisas.

Etapas (processo dinâmico):• Etapa de detecção: toma consciência de um evento anormal.• Etapa de aquisição seletiva de informações: o operador

concentra sua atenção nos valores tomados por certos parâmetros.

• Etapa de diagnóstico: o operador tenta atribuir uma significação aos dados da situação que ele julga pertinente e interpreta o "estado do processo".

• Etapa de tomada de decisão: o operador escolhe a estratégia de execução e planeja sua atividade.

• Etapa de execução: o operador executa seu plano de ação e controla o resultado de sua atividade.

Apesar de serem apresentadas de maneira linear, estas diferentes etapas podem ser realizadas simultaneamente. O operador poderá seguir várias hipóteses ao mesmo tempo. Ainda assim, certas etapas podem ser suprimidas, isso dependerá das características da situação, da natureza do incidente e do nível de formação do operador.

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Após esta abordagem da atividade dos operadores em salas de controle, é necessário falar sobre a metodologia ergonômica que possibilita analisar as atividades humanas e planejar as transformações do trabalho.

II. METODOLOGIA

1. ASPECTOS METODOLÓGICOS

Para participar de todo o processo de transformação do trabalho a Ergonomia tem uma metodologia própria, que deve ser detalhada, antes de abordarmos propriamente o projeto de novas situações de trabalho.

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A Ergonomia tem como finalidade conceber e/ou transformar o trabalho de maneira a manter a integridade da saúde dos operadores e atingir objetivos econômicos. Os ergonomistas são profissionais que tem conhecimento sobre o funcionamento humano e estão prontos a atuar nos processos projetuais de situações de trabalho, interagindo na definição da organização do trabalho, nas modalidades de seleção e treinamento, na definição do mobiliário e ambiente físico de trabalho.

O fundamento de toda a metodologia ergonômica está na compreensão das atividades realizadas em cada situação de trabalho, e na consideração do contexto e todas as questões que estão relacionadas ao processo de transformação do trabalho, no qual participam diferentes pessoas e pontos de vistas.

A metodologia de análise do trabalho considera o funcionamento global da empresa, suas escolhas técnicas, organizacionais, comerciais e sociais.

Em todas as transformações existem compromissos e, para tal, é necessário elaborar critérios que considerem a produção (tanto em quantidade quanto em qualidade), a atividade real dos trabalhadores e as condições em que se dá essa atividade.

Em Ergonomia é habitual distinguir: a Ergonomia de Correção (estuda transformações limitadas à situação de trabalho), a Ergonomia de Transformação (utiliza investimentos previstos para introduzir as modificações necessárias aos postos de trabalho) e a Ergonomia de Concepção (que trata da concepção de uma nova situação de trabalho).

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1.1. Análise das Situações Existentes

O diagnóstico realizado em uma situação de trabalho é um ponto essencial da análise efetuada pelo ergonomista.

Ele é orientado pelas dificuldades, pelos problemas identificados na análise da demanda e pelo funcionamento da empresa. Ele sintetiza os resultados das observações, de dados levantados e das explicações fornecidas pelos operadores. Ele determina os fatores a considerar, para permitir a transformação da situação de trabalho.

A análise da atividade na empresa revela aspectos do trabalho freqüentemente desconhecidos.

Ela mostra a grande variedade de atividades realizadas pelos operadores para atingirem a produção esperada: regulação dos incidentes, escolha de informações pertinentes, antecipação e controle das ações, raciocínios apropriados a cada momento, em função de diversos acontecimentos.Ela permite compreender como uma atividade pode ser a origem dos gestos, dos esforços, das posturas, do deslocamento e das comunicações dos operadores. Ela coloca em evidência as relações entre as características próprias do trabalho e o funcionamento dos operadores.

A análise da atividade questiona os métodos habitualmente utilizados para definir os meios de produção, métodos que subestimam as variações do trabalho, as imposições relacionadas às condições de trabalho e a organização dos operadores. Ela permite levar em conta características dos

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operadores na concepção de técnicas e modos de organização do trabalho.

Logo que a prática da análise da atividade se difunde na empresa, constata-se que, progressivamente, se instala uma nova maneira de considerar o trabalho, os operadores não se sentem culpados em relação aos seus erros e aos prejuízos a sua saúde. Eles mesmos formulam propostas de transformação das suas situações de trabalho e podem justificar suas propostas.

Os técnicos passam a observar e consultar os operadores antes de fazerem suas escolhas técnicas e organizacionais; os responsáveis pelos recursos humanos passam a preocupar-se com as competências não explicitadas dos operadores e as consideram nos seus planos de formação; os médicos do trabalho ampliam seu campo de ação; as direções incorporam esses pontos de vista sobre o trabalho em sua empresa.

A análise da atividade torna-se uma prática para os diferentes setores da empresa. Entretanto, a difusão desse tipo de análise nos meios de trabalho não é, ainda, generalizada, encontrando-se em processo de difusão.

Reflexos da atividade de trabalho na saúde, segurança e produtividade

A atividade do trabalho e as condições nas quais ela é realizada têm conseqüências múltiplas sobre os operadores, assim como sobre a produção e os meios de trabalho:

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• As conseqüências sobre os operadores dizem respeito a sua saúde física e mental no trabalho, podendo limitar as possibilidades de evolução de suas competências e restringir a ampliação da sua experiência profissional. As conseqüências tem prolongamentos sobre a sua vida social e econômica, sobre sua formação e seu emprego. Elas podem igualmente ter efeitos que permitam o desenvolvimento de suas competências profissionais.

• A qualidade e quantidade de trabalho produzido manifestam diferenças em relação aos objetivos estabelecidos pela empresa.

• As conseqüências sobre os meios de produção estão relacionadas às modalidades de uso de ferramentas e instalações. Elas podem conduzir a uma rápida depreciação, destruições acidentais com efeitos possíveis sobre os trabalhadores e sobre a produção.

1.2. Métodos e Técnicas

A Ergonomia utiliza métodos e técnicas científicas para observar o trabalho humano.

A estratégia utilizada pela Ergonomia para apreender a complexidade do trabalho é decompor a atividade em indicadores observáveis (postura, exploração visual, deslocamento).

A partir dos resultados iniciais obtidos e validados com os operadores, chega-se a uma síntese que permite explicar a inter-relação de vários condicionantes à situação de trabalho.

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Como em todo processo científico de investigação, a espinha dorsal de uma intervenção ergonômica é a formulação de hipóteses.

Segundo LEPLAT "o pesquisador trabalha em geral a partir de uma hipótese, é isso que lhe permite ordenar os fatos". São as hipóteses que darão o status científico aos métodos de observação nas atividades do homem no trabalho.

A organização das observações em uma situação real de trabalho é feita em função das hipóteses que guiam a análise, mas também, segundo GUERIN (1991), em função das imposições práticas ou das facilidades de cada situação de trabalho.Os comportamentos manifestáveis do homem são freqüentemente observáveis pelos ergonomistas, como por exemplo:

Os deslocamentos dos operadores - esses podem ser registrados a partir do acompanhamento dos percursos realizados pelo operador em sua jornada de trabalho. O registro do deslocamento pode explicar a importância de outras áreas de trabalho e zonas adjacentes. Exemplo; em uma sala de controle o deslocamento dos operadores até os painéis de controle está relacionado à exploração de certas informações visuais que são fundamentais para o controle de processo; o deslocamento até outros colegas pode esclarecer as trocas de comunicações necessárias ao trabalho.

Técnicas utilizadas na análise do trabalho

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Pode-se agrupar as técnicas utilizadas em Ergonomia em técnicas objetivas e subjetivas.

• Técnicas objetivas ou diretas:- Registro das atividades ao longo de um período, por

exemplo, através de um registro em video. Essas técnicas impõem uma etapa importante de tratamento de dados.

• Técnicas subjetivas ou indiretas:- Técnicas que tratam do discurso do operador, são os

questionários, os check-lists e as entrevistas. Esse tipo de coleta de dados pode levar a distorções da situação real de trabalho, se considerada uma apreciação subjetiva. Entretanto, esses podem fornecer uma gama de dados que favoreçam uma análise preliminar.

Deve-se considerar que essas técnicas são aplicadas segundo um plano preestabelecido de intervenção em campo, com um dimensionamento da amostra a ser considerado em função dos problemas abordados.

1.2.1. Métodos diretos

Observação

É o método mais utilizado em Ergonomia pois permite abordar de maneira global a atividade no trabalho.

A partir da estruturação das grandes classes de problemas a serem observados, o Ergonomista dirige suas observações e faz uma filtragem seletiva das informações disponíveis.

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Observação assistida

Inicialmente considera-se uma ficha de observação, construída a partir de uma primeira fase de observação "aberta".

A utilização de uma ficha de registro permite tratar estatisticamente os dados recolhidos; as freqüências de utilização, as transições entre atividades, a evolução temporal das atividades.

Em um segundo nível utiliza-se os meios automáticos de registro, áudio e video.

O registro em video é interessante à medida que libera o pesquisador da tomada incessante de dados, que são, inevitavelmente, incompletos, e permite a fusão entre os comportamentos verbais, posturais e outros. O video pode ser um elemento importante na análise do trabalho, mas os registros devem poder ser sempre explicados pelos resultados da observação paralela dos pesquisadores.

Os registros em video permitem recuperar inúmeras informações interessantes nos processos de validação dos dados pelos operadores. Essa técnica, entretanto, está relacionada a uma etapa importante de tratamento de dados, assim como de toda preparação inicial para a coleta de dados (ambientação dos operadores), e uma filtragem dos períodos observáveis e dos operadores que participarão dos registros.

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Alguns indicadores podem ser observados para melhor estudo da situação de trabalho (postura, exploração visual, deslocamentos etc).

Direção do olhar

A posição da cabeça e orientação dos olhos do indivíduo permite inferir para onde esse está olhando.

O registro da direção do olhar é amplamente utilizado em Ergonomia para apreciação das fontes de informações utilizadas pelos operadores. As observações da direção do olhar podem ser utilizadas como indicador da solicitação visual da tarefa.

O número e a frequência das informações observadas em um painel de controle na troca de petróleo em uma refinaria, por exemplo, indicam as estratégias que estão sendo utilizadas pelos operadores na detecção de presença de água no petróleo, para planejar sua ação futura.

Comunicações

A troca de informação entre indivíduos no trabalho podem ter diversas formas: verbais, por intermédio de telefones, documentais e através de gestos.

O conteúdo das informações trocadas tem se revelado como grande fonte entre operadores, esclarecedora da aprendizagem no trabalho, da competência das pessoas, da importância e contribuição do conhecimento diferenciado de cada um na resolução de incidentes.

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O registro do conteúdo das comunicações em um estudo de caso no Setor Petroquímico da Refinaria Alberto Pasqualini, Canoas - RS, mostrou a importância da checagem das informações fornecidas pelos automatismos e pelas pessoas envolvidas no trabalho, através de inúmeras confirmações solicitadas pelos operadores do painel de controle.

O conteúdo das comunicações pode, além de permitir uma quantificação de fontes de informações e interlocutores privilegiados, revelar os aspectos coletivos do trabalho.

Posturas

As posturas constituem um reflexo de uma série de imposições da atividade a ser realizada.

A postura é um suporte à atividade gestual do trabalho e um suporte às informações obtidas visualmente.

A postura é influenciada pelas características antropométricas do operador e características formais e dimensionais dos postos de trabalho.

No trabalho em salas de controle, a postura é condicionada à oscilação do volume de trabalho. Em períodos monótonos a alternância postural servirá como escape à monotonia e reduzirá a fadiga do operador. Em períodos perturbados a postura será condicionada pela exploração visual que passa a

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ser o pivô da atividade. Os segmentos corporais acompanharão a exploração visual e excutarão os gestos.

Estudo de traços

A análise é centralizada no resultado da atividade e não mais na própria atividade. Ela permite confrontar os resultados técnicos esperados e os resultados reais.Os dados levantados em diferentes fases do trabalho podem dar indicação sobre os custos humanos no trabalho mas, entretanto, não conseguem explicar o processo cognitivo necessário à execução da atividade. O estudo de traços pode ser considerado como complemento e é usado, com freqüência, nas primeiras fases da análise do trabalho. O estudo de traços pode ser fundamental no quadro metodológico para análise dos erros.

1.2.2. Métodos subjetivos

O questionário é pouco utilizado em Ergonomia pois requer um número importante de operadores. Entretanto a aplicação de questionário em um grupo restrito de pessoas pode ser utilizada para hierarquizar um certo número de questões a serem tratadas em uma análise aprofundada.

As respostas dos questionários podem ser úteis para a contribuição de uma classificação de tarefas e de postos de trabalho. O questionário, entretanto, deve respeitar a amostra e as probabilidades de aplicação.

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Deve-se ressaltar que com o questionário se obtém as opiniões, as atitudes em relação aos objetos, e que elas não permitem acesso ao comportamento real.Segundo PAVARD & VLADIS (1985), o questionário é um método fácil e se presta ao tratamento estatístico, e, se corretamente utilizado, permite coletar um certo número de informações pertinentes para o Ergonomista.

Tabelas de avaliação

Esse tipo de questionário permite aos operadores avaliarem, eles mesmos, o sistema que utilizam. O objetivo é apontar os pontos fracos e fortes dos produtos. No caso de avaliação de programas, uma tabela de avaliação deve cobrir os aspectos funcionais e conversacionais.

Entrevistas e verbalizações provocadas

A consideração do discurso do operador é uma fonte de dados indispensável à Ergonomia. A linguagem, segundo MONTMOLLIN (1984), é a expressão direta dos processos cognitivos utilizados pelo operador para realizar uma tarefa.

A entrevista pode ser consecutiva à realização da tarefa (pede-se ao operador para explicar o que ele faz, como ele faz e por que).

Entrevistas e verbalizações simultâneas

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As entrevistas podem ser realizadas simultaneamente à observação dos operadores trabalhando em situação real ou em simulação.

A análise se concentra nas questões sobre a natureza dos dados levantados, sobre as razões que motivaram certas decisões e sobre as estratégias utilizadas.

Dessa maneira o Ergonomista revela a significação que os operadores tem do seu próprio comportamento. As verbalizações devem ser aplicadas com cuidado e de maneira a não alterar a atividade real de trabalho.

2. FUNCIONAMENTO HUMANO

A Ergonomia introduz na concepção do trabalho dados sobre o organismo e as características humanas.

O homem difere de todos os componentes do projeto, não podendo ser modificado seu tamanho, sua força e sua memória.

O homem tem uma grande capacidade de adaptação mas esta última pode ter sérias conseqüências: as funções do organismo, solicitadas em condições anormais, se deterioram ou podem ser atingidas de maneira irreversível. Os erros aparecem e podem colocar em risco a segurança ou o funcionamento do sistema.

O objetivo deste capítulo é fundamentar algumas reflexões sobre a adaptação dos meios de trabalho ao homem. Antes de propor recomendações ergonômicas como normas a serem

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aplicadas, é necessário expor os conhecimentos de fisiologia e neurofisiologia do homem no trabalho que as justifiquem.

Como já foi mencionado, várias pesquisas estudaram a atividade humana em Salas de Controle e mostraram as exigências físicas e mentais desta tarefa.

2.1. Exigências Humanas na Atividade de Controle do Processo

Em relação às atividades de controle do processo, podemos citar o grau de exigência da atividade humana:

• No controle do processo, a atividade dos operadores é essencialmente uma atividade de vigilância, que está estreitamente relacionada à tomada e processamento complexo de informações.

• O tratamento dessas informações é contínuo (o que não quer dizer que seja "consciente" ou diretamente verbalizável pelos operadores em questão), visando detectar e antecipar anomalias na previsão do comportamento do sistema, diagnosticar e solucionar problemas em curtos períodos de tempo, e antes que estes tenham conseqüências graves.

• As atividades em sala de controle implicam em contínuas solicitações mentais: manutenção de atenção, apelo à memória e raciocínio, atualização da representação mental do processo e tomada de decisões.

• No desempenho de suas funções, há fortes solicitações visuais na detecção de informações em curtos períodos de tempo (exemplo: alarmes sonoros e visuais dos painéis anunciados),

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e no acompanhamento em geral das informações visuais e dos instrumentos existentes na sala de controle.

• Há solicitações de natureza psíquica, relacionadas à consciência das situações de risco, incerteza e ansiedade, devido à responsabilidade dos operadores pelo controle de tráfego, estações e energia.

Os fatores intervenientes na capacidade de tomada/processamento de informações são:

• As exigências posturais, condicionadas pelos equipamentos, iluminação e demais condições de execução da tarefa, e pela própria exigência de atenção contínua por parte do operador, estão diretamente relacionadas à fadiga e, conseqüentemente, às repercussões desta sobre a saúde e produtividade (erros, missões, contabilidade das respostas dos operadores).

• O acesso, detecção ou interpretação dificultada das informações necessárias à execução (adequada e a tempo) das tarefas, podem se originar tanto das condições ambientais (ruído, iluminação e temperatura) como dos aspectos quantitativos e qualitativos da apresentação da informação.

• Além desses fatores, tanto em relação às posturas como em relação aos suportes (visuais e verbais) de informações, a duração da atividade tem um papel de extrema importância no que diz respeito à manutenção e contabilidade das respostas dos operadores, em situação "normal" ou de incidentes.

Estando as atividades dos operadores descrita, é necessário detalhar alguns conceitos sobre os comportamentos inteligentes,

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sobre as características humanas: estado de alerta, percepção de sinais e funções visuais.

2.2. Comportamentos Inteligentes / Tratamento de Informações

Em todo trabalho existe uma parte mais ou menos importante de atividade mental.

As atividades de controle de um processo dinâmico são tarefas de resolução de problemas frequentemente complexos e que estão relacionadas a um alto nível de competência.Competência

O termo, segundo MONTMOLLIN, define uma estrutura mental de certa estabilidade, relativamente organizada, onde são estocados os comportamentos padrão, ou procedimentos padrão, mobilizados pelo operador para realizar uma família de tarefas.

Modelos de comportamentos inteligentes

O modelo clássico de GAGNÉ (1962) associa os comportamentos inteligentes do operador às operações de tratamento de informações e distingue, sucessivamente, três funções: a detecção, a discriminação (identificação) e a interpretação de informações.Para entender o trabalho humano em Salas de Controle é necessário abordar o domínio imenso do tratamento de informações, de interpretação dada através dos comportamentos inteligentes. MONTMOLLIN distingue, três comportamentos inteligentes distintos:

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• Decodificação: que corresponde às tarefas nas quais predominam códigos não verbais.

• Resolução de problemas: que corresponde em particular aos problemas de diagnóstico.

• Estratégia cognitiva dos operadores: organização dos comportamentos que consideram os aspectos temporais das tarefas a executar, através do planejamento e regulação das atividades.

Entender como o ser humano resolve problemas, significa entender como um operador em salas de Controle procede em uma situação emergencial, como diagnostica as falhas e como elabora suas estratégias de intervenção no sistema.

Resolução de problemas

Toda tarefa apresenta ao operador problemas a serem resolvidos, inclusive aquelas que aparecem como mais rotineiras, pois nenhuma tarefa é exatamente idêntica, o que obriga o operador a enfrentar, permanentemente, uma situação mais ou menos nova.

Existe resolução do problema quando se tem um problema a resolver. Quando o operador não conhece, no início do trabalho de resolução, os procedimentos para solução do seu problema, a resolução do problema implica em uma certa estratégia da parte do operador, que deve criar seu próprio caminho para atingir um objetivo fixado (habilidades cognitivas).

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Na medida que o operador conhece perfeitamente todos os procedimentos para resolver os problemas que lhe são colocados, não é mais necessário que ele proceda inteligentemente (inteligência: capacidade de resolver problemas inéditos). Exemplo: fazer adições é um problema para um aluno iniciante mas não para um aluno experiente.

Segundo MONTMOLLIN as habilidades cognitivas podem ser consideradas como procedimentos operatórios que foram objeto de uma aprendizagem e que estão prontas para serem utilizadas através da aplicação de regras particulares.

De acordo com NEWELL, toda atividade pode se situar e evoluir sobre essa escala de complexidade das atividades cognitivas. Um sujeito que resolveu muitas vezes o mesmo problema, poderá desenvolver estratégias particulares, chamadas habilidades cognitivas, que facilitarão atingir o seu objetivo.

Não existe resolução de problemas sem uma certa imagem ( representação mental) de um certo esquema que permite ao operador situar espacialmente, temporal e logicamente as informações com as quais ele alimenta sua atividade. Exemplo: a representação pode ser a rede de vias a serem seguidas pelos trens do Metrô, ou o fluxograma de um processo de destilação atmosférica. Para atuar nas falhas do sistema ou situações emergenciais o operador de Sala de Controle deve ter uma representação mental atualizada da evolução do processo. Isto é possível através da detecção de maneira contínua das informações visuais, vindas dos painéis, das telas e das informações verbais vindas da área.

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Foi OCHANINE que contribuiu na Europa para a promoção do conceito de representação mental, introduzindo a noção de Imagem Operatória. Esta é constituída pela atividade do operador (ação do operador sobre seu meio ambiente).

OCHANINE mostrou que cada operador possui uma imagem funcional do dispositivo sobre o qual trabalha. É a partir dessa imagem operatória que o trabalhador apreende as informações, decide uma estratégia e age.

Essa abordagem ergonômica é relativa à teoria dos reflexos, muito importante na União Soviética. O conceito de imagem operatória, de acordo com OCHANINE, tem como ponto de partida a dualidade do psíquico: uma função cognitiva que permite ao homem constituir os dados que ele necessita e que ele atualiza pela memória e pela representação mental quando ele necessita, é uma função reguladora que permite a ação.

Em Ergonomia, representações e imagens operatórias constituem modelos para analisar certos comportamentos do operador. Elas permitem uma explicação e, conseqüentemente, uma modificação da atividade.2.3. Características Humanas - Estado de Alerta e Percepção de Sinais

Para projetar o trabalho é necessário considerar além dos comportamentos inteligentes, certas características humanas, como: estado de alerta e percepção de sinais.

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A capacidade de alerta do ser humano está diretamente relacionada ao planejamento correto da organização do trabalho, à formalização de pausas.

O gráfico a seguir (fig. 1) mostra, segundo as características humanas, a evolução da vigilância com o passar do tempo.

Figura 1: Evolução da vigilância ao longo do tempo. (Fonte: LEJON 1991)

O repouso influencia também a capacidade de trabalho.

O gráfico a seguir (fig. 2) mostra que o número de respostas omitidas e a porcentagem de erros de um grupo de indivíduos sem repouso é maior do que para um grupo com repouso.

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Figura 2: A influência do repouso na detecção de sinais.

As pausas, como já foi visto, são importantes no trabalho para manter os níveis de vigilância. O gráfico a seguir (fig. 3) mostra que a introdução de pausas reduzem a porcentagem de omissões.

Figura 3: A influência das pausas na detecção de sinais.

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O trabalho em turnos também tem uma influência sobre os erros humanos. A variabilidade diurna e noturna nos homens é muito importante. O gráfico a seguir (fig. 4) apresenta dois períodos característicos de uma maior taxa de erros: a digestão do almoço e o período das quatro horas da manhã.

Figura 4: Variabilidade diurna e noturna do ser humano. (Fonte: Bjner, Holm e Svenson)

Outros fatores que influenciam a vigilância do operador são a carga mental e o estresse. A carga mental tem um efeito sobre

a percepção de sinais. A partir de certo número de sinais o grau de percepção

decresce lentamente e depois brutalmente (fig 5).

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Figura 5: Relação entre a frequência dos sinais exigindo uma resposta e o desempenho observado. (Fonte: Schmidtke)No diagnóstico, o número de erros aumenta segundo a carga mental (fig. 6).

Figura 6: Efeito do aumento da carga de trabalho sobre a qualidade do raciocínio. (Fonte: Solvay)

Os dados apresentados revelam até quanto o homem pode trabalhar com o mínimo de erros. Estes dados são

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fundamentais para todo o dimensionamento de Sala de Controle.

2.4. Características da Visão

2.4.1. Função visual

Os operadores de Salas de Controle, precisam dos olhos para detectar informações como já mostramos, de maneira contínua.

Os olhos são o meio essencial de procura de informações nas salas de controle. Seu deslocamento e suas regulagens tem relação direta com a atividade cerebral do tratamento de informações. Suas características próprias impõem precauções particulares na concepção de meios de trabalho.

Exploração visual

Para entender como os olhos exploram um quadro ou uma tela, é necessário conhecer:• o deslocamento do olhar;• a estrutura da retina;• o controle dessa exploração.

A orientação dos olhos para uma dada zona é feita através de rápidos movimentos dos olhos (sacadas), acompanhados de movimentos da cabeça e do corpo e de fixações na direção das informações procuradas. A duração das fixações depende do tratamento das informações nas zonas observadas.

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O movimento dos olhos é provocado por seis músculos situados no interior do olho, que agem cada um na direção privilegiada.

A estrutura da retina

A zona do olho que recebe a imagem do ambiente chama-se retina.

No centro da retina se encontra uma pequena região chamada fóvea, que possui grande densidade de receptores, os cones, é nesta zona que são distinguidos os detalhes e as cores. O restante da retina é composto por outras células - bastonetes. Essa parte não permite diferenciar as cores, e os detalhes são menos precisos. As informações vindas das duas zonas são tratadas diferentemente pelo cérebro.

As informações vindas da fóvea servem para identificar os objetos. As informações da região periférica servem para localizar objetos no espaço. Por exemplo: se um alarme pisca no campo periférico do operador, este perceberá e direcionará o seu olhar.

O controle da exploração visual

De maneira geral a exploração visual é a procura ativa de informações. Ela é orientada por um esquema de exploração que se fundamenta em conhecimentos anteriores.

O papel da aprendizagem

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Quando se aprende a dirigir um carro, as fixações do olhar estão nas imediações do veículo e são numerosas. Mais tarde, o bom condutor fixará os pontos de observação da rua mais longe do carro.

Em geral, a aprendizagem modifica a exploração visual no sentido de:• uma maior sistematização;• uma maior seletividade.

No que concerne à concepção, deve-se favorecer a procura da informação pela sua disposição e pelo reagrupamento de parâmetros; deve-se prever um sistema de alarmes que chame a atenção do operador nos pontos que ele não está necessariamente explorando.

2.4.2. Regulagens do aparelho visual

Quando os olhos passam de uma zona para outra, uma série de regulagens se efetua para adaptar o aparelho visual às novas condições do ambiente. As regulagens freqüentes e difíceis vão solicitar a função visual e provocar diferentes formas de fadiga. Dessa maneira, os meios de trabalho devem ser adaptados às características do aparelho visual.

Regulagens

• A acomodação:- A acomodação é a ação para a qual os músculos internos

do olho modificam a curvatura do cristalino (lente biconvexa do olho que serve para focalizar a imagem do

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objeto na retina). Com a idade existe a perda da acomodação, como mostra o gráfico a seguir.

• A regulagem do diâmetro da pupila:- Quando o nível de iluminamento aumenta, o diâmetro

pupilar diminui e limita a quantidade de luz que penetra até a retina. Esse fechamento leva dois segundos e o retorno à abertura vinte segundos.

• O ofuscamento:- O ofuscamento resulta de uma grande quantidade de luz na

retina. Isso é ocasionado:. pela existência de grandes zonas sombrias e brilhantes:

a retina é regulada em um nível baixo e os pontos luminosos são ofuscantes;

. pela passagem de uma zona sombria à uma zona iluminada: o nível de regulagem leva tempo e não faz face a diferença grande de luminosidade.

Figura 7: Perda de acomodação visual com a idade.

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Figura 8: Ângulos de conforto visual.

Ângulos de visão

De acordo com a configuração humana existe uma zona de conforto visual que deve ser respeitada para a colocação dos videos, e outras dispositivos de informação.

Tendo observado as características humanas em si, passaremos a questão do projeto de situações de trabalho.

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III. CONTRIBUIÇÃO DA ERGONOMIA NO PROJETO DE SALAS DE CONTROLE

1. PROJETAR O TRABALHO A PARTIR DAS CONSIDERAÇÕES HUMANAS

O maior desafio atualmente do processo projetual é conceber uma situação de trabalho que seja adequada à diversidade dos usuários futuros e a variabilidade do contexto de uso.

Isso faz com que tenhamos que considerar que as pessoas são diferentes em dimensão, sexo, comportamento e competência, e que o contexto do trabalho também é diverso. A produção é variável as condições de uso da tecnologia dependem de uma manutenção adequada e de boas condições ambientais.

As atividades no trabalho são variadas, existem períodos calmos e períodos perturbados/períodos de emergência.

Projetar corretamente significa conceber situações flexíveis, e até mesmo elásticas, que possam fornecer condições para que o homem tenha um bom desempenho, seja em momentos monótonos (quando ele lutará com a perda da vigilância), seja em períodos perturbados (quando estará exposto a uma carga mental importante).

Dois pontos são importantes e devem ser considerados no projeto da sala de controle: a flexibilidade e a transparência.

Flexibilidade

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Dada a variabilidade da situação de trabalho, o projeto deve ser flexível e permitir ajustes, seguindo a diversidade dos modos operatórios das pessoas. Deve-se fornecer, através do sistema, possibilidades ao homem, no caso de anomalias, de testar rapidamente suas hipóteses sem o bloqueio de sua maneira de agir. Transparência

O sistema deve contribuir para aliviar a atividade do operador, filtrando ou tratando informações. Estas últimas ações ajudam o operador a entender a lógica adotada. O bloqueio da informação pode ser fonte de não confiabilidade e pode impedir o operador de ter uma visão global e, sobretudo, entender a dinâmica do processo.

1.2. As Diversas Etapas do Projeto

Para que os aspectos humanos sejam considerados nos projetos de novas situações, é necessário que a Ergonomia atue em determinadas etapas ao longo do projeto. Quanto mais cedo a Ergonomia for introduzida, maior será a adaptação do projeto futuro.

1.2.1. Reconhecimento da situação existente X parâmetros projetuais

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A Ergonomia, nos últimos quarenta anos, desenvolveu ferramentas para poder analisar cientificamente o trabalho, supondo que a análise da situação existente contribui para o projeto de novas situações, o que foi confirmado através de vários estudos (DANIELLOU, 1987; DE KEYSER, 1980). O detalhamento sistemático dos problemas encontrados em uma situação de trabalho real nos permite atacá-los em uma futura situação a ser projetada.

A análise do trabalho, praticada pela Ergonomia, levanta os aspectos prescritos, as normas, objetivos, procedimentos exigidos pela empresa, assim como as competências dos operadores, o savoir-faire e o treinamento (FAVERGE, 1955). Esses dados são confrontados e, muitas vezes, mostram a distância do trabalho prescrito e exigido pela empresa, do trabalho real praticado pelos operadores.

Os dados ergonômicos são necessários em diversas fases do processo projetual. A primeira delas segundo cada empresa, cada setor e segundo a mão-de-obra e processo de trabalho empregado. Isso mostra que um procedimento de automação adotado em uma refinaria do sul do país não, necessariamente, deve ser recomendado para uma refinaria do norte do país.

O reconhecimento das situações existentes contribui para as grandes linhas de reflexão da automação e da centralização do controle. As grandes reflexões estão sempre associadas a perguntas precisas. Com a centralização, a área passa a ficar mais longe do centro de controle? A área não poderá ser visualizada? O que acontecerá no momento de um incidente?

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Será que todos os setores terão comando centralizado? Nesse momento uma avaliação ampla dos diversos setores da empresa permite contribuir para as grandes decisões.

Uma vez tomadas as grandes decisões, surge uma nova etapa: a especificação e a compra de tecnologia.

1.2.2. Especificação e compra de tecnologia

A Ergonomia obrigatoriamente deve participar dessa etapa. Deve-se optar por mobiliários ergonômicos, equipamentos que garantam uma operação adequada, telas de contraste positivo, teclados ergonômicos.

Nessa etapa, cabe à Ergonomia incluir ao projeto arquitetônico o projeto de tratamento acústico das salas de controle, o projeto de iluminação, a viabilização das áreas anexas (sala dos operadores) e o layout.

É importante considerar que os operadores da futura sala de controle participem do projeto. É necessário prever reuniões de trabalho, assim como ferramentas que possam ajudá-los a visualizar o processo projetual. Para o estudo do layout das salas de controle é fundamental fornecer uma maquete com peças móveis, com a qual as pessoas possam gerar diversas alternativas. Os custos necessários à configuração dessas ferramentas de trabalho devem ser previstos nessa etapa.Os estudos que realizamos mostram a ansiedade encontrada em todos os processos de mudança (SANTOS, 1992) e que a participação do trabalhador, além de assegurar o sucesso de qualquer nova situação projetada, acrescenta uma nova

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dimensão ao projeto. O "conhecer o seu trabalho profundamente" lhes fornece uma visão incontestável pelos outros profissionais que participam do processo projetual.

Ainda, na mesma etapa de especificação, de compra e de projeto da sala de controle, a Ergonomia pode ajudar a avaliar as alternativas tecnológicas existentes no mercado.

O controle do material comprado e sua adequação aos fatores humanos, estão diretamente relacionados à garantia de boas condições de trabalho na situação futura.

A compra, por exemplo, de consoles, um item relativamente simples, pode interferir na postura de trabalho, na incidência de sintomas na coluna e/ou nos membros inferiores, que poderá diminuir a capacidade de trabalho dos operadores e, conseqüentemente, colocar em risco a segurança de todo o sistema.

Uma vez feita a especificação de compra de tecnologia e contratação do projeto, a Ergonomia pode participar de todo o acompanhamento do desenvolvimento do projeto.

1.2.3. Acompanhamento do desenvolvimento do projeto

A contribuição da Ergonomia começa nessa etapa com o fornecimento dos parâmetros projetuais, áreas de angulação,

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níveis de iluminamento, proximidade entre áreas. A partir de então, passa-se à geração de alternativas que devem ser submetidas aos operadores e engenheiros. A Ergonomia participa, agora, elaborando avaliações e contribuindo com a previsão da provável atividade futura (DANIELLOU, 1987).

A partir de todos os conhecimentos das situações existentes, é possível prever a atividade futura e o modo operatório.

O projeto das salas de controle envolve equipes multidisciplinares. O gerenciamento satisfatório do trabalho está relacionado às situações de compromisso que devem ser adotadas durante o desenvolvimento. É importante que as restrições de projeto sejam claramente colocadas para todos os envolvidos no projeto e na operação, para que o trabalho caminhe no melhor sentido.

Na etapa de desenvolvimento não se deve negligenciar toda a configuração das telas, que é sempre legada aos operadores. Cabe ao Ergonomista participar desse desenvolvimento. Inicialmente repassando conhecimentos de base sobre o funcionamento da visão humana, sobre a fadiga visual e a detecção de informações. Essa fase nos parece fundamental, uma vez que normalmente não é o Ergonomista que fará a configuração da tela, nem estará presente, cem por cento, ao lado dos operadores. O conhecimento mínimo sobre a visão e as cores garante, em grande parte, a adequação das telas. Os testes com várias alternativas de telas é quase sempre inviável. A imposição temporal, a qual estão submetidos os trabalhadores, pode inviabilizar esse tipo de procedimento.

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Em um segundo plano, deve-se avaliar as telas geradas e sugerir alterações, verificar a quantidade de informações que aparecem na tela, a diagramação, o uso de cores, os fluxogramas gerados. As alterações devem ser debatidas e efetuadas mediante acordo de todos.

Concluído o projeto passa-se a fase de implantação do mesmo.

1.2.4. Implantação do projeto

Essa etapa deve ser acompanhada de perto, pois mesmo um projeto bem elaborado pode estar sujeito a algumas alterações. Principalmente a parte de iluminação deve ser controlada de maneira a evitar os reflexos nas telas.

A Ergonomia vem participando da concepção de projetos ainda com uma certa timidez. Os grandes trabalhos realizados foram geralmente destinados à correção de situações projetadas, o que é um trabalho restrito, onde nem sempre se consegue resolver todos os problemas existentes.

O momento certo da entrada da Ergonomia é na fase inicial de reflexão sobre as grandes mudanças.

2. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NAS SALAS DECONTROLE

2.1. Intervenções Humanas no Controle do Processo e Cálculo do Efetivo

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Com a crescente automação nas indústrias de processos contínuos, surge a tendência à centralização das unidades operacionais em uma única sala de controle. Os painéis de instrumentação analógicos são agora substituídos e/ou complementados pelo Sistema Digital de Controle Distribuído (SDCD).

Os centros de controle permitem uma visão geral e a síntese de todos os setores da operação, mas não eliminam a necessidade dos operadores, internos e externos, para o controle e ação na área de operação.

Nas salas de controle, os registradores e telas fornecem valores, e outros indicadores sinalizam os comandos dados aos dispositivos. Os operadores externos, por sua vez, dispõem de outros índices do estado do processo, eles podem observar o estado de uma válvula, a cor do produto, o aspecto do forno (no caso de uma refinaria). Eles escutam o ruído de uma bomba, sentem o cheiro dos produtos que escapam ou percebem a vibração das válvulas.

Os operadores externos são freqüentemente solicitados pela sala de controle para confirmar e complementar informações fornecidas pelos consoles de controle. Algumas chamadas recebidas dizem respeito aos elementos das instalações que não estão automatizados.

Verifica-se, então, como já foi mencionado, que no atual estágio tecnológico é necessário a presença de homens na área de operação, tanto para executarem tarefas manuais quanto para checarem os automatismos.

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Essa dependência de informações externas (da área) faz com que os canais e meios de troca de informações entre a área e a sala de controle sejam alvo de atenção, na execução de um projeto de sala de controle.

Igualmente o atual processo de automatização não elimina as intervenções humanas nas salas de controle. DANIELLOU (1987), DE KEYSER (1980), SANTOS (1988), entre outros autores, mostraram a atuação contínua e importante do homem no controle de processos contínuos. O mito do operador vigilante, que controla de vez em quando os instrumentos, já não é mais considerado. Sabe-se que o homem acompanha de maneira contínua toda a evolução do processo, antecipando os incidentes e podendo atuar com sucesso nas falhas do sistema.

Na luta para viabilizar a automação, minimiza-se a importância dessas intervenções humanas nos sistemas e, assim, acredita-se em uma suposta economia de mão-de-obra. É claro que a automação chegará a uma minimização das ações humanas em termos físicos e, mais tarde, mentais, mas essa ainda não é a nossa realidade.

Uma reflexão profunda sobre essas questões deve ser considerada pelas equipes de projeto de automação.

A evolução e implantação de automatismos alteraram profundamente os aspectos da organização do trabalho.

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O volume de trabalho passa a não ser mais constante e as decisões dos operadores devem ser cada vez mais rápidas, de maneira a atender as emergências.

A oscilação do volume de trabalho introduz períodos monótonos, quando as ações dos operadores são minimizadas, e períodos perturbados com grande volume de atividades.

A instabilidade do processo e falhas no sistema demandam um número importante de pessoas para resolvê-las. Em função dessas características do trabalho, pergunta-se até quando, então, deve-se reduzir a mão-de-obra nas salas de controle e nas áreas de operação?

A resposta a essa pergunta está vinculada ao grau atual de automação obtido, que certamente está longe de 100%.

O dimensionamento dos efetivos deve ser estabelecido em função de situações de emergência e não de situações normais.

Assim como o efetivo, os canais, os meios de comunicação e a informação entre as áreas e a sala de controle devem ser dimensionados para atender às situações mais críticas.

É através dos meios de comunicação que serão checadas as informações e repassadas as ordens de ação. Os canais de comunicação não devem operar ao nível da saturação, segundo a situação enfrentada. Em casos extremos, verifica-se a criação de mais um meio de comunicação entre o centro de controle e as áreas de operação, o deslocamento dos operadores entre as áreas e a sala de controle ou vice-versa. Constata-se, através

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dos estudos realizados, que o trabalho de controle, na realidade, é um trabalho de equipe, do qual participam os operadores das áreas (controle, diagnóstico e ação nos equipamentos) e os operadores da sala (controle, diagnóstico e decisão das ações).

O equilíbrio necessário entre a área e o centro de controle é um parâmetro para o cálculo e determinação do efetivo de trabalho.

Deve-se equilibrar as competências dos operadores da sala de controle e área de operação de maneira a facilitar o trabalho em equipe.

2.1.1. Pausas

Todo o trabalho de controle exige concentração, atenção, atividades de tratamento da informação.

O ser humano, por suas características físicas, não consegue manter níveis de atenção prolongados. É necessário prever pausas na situação de trabalho.

A adoção de pausas implica na introdução de um ou mais operadores reserva.

As pausas são recomendadas não só pelas exigências mentais, mas pelas exigências físicas (alternância postural em postos de trabalho informatizados).

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O regime de pausas deve ser, como qualquer transformação das situações de trabalho, fruto de negociação com os operadores.

2.1.2. Escapes da Situação de Trabalho

A ansiedade e o medo são sensações que fazem parte da vida dos operadores. As atividades mentais ou físicas determinam a necessidade de escapes do ambiente de trabalho.

A música, apesar de ser proibida na maioria das salas de controle, é utilizada informalmente pelos operadores durante as madrugadas e, principalmente, nos períodos monótonos.

O uso da copa é mais freqüente nos períodos citados e, principalmente, quando os operadores têm sono. A caminhada, o cafezinho colaboram na luta para ficar acordado. O fumo também participa desse processo.

2.1.3. A Sala dos Operadores

Em Ergonomia, através do estudo das situações reais de trabalho, procura-se prescrever corretamente o trabalho. Isso inclui a formalização de determinadas ações dos operadores.

O trabalho em turnos não proporciona, na maioria das vezes, o descanso necessário ao trabalhador. Por causa do convívio social suas horas de sono podem ser sacrificadas. Em caso de

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cansaço o operador cochilará no seu console ou passará a noite em uma terrível luta para se manter acordado.

Acreditamos que esse problema deve ser encarado e que devem ser formalizadas salas de descanso para os operadores. Nessas salas, com cadeiras reclináveis e confortáveis, será possível um relaxamento para recobrar os níveis de atenção exigidos. Essa sala deve ser adotada em conjunto com as pausas na situação de trabalho.

2.1.4. Rodízios

Em períodos calmos predomina o monitoramento de alguns parâmetros para identificar variações no processo e agir preventivamente. Essas fases, aparentemente monótonas, levam o operador a relaxar sua vigilância. A organização do trabalho deve oferecer flexibilidade que permita o rodízio entre a área operacional e a sala de controle (quando possível). Essa flexibilidade organizacional tem como função a formação dos operadores, para manter atualizada no grupo a representação funcional do sistema. Dessa forma, pode-se garantir que os operadores da sala de controle tenham representações mentais, semelhantes às dos operadores da área, facilitando o processo, de forma que todos possam acompanhar a dinâmica das transformações inerentes a esse tipo de planta industrial.

Além de possibilitar o escape de uma situação monótona, as trocas tem uma função importante na formação.

3. Projeto Ergonômico do Lay-Out

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A definição do Lay-Out é possível através da previsão da atividade futura a ser desenvolvida na Sala de Controle.

O grau de automação a ser implementado e as características da empresa definem a futura organização do trabalho, que será considerada inicialmente no projeto de lay-out. Nas refinarias a introdução de Sistemas Digitais de Controle Distribuido - SDCD impõe a reformulação das tarefas dos trabalhadores.

Os investimentos nos automatismos definem os meios de trabalho e dimensionam as funções humanas no sistema. Estas definições são consideradas como pontos de partida para definição de um lay-out.

Em um processo de Centralização do Controle de uma refinaria (com o uso do SDCD) o processo passa a ser controlado através de consoles digitais e não mais a partir de painéis de controle analógicos. A atividade dos operadores é modificada.

No SDCD o acesso as informações pressupõe a elaboração mental de procedimentos de navegação e o uso importante da memória a curto prazo. As mãos passam a estar ocupadas no processo de procura de informações. O corpo passa passa a assumir posturas rígidas de trabalho. Nos painéis analógicos o acesso as informações dependiam só do deslocamento do operador diante destes. O SDCD foi projetado para que um único operador controle cada console e não para que 2 ou 3 operadores possam interferir juntos (multioperação).

A previsão da atividade futura provável, com o novo sistema, se faz necessária e deve ser considerada no Lay-Out.

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Para entendermos melhor o desenvolvimento de um projeto de lay-out, tomamos como exemplo o projeto de Salas de Controle de Refinarias. Dentro da perspectiva da definição de um lay-out da futura sala é necessário definir inicialmente os grandes conceitos a serem adotados. Por exemplo:

- Promover fontes de informações redundantes e complementares ao SDCD. Prever um telão e implantação de monitores de TV com câmeras instaladas na área.

- Facilitar a Multi-Operação (facilitar a integração dos operadores e de outras pessoas que trabalham na refinaria durante o diagnóstico das situações emergenciais).

- Favorecer a interação entre os vários setores que serão instalados na Sala de Controle em forma de Ilhas. Integrar as ilhas de controle e favorecer o acesso as informações de uma ilha para outra.

- Favorecer o intercâmbio de informações entre os operadores de cada ilha. Agrupar os postos de trabalho dos supervisores.

- Melhorar o desempenho dos operadores de turno/ criar Salas de apoio para os operadores e supervisores.

Estes conceitos iniciais são validados com todos os técnicos envolvidos na centralização do controle, assim como com os futuros operadores.

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Partindo destes conceitos (dentro do exemplo citado na Sala de Controle) todas as pessoas terão acesso visual ao telão e as outras informação. As operadores estarão sentados de frente para a tela e para os monitores.

Entretanto na reformulação de um edifício existente, para instalação de Salas de Controle, existem limitações arquitetônicas. Em se tratando de lay-out é interessante que a ergonomia atue antes da construção das instalações da Casa de Controle.

A elaboração de um lay-out implica na análise de situações de referência. Conhecendo os problemas e exigências do trabalho em Salas de Controle existentes, chega-se a definição das grandes áreas e espaços serem alocados no lay-out. No caso da Refinaria (vide capítulo ) devem constar na Sala de Controle as seguintes áreas e elementos: Área para os consoles SDCD Área para os microcomputadores Área para as impressoras Área para o telão e para monitores de TV Área para os painéis sinótico Área para Estudo (com pressa de reunião e para Consulta

de Plantas) Área para acondicionamento de materiais Área para café e água Áreas de apoio: Sala dos operadores e Salas dos

Supervisores

A definição destas áreas passa por uma reflexão profunda da automação e da área de projeto.

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A definição do quantitativo dos Equipamentos a serem introduzidos é fundamental para a definição do lay-out.

Deve-se definir a quantidade de meios de informação visual: Ex. Telas de SDCD, telão, monitores de TV, microcomputadores, sinóticos pintados. Meios de informação verbal; telefones, rádios, headphone, microfone e alto falante.

O quantitativo de telas geralmente é a primeira questão a ser abordada pelos técnicos de automação, pois isto dimensiona o volume dos investimentos. O número de monitores de TV e de telefones depende de outros setores envolvidos no processo de centralização.

Após a definição das áreas de trabalho é necessário verificar a interação entre os setores e os postos de trabalho. Mais uma vez esta informação deve ser extraída de um estudo de situações de referência e os dados a serem validados com os operadores.A partir deste referencial as alternativas de lay-out são geradas e apresentadas para os operadores. Nesta fase deve-se utilizar uma maquete com peças móveis para que se possa simular as alternativas de lay-out. Várias sessões de trabalho são necessárias com os técnicos e operadores, para análise e seleção da melhor alternativa.

Além da questão da organização do trabalho, da definição do lay-out é necessário aprofundar sobre os aspéctos de seleção e

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compra de mobiliário, assim como, a definição do ambiente físico e planejamento da configuração das telas.

4. Projeto Ergonômico de Mobiliário

A partir do detalhamento das atividades nas salas de controle, no Capítulo I, verificamos que o ambiente de trabalho, recomendado para acomodar situações informatizadas, é bastante diferenciado em relação a ambientes de controle tradicionais.

A atividade humana no trabalho evoluiu, é hoje um forte componente mental, está agregado às inúmeras funções que são desempenhadas com os terminais de video. Essa evolução trouxe a revisão dos conceitos tradicionais aplicáveis ao projeto do mobiliário e ambiente físico de trabalho das salas de controle.

Os estudos sobre fadiga visual, por exemplo, revelaram a importância da correta repartição de luminâncias nos planos explorados visualmente pelos operadores de videos. Em relação a esse aspecto, a determinação correta dos índices de refletância de paredes e cores no ambiente de trabalho passa a ser fundamental.

Ainda, pela solicitação crescente de atividades mentais e pela concentração exigida na maioria das atividades relacionadas ao uso de videos, os níveis de ruído suportados pelos usuários, sem a perturbação da execução de seu trabalho, são cada vez menores. O revestimento de paredes com materiais reverberantes é a cada dia mais evitado.

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As solicitações físicas desse tipo de trabalho também se alteraram, não exigindo mais o deslocamento freqüente dos operadores diante dos quadros de controle e, hoje, implicam na manutenção de posturas rígidas de trabalho. O mobiliário, por sua vez, não permite os ajustes ou regulagens necessárias a sua adequação a diferentes usuários (altos, baixos, gordos e magros).

Diante de tantas considerações, resta-nos evoluir, mas evoluir em todos os aspectos, não desprezando igualmente os fatores relacionados à organização do trabalho que devem ser transformados.

4.1. A Postura nas Salas de Controle

O trabalho em salas de controle, como já foi mencionado, envolve atividades de vigilância e a procura complexa de informações. A automação industrial incrementou o componente mental no controle de processos. Com a evolução das atividades humanas, as posturas no trabalho também se modificaram. Em salas de controle, a postura está diretamente relacionada à exploração visual e às ações necessárias à busca das informações.

A vigilância do automatismo e a forte concentração das informações em terminais de video exigem a presença física do homem diante dos consoles, durante a jornada de trabalho.

Inúmeros trabalhos em Ergonomia (DANIELLOU, 1987; DE KEYSER, 1980) mostraram que os operadores controlam, de

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maneira contínua, toda a gama de informações apresentadas nos centros de controle.

Essa vigilância contínua visa manter uma representação mental atualizada da evolução do processo, de maneira a poder antecipar os incidentes (DANIELLOU, 1987).

Devido às exigências da tarefa e ao uso dos consoles fixos, a alternância postural no posto de trabalho não é favorecida.

De acordo com os estudos em fisiologia (SCHERRER, 1981; GRANDJEAN, 1987), a alternância postural é fundamental para manter a integridade corporal do ser humano.Algumas pesquisas mostraram que o ser humano não suporta ficar sentado, assumindo uma postura rígida durante longos períodos. GRANDJEAN (1987); SANTOS, V. (1992) constataram, nos estudos realizados com usuários de VDU's, que esses, buscando alternar as posturas no trabalho, projetam o tronco para trás em busca de um relaxamento muscular que deve ser previsto e formalizado através de um mobiliário dinâmico (apresentado a seguir). As cadeiras e as mesas devem favorecer essa projeção, assim como as normas prescritas pela empresa. Isso se aplica aos postos de trabalho informatizados das salas de controle. Atualmente, são utilizados, nesses centros de controle, consoles fornecidos pelos principais fabricantes de sistemas automatizados. Esses consoles acomodam o video, teclado e periféricos, são fixos e não permitem as regulagens necessárias para acomodar pessoas de tamanhos diferentes. Entretanto existe uma perspectiva futura de substituição dos consoles por mesas comuns.

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Em Ergonomia, sabe-se que um posto de trabalho adaptado às dimensões de uma população é aquele que consegue acomodar, com conforto, 90% das pessoas. Adequar um posto de trabalho a 100% da população, tornaria o projeto de regulagem desse posto quase inviável, do ponto de vista de custos e do ponto de vista projetual. Têm-se, como referência para projeto, os manequins antropométricos representativos das menores medidas encontradas em uma população (medidas de segmentos corporais de mulheres, manequim percentil 5 feminino), e aqueles representativos das maiores medidas encontradas (medidas de segmentos corporais de homens, manequim percentil 95 masculino).

Exclui-se, então, os 10 % das medidas extremas, maiores e menores.

Se um posto acomodar esses dois manequins, 5 F e 95 M, ele está adequado para as outras pessoas cujas medidas encontram-se entre esses dois extremos, ou seja, ele atende a 90% da população (vide figuras 9 e 10).

Os estudos realizados com postos de trabalho informatizados (CAKIR, 1983; GRANDJEAN, 1985; SANTOS, V., 1992) mostram a importância do bom posicionamento dos membros superiores, como prevenção para a Síndrome de Esforços Repetitivos.

De acordo com o referencial científico, o plano de digitação deve estar alinhado com a altura do cotovelo. Nessa altura é possível garantir a digitação com o punho neutro, o que

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possibilita a irrigação sanguínea das mãos e antebraço, ao mesmo tempo que evita o estrangulamento dos tendões.

O respeito a essa recomendação já se encontra na Norma Regulamentadora número 17 - Ergonomia, do Ministério do Trabalho (1990).

Ainda outra recomendação importante, para postos de trabalho informatizados, refere-se à necessidade de um correto posicionamento dos membros superiores. É necessário garantir o apoio dos pés e a alternância do posicionamento das pernas. Em se adotando mesas com alturas fixas, é necessário prever apoio de pés reguláveis, entretanto as superfícies dos apoios não possibilitarão a alternância postural necessária às pernas, devido as suas dimensões limitadas.

A partir dessa restrição, tem-se que o ideal é que todas as pessoas trabalhem com os pés apoiados no chão. Isso significa adotar superfícies reguláveis para teclados independentes das superfícies reguláveis para monitores.

Em se tratando da escolha do mobiliário, deve-se adotar as recomendações a seguir.

4.2. Recomendações para Projeto Ergonômico de Mesas e Cadeiras

Um posto de trabalho adaptado às dimensões de uma população é aquele que consegue acomodar 90% das pessoas.

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Não se deve esquecer as constantes transformações internas da empresa, a evolução profissional das pessoas e o trabalho em turnos, que estabelece que quatro pessoas ocuparão o mesmo posto em horários diferentes. O mobiliário deve possibilitar regulagens na altura do assento, inclinação do encosto, altura do apoio de braços.

No trabalho sentado a alternância postural é fundamental.

O homem não suporta passar longos períodos sentado. É preciso que ele alterne a postura para reduzir a fadiga muscular e para incrementar a irrigação sanguínea.O mobiliário deve permitir a inclinação do tronco para trás e a alternância postural dos membros inferiores.

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Figuras 9 e 10: Variáveis Antropomêtricas e Ângulos de Conforto.As pessoas devem poder trabalhar com os pés no mesmo nível. A alternância postural dos membros inferiores é fundamental

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para a redução da fadiga decorrente do número de horas de trabalho em postura sentada. O encosto das cadeiras, com exceção de algumas atividades, deve ter espaldar médio com apoio regulável para a cabeça. Uma maior superfície de apoio dará garantia de uma melhor distribuição do peso corporal, relaxamento da musculatura dorso-lombar, e apoiará o tronco no momento de sua projeção para trás.

O apoio dos braços deve ser oferecido como possibilidade de área para descanso dos braços, quando não executada a digitação.

O trabalho de digitação implica no uso importante dos membros superiores. A fadiga, imposta pelo tempo de digitação, faz com que as pessoas apoiem as mãos na parte frontal da superfície do teclado, criando uma postura viciada e incorreta de trabalho. O usuário passa a digitar ao mesmo tempo que apoia uma ou duas mãos no teclado com a extensão do punho. Isso ocorre, principalmente, em função da necessidade de relaxamento dos grupos musculares envolvidos na manutenção do peso dos braços durante a digitação.

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Nos momentos de interrupção do trabalho é necessário descansar os braços em área próxima ao tronco dos usuários.

4.3. Conscientização dos usuários

As pessoas que trabalham em postos informatizados devem estar cientes das solicitações físicas/mentais, as quais estão envolvidas, e contribuir para a melhoria das suas condições de trabalho, realizando as regulagens necessárias para a adequação do mobiliário ao seu corpo. Naturalmente, em função disso, é necessário o projeto adequado, tanto do mobiliário quanto das regulagens do mesmo, de modo a facilitar ao máximo os ajustes necessários aos vários usuários. Essas regulagens devem ser vistoriadas pelo Departamento Médico.

O usuário deve seguir um comportamento que garanta a sua boa postura no trabalho (por exemplo, digitar com punho neutro).

Especificação ergonômica para compra de mobiliário - mesas e cadeiras

Encontram-se a seguir as plantas referentes as medidas a serem adotadas para a adaptação de mesas e cadeiras aos usuários (vide figuras 11 e 12).

Figura 9 e 10: Variáveis Antropomêtricas e Ângulos de Conforto.

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Figuras 11 e 12

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Na figura 13 ressalta-se a importância das regulagens do teclado na vertical (a regulagem do teclado na horizontal será possível através de seu deslocamento na mesa), a regulagem do video nos planos horizontal e vertical. Essas três regulagens permitirão a mínima alternância postural necessária aos usuários de terminais de video.

Figura 13: Regulagens recomendadas.

No caso do uso do apoio para os pés, o mesmo deve ser solidário à mesa e, se possível, ser regulável de 10 a 20 graus com o plano horizontal.

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Essas recomendações pressupõem o trabalho dos usuários com pés apoiados no chão, a possível projeção do tronco até 110 graus para trás e o ângulo mínimo de 90 graus entre o braço e o antebraço.

As medidas antropométricas utilizadas para essas recomendações (percentil 5 feminino e percentil 95 masculino) foram extraídas da Pesquisa Antropométrica e Biomecânica da PEA Ocupada na Indústria de Transformação do Rio de Janeiro (1985/86), da Pesquisa Antropométrica de Digitadores do SERPRO (1988) (percentil 5 feminino e 95 masculino) e da Pesquisa Antropométrica das Telefonistas da TELERJ/ ERGON (1992) (percentil 5 feminino), realizadas pelo Instituto Nacional de Tecnologia, e outras que se fizeram necessárias.

4.4. Recomendações a serem adotadas na compra do mobiliário

As recomendações específicas para cada componente do posto de trabalho são apresentadas abaixo.

Recomendações ergonômicas para mesas

• Altura:- a mesa para posto de trabalho informatizado deve ter

superfícies independentes e reguláveis para o video e o teclado.

- uma regulagem do monitor no plano horizontal também é importante, para garantir a projeção do tronco para trás

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até 110 graus. Os fabricantes não possuem, ainda, esse tipo de regulagem.

• Dimensionamento das superfícies de trabalho:- devem ser compatíveis com as atividades realizadas. Se a

atividade envolver entrada e manipulação de documentos, uma área do lado esquerdo e outra do lado direito do teclado devem ser previstas, para o suporte de apoio dos documentos. As superfícies de trabalho deverão ter dimensões suficientes para acomodar, além do teclado e do video, as outras superfícies necessárias aos papéis utilizados (tamanho A4 e A3), e os outros componentes do posto (telefone etc).

Recomendações ergonômicas para cadeiras

Uma cadeira adaptada ao trabalho de escritório deve reunir as seguintes características:

• Altura:- é recomendável que as pessoas possam trabalhar com os

pés no chão, eliminando, assim, os apoios reguláveis de pés. Logo, as cadeiras devem ser reguladas a partir de 36 cm do solo (medida relacionada às pesquisas antropométricas). Isso possibilitará a alternância no posicionamento das pernas e pés, o que geralmente é restringido pelos apoios para os pés.

Observação: as cadeiras existentes no mercado ainda não atendem essas exigências.

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• Profundidade do assento:- não deve ser superior a 40 cm (referência: profundidade

nádega-popliteal, percentil 5 feminino da pesquisa para o SERPRO - 40,5 cm).

• Largura do assento:- a largura mínima deve ser de 45 cm, respeitando o

percentil 95 feminino - largura do quadril.• Encosto:

- a recomendação ergonômica para definição de regulagens do encosto está fundamentada na necessidade de alternância postural do ser humano. A alternância passa a ser muito importante quando a pessoa tem que passar um longo período sentada, principalmente diante de terminais de video, que condicionam posturas rígidas de trabalho. Deve-se prover, aos usuários de postos de trabalho informatizados, cadeiras com regulagens de inclinação de encosto. As regulagens devem, pelo menos, possibilitar que o encosto atinja de 90 a 110 graus com o assento (vide figuras 9 e 10).

• Dimensionamento do encosto:- a possibilidade de escolha do encosto está diretamente

relacionada ao tipo de tarefa executada. Uma maior superfície do encosto pode favorecer uma melhor distribuição do peso e um relaxamento muscular. Para as pessoas que trabalham em terminais de video é recomendável um apoio dorsal e, para uso extremo do terminal (pessoal da operação), um apoio também para a cabeça. Em algumas atividades específicas, tipo digitação ou secretaria, alguns apoios dorsais prejudicam a movimentação dos braços e podem atrapalhar a execução

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da atividade. Nesse caso, não encontrando um apoio dorsal adequado, deve-se optar por um apoio lombar.

• Largura do encosto:- a largura do encosto deve permitir a movimentação dos

braços, principalmente se a atividade implica na grande manipulação do teclado. Alguns fabricantes reduziram essas larguras em função do trabalho informatizado. Referência para projeto: largura do tórax entre axilas:. percentil 5 feminino da pesquisa do SERPRO - 25 cm;. percentil 5 masculino da pesquisa da PEA - 26,2 cm.

• Revestimento das cadeiras: - evitar revestimentos lisos e rígidos, adotar tecidos

rugosos e revestimentos macios.• Regulagens:

- as regulagens devem ser facilmente acionadas. Em postos que atendam a mais de uma pessoa em cada turno, o sistema de regulagem deve ser o melhor possível (deve ser regulado com a pessoa sentada), caso contrário os usuários não irão regular as cadeiras;

- quando as atividades envolverem o trabalho em turnos, as regulagens devem também ser cuidadosamente escolhidas.

• Apoio de braços:- deve ser regulável para atender o maior número de

pessoas. Referência para projeto: altura do cotovelo ao assento (percentil 5 feminino SERPRO - 18,5 cm; percentil 95 masculino PEA - 27,5 cm), no entanto é difícil encontrar um fabricante com esse tipo de cadeira;

- deve-se ter o cuidado com atividades que envolvam importante entrada de dados, quando a movimentação dos braços não deve ser bloqueada;

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- segundo a figura a seguir, a altura do braço da cadeira deve ser regulável de 18,5 a 27,5 cm a partir do assento da cadeira;

- deve-se observar, também, que o comprimento do apoio dos braços não seja tal que bloqueie a aproximação da cadeira em relação a mesa. Quando há esse bloqueio à aproximação da cadeira, o usuário deixa de apoiar as costas no encosto da cadeira.

- pela deficiência dos apoios de braços encontrados no mercado, algumas mesas já possuem apoio para o antebraço solidário a superfície do teclado.

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4.5. Variáveis antropométricas a serem consideradas em projeto de posto de trabalho

Percentil cmAltura popliteal 5 F 33,0Altura popliteal 5 M 39,0Altura popliteal 95 M 46,5Altura das coxas 95 M 61,5Profundidade nádega-popliteal 5 F 40,5Profundidade nádega-popliteal 95 M 53,0Largura bideltóide 5 M 38,4Largura bideltóide 95 M 48,9Alcance do antebraço 5 F 45,5Alcance do antebraço 95 M 61,0Alcance frontal máximo, sujeito sentado 5 F 73,0Alcance frontal máximo, sujeito sentado 95 M 92,0Altura do cotovelo 5 F 55,5Altura do cotovelo 95 M 71,0Altura cotovelo-assento 5 M 18,5Altura cotovelo-assento 95 M 27,5Altura tórax-assento 5 M 34,0Altura tórax-assento 95 M 47,0Altura axilas-assento 5 M 38,5Altura axilas-assento 95 M 50,5Altura ombro-assento 5 F 52,0Altura ombro-assento 95 M 64,5Largura entre cotovelos 5 F 39,0Largura entre cotovelos 95 F 56,0Largura do quadril 5 F 33,0Largura do quadril 5 M 30,6Largura do quadril 95 F 45,1Largura do quadril 95 M 38,6Largura do tórax nas axilas 5 F 25,0Largura do tórax nas axilas 95 M 33,9Fonte: Pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional de Tecnologia (PEA, SERPRO e TELERJ/ ERGON).

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4.6. Recomendações para postos de trabalho dinâmicos em situações informatizadas

Em função de todo referencial teórico citado sobre salas de controle, o mobiliário tradicional deve ser modificado. Deve-se combater o conceito de mobiliário rígido e consoles, e tentar introduzir regulagens que tornem o posto de trabalho dinâmico, favorecendo assim a alternância postural dos operadores.

Citamos abaixo um primeiro exemplo de modificação realizada no Brasil.

Posto de trabalho dinâmico para situações informatizadas

A partir das recomendações ergonômicas definidas, a ERGON Projetos de Ergonomia, juntamente com a ZAGROS, fabricante de mobiliário, e GIROFLEX fabricante de cadeiras, desenvolveram um protótipo de mesa e de cadeira que possibilitassem a alternância postural no posto de trabalho (vide figuras 14 e 15 ).

A mesa desenvolvida possibilita regulagens verticais, independentes do suporte do teclado e do suporte do monitor e regulagem horizontal do plano do monitor.

A cadeira favorece a inclinação do tronco do operador para trás até 110 graus. As regulagens da mesa e da cadeira foram priorizadas. A altura das superfícies das mesas é facilmente regulável através de uma manivela que aciona um sistema de corrente.

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Figuras 14 e 15: Teste da mesa com percentil 5 feminino e 95 masculino.

Os protótipos foram testados com o percentil 5 (feminino) e 95 (masculino) e foram introduzidas modificações: foi criado um

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apoio de braço móvel, na mesa, que substituiu o apoio de braço de cadeira, e foi introduzido um apoio para as mãos na superfície do teclado, de maneira que o punho se mantenha neutro durante a digitação.

Esse tipo de experiência é de grande importância, dado o fato de que nas salas de controle verifica-se a tendência de substituição dos consoles tradicionais por mesas comuns (os teclados e videos já são fornecidos independentes dos consoles).

Para adaptar ergonomicamente o posto de trabalho, deve-se então seguir o referencial acima citado, baseado na alternância postural. Deve-se optar por um mobiliário dinâmico, visando a minimização dos riscos posturais.

Cumpre mencionar que os aspectos relacionados à organização (pausas, jornadas de trabalho) são complementares ao conceito de posto de trabalho dinâmico e devem ser contemplados.

5. O AMBIENTE FÍSICO NAS SALAS DE CONTROLE

5.1. Iluminação

5.1.1. Luminâncias e relação de luminâncias

Para criarmos um ambiente visual confortável e adequado ao tipo de atividade desenvolvida numa sala de controle, sem prejuízo para a saúde dos operadores e para a qualidade do trabalho, devem ser seguidas premissas básicas:

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• Balanceamento adequado das luminâncias de modo a obter contrastes adequados:

- dentro do próprio posto de trabalho, ou seja, das várias fontes de informação consultadas: tela, teclado, eventuais documentos e superfície de trabalho;

- do posto de trabalho e do entorno próximo;- do posto de trabalho e do ambiente geral da sala de

controle.• Uso das luminâncias de acordo com a atividade a ser desenvolvida:

- as demandas visuais das atividades são diferenciadas: se em um posto de trabalho informatizado na sala de controle são necessários entre 200 e 400 lux, atividades como, por exemplo, a leitura de plantas, onde a discriminação de detalhes pode ser importante, requisitam em torno de 750 lux.

• Evitar ofuscamentos:- os ofuscamentos são decorrentes do desbalanceamento

das luminâncias, por exemplo, uma fonte luminosa exposta em um ambiente de penumbra.

• Evitar reflexos em superfícies polidas:- em salas de controle, os reflexos mais comuns são sobre

as telas dos monitores. Por serem levemente côncavas, os operadores costumam visualizar nas telas dos monitores reflexos das luminárias do teto, janelas totalmente expostas ou semi-abertas, fontes luminosas fixadas às paredes etc.

Esses problemas podem ser resolvidos com o projeto de layout dos postos de trabalho adequado à arquitetura da sala, associado ao correto projeto de iluminação geral (da sala) e

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local (dos postos de trabalho), bem como, de soluções adequadas ao mascaramento da luz solar que incida na sala.

A seguir detalharemos alguns desses parâmetros de projeto.

Iluminação geral e local

A iluminação adequada às exigências das diferentes atividades deverá ser obtida a partir da combinação da iluminação geral e da iluminação localizada no posto de trabalho.

É importante que a iluminação funcione em módulos em função das condições ambientais, por exemplo, se é dia ou noite, e das necessidades dos operadores.

A iluminação geral deve ser definida a partir do layout dos postos de trabalho da sala de controle, e das exigências visuais inerentes aos tipos de atividades desenvolvidas naquele ambiente.

A quantidade de luz que chega ao plano de trabalho se denomina iluminância e é medida em lux (lumem/m²). Para salas de controle se recomenda que a iluminância seja regulável entre 150 e 500 lux.

A iluminação local deverá ser projetada de modo a não gerar reflexos nas superfícies polidas do posto de trabalho, por exemplo, tela do terminal. Os reflexos acarretam, além do desconforto do ofuscamento ao operador, a impossibilidade de visualização da informação contida na parte da tela onde há o

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reflexo.Essa situação, na atividade de controle do processo por meio de monitores, pode levar a situações de perigo.

No ambiente da sala de controle se encontram objetos, alguns mais, outros menos luminosos. Segundo DANIELLOU (1986), podem ser caracterizados como fontes primárias: lâmpadas, telas dos monitores, áreas iluminadas pela luz solar e, como fontes secundárias: as que recebem luz e refletem uma parte dela, tais como, o mobiliário, os documentos, as paredes e o piso.

Se há uma grande diferença de luminosidade entre essas diferentes fontes, há o risco de ofuscamento dos operadores pelas fontes muito luminosas e de incapacidade de distinguir detalhes nas zonas mais sombrias.

Segundo FANTAZZINI (1992), as relações de luminâncias num posto de trabalho informatizado devem ser:• 3:1 entre tela, teclado e outros componentes no posto de

trabalho que sejam visualizados durante a execução da atividade.

• 5:1 entre os componentes visualizados no posto e o campo visual próximo.

• 15:1 entre os componentes visualizados no posto e o campo visual afastado.

Para se evitar ofuscamentos, as superfícies de trabalho, paredes e pisos deverão ser foscas. Os coeficientes de reflexão dessas superfícies deverão estar em torno de:

Teto: 80%

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Parede (parte alta): 60%Parede (parte baixa): 40%Mobiliário: 40%Piso: 15 a 20%

Índices de reflexão para diferentes coresBranco de óxido de magnésio 98%Papel branco: 5%Marfim: 84%Alumínio: 83%Branco-gelo: 79%Amarelo canário: 77%Creme: 76%Amarelo: 70%Amarelo limão: 69%Amarelo-ouro, rosa, ocre, verde-limão:

60%

Cinza claro, azul, laranja, amarelo-cromo:

50%

Abóbora: 44%Lilás: 40%Tijolo, turquesa: 32%Cinza escuro: 31%Azul cobalto: 30%Verde-oliva, havana: 25%Verde-folha, castanho: 20%Vermelho: 7%Verde-garrafa: 12%Azul-ultramar, carmin: 10%Roxo: 5%

Segundo DANIELLOU (1986), vários estudos mostram que as pessoas que trabalham constantemente sob luz artificial têm menos defesas contra agressões microbianas; os mecanismos dessa deficiência ainda não são totalmente conhecidos.

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É sempre desejável que se permita a entrada de luz natural dentro de um local de trabalho. No caso onde restrições técnicas incontornáveis impõem ambientes totalmente confinados, sem janelas, a composição da luz artificial deverá ser objeto de estudos cuidadosos.

Em função do layout dos postos de trabalho na sala de controle, pode ser prevista a colocação de brise-soleils em parte das janelas, de modo a permitir a visualização do exterior de determinados ângulos da sala e o bloqueio total da luz solar em outra parte das janelas.

Esse bloqueio e a colocação de brise-soleils em angulações pré-determinadas e fixas, em função do posicionamento dos operadores nos postos de trabalho, são importantes para a não geração de reflexos nas telas e ao não ofuscamento dos operadores nos seus postos de trabalho.

Detalharemos melhor essa possibilidade com exemplos no Capítulo VI - Estudos de Caso.

A cor das lâmpadas utilizadas é muito importante quando se utilizam monitores em cores. O espectro da luz ambiental mistura-se ao espectro dos matizes emitidos pela tela, tendendo assim a modificar a percepção dos matizes na tela, caso o rendimento de cor das lâmpadas utilizadas na iluminação da sala não seja adequado.

Recomenda-se a escolha de tubos fluorescentes, cuja temperatura de cor seja de 4000 K e o rendimento de cor

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intermediário, de acordo com a Illuminating Engineering Society.

A partir da necessidade de distribuição homogênea da iluminação ao nível dos postos de trabalho e da necessidade expressa de não haver reflexos nas telas dos monitores, teclados e outros componentes dos sistemas de trabalho, sobre o qual o operador atua, recomenda-se uma iluminação que se dê por reflexão do teto, o que proporcionará a iluminação indireta no ambiente de trabalho (vide figura 16).

Figura 16: Sistema de iluminação indireta para postos de trabalho informatizados.O projeto do sistema de iluminação deverá ser sempre compatível com o projeto de ar condicionado, para evitar coincidências de posicionamento entre o sistema de luminárias e os furos de ar condicionado.

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Detalharemos o sistema de iluminação por reflexão do teto no Capítulo VI - Estudos de Caso.

5.2. Conforto Acústico

Considerando que as salas de controle são, na verdade, grandes centros de tratamento de informação, é fundamental a garantia do conforto acústico aos operadores.

Atividades complexas de tratamento de informações e elaboração de estratégias como as executadas nas salas de controle, principalmente quando nos referimos a processos contínuos, não devem estar expostas a níveis de ruído que ocasionem desconforto ou causem qualquer tipo de perturbação.

Segundo FANTAZZINI (1992), existem muitos critérios internacionais que estabelecem níveis de ruído para conforto acústico através de parâmetros simples, como nível de pressão sonora em D.B.(A), assim como, em outros critérios são envolvidos parâmetros mais específicos, como nível equivalente (Leq), o qual exige leituras realizadas com medidores integradores.

Deve-se adotar como embasamento técnico-legal o estabelecido na Norma Regulamentadora número 17 - Ergonomia, no item 17.5 - Conduções Ambientais, o qual recomenda, via a BR 10152, ou diretamente, que nos postos de trabalho onde sejam realizadas atividades que envolvam solicitação intelectual e atenção constantes, não existam níveis de ruído superiores a 65 dB(A).

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Nesse mesmo item menciona-se, também como parâmetro, que o espectro de ruído não exceda a curva NC-60.

Nas salas de controle de processos contínuos, a necessidade de comunicação entre sala de controle e instalações é constante.

Os meios de comunicações são vários: telefones para comunicação externa e interna, ou seja, entre salas de controle e área de operação; intercomunicadores; rádios, bem como, as comunicações verbais entre os operadores dentro da sala.

A soma de todos esses ruídos, além do ruído gerado pelas impressoras, não favorece absolutamente a concentração dos operadores nas suas atividades de controle, detecção de problemas, estabelecimentos de estratégias e ação sobre o sistema.

Consideramos também que o número de comunicações por meio de rádios, intercomunicadores e telefones aumenta sensivelmente na medida em que o controle se torna mais centralizado, dado que a distância entre sala de controle centralizado e área de operação impossibilita a troca de informações pessoais entre operadores da área e os da sala de controle.

Por esse motivo, consideramos importante o adequado tratamento acústico do teto e paredes, visando atingir um nível de pressão sonora inferior a 65 dB(A).

5.3. Temperatura Ambiente e Conforto Térmico

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O conforto térmico depende da atividade física, do tipo de vestimenta e das características do ambiente.

No caso das salas de controle, as atividades podem ser caracterizadas como atividades médias, cuja carga metabólica se dá em torno de 180 Kcal/hora e as vestimentas médias, roupa normal de algodão, calças compridas e camisas fechadas. Leva-se em conta nessa caracterização de vestimenta o isolamento e a área de cobertura dessa vestimenta.

Para se determinar as características do ambiente no cálculo do conforto térmico, devem ser levantadas as temperaturas de bulbo seco (Tbs), temperatura de bulbo úmido (Tbu) e a velocidade relativa do ar em relação ao corpo da pessoa parada na sala de controle.

A temperatura ambiente pode ser afetada pelo calor gerado pelos equipamentos eletrônicos, elétricos, luzes, calor irradiado pelas paredes, teto, dutos e calor emitido pelas pessoas presentes na sala de controle.

Para auxiliar na distribuição dessas fontes geradoras de calor para o ambiente, sugerimos:

• Que sejam especificados equipamentos elétricos e eletrônicos que emitam pouco calor.

• Direcionar a emissão dos fusos de ar condicionado afastados dos operadores e dos postos de trabalho.

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Como regra geral, temperaturas confortáveis para ambientes

refrigerados se encontram entre 20o C e 22 o C no inverno e

25o C e 26o C no verão.

Tanto os sistemas de aquecimento quanto os sistemas de refrigeração do ar proporcionam um efeito de diminuição da umidade do ar.

Níveis de umidade do ar menores que 40% podem proporcionar aumento da eletricidade estática. Combinadas com certos fatores ambientais, tais como, movimentação de pessoas, equipamentos, mobiliário, papéis e certos tipos de revestimento e piso, as cargas elétricas podem ser geradas e acumuladas em torno dos objetos. Quando há descarga dessa energia, por meio do contato com as pessoas ou objetos, a sensação é extremamente desagradável, com prejuízo para a saúde e para o conforto. Forrações anti-estáticas podem eliminar muitos problemas de descarga estática encontrada nesse tipo de ambiente. Entretanto, permanecem os desconfortos, devidos à pele e aos olhos ressecados, que são a conseqüência frequente de ambientes com baixos níveis de umidade.Sugerimos que:

• O nível de umidade do ar seja mantido acima de 30% para prevenir o desenvolvimento de energia estática.

• Que se mantenha uma faixa média de aproximadamente 40 a 60% de umidade do ar dentro da sala de controle.

• Que se evite níveis de umidade do ar superiores a 60%. Essa situação é tão desconfortável quanto a baixa umidade.

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IV. RECOMENDAÇÕES PARA CONFIGURAÇÃO DAS

TELAS

INTRODUÇÃO

Segundo diferentes estudos realizados, alguns parâmetros básicos devem ser seguidos na configuração das telas.

Apresentamos abaixo recomendações para a densidade da informação nas telas, para a codificação da informação e agrupamento dessas, e ainda para a concepção de alarmes.

Esses parâmetros orientam a definição geral da configuração, que deverá ainda, durante seu desenvolvimento, ser testada com os operadores.

A Ergonomia possui hoje um ferramental para avaliação das configurações de programas. Através de pré-testes, é possível aprimorar o diálogo do homem com o computador e reduzir, em muito, o tempo de aprendizagem.

1. CONFIGURAÇÃO DAS TELAS

Segundo DE KEYSER (1980), seis fatores devem ser respeitados para se chegar a uma boa configuração da tela.

A lógica da seqüência

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Respeitar a lógica do operador na atividade que será cumprida e não impor a lógica rígida do programa.

O espaço

Prever espaços e pontos de referência para reagrupar as informações em unidades de informação, aumentando a quantidade de informação tratada na unidade de tempo. O congestionamento de informações na diagramação da tela implicará em erros.

A pertinência da informação retida

Uma das causas do congestionamento é o desejo do projetista em querer colocar tudo na tela. O objetivo é o de reduzir a informação ao que é pertinente ao sujeito e à tarefa exercida.

A consistência

Trata-se da coerência interna das representações utilizadas no interior de cada tela e entre as telas.

O agrupamento

Trata do agrupamento sobre a tela dos itens e dados em inter-relação.

A simplicidade

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As telas devem ser simplificadas ao máximo. Isto não significa dizer que elas não podem ter um nível alto de complexidade ou de detalhes, mas somente quando a tarefa exige.

Pode ser útil prever uma estruturação de formatos, indo do ais geral e simplificado ao mais detalhado.

Segundo DANIELLOU (1987), na configuração das telas deve-se respeitar regras.

Regra 1

Adaptação às características da população.

Regra 2

Ligação da informação com ação:- os comandos e informações relativos a uma mesma

manobra devem estar próximos.

Regra 3

Verificação:- o agrupamento das informações deve favorecer o

diagnóstico, quer dizer, facilitar a identificação das configurações significativas.

Regra 4

Evidenciar a informação:

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- as informações mais importantes para a segurança e as informações mais consultadas devem se encontrar nas zonas freqüentemente percorridas pelos olhos na tela (quarto superior esquerdo, se a tela contém numerosas informações e, na parte central, se a tela não tem muitas informações).

Regra 5

Regra de homogeneidade:- as convenções utilizadas devem ser as mesmas para os

dispositivos equivalentes:. mesma estratégia de exploração visual;. mesma graduação para todos os registradores,

correspondendo a mesma mínima e máxima;. mesmo sentido de variação;. mesmas abreviações.

1.1. Divisão das Informações na Tela

A divisão das informações por telas será fundamental no controle do processo. Se essa divisão for mal feita os operadores terão que trocar várias telas durante a resolução de um problema, o que é fonte de fadiga visual, impõe uma memorização importante e torna difícil a constituição da representação do estado da unidade.

Deve-se detectar as ligações funcionais entre as informações, em relação à atividade dos operadores.

1.2. Agrupamento das Informações

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Em relação ao agrupamento das informações verifica-se que as telas retratam as medidas de uma parte da unidade, mas a desregulagem dessa parte, tem conseqüências sobre outros lugares.

Para recuperar e resolver os problemas os operadores devem percorrer numerosas telas; DANIELLOU (1987) propõe o agrupamento por grandes classes de incidentes ou de manobras:• paradas, partidas;• mudança de campanhas;• mudança da quantidade de produção;• incidentes de temperatura/variação da pressão.

Para as principais categorias de intervenções, será necessário definir com os operadores:• os parâmetros que permitem estabelecer o diagnóstico;• os comandos que permitem efetuar as manobras;• os parâmetros que permitem verificar os resultados da ação.

O conjunto de parâmetros, que tem ligação funcional, deverá estar na mesma tela:• os principais parâmetros (parâmetros de segurança e aqueles

mais consultados) devem ser colocados no alto, à esquerda, ou no alto, ao centro;

• os desenhos ou linhas que circundam as informações não devem ser fortes e destacar mais que o resto da informação. Eles servem para situar os parâmetros em relação aos outros;

• em operações de manobras é indispensável que o operador possa comandar as válvulas e motores sem trocar de tela.

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Neste caso, deve-se prover uma janela na tela principal que contenha esses comandos.

1.3. Codificação

A codificação pode ser efetuada de diferentes maneiras: por uma codificação alfanumérica, por cor, pela luminosidade, tons mais claros e escuros, pelo espaço ou pela forma dos caracteres.

Concluiu-se, a partir de pesquisas, que na existência de forte pressão temporal na resolução dos problemas, os operadores tomam decisões mais rapidamente quando a informação é apresentada em formato gráfico e não numérico.

No modo alfanumérico, é desejável que as zonas da tela tenham, de um modo geral, a mesma significação.

Os mesmos dados devem aparecer sempre nos mesmos lugares da tela, pois os operadores procuram a informação onde tem o hábito de encontrá-la, aumenta-se assim a rapidez de busca da informação.

Em tarefas de controle e supervisão do processo, o formato gráfico é geralmente mais apropriado (pode-se apreendê-lo em um só olhar), que o formato numérico, que necessita de um tratamento seqüencial.

Quando em modo alfanumérico a informação pode ser estruturada em sub-blocos, na mesma tela, de modo visível para o operador.

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1.4. Diálogo com o Computador

A utilização de códigos necessita de uma memorização complexa. Os códigos devem estar próximos da linguagem natural.

Deve-se poder corrigir todo erro de digitação ou interromper a execução de um procedimento comandado incorretamente.

Quando o programa efetua uma interpretação de uma instrução dada pelo operador ele deve indicar esse fato e solicitar a validação.

Logo que um erro é detectado, o programa deve repor o diálogo da fase na qual o erro foi detectado. O operador não deve ser obrigado a recomeçar a seqüência.

Quando as mensagens com erro são apresentadas, devem vir complementadas com ações passíveis de serem realizadas.

A tecla de assistência (HELP) deve apresentar as regras do diálogo para uma fase particular.

Quando a operação de um cálculo exigir um tempo de resolução superior a dez segundos, na tela deverá aparecer a informação da etapa em que se encontra o cálculo.

1.5. Concepção de Alarmes

O alarme não deve aparecer somente sob a forma de troca de cor (passagem do verde ao vermelho).

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Os alarmes devem ser apresentados na tela em que o problema será tratado.

1.5.1. Agrupamento de alarmes

As pesquisas mostraram que os operadores consideram a configuração do conjunto de alarmes e não cada alarme isoladamente:• se um mesmo alarme aparecer sempre no mesmo lugar, será

mais fácil reconhecê-lo;• a listagem dos alarmes por ordem cronológica, sob a forma

de lista alfanumérica, pode ser útil para reconstituir o desenrolar de um incidente. Sua disposição, no entanto, não define sua natureza e não permite situá-la no contexto.

Mas, esse modo de apresentação pode ser útil se registrado em uma impressora para consulta posterior.

1.6. Diagramação dos Dados na Tela

A informação deve ser repartida em grupos, para permitir ao usuário associar ou comparar classes de informações similares.

A estruturação necessária, a nível de tela (página), também é necessária para os dados.

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A apresentação de cinco ou mais números, se não tiverem uma ordem natural, deverá ser em blocos de três ou quatro unidades cada um; se for uma série de dez unidades, então a estrutura de apresentação deverá, também, se compor de grupos distintos de 3, 4, 3 (por exemplo: A62 4156 317).

Os grupos de dados devem ser espaçados de, no mínimo, o equivalente a um caracter; os parágrafos devem ser separados por um espaço de, no mínimo, uma linha, e os títulos sublinhados em negrito ou em maiúsculas.

Os dados apresentados em quadros ou tabelas, devem ser fixados da esquerda para a direita e do alto para baixo; se, por acaso, se estenderem sobre mais de uma página (tela) na vertical, as colunas deverão ter uma apresentação idêntica em cada página; os dados de tabelas não devem se estender horizontalmente por mais de uma página (tela).

As listagens devem ser alinhadas verticalmente e justificadas à esquerda; se forem apresentadas sob forma de tabelas, os dados alfanuméricos deverão ser justificados à esquerda, os dados numéricos (sem decimais) à direita.

Os dados numéricos a serem examinados e comparados deverão ser apresentados sob forma gráfica ou de tabela. A combinação das duas formas provoca uma diminuição da rapidez de leitura, mas aumenta a precisão das respostas.

1.7. Linguagem de Comando

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As abreviações devem conter o mínimo de letras possíveis e serem semanticamente significativas.

O número de letras deve ser inferior a três caracteres, escolhidos segundo as regras:• as três primeiras letras do nome que designa o comando;• as três primeiras consoantes;• utilizar apenas uma das regras acima para todos os comandos.

O tamanho de um menu de cerca de trezentos caracteres é considerável aceitável.

O número ótimo de alternativas por página se situa entre 4 e 8, se os itens do menu forem curtos, podem ser reagrupados em duas colunas.

O menu deve facilitar a aprendizagem quando for necessário (passos detalhados para acesso e mudança de informações), mas deve possibilitar "queimar" etapas da seqüência de menus que são apresentados para o operador experiente (preferência por linguagem de comando):

• Dar flexibilidade de acesso por menu ou comando.• Formatar de modo a minimizar os movimentos para

posicionamento do cursor.• Comandos por funções são recomendados em número

limitado; são executados mais rapidamente que a entrada dos caracteres.

• Comandos muito numerosos podem ter duas soluções (não exclusivas): combinar comandos funcionais por menu e por linguagem semi natural.

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• Facilitar a memorização dos comandos na tela/teclado através de sua organização funcional e espacial:- utilização das cores para identificar comandos perigosos;- reagrupar comandos relacionados com o mesmo tipo de

funcionalidade;- fazer corresponder à organização espacial às funções de

comandos (colocar os comandos da esquerda à direita, segundo sucessão da utilização no tempo);

- reagrupar os comandos por funcionalidade (por exemplo: comandos perigosos são isolados e as cores são associadas às funções: azul = documento, amarelo = texto).

• A organização por funcionalidade é mais eficaz se os comandos utilizados seqüencialmente são justapostos em blocos, de maneira a serem acionados sem deslocamento da mão nem necessitar de um processo de busca visual.

• Duração das operações é mais curta quando os ícones são funcionais.

• Esses facilitam a aquisição do modelo mental da estrutura do sistema informatizado e substituem uma frase com maior eficiência.

1.8. Suportes para o Diálogo com o Sistema

Detecção de erros e emissão de mensagens informando ao usuário o tipo de ação executada.

Comando de confirmação (confirmação da utilização de um outro comando).

Anulação de um comando realizado anteriormente.

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Função de ajuda (ESC) permite obter informações sem fazer referência ao manual.

Mensagens freqüentes: todos os comandos realizados devem ser associados a uma resposta do sistema, que pode estar indicada:• na linha inferior da tela, reservada aos comandos;• no restante da tela;• ou segundo outra modalidade sensorial.

1.9. Combinação de Cores para Caracteres e Fundo

Cor de Fundo Cor do Caracter Utilizar Evitar

Branco Magenta, vermelho, verde, azul AmareloAmarelo Magenta, vermelho Branco, azul, verdeAzul esverdeado Vermelho, azul Verde, amareloMagenta Azul, branco, azul esverdeado,

verdeVermelho

Vermelho Branco, amarelo, azul esverdeado Magenta, azulAzul Branco, azul esverdeado, verde VermelhoVerde Amarelo, branco Azul esverdeado, azul

Figura 17: Eficiência visual segundo as cores dos caracteres nas telas. Fonte: ITSEMAP, 1990.2. INTRODUÇÃO DE CORES NAS TELAS

2.1. Escolha de Telas com Contraste Positivo ou Negativo

Existem dois tipos de tela: as telas com contraste negativo (de fundo escuro e caracteres claros) e as telas com contraste positivo (de fundo claro e caracteres escuros). Vários experimentos sobre visibilidade, utilizando os dois tipos de telas, foram realizados por KUCHUE et alli (1986); ZWAHLEN (1986) e BAUER (1986).

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Segundo esses autores, sendo maior a luminância da tela com contraste positivo, o diâmetro da pupila do operador fecha e fica menor, alcançando uma maior profundidade de foco, sendo mais fácil, portanto, focar as trocas de objetos. O desgaste com a adaptação dos olhos é menor, já que as diferenças entre luminâncias são menores entre objetos e entre manuscritos e tela, e os reflexos na tela perturbam menos o operador.

Segundo CHARNESS (1985), o diâmetro da pupila é um dos mais importantes índices fisiológicos, porque a nitidez da visão é obtida pela contração da pupila por pessoas que necessitam de lentes corretivas, especialmente as mais idosas.

Segundo KANAYA (1990), deve-se observar, entretanto, que como na tela com contraste positivo a cintilação da imagem é mais facilmente percebida pelos olhos, a freqüência de cintilação tem que ser maior do que na tela com contraste negativo. Explicaremos melhor esse mecanismo no item a seguir.2.2. Persistência e Cintilação da Imagem

Segundo CAKIR (1980), logo que um caracter é projetado na tela de um tubo catódico, ele começa a desaparecer a uma velocidade que depende da persistência do fósforo.

Para manter a imagem visível na tela, o caracter deve ser constantemente regenerado; se a imagem não é suficientemente regenerada ela parecerá piscar.

Isto não só distrai a atenção mas pode perturbar a visão do operador.

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O ritmo de renovação do fósforo é a freqüência com a qual cada parte da superfície do tubo é novamente iluminada pelos feixes de elétrons. Essa freqüência é indispensável para evitar a percepção da cintilação e depende da remanescência do fósforo, quer dizer, do tempo que o fósforo permanecerá luminoso após a excitação do feixe de elétrons.

A persistência do fósforo é classificada: em baixa, média e alta. Ainda que essa classificação seja arbitrária, a persistência pode ser descrita como uma constante de tempo do fósforo, ou seja, o tempo durante o qual a intensidade luminosa caia de 1 a 37% do valor inicial.

Para os fósforos de baixa persistência, o período de fosforescência não dura mais que 1 milisegundo. Os fósforos de média remanescência, 2 segundos e os fósforos de alta remanescência muitos segundos.

Utiliza-se fósforos de baixa e média persistência quando a imagem é estática; sendo o caso de terminais alfanuméricos.

Ao contrário, os receptores de televisão tem obrigatoriedade de usar fósforos de baixa persistência para permitir a mobilidade da imagem na tela.

Pode-se obter uma imagem estável de três maneiras:• utilizando um fósforo de alta persistência, utilizando uma

freqüência de refrescamento baixa;

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• utilizando um fósforo de baixa ou média persistência com uma freqüência de refrescamento elevada de ordem de 50 a 60 Hz;

• utilizando uma trama entrelaçada combinando com os fósforos de persistência média.

O uso do contraste positivo das telas é cada vez mais freqüente. Em relação a cintilação da tela positiva, OHTAKE et alli (1985) conduziu um experimento para determinar o limite mínimo da freqüência da tela, para que a cintilação não possa ser percebida na tela.

O autor mostrou a relação entre as freqüências mínimas, que não proporcionam cintilação, e a luminância da tela, quando as características do fósforo são de baixa, média e alta persistência.

A figura a seguir mostra que o limite mínimo de freqüência que não tem cintilação é maior para fósforos de baixa persistência, e é maior quanto maior for a luminância da tela.

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Figura 18: Iluminância da tela segundo o tipo de fósforo.

2.3. As Cores

2.3.1. A cor e o computador

A percepção, segundo MURCH (1987), é, em uma definição simples, a diferenciação entre figuras e o seu fundo. Isso significa que a figura deve, de alguma maneira, ser diferente do fundo, de forma que possa ser discriminada dele. As diferenças das cores provêm meios para essa discriminação entre figura e fundo: os contornos externos dos objetos, bem como, os contornos internos são como margens delimitadas pelas diferenças de cores.

As imagens geradas pelos computadores também funcionam assim. Tanto telas de computadores, quanto as cópias impressas contém figuras, linhas, margens, formas que são diferenciadas do fundo a partir de cores.Embora o termo cor seja geralmente utilizado para descrever atributos como, por exemplo, vermelho e verde, ele vem sendo efetivamente estendido às cores denominadas neutras (preto, cinza etc). Um objeto que possui um matiz específico, como vermelho ou verde, tem uma cor cromática. Um objeto que se distingue do seu fundo a partir da luminosidade, tal como o preto ou o cinza, tem uma cor acromática. As figuras podem ser percebidas somente a partir das diferenças de matizes, da diferença de luminosidade, ou a partir das duas coisas. As cores cromáticas e acromáticas podem também apresentar vários níveis de brilho, do escuro ao alto brilho.

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O estímulo que permite a formação da percepção contêm contornos e limites criados pelas diferenças de luminosidade, brilho e matiz.

A forma como os indivíduos percebem as cores resulta de, pelo menos, sete fatores:

• As características físicas do próprio objeto e a capacidade de refletir e absorver certos comprimentos de onda da luz.

• As propriedades da fonte luminosa que ilumina o objeto.• O meio através do qual a luz percorre, bem como, a distância

percorrida através do meio.• As propriedades dos entornos do objeto.• As condições biomecânicas dos olhos e do sistema visual no

momento do estímulo.• As características de transmissão das células receptoras e dos

centros neutros.• A experiência prévia do indivíduo com o objeto ou sensação.2.3.2. Percepção da cor cromática

Segundo MURCH (1987), a superfície de uma tela colorida é formada de centenas de pequenos pontos de fósforo.

Os fósforos são compostos que emitem luz quando bombardeados por elétrons. A quantidade de luz emitida depende da energia do feixe de elétrons.

Os fósforos são distribuídos na tela em grupos de três (tríade), com um fósforo emitindo comprimentos de ondas luminosas longos, os vermelhos, outro emitindo comprimentos de ondas

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luminosas médios, os verdes, e o terceiro emitindo comprimentos de ondas luminosas curtos, os azuis.

Para apresentar um objeto vermelho na tela, por exemplo, todos os fósforos vermelhos que formam o contorno e o interior do objeto são estimulados a emitir luz. Objetos verdes e azuis são apresentados na tela num processo semelhante a esse.

2.3.3. Diferenciação das cores nas telas

Segundo SILVERSTEIN (1987), a qualidade da informação codificada por cores numa tela depende da efetiva diferenciação entre as cores.

Os principais fatores que influenciam a discriminação de cores na tela são:• comprimento de onda, pureza e luminância; esses três fatores

são determinados por características do hardware.

Na medida que os comprimentos de ondas das cores apresentadas na tela se diferenciam, a capacidade de discriminação se torna mais apurada. A pureza da cor se comporta de forma semelhante. O aumento na pureza das cores apresentadas na tela maximiza a sua percepção. Mudanças na luminância de uma imagem em cores, acarretam mudanças na percepção de sua cor e saturação.

O aumento da luminância da cor no display ou o aumento do seu brilho geralmente resulta na melhoria da percepção e discriminação da cor.

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As imagens coloridas tendem a ser percebidas como acromáticas a níveis ou muito baixos ou muito altos de luminância.

Também os níveis, a partir dos quais a percepção acromática começa a cair, depende do tamanho da imagem, bem como, das características do seu entorno.

2.3.4. Tamanho do campo colorido

O tamanho do campo colorido é muito importante na percepção da cor.

A habilidade de discriminação entre cores, particularmente dentro da faixa entre azuis e amarelos, se reduz principalmente nos campos pequenos. Em geral, figuras com tamanhos menores do que 15 minutos de arco visual ficam prejudicadas com relação a percepção de cor e discriminação.

Para uma boa discriminação das imagens, na faixa entre os amarelos e azuis, deve ser considerado como campo mínimo 20 minutos de arco.

2.3.5. Adaptação do nível de brilho

O nível de adaptação ao brilho, por parte do observador da tela do computador, varia em função da luminância da imagem na tela, da luminância do fundo da tela e da luminância do campo visual em torno da tela.

Se a adaptação do observador é o resultado da luminância emitida e refletida pela tela, a percepção da cor aumentará na

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medida que o nível de adaptação aumenta. A capacidade de discriminação de cores aumenta na medida em que a luminância do ambiente e da imagem aumentam sincronizadamente.

2.3.6. Número de cores na tela

O número de cores usadas para codificar informações afeta profundamente a discriminação das cores (SEMPLE et alli, 1971). Na medida em que se aumenta o número de cores, a discriminação se torna mais difícil, requerendo um controle das cores mais rígido (KREBS et alli, 1978; SILVERSTEIN & MERRIFIELD, 1985).

Sendo assim, o aumento do número de cores afeta o hardware em termos da capacidade de produção de cores e da estabilidade das cores produzidas.Recomenda-se o uso de três a sete cores numa mesma tela, quando as cores forem utilizadas com o propósito de codificar informações (HAEUSING, 1976; KINNEY, 1979; KREBS et alli, 1978; SILVERSTEIN & MERRIFIELD, 1981 e 1985; TEICHNER, 1979).

2.3.7. Fundo da tela

Os efeitos do fundo da tela estão relacionados ao nível de adaptação do observador e ao contraste de luminância da tela em questão.

Símbolos coloridos apresentados num fundo claro são percebidos como mais saturados do que os mesmos símbolos coloridos apresentados num fundo escuro (FARREL & BAOTH,

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1975; PITT & WINTER, 1974). O aumento da sensibilidade cromática resultante de um entorno luminoso geralmente facilita a discriminação da cor.

2.3.8. Localização do estímulo da cor

A região da retina atingida por meio do estímulo visual afeta profundamente a percepção das cores (HURVICH, 1981; KINNEY, 1979). A figura a seguir mostra a distribuição dos receptores cones e dos receptores bastonetes na retina. Observa-se que a densidade de receptores cones, capazes de perceberem e diferenciarem as cores, diminuem em número na periferia da retina. A área de visualização direta, a fóvea, é limitada numa área de 1 a 2 graus do ângulo visual e contém somente receptores cones.

Figura 19a: Distribuição de receptores visuais, cones e bastonetes na retina.

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A percepção das cores e a acuidade visual são maiores na fóvea, e pioram, tanto uma quanto outra, na medida em que o que deve ser visualizado se afasta dessa região central.

As zonas de percepção das cores na retina não são simétricas: a sensibilidade ao azul e amarelo abrange mais a periferia visual da retina do que a sensibilidade ao vermelho e verde (HURVICH, 1981; KINNEY, 1979). As figuras a seguir mostram os resultados de um estudo de KINNEY (1979), que ilustra a deterioração do julgamento de cores (vermelho, verde, azul, amarelo), que ocorre para um grau de estímulo à cor localizado em vários graus de excentricidade a partir da fóvea. Os resultados dos gráficos indicam que a cor pode ser efetivamente usada para codificar os displays, numa faixa entre 10 e 15 graus na periferia visual da fóvea.

2.3.9. Demanda de desempenho

O tipo de desempenho de discriminação de cor, demandado ao observador, é determinante na distinção de cores em telas. O tipo de desempenho requerido é determinado pelo tipo de aplicação da tela e pelo método de codificação de cor empregado. A discriminação absoluta de cor envolve o reconhecimento e a identificação de amostras de cor individualmente. A discriminação comparativa ou relativa requer a detecção de diferenças simultaneamente apresentadas em amostras de cores.

O número de cores discrimináveis e a exatidão e confiabilidade dos julgamentos de cor são consideravelmente maiores em

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situações comparativas do que em situações que requeiram um julgamento absoluto e individual da cor (HAEUSING, 1976; KREBS et alli, 1978). Essa diferença básica de desempenho se mantém independentemente do tipo de figura, sejam superfícies coloridas, sinais luminosos ou imagens geradas em telas de computadores.

Para telas em cores utilizadas em meios operacionais, pode ser usado um repertório de três ou quatro cores, na medida que se requeira o julgamento absoluto da cor. Quando a demanda for a discriminação comparativa, esse número pode ser elevado a seis ou sete cores. (HAEUSING, 1976; SILVERSTEIN & MERRIFIELD, 1981).

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Figura19b: Proporções de julgamentos de cor corretos.(Fonte: KANAYA, Sueko).

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2.3.10. Características visuais da população usuária

O último fator a ser considerado são as características da população usuária. A visão das cores varia em função da idade do observador.

A boa discriminação das cores se mantém até, aproximadamente, os 25 anos, seguida por um declínio gradual que se acentua em torno dos 65 anos (BURNHAM et alli, 1963). Mudanças na pigmentação ocular, com o aumento da idade e a redução progressiva de tansmissão nos meios oculares, resultam numa diminuição da sensibilidade ao contraste e há perdas especialmente na sensibilidade à luz em Ccomprimentos de onda curtos.

2.3.11. Fadiga visual

Atividades que demandem a visualização de uma tela em cores, na medida em que ela seja bem projetada, acarretarão um esforço visual semelhante à leitura de um livro ou ao trabalho numa linha de montagem onde tenham que ser observados detalhes. A distância dos olhos até a tela, o livro ou a linha de montagem é semelhante, e geralmente se dá em condições visuais também semelhantes.

Segundo SMITH (1987), a fadiga visual pode se manifestar pelo desempenho, por fatores subjetivos ou por mudanças a nível fisiológico.

As funções geralmente vulneráveis aos efeitos da fadiga são o sistema focal dos olhos, a sensibilidade retiniana, a recepção e a

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percepção das imagens visuais no cérebro e a eficiência muscular de controle de movimentação e fixação do olhar.

Os sintomas dessa fadiga são nitidez anormal devido a incapacidade de manter o foco e a fixação do olhar, turvamento e embaçamento da visão, alteração das cores dos objetos, confusão de imagens e visão dupla.

Esses sintomas parecem também ocorrer quando nos ocupamos em algumas atividades por longos períodos de tempo, em condições tais como:

• Visualizar objetos próximos, tal como, ler um livro durante mais de três horas.• Dirigir por longos períodos de tempo em condições visuais

inadequadas, tal como, numa estrada com neblina à noite.• Não dormir por vários dias.• Visualizar e discriminar imagens pouco nítidas por longos períodos.

Os sintomas da fadiga visual variam de acordo com as características pessoais. O termo "fadiga" pode ser definido como a saturação de um organismo devido ao esforço, ou como a perda temporária da capacidade de resposta ou reação devido a uma estimulação contínua. Pode ser caracterizada como aguda, crônica ou induzida pela tarefa.

A fadiga aguda é caracterizada pelos sintomas produzidos pelas atividades fatigantes de trabalho de curta duração, cujos primeiros efeitos são a nível muscular, e pode ser atenuada por meio de repouso.

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A fadiga crônica implica em fenômenos fisiológicos que são cumulativos e, em alguns casos, não são atenuados pelo repouso.

A fadiga induzida pela tarefa é, temporariamente, produzida ou induzida pelo trabalho numa tarefa específica, por um longo período. A fadiga ocorre, por exemplo, quando se executa uma atividade monótona, o que pode ser rapidamente revertido por uma mudança de atividade de trabalho.

A fadiga visual pode ser definida como um efeito funcional, fisiológico e rapidamente reversível, decorrente da contração prolongada, excessiva ou difícil dos músculos oculares com o objetivo de manter o foco visual apurado. Entretanto, a fadiga visual vem sendo entendida por muitos pesquisadores como sendo uma combinação entre a fadiga dos músculos oculares e a fadiga perceptiva. A primeira se refere a movimentação dos olhos (sistemas de fixação e de focalização), enquanto a fadiga perceptiva resulta de esforços prolongados de interpretação de imagens visuais. A fadiga perceptiva pode ocorrer acompanhada ou não da fadiga muscular dos olhos, embora alguns dos sintomas da fadiga visual possam ser decorrentes dos esforços perceptivos.

Pesquisas acerca da fadiga visual indicam que ela pode ser aguda ou induzida pela tarefa. Isso indica que ela pode ser causada pelo trabalho dos músculos oculares ou pela redução da capacidade mental.

O conceito de fadiga mental cognitiva é, entretanto, confundido com o da fadiga visual. Alguns dos indicadores da fadiga mental

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são a fusão e tremulação críticas de visão, o índice de piscamento dos olhos e o diâmetro da pupila. A fadiga visual pode ser medida por meio da avaliação dos mesmos índices da fadiga mental.

Em muitos casos, outras formas de fadiga ou estresse são confundidas com a fadiga visual. Por exemplo, um indivíduo pode estar exposto à fadiga postural devido ao trabalho estático dos músculos, decorrente da rigidez da posição do pescoço. Os músculos posteriores do pescoço podem estar comprimindo os nervos que se irradiam para a cabeça, causando dores de cabeça. A dor de cabeça pode ser atribuída às condições de visualização da tela do computador, mas pode, de fato, ser decorrente da posição relativa da cadeira, levando à má postura e à compressão dos músculos do pescoço.

Quando os usuários dos terminais dispõem de mobiliário ajustável e bem projetado, com ambiente físico adequado e condições administrativas de trabalho satisfatórias, as queixas acerca do estresse visual se reduzem significativamente.

2.3.12. Conseqüências do uso de telas em cores sobre o operador

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A informação obtida por meio de telas em cores pode, ou não, produzir vantagens significativas de desempenho em relação a uma tela monocromática, uma vez projetada.

Entretanto, apesar de não se poder mensurar essa melhoria de desempenho, os usuários tendem a preferir o uso de telas cromáticas ao invés de telas monocromáticas.

Segundo CHRIST (1975), cinco pesquisas, que levaram em conta índices subjetivos de preferência e respostas a questionários, indicavam uma forte tendência ao uso de telas em cores. Os operadores sob estudo, nessas cinco pesquisas, se sentiam mais seguros com a codificação por cores, na medida em que, para eles, as telas em cores eram de uso mais natural e aumentavam sua capacidade de detecção de detalhes. Segundo esses operadores o uso de telas em cores era menos monótono e proporcionava menos fadiga mental e visual.

Estudos realizados com pilotos indicaram que eles, também, preferiam telas em cores para o comando de aviões e selecionavam, sistematicamente, cores altamente saturadas para a codificação das informações (BEYER, 1971; SILVERSTEIN & MERRIFIELD, 1981).

Segundo SILVERSTEIN (1987), muitas questões acerca do impacto do uso das telas em cores ainda permanecem sem resposta, mas, até o presente momento, a preferência dos operadores pelo uso de telas em cores para a codificação das informações deve ser considerada como um critério válido no momento de decisão de usá-las ou não.

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V. ESTUDOS DE CASOS

Neste capítulo serão apresentados dois estudos ergonômicos, realizados em duas empresas diferentes, que tiveram por objetivo o projeto ergonômico de salas de controle.

O primeiro foi realizado no Setor Petroquímico da Refinaria Alberto Pasqualini em Canoas - RS. O segundo no Setor Metroviário, no Metrô do Rio de Janeiro. Embora em setores diferentes, os dois estudos abordaram as questões humanas relacionadas às atividades de controle.

1. PROJETO ERGONÔMICO DA CASA DE CONTROLE CENTRALIZADO DA REFAP

Visando unificar em uma única sala todas as unidades de processamento, transferência, estocagem e utilidades, a REFAP - Refinaria Alberto Pasqualini, da PETROBRÁS, implantou uma Casa de Controle Centralizado. O processo de automação considerou o uso do Sistema Digital de Controle Distribuído - SDCD (UNICONTROL/FISHER CONTROL). Com esse sistema o processo passa a ser controlado através de consoles digitais e não mais a partir de painéis de controle analógico.

1.1. Demanda

A demanda de um estudo ergonômico, que elaborasse recomendações ergonômicas para o projeto da nova situação de trabalho, partiu da equipe de Higiene Industrial (ASEMA) da

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REFAP. Um dos argumentos utilizados foi o cumprimento da Norma Regulamentadora número 17 - Ergonomia.

As outras equipes envolvidas no projeto da Casa de Controle Centralizado (Setor de Automação e Setor de Projetos) tinham como preocupação garantir o bom desempenho humano na operação do sistema.

A partir de uma primeira palestra, que mostrava como a Ergonomia poderia participar do processo de automação, definiu-se o escopo da contratação dos serviços de Ergonomia.

O grande problema a ser solucionado, no entanto, seria: como propor alterações na Casa de Controle Centralizado, se o projeto que estava sendo desenvolvido pela firma de engenharia estava praticamente concluído?

1.2. Escopo

A especificação técnica para o desenvolvimento do Estudo Ergonômico da Casa de Controle Centralizado constou dos seguintes tópicos:

• Abrangência do estudo:- Projeto do ambiente físico, enfocando aspectos

relacionados com:. layout e circulação de pessoas;. sistemas de iluminação geral e localizada, níveis de

iluminamento;. conforto térmico;. conforto acústico;

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. tratamento cromático de paredes, pisos e mobiliário;

. outras especificações relevantes.

- Projeto dos postos de trabalho, enfocando:. mobiliário, cadeiras, consoles, mesas de trabalho;. monitores de video;. sistemas de intercomunicação entre as estações de

controle e dessas com os operadores de campo;. telefones;. microfones;. monitores de TV;. sonorização local e geral;- componentes acionais;- outras especificações relevantes.

- Projeto do software, visando uma perfeita interação entre os operadores de consoles e o processo, considerando:. configuração das telas;. definição de funções;. outras especificações relevantes.

- Assessoria ergonômica:. além dos itens acima, a contratada foi solicitada a

prestar assessoria aos engenheiros da PETROBRÁS para a implementação das recomendações decorrentes do estudo ergonômico da sala de controle. Foram previstas duzentas horas de assessoria, com seis visitas à REFAP, cada uma delas com três dias úteis, ao longo de seis meses.

1.3. Metodologia

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Projeto Ergonômico de Salas de Controle

A metodologia para o desenvolvimento do estudo partiu do pressuposto de um perfeito entronsamento entre a PETROBRÁS e a contratada, e estabeleceu as seguintes etapas:

• Levantamento de dados e informações:- para permitir à contratada identificar as demandas e

problemas ergonômicos existentes, através da análise das atividades nos locais de trabalho, considerando as situações normais e as situações críticas previsíveis, como paradas, partidas, mudanças de turno e outras.

• Validação de dados:- essa etapa foi prevista para que a contratada submetesse à

PETROBRÁS, para validação, o tratamento dos dados e das informações obtidas no levantamento de campo.

• Elaboração das recomendações:- com base nas informações obtidas e considerando a nova

situação de trabalho, a contratada deveria elaborar as recomendações pertinentes a cada um dos tópicos definidos na abrangência do estudo. As recomendações deveriam ser apresentadas em um relatório técnico.

• Apresentação do relatório técnico:- foi solicitado que a contratada fizesse uma apresentação,

aos engenheiros e técnicos da PETROBRÁS, das recomendações constantes no relatório técnico.

• Assessoria ergonômica:

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- a contratada foi solicitada a assessorar os engenheiros e técnicos da PETROBRÁS na implementação das recomendações constantes no relatório técnico, especialmente quanto ao desenvolvimento do software Configuração de Telas.

• Documentação:- o relatório técnico deveria ser apresentado em duas vias,

contendo as recomendações de Ergonomia, com as respectivas justificativas, incluindo, quando fosse o caso, sumário de dados e informações utilizadas no estudo, bem como os desenhos necessários para subsidiar, a nível de anteprojeto, as soluções propostas.

Em detalhes, as grandes fases previstas no estudo foram as seguintes:

1.3.1. Levantamento dos dados

Nessa etapa foram realizadas entrevistas com técnicos dos setores de treinamento, pessoal, segurança do trabalho, meio ambiente, planejamento e assistência social. Além dos dados levantados sobre a população envolvida e das características da empresa, foram realizadas observações das situações reais de trabalho.A partir do registro da atividade real dos operadores, da variabilidade das estratégias e dos procedimentos reais implementados por eles, foi possível mapear os problemas existentes, que afetavam tanto a saúde como o desempenho do trabalhadores. Durante três semanas foram feitas observações sistemáticas nos setores SETRAE, SETUT, SEDIL e SECRA.

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Essas observações englobaram além de entrevistas, o levantamento de problemas ergonômicos, críticas e sugestões dos operadores.

Pela especificidade do trabalho no setor de destilação (SEDIL), foram feitos registros detalhados em video e gravações em fita cassete. Foram acompanhadas as atividades de troca de petróleo em turmas diferentes. A instabilidade observada foi detalhada de maneira a fornecer os parâmetros necessários para a futura sala de controle. Foram realizados registros das comunicações no trabalho, da exploração visual, do uso dos meios de comunicação.

O mapeamento de todo o circuito informacional foi fundamental para a compreensão do trabalho.

Os dados obtidos foram tratados e apresentados em uma segunda etapa aos operadores, equipe de automação, medicina e segurança do trabalho, setor de projeto e a empresa contratada para projetar a Casa de Controle Centralizado.

1.3.2. Validação dos dados

Os resultados dos registros efetuados na situação de trabalho real foram apresentados, através de recursos visuais, às várias equipes.

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Os dados apresentados foram discutidos e confirmados por diversos agentes.

Convém enfatizar que a etapa de validação dos dados é fundamental em qualquer estudo ergonômico pois, apesar da Ergonomia utilizar métodos e técnicas para observar o trabalho, ela pode não apreender corretamente toda a complexidade do trabalho.

O confronto desses dados com a realidade dos operadores é a forma correta de controlá-los.

Com base na apresentação dos dados passou-se a nova etapa:

1.3.3. Elaboração das recomendações

A partir do referencial técnico e do estudo das situações práticas de campo, foi configurado um manual com recomendações sobre o layout, mobiliário, ambiente físico, organização de trabalho e projeto de software.

Priorizou-se a integração dos operadores ao projeto e sua possível contribuição.

A Ergonomia mostrou de maneira clara e ordenada os problemas da operação, formalizando uma relação entre os usuários e os projetistas.

As inúmeras apresentações realizadas a cada etapa do projeto instruíram os operadores, que passaram a entender a abordagem ergonômica.

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A configuração de uma maquete com peças móveis foi a maneira adequada de possibilitar uma visão mais ampla da futura sala de controle. A partir da maquete, chegou-se a definição do posto de trabalho dos supervisores, das estações em ilhas e sobre a interação com outras zonas de trabalho (copa, banheiro, sala de treinamento).

Figura 20: Maquete com peças móveis da sala de controle da REFAP.1.4. Resultados do Estudo

As grandes alterações sugeridas no projeto foram referentes à iluminação dos ambientes.

As alterações em relação ao layout foram viabilizadas igualmente em relação a configuração dos consoles e mobiliário. O projeto arquitetônico foi complementado por estruturas

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externas de brise-soleil, assim como o forro da casa de controle foi redefinido mas, infelizmente, não seguindo todas as recomendações feitas pela ERGON, pois o projeto já estava definido.

No que diz respeito aos problemas relacionados aos operadores, o estudo ergonômico mostrou desde as questões colocadas pela composição heterogênea do grupo, a introdução da mulher nas salas de controle, a baixa rotatividade, a convivência do dia a dia, o envelhecimento conjunto, os aspectos relacionados à história do grupo, o trabalho em turnos e os aspectos psíquicos do trabalho.

1.5. Conclusões Gerais

Em relação às observações realizadas em campo, chegou-se a algumas conclusões sobre a atividade de controle de refinarias, que merecem ser aqui mencionadas.

A atividade de controle envolve componentes mentais e uma busca complexa de informações. Essas informações pré-selecionadas possibilitam a elaboração do diagnóstico pelo operador, que elabora suas estratégias de ação. Um bom condicionamento físico-mental, psíquico é fundamental para que os operadores possam desempenhar bem as suas funções.

A atividade de controle é um trabalho de equipe. As informações necessárias ao controle do processo devem ser acessadas por todos os operadores (sala de controle e área), de maneira a equilibrar o nível de conhecimento do grupo. Qualquer bloqueio

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de informações visuais, sonoras e outras, deve ser rejeitado sob o risco de colocar em jogo toda a segurança do sistema.

O volume de atividades do dia a dia é elástico, e é influenciado por períodos calmos e períodos perturbados. Quanto maior a instabilidade do sistema, maior o volume de atividades. Essa variação do número de atividades a serem executadas deve ser considerada no planejamento da organização do trabalho. O trabalho que está em fase de automação requer, ainda, uma importante intervenção humana. Essa intervenção é variável, logo deve-se calcular o efetivo do trabalho, segundo os períodos perturbados, durante os quais será exigido um número maior de pessoas, e não a partir dos períodos com pouca atividade (períodos calmos).

Em relação à monotonia, que faz parte do controle de processos automatizados, é necessário formalizar os escapes dessa situação, de maneira a garantir níveis de vigilância satisfatórios dos operadores. Ressaltamos a importância das idas à copa, das saídas à área, do som ambiente que devem ser favorecidos no projeto da sala futura.

Em relação às situações existentes, verificou-se que o controle do sistema está dividido em:• Controle através dos sinóticos dos automatismos (salas de controle local).• E controle dos equipamentos e informações na área (vide figura).

Essas duas facetas do controle estão ligadas através de canais de comunicações. Esses canais saturam, mais ou menos, em função

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do número e da gravidade dos eventos. O projeto e dimensionamento desses canais devem ser previstos para as situações de emergência, quando esses terão uma função de grande importância.

A centralização dos sistemas suprime as duas vias importantes de acesso às informações da área. As possibilidades de ir pessoalmente buscar a informação na área e de mandar um operador experiente avaliar um conjunto de informações obtidas são importantes, pois mesmo nos sistemas automatizados mais complexos existe o problema de confiabilidade da informação fornecida pela tela e de confiabilidade da informação fornecida por uma pessoa menos experiente e competente que está na área.

No projeto da situação futura é importante prever um operador com competência na área para pré-selecionar as informações e elaborar o diagnóstico, e prever um terminal com informações na sala dos controladores. Isso significa que a área terá um conjunto de informações disponíveis, que será importante para atualizar a representação mental dos operadores da evolução do processo.

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Figura 21: Esquema da integração entre o trabalho na área e o trabalho na sala de controle.

1.6. Projeto Ergonômico de Configuração das Telas139

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Dando seqüência à intervenção ergonômica, foi realizado um trabalho de acompanhamento do desenvolvimento das telas.

O trabalho de configuração foi feito pelos operadores, assessorados pela equipe de automação.

Nessa etapa, foram verificados, de um lado, os problemas gerados pela necessidade de rápida aquisição de competências em informática pelos operadores e, de outro lado, pelas restrições temporais para a conclusão do trabalho de configuração.

De acordo com as primeiras sessões de assessoria ergonômica, verificou-se a necessidade de repassar conhecimentos básicos sobre visão e percepção de cores, e fadiga visual para os usuários destinados a configurarem as telas.

O desenvolvimento de várias alternativas para as telas e testes com usuários se mostrou inviável dado o curto prazo para conclusão do trabalho.

De acordo com a nossa experiência, a Ergonomia, nesse caso específico, pode contribuir com o referencial inicial, repassando conhecimentos para os operadores encarregados da configuração e controlando e avaliando as telas configuradas.

1.7. Conclusões da Empresa

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Segundo a experiência da REFAP na contratação de Assessoria em Ergonomia para o projeto de sala de controle com SDCD (José Maria Mendes de Queiroz), tem-se a avaliação do primeiro estudo de Ergonomia realizado na empresa.

1.8. Sugestões

O projeto ergonômico deve ser posicionado na fase inicial da concepção dos projetos, definindo itens mínimos a serem observados, bem como a sua abrangência, tomando como base a Norma Regulamentadora nº 17 - Ergonomia.

Os setores de saúde ocupacional da PETROBRÁS devem incluir em seus exames admissionais e/ou periódicos o levantamento dos dados antropométricos de sua população.

Os profissionais responsáveis pela atividade de higiene industrial devem influenciar as equipes de projeto para que os postos de trabalho sejam ergonomicamente adequados.

Em trabalhos com assessoria ergonômica é fundamental uma prévia preparação da equipe de Ergonomia em relação à realidade do trabalho, antes de os mesmos fazerem o levantamento de campo.

Em trabalhos integrados, como esse que foi desenvolvido na REFAP, deve ser dado um curso básico de Ergonomia para o pessoal que estará diretamente envolvido com a equipe de assessoria ergonômica.

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A PETROBRÁS deve continuar desenvolvendo cursos básicos de Ergonomia, com a coordenação técnica da SUSEMA, de forma a capacitar profissionais para avaliar postos de trabalho sob o enfoque ergonômico. É importante que o pessoal da área de projeto participe desses cursos.

2. PROJETO ERGONÔMICO DO CENTRO DE CONTROLE OPERACIONAL DO METRÔ DO RIO DE JANEIRO

FDTE, OFICIO ERGONOMIA, ERGON PROJETOSSantos V., Paraguai A.I.

A expansão do Metrô do Rio de Janeiro (das Linhas 1 e 2) e a crescente automação demandou a modificação do Centro de Controle Operacional existente.

A Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia - FDTE/USP foi encarregada do projeto de sistemas para o Metrô, contratou a ERGON Projetos e a OFÍCIO Ergonomia para prestar serviços de consultoria em Ergonomia.

2.1. Demanda

A necessidade de um estudo ergonômico partiu do Setor de Operação do Metrô do Rio de Janeiro.

Já existia uma solicitação para a melhoria das condições de trabalho, inclusive levantada pelo sindicato. Algumas questões já estavam sendo encaminhadas pelos operadores, tais quais: "o

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trabalho em turno, o cálculo do efetivo, a melhoria no ambiente físico de trabalho".

Algumas reivindicações já tinham sido atendidas pela empresa, como a formalização da sala dos operadores (sala para descanso com monitor de TV).

O projeto de Ergonomia foi contratado pela FDTE com o seguinte escopo:

• Módulo A: Diagnóstico das situações existente no Metrô do Rio de Janeiro e reconhecimento das situações de trabalho no Metrô de São Paulo e de Porto Alegre.

• Módulo B: Recomendações para o projeto do novo Centro de Controle Operacional do Metrô.

• Módulo C: Projeto Ergonômico do Centro de Controle Operacional.

2.2. Metodologia

A metodologia adotada contemplou a análise sistemática das situações reais de trabalho, a introdução e a participação dos operadores no processo projetual, assim como o treinamento e a incorporação de técnicos do Metrô na equipe ergonômica.

A primeira etapa do trabalho considerou a análise da situação existente (CCO) no Metrô Rio de Janeiro, assim como, o estudo

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de situações de referência: TRENSURB de Porto Alegre e visitas técnicas ao Metrô de São Paulo e à FEPASA.

As observações sistemáticas do trabalho privilegiaram os períodos de pico da manhã e tarde, e os registros foram realizados a partir da observação do trabalho dos operadores experientes. A intervenção da Ergonomia englobou as diversas estações de trabalho que compõem o Centro de Controle Operacional: PCS (Posto de Controle das Estações), PCT (Posto de Controle do Tráfego) e PCE (Posto de Controle de Energia).

No período observado foram registradas as comunicações verbais durante o trabalho, a análise da exploração visual dos trabalhadores, o acionamento dos comandos e a verbalização dos procedimentos dos operadores durante o trabalho.

Visando o estudo das características próprias da empresa e da população envolvida, foram realizadas entrevistas com técnicos de diversos setores da empresa, assim como, promovidas reuniões industriais e coletivas com os operadores.

Os dados obtidos foram validados com a gerência e técnicos do Metrô.

Em relação a esse primeiro módulo do trabalho, verificou-se que os resultados da análise de trabalho foram decisivos na configuração inicial dos equipamentos que fariam parte do centro de controle: telas, telefones e outros componentes.

A intervenção ergonômica foi direcionada em função das questões colocadas por outras equipes, à medida que o projeto

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estava sendo desenvolvido. As principais questões a serem respondidas eram: se o painel sinótico deveria existir como meio de expor as informações permanentes? Se o acesso às outras informações seria realizado através das telas? Quantas telas seriam necessárias para cada posto de trabalho? Qual seria o layout ideal? Quantas cores deveriam aparecer nos sinóticos?

O detalhamento das atividades e os dados obtidos forneceram as respostas a essas perguntas, e serviram de argumento para a negociação e escolha dos equipamentos a serem especificados para a compra.

2.3. Dados que Contribuíram para a Especificação dos Equipamentos

O registro do número de acontecimentos ou incidentes durante a jornada de trabalho mostrou a constante intervenção humana no sistema. Os incidentes ocorrem simultaneamente e requisitam estratégias do operador para a sua solução. Nesse momento uma tela auxiliar, ou seja, mais uma fonte de informação, seria necessária para acompanhar o desenvolvimento dos eventos.

A análise do acionamento dos comandos (ou seja da intervenção do homem no sistema) mostrou a freqüência de uso dos comandos AP (Controles de Parada) dos trens nas estações, ou seja, como o operador interfere em permanência na regulagem do intervalo entre os trens.

Esse dado foi confrontado com a teoria dos engenheiros de que o homem não deveria interferir no sistema. A análise do trabalho revelou as causas relacionadas a essa intervenção.

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Os registros da exploração visual mostraram a importância dos olhares em direção ao sinótico (65% do tempo total de trabalho), que validaram a importância da manutenção dos sinóticos, ou seja, da informação global da situação de cada linha do Metrô.

Além destes exemplos, outras conclusões foram apresentadas como parâmetros iniciais para o projeto do novo centro de controle.

2.4. Conclusões da Análise do Trabalho

O controle do tráfego é um trabalho de equipe. Apesar da divisão das estações em ilhas, todos os operadores acompanham continuamente a evolução do tráfego nas duas linhas. O layout final da sala deve favorecer a troca de comunicações entre ilhas.

A intervenção humana no sistema, como já mencionamos, está diretamente relacionada às condições de manutenção das linhas e dos trens, aos problemas originados pelo usuário, e ao desempenho do sistema informatizado. O projeto de uma nova situação deve impreterivelmente considerar esses aspectos.

A quantidade e natureza dos incidentes determinam a variabilidade das atividades dos operadores do CCO (Centro de Controle Operacional) e influenciam diretamente os custos humanos no trabalho. Os incidentes que ocorrem simultaneamente acarretam uma busca complexa das informações e representam um apelo constante à memória dos operadores.

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O projeto de todo o sistema informacional deve ser cuidadosamente desenvolvido, de maneira a facilitar a atividade dos operadores.

O comportamento do usuário do Metrô do Rio de Janeiro, principalmente da Linha 2, em relação aos atrasos dos trens é um dos grandes fatores que fazem com que os operadores procurem solucionar os problemas dentro de um curto espaço de tempo. A demora ou retenção de trens podem provocar movimentos indesejáveis nas estações.

E, por fim, não se deve menosprezar o bom condicionamento físico, mental e psíquico dos operadores, e se deve favorecer as suas boas condições de trabalho. Essa é a única fórmula eficaz para garantir a segurança do sistema e dos usuários.

Após a validação dessas conclusões passou-se ao segundo módulo de projeto: a definição da atividade futura e das recomendações ergonômicas para o projeto.Para chegar às recomendações solicitadas pelo Metrô, o estudo realizado contemplou o detalhamento das atividades de detecção e tratamento da informação.

Após esse detalhamento, definiu-se o perfil das atividades futuras e chegou-se às recomendações para planejamento da organização do trabalho e treinamento do pessoal, assim como, ao projeto ergonômico de todo o sistema informacional, projeto ergonômico do ambiente físico, ao agrupamento dos postos e à especificação de todos os componentes, e ao dimensionamento dos postos de trabalho.

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2.5. Módulo C

O terceiro módulo do estudo ergonômico referia-se ao projeto propriamente dito. O principal desafio era propor uma situação de trabalho futura, na qual os problemas atuais detectados, fossem completamente eliminados. Foram geradas alternativas. As soluções vieram tanto da equipe ergonômica quanto dos operadores, que já tinham uma idéia do projeto ideal, após terem trabalhado longos anos nessa situação.

As situações propostas foram criticadas e alteradas pelos operadores. Uma maquete com peças móveis foi confeccionada e fez parte das várias reuniões de trabalho. Nessa ocasião, verificamos a importância dos ergonomistas na modelagem do projeto ideal imaginado pelos operadores.

As modificações propostas foram criticadas, validadas e alteradas pelos operadores. O layout, os postos de trabalho, as zonas de conforto, os telefones e outros meios de comunicação foram definidos.

2.6. Conclusão

Esse trabalho validou uma primeira experiência da inclusão de técnicos do Metrô na equipe de Ergonomia e da sua participação no acompanhamento do trabalho. A análise do trabalho revelou as características reais do trabalho e o contexto da sua execução. Os resultados obtidos com o estudo mostraram a importância da integração das várias equipes no desenvolvimento da nova situação de trabalho.

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Essa experiência revelou um novo modo de trabalho.

O processo projetual não deve estar restrito à engenharia, pois projetar corretamente uma situação de trabalho significa abordar as questões humanas envolvidas. Os usuários passam a contribuir nesse processo com a sua experiência, seu savoir-faire. O ergonomista, especialista em funcionamento humano em situações de trabalho, oferece outra dimensão ao projeto.

Através de sua capacidade de descrever e detalhar o trabalho a partir de métodos científicos, os ergonomistas revelam os problemas que podem interferir na segurança de todo o sistema e no desempenho dos operadores. Na realidade, projetar o trabalho corretamente significa considerar conhecimentos de diversas áreas: Ergonomia, Psicologia, Medicina e Segurança do Trabalho e Engenharia.

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AS AUTORAS

Venétia Santos é Desenhista Industrial formada pela ESDI, especialista em Ergonomia pela FGV, com Mestrado e Doutoranda em Ergonomia pelo Conservatoire National des Arts et Métiers.

A autora trabalha há 12 anos na área de Ergonomia e é especialista em projetos de situação automatizadas. Enquanto diretora da ERGON Projetos de Ergonomia realizou projetos e avaliações ergonômicas para Salas de Controle ITAIPU, Salas de Controle do METRO RJ, Salas de Controle da REFINARIA ALBERTO PASQUALINE - REFAR, Salas de Controle da REPAR.

Maria Cristina Zamberlan é Desenhista Industrial e é Mestre em Engenharia de Produto pela COPPE, trabalha no Laboratório de Ergonomia do Instituto Nacional de Tecnologia há 10 anos.Atualmente faz Doutorado na área de Automação de Controle de Processos no Politécnico de Milão.

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