Relatório de Avaliação do Projeto Dez x Dez · Relatório de Avaliação do Projeto Dez x Dez 6 Parte I Apresentação do Projeto Dez x Dez No âmbito do Programa “Descobrir,

Relatório de Avaliação do Projeto Dez x Dez

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Nota prévia:

As aulas públicas relativas aos projetos “O Robô Ajuda!” e

“Partilhar Filosoficamente”, ainda, não foram realizadas nas

respetivas Escolas, pelo que os dados relativos às mesmas

só serão incluídos, posteriormente, no relatório de avaliação.


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Índice

Parte I

Apresentação do Projeto Dez x Dez 6

Etapas programadas para 2102 7

Etapas programadas para 2013 8

Objetivos do projeto 9

Parte II

Estrutura do relatório 9

Descrição dos diferentes itens da estrutura do relatório 10

1. Objetivos 10

2. Metodologia 10

2.1 Participantes: apresentação e enquadramento 11

2.2 Breve caraterização das escolas 12

2.3 Recolha de dados 16

2.4 Desenvolvimento e avaliação 18

2.4.1 Projeto - “Posso Escrever Sobre Mim?” 18

Apresentação da dupla 18

Sessão de diálogo com os alunos 19

Execução do projeto 23

Avaliação do projeto pelos alunos 26

Avaliação do projeto pela dupla 26

Breve descrição da aula pública 27

Avaliação da aula pública pela assistência 28

Considerações 28

2.4.2 Projeto - “Habitáculo(s) de Memórias” 29








Considerações 38

2.4.3 Projeto - “Partilhar Filosoficamente” 39






3


Considerações 43

2.4.4 Projeto - “O Caderno como Oficina de Excelência” 44








Considerações 51

2.4.5 Projeto - Ensinar a Arte - Partilha de uma Experiência 52








Considerações 60

2.4.6 Projeto - “Querem Vir Comer à Cantina?” 61








Considerações 68

2.4.7 Projeto - “Falar em Inglês” 69








Considerações 76

2.4.8 Projeto - “A Clonagem” 77




4






Considerações 84

2.4.9 Projeto - “Palavras, Poesia e Planeta” 85








Considerações 93

2.4.10 Projeto - “O Robô Ajuda!” 94








Considerações 102

3. Apreciação Final 103

4. Sugestões 105

Fotografia 1. Entrevistas ao alter-ego

Fotografia 2. Momento de escrita

Fotografia 3. Escuta de rua

Fotografia 4. Exercícios: 24 horas; em torno de um cheiro; fotobiografias; fragmentos

Fotografia 5. Os quatro habitáculos de memórias

Fotografia 6. Avaliação da sessão de escrita de rua por um aluno

Fotografia 7. Habitáculo das diferentes etapas do projeto

Fotografia 8. Aluna entrevistada

Fotografia 9. Registo de uma paisagem sonora

Fotografia 10. Página de um caderno

Fotografia 11. Exercício de escrita

Fotografia 12. A morte

Fotografia 13. “Made in”


5

Fotografia 14. Trabalhador dialogando com um cidadão rico

Fotografia 15. Exercício de role-play

Fotografia 16. Divulgação de slogans

Fotografia 17. Exercício de corpo sobre conteúdos de biologia

Fotografia 18. Público executando os gestos da bipartição

Fotografia 19. Cartografias pessoais ilustradas com assuntos das aulas

Fotografia 20. Produção de um verso através da máquina da poesia

Fotografia 21. Ilustração de um aluno

Fotografia 22. O sussurrador

Fotografia 23. Movimento coreográfico de mudança do espaço aula

Fotografia 24. Posição inicial dos alunos na sala de aula

Fotografia 25. Transformação da sala de aula

Fotografia 26.Alunos na construção do robô

Quadro 1. Avaliação dos indicadores da aula pública “ Posso Escrever sobre mim?”

Quadro 2. Avaliação dos indicadores da aula pública “Habitáculo(s) de memórias”

Quadro 3. Avaliação dos indicadores da aula pública “Partilhar Filosoficamente”

Quadro 4. Avaliação dos indicadores da aula pública “O Caderno como Oficina de Excelência”

Quadro 5. Avaliação dos indicadores da aula pública “Ensinar a Arte: Partilha de Uma Experiência”

Quadro 6. Avaliação dos indicadores da aula pública “ Querem vir comer à Cantina?”

Quadro 7. Avaliação dos indicadores da aula pública “ Falar em Inglês”

Quadro 8. Avaliação dos indicadores da aula pública “A Clonagem”

Quadro 9. Avaliação dos indicadores da aula pública “Palavras, Poesia e Planeta”

Quadro 10. Avaliação dos indicadores da aula pública “O Robô Ajuda!”

Anexos

Anexo 1. Divulgação da abertura das candidaturas para professores

Anexo 2. Protocolo entre a Fundação Gulbenkian e Escolas

Anexo 3. Relatório da Residência

Anexo 4. Biografias dos artistas e dos professores

Anexo 5. Questionário de opinião para alunos

Anexo 6. Questionário de avaliação para artistas

Anexo 7. Questionário de avaliação para professores

Anexo 8. Questionário de avaliação para alunos

Anexo 9. Grelha de observação da aula

Anexo 10. Questionário de satisfação das aulas públicas

Anexo 11. Comentários e sugestões do público


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Parte I

Apresentação do Projeto Dez x Dez

No âmbito do Programa “Descobrir, Educação para a Cultura”, da

Fundação Calouste Gulbenkian, que promove atividades com a finalidade de

desenvolver processos de reflexão e experimentação que estimulem a

inovação e a qualidade de ensino em contextos formais e não formais,

valorizando o potencial criativo de estratégias entre as disciplinas curriculares e

as práticas artísticas, a sua Diretora Maria de Assis Swinnerton, concebeu o

Projeto piloto Dez x Dez, dez professores para dez artistas.

Este projeto procurou encontrar resposta a algumas questões, que há muito

preocupam os professores e os especialistas em educação, sobre a relação

dos alunos com a Escola, nomeadamente:

Como motivar e captar a atenção e o interesse dos alunos pelos temas e

matérias escolares?

Como explorar novas ferramentas de forma a tornar a informação

tratada em sala de aula significativa e pertinente para o aluno,

relacionando-a com o universo da sua experiência?

Como estimular nos alunos as capacidades de reflexão critica e de

criatividade, envolvendo-os na produção de conteúdos relevantes?

Como fomentar estratégias participativas de construção de

conhecimento assentes em práticas artísticas, fazendo dos alunos

parceiros em sala de aula e na abordagem do currículo?

Como desenvolver nos alunos competências ao nível do pensamento

crítico e da resolução de problemas?


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Com o intuito de avaliar o projeto, debater ideias, definir as diferentes ações

necessárias à sua implementação e acreditar a formação de professores, foram

realizadas parcerias entre a Fundação Gulbenkian e os Centros de Formação

de Professores António Sérgio (CFAS) e da Associação de Escola Centro-

Oeste (CFAE Centro-Oeste).

Coordenadas pela responsável do Projeto, realizaram-se as etapas que a

seguir se descrevem sumariamente.

Etapas programadas para 2012

Reunião com os responsáveis dos Centros de Formação para definir o

processo de seleção dos professores e artistas participantes, bem como o

plano de trabalho a desenvolver - Fevereiro;

Análise e ajuste da proposta apresentada - Fevereiro;

Abertura das candidaturas para professores - Março (anexo 1);

Convite aos artistas - Março;

Constituição do júri para análise das propostas apresentadas e respetiva

seleção dos professores - Abril;

Apresentação dos professores selecionados, das formalidades a cumprir

e de algumas informações sobre a conceção e realização do projeto -

Maio;

Pedido de creditação das ações de formação ao Conselho Cientifico da

Formação Continua de Professores - Maio;

Reunião com os Diretores das Escolas onde os professores participantes

lecionam, para esclarecimento do projeto, disponibilização de recursos e

envolvimento na implementação do mesmo. Definição do protocolo de

parceria a estabelecer com a Fundação Calouste Gulbenkian - Junho

(anexo 2);


8

Planeamento da Residência com os artistas, moderadoras e avaliadora

do projeto - Junho;

Realização da Residência de professores e artistas - 1ª fase do projeto,

16 a 21 de Julho;

Elaboração do relatório de avaliação da Residência - Setembro (anexo 3);

Reunião com artistas, professores, moderadoras e avaliadora para

preparação da 2ª fase do projeto - trabalho nas escolas e preparação da

aula pública - Setembro;

Desenvolvimento dos projetos individuais em sala de aula pela dupla (um

professor e um artista), nas respetivas Escolas - Setembro a Dezembro;

Reunião com artistas, professores e moderadoras para balanço do

trabalho desenvolvido na Escola e apresentação do plano da aula pública

- Novembro.

Etapas programadas para 2013

Apresentação das aulas públicas na Fundação Gulbenkian - Janeiro;

Balanço do trabalho realizado, propostas para o futuro com todos os

elementos envolvidos no projeto - Janeiro;

Apresentação das aulas públicas nas Escolas onde o projeto foi

implementado - Fevereiro;

Entrega do relatório final de avaliação - Março.


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Objetivos do Projeto

1. Conceber e desenvolver estratégias de comunicação e de construção do

conhecimento eficazes na captação da atenção, motivação e

envolvimento dos alunos em contexto de sala de aula;

2. Apoiar o desenvolvimento de planos de trabalho e implementar novas

abordagens, para a realização de dez aulas sobre conteúdos chave de

várias disciplinas do currículo escolar do ensino secundário;

3. Desenvolver um programa de colaboração entre professores e artistas

para a conceção, preparação e reflexão das dez aulas, no qual os

alunos possam ter um papel participativo.

Parte II

Estrutura do relatório

1. Objetivos.

2. Metodologia.

2.1 Participantes: apresentação e enquadramento.

2.2 Breve caraterização das Escolas.

2.3 Recolha de dados através de registos factuais em diário do avaliador

(D.A.); grelha de observação da aula e de inquéritos por

questionários de opinião e de avaliação.

2.4 Desenvolvimento e avaliação dos projetos:

2.4.1 “Posso escrever sobre mim?”.

2.4.2 “Habitáculo(s) de memórias”.

2.4.3 “Partilhar filosoficamente”.

2.4.4 “O caderno como oficina de excelência”.


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2.4.5 “Ensino e arte - partilha de uma experiência”.

2.4.6 “Querem vir comer à cantina?”.

2.4.7 “Falar em Inglês”.

2.4.8 “A Clonagem”.

2.4.9 “Palavras, poesia e planeta”.

2.4.10 “O Robô ajuda!”.

3. Apreciação final.

4. Sugestões.

Descrição dos diferentes itens da estrutura do relatório

1. Objetivos

Foram definidos para avaliação do projeto, os objetivos seguintes:

1.1 Verificar em que medida as aprendizagens efetuadas foram

resultado das estratégias implementadas;

1.2 Ponderar a adequação dos projetos de trabalho individuais, ao

contexto da Escola e da sala de aula;

1.3 Averiguar da pertinência dos objetivos do projeto, bem como da

coerência e prioridade das questões equacionadas e que estiveram

na origem da conceção do projeto.

2. Metodologia

O projeto desenvolveu-se em duas partes, a primeira correspondente à fase

da Residência, da qual foi elaborado o relatório de avaliação. A segunda fase

diz respeito à implementação do projeto nas Escolas, em turmas selecionadas


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para o efeito e à apresentação das aulas públicas - na Fundação Calouste

Gulbenkian e nas respetivas Escolas.

Este relatório inclui a avaliação da segunda parte e avaliação global do

projeto.

2.1 Participantes: apresentação e enquadramento

Nesta fase o projeto desenvolveu-se em cinco escolas do ensino oficial e

numa de ensino privado, situadas respetivamente em Lisboa, Amadora, Portela

de Sacavém, Vila Franca de Xira e Alenquer.

Contou com a presença de dez professores, oito que lecionam no presente

ano letivo, as turmas de 10º, 11º e 12º anos de escolaridade do Ensino

Secundário; uma professora que coadjuvou uma turma de 3º ciclo do Programa

Integrado de Educação e Formação (PIEF) e um décimo professor, que

desenvolveu o projeto sem turma, dado que no final da Residência foi

destacado para um departamento do Ministério da Educação.

Dois destes professores lecionam no ensino particular, sete pertencem aos

Quadros de Nomeação Definitiva de Escolas, embora um destes esteja

requisitado num departamento do Ministério de Educação, e uma outra

professora que foi colocada na escola ao abrigo do Destacamento por

Condições Especificas.

As disciplinas lecionadas são: Desenho, Português, Filosofia, Inglês,

Biologia, Informática e Integração.

Dada a colocação tardia na escola de Alenquer, e na impossibilidade de lhe

ser atribuída uma turma, a professora foi coadjuvante do Professor de Ciências

Naturais de uma turma PIEF.

A cada professor foi pedida a disponibilidade para articular os conteúdos

das suas disciplinas com estratégias de natureza artística, trabalho

previamente elaborado em colaboração com o seu parceiro artista, e a

realização do mesmo em sala de aula. Foi ainda solicitado autorização para

observar algumas aulas, bem como para recolher dados.

Os artistas convidados desenvolvem o seu trabalho nas áreas da dança,

performance, música, cinema, teatro e artes plásticas.


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Uma breve biografia dos professores e dos artistas pode ver-se no anexo 4.

A cada dupla foi pedido que realizassem, pelo menos, doze sessões de

trabalho conjuntas para programarem e desenvolverem o projeto,

independentemente do seu trabalho individual.

Foi igualmente solicitada autorização para observar algumas das sessões de

trabalho, com ou sem alunos bem, como a recolha de dados.

Foi convidada a participar neste projeto a investigadora Dina Mendonça,

especialista em Filosofia para Crianças, que realizou com os alunos todos os

diálogos iniciais, os debates de avaliação final e orientou algumas sessões

temáticas a pedido dos respetivos professores.

Os alunos, participantes ativos deste projeto, constituíram o núcleo

motivador do mesmo, colaborando com os seus testemunhos, nas suas

representações da Escola, do Professor e da Aprendizagem, bem como nas

diversas reflexões e avaliações no decurso do projeto.

2.2 Breve Caraterização das Escolas

Apresenta-se seguidamente uma breve caraterização de cada uma das

Escolas onde decorreu o projeto:

Colégio de Santa Doroteia, situado no Campo Grande/Lisboa,

estabelecimento de ensino de carater particular, engloba, atualmente, cerca de

820 alunos de ambos os géneros, divididos em 4 turmas por ano de

escolaridade, 80 professores e 50 auxiliares.

Goza de paralelismo pedagógico por tempo indeterminado no 2º e 3º ciclos

do ensino básico e por um período de cinco anos no ensino secundário.

Os seus objetivos centram-se numa educação apoiada na perspetiva do

sucesso individual, mas privilegia as ações que concorram para a formação

integral da pessoa, com relevo para a formação intelectual, humana e cristã

dos alunos, em diálogo aberto e permanente entre a cultura, a vida e a fé.


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Esta perspetiva responsabiliza, consequentemente, a Escola e todos os

seus profissionais a proporcionar aos alunos os meios para um

desenvolvimento integral.

Escola Básica do 2º e 3º ciclos da Abrigada pertencente ao Agrupamento de

Escolas de Abrigada, situada em Abrigada/Alenquer, tem cerca de 831 alunos,

35 turmas do 1º ciclo, 8 turmas de 2º ciclo, sendo uma do Programa de

Currículos Alternativos (PCA), 10 turmas de 3º ciclo com 2 turmas de Curso de

Educação e Formação (CFE) e ainda 2 turmas do Programa Integrado de

Educação e Formação (PIEF). Cerca de 40% destes alunos beneficiam de

apoio da Ação Social Escolar.

O corpo docente é formado por 93 professores pertencentes aos quadros do

Agrupamento ou de zona pedagógica, e o pessoal não docente é constituído

por 43 profissionais.

A Escola tem como principais objetivos, proporcionar aprendizagens que são

socialmente consideradas necessárias aos jovens, de forma a assegurar-lhes

maior qualidade de vida e melhor integração na sociedade.

O desenvolvimento de uma cidadania esclarecida, onde se relevam valores

como a solidariedade, a autonomia, a entreajuda, a responsabilidade, o espírito

crítico, a preservação do património e do meio ambiente, é um outro objetivo

prioritário.

Escola Secundária D. Pedro V, pertencente ao Agrupamento de Escolas das

Laranjeiras situado em Lisboa, compreende 1488 alunos, 8 turmas do ensino

básico, 23 turmas dos cursos cientifico-humanísticos, 3 turmas do curso

tecnológico de desporto, 15 turmas do curso de artes e espetáculo. Destes

alunos cerca de 24% beneficiam de auxílios económicos.

O corpo docente é formado por 145 profissionais, dos quais 75% pertencem

ao quadro de Escola. O corpo não docente é constituído por 25 trabalhadores.

Dos objetivos gerais da Escola destacam-se: a promoção de uma cultura de

inclusão e a preparação dos jovens para o mercado de trabalho qualificado e

para os desafios do ensino superior.


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Escola Secundária Alves Redol, pertencente ao Agrupamento de Escolas

Alves Redol em Vila Franca de Xira. No presente ano letivo, exercem a

atividade docente 191 professores, dos quais 126 são do quadro e 65 são

professores contratados. O pessoal não docente é composto por 85

trabalhadores.

Estudam neste agrupamento 1798 alunos no regime diurno, distribuídos

pelos diferentes níveis de ensino do seguinte modo: 158 no pré - escolar, 509

no 1.º ciclo, 271 no 2.º ciclo, 363 no 3.º ciclo (incluindo CEF e PIEF), e 488 no

ensino secundário (incluindo cursos profissionais). No regime noturno estão

matriculados 33 alunos/formandos nos Cursos de Educação e Formação de

Adultos (EFA).

A população discente apresenta uma grande heterogeneidade e é originária

duma classe média, cujos encarregados de educação têm um nível de

escolarização médio-baixo, indicado frequentemente como escolaridade

obrigatória.

No que respeita aos apoios socioeducativos, o número de alunos

subsidiados é de cerca de 710, tendo vindo a aumentar nos últimos anos,

verificando-se um crescendo de situações preocupantes. Nesta perspetiva, a

Escola sente a necessidade de criar nos jovens condições que propiciem o

desenvolvimento integral da sua personalidade, a aquisição e o domínio de

saberes, de capacidades, de atitudes e de valores fundamentais para uma

escolha esclarecida das vias escolares ou profissionais.

Escola Secundária com 3º Ciclo de Seomara da Costa Primo situa‐se na

freguesia da Venteira, concelho da Amadora e cuja área envolvente é

caracterizada pela vizinhança de bairros problemáticos com população

imigrante e desfavorecida.

Os 1440 alunos distribuem-se por 1050 alunos do ensino diurno e 390 do

ensino noturno, repartidos por 56 turmas, 14 do 3.º ciclo do ensino básico

regular, 14 do 3º ciclo cursos de educação formação e 28 do ensino

secundário, 11 do ensino regular e 17 dos cursos profissionais.

A oferta educativa da Escola inclui no regime diurno os cursos científico-

humanísticos, curso tecnológico de Desporto, cursos profissionais e cursos de


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educação e formação (CEF). No ensino noturno, são disponibilizados um total

de 16 turmas dos cursos de educação e formação de adultos de nível B3 de

nível secundário. Existe uma forte vertente da escola no ensino profissional

com uma grande percentagem direcionada para a integração no mundo do

trabalho.

Pouco mais de 50% desta população escolar, possui naturalidade

portuguesa muitos dos quais constituindo uma primeira geração de

ascendência africana. Apesar da hegemonia de origem africana, existe, no

entanto, um número significativo de discentes oriundos dos países de Leste.

Estimular nos alunos a importância do saber, o gosto pelo trabalho,

desenvolver capacidades de autonomia e espirito crítico e exigir rigor na sua

atuação são princípios orientadores desta Escola, bem como a aposta numa

oferta educativa diversificada, com vista a uma consciencialização constante do

papel do aluno na Escola e na sociedade.

Escola Secundária Padre António Vieira, pertencente ao Agrupamento de

Escolas de Alvalade, situada em Alvalade/Lisboa, conta atualmente com cerca

de 1000 alunos, distribuídos por 10 turmas do Ensino Básico, sendo 2 de CEF,

25 turmas do Ensino Secundário Cientifico-Humanístico e 9 de cursos

profissionais.

Os alunos são provenientes de zonas muito diversificadas de Lisboa, pelo

que a comunidade educativa valoriza, para além dos objetivos comuns a todas

as escolas, o alargamento da experiência social do aluno independentemente

do seu grupo de origem e a troca de experiências na comunidade educativa.

Escola Secundária da Portela de Sacavém, pertencente ao Agrupamento de

Escolas da Portela e de Moscavide, situada na Portela de Sacavém/Loures,

tem capacidade para cerca de 1000 alunos, provenientes das freguesias da

Portela, Moscavide, Olivais e Sacavém, havendo um número significativo de

alunos residentes noutras freguesias, distribuindo-se por dois ciclos, 3º ciclo e

ensino secundário.

A maior parte das turmas do ensino secundário são dos cursos Cientifico-

Humanísticos, existindo turmas do Curso Tecnológico de Desporto e, ainda, um

Curso Profissional de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva.


16

A maioria dos alunos é de nacionalidade portuguesa existindo uma

percentagem significativa de alunos provenientes de países de leste, de nível

socioeconómico médio.

A Escola, para além de outras finalidades, procura promover a interatividade

entre os vários elementos da comunidade escolar, as condições de segurança

e bem-estar em todo o espaço escolar, a concertação dos recursos e de

estratégias impulsionadoras do combate à indisciplina.

2.3 Recolha de Dados

A recolha de dados foi realizada entre Setembro de 2012 e Janeiro de 2013.

Como instrumentos de avaliação foram selecionados, os registos factuais dos

debates, das observações efetuadas que constituíram objeto de estudo, e que

foram analisados, em conjunto com os dados dos documentos; o questionário

de opinião para alunos (anexo 5); os questionários de avaliação

respetivamente, para artistas (anexo 6), professores (anexo 7) e alunos

(anexos 8); a grelha de observação da aula (anexo 9) e o questionário de

satisfação das aulas públicas (anexo 10).

Os questionários de opinião com itens de resposta fechada, foram aplicados

aos alunos e permitiram recolher informação sobre algumas das suas

representações acerca da aprendizagem, da escola, do que para eles significa

um bom professor e qual as suas funções enquanto alunos. Esta informação foi

completada pelo registo factual das conversas orientadas pela professora

especialista.

Os questionários de avaliação, igualmente, com itens de resposta fechada

foram aplicados aos alunos no final do desenvolvimento do projeto, e

destinaram-se a perceber qual o seu grau de satisfação em relação aos itens

descritos e que se relacionam com o trabalho realizado.

Também o mesmo tipo de questionário foi aplicado aos professores e

artistas, com o objetivo de recolher informação sobre a avaliação do processo

desenvolvido e do produto obtido.


17

A observação de aulas permitiu recolher informação sobre o trabalho que

estava a ser desenvolvido em cada uma das turmas, bem como perceber o

envolvimento e a participação dos alunos, dos professores e artistas no

mesmo.

A grelha de observação do professor, possibilitou verificar o empenho deste

em relação ao desenvolvimento do projeto com os alunos, à articulação do

trabalho com o artista, à mudança face às estratégias de abordagem dos

conteúdos e às suas próprias atitudes.

Os registos factuais que fazem parte do diário da avaliadora são relativos às

sessões de diálogo efetuadas com os alunos no início do projeto, com o

objetivo de recolher as suas opiniões sobre a Escola e a Aprendizagem. No

final dos mesmos, os alunos realizaram a sua avaliação global. Em geral, estas

sessões contaram também com a presença do professor e do artista e foram

orientadas pela investigadora Dina Mendonça.

Outros registos retirados durante as observações das aulas, complementam

os dados recolhidos nos questionários.

O questionário de satisfação aplicado ao público, aquando da apresentação

das aulas públicas, no presente relatório irá ser analisado apenas nos itens

relacionados com a classificação atribuída e o grau de satisfação em relação à

inovação, ao estímulo, aos aspetos formais e de conteúdo da aula pública. Um

conjunto de comentários e sugestões registados pela assistência encontram-se

do anexo 11.

2.4 - Desenvolvimento e Avaliação

A apresentação deste item será feita projeto a projeto, obedecendo aos

seguintes pontos:


18

Apresentação da dupla;

Sessão de diálogo com os alunos;

Execução do projeto;

Avaliação do projeto pelos alunos;

Avaliação do projeto pela dupla;

Breve descrição da aula pública;

Avaliação do público;

Considerações.

2.4.1 Projeto - ”Posso Escrever Sobre Mim?

Este projeto teve como principal finalidade, a criação do gosto e da evolução

de competências de escrita por todos os alunos da turma.

Apresentação da dupla

Maria Bárcia é professora de Português na Escola Secundária Padre António

Vieira e selecionou uma turma com 21 alunos, 11 raparigas e 10 rapazes, de

10º ano do Curso de Ciências e Tecnologias.

Maria Gil é atriz, encenadora e voluntária na área de escrita criativa. Os seus

textos e espetáculos são sempre autobiográficos. Foi professora dos ensinos

básicos, secundário e superior.

Sessão de diálogo com os alunos

No início do projeto, realizou-se uma sessão com os alunos para perceber

quais as suas conceções sobre a Escola e a Aprendizagem, relacionada com o

papel do professor em sala de aula e com as principais funções dos alunos.

A turma não demonstrava ter sentido de grupo, nem disponibilidade para

que isso acontecesse. Um conjunto de fatores talvez tivesse contribuído para

isso: proveniência de escolas diferentes; início de um novo ciclo de


19

escolaridade; a clivagem socioeconómica; a pertença a grupos de jovens com

características diferenciadas e a desconfiança perante a diferença.

Comportamentos negativos foram referidos por diferentes alunos para

caraterizar a Escola, como por exemplo: partir bancos e abrir extintores de

incêndio.

Os aspetos positivos centravam-se no convívio com os amigos, nas

atividades desportivas, de preferência fora da Escola e nas visitas de estudo,

estas porque permitiam conhecer pessoas e realidades diferentes. Relevaram

ainda, os intervalos como um espaço de descanso e bem-estar.

No decurso da sessão e com a introdução das dimensões

Escola/Professor/Aluno/Dinâmica de aula, um conjunto de alunos foi mostrando

uma outra postura e conferindo outra dinâmica ao debate. Na opinião dos

alunos, a aprendizagem atravessa as quatro dimensões, mas aprender

depende essencialmente do professor, da sua atitude, das diferentes situações

proporcionadas e das estratégias que utiliza para dar a matéria. “O professor

deve saber mudar a motivação do aluno, cativá-lo, ter imaginação para isso.”

(D.A.), frases deste tipo ilustram o que atrás se disse.

Estes alunos gostam que os professores valorizem os testes e

consequentemente, as notas, dado que estes elementos constituem para si

próprios um estímulo maior do que os trabalhos ou a participação na aula.

Alguns alunos referiram a importância da auto motivação - “é preciso querer,

é preciso gostar da matéria mas esta não deveria ser tão extensa. (D.A.)

A excessiva carga horária foi mencionada como um fator negativo, dado que

o cansaço não permite chegar a casa e ter vontade de estudar.

O que mudavam na escola? As matérias de algumas disciplinas e a

quantidade de conteúdos das mesmas, a carga horária, a duração das aulas

que não devia ser superior a 60 minutos e a limpeza das casas de banho.

Nesta sessão foi aplicado aos alunos um questionário de opinião sobre o

assunto em debate. Apresentam-se alguns dos gráficos mais significativos que

resultam do tratamento dos dados e permitem afirmar que:


20

0%

0%

0%

5%

11%

11%

16%

16%

21%

26%

63%

68%

74%

Desenvolver a capacidade crítica

Ajudar a resolver os problemas pessoais dos alunos

Dinamizar os alunos para realizarem projetos

Abordar os problemas atuais para além das matérias disciplinares

Promover o espírito de cooperação

Proporcionar o convívio entre colegas e amigos

Proporcionar atividades extracurriculares como: desporto, saídas, …

Desenvolver a imaginação e a criatividade dos alunos

Estimular a competição em função das notas

Estabelecer um ambiente de ordem e disciplina

Ajudar todos os alunos a ter sucesso na aprendizagem

Valorizar os conhecimentos e a aprendizagem

Desenvolver a responsabilidade e autonomia dos alunos

A Escola preocupa-se em

A Escola é um lugar onde, para além de se valorizar os conhecimentos e a

aprendizagem, a mesma os ajuda a terem sucesso e a serem responsáveis e

autónomos num ambiente de ordem e disciplina.

0%

5%

11%

11%

11%

11%

11%

11%

11%

26%

37%

47%

53%

58%

Articula os conteúdos das disciplinas com as experiências da vida

Incentiva sistematicamente à participação

Deixa os alunos exprimirem as suas ideias

Dinamiza atividades diferentes para a aprendizagem dos conteúdos

Propõe tarefas de grupo para os alunos construírem a sua própria …

Deixa os alunos fazer o que querem na sala de aula

Estimula a reflexão e o pensamento crítico

Desenvolve projetos de encontro aos interesses dos alunos

Define as regras de funcionamento da aula e cumpre-as

Explica com clareza utilizando o modo expositivo

Utiliza recursos diversos para trabalhar os conteúdos das disciplinas

Está disponível sempre que os alunos precisam dele

Capta a atenção e interesse dos alunos

Valoriza o esforço realizado pelos alunos em função das suas capacidades

Um bom professor é o que

Um bom professor é aquele que, valoriza o esforço dos alunos tendo em

consideração as suas capacidades; consegue motivar a sua atenção e

interesse, através da utilização de recursos e estratégias diversificadas e da

sua própria atitude em sala de aula. Apreciam um professor que explica com

clareza através de um método expositivo cerca de 26% dos alunos desta

turma.


21

0%

0%

0%

11%

11%

16%

16%

21%

21%

26%

42%

58%

79%

Só a memorização é importante para aprender

As atividades artísticas sobrecarregam os alunos

Se relacionam as matérias disciplinares com as experiências da vida

Se valoriza os alunos que tem boas notas em detrimento dos outros

Se organizam frequentemente atividades em grupo para construir …

Os alunos recebem o feedback que desenvolvem

Se julgam os alunos em função dos testes

Se aprende de uma forma estimulante e criativa

Se articulam os conhecimentos para tornar a aprendizagem motivante

A avaliação assume uma forma dos alunos progredirem na aprendizagem

Se ajudam os alunos quando tem dificuldade

Se reconhece a participação e o esforço dos alunos

Todos têm oportunidade de aprender

A aula é um local onde

A aula é um local onde todos têm oportunidade de aprender, é reconhecido

o esforço e a participação dos alunos e se ajudam os mesmos a superar as

dificuldades. A relação das matérias escolares com a vida não foi salientada

por nenhum dos alunos.

0%

0%

0%

5%

5%

16%

16%

26%

32%

37%

42%

53%

68%

Envolver-se na organização das tarefas escolares

Participar na avaliação das suas atitudes e dos seus conhecimentos

Colaborar ativamente no trabalho de grupo

Agradar às famílias

Relacionar-se com outras pessoas

Ser solidário com os colegas e restantes agentes educativos

Desenvolver capacidades de análise, reflexão e questionamento

Realizar todas as tarefas sugeridas para a construção do saber

Esforçar-se por resolver dificuldades e problemas

Cumprir as regras estabelecidas

Empenhar-se na construção da aprendizagem

Esforçar-se para conseguir ter boas notas

Procurar adquirir mais conhecimentos

As funções principais dos alunos são

O aluno tem obrigação de se esforçar para adquirir conhecimentos e obter

boas notas, sendo responsável pela sua própria aprendizagem.

Colaborar no trabalho de grupo e participar na avaliação dos seus

conhecimentos e atitudes não é relevante para estes alunos.

Frases como esta “estamos aqui há um mês na aula de Português e a setora

ainda não deu matéria nenhuma.” (D.A.), que se ouviram no final da sessão,

aliada à coesão da turma em relação a uma má imagem da escola transmitida


22

no inicio do diálogo, bem como ao desinteresse, apatia e desmotivação pela

atividades escolares manifestado pelos alunos, desvaneceu o entusiasmo da

professora, chegando mesmo a pensar escolher uma outra turma para realizar

o seu projeto. No entanto, o seu dinamismo, perseverança e crença na

mudança de comportamento dos alunos, bem como o trabalho em parceria,

levou-a a adotar estratégias individuais e de conjunto com a sua dupla,

conseguindo a cooperação dos mesmos e a criação de uma comunidade turma

que respeita as diferenças e se sente confortável com elas.

É de salientar o facto de a professora ter reunido com os pais e

encarregados de educação dos alunos, não só para lhes explicar o projeto

como também para esclarecer em que consiste “o dar matéria” na disciplina de

Português. Para isso, realizou uma pequena demonstração de uma aula para

melhor compreensão dos assistentes.

A análise dos elementos recolhidos nesta sessão permite concluir que

existem contradições nomeadamente em relação ao ponto de partida dos

alunos, ou seja, as expetativas que apresentaram oralmente e as referidas no

questionário.

Os alunos deram enfoque à importância da Escola e do Professor na sua

aprendizagem. Reconhecem que do seu esforço e empenho depende o

sucesso e valorizam a avaliação quantitativa como um elemento preponderante

na sua progressão, sendo a sala de aula o espaço de eleição para se lhes

reconhecer esse esforço e o sentido de interajuda.

Execução do projeto

O projeto foi desenvolvido entre os meses de Setembro a Dezembro, a que

corresponde o 1ºPeríodo do ano letivo de 2012/2013.

Selecionado o conteúdo do programa de Português - Textos Autobiográficos,

a dupla planificou e executou um conjunto de atividades que conduzissem os

alunos a uma prática de escrita fluente e motivante.

A metodologia de trabalho assentou no seguinte: das duas aulas semanais

de 90 minutos, uma era mais teórica e só lecionada pela professora e a outra

prática com a presença da professora e da artista.


23

Para além destes encontros semanais em sala de aula, regularmente a

dupla refletia e avaliava o decurso da aula, reajustando a planificação à medida

que o processo avançava.

Dado que a turma mostrou, inicialmente, alguma resistência face às

metodologias utilizadas e à forma como a matéria ia ser introduzida, constituiu

uma preocupação constante da mesma, explicar no início de cada aula a tarefa

que iam desenvolver, tornando claro os seus objetivos e fazer uma reflexão

final sobre o que tinha acontecido, constituindo assim um ritual de abertura e

fecho.

Sempre com o objetivo de levar os alunos a escrever, foram implementadas

em sala de aula algumas das estratégias experimentadas na Residência, como

por exemplo: o exercício dos cheiros que podem conduzir a memórias mais

remotas ou mais presentes ou a construção de narrativas através de fotografias

reais ou imaginárias. Outras atividades foram (re)criadas: como as entrevistas

ao alter-ego, biografia usando o pronome na 3ª pessoa, os álbuns, os

autorretratos e as cartas.

Fotografia 1 - Entrevistas ao alter-ego

A dupla necessitava ainda de estabelecer relações com outras disciplinas,

outras áreas do saber e outras pessoas do mundo artístico e científico, bem

como sair para fora da escola, assistir ao espetáculo “Ler o mundo para ser

melhor leitor”, visitar uma biblioteca e partilhar experiências com outra dupla

(Pedro Jesus/Simão Costa) que também trabalhava sobre a memória. Essa

partilha resultou numa exposição de trabalhos e numa sessão de escrita na

rua, orientada pela artista, onde as duas turmas se encontraram.

Nas aulas observadas, notou-se sintonia nas intervenções de ambas e uma

cuidada planificação da aula.


24

O espaço físico onde as mesmas decorreram não foi uma sala de aula com

mesas e cadeiras, mas um espaço livre onde os alunos podiam sentar-se no

chão ou circular com alguma liberdade, sempre respeitando as regras de

comportamento necessárias à criação de um ambiente propício à

aprendizagem.

Desafiados por um exercício em que os alunos de olhos vendados,

selecionavam um dos cheiros que lhes eram oferecidos e escreviam com

pormenores sobre a memória a que o mesmo lhes apelava, era uma estratégia

pouco comum e que criou surpresa. Surgiram momentos de descontração por

parte de alguns alunos, alguma resistência a iniciar os textos, mas, pouco a

pouco, estes aspetos foram-se desvanecendo e todos escreveram textos mais

extensos e com descrições pormenorizadas, textos mais sintéticos, ou

pequenas frases. Todos leram os seus textos que refletiam sentimentos e

falavam sobre si próprios. No final da aula, verificou-se um envolvimento entre

vários alunos e o despertar de uma turma antes “amorfa”.

Fotografia 2 - Momento de escrita

Nas restantes aulas, foi notória a evolução dos alunos em relação a vários

aspetos: relacionamento dos diferentes elementos da turma; a motivação; a

incorporação das propostas apresentadas; a participação ativa no processo e,

sobretudo, a não recusa à escrita.

A escrita de rua e o encontro e partilha com outra turma de outra escola foi

também estimulante e despoletadora de ideias criativas.


25

Fotografia 3 - Escrita de rua

A professora ao longo do percurso mostrou entusiasmo perante os alunos, e

a relação professor/aluno evoluiu de uma forma muito positiva.

Gerou as aulas com dinamismo, relacionando-as com as anteriores e

definindo as tarefas de forma clara e objetiva. Nas atividades propostas utilizou

recursos diversificados. Estimulou a participação dos alunos, valorizou as suas

ideias, forneceu feedback e criou um ambiente propício à aprendizagem.

Foi percetível o crescendo empenhamento dos alunos, bem como as suas

atitudes de participação nas propostas apresentadas.

Nas aulas observadas não foram visíveis momentos de avaliação formais,

mas reflexões informais dos alunos sobre o que tinham experimentado nas

mesmas.

A avaliação formal foi feita pela professora através da realização de dois

testes cujas classificações positivas se situaram entre os 11 e os 16 valores,

registando-se duas negativas (8 valores) de entre os 21 alunos.

Avaliação do projeto pelos alunos

Quando na sessão de avaliação, foi pedido aos alunos que avaliassem o

projeto com uma única palavra, surgiu: compensador, fixe, inovador,

inigualável, memórias, inspirações, aprendizagem, entre outras. No dizer dos

mesmos, para avaliar o projeto, é preciso descrevê-lo e explicar que para além

de desenvolver o espírito de cooperação e permitir um melhor conhecimento

entre os diferentes elementos da turma, proporcionou uma aprendizagem a

nível da escrita e da fluência de ideias, em frases, como: “ … bom trabalho


26

para conhecer melhor a turma”, “… no início começar a escrever era uma

tortura para mim, mas no decurso do trabalho fui adquirindo gosto pela escrita”;

“… foi preciso ter a mente aberta ao desafio, porque às vezes éramos

apanhados de surpresa”, “… trabalhámos muito, lidámos com pessoas que nos

ensinaram muito e ficámos a escrever muito e melhor”, “… no final percebemos

que demos a matéria.” (D.A.)

Estas transcrições reforçam a avaliação feita no questionário, no qual 100%

dos alunos considera que o projeto trouxe uma nova dinâmica à aula.

Globalmente, as atividades realizadas ajudaram à compreensão dos conteúdos

da disciplina, os recursos utlizados foram propícios a uma melhor reflexão

critica, a criatividade foi estimulada e, aprender através dos sentidos, foi muito

motivador.

Cerca de 80% dos alunos não releva a importância da aula pública e 50%

destes pensa que o projeto só resulta em algumas disciplinas, não vendo como

se aplicaria, por exemplo, em Matemática.

Em jeito de conclusão, a frase escrita por um aluno ilustra a relevância deste

projeto na sua evolução - “Na minha opinião, deviam fazer este projeto com

todos os alunos, isso motivá-los-ia a irem e a saírem da aula com outro tipo de

atitude e com um sorriso.” (D.A.)

Avaliação do projeto pela dupla

Com base na análise dos questionários de avaliação da professora e da

artista é possível afirmar que:

as ideias de ambas foram respeitadas mutuamente e convergiram no

traçado de um projeto que tinha como principal finalidade, a criação do

gosto pela escrita e a evolução na aprendizagem de todos os alunos da

turma;

o projeto foi plenamente adequado à disciplina de Português, tendo-se

conseguido uma boa articulação entre os conteúdos científicos e

artísticos;


27

a organização do trabalho entre a dupla foi muito bem conseguida quer

em relação à definição do calendário de trabalho, quer no que se refere

à conceção e realização das aulas;

os alunos sentiram-se motivados pela introdução de estratégias

inovadoras, empenharam-se na execução das tarefas propostas,

desenvolvendo capacidades de cooperação e evoluindo na

aprendizagem;

a colaboração da Direção da Escola centrou-se na aceitação, na

disponibilização de recursos e na integração da aula pública no Plano

de Atividades da Escola.

Breve descrição da aula pública

Uma experiência autobiográfica como ponto de partida para uma prática de

escrita em contexto de sala de aula, resume a apresentação das produções

escritas dos alunos e a partilha de micropedagogias aplicadas no processo.

À medida que a dupla descrevia sumariamente as micropedagogias: “que

nome escolheriam para se identificarem”, “entrevistas ao alter-ego”, “exercício

de cheiros para ativar a memória”, “narrativas com fotografias reais ou

imaginárias”, “autoretrato”, “biografias usando o pronome na terceira pessoa” e

“guião facilitador da leitura do mundo”, os alunos liam os textos selecionados

que ilustravam cada uma delas.

A Professora Maria Bárcia, reforçou o longo período de trabalho individual

sobre a escrita e a leitura e o facto de só no final do trimestre, os alunos

escreveram a várias mãos em pequenas equipas.

A presença dos alunos constituiu um elemento enriquecedor da

apresentação e foi notória a cumplicidade entre a professora e a artista, bem

como a clareza da exposição.

Avaliação da aula pública pela assistência

Dos questionários de avaliação entregues no final da aula pública,

apresentam-se os aspetos relevantes.


28

O Quadro 1 mostra, em percentagem, o grau de satisfação em relação aos

indicadores mencionados.

Indicadores Grau de Satisfação (%)

Não responderam

Discordo Concordo Concordo

plenamente

Despertaram novos olhares sobre o trabalho

7 48 36 9

Estimulantes sob o ponto de vista:

cognitivo 2 55 43 -

emotivo - 52 48 -

Inovação em relação:

ao formato da apresentação 9 68 20 3

à metodologia 5 52 39 4

às estratégias 2 43 50 5

aos conteúdos 5 52 36 7

aos recursos - 48 43 9

Quadro 1 - Avaliação dos indicadores da aula pública “Posso escrever sobre mim?”

Pela leitura do quadro poder-se-á atestar que o trabalho apresentado trouxe

inovação em relação à metodologia, estratégias e recursos utilizados, bem

como ao formato da sua apresentação. A motivação sob o ponto de vista

cognitivo e emotivo foi igualmente uma mais-valia para a aprendizagem.

Assistiram a esta aula 219 espetadores, mas só 44 entregaram a avaliação,

sendo que a classificação atribuída por estes foi a seguinte: 9% Suficiente,

20% Bom e 71% Muito Bom.

Considerações

O projeto concebido e planificado por esta dupla foi muito bem-sucedido em

relação ao trabalho desenvolvido com a turma e à sua apresentação pública.

As atividades realizadas com os alunos constituíram uma forma de

aprendizagem gratificante e despoletadora de um gosto pela escrita e pela

leitura que, na sua maioria, era inexistente. O aspeto menos conseguido diz

respeito a uma revisão mais aprofundada dos textos produzidos, embora o

objetivo do projeto desse enfoque à expressão escrita e desenvolvimento do

prazer de escrever e, esses, foram amplamente alcançados.

Outra vertente bastante positiva, foi o trabalho da professora com a artista,

não só pela cooperação e cumplicidades estabelecidas, como pela

preocupação constante de avaliar as aulas e, ainda, pelo facto de as


29

reajustarem aos interesses dos alunos, constituindo para estes uma motivação

e um desafio constante à imaginação e criatividade.

A apresentação do projeto à Escola foi apoiada pela Direção, teve a

presença de cerca de 150 alunos acompanhados dos seus professores.

Desenrolou-se de uma forma positiva com visível empenhamento e entusiasmo

dos intervenientes na aula pública, realçando o bom comportamento dos

alunos destes perante os colegas da assistência.

Este projeto respondeu eficazmente aos objetivos traçados no Projeto Dez x

Dez. A conceção e dinamização conferida às aulas, que através de novas

abordagens envolviam os alunos nas tarefas e desafiavam as competências de

expressão escrita, facilitaram a apreensão dos conteúdos selecionados do

programa de Português pelos alunos.

A aula pública conseguiu despertar novos olhares na assistência

diversificada sob o ponto de vista profissional, clarificar o processo e o produto

resultante do trabalho da dupla com os alunos e contaminar os professores

com algumas das atividades explicitadas.

2.4.2 Projeto - “Habitáculo(s) de Memórias”

Este projeto pretendeu estimular os alunos na conceção e execução de um

modelo escultórico, que funcionasse como um recetáculo de memórias do

heterónimo criado por cada um deles.

A presentação da dupla

Pedro Jesus é professor de Artes Visuais no Colégio de Santa Doroteia em

Lisboa. A turma onde o projeto se concretizou é constituída por 4 alunos que

frequentam o 11º ano de escolaridade e a disciplina lecionada é Desenho.

Simão Costa é músico e o seu trabalho relaciona objetos

/instrumentos/eletrónica e código informático, materializado em diversas peças

sonoras.


30


Esta sessão foi realizada com uma turma formada por quatro alunos

provenientes de um meio socioeconómico médio alto, com um contexto familiar

culturalmente favorável e que, em alguns casos, frequentam o colégio durante

alguns anos.

Para dar início à conversa foi proposto a cada aluno que recordasse a sua

primeira memória de Escola e equacionasse a memória de futuro. Foi curioso

verificar que estes alunos querem relembrar a escola como um lugar onde

sentiam segurança, encontraram pessoas com quem se relacionaram muito

bem, onde aprenderam e ultrapassaram dificuldades - “…pôr a mochila às

costas é muito fixe, mas não pensei que fosse tão pesada. A escola fez-me dar

um passo grande, mas foi um peso na minha aprendizagem que me custou a

ultrapassar.” (D.A.)

De seguida, e em consonância com as perguntas do questionário, foi

possível recolher a opinião destes alunos acerca da escola, de um bom

professor, do papel do aluno e da aprendizagem.

0%

0%

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0%

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25%

25%

25%

25%

50%

50%

50%

50%















A escola ajuda os alunos a desenvolverem as capacidades de reflexão e de

criatividade, a responsabilidade e autonomia e preocupa-se com o seu

sucesso. Estes alunos não dão relevância às atividades extra curriculares.


31

0%

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25%

25%

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25%

25%

50%

75%







Valoriza o esforço realizado pelos alunos em função das suas …









Para eles o professor é um mestre e um orientador que tem uma postura de

ensino - aprendizagem, deixa os alunos exprimirem livremente as suas ideias,

estimula a reflexão e o pensamento crítico - parâmetros anteriormente

referenciados em relação à escola - e relaciona os conhecimentos com as

experiências da vida real, de forma a tornar a aprendizagem motivante e

significativa.

0%

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25%

25%

50%

50%

50%

50%








A avaliação assume uma forma dos alunos progredirem na …







Complementa a perceção dos alunos sobre o bom professor, o facto de na

aula se potenciar a articulação dos saberes, se ajudar os alunos a ultrapassar

as suas dificuldades, e se reconhecer o seu esforço e trabalho.


32

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50%

50%

50%

50%

50%















Por seu lado, o aluno deve ser construtor da sua própria aprendizagem,

saber refletir e questionar, esforçar-se por superar dificuldades e problemas de

modo a ter sucesso no seu trabalho e, consequentemente, participar na sua

própria avaliação numa perspetiva de aprendizagem.


Encontros regulares entre a dupla ocasionaram uma partilha de ideias e

contribuições para que, em sala de aula, os alunos compreendessem

claramente os enunciados que lhes eram propostos e dessem respostas aos

problemas, utilizando estratégias e processos diversificados.

O artista presente semanalmente na aula monitorizava a resolução dos

problemas surgidos no decurso do trabalho realizado por cada aluno,

orientava-os na resolução criativa dos mesmos e em ligação com as suas

experiências musicais.

Alguns exercícios apreendidos na Residência foram vivenciados pelos

alunos e associados a outras atividades que desafiavam a imaginação e o

espirito crítico.


33

Fotografia 4 - Exercícios: 24 horas; em torno de um cheiro; fotobiografias; fragmentos

A conceção de um habitáculo de memórias para o heterónimo criado por

cada um, foi a proposta apresentada aos alunos e da qual resultaram os quatro

projetos individuais:

Um sem-abrigo que gosta bastante de música, recolhe as suas

memórias através de todos os sentidos e chama a atenção para as

diferenças sociais existentes no mundo;

Um fotógrafo apaixonado por Lisboa e que mistura duas realidades - o

desenho e a fotografia;

Ela própria, que reflete o que gostava de ser e o que dentro dela é

invisível;

Um advogado introvertido e recalcado por não o terem deixado ser

destro, nem ter podido mostrar os seus sentimentos.

Fotografia 5 - Os quatro habitáculos de memórias

A articulação de conteúdos das várias disciplinas esteve presente na

conceção e desenvolvimento dos projetos individuais dos alunos.


34

Como complemento participaram em visitas de estudo à exposição “O

Museu é o mundo”, visionaram experiências de representação visual do som e

que estabeleciam analogias com processos de manipulação dos elementos

estruturais da linguagem plástica, realizaram um intercâmbio com a turma da

Professora Maria Bárcia que também trabalhava sobre as memórias, fruíram a

desmontagem da exposição de esculturas sonoras e contactaram com autores

que implementaram os seus projetos numa lógica de auto iniciativa - o escritor

Jacinto Lucas Pires, o arquiteto José Pequeno e o gestor Rui Lima Miranda.

Esta turma trocou alguns dos seus trabalhos com os da turma da Professora

Maria Bárcia, dado que ambas trabalhavam sobre a memória. Os trabalhos

estiveram expostos nas respetivas escolas.

Um encontro de rua entre as turmas proporcionou momentos de colaboração

e relacionamento. Os alunos escreveram e desenharam sobre o que

observaram e escutaram na rua selecionada por cada um. No final trocaram os

trabalhos entre si e avaliaram a experiência.

Fotografia 6 - Avaliação da sessão escrita de rua por um aluno

Foi notória nos alunos, a apreensão destes efeitos em diferentes aulas

observadas, quer a nível da reflexão e análise sobre os trabalhos que iam

produzindo e/ou sobre as dúvidas equacionadas, reveladoras de uma pesquisa

cuidada e de uma procura de conhecimento alargado.

A dupla, interagiu sistematicamente estabelecendo uma relação biunívoca

com benefícios, dos quais poderão tirar partido em aplicações futuras.



35

Com base no tratamento de dados recolhidos através de um questionário de

avaliação e da conversa orientada pela investigadora, é possível afirmar que:

a dinâmica implementada pelo projeto tornou as aulas motivadoras e

significativas;

as propostas apresentadas ajudaram à compreensão dos conteúdos da

disciplina;

as capacidades de reflexão critica, imaginação e criatividade foram

estimuladas;

o trabalho desenvolvido desafiou a pesquisa e naturalmente o

conhecimento;

a criação de uma plataforma onde foi possível partilhar ideias e

questões, contribuiu para o enriquecimento de cada um dos projetos

individuais;

durante as aulas foram desenvolvidas estratégias que levaram a

encontrar soluções concretas para os problemas equacionados;

o estabelecimento de relações entre diferentes disciplinas e

metodologias favoreceu positivamente a realização do processo e do

produto final - o habitáculo de memórias.

Finalmente, foi referida por estes alunos a partilha criada entre eles, artista e

professor, como uma mais-valia que contribuiu para a conceção e

desenvolvimento de todo o trabalho, possibilitando uma real evolução da sua

aprendizagem.


Na avaliação feita por esta dupla salientam-se:

a boa organização do trabalho artista/professor relativamente à sua

conceção, planificação e implementação em sala de aula:

a recetividade das ideias de ambos e da influência da critica construtiva

na boa consecução do processo ;

a eficácia na introdução de estratégias e recursos inovadores em sala de

aula;


36

a motivação, empenho e entusiasmo com que desenvolveram o projeto

e o bom envolvimento dos alunos. Fatores que originaram mudanças

significativas a nível das atitudes e da cooperação entre todos os

envolvidos;

a recetividade e colaboração da Direção da Escola, bem como de outros

agentes educativos.

O único aspeto menos positivo refere-se à curta duração do projeto.


A exposição dos habitáculos de memórias dos quatro alunos, as produções

demonstrativas do processo, os produtos resultantes de alguns dos exercícios

realizados e, ainda, o habitáculo construído pelo professor relatando todas as

etapas do projeto, constituíram o cenário e criaram o ambiente da sala para a

sua apresentação.

Fotografia 7 - Habitáculo das diferentes etapas do projeto

Cada aluno descreveu o seu objeto artístico enquanto se ouvia a leitura da

memória descritiva que o acompanhava.

Foram relatadas as principais etapas do processo, algumas das

micropedagogias experienciadas pelos alunos, alguns dos exercícios propostos

e visualizado o seu resultado.


A aula pública foi realizada ao vivo na sala 1 da Fundação Gulbenkian e

visionada através da sua projeção no auditório, contando com a presença de

232 espetadores. A apresentada na sala 1 foi bem-sucedida, mas no caso da


37

projeção, a imagem aparecia desfasada da palavra e o impacto foi negativo,

facto que influenciou a sua avaliação junto do público.

Indicadores

Grau de Satisfação (%) Não

responderam Discordo Concordo

Concordo plenamente


16 42 42 -


cognitivo 6 50 39 5

emotivo 8 36 50 6






aos recursos 6 28 53 13

Quadro 2 - Avaliação dos indicadores da aula pública “Habitáculo(s) de memórias”

Assim, é possível verificar com base no Quadro 2, que 17% das pessoas

que preencheram o questionário registam um fraco grau de satisfação em

relação ao formato da apresentação.

Outros indicadores revelam que a aula pública foi estimulante sob o ponto de

vista emotivo e cognitivo. Apesar de, nalguns casos, não ter despertado novos

olhares sobre o trabalho, na sua maioria este parâmetro foi considerado

relevante.

Globalmente, a aula foi classificada por 36 dos respondentes, com os níveis

de Fraco (19%), com Suficiente (9%), com Bom (38%) e com Muito Bom (34%).

Por opção do artista, o seu papel como músico no decurso do projeto não foi

evidenciado na aula pública. Esta opção encontrou fundamento no facto do

artista considerar que, no tempo que dispunham para a aula pública, era mais

relevante a intervenção dos alunos e a visualização e descrição do projeto.

Para o público, este aspeto foi notório e ocasionou alguma insatisfação.

Considerações

A perceção dos vários tipos de memórias tornou-se uma ferramenta criativa

na construção de cada um dos habitáculos, desafiou a procura do

conhecimento, estabeleceu a relação com outras formas do saber,


38

proporcionou a articulação entre os diferentes metodologias e conteúdos,

propiciando aos alunos uma aprendizagem eficaz.

A dupla fomentou a sua parceria numa dinâmica de partilha, que foi

inspirada em estruturas que estimularam o diálogo e a colaboração. As

situações que combinaram a ação e a reflexão do conhecimento beneficiaram

ambas as partes, assumindo uma perspetiva formativa.

No contexto de uma escola do ensino oficial este projeto é dificilmente

exequível, na medida em que foi desenvolvido com quatro alunos que

frequentam um colégio, com um contexto familiar e cultural acima da média.

A sua natureza de criação, reflexão dos modos de produção a partir das

relações entre procedimentos, linguagens e materiais, buscando contribuir para

a prática, análise e construção do conhecimento, são difíceis de levar à prática

numa turma com um elevado número de alunos e com um nível de

conhecimentos e de experiências reais muito desfasado.

A avaliação menos positiva atribuída pela assistência à aula pública,

encontra fundamento não só no facto da sua projeção, mas também no

argumento apresentado anteriormente e no pleno reconhecimento das

condições em que o mesmo foi implementado.

Este projeto trouxe benefícios para os alunos e para a dupla, mas o seu

impacto mais amplo foi parcialmente conseguido, em relação às abordagens

metodológicas utilizadas como forma de comunicação, objetivo definido para o

Projeto Dez x Dez.

A aula pública foi apresentada no Colégio, onde estiveram presentes cerca

de 30 alunos, 10 professores e o Diretor, sendo apreciada pelos presentes.

2.4.3 Projeto - “Partilhar Filosoficamente”

Este projeto procurou responder à questão: qual a utilidade da Filosofia no

contexto atual do ensino e na vida real?


39


António Martins pertence ao Quadro de Nomeação Definitiva da Escola e é

professor de Filosofia.

Pedro Sena Nunes está ligado ao cinema e é professor na ETIC. Realiza

documentários, ficções e spots e é diretor artístico da Vo’Arte.


No final da Residência, o professor foi requisitado para um departamento do

Ministério de Educação, pelo que interrompeu a sua lecionação na escola. Por

essa razão não lhe foi atribuída nenhuma turma.

Apesar disso a turma definiu o seu plano de trabalho em torno da questão:

para que serve a Filosofia?

As observações e os diálogos efetuados aquando dos encontros com a

dupla, permite dividir o projeto em quatro fases:

1. Interação de conhecimentos das áreas da filosofia com o cinema,

discussão de ideias, de estratégias e metas a atingir. Conceção e

planificação do projeto;

2. Decisão da metodologia a adotar e dos recursos a utilizar para pôr em

prática o projeto;

3. Concretização do plano;

4. Preparação e realização da aula pública.

Na fase inicial, foram equacionadas diversas dinâmicas e procuradas várias

tipologias de necessidades educativas, no sentido de perceber quais os

problemas sobre os quais a Filosofia se debruça e qual a utilidade da Filosofia.

Houve uma partilha efetiva de conhecimentos, num clima de respeito e

efetividade e uma reflexão sistemática e crítica sobre o desenho do projeto e a

melhor forma de levar à prática.

Na segunda fase, surgiram diversas formas de realizar o projeto, como por

exemplo: simulações, entrevistas ao vivo com jovens convidados para o efeito,


40

debates ao vivo com o público, gravações áudio de um texto ou um filme como

ultima hipótese a pensar.

Face à panóplia de situações diversificadas, foi sentido pela dupla, a

necessidade de trabalhar sobre um texto escrito pelo professor e que, de certo

modo, poderia dar resposta às questões levantadas e ajudar a definir a

conceção da aula pública.

Após a leitura do texto concluiu-se ser este muito metafórico para apresentar

a um público diversificado, emergindo a ideia de fazer entrevistas a jovens

alunos da professora Maria Bárcia, que frequentam o 10º ano do ensino

secundário da Escola Padre António Vieira.

As entrevistas foram conduzidas pelo professor de Filosofia, com o objetivo

de dar a perceber o que cada um daqueles alunos pensava sobre a utilidade da

Filosofia e se gostavam (ou não) da disciplina. Simultaneamente, as entrevistas

foram filmadas pelo artista para posteriormente constituir material de

apresentação pública.

Este filme foi cuidadosamente trabalhado e enquadrado no contexto da

Escola e no contexto das ideias que ambos queriam transmitir.

Das observações efetuadas e dos diálogos que se estabeleceram com a

dupla, ressalta: o pensamento crítico que ambos manifestavam sobre o

material produzido; a procura sistemática de avaliar e melhorar esse material e

reajustá-lo ao plano de trabalho; o ganho dos conhecimentos partilhados, bem

como das pesquisas realizadas e, ainda, a recetividade a algumas mudanças

resultantes de insatisfações enunciadas e discutidas.

O calendário de trabalho foi sendo reajustado à medida dos compromissos

profissionais de cada um, não podendo afirmar-se a regularidade dos

encontros, mas que os mesmos aconteceram no espaço e no tempo previsto

para a consecução dos objetivos inicialmente definidos.

O facto de não terem tido uma turma para desenvolver o projeto, criou

dificuldades e obstáculos que, pouco a pouco, foram sendo resolvidos, mas

necessitavam de mais tempo para aprofundar alguns aspetos que permitiriam

alcançar as finalidades a que se propunham e trariam uma maior maturação na

produção da aula.


41


A participação no processo de trabalho foi avaliada pela dupla como muito

séria e empenhada. Apesar de alguns momentos de desânimo, foram

vencendo os obstáculos e tentaram levar a bom porto o compromisso

estabelecido com o projeto.

Consideram que houve uma preocupação constante em explicar as ideias

que iam gizando e combinando nas sessões de trabalho, bem como no seu

cumprimento.

Face à realidade de não terem turma, o que condicionou o desenrolar da

parceria, encontraram várias dinâmicas para responder à questão sobre a

utilidade da Filosofia e transmitir as suas conceções e a respetiva

materialização.

Planearam a aula pública criteriosamente, ponderando posteriormente sobre

a teatralização transmitida e o não aproveitamento dos alunos que estavam

entre o público.

Pensam apresentar a aula não só na escola dos alunos que filmaram, mas

também em outras escolas e para outros públicos, dando lugar ao debate para

que fique mais enriquecida.

Finalmente, consideram que a dupla se respeitou mutuamente quer nas

suas ideias, quer nas suas contradições; que a relação foi construtiva havendo

ganhos de ambas as partes. Os impactos resultantes das transformações que

tiveram lugar na diversidade e na intensidade dos casos partilhados e que

foram objeto de estudos, foram muito positivos.

Ambos partilham o orgulho de terem participado no projeto e deste ter

assumido uma perspetiva formativa que terá aplicação nas suas práticas

profissionais.


Após o visionamento do filme que apresentava excertos das entrevistas

feitas aos alunos, o professor fez alguns comentários sobre os aspetos


42

positivos e as dificuldades sentidas pelos alunos e que foram evidenciadas

pelas respostas dadas pelos mesmos.

Fotografia 8 - Aluna entrevistada

Partindo da premissa de que estes alunos, representam a maioria dos

alunos das escolas secundárias, o professor explicou a sua estratégia como

uma forma de levar os alunos à compreensão da importância e utilidade da

filosofia e, simultaneamente, de desenvolver uma atitude reflexiva e critica

sobre as suas práticas cotidianas.

Num segundo momento, o artista relatou algumas etapas do processo de

trabalho da dupla, a aplicação de algumas micropedagogias vivenciadas na

Residência e relevou o aspeto formativo do cruzamento entre o ato de filosofar

e o ato de documentar.


Das 243 pessoas que assistiram à aula, apenas 37 entregaram a avaliação.

Através da análise dos dados verifica-se que, a inovação do formato de

apresentação que a mesma assumiu, não foi igualmente valorizado por todos

os respondentes, embora nos comentários se possa ler que foi muito clara a

explicação de todo o processo, bem com a importância de considerar o filme

como uma ferramenta a explorar nas aulas.


43

Indicadores



Concordo plenamente


11 43 38 8


cognitivo 5 46 41 8

emotivo - 46 49 5







Quadro 3 - Avaliação dos indicadores da aula pública “Partilhar filosoficamente”

Outros aspetos como a metodologia e a estratégia utilizadas foram

considerados incompletos por responderem apenas parcialmente à questão da

utilidade da Filosofia.

As classificações finais conferidas à aula foram: de Fraco (8%); Suficiente

(34%); Bom (22%) e de Muito Bom (36%).

Considerações

A contingência de a dupla não dispor de turma para desenvolver o seu

projeto, nem ter oportunidade de pôr em prática algumas das micropedagogias

vividas na Residência, influenciou o seu trabalho.

O tempo de preparação, reflexão e programação foi prolongado pela procura

de estratégias e possíveis soluções para o problema que os preocupava.

Por este facto, a produção do filme que incluiu as entrevistas realizadas a

jovens que frequentam o 10 º ano do ensino secundário e a reflexão sobre o

mesmo, constituiu a primeira parte de um trabalho que necessita de ser

completado.

Para que as expetativas da dupla, acrescidas de uma intervenção mais

aprofundada, possam responder de uma forma clara e mais fundamentada à

questão - para que serve a filosofia - era importante que este trabalho tivesse

continuidade e fosse alargado o seu campo de ação.

Neste projeto, o objeto não foram os alunos mas a aula pública, desviando-

se dos objetivos explicitados no Projeto Dez x Dez.


44

2.4.4 Projeto - “O Caderno como Oficina de Excelência”

Reconhecer a utilidade de registar num caderno os conteúdos teóricos e

práticos das diferentes disciplinas curriculares, relacioná-los com experiências

da vida real e conferir-lhe identidade, foi objetivo deste projeto.


Mário Linhares é professor de artes visuais no Colégio de Santa Doroteia.

Leciona a disciplina de Desenho, numa turma de cinco alunas que frequentam

o 12º ano de escolaridade.

Ricardo Jacinto é músico, artista plástico e professor na Faculdade de

Arquitetura em Lisboa.


Já o projeto se tinha iniciado quando se realizou o diálogo com as alunas.

Por essa razão, foi-lhes pedido que escolhessem uma página do seu caderno,

falassem sobre ela e sobre o modo como o exercício da paisagem sonora tinha

influenciado o seu desenho.

De uma forma geral, mostraram a página que transmitia emoções e

consideravam ser mais expressiva no modo de ver o que as rodeia. Foi

interessante observar que através da página e da apresentação das razões

que levaram à sua escolha, se conheceram algumas características de cada

aluna. Introduzidas as dimensões Escola e Aprendizagem, as alunas referiram

que a mesma era um lugar de liberdade e segurança, mas também de encontro

com os amigos. Não encaram as aulas como obrigatórias porque nelas se

sentem bem, mas precisam de ser dinâmicas para não aborrecerem os alunos.

Relevante é analisar e refletir sobre o facto de atribuírem significado ao

conteúdo da página que apresentaram porque nada tinha a ver com a Escola,

parecendo que não existia relação da mesma com a vida real, apesar desta ser

um lugar aprazível.


45

O que melhoravam na Escola?

Para além da melhoria de algumas condições físicas, aboliam os testes

porque os trabalhos são mais motivadores e aprende-se. Prolongavam a

duração das aulas práticas e encurtavam a das teóricas.

Para ilustrar o que atrás se disse, transcreve-se a frase de uma das alunas “

eu tirava as paredes… para ver outras aulas e o mundo lá fora.” (D.A.)

Esta frase possibilita reflexões sobre o contexto fechado em que as alunas

se inserem, sentimento que surge a par da segurança sentida por estas e

salientada como um aspeto positivo.

Seguidamente apresentam-se os gráficos resultantes do tratamento de

dados do questionário.

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20%

20%

20%

20%

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40%

40%

40%

60%















A análise possibilita atestar que, apesar de existir um denominador comum

em relação à preocupação que a Escola tem em desenvolver nos alunos a

responsabilidade e a autonomia. Ocupam um lugar de relevo neste contexto, a

dinamização de projetos, a abordagens dos problemas atuais e o

desenvolvimento das capacidades de imaginação e criatividade.


46

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0%

0%

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40%

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0%

0%

0%

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0%

20%

40%

40%

60%

60%

80%















Em articulação com o que foi dito anteriormente, observa-se que o professor

desempenha um papel fundamental no estímulo à reflexão e ao pensamento

crítico, aproveitando as suas ideias para as relacionar com a matéria disciplinar

e, consequentemente, proporcionar aos alunos uma melhor aprendizagem. Por

sua vez, estes são construtores da sua própria aprendizagem, não só porque

se esforçam por superar as suas dificuldades, como também ao faze-lo

ampliam as suas capacidades de questionamento e análise.

As tarefas de grupo não desempenham um papel importante na construção

do conhecimento destas alunas.


47


Semanalmente a dupla apresentava à turma, uma proposta de trabalho que

desafiava a imaginação das alunas e as encorajava à sua participação. Embora

fossem alunas da área das artes, a adoção de um caderno onde havia

liberdade para registar das mais diversas formas, o que era da escola e

também o que pertencia ao seu “eu” e à relação deste com o meio onde

estavam integradas, foi inibidor e gerador de alguns conflitos interiores. Esta

avaliação apoia-se na observação de aulas em que as alunas, não só

exprimiam os seus pensamentos como se recusavam a desvendar as suas

páginas.

Nas aulas, que tinham a duração de 110 minutos, os conhecimentos teóricos

eram articulados com os práticos e relacionados com os das outras disciplinas.

O exercício da paisagem sonora, proposto pelo artista, estimulou a

capacidade de escuta e de atenção e um olhar mais crítico sobre os seus

cadernos.

Fotografia 9 - Registo de uma paisagem sonora

Com o objetivo de enriquecer o processo e demonstrar como o caderno

pode constituir um instrumento de trabalho útil no presente e no futuro,

convidaram vários profissionais - um escritor, um urban sketcher, dois

designers e um professor de desenho, que para além de exporem o conteúdo

dos seus cadernos, falaram das repercussões que os mesmos têm na sua

experiência e trabalho profissional.


48

A conceção e realização do projeto foram feitas num clima de cooperação e

cumplicidade, procurando aplicar um conjunto de estratégias experimentadas

na Residência e criar ou recriar outras, em função dos objetivos traçados e das

questões levantadas pelas alunas.

Verificou-se ainda que algumas das tarefas apresentadas criavam o efeito

de surpresa e geravam questionamento e interações positivas.

O professor, no decurso da outra aula semanal dava continuidade ao

trabalho anterior, adequava as estratégias aos conteúdos da disciplina de

Desenho e avaliava os exercícios realizados, numa perspetiva formativa de

aprendizagem

As alunas ao apropriarem-se destes desafios, foram diluindo os seus receios

iniciais, partilhando os seus registos, compreendendo que os conteúdos

podiam interagir para constituir um saber multifacetado que originava

aprendizagem.

Fotografia 10 - Página de um caderno (Português e Desenho)


Transcreve-se o texto de uma das alunas, por refletir a apreciação global

“Quando o projeto me foi lançado não fazia ideia do que ia fazer. Receei e

pensei: tenho de tornar o caderno diferente e pessoal, mas sem me obrigar!

Começou a tornar-se expressivo quando misturei a paisagem sonora… e

tudo mudou!


49

Lentamente fui fazendo experiências, ouvindo e registando sons, misturando

as disciplinas, estudando e aprendendo com ele e dei-lhe um bocado da minha

alma!

Há páginas que não são páginas e momentos muito altos do projeto, como

por exemplo o registo acerca de um dos heterónimos de Fernando Pessoa.

Continuo a fazer páginas interessantes e percebi que ter um caderno como

este me ajuda a progredir.

Vou continuar a fazê-lo, mesmo quando tiver um emprego.” (D.A.)

Desta avaliação destacam-se como positivos os seguintes aspetos:

o projeto trouxe uma nova dinâmica à aula;

o exercício da escuta despertou uma maior atenção a todas as aulas, e

sensibilizou para a importância de tirar apontamentos das aulas como

um método de estudo;

a interiorização dos conhecimentos devido ao reconhecimento da

importância da sua articulação;

a conciliação das informações (teóricas com as práticas) sugeriu ideias

que podem ser aplicadas noutros contextos, graças à utilização do

caderno como ferramenta única;

os exercícios propostos ajudaram a compreender os conteúdos da

disciplina, a memorizar os conceitos, a refletir e a procurar soluções para

os enunciados propostos;

a contribuição do caderno não só para a organização do mesmo, mas da

própria pessoa;

o desenvolvimento do espirito de cooperação - “o exercício do retrato

conjunto da turma obrigou-nos a refletir sobre os diferentes elementos

da mesma e quando o partilhamos compreendemos melhor o outro.”

(D.A.)

Os aspetos referidos como menos conseguidos foram:

a dificuldade de usar o caderno sem ser como um diário gráfico;

a dificuldade de partilhar o caderno com pessoas desconhecidas, porque

também se partilham sensações e sentimentos;


50

o aprofundar de alguns exercícios para levar a sua exploração mais

longe:

preparar os exercícios para desafiar o publico no final da apresentação

da aula pública.


Para ambos, o projeto foi bem aceite pela Escola e adequado ao seu

contexto.

No decurso da operacionalização do projeto houve uma boa articulação dos

conteúdos científicos com os conteúdos artísticos. As estratégias foram

inovadoras e a motivação, empenho e colaboração das alunas relevante, mas

em relação à mudança de atitudes e aprendizagens, o artista classificou-as

apenas como Satisfatórias.

A duração e o número de alunos foram avaliados pelo artista como Fraco e

pelo professor como Bom.

O trabalho entre a dupla quer nas sessões de preparação, quer em sala de

aula, foi avaliado por ambos como muito positivo. A cooperação e o empenho

que ambos imprimiram a todo o processo tiveram impacto nas dinâmicas

estabelecidas e nas suas próprias aprendizagens.


Após a caraterização da turma e do contexto onde a mesma se insere, a

dupla apresentou o tema e os exercícios propostos, ilustrando-os com algumas

páginas dos cadernos das alunas.

A projeção de um vídeo relatando algumas fases do projeto à medida que as

alunas explicavam algumas das suas páginas descrevendo os exercícios que

as originaram, complementou a explicação ao vivo.

Foram ainda visionadas páginas dos cadernos dos profissionais, que foram

convidados no decurso do projeto para dialogarem com as alunas,

descrevendo o modo como usavam o caderno na sua vida profissional e quais

as suas vantagens.


51

A dupla relatou o seu processo de trabalho e como as ideias de ambos se

entrecruzaram e conferiram, empatia e autenticidade relevantes ao seu

relacionamento.

No final, as alunas subiram ao palco e convidaram a assistência a resolver o

exercício que cada uma criou.


A assistir a esta aula estiveram 228 espetadores, mas apenas responderam

ao questionário de avaliação 40. A classificação atribuída foi de Suficiente

(5%), de Bom (54%) e Muito Bom (41%)

Indicadores



Concordo plenamente


8 50 42 -


cognitivo 3 50 42 5

emotivo - 48 52 -







Quadro 4 - Avaliação dos indicadores da aula pública “O caderno como oficina de excelência”

O quadro 4 mostra que, o formato da apresentação foi o aspeto menos

valorizado. As metodologias descritas, as estratégias e os recursos utilizados,

para uma grande percentagem do público que avaliou, trouxeram inovação e

foram motivadoras.

Estimulante sob o ponto de vista cognitivo e emotivo foi também o projeto

apresentado.

Considerações

Este projeto proporcionou às alunas envolvidas uma visão mais ampla do

saber, na medida em que conseguiu articular conteúdos de diferentes

disciplinas e relacioná-los com problemas do seu quotidiano na vida real.


52

A opinião dos elementos da turma foi consonante com o facto de o projeto

ter permitido a sua evolução na aprendizagem, tornando as aulas motivadoras,

interessantes e úteis.

A realização do projeto da dupla em sala de aula, favoreceu a construção de

situações de trabalho significativas, estimulou as relações interpessoais no

decurso do processo, apelando sistematicamente a reflexões criticas sobre as

propostas apresentadas.

Apesar da natureza artística do projeto inicialmente desenhado pelo

professor, o papel do artista foi evidenciado pela efetiva colaboração em aula e

pelo facto de ter potenciado um conjunto de propostas de trabalho inovadoras

que enriqueceram o projeto e favoreceram a aprendizagem das alunas.

O contexto em que o projeto foi desenvolvido é bastante diferenciado do das

escolas oficiais, quer em relação ao número de alunos, quer ao meio cultural

em que os mesmos se inserem e que influencia o seu desenvolvimento

cognitivo e consequentemente, as suas aprendizagens. Neste sentido, não se

pode afirmar que esta abordagem metodológica é eficaz na construção do

conhecimento e recetividade de todos os alunos, pelo que os objetivos

propostos no Projeto Dez x Dez, foram apenas parcialmente atingidos.

A aula pública foi apresentada no Colégio, onde estiveram presentes cerca

de 30 alunos, 10 professores e o Diretor, sendo apreciada pelos presentes.

2.4.5 Projeto - “Ensinar a Arte - Partilha de uma Experiência”

Estimular a perceção da realidade através de experiências multissensoriais e

desenvolver a articulação entre a linguagem fotográfica e a escrita criativa.


Ana Fernandes é professora de Filosofia e Psicologia na Escola Secundária

Alves Redol. Desenvolveu o projeto numa turma do 2º ano do curso

profissional de técnico de fotografia, formada por 8 alunos, 6 rapazes e 2

raparigas, com idades compreendidas entre os 15 e 16 anos, no âmbito da

disciplina de Integração.


53

Ágata Mandillo é antropóloga e contadora de histórias. Está a fazer

Doutoramento na área da Pedagogia, Criatividade e Novas Tecnologias

Digitais.


A aula iniciou-se com um exercício de aquecimento proposto pela professora

o qual demorou algum tempo e tornou o diálogo mais curto. Assim, apenas foi

possível recolher testemunhos dos alunos acerca das possíveis mudanças

desejadas pra a escola.

Para além da excessiva carga horária, alteravam algumas regras de

funcionamento que consideram desadequadas e demasiado exigentes, e

algumas das condições físicas, como por exemplo: salas onde chove,

balneários e outros. Foi ainda referido, por alguns alunos, a importância de

alterar atitudes e práticas de alguns professores, que no dizer dos mesmos são

menos corretas e demasiado rígidas.

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14%

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14%

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57%

86%
















Em relação aos dados recolhidos através do questionário, poder-se-á afirmar

que os alunos consideram que um professor deve saber captar a atenção e o

interesse dos mesmos, para que a aula constitua um momento de

aprendizagem. Trabalhar por projetos que vão ao encontro do aproveitamento

dos alunos torna-se mais atrativo e enriquecedor.


54

A reflexão e o pensamento crítico são pouco valorizados na caracterização

de um bom professor, bem como a participação do aluno na avaliação de

atitudes e conhecimentos, podendo inferir-se que estes não reconhecem à

avaliação um papel formativo.

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0%

0%

0%

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29%

29%

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57%

57%

57%

Os alunos recebem o feedback do trabalho que desenvolvem














Em coerência com as referências anteriores, a aula é o espaço onde todos

têm oportunidade de aprender e se reconhece o trabalho do aluno. Para estes

alunos, a avaliação não assume uma forma de progressão na aprendizagem e

habitualmente não recebem o feedback do seu trabalho.

0%

0%

0%

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14%

14%

14%

14%

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29%

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71%















Por sua vez, os alunos devem ser construtores da sua própria aprendizagem

e procurar adquirir conhecimentos para obter boas notas.


55

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0%

0%

0%

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14%

14%

29%

29%

43%

57%

86%















A Escola deve ajudá-los a ter sucesso na aprendizagem e a valorizar os

seus conhecimentos, conseguindo assim, desenvolver nestes as capacidades

de responsabilidade e autonomia. No entanto, o desenvolvimento da

capacidade critica e a promoção do espirito de cooperação não são

preocupação da mesma.


Esta dupla realizou o seu trabalho com a turma no período compreendido

entre finais de Novembro de 2012 e início de Janeiro de 2013.

A estética e a experiência artística foi o tema selecionado, no âmbito da

Área de Integração.

A conceção do projeto foi sendo alterada ao longo do tempo, não só porque

o tema não foi equacionado desde o início, como o tempo do seu

desenvolvimento em sala de aula era curto. Em função disto haveria

necessidade de selecionar as atividades que melhor responderiam aos

interesses dos alunos, os ajudariam a ter uma nova visão estética sobre as

fotografias que estavam a produzir e a desenvolver as competências de análise

crítica, de argumentação e de escrita, que constituíam uma dificuldade

assinalável para estes.

Foram praticados alguns dos exercícios vividos na Residência pela dupla e

que vão de encontro à exploração dos sentidos, como por exemplo: o dos


56

cheiros, o do paladar ou o da audição, que apelam a memórias e à importância

de escutar o que nos rodeia dando-lhe significado.

Fotografia 11 - Exercício de escuta

Esta relação sinestésica pretendia desafiar o imaginário dos alunos, explorar

a perceção do real e interferir na interpretação de cada uma das fotografias a

produzir em concordância com a sensibilidade de cada aluno e com um sentido

mais amplo, para além da técnica.

Foi convidada a artista Margarida Mestre, para os alunos experienciarem

exercícios de corpo e voz, com o objetivo de fomentar a cooperação, a

comunicação social e a autoconfiança dos mesmos.

Pretendia-se que o objeto final fosse a criação de uma narrativa fotográfica,

tendo sido estabelecida para a sua consecução, a articulação com a professora

de fotografia, que estava a trabalhar o autoretrato com os alunos, e com a

professora de Português que levou os alunos à prática de exercícios de escrita

criativa.

O projeto foi progredindo, sempre com o objetivo de alcançar melhores

resultados, não só no processo como também no produto final, sentindo a

dupla, a necessidade de realizar uma sessão que desafiasse o pensamento

critico sobre “se a fotografia poderia ser considerada ou não uma arte”, para a

qual foi convidada a investigadora Dina Mendonça.

As observações efetuadas demonstraram que os alunos eram participativos

e recetivos às propostas apresentadas pela dupla, as executavam facilmente,

mas a reflexão sobre as mesmas era fraca.


57

A professora estabeleceu uma boa relação com os alunos e estimulou as

suas ideias e participação

Foi visível a exploração dos trabalhos realizados a um nível pouco

aprofundado, notando-se alguma evolução na sua aprendizagem, mas não se

pode afirmar se adquiriram um verdadeiro significado na apreensão da fruição

estética enquanto experiência transformadora, objetivo principal da temática

selecionada.


Avaliar é, no dizer destes alunos, uma forma de aprendizagem - “…

tomamos consciência das nossas limitações”, “… para saber quais as

capacidades que desenvolvemos e o que não evoluímos em termos de

conhecimentos.” (D.A.)

O projeto proporcionou-lhes:

um maior sentido de responsabilidade, na medida em que tinham que

saber escolher e finalizar o trabalho nos prazos previstos;

um conhecimento de como vencer com as dificuldades no dia a dia;

uma nova visão sobre o conhecimento em geral, trazendo-lhes,

nomeadamente, o desenvolvimento de outras capacidades como saber

escutar e falar respeitando a nossa vez; e, ainda, o trabalho do corpo e a

expressão corporal como uma forma de comunicação, e a criatividade

enquanto reflexão critica;

perceber como os sentidos podiam contribuir para a aprendizagem.

Os aspetos mais fracos prendem-se com:

o curto prazo para entregar os trabalhos, dado que inicialmente não

tinham ideias e a disponibilidade dos modelos não coincidia com a das

alunas;

pouco tempo para fazer investigação.

Estes alunos revelaram ter noção das suas limitações e de quão difícil foi

superá-las. Consideraram que as propostas executadas ajudaram à


58

compreensão dos conteúdos da disciplina, mas que o produto obtido ficou

aquém do que conseguiriam fazer se o projeto tivesse continuidade.

Ilustra-se estas afirmações com a transcrição de duas frases escritas pelos

alunos - “Trouxe novas experiências. Fez-nos superar as nossas dificuldades e

ajudou-nos a evoluir como pessoas. Para mim a ideia de realizar este projeto

foi excelente e teve resultados bastantes positivos” e “Os aspetos positivos

sem dúvida compensaram os negativos.” (D.A.)


Segundo a professora, a aprendizagem através dos sentidos torna os alunos

mais recetivos e pré dispostos para trabalharem outros conteúdos com esta

metodologia.

O diálogo com a artista foi positivo apesar dos seus encontros não serem

regulares e o tempo disponível curto. No entanto, durante a planificação das

aulas foram surgindo ideias cuja concretização foi levada à prática pela artista.

Retirou desta colaboração, a importância do contributo humano no trabalho

realizado, o sentido concreto e claro das etapas a seguir e a eficaz

implementação das propostas de trabalho executadas com a turma.

Considerou ainda que o trabalho efetuado com os alunos necessitava de um

maior aprofundamento, para que o sentido estético dos mesmos fosse

desenvolvido, ficando este apenas ao nível da sensibilização.

O objetivo da artista era ajudar a professora em algumas das suas

problemáticas, na resolução de problemas e na execução de tarefas propostas

aos alunos, assumindo para isso um conjunto de compromissos e cedências.

A sua adaptação ao contexto da escola, do professor e da sala de aula foi

sentida como difícil de ultrapassar. O fator “tempo” foi insuficiente para que se

operassem mudanças, considerando que a partilha e a reflexão entre a dupla

foram importantes.

A articulação entre os conteúdos científicos e artísticos foi encarada pela

artista como satisfatória, bem como a motivação, empenho, entusiasmo e

aprendizagem dos alunos e, ainda, a mudança de atitude por parte da

professora. Em relação aos mesmos itens a professora atribuiu-lhes a

classificação de Bom.


59

Ambas avaliaram a duração do projeto e o envolvimento da Direção da

Escola e de outros agentes educativos como Fraco.


Nesta aula a dupla abordou a importância da exploração dos sentidos como

forma de perceção da realidade, convidando o público a realizar o exercício

dos cheiros e a produzir palavras a partir do que esse cheiro provocou em cada

um, por exemplo.

A descrição de um conjunto de estratégias experimentadas pelos alunos e

conducentes ao desenvolvimento do imaginário e das capacidades de atenção

e valorização da construção do conhecimento, pretenderam conferir outra

perspetiva à fotografia para além da técnica.

Foi visionado, uma projeção com as fotografias e textos elaborados por cada

um dos alunos.

Fotografia 12 - A morte

Finalmente, a professora referiu a mais-valia do trabalho da dupla, do

diálogo estabelecido entre as vertentes pedagógicas e cientificas e a relevância

da quebra do isolamento sentido muitas vezes pelo professor, na escola.

Ambas salientaram ainda a aquisição de novas aprendizagens, quer

resultantes da Residência, quer da colaboração na planificação e

implementação do projeto.


60


Presenciaram esta aula 223 pessoas e avaliaram-na 49. Foi classificada

como Satisfatória por 38% dos respondentes, como Boa por 40% e como Muito

Boa por 22%.

Indicadores



Concordo plenamente


2 53 39 6


cognitivo - 43 47 10

emotivo 4 37 53 6



à metodologia - 43 41 16




Quadro 5 - Avaliação dos indicadores da aula pública “Ensinar a arte - partilha de uma experiência”

O quadro evidencia um bom grau de satisfação em relação à inovação do

formato da apresentação, à metodologia promovida e aos exercícios praticados

pela dupla em sala de aula.

Considerações

O período de implementação em sala de aula foi bastante mais curto do que

o previsto inicialmente, devido ao facto da professora ter iniciado o tema

selecionado apenas no final do mês de Novembro.

Embora o trabalho técnico sobre as fotografias, cujo tema era “O retrato”, se

tivesse iniciado no início das aulas, as estratégias de natureza artística, como

foi o caso das atividades sensoriais, as reflexões e debates sobre as ideias dos

alunos e a sua possível transformação foram insuficientes, para que o

resultado do trabalho demonstrasse uma maior influência desta metodologia.

A comunicação entre a dupla não se fez de uma forma regular, devido a

problemas que se relacionaram com questões de organização de escola e que

afetaram a professora e, posteriormente, com a seleção da temática que a

mesma queria trabalhar com a colaboração da artista. Perante isto, o tempo de


61

trabalho, partilha e reflexão da dupla foi curto, para que no futuro, a professora

aplique sozinha, estas abordagens metodológicas.

Considera que, os objetivos delineados no Projeto Dez x Dez, foram apenas

parcialmente alcançados.

Esta aula foi apresentada na Escola e contou com a presença de 7

professores, sendo que uma das professora era representante da Direção e,

um aluno pertencente à turma que desenvolveu o projeto. Os presentes

aplaudiram a apresentação, fizeram comentários positivos e, uma professora

salientou a forma entusiástica como os alunos desta turma, apresentaram o

projeto aos pais e encarregados de educação.

2.4.6 Projeto - “Querem Vir Comer à Cantina?”

Foi objetivo deste projeto que os alunos compreendessem a natureza global da

atividade económica e do desenvolvimento através de um estudo da indústria

da moda.


Ilda Diniz é professora de Economia e Gestão, na Escola Secundária de Alves

Redol e desenvolveu o projeto na área de integração, disciplina onde os

conteúdos, na maior parte das vezes, se interpenetram e interagem para

constituir um saber multifacetado face às experiências de cada aluno.

António Pedro é músico, cineasta e desenvolve trabalho nas áreas da

imagem, música e som.


A turma com 12 alunos de idades compreendidas entre os 17 e 23 anos

frequenta o 12º ano de escolaridade e resulta da junção de duas, uma do

Curso Profissional de Técnicas de Gestão e outra do Curso Profissional de

Técnicos de Gestão de Equipamentos Informáticos. Os alunos são

provenientes de classes médias e média baixa, em que os encarregados de


62

educação são predominantemente pequenos comerciantes, prestadores de

serviços e funcionários públicos. Muitos deles tiveram no passado várias

reprovações, não pretendem prosseguir, para já, para o ensino superior,

preferindo entrar no mercado de trabalho.

Desta reflexão, pode concluir-se que os alunos revelam grande preocupação

com o ingresso no mundo do trabalho, valorizando as aprendizagens que se

relacionam com as experiências da vida real.

Apreciam estratégias de sala de aula diversificadas e consideram que a

atitude do professor influencia a postura do aluno. As visitas de estudo são

para eles muito importantes, porque lhes permitem alargar conhecimentos

práticos e tem repercussão no seu futuro profissional.

Se pudessem mudar a Escola, para além do melhoramento dos espaços

físicos, reduziam a carga horária que, tal como está, não lhes deixa tempo para

estudar.

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0%

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33%

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58%

58%





Proporcionar atividades extracurriculares como: desporto, saídas, teatro…










A análise do gráfico permite verificar que, na opinião dos alunos, a Escola

preocupa-se essencialmente em desenvolver a autonomia e responsabilidade

dos alunos, num ambiente de ordem e disciplina, em valorizar o conhecimento

e em abordar os problemas dos alunos para além das matérias disciplinares.

Não consideram que a Escola promova o espirito de cooperação, nem o

desenvolvimento das capacidades criativa e de reflexão critica.


63

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25%

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83%

Propõe tarefas de grupo para alunos construírem a sua própria …













Valoriza o esforço realizado pelos alunos em função das suas capacidades


Um bom professor é aquele que reconhece o esforço realizado pelos alunos,

respeita as suas ideias e articula os conhecimentos tornando a aprendizagem

motivante. A atenção e o interesse do aluno relaciona-se com a utilização de

recursos diversificados para abordarem os conteúdos.

0%

8%

8%

17%

25%

25%

25%

25%

33%

33%

33%

33%

42%















A aula é um local onde todos têm oportunidade de aprender e em

consonância com as respostas anteriores, se interligam os conhecimentos e se

reconhece o esforço dos alunos. Pode verificar-se que a avaliação dos alunos

através dos testes aparece a par de uma forma de aprendizagem estimulante e

criativa.


64

0%

8%

17%

17%

17%

17%

17%

17%

25%

25%

33%

42%

67%















A principal função do aluno é esforçar-se para adquirir conhecimentos que

lhe permitam obter boas notas e ainda, cumprir as regras estabelecidas. O

desenvolvimento das capacidades de reflexão e questionamento assumem

uma importância relativa, bem como a sua participação na avaliação de

atitudes e conhecimentos.


A dupla concebeu um projeto sobre o tema da “Globalização”, iniciando o

trabalho com a turma no início de Novembro, por compromissos de ordem

profissional do artista que se encontrava fora do país.

Semanalmente realizou uma aula conjunta com a duração de 50 minutos.

Exercícios de aquecimento que envolviam a voz e o corpo iniciavam a aula e

permitiam fomentar a coesão da turma.

O espaço físico da sala era reorganizado em cada aula, contribuindo para

quebrar a rotina, fortalecer a relação pedagógica e facilitar a comunicação.

Num segundo momento, eram lançadas propostas de trabalho relacionadas

com conteúdos a abordar, tendo sempre presente as vivências dos alunos e a

importância de diversificar as estratégias para captar a sua atenção e

interesse. São exemplo dessas estratégias:


65

“Made in” - a partir de um objeto pessoal selecionado, os alunos

realizaram uma pesquisa sobre as condições sociais e económicas dos

trabalhadores e gestores da empresa de fabrico e das suas

consequências. Desta pesquisa resultaram fotografias e gravações em

áudio;

Fotografia 13 - “Made in”

Montagem e edição de um trailer - após visionamento do filme “China

Blue”, foram compilados os extratos mais significativos para cada um

dos alunos, realizado uma reflexão conjunta sobre os mesmos e

recriado o trailer;

No Logo - cada aluno elaborou um vídeo sobre excertos do livro de

Naomi Klein:

Simulação de situações e personagens relevantes na implementação de

uma Multinacional numa comunidade de um país do terceiro mundo.

Fotografia 14 - Trabalhador dialogando com um cidadão rico


66

Todos estes materiais foram utilizados como um meio para explorar os

conteúdos.

Nas aulas observadas pude constatar que a maioria dos alunos se mostrava

empenhado na execução do trabalho proposto.

Na outra aula semanal, lecionada apenas pela professora, os conteúdos

trabalhados anteriormente foram aprofundados através da definição de uma

tarefa apresentada de forma clara e objetiva. Os alunos, em pequenos grupos,

e recorrendo ao computador, pesquisavam e respondiam às questões que lhes

eram colocadas.

Ao movimentar-se pela sala a professora encorajava a participação dos

alunos, valorizava as suas ideias e fornecia feedback.

A adesão dos alunos foi notória, mas nem todos concluíram a tarefa na aula,

devido aos diferentes ritmos de trabalho de cada grupo.


No dizer dos alunos, o projeto enriqueceu-os, quer sob o ponto de vista

pessoal, quer a nível dos conteúdos abordados.

Os debates foram salientados como uma mais-valia, não só por ter permitido

conhecer a visão de cada um sobre o tema em questão, mas também porque

era preciso arranjar argumentos para defesa do papel que lhes era atribuído, o

que possibilitou o desenvolvimento das capacidades de expressão oral e de

interação.

A criação de um maior sentido de responsabilidade, no que se refere à

gestão das suas economias, foi igualmente desencadeada. Assim, procedeu-se

à reflexão sobre o confronto com os problemas sociais e económicos que

advém das condições a que as pessoas estão sujeitas na realidade do

mercado de trabalho.


Na avaliação do artista a adequação e a exequibilidade do projeto no

contexto da escola é apenas Satisfatória, ao contrário da professora que as

considera Muito Boa. As discrepâncias observam-se também nos itens alusivos


67

à colaboração dos outros agentes educativos e da Direção da Escola, que o

artista refere ter sido Muito Fraca, mesmo no que concerne à disponibilização

dos recursos e a professora avalia como Satisfatória. Acentuam-se ainda

diferenças quanto à apreciação Satisfatória que o artista faz às práticas da

professora em sala de aula no decurso do projeto, designadamente: à

introdução de estratégias inovadoras, participação, colaboração, dinâmica

estabelecida e aprendizagem efetuada por parte desta, bem como à mudança

de atitudes que pensa não ter existido.

Os mesmos parâmetros avaliados pela professora em relação ao artista,

situam-se nos níveis Bom e Muito Bom.

Verifica-se concordância da dupla, no que respeita à criação de um clima de

aula propício à aprendizagem, na dinamização de atividades inovadoras,

empenho, participação e motivação dos alunos, e, ainda a aquisição e

aprofundamento de conhecimentos em relação aos conteúdos trabalhados.


O convite ao público para comunicarem o país de fabrico de algumas peças de

vestuário que tenham consigo, introduziu a temática deste projeto “A

globalização”.

A projeção de um vídeo ” Made in” realizado pelos alunos, sobre a comparação

dos vencimentos de um trabalhador, de um gestor e dos lucros da empresa, deu

continuação à apresentação.

A dupla iniciou a leitura de extratos do livro “No logo” e a voz of dos alunos

deu-lhe seguimento.

Foram também, visualizadas a recriação do filme “China blue”; a projeção

demonstrativa da simulação de uma implementação de uma multinacional, num

país subdesenvolvido, em que cada aluno desempenhava o papel que lhe fora

distribuído e o debate reflexivo, entre os alunos, acerca da problematização da

globalização.

A professora e o artista foram assim relatando todo o processo e frisando que

todo o material foi utilizado não como um fim, mas como um meio para explorar

os conteúdos das aulas.


68


No Quadro 6 pode observar-se o tratamento dos dados relativos aos

indicadores enunciados

Indicadores


responderam Discordo Concordo Concordo

plenamente


- 46 50 4


cognitivo - 46 54 -

emotivo - 38 62 -


ao formato da apresentação 4 54 42 -



aos conteúdos - 46 42 12


Quadro 6 - Avaliação dos indicadores da aula pública “Querem vir comer à cantina?”

A análise comprova que o grau de satisfação em relação a esta aula pública

foi elevado, considerando-a como incentivadora quer cognitivamente quer

emotivamente. Poder-se-á relacionar esta avaliação com o processo

desenvolvido em sala de aula, na medida em que a metodologia, estratégias e

recursos apresentados para abordar os conteúdos e, consequentemente,

permitir uma melhor aprendizagem aos alunos, foi igualmente classificada

como muito positiva.

As classificações atribuídas à aula por 26 dos assistentes, situam-na nos

níveis Suficiente (19%), Bom (35%) e Muito Bom (46%), o que está em

consonância com o grau de satisfação dos indicadores referidos anteriormente.

Considerações

O curto tempo de duração do projeto foi potencializado pelas estratégias e

atividades implementadas em sala de aula, em que o artista desempenhou um

papel fulcral junto dos alunos.


69

Os conteúdos relativos à temática abordada foram apreendidos pelos alunos

de uma forma produtiva, envolvendo-as numa pesquisa sistemática e na

construção do seu próprio conhecimento.

As propostas de trabalho desafiadoras e a recetividade por parte dos alunos,

contribuíram para o desenvolvimento das competências de cooperação,

reflexão critica e argumentação.

Neste projeto, os objetivos do Projeto Dez x Dez foram atingidos de uma

forma positiva.

A aula pública foi apresentada na Escola e contou com a presença de 7

professores, sendo que uma das professoras era representante da Direção e,

cinco alunos, dos quais quatro pertencem à turma que desenvolveu o projeto.

Os presentes aplaudiram e comentaram positivamente a realização do projeto.

2.4.7 Projeto - “Falar em Inglês”

O projeto tinha como objetivo, desenvolver o vocabulário e a oralidade na

comunicação da língua inglesa relacionada com o tema consumo/publicidade.


Dora Santos é professora de inglês na Escola Secundária Seomara da Costa

Primo. Selecionou para implementação do projeto uma turma de 11º ano que

resulta da junção de duas, uma do curso profissional de Técnicos de Gestão e

outra do curso profissional de Técnicos de Comércio.

Sofia Cabrita está ligada ao teatro, é atriz, encenadora, locutora e professora

de teatro no ensino superior, secundário e alternativo.


Dado que se trata de uma aula de inglês, a apresentação dos alunos foi feita

nesta língua, percebendo-se as discrepâncias existentes nos alunos em

relação ao domínio da mesma.


70

Durante o diálogo ressaltou a ideia de que a vontade de vir para a escola

residia no convívio com ao colegas e os amigos, embora nos dados do

questionário se verifique que este item foi selecionado por uma pequena

percentagem de alunos.

0%

0%

8%

8%

8%

8%

15%

15%

31%

31%

62%

62%

62%















Segundo estes alunos, prioritariamente, as preocupações da escola

centram-se na valorização dos conhecimentos e, previsivelmente, no sucesso

da aprendizagem.

Na escola reduziam a carga horária, eliminavam algumas disciplinas que no

seu entender não são pertinentes neste curso profissional.

0%

8%

8%

15%

15%

15%

15%

23%

23%

23%

31%

31%

31%

62%

















71

O professor é aquele que ensina, educa e ajuda os alunos a aprender,

reconhecendo o seu esforço e dando valor ao seu trabalho.

Cerca de 30% destes alunos aprecia o modo expositivo de transmissão dos

conhecimentos, desde que seja feito de uma forma clara.

0%

0%

0%

8%

15%

15%

23%

23%

23%

31%

31%

46%

85%















Na aula todos têm oportunidade de aprender, mas os conhecimentos não se

adquirem só nas aulas, mas também através da internet, da televisão, nas

experiências da vida e no convívio com os outros e com os amigos.

Gostariam que as aulas fossem mais práticas e relacionadas com o seu

futuro profissional, propondo a realização de mais visitas de estudo.

0%

0%

0%

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8%

8%

8%

15%

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38%

54%

62%

85%
















72

A aquisição dos conhecimentos é, mais uma vez, enaltecida nas funções do

aluno, assim como o empenho no trabalho e na resolução das suas

dificuldades.


A turma é formada por 14 alunos de idades compreendidas entre os 16 e 19

anos, apresenta níveis de inglês muito diferenciados, na sua maioria, com

grandes dificuldades na comunicação oral. Um fraco espirito de grupo e fraca

pontualidade são também caraterísticas desta turma.

Em função deste perfil, a dupla procurou encontrar estratégias que

motivassem os alunos para encarar a língua inglesa como uma ferramenta útil

e importante para o seu presente e futuro profissional.

A professora já tinha uma boa relação com os alunos e a artista foi

conquistando pouco a pouco a sua integração, quer com a turma quer com a

escola.

Assim, ao longo do desenvolvimento do projeto, a dupla demonstrou uma

postura de cooperação e empenhamento na resolução dos problemas que iam

surgindo, na avaliação das atividades menos conseguidas e na sua

reformulação, em função dos interesses dos alunos e da sua evolução na

aprendizagem.

Foi sentido como indispensável a criação de um ritual de início e final de

aula e a revisão ou criação de regras que interferiam no funcionamento da aula

(atrasos sucessivos, postura em relação aos materiais que lhes eram

fornecidos e comportamentos menos corretos).

A voz é responsável pelo contacto entre professor/alunos, e é também um

dos principais instrumentos de trabalho do professor, podendo a sua deficiente

gestão prejudicar o desempenho dos alunos. Assim, constituiu entendimento

desta dupla, iniciar a aula com exercícios de voz e corpo visando estimular o

inter-relacionamento, a sensibilização, a importância do respeito ao limite de

cada um, bem como a melhoria do dispêndio de energia da professora e do

ritmo que a mesma imprimia à sua comunicação.


73

Foi também alterado o espaço físico da sala, no sentido de facilitar a

comunicação e conferir uma dinâmica diferente à aula.

Depois de definido o tema “O Consumo” e os objetivos a atingir e dado que a

principal dificuldade dos alunos se centrava na expressão oral, muitas das

atividades realizadas foram de encontro à melhoria desta competência.

Tendo sempre presente os conteúdos programáticos a abordar foram

realizados exercícios de role-play, slogans e storyboard, simulação de

personagens e de situações próximas do mundo do trabalho, conducentes à

aquisição de vocabulário e à fluência do uso da língua inglesa; foram recriados

jogos pedagógicos tendo em conta o universo dos alunos, e foi feito o seu

enquadramento prévio e tendo-se adequado os enunciados a objetivos

concretos.

Fotografia 15 - Exercícios de role-play

A produção de slogans destinados a alunos e professores e que começavam

por ”want/need/prefer” e a respetiva divulgação pelos lugares estratégicos da

escola, foi uma atividade muito bem-sucedida.

Fotografia 16 - Divulgação de slogans


74

No dia seguinte era visível em vários locais da escola outros slogans, em

português, executados por alunos de outras turmas.

O Projeto final seria a criação de um vídeo que, obedecendo às regras da

publicidade e do apelo ao consumo, promovesse um “produto” relacionado com

a escola.

Semanalmente, após a aula, a dupla fazia o balanço da evolução da mesma

e os necessários reajustes ao prosseguimento da sua planificação.

No decurso do desenvolvimento do projeto pude observar que:

a maior parte dos alunos aderiam às propostas apresentadas pela dupla

e empenhavam-se na concretização das mesmas, mas dois deles

manifestavam uma postura amorfa;

os alunos que apresentavam um grau de dificuldade maior em relação

ao uso da língua inglesa, mostravam-se satisfeitos com a metodologia

adotada e consideravam que estavam a evoluir na aprendizagem;

alguns mantinham uma fraca pontualidade, entrando na aula com uma

postura de indiferença pelo decorrer da mesma.

A partir da constatação do dispêndio excessivo de energia e do ritmo

acelerado que a professora imprimia à sua comunicação, a artista sentiu que

muitos dos professores precisavam de trabalhar a voz e o corpo,

disponibilizando-se para a concretização de duas sessões que tiveram uma

adesão inesperada.

Nestas sessões foram trabalhados: a postura e respiração; o volume, o

timbre e articulação da voz e o uso do espaço e da comunicação visual. O

sucesso junto dos professores envolvidos, as referências à sua utilidade e

influência na mudança de postura em sala de aula, foram muito evidentes.


Na breve conversa tida com os alunos aquando da aplicação dos

questionários, constatei que os que apresentavam maior dificuldade no domínio


75

da língua inglesa, sentiram ter progredido na aprendizagem e que as

estratégias utilizadas estimulavam o interesse pelas aulas.

A análise dos dados do questionário, mostra que o desenvolvimento do

espirito de cooperação entre os diferentes elementos da turma foi efetivado e

que 85% dos alunos retiraram proveito das atividades em que se envolveram, e

que estas foram facilitadoras da compreensão dos conteúdos. Os restantes

15%, não encontrou nenhuma mais-valia nestas aulas nem evoluiu na sua

aprendizagem.


A avaliação concordante desta dupla diz respeito à boa colaboração e

disponibilização de recursos por parte da Direção da Escola e ao adequado

enquadramento no contexto da escola.

Os aspetos relacionados com a conceção, planificação e desenvolvimento

do projeto são avaliados pela artista com Bom e pela professora com

Suficiente. Também a dinâmica impressa às aulas, a introdução de estratégias

inovadoras, a motivação, o empenho e a cooperação dos alunos é apreciada

pela professora como Satisfatória e pela artista como Boa. A mudança de

atitudes dos alunos foi fraca

O trabalho dinamizado em aula pela artista é avaliado pela professora com

Bom nos parâmetros: empenho, entusiasmo, cooperação e dinâmica e com

Suficiente nas estratégias inovadora, na mudança de atitudes e no

ensino/aprendizagem. Nestes mesmos itens a artista atribui à professora a

avaliação de Bom, à exceção do ensino/aprendizagem que é coincidente com a

da mesma.


Em Dezembro a professora decidiu interromper o processo, pelo que não foi

preparada a aula pública. No entanto, a artista apresentou o processo

incrementado em sala de aula, fazendo, previamente, um enquadramento do

contexto onde a escola se insere e um breve traçado do perfil da turma.


76

O estabelecimento de um ritual em todas as aulas foi apresentado como

relevante para captar a atenção dos alunos.

Apresentou os jogos pedagógicos praticados pelos alunos planificados em

função dos seus interesses, as demais atividades desenvolvidas já referidas

anteriormente, definindo os objetivos de cada uma e alguns resultados obtidos

Finalmente, referiu a importância de adaptar a matéria ao mundo do

trabalho, dado tratar-se de jovens que já trabalham ou vão integrar o trabalho

muito em breve.

Desta apresentação foi feita a sua avaliação pelo público.


Indicadores


responderam Discordo Concordo Concordo

plenamente


12 42 46 -


cognitivo 4 50 46 -

emotivo - 50 50 -







Quadro 7 - Avaliação dos indicadores da aula pública “Falar em inglês”

Como se pode observar no quadro, a avaliação em relação aos indicadores

descritos é positiva. Avaliaram esta apresentação 24 espetadores que, a

consideraram estimulante e inovadora, em relação à metodologia e estratégias

desenvolvidas

Cerca de 8% dos respondentes classificam-na como Muito Boa, 71% como

Boa; 17% como Satisfatória e 4% como Fraca.

Considerações

O trabalho realizado pela dupla foi planificado com cuidado e tendo sempre

presente a importância de implementar em sala de aula atividades que

apelassem ao interesse e atenção dos alunos, os ajudassem a desenvolver a


77

comunicação oral na língua inglesa e se relacionassem com o seu futuro

profissional.

Nas aulas observadas, a maior parte dos alunos participava ativamente e

esforçava-se por dar respostas às tarefas que lhes eram propostas.

O desempenho da artista foi muito válido, quer no trabalho em cooperação

com a professora (tentando que os alunos com maior dificuldade não se

intimidassem em realizar a atividade), quer conferindo um ritmo mais calmo à

aula, de modo a que a professora não despendesse tanta energia na sua forma

de comunicação.

Após um período de bom relacionamento e de trabalho de articulação de

ideias, de reflexões e reajustes de estratégias, a professora desistiu do projeto

alegando a desmotivação e falta de empenho por parte dos alunos.

Foi igualmente relevante o papel da artista relativamente aos professores da

escola, dado que realizou uma pequena formação sobre “O corpo e a voz na

relação de comunicação” que, para além de contar com uma afluência de cerca

de 40 professores, foi avaliada como muito importante e útil.

O projeto não foi concluído, pelo que os objetivos do Projeto Dez x Dez,

foram, apenas, em parte conseguidos.

2.4.8 Projeto - “A Clonagem”

Este projeto pretendeu pesquisar sobre as vantagens e inconvenientes da

clonagem e quais os problemas éticos que se colocam à clonagem humana.


Fernanda do Rosário leciona a disciplina de biologia na Escola Secundária D.

Pedro V. A turma selecionada, frequenta o 11º ano de escolaridade do Curso

Cientifico-Humanístico de Ciências e Tecnologia e é composta por dez alunos

com bom e médio aproveitamento escolar.

Margarida Mestre desenvolve o seu trabalho no cruzamento das linguagens

do texto, corpo e voz. É autora de trabalhos nas áreas da performance e da

poesia sonora.


78


Já a dupla iniciara o trabalho com a turma quando a sessão ocorreu. Os

alunos mostraram-se muito participativos e entusiasmados pela experiência,

referindo as suas expetativas em relação às contribuições que o projeto

poderia trazer na aprendizagem da biologia.

Nesta sessão, os alunos salientaram que, pela primeira vez, estavam a

sentir interação entre eles, a aprender de uma forma divertida e gratificante e

que esta poderia ser útil para o estudo de outras disciplinas.

Em relação à Escola alteravam sobretudo algumas condições físicas, o

processo de gestão e a excessiva carga horária, visto disporem de pouco

tempo para se dedicarem ao estudo.

0%

0%

0%

10%

10%

20%

20%

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30%

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40%

50%

50%







Proporcionar atividades extracurriculares como: desporto, saídas, teatro…








A análise dos dados recolhidos pelo questionário revela que a principal

função atribuída à Escola, reside na ajuda que esta deve dar aos alunos para

obterem sucesso na aprendizagem e por outro lado, proporcionar-lhes espaços

de debate sobre os problemas da vida real para além dos conteúdos

curriculares.


79

0%

0%

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0%

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10%

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70%
















Curioso é verificar que a ligação aos problemas da vida enfatizada como

uma das principais funções da Escola, em relação ao desempenho de um bom

professor, essa ligação não foi selecionada por nenhum dos alunos. O

professor é valorizado quando capta a atenção e o interesse dos mesmos, os

valoriza e os ajuda a progredir na aprendizagem. Esta ideia é reforçada por

90% dos alunos quando se lhes solicita a sua opinião sobre o significado de

“Aula”.

0%

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80

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30%

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40%

50%

60%















As funções dos alunos mais valorizadas por estes, são igualmente relativas

à aquisição de conhecimentos e ao esforço na obtenção de boas notas.

Transcreve-se uma frase de um aluno que documenta o que anteriormente

se disse, mas, simultaneamente, põe em contradição um ensino formal com

uma perspetiva de aprendizagem mais construtivista - “… a base de uma boa

aula é o professor estar bem-disposto e entusiasmado para que nós fiquemos

também. Saber transmitir a matéria é importante.” (D.A.)


A calendarização do trabalho da dupla foi cuidadosamente elaborada,

prevendo-se a participação da artista na aula (normalmente, uma vez por

semana), excetuando-se as que iriam ser utilizadas para atividades

laboratoriais.

A metodologia seguida por esta dupla foi a seguinte: a professora introduzia

o tema e os conteúdos na 1ª parte da aula e na 2ª parte, a artista clarificava os

conceitos explicados através da dinamização de exercícios de corpo e voz,

complementados por suportes de música ou projeção de imagens. A

professora interrompia sempre que considerava necessário um maior rigor na

concretização dos conhecimentos científicos.


81

Fotografia 17 - Exercícios de corpo sobre conteúdos da biologia

Nas aulas observadas, a participação e o empenho dos alunos era

claramente evidente. A professora estava em sintonia com a artista e

colaborava com interesse em algumas das atividades propostas. A aula

decorria com entusiasmo e os alunos manifestavam a vontade de continuar.

Quando a professora dava a aula sozinha, verificava-se a preocupação de

articular a matéria científica com as das aulas anteriores, definia a tarefa de

uma forma clara e objetiva e encorajava os alunos a cumprirem-na,

esclarecendo as suas dúvidas. Como recurso utilizava o power point.

Nestas aulas não foi visível a ligação ao trabalho da artista, nem a aplicação

de alguma das estratégias experimentadas pela professora durante a

Residência.

Foi programada uma aula sobre a clonagem humana, tema que iria ser

tratado na aula pública, em que se pedia aos alunos uma pesquisa sobre as

diferentes maneira de encarar a problemática, assumindo os alunos uma

postura de defesa ou ataque nos diferentes papéis que lhes foram atribuídos.

Para dar continuidade à aula foi convidada a investigadora Dina Mendonça,

que levos os alunos a refletir criticamente sobre as diversas posições

assumidas, esclarecendo previamente o que se entendia por clonagem

terapêutica e a clonagem reprodutiva.

A apresentação dos alunos foi fraca, provocando na professora bastante

desmotivação. O debate foi produtivo trazendo à superfície problemas

relacionados com a religião, com a violação dos direitos humanos e o uso da

investigação científica sem hesitações, colocando os alunos numa posição de

pró e contra das suas ideias, o que proporcionou o pensamento crítico válido.


82


Dado que não existiu sessão de diálogo avaliativo com os alunos, esta

análise baseia-se na interpretação dos dados recolhidos através de um

questionário de avaliação aplicado pela professora aos alunos da turma.

Em relação à questão relacionada com a contribuição das atividades

práticas vivenciadas na compreensão dos conteúdos, cerca de 75% tem uma

posição neutra, o que leva a pensar que as expetativas iniciais em relação à

aprendizagem não se concretizaram.

A mesma percentagem de alunos, considera que o projeto conferiu uma

nova dinâmica à aula, que estas foram mais apelativas e que com elas

desenvolveram as capacidades de cooperação, imaginação e criatividade.

Concordam também que os recursos utilizados, proporcionaram uma evolução

na aprendizagem e que aprender, usando os sentidos é motivador.

Esta última afirmação levanta a dúvida se aprenderam melhor em função

das estratégias experimentadas ou através da transmissão dos conteúdos,

dada a posição indefinida mencionada na questão anterior.

Observa-se ainda que dois dos alunos registam a sua discordância em

quase todos os itens do questionário, à exceção do desenvolvimento da

imaginação e criatividade.


O tratamento e análise dos dados, possibilita dizer que a avaliação da

professora difere em muitos dos itens da avaliação da artista, nomeadamente:

a conceção da planificação das aulas e da aula pública, em que a

professora regista uma classificação bastante inferior à da artista;

a aceitação e exequibilidade do projeto pela dupla, às quais a

professora atribui o nível Satisfatório e a artista o de Muito Bom;

a adequação à disciplina e à articulação dos conteúdos científicos com

os conteúdos artísticos no decurso do processo, que a professora

classifica com Suficiente e a artista com Muito Bom;


83

as aprendizagens efetuadas pelos alunos que para a professora foram

Satisfatórias e para a artistas Muito Boas;

a aceitação do projeto na escola, à qual a professora atribui a

classificação de Muito Fraco (nível 1) e a artista de Muito Bom (nível 5);

a colaboração da Direção da Escola que para a professora foi Muito Boa

e para a artista Satisfatória.

São coincidentes as avaliações relativas à duração do projeto que ambas

consideram Insuficiente; às estratégias inovadoras que na prática

motivaram os alunos e os levaram a participarem ativamente e à aceitação

das ideias e propostas equacionadas no decorrer do projeto.

Em relação ao trabalho da artista em sala de aula, a professora

considera-o Muito Bom, estabelecendo uma dinâmica eficaz, revelando

empenhamento e entusiasmo.

Satisfatória é a classificação atribuída pela professora em relação à

aprendizagem da artista.

A artista classifica a mudança de atitude da professora como Muito Fraca,

bem como a aprendizagem da mesma durante o desenvolvimento do projeto.


Esta aula foi apresentada apenas pela artista, dado que a professora

interrompeu o projeto como já foi dito anteriormente.

Para melhor documentar o processo, convidou a assistência a realizar um

pequeno exercício de voz acompanhado de gestos, acerca dos conceitos de

fragmentação, bipartição e partenogénese.

Fotografia 18 - Público executando os gestos da bipartição


84

Seguidamente, explicou o projeto e descreveu algumas fases do seu

funcionamento em sala de aula, explicitando os desempenhos da professora,

da artista e dos alunos.


O quadro 8 mostra o grau de satisfação dos elementos do público que

assistiram a esta apresentação.

Indicadores Grau de Satisfação (%)

Não responderam

Discordo Concordo Concordo

plenamente


4 26 59 11


cognitivo - 41 52 7

emotivo 4 26 67 3


ao formato da apresentação - 56 37 7


às estratégias - 30 63 7



Quadro 8 - Grau de satisfação da aula pública “A clonagem”

À inovação da metodologia, estratégias e recursos utlizados no decorrer do

projeto e explicitados pela artista publicamente, foi atribuído um grau de

satisfação elevado.

A forma de apresentação foi clara e entusiasmante, possibilitando classificar

o trabalho preconizado como estimulante quer a nível cognitivo, quer a nível

emocional.

Assistiram a esta apresentação 160 pessoas. A classificação final atribuída

por 27 dos assistentes, que entregaram o questionário de avaliação da aula

pública, foi de Muito Bom (63%), de Bom (30%) e de Suficiente (7%).

Considerações

O objetivo fundamental deste projeto era permitir que o aluno transformasse

os conceitos que estavam a ser trabalhados na disciplina em ação e a ação em

movimento, singularizando este processo como conhecimento por ele

construído, com a mediação da professora e da artista.


85

Desta forma, a dupla incrementou o seu trabalho num clima de colaboração

e cooperação, permitindo que o projeto se desenvolvesse em sala de aula de

uma forma bastante positiva.

Para a artista foi estruturante perceber que a metodologia desenhada para

implementação do projeto funcionou em sala de aula.

Apesar da motivação demonstrada nas aulas pela professora, das suas

referências positivas ao trabalho que estavam a desenvolver, esta decidiu

desistir do projeto aquando da fase inicial de preparação da aula pública e após

a fraca pesquisa sobre o tema “A Clonagem” apresentada em aula pelos

alunos.

A avaliação registada pelos alunos acerca do projeto é contraditória à

manifestada durante a realização do mesmo, em que os exercícios de

movimento e voz estavam a ajudar à memorização e compreensão dos

conteúdos científicos e a facilitar o estudo para os testes. Esta contradição

talvez possa ser explicada pela desistência do projeto por parte da professora.

Assim sendo, o trabalho programado ficou por completar, o projeto não foi

concluído, pelo que os objetivos do Projeto Dez x Dez, foram, apenas, em parte

atingidos.

A breve apresentação pública dinamizada pela artista foi muito bem recebida

pela assistência.

2.4.9 Projeto - “Palavras, Poesia e Planeta”

Promover a escrita, a poesia e a ilustração com base em temas da disciplina

de Ciências da Natureza, com recurso a uma metodologia não formal, foi o

objetivo deste projeto.


Ana Nunes é professora de biologia e geologia na Escola Básica de 2º e 3º

ciclo de Abrigada. Neste projeto coadjuvou o professor de Ciências da

Natureza numa turma PIEF de 3º ciclo, composta por 9 alunos.

Miguel Horta é pintor, mediador cultural e contador de histórias. Fomenta a

leitura e escrita em diferentes contextos.


86

Sessão de debate com os alunos

Os alunos desta turma estão integrados no programa PIEF, que apresenta

uma medida educativa e formativa, com uma estrutura curricular diferente e

que se implementa no terreno quando nenhuma das outras hipóteses é

plausível.

A estes jovens é dada por um lado, uma nova possibilidade de reiniciar o

seu percurso educativo e formativo, com vista à obtenção da escolaridade

obrigatória, por outro lado, procura-se reforçar competências pessoais e sociais

que facilitem a sua integração em percursos profissionais ou

profissionalizantes.

Neste contexto, o diálogo iniciou-se com a referência aos benefícios que os

alunos sentiam por estarem integrados numa turma PIEF. Para eles, os

professores são mais compreensivos, conversam e colaboram com os alunos e

ensinam bem. Quando se portam mal são convidados a acalmarem-se fora da

aula e voltarem a integrá-la. O facto de não terem trabalhos de casa foi

também considerado um aspeto marcante.

As mudanças preconizadas em relação à escola, centram-se na comida do

refeitório, nos intervalos que não coincidem com o das restantes turmas e

portanto não proporcionam o convívio entre colegas, Com maior relevo referem

o não quererem ser rotulados como os piores e culpados de tudo o que

acontece de pior na escola!

Nos gráficos apresentados salientam-se os seguintes aspetos:

0%

11%

11%

11%

11%

22%

22%

22%

22%

33%

44%

44%

44%
















87

Dado que se trata de alunos com um baixo nível de concentração

necessitando, por conseguinte, direcionar as suas energias para atividades que

se realizam fora da sala de aula, a escola deve preocupar-se em proporcionar-

lhes atividades extracurriculares. Referimo-nos, por exemplo, ao incremento do

desporto, visitas de estudo, e outras. Deste modo, para além de ajudar os

alunos a terem sucesso na aprendizagem, a escola contribui para estabelecer

um ambiente de ordem e disciplina.

As conceções de um bom professor observadas nos dados recolhidos são

concordantes com o que foi referido no diálogo, deixar os alunos exprimirem as

suas ideias, saber motivá-los e apresentar propostas de trabalho que vão de

encontro aos seus interesses.

0%

0%

0%

0%

0%

0%

11%

22%

22%

33%

56%

56%

67%















A aula é um lugar onde todos têm oportunidade de aprender, o professor

valoriza e minifesta a sua opinião sobre o trabalho realizado pelos alunos.

0%

11%

11%

11%

11%

22%

22%

22%

22%

33%

44%

44%

44%
















88

Interessante, e não menos curioso, perceber que, para estes alunos,

relacionar-se com outras pessoas representa uma das suas principais funções,

a par do envolvimento nas tarefas escolares e na aprendizagem.

Ao longo do diálogo foi percetível que estes alunos são carenciados,

exigindo que a escola lhe forneça comida variada e bem confecionada; sentem-

se estigmatizados pela Escola e têm dificuldades em estar atentos e

concentrados durante muito tempo.

Alguns alunos evidenciaram a sua liderança, abafando a participação das

duas alunas que permaneceram caladas, à exceção dos momentos em que as

perguntas lhes eram diretamente dirigidas.


Num primeiro encontro com a turma, a dupla pediu a cada aluno que se

identificasse com um animal, aproveitando esta atividade para introduzir a

temática das ciências da natureza. Esta identificação proporcionou uma

primeira aproximação à relação pedagógica entre professora, artista e alunos e

ao tema: Quem sou eu no mundo?

Dando continuação ao seu trabalho e num espaço liberto de cadeiras e

mesas, a dupla estendeu um papel de cenário no chão e os alunos

desenharam o contorno dos corpos uns dos outros, escolhendo uma posição

relacionada com o que gostavam de fazer na vida real.

Fotografia 19- Cartografias pessoais ilustradas com assuntos das aulas


89

Foi visível a participação das alunas que até aqui era passiva, bem como o

desencadear de uma cooperação entre os diferentes elementos da turma.

No espaço físico da sala de aula constantemente alterado, com o objetivo de

lhe conferir informalidade e de o adequar às propostas que iam ser trabalhadas

e, ainda, tendo em consideração a melhoria dos aspetos relacionados com a

comunicação, foram implementadas estratégias diferenciadas.

Viagens virtuais, através do Google Earth, guiaram os alunos aos

continentes e cidades da sua origem, locais onde identificaram familiares e

reviveram memórias que foram conquistando a sua atenção e afetividade.

Estas viagens serviram para explorar diversos conteúdos da Ciência como por

exemplo: flora e fauna, características de algumas zonas do Brasil; a história

relacionada com a divisão do país na era colonial; identificação de diferentes

povos da Guiné Bissau, da sua flora, música e instrumentos musicais

tradicionais; os vulcões de Cabo Verde e as salinas que crescem nas suas

crateras.

Um desafio à escrita constituiu uma surpresa para os alunos. Afinal, com a

construção da “Máquina da Poesia” da autoria do Miguel Horta, os alunos

conseguiam fazer poesia.

Fotografia 20 - Produção de um verso através da máquina da poesia

Com o objetivo de implicar os alunos na consulta de livros, a dupla propôs a

realização de Ilustrações nos diversos contextos das estratégias realizadas.


90

Fotografia 21 - Ilustração de um aluno

Estas propostas constituíram igualmente uma forte motivação para estes

alunos que gostam de desenhar.

Relevante foi também o ritual de início de todas as aulas - a leitura de um

livro pelo artista e a introdução no aluno na história do mesmo.

Para combater algum bulício e comportamentos menos adequados

existentes nas aulas, o artista utilizou “o sussurrador” - ferramenta sonora para

passar mensagens de boca a orelha. Com este recurso obteve um resultado

bastante positivo.

Fotografia 22 - O sussurrador

Os detalhes de algumas das propostas apresentadas e executadas com os

alunos podem ser visualizados através do blog criado pelo artista: miguel-

horta.blogspot.pt


Transcrevem-se extratos do diálogo avaliativo com os alunos, que assumem

especial relevância por se tratar de alunos com o perfil anteriormente descrito.


91

O que aprenderam com o projeto foi a questão colocada à turma.

“A contar histórias. A imaginar histórias só com imagens - um dia quando o

meu filho estiver na cama vou saber contar-lhe uma história”. (D.A.)

“A perceber a diferença entre ver e observar - antes olhava para um livro e

não via. Agora vejo e leio porque tenho mais atenção”. (D.A.)

“Esteve cá um escritor, pintor …, que fez connosco várias coisas: a

cartografia que permitiu que nos conhecêssemos melhor, a mim próprio e aos

outros; a máquina da poesia que nos ensinou a fazer poemas e frases de olhos

fechados; o passear até outros países para alargar os nossos conhecimentos e

despertar a curiosidade; os sussurradores, que servem para dar conselhos aos

amigos”. (D.A.)

“Aprendemos também a respeitar os outros”. (D.A.)

Como sabem que aprenderam?

“O que faço aqui dentro, faço lá fora. Por exemplo, em casa vou passear no

“Google maps”, porque me diverte e dá para visitar os países que tenho

curiosidade em conhecer”. (D.A.)

Após o diálogo, os alunos preencheram o questionário cuja análise dos

dados mostra que todos consideram que o ambiente criado nas aulas foi

propício a uma melhor aprendizagem, que foram desenvolvidas as

capacidades de imaginação e de reflexão critica e que gostavam que todas as

aulas fossem como estas.

Cerca de 80% dos alunos concordam com o desenvolvimento do espirito de

cooperação e que o projeto trouxe uma nova dinâmica às aulas, tornando-as

mais interessantes.


A avaliação desta dupla é coincidente em muitos dos itens formulados no

questionário: a curta duração do projeto; a boa integração e colaboração da

Escola, quer por parte da Direção, quer dos outros professores do Conselho de


92

Turma; a organização, conceção e desenvolvimento do trabalho, que respeitou

sempre as ideias e propostas explicitadas por ambos; a visão sobre a dinâmica

criada em sala de aula, a qual conduziu a uma participação efetiva dos alunos

nas tarefas propostas e a uma mudança gradual das suas atitudes e dos seus

comportamentos.

No que se refere à avaliação relativa ao desempenho e entusiasmo dos

alunos e na planificação da aula pública, as divergências são pouco

expressivas. O artista classifica como suficiente e a professora como Boa.

Para esta dupla, o projeto no seu todo proporcionou aprendizagens

significativas a nível cognitivo, afetivo e relacional; e evidenciou a importância

da partilha de experiências, de conhecimentos e a aquisição de ferramentas

que encontrarão eco no trabalho futuro de ambos.


Esta aula foi realizada pela dupla que explicou o processo e o contexto em

que o projeto se desenvolveu.

Esta replicou algumas atividades efetuadas no decurso do projeto, expôs as

cartografias pessoais dos alunos ilustradas com os temas trabalhados e

demonstrou o funcionamento da máquina da poesia e dos sussurradores,

convidando a assistência a participar.

O recurso a um power-point clarificou os objetivos, a metodologia e as

micropedagogias experimentadas pelos alunos. Foram, ainda, apresentadas

algumas avaliações dos alunos.


O Quadro 9 mostra a avaliação qualitativa atribuída a esta aula pública,

relativamente à inovação do processo implementado na turma PIEF do 3º ciclo.

Pode verificar-se que, a significativa percentagem de elementos da

assistência que avaliaram a aula consideraram este trabalho estimulante, quer

cognitivamente quer emotivamente.


93

Indicadores



Concordo plenamente


4 53 34 9


cognitivo - 43 45 12

emotivo 4 36 55 5







Quadro 9 - Grau de satisfação dos indicadores da aula pública “Palavras, poesia e planeta”

A classificação final registada varia entre o Muito Bom (72%), Bom (22%) e

Suficiente (7%).

Esta aula contou com a presença de 188 pessoas no público.

Considerações

No projeto que junto dos alunos se dispôs a dinamizar, a dupla trabalhou

perseverantemente. Para tal, fomentou e radicou o seu empenho na

cooperação recíproca.

A articulação entre as diferentes formas do saber foi evidente, em muitas

das propostas experienciadas em sala de aula. A aplicação das

micropedagogias interiorizadas na Residência ocupou lugar de destaque.

Favorecendo a participação e a reflexão crítica dos alunos, a dupla

conseguiu despoletar o interesse dos mesmos, introduzir atividades inovadoras

que, na maior parte das vezes, constituíram surpresa e obtiveram respostas

entusiásticas e empenhadas por parte destes.

Foi observada o progressivo desenvolvimento de um trabalho de cooperação

entre os alunos, a criação do gosto pela leitura e pela escrita e uma evolução

na aprendizagem.

A colaboração da Direção da Escola quer na disponibilização dos recursos

quer no acompanhamento do projeto em sala de aula, bem como dos

diferentes professores do conselho de turma foi notória.

A dinâmica impressa pela gestão à escola, possibilitou que a aula pública

fosse realizada com a presença do Diretor e de 70 professores de diversos


94

níveis de ensino, que colaboraram e demonstraram entusiasmo durante e após

a sua apresentação.

Os objetivos propostos no Projeto Dez x Dez alcançaram um grau de

consecução elevado.

2.4.10 Projeto - “O Robô ajuda!”

Este projeto procurou explorar a relação coreográfica com a ação do robô,

incentivando os alunos para a construção de um protótipo.


Paulo Torcato é professor na Escola Secundária da Portela onde leciona a

disciplina de informática, numa turma de 12º ano de 22 alunos. Metade dos

alunos frequenta o Curso de Ciências e Tecnologia e a outra metade o Curso

de Artes Visuais.

Aldara Bizarro é coreógrafa, formadora e professora de dança. Orienta

projetos nas áreas da dança e educação.


No final do mês de Outubro a turma formada pela junção de duas ainda não

se constituía como um conjunto coeso e cooperante.

O diálogo decorreu com os alunos sentados em círculo, o que permitiu

estabelecer uma melhor comunicação.

Para introdução, foram colocadas as questões sobre a existência de

pensamento de um computador e sobre a possibilidade deste ser um artista, as

quais originaram bastante polémica.

Dando continuidade ao diálogo, constatou-se que, das alterações que os

alunos fariam na escola se destacavam: a criação de mais espaços de convívio

onde se pudessem debater ideias e temas propostos e orientados pelos

mesmos; a organização de eventos culturais com a participação de

especialistas que abordassem temáticas atuais e relacionadas com a vida real.


95

As respostas dadas ao questionário apontam para a preocupação que a

escola deve ter na promoção do sucesso escolar, no estabelecimento da

ordem e disciplina e na criação da responsabilidade e autonomia do aluno

enquanto pessoa.

0%

11%

11%

11%

11%

22%

22%

22%

22%

33%

44%

44%

44%















A representação de um bom professor coaduna-se com a do espaço de sala

de aula onde todos os alunos devem aprender de forma estimulante e de

encontro aos seus interesses, se escutam as suas ideias e problemas numa

tentativa de as integrar e ajudar à descoberta das possíveis soluções.

0%

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11%

11%

11%

22%

22%

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96

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22%

22%

33%

56%

56%

67%















De acordo com o que foi expresso pelos alunos no diálogo, relacionar-se

com outras pessoas e o envolvimento na organização de tarefas escolares,

ocupam lugar de destaque aliado à construção do seu próprio conhecimento.

0%

11%

11%

11%

11%

22%

22%

22%

22%

33%

44%

44%

44%















Não foram valorizadas as tarefas realizadas em grupo, nem as capacidades

de questionamento e análise, o que parece coerente com o facto de este

conjunto de alunos não poder ser considerado uma turma, no verdadeiro

sentido da mesma.


A dupla trabalhava semanalmente em conjunto numa aula que tinha a

duração de 90 minutos. Os primeiros 15 minutos eram dedicados aos


97

exercícios do corpo e os restantes à lecionação dos conteúdos que iniciavam

os alunos nas linguagens da programação.

Os exercícios de dança dinamizados pela artista, tinham como finalidade: a

criação de um espirito de cooperação entre os alunos; o desenvolvimento da

capacidade de concentração e a integração da arrumação da sala na criação

de pequenos apontamentos coreográficos, tornando a atividade aprazível.

Fotografia 23 - Movimento coreográfico de mudança do espaço aula

A sala de aula apresentava um aspeto desconfortável, as paredes estavam

sujas e danificadas, os vidros das janelas escurecidos com tinta e os alunos

sentavam-se virados para as paredes dificultando a comunicação entre eles.

Fotografia 24 - Posição inicial dos alunos na sala de aula

Uma vez que o corpo se relaciona com o espaço (e este não era estimulante

nem para a dança, nem para o desenrolar do projeto), a dupla decidiu

transformá-lo pintando as paredes e decorando-as com trabalhos dos alunos

de Artes e retirando a tinta dos vidros. Este trabalho uniu os alunos, que

contaram com a colaboração de outras professoras da escola.


98

Fotografia 25 - Transformação da sala de aula

Os alunos sentavam-se agora em pequenos grupos consoante o protótipo

de robô que iriam criar e executar. A comunicação e as inter-relações

estabelecidas entre eles foram progressivamente melhorando, conseguindo-se

que todos se ajudassem uns aos outros. A pré-disposição para aprender foi

notória, a concentração aumentou e os trabalhos decorreram num ritmo

apreciável.

Fotografia 26 - Alunos na construção de um robô

O trabalho entre a dupla sofreu várias alterações devido à doença

prolongada do professor, à disponibilidade de tempo e à dificuldade para

estabelecer uma comunicação efetiva entre ambos. Uma aula de corpo com o

professor, aberta a outros professores da escola, foi programada pela artista.

Esta aula tinha como objetivo libertar tensões, ansiedades e cansaços

demonstrados pelo mesmo. No entanto, a interrupção do desenvolvimento do

projeto fez com que fosse suspensa esta atividade.


99

Foi a aula pública que possibilitou que o trabalho se desenrolasse com maior

aprofundamento. Os alunos tiveram parte ativa na decisão dos protótipos, na

procura de soluções que passavam pela pesquisa e pela aquisição de

conhecimentos relacionados com outras disciplinas, como a matemática e a

física química.

Apontamentos coreográficos articularam com os movimentos executados

com os três robôs criados.


A transcrição de algumas frases dos alunos sintetiza as ideias ocorridas

durante o diálogo de avaliação. O projeto:

“ foi muito original porque juntou a arte do corpo com a robótica”; (D.A.)

“foi uma forma diferente de aprender”; (D.A.)

“estimulou o sentido de responsabilidade por termos levado o trabalho

do inicio até ao fim”; (D.A.)

“permitiu à turma a interação entre todos incluindo professores e alunos”;

(D.A.)

foi uma viagem a outro mundo, talvez uma viagem de comboio onde a

última paragem foi a robótica entre as pessoas.” (D.A.)

Acrescenta-se a esta avaliação, o manifesto de insatisfação de um aluno

que trabalhou com o seu grupo a programação dos robôs, mas esta não foi

apresentada na aula pública, tal como foi previsto anteriormente.

Na análise dos dados do questionário verifica-se que os alunos avaliam

positivamente a dinâmica criada na aula, a motivação para a realização das

propostas apresentadas e o desenvolvimento das capacidades criativas e de

reflexão critica.

Em relação ao facto das atividades praticadas terem ajudado à

compreensão dos conteúdos da disciplina, apenas metade dos alunos

concorda com esta afirmação, sendo que a outra metade tem uma posição

neutra ou de discordância.


100

Para a maior parte destes alunos, a aula pública estimulou-os a trabalhar

empenhadamente na realização da sua performance.


A dupla avalia a adequação e exequibilidade do projeto no contexto da

escola como Boa, assim como a colaboração da Direção e de alguns dos

professores que foram chamados a intervir.

Em virtude do professor se encontrar de baixa por motivo de doença durante

um período de tempo alargado, a sua participação, motivação, empenho e

dinâmica demonstradas nas práticas de sala de aula, foi avaliada pela artista

com o nível Suficiente.

Na opinião da artista, esta avaliação mantem-se em relação à conceção do

plano de trabalho, à planificação das aulas, à recetividade e influência das suas

propostas e ideias. A estes mesmos itens o professor atribui a classificação de

Muito Bom.

Quanto ao desenvolvimento do projeto em sala de aula, a dupla reconhece

que a introdução de novas estratégias proporcionou a mudança de atitudes dos

alunos, que estes participaram com empenho e entusiasmo nas tarefas e

evoluíram nas suas aprendizagens.


Para além da referência às finalidades traçadas pela dupla para o

desenvolvimento do seu projeto, que pretendiam cruzar o trabalho da dança

que proporciona aos alunos um bem-estar e ajuda à apreensão dos conteúdos,

com os conhecimentos de linguagens de programação e sua posterior

aplicação na construção dos protótipos de robôs.

Em função das contingências ocorridas durante o processo, a dupla relatou

os diferentes planos de trabalho que foram equacionados e as suas

consequências. Este relato foi acompanhado com o visionamento de imagens.

Finalmente, os alunos, em palco, demonstraram os três apontamentos

coreográficos executados pelos robôs, que os mesmos construíram. Estes


101

foram sonorizados pela música composta pelo aluno, que a dedilhou na

guitarra portuguesa.


Indicadores



Concordo plenamente


2 43 45 10


cognitivo - 39 59 2

emotivo - 36 61 3





aos conteúdos - 34 57 9


Quadro 10 - Grau de satisfação dos indicadores da aula pública “O Robô ajuda!”

A dupla apresentou as diferentes etapas do seu trabalho com os alunos,

ilustradas com a projeção de imagens e as contingências existentes no decurso

do mesmo.

A performance apresentada pelos alunos clarificou a articulação

estabelecida entre a dança e os robôs criados. A sonorização dos movimentos

dos robôs foi executada por um aluno que tocava guitarra portuguesa.

De entre os 189 espetadores, apenas 44 avaliaram a aula. Classificaram-na

com o nível de Muito Bom 68%, com Bom 25% e com Suficiente 7%,

registando um grau de satisfação elevado em relação às estratégias

implementadas e aos recursos utilizados.

A inovação do projeto motivou a assistência sob o ponto de vista cognitivo e

emotivo.

Considerações

A valorização do corpo como ferramenta de ensino aprendizagem e a sua

interiorização por parte do professor era um dos objetivos da artista que

necessitava de mais tempo para que fosse concretizado.


102

As alterações introduzidas ao espaço de sala de aula, beneficiaram o

ambiente de aprendizagem e a coesão entre os diferentes elementos das

turmas.

Os planos de trabalho da dupla, foram reformulados diversas vezes no

decurso do projeto, devido às dificuldades de comunicação estabelecidas entre

a artista e o professor, pelas razões expostas anteriormente. Este facto,

influenciou o desenvolvimento do trabalho junto dos alunos.

A aula pública constituiu uma forte motivação para os alunos e um progresso

significativo no desenvolvimento do processo e do produto, permitindo que os

estes articulam-se conhecimentos de outras áreas do saber e desenvolvessem

competências de resolução de problemas, de espirito critico e de cooperação

no trabalho de grupo.

A Escola colaborou positivamente, quer a nível do apoio e da

disponibilização de recursos, quer na colaboração efetiva com alguns dos

professores.

No que respeita aos objetivos previstos no Projeto Dez x Dez, estes foram

parcialmente atingidos, na medida em que as abordagens metodológicas

permitiram ultrapassar, apenas parcialmente, as dificuldades de comunicação e

verificar se os efeitos produzidos foram resultado das estratégias

implementadas.

3. Apreciação final

Nesta fase do Projeto Dez x Dez, estiveram envolvidas 7 Escolas, sendo 6

de ensino oficial e uma de ensino particular, 105 alunos, 10 professores e 10

artistas.

Embora os contextos das turmas e das escolas onde as mesmas se

inserem, fosse bastante diversificado, a grande percentagem dos alunos

atribuiu à Escola, a função de valorização do conhecimento e da promoção das

capacidades de responsabilidade e de autonomia dos mesmos.


103

As variadas observações efetuadas aos dez projetos, chamam a atenção

para a importância primordial dos alunos encontrarem interesse e significado

próprios nas atividades que experienciaram.

A motivação para a aprendizagem residiu no entusiasmo demonstrado pela

dupla. A captação da atenção e interesse dos alunos, foram desafiados pela

realização de estratégias e de atividades inovadoras e diversificadas.

As formas variadas de trabalho, um ambiente de liberdade e

responsabilidade como foi o vivenciado nestas aulas, tornaram-se

particularmente estimulantes.

Em muitos dos casos, esta experiência influenciou positivamente a reflexão

e prática letiva, sentindo os professores uma afinidade com os objetivos e

propostas definidas em conjunto com os artistas. No entanto, devido à curta

duração do projeto, não é possível afirmar que, as micropedagogias

vivenciadas continuarão a ser praticadas por todos os professores.

As questões formuladas pelo projeto foram encontrando possíveis respostas

ao longo do desenvolvimento do relatório, mas as mesmas carecem de um

estudo mais teórico, para que se possam tirar conclusões aprofundadas acerca

da eficácia das micropedagogias, sobre a implementação de estratégias que

promovam uma melhor aprendizagem e facultem mudanças nas práticas

pedagógicas.

Embora as aulas públicas constituíssem uma novidade no contexto do

desenvolvimento de projetos, nem todas as apresentações, evidenciaram o

papel do artista na construção do processo, nem a forma como as abordagens

metodológicas permitiram ultrapassar as dificuldades de comunicação,

participação e motivação dos alunos.

A participação dos espetadores na avaliação das apresentações das aulas

públicas foi diminuta, dado que, apenas, 116 destes (corresponde 6% do total

de assistentes) preencheram o questionário de satisfação. Foi neste contexto

que foram analisados os dados, ficando-se com a noção de que a avaliação


104

não se pode encarar como representativa da população, que esteve presente

nas aulas públicas.

A atividade profissional dos 116 participantes na avaliação - 51 professores,

10 estudantes, 4 artistas, 10 profissionais da cultura e 41 de outras profissões -

influenciou o modo como percecionaram as aulas públicas, sobretudo em

relação ao despertar de um novo olhar sobre o trabalho realizado.

Estas aulas foram visionadas on line por 376 pessoas, segundo os dados

recolhidos no live streaming.

Ao longo da avaliação dos projetos, foram feitas apreciações que permitem

considerar que, os objetivos definidos no Projeto Dez x Dez foram alcançados,

apenas, parcialmente, em alguns deles.

Apesar de ter sido considerado pelos participantes que o projeto se

adequava ao contexto da Escola, a maioria destas não se envolveu, centrando-

se a sua colaboração na disponibilização dos recursos.

4. Sugestões

Apresentam-se algumas sugestões que poderão melhorar a eficácia do

Projeto Dez x Dez e, consequentemente, o seu impacto no desenvolvimento

dos processos de ensino aprendizagem dos alunos e, na interiorização de

fatores de mudança e inovação nas práticas dos professores.

Para a maior implicação das escolas na realização do Projeto, as

candidaturas devem ser apresentadas pelas mesmas, selecionando esta um

núcleo de professores de diferentes disciplinas, que manifestem interesse pelo

seu desenvolvimento. Assim, a Escola poderá desenvolver dinâmicas de

participação dos professores envolvidos e de outros agentes educativos, em

torno dos processos inerentes ao sucesso do mesmo.

Sugere-se, ainda, que o projeto se desenvolva em turmas de 10º ano, com

um currículo escolar regular a funcionar nas escolas públicas, alargado no


105

tempo (2 ou 3 anos) a fim de ser dada continuidade pedagógica, efetivar uma

melhor interação entre os conteúdos curriculares e efetivar as micropedagogias

desenhadas.

Em relação à 1ªfase do projeto - a Residência - deve ser dada voz aos

professores, para que estes possam explicitar o seu contexto escolar e o

projeto pensado. Atribuir-lhes a responsabilidade de pôr em prática algumas

das suas estratégias, criando uma dinâmica de interação com os artistas, que

possibilite a reflexão conjunta e facilite o encontro de afinidades.

A divulgação do projeto poderá ser ampliada, quer em relação às escolas

pertencentes ao mesmo Agrupamento, quer relativamente às escolas situadas

na mesma zona geográfica, promovendo partilha de saberes e de experiências.

A produção e divulgação de materiais pedagógicos, para utilização nas

outras Escolas e trabalhos de investigação, pode constituir uma mais-valia para

outros professores, sendo que, estes devem ser sempre acompanhados de

indicações de exploração em sala de aula e noutros contextos.

As aulas públicas devem ser seguidas de debate, para melhor

esclarecimento de dúvidas do público, posterior reflexão e análise dos

comentários apresentados.

Nota: Todos os vídeos respeitantes às aulas públicas podem ser visionados

em http://www.livestream.com - Fundação Calouste Gulbenkian

http://www.livestream.com/

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Relatório de Avaliação do Projeto Dez x Dez · Relatório de Avaliação do Projeto Dez x Dez 6 Parte I Apresentação do Projeto Dez x Dez No âmbito do Programa “Descobrir,