Revista Sitra Ahra 2

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    Edio #2 Anno Mythi 2012

    W i l l i a m

    B l a k e

    Saudaes do lado de c!

    Aps gestar por um longo tempo, eis que expelida a segunda edio de SitraAhra , publicao eletrnica de filosofia oculta, filosofia draconiana, LHP(Caminho da Mo Esquerda) e afins, indo longe e alm das correntes da newage e do modismo pseudoesotrico e pseudoespiritualista mercenrio de massa.Sitra Ahra tambm isenta de sectarismos, fundamentalismos e esquisoterismosmisticoides, primando pela liberdade de expresso, de pensamento e de difusode conhecimentos danados.

    Nossos leitores, inteligentes e com discernimento, j conhecem a tnica da

    revista. Sabem que aqui iro encontrar o outro lado das coisas, a outra versoda histria, o interessante e excitante lado oculto, o tabu, aquilo sobre o queningum talvez queira falar, aquilo que proibido, que causa desgosto ou temors condicionadas ovelhas de algum senhor.

    Em suas 11 matrias, Sitra Ahra apresenta temas abordados por diversasmentes, com diferentes ideias, nenhuma mais certa do que outra nem maiserrada, mas apenas vises do outro lado. Aqui, nossos colaboradores mostramo seu lado do universo, que pode ressoar e se afinar com o lado de outrosseres pensantes ou entrar em vibrante dissonncia, compartilhando assimconhecimentos embasados pela experincia, observao e estudo.

    Cada colaborao de grande importncia e valor para este trabalho e para os

    leitores realmente interessados em aprender mais e conhecer diferentes lados dediferentes assuntos, podendo assim expandir a viso e a conscincia.

    Portanto, caro leitor, absorva, como um buraco negro, todo o conhecimentodanado expelido do outro lado que ora apresentamos nesta segunda edio.

    O Edi tor

    Sitra Ahraditor: driano Camargo Monteiro

    eviso:driano Camargo Monteiromone Fernandes

    agramao e arte:driano Camargo Monteiro

    olaboradores nesta edio:nderson Luciferuarlos Raposolipe Galvoarcelo Del Debbioarie-Hlne Catherine Torresorbitvs Vividvscholaj de Mattos Frisvold

    afael Bittencourtmone Fernandes

    olaboradores do exterior:berto Brandiomamanda Galsark Alan Smith ichelle Belanger

    olaboradores do outro lado:harles Baudelaireuz e Sousa

    stribuio:mdia catica chamada internet.

    das as matrias soresponsabilidade de

    us respectivos autores.

    tra Ahra agradece sinceramenteodos os colaboradores e parceiros.

    permtida a propagao gratuita?

    ontate o outro lado:

    [email protected]

    tp://www.geocities.ws/sitraahra

    tp://sitraahrazine.blogspot.com

    tp://twitter.com/sitraahrazine

    tp://twitter.com/viadraconiana

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    O QUE H DO OUTRO LA:

    05EM DE , EM M LE A?

    , , Por Carlos Raposo

    07M I O AN E DO AMPI O DE P DE A O

    , Por Michelle Belanger

    11 A O DO PO O A O DE NING M

    : Por Morbitvs Vividvs

    16AP ENDA E A A E DO INFE NO A A Por Mark Alan Smith

    18LE ANDO OC PA A O AL M...

    Por Marcelo Del Debbio

    26DEI E A LO C A CO E OL A

    Por Rafael Bittencourt

    34PAC O A NICO DE POE A ?

    Por Marie-Hlne Catherine Torres

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    MEN I A E D IDA EN ENENAM? N O D IDE: Por Alberto Brandi

    44APO E COM O DIABO. N O F JA

    Por Nicholaj de Mattos Frisvold

    48A P A A E O O O E MELHO DA BE A

    Por Simone Fernandes

    54C IDADO! O C E INO E O EMPALADO ! A Por Diamanda Gals

    Sitra Ahra:

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    A A

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    EM DE , EM M LE A?

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    Por Carlos Raposo

    A AA A lgumas pessoas afirmam que aideia da existncia de uma intelignciasuprema, Deus, no passa de umamuleta. Eu at que concordo. Tambmcreio que Deus seja uma grande muleta,necessria para dar conforto a muitos,sobremodo em momentos crticos davida. Contudo, certamente que existemperspectivas diversas dessa.

    Falar em muleta faz duas determinadasimagens despontarem em meupensamento. Primeiro, trata-se daquelailustrao representativa do Arcano IX,O Eremita : sua figura traz em uma dasmos uma espcie de arrimo, bengalaou muleta. Depois, o assunto tambmme remete ao j muito especuladoenigma da esfinge, hoje transformadoem mera charada a ser proposta nas rodas infantis. Relembrando-o, havia aseguinte questo lanada pelo monstro grego: qual o animal que pelamanh caminha com quatro pernas, ao meio-dia usa duas, porm, quandodo crepsculo vespertino, passa ento a caminhar com trs pernas?

    O enigma, segundo a lenda que lhe deu origem, consumiu muitas almas.Todas elas, mesmo que vidas por solucion-lo, no foram sbias osuficiente para decifrar o to fadado mistrio, falha essa que as levou asucumbirem perante a esfinge. Isso at que dipo, o trgico heri,finalmente entendesse a parbola: O Homem a resposta, disse. Ele

    engatinha quando criana, caminha normalmente com duas pernas quandoadulto e, quando de sua velhice, faz uso de um basto, a muleta,caminhando com trs pernas. Buscando algum significado noutrossmbolos, chega-se at mesmo ao que nos dizem os nmeros 4, 2 e 3.Assim, outras interpretaes do enigma (por vezes pejorativas, mas s

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    M I O AN E DO AMPI O DE P DE A O

    , Por Michelle BelangerTraduo: Adriano C. Monteiro

    MMMM uitos grupos buscam colocar asorigens do vampirismo na antiguidadedo Egito. Mesmo o uso doankh umsmbolo inerentemente egpcio pararepresentar o tipo vampiro, pareceimplicar alguma conexo egpcia.

    O que segue aqui so meus comentriose uma nova verso de uma das muitasestrias da origem do vampirorelacionadas ao Egito.

    Detratores dessas estrias se referem aAnne Rice, sugerindo que os contos deAkasha e seu consorte tm influenciadofortemente as crenas da cena vampricaatual. Certamente, houve algumainfluncia do trabalho de Rice naspoucas dcadas passadas. Entretanto,muitos dos grupos que colocam suaorigem no Egito ou em uma sociedade

    pr-egpcia pretendem pr-datar as novelas da autora. Minha ideia queAnne Rice teve um papel em pelo menos algumas interpretaes de suasorigens nesses grupos. Contudo, a mitologia do Antigo Egito terrenofrtil para os mitos do vampiro, e, portanto, h uma probabilidade de quemuitas interpretaes desses grupos tenham se desenvolvidoindependentemente da escritora.

    O Livro Egpcio dos Mortos , um extenso documento que de fato umacoleo de muitos textos menores, incluindo osTextos da Pirmide 1 e os

    Textos dos Sarcfagos2

    , fornece amplo material para as crenas em alguma____________1NT: Textos mgico-religiosos que datam de cerca de 4500 anos atrs.2NT: Textos funerrios.

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    forma de imortalidade, assim comoem seres poderosos que sealimentam da vida e bebem sanguehumano. Um grupo de entidadesdemonacas que atormentam osmortos, no reino crepuscular do

    ps-vida, conhecidos comoDevoradores, so timos exemplosdisso. Os Devoradores, ou Amam3,alimentam-se de vrias partes docorpo e do esprito, e dizem que sebanqueteiam especificamente desangue.

    Muitos dos grupos que encontreipretendem ter alguma influncia do

    Livro dos Mortos . Mas, em vez defocar em seres excessivamentevampricos como os Amam, essesgrupos focam suas estrias em deidades egpcias especficas. Osris, umdeus moribundo e ressurrecto que foi assassinado por seu irmo Set, umcandidato a se tornar um precursor do vampiro moderno. Mas, talvez comoum resultado de seu papel no conto de Anne Rice, ele muitas vezes evitado pelas reais famlias de vampiros. Muitos grupos, em vez disso, tmseu foco em Set, o deus egpcio do caos e da escurido, que o irmoassassino de Osris. A conexo mtica entre Set e Caim aparente, e emalgumas tradies h um evidente cruzamento entre essas duas figuras.

    O mais amplamente conhecido grupo de vampiros que conecta sua origem aSet o Templo de Set, um ramo vamprico da igreja satanista laveyana quese desenvolveu em um corpo oculto significante por direito prprio.

    A seguir, uma verso da origem do vampirismo ligada a Set.

    Antigamente, Set era visto pelos egpcios como um deus e um grandesacerdote. Isso foi nos dias em que os deuses caminhavam sobre a Terra, eesses deuses eram reis-sacerdotes que presidiam nos grandes templos. Setregia o sul, sendo ainda associado a essa direo nos escritos egpcios nosdias de hoje. Ele est ligado ao deserto, s montanhas vermelhas da Terrada Morte. Simultaneamente, ele um deus da escurido (Akhekhu4) e umdeus do calor mortal do sol do meio-dia. um deus de muitas contradies,porque foi tambm conhecido por causar tempestades, mas, ao mesmotempo, tinha o poder de acalm-las se assim o quisesse.

    ____________ 3NT: Tambm chamado de Ammit e Ammut (O Devorador).4NT: Monstro egpcio draco-ofidiano do deserto e da escurido, mas tambm do calor implacvel domeio-dia, associado ao deus Set.

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    O templo que Set regia era visto por muitos estrangeiros como um templosombrio, porque ele foi algum que desafiou a morte para voltar do outrolado desperto e transformado. Assim, ele talvez tenha sido o primeiroxam, iniciando toda uma tradio de morte e renascimento. Set trouxeoutros para seu sacerdcio secreto, e, consequentemente, eles se apossaramdo templo. Em tempo, o templo estendeu sua influncia atravs de toda

    uma sociedade. Muitos sacerdotes foram iniciadosnos Mistrios, e o processo demorte/renascimento os transformouem vampiros. Isso tambm deu aeles grandes poderes projeoastral, comunicao com osespritos, habilidade de influenciaroutros com seu carisma e vontade.O aspecto negativo que suasensibilidade aumentada com omundo dos espritos tambm os fezsensitivos demais para outrascoisas. O calor do sol do meio-diaera um terrvel veneno para eles, eeles se tornaram muito sensveis luz. Ento, o sacerdcio manteve ostemplos, muitas vezes vivendo emcomplexos subterrneos profundos,escuros e frios.

    Eles correram para as sombras,detendo grande poder. Sua prpria presena se tornou uma coisa sobre aqual era sussurrada, e os mitos surgiram em torno deles. Eles eram osneteru 5, os Vigilantes, que detinham o poder sobre a vida e a morte, cujohierglifo era o machado mortfero. Eles foram os misteriosos habitantesde Ro-se-tau6, os guardies dos estgios de Duat7.

    Mas, como em todas as coisas, a idade do templochegou a um fim. Entretanto, apesar de sua fora sobre asociedade ter se enfraquecido, os sacerdotespreservaram seu poder sobre a vida e a morte. E, assim,embora tivessem finalmente se libertado de seus corposfsicos, mantiveram o poder de controlar seurenascimento.

    ____________5NT: Atributos divinos tipificados por formas-deuses. Palavra muitas vezes traduzida como deuses.6NT: Rosetau, o planalto de Giz, no Egito.7NT: Duat, para os antigos egpcios, era o submundo, o mundo dos mortos, o alm, o outro lado,chamado tambm de Tuat e Amenthes, com portais/estgios guardados por seres perigosos.

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    Por fim, a cultura que conhecemos como Antigo Egito se apoderou da terrasobre a qual Set reinava do sul como um rei-sacerdote sombrio. E muito deseu sacerdcio escolheu renascer nessa antiga sociedade. Eles trouxeram devolta muito de seus conhecimentos e foram lembrados na tradio egpciacomo akhu , seres imortais da primeva era de ouro do Sep-Tepy, queretornou para ensinar nova cultura sua sabedoria.

    SSSS_______________Michelle Belanger ocultista, psquica, cantora e escritora estudiosa de vampirismo psquico,vampirologia, paranormalidade e ocultismo.www.michellebelanger.com

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    A O DO PO O A O DE NING M

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    Por Morbitvs Vividvs

    Vs sois contra o povo, meus escolhidos!Livro da Lei (II AL, 25)

    A AA A voz do povo a voz de Deus.Se esse adgio popular tem algumaverdade, ento o satanista deveriapensar nove vezes antes de concordarcom qualquer coisa que o povo fala.Na verdade, esse provrbio fazbastante sentido, uma vez que povo justamente a palavra que usamospara falar de agrupamentos de pessoassem identidade ou sem qualquer foraindividual. Povo o antnimo deindivduo. E se Sat nosso smbolode fora individual, o povo , portabela, o Deus que escolhemoscombater. Essa no uma defesa daabolio das regras sociais da boaconvivncia, at porque a convivncia

    algo que acontece justamente entreindivduos.

    Mas observe o comportamento de uma pessoa inteligente dentro de umgrupo. Ao mesmo tempo em que ela desaparece em meio multido, passaa ser, por ela, condicionada. A coletividade tem a estranha propriedade deaumentar a autoconfiana de seus membros ao mesmo tempo em que lhestolhe a criatividade e a responsabilidade. Ao ser obliterado em umasociedade, os vcios do indivduo se intensificam, ao passo que suasvirtudes se diluem. Seus erros so ocultos e seus acertos perdem qualquerrelevncia; criamos uma poltica de nivelamento por baixo.

    A vontade e as prioridades do grupo ganham, e assim grupos rivaiscomeam a surgir. Por isso, no existe nenhuma classe de pessoas que no

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    seja detestada poralguma outra classe.Como cantou MarilynManson, em seu

    Anticristo Superstar :"Todo mundo o negro

    de algum". Mas no uma questo de cor:favelados, maconheiros,polticos, pagodeiros,crentes, maons, judeus,vegetarianos, bichas,

    nazistas e adoradores de cachorros. No possvel achar nenhum grupo queno tenha seu prprio "inimigo natural". Por isso, socialismo significaguerra; capitalismo significa guerra; cristianismo significa guerra. Noporque essas ideologias sejam especialmente beligerantes, mas porque soespecialmente populares. As pginas de nossos livros de histria so contosde guerra, e cada uma dessas guerras s foi para frente porque indivduospassaram a agir como multides.

    Citando Aleister Crowley, em Magick sem Lgrimas : " peculiarmentenotvel que quando uma classe uma minoria governante, ela ganha aindao desprezo e a agressividade de toda a multido ao redor. No norte dosEstados Unidos, onde os brancos so a maioria, os negros podem viver namedida do possvel como "pessoas normais". J no sul, onde o medo umfator importante, a lei de linchamento prevalece (Deveria? A razo para o"no" que esta uma confisso de fraqueza). Mas no norte, existe umforte sentimento contra outras classes: irlandeses, italianos e judeus. Porqu? Medo, novamente. Os irlandeses dominam a poltica, os italianos ocrime organizado e os judeus as finanas. Mas nenhuma dessas fobiasimpede a amizade entre indivduos das vrias classes hostis. [...] E por queas classes deveriam agir como classes? bvio: "unio faz a fora". Osquinze piores jogadores de futebol do um baile em um time adversriocomposto apenas pelo melhor jogador do mundo.

    Por isso, os lderes de todos os tempossempre souberam lidar com seussditos ou eleitores da maneira certa:tratando-os como gado, e ento secolocando como o boiadeiro que sabeo que melhor para a manada. Apartir do momento em que as pessoasse escondem por trs da mscara da

    coletividade, qualquer apelo inteligncia ser ftil. A nica formade comunicao com as multides pelos instintos e qualidadesanimalescas. Um bom lder no precisa de bons argumentos, precisa saberrugir como um leo. Escute os discursos de Hitler, por exemplo. No

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    preciso saber uma palavra em alemo para entender como ele encantoutoda a Alemanha. Da mesma forma, mais fcil incitar uma massa a umlinchamento do que pedir para que ela analise um fato e tome uma decisosadia.

    Um grupo se torna um

    organismo e, como tal,acaba obedecendo aalgumas regras e leis.Grupos dominantesobviamente exploraroos grupos menores,mas isso no tem a vercom o tamanho ou fora do grupo. Um governo composto de muitomenos pessoas do que a sociedade que governa. O clero tem muito menosgente do que o grupo de fiis. Em uma fazenda antiga o nmero deescravos era muito menor do que o nmero de gente que vivia na casa-grande. Tem sido assim desde a aurora do homem.

    Mas atualmente vivemos uma poca de defesa das minorias, uma poca emque quotas e polticas afirmativas tentam amenizar os problemas causadospela coletividade. Mas a voz do povo acaba, como sempre o faz, enfiandoos ps pelas mos; acabam reforando-os. Isso o equivalente a dar umpirulito para a criana que acabou de sair do dentista to gentil quantointil. Mais do que isso, trata-se de uma atitude danosa, pois reafirma aposio de dominados das classes minoritrias ao mesmo tempo em querefora a iluso de que elas existem enquanto grupos e no comoindivduos. Pense que voc tem um filho que precisa de uma operaosria e descobre que em determinado hospital quem far a cirurgia acaboude se formar, e, melhor ainda, formou-se no porque tirou boas notas, masporque conseguiu uma vaga por causa do nosso sistema de cotas. Comoficaria sua confiana no cirurgio?

    Os defensores dessa causa faro um considervel bem a si mesmos quando

    perceberem que dentro de todo grupo explorado existem indivduosexplorados pelo grupo. E no o indivduo a menor de todas as minorias?Quem no quiser ser controlado deve garantir a sobrevivncia da prpriaindividualidade e negar o direito de existncia em seu microcosmo dequalquer rtulo, conscincia de classe ou identidade de massas. H umadiferena sutil, mas poderosa entre dizer que "concorda com as teorias deMarx" e dizer ser um "marxista"; entre dizer que torce pelo Corinthians eser um "corinthiano"; entre dizer que o nazismo tinha pontos positivos eser um "nazista"; voc pode ouvirheavy metal sem ser um metaleiro.

    Rtulos passam a iluso de estabilidade, mas qualquer grupo de ideias queno passa constantemente pelo crivo do questionamento uma grandeofensa ao nosso Eu Superior e uma enorme barreira contra a VerdadeiraVontade. O satanista , portanto, o grande inimigo do povo. Ele sabe queexiste uma diferena entre 200 macacos que dormem juntos para se aque-

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    cer e um nico macaco que sabe fazerfogo. De fato, a unio faz a fora, masuma fora que no tem um objetivoalm da prpria sobrevivncia; comoa fora do vento: poderosa, talvezinvencvel, mas implorando para ser

    aproveitada por quem sabe velejar.Crowley no estava errado quandoafirmou que os servos serviro, masno porque algumas pessoas tm umanatureza escrava e sim porque todo

    grupo precisa ser direcionado. E isso apenas pode ocorrer com umindivduo no controle. Mas onde est o indivduo dentro de um grupo? Essagrande ironia tratada com o humor que merece pelo lema original daChurch of Satan : "It's an organization for non-joiners.

    Claro que vivemos em um mundo em que o povo astucioso. Apropaganda a arma do negcio, e uma das grandes artimanhas do mundoatual mostrar que no importa o tamanho do grupo que voc faa parte,voc ainda pode gastar como indivduo. Assim, cada propaganda feitapara mostrar que mesmo que voc seja apenas mais um dentre um milho,voc nico, desde que consuma o que vendem para o grupo que voc fazparte. Dessa forma, para ser jovem voc deve consumir as msicas X ebeber o refrigerante Y; para ser um homem bem-sucedido, deve dirigir ocarro X e vestir a roupa Y.

    Assim, mesmo que o ttulo de "satanista" possa ser visto apenas como maisum rtulo, ele a melhor forma de se desvincular de outras imagens quepodem ser capitalizadas em prol do Grande Todo. O satanismo a melhorforma que encontrei para descrever essa posio, mas, por favor, no seprenda minha semntica pessoal. A partir do momento em que suasdefinies comeam a feder a certeza, elas merecem ser jogadas no lixo davala comum da ignorncia. O satanista o inimigo pblico nmero 1; oinimigo do povo, pois o povo quer que ele sacrifique sua vida individual no

    altar da coletividade e assuma para si os medos e preconceitos do grupo.Oua a voz de Deus: ele quer que voc morra. Satanistas no pertencem agrupo algum especialmente no pertencem a grupo algum de satanistas.Se todos os homens se derem as mos, como se todos vivessemalgemados.

    SSSS_______________Morbitvs Vividvs foi aluno direto de Lord Ahriman, na Igreja de Lcifer, durante o primeirolevante satnico nacional. Escreveu Lex Satanicus: Manual do Satanista e a pea de teatroO

    Anticristo . Fundou o Templo de Sat em So Paulo e colabora com a iniciativa Morte Sbita inc.www.mortesubita.org

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    Diabo: (...) dono de todas as coisas boas deste mundo .Ambrose Bierce

    Eu passava muito bem sem Deus, e se usava o seu nome era paradesignar um vazio que tinha, a meus olhos, o claro da plenitude .

    Simone de Beauvoir

    Se a morte fosse um bem, os deuses no seriam imortais.Safo

    No tenha medo da perfeio, pois voc jamais ir atingi-la.Salvador Dal

    A literatura e a arte devem ser totalmente livres; no podem serboicotadas por idiossincrasias sociorreligiosas.

    Adriano Camargo Monteiro

    A palavra Deus, para mim, nada mais que a expressoe produto da fraqueza humana.

    Albert Einstein

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    AP ENDA E A A E DO INFE NO

    A A Por Mark Alan SmithTraduo: Adriano C. Monteiro

    A AA A Arte1 Primal encarna a corrente da Rainha do Inferno o Cu e aTerra. Os ensinamentos internos incorporam os rituais de dedicao einiciao, evocao de espritos e auxlio de guias e familiares2. Muitanfase colocada nas viagens nos planos interiores para o Sab, queconduzem atravs dos caminhos do Lado Noturno para a subsequenteexplorao de passagens exteriores e aquisio de conhecimento e poderque esto dentro e fora desses mundos dimensionais.

    A Feitiaria no deveria tolerar a condio humana do falso ego em seusensinamentos um problema que tem se manifestado frequentemente emtantas ordens e grupos organizados, sejam modernos ou histricos.Enquanto o contato humano e a tutoria possam inicialmente ser necessriospara guiar e auxiliar o estudante da Arte nos primeiros passos de sua senda,as maiores e mais profundas lies so dadas nos planos interiores; ou, nomnimo, em contato direto por meio da manifestao no plano fsico dosparentes de Hcate, os Deuses da Feitiaria.

    Todo professor de Feitiaria deveria saber que estudantes genunos ededicados que so guiados a eles pelos espritos da Arte deveriam sempretranscender, ir alm de seu prprio nvel de sucesso e capacidades. Pormeio de ritos de dedicao e iniciao, a conexo com a corrente primal deHcate pode ser feita no nvel da alma. Esse o Fogo Mgicko queinflama a semente do Sangue-bruxo, liberando um poder que jaz dormentee selado na alma imortal.

    ____________1NT: Aqui, arte significa feitiaria, artes ocultas.2NT: Espritos familiares.

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    Uma vez que a conexo tenha sido atingida, o poder de Hcate pode serpuxado, integrando internamente os novos ensinamentos dessa antigaArte. Por meio dessa infuso de energia mgicka nas prticas algumas dasquais incluem pedir a apario dos Deuses da Feitiaria em manifestaofsica e a intensa fuso do corpo, mente e esprito com esses seres nostrabalhos de possesso completa , o elo com a corrente primal de Hcate

    forjado e reforado. Muitas das maiores liesda Antiga Arte, tais comoos ritos de magia sexual,so ensinadas pelosprprios Deuses-bruxos.Ensinamentos como essesconduzem a uma poderosasublimao da alma,muitas vezes presidida por

    Hcate; seu poder flui inicialmente em sua vibrao lunar inferior atravsdo Portal da Lua antes de crescer em sua vibrao estelar. Esta a aberturados Portais da Senda Draconiana, onde comea uma jornada que levar aalma transmutao atravs dos mundos do Lado Noturno dos Deuses-bruxos. Estes so as crianas de Hcate lideradas por seu Filho, Irmo eConsorte, o Deus Chifrudo Lcifer. O contato direto com esses seres traz opoder e a gnose que esto alm dos ensinamentos do homem mortal. Esse o Verdadeiro Caminho de Hcate, que conduz, na alma, a transio e atransmutao espiritual atravs dos antigos e ocultos portais de volta para oTrono da Sombria Rainha Bruxa.

    SSSS_______________Mark Alan Smith escritor e praticante de Bruxaria Tradicional dedicado especialmente aoculto da deusa Hcate. Escreveu a coleoThe Trident Trilogy , que inclui as obrasQueen of

    Hell , The Red King e The Scorpion God .www.primalcraft.com

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    LE ANDO OC PA A O AL M...

    Por Marcelo Del Debbio

    I see dead people.

    E EE E m todas as mitologias de todos os povos do planeta sem exceo existem contos e textos descrevendo o encontro de seres do Plano Materialcom seres do Plano Astral. Chamados pelos profanos de fantasmas,assombraes, espritos, encostos, poltergeists , kamis , venerveis,ancestrais e outros infindveis nomes, esses seres so pessoas exatamentecomo ns apenas esto em outra faixa de vibrao, indetectvel para amaioria das pessoas. Entendendo esse princpio simples, fica muito fcilexplicar todos os fenmenos ditos paranormais ou sobrenaturais.

    Para entender como todo esse processo de diferentes vibraes funciona,vamos fazer uma analogia simples, analisando nossos cinco sentidos: emnossa viso detectamos uma faixa de vibraes do espectro que vai do

    vermelho ao violeta. Abaixo dessa faixa temos o infravermelho e acima,o ultravioleta, cores que existem, mas somos incapazes de detectar. Oprimeiro aparelho capaz de detectar infravermelho foi construdo h menosde dois sculos. Mas, graas s telecomunicaes, essa uma das reas dacincia ortodoxa em que mais avanamos nas ltimas dcadas.

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    Nos sons, temos uma faixa audvel para o ser humano, entre 20Hz e 20kHz.Abaixo desse valor, temos infrassons e acima, os ultrassons, que oshumanos no so capazes de detectar.

    Nos gostos, alm dos quatro sabores tradicionais (salgado, doce, azedo eamargo), os cientistas descobriram um quinto sabor, j conhecido h muitotempo pelos orientais com o nome deumami . Recentemente, cientistasdescobriram que alguns ratos so capazes de sentir um sexto tipo de sabor.Ainda h muito debate sobre isso e os cientistas no chegaram a nenhumacordo, mas sabe-se que existem sabores que no so detectados pelopaladar humano, apenas por alguns animais.Nos cheiros, existem odores que o ser humano consegue captar e outros no(chamados feromnios). O estudo nessa rea ainda est engatinhando e malse projetam aparelhos capazes de detectar odores para uso prtico, taiscomo para detectar explosivos, drogas entre outros. Nos dias de hoje, omelhor aparelho que detecta explosivos continua sendo um cachorro. Ouseja, a cincia ortodoxa no capaz de detectar com preciso odores ougostos, quanto mais matria sutil como a Luz Astral e o Pensamento.

    Finalmente, chegamos ao tato. Sabemos atravs de Einstein que a matria energia, coisa que os antigos ocultistas conheciam h milnios (apenasusavam palavras diferentes para expressar a mesma ideia). Todos os objetosconsiderados slidos so, na verdade, grandes vazios eletromagnticoscompostos de cargas positivas e negativas, cujos campos eletromagnticosas repelem, por estarem no mesmo plano de vibrao, causando a sensaode fsico que temos ao tocar em um objeto slido. Mesmo assim,existem partculas que so to pequenas que nossos instrumentos no socapazes de pesar, como os neutrinos (e somos bombardeados o tempo todopor milhes deles a cada segundo vindos do Sol).

    Os sete corpos . Para os ocultistas, os seres humanos tm sete corpos, asaber: o corpo fsico (de carne e osso), o duplo etrico (que tem uma infi-

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    nidade de nomes, de acordo com a tradio estudada: perisprito, campoetrico, corpo vital, biossoma, corpo dico, corpo bioplasmtico,

    prnamyakosha , veculo de prana , etc). O duplo etrico faz a ligaoentre nossos corpos mais sutis e o nosso corpo fsico, adotando a mesmaforma de nosso corpo fsico. Estudar o duplo etrico extremamenteimportante para compreendermos a maioria das lendas a respeito de

    fantasmas e assombraes.Depois dele vem o corpoastral propriamente dito; aqueleque se desdobra nas projeesastrais e que permanece ligado aofsico pelo cordo de prata. Osespritas chamam esse corpo dealma; os gregos o chamavam depsique.

    O quarto corpo chamado decorpo mental. Aqueles que supemque a mente seja o crebro estototalmente equivocados. A mente energtica e pode permanecerindependente da matria densa,pois um corpo parte,constitudo de matria mental. A mente elabora os pensamentos que seexpressam por meio do crebro. Pensamentos, mente e crebro so trscoisas totalmente distintas. Como Kentaro demonstrou, entre o ato de sedesejar um movimento e o movimento do corpo fsico efetivamente h umpequeno intervalo de tempo, necessrio para se passar a informao damente para o corpo astral, para o duplo etrico e, finalmente, para o corpofsico. O cientista Benjamin Libet chamou isso de potencial pr-motor.

    Dessa maneira, a razo converte a mente em um campo de batalha. Oprocesso de racionalizao extremada acaba rompendo as delicadas

    membranas do corpo mental, aprisionando-os no corpo fsico. Segundo afilosofia oriental e gnstica, o pensamento deve fluir silencioso, sereno eintegralmente, sem o batalhar das antteses. O corpo mental pode viajaratravs do tempo e do espao, independentemente do crebro fsico. Emum determinado processo do estudo esotrico, o discpulo aprende a sedesdobrar em corpo astral. J em corpo astral, ele aprende a abandonaresse corpo e a ficar no corpo mental. De acordo com a Teosofia, o corpomental da raa humana se encontra no incio de sua evoluo, estandoquase que completamente desorganizado (chamado de corpo mental lunar).

    O corpo causal (ou da vontade) o quinto corpo e vem a ser o veculo daalma humana. No ser humano comum, esse corpo ainda no est formado,tendo encarnado dentro de si mesmo apenas uma frao da alma humana.Tal frao denominada essncia, e, no zen-budismo japons,budhata .

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    a Lua dos Alquimistas, a princesa dos contos de fadas, que precisa serlibertada dos castelos do mundo material. Podemos e devemos estabelecerdiferenas entre o corpo da vontade de seres humanos comuns e correntes,do tipo lunar, e o corpo da vontade consciente de um Mestre. O legtimocorpo da vontade permite ao adepto realizar aes nascidas da vontadeconsciente e determinar as circunstncias. O corpo causal a tal fora de

    vontade que os leigos tanto apregoaram em filmes comO Segredo . atravs desse corpo que materializamos nossas telas mentais para arealizao de desejos.

    O sexto corpo chamado debudhi ou Alma Divina. um corpo totalmenteradiante que todo ser humano tem, porm ao qual ainda no estintimamente ligado. Tiferet, na Kabbalah; o Esprito Crstico, de Jesus;o deus solar dos antigos; o Sol, do casamento alqumico dos hermetistas; ocavaleiro de armadura brilhante dos contos de fadas. Quando desenvolvidoplenamente, faz com que nos tornemos verdadeiramente iluminados.

    O stimo corpo chamado tmico,atman ou atm. Chamado tambm deDeus interno, o Real Ser, o ntimo de cada um, o Eu Sou. Atman , em simesmo, o Ser inefvel, o que est alm do tempo e da eternidade. Nomorre nem reencarna; absolutamente perfeito. Atman se desdobra na almaespiritual, que, por sua vez, se desdobra na alma humana; a alma humana sedesdobra na essncia, e esta se encarna em seus quatro veculos (corpofsico, etrico, astral e mental), vestindo-se deles.

    Isso posto, podemos entender o primeiro deus psicopompo: Tnatos, oDeus dos Mortos. O Plano Astral a morada daqueles que ainda noencarnaram, ou que esto em fase intermediria entre duas encarnaes.Quando uma pessoa morre (ou desencarna, ou passa para o orienteeterno, como preferir), ela abandona seu corpo material e permanece noAstral com seus seis corpos sutis, na forma em que seu duplo etrico(perisprito) tinha quando faleceu. Nesse ponto de nossa trama existemmuitas histrias e possibilidades. Essas pessoas so chamadas de espritospelos kardecistas, e so eles que se comunicam na maioria das vezes em

    sesses medinicas. Eles tambm formam os encostos, assombraes,fantasmas e outros. Aps algum tempo no Astral, os mortos abandonamseu duplo etrico, que se dissolve, e permanecem apenas com seu corpoastral, que vai para planos de conscincia mais sutis, onde recebe outroduplo etrico na ocasio de um novo nascimento. Quanto mais evoludo oesprito, menos tempo ele passa na forma de seu perisprito.

    Casces Astrais . Quando o duplo etrico abandonado, ele pode resultarem casces astrais, que so formas vazias com a imagem de algum quefaleceu recentemente. Muitas vezes esses casces astrais podem serhabitados temporariamente por elementais (por vezes, as imagensprojetadas em centros espritas no so, na realidade, as pessoas falecidas,mas apenas o casco astral delas animado por um elemental). Os ocultistaschamam esses seres dedoppelgangers.

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    No Plano Astral, o duplo etrico funciona exatamente como nosso corpofsico, limitado apenas pelo nosso subconsciente. Se uma pessoa acreditaque a parede slida, ento ela se torna slida para ele. Se um iniciado esabe que pode atravessar uma parede, ento ele assim o far (mas, comoveremos a seguir, a imensa maioria dos habitantes do Astral toignorante quanto suas contrapartes do Plano Fsico). A Vontade (Thelema)

    o que realmente comanda nos planos sutis. As pessoas que sabem comoYesod1 funciona se tornam rapidamente chefes das massas ignorantes deespritos.

    No Astral as pessoas enxergaro aquilo que estiverna mesma frequncia de vibrao delas; muitasvezes, no sabero sequer que esto mortas. J tiveexperincias de resgate em que as pessoassimplesmente no acreditavam que haviammorrido. Uma senhora havia falecido durante osono e achava que seus netos e filhos apenas noprestavam mais ateno a ela Alguns animais(gatos, especialmente) so capazes de sentir essasvibraes. Crianas e sensitivos tambm enxergamdentro de algumas faixas do Astral. O nome que sed para as pessoas que tm essas faculdades clarividente (antigamente chamados de mdiuns-videntes), embora existam tambm clariaudientes(que escutam), olfativos (que sentem cheiros) e

    tteis (que sentem impresses). Hoje em dia, termos como videntes noso muito utilizados, pois acabaram se tornando associados a charlates evigaristas. Importante ressaltar que essas faculdades no estonecessariamente conectadas entre si: um mdium pode incorporar (usandoa psicografia, psicofonia, etc.) e no ter clarividncia alguma, por exemplo.Problemas de esquizofrenia so frequentes em mdiuns ostensivos, quetm a capacidade fsica da mediunidade. A glndula pineal manda todaessa carga de informaes para o hipotlamo e afins, fazendo surgir assimvrios problemas. O mdium treinado recebe essas informaes pelo lobopr-frontal, a parte cerebral que lida com a tica humana (Dr. Srgio

    Felipe de Oliveira).Enxergar o Astral exige um misto de habilidade inata e treino. H pessoasque nascem com esse dom (assim como pessoas nascem daltnicas, ouseja, enxergam menos cores no espectro, outras nascem clarividentes eenxergam uma gama maior de frequncias vibratrias), enquanto outrasprecisam treinar por anos a fio para desenvolver essas faculdades.Existem alguns facilitadores para despertar esses processos. Um deles ovegetarianismo: limpar o corpo das impurezas energticas contidas na

    carne facilita o despertar desses sentidos; no beber, no fumar e manter ocorpo sem relaes sexuais por alguns dias tambm vai facilitar o processo(no apenas disso, mas de projees astrais tambm).___________1NE: Esfera cabalstica da rvore da Vida associada Lua.

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    Fantasmas, vampiros e aparies . Antigamente, as pessoas sealimentavam de comidas mais limpas, sem toxinas, agrotxicos, venenos,sabores artificiais e conservantes qumicos e tinham mais propenso aocontato medinico. A explicao ridcula que se ouve que as pessoas deantigamente eram mais burras ou supersticiosas, ou esquizofrnicas, porisso acreditavam em fantasmas. Como j foi demonstrado e provado

    inmeras vezes, a maioria dos casos de loucura nada mais do quemediunidade exacerbada somada ignorncia ctica. Os astrlogos deantigamente chamavam a casa 12 no Mapa Astral de Casa dos Loucos,porque constatavam que a grande maioria dos internos dos institutos depsiquiatria tinham muitos planetas no signo de Peixes nessa casa.

    No campo, onde a alimentao e o ar eram mais saudveis, esses efeitos decontato entre o Material e o Astral eram mais frequentes, e algumas pessoasconseguiam enxergar os espritos obsessores agindo. Desses contatossurgiram as lendas dos vampiros, lobisomens e bruxas voadoras.

    Vamos explicar algumas das caractersticas dos vampiros de maneiracientfica:

    1) Obsessores so entidades astrais que seconectam pessoas vivas com o objetivode sugar fluidos sutis. Um corpo astralno capaz de fumar nem de obter prazera partir da ingesto de nicotina, mas podese encostar em uma pessoa e, atravsdo chacra umeral (um chacra que fica naparte detrs da nuca), absorver assensaes de prazer que o fumante temquando traga um cigarro. Esse processode fluidificao o mesmo usado pelosquimbas (espritos trevosos) paraabsorver o sangue de um sacrifcio ou acomida de um despacho de macumba.

    Obsessores tambm se alimentam desensaes: alegria, tristeza, dor, saudade,raiva, etc. Boa parte dos casos dedepresso nada mais do que obsessoresque incitam essas sensaes na pessoapara depois se alimentarem delas. Porprecisarem estar literalmente acoplados energeticamente a suas vtimas, oskardecistas os chamaram de espritos obsessores; espiritualistas oschamam de espritos encostados; e os toscos dos evanglicos adaptaram a

    expresso para encostos. Da posio de sugar o pescoo surgiu a lendasobre vampiros que mordem o pescoo de suas vtimas.

    2) Essasentidades existem apenas no Plano Astral. Quando um vidente asenxergava diante do espelho, via apenas a criatura, mas no seu reflexo

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    (pois o espelho reflete apenas o Plano Material). Disso vem a lenda sobreos vampiros que no tm reflexo em espelhos.

    3) As entidades mais baixas so constitudas demiasmas astrais (restos energticos quecompem os casces usados por esses seres

    para se manifestarem no Astral, de maneirasemelhante ao duplo etrico), e a luz solardissolve esses miasmas. Disso surgiu a lendasobre vampiros que queimam no sol, pois seuscasces astrais so literalmente dissolvidos pelaluz solar (voc j reparou que pessoasdepressivas evitam ao mximo a luz do sol?).

    4) gua lustral tambm afeta o Plano Astral.gua lustral feita a partir de sal marinho e

    gua (gua do mar tambm serve). o motivo pelo qual os orixsrecomendam banhos de mar para ajudar em problemas espirituais, alm deser um dos locais mais fortes para despachos. Surfistas, nadadores,mergulhadores e pessoas que trabalham com o mar tambm concordamcom a sensao de limpeza que o mar traz. A Igreja Catlica, que tudocopia, tambm se apoderou da gua lustral, s que a chama de guabenta. Ao utilizarmos gua lustral em nossos rituais, dissolvemos osmiasmas astrais. Disso resultou a lenda sobre vampiros que so afetadospor gua benta. Ela literalmente corri a pele dos obsessores e cascesastrais. Isso tambm explica a lenda sobre vampiros que no podem cruzargua corrente.

    5) Smbolos religiosos, assim como a baqueta ou varinha mgica, socanalizadores da Vontade (Thelema) do ocultista. Atravs dele, podemosexercer nossa Vontade e dissolver o miasma dos casces astrais e forar aentidade para fora do casco que est acoplado na pessoa (essa uma dasbases do exorcismo). J sabendo disso, essas entidades se afastam dapresena do mago. Por isso que se diz nas lendas que a cruz s funciona

    com quem acredita nela. A baqueta, quando atravessada no casco astral,tambm dissolve completamente o miasma. Por isso dizem que vampirostem medo do crucifixo. A baqueta de madeira atravessando o corpo doobsessor tambm a origem da estaca que mata vampiros.

    6) Igrejas e templos (rosacruzes, manicos, thelemitas) normalmente tmegrgoras e rituais especiais que impedem a presena desse tipo decriatura. Dizemos que o templo est coberto contra a presena dessasentidades. Por essa razo, as lendas dizem que demnios, assombraes

    e vampiros no podem pisar em solo sagrado.7) Obsessores e obsediados mantm uma relao de harmonia vibratriaentre si. Um esprito obsessor s consegue permanecer em um local ondehaja uma afinidade emocional ou vibracional, caso contrrio eles no sero

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    capazes de acoplar, ou sero mantidos afastados. Disso surgiu a lenda sobrevampiros que s podem entrar em um local se forem convidados.

    Uma das coisas mais interessantes sobre as lendas dos vampiros queBram Stoker, o escritor que imortalizou o Drcula, era membro daGolden

    Dawn , uma ordem inicitica muito conhecida no comeo do sculo 19.

    Quando ele colocou essas caractersticas em seu romance, ele sabia muitobem sobre o que estava escrevendo.

    Mas ainda existem muitas coisas a serem ditas a respeito do Plano Astral...

    SSSS_______________Marcelo Del Debbio escritor, editor, pesquisador de sociedades iniciticas e de ocultismo emembro de diversas Ordens.www.deldebbio.com.br

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    DEI E A LO C A CO E OL A

    Por Rafael Bittencourt

    PPPP rimeiramente, provvel que algum especialista discorde das minhasapropriaes nominativas. A eles, peo desculpas e aproveito para pediremprestados esses nomes, pois desconheo quais seriam os maisapropriados para o assunto. A todos que leem este artigo, peo queprocurem utilidade no contedo, independentemente dos termos utilizados.

    Uso o termo esquizofrenia para descrever um fenmeno que meacompanha desde muito cedo o excesso de criatividade que, por muitasvezes, manifesta-se de maneira descontrolada. Acredito que a mentecriativa superativada pode gerar sintomas da esquizofrenia patolgicacomo as alucinaes auditivas, visuais, a paranoia etc. Sempre gostei desonhar acordado e nunca tive medo de no encontrar o caminho de volta.Apesar de assustado com as vozes e de ter uma sensao de estar sendoobservado, sempre me fascinei com esse aspecto misterioso do meioambiente ao meu redor. Perceber a realidade com a mente criativa ativadapode ser muito til para se ampliar a percepo do meio em que estamos ede ns mesmos. Mas sempre preciso ter cuidado. Nessa esquizofrenia,noto que soltar a pipa no incomodar os outros nem me prejudicarsocialmente. Manifesto isso com maior intensidade no meio do mato,descalo, mas com menos intensidade entre as pessoas.

    Por milhares de anos uma nica palavra descreveu f e criatividade.Apenas algumas centenas de anos atrs que as duas foram divididas.Quando nascemos, as pessoas j atriburam muitos significados aos vrios

    detalhes da realidade compartilhada. Quando crianas, enquantopercebemos essa realidade nossa maneira, so trazidas a ns explicaese convenes bastante definitivas sobre o que a realidade e comodevemos perceb-la. Isso gera um conflito entre sua viso natural e asconvenes sociais que so rapidamente trazidas a voc. Os sentidos e a

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    cognio so os recursos que temos para perceber essa realidade. Ao secriar uma realidade paralela, corremos o risco de no conseguir interagir,comunicar e nos relacionar com os outros, j que a maioria acreditarealmente no mundo descrito por aqueles que estavam aqui antes denascermos. Aos poucos, somos civilizados, e a realidade afuniladanuma viciosa e simplista viso maniquesta. Assim, nossa percepo

    limitada e treinada para se adaptar civilizao j instituda. Seus infinitostalentos transformadores comeam, ento, a ser decepados.

    Na medida em que entendemos as interpretaes da realidade da maneiraque nos ensinada e explicada, vamos criando um universo criativo comnossas prprias explicaes. As fortes conexes entre o universo criativo deum indivduo e a realidade compartilhada pela humanidade tmproporcionado solues geniais.

    Existem duas maneiras principais de se trilhar caminhos para dentro damente criativo-transformadora: 1) Como um balo deriva; 2) Como umapipa. Ao perceber a realidade no modo balo deriva, a sensao muitointensa e sedutora.

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    Atribumos significados singulares para nossa prpria existncia, mascorremos o risco de esquecer o caminho para o entendimento do mundoconvencionado como as outras pessoas civilizadas o veem. Nesse caso,voc acessa o seu potencial transformador, mas no consegue comunic-loaos outros. No modo pipa, voc viaja para dentro da mente sem perdera conexo com a realidade compartilhada com os outros, conhecendo

    significados teoricamente impossveis para sua existncia e para o mundoao seu redor e se utilizando de canais extrassensoriais (alm dos sentidosbsicos).

    A grande diferena est no que se busca. No modo balo, o vento oego, e a procura por um significado especial para a prpria existncia. Nomodo pipa, buscamos o fio que nos liga com o mundo fsico e seusparadigmas. Esse fio reside na aceitao e na comunicao com estemundo. No incio dessa prtica, a paranoia predomina e nos faz encontrarconexes e teorias de conspirao. Mas, ao controlar o efeito paranoicodesse estado de esprito, encontramos realidades paralelas quecomplementam e se harmonizam com a realidade instituda sem destru-la.

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    No possvel saber ainda a finalidade das manifestaes esquizofrnicas;no sei nem mesmo qual a finalidade da existncia de coisa alguma.Procuro apenas encontrar uma utilidade nos recursos que tenho disponveis.Desses recursos, que chamei presunosamente de manifestaesesquizofrnicas, fao o uso que descrevi. No quero que parea quefuncionar para todos da maneira que funciona para mim, porque o arsenalde recursos que cada um tem diferente.

    Essas manifestaes esquizofrnicas lucifricas e o luciferianismo, naminha concepo, propem uma desconstruo de paradigmas atravs dodesenvolvimento de canais extrassensoriais. As consequncias desse tipo depensamento so mais importantes, a meu ver, do que o nome e sua origemhistrica. O que valorizo nisso so os benefcios que essa viso pode trazer

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    para a humanidade e para o universo. A psicologia se utiliza dessa tcnicah um sculo e j obteve bons resultados. Esse mesmo caminho recebeoutros nomes em outras culturas e religies. Acho importante para acivilizao o abandono do medo, que um mecanismo de defesa natural;nada de errado com a existncia dele. Mas, da maneira institucionalizadacomo apresentada, o medo desarmoniza a vida na sociedade em grande

    escala. muito interessante trilhar um caminho que leva ao controle dosnossos medos por meio de arqutipos que comumente, e erroneamente,personificam esses medos. Para mim, tem funcionado utilizar esses signospara a desconstruo dos meus medos. No sei se o mesmo caminhofuncionar para todos; as pessoas se igualam ou se diferem no que buscame no no caminho que percorrem. Essa lgica mais importante do que onome que se d.

    Entre esta realidade e as outras existem encruzilhadas que facilitam osacessos. A capacidade de abstrao dos nomes e personificaes facilita achegada a esses acessos, e interpretaes muito literais sobre os caminhosdificultam. Aconselho que todos busquem um caminho para a derrubadade seus medos da maneira que acharem melhor.

    SSSS_______________Rafael Bittencourt msico, compositor, guitarrista, vocalista, letrista e fundador da bandaAngra e do Bittencourt Project.www.angra.netwww.rafaelbittencourt.com

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    ANJOS REBELADOS Deus sem piedade, Deus sem religio e compaixo,Maldito sejas!Que Sat, o Vencido por ti,

    Vingue todas as Mes, vencendo-te,Conquistando todo o teu poder,Triunfando eternamente de tiNas masmorras negras do Inferno!

    Cruz e Sousa

    A GIGANTANo tempo em que, com a verve que nos espantaA Natureza concebia o monstro mais fabuloso,Teria eu gostado de viver com uma jovem giganta,Como aos ps de uma rainha um gato voluptuoso.

    Teria eu gostado de ver seu corpo e alma em botoE crescer livremente com seus jogos terrveis;Adivinhar se alguma chama arde em seu coraoSob as midas nvoas de seus olhos sensveis;

    Percorrer-lhe vontade suas formas belas;Rastejar as encostas de suas grandes pernas,E, s vezes, no vero, quando o sol trrido,

    Deixa-a estendida atravs da campina,Dormir languidamente em seu colo mrbido,Como uma aldeia plcida ao p de uma colina.

    Charles Baudelaire

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    A DESTRUIOSem cessar, ao meu lado o Demnio se agita;Nada em torno de mim como um ar impalpvel;Eu o engulo, e nos pulmes ele arde e crepita,Enchendo-os de um desejo eterno e condenvel.

    s vezes, ao saber do amor que a arte inspira,Toma a forma da mulher que mais eu ame,E, afeito aos pretextos da mentira,Acostuma-me os lbios ao filtro infame.

    Ele me leva dos olhos de Deus distante,De fadiga, assim, exausto e ofegante,s plancies do Tdio, profundas, desertas,

    E atira-me ao olhar cheio de confuso,Roupas imundas e feridas abertas,E o aparato sangrento da Destruio!

    Charles Baudelaire

    SATCapro e revel1, com os fabulosos cornos

    Na fronte real de rei dos reis vetustos2

    ,Com bizarros e lbricos contornos,Ei-lo Sat dentre os Sats augustos.

    Por verdes e por bquicos3 adornosVai croado de pmpanos4 venustosO deus pago dos Vinhos acres, mornos,Deus triunfador dos triunfadores justos.

    Arcanglico e audaz, nos sis radiantes, prpura das glrias flamejantes,Alarga as asas de relevos bravos

    O Sonho agita-lhe a imortal cabeaE solta aos sis e estranha e ondeada e espessaCanta-lhe a juba dos cabelos flavos5...

    Cruz e Sousa

    ___________1NE: Rebelde.2NE: Antigos, muito velhos.3NE: Relativo ao deus romano Baco (Dioniso, para os gregos).4NE: Ramos de videira.5NE: Louros.

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    PAC O A NICO DE POE A ?

    Por Marie-Hlne Catherine Torres *

    C CC C hegandoao fim da viagem simblico-potica ao mundo infernal deCruz e Sousa e Baudelaire, tentaremos verificar o fundamento da nossahiptese, ou seja, a comprovao do fato de que Cruz e Sousa e Baudelairese basearam em princpios satnicos que participaram do ato da criao, oque nos leva a afirmar a existncia de uma teoria satnica subjacente napoesia de ambos, marcando o incio da poesia moderna. [...]

    Em primeiro lugar, constata- se a consolidao de um pacto satnico pelobeijo simblico que une o esprito potico ao esprito satnico. Isso nosleva a concluir que Sat, apreendido como matria potica e simbolizandoo conhecimento e a inspirao interior, o elo entre o poeta e sua arte, ouem outras palavras, entre o poeta e Deus, ponto culminante da arte. Logo,o ato de criao potica depende inteiramente do pacto satnico.

    Em segundo lugar, observamos que Sat se metamorfoseia numa figurafeminina, o eterno feminino, que denominamos de musa satnica, estapoeticamente simbolizada pela Vnus negra. A influncia da Vnus negra primordial no sentido de que ela provoca o impulso do ato de criaopotica. Caracterizada por seu lado carnal, isto , satnico, a Vnus negra

    ___________*Texto cedido gentilmente pela autora, de sua obra Cruz e Sousa e Baudelaire Satanismo Potico .

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    inspira o poeta de tal forma que erotiza seusversos. Assim, a erotizao da voz potica, queesvazia a palavra para lhe dar novo sentido,representa no s um meio de conhecimento, mastambm o centro unificador, fonte de progressoem direo ao divino.

    A seguir, distinguimos caractersticas inerentes criao potica de ambos os poetas, ou seja, apresena da morte, da dor e do sofrimento que osfascinaram. nesse clima de tdio, de morbidezesttica e de desgosto que o poeta recebe oimpulso do ato de criao, atravs de sua revoltacomo ser isolado e mesmo incompreendido.

    Depois, notamos a analogia entre o poeta e o ex-anjo da luz, ou seja, aqueda no abismo, passagem obrigatria ao poeta iniciado para poderalcanar o divino. Com efeito, o poeta, procura do novo e dodesconhecido, atravs duma descida interior animada pela sua imaginao,mergulha no medo e na morte abismo de evaso que torna a arte

    acabada.Em seguida, percebemos que o uso da religio (prece, blasfmio) umartifcio (ars + facio) potico, a religio sendo para o poeta a prpria poesia,ou seja, o poeta devoto ao culto da poesia. Talvez seja oportuno agora,numa tentativa de conceituao, dizer que, para Cruz e Sousa e Baudelaire,a poesia tem como objetivo ela mesma. Ela representa, de fato, o prazer deescrever. S um poeta com princpios satnicos, assim denominados porqueso provocados pela imaginao cuja fluidez criativa se origina no inferno,

    poderia apreender a questo da religio de tal forma, com tanta liberdade.Na verdade, a premissa, segundo a qual o poeta precisa da rvore do Malque carrega os frutos da Imaginao para criar, pr-requisito a todos osrequisitos citados anteriormente, necessrios reconstruo do processo deimpulso satnico do ato de criao potica.

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    Enfim, podemos sintetizar, conforme o que foi abordado neste estudo, asimbologia do Mal. O Mal ao mesmo tempo, e isto para Cruz e Sousa eBaudelaire, desejo, erotismo, transgresso do interdito, seduo e tentao,noite e mistrio. O Mal a revolta contra as regras normativas docomportamento social e esttico. Cruz e Sousa rebelou-se tantas e tantasvezes contra o crculo systhematico das Frmulas preestabelecidas1

    reivindicando:O que eu quero, o que eu aspiro, tudo por quanto anceio,obedecendo ao systhema arterial das Intuies, a Amplidolivre e luminosa, todo o Infinito, para cantar o meu Sonho,

    para sonhar, para sentir, para soffrer, para vagar, paradormir, para morrer. 2 (sic)

    O poeta, segundo Baudelaire, no um simples mortal! Ele segue leisprprias. Alis, Baudelaire, revoltando-se contra a censura de algumas

    peas de Les fleurs du mal , estabelece sem contorno a diferena entre opoeta, o artista e os outros:

    A literatura tem uma liberdade que se quer punir de repente emmim. Existem vrias morais. Tem a moral positiva e prtica qual todo mundo deve obedecer. Mas tambm tem a moral dasartes. Existem tambm vrios tipos de liberdade. Tem aliberdade para o Gnio, e tem uma liberdade muito restrita

    para os sapecas. 3 (Trad. da autora)

    Eis o mal do qual se deliciam os poetas e que transparece nas suas poesiasatravs da figura simblica do Sat moderno, a cidade e a solido nos seusdiversos significados.

    So esses os princpios que sustentam o que chamamos de teoria satnica,entendida como teoria do autoconhecimento, pois thoria , ao de ver econtemplar, nasce dethorien , contemplar, examinar, observar,meditar4. Poderamos tambm falar de tcnica satnica, conforme aspalavras de Huxley, em vez de teoria satnica, pois nem uma nem outra

    tm a pretenso de solucionar tudo. Trata-se apenas de uma escolha, deuma proposta que concerne poesia de Cruz e Sousa e de Baudelaire quetalvez possa se estender, provavelmente com variantes a outros poetas. Oque importante ressaltar que a teoria satnica proporciona uma certasabedoria ao poeta, a do Mal, o Mal sendo humano. Assim, o belo, objetopor excelncia da poesia, se transforma, com a teoria satnica subjacenteao ato de criao, em beleza do Mal. Rompendo com a poesia tradicional,

    ___________1

    Emparedado, Evocaes . p.387.2Ibidem. p.376.3 Notes et documents pour mon avocat. p.240.

    4CHAUI, Marilena. Janela da alma, espelho do mundo . In: NOVAES, A. (org.)O olhar . So Paulo:Companhia das Letras, 1988. p.34.

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    ambos os poetas iniciaram a poesia moderna que perturba ou choca porque,mesmo emparedados e marginalizados, eles saborearam a liberdade, aliberdade de escolher princpios satnicos, os nicos capazes de divinizar apoesia e de oferecer salvao ao poeta. Dessa forma, graas descida aoinferno, o poeta se redime e atinge Deus, ideal de perfeio artstica. E, comele, Lcifer tambm redimido, como na obra pstuma de Victor Hugo,

    graas ao Anjo Liberdade que obteve de Sat, detentor de poder delibertao humana, a autorizao de salvar os homens. Basta citar osltimos versos pronunciados por Deus:

    O Arcanjo ressuscita e o demnio acaba, E apago a noite infame, nada restaSat morreu, renasce, Lcifer celeste. 5 (Trad. da autora)

    SSSS_______________Marie-Hlne Catherine Torres Professora Doutora de Lngua e Literatura Francesa na UFSC,pesquisadora e autora do livroCruz e Sousa e Baudelaire Satanismo Potico.

    ___________5HUGO, Victor. La fin de Satan . Org. Evelyn Blewer & Jean Gaudon. Paris: Gallimard, 1984. p.277.

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    MEN I A E D IDA EN ENENAM? N O D IDE

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    Por Alberto Brandi

    Traduo: Adriano C. Monteiro

    E EE E ste artigo trata sobre o processo de duvidar, questionar e desacreditar,um processo que ao mesmo tempo uma ferramenta poderosa e terrvelnas mos de magistas iniciados que vo pelo Caminho da Mo Esquerda.Esses aspectos do lado escuro do intelecto sero, no curso deste artigo,especialmente analisados a partir de uma perspectiva inicitica samaelita.Fazemos a ns mesmos algumas importantes questes com relao a essaesfera1.

    As concluses aqui apresentadas, ainda que pessoais, podem ser deinteresse para todos aqueles praticantes do Vamamarga2 que, em sua buscapelo Diamante ao longo da vida, iro se encontrar presos perigosa, pormfascinante, teia da dvida e da descrena.

    Por que o iniciado encontra Samael, o Veneno deDeus, a qlipha que questiona Deus e sua criao, emum estgio3 to inicial? Se o veneno o que destrias velhas estruturas e extingue as fronteiras damoralidade, por que no um objetivo final, massim um portal? O que esconde as profundezas doelixir escuro da dvida e do veneno que esto na taade Samael? O que a dvida? Como podemosdefinir a natureza do ato de duvidar? Aparentemente,a dvida no pode subsistir por si mesma e tambm

    ___________1NT: Esfera qliphtica (Samael) da rvore do Conhecimento, ou seja, o outro lado da esfera sephirtica(Hod) da rvore das Vidas da Cabala, relacionada a Mercrio.2NT: Caminho da Mo Esquerda.3NT: Esse estgio se refere a um dos nveis da rvore cabalstica; Samael est em um nvel quasemediano no diagrama da rvore.

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    no pode se alimentar de suaessncia. Para existir, a dvidadeve contar com um objeto,assim como o observador nopode existir sem aquilo que observado. por isso que

    duvidar e questionar tem sidosempre uma das principaisferramentas do Caminho da MoEsquerda. Sat o adversrio;Set o oponente de Hrus; Loke o trapaceiro. Nenhuma dessasforas segue ou obedece aestruturas existentes, mas simbuscam destru-las, mud-las etornar o esttico dinmico.

    Assim, o magista das sombraspode usar a descrena e a dvidapara eliminar as estruturasexistentes das quais ele sealimentou desde seu nascimento.A magia traz consigo anecessidade de fazer cada aoconsciente, levando os adeptos aquestionarem tudo ao seu redor.A dvida pode, desse modo,ajudar a superar os valores e as supersties da religio e da sociedadematerialista e desalmada de hoje, dando ao indivduo uma maneiraalternativa de pensar e agir, longe do materialismo e da espiritualidademonotesta/dogmtica. Sua essncia jaz no ncleo dos ensinamentos doVamamarga, o esquerdo, o invertido, o jeito errado que est fora docaminho ordenado da luz, longe das estruturas ordinrias espirituais emundanas.

    Por outro lado, obviamente, a dvida sozinha no pode ser a base docaminho mgico; somente um acessrio mgico til. Porque a est aprincipal diferena entre magia e religio: a f a aceitao doconhecimento dado por um dogma, ao passo que a magia o conhecimentoque se origina da experincia e da explorao ativa e pessoal dos Mistrios. aqui que a espada de dois gumes da descrena pode atingir com seu golpemais forte. Isso especialmente pode acontecer quando o adepto temeliminado e desconstrudo as velhas estruturas com sucesso. O momento

    em que o magista cruza os portais de Lilith muito delicado; ele deu umpasso alm do limiar do mundano, rejeitando o antigo para abraar aescurido, e os escombros das velhas certezas formando a base para novasconcepes surgidas da prtica mgica e da especulao sobre os Mistriossombrios.

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    opositor nada mais do que um pensamento invertido, apenas umaviso da moralidade comum virada de cabea para baixo, mas de fato nosuperada, transgredida ou destruda. Magicamente, o veneno no abriucaminho para o novo, apenas intoxicou o velho.

    Se fssemos ver Maya5, Lila6, as estruturas da luz mundana como uma cela

    da qual precisssemos nos libertar, poderamos considerar o acimamencionado como uma atitude pessimista com relao dvida como umarota de fuga j preexistente, talvez feita at mesmo por nossos carcereiros. mais fcil quando a encontramos pronta, mas ela conduz para onde ocriador da rota tem inteno de nos levar. O adepto do genuno Caminho daMo Esquerda, em vez disso, liberta-se cavando o tnel com as prpriasmos, ajudado por outros que esto se libertando com ele e aqueles quefizeram isso no passado.

    um modo mais duro, mais doloroso, um processo longo e difcil, mas queleva para onde o adepto quer ir, e permanente, porque se consegueentender o processo de se libertar e criar ao mesmo tempo. O veneno dadvida , portanto, uma das ferramentas fundamentais do CaminhoDraconiano. No um limite, mas sim o oposto: uma porta se abrindo paraa liberdade metafsica. Lilith7 o portal para novos mundos de beleza etrevas; Gamaliel8 o clice que contm o veneno; e Samael o venenoingerido completamente. E esse veneno no serve apenas para eliminar oantigo que restou do magista, mas principalmente para eliminar asestruturasdentro dele: esse o teste verdadeiro. Quando o adepto se tornouvazio de suas verdades e certezas, como acreditava, seu verdadeiro mago exposto. Nessa etapa, o indivduo, por meio de uma reflexo e prticamgica perseverante, poder encontrar conceitos e valores que realmentesero importantes para ele. Se a perseverana e o foco profundo no soexercitados adequadamente, alto o risco da queda, j mencionada, na covado niilismo e do materialismo, vagando desse modo no mar negro que aincerteza filosfica pode causar.

    ___________5NT: Iluso, em snscrito.6NT: Do snscrito, o cosmos como uma diverso, um passatempo, dos deuses.7NT: Esfera qliphtica da rvore do Conhecimento correspondente ao planeta Terra.8NT: Esfera qliphtica da rvore do Conhecimento correspondente Lua.

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    Lcifer no se orgulha de ter criado coisa algumasegundo sua imagem e semelhana. Imagem muitas vezesum reflexo distorcido do original, algo defeituoso,imperfeito. E voc sabe quem realmente peca por ficartodo envaidecido por ter criado algo presunosamenteassim. Lcifer no quer saber de nada disso, pois h coisasmais importantes, interessantes e prazerosas para se ocupar.

    Lcifer se orgulha e muito bem orgulhoso de sua prpriainteligncia, de sua autoconscincia, de sua liberdade.Esse orgulho pode parecer pecado aos olhos de muitos.No sabem que o orgulho pode ser uma verdadeira ddiva

    para a autoestima e para o autoaprimoramento. Essasmarionetes no espelho lamentavelmente no enxergam quesua vaidade exatamente a mesma do senhor que ascriou e que as manipula com tanta arrogncia.

    Portanto, deixe de tolices e use o orgulho em seu benefcio.Vire o vcio do avesso.

    Dr. Adicto

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    APO E COM O DIABO. N O F JA

    Por Nicholaj de Mattos FrisvoldTraduo: Adriano C. Monteiro

    OOOO papel do Diabo na Bruxaria pode ser ummistrio confuso para alguns. Afinal de contas,toda imagem do Diabo est mascarada pelo male pela misantropia, e muitas igrejas edenominaes crists tm dependido dele paraapoiar seus evangelhos. Voc se volta paraDeus porque precisa odiar o mal, traduzido noDiabo. O mal, assim como o pecado, nocompreender, e por isso todas as boas intenesconduzidas por uma mente desalinhada com ocorao podem ser um ninho do mal que evocavibraes negativas para a prpria vida e para ade outros.O Diabo conhecido por seus chifres e cascosfendidos, cauda pontuda e tridente; conhecido

    por muitos nomes e como o arquiteto dos detalhes. Ns o encontramos emencruzilhadas e cavernas, na taberna e na pista, na dana e em cada escolhada vida. Ele algum de quem no podemos escapar, porque ele aparecerem qualquer cruzamento como sendo aquele que desafia voc a trilhar ocaminho do destino. Seu tridente nos diz que ele tem o conhecimento de

    todos os trs estados, e seus cascos fendidos mostram que ele fica no pontoonde o dia vira noite e que ele tem o conhecimento da dade que muitasvezes traduzida como bem e mal.

    Bem conhecido a expresso advogado do diabo, que de fato umalembrana dos seus mais antigos papis. Culturas mesopotmicasconvidavam para os seus julgamentos espritos escondidos em pele evelados no ar e os acusadores espirituais eram chamados de ha-satan. da que encontramos a equivalncia entre Sat e o acusador, que se

    tornaram os sinnimos comumente conhecidos, especialmente com aSeptuaginta 1 em que o adversrio, o Diabo (diabolos) e Sat se tornaram

    ___________1NT: Traduo da bblia hebraica para o grego, traduzida por 72 rabinos, entre os sculos III e I aC.

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    referncias para um e outro. Essa fora tripla muito evidente na estria deJ, em que o Diabo est fazendo claramente o papel de desafiador da f,autorizado pelo prprio Deus. O Livro de J interessante como umdiscurso sobre o porqu de as coisas ruins acontecerem para as pessoasboas. Mas, nesse mbito, deveramos nos focar somente no papel doprprio Diabo como um desafiador divinamente autorizado. Suas outras

    conotaes, tais como Drago, Belial, Prncipe das Trevas e Senhor doMundo so epitfios (sic) melhor abordados de uma perspectiva metafsica,mas deveria ser suficiente questionar como o esprito da oportunidade serelaciona a esses epitfios (sic), isto , como aquele que desafia.

    Para aqueles de corao sbioisso uma coisa boa, porque oDiabo o nico que faz sentidono fluxo da vida. Ele estsempre l no grande plano,atraindo-nos para fora de nossascavernas de tal modo quepossamos ver a glria de estarno fluxo do mundo.Pessoalmente, encontro oDiabo na runaPeorth 2, tanto naencruzilhada da escolha comoda oportunidade, nas cavernas enas razes de cada planta. issoque d a ele uma reputaomisantrpica. Ele sabe, ele d

    mas a escolha no dele, sua. Ao contrrio de nossos colegas aprendizes,ele no interfere em nossa escolha, no julga.

    Na Idade Mdia, ele ganhou popularidade devido a muitos fatores. Era apoca das pragas, da guerra, das revoltas e revolues, e o Vaticano tevesua poca de papas, a maior parte variando em qualidade sem falar dasdiferenas entre o clero e os camponeses em termos de qualidade de vida. O

    Diabo, o acusador superficial, era tambm o nico a levar a culpa. Ele foiculpado pelas ms escolhas dos outros, sobre as quais no foram faladas,mas sim projetadas uma herana que encontramos ainda hoje quandofazemos algum de bode expiatrio e tentamos encontrar culpados emnosso prprio plano de vida mal dirigido.

    Eu vejo o Diabo como aquela rocha na caverna descansando no mastro domundo, l em suas razes. Ele as guas ctnicas3, cinzas e brasas que seinfiltram e protegem as razes.

    ___________2NT: Runa que expressa revelao, segredo, conhecimento oculto, bom pressgio, sorte, jogos,dependendo do contexto e das outras runas.3NT: Da terra, do subterrneo, do submundo.

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    Ento como isso se encaixa na ideia do satanismo? Encontramos aquivrias nuanas e nveis, indo do juvenil ao misantrpico para as maissofisticadas avenidas que apelam para algo parecido com Epicuro. Aqui,encontramos o Diabo entrando em um detalhado jogo de oportunidade eescolha. Acho toda essa conversa sobre poder, fora, o que certo, etc.,comparados ao poder e escurido, um reflexo de umethos 4 guerreiro,

    no encontrando base ou ressonncia alguma. Posso apreciar as correntesmais hedonistas, pois elas exaltam a vida; e eu exalto a vida. No vejocomo o fato de exaltar a vida pode levar ao dio por outras formas de vidaou a um desprezo pela posio em que outros buscadores se encontram.Quero dizer, se eu condeno sua escolha de vida com base em minha vida,estou somente forando um julgamento vindo do mundo da matria. Essasreprovaes so muitas vezes um resultado de eu estar em desequilbrio eanulando aquilo que desafia o meu desequilbrio. Com certeza, o Diaboest l.

    E na Arte do Sbio, o Diabo umcompanheiro constante como omestre de dados e de cerimnia. Elese mostra como a sempre presenteluz da memria ancestral e telrica;ele a luz que d voz natureza, osangue que corre nas encruzilhadas.Sendo a memria da sabedoria, eletambm o conhecimento essa asua maldio. E entre seus cornos,onde jazem os ciclos de mudanas,encontramos a sabedoria do fluxo erefluxo da vida. O mistrio que osangue como o oceano que, dasprofundezas, flui para as praias; aonda da vida. Os sbios eramtradicionalmente aqueles que tinhamalguma noo dessa corrente, e seu

    trabalho estava relacionado a esse fluxo de sangue e mudanas.O Diabo, como o Homem Negro, o nico que porta o basto dapossibilidade e os dados da oportunidade. Sua voz sentida somente pormeio do verbo da natureza e no sopro que acompanha as escolhas. Se ele um adversrio ou um amigo, isso tambm uma escolha nossa feita naencruzilhada. Ele as sombras dos pensamentos que inspiram decises,assim como a fora que desafia voc para as mudanas, para que vocpossa encontrar o seu caminho e obter abundncia. O Diabo a pedra e a

    sujeira em seu caminho, a permanncia temporria e a fonte fresca, assimcomo o veneno e o perigo que voc pode encontrar. Como o poder em sua

    ___________4Caractersticas bsicas de um grupo social, com sua cultura, costumes e tica.

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    raiz, ele tambm a fronteira, o limite de sua paisagem e a marca daaceitao ou negao. Ele tudo isso e muito mais... Ele o inimigo dohomem somente se voc fizer essa escolha, porque ele pode ser a brasaardente em seu corao, que toma forma na intuio, tanto como seuprprio e pior inimigo...

    SSSS_______________Nicholaj de Mattos Frisvold psiclogo, antroplogo, astrlogo tradicional e estudioso deocultismo, bruxaria tradicional e matrias correlatas. autor de diversos livros, entre eles Arts ofthe Night, Craft of the Untamed, Palo Mayombe: The Garden of Blood and Bones .www.starrycave.com

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    o que significa um fluxo interminvel vindo detrs dias a uma semana (para algumas mulheres).Isso bem irritante. No temos como reter essefluxo como se fosse uma excreo qualquer denosso corpo, pois no h esfncteres que possamparar a menstruao. bem incmodo, acredite;

    e nos dias de calor, muito pior. Se o senhorSamael tivesse experimentado essa sensao, provavelmente entenderia anossa necessidade de que seja redobrada a higiene pessoal nesse perodo.Fora o desconforto do uso de absorventes (muito quentes, normalmentefeitos de uma fibra de algodo, plstico e cola), esquecer esse apetrechoindispensvel ao sair de casa a condenao da mulher ao ridculo andarpor a manchada, ou implorar para outra mulher a gentileza de ceder umabsorvente em caso de emergncia.

    O fluxo menstrual, para os homens que aqui possam saber, no tem atextura de sangue, bem mais viscoso. Ainda que incmodo, no sujo esim muito nutritivo, pois sabemos que parte do endomtrio que sedesprende quando no h fecundao do vulo. No endomtrio, o fetoacomoda-se e nutre-se durante a gestao, assim como muitas espciesdesenvolvem-se nas guas escuras dos mangues antes de alcanar o mar. um ambiente frtil como o ventre da terra.

    Ento imagine como bestial serfmea.

    A gestao apesar da parte belaque gerar um filho e do amormaternal manifesto umperodo em que, de certo modo, amulher parasitada por outro serque se alimenta de seu corpo.Comuns so as hipovitaminoses ea falta de outros elementos e

    nutrientes na gravidez. Omagnsio um dos metais que seperdem em maior quantidade eque importante para oequilbrio emocional e alvio doestresse. Da, talvez, a maiorcausa fisiolgica da irritao naTPM. Mas o magnsio de fcilreposio. Falam-se ainda da

    deficincia na produo desubstncias como serotonina etriptofano, essenciais para o bem-estar e disposio. Assim, as mulheres mais depressivas tm predisposiopara sentirem-se piores nessa fase.

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    A mulher d de si para gerar outra vida, e isso to altrustico quantogrotesco, pois esse ser no ir devolver me todos os nutrientes que tiroudela. A me consensualmente vampirizada por toda sua gestao; comose a mulher fosse um vetor. E essa relao de sangue pode ser vistatambm entre os insetos hematfagos. Por exemplo, a fmea que nos picapara alimentar seus filhotes com sangue; o pernilongo macho se alimenta

    de nctar de flores e frutas (bem mais apetitoso, no ?).H referncia sobre a menstruao nos Eddas , da mitologia nrdica, sobreFreya cavalgando o mundo em busca de seu amado Ottar2, derramandosuas lgrimas vermelhas sobre o mar e a terra. Essas lgrimas tambmforam chamadas de ouro vermelho, o qual faz referncia ao Elixir Rubeus .O Elixir Rubeus tambm mencionado em Thelema, em que Babalon aexpresso do feminino primitivo, do impulso e da natureza sexuais. Elateria um aspecto mais terreno, saturnino, voltado para a fecundidade. AMulher Escarlate, como tambm era conhecida, poderia ser perfeitamenteas mulheres devotadas s prticas de magia sexual, o que no causanenhum estranhamento aos praticantes do Caminho da Mo Esquerda ou ssuvanis 3 que praticam oSahaja Maithuna , no tantrismo. O fato que amenstruao umkala poderoso, como outros fludos corpreos que soutilizados em magia (o que no cabe detalhar aqui).

    De uma forma ou de outra, amenstruao no um reles sangramentoou uma ferida na natureza feminina.Certamente, muitos de ns j fizemosquestionamentos sobre o porqu de amenstruao ser to desagradvel. Seno bastasse a perda de sangue, temossintomas muito incmodos que nosacompanham durante esse perodo. Ouantes. a tal TPM (Tenso Pr-Menstrual). Algumas mulheres no tmsintomas desagradveis na menstruao,

    mas pelo menos oitenta por cento de nssente-se muito mal nesse perodo ou temalgum desconforto normalmente,

    muito desconforto mesmo, at mesmo de natureza emocional.

    Se fssemos mais afeioadas aos deuses e deusas lunares, s deusas ligadasao ventre da terra, scubas e outros tipos de espritos (os demnios esto aonosso servio ns, da Mo Esquerda, sabemos bem), a coisa poderia sermais simples ou menos dolorosa. Mas sabemos que a vida no nos espera.

    Vivemos num mundo pasteurizado e mal nos percebemos, pois no temos___________2Amante e protegido de Freya.3Do snscrito: dama de cheiro adocicado, mulher que pratica magia sexual.

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    mais tempo para sentir o chamado da natureza. O ciclo menstrual estligado aos ciclos da lua; no perfumaria nem ilusionismo. H certosperodos lunares, os quais conhecemos, em que no nascem os bebs.

    Em magia, o norte o azimute das sombras,onde se encontra asephira Daath4, a qual

    considerada um portal para o subconsciente.Durante o perodo menstrual, quando nosreferimos s sombras, estamos tambmimergindo nossa mente nas implicaes dagerao da vida e seus mistrios, do ventre daTerra, e tambm imergindo no comportamentosombrio que acompanha a mulher durante seuperodo reprodutivo.

    Vale dizer que a mulher em si um ser complexo e que temos um humoresporadicamente oscilante, muitas vezes com um comportamentoexplosivo. Temos uma tendncia inexplicvel a nos defendermos de outrasfmeas, pois nem sempre somos gentis o suficiente umas com as outras.Essa competitividade animalesca no tem sido muito agradvel nem muitosbia.

    Alm do instinto de preservao da espcie, a dominao das religiespatriarcais, em que se valoriza a mulher submissa, casada e parida, deixou omundo feminino encerrado em dogmas estpidos e grilhes. Ainda vivemosnum mundo onde mulher critica mulher pela pouca vaidade (que confundida com pouca feminilidade), critica aquela que no deseja terfilhos e discrimina aquela que opta pela carreira profissional em vez de sededicar aos afazeres domsticos. Os homens no parecem perder essetempo intil criticando uns aos outros. Menos distraes fteis nos levariammais longe.

    A delicadeza de alma passa longe de criaturasagressivas que somos, com instintos bestiais queno nos diferem das leoas nas savanas, se no

    tomamos o controle de nosso comportamento degrupo. Mulher no sexo frgil, e quem proferiuessas palavras nunca conheceu uma mulher bem deperto. A forma delicada tem sua funo atrativa eadequada aos seus instintos de perpetuao daespcie. Podemos at ostentar uma aparncia frgil,mas a resistncia uma poderosa e til autodefesa.

    O ato da criao envolve muito mais do que simples cpula e fecundao.

    Segundo Kenneth Grant5

    , dos portais surgiu a vida, a entrada deu passagem____________4Do hebraico: Conhecimento. a esfera cabalstica da rvore do Conhecimento.5GRANT, Kenneth. Nightside of Eden . London: Skoob Books, 1994.

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    s formas desconhecidas (teratomas tifonianos) atravs de Choronzon (oPortal do Abismo), rumo ao reino da existncia manifesta por meio daMulher Escarlate e de seu Elixir Rubro que nutre a vida quando no eliminado como menstruao.

    O fluxo menstrual, com seu aspecto

    sanguinolento, brotando do interior do corpo damulher, era fruto de medo e repulsa para ahumanidade at a cincia colocar um fim nasuperstio e romper com os tabus. Comosabemos, a mulher, pela legislao brasileira, temuma atenuante ao cometer crimes no perodomenstrual ou no perodo que o precede (TPM).

    Durante a TPM e a menstruao voc comumenteir presenciar manifestaes grosseiras de humor do tipo que vontade dematar, nos arroubos de fria frustrada. claro que se trata de uma forade expresso em vez da realidade dos fatos, at porque o autocontrole quesito indispensvel em questes de sade mental. A oscilao de humornesse perodo algo muito ruim de lidar; depende somente da disposioda mulher para evitar que o humor explosivo cause grandes estragos.

    O universo onrico feminino pode setornar muito sombrio e tambmconfuso. possvel que demnioslunares nos visitem nesse perodo(ou quaisquer outros habitantes dobaixo plano astral). Os ncubospodem aproveitar a vulnerabilidadedo humor e a presena iminente damenstruao comokala , que umfacilitador desses contatos ruins para as mulheres em geral e teis para aspraticantes de magia de Mo Esquerda. Conversando com muitas mulheressobre seus sonhos, pode-se perceber que as narrativas so muito similares:

    traio ou morte do parceiro; brigas furiosas com algum; ou que aindatm sonhos com transformaes, em que o sonho comea com vocconversando com algum de sua convivncia e essa pessoa se transformaem outra no decorrer do sonho, at mesmo na aparncia.

    Os sintomas fsicos e as oscilaes de humor e de apetite so os maisconhecidos. Quando menstruamos, segundo alguns especialistas, perdemosuma quantidade considervel de sais minerais e vitaminas, e umaalimentao pobre desses nutrientes pode agravar o quadro. O estresse

    dirio da mulher de hoje tambm no uma boa combinao para a TPM.As mulheres ganharam o mercado de trabalho, mas no conseguiram aindase livrar da ordlia das tarefas domsticas, desgraadamente cansativas eenfadonhas. No , portanto, permitida a elas sequer a oportunidade de

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    ficarem cansadas e se regalarem com atividades mais prazerosas einteressantes enquanto um fio de sangue incessante que dura alguns diasescorre-lhes as pernas, todo ms, por aproximadamente 35 a 40 anos de suavida. Ainda que a mulher se arrume, o inchao ajuda a estragar a silhuetanesses perodos. Mas a mulher do Caminho da Mo Esquerda est ciente deseu papel social e psicomental e sabe quais so suas atribuies nas prticas

    mgicas nesse perodo.A religio patriarcal jamais estender a mo a umamulher na TPM que est furiosa e reclamando desua sorte, e ainda ser hostilizada e tomada porhistrica. As escrituras machistas talhadas pormisginos ainda diro que a mulher nesse perodo impura, perniciosa e pecadora, pois mulher nopode haver outro sentimento que no seja amar eentristecer-se, pois todo o resto no lhe serpermitido sentir. surpreendente que as mulheresainda consigam unir suas mos em prece aosdeuses que as abominam. Alm disso, h muitas piadas sobre a TPM que osmachos grosseiros gostam de contar; mas raramente eles mantm o bomhumor depois de colher os frutos de suas palavras incautas.

    Os arqutipos Lilith, Sekhmet, Hcate,Kali, a Negra, etc., mostram bem o querepresenta ser mulher nesse perodo,pois elas personificam o lado obscurodo endomtrio que recebe a vida e ali acontm durante meses. O tero e oendomtrio composto de sangue eoutras substncias nutritivas est longede ser algo impuro ou imundo; smesmo as religies e uma legio depessoas ignorantes acreditam nisso.No se pode categorizar a menstruao

    como algo imundo e maldito quando setem a certeza de que ali na escurido domundo, a mulher gera dentro de si adelicadeza da criao.

    SSSS_______________twitter.com/femmequeditnon

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    C IDADO! O C E INO E O EMPALADO !

    A A A

    Por Diamanda Gals

    Traduo: Adriano C. Monteiro

    NNNN os ltimos anos, tem chamado aminha ateno o fato de as crticas comrelao a muitos de meus colegas seremprecedidas pelas palavras: Emboratenha 45 anos, ele ainda um artista depeso ou Parecendo mais velho do quea ltima vez em que o vimos, ele ainda

    convence. Agora o momento de dizeras seguintes palavras aos cretinosanmicos que escrevem essescomentrios de virtuosos: Apeguem-ses resenhas da vida vegetal e deixem asbruxas em paz.

    Verdadeiros artistas, como Liszt, Horowitz1, Birgit Nilsson2, muitas vezestem uma carreira extremamente longa e ainda continuar se apresentandodepois que sua3 vida seja diminuda por tropear na bicicleta de seu filho eser empalado na rvore de natal de sua esposa.

    Um grande artista um vampiro. Ns treinamos para ser assim; treinamospara entrar no Panteo. claro que somos punidos por isso, mas no maispelos deuses, que tm se retirado para sempre em desespero to tnue seu reflexo sobre os humanos que uma vez os desafiaram , e sim pelasmentes minsculas devoyeurs paralisados que so incapazes de discutirnosso trabalho em qualquer nvel, jamais literal, e agora nem figurativo.___________

    1NT: Vladimir Samoylovych Horowitz (1903-1989), pianista erudito virtuose ucraniano, conhecido porsua maestria em interpretar Rachmaninoff.2NT: Mrta Birgit Nilsson (1918-2005), cantora soprano sueca, famosa por atuar especialmente emperas de Richard Wagner, Richard Strauss, Giuseppe Verdi e Giacomo Puccini.3NT: A vida dos cretinos anmicos referidos anteriormente.

    F o t o :

    K r i s

    t o f e r B u c

    k l e ,

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    Se um artista aparece calvo ou de cabelos brancos no palco, depois de vocno t-lo visto por dez anos, isso no comentrio para uma resenhamusical. Citarei Gregory Sandow4, que escreveu que se Charlie Parker5 seapresentasse somente de cueca ou no, seria irrelevante como ele toca.Liszt, o mestre do piano, apresentava-se com longos cabelos brancos e nomenos por sua idade. Vladimir Horowitz, Arthur Rubinstein6 e Mary Lou

    Williams7

    foram mestres apenas poucos dias antes de morrer. SonnyRollins8 no pode ser condenado ao tmulo, que habitado por mentespequenas que espreitam como vermes esperando por carne fresca. E paraescapar desses vermes, escolhemos ser cremados.

    Voc no pode executar mortais superiores s porque voc deseja substitu