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1 imagens humanas JOÃO ROBERTO RIPPER

RIPPER Imagens Humanas

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imagens humanasJ O Ã O R O B E R T O R I P P E R

Ripper, JoãoRoberto

Imagens humanas / JoãoRoberto Ripper; organizadores: DanteGastaldoni eMa-riana Marinho; textos de Carlos Walter... [et al.];tradução: James Mulholland. —Riode Janeiro: Dona Rosa Produções Artísticas, 2009.

240p. : il.

Textos em português einglês.ISBN978- 85- 62975- 00- 4

 1. Fotografia depessoas.2. Brasileiros – Fotografias.3. Brasileiros – Condições sociais – Fotografias.4. Retratos.

I. Gastaldoni, Dante. II. Marinho, Mariana. III. Título.

CDD – 778.92

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FotosJoão Roberto Ripper

TextosCarlos Walter

Dante GastaldoniEmir Sader

Mariana Marinho

CoordenaçãoEditorialDante Gastaldoni / Mariana Marinho

Pesquisa defotos noacervoElisangela Leite da Cruz e I ngrid Cristina Pereira

ProduçãoMarcela Sá

AssistentedePr oduçãoHelena Marinho

RevisãoLaura Figueira

TraduçãoJames Mulholland

Marketing CulturalXênia D’Avila

CoordenaçãoGráficaDona Rosa Produções / Mariana Marinho

ProjetoGráficoClarice Soter + Eneida Déchery

Tratamentode imagemEneida Déchery

ProduçãoGráficaCaio Fábio Machado

Impressãoem CTPBurti Gráficos

Apoio

 

Copyright© 2009, Dona Rosa ProduçõesCopyrightde fotos © 2009 João Roberto Ripper

Éproibida a reprodução total ou parcial sem a expressaanuência dos autores.

Todos os direitos protegidos pela Lei 9610, de 19/02/1998,ereservados à:

Dona Rosa ProduçõesCel.: (21) 9766-6829

[email protected]

Photos

Texts

 

Editorial coordination 

Photography archives research 

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Production assistant 

Revision 

English translation 

Cultural marketing 

Graphiccoordination 

Graphicdesign 

Treatmentofimage 

 

Graphicproduction 

 CTP printing 

 

Sponsor 

 

Copyright© 2009, Dona Rosa Produções Photography copyright© 2009 João Roberto Ripper Total orpartial reproduction is forbidden withoutthe express authorization ofthe authors.

All rights protected by Law 9610, dated 19/02/1998,and reserved by:Dona Rosa ProduçõesCel.: (21) 9766-6829 [email protected] 

Investir em Cultura, em todas as suas linguagens e expressões, tem sido uma importante fonte

de parceria entre as empresas e os artistas; agentes responsáveis por escrever diariamente uma história

estética do nosso tempo. Uma parceria em que a cultura segue fortalecida pela possibilidade de ser

viabilizada em escala ampliada.A responsabilidade cultural das empresas expressa-se não apenas no investimento privado na

promoção das culturas, mas também, e principalmente, no engajamento com a sociedade em prol de sua

sustentabilidade, promovendo o registro da memória de seus hábitos e, principalmente, de suas ideias.

A Souza Cruz  demonstra o seu compromisso com a cultura brasileira, ao participar do projeto

Imagens Humanas, captado com brilhantismo pela lente de João Roberto Ripper.

Investing in culture, in all its varied forms oflanguageand expressions, is an importantsource of partnership

between companies and artists, who arethe agents responsiblefor registering each day theaesthetichistory of our 

era. This partnership strengthens cultureby making projects feasible on a broaderscale.

The cultural responsibility of corporations is expressed notonly through privateinvestment in promoting

the various forms of culture, but also and mainly through engaging with society for the sake of its sustainability by

promoting theregisterof thememory of its habits, and especially ofits ideas.

Souza Cruz demonstrates its commitmenttoBrazilian culture by participating in the Human Images project,

sobrilliantly captured in thelens ofJoão RobertoRipper.

SOUZA CRUZ

Ao patrocinar a edição de   Imagens Humanas, a Oi - uma das maiores investidoras brasileiras

na área cultural -, reafirma seu apoio a projetos que estimulam a reflexão e traduzem as tendências

artísticasde um novo século, onde a fotografia sobrevive e se renova, ao lado do vertiginoso avanço da

tecnologia, de virtualidade e da integração das novas mídias. Assim como a Oi, que está em todo o Brasil,a obra de Ripper documenta a existência de um Brasil intensamente ligado a suas raízes. De um Brasil de

pessoas que protagonizam, no dia a dia, suas próprias histórias.

By sponsoring theedition of  Human Images, Oi - oneofthe Brazilian corporations thatmost investin thearea

of culture – reaffirms its supportfor projects that stimulatereflection and translatethe artistictrends of this new

century in which photography survives and is revived amidstthe dizzying advanceof technology, virtual reality and the 

introduction ofnew media.

JustlikeOi, which covers thewhole of Brazil, Ripper’s work documents the existenceof a country that is

intensely attached toits roots. A Brazil peopled by protagonists whoeach and every day write theirown history .

OI

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Percebi que o prazer de realizar este livro não é apenas acolher a beleza das imagens, mas o silêncio

feroz que transmitem. Com todos os seus ruídos incômodos de desespero, a fala mansa da sensualidade

e os gritos do belo.

Now Irealizethat thepleasureof working on this book is enjoying notonly thebeauty ofthe images butalso the 

ferocious silencethatthey convey. Through all theirtroubling noises ofdespair, wehearthe softvoice ofsensuality, we 

perceivehow beauty cries out.

MARIANA MARINHO

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EMIR SADERSociólogo e cientista político formado pela USP, Emir Simão Sader é

um dos organizadores do Fórum Social Mundial e dirige o Laborató-

rio de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro,

onde atua como professor de Sociologia.

Sociologist and political scientist graduated from the University of São Paulo,

Emir Simão Sader is one of the organizers of the World Social Forum and di-

rector of the Public Policies Laboratory at the Rio de Janeiro State University,

where he teaches Sociology.

A fotografia cruzou todo o século XX sob a ameaça da sua superação e até

mesmo extinção, com a aparição e generalização do cinema, primeiramente, da tele-

visão – e todos seus subprodutos – depois. No entanto, a magia da fixação de momen-

tos, com a projeção de fisionomias, de gestos, de situações, além da perícia de gran-

des artistas, permitiu que a fotografia entrasse no século XXI com o vigor renovado da

sua capacidade de transmitir realidade e humanidade.

 Como entender, de outra maneira, que a imagem mais vista no mundo, é a de

uma foto singela, que fixou um momento determinado, cheio de significado, como a

foto universalizada do Che? A imagem que percorre o mundo milhares de vezes todos

os dias fixa a fisionomia da inteireza de caráter, da indignação, da dureza e da ternura

sintetizadas em uma imagem insuperável do nosso tempo.

 Na era das imagens, o Brasil projetado no imaginário das pessoas não o é país

realmente existente, é o das telenovelas. Há regiões e espaços privilegiados – os J ar-

dins, em São Paulo, a Zona Sul do Rio -, mas o Brasil do cotidiano não existe.

  Nesse imaginário virtual ninguém trabalha, os sofrimentos são apenas amo-

rosos, não há relações sociais, nem relações de poder, nem classes, conflitos cole-tivos, ideologia. São indivíduos soltos no mundo, conforme a utopia liberal, relacio-

nando-se entre si.

  É a sociedade projetada pela televisão diretamente no imaginário das casas

das pessoas, o contraponto da vida que realmente levam. Há diferenças sociais, mas

não interesses de classe. Há conflitos, mas não contradições, há pessoas, mas não

classes. Não há repressão, não há desalojo, não há enxadas, fornos, crianças traba-

lhando, população de rua, pessoas abandonadas, filas em hospitais. Há riqueza, mas

não miséria, há ficção, mas não realidade, há estúdios, mas não país.

  Esse Brasil invade não apenas o imaginário das pessoas, mas também o cine-

ma, a imprensa em geral, alheios ao Brasil realmente existente. Este é resgatado pela

fotografia, especialmente por fotógrafos alternativos – em que a expressão alternativa

tem um sentido estranho, porque na verdade se trata do Brasil real.

  Ripper é a melhor expressão do resgate da fotografia para que os brasileiros

possam resgatar o país realmente existente. Como fotógrafo apegado aos brasileiros

– as crianças, as mulheres, os idosos, os trabalhadores – no seu cotidiano: sofrendo,

sorrindo, brincando, vivendo. Nas fábricas, nos assentamentos, nas ruas, nas praças,

nas favelas, nos casebres – onde realmente vive a grande maioria dos brasileiros.

 Aí estão o s indígenas, os mineiros, as crianças pobres brincando e trabalhando,

os pescadores, os sem-terra acampados, os assentados e duas escolas e suas mar-

chas e suas lutas, as populações de rua catando lixo, as famílias enterrando a seusmortos. Enfim, a vida diária e sofrida dos brasileiros, que as fotos de Ripper permitem

que conheçamos, que não desapareçam da nossa visão, do nosso imaginário e das

nossas preocupações centrais, soterradas pelo vendaval mediático.

 Dizer que Ripper é um fotógrafo, é redutivo. Dizer que ele é um militante, é reduti-

vo. Ripper é um brasileiro, um humanista. Sua obra é o melhor patrimônio fotográfico do

Brasil real. Mas faz parte da sua obra sua capacidade de retratar as lutas dos movimen-

tos populares brasileiros. Faz parte a formação de fot ógrafos que multipliquem a capa-

cidade dos militantes dos movimentos populares para retratar seu próprio mundo,

Com tudo isso, Ripper já inscreveu seu nome entre os grandes brasileiros do

século XXI.

Photography crossed the20th century threatened with being left be-

hind and even madeextinct with theappearanceand widespread popularity

first of the cinema and then television and all its by-products. Nonetheless,

themagicof fixing momentsby projecting faces, gesturesand situations, plus

theexpertise of greatartists, allowed photography to enterthe 21stcentury

with itscapacity to transmitreality and humanity endowed with new vigor.

 How elseto understand thatthe imagemost seen throughoutthe 

world isa simplephoto that caughta certain momentfilled with meaning –

thepicture ofChe Guevara madeuniversal?The imagethat travelsthe world

thousandsof timesevery day fixesa facethat conveysintegrity ofcharacter,

indignation, hardnessand tenderness, all ofthis synthesized in an incompa-

rableimageof ourtime.

 In theera ofimages, theBrazil projected in people’simagination isnot 

thecountry that actually exists, butratherthe country shown in soap operas.

Thereare privileged regions and spaces– the Jardinsneighborhood in São 

Pauloand theSouth Sideof Rio– buteveryday Brazil doesnotexist.

  In thisvirtual imagination, no-oneworks, what little suffering there is

hasto dowith love affairs, thereareno social relations, no powerrelations,or classes, collectivec onflicts, ideology. Justindividuals drifting loosein the 

world - in keeping with theliberal utopia – and relating only to oneanother.

Thisisthesocietyprojectedby televisiondirectlyon theimaginationof 

people´shomes,thecounterpointof thelifetheyreallylead.Therearesocial

differences,butno classinterests;thereareconflicts,but nocontradictions;

therearepeople,butnoclasses.Thereisno repression,noeviction,no hoes,

nokilns,no childrenworking,no streetpopulation,no peopleabandonedby

theirfamilies,nolinesat hospitals.Wealththereis,butthereis nomisery;fiction

thereis, butno reality;thereare studioapartments,butthereis nocountry.

ThisBrazil invadesnot only people´s imagination, butalso thecinema

and the pressin general, quitealien to theBrazil that really exists. Thisreal

Brazil isrescued by photography, and most notably by alternativephotogra-

phers– here theexpression alternativehasan unusual meaning, becausein

factthisisthetrueBrazil.

Ripperis thebestexampleofphotographybeingrescuedsothatBrazilians

canreclaimthecountrythatreallyexists.Asa photographerattachedtoBrazilians

–children,women,theelderly,theworkers–intheireverydaylives,suffering,smil-

ing,playing,living.In thefactories,farmingsettlements,streets,squares,slums,

hovels–therewherethegreatmajorityof Braziliansreallyleadtheirlives.

Herewe seeIndians, miners, poor children atplay and atwork, fisher-

men, thelandlessin theircamps, settled farmers and twoschools and their 

marchesand struggles, thestreet population scavenging in rubbish, families

burying theirdead. In short, thelong-suffering life of each and every day inBrazil as photographed by Ripperto enableus tobecomefamiliarwith it so 

thatit doesn’tvanish from ourvision, from ourimagination and ourkey con-

cerns, all buried deep by thewindstorm ofthe media.

Tosay thatRipperisa photographeristo say little. To say thatheisa

militant is to say even less. Ripperis a Brazilian, a humanist. His work isthe 

bestphotographicheritageof thereal Brazil. Butpart ofhis work liesin his

capacity to portray thestruggles ofBrazil’s popularmovements. Hebelongs

totheteam ofphotographerswhomakemilitantsofthepopularmovements

morecapable ofportraying theirown world.

Itis thanksto all thesequalitiesthatRipper’snamehasalready been

written among thegreat Braziliansof the21st century.

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As máquinas de fotografar são, como o nome diz, registros de luz. Grafam a

luz. A luz (foto) é algo mais do que o que vem do Sol. É interação entre o Sol e nós em

vários sentidos. É verde: “Luz do Sol/ Que a planta traga e traduz/ em verde novo”...

enquanto fotossíntese que o poeta criativamente registra e que nos alimenta o espírito

e é energia do prato de comida que os agricultores criativamente nos dão. Vivemos

um mundo onde o fetiche das máquinas esconde o fato de que não há máquina sem

sujeito que as tenham intencionalmente moldado. Assim, embora as máquinas de fo-

tografar sejam chamadas de objetivas, elas só existem por meio de quem clica, de

quem mira. Enfim, interação objetividade/subjetividade. As máquinas de fotografar

não retratam o mundo. Elas criam mundos de significação, a única maneira de os hu-

manos existirem. Somos seres que só existimos por meio de signos, de significação.

Nenhuma imagem pode conter o mundo na sua mundanidade. O mundo sempre é

mais do que a representação que dele se faz. Sempre é possível representá-lo de outra

maneira, de outro ângulo. Enfim, as imagens nunca são neutras, são sempre posicio-

nadas. Há que se ajeitar o corpo para se encontrar o ponto de luz e, assim, criar novos

mundos de significação.

Assim é Ripper. Um fotógrafo que busca um outro mundo, distinto das ima-

gens que só vêem bala perdida quando elas não acham um pobre-quase-sempre-negro-morador-da-periferia. Ripper se aproxima das periferias sociais estejam elas

no centro das Marés-da-Vida, estejam nas carvoarias onde índios-mulheres-negros-

crianças preparam o ferro-gusa das usinas privatizadas que exportam para proveito

do primeiro mundo e nos deixam rejeitos, e não só de poluição. E, ainda ali, Ripper

ajeita o corpo, sente a luz, e nos revela, depois de suavizá-la, o brilho de um olhar

que teima em sonhar com outro mundo. São fotos com histórias. Sua imagem traz o

seu gosto pelas pessoas que estão nas fotos. Nos convida a criar mundos com esses

outros que nos dão vida.

Eis Ripper, um fotógrafo que não só fotografa mas sabe que f otografar é dar luz

a novos mundos.

Photography machines, asthe namesays, areregisters of light. They

spell out thelight. Light(the photograph) is something more than whatco-

mesfrom thesun. It isthe many formsofinteraction between thesun and us.

It isgreen: “Lightof thesun / thatplantsswallow and transform / intoa new

green”... likethephotosynthesis creatively registered by thepoetto nourish

ourspiritand liketheenergy oftheplateof food thatthefarmerjustascrea-

tively offersus. Welive in a world wherethe fetish ofmachineshidesthe fact 

thatall of them havebeen intentionally madeby someone, by somesubject.

So, although photography machinesare called objective, they only exist by

virtueof someonewho focusesand pressesthe button. In short, theinterac-

tion between objectand subject. Photography machinesdo not portray the 

world. They createworlds of significance, theonly way forhuman beingsto 

exist. We arecreatureswho exist only by meansof signs, significance. No 

imagecan contain the world in all its worldness. Theworld is always more 

than therepresentation thatis madeof it. It isalwayspossibletorepresent 

it in anotherway, from anotherangle. In fact, imagesare neverneutral, they

alwaysadopta position. Thebody hastobe turned in ordertofind thecorrect 

pointoflightsoas tocreatenew worldsofsignificance.

Thatis howit is withRipper. A photographer wholooks for another 

world,onedifferentfromthe imagesthatseenothingbutstraybulletsor else somepoor,almostalwaysblackmanwholivesoutintheoutskirtsoftown.Ri-

ppergoesouttotheperipheryofsociety,beitrightinthemiddleofsomeMaré 

slumor insome charcoalkilnwhere IndiansandwomenandNegroes andchil-

drenpreparethepig-ironof theprivatizedmillsthatexport forthebenefitof the 

FirstWorldand leaveusthe dross,andnot justthedross ofpollution.And even

thereRipperadjuststhebody,feelsthelight,softensit,andthenrevealstous

theshinein aneye thatstubbornlydreamsof anotherworld.Thesephotos tell

stories.Theirimagerevealshisloveforthepeopleinthephotos.Heinvitesus

tocreate worldsthroughtheseothersthat giveus life.

Thisis Ripper, a photographerwho notonly photographsbut knows

thatto photograph isto shed lighton new worlds.

CARLOS WALTERCarlos Walter Porto-Gonçalves é professor de Geografia Social na

Universidade Federal Fluminense, atuando como pesquisador do

CNPq e do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais. Em 2008,

recebeu o prêmio Casa de las Américas , Cuba.

Carlos Walter Porto-Gonçalves is a professor of Social Geography at the Flu-

minense Federal University and researcher at the National Research Council

and the Latin American Council for Social Sciences. In 2008 he received the

Casa de las Américas prize awarded in Cuba.

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DANTE GASTALDONIÉ professor de Fotojornalismo na Universidade Federal Fluminense e

na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Desde 2005, atua como

coordenador acadêmico da Escola de Fotó grafos Populares, na Fave-

la da Maré, Rio de Janeiro.

Professorof Photojournalism atthe FluminenseFederal Universityand theRio

deJaneiro FederalUniversity,since2005 hehas workedas academiccoordina-

torattheSchoolofPopularPhotographersin theMarésluminRiode Janeiro.

João Roberto Ripper Barbosa Cordeiro foi o segundo dos sete filhos de seu

Thomaz Edson Barbosa Cordeiro, um cearense forte e romântico, que veio para o Rio

de Janeiro num pau de arara, e de dona Maria Dinah Ripper Cordeiro, uma carioca bai-

xinha, magrinha, sempre preocupada em ajudar aos outros. A eles, o fotógrafo atribui

uma forte influência em sua temática humanista: “Tanto a minha mãe, pela generosi-

dade, como o meu pai, pela sua paixão, influenciaram o meu trabalho. Hoje, quando eu

fotografo as pessoas, eu procuro ver o afeto, a beleza e a sensualidade de cada uma

delas. Enfim, acho que esses princípios, de respeito ao outro, de solidariedade, estão

ainda hoje muito presentes em mim”.

Seja por obra do acaso, seja por uma simples questão de coerência, esse jo-

vem carioca, morador da Tijuca e torcedor do Vasco da Gama, acabou ingressando

no mundo da fotografia justamente pela porta da solidariedade. Foi quando cursa-

va o ensino médio na Escola Hélio Alonso e questionou seu professor de Português

sobre a interpretação de uma poesia de Camões, sendo maciçamente vaiado pela

turma, até que um único colega solidarizou-se com ele: era o fotógrafo Júlio César

Pereira, até hoje seu amigo, com quem Ripper aprendeu os rudimentos da lingua-

gem fotográfica.

Em 1974, aos 19 anos, começou a trabalhar como fotojornalista na Luta Demo-

crática , passando pelo Diário de Notícias e pela sucursal carioca do jornal O Estado de

São Paulo , até chegar, dois anos depois, ao jornal Última Hora , onde permaneceu por

cerca de quatro anos. Na sequência, teve uma breve passagem pelo jornal Hora do

Povo , de onde saiu para f ixar-se, pelos próximos cinco anos, no j ornal O Globo .

Ao longo desse período em que militou na chamada grande imprensa, Ripper

não apenas aprimorou sua fotografia, como sua combatividade. A intransigente de-

fesa de suas convicções políticas custou-lhe um sem-número de retaliações durante

a década de 1980, quando liderou um movimento pela valorização da profissão do

João Roberto Ripper Barbosa Cordeiro was the second of the seven

children born to Thomaz Edson Barbosa Cordeiro, a strong, romantic manfrom the Northern State of Ceará who came down to Rio de Janeiro on a

truckload of immigrant workers, and Maria Dinah Ripper Cordeiro, a short,

thin Carioca always concerned with helping others. The photographer at-

tributes to them a deep influence in the humanistic themes of his work:“Both my mother, through her generosity, and my father, through his pas-

sion, have influenced my work. When I photograph people today, I try to

see the affection, the beauty, the sensuality in each one of them... In fact,I think that these principles of respect and sympathy for others have re-

mained very much with me.” 

Whether by chance or simply as a question of coherence, this young

Carioca, who lives in Tijuca and supports the Vasco da Gama football team,ended up joining the world of photography precisely because of solidarity.

This was when he was at Hélio Alonso High School and one day questioned

his Portuguese teacher about the interpretation of a poem by Camões andwas booed by the whole class. Only one classmate took his side: photog-

rapher Júlio César Pereira. To this day his friend, it was Júlio César who

taught Ripper the ins and outs of the language of photography.In 1974, at the age of 19, he began to work as a photo-journalist in the

Luta Democrática newspaper, then went to the Diário de Notícias and the

Rio branch of the O Estado de São Paulo. He reached the Última Hora two

 years later and stayed for about four years, before spending some time inthe Hora do Povo, which he left to remain for five years in the O Globo.

Throughout the period that he worked in the so-called large press,

Ripper improved not only his photography but also his combativeness. The

intransigent defense of his political convictions cost him endless retalia-tions during the 1980s, when he led a movement to valorize the profession

of photographer-reporter by demanding credit for photographs, approv-

al of a table of minimum prices, and the fight for freedom of expression

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repórter fotográfico, por meio da exigência de crédito nas fotografias, da aprovação

de uma tabela de preços mínimos e da luta pela liberdade de expressão (1982/83), en-

volvendo-se diretamente na mobilização da categoria para a documentação da cam-

panha pelas Diretas Já  (1984), quando milhões de brasileiros foram às ruas clamando

pelo fim do regime militar – que já se alongava por 20 anos – e pelas eleições diretas

para a presidência da república.

Pouco tempo depois, incompatibilizado com a cobertura fotográfica praticada

pela maioria dos principais jornais brasileiros, que ele sempre considerou “nociva à

pobreza”, migrou para a “lendária” F4  – talvez a mais bem-sucedida experiência de

agência fotográfica independente em nosso país –, onde consolidou o aprendizado

necessário para fundar o Imagens da Terra , um centro de documentação que teve

destacada atuação entre 1991 e 1999, período em que Ripper fotografou as ligas cam-

ponesas, os povos indígenas e o trabalho escravo nos confins do Brasil, quase sempre

em condições degradantes, sem nunca negar aos fo tografados a dignidade que trans-

borda de seus retratos e histórias de vida. Essa peregrinação por locais recônditos e

insalubres rendeu ao fotógrafo quatro malárias e uma septicemia generalizada.Para o fotógrafo Antonio Augusto Fontes, “Ripper faz parte de uma tradição

muito bonita, que os americanos chamam de concerned photographers, ou seja, fotó-

grafos engajados, que têm essa ideia de usar a câmara como instrumento de denún-

cia, de transformação social”. Na opinião de Antonio Augusto, são fotógrafos na linha

de Jacob Riis, Lewis Hine, Eugene Smith e do próprio Sebastião Salgado, mas Fon-

tes vislumbra algumas particularidades na visão humanista de João Roberto Ripper:

“Uma coisa que me impressiona no trabalho do Ripper é que eu não vejo demagogia

ali, não vejo um fotógrafo capaz de se aproveitar das pessoas para desenvolver o seu

trabalho. Ele tem uma sinceridade no olhar que é pouco comum nesse tipo de trabalho

e não tem essa descrença generalizada que você vê hoje proliferar na fotografia de

hoje em dia, porque, no fundo, o Ripper é um humanista e ele acredita que as coisas

podem mudar”.

O Imagens da Terra  foi a primeira fase de uma trilogia, secundada pela criação

do Imagens Humanas, site onde Ripper expõe seu trabalho pessoal, e complementada,

em 2004, com a criação da agência-escola Imagens do Povo , na Favela da Maré, con-

cebida para formar fotógrafos populares com um nível de excelência que garante aos

formandos diplomas expedidos pela Universidade Federal Fluminense. Esse trabalho na

periferia carioca, ideológica e fisicamente amparado pela ONG Observatório de Favelas,

parte do pressuposto de que esses jovens e talentosos fotógrafos são os agentes ideais

para documentar a história de suas próprias comunidades, a partir de um olhar endóge-

no, capaz de mostrar a favela para além da visão estigmatizante veiculada pela grande

imprensa, quase sempre associada a violência e tráfico de drogas.

Raquel Willadino, coordenadora da vertente de Direitos Humanos do Obser-

vatório de Favelas, observa que “a construção de novos direitos se faz trabalhando

a dimensão da beleza, da potencialidade e da positividade desses territórios e des-

ses sujeitos que têm sido historicamente excluídos e segregados”. E Raquel vai além,

ao afirmar que “o trabalho desenvolvido por Ripper é um exemplo paradigmático no

campo dos Direitos Humanos, cujos desdobramentos, por intermédio da Escola de

Fotógrafos da Maré, têm uma força incrível na formação de novos sujeitos sociais e na

construção de novos direitos”.

Com suas fotografias expostas em revistas, livros e em diversas mostras na-

cionais e internacionais, esses jovens fotógrafos populares, que herdaram de Mestre

Ripper o talento, a obstinação e o sonho de um Brasil mais fraterno e justo, conquis-

taram, em março de 2008, o prêmio Faz Diferença, oferecido pelo jornal O Globo . Na

ocasião, foi com uma indisfarçável euforia que os fotógrafos da favela ocuparam o

Golden Room  do Copacabana Palace, para receber seu prêmio, ao lado do fotógrafo

Sebastião Salgado, premiado na mesma ocasião, por sua destacada atuação em de-

fesa do meio ambiente.

E assim se passaram 35 anos de uma vida dedicada à fotografia, período em

que João Roberto Ripper produziu um acervo de aproximadamente 150 mil imagens,

a maior parte delas em película e, mais especificamente, em preto e branco. As cores

vivas do cromo comparecem com aproximadamente 10% desse total, quase sempre

apresentadas em composições com densa saturação cromática, fruto dos tons fe-

chados que expressam o estilo do autor. Foi só nos últi mos quatro anos que a imagem

digital entrou em cena na obra de Ripper, menos por razões de ordem estética e, bem

mais, por questões financeiras. O filme ficou muito caro, os materiais de laboratórioestão escasseando e o mundo tem cada vez mais pressa.

Não obstante, na visão do fotógrafo e antropólogo Milton Guran, a questão do

equipamento não é relevante. Para ele, “o que faz uma fotografia não é a técnica nem

o equipamento, mas sim o olhar daquele que fotografa”, E ao se debruçar sobre as

fotos de João Roberto Ripper, Guran sugere a chave para que possamos entender o

valor político-pedagógico do legado deixado pelo fotógrafo, após 35 anos de estrada.

“Quando eu fico olhando as fotos do Ripper, vejo claramente o que faz dele um fotó-

grafo excepcional, o que faz dele uma referência e o que faz do trabalho dele uma obra

tão imprescindível. Ocorre que há muita gente na nossa geração que tem o instrumen-

tal teórico e o treinamento para fotografar tão bem quanto o Ripper. Então, o que é que

faz com que as fotos dele sejam tão especiais? É simples, o que é especial nas fot os do

Ripper, não são as fotos, é o Ripper. É ele que é especial”.

Chega a ser surpreendente que um fotógrafo com tal reconhecimento, apenas

agora esteja realizando a sua primeira mostra individual e lançando a densa antolo-

gia fotográfica reunida neste livro, para marcar seus 35 anos de carreira. Sempre

voltado para os outros e omisso em relação a si próprio, João Roberto Ripper está

sendo resgatado para o grande público graças ao trabalho incansável e visionário

de Mariana Marinho, da Dona Rosa Produções, que chegou até o fotógrafo de modo

inusitado. Convidado para fazer a direção de fotografia em um documentário ainda

inédito sobre trabalho escravo, dirigido por Marco Abujamra e produzido pela Dona

Rosa, as fotografias de Ripper acabaram caindo diante dos olhos de Mariana, que se

emocionou com o material: “Quando eu vi as fotos do Ripper, percebi que aquelas

imagens iam muito além de uma linguagem documental, com forte acento de de-

núncia social. Aquelas fotografias eram, na verdade, obras de arte e, como tal, deve-

riam ser expostas para o maior número possível de pessoas. E foi assim que resolvi

fazer a exposição e o livro”.

De minha parte, confesso que a Mariana, sempre muito segura de si, conquis-

tou a minha confiança quando, durante uma das nossas primeiras reuniões, eu a sur-

preendi tentando, sem sucesso, disfarçar as lágrimas que teimavam em deslizar por

baixo dos óculos escuros, diante das 70 f otos que tínhamos editado para a exposição.

(1982/83). He became directly involved in mobilizing his colleagues to

document the Direct Elections Now! movement (1984), when millions of

Brazilians took to the streets to call for an end to military government – al-

ready in place for 20 years – and to demand direct elections for Presidentof the Republic.

Shortly after that, feeling that his position was incompatible with

the photographic coverage practiced by most of the major Brazilian

newspapers, which he always considered to be “against the poor”, he

moved to the “legendary” F4 – arguably the most successful experi-

ence of an independent photography agency in our country – where he

consolidated the apprenticeship necessary to start up Earth Images, a

documentation center notable for its remarkable work between 1991 and

1999, a period in which Ripper photographed the peasants’ associations,Indian communities and slave labor in the backwaters of Brazil, almost

always in degrading conditions, and never denying the subjects of his

photography the dignity that impregnates his portraits and life stories.

This pilgrimage through little known and insalubrious locations won him

four bouts of malaria and a generalized septicemia.For photographer Antonio Augusto Fontes, “Ripper is part of a very

fine tradition that the Americans call concerned photographers, those who

have this idea of using the camera as an instrument of denunciation andsocial change”. As Antonio Augusto sees it, these photographers follow the

line of Jacob Riis, Lewis Hine, Eugene Smith and Sebastião Salgado, but he

notes some particularities in João Roberto Ripper’s humanistic approach:

“One thing that impresses me in Ripper’s work is that I see no demagogu-

ery in it, I can’t see a photographer capable of ever taking advantage of

people to develop his work. There’s a sincerity in the way he looks at things

which is quite uncommon in this type of work, and you don’t see any of the

generalized skepticism that you see in today’s photography, because deep

down, Ripper is a humanist and he believes that things can change”.Earth Images was the first phase in a trilogy, followed by Human Im-

ages, the site where Ripper shows his personal work, and then comple-

mented in 2004 by the creation of the agency-school Images of the People,

in the Maré slum, conceived to train popular photographers to a level of ex-

cellence that guarantees diplomas from the Fluminense Federal University

to those who graduate. This work on the periphery of Rio de Janeiro, ideo-

logically and physically supported by the NGO Slum Watch, is based on

the presupposition that these young and talented photographers are theideal agents to document the history of their own communities by using

an endogenous look capable of showing the slum beyond the stigmatizing

vision conveyed by the large press, which almost always associates thesecommunities with violence and the drug traffic.

For Raquel Willadino, coordinator of the human rights area of Slum

Watch, “new rights are built by working the dimension of the beauty, po-

tential and positive qualities of these areas and these subjects who have

historically been excluded and segregated”. She goes further in claiming

that “the work developed by Ripper is a paradigmatic example in the fieldof human rights, with unfoldings in the Maré School of Photography that

have an incredible force in training new social subjects and in building

new rights”.

With their photographs published in magazines, books and in

various national and international exhibits, in March 2008 these young

popular photographers, who have inherited from Master Ripper the tal-

ent, the obstinacy and the dream of a more just and fraternal Brazil,

were awarded the prize Faz Diferença (It makes a difference), offered

by the O Globo newspaper. On that occasion, the photographers from

the slum could hardly conceal their euphoria in the Golden Room of

the Copacabana Palace Hotel, where they received their prize stand-ing beside photographer Sebastião Salgado, who was also awarded a

prize for his remarkable contribution to the struggle on behalf of the

environment.

And thus were spent 35 years of a life dedicated to photography,

a period in which João Roberto Ripper produced a collection of approxi-

mately 150.000 images, most of them in film, and more specifically in

black and white. The living colors of chrome appear in about 10% of this

total, nearly always presented in compositions of dense chromatic satura-

tion, the fruit of closed tones that express the author´s style so well. It wasonly in the last four years that digital image came upon the scene in Rip-

per’s work, less for aesthetic than for financial reasons. Film has become

very expensive, laboratory materials are growing scarce, and the world isgetting to be more and more in a hurry.

Nonetheless, in the opinion of photographer and anthropologist

Milton Guran, the question of equipment is of no relevance. For him,

“what makes a photograph isn’t the technique or the equipment, but

rather the photographer’s way of looking at things”. When he looks at

João Roberto Ripper’s photos, Guran suggests the key to enable us tounderstand the political-pedagogical value of the legacy left by the pho-

tographer after 35 years on the road. “When I look at Ripper’s pictures I

see clearly what makes a photographer exceptional, what makes him a

reference and what makes his work so indispensable. So many people

in our generation happen to have the theoretical tools and the training

to photograph as well as Ripper. So what is it that he does to make his

photos so special? It’s simple, what is special in Ripper’s photos aren’t

the photos, it’s Ripper. It’s him that’s special!” It is even surprising that such a renowned photographer should

only now be holding his first individual exhibit and launching the dense

photographic anthology gathered together in this book to commemo-

rate 35 years of his career. Always dedicated to others and negligent of

himself, João Roberto Ripper is being reclaimed for the general public

thanks to the tireless, visionary work of Mariana Marinho, of Dona Rosa

Produções, who reached the photographer in an unusual way. When Rip-

per was invited to direct the photography in a still unedited documen-

tary on slave labor directed by Marco Abujamra and produced by DonaRosa, his photographs ended up drawing the attention of Mariana, who

was moved by the material. “When I saw Ripper’s pictures, I realized that

those images went far beyond documental language, with their power-

ful voice of social denunciation. Those photographs were really works of

art and as such should be exhibited to as many people as possible. And

that’s how I decided to do the exhibit and the book”.

As for me, I confess that Mariana, always so sure of herself, won

my trust during one of our first meetings, when I caught her trying unsuc-

cessfully to conceal the tears trickling down her cheek behind her darkglasses while looking at the 70 photos that we edited for the exhibit. Since

that meeting, we have already launched the exhibit Human Images –

8/12/2019 RIPPER Imagens Humanas

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De lá para cá, já lançamos a mostra Imagens Humanas –realizada de forma itinerante

pelo país –, um catálogo com mais de 80 páginas, participamos de diversos debates,

e, eis-nos, por fim, diante do livro publicado.

Conheço Ripper desde a noite dos tempos e vem daí a minha admiração e o

meu respeito por seu trabalho, mas a nossa amizade estreitou-se consideravelmente

ao longo dos últimos cinco anos, quando atendi ao seu convite para trabalhar na Fave-

la da Maré e isso, de certo modo, proporcionou uma cambalhota tanto em minha vida

pessoal, como na vida acadêmica. Fui obrigado a redefinir meus conceitos sobre a

favela, ganhei amigos preciosos e tive o privilégio de dar aulas para os mais talentosos

fotógrafos que conheci em 30 anos de magistério.

Acredito que a entrevista a seguir, fruto de mais de cinco horas de papo com o

mano Ripper, distribuídas entre os dias 18 de abril e 29 de agosto de 2009, permitirá

que os leitores conheçam um pouquinho melhor a história de um ser humano dife-

renciado, combativo e surpreendentemente tímido, que se posiciona com inabalável

coerência e comovente utopia por detrás do visor.

DG – Ripper, como foi que a fotografia entrou em sua vida?

JRR –  Eu cursava na época o antigo científico, atual ensino médio, na Escola Hé-

lio Alonso, ali na Rua Vinte e Quatro de Maio, quando, num certo dia, um professor

de Português, de quem eu gostava muito, fez uma interpretação de uma poesia de

Camões. Tive então a ousadia de perguntar se não poderia haver outra maneira de

interpretar aquele texto além daquela que ele havia feito. Ao defender meu ponto

de vista, levei uma vaia da turma. Apenas uma pessoa foi solidária e veio conversar

comigo. E essa pessoa era justamente um fotógrafo: o Júlio César Pereira, até hoje

meu amigo. A partir dali, comecei a aprender com ele, que, inclusive, tinha um labo-

ratório em casa.

DG – Por quais temas você foi primeiramente atraído?JRR – Gostava de fotografar minha família, e busquei, desde o início, f otografar pessoas

na rua. Acho que esse meu inter esse em saber da vida das pessoas foi uma influênci a da

minha família. Meu pai, um cearense muito forte, que veio para o Rio num pau de arara,

e a minha mãe, uma carioca baixinha, magrinha, de alguma maneira, me trouxeram a

questão do outro. Minha mãe me marcou por sua preocupação com as desigualdades,

em ajudar as pessoas, enquanto o meu pai me marcou por sua paixão. Ele era extre-

mamente apaixonado por minha mãe. A ponto de fazer declarações públicas. Quando

garoto, eu ia muito à missa com minha mãe e minha tia Marília. Lembro que num desses

dias, peguei o chapéu de um mendigo que dormia na porta da igreja - achei o chapéu

lindo. Quando o coloquei na cabeça, voaram moedas por tudo quanto é lado.

DG – E o mendigo? Veio correndo atrás de você?

JRR – Ele havia saído, coitado, e tinha deixado o chapeuzinho dele lá. Daí que deu tem-

po de ajeitar as co isas, para não criar uma situação c onstrangedora. Mas eu sempre

tive uma relação de intimidade com essas pessoas. Perguntava a mim mesmo como

elas conseguiam ser alegres, como conseguiam sorrir. Acho que era uma cobrança

excessiva para a minha idade, tanto que, aos oito anos, fui parar num seminário. Meu

pai foi contra e hoje eu vejo que com toda a razão. Dois anos depois, fui expulso. Mas

foi uma experiência válida, serviu para desmistificar... Pude ver dois padres saindo na

porrada... Vi o lado humano deles.

DG – Pelo que estou entendendo, foi seu histórico de vida que o levou a priori-

zar os excluídos em sua fotografia...JRR – Sim. A minha mãe, por exemplo, tinha uns questionamentos fantásticos. Ela

dizia: ”Deixe que a dor tenha apenas o tamanho dela”, explicando que a gente não

deveria deixar que a dor e a angústia fossem maiores do que são. E ela lembrava

que quando a gente fosse avaliar alguém deveria tentar se colocar no lugar dele.

Já o meu pai sempre manteve a serenidade diante das adversidades. Acho que os

dois marcam o meu trabalho, nessa busca pela igualdade e, ao mesmo tempo, pela

beleza, pelo amor.

Por mais difícil que seja o contexto que eu esteja documentando, sempre procu-

ro ver a relação de afeto, de carinho, entre as pessoas. Assim, tanto a minha mãe, pela

generosidade, como o meu pai, pela sua paixão, influenciaram o meu trabalho. Hoje,

quando eu fotografo as pessoas, eu procuro ver o afeto, a beleza, a sensualidade decada uma delas... Enfim, acho que esses princípios, de respeito ao outro, de solidarie-

dade, estão ainda hoje muito presentes em mim.

Fotografar é fundamentalmente descobrir, reconhecer valores. E, para isso, o

fotógrafo precisa se despir um pouco do egocentrismo, de querer ser o centro das

atenções e se permitir estabelecer essa relação de comunhão, em que você aprende

com o outro. Para mim, isso vem de berço, querer ver o que cada indivíduo tem de

bom. Eu tenho uma grande fé nas pessoas e essa crença nos faz ter um envolvimento

maior com o outro. Claro que há decepções no meio desse caminho. Mas eu prefiro

não desacreditar das pessoas, procuro mudar o foco do que vou documentar. Se eu

deixo de fotografar o movimento operário, eu me volto para os movimentos comuni-

tários, eu me volto para os movimentos camponeses, para os quilombolas, para os

moradores de periferia...

DG – Antes da gente enveredar pela fotografia documental, fale um pouco so-bre o início da sua profissionalização, trabalhando nos jornais.

JRR –  Antes mesmo dos jornais, tive uma pequena experiência como assistente

em um estúdio fotográfico, desses de fotos 3x4, no Grajaú, em que pude aprender

a mexer com laboratório e a fotografar. Infelizmente, não lembro o nome do dono,

mas o filho dele também fotografava e eu o acompanhava nas fotografias de casa-

mento. Eu ia para lá quando voltava da escola, recebia uma ajuda de custo, e isso foi

importante.

Depois fui fotografar na Luta Democrática . Comecei fotografando e escrevendo.

Eu fotografava moradores de rua e lembro que no primeiro mês de trabalho, fizemos

uma campanha de Natal. Eu fotografava as pessoas e depois devolvia as fotos para

elas, nos caminhos por onde passava. Depois, fui para o Diário de Notícias, passei pela

sucursal carioca do Estadão , e cheguei à Última Hora , jornal onde fiquei por cerca de

quatro anos.

DG – Com que idade você chegou à Última Hora ?JRR – Acho que com 21 anos, eu ainda era novo. Na sequência passei pela experiência

which traveled all over the country – and a catalogue with over 80 pages,

besides participating in various debates, and here we are now with a book

published.

I have known Ripper since way way back and my admiration andrespect for his work dates from then, but our friendship has become

considerably closer over the last five years, since I accepted his invita-

tion to work in the Maré slum. In a certain way, this led to a turnabout

both in my personal and my academic life: I have had to redefine my

concepts about slums; I have won precious friends; and I have had the

privilege of giving classes to the most talented photographers I have

known in 30 years of teaching.

I think that the interview below, the fruit of more than five hours of

chatting with “brother” Ripper on the 18th April and the 29th August 2009,will allow the reader to know a little more of the story of an exceptional,

combative and surprisingly shy human being who positions himself behind

the camera with unshakable coherence and moving idealism.

DG – Ripper, how did photography come to be a part of your life? 

JRR –  At the time I was in high school – the Hélio Alonso College on Vinte

e Quatro de Maio Street – when one day a Portuguese teacher that I liked

a lot gave us an interpretation of a poem by Camões. I had the nerve toask if there couldn´t perhaps be another way of seeing that text, different

from the version he had given us. When I defended my point of view, the

whole class booed me. Just one person showed any sympathy and came

over to talk to me. And that person was a photographer - Júlio César

Pereira, who is still my friend. From then on I began to learn from him, he

even had a laboratory at home.

DG – What themes first caught your attention? 

JRR –  I liked to take pictures of my family, and tried from the very begin-ning to photograph people in the street. I think that this interest of mine in

other people´s lives was influenced by my family. My father, a big strong

man from Ceará who came down to Rio on a truckload of immigrants, and

my mother, a small, thin Carioca, somehow instilled in me the question

of the other. My mother marked me with her concern for inequalities and

helping people, while my father marked me with his passion. He was very

much in love with my mother, even to the point of declaring his love for her

in public. When I was a boy, I attended Mass a lot with my mother and myaunt Marília. One day I remember picking up the hat of a beggar who slept

at the church door – I thought it was a beautiful hat. When I put it on my

head, coins scattered all over the place!

DG – Did the beggar come chasing after you? JRR –  He had gone, poor man, and left his little hat there behind him. So

I had time to make things right, make sure that no-one was embarrassed.

But I also related closely with those people. I wondered how they man-

aged to stay happy, how they could smile. I think it was asking too muchfor someone my age, so much so that when I was eight I ended up in a

seminary. My father was against it, and now I realize how right he was.

Two years later, I was expelled. But it was a valid experience, it served to

demystify things... Once I saw two priests punching the hell out of one an-

other... I had the chance to see their human side.

DG – From what I understand, it was your background that that led

 you to make the socially excluded a priority in your photography...

JRR –  Yes. My mother, for instance, had some fantastic notions. She used

to say, “Let pain have its own proper size”, explaining that we shouldn´t

let pain and anguish be any bigger than they are. And she would remind us

that when we judged people we should try to put ourselves in their place.As for my father, he always remained cool when faced with any problem.

I think that both of them mark my work, this quest for equality, and for

beauty and love at the same time.

No matter how hard the context that I’m documenting, I always try

to see the affection that links people to one another. So, both my mother,

through her generosity, and my father, through his passion, have influ-

enced my work. When I photograph people today, I try to see the affection,

the beauty, the sensuality in each one of them... In fact, I think that these

principles of respect and sympathy for one another have remained verymuch with me.

To photograph is fundamentally to discover and recognize values.

And for this to happen, the photographer has to strip off some of his or

her egocentricity, always wanting to be the center of attention, and al-

low himself/herself to establish this relation of communion in which you

learn from others. For me, this comes from the cradle, this wanting to see

the good in each individual. I have a deep faith in people and this belief

makes us get involved more with others. Of course there are disappoint-

ments along the way. But I prefer not to distrust people, I try to changethe focus of what I am going to document. If I don’t photograph the work-

ers’ movement, I turn to the community movements, or to the peasant

movements, to the former slaves’ communities (quilombolas), to those

who live on the outskirts...

DG – Before we go into documental photography, tell us a little about

the beginning of your professional life working in newspapers.

JRR –   Even before the newspapers, I had a brief experience as assis-tant in a photography studio, the kind that takes 3x4 pictures, in Grajaú,

where I learned the ins and outs of the laboratory and how to take pic-

tures. Unfortunately, I can’t remember the owner’s name, but his son

also took pictures and I went with him to photograph weddings. I went

there after school, they paid me an allowance – that was an important

part of my life.

Then I went to photograph for the Luta Democrática newspaper. I

began photographing and writing. I photographed street dwellers and re-

member that in my first month working there, we organized a Christmascampaign. I photographed the people and afterwards I returned the pic-

tures to them whenever I saw them again in the street. After that I went to

the Diário de Notícias newspaper, then the Rio branch of the Estadão, and

finally reached the Última Hora, where I stayed for about four years.

DG – How old were you when you joined the Ú ltima Hora? 

JRR –  I think about 21, I was still pretty young. Next, I went from the ex-

perience of working in a Leftist newspaper, the Hora do Povo, which I left

disappointed with the censorship, and went to O Globo, where I stayed forfive years. The period between the Última Hora and the O Globo was a mo-

ment of professional maturing, when I began to discuss ethical questions

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de um jornal de esquerda, a Hora do Povo , do qual saí decepcionado com algumas

linhas de censura, e fui, então, para O Globo , onde fiquei por cinco anos. O período

entre a Última Hora  e O Globo  foi um momento de amadurecimento profissional, em

que comecei a discutir questões éticas relacionadas ao trabalho do fotógrafo. Era uma

época em que não havia direito autoral, não existia crédito, não havia piso salarial, não

havia uma tabela de preços mínimos e nós entramos numa luta muito grande.

DG – Esse período de luta a que você se refere foi por intermédio do sindicato?

JRR – Sim, eu era sindicalizado e logo comecei a participar da Arfoc – Associação

de Repórteres Fotográficos, aqui do Rio. Houve um movimento para conquistarmos

a direção da Associação, que até então tinha uma atuação menos politizada. A Arfoc

promovia, por exemplo, o concurso “Miss Objetiva” e um ano antes de eu assumir a

direção, a Xuxa foi eleita Miss Objetiva. Quando assumimos, passamos um ano fazen-

do “vaquinha” para pagar essa dívida. Mas mudamos o foco da Arfoc e começamos

a lutar pelos direitos da classe, criar alternativas ao desemprego. Foi nesse período

que criamos uma tabela de preços mínimos e iniciamos uma luta muito grande pela

publicação do crédito nas fotografias. Tentamos, inclusive, colocar esse tema do cré-

dito no dissídio coletivo, o que, na verdade, já era uma questão legal, mas que não era

respeitada.O Jornal do Brasil  foi um dos primeiros veículos a dar o s créditos das fotos

publicadas, depois, outros também passaram a fazê-lo, como O Globo , que relutou

um pouco, e, a seguir, as revistas.

DG – Gostaria que você fizesse um recorte da relação que se estabeleceu entre

essa atuação sindical e o seu trabalho como fotógrafo de O Globo .JRR – Acho que a gente conseguiu, com a Arfoc, um espaço dentro do sindicato e

começamos a nos organizar, juntamente com outros movimentos, como o que Pedro

Vasquez e Walter Firmo fizeram à frente do Instituto Nacional de Fotografia, e como

o trabalho notável realizado pelo Núcleo de Foto grafia da Funarte, em que atuavam o

Zeka Araújo, a Ângela Magalhães e a Nadja P eregrino.

Trouxemos a discussão para o âmbito nacional. Começamos a nos articular

com São Paulo, a promover encontros, conseguimos disseminar nacionalmente uma

tabela de preços mínimos e organizamos uma greve representativa dos repórteres fo-

tográficos na revista Isto É . Depois, organizamos uma frente para recolocação de fotó-

grafos como freelancers, porque alguns profissionais, por aderirem à tabela, perderam

seus espaços de trabalho. Criamos uma grande rede de informações e solidariedade e

isso promoveu uma união maior entre os fotógrafos, permitindo que chegássemos ao

sindicato, sob uma perspectiva mais forte de luta política. Lembro que posteriormente

eu concorri à vice-presidência da Federação Nacional dos Jornalistas - Região Leste,

e, a partir daí, ampliamos essa discussão sobre o papel social dos jornalistas e f otógra-

fos. Penso que essa luta repercutiu, inclusive, na fo rma de documentar.

DG – Por falar nisso, rememore a conduta dos fotógrafos cariocas durante a

campanha das Diretas.JRR – Os fotógrafos tiveram um papel importante na campanha das “ Diretas Já ”.

Lembro que O Globo  cobria esse movimento de forma superficial, escondendo toda

a sua força. Então, nos reunimos, e decidimos passar a ter o cuidado de registrar

só as massas, compactando o maior número de pessoas, evitando usar a grande-

angular, de mostrar detalhes. Foi uma estratégia para evitar dar ao jornal sequer

uma possibilidade de veicular alguma imagem que não mostrasse a dimensão da

manifestação, do povo indo às ruas. Não sei se foi na passeata dos cem mil ou na

primeira grande marcha da Avenida Rio Branco, mas numa dessas grandes mani-

festações populares, a gente combinou de levar só a tele. Resultado: só trouxemos

para a redação fotos da massa e eu lembro que o jornal pediu todas as imagens que

havíamos feito e só havia registros de multidão. Naquele dia, O Globo  foi obrigado a

mudar a manchete e, a partir daí, começamos uma discussão sobre o papel da edi-

ção no trabalho do fotógrafo jornalístico.

De certa forma, foi um pouco de rebeldia para aquela época, quando tudo era

conduzido sob a ótica de preservação de um status quo , Só que naquele tempo as

lutas eram diferentes e o jornalista ainda era visto como uma pessoa mais voltada

aos movimentos sociais, como um sujeito mais à esquerda. Havia certo romantismo

nessa visão.

Aos poucos, o jornalismo foi mudando, a censura interna foi ganhando cada vez

mais força e hoje podemos dizer que o jornalista caminha para ser um executor publi-

citário de pautas. Mas, naquele período, conseguimos grandes mudanças, com des-

taque para o surgimento das agências independentes, como, por exemplo, a Ágil , em

Brasília, comandada pelo Milton Guran, que tinha uma equipe incrível de fotógrafos.

Com certeza, cometerei injustiças, vou esquecer nomes, mas posso destacar a F4 , em

São Paulo, comandada pela Nair Benedicto e pelo Juca Martins, que, mais tarde, teve

um escritório aqui no Rio de Janeiro, em que, inclusive, trabalhei.

DG – De certo modo, essas agências independentes surgem num período em

que o ambiente nos jornais estava insuportável e alguns grandes fotógrafosmigravam das redações para essas novas frentes de trabalho...

JRR – Sem dúvida. As agências surgiram como uma alternativa de trabalho, porque

havia naquele período uma insatisfação muito grande com o contexto político, com a

interferência na edição, mas também com a pouca abertura dos editores ao experi-

mento fotográfico. Então, esse movimento permitiu uma ampla discussão, que era im-

portante para o fotógrafo se aglutinar, se agrupar, para poder pensar a própria pauta.

DG – Uma foto mais autoral?

JRR – Fotos mais autorais e projetos fotográficos. Você passa a poder interferir no que

vai documentar e ver o fato de uma forma diferente da do jornal, mas com espaço, inclu-

sive, para publicar, nos próprios jornais, que começaram a usar as fotos das agências.

DG – Lembro que a F4 , durante um tempo, fez a Revista de Domingo , do JB ...JRR – Fazer a Revista de Domingo  teve uma grande importância naquele período e

mudou a forma de apresentação fotográfica das notícias na revista. Havia tantas pau-

tas, que nós ficávamos presos, mas, ao mesmo tempo, possibilitavam uma receita

econômica para que você viabilizasse outros projetos. No início, esses trabalhos sus-

tentavam nossos projetos sociais, mas quando você tem um grande número de pro-

jetos comerciais, consequentemente, diminui o seu tempo para os projetos autorais,

independentemente de ser uma linha social ou não.

relating to the work of a photographer. At that time there were no author´s

rights, no credits, no wage floor, no table of minimum fees, so we got our-

selves involved in one terrific fight.

DG – Did this fight involve the union? 

JRR – Yes,Iwas amemberofthe unionand thenIbeganto participatein

Arfoc– theAssociationofPhotographerReporters,herein Rio.Therewas a

movementtowinover thedirectionofthe association,whichup tothenwas

lesspoliticized.For example,Arfoc promotedthe “MissObjective”beauty

competition,and theyearbeforeI joinedthem,XuxawaselectedMissOb-

 jective.Whenwe tookover thedirection,we spenta wholeyearpassing the

hataroundtopay thedebts.Butwe changedthefocusof theassociation

andbeganto fightforourprofessionalrights,tocreate alternativesto unem-ployment.Itwasin thisperiodthatwe setatable ofminimumfeesand began

areallybigstruggletohavethecreditforphotographspublished.We even

triedtoincludethis matterofcreditsin thecollectivelaboragreement(actu-

allyitwas alreadya legal question, exceptthatit wasnotrespected).The

OJornaldoBrasilwasoneof thefirstvehiclestogivecreditforthephotos

itpublished,after thatothersbegantodo thesame,liketheO Globo,after

somereluctance,andthen themagazines.

DG – I’d like you to tell us about how this union activity is related to

 your work as a photographer at O Globo.

JRR –  I think that with Arfoc we found a space within the union and began

to get organized, together with other movements, such as the one that Pe-

dro Vasquez and Walter Firmo put together at the National Photography

Institute, and the remarkable work done by the Photography Nucleus at

Funarte, with Zeka Araújo, Ângela Magalhães and Nadja Peregrino.

We brought the discussion to the national level. We began to articu-

late with São Paulo, to promote encounters, managed to distribute acrossthe country a table of minimum fees and organized a strike representing

the photographer reporters of the Isto É magazine. Then we organized

a front to hire photographers as freelancers, because some profession-

als lost their jobs for taking part in the strike. We set up a big network of

information and solidarity which led to more solidarity among photogra-

phers and enabled them to join the union under a stronger perspective of

political struggle. I remember that later on I ran for Vice-Chairman of the

Eastern Chapter of the National Federation of Journalists, and after thatwe expanded this discussion on the social role of journalists and pho-

tographers. I believe that this struggle even influenced the way of doing

documentary work.

DG – Speaking about that, remind us of how the Rio photographersworked during the Direct Elections Now! movement.

JRR –  Photographers played a very important role in the “Direct Elections

Now!” campaign. I remember that O Globo covered this movement super-

ficially, not showing its true force. So we got together and decided to takecare to register only the masses, compacting as many people as possible,

avoiding using a wide-angle lens and showing details. This was a strategy

to avoid giving the newspaper even a chance to publish some picture that

failed to show the true dimension of the demonstrations, the people filling

the streets. I don’t know if it was at the “March of the Hundred Thousand”

or at the first big march on Rio Branco Avenue, but at one of those big pop-

ular demonstrations we agreed to take only the telephoto. The result was

that we only gave the newspaper photos of the crowds, and I remember

that they asked for all the pictures we had taken and there were only reg-

isters of the multitude. That day O Globo was obliged to change the head-

lines, and from then on we started a discussion about the role of editing inthe work of newspaper photographers.

In a certain way this was a bit rebellious for those days, when every-

thing was conducted from the perspective of preserving the status quo.

Except that at that time the struggles were different and journalists were

still seen as people more dedicated to social movements, more to the Left.

There was a certain romanticism in that way of looking at things.

Little by little, journalism changed, in-house censorship grew stron-

ger and stronger, and today we can say that journalists are heading toward

becoming “executors of advertising agendas”. But back then we managedto bring about some big changes, especially for independent agencies to

spring up, like Ágil in Brasília, with Milton Guran, who had an incredible

team of photographers. I’m bound to commit an injustice by forgetting

some names, but I should make special mention of F4 in São Paulo, with

Nair Benedicto and Juca Martins, who later on opened an office here in Rio

de Janeiro, where I even did some work.

DG – In a certain way, these independent agencies arose at a mo- 

ment when the atmosphere in newspapers was unbearable and

some outstanding photographers migrated from newspapers to

these new work fronts...

JRR –  No doubt about that. The agencies appeared as a working alterna-

tive. At that time there was enormous dissatisfaction with the political con-

text and the interference of editors, but also with how little the editors were

open to photographic experiments. So this movement allowed for a broad

discussion, which was important for photographers to gather, to group to-

gether, to be able to think about their own agenda.

DG – A more authorial sort of photography? 

JRR – Moreauthorial photographs and photographic projects.You begin

tobe abletointerferein whatyouaregoingtodocumentand youseethe

factina differentwayfromthenewspaper,butevenwithspaceto publish

inthe newspapersthemselves,whichbegan touse photographsfromthe

agencies.

DG – I remember that for a while F4 did the Jornal do Brasil’s Sun- day Magazine...

JRR –  To do the Sunday Magazine was something very important in that

period and it changed the form of photographic presentation of the news

in the magazine. There were so many agendas that we got stuck, but at

the same time this gave you an income that made other projects feasible.

At first this work supported our social projects, but when you have a large

amount of commercial projects, this reduces the time available for autho-

rial projects, whether or not of a social content.

DG – I presume that this experience at F4 must have been fundamen- 

tal in planning your “Earth Images” project. Tell us a little about that.

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DG – Eu presumo que essa experiência na F4  deve ter sido fundamental parapautar seu projeto do Imagens da Terra . Fale um pouco sobre isso.

JRR – Foi sim. O trabalho nas agências permitiu que nós, fotógrafos, déssemos um

pulo, até porque era preciso estudar antes de sair para foto grafar. Era preciso pensar:

onde e como vou colocar o meu trabalho? Por que preço? Como será o escoamen-

to daquela produção no mercado? Como mostrar aqueles temas e em que espaços?

Assim, as agências independentes foram, sem dúvida, importantes, por mostrar que

quando você mergulha em um tema, você pode apresentá-lo de maneira mais profun-

da, diferente da que os jornais de um modo geral fazem...

DG – Tipo a “fotografia da véspera”?JRR –  Tipo a fotografia da véspera e contra essa necessidade de correria pela

informação. O processo das agências permitiu que você agregasse uma vivência à

fotografia documental brasileira, uma liberdade de experimentar, até porque você

passa também a ser o seu próprio editor. Começaram a surgir trabalhos com uma

carga autoral maior e isso foi fundamental para mim, ao assumir a fotografia como

uma ferramenta na defesa dos direitos humanos. Foi então que rompi, ou melhor,

não foi bem um rompimento, não houve briga, mas decidi sair da F4 , criando o

Imagens da Terra .

DG – Será que um dos motivos para você ter saído da F4  foi justamente o su-

cesso comercial da agência, que o levava a cobrir tantas pautas para a grandeimprensa que acabava deixando em segundo plano o trabalho autoral?

JRR – Um pouquinho de cada coisa. Primeiro, aumentaram as saídas e, quando isso

ocorre, diminui um pouco o espaço para o trabalho autoral. Mas nada que me impe-

disse de continuar tentando. O que aconteceu é que em determinado momento os

jornais resolveram bloquear o trabalho das agências independentes e fecharam as

portas para a compra do material alternativo, porque a nossa produção rompia com

uma linha do jornalismo que se pratica até hoje. Por outro lado, é preciso reconhecer

a importância do jornalismo tradicional. Todas as vertentes são importantes, desde a

mais simples receita de culinária, as ditas frivolidades, até o jornalismo político. Ocorre

que quando se fala em informação, você resgata aquela frase clássica, que a gente

ouve quando entra na faculdade, de que o “jornalismo deve ser imparcial” e isso é

hipocrisia. Nunca houve jornalista imparcial. Na verdade, a gente vê que essa postura

é uma imposição, não só do patronato, mas das forças dominantes, que mantêm a

decisão sobre o que a i mprensa deve ou não publicar, obrigando as linhas dos jornais a

serem imposições ideológicas sobre uma sociedade em cujo destino elas interferem.

Eu vejo isso na minha trajetória e tento me afastar desse cabresto ideológico. É claro

que as agências rompiam um pouco com esse controle, ao conseguir fotos que ti nham

um enfoque mais diferenciado. Mas o Marcelo Uberaba, que, inclusive, fez parte da

nossa luta sindical, quando assumiu a Folha de São Paulo  me disse claramente, duran-

te uma reunião, que não só a Folha , como os jornais de um modo geral, não estavam

mais dispostos a trabalhar com as agências independentes.

DG – Como quem não quer alimentar o inimigo?JRR – Exatamente. Por aí você vê a força que tiveram as agências, mas também per-

cebe a força que têm as empresas de comunicação para bloquear esse mercado. Cla-

ro que essa determinação contribuiu para a decaída das agências independentes. É

interessante refletir sobre um fotógrafo que t raça um caminho jornalístico e é empre-

gado em um jornal ou revista e acaba misturando um pouco da sua personalidade de

autor com a do veículo em que trabalha.

DG – Gostaria que você retomasse o momento da sua saída da F4  para o Ima-  gens da Terra , se não me engano, em 1991...

JRR – Bem, como já disse, queria colocar a fotografia a serviço dos direitos humanos

e tentar trabalhar só com isso. Esse é o meu ideal. E o trabalho na agência, pelo ex-

cesso de pautas, consumia muito o meu tempo. Então, para fazer isso eu precisava

criar uma agência. Na verdade não era bem uma agência, era uma ONG, mas como eu

nunca havia tido esse tipo de experiência, criei uma ONG atípica, sem financiador. Era

uma organização não governamental diferenciada, que trabalhava por contrato para

sindicatos e fazia alguns freelas para revistas. Com o trabalho permanente nos sindi-

catos, podíamos investir em documentação social e investíamos muito. Quem investia

no seu projeto de documentação, quando começasse a escoar essas fotos, não preci-

sava repartir seus direitos autorais com o “Imagens” até cobrir esse investimento. Era

uma forma de estimular o processo de produção. S alvo um trabalho ou outro, não tí-

nhamos financiamento. Os recursos eram gerados pelo próprio grupo de fo tógrafos.

DG – E como foi que você montou sua equipe?JRR – Fui chamando as pessoas que se identificavam, pessoas que conheci no movi-

mento sindical, vieram pessoas muito jovens, quase todos começando na fotografia.

O mais experiente era o Ricardo Funary, que saiu da Manchete  e veio para o  Imagens

da Terra , o que foi muito importante, porque eu e ele dividíamos o nosso conhecimen-

to com os mais jovens. Mas, a grande parte era formada por universitários. Alguns

deles, ou quase todos, aliás, eram alunos seus.

DG – Acho que foram cinco ou seis alunos da UFF...JRR – Eram jovens que trabalhavam movidos por uma aguda preocupação social.

Com certeza, foi importante para essa rapaziada trabalhar num empreendimento

daquela magnitude. Perduramos por oito anos, de 1991 a 1999, e acredito que fize-

mos um trabalho muito relevante para a história do país, ao documentarmos a luta

pela terra no Brasil, a vida do camponês e também o movimento operário. Com a

diferença que a documentação do movimento camponês era basicamente feita por

demanda, segundo as necessidades de apoio aos conflitos agrários. O MST come-çou a surgir nesse período e iniciaram-se, então, parcerias com organizações que

trabalhavam com as ligas camponesas e os posseiros na Amazônia. O Carlos Carva-

lho, hoje em Porto Alegre, foi um dos fotógrafos que entraram de cabeça na docu-

mentação desses movimentos.

DG – O Carlos Carvalho desenvolveu um belo trabalho junto aos seringueiros

do Acre, não foi?JRR – Carlos Carvalho foi, inclusive, morar no Acre. Ele havia participado da Angular .

Tanto a Angular , como a F4  e a Ágil  já faziam trabalhos de documentação junto aos

JRR –  No question about it, the work in the agencies enabled us pho-

tographers to take a big leap forward. You had to study before going out

there to photograph. You had to think: where and how am I going to send

my work? At what price? How will the production penetrate the market?How to show those themes and in what spaces? So, the independent

agencies were without any shadow of doubt important in showing that

when you plunge into a theme, you can present it differently from the way

that newspapers generally do.

DG – You mean like the “photo of the night before”…

JRR –  Like the photo of the night before, and against the need to rush

around for information. The process of the agencies allowed you to add

an experience to Brazilian documental photography that gave you thefreedom to experiment, if only because you also become your own editor.

Work started to appear with greater authorial content and that was funda-

mental for me when I adopted photography as a tool on behalf of human

rights. That’s when I broke with, or rather, there was no breaking, no fight-

ing, but I decided to leave F4 and created the “Earth Images”.

DG – Was one of the reasons that you left F4 precisely the com- 

mercial success of the agency, which led it to cover so many proj- 

ects for the large press that it ended up relegating authorial work

to second place? 

JRR –  A little of both. First of all, outdoor jobs increased, and when that

happens, there is less room for authorial work. But nothing to prevent me

from going on trying. What happened is that at a given moment the news-

papers decided to block the work of the independent agencies and closed

their doors to buying alternative material because our production broke

with a line of journalism that is still in practice today. On the other hand, the

importance of traditional journalism has to be recognized. All the facetsare important, from the simple cooking recipe, the so-called frivolities, to

political journalism. But what happens is that when you speak of informa-

tion, you recall that classical sentence you hear when you start university:

“journalism must be impartial”, and that is sheer hypocrisy. There has

never been an impartial journalist. To tell the truth, we see that posture

as something imposed not only by the employers but by the dominant

forces who reserve to themselves the decision on what the press must or

mustn’t publish, obliging the guidelines of the newspaper to be ideologi-cal impositions on a society whose destiny lies in their hands. I see this in

my own trajectory and try to keep far away from this ideological handcuff-

ing. Of course, the agencies broke this control a little when they got photoswith a more differentiated focus. But Marcelo Uberaba, who incidentally

also took part in our union struggle when he joined the Folha de São Paulo

newspaper, told me quite clearly during a meeting that not only the Folha

but all the newspapers as a rule were no longer willing to work with the

independent agencies.

DG – Like not wanting to feed the enemy? 

JRR –  Exactly. That shows you how strong the agencies had grown, but

also how the powerful influence of the communications companies can

block this market. Of course, this determination contributed to the down-

fall of the independent agencies. It is interesting to think of a photographer

following a journalistic path, being employed in a newspaper or magazine

and then ending up mixing a bit of his authorial personality with that of the

vehicle where he works.

DG – I’d like you to go back to the time you left F4 for “Earth Im- 

ages” - 1991 if I’m not mistaken...

JRR –  Well, as I said earlier, I wanted to put photography at the service of

human rights and try to work just on this. That’s my ideal. And the work at

the agency, with so much on the agenda, took up too much of my time. So,

to do this I had to create an agency. Actually it wasn’t an agency, more of

an NGO, but since I had never had this sort of experience I set up an unusu-

al NGO, one without financing. It was a different sort of non-governmental

organization, we worked on contract for unions and did some freelance

 jobs for magazines. With the permanent work in the unions, we were able

to invest in social documentation, and we invested a lot. Whoever investedin the documentation project, when these photos began to be distributed,

did not need to share their copyright with “Images” until this investment

was covered. This was a way to stimulate the production process. Except

for the odd job, we had no financing. The resources were generated by the

group of photographers themselves.

DG – How did you pick your team? 

JRR – IstartedcallingpeoplewhomI knewfromthe unionmovement,some

reallyyoungpeoplecamealong,almostallofthemjuststartingoutinphotogra-phy.Themostexperiencedwas RicardoFunary,wholeftthe Manchetemaga-

zineandcame to“EarthImages”,whichwas veryimportantbecausewe both

sharedwhatweknewwith theyoungerones.Butmostof theteamwas made

upof universitystudents.Someof them-in factnearlyallof them-were your

ownstudents.

DG – I think there were four or five from the Fluminense Federal

University...

JRR –  These were young people who worked motivated by a sharp social

conscience. It was certainly important for those kids to work in an under-

taking as big as that. We lasted for eight years, from 1991 to 1999, and I

believe we did a very relevant work for the history of the country by docu-

menting the struggle for land in Brazil, the life of the peasants as well as the

workers’ movement. The big difference being that documenting the peas-

ant movement was basically done on demand, depending on the need to

lend support to land-tenure conflicts. The Landless Movement (MST) was

beginning to appear at this time and partnerships were set up with organi-zations that worked with the peasant associations and leaseholders in the

Amazon. Carlos Carvalho, now in Porto Alegre, was one of the photogra-

phers who dived headlong into documenting these movements.

DG – Carlos Carvalho did some beautiful work on the rubber tap- pers in Acre, didn’t he? 

JRR – Carlos Carvalho even went to live in Acre. He had participated in

Angular. Angular, like F4 and Ágil, already did documentation work on the

peasant and workers’ movements. The difference is that the proposalof “Earth Images” didn’t come from an agency, the idea was to use pho-

tography on behalf of human rights, and within this political function our

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movimentos camponês e operário. A diferença é que o Imagens da Terra  não chegou

com a proposta propriamente de uma agência, mas com a de utilizar a fotografia a

serviço dos direitos humanos, e, dentro dessa função política, nossas fotos cumpri-

ram um papel importante nesses oito anos. E a cooperativa acabou por uma incompe-

tência muito grande nossa na parte administrativa. Eu cheguei a vender coisas, carro,

móveis, o que eu pudesse, para sair por aí fotografando.

DG – Lembro que uma vez você vendeu um Fusca para fotografar e que esse

trabalho lhe rendeu um prêmio...JRR – As coisas eram feitas de uma forma louca, alucinada, porque você investia tudo

no que acreditava e mergulhava nisso. Lembro que o dinheiro do carro foi usado para

documentar os índios em Mato Grosso do Sul, trabalho cujo prêmio eu recebi na Bél-

gica, se não me engano.

DG – De certo modo, acho que esse período que vai dos seus primeiros cliquesaté a passagem pela F4  pode ser considerado como a sua “pré-história”. Daí

em diante, tem início o que eu classifico como a “Trilogia das Imagens”: o Ima-  gens da Terra , do qual já falamos um pouco, o  Imagens Humanas , em que vocêapresenta seu trabalho pessoal, e o Imagens do Povo , quando você passa, de

forma político-pedagógica, a replicar essa experiência nas favelas. Pediria que você falasse um pouco sobre essa trajetória.

JRR – Acho que o Imagens da Terra  teve essa importância, principalmente na docu-

mentação do movimento camponês e operário, com uma proposta de romper com

a tradição de imparcialidade. Há também a questão de aglutinar jovens fotógrafos.

Mesmo quando, após oito anos, o projeto fracassou economicamente, acho que cum-

priu uma etapa importante. Também foi um momento em que os fotógrafos amadu-

receram, constituíram família e sentiram a necessidade de ter uma solidez maior no

seu processo de sustentação. Aí veio a proposta de transformar o projeto em uma

empresa, a gente se dividiu e eu continuei sozinho com o Imagens da Terra , mas aca-

bou ficando um processo muito difícil de manter. Nesse período, passaram por lá pes-

soas importantes, como o André Villaron, a Claudinha Sanz, além dos fotógrafos que

faziam parte desde o início, como o Marcelo Oliveira, a Gianne Carvalho, o Everaldo

Rocha e o Berg Silva, que t rabalhava como laboratorista, até que um dia eu pedi para

ele sair e disse “Berg, você tem de ser fotógrafo e não laboratorista”. Foi a primeira vez

que demiti alguém e ganhei um abraço. Hoje, o Berg está aí, no mercado, como um ex-

celente fotógrafo e desenvolvendo um intenso trabalho social. Além desses, passaram

por lá ótimos fotógrafos, como o Eneraldo Carneiro e o Nando Neves, que era moradordo Chapéu Mangueira...

Quando acabou o Imagens da Terra  eu criei o Imagens Humanas. Foi uma res-

posta pessoal, era o meu projeto, é o que eu acredito. Fui então chamado para fotogra-

far na Maré, para tentar mostrar a comunidade sob outra ótica que não a da violência

e comecei a documentar favelas. Nesse processo, encontrei fotógrafos começando.

Alguns deles tinham participado de cursos de fotografia no Ceasm – Centro de Es-

tudos e Ações Solidárias da Maré –, onde comecei a desenvolver um trabalho como

professor, o qual, por conta do meu trabalho de documentação, tive de passar para

a Adriana Medeiros, que teve uma importância muito grande nesse projeto. Daí, per-

cebi que as pessoas tinham vontade de continuar e então sugeri ao Observatório de

Favelas a criação de uma Escola de Fotografia, para que as pessoas da comunidade

pudessem começar a contar sua história a partir de seu próprio olhar.

Acho que o fotógrafo empregado em um jornal ou revista, com belíssimas ex-

ceções, acaba misturando um pouco da sua personalidade com a do veículo no qual

trabalha, o que comumente gera um quadro em que ele não faz uma fotografia que

sirva aos setores menos favorecidos da sociedade, mas sim uma visão de mundo que

é nociva à pobreza. De um modo geral, essa carga recai sobre várias formas de orga-

nização, como os trabalhadores rurais, o MST, os quilombolas, a questão do negro,

a questão indígena... Na favela, em especial, esse julgamento associa a violência e a

criminalidade ao cidadão comum, o que acaba transformando em culpado aquele que

é justamente a vítima desse processo.

Hoje entendo que muito mais importante do que o meu trabalho como fotógra-

fo foi poder levar o conhecimento de fotografia aos moradores dessas comunidades.

Assim, assistimos ao nascimento da primeira Escola de Fotógrafos Populares, em

2004, com o financiamento de Furnas e tocada junto com o Ricardo Funary, da qual

você inicialmente participou como convidado e depois veio a integrar. É um processo

que, para se consolidar, precisou de uma discussão política fo rte e de uma formação

de jovens com nível de excelência, que acreditassem na sua capacidade e pudessem

mostrar à sociedade um outro olhar. Nesse sentido, a sua entrada, Dante, trouxe uma

luz acadêmica forte e um impressionante salto de qualidade ao projeto.

DG – Qual, em sua opinião, é o grande diferencial político e estético dessa Escola?JRR – A Escola de Fotógrafos Populares é um projeto que se complementa com a agên-

cia Imagens do Povo . Lá, realizamos um trabalho que trouxe um terceiro parâmetro à

fotografia jornalística e à fotografia documental, porque, se tínhamos na fotografia jor-

nalística a mistura da personalidade do autor com a do jornal, acabamos conseguindo

na Escola uma fotografia documental que passou a misturar a personalidade do autor

com a da comunidade documentada, gerando benefícios aos grupos fotografados.

O surgimento desses fotógrafos populares, com imagens que trazem uma bele-

za e uma forte plasticidade, traz também a descoberta de como é importante acordar

a sociedade para isso. Começo a entender que o processo de exclusão passa pela

anulação da beleza. Quando me perguntam se eu faço “estética da miséria”, percebo

que essa pergunta traz, na verdade, uma enorme carga de discriminação, porque al-

gumas pessoas só concebem estética como sinônimo de beleza se ela vier da classe

média ou da classe dominante. Não se aceita que exista beleza numa classe desprovi-

da. Não se aceita, porque esses valores são simplesmente negados.

DG – Esse trabalho que há cinco anos você vem desenvolvendo na Maré é, en-tão, um trabalho de contrainformação?

JRR – Exatamente. Um trabalho de contrainformação, calcado no princípio do direi-

to de investigar a informação que queremos. Há uma grande hipocrisia, um discurso

consensual, de que todas as pessoas devem ter direito à informação, mas elas não

têm. A gente deveria poder investigar a informação que nos diz respeito e divulgá-la,

usando para isso todos os meios de comunicação. Isso, aliás, faz parte do Artigo 19 da

Declaração Universal dos Direitos Humanos.

photos played an important role during those eight years. And the coop-

erative came to an end due to a tremendous piece of administrative in-

competence on our part. I even sold stuff, car, furniture, to get out there

and photograph.

DG – I remember you once selling a VW Beetle to be able to photo- 

 graph and you won a prize for that job...

JRR –  Things were done in a very crazy, hallucinated way, because you

invested everything in what you believed in and plunged deep. I remem-

ber that the money from the car was used to document the Indians in

Mato Grosso do Sul, a work that I was awarded a prize for, in Belgium, if

I’m not mistaken.

DG – In a way, I think that this period that goes from your first clicks

to your working at F4 can be considered your “pre-history”. From

then on begins what I call the “Trilogy of Images”: “Earth Images”,

that we have talked a little about, “Human Images”, where you pres- ent your personal work, and “Images of the People”, when you begin

– politically and pedagogically - to replicate this experience in theslums. Could you tell us a little about this trajectory? 

JRR –  I think that “Earth Images” was especially important in documentingthe peasant and workers’ movements and trying to break with the tradition

of impartiality. Then there is the question of gathering together young pho-

tographers. Even when the project folded economically after eight years,

I feel that it accomplished an important stage. This was also a moment in

which the photographers matured, started a family and felt the need for

something more solid in their everyday life. Then appeared the proposal

to transform the project into a company, so we split up and I continued

alone with “Earth Images”, but it eventually became too difficult to keep up.

Some very important people were involved at that time, like André Villa-ron and Claudinha Sanz, besides the photographers who were there since

the beginning, like Marcelo Oliveira, Gianne Carvalho, Everaldo Rocha and

Berg Silva, who worked in the laboratory until one day I asked him to leave

and said “Berg, you’ve got to be a photographer, not a lab assistant”. That

was the first time I fired someone and got a hug for doing it. Today Berg is

there in the market, an excellent photographer doing intense social work.

Other very good photographers that passed by here are Eneraldo Carneiro

and Nando Neves, who lived in the Chapéu Mangueira community.When “Earth Images” finished, I created “Human Images”. This was

a personal response, this was my own project, this is what I believe. Then

they invited me to photograph in the Maré slum, to try to show the com-munity in a light other than violence, and I began to document slums. In

this process I met photographers who were just starting out. Some of them

had taken photography courses at Ceasm – the Maré Center for Studies

and Solidarity Action – where I began to develop work as a teacher, but

because of my documentation work I had to pass this on to Adriana Me-

deiros, who was very important in this project. Then I realized that peoplewanted to continue and so I suggested to the Observatório de Favelas

(Slums Watch) to set up a School of Photography so that people from the

community could start to tell their history as they themselves saw things.

I think that photographers who work in newspapers or magazines,

with some outstanding exceptions, end up mixing a little of their own per-

sonality with that of the vehicle they work for, which usually generates a

situation in which they don’t take a picture to serve the less favored sec-

tors of society but rather a view of the world that fails to show the reality of

the poor. Generally speaking, this approach is directed at certain forms of

organization such as rural workers, the Landless Movement, former slave

communities (quilombolas), the question of the Negroes, the question ofthe Indians... In the slums especially, this judgment associates violence

and criminality with the common citizen, which ends up putting the blame

on those who are precisely the victims of this process.

I realize today that far more important than my work as a photogra-

pher was to be able to take my knowledge of photography to the residents

of these communities. We saw the birth of the first School of Popular Pho-

tographers in 2004, with financing by Furnas and administrated together

with Ricardo Funary, and which you took part in, first as a guest and later as

a member. This process became consolidated through strong political dis-cussion and training for outstanding young photographers who believed in

their capacity and were able to show society another way of looking. In this

sense, Dante, your joining the project brought it an intense academic light

and an impressive boost in quality.

DG – What in your opinion is the big political and aesthetic differ- 

ential in this school? 

JRR –  In the School of Popular Photographers, a project that is a com-

plement to the “Images of the People” agency, the work we carry out hasbrought a third parameter to journalistic and documental photography. If in

 journalistic photography we had a mixture of the author’s personality with

that of the newspaper, we finally achieved a documental photography that

began to mix the personality of the author with that of the community be-

ing documented, yielding benefits to the groups that were photographed.

The appearance of these popular photographers, with images that

convey beauty and a powerful plasticity, is at the same time the discov-

ery of how important it is to awaken society to this phenomenon. I beginto understand that the process of exclusion involves excluding beauty.

When I am asked if I do “aesthetics of social misery”, I realize that this

question actually contains an enormous load of discrimination because

aesthetics can only be conceived as synonymous with beauty if it comes

from the middle class or the dominant class. It is unacceptable that beau-

ty can exist in a non-privileged class. It is unacceptable because such val-

ues are simply denied.

DG – So this work that you have been developing for five years inthe Maré can be seen as counter information? 

JRR –  Exactly. A work of counter information structured on the principle

of the right to investigate the information we want. There is a great deal of

hypocrisy, a consensual discourse that claims that everyone has the right

to information, but they don’t. We ought to be able to investigate the infor-

mation that matters to us and to divulge it by using all available means of

communication. As a matter of fact, that is part of Article 19 of the Univer-

sal Declaration of Human Rights.

This puts two rights in check: the right of all to seek the informationthey want to know, and a journalist’s acquired and legitimate right to in-

form. It so happens that one right can’t play censor to another, neither

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São colocados em cheque dois direitos: o de todas as pessoas irem buscar a in-

formação que desejam e o direito adquirido e legítimo de um jornalista informar. Acon-

tece que um direito não pode ser censor do outro, nem sob o ponto de vista do direito

do exercício profissional de informar, nem sob o ponto de vista da obrigatoriedade

acadêmica do diploma, principalmente quando as pessoas se sentem prejudicadas

pela forma como a info rmação é veiculada.

Esse imaginário que é trabalhado pela ausência de informação é tão grave, que

alguém tem que trabalhar na contrainformação. E hoje, acredito que uma das ações

mais transformadoras, mais revolucionárias, é a da contrainformação que mostra a

beleza e os valores entendidos como valores universais pela minoria dominante, pre-

sentes nas maiorias pobres.

DG – Uma coisa que eu acho linda no projeto Imagens do Povo é perce-

ber, mesmo para aqueles que não enveredam pela fotografia, como a es-cola atua na autoestima das pessoas. O Observatório de Favelas mostraque quando você oferece uma oportunidade a quem não tem, essa pessoa

aproveita essa chance com muito mais garra do que aquele que normalmen-te a tem. O seu trabalho deixa a gente perceber como as políticas públicasnão valorizam devidamente o imenso potencial humano que há nas favelas.

Também me parece claro que sua história de vida, seu trabalho político esua experiência como fotógrafo documentarista lhe permitiram chegar à

favela e ser acolhido pela comunidade, ser a referência que a molecada pre-cisava para trabalhar.JRR – Primeiramente é importante dizer que só está sendo possível realizar esse tra-

balho na Maré, porque eu acredito nessas pessoas, na capacidade delas. Isso só foi

possível por meio da aglutinação, pela troca de conhecimentos, de saberes, inclusive

os populares. Para isso, foi importante chamar pessoas, como chamei o Funary, cha-

mei você, que nos deu esse conteúdo acadêmico e chamei a Kita Pedroza, que botou

ordem na agência e ajudou a aprofundar o profissionalismo desses fotógrafos, cujo

processo de acesso ao mercado é extremamente difícil. De modo que não fiz isso so-

zinho, foi importante buscar essas pessoas, tão competentes em suas especialidades,

tão ocupadas e isso fez a diferença.

A segunda coisa é entender que trabalhamos com pessoas normais. Assim, elas

têm direito à preguiça, como qualquer um de nós, t êm direito a perder oportunidades,

como nossos filhos às vezes perdem. Não trabalhamos com gênios, trabalhamos com

seres humanos normais. Não pode existir aquele pensamento “você está aqui, tendo

essa oportunidade, e, por isso, é obrigado a dar certo”. Acho que para cada falha, háum conserto. Esse é um valor que eu aprendi em casa.

DG – Duvido que você tenha projetado isso conscientemente, mas nessa sua

trilogia, composta pelo Imagens da Terra , Imagens Humanas  e Imagens doPovo , foi como se você fosse fechando o zoom: saiu da terra, do planeta, de-pois elegeu a humanidade e, finalmente foi para o povo. Agora, com 35 anos

de carreira e às vésperas de ter a sua produção documentada em exposição elivro, quando olha para frente, o que você vê?JRR – Se você aposta na fotografia documental como uma forma de arte, acaba perce-

bendo que mostrar a história é usar o seu trabalho de documentação como processo de

sensibilização. Quanto mais pessoas estiverem envolvidas, participando do processo de

convencimento, mais a gente caminha para comungar as fotografias às pessoas e para

compreender como a fotografia pode atuar nesse processo de transformação.

Os fotógrafos populares mostram a favela de uma maneira muito melhor, com

muito mais propriedade do que eu, por exemplo. Melhor do que qualquer outro, mes-

mo que seja um fotógrafo de renome, mas que, por não pertencer àquele contexto,

terá sempre um olhar estrangeiro. Hoje, a favela é muito melhor fotografada, porque

há nesse trabalho um grito de liberdade. Isso é uma novidade na fotografia: os fotó-

grafos populares trazem um olhar cúmplice sobre as pessoas que foram segregadas,

porque também já sofreram o pior tipo de tipo de violência, que é a discriminação.

Acredito que essa mistura promoverá uma interlocução maior, promoverá uma

discussão de fato e não essas elucubrações ideológicas sobre a questão do “diplo ma

ou não diploma”. A fotografia deve funcionar como um elemento de comunicação e

como um direito universal à informação. Esse é um direito de todos, não é exclusivo

dos jornalistas. Esse caminho não conflita com o aprendizado universitário, você pode

continuar a ter cada vez melhores cursos, tentar fazer do ensino de Jornalismo um

caminho diferenciado de aperfeiçoamento profissional e não um trabalho de censor

do direito alheio. A maioria da população das áreas pobres tem um alto grau de insatis-

fação com o processo de documentação de suas vidas feito pela grande imprensa.

Enfim, tenho a utopia de ver esse trabalho explodir em outros espaços, sem deixar

de lado o meu trabalho de documentação, porque adoro fotografar. Então, eu vivo entre

grandes paixões. Costumo brincar, dizendo que tenho paixão pelos meus pimpolhos,

pela minha fotografia e pelos projetos de que eu participo. Mas um projeto só dá certo

quando ele começa a andar com seus próprios pés. O   Imagens da Terra  foi um projeto

em que as pessoas buscaram outros caminhos, sem ser o da documentação ideológi-

ca, diferentemente do Imagens do Povo , que encontrou uma forma de ampliar esses

espaços de documentação, mas que têm seus próprios caminhos. Os projetos não têm

grilhões, não têm que repetir o mesmo modelo. O terceiro projeto, o Imagens Humanas,

é um exercício pessoal, ideológico e estético, do que é poder fazer fotografia. Fotografar

é do que eu gosto, é o que me dá prazer. Até para continuar com esse processo de divul-

gação, de crescimento, de multiplicação, tenho de estar fotografando.

DG – Nesses seus trinta e cinco anos de profissão, quais as mudanças maissignificativas que você percebeu na fotografia e no país?

JRR – Bom, eu acho que a mudança mais significativa que eu vi na fotografia foi o

surgimento da imagem digital. Agora, independentemente desse processo técnico, háum momento muito forte que presenciei na fotografia brasileira, que ocorreu quando

os fotógrafos enveredaram para a área do documentarismo e para a fotografia autoral

praticada nas agências independentes. Já falamos um pouco sobre isso, mas todo

movimento de fotógrafos que houve no Brasil, a l uta pela tabela de preços mínimos e

a exigência do crédito são frutos de uma época em que não se sabia quem era o autor

da foto, a não ser entre os próprios fotógrafos. E essa luta também trouxe um ques-

tionamento sobre a relação entre fotografia e história. Os fotógrafos questionavam

muito o papel da imagem e como eles poderiam se posicionar diante do que acontecia

naquele momento no país.

from the point of view of the right of the professional exercise to inform,

nor from the point of view of the academic obligatoriness of having a de-

gree, especially when people feel discriminated by the way that informa-

tion is presented.This imagination driven by lack of information is such a serious mat-

ter that someone has to work in counter information. And I think that one of

the most transforming and revolutionary actions today is counter informa-

tion that shows that beauty and values considered by the dominant minor-

ity to be universal are also present in the poor majorities.

DG – Something that I find beautiful in the “Images of the People”

project is how the school, even for those who are into photography,

acts on people’s self-esteem. Slums Watch shows that when you of- 

fer an opportunity to someone who does not have any, that person

seizes the chance with far more enthusiasm than someone who is

used to such offers. Your work makes us see how public policies fail

to give due value to the immense human potential that exists in theslums. It also seems clear to me that your life history, your political

work and your experience as a photo documentarist have enabled you to go into the slums and be welcomed by the community as the

reference that the kids needed to be able to work.

JRR –  First of all it has to be said that this work in the Maré has only been

made possible because I believe in these people and in their capacity. This

was only possible through agglutination, exchanging knowledge, even the

grassroots sort of wisdom. To do this, it was important to invite people, like

I invited Funary, like I invited you and you gave us this academic content,

and I invited Kita Pedroza, who put some order in the agency and helped to

make these photographers more professional, because gaining access to

the market is extremely difficult for them. So, I didn’t do this all on my own,

it was important to go and call these people, who are so competent in theirspecializations, and so busy, and that’s what made the difference.

The second thing is to understand that we work with normal people.

And they are entitled to be lazy, like the rest of us, they have the right to

miss opportunities, just like our own children sometimes do. We don’t

work with geniuses, we work with normal human beings. There is no room

for the thought “you are here, you have this opportunity, and so you have

to be a success”. I believe that for each flaw there is a repair. That is a value

that I learned at home.

DG – I doubt if you have done this on purpose, but in this trilogy

composed of “Earth Images”, “Human Images” and “Images of thePeople”, it is as if you were closing the zoom: you left the earth, the

planet, then you elected humanity, and finally you arrived at thepeople. Now, with 35 years of professional experience and about to

have your production documented in an exhibit and a book, what do

 you see when you look ahead? 

JRR –  If you bet on documental photography as an art form, you endup realizing that showing history is using your documentation work as a

process of sensibilization. The more people are involved, participating in

the process of convincing others, the more we work to share photogra-

phy with people and to understand how photography can operate in this

process of change.

The popular photographers show the slum in a far better way, much

more appropriately than I do, for example. Better than any other, because

even if he or she is a famous photographer, he does not belong to that con-

text so he will always have a stranger’s way of looking. Today the slums are

much better photographed because there is a cry of freedom in this work.

This is a novelty in photography: the popular photographers offer an ac-complice look at people who were segregated, because they also suffered

the worst type of violence: discrimination.

I think that this mixture will lead to more dialogue, a real discussion

rather than those ideological musings on the question of “degree or not de-

gree”. Photography must function as an element of communication and as

a universal right to information. This is everyone’s right, not just the jour-

nalist’s. This path does not conflict with university learning, you can con-

tinue to have better and better courses, try to make teaching Journalism a

differentiated path toward professional perfecting rather than the work ofcensoring the rights of others. Most of the population of the poor areas is

deeply dissatisfied with how the large press documents their lives.

Anyway,myutopiais tosee thisworkexplodingintootherspaces with-

outabandoningmy documentationwork, becauseI loveto photograph. SoIliveamonggreatpassions.I usuallyjokethatI feelpassionformykids,my

photographyandfortheprojectsI aminvolvedin.Buta projectonlyworks

whenitbeginstomoveaheadon itsown.“Earth Images”wasa projectin

which peoplelookedfor paths other thanideologicaldocumentation,un-

like “Imagesofthe People”,which founda waytoexpandthesespacesofdocumentationwithoutlosing itsown paths.Projectsaren’t shackled,they

don’thaveto repeatthesame model.Thethird project,“HumanImages”,is

apersonal, ideologicalandaestheticexerciseonwhatit isto beableto do

photography.Photographingis whatI like,what givesme pleasure.Even to

carryon withthis processof disseminating,growingand multiplying,I have

tobe takingphotos.

DG – In these thirty-five years as a professional, what are the most

meaningful changes you have seen take place in photography and

in the country? 

JRR – Well,I thinkthatthemost meaningfulchangethatI haveseenin pho-

tography wasthe appearanceof thedigitalimage. Now, regardlessof this

technicalprocess, I saw a verydramatic momentin Brazilian photography

whenthe photographersdriftedtoward thearea ofdocumentarism andthe

authorial photographypracticed in the independent agencies. We spokea

littleabout this,butin everyphotographers’movementinBrazil, thestruggle

fora minimum–feestableand thedemandforcreditsare thefruitof anerainwhich no-oneknewwho tookthe photo,exceptthe photographersthem-

selves.Andthatstrugglealsoarousedquestioningabouttherelationbetween

photographyandhistory.Photographersquestioneddeeplythe roleofimage

andwhatpositiontheycouldtakeinthefaceof whatwasgoingonin thecoun-

tryatthattime.

DG – At the turn of the 1970s into the 1980s, let´s say...

JRR –  Exactly. The agencies that opened in this period made photogra-

phers start wondering and thinking that they did not have to stick to theagendas of newspapers and magazines. Photographers began to get in-

volved in their own personal projects and to gain a more acute vision of

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DG – Na virada dos anos 1970 para os anos 1980, digamos assim...JRR – Exatamente. As agências que surgiram nesse período levaram o fot ógrafo a se

questionar, a pensar que ele não tinha mais que ficar preso a pautas de jornais e revis-

tas. Ao se envolver com seus projetos pessoais, o fotógrafo começa a ter uma visão

mais aguda da realidade e passa a tentar interferir nessa realidade. Então, você não

documenta mais a história como um ser que está fora dela, mas como um elemento

que participa, que usa a fotografia como ferramenta de transformação social. Não foi

à toa que a F4  surgiu documentando o movimento operário do ABC paulista, a criação

da CUT, do PT, os grandes movimentos populares.

E isso ocorre na fotografia no momento em que também ferve a luta política

pelo fim da ditadura. No Rio, em particular, as reuniões no sindicato dos jornalistas

lotavam o auditório e eram reuniões de fotógrafos. Ali, eram intensamente discutidas

questões políticas, como, por exemplo, a questão da tutela dos jornais sobre a docu-

mentação. Essa discussão, misturada a assuntos relacionados ao mercado de traba-

lho e ao piso salarial, possibilitou que se trouxesse para o movimento muitas pessoas

que não tinham uma visão de esquerda, mas que se somaram à luta polít ica quando

viram seus direitos ali incorporados. Aí, a gente começou a organizar exposições defotografias e publicamos o livro Sobre Fotografia  (1983), uma obra do Sindicato dos

Jornalistas e da Arfoc/RJ, que se posicionou contra a censura e a favor das liberdades

democráticas.

Hoje não há uma continuidade dessa luta organizada dos fotógrafos, porque

não se tem no Brasil atual um quadro onde você possa identific ar a linha política como

anteriormente, quando ou você era contra a ditadura ou a favor do regime, era Arena

ou era MDB. Veio a distensão, a luta pelas Diretas, mas depois que esse quadro se con-

solidou, onde ficaram as pessoas mais afetadas socialmente, pela discriminação so-

cial, pela violência social? Vejo de uma forma muito capenga a atuação dos jornalistas

nas grandes transformações sociais e acho que o jornalismo brasileiro contemporâ-

neo age muito mais como mantenedor do que como transformador do quadro social.

E como os poderes políticos se diluem em clareza de posicionamento, os jornais vei-

culam uma visão muito ofuscada sobre as chamadas minorias, composta pelos mora-

dores de favelas, os trabalhadores rurais, o MST, os índios brasileiros, os quilombolas,

que formam, na verdade, a grande maioria da população brasileira.

A sociedade brasileira aceita – e o Rio de Janeiro é um exemplo disso – que o Esta-

do se posicione para combater situações de violência de forma ilegal. A utilização de um

carro blindado, como o Caveirão, ou mandados de segurança coletivos, que permitem

aos policiais entrar armados em todas as casas de uma rua para procurar um suspeito,

são aceitos com naturalidade se realizados em uma favela. No entanto, é muito difícilimaginar essa mesma cena numa rua de Ipanema, do Leblon ou da Barra...

DG – Falando exclusivamente sobre o fotógrafo João Roberto Ripper, explique

sua opção pelas curtas distâncias focais.JRR – Chego perto das pessoas, porque ao f otografar é preciso olhar para elas, desco-

bri-las, interagir, empreender essa troca. Gosto de trabalhar com 35 milímetros, com 24

milímetros, e com lente normal, porque não gosto de estar longe das pessoas. Você tem

de estar perto para ouvir, para poder aprender. É gostosa essa interação. Se eu estiver

com uma lente normal, como na maioria das vezes é a lente máxima que eu carrego, eu

vou poder enxergar o mais próximo como essa pessoa vê, o que ela fixa com o olhar,

como vivencia seu ambiente, como cada pedaço da casa tem uma importância, a luz

que entra... Acho que cada faceta da vida de uma pessoa é feita de planos, de momen-

tos. Agora se eu estiver distante, com uma tele, irei misturar os planos todos.

DG – É que a tele achata os planos...JRR – A tele achata os planos e me afasta das pessoas. E eu quero estar perto até para ser

censurado, se for o caso. Censurado não no sentido opressor, mas no respeito ao direito

de não querer ser fotografado. Uma coisa que aprendi com o tempo é que muitas imagens

boas surgem por você abrir mão de algumas fotos. Houve casos em que foi melhor espe-

rar um pouco, respeitar a vergonha da pessoa, para depois conseguir a foto num melhor

momento. A minha vida é muito pautada nas conversas, no aprendizado com os outros.

DG – Vamos falar um pouquinho de luz, da sua preferência pelos tons maisfechados, pela subexposição, pelas sombras, pela contraluz. É intuitivo?JRR – Se você suaviza a luz, dá um descanso de luz e sombra ao que mostra. Isso per-

mite que a pessoa se debruce um pouco mais de tempo sobre aquela cena, sem quehaja repulsa. Outra das coisas que percebo é como a contraluz ajuda a dar um des-

canso, permitindo que a informação chegue aos poucos, possibilitando uma profun-

didade de campo a quem está olhando, para que aquelas imagens entrem espremidi-

nhas pelo “diafragma” do olhar de quem está observando. Gosto de usar também as

altas luzes e trabalhar as sombras em laboratório. Raramente gosto da luz estourada,

porque é importante que as informações apareçam. Às vezes um detalhe consegue

aprisionar quem está olhando aquela foto, então o detalhe deve aparecer. Às vezes,

procuro a superexposição para mostrar a beleza da própria luz.

Chegar a um lugar e saber a que horas o sol vai nascer, onde se põe, porque o

barqueiro lhe disse, é fantástico. Até a técnica fotográfica pode ser melhorada a partir

desse convívio com as pessoas. Como, por exemplo, fazer uma imagem de um con-

texto social forte, a partir da luz e da sombra temperadas naquele ambiente. É preciso

pensar um pouco mais sobre como mostrar aquele drama, estudar a luz. Quase não

uso o flash.

Chegar perto, respeitar os planos e os universos onde a pessoas vivem, ajuda a

ter um carinho maior pela nossa gente. Para isso, é importante ter um domínio maior da

luz e vivenciar a mesma luz das pessoas. É preciso ter essa sensibilidade, ajustar o filme

ou o sensor, para que a câmera não lhe domine. A técnica e a sua sensibilidade têm de

andar juntos, porque a fotografia é uma extensão da personalidade de quem fo tografa.

DG – Se a fotografia é uma extensão da personalidade, me explique o porquê

da sua devoção pela fotografia em preto e branco.JRR – Bem, eu acho fantástico ouvir rádio. Eu me lembro de imaginar o Amarildo

substituindo o Pelé, na Copa de 1962, e fazendo os gols... Acho que o preto e branco

tem a mesma magia do rádio. Ele mostra a realidade, mas permite um voo de imagi-

nação, que comunga com o lirismo, a esperança. Não desgosto da fotografia colorida,

mas tenho uma mística com o preto e branco. Acho esteticamente mais bonito e acre-

dito que leve a uma interação maior. No fundo, consigo t razer mais variações de luz e

sombra que fazem a pessoa pensar mais sobre a foto.

reality and start trying to interfere in this reality. So, you no longer docu-

ment history as a being outside it, but as an element that participates and

uses photography as a tool for social change. It was not by chance that F4

surged documenting the workers’ movement in the São Paulo ABC, thecreation of the Trade Union Confederation (CUT), the Workers’ Party (PT),

the big popular movements.

And all this takes place in photography at a moment when the politi-

cal struggle for the end of the dictatorship is also at boiling point. In Rio in

particular, the meetings in the journalists’ union filled the auditorium and

they were meetings of photographers. Political questions were intensely

discussed, such as the matter of the control that the newspapers prac-

ticed over documentation. This discussion, mixed with issues related to

the work market and the wages floor, brought to the movement many peo-ple who did not have a Leftist view but joined the political struggle when

they saw their rights included in the discussions. Then we began to orga-

nize photography exhibits and published the book Sobre Fotografia (On

photography) (1983), a work of the Journalists’ Union and Arfoc/RJ, which

stood against censorship and in favor of democratic freedoms.

Todaythereis nocontinuityof thisorganizedstruggleof photographersbecausein today’sBrazilyoudon’thavea situationwhereyoucanidentify

thepoliticallinelike before,whenyou wereagainstthe dictatorshipor infa-vorof theregime,youwere eitherArenaorMDB. Thencamethedétenteand

thestrugglefor directelections, butonce thissituationconsolidated,where

didthe peoplego whowere mostaffectedsocially,by socialdiscrimination,

bysocial violence?The actionof journalistsin thebig socialchangesstrikes

meas beingquitefeebleandI thinkthatBrazilianjournalismtodayactsmuch

morelikea conserverthanatransformerofthesocialsituation.Andsincethe

politicalpowers dilutetheclarityof theirpositioning,the newspapers offera

verydazzledviewofthe so-calledminoritiescomposedofslumdwellers,rural

workers,membersof theLandlessMovement,BrazilianIndiansand formerslavecommunities (quilombolas),who reallymake upthe greatmajorityof

theBrazilianpopulation.

Brazilian society accepts – and Rio de Janeiro is an example of this –

that the State positions itself to combat situations of violence in an illegal

manner. The use of a bullet-proof vehicle like the Caveirão military-police

tank, or collective injunctions that allow armed policemen to enter all the

houses on a street in search of a suspect, are accepted as natural if they

happen in a slum. However, it’s quite difficult to imagine the same scenetaking place in a street in Ipanema, Leblon or Barra...

DG – To talk just about João Roberto Ripper the photographer, ex- 

plain why you opted for short focal length lenses.

JRR –  I draw close to people, because when you photograph you have to

look at them, discover them, interact, engage in this exchange. I like to work

with 35 millimeters, 24 millimeters, and a normal lens, because I don’t like

to be far from people. You have to be up close to listen, to be able to learn.

This interaction is a thrill. If I have a normal lens, which most of the time isthe maximum lens I carry with me, then I can see as closely as they see,

what they fix with their look, how they experience their surroundings, how

each bit of the house is important, the light that comes in... I think that each

facet of a person’s life is made of layers, moments. And if I’m far away, with

a telephoto lens, I’ll mix up all the layers.

DG – Because the telephoto lens flattens the layers...

JRR –  The telephoto lens flattens the layers and distances me from the

people. And I want to be close even to be censured, if that’s the case. Cen-

sured not in the oppressive sense, but in respect to the right not to want

to be photographed. One thing that I’ve learned with the passing of time is

that many good images appear because you skip over some others. Therehave been times when it was better to wait a bit, respect people’s being

timid and then get the picture at a better moment. My life is very much

based on conversations, on learning from others.

DG – Let’s talk a bit about light, your preference for more closedtones, under-exposure, shadows, counter-light. Is that intuitive? 

JRR –  If you soften the light, that relieves the image with light and shadow.

This lets you dwell a wee bit more on the scene without causing any annoy-

ance. Something else that I notice is how the counter-light helps to give you a rest, allows the information to seep in little by little, offers an illu-

sion of depth to whoever is looking, so that those images come squeez-

ing in through the diaphragm of the observer’s look. I also like to use high-

lights and work the shadows in the lab. I usually don’t like over-exposure,because it’s important that the information appears. Sometimes a detail

manages to captivate whoever is looking at that photo, so details should

appear. Sometimes I go for over-exposed light to show how beautiful it is.

It’s fantastic to arrive somewhere and find out what time the sun is go-

ing to rise and where it’s going to set, because the boatman said so. Even your photographic technique can be made better with this sort of relation-

ship with people. Like, for example, taking a picture with a strong social

context, based on the light and shadow tempered in those surroundings.

You have to think a little bit more about how to show that drama, you’ve got

to study the light. I almost never use the flash.

Getting up close, respecting the layers and the universes in which

people live, helps us to feel more affection for our people. To do so, it’s im-

portant to have better control of the light and to experience the same lightas the people. It’s necessary to have that sensibility, to adjust the film or

the sensor so that the camera does not have control over you. Technique

and your sensibility have to work hand in hand, because photography is an

extension of the personality of the person taking the photo.

DG – If photography is an extension of the personality, explain to

me your devotion to black and white photography.

JRR –  Well, I think it’s fantastic to listen to the radio. I remember imagining

Amarildo substituting Pelé in the 1962 World Cup and scoring the goals... Ithink that black and white has the same magic as the radio. It shows real-

ity, but allows for flights of the imagination, it brings together lyricism and

hope. I don’t dislike color photography, but there is something mystical

about black and white. I find it aesthetically more beautiful and I think it

makes for better interaction. Actually, I can manage to get more variations

of light and shadow to make people think more about the photo.

DG – It seems that when you look at a photo in black and white

 you are obliged to substitute realities... A light-colored shirt can be

beige, yellow or white. It’s as if the black and white photo demanded

more attention...

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mentar o trabalho escravo, refletir mais sobre a linha t ênue que separa a escravidão

da profunda exploração...

Porém, existem alguns novos temas que me estimulam. Por exemplo, acho que

a mulher tem um papel impressionante na luta pela dignidade em todas essas histó-

rias. A maneira como ela encara a vida, sua criatividade, solidariedade, sensualidade.

Como “dançar” diante dos problemas da vida. Há, no mundo da mulher, algo que ain-

da não consegui fotografar com a intensidade que merece. Penso ainda em mergu-

lhar mais a fundo nesse universo dos fotógrafos populares. Quem são eles? Penso em

documentá-los melhor.

Sou um fotógrafo voltado fundamentalmente para o Brasil, que tem um vasto

universo para ser fotografado. Tenho poucas i ncursões fora, mas tenho uma grande

vontade de documentar Cuba, de tentar entender como, durante esse tempo t odo, a

população resistiu ao embargo econômico.

DG – Você tem alguma projeção do que poderia ser o Brasil ou você vive maisno presente?

JRR – Vou fazer 56 anos e ainda me pergunto isso. Mas não encontro uma resposta:tenho os dois lados. Acho muito difícil haver uma reviravolta, mas acredito que a soli-

dariedade é o grande caminho para um processo de transformação. Não sei se con-

seguiremos isso. A partir do momento em que há uma disputa pelo poder de decisão,

há uma manipulação ideológica muito grande. Omite-se parte da informação e a vida

é contada da maneira que a elite dominante quer contar, impedindo a formação de

uma massa crítica. Por outro lado, começam a existir caminhos de organização po-

pulares dentro dos espaços segregados, começam a surgir movimentos fortes, mas

que enfrentam uma luta muito grande. Tenho uma visão muito dura sobre o Estado

brasileiro, assim como o de diversos o utros países, que investem na segregação como

forma de manter o status quo . Vai chegar uma hora em que isso vai gerar uma grande

revolução. Como ela virá? Não sei. Não acredito que o processo de acumulação de

renda mude, a não ser que no futuro os espaços de segregação se unam.

DG – De certo modo, o que você está fazendo agora na favela da Maré é dar vozaos segregados...

JRR – É um caminho para que as pessoas, dentro de suas profissões, encontrem ca-

minhos. A formação dentro da área da c omunicação – que é a minha especialidade –,

é uma forma de buscar isso. O  Imagens do Povo  é o início desse processo de inclusão.

Não sei se chegarei a ver esse trabalho ser reproduzido no MST, nas comunidades

indígenas, nos quilombolas, mas essa é a minha mola mestra, o que me impulsiona.Só que eu tenho também um lado cético: eu não acredito que as pessoas que detêm

o poder irão entender isso algum dia. Às vezes, acho que nem mesmo os governos

populares irão investir nessa proposta de conciliação.

DG – Há alguma coisa que eu não tenha perguntado e que você queira dizer?JRR – Talvez seja interessante dizer que o processo de evolução de um fotógrafo do-

cumentarista passa por revisitar cenários, repensar modelos de vida, reaprender, ten-

tar entender como ocorreram as mudanças. Se a gente não acompanha, não entende

o processo. E esse é o meu grande dilema: tenho de me dividir entre administrar a

into the universe of the popular photographers. Who are they? I’m thinking

of documenting them better.

I’m a photographer fundamentally focused on Brazil, which has a

vast universe to be photographed. I have taken few trips abroad, but I verymuch want to document Cuba, try to understand how the population has

resisted the trade embargo all this time.

DG – Do you have any vision of what Brazil could become, or do you

live more in the present? JRR –  I’m going on 56 and I still wonder about that. But there is no an-

swer, because I’ve got both sides. I feel it’s very unlikely for there to be

a turnaround, but I do believe that solidarity is the main road toward a

process of change. I don’t know if we will manage it. As soon as you havea struggle for the power of decision, the ideological manipulation is tre-

mendous. Part of the information is omitted and life is told the way that

the dominant elite want to tell it, which prevents a critical mass being

formed. On the other hand, forms of popular organization are beginning

to appear within segregated spaces, strong movements are beginning to

surge up, but these face a very fierce fight. My view of the Brazilian Stateis a very hard one, as it is for some other countries that invest in segrega-

tion as the way to maintain the status quo. The time will come when thisgenerates a big revolution. How will this come about? I don’t know. I don’t

believe that the process of accumulating income will change, unless the

spaces of segregation pull together in the future.

DG – In a way, what you are doing now in the Maré slum is to givethe segregated a voice...

JRR –  It’s a path for people to find other paths within their professions.

Training in the area of communications – which is my specialization - is

one way to find them. “Images of the People” is the start of this processof inclusion. I don’t know whether I will get to see this work reproduced

in the Landless Movement, the Indian communities and the former slave

communities (quilombolas), but that’s my mainspring, that’s what dr ives

me. Except that I also have a skeptical side to me: I don’t think that the

people who hold the power will understand this one day. Sometimes I

think that not even the popular governments will invest in this proposal

of conciliation.

DG – Is there anything I haven’t asked you that you would like to add? 

JRR – Maybe itwouldbe interestingto saythata documentalphotogra-

pher’sprocess ofevolution passesthrough revisiting scenarios,rethinking

lifemodels, re-learning, andtrying tounderstand howchanges havetaken

place.Ifwe don’tkeepup,we failtounderstandtheprocess.Andthat’smy

bigdilemma:I haveto dividemy timebetweenadministratingtheSchoolof

PopularPhotographersand continuingmy documentationwork, revisiting

oldthemes anddiscoveringnew ones. Today mydilemmaisto knowthe

bestmomenttopassthebaton.It’sbeenfiveyearsalreadyintheMaréandIhopethatsoonthismovementcan continueasasort ofcooperative,headed

bythe popularphotographers,modifying,adapting,directingthe agencyas

theyseefit.

To tell the truth, photography permits you to be a bit crazy, that ju-

venile craziness that spurs us to do things. In this sort of work where you

Escola de Fotógrafos Populares e, ao mesmo tempo, preciso continuar meu trabalho

de documentação, revisitando velhos temas e descobrindo novos. Meu dilema hoje

é saber qual o melhor momento de passar o bastão. Já são cinco anos na Maré e eu

espero que, em breve, esse movimento possa continuar como uma espécie de coo-

perativa, com os fotógrafos populares à frente, modificando, adaptando, tocando a

agência a seu modo.

Enfim, a fotografia permite uma pitada de loucura, daquela loucura juvenil que

nos impulsiona a fazer as coisas. Nesse tipo de trabalho, em que você pode conhecer

tanta gente, existe uma magia que lhe dá a possibilidade de romper com os estereó-

tipos, uma liberdade de fazer aquilo em que você acredita. Se você viajar nesse ideal,

seu voo será ainda maior, e se esse voo for na direção das pessoas, sua viagem será

ainda mais mágica, transformadora. Isso me excita até hoje.

can meet so many people, there is a magic that enables you to break withstereotypes, a freedom to do what you believe in. If you travel down this

ideal, your flight will be all the higher, and if this flight goes in the directionof people, your journey will be all the more magical and transforming. That

still thrills me, even today.

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Neta dança dianteda avóEnedinaMaria da Conceição, 95anos, emPonta Negra, RioGrandedo Norte,2007.

Grand-daughterdancing in frontof95-ye-

ars-old grandmotherEnedina Maria da

Conceição, in Ponta Negra, RioGrandedo 

Norte, 2007.

Índias Korotire. NaçãoKaiapó, SãoFélixdo Xingu, Pará, 1983.

KorotireIndians. Kaiapónation, SãoFélix 

doXingu, Pará, 1983.

Índias Korotire. NaçãoKaiapó, São

Félixdo Xingu, Pará, 1983.

KorotireIndians. Kaiapónation, SãoFélix 

doXingu, Pará, 1983.

Índios Kaiowá, despejados da al-deia deTakaura, acampados emfrenteà antiga terra, MatoGrossodoSul, 2001.

Kaiowá indians evicted from theTakaura

Reservation, camped in frontoftheir old

territory, MatoGrossodoSul, 2001.

Índia Kaiowá em busca deempre-gona fazenda RioBrilhante, MatoGrossodo Sul, 1997.

Kaiowá indian looking forwork on the 

RioBrilhante Farm, MatoGrosso doSul,

1997.

Carinhoentrepai efilho em regiãodeseca noNordestebrasileiro, Pa-raíba, 1998.

Affectionjoiningfatherandsoninadrought 

regionofBrazil’sNortheast,Paraíba,1998.

Família moradora do projeto Pa- Family residing in thePalheiro3 projectin

Famíliade Carvoeiros,Brasilândia,

MatoGrossodoSul, 1988.

Familyof charcoalworkers, Brasilândia,

MatoGrossodoSul,1988.

Casalde trabalhadorescarvoeiros,

MinasGerais,1989.

Charcoalworkercouple,MinasGerais,

1989.

Família detrabalhadores dosisal,

Bahia, 1983.

Family ofsisal workers, Bahia, 1983.

Mulhercanavieira queteveo mari-

domorto porexaustãode trabalho

nointeriorde SãoPaulo, 2007.

Woman sugarcanecutterwhosehusband

died ofexhaustion from work in theinte-

riorof SãoPaulo, 2007.

Bira Carvalho, fotógrafo formado

pela Agência-Escola Imagens do

Povo, doObservatório deFavelas,

fotografandoseu Joaquim edona

Luzia, na Favela Nova Holanda,

Maré, RiodeJaneiro, 2006.

Bira Carvalho, photographergraduated

from theImages ofthePeople Agency-

School sponsored by Slum Watch, pho-

tographing Joaquim and Luzia, in the 

Nova Holanda slum, Maré, RiodeJaneiro,

2006.

Meninasde Natal, RioGrandedo

Norte, 1987.

Girls in Natal, RioGrandedoNorte, 1987.

Jovem mulher grávida, cercada

pelosirmãose assistida porpartei-

ra, Amapá, 2002.

Young pregnantwoman surrounded by

herbrothers and sisters and attended by

a midwife, Amapá, 2002.

 

P a rt o f e it o p or p a rt e ira , c om

acompanhamentodopai, Amapá,

2002.

Delivery assisted by midwifeand accom-

panied by thefather, Amapá, 2002.

Família assistida pela Casa Renas- Family assisted by theCasa Renascer(the 

Reborn House) a projectto recuperate

Índiodiantedo marem Cabrália,Bahia, 2000.

Indian standing on theshoreatCabrália,

Bahia, 2000.

Criança quilombola nadando noRioSão Francisco, Nortede MinasGerais, 2009.

Child in formerslave community swim-

ming in theSão FranciscoRiver, North

Minas Gerais, 2009.

Casamento da jornalista Helencom Eliseu, liderança rural emMontes Claros, Norte de MinasGerais, 2009.

Thewedding ofjournalistHelen, rural lea-

derin Montes Claros, North Minas Gerais,

2009.

Eliseu, noivodeHelen, Montes Cla-ros, Nortede Minas Gerais, 2009.

Eliseu, Helen’s husband, Montes Claros,

North Minas Gerais, 2009.

Família de trabalhadores rurais,Nortede MinasGerais, 1985.

Family ofrural workers, North Minas Ge-

rais, 1985.Family ofrural workers, North

Minas, 1985.

ACasado Caminhoéumhospitaldeapoio,comgeriatriaepsiquiatriaemregimeaberto,queatendecerca de250pacientesassistidospor quase140funcionários.Na Casado Cami-nho,se respiracaridadee carinho.Osjardinstêm cheirinhode limpezaeflor. Ouve-semúsicaeescuta-sea

melodiadapaz.É umhospitaldeapoio compoucosrecursos,mas éumacasaondeparecequenãofalta nada.Aequipemultidisciplinarécompostapormédicos,psiquiatras,psicólogos,assistentessociais,psicopedagogos,terapeutasocupacionais,enfermeiros,auxiliaresetécnicosdeenfermagem.

ACasadoCaminhoéum projetodoespíritaTadeu,masrespirafé,paz efra-ternidadeecumênica,umlocalondetodasas crençasconvivemharmonio-samente,Araxá,MinasGerais,2002.

TheCasadoCaminho(theRoadhouse)isan open-regime 

supporthospitalwithgeriatricand psychiatriccare;about 

250patientsareassistedby nearly140employees.Inthe 

CasadoCaminho,youcanbreathethecharityandaffection.

Thegardenssmellofcleanlinessandflowers.Youhearmusic 

andlistentothemelodyof peace.Thisisasupporthospital

withscantresources,butit isa housewherenothingsee-

mstobe lacking.Themultidisciplinarystaffiscomposedof 

doctors,psychiatrists,psychologists,socialworkers,psycho-

pedagogues,occupationaltherapists,nurses,nursingauxilia-

riesandtechnicians.TheCasadoCaminhoisaprojectofthe 

spiritualistTadeu,butitbreathesfaith,peaceandecumenical

fraternity,aplacewhereallbeliefsliveharmoniouslytogether,Araxá,MinasGerais,2002.

Meninocarvoeiro senteos efeitos

da fuligem do carvão na fazenda

Financial, Ribas do Rio Pardo,

MatoGrosso doSul, 1988.

Boy charcoal workerfeels theeffects of 

thesoot on theFinancial Farm, Ribas do 

RioPardo, MatoGrossodoSul, 1988.

Criança carvoeira trabalhandonaFazenda Financial, em Ribas do

RioPardo. Seu sonho era serjo-

gadordefutebol, MatoGrossodo

Sul, 1988.

Child charcoal workerin the FinancialFarm, Ribas doRioPardo. His dream was

tobe a football player, MatoGrosso do 

Sul, 1988.

Raiz decastanheira etrabalhador

com catraca, Castanhal do Ubá,

Rootof a Brazil nuttreeand workerwith

ratchet, Castanhal doUbá, Pará, 1983.

Trabalho escravo na Fazenda

Tuerê, com 126 trabalhadores

escravizados na grilagem de180

alqueires do fazendeiroe médico

oftalmologista José Nicomedese

doempreiteiro AlbertoDanga; au-

xiliadopelosgatos Rubens eCoca,

epelocantineiroRené, municípioSenadorJosé Porfírio, vicinal principal

da Transamazônica, Pará, Dezembrode2001.

Slavelaboron theTuerêfarm,with126

enslavedworkers onthe approximately

490“grabbed”hectaresof farmerand

ophthalmologistJoséNicomedesandcon-

tractorAlbertoDanga,helpedbythethugs

RubensandCocaandbycanteenowner 

René,Municipalityof SenadorJoséPorfí-

rio,themain sideroadon theTrans-Ama-

zonianhighway,Pará,December2001.

Trabalho análogoao deescravo na

fazendaSapucaia.Essetrabalhador

játinhaperdidosua noçãode cida-

daniaenãoselembravamaisdeseu

nomeinteiro,nomedos pais,da fa-

zendaondetrabalhava,nemdodono

dafazenda.Tinhaapenasumavelha

bermudaepitavaumcigarrodepalha,Xinguara,Pará,Maiode2002.

Slave-likelabor on the Sapucaia farm.

This workerhad already lostall notion of 

citizenship and nolonger remembered

his full name, thename of his parents,

thefarm whereheworked orthe farm

owner’s name. Hehad only an old pairof 

bermudas and smoked a straw cigarette,

Xinguara, Pará, May 2002.

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Família moradora do projeto Pa-lheiro3, em Mossoró, RioGrandedoNorte, 2003.

Family residing in thePalheiro3 projectin

Mossoró, RioGrandedoNorte, 2003.

Família rural dePalmares. A se-nhora em pé, aofundo, éparteira,Pernambuco, 2004.

Rural family in Palmares. Thelady stan-

ding in thebackground is a midwife, Per-

nambuco, 2004.

Romeiros em Juazeiro do Norte,Ceará, 1998.

Pilgrims in Juazeiro do Norte, Ceará,

1998.

Romeiros em Juazeiro do Norte,Ceará, 1998.

Pilgrims in Juazeiro do Norte, Ceará,

1998.

Família a cavalo em Soledade,

Paraíba, 1997.

FamilyonhorsebackinSoledade,Paraíba,

1997.

Morrodo PretoForro, Engenho

Novo, RiodeJaneiro, 1977.

PretoForroHill,EngenhoNovo,Rio de 

Janeiro,1977.

DespejadosemMarabá,Pará, 1979. EvictedinMarabá,Pará,1979.Reconstrução da Casa de Reza,

Aldeia deParaguaçu, pelos índios

Guarani Kaiowá, Mato Grosso do

Sul, 2000.

Reconstruction ofthePrayer House, Pa-

raguaçu Reservation, by Guarani Kaiowá

indians, MatoGrossodoSul, 2000.

cer, um projeto destinadoa recu-

perargarotas vítimas deviolências

generalizadas, Natal, Rio Grande

doNorte, 1998.

Reborn House), a projectto recuperate 

girl victims ofvarious types ofviolence in

Natal, RioGrandedoNorte, 1998.

Criançasquilombolas em Alcânta-

ra, Maranhão, 1997.

Children in former slavecommunity in

Alcântara, Maranhão, 1997.

JoãoeOlga,umahistóriade amorecoragem.João Anselmoé corta-dore trabalha coma motosserra.Tem51 anos, corpo fortee portefísico elegante, mas já marcadopelotempoe pelotrabalhopesa-do.Sua companheira, OlgaMariaMa rt i ns, d e 6 7 a nos,f i c ou c e gatrabalhandonas carvoariasao ladodeJoão. Aparentaser bemmais

velhadoqueé edependedomaridoatéparaprepararacomida.moramnumbarracomuito pobre,sem saneamentonem águapotável.Para be-beráguamais saudável,elestêmde sairpara procurarumcórrego.JoãoeOlgasãoo retratodaescravidão.Háseisanos,nãorecebemdinheiroetrabalhamemtrocade comida.Quemvê avelhinhaOlga Mariatateandoporseubarracosesurpreendeaoescutarsuahistória.“Tiveumcasamentoanterior.Meuex-maridomorreu eeu crieimeusquatro filhose conseguiqueestudassemetrabalhassem.Hoje,todos estãocasados.Achoquesãofelizes.Praisso, luteimuito.Depois,resolviser felizefui vivera vida,viveraventuras...eme apaixoneipor João,queera maisnovo,bom ebonito.Trabalhamose namoramospor essascarvoarias”. Olgafoi umamulher

guerreiraesedutora;quandofala, nosseus lábiosaindasedesenhaa corforteda paixãoquevive nasuamemória. Olhandoessecasal,se percebecomoa exploraçãonascarvoariaspassacomo umtratorpor cimadasvi-dasetransformahistóriasdeamorem tragédias.OlgaeJoãosão almassemsonhosoudesonhosmutilados,guardadosaindaemcoraçõessolidá-rios.“Tenhosempre trabalhadode empreita.Jáperdia contadequantosempreiteirosnãomepagaram.TrabalheipraJerônimo,HelenoeReinaldo.Esseúltimo,donode mercadoemRibasdoRio Pardo.Nãorecebinadadenenhumdeles.Temde6 a7 anosquevenhotrabalhandoemtroca deco-mida,nuncatenhosaldodedinheiro.dizemeles queeufico devendoumamixaria.eusoutratadode qualquerjeito,nãoseio preçode mercadorianãoseiopreçodenada”,RibasdoRioPardo,MatoGrossodoSul,1998.

JoãoandOlga,astoryof loveandcourage.JoãoAnselmois

alumberjackandworkswitha chainsaw.Heis 51yearsold,

strongandwith anelegantphysique,if alreadymarkedby

timeandheavy-dutywork.His companion,OlgaMariaMar-

tins,aged67,becameblindworkinginthecharcoalkilnsbeside 

João.Shelooksmucholderthanwhatsheisandevendepends

onherhusbandtocookforher.Theylivein averypoorshack

withoutsanitationanddrinkingwater.Todrinkhealthierwater,

theyhavetolookforacreek.JoãoandOlgaaretheportraitof 

slavery.Theyhavereceivednomoneyforsix yearsandwork

inexchangeforfood.WhoeverseesoldOlgagropingherway

insidetheirshackissurprisedtohearherstory.“Iwasmarried

before.Myex-husbanddiedandIbroughtupmyfourchildren

andmanagedforthemto studyandwork.Now theyareall

married.Ithinktheyarehappy.I foughtalotfor that.ThenI 

decidedIwasgoingtobehappyandwentto getmyselfalife,

liveadventures…andIfell inlovewithJoão,who wasmuch

 younger,goodand handsome.We workedand lovedone 

anotherinthose coalkilns”.Olga wasa fighting,seductive 

woman;whenshetalks,youcanstillseeonherlips thestrong

colorofthepassionthatlivesoninhermemory.Lookingatthis

couple,yourealizehowtheexploitationinthecharcoalkilns

crushesliveslikeasteam-rollerandchangeslovestoriesinto tragedies.OlgaandJoãoaresoulswithoutdreams,orwhose 

dreamshavebeenmutilatedbutarestillpreservedinheartsof 

solidarity.“Ihavealwaysworkedundercontract.I’velostcount 

ofthecontractorswhodidnotpayme.I workedforJerônimo 

HelenoandReinaldo.ThislastguyownsamarketinRibasdo 

RioPardo.Ireceivednothingfromanyofthem.It’sbeen6or 

7yearsthatI’vebeenworkingjustforfood,there’sneverany

moneyleftover.TheysaythatIowejust apittance.Theytreat 

meanywaytheywant,Idon’tknowthepriceofwhatIbuyinthe 

market,Idon’tknowthepriceofanything”,RibasdoRio 

Pardo,MatoGrossodoSul,1998.

, ,

Pará, 1983.

Trabalhoescravo em fazendade

cana-de-açúcar,Mato Grosso do

Sul,1986.

Slavelabor on a sugarcaneplantation,

MatoGrossodoSul, 1986.

Caminhãotransportaos corposdas

19vítimasdomassacredo Eldorado

dosCarajás,Pará,1996.

Truck carrying thebodies ofthe19 victims

ofthemassacreat Eldoradodos Carajás,

Pará, 1996.

Enterrodasvítimasdomassacrede

EldoradodosCarajás,Pará,1996.

Burial ofthevictims of themassacreat 

Eldoradodos Carajás, Pará, 1996.

Velórioem Eldoradodos Carajás,

Pará,1996.

Wake in Eldorado dos Carajás, Pará,

1996.

EnterrodeíndiaGuaraniKaiowá,ex-

pulsadesua aldeiaede suasterras

nomunicípiodeArueira,MatoGros-

sodoSul,1986.

Burial ofGuarani Kaiowá indian expelled

from her reservation and lands in the 

municipality ofAr ueira, MatoGrosso do 

Sul, 1986.

Mulherresisteemsuaterrajá de-

vastadapela plantação deeucalip-

tos,NortedeMinas Gerais,2002.

Woman resists on herland already devas-

tated by eucalyptus planting, North Minas

Gerais, 2002.

CasaqueimadaemViladeCava,Rio

deJaneiro,1974.

Houseburned down in Vila deCava, Rio 

deJaneiro, 1974.

PesagemrealizadapelaPastoralda

Criança,Ceará,1999.

Weighing carried out by theChildren’s

Pastoral, Ceará, 1999.

Esquadrãoda Morte atua na Bai-

xada Fluminense, Riode Janeiro,

1979.

Death Squad acts in theBaixada Flumi-

nense, RiodeJaneiro, 1979.

Trabalhadores rurais carregando

corpode trabalhadorassassinado

na fazenda Chichalkrin, Tocantins,

1984.

Rural workers carrying thebody of a

workermurdered on the Chichalkrin

Farm, Tocantins, 1984.

Moradores derua, Riode Janeiro,

1979.

Streetpeople, RiodeJaneiro, 1979.

ÍndiosGuarani Kaiowá, MatoGros-

sodo Sul, 1998.

Guarani Kaiowá indians, MatoGrosso do 

Sul, 1998.

ÍndiosGuarani Kaiowá em conflito

na Aldeia Paraguaçu, MatoGrosso

doSul, 2000.

Guarani Kaiowá indians in conflictin the 

Paraguaçu Reservation, MatoGrosso do 

Sul, 2000.

ÍndiosGuarani Kaiowá em conflito

na Aldeia Paraguaçu, MatoGrosso

doSul, 2000.

Guarani Kaiowá indians in conflictin the 

Paraguaçu Reservation, MatoGrosso do 

Sul, 2000.

Manifestaçãodos Sem-Terra por

ocasião das festividades de 500

anosda descoberta doBrasil, Por-

toSeguro, Bahia, 2000.

Demonstration oftheLandless Movement 

on theoccasion ofthecommemoration of 

the500th anniversary ofthediscovery of 

Brazil, PortoSeguro, Bahia, 2000.

Manifestaçãodurantepasseatano

FórumMundial Social em Porto

Alegre,RioGrandedo Sul,2001.

Demonstration during march attheWorld

Social Forum in PortoAlegre, RioGrande 

doSul, 2001.

Homensquetrabalhame vivemno

lixoemNatal, RioGrandedo Norte,

1999.

Men whowork and livein thegarbagein

Natal, RioGrandedoNorte, 1999.

Trabalhadorruralnos canaviaisda Rural worker in thesugarcanefields of 

th E t Mill i C ó li Sã P l

Carvoeiroenchendocaminhão em

OlhosD’Água,NortedeMinasGe-

rais,1997.

Charcoal workerf illing truck in Olhos

D’Água, North Minas Gerais, 1997.

CarvoariaRioPardodeMinas,Mi-

nasGerais,2008.

RioPardo deMinas coal kiln, Minas Ge-

rais, 2008.

AcampamentodoMovimentoSem-

TerraemRioBonito,Paraná,1998.

 

Landless MovementCamp in RioBonito,

Paraná, 1998.

Família da trabalhadora rural Ma- Family ofrural worker Maria Nogueira,

Exércitoreprimeno RiodeJaneiro,

Catumbi, 1994.

Army repression in Catumbi, Riode Ja-

neiro, 1994.

Exércitoreprimeno RiodeJaneiro,

Catumbi, 1994.

Army repression in Catumbi, Riode Ja-

neiro, 1994.

Exércitoreprimeno RiodeJaneiro,

Mangueira, 1994.

Army repression in Mangueira, Rio de 

Janeiro, 1994.

Exércitoreprimeno RiodeJaneiro,

Mangueira, 1994.

Army repression in Mangueira, Rio de 

Janeiro, 1994.

Criançanaseca,Ceará,1997. Child in thedrought, Ceará, 1997.

Enterrodecriançaassassinada,Rio

deJaneiro,1972.

Burial ofmurdered child, RiodeJaneiro,

1972.

CarvoariaRioPardodeMinas,Mi-

nasGerais,2008.

RioPardo deMinas coal kiln, Minas Ge-

rais, 2008.

MarcosQuadrino,de 44anos,tra-

balhadorcarvoeiro, MatoGrosso

doSul,1998.

Marcos Quadrino, 44 years old, charcoal

worker, MatoGrossodoSul, 1998.

Cooperativa de trabalhadoresdo

sisalemValente,Bahia,1985.

Cooperativeof sisal workers in Valente,

Bahia, 1985.

Trabalhoinfantilnosisal emValen-

te,Bahia,1985.

Child laborat sisal plantation in Valente,

Bahia, 1985.

Trabalhoinfantilnosisal emValen-

te,Bahia,1985.

Child laborat sisal plantation in Valente,

Bahia, 1985.

8/12/2019 RIPPER Imagens Humanas

http://slidepdf.com/reader/full/ripper-imagens-humanas 117/121

232 233

Mãe e filha desnutrida da nação

Guarani Kaiowá, sãoexpulsas de

suas terras, sendoabrigadas na

aldeia Limão Verde, Mato Grosso

doSul, 1998.

Motherand child malnutrition, from Gua-

rani Kaiowá nation, aredriven from their 

land and housed in theLimão VerdeRe-

servation, MatoGrossodoSul, 1998.

Família voltandopara Pernambu-

co, depois detentara vida em São

Paulo, 1989.

Family returning to Pernambucoafter 

trying theirluck in SãoPaulo, 1989.

Crianças que trabalham e vivem

nolixo em Natal, Rio Grande do

Norte, 1999.

Children whowork and liveamong the 

garbagein Natal, Rio Grandedo Norte,

1999.

Crianças que trabalham e vivem

nolixo em Natal, Rio Grande do

Norte, 1999.

Children whowork and liveamong the 

garbagein Natal, Rio Grandedo Norte,

1999.

Índios Guarani Kaiowá, MatoGros-

sodo Sul, 1998.

Guarani Kaiowá indians, MatoGrosso do 

Sul, 1998.

Usina Ester, emCosmópolis,São

Paulo,2009.

theEster Mill in Cosmópolis, SãoPaulo,

2009.

Trabalhadorruralnos canaviaisda

Usina Ester, emCosmópolis,São

Paulo,2009.

Rural worker in thesugarcanefields of 

theEster Mill in Cosmópolis, SãoPaulo,

2009.

Trabalhadorlimpandocaldeiraem

usinadecana-de-açúcar,SãoPau-

lo,2008.

Workercl eaning boiler on a sugarcane 

mill in SãoPaulo, 2008.

Carvoeiroem Ribasdo RioPardo,

MatoGrossodo Sul,1998.

Charcoal workerin Ribas doRio Pardo,

MatoGrossodoSul, 1998.

Criançascarvoeirasna fazendaFi-

nancial,RibasdoRio Pardo,Mato

GrossodoSul, 1988.

Child charcoal workers in Financial Farm,

Ribas doRio Pardo, MatoGrossodo Sul,

1988.

ria Nogueira, boia-fria do café,

vivendocomo pedintedurantea

entressafra, Bahia, 2004.

coffeepicker, living as a beggarbetween

harvests, Bahia, 2004.

Trabalhadora rural despejada em

Marabá, Pará, 1979.

Rural workers evicted in Marabá, Pará,

1979.

Família despejada duranteproces-

so deocupação urbana em Natal,

RioGrandedo Norte, 2006.

Family evicted during urban occupation in

Natal, RioGrandedoNorte, 2006.

Palafitas na favela da Maré, Riode

Janeiro, 1993.

Stilthousein theMaréslum, RiodeJa-

neiro, 1993.

Trabalhoinfantilnosisal emValen-

te,Bahia,1985.

Child laborat sisal plantation in Valente,

Bahia, 1985.

Populaçãopegandoáguaemreser-

vatóriopúblico,Soledade, Paraíba,

1997.

Population collecting waterin a publicre-

servoir, Soledade, Paraíba, 1997.

Trabalhoinfantilnosisal emValen-

te,Bahia,1985.

Child laborat sisal plantation in Valente,

Bahia, 1985.

SecanoNordeste brasileiro,Cuba-

ti,Paraíba,1999.

DroughtintheBrazilianNortheast,Cubati,

Paraíba,1999.

MutirãodearrozemConceiçãodo

Araguaia,Pará,1982.

Concerted effortgathering ricein Concei-

çãodoAraguaia, Pará, 1982.

Trabalhadorruralcanavieiro, Mato

Grossodo Sul,1986.

Sugarcaneworker, MatoGrosso doSul,

1986.

AlmadeGato, liderGuaraniKaiowá

daaldeiaTaquara,assassinadopor

pistoleiros,aserviçode fazendeiros

doMatoGrossodoSul,2001.

Alma deGato (CatSoul), Guarani Kaio-

wá leaderof the Taquara Reservation,

murdered by gunmen hired by farmers in

MatoGrossodo Sul, 2001.

Índio GuaraniKaiowá trabalhando

emcondiçõesanálogas àsde um

e scra vo n a u sin a N a vi raí , Ma to

GrossodoSul,1987.

Guaraní Kaiowá indian working in condi-

tions similartoslavery in theNaviraí mill,

MatoGrossodo Sul, 1987.

Carvoeiroem OlhosD’Água, Norte

deMinasGerais,1997.

Charcoal workerin Olhos D’Água, North

Minas Gerais, 1997.

TrabalhadorruralandandonaTran-

samazônica,Altamira,Pará,1985.

Rural workerwalking on theTrans-Ama-

zon highway, Altamira, Pará, 1985.

Famíliaatingida pelagrande seca

doCeará,1998.

Family afflicted by thegreat droughtin

Ceará, 1998.

Índio GuaraniKaiowáem áreade

conflitonaAldeiaParaguaçu,Para-

nhos,MatoGrosso doSul,1998.

Guarani Kaiowá indian in an area ofcon-

flictin the Paraguaçu Reservation, Para-

nhos, MatoGrossodoSul, 1998.

Índia GuaraniKaiowáemárea de 

conflitona AldeiaParaguaçu,Pa-

ranhos,MatoGrossodoSul,1998.

Guarani Kaiowá indian in an area ofcon-

flict in theParaguaçu Settlement, Para-

nhos, MatoGrossodoSul, 1998.

Índias guaranis esperam na co-

zinha a voltadosmaridos,índios

guaraniscavaleiros, Rio Brilhante,

MatoGrossodo Sul,1998.

Guaraniindianwomenwaitinthekitchenfor 

theirhorsemenhusbandsto comehome,

RioBrilhante,MatoGrossodoSul,1998.

Família espera voltado pai,que

estápreso emtrabalhoescravo no

SuldoPará, 1984.

Family waiting forfather tocome home,

after being imprisoned on slave labor 

farm, South Pará, 1984.

Parteiraacompanha mãe grávida

noAmapá,2005.

Midwifeattending topregnantwoman in

Amapá, 2005.

A t ira dor d e f a ca s d e u m c i rc o

mambembetreinaseu ofíciocom

mulhergrávida,Natal, RioGrande

doNorte,2007.

Knife-throwerofa country circus training

with his pregnantwife, Natal, RioGrande 

doNorte, 2007.

Criançascaranguejeiras,Maragogi-

pe,Bahia,2001.

Childrencrabcatchers,Maragogipe,Bahia,

2001.

Criançasquetrabalhamna catado

lixoevivemnolocal,RioGrandedo

Norte,1999.

Children whowork scavenging in thegar-

bagedump and liveon thespot, RioGran-

dedoNorte, 1999.

Ciepabandonado na Favela Ru-

bensVaz, ocupadopor moradores

doComplexodaMaré,Rio deJa-

neiro,1991.

Publicschool abandoned in theRubens

Vaz slum and occupied by residents ofthe 

Maréslum complex, RiodeJaneiro, 1991.

Trabalhadoresrurais em assenta-

mentodo MSTnafazendaAnoni,

RioGrandedo Sul,1984.

Rural workers at a Landless Movement 

settlement, on theAnoni Farm, RioGran-

dedoSul, 1984.

Índios GuaraniKaiowá desaldea-

dos,buscandoempregona fazen-

daRio Brilhante, MatoGrossodo

Sul,1997.

Guarani Kaiowá indians evicted from their 

reservation, looking forwork in Rio Bri-

lhanteFarm, MatoGrossodoSul, 1997.

Trabalhadoresruraisnos canaviais

deSãoPaulo,2009.

Sugarcaneworkers in SãoPaulo, 2009.

Trabalhadorruralem usinadeSão

Paulo,2009.

Rural mill workerin SãoPaulo, 2009.

Trabalhadorruralem usinadeSão

Paulo,2009.

Rural mill workerin SãoPaulo, 2009.

Mulhercatadoradetomate,Birigui,

SãoPaulo,1982.

Woman tomatopicker, Birigui, SãoPaulo,

1982.

Trabalhador mangabeiro de Vilade Ponta Negra. Com a criaçãoda chamada Barreira doInferno,

Rubbertapperin Vila de Ponta Negra. With thecreation

of theso-called Hell’s Barrier, a de-activated airbase 

forlaunching rockets, a largespread of land with many

Criançaquilombola em Alcântara,

Maranhão,1997.

Child in formerslavecommunity in Alcân-

tara, Maranhão, 1997.

PescadordeNiterói,Rio deJaneiro,

1971.

Fisherman in Niterói, RiodeJaneiro, 1971.

ÍndioKorotireKaiapóemSãoFélix

doXingu,Pará,1983.

KorotireKaiapóindian in SãoFélixdo Xin-

gu, Pará, 1983.

ÍndioKorotireKaiapóemSãoFélix

doXingu,Pará,1983.

KorotireKaiapóindian in SãoFélixdo Xin-

gu, Pará, 1983.

Jovensmãesmoradorasemfave-

lade Natal, RioGrandedoNorte,

amparadaspeloProjeto Renascer,

1998.

Young mothers living in a slum in Natal,

RioGrande do Norte, supported by the 

RenascerProject, 1998.

aosmoradoresdasfavelas locais,osquaiscontinuamatuandocomomãodeobraem situaçãoanálogaàde escravosparaesses comerciantesqueatéhojenão foramcondenadosepresos, Bahia,2002.

Mãee filhade trabalhadoramortanaexplosãode fogosde artifício,em fábrica clandestina de SantoAntôniode Jesus, naqualmorre-ram64 mulheres.Asfábricas clan-destinascontinuama funcionarnacidade,umavezquenão foramofe-recidasopçõesdetrabalhodecente

Motherand daughterofa femaleworker 

killed in theexplosion of a clandestine 

fireworks factory in SantoAntôniode Je-

sus in which 64 women died. Clandestine 

factories still operatein thetown, sinceno 

otherdecentwork options wereoffered to 

thedwellers ofthe local slums, whostill

constitutethe laborf orcein a situation

similarto slavery forthesemerchants,

whohaveyetto becondemned and impri-

soned, Bahia 2002.

8/12/2019 RIPPER Imagens Humanas

http://slidepdf.com/reader/full/ripper-imagens-humanas 118/121

234 235

CinemaemTucuruí,Pará,2001. Cinema in Tucuruí, Pará, 2001.

Trabalhador carvoeiro em Ribas

doRioPardo,MatoGrossodoSul,

1998.

Charcoal workerin Ribas doRio Pardo,

MatoGrossodoSul, 1998.

Trabalhador carvoeiroem Casta-

nhaldoUbá,Pará, 1985.

Charcoal workerin Castanhal doUbá,

Pará, 1985.

Ciepabandonado na Favela Ru-

bensVaz, ocupadopor moradores

doComplexodaMaré,Rio deJa-

neiro,1991.

Publicschool abandoned in theRubens

Vaz slum and occupied by residents ofthe 

Maréslum complex, RiodeJaneiro, 1991.

Umadas poucas remanescentes

daetnia Kinikinau,estaíndia, com

maisde 100anos,encontrava-se

acolhidaem aldeia Terena, Mato

Grossodo Sul,1986.

Oneofthe few remaining members ofthe 

Kinikinau ethnicgroup, this Indian, aged

over100 was welcomed on thereserva-

tion. Terena, MatoGrossodoSul, 1986.

Mangabeirasde ViladePontaNe-

gra,Natal,Rio Grande doNorte,

2007.

Mangabeira (Hancornia speciosa) trees in

Vila dePonta Negra, Natal, RioGrandedo 

Norte, 2007.

IndiozinhoGuaraniKaiowá,noaltar 

dacasado caciqueFranciscoBeni-

tez,MatoGrosso doSul,2000.

LittleGuarani Kaiowá indian boy atthe 

altarofthehouse ofChiefFrancisco Beni-

tez, MatoGrossodoSul,2000.

baseaérea para lançamento defoguetes hoje desativada, umagrande extensão de terras, comvárias mangabeiras, foi ocupada e

ostrabalhadores tiveram deabandonara localidadepara trabalharnes-sa profissãoextrativista. Em seu trajeto, eles sobem dunas repletas devegetaçãoemangabeiras num trabalhoárduo, parandopara descansarpordois diasna casa deuma amiga, ondetêm quecarregar água parafazera comida, a higienee lavaras frutas, seja em latas na cabeça, sejapuxandocarroça. Aproveitam esses dois dias para colherem outros fru-tos, comomanga, eervas, comooalecrim, além desedivertirem noRioPirangi. Depois, retornam na terça à noite, deixam as frutas abafadasmadurandoatéa quinta-feira, quandovãovendê-las na comunidadeouna cidadede Natal, RioGrandedoNorte, 2007.

mangabeira (Hancornia speciosa) trees was occupied

and theworkers had toabandon thesiteto work in this

extractivistprofession. Their journey involves climbing

up dunes covered with vegetation and mangabeira tre-

es, working hard and stopping torestf ortwo days in a

friend’s house, wherethey haveto carry water- either 

on theirheads orpulling a cart- for cooking, bathing and

washing fruit,. They usethesetwodays to gatherother 

fruits likemangoes, and herbs like rosemary, besides en-

 joying themselves in thePirangi River. Then they return

on Tuesday night, leaving thefruitwrapped up to ripen by

Thursday, when they will sell itin thecommunity orin the 

city ofNatal, RioGrandedoNorte, 2007.

IndiazinhaGuaraniKaiowáemárea

deconflito, duranteretomada da

ReservaCaarapó,MatoGrossodo

Sul,2000.

LittleGuarani Kaiowá indian girl in an area

of conflict during repossession of the 

CaarapóReservation, Mato Grosso do 

Sul, 2000.

Criança quilombola do Quilombo

doGurutuba,Vila Sudário,Vilarejo

Pacuí,MinasGerais,2005.

Child in former slave community, the 

QuilomoGurutuba, Vila Sudário, Vilarejo 

Pacuí, Minas Gerais, 2005.

IndiazinhaGuaraniKaiowáemárea

deconflito, duranteretomada da

ReservaCaarapó,MatoGrossodo

Sul,2000.

LittleGuarani Kaiowá indian girl in an area

of conflict during repossession of the 

CaarapóReservation, MatoGrossodo 

Sul, 2000.

Filhadetrabalhadoramortanaexplo-

sãode fogosde artifício,em fábricaclandestinadeSantoAntôniode Je-sus,emquemorreram64 mulheres.Asfábricasclandestinascontinuamafuncionarnacidade,umavezquenãoforamoferecidasopçõesde trabalhodecenteaos moradores dasfavelaslocais,os quaiscontinuam atuandocomomãodeobra emsituaçãoaná-logaàdeescravosparaessescomer-ciantesqueatéhojenãoforamconde-nadosepresos,Bahia,2002.

Daughterofa femaleworker killed in the 

explosion ofa clandestinefireworks fac-tory in SantoAntônio deJesus in which

64 women died. Clandestinefactories

still operatein thetown, sinceno other 

decentwork options wereoffered tothe 

dwellers ofthelocal slums, whostill cons-

titutethelabor forcein a situation similar 

toslavery forthesemerchants, whohave 

 yet to be condemned and imprisoned,

Bahia, 2002.

Rostoamigo,Rio deJaneiro,2007. A friendly face, RiodeJaneiro, 2007.

SorrisocúmplicenaCasa doCami-

nho,Araxá,MinasGerais, 2002.

An accomplicesmilein theCasa doCami-

nho, Araxá, Minas Gerais, 2002.

Escoamento da produção vicinal

da Transamazônica. Medicilândia,

Pará,1987.

Outflow ofproduction in areas bordering

theTrans-Amazon highway. Medicilândia,

Pará, 1987.

Criançasnocarro debois,Norte de

MinasGerais,1999.

Children on ox-drawn cart, North Minas

Gerais, 1999.

Pescadores em Arraial do Cabo,

RiodeJaneiro, 1982.

Fishermen atArraial doCabo, Riode Ja-

neiro, 1982.

TravessiaSãoLuís -Alcântara,Ma-

ranhão,1997.

Crossing from SãoLuís to Alcântara, Ma-

ranhão, 1997.

RioSão FranciscoemSão Francis-

co,MinasGerais, 2008.

TheSãoFranciscoRiverat SãoFrancisco,

Minas Gerais, 2008.

RioSãoFrancisco emPirapora,Mi-

nasGerais,2008.

TheSãoFrancisco Riverat Pirapora, Mi-

nas Gerais, 2008.

RioSãoFrancisco emPirapora,Mi-

nasGerais,2008.

TheSãoFrancisco Riverat Pirapora, Mi-

nas Gerais, 2008.

Marisqueiras deMaragogipe, Re-

côncavoBaiano,Bahia,2001.

Shellfish gatherers atMaragogipe, Recôn-

cavoBaiano, Bahia, 2001.

SertãodaParaíba,1998. TheParaíba backlands, 1998.

ZonaruraldeTapetim,Pernambuco,

2004.

Therural zone in Tapetim, Pernambuco,

2004.

Trabalhadora rural cuidando do

plantiodefeijãoem Trajanode Mo-

raes, RiodeJaneiro, 2004.

Rural workertending thebean crop in Tra-

 janodeMoraes, Riode Janeiro, 2004.

Famíliaesperandocondução,Para-

íba,1997.

Family waiting fora lift, Paraíba, 1997.

Soledade,Paraíba,1997. Soledade, Paraíba, 1997.

Centrode beneficiamentode car-

vão,TrêsMarias,MatoGrossodo

Sul,1988.

Charcoal processing center, Três Marias,

MatoGrossodoSul, 1988.

RioSão Franciscoem Ibotirama,

Bahia,2004.

TheSão FranciscoRiver atIbotirama,

Bahia, 2004.

Ribeirinhosobservandooencontro

d oR i oS ã o Fran c isc oc om o R i o

Grande,Barra,Bahia,2005.

Riversidedwellers watching themeeting

oftheSão FranciscoRiverwith theRio 

Grande, Barra, Bahia, 2005.

PequenoíndionorioAraguaia,Con-

ceiçãodoAraguaia,Pará, 1982.

Indian boy in theAraguaia River, Concei-

çãodoAraguaia, Pará, 1982.

ÍndiosGuarani Kaiowáameaçados

dedespejona aldeiaJaguapiré.Pa-

ranhos,MatoGrosso doSul,1989.

Guarani Kaiowá indians threatened with

eviction from theJaguapiréReservation,

Paranhos, MatoGrossodoSul, 1989.

AkayeratádosSantose suamãe

Noêmia Alves dosSantos,índios

danação Pataxó,da aldeiaJaquei-

ra,emSantaCruzCabrália,Bahia,

2009.

Akayeratá dos Santos and his mother 

Noêmia Alves dos Santos, Pataxónation

indians, from theJaqueira Reservation in

Santa Cruz Cabrália, Bahia, 2009.

NawyAlvesSerafim,índiaPataxó

daaldeiaJaqueira,em SantaCruz

Cabrália,Bahia,2009.

Nawy Alves Serafim, a pataxóindian from

theJaqueira Reservation in Santa Cruz

Cabrália, Bahia, 2009.

Lavadeira,na favelaMalvina,Ama-

pá,1988.

Washing woman, in theMalvina slum,

Amapá, 1988.

Pescadoras na Cachoeirade Te-

otônio emPorto Velho, Roraima,

2005.

Fisherwomen atCachoeira deTeotônioin

PortoVelho, Roraima, 2005.

Pescadoras na Cachoeirade Te-

otônio emPorto Velho, Roraima,

2005.

Fisherwomen atCachoeira deTeotônioin

PortoVelho, Roraima, 2005.

Pescadoras na Cachoeirade Te-

otônio emPorto Velho, Roraima,

2005

Fisherwomen atCachoeira deTeotônioin

PortoVelho, Roraima, 2005.

Mulheremmanifestaçãono Fórum

SocialMundial,PortoAlegre,2001.

Womanat ademonstrationin theWorld

SocialForum,PortoAlegre,2001.

Manifestação no Fórum Social

Mundial,PortoAlegre,2001.

Demonstrationatthe WorldSocialForum,

PortoAlegre,2001.

Criançasbrincamno ProjetoPa-

lheiro 1,Mossoró,Rio Grandedo

Norte,2006.

Childrenplayingin thePalheiro1 Project,

Mossoró,RioGrandedoNorte,2006.

Criançasbrincamno ProjetoPa-

lheiro 1,Mossoró,Rio Grandedo

Norte,2006.

Childrenplayingin thePalheiro1 Project,

Mossoró,RioGrandedoNorte,2006.

Criançasbrincamno ProjetoPa-

lheiro 1,Mossoró,Rio Grandedo

Norte,2006.

Childrenplayingin thePalheiro1 Project,

Mossoró,RioGrandedoNorte,2006.

Criançasbrincamno ProjetoPa-

lheiro 1,Mossoró,Rio Grandedo

Norte,2006.

Childrenplayingin thePalheiro1 Project,

Mossoró,RioGrandedoNorte,2006.

Gabriela,filhade PatríciaeRicardo

Funari,em suacasade NovaFri-

Gabriela,daughterofPatríciaand Ricardo 

Funari,attheirhomein NovaFriburgo,Rio 

d J i 2008

8/12/2019 RIPPER Imagens Humanas

http://slidepdf.com/reader/full/ripper-imagens-humanas 119/121

236 237

VaqueiroemXinguara,Pará,1979. Cowboy in Xinguara, Pará, 1979.

Xinguara,Pará,1983. Xinguara, Pará, 1983.

AcampamentoRioBonito, Paraná,

1998.

RioBonitoCamp, Paraná, 1998..

ç g , ,

Meninoscanoeirosnorio Araguaia,

Conc ei ç ão d o A ragu ai a , P a rá ,

1983.

Boys brigadein theAraguaia River, Con-

ceiçãodoAraguaia, Pará, 1983.

Escolaindígenana AldeiaTaquara,

MatoGrossodo Sul,2001.

Indian school in the Taquara Reservation,

MatoGrossodoSul, 2001.

Escolaindígenana AldeiaTaquara,

MatoGrossodo Sul,2001.

Indian school in the Taquara Reservation,

MatoGrossodoSul, 2001.

Trabalhadorfaz barba em estábu-lona fazenda Estrela das Alagoas,onde foi encontrado trabalhandocomo escravo. Proprietário: LimaAraújoAgro pecuária Ltda. A pro-priedadepossui 11 mil hectares e

10.000bois. Gerente: Gilvan Pas-sos Filho; procurador que atuou

nocaso: Loris Rocha Pereira Junior; oSr. Gilvan, gerenteda fazenda, éengenheiroagrônomo, MatoGrossodo Sul, 2000.

Workershaving in a stableon theEstrela

das Alagoas Farm, wherehewas found

working as a slave. Owner: Lima Araújo 

Agropecuária Ltda. Theproperty owns

11,000hectares and 10,000head ofcat-

tle. Manager: Gilvan Passos Filho; promo-

terwho worked on thecase: Loris RochaPereira Junior. Mr. Gilvan, managerof the 

farm, is an agricultural engineer, Mato 

GrossodoSul, 2000.

EscolaindígenanaAldeia Taquara,

MatoGrossodo Sul,2001.

Indian school in the Taquara Reservation,

MatoGrossodo Sul, 2001.

2005.

Trabalhador carvoeirocom papa-

gaio,Brasilândia,Mato Grosso do

Sul,1984.

Charcoalworkerwith parrot,Brasilândia,

MatoGrossodoSul,1984.

TrabalhadoraruralemPorteirinhas,

NortedeMinas Gerais,2009.

Ruralworker inPorteirinhas,NorthMinas

Gerais,2009.

Sr.AtalibadosSantos,carvoeiro,

vítima de trabalhoescravo,com

suaprimeiracarteirade trabalho.

Ribas doRio Pardo,Mato GrossodoSul,1988.

Mr.Ataliba dosSantos, charcoalworker,

victimofslave labor,withhis firstworking

papers.Ribasdo RioPardo,Mato Grosso 

doSul,1988.

AcampamentoRioBonito, Paraná,

1997.

RioBonitoCamp,Paraná,1997.

burgo,Riode Janeiro,2008. deJaneiro,2008.

RetomadadaaldeiaCerroMoran-

gatu, no município AntonioJoão,

MatoGrossodoSul,2000.

RepossessionoftheCerroMorangatuRe-

servationinAntonioJoão,MatoGrossodo 

Sul,2000.

ÍndioKaiowá naaldeia deJaguapi-

ré,Paranhos,MatoGrossodoSul,

1989.

Kaiowáindian in theJaguapiré Reserva-

tion.Paranhos,MatoGrossodoSul,1989.

ÍndioGuaraniKaiowá daaldeiaPa-

raguaçu,Paranhos, MatoGrosso

doSul,2000.

GuaraniKaiowá indianat theParaguaçu

Reservation,Paranhos,Mato Grossodo 

Sul,2000.

OsirmãosMarcos eIndianaBarbo-

sabrincamnoRio SãoFrancisco,

natravessia deXiqueXiquepara

Barra,Bahia,2008.

BrothersMarcosand Indiana Barbosa

playingintheSãoFranciscoRiver,atthe 

crossingbetweenXiqueXique andBarra,

Bahia,2008.

Pescadores no encontrodo Rio

SãoFranciscocomo RioNegro,em

Barra,Bahia,2004.

FishermenatthespotwheretheSãoFran-

ciscoRiver meetstheRio NegroinBarra,

Bahia,2004.

Crianças caranguejeiras brincam

em comunidade de mulheres

marisqueiras, Maragogipe, Bahia,

2001.

Childrencrabgatherersplaying ina com-

munityof womenshellfishgatherers,Ma-

ragogipe,Bahia,2001.

Ping-pongna Favelada Maré,Rio

deJaneiro,1986.

Ping-pongintheMaré slum,Riode Janei-

ro,1986.

ÍndiosKaiwáfazema DançadaPaz

naAldeiaLimão Verde,Mato Gros-

sodo Sul,1998.

KaiwáindiansdoingtheDance ofPeacein

theLimãoVerde Reservation,MatoGros-

sodoSul, 1998.

Criançasfantasiadasde bate-bola

naFavelaNova Holanda,Maré,Rio

deJaneiro,1986.

Childrendressedup forstreetgamesdu-

ringCarnivalin theNovaHolandaslum,

Maré,RiodeJaneiro,1986.

Pedroe Letícia,meusfilhos meno-

res,Riode Janeiro,2009.

Myyoungest children,Pedroand Letícia,

RiodeJaneiro,2009.

Pedroe Letícia,meusfilhos meno-

res,Riode Janeiro,2009.

Myyoungest children,Pedroand Letícia,

RiodeJaneiro,2009.

Índios jogando bolaem fazenda

de cana-de-açúcar, Rio Brilhante,

MatoGrossodo Sul,2002.

Indiansplayingfootballon asugarcane 

plantationinRioBrilhante,MatoGrosso 

doSul,2002.

Catadoresde lixojogambolaem

lixão,Natal,Rio Grandedo Norte,

1999.

Menwhowork inthegarbageplayingfoot-

ball,Natal,RioGrandedoNorte, 1999.

Índios jogando bolaem fazenda

de cana-de-açúcar, Rio Brilhante,

MatoGrossodo Sul,2002.

Indiansplayingfootballon asugarcane 

plantationinRioBrilhante,MatoGrosso 

doSul,2002.

Criançasmarisqueirasecarangue-

jeirasjogandofutebol nomangue

deMaragogipe,RecôncavoBaiano,

2001.

Children shellfish and crab gatherers

playingfootballin themangroveat Mara-

gogipe,RecôncavoBaiano,2001.

EscolanaTransamazônica,Altami-

ra,1983.

School on theTrans-AmazonHighway,

Altamira,1983.

Projetoda bailarinaRita Serpano

ComplexodoAlemão,Rio deJanei-

ro,1985.

BallerinaRitaSerpa’sprojectintheAlemão 

slumcomplex,RiodeJaneiro,1985.

Jovensda CasaRenascer,projeto

derecuperaçãodemeninasvítimas

deváriostiposdeviolênciaemNa-

tal,RioGrandedo Norte,1999.

Youngstersfromthe CasaRenascer(the 

RebornHouse),a projectto recuperate  

girlvictimsofvarioustypesofviolencein

Natal,RioGrandedoNorte,1999.

8/12/2019 RIPPER Imagens Humanas

http://slidepdf.com/reader/full/ripper-imagens-humanas 120/121

238

Pedroe Letícia,meusfilhos meno-

res,Riode Janeiro,2009.

Myyoungest children,Pedroand Letícia,

RiodeJaneiro,2009.

Fátima,minhacompanheira,Riode

Janeiro,2009.

Mycompanion Fátima,Rio deJaneiro,

2009.

Futebolempraçade SantoAntonio

deJesus,Bahia,2006.

Footballinthesquare,SantoAntoniode 

Jesus,Bahia,2006.

CasaRenascer,projeto derecupe-

raçãodemeninasvítimas devários

tiposdeviolência,Natal,RioGrande

doNorte,1999.

CasaRenascer(the Reborn House),a

projecttorecuperategirlvictimsofvarious

typesofviolenceinNatal,RioGrandedo 

Norte,1999.

Ratão Diniz,fotógrafo daAgênciaImagensdoPovo,assisteaumapro-jeçãodeslidesnacasadosfotógrafosAdrianoFerreirae ElisângelaLeite.Naocasião,foi inauguradauma ga-leriadefotos, queelesironicamentedenominaramde “MagnumGenéri-ca”,NovaHolanda,Maré,2009.

RatãoDiniz,photographeroftheImagesof 

thePeopleagency,helps toproject slides

inthehomeof colleaguesAdrianoFerreira

andElisângelaLeite.Theoccasion wasto 

inaugurateagalleryof photos,whichthey

ironicallynamed “GenericMagnum”,the 

NovaHolandaslum,Maré,2009.

Meninocaranguejeiroem Marago-gipe, noRecôncavoBaiano, Bahia,2001.

Youngcrabgathererin Maragogipe,inthe 

RecôncavoBaiano,Bahia,2001.

Criança quilombola, Alcântara,Maranhão, 1998.

Childinformer slavecommunity,Alcânta-

ra,Maranhão,1998.

8/12/2019 RIPPER Imagens Humanas

http://slidepdf.com/reader/full/ripper-imagens-humanas 121/121