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Selecção de materiais com base na metodologia de Life Cycle Engineering: caso de estudo uma mola da roupa César André Coelho Inácio Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Júri Presidente: Prof. Rui Manuel dos Santos Oliveira Baptista Orientador: Prof. Paulo Miguel Nogueira Peças Vogal: Profª: Elsa Maria Pires Henriques Dezembro de 2009

Selecção de materiais com base na metodologia de Life ... · Moldflow Plastics Insight 5.0. E aos meus pais e restante família, por todo o apoio dado durante a realização do

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Selecção de materiais com base na metodologia de Li fe

Cycle Engineering: caso de estudo uma mola da roupa

César André Coelho Inácio

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Júri

Presidente: Prof. Rui Manuel dos Santos Oliveira Baptista

Orientador: Prof. Paulo Miguel Nogueira Peças

Vogal: Profª: Elsa Maria Pires Henriques

Dezembro de 2009

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I

Agradecimentos

Ao professor Paulo Peças pela excelente orientação, pelos seus ensinamentos, pela

dedicação e pela disponibilidade demonstrada.

À Inês Ribeiro pela disponibilidade, pelas sugestões, pelo apoio e dedicação prestada ao

longo do desenvolvimento do presente trabalho.

À empresa Fapil nomeadamente ao Doutor Pedro Teixeira e ao Eng. Pedro Teixeira pela

disponibilidade, esclarecimento de dúvidas e pelo fornecimento de dados.

Ao Dário Enes pela sua disponibilidade e pelo esclarecimento de dúvidas sobre o software

Moldflow Plastics Insight 5.0.

E aos meus pais e restante família, por todo o apoio dado durante a realização do presente

trabalho.

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II

Resumo

A selecção de materiais é uma das etapas mais importantes no projecto de um produto. Nos

últimos anos têm surgido várias metodologias para auxiliar os projectistas na selecção de materiais.

Vários factores como o impacto ambiental provocado pelos produtos têm sido cada vez mais

valorizados pela sociedade em geral, tendo sido necessário englobar uma análise ambiental nas

metodologias de selecção de materiais. Assim a partir desta necessidade surgiu a metodologia

denominada de Life Cycle Engineering.

Neste trabalho aplica-se a metodologia de Life Cycle Engineering a um caso de estudo – uma

mola da roupa. Esta metodologia baseia-se em três análises, que são: o Life Cycle Cost, o Life Cycle

Assessment e o desempenho funcional. O Life Cycle Cost consiste numa análise económica feita ao

produto durante toda a sua vida. O Life Cycle Assessment consiste numa avaliação dos impactos

ambientais provocados durante toda a vida do produto. O desempenho funcional consiste numa

avaliação feita aos materiais tendo em conta as funções ou requisitos do produto.

O objectivo deste trabalho consiste em seleccionar materiais candidatos para uma mola da

roupa e aplicar a metodologia Life Cycle Engineering para avaliar os seus desempenhos com base

nas três análises que o compõem. Para a selecção do melhor material é utilizada uma metodologia

de apoio à decisão denominada de Multi-attribute Utility Analysis, que se baseia na opinião dos

consumidores deste produto sobre a importância de três factores: o preço de mercado do produto, o

impacto ambiental e a qualidade do produto.

Palavras-Chave: Selecção de materiais; Life Cycle Engineering; Life Cycle Cost; Life Cycle

Assessment; Desempenho técnico; Multi-attribute Utility Analysis

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III

Abstract

Materials selection is one of the most important steps in the design of a product. In recent

years there have been several methods to help designers in materials selection. Several factors such

as the environmental impact provoked by the products have been increasingly valued by the society in

general, and so had been necessary to include an environmental analysis in the methodologies of

materials selection. So from this need arose the methodology called Life Cycle Engineering.

In this paper the Life Cycle Engineering methodology is applied to a case study - a clothes

peg. This methodology is based on three analysis, which are: the Life Cycle Cost, the Life Cycle

Assessment and a technical evaluation. Life Cycle Cost is an economic analysis of the product

throughout its life. Life Cycle Assessment is an evaluation of environmental impacts caused during the

lifetime of the product. Technical evaluation consists in the evaluation of the candidate materials

based on the functions or the requirements of the product.

The purpose of this study is to select candidate materials for a clothes peg and apply the

methodology of Life Cycle Engineering to evaluate their performance based on the three studies that it

comprises. For the final selection of the best material is used a decision making methodology called

Multi-attribute Utility Analysis, which is based on the consumers opinion of this product on three

factors: the market price, the environmental impact and the quality of the product.

Keywords: Materials selection; Life Cycle Engineering; Life Cycle Cost; Life Cycle Assessment;

Technical evaluation; Multi-attribute Utility Analysis

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IV

Índice

Agradecimentos ........................................................................................................................................ I

Resumo ................................................................................................................................................... II

Abstract................................................................................................................................................... III

Índice ...................................................................................................................................................... IV

Lista de Figuras ..................................................................................................................................... VII

Lista de Tabelas ..................................................................................................................................... IX

Lista de Equações .................................................................................................................................. XI

Lista de Abreviações ............................................................................................................................. XII

1 - Introdução .......................................................................................................................................... 1

2 - Estado da arte sobre a selecção de materiais e o método de Life Cycle Engineering ..................... 3

2.1 - Metodologias de selecção de materiais ...................................................................................... 4

2.2 - Life Cycle Engineering ................................................................................................................. 6

2.2.1 - Life Cycle Cost ...................................................................................................................... 7

2.2.2 - Life Cycle Assessment .......................................................................................................... 8

2.2.2.1 - Eco Indicador 95 .......................................................................................................... 10

2.2.2.2 - Eco Indicador 99 .......................................................................................................... 11

2.2.3 - Desempenho funcional dos materiais ................................................................................. 13

2.3 - Materials Selection Engine (MSE) ............................................................................................. 14

2.4 - Metodologia de Selecção de Materiais - Multi-attribute Utility Analysis .................................... 18

2.5 - Ciclo de vida de peças em plástico ........................................................................................... 21

2.6 - Aplicações da metodologia LCE ................................................................................................ 22

3 - Aplicação da metodologia LCE na selecção de materiais para uma mola da roupa ...................... 25

3.1 - Identificação com os trabalhos realizados anteriormente ......................................................... 25

3.1.1 - Desenvolvimento de um produto utilizando Análises de Valor: caso de estudo mola da

roupa……… ................................................................................................................................... 25

3.1.2 - Estudo e simulação do processo de fabrico: Injecção de plásticos ................................... 29

3.2 - Metodologia utilizada ................................................................................................................. 31

3.3 - Selecção preliminar de materiais candidatos ............................................................................ 33

3.4 - Análise de desempenho dos materiais para a mola da roupa .................................................. 39

3.4.1 - Metodologia utilizada .......................................................................................................... 39

3.4.2 - Requisitos da mola da roupa e propriedades do material .................................................. 39

3.4.3 - Especificação dos materiais de injecção ............................................................................ 41

3.4.4 - Análise de desempenho dos materiais ............................................................................... 42

3.5 - Simulação do processo de injecção .......................................................................................... 43

3.5.1 - Parâmetros do processo ..................................................................................................... 43

3.5.1.1 - Tipologias de moldes ................................................................................................... 43

3.5.1.2 - Condições de processamento dos materiais de injecção ............................................ 44

3.5.1.3 - Materiais dos moldes ................................................................................................... 45

3.5.1.4 - Máquina de Injecção .................................................................................................... 45

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V

3.5.2 - Procedimento realizado no software .................................................................................. 46

3.5.2.1 - Geração da malha do corpo da mola ........................................................................... 46

3.5.2.2 - Ponto de injecção e a disposição das cavidades ........................................................ 47

3.5.2.3 - Sistemas de alimentação ............................................................................................. 48

3.5.2.4 - Sistema de arrefecimento ............................................................................................ 49

3.5.2.5 - Tempo de abertura do molde ....................................................................................... 50

3.5.3 - Parâmetros de controlo do processo .................................................................................. 51

3.5.4 - Resultados obtidos na simulação do processo de injecção ............................................... 51

3.5.4.1 - Tempos de ciclo ........................................................................................................... 52

3.5.4.2 - Outros resultados importantes ..................................................................................... 53

3.6 - Aplicação do Modelo de Life Cycle Engineering ....................................................................... 54

3.6.1 - Life Cycle Cost .................................................................................................................... 54

3.6.1.1 - Custos de entrada ........................................................................................................ 55

3.6.1.2 - Custos do processo ...................................................................................................... 56

3.6.1.3 - Custos totais de produção da mola da roupa .............................................................. 58

3.6.1.4 - Análise de sensibilidade ao volume de produção ........................................................ 60

3.6.2 - Life Cycle Assessment ........................................................................................................ 62

3.6.2.1 - Metodologia utilizada .................................................................................................... 62

3.6.2.2 - 1ª Fase: Produção dos materiais ................................................................................. 63

3.6.2.3 - 2ª Fase: Processo de injecção ..................................................................................... 63

3.6.2.4 - 3ª Fase: Fim de vida .................................................................................................... 64

3.6.2.5 - Resultados do Life Cycle Assessment ......................................................................... 64

3.6.3 - Desempenho funcional ....................................................................................................... 66

3.6.3.1 - Requisitos e propriedades mecânicas requeridas para a mola da roupa .................... 66

3.6.4 - Conclusões da metodologia LCE........................................................................................ 68

3.7 - Metodologia de decisão - Multi-attribute Utility Analysis ........................................................... 69

3.7.1 - Metodologia utilizada .......................................................................................................... 69

3.7.2 - Procedimento realizado ...................................................................................................... 69

3.7.2.1 - Definição dos atributos utilizados ................................................................................. 69

3.7.2.2 - Estrutura do questionário e resultados ........................................................................ 71

3.7.2.3 - Medição das utilidades ................................................................................................. 72

3.7.3 - Resultados do modelo ........................................................................................................ 72

4 - Conclusões ....................................................................................................................................... 76

5 - Referências ...................................................................................................................................... 78

6 - Anexos.............................................................................................................................................. 81

Anexo 1 - Polímeros ......................................................................................................................... 81

1 - Polipropileno (PP) ..................................................................................................................... 82

2 - Policloreto de Vinilo (PVC) ........................................................................................................ 84

3 - Poliestireno (PS) ....................................................................................................................... 87

4 - Acrilonitrilo-butadieno-estireno (ABS) ....................................................................................... 89

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VI

5 - Polimetil-metacrilato (PMMA) ................................................................................................... 90

6 - Polioximetileno (POM) .............................................................................................................. 93

7 - Politereftalato de etileno (PET) ................................................................................................. 94

Anexo 2 - Exemplo da aplicação da metodologia MAUA .................................................................. 97

Anexo 3 - Questionário ...................................................................................................................... 99

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VII

Lista de Figuras

Figura 2.1: Gráficos de selecção de Ashby: a) Módulo de Young vs Densidade; b) Tensão de

cedência vs Densidade; c) Tenacidade à fractura vs Módulo de Young [6]. .......................................... 5

Figura 2.2: Modelo do Life Cycle Engineering [20]. ................................................................................ 7

Figura 2.3: Modelo do Life Cycle Cost [26]. ............................................................................................ 8

Figura 2.4: Modelo do Life Cycle Assessment [26]. .............................................................................. 10

Figura 2.5: Método EI’ 95 [37]. .............................................................................................................. 11

Figura 2.6: Método EI’99 [39]. ............................................................................................................... 12

Figura 2.7: Campos do projecto mecânico [1]....................................................................................... 13

Figura 2.8: Propriedades dos materiais em projecto mecânico [3]. ...................................................... 14

Figura 2.9: Fases da selecção de materiais [5]..................................................................................... 14

Figura 2.10: Exemplos entre a relação entre o custo e um determinado atributo. a) Grande

sensibilidade ao custo; b) Caso intermédio; c) Grande sensibilidade ao desempenho [43]. ............... 20

Figura 2.11: Ciclo de vida das peças em plástico [44]. ......................................................................... 21

Figura 2.12: Metodologia de LCE utilizada [2]. ..................................................................................... 24

Figura 3.1: a) Mola original [50]; b) CAD da mola original [51]. ............................................................ 26

Figura 3.2: Diagrama representativo da metodologia utilizada para a selecção de materiais [51]. ..... 27

Figura 3.3: a) Geometria 1; b) Geometria 2; c) Geometria do fixador [51]. .......................................... 28

Figura 3.4: Geometria final do corpo da mola 1 [52]. ............................................................................ 29

Figura 3.5: Geometria final do corpo da mola 2 [52]. ............................................................................ 29

Figura 3.6: Tempos de ciclo para todas as tipologias de moldes [52]. ................................................. 30

Figura 3.7: Estrutura de custos do processo de injecção utilizada [52]. ............................................... 31

Figura 3.8: Metodologia utilizada. ......................................................................................................... 33

Figura 3.9: Design da mola da roupa em estudo. ................................................................................. 34

Figura 3.10: Gráfico original apresentado no software CES EduPack 2008. ....................................... 35

Figura 3.11: a) Gráfico resultante após o 1º constrangimento; b) Gráfico resultante após o 2º

constrangimento; c) Gráfico resultante após o 3º constrangimento; .................................................... 36

Figura 3.12: Gráfico representativo dos materiais escolhidos. ............................................................. 37

Figura 3.13: Distribuição dos custos de produção da mola [52]. .......................................................... 37

Figura 3.14: Materiais seleccionados. ................................................................................................... 38

Figura 3.15: Configuração da malha utilizada nas análises. ................................................................. 46

Figura 3.16: a) Localização dos pontos de injecção que foram analisados; b) Ponto de injecção

escolhido................................................................................................................................................ 47

Figura 3.17: Disposição das cavidades; a) 32 cavidades; b) 96 cavidades; ........................................ 47

Figura 3.18: Diâmetro de ataque em função do caudal [56]. ................................................................ 48

Figura 3.19: Sistemas de alimentação finais para as duas tipologias de moldes estudadas. a) 32

cavidades com canais frios; b) 32 cavidades com canais quentes; c) 96 cavidades com canais frios; d)

96 cavidades com canais quentes. ....................................................................................................... 49

Figura 3.20: Configuração do sistema de arrefecimento; a) 32 cavidades com canais quentes; b) 32

cavidades com canais frios; c) 96 cavidades com canais quentes; d) 96 cavidades com canais frios. 50

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VIII

Figura 3.21: Tempos de ciclo para todos os casos estudados. ............................................................ 53

Figura 3.22: Metodologia do LCC utilizada. .......................................................................................... 54

Figura 3.23: Custos totais de produção da mola da roupa. .................................................................. 59

Figura 3.24: Distribuição dos custos de produção da mola. ................................................................. 60

Figura 3.25: Variação dos custos unitários de produção das molas da roupa em função do volume de

produção. ............................................................................................................................................... 61

Figura 3.26: Metodologia utilizada para o modelo LCA. ....................................................................... 62

Figura 3.27: Resultados finais do LCA. ................................................................................................. 64

Figura 3.28: Impacto ambiental provocado pelo material do molde. .................................................... 65

Figura 3.29: Impactos ambientais no fim de vida. ................................................................................. 65

Figura 3.30: Distribuição do impacto ambiental pelos intervenientes. .................................................. 65

Figura 3.31: Pontuações adimensionais das análises do LCE. ............................................................ 68

Figura 3.32: Gráfico da utilidade vs o preço de mercado. .................................................................... 73

Figura 3.33: Gráfico da utilidade vs o preço de mercado para as novas percentagens. ...................... 74

Figura A.1: Tipos de polímeros [1]. ....................................................................................................... 81

Figura A.2: Classificação dos polímeros pelas suas propriedades [4]. ................................................ 82

Figura A.3: Cadeia do polipropileno [2]. ................................................................................................ 82

Figura A.4: Tacticidade do polipropileno [4]. ......................................................................................... 83

Figura A.5: Estrutura química do PVC [2]. ............................................................................................ 84

Figura A.6: Esquema representativo do processamento do PVC [7]. .................................................. 85

Figura A.7: Estrutura química do PS [2] [9]. .......................................................................................... 87

Figura A.8: Estrutura química do ABS [2]. ............................................................................................ 89

Figura A.9: Estrutura química do PMMA [2]. ......................................................................................... 90

Figura A.10: Estrutura química do POM [2]. ......................................................................................... 93

Figura A.11: Estrutura química do PET [2]. ........................................................................................... 94

Figura A.12: Representação gráfica dos valores dos atributos [1]. ...................................................... 97

Figura A.13: Percentagens de indiferença [1]. ...................................................................................... 98

Figura A.14: Percentagem de indiferença dos atributos [1]. ................................................................. 98

Figura A.15: Pontos para a medição da utilidade [1]. ........................................................................... 98

Figura A.16: Distribuição das probabilidades para o preço de mercado. ............................................. 99

Figura A.17: Distribuição das probabilidades para o impacto ambiental. ............................................. 99

Figura A.18: Distribuição das probabilidades para a qualidade. ........................................................... 99

Figura A.19: Distribuição das probabilidades para um preço muito bom, um impacto ambiental muito

mau e uma qualidade muito má. ......................................................................................................... 100

Figura A.20: Distribuição das probabilidades para um preço muito mau, um impacto ambiental muito

bom e uma qualidade muito má. ......................................................................................................... 100

Figura A.21: Distribuição das probabilidades para um preço muito mau, um impacto ambiental muito

mau e uma qualidade muito boa. ........................................................................................................ 100

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IX

Lista de Tabelas

Tabela 2.1: Categorias de impacto e respectivos pesos [1]. ................................................................ 11

Tabela 2.2: Pesos das categorias consoante as perspectivas [1]. ....................................................... 12

Tabela 2.3: Obtenção dos pesos das propriedades mecânicas [4]. ..................................................... 16

Tabela 2.4: Classificação dos materiais candidatos [4]. ....................................................................... 16

Tabela 3.1 Material do corpo da mola [51]. ........................................................................................... 26

Tabela 3.2: Material do fixador [51]. ...................................................................................................... 26

Tabela 3.3: Material escolhido [51]. ...................................................................................................... 28

Tabela 3.4: Parâmetros do processo de injecção para os dois corpos da mola [52]. .......................... 30

Tabela 3.5: Distribuição dos custos de produção do corpo da mola para os diferentes modelos/molde

estudados para o volume de produção de 2 400 000 molas por ano [52]. ........................................... 31

Tabela 3.6: Dimensões da mola da roupa. ........................................................................................... 34

Tabela 3.7: Especificações para a mola da roupa. ............................................................................... 34

Tabela 3.8: Propriedades mecânicas dos materiais seleccionados [54]. ............................................. 38

Tabela 3.9: Classificação dos requisitos da mola da roupa. ................................................................. 40

Tabela 3.10: Peso das propriedades mecânicas. ................................................................................. 40

Tabela 3.11: Características mecânicas dos materiais propostos [55]. ................................................ 42

Tabela 3.12: Valores alvo para a mola. ................................................................................................. 42

Tabela 3.13: Classificação dos materiais tendo em conta o valor alvo. ............................................... 43

Tabela 3.14: Terminologia utilizada para a identificação das várias variantes de moldes em estudo. 44

Tabela 3.15: Condições de processamento recomendadas [57]. ......................................................... 45

Tabela 3.16: Principais características dos materiais para os moldes [58]. ......................................... 45

Tabela 3.17: Principais características da máquina de injecção. ......................................................... 46

Tabela 3.18: Espaçamento das tipologias dos moldes. ........................................................................ 47

Tabela 3.19: Dimensões dos sistemas de alimentação utilizados. ....................................................... 48

Tabela 3.20: Configuração dos canais de arrefecimento. ..................................................................... 49

Tabela 3.21: Tempos de abertura do molde. ........................................................................................ 50

Tabela 3.22: Parâmetros de controlo do processo [57]. ....................................................................... 51

Tabela 3.23: Tempo de ciclo para todos os casos estudados. ............................................................. 52

Tabela 3.24: Parâmetros importantes no processo de injecção. .......................................................... 53

Tabela 3.25: Custos dos materiais de injecção. ................................................................................... 55

Tabela 3.26: Custo e dimensão dos moldes. ........................................................................................ 56

Tabela 3.27: Maquinas de injecção para cada tipologia de molde. ...................................................... 57

Tabela 3.28: Características das máquinas de injecção [60]................................................................ 57

Tabela 3.29: Custos totais de produção da mola da roupa. ................................................................. 59

Tabela 3.30: Volume máximo de produção das tipologias de moldes. ................................................. 60

Tabela 3.31: Valores do impacto para o material dos moldes. ............................................................. 63

Tabela 3.32: Valores de EI’99 e da massa dos materiais de injecção. ................................................ 63

Tabela 3.33: Consumo de energia total de cada material. ................................................................... 64

Tabela 3.34: Percentagem dos requerimentos considerados............................................................... 66

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X

Tabela 3.35: Peso das propriedades mecânicas. ................................................................................. 67

Tabela 3.36: Classificação dos materiais candidatos. .......................................................................... 67

Tabela 3.37: Resultados finais da metodologia LCE. ........................................................................... 68

Tabela 3.38: Valores dos atributos. ....................................................................................................... 70

Tabela 3.39: Resultados do questionário. ............................................................................................. 72

Tabela 3.40: Valores dos atributos de cada material. ........................................................................... 72

Tabela 3.41: Custo final e utilidades para cada material. ..................................................................... 73

Tabela 3.42: Novas percentagens. ....................................................................................................... 74

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XI

Lista de Equações

Equação 2.1 – Importância das prop. mecânicas ................................................................................. 16

Equação 2.2 – Peso das prop. mecânicas ............................................................................................ 16

Equação 3.1 – Custo hora máquina ...................................................................................................... 57

Equação 3.2 – Custo da trituração ........................................................................................................ 57

Equação 3.3 – Custo hora da mão-de-obra .......................................................................................... 58

Equação 3.4 – Custo hora da energia ................................................................................................... 58

Equação 3.5 – Custo por setup ............................................................................................................. 58

Equação 3.6 – “Mark-up” do custo de produção ................................................................................... 73

Equação A.1 – Medição das utilidades ................................................................................................. 98

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XII

Lista de Abreviações ABS – Acrilonitrilo-butadieno-estireno

AISI – American Iron and Steel Institute

CAD – Projecto assistido por computador (Computer Aided Design)

Cd – Cádmio

CFC – Clorofluorcarboneto

CO2 – Dióxido de Carbono

DALY – Disability-adjusted life years

DDT – Dicloro-Difenil-Tricloroetano

EI’ 95 – Eco indicador 95

EI’ 99 – Eco indicador 99

FMVSS – Federal Motor Vehicle Safety Standards

GWP – Potencial de Aquecimento Global (Global Warming Potential)

ISO – International Organization for Standardization

LCA – Análise Ambiental do Ciclo de Vida (Life Cycle Assessment)

LCC – Custo do Ciclo de Vida (Life Cycle Cost)

LCE – Engenharia do Ciclo de Vida (Life Cycle Engineering)

LCI – Análise de Inventário de Ciclo de Vida (Life Cycle Inventory stage)

LCIA – Avaliação do Impacto de Ciclo de Vida (Life Cycle Inventory Analysis)

MADM – Multiple Attributes Decision-making

MAUA – Análise de Utilidade com Multi-atributos (Multi-attribute Utility Analysis)

MPI – Moldflow Plastics Insight 5.0

MSE – Materials Selection Engine

NOx – Óxidos de Azoto

ODP – Potencial de Destruição da Camada de Ozono (Ozone Depletion Potential)

P – Fósforo

PAF – Fracção Potencialmente Afectada (Potentially Affected Fraction)

PAH – Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos

Pb – Chumbo

PDF – Fracção Potencialmente Desaparecida (Potentially Disappeared Fraction)

PET – Politereftalato de etileno

PMMA – Polimetil-metacrilato

POM – Polioximetileno

PP – Polipropileno

PS – Poliestireno

PVC – Policloreto de Vinilo

SAW – Simple Aditive Weighting

SETAC – Society for Environmental Toxicology and Chemistry

SO2 – Dióxido de Enxofre

UV – Radiação Ultravioleta

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1

1 – Introdução

Um dos grandes desafios nos dias de hoje por parte das empresas é a selecção de materiais.

A selecção de materiais para um produto é de extrema importância, pois a escolha correcta de um

material pode ser a chave para o sucesso do produto no mercado. Para auxiliar as empresas a

seleccionar materiais para os seus produtos, têm sido desenvolvidos nas últimas décadas muitas

metodologias. Tais metodologias têm em consideração os mais variados aspectos e características

dos materiais como as suas propriedades mecânicas, o impacto ambiental e os seus custos

associados, quer no processo de fabrico quer no próprio preço de mercado. O impacto ambiental tem

sido um factor cada vez mais valorizado pela sociedade em geral, por isso torna-se fundamental a

inclusão de um estudo ambiental na fase de projecto de um produto, tanto nos impactos inerentes ao

processo(s) de fabrico(s) como da produção do próprio material.

Nesta dissertação é aplicada a metodologia LCE para a selecção de materiais a um caso de

estudo. A metodologia do LCE tem por base três análises: o LCC que é uma análise económica

considerando toda a vida do produto, desde a fabricação da sua matéria-prima até à sua eliminação

quando acaba a sua vida útil; o LCA que é uma análise ambiental onde são consideradas todas as

etapas da vida do produto; e o desempenho funcional que é uma análise ao desempenho dos

materiais relativamente às funções que o produto desempenhará. Estas três análises permitem a

realização de uma abordagem bastante abrangente aos factores mais importantes na selecção dos

materiais.

Esta dissertação foi efectuada com base em dois trabalhos realizados previamente, em que

no primeiro foi feita uma modificação ao design de um produto já existente com o objectivo de

diminuir os custos de produção. Para alcançar este objectivo foi desenvolvido um estudo tendo como

base uma análise aos produtos concorrentes onde se identificaram as características que podem ser

melhoradas, tendo-se depois desenvolvido novas propostas de design em que essas características

foram melhoradas. No segundo trabalho foi realizado um estudo relativamente ao processo de fabrico

utilizado para fabricar o produto, onde também foram realizadas melhorias no design com o objectivo

de facilitar o processo de fabrico. Também foi realizado neste trabalho um estudo dos custos de

produção do produto.

No capítulo 2 deste trabalho é exposta a pesquisa realizada. Neste capítulo são apresentadas

resumidamente algumas metodologias de selecção de materiais, depois é descrita a metodologia

LCE e as suas respectivas análises: o LCC, o LCA e o desempenho funcional. Seguidamente são

descritas as metodologias Materials Selection Engine e Multi-attribute Utility Analysis que são

utilizadas nesta dissertação. Finalmente, são dados alguns exemplos de trabalhos onde foi aplicada

uma abordagem de LCE.

No capítulo 3 começa por ser feita uma breve descrição sobre os trabalhos realizados

previamente. Seguidamente é descrita a metodologia utilizada nesta dissertação, onde são descritas

brevemente todas as etapas desta dissertação. Posteriormente é feita a selecção preliminar de

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2

materiais candidatos para o produto, neste ponto é utilizado um software que tem por base os

gráficos de Ashby. De referir que nesta fase decidiu-se restringir os materiais seleccionados aos

polímeros, devido sobretudo à grande facilidade de produzir grandes volumes de produção a um

preço reduzido, através do processo de moldação por injecção. Seguidamente é feita uma análise

aos materiais tendo em conta as suas propriedades mecânicas e as especificações do produto, com

o objectivo de verificar se dentro dos materiais escolhidos se encontram materiais que não se

adequam ao produto em estudo. Posteriormente é feita a simulação do processo de fabrico

(moldação por injecção), para se saberem algumas características importantes do processo que

serão úteis em fases posteriores do trabalho, nomeadamente para o LCC. Como todos os materiais

candidatos seleccionados são todos materiais poliméricos decidiu-se simular o processo de injecção

de plásticos por moldação, utilizando o software Moldflow Plastics Insight 5.0. Nesta etapa para além

de se testarem todos os materiais candidatos também são estudadas várias tipologias de moldes de

injecção de plástico. Seguidamente é aplicada a metodologia de LCE para todos os materiais

propostos para o produto, onde é feita uma análise de custos, uma análise ao impacto ambiental

durante toda a vida do produto e uma análise ao desempenho dos materiais para o produto em

estudo. Finalmente, é utilizada uma metodologia de apoio à decisão designada de Mullti-attribute

Utility Analysis, onde se procura saber o que os clientes valorizam mais no produto para assim se

tomar uma decisão sobre qual o material mais indicado para o produto.

Por fim, no capítulo 4 são apresentadas as conclusões que se podem retirar dos estudos

realizados neste trabalho.

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3

2 – Estado da arte sobre a selecção de materiais e o método de Life Cycle Engineering

A presente secção tem como objectivo a exposição do estado da arte sobre a selecção de

materiais com especial ênfase à metodologia LCE. É feita em primeiro lugar uma breve introdução ao

tema, seguidamente são apresentadas sucintamente algumas metodologias de selecção de

materiais, com especial atenção aos gráficos de selecção de Ashby, posteriormente é descrita

metodologia LCE, depois é descrita uma metodologia designada de Materials Selection Engine

proposta por Henriques et al., seguidamente é descrita uma metodologia de apoio à decisão

designada de Multi-attribute Utility Analisys e finalmente são apresentados resumidamente alguns

trabalhos desenvolvidos sob a égide do LCE.

O fabrico de produtos tem-se alterado ao longo dos tempos à medida que novos objectivos

emergem. Vários factores como a tecnologia disponível, as necessidades do mercado e da sociedade

têm ditado esta mudança. Até ao século XIX, o fabrico de produtos era personalizado e em pequenos

volumes, sendo a tecnologia bastante limitada. A partir desta data e até 1913, surge a produção em

massa, sendo o grande objectivo a produção de baixo custo e pouco diferenciada. Contudo, a partir

da década de 80 assistiu-se a uma mudança de paradigma na produção, devido ao aparecimento da

automatização industrial assistida por computador e consequente aumento da flexibilidade dos

sistemas produtivos, o que possibilitou uma maior variedade dos produtos. Com o aumento da oferta

surgiu uma maior exigência na qualidade e foi necessário limitar a produção à procura do mercado. A

globalização do mercado que surgiu nos anos 90 obrigou ao aumento da competitividade das

empresas, tornado a indústria cada vez mais virada para o mercado [1]. A produção tornou-se muito

mais flexível devido à constante alteração da procura, com os seus produtos mais personalizados.

Actualmente para satisfazer as necessidades do mercado, o desenvolvimento de um produto não

pode ser focado somente na abordagem clássica, tais como o desempenho técnico e económico [2].

Na última década, as questões ambientais tornaram-se objecto de preocupação para a sociedade em

geral, por isso houve a necessidade de desenvolver estratégias e métodos para tornar os produtos o

mais ecológicos possível.

Para satisfazer as necessidades actuais de mercado, o desenvolvimento de um produto tem

de ser um esforço contínuo que envolve profissionais de várias áreas, tais como: engenharia, gestão,

marketing e ambiente que funcionam em equipas integradas, para que desta forma seja mais fácil

responder aos desafios do mercado que está constantemente em mutação.

Os requisitos de desempenho económico, mecânico, electrónico e químico sempre foram

considerados como elementos de decisão. No entanto, a integração na decisão de factores como as

implicações ambientais dos produtos são um fenómeno recente. As implicações ambientais de um

produto ocorrem em todas as etapas do seu ciclo de vida, desde a aquisição de matéria-prima,

processamento dos materiais, até à produção, uso e desmantelamento. Uma caracterização completa

de um produto, sistema ou processo permite identificar os seus impactos ambientais ao longo do ciclo

de vida, conjuntamente com os requisitos técnicos e económicos [1].

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4

Uma das fases mais importantes durante o projecto de um produto é a selecção de materiais.

A selecção de materiais é uma actividade multi-disciplinar, que integra um vasto leque de

conhecimentos e experiência profissional. A selecção de materiais não pode ser só baseada no

desempenho funcional mas também deve considerar os impactos económicos e ambientais que

serão originados durante todo o ciclo de vida do produto [2]. Existem muitos métodos de selecção de

materiais, no ponto seguinte são descritos alguns métodos de selecção de materiais.

2.1 – Metodologias de selecção de materiais

Durante o design de um produto a selecção de materiais pode ser feita de várias maneiras.

Existem muitos factores que condicionam a selecção de materiais para uma aplicação em particular

como o custo, o peso, a processabilidade e o desempenho mecânico. Existem muitos métodos para

optimizar os parâmetros no design mecânico permitindo actividades como o “design para o mínimo

peso”, “design para a minimização da distorção térmica” e o “design para o custo mínimo” [3]. Estas

considerações são muito importantes mas nos últimos anos tem-se verificado que os factores

ambientais têm tido um papel cada vez maior na selecção de materiais e tecnologias. A inclusão de

critérios de impactos ambientais complexos no processo de design necessita do desenvolvimento de

metodologias e ferramentas para ajudar os projectistas.

O autor Ashby é um dos que tem mais contribuído para o desenvolvimento de ferramentas de

selecção de materiais. Sendo que ele desenvolveu um dos métodos mais comuns e “visual” para a

selecção de materiais para uma dada aplicação, os chamados gráficos de selecção de materiais de

Ashby [4]. Aliás segundo o próprio Ashby “os gráficos de selecção de materiais podem ser utilizados

de forma mais eficaz, através da inclusão de índices de desempenho no gráfico, isolando um

subconjunto de materiais que cumprem os objectivos do design” [3][5]. Permitindo assim seleccionar

um conjunto de materiais, através da comparação de duas propriedades mecânicas ao mesmo

tempo. Na figura 2.1 estão alguns exemplos de gráficos de selecção de materiais de Ashby, de referir

que existem mais de 18 gráficos de selecção de materiais e gráficos de selecção de processos que

cobrem a maior parte das áreas do design mecânico [3].

a) b)

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5

O custo não é uma variável muito realista neste método. De facto, mesmo sabendo que é

fundamental avaliar o impacto do material no custo final do produto, apenas é considerado o custo

relativo da matéria-prima nesta metodologia. Como o custo relativo da matéria-prima é apenas uma

parcela desse impacto, o efeito dos materiais num certo volume de produção, no processo de fabrico

e no seu custo, é naturalmente negligenciável. Existe um software (CES EduPack), que organiza de

forma hierarquizada e estruturada uma base de dados de materiais, possuindo um sistema de

informação que permite gerir grandes quantidades de informação de suporte numa vasta gama de

formatos de dados [4].

Uma outra forma de selecção de materiais é através da utilização de matrizes de decisão.

Existem várias abordagens, algumas são qualitativas [7] e outras são quantitativas [8]. Estes métodos

podem ser usados como apoio à decisão, independentemente do objectivo. Estes métodos

normalmente utilizam um sistema de ponderações para quantificar quando um critério é mais

importante que outro, mas todos eles são muitos similares em todos os aspectos [4].

A Análise de Valor é outro método disponível para a selecção de materiais [9]. Este é também

um método utilizado como apoio à decisão. É normalmente empregue a um produto no seu todo, não

para um só componente, visto que o seu principal objectivo é melhorar o valor do produto para o

cliente. O método funciona com um design já definido, por isso é de pouca utilidade para a decisão do

material a utilizar quando ainda não há uma definição completa do design. Os outputs deste método

são recomendações para modificações no produto e possível substituição dos materiais [4].

Hoje em dia o desenvolvimento de um produto não pode ser focalizado apenas no

desempenho técnico e económico. Em resposta a isso surgiu a metodologia LCE (ver ponto 2.2) que

tem em conta os aspectos económicos e ambientais, bem como o desempenho dos materiais

propostos relativamente ao produto, sendo por isso uma ferramenta cada vez mais utilizada em

várias áreas de engenharia.

Existe uma outra metodologia, o “Materials Selection Engine” (ver ponto 2.3) que permite

analisar todo o processo de fabrico, desde a opinião de todos os intervenientes no projecto e

produção do produto para a materialização num intervalo progressivamente mais pequeno de

c) Figura 2.1: Gráficos de selecção de Ashby: a) Módulo de Young vs Densidade; b) Tensão de

cedência vs Densidade; c) Tenacidade à fractura vs Módulo de Young [6].

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6

materiais potencialmente bons, baseado num processo estruturado de análise e avaliação, utilizando

uma abordagem passo-a-passo.

2.2 – Life Cycle Engineering

O LCE surgiu em resposta à necessidade de desenvolver ciclos de vida que reduzam o mais

possível os impactos ambientais, mas que continuem a ser economicamente viáveis. Uma possível

definição para o LCE é a seguinte “actividades de engenharia que incluem: a aplicação de princípios

científicos e tecnológicos para a concepção e fabrico de produtos, como o objectivo de proteger o

ambiente e conservar os recursos, enquanto encoraja o progresso económico, não esquecendo a

sustentabilidade, e ao mesmo tempo optimiza o ciclo de vida do produto e minimiza a poluição e os

desperdícios” [10]. Para além disso o LCE pode ser definido também como uma metodologia de

tomada de decisão que considera o desempenho, o ambiente e o custo durante toda a vida de um

produto, guiando dessa forma os designers a tomarem decisões informadas [11][12].

O LCE incorpora três dimensões de análise, sendo elas as seguintes: LCA que cobre os

aspectos relacionados com o ambiente; o LCC que tem como objectivo estudar os aspectos

económicos; e o desempenho técnico que tem como objectivo classificar os materiais candidatos

tendo em conta a importância relativa das suas propriedades mecânicas em função dos requisitos

funcionais do produto. O LCE tem sido aplicado nas mais variadas aplicações tais como: aplicações

automóveis [13][14], construção [15], indústria de computadores [16][17], entre outras, visando uma

avaliação individual dos aspectos técnicos, económicos e ambientais dos produtos ou dos sistemas.

A selecção de materiais é uma importante área de aplicação do LCE. Como a selecção de

materiais é uma parte integrante do design de um produto, as decisões tomadas durante esta etapa

têm grande influência no custo do produto e nos impactos ambientais durante todo o seu ciclo de vida

[18]. Quando se selecciona um material para um conjunto específico de funcionalidades as

propriedades relevantes do material são identificadas e correlacionadas nos requisitos de design.

Normalmente, a selecção é realizada considerando os valores dessas propriedades juntamente com

as considerações económicas. Por exemplo, no design mecânico as propriedades mecânicas são as

mais importantes para a selecção de materiais, mas a influência do material seleccionado no custo

final do produto tem de ser controlado de forma a ter uma solução de design viável em termos de

desempenho técnico e viabilidade económica. Portanto, a selecção de materiais pode ser

considerada como um problema multi-objectivo, sendo a selecção óptima a melhor correspondência

feita entre os materiais disponíveis e os requisitos do design. De facto de acordo com o autor Field

“os quatro principais factores considerados pelos designers quando escolhem materiais são as

relações entre as especificações dos materiais e o desempenho técnico do produto, o desempenho

económico do produto, o desempenho ambiental do produto e a prática de design industrial

incorporados no produto e na sua funcionalidade” [19]. Contudo, isto não é uma tarefa simples e na

prática os métodos de selecção de materiais frequentemente ignoram os aspectos económicos e

ambientais ou só os consideram em fases do desenvolvimento do produto avançadas.

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7

Na figura 2.2 é mostrado um diagrama representativo da metodologia LCE.

Figura 2.2: Modelo do Life Cycle Engineering [20].

2.2.1 – Life Cycle Cost

A análise LCC é uma ferramenta que traduz o custo total de um produto, estrutura ou

sistema, ao longo da sua vida útil. A crescente necessidade de criar modelos LCC apareceu nos anos

60, ao serem constatados os impactos económicos que as decisões nas fases iniciais de

desenvolvimento de um produto têm no futuro. O objectivo de uma análise LCC é identificar as

consequências económicas de uma decisão. Por exemplo, na escolha de um material para uma peça,

o material com menor custo de aquisição pode não ser o material economicamente mais viável no fim

do ciclo de vida. O modelo LCC avalia os custos de um produto, projecto ou sistema desde o

desenvolvimento e produção ao uso, manutenção e fim de vida, permitindo assim uma decisão

informada e consciente [21].

O LCC pode definir-se da seguinte forma "avaliação de todos os custos associados ao ciclo

de vida de um produto que são directamente abrangidos por qualquer interveniente no ciclo de vida

do produto, tais como o fornecedor, o produtor, o utilizador/consumidor e os intervenientes no fim de

vida do produto, com a inclusão complementar de factores externos que são tidos em conta nas

tomadas de decisões futuras” [22]. O seu objectivo é cobrir as avaliações de custos em todas as

etapas do ciclo de vida do produto, incluindo os custos que não são normalmente expressos em

preços do produto no mercado [23], tais como os custos incorridos durante a utilização e eliminação

[24].

A metodologia LCC inclui todos os custos internos e externos relativos ao produto; os custos

internos são os custos suportados pela empresa que o produz e os externos, custos pelos quais a

empresa não é responsável. Os custos internos podem ser divididos em custos convencionais, os

custos directos decorrentes da produção, custos indirectos, os custos gerais da empresa atribuídos

directamente ao produto, e custos intangíveis, custos muitas vezes omitidos na contabilidade devido

Condições Especificas

Avaliação Técnica

Avaliação Económica

Avaliação Ambiental

Avaliação Global

Diagrama de selecção

Estratégia da empresa

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8

ao seu carácter probabilístico. Os custos externos são custos pelos quais a companhia não é

responsável, como por exemplo os custos ambientais não regulamentados pelos governos. Apenas

são incluídos na empresa devido a factores como a competitividade internacional, responsabilidade

social, etc. [25].

O LCC é essencialmente uma ferramenta de avaliação no sentido em que averigua métricas

importantes para escolher a solução mais eficaz em termos de custos a partir de uma série de

alternativas [21]. No entanto, o método LCC por si só, sem mais avaliações, não é suficiente, como

um indicador de uma prática sustentável [22]. Assim, também é aconselhável avaliar o produto numa

base ambiental com uma abordagem do ciclo de vida, nomeadamente com o LCA [24].

Na figura 2.3 está representado um diagrama do método LCC.

2.2.2 – Life Cycle Assessment

A metodologia LCA é uma ferramenta de decisão ambiental, inovadora e relativamente

recente, normalizada pela International Standardisation Organisation (ISO). Esta metodologia permite

quantificar dados ambientais e energéticos de produtos ou processos, quantificando assim o

desempenho ambiental destes ao longo de todo o seu ciclo de vida, desde a extracção de matéria-

prima até ao seu fim de vida [1][27].

Figura 2.3: Modelo do Life Cycle Cost [26].

Produção do molde

Produção do Plástico

Processamento do plástico

Utilização do plastico

Eliminação Final

Reciclagem Incineração Aterro

Informação sobre o

Processo

Fluxos de Massa

Fluxos de Energia

Instalações da Produção

Recursos Consumidos

Energia Consumida

Mão-de-ObraMaquinas e Ferramentas

Infra-estruturas e despesas gerais

Custo Total

Base de dados dos Custos

Electricidade

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9

As primeiras análises de ciclo de vida, publicadas nos anos 70, apenas consideravam o

consumo de energia de um produto ou processo ao longo do seu ciclo de vida. Mais tarde, alguns

estudos, em particular para sistemas de empacotamento e produtos de consumo incluíram

desperdícios e emissões à análise, mas nenhum fazia mais que quantificar materiais e uso de

energia. Foi então necessária uma metodologia mais sofisticada. Como resultado, em 1990, a Society

for Environmental Toxicology and Chemistry (SETAC) iniciou a definição de LCA e desenvolveu

metodologias para realizar análises de ciclo de vida [28][29]. Finalmente, a organização ISO iniciou

trabalhos similares e desenvolveu princípios e guias para a metodologia LCA, resultando numa série

de normas [30][31][32][33].

A metodologia LCA ainda está em desenvolvimento. Actualmente, o LCA consiste de quatro

etapas: definição do objectivo e âmbito do estudo, construção do modelo de ciclo de vida do produto

com todos os inputs e outputs ambientais (Life Cycle Inventory stage - LCI), a avaliação da relevância

ambiental de todos os inputs e outputs (Life Cycle Impacts Assessment stage - LCIA) e, finalmente, a

interpretação dos resultados [24][34].

A definição e objectivo do estudo estabelecem as condições de fronteira do sistema, as

unidades funcionais e os critérios para o inventário de dados. O inventário de ciclo de vida (Life Cycle

Inventory – LCI) lida com a recolha e síntese de informação sobre materiais e entradas e saídas de

energia nas várias fases do ciclo de vida. A recolha de informação em cada uma das fases é depois

compilada numa caracterização ambiental de fluxos de entrada e saída do produto em estudo. Na

análise de impactos do ciclo de vida (Life Cycle Impact Assessment – LCIA), estes fluxos de entrada

e saída são relacionados com as categorias de impacto ambiental, sendo desenvolvido um modelo de

caracterização de modo a calcular o efeito destes fluxos nas categorias, resultando num índice para

cada categoria de impacto ambiental. Finalmente, a interpretação dos resultados é efectuada de

modo a avaliar todo o estudo, tendo sempre presente o seu objectivo.

A técnica principal usada no LCA é através da modelação. Na fase do inventário dos fluxos

(LCI), o modelo é desenvolvido a partir dos processos usados para produzir, usar e desmantelar um

produto. Para cada processo, são recolhidas todas as emissões e consumos de recursos durante o

ciclo de vida do produto em estudo. Os resultados deste inventário são listas de emissões, recursos

consumidos e impactos não materiais, como o uso de terrenos. Como estas listas são geralmente

muito longas e de difícil interpretação, para quantificar ambientalmente esses fluxos, foi desenvolvido

um modelo simplificado, usando o LCIA. Neste modelo os fluxos são transpostos para um mecanismo

ambiental, resultando daí impactos em várias categorias, como o efeito de estufa, a acidificação, etc.

Com as categorias geradas, são usadas técnicas adicionais de normalização e atribuição de pesos

para analisar o estudo sob a forma de indicadores nas categorias de impactos. A forma como são

atribuídos pesos às categorias pode ser discutível, pelo que se efectua a normalização do indicador

dividindo-o por um valor de referência. Geralmente, este valor é o total dado a cada categoria. A

atribuição dos pesos envolve um ranking e uma possível agregação dos resultados dos indicadores

pelas categorias, resultando assim uma pontuação final. A atribuição de pesos é um assunto

controverso nesta metodologia, devido à sua dependência nos julgamentos de valor e consequente

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10

subjectividade. Existem vários métodos disponíveis para a sua atribuição dentro da metodologia LCA;

o EPS-system, o método Tellus, o método da eco-escassez, o Eco Indicador 95 e outros métodos de

distância ao valor alvo [34]. Contudo existem vários métodos para a fase do LCIA que são

compatíveis com os requisitos da norma ISO, mas a maior parte dos especialistas preferem

seleccionar um método já publicado em vez de desenvolver um novo. Em termos de utilidade, os

resultados do LCA têm sido utilizados pelas empresas internamente para apoiar decisões de gestão,

no exterior para fins de marketing e para dar suporte a reclamações sobre os produtos e as agências

governamentais utilizaram os resultados do LCA para fundamentar decisões técnicas e

regulamentadas [35].

Um dos modelos utilizados para a análise LCA está representado na figura 2.4.

2.2.2.1 – Eco Indicador 95

A forma como são atribuídos pesos às categorias de impactos ambientais é a parte mais

controversa de uma análise de ciclo de vida. O método do Eco indicador 95 (EI’ 95) tem resolvido

esse problema, possibilitando o cálculo de um único valor representativo do total dos impactos

ambientais de um produto, baseando-se nos efeitos dos fluxos, como está representado na figura 2.5.

Este método baseia-se no princípio da distância ao valor alvo, considerando que existe uma relação

entre a importância de um efeito e a distância entre o seu valor actual e o valor alvo. O valor alvo

corresponde ao valor médio europeu de uma determinada emissão. Este método permite assim

Figura 2.4: Modelo do Life Cycle Assessment [26].

Produção do Molde

Produção do material Produção da Peça (Injecção por moldação)

Utilização da Peça

Aterro

Reciclagem Industrial (Trituração)

Informação do Processo

Fluxos de Massa Fluxos de Energia

EmissõesRecursos Consumidos

Energia Consumida

Categorias de Impacto

Indicador Ambiental

Sistema de Pesos

AditivosPetróleo

Gás Natural

Transporte

Emissões

Energia

Energia EmissõesTransporte Transporte Transporte

Emissões, resíduos sólidos

Desperdícios

Energia

LCI (Life Cycle Inventory)

LCIA (Life Cycle Impact Assessment)

Base de Dados

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CFC

Pb

Cd

PAH

Dust

VOS

DDT

CO2

SO2

NOx

P

Camada de Ozono

Metais Pesados

Carcinogenia

Smog de Verão

Smog de Inverno

Pesticidas

Acidificação

Eutrofização

Efeito de Estufa

Aumento

Marginal de

Mortalidade

Saúde

Degradação

do

Ecossistema

Val

oriz

ação

Sub

ject

iva

Eco - Indicador

separar os assuntos importantes dos menos importantes, determinando a importância relativa dos

vários problemas ambientais. No entanto o valor alvo incorpora um problema, ao ser necessário

definir um bom nível para os impactos. Este terá de ser equivalente para todos os efeitos, tendo sido

realizadas correlações para os efeitos provocados pelos vários danos ambientais. Para estabelecer

uma correlação entre os níveis de dano e os efeitos, foi realizado um estudo detalhado sobre o

estado actual do ambiente na Europa. Foi determinado o estado actual de cada efeito e definido o

grau que cada efeito em particular tem de ser reduzido, de modo a atingir o nível de dano estipulado.

Estes dados foram usados para determinar o nível actual dos problemas ambientais e a redução

necessária destes, de modo a atingir um nível aceitável. Os problemas ambientais definidos foram os

danos para a saúde humana, para a qualidade do ecossistema e para os recursos. As definições a

este nível são assim de mais fácil compreensão do que as categorias de impactos, como a

acidificação e o efeito de estufa. Os pesos dados a estas categorias são apresentados na tabela 2.1

[36].

Categorias de Impacto Pesos Efeito de Estufa 5 Camada de Ozono 100 Acidificação 10 Eutrofização 5 Smog de Verão 2.5 Smog de Inverno 5 Pesticidas 25 Metais Pesados 5 Carcinogenia 10

Tabela 2.1: Categorias de impacto e respectivos pesos [1].

2.2.2.2 – Eco Indicador 99

O Eco indicador 99 (EI’ 99) é um sucessor do EI’ 95 e avalia os impactos das emissões na

saúde humana e nos ecossistemas. O impacto ecológico é representado pela fracção potencialmente

afectada (PAF) ou pela fracção potencialmente desaparecida (PDF) de espécies, sendo o impacto

Figura 2.5: Método EI’ 95 [37].

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12

ambiental dado pelo potencial de aquecimento global (GWP), pelo potencial de destruição da camada

de ozono (ODP), etc. O impacto na saúde humana é medido por unidades DALY, que representam os

anos de vida perdidos ou com incapacidades em consequência dos impactos das emissões. Para um

dado processo, as emissões são classificadas em diversas categorias de impactos e caracterizadas

em unidades comuns para cada categoria baseadas em factores de impacto. Os melhoramentos

destes índices foram desenvolvidos nas próprias categorias de impacto, incluindo o uso de terra e a

escassez de recursos como categoria de impacto. Foram também desenvolvidos modelos das

funções de dano e incluídas teorias culturais como ferramentas para lidar com a subjectividade. Este

método considera a análise de três esferas, nomeadamente a tecnosfera, a ecosfera e a valoresfera,

seguindo a teoria cultural. A tecnosfera representa o domínio dos processos tecnológicos e sistemas

desenvolvidos por humanos. O domínio da ecosfera compreende os processos e sistemas

ecológicos, incorporando a tecnosfera. Na valoresfera, que significa escolha de valores, foram

desenvolvidas três perspectivas, dependendo da atitude de três arquétipos humanos (individualistas,

equalitários e hierarquistas), foi determinada a distribuição de factores de pesos entre saúde humana,

ecossistema e recursos (tabela 2.2). Dependendo da perspectiva escolhida, um só indicador pode ser

obtido. A perspectiva geralmente aceite na comunidade científica é a perspectiva hierarquista, por ser

uma perspectiva moderada [38]. Um esquema geral da obtenção do EI’ 99 está ilustrado na figura

2.6. Este esquema exemplifica o método para se calcular a pontuação do EI’99 e divide-se em três

passos: inventário dos fluxos de entrada e saída dos processos no ciclo de vida do produto, modelo

de dano dos fluxos e atribuição de pesos às três categorias [39].

Perspectivas Categorias de Dano Individualista Equalitária Hierarquista

Ecossistema 25 50 40 Saúde Humana 55 30 30

Recursos 20 20 30 Tabela 2.2: Pesos das categorias consoante as perspectivas [1].

Inventário

dos fluxos de

entrada e

saída dos

processos no

ciclo de vida

do produto

Resultados do

inventário

Recursos

Uso de

Terrenos

Emissões

Modelo

de

Dano

dos

Fluxos

2

Dano para

os Recursos

Dano para os

Ecossistemas

Dano para a

Saúde

Atribuição

de pesos

às três

categorias

Indicador

1 3

Figura 2.6: Método EI’99 [39].

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13

2.2.3 – Desempenho funcional dos materiais

O desenvolvimento de produto é actualmente um factor determinante para o sucesso do

produto/empresa. Com o aumento da competitividade, as mudanças tecnológicas constantes e a

maior qualidade exigida ao produto, obriga as empresas a terem maior agilidade, maior produtividade

e que produzam com maior eficiência e eficácia.

Assim, todo o processo de desenvolvimento de produto desde o planeamento até ao seu

lançamento deve ser realizado no menor intervalo de tempo possível. O processo pode ser dividido

por fases, no entanto a comunicação entre estas deve ser constante, pois o processo é interactivo

[40].

Na fase de projecto mecânico são definidas: a geometria, os materiais e os processos de

produção do produto. Os campos do projecto mecânico e as interacções entre estes são

apresentados na figura 2.7. Os campos anteriores são condicionados pela função/aplicação

pretendida para o produto.

A selecção de materiais baseada no seu desempenho funcional, ou seja, nas suas

propriedades, é a abordagem clássica em engenharia. Qualquer componente de engenharia executa

uma ou mais funções: suportar uma carga, conter uma pressão, transmitir calor, ter uma determinada

dimensão, etc., sendo estas tidas como condições na selecção do material [41]. Estas funções

abrangem desde propriedades mecânicas e eléctricas, à resistência à corrosão e ao acabamento de

superfícies. Em projectos mecânicos são as propriedades mecânicas que ganham maior importância,

havendo um grande espectro de propriedades que podem ser consideradas, estando algumas

apresentadas na figura 2.8. A importância relativa destas propriedades é dependente da aplicação do

componente, sendo que diferentes classes de materiais apresentam propriedades mecânicas

específicas. Combinações apropriadas de propriedades determinam a aplicabilidade de um dado

material para uma aplicação específica. Por exemplo, valores de densidade e módulo de Young são

usados para seleccionar materiais leves e rígidos, assim como valores de densidade e resistência

mecânica também são usados para seleccionar esses mesmos [3]. As relações entre as propriedades

são referidas como índices de material. Estes índices são agrupamentos de propriedades que,

quando maximizados, melhoram alguns aspectos de desempenho de um componente [1].

Geometria Material

Função

Processo

Figura 2.7: Campos do projecto mecânico [1].

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14

A selecção de material pode ser dividida em três fases, apresentadas na figura 2.9. Na fase

de selecção são definidas as propriedades mínimas do material para que este possa desempenhar a

função pretendida. Os materiais que possuam as propriedades mínimas são qualificados conforme o

seu desempenho técnico, sendo os restantes eliminados. Nesta fase é ainda definido o número e

quais os materiais que seguem para a fase seguinte. Na fase de Informação são recolhidos dados

sobre o historial dos diferentes materiais tais como os campos de aplicação usuais e os

desempenhos em aplicações análogas ou semelhantes [5]. Com base nos dados recolhidos e nas

condições definidas para o projecto são seleccionados os materiais com melhor desempenho técnico

para este [1].

2.3 – Materials Selection Engine (MSE)

O MSE é um método proposto por Henriques et al. O MSE é apresentado como uma mistura

entre o processo de desenvolvimento do produto e o processo de selecção de materiais clássico, de

uma forma que combina a informação gerada tipicamente em ambos os métodos. Ao fazê-lo, a

selecção de materiais torna-se uma parte do processo de desenvolvimento do produto, e não faz

sentido encará-lo como um passo ou uma fase separada deste processo. Este mistura-se com o

processo de desenvolvimento, permitindo uma completa integração entre os materiais e o design.

Propriedades

Mecânicas

Densidade

Resistência

Elasticidade

Deformação

Ductilidade

Dureza

Tenacidade

Materiais

Selecção e Ranking

Condições Específicas

Informação

Selecção Final

Figura 2.8: Propriedades dos materiais em projecto mecânico [3].

Figura 2.9: Fases da selecção de materiais [5].

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15

Este método divide-se em 6 passos: selecção preliminar de materiais, mapeamento dos requisitos

mecânicos com as especificações do produto e as propriedades mecânicas, design do produto para

cada material, construção de um modelo de custos baseado no processo de fabrico, análise de

modelos de ciclo de vida e modelo o LCE, integrando os desempenhos económicos, ambientais e

técnicos. Seguidamente este método é explicado brevemente, mas com especial ênfase ao segundo

passo, dado que este passo é utilizado nesta dissertação.

O primeiro passo consiste numa primeira fase em identificar uma necessidade ou desejo no

mercado. A fase seguinte segue-se com a recolha de dados e a identificação dos requisitos do

produto ou da peça que vai de encontro às necessidades do mercado. Esta recolha de dados é

realizada com a inclusão de todas as partes envolvidas durante todo ciclo de vida do produto

(clientes, utilizadores finais, fabricação, …) e incorpora uma análise comparativa dos produtos

concorrentes. Enquanto isto se passa, e sem parâmetros quantificáveis ainda, a triagem de materiais

deve começar também. Após se ter uma estimativa das dimensões e forma da peça ou produto,

alguns pressupostos muito básicos podem ser feitos que permitem aos projectistas limitar o universo

de materiais candidatos. Nesta fase, a análise tradicional desenvolvida por Ashby pode ser utilizada.

O número de parâmetros na pesquisa dependerá da quantidade de informação que a equipa está

disposta ou capaz de digerir, embora que nesta fase já seja possível que uma vasta gama de

materiais candidatos possam ser tomados como uma possibilidade legítima.

O segundo passo do MSE consiste numa primeira fase em classificar os materiais candidatos

numa matriz de atributos. Esta comparação é baseada numa análise pelos métodos “pair wise”,

“Multiple Attributes Decision-making” (MADM) e um “Simple Aditive Weighting” (SAW). Esta matriz é

construída usando os requisitos que vêm do passo anterior. Estes requisitos devem ser agora

traduzidos em termos de propriedades mecânicas dos materiais. Este passo é crucial porque um

material para uma determinada aplicação não pode ser seleccionado somente com base em

requisitos da peça, tais como “a peça deve de ter uma força adequada” ou “a peça deve ter ser

resistente à corrosão” ou mesmo “a peça deve ser reciclável/reutilizável”, mas pode ser facilmente

seleccionado com base em propriedades mecânicas, tais como a resistência à ruptura, índice de

resistência à corrosão ou índice de reciclagem. Note-se que cada requisito pode ser traduzido em

mais de uma propriedade mecânica, e pode ser mais ou menos importante. Por causa disso, a matriz

de correlação deve ser construída relativamente aos requisitos da peça (vindos de todas as partes

interessadas no produto da analise aos produtos concorrentes) e das propriedades mecânicas

(relativa às propriedades do material que afectam os requisitos), de maneira eficaz de modo que

permita, em fases preliminares da fase de projecto, uma comparação quantificada e sistemática do

desempenho dos diferentes materiais. A próxima fase é a identificação dos requisitos (R1 até Rn),

baseado na perspectiva e expectativas de todas as partes intervenientes do produto ou da peça. A

identificação é seguida pela atribuição da importância relativa de cada requisito, através de um

conjunto de pesos (C1 até Cn). Estes pesos pretendem captar a contribuição que cada requisito tem

para o sucesso do produto ou da peça (∑Ci=100%). Quantificar esta contribuição relativa não é uma

tarefa fácil, especialmente porque diferentes perspectivas e pontos de vista devem ser balanceados

consistentemente. Uma forma de atenuar esta dificuldade é comparar os requisitos em pares. Para

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16

comparar o desempenho de diferentes materiais nas fases preliminares do projecto, a importância

dos requisitos deve ser convertida em importância das especificações. As especificações,

materializadas como propriedades mecânicas, estão relacionadas com os requisitos através de uma

matriz de índices, W, em que cada índice W ij reflecte a contribuição das propriedades mecânicas EPj

para realizar o requisito Ri (ver tabela 2.3). A maior parte destes índices é zero, o que significa que

não existe correlação entre a especificação e o requisito, mas a soma dos índices de cada linha da

matriz P tem de gerar o mesmo número, ou seja, ∑ ∑∑ ==== ...321 jjj WWPW que significa que

a equipa de desenvolvimento tem de concordar com a predefinição do valor de P e distribui-lo através

de uma ou varias propriedades mecânicas correlacionadas para cada requisito.

Pesos Ri EP1 … EPj … EPm R1 C1 W11 … W1j … W1m R2 C2 W21 … W2j … W2m … … … … … … … Ri Ci Wi1 … Wij … Wim … … … … … … … Rn Cn Wn1 … Wnj … Wnm W1 … Wj … Wm

Pesos da Prop. Mecânicas = EPW1 … EPWj … EPWm Tabela 2.3: Obtenção dos pesos das propriedades mecânicas [4].

Com o tempo, os valores de Wij podem ser compilados e tabulados, para mostrar alguma

consistência entre os diferentes projectos de selecção de materiais. A importância absoluta de cada

propriedade mecânica Wj pode ser calculada através da equação 2.1:

(Equação 2.1 – Importância das prop. mecânicas)

Finalmente, o peso da propriedade mecânica (a importância relativa) é obtido através da

equação 2.2:

(Equação 2.2 – Peso das prop. mecânicas)

Tendo agora esses pesos das propriedades mecânicas, toda a informação requerida para

comparar um conjunto de materiais está presente. A equipa de concepção pode agora construir outra

tabela na qual cada material pode ser classificado em relação aos outros, como é mostrado na tabela

2.4.

Prop. Mecânicas

Pesos EPi Material 1 Material 2 … Material k …

EP1 EPW1 EP11 EP12 … EP1k … AEP11 AEP12 … AEP1k … WAEP11 WAEP12 … WAEP1k …

.. … … … … … … EPj EPWj EPj1 EPj2 … EPjk …

AEPj1 AEPj2 … AEPjk … WAEPj1 WAEPj2 … WAEPjk …

.. … … … … … … Índice do material ponderado = WMI1 WMI2 … WMIk

Tabela 2.4: Classificação dos materiais candidatos [4].

mj

jj WWWW

WEPW

+++++=

......21

nnjjjj CWCWCWW ⋅++⋅+⋅= ......2211

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O valor da propriedade mecânica j para o material k é EPjk. Uma vez que cada propriedade

do material tem as suas próprias unidades, a propriedade deve de ser adimensionalisada. Isto é feito

dividindo cada valor pelo valor máximo dessa propriedade, se o valor máximo for o melhor valor,

como no caso da tensão de ruptura; se o melhor valor for o mínimo, como no caso da densidade, a

propriedade adimensional deve de ser calculada através da divisão do valor mínimo da propriedade

através de todos os materiais pelo valor de cada material, produzindo AEPjk. Agora estas

propriedades mecânicas adimensionais têm de ser ponderadas de acordo com o peso obtido através

da tabela 2.3. Finalmente, adicionando todas as propriedades mecânicas adimensionais ponderadas,

é alcançado um índice ponderado do material, WMIk para cada material (Tabela 2.4). O potencial

melhor material será aquele que tiver um valor maior de WMI. A maior parte das propriedades

mecânicas necessárias para construir a tabela 2.4 são encontradas em bases de dados, em literatura

técnica ou em bases de dados de fornecedores. No entanto, o requisito recorrente “ter um custo

baixo” pode apenas ser convertido na propriedade “custo final do produto”, que tem de ser estimado.

Numa fase preliminar da concepção, onde as geometrias, dimensões e características técnicas ainda

não estão definidas, tal estimativa ou é muito pouco precisa e não permite a diferenciação dos

materiais ou é demasiado demorada para uma vasta gama de bons potenciais materiais. Assim,

numa primeira iteração, e se alguma informação económica tiver de ser incluída, a aproximação

lógica é converter o referido requisito na propriedade “custo da matéria-prima” em vez de “custo da

peça”. Após esta iteração, a análise da matriz (tabela 2.4) propõe o isolamento de um conjunto de

materiais mais restrito: os materiais com os maiores valores dos índices ponderados. Tendo em conta

que nesta primeira iteração a análise é feita principalmente com base em propriedades tecnológicas é

recomendado seleccionar não só o material que neste passo “parece ser o melhor”, mas também os

que “parecem estar mais próximos do melhor”. O objectivo deste passo não é tomar o melhor, mas

sim eliminar os que têm desempenhos piores. O número de materiais que transitam para o próximo

passo dependerá mais uma vez na equipa de concepção: eliminar muitos materiais candidatos pode

por em risco a eliminação do “melhor material” antes da análise económica ser integrada; não

eliminar materiais vai aumentar o esforço necessário para os próximos passos do desenvolvimento

do produto.

O terceiro passo do MSE consiste na modificação do design para cada material tendo em

conta as especificações do produto e os requisitos do material. Se a peça em estudo for simples,

pode-se fazer alguns cálculos simples envolvendo a mecânica do material ou equações de

transferência de calor, para projectar as características principais. Se, pelo contrário, a peça ou

produto têm um certo grau de complexidade, ferramentas como uma análise com elementos finitos ou

mesmo a construção de um protótipo e subsequentes testes mecânicos, podem ser necessários.

O quarto passo do método MSE consiste na construção de um modelo de custo baseado no

processo de fabrico para determinar a influência das variáveis dos materiais e do processo nos

custos de produção do produto utilizando os materiais seleccionados no passo 2, com a geometria

encontrada no passo 3.

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O quinto passo do método MSE é dedicado a uma análise de ciclo de vida da peça ou do

produto. Após a identificação das etapas de ciclo de vida do produto, tanto os custos e os impactos

ambientais são calculados com base nas análises LCC e LCA. Estes modelos de cálculos recebem

informação determinante do passo anterior, visto que ele não fornece apenas o custo total mas

também a energia consumida, materiais, etc.

O sexto e último passo, do método MSE consiste em utilizar a metodologia LCE para

seleccionar o material mais apropriado para o produto em estudo. A metodologia LCE integra os

resultados das análises LCC e LCA com um modelo baseado no método “Multiple Attributes Decision-

Making (MADM)” para avaliar qual a contribuição do desempenho técnico durante o ciclo de vida [4].

2.4 – Metodologia de Selecção de Materiais - Multi- attribute Utility Analysis

O MAUA surgiu como uma ferramenta de selecção e avaliação de materiais. O MAUA tem

sido utilizado numa vasta gama de áreas de engenharia, sendo a engenharia e ciência de materiais,

uma das mais recentes. A análise de utilidade proporciona um método racional de selecção de

materiais que evita muitas das dificuldades fundamentais da maioria das abordagens alternativas

[42].

Em seguida são explicados brevemente os passos necessários para a aplicação desta

metodologia.

1. Avaliação do atributo – o objectivo deste passo é identificar aquelas características nas

quais a análise é baseada. Em primeiro lugar, são caracterizadas todas as características de

desempenho que suportam a selecção de um material para uma determinada aplicação de

engenharia. Tais características podem ser económicas, de engenharia, de design e de processos de

fabrico, entre muitas outras.

Este conjunto de características é depois reduzido, para reflectir os objectivos da análise e as

realidades da decisão de engenharia. Esta redução das características é impulsionada pelo desejo de

se considerar apenas as características que:

• São relevantes para a escolha do material na aplicação em estudo;

• Não são fixados limites de desempenho;

• Têm diferenças bastante acentuadas entre as alternativas em consideração.

O raciocínio por trás do primeiro critério é óbvio. O segundo critério reflecte o facto de que

muitos (senão a maioria) dos parâmetros de projecto representam valores alvo fixos, cujos níveis de

desempenho devem ser cumpridos. Por exemplo, todos os pára-choques devem satisfazer normas

de impacto FMVSS, bem como normas de impacto internas. Um pára-choques, composto por

materiais que não cumpram estas normas, não é aceitável independentemente de qualquer

característica de desempenho que possa ter. Por outro lado, se um pára-choques exceder os valores

destas normas, representa uma oportunidade para reduzir o volume de material, o peso e o custo, o

que fará com que o design tenha de ser reformulado em conformidade. O terceiro critério é um critério

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de eficiência, uma vez que, se a diferença entre as alternativas é insignificante, é improvável que

essa característica vá determinar qual o material seleccionado.

2. Desenvolvimento do questionário – o MAUA é uma técnica de medição voltada para a

medição de uma estrutura de preferência a um factor de decisão. Esta estrutura de preferência é

revelada no decurso de uma entrevista estruturada. A entrevista avalia subtilmente as preferências do

utilizador, enquanto confronta o sujeito com situações provenientes da sua experiência pessoal na

área da selecção de materiais.

Estas questões assumem a forma de um problema de aceitação de um determinado material

ou um problema de pesquisa e desenvolvimento dos recursos. Em qualquer caso, o elemento crítico

é a introdução de incerteza, e a reacção do sujeito à incerteza.

3. Entrevistas – durante esta fase, o objectivo é identificar e entrevistar as pessoas que

realmente tomam as decisões que são realizadas no estudo. Estas entrevistas devido ao seu

conteúdo e objectivo, permitem frequentemente fornecer informações consideráveis fora do âmbito

restrito do MAUA, e aumentar a avaliação com o conhecimento sobre a dinâmica do processo de

decisão. Estes conhecimentos podem incluir a sequência habitual de tomada de decisões, os nomes

de outros indivíduos críticos no processo e a influência das políticas da empresa.

4. Análise da informação – a fase final envolve a análise da informação. Aqui, as informações

recolhidas nas entrevistas são reduzidas a uma forma de construção matemática conhecida como

função de utilidade. Esta função transforma dados níveis de desempenho numa medição de

preferência, conhecida como utilidade. A função de utilidade é definida da seguinte forma:

Se U(A) > U(B), então o sujeito prefere A a B;

Se U(A) = U(B), então para o sujeito é indiferente escolher entre A e B.

Devido ao facto da função de utilidade ser uma função analítica, é possível não só calcular a

utilidade de combinações específicas de desempenho que cada alternativa em consideração

representa, mas também permite identificar todas as combinações de características que podem

conduzir a um determinado nível de utilidade. Para além disso, devido à teoria por detrás destas

funções, é possível quantificar as diferenças e o efeito que uma alteração das características tem

sobre a utilidade. Este recurso permite ao analista identificar a forma como as características de

desempenho se relacionam entre si, e em que medida o desempenho de uma determinada

alternativa deve mudar para a sua posição competitiva se alterar.

A utilização do MAUA no problema de selecção de materiais apresenta vantagens segundo

duas formas distintas:

• A classificação dos diferentes materiais permite que os projectistas façam uma introspecção

sobre os processos de fabrico e a forma que estes são valorizados. Por exemplo, se uma

árvore de cames forjada tem uma maior utilidade do que uma árvore de cames fundida, então

pode-se concluir que em pelo menos nalgumas condições a utilização de um aço forjado é

preferível.

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• Trocas entre diferentes atributos, e mais especificamente entre o custo e o peso para uma

determinada aplicação, vão permitir aos projectistas a definição do valor relativo da

importância desses atributos. Além disso, pode ser determinada a medida em que as

características de um qualquer atributo em particular devem mudar para atingir um

determinado nível de utilidade, possibilitando assim ao analista identificar o custo, o

desempenho ou metas de transformação que devem ser cumpridas.

Uma síntese dos resultados do MAUA, como uma análise de custos fornecerá uma

introspecção sobre a qual os projectistas valorizam os diferentes materiais para uma determinada

aplicação, e como este valor acabará por ditar o potencial mercado para este tipo de aplicações. Irá

também ajudar na tomada de decisões relativamente às estratégicas que envolvam o comportamento

competitivo das várias alternativas, e ajudará na solidificação de possíveis mudanças para manter ou

aumentar a competitividade.

Uma vez todos os dados analisados, a utilidade global para um determinado nível de atributos

de desempenho pode ser calculado. O uso real é obtido quando os materiais concorrentes são

comparados com base nas suas utilidades individuais, computadas a partir da sua matriz individual

de atributos de desempenho.

Também é possível determinar a variação da utilidade com determinados atributos. Isto é

particularmente útil em comparações, já que é possível determinar quanto um determinado atributo

deve mudar, para que este possa ter o mesmo nível de utilidade que um material concorrente.

Utilizando os dados obtidos pela análise de utilidade, é possível determinar a forma como os

atributos são relacionados entre si, analisando os declives das rectas de utilidade constante. Na

figura 2.12 são mostrados exemplos de gráficos onde são mostrados três diferentes tipos de atitudes

relativamente à relação entre os custos e um atributo arbitrário.

a) b)

c)

Figura 2.10: Exemplos entre a relação entre o custo e um determinado atributo. a) Grande sensibilidade ao custo; b) Caso intermédio; c) Grande sensibilidade ao desempenho [43].

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Na figura 2.10 a) está representada uma curva horizontal, o que significa que o projectista é

altamente sensível ao custo e a única forma de se ter uma utilidade maior é através da redução de

custos. Na figura 2.10 b) é apresentado um cenário onde o custo e desempenho são directamente

relacionados entre si. Na figura 2.10 c) é apresentado o outro extremo do espectro, onde o projectista

é mais sensível ao desempenho e está disposto a ser penalizado em termos de custos para ter uma

melhoria no desempenho. O entrevistado nestas circunstâncias está apenas interessado no

desempenho e as alterações no custo têm pouca influência na utilidade [43].

2.5 – Ciclo de vida de peças em plástico termoplást ico

Como neste trabalho são estudados materiais plásticos termoplásticos, interessa introduzir o

conceito de ciclo de vida de peças em plásticos termoplásticos. Para determinar os impactos

ambientais de produtos em plástico, é necessário analisar o seu ciclo de vida. A figura 2.11

representa o ciclo de vida genérico de peças em plástico, desde a matéria-prima até ao seu fim de

vida.

Relativamente à primeira fase, o petróleo e o gás natural são as matérias-primas mais

importantes para a obtenção dos plásticos. A seguinte fase, o processamento, inclui a adição de

aditivos para melhorar as propriedades físicas e químicas e o processo de produção que poderá ser

extrusão, moldagem por injecção, moldagem por sopro e moldagem rotacional. A fase da utilização

refere-se ao uso específico do produto em que são considerados os materiais e os fluxos de energia

e emissões. A última fase é a eliminação do produto, este pode seguir três vias: reciclagem,

incineração e o aterro [45]. A reutilização tem sido fortemente encarada como uma quarta alternativa,

especialmente para as ferramentas utilizadas na produção [46]. Cada uma destas opções tem os

seus impactos ambientais associados, por exemplo a reciclagem evita a produção de material virgem,

mas requer energia e gera emissões, enquanto a incineração produz energia, mas também gera

emissões e desperdícios, já o aterro é sem sombra de dúvida a pior opção porque não é produzida

energia nem material mas são libertadas emissões, especialmente para a água [44].

Figura 2.11: Ciclo de vida das peças em plástico [44].

Matéria-prima Fabricação dos Plásticos

Processamento dos Plásticos

Utilização dos Plásticos

Reciclagem Inceneração Aterro

Disposição Final

Electricidade

Processamento de materiais, Energia e Transporte

Emissões para o ar, a água, o solo e resíduos

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A contabilização de toda a energia, material e fluxos de emissões de cada fase do ciclo de

vida permite a construção do Life Cycle Inventory. Este inventário é uma parte crucial para do LCA,

como uma fonte de informação precisa para se poder efectuar um estudo fidedigno. Além disso, um

estudo do ciclo de vida de um produto requer que as suas fronteiras estejam bem definidas, o que só

será possível através de um conhecimento retirado de estudos realizados anteriormente dos mais

importantes contribuintes para os impactos ambientais envolvidos no processo [44].

2.6 – Aplicações da metodologia LCE

Ultimamente têm surgido várias pesquisas e trabalhos publicados de muitos autores sob a

égide do LCE. Os trabalhos publicados têm vários ramos de investigação que vão desde a definição

de orientações e enquadramentos para promover a aplicação da filosofia LCE, passando pelo

desenvolvimento de estratégias e abordagens para a aplicação de princípios de LCE para a

fiabilidade de produtos, manutenção e modelação e no desenvolvimento de ferramentas e modelos

que aplicam os princípios do LCE para comparar alternativas durante a fase de projecto ou de

processamento. Nesta secção são descritos resumidamente alguns dos trabalhos desenvolvidos

nestas áreas de investigação.

O autor Keys apresentou uma pesquisa sobre os desafios do LCE no mundo académico,

devido à sua natureza multi-disciplinar. Na verdade, a filosofia LCE pode ser chamada também

“Designing for the Life Cycle”, para enfatizar a necessidade de se considerar numa fase prematura do

projecto a vida completa do produto, incluindo a pesquisa de mercado, as fases de design, os

processos de fabrico, a fiabilidade e o serviço de cliente/manutenção [47]. Recentemente foram

também publicadas orientações para suportar a filosofia LCE em fases preliminares do design dos

produtos, considerando o LCE como um processo em curso para desenvolver especificações para ir

de encontro a uma série de requisitos e objectivos que abrangem o ciclo de vida do produto [48]. O

autor Atling publicou um trabalho que tem como objectivo desenvolver produtos, sistemas ou

instalações cada vez mais sofisticados, em períodos de tempo mais pequenos através de uma

compreensão holística do ciclo de vida dos produtos e dos processos [49]. Estes trabalhos são

sobretudo incentivos à utilização da metodologia LCE e demonstrar as suas aplicações e vantagens,

em seguida são apresentados alguns trabalhos onde são propostas metodologias LCE com o

objectivo de comparar alternativas quer na selecção de materiais ou na selecção de processos de

fabrico.

O autor Ishii propôs um dos primeiros modelos de LCE, no qual propõe uma ferramenta

baseada numa rede hierarquizada para suportar decisões em fases preliminares do design. Esta

ferramenta abrange produtos, componentes, subconjuntos (nós) e relações entre nós, traduzindo

para o “custo” os impactos económicos e ambientais de cada decisão no design. Apesar de esta

ferramenta permitir uma rápida avaliação do LCC em todas as fases do design, esta não permite

comparar alternativas e não inclui os impactos ambientais durante todo o ciclo de vida [50]. O autor

Betz propôs um modelo de LCE que pode integrar informação ambiental, económica e tecnológica,

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numa única ferramenta de apoio à decisão. Esta ferramenta de design tem a capacidade de apoiar

decisões como, a escolha de materiais, a escolha de processo, optimização do produto e

comparações de sistemas. Para a interpretação dos resultados foi proposta a utilização do método

“3D-portfolio” [12]. O autor Saur apresentou um modelo de LCE no qual o LCC é utilizado como uma

ferramenta de avaliação económica, o LCA é a base para uma análise dos impactos ambientais e um

critério de multi-atributos é utilizado para a avaliação da performance técnica. Apesar da precisão das

analises individualmente e na perspectiva do ciclo de vida, o modelo não mostra uma análise

integrada dos atributos [14]. Um outro trabalho desenvolvido nesta área foi proposto por Ribeiro, et al.

com o título “Metodologia LCE aplicada à selecção de materiais: caso de estudo um guarda-lamas”.

Este trabalho consistiu em aplicar a metodologia de LCE à selecção de materiais para um guarda-

lamas de um automóvel, com o objectivo de integrar no mesmo estudo uma avaliação ao

desempenho do material para a aplicação específica, ambiental e económica, durante a vida do

produto. A metodologia proposta neste trabalho compara uma série de materiais candidatos, pela

agregação de três dimensões (técnica, económica e ambiental), identificando o domínio do melhor

material. Este domínio do melhor material está presente num diagrama ternário, que permite uma

comparação global dos materiais candidatos e permite tomar uma decisão informada acerca da

selecção do melhor material de acordo com os diferentes cenários de negócios e a estratégia da

empresa. A metodologia foi aplicada a um caso de estudo com o objectivo de utilizar novos materiais

metálicos (aços de alta resistência e ligas de alumínio) para um guarda-lamas de um automóvel feito

de um aço macio e a avaliação de benefícios potenciais relativamente ao desempenho global do

material [2]. Este trabalho baseia-se num modelo de LCE igual ao representado na figura 2.2.

Constituído por três estudos diferentes, uma análise económica (LCC), uma análise ambiental (LCA)

e uma análise ao desempenho dos materiais para toda a vida do produto. Estas análises foram

realizadas de acordo com as metodologias descritas anteriormente. Interessa também referir um

pouco sobre o diagrama que permitiu identificar a importância dos materiais. Para se determinar o

diagrama foi preciso dar pesos aos critérios considerados (LCC, LCA e avaliação técnica) de acordo

com a estratégia da empresa. O diagrama da figura 2.12 exemplifica esquematicamente a

metodologia utilizada neste trabalho.

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Existe ainda outro trabalho com o título “Um modelo de Life Cycle Engineering para a

selecção de uma tecnologia: um caso de estudo de moldes para injecção de plásticos para pequenos

volumes de produção”. Neste trabalho foi proposto um modelo de LCE para auxiliar na selecção de

uma alternativa tecnológica através da integração de três análises. Neste trabalho é utilizado o

mesmo principio que foi utilizado no trabalho descrito anteriormente. Sendo utilizado novamente o

diagrama ternário como uma ferramenta para identificar o melhor domínio para cada alternativa

tecnológica. Este modelo foi aplicado para um caso de estudo visando produções muito pequenas de

peças em plástico. Foram avaliadas duas tecnologias: uma envolvendo a produção de um molde

utilizando um spray de revestimento com resina e pó de alumínio e outro baseado na maquinagem de

alumínio [20]. Como foi utilizada a mesma metodologia do trabalho descrito anteriormente não vale a

pena aprofundar mais este trabalho.

Existem muitos mais trabalhos desenvolvidos nesta área de aplicação, estes são apenas

exemplos representativos das potencialidades do método LCE como ferramenta de apoio no design

de produtos.

Figura 2.12: Metodologia de LCE utilizada [2].

Aquisição da Matéria-prima

Produção do material

Produção do Guarda-lamas

Utilização do Guarda-lamas

Fim de Vida / Desmantelamento

Desempenho Técnico

Diagrama de Selecção

Mod

elo

LCC

Mod

elo

LCA

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3 – Aplicação da metodologia LCE na selecção de mat eriais para uma mola da roupa

O objectivo desta dissertação consiste em aplicar a abordagem de LCE na selecção de

materiais a um caso de estudo – uma mola da roupa. Esta mola da roupa já se encontra num estado

avançado de análise no que diz respeito ao desenvolvimento do produto, consubstanciado em duas

dissertações que foram realizadas em ambiente colaborativo entre o Instituto Superior Técnico e a

empresa Fapil – Indústria de Escovaria, S.A., que será a responsável pela fabricação e montagem do

produto. Nesta secção são explanados os procedimentos utilizados na aplicação deste método,

desde a selecção de materiais até á decisão sobre o material mais indicado para a mola, tendo em

conta todos os estudos efectuados. Esta secção começa com um breve resumo sobre as

metodologias utilizadas e principais conclusões dos trabalhos anteriores. Seguidamente é explicada a

metodologia utilizada neste estudo. Depois começa o trabalho propriamente dito, onde é feita a

selecção preliminar dos materiais candidatos para a mola, passando pela simulação do processo de

fabrico, pela aplicação do LCE e finalmente a aplicação da metodologia MAUA para a escolha do

material mais indicado para a mola da roupa.

3.1 – Identificação com os trabalhos realizados ant eriormente

Antes de mais é necessário dar a conhecer em que fase do desenvolvimento de produto este

produto se encontra, para isso neste ponto são resumidos brevemente os dois trabalhos realizados

anteriormente, onde são realçadas as metodologias utilizadas e as principais conclusões tomadas.

Esta secção foi dividida em duas partes como forma de diferenciar o que foi feito nos dois trabalhos

realizados anteriormente. Estas serão referenciadas ao longo desta dissertação como estudo 1 para

o primeiro e estudo 2 para o segundo.

3.1.1 – Desenvolvimento de um produto utilizando An álises de Valor: caso de estudo

mola da roupa

O objectivo desta dissertação consistiu na inovação de um produto já existente no mercado –

uma mola da roupa, em colaboração entre o Instituto Superior Técnico e a empresa Fapil, que é a

empresa responsável pela distribuição do produto. Na altura a empresa Fapil apenas era a

responsável pela distribuição do produto, sendo este adquirido a uma segunda empresa. Um dos

objectivos do estudo era ser desenvolvido um novo design para o produto para tornar a sua produção

mais barata, para que a fabricação e montagem do produto passasse a ser feita na empresa Fapil.

A metodologia adoptada na realização deste trabalho foi a seguinte: foi realizado

inicialmente um diagnóstico ao produto actual, onde se identificaram as suas características técnicas

e o seu custo; seguidamente partiu-se para o desenvolvimento do novo produto propriamente dito;

depois foi realizada uma comparação entre os modelos obtidos na fase anterior do projecto; e por

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26

último realizou-se uma análise introdutória ao sistema de montagem do produto com o fim de

estabelecer as especificações a atingir e gerar o conceito funcional.

A estrutura da mola da roupa que se encontrava até à data em comercialização está

apresentada em baixo na figura 3.1 a). Na figura 3.1 b) encontra-se o desenho em CAD que foi feito a

partir da mola da roupa actual, com o objectivo de estudar mais facilmente o produto através da

utilização de ferramentas informáticas. A mola original é constituída por duas partes montadas

simetricamente, que constituem o corpo da mola. As duas partes encontram-se fixas por uma banda,

que permite a união das duas partes sendo esta responsável pela força de fixação da mola da roupa.

A banda tem a designação de fixador.

O corpo da mola da roupa original é constituído por um material polimérico, mais

concretamente por um polipropileno homopolímero reforçado com 20% de um mineral não

especificado. Na tabela 3.1 estão especificadas as características do material utilizado.

Fornecedor Referência Tensão de Cedência

Módulo de Elasticidade

Coeficiente de Poisson

Massa Especifica

Temp. de distorção a quente

ExxonMobil Chemical

HMU 210 100000 34 MPa 2750 MPa 0,41 1,04 g/cm3 65/119 ºC

Tabela 3.1 Material do corpo da mola [51].

No que diz respeito ao fixador, este é constituído também por um material polimérico, mas

neste caso trata-se de um elastómero, mais especificamente o Silicone (VMQ) de dureza 40 Shore A.

Na tabela 3.2 encontram-se as principais características deste material.

Tensão de rotura Alongamento Gama de temperaturas (período de 1000h)

10,9 Mpa 550 % - 60ºC → 240ºC Tabela 3.2: Material do fixador [51].

A próxima fase do trabalho consistiu em fazer o desenvolvido do produto tendo como base o

produto original. Para isso começou-se por identificar as principais características da mola original,

seguidamente foram identificados os principais problemas do produto e finalmente através de

questionários realizados a potenciais clientes do produto, foram identificadas as principais

necessidades dos clientes. Após a identificação dos problemas e das necessidades dos clientes,

Figura 3.1: a) Mola original [50]; b) CAD da mola original [51].

a)

b)

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27

elaborou-se uma lista onde foram colocados esses itens. Depois procurou-se propor várias soluções,

ou seja, várias geometrias em que esses problemas estariam resolvidos. Ainda durante esta fase

foram propostos vários materiais poliméricos, que levaram também à modificação do design do

produto. Estes materiais foram seleccionados através da identificação das especificações da mola da

roupa que foram determinadas anteriormente, através das necessidades dos clientes e do produto

original. Um dos requisitos do trabalho foi o de não mudar o conceito do produto original, o que

originou algumas limitações relativamente ao novo design, nomeadamente na resolução de alguns

problemas identificados pelos clientes.

Assim as principais especificações identificadas estão listadas em seguida.

• Densidade: <1,5 g/cm3;

• Tensão máxima: 27,11 MPa (determinada a partir de uma simulação de elementos finitos);

• Módulo de Young: 1000 MPa (tendo em conta que a deformada máxima seria de 3,5 mm).

Na figura 3.2 está esquematizada metodologia utilizada na selecção dos materiais.

Seguidamente através de gráficos de selecção de materiais de Ashby, concluiu-se que a

família de polímeros mais indicada era a família dos polipropilenos, devido sobretudo ao facto de ser

a família de polímeros que tem uma densidade menor, e consequentemente fará com que o produto

final apresente um peso menor, já que essa questão foi uma das principais necessidades identificas

pelos clientes.

Após ter sido escolhida a família de polímeros, procedeu-se à selecção do polipropileno

específico que iria ser utilizado na produção da mola. A escolha consistiu em seleccionar dois dos

maiores fornecedores de polímeros existentes a nível mundial, a ExxonMobil e a Geplastics, tendo

sido seleccionados 4 polímeros destas empresas.

Figura 3.2: Diagrama representativo da metodologia utilizada para a selecção de materiais [51].

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28

Como já foi referido anteriormente foram propostas várias soluções tendo em conta os

diferentes materiais propostos e diferentes abordagens para a solução dos problemas. Seguidamente

procedeu-se à realização de uma Análise de Valor onde foram comparadas todas as soluções

propostas, tendo-se verificado que as melhores opções seriam as que estão representadas nas

figuras 3.3 a) e b) e o material correspondente é apresentado na tabela 3.3. Relativamente ao fixador

que também foi alvo de estudo verificou-se que o melhor é o que se encontra na figura 3.3 c). O facto

de se terem escolhido duas geometrias prende-se com o facto de não ser possível verificar qual a

melhor opção tendo somente como base uma Análise de Valor, sendo necessário para isso realizar

uma análise aos processos de fabrico, só assim é que se pode afirmar com certeza qual a melhor

opção.

Fornecedor Referência Tensão de Cedência

Módulo de Elasticidade

Massa Especifica HDT A/B Custo

ExxonMobil Chemical PP 1063L1 33 MPa 1500 MPa 0,90 g/cm3 52/87 ºC 1,091 €

Tabela 3.3: Material escolhido [51].

Dando-se assim por concluído o resumo ao primeiro trabalho realizado sobre a mola da

roupa, de seguida é resumido o segundo trabalho efectuado.

a) b)

c)

Figura 3.3: a) Geometria 1; b) Geometria 2; c) Geometria do fixador [51].

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3.1.2 – Estudo e simulação do processo de fabrico: Injecção de plásticos

Este trabalho teve como objectivo descrever um estudo de desenvolvimento de produto com

o objectivo de definir a geometria final, o processo de fabrico e o sistema de montagem da mola da

roupa.

Este trabalho teve início com uma avaliação e consequente reformulação das duas

geometrias do produto que foram desenvolvidas no trabalho anterior. Para isso foi utilizada a

metodologia “Design for Manufacturing”, cujo seu principal objectivo é o de facilitar a fabricação do

produto. Seguidamente foram identificados os aspectos críticos das geometrias que teriam de ser

alterados, tendo em conta o processo de fabrico a utilizar. Após a alteração da geometria foram

desenvolvidos testes estruturais à nova geometria com o fim de verificar se a estabilidade estrutural

da nova geometria se mantém inalterada. O processo de fabricação escolhido foi o processo de

injecção de plásticos, processo este que tem requisitos próprios em relação à geometria,

nomeadamente no que diz respeito à extracção das peças no molde. Após esse estudo chegaram-se

às geometrias representadas nas figuras 3.4 e 3.5.

Na fase seguinte do trabalho foi realizado o estudo do processo de injecção, tendo sido

utilizado o software Moldflow Plastics Insight 5.0. Neste estudo foram propostas e estudadas várias

tipologias de molde que se diferenciam no número de cavidades e na utilização de canais quentes ou

canais frios no sistema de alimentação. Tendo sido estudados moldes multi-cavidade com 16, 32 e 96

cavidades com canais de alimentação quentes e frios, perfazendo um total de 12 possibilidades de

tipologias de moldes.

A etapa seguinte do projecto dividiu-se em três fases. Na primeira fase foram definidos os

parâmetros fixos do processo, tais como o material de injecção, o material do molde e a selecção da

máquina de injecção. Na segunda fase foi realizado o projecto dos moldes de injecção, onde foram

definidas as condições de processamento, gerada a malha dos modelos, estudados os pontos de

injecção e o sistema de arrefecimento, assim como definida a disposição das cavidades no molde. Na

terceira fase foi realizado o estudo do processo de injecção dos moldes multi-cavidade, tendo sido

Figura 3.4: Geometria final do corpo da mola 1 [52]. Figura 3.5: Geometria final do corpo da mola 2 [52].

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gerados nesta fase os sistemas de alimentação juntamente com a análise de enchimento, depois foi

realizada a análise de compactação, seguindo-se da definição do sistema de arrefecimento e da

análise de arrefecimento e por último foram analisados os empenos que são característicos neste

processo.

O software MPI permite simular todas as fases do processo de injecção sendo estas, o

enchimento, a compactação, o arrefecimento e ainda simular os empenos e contracções verificados

nos componentes. Este software fornece vários “outputs” de grande utilidade, tais como o tempo de

execução de todas as fases do processo, permitindo assim o cálculo dos tempos de ciclo associados

a cada tipologia do molde. Também permite obter as pressões de injecção e de compactação, a força

de fecho da máquina, o volume dos componentes e o volume de material desperdiçado quando se

utilizam canais frios.

Um dos resultados que mais importa referir desta dissertação são os tempos de ciclo para

cada tipologia de molde, estes tempos podem ser verificados através da visualização da figura 3.6.

Outros resultados importantes para a realização do processo estão representados na tabela 3.4.

Tipologia do molde

Massa do material injectado por ciclo (g)

Pressão máxima de injecção (MPa)

Força de fecho máxima (ton)

Caudal nominal (cm 3/s)

1 - 16 Q 45,60 19,32 17,72 45,97 1 - 16 F 53,36 40,80 24,19 48,98 1 - 32 Q 91,21 27,80 40,21 91,94 1 - 32 F 108,81 53,26 59,12 98,61 1 - 96 Q 273,63 46,52 199,06 275,82 1 - 96 F 393,86 59,47 269,64 316,09 2 - 16 Q 49,59 17,62 17,15 34,46 2 - 16 F 57,66 42,14 40,87 37,33 2 - 32 Q 99,19 24,74 48,27 68,92 2 - 32 F 116,96 56,39 95,42 75,13 2 - 96 Q 297,56 45,63 266,97 206,76 2 - 96 F 417,92 59,73 306 245,31

Tabela 3.4: Parâmetros do processo de injecção para os dois corpos da mola [52].

Figura 3.6: Tempos de ciclo para todas as tipologias de moldes [52].

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A última fase do projecto consistiu em realizar uma análise comparativa dos custos de

produção do corpo da mola, com o fim de saber qual das tipologias de molde seria mais viável do

ponto de vista financeiro. Na figura 3.7 é mostrada a estrutura de custos que foi utilizada.

Concluiu-se, após a realização da análise de custo que a tipologia mais indicada para a

produção da mola seria através da utilização de um molde com 32 cavidades com canais frios (a

negrito na tabela 3.4 e 3.5). Através desta análise de custo verificou-se que faria mais sentido utilizar

a geometria do corpo da mola 1, visto que esta apresenta mais vantagens sobre o ponto de vista

económico. Na tabela 3.5 são apresentados os principais resultados obtidos nesta análise. Nota que

os custos apresentados aqui têm por base uma produção anual de 2 400 000 molas.

Tipologia do molde

Duração total da produção (dias)

Duração da produção por lote

(dias)

Custo total de produção dos

corpos da mola (€)

Custo unitário de produção do corpo

da mola (10 -2€) 1 - 16 Q 97,1 16,2 56 548 2,356 1 - 16 F 124,7 20,8 66 548 2,773 1 - 32 Q 51,0 8,5 58 657 2,444 1 - 32 F 68,1 11,3 53 085 2,212 1 - 96 Q 19,5 3,3 85 215 3,551 1 - 96 F 25,3 4,2 64 485 2,687 2 - 16 Q 166,3 27,7 73 748 3,073 2 - 16 F 187,8 31,3 88 011 3,667 2 - 32 Q 86,5 14,4 67 655 2,819 2 - 32 F 105,5 17,6 65 908 2,746 2 - 96 Q 34,8 5,8 88 180 3,674 2 - 96 F 37,8 6,3 67 925 2,830

Tabela 3.5: Distribuição dos custos de produção do corpo da mola para os diferentes modelos/molde estudados para o volume de produção de 2 400 000 molas por ano [52].

Neste trabalho ainda se fez um estudo ao sistema de montagem que teria de ser utilizado

para a montagem dos componentes.

3.2 – Metodologia utilizada

Neste ponto é feita uma breve descrição sobre a metodologia utilizada na realização desta

dissertação. A primeira etapa da dissertação consistiu em realizar uma selecção preliminar de

materiais candidatos para a mola da roupa, tendo sido utilizado como auxiliar à selecção, o software

Figura 3.7: Estrutura de custos do processo de injecção utilizada [52].

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CES EduPack, tendo-se optado por seleccionar apenas materiais poliméricos. A segunda etapa

consistiu em efectuar uma avaliação dos materiais candidatos, utilizando a metodologia designada de

Materials Selection Engine, para verificar se existem materiais que devido às suas propriedades

mecânicas não são boas escolhas para o produto em estudo e eliminá-los, tendo como base as

especificações do produto. Na terceira etapa foi feita uma simulação do processo de fabrico que irá

ser utilizado para a produção da mola da roupa. Como os materiais escolhidos nas etapas anteriores

são somente polímeros, o processo estudado foi a injecção de plásticos por moldação, já que este é

o processo de eleição para a produção de peças em plástico devido ao seu baixo custo sobretudo

para cadências de produção elevadas. Para a realização desta simulação do processo de injecção foi

utilizado o software Moldflow Plastics Insight 5.0, que permite fazer um estudo completo ao processo,

desde o projecto dos canais de alimentação, dos canais de arrefecimento e da própria simulação do

processo de injecção, fornecendo resultados bastante importantes para a realização das etapas

seguintes do trabalho. De referir que nesta etapa não são apenas testados os materiais propostos,

mas também serão testadas várias tipologias de moldes, com o objectivo de se verificar qual mais se

adequa para a produção da mola da roupa. As tipologias de moldes estudadas variam no número de

cavidades e na utilização de canais quentes ou frios no sistema de alimentação do molde. Assim são

estudadas nesta fase tipologias de moldes com 32 e 96 cavidades com canais quentes e canais frios,

perfazendo um total de 4 alternativas de moldes para cada material candidato. Na etapa seguinte foi

aplicada a metodologia LCE. Esta etapa divide-se em três fases: o LCC onde é realizado um estudo

económico à vida do produto, tendo especial atenção aos custos associados ao processo de fabrico;

o LCA onde é realizado uma análise dos impactos ambientais provocados durante todas as fases da

vida do produto e por fim uma análise de desempenho dos materiais escolhidos para se saber qual

ou quais os materiais que têm um melhor desempenho tendo em conta as suas propriedades

mecânicas, tendo sido utilizado novamente o MSE. Finalmente, a última etapa consistiu em utilizar

uma metodologia de apoio à decisão com o objectivo de seleccionar um material para a mola da

roupa tendo em conta as análises realizadas no LCE. A metodologia escolhida foi o MAUA, onde

foram analisados o desempenho dos materiais em termos de impacto ambiental, desempenho

funcional e o preço final do produto. Na figura 3.8 está representada esquematicamente a

metodologia utilizada.

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Figura 3.8: Metodologia utilizada.

3.3 – Selecção preliminar de materiais candidatos

Nesta secção é explicado com detalhe o procedimento utilizado para a selecção preliminar de

materiais candidatos. Como auxiliar à selecção de materiais candidatos foi utilizado o software CES

EduPack 2008, que tem por base os gráficos de selecção de materiais de Ashby (ver ponto 2.1).

Em primeiro lugar é apresentado o caso de estudo. O caso de estudo é uma mola da roupa.

Na figura 3.9 pode-se verificar o desenho em CAD da mola da roupa que se encontra em estudo. Nos

estudos 1 e 2 foram estudados dois designs diferentes. No entanto após a realização do estudo 2

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pode-se concluir que um dos designs apresenta maiores desvantagens a nível dos custos de

fabricação, por isso decidiu-se excluir esse design deste trabalho.

As dimensões globais da mola da roupa são as seguintes são apresentadas na tabela 3.6.

Comprimento (mm) Largura (mm) Altura (mm) 80 10 8,5

Tabela 3.6: Dimensões da mola da roupa.

A primeira fase propriamente dita deste ponto é identificar as especificações da mola da

roupa tendo como referência a análise realizada no estudo 1. As especificações mais importantes que

se encontram nessa análise são: o valor da densidade, da tensão de cedência e do módulo de

Young. De referir que ainda existe uma outra especificação embora seja indirecta, que é o facto de os

custos de produção da mola terem de estar abaixo de 5 cêntimos por mola, isto deve-se ao facto de

que esse é o preço que a empresa Fapil paga à empresa responsável actualmente pela produção da

mola, já que tal como foi dito aquando do resumo do estudo 1 actualmente a empresa Fapil não

produz a mola apenas a comercializa. Os valores de referência destas propriedades mecânicas são

apresentados na tabela 3.7.

1 ª Especificação 2ª Especificação 3ª Especificação Densidade (Kg/m 3) Tensão de cedência (MPa) Módulo de Young (GPa)

1500 30 1 Valor máximo Valor mínimo Valor mínimo

Tabela 3.7: Especificações para a mola da roupa.

Em seguida escolheu-se um gráfico no software (Figura 3.10), onde se relacionou a tensão

de cedência com a densidade de forma a visualizar todos os materiais que são apresentados no

software. Na figura 3.10 podem-se ver todos os materiais que estão disponíveis, cada elipse

representa um material diferente, estes estão representados de várias cores consoante a família a

que pertencem. Pode-se identificar mais facilmente as famílias pelo sombreado que envolve as

elipses da mesma cor, podem-se destacar a verde-escuro os materiais naturais, a verde-claro as

espumas, a verde seco os minerais, a azul-escuro os polímeros, a azul-claro os elastómeros, a

vermelho as ligas metálicas, a cor-de-rosa os vidros, a amarelo os cerâmicos e a castanho os

materiais compósitos.

Figura 3.9: Design da mola da roupa em estudo.

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a)

Após a escolha do gráfico colocaram-se as especificações da mola uma a uma no software,

para que desta forma fosse mais fácil identificar os materiais que fossem eliminados à medida que as

especificações são introduzidas.

Ao impor a primeira especificação, a densidade máxima de 1500 Kg/m3, verificou-se como

mostra a figura 3.11 a) que os materiais metálicos, os cerâmicos e os vidros foram eliminados.

Quanto aos materiais compósitos apenas permaneceram as fibras de carbono. As madeiras, as

espumas e os polímeros como era esperado permaneceram com todos os seus materiais.

Em seguida impôs-se a segunda especificação, a tensão de cedência mínima de 30 MPa,

verificou-se como mostra a figura 3.11 b) que os materiais situados mais abaixo no gráfico da figura

3.11 a) foram eliminados, nomeadamente as espumas, algumas madeiras e alguns elastómeros.

Finalmente, impôs-se a última especificação, o módulo de Young mínimo de 1 GPa,

verificou-se como mostra a figura 3.11 c) que os elastómeros e as espumas foram eliminados. Alguns

polímeros como o polietileno, ionomero e o teflon foram eliminados. Pode ainda verificar-se duas

famílias com muitos materiais presentes, trata-se das madeiras e dos polímeros. As fibras de carbono

também se mantêm.

Figura 3.10: Gráfico original apresentado no software CES EduPack 2008.

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c) b)

Finalizada esta primeira etapa na selecção de materiais, verificou-se que ainda existem

muitos materiais que cumprem os requisitos necessários para a mola da roupa, pelo que se torna

necessário reduzir o número de hipóteses. O próximo passo será o de analisar, tendo em conta

vários factores, as famílias de materiais que se adequam ao produto em causa. Assim foram

identificados alguns factores que são muito importantes na selecção de materiais de um produto.

Esses factores são: o preço de mercado do material, o processo de fabrico (que varia consoante o

material) e as propriedades mecânicas dos materiais.

Tendo em conta o primeiro factor facilmente se verifica que as fibras de carbono têm um

preço mais elevado que os outros materiais, varia entre 27,3 €/Kg e 30,1 €/Kg, pelo que iria tornar

este produto demasiado caro, o que faria com que não fosse viável. Outro factor desfavorável é o

facto de as fibras de carbono não serem utilizadas sozinhas, mas sim combinadas com materiais

matrizes [53]. Este factor apresenta mais uma desvantagem relativamente a este material que é o

facto de o processo de fabrico não permitir cadências muito elevadas, como por exemplo o processo

de injecção de plásticos por moldação. Em relação às propriedades mecânicas este material é muito

bom, o que não faz com que seja uma escolha apropriada para uma mola da roupa. Tendo em conta

todos estes factores decidiu-se eliminar este material.

Restam agora apenas as famílias das madeiras e dos polímeros. Como é do conhecimento

geral, as molas da roupa são normalmente feitas em madeira ou com polímeros (plásticos), devido

sobretudo ao baixo preço de mercado do material e das suas propriedades mecânicas que são boas

para este tipo de produtos. Em relação às propriedades mecânicas pode realçar-se que as madeiras

têm uma densidade menor que os polímeros mas têm um módulo de Young superior. Contudo,

decidiu-se excluir as madeiras deste trabalho devido ao facto de o processo de fabrico envolvido na

produção da mola ser muito diferente do que o utilizado no caso dos polímeros e também pelo facto

de não se conhecê-lo em detalhe. Por isso optou-se por escolher somente materiais da família dos

polímeros. Assim pode-se verificar na figura 3.12 que existem 12 materiais candidatos.

Figura 3.11: a) Gráfico resultante após o 1º constrangimento; b) Gráfico resultante após o 2º constrangimento; c) Gráfico resultante após o 3º constrangimento;

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Figura 3.12: Gráfico representativo dos materiais escolhidos.

Devido ao facto de haver diferenças bastantes significativas em termos de características

mecânicas entre os polímeros, optou-se por impor um limite do preço de mercado para que desta

forma alguns polímeros mais “nobres” sejam eliminados, possibilitando assim o estudo de materiais

com propriedades semelhantes entre si. Como já foi dito anteriormente um dos principais requisitos

para o estudo 1 foi que para a mola ser economicamente viável esta teria de ter um custo de

produção inferior a 5 cêntimos de euro, sendo que este é o valor que a empresa responsável pela

distribuição da mola paga ao fabricante por cada mola, assim qualquer custo de produção inferior a

este seria vantajoso para a empresa responsável pela distribuição. Tendo em conta este facto

procurou-se saber qual a percentagem que o preço do material tem em relação ao custo total do

produto, tendo-se verificado através de uma análise à figura 3.13 que em média esse custo

representa cerca de 25%, isto tendo em conta o estudo 2. De referir que este valor serve apenas de

referência visto que este depende de muitos factores, entre os quais o custo do molde, o próprio

custo do material, as tipologias do molde e todos os outros custos relacionados directa ou

indirectamente com o processo de fabrico. Como estes valores ainda não são conhecidos decidiu-se

estimar esse valor. Obteve-se então um preço de mercado máximo para o material de 2,16 €/Kg.

Figura 3.13: Distribuição dos custos de produção da mola [52].

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Ao impor este último constrangimento chegaram-se a 7 materiais que estão representados na

figura 3.14. Na tabela 3.8 estes materiais são apresentados em conjunto com as suas propriedades

mecânicas.

Famílias Densidade (Kg/m 3) Módulo de Young (GPa) Tensão de Cedência (MPa) Preço (€/Kg)

PVC 1300 – 1580 2,14 – 4,14 35,4 – 52,1 1,04 – 1,14 PET 1290 – 1400 2,76 – 4,14 56,5 – 62,3 1,11 – 1,22 PS 1040 – 1050 1,20 – 2,60 28,7 – 56,2 1,23 – 1,36 PP 890 – 910 0,896 – 1,55 20,7 – 37,2 1,45 – 1,6

POM 1390 – 1430 2,5 – 5 48,6 – 72,4 1,55 – 1,7 ABS 1010 – 1210 1,1 – 2,9 18,5 – 51 1,59 – 1,74

PMMA 1160 – 1220 2,24 – 3,8 53,8 – 72,4 1,67 – 1,84 Especificações da

mola da roupa 1500 1 30 -

Tabela 3.8: Propriedades mecânicas dos materiais seleccionados [54].

Numa rápida análise à tabela 3.8 verifica-se que existem materiais em que as suas

propriedades mecânicas se encontram mais próximas das especificações da mola da roupa. Por

exemplo o PP, PS e o ABS têm características mais próximas às especificações que o PVC, o PET, o

POM e o PMMA. Em termos do preço do material verifica-se que as diferenças não são muito

grandes, mas mesmo assim pode-se destacar o PVC, o PET e o PS como sendo os materiais com

um menor custo em relação aos restantes.

É recomendada a leitura em anexo da secção A.1, onde é apresentada uma breve descrição

sobre cada um dos polímeros que foram seleccionados até agora para que se ficar a conhecer mais

em pormenor as suas principais características e aplicações. Em seguida é feita uma análise de

desempenho aos polímeros seleccionados.

Figura 3.14: Materiais seleccionados.

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3.4 – Análise de desempenho dos materiais para a mo la da roupa

O objectivo desta secção é avaliar em termos de desempenho funcional os materiais para a

mola da roupa para determinar os materiais que mais se adequam à mola da roupa. Esta análise de

desempenho tem como base a metodologia MSE, que foi descrita no ponto 2.3.

3.4.1 – Metodologia utilizada

Neste ponto é explicada a metodologia utilizada nesta secção. Esta metodologia é baseada

na metodologia MSE, que foi descrita no ponto 2.3. A metodologia começa com a definição dos

requisitos da mola da roupa e a averiguação das suas importâncias relativas. Seguidamente os

requisitos são relacionados com as propriedades mecânicas para se saber o peso que cada

propriedade mecânica tem. Posteriormente são definidos os materiais de injecção para se saber as

propriedades mecânicas exactas dos materiais. E finalmente os materiais são classificados tendo em

conta os pesos das propriedades mecânicas e os valores alvo definidos.

3.4.2 – Requisitos da mola da roupa e propriedades do material

Os requisitos da mola da roupa tendo em conta o estudo 1 e uma análise ao produto são as

seguintes:

• Prender roupa – função que descreve a capacidade de agarrar a roupa através da geometria

do corpo da mola e da força exercida pelo fixador.

• Ser económica – ser constituído por um material de baixo preço de mercado.

• Ser confortável – capacidade de o produto ser ou não confortável e fácil de usar, através da

força de abertura, de concavidades na pega e arestas suavizadas.

• Ser robusta – consiste no nível de deformada do corpo da mola quando solicitada na

abertura máxima, avaliando a capacidade da mola em deformação para lá do requerido (< 3,5

mm).

• Ser durável – ter uma duração longa relativamente à sua resistência às condições

atmosféricas (chuva e sol).

Agora que se têm os requisitos definidos podem-se classificá-los em termos da sua

importância. Na tabela 3.9 pode-se identificar a importância de cada um dos requisitos tendo em

conta a funcionalidade do produto. Os pesos dos requisitos foram dados em função da sua

importância para o cumprimento dos requisitos definidos. Assim considerou-se que o requisito mais

importante é “prender roupa” já que esta é a única função de uma mola da roupa. O requisito “ser

económica” apresenta-se em segundo lugar já que o preço é sem dúvida um dos factores mais

importantes em todos os produtos, contudo decidiu-se não dar mais peso ao requisito “ser

económica” que o “prender roupa”. O requisito “ser confortável” é uma função importante, mas não

tanto como as duas primeiras, já que se considerou não ser um requisito essencial para o produto.

Em relação requisito “ser robusta” optou-se por não lhe atribuir uma grande relevância, já que é

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claramente menos importante que os anteriores. Finalmente, o requisito “ser durável” foi considerado

o menos importante, por ser menos importante para uma mola da roupa que os restantes.

Prender roupa

Ser económica

Ser confortável

Ser Robusta

Ser durável Soma % %

Corrigida A B C D E

Prender roupa A 0 A1 A2 A2 A3 8 42,11 41,11

Ser económica B - 0 B2 B2 B3 7 36,84 35,84

Ser confortável C - - 0 C1 C2 3 15,79 15,79

Ser robusta D - - - 0 D1 1 5,26 5,26

Ser durável E - - - - 0 0 0,00 2 Total - 19 100 100,00

Tabela 3.9: Classificação dos requisitos da mola da roupa.

O próximo passo consistiu em identificar quais são as propriedades mecânicas mais

importantes para os requisitos da mola da roupa. Foram identificadas as seguintes propriedades

mecânicas: a tensão de cedência, o módulo de Young, o preço do material, a resistência à água e

aos raios ultravioleta. Sendo agora possível relacionar cada propriedade mecânica a cada requisito,

para se determinar o peso relativo de cada propriedade mecânica. Na tabela 3.10 pode-se visualizar

este processo.

Propriedades dos materiais

Importância relativa (%)

Tensão de

cedência

Módulo de

Young

Preço material

Resistência aos UV

Resistência à água

A mola da roupa deve…

Prender roupa 41,11 7 3 Ser económica 35,84 10 Ser confortável 15,79 4 6

Ser robusta 5,26 2 8 Ser durável 2 8 2

Total 100,00 3,61 2,60 3,58 0,16 0,04 Peso das propriedades mecânicas (%) 36,14 26,02 35,84 1,60 0,40

Tabela 3.10: Peso das propriedades mecânicas.

Este método consistiu em dar uma pontuação às propriedades mecânicas de acordo com a

sua importância em relação ao respectivo requisito. A pontuação é dada de 1 a 10. Em seguida são

explicados os pesos dados às propriedades dos materiais relativamente aos requisitos.

Relativamente ao requisito “prender roupa” foi dada uma pontuação de 7 e 3 para a tensão de

cedência e o módulo de Young respectivamente. Estes valores prendem-se com o facto de se

considerar que a tensão de cedência tem um peso maior em relação ao módulo de Young no que diz

respeito à força aplicada pela mola ao prender a roupa.

No que diz respeito ao requisito “ser económica”, esta tem única e exclusivamente a ver com

o preço do material.

No requisito “ser confortável” optou-se por dar uma classificação um pouco maior ao módulo

de Young que à tensão de cedência, devido ao facto da força de abertura estar relacionada com a

rigidez da mola da roupa. Isto verifica-se pelo facto de uma mola mais rígida não se deformar tanto, o

que faz com que a força necessária para abrir a mola seja menor.

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Em relação ao requisito “ser robusta” foi dado um grande peso ao módulo de Young visto que

a robustez da mola tem directamente a ver com rigidez.

Finalmente o requisito “ser durável” a resistência aos raios ultravioletas têm um maior peso

visto ser este o principal factor responsável pela degradação da mola.

Pode-se concluir que a tensão de cedência é a característica mais importante do material

para a mola da roupa, seguido do preço do material com quase a mesma percentagem, o módulo de

Young foi considerada a terceira propriedade mais importante. A resistência aos raios ultravioletas e à

água ficaram em último lugar com percentagens muito baixas devido à sua baixa importância para o

produto.

3.4.3 – Especificação dos materiais de injecção

Como existe uma vasta gama de polímeros em cada família com propriedades mecânicas

diferentes, optou-se por especificar os materiais de injecção que serão utilizados. Esta etapa é

importante porque só especificando o material de injecção é que se pode obter de forma precisa as

suas propriedades mecânicas.

A metodologia consistiu em escolher materiais, cujas suas propriedades mecânicas estejam o

mais próximo possível das especificações da mola da roupa. Isto porque estes materiais cumprem

minimamente os requisitos e também porque o custo dos materiais tende a ser proporcional à sua

qualidade, assim o material que mais se aproxima das especificações é o mais barato. As principais

propriedades mecânicas que se tiveram em consideração para a especificação do material de

injecção foram a tensão de cedência, a densidade e o módulo de Young. Na tabela 3.11 estão

representados alguns dos materiais candidatos. De referir que no caso do polipropileno optou-se por

continuar com o mesmo material do estudo 2. Nos restantes foram colocados vários materiais sendo

que os primeiros são os materiais seleccionados, os últimos são os materiais com as “melhores

propriedades” dentro dessa família e os intermédios são materiais cujas propriedades mecânicas são

intermédias. Alguns materiais como o caso do PVC possuem propriedades mecânicas parecidas, aí

optou-se por adoptar como critério de maior importância a densidade. De referir ainda que no caso do

PET a maior parte dos materiais possuem uma densidade maior que o mínimo exigido, no entanto

foram encontrados alguns dentro das especificações, embora estes possuam uma tensão de

cedência e o módulo de Young bastante superiores às especificações. Alguns valores de tensão de

cedência têm um asterisco porque a única informação disponível era tensão de rotura, isto também

se deve ao facto de estes materiais terem um comportamento frágil.

Família Referência Fornecedor Densidade (Kg/m 3)

Módulo de Young (GPa)

Tensão de cedência (MPa)

PP PP 1052 ExxonMobil 900 1,5 33

PS Empera 416 BP Chemicals 1040 2,6 30

Polystyrene 1340 TOTAL Petrochemicals 1050 3,1 44,0* Polystyrol 168 N BASF Corporation 1050 3,3 59,0*

ABS

Novodur P2K INEOS ABS (Spain) 1030 1,7 34 Magnum 3904 Dow Plastics 1050 1,9 35 Polyman HH 3 A. Schulman GmbH 1050 1,8 53

CYCOLAC CRT 3370 SABIC Innovative Plastics 1170 5,1 62*

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PVC

HH - 1900 Georgia Gulf 1220 2,48 41,4 Geon M3900 PolyOne Corporation 1330 2,28 37,9 Geon M3800 PolyOne Corporation 1330 2,28 41,4 Geon M3000 PolyOne Corporation 1400 3,1 51

PMMA Delpet SR8500 Asahi Kasei Corporation 1140 1,3 30

Acrylite Plus ZK - 6 Cyro Industries 1160 1,52 43,4 Pleximid 8817 Evonik Rohm GmbH 1210 4,5 90*

POM Ultraform N2640 Z6 UNC Basf Corporation 1330 1,3 37

Ultraform N2640 Z4 Basf Corporation 1350 1,7 44 Tenac 5010 Asahi Kasei Plastics Inc. 1420 3,4 73

PET Rynite 415 HP NC 010 DuPont Engineering

Polymers 1390 4,22 79*

Rynite 625FD BK505 DuPont Engineering Polymers 1500 5,37 60* Petra 110 BK - 112 BASF Corporation 1440 6,68 105*

Tabela 3.11: Características mecânicas dos materiais propostos [55].

3.4.4 – Análise de desempenho dos materiais

Nesta secção analisou-se o desempenho dos materiais especificados na secção anterior

tendo em conta as suas propriedades mecânicas. Optou-se por definir como valor alvo as

especificações da mola, isto é, os materiais cujas propriedades mecânicas estejam mais próximas

das especificações terão uma melhor classificação. Isto porque no caso dos polímeros nem sempre

os materiais com as melhores propriedades mecânicas são os mais indicados para determinadas

aplicações. Em relação ao preço do material considerou-se uma abordagem diferente, já que o que

se pretende sempre é minimizar o preço, assim como o PP tem um preço mais baixo em relação aos

outros materiais, tomou-se esse valor como referência. No que diz respeito à resistência aos raios

ultravioleta e à água o que se pretende é que seja o máximo possível. De referir que em relação a

estas resistências foram dadas classificações de 1 a 5 conforme o seu desempenho, sendo que 1

significa que o material tem uma má resistência e 5 que tem uma muito boa resistência. Os valores

das resistências à água e aos UV foram determinados através do software CES EduPack para cada

uma das famílias (valores médios) já que não foi possível obter uma classificação para os materiais

de injecção especificados anteriormente. Outro factor que tem de se ter em conta é o facto de os

valores de resistência aos raios UV poderem variar na mesma família isto porque normalmente todos

os materiais de injecção não são puros, ou seja, são sempre adicionados aditivos para melhorar o

seu desempenho nas mais variadas formas. No entanto como tanto a resistência aos raios UV e à

água têm um peso pequeno o resultado final não é influenciado em grande medida. Na tabela 3.12

estão os valores alvo que se pretendem para a mola.

Tensão de cedência (MPa)

Módulo de Young (GPa)

Preço do material (€)

Resistência aos raios ultravioleta

Resistência à água

29 1 0,8 5 5 Tabela 3.12: Valores alvo para a mola.

Utilizando o peso de cada propriedade mecânica que foi determinada no ponto 3.4.2 pode-se

classificar cada material de acordo com as suas propriedades mecânicas. Na tabela 3.13 pode-se ver

os resultados dos cálculos efectuados para se classificar os materiais.

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Materiais

Propriedades mecânicas

Peso das propriedades

mecânicas PP PS ABS PVC PMMA POM PET

Tensão de cedência 36,14

Valor (Mpa) 33,00 30,00 34,00 41,40 30,00 37,00 79,00 Adimensional 0,90 0,99 0,88 0,72 0,99 0,81 0,38

Score 32,66 35,93 31,70 26,03 35,93 29,13 13,64

Módulo de Young 26,02

Valor (Gpa) 1,50 2,60 1,70 2,48 1,30 1,30 4,22 Adimensional 0,67 0,38 0,59 0,40 0,77 0,77 0,24

Score 17,34 10,01 15,30 10,49 20,01 20,01 6,16

Preço do material 35,84

Valor (€/Kg) 0,80 0,90 1,15 1,10 2,10 1,40 1,20 Adimensional 1,00 0,89 0,70 0,73 0,38 0,57 0,67

Score 35,84 31,86 24,93 26,07 13,65 20,48 23,89

Resistência aos UV 1,6

Valor () 2,00 3,00 3,00 5,00 5,00 2,00 4,00 Adimensional 0,40 0,60 0,60 1,00 1,00 0,40 0,80

Score 0,64 0,96 0,96 1,60 1,60 0,64 1,28

Resistência à água 0,4

Valor () 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 Adimensional 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

Score 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40

Classificação dos

materiais 86,89 79,15 73,30 64,59 71,59 70,66 45,38

1º 2º 3º 6º 4º 5º 7º Tabela 3.13: Classificação dos materiais tendo em conta o valor alvo.

Analisando a tabela 3.13 verifica-se que o PP foi o material que obteve melhor classificação,

seguindo-se o PS, o ABS, o PMMA, o POM, o PVC e o PET. Existem dois materiais, o PVC e o PET

que têm uma classificação mais baixa, relativamente aos outros o que faz com que estes materiais

não sejam os mais apropriados para a mola da roupa tendo em conta todos os requisitos

considerados. Assim optou-se por excluir estes materiais do estudo. Sendo assim os materiais que

vão ser estudados nas próximas fases do trabalho são: o PP, o PS, o ABS, o PMMA e o POM.

3.5 – Simulação do processo de injecção

Neste capítulo são descritos os passos efectuados para a simulação do processo de injecção

com a utilização do software Moldflow Plastics Insight 5.0. O objectivo é o de simular o processo de

produção no qual vai ser fabricado o produto, isto para retirar algumas informações necessárias para

as fases seguintes da dissertação, nomeadamente para a realização da análise LCC.

3.5.1 – Parâmetros do processo

Esta secção divide-se em 4 partes, na primeira são descritas as tipologias de moldes

estudadas, na segunda são apresentadas as condições de processamento recomendadas para cada

material de injecção, na terceira refere-se aos materiais dos moldes seleccionados para cada caso e

por último é definida a máquina de injecção utilizada nas simulações.

3.5.1.1 – Tipologias de moldes

No estudo 2 foram estudadas 6 tipologias de moldes diferentes, nas quais se variou o número

de cavidades e o sistema de alimentação. Os números de cavidades estudados foram: 16, 32 e 96.

Em relação ao sistema de alimentação foi estudado para todas as cavidades um sistema de

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alimentação com canais quentes e frios. Como nesta dissertação vão ser estudados 5 materiais de

injecção diferentes, optou-se por não estudar todas as tipologias que foram analisadas no estudo 2,

assim optou-se por excluir as tipologias de 16 cavidades com canais quentes e frios. Isto porque de

acordo com o estudo 2 estas tipologias devido ao seu baixo número de cavidades em relação às

outras, os seus moldes irão ter uma vida mais limitada o que limita o volume total de produção de

peças produzidas com estas tipologias. Pois de acordo com o estudo 2 os moldes de 16 cavidades

poderiam produzir no máximo 4 000 000 de peças (a mola da roupa é constituída por 2 partes), o que

não é suficiente para garantir um ano de produção, já que o volume produção anual necessário era

de 2 400 000 de molas. Assim optou-se por estudar as tipologias com 32 e 96 cavidades com canais

quentes e frios.

Em relação ao sistema de alimentação optou-se por incluir neste estudo os sistemas com

canais quentes e frios porque estes apresentam custos diferentes, quer na produção do molde quer

na produção do produto. Os canais frios têm uma desvantagem em relação aos canais quentes visto

que com estes os canais de alimentação são extraídos em conjunto com a peça, o que provoca um

consumo maior de matéria-prima. Contudo esses canais de alimentação podem ser triturados e ser

utilizados em posteriores ciclos de moldação, mas essa trituração acarreta consigo custos que vão

ser reflectidos no custo final do produto. Por outro lado os moldes com canais frios necessitam de um

tempo de ciclo maior que um molde com canais quentes [56]. Mas os canais frios têm uma vantagem

clara em relação ao custo do molde, já que os moldes com canais frios têm um custo menor que os

moldes com canais quentes, devido à simplicidade dos canais de alimentação. Os canais quentes

são também preferidos quando se pretende que as peças tenham um grande rigor dimensional, visto

que os canais são controlados termicamente para que não ocorram variações de temperatura nos

canais.

A terminologia que será empregue daqui para a frente para a identificação dos modelos

estudados é apresentada na tabela 3.14.

Número de cavidades no m olde 32 ou 96 Sistema de alimentação com canais quentes Q

Sistema de alimentação com canais frios F Tabela 3.14: Terminologia utilizada para a identificação das várias variantes de moldes em estudo.

Como exemplo um molde de 32 cavidades com sistema de alimentação com canais frios terá

a designação de 32 F.

3.5.1.2 – Condições de processamento dos materiais de injecção

As condições de processamento dos materiais são extremamente importantes, visto que são

um dos principais factores para o cálculo do tempo de ciclo realizado pelo software. Os materiais de

injecção foram seleccionados na secção 3.4.3. As condições de processamento estão representadas

na tabela 3.15. Os valores da temperatura do molde recomendada, da temperatura do fundido

recomendado e da temperatura de ejecção foram utilizados como inputs no software.

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Material

Temp. do molde

recomendada (ºC)

Temp. do fundido

recomendado (ºC)

Intervalo de temp. do

molde recomendada

(ºC)

Intervalo de temp. do fundido

recomendado (ºC)

Temp. máxima absoluta

do fundido

(ºC)

Temp. de

ejecção (ºC)

PP 1052 50 230 20 a 80 200 a 280 320 93 Empera

416 35 218 21 a 48 176 a 260 300 85

Novodur P2K 80 260 60 a 85 220 a 280 300 85

Delpet SR8500 70 240 50 a 90 220 a 260 280 104

Ultraform N2640 Z6

UNC 80 200 60 a 80 190 a 215 215 105

Tabela 3.15: Condições de processamento recomendadas [57].

3.5.1.3 – Materiais dos moldes

Os materiais utilizados nos moldes foram sugeridos por uma empresa especializada na

produção de moldes de injecção. A empresa contactada foi a LONGMOLD TECHNOLOGY CO., LTD

sediada na China, tendo sido posteriormente contactada a empresa Fapil e a empresa fornecedora

de moldes de injecção com o objectivo de confirmar a escolha dos materiais sugeridos pela primeira.

Os materiais foram seleccionados de forma a tenham uma vida semelhante dependendo do material

de injecção. Foi considerada uma vida dos moldes de 1 000 000 de ciclos. Assim foram

seleccionados dois materiais para os moldes, o AISI H13 para os materiais de injecção PS, ABS e

PMMA e o AISI Type 420 (ou S136) para o PP e o POM. A razão de se optar pela utilização de dois

materiais dos moldes diferentes prende-se com o facto de que os materiais de injecção PP e POM

serem bastante corrosivos a altas temperaturas o que faz com que seja necessário utilizar um aço

inoxidável como é o caso do AISI Type 420 (ou S136). As principais características dos materiais

estão representadas na tabela 3.16.

Normas Propriedades

Material de injecção DIN AISI/SAE Densidade

(g/cm 3)

Calor específico (J/Kg. oC)

Condutividade térmica (W/m. oC)

Coeficiente de expansão térmica

(10-6/oC) PP/POM 1,4021 420 7,8 460 24,9 10,3

PS/ABS/PMMA 1,2344 H13 7,76 - 28,6 10,4 Tabela 3.16: Principais características dos materiais para os moldes [58].

3.5.1.4 – Máquina de Injecção

Um dos principais objectivos da simulação do processo de injecção é a selecção da máquina

de injecção mais indicada para cada tipologia de molde, através dos parâmetros de injecção

específicos para cada tipologia, tais como a pressão de injecção, a força de fecho e o caudal de

injecção. Como nesta fase essa informação ainda não existe decidiu-se utilizar parâmetros de

injecção pré-definidos no software, sabendo à partida que estes são superiores aos valores dos

parâmetros de todas as tipologias. Os valores utilizados são apresentados na tabela 3.17.

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Caudal máximo de injecção (cm 3/s)

Pressão máxima de injecção (MPa) Força máxima de fecho (ton)

5000 180 7000,22 Tabela 3.17: Principais características da máquina de injecção.

3.5.2 – Procedimento realizado no software

Nesta secção é descrito o procedimento realizado no software MPI para a realização da

simulação do processo de injecção. Alguns parâmetros são os mesmos considerados no estudo 2,

nesses casos é descrito porque se optou por aproveitar esses resultados e nos restantes é descrito o

procedimento para seleccionar esses parâmetros.

O procedimento utilizado na simulação do processo de injecção começa com a geração da

malha e correcção dos erros que são originados devido à malha ser originada de forma automática,

sendo que esta é uma das fases mais importantes do estudo. Seguidamente procurou-se saber qual

o melhor ponto de injecção para a peça e a forma como se dispõem as cavidades tendo em conta o

número de cavidades e o sistema de alimentação. Após esta fase projectaram-se os sistemas de

alimentação sendo apresentadas as suas dimensões mais importantes. Finalmente projectou-se o

sistema de alimentação. Optou-se por não realizar um estudo aos empenos visto que esse estudo

não implicaria melhorias significativas para dois dos resultados mais importantes que se obtêm de

todo o estudo de simulação do processo de injecção, que são: o tempo de ciclo e a pressão de

injecção.

3.5.2.1 – Geração da malha do corpo da mola

A geração da malha é a primeira fase e a mais importante numa análise no software MPI. O

primeiro passo foi importar o ficheiro CAD da geometria da mola para o software, em seguida

procedeu-se à geração da malha do tipo “Fusion”. Realizou-se uma análise à malha com o fim de

encontrar erros, seguidamente procurou-se corrigi-los para que não ocorram erros nas análises

posteriores. Também tem de se salientar o facto de estarem em análise moldes multi-cavidade

procurou-se não refinar em demasia a malha, pois um refinamento elevado conduziria a um tempo

demasiado elevado na execução das análises. O número de elementos da malha após a correcção

de todos os defeitos críticos foi de 1204. Na figura 3.15 é apresentada a malha que foi utilizada na

simulação do processo.

Figura 3.15: Configuração da malha utilizada nas análises.

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3.5.2.2 – Ponto de injecção e a disposição das cavi dades

O estudo do ponto de injecção e da disposição das cavidades foram realizados no estudo 2.

Por isso optou-se por utilizar os resultados obtidos nesse estudo.

Quanto ao ponto de injecção foram estudadas várias opções de localização como mostra a

figura 3.16, e foi feita análise de empenos com o fim de verificar qual a solução que provoca menos

empenos, tendo se verificado que a melhor opção seria colocar o ponto de injecção na extremidade

1.

A disposição das cavidades no molde consiste em duas colunas simétricas. As distâncias

entre as colunas têm uma distância igual para todos os materiais de injecção. Na tabela 3.18 estão as

dimensões das cavidades para todas as diferentes tipologias.

Tipologia Espaçamento entre colunas (mm) Espaçamento entre cavidades (mm) 32 Q 200 10 32 F 160 10 96 Q 240 10 96 F 240 10

Tabela 3.18: Espaçamento das tipologias dos moldes.

Na figura 3.17 está representada a disposição das cavidades as tipologias de 32 e 96

cavidades.

b)

a)

b)

a)

Figura 3.16: a) Localização dos pontos de injecção que foram analisados; b) Ponto de injecção escolhido.

Figura 3.17: Disposição das cavidades; a) 32 cavidades; b) 96 cavidades;

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3.5.2.3 – Sistemas de alimentação

Nos sistemas de alimentação foram utilizados canais de distribuição de secção circular. Para

o projecto dos canais de alimentação é necessário recorrer-se a um processo iterativo, onde se teria

de variar as dimensões dos canais até se verificar quais as dimensões que apresentam os melhores

resultados. Como neste trabalho se estão a estudar no total 20 alternativas diferentes esse estudo

seria extremamente moroso, por isso optou-se por considerar as mesmas dimensões para todas as

alternativas estudadas. Contudo verificou-se que a variação das dimensões dos canais de

alimentação não provocaria diferenças significativas nos principais parâmetros do processo de

injecção, nomeadamente no tempo de ciclo e da pressão de injecção. A única excepção foi em

relação ao diâmetro do orifício de ataque que varia consoante o material, considerando a partir do

estudo 2 um caudal médio de 50 (cm3/s) para todos os materiais e tipologias, já que nesta fase do

trabalho ainda não se sabe os caudais necessários para o processo de injecção. Na figura 3.18 pode-

se verificar a forma como variam as dimensões para os materiais especificados em relação ao caudal

[56]. Assim para o PP a dimensão utilizada foi de 1mm, para o PS, o PMMA e o POM foi de 1,5mm e

para o ABS foi de 1,25 [56]. Contudo, teve-se especial atenção ao número de cavidades e do sistema

de alimentação, já que no caso das tipologias de canais frios quanto maior for a dimensão dos canais

maior será o desperdício de material. A altura que vai desde o orifício até às cavidades é de 77mm

para todas as tipologias de moldes. As dimensões utilizadas encontram-se na tabela 3.19. Na figura

3.19 é mostrada a configuração os sistemas de alimentação para as quatro tipologias estudadas.

Tipologia Diâmetro do orifício dos canais de alimentação (mm)

Diâmetro dos canais de alimentação (mm)

Diâmetro do orifício de ataque (mm)

32 Q 6 6 1 ou 1,25 ou 1,5 32 F 4 5 1 ou 1,25 0u 1,5 96 Q 7 7 1 ou 1,25 0u 1,5 96 F 5 6 1 ou 1,25 0u 1,5

Tabela 3.19: Dimensões dos sistemas de alimentação utilizados.

Figura 3.18: Diâmetro de ataque em função do caudal [56].

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49

3.5.2.4 – Sistema de arrefecimento

O sistema de arrefecimento utilizado é o mesmo que foi escolhido no estudo 2, já que

diferentes configurações dos canais não alterariam a sua eficácia relativamente a materiais

diferentes. Este estudo consistiu em apresentar várias configurações de canais de arrefecimento,

onde se variou o número e diâmetro, a distância entre canais e a distância à cavidade.

Há que referir que foi utilizado o mesmo líquido de refrigeração em todas as configurações, o

líquido seleccionado foi a água com uma temperatura à entrada dos canais de arrefecimento de 15 oC. Após a análise de arrefecimento a todas as configurações verificou-se qual seria a que

apresentaria melhores resultados, tendo-se verificado que a melhor configuração é a que está

apresentada na tabela 3.20. De referir também que nesta análise foi apenas utilizada uma cavidade,

pois considera-se que, a configuração do sistema de arrefecimento que permite a melhor extracção

de calor para um molde com uma cavidade é também a melhor para os moldes multi-cavidade.

Nº de canais Diâmetro do canal (mm) Espaçamento entre canais (mm) Distância à cavidade (mm) 4 8 24 16

Tabela 3.20: Configuração dos canais de arrefecimento.

b)

c) d)

a)

Figura 3.19: Sistemas de alimentação finais para as duas tipologias de moldes estudadas. a) 32 cavidades com canais frios; b) 32 cavidades com canais quentes; c) 96 cavidades com canais frios;

d) 96 cavidades com canais quentes.

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50

Teve-se ter em atenção ao facto de que no sistema de alimentação com canais frios se

colocar os sistemas de arrefecimento sobre os canais de alimentação, visto que estes também

precisam de ser arrefecidos pois são extraídos em conjunto com a peça. Na figura 3.20 é mostrada a

configuração dos sistemas de arrefecimento.

3.5.2.5 – Tempo de abertura do molde

O tempo de abertura do molde considerado é igual ao determinado no estudo 2. Este tempo

foi determinado tendo em consideração o tempo necessário para extrair as peças de dentro do

molde, sendo que os moldes com um maior número de cavidades necessitam de um tempo maior e

que os moldes com um sistema de alimentação com canais frios também necessitam de um tempo

superior dado que os canais de alimentação também têm de ser extraídos. Os tempos de abertura do

molde são iguais para todos os materiais e variam somente consoante o número de cavidades do

molde e do sistema de alimentação. Na tabela 3.21 estão os tempos de abertura do molde

considerados.

Tipologia Tempo de abertura do molde (s) 32 Q 3 32 F 5 96 Q 5 96 F 7

Tabela 3.21: Tempos de abertura do molde.

a) b)

c) d)

Figura 3.20: Configuração do sistema de arrefecimento; a) 32 cavidades com canais quentes; b) 32 cavidades com canais frios; c) 96 cavidades com canais quentes; d) 96 cavidades com canais frios.

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51

3.5.3 – Parâmetros de controlo do processo

Os parâmetros de controlo do processo são: a temperatura do molde, a temperatura do

fundido e a temperatura de ejecção. Todas estas temperaturas são sugeridas pelo software e variam

consoante o material de injecção utilizado. Estes parâmetros são muito importantes porque é a partir

destes que o software calcula o tempo de ciclo. Em relação à temperatura de ejecção nem sempre é

possível esperar que toda a peça esteja a essa temperatura quando é extraída, assim decidiu-se

definir que a peça seria extraída quando esta estivesse com 80% do seu volume à temperatura de

ejecção. Este é o valor mínimo recomendado para o arrefecimento de peças espessas, como é o

caso da peça em estudo [57]. A utilização desta percentagem é importante para a redução do tempo

de ciclo. Na tabela 3.22 são apresentadas as temperaturas recomendadas para cada material.

Material de injecção Temperatura do molde (ºC) Temperatura do fundido (ºC) Temperatura de

ejecção (ºC) PP 50 230 93 PS 35 218 85

ABS 80 260 85 PMMA 70 240 104 POM 80 200 105

Tabela 3.22: Parâmetros de controlo do processo [57].

Através da análise às temperaturas de ejecção na tabela 3.22 é possível antecipar que o

tempo de ciclo para os materiais PMMA e POM terão um tempo de ciclo inferior aos restantes, dado

que têm uma temperatura de ejecção maior. Logo a peça demora menos tempo a atingir a

temperatura de ejecção. Contudo, a temperatura do molde e do fundido também são muito

importantes no cálculo do tempo de ciclo e também têm de se levar em conta.

3.5.4 – Resultados obtidos na simulação do processo de injecção

Nesta secção são colocados alguns resultados importantes provenientes da simulação do

processo de injecção. No entanto interessa explicar brevemente como estes resultados foram

obtidos. Existem quatro tipos principais de análises que o software MPI permite realizar, que são:

análise de arrefecimento, análise de enchimento, análise de compactação e análise aos empenos. A

análise de arrefecimento permite determinar resultados importantes como a distribuição de

temperaturas na peça e no molde e também permite determinar o tempo de ciclo que é determinado

a partir dos parâmetros definidos no ponto 3.5.3. A análise de enchimento e a análise de

compactação são feitas normalmente em conjunto e permitem saber se as cavidades são totalmente

preenchidas com material de injecção e permite determinar parâmetros importantes como a pressão

de injecção, a força de fecho, o caudal de injecção, o tempo de injecção, o “holding time” (soma do

tempo de arrefecimento com o tempo de compactação), entre outros. Finalmente a análise de

empenos, que permite verificar as zonas onde ocorrem os empenos e os níveis de empenos

provocados. Neste trabalho foram utilizadas as três primeiras análises, não tendo sido realizada a

análise de empenos devido sobretudo ao elevado tempo de execução que esta análise requer, devido

ao facto de ser necessário recorrer a um processo de tentativa e erro e também por se ter verificado

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52

que os principais parâmetros desta simulação não seriam alterados. Após a realização das análises

em seguida são apresentados os resultados da simulação.

3.5.4.1 – Tempos de ciclo

O tempo de ciclo é o tempo que demora a extrair um conjunto de peças, desde o tempo de

fecho do molde até à extracção das peças. Assim o tempo de ciclo pode-se dividir em quatro partes,

o tempo de injecção (enchimento), o tempo de compactação, o tempo de arrefecimento e o tempo de

abertura do molde. No software MPI o tempo de compactação e o tempo de abertura do molde são

definidos pelo utilizador. No que diz respeito ao tempo de compactação optou-se por definir o mesmo

valor para todas as alternativas devido ao facto de não se ter realizado uma análise de empenos, já

que este tempo em conjunto com a força de fecho está directamente ligado ao empeno das peças.

Este facto não provoca uma alteração do tempo de ciclo final porque o software realiza em primeiro

lugar uma análise de arrefecimento onde se obtém o valor do tempo de ciclo, depois o software

realiza a análise de enchimento e de compactação onde se obtém o tempo de enchimento e o

“holding time”. O software apresenta uma limitação precisamente no “holding time” já que este não é

mais que a subtracção do tempo de ciclo com o tempo de enchimento e o tempo de abertura do

molde, assim quando se muda o valor do tempo de compactação o valor do tempo de arrefecimento é

corrigido de forma que o “holding time” seja o mesmo. Na tabela 3.23 estão os tempos de ciclo para

as alternativas estudadas.

Holding Time

Material Tipologia Tempo de enchimento (s)

Tempo de compactação (s)

Tempo de arrefecimento (s)

Tempo de abertura do molde (s)

Tempo de ciclo (s)

PP

32 F 1,92 3,01 11,65 5 21,58 32 Q 1,62 2,99 10,90 3 18,51 96 F 2,25 3,01 10,04 7 22,30 96 Q 1,76 2,99 10,14 5 19,89

PS

32 F 1,72 3,01 13,40 5 23,13 32 Q 1,47 2,99 12,64 3 20,10 96 F 2,01 3,01 11,40 7 23,42 96 Q 1,58 2,98 12,15 5 21,71

ABS

32 F 2,34 3,01 15,65 5 26,00 32 Q 1,93 2,99 15,89 3 23,81 96 F 2,8 3,01 13,90 7 26,71 96 Q 2,18 2,98 14,90 5 25,06

PMMA

32 F 3,92 3,01 9,15 5 21,08 32 Q 3,42 2,84 9,40 3 18,66 96 F 4,74 3,01 7,64 7 22,39 96 Q 3,69 2,85 8,39 5 19,93

POM

32 F 3,41 3,01 4,65 5 16,07 32 Q 2,86 2,97 5,89 3 14,72 96 F 4,31 2,99 3,40 7 17,70 96 Q 3,32 2,97 3,89 5 15,18

Tabela 3.23: Tempo de ciclo para todos os casos estudados.

Para facilitar a visualização e a relação entre os tempos de ciclo para os diferentes materiais

é apresentado na figura 3.21 um gráfico com os tempos de ciclo para todos os casos estudados.

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Figura 3.21: Tempos de ciclo para todos os casos estudados.

Pode-se verificar que o material que apresenta um menor tempo de ciclo é o POM, em

seguida vêm o PP e o PMMA com tempos de ciclo bastante semelhantes, o PS e o ABS são os

materiais que apresentam um maior tempo de ciclo. A tipologia de 32 cavidades com canais quentes

é a que apresenta o menor tempo de ciclo, à semelhança do estudo realizado no estudo 2. Verifica-se

que a diferença entre a tipologia com menor e a de maior tempo de ciclo não é muito grande (cerca

de 3 s).

3.5.4.2 – Outros resultados importantes

Outros resultados importantes que se podem retirar da simulação do processo de injecção

para além do tempo de ciclo são: a pressão máxima de injecção, o caudal máximo de injecção e a

força máxima de fecho. Todos estes parâmetros são determinantes para se encontrar uma máquina

de injecção mais indicada para cada tipologia de molde estudada, que será escolhida posteriormente

aquando da realização do LCC. Na tabela 3.24 são mostrados estes resultados para todos os casos

estudados.

Material Tipologia Pressão máxima de injecção (MPa)

Caudal máximo de injecção (cm 3/s)

Força máxima de fecho (ton)

PP

32 F 34,75 92,63 45,05 32 Q 22,61 87,29 33,18 96 F 56,85 304,49 237,82 96 Q 40,87 277,31 171,60

PS

32 F 33,39 99,29 42,41 32 Q 22,56 94,96 30,01 96 F 50,91 324,63 263,97 96 Q 42,59 308,03 112,33

ABS

32 F 74,65 77,75 105,46 32 Q 48,77 74,47 75,57 96 F 108,26 243,69 516,42 96 Q 90,06 231,08 293,71

PMMA

32 F 143,37 46,79 198,88 32 Q 95,73 50,71 78,66 96 F 180,00 158,80 1076,42 96 Q 180,00 190,26 258,36

POM

32 F 89,27 53,56 130,50 32 Q 53,83 51,67 82,93 96 F 132,31 181,74 748,52 96 Q 101,28 155,95 295,38

Tabela 3.24: Parâmetros importantes no processo de injecção.

0

10

20

30

PP PS ABS PMMA POMT

empo

de

cicl

o (s

)

32 Q

32 F

96 Q

96 F

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Pode-se verificar que os materiais de injecção PMMA e POM são os materiais que

necessitam de uma pressão de injecção e força de fecho maiores. Nas tipologias de 96 cavidades do

material PMMA é atingida a pressão máxima imposta no software, o que não é problemático visto ter-

se tratado de um pico de pressão na fase inicial da injecção, tendo-se verificado logo de seguida uma

descida repentina na pressão de injecção. Em relação aos sistemas de alimentação verifica-se que

os canais frios necessitam de maiores pressões de injecção e forças de fecho. Como era esperado as

tipologias de moldes com 96 cavidades têm maiores valores destes parâmetros que as tipologias de

32 cavidades. No que diz respeito ao caudal de injecção verifica-se que as tipologias de canais

quentes necessitam de um caudal menor que as tipologias com canais frios.

3.6 – Aplicação do Modelo de Life Cycle Engineering

Nesta secção é descrita e metodologia utilizada para a aplicação do LCE ao trabalho

realizado até agora. Esta secção é dividida em três partes, na primeira será feita uma análise dos

custos de produção do produto (LCC), na segunda será feita uma análise ao impacto ambiental

provocado pelo produto durante toda a sua vida (LCA) e por fim é feita uma análise ao desempenho

do produto tendo em conta os materiais propostos (desempenho funcional).

3.6.1 – Life Cycle Cost

Para se determinar os impactos económicos de todas as alternativas de moldes estudados e

dos diferentes materiais decidiu-se implementar a metodologia de LCC. A metodologia utilizada para

a realização do modelo de custo está representada na figura 3.22. De referir que o modelo de LCC

utilizado baseia-se no “Process-based Cost Model”. Sendo a grande vantagem deste modelo a

enorme facilidade em efectuar análises de sensibilidade e modificar parâmetros [59].

Figura 3.22: Metodologia do LCC utilizada.

Existem dois tipos de custos considerados nesta análise de custos que são: os custos de

entrada e os custos relacionados com o processo de injecção. Os custos de entrada são relativos aos

Life Cycle Cost

Custos de entrada

Molde Matéria-prima

Custos do processo

TrituraçãoMaterial triturado

Máquina de injecção

Energia Mão-de-obra

Setup´s

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custos do molde e da matéria-prima utilizada no processo de injecção. Relativamente aos custos do

processo são considerados os custos da máquina de injecção e da máquina de trituração. Dentro do

custo da máquina de injecção e da máquina de trituração têm-se directamente ligado os custos com a

energia e com a mão-de-obra. Os custos com os setups também foram considerados, aqui estão

englobados os custos da máquina de injecção e da mão-de-obra aquando da montagem do molde na

máquina de injecção e do tempo de abertura do molde no final de cada ciclo de injecção para a

extracção das peças. Relativamente à trituração foi considerado que todo o material que é

desperdiçado durante o processo de injecção, nomeadamente os canais de alimentação para o caso

das tipologias de molde com canais frios e o material que é desperdiçado para a afinação do

processo de injecção, será todo ele triturado e reutilizado em ciclos de injecção posteriores. Ainda

existem outros custos fixos, como os custos da instalação e overheads (custos indirectos fixos que

não estão directamente alocados ao produto), que poderiam ter sido considerados. Mas como esses

custos são semelhantes para todas as alternativas e como este estudo não pretende ser uma

ferramenta financeira, mas uma ferramenta de apoio à decisão, estes não foram considerados.

3.6.1.1 – Custos de entrada

Nesta secção estão representados os custos de entrada para a produção da mola da roupa.

Os custos dos moldes e do material de injecção foram determinados através de duas empresas, a

Fapil – Indústria de Escovaria, S. A. e a Longmold Technology CO., LTD, ambas com larga

experiência nas suas respectivas áreas.

Custo da matéria-prima

Os custos dos materiais de injecção são apresentados na tabela 3.25. O preço do material foi

fornecido pela empresa Fapil. Esta é uma empresa com larga experiência na produção de peças por

moldação por injecção e na revenda de material de injecção.

Família Preço do material (€/Kg)

PP 0,80 PS 0,90

ABS 1,15 PMMA 2,10 POM 1,40

Tabela 3.25: Custos dos materiais de injecção.

Verifica-se que o material PP é o material com um preço menor e o PMMA é o que apresenta

um preço maior. O preço do material é um dos factores mais importantes na avaliação dos custos do

processo de injecção.

Custo do molde

Para se obter o custo dos moldes contactou-se a empresa Longmold Technology CO., LTD.,

sediada na China (ver tabela 3.26). Contudo verificou-se que os preços fornecidos eram muito mais

baixos que os preços fornecidos no estudo 2, por uma empresa portuguesa (ver tabela 3.26). Devido

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56

à impossibilidade de contactar uma empresa portuguesa para fornecer com rigor os valores dos

custos para os moldes decidiu-se utilizar os custos fornecidos pela primeira empresa. No entanto

como este é um estudo com uma lógica de comparação, a diferença de preços dos moldes entre uma

empresa de Portugal ou da China, para as mesmas tipologias não é importante, o importante é

diferença do custo dos moldes das tipologias entre si. Assim em relação ao preço dos moldes

verifica-se que existe uma diferença no que diz respeito aos materiais propostos para os moldes.

Então foram escolhidos dois materiais para os moldes o AISI H13 e o AISI Type 420, sendo que o

primeiro é indicado para os materiais de injecção PS, ABS e PMMA e o segundo para o PP e POM,

tendo por isso custos diferentes. De referir que os preços referentes ao estudo 2 na tabela 3.26 foram

obtidos para o material de injecção PP, e o material do molde é o AISI P20. De referir que o preço da

tabela 3.26 fornecido pela empresa Longmold foi em dólares tendo havido a necessidade de

converter para euros. Para além do custo do molde outra informação importante é as dimensões do

molde, sendo que estas variam apenas consoante a tipologia não dependendo por isso do material

de injecção.

Material Tipologia Custo do molde (Longmold) (€)

Custo do molde (Estudo 2) (€)

Dimensões do molde (Largura x Comprimento x

Altura) (mm)

PP / POM

32 F 8.941,99 15.000 500 x 700 x 400 32 Q 19.300,10 31.000 550 x 700 x 430 96 F 26.385,21 40.000 650 x 1200 x 400 96 Q 48.217,74 65.000 650 x 1400 x 450

PS / ABS / PMMA

32 F 7.664,30 15.000 500 x 700 x 400 32 Q 17.241,54 31.000 550 x 700 x 430 96 F 22.704,44 40.000 650 x 1200 x 400 96 Q 42.826,33 65.000 650 x 1400 x 450

Tabela 3.26: Custo e dimensão dos moldes.

Pode-se verificar que as tipologias de molde com sistemas de alimentação com canais frios

têm um custo mais baixo que as tipologias de molde com canais quentes, o que se deve sobretudo à

sua simplicidade no que diz respeito ao sistema de alimentação.

3.6.1.2 – Custos do processo

Os custos relativos ao processo de injecção são apresentados em seguida.

Custo hora da máquina de injecção

Antes de apresentar a equação utilizada para calcular o custo hora da máquina de injecção é

necessário escolher a máquina de injecção mais indicada para cada tipologia de molde. Tiveram-se

em consideração vários factores para a sua selecção. O mais importante e foi o que mais limitou a

selecção das máquinas de injecção foram as dimensões do molde. Em seguida tiveram-se os outros

factores que foram determinados na simulação do processo de injecção feita no MPI, tais como a

pressão de injecção, a força de aperto e o caudal máximo requerido. As máquinas de injecção

escolhidas são todas da mesma marca, Sandretto, que é um dos maiores produtores mundiais de

máquinas de injecção. Após uma análise aos parâmetros das máquinas e aos requisitos para cada

tipologia chegou-se à conclusão que eram necessárias 4 máquinas de injecção diferentes. Na tabela

3.27 estão representadas as máquinas de injecção mais indicadas para cada tipologia e na tabela

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57

3.28 estão as suas características principais. Na tabela 3.24 estão os requisitos em termos de

pressão de injecção, força de aperto e caudal de injecção.

Material Cavidades Referência

PP / PS / ABS

32 F Nove HP 1700 / 2200 32 Q Nove HP 1700 / 2200 96 F Mega TES 5500 ES 96 Q Mega TES 5500 ES

PMMA

32 F Nove HP 1700 / 2200 32 Q Nove HP 1700 / 2200 96 F Mega TES 12000 ES 96 Q Mega TES 5500 ES

POM

32 F Nove HP 1700 / 2200 32 Q Nove HP 1700 / 2200 96 F Mega TES 7000 ES 96 Q Mega TES 5500 ES

Tabela 3.27: Maquinas de injecção para cada tipologia de molde.

Referência Dimensões

do prato (mm)

Dimensões entre

colunas (mm)

Força de fecho (ton)

Caudal máximo

de injecção (cm3/s)

Pressão máxima de

injecção (MPa)

Potência da

máquina (KW)

Custo de aquisição

(€)

Nove HP 1700 / 2200 770 x 770 510 x 510 224,34 121 146,1 31,8 100.000,00 € Mega TES 5500 ES 1370 x 1270 950 x 850 560,84 366 264,7 109 275.000,00 € Mega TES 7000 ES 1560 x 1560 1060 x 1060 713,80 366 264,7 109 275.000,00 €

Mega TES 12000 ES 2010 x 1820 1422 x 1232 1223,659 653 249,7 146 350.000,00 € Tabela 3.28: Características das máquinas de injecção [60].

A equação 3.1 permite calcular o custo hora da máquina de injecção:

−++××

×=

1)1(

)1(

)(.

n

n

diaano

MIAqHMI i

ii

hd

CC (Equação 3.1 – Custo hora máquina)

Em que CAq.MI é o custo de aquisição da máquina de injecção (ver tabela 3.28), dano são os

dias em que a máquina de injecção está a trabalhar, foram considerados 250 dias, hdia é o número de

horas em que a máquina de injecção se encontra em funcionamento, foram consideradas 7 horas, i é

o custo de oportunidade, foi considerado 15% e n é a vida do equipamento, foi considerado uma vida

de 8 anos.

Custo da trituração

EnerHtritHHtrit CCCC ++= (Equação 3.2 – Custo da trituração)

Em que CHH é o custo hora de mão-de-obra, CHtrit é o custo hora da trituradora, que foi

determinado da mesma forma que o da máquina de injecção, só o custo de aquisição da trituradora é

diferente (15000 €) e o CEner é o custo hora da energia da máquina de trituração, sendo que a

potência da máquina de trituração é de 10 KW. Teve-se em conta que 10% do material utilizado na

injecção teria de ser triturado (desperdício necessário para afinação do processo de injecção), para

além disso também foram considerados os canais de alimentação provenientes da injecção nas

tipologias de molde com canais frios. A capacidade da máquina de trituração é de 200 Kg/h. Foi ainda

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58

considerado que o material triturado volta a ser utilizado em ciclos de injecção posteriores, o que faz

com que se gaste menos material de injecção.

Custo hora da mão-de-obra

diaano

SSmHH hd

CNSC

×××= (Equação 3.3 – Custo hora da mão-de-obra)

Em que Sm é o salário mensal incluindo benefícios do trabalhador envolvido na produção, foi

considerado um valor de 1300 €, NS é o número de salários por ano (14), CS representa os custos

sociais (1,23), dano é o número de dias de trabalho por ano, foram considerados 228 e o hdia é o

número de horas de trabalho por dia (7h).

Custo hora da energia

eMIMI PotC Pr×= (Equação 3.4 – Custo hora da energia)

Em que PotMI é a potência total da máquina de injecção (ver tabela 3.28) e Pre é o preço da

energia fornecida pela EDP (0.0969€/kWh).

Custo por setup

LotesNtCCC setupHHHMIsetup º)( ××+= (Equação 3.5 – Custo por setup)

Em que CHMI é o custo da máquina de injecção por hora, CHH é o custo hora de mão-de-obra

e o tsetup é o tempo de setup, que é composto pelo tempo de mudança do molde (2h) que foi

considerado igual para todas as tipologias de moldes (2 horas) e o Nº Lotes representa o número de

lotes necessários para atingir o volume de produção considerado de 2 400 000 molas, sendo que

cada lote é composto por 400 000 molas (retirado do estudo 2). O número de lotes representa o

número de vezes que o molde tem de se retirar da máquina de injecção para a manutenção do molde

ou da máquina de injecção ou para a necessidade de desocupar a máquina de injecção para a

produção de outro produto.

3.6.1.3 – Custos totais de produção da mola da roup a

Nesta secção é feita uma análise comparativa entre todas as alternativas estudadas para um

volume de produção de 2 400 000 molas por ano. Na tabela 3.29 e na figura 3.23 são apresentados

os custos totais da produção das molas para as diferentes tipologias estudadas.

Material Tipologias Custo total de produção (€)

Custo unitário de produção (10 -2 €)

PP

32 Q 52956,62 2,21 32 F 40164,30 1,67 96 Q 75874,70 3,16 96 F 53965,72 2,25

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59

PS

32 Q 55856,08 2,33 32 F 43300,77 1,80 96 Q 74970,93 3,12 96 F 54010,41 2,25

ABS

32 Q 63876,63 2,66 32 F 49305,31 2,05 96 Q 81151,71 3,38 96 F 59597,98 2,48

PMMA

32 Q 74078,34 3,09 32 F 60719,31 2,53 96 Q 93509,42 3,90 96 F 76406,15 3,18

POM

32 Q 63964,68 2,67 32 F 50281,24 2,10 96 Q 87695,46 3,65 96 F 65682,10 2,74

Tabela 3.29: Custos totais de produção da mola da roupa.

Figura 3.23: Custos totais de produção da mola da roupa.

Como se pode verificar pelo gráfico da figura 3.23 a tipologia de 32 cavidades com sistema de

alimentação de canais frios é a tipologia que apresenta um custo menor para a produção do corpo da

mola, o que vai de encontro às conclusões retiradas do estudo 2. Em relação ao material de injecção

verifica-se que o PP é o material que apresenta um menor custo para a produção da mola, isto

apesar de o molde necessário para injectar este material ser mais caro que para o PS, ABS e PMMA.

O PS tem um custo de produção um pouco mais elevado que o PP. O ABS e o POM estão em

seguida e por último o PMMA, essencialmente devido ao elevado custo do material de injecção.

Para analisar de uma melhor forma os custos de produção faz todo o sentido ver de que

forma se distribuem os custos de produção. Tendo em conta as percentagens no custo total de

factores como: o custo do material de injecção, o custo de mão-de-obra, o custo da máquina de

injecção, o custo da energia, o custo do molde, o custo dos setups e os custos da trituração. Na figura

3.24 é apresentada a distribuição dos custos de produção.

0,00

10.000,00

20.000,00

30.000,00

40.000,00

50.000,00

60.000,00

70.000,00

80.000,00

90.000,00

100.000,00

PP

-32

F

PS

-32

F

AB

S-3

2F

PO

M-3

2F

PP

-32

Q

PP

-96

F

PS

-96

F

PS

-32

Q

AB

S-9

6F

PM

MA

-32

F

AB

S-3

2Q

PO

M-3

2Q

PO

M-9

6F

PM

MA

-32

Q

PS

-96

Q

PP

-96

Q

PM

MA

-96

F

AB

S-9

6Q

PO

M-9

6Q

PM

MA

-96

Q

Cu

sto

de

Pro

du

ção

To

tal

(€)

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60

Figura 3.24: Distribuição dos custos de produção da mola.

A partir do gráfico da figura 3.24 verifica-se que o custo do material e o custo do molde são os

factores que mais contribuem para os custos totais de produção. Pode-se verificar que nas tipologias

de 96 cavidades com canais quentes o preço do molde é o factor que mais contribui para o custo final

de produção, e daí que esta seja a tipologia com custos mais elevados. De referir ainda que no caso

dos materiais PMMA e POM o custo do material tem um grande peso, isso deve-se sobretudo ao seu

elevado preço de mercado. Os custos de setup e de trituração têm um peso em relação aos outros

quase insignificantes.

Pode-se concluir que em termos de custos de produção que o material de injecção mais

vantajoso é o PP e a tipologia de molde mais indicada é a tipologia de 32 cavidades com sistema de

alimentação com canais frios.

3.6.1.4 – Análise de sensibilidade ao volume de pro dução

Nesta secção é analisada a forma como variam os custos de produção em função do volume

de produção.

Foi considerada uma vida para os moldes de 1 000 000 de ciclos de injecção. Como os

moldes estudados têm um número diferente de cavidades, o número máximo de peças que cada

molde pode produzir durante toda a sua vida é diferente. Assim o número máximo de peças que cada

molde pode produzir, consoante o número de cavidades encontra-se na tabela 3.30.

Número de cavidades Volume máximo de produção (Molas) Número de anos de produção (Anos)

32 16 000 000 6,67 96 48 000 000 20

Tabela 3.30: Volume máximo de produção das tipologias de moldes.

Cada mola necessita de duas peças exactamente iguais. Logo, no molde de 32 cavidades

podem-se fazer 16 molas e no molde de 96 cavidades pode-se fazer 48 molas por cada ciclo de

injecção. Pode-se ver que existe uma grande diferença entre o volume máximo de produção de um

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

32 Q 32 F 96 Q 96 F 32 Q 32 F 96 Q 96 F 32 Q 32 F 96 Q 96 F 32 Q 32 F 96 Q 96 F 32 Q 32 F 96 Q 96 F

PP PS ABS PMMA POM

% Custo de trituração

% Custo de setup

% Custo do molde

% Custo de energia

% Custo máquina de injecção

% Custo de mão-de-obra

% Custo do material

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61

molde com 32 cavidades e um com 96 cavidades. Em relação ao número de anos de produção foi

considerada uma produção anual de 2 400 000 molas por ano.

Na figura 3.23 os custos de produção correspondem a um volume de produção de 2 400 000

molas. Agora pode-se analisar os custos para diferentes volumes de produção para ver se as

diferenças entre tipologias se mantêm. Na figura 3.25 é mostrada a variação de custos em função do

volume de produção para todas as cavidades.

A figura 3.25 mostra os custos unitários de produção para todas as alternativas estudadas.

De referir que os moldes com 32 cavidades têm um volume de produção máximo bastante mais

baixo, pelo que são necessários três moldes de 32 cavidades para atingir um volume de produção

igual aos dos moldes de 96 cavidades. Assim no gráfico pode-se verificar que para os moldes de 32

cavidades foram consideradas a aquisição de um segundo e terceiro molde para um volume de

produção de 16 000 000 e 32 000 000 de molas da roupa, respectivamente, por isso é que se verifica

um aumento do custo unitário de produção nesses volumes de produção. Foi fixado um volume de

produção de 48 000 000 de molas da roupa que corresponde ao volume de produção máximo para os

moldes de 96 cavidades. Verifica-se que o material que acarreta um menor custo de produção é o

PP, para todos os volumes de produção. No que diz respeito às tipologias de moldes verifica-se que a

tipologia de molde de 32 cavidades com canais frios é a que apresenta um menor custo de produção

até um volume de produção aproximado de 11 000 000 de molas da roupa, a partir desse volume de

produção a tipologia de 96 cavidades com canais frios ganha vantagem. A tipologia de 96 cavidades

com canais quentes aparece em segundo. De referir que a tipologia de 96 cavidades com canais frios

para o material PS, aparece em terceiro. O material que apresenta sempre um custo maior é o

PMMA.

0,01

0,012

0,014

0,016

0,018

0,02

0,022

0,024

0,026

0,028

0,03

0 10000000 20000000 30000000 40000000 50000000

Cus

to u

nitá

rio (

€)

Volume de produção (Molas)

PP - 32 Q

PP - 32 F

PP - 96 Q

PP - 96 F

PS - 32 Q

PS - 32 F

PS - 96 Q

PS - 96 F

ABS - 32 Q

ABS - 32 F

ABS - 96 Q

ABS - 96 F

PMMA - 32 Q

PMMA - 32 F

PMMA - 96 Q

PMMA - 96 F

POM - 32 Q

POM -32 F

POM - 96 Q

POM - 96 F

Figura 3.25: Variação dos custos unitários de produção das molas da roupa em função do volume de produção.

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62

3.6.2 – Life Cycle Assessment

Este estudo tem como objectivo analisar o impacto ambiental durante todo ciclo de vida da

mola da roupa. A análise terá por base a tipologia de molde que apresentou melhores resultados na

análise económica, que foi a tipologia de 32 cavidades com sistema de alimentação de canais frios.

Não é necessário realizar um estudo para cada tipologia porque as variações entre estas seriam

proporcionais. Neste estudo não são estudadas todas as etapas dos processos de fabrico envolvidos

na produção do molde devido ao facto de estas terem um peso relativamente pequeno relativamente

ao processo de injecção e ao material de injecção [61]. Outro factor foi o facto de não ter sido

possível recolher todos os dados necessários de uma forma rigorosa, uma vez que para isso era

necessário analisar todos os processos durante a fabricação do molde, o que não foi possível dado

que o molde não se encontra em processo de fabrico. Assim só será analisado em termos de impacto

ambiental o material do molde.

3.6.2.1 – Metodologia utilizada

A metodologia utilizada foi a seguinte. Foram analisadas três fases do ciclo de vida do

produto. A primeira fase foi a produção dos materiais do molde e do produto, em relação ao molde

nesta fase foi considerado apenas o material do molde que é diferente consoante o material de

injecção. Na segunda fase foi estudado o processo de injecção, esta fase dividiu-se em duas partes,

uma foi a energia gasta durante o processo e a outra foi o material de injecção. E finalmente, o fim de

vida tanto do molde como do produto. Foram considerados diferentes destinados para o molde e o

produto. Enquanto que o produto irá para um aterro, o molde será reciclado. Na figura 3.26 está

representada a metodologia utilizada para a execução do LCA.

Figura 3.26: Metodologia utilizada para o modelo LCA.

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63

3.6.2.2 – 1ª Fase: Produção dos materiais

Neste ponto são explicadas em pormenor todas as considerações tomadas para a avaliação

do impacto ambiental associado à produção dos materiais de injecção e dos materiais dos moldes.

Os valores para impactos são os EI’99 e foram calculados através do software SimaPro 7.1. Esta

secção divide-se em duas partes, uma está relacionada somente com os materiais de injecção e a

outra está relacionada com os materiais dos moldes.

Materiais dos moldes

Como já foi visto na análise de custos foram utilizados dois materiais diferentes para os

moldes, logo existem dois valores de impactos ambientais diferentes referentes aos materiais dos

moldes. Optou-se por utilizar apenas uma tipologia de molde nesta análise porque a único parâmetro

que varia é o peso do molde, por isso basta analisar somente uma tipologia. A tipologia seleccionada

foi a tipologia que apresentou melhores resultados na análise de custos, que foi a tipologia de 32

cavidades com canais frios. Este molde tem um peso estimado de 900 Kg. Os valores do EI’99 dos

materiais dos moldes estão apresentados na tabela 3.31.

Material do molde EI’99 (pts/Kg) AISI Type 420 0,123 AISI H13 0,0757

Tabela 3.31: Valores do impacto para o material dos moldes.

É visível que os valores de impacto ambiental são um pouco diferentes, o que faz sentido

dado serem materiais com características diferentes.

Materiais de injecção

Para se realizar esta análise definiu-se um volume de produção que foi de 2 400 000 molas,

para que a partir desta se possa saber qual o peso do material de injecção que é necessário para

injectar todas as peças. Aqui também foi considerado o material proveniente da trituração. Na tabela

3.32 são mostrados os valores de EI’99 e a massa para cada material de injecção. De referir que o

valor do EI’99 do polímero POM não foi encontrado, por isso não foi contabilizado no estudo do LCA

o impacto ambiental deste polímero.

Material de injecção EI’99 (pts/Kg) Massa do material (Kg) PP 0,38 11925,76 PS 0,471 13775,27

ABS 0,4 13585,80 PMMA 0,537 15099,81 POM - 17592,51

Tabela 3.32: Valores de EI’99 e da massa dos materiais de injecção.

3.6.2.3 – 2ª Fase: Processo de injecção

Relativamente ao processo de injecção o único factor que contribui para o impacto ambiental

é a energia gasta no processo, quer pela máquina de injecção quer pela máquina de trituração. O

valor do EI’99 da electricidade de média voltagem em Portugal é de 0,0369 pts/Mj. Foi considerada a

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64

energia de média voltagem porque é a energia que normalmente é fornecida às empresas. Na tabela

3.33 estão os valores dos consumos de energia do processo de injecção.

Material Consumo de energia Total (GJ) PP 104,1 PS 111,7

ABS 125,5 PMMA 102,0 POM 78,4

Tabela 3.33: Consumo de energia total de cada material.

3.6.2.4 – 3ª Fase: Fim de vida

Nesta etapa são analisados os impactos ambientais relacionados com o fim de vida da mola

da roupa e do molde. Os destinos dos dois são diferentes, enquanto que o molde que é constituído

por aço será reciclado, a mola da roupa que é constituída por um material plástico irá para um aterro.

Os plásticos também podem ser reciclados, mas em relação ao nosso produto optou-se por não o

fazer visto que normalmente quando a vida útil de mola da roupa acaba, o seu destino mais provável

é o “lixo”. Em relação ao material do molde considerou-se um valor de EI’’99 igual para os dois

materiais dos moldes propostos, e em relação aos polímeros também foi considerado o mesmo valor

para todos os polímeros. Sendo assim o valor do EI’99 para a reciclagem dos materiais do molde é

de -94 mpts/Kg e o valor do EI’99 para a disposição do produto num aterro é 3,5 mpts/kg.

3.6.2.5 – Resultados do Life Cycle Assessment

Os resultados globais desta análise encontram-se na figura 3.27.

Figura 3.27: Resultados finais do LCA.

Verifica-se que o PP é de novo o material que apresenta melhores resultados à semelhança

dos resultados obtidos na análise económica. Em seguida seguem-se dois materiais com uma

diferença entre si bastante pequena, que são o PS e o ABS. Depois segue-se o PMMA, que apesar

de ter uma energia na injecção inferior ao PP, PS e ABS não é suficiente para compensar o impacto

ambiental provocado durante a sua produção. Em relação ao POM optou-se por não o incluir no

gráfico visto que não foi possível obter o valor do EI’99 referente à produção deste polímero.

0,00

2000,00

4000,00

6000,00

8000,00

10000,00

12000,00

14000,00

PP PS ABS PMMA

EI'9

9 to

tal (

pts)

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65

Interessa agora verificar quais os factores que mais contribuem para o impacto ambiental,

desta forma em seguida são apresentados alguns gráficos que demonstram os pesos relativos a cada

factor.

Na figura 3.28 verifica-se que o impacto ambiental provocado pela produção do material do

molde e do material de injecção. Pode-se verificar que o valor do impacto ambiental da produção do

molde em relação ao material de injecção é praticamente negligenciável.

Figura 3.28: Impacto ambiental provocado pelo material do molde.

Na figura 3.29 verificam-se os valores de impactos provocados no fim de vida dos materiais

do molde e do material de injecção. O valor do impacto ambiental da reciclagem do material do molde

é negativo porque o material ao ser reciclado pode ser reaproveitado para outras aplicações, ao

contrário do plástico que irá para um aterro perdendo-se esse material.

Figura 3.29: Impactos ambientais no fim de vida.

Na figura 3.30 está representada a distribuição do impacto ambiental pela energia de

injecção, pelo material do molde e pelo material de injecção.

Figura 3.30: Distribuição do impacto ambiental pelos intervenientes.

0

2000

4000

6000

8000

10000

PP PS ABS PMMA

EI'9

9 to

tal (

pts)

Produção do material

de injecção

Produção do material

do molde

-100

-50

0

50

100

PP PS ABS PMMA

EI'9

9 to

tal (

pts)

Aterro de plastico

Reciclagem do

molde

-5000

0

5000

10000

15000

PP PS ABS PMMA

EI'9

9 to

tal (

pts)

Energia de injecção

Total do material de

injecção

Total do material do

molde

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No gráfico 3.30 pode-se verificar que o impacto ambiental total provocado pelo material do

molde, ou seja, na produção do material e no seu fim de vida, tem um peso bastante pequeno

relativamente aos outros e para além disso apresenta um outro factor relevante, que é o facto de este

ter um impacto negativo, devido ao facto do valor do impacto ambiental durante a produção do molde

em termos absolutos ser inferior ao valor da reciclagem do molde. Pode-se verificar também que o

impacto ambiental provocado pelo material de injecção é superior ao da energia gasta no processo

de injecção. De referir que no caso do material de injecção também foi considerado o impacto

ambiental provocado na produção deste e o relativo ao seu fim de vida.

Pode-se concluir que o material de injecção que acarreta consigo um menor impacto

ambiental é o PP. Contudo devido ao facto de não se ter encontrado o valor do impacto ambiental na

produção do material POM não foi possível avaliar este material.

3.6.3 – Desempenho funcional

Nesta secção são estudados os materiais propostos relativamente ao seu desempenho na

mola da roupa. O método utilizado aqui é semelhante ao utilizado no ponto 3.4, só que aqui os

valores alvo considerados serão os valores das propriedades mecânicas mais elevados, isto porque

neste ponto pretende-se verificar qual o material que cumpre melhor as funções da mola da roupa.

Por exemplo para a tensão de cedência verifica-se qual é o material que tem o valor mais alto e toma-

se esse valor como referência.

Os requisitos da mola considerados aqui são iguais às do ponto 3.4, só não foi considerado o

custo do material porque nesta análise pretende-se analisar os materiais em termos de desempenho

e não em termos de desempenho e custo como foi feito no ponto 3.4.

3.6.3.1 – Requisitos e propriedades mecânicas reque ridas para a mola da roupa

Os requisitos considerados são: prender roupa, ser confortável, ser robusta e ser durável. No

ponto 3.4 está descrita a definição destes requisitos. Quanto às propriedades mecânicas mais

importantes para a mola são: tensão de cedência, módulo de Young, resistência aos raios

ultravioletas e resistência à água. Na tabela 3.34 estão representadas as considerações tomadas

para determinar o peso de cada função.

Prender roupa Ser confortável Ser Robusta Ser durável Soma % %

Corrigida A B C D Prender roupa A 0 A1 A2 A3 6 60 59 Ser confortável B - 0 C1 C2 3 30 29

Ser robusta C - - 0 D1 1 10 10 Ser durável D - - - 0 0 0 2

Total - 10 100 100 Tabela 3.34: Percentagem dos requerimentos considerados.

Foi dado um grande peso à função “prender a roupa” porque é a função mais importante de

uma mola da roupa. Já as funções “ser robusta” e “ser durável” não têm um grande peso

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67

relativamente às outras porque não foram consideradas como funções prioritárias no projecto de uma

mola.

Na tabela 3.35 é mostrado o peso relativo de cada propriedade mecânica tendo em conta as

funções da mola pretendidas.

Propriedades dos materiais

Importância relativa (%)

Tensão de cedência

Módulo de Young

Resistência aos UV

Resistência à água

A mola da roupa deve…

Prender roupa 59 7 3 Ser confortável 29 4 6

Ser robusta 10 2 8 Ser durável 2 8 2

Total 100,00 5,49 4,31 0,16 0,04 Peso das propriedades mecânicas (%) 54,90 43,10 1,60 0,40

Tabela 3.35: Peso das propriedades mecânicas.

A pontuação relativa dada a cada propriedade mecânica em função dos requerimentos da

mola foi igual à do ponto 3.4. Como se pode verificar a tensão de cedência foi a propriedade com

uma percentagem mais elevada, sendo que o módulo de Young também tem um peso bastante

elevado. A resistência aos ultravioletas e à água têm um peso muito baixo devido ao peso da função

“ser durável” ter um peso muito baixo.

Na tabela 3.36 estão representados os cálculos para determinar o material com um maior

desempenho para a mola da roupa tendo em conta as suas propriedades mecânicas. Os valores das

propriedades mecânicas que se encontram a negrito são os valores máximos dessas propriedades,

tendo sido esses valores tomados como referência.

Polímeros

Propriedades mecânicas

Peso das propriedades

mecânicas PP PS ABS PMMA POM

Tensão de cedência 54,90 Valor (Mpa) 33 30 34 30 37

Valor adimensional 0,89 0,81 0,92 0,81 1,00 Score 48,96 44,51 50,45 44,51 54,90

Módulo de Young 43,10 Valor (Gpa) 1,50 2,60 1,70 1,30 1,30

Valor adimensional 0,58 1,00 0,65 0,50 0,50 Score 24,87 43,10 28,18 21,55 21,55

Resistência aos UV 1,60 Valor () 2 3 3 5 2

Valor adimensional 0,40 0,60 0,60 1,00 0,40 Score 0,64 0,96 0,96 1,6 0,64

Resistência à água 0,40 Valor () 5 5 5 5 5

Valor adimensional 1 1 1 1 1 Score 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40

Classificação dos

materiais 74,87 88,97 79,99 68,06 77,49

4º 1º 2º 5º 3º Tabela 3.36: Classificação dos materiais candidatos.

Verifica-se que o PS é o material que tem uma pontuação mais elevada, isso deve-se

sobretudo ao seu elevado módulo de Young. O PP que era o material que apresentou melhores

resultados na análise de custos e no LCA ficou em quarto atrás do ABS e do POM. O PMMA foi o

material que apresentou o pior resultado, o que é expectável dado que as propriedades mecânicas

deste material são mais baixas relativamente aos outros materiais.

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68

3.6.4 – Conclusões da metodologia LCE

Na tabela 3.37 encontram-se as principais conclusões retiradas das análises LCC, LCA e o

desempenho funcional. Pode-se verificar que os materiais têm classificações diferentes nas três

análises realizadas pelo que é necessário utilizar uma metodologia de decisão que permita agregar

as três análises para se concluir qual o melhor material para a mola da roupa. Na figura 3.31 pode-se

verificar as pontuações dos materiais das análises na forma adimensional. Os valores adimensionais

foram obtidos da seguinte forma: no caso do LCC e LCA como o melhor material é o que tiver um

valor mais baixo, foi dividido o valor mínimo pelo valor do material, e no caso do desempenho

funcional como o melhor material é o que apresenta um valor maior, foi dividido o valor

correspondente ao material pelo valor máximo desta análise. Pode-se verificar através da coluna

global que o melhor material é o PP. Contudo, a coluna que representa o valor global das

características é apenas a soma aritmética, pelo que não se podem retirar daí conclusões definitivas,

já que estas características podem não ter o mesmo peso. Peso esse que é determinado pela

empresa responsável pela produção do produto. No entanto optou-se por adoptar uma filosofia

diferente, na medida em que como são os clientes que determinam o sucesso de um produto no

mercado decidiu-se questioná-los directamente sobre a sua opinião relativamente ao peso destes

atributos. Para efectuar esta pesquisa decidiu-se utilizar a metodologia MAUA, que é desenvolvida

em seguida no ponto 3.7.

LCC LCA Desempenho funcional

Materiais Custo

unitário de produção (€)

Classificação Impacto

ambiental total (pts)

Classificação Pontuação total Classificação

PP 1,66 1º 8753,55 1º 74,87 4º PS 1,79 2º 10975,84 3º 88,97 1º

ABS 2,04 3º 10471,71 2º 79,99 2º PMMA 2,51 5º 12215,57 4º 68,06 5º POM 2,08 4º - - 77,49 3º

Tabela 3.37: Resultados finais da metodologia LCE.

Figura 3.31: Pontuações adimensionais das análises do LCE.

1,000,93

0,81

0,66

1,00

0,80 0,84

0,72

0,84

1,000,90

0,76

1,00 0,960,90

0,75

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

PP PS ABS PMMA

Po

ntu

açõ

es

ad

ime

nsi

on

ali

zad

as

LCC LCA Desempenho funcional Total

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69

3.7 – Metodologia de decisão - Multi-attribute Util ity Analysis

Com o fim de determinar a melhor solução entre os diferentes materiais propostos para a

mola da roupa, decidiu-se utilizar a metodologia designada de Multi-attribute Utility Analysis. Este

método é bastante eficaz como auxilio à tomada de decisão em problemas de selecção de materiais.

Este método tem como base questionários realizados a utilizadores do produto. Foram considerados

neste método três atributos visto que foram também realizadas três análises na metodologia LCE.

Esta metodologia foi apresentada no estado da arte, na secção 2.4. Em seguida é apresentada a

metodologia utilizada.

3.7.1 – Metodologia utilizada

A metodologia utilizada consistiu em definir em primeiro lugar os atributos a serem utilizados.

Depois foi realizado um questionário com base nos atributos definidos anteriormente, aos

consumidores deste produto com o objectivo de definir os pesos dos atributos entre si. Seguidamente

realizou-se uma análise aos resultados dos questionários, onde foram identificados os pesos dos

atributos. Posteriormente foi desenvolvido um modelo informático para relacionar os atributos entre si,

de acordo com os pesos determinados através do questionário, e assim determinar o valor das

utilidades que os clientes dão ao produto para os diferentes materiais. Finalmente foram analisados

os resultados do modelo informático, tendo em conta os custos de produção para se concluir qual a

melhor opção em termos de material para o produto.

É recomendada a leitura ao anexo 2 onde é explicado um exemplo deste método, onde se

pode ver como se calcula a função utilidade.

3.7.2 – Procedimento realizado

Neste ponto é explicado o procedimento utilizado para a aplicação desta metodologia ao

estudo realizado.

3.7.2.1 – Definição dos atributos utilizados

Para a aplicação deste estudo optou-se por escolher 3 atributos. Foram escolhidos 3 atributos

porque a metodologia utilizada nesta dissertação baseia-se também em três estudos: os custos de

produção, análise ambiental e o desempenho funcional. Assim foram seleccionados três atributos

para aplicar neste método, que são: o preço de venda da mola da roupa ao público, o impacto

ambiental de cada material estudado e a qualidade (desempenho funcional).

Para a implementação desta metodologia é necessário definir quais os valores máximos,

mínimos e recomendados dos atributos que serão analisados. Assim tiveram-se de definir estes

valores para os três atributos escolhidos.

Em relação ao preço de venda da mola da roupa fez-se uma pesquisa de mercado para saber

os preços praticados pelos estabelecimentos comerciais para molas da roupa em plástico, não se

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70

incluíram as molas da roupa em madeiras porque não foram estudadas nesta dissertação. O

objectivo desta pesquisa é determinar qual o preço mais baixo e o mais alto que são praticados,

tendo-se verificado que o preço mais baixo é de 0,60 € e o mais alto é de 2,45 € para packs de 12

molas. Para além disso sabe-se a partir do estudo 1 que o objectivo do projecto da mola da roupa era

ter um preço de mercado de 1 € por cada pack de 12 molas. Assim este valor será tomado como

valor de referência.

No que diz respeito ao impacto ambiental utilizaram-se os valores obtidos na análise

ambiental feita no ponto 3.6.2. Aqui também se procuram saber quais os materiais que têm um

impacto ambiental menor e maior. Contudo aqui houve a necessidade de alargar o espectro de

polímeros estudados para saber se existe algum polímero com um valor menor de impacto ambiental

que os estudados. Assim, utilizando o mesmo modelo de LCA, foram testados outros polímeros

tendo-se verificado que o polímero que produziria um impacto ambiental menor era o PVC e o que

produziria um impacto ambiental maior era o PMMA. Aqui o PP foi tomado como referência porque

este foi o material recomendado no estudo 1 e também por ser este o material que apresentou

menores custos de produção.

A qualidade foi determinada a partir do desempenho funcional, cujo procedimento foi

desenvolvido no ponto 3.6.3. Neste ponto a referência continuou a ser o PP, pelo mesmo motivo do

impacto ambiental. Em relação aos extremos foi verificado qual o polímero que apresenta melhores

resultados em termos de desempenho, que neste caso foi o PS, e o que apresenta piores resultados

foi o PMMA.

Os valores dos extremos dos atributos encontram-se na tabela 3.38. De referir que os valores

adimensionais, para o impacto ambiental e a qualidade foram obtidos da seguinte forma. No caso do

impacto ambiental como o material que apresenta um impacto ambiental mais baixo é o melhor, o

valor adimensional foi obtido pela divisão do valor do impacto ambiental do material pelo valor mínimo

de impacto ambiental correspondente ao material com um impacto inferior. No caso da qualidade o

material que apresenta um valor maior é o melhor material, assim o valor adimensional foi obtido pela

divisão do valor mais alto correspondente ao material com uma qualidade maior pelo valor da

qualidade do material, para que desta forma o material que tenha uma qualidade maior tenha um

valor adimensional menor. O cálculo dos valores adimensionais foi feito desta forma porque o modelo

informático foi realizado considerando que os valores dos atributos menores representam a melhor

opção.

1º Atributo – Preço de

mercado 2º Atributo – Impacto

ambiental 3º Atributo - Qualidade

Preço Pack de molas

(€)

Preço individual (€)

Impacto ambiental

(pts)

Valor adimensional Pontuação Valor

adimensional

Valor mínimo 0,60 € 0,05 € 7068,54 1,00 88,97 1,00 Valor de

referência 1,00 € 0,08 € 8753,55 1,24 74,87 1,19

Valor máximo 2,45 € 0,20 € 12215,57 1,73 68,06 1,31 Tabela 3.38: Valores dos atributos.

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60%

40%PF

P1

P2

45%

55% EI’99 F

EI’99 1

EI’99 2

Q F

Q 1

Q 2 50%

50%

3.7.2.2 – Estrutura do questionário e resultados

Neste ponto é explicada a estrutura do questionário realizado aos utilizadores da mola da

roupa. A estrutura deste questionário pode-se dividir em duas partes.

Na primeira parte é perguntado aos utilizadores até que valores em percentagem é indiferente

para os clientes escolher entre comprar já o produto, com os valores de referência, ou esperar e ter a

possibilidade de comprar o mesmo produto com os melhores valores dos atributos. Esta questão foi

realizada para cada um dos atributos.

Na segunda parte é perguntado o mesmo mas agora relacionando os atributos entre si.

No anexo 3 encontra-se o questionário realizado. Devido à complexidade e natureza das

questões presentes no questionário, não foi possível fazê-lo a muitas pessoas, tendo sido realizado a

10 pessoas. Os resultados do questionário encontram-se na tabela 3.39.

Pergunta Resultados Designação Valores

1.1) Percentagem relativa ao preço de mercado.

P1: Melhor preço no mercado. P1 = 0,05 €

PF: Preço da mola da Fapil. PF = 0,08 €

P2: Pior preço no mercado. P2 = 0,20 €

1.2) Percentagem relativa ao impacto ambiental.

EI’99 1: Impacto ambiental baixo EI’99 1 = 1,00

EI’99 F: Impacto ambiental médio EI’99 F = 1,24

EI’99 2: Impacto ambiental alta EI’99 2 = 1,73

1.3) Percentagem relativa à qualidade.

Q 1: Qualidade muito alta

Q1 = 1,00

Q F: Qualidade média QF = 1,19

Q 2: Qualidade muito baixa

Q2 = 1,31

2.1) Percentagem quando se tem um preço bom, um impacto ambiental mau e uma qualidade má.

2.2) Percentagem quando se tem um preço mau, um impacto ambiental bom e uma qualidade má.

(P1, EI’99 2, Q2)

(P1, EI’99 1, Q 1)

(P2, EI’99 2, Q2) 10%

90%

(P2, EI’99 1, Q2)

(P1, EI’99 1, Q 1)

(P2, EI’99 2, Q2) 90%

10%

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2.3) Percentagem quando se tem um preço mau, um impacto ambiental mau e uma qualidade boa.

Tabela 3.39: Resultados do questionário.

A partir das respostas dadas na primeira parte do questionário verifica-se que os clientes dão

mais valor ao preço de mercado que o impacto ambiental e a qualidade, isto porque não estão

dispostos a arriscar muito no preço de mercado. Contudo, as diferenças não são muito elevadas.

Em relação à segunda parte do questionário verifica-se aí sim, que os clientes valorizam

muito mais o preço que os outros atributos. Isso pode-se verificar através das respostas dadas às 3

questões. Pode-se também verificar que a qualidade é mais valorizada pelos clientes que o impacto

ambiental.

3.7.2.3 – Medição das utilidades

Após a realização do questionário já se têm todos os dados necessários para se calcular os

valores de utilidade. Para simplificar o processo de cálculo foi desenvolvido um modelo informático,

no qual se fazem todos os cálculos necessários para se obter o valor da utilidade. Na tabela 3.40 são

apresentados os valores dos atributos “impacto ambiental” e “qualidade” de todos os materiais

propostos, sendo estes os valores utilizados para a medição da utilidade. Optou-se por não incluir o

material POM neste estudo porque não foi possível obter o valor exacto do seu impacto ambiental.

O objectivo do MAUA foi realizar uma análise de sensibilidade ao preço de mercado. Assim,

nesta fase não entram os custos de produção. No final da análise é que esses custos serão

considerados. De referir que os valores da tabela 3.40 estão na forma adimensional para que a

medição dos atributos seja mais fácil e precisa, de referir que estes valores têm como base os

estudos do LCA e do desempenho funcional.

Material Ambiente Qualidade PP 1,24 1,19 PS 1,55 1,00

ABS 1,48 1,11 PMMA 1,73 1,31

Tabela 3.40: Valores dos atributos de cada material.

3.7.3 – Resultados do modelo

Com as percentagens obtidas no inquérito foi possível determinar a utilidade, através do

método descrito anteriormente. Foi desenvolvido um modelo que permitiu colocar os dados,

nomeadamente de impacto ambiental e qualidade, correspondente a cada material para depois se

comparar os materiais entre si. No gráfico da figura 3.32 pode-se verificar a utilidade em função do

preço de mercado do produto. Para além das utilidades em função do preço do mercado foram

(P2, EI’99 2, Q1)

(P1, EI’99 1, Q 1)

(P2, EI’99 2, Q2) 70%

30%

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colocados no gráfico os pontos correspondentes ao custo final de cada alternativa. O custo final de

cada alternativa foi determinado através do “mark-up” do custo de produção, através da equação 3.6.

O “mark-up” consiste na fixação de uma dada rentabilidade das vendas (quociente lucro/ volume de

vendas, em percentagem) e no cálculo do preço que permite obter, dado o custo de produção, essa

rentabilidade [62].

v

i

r

Cp

−=

1 (Equação 3.6 – “Mark-up” do custo de produção)

Onde Ci é o custo de produção de cada alternativa e rv é a rentabilidade das vendas do

produto. A rentabilidade das vendas considerada foi de 70%, sendo este um valor que permite que os

custos de “mark-up” sejam superiores ao valor mínimo do preço de mercado. De referir que só serão

considerados os custos das tipologias de moldes para cada material que apresentem um custo de

produção mais baixo, assim só serão consideradas as tipologias de 32 cavidades com canais frios. Já

que estas também por causa do seu custo mais baixo são as que têm uma utilidade maior para o

cliente. Assim os custos de “mark-up” para cada material e as respectivas utilidades para os clientes

estão representados na tabela 3.41.

Material Preço final ( €) Utilidade PP 0,055 0,8963 PS 0,060 0,8968

ABS 0,068 0,7867 PMMA 0,084 0,5235

Tabela 3.41: Custo final e utilidades para cada material.

Figura 3.32: Gráfico da utilidade vs o preço de mercado.

Através de uma análise ao gráfico da figura 3.32 verifica-se que o PP e PS têm os dois, uma

utilidade bastante semelhante para os clientes, relativamente aos preços finais respectivos, mas

verifica-se que o PS apresenta uma utilidade um pouco maior que o PP. Mas como o PP tem um

custo menor de produção ganha alguma vantagem, visto que tem uma utilidade semelhante ao PS

mas com um preço mais baixo, o que faria com que o PP tivesse uma margem de lucro maior à do

PS. O que é certamente uma grande vantagem. Em relação ao ABS e ao PMMA verifica-se que têm

utilidades bastante baixas para os preços de produção respectivos, o que faz com que estes

materiais não sejam boas opções para a produção da mola da roupa. Em relação à posição relativa

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

Util

idad

e

Preço de mercado (€)

PP

PS

ABS

PMMA

PP 32F

PS 32F

ABS 32F

PMMA 32F

0,89680,8963

0,5235

0,7867

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das rectas dos materiais verifica-se que a recta do material PS encontra-se numa posição superior às

restantes, o que significa que se for fixado um preço de mercado qualquer para todos os materiais o

PS é o material que terá uma utilidade maior, mas contudo convém referir que nessas circunstâncias

o PS terá uma desvantagem visto que terá uma margem de lucro inferior ao PP, já que o PP tem um

custo de produção menor.

No questionário os clientes demonstraram que dão uma maior preferência à qualidade em

relação ao impacto ambiental. Contudo devido às crescentes preocupações com o impacto ambiental

dos produtos, convém verificar o que aconteceria se o impacto ambiental fosse mais valorizado que a

qualidade. Para isso modificaram-se as percentagens da tabela 3.39 para dar mais relevância ao

impacto ambiental. As percentagens dadas para este caso estão expostas na tabela 3.42.

Pergunta Referência Resultados

1.1) PF P1 = 60% P2=40%

1.2) EI’99 F EI’99 1 = 50% EI’99 2 = 50%

1.3) QF Q1 = 45% Q2 = 55%

2.1) (P1, EI’99 2, Q2) (P1, EI’99 1, Q 1) = 90% (P2, EI’99 2, Q2) = 10%

2.2) (P2, EI’99 1, Q2) (P1, EI’99 1, Q 1) = 30% (P2, EI’99 2, Q2) = 70%

2.3) (P2, EI’99 2, Q1) (P1, EI’99 1, Q 1) = 10% (P2, EI’99 2, Q2) = 90%

Tabela 3.42: Novas percentagens.

Como se pode ver na tabela as percentagens relacionadas com o impacto ambiental e a

qualidade foram trocadas, para que o impacto ambiental fosse mais valorizado. De referir que estas

percentagens vão servir apenas como exemplo.

Na figura 3.33 pode-se verificar como fica o gráfico tendo em consideração as novas

percentagens.

Figura 3.33: Gráfico da utilidade vs o preço de mercado para as novas percentagens.

Analisando o gráfico da figura 3.33 verifica-se que o PP tem uma utilidade maior que os

restantes, como era de esperar dado que foi o material que apresentou um impacto ambiental menor.

Dadas estas circunstâncias verifica-se sem margem para dúvidas que o PP é o material melhor para

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

Util

idad

e

Preço de mercado (€)

PP

PS

ABS

PMMA

PP 32F

PS 32F

ABS 32F

PMMA 32F

0,8963

0,8383 0,7461

0,5235

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a produção da mola, visto que é o material que tem uma utilidade maior para o respectivo preço final.

Também se verifica que a recta do material PP encontra-se numa posição superior às restantes, o

que significa que se for fixado um preço de mercado qualquer para todos os materiais o PP é o

material que tem uma utilidade maior.

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4 – Conclusões

O objectivo deste trabalho foi aplicar a metodologia do LCE à selecção de materiais a um

caso de estudo – uma mola da roupa.

A primeira parte do trabalho propriamente dito, foi a selecção preliminar de materiais

candidatos. Nesta fase foram seleccionados 7 polímeros para a mola da roupa, com o auxílio do

software Ces EduPack e tendo em conta algumas considerações e especificações determinadas nos

trabalhos antecessores.

Na etapa seguinte foi utilizada a metodologia MSE com o objectivo de se verificar se alguns

dos materiais seleccionados não se adequam ao produto em estudo, para isso entrou-se em

consideração com os valores das especificações da mola da roupa que foram determinadas no

estudo 1 e com os valores dos respectivos parâmetros de cada um dos materiais seleccionados.

Verificou-se então que dois materiais, nomeadamente o PET e o PVC não seriam boas opções para a

mola da roupa. Dos restantes polímeros que foram seleccionados, o PP foi o material que teve uma

pontuação mais elevada.

Na fase seguinte do trabalho foi feita a simulação do processo de injecção com a utilização do

software MPI, sendo que o objectivo desta simulação foi a determinação dos parâmetros do processo

e os tempos de ciclo para cada alternativa estudada. Aqui para além de se simularem os 5 materiais

escolhidos, foram testadas também 4 tipologias diferentes de moldes, que foram propostas no estudo

2. Em relação ao tempo de ciclo pode-se verificar que para as tipologias estudadas, a tipologia de 32

cavidades com canais quentes foi a tipologia que apresentou um tempo de ciclo mais baixo que as

restantes tipologias para todos os materiais. Verificou-se também que o POM foi o material que

apresentou um menor tempo de ciclo, seguindo-se o PMMA, sendo o ABS o material que necessita

de um tempo de ciclo maior. Em relação aos outros parâmetros do processo, tais como a pressão de

injecção, a força de fecho e o caudal de injecção verifica-se que o PP é o material que em geral

apresenta valores mais baixo, sendo que o PMMA é o material que apresenta valores mais elevados.

Na fase seguinte procedeu-se à aplicação da metodologia do LCE. Esta metodologia divide-

se em 3 estudos, que são: o LCC, o LCA e o desempenho funcional. Em relação ao estudo

económico (LCC) verificou-se que o material que apresenta para todas as tipologias de molde um

menor custo é o PP. Aqui verificou-se que a tipologia mais vantajosa sob este ponto de vista é a

tipologia de 32 cavidades com canais frios, isto para uma produção de 2 400 000 molas da roupa por

ano. Foi demonstrado que os dois factores que mais contribuem para o custo de produção são de

forma geral o custo do molde e o material de injecção. Também foi feita uma análise de sensibilidade

ao volume de produção, tendo-se verificado que à medida que se aumenta o volume de produção a

tipologia de 96 cavidades com canais frios ganha vantagem, em relação aos materiais verificou-se

que os custos se mantêm proporcionais. O estudo seguinte (LCA) está relacionado com os impactos

ambientais provocados durante a vida do produto, desde a produção da matéria-prima até à sua

eliminação. Aqui verificou-se que o material mais vantajoso neste ponto de vista é mais uma vez o

PP. Verificou-se também que os factores que contribuem com um peso mais elevado para o impacto

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ambiental são: o material de injecção e a energia necessária durante o processo de fabrico. No

estudo seguinte procurou-se avaliar o desempenho dos diferentes materiais relativamente ao produto,

tendo-se verificado que o material que tem um maior desempenho é o PS.

Finalmente foi utilizada uma metodologia de decisão, o MAUA com base na opinião dos

clientes sobre o produto, tendo como base atributos pré-definidos com o objectivo de se escolher um

material que tenha uma utilidade para uma margem de lucro superior. Verificou-se que esse material

era o PP, dado que este material apesar de ter uma utilidade semelhante que o PS, tem um custo de

produção inferior que o PS. Foi ainda efectuada uma análise onde foi mais valorizado o impacto

ambiental e aí verificou-se que o material com uma utilidade maior era o PP, o que faria desde com

que este material fosse uma escolha ideal já que é o material que apresenta uma utilidade maior e

um custo de produção menor que os restantes.

Como trabalho futuro propõe-se o estudo de outras famílias de materiais, como a madeira,

para se saber qual a família de materiais que seria mais vantajosa para a produção da mola da roupa,

tendo em consideração os factores considerados nesta dissertação.

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[60] http://www.sandretto.co.uk

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[62] Mata, C., Curso de Gestão Industrial.

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81

-M-M-M-M- -M-N-N-M-N-M- -M-M-M-N-N-N-

Homopolímero Copolímero Aleatório Copolímero em bloco

6 – Anexos

Anexo 1 – Polímeros

Nesta secção é feita uma descrição sobre as principais características de cada polímero e

suas principais aplicações para que se possa ficar a conhecer mais em pormenor os polímeros

estudados.

Os polímeros são substâncias constituídas por moléculas grandes, frequentemente

designadas por macro moléculas [1][2]. Existem tanto polímeros naturais como sintéticos. As

proteínas, os amidos, a celulose e o látex são exemplos de polímeros naturais, já os polímeros

sintéticos são produzidos pelo Homem em grande escala e têm uma vasta gama de propriedades e

aplicações. Os materiais vulgarmente chamados de plásticos são todos polímeros sintéticos [3].

Os polímeros são formados por reacções químicas, onde um grande número de moléculas,

designadas de monómeros são ligadas entre si de forma sequencial, formando uma cadeia. Existem

polímeros que são constituídos por apenas um monómero, designados por homopolímero e outros

que são constituídos por vários monómeros diferentes combinados entre si, designados de

copolímeros [1]. No caso dos homopolímero o polímero é designado através do prefixo “poli” seguido

do nome do monómero que o constitui. Como exemplo o polímero do monómero designado de etileno

é o polietileno.

Os monómeros podem ser copolimerizados num polímero de forma aleatória, o que origina

copolímeros aleatórios, ou em forma de blocos alternados de idênticos monómeros, originando

copolímeros em bloco. Na figura A.1 estão representados de forma geral a composição dos

homopolímero, dos copolímeros aleatórios e dos copolímeros em bloco.

Em seguida vai ser descrito com mais pormenor o grupo dos polímeros sintéticos visto que é

este o grupo que tem uma maior relevância para esta dissertação.

Polímeros sintéticos

Os polímeros sintéticos dividem-se em dois grupos principais, os plásticos e as borrachas.

Estes polímeros distinguem-se devido ao facto dos plásticos serem em geral materiais rígidos nas

suas temperaturas de serviço, já as borrachas são flexíveis e têm uma grande elasticidade. Os

plásticos são ainda subdivididos em termoplásticos e termoendurecíveis. Este último tipo são

polímeros em que as suas longas cadeias são ligadas através de ligações cruzadas, esta é uma

característica compartilhada com as borrachas vulcanizadas convencionais. No entanto como se

pode verificar na figura A.2 a distinção em termos de rigidez foi abalada, por causa do

desenvolvimento dos elastómeros termoplásticos (TPEs). No entanto, todos os polímeros,

independentemente da sua natureza podem ser reforçados por uma vasta gama de materiais de

enchimento para produzir materiais compósitos.

Figura A.1: Tipos de polímeros [1].

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Os materiais termoplásticos são

quando são aquecidos ou arrefecidos, respectivamente. Em teoria, esta reversibilidade não altera a

estrutura química do material, daí a possibilidade de reutilizar a sucata dos materiais termoplásticos.

Embora na prática ocorre alguma degradação térmica e oxidativa, por isso a reciclagem só deve de

ser feita com um conhecimento profundo sobre os efeitos que têm sobre as propriedades na

moldagem final. Os materiais termoendurecíveis são aqueles polímeros que

rígidos quando aquecidos ou quando são adicionados químicos especiais. Este endurecimento

envolve uma alteração química, designada de cura e, consequentemente, a sucata destes polímeros

não pode ser reciclada. O processo de cura en

moléculas lineares entre si para formar uma única macro molécula, estas ligações são conhecidas

como ligações cruzadas [4].

1 – Polipropileno (PP)

O polipropileno pertence ao grupo dos termoplásticos. É um polímero bastante versátil e pode

ser utilizado tanto como plástico ou como fibra.

O polipropileno é produzido através da polimerização do propileno, um produto gasoso obtido

da refinação do petróleo, na presença de catalisador com condições de calor e pressão controladas

cuidadosamente. O polipropileno é um hidrocarboneto insaturado, contendo apenas átomos de

carbono e hidrogénio.

O polipropileno é polimerizado segundo o método de Ziegler

catalisação metalocénica. A cadeia típica deste polímero está representada na figura A.3

Um dos principais conceitos para se perceber a ligação entre a estrutura do polipropileno e as

suas propriedades é a tacticidade, ou seja, a orientação relativa dos monómeros de propileno na

cadeia do polímero, sendo esta orientação de extrema importância

de formar cristais. O polipropileno pode ser atáctico, sindiotáctico ou isoctáctico. Um polímero

isoctáctico tem todos os monómeros que o constituem no mesmo lado da cadeia, no caso dos

atácticos, estes são colocados aleat

Figura A.2: Classificação dos polí

Figura A.

Os materiais termoplásticos são materiais que amaciam ou endurecem reversivelmente

quando são aquecidos ou arrefecidos, respectivamente. Em teoria, esta reversibilidade não altera a

estrutura química do material, daí a possibilidade de reutilizar a sucata dos materiais termoplásticos.

bora na prática ocorre alguma degradação térmica e oxidativa, por isso a reciclagem só deve de

ser feita com um conhecimento profundo sobre os efeitos que têm sobre as propriedades na

moldagem final. Os materiais termoendurecíveis são aqueles polímeros que ficam irreversivelmente

rígidos quando aquecidos ou quando são adicionados químicos especiais. Este endurecimento

envolve uma alteração química, designada de cura e, consequentemente, a sucata destes polímeros

não pode ser reciclada. O processo de cura envolve sempre uma reacção química que une as

moléculas lineares entre si para formar uma única macro molécula, estas ligações são conhecidas

Polipropileno (PP)

O polipropileno pertence ao grupo dos termoplásticos. É um polímero bastante versátil e pode

ser utilizado tanto como plástico ou como fibra.

O polipropileno é produzido através da polimerização do propileno, um produto gasoso obtido

óleo, na presença de catalisador com condições de calor e pressão controladas

cuidadosamente. O polipropileno é um hidrocarboneto insaturado, contendo apenas átomos de

O polipropileno é polimerizado segundo o método de Ziegler-Natta ou mais recentemente por

catalisação metalocénica. A cadeia típica deste polímero está representada na figura A.3

Um dos principais conceitos para se perceber a ligação entre a estrutura do polipropileno e as

suas propriedades é a tacticidade, ou seja, a orientação relativa dos monómeros de propileno na

cadeia do polímero, sendo esta orientação de extrema importância para conferir a esta a capacidade

de formar cristais. O polipropileno pode ser atáctico, sindiotáctico ou isoctáctico. Um polímero

isoctáctico tem todos os monómeros que o constituem no mesmo lado da cadeia, no caso dos

atácticos, estes são colocados aleatoriamente em ambos os lados da cadeia e no caso do

Classificação dos polímeros pelas suas propriedades [4].

Figura A.3: Cadeia do polipropileno [2].

82

materiais que amaciam ou endurecem reversivelmente

quando são aquecidos ou arrefecidos, respectivamente. Em teoria, esta reversibilidade não altera a

estrutura química do material, daí a possibilidade de reutilizar a sucata dos materiais termoplásticos.

bora na prática ocorre alguma degradação térmica e oxidativa, por isso a reciclagem só deve de

ser feita com um conhecimento profundo sobre os efeitos que têm sobre as propriedades na

ficam irreversivelmente

rígidos quando aquecidos ou quando são adicionados químicos especiais. Este endurecimento

envolve uma alteração química, designada de cura e, consequentemente, a sucata destes polímeros

volve sempre uma reacção química que une as

moléculas lineares entre si para formar uma única macro molécula, estas ligações são conhecidas

O polipropileno pertence ao grupo dos termoplásticos. É um polímero bastante versátil e pode

O polipropileno é produzido através da polimerização do propileno, um produto gasoso obtido

óleo, na presença de catalisador com condições de calor e pressão controladas

cuidadosamente. O polipropileno é um hidrocarboneto insaturado, contendo apenas átomos de

a ou mais recentemente por

catalisação metalocénica. A cadeia típica deste polímero está representada na figura A.3.

Um dos principais conceitos para se perceber a ligação entre a estrutura do polipropileno e as

suas propriedades é a tacticidade, ou seja, a orientação relativa dos monómeros de propileno na

para conferir a esta a capacidade

de formar cristais. O polipropileno pode ser atáctico, sindiotáctico ou isoctáctico. Um polímero

isoctáctico tem todos os monómeros que o constituem no mesmo lado da cadeia, no caso dos

oriamente em ambos os lados da cadeia e no caso do

4].

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sindiotácticos, estes são colocados alternadamente nos dois lados da cadeia (ver figura A.4). Os

polipropilenos atácticos são amorfos, isto é uma clara desvantagem já que um material amorfo é um

material com pouca força, o que limita em muito as suas aplicações.

Figura A.4: Tacticidade do polipropileno [4].

A catalisação de Ziegler-Natta permite com que novos os monómeros sejam colocados todos

na mesma direcção. A maior parte dos polipropilenos existentes no mercado são produzidos por este

método, logo a maior parte dos polipropilenos existentes no mercado são isoctácticos. Com o grupo

metilo sempre do mesmo lado, as moléculas tendem a enrolar-se em forma helicoidal, alinhando-se

depois umas com as outras para formar cristais o que confere ao polipropileno as suas propriedades

tão apreciadas.

Existe contudo outro método de polimerização baseado em moléculas metalocénicas que

permitem um maior controlo no processo. Estes catalisadores utilizam grupos orgânicos para

controlar os monómeros que são adicionados, então uma adequada escolha do catalisador pode

produzir polipropileno isoctáctico, sindiotáctico, atáctico ou uma combinação entre estes. Para além

deste controlo qualitativo, eles também permitem um melhor controlo quantitativo, com uma maior

proporção de tacticidade que as técnicas de Ziegler-Natta permitem. Eles também limitam de melhor

forma a distribuição do peso molecular que os catalisadores de Ziegler-Natta, o que melhora de forma

significativa as propriedades do material [2].

Propriedades químicas e físicas

O PP é normalmente resistente e flexível, especialmente quando é copolimerizado com

etileno, isto permite ao PP ser utilizado como um plástico de engenharia, podendo desta forma

competir com outros polímeros, tal como o ABS. O seu nível de cristalização está situado entre o

polietileno de baixa densidade e o polietileno de alta densidade, o módulo de Young está também

situado entre eles. É razoavelmente económico. O PP pode ser feito translúcido quando não tem cor,

contudo este polímero não é tão fácil de se tornar transparente como o poliestireno, o acrílico ou de

outros determinados plásticos. É geralmente opaco e necessita de pigmentos para lhe dar a cor

pretendida. Tem uma boa resistência à fadiga.

Existem três tipos de PP, os homopolímeros, copolímeros aleatórios e copolímeros em bloco.

O monómero que é tipicamente utilizado é o etileno. Se o etileno foi adicionado de forma aleatória a

um homopolímero de PP, este faz com que a cristalização diminua e torne o material mais

transparente.

O PP está sujeito a sofrer degradação na cadeia quando exposto à radiação UV. Contudo

podem ser adicionados aditivos absorventes de UV para aplicações externas. O Carbono negro

também proporciona alguma protecção aos UV. Este polímero também pode ser oxidado a

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temperaturas muito elevadas, sendo este um problema comum durante as operações de moldação,

no entanto podem ser adicionados anti-oxidantes para prevenir a degradação do polímero [2].

Aplicações

Este polímero tem muitas aplicações, alguns exemplos são:

• Brinquedos;

• Recipientes para alimentos, remédios, produtos químicos;

• Carcaças de electrodomésticos;

• Fibras;

• Tubos para cargas de canetas esferográficas;

• Carpetes;

• Seringas;

• Material hospitalar esterilizável;

• Peças para automóveis (pára-choques, pedais, carcaças de baterias, lanternas, ventoinhas,

ventiladores, peças diversas no habitáculo);

• Peças para máquinas de lavar.

2 – Policloreto de Vinilo (PVC)

O PVC é um polímero termoplástico, mas diferente de todos os outros polímeros, dado que

este polímero não é originado somente a partir do petróleo [6]. O PVC tem na sua composição 57%

de cloro (obtido a partir do cloreto de sódio) e 43% de eteno (obtido a partir do petróleo). A presença

de cloro na sua estrutura molecular faz com que o PVC tenha uma resistência natural à propagação

de chamas, fazendo deste um polímero ideal para ser utilizado em aplicações onde essa

característica é importante. Além disso, devido à presença de um grande teor de cloro na sua

estrutura molecular, torna-o numa molécula polar. Este factor confere ao polímero uma maior

capacidade de mistura com aditivos do que outro qualquer polímero, o que permite alterar facilmente

as propriedades e as características que melhor se adequam a cada aplicação [5]. O PVC é um

polímero em geral com uma duração útil de vida bastante longa, podendo chegar a durar 100 anos,

tornando-o assim num polímero ideal para utilizar em aplicações na construção civil [5].

A estrutura química do PVC encontra-se na figura A.5.

Figura A.5: Estrutura química do PVC [2].

Processamento do PVC

A figura A.6 mostra um esquema do processamento do PVC. O sal e o petróleo, são os

recursos base para a fabricação deste polímero. O processo começa com a refinação do petróleo

para se obter o etileno. Simultaneamente, através da electrólise de uma mistura de água e sal,

obtém-se o cloro e a soda cáustica A soda cáustica não é utilizada neste processo. Nesta fase tanto o

cloro como o etileno estão no estado gasoso. Estes dois gases reagem entre si e através dessa

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reacção é formado o DCE (dicloro de etano). A partir do DCE obtém-se o MVC (monómero de cloreto

de vinila). No seguimento do processo o MVC é submetido a uma reacção química, desta feita de

polimerização para se produzir uma molécula gigante de PVC, que é um pó muito fino, de cor branca,

e totalmente inerte [6][7].

Para se transformar em produto final, a resina de PVC obtida necessita de ser misturada com

aditivos (estabilizadores térmicos, modificadores de impacto, cargas, lubrificantes, pigmentos e

outros), constituindo o chamado composto de PVC. Um composto de PVC contém os tipos e as

quantidades correctas de aditivos necessários para atender aos requisitos de desempenho para o

produto final no qual será transformado [7].

Propriedades Físicas

O PVC tem uma estrutura amorfa com átomos de cloro polares na sua estrutura molecular. O

facto de ter átomos de cloro e uma estrutura molecular amorfa estão intimamente relacionados.

Embora os plásticos pereçam ser bastante parecidos no contexto da utilização diária, o PVC tem

características completamente diferentes em termos de performance e funções, em comparação com

os plásticos de olefinas (polímeros que só têm carbono e hidrogénio na sua estrutura molecular). A

estabilidade química é uma característica comum entre as substâncias que contêm halogéneos,

como é o caso do cloro e do flúor. Isto aplica-se às resinas de PVC, que ainda possuem outras

propriedades, como propriedades de retardar o fogo, durabilidade e resistência a substâncias

químicas [8].

Outras características deste polímero são:

• Leveza (1,4 g/cm3), o que facilita seu manuseamento e aplicação;

• Resistência a fungos, bactérias, insectos e roedores;

• Bom isolamento térmico, eléctrico e acústico;

• Solidez e resistência a choques;

• Impermeabilidade a gases e líquidos;

• Resistência às intempéries (sol, chuva, vento e maresia);

• Durabilidade (sua vida útil em construções civis é superior a 50 anos);

• Não propaga chamas (é auto-extinguível);

• Versatilidade e ambientalmente correcto;

• Registabilidade;

• Fabricação com baixo consumo de energia.

Processamento e moldabilidade

Figura A.6: Esquema representativo do processamento do PVC [7].

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A processabilidade de um material termoplástico depende muito da viscosidade do fundido, o

que faz com que o PVC não seja indicado para o processo de moldação por injecção de plásticos de

peças de grandes dimensões, visto que a viscosidade do PVC é elevada comparativamente a outros

polímeros. Por outro lado, o comportamento do fundido do PVC é menos dependente da temperatura

e é estável. Por conseguinte o PVC é indicado para formas complexas obtidas por extrusão. Visto

que o PVC é um plástico amorfo sem fase de transição, produtos de PVC obtidos por moldação têm

uma excelente precisão dimensional [8].

Aplicações

As aplicações do PVC são as seguintes [8]: • Produtos médico-hospitalares: embalagens para medicamentos, sacos para sangue (é o

material que melhor conserva o sangue), tubos para transfusão e hemodiálise, artigos

cirúrgicos, além de pisos de salas onde é indispensável o alto índice de higiene;

• Janelas: oferecem excelente resistência às mudanças de clima e à passagem dos anos,

mesmo em ambientes corrosivos (por exemplo, beira-mar), em áreas rurais ou urbanas;

• Pisos e revestimentos de paredes: peças decorativas, resistentes e facilmente laváveis;

• Brinquedos e artigos insufláveis: bolas, bóias, colchões e barcos, etc.;

• Artigos escolares: facilmente moldados, têm grade variedade de aspectos (cor, brilho,

transparência) e baixo custo;

• Embalagens: usadas para acondicionar alimentos, protegendo-os contra a humidade e

bactérias. Estas embalagens são impermeáveis ao oxigénio e ao vapor, dispensando, assim,

o uso de conservantes, preservando o aroma;

• Tecidos espalmados decorativos e técnicos: usados principalmente para móveis,

vestuários, malas e bolsas;

• Garrafas para água mineral: leves e transparentes;

• Estruturas de computadores: assim como peças técnicas destinadas à indústria

electrónica;

• Automóveis: aplicado a revestimento de interiores devido à sua facilidade de moldagem e de

manutenção;

• Tubos e conexões: utilizados na canalização de água (potável ou não) e esgotos, pois são

resistentes e facilmente transportados e manipulados graças ao seu baixo peso. No caso da

água potável evita contaminações externas e previne perdas por vazamento, devido à fácil e

eficiente soldagem entre os tubos e as conexões. Também são muito utilizados em sistemas

de irrigação, de redes subterrâneas e de superfícies a tubulações e filtros para poços

profundos e minas, além de redes de drenagem agrícolas e de estradas;

• Mangueiras: são flexíveis, transparentes e coloridas;

• Frascos para acondicionar cosméticos e produtos dom ésticos: por sua

impermeabilidade e resistência a produtos químicos e óptima relação custo benefícios na

hora da troca de moldes, além de facilitar o design;

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3 – Poliestireno (PS)

O poliestireno é um polímero aromático que é feito a partir de um monómero aromático de

estireno, um hidrocarboneto líquido que é produzido a partir do petróleo na indústria química. O

poliestireno é um dos plásticos mais utilizados. O p

normalmente encontra-se no estado sólido à temperatura ambiente, quando aquecido funde e fica

sólido quando é novamente quando arrefecido. O PS sólido puro não tem cor, é rígido e tem uma

flexibilidade limitada. Pode ser moldado com uma grande precisão dimensional. O poliestireno pode

ser transparente ou pode ser feito com várias cores mediante a adição de corantes [2].

Estrutura e propriedades

A estrutura química do PS consiste numa cadeia longa de hidrocarbonet

grupo fenilo, conforme se pode verificar na figura A.7. A fórmula química do poliestireno é (C

seja, só contém moléculas de hidrogénio e carbono. Devido ao facto de este polímero ser um

hidrocarboneto aromático, este arde com u

oposição aos hidrocarbonetos não aromáticos como o caso do polietileno, que arde com uma chama

amarela e não origina fuligem. Uma completa oxidação do poliestireno produz apenas dióxido de

carbono e vapor de água.

O PS é um polímero que à semelhança do PP pode variar em termos de tacticidade. O PS

pode ser atáctico ou sindiotáctico. O PS isoctáctico não é produzido. O PS

devido ao facto da posição aleatória do grupo fenol não permita um alinhamento com regularidade

suficiente, por isso o plástico não tem ponto de fusão. Mas através da polimerização através da

catalisação metalocénica pode-se produzi

em cada lado da cadeia, formando

de 270ºC [2].

Formas produzidas

O PS é produzido tradicionalmente em três formas: poliestireno extrudid

expandido (espuma) e espuma de poliestireno extrudida, cada uma com as suas aplicações

específicas. Copolímeros de PS também são produzidos, estes contêm um ou mais monómeros de

adição diferentes do estireno [2].

• PS Extrudido - é económico

talheres de plástico, caixas de CDs, e muitas outras aplicações onde é necessária uma

rigidez razoável e onde um plástico barato é exigido. Os processos de fabrico utilizados para

o processamento deste plástico são a estampagem e a moldação por injecção. As Placas de

Petri e outros recipientes utilizados em laboratórios tais como tubos de teste e placas de

titulação desempenham um papel importante na pesquisa biomédica. Para estas utilizações

Figura A.

O poliestireno é um polímero aromático que é feito a partir de um monómero aromático de

estireno, um hidrocarboneto líquido que é produzido a partir do petróleo na indústria química. O

poliestireno é um dos plásticos mais utilizados. O poliestireno é um polímero termoplástico, e

se no estado sólido à temperatura ambiente, quando aquecido funde e fica

sólido quando é novamente quando arrefecido. O PS sólido puro não tem cor, é rígido e tem uma

ode ser moldado com uma grande precisão dimensional. O poliestireno pode

ser transparente ou pode ser feito com várias cores mediante a adição de corantes [2].

A estrutura química do PS consiste numa cadeia longa de hidrocarbonetos alternada com um

grupo fenilo, conforme se pode verificar na figura A.7. A fórmula química do poliestireno é (C

seja, só contém moléculas de hidrogénio e carbono. Devido ao facto de este polímero ser um

hidrocarboneto aromático, este arde com uma chama laranja-amarela, originando fuligem, em

oposição aos hidrocarbonetos não aromáticos como o caso do polietileno, que arde com uma chama

amarela e não origina fuligem. Uma completa oxidação do poliestireno produz apenas dióxido de

O PS é um polímero que à semelhança do PP pode variar em termos de tacticidade. O PS

pode ser atáctico ou sindiotáctico. O PS isoctáctico não é produzido. O PS atáctico não cristaliza

devido ao facto da posição aleatória do grupo fenol não permita um alinhamento com regularidade

suficiente, por isso o plástico não tem ponto de fusão. Mas através da polimerização através da

se produzir um PS sindiotáctico com o grupo fenilo alternadamente

em cada lado da cadeia, formando-se desta forma um PS altamente cristalino com um ponto de fusão

O PS é produzido tradicionalmente em três formas: poliestireno extrudid

expandido (espuma) e espuma de poliestireno extrudida, cada uma com as suas aplicações

específicas. Copolímeros de PS também são produzidos, estes contêm um ou mais monómeros de

adição diferentes do estireno [2].

é económico e é utilizado na produção de Kits de montagem à escala,

talheres de plástico, caixas de CDs, e muitas outras aplicações onde é necessária uma

rigidez razoável e onde um plástico barato é exigido. Os processos de fabrico utilizados para

te plástico são a estampagem e a moldação por injecção. As Placas de

Petri e outros recipientes utilizados em laboratórios tais como tubos de teste e placas de

titulação desempenham um papel importante na pesquisa biomédica. Para estas utilizações

Figura A.7: Estrutura química do PS [2] [9].

87

O poliestireno é um polímero aromático que é feito a partir de um monómero aromático de

estireno, um hidrocarboneto líquido que é produzido a partir do petróleo na indústria química. O

oliestireno é um polímero termoplástico, e

se no estado sólido à temperatura ambiente, quando aquecido funde e fica

sólido quando é novamente quando arrefecido. O PS sólido puro não tem cor, é rígido e tem uma

ode ser moldado com uma grande precisão dimensional. O poliestireno pode

ser transparente ou pode ser feito com várias cores mediante a adição de corantes [2].

os alternada com um

grupo fenilo, conforme se pode verificar na figura A.7. A fórmula química do poliestireno é (C8H8)n, ou

seja, só contém moléculas de hidrogénio e carbono. Devido ao facto de este polímero ser um

amarela, originando fuligem, em

oposição aos hidrocarbonetos não aromáticos como o caso do polietileno, que arde com uma chama

amarela e não origina fuligem. Uma completa oxidação do poliestireno produz apenas dióxido de

O PS é um polímero que à semelhança do PP pode variar em termos de tacticidade. O PS

atáctico não cristaliza

devido ao facto da posição aleatória do grupo fenol não permita um alinhamento com regularidade

suficiente, por isso o plástico não tem ponto de fusão. Mas através da polimerização através da

r um PS sindiotáctico com o grupo fenilo alternadamente

se desta forma um PS altamente cristalino com um ponto de fusão

O PS é produzido tradicionalmente em três formas: poliestireno extrudido, poliestireno

expandido (espuma) e espuma de poliestireno extrudida, cada uma com as suas aplicações

específicas. Copolímeros de PS também são produzidos, estes contêm um ou mais monómeros de

e é utilizado na produção de Kits de montagem à escala,

talheres de plástico, caixas de CDs, e muitas outras aplicações onde é necessária uma

rigidez razoável e onde um plástico barato é exigido. Os processos de fabrico utilizados para

te plástico são a estampagem e a moldação por injecção. As Placas de

Petri e outros recipientes utilizados em laboratórios tais como tubos de teste e placas de

titulação desempenham um papel importante na pesquisa biomédica. Para estas utilizações

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os artigos são quase sempre feitos por injecção de plásticos, e muitas vezes esterilizados

após a moldação, quer por irradiação ou tratamento com óxido de etileno. Este

processamento realizado após a moldação, usualmente com plasmas ricos em oxigénio, é

feito muitas vezes para introduzir grupos polares [2].

• Espumas - são boas isolantes térmicas, e por isso são bastante utilizadas como material de

isolamento em edifícios. Também podem ser utilizadas em estruturas arquitectónicas que não

estejam sujeitas a cargas, tais como colunas ornamentais. Existem dois tipos de espumas de

poliestireno, o poliestireno expandido (EPS) e o poliestireno extrudido (XPS).

• Poliestireno expandido - é um plástico celular e rígido, que se pode apresentar numa

grande variedade de formas e aplicações. O EPS é uma espuma de poliestireno moldada,

constituída por um aglomerado de grânulos, tem aplicação em placas de isolamento na

construção civil, caixas de peixe, embalagens de electrodomésticos e produtos electrónicos e

para muito mais. O poliestireno expandido é vulgarmente designado de esferovite em

Portugal [10].

• Poliestireno extrudido - é também uma espuma rígida de poliestireno, mas diferencia-se do

EPS por ser obtida através de um processo de extrusão em contínuo e por empregar outros

gases expansores. A sua única aplicação corrente é como isolamento na construção civil,

apresentando-se sob a forma de placas coloridas. O (PSP) poliestireno papel é também uma

espuma rígida de poliestireno extrudido, é produzido normalmente com uma espessura

pequena (2 - 3 mm). A sua aplicação é essencialmente em bandejas e tabuleiros para

acondicionar produtos alimentares [10].

• Copolímeros - O poliestireno puro é frágil, mas duro o suficiente para que um produto de

razoável alta performance possa ser feito sendo que para isso é necessário dar-lhe algumas

propriedades de um material com mais elasticidade, tal como a borracha de polibutadieno.

Esses dois materiais normalmente não podem ser misturados por causa do efeito amplificado

das forças intermoleculares, mas se o polibutadieno for adicionado durante a polimerização

pode-se ligar ao poliestireno, formando um copolímero o que ajuda a incorporar o

polibutadieno na mistura final, resultando num polímero de alto-impacto (HIPS). As aplicações

mais comuns do HIPS incluem brinquedos e embalagem de produtos. Os produtos feitos a

partir do HIPS são processados por moldação por injecção. Vários outros copolímeros são

também utilizados com o estireno. O Acrilonitrilo-butadieno-estireno (ABS) é parecido com o

HIPS, um copolímero de acrilonitrilo e estireno, endurecido com polibutadieno. A maior parte

das carcaças dos electrodomésticos são feitas a partir deste tipo poliestireno, tal como muitos

tubos de esgotos [9].

Aplicações

As aplicações do poliestireno são [11]:

• Brinquedos;

• Embalagens de protecção para aplicações industriais, farmacêuticas e comerciais;

• Embalagens promocionais;

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• Tanques de fermentação;

• Talheres descartáveis;

• Caixas de CDs e DVDs;

• Detectores de fumo;

• Armações de placas de matrículas;

• Placas de Petri;

• Tubos de testes.

4 – Acrilonitrilo- butadieno

O ABS é um polímero termoplástico. É um copolímero feito a partir da polimerização do

estireno e acrilonitrilo na presença de polibutadieno. As proporções podem variar de 15% a 35% de

acrilonitrilo, 5% a 30% de butadi

polibutadieno com ligações cruzadas com pequenas cadeias de poli(estireno

grupos de nitrilo das cadeias vizinhas, sendo polares, atraem

tornando o ABS mais forte que o poliestireno puro. O estireno dá ao plástico uma superfície brilhante

e impermeável. O butadieno, que é uma borracha, proporciona resiliência mesmo a baixas

temperaturas. Para a maioria das aplicações, o ABS pode ser utiliza

propriedades mecânicas variam com a temperatura. Para a produção de 1 Kg de ABS requer o

equivalente a cerca de 2 Kg de petróleo, quer para a matéria

A.8 está representada a estrutura quími

Propriedades

O ABS deriva do acrilonitrilo, butadieno e estireno. O acrilonitrilo é um monómero sintético

produzido a partir do propileno e amónia, o butadieno é um hidrocarboneto de petróleo, obtido a partir

do processo de ‘steam cracking’, o monómero de estireno é feito pela

benzeno, um hidrocarboneto obtido na reacção do etileno e benzeno. A vantagem do ABS é que este

material combina a força e a rigidez do acrilonitrilo e dos polímeros de estireno com a rigidez da

borracha do polibutadieno. As propriedades

a rigidez. Pode ser feita uma variedade de modificações para melhorar a resistência ao impacto, a

rigidez e a resistência ao calor. A resistência ao impacto pode ser amplificada através do aumento

das proporções de polibuadieno em relação ao estireno e o acrilonitrilo, embora isto cause mudanças

noutras propriedades. A resistência ao impacto não diminui rapidamente a baixas temperaturas. A

estabilidade quando sujeito a uma carga é excelente, sendo que a

plástico ABS ser amplamente utilizado com fins mecânicos, estes têm também boas propriedades

Figura

Tanques de fermentação;

Armações de placas de matrículas;

butadieno -estireno (ABS)

O ABS é um polímero termoplástico. É um copolímero feito a partir da polimerização do

estireno e acrilonitrilo na presença de polibutadieno. As proporções podem variar de 15% a 35% de

acrilonitrilo, 5% a 30% de butadieno e 40% a 60% de estireno. O resultado é uma cadeia longa de

polibutadieno com ligações cruzadas com pequenas cadeias de poli(estireno

grupos de nitrilo das cadeias vizinhas, sendo polares, atraem-se mutuamente ligam

tornando o ABS mais forte que o poliestireno puro. O estireno dá ao plástico uma superfície brilhante

e impermeável. O butadieno, que é uma borracha, proporciona resiliência mesmo a baixas

temperaturas. Para a maioria das aplicações, o ABS pode ser utilizado entre -

propriedades mecânicas variam com a temperatura. Para a produção de 1 Kg de ABS requer o

equivalente a cerca de 2 Kg de petróleo, quer para a matéria-prima como para a energia. Na

A.8 está representada a estrutura química do ABS.

crilonitrilo, butadieno e estireno. O acrilonitrilo é um monómero sintético

produzido a partir do propileno e amónia, o butadieno é um hidrocarboneto de petróleo, obtido a partir

do processo de ‘steam cracking’, o monómero de estireno é feito pela desidrog

benzeno, um hidrocarboneto obtido na reacção do etileno e benzeno. A vantagem do ABS é que este

material combina a força e a rigidez do acrilonitrilo e dos polímeros de estireno com a rigidez da

borracha do polibutadieno. As propriedades mecânicas mais importantes do ABS são a resistência e

a rigidez. Pode ser feita uma variedade de modificações para melhorar a resistência ao impacto, a

rigidez e a resistência ao calor. A resistência ao impacto pode ser amplificada através do aumento

proporções de polibuadieno em relação ao estireno e o acrilonitrilo, embora isto cause mudanças

noutras propriedades. A resistência ao impacto não diminui rapidamente a baixas temperaturas. A

estabilidade quando sujeito a uma carga é excelente, sendo que as cargas são limitadas. Apesar do

plástico ABS ser amplamente utilizado com fins mecânicos, estes têm também boas propriedades

Figura A.8: Estrutura química do ABS [2].

89

O ABS é um polímero termoplástico. É um copolímero feito a partir da polimerização do

estireno e acrilonitrilo na presença de polibutadieno. As proporções podem variar de 15% a 35% de

eno e 40% a 60% de estireno. O resultado é uma cadeia longa de

polibutadieno com ligações cruzadas com pequenas cadeias de poli(estireno-co-acrilonitrilo). Os

se mutuamente ligam-se às cadeias,

tornando o ABS mais forte que o poliestireno puro. O estireno dá ao plástico uma superfície brilhante

e impermeável. O butadieno, que é uma borracha, proporciona resiliência mesmo a baixas

-25 e 60 0C, as suas

propriedades mecânicas variam com a temperatura. Para a produção de 1 Kg de ABS requer o

prima como para a energia. Na figura

crilonitrilo, butadieno e estireno. O acrilonitrilo é um monómero sintético

produzido a partir do propileno e amónia, o butadieno é um hidrocarboneto de petróleo, obtido a partir

desidrogenação do etilo de

benzeno, um hidrocarboneto obtido na reacção do etileno e benzeno. A vantagem do ABS é que este

material combina a força e a rigidez do acrilonitrilo e dos polímeros de estireno com a rigidez da

mecânicas mais importantes do ABS são a resistência e

a rigidez. Pode ser feita uma variedade de modificações para melhorar a resistência ao impacto, a

rigidez e a resistência ao calor. A resistência ao impacto pode ser amplificada através do aumento

proporções de polibuadieno em relação ao estireno e o acrilonitrilo, embora isto cause mudanças

noutras propriedades. A resistência ao impacto não diminui rapidamente a baixas temperaturas. A

s cargas são limitadas. Apesar do

plástico ABS ser amplamente utilizado com fins mecânicos, estes têm também boas propriedades

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eléctricas que são praticamente constantes numa vasta gama de frequências. Estas propriedades

são pouco afectadas pela temperatur

temperatura de operação. As propriedades finais são influenciadas em certa medida pelas condições

de processamento para se obter o produto final, por exemplo, moldação a temperaturas elevadas, faz

aumentar o brilho e a resistência ao calor do que se fosse obtido por moldação a baixas

temperaturas. Os polímeros ABS são resistentes a ácidos aquosos, a acido clorídrico e fosfórico

alcalinos, álcoois, óleos vegetais e minerais, mas são inchados por ácido eta

carbono e carbonetos aromáticos e são atacados por ácidos sulfúricos e nítrico. Os polímeros ABS

são solúveis em esteres, cetonas e dicloretos de etileno. As características de envelhecimento do

ABS são largamente influenciadas pelo

composição. Por outro lado, enquanto que o custo de produção do ABS é sensivelmente o dobro do

custo de produção do poliestireno, o ABS é considerado superior pelas suas propriedades de dureza,

brilho resistência e isolamento eléctrico. O ABS é inflamável quando é exposto a altas temperaturas,

tal como a madeira [2].

Aplicações

O ABS tem as seguintes aplicações:

• Peças de automóveis;

• Malas de viagem;

• Brinquedos;

• Perfis extrudidos, tais como tubos e

5 – Polimetil- metacrilato (PMMA)

O polimetil-metacrilato (PMMA) é um polímero sintético obtido por polimerização do radical

livre de vinil a partir do monómero metil metacrilato. O PMMA é um termoplástico e é conhecido por

ser um polímero transparente.

inicialmente desenvolvido em 1928 e introduzido no mercado em 1933 pela companhia Alemã Rohm

and Haas (GmbH & Co. Kg). O PMMA é usualmente utilizado como uma alternativa ao vidro, e e

competição com o policarbonato (PC). É geralmente preferido devido às suas propriedades

moderadas, facilidade de manuseamento e processamento, baixo custo, contudo este apresenta

desvantagens no que toca ao seu comportamento frágil quando submetido a forç

produzir 1 Kg de PMMA, são precisos cerca de 2 Kg de petróleo. O PMMA entra em ignição a 460

e arde formando dióxido de carbono, água, monóxido de carbono e hidrocarbonetos de baixo peso

molecular incluindo o formaldeído. A sua estru

Figura

eléctricas que são praticamente constantes numa vasta gama de frequências. Estas propriedades

são pouco afectadas pela temperatura e humidade atmosférica, desde que dentro da gama de

temperatura de operação. As propriedades finais são influenciadas em certa medida pelas condições

de processamento para se obter o produto final, por exemplo, moldação a temperaturas elevadas, faz

tar o brilho e a resistência ao calor do que se fosse obtido por moldação a baixas

temperaturas. Os polímeros ABS são resistentes a ácidos aquosos, a acido clorídrico e fosfórico

alcalinos, álcoois, óleos vegetais e minerais, mas são inchados por ácido etanoico, tetracloreto de

carbono e carbonetos aromáticos e são atacados por ácidos sulfúricos e nítrico. Os polímeros ABS

são solúveis em esteres, cetonas e dicloretos de etileno. As características de envelhecimento do

ABS são largamente influenciadas pelo polibutadieno, e é normal incluir antioxidantes na sua

composição. Por outro lado, enquanto que o custo de produção do ABS é sensivelmente o dobro do

custo de produção do poliestireno, o ABS é considerado superior pelas suas propriedades de dureza,

resistência e isolamento eléctrico. O ABS é inflamável quando é exposto a altas temperaturas,

O ABS tem as seguintes aplicações:

Perfis extrudidos, tais como tubos e parafusos.

metacrilato (PMMA)

metacrilato (PMMA) é um polímero sintético obtido por polimerização do radical

livre de vinil a partir do monómero metil metacrilato. O PMMA é um termoplástico e é conhecido por

parente. Este polímero é designado vulgarmente por acrílico. O

inicialmente desenvolvido em 1928 e introduzido no mercado em 1933 pela companhia Alemã Rohm

O PMMA é usualmente utilizado como uma alternativa ao vidro, e e

competição com o policarbonato (PC). É geralmente preferido devido às suas propriedades

moderadas, facilidade de manuseamento e processamento, baixo custo, contudo este apresenta

desvantagens no que toca ao seu comportamento frágil quando submetido a forç

produzir 1 Kg de PMMA, são precisos cerca de 2 Kg de petróleo. O PMMA entra em ignição a 460

e arde formando dióxido de carbono, água, monóxido de carbono e hidrocarbonetos de baixo peso

molecular incluindo o formaldeído. A sua estrutura química está representada na figura A.9 [2].

Figura A.9: Estrutura química do PMMA [2].

90

eléctricas que são praticamente constantes numa vasta gama de frequências. Estas propriedades

a e humidade atmosférica, desde que dentro da gama de

temperatura de operação. As propriedades finais são influenciadas em certa medida pelas condições

de processamento para se obter o produto final, por exemplo, moldação a temperaturas elevadas, faz

tar o brilho e a resistência ao calor do que se fosse obtido por moldação a baixas

temperaturas. Os polímeros ABS são resistentes a ácidos aquosos, a acido clorídrico e fosfórico

noico, tetracloreto de

carbono e carbonetos aromáticos e são atacados por ácidos sulfúricos e nítrico. Os polímeros ABS

são solúveis em esteres, cetonas e dicloretos de etileno. As características de envelhecimento do

polibutadieno, e é normal incluir antioxidantes na sua

composição. Por outro lado, enquanto que o custo de produção do ABS é sensivelmente o dobro do

custo de produção do poliestireno, o ABS é considerado superior pelas suas propriedades de dureza,

resistência e isolamento eléctrico. O ABS é inflamável quando é exposto a altas temperaturas,

metacrilato (PMMA) é um polímero sintético obtido por polimerização do radical

livre de vinil a partir do monómero metil metacrilato. O PMMA é um termoplástico e é conhecido por

Este polímero é designado vulgarmente por acrílico. O PMMA foi

inicialmente desenvolvido em 1928 e introduzido no mercado em 1933 pela companhia Alemã Rohm

O PMMA é usualmente utilizado como uma alternativa ao vidro, e em

competição com o policarbonato (PC). É geralmente preferido devido às suas propriedades

moderadas, facilidade de manuseamento e processamento, baixo custo, contudo este apresenta

desvantagens no que toca ao seu comportamento frágil quando submetido a forças de impacto. Para

produzir 1 Kg de PMMA, são precisos cerca de 2 Kg de petróleo. O PMMA entra em ignição a 460 0C

e arde formando dióxido de carbono, água, monóxido de carbono e hidrocarbonetos de baixo peso

tura química está representada na figura A.9 [2].

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91

Processamento

O PMMA é tipicamente processado a 240 – 250 0C. Todos os processos de moldação podem

ser utilizados para o seu processamento, incluindo moldação por injecção, moldação por compressão

e extrusão. O PMMA pode ser endurecido com borracha para que o seu comportamento, quando

submetido a cargas, não seja tão frágil. O PMMA pode ser ligado com o cianoacrilato (super cola), a

quente (fusão) ou usando solventes como o clorofórmio. Os riscos podem ser facilmente removidos

através do polimento ou aquecendo a superfície do material. O corte por laser pode ser utilizado para

quando se quer obter designs complexos a partir de folhas de PMMA. O PMMA vaporiza-se (incluindo

os seus monómeros) durante o corte a laser, por isso o corte é sempre bastante limpo e preciso.

Neste respeito o PMMA tem uma clara vantagem em relação aos polímeros concorrentes, como é o

caso do poliestireno e do policarboneto, já que estes requerem uma maior potência e dão origem a

cortes mais “sujos” e imprecisos [2].

Propriedades

O PMMA:

• Tem uma densidade que varia entre 1,150 e 1,190 Kg/m3. O que é menos de metade da

densidade do vidro, e é semelhante às densidades dos outros plásticos.

• Tem uma boa resistência ao impacto, maior que a do vidro ou do poliestireno, mas

significantemente mais baixa do que a do policarbonato ou dos polímeros de engenharia. Na

maioria das aplicações, o PMMA não estilhaça, em vez disso parte-se em grandes bocados;

• É mais suave e mais fácil de riscar que o vidro. Contudo em certas aplicações são

adicionados revestimentos anti-risco;

• Transmite até 92% da luz visível (3 mm espessura), e reflecte cerca de 4% em cada uma das

superfícies devido ao índice de refracção, que vai de 1,4893 até 1,4899;

• Filtra luz ultravioleta com comprimentos de onda inferiores a 300 nm. Alguns fabricantes

adicionam revestimentos ou aditivos ao PMMA para aumentar a absorção para comprimentos

de onda até 400 nm;

• Permite a passagem de luz infravermelha com comprimentos de onda até 2800 nm, os

comprimentos de onda maiores, até 25000 nm são essencialmente bloqueados. Contudo,

existem formulações especiais de PMMA coloridos que permitem a luz infravermelha passar,

enquanto bloqueia a luz visível, é utilizado para controlos remotos e para sensores de calor.

• Tem uma excelente estabilidade ambiental quando comparado com outros plásticos, como o

policarbonato, e por isso é frequentemente utilizado para aplicações no exterior;

• Tem uma fraca resistência a solventes, já que este incha e dissolve-se facilmente. Este tem

também uma fraca resistência a muitos outros químicos, devido á sua fácil hidrólise quando

sujeito a ésteres [2].

Modificação de propriedades

O homopolímero PMMA puro é raramente vendido como produto final, visto que este não se

encontra optimizado para a maior parte das aplicações. Em vez disso, são adicionados aditivos e

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92

outros comonómeros para conferir ao material as propriedades requeridas em cada aplicação. Por

exemplo,

• uma pequena quantidade de comonómeros de acrilato é rotineiramente utilizada no PMMA

que se destinam a processamento a quente;

• comonómeros como o acrilato de butilo são frequentemente adicionados para aumentar a

resistência ao impacto.

• comonómeros como o acido metacrilato podem ser adicionados para aumentar a temperatura

de transição vítrea do polímero para temperaturas mais altas, para se utilizar em aplicações

de iluminação;

• plastificantes podem ser adicionados para melhorar as propriedades de processamento,

diminuir a temperatura de transição vítrea ou melhorar as propriedades quando sujeito ao

impacto;

• corantes podem ser adicionados para dar cor em aplicações decorativas, ou para proteger

(ou filtrar) luz ultravioleta;

• materiais de enchimento (fillers) podem ser adicionados para aumentar a relação custo-

eficácia.

Aplicações

O PMMA é utilizado como:

• Substituto do vidro para resistência ao impacto.

• O PMMA é frequentemente utilizado na construção residencial e comercial de aquários.

Os designers só começaram a construir grandes aquários quando o PMMA pôde ser

utilizado.

• O PMMA é utilizado nas lentes dos faróis dos automóveis;

• O visor dos capacetes dos motociclos;

• Os vidros dos veículos policiais para controlo de motins são substituídos com acrílico

para proteger os ocupantes de objectos atirados;

• Tecnologia médica e implantes.

• O PMMA tem um grau elevado de compatibilidade com o tecido humano, e pode ser utilizado

para substituir as lentes intra-oculares no olho quando as lentes originais são removidas no

tratamento das cataratas. As lentes de contacto também são feitas com o PMMA.

• As dentaduras são frequentemente feitas a partir de PMMA, e podem ser colorados

consoante a cor dos dentes do paciente. Na cirurgia cosmética são utilizadas micro esferas

de PMMA injectadas na pele para reduzir rugas ou cicatrizes.

• Aplicações artísticas e estéticas.

• A tinta acrílica consiste essencialmente em partículas de PMMA suspensas em água, mas

como o PMMA é hidrofóbico, uma substância com os dois grupos hidrofóbico e hidrofilico têm

de ser adicionados para facilitar a suspensão.

• Algumas pinturas podem ser feitas em superfícies de PMMA, por exemplo por Salvador Dalí;

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6 – Polioximetileno (POM)

O polioximetileno (POM) ou também conhecido como acetal é um plástico altamente cristalino

baseado na tecnologia de polimerização de formaldeído. Este polímero é considerado como um

polímero de engenharia. É forte, rígido e tem grande resistência ao calor e aos solventes. Este

material é usualmente utilizado como um substituto ao metal. São produzidos homopolímeros e

copolímeros a partir deste polímero. A sua estrutura química está representada na figura A.10 [2].

Síntese

Para fazer o homopolímero de polioximetileno, tem de ser gerado o formaldeído anidro. O

método principal para a formação do POM é realizado através da reacção do formaldeído aquoso

com álcool para criar o hemiacetal, e consequente desidratação do hemiacetal (por extracção ou

destilação a vácuo) para que o formaldeído seja libertado por aquecimento do hemiacetal. O

formaldeído é depois polimerizado por catalisação anódica e o polímero resultante é depois

estabilizado por reacção com o anídrico acético. Para fazer um copolímero de polioximetileno, o

formaldeído é geralmente convertido em trioxano. Isto é feito por catalisação ácida (com ácido

sulfúrico ou por ion exchange resins) e consequente remoção do trioxano por destilação ou

extracção. O trioxano é depois seco para remover toda a água e outras impurezas que contenham

hidrogénio. O comonómero é tipicamente o dioxolano, mas o óxido de etileno pode também ser

utilizado. O dioxolano é formado pela reacção do etilenoglicol a partir do formaldeído com um ácido

catalisador. Podem ser também utilizados outros ‘diols’. O trioxano e o dioxolano são polimerizados

utilizando um ácido catalisador, frequentemente é utilizado o trifluorido de boro. A polimerização pode

ocorrer num solvente não polar ou em fusão. Depois da polimerização o ácido catalisador deve ser

desactivado e o polímero estabilizado através de calor [2].

Propriedades

As vantagens deste polímero são:

• Resistência química;

• A muito baixa absorção de água;

• Resistência à hidrólise através de bases;

As desvantagens são:

• Baixa força de impacto;

• Baixa temperatura de fusão;

• Maior rigidez que os Nylons;

• Expansão térmica muito elevada, tornando este polímero impróprio para algumas aplicações

de engenharia;

Este polímero partilha algumas características com outros polímeros sintéticos, tais como a

baixa densidade (1,4 – 1,5 g/cm3), a facilidade de moldagem quando o peso molecular é baixo o

Figura A.10: Estrutura química do POM [2].

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suficiente. É um polímero semi-cristalino (75-85% cristalinidade) com um ponto de fusão de 1750 C

como homopolímero. A versão de copolímero tem um ponto de fusão de 1630 C. É um material

resistente com um baixo coeficiente de atrito. Contudo, é susceptível a degradação por catalisação a

partir de ácidos, razão pela qual ambos os polímeros são estabilizados. No caso do homopolímero,

os grupos finais das cadeias são resistentes à despolimerização. No caso dos copolímeros, a

segunda unidade é um éter cíclico que resiste à clivagem na cadeia. É também sensível à oxidação,

e normalmente é adicionado um anti-oxidante aos materiais que serão processados por moldação [2].

Aplicações

As aplicações do POM são [2]:

• Automóveis: o sistema de combustível, componentes do cinto de segurança, sistema de

direcção, suportes das janelas e puxadores.

• Canalizações: chuveiros, cartuchos de torneiras e vários acessórios.

• Outras: brinquedos, pulverizadores de jardim, peças de cassetes stéreo, partes de

isqueiros de butano, fecho-ecler e componentes de telefones.

7 – Politereftalato de etileno (PET)

O politereflato de etileno (PET) é um polímero termoplástico da família dos poliésteres e é

utilizado em fibras sintéticas, embalagens de comida e bebidas, aplicações de termoformagem e

aplicações de engenharia mas em combinação com fibra de vidro. Dependendo do seu historial de

processamento e térmico, o PET tanto pode ser um material amorfo (transparente) como semi-

cristalino. O material semi-cristalino poderá parecer transparente (esferólitos <500 nm) ou opaco e

branco (esferólitos até à dimensão de alguns µm) dependendo na sua estrutura cristalina e tamanhos

dos esferólitos. O seu monómero (bis-hidroxitereflalato) pode ser sintetizado através de uma reacção

de esterificação entre o ácido tereftálico e o etilenoglicol com água, como um subproduto, ou por uma

reacção de transesterificação entre o etilenoglicol e o dimetil de teraflatato, com metanol como um

subproduto. A polimerização faz-se através de uma reacção de poli condensação dos monómeros,

com o etilenoglicol como subproduto.

A maioria da produção mundial de PET destina-se à produção de fibras sintéticas, com cerca

de 60%, a produção de garrafas corresponde a cerca de 30% do PET produzido.

O PET consiste em unidades polimerizadas do monómero etileno de teraflalato. O PET

contém os seguintes elementos químicos: carbono, hidrogénio e oxigénio. Quando completamente

queimado produz apenas dióxido de carbono (CO2) e água (H2O). A estrutura química do PET está

representada na figura A.11 [2].

Secagem

O PET é higroscópico, o que significa que absorve naturalmente a água da sua vizinhança.

Contudo, quando este PET “húmido” é aquecido, a água hidrolisa o PET, diminuindo a sua resiliência.

Figura A.11: Estrutura química do PET [2].

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Isto significa que antes de a resina ser processada na máquina de injecção, deve ser retirada desta, o

máximo de humidade possível. Isto é conseguido através da utilização de um dessecante ou

secadores antes de o PET ser introduzido no equipamento de transformação. Dentro do secador, o ar

seco quente é bombeado para o fundo da tremonha que contem a resina, para que ela flua através

dos pellets, removendo a humidade no seu caminho. O ar húmido quente deixa o topo da tremonha e

vai para um pós-arrefecedor, isto porque é mais fácil retirar a humidade a partir de ar frio do que de ar

quente. O ar quente húmido resultante é depois passado por um dessecante. Finalmente o ar frio que

deixa o dessecante é reaquecido por um processo de aquecimento e é enviado de volta através do

mesmo processo num ciclo fechado. Tipicamente os níveis residuais de humidade na resina devem

de ser menores que 5 partes por milhão (partes de agua por milhões de partes de resina, através do

peso) antes do processamento. O tempo de secagem não deve de ser inferior a 4 horas, visto que se

for inferior a 4 horas a temperatura requerida teria de ser superior a 160 0C, o que levaria a que a

hidrólise tivesse inicio dentro dos pellets antes que estes pudessem ser secos. O PET pode também

ser seco em secadores de resinas de ar comprimido. Secadores de ar comprimido não reutilizam o ar

seco. O ar seco comprimido quente circula através dos pellets de PET como no secador dessecante,

depois é libertado na atmosfera [2].

Copolímeros

Além do PET puro (homopolímero), também existe PET copolimerizado. Em alguns casos, as

propriedades modificadas dos copolímeros são mais desejadas para uma aplicação em particular.

Por exemplo, o cyclohexane dimethanol (CHDM) pode ser adicionado no polímero no lugar do

etilenoglicol. No entanto, devido ao facto do seu bloco ser muito maior (6 átomos de carbono

adicionais) que a unidade de etilenoglicol que ele substitui, ele não se encaixa nas cadeias vizinhas

da mesma maneira que o etilenoglicol. Isto interfere sobretudo com a cristalização e diminui a

temperatura de fusão do polímero. Este polímero é conhecido como PETG. O PETG é um

termoplástico amorfo que pode ser injectado ou extrudido. Pode também ser colorido durante o

processamento. Outro modificador comum é o ácido isoftálico, para substituir algumas unidades de

tereflalato. Este composto causa alguns distúrbios na cristalização do polímero. Estes copolímeros

têm vantagens em certas operações de moldação, tais como a termoformagem, que é utilizada por

exemplo para fazer bandejas ou embalagens a partir de filmes de PETG ou folhas de PETG. Por

outro lado, a cristalização é importante noutras aplicações onde a estabilidade mecânica e

dimensional é importante, tal como em cintos de segurança. Para garrafas feitas a partir de PET, o

uso de pequenas quantidades de CHDM ou outro comonómero pode ser útil, mas só mesmo em

pequenas quantidades para que a cristalização se dê mais devagar e não a impeça totalmente. Como

resultado, as garrafas obtidas através de moldação por sopro são claras e cristalinas o suficiente para

barrar os aromas e mesmo os gases, como o dióxido de carbono nas bebidas gaseificadas [2].

Degradação

O PET está sujeito a vários tipos de degradação durante o processamento. As principais

degradações que podem ocorrer são devidas às oxidações hidroliticas, térmicas e mais importante as

térmicas. Quando o PET se degrada, algumas coisas acontecem: descoloração, cortes nas cadeias

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devido ao reduzido peso molecular, formação de acetaldeído e a formação de ligações cruzadas. A

descoloração é devida à formação de vários sistemas cromofóricos devido a prolongados tratamentos

térmicos a temperaturas elevadas. Isto torna-se um problema quando os requerimentos ópticos do

polímero são muitos elevados, tais como aplicações em embalagens. O acetaldeido é normalmente

um líquido sem cor e com um aroma frutado. Este forma-se naturalmente nos frutos, mas pode

causar alteração do sabor em garrafas de água. Altas temperaturas (PET decompõe-se acima dos

300 0C), altas pressões e elevadas velocidades da extrusora (fluxos de corte elevados elevam a

temperatura), todos esses factores contribuem para a produção de acetaldeído. Quando o

acetaldeído é produzido, alguma dessa substância fica dissolvida nas paredes do recipiente e depois

difunde-se para o produto armazenado no seu interior, alterando o sabor e o aroma. Isto não é um

problema para produtos não consumíveis (como o champô), para sumos de fruto (que já contêm

acetaldeído) ou para bebidas com sabores fortes (como os refrigerantes). A degradação térmica e

termo oxidativa fazem com que o material tenha más características de processamento e

desempenho do material. Uma maneira de contornar este problema é utilizar Copolímeros.

Comonómeros como o CHDM ou o ácido isoftalico, baixam a temperatura de fusão e reduzem o nível

de cristalização do PET (especialmente importante quando o material utilizado é utilizado para a

fabricação de garrafas). Assim a resina pode ser transformada plasticamente a temperaturas mais

baixas e com menor força. Isto ajuda a prevenir a degradação, reduzindo o teor de acetaldeído do

produto final a níveis aceitáveis. Outra maneira de melhorar a estabilidade de um polímero é através

da utilização de estabilizadores, sobretudo antioxidantes como os fosfitos. Recentemente, a

estabilização a nível molecular utilizando químicos nano estruturados tornou-se também uma

realidade.

Aplicações

As aplicações do PET são [12]:

• Fibras e fitas para tecidos especiais, relvados artificiais e estofos;

• Filmes para cassetes de vídeo e de áudio e isolamento eléctrico;

• Como material de multi camadas com papel ou poliestireno;

• Para embalagens;

• Garrafas para quase todo o tipo de bebidas;

• Artigos obtidos da moldação por injecção com baixa fricção e abrasão para aplicações

técnicas como cilindros, rodas, interruptores, peças para bombas, válvulas e componentes de

telefones.

Referências:

[1] Scott, Gerald. Polymers and the environment. The Royal Society of Chemistry. 1999.

[2] http://en.wikipedia.org

[3] http://scifun.chem.wisc.edu/CHEMWEEK/POLYMERS/Polymers.html

[4] http://openlearn.open.ac.uk/course/view.php?id=2937&topic=all

[5] Tecnologia do PVC, 2ª Edição, BRASKEM

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[6] http://www.institutodopvc.org

[7] Esquadrias de PVC, BRASKEM

[8] http://www.pvc.org

[9] http://www.pslc.ws/mactest/index.htm

[10] http://www.acepe.pt

[11] http://www.emachineshop.com

[12] http://www.plasfed.co.za/downloads/PET%20info.pdf

Anexo 2 – Exemplo da aplicação da metodologia MAUA

O objectivo deste exemplo é demonstrar como este método funciona, sendo explicados todos

os passos que têm de ser seguidos para a implementação deste método. Este exemplo divide-se em

5 passos, que vão desde a identificação dos atributos até à medição da utilidade. Serão utilizados

apenas dois atributos neste exemplo devido à complexidade inerente a este método quando se

utilizam mais de dois atributos [1].

1º Passo: Identificar os valores máximos e mínimos dos atributos

Os atributos deste exemplo são: a segurança (X1) e o lucro (X2). O valor mínimo da

segurança é 0 e o valor máximo é 5. Quanto ao lucro o valor mínimo é 0 e o valor máximo é 300.

Assim temos:

X1 = Segurança; X2 = Lucro

X1* = 0; X1* = 5

X2* = 0; X2* = 300

2º Passo: Representação gráfica dos atributos

Na figura A.12 podem-se visualizar numa forma gráfica os valores que os atributos podem

tomar.

Figura A.12: Representação gráfica dos valores dos atributos [1].

Em que a utilidade em U(0,0) = 0; U(5,300) = 1.

3º Passo: Percentagem de indiferença entre os atrib utos

Neste passo consiste na identificação das percentagens de indiferença. Este passo é

normalmente feito com auxílio de questionários. Na figura A.13 estão representadas as percentagens

de indiferença

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4º Passo: Percentagem de indiferença dos atributos

Na figura A.14 verifica-se como a varia a percentagem de indiferença em relação aos

atributos. No caso da segurança a percentagem escolhida foi de 0,5 designada de k1 para uma

segurança de 3. Para o lucro a percentagem escolhida foi de 0,6 para 100 designada de K2.

5º Passo: Avaliação das utilidades

Na figura A.15 estão representados alguns pontos onde se pode medir a utilidade.

As utilidades nos pontos da figura A.15 são calculadas da seguinte forma:

Referências: [1] Acetatos de Dynamic Strategic Planning; Multiattribute Utility; MIT; Neufville, Richard de; Clark,

Joel; Field, Frank R.

52,0)56,0(5,024,0)45,0(6,025,0

)()(

70,0)4,01(5,04,0)(

80,0)5,01(6,05,0)(

24,0)04,0(6,00)(

25,0)05,0(5,00)(

12

*1

*2

*2*

*1*

=+=+⇔⇔−+=−+=

=−+=−+=

=−+=−+=

=−+=−+==−+=−+=

UBUCKUBUAUDKUAUE

KUKKUD

KUKKUC

UKKUUB

UKKUUA

pp

ss

p

s

Figura A.13: Percentagens de indiferença [1].

Figura A.14: Percentagem de indiferença dos atributos [1].

Figura A.15: Pontos para a medição da utilidade [1].

(Equação A.1 – Medição das utilidades)

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Anexo 3 – Questionário

1ª Parte:

1.1) Se tivesse a possibilidade de comprar já uma mola da roupa a 1€ ou pudesse esperar por

amanhã e ter uma probabilidade de 10% de conseguir uma mola a 0,5€ e 90% de conseguir

uma a 2,45€, o que escolhia? (variar as probabilidades até ser até que a pessoa comece a

ficar indecisa)

1.2) Se tivesse a possibilidade de comprar uma mola da roupa com um material que tivesse um

impacto ambiental médio ou pudesse esperar por amanhã e ter uma probabilidade de 10% de

conseguir uma mola da roupa com um material que tivesse um impacto ambiental muito baixo

e 90% de conseguir uma com um material que tivesse um impacto ambiental muito alto, o

que escolhia? (variar as probabilidades até ser até que a pessoa comece a ficar indecisa)

1.3) Se tivesse a possibilidade de comprar uma mola da roupa com um material com uma

qualidade média ou pudesse esperar por amanhã e ter uma probabilidade de 10% de

conseguir uma mola da roupa com um material com uma qualidade muito má e 90% de

conseguir uma com um material com uma qualidade muito boa, o que escolhia? (variar as

probabilidades até ser até que a pessoa comece a ficar indecisa)

2ª Parte:

2.1) Se tivesse a possibilidade de comprar uma mola da roupa a 0,60€ mas com um material com

um impacto ambiental muito alto e com uma qualidade muito baixa ou pudesse esperar por

amanhã e ter uma probabilidade de 10% de conseguir uma mola da roupa à mesma a 0,60€

mas com um material que tenha um impacto ambiental baixa e uma qualidade muito boa e

p=?%

(1-p)% PF

P1

P2

p=?%

(1-p)% EI’99 F

EI’99 1

EI’99 2

Q F

Q 1

Q 2 (1-p)%

p=?%

Figura A.16: Distribuição das probabilidades para o preço de mercado.

Figura A.17: Distribuição das probabilidades para o impacto ambiental.

Figura A.18: Distribuição das probabilidades para a qualidade.

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100

90% de conseguir uma mola a 2,45€ de um material com um impacto ambiental muito mau e

com uma qualidade também muito má, o que escolhia? (variar as probabilidades até ser até

que a pessoa comece a ficar indecisa)

2.2) Se tivesse a possibilidade de comprar uma mola da roupa a 2,45€ mas com um material com

um impacto ambiental muito baixo e com uma qualidade muito má ou pudesse esperar por

amanhã e ter uma probabilidade de 10% de conseguir uma mola da roupa a 0,60€ mas com

um material que tenha um impacto ambiental baixo e uma qualidade muito boa e 90% de

conseguir uma mola a 2,45€ de um material com um impacto ambiental muito mau e com

uma qualidade também muito má, o que escolhia? (variar as probabilidades até ser até que a

pessoa comece a ficar indecisa)

2.3) Se tivesse a possibilidade de comprar uma mola da roupa a 2,45€ mas com um material com

um impacto ambiental muito baixo e com uma qualidade muito boa ou pudesse esperar por

amanhã e ter uma probabilidade de 10% de conseguir uma mola da roupa a 0,60€ mas com

um material que tenha um impacto ambiental baixo e uma qualidade muito boa e 90% de

conseguir uma mola a 2,45€ de um material com um impacto ambiental muito mau e com

uma qualidade também muito má, o que escolhia? (variar as probabilidades até ser até que a

pessoa comece a ficar indecisa)

(P1, EI’99 2, Q2)

(P1, EI’99 1, Q 1)

(P2, EI’99 2, Q2) (1-p)%

p=?%

(P2, EI’99 1, Q2)

(P1, EI’99 1, Q 1)

(P2, EI’99 2, Q2) (1-p)%

p=?%

(P2, EI’99 2, Q1)

(P1, EI’99 1, Q 1)

(P2, EI’99 2, Q2) (1-p)%

p=?%

Figura A.19: Distribuição das probabilidades para um preço muito bom, um impacto ambiental muito mau e uma qualidade muito má.

Figura A.20: Distribuição das probabilidades para um preço muito mau, um impacto ambiental muito bom e uma qualidade muito má.

Figura A.21: Distribuição das probabilidades para um preço muito mau, um impacto ambiental muito mau e uma qualidade muito boa.