18

Shekinah o sopro da crença

Embed Size (px)

DESCRIPTION

UMA VIAGEM INESQUECÍVEL... DE SURPRESAS E MENSAGENS DIVINAS John é um antropólogo canadense radicado em Toronto, que, após a morte de seus pais, passa por uma experiência mística e o leva a aceitar um estudo de três anos na região do Xingu, no Brasil. Depois de ganhar fama, divulgando sua importante pesquisa por todo o mundo, ele conhece Lilly, uma linda estudante que muda o rumo de sua vida. Juntos, embarcam em uma viagem repleta de coincidências e personagens inusitados. Partindo de Belo Horizonte a Paris, passando pelo sul da França e pela Toscana, Itália, eles irão experimentar os dias mais intensos de suas vidas. Serão testados na fé, na confiança no invisível; à procura por Deus, através do sopro suave da crença.

Citation preview

Page 1: Shekinah o sopro da crença
Page 2: Shekinah o sopro da crença

O sopro da crençaSHEKINAH

Shekinah_O sopro da crenca.indd 1 21.06.13 12:13:53

Page 3: Shekinah o sopro da crença

Shekinah_O sopro da crenca.indd 2 21.06.13 12:13:53

Page 4: Shekinah o sopro da crença

Luciano Gouvea

4º CapaCapa

coleção novos talentos da literatura brasileira

são Paulo, 2013

O sopro da crençaSHEKINAH

Shekinah_O sopro da crenca.indd 3 21.06.13 12:13:53

Page 5: Shekinah o sopro da crença

coordenação editoral Nair Ferraz

diaGramação Célia Rosa

caPa Monalisa Morato

PreParação Rita Costa

revisão Laura Vecchioli

Copyright © 2013 by Luciano Gouvea

2013

IMPRESSO NO BRASIL

PRINTED IN BRAZIL

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À

NOVO SÉCULO EDITORA LTDA.

CEA – Centro Empresarial Araguaia II

Alameda Araguaia, 2190 11º Andar

Bloco A – Conjunto 1111

CEP 06455-000 – Alphaville – SP

Tel. (11) 3699-7107 – Fax (11) 3699-7323

www.novoseculo.com.br

[email protected]

Shekinah_O sopro da crenca.indd 4 21.06.13 12:13:54

Page 6: Shekinah o sopro da crença

a minha família, esPecialmente a minha esPosa

fábia; minha filha Júlia Pelo carinho, Paciência e

insPiração. a minha querida mãe esPiritual maria

helena c. catunda Por refletir insistentemente

o amor de deus e Por me mostrar o caminho.

Shekinah_O sopro da crenca.indd 5 21.06.13 12:13:54

Page 7: Shekinah o sopro da crença

Shekinah_O sopro da crenca.indd 6 21.06.13 12:13:54

Page 8: Shekinah o sopro da crença

“onde não tiver amor, Ponha amor e tirará amor.”

(são João da cruz)

Shekinah_O sopro da crenca.indd 7 21.06.13 12:13:54

Page 9: Shekinah o sopro da crença

Shekinah_O sopro da crenca.indd 8 21.06.13 12:13:54

Page 10: Shekinah o sopro da crença

9

PREFÁCIO

Luciano pediu-me que prefaciasse seu livro. Somente a esti-

ma e a admiração recíprocas que nos unem podem justificar tal

pedido. Por isso mesmo procurarei ser isenta.

Foi, saboreando num crescendo de interesse, que li estas pá-

ginas reveladoras de um espírito maduro na apreciação dos

fenômenos da vida. Uma ficção em cima do real. Não de um

realismo chulo; mas aquele sugerido pelo cotidiano em seus as-

pectos superiores. É, portanto, um romance sério. Eu poderia

dizer místico. Isto porque o autor não se propôs a escrever uma

história apenas para atender ao gosto de ler. Ele acredita que po-

demos descobrir, em cada momento, o sentido verdadeiro das

relações humanas como caminho para o transcendente.

A linguagem é correta e clara. O enredo cresce a cada capí-

tulo. O leitor se sente atraído e preso. Ao mesmo tempo, dá-se

conta de ser convidado a um contato com o verdadeiro sentido

da existência. Isto salta do comportamento dos personagens; es-

pecialmente do protagonista.

Nesta época em que o homem desesperançado, mas coerente,

recorre aos valores espirituais – porém o faz de maneira ina-

Shekinah_O sopro da crenca.indd 9 21.06.13 12:13:54

Page 11: Shekinah o sopro da crença

10

dequada –, o romance de Luciano oferece respostas positivas.

Não se trata aqui de um enredo pelo enredo. Resultam destas

páginas, em dinamismo variado e rico, quadros espaciais, cores

e atitudes inéditas. O leitor passeia pela Europa com o protago-

nista. Com ele, vai conhecendo ou rememorando a História do

Velho Mundo, enquanto aprende a viver.

Ao final, o leitor não terá entre as mãos um livro a mais. Hão

de ficar em seu espírito um questionamento e uma esperança.

Um vento suave há de beijar-lhe o rosto. Verá que a vida é bela.

E vale a pena!

Maria Helena Carneiro Catunda

Shekinah_O sopro da crenca.indd 10 21.06.13 12:13:54

Page 12: Shekinah o sopro da crença

11

1

John Phillip Moore nasceu em Ottawa, capi-tal do Canadá, em 18 de outubro de 1980. Aos vinte anos,

graduou-se em Antropologia na Universidade de Toronto,

onde logo fez seu mestrado e doutorado. O foco dos seus es-

tudos foram as manifestações religiosas nas diversas culturas,

com ênfase nas comunidades indígenas. Tornou-se, aos vin-

te e cinco anos, um dos professores mais novos da Universidade.

No início do ano de 2007, ele estava fascinado pelas pesquisas

de Karl Von Den Steinen, pelos devaneios de Perci Fawcett e sua ci-

dade perdida e pela sensibilidade e estudos dos irmãos Villas-Bôas.

O primeiro contato com as anotações de Orlando Villas-Bôas e

sua dedicação para com os indígenas deixou-o ávido por algu-

ma experiência que o transportasse para fora das salas de aulas.

Lera tudo o que havia sido traduzido para o inglês e respeitava

muito o zelo com que os irmãos tratavam a questão, inclusi-

ve quando assumiam seus erros no processo de interação com

aqueles povos. Os heróis imperfeitos povoavam os sonhos de

estudar as complexas relações indígenas, em especial quanto

aos aspectos religiosos. Ainda naquele ano, e com o apoio de

Shekinah_O sopro da crenca.indd 11 21.06.13 12:13:54

Page 13: Shekinah o sopro da crença

12

sua Universidade, ele idealizou um projeto de pesquisa que iria

obrigá-lo a passar um bom tempo estudando as tribos que fa-

zem parte do Parque Indígena do Xingu, localizado no estado

do Mato Grosso, no sul da Amazônia brasileira. Naquele local,

criado pelos Villas-Bôas durante a expedição Roncador-Xingu e

com apoio do antropólogo Darcy Ribeiro, do Marechal Rondon

e do sanitarista Noel Nutels, vivem mais de cinco mil indígenas

de quatorze etnias diferentes, divididas em quatro grandes fa-

mílias. Um incomensurável material para o seu estudo.

John foi morar na região, que ainda hoje tem uma estrutura

rústica e praticamente nenhum conforto. Instalou-se em uma

pequena casa de alvenaria, de três cômodos, com tijolos à vista

pintados grosseiramente de amarelo ocre. No piso, um cimento

liso pintado em vermelho; e havia telas nas janelas para afas-

tar a fúria dos mosquitos, além de um teto improvisado que

o fazia tremer de medo a cada chuva. Foi nesse ambiente que

ele aprendeu a se comunicar com os índios e a falar a língua

portuguesa, que conseguiu estudar com alguns professores que

trabalhavam na área lecionando para as comunidades. Também

precisava reportar ao governo brasileiro todos os dados coleta-

dos, como parte de um acordo firmado. Além disso, era neces-

sário negociar os limites das incursões nas tribos diretamente

com a Funai – Fundação Nacional do Índio, órgão que tem por

obrigação constitucional proteger o bem-estar daqueles povos.

John tinha um tempo de convivência limitado e deveria, por

lei, interferir minimamente no dia a dia das comunidades. Em

pouco mais de seis meses ele já se virava bem com o português,

que logo no início havia achado bastante complicado.

Três anos, mais de seiscentas páginas de tese e uma malária

depois, John retornou a sua terra natal. Um pouco mais corado

de sol e com vários quilos a menos, era visível seu sofrimento

Shekinah_O sopro da crenca.indd 12 21.06.13 12:13:55

Page 14: Shekinah o sopro da crença

13

com a precariedade do lugar, mas mesmo assim ele havia cumpri-

do o dever para o qual se propôs. O seu trabalho de pós-doutora-

do foi aclamado na Universidade de Toronto e não ficou restrito

aos limites canadenses. Logo teve que apresentá-lo também nos

Estados Unidos, na Inglaterra, na Austrália e em alguns outros

países da Europa, como França e Alemanha. Não faltaram con-

vites. Suas palestras eram sinceras e carregadas de emoção. Com

a voz grave e segura, ele dizia com eloquência suas breves, mas

intensas, interações e ressaltava, posto que era o objeto de seu

trabalho, o pensamento e a forma de expressão religiosa nas

culturas indígenas.

As apresentações fluíam de maneira leve e, mesmo tendo que

repeti-las diversas vezes, não o fazia de forma penosa. A plateia

podia sentir o sorriso na sua voz enquanto discursava. Era pra-

zeroso ouvi-lo.

Informalmente, John se referia àquele período como “a expe-

riência de sua vida”. Falando sobre o assunto era impossível não

notar um brilho nostálgico em seus olhos pequenos e negros,

que são um pouco incomuns na sua terra natal.

Shekinah_O sopro da crenca.indd 13 21.06.13 12:13:55

Page 15: Shekinah o sopro da crença

Shekinah_O sopro da crenca.indd 14 21.06.13 12:13:55

Page 16: Shekinah o sopro da crença

15

2

John Phillip Moore é um homem bonito, de traços finos e rosto ligeiramente quadrado. É relativamen-

te alto e nunca esteve acima de seu peso normal. Tem a pele

branca, mas não aquele branco de se ver as veias por debaixo

da pele; um branco saudável, quase corado. No Xingu, ficava

às vezes com o rosto hirsuto, que o incomodava muito. Por-

tanto, aprendeu, além de aparar a barba, a cortar seu próprio

cabelo, com certa habilidade.

Mas, acima do aspecto estético, John carrega consigo as mar-

cas das suas experiências, as quais viveu com humildade e sa-

bedoria. Isso imprimiu-lhe uma profundidade rara e difícil de

se ver em alguém da sua idade. Ele é avesso às relações superfi-

ciais e fica perplexo quando vê que, hoje em dia, tem gente que

prefere fazer amigos virtuais. Procura realmente conhecer as

pessoas e assim tocar seu íntimo. Isso lhe conferiu certo mag-

netismo, que torna dura a tarefa de querer ir embora quando

ele começa um bom papo. É alguém para quem se quer contar

tudo e se espera sempre algo de positivo. Não fala nada por

falar, quer dar sentido às palavras, procura escolhê-las com cui-

Shekinah_O sopro da crenca.indd 15 21.06.13 12:13:55

Page 17: Shekinah o sopro da crença

16

dado e valorizá-las; não as joga ao vento. Cada um é único para

ele. Faz questão que se sintam assim ao seu lado.

Em 2011 foi convidado a falar sobre sua tese no Brasil. O país,

sede de sua pesquisa, foi o último a convidá-lo para apresentar

seus resultados. Naquele ano, logo após o Carnaval, data na qual

o ano começa para muitos brasileiros, ele enfim ministrou sua

palestra no auditório da Faculdade de Letras e Ciências Huma-

nas da USP, em São Paulo, capital. Sempre muito profissional,

John proferia seu discurso como sempre o fez, com naturalida-

de e paixão. O auditório era pequeno, de maneira que ele conse-

guia enxergar todos com certa facilidade. Mas John não contava

que um par de olhos cor de mel o deixaria distraído e, por mais

que tentasse, não conseguiria deixar de olhá-los. Ela estava na

segunda fila e tinha uma beleza natural, quase tímida.

A garota era Lilly Giulliacci de Sousa, filha de José Alves de

Sousa, professor de História; e de Ana Morris Giulliacci. Uma

enfermeira inglesa que trabalhava temporariamente em Belo

Horizonte, por dois anos, como parte de um intercâmbio pro-

fissional entre uma Universidade inglesa, outra instituição de

caridade brasileira. A mãe faleceu no momento do parto por

eclampsia, doença grave de origem ainda desconhecida. A fa-

mília inglesa, decepcionada com a gravidez de Ana, não quis

saber da criança e a deixou no Brasil, como se ela nunca tivesse

existido. José teria que criá-la sozinho. Ele trabalhava em duas

escolas para sustentar sua única filha e ainda precisava supor-

tar a dor da perda precoce da esposa amada. Nas poucas horas

vagas, recolhia-se a um quartinho da casa, que era uma oficina

improvisada. Ali, talhava, em madeira, pequenos objetos de ar-

tesanato, que, embora ligeiramente grosseiros, tinham uma sin-

ceridade cativante. Lilly se virava para trabalhar e estudar com

o pouco que ganhava e com a pequena ajuda do pai. Tinha 26

Shekinah_O sopro da crenca.indd 16 21.06.13 12:13:55

Page 18: Shekinah o sopro da crença

17

anos quando foi convidada pela UFMG (Universidade Federal

de Minas Gerais) para ir a São Paulo em um ciclo de palestras de

professores estrangeiros convidados. Ela era um pouco magra,

de estatura mediana e cabelos pretos levemente ondulados, que

se alongavam até o meio das costas. Tinha um rosto pequeno,

fino e bastante delicado, que herdou da sua mãe, mas era pers-

picaz e direta, assim como o pai.

Shekinah_O sopro da crenca.indd 17 21.06.13 12:13:55