12
FALE COM EFICÁCIA Por Dale Carnegie By Dale Carnegie This booklet reveals the secrets of effective speaking that it took me over 40 years to discover. I have tried to tell you these secrets sim- ply and clearly and to illustrate them vividly. I urge you to carry this booklet with you and to read it at least three times next week. Read it; study it; underscore the vital parts. Copyright © 2008 Dale Carnegie & Associates, Inc. All rights reserved. Parte Um: Falar em Público Uma Forma Fácil e Rápida

Speaking effectively br

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Speaking effectively br

1

FALE COM EFICÁCIA Por Dale Carnegie

By Dale CarnegieThis booklet reveals the secrets of effective speaking that it took me over 40 years to discover. I have tried to tell you these secrets sim-ply and clearly and to illustrate them vividly. I urge you to carry this booklet with you and to read it at least three times next week. Read it; study it; underscore the vital parts.

Copyright © 2008 Dale Carnegie & Associates, Inc. All rights reserved.

Parte Um: Falar em Público Uma Forma Fácil e Rápida

Page 2: Speaking effectively br

2

PARTE UM: FALAR EM PúbLICO – UMA FORMA FÁCIL E RÁPIDA

Pode estar a perguntar para si mesmo: “Existe realmente alguma forma rápida e fácil para falar em público – ou isso é meramente mais um artigo que promete mais do que realmente concretiza?”

Não, não estou a exagerar. Vou realmente deixá-lo entrar no segredo vital – um segredo que tornará fácil para si falar em público imediatamente. Onde descobri isso? Em algum livro? Não. Em algum curso de falar em público? Não. Nem sequer mencionei isso. Descobri da pior forma – gradual, lenta e penosamente.

Se, voltasse ao tempo da faculdade e alguém me desse esta passagem para falar e escrever com eficácia teria salvo anos e anos de cansaço e esforços

desgastantes. Por exemplo, uma vez escrevi um livro sobre Lincoln; e enquanto o escrevi, desperdicei pelo menos 1 ano de esforço que poderia ter sido poupado se tivesse conhecido os segredos que vou divulgar.

O mesmo aconteceu quando perdi dois anos da minha vida a tentar escrever uma peça.

O mesmo aconteceu enquanto estava a escrever um livro de falar em público – mais um ano de esforços desperdiçado porque não tinha conhecimento dos segredos do sucesso de escrever e falar.

Page 3: Speaking effectively br

3

Que segredos preciosos são esses que tenho andado a oscilar diante dos seus olhos? Apenas isto: fale sobre algo que ganhou o direito de falar através de um estudo ou experiência. Fale sobre algo que conhece e que sabe. Não perca dez minutos ou dez horas a preparar um discurso: perca dez semanas ou dez meses. Ou melhor, perca dez anos.

Fale sobre algo que tenha despertado o seu interesse. Fale sobre algo que deseje profundamente comunicar para o seu público.

Para ilustrar o que quero dizer, vamos pegar no caso de Gay Kellog, uma dona de casa de Roselle, New Jersey. Kellog nunca discursou em público antes de participar numa das nossas turmas em Nova Iorque. Ela estava apavorada, tinha medo, achava que falar em público era uma arte obscura, que ia para além das suas capacidades. No entanto, na quarta sessão do curso discursou, de improviso quando lhe pedi para falar sobre “a maior mágoa da minha vida”. O público ficou encantado. Fez uma apresentação profundamente emocionante. Os ouvintes mal podiam conter as lágrimas. Eu sei. Eu mal conseguia manter as lágrimas. A apresentação foi assim:

“A maior mágoa da minha vida é que nunca conheci o amor de mãe. A minha mãe morreu quando eu tinha apenas um ano de idade. Fui criada por tios e outros parentes que estavam tão absorvidos com os seus próprios filhos que mal tinham tempo para mim. Nunca fiquei com ninguém, por muito tempo. Ficavam insatisfeitos quando me viam entrar e contentes quando me viam partir.

SE POSSÍVEL, PERCA AnOS EM PREPARAçãO

Nunca mostraram algum interesse em mim ou me deram carinho. Sabia que não era desejada. Mesmo sendo uma criança, sentia isso. Muitas vezes chorei até adormecer por causa da solidão. O que mais desejava era ter alguém a quem mostrar a minha caderneta da escola. Mas não tinha. Ninguém queria saber. Tudo o que queria, enquanto era criança, era amor – e nunca ninguém me deu”.

Será que Gay Kellogg demorou dez anos a preparar este discurso? Não. Ela gastou vinte anos. Tem-se preparado para o discurso desde que chorava até adormecer quando era criança. Tem-se preparado para o discurso quando lhe doía o coração quando não tinha ninguém a quem mostrar a caderneta da escola. Não admira que ela pudesse falar sobre o assunto. Ela nunca apagou essas memórias da sua cabeça.

Gay Kellogg descobriu uma quantidade de memórias e sentimentos trágicos dentro dela. Ela não tinha que os estimular. Ela não tinha que se preparar para esse discurso. O que ela tinha que fazer era deixar os seus sentimentos e recordações reprimidos virem ao de cima.

Jesus disse: “O meu jugo é suave e meu fardo é leve”. Assim é o jugo e o fardo de falar bem. Discursos ineficazes são geralmente aqueles que são escritos, memorizados e que soam a artificial. Uma boa conversa é aquela que vem de dentro de nós, tal como uma fonte. Muitas pessoas falam da forma como eu nado. Eu luto com a água e nado um décimo mais rápido do que um profissional. Oradores fracos, assim como os maus nadadores, começam tensos e torcem-se a eles mesmos como nós – e derrotam os seus próprios fins.

Page 4: Speaking effectively br

4

Até as pessoas com capacidades medíocres para discursar, podem fazer discursos soberbos quando falam sobre algo que mexe profundamente com elas. Assisti a uma experiência impressionante, há uns anos atrás, quando ministrava cursos na Câmara de Comércio em Brooklyn. Foi um exemplo que vou recordar para sempre. Foi assim: estávamos a ter uma sessão sobre falar de improviso. Depois da sessão pedi que me falassem sobre “O que está errado, se é que está, com a religião?”

Um membro (um homem, que por sinal nunca terminou o curso) fez algo que eu nunca tinha visto nenhum outro orador fazer durante os anos que formei pessoas para falarem em público. O seu discurso foi tão emocionante que quando terminou toda a audiência se levantou em silêncio em forma de tributo.

Este homem falou da maior tragédia da sua vida: a morte da mãe. Ele ficou tão arrasado, tão aflito que não queria viver mais. Disse que mesmo quando saía de casa num dia de sol, era como se tivesse um dia de nevoeiro. Ele queria morrer. Em desespero foi até à igreja, ajoelhou-se, chorou e rezou o rosário. Um sentimento de paz apoderou-se dele – um pedaço divino de resignação: “Não a minha vontade, mas que a Tua seja feita”.

EnTUSIASME-SE qUE COM SEU TEMA

Quando terminou o seu discurso, disse num tom de quem tinha tido uma revelação: “Não há nada de errado com a religião! Não há nada de errado com o amor de Deus”.

Nunca vou esquecer aquele discurso por causa do impacto emocional. Quando lhe dei os parabéns pelo discurso, ele respondeu: “Sim, e eu não fiz nenhuma preparação”

Preparação? Bem, se ele não preparou o discurso, então não sei o que é a preparação. O que ele quis dizer é que não tinha nenhuma ideia sobre o que iria ter que apresentar. E ainda bem que não o fez, porque se tivesse sido avisado previamente, o seu discurso podia ter sido muito menos eficaz. Poderia ter trabalhado no assunto, tentar preparar o discurso e ser artificial. Em vez disso, fez exactamente o que Gay Kellog fez uns anos mais tarde - levantou-se e abriu o seu coração como um ser humano que fala com outro.

A verdade da questão é que ele já se preparava para o discurso quando se ajoelhou e rezou o rosário. Viver, sentir, pensar, enquanto “os estilingues e as setas da fortuna ultrajante” – esta é a melhor preparação inventada até hoje tanto para falar como para escrever.

Page 5: Speaking effectively br

5

Muitos participantes de Falar em Público são como aquela participante. Retiram o tema de um livro ou de uma revista em vez de recorrer ao seu próprio conhecimento e convicções. Por exemplo, há alguns anos atrás, fui um dos elementos do júri num concurso de discursos inter-escolas através da rede NBC. Os júris nunca tinham visto os concorrentes. Ouvimo-los através do estúdio 8G da rádio local. Desejei que todos os estudantes e professores pudessem testemunhar o que acontecia naquele estúdio. O primeiro orador falou sobre “a Democracia numa Encruzilhada”. O seguinte falou sobre “Como prevenir a Guerra”. Era dolorosamente evidente que estavam a falar sobre algo que estudaram e memorizaram. Desta forma, nem os convidados que estavam no estúdio, nem o júri prestaram muita atenção ao que diziam. Um dos elementos do júri era Willem Hendrik Van Loon. Quando começou a fazer uma caricatura de um dos participantes, todos os que estavam de pé começaram a olhar para ele e a ignorar os “discursos” amadores, as frases memorizadas, que íamos ouvindo.

FALE DO CORAçãO — nãO DE UM LIVRO

No entanto, o orador seguinte captou a minha atenção imediatamente.

Um sénior da Universidade de Yale. Falou sobre o que estava mal nas universidades. Ganhou o direito de falar sobre isso. Ouvimo-lo com respeito. Mas o orador que ganhou o primeiro prémio começou com algo parecido com isto:

“Acabei de vir do hospital onde tenho uma amiga em risco de vida por causa de um acidente de carro. Muitos dos acidentes são causados pela geração mais nova. Sou um membro dessa geração e quero falar sobre as causas desses acidentes”.

Todos no estúdio estavam quietos enquanto ele falou. Falou sobre reabilitações, sem tentar fazer um discurso. Ele começou a falar sobre algo que ganhou o direito de falar. Ele estava a falar de dentro.

OLHE PARA DEnTRO DE SI PARA TóPICOS PARA FALAR SObRE

Saberão os iniciantes a necessidade de olhar para dentro de si para escolher um tema? Saberão? Eles nunca ouviram falar sobre isso! Estão mais propensos a olhar para os temas de uma revista. Por exemplo, lembro-me de ter encontrado uma antiga participante no metro – uma mulher que estava desanimada por fazer tão poucos progressos no curso. Perguntei-lhe sobre o que tinha falado na semana que passou. Descobri que falou sobre como Mussolini se tinha permitido a invadir a Etiópia. Retirou essas informações de um artigo da “Time”. Ela leu o artigo duas vezes. Perguntei-lhe se estava interessada no assunto e ela respondeu que não. Depois perguntei-lhe porque tinha falado sobre isso. “Bem”, respondeu ela “Tinha que falar sobre alguma coisa, por isso escolhi esse tema”.

Pense sobre isso: ali estava uma mulher que tentou falar sobre Mussolini e a Guerra na Etiópia. Admitiu que sabia pouco sobre o tema e que não tinha qualquer interesse no assunto. Ela esqueceu-se de falar sobre um assunto que tinha adquirido o direito de falar.

Depois da conversa disse-lhe: “Ouvirei com respeito e interesse se falar sobre algo que viveu e que sabe sobre o que fala, nem eu nem ninguém está interessado na invasão de Mussolini à Etiópia. Não tem conhecimento suficiente para falar sobre isso para que consiga captar a nossa atenção ou respeito.”

Page 6: Speaking effectively br

6

TEnHA UM FORTE DESEjO DE COMUnICAR

Contudo, deixe-me avisar que não é só por falarmos sobre algo que ganhamos o direito de falar, que faz com que tenhamos uma apresentação excelente. Um outro elemento tem de ser acrescentado – um elemento que é vital para o discurso. Resumidamente, para além de ganhar o direito de falar, devemos ter um profundo desejo de comunicar as nossas convicções ou sentimentos aos nossos ouvintes.

Para exemplificar: vamos supor que sou questionado a falar sobre o aumento do preço do milho e sobre porcos. Passei vinte anos numa quinta com milho e porcos em Missouri, então seguramente que ganhei o direito de falar sobre o assunto, no entanto não tenho qualquer desejo especial para falar sobre isso. Agora suponhamos que me pedem para falar sobre o que está errado com o tipo de educação que tive na escola; dificilmente poderia falhar ao falar sobre esse tema, pois disponho dos três elementos básicos para uma boa conversação. Primeiro, falaria sobre algo que teria o direito de falar. Segundo falaria sobre algo que tinha um profundo desejo e convicção de falar sobre o assunto. Terceiro, teria forma de exemplificar através da minha própria experiência.

Quando a Gay Kellog falou sobre o seu mais profundo pesar – nunca ter conhecido o amor de mãe – não só ganhou o direito de falar sobre o assunto, como também tinha um forte desejo emocional de nos contar a sua experiência. Por isso, os elementos da turma do Brookling Chamber of Commerce falaram sobre a morte das suas mães.

A história tem sido repetidamente alterada por pessoas que têm o desejo e a capacidade de transferir as suas convicções e emoções para os seus ouvintes. Se John Wesley não tivesse esse desejo e capacidade nunca teria fundado uma seita religiosa que mudou o mundo. Se Pedro – o Eremita não tivesse esse desejo e convicção nunca poderia ter despertado a atenção do mundo e mergulhado a Europa numa das mais fúteis e sangrentas Cruzadas pela posse da Terra Santa. Se Hitler não tivesse a capacidade para transferir o seu ódio e amargura para os seus ouvintes, não teria tomado o poder da Alemanha e colocado o mundo em guerra.

FALE SObRE AS SUAS ExPERIênCIAS

Neste momento está preparado para fazer pelo menos uma dúzia de bons discursos – discursos que mais ninguém no mundo faria, porque ninguém teria precisamente a mesma experiência que teve. Que assuntos são esses? Não sei. Mas você sabe. Por isso tenha sempre consigo uma folha de papel por umas semanas e escreva nela todos os temas que está preparado para falar, pela sua experiência – temas como “o maior pesar da minha vida”, “A minha maior ambição” e “Porque gosto (não gosto) da escola”. Faça isso e surpreenda-se com a forma como a sua lista de tópicos aumenta.

Boas notícias para si: o seu progresso enquanto orador dependerá da escolha dos temas certos, mais que a sua capacidade inata para falar. Pode-se sentir à vontade e fazer um bom discurso imediatamente se fizer somente o que fez Gay Kellog: fale sobre alguma experiência que o afectou profundamente, alguma experiência que o tem feito pensar durante vinte anos. Mas nunca será assim tão fácil se tentar discursar acerca da “Invasão de Mussolini à Etiópia” ou “A Democracia numa Encruzilhada”.

Page 7: Speaking effectively br

7

FALE SObRE COISAS qUE TEnHA ESTUDADO

Falar sobre as nossas próprias experiências é obviamente a forma mais rápida para desenvolver a coragem e a auto-confiança, mas depois de ganhar um pouco de experiência quererá falar sobre outros temas. Que temas? E onde os poderá encontrar? Em todo o lado. Por exemplo, uma vez pedi a uma turma de gestores da Telephone Company de Nova Iorque para apontar todas as ideias que ocorrerem durante a semana. Estavamos em Novembro. Uma das

pessoas viu o Dia de Graças sublinhado no calendário e falou sobre muitas coisas pelas quais deveria estar agradecida. Outra pessoa viu alguns pombos na rua e inspirou-se. Falou sobre os pombos e nunca irei esquecer o seu discurso. Mas o vencedor foi um elemento que viu um insecto a subir uma gola de um homem no metro. Fez um discurso que não esqueci em vinte anos.

AnDE COM UM LIVRO DE RASCUnHOS

Porque não faz o que Voltaire fez? Voltaire, um dos escritores mais conceituados do século XVII, trazia no bolso o que ele chamava de “Livro de Rascunhos” – um caderno onde anotou todas as suas ideias e pensamentos mais fugazes. Porque não anda com um “Livro de Rascunhos”? Assim, se se irritar com um funcionário desagradável anote no caderno a palavra “Desagrado”. De seguida tente listar outros incidentes

desagradáveis. Seleccione o melhor e conte-nos o que devemos saber sobre o assunto. Pronto! Terá uma conversa de dois minutos sobre “desagrado”.

“CAnTE ALgO SIMPLES”

Não tente falar sobre assuntos que abalaram o mundo, como a Bomba Atómica. Escolha algo simples – não irá fazer quase nada, desde que a ideia o apanhe e não o contrário. Por exemplo, recentemente ouvi uma estudante deste curso, Mary A. Leer, de Chicago, falar sobre a “Porta do Fundo”. Pode achar o seu discurso aborrecido assim que o ler; mas se tivesse ouvido tal como eu ouvi ia adorar devido ao seu entusiasmo ao

falar da porta do fundo. De facto, nunca tinha ouvido antes ninguém falar com tanto entusiasmo sobre a pintar a porta do fundo! O ponto ao qual quero chegar é o seguinte: qualquer objecto fará com que ganhe o direito de falar sobre ele quer seja através de estudo ou através da experiência e irá tornar-se muito interessado em falar sobre ele

Page 8: Speaking effectively br

8

ESTA é A FAMOSA COnVERSA SObRE PORTAS DO FUnDO!

“Há quatro anos atrás quando me mudei para o meu actual apartamento, a porta do fundo estava pintada com uma mancha cinzenta. Era terrível. Todas as vezes que abria aquela porta sentia-me deprimida. Então comprei uma lata de tinta azul e pintei a parte de dentro e de fora da porta. A pintura ficou parecida com algo como uma sombra azul, a sombra mais requintada que tinha visto; e todas as vezes que abria aquela porta depois disso parecia que estava a olhar para um pedaço de céu.

“Nunca me senti tão irritada como numa noite em que cheguei a casa e descobri que o pintor tinha derrubado a minha porta que parecia uma tela e depois pintou-a com uma sombra cinzenta horrenda. Estava prestes a estrangular aquele pintor.

“Pode contar muito mais sobre as pessoas a partir das suas portas do fundo do que a partir da porta da frente. As portas da frente são embelezadas para

o impressionar, enquanto que as portas do fundo contam contos. Uma porta de fundo desleixada retrata desleixo nos cuidados com a casa. Mas uma porta de fundo que seja pintada com uma cor alegre com vasos de plantas à volta e baldes do lixo pintados diz-nos que nessa casa vive uma pessoa interessante e com imaginação. Já comprei uma lata de tinta azul e, no próximo sábado, vai estar bom tempo e vou pintar novamente a minha porta com alegria e inspiração”.

E assim foi. Temos um grande número de exemplos que mostram o poder dos oradores que:

(a) ganharam o direito para falar sobre o as sunto, através do estudo ou experiência vivida;

(b) Estão entusiasmados com eles mesmos; e

(c) Estão ansiosos por comunicar as suas ideias e sentimentos aos outros.

Page 9: Speaking effectively br

9

COMO PREPARAR E TRAnSMITIR AS SUAS FALAS

ExistEm oito princípios quE o ajudarão a prEparar o discurso:

I. Faça notas breves de assuntos interessantes que queria mencionar.

II. não escreva o seu discurso.

Porquê? Porque se o fizer irá usar uma linguagem cor-

recta em vez de uma linguagem fácil ou convencional;

e quando se levantar para falar irá ver que vai-se tentar

lembrar do que escreveu. Isso o afastará da possibilidade

de falar naturalmente e com brilho.

III. nunca, nunca memorize uma frase.

Se memorizar a sua fala é quase certo que a esquecerá;

a sua audiência ficará concerteza insatisfeita, pois

ninguém quer ouvir um discurso pré-fabricado. Mesmo

que não se esqueça das suas falas, vai sempre soar que é

memorizado. Irá ficar com um olhar distante e um tom de

voz distante. Não vai soar como um ser humano que nos

está a contar algo.

Se, num discurso longo tiver o medo de esquecer o

que tem para dizer tome algumas notas e tenha-as

na sua mão e olhe para elas ocasionalmente. É o que

usualmente faço.

IV. Enriqueça o seu discurso com ilustrações e exemplos.De longe, a forma mais fácil de tornar uma palestra interessante é preenchê-la com exemplos. Para ilustrar o que quero dizer, vamos olhar para o folheto que estão a ler agora. Cerca de metade dessas páginas estão dedicadas à ilustração. Primeiro, temos o exemplo da Gay Kellog sobre o seu sofrimento quando era criança. A próxima ilustração é sobre o tema “O que está errado com a religião”. De seguida temos o exemplo da mulher que tentou falar da invasão de Mussolini à Etiópia, seguida da história do concurso dos quatro estudantes através da rádio – e por aí em diante. O seu maior problema ao escrever um livro ou preparar um discurso não é ter ideias, mas ilustrar para tornar essas ideias mais claras, vividas e inesquecíveis. Os filósofos da Roma Antiga costumavam dizer “Exemplum docet” (exemplos ensinam). E como escreve-los aqui!

Por exemplo, deixem-me mostrar o valor de uma ilustração. Há alguns anos atrás, um congressista fez um discurso tempestuoso, acusando o governo de desperdiçar dinheiro ao imprimir panfletos desnecessários. Ele mostrou o que queria dizer quando mostrou um panfleto de “The Love Life of the Bullfrog”. Teria esquecido esse discurso se não fosse esse exemplo. Provavelmente esqueci milhares de outros factos ao longo da década, mas não esquecerei a sua acusação de que o governo desperdiça o nosso dinheiro.

Exemplum docet. Não é somente o exemplo que ensina, mas trata-se da única coisa que ensina. Já ouvi palestras brilhantes que esqueci imediatamente porque não foram dados exemplos que ficassem na minha memória.

V. Saiba mais sobre o tema.

Ida Tarbell, uma das escritoras americanas mais distintas disse-me há alguns anos atrás, enquanto recebia um cabo de S.S. McClure, fundador da McClure Magazine, que lhe pediu que escrevesse um artigo de duas páginas sobre o Cabo Atlântico. Tarbell entrevistou o gerente e retirou toda a informação necessária para escrever as 500 palavras para o artigo. Mas ela não ficou por aqui. Ela foi à biblioteca do British Mudeum e leu alguns artigos e livros sobre o Cabo Atlântico e a biografia de Cyrus West Field, o homem que passou o Cabo Atlântico.

Ela estudou secções sobre cabos no British Mudeum e visitou uma fábrica na periferia e viu o fabrico de cabos. “Quando escrevi estas duas páginas sobre o Cabo Atlântico”, disse Tarbell, e contou-me a história, “ tinha material suficiente para escrever um livro. Mas esse material não me impediu de escrever com confiança, clareza e interesse. Isso deu-me energia de reserva.”

Page 10: Speaking effectively br

10

Ida Tarbell aprendeu após vários anos de experiência que tinha que ganhar o direito de falar sobre o tema “Cabo Atlântico”. O mesmo principio se aplica no discurso. Desenvolva essa capacidade preciosa, conhecida como energia de reserva.

VI. Ensaie o seu discurso conversando com amigos.

Will Rogers preparou o seu famoso programa de Rádio de Sábado à noite tentando conversar sobre o tema que iria abordar com as pessoas que ia estando durante a semana. Se, por exemplo, queria falar sobre um assunto banal, poderia ver qual a sua piada sobre o tema durante a semana. Poderia ver qual das suas piadas teve mais impacto e quais dos seus comentários suscitaram mais interesse nas pessoas. Essa é uma excelente forma para ensaiar o discurso, mais que ensaiar os seus gestos em frente a um espelho.

VII. Em vez de nos preocuparmos sobre a trans-missão, encontre formas de melhorá-la.

Têm-se escrito e divulgadas muitas questões prejudiciais, sem sentido e enganosas sobre a transmissão do discurso. A verdade é que quando enfrenta a audiência deve-se esquecer tudo, como a voz, respiração, gestos, postura, empatia. Esqueça tudo excepto o que está a dizer. O que os ouvintes

querem, tal como a mãe de Hamlet disse, “tem mais valor, quando menos arte tiver”. Faça o que um gato faz quando quer caçar um rato. Não olha à sua volta e diz “preocupo-me como está o meu rabo, e se me preocupar se estou a agir bem e qual é a minha expressão facial?” Aquele gato estava tão concentrado em apanhar o rato para o seu jantar que não podia estar errado ou parecer errado – e o mesmo acontece consigo, se estiver tão interessado na sua audiência e no que está a dizer, esquecerá de si próprio.

Não pense que expressar as suas ideias e emoções requer anos de experiência técnica, como um técnico de som ou pintor. Qualquer pessoa pode discursar de forma esplendida em casa quando está irritado. Por exemplo, se alguém lhe bateu num determinado instante irá ficar irritado e fazer um discurso excelente. Os seus gestos, a sua postura, a sua expressão facial será perfeita, devido ao sentimento de raiva que sente nesse momento. E lembre-se, não tem que apresentar sobre como expressar emoções. Pode expressar as suas emoções perfeitamente desde quando tinha seis meses de idade. Pergunte a qualquer mãe.

Observe um grupo de crianças a brincar. Que expressão engraçada. Que ênfase, gestos e posturas de comunicação perfeitas! Jesus disse: “Se não vos tornades como criancinhas, não podemos entrar no reino dos céus e se se torna tão natural e espontâneo e livre como crianças a brincar, pode entrar no reino da boa expressão”.

Page 11: Speaking effectively br

11

SE A SUA ATITUDE é bOA – O SEU DISCURSO TAMbéM SERÁ

O seu problema não é como aprender a falar com enfâse ou como gesticular ou como estar. Esses são meros efeitos. O seu problema é lidar com a causa que provoca esses efeitos. Essa causa é interior, é sua, é profunda; é a sua atitude mental e emocional. Se estiver em condições mentais e emocionais estáveis fará um discurso soberbo. Não terá que se esforçar para o fazer. Vai fazê-lo tão naturalmente como quando respira.

Para exemplificar, um Contra-Almirante da Marinha dos EUA frequentou este curso. Ele comandou um esquadrão da frota dos EUA durante a I Guerra Mundial. Ele não tinha medo de comandar uma batalha, mas tinha medo de enfrentar a audiência durante as suas viagens todas as semanas, desde a sua casa em New Haven, a Connecticut, a Nova Iorque para fazer este curso.

Depois de uma dezena de sessões ele ainda estava aterrorizado. Por isso, um dos nossos formadores, o Professor Elmer Nyberg, teve uma ideia que podia fazer o Almirante “sair da concha”. Havia um radical na turma. O professor Nyberg levou-o para o outro lado da sala e disse: “Pergunto-me se terá um discurso suficientemente forte que justifique a sua filosofia de governo? Obviamente isso faria que o Almirante de enfurecesse, que era exactamente o que ele queria. Ele irá esquecer-se de si próprio e a sua ânsia de refutar a si próprio o fará ter um bom discurso. O elemento radical disse “Claro, será um prazer”. Não foi muito longe na sua conversa, quando o Contra-Almirante levantou e gritou: “Páre! Páre! Isso é uma sedição!” Depois fez uma discurso forte sobre quando cada um de nós deve ao nosso País e sobre a liberdade de cada um.

O professor Nyberg voltou-se para o Almirante e disse, “Parabéns, Almirante! Que discurso brilhante” O almirante respondeu “Não estava a discursar, estava a dizer uma coisa ou outra àquela pessoa insignificante”. Depois, o professor Nyberg explicou que tudo foi encenação para que o Almirante “saísse da concha” e se esquecesse dele próprio.

O Contra-Almirante descobriu o que irá descobrir quando se sentir mexido por uma causa maior que si próprio. Irá descobrir que todos os medos de falar serão banidos e que não deve dar importância à transmissão da mensagem, desde que as causas

produzam boas transmissões estão irremediavelmente a trabalhar para si.

Vou repetir: A transmissão é meramente o efeito de uma causa que procedeu e a produziu. Então, se não gosta da sua forma de comunicar, não complique tentando mudá-la. Vá até à base e mude as causas que a produzem. Mude a sua atitude mental e emocional.

VIII. não imite os outros; seja você próprio. No início vim para Nova Iorque para estudar Arte Dramática na American Academy. Era aspirante a actor. Tive o que considerava ser uma ideia brilhante, um passo para o sucesso. A minha campanha para alcançar o sucesso era tão simples, tão infalível que eu era incapaz de compreender como é que pessoas com ambição ainda não a tivessem descoberto. Foi o seguinte, eu ia estudar vários actores famosos naquele dia – John Drew, E. H. Sothern, Walter Hampden e Otis Skinner. Depois imitava os pontos de cada um deles e fazia-o numa combinação brilhante e triunfante de todos eles. Que parvoíce! Que trágico! Tive que perder anos da minha vida imitando outras pessoas para perceber que devo ser eu próprio e que não poderia ser mais ninguém.

Para exemplificar o que quero dizer: há alguns anos atrás propus-me a escrever o melhor livro sobre falar em público para empresários que eu alguma vez escrevi. Tive a mesma ideia parva de escrever este livro tal como tinha sobre a representação: eu ia retirar as ideias de outros autores e pô-las todas num livro – um livro que tinha tudo. Então, juntei muitos livros sobre o tema e passei um ano a incorporar as ideias dos autores no meu caderno. Mas, mais uma vez vi que estava a fazer papel de parvo. Esta mistura de ideias era tão sintetizada, tão sem graça que ninguém se iria interessar em lê-lo. Então, deitei fora um ano de trabalho e comecei tudo de novo. Nessa altura disse para mim mesmo: “Tenho que ser Dale Carnegie, com todos os defeitos e limitações. Não é possível ser outra pessoa.” Assim, desisti de tentar ser uma combinação de pessoas, arregacei as mangas e comecei a fazer o que deveria ter feito no início: escrevi um livro sobre falar em público baseado nas minhas experiências, observações e convicções.

Porque não lucra com o meu desperdício de tempo? Não imite os outros.

Page 12: Speaking effectively br

12

nãO TEnHA MEDO DE SER VOCê PRóPRIO

Seja você mesmo. Tenha em consideração o sábio conselho que Irving Berlin deu a George Gershwin. Quando ambos se conheceram, Berlin era famoso – mas Gershwin era um jovem e lutador compositor que trabalhava por 35 dólares por semana em Tin Pan Alley. Berlin, impressionado com a capacidade de Gershwin, ofereceu-lhe emprego como seu assistente musical por três vezes mais do salário que estava a receber. “Mas não aceite o trabalho”, alertou Berlin. “Se o fizer, poderá desenvolver-se como eu. Mas se insistir em ser você próprio, um dia se tornará um compositor de primeira.” Gershwin prestou atenção a essa advertência e rapidamente transformou-se num compositor significante da sua geração.

“Seja você próprio! Não imite os outros!” Esse conselho é bom para a música, para a literatura e para o discurso. É original. Orgulhe-se disso. Nunca antes alguém foi exactamente igual a si; e ninguém no futuro virá a ser. Então aproveite ao máximo a sua individualidade. O seu discurso pode ser uma parte de si, um tecido vivo em si, que irá crescer através das suas experiências, convicções, personalidade e a sua forma de estar.

Numa última análise, toda a arte é autobiografável.

RESUMInDO

como fazEr um progrEsso rápido E fácil Em aprEndEr a falar Em público

Pode cantar somente o que é. Pode pintar somente o que é. Pode falar somente sobre o que é. Deve ser o que as suas experiências, o meu meio ambiente e a sua herança fez de si. Para o melhor ou para o pior, deve cultivar o seu próprio jardim. Para o melhor ou para o pior deve tocar o seu instrumento na orquestra da sua vida. Como disse Emerson no seu ensaio, “Autoconfiança”.

Fale sobre algo que::

(a) ganhou o direito de falar através do estudo ou experiência;

(b) Está entusiasmo em falar; e

(c) Está ansioso por contar aos seus ouvintes.

I. Tome notas sobre temas de interesse que queira mencionar.

II. não escreva as suas falas.

III. nunca, nunca, nunca memorize frases.

IV. Preencha o seu discurso com ilustrações e exemplos.

V. Saiba mais sobre o que pode falar.

VI. Ensaie o seu discurso conversando com os seus amigos.

VII. Em vez de se preocupar com a transmissão, encontre formas de melhorá-la.

VIII. não imite os outros; Seja você próprio.

For More Information, please visit www.dalecarnegie.com/speak12

Há uma altura na vida de todos os homens que desenvolvem a convicção de que a inveja é ignorância; que a imitação é suicídio; que deve assumir para o melhor e para o pior como a sua porção; que, embora o universo esteja cheio de coisas boas, que não é a semente de milho que chegará até ele; mas sim através do seu trabalho no pedaço de terra que lhe é dado para cultivar. O poder que reside nele é novo na natureza e ninguém para além dele saberá o que pode fazer com ele, e não saberá enquanto não tentar.