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Sundar Sing

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2 O HOMEM QUE DESAPARECEU

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O HOMEM QUE DESAPARECEU

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4 O HOMEM QUE DESAPARECEU

Capa ─ Jane MusgraveIlustrações  ─ Silas Monteiro

Editado pela União Feminina Missionária Batista do Brasil  ─  CGC33.973.553.0001  ─  80  ─  Rua Uruguai, 514  ─   Tijuca  ─  20.510  ─  Rio deJaneiro  ─  RJ  ─  Caixa Postal 48.040  ─  Tijuca  ─  20.512  ─  Impressão edistribuído pela Junta de Educação Religiosa e Publicações da ConvençãoBatista Brasileira  ─ Caixa Postal 320  ─ 20.000  ─ Rio de Janeiro  ─ RJ. 1982

 ─ 3ª edição  ─ Tiragem: 3000 exemplares.

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O HOMEM QUE DESAPARECEU 5  

J. Reason

Tradução de Silas Melo

O HOMEM QUE DESAPARECEU

(Biografia de Sundar Singh)

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6 O HOMEM QUE DESAPARECEU

APRESENTAÇÃO

O HOMEM QUE DESAPARECEU é a historia de um jovem, filho deuma família muito rica da Índia, que, por ter-se tornado cristão, foi mandadoembora da casa de seu pai.

Mais tarde, esse jovem tornou-se um pregador do evangelho e, vestindoum roupão amarelo e andando com os pés descalços, percorreu cidades e vilas,levando ao seu povo a mensagem de salvação.

O jovem enfrentou perigos, dormiu ao relento, foi atacado porassaltantes, foi capturado... mas, não desistiu da sua missão. Um dia. porém,desapareceu.

Você não pode deixar de conhecer essa emocionante historia. Leia,portanto, a biografia de Sundar Singh.

Departamento Nacional de Mensageiras do Rei

Rio de Janeiro, fevereiro de 1982

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O HOMEM QUE DESAPARECEU 7  

ÍNDICE

1  ─ Conversão 8

2  ─ Primeiras Aventuras Missionárias 13

3  ─ Viagem ao Tibete 20

4  ─ As Perseguições se Intensificam 27

5  ─ A Jornada Final 33

________________________________________

Vamos Recordar 39

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8 O HOMEM QUE DESAPARECEU

CONVERSÃOUma luta íntima

Ele, um esbelto rapaz de 15 anos, cujos grandes olhos escuros resplandeciam naface amorenada, entrou a passos largos no pátio da casa de seu pai. Um grupo de criadosreunidos ao redor de um pequeno fogo, recuou alarmado e estupefato ante a fúria do olhardo seu jovem patrão.

 ─ Que há com Sundar? Ele não costuma andar aborrecido. Ele tem estado tristonhoe impaciente desde que a boa patroa, sua mãe, morreu. Concedam os deuses que esteinfortúnio não o leve a loucura.

Sundar permaneceu ereto próximo ao fogo. Nas suas mãos se encontrava umpequeno livro.

 ─ Assim e assim  ─ bradou ele, arrancando as páginas do livro e arremessando-asnas chamas  ─ eu destruo o livro dos estrangeiros, o livro dos ensinamentos perversos, os

quais eles procuram obrigar-nos a aceitar. Odeio a todos eles! ─ Meu filho!

Sundar voltou-se subitamente para a alta e majestosa figura de seu pai, cuja nobrecabeça se achava envolta pelo turbante e em cuja face dignificada pela bondade brilhavamescuros olhas semelhantes aos do filho.

 ─ Que está fazendo?!

 ─  Estou queimando a Bíblia dos estrangeiros. Eles estão procurando fazer-mecristão, mas eu nunca o serei.

 ─ Meu filho, isto é uma loucura. A Bíblia é um bom livro e os estrangeiros sãobondosos apesar da sua religião não ser a mesma nossa. Veja como eles lhe ensinam tãobem na sua escola!

 ─  Eles me mandam ler a história do seu Cristo. Eu não quero. Não é a nossareligião Sikh a melhor do mundo? Não estão os nossos livros sagrados cheios dos maispreciosos preceitos? Não somos nós o povo mais antigo? Como ousam estes

esrffffffffffffffff 

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O HOMEM QUE DESAPARECEU 9  

^

Sundar Singh: “Eu destruo o livro dos estrangeiros”

cristãos induzir-nos a sermos infiéis aos ensinos dos nossos antepassados?

 ─ Apesar disto, meu filho, esse Jesus foi um grande Mestre e suas palavras devem

ser respeitadas. Sua mãe ─ 

sua voz acalmou-se ─ 

tinha muitas amigas entre as mulheresestrangeiras. Ela ficaria grandemente aflita vendo você nesta precipitação agir tãogrosseiramente.

 ─ Minha mãe! ─ Seus olhos se encheram de lagrimas  ─ Ela era uma santa!

Papai, meu coração esta ardendo, minha alma está em trevas! Não compreendo.

 ─ Ore por luz, meu filho.

 ─ Eu tenho orado. Mas Deus parece estar tão longe! Ele é sublime demais para meouvir. Não posso suportá-lo!

Rendendo-se ao SalvadorO rapaz retirou-se impetuosamente. Precipitou-se para o seu quarto e trancou-se

sozinho.

Ele jurou  ─  por três dias não deixarei este quarto e, se durante este tempo nãoachar luz e paz, atirar-me-ei debaixo do trem e tudo terá fim.

A sua mente vinham tantos pensamentos que julgou não poder evitar aloucura. Pensava em sua mãe; ela vivera, parece,

mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm

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10 O HOMEM QUE DESAPARECEU

tão perto do céu que podia ver coisas ordinariamente invisíveis a humanidade; pensava emseu bom pai, nobre e rico, orgulhoso de sua alta linhagem e de sua raça, pois os Sikhs sãoum dos mais belos e bravos povos da Índia; pensava em seus irmãos mais velhos, fortes,varonis e corajosos; sua bela casa entre as elevadas montanhas cobertas pelas densasflorestas verdejantes; os lagos azuis, esplendidas flores da Índia setentrional. A vida assimdeveria ter sido esplendida para ele. Deveria ter sido tão feliz. As palavras dos antigos

mestres de sua religião flutuavam em seu cérebro:“Eu não posso viver sem Ti meu Senhor. Possuindo-Te tenho todas as coisas. Pois

Tu, o Senhor, és o meu Tesouro.”

Tudo muito bem, mas como podia ele, um jovem, possuir Deus?

“Nós suspiramos por Ti, o Senhor; nos temos sede de Ti. Somente em Ti nossoscorações acham descanso.”

Sundar estava sedento; sua alma suspirava por Deus. Mas tudo em vão; seucoração não tinha descanso.

Perseguido Pela Família

Nesse ínterim, na casa de seu pai havia grande inquietação. Três dias e o rapazainda estava trancado em seu quarto, recusando sair, comendo dificilmente, sem falar com

ninguém. E ultimamente reinava no quarto completo silêncio. Estaria doente ─ Teria ele  ─ terrível conjetura  ─ se suicidado em seu desespero?!  ─ Não podemos

deixá-lo desse modo, disseram seus irmãos. Devemos arrombar a porta e ver o queaconteceu.

 ─ Esperem um pouco mais, disse o pai. Talvez ele tenha achado paz.

Então a porta abriu-se. Houve um ligeiro ruído de pés impetuosos e Sundar pôs-seem pe diante deles. Mas um novo Sundar! Seus olhos estavam luzindo, sua face brilhavacom tal alegria que eles nunca tinham visto.

 ─ Oh! Meu pai! Oh! Meus irmãos!Falava com dificuldade. Então, controlando-se, disse mais calmamente: Escutem.

Eu lutei em densas trevas e na perturbação do meu espírito vi uma grande luz. Eu orei e aocontemplar a luz vi a figura do Senhor Jesus Cristo a respeito de quem lera no livro dosestrangeiros. Eu o conheci, era Ele! Ouvi uma voz dizer em nossa própria língua: “Atéquando queres tu me perseguir? Vim para salvar-te; estavas orando para conheceres ocaminho direito. Por que te deténs?” Assim, que podia eu fazer senão cair aos seus pés?Este é o motivo da minha alegria. Isto é o céu em si mesmo.

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Seus irmãos ficaram suspensos - Ele está louco. - Que blasfêmia!

 ─ A sua loucura deve ser afastada pelo açoite!

Mas seu pai disse delicadamente: Meu filho, você não pode estar pensando nisto.Você está excitado pela amargura e demasiadamente preocupado. Talvez esteja um poucofebril e tenha sonhado. Há poucos dias você jurou que odiava os cristãos. Vá, descanse,

esta loucura passará. ─ Eu não estou louco, e não sonhei, disse Sundar firmemente. Fui louco por lutar

tão rudemente contra os ensinos de Jesus; louco por pensar que tinha de procurar e acharDeus, quando em todo esse tempo ele me estava procurando.

 ─ Silêncio! ─ disse o pai severamente. Retire-se, não queremos mais ouvir isto.

 ─ Meu pai, eu o obedecerei em tudo, exceto nisto.

 ─ Vá!, repetiu seu pai.

Sundar curvou-se e saiu. Seu pai disse com dificuldade: Ele esquecerá. Isto éapenas um delírio. Fiel como tem sido nossa religião, jamais a deixará.

Seguiram-se dias terríveis para o ardente rapaz. Ele estivera certo de que seu pai aomenos o compreenderia. Não era ele amigo dos estrangeiros? Não tinha dito que a religiãodeles era boa? Mas não era suficientemente boa para um nobre, rico e orgulhosocavalheiro Sikh.

Toda a família discutia com ele.

 ─ O que há nos ensinos de Jesus melhor do que os nossos próprios ensinos?! Nãosomos nós obrigados a ser verdadeiros, misericordiosos, caridosos, bravos?! Não

adoramos a um único Deus que esta acima de todos os outros deuses?! O que mais vocêdeseja?!

 ─ Cristo, o herói, o comandante, o Mestre! Sundar respondeu. Cristo vivo que estáao meu lado hoje, que me ama e dirige! Vocês não vêem que eu devo servi-lo?

Expulso de Casa

Tudo isto era loucura para eles.

 ─ Se você tornar-se cristão desgraçará a sua família e a sua raça. A religião dosestrangeiros é muito boa para eles, mas nós somos os Sikhs! Você sendo cristão nãopoderá permanecer entre nós. Seremos forçados a expulsá-lo. Você está louco, ludibriado,obstinado. Você é um perverso!

As vozes cresciam cada vez mais ruidosamente. E naquele lar,outrora belo e feliz, havia agora longas argumentações, amea-kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk 

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ças, contendas e debates. E o centro de tudo era um rapaz com olhos brilhantes, que dissefirmemente: Eu não posso evitá-lo! Seguirei a Cristo por onde Ele me conduzir.

 ─  Então, por último  ─  disse seu pai, altivo, terrível, não mais com carinho eindulgência  ─ você não é meu filho. Retire-se da sombra deste teto, e nunca mais entre emminha casa.

Sundar saiu. Todos o observaram ao sair, assim tão jovem e abandonado, tão bravoe intransigente.

 ─ Ele voltará  ─ disseram. Ele tem tido uma vida confortável e luxuosa. Uma noiteao relento será suficiente para fazê-lo regressar imediatamente e curado.

Mas Sundar não voltou. Naquela noite dormiu debaixo de uma árvore enquantoseu coração oscilava entre a alegria e o pesar. Mas a alegria era mais forte do que o pesar,pois Cristo triunfava no seu coração. Ele tinha sido leal a seu Mestre.

“Você não é meu filho. Retire-se da sombra desta casa...”

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O HOMEM QUE DESAPARECEU 13  

PRIMEIRASAVENTURAS

MISSIONÁRIAS

Envenenado

Sundar despertou em aflição e mortalmente doente. Enquanto seu corpo tremia dofrio horrível da Índia, ele compreendeu o que fora feito. Um de sua família determinaraque esta não deveria passar pela vergonha de ver a sua conversão ao cristianismoconhecida fora do lar e misturara veneno a sua última refeição. Ia morrer sozinho ali, semter dado a outros uma só palavra da mensagem de Cristo.

 ─  Não  ─  disse Sundar esforçando-se para ficar de pé  ─  não morrerei! Eu tenho

trabalho a fazer!

Ele pretendia ir aos seus amigos, os missionários que residiam dali a poucadistância, para ser batizado e doutrinado. Chegaria a eles de qualquer maneira. Eles tinhammedicamentos. Eles o ajudariam.

Cambaleando, vacilando, caindo muitas vezes; tendo os passos travados porterríveis dores; doente, fraco e muitas vezes tentado a desistir e morrer, exauria-se sob o

causticante sol da Índia. Determinava avançar um pouco mais, antes de cair. Novamenteandava mais um pouco. Um pouco mais. Só lhe restava força para dar poucos passos. Porúltimo, caiu inconsciente a soleira da casa da Missão, e o levaram para dentro. Estariamorto?!

Não, ele não morreu. Estava na juventude, tinha saúde e grande fé, pois devia vivere trabalhar. A doença passou, sua forças voltaram e ele começou uma nova vida.

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14 O HOMEM QUE DESAPARECEU

A principio não foi uma vida agitada. O estudo era para ele difícil, pois, afinal detudo, conhecia muito pouco acerca do cristianismo. Em vez de ser o querido caçula deuma família rica, rodeado pelos irmãos, tios e primos, e servido por obedientes criados, eleseria apenas um entre muitos outros rapazes estudantes. Estes lhe pareciam comuns epouco delicados. Ele não compreendia seus gracejos nem estava muito interessado nosassuntos sobre os quais conversavam. E eles, por sua vez, achavam-no esquisito e

sonhador. Pensavam, a principio, que era orgulhoso e deixavam-no sozinho.

Mas o diretor do colégio  ─ um americano  ─ era um homem sábio. Viu em SundarSingh qualidades raras e esplendidas. Conversou com o solitário rapaz e ajudou-o a vencerseu acanhamento. Encorajou-o nos duros trabalhos e ajudou-o a expandir suas energias.Ensinou-o a compreender os outros estudantes e a fazê-los amigos. Sundar Singh seria tãodiferente deles como uma águia dourada e diferente de um bando de pombos. Mas naquelecolégio aprendeu a estar no meio do povo comum e a ter paciência com aqueles que jamaisteriam os seus elevados pensamentos.

Assim, passaram-se os anos, e Sundar Singh tornou-se adulto.

O Sadhu Cristão

Dois homens estavam conversando no gabinete do Diretor. Um, o próprio Diretor,mais velho, com uma expressão de sabedoria e bondade. Tinha visto muitas coisas eaprendera a ser paciente. O outro era um alto e majestoso jovem com tenra e escura barbae olhos admiráveis.

 ─ Sundar ─ disse o Diretor ─ você tem demonstrado possuir excepcionais dons.

Sundar interrompeu-o com um gesto de sua longa e fina mão: Não, não ─ 

disse ─ 

 não sou eu, e Cristo que fala por mim. É por isto que o povo está pronto a ouvir-me.

 ─ Bem, o que eu desejo dizer é isto. É claro que você deva tornar-se pregador. Estápronto a ser consagrado?

Sundar Singh meneou a cabeça. Tenho pensado muito profundamente sobre isto  ─  disse ele  ─ e sinto que não posso ser consagrado. Eu deveria escolher uma igreja particular

e sinto que Cristo esta acima de todas as divisões

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O HOMEM QUE DESAPARECEU 15  

“Irei para o meu próprio povo. Vestirei um habito de Sadhu”

 ─ Então o que você vai fazer? ─ perguntou o diretor.

A face de Sundar estava radiante.  ─  Irei para a meu próprio povo  ─  disse ele.Vestirei um habito de Sadhu, o errante homem sagrado, e sairei como meu Mestre fez, atodas as cidades e vilas. Assim eles sentirão que eu lhes pertenço, que sou justamente umdeles, e estarão mais prontos a escutar-me do que se eu usar um casaco preto e umcolarinho duro e sapatos. E sorriu alegremente.

 ─ Bem, Sundar, eu creio que você sabe melhor do que eu. Mas isso será uma vidapenosa.

 ─ Não foi penosa a vida do meu Mestre? E ele não disse: “Nada leveis convoscopara o caminho, nem bordões, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais doisvestidos”? Está será a minha linha de conduta.

Assim, usando um longo hábito amarelo do Sadhu indiano, com seus pésdescalços, Sundar Singh saiu. E então suas aventuras começaram de fato.

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16 O HOMEM QUE DESAPARECEU

O povo da Índia está acostumado a ver os homens sagrados, e pronto a lhes daralimento quando solicitado, a menos que o Sadhu o amaldiçoe. Embora, de modo nenhum,todos aqueles vagabundos de vestidos amarelos sejam realmente sagrados; muitos sãoindivíduos preguiçosos que não tem coragem de fazer um trabalho honesto. Sundar, sequisesse, teria sido um deles e teria uma vida fácil.

Quando entrou na vila e começou a falar, o povo reuniu-se respeitosamente a seuredor. Mas quando começou a pregar a mensagem de Cristo, tomaram todos ar ameaçador,cerraram os punhos, enquanto outros, rápida e furtivamente, abaixaram-se para apanharpedras.

 ─ Ele insulta os deuses!

 ─ Ele trará sorte má!

 ─ Ele não é um Sadhu verdadeiro!

 ─ Expulsai-o para longe, para que não nos cause dano!

Uma pedra bateu na face de Sundar e o sangue correu. Houve uma pausa; talvez oSadhu fosse um homem sagrado mesmo e pudesse amaldiçoá-los por isto. Mas Sundar,limpando o sangue de sua face, sorriu subitamente  ─ Meu Mestre suportou mais  ─ disse.Estou alegre e contente por ser digno de sofrer por Ele.

Eis um estranho homem sagrado!

Em algumas vilas o povo escutava avidamente a mensagem. Sundar tinha umoriginal modo de contar história  ─ histórias daquilo que eles viam todos os dias  ─ como ascegonhas que vigiam os tanques de água por causa das rãs, as plantas que crescem nocampo, ou as jarras de água que as mulheres carregavam, e cada história tinha finalmenteuma lição entrelaçada com o povo de tal maneira, que lhe falava dos seus própriospensamentos e ações. Fazia-os sorrir, mas fazia-os pensar também!

Duas vezes Emboscado

Muitas vezes ia a lugares distantes e, sozinho, deitava-se onde os ladrõesescondiam-se à espera dos indefesos viajantes para atacá-los. Estes ladrões tinham truquesastuciosos, e qualquer pessoa devia pensar duas vezes antes de curvar-se sobre um homemque parecesse estar doente ou ferido, pois este poderia ter um cúmplice escondido, o qualbateria na sua cabeça e o roubaria.

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O HOMEM QUE DESAPARECEU 17  

“Socorra-me, homem sagrado. Meu companheiro está morto realmente.”

 ─ Socorra-me, homem sagrado! Gritou um individuo que apareceu muito aflito.

 ─ Olhe, meu amigo estava viajando comigo quando repentinamente ficou doente,caiu e morreu; eu não tenho dinheiro para sepultá-lo convenientemente! Mas Sundar Singhnão tinha dinheiro também. Disse-lhe uma palavra amável e prosseguiu no seu caminho.

Subitamente, atrás de si, ouviu um terrível grito. Um grito de tão real terror que eleparou e voltou.

 ─ Meu companheiro está morto! ─ bradou o homem lançando-se-lhe aos pés.

Sundar estava um pouco confuso. Certamente o homem tinha morrido antes!

 ─  Eu sou um homem perverso  ─  gritou o miserável desordeiro.  ─  Meucompanheiro somente simulou morrer. Era uma fraude; nos muitas vezes a usamos paraconseguir dinheiro dos viajantes. Mas quando eu voltei a ele, justamente agora, achei-osem vida. Não me amaldiçoe também, homem sagrado.

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18 O HOMEM QUE DESAPARECEU

 ─  Você está louco, companheiro, eu nunca amaldiçoei seu amigo  ─  respondeuSundar delicadamente.  ─  Mas venha, converse comigo um momento e eu lhe mostrareium sistema de vida melhor do que este.

Tremendo e chorando o ladrão escutou-o. O horrível choque tinha quebrado o seuduro coração, e antes que Sadhu prosseguisse o seu caminho tinha dado ao pobre homemesperança e forca para começar um novo dia.

Um pouco mais tarde Sundar Singh passava por uma aventura mais perigosa.

Era uma noite escura entre as colinas  ─  nos as consideraríamos montanhas; mas

comparadas as espantosas elevações do Himalaia, são colinas. Sundar tinha errado ocaminho e estava procurando um abrigo para passar a noite, quando um vulto surgiusubitamente diante de si e a ponta de uma faca tocou em seu peito.

Os ladrões das montanhas apunhalam primeiro para depois roubar, pois homensmortos não denunciam os seus agressores. Sundar Singh esperava que a faca fosseempurrada e permaneceu perfeitamente quieto. Acendeu-se em sua mente a idéia de quechegara lastimavelmente o seu fim, sozinho no escuro, assassinado por causa de dinheiroque não possuía.

 ─  Senhor, se é a tua vontade, salva-me! Suplicou. A faca permanecia quieta.Através da luz sombria Sundar Singh viu o ladrão admirado, com os olhos fixos sobre oseu ombro. A penetrante lámina fora arriada e o homem estava curvado e humilhado aolado. Sadhu, um pouco agitado por esta aventura, adiantou-se. Mas da escuridão veio umgrito:  ─ Homem sagrado, homem sagrado, volta! Pode ser um laço! Soou a voz pesarosa eassustada. Sundar voltou.  ─ Que deseja?

 ─ Vem comigo? Homem sagrado.

Pelo áspero caminho Sadhu seguiu o ladrão, ate que chegaram à boca de umacaverna. O ladrão tateava; ao lado achou uma tocha e acendeu-a, levantando-a.  ─  Entrahomem sagrado ─ disse ele.

Aí era o covil do ladrão. Horror! O que eram aquelas cintilantes coisas brancasespalhadas em pilhas no chão? Esqueletos! Crânios humanos, fêmures, ossos do braço,

costelas e vértebras, tudo misturado em confusão onde tinha sido lançado.

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O HOMEM QUE DESAPARECEU 19  

O ladrão atirou-se ao chão e soluçou.

 ─ Estas são as minhas vítimas, são os homens que eu matei  ─  lamentou.  ─ Se nãofosse um que anda contigo o teu corpo estaria aqui está noite. Oh, homem sagrado, háalguma esperança para um homem como eu?!

Foi uma misteriosa noite que Sadhu passou conversando com um homem meiodemente pelo temor e remorso. Mas quando a aurora apareceu, havia um novo homemajoelhado ali; um homem pronto para começar de novo, para fazer sua vida forte pelaprática do bem.

Agora, a noticia destas coisas começava a correr por todas as vilas do norte daÍndia.

 ─ O Cristão Sadhu chegou!

 ─ Dizem que ele é um homem extraordinariamente santo!

 ─ Dizem que quando um operário jogou uma pedra nele, caiu instantaneamente nochão, mas Sadhu estendeu a mão sobre ele e o curou.

 ─ Dizem que ele pode curar pelo simples tocar de sua mão.

 ─  Dizem que nada o impede de falar. Foi lançado na prisão mas pregou aosprisioneiros. Foi amarrado no tronco, mas pregava aos que passavam. Quanto maisperseguido, mais feliz o seu sorriso.

 ─ Dizem que ele jejuou quarenta dias e quarenta noites e teve visões maravilhosas.

Falavam incessantemente de histórias prodigiosas, algumas verdadeiras, algumas

falsas. Uma coisa é certa: Sundar Singh tornou-se famoso.

Não porque se preocupasse em sê-lo. Todos os seus pensamentos estavam voltadospara uma aventura ainda mais espantosa a ocorrer no lugar mais perigoso do que qualqueroutro que ele já pisara. Chegou o tempo quando tinha de deixar o povo cujos costumesconhecia e muitos amigos que o amavam, para escalar os grandes e brancos muros e entrarno pais interditado ir entre os poderosos Himalaias dentro do misterioso Tibete.

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20 O HOMEM QUE DESAPARECEU

VIAGEM

AOTIBETE

Início da Jornada

As mais altas montanhas do mundo! Parecem estar suspensas no ar suas aguçadaspontas, eternamente brancas pela neve, envolvidas em nuvens, separadas pelos profundosdesfiladeiros por onde se desprendem avalanches de neve e estrondam correntezasimpetuosas. As estreitas veredas elevam-se através de saliências superiores, por pontesfrágeis embaixo das quais rugem e espumam cataratas, por traiçoeiras encostas eescorregadios declives. Nestas passagens o vento é tão intenso que faz parar a respiraçãodo homem. Progressivamente, estas montanhas avançam para dentro do desconhecidoTibete.

Sundar Singh tinha visto o Himalaia de longe. Tinha-se encontrado com tibetanose conversado com eles, de quem ouvira algo do seu país varrido pelos frios e impetuososventos, das suas pequenas, sujas e desordenadas casas, dos seus sacerdotes e monges queviviam aglomerados em mosteiros qual uma multidão de andorinhas que se aninham nasfaces dos mais inacessíveis penhascos. Sabia que a religião deles era de temor  ─ temor dosdemônios, temor das feitiçarias.

O Tibete é fechado para a raça branca. Mas onde um missionário branco não podia

penetrar, um indiano podia entregar a mensagem.

Perigos?! Uma ponte podia quebrar-se, um pé escorregar sobre uma apertadasaliência, um banco de neve sobre um oculto precipício podia subitamente desfazer-se,ladrões podiam saltar de uma emboscada e ferir de surpresa, ou o longo e frio sono nakkkkkk

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O HOMEM QUE DESAPARECEU 21  

neve podia dominar o viajante de tal maneira que este nunca mais despertasse.

Perigos?! Os sacerdotes “lamas”1 dos tibetanos eram muito ciumentos do seupoder. O povo era ignorante e supersticioso. Eles eram hostis a uma religião estranha.Prisão, tortura, uma horrível morte, podia esperar qualquer arrojado aventureiro quepregasse as boas novas de Cristo.

Perigos?! Mas, sobretudo havia um povo que desejava auxílio. Sundar Singh tinhaa nova que levaria alegria as suas vidas. Por que se preocupar com os perigos? Ele iria.

Reuniu-se a uma caravana de comerciantes que operava na fronteira  ─  homensestranhos com ásperas roupas de couro, com abas em volta de seus ouvidos para protegê-los do frio; sujos, de faces largas com pequenas rugas e olhos oblíquos. Cavalos robustos epequenos carregavam os pacotes de mercadorias. Penetraram através dos estreitos

desfiladeiros, subindo em zigue-zague as estradas cujos declives tornaram-se mais e maisíngremes, até que deixaram as florestas atrás.

Sundar Singh apartou-se da caravana, pois ele e um amigo tibetano planejaramcruzar a fronteira por um caminho diferente. Achou melhor que estivessem a sós.

Prosseguiram subindo. Nalgumas passagens o caminho atravessava o lado liso deuma enorme rocha cujo espaço abaixo era de centenas de pés, com uma altura de pedralisa para cima de igual tamanho. A estrada era feita de vigas de madeira introduzidas narocha, estando colocadas sobre as mesmas, espessas pranchas, formando assim umaespécie de sacada ou varanda que aderia ao lado da montanha. Ao contato com os seus pésaquela varanda movia-se.

Noutros lugares cordas foram atravessadas de um extremo a outro de profundosdespenhadeiros,e nelas eram tecidas amplas redes. Ao fundo destas deitavam-se poucaspranchas; e ao longo destas pranchas o viajante atravessava imaginando que se aquelascordas estivessem podres ou gastas tombaria com tudo, e ele estaria subitamente

precipitado a torrente espumante lá embaixo.

A Boa Ação Salvadora

Prosseguiram subindo os declives da neve. Aqui o intenso ventoacoita como a ponta de um chicote, as nuvens podem envolver cadacoisa como um véu misterioso ou  ─  igualmentehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

________________________________1) Lama: sacerdote budista do Tibete

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desagradável  ─  o Sol pode aparecer brilhando sobre a neve com tal intensidade eesplendor que primeiro confunde, depois atinge os olhos e, finalmente, os cega comterrível dor. E a única coisa que se podia fazer era usar óculos escuros ou vedar os olhoscom uma faixa.

Sundar e seu companheiro lutaram até que conseguiram a passagem. A noite seestava aproximando, e o tibetano temeu que não conseguissem um abrigo antes delachegar e, neste caso, estariam perdidos.

Que vulto era aquele que estava na estrada?! A mão de um homem, o corpo de umhomem meio coberto por um socalco de neve.

 ─ Não pare, ordenou o tibetano. Não temos tempo a perder. O homem está mortoou impossibilitado de reanimar-se.

 ─  Vá indo  ─  mandou Sundar, inclinando-se sobre o homem caído. O tibetanofugiu temeroso. Sundar estendeu a mão sobre o peito do homem. O coração ainda batia.Estava vivo.

Com uma luta, Sundar levantou-o e cambaleou adiante, levado pelo sopro dovento. Continuou andando, embora a neve embargasse seus passos e seu coração batesseopressivamente sob o peso. Avançou, embora suas costas doessem e seus joelhostremessem.

 ─ Cristo, dá-me força! ─ suspirou.

O abrigo não estava distante. O grande esforço feito produzira calor que corriaatravés das veias de Sundar, e ele, embora estivesse cansado, sentia-se disposto e forte.

Mas ali no caminho diante dele, jazia o seu companheiro tibetano, morto, rígido,gelado. Ele tinha procurado salvar a sua própria vida e a tinha perdido; Sundarpermanecera para ajudar o desconhecido, e estava salvo pela sua própria e intrépidaproeza.

Entre os Tibetanos

Sundar sentou-se no chão de uma choupana de taipa1. O ar estava sufocante, pois o

lugar estava repleto de pessoas que se comprimiam, cujos vestidos grossos nunca tinhamsido lavados. Era difícil saber de que eram feitos os seus vestuários, pois estavam da cordo chão, sujos e engordurados. Suas faces estavam negras e brilhantes. O cabelo dasmulheres untado com manteiga espalhava-se em grandes tranças sobre amplas formas,preso com grampos de metal. Todos os pequenos olhos escuros estavam voltadospara o homem estranho e alto, cujallllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll

 _______________________________ 1) taipa: parede de barro e madeira

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O esforço produziu calor que salvou sua vida.

pele diante das suas parecia clara,e cujas roupas, apesar da viagem, pareciam-lhesmiraculosamente limpas.

 ─ Ele não pode ser tão sagrado, do contrário não se lavaria tanto  ─ murmuraram.Porque lavou seus vestidos no rio esta manhã!

 ─ Nosso “lama” diz que é uma coisa má um homem sagrado lavar-se. Ele mesmonem sonharia fazer tal coisa.

 ─ E as palavras que ele diz são muito boas. Será possível que ele, um rapaz tão

fino, enfrentou as montanhas unicamente para nos trazer a sua mensagem? Deve ser dignade alguma coisa, então. Só os comerciantes cruzaram as montanhas ate agora.

 ─ Silêncio! Ele vai falar de novo!

A princípio Sundar achou difícil falar. Sentia-se doente em virtude do mau cheiro edo ar sufocante; e o alimento que tinham trazido não lhe satisfez. Um chá preto muitoforte, amargo, sem leite nem açúcar, com sal e manteiga. E alem disto cevada queimada,grosseira e indigesta. Ele tinha ainda dificuldade em falar a língua tibetana e compreendero que o povo dizia. Era um trabalho duro. Mas Sundar não tinha dó de si mesmo. Em todoo seu caminho enfrentara perigos e privações, mas viera

nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn

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para ajudar este povo e agora aqui estava! Eles pareciam amigos e interessados; o maucheiro e o desagradável alimento não o desanimariam. Franca e naturalmente familiarizou-se com eles e o acanhamento deles passou; avidamente começaram a fazer-lhe perguntas.Leu a Bíblia para eles. Contou-lhes a maravilhosa história do grande Herói, o perfeitoFilho de Deus, e como dera a Sua vida pelos homens.

 ─ Demônios nos conhecemos  ─  disseram os tibetanos e os sacerdotes nos deramencantamentos contra eles. Mágica nós conhecemos, a do mal e a do bem. Os “lamas” noscontam histórias de Buda, que era tão sublime e bom. Mas que o Filho de Deus tenhachegado ao ponto de morrer por nós é difícil de crer.

Por tudo isto, eles amavam e admiravam Sundar e, quando este lhes falava em iradiante, procuravam impedi-lo.

 ─ É muito perigoso para o senhor vaguear sozinho  ─ disseram-lhe eles.  ─ O paísestá cheio de ladrões.

 ─ Bem, eu nada tenho para eles roubarem  ─ disse Sundar sorrindo.

 ─  O senhor deve carregar uma espingarda ou ao menos uma espada  ─  aconselharam-no.

 ─ Eu tenho duas coisas: minha Bíblia e meu cobertor  ─ replicou Sundar. Na minhaBíblia está escrito que a espada do Espírito é a Palavra de Deus, assim vocês vêem que euestou bem armado.

Assim partiu vagueando de lugar em lugar naquele alto e frio país que é chamado“o telhado do mundo”.

Assaltantes Ouvem o Evangelho

Uma vez, quando se sentou entre o povo de uma aldeia, notou que muitos delesestavam horrivelmente desfigurados. Alguns não tinham dedos; outros tinham toda a mãocortada pelo punho; em outros faltava um pé.

 ─ O que significa isto? ─ perguntou ─  

 ─ Quem vos mutilou assim, tão terrivelmente?

Houve silêncio, enquanto eles olhavam uns para os outros assustados. Alguémfinalmente murmurou:  ─  Foram os ladrões! Eles entram em nossas aldeias e se nós nãodescobrimos onde estão os nossos bens e o nosso dinheiro, cortam-nos um dedo ou outromembro.,. Silêncio! Não fale sobre isto.

Evidentemente as pobres criaturas estavam ainda assustadas até em falardos bandidos. Sundar Singh mudou de assunto

hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

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e começou a transmitir-lhes a sua mensagem, até que se esqueceram dos seus temores eouviram-na maravilhados.

Subitamente ouviram o rumor de gente que andava arrojadamente e sem temor narua da aldeia. Agarraram-se uns aos outros e todos os olhares se voltaram em direção aporta. Ali estava um bandido furioso e mal encarado com uma espingarda ao ombro e umaespada a cintura. Atrás dele outros de faces carrancudas se agrupavam.

Sundar Singh também se voltara e seus mansos olhos perscrutavam aquelas facesameaçadoras. Ele percebeu que atrás daquela insolência e ar carrancudo havia uma espéciede curiosidade, um problema.

 ─ Não querem entrar e ouvir?  ─ disse-lhes gentilmente.

Desajeitados, os bandidos surgiram dentre a multidão que nervosamente lhes abriucaminho. Acocoraram-se no soalho.

 ─  Ouvimos falar de você, homem sagrado  ─  disse-lhe o chefe. Vá falando.

Gostaríamos de ouvir o que você tem para dizer.

Como se estivesse diante do auditório mais tranqüilo do mundo, Sundarprosseguiu. Quando terminou, os bandidos levantaram-se e foram embora quietamente.

 ─ Você os encantou, homem sagrado  ─ disseram os nativos admirados.

De Volta à ÍndiaEra tempo de Sundar voltar às montanhas. Tinha visitado muitos lugares e em

todos eles tinha-se sentido bem, embora os tibetanos fossem tão ignorantes, tãomergulhados no temor dos demônios e da magia negra, que dificilmente mudariam seuscostumes.

 ─ Volte para nos, homem sagrado  ─ suplicaram. Nós queremos ouvir mais.

Mas também o preveniram: É perigoso você voltar. Os “lamas” estão se

aborrecendo com o seu ensino. Eles temem que você arrebate o seu poder.

 ─ Eu voltarei ─ disse Sundar Singh.

Fixou o olhar nas alturas novamente e, ajudado por seus amigos tibetanos,atravessou-as com segurança. Seus amigos da Índia, tanto missionários como hindus,maravilharam-se de sua volta como se fosse a volta de um morto.

Eles tinham grandes planos para ele.

A igreja do sul da Índia ansiava vê-lo; os cristãos do Ceilão reclamavam a suapresença. Não iria ele ao sul?!

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Como se estivesse no auditório mais tranqüilo do mundo, Sadhu pregou o Evangelho.

Sundar iria onde quer que lhe parecesse necessário. Desta vez, certamente devia ir

por estrada de ferro. Reuniões deviam ser providenciadas com antecedência.Infalivelmente haveria enormes multidões.

As multidões foram maiores do que se esperava. Sundar, assim tão simples e tãosincero, lançava o fogo de sua mensagem, que dava nova vida aos cristãos do sul da Índiae do Ceilão e atraia milhares de curiosos. A viagem foi um sucesso. Mas Sundar estavamuito cansado. Ansiava voltar as suas quietas colinas.

Surge outro convite. Não queria ele visitar a Birmânia? E além da Birmânia, apenínsula Malaia  ─  Mandalai, Peraque, Singapura, Penang, China e Japão! Colossais

reuniões, grande entusiasmo; conversas particulares, introduções; Sundar Singhsacrificava-se continuamente, gastava-se. Não gostava das multidões e odiava os aplausos;viajando de trem e falando de reunião em reunião estava demasiadamente cansado.

Finalmente, ei-lo pronto a regressar. Um pequeno descanso entre as suas próprias equietas colinas e florestas, dias de silêncio, oração e amável colóquio  ─ e então mais umavez o Tibete.

Descobriu que o aviso que tinha recebido era uma realidade. Agora os “lamas”estavam hostis. Fora proibido de pregar, sob pena de ser aprisionado e morto. Mas foi.

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AS PERSEGUIÇÕES

SE INTENSIFICAM

Capturado Pelos Lamas

O “lama”, trajando o seu hábito amarelo, estava em um lugar elevado assentadonuma alta cadeira. Atrás dele, em fila, estavam os monges, que conduziam em suas mãospequenas caixas. Dentro de cada caixa estava uma roda de leme, na qual estava escrito  ─  “om mane padme hum”  ─ Oh! preciosidade do coração do lótus  ─  a única prece que osuplicante “lama” usa. Com um movimento de seu braço, cada monge conservava a rodaem movimento e cada volta equivalia a uma reza.

Diante do “lama”, agarrado por homens armados, permaneceu Sundar Singh ereto

e calmo.

 ─ Não lhe disse que se não deixasse à cidade seria morto? Por que ainda está aqui?

 ─ Eu devo obedecer às ordens do meu Mestre.

 ─ Nos não temos nada com o seu Mestre, servimos ao Senhor Buda. Promete nãopregar?

 ─ Isto eu não posso fazer.

 ─ Levem-no.

Sundar foi arrastado para fora da cidade sobre ásperos caminhos pedregosos, atéque fizeram alto a boca de um fosso, onde havia uma pesada tampa de ferro e estavatrancada. Quando foi solta, um cheiro doentio levantou-se.

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 ─ Joguem-no lá dentro. Vá pregar aos que estão lá em baixo, se quiser.

Um brusco empurrão e Sundar caiu dentro da escuridão. A tampa ressoou acimadele.

Quando recobrou os sentidos e procurou levantar-se sentiu uma furiosa dor em seubraço. Estava ferido  ─ não podia dizer quão mal se achava. Que horror! Sobre o que eleestava? Alguma coisa mole e flexível que apalpou em completa escuridão. Carne  ─ carnehumana  ─  corpos de homens em decomposição enchiam o ar de um vapor imundo esufocante.

—Oh! Deus! Suplicou Sundar Singh, devo eu morrer aqui, sozinho neste lugarterrível? Ajuda-me!

Não tinha temor da morte. Mas morte como esta  ─  lenta inanição, a loucura dasede, o terrível e insuportável mau cheiro  ─ era mais pavorosa do que qualquer coisa.

As horas passavam vagarosamente. A agonia causada pelo braço machucado, atortura da sede, fraqueza produzida pela fome e pela dificultosa respiração... Quanto tempo já se havia passado? Um dia. dois dias, três? Noite e dia era a mesma coisa naquela covainfernal. Sundar jazia meio inconsciente, respirando com dificuldade, quase morto.

Salvo Milagrosamente

Um ruído, um girar na fechadura acima o despertou. A. tampa foi levantada. A luzdas estrelas brilhou lá dentro. Um sopro de ar mais doce alcançou-o. Entre ele e o céuestava à cabeça e o corpo de um homem.

 ─ Pendure-se com todas as suas forcas nesta corda  ─ disse uma voz.

Sundar Singh, tateando o chão escorregadio, agarrou-se a ela com toda a suaesgotada força. Sentiu que estava sendo puxado firmemente. Fresco ar bateu-lhe na face.Estava fora da caverna. Em seguida ficou inconsciente. Quando voltou a si, a tampa estavaestendida sobre o fosso e trancada. Não viu seu libertador em parte alguma.

Sundar cambaleou. Sentia-se fraco e cansado, mas seu braço não mais doía.Maravilhado e agradecendo a Deus a sua estranha libertação, retornou a cidade e a casa de

seus amigos, que ao vê-lo pensaram que fosse o seu anjo. Alimentando-se e descansandohh 

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Estava sendo puxado para fora do fosso por alguém que nunca chegou a saber aidentidade.

alguns dias, restaurou as forças e com intrepidez começou a pregar novamente.

Furioso, o “lama” mandou seus soldados, e uma vez mais Sundar foi levado ao julgamento.

—Como escapou do fosso?!

Sundar Singh contou a história. ─ Mas quem foi o homem que o livrou?!

 ─ Nao sei. Estava muito escuro para reconhecê-lo.

 ─  Alguém roubou minha chave! O “lama” irritou-se. Revistem todos e vejamquem foi.

Mas ninguém tinha a chave do “lama”. Ergueu o molho de chaves queestava pendurado no seu cinto e empalideceu. Os

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monges ficaram confundidos e esqueceram-se de girar a roda de leme da oração. A chaveestava no próprio cinto do “lama”.

Tremendo, o sacerdote levantou-se.  ─ Vá! Gaguejou.  ─ Eu lhe suplico, retire-se donosso meio. Seu Deus é terrível e poderoso. Deixe-nos, para que ele não mande umaterrível praga sobre nós.

Sundar Singh teria gostado de explicar-lhes que o seu Deus é um Deus de amor enão de vingança, mas os monges estavam tão aterrorizados para ouvir que ele foi embora.

Nenhuma das aventuras de Sundar Singh no Tibete foi tão terrível como esta.

Entre os Ciganos

Sundar havia feito muitos amigos, que sempre se alegravam com a sua presença, e

cada dia o número deles aumentava. Algumas vezes os seus novos amigos embaraçavam-no com suas esquisitas noções de hospitalidade.

Uma vez ele se juntou a uma tropa de ciganos vadios, e sentou-se com eles noacampamento. Tinham somente uma comida escassa para oferecer-lhe, mas do pouco quetinham constrangeram-no a receber. Não queria o homem sagrado comer um pouco?Certamente o homem sagrado gostaria de beber, não?

Sundar estava com sede, mas quando viu o asqueroso caneco que lhe ofereceramsentiu-se doente.

 ─ Vocês fazem caso  ─ perguntou com aquele cativante sorriso  ─ que eu o lave alifora?

Lavá-lo? Oh? Certamente, certamente ele será lavado. Mas nos não podíamospensar em dar ao homem sagrado o trabalho de lavá-lo. Nos o faremos.

E o cigano pos a língua para fora, a maior língua que Sundar já tinha visto, ecalmamente lambeu o copo por dentro.

O Bondoso Eremita

Sundar Singh andava sozinho entre as montanhas. Tinha perdido ocaminho; estava quase cego com a neve ofuscante; estava esgotado e doentecom as horríveis experiências no Tibete;

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A entrada da caverna estava uma estranha figura que Sundar nunca havia visto antes.

e nesta situação andava aos tombos e quase caia muitas vezes. A morte parecia estar bemperto dele.

Ele não estava com o menor temor. Estava quase alegre. A morte para ele era  justamente a passagem de uma sala escura para uma cheia de luz, onde a face do seuMestre e Herói, aquela face que ele tinha visto na visão da juventude, dar-lhe-ia as boasvindas, dizendo: ─ Muito bem! ─ Mas devia prosseguir ate que a chamada viesse.

Subitamente seus pés bateram em uma pedra; seus joelhos se dobraram; caiu econheceu que não tinha forças para levantar-se. As trevas envolveram-no.

Seus olhos abriram-se vagarosa e indolentemente. A cegueira produzida pela neveofuscante tinha passado e ele via a claridade. Estava numa caverna. Certamente aquelacaverna não estivera ali antes dele cair! E sentada à boca da caverna estava uma estranhafigura como Sundar Singh nunca tinha visto em todas as suas peregrinações.

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Um homem extremamente velho, a face enrugada, a cabeleira branca, mas os olhosclaros e retos; o cabelo longo e despenteado, e barba fechada e emaranhada que pela formaparecia o pelo de uma fera; magros membros nos quais se salientavam os ossos cobertoscom a pele bronzeada pelo tempo. Uma criatura espantosa.

Sobressaltado, Sundar levantou-se, notando com surpresa quão forte se sentia.

Numa entonação clara como uma campainha, o velho falou  ─  Ajoelhemo-nos eoremos.

Sundar Singh compreendeu. Este era um dos eremitas das montanhas, aqueleshomens esquisitos que tinham deixado o mundo para se entregarem a uma vida de oraçãoe jejum. Alimentavam-se de frutas silvestres e bebiam água das fontes das montanhas; edizia-se que eles tinham grande sabedoria e viam visões que ordinariamente o povo nãopodia ver. Sundar ansiava encontrar-se com um. Quietamente ele se ajoelhou e o eremitaorou.

Mas, uma emoção de surpresa e alegria invadiu o coração de Sundar quando ouviuo nome de Jesus na oração. Era um cristão eremita! Que coisa estranha, maravilhosa!

Quando terminou a oração, o eremita puxou de um esconderijo na rocha umpergaminho velho e usado, escrito em grego, e leu em voz alta.

 ─ Quer dizer-me, pai, de onde veio este velho pergaminho?  ─ perguntou Sundar.

O eremita sorriu.  ─  é muito velho na verdade. Foi trazido a Índia há centenas deanos passados, por Francisco Xavier de Assis, missionário jesuíta, e é uma cópia doevangelho segundo S. Mateus. Passou por inumeráveis mãos e é meu há muitos anos. E

agora, meu filho, Deus o trouxe a mim para que eu lhe pudesse ajudar. Conversemos.

Assim, o grande Sadhu que tinha viajado através dos mais remotos lugares, tinhasido recepcionado por enormes multidões em muitos paises, cuja fama se espalhara pelaInglaterra e América, sentou-se ao lado de um eremita das montanhas, quase despido, eescutou humildemente os seus ensinos. Quando o deixou estava forte e vivificado.

 ─ Venha novamente, meu filho  ─ disse o velho. Quando você estiver cansado do

trabalho, volte aqui e ficará forte.

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O HOMEM QUE DESAPARECEU 33  

JORNADA

FINALEncontro Feliz com o Velho Pai

Voltou novamente à Índia. Não foi descansar. Vários convites o esperavam. Deviacomeçar a cruzar os mares para ir a Europa, Inglaterra e América.

 ─ Se eles me desejam, devo ir  ─ disse Sundar Singh.

Mas como posso ir? Não tenho dinheiro. Eu nunca tenho dinheiro.

Enquanto ele e seus amigos estavam discutindo como conseguiriam levantar odinheiro para pagar a passagem, veio um mensageiro a Sundar. Seu velho pai o esperava.Como seu coração estremeceu! Finalmente, depois de todos aqueles anos de separação,voltaria à casa paterna!

O velho o recebeu prazerosamente.  ─  Meu querido filho! Você é um homemfamoso!

Sundar Singh sorriu e meneou a cabeça.

 ─ Eu sou um pobre, papai. Veja: sem sapatos e a roupa velha! Mas estou muitofeliz. Como está o senhor?

 ─ Meu filho, minha mentalidade mudou. Eu compreendo agora porque abandonoua nossa religião, pois eu também me tornei cristão.

As mãos delgadas e morenas de Sundar agarraram as de seu pai e a alegria brilhouem seus olhos.

 ─  Agora diga, meu filho, quais são seus próximos planos? Está ainda disposto aperegrinar? 

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34 O HOMEM QUE DESAPARECEU

“Meu querido filho Você é um homem famoso.”

 ─ Fui convidado a fazer uma longa viagem a Europa, papai, mas...

 ─ 

Custa dinheiro! Eu vejo. Bem, graças a Deus eu sou um homem rico. Todosestes anos você viveu sem nada receber de mim. Eu pagarei a sua passagem de navio,embora me corte o coração você apartar-se de mim.

Visita a Europa e América

Desse modo Sundar foi a Europa.

Ele a aborrecia.

Barulho, fumo, rodas de carro; frio, cerração, chuvas; grandes ruas e casas;multidões apressadas.

Havia grandes reuniões, assistidas pelo povo elegante. Comentavam o quanto eramaravilhoso, como falava esplendidamente, como a sua face era bela  ─  como a própriaface de Cristo. Mas Sundar sentia-se infeliz. Tudo lhe parecia falso. E embora fosse forade dúvida o que diziam, todavia, estavam tão ocupados ganhando dinheiro, visitando,consumindo-se e inquietando-se que nem ao menos compreendiam o que ele procurava

dizer-lhes. Disseram-lhe que a sua viagem tinha sido um grande sucesso, porém ele sesentia cansado e esgotado.

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O HOMEM QUE DESAPARECEU 35  

A América, em algumas coisas, era pior. Ele corria de reunião para reunião, de jantar para jantar, sempre festejando, sempre tomando parte numa palestra, sempre sendoargüido; atraindo para si todos os olhares. Seus momentos realmente felizes eram aquelesem que, nos lares daqueles que o hospedavam, podia brincar com as crianças e contar-lheshistórias.

Terminou a viagem afinal. Agradecido, regressou a Índia, para o silêncio das

colinas e quietude das montanhas; para o seu incompreensível, sujo, ignorante e amadopovo do Tibete.

Repouso Forçado

 ─ Meu caro Sadhu, temo que você seja um homem obstinado! Disse o doutor.  ─  Há muito tempo que você se tem sacrificado. Agora, aí está!

 ─ 

O senhor quer dizer que não pode curar meus olhos? Perguntou Sundar Singh dacama onde estava deitado.

 ─ A luz de um deles já se foi.

Havia um brilho no seu olho bom.

 ─ Bem  ─ sorriu ─ a Escritura diz: “Se o teu olho for simples todo o teu corpo teráluz.” Eu, de qualquer modo, posso dizer que meu olho é simples!

O doutor ainda o olhou gravemente.  ─  Você tem estragado o seu corpo. Seuspulmões estão afetados; seu estomago está muito fraco; e se você não tiver cuidadoaquelas terríveis dores voltarão. Você precisa descansar, ouviu?

 ─ Eu compreendo doutor. Eu procurarei proceder assim.

Por um pouco Sundar Singh o fez.

Arranjara uma sala quieta e uma secretária para ajudá-lo a responder o dilúvio decartas que jorravam de todas as partes do mundo. Andou entre as belas colinas da sua terranatal meditando e orando.

Ficou um pouco mais forte. Freqüentemente voltava a sua face para o norte, deonde os frios ventos vindos diretamente dos campos de neve do Himalaia assopravamfrescamente. Ali, além daqueles elevadíssimos cumes, os seus humildes amigos oesperavam. Ele parecia ouvir as suas ansiosas vozes chamando-o:  ─  Volta para nós.homem sagrado! Nós somos fracos e ignorantes. Vem de novo nos ensinar.

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36 O HOMEM QUE DESAPARECEU

“Meu caro Sadhu, você precisa de repouso imediato”

 ─  Você não pode ir. Você não está bastante forte para suportar a jornada—sugeriam-lhe os seus outros amigos.  ─ Se você for estará caminhando para a morte.

 ─ Vocês pensam que ela me faz medo. É a coisa que mais desejo, estar livre destepobre e mutilado corpo e entrar na Vida.  ─ O seu único olho brilhava com o antigo ardor. ─ Mas eu estou mais forte agora. Irei neste verão.

Jornada Para o Lar Eterno

Não houve quem o fizesse mudar de propósito. Alguns tibetanos foram com ele eansiosamente seus amigos missionários o viram partir.

Algumas semanas mais tarde uma tristonha comitiva se aproximava da casa damissão. Eram os viajantes tibetanos; carregavam sobre uma padiola Sundar, doente e

quase morto.

 ─ Suas dores voltaram devido aos seus esforços sobre-humanos  ─ disseram eles.

 ─ Caiu por fim em agonia. Quando nós nos inclinamos sobre ele, sorriu para nosapesar do sofrimento por que estava passando e disse: “Eu sou feliz; estou muito alegrepor sofrer pelo meu Mestre”.  ─ Nos o carregamos para casa a fim de morrer.

Mas ele não morreu.

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O HOMEM QUE DESAPARECEU 37  

Frágil como uma cana, ele se levantou daquela cama de doença, e por dois anosmais continuou vida calma, pregando, escrevendo e conversando com seus amigos.

Depois, de novo veio à chamada que não seria revogada.

 ─ Eu não posso enfraquecer o espírito com esta vida aqui  ─  disse. Devo dar-lheuma expressão mais completa. Afinal de contas, por que apegar-me-ia eu a vida? Estou

bastante forte para experimentar de novo.

Alegremente, despediu-se de todos com um adeus e com o coração forte.

 ─ Voltarei de novo no outono se tudo for bem  ─ E dizendo isto, fixou mais umavez o olhar nas perigosas alturas.

Nunca mais voltou.

Se, alquebrado pelas dores, caiu nos altos caminhos e a neve cobriu o seu últimosono; se tropeçou num perigoso despenhadeiro e caiu num profundo abismo; se uma pontequebrou-se sobre uma torrente; se uma fera bravia o despedaçou; se os ladrões o mataramna escuridão; ou se ele alcançou o Tibete somente para cair nas mãos dos ferozes “lamas”,ninguém sabe.

Por longos anos os aldeões indianos esperavam por ele, dizendo:  ─  Certamentenosso Sadhu virá de novo. Por muitos anos os seus amigos brancos interrogavam a todosos viajantes do Tibete, sempre esperando. Mas sete anos faziam que Sundar Singh tinha

partido para a sua última jornada. E podemos estar certos: fora a jornada para o seu Lar!

“Voltarei de novo no outono se tudo for bem.”

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38 O HOMEM QUE DESAPARECEU

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O HOMEM QUE DESAPARECEU 39  

VAMOS RECORDAR?

RECORDAN DO O CAPÍT ULO

1. Sundar Singh conheceu o evangelho com a idade de:

______ 23 anos _______ 15 anos _______ 19 anos

2. Ao ouvir a Palavra de Deus, sua primeira reação foi de:

_______ alegria _______ ódio

3. Depois de ficar três dias trancado em seu quarto, Sundar decidiu finalmente

entregar-se a: ____________________________________________________

4. O pai e os irmãos de Sundar ficaram satisfeitos com sua decisão ao lado de Cristo?

________ sim _______ não

5. Vendo que Sundar Singh não voltaria atrás de sua decisão qual destas foi a atitude seu pai:

_______ mandou-o para um colégio interno

_______ prendeu-o em seu quarto

________ expulsou-o de casa

________ deu-lhe uma surra

RECORDAN DO O CAPÍTU LO II

1. Sundar teve que dormir na rua durante a primeira noite. Pela manha, acordou terrivelmente doente,

porque havia sido __________________________ por um de seus parentes.

2. O diretor do colégio sugeriu a Sundar que fosse consagrado pastor. Ele aceitou a sugestão?

_______ sim _______ não

3. Complete esta frase de Sundar Singh:

“Irei para o meu próprio povo. Vestirei um hábito de ________________________ o errante homemsagrado, e sairei como meu ____________________________ fez

4. Certa vez, um homem fingiu-se morto para servir de isca a um assalto a Surdar Singh. Em razão disso,acabou:

_______ ferindo-se

_______ morrendo de verdade

_______ assaltando a Sundar

_______ fugindo do local

5. Um outro assaltante tentou, certa noite, esfaquear Sundar. Teve êxito em seu intento?

_______ sim _______ não

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40 O HOMEM QUE DESAPARECEU

RECORDAN DO O CAPÍTU LO II I

1. Sundar Singh seguia pelas montanhas geladas quando encontrou um homem à morte. Qual destas foi asua atitude:

_______ deu-lhe medicamentos

_______ deixou-lhe um cobertor

_______ levou-o consigo

2. Com esta atitude para com o homem, Sundar _______________ a sua própria vida, em razão do__________________ produzidos pelo grande __________________ empregado.

3. Como foi recebido Sundar pelos nativos do Tibete?

_______ bem ______ mal

4. Sundar, ao ver-se diante de um bando de assassinos cruéis, pregou-lhes o evangelho. Qual foi a reaçãodos bandidos:

_______ tentaram matá-lo

_______ bateram nele

_______ ouviram silenciosamente sua pregação

_______ apedrejaram-no

RECORDAN DO O CAPÍTU LO IV

1. Os “lamas” ordenaram a Sundar que deixasse o Tibete. Ele obedeceu?

______ sim _______não

2. Em conseqüência de sua atitude, foi atirado num _______________, cheio de _______________

3. Ao tomar conhecimento da libertação milagrosa de Sundar Singh do fosso, o “lama” ficou:

_______ triste _______ contente _______ aterrorizado _______ preocupado

4. Certa vez, nas montanhas, Sundar encontrou um eremita cristão. Qual dos Evangelhos o bondoso velhopossuía?

_______ Mateus _______ Marcos ________ Lucas _______ João

RECORDAN DO O CAPÍIT UL O V

1. Voltando a Índia, Sundar Singh recebeu um convite do seu ____________ que o fez feliz, pois estetambém já era ____________________

2. Assinale os dois continentes visitados por Sundar Singh, graças ao auxílio financeiro recebido de seupai:

_______ África _______ Europa _______ Ásia _______ América

3. Para onde se dirigia Sundar Singh na última vez que foi visto Com vida?

_______ Ceilão _______ Tibete _______ Turquia _______ Singapura _______ Birmânia