Tese Jaime Henrique Barbosa Da Costa (1)

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  • JAIME HENRIQUE BARBOSA DA COSTA

    MODELAGEM MATEMTICA DA OPERAO DE ESCRUBAGEM DA BAUXITA DE PARAGOMINAS PA

    So Paulo 2010

  • JAIME HENRIQUE BARBOSA DA COSTA

    MODELAGEM MATEMTICA DA OPERAO DE ESCRUBAGEM DA BAUXITA DE PARAGOMINAS PA

    Tese apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Doutor em Engenharia

    So Paulo

    2010

  • JAIME HENRIQUE BARBOSA DA COSTA

    MODELAGEM MATEMTICA DA OPERAO DE ESCRUBAGEM DA BAUXITA DE PARAGOMINAS PA

    Tese apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Doutor em Engenharia rea de Concentrao: Engenharia Mineral Orientador: Prof. Dr. Homero Delboni Jnior

    So Paulo 2010

  • FICHA CATALOGRFICA

    Costa, Jaime Henrique Barbosa da

    Modelagem matemtica da operao de escrubagem da bauxita de Paragominas-PA / J.H.B. da Costa. -- So Paulo, 2010.

    135 p.

    Tese (Doutorado) - Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de Engenharia de Minas e de Petrleo.

    1. Processamento de minerais metlicos (Modelagem mate- mtica) 2. Bauxita Paragominas (PA) I. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia de Minas e de Petrleo II. t.

  • DEDICATRIA

    minha querida esposa Roseane pelo apoio, carinho, compreenso e dedicao

    ao nosso filho Jlio Csar durante esse perodo de nossas vidas.

  • AGRADECIMENTOS

    A minha famlia pelo apoio e compreenso as minhas constantes ausncias.

    Ao Prof. Dr. Homero Delboni Jnior pelo constante apoio, orientao, idias e

    sugestes sempre bem-vindas e que muito contriburam, no s para elaborao

    deste trabalho, como tambm para minha formao e aprimoramento profissionais.

    Ao Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Par pelo

    empenho em valorizar seus profissionais e pelo apoio durante a minha participao

    no programa de ps-graduao em Engenharia Mineral da Escola Politcnica da

    Universidade de So Paulo.

    Aos professores Arthur Pinto Chaves e Eldon Azevedo Masini pelas

    sugestes e comentrios pertinentes durante o exame de qualificao.

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES

    pela concesso da bolsa de estudos.

    Ao Eng. Qumico Dr. Odair Alves de Lima pelas sugestes, comentrios e

    ajuda com a utilizao do software Statistica.

    Enga. de Minas Bianca Foggiatto pelas sugestes e comentrios

    pertinentes.

    Aos tcnicos do Laboratrio de Simulao e Controle do Departamento de

    Engenharia de Minas da Escola Politcnica da USP, Rogrio, Juninho, Fernando e

    Newton, pela presteza na realizao dos ensaios de escrubagem de laboratrio.

    Ao Eng. Qumico Bricionor Filho, ao Sr. Antonio Odilon e a toda equipe de

    colaboradores, pelo auxlio fundamental na execuo dos ensaios de escrubagem

    em escala piloto;

    VALE, na pessoa do Sr. Adriano Campos, pela autorizao para execuo

    e acompanhamento dos ensaios de escrubagem, em escala piloto, na Mina de

    Bauxita de Paragominas.

    A todos aqueles que, direta ou indiretamente, tiveram a oportunidade de

    compartilhar comigo alguma parte da elaborao desta Tese.

  • RESUMO

    O objetivo deste trabalho foi investigar, sob o enfoque da modelagem matemtica, a

    operao de escrubagem da bauxita proveniente da jazida Miltnia 3, da Mina de

    Bauxita de Paragominas-PA, com vistas a fornecer parmetros para previso de seu

    desempenho e otimizao. Para isso, foi realizada uma campanha de experimentos

    de escrubagem, em um tambor desagregador de laboratrio, baseada em

    planejamento fatorial. Os parmetros operacionais avaliados foram os seguintes:

    grau de enchimento, tempo de residncia da polpa e velocidade de rotao. A

    varivel de resposta selecionada foi a quantidade de finos (partculas menores que

    0,037 mm) no produto desagregado. O programa de experimentos permitiu a anlise

    da influncia de cada varivel operacional selecionada na desagregao da bauxita.

    De acordo com os resultados obtidos, o parmetro operacional que produziu o efeito

    mais significativo na varivel de resposta foi o grau de enchimento. O modelo

    desenvolvido foi validado atravs da comparao entre os valores obtidos em

    ensaios de escrubagem em uma unidade piloto e aqueles previstos pelo modelo. Os

    valores da quantidade de finos, no produto desagregado, previstos pelo modelo

    apresentaram uma excelente aproximao com os dados experimentais da

    operao em escala piloto.

    Palavras-chave: Escrubagem. Modelagem. Bauxita. Tambor Desagregador

  • ABSTRACT

    The aim of this study was to investigate and model the bauxite scrubbing of bauxite

    samples from Miltonia 3, a Vale operation at Par state, Brazil. The experimental

    program included the design of a standard laboratory test, from which parameters

    were derived for predicting the operation of a scrubber in steady state conditions.

    Three main variables were selected for the laboratory experimental program using

    the factorial design technique. These were load fraction, residence time and rotation

    speed. The amount of fines was determined through screening both feed and product

    of the scrubbing test. The former was considered as a material characteristic while

    the second was the dependent variable, i.e. the result of the scrubbing process. An

    empirical model was developed according to which the load fraction was found the

    most important variable to the scrubbing process. Residence time was also included

    in the model due to its importance in designing scrubbers for industrial plants. To

    validate the model a comprehensive pilot plant program was carried out with the

    same bauxite sample from Miltonia 3 deposit used in the laboratory investigations.

    The comparison between experimental data and model calculated values indicated a

    good agreement, as most values were within 10% deviation range.

    Keywords: Scrubbing. Modeling. Bauxite. Drum scrubber.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Log washer ou lavador de cascalho..........................................................32

    Figura 2 - Equipamento Haver Hydro-Clean .............................................................33

    Figura 3 - Mquina de atrio....................................................................................34

    Figura 4 - Tambor desagregador rotativo ou drum scrubber .....................................36

    Figura 5 - Seco longitudinal de um scrubber com trommel....................................37

    Figura 6 - Instalao de escrubagem da MRN ..........................................................41

    Figura 7 - Sequncia das operaes de lavra da MBP .............................................51

    Figura 8 - Lavra por tiras ...........................................................................................51

    Figura 9 - Fluxograma de beneficiamento da MBP ...................................................53

    Figura 10 - Percurso do mineroduto da MBP ............................................................57

    Figura 11 - Equipamento utilizado nos ensaios de escrubagem em escala de

    laboratrio .................................................................................................................61

    Figura 12 - Instalao piloto de escrubagem.............................................................65

    Figura 13 - Vista do interior do scrubber ...................................................................68

    Figura 14 - Coleta das amostras ...............................................................................69

    Figura 15 - Desenho esquemtico do balano de massas da operao de

    escrubagem...............................................................................................................70

    Figura 16 - Distribuio granulomtrica mdia da alimentao dos ensaios de

    laboratrio .................................................................................................................71

    Figura 17 Distribuies granulomtricas mostrando o efeito do grau de enchimento

    na desagregao da bauxita - condio de operao: tr 1 min e Vr 28,4% Vc..........72

    Figura 18 Distribuies granulomtricas mostrando o efeito do grau de enchimento

    na desagregao da bauxita - condio de operao: tr 3 min e Vr 28,4% Vc..........73

    Figura 19 Distribuies granulomtricas mostrando o efeito do grau de enchimento

    na desagregao da bauxita - condio de operao: tr 1 min e Vr 41,4% Vc..........74

    Figura 20 - Distribuies granulomtricas mostrando o efeito do grau de enchimento

    na desagregao da bauxita - condio de operao: tr 3 min e Vr 41,4% Vc..........75

    Figura 21 Distribuies granulomtricas mostrando o efeito do tempo de residncia

    de polpa na desagregao da bauxita - condio de operao: Ge 5% e Vr 28,4% Vc

    ..................................................................................................................................76

  • Figura 22 Distribuies granulomtricas mostrando o efeito do tempo de residncia

    de polpa na desagregao da bauxita - condio de operao: Ge 10% e Vr 28,4%

    Vc ..............................................................................................................................77

    Figura 23 Distribuies granulomtricas mostrando o efeito do tempo de residncia

    de polpa na desagregao da bauxita - condio de operao: Ge 5% e Vr 41,4% Vc

    ..................................................................................................................................78

    Figura 24 - Distribuies granulomtricas mostrando o efeito do tempo de residncia

    de polpa na desagregao da bauxita - condio de operao: Ge 10% e Vr 41,4%

    Vc ..............................................................................................................................79

    Figura 25 Distribuies granulomtricas mostrando o efeito da velocidade de

    rotao na desagregao da bauxita - condio de operao: Ge 5% e tr 1 min......80

    Figura 26 Distribuies granulomtricas mostrando o efeito da velocidade de

    rotao na desagregao da bauxita - condio de operao: Ge 5% e tr 3 min......81

    Figura 27 Distribuies granulomtricas mostrando o efeito da velocidade de

    rotao na desagregao da bauxita - condio de operao: Ge 10% e tr 1 min....82

    Figura 28 - Distribuies granulomtricas mostrando o efeito da velocidade de

    rotao na desagregao da bauxita - condio de operao: Ge 10% e tr 3 min....83

    Figura 29 - Grfico cbico das respostas ..................................................................87

    Figura 30 - Efeito do grau de enchimento na quantidade de finos no produto ..........88

    Figura 31 Distribuio granulomtrica mdia da alimentao dos ensaios............89

    Figura 32 Distribuio granulomtrica mdia da alimentao dos ensaios

    determinada sem as distribuies das amostras dos ensaios 2 e 9..........................90

    Figura 33 Efeito do tempo de residncia da polpa na desagregao da bauxita na

    condio 1.................................................................................................................92

    Figura 34 Efeito do tempo de residncia da polpa na desagregao da bauxita na

    condio 2.................................................................................................................93

    Figura 35 Efeito do tempo de residncia da polpa na desagregao da bauxita na

    condio 3.................................................................................................................94

    Figura 36 Efeito do tempo de residncia da polpa na desagregao da bauxita na

    condio 4.................................................................................................................95

    Figura 37 Efeito da velocidade de rotao na desagregao da bauxita na

    condio 1.................................................................................................................96

    Figura 38 Efeito da velocidade de rotao na desagregao da bauxita na

    condio 2.................................................................................................................97

  • Figura 39 Efeito da velocidade de rotao na desagregao da bauxita na

    condio 3.................................................................................................................98

    Figura 40 Efeito da velocidade de rotao na desagregao da bauxita na

    condio 4.................................................................................................................99

    Figura 41 Efeito da velocidade de rotao na desagregao da bauxita na

    condio 5...............................................................................................................100

    Figura 42 Ajuste do modelo aos dados experimentais com velocidade de rotao

    de 28,4% Vc; ...........................................................................................................105

    Figura 43 - Ajuste do modelo aos dados experimentais com velocidade de rotao

    de 41,4% Vc; ...........................................................................................................105

    Figura 44 - Comparao entre os valores experimentais dos finos no produto e os

    valores previstos pelo modelo .................................................................................106

    Figura 45 - Grfico da distribuio normal dos resduos .........................................107

    Figura 46 - Resduos versus valores previstos de Finos no Produto ......................108

    Figura 47 Comparao entre os valores experimentais e os previstos pelo modelo

    nas condies 1 e 2 ................................................................................................115

    Figura 48 Comparao entre os valores experimentais e os previstos pelo modelo

    nas condies 3 e 4 ................................................................................................116

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Caractersticas do cilindro utilizado nos ensaios de laboratrio ..............61

    Tabela 2 Variveis operacionais e seus respectivos nveis....................................63

    Tabela 3 Condies de realizao dos ensaios de escrubagem escala de

    laboratrio .................................................................................................................63

    Tabela 4 Caractersticas do scrubber piloto ...........................................................65

    Tabela 5 Condies de realizao dos ensaios de escrubagem em escala piloto.66

    Tabela 6 Matriz de planejamento ...........................................................................84

    Tabela 7 Coeficientes de contraste para um fatorial 23..........................................85

    Tabela 8 Resultados dos efeitos para o planejamento fatorial 23 dos ensaios de

    escrubagem em laboratrio.......................................................................................86

    Tabela 9 Resultados do balano de massas para os ensaios piloto ......................91

    Tabela 10 Programa de ensaios complementares de escrubagem .....................102

    Tabela 11 Dados experimentais utilizados na modelagem ..................................103

    Tabela 12 Estimativa da constante b do modelo ...............................................104

    Tabela 13 Tipos de decises para um teste de hipteses e suas probabilidades110

    Tabela 14 Teste de hipteses para mdia de dados emparelhados ....................112

    Tabela 15 Resultados dos valores experimentais e previstos pelo modelo .........113

    Tabela 16 Resultado do teste de hiptese ...........................................................114

    Tabela 17 Distribuio granulomtrica da alimentao dos ensaios em escala de

    laboratrio ...............................................................................................................125

    Tabela 18 Distribuio granulomtrica dos produtos dos ensaios de escrubagem

    em escala de laboratrio .........................................................................................127

    Tabela 19 Distribuio granulomtrica da alimentao dos ensaios em escala

    piloto........................................................................................................................129

    Tabela 20 Distribuio granulomtrica dos produtos oversize (OS) e undersize

    (US) dos ensaios de escrubagem em escala piloto ................................................131

    Tabela 21 Distribuio granulomtrica do produto desagregado nos ensaios em

    escala piloto ............................................................................................................133

    Tabela 22 Pontos de probabilidade da distribuio t com graus de liberdade...135

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ALUNORTE ALUMNIO DO NORTE DO BRASIL S.A.

    CBA COMPANHIA BRASILEIRA DE ALUMNIO

    DWP DINAWHIRLPOOL

    EPUSP ESCOLA POLITCNICA DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    FN FINOS NATURAIS

    FP FINOS NO PRODUTO

    JKMRC JULIUS KRUTTSCHNITT MINERAL RESEARCH CENTER

    LSC LABORATRIO DE SIMULAO E CONTROLE

    MBP MINA DE BAUXITA DE PARAGOMINAS

    MRN MINERAO RIO DO NORTE

    OS OVERSIZE

    PMI DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS E PETRLEO

    PPP PLANTA PILOTO DE PARAGOMINAS

    ROM RUN OF MINE

    SAG SEMI-AUTGENO

    US UNDERSIZE

  • LISTA DE SMBOLOS

    mm milmetro

    bar bar

    m3/h metro cbico por hora

    kWh quilowatt hora

    t/h tonelada por hora

    L/D relao de aspecto

    tr tempo de residncia da polpa

    Vu volume til ocupado pela polpa na cmara do scrubber

    Qa vazo volumtrica da polpa de alimentao

    Vc velocidade crtica

    rpm rotaes por minuto

    D dimetro interno

    m metro

    Mt milhes de toneladas

    km quilmetro

    polegada o C graus Celsius

    Ms massa do slido

    ds densidade do slido

    m/h metro por hora

    kt quilotonelada

    p

    hp horse power

    P80 dimetro em que 80% do produto passante

    # mesh

    Vr velocidade de rotao

    Cw concentrao de slidos da polpa de alimentao

    min minuto

    Qwa vazo mssica de slidos da alimentao

    cv cavalo vapor

  • L litro

    g grama

    Ge grau de enchimento

    kg/h quilograma por hora

    nvel de significncia

    Qp vazo mssica de polpa da alimentao

    probabilidade de ocorrncia do erro tipo II do teste de hipteses

    R2 coeficiente de determinao

    H0 hiptese nula

    H1 hiptese alternativa

    mdia populacional

    d mdia das diferenas

    sd desvio-padro da amostra das diferenas

    n nmero de elementos da amostra

    m3 metro cbico

    Xt matriz transposta de X

  • SUMRIO

    1 INTRODUO......................................................................................18

    2 OBJETIVOS..........................................................................................21 2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................ 21 2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS .................................................................. 21

    3 REVISO DA LITERATURA ...............................................................22 3.1 A MODELAGEM MATEMTICA DE PROCESSO................................. 22

    3.1.1 Modelos Tericos ou Fundamentais .....................................................23 3.1.2 Modelos Fenomenolgicos ....................................................................24 3.1.3 Modelos Empricos .................................................................................25

    3.2 ELABORAO DE UM MODELO MATEMTICO DE PROCESSO..... 26 3.3 ESCRUBAGEM E LAVAGEM DE MINRIOS ....................................... 29 3.4 EQUIPAMENTOS DE ESCRUBAGEM E LAVAGEM DE MINRIOS ... 31

    3.4.1 Log Washer..............................................................................................31 3.4.2 Haver Hydro-Clean ..................................................................................32 3.4.3 Mquina de Atrio .................................................................................34 3.4.4 Drum Scrubber ........................................................................................35

    3.4.4.1 Caractersticas do drum scrubber.......................................................36 3.4.4.2 Concentrao de slidos da polpa......................................................37 3.4.4.3 Tempo de residncia da polpa na cmara de escrubagem................38 3.4.4.4 Volume til ocupado pela polpa..........................................................38 3.4.4.5 Vazo de polpa de alimentao..........................................................39 3.4.4.6 Velocidade de rotao do scrubber ....................................................39 3.4.4.7 Altura das aletas de revolvimento do minrio .....................................40 3.4.4.8 Usos ...................................................................................................40

    3.5 MODELAGEM DA OPERAO DE ESCRUBAGEM............................41 3.6 BAUXITA ................................................................................................42

    3.6.1 Introduo................................................................................................42 3.6.2 Formao e Caracterizao Mineralgica.............................................44 3.6.3 Lavra.........................................................................................................46 3.6.4 Beneficiamento Mineral ..........................................................................46 3.6.5 Reservas ..................................................................................................47 3.6.6 Produo..................................................................................................48

    3.7 A MINA DE BAUXITA DE PARAGOMINAS........................................... 48 3.7.1 Lavra.........................................................................................................50 3.7.2 Descrio do Processo de Beneficiamento..........................................52

    3.7.2.1 Britagem e estocagem em pilhas........................................................53 3.7.2.2 Moagem grosseira e deslamagem......................................................54 3.7.2.3 Moagem fina .......................................................................................55 3.7.2.4 Desaguamento e peneiramento final ..................................................56

    3.7.3 Transporte do Produto pelo Mineroduto...............................................56

  • 4 MATERIAIS E MTODOS ...................................................................59 4.1 MATERIAIS ............................................................................................59

    4.1.1 Amostra de Bauxita.................................................................................59

    4.2 MTODOS .............................................................................................59 4.2.1 Ensaios de Escrubagem em Escala de Laboratrio ............................60

    4.2.1.1 Equipamento utilizado ........................................................................60 4.2.1.2 Preparao das amostras...................................................................62 4.2.1.3 Determinao da distribuio granulomtrica da alimentao dos ensaios ...........................................................................................................62 4.2.1.4 Execuo dos ensaios........................................................................63

    4.2.2 Ensaios de Escrubagem em Escala Piloto ...........................................64 4.2.2.1 Instalao piloto de escrubagem ........................................................64 4.2.2.2 Execuo dos ensaios........................................................................66 4.2.2.3 Balano de massas ............................................................................69

    5 RESULTADOS E DISCUSSO ...........................................................71 5.1 ENSAIOS DE ESCRUBAGEM EM ESCALA DE LABORATORIO ........ 71

    5.1.1 Distribuio Granulomtrica da Alimentao dos Ensaios.................71 5.1.2 Efeito do Grau de Enchimento na Desagregao da Bauxita .............72 5.1.3 Efeito do Tempo de Residncia da Polpa na Desagregao da Bauxita...........................................................................................................................76 5.1.4 Efeito da Velocidade de Rotao na Desagregao da Bauxita .........80 5.1.5 Influncia das Variveis Operacionais na Gerao de Finos..............84

    5.2 ENSAIOS DE ESCRUBAGEM EM ESCALA PILOTO...........................88 5.2.1 Distribuio Granulomtrica da Alimentao dos Ensaios.................88 5.2.2 Balano de Massas .................................................................................90 5.2.3 Influncia das Variveis Operacionais na Desagregao da Bauxita 92

    5.2.3.1 Efeito do tempo de residncia da polpa..............................................92 5.2.3.2 Efeito da velocidade de rotao..........................................................96

    6 MODELAGEM DO PROCESSO ........................................................101 6.1 DEFINIO DO MODELO................................................................... 101 6.2 ESTIMAO DA CONSTANTE b......................................................102 6.3 VERIFICAO DA ADEQUAO DO MODELO................................106

    7 VALIDAO E ANLISE ESTATSTICA..........................................109 7.1 TESTE DE HIPTESES ...................................................................... 109

    7.1.1 Conceitos Importantes..........................................................................110 7.1.2 Comparao de Duas Mdias...............................................................110 7.1.3 Dados Emparelhados............................................................................111

    7.2 TRATAMENTO ESTATSTICO DOS RESULTADOS..........................113

    8 CONCLUSES...................................................................................117

    REFERNCIAS .....................................................................................119

  • Apndice A Distribuio Granulomtrica da Alimentao dos Ensaios de Laboratrio .......................................................................124

    Apndice B Distribuio Granulomtrica dos Produtos dos Ensaios de Escrubagem em Escala de Laboratrio........................126

    Apndice C Distribuio Granulomtrica da Alimentao dos Ensaios de Escrubagem em Escala Piloto .......................................128

    Apndice D Distribuio Granulomtrica dos Produtos dos Ensaios de Escrubagem em Escala Piloto .......................................130

    Apndice E Distribuio Granulomtrica do Produto Desagregado dos Ensaios em Escala Piloto............................................................132

    Apndice F Distribuio t de Student.............................................134

  • Captulo 1 Introduo 18

    1 INTRODUO

    Taggart (1945) define a operao unitria de escrubagem de minrios como

    sendo a desagregao por meio de foras relativamente leves, se comparadas com

    os esforos usuais em cominuio, porm suficientes para reduzir materiais

    razoavelmente moles e inconsolidados, tais como argilas, ou para separar gros

    unidos entre si por ligaes brandas geradas, por exemplo, na cimentao natural

    ocorrida com certos minrios ou na precipitao de sais.

    O equipamento utilizado para realizar tal processo conhecido como

    scrubber. Existem diferentes equipamentos de escrubagem no mercado e o que se

    utilizou neste trabalho foi o chamado drum scrubber ou tambor desagregador. Trata-

    se de um cilindro, aberto nas extremidades e ligeiramente inclinado em relao

    horizontal, que gira em torno de seu prprio eixo, montado sobre rolos.

    No Brasil, os drum scrubbers so utilizados na desagregao e lavagem de

    bauxitas em vrias usinas de beneficiamento, como por exemplo, Minerao Rio do

    Norte (MRN) em Trombetas, Alcoa em Juruti, as duas localizadas no Estado do Par

    e Companhia Brasileira de Alumnio (CBA) em Mira e Itamarati- MG. (ALVES; REIS,

    2008), (REIS, 2008)

    Prever o comportamento do minrio em instalaes de escrubagem para

    dimensionamento e otimizao das mesmas uma ao que proporcionaria ganhos

    reais para a indstria mineral.

    Recentemente, devido alta competitividade do mercado mineral aliada

    crise financeira mundial, tem havido um forte direcionamento de esforos no sentido

    de melhorar o desempenho, a produtividade e a confiabilidade de usinas de

    tratamento de minrios.

    Um recurso poderoso que permite prever desempenho e otimizar as

    operaes unitrias a modelagem de processo.

    De acordo com vrios autores citados por Girolamo (1997), a modelagem, a

    simulao e o controle de processos de operaes de tratamento de minrios tm

    percorrido um longo caminho desde seu incio, atravs da prtica de mtodos como

    o de tentativa-e-erro, predominantes at o fim do sculo XIX, passando pelo

    entendimento de princpios fundamentais com Taggart, no incio dos anos 30 e 40,

  • Captulo 1 Introduo 19

    at o desenvolvimento de mtodos quantitativos com Austin e Gagner, Lynch, Plitt e

    outros a partir dos anos 60.

    Durante os anos 60 e 70 houve um considervel esforo por parte de muitos

    pesquisadores no sentido de desenvolver modelos semi-empircos de vrias

    operaes unitrias do tratamento de minrios. Isto contribuiu para um maior

    entendimento dos princpios das operaes de processo mineral, o que, em conjunto

    com novas tcnicas computacionais tornou-se possvel um rpido desenvolvimento

    desta atividade. A partir de ento, tal evoluo passou do mbito acadmico,

    assumindo importante funo do dia-a-dia da indstria mineral.

    Os programas de simulao tornaram-se bastantes confiveis sendo hoje

    amplamente utilizados por muitos operadores de usinas de tratamento, projetistas ou

    engenheiros de processo na soluo de problemas tcnicos associados a projetos

    de novas instalaes, otimizao de instalaes j existentes, bem como no prprio

    treinamento de pessoal. Eles tm hoje grau de confiabilidade razovel, comparvel

    ao dos mtodos tradicionais, como por exemplo, o de Bond, porm com uma

    vantagem fundamental, qual seja, a flexibilidade oferecida para a investigao de

    alternativas de circuitos/equipamentos.

    A modelagem e a simulao de processos no substituem os ensaios

    tradicionais de laboratrio, mas os complementa. Sua vantagem a de economizar

    tempo e recursos na procura da melhor alternativa de projeto ou da otimizao de

    processos existentes.

    Atualmente existem e so amplamente utilizados, modelos matemticos para

    operaes de britagem, moagem, classificao por ciclones, separao gravtica e

    flotao, entre outros, ainda que estejam em diferentes nveis de desenvolvimento.

    Isto se deve ao fato que, devido sua importncia econmica, os processos de

    cominuio receberam maior ateno por parte dos pesquisadores, e, portanto,

    acham-se muito melhor entendidos que os processos de concentrao.

    Para a operao de escrubagem no foram encontrados na literatura

    trabalhos de modelagem de tal processo, exceo do trabalho conduzido por Miller

    (2004) que desenvolveu um modelo para seleo da geometria do drum scrubber e

    de sua potncia. O mtodo proposto por Miller baseado em resultados de ensaios

    que definem o tempo de residncia necessrio para promover o grau de

    desagregao esperado.

  • Captulo 1 Introduo 20

    , portanto, altamente relevante e til o desenvolvimento de modelos desta

    operao especfica para minrios brasileiros de bauxita visando, de forma a prever

    o desempenho, a otimizao de processo e a consequente melhoria da qualidade do

    produto.

  • Captulo 2 Objetivos 21

    2 OBJETIVOS

    2.1 OBJETIVO GERAL

    Investigar, sob o enfoque da modelagem matemtica, a operao de

    escrubagem de bauxita, com vistas a fornecer parmetros para previso de

    desempenho e otimizao da operao. Desta forma pretende-se contribuir para a

    consolidao dos conhecimentos sobre escrubagem de bauxita no pas.

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Analisar a influncia das variveis operacionais: grau de enchimento,

    velocidade de rotao e tempo de residncia do processo de escrubagem, em

    escala de laboratrio, na desagregao de uma amostra de bauxita de

    Paragominas;

    Verificar a gerao de finos (material com granulometria menor que 0,037

    mm) durante o processo de escrubagem de bauxita;

    Desenvolver um modelo matemtico emprico e ajust-lo aos resultados

    obtidos nos ensaios de escrubagem da bauxita para previso da quantidade de finos

    gerados;

    Analisar a influncia das condies operacionais do processo de escrubagem,

    em escala piloto, na desagregao de uma amostra de bauxita de Paragominas e

    utilizar os resultados da gerao de finos para validar o modelo proposto;

    Por fim, apresentar um texto sobre o processo de escrubagem de bauxita, de

    modo a se tornar um subsdio para aqueles que querem ou necessitem entender tal

    operao.

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 22

    3 REVISO DA LITERATURA

    3.1 A MODELAGEM MATEMTICA DE PROCESSO

    Segundo Girolamo (1997) a modelagem matemtica um conjunto de

    tcnicas que visam obteno de um modelo. O modelo uma equao ou

    conjunto de equaes que transformam um conjunto de dados de entrada em um

    conjunto de dados de sada e que representam um fenmeno ou um processo. Os

    modelos tambm podem ser representados como tabelas, bacos ou grficos.

    As equaes de um determinado modelo visam descrio matemtica de

    um fenmeno e traduzem o conhecimento atual dos mecanismos que regem este

    processo e sua quantificao. sempre uma representao simplificada do

    processo selecionado.

    As equaes podem descrever uma unidade simples (Unit Operation Model),

    como por exemplo, um moinho de bolas, ou um conjunto de unidades (Circuit

    Model), como por exemplo, um circuito de moagem formado por moinhos e

    classificadores ou ainda uma operao completa de beneficiamento.

    Modelos empricos ou fenomenolgicos devem, geralmente, ser ajustados

    para o sistema ou processo analisado. Assim, ajuste do modelo (fitting) o conjunto

    de simulaes que visam calcular os valores de parmetros que resultem nas

    menores diferenas entre resultados experimentais e aqueles correspondentes

    obtidos pelo modelo.

    Simulao o emprego destas equaes, atravs da substituio das

    variveis do modelo por um conjunto de dados de entrada, visando obter predies

    sobre o fenmeno ou processo que se est analisando, atravs dos resultados de

    sada.

    Otimizao a ao ou efeito de buscar uma condio melhor para uma

    determinada operao ou processo.

    A modelagem inerente Engenharia, pois a necessidade de quantificar e

    posteriormente de saber o que ocorre se..., faz desta tcnica uma ferramenta

    fundamental. Nappier-Munn e Lynch (1992) destacam que o exerccio de

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 23

    modelagem extremamente instigante intelectualmente e uma atividade acadmica

    por excelncia.

    De fato, a modelagem de processo uma ferramenta poderosa, seja para o

    projeto de novas instalaes, seja para otimizao e simulao, de que sem o

    auxlio daquela nunca poderiam ser investigadas tal a complexidade, os custos ou

    os investimentos necessrios.

    medida que as interfaces grficas dos programas computacionais tornaram-

    se mais atraentes, houve uma enorme tendncia dos profissionais em substituir o

    trabalho exaustivo, inexato e, por vezes inseguro do laboratrio, da planta piloto e

    das amostragens industriais, pelas simulaes em computadores, que fornecem,

    atravs de modelos matemticos, respostas rpidas e sem maiores trabalhos alm

    da entrada dos dados.

    Segundo Delboni Jr.1, a modelagem matemtica deve ser empregada apenas

    como um recurso para quantificar o entendimento prvio de um determinado

    processo. Assim, por mais complexo que seja um modelo, este no deve substituir o

    conhecimento da operao.

    Ainda segundo o autor, a construo do conhecimento, em tratamento de

    minrios, envolve observao, acompanhamento de ensaios e processos industriais,

    domnio de conceitos e tcnicas especficas, tanto de operao de equipamentos

    quanto de processos integrados.

    E ele conclui dizendo: tratar resultados de modelos tecnolgicos com rigor

    cientfico tpico de nefitos. J substituir o rigor cientfico por empirismo simplista

    subestimar a prpria engenharia.

    De acordo com Nappier-Munn e Lynch (1992) os modelos matemticos

    podem ser classificados em trs classes principais:

    3.1.1 Modelos Tericos ou Fundamentais

    So aqueles elaborados a partir de um entendimento das leis fsicas que

    interagem no processo. Assim, conceitos fundamentais de fora, energia,

    1 DELBONI JR., H. (Departamento de Engenharia de Minas e Petrleo da Escola Politcnica da

    Universidade de So Paulo). Comunicao pessoal, 2010.

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 24

    fenmenos de transporte, entre outros, so a base destes modelos. So os mais

    abrangentes e poderosos e possibilitam predies em amplas faixas de valores,

    assim como extrapolaes em relao aos valores para os quais foram obtidos,

    alm de permitirem um grande entendimento do processo ou fenmeno que esto

    descrevendo.

    Um exemplo clssico de modelo terico aplicado em tratamento de minrios

    a lei de Stokes para a determinao da velocidade terminal de queda de partculas

    num fluido viscoso.

    No entanto, em tratamento de minrios, este tipo de modelo quase no

    aplicado pela complexidade dos fenmenos envolvidos e consequente dificuldade de

    descrev-los, atravs de um amplo entendimento e correlaes dos mecanismos

    envolvidos.

    3.1.2 Modelos Fenomenolgicos

    So modelos elaborados a partir de exerccios intelectuais, procurando-se o

    entendimento do fenmeno ou do processo, atravs da ampla observao do

    comportamento deste. Suas equaes so baseadas em princpios bsicos do

    fenmeno ou do processo, mas contm parmetros que devem ser ajustados

    experimentalmente a partir de observaes do evento, em escala industrial ou de

    laboratrio.

    Estes modelos apresentam uma imagem extremamente til do fenmeno,

    embora no possibilitem um entendimento mais acurado de todos os mecanismos

    envolvidos no processo que descrevem.

    Para a obteno destes modelos so usados conceitos de balano

    populacional e de adimensionais, que possibilitam correlaes e predies

    coerentes, o que os tornam bastante poderosos.

    So exemplos de modelos fenomenolgicos, os modelos dinmicos de

    moagem, obtidos atravs do mtodo do balano populacional.

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 25

    3.1.3 Modelos Empricos

    Modelos empricos so simplesmente descries de uma determinada

    observao experimental, atravs de equaes matemticas. Estes modelos so

    baseados na correlao matemtica entre parmetros pr-selecionados, atravs de

    tcnicas de regresso. Portanto, so modelos extremamente restritos e somente

    aplicveis, rigorosamente, dentro das condies experimentais estudadas. No

    permitem extrapolaes fora dos seus estreitos limites.

    Apesar da aparente falta de rigor cientfico desta modelagem, estes modelos

    so de extrema importncia na Engenharia, pois diante das enormes complexidades

    dos processos, esta tcnica permite obter equaes que possibilitem o estudo de

    fenmenos que, embora no se saiba exatamente como funcionam, permitem

    predizer o que ocorre se determinada varivel assumir certos valores.

    As principais vantagens de modelos empricos so as seguintes:

    A relativa facilidade com que podem ser obtidos. O uso de tcnicas de

    regresso linear e no linear e programas computacionais poderosos,

    possibilita correlacionar muitas variveis simultaneamente, eliminar as de

    menor importncia e testar hipteses;

    So facilmente aplicveis e, portanto permitem verificao da qualidade da

    descrio e/ou predio do fenmeno ao qual estejam associados; e

    Auxiliam no melhor entendimento do processo e, por conseguinte podem

    levar ao desenvolvimento de modelos mais abrangentes.

    Observa-se que no uma questo simples classificar os modelos, pois

    existem nuanas por vezes difceis de mensurar.

    Os modelos podem ser estacionrios ou dinmicos. Os modelos dinmicos

    so aqueles que incorporam a varivel tempo, ou variveis dependentes do tempo,

    nas suas predies. Procuram representar o que ocorre quando um parmetro

    alterado ao longo do tempo e normalmente so muito mais complexos que os

    estacionrios.

    Os modelos estacionrios procuram responder o que ocorre quando uma

    alterao de um parmetro acontece aps o processo entrar novamente em regime.

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 26

    A resposta instantnea e no leva em conta o que est ocorrendo ao longo do

    tempo.

    Pode-se considerar que os modelos estacionrios sejam casos particulares

    dos modelos dinmicos, quando a derivada do tempo igual a zero.

    3.2 ELABORAO DE UM MODELO MATEMTICO DE PROCESSO

    De acordo com Lima (1997), por mais representativo e poderoso que seja um

    modelo, ele sempre ser uma representao simplificada da realidade. O problema

    comea quando este passa a espelhar no uma realidade simplificada, mas uma

    caricatura desta.

    Em tratamento de minrios, utilizam-se largamente os modelos empricos pela

    complexidade dos fenmenos envolvidos e assim, os cuidados na obteno destes

    devem ser muito grandes. Tais modelos, obtidos pela correlao de dados

    experimentais, atravs de regresses, precisam ser rigorosamente descritos quanto

    aos seus limites de aplicao.

    O trabalho de um pesquisador que pretende desenvolver modelos comea

    com um conhecimento profundo do que, e sob qual preciso, se est querendo

    descrever. A introduo de muitas variveis pode ser uma prova de complexidade

    de elaborao de um modelo, porm pode tambm significar que se est

    introduzindo mais variveis apenas para possibilitar uma regresso com erro menor,

    sem que estas tenham qualquer significado fsico para o fenmeno que se est

    estudando.

    Deve-se realizar uma seleo criteriosa e parcimoniosa dos parmetros a

    serem empregados no modelo. nesta etapa que reside a necessidade do

    pesquisador conhecer profundamente o processo, pois caso contrrio qualquer

    profissional com conhecimentos razoveis de matemtica poderia se dedicar a

    modelagem de processo, at mesmo com a vantagem sobre o engenheiro.

    A tcnica de modelagem deve ter por base a seleo das variveis

    importantes e de fato intervenientes no processo, sob o risco de se incluir variveis

    pouco teis nos modelos de tratamento de minrios, apenas para tornar as

    respostas mais prximas ao conjunto dos resultados obtidos nos ensaios.

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 27

    Outro aspecto fundamental na modelagem a qualidade dos dados usados

    para a elaborao do modelo. Este , talvez, o aspecto mais importante a ser

    observado. De fato, os modelos matemticos empricos desenvolvidos a partir de

    extensos e cuidadosos trabalhos experimentais so de extrema valia para o

    entendimento e simulao de processos.

    Ocorre que trabalhos laboratoriais, alm de extenuantes, so muito caros. H,

    portanto, uma tendncia a minimizar o nmero de ensaios e a implicao disto

    clara, pois com uma base de dados menor, corre-se um risco muito maior de se

    trabalhar com dados pouco confiveis.

    Isto no significa que apenas porque se realizou um grande nmero de

    ensaios, esteja garantida a qualidade destes. O planejamento dos ensaios, visando

    atingir toda a faixa de utilizao a que se pretende estender o modelo,

    fundamental, pois neste tipo de modelagem podem-se interpolar valores, porm

    jamais extrapol-los.

    comum, especialmente nas operaes unitrias de tratamento de minrios,

    aparecerem problemas em que precisa-se estudar vrios parmetros de qualidade

    do produto ao mesmo tempo e estes, por sua vez, so afetados por um grande

    nmero de variveis operacionais. Como investigar os efeitos de todas essas

    variveis sobre todos os parmetros de qualidade do produto, minimizando o

    trabalho necessrio e o custo dos experimentos?

    De acordo com Barros Neto et al. (2001), as pesquisas realizadas com o

    objetivo de fornecer resposta a essa pergunta muitas vezes tomam vrios meses de

    trabalho de pesquisadores e tcnicos, a um custo bastante alto em termos de

    salrios, reagentes, anlises qumicas e testes fsicos. Usando planejamentos

    experimentais baseados em princpios estatsticos, pode-se extrair do sistema em

    estudo, o mximo de informao til, fazendo um nmero mnimo de experimentos.

    Um recurso bastante utilizado para alcanar este objetivo a tcnica de

    planejamento fatorial completo, que visa avaliao da influncia de fatores

    importantes no sistema em estudo, sobre a resposta de interesse, bem como as

    possveis interaes de uns fatores com os outros, fazendo-se isso com um nmero

    mnimo de experimentos.

    Outro aspecto fundamental o rigor com a obteno dos dados, em particular

    com a amostragem. Assim, deve-se tomar extremo cuidado para evitar erros

    estatsticos elementares de amostragem, como variar o tamanho de alquotas

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 28

    durante a retirada de amostras, evitar desprezar alquotas e/ou amostras

    representativas ou aceit-las quando no as so, evitar erros grosseiros, como troca

    de etiquetas, perda de amostras e contaminaes. Alm disto, o zelo com o

    manuseio, a reduo (quarteamento), a secagem e a estocagem das amostras so

    condies fundamentais para o desenvolvimento do trabalho de obteno dos dados

    que sero usados posteriormente nos trabalhos de modelagem.

    A teoria de Gy (1982) incluiu uma descrio detalhada de tais erros, bem

    como fundamentos e tcnicas para quantificao dos mesmos.

    Posteriormente, a confirmao dos resultados atravs da realizao de um

    conjunto de ensaios independentes complementa a etapa de obteno dos dados.

    Considera-se fundamental a distribuio dos erros inerentes a qualquer

    trabalho de laboratrio. Assim, rigorosamente necessrio que o balano de

    massas seja fechado de forma a garantir a consistncia dos dados. Muitas tcnicas

    podem ser empregadas para fazer a distribuio destes erros, porm fundamental

    que os dados estejam coerentes.

    Tcnicas de distribuio dos erros atravs da minimizao dos erros

    quadrticos, a anlise da preciso dos pontos amostrados, atravs da repetio de

    ensaios e da observao do desvio padro nestes e a distribuio ponderada dos

    erros pelo inverso da varincia so tcnicas que devem ser usadas para garantir que

    em qualquer ponto ou, no conjunto como um todo, os valores de entrada e sada de

    fluxos estejam consistentes.

    Obtido um conjunto de dados de boa qualidade, englobando toda a faixa de

    valores desejados modelagem, parte-se para a elaborao de equaes que

    descrevam o fenmeno. Estas so delineadas intuitivamente, atravs da elaborao

    de uma funo matemtica, que possa compreender as variveis ensaiadas,

    adotando-se os parmetros (expoentes ou fatores) que sero ajustados ao conjunto

    de dados, atravs de regresses.

    Finalmente, obtendo-se uma equao ou conjunto de equaes, deve-se

    verificar a sua aplicabilidade atravs da simulao de ensaios independentes. A

    assim denominada validao visa certificar-se que o modelo, ainda que restrito s

    condies ensaiadas, responde dentro de uma determinada preciso, com valores

    prximos aos obtidos neste conjunto de dados independentes.

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 29

    3.3 ESCRUBAGEM E LAVAGEM DE MINRIOS

    De acordo com Taggart (1945), o processo de escrubagem efetivamente a

    desagregao por meio de foras relativamente leves, se comparadas com os

    esforos usuais em cominuio, porm suficientes para reduzir materiais

    razoavelmente moles e inconsolidados, tais como argilas, ou para separar gros

    unidos entre si por ligaes brandas, geradas, por exemplo, na cimentao natural

    ocorrida com certos minrios ou na precipitao de sais.

    Segundo Trajano (1966), por lavagem (washing) de minrios, entende-se a

    separao de dois constituintes desses minrios que difiram distintamente em

    granulometria. Na maioria das vezes, o constituinte mais fino, geralmente argila ou

    material argiloso, encontra-se mais ou menos aglomerado ou aderido ao constituinte

    grosseiro, que quase sempre o mineral valioso, salvo casos especiais ou quando o

    beneficiamento da prpria argila. Nessas condies, a escrubagem compreende

    um estgio prvio, ou simultneo lavagem, de desagregao do minrio com gua,

    a fim de individualizar as micro partculas da argila, e limpar, as partculas grosseiras

    do outro mineral, da argila aderida.

    Ainda segundo o mesmo autor, no caso de minrios incoerentes, a exemplo

    dos minrios aluvionares, cujas fases mineralgicas se apresentam individualizadas

    em gros livres, a fragmentao dispensada, sendo necessria, s vezes, apenas

    uma simples desagregao. Por desagregao, entende-se ser o processo de

    destacamento de gros, ligados frouxamente por cimento incoerente, na maioria das

    vezes argiloso, e levado a cabo, geralmente, em aparelhos onde o minrio, com um

    pouco dgua, fica submetido a revolvimento ou agitao.

    Cabe aqui ressaltar a diferena entre os processos de escrubagem, atrio e

    cominuio empregados no tratamento de minrios. Todos so meios para se atingir

    a liberao/individualizao de partculas minerais, entretanto empregam

    quantidades diferentes de energia para alcanar o objetivo. Os processos de

    escrubagem e atrio utilizam intensidades energticas baixa e mdia,

    respectivamente, enquanto que a cominuio utiliza elevadas quantidades de

    energia. Isto se deve, em funo das foras de coeso entre as partculas que se

    desejam individualizar. Quanto maior a coeso entre partculas, mais energia deve

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 30

    ser empregada para a individualizao. Portanto, h uma gradao crescente das

    diferentes operaes em funo da energia empregada no processo.

    Outra diferena importante quanto granulometria do material em que os

    processos so aplicados. O processo de escrubagem geralmente aplicado para

    individualizao de partculas finas aderidas na superfcie de partculas grosseiras

    (mataces), enquanto que o de atrio empregado para partculas finas, com

    tamanho abaixo de 10 mm.

    A escrubagem normalmente realizada pela ao de atritar partculas duras

    grosseiras umas nas outras. Normalmente, a operao de escrubagem antecede a

    operao de lavagem propriamente dita, mas em muitos casos ambas as aes so

    desenvolvidas simultaneamente.

    Os mtodos e equipamentos a serem empregados dependem,

    fundamentalmente, do tipo de material, do tamanho das partculas e dos resultados

    pretendidos. Por exemplo, o tratamento de partculas minerais grosseiras,

    contaminadas por argila, ser tanto mais difcil quanto mais plstica e impermevel

    for a argila a ser desintegrada e removida. Por outro lado, o tratamento de cascalhos

    contendo partculas roladas e lisas, levemente cimentadas por argilas, pode ser

    realizado com relativa facilidade, por exemplo, sobre peneiras vibratrias submetidas

    a fortes jatos de gua (ENGENDRAR ENGENHEIROS ASSOCIADOS, 2009).

    Os termos escrubagem (scrubbing) e lavagem (washing), em sua origem

    inglesa, derivam de atividades domsticas paralelas e referem-se s mesmas aes,

    ou seja: molhar, esfregar, bater, agitar, enxaguar, etc., a consequente separao

    dos slidos grosseiros da gua, que carrega consigo os slidos finos em suspenso

    (ENGENDRAR ENGENHEIROS ASSOCIADOS, 2009).

    Os procedimentos de escrubagem e lavagem so os correspondentes s

    operaes de fragmentao e concentrao, quando aplicado ao tratamento de

    minrios residuais. Tais minrios, normalmente aluvies ou eluvies, contendo

    metais preciosos ou de elevado valor comercial, podem apresentar diferentes graus

    de consolidao, mas devem possuir como caracterstica comum, o fato de que o

    material de interesse apresente condies de dureza e granulometria bem diferentes

    daquelas do conjunto do material bruto (run of mine). O tamanho da partcula

    quase sempre a propriedade fsica na qual se baseia a separao, sendo a gua o

    meio usual de separao (ENGENDRAR ENGENHEIROS ASSOCIADOS, 2009).

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 31

    3.4 EQUIPAMENTOS DE ESCRUBAGEM E LAVAGEM DE MINRIOS

    Segundo Varela (2009), a principal justificativa para utilizao de

    equipamentos de escrubagem e lavagem, em plantas de processamento de

    materiais, a remoo de partculas finas. Estas partculas, normalmente, so

    consideradas uma frao indesejvel, diminuindo o valor agregado do produto final,

    e encontram-se aderidas s partculas minerais de maior tamanho, sendo

    imprescindvel a sua retirada do processo. Muitas vezes, esta contaminao por

    finos, encontra-se na forma de aglomerados que necessitam ser quebrados,

    dissolvidos e, por fim, separados da frao grossa. A seguir, encontra-se uma

    descrio de alguns equipamentos utilizados para tal fim.

    3.4.1 Log Washer

    O equipamento, denominado log washer, tem eixos dotados de ps, que se

    revolvem dentro de um tanque, movimentando as partculas suspensas na polpa,

    fazendo com que elas choquem-se, umas as outras, com grande energia.

    Alm de lavar e desagregar, este equipamento realiza uma primeira etapa de

    deslamagem, eliminando parte dos finos pelo overflow.

    O log washer ou lavador de cascalho (Figura 1) tem como funo lavar os

    gros sos do minrio, realizando a limpeza de suas superfcies, removendo as

    argilas e outros finos presentes; muitas vezes, tambm, sua operao desfaz os

    gros de minerais inconsolidados e/ou os torres de argila presentes. O

    equipamento opera desagregando, desintegrando e carreando estes contaminantes,

    atravs da aplicao de uma forte atrio entre as partculas minerais, gerada do

    movimento entre as palhetas presas a dois eixos no interior de um tanque. Estes

    eixos so acionados por motores eltricos. O minrio, a ser beneficiado,

    alimentado no fundo do tanque e transportado para cima, atravs do movimento das

    palhetas. Com o choque intenso entre partculas, o material contaminante

    desintegrado ou disperso em gua e carreado para fora pelo overflow do tanque. O

    produto limpo ento descarregado pelo underflow (WHITAKER, 2001).

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 32

    Figura 1 - Log washer ou lavador de cascalho

    Fonte: Metso Minerals (2005a)

    De acordo com Varela (2009), deve-se tomar cuidado com implicaes

    relacionadas ao elevado desgaste na parte mvel deste tipo de equipamento, devido

    ao processamento de materiais abrasivos. Existem situaes em que os fabricantes

    de equipamentos utilizam materiais especiais de elevada resistncia abraso,

    como por exemplo, aos com ligas de nquel. Em outros casos, as palhetas so

    projetadas para permitir uma maior vida til, atravs da sua inverso (utilizao dos

    dois lados externos).

    3.4.2 Haver Hydro-Clean

    Segundo Varela (2009), a tecnologia de lavagem, sob alta presso,

    desenvolvida na Alemanha, j vem sendo utilizada desde o ano de 1998. O

    equipamento Hydro-Clean foi desenvolvido para o processamento mineral e a

    reciclagem de materiais. O primeiro equipamento Hydro-Clean foi aplicado para a

    lavagem de agregados para a construo civil. Aplicaes desta tcnica incluem o

    processamento de minrios (diamante, ouro, calcrio e gesso). Outros materiais, que

    tambm esto sendo avaliados (projetos em fase de desenvolvimento), so: minrio

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 33

    de ferro, de nquel, bauxita, caulim, fosfato, carvo, esmeralda, assim como

    aplicaes para a reciclagem de materiais.

    O equipamento foi desenvolvido utilizando-se o princpio de lavagem por alta

    presso. Ele pode ser utilizado para limpeza de materiais contaminados com um

    tamanho entre 0 - 150 mm. A presso utilizada no equipamento pode chegar a 200

    bar. Os consumos de gua e energia, que devero ser pr-determinados

    dependendo da necessidade do processo, variam entre 6 42 m3/h e 10 265 kWh,

    respectivamente. Desta forma, a fora hidrulica e o tempo de residncia so

    parmetros decisivos para a operao estvel e contnua do Hydro-Clean. A taxa de

    produo, por mquina, pode chegar a 400 t/h.

    A parte central do equipamento consiste em uma cmara de lavagem vertical,

    revestida em suas laterais com telas de poliuretano. No topo desta cmara encontra-

    se um rotor de lavagem, no qual so montados bicos de sprays. A alimentao da

    cmara realizada, atravs de uma comporta, conforme Figura 2.

    Figura 2 - Equipamento Haver Hydro-Clean

    Fonte: www.haverbrasil.com.br

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 34

    O material lavado e desagregado, ao ser exposto a jatos de gua de alta

    presso. O fluxo de gua injetado de cima para baixo, devido posio dos bicos

    de spray, localizados no rotor de lavagem. Outro efeito, resultante da rotao do

    rotor de lavagem, a centrifugao do material. A fora hidrulica, transferida ao

    material, resulta em foras de atrito e impacto entre as partculas que compem a

    amostra. Do ponto de vista do processo, a cmara de lavagem do equipamento

    pode ser dividida em duas zonas, na regio superior a turbulenta, onde o material

    lavado, e na regio inferior o material apenas transferido e desaguado.

    3.4.3 Mquina de Atrio

    A mquina de atrio um equipamento simples, porm altamente eficiente,

    para atritar partculas, com lamas em polpas, entre 50 e 80 % de concentrao de

    slidos. Duas hlices opostas, tipo propulsoras, em cada eixo, criam uma ao de

    mistura intensa, forando as partculas individuais, umas contra as outras,

    resultando em atrio, limpeza de superfcie e desintegrao de aglomerados, como

    mostrado na Figura 3.

    Figura 3 - Mquina de atrio

    Fonte: www.aeromecanicadarma.com.br

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 35

    A eficincia, normalmente, melhora com o aumento da concentrao de

    slidos da polpa, uma vez que o contato entre partculas aumenta. Uma abertura,

    em cada segmento das clulas, permite o fluxo da polpa na mquina.

    normalmente fornecida com duas, quatro ou seis clulas. Este equipamento usado

    principalmente para lavagem de material, com tamanho abaixo de 10 mm.

    aplicado para remoo de manchas de ferro das partculas de areia, desintegrao

    de aglomerados de argila na areia, delaminao de minrios, como caulim e grafita.

    Utilizam-se, possivelmente, altos recursos de energia para lavagem de areia de

    slica para manufatura de vidro e limpeza de areia de fundio. A mquina tambm

    utilizada para misturar areia e para hidratao de cal. (METSO MINERALS, 2005b)

    3.4.4 Drum Scrubber

    De acordo com vrios autores (KELLY; SPOTTISWOOD, 1982; METSO

    MINERALS, 2005a; ENGENDRAR ENGENHEIROS ASSOCIADOS, 2009), drum

    scrubber, tambm chamado de tambor desagregador, lavador rotativo, lavador de

    tambor, drum washer, scrubber-trommel, a mquina destinada desagregao e

    separao de rejeitos (argilas) do material aproveitvel (Figura 4). recomendvel

    para materiais misturados com argila solvel e para grossos em geral. O material

    entra em um cilindro giratrio, onde misturado com gua. Em toda superfcie

    interna do cilindro esto distribudas as aletas, cuja funo atritar e levantar o

    material, ao mesmo tempo em que, tambm, o impulsiona para a tela, onde

    desaguado (METSO MINERALS, 2005a).

    Em alguns textos pesquisados, principalmente em catlogos de fabricantes, o

    termo scrubber aparece de forma genrica, designando qualquer equipamento que

    realize o processo de desagregao de partculas, entretanto, neste texto ser

    utilizado para designar o equipamento denominado drum scrubber.

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 36

    Figura 4 - Tambor desagregador rotativo ou drum scrubber

    Fonte: Engendrar Engenheiros Associados (2009)

    3.4.4.1 Caractersticas do drum scrubber

    As principais caractersticas do scrubber so as dimenses do cilindro

    (dimetro e comprimento) e a potncia instalada, que funo de suas dimenses e

    variveis operacionais. As variveis operacionais so o volume til, geralmente

    expresso em porcentagem do volume da cmara de escrubagem, a velocidade de

    rotao, tempo de residncia da polpa, altura das aletas de revolvimento, alm da

    concentrao de slidos da polpa alimentada.

    De acordo com Miller (2004), os scrubbers so classificados pela relao de

    aspecto (relao entre comprimento e dimetro L/D). Existe uma faixa de relao

    de aspecto normalmente utilizada, entre 1,5:1 a 2,5:1, mas esta relao geralmente

    mantida na regio de 2:1.

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 37

    O acionamento, normalmente, feito por conjunto motor-redutor-eixo pinho/

    coroa, sendo o apoio feito em rolos cilndricos, que deslizam sobre pista de ao.

    Para sustentao da parte de descarga, usa-se um simples mancal ou dependendo

    do comprimento do lavador, de uma segunda pista de ao, sustentada por rolos

    cilndricos. Na descarga, normalmente, usa-se um trommel (Figura 5) para

    separao por tamanho (W&W3D, 2008).

    Figura 5 - Seco longitudinal de um scrubber com trommel

    3.4.4.2 Concentrao de slidos da polpa

    A concentrao de slidos da polpa (Cw), ou seja, a relao entre a massa de

    slidos e a massa de polpa, uma importante varivel no processo de escrubagem.

    Assim como na moagem, a quantidade de gua adicionada, junto ao minrio, no

    processo de escrubagem, afeta no s a velocidade com que as partculas passam

    por dentro do scrubber, mas tambm a viscosidade e a densidade da polpa e, em

    consequncia, a ao mecnica da desagregao entre as partculas. Polpas

    excessivamente diludas diminuem o tempo de residncia de partculas na cmara

    do scrubber e, consequentemente, reduzem a probabilidade das partculas serem

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 38

    desagregadas. O inverso, polpa excessivamente adensada, acaba por apresentar

    uma viscosidade alta, prejudicando o movimento relativo das partculas, chegando a

    impedir o rolamento da carga. Por isso, uma concentrao de slidos adequada de

    fundamental importncia para uma escrubagem eficiente;

    3.4.4.3 Tempo de residncia da polpa na cmara de escrubagem

    o tempo que, determinado volume de polpa, leva para sair do equipamento.

    determinado atravs da equao 3.1:

    QaVutr (3.1)

    Onde:

    tr o Tempo de residncia da polpa;

    Vu o Volume til ocupado pela polpa na cmara do scrubber;

    Qa a Vazo volumtrica da polpa de alimentao.

    3.4.4.4 Volume til ocupado pela polpa

    determinado atravs do grau de enchimento (Ge) desejado no processo. O

    grau de enchimento definido como sendo uma porcentagem do volume interno do

    cilindro do scrubber. Para delimitar o volume til, fundamental para o clculo do

    tempo de residncia, usa-se um anel interno de ao, na extremidade de sada do

    equipamento, com altura ajustvel s necessidades de processo.

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 39

    3.4.4.5 Vazo de polpa de alimentao

    Influencia diretamente o tempo de residncia da polpa, ou seja, quanto maior

    a vazo de polpa de alimentao, menor o tempo de residncia e

    consequentemente, a eficincia de lavagem;

    3.4.4.6 Velocidade de rotao do scrubber

    Assim como acontece em moinhos, a velocidade de rotao (Vr) dos

    scrubbers geralmente referida como uma porcentagem da velocidade crtica.

    A velocidade crtica definida pelo dimetro interno do scrubber, de acordo

    com a equao 3.2:

    D,Vc 342 (3.2)

    Onde:

    Vc a velocidade crtica (rpm);

    D o dimetro interno (m).

    As faixas de velocidade de rotao so caracterizadas pela ao dinmica da

    carga que requerida. A velocidade de rotao de scrubbers geralmente muito

    menor, se comparada com as de moinhos, uma vez que a atrio/abraso o

    mecanismo normal de escrubagem. Para se ter uma idia, moinhos operam na faixa

    de 70% a 75% da velocidade crtica, enquanto que scrubbers tendem a trabalhar na

    faixa de 30% a 65% (MILLER, 2004).

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 40

    3.4.4.7 Altura das aletas de revolvimento do minrio

    O perfil do revestimento interno afeta fortemente a trajetria das partculas. As

    aletas servem para elevar as partculas e, portanto, adquirem uma maior energia

    potencial. Internamente, o scrubber revestido de ao ou placas de borracha, com

    aletas levantadoras (lifters) com at 200 mm de altura, em ao, ou de borracha (em

    torno de 100 150 mm). H uma tendncia de padronizao para o uso de borracha

    no revestimento e barras levantadoras, devido menor gerao de rudo, maior vida

    til e manuteno mais simples (W&W3D, 2008).

    3.4.4.8 Usos

    No Brasil, os scrubbers so utilizados na desagregao e lavagem de bauxita

    em vrias usinas de beneficiamento, como por exemplo, MRN em Trombetas (Figura

    6), Alcoa em Juruti, as duas localizadas no Estado do Par e CBA em Mirai - MG

    (ALVES; REIS, 2008), (REIS, 2008).

    Segundo Chaves et al. (2007), a escrubagem realizada em bauxitas para

    remoo da argila, aderida s partculas de gibbsita. Uma rotina clssica faz-la

    numa polpa, com cerca de 50% de concentrao de slidos, por perodos no mais

    que 3 minutos.

    So equipamentos constantemente utilizados em plantas de concentrao de

    ouro e cassiterita, em dragas e tambm na desagregao de bolas de argila com o

    intuito de liberar o minrio (ENGENDRAR ENGENHEIROS ASSOCIADOS, 2009).

    O scrubber pode ter anexado a ele um trommel, como mostra a Figura 6,

    onde as partculas grosseiras sero separadas no oversize e as finas, no undersize.

    O movimento de rotao do equipamento impede o entupimento dos orifcios

    utilizados no peneiramento. Para Chaves et al. (2007), esta no uma boa soluo

    para bauxita, pois a velocidade de rotao adequada, para uma boa operao de

    escrubagem, no a mesma, para uma boa operao de peneiramento. Chaves et

    al. (2007) acreditam que separar as operaes unitrias de escrubagem e

    peneiramento e realiz-las em scrubbers e peneiras vibratrias a melhor escolha.

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 41

    Figura 6 - Instalao de escrubagem da MRN

    3.5 MODELAGEM DA OPERAO DE ESCRUBAGEM

    Segundo Napier-Munn (2003) e Valery (2003) apud Miller (2004), o projeto e

    seleo de scrubbers , na melhor das hipteses, uma cincia inexata, com poucos

    dados publicados sobre critrios de seleo ou de procedimentos de clculos. At

    hoje, a maioria dos scrubbers foi selecionada, baseada num critrio simples, como

    por exemplo, o tempo de residncia da polpa, e no por critrios mais rigorosos, tais

    como, o tempo de residncia dos slidos ou o grau de desagregao. Alguns

    modelos tm sido desenvolvidos por organizaes de pesquisa, como o Julius

    Kruttschnitt Mineral Research Center (JKMRC), que considera a questo do grau de

    desagregao. Tais modelos ainda no foram liberados para domnio pblico.

    O modelo descrito no artigo de Miller (2004) considera a seleo da geometria

    do scrubber e de sua potncia. Ele baseado em resultados de ensaios de trabalho

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 42

    que definem o tempo de residncia necessrio para promover o grau de

    desagregao esperado. Na maioria dos casos, estes resultados so de ensaios de

    bancada ou de ensaios contnuos em escala piloto. Em ambos os casos, assumido

    que o tempo de residncia dos slidos o parmetro importante. Ele obtido

    diretamente do ensaio de bancada ou por clculos a partir do modelo para um

    ensaio contnuo. Em qualquer caso, o scrubber de fluxo contnuo precisa ser

    selecionado, para atingir o tempo de residncia de slidos necessrio.

    3.6 BAUXITA

    3.6.1 Introduo

    Segundo Valeton (1972), o termo bauxita foi introduzido por Berthier e origina-

    se de Les Baux, localidade do sul da Frana, cujas proximidades foi descoberta a

    primeira jazida em 1821.

    A bauxita o minrio industrial mais importante para a obteno do alumnio

    metlico e de muitos compostos de alumnio. O alumnio pode ser considerado um

    elemento bastante popular, pois est presente em quase todas as esferas da

    atividade humana. As inmeras aplicaes em diversos setores das indstrias

    (transportes: automveis, aeronaves, trens, navios; construo civil: portas, janelas,

    fachadas; eletro-eletrnico: equipamentos eltricos, componentes eletrnicos e de

    transmisso de energia; petroqumica; metalurgia e outros) e a frequente presena

    no nosso dia-a-dia (mveis, eletrodomsticos, brinquedos, utenslios de cozinha,

    embalagens de alimentos, latas de refrigerante, produtos de higiene, cosmticos e

    produtos farmacuticos) ilustram bem a sua importncia econmica no mundo

    contemporneo. A prpria reciclagem de embalagens de alumnio, setor no qual o

    Brasil se destaca, tem papel relevante do ponto de vista econmico, social e

    ambiental (CONSTANTINO et al., 2002).

    Embora atualmente a forma mais conhecida do alumnio seja a metlica, o

    metal j foi considerado to raro e precioso antes das descobertas de Charles Martin

    Hall e Paul-Louis Toussaint Hroult (1888), que chegou a ser exibido ao lado de

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 43

    jias da coroa e utilizado em lugar do ouro em jantares da nobreza no sculo XIX.

    Os compostos de alumnio, por outro lado, servem a humanidade h mais de 4000

    anos. Diversos compostos de ons Al+3 apresentam relevncia industrial no mundo

    atual, como por exemplo: Al(OH)3, Al2O3, Na[Al(OH)4], Al2(SO4)3 e haletos de

    alumnio, dos quais os dois primeiros, usados para a produo do metal, so os de

    maior importncia econmica. Dentre as principais aplicaes dos compostos de

    alumnio, destacam-se o tratamento para obteno de gua potvel, o tingimento de

    tecidos, a manufatura de produtos de higiene, medicamentos, refratrios e

    catalisadores (EVANS, 1995).

    O alumnio no ocorre na forma elementar na natureza. Devido alta

    afinidade pelo oxignio, ele encontrado como on Al3+ , na forma combinada, em

    rochas e minerais. Embora constitua apenas cerca de 1% da massa da Terra, o

    primeiro metal e o terceiro elemento qumico (O= 45,5%; Si= 25,7%; Al= 8,3%; Fe=

    6,2%; Ca= 4,6%; outros= 9,7% em massa) mais abundante da crosta, ou seja, da

    superfcie que pode ser economicamente explorada pelo homem. O alumnio

    encontrado em rochas gneas, como os feldspatos (aluminossilicatos

    tridimensionais) e as micas (silicatos lamelares); em minerais como a criolita

    (Na[AlF6]), o espinlio (MgAl2O4), a granada ([Ca3Al2(SiO4)3]) e o berilo

    (Be3Al2[Si6O18]); e no corndon (Al2O3) que o mineral que apresenta o maior teor de

    Al (52,9%) (GREENWOOD, 1997).

    Os processos que permitiram a produo do metal em escala industrial (o

    processo BAYER para produo de alumina, em 1888, e o de HALL-HEROULT da

    metalurgia do alumnio, em 1886) surgiram quase no final do sculo XIX. As

    primeiras fundies industriais de alumnio, baseadas no processo de eletrlise

    gnea, iniciaram produo entre 1888 e 1889, em Pittsburgh (Inglaterra) e

    Nenhausen, na Sua (MACHADO, 1962; MACHADO, 1985; VALETON, 1972).

    importante enfatizar que, na segunda metade do sculo XIX, quase toda a

    bauxita era produzida na Frana e empregada, basicamente, para fins no

    metalrgicos. Naquela poca, a produo de alumina destinava-se principalmente

    ao uso como mordente na indstria txtil. No entanto, com o desenvolvimento do

    processo HALL-HEROULT (1886), a alumina disponvel foi, de modo crescente,

    usada na produo de alumnio metlico. Mesmo assim, foi desenvolvido um grupo

    de aplicaes para a bauxita no metalrgica, no qual, incluem-se: abrasivos,

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 44

    refratrios, produtos qumicos, cimentos de alta alumina, etc. (SAMPAIO;

    ANDRADE; DUTRA, 2005).

    A bauxita s passou a representar papel econmico de destaque, no mbito

    da economia mundial, a partir do trmino da Primeira Grande Guerra Mundial.

    Apenas em 1917, a produo mundial de bauxita atingiu 1 milho de toneladas, com

    o surgimento de novos produtores, como ustria, Hungria, Alemanha e Guiana

    Britnica.

    As primeiras ocorrncias brasileiras de bauxita, grau metalrgico, foram

    detectadas entre os anos de 1916 e 1917, nas proximidades das cidades de Mariana

    e Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais (MACHADO, 1985).

    3.6.2 Formao e Caracterizao Mineralgica

    A bauxita se forma em regies tropicais e subtropicais, por ao do

    intemperismo sobre aluminossilicatos, caracterizados por taxas de precipitao

    pluviomtricas excepcionalmente elevadas. Apesar de ser frequentemente descrita

    como o minrio de alumnio, a bauxita no uma espcie mineral propriamente dita,

    mas um material heterogneo, formado de uma mistura de hidrxidos de alumnio

    hidratados contendo impurezas. Os principais constituintes deste material so a

    gibbsita e os polimorfos boehmita, e disporo, sendo que as propores das trs

    formas variam dependendo da localizao geogrfica do minrio. As bauxitas mais

    ricas em boehmita so encontradas em depsitos europeus (Frana e Grcia)

    enquanto que, aquelas ricas em disporo, na China, Hungria e Romnia. As

    bauxitas, geologicamente mais novas, possuem alto contedo de gibbsita, ocorrem

    em grandes depsitos, em reas de clima tropical, como Jamaica, Brasil, Austrlia,

    Guin, Guiana, Suriname e ndia (KIRK, 1992; ULLMANN, 1998).

    A gibbsita, a boehmita e o disporo constituem o grupo de minerais de onde

    se pode extrair a alumina, sob a forma mono ou tri-hidratada. A alumina possvel de

    ser extrada, sob as condies do processo Bayer de baixa ou alta temperatura,

    constitui a denominada alumina aproveitvel.

    A gibbsita tem a menor densidade, a mais solvel nas solues de soda

    custica, para determinadas condies de concentrao, temperatura e presso de

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 45

    digesto, e a mais macia dos trs minerais de alumnio. A boehmita relativamente

    menos solvel que a gibbsita nessas solues e intermediria entre os trs, em

    termos de dureza e densidade. O disporo o mais duro, denso e menos solvel

    nas solues custicas, dentre os trs minerais (PATTERSON, 1984).

    As impurezas presentes na bauxita so xidos de ferro (hematita, magnetita,

    goethita, entre outros), slica, xido de titnio e aluminossilicatos, em quantidades

    que variam com a regio de origem, causando alteraes no aspecto fsico do

    minrio, que podem variar de um slido marron-escuro ferruginoso at um slido de

    cor creme, duro e cristalino. (KIRK, 1992). A cor e a composio do slido podem

    variar dentro de um mesmo depsito de bauxita. A composio tpica da bauxita de

    uso industrial : 40-60% de Al2O3; 12-30% de H2O combinada; 1-15% de SiO2 livre e

    combinada; 1-30% de Fe2O3; 3-4% de TiO2; 0,05-0,2% de outros elementos e xidos

    (GREENWOOD, 1997).

    A slica, sob a forma de quartzo, tem comportamento inerte no processo

    Bayer para produo de alumina. Entretanto, a slica que integra a estrutura dos

    minerais de argila, denominada slica reativa, reage com a soda custica durante a

    digesto da bauxita, formando compostos insolveis, e o consumo desse insumo

    aumenta, em escala geomtrica, medida que cresce o teor dessa impureza no

    minrio. Portanto, teores elevados de slica reativa inviabilizam a utilizao

    econmica da bauxita, como matria-prima, para produo de alumnio (FLORES;

    DAMASCENO, 1998).

    Os xidos de ferro normalmente esto presentes na composio qumica das

    bauxitas sob a forma de hematita, goethita ou, ainda, uma mistura desses xidos.

    Os xidos de ferro, juntamente com outras impurezas, vo constituir as

    denominadas lamas vermelhas do processo Bayer para produo de alumina.

    Os xidos de titnio comumente presentes so o anatsio e o rutilo. O rutilo

    no reage durante o processo de digesto da bauxita, independente dessa digesto

    ocorrer baixa ou alta temperatura. O anatsio, entretanto, reativo nos processos

    ditos de alta temperatura, tendendo a inibir a precipitao da boehmita (FLORES;

    DAMASCENO, 1998).

    Alm dos minerais acima descritos, uma considervel variedade de elementos

    qumicos e minerais podem estar presentes, em propores consideradas

    pequenas, como clcio, magnsio, fsforo, mangans, vandio e glio. Compostos

    orgnicos normalmente ocorrem associados ao horizonte constitudo por solos, onde

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 46

    o desenvolvimento da vegetao frequentemente estimulado pelas altas taxas de

    precipitao pluviomtrica, necessrias consumao do processo de bauxitizao

    (ANDREWS, 1984).

    A caracterizao do mineral ou minerais de alumnio presentes nas bauxitas,

    assim como das impurezas, de fundamental importncia na fixao e controle dos

    parmetros extrativos, para a produo de alumina, com emprego do processo

    Bayer. A eficincia da extrao da alumina consequncia direta da composio

    mineralgica, assim como, da temperatura e presso de digesto do minrio modo

    nas solues de soda custica.

    A concentrao e natureza desses minerais iro conferir caractersticas

    importantes s bauxitas, que sero definidoras do seu emprego como matria-prima

    para fabricao de outros produtos, como refratrios, abrasivos, produtos qumicos e

    outros (ANDREWS, 1984; HILL; OSTOJIC, 1984).

    3.6.3 Lavra

    Os mtodos de lavra dos minrios de bauxita variam de acordo com a

    natureza dos corpos mineralizados das jazidas. A lavra desses minrios feita, na

    maior parte, a cu aberto, segundo o mtodo por tiras (strip mining). Estima-se que o

    maior nmero das jazidas de bauxita latertica seja lavrada por mtodo a cu aberto

    (RHRLICH et al., 2001). Menos de 20% da produo de bauxita no mundo

    diversificado, dispondo-se desde a lavra manual at os mtodos modernos com

    diversos tipos de equipamentos de minerao.

    3.6.4 Beneficiamento Mineral

    De acordo com Chaves et al. (2007), usinas de beneficiamento de bauxita s

    existem no Brasil. Nos outros pases produtores, normal explotar o minrio mais

    rico e aliment-lo direto na refinaria. Dependendo da relao slica / alumina

    aproveitvel, minrios mais pobres podem ser alimentados em refinarias

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 47

    especialmente concebidas para eles. No Brasil, existe uma tradio e cultura no

    beneficiamento de bauxita:

    A Minerao Rio do Norte (MRN), em Oriximin - PA, processa bauxita atravs da

    escrubagem, peneiramento, deslamagem em um complexo circuito de ciclones e

    filtragem em filtros a vcuo;

    A Minerao Santa Lucrcia, em Monte Dourado - PA, possui um circuito que

    beneficia bauxita grau cermico, atravs da separao em meio denso com o

    dinawhirlpool (DWP);

    A Companhia Brasileira de Alumnio (CBA), em Poos de Caldas - MG, utiliza

    escrubagem, catao tica e a deslamagem em ciclones;

    A CBA, em Itamarati de Minas - MG, desagrega, peneira, deslama, e utiliza um

    circuito de concentrao gravtica para recuperar os finos de bauxita;

    A Minerao Rio Pomba, em Mercs - MG, utiliza jigues para separar a slica

    grosseira;

    A VALE iniciou um novo projeto em Paragominas - PA, utilizando moagem semi-

    autgena, deslamagem em ciclones e transporte da polpa por mineroduto.

    3.6.5 Reservas

    As principais reservas de bauxita so encontradas na frica (33%), Oceania

    (24%), Amrica do Sul e Caribe (22%), sia (15%) e outros (6%), sendo que as trs

    maiores localizam-se na Guin (1 ), na Austrlia (2 ) e no Vietnam (3 ). Estima-se

    que a reserva total deva ser suficiente para a demanda de alumnio no sculo XXI

    (BRAY, 2009).

    Em 2007, o Brasil detinha 3,5 bilhes de toneladas das reservas mundiais de

    bauxita (ou seja, 11% do total), das quais 97% encontravam-se no Par

    (MRTIRES; SANTANA, 2008).

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 48

    3.6.6 Produo

    De acordo com Mrtires (2008) a produo mundial de bauxita em 2007 foi

    8,4% superior de 2006, passando de 178 milhes de toneladas (Mt) em 2006 para

    194 Mt em 2007, num cenrio em que o Brasil voltou a ocupar o 3 lugar entre os

    principais produtores respondendo por 12,7%, sendo ultrapassado pela China que

    respondeu por 16,5% a qual teve sua produo elevada em 52% no perodo. A

    Austrlia o maior produtor respondendo por 33% da produo mundial.

    Segundo o mesmo autor, com a entrada em operao da Mina da VALE em

    Paragominas, no Estado do Par, em 2007 (1,85 Mt), a produo de bauxita cresceu

    8,6% atingindo o recorde de 24,7 Mt, apresentando uma nova distribuio na

    produo de bauxita metalrgica por empresa: Minerao Rio do Norte (MRN)

    (73%), Companhia Brasileira de Alumnio (CBA) (11,5%), VALE (7,5%), Alcoa (4,9%)

    e Novelis (1,9%).

    3.7 A MINA DE BAUXITA DE PARAGOMINAS

    A Mina de Bauxita de Paragominas (MBP), pertencente VALE, est

    localizada a 64 km do centro urbano da cidade de Paragominas, no nordeste

    do estado do Par, e a 350 km da capital Belm. Descoberta por exploradores

    da Mineradora Rio Tinto na dcada de 1970, este projeto est diretamente

    ligado aos programas de expanso da refinaria de alumina Alumnio do Norte

    do Brasil S.A. (ALUNORTE), localizada no municpio de Barcarena, regio

    metropolitana de Belm.

    O empreendimento foi idealizado para operar em trs fases. A fase I

    entrou em operao no primeiro trimestre de 2007 e possui capacidade

    nominal de produzir 4,95 Mt/ano de bauxita. Para a fase II, que entrou em

    operao no segundo trimestre de 2008, est previsto um acrscimo na

    produo de 4,95 Mt/ano de bauxita. J a fase III ser integrada nova

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 49

    refinaria de alumina a ser implantada nas proximidades da ALUNORTE, em

    Barcarena, em parceria da VALE com a empresa norueguesa Norsk Hydro. A

    fase III produzir mais 4,95 Mt/ano de bauxita, quando estar totalmente

    concluda.

    A bauxita de Paragominas possui teores mdios de 50% de alumina

    aproveitvel, 4% de slica reativa, granulometria abaixo de 6,5 e umidade de

    12% a 13% (VALE, 2009).

    Em Paragominas, a bauxita ocorre em plats (terrenos elevados e

    planos). Alguns, como o chamado Miltnia, a cerca de 60 km da cidade, tm

    uma camada de bauxita, em torno de 2 m de espessura, coberta com uma

    camada estril, principalmente de argila, que tem, em mdia, 11 m sobre o

    plat (VALE, 2008).

    Um perfil tpico do depsito Miltnia compreende as seguintes camadas

    a partir do topo: solo orgnico e argila, bauxita nodular, laterita ferruginosa,

    bauxita cristalizada minrio principal, bauxita amorfa e argila mosqueada

    (MENDES et al., 2008).

    O transporte da polpa de bauxita pelo mineroduto requer que as

    operaes de cominuio e formao da polpa sejam muito bem controladas.

    De acordo com Mendes et al. (2008), as especificaes da bauxita para

    alimentar a refinaria da ALUNORTE so as seguintes:

    Bauxita gibbstica;

    Teor de alumina aproveitvel > 48%;

    Teor de slica reativa < 3%;

    Teor insignificante de contaminantes qumicos;

    Extrao de 100% da alumina aproveitvel;

    Dessilicificao em aproximadamente 60 minutos a 145 155 o C;

    Taxa de sedimentao da lama vermelha maior que 8 m/h;

    Compactao da lama maior que 35% slidos.

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 50

    A produo de bauxita em Paragominas compreende trs atividades: a

    lavra, o beneficiamento e o transporte do produto pelo mineroduto para a

    refinaria de alumina, as quais sero descritas a seguir.

    3.7.1 Lavra

    A mineralizao de bauxita em Paragominas ocorre em camadas

    horizontais, associadas a plats (planaltos), e por este motivo foi adotado o

    mtodo de lavra por tiras (strip minning). A rea atualmente lavrada e tambm

    onde se encontra a planta industrial o plat Miltnia 3, cujos recursos

    medidos e indicados so da ordem de 98 milhes de toneladas, o que

    representa uma vida til estimada de 20 anos. O plat Miltnia 5, localizado a

    8 km do anterior, abastecer a fase III.

    A cada ano ser lavrada uma rea de aproximadamente 210 hectares,

    com operao inteiramente mecnica, sem o uso de explosivos, que se

    completa em quatro etapas de acordo com as Figura 7 e 8: (VALE, 2008)

    Preparao e limpeza da rea, incluindo, onde necessrio, a retirada da

    cobertura vegetal. O solo vegetal estocado para, depois, ser utilizado

    na recomposio da rea lavrada;

    Abertura da mina, com remoo da camada argilosa que cobre a

    bauxita;

    Escavao para retirada da bauxita da jazida e seu transporte, em

    grandes caminhes, para a rea de britagem;

    Reflorestamento, com plantio de espcies nativas.

  • Captulo 3 Reviso da Literatura 51

    Figura 7 - Sequncia das operaes de