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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA THIAGO GALLO DE OLIVEIRA DESENVOLVIMENTO DE PENEIRAS MOLECULARES MESOPOROSAS DO TIPO MCM-41 E MCM-48 IMPREGNADAS COM AMINAS PARA UTILIZAÇÃO NA ADSORÇÃO DE CO 2 SÃO CRISTOVÃO/SE 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

THIAGO GALLO DE OLIVEIRA

DESENVOLVIMENTO DE PENEIRAS MOLECULARES MESOPOROSAS DO

TIPO MCM-41 E MCM-48 IMPREGNADAS COM AMINAS PARA

UTILIZAÇÃO NA ADSORÇÃO DE CO2

SÃO CRISTOVÃO/SE

2012

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THIAGO GALLO DE OLIVEIRA

DESENVOLVIMENTO DE PENEIRAS MOLECULARES MESOPOROSAS DO

TIPO MCM-41 E MCM-48 IMPREGNADAS COM AMINAS PARA

UTILIZAÇÃO NA ADSORÇÃO DE CO2

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Química da Universidade

Federal de Sergipe, como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de Mestre

em Química.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Anne Michelle Garrido Pedrosa de Souza

SÃO CRISTOVÃO/SE

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

O48d

Oliveira, Thiago Gallo de Desenvolvimento de peneiras moleculares mesoporosas do tipo

MCM-41 e MCM-48 impregnadas com aminas para utilização na adsorção de CO2 / Thiago Gallo de Oliveira; Orientadora: Anne Michelle Garrido Pedrosa de Souza. – São Cristóvão, 2012.

123 f. : il.

Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade Federal de Sergipe, 2012.

1. Química inorgânica. 2. Peneiras moleculares. 3. Materiais mesoporosos. 4. Adsorção. 5. Dióxido de carbono. I. Souza, Anne Michelle Garrido Pedrosa de, orient. II. Título.

CDU 546.264-31

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i

Dedico este trabalho aos meus pais José

Humberto e Magna Sueli, pelo amor,

educação, dedicação, incentivo e exemplo de

pessoas. Minhas ações são reflexos de seus

ensinamentos.

Aos meus irmãos Diogo e Thainá, pela

compreensão, carinho e respeito durante os

momentos em que passamos juntos.

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ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, Senhor que dá a vida, por me fortalecer nos momentos mais difíceis

da minha caminhada, me preservando do mal.

Aos meus pais e familiares que sempre me incentivaram a ir mais longe. Aos meus

amigos, que compartilharam comigo momentos de alegria e tristeza.

Aos meus orientadores Professora Anne Michelle Garrido Pedrosa de Souza e ao

Professor Marcelo José Barros de Souza, pela confiança, apoio e orientação depositados

durante a realização deste trabalho.

Aos colegas do Laboratório de Catálise (LabCat), Sanny, Marília, Regivânia, Consuelo,

Joselaine, Francine, Anderson, Jonathan, Taiguara, pela amizade e apoio constante

durante as atividades experimentais.

A Paloma, Consuelo e Sanny pelas análises de TG e Infravermelho dos materiais.

Ao Programa de Pós-graduação em Química da UFS (NPGQ), especialmente a

coordenadora Professora Luciane e a funcionária Carina pelo apoio durante a realização

deste trabalho.

Aos professores que participaram da banca examinadora, pela colaboração e sugestões.

A todos os professores que tive ao longo desta caminhada, pela formação pessoal,

intelectual e profissional.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo

apoio financeiro e bolsa concedida.

A todas as pessoas que de alguma forma colaboraram para a realização deste trabalho.

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iii

Gostaria de estar ao lado de cada um e falar com o coração nas mãos e com a

delicadeza de Deus, e dizer o que se passa em meu coração: Também em ti, o Altíssimo

traçou um desígnio de Amor. Também tu podes viver por algo sublime na vida.

Acredita. Deus está em ti! A tua alma em graça é centro do Espírito Santo: o Deus que

santifica. Reentra em ti: procura Deus, o teu Deus, o que vive em ti! Se tu conhecesses

quem carregas em ti! Se, por Ele, tudo deixasses... Se essa breve existência, que escapa

e se consome um passo todo dia, tu a dirigisses para Deus! Ah! Se Deus fosse Rei em ti

e todas as forças da tua alma e do teu corpo fossem servos deste Rei, a seu divino

serviço! Ah! Se o amasses com todo o coração, com toda a mente, com todas as forças!

Então... Apaixonar-te-ias por Deus e passarias pelo mundo anunciando uma boa nova!

Deus existe. Vive por Ele. Deus te julgará. Vive por Ele. Deus será tudo para ti daqui a

poucos anos, tão logo passe essa vida breve! Lança-te Nele. Amai-o. Ouvi o que Ele

quer de vós, em cada instante de vossas vidas. Fazei isso com todo o ímpeto de teu

coração, consumindo nesse divino serviço todas as vossas forças. Enamorai-vos de

Deus! Tantas coisas belas existem na terra! Mais belo ainda é Deus! Que a vossa

juventude não fuja e, entre soluços por uma vida fracassada, não vós caiba dizer como

santo Agostinho: “Tarde te amei! Tarde te amei, beleza sempre antiga e sempre nova!”

Não! [...] Agora te amo, meu Deus, meu Tudo! Ordena agora, e eu cumpro! A Tua

vontade é a minha! Quero o que Tu queres! Enamorar-se de Deus na terra significa

apaixonar-se por sua vontade, até que nossa alma, vivida neste divino serviço, o veja e

o tenha consigo para sempre.

Chiara Lubich, Ideal e Luz, p. 97-98.

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iv

RESUMO

O aumento significativo das emissões de dióxido de carbono na atmosfera vem

acentuando o efeito do aquecimento global. A busca por fontes energéticas que

minimizem as emissões é de grande importância, como também o uso de ações

complementares como processos para captura deste gás das principais fontes emissoras.

Dentre alguns processos já bem conhecidos industrialmente, destaca-se a absorção

química com alcanolaminas, a qual apresenta algumas desvantagens por ser dispendiosa

e gerar rejeitos da sua recuperação. O uso da adsorção gás-sólido seletiva de dióxido de

carbono tem muitas vantagens sobre a absorção com aminas líquidas, tais como: fácil

manipulação sem riscos ao ambiente, e recuperação do material adsorvente, podendo-se

utilizar plantas industriais com fluxo contínuo. Neste contexto, foram sintetizados

através do método hidrotérmico dois materiais da família M41S do tipo MCM-41 e

MCM-48. Em seguida os materiais foram impregnados com etilenodiamina, através do

método de impregnação por via úmida. Estes materiais foram utilizados para o processo

de adsorção de dióxido de carbono e foram caracterizados por diversas técnicas físico-

químicas. Os difratogramas de raios-X das amostras sintetizadas apresentaram os picos

característicos do MCM-41 e do MCM-48 antes e após a impregnação com aminas. Os

espectros de absorção na região do infravermelho mostraram bandas devido às ligações

Si-O e O-Si-O em todos os materiais e de ligações N-H devido à presença da amina nos

suportes após a impregnação. As curvas termogravimétricas mostraram que a

estabilidade do material contendo aminas é de até 100 °C. Todos os materiais

apresentaram isotermas de adsorção de N2 do tipo IV, alguns com histerese do tipo H1 e

elevadas áreas superficiais (acima de 1000 m2 g

-1). Os testes de captura de dióxido de

carbono em sistema com fluxo e pressão atmosférica mostraram significativas reduções

nas capacidades de captura para os materiais impregnados em comparação com os

valores obtidos com os suportes MCM-41 e MCM-48. Testes com sistema fechado e

variação de pressão na faixa de 0,5-30 bar permitiram o levantamento de isotermas de

equilíbrio para os materiais preparados as quais foram ajustadas através do modelo de

Langmuir. Os resultados mostraram que as amostras de MCM-41 e MCM-48 são

favoráveis para aplicações onde altas pressões são requeridas.

Palavras-chave: Peneiras moleculares mesoporosas, MCM-41, MCM-48,

Etilenodiamina, Adsorção de dióxido de carbono.

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v

ABSTRACT

The significant increase of carbon dioxide emissions in the atmosphere comes

intensifying the global warming. The search for energetic source that turn emission

down is of great importance, as well as the use of complementary actions like dioxide

carbon capture process of the main emissions sources. From among some processes

already very well-known industrially highlights chemical absorption with alkanolamine,

which shows some disadvantages in being costly and generate waste derived from

recovery. The use gas-solid selective in carbon dioxide adsorption has very advantages

over absorption liquid amine such as easy handling without risks to the environment and

recovering of adsorbent material, being possible to use industries plants with continuous

flux. In this context were synthesized through hydrothermal method two materials of

family M41S of type MCM-41 and MCM-48. Then the materials were impregnated

with ethylenediamine by wet impregnation method. These materials were used for the

carbon dioxide adsorption process and were characterized by several physic-chemical

techniques. The powder X-ray diffraction patterns of the samples showed all peaks

characteristics of MCM-41 and MCM-48 before and after impregnation with amines.

The absorption spectrum in the infrared region showed bands due to Si-O and O-Si-O

bonds in all materials and N-H bonds due to presence of amine in the supports after

impregnation process. The thermogravimetric curves showed that stability of material

containing amines is up to 100 °C. The materials showed N2 adsorption isotherms type

IV, some with hysteresis type H1 and high surfaces areas (over 1000 m2 g

-1). Carbon

dioxide capture tests in flux system and atmosphere pressure showed significant

drawbacks in the capture capacities of carbon dioxide for the materials impregnated

with ethylenediamine in comparison to the values obtained with the MCM-41 and

MCM-48 supports alone. Tests with closed system and pressure variation in the range

of 0.5 to 30 bar allowed the construction of the isotherms to prepared materials of which

were fitted using the Langmuir model. The results showed that the samples of MCM-41

and MCM-48 without impregnation are favorable for applications where high pressures

are required.

Keywords: Mesoporous molecular sieves, MCM-41, MCM-48, Ethylenediamine,

Carbon dioxide adsorption.

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vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1. Diagrama de fase para CO2 .................................................................................... 26

Figura 3.2. Tipos básicos de isotermas. .................................................................................... 30

Figura 3.3. Formação de carbamato pela reação de CO2 com aminas primárias,

secundárias ou estericamente impedidas .................................................................................. 36

Figura 3.4. Mecanismo para a reação de CO2 com aminas terciárias ...................................... 37

Figura 3.5. Modelo representativo para a estrutura hexagonal do MCM-41 ........................... 45

Figura 3.6. Modelo representativo para a estrutura cúbica do MCM-48 ................................. 46

Figura 3.7. Possíveis mecanismos de formação do M41S. (1) Via inicialização de uma

fase cristalina líquida e (2) via cooperação do ânion silicato ................................................... 47

Figura 3.8. Classificação das isotermas de adsorção de N2 segundo a IUPAC ........................ 49

Figura 3.9. Perfil das histereses de adsorção de N2 segundo a IUPAC .................................... 50

Figura 3.10. Isoterma de adsorção/dessorção de N2 a 77 K representativa para um

material mesoporoso com aproximadamente 4 nm de poro ..................................................... 52

Figura 3.11. Esquema representativo para formulação da lei de Bragg ................................... 54

Figura 3.12. Difratograma de raios-X padrão para a fase hexagonal MCM-41 ....................... 55

Figura 3.13. Difratograma de raios-X padrão para a fase cúbica MCM-48 ............................. 56

Figura 4.1. Fluxograma geral de procedimento de síntese de sílicas mesoporosas ................. 59

Figura 4.2. Sistema utilizado para tratamento hidrotérmico dos materiais mesoporosos ........ 60

Figura 4.3. Fluxograma do procedimento de síntese do MCM-41. .......................................... 62

Figura 4.4. Fluxograma do procedimento de síntese do MCM-48 ........................................... 64

Figura 4.5. Gráfico do perfil de aquecimento da calcinação das amostras de MCM-41 e

MCM-48 sintetizadas ............................................................................................................... 65

Figura 4.6. Representação da remoção do material orgânico dos poros do MCM-41 ............. 65

Figura 4.7. Representação da remoção do material orgânico dos poros do MCM-48 ............. 65

Figura 4.8. Representação da estrutura química da etilenodiamina ......................................... 66

Figura 4.9. Fluxograma representativo da obtenção dos adsorventes mesoporosos

impregnados ............................................................................................................................. 67

Figura 4.10. Esquema do aparato utilizado para os testes preliminares de captura de CO2 ..... 70

Figura 4.11. Diagrama esquemático do aparato gravimétrico da Rubotherm .......................... 71

Figura 5.1. Difratogramas de raios-X para as amostras de MCM-41 na forma não

calcinada sintetizadas com diferentes teores de surfactante ..................................................... 73

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vii

Figura 5.2. Difratogramas de raios-X para as amostras de MCM-41 na forma calcinada

sintetizadas com diferentes teores de surfactante ..................................................................... 74

Figura 5.3. Espectro de infravermelho para as amostras de MCM-41 na forma não

calcinada sintetizadas com diferentes teores de surfactante ..................................................... 76

Figura 5.4. Espectro de infravermelho para as amostras de MCM-41 na forma calcinada

sintetizadas com diferentes teores de surfactante ..................................................................... 76

Figura 5.5. Curvas TG para as amostras de MCM-41 na forma não calcinada........................ 78

Figura 5.6. Curvas TG para as amostras de MCM-41 na forma calcinada .............................. 79

Figura 5.7. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K para as amostras de MCM-41

na forma calcinada .................................................................................................................... 81

Figura 5.8. Difratogramas de raios-X das amostras de MCM-48 na forma não calcinada,

sintetizadas em diferentes temperaturas ................................................................................... 83

Figura 5.9. Difratogramas de raios-X para as amostras de MCM-48 na forma calcinada,

sintetizadas em diferentes temperaturas ................................................................................... 84

Figura 5.10. Curvas TG para as amostras de MCM-48 na forma não calcinada,

sintetizadas em diferentes temperaturas. .................................................................................. 86

Figura 5.11. Curvas TG para as amostras de MCM-48 na forma calcinada, sintetizadas

em diferentes temperaturas ....................................................................................................... 86

Figura 5.12. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K para as amostras de MCM-

48 na forma calcinada, sintetizadas a diferentes temperaturas ................................................. 88

Figura 5.13. Difratogramas de raios-X para as amostras de MCM-48 na forma não

calcinada, sintetizadas com diferentes teores de surfactante .................................................... 90

Figura 5.14. Difratogramas de raios-X para as amostras de MCM-48 na forma

calcinada, sintetizadas com diferentes teores de surfactante .................................................... 90

Figura 5.15. Espectro de infravermelho para as amostras de MCM-48 na forma não

calcinada sintetizadas com diferentes teores de surfactante ..................................................... 91

Figura 5.16. Espectro de infravermelho para as amostras de MCM-48 na forma

calcinada sintetizadas com diferentes teores de surfactante ..................................................... 92

Figura 5.17. Curvas TG para as amostras de MCM-48 na forma não calcinada ..................... 93

Figura 5.18. Curvas TG para as amostras de MCM-48 na forma calcinada ............................ 94

Figura 5.19. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K para as amostras de MCM-

48 calcinadas, sintetizadas com diferentes teores de surfactante ............................................. 95

Figura 5.20. Difratograma de raios-X para amostras de MCM-41 impregnadas com

diferentes teores de etilenodiamina .......................................................................................... 97

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viii

Figura 5.21. Espectro de infravermelho para as amostras de MCM-41 na forma

calcinada e impregnada com etilenodiamina ............................................................................ 98

Figura 5.22. Curvas TG para as amostras de MCM-41 impregnadas com diferentes

teores de etilenodiamina ......................................................................................................... 100

Figura 5.23. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K para MCM-41 impregnada

com diferentes teores de etilenodiamina ................................................................................ 101

Figura 5.24. Difratograma de raios-X para as amostras de MCM-41 impregnadas com

diferentes teores de etilenodiamina ........................................................................................ 102

Figura 5.25. Espectro de infravermelho para as amostras de MCM-48 na forma

calcinada e impregnada com etilenodiamina .......................................................................... 103

Figura 5.26. Curvas TG para as amostras de MCM-48 impregnadas com diferentes

teores de etilenodiamina ......................................................................................................... 104

Figura 5.27. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K para MCM-48 impregnada

com diferentes teores de etilenodiamina ................................................................................ 105

Figura 5.28. Capacidade de adsorção de CO2 para o suporte MCM-41, MCM-48 e as

respectivas amostras impregnadas com diferentes teores de etilenodiamina ......................... 106

Figura 5.29. Representação da reação entre o dióxido de carbono e etilenodiamina ............. 107

Figura 5.30. Representação de um possível mecanismo de interação do CO2 com o

adsorvente a base de sílica impregnada com etilenodiamina ................................................. 108

Figura 5.31. Isotermas de equilíbrio de adsorção de CO2 a 25°C para MCM-41 (a) e

impregnados com diferentes teores de etilenodiamina (b). Pontos equivalem aos dados

experimentais, linhas são ajustes ao modelo de Langmuir ..................................................... 109

Figura 5.32. Isotermas de equilíbrio de adsorção de CO2 a 25°C para MCM-48 (a) e

impregnados com diferentes teores de etilenodiamina (b). Pontos equivalem aos dados

experimentais, linhas são ajustes ao modelo de Langmuir ..................................................... 109

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ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1. Dados da literatura sobre capacidades de adsorção de adsorventes

impregnados com amina ........................................................................................................... 41

Tabela 3.2. Dados da literatura sobre capacidades de adsorção de adsorventes

funcionalizados através de ligações covalentes com aminas.................................................... 43

Tabela 4.1. Reagentes para as sínteses e funcionalizações dos adsorventes mesoporosos. ..... 58

Tabela 4.2. Composição molar dos géis de sínteses dos materiais MCM-41, a razão

molar surfactante/sílica e a concentração de surfactante em água ........................................... 60

Tabela 4.3. Composição molar dos géis de sínteses dos materiais MCM-48, a razão

molar surfactante/sílica e a concentração de surfactante em água ........................................... 63

Tabela 5.1. Principais parâmetros estruturais das amostras de MCM-41 sintetizadas ............ 74

Tabela 5.2. Valores referentes às frequências vibracionais observadas e suas respectivas

atribuições feitas para o espectro de infravermelho dos materiais MCM-41 ........................... 77

Tabela 5.3. Eventos de perda de massa e suas respectivas perdas de massa para amostras

de MCM-41 sintetizadas em diferentes teores de surfactante .................................................. 79

Tabela 5.4. Propriedades texturais das amostras de MCM-41na forma calcinada ................... 81

Tabela 5.5. Principais parâmetros estruturais das amostras de MCM-48 sintetizadas em

diferentes temperaturas ............................................................................................................. 84

Tabela 5.6. Eventos de perda de massa para amostras de MCM-48 sintetizadas em

diferentes temperaturas ............................................................................................................. 87

Tabela 5.7. Propriedades texturais das amostras de MCM-48 na forma calcinada .................. 88

Tabela 5.8. Principais parâmetros estruturais das amostras de MCM-48 sintetizadas com

diferentes razões CTMABr/Si .................................................................................................. 91

Tabela 5.9. Valores referentes às frequências vibracionais observadas e suas respectivas

atribuições feitas para o espectro de infravermelho dos materiais MCM-41 ........................... 92

Tabela 5.10. Eventos de perda de massa para amostras de MCM-48 sintetizadas em

diferentes razões teores de surfactante ..................................................................................... 94

Tabela 5.11. Propriedades texturais das amostras de MCM-48 calcinadas sintetizadas

com diferentes teores de surfactante ......................................................................................... 96

Tabela 5.12. Principais parâmetros estruturais das amostras de MCM-41 impregnadas

com aminas ............................................................................................................................... 97

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x

Tabela 5.13. Valores referentes às frequências vibracionais observadas e suas

respectivas atribuições feitas para o espectro de infravermelho dos materiais MCM-41

impregnados com aminas ......................................................................................................... 99

Tabela 5.14. Eventos de perda de massa para amostras de MCM-41 impregnadas com

etilenodiamina ........................................................................................................................ 100

Tabela 5.15. Propriedades texturais das amostras de MCM-41 impregnadas com

etilenodiamina ........................................................................................................................ 101

Tabela 5.16. Principais parâmetros estruturais das amostras de MCM-48 impregnadas

com aminas ............................................................................................................................. 102

Tabela 5.17. Valores referentes às frequências vibracionais observadas e suas

respectivas atribuições feitas para o espectro de infravermelho dos materiais MCM-48

impregnados com aminas ....................................................................................................... 103

Tabela 5.18. Eventos de perda de massa para amostras de MCM-41 impregnadas com

aminas ................................................................................................................................... 105

Tabela 5.19. Propriedades texturais das amostras de MCM-48 impregnadas com aminas .... 106

Tabela 5.20. Propriedades de adsorção de CO2 de adsorventes impregnados com EDA ...... 108

Tabela 5.21. Parâmetros de ajuste do modelo de Langmuir para adsorção de CO2 a 25°C ... 110

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xi

LISTA DE ABREVIATURAS

AP – 3-aminopropiltrietoxisilano

BET – Brunauer-Emmett-Teller

BJH – Barret-Joiyner-Halenda

CTMABr – Brometo de cetiltrimetilamônio

DEA – Dietanolamina

DRX – Difração de raios-X

EDA – Etilenodiamina

FT-IR – Fourier Transformed Infrared

FWHM – Full width at half maximum

IUPAC – International Union of Pure and Applied Chemistry

IV – Infravermelho

LCT – Liquid Crystal Template

M41S – Mobil 41 syntesis - Materiais mesoporosos MCM-41, MCM-48 e MCM-

50

MCM – Mesoporous Composition of Matter

PEI – Poli(etilenoimina)

PMMA – Poli(metilmetacrilato)

SBA – Santa Barbara Acids

TEOS – Tetraetilortosilicato

TEPA – Tetraetilenopentamina

TG – Termogravimetria

TREN – Tris(2-aminoetil)amina

TRI – (3-trimetoxisililpropil)dietilenotriamina

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xii

LISTA DE SÍMBOLOS

a0 – Parâmetro de rede mesoporoso

Dp – Diâmetro de poro

P/P0 – Pressão relativa

u.a. – Unidade arbitrária

wt. – Espessura da parede de sílica

θ – Ângulo de difração

λ – Comprimento de onda da radiação X empregada (nm)

β1/2 – Largura a meia altura corrigida da linha de difração (rad.)

Vp – Volume mesoporoso

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xiii

Nomenclatura para Identificação das Amostras

As amostras de suportes são peneiras moleculares mesoporosas do tipo MCM-41

e MCM-48.

As amostras de MCM-41 foram sintetizadas com três diferentes razões molares

de surfactante/sílica (CTMABr/Si).

CTMABr/Si = 0,22

CTMABr/Si = 0,16

CTMABr/Si =0,11

A amostra de MCM-41 de razão molar CTMABr/Si = 0,22 foi o suporte

escolhido para impregnação das aminas, a qual foi obtida através da impregnação por

via úmida a partir de uma solução etanólica de etilenodiamina.

As amostras de MCM-48 foram sintetizadas em quatro temperaturas: 150, 140,

130 e 120 °C.

Para a amostra sintetizada a 130 °C foram variadas as razões molares de

CTMABr/Si em:

CTMABr/Si = 0,55

CTMABr/Si = 0,41

CTMABr/Si = 0,28

A amostra de MCM-48 sintetizada a 130 °C com razão molar CTMABr/Si =

0,55 foi o suporte escolhido para impregnação das aminas, a qual foi obtida através da

impregnação por via úmida a partir de uma solução etanólica de etilenodiamina.

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xiv

Código para as amostras de MCM-41:

Forma não calcinada: RM41NC

Forma calcinada: RM41C

Sendo,

R = razão CTMABr/Si

M41 = Peneira molecular mesoporosa MCM-41

NC = forma não calcinada

C = forma calcinada

Exemplo: 0,22M41NC

Código para as amostras de MCM-48:

Forma não calcinada: RM48NC-T

Forma calcinada: RM48C-T

Sendo,

R = razão CTMABr/Si

M48 = Peneira molecular mesoporosa MCM-48

NC = forma não calcinada

C = forma calcinada

T = temperatura da síntese da peneira molecular mesoporosa

Exemplo: 0,55M48NC-150

Amostras de MCM-41 impregnadas com etilenodiamina

E15-0,22M41C: 15% de etilenodiamina impregnado em MCM-41 calcinado

E20-0,22M41C: 20% de etilenodiamina impregnado em MCM-41 calcinado

E25-0,22M41C: 25% de etilenodiamina impregnado em MCM-41 calcinado

Amostras de MCM-48 impregnadas com etilenodiamina

E15-0,55M48C-130: 15% de etilenodiamina impregnado em MCM-48 calcinado

E20-0,55M48C-130: 20% de etilenodiamina impregnado em MCM-48 calcinado

E25-0,55M48C-130: 25% de etilenodiamina impregnado em MCM-48 calcinado

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xv

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 22

2 – OBJETIVOS ....................................................................................................................... 24

2. 1 – Objetivo geral ................................................................................................................. 24

2. 2 – Objetivos específicos ...................................................................................................... 24

3 – REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 25

3.1 – Dióxido de carbono e suas propriedades ......................................................................... 25

3.2 – Dióxido de carbono e suas principais aplicações ............................................................ 27

3.3 – Dióxido de carbono, mudanças climáticas e ações de mitigação .................................... 27

3.4 – À procura por um adsorvente apropriado para captura de CO2 ....................................... 29

3.5 – Principais classes de adsorventes para captura de CO2 ................................................... 32

3.5.1 – Zeólitas ......................................................................................................................... 32

3.5.2 – Carvão ativo .................................................................................................................. 33

3.5.3 – Adsorventes baseados em metais ................................................................................. 34

3.5.4 – Desenvolvimento de materiais inorgânicos porosos modificados com aminas ........... 35

3.5.5 – Adsorventes funcionalizados com aminas .................................................................... 38

3.6 – Peneiras moleculares mesoporosas .................................................................................. 44

3.6.1 – Peneira molecular do tipo MCM-41 ............................................................................. 44

3.6.2 – Peneira molecular do tipo MCM-48 ............................................................................. 45

3.6.3 – Mecanismo de formação de materiais M41S ............................................................... 46

3.6.4 – Principais fatores que afetam na síntese de materiais M41S ........................................ 47

3.7 – Técnicas de caracterização de peneiras moleculares mesoporosas do tipo M41S .......... 48

3.7.1 – Adsorção: isotermas de adsorção de N2 ....................................................................... 49

3.7.2 – Difratometria de raios-X ............................................................................................... 53

3.7.3 – Espectroscopia de absorção na região do infravermelho.............................................. 56

3.7.4 – Análise térmica ............................................................................................................. 57

4 – MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 58

4.1 – Síntese hidrotérmica dos materiais mesoporosos ............................................................ 58

4.1.1 – Reagentes e soluções .................................................................................................... 58

4.1.2 – Preparação dos adsorventes .......................................................................................... 59

4.1.3 – Síntese do MCM-41 ..................................................................................................... 60

4.1.4 – Síntese do MCM-48 ..................................................................................................... 62

4. 2 – Remoção do direcionador orgânico ................................................................................ 64

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xvi

4. 3 – Impregnação dos materiais mesoporosos MCM-41 e MCM-48 .................................... 66

4. 4 – Caracterizações dos materiais ......................................................................................... 67

4. 4. 1 – Difratometria de raios-X ............................................................................................. 67

4. 4. 2 – Análise térmica ........................................................................................................... 68

4. 4. 3 – Espectroscopia de absorção na região do infravermelho ............................................ 68

4. 4. 4 – Adsorção-dessorção de N2 a 77 K .............................................................................. 68

4. 5 – Estudo da adsorção de CO2 ............................................................................................ 69

5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 72

5. 1 – Caracterização dos materiais MCM-41 e MCM-48 ....................................................... 72

5.1.1 – Estudo do efeito do teor de direcionador na formação dos materiais mesoporosos

tipo MCM-41 ............................................................................................................................ 72

5.1.1.1 - Caracterização estrutural do MCM-41 ....................................................................... 72

5.1.1.2– Caracterização térmica do MCM-41 .......................................................................... 77

5.1.1.3 - Caracterização textural do MCM-41 .......................................................................... 79

5.1.2. – Estudo do efeito da temperatura na formação dos materiais mesoporosos tipo

MCM-48 ................................................................................................................................... 82

5.1.2.1 - Caracterização estrutural do MCM-48 ....................................................................... 82

5.1.2.2 - Caracterização térmica do MCM-48 .......................................................................... 84

5.1.2.3 – Caracterização textural do MCM-48 ......................................................................... 87

5.1.3 – Estudo do efeito do teor de direcionador na formação dos materiais mesoporosos

tipo MCM-48 ............................................................................................................................ 88

5.1.3.1 - Caracterização estrutural do MCM-48 ....................................................................... 89

5.1.3.2 - Caracterização térmica do MCM-48 .......................................................................... 93

5.1.3.3 - Caracterização textural do MCM-48 .......................................................................... 95

5.2 – Caracterização dos materiais mesoporosos impregnados com aminas ........................... 96

5.2.1 - Caracterização estrutural do MCM-41 impregnado ...................................................... 96

5.2.2 - Caracterização térmica do MCM-41 impregnado ......................................................... 99

5.2.3. Caracterização textural do MCM-41 impregnado ........................................................ 100

5.2.4 - Caracterização estrutural do MCM-48 impregnado .................................................... 101

5.2.5 - Caracterização térmica do MCM-48 impregnado ....................................................... 104

5.2.6 - Caracterização textural do MCM-48 impregnado ....................................................... 105

5. 3 – Testes de adsorção de CO2 ........................................................................................... 106

6 – CONCLUSÕES ................................................................................................................ 111

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xvii

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 113

Apêndice A ............................................................................................................................. 123

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22

1 – INTRODUÇÃO

O dióxido de carbono (CO2) é um componente da atmosfera essencial à vida de

vegetais e de alguns organismos marinhos. Contudo, é considerado o principal contribuidor

antropogênico para o efeito estufa, supostamente responsável por 60% do aumento da

temperatura da atmosfera, comumente referido como aquecimento global (YAMAKASI,

2003). Entre as várias fontes de CO2, aproximadamente 30% são geradas de plantas

energéticas que utilizam combustíveis fósseis, correspondendo com a maior contribuição para

o aquecimento global. A respeito da demanda energética, é sabido que os combustíveis fósseis

ainda permanecerão como principal fonte para geração de energia e transporte de veículos

(BENSON, et al., 2008). Assim, é crítico o desenvolvimento de métodos efetivos para captura

e sequestro de CO2 de efluentes pós-combustão, tais como gases de chaminés de plantas

industriais. A captura de dióxido de carbono gerada em fontes estacionárias pode ser realizada

usando tecnologias criogênicas ou através do processo utilizado por décadas, baseado na

absorção CO2 utilizando aminas líquidas, tais como alcanolaminas (CHANG et al., 2009;

MACARIO et al., 2005; NGUYEN, et al., 2010).

Estes processos usuais de captura de dióxido de carbono são caros e

energeticamente desfavoráveis, além de apresentar sérios problemas de corrosão (HUANG et

al. 2003; YANG et al., 2010; MELLO, et al., 2011). Para superar alguns destes problemas

pesquisas recentes tem focado na adsorção gás-sólido como uma possível técnica de

separação alternativa (FRANCHI et al., 2005, XU, et al. 2003, SAYARI et al. 2006).

Atualmente, os esforços estão voltados para o desenvolvimento de novos adsorventes de CO2

baseados em zeólitas, redes organometálicas, adsorventes inorgânicos alcalinos, carbonos e

materiais porosos funcionalizados (ZHANG et al. 2010; BHAGIYALAKSHMI et al. 2011;

AREÁN; DELGADO, 2010). Contudo, muitos dos adsorventes desenvolvidos infelizmente

apresentam algumas desvantagens, tais como, baixa capacidade de adsorção, pobre

seletividade, pobre tolerância a água e alta temperatura de regeneração ou ativação. Alguns

grupos de pesquisa (SAYARI et al., 2007; XU, et al. 2003) tem direcionado os trabalhos na

adsorção gás-sólido usando dois materiais mesoporosos da família M41S desenvolvido pela

Mobil em 1992, as peneiras moleculares mesoporosas de fase hexagonal e cúbica,

denominadas respectivamente de MCM-41 e MCM-48 (KRESGE et al., 1992).

O interesse por estes materiais está em suas estruturas versáteis que apresentam

sistemas de poros uni e tridimensionais com diâmetros que podem variar de 15 a 100 Å, além

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23

de suas altas áreas superficiais específicas que podem atingir até 1500 m2

g-1

, permitindo boa

dispersão de uma fase ativa (JARONIEC et al., 2001; WANG et al. 2006). Apesar da

vantajosa qualidade estrutural do MCM-41, a estrutura tridimensional do MCM-48

consistindo de dois sistemas de poros independentes e inter-entrelaçados é potencialmente

mais vantajoso para aplicações catalíticas e adsortivas comparada com sistemas de poros

unidimensionais, pois favorece a difusão de reagentes e produtos através dos poros, sendo

menos propenso a bloqueios (WEI et al., 2010b; SAYARI, 2000; CORMA, 1997; MONNIER

et al., 1993). A modificação destes dois materiais mesoporosos com aminas pode se

configurar em um processo útil para a remoção de CO2 por causa da habilidade de algumas

aminas em formar compostos como carbamato e carbonatos de amônio através de reações

reversíveis sob temperaturas brandas (GRAY et al., 2005). As estruturas de fase hexagonal e

cúbica aliada com a presença de grupos seletivos ao CO2 podem apresentar um efeito

sinérgico no fenômeno de adsorção gás-sólido, possibilitando o uso deste material na captura

de CO2 de fontes estacionárias de plantas industriais. Segundo HO et al. (2008) para ser

viável o uso de um material no processo de captura de dióxido de carbono, o adsorvente deve

exibir uma capacidade de adsorção na faixa de 2-4 mmol g-1

, além de possuir características

favoráveis nos processos de ativação e regeneração. Dentre os métodos de inserção de grupos

de interesse (metais, íons ou moléculas) em suportes sólidos, a impregnação por via úmida, se

destaca por ser um método simples, barato e eficiente na incorporação de grupos na superfície

interna dos materiais mesoporosos (FRANCHI et al., 2005; XU, et al. 2003; CHATTI et al.,

2009; LIU et al, 2007).

Com o objetivo de obter materiais adsorventes com alta capacidade de

adsorção de CO2 foram sintetizados materiais do tipo MCM-41 e MCM-48, através do

método hidrotérmico, seguido da impregnação via úmida destes suportes com etilenodiamina

(EDA).

Os materiais foram caracterizados pelas técnicas de difratometria de raios-X

(DRX), adsorção-dessorção de N2 a 77 K, espectroscopia de absorção na região do

infravermelho por transformada de Fourier (FT-IR) e análise termogravimétrica (TG). Os

adsorventes foram submetidos aos testes de adsorção de dióxido de carbono utilizando o

método gravimétrico com fluxo e também através do levantamento de isotermas de adsorção

de equilíbrio em sistema fechado.

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24

2 – OBJETIVOS

2. 1 – Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é sintetizar e testar adsorventes mesoporosos do tipo

MCM-41 e MCM-48 impregnados com aminas no processo de adsorção de CO2.

2. 2 – Objetivos específicos

– Sintetizar hidrotermicamente os materiais MCM-41 e MCM-48;

– Estudar a redução do teor de direcionador orgânico na síntese dos materiais

mesoporosos do tipo MCM-41 e MCM-48;

– Estudar a redução da temperatura do tratamento hidrotérmico do gel de síntese do

MCM-48;

– Modificar os materiais mesoporosos sintetizados através da impregnação de

aminas;

– Caracterizar os materiais obtidos por diversas técnicas físico-químicas de análise,

tais como: Difratometria de Raios-X (DRX), Espectroscopia de absorção na região do

Infravermelho (FT-IR), Análise termogravimétrica (TG), Adsorção de nitrogênio a 77 K;

– Realizar os ensaios de adsorção de CO2 com os adsorventes preparados e avaliar

suas potencialidades visando à captura de CO2.

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25

3 – REVISÃO DA LITERATURA

3.1 – Dióxido de carbono e suas propriedades

Dióxido de carbono é uma substância composta por dois elementos, carbono e

oxigênio, e sua fórmula molecular é CO2. Apresenta estruturalmente uma geometria linear

com caráter apolar (momento dipolo é zero), em condição ambiente apresenta-se no estado

gasoso devido às interações intermoleculares serem muito fracas. Possui um odor

ligeiramente irritante, é incolor e mais denso que o ar (PATNAIK, 2003).

O estado físico do CO2 varia com a temperatura e pressão como mostrado na

Figura 3.1. Em baixas temperaturas CO2 é um sólido, quando submetido a aquecimento, se a

pressão está abaixo de 5,1 bar, o sólido sublimará diretamente até o estado gasoso. Em

temperaturas intermediárias (entre -56,5 °C, a temperatura do ponto triplo, e 31,1 °C, a do

ponto crítico), o CO2 pode passar do estado de vapor para líquido pela compressão para a

correspondente temperatura de liquefação (removendo o calor produzido). Em temperaturas

maiores que 31,1 °C (se a pressão é maior que 73,9 bar, a pressão no ponto crítico), CO2 é

dito estar num estado supercrítico onde se comporta com um gás, na verdade sob alta pressão,

a densidade do gás pode ser muito grande, aproximando-se ou até excedendo a densidade da

água líquida. Isto é um aspecto importante do comportamento do CO2 e é particularmente

relevante para sua estocagem. Calor é perdido ou absorvido em cada mudança de fase através

das transições S-G, S-L, e L-G. Contudo, as mudanças de fase da condição supercrítica para

líquido ou de supercrítica para gás não necessitam liberar ou perder calor. Esta propriedade é

útil para projetar compressões facilitadas de CO2, evitando a necessidade de manusear o calor

associado com a mudança de fase líquido-gás (PATNAIK, 2003; IPCC, 2005).

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26

Figura 3.1. Diagrama de fase para CO2 (IPCC, 2005)

Em solução aquosa, dióxido de carbono forma ácido carbônico, que é muito

instável para ser isolado. A solubilidade do CO2 em água diminui com o aumento da

temperatura ou aumento da salinidade e aumenta com o aumento da pressão.

A dissolução de CO2 em água (isto pode ser água do mar ou águas salinas em

formações geológicas) envolve um número de reações químicas entre gases e dióxido de

carbono dissolvido, ácido carbônico, íons bicarbonato e carbonato os quais podem ser

expressos como segue.

(3.1)

(3.2)

(3.3)

(3.4)

A adição de CO2 em água inicialmente leva a um aumento na quantidade de

CO2 dissolvido. O CO2 dissolvido reage com água para formar ácido carbônico. Ácido

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27

carbônico se dissocia para formar íons bicarbonato, os quais podem ainda dissociar em íons

carbonato.

3.2 – Dióxido de carbono e suas principais aplicações

Parte do mercado de gases industriais envolve o fornecimento de CO2 para uma

faixa de usuários. Em vários dos principais processos industriais, CO2 é fabricado como um

material intermediário na produção de substâncias. Grandes quantidades de CO2 são usadas

para melhorar a recuperação de petróleo. Outros usos de CO2 incluem (IPCC, 2005):

O principal uso industrial de CO2 é na fabricação da ureia, como um

fertilizante.

É usado em sínteses químicas e para controlar temperatura de reatores. CO2 é

também empregado para neutralizar efluentes alcalinos.

Grandes quantidades de CO2 são também usadas na fabricação de carbonatos

inorgânicos e uma menor quantidade é usada na produção de monômeros orgânicos e

policarbonatos.

Metanol é fabricado usando um processo químico o qual faz uso de CO2 em

combinação com outros materiais.

CO2 é também usado na fabricação de poliuretanos.

É usado para fornecer uma atmosfera inerte, para sínteses químicas, extração

de fluido supercrítico, para acidificação de rejeitos aquosos e para transporte de

produtos a baixas temperaturas (-78 °C).

É usado na carbonatação de bebidas, como fluido criogênico em operações de

controle de temperatura na distribuição de frios.

3.3 – Dióxido de carbono, mudanças climáticas e ações de mitigação

O dióxido de carbono é naturalmente liberado através da respiração de animais,

plantas e micro-organismos e é consumido pela fotossíntese e dissolução oceânica numa

relação de quase equilíbrio (EPA, 2008). Contudo, emissões antropogênicas derivadas da

combustão de combustíveis fósseis são causa de preocupação, pois tem perturbado este

equilíbrio natural do carbono, aumentando os níveis de CO2 atmosférico por 40% sobre os

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28

níveis pré-industriais para o teor atual de cerca de 390 ppm (IPCC, 2005). Já que o dióxido de

carbono é o maior contribuidor das emissões globais de gases de efeito estufa, sua redução é o

foco dos esforços para mitigar as mudanças climáticas (YAMASAKI, 2003). Das fontes

mundiais de emissão de CO2, o setor de produção de energia representa a maior contribuição

de emissões. Dessa forma, a captura e sequestro de CO2 dos gases de exaustão de plantas

energéticas pode ser uma alternativa muito importante na redução das emissões globais deste

componente.

Geralmente, três opções técnicas são consideradas para redução das emissões

de CO2: (1) diminuição do consumo de energia e uso mais eficiente; (2) desenvolvimento de

fontes de energia renováveis e combustíveis não fósseis tais como hidrogênio; e (3)

desenvolvimento de tecnologias de captura e sequestro para prender mais CO2 no subsolo ou

no oceano. Entre estas opções, o processo conhecido como Carbon Capture and Storage

(CCS) parece ser o caminho mais rápido para contribuir com a redução das emissões globais,

pois a redução do consumo de energia parece cada vez mais pouco provável e o

desenvolvimento de fontes de energias renováveis requer mais tempo (PLAZA et al., 2007).

Em resumo, para tecnologias CCS, dióxido de carbono é capturado e separado de gases de

exaustão de plantas energéticas, e então canalizado para estocagem em reservatórios

geológicos ou no fundo dos oceanos. Esta separação é essencial para evitar a estocagem de

grandes quantidades de N2. Tipicamente, os gases de exaustão de plantas energéticas contêm

aproximadamente 72% N2, 8-12% CO2, 8-10% de vapor de água, e pequenas concentrações

de outras espécies poluentes tais como SOx e NOx (NA et al., 2001; LI et al., 2008). Uma ação

estratégica para reduzir as emissões de CO2 é a construção de sistemas CCS em locais de

produção de energia que queimam combustíveis fósseis, pois são consideradas fontes

estacionárias de emissão, e como é conhecido, os combustíveis fósseis ainda são as principais

fontes energéticas acessíveis, com grandes quantidades disponíveis suficientes para suprir as

demandas mundiais ainda por muito tempo (BENSON et al., 2008).

Para o emprego da tecnologia CCS faz-se necessários métodos eficientes para

separação de CO2. A tecnologia atualmente usada na indústria para captura de CO2 é a

absorção com soluções de aminas (geralmente alcanolaminas), sendo um processo bem

consolidado (PEETERS et al., 2007). A remoção de CO2 por aminas ocorre através da

formação de espécies carbamato e bicarbonato, como representado nas equações 3.5 e 3.6.

Estas são reações reversíveis que permitem a regeneração das aminas, tipicamente pelo

aquecimento da solução rica em CO2.

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29

(3.5)

(3.6)

Processos baseados em absorção são frequentemente usados como referência

atual para comparação de novos processos de captura de CO2. Embora seja um método efetivo

para este fim, o processo de absorção utilizando aminas apresenta alguns inconvenientes, tais

como, problemas de corrosão dos equipamentos e altos custos para regeneração das soluções,

pois a demanda energética é altamente intensiva (YANG et al., 2010).

Outros métodos de separação de CO2 estão sendo estudados, a exemplo do uso

da criogenia ou através de separação por membranas (IPCC, 2005; HO et al., 2008). Outra

metodologia promissora é a exploração de adsorventes sólidos, sendo amplamente

considerado como uma tecnologia alternativa de separação com menor demanda energética

(AARON; TSOURIS, 2005). Estes adsorventes podem operar via processos de fisissorção

fracos ou por meio de fortes interações químicas. Sólidos adsorventes são tipicamente

empregados em ciclos, em processos multi modulares de adsorção e dessorção, com

dessorção induzida por um balanço de pressão ou temperatura (KO et al., 2003).

3.4 – À procura por um adsorvente apropriado para captura de CO2

Segundo Sayari et al. (2011) adsorventes apropriados para remoção CO2

deveriam combinar vários atributos, dentre os quais:

Alta capacidade de adsorção de CO2

A capacidade de adsorção de CO2 é uma das principais propriedades usadas

para examinar novos adsorventes. O conhecimento das isotermas de equilíbrio de adsorção é

de importância primordial para as primeiras avaliações do potencial dos adsorventes. As

condições relevantes para tratamento de gases de exaustão são: pressões parciais de CO2

menores que 0,4 atm com uma pressão de gás total de 1-2 atm e temperatura abaixo de 70-80

°C. Como uma regra prática, (HO et al., 2008) sugeriram que um adsorvente ótimo para

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30

captura de gás de exaustão, deveria exibir uma capacidade de adsorção de 2-4 mmol g-1

. É

bem estabelecido que através da inclinação da isoterma de adsorção a baixa pressão, é

possível estimar a afinidade do adsorvato por um dado adsorvente. Deste modo, em termos de

taxa de fluxo de CO2 um material ideal deveria exibir uma isoterma de adsorção de CO2 com

acentuada inclinação (isoterma de adsorção favorável a CO2) correspondendo para alta taxa

de fluxo em baixa pressão parcial de CO2. Uma inclinação menos acentuada (isoterma de

adsorção desfavorável a CO2) é um indicativo de menor afinidade em direção ao CO2.

Figura 3.2. Tipos básicos de isotermas (INGLEZAKI E POULOPOULOS, 2006)

Cinética rápida

A cinética de adsorção afeta principalmente o funcionamento da capacidade de

adsorção no processo dinâmico tais como, adsorção em coluna de leito fixo. Um adsorvente

apropriado de CO2 terá uma alta taxa de adsorção, resultando em uma capacidade de trabalho

perto da capacidade de equilíbrio acima de uma ampla faixa de condições operacionais.

Contudo, a determinação de propriedades cinéticas tais como difusão é uma das questões mais

desafiadoras na ciência da adsorção, já que envolve parâmetros nem sempre prontamente

disponíveis, tais como tamanho da partícula do adsorvente, preparação e uso de condições

experimentais adequadas.

Alta seletividade ao CO2

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31

A seletividade do adsorvente em direção ao CO2 tem um impacto direto no

grau de pureza do produto. Este por sua vez, rege uma regra importante na economia do

processo de adsorção de CO2. Idealmente, um adsorvente para tratamento de gás de exaustão

não deverá adsorver nitrogênio em condições típicas de adsorção de CO2, isto é, a partir de

condições normais de temperatura e pressão.

Condições amenas para regeneração

A fácil regeneração do adsorvente é uma propriedade chave na seleção de

materiais para separação de CO2. Dependendo da estrutura e propriedades químicas do

adsorvente, o ciclo de adsorção-dessorção pode ser alcançado via temperatura, pressão (ou

vácuo), balanço da concentração de adsorção ou uma combinação delas. Na prática, a

incorporação de grupos funcionais pode ser usada para modificar as interações adsorvente-

adsorvato (por exemplo, Van der Waals, eletrostática, ligações de hidrogênio ou interações

ácido-base) e afetar a taxa de fluxo e a seletividade ao CO2. Interações ótimas deveriam ser

nem tão fracas nem tão fortes. Ligações muito fracas resultam em baixa capacidade de

adsorção em baixa pressão, porém fácil regeneração. No sentido inverso, ligações fortes

induzem alta capacidade de adsorção, mas a dessorção será um processo difícil e caro.

Estabilidade durante vários ciclos de adsorção-dessorção

O tempo de vida dos adsorventes, o qual determina a frequência de sua

reposição, é uma propriedade crítica de igual importância quanto à capacidade de adsorção,

seletividade e cinética, por causa de seu impacto direto na economia de qualquer operação de

escala comercial.

Tolerância à presença de umidade e outras impurezas na fonte de alimentação

Além de CO2 e N2, o gás de exaustão contém vapor d’água e outras impurezas

na alimentação tais como O2, SO2. O grau de tolerância e a afinidade do adsorvente para tais

impurezas podem afetar significantemente a estratégia a ser usada, representando impacto

direto na economia global do processo de separação de CO2. A umidade é conhecida por

afetar adversamente a taxa de fluxo de CO2 em uma variedade de adsorventes físicos tais

como zeólitas e carvão ativado. Consequentemente, a estratégia proposta para adsorção de

CO2 de gases de exaustão é provavelmente incluir uma etapa de secagem acima do fluxo. É

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32

também geralmente estabelecido que adsorventes de CO2 tem alta afinidade ao SO2 e alguns

até afinidade em direção de NOx, os quais podem afetar adversamente a capacidade de

adsorção do material. Assim, o abatimento de SO2 e NOx de gases de exaustão previamente a

captura de CO2 é requerida na maioria dos casos.

Baixo custo

Este é outro importante parâmetro para ser considerado no desenvolvimento de

qualquer adsorvente potencial.

3.5 – Principais classes de adsorventes para captura de CO2

A busca por adsorventes que sejam competitivos com a técnica de absorção

com alcanolaminas para a captura de CO2 tem levado vários grupos de pesquisa a projetar

materiais dos mais variados tipos, tanto para aplicações em que ocorre o fenômeno de

adsorção física como também adsorção química. Zéolitas, carvão ativados, óxidos de cálcio,

hidrotalcitas e aminas suportadas constituem as principais classes de adsorventes estudados

para aplicação na adsorção de CO2. Outra classe de novos materiais atualmente emergentes

são as redes organometálicas (MOFs).

3.5.1 – Zeólitas

Zeólitas, que é uma classe de aluminossilicatos cristalinos porosos construídos

de um arranjo periódico de tetraedros TO4 (T= Si ou Al), tem sido amplamente usada em

aplicações de separação principalmente por causa de sua habilidade única de peneiramento

molecular (BAERLOCHER et al., 2007). A presença de átomos de alumínio nestas peneiras

moleculares baseado em silicatos introduzem uma carga negativa na rede que são

compensados com cátions trocáveis (frequentemente cátions alcalinos), e estas características

estruturais possibilita a estes materiais adsorver uma ampla variedade de moléculas gasosas,

incluindo gases ácidos tais como CO2. O grande interesse de zeólitas deriva do fato que várias

de suas propriedades tais como tamanho de poro e arquitetura ou composição química afetam

seu desempenho na adsorção. Por exemplo, a razão Si/Al e a natureza dos cátions extra rede,

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podem ser variados sistematicamente, desempenhando um papel importante no controle das

propriedades adsortivas de CO2.

Diversos estudos (AREÁN; DELGADO, 2010; WALTON et al., 2006; MAURIN et

al., 2005) relataram que as zeólitas mais promissoras para adsorção de CO2 são caracterizadas

por uma baixa razão Si/Al, correspondendo a um alto teor de cátions extra rede, já em relação

ao tipo de cátion extra rede e a capacidade de adsorção foi mostrada que a troca de cátion Na

por outros cátions alcalinos tem um significante efeito na capacidade de adsorção em uma

ampla faixa de concentração de CO2. A capacidade de adsorção a 0,1 bar seguiu a sequência

Cs < Rb ≈K < Li ≈ Na para zeólitas X.

Em uma contribuição mais recente (PIRNGRUBER et al., 2010), a sequência inversa

foi observada para faujasita Y, considerando as isotermas de adsorção. Outro efeito

interessante a se destacar é o efeito da temperatura na capacidade de adsorção em que se

observa uma diminuição drástica da capacidade de adsorção com a elevação da temperatura.

Em termos da cinética de adsorção, as zeólitas estão classificadas entre as mais rápidas,

alcançando a capacidade de equilíbrio dentro de poucos minutos. Além disso, a adsorção

reversível de CO2 permite que as zeólitas operem sem nenhuma perda de desempenho, desde

que a corrente de alimentação fornecida seja estritamente seca. Embora materiais de baixa

razão Si/Al (~2,4) exibam altas capacidades de adsorção e seletividade em baixas pressões

com isotermas favoráveis, eles são muito sensíveis à presença de água, a qual inibe

fortemente a adsorção de CO2. Por causa de suas frequentes isotermas de adsorção altamente

favoráveis, zeólitas e materiais similares a zeólitas com baixa razão Si/Al estão entre os mais

promissores adsorventes para captura de CO2 de gases de exaustão. Contudo, por causa de seu

caráter altamente hidrofílico, os gases de exaustão necessitam de um rígido processo de

secagem antes da captura de CO2 (SAYARI et al., 2011).

3.5.2 – Carvão ativo

Por causa de sua ampla disponibilidade, baixo custo e alta estabilidade térmica,

o carvão ativado apresenta algumas vantagens sobre outros adsorventes de CO2. A adsorção

de CO2 em carvão ativado tem sido estudada experimentalmente e teoricamente por um longo

tempo e tem encontrado aplicações comerciais (MAJOR et al., 1965). Existe uma grande

variedade de carvão ativado com ampla variedade de estruturas microporosas e mesoporosas.

Pode ser produzido a partir de muitas matérias primas tais como carvão vegetal, coque,

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madeira ou fontes de biomassa (isto é, pó de serra, casca de coco, caroço de azeitona),

frequentemente via duas etapas: carbonização e ativação (LOZANO-CASTELLO et al.,

2005).

Peneiras de carvão molecular, os quais são uma subclasse de carbonos ativados com

estreita distribuição de tamanho de poro, são adsorventes baseados na cinética. Ele tem sido

comercializado principalmente para a separação de ar e a produção de N2 de alta pureza.

Contudo, em baixa pressão parcial de CO2, carbonos ativados exibem menor capacidade de

adsorção e seletividade que zeólitas devido principalmente a sua isoterma de adsorção ser

menos favorável. Apesar do caráter hidrofóbico de adsorventes baseados em carbonos

ativados, sua habilidade de adsorção de CO2 é adversamente afetada pela presença de vapor

de água (FILIPE et al., 2009). Em termos de regenerabilidade, é geralmente estabelecido que

carbonos ativados são facilmente regenerados permitindo seu uso em PSA (pressure swing

adsoption). Contudo alguns carbonos ativados podem conter alguns grupos funcionais que

interajam fortemente com CO2, impedindo assim a dessorção completa.

As cinéticas de adsorção em carbonos ativados são geralmente comparáveis com

zeólitas e dependem do tipo de difusão envolvida, i.e., macroporo, meso ou microporo ou

difusão superficial e a heterogeneidade do material. Em suma, materiais baseados em carbono

parecem ser interessantes somente para remoção de CO2 em alta pressão e baixa temperatura

(HIMENO et al., 2009).

3.5.3 – Adsorventes baseados em metais

A natureza ácida do CO2 facilita a adsorção em sítios básicos de alguns óxidos

de metais, especialmente aqueles com uma baixa razão carga/raio, os quais são mais iônicos

em natureza e apresentam sítios básicos mais fortes. Este grupo de materiais incluem óxidos

de metais alcalinos (Na2O, K2O) e óxidos de metais alcalinos terrosos (CaO, MgO), nos quais

moléculas de CO2 podem adsorver formando espécies mono- ou multidentadas (YONG et al.,

2002).

Óxidos de metais alcalinos tem sido relatados como adsorventes para CO2,

onde 1 mol de óxido de metal pode adsorver quimicamente em uma estequiometria

equivalente de CO2 para formar um carbonato de metal alcalino terroso através da seguinte

reação:

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35

(3.7)

Em que M pode ser, por exemplo, Mg, Ca, Sr, Ba.

Minerais de cálcio são os mais abundantes entre os óxidos de metais alcalinos

terrosos na natureza, comumente encontrados na forma de carbonatos tais como calcário e

dolomita. Quando tratados a altas temperaturas, carbonatos de cálcio liberam CO2 e geram

óxidos de cálcio. Dessa forma, óxidos de cálcio representam adsorventes de CO2 prontamente

disponíveis. A reação com CO2 produzindo CaCO3 está descrito abaixo.

Carbonatação:

(3.8)

Calcinação (decomposição):

(3.9)

Este par de reações tem sido considerado uma técnica efetiva para a remoção de CO2

in situ em muitas aplicações com temperaturas relativamente altas. O estudo das

características destes materiais frente à aplicação na adsorção de CO2 tem fornecido dados

interessantes mostrando a possibilidade de uso em sistemas que queimam combustíveis

fósseis. Em aplicações de captura de CO2 em grande escala, estes materiais são pensados ser

vantajosos comparados com outros adsorventes devido ao baixo custo e ampla

disponibilidade de precursores tais como calcário e dolomita (CHOI et al., 2009).

3.5.4 – Desenvolvimento de materiais inorgânicos porosos modificados com aminas

Uma escolha lógica para a composição de um adsorvente sólido é um sólido

análogo a uma espécie da solução usada no processo de absorção. A tecnologia padrão atual

amplamente usada para captura de CO2 em processos pós-combustão é absorção através de

soluções de aminas aquosas (IPCC, 2005). Tipicamente, estas aminas são alcanolaminas tais

como monoetanolamina (MEA), dietanolamina (DEA), e metildietanolamina (MDEA).

Existem numerosos estudos do uso destas e outras aminas em misturas para melhorar o

desempenho, contudo, a maioria das formulações não se desvia do caso clássico usando

aproximadamente de 30 a 40 % (m/m) de amina em água (CHOI et al., 2009). A interação de

CO2 com amina pode ser governada por alguns diferentes mecanismos. Aminas primárias e

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secundárias podem reagir diretamente com CO2 para produzir carbamatos através da

formação de intermediários zwitteriônicos. A Figura 3.2 mostra o mecanismo zwitteriônico

para a formação de carbamato da reação de CO2 com uma amina primária.

O=C=O CH3

NH2

+

HH

C-CH3

N+

O

O

HH

C-CH3

N+

O

O

+ B

H

C-CH3

N

O

O

+ BH+

Figura 3.3. Formação de carbamato pela reação de CO2 com aminas primárias, secundárias ou

estericamente impedidas (SINGH, 2011)

A primeira etapa procede com o par isolado da amina atacando o carbono do CO2

para formar o zwitterion. A base livre então desprotona o zwitterion para formar o carbamato.

Em um ambiente de aminas aquosas, esta base pode ser outra amina, água ou íons hidroxila.

Este mecanismo é aplicável para aminas primárias, secundárias e estericamente impedidas

(aminas estericamente impedidas são estruturalmente definidas como aminas primárias onde o

grupo amino é ligado a um átomo de carbono terciário). Assim, sob condições secas, onde

água e OH- estão ausentes, o máximo de eficiência de amina de um adsorvente baseado em

amina é 0,5 mol de CO2/mol de nitrogênio. A eficiência de amina é definido aqui como o

número de mols de CO2 capturado por unidade de massa dividido pelo número de mols de

nitrogênio por unidade de massa dando um reflexo da eficácia do adsorvente em perspectiva

com seu potencial na captura de CO2. Sob condições úmidas, onde água pode reagir como

uma base, o máximo de eficiência de amina é 1 mol CO2 por mol de nitrogênio (SARTORI et

al., 1983).

Aminas terciárias reagem com CO2 através de um mecanismo diferente. Ao invés de

reagir diretamente com CO2, aminas terciárias catalisam a formação de bicarbonato como

detalhado na Figura 3.3.

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37

CH3

N

CH3CH3

+ OH2

HCH3

N+

CH3CH3

+ HO-

O=C=O + HO-

O OH

O

HCH3

N+

CH3CH3

+O OH

O HCH3

N+

CH3

CH3

O OH

O

..............

Figura 3.4. Mecanismo para a reação de CO2 com aminas terciárias (SINGH, 2011)

Na primeira etapa, a amina terciária dissocia a água para formar uma espécie

catiônica quaternária e OH-. O íon hidróxido então ataca o CO2 para formar o ânion

bicarbonato. A última etapa é então a associação iônica da amina protonada e bicarbonato.

Aminas primária e secundária também podem reagir com água e CO2 desta maneira. Enquanto

a energia de ativação deste caminho é menor que a formação de carbamatos, a constante da

taxa é na verdade menor. (SINGH, 2011)

Para aplicações de captura de CO2 de gás de exaustão, a imobilização de aminas

dentro de suportes sólidos (por exemplo, sílica porosa) teria diversas vantagens, pois um

grande custo de energia é desprendido para aquecer as soluções aquosas de aminas durante o

processo de regeneração do absorvente, na etapa de remoção de CO2 (YANG et al., 2010;

ZELENAK et al., 2008; YAN et al., 2011). Existem vantagens adicionais para o uso de

adsorventes suportados com aminas. Ao contrário de soluções de aminas, a degradação

devido à evaporação pode ser menor para aminas suportadas. Também, porque o contato

sólido-sólido entre as partículas de sílica e outras superfícies sólidas é pobre, assim, a

corrosão é menos problemática que para uma configuração com aminas aquosas (KNOWLES

et al., 2005; CHEN et al., 2010).

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38

3.5.5 – Adsorventes funcionalizados com aminas

O processo de absorção com aminas líquidas inspirou a pesquisadores usar

materiais sólidos modificados com aminas como adsorventes para captura de CO2. No que diz

respeito ao tratamento de gás de exaustão, foi previsto que aminas suportadas manterão a alta

seletividade em direção ao CO2 com uma taxa de captura de outros componentes pouco

significativa, particularmente N2, mas sem as desvantagens acima mencionadas associadas

com as soluções aquosas de aminas. De acordo com um estudo realizado por Gray et al.

(2008) para que um adsorvente funcionalizado com amina seja competitivo contra tecnologias

de absorção deve apresentar uma capacidade de pelo menos 3 mmol g-1

, corroborando com a

faixa previamente mencionada de 2-4 mmol g-1

proposta por Ho et al. (2008). Embora os

primeiros esforços para produzir adsorventes funcionalizados com aminas não foram bem

sucedidos em termos da capacidade de adsorção, o esforço coletivo de alguns grupos resultou

em melhoras de desempenho significantes, levando ao aumento do interesse neste assunto

(XU et al. 2002; FRANCHI et al., 2005; HARLICK; SAYARI, 2007).

Na funcionalização de adsorventes com aminas podem ocorrer basicamente

dois tipos de interações entre os grupos amina e o suporte, a saber, (1) materiais impregnados

com aminas onde em geral ocorrem interações fracas, e (2) espécies contendo aminas

covalentemente ligadas, obtidas tipicamente via enxerto superficial de aminosilanos (YAN et

al., 2011). Materiais enxertados oferecem comparativamente maior taxa de adsorção que

adsorventes impregnados com aminas (HARLICK; SAYARI, 2007) e, em alguns casos até

maior que adsorventes comerciais tais como a zeólita 13X (SERNA-GUERRERO; SAYARI,

2001). Contudo, o teor orgânico de adsorventes enxertados com aminas depende da densidade

superficial de grupos silanóis, necessários para ancorar o aminosilano, enquanto que para

aminas impregnadas geralmente um maior carregamento pode ser alcançado refletindo numa

maior capacidade de adsorção.

Xu et al. (2002) foram os primeiros a relatar materiais mesoporosos

impregnados com polietilenoimina (PEI) para adsorção de CO2, criando o termo “molecular

basket”. Foi encontrado que a capacidade de adsorção de MCM-41 impregnado com PEI

melhorou com o aumento do carregamento da amina. O mais alto valor de capacidade de

adsorção, correspondendo a 3,02 mmol g-1

foi obtido sob uma corrente de CO2 puro a 75 °C

usando uma amostra com 75% de PEI. Contudo, a eficiência máxima, isto é, a proporção

molar CO2/N foi obtida na presença de um material contendo 50% de PEI, e diminuiu

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continuamente em maiores carregamentos. Este comportamento foi confirmado por outros

pesquisadores (FRANCHI et al., 2005; PLAZA et al., 2007).

Um trabalho adicional sob condições relevantes para tratamento de gases de

exaustão mostrou que 50% de PEI em MCM-41 exibiu uma capacidade de adsorção de cerca

de 2,1 mmol g-1

na presença de 10% de CO2/N2 a 75 °C. Um comportamento particularmente

interessante de materiais impregnados com PEI foi o fato de que, ao contrário de outros

adsorventes, a capacidade de adsorção melhorou quando a temperatura aumentou de 25 para

75 °C. Como o próprio evento de adsorção é de natureza exotérmica, o aumento da

capacidade de adsorção com a temperatura foi atribuído para a ocorrência de um estado

volumoso de PEI dentro dos mesoporos, com grupos amina não prontamente acessíveis à

baixa temperatura, resultando em um processo de difusão limitado. Desde então, outros

autores trabalhando com materiais impregnados com PEI relataram conclusões similares e a

ideia de um processo de difusão limitada tem sido geralmente aceito (SON et al., 2008; MA et

al., 2009). Seguindo seu primeiro estudo em MCM-41 impregnada com PEI, XU et al. (2002)

analisou a adsorção de CO2 em correntes úmidas. Um efeito positivo de umidade foi

observado em termos de aumento da capacidade, particularmente quando a concentração

molar de água foi igual ou menor que de CO2, fornecendo suporte para mecanismo de

formação de bicarbonato. Nenhum aumento adicional na capacidade de adsorção foi

observado para correntes com maior teor de umidade. Consequentemente, sua capacidade foi

realçada de 2,01 mmol g-1

em um fluxo de gás seco simulado contendo 15% de CO2 para 2,84

mmol g-1

em uma corrente contendo 10% de umidade e 13% de CO2.

Em uma contribuição posterior, Ma et al. (2009) impregnou PEI em SBA-15

sob a suposição de que as características estruturais do suporte afetariam o desempenho dos

adsorventes aminados. Supostamente, devido ao seu maior tamanho e volume de poro da

SBA-15 comparada com MCM-41, PEI-SBA-15 usou os grupos amina mais eficientemente

sob as mesmas condições de carregamento 50% de PEI. Na verdade, como mencionado

acima, enquanto PEI-MCM-41 exibiu uma capacidade de adsorção de 2,1 mmol g-1

, PEI-

SBA-15 mostrou uma capacidade de 3,18 mmol g-1

sob um fluxo de 15% CO2 em 75 °C.

Son et al., (2008) também investigou as propriedades adsortivas de uma

variedade de sílicas mesoporosas ordenadas impregnadas com PEI. Foi encontrado que em

carregamento constante de PEI, o uso de vários suportes forneceu diferentes capacidades de

adsorção, e que PEI suportada tinha uma maior capacidade que seu líquido puro equivalente.

Interessantemente, sob as mesmas condições, a capacidade de adsorção apareceu ser

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dependente do diâmetro de poro. Quando PEI foi dispersa em uma sílica tipo KIT-6 com 6

nm de diâmetro de poro (Dp) em um carregamento de 50%, o material adsorveu 3,07 mmol g-

1 em uma corrente pura de CO2 a 75 °C contra 2,52 mmol g

-1 quando usado em MCM-41 com

poro de 2,8 nm. A capacidade de adsorção de KIT-6 carregado com 50% PEI em condições

mais próximas de gás de exaustão foi 1,95 mmol g-1

na presença de 5% CO2/N2 a 75 °C. Os

autores encontraram capacidades de equilíbrio de adsorção crescentes na seguinte ordem

MCM-41<MCM-48<SBA-16~SBA-15<KIT-6, correspondendo para a ordem de diâmetro

médio de poro do suporte limpo (Dp = 2,8; 3,1; 4,1; 5,5 e 6,5 nm, respectivamente). Eles

também observaram a mesma tendência para o tempo requerido para cada adsorvente alcançar

70% de sua capacidade de equilíbrio.

É interessante notar que embora MCM-48 e SBA-16 possuam poros

tridimensionais interconectados, nem suas cinéticas nem suas capacidades foram melhores

que aqueles de uma dimensão SBA-15, neste caso. Embora não seja claro deste estudo se os

resultados são dependentes do diâmetro de poro somente, ou uma combinação de

propriedades únicas de cada tipo de sílica, existe uma evidência adicional para o importante

impacto do diâmetro de poro, ambos Franchi et al. (2005) e Yue et al. (2008) relataram

capacidades maiores para MCM-41 de poro expandido sobre típico MCM-41.

Franchi et al. (2005) impregnou DEA em uma variedade de suportes os quais a

capacidade de adsorção e a estabilidade foram comparados com um adsorvente comercial, a

zeólita 13X. O suporte mais promissor usado neste trabalho consistiu de sílica MCM-41 com

poros alargados por tratamento pós-síntese (PE-MCM-41, Dp = 9,7 nm) o qual proporcionou

uma capacidade de adsorção de 3 mmol g-1

a 25 °C na presença de 10% de CO2 em N2, um

valor comparativamente maior que este relatado para 13X (i.e. 2,8 mmol g-1

) sob as mesmas

condições. No mesmo estudo foi investigado o máximo de carregamento permitido para o

suporte, observando-se um aumento na capacidade de adsorção com redução da eficiência de

adsorção (CO2/amina), sugerindo que um carregamento maior que 6 mmol de DEA por grama

de adsorvente não é atrativo.

Na Tabela 3.1 são apresentados alguns dados de literatura referente a materiais

produzidos por impregnação de espécies contendo aminas em suportes sólidos. Estes

adsorventes impregnados com aminas foram produzidos usando uma variedade de materiais

suporte, incluindo polímeros, zeólitas e óxidos mesoporosos, embora suportes com grande

diâmetro de poro pareçam ser mais apropriados. Estes materiais exibiram as mais altas

capacidades de adsorção relatadas até o momento.

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41

Tabela 3.1. Dados da literatura sobre capacidades de adsorção de adsorventes impregnados

com amina.

Suporte Amina Ta

(%)

qCO2

(mmol g-1

) CO2/N

Condições

experimentais Referência

CO2

(%)

T

(°C)

MCM-41 PEI 50 2,1 0,18 10 75 XU et al., 2002

MCM-41 PEI 50 2,84 0,27

13

(10% H2O)

75 XU et al., 2005

PE-MCM-41 DEA 76 3 0,41 5 25

FRANCHI et al.,

2005

PMMA

EDA+

Acrilo-

nitrila

- 4,18 - 10 (úmido) 25

GRAY et al.

2005

13X MEA 25 0,45 0,11 15 75

JADHAN et al.,

2007

PMMA TEPA 41 13,88 1,28

15 (2,6%

H2O)

70 LEE et al., 2008

Zeólita Beta TEPA 38 2,08 0,21 10 30

FISHER et al.,

2009

SBA-15 PEI 50 3,18 0,27 15 75 MA et al., 2009

KIT-6 PEI 50 1,95 0,17 5 75 SON et al., 2009

Ta = Teor de carregamento de amina; qCO2 = Capacidade de captura de CO2

Apesar de sua diversidade, algumas propriedades podem ser mencionadas

sobre estes adsorventes. Foi encontrado que alto carregamento de amina resultou em

capacidade de adsorção realçada, contudo isto foi geralmente acompanhado por uma

diminuição na taxa de adsorção e razão CO2/N. Quando o teor de amina é alto, uma

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capacidade de adsorção ótima pode ocorrer em alta temperatura, fazendo-o inapropriado para

aplicações onde menor temperatura é requerida. Além do mais, por causa das fracas

interações entre a fase ativa e o suporte, adsorventes impregnados com aminas podem ser

instáveis. Assim, a regeneração de tais materiais tem que ser realizada sob um rígido controle

de temperatura, já que baixa temperatura pode resultar em incompleta regeneração, mas altas

temperaturas induzem a evaporação das aminas suportadas ou degradação de moléculas de

aminas suportadas se CO2 esta presente com formação de grupos ureia (CHOI et al., 2009).O

primeiro estudo tratando de materiais enxertados com aminas para captura de CO2 foi

realizado por Leal et al. (1995), que ancorou grupos amina via enxerto de (3-

aminopropil)trietoxisilano (AP) sob condições anidras em sílica gel, resultando em um

adsorvente com uma capacidade de 0,41 mmol g-1

(CO2/N = 0,33) sob um fluxo de CO2 puro

a 23 °C.

Com o rápido desenvolvimento de materiais mesoporos e a crescente

preocupação com os efeitos de gases de efeito estufa, um número cada vez maior de estudos

foram realizados em relação a materiais ancorados com aminas. Dentre os diversos estudos

nesta área destacam-se os estudos comparativos entre materiais amorfos e materiais

mesoporosos de Huang et al. (2003) os quais forneceram evidências para as vantagens de

suportes mesoporosos ordenados. Usando 10% CO2 em N2, foi observada uma capacidade

significativamente maior de cerca de 1,42 mmol g-1

para AP-MCM-48 em temperatura

ambiente contra 0,58 para amina enxertada em sílica xerogel sob as mesmas condições.

Os estudos do grupo de Sayari (SAYARI, 2009; HARLICK; SAYARI, 2006;

2007) contribuíram significativamente para a área de captura de CO2 usando materiais

nanoporosos contendo aminas. Eles demonstraram um efeito positivo usando materiais com

diâmetro e volume de poros maiores que MCM-41 típico. Outra contribuição destes autores

foi na otimização das condições de ancoramento, levando a melhores desempenhos quanto ao

carregamento de amina e propriedades adsortivas (BELMABKHOUT; SAYARI, 2009;

HARLICK; SAYARI, 2006; 2007).

Como resumido na Tabela 3.2, similarmente a adsorventes impregnados com

aminas, os adsorventes aminados ligados covalentemente abrange materiais com uma ampla

faixa de características e desempenhos. Contudo, várias vantagens comuns e limitações destes

materiais ancorados com aminas podem ser delineadas. Somente suportes que exibem grupos

silanóis superficiais podem ser usados para produzir materiais enxertados com aminas. Foi

observado que alto carregamento de amina é resultado de alta área superficial e

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disponibilidade de grupos silanóis, contudo o uso eficiente de grupos funcionais é observado

principalmente em suportes com grandes diâmetros de poros.

Tabela 3.2. Dados da literatura sobre capacidades de adsorção de adsorventes funcionalizados

através de ligações covalentes com aminas

Suporte Amina Ta

(mmol g-1

)

qCO2

(mmol g-1

) CO2/N

Condições

experimentais Referência

CO2

(%)

T

(°C)

Sílica gel AP 1,26 0,89 0,71

100 (100%

UR)

50

LEAL et al.,

1995

MCM-48 AP 2,3 2,3 1

10 (100%

UR)

25

HUANG et

al., 2003

SBA-15 TRI 5,8 1,8 0,31 15 (úmido) 60

KNOFEL et

al., 2007

SBA-16 EDA 0,76 1,4 1,84 100 27

WEI et al.,

2008

ITQ-6 AP 1,26 0,67 0,53 12 20 ZUKAL et al.,

2009

MCM-48 TREN 4 1,36 0,34 100 50

BHAGIYAL

AKSHMI et

al., 2010

PE-

-MCM-41

TRI 7,9 1,59 0,2 10 50

SERNA-

GUERRERO

et al., 2010

Ta = Teor de carregamento de amina (mmol g-1

); qCO2 = Capacidade de captura de CO2

Se por um lado, as capacidades de equilíbrio de adsorção certamente não são

tão altas quanto àqueles relatados com alguns adsorventes impregnados com aminas,

materiais ancorados com aminas bem desenhados não exibem a forte limitação difusional

observada em adsorventes impregnados. Assim altas taxas de adsorção não estão restritas a

operações em altas temperaturas. Uma vantagem particular oferecida por aminas ancoradas é

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44

sua alta estabilidade sobre centenas, mais provavelmente milhares, de ciclos de adsorção-

dessorção de CO2 (SAYARI et al., 2010).

3.6 – Peneiras moleculares mesoporosas

Duas classes de materiais que são usados extensivamente como catalisadores

heterogêneos e meios de adsorção são os sólidos inorgânicos microporosos (diâmetro de

poros ≤ 20 Å) e mesoporosos (~20-500 Å). A utilidade destes materiais é manifestada em

suas microestruturas as quais permitem que moléculas tenham acesso as grandes superfícies e

cavidades internas realçando a atividade catalítica e adsortiva (ROTH; VARTULI, 2005). A

principal classe das peneiras moleculares é o grupo dos materiais microporosos. Estes

materiais são exemplificados pela grande família de aluminosilicatos cristalinos conhecidos

com zeólitas em que os microporos são arranjos regulares de canais com tamanho uniforme

(BAERLOCHER, et al., 2007). Consideráveis esforços dedicaram-se ao desenvolvimento de

redes com diâmetro de poros dentro da faixa de mesoporosidade, até que em 1992, cientistas

da Mobil Corporation conseguiram chegar a uma nova família de peneiras moleculares

mesoporosas designadas de M41S. A família de materiais M41S é constituída por três

membros básicos: MCM-41 que possui fase hexagonal, MCM-48 que possui fase cúbica e

MCM-50 material de fase lamelar de pouca estabilidade (VARTULI et al.,1994).

3.6.1 – Peneira molecular do tipo MCM-41

A peneira molecular de fase hexagonal MCM-41 é um material constituído por

um arranjo de canais hexagonais unidimensionais e uniformes de silicatos polimerizados com

diâmetros de poro que podem variar de 2 a 10 nm. Este material apresenta algumas

características interessantes para aplicações catalíticas e adsortivas, tais como, poros de forma

bem definida com estreita distribuição de diâmetro de poros, possibilidade de ajuste do

tamanho de poro, grande volume de poro, alta área superficial (700-1500 m2 g

-1), alta

densidade de grupos silanol internos (40-60%) com superfície passiva para modificação, além

de boa estabilidade térmica, hidrotérmica e mecânica (SELVAM et al., 2001). A Figura 3.4

mostra um modelo para a estrutura mesoporosa hexagonal do MCM-41.

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45

Figura 3.5. Modelo representativo para a estrutura hexagonal do MCM-41 (Adaptado de

VARTULI et al., 1994)

3.6.2 – Peneira molecular do tipo MCM-48

A peneira molecular de fase cúbica MCM-48 é o segundo material mais

estudado desta família, e apresenta uma cela unitária de simetria cúbica, Ia3d, com um arranjo

de canais tridimensionais, o qual consiste de duas redes contínuas interpenetrante de canais

quirais (YATES et al., 2006). Estes pares enantioméricos de canais porosos são conhecidos

por estarem separados por uma parede inorgânica que segue exatamente um giróide

(superfície G) de superfície mínima periódica infinita (KIM et al., 2005), assim a entrada de

duas moléculas em cada lado do giróide não se encontram. O sistema de poros da MCM-48

pode ser representado também por um sistema de canais intergeminados que não se

interseccionam. Esta rede de canais 3D única pode fornecer uma abertura altamente porosa

com fácil e direto acesso para espécies hóspedes, assim facilitando inclusão ou difusão ao

longo dos poros de canais sem o bloqueio destes. A Figura 3.5 mostra um modelo para a

estrutura mesoporosa cúbica do MCM-48.

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46

.

Figura 3.6. Modelo representativo para a estrutura cúbica do MCM-48 (ROTH; SEWELL,

2000)

Apesar dos vários trabalhos relatados na literatura sobre MCM-48, sua

preparação requer condições de síntese mais rigorosas do que para MCM-41 e nem sempre

materiais com características texturais e estruturais apropriadas para uso em catálise ou

adsorção foram obtidos. O desafio na síntese de MCM-48 é encontrar rotas mais fáceis de

síntese, que sejam reprodutíveis e forneçam materiais com maior ordenação estrutural a longo

alcance.

3.6.3 – Mecanismo de formação de materiais M41S

O mecanismo de síntese inicialmente proposto para estes materiais é conhecido

como mecanismo de direcionamento por cristal líquido (LTC) em que uma estrutura de cristal

líquido do surfactante serve como um molde orgânico para formação da estrutura inorgânica

(KRESGE et al., 1992). Segundo Vartuli et al. (1994) o papel da química do surfactante é

crítico para a formação de materiais M41S. Moléculas de surfactante tem a habilidade para

organizar-se dentro de arranjos supramoleculares que formam estruturas de cristal líquido.

Tanto a formação de MCM-41 com uma variedade de tamanhos de poros pelo uso de

moléculas surfactantes de diferentes comprimentos de cadeia quanto à existência de materiais

M41S tendo diferentes estruturas (hexagonal, cúbica e lamelar) que imitam fases de cristais

líquidos suportam fortemente este mecanismo proposto. Assim, dois possíveis caminhos

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mecanísticos sugerem ou (1) a fase cristal líquido pode formar previamente a adição dos

reagentes ou (2) as espécies silicato geradas na mistura reacional pode influenciar o

ordenamento das micelas de surfactante para a fase cristal líquido desejado. Para o caminho 1

ser operacionalizado é requerido que moléculas de surfactante existam em concentração

suficiente para formar uma estrutura de cristal líquido. Esta estrutura serve como um agente

direcionador e os ânions inorgânicos de silicatos meramente servem para contrabalancear a

carga destes agregados de surfactante completamente ordenados. Para o caminho 2, o

surfactante é somente parte do molde. A presença de espécies de íons silicato não somente

serve para balancear a carga dos cátions de surfactante, mas também participa na formação e

ordenamento da fase cristal líquido. Os dois mecanismos estão esquematizados na Figura 3.6.

Figura 3.7. Possíveis mecanismos de formação do M41S. (1) Via inicialização de uma fase

cristalina líquida e (2) via cooperação do ânion silicato (KRESGE et al., 1992; VARTULI et

al. (1994)

3.6.4 – Principais fatores que afetam na síntese de materiais M41S

Muitos pesquisadores tem estudado as variáveis de síntese que influenciam na

formação de materiais mesoporosos do tipo M41S. Os principais fatores que desempenham

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papel fundamental na obtenção desses materiais são: os tipos de precursores de silício, a

composição do gel de síntese, a temperatura de cristalização ou envelhecimento do gel, o

tempo de síntese, o pH, a adição de cosurfactantes ou aditivos e os tipos de surfactante

empregados.

A fórmula dos surfactantes catiônicos usada para sintetizar materiais

mesoporosos pode ser representada por (CnH2n+1)(CH3)3N+X

-, onde n é geralmente maior que

19, e X=Cl, Br ou OH. Um dos mais importantes aspectos na variação do tamanho da cadeia

do surfactante (valor de n) é a possibilidade de modular a largura do poro.

O controle do pH do meio reacional durante o tempo de síntese para uma faixa

ótima entre 9-10 tem sido relatado na literatura por Ryoo and Kim (1995) que obtiveram

MCM-41 com excelente uniformidade textural pós-calcinação utilizando ajuste de pH durante

a síntese. Segundo estes autores a melhoria observada pode ser atribuída ao aumento do grau

de condensação dos grupos silanóis no MCM-41 devido ao deslocamento de equilíbrio para a

polimerização de silicato. Estes mesmos autores também contribuíram ao estudar o efeito da

adição de diferentes sais durante o período de síntese hidrotérmica. O efeito dos sais para o

melhoramento da estabilidade hidrotérmica do MCM-41 pode ser devido à moderação da

interação eletrostática entre as micelas catiônicas do surfactante e os ânions de silicato

circundantes. A interação eletrostática entre a superfície das micelas do surfactante e os

silicatos pode ser atenuada pelo sal enquanto a mesoestrutura surfactante – sílica é formada.

Pode ser especulado que os silicatos podem ser libertos da forte união eletrostática com o

surfactante sob tais circunstâncias, e consequentemente o grau de polimerização (isto é, a

condensação dos grupos silanóis) é esperado aumentar, comparado com a situação sem tal

atenuação eletrostática (RYOO e JUN, 1997).

3.7 – Técnicas de caracterização de peneiras moleculares mesoporosas do tipo M41S

A adequada caracterização das propriedades texturais de materiais nanoporosos

é muito útil para verificar o sucesso do processo de síntese. Quanto mais preciso for o

conhecimento sobre a natureza da rede de poros (microporos, mesoporos e macroporos)

melhor será o entendimento do comportamento do material para uma futura aplicação. Outras

características importantes para aplicação de materiais mesoporosos diz respeito a suas

propriedades mecânicas (resistência contra o atrito), estabilidade do material frente a

tratamentos térmico e hidrotérmico.

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3.7.1 – Adsorção: isotermas de adsorção de N2

O fenômeno da adsorção descreve a tendência no aumento da concentração de

uma substância sobre a superfície de outra quando duas fases imiscíveis estão em contato.

Este fato ocorre devido ao certo grau de instauração presente em qualquer superfície como

resultado de forças não balanceadas entre os átomos centrais e os superficiais (CIOLA, 1981).

A espécie que atua como suporte de fluidos no processo de adsorção é

chamado de adsorvente, já a espécie química presa ao adsorvente é denominada de adsorbato.

A força das ligações observadas entre o adsorvente e o adsorbato é utilizada como forma de

classificação desse fenômeno em adsorção física e adsorção química. A adsorção química é

um fenômeno irreversível que ocorre efetiva troca de elétrons entre o adsorvente e o

adsorbato sendo restrita a formação de uma única camada sobre a superfície sólida e liberação

de uma quantidade de energia da ordem de uma reação química. A adsorção física é um

fenômeno reversível onde se observa normalmente a deposição de mais de uma camada de

adsorbato sobre a superfície adsorvente. As energias liberadas são relativamente baixas com

atração por forças de Van der Waals (CIOLA, 1981).

A determinação de isotermas de adsorção é a base para caracterização das

propriedades superficiais de muitos materiais. Segundo a IUPAC, a maioria dos sólidos

obedece a um dos seis tipos de isotermas de adsorção existentes. Contudo, somente as

isotermas do tipo I, II, IV e VI são geralmente encontradas na caracterização de catalisadores

e adsorventes (ROQUEROL et al., 1994; LEOFANTI et al., 1998). A Figura 3.7 apresenta a

classificação das isotermas de adsorção segundo a IUPAC.

Figura 3.8. Classificação das isotermas de adsorção de N2 segundo a IUPAC (LEOFANTI et al.,

1998)

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50

Isotermas do tipo (I) são características de sólidos microporosos com

superfícies externas relativamente pequenas. A quantidade adsorvida tende para um valor

limite quando a pressão relativa (P/P0) tende a 1, dependendo do volume de microporos. Esta

isoterma também representa a adsorção química, caso em que o valor limite corresponde à

formação de uma camada monomolecular adsorvida. Nas isotermas do tipo (II e III) a

quantidade adsorvida tende para o infinito quando P/P0 tende a 1, correspondendo à adsorção

em camadas múltiplas sobrepostas, e ocorrem em sólidos não porosos ou macroporosos. As

isotermas do tipo (IV e V) correspondem respectivamente às isotermas (II e III) quando o

sólido apresenta mesoporos, nos quais ocorre o fenômeno de condensação capilar. A

quantidade adsorvida tende para um valor máximo finito, correspondente ao enchimento

completo dos capilares com o adsorbato no estado líquido. A isoterma do tipo (VI) ocorre em

superfícies uniformes não porosas, e representa uma adsorção camada a camada. A altura do

degrau corresponde à capacidade da monocamada adsorvida (GUISNET; RIBEIRO et al.,

2004).

O fenômeno de histerese nas isotermas de adsorção física esta associado à

condensação capilar em estruturas mesoporosas como também com o formato dos poros.

Verifica-se então que o ramo de adsorção não coincide com o ramo de dessorção, isto é, não

há reversibilidade. Segundo a classificação da IUPAC podem identificar-se quatro tipos

principais de histerese, a que correspondem a diferentes estruturas de poros, assim mostrados

na Figura 3.8.

Figura 3.9. Perfil das histereses de adsorção de N2 segundo a IUPAC (LEOFANTI et al., 1998)

Histerese do tipo H1 é caracterizada por dois ramos das isotermas quase

verticais e paralelos durante uma extensa faixa de valores da ordenada. Normalmente está

associado a materiais porosos constituídos por aglomerados rígidos de partículas esféricas de

tamanho uniforme ordenada regularmente. Daqui resulta em uma distribuição estreita de

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tamanhos de poros. Sendo assim, é aceitável usar um modelo de capilares cilíndricos para o

cálculo da distribuição de tamanhos de poros (LEOFANTI et al., 1998).

Na histerese do tipo H2 somente o ramo de dessorção é praticamente vertical.

Muitos adsorventes porosos originam este tipo de histerese, a que corresponde a uma

distribuição de tamanhos de poros definida. Por vezes associa-se este tipo de histerese aos

diferentes mecanismos de condensação e evaporação em poros com um gargalo estreito e

corpo largo (poros em forma de tinteiro). Neste caso não se deve usar o ramo de dessorção

para o cálculo da distribuição de poros. As histereses do tipo H3 e H4 são geralmente

encontradas em sólidos consistindo de agregados ou aglomerados de partículas formando

poros tipo fenda, com tamanho e/ou forma uniforme (tipo H4) ou não uniforme (tipo H3)

(LEOFANTI et al., 1998).

A caracterização textural de sólidos porosos é realizada usando a adsorção de

moléculas-sonda, a exemplo de Ar, N2, CO2. Dentre estes, a adsorção de N2 a baixa

temperatura (77 K) é o mais amplamente usado. A adsorção de N2 abrange pressões relativas

(P/P0) de 10-6

até 1 e fornece informação sobre toda microporosidade (até 2 nm) e a

mesoporosidade.

A análise das isotermas de adsorção-dessorção de N2 é realizada mediante

prévio tratamento da amostra a fim de eliminar possíveis gases ou umidade adsorvida na

superfície do material, em que a amostra deve ser degaseificada sob alto vácuo em

temperaturas ao redor de 300 °C, durante algumas horas. A isoterma de N2 pode fornecer

informações importantes sobre a área superficial, a distribuição da porosidade e volume de

poro.

As isotermas de adsorção para materiais mesoporosos são do tipo IV segundo a

classificação da IUPAC, com condensação capilar em média pressão relativa sendo indicativo

de mesoporosidade (Figura 3.9). Em alguns casos o ramo de dessorção traça um caminho

diferente do ramo de adsorção, esta isoterma exibe então, uma alça de histerese. O formato da

alça de histerese fornece informações sobre a forma e o tamanho dos mesoporos.

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Figura 3.10. Isoterma de adsorção/dessorção de N2 a 77 K representativa para um material

mesoporoso com aproximadamente 4 nm de poro (Adptado de ROTH e VARTULI, 2005)

A área superficial aparente ou específica é geralmente calculada pela aplicação

da equação BET (BRUNAUER- EMMETT-TELLER) para a isoterma de adsorção. O modelo

calcula o volume da monocamada de moléculas adsorvidas na superfície e a área superficial é

diretamente obtida pela aplicação da equação 3.10 (BRUNAUER et al., 1938).

(3.10)

Em que, nm é o número de moléculas adsorvidas em uma cobertura da monocamada; A é o

meio da secção transversal da molécula gasosa (isto é, N2 = 0,162 nm2 mol

-1); NA é o número

de Avogadro.

Na maioria dos materiais mesoporosos a faixa de linearidade da equação de

BET, após plotagem de [(P/P0)/(n . (1 - P/P0))] versus P/P0, está na faixa de pressão relativa

(P/P0) de 0,05 até 0,3.

O volume total de poro é obtido da quantidade de nitrogênio adsorvido em uma

pressão relativa P/P0 próxima de 0,99. O valor obtido pode ser expresso ou como volume de

gás adsorvido, ou mais comumente, como o volume de líquido adsorvido usando a seguinte

equação abaixo:

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(3.11)

A distribuição de tamanho de poro na faixa de mesoporos pode ser obtida

usando o método BJH (Barret-Joyner-Halenda). Este método se baseia na equação de Kelvin,

prevendo a formação de N2 líquido, em uma etapa de condensação capilar, nos grandes poros

do material. A equação expressa a relação entre a condensação de N2 no mesoporos de certo

tamanho. Assim, baseado no modelo a relação entre a pressão relativa e o raio do poro pode

ser deduzida. Isto permite a formação da distribuição de tamanho de poro do material

(BARRET et al., 1953).

3.7.2 – Difratometria de raios-X

A difratometria de raios-X é um dos métodos mais importantes e poderosos

para a investigação qualitativa de materiais mesoporosos. Este método está fundamentado na

dispersão de raios-X por elétrons de átomos. O comprimento dos raios-X é similar às

distâncias interatômicas, e então a dispersão de raios-X por diferentes átomos interferirá de

maneira construtiva ou destrutiva. Se a interferência é construtiva ocorrerá difração da

radiação, que em se tratando de amostras cristalinas é um fenômeno nítido (KVICK, 1999).

A geometria do evento de difração correspondente pode ser descrito pela lei de

Bragg, a qual combina a medida do arranjo regular da estrutura do cristal, chamada de

distância d entre os planos reticulados, o comprimento λ da radiação de raios-X e o ângulo de

difração θ:

(3.12)

A equação de Bragg trata a difração como a reflexão de raios-X nos planos

reticulados. Correspondentemente, um evento de difração é geralmente chamado de uma

reflexão (Figura 3.10).

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Figura 3.11. Esquema representativo para formulação da lei de Bragg (Adaptado de KVICK,

1999)

Esta técnica pode ser empregada para materiais em diversas formas sólidas, tais

como monocristais, fibras, filmes, e no caso de materiais mesoporosos na forma de pó.

Através da investigação de vários materiais mesoporosos por meio da difratometria de raios-X

pelo método do pó, verificou-se que estes materiais exibem reflexões em baixos ângulos de

difração, tipicamente na região entre 0,8° a 7° em 2θ. A presença de picos de difração nesta

região não é devido a um arranjo periódico regular dos átomos, mas a um arranjo regular dos

poros com diâmetros numa faixa nanométrica pequena. Este fenômeno pode ser explicado

pelo fato dos elétrons dispersarem a radiação dos raios-X, e através da diferença da densidade

eletrônica entre a parede do poro e o espaço vazio do poro resulta nestas reflexões

(MEYNEM et al., 2009).

Quando existe algum material dentro dos poros (por exemplo, moléculas

surfactantes em materiais como-sintetizados), este contraste de densidade eletrônica é menor

e, consequentemente, a intensidade destes picos de difração a baixo ângulo é diminuído. Em

casos extremos, a intensidade destes picos podem até desaparecer, apesar do fato de que um

sistema de poro perfeitamente ordenado esteja presente (MEYNEN et al., 2009).

A peneira molecular mesoporosa MCM-41 é caracterizada através de um

padrão bem definido de difração de raios-X. De acordo com o trabalho de Beck et al. (1992)

nesta fase podem ser observados basicamente quatro picos de reflexão nos planos hk0. A

primeira reflexão aparece em baixo ângulo, índice de Miller (100) e possui a maior

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intensidade, seguido de três picos de menor intensidade em ângulos um pouco mais altos

cujos índices de reflexão são (110), (200) e (210), conforme a Figura 3.11.

Figura 3.12. Difratograma de raios-X padrão para a fase hexagonal MCM-41 (BROYER et

al., 2002)

Essas reflexões são apresentadas como resultado do arranjo hexagonal dos

canais do MCM-41, já que os mesmos são formados por paredes de sílica amorfa. O

parâmetro da cela unitária deste material a0 é determinado a partir da expressão mostrada na

equação 3.13, sendo que d100 corresponde a distância interplanar (100) e apresenta relação

com o diâmetro do poro e a espessura da parede.

(3.13)

Dessa forma, diferentes procedimentos de síntese podem resultar em materiais

com tamanhos de poros moduláveis e distintas propriedades texturais.

Já no perfil do padrão de difração de raios-X para MCM-48 geralmente são

observadas oito reflexões. A primeira de elevada intensidade com índice de Miller em (211),

seguido de um pico bem definido de menor intensidade em (220), além de reflexões bem

discretas em maior ângulo (2θ de 4-5º) referente aos planos (321), (400), (420), (322), (422) e

(431), os quais são indexados para o grupo espacial Ia3d. O parâmetro da estrutura

mesoporosa a0 pode ser obtido através do valor da distância interplanar referente ao plano

(211) através da equação 3.14.

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(3.14)

A Figura 3.12 mostra um padrão de difração de raios-X típico para amostras de

MCM-48.

Figura 3.13. Difratograma de raios-X padrão para a fase cúbica MCM-48 (SOUZA et al.,

2005)

3.7.3 – Espectroscopia de absorção na região do infravermelho

A Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho por Transformada

de Fourier (FT-IR) é uma das principais ferramentas analíticas usadas na determinação de

informações estruturais de materiais orgânicos e inorgânicos. Esta técnica é baseada no fato

de que moléculas possuem frequências específicas de vibrações internas. Estas vibrações

podem ocorrem na região infravermelha do espectro eletromagnético. Quando uma amostra é

incidida por radiação infravermelha, a mesma absorverá radiação em frequências

correspondentes às frequências de vibração molecular, e isto é medido no espectrômetro de

infravermelho. O resultado é um espectro que representa uma curva da energia absorvida

versus a frequência. A análise padrão FT-IR requer a preparação da amostra que é prensada

junto com KBr. A região do infravermelho médio no espectro que vai de 4000 a 400 cm-1

é a

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57

parte mais interessante do espectro quando se trata de materiais siliciosos, contendo uma rede

vibracional fundamental de grupamentos Si(Si)O4 ou Si(Al)O4.

3.7.4 – Análise térmica

Análise térmica é um termo que abrange um grupo de técnicas nas quais uma

propriedade física ou química de uma substância, ou de seus produtos de reação, é monitorada

em função do tempo ou temperatura, enquanto a amostra, sob uma atmosfera específica, é

submetida a uma programação controlada de temperatura.

Termogravimetria é a técnica na qual a mudança da massa de uma substância é

medida em função da temperatura enquanto esta é submetida a uma programação controlada.

Esta técnica pode fornecer dados importantes na preparação de materiais mesoporosos, tais

como estimar a quantidade de grupos silanóis presentes na superfície do material, a

quantidade de água adsorvida durante determinado processo ao qual o material está sendo

submetido, bem como avaliar a temperatura ótima de calcinação para remoção de

direcionadores orgânicos ou avaliar através de estudos cinéticos a remoção de possíveis

componentes orgânicos ocluídos nos poros. (Souza et al., 2005).

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58

4 – MATERIAIS E MÉTODOS

Neste tópico é descrito a metodologia experimental utilizada para realização das

sínteses, impregnações e caracterizações das amostras.

4.1 – Síntese hidrotérmica dos materiais mesoporosos

4.1.1 – Reagentes e soluções

As substâncias químicas gerais necessárias para as sínteses dos adsorventes

mesoporosos são mostrados na Tabela 4.1. Reagentes comerciais de alta pureza tais como

brometo de cetiltrimetilamônio (Vetec), tetraetilortosilicato (Fluka), sílica gel (Carvalhares),

silicato de sódio (Vetec) e hidróxido de sódio (Quimex) foram usados para a síntese dos

suportes mesoporosos. A amina utilizada para modificação dos materiais suporte foi

etilenodiamina (Vetec).

Tabela 4.1. Reagentes para as sínteses e funcionalizações dos adsorventes mesoporosos.

Substâncias Químicas MCM-41 MCM-48

Surfactante Brometo de cetiltrimetilamônio (CTMBr)

Solvente Água destilada

Precursor de sílica

Sílica gel 60 (70-230 mesh) e silicato

de sódio Tetraetilortosilicato (TEOS)

Agente mineralizante - Hidróxido de sódio

Controle da síntese Ácido acético a 30% -

Solução etanólica de amina Etilenodiamina

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4.1.2 – Preparação dos adsorventes

Muitos métodos de preparação foram desenvolvidos por pesquisadores para a

síntese de MCM-41 e MCM-48 (BECK et al. (1992); KRESGE et al. (1992); VARTULI et

al. (1994); RYOO e KIM (1995); SOUZA et al. (2004); DOYLE et al. (2003); ROTH et al.,

(2000); ARAUJO et al. (2000); SOUZA et al., (2005)). Em geral um fluxograma do

procedimento adotado nas sínteses de materiais M41S pode ser resumido de acordo com a

Figura 4.1.

Precursor de sílica Mistura e agitação da

soluçãoAgente mineralizante

Surfactante

Homogeneização

Envelhecimento

Filtração

Secagem

Calcinação

Caracterização

Figura 4.1. Fluxograma geral de procedimento de síntese de sílicas mesoporosas

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4.1.3 – Síntese do MCM-41

As amostras de MCM-41 foram sintetizadas através do método hidrotérmico baseado

em vários trabalhos de literatura (BECK et al., 1992; SOUZA et al., 2004). A composição

molar do gel de síntese inicial utilizado para formar o material mesoporoso foi 1,0

CTMABr:0,437 Na2O:4,58 SiO2:200 H2O. Com o objetivo de obter MCM-41 com menor

custo foram realizadas duas reduções no teor de direcionador em 25 e 50%, com base na

composição molar do gel inicial apresentado. A Tabela 4.2 mostra a composição molar dos

géis de síntese utilizados para obtenção das amostras de MCM-41, assim como a razão

surfactante/sílica e a concentração de surfactante em água (calculado teoricamente). As

sínteses foram realizadas em frascos de teflon de 70 mL, seladas em autoclaves de aço

inoxidável (Figura 4.2) e em seguida colocadas na estufa sob temperatura de 100 ºC por 72

horas para tratamento hidrotérmico.

Figura 4.2. Sistema utilizado para tratamento hidrotérmico dos materiais mesoporosos

Tabela 4.2. Composição molar dos géis de sínteses dos materiais MCM-41, a razão molar

surfactante/sílica e a concentração de surfactante em água.

Composição molar do gel CTMABr/SiO2 Conc. CTMABr em água %

1,0 CTMABr:0,437 Na2O:4,58 SiO2:200 H2O 0,22 30,37

0,75 CTMABr:0,437 Na2O:4,58 SiO2:200 H2O 0,16 22,78

0,50 CTMABr:0,437 Na2O:4,58 SiO2:200 H2O 0,11 15,19

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A peneira molecular mesoporosa MCM-41 foi obtida partindo de sílica gel e silicato

de sódio como fontes de silício e sódio, brometo de cetiltrimetilamônio como direcionador

estrutural e água destilada. O procedimento abaixo descrito refere-se à síntese utilizando a

composição molar do gel inicial (CTMABr/Si=0,22). Para a obtenção de cerca de 1,2 gramas

de material calcinado, foi utilizado um gel de síntese com a seguinte composição em massa

(gramas): 1,743 CTMABr:0,705 Na2O:0,911 SiO2:16,675 H2O.

A síntese foi realizada em duas etapas, consistindo no preparo de duas soluções. A

solução 1 contém a fonte de silício e sódio (sílica gel e silicato de sódio) e metade da água

destilada utilizada para síntese. A solução 2 contém o direcionador (CTMABr) e a outra

metade da água destilada necessária para a síntese. A primeira solução foi preparada

mantendo-se a mistura sob agitação constante a 60 ºC por duas horas. A segunda foi mantida

sob agitação durante 30 minutos em temperatura ambiente (aproximadamente 25 ºC). Após 2

horas de agitação, a solução 1 foi adicionada sobre a solução 2, mantendo-se a mistura sob

agitação por 30 minutos a temperatura ambiente, resultando na obtenção do gel de síntese. O

gel de síntese foi colocado no recipiente de teflon e em seguida na autoclave a qual foi selada

e levada a estufa a 100 ºC durante três dias. A cada dia a autoclave era retirada da estufa,

resfriada sob água corrente, seguindo-se da verificação do pH do gel de síntese, o qual deveria

estar entre 9-10. Caso o pH se encontrasse fora dessa faixa era realizada uma correção do pH

do gel utilizando uma solução aquosa de ácido acético a 30% e em seguida a autoclave era

novamente colocada na estufa. Após 24 horas síntese o pH do meio reacional estava por volta

de 12 sendo corrigido para 10. Após 48 horas o pH se encontrava em torno de 11 sendo

corrigido para 9. Ao final da síntese (72 horas), o material foi retirado da estufa, resfriado em

água corrente, lavado com água destilada, filtrado a vácuo e seco em estufa a 100 ºC por 2

horas e em seguida calcinado a 450 °C por 2 horas em atmosfera de ar.

Este procedimento de síntese está esquematizado na Figura 4.3. Os mesmos

procedimentos foram realizados no estudo da redução do teor de surfactante em 25 e 50%. As

amostras foram designadas com base nas razões surfactante/sílica e foram denominadas como

0,22M41NC; 0,16M41NC e 0,11M41NC para as amostras não calcinadas e 0,22M41C;

0,16M41C e 0,11M41C para as amostras calcinadas.

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Agitação a 25 C por 30 min

Agitação a 60 C por 2 horas

Sílica gel

Solução 1

Solução 2

Agitação a 25 C por 30 min

Gel de síntese Autoclave Aquecimento a 100 C por 3 dias

pH ~ 9-10 a cada 24 horas

+

CTMABr(s) Água

+ +Na2SiO3(s) Água

Figura 4.3. Fluxograma do procedimento de síntese do MCM-41

4.1.4 – Síntese do MCM-48

As amostras foram sintetizadas através do método hidrotérmico de acordo com o

procedimento experimental adaptado da síntese de DOYLE et al. (2003) e de outros trabalhos

de literatura (ROTH; SEWELL, 2000; SOUZA et al., 2005). A composição molar do gel de

síntese utilizada para a síntese inicial foi: 0,55 CTMABr:0,25 Na2O:1,0 SiO2:101,4 H2O.

Como a temperatura do tratamento hidrotérmico do gel indicado no procedimento de síntese

da literatura (DOYLE et al. 2003) é alta (150 °C), além da síntese nesta temperatura, foi

realizado um estudo relacionado à diminuição da temperatura do tratamento hidrotérmico.

Dessa forma, foram realizadas sínteses nas temperaturas de 140 ºC, 130 ºC e 120 ºC. Com

base na caracterização por difratometria de raios-X, a amostra sintetizada a 130 °C apresentou

melhores características estruturais, assim, foi escolhida como suporte para realização da

modificação com etilenodiamina e estudos de adsorção de CO2, como também se realizou um

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estudo da redução do teor de surfactante em 25 e 50% da composição inicial, com o objetivo

de se obter a fase cúbica, a um baixo custo de direcionador orgânico.

As sínteses foram realizadas em frascos de teflon de 70 mL, sendo colocadas

em autoclaves de aço inoxidável e em seguida na estufa para tratamento hidrotérmico. A

Tabela 4.3 mostra a composição molar dos géis de sínteses dos materiais, a razão molar

surfactante/sílica e a concentração de surfactante em água (calculado teoricamente).

Tabela 4.3. Composição molar dos géis de sínteses dos materiais MCM-48, a razão molar

surfactante/sílica e a concentração de surfactante em água.

A síntese do MCM-48 foi realizada em uma etapa, usando tetraetilortosilicato

(TEOS) como fonte de silício, hidróxido de sódio como agente mineralizante, CTMABr como

direcionador de estrutura e água destilada como solvente. A preparação de 1,10 gramas de

MCM-48 partiu da seguinte composição em massa (gramas): 3,630 CTMABr:0,362

Na2O:3,771 SiO2:32,392 H2O. O gel de síntese foi preparado dissolvendo a quantidade

estequiométrica do CTMABr e hidróxido de sódio na quantidade de água requerida para a

síntese formando uma solução límpida . Em seguida TEOS foi adicionado na solução gota a

gota sob agitação. A mistura foi agitada a 40 ºC durante 30 minutos sendo observada a

formação de um gel branco. O material resultante foi colocado no recipiente de teflon e em

seguida na autoclave, a qual foi selada e levada a estufa a temperatura de 150 °C durante 24

horas. Em seguida o material foi filtrado sob vácuo, lavado com água destilada, seco em

estufa a 100 ºC por 2 horas e em seguida calcinado a 450 °C por 2 horas. Este procedimento

de síntese está esquematizado na Figura 4.4 Procedimentos semelhantes de síntese foram

utilizados para estudo da redução da temperatura do tratamento hidrotérmico do gel e redução

do teor de surfactante em 25 e 50%. As amostras foram designadas com base nas

temperaturas de síntese no caso específico deste estudo e foram denominadas como

0,55M48NC-150; 0,55M48NC-140; 0,55M48NC-130; 0,55M48NC-120 para as amostras

não calcinadas e 0,55M48C-150; 0,55M48C-140; 0,55M48C-130; 0,55M48C-120 para as

Composição molar do gel CTMABr/SiO2 Conc. CTMABr em H2O %

0,55 CTMABr:0,25 Na2O:1,0 SiO2:101,4 H2O 0,55 32,95

0,41 CTMABr:0,25 Na2O:1,0 SiO2:101,4 H2O 0,41 24,56

0,28 CTMABr:0,25 Na2O:1,0 SiO2:101,4 H2O 0,28 16,77

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amostras calcinadas. No caso do estudo da redução do surfactante, como foi escolhida a

temperatura de 130 °C, as amostras foram designadas através das razões surfactante/sílica e

foram chamadas de 0,55M48NC-130; 0,41M48NC-130; 0,28M48NC-130 para as amostras

não calcinadas e 0,55M48C; 0,41M48C-130; 0,28M48C-130 para as amostras calcinadas.

+ +

Agitação a 40 C por 30 min

NaOH(s)CTMABr(s)

Solução 1 TEOS(l)

Agitação a 40 C por 30 min

Gel de síntese AutoclaveAquecimento a 150 C

por 24 horas

+

Água

Figura 4.4. Fluxograma do procedimento de síntese do MCM-48

4. 2 – Remoção do direcionador orgânico

A eliminação dos cátions orgânicos CTMA+ do interior das estruturas mesoporosas

formadas para a liberação dos poros foi realizada através do processo de calcinação em

condições estáticas a 450 °C, com uma taxa de aquecimento de 10 ºC min-1

por um período de

2 horas, em fluxo de ar, conforme mostrado na Figura 4.5. As Figuras 4.6 e 4.7 esquematizam

a saída do direcionador orgânico do interior dos poros do MCM-41 e MCM-48,

respectivamente.

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0 20 40 60 80 100 120 140 160

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Tem

pera

tura

(°C

)

Tempo (minutos)

Figura 4.5. Gráfico do perfil de aquecimento da calcinação das amostras de MCM-41 e

MCM-48 sintetizadas

T,t)

Figura 4.6. Representação da remoção do material orgânico dos poros do MCM-41 (Adaptado

de Beck et al., 1992)

Figura 4.7. Representação da remoção do material orgânico dos poros do MCM-48. (SOUZA

et al., 2004)

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4. 3 – Impregnação dos materiais mesoporosos MCM-41 e MCM-48

Com base na caracterização estrutural por difratometria de raios-X, a amostra

de MCM-41 e MCM-48 escolhida para impregnação com aminas foi aquela que apresentou a

melhor resolução dos picos de difração, com características texturais favoráveis (i.e, alta área

superficial e volume de poros). A amostra de MCM-41 e MCM-48 selecionadas foram

0,22M41C e 0,55M48C-130, respectivamente. Etilenodiamina foi utilizada para impregnar

estes materiais. Sua estrutura está representada na Figura 4.8.

NH2

NH2

Figura 4.8. Representação da estrutura química da etilenodiamina

As peneiras moleculares foram impregnadas através do método de impregnação por

via úmida previamente descrito por XU et al., (2003) com algumas modificações. O teor de

carregamento das aminas nos suportes foi determinado com base em alguns trabalhos da

literatura (FRANCHI et al., 2005; XU et al. 2003) que estudaram os efeitos de carregamento

de aminas nas capacidades e taxas de adsorção de CO2. Previamente à impregnação as

amostras foram secas a 100 °C durante duas horas, para retirada de umidade e gases pré-

adsorvidos. Soluções a 0,5 mol L-1

de EDA foi preparada usando etanol como solvente. As

peneiras moleculares MCM-41 e MCM-48 foram impregnadas, a fim de se obter os seguintes

carregamentos de aminas (os cálculos são mostrados no apêndice A):

MCM-41 e MCM-48 com 15, 20 e 25% de EDA

A Figura 4.9 esquematiza o procedimento de obtenção dos adsorventes mesoporosos

impregnados. O procedimento de impregnação das aminas consistiu das seguintes etapas:

a) Pesar a massa do suporte previamente seca.

b) Medir os volumes das soluções de aminas necessárias para obter os carregamentos

desejados.

c) Adicionar lentamente o volume de amina sobre o suporte, tendo o cuidado de

umedecer todo o sólido.

d) Evaporar o solvente do adsorvente a 70 °C em estufa.

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Solução de amina

Secagem a 70 C por 2

horas

Material mesopososo

impregnado

Suporte mesoporoso

Figura 4.9. Fluxograma representativo da obtenção dos adsorventes mesoporosos

impregnados

Os adsorventes mesoporosos obtidos após impregnação com etilenodiamina aminas

foram designados como E15-0,22M41C, E20-0,22M41C, E25-0,22M41C e E15-0,55M48C-

130, E20-0,55M48C-130, E25-0,55M48C-130.

4. 4 – Caracterizações dos materiais

4. 4. 1 – Difratometria de raios-X

As propriedades estruturais dos suportes e dos adsorventes modificados foram

caracterizadas por difratometria de raios-X através do método do pó utilizando um

equipamento da Rigaku modelo (MiniFlex II). As medidas foram realizadas usando radiação

CuKα com 30 kV e 15 mA na faixa de 2θ de 1,5 a 10° com uma velocidade de varredura de

2° min-1

.

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4. 4. 2 – Análise térmica

A avaliação térmica dos suportes e adsorventes modificados foi determinada através

da termogravimetria utilizando-se uma termobalança da Shimadzu, modelo TGA-50, usando

nitrogênio como gás de purga com fluxo de 40 mL min-1

. As amostras foram aquecidas da

temperatura ambiente até 900 °C, em uma taxa de aquecimento de 10 °C min-1

. Foi utilizado

cadinho de platina com aproximadamente 5 mg de cada amostra analisada.

4. 4. 3 – Espectroscopia de absorção na região do infravermelho

Para identificação dos principais grupos funcionais dos suportes antes e depois

da calcinação, além das amostras de adsorventes modificadas com aminas foi usada a

espectroscopia de absorção na região do infravermelho (IV). As análises foram feitas em um

espectrofotômetro na região do infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR),

equipamento da Jasco, modelo FT/IR-4200 com leitura na faixa de 400 a 4000 cm-1

através do

método da pastilha de KBr como agente dispersante.

4. 4. 4 – Adsorção-dessorção de N2 a 77 K

As isotermas de adsorção e dessorção de N2 dos suportes e adsorventes

modificados foram determinadas a 77 K usando um equipamento da Quantachrome modelo

NOVA 1200e. Através das isotermas foram determinadas algumas propriedades texturais, tais

como, diâmetro de poro, volume de poro, espessura da parede do poro e área superficial. Para

a análise das amostras de MCM-41 e MCM-48 calcinadas, cerca de 100 mg de amostra foi

previamente seca a 300 °C sob vácuo durante 1 hora. Já para as amostras funcionalizados com

aminas o processo de secagem e eliminação de gases pré-adsorvidos foi realizado a 90 °C sob

vácuo por 1 hora. As isotermas foram levantadas na faixa de pressão relativa de 0,05 a 0,99.

A área superficial específica (SBET) foi calculada usando o método de

Brunauer–Emmett–Teller (BET) desenvolvido por Brunauer et al., (1938) para faixa de

pressão relativa (P/P0) de 0,05-0,3. O volume de poro foi determinado pela adsorção de

nitrogênio em pressão relativa de 0,99 e a distribuição de tamanho de poro através do ramo da

isoterma de adsorção pelo método Barrett-Joyner-Halenda (BJH) Barrett et al., (1951). A

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espessura da parede do poro foi estimada com a expressão wt = [a0 - Dp] para MCM-41 e wt =

[a0/3.0919 - Dp/2] para o MCM-48 segundo (RAVIKOVITCH; NEIMARK, 2000).

4. 5 – Estudo da adsorção de CO2

A avaliação dos materiais mesoporosos em relação ao potencial na adsorção de

dióxido de carbono foi levantada empregando duas metodologias gravimétricas: uma através

de determinação utilizando um aparato simples para medição da quantidade adsorvida e outro

permitindo o levantamento de isotermas de equilíbrio de adsorção em variadas pressões.

O método gravimétrico utilizado aqui é baseado na gravimetria de volatilização

e foi adaptado de SKOOG et al.(2006), sendo que foi empregada a determinação direta para

quantificação de dióxido de carbono, a qual consiste na coleta do gás sobre o adsorvente

limpo seguido da estipulação de sua massa a partir da massa ganha pelo adsorvente.

Para determinação preliminar das capacidades de adsorção dos suportes e

adsorventes impregnados, foi construído um sistema para captura de CO2 como

esquematizado na Figura 4.10. Neste sistema, uma quantidade de carbonato de cálcio (cerca

de 2 gramas) é tratado com ácido clorídrico (2,5 mol L-1

), para produzir o dióxido de carbono

(1) necessário para permitir um fluxo durante 30 minutos, tempo estipulado para saturação

dos sítios de adsorção em relação a um estudo prévio utilizando o suporte limpo baseado em

MCM-41. O fluxo de CO2 passa por um tubo contendo cloreto de cálcio, um agente

dessecante para reter o vapor d’água produzido pela reação (2) e garantir que somente CO2

seja adsorvido pelo adsorvente mesoporoso. A fim de se determinar a massa de dióxido de

carbono adsorvido em cada teste, 400 mg de adsorvente foi previamente seco a 70 °C por

duas horas, carregado no leito de adsorção (3) e quantificado a massa correspondente ao leito

contendo o material adsorvente, depois da passagem da corrente gasosa de CO2 o leito foi

novamente pesado e por diferença de massa determinou-se a capacidade de adsorção de cada

adsorvente em mmol de dióxido de carbono adsorvido por grama de adsorvente.

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Figura 4.10. Esquema do aparato utilizado para os testes preliminares de captura de CO2

Através do método termogravimétrico isotermas de adsorção monocomponente

de dióxido de carbono foram levantadas para determinar a capacidade de adsorção de CO2. As

medidas foram realizadas por meio de um microprocessador de suspensão magnética da

marca Rubotherm (Alemanha), modelo 2010-00925-BRA, esquematicamente representado na

Figura 4.11, composto principalmente de uma balança de suspensão magnética, uma rede de

válvulas, controladores de fluxo de massa e sensores de temperatura e pressão. Este

equipamento permite medidas gravimétricas de sorção em uma ampla faixa de pressão e em

várias temperaturas. A ativação dos materiais foi realizada sob vácuo por 2 horas a

temperatura de 90°C. A massa utilizada nos experimentos foi de 300-400 mg. A faixa de

pressão estudada foi de 0 a 30 bar, a partir de incrementos 2 bar e a temperatura de 25 ºC.

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Figura 4.11. Diagrama esquemático do aparato gravimétrico da Rubotherm (Adptado de

BELMABKHOUT et al., 2009)

Os dados experimentais foram ajustados através do modelo de Langmuir,

segundo a equação 4.1, em que qmax é um parâmetro que representa a quantidade máxima que

pode ser adsorvida pelo material e b é um parâmetro relacionado à energia de ligação entre

adsorbato e adsorvente, P é a pressão de equilíbrio e q é a capacidade de adsorção de

equilíbrio (STRAGLIOTTO et al., 2009).

(4.1)

Este modelo assume algumas condições, tais como, existência de um número

bem definido e localizado de sítios de adsorção energeticamente equivalentes, onde apenas

uma molécula é adsorvida por sítio, sem qualquer interação com moléculas adsorvidas em

sítios vizinhos (BELMABKHOUT et al., 2009).

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5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

5. 1 – Caracterização dos materiais MCM-41 e MCM-48

As peneiras moleculares mesoporosas MCM-41 e MCM-48 e seus respectivos

materiais impregnados com aminas foram caracterizados por diversas técnicas físico-químicas

como: difratometria de raios-X (DRX), análise térmica (TG), espectroscopia de absorção na

região do infravermelho (FT-IR), e adsorção-dessorção de nitrogênio a 77 K, a fim de avaliar

suas características estruturais e texturais.

5.1.1 – Estudo do efeito do teor de direcionador na formação dos materiais mesoporosos

tipo MCM-41

A composição do gel de síntese é um parâmetro muito importante quando se deseja

obter materiais mesoporosos com alta organização dos canais a longo alcance. A redução da

quantidade de surfactante (molde para a estrutura mesoporosa) é um fator importante na

diminuição do custo de produção destes materiais. Não existem relatos na literatura do estudo

do teor de direcionador, no caso específico para a composição do gel utilizado neste trabalho.

Contudo, já existem estudos da variação deste parâmetro com outras composições de gel

(WANG; CHEN, 2002; KRUK, et al., 2005). Partindo-se de uma composição de gel e

condições de síntese bem conhecidas, foram realizadas duas reduções no teor de surfactante

para investigar a produção da fase hexagonal MCM-41 com qualidade estrutural.

5.1.1.1 - Caracterização estrutural do MCM-41

Os difratogramas de raios-X das amostras de MCM-41 antes e depois do

processo de calcinação são mostrados nas Figuras 5.1 e 5.2, respectivamente. De acordo com

o padrão de DRX destes materiais houve a formação da fase hexagonal com alta organização

dos canais mesoporosos a longo alcance, pois são evidentes quatro picos de reflexão referente

aos planos (100), (110), (200) e (210). Estes resultados são similares àqueles encontrados na

literatura (RYOO; KIM, 1995; SOUZA et al., 2004).

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As resoluções dos picos de difração das amostras de MCM-41 sintetizadas com

diferentes razões CTMABr/Si nas formas não calcinadas e calcinadas se mostraram muito

similares, a única exceção sendo para a amostra de menor razão surfactante/sílica que mostrou

um padrão de DRX menos definido.

Os parâmetros da cela unitária para estes materiais são mostrados na Tabela

5.1. Para as amostras calcinadas observou-se uma diminuição do tamanho da cela unitária à

medida que foi reduzido o teor de direcionador, o que pode estar relacionado com a

condensação dos grupos silanóis e contração da rede de sílica. Resultados similares também

foram observados por outros trabalhos em que a composição molar do gel de síntese foi

variada (JARONIEC et al. 2001; RYOO; KIM, 1995; KRUK et al.,2005). É nítido o aumento

das resoluções dos picos de reflexão após o processo de calcinação o que é explicado pelo

maior contraste da densidade eletrônica das paredes do poro do MCM-41, significando canais

mesoporos com ordenamento a longo alcance (MEYNEN et al. 2009). Para todas as amostras

neste estudo foram observadas contrações da cela unitária, exceto para a amostra sintetizada

com menor teor de direcionador, onde se observou uma pequena expansão do tamanho da cela

unitária, possivelmente resultado de pequena perda de ordenamento estrutural a longo

alcance.

Figura 5.1. Difratogramas de raios-X para as amostras de MCM-41 na forma não calcinada

sintetizadas com diferentes teores de surfactante

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Figura 5.2. Difratogramas de raios-X para as amostras de MCM-41 na forma calcinada

sintetizadas com diferentes teores de surfactante.

Tabela 5.1. Principais parâmetros estruturais das amostras de MCM-41 sintetizadas

Amostras Índice

(hkl)

(graus) d(100)

(nm) a0

(nm) ∆ a0

(nm) Contração

estrutural %

FWHM °

0,22M41NC (100) 2,197 4,018 4,639 0,034 0,7

0,209

0,22M41C (100) 2,214 3,988 4,605 0,207

0,16M41NC (100) 2,116 4,172 4,817 0,384 8,0

0,400

0,16M41C (100) 2,299 3,839 4,433 0,185

0,11M41NC (100) 2,331 3,788 4,374 - 0,024 - 0,5

0,300

0,11M41C (100) 2,318 3,809 4,398 0,302

d(100) = distância interplanar dos planos (100); a0 = parâmetro da cela unitária; ∆ a0 = variação do parâmetro da

cela unitária; FWHM =largura a meia altura

As Figuras 5.3 e 5.4 apresentam os espectros de absorção na região do infravermelho

na faixa de 4000-400 cm-1

para as amostras de MCM-41 sintetizadas com diferentes razões de

CTMABr/Si na forma não calcinada e calcinada, respectivamente. Estas análises foram

conduzidas com o objetivo de monitorar a eficiência do processo de remoção do direcionador

orgânico (CTMA+) contido nos poros através da identificação das principais frequências

vibracionais referentes aos grupos presentes no direcionador, com isso é possível verificar o

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75

desaparecimento dessas bandas após o processo de calcinação. Outro ponto importante foi

identificar as principais frequências vibracionais e suas atribuições na estrutura das amostras

calcinadas, necessárias para futura comparação com as amostras de MCM-41 impregnada

com amina.

Os dois grupos de amostras exibiram espectros similares. Em todos os

espectros para os materiais na forma não calcinada foram observadas bandas características

referentes aos estiramentos e deformações dos grupos funcionais do direcionador orgânico

(CTMA+), assim como dos grupos funcionais inorgânicos da estrutura do MCM-41. As

bandas vibracionais na faixa de 2924–2856 cm-1

são atribuídas aos estiramentos das ligações

C–H dos grupos CH2 e CH3 nas espécies de CTMA+, uma banda observada em 1484 cm

-1 é

referente à deformação assimétrica do grupo metil na espécie CH3–N+. Após o processo de

calcinação é observado a ausência destas bandas, indicando a completa remoção do

direcionador orgânicos dos poros do MCM-41. As frequências vibracionais ao redor de 1240,

1092, 800 e 466 cm-1

as quais estão também presentes no material não calcinado são típicos

da ligação Si–O da rede de sílica condensada. A frequência ao redor de 1644 cm-1

é

principalmente atribuída às vibrações angulares das moléculas de água adsorvida na superfície

do material. As amostras exibiram uma banda ao redor de 964 cm-1

, a qual é designada a

estiramentos vibracionais simétricos dos grupos Si–OH. Uma banda larga na região de 3466

cm-1

pode ser atribuída aos grupos hidroxil da estrutura interagindo com moléculas de água

por ligações de hidrogênio. A Tabela 5.2 apresenta as principais frequências vibracionais e

suas respectivas atribuições com base em dados da literatura (BROYER et al., 2002; Souza et

al. 2005).

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76

Figura 5.3. Espectro de absorção na região do infravermelho para as amostras de MCM-41 na

forma não calcinada sintetizadas com diferentes teores de surfactante

Figura 5.4. Espectro de absorção na região do infravermelho para as amostras de MCM-41 na

forma calcinada sintetizadas com diferentes teores de surfactante

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77

Tabela 5.2. Valores referentes às frequências vibracionais observadas e suas respectivas

atribuições feitas para o espectro de infravermelho dos materiais MCM-41 (BROYER et al.,

2002; Souza et al. 2005)

Número de onda (cm-1

) Atribuições

3466

Grupos hidroxilas internos e externos na estrutura mesoporosa e água

adsorvida

2924–2856 Estiramentos entre o C-H dos grupos CH2 e CH

3 do CTMA

+

1650–1644 Água adsorvida na superfície do material

1482 Deformações do íon CTMA+

1240–1234 Estiramento Si-O assimétrico

1092–1070 Vibrações nos tetraedros da ligação Si-O-Si

964–954 Vibração ≡Si-OH ou ≡Si-O

800–794 Estiramento simétrico da ligação O-Si-O

466–454 Estiramento assimétrico da ligação O-Si-O

5.1.1.2 – Caracterização térmica do MCM-41

As curvas termogravimétricas foram obtidas com a finalidade de se determinar

uma faixa ótima de calcinação para remoção do direcionador orgânico, assim como conhecer

o comportamento térmico das amostras na forma calcinada, como, por exemplo, o teor de

água adsorvida na superfície do material. Na Figura 5.5 são mostradas as curvas

termogravimétricas para as amostras de MCM-41 na forma não calcinada, em que são

observados perfis de decomposição bastante similares, com basicamente três eventos de perda

de massa. Através da análise das derivadas das curvas DTG (não mostradas) foram

localizadas as etapas de perda de massa, localizadas nas faixas de temperaturas de 30 a 130

°C referente à dessorção de água fisicamente adsorvida, a segunda de 130 a 355 °C atribuída à

decomposição do surfactante e a terceira perda de 355 a 570 °C designada à decomposição do

surfactante residual e condensação dos grupos silanóis. Comportamento térmico semelhante

também é relatado na literatura para materiais de mesma natureza (ARAUJO; JARONIEC,

2000; ARAUJO et al., 2001, SOUZA et al., 2004). A partir destes dados, a temperatura de

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450 °C foi escolhida para realização do processo de remoção do direcionador orgânico do

interior dos canais do MCM-41. A eficiência deste processo foi confirmada através dos dados

de infravermelho das amostras antes e depois da etapa de calcinação.

A Figura 5.6 mostra as curvas TG para as amostras de MCM-41 na forma

calcinada, em que se observam basicamente dois eventos de perda de massa os quais podem

ser associados a dois tipos de perda de água: a primeira faixa de 30 a 155 °C atribuída a

dessorção de água fisissorvida na superfície e uma segunda entre 155 a 660 °C, podendo ser

atribuída ao processo de condensação secundário de grupos silanóis. A Tabela 5.3 apresenta

as perdas percentuais de massa com as respectivas faixas de temperatura de decomposição

para as amostras de MCM-41 nas formas calcinada e não calcinada. A diferença do

percentual de perda de massa entre os materiais na forma calcinada em relação ao primeiro

evento pode ser atribuída à umidade que cada amostra foi exposta antes da análise

termogravimétrica, já em relação ao segundo evento é possível sugerir uma maior quantidade

de grupos silanóis vicinais à medida que foi reduzido o teor de direcionador, indicando

também um menor grau de condensação das espécies silicato na rede durante o processo de

síntese hidrotérmica.

Figura 5.5. Curvas TG para as amostras de MCM-41 na forma não calcinada

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79

Figura 5.6. Curvas TG para as amostras de MCM-41 na forma calcinada

Tabela 5.3. Eventos de perda de massa para amostras de MCM-41 sintetizadas em diferentes

teores de surfactante

Amostra Faixas de temperatura (°C) Perda de massa (%)

Eventos (I) (II) (III) (I) (II) (III)

0,22M41NC 30-130 130-355 355-570 4,25 34,77 2,11

0,16M41NC 30-130 130-355 355-570 4,26 34,65 2,14

0,11M41NC 30-130 130-355 355-570 4,14 34,36 2,31

0,22M41C 30-155 155-660 - 18,17 1,29 -

0,16M41C 30-155 155-660 - 5,34 3,46 -

0,11M41C 30-155 155-660 - 6,03 4,46 -

5.1.1.3 - Caracterização textural do MCM-41

As características texturais das amostras foram determinadas através das

isotermas de adsorção-dessorção de nitrogênio a 77 K (Figura 5.7) e os resultados obtidos

estão mostrados na Tabela 5.4. Todas as amostras de MCM-41 sintetizadas apresentaram

isotermas do tipo IV segundo a classificação da IUPAC com um nítido degrau sobre uma

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faixa estreita de pressão relativa (P/P0 = 0,3-0,4) aparecendo da condensação capilar de

nitrogênio no interior dos mesoporos, que reflete em uma distribuição de tamanhos de poros

uniformes. A condensação capilar nitidamente reversível pode indicar uma distribuição de

tamanho de poro bastante uniforme nas amostras de MCM-41 (JARONIEC et al., 1997a;

JARONIEC et al., 1997b; JARONIEC et al., 1999a).

A ausência de alças de histereses pode ser atribuída para tamanhos pequenos de

partículas com tamanhos de poros ao redor de 4 nm. Todos os materiais apresentaram mesmo

diâmetro médio de poros (Dp) de 3,6 nm, o que sugere que o procedimento de síntese usado

neste estudo fornece materiais com diâmetro médio de poros constante, independente da razão

CTMABr/Si. Outros trabalhos onde as condições de síntese foram bem semelhantes relataram

diâmetros médios de poro nessa mesma faixa (RYOO; KIM, 1995; ARAUJO; JARONIEC,

2000, KRUK et al.,2005). Contudo, os parâmetros de área superficial específica, volume de

poros (Vp) e espessura da parede (wt) foram sensíveis às mudanças da composição molar do

gel de síntese. As reduções em 25 e 50% do teor de direcionador da composição inicial do gel

de síntese refletiram em perdas de 33 e 42% de área superficial, 22 e 44% de volume de poros

e 17 e 21% da espessura da parede, respectivamente. Essa redução na espessura da parede

pode sugerir estabilidades térmicas mais baixas em comparação com o material sintetizado

com a composição molar de gel inicial, corroborando para as maiores perdas de água

proveniente da condensação dos grupos silanóis. Apesar das reduções observadas, esses

materiais possuem características texturais favoráveis para aplicações em adsorção, e são

comparáveis com outros materiais relatados na literatura (ARAUJO; JARONIEC, 2000;

KRUK et al.,2005;).

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Figura 5.7. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K para as amostras de MCM-41 na

forma calcinada

Tabela 5.4. Propriedades texturais das amostras de MCM-41na forma calcinada

Amostras Área superficial

(m2 g

-1)

VP

(cm3 g

-1)

DP

(nm) WT

(nm)

0,22M41C 1298 0.99 3,6 1,00

0,16M41C 874 0.77 3,6 0,83

0,11M41C 756 0.55 3,6 0,79

VP = Volume de poros; DP = Diâmetro de poros; WT = espessura da parede de sílica

De acordo com as propriedades estruturais e texturais das amostras de MCM-

41, a amostra sintetizada com maior razão CTMABr/Si foi escolhida para ser aplicada como

adsorvente através da impregnação com aminas.

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82

5.1.2. – Estudo do efeito da temperatura na formação dos materiais mesoporosos tipo

MCM-48

A temperatura é um dos fatores chave que regulam a taxa de nucleação e o

crescimento do núcleo no processo de cristalização. Segundo estudos realizados por WEI e

colaboradores (2010a), com o aumento da temperatura de cristalização a taxa de

polimerização das espécies silicato é acelerada, reduzindo o tempo de cristalização, contudo a

taxa de nucleação é diminuída como resultado da redução da supersaturação da solução

coloidal. Assim, os efeitos da temperatura na cristalização são uma rede de resultados de dois

fatores integrados.

A redução da temperatura do processo de tratamento hidrotérmico do gel de síntese

também é um fator importante na diminuição do custo de produção destes materiais. Partindo-

se de um procedimento de síntese hidrotérmica padrão, cuja temperatura de tratamento

hidrotérmico do gel foi de 150 °C (DOYLE et al., 2005) foram realizadas três reduções de

temperatura para investigar a produção da fase cúbica MCM-48 com boa qualidade estrutural,

sob condições mais brandas.

5.1.2.1 - Caracterização estrutural do MCM-48

Os DRX para as amostras nas formas não calcinada e calcinada são mostradas

nas Figuras 5.8 e 5.9. Em todas as sínteses houve a formação da fase cúbica MCM-48. Um

pico intenso referente ao plano (211) e os picos designados para as reflexões (220), (321),

(400), (420), (322), (422) e (431), os quais são indexados para o grupo espacial Ia3d,

aparecem nitidamente, estes dados estão em acordo com vários padrões de DRX relatados na

literatura (KRUK et al., 2000; DOYLE et al., 2005; SOUZA et al., 2005). Após o processo de

calcinação, as intensidades das reflexões de todas as amostras aumentaram, sugerindo melhor

ordenamento de poros a longo alcance. Além disso, as posições do principal pico de difração

(211) foram deslocados para ângulos um pouco maiores em 2θ, o que pode estar relacionado

com a diminuição do tamanho da cela unitária, proveniente da condensação dos grupos

silanóis e contração da rede de sílica. A contração estrutural da cela unitária se encontra

aproximadamente entre 2 e 5%. De acordo com a literatura (SHAO et al., 2005; WEI et al.,

2010a; WANG et al., 2006), o grau da contração estrutural é dependente de vários fatores tais

como, fonte de sílica utilizada, composição molar do gel de síntese, adição de sais ou

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83

emprego de mistura de surfactante, além do procedimento de síntese adotado. Dessa forma,

diversos valores para este parâmetro podem ser encontrados, os quais podem ser atribuídos à

variação do grau de condensação dos grupos silanóis das paredes de sílica.

A Tabela 5.5 apresenta os principais parâmetros estruturais das amostras de

MCM-48 sintetizadas em diferentes temperaturas. De acordo com estes resultados é possível

inferir que para a composição molar do gel de síntese utilizado, a variação da temperatura não

afetou significativamente os parâmetros estruturais dos materiais sintetizados.

Figura 5.8. Difratogramas de raios-X das amostras de MCM-48 na forma não calcinada,

sintetizadas em diferentes temperaturas

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Figura 5.9. Difratogramas de raios-X para as amostras de MCM-48 na forma calcinada,

sintetizadas em diferentes temperaturas

Tabela 5.5. Principais parâmetros estruturais das amostras de MCM-48 sintetizadas em

diferentes temperaturas

Amostras Índice

(hkl)

(graus) d(211)

(nm) a0

(nm) ∆ a0

(nm) Contração

estrutural %

FWHM °

0,55M48NC-150 (211) 2,562 3,445 8,438 0,244 2,9

0,207

0,55M48C-150 (211) 2,639 3,345 8,194 0,202

0,55M48NC-140 (211) 2,641 3,343 8,189 0,130 1,6

0,193

0,55M48C-140 (211) 2,684 3,290 8,059 0,211

0,55M48NC-130 (211) 2,463 3,583 8,778 0,475 5,4

0,171

0,55M48C-130 (211) 2,604 3,390 8,303 0,216

0,55M48NC-120 (211) 2,615 3,376 8,269 0,24 2,9

0,200

0,55M48C-120 (211) 2,693 3,278 8,029 0,222

d(100) = distância interplanar dos planos (100); a0 = parâmetro da cela unitária; ∆ a0 = variação do parâmetro da

cela unitária; FWHM =largura a meia altura

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5.1.2.2 - Caracterização térmica do MCM-48

Na Figura 5.10 são mostradas as curvas TG para as amostras de MCM-48

sintetizadas em diferentes temperaturas na forma não calcinada, em que se observam

basicamente três regiões de perda de massa. As etapas de perda de massa estão localizadas na

faixa de 30 a 115 ºC referente à dessorção de água fisicamente adsorvida, uma segunda perda

de 115 a 320 °C atribuída à decomposição térmica do surfactante e a terceira perda de 320 a

500 ºC correspondendo à decomposição do surfactante residual e condensação de grupos

silanóis. Estes valores estão de acordo com outros resultados encontrados na literatura

(KRUK et al., 2000; DOYLE et al., 2003; SOUZA et al., 2005). Apesar dos eventos de perda

de massa das amostras de MCM-48 ocorrerem em temperaturas mais baixas comparadas com

as amostras de MCM-41, fato que pode ser atribuído a maior facilidade de difusão das

espécies do interior dos canais tridimensionais mesoporosos, a escolha da temperatura de

calcinação das amostras de MCM-48 foi igual àquela para as amostras de MCM-41, para

garantir a eficiência na remoção do direcionador.

A Figura 5.11 apresenta as curvas TG para as amostras de MCM-48 na forma

calcinada. Como se pode observar nas curvas foram obtidos tipicamente dois eventos de perda

de massa: o primeiro na faixa de 30 a 155 °C, que podem ser atribuídos a dessorção de água

fisissorvida na superfície do material e o segundo de 155 a 640 °C atribuído à liberação de

água, proveniente do processo de condensação secundária dos grupos silanóis. Os valores de

perda de massa referentes a este segundo evento estão na faixa de 2 a 3%, indicando que a

quantidade de grupos silanóis praticamente não mudaram com a variação da temperatura de

síntese. A Tabela 5.6 apresenta os valores de massa referentes a cada faixa de temperatura

observada nas curvas TG das amostras de MCM-48.

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Figura 5.10. Curvas TG para as amostras de MCM-48 na forma não calcinada, sintetizadas em

diferentes temperaturas

Figura 5.11. Curvas TG para as amostras de MCM-48 na forma calcinada, sintetizadas em

diferentes temperaturas

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Tabela 5.6. Eventos de perda de massa para amostras de MCM-48 sintetizadas em diferentes

temperaturas.

Amostra Faixas de temperatura (°C) Perda de massa (%)

Eventos (I) (II) (III) (I) (II) (III)

0,55M48NC-150 30-115 115-320 320-500 5,34 38,38 1,55

0,55M48NC-140 30-115 115-320 320-500 4,83 39,06 1,55

0,55M48NC-130 30-115 115-320 320-500 6,74 38,22 1,49

0,55M48NC-120 30-115 115-320 320-500 6,07 39,53 1,29

0,55M48C-150 30-155 155-640 - 13,38 2,97 -

0,55M48C-140 30-155 155-640 - 7,86 2,73 -

0,55M48C-130 30-155 155-640 - 20,65 1,92 -

0,55M48C-120 30-155 155-640 - 9,60 2,53 -

5.1.2.3 – Caracterização textural do MCM-48

As isotermas de adsorção-dessorção de N2 das amostras de MCM-48

sintetizadas em diferentes temperaturas são mostradas na Figura 5.12. Uma nítida inflexão é

vista em P/P0=0,15-0,3 e correspondem a uma típica condensação capilar com mesoporos

uniformes. (KRUK et al., 2000; JARONIEC et al., 1999b). De acordo com os resultados é

possível constatar que para todas as amostras sintetizadas são observados isotermas do tipo IV

segundo definição da IUPAC, característicos de materiais mesoporos (ROQUEROL et al.,

1994). Além disso, excetuando-se a amostra sintetizada a 120 °C, todas as amostras

apresentam alças de histereses, que decorre da evaporação de nitrogênio dos mesoporos em

uma pressão menor que aquela da condensação capilar, indicando que as etapas de adsorção e

dessorção são irreversíveis. De acordo com a IUPAC as histereses destas amostras são

classificadas como H2 e são característicos de sólidos consistindo de partículas cruzadas por

canais quase cilíndricos (LEOFANTI et al., 1998).

Os diâmetros médios de poros estimados através das curvas de distribuição de

poros pelo método BJH revelaram que todos os materiais possuem valores 3,6 nm. Como

mostrado na Tabela 5.7, os materiais obtidos apresentaram volumes de poros na faixa de 0,7 a

1,0 cm3 g

-1 e áreas superficiais na faixa de 1000 a 1200 m

2 g

-1, não possuindo uma clara

relação entre a temperatura de síntese e estas propriedades texturais. Estes resultados são

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comparáveis com dados texturais de amostras de MCM-48 sintetizadas com condições

semelhantes (DOYLE et al., 2003, SHAO et al., 2005, WEI et al., 2010a).

Figura 5.12. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K para as amostras de MCM-48 na

forma calcinada, sintetizadas a diferentes temperaturas

Tabela 5.7. Propriedades texturais das amostras de MCM-48 na forma calcinada

Amostras Área superficial

(m2 g

-1)

VP

(cm3 g

-1)

DP

(nm)

WT

(nm)

0,55M48C-150 1015 0,85 3,6 0,85

0,55M48C-140 1038 0,84 3,6 0,81

0,55M48C-130 1040 0.78 3.6 0.89

0,55M48C-120 1234 0,95 3,6 0,79

VP = Volume de poros; DP = Diâmetro de poros; WT = espessura da parede de sílica

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89

5.1.3 – Estudo do efeito do teor de direcionador na formação dos materiais mesoporosos

tipo MCM-48

A investigação do efeito da temperatura do tratamento hidrotérmico do gel de

síntese na estrutura do material formado possibilitou a escolha de uma temperatura mais

branda de síntese (130 °C), que forneceu um material com propriedades estruturais e texturais

adequadas para aplicação como adsorvente. Pelos mesmos motivos discutidos no item (Efeito

do teor de direcionador na formação de MCM-41) foi investigada a redução do teor de

surfactante na formação do MCM-48.

5.1.3.1 - Caracterização estrutural do MCM-48

Os difratogramas de raios-X dos materiais na forma não calcinada são

mostrados na Figura 5.13. Os padrões de DRX de todas as amostras apresentaram os picos de

reflexão em 2θ na faixa de 1,5 – 8°, os quais podem ser indexados para diferentes reflexões

hkl. Um pico bem resolvido em (211) e os picos designados para as reflexões (321), (400),

(420) e (322) os quais são relacionados para o grupo espacial Ia3d (KRUK et al., 2000;

DOYLE et al., 2005; SOUZA et al., 2005). A Figura 5.14 mostra os padrões de DRX para as

mostras na forma calcinada, revelando que a redução do teor de direcionador produziu

materiais menos ordenados a longo alcance, pois é nítido a redução da resolução das reflexões

em maiores ângulos 2θ. A Tabela 5.8 fornece alguns parâmetros estruturais destes materiais.

Para as amostras com menor teor de direcionador a contração estrutural foi acompanhada pela

perda de ordenamento sugerindo a diminuição da espessura da parede dos mesoporos,

acarretando em menor estabilidade térmica em comparação com a amostra sintetizada com

maior razão CTMBr/Si (WEI et al., 2010a).

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90

Figura 5.13. Difratogramas de raios-X para as amostras de MCM-48 na forma não calcinada,

sintetizadas com diferentes teores de surfactante

Figura 5.14. Difratogramas de raios-X para as amostras de MCM-48 na forma calcinada,

sintetizadas com diferentes teores de surfactante

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91

Tabela 5.8. Principais parâmetros estruturais das amostras de MCM-48 sintetizadas com

diferentes razões CTMABr/Si

Amostras Índice

(hkl)

(graus)

d(211)

(nm)

a0

(nm)

∆ a0

(nm)

Contração

estrutural %

FWHM °

0,55M48NC (211) 2,463 3,583 8,778 0,475 5,4

0,171

0,55M48C (211) 2,604 3,390 8,303 0,216

0,41M48NC (211) 2,526 3,495 8,561 0,588 6,9

0,247

0,41M48C (211) 2,712 3,255 7,973 0,381

0,28M48NC (211) 2,608 3,385 8,292 0,365 4,4

0,283

0,28M48C (211) 2,728 3,236 7,927 0,3400

d(211) = distância interplanar dos planos (211); a0 = parâmetro da cela unitária; ∆ a0 = variação do parâmetro da

cela unitária; FWHM =largura a meia altura

Figuras 5.15 e 5.16 mostram os espectros de absorção na região do

infravermelho para as amostras de MCM-48 nas formas não calcinada e calcinada,

respectivamente, sintetizadas em diferentes razões CTMABr/Si. Os perfis das bandas de

absorção foram similares aos do MCM-41e por isso não serão novamente discutidos.

Figura 5.15. Espectro de absorção na região do infravermelho para as amostras de MCM-48

na forma não calcinada sintetizadas com diferentes teores de surfactante

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92

Figura 5.16. Espectro de absorção na região do infravermelho para as amostras de MCM-48

na forma calcinada sintetizadas com diferentes teores de surfactante

Tabela 5.9. Valores referentes às frequências vibracionais observadas e suas respectivas

atribuições feitas para o espectro de infravermelho dos materiais MCM-48 (SOUZA et al.,

2005; IGLESIA et al., 2006)

Número de onda (cm-1

) Atribuições

3462–3446

Grupos hidroxilas internos e externos na estrutura mesoporosa e água

adsorvida

2924–2854 Estiramentos entre o C-H dos grupos CH2 e CH

3 do CTMA

+

1652–1642 Água adsorvida na superfície do material

1484 Deformações do íon CTMA+

1232–1222 Estiramento Si-O assimétrico

1090–1062 Vibrações nos tetraedros da ligação Si-O-Si

962–946 Vibração ≡Si-OH ou ≡Si-O

800–790 Estiramento simétrico da ligação Si-O

466–450 Estiramento assimétrico da ligação Si-O

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93

5.1.3.2 - Caracterização térmica do MCM-48

Na Figura 5.17 e 5.18 são mostradas as curvas TG para as amostras de MCM-

48. Os eventos de perdas de massa são similares àqueles descritos no item 5.1.2.2, mostrando

que as reduções efetuadas neste estudo não afetaram o perfil de decomposição das amostras.

A Tabela 5.10 apresenta os valores de massa referentes a cada faixa de temperatura observada

nas curvas TG das amostras de MCM-48.

Figura 5.17. Curvas TG para as amostras de MCM-48 na forma não calcinada

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94

Figura 5.18. Curvas TG para as amostras de MCM-48 na forma calcinada

Tabela 5.10. Eventos de perda de massa para amostras de MCM-48 sintetizadas em diferentes

razões teores de surfactante

Amostra Faixas de temperatura (°C) Variação de massa (%)

Eventos (I) (II) (III) (I) (II) (III)

0,55M48NC-130 30-115 115-320 320-500 6,74 38,22 1,49

0,41M48NC-130 30-115 115-320 320-500 3,76 39,14 1,43

0,28M48NC-130 30-115 115-320 320-500 5,40 40,04 2,42

0,55M48C-130 30-155 155-640 - 20,65 1,92 -

0,41M48C-130 30-155 155-640 - 5,50 3,67 -

0,28M48C-130 30-155 155-640 - 11,47 3,09 -

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95

5.1.3.3 - Caracterização textural do MCM-48

A Figura 5.19 mostra as isotermas de adsorção-dessorção de N2 as quais

podem ser classificadas como do tipo IV, a qual é característica de materiais mesoporosos. As

propriedades texturais das amostras sintetizadas foram claramente afetadas pela redução de

razão CTMABr/SiO2, como indicado pelos dados da Tabela 5.11. A redução em 25% do teor

de surfactante resultou em uma perda de área superficial e volume de poros de 28% e 48%,

respectivamente. Reduzindo a quantidade do direcionador em 50% observaram-se perdas de

42% e 63%. Todos os materiais apresentaram o mesmo diâmetro de poro 3,6 nm. Estes

resultados sugerem que para obtenção de MCM-48 com melhores características texturais é

aconselhável manter a razão inicial de CTMABr/SiO2 em 0,55.

Este estudo indicou que entre as amostras de MCM-48 sintetizadas o material

denominado de 0,55M48C-130 apresenta propriedades estruturais e texturais adequadas para

aplicação como adsorvente através da impregnação com aminas.

Figura 5.19. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K para as amostras de MCM-48

calcinadas, sintetizadas com diferentes teores de surfactante

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96

Tabela 5.11. Propriedades texturais das amostras de MCM-48 calcinadas sintetizadas com

diferentes teores de surfactante

Amostras Área superficial

(m2 g

-1)

VP

(cm3 g

-1)

DP

(nm)

WT

(nm)

0,55M48C-130 1040 0,78 3,6 0,89

0,41M48C-130 745 0,40 3,6 0,78

0,28M48C-130 602 0,29 3,6 0,76

VP = Volume de poros; DP = Diâmetro de poros; WT = espessura da parede de sílica

5.2 – Caracterização dos materiais mesoporosos impregnados com aminas

Os materiais mesoporosos escolhidos para impregnação foram as amostras

0,22M41C e 0,55M48C-130, pois apresentaram características estruturais e texturais mais

adequadas para aplicação em adsorção, tais como ordenação dos canais mesoporosos a longo

alcance, alta área superficial e volume de poros.

5.2.1 - Caracterização estrutural do MCM-41 impregnado

A Figura 5.20 apresenta os padrões de DRX para as amostras de MCM-41

impregnadas com diferentes concentrações de etilenodiamina. O perfil das reflexões mudou

significativamente após a inserção das aminas. As resoluções dos picos sofreram acentuada

redução com pequenos deslocamentos para ângulos 2θ um pouco maiores em comparação

com a amostra calcinada (Figura 5.2), o que pode estar relacionados com o menor grau de

espalhamento da radiação devido possivelmente a maior interação entre as paredes de sílica e

as aminas. Resultados similares foram relatados por outros trabalhos da literatura (WEI et al.,

2010b; PLAZA et al., 2007; XU et al., 2003, KIM et al., 2005).

No caso de materiais M41S, a intensidade do pico é uma função do contraste

de espalhamento entre a parede de sílica e os canais mesoporosos, e em geral, diminuem com

a redução do contraste de espalhamento após a inserção de grupos orgânicos na superfície dos

poros. Estas reduções na intensidade dos picos e quase desaparecimentos de picos em maior

ângulo provavelmente foram causadas devido ao efeito do preenchimento do poro dos canais

do MCM-41 que ocasionam uma redução do contraste na densidade eletrônica da sílica

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97

mesoporosa impregnada com aminas (MERCIER; PINNAVAIA, 1998; WEI et al. 2010b;

CHANG et al. 2009; XU et al., 2003).

A Tabela 5.12 apresenta os principais parâmetros estruturais das amostras de

MCM-41 impregnadas com etilenodiamina.

Figura 5.20. Difratograma de raios-X para amostras de MCM-41 impregnadas com diferentes

teores de etilenodiamina

Tabela 5.12. Principais parâmetros estruturais das amostras de MCM-41 impregnadas com

aminas

Amostras Índice

(hkl)

(graus) d(100)

(nm) a0

(nm) ∆ a0

(nm) Contração

estrutural % FWHM°

0,22M41C (100) 2,214 3,988 4,605 - - 0,207

E15-0,22M41C (100) 2,603 3,392 3,917 0,688 15 0,459

E20-0,22M41C (100) 2,694 3,277 3,783 0,822 17,9 0,437

E25-0,22M41C (100) 2,567 3,438 3,970 0,635 13,8 0,311

d(100) = distância interplanar dos planos (100); a0 = parâmetro da cela unitária; ∆ a0 = variação do parâmetro da

cela unitária; FWHM =largura a meia altura

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98

O espectro de absorção na região do infravermelho da amostra impregnada foi obtido

com o objetivo de identificar a presença da amina na estrutura do material mesoporoso, como

também ter uma ideia do tipo de interação que ocorre entre a amina a superfície do suporte. A

Figura 5.21 apresenta os espectros de absorção na região do infravermelho das amostras de

MCM-41 na forma calcinada e impregnada com etilenodiamina. O aparecimento das bandas

vibracionais na faixa de 2964–2875 cm-1

é atribuído aos estiramentos vibracionais das

ligações C–H do grupo CH2, as bandas em 1574 e 1492 cm-1

são atribuídas à deformação da

ligação N–H e ao estiramento vibracional da ligação C–N, respectivamente. A redução da

banda larga em 3466 cm-1

pode ser atribuída às interações de ligação de hidrogênio dos

grupos NH2 com os grupos silanóis, o que é reforçado pelo desaparecimento da banda

vibracional em 964 cm-1

atribuída aos grupos silanóis isolados (SARTORI et al., 2004,

HUANG et al., 2003). A Tabela 5.13 apresenta as principais frequências vibracionais e suas

respectivas atribuições com base na literatura (SILVERSTEIN et al., 1991).

Figura 5.21. Espectro de infravermelho para as amostras de MCM-41 na forma calcinada e

impregnada com etilenodiamina.

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99

Tabela 5.13. Valores referentes às frequências vibracionais observadas e suas respectivas

atribuições feitas para o espectro de infravermelho dos materiais MCM-41 impregnados com

aminas

Amostras Número de onda (cm-1

) Atribuições

2964 Estiramento assimétrico da ligação C-H

E20-0,22M41C 2875 Estiramento simétrico de grupos C-H

1574 Deformação angular assimétrica da ligação N-H

1492 Estiramento da ligação C-N

5.2.2 - Caracterização térmica do MCM-41 impregnado

A Figura 5.22 apresenta as curvas termogravimétricas do MCM-41 calcinado e

impregnado com etilenodiamina. De acordo com a curva TG para a mostra calcinada é

evidenciado um significativo evento de perda de massa na faixa de temperatura de 30 – 155

°C que pode ser atribuída à saída de água fisicamente adsorvida decorrente da umidade do

ambiente que a amostra é exposta antes da análise. As curvas TG para as amostras

impregnadas foram feitas com o objetivo de se verificar a temperatura limite que as amostras

poderão ser submetidas durante o processo de adsorção de CO2, sem que haja a perda das

aminas da estrutura do material. Para essas amostras é possível relacionar três faixas de perda

de massa: o primeiro de 30 a 100 °C referente à saída de água da superfície externa do

material, o segundo de 100 a 400 °C o qual pode ser atribuído a dessorção física da amina

fracamente ligada e o terceiro evento de 400 a 700 °C possivelmente atribuído à saída de

amina residual ligadas mais fortemente via interações químicas. Estes resultados mostram que

a temperatura máxima para ativação dos adsorventes não pode ultrapassar 90°C, garantindo

assim, a preservação das aminas no interior dos mesoporos.

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100

Figura 5.22. Curvas TG para as amostras de MCM-41 impregnadas com diferentes teores de

etilenodiamina

Tabela 5.14. Eventos de perda de massa para amostras de MCM-41 impregnadas com

etilenodiamina

Amostra Faixas de temperatura (°C) Variação de massa (%)

Eventos (I) (II) (III) (I) (II) (III)

E15-0,22M41C 30-100 100-400 400-700 3,15 14,88 2,93

E20-0,22M41C 30-100 100-400 400-700 4,71 17,41 2,99

E25-0,22M41C 30-100 100-400 400-700 4,84 24,18 3,19

5.2.3. Caracterização textural do MCM-41 impregnado

A Figura 5.23 apresenta as isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K das

amostras de MCM-41 impregnadas com etilenodiamina. Pode-se observar pela figura que

após a inserção da amina no interior dos poros, os materiais perdem suas características

texturais iniciais, bem como a classificação de isoterma do tipo IV, que define materiais na

faixa de mesoporosidade. A Tabela 5.15 apresenta as principais características texturais dos

materiais resultantes da impregnação com amina. Uma redução significativa nas áreas

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101

superficiais e volumes de poros foram observados, provavelmente devido ao quase

preenchimento completo dos poros com os grupos funcionais. Resultados similares são

encontrados na literatura (KIM et al., 2005; XU et al., 2003, BHAGIYALAKSHMI et al.,

2010).

Figura 5.23. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K para MCM-41 impregnada com

diferentes teores de etilenodiamina

Tabela 5.15. Propriedades texturais das amostras de MCM-41 impregnadas com

etilenodiamina

Amostras Área superficial

(m2 g

-1)

VP

(cm3 g

-1)

DP

(nm)

WT

(nm)

E15-0,22M41C 31 0,06 - -

E20-0,22M41C 109 0,2 - -

E25-0,22M41C 105 0,14 - -

VP = Volume de poros; DP = Diâmetro de poros; WT = espessura da parede de sílica

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102

5.2.4 - Caracterização estrutural do MCM-48 impregnado

A Figura 5.24 mostra os padrões de DRX para as amostras de MCM-48

impregnadas com diferentes carregamentos de etilenodiamina. Da mesma forma que para as

amostras de MCM-41, aqui também são observados acentuadas reduções nas reflexões do

pico referente ao plano (211), que para a amostra E15-M48C-130, quase desaparece. Estes

resultados são similares com aqueles relatados por outros trabalhos na literatura e podem ser

atribuídos ao preenchimento das aminas nos poros do material (PLAZA et al., 2007; XU et

al., 2003).

Figura 5.24. Difratograma de raios-X para as amostras de MCM-41 impregnadas com

diferentes teores de etilenodiamina

Tabela 5.16. Principais parâmetros estruturais das amostras de MCM-48 impregnadas com

aminas

Amostras Índice

(hkl)

(graus)

d(211)

(nm) a0 (nm)

∆ a0

(nm)

Contração

estrutural % FWHM°

0,55M48C-130 (211) 2,604 3,390 8,303 - - 0,216

E15-0,55M48C-130 (211) 3,030 2,913 7,135 1,668 14,1 0,222

E20-0,55M48C-130 (211) 2,728 3,236 7,927 0,376 4,4 0,275

E25-0,55M48C-130 (211) 3,083 2,864 6,574 1,729 20,8 0,275

d(100) = distância interplanar dos planos (100); a0 = parâmetro da cela unitária; ∆ a0 = variação do parâmetro da

cela unitária; FWHM =largura a meia altura

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103

A Figura 5.25 mostra os espectros de absorção na região do infravermelho das

amostras de MCM-48 impregnadas etilenodiamina. Os perfis das bandas de absorção foram

similares para aqueles encontrados para os materiais baseados em MCM-41 e por isso não

serão novamente discutidos. A Tabela 5.17 apresenta as principais frequências vibracionais e

suas respectivas atribuições com base na literatura (SILVERSTEIN et al., 1991).

Figura 5.25. Espectro de infravermelho para as amostras de MCM-48 na forma calcinada e

impregnada com etilenodiamina

Tabela 5.17. Valores referentes às frequências vibracionais observadas e suas respectivas

atribuições feitas para o espectro de infravermelho dos materiais MCM-48 impregnados com

aminas

Amostras Número de onda (cm-1

) Atribuições

2875-2964 Estiramentos C-H do grupo CH2

E20-0,55M48C-130 1574

Deformação angular assimétrica da ligação

N-H

1492 Estiramento da ligação C-N

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104

5.2.5 - Caracterização térmica do MCM-48 impregnado

A Figura 5.26 apresenta as curvas termogravimétricas do MCM-48 na forma

calcinada e impregnada com etilenodiamina. De acordo com a curva TG para a mostra

calcinada é evidenciado um evento significativo de perda de massa na faixa de temperatura de

30 – 155 °C que pode ser atribuída à saída de água fisicamente adsorvida decorrente da

umidade do ambiente. Nas curvas termogravimétricas para as amostras de MCM-48

impregnadas com diferentes teores de etilenodiamina podem ser evidenciados os seguintes

eventos de perda de massa: o primeiro de 30 a 100 °C referente à saída de água da superfície

externa do material, o segundo de 100 a 320 °C o qual pode ser atribuído a dessorção física da

amina fracamente ligada e o terceiro evento de 320 a 700 °C possivelmente atribuído à saída

de amina residual ligadas mais fortemente via interações químicas. Assim como para as

amostras de MCM-41 impregnadas, as amostras de MCM-48 também serão ativadas na

temperatura máxima de 90 °C. A Tabela 5.18 apresenta os valores de massa referentes a cada

faixa de temperatura observada nas curvas TG das amostras de MCM-48 impregnadas com

etilenodiamina.

Figura 5.26. Curvas TG para as amostras de MCM-48 impregnadas com diferentes teores de

etilenodiamina

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105

Tabela 5.18. Eventos de perda de massa para amostras de MCM-48 impregnadas com aminas

Amostra Faixas de temperatura (°C) Variação de massa (%)

Eventos (I) (II) (III) (I) (II) (III)

E15-0,55M48C-130 30-100 100-320 320-700 6,92 16,70 2,59

E20-0,55M48C-130 30-100 100-320 320-700 5,34 19,48 1,82

E25-0,55M48C-130 30-100 100-320 320-700 7,27 17,32 3,08

5.2.6 - Caracterização textural do MCM-48 impregnado

A Figura 5.27 apresenta as isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K das

amostras de MCM-48 impregnadas com etilenodiamina. A Tabela 5.19 apresenta as principais

características texturais dos materiais resultantes da impregnação com etilenodiamina.

Comportamento similar ao das amostras de MCM-41 impregnadas também é observado para

estes materiais e por isso não serão novamente discutidos.

Figura 5.27. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K para MCM-48 impregnada com

diferentes teores de etilenodiamina

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106

Tabela 5.19. Propriedades texturais das amostras de MCM-48 impregnadas com aminas

Amostras Área superficial

(m2 g

-1)

VP

(cm3 g

-1)

DP

(nm)

WT

(nm)

E15-0,55M48C 50 0,06 - -

E20-0,55M48C 100 0,2 - -

E25-0,55M48C 44 0,05 - -

VP = Volume de poros; DP = Diâmetro de poros; WT = espessura da parede de sílica

5. 3 – Testes de adsorção de CO2

A avaliação da capacidade de captura de CO2 dos adsorventes foi realizada através

de determinação gravimétrica por meio de duas metodologias. Uma utilizando um simples

aparato montado para permitir a medida da massa ganha pelo adsorvente após um

determinado tempo de contato com um fluxo de CO2. E outra utilizando uma balança de

suspensão magnética que permite a medida da capacidade de adsorção de equilíbrio em ampla

faixa de pressão e com rigoroso controle de temperatura. Os resultados das capacidades de

adsorção em condição de pressão de 1 atm e temperatura de 25 °C são mostrados na Figura

5.28.

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

E25-M48E20-M48E15-M48MCM-48E25-M41E20-M41E15-M41MCM-41

0,03

0,300,33

0,025

0,37

0,04

0,77

0,94

0,090,080,12

0,30,290,3

Cap

acid

ade

de

ad

sorç

ão

de

CO

2(m

mol/g

ad

s) Balança de suspensão magnética

Leito fixo com fluxo

0,68

0,85

Figura 5.28. Capacidade de adsorção de CO2 para o suporte MCM-41, MCM-48 e as

respectivas amostras impregnadas com diferentes teores de etilenodiamina

As capacidades de adsorção a baixa pressão dos suportes MCM-41 e MCM-48

mostraram-se similares entre si, estes resultados estão de acordo com os dados relatados por

Belmabkhout et al., (2009) que avaliou a capacidade de adsorção de equilíbrio de amostras de

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107

MCM-41 sintetizadas em diferentes temperaturas, relacionando as capacidades de adsorção

com os dados de área superficial e volume de poros das amostras. A modificação desses

materiais com diferentes teores de etilenodiamina resultou em perda considerável das

capacidades de adsorção dos adsorventes em comparação com as capacidades dos respectivos

suportes. Esta baixa capacidade pode ser possivelmente relacionada com a redução da

quantidade de sítios de adsorção devido à forte interação entre as aminas e o suporte,

causando grande limitação difusional em baixa temperatura e apesar do fenômeno de

adsorção de CO2 ser um processo de natureza exotérmica, pesquisadores (XU, et al., 2002;

2003) tem relatado um efeito positivo na capacidade de adsorção de adsorventes impregnados

com grupamentos amina com o aumento da temperatura, visto que sítios com maior afinidade

se tornam prontamente acessíveis para reagir com o CO2.

Em um mecanismo de interação ideal com o uso de etilenodiamina seria esperado

uma eficiência de amina igual a 1, correspondendo a estequiometria de 1:1 (amina:CO2) com

a formação de carbamato do tipo zwitterion (CHOI et al., 2009), a exemplo da reação

mostrada na Figura 5.29.

NH

O-

O

NH3

+NH2

NH2

+ CO2

Figura 5.29. Representação da reação entre o dióxido de carbono e etilenodiamina

Porém como pode ser visto na Tabela 5.20 os valores de eficiência de amina

estão muito aquém do valor teórico, mostrando que somente uma pequena quantidade de

sítios esta disponível para reagir com moléculas de CO2. Como a superfície dos canais dos

suportes foi preenchida com EDA, o que é confirmado com os dados de caracterização

textural dos adsorventes, é sugerido um efeito de impedimento estérico com formação de

pequenos aglomerados de partículas, desfavorecendo tanto o processo de adsorção física

quanto o de adsorção química resultando na falta de acessibilidade a possíveis sítios no

interior destas partículas, havendo somente a possibilidade de interação com a superfície

externa das partículas que podem reagir com CO2. Na Figura 5.30 é proposto um possível

mecanismo de interação do CO2 com as aminas ligadas ao suporte.

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108

Tabela 5.20. Propriedades de adsorção de CO2 de adsorventes impregnados com EDA

Amostra Cr

(g EDA/gads)

Tam – qtCO2

(mmol/gads)

qexCO2a

(mmol/gads)

qexCO2b

(mmol/gads) Razão CO2/EDA

a

E15-0,22M41C 0,148 2,48 0,12 0,30 0,05

E20-0,22M41C 0,174 2,89 0,08 0,30 0,03

E25-0,22M41C 0,242 4,02 0,09 0,29 0,02

E15-0,55M48C-130 0,167 2,78 0,04 0,37 0,01

E20-0,55M48C-130 0,195 3,24 0,025 0,33 0,01

E25-0,55M48C-130 0,173 2,88 0,03 0,30 0,01

Cr= carregamento experimental; Tam= teor de amina; qtCO2= capacidade de adsorção de CO2 teórico; qexCO2=

capacidade de adsorção de CO2 experimental; a

= experimento gravimétrico com balança de suspensão

magnética; b =experimento gravimétrico com leito fixo.

Figura 5.30. Representação de um possível mecanismo de interação do CO2 com o adsorvente

a base de sílica impregnada com etilenodiamina

As Figuras 5.31 e 5.32 apresentam as isotermas de equilíbrio de adsorção

monocomponente de CO2 sobre MCM-41 e MCM-48 antes e após a impregnação com

diferentes teores de amina. Nas figuras, os pontos são os dados experimentais e as linhas

representam o ajuste ao modelo de Langmuir que melhor descreve os dados. É possível

observar que o modelo Langmuir se ajusta bem aos dados do experimento, como mostram os

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valores elevados dos coeficientes de correlação (R2). Os parâmetros utilizados para o ajuste

do modelo são apresentados na Tabela 5.21.

Figura 5.31. Isotermas de equilíbrio de adsorção de CO2 a 25°C para MCM-41 (a) e

impregnados com diferentes teores de etilenodiamina (b). Pontos equivalem aos dados

experimentais, linhas são ajustes ao modelo de Langmuir

Figura 5.32. Isotermas de equilíbrio de adsorção de CO2 a 25°C para MCM-48 (a) e

impregnados com diferentes teores de etilenodiamina (b). Pontos equivalem aos dados

experimentais, linhas são ajustes ao modelo de Langmuir

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110

A análise dos parâmetros do modelo de Langmuir apresentados na Tabela 5.21

mostra que os adsorventes MCM-41 e MCM-48 possuem os maiores valores de qmax, contudo

com baixos valores de b, significando que essa alta capacidade de adsorção de CO2 somente é

alcançada em condição de altas pressões. Os resultados favoráveis destes dois materiais na

adsorção de CO2 podem estar relacionados com suas características texturais, tais como

maiores áreas superficiais e volume de poros, possibilitando melhores desempenhos de

adsorção. Essa alta capacidade somente em faixas de alta pressão não faz destes materiais

promissores para aplicações em gases de queima devido à baixa pressão parcial de CO2,

contudo pode ser indicado em aplicações onde alta pressão é requerida como em processos

PSA ou na purificação de gás natural obtidos em plataformas offshore (BELMABKHOUT et

al., 2009; STRAGLIOTTO et al., 2009).

De acordo com as isotermas de adsorção de CO2 de todos os materiais

impregnados com etilenodiamina pode-se perceber que a modificação dos sólidos

mesoporosos resultou em perda na capacidade de adsorção de CO2 tanto em baixas quantos

em pressões elevadas. Estes resultados são similares aos encontrados por STRAGLIOTTO et

al., (2009) que estudaram o processo de adsorção de equilíbrio de CO2 sobre carbono ativado

comercial impregnado com diferentes aminas.

Tabela 5.21. Parâmetros de ajuste do modelo de Langmuir para adsorção de CO2 a 25°C

Sólido Gás qmax (mmol/gads) b R2

MCM-41

CO2

20,77 0,0309 0,9952

E15-M41C 7,12 0,0088 0,9955

E20-M41C 6,31 0,0070 0,9956

E25-M41C 3,42 0,0128 0,9920

MCM-48 17,94 0,0389 0,9940

E15-M48C-130 3,42 0,0053 0,9913

E20-M48C-130 2,25 0,0045 0,9814

E25-M48C-130 1,63 0,0065 0,9760

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111

6 – CONCLUSÕES

Os materiais MCM-41 e MCM-48 foram sintetizados hidrotermicamente

através de duas rotas de síntese distintas e segundo as caracterizações estruturais apresentam

propriedades texturais muito similares com aqueles relatados pela literatura.

A redução do teor de direcionador na síntese de MCM-41 resultou em

materiais de fase hexagonal com propriedades texturais muito semelhantes, embora aqueles

sintetizados com menores teores de surfactante, possivelmente possam apresentar estruturas

com menor resistência térmica e/ou hidrotérmica.

A redução da temperatura de síntese do MCM-48 possibilitou escolher uma

temperatura de síntese menor, com redução de 20 °C em comparação com aquela do material

sintetizado por Doyle et al., 2003, sendo uma contribuição positiva do ponto de vista

energético.

A redução do teor de direcionador na síntese de MCM-48 embora tenha

resultado em materiais de fase cúbica, não forneceu materiais com propriedades texturais

desejáveis para a aplicação em adsorção, e a redução do surfactante acarretou em perdas

consideráveis no ordenamento dos canais mesoporosos e nas áreas superficiais dos materiais.

Através das curvas de TG para os materiais MCM-41 e MCM-48 não

calcinados foi possível escolher a melhor temperatura para a etapa de calcinação que

garantisse a saída de praticamente todo surfactante dos canais mesoporosos, sendo

confirmados pelos resultados de infravermelho.

A modificação do MCM-41 e do MCM-48 com etilenodiamina foi realizada

por impregnação via úmida e puderam ser identificadas pelo perfil das bandas de absorção na

região do infravermelho como também pelo fato de que os perfis dos difratogramas de raios-

X dos adsorventes foram afetados consideravelmente após a inserção das aminas nos

materiais.

As capacidades de adsorção do MCM-41 e do MCM-48 limpos se mostraram

muito similares, como também para os materiais impregnados com etilenodiamina. A inserção

das aminas reduziu a capacidade de captura de CO2, efeito que pode ser relacionado

possivelmente ao fenômeno de difusão limitada das moléculas de adsorvato até os sítios

ativos de adsorção. Com base em resultados de literatura, talvez o aumento da temperatura em

um fator de 2 ou 3 em relação ao deste trabalho possa realçar o efeito da capacidade de

adsorção. Também, comparando os resultados das duas metodologias de avaliação e

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considerando-se a faixa de erro experimental do teste realizado com o aparato montado em

bancada é possível dizer que os resultados encontrados tem certo grau de correlação.

O levantamento das isotermas de adsorção de equilíbrio de CO2 permitiu

avaliar o comportamento dos adsorventes em elevadas pressões, os quais, no caso do MCM-

41 e MCM-48, se mostraram favoráveis em aplicações onde o processo de adsorção se dá em

condições de média a alta pressão, passíveis de uso em sistemas de operação PSA.

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Apêndice A

Cálculos para impregnação dos suportes

O seguinte cálculo foi feito para determinar a quantidade exata de etilenodiamina a ser

usada na modificação dos adsorventes selecionados. O cálculo também se aplica a outros

tipos de amina, em concordância com a massa molar e densidade da amina.

Amina selecionada = Etilenodiamina (EDA)

Massa molar = 60,1 g mol-1

Densidade = 899 g L-1

Concentração molar =

= 14,95 mol L-1

Para preparar 100 mL de 0,5 mol L-1

de solução de EDA:

M1V1 = M2V2

14,95 V1 = 0,5 . 100

V1 ≈ 3,34 mL

m = 3,34mL x 0,899 g mL-1

m = 3,00 g

Para impregnar 20 % (m/m) de EDA:

Massa total do adsorvente = 1,0 g

Massa de EDA = 20% x 1,0 g = 0,2

O resto do adsorvente é MCM-41 = 1,0 g – 0,2 g = 0,8 g

Dos cálculos anteriores nós sabemos que existem 3,00 g de EDA em 100 mL de 0,5 mol L-1

de solução. Assim, para obter 0,2 g de EDA, o volume de solução 0,5 mol L-1

necessário para

impregnar 0,8 g de MCM-41 é:

3,00 g → 100 mL

0,2 g → X

≈ 6,66 mL