Transformados plasticos

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PROSPECTIVA TECNOLGICA DA CADEIA PRODUTIVA DE TRANSFORMADOS PLSTICOS

PROSPECTIVA TECNOLGICA DA CADEIA PRODUTIVA DE EMBALAGENS PLSTICAS PARA ALIMENTOS

SECRETARIA DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL - MINISTRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDSTRIA E COMRCIO EXTERIOR (STI/MDIC)

EXECUTOR: SISTEMA DE INFORMAES SOBRE A INDSTRIA QUMICA DA ESCOLA DE QUMICA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (SIQUIM/EQ/UFRJ) Rio de Janeiro, 2003

NDICE I Apresentao ................................................................................................................................ 5 I.1. Instituies Patrocinadoras.....................................................................................................5 I.2. Instituio Executora...............................................................................................................5 I.3. Equipe de Desenvolvimento ....................................................................................................5 I.4. Programa Brasileiro de Prospectiva Tecnolgica Industrial...............................................6 I.5. Frum de Competitividade .....................................................................................................7 II Introduo .................................................................................................................................... 8 II.1. Critrios para a escolha da cadeia........................................................................................8 III Indstria de Alimentos ........................................................................................................... 10

III.1. Importncia e Tendncias de Consumo............................................................................10 III.2. Panorama da indstria de alimentos ...............................................................................10 III.3. Classificaes sobre a Indstria de Alimentos .................................................................12 III.4. Histrico da indstria de embalagens...............................................................................13 III.5. Funes de embalagem.......................................................................................................14 III.6. Classificao das Embalagens: ..........................................................................................15 III.7. Mercado Mundial de Embalagens ....................................................................................20 III.8. Mercado Brasileiro de Embalagens ..................................................................................20 III.9. Canais de Venda e Distribuio ........................................................................................22 III.10. Aspectos Institucionais e Organizacionais .....................................................................24 IV Transformao Plstica e os Principais Processos de Produo de Embalagens............... 26

IV.1. A Indstria de Transformao Plstica............................................................................26 IV.2. Cadeia Produtiva de Transformados Plsticos ................................................................27 IV.3. Processos de Produo de Embalagens.............................................................................31 IV.4. Movimentos do Setor ..........................................................................................................36 IV.5. Mquinas para Transformao de Plsticos para Embalagens .....................................37

Executor: SIQUIM EQ/UFRJ

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V

Termoplsticos para Embalagens - Segmentao das Resinas ................................................ 41 V.1. Resinas Termoplsticas no Brasil .......................................................................................42 V.2. Polietileno de Alta Densidade (PEAD) ...............................................................................43 V.3. Polietileno de Baixa Densidade (PEBD) .............................................................................46 V.4. Polietileno de Baixa Densidade Linear (PEBDL)..............................................................48 V.5. Politereftalato de Etileno (PET)..........................................................................................50 V.6. Polipropileno (PP) ................................................................................................................54 V.7. Poliestireno (PS) ...................................................................................................................59 V.8. Policloreto de Vinila (PVC) .................................................................................................63

VI

Principais Embalagens Plsticas para Alimentos................................................................. 68

VI.1. gua Mineral.......................................................................................................................68 VI.2. Carnes Processadas.............................................................................................................69 VI.3. Aves e Derivados .................................................................................................................70 VI.4. Produtos Lcteos.................................................................................................................71 VI.5. Frutas e Hortalias..............................................................................................................72 VI.6. Gros e derivados................................................................................................................73 VI.7. Farinha de Trigo .................................................................................................................73 VI.8. leos Comestveis ...............................................................................................................74 VII Anlise da Cadeia Produtiva.................................................................................................. 75

VII.1. Modelagem da cadeia........................................................................................................75 VII.2. Anlise dos fluxos de capital e material ..........................................................................77 VIII Aplicao da Metodologia Delphi para Prospectiva Tecnolgica da Cadeia Produtiva de

Embalagens Plsticas para Alimentos............................................................................................... 79 IX X XI A Ao Prospectiva e a Tcnica Delphi................................................................................. 81 Base para Formulao do Questionrio Delphi ....................................................................... 85 Execuo da metodologia Delphi para prospectiva tecnolgica da cadeia produtiva de

embalagens para alimentos.............................................................................................................. 112

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XI.1. Identificao dos Respondentes, Organizao e Validao dos Especialistas para Participao nas Rodadas Delphi .............................................................................................113 XI.2. Envio do Questionrio da 1a Rodada (Perodo de 15 de outubro a 01 de novembro de 2002).............................................................................................................................................113 XI.3. 1 rodada - Tratamento Estatstico e Anlise dos Resultados.......................................114 XI.4. Execuo da 2 rodada Delphi e Busca do Consenso.....................................................120 XII Variveis Crticas e Identificao das Foras Propulsoras e Restritivas por Elo da Cadeia

de Embalagens Plsticas para Alimentos........................................................................................ 132 XIII Concluses ............................................................................................................................ 141

XIII.1. Consideraes Finais .....................................................................................................143 XIV XV Referncias Bibliogrficas ................................................................................................... 145 Anexos: ................................................................................................................................. 151

ANEXO 1: Empresas no Brasil.................................................................................................151 ANEXO 2. Lista de Especialistas Contatados .........................................................................154 ANEXO 3. Modelo de carta de encaminhamento do questionrio 1a rodada Delphi.......170 ANEXO 4. Mscara do Questionrio Delphi Online (1a rodada) ..........................................172 ANEXO 5. Modelo de Carta de Encaminhamento do Questionrio 2a rodada Delphi ...174 ANEXO 6. Modelo de Questionrio da 2a rodada Delphi ......................................................176 ANEXO 7. Resultado do Tratamento Estatstico da 2a rodada .............................................206 ANEXO 8. Resultado Consolidado das Questes 8 e 14 2a Rodada Delphi .......................215

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I

APRESENTAO

I.1. INSTITUIES PATROCINADORAS Organizao das Naes Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) Secretaria de Tecnologia Industrial / Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (STI/MDIC) Fundao de Empreendimentos Cientficos e Tecnolgicos (FINATEC) I.2. INSTITUIO EXECUTORA Sistema de Informaes sobre a Indstria Qumica (SIQUIM/EQ/UFRJ) I.3. EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO Coordenao Geral: Profa. Adelaide Antunes Consultora (1aetapa do projeto): Vera Lcia B. de S Pereira Coordenadora Tcnica/consultora: Suzana Borschiver Colaboradores: Ana Amlia Martini (Doutoranda EQ/UFRJ) Ana Carolina Mangueira, (Estagiria SIQUIM) Claudia Azevedo, (Pesquisadora-SIQUIM) Claudia Canongia (Doutoranda EQ/UFRJ e Pesquisadora-SIQUIM) Cristina Mendes, (Pesquisadora SIQUIM) Clarice Gandelman (Integrao Universidade-Empresa -SIQUIM) Carlos Hemais (Prof. IMA)Executor: SIQUIM EQ/UFRJ 5

Cheila Gonalves Moth, (Profa Escola de Qumica) Daniela Bastos, (doutoranda IMA/UFRJ) Eliane Bahruth, (doutoranda EQ/UFRJ) Fernando Tibau (Estagirio SIQUIM) Jos Victor Bomtempo, (Prof. GIT/Escola de Qumica) Jos Luiz dos Santos Tepedino, DSc. Luiz Antnio dAvila, DSc. (Prof. Escola de Qumica) Lus Eduardo Duque Estrada, (Prof. GIT/Escola de Qumica) Max Arnor (Estagirio SIQUIM) Peter Rudolf Seidl, DSc. (Prof. Escola de Qumica) Vernica Amorim (Estagiria SIQUIM) I.4. PROGRAMA BRASILEIRO DE PROSPECTIVA TECNOLGICA INDUSTRIAL O Programa Brasileiro de Prospectiva Tecnolgica Industrial um programa da UNIDO em parceria com o STI/MDIC que se prope a estimular medidas de longo prazo para o desenvolvimento das principais cadeias produtivas, atravs de fomento ao desenvolvimento de uma auto capacitao das mesmas para realizao de atividades de prospeco tecnolgica e consolidao de seu sistema de inovao, dentro de um programa de Foresight. A abordagem utilizada neste programa desenvolve-se principalmente atravs do trabalho interativo de especialistas, orientado para antecipar possibilidades de inovaes, no necessariamente baseadas somente em informaes tendenciais e sim tambm em projees especulativas de seu prprio conhecimento, ocorrendo de forma aperidica. O modelo prospectivo tem como objetivo identificar um futuro desejvel entre alternativas viveis. Isso implica em caracterizar um sistema articulado de atores (interesses, alianas e conflitos) e variveis (tendenciais e de ruptura) que tm influencia sobre esse futuro desejado. Consideradas as discrepncias entre a situao atual e a futura objetivada, estabelecer estratgias que adotadas no presente possam conduzir construo do futuro almejado.

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I.5. FRUM DE COMPETITIVIDADE O MDIC coordena o Programa Frum de Competitividade que compe o Brasil Classe Mundial, programa integrante do Avana Brasil - Plano Plurianual 2000/03 que consiste em aes que visam atuar sobre capacidade competitiva do setor produtivo brasileiro atravs da interao entre empresrios, trabalhadores, Governo e Congresso Nacional. O Projeto Estudo Prospectivo da Cadeia Produtiva de Embalagem para Alimentos atende aos objetivos e metas do Frum de Competitividade da cadeia produtiva da indstria de transformao plstica. Dentre as macrometas deste programa, pode-se citar a gerao de empregos, ocupao e renda; o desenvolvimento produtivo regional, a maior capacitao tecnolgica; o aumento das exportaes, competio com as importaes e servios internacionais. Correspondendo a essas macrometas, foram identificadas pelo frum as polticas prioritrias para alavancagem da cadeia, a saber: Financiamento para reorganizao da cadeia de transformados plsticos; Financiamento para investimento na reestruturao da indstria petroqumica; Desonerao tributria do investimento e da produo; Gerao de emprego e reduo /eliminao da informalidade; Aproveitamento de oportunidades de investimento.

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II

INTRODUO

O objetivo deste estudo de aprofundar o conhecimento da Cadeia Produtiva de Embalagem Plstica para Alimentos, formulando um diagnstico que oferecesse subsdios suficientes para a etapa de prospeco tecnolgica, atravs de identificao de fatores crticos positivos e negativos em todos os elos da cadeia. Essa anlise feita atravs da Metodologia de Prospeco Tecnolgica de Cadeia Produtiva, com a modelagem e avaliao de desempenho desta, identificando os fatores crticos e seus impactos sobre a eficincia, qualidade, eqidade e competitividade, levando sempre em considerao os ambientes institucional e organizacional que a envolvem. A metodologia se aplica nos conceitos da Equipe Embrapa, de Prospeco Tecnolgica, que apresenta bastantes trabalhos de prospeco de demandas Tecnolgicas no Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuria (SNPA). A passagem por todos os elos da cadeia produtiva, desde a indstria de alimentos at a central de matrias primas, seja nas pesquisas bibliogrficas ou nas pesquisas de campo, fez com que a equipe do projeto adquirisse conhecimento e capacitao para o entendimento da cadeia produtiva como um todo, levando em considerao a especificidade de cada setor. Duas preocupaes fundamentais nortearam a equipe de desenvolvimento, com o mesmo grau de importncia, nesta etapa de diagnstico. Os fundamentos conceituais adotados para a prospeco de demanda, ou seja, a viso sistmica, a viso de mercado e a mensurao de desempenho. A formulao de no apenas mais um diagnstico do setor e sim, de oferecer subsdios suficientes para que a passagem para etapa de prospeco tecnolgica, a prxima a ser desenvolvida, seja realizada de forma adequada, com o objetivo final de identificao de demandas atuais, potenciais e futuras da cadeia produtiva de embalagem plstica para alimentos no Brasil. II.1. CRITRIOS PARA A ESCOLHA DA CADEIA A escolha da cadeia produtiva de embalagens plsticas para alimentos atendeu aos objetivos e metas do Frum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Indstria de Transformao dos Termoplsticos, que, baseado no Comit de Prospeco constitudo em dezembro de 2000,Executor: SIQUIM EQ/UFRJ 8

selecionou e priorizou potencialidades e critrios relacionados aos ganhos de competitividade, levando-se em considerao alguns fatores crticos como emprego e renda, desenvolvimento da produo, exportao e competio com a importao. O projeto iniciou-se com um curso de capacitao da equipe, dividido em 3 oficinas, para a compreenso dos conceitos e princpios metodolgicos para anlise diagnstica e prognostica da cadeia produtiva. As duas primeiras oficinas deste curso foram realizadas em janeiro e fevereiro de 2000, onde foi simulado um estudo de cadeia produtiva de embalagem de alimentos, com modelagem da cadeia, analisando os fluxos de caixa e capital e pontuando os fatores crticos. O Workshop realizado em abril de 2001 reuniu especialistas dessa cadeia produtiva, que validaram o escopo do projeto, atravs de discusses e questionrios. A ltima oficina ocorreu em Dezembro de 2001, com o treinamento por parte da equipe do projeto do mtodo Delphi on Line, onde foi dado incio a etapa da anlise prognstica, no mbito de 2003-2013.

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III INDSTRIA DE ALIMENTOSIII.1. IMPORTNCIA E TENDNCIAS DE CONSUMO A sobrevivncia humana sempre esteve ligada alimentao. A demanda criada pelo desenvolvimento demogrfico mundial, em funo das necessidades nutricionais e hbitos alimentares, exige suprimentos, preos acessveis e novidades ao consumidor. A indstria de alimentos tem papel fundamental neste processo, pois transforma as caractersticas de variabilidade de sua produo em um sistema contnuo de modo a prover ao mercado, quantidade, qualidade e formas diferentes de alimentos. A indstria desenvolve o beneficiamento, a conservao e a preservao, alm de combinar esses processos com operaes fsico-qumicas que resultam melhor padro higinico, criao de novos produtos, eliminao de microrganismos patognicos, elaborao de complementos alimentares, misturas balanceadas e enriquecidas de nutrientes alm de isolar componentes de diversos alimentos para outros fins nutricionais. Para satisfazer o consumidor atual, a indstria deve fornecer alimentos perfeitos com vrias qualidades ao mesmo tempo: nutrio, convenincia, baixas calorias (low calorie), ausncia de gorduras (fat-free), pouco sal, rico em fibras, vitaminas e sais minerais. Nesta evoluo tecnolgica, as embalagens reconhecidamente propiciam uma grande contribuio para a indstria alimentcia, atuando principalmente na conservao, no transporte e no visual no alimento. III.2. PANORAMA DA INDSTRIA DE ALIMENTOS 1 A indstria de alimentos pode ser definida como um numeroso conjunto de pequenas, mdias e grandes plantas industriais, pulverizadas por todo o territrio nacional, com a maioria delas atuando em mercados regionais (normalmente as pequenas e mdias) e poucas empresas operando em nvel nacional (normalmente as grandes) (TROCCOLI, 1996).

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Cabe ressaltar que a denominao alimentos inclui tambm as bebidas.

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Grfico 1: Participao por empresas de alimentos no valor da produo

Micro 16% Mdias 44%

Grandes 19%

Pequenas 21%

Fonte: ABIA in Qumica e Derivados, nov. / 2000

O segmento formado pela indstria alimentcia representado por um parque industrial com cerca de 45 mil estabelecimentos, ocupando o primeiro lugar em nmero de fbricas na indstria de transformao, seguido pelos setores de vesturio, mecnica e metalrgica. A regio sudeste responsvel por 52% do valor da produo de alimentos no Pas, segundo O Mercado Brasileiro de Alimentos Industrializados (Publicao da ABIA). 2 Tabela 1: Distribuio regional da indstria de alimentos e da indstria geral por valor da produo - 1999 Indstria de alimentos (%) Sudeste Sul Nordeste Norte Centro-OesteFonte: ABIA, 2000

Indstria geral (%) 70,63 16,65 8,88 2,40 1,44

51,73 30,46 11,95 1,39 4,47

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Esse dado no surpreende pois acompanha a tendncia de concentrao regional da indstria em geral no Brasil

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A indstria de alimentos a primeira no que se refere gerao de empregos, ocupando cerca de 800 mil pessoas, num universo de cerca de 5.000 mil empregos diretos gerados pela indstria de transformao. O valor da produo atingiu em 1999 cerca de US$ 76,7 bilhes. Conforme pode ser certificado pela tabela 2, o valor da produo da indstria de alimentos no perodo de 1990-99 contribuiu, em mdia com 9,66% do valor do PIB e 17,52% do valor da indstria total, conforme pode ser observado pela tabela a seguir: Tabela 2: Participao da indstria de alimentos no PIB e no total da indstria de transformao no Brasil, em % (1990-99) Participao 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 no PIB 9,98 10,17 10,45 10,22 8,93 9,23 9,67 9,08 9,53 9,38

na Ind. Total 17,20 17,95 17,28 16,69 16,36 16,71 17,48 17,44 19,31 18,79Fonte: Associao Brasileira das Indstrias da Alimentao (ABIA), 2000

III.3. CLASSIFICAES SOBRE A INDSTRIA DE ALIMENTOS Existem diversas classificaes sobre a indstria de alimentos no Brasil; as oficiais e mais importantes so as do IBGE e da ABIA, no qual o trabalho se baseia, estas so descritas a seguir: IBGE Fabricao de produtos alimentcios e bebidas Abate e preparao de produtos de carne e de pescado Processamento, preservao e produo de conservas de frutas, legumes e outros vegetais Produo de leos e gorduras e animais Laticnios Moagem, fabricao de produtos amilceos e de raes balanceadas para animais Fabricao e refino de acar Torrefao e moagem de caf Fabricao de outros produtos alimentcios Fabricao de bebidas

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ABIA Massas e confeitos (cadeias do trigo, chocolate, cacau e balas); Cadeia de cereais, caf e acar; Conservas vegetais e sucos; Laticnios; Cadeia da protena animal; Desidratados; leos e gorduras; Bebidas (alcolicas e no alcolicas) Diversos Embalagens

III.4. HISTRICO DA INDSTRIA DE EMBALAGENS O conceito de embalagem como simples recipiente para beber ou estocar surgiu h mais de 10.000 anos. Alguns estudiosos acreditam que os vidros egpcios e nforas gregas tenham sido o incio da embalagem; outros, como Alexis Davis, autor de Histria da Embalagem, acreditam que seu incio date do sculo XVI quando se tornou tecnologicamente vivel pela existncia de uma comunidade comercial, que desenvolveu a habilidade de marc-las com nomes comerciais e a habilidade (entre compradores) de identificar este nomes (BENZI, 1993). A embalagem tem afetado radicalmente os hbitos de consumo das pessoas em todo o mundo. Uma das maiores provas disso a substituio de todo o arsenal de ferramentas especiais e sacolas, que as pessoas utilizavam em suas casas e levavam quando iam s compras, pelo simples ato de pegar um produto pr-embalado e lev-lo para casa. (ABRE, 2001). O vidro foi a primeira matria-prima usada em maior escala para a produo de embalagens Embora o uso de metais como cobre, ferro e estanho tenham surgido na mesma poca que a cermica de barro, foi somente nos tempos modernos que eles comearam a ter um papel importante para a produo de embalagem (ABRE, 2001). O aparecimento do plstico como material para embalagens se deu aps a segunda guerra, estas eram mais leves, mais baratas e fceis de produzir do que as embalagens de papel ou de metal. As resinas plsticas - como polietileno, polister, etc, ampliaram o uso dos invlucros transparentes, iniciado na dcada de 20 com o celofane, permitindo a oferta de embalagens em uma infinidade de formatos e tamanhos.Executor: SIQUIM EQ/UFRJ 13

A produo de embalagens plsticas passou a crescer partir dos anos 60. Dos anos 70 at os dias atuais, a indstria brasileira de embalagem vem acompanhando as tendncias mundiais produzindo embalagens com caractersticas especiais como o uso em fornos de microondas, tampas removveis manualmente, proteo contra luz e calor e evidncia de violao. Foram incorporadas tambm, novas matrias-primas, como o alumnio para latas e o PET para frascos. III.5. FUNES DE EMBALAGEM As principais funes de embalagem so: - Conter o alimento, ou seja, guard-lo, armazen-lo, desde a produo at o momento do uso pelo consumidor final. (MURATA, NUNES, et al.2001). Produtos alimentcios de natureza distinta como lquidos slidos e pastas requerem uma escolha adequada de materiais elaborao da embalagem. - Vender o produto atravs da identificao deste, pois sua distribuio e comercializao se processam de maneira muito dinmica, portanto, quanto mais rapidamente a embalagem identificar o produto maior eficincia tcnica ela ter sob o ponto de vista de vendas. Esta identificao se baseia em sua apresentao grfica que deve incluir, entre outros, os seguintes elementos: Descrio concisa do produto; Valorizao da marca, logotipo e nome do fabricante; Contedo lquido peso, volume, e nmero de unidades; Instrues de uso; Ilustrao do produto; Espao para o preo. - Proteger o produto, de condies ambientais adversas, tais como luz, ar, umidade e temperatura. A permeabilidade a estes fatores de grande importncia em funo do tempo de vida til do alimento, pois a deteriorao de alimentos embalados depende grandemente das transferncias que podem ocorrer entre o meio interno, dentro do material de embalagem, e o meio externo, no qual ele exposto aos danos na estocagem e distribuio. De acordo com o tipo de produto acondicionado e o mercado consumidor, a importncia da embalagem para a comercializao do produto ser diferente, embora, geralmente, ela tenha asExecutor: SIQUIM EQ/UFRJ 14

funes de atrair a ateno, descrever as caractersticas do produto, criar confiana do consumidor e produzir uma impresso global favorvel. III.6. CLASSIFICAO DAS EMBALAGENS: A classificao de embalagens plsticas, especialmente para alimentos, pode ser feita de acordo com os aspectos tecnolgicos e mercadolgicos. A comercializao, o formato e as dimenses da embalagem devem ser cuidadosamente planejados, no apenas em funo de sua exposio nas prateleiras ou balces, mas para posterior acomodao em sacolas de compras e mesmo para armazenagem pelo consumidor. A embalagem deve ser sempre prtica. Deve ser fcil de abrir, de fechar, de descartar, de permitir o uso de pores adequadas. Recipientes volumosos devem ser munidos de pegadores ou alas e, em muitos casos, podem ser planejados para ser utilizados como balces nos pontos de venda. Atualmente a indstria de embalagem plstica adota algumas classificaes que podem ser identificadas como:

III.6.1. RGIDA OU FLEXVEL- Rgidas As embalagens plsticas de estrutura de rgida so feitas com os polmeros PEAD, PP, PVC, PET, e podem ser encontradas sob a forma de garrafas, frascos, bandejas e caixas. O maior uso de embalagens rgidas est em garrafas plsticas. - Flexveis O mercado de embalagens flexveis estimado em uma produo de cerca de US$ 1,7 bilho, o equivalente a 9% da produo americana. Segundo ABIEF (Associao Brasileira de Embalagens Flexveis) existem cerca de 2000 empresas neste setor, sendo que estas so em sua maioria mdias e pequenas empresas. Os filmes monocamadas dominam o cenrio de embalagens flexveis para alimentos. Estes filmes so utilizados para embalar 40% em peso da produo das principais categorias de alimentos embaladas por flexveis. Os filmes laminados embalam 25%, filmes coextrusados 5% e outros materiais 30%. (OLIVEIRA, 1999)

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O consumo de filmes monocamada foi em 1999, aproximadamente 851 mil toneladas destinadas a embalagem de alimentos commodities como acar, arroz, feijo, farinha de trigo, gros, pes, aves frescas e vegetais. Grades especiais de poliolefinas comearam a ser utilizadas para melhor aparncia e performance mecnica destes filmes monocamadas. Algumas aplicaes esto sendo substitudas por estruturas multicamadas devido ao consumidor ter ficado mais exigente. O mercado dos filmes multicamada (laminado ou coextrusados) orientado a agregar valor a produtos que requerem maior proteo por barreira ou propriedades mecnicas contra condies ambientais e contra a tenso proveniente do transporte e distribuio. Os requerimentos para proteo dos alimentos no Brasil so mais crticos em funo do seu clima tropical com sua temperatura alta, umidade relativa e sua extenso continental que implica em perodos longos de transporte e estrutura pobre das estradas brasileiras que aplicam alta tenso mecnica durante o transporte. Filmes laminados (25 mil toneladas em 1999) foram utilizados para se obter boa barreira a vapor dgua e/ou barreira gordura e /ou melhorar a performance mecnica.

III.6.2. FUNCIONAL OU INOVADORA- Funcional Atende as necessidades da cesta bsica - Inovadora Embalagens de maior valor agregado para produtos que atendem s classes sociais mais altas

III.6.3. CLASSIFICAO POR TIPO DE CONSUMIDOREm 2005, o Brasil dever ter 200 milhes de habitantes e cerca de 110 milhes de pessoas sero economicamente ativas. (BIANCO, 1998). As exigncias do consumidor de hoje norteiam as estratgias da indstria, que teve que se adaptar s transformaes da sociedade. O consumidor de hoje deseja alimentos que se enquadrem num padro bsico: convenincia, baixas calorias, ausncia ou reduo de gorduras, pouco sal, rico em fibras, vitaminas e sais minerais. Assim, o consumidor preocupado com sua sade faz com que as empresas invistam em lanamentos de alimentos mais saudveis.

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A embalagem considerada o principal elemento diferenciador dos produtos junto aos consumidores tendo papel mais importante, na maioria dos casos, do que as prprias caractersticas dos produtos de consumo. (ARTHUR ANDERSEN, CETEA, 2000). A influncia do consumidor aparece como um elemento cada vez mais importante por este ter seu nvel de exigncia mais aguado diante do produto. Portanto, dever ser trabalhada a relao qualidade/preo, para garantir-lhe a satisfao (IGLECIO, 1996). A importncia, o papel e a responsabilidade da embalagem no mercado de produtos de consumo, mudam na velocidade e na proporo das necessidades, expectativas e valores dos consumidores, demonstrados pelo comportamento hbitos e atitudes de consumo conforme pode ser exemplificado na tabela 3.

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Tabela 3: Novos valores e postura do consumidor e suas implicaes no mercadoValores / posturas Famlia membros diferenciados tradicional de Implicaes com Diversificao TARGET por produtos de Embalagens menores, multifuncionais, e de fcil armazenamento. das Influencias nas embalagens embalagens Embalagens menores de fcil manuseio

hbitos focando o uso para a pessoa e prticas

Aumento de lares com uma s Preferncia pessoa

convenincia e com sofisticao

Envelhecimento da populao Pessoas com grande potencial Busca de embalagens de produtos com financeiro que que buscam shelf-life menor e com caractersticas segurana e que contenham informaes de fcil leitura e instrues Aumento da conscincia do Necessidade de maior cuidado Embalagens saudvel e da higiene de suprimentos e distribuio mais elaboradas, com alimentos mais sudaveise uma ergonmicas, que trazem convenincia, vida mais ativa

com embalagens por toda cadeia maior transparncia nas informaes e materiais confiveis que garantam a inviolabilidade.

Conscincia ecologicamente correto

do Existncia

de

uma do

maior Busca por embalagens biodegradveis e de reciclveis

responsabilidade

setor

embalagens e busca de maior sofisticao nas embalagens Stress, aumento das horas Menos tempo de dedicao ao lar, Embalagens trabalhadas e maior valor ao como cozinhar por exemplo lazerFonte : ARTHUR ANDERSEN; CETEA, 2000

com

convenincia,

reutilizveis e ready to cook

Constata-se um forte trabalho de posicionamento dos produtos de consumo, utilizando principalmente a embalagem e a marca como seus principais diferenciadores Observando-se o mercado nota-se que vrios fatores implicam no aumento do consumo de alimentos, sendo estes associados principalmente : o crescimento da populao idosa (LEITE, 1998);

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o aumento da participao das mulheres no mercado de trabalho, implicando no uso crescente de alimentos industrializados, prontos ou semiprontos (CARDOSO, 1995, LEITE 1998); fast food nos grandes centros (CARDOSO, 1995); o mercado dirigido ao single - que um novo tipo de consumidor, alvo da indstria alimentcia, com um contingente de aproximadamente 4 milhes de pessoas no Brasil, representando 2,3% da populao brasileira e que, geralmente, costuma fazer suas refeies fora de casa (IGLECIO, 1995); a cada dia aumenta a disputa pela preferncia do consumidor-mirim, e a sucesso de lanamentos o mais claro indicador de que as empresas acreditam neste segmento de mercado (DEMARCHI, 2000); e uma maior quantidade de jovens comprando em supermercados (LEITE, 1998). Assim, a necessidade dos consumidores em cumprir rigorosas dietas para recompor perdas de energia e evitar problemas de sade, as necessidades de as famlias garantirem em seus lares uma alimentao adequada, de modo limpo e rpido, acarretam grandes alteraes em todo o setor de alimentos. Essas transformaes sociais apontam para pratos que j vm prontos e embalagens mais geis, que vo ao encontro justamente da necessidade do consumidor final de comprar produtos em pores individuais e que tambm permitam passagem direta do freezer para o microondas, entre outras inovaes (CARDOSO, 1995, POMERANZ, 1997, BENZI, 1996). As exigncias do consumidor no se restringem somente a proteo, conservao e higiene, h um novo comportamento em que este est mais atento a novos materiais utilizados e s facilidades encontradas na embalagem e s questes ambientais. As funes bsicas da embalagem continuam sendo importantes para o consumidor, mas agora estes apresentam novas exigncias para a embalagem na hora da compra do produto. Estes so: Conter informaes adequadas sobre o produto; Praticidade no manuseio; Adequao ao armazenamento aps abertura;

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A embalagem o fator que mais influi na percepo que o consumidor tem em relao ao produto como um todo. Se o consumidor no conquistado pela embalagem, o produto passa desapercebido ou torna-se frgil diante da concorrncia. (ARTHUR ANDERSEN, CETEA, 2000) III.7. MERCADO MUNDIAL DE EMBALAGENS A indstria de embalagem hoje um dos setores mais importantes do mundo, embora somente agora comece a ser reconhecida e diagnosticada como um setor estratgico para a sociedade (HABERFELD, 2000), representando um mercado de US$ 500 bilhes, composto por aproximadamente por 100.000 empresas e com uma gerao de 5 milhes de empregos (TOMORROWS, 1999). De maneira geral, a indstria de embalagem representa de 1 a 2% do Produto Interno Bruto PIB. O consumo de embalagem no mundo muito heterogneo, estando concentrado nos pases desenvolvidos, basicamente na Europa (U$135 bi), EUA (US$ 120 bi) e Japo (US$ 40 bi). O consumo per capita anual tambm um indicador de desenvolvimento, onde se nota um grande contraste do consumo do Brasil (US$ 62) com o do EUA (US$ 400) , da Europa (US$ 385) e do Japo (US$ 450). De acordo com a World Packaging Organization, o segmento de papel e papelo lidera o mercado mundial (33%), seguido de plsticos (26%), Metlicas (25%), Vidro (6%) e o Outros (10%) (MADI, 2000). Os mercados da Europa, EUA e Japo atingiram sua maturidade em quase todos os segmentos de embalagem. J nos pases em desenvolvimento, como o Brasil, sinaliza-se um grande potencial de crescimento para este mercado. III.8. MERCADO BRASILEIRO DE EMBALAGENS A indstria brasileira de embalagens foi estimada em 5,5 milhes de toneladas, correspondentes a R$ 12 bilhes em 1999, dos quais 61% em volume e 65% em valor foram movimentados com embalagens para alimentos e bebidas. Devido desvalorizao de 1999, o mercado de embalagens no Brasil, apesar de ter crescido 10% em volume, caiu em valor para US$ 6,8 bilhes. De acordo com a MTI/Packaging Magazine, a Amrica Latina representou 7% da demanda total de embalagens no mundo em 1997 sendo que o Brasil responde por 3,1% do total. Levando-se em considerao que aproximadamente 30,3% da composio, dos materiais flexveis so feitos de plstico, pode-se dizer que este foi o segundo material mais utilizado para embalagensExecutor: SIQUIM EQ/UFRJ 20

no ano de 1999, representando aproximadamente 21% de um total de 5,52 milhes de toneladas de material utilizado para embalagens no Brasil (Embanews Packnews, 2001), conforme o grfico 2. Grfico 2: Participao dos vrios tipos de materiais no Brasil 1999- Peso

Vidro Plsticos Papel Metais Flexveis Carto Caixas de papelo6,30% 6,40% 5,20 %

15,7 % 19,10 %

17,00%

30,30%

Fonte: Datamark in Embanews Packnews 2001

Em relao ao faturamento nota-se que o plstico liderou a participao, com aproximadamente 37,5 % em relao aos outros materiais mais utilizados para embalagens que tiveram faturamento de US$ 9 bilhes em 1999 (Embanews Packnews, 2001), conforme o grfico 3.

Grfico 3: Participao dos vrios tipos de materiais no Brasil 1999-Valor

Vidro Plsticos Papel Metais Flexveis Carto Caixas de papelo

3,80 % 31,00 % 5,20 % 19,50 % 21,50 % 8,00 % 11,00 %

Fonte: Datamark in Embanews Packnews 2001

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Na tabela 4 quantificado em peso e valor a participao dos diversos materiais no mercado de embalagens para alimentos e para outros. Nesta tabela pode-se observar a grande importncia do plstico como embalagem para alimentos. Tabela 4: O mercado de embalagem por material 1998 Materiais Flexveis Metlicos Alumnio Folha-de-flandres Ao Celulsicos Kraft Duplex e triplex Papelo ondulado Plsticos Vidro TotalFonte: Datamark, 1999

Alimentos e Bebidas Ton 10 298 176 543 21 131 107 635 645 779 3.3343

No-alimentos6

% 87,2 95,6 81,8 19 43,3 27,5 39,3 63,6 92,8 61,1

US$ 10 1.963 660 763 23 197 220 534 1.725 396 6.508

Ton 103 44 8 121 88 170 283 981 369 61 2.124

% 12,8 4,4 18,2 81 56,6 72,5 60,7 36,4 7,2 38,9

US$ 106 333 90 170 98 273 624 824 1.000 95 3.507

Vale ressaltar que nos grficos 2 e 3 e na tabela 3 a conceituao de embalagem flexvel leva em considerao materiais cartonados multicamadas para embalagens asspticas e a distribuio dos materiais utilizados a seguinte: Almnio (8,1%), BOPP (11,6%), Celofane (1,2%), Papel (61,6%), PEBD (14,3%), Poliamida 6 (1,3%), Polister (1,4%), PVC (0,3%), PVDC (0,2%) III.9. CANAIS DE VENDA E DISTRIBUIO

III.9.1. SUPERMERCADOSOs supermercados movimentaram R$ 60 bilhes em 1999 sendo que 5 redes respondem por 40% das vendas de alimentos. Para atender a uma demanda crescente e diferenciada de produtos proveniente de uma gama cada vez mais ampla e diversificada de consumidores, prev-se o

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crescimento do nmero de Sistemas de Embalagem3 e conseqentemente h de se inovar nas solues que atendam a esses novos quesitos. (CABRAL, 2000). Estas grandes redes de supermercados recebem produtos em centros de distribuio e, a partir deles, abastecem as lojas. , portanto, fundamental, desenvolver embalagens unitizveis, ou seja, embalagens que contm mais de um produto do mesmo tipo embalado individualmente.

III.9.2. LOJAS DE CONVENINCIAAs lojas de convenincia constituem local ideal para a experimentao de produtos e embalagens inovadoras, respeitadas as restries de custo. Para atender a estas lojas com agilidade necessria deve se priorizar as caixas de embarque, agrupando mltiplos de produto que permitam o abastecimento no menor tempo possvel e reduzam ao mnimo o descarte das embalagens secundrias (CABRAL, 2000).

III.9.3. COMRCIO ELETRNICOUm dos grandes desafios da atualidade o desenvolvimento de embalagens que atendam s redes virtuais de comrcio com estimativa de movimentao do e-commerce em 2003, seja de US$ 1, 4 trilho. Desse total, US$ 1, 3 trilho sero gerados pelo B2B (Business to business); em 1999 o B2B gerou US$ 52 blhes. Neste tipo de comrcio eletrnico a situao a de embalagem mnima. O Business to Consumer (B2C), venda direta ao consumidor, ainda no um a prtica difundida no Brasil. No EUA existem 13 milhes de domiclios que compram via internet, no Brasil existem apenas 330 mil potenciais compradores. O grande problema a disponibilidade dos recursos logsticos para distribuir os produtos adquiridos. Alm disso, deve-se considerar os potenciais abusos a que os mesmos estaro submetidos no trajeto fabricante consumidor, sendo previsvel o superdimensionamento das embalagens de transporte. O grande desafio, portanto, redimensionar as embalagens, otimizando as relaes custo benefcio. (CABRAL, 2000).

III.9.4. ENTREGA PORTA A PORTAEste um canal de vendas muito utilizado pela indstria de cosmticos e um canal a ser explorado pela indstria de alimentos. O exemplo das pequenas distribuidoras regionais de pratos prontos

3 O Sistema Embalagem pode ser definido como conjunto de operaes, materiais e acessrios que so utilizados na indstria com a finalidade de conter, proteger e conservar os diversos produtos e transport-los aos pontos de venda ou de utilizao, atendendo s necessidades dos consumidores ou clientes, a um custo adequado, respeitando a tica e o meio ambiente. (Cabral, 2000)

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congelados pode ser ampliado e ao eliminar etapas de comercializao, contribuiria para o equilbrio na distribuio do valor gerado pela cadeia. (CABRAL, 2000). III.10. ASPECTOS INSTITUCIONAIS E ORGANIZACIONAIS

III.10.1. MEIO AMBIENTEA identificao do setor plstico brasileiro com a indstria mundial extensiva ao reduto do meio ambiente, procedimento justificado pela globalizao de conceitos e produtos. Nos trs plos de resinas, esse engajamento perceptvel na corrida pelas certificaes da ISO 9000 e nos programas de atuao responsvel (responsible care), implantados com apoio dos licenciadores das fbricas, invariavelmente integrando o controle das empresas da segunda gerao. Em paralelo, existem entidades que so porta-vozes da segunda e terceira gerao para assuntos ambientais como a Plastivida da Associao Brasileira da Indstria Qumica (ABIQUIM), Instituto Nacional do Plstico, o Instituto do PVC, a Associao Brasileira de Embalagens (ABRE), o Compromisso Empresarial pela Reciclagem (CEMPRE), a Associao Brasileira dos Fabricantes de Embalagens PET (ABEPET) e a Associao Brasileira da Indstria do Plstico (ABIPLAST). Em relao as mquinas, o zelo ecolgico refletido na concepo de equipamentos que minimizam os ndices de refugo, em sintonia tambm com o culto produtividade, e que operam com solventes de descarte no poluente. Apenas em relao ao tratamento de resduos plsticos, calcula-se que perto de 80 projetos de lei tramitam por diversas instncias no Brasil. Enquanto isso, a cadeia de plstico trata de sensibilizar os legisladores para uma conscientizao para a reciclagem mecnica deslanchar: a regulamentao nacional, em todos os escales do Poder Pblico, de uma poltica de gerenciamento de resduos slidos (instituindo a separao domiciliar das fraes seca e mida) e do conjunto de diretrizes bsicas para a coleta seletiva. Mesmo com as lacunas de regulamentao e pendncias de ordem tributria, o movimento de reciclagem, em particular de aparas de primeira moagem, vem ganhando fora. Projees da Plastivida apontam que o Brasil recuperou em 2000 cerca de 15% do volume de resina virgem consumido, um salto de 10% do registrado em 1999. Apenas no mbito do PET, as estimativas da cadeia arredondam em 50.000 toneladas o volume anualmente reaproveitado do polister, fruto de recente crescimento na mdia fixada em 30% anuais. (PLSTICOS EM REVISTA, 2001b)

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III.10.2. LEGISLAO X APROVAO DE EMBALAGEM PARA CONTATO COM ALIMENTOSDisposies gerais para embalagens e equipamentos plsticos em contato com alimentos e seus anexos encontram-se na portaria 30 da SVS segmentada nos seguintes itens: I - Lista positiva de polmeros e resinas; II - Lista positiva de aditivos; III - Classificao dos alimentos; IV Embalagens plsticas retornveis para bebidas no alcolicas carbonatadas; V Migrao total; VI Migrao total com azeite de oliva como simulante; VII Corantes e pigmentos; VIII Determinao de monmero de cloreto de vinila residual; IX Determinao de monmero de estireno residual; X Migrao especfica de mono e dietilenoglicol; XI Migrao especfica de cido tereftlico

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IV TRANSFORMAO PLSTICA E OS PRINCIPAIS PROCESSOSDE PRODUO DE EMBALAGENSIV.1. A INDSTRIA DE TRANSFORMAO PLSTICA A indstria de plsticos foi um dos setores que apresentou as maiores taxas de crescimento no mundo, nos ltimos 25 anos, refletindo principalmente a expanso do mercado consumidor e o dinamismo do processo de substituio de produtos e materiais tradicionais por bens baseados em petroqumica. Apresenta um papel importante na economia moderna, pois indstria chave estando presente em diversos setores, principalmente no alimentcio, no automobilstico, no de cosmticos, no farmacutico, no de higiene e limpeza, e no de construo civil entre outros , que vm ampliando, a cada ano, a utilizao da matria-prima em seus produtos. O plstico hoje sinnimo de desenvolvimento e de qualidade de vida. Sua caracterstica de menor peso permite uma reduo no consumo de combustvel no transporte e suas caractersticas de isolamento acstico e trmico, proporcionam, respectivamente, conforto e reduo de energia eltrica para a conservao de alimentos. Em 1999, do total da produo de plsticos no Brasil 46,78% foi transformada em embalagens, segundo anurio da ABIPLAST, 2000. Isto torna embalagens o mercado mais importante para plsticos no Brasil. No entanto, consumo de plsticos no Brasil ainda pode ser considerado baixo em relao a pases do Primeiro Mundo. Segundo a Coplast - Comisso do Plstico da ABIQUIM, enquanto o consumo per capita atual de plstico nos EUA e na Europa chega a 100 kg e 80 kg, respectivamente, no Brasil, o consumo foi de apenas 20 kg, em 98. Apesar da acentuada diferena, o atual ndice brasileiro demonstra o potencial de crescimento do plstico no Pas, se comparado com o ano de 92, quando a mdia ficou em torno de 8,8 kg. O setor de transformao de plstico um elo muito importante na cadeia produtiva de produtos plsticos, pois responsvel pela realizao dos produtos finais destinados a diversas indstrias utilizando as resinas produzidas pela segunda gerao petroqumica e explorando as inovaes introduzidas, principalmente, pela segunda gerao e pelos fabricantes de equipamentos. Essa responsabilidade aumenta na medida em que os clientes tornam-se mais exigentes e as peas mais complexas.

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IV.2. CADEIA PRODUTIVA DE TRANSFORMADOS PLSTICOS A cadeia produtiva de produtos plsticos tem incio na utilizao das matrias primas nafta ou gs natural para a obteno dos produtos petroqumicos bsicos principalmente: eteno, propeno, benzeno, tolueno, orto-xileno, para-xileno, xileno misto, butadieno, buteno, isopreno. Essa converso feita nas Centrais de Matrias-Primas dos Plos Petroqumicos, e constitui a primeira gerao petroqumica. Os produtos petroqumicos bsicos so comprados pela segunda gerao petroqumica, responsvel pela produo das resinas. Essas resinas so transformadas em diversos produtos nas empresas da terceira gerao petroqumica ou indstria de transformao plstica. A indstria de produtos de matrias plsticas, embora integrante da cadeia petroqumica, tem caractersticas distintas da 1a e 2a gerao. Executando-se o relacionamento via matria-prima, pode-se dizer que no existem identidades tcnicas e econmicas entre a 3a gerao e as demais. A indstria de produtos de matrias plsticas caracteriza-se por uma maior diversificao e diferenciao de produtos. uma indstria intensiva em mo-de-obra, que utiliza processos de produo mais flexveis , com menor escala de produo. A 1a e 2a gerao petroqumicas caracterizam-se por serem fabricantes de produtos padronizados com especificaes bem definidas e, predominantemente, classificados como commodities. uma indstria intensiva em capital, que utiliza processos contnuos com pequenos graus de flexibilizao da produo e que tem necessidade de nveis operacionais elevados. A 3a gerao petroqumica, ao contrrio da 1a e 2a geraes, no tem uma caracterstica central ou nica do ponto de vista da utilizao e potencializao da sua base tcnica. A fim de que as resinas desempenhem as funes esperadas de performance, necessrio a aditivao por meio de corantes, pigmentos, retardantes de chama, antioxidantes, etc. Alguns desses produtos qumicos so necessariamente adicionados resina durante o processo de polimerizao, nas empresas produtoras de polmeros. Outros, porm, podem ser incorporados ou vendidos aos transformadores por trs caminhos diferentes, conforme Figura 1.

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Figura 1: Cadeia ProdutivaNafta, Gs Natural

Central de matria-prima Indstria QumicaAditivos

Petroqumicos b i

Unidade de PolimerizaoResinas Aditivos

FormuladorCompostos

DistribuidorM quinas

Ferramentariamoldes

TransformadorM asterbatch

Aperifricos Chapas Filmes

Fornecedor de Mquinas

Transformador B

Distribuidor

Varejo

Cliente Industrial

Consumidor Final

Fonte: Padilha, G. Caracterizao e Perfil Competitivo da Indstria de Transformao de Plstico: Um estudo de Indstrias do Rio de Janeiro, tese de mestrado, Rio de Janeiro, EQ/UFRJ, 1999

O Formulador compra a resina no aditivada dos produtores e/ou dos fornecedores de resinas e adiciona os aditivos, produzindo um composto. As propriedades de cada composto esto relacionadas com os processos de transformao ao qual sero submetidos e com as necessidades de cada transformador em relao resistncia mecnica, qumica, cor, processibilidade.

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Existem dois tipos de transformadores representados acima pelas letras A e B: O Transformador A compra a resina dos produtores e/ ou distribuidores e compra os masterbatches. Os masterbatches so concentrados plsticos elaborados a partir de diversos polmeros, utilizados para colorir e aditivar todos os tipos de resinas termoplsticas. Neste caso o transformador, com o devido auxlio do produtor do master, adequa a resina s suas necessidades. O Transformador B formula e compra as resinas dos produtores e/ ou distribuidores e os pigmentos e aditivos da indstria qumica. O prprio transformador prepara a resina colorida ou aditivada adequada s suas necessidades. O termo indstria ao ser aplicado transformao de plsticos justifica-se do ponto de vista tecnolgico. Afinal, as mesmas resinas podem ser transformadas pelos mesmos processos e mquinas, mas gerando produtos que se dirigem a mercados diferentes. Esses grupos tm em comum, a montante na cadeia produtiva, os fornecedores de matrias-primas, equipamentos, perifricos, alm dos processos bsicos de produo. A jusante, entretanto, pouco tm em comum. A transformao de plsticos atende a diversos mercados como: agrcola, alimentcio, automobilstico, cosmticos, construo civil, eletroeletrnico, farmacutico, higiene & limpeza e mdico-hospitalar. Quanto natureza do produto, estes podem ser produtos funcionais ou inovadores. Os funcionais so aqueles que no atendem a necessidades bsicas, no variam muito ao longo do tempo, possuem poucas variedades, a demanda previsvel e tm ciclo de vida longo. Essa relativa estabilidade um atrativo para outras empresas, aumentando, assim, a concorrncia e reduzindo as margens de lucro para cada uma. Os produtos inovadores fornecem alguma vantagem adicional que justifica a escolha do consumidor: por exemplo, um design mais elaborado, opes de cores, melhor performance. O ciclo de vida do produto menor, a demanda voltil e a incerteza quanto ao sucesso maior do que no caso dos produtos funcionais. A tabela 5 a seguir representa o consumo de resinas de acordo com os processos mais utilizados na indstria de transformao plstica, sendo estes injeo, calandragem, extruso, sopro e termoformao. Nota-se, por exemplo que no caso da resina PET, o principal processo o sopro e no caso dos outros polietilenos filme.

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Tabela 5: Consumo de resinas por processo de produo PROCESSO Injeo Extruso Sopro Laminao Expanso Termoformao Rfia Rotomoldagem Fibra Filmes Outros PEBD 4,6% 7,7% 4,4% 74,3% 9,0% PEBDL 0,5% 1,9% 0,1% 97,4% 0,1% PEAD 12,2% 10,4% 36,2% 0,6% 0,4% 40,3% PP 33,7% 12,2% 7,2% 12,3% 15,0% 19,6% PS 40,0% 45,0% 10,0% 5,0% 100% EPS PVC 14,4% 59,6% 6,4% 9,8% 4,2% 0,7% 2,0% 3,0% PET 10,0% 80,0% 10,0%

Fonte: anurio ABIPLAST,2000

No caso de embalagens plsticas para alimentos foi realizada uma pesquisa onde foram identificados os principais processos utilizados relacionando-os com o tipo de embalagem e com a resina utilizada., conforme pode ser observado na tabela 6.

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Tabela 6:Principais tipos de embalagens plsticas para alimentos por resina e principais processos - 1998Qtde. (ton) PET Sopro Extruso PVC Sopro Injeo Extruso PEAD Sopro Injeo Extruso PEBD Sopro Injeo Extruso PP Sopro Injeo Extruso PS Sopro Injeo Valor (milho US$)

%

%

Tipos de Embalagem

240.278 0,8

99,99% 0,01%

926,70 0,003

99,99% 0,01%

Garrafas retornveis, garrafas e frascos. Sacos, invlucros.

6.769 2.674 4.551

48,4% 19,1% 32,5%

31,40 11,70 13,90

55,1% 20,5% 24,4%

Garrafas e frascos. Bandejas, potes e tampas. Filme shrink, filme stretcht.

20.281 8.251 11.802

50,3% 20,5% 29,3%

78,20 31,90 39,80

52,2% 21,3% 26,6%

Garrafas e frascos. Baldes, copos, potes e tampas. Sacos, invlucros.

683 1.702 169.428

0,4% 1,0% 98,6%

2,90 7,40 429,50

0,7% 1,7% 97,7%

Bisnaga, garrafas e frascos. Tampas. Sacos.

14.481 49.702 52.177

12,4% 42,7% 44,8%

64,40 235,40 209,40

12,6% 46,2% 41,1%

Garrafas e frascos. Tampas. Sacos de rfia.

6.336 19.044

25,0% 75,0%

41,50 123,30

25,2% 74,8%

Garrafas e frascos. Bandeja, tampas, copos e potes.

Fonte: Elaborao prpria a partir de dados de diversas pesquisas e Revista Plstico Industrial

IV.3. PROCESSOS DE PRODUO DE EMBALAGENS

IV.3.1. INJEOA moldagem por injeo o mais comum dos processos empregados na fabricao de termoplsticos. Consiste em introduzir em molde a composio moldvel fundida em um cilindro aquecido, por intermdio da presso de um mbolo. As mquinas injetoras geralmente dispem de uma cmara cilndrica preliminar, aquecida dotadas de um parafuso sem fim, que funciona como plastificador e homogeneizador de massa polimrica antes que seja admitida na seo onde ser transmitida aos canais de injeo do molde. A31

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refrigerao do material feita dentro do molde, de forma a permitir a sua solidificao e a remoo do artefato sem deformao. O ciclo de injeo tem incio com o fechamento do molde, a segunda etapa a injeo de material pelas cavidades do molde, seguido pelo resfriamento e abertura do molde quando a pea retirada pronta. O tempo de ciclo, o tempo que leva para que ocorram todas as etapas. Este fator de grande importncia pois a rapidez do ciclo determina a produtividade do processo e conseqentemente da fbrica.

IV.3.2. SOPROA moldagem por sopro um processo descontnuo, adequado para a obteno de peas ocas, atravs da insuflao de ar no interior de uma pr-forma, inserida no interior do molde. No caso mais comum, a pr-forma um segmento de tubo recm extrusado; no caso dos de frascos ou garrafas que exijam maior resistncia mecnica, a pr-forma uma pea injetada, com um formato adequado. O processo de moldagem por sopro aplicvel a materiais termoplsticos e amplamente usado na indstria de embalagens dos mais variados tipos. O mercado brasileiro de sopro comandado por uma prestao de servios a terceiros que demanda intensa troca de moldes. Esta peculiaridade tem convergido para a inclinao generalizada por mquinas e matrizes de maiores dimenses, alm da busca de mais embalagens obtidas no ciclo. Em decorrncia, ganham fora, como atalho para a produtividade, os investimentos em automao nesse universo avaliado em 400 transformadores que operam um parque da ordem de 7.000 sopradoras, mobilizando em mdia 25% do consumo nacional de resinas. Hoje em dia, o segmento transita com desenvoltura por recipientes convencionais e complexos de todos os tamanhos. Como exemplo de recipientes tradicionais pode se citar os frascos de polietileno de alta densidade (PEAD), antes dirigidos a leite B e hoje bem sucedidos em sucos de frutas de consumo imediato, entrando no mercado dominado por embalagens longa vida. Da mesma forma, promete intensificar-se a penetrao de garrafas para gua mineral, sopradas com policloreto de vinila (PVC) aditivado para essa aplicao. Os transformadores de PVC dominam o suprimento da embalagem de um litro para fontes de gua mineral no pas, apesar do assdio constante da concorrncia adepta de materiais como PEAD e polietileno tereftlato (PET). No mbito das embalagens maiores para esse mesmo mercado, os

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convertedores de PVC duelam com garrafes de gua soprados com copolmero random de polipropileno (PP), cujo principal chamariz o preo. O time crescente de transformadores de PET, por sinal, constitui captulo parte no segmento nacional de sopro. Na esteira dos saltos gigantescos do consumo do polister, acompanhados por sucessivas ampliaes da capacidade nacional, foram deflagrados investimentos de peso na moldagem da resina, em especial pelo processo mundialmente dominante, de sopro por injeo de pr-forma. Dois dos maiores transformadores locais de PET, alis, resultaram de verticalizao na moldagem efetuada pelos principais produtores da resina grau garrafa no pas. O consumo de PET tem sido alavancado para frascos de leo vegetal e gua mineral, ou

embalagens personalizadas para bebidas que vo de gua de coco a energizantes e maionese. At o momento, a trajetria do sopro de PET no Brasil s no foi bem sucedida nas garrafas retornveis de refrigerantes, em funo de um consumidor final mais receptivo embalagem descartvel. Em contrapartida, cervejarias e transformadores de sopro j se debruam no Brasil, engrossando uma corrente global, sobre as possibilidades do blend PET/ polietileno naftalato (PEN) como alternativa aos recipientes de vidro ou lata, devido resistncia oferecida ao processo de pasteurizao (BENZI, 1993).

IV.3.3. EXTRUSOA moldagem de peas extrusadas processo contnuo e consiste em fazer passar a massa polimrica moldvel atravs de uma matriz com o perfil desejado; por resfriamento em gua, a pea extrusada vai solidificando progressivamente. O extrusado pode ser enrolado em bobinas, cortado em peas de dimenses especificadas, ou cortado em grnulos regulares com uma faca rotativa. O processo permite a fabricao contnua de tubos, tarugos, lminas ou filmes, isto produtos que apresentam um perfil definido. O processo de extruso permite o revestimento de fios metlicos, a formao de camadas sobrepostas para a obteno de laminados, a produo de filmes planos ou inflados, a preparao de pr-formas para moldagem por sopro, etc. Este portanto um processo muito verstil. O material extrusado pode ser gerado atravs de uma fenda plana simples ou mltipla; neste caso, o processo denomina-se co-extruso. Conforme a espessura, o produto extrusado classificado como filme, folha ou placa. Quando a fenda circular, formam-se tarugos, bastes ou cordes. Se a fenda for anular, simples ou mltipla, com orifcios circulares concntricos, so gerados tubos de espessuraExecutor: SIQUIM EQ/UFRJ

variada mantidos ocos ao longo do33

processo de extruso pela insuflao de ar pelo centro da matriz. A extrusora pode ainda funcionar como cmara de mistura ou de homogeneizao para a preparao de composies polimricas moldveis e como cmara de reao (extruso reativa), modificando a estrutura do polmero e ampliando suas possibilidades de aplicao. Cerca de 30 fabricantes locais de extrusoras distribuem-se, no Brasil, pelos nichos de flexveis, rgidos e rfia. Pelo menos dois novos ingredientes trabalham a favor do potencial dessa indstria que agrupa o contingente mais populoso de transformadores no pas. Um dos principais mercados so os gneros alimentcios da cesta bsica, nos quais impera o embalamento com filmes e os biscoitos. No mbito da coextruso, a oferta local puxada por instalaes para estruturas de trs camadas, empresas como a controlada da alem Barmag exporta ferramentas para transformadores at da Nova Zelndia. A mesma subsidiria, por sinal, foi designada em 1996 a base mundial da corporao para a instalaes de rfia, antes construdas tambm na planta matriz. Alm dos custos, pesou na deciso a envergadura crescente do potencial do pas, onde hoje rfia duela pelo ensacamento de gros com a sacaria lisa moldada com polietilenos de baixa densidade e linear (PEBD/PEBDL). As varreduras no mercado brasileiro de rfia apontam para um parque projetado em 140-160 instalaes alojadas em mais de 40 empresas verticalizadas nas etapas de extruso, tecelagem e acabamento. No nicho da extruso de chapas, o polipropileno (PP) comanda o grosso da produo, em razo de sua abrangncia no mercado de descartveis. O pulverizado universo da extruso no Brasil equivale a um parque com mais de 800 transformadores, responsveis por cerca de 40% do movimento interno de termoplsticos, e que, apenas no nicho de flexveis, mantm em funcionamento um contingente calculado na faixa de 5.500 linhas de produo. Dada a proeminncia das embalagens extrusadas na cesta bsica de alimentos e no ensacamento das safras de gros, o segmento figura entre as principais motivaes para um punhado de projetos ligados a poliolefinas e visveis no novo ciclo de investimentos da petroqumica brasileira. Em paralelo, a coextruso consolida-se como parte das estratgias de logstica dos frigorficos e laticnios brasileiros. A maioria est concentrada no Sul e depende como nunca de embalagens mais resistentes ao transporte inter-regional, a exemplo das estruturas coex com barreira a gases como oxignio, com bom equilbrio do nvel de impermeabilidade e controle de temperatura. Os indicadores de atualizao do Brasil no mbito dos coextrusados ou colaminados prossegue pela disseminao dos filmes easy open, o uso de flexmeros derivados de metalocenos na estrutura

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multimaterial de pouches, filmes vaporizados com a barreira do xido de silcio, ou ento, a exportao de tripas base de poliamidas para o embalamento de embutidos na Europa. O filme de monocamada tambm colhe trunfos na esteira do consumo em alta de gnros

alimentcios essenciais apesar da concorrncia acirrada na rea. As principais referncias, nesse caso, so compartilhadas pelos volumes crescentes de filmes encolhveis e esticveis, base de polietileno linear (PEBDL) ou policloreto de vinila (PVC); de sacolas de sada de caixa, moldadas com polietileno de alta densidade (PEAD); e de sacaria industrial, resultante da extruso do blend PEBD/polietileno linear (PEBDL). Quanto ltima embalagem, seu avano tem inquietado o nicho concorrente da rfia em mercados como produtos qumicos ou fertilizantes, a partir de atributos como o custo algo menor de produo exibido no pas pelo saco liso. Em contrapartida, o reduto de rfia pontifica no embalamento de acar, farinha de trigo e raes, por exemplo. Os indicadores oficiais deste segmento assinalam uma capacidade instalada no Brasil da ordem de 140.000 toneladas anuais. Em embalagens, polipropileno (PP) se apossou de fronts-chave, a exemplo dos potes de margarina e copos promocionais de refrigerantes. Por sua vez, os transformadores de poliestireno (PS) seguem inabalveis em mercados como os de copos de gua mineral e iogurtes e bandejas rgidas e espumadas. Inclusive, conforme o consenso na rea, o movimento das bandejas tende a deslanchar pela seu uso macio, com o recurso adicional de envoltrios de filmes, em uma infinidade de alimentos, o que tambm impele uma gradual proliferao de fornecedores de bandejas no nicho de poliestireno expandido e extrusado (XPS). Filmes stretch e shrink: Filmes stretch mais seletivo em razo do peso dos investimentos, configurando no momento cerca de 20 transformadores, segundo um agente das extrusoras americanas Battenfeld Gloucester. Por outro lado, o mercado brasileiro no produz shrink em mquina especfica o que dificulta o clculo dos fornecedores deste filme. Em regra as indstrias de stretch tambm fornecem shrink (PLSTICOS EM REVISTA 2000d).

IV.3.4. TERMOFORMAOEste processo de moldagem descontnuo utiliza o aquecimento de folhas ou placas plsticas pela aproximao a um conjunto de resistncias eltricas, at seu amolecimento.

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A folha aquecida imediatamente aplicada sobre um molde macio contendo perfuraes, apoiado sobre uma base no interior da qual se aplica vcuo. Conforme o grau de complexidade em detalhes da superfcie da pea a ser moldada, pode-se ainda sobrepor presso folha. Processo emprega moldes de baixo custo, sendo utilizado na fabricao de prottipos industriais, peas de grandes dimenses e artefatos descartveis, sem exigncias especiais de acabamento. A termoformao mais comumente designada por moldagem vcuo e os moldes podem ser confeccionados com gesso, madeira, metal, etc. Alguns fatores foram apontados como gargalo de produo. A fase de acabamento das peas termoformadas, incluindo corte, rebarbao e operaes adicionais (MANO, MENDES, 1999). IV.4. MOVIMENTOS DO SETOR Alm dos fatores macroeconmicos, h nas mudanas em campo o peso de variveis especficas da transformao brasileira, cujo parque operacional estimado em 40.000 mquinas em funcionamento no pas. Um dos novos indicadores o esforo concreto de descentralizao geogrfica da atividade. Como So Paulo o maior centro consumidor do pas, a parcela majoritria dos transformadores, situada em 70% do total de empresas, concentra-se nesse Estado. O percentual responde por 60% do consumo domstico de resinas e engloba a maior parte das grandes indstrias do segmento, detentoras de 80% do movimento brasileiro de termoplsticos. No entanto, outros plos da terceira gerao comeam a irromper em outras regies. Ao Sudeste, por exemplo, deslancham ncleos de sacaria industrial, na esteira das safras recordes de gros, e de componentes injetados, entre os quais autopeas de reposio. Por sua vez, o plo petroqumico do Sul j articula, em conjunto com governos estaduais e porta-vozes da transformao, as formas de estimular a demanda regional de resinas na regio. Os primeiros passos nesse sentido foram o programa Proplast, restrito ao Estado do Rio Grande do Sul, de incentivo financeiro a novos investimentos na terceira gerao, e um diagnstico da competitividade dos transformadores na regio. No mbito do Mercosul, intensifica-se a inclinao de transformadores brasileiros por fincar estacas no mercado argentino, o segundo filo do bloco comercial. Um exemplo Dixie-Toga, que ingressou na produo argentina no mercado de transformados para embalagem de alimentos. O perfil da transformao brasileira tambm influenciado pela chegada atrada pelo crescimento da demanda e as exigncias de custos internacionais, de grandes transformadores norte-americanos e europeus. A movimentao impressiona em garrafas de refrigerantes e, em apario mais discreta, em redutos como poliestireno expandido e extrusado (XPS), e embalagens de paredes finas em ciclo rpido.

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IV.5. MQUINAS PARA TRANSFORMAO DE PLSTICOS PARA EMBALAGENS Este setor representado Indstria de Plstico. O mercado de mquinas desenhado por aproximadamente 6.600 transformadores, a maioria formada por empresas pequenas e mdias, que empregam em torno de 190.000 pessoas. Com um parque estimado de 40.000 mquinas, a transformao brasileira adquiriu em torno de 3,8 milhes de toneladas de resinas locais no exerccio de 2000. Praxe mundial, injeo o segmento que prevalece na rea, representando ao redor de 49% do contingente de transformadores. seguido distncia pelos redutos de extruso, com fatia de 28%; sopro, com participao estimada em 18%, e o percentual restante cabe aos demais processos de moldagem de plstico. Em So Paulo esto localizadas 60% das mquinas transformadoras, Regio Sul, 22,9%, Minas Gerais e Rio de Janeiro somam 10,5% e os outros estados com 4,6% (os fabricantes brasileiros tm reservado s exportaes 10% em mdia da sua produo, num movimento puxado pela Amrica Latina, o que tambm se justifica pela vantagem logstica). Nas entrevistas com representantes do setor, vrios itens foram priorizados como sendo essenciais e marcantes para a competitividade sendo estes: Ex tarifrios Fraudulentos: Importao de mquinas isentas de tarifa de importao (hoje na mdia de 14%), pois so enganosamente descritas como equipamentos sem similares locais. Ausncia de Indicadores Pblicos de Comrcio Exterior do Sistema Alice Dificuldade da Industria Nacional em identificar com preciso a mquina para qual reivindicada taxa zerada de importao. Relutncia dos bancos privados, temerosos do risco de inadimplncia ao servirem de agentes das linhas de crdito aprovadas pela Finame, a agncia de financiamento de maquinrio atrelada ao BNDES. Custo Brasil, 20% nos custos, subindo a 34% quando acrescida dos impostos indiretos. A indstria brasileira de mquinas para plstico no se conhece devido cultura enraizada na maioria de seus integrantes, inibindo-os de liberar indicadores concretos de sua performance. no Brasil principalmente pela ABIMAQ (Associao Brasileira da

Indstria de Mquinas e Equipamentos) e pela Cmara Setorial de Mquinas e Acessrios para a

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Apenas as injetoras nacionais tiveram seus parmetros locais de segurana devidamente homologados pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT). A adoo do sistema exigido de segurana onera em torno de 15% os custos das injetoras nacionais. O despreparo da alfndega nacional tem franqueado o ingresso de mquinas importadas desprovidas de normas cobradas para as mquinas nacionais. Alto grau de obsolescncia do maquinrio. 32,5% das injetoras, 24% das extrusoras e 16,5% das sopradoras tem idade maior que 15 anos. A seguir so citadas as principais mquinas utilizadas no processo de transformao de embalagens plsticas para alimentos Injetoras Conforme foi dito, a injeo o processo que abriga o maior contingente de fornecedores de mquinas no Brasil. Cerca de 20 fabricantes locais detm 35% do consumo brasileiro de termoplsticos. De um universo de 40.000 mquinas da indstria de mquinas e equipamentos, 26920 so injetoras. um setor onde predominam as pequenas e mdias empresas; 65,6% delas possuem at 50 profissionais; 15,7% empregam de 51 a 100 pessoas; 16,6% de 101 a 500 profissionais; 1,6% de 501 a 1000 e apenas 0,2% possuem mais de 1000 funcionrios. Na produo de injetoras brasileiras, a princpio focava-se os modelos simplificados, de fora de fechamento at a faixa mdia; hoje constrem-se internamente linhas como as de ciclo rpido ou mquinas pesadas como o caso da nacional Romi e a subsidiria da italiana Sandretto, as duas maiores foras em injetoras no Brasil. Sopradoras De todas as mquinas bsicas para plstico, a indstria de sopradoras constitui, no Brasil, a que mais de perto acusa o impacto da globalizao da economia. Conforme a regra nos demais segmentos, ela tem se atualizado bastante, apoiada principalmente no acesso a componentes melhores. No processo de sopro, segue a tendncia de prestao de servios a terceiros, o que demanda intensa troca de moldes. Outra tendncia a inclinao por mquinas e matrizes de maiores dimenses, alm da busca de maior nmero de peas produzidas por ciclo.

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A razo-chave a exploso brasileira de polietileno tereftalato (PET), que j ronda outros nichos como leo vegetal e gua mineral, ao lado de escalas de massa como gua mineral engarrafada em policloreto de vinila (PVC). As linhas de sopro do Brasil imergiram nas oportunidades de zerar a interveno manual no processo, inclinando-se por agregar de forma crescente, na condio de componentes standard, recursos antes considerados acessrios e de uso restrito, a exemplo da sada orientada, rebarbao automtica, comandos microprocessados com tela de cristal lquido ou sistemas de hidrulica proporcional para os movimentos do carro porta-molde. O mercado brasileiro de sopradoras consome cerca de 300 unidades ao ano, apresentando apenas 10 fabricantes nacionais Fabricantes com subsidirias de grupos mundiais importam ou montam parcial e totalmente injetoras no Brasil, conforme a convenincia dos custos, mesmo argumento vlido para trazer ou exportar componentes das mquinas. Por outro lado, os maiores fabricantes nacionais de injetoras articularam-se em poucos anos com grandes empresas internacionais para represent-las no pas ou no Mercosul, dada a cobertura de vendas e assistncia realizada h dcadas na regio. Foi assim que a italiana Sandretto, por exemplo, colocou em 1995 no Chile, para produzir caixarias de mas, seu maior modelo em funcionamento na Amrica Latina, com 5.500 toneladas de fora de fechamento. Destacam-se neste ramo a subsidiria alem Bekum, a SIG (ex-Krupp), a Pavan Zanetti e a Jac. A Bekum passou a montar aqui no Brasil uma sopradora de cinco camadas munido de cinco extrusoras independentes. A SIG tem linhas de automao despojada, e modelos para sopro de prformas que se tornaram os mais duros concorrentes locais das mquinas que a subsidiria francesa da Sidel monta no Brasil. Ambas possuem tecnologia para sopro de PET visando o envase de cervejas. Extrusoras Os fabricantes locais de extrusoras distribuem-se, no Brasil, pelos nichos de flexveis, rgidos e rfia. Um dos estmulos para este setor a demanda de gneros alimentcios da cesta bsica, nos quais impera o embalamento com filmes, inclusas estruturas coextrusadas para biscoitos, por exemplo. At 1998 os fabricantes de extrusoras se fortaleceram, por exemplo, com a penetrao das instalaes locais de matriz plana, incrementada na metade da dcada com base na produtividade cobrada nas linhas de empacotamento automtico. Do lado da extruso tubular, mais especificamente filmes monocamada, por exemplo, o perfil do parque era ditado por embalagens deExecutor: SIQUIM EQ/UFRJ 39

polietileno e pela preferncia por mquinas simplificadas, despojadas de recursos de automao de pouco uso e vistos como requintes onerosos para o preo do equipamento. Essa concepo pautou o florescimento no pas, impelido tambm pelas vendas recordes no varejo de alimentos, de equipamentos produtivos e de operao menos complexa. Para fabricantes como a alem Reifenhuser, essa proposta foi desdobrada em termos globais: o grupo concentrou na subsidiria brasileira a montagem de extrusoras desse tipo, inclusive devido aos custos abaixo dos europeus. Mas a opo pelo despojamento no travou a continuidade do aprimoramento dessas mquinas. No mbito da coextruso, onde a oferta local puxada por instalaes para estruturas de trs camadas, empresas como a controlada da alem Barmag exporta ferramentas para transformadores at para a Nova Zelndia. A mesma subsidiria, por sinal, foi designada em 1996 a base mundial da corporao para a instalaes de rfia, antes construdas tambm na planta matriz.

IV.5.1. MOLDES E MATRIZESEm 1999, a produo de moldes no Brasil chegou a aproximadamente US$ 531 milhes. Foram importados cerca de US$ 177 milhes e a exportao foi de apenas US$ 14 milhes, com um dficit de US$ 163 milhes. O setor composto por 3500 empresas. Segundo o INP, cerca de 75% dos moldes e matrizes produzidos no Brasil so de pequeno porte, at 1.500 quilos. Para os especialistas, necessrio uma maior integrao entre a terceira gerao de plstico, universidades e o setor de ferramentaria que desenvolve os moldes. Existe ainda a necessidade de mo de obra especializada e alta tecnologia para o desenvolvimento do setor. Com poucos programas de ensino especficos para esta rea e uma distncia considervel entre universidades/escolas tcnicas e empresas, os produtos do setor no tm tecnologia equivalente aos produzidos no exterior. O Brasil tem oficialmente cerca de 1.200 matrizarias localizadas em sua maioria no Sul e Sudeste do pas (O PLSTICO NO BRASIL, 2001).

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V

TERMOPLSTICOS PARA EMBALAGENS - SEGMENTAODAS RESINAS

Este tem apresenta um estudo detalhado sobre cada uma das principais resinas utilizadas para embalar alimentos sendo estas, o polietileno de alta densidade (PEAD), polietileno de baixa densidade (PEBD), polietileno de baixa densidade linear (PEBDL), politereftalato de etileno (PET), polipropileno (PP), poliestireno (PS) e policloreto de vinila (PVC). A tabela 7, apresenta uma pesquisa que demonstra a quantidade destas resinas utilizadas especificamente para embalagens para alimentos em relao quantidade de resinas utilizadas para embalagens em geral no Brasil. Tabela 7 Relao da quantidade de material e valor das resinas utilizadas em embalagem para alimentos - 1999Qtde(ton) PEAD Embalagens para Alimentos Embalagens em Geral PEBD Embalagens para Alimentos Embalagens em Geral PS Embalagens para Alimentos Embalagens em Geral PP Embalagens para Alimentos Embalagens em Geral PVC Embalagens para Alimentos Embalagens em Geral PET Embalagens para Alimentos Embalagens em Geral 40.604 175.865 173.035 253.021 25.385 26.655 116.369 212.978 13.994 55.092 240.279 243.493 23% Valor (milho US$) 151,00 679,00 442,00 692,00 166,00 174,00 509,00 890,00 56,70 251,00 927,00 939,00 22%

68%

64%

95%

95%

55%

57%

25%

23%

99%

99%

Fonte: Elaborao prpria a partir de dados de diversas pesquisas

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V.1. RESINAS TERMOPLSTICAS NO BRASIL As principais resinas termoplsticas investigadas neste trabalho representam amplamente o mercado brasileiro no que diz respeito ao seu uso em embalagens para produtos alimentcios. So elas: polietileno de alta densidade (PEAD), polietileno de baixa densidade (PEBD), polietileno de baixa densidade linear (PEBDL), polipropileno (PP), tereftalato de polietileno (PET), poliestireno (PS), poliestireno expansvel (EPS) e policloreto de vinila (PVC), cujo faturamento foi da ordem de aproximadamente US$ 3 bilhes em 2000. A produo destas resinas termoplsticas chegou a 3,8 milhes de toneladas em 2000, segundo a ABIPLAST, representando um crescimento de 8,5% em relao ao ano anterior. As importaes e exportaes cresceram 33,8% e 22,5% respectivamente. A fatia de mercado que cada resina possui pode ser observada no Grfico 4 a seguir, assim como a segmentao deste mercado. Quanto aos transformados plsticos, o consumo aparente atingiu 3,9 milhes de toneladas no ano de 2000 contra 3,5 milhes de 1999. Grfico 4: Relao percentual do consumo aparente de resinas em 2000

PS 8% PET 9%

EPS 1%

PVC 19% PEAD 19%

PP 21%

PEBD 8%Fonte: ABIPLAST, 2000

PEBD 15%

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Grfico 5: Segmentao do mercado das resinas termoplsticas em 2000 (%)Agrcola 4% 2% 1% 7% 47% 14% 7% 7% 3% 2% 0% 4% 20% Brinquedos 11% 9% Calados Componentes Tcnicos Construo Civil Descartveis Fios e Cabos Laminados Utilidades Domsticas Outros 9% Industriais Higiene Pessoal Higiene e Limpeza Convencionais

EmbalagensFonte: ABIPLAST, 2000

Alimentos

Obs: Deve-se levar em considerao que 80% das embalagens chamadas de convencionais so para alimentos. So normalmente as embalagens para alimentos da cesta bsica, no laminados. V.2. POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE (PEAD) O PEAD o termoplstico que tem o maior nmero de produtores no Brasil. Sua capacidade instalada tem crescido bastante nos ltimos 10 anos, tendo sido observada uma relao de equilibrio entre a oferta e a demanda neste segmento. As petroqumicas produtoras do PEAD so: OPP, Ipiranga, Solvay, Polialden e Politeno como pode ser observado na tabela 8.

Tabela 8: Empresas produtoras e capacidade instalada (t/a) Empresas Produtoras OPP Polietilenos IPIRANGA PETROQUMICA POLIALDEN POLITENO SOLVAY POLIETILENOFonte: ABIQUIM, 2000 e pesquisa de campo

Capacidade Instalada (t/a) - 2000 200.000 500.000 m 150.000 195.000 m 82.000(m multipropsito)

Atualmente a capacidade instalada no pas de 1,1 milhes de toneladas, porm quase todas as unidades so swing, fabricando tambm o polietileno de baixa densidade linear (PEBDL). A tabela 9 mostra, no perodo entre 1990 e 1999, um aumento de 137,2% na produo deste polmero (deExecutor: SIQUIM EQ/UFRJ 43

322,2 para 764,2 mil toneladas) e um crescimento de 162% no consumo aparente, chegando a 642,0 mil toneladas. Tabela 9: Consumo aparente de PEAD (em mil toneladas) 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Produo Vendas internas Exportaes Vendas externas Consumo aparente 84,1 80,6 322,2 339,2 311,1 429,6 478,5 494,5 529,4 643,5 693,2 764,2 225,6 250,6 212,8 291,0 353,9 382,7 442,3 517,0 553,7 612,1 8,3 8,1 22,5 26,4 73,0 87,5 109,2 130,8 134,5 91,1 80,9 48,4 70,3 35,3

Importaes 6,6

106,6 130,1 124,4 150,4 98,6 128,2 126,0 157,5

244,7 267,0 210,1 321,2 370,5 476,4 511,7 563,7 637,5 642,0

Fonte: PANORAMA SETORIAL, 2000

Os cruzamentos de dados oficiais relativos ao final da primeira metade da dcada de 1990 indicam, o seguinte panorama do consumo brasileiro de PEAD: 37% para sopro; 35% para filmes de alto peso molecular e convencionais; 12,2 % para injeo; 10,4% para extruso rgida (tubos de gases, por exemplo) da resina de alto peso molecular e 0,8% para rotomoldagem, compartimento onde sobressaem peas moldadas com grades de polietileno linear de mdia densidade (PEMDL), para diversos usos como caixas d'gua. No plano tecnolgico, o parque brasileiro de PEAD pode ser auto suficiente em resinas para todos os processos de transformao. Em sopro, por exemplo, so referncias os copolmeros bimodais e de mdio peso molecular para frascos de at cinco litros com paredes finas ou coextrusados com agentes de barreira. Na parte de injeo, sobressaem grades de alta fluidez para a produo em ciclo rpido de itens de espessura reduzida, como potes de sorvetes. Quanto ao nicho das embalagens de rfia de telas

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abertas, ganhou a cena recentemente uma resina voltada para embalagens abertas de hortifrutigranjeiros. 4 Para flexveis, alm da evoluo e diversidade de opes no mbito de alto peso molecular, tambm entraram em escala comercial avanos como um grade para a mistura a quente com polietileno de baixa densidade linear (PEBDL), que reverte em filmes de melhor soldabilidade e resistncia a impacto e a rasgos. No entanto, existe no mercado exterior a oferta de resinas com propriedades diferenciadas e especficas para determinada aplicao, do tipo taylor made, como as resinas metalocnicas. As participaes dos segmentos no consumo de PEAD so apresentadas no Grfico 6 a seguir. Grfico 6: Consumo de PEAD por segmento (em %)

Outras 11%

Higiene/limpeza 16%

Alimentcio 10%

Revenda 32% Cosmticos/ farmaceutico 4%

Agrcola 9% Automobilistico 7% Construo Civil Qumico 6% 5%

Fonte: PANORAMA SETORIAL, 2000

As aplicaes em PEAD so mais diversificadas do que as de PEBD. As embalagens so o segmento mais importante, consumindo 600 mil toneladas em 1999 e respondendo por 39% do

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Com relao s caixas de hortifrutigranjeiros, as transformadores Sol e Plastgrup deflagraram uma revoluo em hortifrtis no pas

ao inaugurarem seu primeiro armazm de trocas e higienizao de caixas patenteadas de polietileno de alta densidade. A meta substituir os caixotes de madeira. O grupo Po de acar foi um dos pioneiros e hoje opera com aproximadamente 250.000 caixas. Em 1999 j se contabilizava cerca de 600.000 caixas no mercado. O consumo de PEAD nesta aplicao pode alcanar nmeros superiores a 100.000 ton/ano. Conforme a quantidade e o nmero de vezes que so usadas, o valor das caixas pode variar de R$ 0,40 e R$ 0,85. Muitos outros pases j trabalham com caixas de PEAD, a idia que seu valor seja somado junto com a carga exportada do Brasil. Os custos de logstica tambm so menores em torno de 25 a 30%, com perdas de carga de no mximo 1,85%. Cerca de 60% dos supermercados j utilizam o sistema no pas.

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consumo total. (PANORAMA SETORIAL, 2000) Observa-se que a indstria alimentcia responsvel por uma fatia de 10% do destino desta resina, que convertido em embalagens para o setor. Pelos indicadores da rea, o movimento dos filmes de PEAD tem evoludo em torno de 15% ao ano desde o incio da dcada de 1990, em razo tambm do aumento na oferta regional das sacolas e da presena da resina embalando gneros da cesta bsica. Trata-se da produo de sacolas de sada de caixa base de filmes de alto peso molecular, um nicho que, pelo consenso dos cinco produtores locais da resina, foi o maior responsvel pela fatia de aproximadamente 30% do mercado de PEAD no pas, reservada s embalagens flexveis. A tabela 10 indica os principais alimentos no qual a resina PEAD utilizada para embalagem Tabela 10: Principais Alimentos Demandantes de PEAD Qtde. (ton) Hortifrutigranjeiros gua Mineral Iogurtes e Sobremesas Suco de Frutas Sorvete Outros 10.261 9.754 6.198 3.511 2.843 7.433 Valor (milho US$) 34,60 37,60 23,90 13,50 11,03 30,37

% 26% 24% 15% 9% 7% 19%

% 23% 25% 16% 9% 7% 20%

Fonte: Elaborao prpria a partir de dados de diversas pesquisas

O segmento de bombonas tambm um importante consumidor do PEAD, principalmente aquelas utilizadas para armazenar frutas, temperos e condimentos. Tambm tem aumentado seu uso em baldes industriais em nichos como leo comestvel. V.3. POLIETILENO DE BAIXA DENSIDADE (PEBD) Primeiro termoplstico produzido no Brasil, em 1958, o polietileno de baixa densidade (PEBD) obtido atravs da polimerizao em alta presso/fase lquida, que pode utilizar dois tipos de reatores: o autoclave, desenvolvido pela britnica Imperial Chemical Industries (ICI), ou o tubular, desenvolvido pela Union Carbide (PANORAMA SETORIAL, 2000). Para obter o PEBD so utilizados os processos de fase gasosa, com tecnologia da Union Carbide, British Petroleum ou Basf; de suspenso, com tecnologia da Phillips; de soluo, com tecnologia da Dow, DuPont ou DSM; e o de alta presso modificado, com tecnologia da CdF Chimie. OsExecutor: SIQUIM EQ/UFRJ 46

processos de fase gasosa, soluo e suspenso tambm permitem a produo de PEAD (PANORAMA SETORIAL, 2000). O parque brasileiro envolve quatro produtores. No Plo de Camaari a Politeno roda a planta de PEBD/EVA, licenciada da Sumitomo. J no Plo Sul, a Triunfo opera com tecnologia Atochem de PEBD/EVA, tendo nas proximidades a unidade de PEBD/EVA da OPP, adepta do processo Quantum. A mesma tecnologia licencia a unidade da empresa do Plo de So Paulo da Union Carbide, agora Dow. A capacidade produtiva de PEBD no Brasil de 779 mil toneladas. Nos anos 90, o consumo aparente de PEBD apresentou o pior crescimento entre as resinas. Entre 1990 e 1999, o crescimento acumulado foi de apenas 13%, mediante a mdia de 113% de todo o setor. Em 1999, o consumo aparente de PEBD foi de 545,9 mil toneladas, ante 483,2 mil toneladas em 1990. Os fabricantes de PEBD pouco investiram em aumento de capacidade, dando prioridade para as plantas multipropsito (swing) de PEAD e PEBDL. Comparado com o PELBD (linear), o PEBD tem a desvantagem de exigir mais gastos com energia (PANORAMA SETORIAL, 2000). A produo de 1999, que chegou a quase 660 mil toneladas, foi apenas 5% superior de 1990 e, como foi inferior ao aumento do consumo, as importaes tiveram papel crescente. A maior parte do PEBD consumido direcionada para o setor de embalagens, que responde por de 72% do total, o equivalente a 393 mil toneladas em 1999. O Grfico 7 a seguir apresenta a participao dos segmentos no consumo de PEBD.

Grfico 7: Consumo de PEBD por segmento (em %)

Outros 10% Utilidades Domsticas 1%

Calados 1% Agrcola 6%

Componentes Tcnicos 2% Construo Civil 2% Descartveis 6%

Embalagens 72%Fonte: (PANORAMA SETORIAL, 2000)

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A tabela 11 a seguir apresenta os alimentos que mais demandam PEBD para embalagem.

Tabela 11: Principais Alimentos Demandantes da Resina PEBD Qtde. (ton) Carne Processada Aves Arroz Feijo Acar Bebidas Carbonatadas 40.128 25.515 20.592 16.352 16.088 9.552 Valor (milho US$) 119,80 59,60 46,00 36,60 36,00 37,40

% 23% 15% 12% 9% 9% 6%

% 27% 13% 10% 8% 8% 8%

Fonte: Elaborao prpria a partir de dados de diversas pesquisas

Este termoplstico, ao mesmo tempo em que desfruta o fortalecimento da demanda pela abertura de novos mercados como congelados de aves e peixes, tambm perde participao em determinados segmentos para um polietileno mais recente, o tipo linear (PEBDL), ou ainda para outros tipos de embalagens, tais como as caixinhas tetrapak. V.4. POLIETILENO DE BAIXA DENSIDADE LINEAR (PEBDL) O polietileno de baixa densidade linear (PEBDL) comeou a ser produzido no Brasil em 1993. Depois do PET, o seu consumo o que mais tem crescido no Brasil ao longo dos ltimos anos. Na tabela 11 pode ser observado um aumento de 233% em seu consumo aparente, 157% em sua produo e 347% em suas importaes. Em 1999 as importaes de PEBDL ainda representam 23% do consumo aparente deste, denotando uma alta parcela do mercado. Em alguns casos o aumento do consumo do PEBDL tem alavancado tambm o consumo do PEBD, em virtude da utilizao da mistura de ambos para a extruso de filmes. Entretanto, o desenvolvimento de grades aprimoradas e de usos especficos, alm do reconhecimento por parte dos usurios da economia gerada pelo PEBDL devido sua resistncia superior, ou sejam a utilizao de filmes de menor espessura do que os similares de PEBD.

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Tabela 12: Consumo aparente de PEBDL (em mil toneladas) 1993 Produo Vendas i Importaes Exportaes Vendas externas Consumo aparente 36,0 81,2 39,2 109,7 103,6 56,6 13,6 1994 133,4 107,4 15,5 1995 149,8 118,9 16,7 24,1 26,3 140,1 1996 170,3 133,1 17,9 26,3 39,3 148,8 1997 176,7 134,4 43,5 26,4 27,9 192,3 1998 173,9 148,4 50,6 24,7 28,0 196,5 1999 266,1 193,6 60,9 55,1 56,5 270,5

Fonte: PANORAMA SETORIAL, 2000

As petroqumicas produtoras do PEBDL so: OPP, Ipiranga, Politeno, como pode ser observado na tabela 12 a seguir: Tabela 13: