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Trecho do livro "Guido - mensageiro do Espírito Santo"

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Padre Jorjão

GUIDOmensageiro do Espirito Santo´

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A palavra de Cristo permaneça entre vós em toda a sua riqueza, de sorte que, com toda a sabedoria, vos possais

instruir e exortar mutuamente (Cl 3:16).

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PrÓLoGo

Em retrospecto, a vida de Guido aconteceu sob o manto de Nossa Senhora, desde o primeiro encontro dos seus

pais. Ele nasceu em Volta Redonda, em maio de 1974, mas passou a maior parte dos seus 34 anos em Copacabana, o mais mariano dos bairros cariocas. Maio é o mês de Maria, justamente quando nasceu Guido Schäffer, para a Terra e para o Céu. Guido era apaixonado pelo mar, e foi Maria, a Estrela do Mar, quem o conduziu a Cristo.

Muitos se lembram dele à frente de um grupo de oração chamado Fogo do Espírito Santo, que se reunia desde 1998, em Ipanema, na Paróquia Nossa Senhora da Paz. Os encon-tros se davam nas noites de domingo, depois da missa dos jovens, celebrada por mim. Aos que chegavam, a alegria e a beleza da juventude impressionavam: rapazes e moças ani-mados por louvores cristãos, em lugar das batidas das boates.

Eram três surfistas, jovens universitários, no centro: Guido Schäffer, médico recém-formado, na direção; Samir Aros, seu velho amigo de Copacabana, ao violão; e Eduardo Martins, estudante de engenharia, havia pouco unira-se ao grupo, ajudando na coordenação. Era grande o cuidado com a palavra de Deus. Depois do louvor, Guido ficava responsável pela pregação. O anúncio do Evangelho também era sua paixão.

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Certa noite, Guido falou de uma viagem de surfe ao sul do Brasil, na qual pedira a Deus um encontro com Cristo. O Senhor lhe deu um sinal muito claro, em resposta às suas orações. Era seu costume falar de Deus, e um pescador que encontrou na praia, muito tocado com suas palavras, resolveu presentear-lhe com um rosto de Cristo talhado em madeira.

Assim era Guido – alegre, convidado pelo Senhor a se-gui-lo mar adentro, rumo a águas mais profundas. Guido Schäffer também era um pescador, mas de homens. Sua pesca, confiante nas palavras de Jesus, tem sido abundan-te. Foram breves, seus 34 anos na Terra, mas sua vida e intercessão continuam a dar muitos frutos. Conhecer o seu legado é um convite a deixar Deus talhar a imagem de Cristo em nossos corações.

O fogo é um dos símbolos do Espírito Santo. Repre-senta a mesma unção que desceu sobre os apóstolos em Pentecostes: a caridade, o amor de Deus. Guido Schäffer é o Surfista de Fogo. Sua caridade ainda está presente entre nós. Esta chama não pode se apagar, nem pela água do mar, nem pela onda da morte.

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CoPACABANA

A influência da família Schäffer é fundamental na vida de Guido. Para seu pai, há uma correspondência entre

ele e o filho. Ambos têm o mesmo nome: o primeiro, Gui-do Manoel Vidal Schäffer; o segundo, Guido Vidal França Schäffer. Os dois são médicos. O acaso não existe: para o pai, seu filho é um Guido aperfeiçoado, e esta melhora se deu pelas mãos de Deus.

As lembranças do Dr. Guido, o pai, hoje já aposentado, são muito vivas. Ele afirma que a história é mais matemá-tica que a própria matemática: ela explica tudo. A família Schäffer é de origem alemã. Concentrava-se na região da Baviera, no sudeste do país, embora houvesse ramificações em outros lugares, como Hamburgo, cidade portuária ao norte. Trata-se de um sobrenome muito comum na Ale-manha: Schäffer significa “pastor”.

A Baviera é uma região rural, e os Schäffer estavam acostumados a trabalhar no campo. De certa maneira, foi por esta razão que chegaram ao Brasil. No século XIX, de-pois do ciclo do açúcar, a novidade na economia brasilei-ra era a produção do café para exportação. O modelo de produção ainda era o dos grandes latifúndios, mas, com a extinção gradual do trabalho escravo, havia necessidade de importação de mão de obra imigrante. Desta nova força

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de trabalho, 90% eram italianos, embora houvesse outras nacionalidades, como os Schäffer, da Alemanha.

As plantações de café eram abundantes, sobretudo na região do Vale do Paraíba, onde a terra-roxa favorecia o cultivo. Os novos imigrantes se concentraram naquela re-gião, que alcançava os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. A família Schäffer fincou raízes na cidade mineira de Juiz de Fora, juntamente com a colônia alemã. D. Pedro II, cuja família tinha origens germânicas, favore-ceu essa imigração. A colônia alemã de Juiz de Fora adotou o nome de São Pedro, santo homônimo ao imperador. E foi justamente em Juiz de Fora que nasceu o Dr. Guido Manoel Vidal Schäffer, em 12 de maio de 1936.

Seu pai, Willibaldo, era um homem muito trabalhador. Nasceu em 8 de julho de 1902, e viveu quase 92 anos. Des-de os 6 anos, já ajudava o próprio pai, Sebastião, na lavoura. Aos 12, perdeu a mãe. Na juventude, exerceu diferentes funções: farmacêutico, cervejeiro e operário de uma fábrica de balas. A certa altura, Juiz de Fora recebeu a visita dos pa-dres do Verbo Divino, que fundaram na cidade a Academia do Comércio. A instituição tornou-se um grande centro educativo e profissionalizante. Willibaldo, sob a proteção dos padres, estudava durante o dia e trabalhava como por-teiro à noite. Inteligente, com pendor para a matemática, o rapaz assumiu a função de secretário, e ocasionalmente substituía seus professores nas salas de aula. O magistério, porém, não era sua vocação. Por volta de 1926, ele pres-tou concurso para o Banco do Brasil, sendo aprovado em segundo lugar no exame nacional. Willibaldo Schäffer ru-mou para São Paulo, grande centro econômico do país.

A condição da mudança era a de que, na primeira opor-tunidade, ele pudesse retornar a Juiz de Fora. Cerca de três

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anos depois, Willibaldo retornou à cidade, e foi quando conheceu sua esposa. Àquela altura, graças a seu esforço pessoal, ele já era um membro respeitável da sociedade. Sua esposa também era mineira, embora não tivesse nasci-do em Juiz de Fora. O pai dela era um comerciante que se estabelecera na cidade. A família da jovem Anna Eliza de Araújo Vidal, ficou feliz em dar sua mão em casamento a Willibaldo.

Viveram pouco mais de uma década em Juiz de Fora. Havia algo no mar que atraía os Schäffer, e em 1941 eles se estabeleceram no Rio de Janeiro. O bairro escolhido foi Copacabana, bem perto do hotel Copacabana Palace. Na época, Guido, o filho único, tinha quase 5 anos. Ele passa-ria a maior parte da sua vida no bairro. Em 1945, morou na rua Rodolfo Dantas, transversal ao Copacabana Palace. Em 1956, já no primeiro ano da Faculdade de Medicina, mudou-se para a rua Domingos Ferreira, onde viveu em diferentes apartamentos, por 54 anos. Lá, em 1968, iniciou sua vida de casado e criou seus três filhos. Para os Schäffer, todos os caminhos levavam a Copacabana.

Willibaldo, contador por formação, teve uma carreira longa e próspera no Banco do Brasil. Quando se aposen-tou, embora não fosse advogado, exerceu a função de pro-curador da instituição no Ministério da Fazenda. A família se recorda dele como um homem caridoso, que ajudou não só a irmã, onze anos mais nova, a entrar no Banco do Bra-sil, como também todos os descendentes a receber uma boa formação. O patriarca ajudou muitas pessoas do próprio sangue, assim como estranhos. Willibaldo Schäffer era um cristão que recebera o nome de um santo alemão: nasceu no dia de São Willibaldo.

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Os Schäffer do Brasil, como expressão da realidade cul-tural alemã, tinham um lado católico e um lado luterano. A família de Willibaldo desenvolveu-se no catolicismo. Uma irmã tornou-se freira, juntando-se à congregação das Irmãs de Santa Catarina, responsáveis, no Rio de Janeiro, pela Casa de Saúde São José. A Congregação está espa-lhada pelo Brasil e pelo mundo, administrando também colégios e procurando se adequar às necessidades pastorais de cada região.

Esta religiosa da família Schäffer administrou o Colé-gio Santa Catarina, em Petrópolis. Trabalhou no Espírito Santo, exerceu funções na Alemanha e, mais tarde, tor-nou-se priora geral da congregação, em Roma, junto ao papa Paulo VI. O acaso não existe. Não é de se estranhar que a família Schäffer, muito católica, tenha sido atraída a Copacabana. O bairro recebeu o nome de uma tradicional devoção boliviana à Nossa Senhora.

A palavra Copacabana, oriunda do dialeto indígena ai-mará, kota kahuana, significa “vista do lago”. Copacabana é uma cidade no entorno do lago Titicaca, na Bolívia. Trata-se de um importante destino turístico do país. A cidade cresceu ao redor da Basílica de Nossa Senhora de Copa-cabana, erguida a partir do século XVI. Nossa Senhora de Copacabana é a padroeira da Bolívia.

A Ordem dos Pregadores de São Domingos de Gus-mão evangelizou toda aquela região, desde 1539, propa-gando a devoção à Virgem Maria e à recitação do rosário. Por volta de 1580, porém, Copacabana estava dividida, e um grupo desejava o retorno à religiosidade indígena. Foi quando Francisco Tito Yupanqui, aimará católico, decidiu esculpir a imagem de Nossa Senhora de Copacabana, tra-duzindo a fé e a cultura local. A basílica e a própria cidade

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de Copacabana se desenvolveram abrigando a imagem, em proporção à crescente devoção nacional.

Essa irradiação devocional atingiu outros países, che-gando a Espanha, Argentina, Peru, Colômbia e Brasil. No Rio de Janeiro, no século XVII, comerciantes bolivianos e peruanos trouxeram uma réplica da imagem à praia de Sacopenapã, nome tupi que significa “caminho de socós”, ave ainda hoje existente na região. Sobre um rochedo, na ponta da praia, ergueram uma capela em homenagem à Nossa Senhora de Copacabana, que, com o tempo, passou a designar a praia e o bairro.

No final do século XIX, com a crescente poluição no centro e na zona portuária, a zona sul do Rio de Janeiro tornou-se uma opção cada vez mais desejada. O médico Francisco de Figueiredo Magalhães recomendava Copaca-bana como um verdadeiro santuário de saúde, paz e tran-quilidade. Com o tempo, o bairro começou a se integrar ao resto da cidade, acentuando sua urbanização. Em 1906, ao lado da praia, foi inaugurada a avenida Atlântica. Em 1914, a antiga capela foi demolida para a construção do atual forte de Copacabana. A igreja, no entanto, foi apenas transferida. Willibaldo Schäffer, assim como sua família, nunca se esqueceu de que é Nossa Senhora quem dá nome ao bairro de Copacabana.

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