Under the Christmas Tree

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  • 7/27/2019 Under the Christmas Tree

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    Aonde vai com tanta pressa, Dimitri? Yuri perguntou ao me ver passando pelo

    saguo de entrada do prdio dos guardies.

    Tenho treino com uma alunarespondi rapidamente.

    Mas Natal.

    Ignorei seu comentrio e sa para o ptio, sendo recebido por uma lufada de vento

    gelado. Tudo estava coberto de neve e o silncio reinava naquela manh. O sol estava

    escondido atrs das espessas nuvens que anunciavam uma tempestade.

    Era manh de Natal. Todos os Moroi estavam dormindo, seguindo o horrio comum

    para eles. Quando sugeri um treino para hoje, pensei que Rose fosse recusar e me acusar

    de tentar mat-la lentamente atravs de exerccios forados. Mas enquanto tomvamos

    uma xcara de chocolate quente na noite anterior e eu levantei a possibilidade, ela

    imediatamente aceitou.

    A Academia St. Vladimir tinha organizado um baile de Natal, na noite anterior, para os

    alunos que ficaram na escola. Nesse mesmo baile, Rose tinha se metido em uma

    confuso, chegando a agredir um Moroi que tentou passar a mo por seu corpo. Eu no

    o culpava. No inteiramente. O vestido que ela usou era muito sensual e tinha deixado

    vrios homens querendo muito mais que apenas observ-la.

    Para evitar que ela fosse punida pela diretora, eu tinha arrastado-a para fora do salo,

    em direo ao prdio dos guardies. L, fiz chocolate quente para ns dois e sentamos

    juntos. Conversamos por um tempo, at que ela se acalmou e eu a levei de volta para o

    dormitrio, pedindo apenas para que no se metesse em mais confuses naquela noite.

    A vontade que eu tinha, no entanto, era pedir para ela ficar conversando comigo. Ou ao

    menos ficasse mais um pouco, mesmo que em silncio. Seria estupidez minha, claro,

    ento a deixei ir embora.

    Agora eu estava correndo para o ginsio, no porque estava atrasado, mas porque queria

    v-la novamente. E, principalmente, porque queria lhe entregar o presente que tinhacomprado.

    Quando cheguei sala dos armrios, Rose j estava l, sentada em um banco, enquanto

    arrumava as faixas em volta das mos. Ela ergueu o rosto ao me ver entrar e sorriu.

    Cheguei primeiro, camarada. Isso me d o direito de escolher as atividades?

    Norespondi apenas, tentando ignorar a emoo que me invadia sempre que a via

    e quando ela sorria para mim.

    Mas Natal.Feliz Natal.

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    Ela bufou diante do meu tom frio. Sabia que s vezes eu era exageradamente rude com

    ela, mas era o meu mecanismo de defesa para no me aproximar demais. Para no

    deixar evidente o quanto ela me afetava.

    Ainda assim, Rose no se incomodava com meu aparente mau humor. Mesmo treinando

    em plena manh de Natal, com poucas horas de sono, ela no fez corpo mole ou

    reclamou em momento algum. E a cada minuto que passava eu me via mais e mais

    preso em seus movimentos, no feitio da ondulao dos seus cabelos a cada vez que ela

    dava um golpe ou se esquivava.

    Deveria prender os cabelos sugeri em certo momento.

    Mesmo que eu estivesse adorando v-la assim, percebia que isso estava atrapalhando

    seus reflexos.

    Esqueci o prendedor no dormitrioela falou enquanto tentava fazer um n com os

    prprios fios, mas esse logo se desfez e ela resmungou irritada. Talvez eu devesse

    cortar logo de uma vez.

    No.

    Rose me encarou com uma sobrancelha arqueada.

    No? Gosta de me ver atrapalhada, camarada? Ou outra coisa?

    L estava aquele tom. Aquele tom de quem estava ciente do motivo, mas que gostava de

    me provocar.

    Vamos encerrar o treino por hoje falei apenas e lhe dei as costas, j rumando em

    direo sala dos armrios. Recolha tudo.

    Escutei sua risada suave enquanto me afastava, mas no me voltei. Rose sabia que eu

    amava seus cabelos e no perdia a oportunidade de caoar de mim quando encontrava

    uma demonstrao da minha fraqueza. O que ela no sabia, ou talvez fingisse no saber,

    era que minha fraqueza no era apenas por seus cabelos.

    Enquanto guardava a garrafa de gua de volta na bolsa, esbarrei na caixa onde estavaseu presente. Por mais que parecesse tolo, eu estava sem coragem para entreg-lo.

    Com um Strigoi eu poderia lidar, mas com Rose e meus sentimentos por ela era algo

    completamente diferente.

    J guardei tudo Rose anunciou quando se juntou a mim. Estava pensando

    naquela xcara de chocolate quente de ontem. Alguma chance de fazer de novo?

    Tenho coisas para fazer.

    Ah, claro. Bem, melhor voltar para o dormitrio ento. Talvez dormir um poucomais. Feliz Natal, camarada.

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    L estava eu sendo rude novamente, quando tudo que ela fazia era ser gentil comigo. s

    vezes a necessidade de me mostrar indiferente acabava me transformando em um

    completo idiota.

    Rose, espere chamei quando ela comeou a se afastar. Respirei fundo e tirei a

    pequena caixa de dentro da bolsa de ginstica.Feliz Natal.

    Por vrios segundos, ela nada fez a no ser me encarar em silncio e lanar olhares

    confusos para a caixa embalada que eu estendia em sua direo. Quando dei um passo

    para me aproximar, Rose franziu o cenho e s ento pegou a caixa da minha mo.

    O que isso?

    Seu... presente de Natal.

    Voc comprou um presente? Para mim? ela perguntou incerta, segurando a caixa

    como se algo fosse saltar de dentro.Por qu?

    Preciso de motivo?

    Levando em considerao que voc s tem me dado patadas ultimamente, , acho

    que precisa de um motivo.

    Eu no tenho lhe dado... Mas me interrompi antes de negar aquilo. Ela tinha

    razo. Nos ltimos dias eu no tinha sido a melhor companhia. Sou seu treinador.

    Passamos todos esses dias juntos e voc vem se esforando muito desde que voltou.

    Achei que merecia uma recompensa.

    Sei.

    Teria colocado debaixo da rvore do seu dormitrio, mas achei melhor entregar em

    mos.

    Ela continuou me encarando com uma sobrancelha arqueada por mais alguns segundos,

    at que enfim pareceu aceitar a explicao.

    O que ? Rose perguntou, sacudindo o pacote ao lado do ouvido, na esperana de

    ouvir algum barulho.Abra.

    Sem qualquer cuidado, ela rasgou o papel lils.

    Um iPod?

    Voc comentou algumas vezes que gostaria de poder ouvir alguma msica durante

    nossas corridas.

    Para preencher o silncio nesses momentos. Sim.

    Eu prefiro pensar enquanto corro. Voc prefere ouvir msica. Por isso o presente.O que voc tanto pensa enquanto corre, afinal?

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    Gostou do presente ou no, Rose? Se no gostou, eu posso...

    No!ela se apressou a falar quando tentei pegar a caixa de volta. Eu adorei. De

    verdade. Estou surpresa, mas adorei.

    Rose levou a pequena caixa ao peito, abraando-a com as duas mos, e abriu um sorriso.

    Aquele sorriso que ela to constantemente direcionava em minha direo e que sempre

    fazia meu corao acelerar e me deixava com vontade de abra-la.

    V descansar. Nos veremos amanh, nesse mesmo horrio falei enquanto

    comeava a me afastar, levando comigo a minha insanidade.

    Dimitri, espera ela chamou e eu me voltei de onde estava, perto da porta que

    levava ao ginsio. Rose rapidamente se aproximou, no esperando que eu o fizesse.

    Foi a minha vez de encarar o embrulho em papel pardo que ela me estendia, sem saber o

    que fazer.

    Vai, pega logo. No quero ficar aqui com cara de idiota por ter comprado algo to

    bobo depois de voc me dar um presente incrvel.

    Aceitei o presente e rasguei o papel como ela tinha feito. Era um livro. Um livro que

    no tinha nada de bobo, como ela mencionara. Se tratava da primeira edio de um

    faroeste antigo, de um dos meus autores preferidos. Um que eu nunca tinha conseguido

    encontrar.

    Como voc sabia que eu gostava?

    Depois de te ver lendo livros desse cara por meses? ela devolveu com ironia.

    Mas esse livro est esgotado.

    Voc devia aprender a usar a internet, sabe? Tem uma coisinha chamada eBay. Acho

    que voc se daria bem l.

    Eu sei usar a... Rolei os olhos e bufei. Voc est apenas me provocando.

    Ela riu, confirmando minhas palavras.

    Sei que um livro no se compara ao iPod que voc me deu, mas eu achei que vocfosse gostar.

    E gostei. Muito mesmo. Eu no ficaria to feliz assim com um iPod.

    Incrvel como o Dimitri feliz igualzinho ao Dimitri de sempre.

    Dimitri de sempre?

    Rose levou as duas mos ao rosto e, ao tir-las, tinha uma expresso sria e at um

    pouco carrancuda.

    Preste ateno, Rose ela falou, tentando imitar uma voz masculina com umridculo sotaque russo. Se concentre, Rose. Obrigada pelo presente, Rose.

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    A gargalhada brotou espontaneamente, sem que eu conseguisse controlar.

    Isso no sou eu.

    Claro que . Igualzinho.

    No mesmo.

    Enquanto eu ainda ria, Rose se aproximou mais. Talvez eu ainda estivesse focado na sua

    fraca imitao, ainda rindo e desconcentrado. Ou talvez eu realmente no quisesse me

    afastar. Porque quando ela ficou na ponta dos ps e beijou meu rosto, eu no me movi

    um centmetro sequer.

    Feliz Natal, Dimitriela murmurou ainda muito perto.

    Talvez eu devesse ter recuado naquele instante. No, eu sabia que deveria ter recuado.

    Sabia que deveria ter feito qualquer coisa que no inclusse uma mo na sua cintura.

    Mas foi exatamente isso que aconteceu.

    O tempo pareceu ficar suspenso pelos segundos ou minutos em que ficamos nos

    encarando, rostos muito prximos, respiraes muito pesadas. Conseguia sentir seu

    hlito, seu perfume doce, sentir o calor que emanava da sua pele. Ela deu o ltimo passo

    que faltava para colar nossos corpos, mas eu no reclamei, porque tinha sido a minha

    mo que a puxara para perto. Meu olhar caiu para seus lbios no exato instante em que

    ela passou a lngua entre eles.

    Roza.

    Tenho quase certeza que fui eu que tomei a iniciativa e a puxei pela nuca antes de cobrir

    seus lbios. Ou talvez tenham sido suas mos que me puxaram pelos cabelos. Mas quem

    iniciou, na verdade, no importava. Ns dois queramos aquilo. Tanto que, em

    segundos, eu j a prensava contra a porta fechada, beijando-a como se tentasse matar

    uma sede depois de longos dias no deserto. Rose me beijava de volta com a mesma

    intensidade e nada mudou at que ouvimos um rudo l fora.

    Ns dois nos sobressaltamos e nos afastamos como um raio, cada um indo para umcanto da sala. Algum tinha entrado no ginsio, mas j ouvamos os passos se afastando

    novamente. Estvamos sozinhos outra vez.

    No entanto, mesmo com o corpo queimando e ansiando por mais, eu sabia que no

    poderia continuar de onde tinha parado. No poderia nem mesmo deixar que aquilo

    voltasse a acontecer. Rose tambm sabia disso.

    Sem uma palavra, ela pegou suas coisas e saiu, levando consigo seu presente de Natal.

    Antes de sair, peguei o meu que tinha cado no cho durante o beijo. O beijo que tinhasido o melhor presente de todos.