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 Ettore Sottsass Olivetti Valentine Typewriter Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Belas Artes Departamento de História e Teoria da Arte História do Desenho Industrial II Professora Sylvia Ribeiro José Renato Zambrano 109029654 Marcelo Paradiso 109029573 2009.2

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Ettore SottsassOlivetti Valentine Typewriter

Universidade Federal do Rio de JaneiroEscola de Belas ArtesDepartamento de História e Teoria da ArteHistória do Desenho Industrial IIProfessora Sylvia Ribeiro

José Renato Zambrano 109029654Marcelo Paradiso 109029573

2009.2

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ApresentaçãoA Valentine é considerada hoje um ícone do design

e é um marco na história da Olivetti. Este trabalhotem o objetivo de chegar a conclusões sobre comoisso aconteceu, mostrar o legado das inovações pre-

Um pouco de Ettore SottsassEttore Sottass foi um grande designer reconhecido

na história do desenho industrial. Nascido em Inns- bruck, na Áustria em1917. Seu pai, Et-tore Sottass (mesmonome do filho) foium arquiteto italianorenomado.

Ettore Sottass (ofilho) licensiou-seem arquitetura no

 politécnico de Turimem 1939, iniciandosua carreira ao abrir um estúdio em Milão, em 1947. Ettore Sottsass se

 juntou à Olivetti, na equipe de design de produto,em 1958, que na época incluía Marcelo Nizzoli (este

foi o designer chefe da olivetti por muitos anos) eisso trouxe para ele reconhecimento internacional.Os produtos criados por ele eram baseados no movi-mento da Arte Pop, da década de 1960.

Sempre participou efetivamente, como colabora-dor, em numerosas trienais e divulgou seus trabal-hos em muitas exposições pessoais e coletivas, tantona Itália como em outros países.

É internacionalmente reconhecido como um dosdifusores da renovação do design e da arquitetura,

  perante o funcionalismo imperante nos anos que  precederam e sucederam a Segunda Guerra Mun-dial.

Ettore Sottsass se baseia em encontrar modossensoriais de defender a forma e os espaços que se

referem à vida doméstica,valorizando então a cor enquanto fonte de energiae símbolo de vitalidade,contrastando com a rigidezdas estruturas.

Em 1980, Sottsass criouo Memphis , com De Luc-chi e Branz. O Memphisfoi um movimento anti-design que caracterizou oestilo pós modernista. Eles

acreditavam que os produtos não deveriam seguir asformas convencionais, cores, texturas e padrões. Ogrupo destinava-se a desenvolver uma abordagem

criativa ao design. Teve como inspiração a ArteDéco, a Arte Pop, o estilo kitch dos anos 50 e esti-los futuristas. Foi extinto em 1988, mas influencioumuito o design por todo o mundo e muitas dessasinfluências estão presentes até hoje, como o uso decores fortes e contrastantes em móveis e utensílios eo uso do plástico, que contribuiu para o barateamen-to do design.

Ettore Sottsass morre no dia 31 de dezembro de2007, aos 90 anos de idade, em Milão, em decor-

rência de problemas cardíacos.

tendidas e alcançadas por Sottass e relacionar o modocomo designer pensava a respeito de sua profissão àcriação da tão famosa máquina de escrever.

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Entrevista com Ettore SottsassEttore Sottsass participou de uma entrevista, que

 pode ser encontrada no livro O Desenho Industrial,da série Biblioteca Salvat de Grandes Temas. LivrosGT. A pergunta em questão foi:

“Pode definir-nos que se entende por desenho in-dustrial, qual é a sua origem, sua evolução históricaesua função social e artística? Qual é a responsabili-dade do designer perante a sociedade?”

Sottsass começa a responder com uma analogia. Eleconta a história de um homem na selva iniciando aconstrução de um arco:

Quando o caçador constrói para si mesmo um arco,  pode-se dizer que ele o desenhou. Para resolver o problema de seu arco, ele deve usar uma sequenciade raciocínios (que podem ser chamados design ou

 projeto) misturados com um certo número de ações(que podem ser chamadas construção) para adaptá-loo melhor possível para sua utilização. Depois ele fezo mesmo com a flecha.

Este caçador realizou o projeto, a construção e uti-lizou o próprio produto. Pode-se notar que ele foi odesenhista, o construtor e o consumidor, portanto tiraas próprias conclusões.

Mas a sociedade mudou e um certo dia esse caçador envelhece e resolve fazer arcos para sua descendên-cia e seus amigos caçadores. Com essa ideia surgemnovas divisões de trabalho. Passado um tempo, esse

caçador se esquece da real emoção de uma caçada e,com isso, surgem diferentes linhas de raciocínio:

Pode-se dizer que os arcos desenhados serão basea-dos em caçadas imaginárias, pode se dizer que o caça-dor não consiga transmitir a realidade de uma caçadaao desenhista, fazendo com que o produto não sejacompletamente integrado na aventura global da caça,e assim não irá cumprir a sua função.

Mas por outro lado pode-se dizer que o velho caça-dor dispõe agora de mais tempo e capacidade de con-centração, portanto poderá produzir e construir mel-hores arcos. Assim ocorrerá uma grande mudança na

 profissão “caçador” e o surgimento de uma outra pro-fissão, que é o desenhista-construtor de arcos, já que

o caçador não realiza mais as etapas de construção doarco. O caçador agora poderá se especializar melhor na caçada e o construtor se especializará melhor nodesenho e na construção de arcos.

Com isso Sottsass começa a apresentar as tendên-cias da sociedade. Ele continua a história, mostrandoque o construtor de arcos agora passa a possuir umsegredo, o segredo da experiência para produzir ar-

cos. É como se o designer fosse um mago devido ao privilégio de ser o único capaz de desenhar e construir arcos, por escolha sobrenatural. São agora especialis-tas em fazer arcos.

Mas não existiam apenas especialistas que faziamarcos. Uns faziam espadas, escudos, punhais, outrosfaziam estátuas de deuses e deusas, jóias para decorar essas estátuas, ainda tinham os que faziam móveis,camas, cadeiras, mesas, tapetes e tudo aquilo que

 passou a ser necessário para viver comodamente. To-

dos esses especialistas se chamam artesãos, porquesabiam e sabem da arte de desenhar e construir comas próprias mãos tudo aquilo necessário para trazer o

 bem estar do ser humano. A difusão entre tantas es- pecialidades começou quando se viu que o arco nãoera o único instrumento necessário para sobreviver.Assim os produtos começaram a se multiplicar. As

 pessoas começaram a habitar casas e foi iniciada umagrande aglomeração que originou as cidades.

Esses artesãos tiveram a necessidade de serem pa-

gos para sobreviver porque estavam convencidos deque eram magos e dependendo do quanto eles tinhamse especializado, mais raro é o seu trabalho, portantoseria necessário que eles fossem mais bem pagos. Dequalquer modo que pedissem, muitos desses artesãosnão poderiam ser pagos devido à pobreza da maior 

 parte da população.

Ele acredita que o “jogo” do artesanato para os po- bres era e é breve; sempre foi breve, submisso, mel-ancólico, patético e por vezes comovedor.

Por outro lado, o artesão que produziu produtos paraos ricos, para a casta militar e para a nobreza, assumiuo dever de configurar o poder em sua riqueza.

Essas duas áreas de desenho-produção tinham uma

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distância grande entre elas e cada uma seguia por si enunca se encaravam. As especialidades do povo eramvoltadas para os limites da pobreza. Tinham que sevirar com materiais, técnicas, exigências e linguagens

 pobres. Já os que desenhavam para configurar a im-agem dos poderosos eram bem pagose toda criaçãogirava em torno da idéia da estética, com conceito dequalidade, ou belo. Em outras palavras, pode-se dizer que o belo era cedido em troca de poder.

Hoje em dia, com as máquinas, a existência deartesãos-desenhistas-construtores é quase nula. A má-quina tomou o lugar desses especialistas. Mais um avez houve uma transformação na profissão. Já que amáquina faz o trabalho do artesão, pode-se solucionar 

isso adequando a profissão.

Sabe-se que para elaborar um produto, por mais

simples que ele seja, é necessário que estejam ligadosao projeto diversos especialistas, cada um especial-izado em uma área diferente. E há um tipo de espe-cialista que define a forma, a imagem, a presença, emais em geral, a função de um produto. Esse últimoespecialista pode ser classificado como um desenhis-ta industrial.

Atualmente, até para a área do design existem diver-sos especialistas, isso tudo faz com que os produtossejam cada vez mais precisos e cumpram melhor suas

funções.

Alguns trabalhos de SottsassPela Memphis, Sottsass criou produtos de características bem distintas. Um trabalho

que marcou, foi a Carlton Room Divider, em 1981. Feita de madeira e plástico laminado,tinha como objetivo, atender a um mercado de luxo, mesmo sendo feita com material

 barato. As cores empregadas eram bem vivas, como na maioria dos produtos projetados por ele na Memphis. Também para o grupo, projetou: Beverly Sideboard (1981), DivaMirror (1984), Mimosa Side Table (1984), Ivory Pedestal (1985), entre outros trabalhos

muito interessantes.

A Olivetti, grupo pra quem nosso designer fez a Valentine, produziu outros trabalhostão importantes como a máquina de escrever motivo desta pesquisa. A Praxis 48, de 1964, foi importante para a Olivetti. Tinha características diferentes da Valentine e não era portátil, mas mostrou inovação noverde das teclas. A ‘Summa 19’ Calculator, calculadora preta e verde, e a Elea 9003, ganhadora do prêmioCompasso de Ouro, em 1959, também foram projetos de Sottsass produzidos pela Oliveti.

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Pela Marutomi, do Japão, Ettore fez importantes e distintos trabalhos. Reconhece-se com facilidade umasérie de vasos produzidos em 1997 que marcou sua passagem pela produtora. Entre eles temos: Mirto Vase,Basilico Compote, Tilia Compote e Senape Vase. Todos moldados em resina de fenol.

A Valentine“Chama-se Valentine e foi inventada para ser utilizada em toda a parte, exceto no escritório. A sua finalidade

não é evocar a monotonia das horas de escritório, mas fazer companhia aos poetas amadores, que cortejamas musas ao domingo no campo ou para decorar uma mesa de um estúdio, como objeto de cor viva.” RevistaAbitare (1969). O cartaz de propaganda da Olivetti (que pode ser encontrado após as referências bibliográficasdesta apresentação) exemplifica essa frase.

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 Não se pode dizer que a Valentine seja irreconhecív-el. O clique das suas teclas, o barulho do sino incon-fundível, seu formato compacto e sua aparência levee elegante são algumas peculiaridades da máquina de

escrever produzida por Etore Sottass e Perry King.

É composta, basicamente, por suas principais estru-turas de metal e borracha e por uma caixa envoltóriade plástico ABS. Possui um teclado padrão QWERTYcom teclas de plástico preto com o desenho das le-tras em branco. Existem modelos da Valentine com

teclado padrão belga QZERTY, mais comum paradigitadores, bastante usado na Itália. Basicamente oque muda é a localização da tecla M e a troca entre asteclas Q e Z.

Alguns autores afirmam que a Valentine teve suaforma distinta tendo sido baseada na abordagem ide-ológica dos anos 20, onde se defendia que a forma de-veria subordinar-se à função, onde se valorizaram ascurvas e cores, com o intuito de aumentar as vendas.

A máquina foi produzida em 1969 e logo foi re-conhecida, mas não teve grande sucesso comercial,entretanto seu design foi reconhecido como revolu-cionário para uma máquina de escrever e passou a ser 

um ícone de design do século XX e hoje são itens deamostra para museus de design internacionais.

Ettore foi influenciado pela Arte Pop, e isso ficaclaro no desenho da Valentine, com a caixa de plásti-

co ABS vermelha, brilhante que tornava a máquina bem distinta dos outros equipamentos de escritório daépoca. O design da máquina foi, na verdade, um “re-design” de um produto já existente que logo chamou

a atenção das instituições de design.Atualmente a máquina é um desejável objeto de

coleção. Algumas amostras estão disponíveis à vendaem sites como Ebay. Um modelo está sendo vendido

 por um lance inicial de £155.

Curiosidade - O redesign da Valentine:

Um grupo de estudantes de design fascinados com ainvenção de Sottsass, tentou adaptá-la pra atualidade,

mantendo suas características marcantes. Uma má-quina de escrever poderia ser transformada em algoútil, para ser usado nos dias de hoje, apenas com umaadaptação da tecnologia portátil, por causa da era dig-ital. Foi feito um protótipo do possível produto.

O grupo era composto por estudantes da Universityof Applied Arts, de Viena: Julia Kaisinger, Pia Weit-gasser, Martin Zopf e Tony Weichselbraun. O designfoi elaborado como uma homenagem a Ettore Sott-sass e uma previsão de um “Open Source” Design.teclado QZERTY em uma Valentine

Propaganda da Valentine feita pela Olivetti

 

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ConclusãoA Valentine não foi sucesso de vendas, logo é

 provável que se pense que não tenha tido tanta im- portância para o design. Mas a inovação pretendida por Sottsass foi alcançada. A máquina era tão distinta,tamanha foi a inovação, que não foi tão bem asso-ciada à sua real função, embora tenha sido vista comoluxuosa.

Claro que o principal objetivo era trazer lucros nasvendas com a máquina, mas o que se conseguiu foium item de grande estilo que virou ícone do design efoi um marco para a história da Olivetti.

Segundo a entrevista, Ettore Sottsass deixa claroque na opinião dele, o designer tem o objetivo de criar 

 produtos que deslumbrem com a estética, mas tam-

 bém devem dar a devida importância à função. Isso

 pode ser exemplificado com o fato da Valentine ser luxuosa, mas esse excesso de luxo acabou desviandoa atenção da rela funcionalidade do produto.

Pode-se notar que a Valentine possui característi-cas da Arte Pop, foi produzida em 1969, e encaixacom as tendências seguidas por Sottsass na época.As influências do Movimento antidesign não podemser encontradas na Valentine. Uma prova disso é queo Memphis só foi criado no final do ano 1980. Mas

  podemos afirmar que Ettore já tinha uma linha de

 pensamento bem parecida com a do Grupo Memphis.Se a Valentine tivesse sido criada na década de 80isso poderia ser altamente discutido.

Referências Bibliográficas

BIBLIOTECA SALVAT DOS GRANDES TEMAS-

LIVRO GT O design Industrial. Rio de Janeiro: Sal-vat Editora, 1979

LORENZ, Christopher. A dimensão do design: Vol-ume 1 de Colecção “Design, tecnologia e gestão”.Lisboa: Centro Português de Design, 1991. 175 p.

THE VALENTINE TYPEWRITER – ETTORESOTTSASS FOR OLIVETTI 1960’S Disponível em:<http://theinvisibleagent.wordpress.com/2009/03/21/the-valentine-typewriter-ettore-sottsass-for-olivetti-

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ETTORE RARE + CASE Disponível em: <http://cgi.ebay.co.uk>. Acesso em: 14 Dec. 2009.

PRESSE, Da France. Morre Ettore Sottsass, um dosexpoentes do design italiano. Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em: 31 dez. 2007.

WIKIPEDIA® (Comp.). Keyboard layout. Dis-  ponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Key- board_layout>. Acesso em: 10 Dec. 2009.

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