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Viver com crianças

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De Leonore Bertalot (2001)

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Viver com crianças

autor a : Leonore Ber ta lot

Revisão: A na Potério D iagr amação: Si lvana Montevani I lustr ações Revista Chão & G ente: Luc iana Be tt i I ntr odução: A na Cec íl ia de Ba rros v. O ste rroht

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ÍNDICE

Introdução A própria criança nos ensina a lidar com ela

A criança, ao falar, exercita o pensamento A fantasia infantil prepara o pensar do adulto

Crianças e Borboletas A Borboleta

Castigo e Elogio Crianças Agressivas Onde há crianças, há movimento que dá vida As forças da vida atuam na infância Educar para a vida A humanidade precisa de confiança Bibliografia

INTRODUÇÃO

Para todos aqueles que trabalham ou convivem com crianças é uma grande alegria ter em mãos estes artigos, anteriormente publicados na revista Chão e Gente, agora reunidos em um livro. Leonore Bertalot aborda neles diversos assuntos relativos à infância a partir de uma profunda sensibilidade e um vivo conhecimento das fases evolutivas da criança, frutos de mais de trinta anos de experiência em educação infantil e formação de professores na pedagogia Waldorf. O leitor sensibilizado com a situação atual da infância e em busca de novos caminhos na área da educação, encontrará ideias e inspiração para o trabalho com crianças, seja no âmbito da família ou da escola.

O ser humano vem ao mundo com um infinito potencial de desenvolvimento, necessitando por isso de um período longo de maturação e proteção, que caracterizam o período da infância.

Paul MacLean, autoridade no estudo dos hemisférios cerebrais, após 50 anos de pesquisas concluiu que são três as necessidades básicas, maravilhosas na sua simplicidade, para o saudável desenvolvimento do cérebro de todos os mamíferos: comunicação, nutrição (nurture em inglês, que se relaciona a cuidar física e afetivamente de outro ser) e o brincar. O ser humano, cada vez mais emancipado dos processos da natureza e imerso em tecnologias, vêm privando as crianças progressivamente dessas

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vivências essenciais para o seu desenvolvimento físico, psíquico e espiritual.

No caso da comunicação, os freqüentes distúrbios de linguagem que vêm se manifestando nas crianças já antes da idade escolar relacionam-se ao fato dos adultos dedicarem pouco tempo para o diálogo com elas (segundo pesquisas os pais conversam uma média de 12 minutos por dia com seus filhos!). Ao longo da história da humanidade dois momentos sempre foram cultivados, satisfazendo essa necessidade básica do desenvolvimento infantil: o diálogo ao redor da mesa nas refeições e o contar histórias. A presença massiva da televisão nos lares substituindo o diálogo familiar e o fato de muitas crianças passarem comprovadamente mais tempo diante da tela do que na escola, acarretam um empobrecimento trágico da linguagem, cabendo lembrar que esta é a base para o desenvolvimento do pensar. Como conseqüência, os profes-sores estão se confrontando com severas dificuldades de raciocínio e de pensamento analítico e criativo por parte de crianças e jovens habituados a receberem estímulos auditivos e visuais simultaneamente, tornando-se assim incapazes de criarem imagens internas e de associarem conceitos através de uma atividade própria.

Quanto à segunda necessidade das crianças, de serem nu-tridas, acalentadas e cuidadas com afeto, a natureza pro-gramou para este fim um período de amamentação com a mesma duração da gestação. Esta prática já chegou a ser abandonada em grande parte, mas nos últimos anos, no Brasil, vem sendo retomada graças aos esforços e campanhas de inúmeras iniciativas do terceiro setor.

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Rudolf Steiner, criador da Pedagogia Waldorf, já afirmara há 80 anos, por ocasião de um curso para médicos, que ‚a hu-manidade começaria a perecer no dia em que acreditasse haver criado um alimento superior ao leite materno‛. O que na época parecia improvável e distante, tornou-se rotina, quando massivas e milionárias campanhas publicitárias levaram as pessoas a crer, com o suporte da televisão, que os bebês teriam vantagens ao serem alimentados com leite de vaca em pó, acrescido de vitaminas artificiais, sendo privados desnecessariamente do contato afetuoso, da riqueza de estímulos táteis, da segurança e do calor materno que eles estavam destinados a receber através da amamentação.

A infância vem sendo atacada por todos os lados e a terceira necessidade primordial da criança apontada por MacLean, o brincar, é talvez das três a mais prejudicada: nos pátios na hora do recreio os professores estão às voltas com duas atitudes extremas por parte das crianças: apatia total ou agressividade desmedida. Aonde foram parar as cantigas de roda, as brincadeiras e jogos universais e atemporais, como amarelinha, cobra-cega, corre-cotia, pião, bolinhas de gude, o pedaço de pau que vira cavalinho, o trapo que vira boneca, as brincadeiras de faz- de-conta, etc? O que estamos fazendo com as crianças, privando-as de tempo para brincar e sonhar?

...Que fim levou a infância ??

Os rumos que a humanidade vai tomar no futuro para solucionar os seus problemas dependem dos esforços que empreendermos hoje para compreender e proteger

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a infância. Consciente deste fato, Leonore Bertalot convida-nos a parar e pensar com carinho no futuro das crianças que estão sob os nossos cuidados e também na criança que quer permanecer viva dentro de cada um de nós - valiosa aliada na tarefa de todo educador. Ana Cecília de Barros V. Osterroht Professora Waldorf, co-fundadora da Aliança pela Infância no Brasil

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A PRÓPRIA CRIANÇA NOS ENSINA A LIDAR COM ELA

Com o correr dos anos, a criança cresce e sua relação com os pais e com o mundo ao redor se transforma e passa por várias etapas bem determinadas. Conhecendo-as, aprendemos a atender às suas necessidades.

Conduzida por uma grande sabedoria, a criança no primeiro ano de vida já faz grandes conquistas quando se senta, engatinha e tenta se levantar, assumindo a posição ereta. Sabemos que ela deve fazer estas conquistas na hora em que seu organismo estiver pronto, e sem a interferência do adulto.

Assim como o nenê engatinha e depois se ergue para andar com suas próprias pernas, a alma também assume uma nova relação com o meio ambiente. As perninhas não se cansam de levar o corpinho de lá para cá e de cá para lá. E as mãozinhas? A criança, nesta etapa, logo descobre um segredo escondido na liberdade de movimento dos braços. As pernas assumem a tarefa de carregar o ser humano por toda a vida. Elas estão a seu serviço,

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levando-o pelos caminhos que ele quer traçar. São os fiéis servos do homem.

Já as mãos, liberadas da tarefa de locomoção, podem servi-lo das mais variadas maneiras. Aquelas coisas que a mãe fazia para alimentá-la, vesti-la, penteá-la, etc, a criança agora começa a aprender a fazer por si mesma. Porém, antes ainda, ela descobre como carregar objetos de um lado para o outro, e assim comunicar-se com as pessoas e o espaço ambiental. Ela adora levar talheres, pratinhos e copos da cozinha para a sala, da sala para a cozinha, levar o jornal ou o chinelo para o pai, subir a escada carregando o sapatão do vovô e descê -la novamente com ele, porque o vovô não precisou dele, etc...

E tudo isso ela faz com a maior seriedade e concentração. Não deixa cair a xícara e a coloca sobre o pires certo. Ela não se cansa. A mãe talvez ‚se canse‛ de inventar tantos serviços para satisfazer o entusiasmo de servir, de ajudar, de ouvir o ‚obrigado, querida‛, de solicitar nossa atenção e apreciação. É como se a criança dissesse: - Eu estou tão feliz de descobrir que o ser humano é, feito para trabalhar para os outros, cada um ajudando o outro! Nesse impulso espontâneo da criança de mover-se, existe uma grande sabedoria. Os pais não devem limitá- la, não devem ‚cansar-se‛ de oferecer-lhe todas as oportunidades sensatas para desenvolver suas habilidades motoras. Pois, quanto mais a criança usar e praticar o movimento, especialmente das mãozinhas, tanto melhor poderá desenvolver a próxima etapa, que é a

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fala, o instrumento básico para a comunicação com os outros.

Tendo conquistado a liberdade de se movimentar no espaço, a criança vai descobrindo o espaço humano, a comunicação. De balbuciante se torna tagarela. Sem cansar, ela cantarola sons, fonemas, palavras e versinhos. Pouco a pouco, vai conseguindo elaborar frases e repetir parlendas e estorinhas em rimas e ritmos. Estes versinhos folclóricos, quem não os aprendeu da mãe ou da avó, hoje deve procurá-los nas bibliotecas.

Exemplos: (Olhando os dedinhos): Mindinho, seu vizinho, pai de todos, fura-bolo, mata piolho.

(Brincando com sons): Pompo nêta, pêta pêta, petá peruge; pompo nêta, pêta pêta, petá petrim.

(Estória rimada): Senhora Sant’Ana passou por aqui, com seu cavalinho comendo capim. Deram-lhe pão, disse que não; deram- lhe vinho, disse que sim.

O instinto materno popular criou estes versinhos e estas brincadeiras lingüísticas para ajudar o filho a se entrosar, como que sonhando, através de rimas e ritmos, com a maravilhosa faculdade humana que é a linguagem. O aprendizado da fala ocorre com a mesma naturalidade que o crescimento, o processo digestivo e o eterno

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movimento das perninhas, apenas com uma diferença: Para aprender a falar, é necessário que as pessoas ao redor da criança conversem, cantem, recitem muito com ela. É imitando os sons, as palavras e frases da língua, que se forma o aparelho da fala.

O andar é um movimento rítmico, repetido. Da mesma forma, o falar se produz por uma eterna repetição dos fonemas e frases ouvidos. Não é bom para a criança quando nós imitamos a sua linguagem infantil. Devemos articular corretamente os fonemas para que ela aprenda, imitando-nos. E devemos lembrar o que toda mãe experimenta: o canto acalma a criança. Quando ela está nervosa, cansada, não fale com ela, cante; diga-lhe cantando a mensagem ou estorinha, assim: -Lá, lá, lá, lá, o coelhinho volta já, para a toca da Tatá, etc.

A seqüência se repete: Mamãe - Papai - Tatá - Tatá - quer - nanar - papar - Tatá - dodói, e assim por diante, até chegar ao eu quero - não quero, e, depois, ao Mãe, eu quero ir com Sérgio!

A palavra eu, como foi usada na última frase, mostra uma primeira experiência importante de autoconsciência, que ocorre por volta do terceiro aniversário. É precedida e acompanhada por uma fase de ‚birra‛, de aparente agressão contra o meio ambiente.

A criança, nesta fase, costuma enfrentar -nos com palavras como burro, bobo, feio, sai! sai daí!, etc., e mostra a língua como resposta às pessoas que querem se aproximar dela.

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Também aí se expressa a sabedoria da natureza humana. Para perceber o outro como alguém diferente dela mesma, ela precisa da experiência da oposição.

- Eu quero ir com Sérgio.- Enquanto dizia: - Tatá quer-, ela se sentia parte de um todo de seres e coisas com nomes: mãe, pai, mesa, água, etc. Já agora: -Eu quero ir com ... - expressa a experiência de um ser único, diferente. -Eu com Sérgio. -Eu com alguém. - Eu! Esta palavrinha ela não aprende a usar neste sentido por imitação; surge de dentro dela, quando ocorre uma primeira sensação de distanciamento entre o mundo interior da própria alma e o mundo exterior.

A fase de oposição dá lugar a outra de muito carinho e abertura para todos. É só ter paciência e alegrar -se com cada sinal de progresso no desenvolvimento. Com muita alegria e animação, a criança dança, corre e pula com suas perninhas que, à medida em que ela pratica, se tornam fortes, ágeis e seguras. Assim também, ao falar e cantar, ela dança, corre e pula com suas cordas vocais, seus músculos bucais, sua língua e seus lábios. Realmente, quem dança é a alma da criança. As perninhas e o aparelho fonador são apenas os instrumentos a seu serviço.

Na continuação, veremos como o pensamento também se forma cantando, correndo e dançando, na medida em que a linguagem dá estrutura à imaginação e à fantasia.

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A criança, ao falar, exercita o pensamento

Para usar a fala como instrumento de comunicação e expressão do pensamento, o homem passa por um longo processo, que se realiza durante a infância e que continua durante a adolescência e a juventude. Esta capacidade maravilhosa será formada, de maneira mais ou menos

elaborada, conforme as oportunidades oferecidas pelo meio ambiente, mas sempre terá o cunho característico de cada pessoa.

Cada ser humano representa em si um grande mistério. Da primeira à última respiração ele possui um corpo vivo e uma alma, por assim dizer, colorida, que, ora se esconde como por trás de um véu, ora se expressa de mil maneiras diferentes. Assim, o jeito de andar, de pisar no chão, de mexer os dedinhos, o tom da voz e a forma de articular as palavras, tudo isso revela a pessoa que, desse modo, torna transparente o véu que a esconde.

A nossa linguagem não é algo mecânico, uniforme ou estável. Um formidável artista parece estar brincando, ao inspirar as falas e as diversas línguas e sotaques regionais, e ele se manifesta nas crianças que brincam com as palavras e inventam outras tantas expressões e se divertem por horas repetindo variações de uma mesma palavra. Isto ocorre como um primeiro acordar do pensamento, ainda de forma balbuciante.

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Pulando, cantando e falando sem refletir, a criança exercita o pensar, da mesma forma que antes, ao movimentar os membros, exercitava o aparelho da fala.

Eis alguns exemplos:

Em janeiro, mês de chuvas, a família passeia com as botas novas. As duas filhas repetem, encantadas, dezenas de vezes, a frase: - Papai tem botona, mamãe tem bota, as meninas têm botinha.

Bota, botona, botinha - um mundo de tamanhos e sensações diferentes. Vivenciei um exemplo de criatividade de expressão quando a menina de três a quatro anos, vendo o ‚fusquinha‛ do avô coberto por um grande embrulho, exclamou: - Mãe, o vovô chegou com um encimão!

Tudo, o embrulho e o carro, fica reunido nesta palavra sugestiva, despertada pela fantasia e pela vontade de comunicar a emoção que teve, ao ver o carro, tão espe rado, chegar bastante crescido.

Com o despertar da consciência, novas formas linguísticas são assimiladas e usadas instintivamente. Expressões especiais são percebidas, saboreadas e até transformadas.

Eis um exemplo: a mãe está cozinhando e as meninas: - Mamãe está na coza. Noutro dia: - A gala botou um ovo. E, ainda: - Vamos visitar a madra.

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A mãe me disse: - As meninas têm um jeito tão esquisi- to de falar, dizem coza, gala, madra, e depois acrescen- tam zinho a toda palavra que lhes ocorra.

Seria desejável que um pouco desta habilidade criativa se conservasse e não morresse com o despertar da razão, do intelecto. Os poetas desenvolvem este instinto e o transformam em arte.

A fantasia infantil prepara o pensar do adulto

A espontaneidade, a abnegação descomprometida em relação a tudo o que faz, a tudo que vem ao seu encontro, a pureza na expressão de satisfação e de desgosto, a inocência com que enfrenta tudo, são qualidades

que dão à criança pequena uma auréola paradisíaca, angelical. Dizemos: ela é pura, sincera, não consegue enganar. Por quê? E por que ela perde tudo isso e se torna envergonhada, sorrateira, fechada, cética? A infinita confiança com que se entrega ao nosso cuidado se transforma em desconfiança, em crítica.

É só observar o desvendar da personalidade autoconsciente, para compreender alguns dos mistérios da natureza humana. A naturalidade, a sinceridade de expressão, a espontaneidade

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da criança vão diminuindo à medida em que crescem a reflexão, o raciocínio, o intelecto. A criança se torna cada vez mais consciente de si mesma e da diferença entre ela e os outros.

Ela vai formando o seu próprio mundo interior e este, crescendo, se torna a base de sua expressão pelo mundo afora. Se antes ela reagia e se expressava respondendo aos estímulos, agora, chegando à puberdade, ela valoriza os estímulos e os impulsos que surgem do seu próprio ser. Porém, esta inversão ocorre gradualmente e o processo cria insegurança, o sentimento da vergonha, pois no íntimo todos temos o ideal da nossa origem pura e perfeita, única.

O desenvolvimento da capacidade de julgar racionalmente diminui a espontaneidade de expressão. Com o acordar do intelecto, surgem a dúvida, o questionamento, o espírito crítico, que bloqueiam os impulsos inatos.

Tudo isso é um processo necessário na transformação da criança em adulto, que pensa e julga seus atos e integra-se com autoconsciência na comunidade humana. Como pensará e julgará, no futuro, a criança que hoje vemos brincando com tanta intensidade com apenas um toquinho de galho, ou cantarolando enquanto toma um banho de lama na beira da lagoa ou, ainda, palidazinha, chupando o dedo quieta no seu cantinho, porque não pode se sujar?

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Podemos ver que há uma coerência na seqüência, que começa quando o nenê se ergue e começa a andar e, a partir da liberdade adquirida na locomoção, desenvolve a fala e, a partir desta, o pensar.

Até os cinco ou seis anos, o pensar e o agir são uma coisa só. A criança vai transformando com as mãos objetos maleáveis como o barro, a cera, a areia, pedaços de pano e depois diz em que eles se transformaram; quanto aos objetos não maleáveis, ela transforma com a imaginação rica em fantasia: o toquinho é um nenê que dorme, que chora, que precisa ser embalado, depois é um cavalinho, um cachorro ou carrinho e ainda pode ser a mamadeira para um nenê.

Este pensar com as mãos, com o coração, com a imaginação, é fruto da fantasia, uma força que modela, plasma, forma e transforma, cria e inventa. É como força sábia que plasma e forma os órgãos do nosso corpo. Quanto mais a fantasia é estimulada, tanto mais criativa se tornará. A fantasia e a imaginação representam o esteio do pensar do adulto, assim como a alimentação sadia fundamenta a saúde futura.

Refletir, opinar, explicar racionalmente, tudo isso per - tence ao adulto. Para sermos entendidos pela criança, devemos agir, fazer, dar exemplo, mostrar, e não explicar. Brinquedos simples despertam a fantasia, ao passo que os complicados e que fazem tudo por ela a coíbem. Sermões com longas considerações nos afastam do mundo dela, ao passo que histórias, imagens, exemplos práticos são assimilados pela alma infantil. Gente que faz, pessoas atuantes, estimulam o interesse e a imaginação da criança.

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Pessoas que só conversam e não atuam são chatas. Assim, o jardineiro que cuida das plantas e limpa os canteiros é uma pessoa bem mais interessante e compreensível do que o papai escondido atrás do jornal. Este, a criança cutuca, perturba ou evita. O pai se torna presente quando a convida para ajudar a consertar o portão ou lavar o carro.

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CRIANÇAS E

BORBOLETAS

No último capítulo, mencionamos que o pai ativo, arrumando, consertando o necessário, desperta o interesse do filho pequeno, e não aquele pai que vive descansando, lendo o jornal.

Porém, a mãe ou o pai que saiba contar histórias, estará alimentando a alma da criança de uma forma toda especial. O prazer da criança ouvindo histórias com imagens ricas pode ser comparado ao que sente o nenê quando se alimenta do leite materno. Como estamos na época em que a cristandade comemora a morte e ressurreição do Senhor, quero oferecer aos pais uma história que fala deste grande mistério, mas em forma de imagem que a criança pode entender. A história é do autor suíço Jakob Streit e a tradução é minha.

A Borboleta

‚ Havia uma vez uma borboleta que voava com asas cansadas sobre um prado. Uma fria garoa pingava do céu, molhando-lhe a veste colorida. Sentiu suas asas pesadas e pousou entre as folhas da grama. O pó de suas asas tinha sido levado pela água. Por mais de uma vez ela tentou levantar vôo, mas sem sucesso.

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Mais tarde , foi até uma plantinha de folhas largas e, debaixo de uma delas, depositou alguns ovinhos branquinhos, bem pequenininhos. Como as asas fracas já não a carregavam, ela as dobrou e ficou quieta, sonhando com flores c com raios de sol. Veio a chuva e a borboleta morreu com o vento frio do anoitecer. Os ovinhos que foram colocados no coração quente da Mãe Terra foram bem cuidados. De dia, o sol lhes enviava seu calor e, à noite, o calor da terra os envolvia. A folha larga os protegia da chuva. A luz da vida da velha borboleta havia se apagado; porém, em cada ovinho que ela havia botado, brilhava uma faísca de vida. Depois de alguns dias, algo começou a se mexer dentro da pele delicada e um raio de sol que brincava com a folha, percebendo a nova vida nos ovinhos, chamou: -Venha para fora, venha para fora! - O ovinho se mexeu, a pele rasgou e saiu uma pequena lagarta, amarelinha, de pele sedosa e com umas pintinhas escuras. Arrastou-se até uma folha verde, que se tornou seu jardim, sua mesa, sua casa. Ela gostou de beliscar as bordas da folha e, quando esta já estava esburacada, o raio de sol lhe cantou: - Continue a ir pelo verde mundo.- E, assim, a lagartinha foi rastejando de planta em planta e, depois de umas semanas, já era uma lagarta grande, com pelinhos nas costas. O verão estava chegando ao fim e o vento do outono trouxe dias frescos. Então, o raio de sol disse para a lagarta: - Procure um lugar quieto, um quartinho para descansar. Entre pedras e folhas, vagarosa, a lagarta desceu para se entregar à Mãe Terra. A escuridão a assustou e ela

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cochichou: - Mãe Terra, acolhei-me! O sol mandou-me abandonar o mundo verde. - E, do fundo, surgiu a voz consoladora da Mãe Terra: - Não fique triste por haver perdido o mundo verde, minha filha, o raio de sol lhe deu um bom conselho. Fique comigo, tire essa veste encolhida e velha. Durma, querida, as minhas fadas querem tecer lindos sonhos para você. Quando a lagarta abandonou sua veste, teve uma sensação estranha. Sua pele endureceu. Ela se sentiu presa, tinha medo de morrer asfixiada e queria chamar por socorro. Mas já tinha caído num sono profundo como a morte. A sua pele se tornou um caixão duro, lenhoso. Enquanto passava o inverno e no céu da noite choviam estrelas cadentes, aconteceu um milagre no casulo da lagarta. Com mãos misteriosas, as fadas teceram uma veste celestial no túmulo escuro. Teceram o brilho das estrelas e as cores escuras do arco-íris nos delicados fios da roupa nova. Com a primavera, a terra esquentou e nos campos o sol abriu as flores para a luz. O casulo na terra se abriu. Do túmulo da lagarta acordou uma borboleta. Com passo leve, saiu entre as pedras em direção à luz que cantava: - Venha conosco, venha conosco! - Era o canto das flores. Elas estavam pedindo ao sol: - Oh, sol, como gostaríamos de voar também e criar um jardim celestial entre os seus raios! - Disse, então, o raio de sol: - Eu devo viajar por mares e terra. Esperem um pouco e virá até vocês o meu pássaro, que lhes contará sobre as estrelas e o arco-íris.

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Neste momento, a borboleta se levantou da pedra para o ar, voou até as flores e se tornou a sua mais querida irmã.‛ Com esta história, temos um exemplo de como um conteúdo profundo, o da Morte e Ressurreição de Cristo, comemoradas na época da Páscoa , pode alimentar a alma da criança na linguagem de uma fábula, de uma história como a da borboleta, em que seres da natureza se comunicam na linguagem que as crianças entendem. E não existe exemplo mais bonito da transformação da vida do que o processo da lagarta de se encolher, adormecer, morrer, para ressurgir como um sonho colorido, como um mensageiro voador do Sol e das cores do arco-íris.

Não é fantástica a imagem das borboletas que se desprendem do casulo seco, abrem suas belas asas, delicadamente trabalhadas, e, numa dança louca de cores, envolvem o mundo das flores, que parecem ser suas irmãs, porém presas pelas raízes no solo da terra?

Esta mesma imagem serve também para expressar o que acontece com o espírito humano, com a personalidade. Presa num corpo que precisa alimentar-se - a ‚lagarta‛ - e que se envolve e encobre de tudo que a forma - o ‚casulo‛ - ela deve escolher as cores e preparar as asas neste mundo escuro da matéria, da civilização agitada, insegura, competitiva, para um vôo colorido ao encontro do que floresce como espírito em cada época da História.

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Como na formação do casulo e no preparo da borboleta atuam as sábias forças cósmicas, estas também estão atuantes nas fases evolutivas do ser humano em formação. E como todo o meio ambiente natural da planta - terra, água, ar, calor e luz - deve oferecer-lhe as condições adequadas para que floresça e dê frutos, assim o meio ambiente humano, a educação, deve oferecer as condições para que a ‚borboleta- pessoa‛ tenha a chance de fazer com que suas asas coloridas brilhem.

Como já vimos anteriormente, a criança traz consigo muitas cores, fantasia, imaginação, espontaneidade, uma alegria que canta e dança e uma confiança imensurável no mundo e em nós.

À medida que cresce, ela perde confiança, cria medos, vergonha, insegurança. Começa a mentir, a fugir das responsabilidades, se enche de ‚guloseimas‛, ‚pega‛ objetos que não lhe pertencem, agride e nega tudo o que poderia diminuir a nossa estima, a imagem que temos dela. Isola-se dos outros ou, ao contrário, desgasta-se no contato e na farra com colegas e ‚turmas‛.

Como devemos agir? Existem crises evolutivas passageiras em que aparecem tais sintomas. É bom conhecê-las, e também os temperamentos e as outras características individuais de cada filho, aluno, para compreendê-los melhor.

Em todos os casos devemos refletir bastante sobre a causa desses comportamentos, que, quando se tornam hábitos, são devidos, na maior parte, ao meio ambiente inadequado.

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Educadores muito autoritários, duros e sem humor, que, sem investigar as causas castigam a criança por uma aparente mentira, por ter desobedecido ou quebrado um objeto, etc., aumentarão a insegurança, o medo do castigo, a vergonha por não ser ‚perfeita‛ aos olhos dos outros. Ela se sentirá culpada, ferida lá no fundo da sua alma, e se acostumará a esconder esta dor e sua má consciência com todo tipo de comportamento afetivo ou negativo.

Por outro lado, um meio ambiente inseguro, desestruturado e que não sabe colocar limites e referências claras, e que exagera em mimos e proteção, causa melindres, revoltas, fraquezas e contestações, que poderiam ser evitados ou curados.

Devemos descobrir as dores, as lesões que existem no íntimo da alma, e encontrar as medidas e os remédios. E, concluindo: iniciar ou reforçar a nossa auto-educação e limpar as nossas asas coloridas!

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CASTIGO E ELOGIO

A palavra castigo exige reflexão. Não gosto de usá-la quando se trata de educar crianças. O homem é um ser que aprende com os seus erros, com as experiências e as consequências que os seus atos acarretam.

A criança cresce imitando, espelhando as experiências, as habilidades, os hábitos do seu meio. Ela realiza as suas experiências próprias: o fogo queima, a chama é quente, certos objetos quebram ao cair, outros cortam; a terra, o suco de frutas, chocolate, etc., mancham, sujam a roupa; os galhos finos das árvores quebram; existem coisas ‚proibidas‛, provocando que os grandes gritem, se assustem, ou façam longos discursos, ou batam na criança que as toca, ou as come, ou as investiga etc. A tarefa dos adultos é a de proteger o corpo e a alma da criança nos casos de grandes perigos e, no restante, guiar, acompanhar o menor nas experiências que a vida lhe oferece.

A criança pequena não erra, não atua por maldade.

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Errar só pode quem sabe, mau só é quem conhece e sabe julgar entre o bem c o mal. Não se trata, por isso, de castigar a criança, mas, sim, de ajudá-la a formar impulsos bons a partir de cada experiência.

Quebrou o vidro da janela? Ou a xícara preciosa da avó? O barulho, os cacos espalhados, a cara consternada ou triste dos grandes assustam a criança, fazem-na sentir com muita evidência a conseqüência do seu ato, premeditado ou não. Algumas recebem um grande choque e se este é aumentado por exclamações ou agressões físicas (que só são um desabafo da nossa emoção), a experiência é traumatizante e, não, pedagógica. A criança ‚roubou‛ e ‚mentiu‛. Para que serve um castigo, tapas, ou fechar no quarto, ou mesmo sermões insinuando que a criança pode ser rejeitada, marginalizada, até presa por tais atos? O ato deve ser analisado e julgado, nunca a criança.

Pegar coisas e dizer ‚não fui eu‛ não é ato de roubo e mentira na criança até 9-10 anos, nem defeito caracterológico do pré-adolescente, mas imaturidade ou conseqüência de atitudes incorretas do meio.

O comportamento difícil da criança é um alerta para adultos em seu meio, especialmente para os pais e educadores. Falta de respeito, agressividade, sensibilidade exagerada podem ser sinais de carências várias: falta de amor, de interesse e de atenção às suas necessidades, atitudes rígidas demais ou negligência dos que devem dar o exemplo.

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Em vez de ‚castigar‛, prefiro usar a palavra recuperar ou consertar. Devemos ‚ensinar‛ como consertar estragos físicos ou psíquicos que causamos aos colegas, aos pais, à natureza etc.

O bom exemplo é um ato de educar bem mais eficiente que qualquer castigo.

Ser repreendido por uma pessoa que amamos muito, é doloroso, constrangedor. Nós nos sentimos envergonhados, achamos que somos ruins, que não merecemos conviver com as pessoas que respeitamos.

Por outro lado, quando a pessoa amada nos elogia, a sensação é de felicidade profunda, sentimos um calor que nos permeia e um impulso de querer crescer e ficar sempre melhor.

Quem não conhece tais sentimentos? Dos dois podemos aprender algo para a vida.

O ser humano aprende e cresce como pessoa através das experiências que realiza. Uma reação de ira, como desabafo do adulto em resposta a um ato insensato do filho, não deixa de ser uma experiência esclarecedora sobre causa e efeito dos nossos atos, mas o efeito que produz na alma da criança não é o de fomentar a autoconfiança e a confiança no adulto, é o de fazê-la sentir-se tolhida, repelida.

Quando o ato da criança exige uma correção, esta será tanto melhor se, ao corrigir, também se criem nela os impulsos necessários para crescer e melhorar.

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Quando a correção precisa seguir logo o ato incorreto, respire dez vezes para poder agir com calma. Quando nossa reação não pode ou não precisa ser imediata, é bom preparar a conversa que iremos ter, talvez só à noite ou no dia seguinte, ou ainda no fim de semana. Estudar, então, junto com a criança, como pode ser consertado ou reposto o que foi estragado; isto ajuda a querer crescer. Com crianças menores não serve muito conversar sobre o valor ou o perigo do que elas fizeram. Melhor é contar-lhes uma história em que alguém repara ou vence a fraqueza que causou o problema. Então a criança se identifica com o herói da história que saiu vitorioso e passa a querer ser como ele.

É verdade que às vezes um tapa é melhor do que nenhuma reação do pai, na hora em que o ato da criança exige uma reprovação. Porém, a agressão física, no melhor dos casos, é apenas uma muleta, uma substituição, por não nos ocorrer nada melhor. É nosso dever de adulto realizar um trabalho em nós mesmos, que nos possibilite aplicar correções mais construtivas.

E o elogio deve ser autêntico, deve ser merecido, senão tem o efeito contrário, só alimenta uma falsa auto- estima. Também a forma como elogiamos deve ter um efeito na alma da criança, que lhe infunda o desejo de crescer e melhorar sempre.

A criança cresce ao nosso lado. Se ela percebe que nós também crescemos em acertos e autodomínio e que a

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ajudamos a consertar e corrigir o que ainda não foi certo, isto a encoraja a querer melhorar. Assim se cria um clima de confiança adequada para que sua alma possa desabrochar em toda a sua plenitude.

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Crianças Agressivas

Crianças inseguras são tímidas e preferem esconder-se a enfrentar um desafio ou qualquer situação desconhecida. Já aquelas chamadas ‚agressivas‛ reagem nervosas a todo obstáculo que se opõe a seus impulsos fortes e descontrolados.

Essas crianças são ‚auto-ativas‛, conscientes de si próprias, orgulhosas e facilmente irritadas. A sua aparente segurança e autoconfiança pode esconder uma carência, seja de calor de ninho, de ritmos na alimentação ou no dormir e acordar, e ainda de limites que proporcionem segurança e sirvam como pontos de referência. Assim como a mãe é, geralmente, o primeiro ponto em que a criança pequena se apoia e confia, assim os hábitos do dia-a-dia, as refeições que se seguem num ritmo regular, a higiene e os encontros familiares representam para ela indicadores, fatos amigos que sempre retornam. O organismo infantil se acostuma a esses ritmos que transmitem uma sensação de confiança e calma à alma sensível do pequeno ser que precisa orientar -se na vida dos seres humanos aqui na Terra. Um ambiente agitado e barulhento, o que é bastante comum em nossas cidades, causa irritabilidade e agitação.

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O sistema nervoso da criança ainda está muito delicado, está em período de formação. No caso da criança hipersensível, é natural que ela se torne irrequieta e irritadiça, pois não sabe se defender contra tantas impressões.

Também é bom lembrar que o organismo da criança é como um espelho, é como um olho que reproduz o que vê. Gestos e palavras agressivas penetram fundo no organismo e formam o caráter, os hábitos.

O que podemos fazer?

Envolver essas crianças com muito carinho. Lembrar que ainda não estão em condição de dominar seus impulsos e instintos; que não é o seu verdadeiro ser que agride; que nestes casos a agressão é uma forma de chamar a atenção, um pedido de socorro. O nosso amor, a nossa oração em seu favor, a nossa paciência para com os ataques devem criar em nós a calma necessária para lidar com elas. Se a agressão delas é reflexo do meio ambiente, pelo menos em boa parte, então, a calma carinhosa do educador também poderá refletir -se no comportamento dos educandos. A nossa confiança neles transmite segurança e ajuda a fazer aflorar em seu íntimo sentimentos afetivos para com o meio ambiente.

E, só resta tentar aplicar o que é óbvio. Cuidar do ritmo no dia -a-dia, colocar os limites possíveis e necessários. Tentar evitar os ataques, inventando alguma distração, como, por exemplo, sugerir: - Vamos fazer um tapetinho para a mesa do telefone? Preciso que você me ajude a descascar as batatas. Vamos chupar uma laranja. Vamos ver se o gatinho do vizinho já deu cria, etc.

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Não há tempo para tais atividades? E o tempo que se perde durante o ataque, e depois, para juntar os cacos?

Em nosso programa diário é importante incluir momentos de dedicação exclusiva aos nossos filhos. Pode ser na hora de deitar, com uma história, por exemplo. Mas também é muito bom quando, durante o dia, uma criança tem toda nossa atenção e recebe elogios porque está lavando a louça ou aprontando a mesa. Com isto, ela adquire habilidades sociais, e a nossa atenção não reforça o egocentrismo que já costuma ser bastante expressivo nas crianças agressivas. Sempre é bom verificar se a criança está sendo alimentada de forma adequada. Em todo caso, devem ser evitados exageros com doces, feijão, ovos, etc. Na revista Chão & Gente, publicada pelo Instituto Elo, saíram vários artigos bem instrutivos sobre o assunto.

À criança agressiva é imatura socialmente; ela é vítima da insegurança e confusão proporcionadas pela nossa civilização e merece que o meio ambiente a ajude a se encontrar corretamente na comunidade humana. O que a família não pode dar, deve vir do interesse altruísta de outros. Por isso a escola tem uma tarefa toda especial, colaborando com a educação em geral.

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A televisão não substitui a carência de atenção e carinho. Ela só aumenta os problemas da criança, debilitando ainda mais a autodefesa, e, muitas cenas, nos programas, têm a característica de explorar, por exemplo, o instinto da agressividade.

Uma avó que goste de contar histórias folclóricas, contos de fada, pode oferecer o melhor remédio para qualquer criança, carente ou não. Vale tanto como o leite materno, amamenta a alma. E uma dica: quanto mais vezes recontar a mesma estória, maior será o efeito tranqüilizador para a agitação e a hiperatividade desgastante.

A propósito, recomendamos esse procedimento para a vovó Edwiges, que pediu orientação sobre o tema aqui tratado: o netinho dela talvez gostasse de ouvir muitas, muitas e mais vezes a história dos- três porquinhos, que construíram cada um uma casinha para si. Um usou um

monte de palha, outros gravetos e galhos, e o último a ter sua casa pronta, feita de pedras, viveu feliz e tranqüi- lo, porque o vento não a destruiu e o lobo não invadiu o seu lar aconchegante

e bem protegido. O fim da história poderia ser que

esse porquinho fosse convidar seus coleguinhas menos afortunados a morar com ele, ou algo assim.

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ONDE HÁ CRIANÇA, HÁ MOVIMENTO QUE DÁ VIDA.

A atividade principal do Homem é crescer, transformar, construir.

A criança vem de um reino vivo, onde não há morte. Ela é energia vital; transmite vida pela força da fantasia.

Bom dia !...

As crianças do maternal, de 2 a 3 anos, estão no ‚play- ground‛: tudo é movimento, é trabalho sério, executado na maior concentração.

Dão-se ares de quem sabe o que está fazendo. Agora reina silêncio, e logo dois ou três tagarelam sem preocupação se há ou não ouvintes.

O adulto perplexo pára, olha, observa esta atividade compenetrada, isolada, vê este, aquele outro, o conjunto. Neste momento não há briga por objetos. Algumas crianças estão brincando na quadra de areia. Uma delas passa a pazinha a afundar na areia, para levantá -la e, com muito cuidado, esvaziá-la vagarosamente, de maneira que cada grãozinho brilhe no sol suave da manhã de inverno. Ela não percebe os outros que cavam e enchem baldes ou simplesmente batem

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com as mãozinhas para aplainar e alisar irregularidades do amontoado arenoso. É a calma em movimento. Da sala chega mais alguém. Vem correndo, pára um pouco e olha ao redor, com ar de quem procura uma situação propícia; fala algumas palavras, vira e volta em direção à sala. Levanta e, cônscio da importância do que viu, corre mais rápido para informar a ‚Tia‛

- Tem bichinho morto na grama! Vários coleguinhas , ao ouvirem esta notícia, correm para ver e pegar o besouro preto, que já não se move, está morto.

Uma ‚maiorzinha‛ da classe do ‚jardim‛ declara:

- Devemos fazer um enterro.

Começa uma atividade determinada pela ocorrência. O menino da pazinha é assaltado pelos colegas:

- Dá a pá para fazer o enterro !

O buraco é cavado, o besouro é envolto numa folhina e logo é coberto pela terra. Muitas mãozinhas ajudam. O assunto é resolvido, estão satisfeitos. Um pequeno curioso pergunta:

- Por que estava morto esse bicho?

- Porque já não sabia mais mexer as pernas e nem as asas. Daí, morreu e pronto! - é a resposta lacônica da menina

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‚grande‛, que propôs o enterro.

Numa das salas ficaram três crianças muito preocupadas com a boneca Marisa, que está com dor de barriga e muita febre. Ela vomitou e está chorando muito, porque o médico deu uma injeção. Marisa é uma boneca de pano, um pouco gasta, tem dois pontinhos no rosto indicando olhos e um traço horizontal curtinho como boca.

A mãe dela disse de repente:

-Marisa já sarou, está rindo, quer comer.

O pauzinho que já foi seringa, agora é colher para preparar a sopinha.

A Marisa dança, pula, bate palmas, abre a boca para comer...

Mais trabalho! Todas as bonecas estão com fome!...

Outra ‚maiorzinha‛, carregando uma cesta com galhinhos, diz:

- Quer comprar cenoura?

- Quero, diz a tia, me dá um maço.

Uns tapinhas na mãozinha resolvem o pagamento e agora as bonecas irão aprender a comer cenoura crua, que faz bem para os dentes.

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E logo todas as crianças entram. É hora da estória, do recolhimento.

Nesta época, a estória vem depois do ‚brincar livre‛. Quem chamou?

As crianças foram entrando, seguindo seu relogio interior etérico, que o hábito criou. Também ficaram prontas para o lanche na hora acostumada, assim como os passarinhos se recolhem para dormir, quando o ocaso fecha a tarde ensolarada.

A forma diária de atividades, o ‚horário‛, resulta do movimento rítmico vivo de diferentes atividades, repetidas diariamente na mesma seqüência, harmonizando o grupo de crianças. Os brinquedos estão guardados, ficam imóveis como matéria morta e conceitos formados e prontos. A areia endureceu no ponto em que as mãozinhas (e pezinhos) a deixaram. Estas agora também descansam, quando as crianças se sentam e com sua alma penetram nos contos mágicos cheios da vida em movimento. A boneca Marisa está no carrinho. Ela é só um amontoado de panos arrumados à semelhança de um ser humano. Já não é capaz de chorar ou sorrir ou comer, e não sente dor de barriga. Ela apenas é a forma final de uma imagem que alguém produziu e nada mais.

Fim do dia:

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Durante algumas horas, os toquinhos e a areia, os pauzinhos e pazinhas, os panos coloridos c os panos formando bonecas, os anões ou os bichos sem muitos detalhes, foram instrumentos que viviam pela magia da imaginação infantil. Agora são objetos sem vida, esperando ressuscitar com um toque mágico da fantasia criativa do jovem ser humano.

Até amanhã!..

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vimos como o movimento é a fonte de vida da criança pequena e como ele se mani-festa em ação, alimentado pelas circunstâncias externas e pela fantasia que brota da alma. Vimos como a criança

AS FORÇAS DA VIDA ATUAM NA INFÂNCIA.

No capítulo anterior,

‚dá ‚ vida, põe movimento no que é morto ou imóvel.

A criança apreende, constrói seu conhecimento por meio da ação do corpo, de forma sensata, quando imita o que vivência ao seu redor. Ela apreende da vida de maneira direta, porque ‚sabe‛ imitar.

Como entender isto?

Nos primeiros anos de vida, a criança precisa de um ponto de referência interior próprio. Mesmo quando diz ‚eu ‚, referindo-se a si mesma, ela tem uma sensação semelhante à que teria um dedo da mão se pudesse falar, sentindo-se parte do todo da pessoa à qual pertence.

Pois a criança se vivência como alguém que é também o ‚todo‛ ao seu redor. E esta sensação pode ser um pólo

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seguro quando esse ‚todo‛ é o calor da mãe, o lar, o pátio ou jardim, a rua, o bairro, etc. A relação com esse mundo ainda não se realiza por meio do raciocínio, da reflexão e da reação consciente.

Sendo o ‚todo‛ o ponto de referência, a verdadeira experiência do ‚eu sou‛ é mais um ‚nós somos‛. Por isso a criança faz o que nós fazemos, imita inconscientemente o que fazem as ‚outras partes do todo‛. Isto não deixa de ser fantástico, maravilhoso! O ser humano nasce sobre a Terra, vindo de um mundo onde espaço e tempo não existem, onde tudo permeia tudo, e tudo é intemporal, eterno. Para o ser espiritual que se nomeia Eu (o Eu em Deus), este nosso mundo material é algo bem estranho e somente passo a passo aprendemos a usar nossos membros e nossa cabeça de acordo com as leis que regem a matéria. Outras leis regem o reino da alma e são estas que atuam no inconsciente da pequena criança, de forma que ela se identifique com os sentimentos, os pensamentos e as atividades da pessoas em seu ambiente. E ainda ela não diferencia os reinos animal, vegetal e mineral, tudo é vida. São as forças da vida opostas às forças da morte. E, graças ao interagir das duas forças, o aprendizado para a vida na terra se efetiva na primeira fase da vida, até mais ou menos a troca dos dentes, por meio do dom da imitação, da total entrega e confiança no agir dos próximos.

É bom refletir sobre isto, como pais e educadores. Diante deste fato tão grandioso, parece-nos indicado fazer uma revisão do nosso comportamento diante e em torno das crianças delas, e por amor a elas fazer uso

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destas mesmas forças da alma para, conscientemente, aprimorar nossa auto-educação, o controle sobre o nosso pensar, sentir e agir. Isto, para que a nova geração possa crescer acreditando em nosso ideal de servir ao progresso humano pleno.

A capacidade de se relacionar com o mundo por meio do instinto da imitação se perde no fim do primeiro setênio e se transforma num sentimento de admiração e veneração pelo que fazem ‚os grandes‛, que é preciso apreender. A escola , o educador, tornam-se o novo ponto de referência em que se apoiar. Agora a criança está madura para receber um ensino dirigido. A força que anteriormente a fazia crescer e imitar agora vai se transformando em capacidade de representar e recordar. A pessoa é vivenciada por ela como um indivíduo e o seu próprio interior como algo diferente dos outros, porém ainda como num sonho (semi-consciente). Esta transformação ocorre entre os 6 e os 9 anos.

Seguem alguns exemplos que ilustram um momento desta transformação.

A filhinha da violinista, que até então vinha tocando alegremente no seu pequeno violino, imitando a mãe, disse de repente: - ‚Mãe , eu não sei tocar, eu preciso tomar aulas que nem seus alunos‛.

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Um menino está parado alguns minutos olhando para a vaca que também o fixa com seus olhos: - ‚Pai, como se diz ‘sim’ em vaca? ‚ Ele, de repente, percebeu que já não sabe falar a língua da vaca, ou que a sua língua é diferente da dela. Em contraste, eis o irmãozinho menor, que sobe no banquinho, eleva seus braços ao céu e grita: - ‚A lua é minha!‛. Numa cidadezinha, a mãe leva seu f ilho de seis anos e meio para a escola pública. É o primeiro dia de aula. O menino, de mãos dadas com a mãe, caminha em silêncio. De repente, pára e diz com tom enfático: - ‚Mãe, você precisa dizer à professora que eu quero aprender tudo!‛ O ensino, nesta faixa etária, deverá trazer o mundo pleno de vida, vivências, atividades e imagens que formem um conhecimento afim com as leis da alma, da vida que cresce e evolui.

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EDUCAR PARA A VIDA

Educar significa fazer futuro, promover saúde, amor, cons- ciência. Toda instrução é também formação da pessoa, do caráter, dos hábitos e da habili- dade social do futuro adulto. O educador não colhe os frutos do seu trabalho. Estes se manifestarão nos acertos e nos problemas da vida pessoal e da comunidade social do amanhã. Como todos queremos e ansiamos por esse tal de ‚futuro melhor‛, é e anseios de transformação e crescimento. necessário que a educação do presente atue contra as forças da teoria abstrata e da máquina burocrática, cemitério de todos os ideais

A saúde, a autoconfiança, a criatividade e a habilidade social das pessoas dependem, em grande parte, do tipo de educação que recebem na primeira infância e na idade escolar.

O profundo respeito pelo ser de cada criança deve despertar o amor e o interesse do professor pelas necessidades da alma infantil, a cada hora e em cada passo da sua evolução.

Nas escolas que seguem os princípios da Pedagogia Waldorf, há um esforço por compreender, cada vez melhor, as leis universais que regem o desabrochar das

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capacidades mentais, emocionais e volitivas, inerentes a todo ser humano. Graças à obra de Rudolf Steiner, seu fundador, aprendemos a observar e reconhecer as leis das fases evolutivas que se processam em ritmos periódicos, de 7 em 7 anos, nos quais o desenvolvimento físico corre paralelamente com o despertar dos estados de consciência do agir, do sentir e do pensar infantil. Compreendemos que, respeitando essas leis, estamos respondendo às necessidades intrínsecas da natureza infantil. Então, educar é ajudar o futuro adulto a se desenvolver conforme a sua natureza e, em cada etapa, solicitar e treinar as forças que estão prontas e precisam se r trabalhadas de forma adequada.

Assim vemos ocorrer, por exemplo, na faixa etária de 7 a 14 anos. A criança passa por uma transformação total na sua experiência do relacionamento ‚eu e o mundo‛. Ocorre, neste setênio, o amadurecimento da vivência interior , que se defronta com o mundo exterior. Aos 8 ou 9 anos, a criança perde a comunicação espontânea, natural na primeira infância, com o mundo ao redor. Parece-lhe que a natureza exterior emudece. E o começo de um longo caminho de interiorização e isolamento, que culmina na tão sofrida solidão da puberdade.

Por outro lado, a partir dos 7 anos, a criança desenvolve o anseio de amar a perfeição, a beleza, o certo e rejeitar e vencer o erro, superar obstáculos, da mesma forma que, na fase anterior, se erguia e vencia todo tipo de obstáculo com seu corpinho em formação. O esforço agora é mais no nível anímico-afetivo. Apenas mais tarde, a partir dos 12 anos, terá início a aspiração intelectual lógica para abordar o mundo racionalmente.

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Desse modo, na idade escolar, apresentam-se três etapas de transformação da experiência ‚eu e o mundo‛, que devem ser respeitadas na elaboração do currículo e da abordagem metódica:

1) dos 6 ou 7 até os 9 anos, rege a sensação: eu e o mundo somos um, tudo vive e se comunica. É a fase em que a alma da criança precisa do alimento que oferecem os contos de fadas, os contos populares - tipo fábulas - e as lendas, nas quais as pessoas, os animais, as plantas conversam com astros, anjos, gigantes, pedras, nuvens, etc... Quando isso falta, é empobrecida a relação espontânea, volitiva, da criança com a natureza;

2) dos 9 aos 12 anos, a criança sente o mundo lá fora e, também, dentro de si, querendo conhecê-lo. Ela precisa agora apreender a nova comunicação com a natureza. É necessário treinar muito a observação exata, ferramenta esta que será útil para o julgamento objetivo no futuro. Ela precisa conhecer, envolver-se afetivamente com as características dos animais e das plantas, em seu ambiente natural, e não receber a classificação abstrata das espécies, que vem colocar uma lista de termos como uma cortina entre a criança e o mundo, que ela quer observar e amar;

3) dos 12 aos 14 ou 15 anos reina o impulso: eu quero compreender o mundo. Desperta o intelecto pleno, que é frio analisador, questionador, crítico. O pré-adolescente está numa excelente fase para descobrir os enigmas do conhecer e treinar a nova força do pensar lógico-causal.

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Ainda não desenvolve a autocrítica, mas se sente imperfeito e incompleto e, assim, projeta esses sentimentos no mundo, querendo conquistá-lo.

Isto e a compreensão da própria situação, no contexto da realidade social-histórica, são os impulsos que caracterizam as etapas futuras.

Os educadores devem aproveitar a fase, tão bela e complicada, do nascer da vida íntima e a qualidade sublime da natureza, que é o amor no mais amplo sentido da palavra. Somente entre os 12 e 16 anos de idade se completa a maturidade física e psíquica, que desperta o amor sexual. Este representa apenas uma mínima parte do que entendemos como a força afetiva que o pré-adolescente pode desenvolver nessa fase. Ao ministrar um ensino natural, que envolve o sentir dos alunos - para que não esfrie a sua relação com o mundo vivo através de um espírito crítico precocemente solicitado, baseado em teorias abstratas, sem elo com o mundo vivo - , nós estaremos educando com vida para a vida.

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A HUMANIDADE PRECISA DE CONFIANÇA

O que é confiança? É uma força que se entrega. Observe a criança pequena: ela nos ensina o que é entregar-se.

A criança, ao nascer, é toda confiança. Ela se entrega inteiramente aos nossos cuidados. Confia em nós, dependendo do carinho e da atenção que se dêem a todas as suas necessidades. Ela vive, cresce, anda, fala, pensa e se torna um ser humano, conforme os cuidados e exemplos das pessoas ao seu redor.

Esta confiança infantil é intensa, espontânea. Confor me as experiências e à medida em que cresce, ela também desenvolve a força oposta: a desconfiança. Com a experiência do eu, de ser diferente dos outros e com o despertar do intelecto, que tudo analisa e questiona, perde-se, aos poucos, a confiança instintiva, a ‚confiança cega‛.

Ocorre ainda um processo interessante, quando a criança entra na idade escolar. Ela já sabe falar e recordar, usa suas pernas e braços com autonomia, mas a sua alma se entrega com toda a confiança aos professores, para aprender o que os ‚grandes‛ sabem. Para desenvolver a confiança consciente na passagem da infância

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para a idade adulta é necessário adquirir conhecimento c a habilidade de discernir. Confiamos, porque conhecemos as pessoas ou as circunstâncias, etc.

No entanto, quantas vezes essa confiança em alguém, ou num remédio ou serviço não é abalada! Perde-se a confiança nos amigos, no destino, em Deus. Parece que a confiança mútua está se perdendo cada vez mais. O ‚saber demais‛ nos faz duvidar, desconfiar. As sequelas são a insegurança, o medo, o nervosismo, a depressão. Não poder confiar significa enfraquecer, isto é, perder a força com que viemos ao mundo.

Como vimos, a primeira confiança nos é dada. Ela faz parte da natureza, é um instinto do organismo, assim como o são a respiração, a motricidade, a capacidade de chorar e rir. Porém, para nós, adultos, a confiança instintiva permanece esquecida no subconsciente. Às vezes, apesar de uma noite passada ‚em claro‛, com mil preocupações, a nossa confiança retorna com o nascer da luz do novo dia. E, como pais corujas, ou digamos, instintivos, insistimos numa confiança cega, quando alguém duvida da integridade inabalável do filho!

A pessoa autônoma quer confiar no próprio julgamento e, em conformidade, confiar no que ela acha confiável.

Não deixa de ser presunçoso achar que possamos discernir o suficiente para confiar somente no que nos parece confiável. O fato é que toda organização pública e privada costuma fixar suas leis e estatutos na desconfiança.

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O intelecto alimenta o egoísmo, o senso de superioridade, quando não é acompanhado, ‚humanizado‛, pelos sentimentos humanos nobres. Ele, por si, é frio, calculista e desconfiado.

Os sentimentos humanos nobres desenvolvemos pelo amor ao belo, pelas forças de fé, isto é, de confiança numa sabedoria superior. Essa que se nos revela justamente nas forças instintivas, que podem ser chamadas de divinas, e que atuam na natureza infantil muito antes de ela ter adquirido a capacidade de raciocinar. O adulto pode crescer espiritualmente e ampliar os horizontes da sua personalidade, afinar sempre mais suas habilidades, estender seus conhecimentos, se mantiver um vivo interesse por tudo e, também, por meio da auto-educação, a disciplina do caminho do autoconhecimento.

Rudolf Steiner, ( 1861-1925 —fundador da Ciência Espiritual: Antroposofia ) alertou, prevendo esse crescimento perigoso da desconfiança na integridade do ser humano, que só pode levar a guerras e brigas entre povos e parentes, que os homens deverão aprender a confiar, praticar a confiança, se não quiserem acabar numa guerra de todos contra todos.

Guerras e brigas entre tribos, povos e parentes temos por todo o lado. Mas, sabemos praticar a confiança?

Praticar confiança no que confiamos é ficar onde estamos. Aprender a confiar só podemos com o desconfiável c com o desconhecido.

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Para isto é importante saber que tudo evolui. A pessoa que hoje errou pode não errar amanhã. A criança que se apresenta com birra típica da crise orgânica por que passa, se tornará toda amorosa ou razoável em outros estágios evolutivos.

Exercitar, dessa forma, a força da confiança é realizar uma terapia para o indivíduo e para a convivência social no mundo. Será a base para uma verdadeira fraternidade cristã universal:

POR SERES HOMEM, TU ÉS MEU IRMÃO.

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BIBLIOGRAFIA

BERTALOT, Leonore - Criança querida: o dia-a-dia fa alfabetização - 2o edição - São Paulo, Editora Antroposófica, 1995

IGNÁCIO, Renate Keller - Criança querida: o dia-a-dia das creches e jardins-de-infância. - 2o edição - São Paulo, Editora Antroposófica, 1995.

LANZ, Rudolf - A pedagogia Waldorf - 7o edição - São Paulo, Editora Antroposófica, 2000

STEINER, Rudolf - A educação da criança segundo a Ciência Espiritual - 3o edição - São Paulo, Editora Antroposófica, 1996.

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LEONORE BERTALOT, suiça de origem, é naturalizada brasileira e mora no Brasil desde 1962. Formada em línguas e estudos antroposóficos na Inglaterra, praticou pedagogia Waldorf na escola Rudolf Steiner de São Paulo durante 25 anos. Dedica-se à formação de professores há 26 anos. Atualmente, dedica-se à tradução de livros e atua como consultora em Pedagogia Waldorf. A Associação Comunitária Monte Azul lançou um livro de sua autoria intitulado ‚Criança Querida‛ - o dia-a-dia da alfabetização.

ALIANÇA PELA INFÂNCIA NO

BRASIL

Associação independente, seguindo os princípios da Alliance for Childhood (www.alliancef orch ildh ood.or g)

A ALIANÇA

A Aliança pela Infância tem por finalidade pesquisar e divulgar os problemas que afligem a infância e suas causas, e encontrar e promover soluções para os mesmos, inclusive por meio de elos de parceria com pessoas e organizações das mais diversas áreas de atuação.

site provisório: www.ime.usp.br/~vw setzer/a liancapela infancia

NOSSOS OBJETIVOS

1- Criar o consenso de que uma infância sadia é uma necessidade básica da condição humana, protegendo assim os direitos da humanidade;

2- Incentivar e desenvolver formas de educação que respeitem a infância, reconheçam a necessidade do tempo e do espaço adequados para crescer, e promovam o brincar em um ritmo de vida saudável;

3- Pesquisar o impacto da tecnologia, computadores e meios de comunicação eletrônicos no desenvolvimento da criança, avaliando seus resultados e efeitos na prática diária;

4- Incentivar a cooperação entre profissionais de diferentes áreas direta ou indiretamente envolvidos com crianças - educadores, terapeutas, médicos, nutricionistas, psicólogos, bem como juristas, políticos, religiosos, arquitetos, enfim, todos nós;

5- Estimular uma nova visão científica e pesquisa sobre o desenvolvimento do ser humano pleno, em especial a fase da infância;

6- Estimular ações políticas para a consecução desses objetivos.