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Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br CAIO FÁBIO D´ARAÚJO FILHO VIVER: DESESPERO OU ESPERANÇA?

Viver - desespero ou esperança -Caio Fábio de Araujo

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CAIO FÁBIO D´ARAÚJO FILHO

VIVER:

DESESPERO

OU

ESPERANÇA?

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Índice

PARTE 1 – Genealogia do Desespero

1. A Origem do Desespero

2. O Sistema Religioso

3. O Sistema Filosófico

4. O Sistema Científico

5. Um Universo Criado de um Princípio de Pluralidade

6. A Constituição do Desespero

PARTE 2 – Genealogia da Esperança

7. A Esperança

8. A Convergência do Tempo de Sua Vinda ao Mundo

9. A Vinda de Cristo

10. A Redenção

11. Vivendo na Esperança

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PARTE 1

GENEALOGIA DO

DESESPERO

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1 A Origem do Desespero

Quem, com bom senso, e depois de profunda e acurada análise da

espécie humana, de suas reações, de seus anseios, de sua história e de sua cultura,

pode, coerentemente com as evidências, afirmar que a humanidade vai bem e que

o homem é bom e feliz?

A história do homem está salpicada de sangue e rasgada pela

violência. Temos informações de achados arqueológicos, antropológicos e de

estudos etnológicos que, no interesse de conhecer nossas raízes como espécie,

têm achado restos de antiqüíssimas culturas humanas que nos revelam o

egoísmo, as disputas, as guerras e códigos de leis, na tentativa de reprimirem os

abusos do próprio homem contra o seu próximo!

Desde quando se tem conhecimento histórico do homem, suas

atitudes de sensatez se têm constituído como que exceções na regra geral de sua

insensatez.

O egoísmo, o desamor, a violência, a perversão, o homicídio, o

roubo etc... não têm sido problema de um chamado estado de NÃO-

CIVILIZAÇÃO. Pelo contrário: tanto numa tribo primeva como numa grande

cidade moderna, os delitos se repetem, sendo hoje, de uma incidência

proporcionalmente bem maior.

É ingenuidade afirmar-se que o homem é um ser que, mediante

lento desenvolvimento evolutivo, consegue erguer-se do teor primitivo e da

ignorância tateante de uma origem animalescamente rude até as alturas de

sensibilidade e introspecção religiosa e filosófica. A História não mostra o

homem como criatura que está evoluindo mas, antes, como criatura rebaixada a

cada dia pelas suas incursões num mundo interior de rebeldia e selvageria.

Há um relacionamento de total insegurança do homem com o

homem. Um bicho confia noutro bicho mais do que o homem tantas e tantas

vezes confia noutro homem. Como disse o Rev. J.R.W. Stott, "Uma promessa

não é suficiente; precisamos de contrato. Portas não bastam; temos que fechá-las

a chave a aferrolhá-las. O pagamento de taxas não é suficiente; temos que ter

recibos que são perfurados, inspecionados e recolhidos. A lei e a ordem não

chegam; precisamos de polícia para reforçá-la".1 Por outro lado, conquanto o

homem possua consciência do bem e do mal, parece possuir uma tendência

incompreensivelmente forte para praticar o mal.

Por que será que as coisas são assim? Será que o homem é, de fato,

obra das mãos de um Criador bom? E se Deus é bom, como criou um ser tão

desajustado e mau como o homem? Foi sempre o homem como nós o

conhecemos, ou ele já existiu numa outra contextura originalmente boa?

Dependendo das respostas que dermos a essas perguntas, todo

nosso rumo pode mudar na vida.

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Pense-se, por exemplo, que o homem é obra das mãos de Deus, e

que ele é hoje tal qual Deus o fez, e, certamente, seremos conduzidos pela

coerência a pensar de acordo com o poeta Baudelaire: "Se há um Deus, este é o

diabo"2; e a conclusão final nesse conceito é a de Archibald Macleish: "Se Ele é

Deus, não pode ser bom; se é bom, não pode ser Deus"3. Se se entende que o

homem não mudou em seu estado de origem e que tal como é, o é pela vontade

de Deus, esse Deus, por criar o homem já nesse estado de corrupção moral e

espiritual, certamente seria maior em crueldade e indignidade do que o próprio

homem!

Não. Deus não é o responsável por este obstinado e violento

homem. A real compreensão do problema teve o sábio Salomão quando, depois

de muito meditar sobre os caminhos do homem em relação ao "ato criativo" de

Deus, disse: "Eis que tão-somente achei: Que Deus fez o homem reto, mas ele se

meteu em muitas astúcias."4

Se partirmos da premissa de que o homem caiu de um estado

original de santidade e virtude, sentiremos total impulso para amar o Criador.

Mas, se partirmos do pressuposto de que o homem não mudou desde a sua

origem, tem-se que, em nome da razão, assumir de duas, uma posição: a

primeira, é a de que Deus é mau por criar o homem mau; a segunda, é a de que o

homem é "filho do acaso" e está simplesmente manifestando, em seus atos de

violência, reservas de instintos guardadas em seu subconsciente.

No entanto, somos levados pela coerência, pela sensibilidade, pela

harmonia e pelas evidências notadas ao nosso redor, a crer que Deus é, ou seja,

que Ele está aí, está presente. E se Ele está presente, faz-se necessário que

admitamos a realidade de Sua perfeição, de Sua santidade, de Seu amor e,

contrastantemente, da nossa inteira destituição de verdadeiro amor e auto-doação

espontâneos.

Deus não nos fez como somos. A natureza foi corrompida e

distanciou-se do padrão original.

Talvez a pergunta necessária ao momento, seja: Como adquiriu o

homem essa natureza? É sobre isso que passaremos a discorrer.

A Bíblia narra em Gênesis 2:4 a 7, o evento histórico da criação do

ser humano. Em seu complexo orgânico, o ser humano foi formado de elementos

simples unicamente por causa da ordem e do "ato criativo" de Deus. Porém,

maravilhosamente, em seu mundo interior de consciência e de valores morais e

espirituais, foi dotado da imagem e da semelhança de Deus, que é um ser pessoal

e, consequentemente, consciente. Por causa disso, o homem é consciente de si

mesmo, do seu mundo contemporâneo e circunstancial, e de sua história.

O plano de Deus, ao fazer o homem, não foi outro, senão o de

revelar-se a si próprio a ele numa relação de amor. Fomos criados para Deus.

Para o louvor e a admiração profunda das realidades indeléveis do ser de Deus.

Um ambiente perfeito foi criado, nele o homem foi posto, e a ele

foram dadas a autoridade para governar as demais criaturas e o incentivo para

que se reproduzisse e enchesse a terra (Gênesis 1:28).

Entretanto algumas coisas precisam ser observadas. A primeira é

que o mal sempre existiu - mesmo antes da queda de Satanás e da do homem -

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como antítese conceitual do bem. Deus é o padrão da santidade e a santidade é o

padrão de Deus. Nesse sentido, o mal existia como alternativa abstrata e

conceitual, pois tudo quanto Deus era em expressão concreta de Sua santidade

determinava a existência do mal como conceito alternativo, oposto à maneira real

de Deus ser. Donde concluímos que o "bem real" é eterno como expressão da

santidade de Deus, mas que o "mal conceitual" também é eterno como antítese do

"bem real".

A segunda é que o mal moral já existia , antes da queda do homem

na forma da desobediência, perversão e soberba de Lúcifer, anjo decaído de seu

original estado de perfeição angelical (Ezequiel 28: 14,15 e Isaías 14:12,15).

A terceira é que Deis mão cria robôs, máquinas de executar a sua

vontade. E isso certamente inclui o homem na sua livre vontade de ser o que quer

ser. Deus criou o homem para louvá-Lo, mas esse louvor seria ridículo, se o

homem fosse um andróide. Por isso, Deus nos deu livre arbítrio, liberdade para

escolher. No entanto, não há liberdade que se caracterize como tal, sem critérios

e sem referências. No caso do homem, essa disposição de louvar a Deus por

vontade própria tinha que ser demonstrada.

O amor que não é provado não se revela plenamente. A obediência

que não é testada não se revela na forma maravilhosa da fidelidade.

Deus então determina um mandamento para a referência da

obediência e da livre vontade do homem. O mandamento é simples, o objeto

posto como referência é mais simples ainda, porém os efeitos oriundos da

desobediência seriam trágicos porque revelariam o livre desejo de "viver para o

eu" ao invés de "viver para Deus". É, pois, assim, que Deus determina: "De toda

árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e

do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás."

(Gênesis 2: 16,17)

Mas o homem não estava só na sua decisão de obedecer ou não a

Deus. Mostra-nos a Bíblia que Lúcifer entra em cena com intento destruidor de,

junto consigo próprio, arrastar também o homem para o estado de rebelião e

desobediência. Foi assim, como lhe é peculiar, que se disfarçou no interior de

uma serpente, até então bela, como bem revela o texto hebraico de Gênesis.

É interessante como a inteligência de Lúcifer se faz notória na

narrativa da queda do homem. Os elementos dialéticos usados por Lúcifer

atingem a essência da mais inteligente sutileza. Eis como formulou a sua

tentação: "É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?"

Notemos a malícia. Primeiro Lúcifer afirmou que Deus havia dito um

mandamento: "É assim que Deus disse". Depois ele sugere a dúvida no que Deus

disse, acrescentando uma interrogação: "Não comereis de toda árvore do

jardim?" Não estava o mandamento sendo atacado frontalmente, mas, sim, sendo

colocado em dúvida. O mais perigoso de todos os métodos de ataque contra a

verdade e indução para a mentira está na dúvida que se possa colocar no

pressuposto da verdade. O que lúcifer propôs assemelha-se à estrutura da

dialética hegeliana: "Tenho uma nova idéia. De agora em diante pensemos da

seguinte maneira: em vez de causa e efeito (ou seja: "se dela comeres morrerás"),

pensemos na tese ("Deus disse para não comer"), e na oposição à tese, a antítese

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("é certo que não morrereis"). E a resposta quanto à relação entre as duas não está

no movimento horizontal de causa e efeito, mas sempre na conclusão triangular,

na síntese ("como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal".)

A resposta que se fez ouvir por parte da mulher foi: "Do fruto das

árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do

jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais."

Lúcifer anteriormente sugeriu que o que Deus disse poderia ser posto em dúvida

e a sua seta mentirosa penetrou mais profunda do que se poderia esperar, quando

vemos sua conseqüência imediata na resposta dada pela mulher. Quando foi

posta em dúvida a verdade absoluta de Deus, foi aberta a porta para que ela

pudesse ser alterada. Foi assim que aconteceu, quando a mulher acrescentou ao

mandamento de Deus algo que ele não havia declarado: "Nem tocareis". Deus

não havia dito isso, ma antes: "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas

da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que

dela comeres, certamente morrerás."

Se se põe dúvida no que Deus disse, pode-se perfeitamente alterar

tanto o que Ele disse como negar o que ele disse. Esse foi o final daquele trágico

diálogo, porque então disse a serpente à mulher: "É certo que não morrereis.

Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e,

como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal". A verdade agora já havia

sido negada, taxativamente e mentirosas promessas estavam sendo feitas.

Observemos as propostas de autonomia e soberba: "se vos abrirão os olhos" e,

"como Deus, sereis..." Terrível malogro. A divinização do homem rebaixa-o mais

do que qualquer outra coisa.

Com a morte do desejo de obedecer a Deus, vem automaticamente

a glorificação do "eu", o que leva o indivíduo "a viver para si".

Isso aconteceu primeiramente com a mulher, pois, " vendo que a

árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar

entendimento, tomou-lhe do fruto e o comeu, e deu também ao marido, e ele

comeu". (Gênesis 3:6)

Daquele ato de desobediência foi que se desencadeou todo esse

sistema de morte reinante no mundo, e ainda a cobiça concebida no Éden é a

SÍNTESE = “Como Deus, sereis conhecedores

do bem e do mal” (Gn. 3:5)

“Dele não comereis”

(Gn. 3:3)

ANTÍTESE

“É certo que não morrereis”

(Gn. 3:4)

1

. 2

.

3

.

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mesma que caracteriza o consumismo dos nossos dias.

A queda trouxe consigo as mais catastróficas conseqüências, que

são notadas em todas as reações do homem e do seu ambiente.

Entre as inúmeras conseqüências da queda, queremos, na presente

postulação, apresentar apenas cinco. Vejamo-las:

Em primeiro lugar, houve a depravação da natureza humana:

"Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na

terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração". (Gênesis 6:5)

O homem feito ereto, no princípio comparado ao homem caído do

resto da História, é, na verdade, uma aberração, um desfigurado, um

irreconhecível. À semelhança de um morto que, apresentado para identificação e

não a obtendo, seria enterrado como um não-identificado, como um indigente.

Com a queda, repetimos, o homem se tornou um ser desfigurado e

irreconhecível.

O Salmo 14:3 diz: "Todos se extraviaram e juntamente se

corromperam: não há quem faça o bem, não há nenhum sequer." É assim que

Deus vê o homem caído!

Em segundo lugar, houve a separação entre Deus e o homem. Faz-

se necessário, para que se tenha um vislumbre da realidade dessa separação,

compreender, antes de tudo, a santidade de Deus.

Mais de 555 vezes na Bíblia, lêem-se os termos Santíssimo e Santo,

mostrando o caráter santo da natureza divina. A principal palavra do Velho

Testamento é GADHÔSH que, em sua origem semítica, significa "separação". A

santidade de Deus pode ser considerada como a síntese de todos os seus

atributos, ou ainda pode ser chamada de "o atributo dos atributos". A santidade é

o padrão da conduta de Deus, padrão esse que é a Sua própria natureza

intrínseca. Podemos então dizer que santidade é o padrão de Deus e que Deus é

o padrão da santidade.

De fato, é importante saber que Deus é santo, e que em sua

natureza santa há total repulsa pelo pecado e pela desobediência.

Foi a natureza santa do Criador que levou Adão e sua mulher a se

esconderem de Deus; a se sentirem nus, mesmo depois de já terem tecido vestes

de folhas de figueira para se cobrirem. Mas, essa santidade só se mostra

condenadora diante do pecado. Antes de haver pecado, esse confronto não se

manifestava.

Um dos grandes exemplos da Bíblia, da manifestação da

consciência de pecado do homem em relação ao caráter santo de Deus, é-nos

apresentado no livro de Isaías, capítulo 6, quando da narrativa da visão que

aquele profeta teve da glória de Deus. A progressão da narrativa mostra-nos que,

quando a santidade de Deus foi proclamada e manifestada, Isaías exclamou: " Ai

de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de

um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei... o Senhor!..."

O pecado se embrenhou na natureza humana, legou ao homem um

desgraçado estado de separação de Deus. O que antes da queda não se fazia,

passou a ser feito depois dela, ou seja: a invocação de Deus ( Gênesis 4:26). A

relação do homem com Deus, anterior à queda, era natural e constante, não

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havendo, portanto, necessidade de uma invocação, pois Deus não estava separado

do homem em relacionamento e comunhão.

Quando o homem pecou, um grande abismo surgiu entre ele e

Deus, no sentido da comunhão e do relacionamento entre ambos. A santidade de

Deus é incompatível com estado de pecaminosidade da criatura humana.

Anteriormente à queda, Deus estava separado do homem e de sua

criação apenas no que diz respeito à sua infinitude como Criador e pessoa

independente:

O diagrama daquele estado pode ser assim representado:

DDEEUUSS

Abismo promovido pela infinitude

HHoommeemm ee oo rreessttoo ddaa ccrriiaaççããoo,, iinncclluuiinnddoo aa ppaarrttee mmeeccâânniiccaa ddoo UUnniivveerrssoo55

Conquanto houvesse aquela divisão em função da Infinitude do

Criador como ser pessoal, havia por outro lado, uma indivisível comunhão

pessoal entre Deus e o homem feito à sua imagem e semelhança.

No entanto, o diagrama que hoje se tem que apresentar para

significar o que aconteceu depois da queda difere contundentemente do primeiro.

DDEEUUSS--CCRRIIAADDOORR ppeessssooaall ee iinnffiinniittoo

Abismo em razão de sua infinitude

HHoommeemm ee CCrriiaaççããoo

Abismo criado pelo pecado do homem

HHoommeemm ee oo rreessttoo ddaa CCrriiaaççããoo ((RRoommaannooss 88::2222--2255 ))

No primeiro diagrama, ficou patente o fato de que, em razão da

infinitude de Deus, o homem, por ser finito, nunca compreenderia totalmente o

Criador. Mas isso nada significava porque havia entre eles uma linguagem

espiritual inerente à perfeita comunhão pessoal, pois ambos são seres pessoais.

No segundo diagrama, evidencia-se que, depois da queda, o homem

ficou totalmente separado de Deus pela infinitude do criador e pelo pecado, não

havendo para ele, por causa do pecado, possibilidade de manter comunhão com

Deus.

Podemos então dizer que o que acontece hoje de maneira natural na

vida de todos os homens é a separação de Deus, "pois todos pecaram e

destituídos estão da glória de Deus" (Romanos 3:23).

Em terceiro lugar, houve uma divisão interior no homem. A grande

QQ

UU

EE

DD

AA

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mentira engolida pelo homem na sua queda trágica foi a de que seria, como

Deus, conhecedor do "bem e do mal". Todo homem tem conhecimento desses

valores e é capaz de dizer que a consciência o assombra com seu rigor e com

seus critérios. Mas a grande mentira esteve nesta comparação: "Como Deus,

sereis conhecedores". Esta é uma terrível mentira. Deus conhece o bem e o

pratica de modo absoluto. Conhece o mal e o rejeita e odeia, e nele não há

injustiça. Destarte, tal não aconteceu com o homem, que conhece o bem e não o

pratica, conhece o mal e não o rejeita.

Eis o drama de todos os homens: "Não faço o bem que prefiro, e,

sim, o que detesto. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita

bem nenhum: pois o querer está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não

faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o

que não quero, já não sou eu quem o faz, e, sim, o pecado que habita em mim.

Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim" (

Romanos 7:15 a 21.)

Sobre esta dicotomia entre o que o homem "é" e o que ele quer

"ser", diz-nos o Dr. Francis Schaeffer: "A queda não só originou uma divisão

entre Deus e o homem primeiramente, mas dividiu o homem contra si mesmo.

Estas são as divisões psicológicas. Estou convencido de que esta é a psicose

básica: que o homem, individualmente falando, encontra-se dividido em sua

própria estrutura de personalidade como resultado da queda."6

O estado de rebelião do homem legou-lhe uma atrofia também na

mente, na sua possibilidade de percepção, e o colocou numa total impossibilidade

de usar o seu intelecto com a pujança primária, não havendo portanto, depois da

queda, a autonomia que hoje tanto se pretende para o intelecto humano. Isso pode

ser confirmado em nossos dias, com o conhecimento de que somente 10% da

mente do homem é que são usados por ele mesmo. O livro de Gênesis, nos seus

três primeiros capítulos, mostra-nos o homem em total integração com a

natureza. Dir-se-ia que havia um diálogo instintivo entre os seres da natureza

(Gênesis 2:19 e 20). Há, também, o significativo fato de que as plantas vibram e

sentem, e isso não lhes foi dado por Deus em vão. Pensamos que, anteriormente à

queda, o ser humano podia relacionar-se com os vegetais, sendo uma espécie de

comunicador tanto consciente, no nívve com Deus, quanto instintivo, no seu

relacionamento com os animais e os vegetais. temos igualmente como certo, que

os 90% da mente do homem que, hoje em dia não são utilizados, tanto servem

para esacima, como também foram atrofiados e embotados pela queda. Anelo

pelo dia em que uma criança meterá a mão na cova do basilisco, e um pequenino

conduzirá um leão. Naquele tempo, a mente do homem terá sido redimida.

Anteriormente à queda, não havia uma autonomia intelectual

proveniente das elucubrações do pensamento no que diz respeito ao

conhecimento de Deus, pois as relações do homem com Deus eram feitas com

base em uma completa comunhão espiritual, praticada com toda racionalidade e

santidade. Havia uma razão superior inerente ao estado original de obediência

que proporcionava ao homem um relacionamento intelectual com Deus,

promovido pela racionalidade perfeita em face da isenção do pecado. A queda,

no entanto, daí precipitou o homem.

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A quarta conseqüência da queda está na desordem que ela

provocou na natureza. Em Romanos 8, lemos: "Porquanto a criação ficou sujeita

à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou." Observe-

se a expressão: " Não por sua vontade." A quem se refere o apóstolo Paulo? De

quem foi a vontade que sujeitou a natureza a um estado de divisão contra si

mesma, ou seja, a um estado de guerra contra si própria? Se alguém pretende

envolver nesse drama a pessoa de Lúcifer, deve saber que isso não faz sentido.

Vejamos por quê: Conquanto Lúcifer já tivesse, nos tempos anteriores à história

do homem, pecado e dado origem a uma rebelião angelical, ele, com seu pecado,

não pode ser o acusado de ter sujeitado a natureza ao estado de rebelião, pois,

apesar do pecado já existente no universo, Deus, assim mesmo, no que diz

respeito à criação do homem, das espécies existentes na terra, dos vegetais e das

manifestações mecânicas da natureza, fê-los em total harmonia e equilíbrio, sem

que entre eles houvesse guerra e predadores. (Gênesis 1:10, 12, 21, 25, 31).

Uma compreensão bem nítida do problema, tem o Dr. Schaeffer: "

Uma parte essencial de toda verdadeira filosofia é a compreensão correta da

norma e plano da criação como revelada pelo próprio Deus que a concretizou.

Por exemplo, devemos ver que cada espécie criada em sentido ascendente -

máquina, planta, animal irracional e o homem - utiliza-se daquilo que é inferior a

si mesma. Damo-nos conta de que o homem utiliza o animal, a planta e a

máquina; de que o animal come a planta e a planta utiliza a porção mecânica do

universo."7

Francis Bacon, cientista dos primórdios da ciência moderna,

observou: "O homem, pela queda, caiu, ao mesmo tempo, de seu estado de

inocência e de seu domínio sobre a natureza."8

Quando Bacon faz referência ao termo "domínio", está tão somente

pensando de acordo com a Bíblia, em Gênesis 1:28. Nem Bacon nem a Bíblia

estão dizendo que o homem, legalmente falando, seja o soberano da natureza.

Somente Deus tem o direito a essa soberania. No entanto, a queda lançou tanto o

homem como a natureza em guerra entre si e contra si mesmos.

É necessário observarmos que quase todas as maldições do capítulo

3 de Gênesis atingem as manifestações externas e físicas. É a terra que passa a

ser amaldiçoada por causa do homem (v.17). É o corpo da mulher que sentirá

desconforto durante a gravidez e dores múltiplas no parto (v.16).

Sendo assim, o homem, e não Lúcifer, foi quem sujeitou a natureza

à vaidade das disputas, mas foi Deus, soberanamente, quem determinou que a

natureza se colocasse em disputas, por causa do pecado do homem ( Gênesis

3:17, 18). Mas, porque foi atingida pela queda, a natureza também está plantada

na esperança da redenção (Romanos 8:20, 21, 22).

Vejamos o que Deus disse ao homem posteriormente à queda:

"Visto que atendeste à voz da tua mulher, e comeste da árvore que eu te ordenara

não comesses: Maldita é a terra por tua causa: Em fadigas obterás dela o sustento

durante os dias da tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu

comerás a erva do campo." (Gênesis 3:17 e 18).

Quando Deus disse "ela ( a terra ) produzirá", ele estava

anunciando que, com a queda, haveria na natureza o surgimento de espécies

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aguerridas e provocantes de dificuldades e conflitos. Não sabemos até que ponto

os "cardos e abrolhos"podem ser símbolos de uma desordem bem mais extensa,

como cremos que são.

É por não terem uma compreensão da queda que homens como

Hugh Evan Hopkins, têm escrito, expondo o conflito entre a natureza e a

onipotência e bondade de Deus, como se segue: "Se a lei de toda criação fosse a

justiça, e se o Criador fosse onipotente, então, qualquer que seja a quantidade do

sofrimento ou de felicidade dispensada ao mundo, a participação nela de cada

pessoa, seria distribuída de acordo com os bons ou maus atos de cada um.

Nenhum ser humano teria um pior quinhão do que outro, sem ter merecido uma

situação pior; acidentes e favoritismos não teriam nenhuma participação neste

mundo, sendo que cada ser humano estaria desempenhando seu papel num drama

que teria sido preparado como uma história moral perfeita. Nenhuma teoria do

bem, por mais comprada ou distorcida que tenha sido por qualquer fanatismo

religioso ou filosófico, tem conseguido fazer com que o andamento da natureza

se assemelhe à obra de um Ser, que seja ao mesmo tempo, bom e onipotente."9

A única explicação plausível para a desordem existente na forma

do sofrimento legado à humanidade e à natureza é a queda do homem, pois, sem

que se admita o seu advento histórico, é-nos impossível tentar conciliar a criação

com um Deus bom e ao mesmo tempo onipotente. Porém, com convicção cremos

que Deus, ao criar todas as coisas, viu que tudo o que fizera era "muito bom"

(Gênesis 1:31).

A quinta conseqüência da queda foi o estado de morte em três

dimensões que ela legou à humanidade.

O estado de caídos resultou-nos na morte física e espiritual dentro

do tempo, na penalidade ameaçadora da morte eterna. Vejamos como isso

aconteceu, examinando cada dimensão separadamente.

1) A morte física.

A Bíblia diz: "Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que

tornes à terra, pois dela fostes formado: porque tu és pó e ao pó tornarás."

(Gênesis 3:19) Outras referências interessantes a essa área da morte são-nos

apresentadas em Hebreus 9:27 e no Salmo 89:48, respectivamente: "Aos homens

está ordenado morrerem" e "Quem há que viva, e não veja a morte?". Poderíamos

citar muitas referências bíblicas que fazem alusão a essa área da discussão,

porém isso se torna dispensável em razão de que esta é uma lei universal e

irrefragavelmente incontestável. Dela todos os que vivem participam. Quem dela

tem podido isentar-se?

Há um provérbio russo que diz: "Não se morre mais de uma vez,

mas dessa viagem ninguém escapa." Os cemitérios atestam a realidade dessas

palavras. Escreve-se com profundidade e a terra revelará em seu coração os

fósseis de muitos anos passados que testemunham essa lei universal. Mas, a

princípio, as coisas não eram assim. Essa não era a realidade dos seres vivos.

Alguns levantam a seguinte questão: Como, num mundo sem

morte, o homem resolveria o problema da explosão demográfica? De fato sabe-se

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que, em muitos países, a morte parece ser uma boa solução para os seus

problemas econômicos e demográficos. Tomemos como exemplo a Índia:

quando os ingleses lá chegaram e vacinaram milhares de pessoas contra a raiva,

extinguiram um elemento controlador das labaredas demográficas da Índia. Essa

foi a reclamação de milhares de hindus. Não obstante, o problema da explosão

demográfica não se manifestaria se a queda não tivesse havido. Deus é

controlador de todas as coisas. Ele promoveria o perfeito equilíbrio na balança

demográfica.

Se Deus não tivesse pronunciado a sentença de morte a todos os

homens depois de caídos, todos continuariam vivendo em seus pecados e

maldades, até que a terra se tornasse o próprio inferno. Imaginemo-nos vivendo

no mundo em que prosseguissem, ao mesmo tempo, as maiores aberrações

morais e os maiores déspotas da história. Que se faria num mundo em que na

mesma época vivessem Caim, Lameque, Manassés, Antíoco Epifânio, Nero,

Hitler, Stálin, Idi Amin e o aiatolá Komeíne? Acreditamos que isso seria o

inferno. Você gostaria de viver nesse mundo? Imagine-se fazendo um concurso

público no qual homens de sete mil anos de idade estivessem concorrendo. Você

teria condições de competir com essas feras da cultura milenar? Imagine,

também, que o nosso mundo é terrivelmente manipulado por uns poucos, que

concentram as riquezas e o poder em suas mãos. Esses déspotas tornam-se

poderosos no espaço de apenas uma geração, mas quando eles morrem a terra

respira. Você já pensou no que aconteceria se eles vivessem para sempre? De

quem seria esse mundo? Talvez conseguíssemos contar numa só mão os seus

donos.

A Bíblia, no entanto, revela: "Visto que os seus dias estão

contados, contigo está o número dos seus meses; Tu ao homem puseste limites,

além dos quais não passará." (Jó 14:5)

A morte é a mais comprovada de todas as leis do universo. Os seres

quando nascem já começam automaticamente uma carreira inconsciente - exceto

no caso do homem que é consciente - contudo, ininterrupta, para o fim. É nessa

direção que eu e você estamos caminhando também!

2) A morte espiritual.

Em Efésios 2:1, lemos: "Ele vos deu vida, estando vós mortos nos

vossos delitos e pecados." E no mesmo livro, capítulo 5:14, encontramos:

"Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos e Cristo te iluminará."

Por que a Bíblia diz que o homem caído está em delitos e pecados?

Simplesmente porque a vida espiritual depende total e intrinsecamente das

relações entre o espírito do homem e Deus. Como já vimos, Deus abomina o

pecado, e sua natureza santa não se compatibiliza com ele. É, pois, necessário

saber que o pecado afasta completamente a possibilidade de Deus comunicar-se

com o homem, e a ausência de Deus, que é a própria vida em essência e

plenitude, deixa o homem morto na solidão e nos seus pecados. Essa morte,

alienação e solidão do homem, pode ser ilustrada vividamente pelo exemplo do

pintor Mondrian (1872-1944). Lutando para tentar expressar nos seus quadros

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uma arte universal, Mondrian buscava retratar o universo da existência. Por isso,

chegou à conclusão de que não poderia emoldurar os seus quadros, para que eles

não parecessem buracos na parede. Todavia observou que havia uma

discrepância entre o quadro, a parede e a mobília. Em razão disso, começou a

compor a parede e a mobília, de maneira que pudessem ajuntar-se ao quadro

como um todo. Assim, Mondrian conseguiu um equilíbrio entre o quadro, a

parede e a mobília. Entretanto, ao se observar um homem diante desse conjunto,

nota-se outra discrepância: O universo de Modrian não se harmoniza com o

homem, pois essa é a sensação que se tem quando um ser humano fica à frente

desse complexo-universo-existencial. Essa é a morte e a solidão do homem em

seus delitos e pecados.

É interessante esta dimensão espiritual do homem na qual este já se

considera morto, mesmo quando ainda está vivo no corpo. É a respeito destes

mortos-vivos que Jesus se referiu ao chamar um judeu para segui-lo. Na ocasião,

o discípulo disse que não poderia segui-lo pois ainda precisava enterrar o seu pai.

Mas Jesus lhe disse: "Deixa aos mortos o enterrar os seus próprios mortos." A

primeira vez que a palavra mortos é usada no versículo, ela faz alusão àqueles

que, conquanto estejam vivos, já estão mortos. Na segunda referência, a palavra

mortos mostra a realidade dupla da morte: tanto no corpo, quanto no espírito.

Fica, pois, demonstrado que a queda trouxe ao homem também a

experiência de morrer espiritualmente.

3) A morte eterna

No estado de corrupção imposto pela queda, aparece a grande

realidade de uma morte eterna. Por que o homem caído e não-restaurado morre

eternamente? É fácil responder. Simplesmente porque o que por ele foi rejeitado

é de natureza eterna, e também porque a sua vida é de caráter eterno,

indestrutível; e ainda, porque o pecado entrou no mundo, no nível da presente

existência, pelo homem encarnado, portanto, o problema do pecado na vida da

humanidade tinha que ser resolvido neste nível da existência, e na vida de cada

homem, individualmente, enquanto ele está vivo no corpo. Toda e qualquer

solução para o problema do homem tem que ser apresentada a ele enquanto está

no corpo. Ele pecou encarnado, precisa ser redimido encarnado, ou seja,

enquanto está vivo no corpo. ( Romanos 5:12)

No grande conflito que envolveu a mente do homem nos momentos

anteriores à desobediência, havia uma grande luta entre o que é temporal e o que

é eterno. O grande e único mandamento, àquela altura, tinha como penalidade de

sua não-observância a queda da imortalidade para a mais frágil e terrena

mortalidade. Portanto, quando em aquiescência ao eu o homem desobedeceu a

Deus, ele estava decididamente trocando o eterno pelo temporal, em face de que

o mandamento assim determinava: "No dia em que dele comeres, certamente

morrerás." É, pois, de esperar-se que a rejeição da vida eterna implique inevitável

e irreversivelmente em morte eterna.

Em Mateus 25:46, Jesus disse: "E irão estes para o castigo eterno."

Ninguém em toda história advertiu mais acerca de um castigo eterno do que

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Jesus. De igual modo, ninguém além dele trouxe uma real esperança para após a

morte: "Se alguém guardar a minha palavra não verá a morte, eternamente." E

entre vintenas de outras promessas ouçamos esta: "Quem ouve a minha palavra e

crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da

morte para a vida." (João 5:24)

Sem dúvida, trágico, amargo e indizível em solidão deve ter sido

para Adão o primeiro pôr-do-sol sem a companhia do Criador. Estranha e

profunda melancolia deve ter-lhe invadido o coração. Já não havia em seus lábios

o habitual e espontâneo poema de louvor a Deus. No seu peito, fazia-se sentir um

vazio do tamanho do infinito, logo, do tamanho de Deus. E, no seu coração, o

peso do pecado que o afastara de Deus e o projetara numa terrível e irremediável

condição espiritual o apertava e oprimia.

Impossível, no entanto, é para o homem viver curtindo no peito um

vazio do tamanho de Deus. Foi então, na tentativa de redimir essa situação de

solidão e culpa, que os sistemas humanos surgiram, tendo como objetivo

conseguir restabelecer entre o homem e o Criador, ou porque mesmo não dizer -

olhando exclusivamente para a dor humana e o desejo que o homem tem de não

sentir ou ser atingido por qualquer sofrimento para promover qualquer situação

ou paliativo que tirasse o homem do seu estado de solidão, vazio e dor, oriundos

da desobediência e do pecado.

Assim, é que convidamos os leitores a prosseguirem nesta leitura,

analisando, juntamente conosco, os sistemas humanos, seus ideais, suas histórias

e os seus fins.

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) STOTT, J. R. W. Cristianismo Básico. São Paulo, ABU e

Edições Vida Nova, 1973.

(2) SCHAEFFER, Francis. A Morte da Razão. São Paulo, ABU

Editora, 1975.

(3) Apud Schaeffer, op. cit.

(4) A BÍBLIA Sagrada. ed. rev. e atualizada. Trad. por João

Ferreira de Almeida, Rio de Janeiro, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

(5) SCHAEFFER op. cit., pág. 25.

(6) BACON, Francis. Poluição e Morte do Homem. 2.ª ed., Rio de

Janeiro, JUERP, 1976, pág. 73.

(7) Id., pág. 77.

(8) Id., ibid.

(9) LITTLE, Paul. Você Pode Explicar Sua Fé? 2.ª ed., São Paulo,

Ed. Mundo Cristão, s. d.

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2 O SISTEMA RELIGIOSO

As origens da religião são antigas, tanto quanto o desejo de o

homem reatar sua relação com Deus.

Religião é a tentativa de religar o homem à divindade. É uma

tentativa de baixo para cima, do homem para Deus. Entre as muitas definições

que os dicionários dão ao termo, a linha básica do pensamento é a seguinte:

"Crença em Deus ou deuses (...), adoração a Deus ou deuses".

A história da religião, nos seus primórdios, nos é apresentada na

Bíblia em Gênesis 4, quando Abel e Caim apresentaram-se diante de Deus para

oferecerem sacrifícios. Ali se percebe claramente que os dois homens eram tão

distintos em suas estruturas de personalidade, quanto o foram nas suas ofertas

religiosas. Abel, filho mais novo de Adão, leva a Deus uma oferta de sangue, de

vida pela vida, de substituição. Imolara para Deus um sacrifício cujo fruto era das

"primícias do seu rebanho e gordura deste". Caim, primogênito de Adão, leva a

Deus uma oferta das suas atividades, de sua cultura como agricultor. Era uma

atitude de ser aceito pelas suas obras. Diz-nos a Bíblia, que de Abel e de sua

oferta, Deus se agradou, porém não se agradou de Caim e de sua oferta.

O que aprendemos nós desses dois irmãos? Pensamos que a lição

ensinada foi de que a verdadeira relação com Deus ( a de Abel ) exige "um

substituto inocente", reivindica sangue como substituição pela vida e pela

expiação do pecado. "Porque a vida da carne está no seu sangue." (Levítico

17:11). E ainda porque "sem derramamento de sangue não há remissão de

pecados". (Hebreus 9:22) Assim também aprendemos que relação errada com

Deus (a de Caim) parte de um esforço humano no sentido de com as suas

próprias obras e virtudes "comprar" o direito de ser aceito por Deus. Porém, o

relacionamento com Deus não vem de "obras para que ninguém se glorie."

(Efésios 2:8,9). Havia necessidade de se derramar sangue, em substituição pela

vida, pela seguinte razão: o pecado entrou no mundo pelo homem. Mas ele não

só entrou no mundo-humanidade, como também no nível da existência material.

Ora, a sublime manifestação da vida material está no corpo e seu complexo. No

entanto, a vida do corpo está potencialmente no sangue, logo, em termos de

escatologia redentiva, o sangue prefigurava Cristo e seu sacrifício, mas

igualmente oferecia-se como o autêntico representante do valor material ao nível

da vida em que o pecado se introduziu no mundo.

Quando neste capítulo, nos propusemos a analisar o sistema

religioso, fizemo-lo desejando tão-somente enveredar no caminho da religião

como deve ela ser entendida em sua forma etimológica e em seu ideal extra e

anti-bíblico.

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Religião, no sentido etimológico da palavra, é uma atitude de busca

de nivelamento em direção ascendente: de baixo para cima, do homem para

Deus, do natural para o sobrenatural, do terrestre para o celestial. E essa busca é

parte de um credo religioso que reza que o homem tem possibilidades, extra-

revelação, de descobrir e alcançar o Criador através de elucubrações mentais e de

esforços ou por meio de penitências físicas e espirituais para se relacionar com

ele independentemente de qualquer revelação que Deus faça de si próprio.

O fato é que, quer o homem aceite uma relação com Deus que

dependa da revelação ou aceite a relação que dependa do seu esforço ou da sua

autonomia mental, sempre há em cada ser humano um sensus deitatis ( senso de

divindade ). Sempre há consciência de um ser supremo, de uma mente suprema.

Alguns dizem que cada homem tem basicamente uma doença chamada

religiosidade mas, talvez, como diz R. B. Kuiper, seja melhor chamá-lo de

"constitucionalmente religioso".1 Essa qualidade está tão intrinsecamente

entranhada na natureza humana quanto a própria racionalidade, pois tanto esta

como aquela fazem parte de sua nobreza de caráter.

Na Segunda Guerra Mundial dizia-se: "Não há nenhum ateu nas

trincheiras." Esta é uma verdade básica. Há um incontrolável senso de divindade

em cada criatura humana, principalmente diante do perigo.

A religião, na gênese de sua formação, era constitucionalmente

monoteísta. A Bíblia declara assim, e muito contundentemente o tem

demonstrado. Wilhelm Schmidt, em sua obra A Origem da Idéia de Deus, declara

haver chegado, pelo método histórico, à conclusão de que a mais rudimentar

religião humana era essencialmente monoteísta.

Alguém poderia perguntar: "Como então há tantas religiões e

conceitos de deuses no mundo e através da História?" A Bíblia diz que isso foi

causado pela religião de Caim, pela religião da autonomia, pela teologia natural.

Observemos: "... Mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a

criatura em lugar do Criador." (Romanos 1:25) Sobre isso diz-nos Billy Graham:

"Certa vez, vi um homem na Índia, deitado sobre um leito de

pregos. Ele já estava ali havia muitos dias, sem comer, e bebendo pouca água.

Com isso tentava fazer expiação pelos seus pecados. Em outra ocasião, na África,

vi um homem caminhar sobre carvão em brasa. Ao que pensava, se ele saísse dali

ileso teria sido aceito por Deus; se se queimasse, seria considerado pecador,

necessitado de arrependimento.

"Certa missionária na Índia, ao passar pelas margens do rio Ganges

notou uma mulher sentada ali com dois de seus filhos. No colo, estava uma

belíssima criancinha e, choramingando a seu lado, uma criança bastante retardada

de cerca de três anos. Ao retornar mais tarde para casa, a missionária viu a jovem

ainda sentada no mesmo lugar, tentando consolar o filho retardado, mas o bebê

não estava mais ali. Horrorizada com o pensamento que lhe ocorreu, e que

poderia ser verdadeiro, ela hesitou um momento, mas dirigiu-se à mulher e

perguntou-lhe o que acontecera. Com lágrimas escorrendo pelo rosto, a mulher

ergueu os olhos e disse: "Não sei o seu deus, mas o deus da minha terra exige o

melhor". Ela dera o bebê perfeito ao deus do Ganges".2

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Quem pode negar que os fatos narrados acima tenham uma forte

ligação com o sacrifício de Caim?

A religião, do ponto de vista humano, sempre é penitenciosa e, por

conseguinte, busca uma autonomia para a salvação! A Bíblia, no entanto, diz que

Deus "não se agradou de Caim e de seu sacrifício".

Marchando, paralelamente, no tempo e no espaço, sempre

coexistiram dois conceitos de relação com Deus. Como já vimos, ambos bem

podem ser personificados em Caim e Abel.

Na Bíblia, no entanto, patenteia-se a realidade de não haver

qualquer possibilidade de uma relação com Deus que seja comprada pelas obras

provenientes de um entendimento soberbo pela autonomia que se pensa que o

homem possui.

John Bunyan com perspicácia observou: "A religião é a melhor

armadura que um homem pode ter; mas, como manto, seria o pior."3

A religião natural desenvolveu-se na mente dos homens há milhares

de anos. Em todas as culturas de povos que já existiram observa-se, sem exceção,

a presença de alguma crença religiosa.

Ao contrário do que se pensa com muita freqüência, o monoteísmo

estribado na revelação de Deus não começou com Abraão em Ur dos caldeus.

Nele, houve sim, uma volta ao monoteísmo da base primeira, em face da

autonomia que o homem pensou possuir, que já, àquela altura, evidenciava seus

resultados, deformando totalmente o monoteísmo original e dando início ao

politeísmo. Com Abraão, houve o retorno ao monoteísmo calçado pela revelação

divina. A História, daí para diante, conheceu sempre duas escolas de pensamento

religioso, escolas que podem ser denominadas naturalistas ou evolucionistas, e

sobrenaturalistas ou da revelação. A primeira escola ensina que o homem evoluiu

no curso de sua existência como espécie, aguçando gradualmente o seu senso de

percepção do divino. A segunda escola postula, com base na revelação de Deus,

que o homem em seu estado natural de caído não tem qualquer autonomia no seu

senso do divino, tendo tão-somente consciência de sua existência, mas não,

meios autônomos de se relacionar com Ele, a não ser através da revelação que

Deus faz de si próprio.

O judaísmo e mais tarde o cristianismo foram as únicas religiões

que mantiveram essa posição de total dependência da revelação divina.

No judaísmo houve revelações de Deus que se cumpriram na vida

de Israel como nação, que também anunciavam a futura redenção oferecida a

todo homem com base na oferta de Abel, ou seja, numa substituição com o

elemento sangue. Enquanto isso, todos eram salvos nessa esperança e, até fora de

Israel, muitos aguardaram essa promessa e por ela foram salvos. Sobre o assunto

observa Billy Graham: "Um famoso conhecedor da Bíblia, o Dr. Donald

Barnhouse, falou acerca de uma viagem fluvial que teve de realizar, pelo centro

da África. Logo que entrou no barco, viu uma galinha, e pensou tratar-se do

almoço deles. Cerca de duas ou três horas depois, ouviu um rumor distante e

percebeu que se aproximavam de corredeiras. Os homens naturais do lugar, que

remavam a embarcação, dirigiram-se para a margem do rio, pegaram a galinha, e

foram para a mata. Fizeram um altar tosco. Antes de oferecerem a ave no altar,

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deceparam-lhe a cabeça e espargiram o sangue na parte anterior do bote. O Dr.

Barnhouse disse que percebeu uma vez mais que, mesmo sem terem ouvido um

missionário, e sem a palavra de Deus, aqueles homens sabiam que havia

necessidade de um sacrifício."4

Com o cristianismo, que não é uma religião há apenas dois mil

anos, porém rotulada nesse tempo, pois ela é apenas o cumprimento histórico de

antigas promessas feitas por Deus aos israelitas, houve verdadeiramente a plena

manifestação da relação de Deus com o homem, quando ele mesmo assumiu a

forma humana e se revelou pessoalmente, encerrando assim toda Revelação,

como bem nos diz o escritor da epístola aos hebreus: "Havendo Deus, outrora,

falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais pelos profetas, nestes últimos

dias nos falou pelo filho a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual

também fez o Universo!" (Hebreus 1:1 e 2)

Os anos se passaram até que, no cristianismo histórico, o qual se

distingue do cristianismo bíblico, ocorreu a penetração quase que imperceptível

da religião natural. Isso aconteceu com o advento de Tomás de Aquino. Na

concepção de Tomás de Aquino o homem estava caído na vontade, mas não no

intelecto. Essa teologia abriu no cristianismo histórico uma imensa ponte para a

religião natural, que entrou sem pedir licença.

Com a teologia de Aquino, o intelecto humano tornou-se autônomo

e conseqüentemente capaz de prescindir da Revelação. Aquino partiu da

perspectiva de que a teologia natural é uma teologia que se poderia formular

independentemente das Escrituras. Isso certamente implicaria numa filosofia

religiosa, porém Tomás esperava que resultasse numa harmonia e dizia que

existia uma correlação entre a teologia natural e a revelação escriturística, ou

seja, que a mente humana por si só chegaria à conclusão a que as Escrituras

chegaram.

Passaram, pois, a coexistir, rotulados com o mesmo nome, dois

cristianismos. O primeiro, o da revelação verbalizada e proposicional, ou seja, o

cristianismo das Escrituras. O segundo, o cristianismo evolutivo e histórico,

dissociado das Escrituras e aliado à autonomia mental do homem filosófico e

religioso.

Se pensa-se, com convicção, que a mente humana é autônoma,

deve-se, por conta desse conceito, sair à procura do lugar do homem no

Universo, partindo-se, evidentemente, das elucubrações filosóficas e religiosas.

Foi justamente nesta odisséia espiritual que o homem foi colocado dentro de um

certo cristianismo, embora permanecesse fora do cristianismo calçado no

evangelho da paz.

Com a autonomia religiosa do homem veio também um obstinado

senso crítico. Foi assim que, dentro do cristianismo, surgiram os seus mais

perigosos inimigos. Ora, isso é fácil de imaginar-se. Se pode-se prescindir da

revelação escriturística, pode-se, obviamente, em nome dessa independência,

criticá-la de acordo com a conveniência de um melhor ajustamento com a

teologia natural, ou seja, com a teologia das circunstâncias e das contingências. A

teologia natural não contextualiza as Escrituras às circunstâncias concretas da

existência, mas tão-somente usa seus símbolos, termos e expressões, destituídos

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do sentido original e primário. Trata-se de uma manipulação de termos

escriturísticos, todavia, tomados apenas para sacralizar os pensamentos da

teologia natural.

No entanto, a busca autônoma de Deus, que já havia falhado na

História inteira, estava também fadada a falhar no cristianismo da teologia

natural. É nesse cristianismo naturalístico que os teólogos frustrados com a sua

insatisfação espiritual encontram, ao fim dessa escorregadia escalada, a doutrina

do Deus morto. Ao afirmarem a morte de Deus eles estão dizendo de duas uma

coisa: ou que Deus nunca existiu ou que ele é incognoscível, a nível de uma

busca exaustiva de conhecimento de sua realidade.

Depois do fracasso, no entender de Francis A. Schaeffer, poderiam

ter feito duas coisas a fim de continuarem no campo racional e lógico, ao invés

de terem caído no irracional místico de terem fé na fé. Poderiam ter abandonado

seu racionalismo fracassado e voltado à teologia bíblica da Reforma, a qual

tinham rejeitado com base nas pressuposições naturalísticas; ou poderiam tornar-

se niilistas no que se refere ao pensamento e à vida. Porém, em vez de

escolherem uma destas duas alternativas racionais, escolheram um terceiro

caminho, exatamente como os filósofos: um terceiro caminho inconcebível para

o homem culto antes disso, que implicava numa divisão no conceito de verdade,

pois caíram no paradoxal "absoluto do relativismo". Quando dizemos absoluto do

relativismo é porque, ao afirmarem que não há uma verdade absoluta na vida,

eles estão colocando o relativismo como um absoluto. Além dessa posição em

prol do relativismo, eles caíram na irracionalidade de crerem em Deus, mesmo

partindo do pressuposto de que Ele é inatingível, ou melhor, não pode ser

experimentado. Ilustração dramática disso, é-nos dada por Ruben Alves, em

entrevista concedida ao jornal Kairós Momento, da Aliança Bíblica

Universitária: "Ah! Deus tem de existir. Eu aposto na existência d´Ele, embora

eu não possa provar, tenho apenas indicações". É aí que Ruben Alves se torna

mais grave e fala como se estivesse narrando o saldo de mortos e feridos de uma

batalha. Para ele, Deus é inatingível pelo conhecimento, e resta somente o salto

irracional da fé", diz o articulista do Kairós. "É como um salto de pára-quedas.

Você tem de confiar que vai abrir. Deus não pode ser conhecido porque o justo

viverá da fé. Se eu posso conhecê-lo, então, para que a fé?"5 Assim, numa linha

Kierkegardiana, Ruben Alves não busca fundamentação racional de Deus e da fé.

Como ele, há milhares de cristãos nos nossos dias. Podemos mesmo afirmar que

todos quantos não admitem a Bíblia como a Palavra de Deus, e não voltaram ao

cristianismo das Escrituras, estão nessa desalentadora situação de terem

construído um sistema autônomo que falhou na busca de Deus. Pois, segundo

Ruben Alves, a única Palavra de Deus que a Bíblia define, é a intenção de Deus

de estar sempre criando. "Se eu leio corretamente a Bíblia, a Palavra de Deus,

imutável, é a sua intenção criadora, o que não significa que Deus faça sempre as

mesmas coisas." Ora, com esse tipo de concepção, o melhor que se faz é desistir

de tentar conhecer esse Deus cuja imutabilidade está no fato de que ele

estabeleceu mudar freqüentemente. Com base em tamanha criatividade, não há

homem que possa conhecer e andar com esse Deus. Para tais homens, Deus está

morto na prática e vivo apenas como concepção vaga e etérea. Para que eles

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consigam continuar sobrevivendo nesse mundo é preciso arregimentar toda fé

que possam para então canalizarem-na numa fé cega e incomunicável.

As alternativas que a religião moderna está propondo são

basicamente as seguintes:

1) O pan - homo - ismo. Pode ser percebido e entendido pela

poética conclusão de Ludwig Fernebach: "A consciência de Deus é

autoconsciência, o conhecimento de Deus é autoconhecimento. A religião é o

solene desvelar dos tesouros ocultos do homem, a revelação dos seus

pensamentos íntimos, a confissão aberta dos seus segredos de amor".6 Eu

chamaria essa declaração não de "Panteísmo", nem de "Pantodo-ismo", mas de

"PAN-HOMO-ISMO", pois a pressuposição é que Deus está em todo homem, e

que conhecer-se a si mesmo é conhecer a Deus. Todavia, se fosse assim,

cairíamos na tragédia de que a nível individual Deus só seria Deus no impossível

ajuntamento das intimidades e conhecimentos próprios, que são sempre

insondáveis. Portanto, se essa teoria fosse prática, eu estaria perdido na escuridão

de uma teologia auto-psicanalítica, pois o eu-meu-Deus nada responde a mim

mesmo, porque, se nele houvesse respostas, nada se lhe necessitaria perguntar,

pois é de se supor que haveria um subconsciente estado de paz e harmonia, mas

isso não acontece. Também em termos coletivos, sociais, comunitário etc... a

teoria não é prática, pois o Deus não integra o coletivo na experiência mútua, não

tendo, portanto, nenhuma utilidade tanto no mundo individual e interior de cada

homem, quanto no seu ambiente coletivo de existência.

2) A religião dos símbolos e das configurações imaginárias.

Observemos um texto bastante significativo que se propõe a codificar o

pensamento da religião dos símbolos e das configurações imaginárias: "para a

religião, não importam os fatos e as presenças que os sentidos podem agarrar.

Importam os objetos que a fantasia e a imaginação podem construir. Fatos não

são valores: presenças que valem o amor. O amor se dirige para coisas que ainda

não nasceram, ausentes. Vive do desejo e da espera. E é justamente aí que

surgem a imaginação e a fantasia, encantações destinada a produzir... a coisa que

deseja..." Concluímos, assim, com honestidade, que as entidades religiosas são

entidades imaginárias.

"Sei que tal afirmação parece sacrílega. Especialmente para as

pessoas que já se encontraram com o sagrado. (Para o autor do texto toda

experiência religiosa é válida, pois não há racionalidade nem objetividade na

religião.) De fato, aprendemos desde muito cedo a identificar a imaginação com

aquilo que é falso... Não, não estou dizendo que a religião é apenas imaginação,

apenas fantasia. Ao contrário, estou sugerindo que ela tem o poder, o amor, e a

dignidade do imaginário. Mas para elucidar declaração tão estapafúrdia, teríamos

de dar um passo atrás, até lá onde a cultura nasceu e continua a nascer... Por que

razões os homens fizeram flautas, inventaram danças, escreveram poemas,

puseram flores nos seus cabelos e colares nos seus pescoços , construíram casas,

pintaram-nas de cores alegres e puseram quadros nas paredes? Imaginemos que

estes homens tivessem sido totalmente objetivos, totalmente verdadeiros - sim,

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verdadeiros! Poderiam eles ter inventado coisas? Onde estava a flauta antes de

ser inventada? E o jardim? E as danças? E os quadros? Ausentes. Inexistentes.

Nenhum conhecimento poderia jamais arrancá-los da natureza. Foi necessário

que a imaginação ficasse grávida para que o mundo da cultura nascesse.

Portanto, ao afirmar que as entidades da religião pertencem ao imaginário, não as

estou colocando ao lado do engodo e da perturbação mental. Estou apenas

estabelecendo sua filiação e reconhecendo a fraternidade que nos une."7

Ao tentar colocar a religião como filha do imaginário, o autor do

texto pretende concluir com uma espécie de objetividade secundária, ou seja, se a

religião é filha do imaginário tanto quanto a flauta, a dança, o jardim, etc. Então

ela seria imaginária na concepção, mas objetiva no parto e daí em diante.

Portanto, ele pretende colocar-nos diante do fato de que há uma realidade

objetiva na religião agora, como existe com as coisas inventadas, uma vez

executadas. Entretanto, o argumento não satisfaz no caso de coisas abstratas

como a religião, pois no máximo o que se inventaria, para além da idéia, seriam

os símbolos naturais que transubstanciaram a natureza para configurar as idéias e

transubstanciaram as idéias para sacralizar a natureza, coisas que em si não

preenchem nem satisfazem a um homem honesto na sua busca de sentido,

vontade e razão para a vida, pois uma "idéia" é sempre posterior àquele que

pensa, logo "Deus", a "religião" e a "Fé" seriam coisas tanto criadas, como

subordinadas e dependentes dos homens. Esse fato pode ser admitido quando se

estuda a fenomenologia das religiões, mas não quando incluímos o cristianismo

nesse nível de argumentação, pois as origens do cristianismo estão no Cristo

eterno, a menos que tenhamos abdicado dos nossos pressupostos e fatos cristãos.

Nesse caso, também não usemos a palavra "cristão", sem conotação bíblica,

apenas para rotular o nosso irracional desejo de sermos bons. O cristianismo não

pode ser dissociado da sua confissão de fé. Se o for, é qualquer "coisa-boa",

menos cristianismo. Talvez pudéssemos chamar de um Clik-bom ou de Tik-bom.

Assim seríamos mais coerentes.

Ao tratar da religião e seus símbolos como coisas necessárias à

vida, alguém disse: "É verdade que os homens não vivem só de pão. Vivem

também de símbolos, porque sem eles não haveria ordem, nem sentido para a

vida, nem a vontade de viver. Se pudermos concordar com a afirmação de que

aqueles que habitam um mundo ordenado e carregado de sentido gozam de um

senso de ordem interna, integração, unidade, direção e se sentem efetivamente

mais forte, para viver, teremos então descoberto a efetividade e o poder dos

símbolos e vislumbrado a maneira pela qual a imaginação tem contribuído para a

sobrevivência dos homens."8

Os símbolos que o texto menciona são destituídos de razão

primária, possuindo apenas razão secundária, posterior à idéia, sendo, portanto,

coisas sem sentido em si mesmas, mas apenas absurdos referenciais de

esperança. Já a alusão à "vontade de viver", como sendo oriunda da esperança

dos símbolos, é algo tão irracional quanto o desejo e a vontade de sexo. Por que

alguém deseja possuir uma mulher que de repente passa no caminho? Não há

resposta racional apesar das "explicações" da estética, da biologia e da

psicologia. É uma questão de desejo. Nesse caso, se o desejo de viver é tão

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desejo quanto é o de possuir uma mulher, então o que se está propondo é uma

espécie de irracional emulação existencial, e a intensidade e ebulição desse

desejo seria uma tara existencial.

Para tragédia do homem e da religião do século XX, o Deus

primeiro está morto. Resta apenas a possibilidade de ressuscitá-lo através de um

milagre de objetividade secundária, seja através dos símbolos e idéias, ou através

de uma espécie de divinização do consciente coletivo. Como alguém disse:

"Nascemos fracos e indefesos; incapazes de sobreviver como indivíduos

isolados; recebemos da sociedade um nome e uma identidade; (...). É

compreensível que ela seja o Deus que todas as religiões adoram..."9

Ao ler textos como esse, lamento que o drama de Abel e Caim

continue a ser repetido. Lamento que a religião dos frutos da terra continue a ser

cultuada. Entristeço-me por ver tanta solidão na vida do homem que se deixa

levar pela idéia de que "um Deus de símbolos" pode preencher o coração que o

concebeu.

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) KUIPER, R. B. A Evangelização Teocêntrica. S. P.,

Publicações Evangélicas Selecionadas, 1976.

(2) GRAHAM, Billy, Como Nascer de Novo. s. ed. Minas Gerais,

Editora Betânia, 1977, pág. 49.

(3) Apud Graham, op. cit.

(4) Id., op. cit.

(5) Ruben Alves, in "Kairós Momento", S. Paulo, ABU Editora,

junho de 1981.

(6) ALVES, Ruben. O Que é Religião. s. ed. S. Paulo, Editora

Brasiliense, 1981.

(7) Ibid.

(8) Id., ibid.

(9) Id., ibid.

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3

O SISTEMA FILOSÓFICO

Conceitos originais de filosofia

A Filosofia como sistema surgiu em meio à História humana. Não

é tão antiga quanto o sistema religioso, porém remonta, historicamente, às mais

pródigas culturas da antiguidade. Aí também encontramos as suas raízes

acadêmicas.

Voltando a esse começo, devemos pensar na cultura egípcia e no

Livro dos Mortos; na cultura da Mesopotâmia e nos seus sistemas filosóficos em

torno da influência dos astros; nas filosofias iranianas e nas filosofias hindus com

a negação do mundo visível. Entretanto, a Filosofia, no seu conceito natural, é

tão antiga quanto a própria necessidade humana de encontrar sentido e finalidade

no Universo.

Num certo sentido, cada homem é um filósofo, desde que se

entenda por filosofia qualquer conceito que se correlacione intrinsecamente com

o homem. Todo homem vivo é um filósofo em potencial, em face de que

ninguém vive sem um conceito de vida. Aliás, isso é verdade até mesmo na mais

lídima forma da filosofia, pois sabemos que os grandes filósofos já nasceram

com essa inclinação. As academias do pensamento foram conseqüência dos

pensamentos que emergiram do grande mar das conceituações humanas, de

forma totalmente espontânea e livre.

A Filosofia, no seu sentido acadêmico, no entanto, assim pode ser

definida: uma tentativa de correlação de todo o conhecimento que existe a

respeito do Universo, numa forma sistemática, a ela se integrando a experiência

humana. Portanto, o conhecimento das coisas que nos rodeiam está intimamente

ligado aos nossos atos no contexto que nos cerca. Dependendo do que eu penso,

é como eu ajo.

Quando se pensa em filosofia acadêmica, focaliza-se sempre a

Grécia. Na verdade, foi lá que, na História do homem, houve o levantamento das

grandes questões da existência humana. Mestres na arte de divagar, nas

abstrações e no raciocínio, os gregos da grande época plantaram as sementes que

germinariam mais tarde em todas as culturas do mundo, muito especialmente na

do Ocidente, e das quais, ainda hoje, colhemos os frutos. Tendo levantado todas

as questões básicas da existência, os gregos propiciaram aos pensadores do

Ocidente limitarem-se apenas a retomar as teorias que já haviam sido expostas.

Como já vimos no capítulo primeiro deste livro, todos os sistemas

do pensamento humano visam, consciente ou inconscientemente, recuperar o

lugar primeiro do homem, sua paz, e seu propósito na existência. A genealogia

da crise filosófica do homem, especialmente a do século XX, bem pode ser

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entendida à luz de dois eventos. Primeiro, o da queda, como narrado nas

Escrituras. Segundo, o da influência que os sistemas gregos impuseram à

filosofia e cultura do homem moderno.

A crise básica do homem é estar separado de Deus pela sua total

ausência da verdade, num mundo onde os absolutos de Deus foram rejeitados.

Para alguns, há uma crença num DEUS incognoscível, cuja realidade não pode

ser experimentada, visto acreditar-se haver uma total dualidade entre o mundo

numênico (mundo do espírito) e o mundo fenomênico (mundo da natureza).

Baseado nesse pressuposto, todo raciocínio termina num acaso, num

despropósito.

Se o homem não reconhece seus próprios limites, perde-se no

insucesso ao investigar a verdade dos fatos primeiros. Platão admitiu a

necessidade de critérios e a impotência da mente humana, no que tange a

desvendar os mistérios da existência, quando, no Fedo, pág. 85, põe na boca do

personagem Simias, as seguintes palavras: "Pois ouso afirmar que tu, ó Sócrates,

sentes, como eu, quão difícil ou quase impossível é a aquisição de qualquer

certeza em problemas como este. E, todavia, consideraria covarde aquele que não

provasse o mais possível o que é dito acerca deles, ou cujo coração falhasse antes

de os ter examinado por todos os lados. Pois devia perseverar até que atingisse

uma das duas coisas ou descobriria ou aprenderia a verdade a respeito deles; ou,

se isso fosse impossível, eu gostaria que ele tomasse o que há de melhor e mais

irrefragável nas tradições humanas e deixasse que isto fosse a jangada sobre a

qual navegasse a vida - Não sem risco, como penso, se não puder achar qualquer

revelação de Deus, que o transporte, com mais segurança e sem perigo."1 Platão

reconheceu aí, que a única coisa capaz de afiançar a verdade e dar segurança ao

homem, em áreas onde este percebe sua impossibilidade de ser autônomo, no que

diz respeito a um descobrimento intelectual, é uma revelação de DEUS.

Infelizmente, o homem do século XX tem deificado sua própria

mente numa total ausência de reconhecimento de sua não-autonomia, o que tem

levado milhões à frustração. Ao perceber que todo o seu sistema vagueia sobre o

éter das pressuposições, o homem se desespera num Universo sem respostas. Isto

ocorre em face do falso conceito que o homem possui de que todas as respostas

sobre "o princípio" e "a existência" devem partir de si mesmo, de suas próprias

cogitações. Como isso não acontece, ele se torna um desesperado.

O dogma da matéria primária

No século XX, erigiu-se uma filosofia anti-filosófica cujas idéias

são as do absurdo. Postulam seus protagonistas que não há sentido e propósito na

existência. Como resultado disso, não é de se estranhar o estado de insuportável

cansaço e total morbidez minando no homem o seu desejo de encontrar a

verdade, em meio às frustrações filosóficas existentes no decurso da História

humana. Elaboram, portanto, todo um sistema de niilismo filosófico a partir dos

elementos existentes. Olharam para esses elementos com o descaso que só se

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olha para o "nada", o qual não carece de explicações sobre sua existência, pois é

simplesmente inexistente; existindo apenas em oposição referencial àquilo que

existe.

No esforço que o homem tem feito para desvendar os mistérios que

envolvem a silenciosa eternidade e a assombrosa existência do Universo, sempre

tem partido, em razão de sua própria limitação ( ainda que tantas vezes não a

reconheça ), daquilo que podemos chamar o "dogma da matéria primária", a fim

de elaborar todas as suas pressuposições.

Não haveria problema algum em se fazer suposições a partir de

"alguma coisa" já existente, desde que se admitisse que "alguma coisa" não é

filha do nada, a menos que a "voz" do Onipotente assim o ordene. Mas,

normalmente, a metafísica do homem do século XX é tão dogmática quanto a de

Epicuro, fundador do epicurismo, que elaborou, há mais de 2.000 anos, toda a

sua cosmologia, partindo da matéria existente ( Átomos ) e esquecendo-se de

qualquer explicação para essa existência primária. Assim fazendo, colocou-se em

total ateísmo.

Nosso raciocínio não postula que DEUS seja um "tapa buracos",

mas no pensamento de muitos, no século em que vivemos, há um dogmatismo

maior do que a fé que possa ser exigida em qualquer área da teologia cristã. Lê-

se com frequência, de ateus que têm escrito alguma coisa sobre o princípio, mais

ou menos a mesma coisa que uma cozinheira faz quando dá a receita de um bolo.

Para o ateu, as pressuposições sempre partem de algum material já existente:

energia, movimento, matéria, gases, etc... Parece-nos bastante razoável, exigir-se

de uma cozinheira que não crê que o trigo, o fermento, o leite, o açúcar e os ovos

foram feitos por alguém ou que procedam de alguma fonte de existência superior

a eles, que faça o seu bolo partindo do "Nada", para depois então dizer,

soberbamente: "Aqui está o bolo! Fi-lo sem que nada existente tivesse

contribuído".

Achamos bastante interessante, ao lermos trabalhos escritos pelas

greis atéias, notar que as suas cogitações são: ("Não há DEUS"). No entanto,

num dogmatismo bastante ingênuo, elaboram seu sistema ateu em "bases já

existentes". Falam eles em movimento, força, etc. Ora, força e movimento estão

intrínseca e inseparavelmente correlacionados. É por seu movimento que um

agente pode exercer uma força. E um movimento estará sempre relacionado a

uma força anterior, de forma que não se sabe bem que gerou força. Força e

movimento representam dois aspectos de um mesmo fenômeno. Mas como

teríamos movimento sem força e força sem movimento? Portanto, se

começarmos do "Nada-Nada" mesmo, a inexistência e a inércia reinarão para

sempre. Cremos que o ateísmo sempre foi e será um sistema dogmático limitado

pela impotência do seu criador, o homem. Se começarmos o nosso pensamento

do "Nada-Nada", e não "Nada-Algo" e do "Algo-Nada", ficaremos sempre no

Niilo. O homem é um criador que só pode partir do primário da existência.

DEUS, sim, é o único que pode partir do "Nada-Nada".

Para irracionalidade e alienação do homem moderno, todos os

sistemas filosóficos atuais, que buscam estudar o Universo e suas origens

principiam por uma total autonomia de raciocínio e, em consequência,

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pressupõem a partir do que está feito, sem que, humildemente, reconheçam já

terem feitas essas coisas. Eu porém afirmo: É muito fácil ser ateu a partir do que

já está feito, o impossível é sê-lo a partir do "Nada-Nada".

A despeito dessas teses de um Universo descriado serem

dogmáticas e simplistas no seu raciocínio metafísico, elas têm impingido ao

homem moderno o desespero de ser filho do dogma ateu.

A metafísica do impessoal

Quando nos referimos ao homem moderno como um "todo" em

aquiescência a esses sistemas, é em função do que é normalmente ensinado nas

Universidades e na literatura popular. Há, em verdade, um número reduzido de

ateus, mas são justamente eles que estão tomando as iniciativas de divulgar suas

idéias numa pregação cheia de ardis e hiperbolismos. Sabemos haver um grande

número de pessoas que, embora crendo na existência de Deus, vivem enormes

dramas interiores. As estatísticas revelam que 96% dos ingleses crêem na

existência de um DEUS. Mas, para a maioria dessas pessoas, DEUS é um SER

distante, alienado por vontade própria, perdido num Universo sem paredes e

totalmente incognoscível para o homem. Não é de admirar que tais pessoas lutem

entre o pessoal e o impessoal, entre o DEUS-Ser e o DEUS-Energia.

Há, na presente ordem de coisas, como nunca, uma tendência

enorme para duas posições metafísicas, distantes apenas por uma sutileza

semântica. A primeira pode ser muito bem ilustrada por uma declaração de

Bertrand Russel no livro Culto ao Homem Livre, onde ele afirma "que o homem

é o produto de causas que não tinham nenhuma previsão do fim que iriam atingir;

que sua origem, crescimento, esperanças e temores, amores e crenças são

unicamente o resultado acidental de colocação de átomos; que nenhum fogo,

nenhum heroísmo (...) pode preservar uma vida individual após a sepultura (...),

que o templo inteiro das conquistas do homem deve ser inevitavelmente

enterrado sob os escombros de um universo e ruínas - todas estas coisas, se bem

que não estejam livres de serem questionadas, apresentam ser tão certas que

nenhuma filosofia que as rejeitar poderá esperar sobreviver".2 Esta é, sem dúvida,

a metafísica do absurdo, da casualidade e do desespero.

A segunda posição metafísica reside na atenuada crença em DEUS.

Mas, a natureza e a existência desse DEUS são impessoais. Assemelha-se tal

pensamento ao conceito estóico da natureza de DEUS, segundo o qual DEUS não

tem interesse nos problemas pessoais do homem, pois ELE não é pessoal.

Quando, há pouco, nos referíamos aos dois sistemas acima

mencionados como sendo distintos apenas numa sutileza semântica, fizemo-lo

pela consciência que temos de que, em última análise, não há muita diferença

para o homem se DEUS existe como energia impessoal ou não existe, visto que,

em ambos os casos, esse DEUS não se relaciona com o homem. No segundo

caso, pela impessoalidade de sua existência; no primeiro, pela inexistência de sua

existência.

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Como já vimos, no pensamento secular hodierno, na melhor das

hipóteses, tem-se um DEUS-Impessoal, incapaz de atuar na vida dos homens e

nos seus destinos. Repete-se, portanto, a tragédia grega: "Ora os deuses

controlavam os destinos, ora os destinos controlavam os deuses."3

As muitas vezes em que ouço a palavra DEUS, tenho tido o

cuidado de verificar a que DEUS a palavra faz referência, visto que nenhuma

outra palavra há sido usada para significar sentidos tão opostos. Não é a palavra

DEUS o que importa objetivamente para tirar o homem do seu desespero, mas

sim o verdadeiro conceito de DEUS. Platão entendeu a necessidade e a realidade

da existência de DEUS. Mas não contava ele com qualquer revelação de DEUS,

e os deuses do seu conhecimento eram pequenos demais para suprir tão grandes

necessidades interiores.

Quando alguém crê num DEUS-Impessoal (Energia, Razão Última,

Ordem Superior) está crendo num DEUS tão inoperante e estéril para satisfazer o

espírito humano quanto o que crê em um não-Deus, ou seja, um DEUS que não

se relaciona como DEUS com o homem, visto que, o homem como ser pessoal e

consciente é superior a esse DEUS, pois o homem tem consciência de si, porém a

existência impessoal não se conhece. E se DEUS não é DEUS na Sua relação

com o homem, este deve entender-se autônomo, o que o leva ao desespero de

estar só.

Cremos ser necessário advertir que seja qual for o pensamento

aceito - DEUS-Energia ou Ateísmo - ambos levantam um monumento e o

erguem sobre uma só pedra, um só sistema. Trata-se do sistema monolítico do

desespero, e, nos dois casos, o homem está abandonado no Universo, sem um

ponto infinito como referência.

A filosofia de hoje

Hoje, conscientemente, o que se pode dizer é que a Filosofia no seu

sentido original está morta. Não há, nos dias atuais, filosofias no sentido clássico

do termo. Há sim, no pensamento filosófico vigente, um posicionamento anti-

filosófico. Não mais crêem os pensadores de hoje que alcançarão qualquer

resposta racional para a existência. A filosofia do século XX foi batizada pelo

sacerdote do absurdo, com o nome de Existencialismo, o qual ainda se apega ao

conceito clássico de filosofia, aceitando, todavia, a total dicotomia entre a

racionalidade e a esperança. Em outras palavras: o conceito clássico de filosofia

foi colocado no plano da esperança irracional.

Sobre o existencialismo secular, o Dr. Francis Schaeffer4, no seu

livro A Morte da Razão, analisa o pensamento do seu maior expoente em nossos

dias, Jean-Paul Sartre: "Racionalmente, o Universo é absurdo e o homem deve

buscar autenticar-se a si mesmo. Como? Mediante um ato de vontade. Assim, se

você estiver andando de carro pela rua e avistar alguém na calçada sob forte

chuva, você pára o carro, e apanha a pessoa e lhe dá carona. É absurdo. Que

importa? A pessoa nada é, a situação de igual modo nada é, mas você se

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autenticou mediante o ato da vontade. A dificuldade, entretanto, é que a

autenticação não tem conteúdo racional ou lógico - todas as direções de um ato

de vontade são iguais. Portanto, de maneira semelhante, se você está dirigindo

numa rua e avista um homem na chuva, e acelera o carro e o atropela, você

autenticou sua vontade na mesma medida. Entendeu? Assim, pranteie pelo

homem moderno posto em situação tão desesperançosa."4

É em razão de uma ideologia sem critérios e princípios absolutos,

que Sartre autenticou a sua vontade, quando com muita freqüência esteve

envolvido com o governo francês por atitudes à margem da lei.

O mal e a virtude nada são. Estão sujeitos à casualidade e ao

capricho. Isto é angustiante.

Desapareceu qualquer esperança de harmonia entre o mundo

numênico e o mundo fenomênico, vindo definitivamente o pensamento que

motivou e tem motivado de modo negativo as idéias de filósofos, teólogos,

políticos, cientistas, industriais e hippies.

De acordo com o Dr. Schaeffer o diagrama do pensamento

moderno é o seguinte:

"O otimismo deve ser não-racional."

Toda racionalidade = pessimismo

Acrescenta Schaeffer: "A situação agora se pode resumir no

seguinte: abaixo da linha há racionalidade e lógica. O andar superior abriga o não

lógico e o não racional. Não há relacionamento entre os dois níveis. O homem

não tem significado, não tem propósito, não tem sentido. Há apenas pessimismo

quanto ao homem como homem. Mas, em cima, como num salto não-racional,

não razoável, há uma fé não-racional que dá otimismo. Esta é a total dicotomia

do homem moderno"5.

Podemos categoricamente afirmar que a Filosofia não foi, nem será

jamais o sistema usado para reaver as perdas sofridas pelo homem oriundas da

queda, continuando assim, esse mesmo homem, totalmente perdido e separado de

DEUS. Esse é o desespero.

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) TENNEY, Merrill. O Novo Testamento, Sua Origem e Análise. s. edição, S.

Paulo, Edições Vida Nova, s. d..

(2) GREEN, M.. Mundo em fuga. s. ed.. S. Paulo, Edições Vida Nova, s. d..

(3) SCHAEFFER, Francis. El está presente y no está callado. Barcelona

(Espanha), Impresso por Jorge Casas, Avda. José Antonio, 160, 1973.

(4) _______. A Morte da Razão. s. ed.. S. Paulo, ABU Editora, 1975.

(5) Id.

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4 O Sistema Científico

A história da ciência

A ciência, como a conhecemos, tem de ser chamada de moderna.

Não faz tanto tempo que despontou como sol no horizonte da História humana e,

sem dúvida alguma, seus raios, oriundos da luz-conhecimento, têm iluminado

recantos que dantes eram escuros e, por causa disso, tratados supersticiosamente.

Na Antiguidade, conquanto houvesse ciência reconhecida, ela era o

produto das mistificações do homem.

No pensamento do homem antigo, a natureza era o palco das

manifestações dos deuses e dos castigos por eles impostos e, por isso, não havia

lugar para uma ciência isenta dessas mistificações. Ausência dessas influências

só se encontra na Bíblia, onde toda relação de Deus com Sua criação é inteligente

e ordenada.

Não é de admirar que a Ciência moderna tenha começado no berço

da revelação bíblica. Enquanto os homens não pararam para atentar na revelação

de Deus, através das Escrituras, não houve lugar para uma verdadeira ciência. Foi

com Francis Bacon (1961), Boyle, Newton, Kepler e outros homens que a ciência

verdadeiramente científica e experimental nasceu. E por que nasceu com esses

homens? É simples explicar. Ela não poderia ter nascido a não ser nas mentes de

homens que acreditassem na realidade de um Deus criador, inteligente e

organizado, sendo ELE superior à Sua criação e, em Sua infinitude, tanto

imanente quanto transcendente a ela

Os primeiros cientistas acreditavam num Deus racional que criou

um universo racional e, portanto, pensavam que, usando as faculdades da razão,

o homem possuía a capacidade de desvendar os mistérios da natureza: "Francis

Bacon viu a obra de Deus na natureza, bem como a sua revelação na Bíblia,

como sendo a dupla revelação de Deus".1 Kepler que revolucionou os preceitos

da astronomia de seus dias, quando fazia pesquisas científicas, se sentia como

que "pensando os pensamentos de Deus após ELE".2 Imaginava-se como "um

sumo sacerdote no livro da natureza, religiosamente obrigado a não alterar nem

um jota ou til daquilo que havia agradado a Deus escrever nele". No livro

Principia, Isaque Newton disse: "Este mundo não poderia originar-se de nada

além da perfeita e livre vontade de Deus".3 Alguns têm dito que o grande

cientista gastava mais tempo lendo a Bíblia do que em pesquisas científicas.

Todos os nomes que deram início à ciência moderna viam o

universo como algo organizado e digno de estudo. Viam-no como obra de um

Criador inteligente.

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A mudança do sistema aberto pelo fechado

O Bispo Butler, no século XVIII, disse: "Muitas pessoas têm

considerado o cristianismo, de que maneira eu não sei, como sendo um assunto

que não necessita ser investigado, e que, finalmente, evidenciou-se ser mera

ficção".4 Por que fizemos essa citação do Bispo Butler sobre o cristianismo se o

assunto em discussão é a ciência? Justamente porque foi do verdadeiro

cristianismo e suas revelações que a ciência científica nasceu.

Entretanto, o atual sistema científico é naturalístico, autônomo e

fechado para a revelação e para a idéia de Deus. Foi Martin Heidegger quem

observou como acuidade: "A ausência de Deus nem mesmo está sentida".5

Para boa parte dos cientistas de hoje em dia, Deus está morto e eles

próprios cuidaram de oficiar o ato fúnebre. Como escreveu Sir Richard Gregory,

ex-redator da revista "Nature", no seu próprio epitáfio:

"Meu avô pregou o evangelho de CRISTO

Meu pai pregou o evangelho do socialismo

Eu prego o evangelho da ciência".6

Comparemos agora a citação de Gregory com uma de Francis

Bacon, no livro Novum Organum Scientiarum ( O Novo Órgão das Ciências ):

"O homem, pela queda, decaiu ao mesmo tempo do estado de inocência e do

domínio sobre a natureza. Ambas as perdas, entretanto, podem ser mesmo nesta

vida reparadas em parte; a primeira pela religião e pela fé, a segunda pelas artes e

pela ciência"6. Observe-se com perspicácia que Bacon não dava à ciência o papel

de autônoma e fechada em um sistema naturalístico, mas antes como aberta à

revelação escriturística. A Ciência era tida como possuindo valor religioso, pois

podia remediar o homem do estado e teor primevo imposto pela queda.

Sobre este mesmo assunto, diz-nos Francis Scheaffer:7 " A Ciência

nos seus primórdios era uma ciência natural porque tratava das coisas naturais,

mas longe estava de ser naturalista, embora sustentasse a uniformidade das

causas naturais, não concebia Deus e os homens como pessoas dentro do

mecanismo. Tais cientistas nutriam a convicção, primeiro, de que Deus propiciou

conhecimento ao homem, conhecimento de si próprio e também do universo e da

história; e, segundo, de que Deus e o homem não eram partes do mecanismo e

poderiam afetar a operação do processo de efeito. Dessa forma, não havia

autonomia no andar de baixo.

Assim se desenvolveu a ciência, uma ciência que tratava o mundo

natural e real que, porém, ainda não se havia tornado naturalista".8

Entenda-se por andar debaixo, na referência supra, como o sistema

naturalístico criado pela ciência vigente, a qual integrou Deus ao mundo dos

fenômenos naturais e, como ele não pode ser encontrado num tubo de ensaio,

deu-o como morto. Tal idéia bem pode ser representada pelo evento ocorrido

com o astronauta russo Gargarin que, ao penetrar no espaço, ficou convencido da

inexistência de Deus, por lá não o ter visto.

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Com a morte dos conceitos da revelação, que mostravam a

imanência e transcendência de Deus, e com o advento do sistema fechado e

autônomo, Deus foi expulso do contexto e uma nova era, onde o homem se

revelaria como deus de si próprio, foi profetizada por homens como Bertrand

Russel: "A Ciência permitirá aos nossos netos viverem a vida digna, dando-lhes

sabedoria, autocontrole, e caracteres que produzem a harmonia em vez de lutas".9

Os cientistas que deram origem à Ciência científica, aceitavam a

uniformidade das causas naturais, ou seja, criam que havia uniformidade na

natureza, porque um Deus racional a havia criado e organizado em harmonia

consigo mesma. O que eles não aceitavam era a uniformidade das causas naturais

em um sistema fechado. Esse, no entanto, é o pensamento hodierno dos

cientistas. Note-se que não se trata de uma conceituação científica, mas sim

filosófica da Ciência. Como disse Aldous Huxley: "Eu tinha motivos para desejar

que o mundo não tivesse finalidade; conseqüentemente assumi que ele não a

tivesse, e fui capaz sem muitas dificuldades de encontrar razões satisfatórias para

essa suposição. O filósofo que não encontra nenhum significado no mundo não

está preocupado exclusivamente com um problema de mera metafísica: mas sim,

está preocupado em provar que não há razão válida para que ele não possa fazer

aquilo que bem entender fazer; ou para que seus amigos não possam apoderar-se

do poder político e governar na maneira que acharem mais vantajosa para si

mesmos... Quanto à minha própria pessoa, a filosofia de não haver significado no

universo foi essencialmente um instrumento de libertação sexual e política".10

Os

pensamentos dos cientistas hodiernos são cientificamente tão filosóficos quanto

os de Aldous Huxley, pois estão fechados num universo autônomo.

As conceituações supramencionadas trazem as seguintes

consequências. Do ponto de vista da relação do homem com Deus, há autonomia,

pois se crê que Deus está morto. Paradoxalmente, no entanto, com relação à

natureza, o homem está preso à filosofia científica de um sistema fechado onde

ele tem que se contentar em ser somente uma parte da engrenagem universal.

Esse foi o preço da autonomia do homem.

O sistema metafísico da ciência moderna

O Deus das brechas versus o dogma hipotético

Parece-nos bastante evidente que duas posições vão sendo

assumidas no pensamento do homem moderno. Ambas, cientificamente, se

fecham em sistemas.

A primeira, defendida por muitos homens bem intencionados e

normalmente religiosos, afirma que Deus é a explicação mais plausível para tudo

aquilo que se constitui um mistério científico. Assim é que, muito normalmente,

se ouve de muitas pessoas o seguinte: " A explicação mais plausível para isso só

está no Ser de Deus." Deus, para tais pessoas, é a mais razoável hipótese para

alguns mistérios científicos.

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O grande problema dessa posição é que, nesse raciocínio, Deus

passa a ser uma necessidade do ponto de vista científico para tapar certos

buracos. Newton não terminou seu sistema mecânico de causa e efeito sem que

nele também inserisse a ajuda dos anjos em alguns pontos do processo.

Um dia, Laplace também pensou que havia terminado o seu sistema

e o levou a Napoleão que lhe perguntou onde Deus aparecia no sistema. Ao que

Laplace respondeu: "Senhor, não tenho necessidade dessa hipótese."11

Penso que

Laplace tinha razão. Deus não é um Deus de brechas, de lacunas nos

conhecimentos.

Se se invoca a existência divina para preencher certos mistérios

tem-se um Deus fechado no sistema, atuando sempre nas lacunas do

conhecimento.

Deus não é a explicação para os mistérios do universo. Ele é sim,

indiscutivelmente, a explicação do universo.

Quando a Ciência descobre como determinados mecanismos

universais agem, está apenas dizendo como as coisas agem, não por que agem.

Deus, nesse caso, não é a explicação do porquê. Ele é, antes disso, a razão de ser

das coisas e do seu funcionamento, tendo ele estabelecido as leis, que, atuando

conjuntamente num sistema, fazem as coisas agirem.

A segunda posição, a qual tem sido assumida por muitos, é aquela

que chamamos de o dogma hipotético. Esse é o grande problema da fronteira

entre o verdadeiramente experimental e o hipotético. A dificuldade tem sido

estabelecer áreas entre até onde o conhecimento vai e começa o pressuposto. Na

verdade, é pela ausência desses critérios que a ciência moderna tende a misturar o

experimental com o hipotético sem que haja qualquer oportunidade de provar-se

o hipotético no campo experimental; e, por não haver tal condição, limitam-se

simplesmente a dar o hipotético como experimental, desde que haja necessidade

do hipotético para preencher qualquer lacuna científica. Muitas são as teorias

científicas quue partiram do hipotético e permanecem nele. Por exemplo: Como é

possível, experimentalmente, estudar a evolução dos astros e das galáxias? No

entanto, o leitor há de convir comigo, que não há a realidade necessária quando

essas teorias são abordadas em livros textos e em salas de aulas, onde da pena e

da boca de muitos, o hipotético é dado como experimental e a teoria como lei.

Conquanto saibamos que a mente humana é limitada por ser finita,

não temos aceitado esse fato da razão, e temos entrado em áreas onde se

evidencia a nossa impotência, sem haver, no entanto, a necessária humildade

para admitirmos esse fato. Foi Blaise Pascal, grande homem da ciência-física,

francês do século XVII, quem disse que "se acrescentarmos uma unidade ao

infinito, ela não lhe acrescenta nada, do mesmo modo que ele não cresceria se lhe

acrescentássemos a medida de um pé. O finito é engolfado pelo infinito, e se

torna zero absoluto. Assim é nossa mente diante de Deus".12

Tal declaração

revela que Pascal reconhecia fronteiras na mente e na percepção.

Comumente, os cético saltam de seus pedestais, quando, através da

revelação e da fé, se fala nos fatos que envolveram o princípio das coisas. A

alegação é sempre a mesma: "Como vocês podem provar experimentalmente este

conceito?" No entanto, contra qualquer sentido experimental, partem para o

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dogma do hipotético, sem perceberem que uma dose bem mais avantajada de fé é

requerida no caso deles, pois eles partem do pressuposto das elucubrações, mas o

homem de fé parte da base da revelação d´Aquele que estava presente no

princípio de todas as coisas.

Para ilustrarmos ainda mais esse pensamento, detenhamo-nos no

seguinte aspecto: há na cosmologia atual a teoria da explosão cósmica como

princípio de todo o Universo. A Ciência, evidentemente, não pode demonstrar se

foi Deus quem provocou a dita explosão, porém não pode provar que não foi.

Durante muito tempo alguns cientistas olharam para a matéria

como eterna; isto é, alguns diziam: A matéria sempre existiu, não precisamos

explicá-la. Porém, recentemente, diante dos enunciados mais atuais da Física e da

Astronomia a situação mudou. Ninguém mais pode dizer que a matéria sempre

existiu, porque, basicamente, está comprovado que realmente toda energia

universal teve um princípio. A energia não se auto-gera, ela tem que ser,

metafisicamente, produto de criação. Nesses ponto a teologia cristã chega com a

resposta, visto que o Deus que anuncia não é Energia, é ESPÍRITO e VONTADE

PESSOAL TODA PODEROSA, podendo existir fora da existência universal

básica (energia), visto que Ele, constitucionalmente, não precisa dela, contudo,

pode iniciar o processo energético universal por SUA VONTADE, em razão de

que a VONTADE pode existir sem a energia, mas a energia, por não se auto-

criar, necessita da vontade TODA PODEROSA, pois, a partir daí, começará a

existir. Quem iniciou o processo de criação foi o Deus chamado "EU SOU"

(Êxodo 3:14).

No livro The Nature of Universe, sobre as teorias de Hoyle

(astrônomo de Cambridge) a respeito do universo, sua matéria e sua expansão,

lê-se, do próprio Hoyle, o seguinte: "A matéria não vem de lugar nenhum. O

material simplesmente aparece - é criado."13

Achamos que seria mais científico

dizer: Não sei, não há nenhuma resposta científica para o princípio.

Assim é, que muitos cientistas não se justificam quando alegam que

a ciência é o único meio pelo qual se possa conhecer a verdade, pois baseiam o

seu trabalho em pressuposições, em coisas que, antes de tudo, são uma questão

de fé e criatividade do pensamento, não de fatos.

A menos que se admita que as nossas mentes merecem confiança,

não se pode continuar a estudar a ciência. E porque nossas mentes são dignas de

crédito, é que a própria razão delas nos adverte de que há critérios e fronteiras

para nós próprios. Esta é a conclusão lógica da mente, quando pensa que as

próprias dimensões do Universo sempre se constituíram num ponto

incompreensível para o homem, especialmente no século XX, com as novidades

que lançaram o homem no espaço, onde todas as mentes se tornaram ainda mais

intimidades e diminuídas.

A ciência atéia e sua autonomia

Foi Lord Kelvin quem afirmou: "Quem pensa com força suficiente,

será impulsionado pela ciência a crer em Deus."14

De modo bastante enfático, o

biólogo Edward Conklin disse que "a probabilidade de a vida ter-se originado de

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um acidente é comparável à probabilidade de um novo dicionário ser o resultado

de uma explosão numa editora".15

No entanto, foi justamente nos arraiais

científicos que o ateísmo lançou sua pedra fundamental, para erigir um

monumento dedicado ao acaso e admirado pelos filhos do desespero por ele

imposto.

Como já vimos em linhas passadas nesta discussão, o atual sistema

de autonomia existente no pensamento da elite graduada pela academia científica

hodierna nada mais é do que um posicionamento filosófico que tem determinado

os pressupostos das avaliações empíricas da ciência modernizada; isto é, na hora

em que o estudo científico termina e começa a coleta de dados a respeito de

qualquer fenômeno natural para começar o trabalho do cientista, normalmente o

estudo ganha as feições filosóficas do pesquisador. Sem dúvida, os homens muito

raramente estão abertos para enxergar fora da peneira psicológica e filosófica de

suas próprias mentes. Eis a razão por que, com os mesmos dados, os cientistas

tantas vezes chegam a conclusões tão opostas.

A nosso ver, em muitas mentes sinceras, ainda que envolvidas por

esse sistema autônomo, o posicionamento materialista é conseqüência de um

estado de cansaço existencial, visto ser totalmente impossível descobrir e

restringir a pessoa infinita de Deus ao sistema fechado. Por isso, homens de real

sinceridade assumem o ateísmo por não encontrarem a pessoa de Deus na

engrenagem dos fenômenos obtidos num tubo de ensaio. Mas há ainda o grupo

dos moralmente comprometidos, que preferem usar o nome da ciência atéia

como atenuante de seu estado de comprometimento ético e moral. Como disse

Aldous Huxley: "Quanto à minha própria pessoa, a filosofia de não haver

significado no Universo foi essencialmente um instrumento de libertação sexual

e política". 16

Comentários à Evolução de Darwin

A Evolução e o seu papel no desespero

É grotesco ignorar as sérias implicações advindas da aceitação da

teoria da evolução.

Muitos tendem a pensar que argumentos como o que contém o

subtítulo acima são o produto de uma deliberada cegueira religiosa ou a apelação

da vovó Bíblica, que até então reivindica o direito de ser a mestra na matéria do

passado do homem. Mas, na sintética demonstração que apresentamos, as

reivindicações não são religiosas porém, científicas e defendidas por cientistas.

No entanto, no que diz respeito às implicações oriundas da aceitação da teoria da

evolução, seus mais tenebrosos resultados são observados do ponto de vista

sociológico da questão. Como diz o Dr. Henry Morris: "A grande maioria dos

homens e mulheres de educação têm sido ensinados a aceitar a evolução como

um fato demonstrado da ciência, e esta teoria vem sendo ensinada cada vez mais

intensamente nos ginásios e mesmo nas escolas primárias. Tal teoria talvez tenha

contribuído mais para a atual filosofia secularista e materialista do mundo

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moderno do que qualquer outra influência. Obviamente, algo que é tão

importante deve ser seriamente estudado por todos os homens e mulheres

capazes de pensar. Por outro lado, bem poucas pessoas têm realmente tido a

oportunidade de estudar o grande acúmulo de evidências contrárias a essa teoria,

e de fato, se encontram em estado de quase total ignorância do fato de existirem

poderosas evidências científicas que ensinam o contrário. "17

Seria de nossa parte bastante superficial, omitir o fato de que há o

evolucionismo teístico defendido por homens religiosos como o foram A. G.

Strong, James Orr, o padre Teillard Chardin, Vitório Marcozzi e praticamente

todos os teólogos católicos romanos.

Infelizmente, acreditamos não haver qualquer ponto de conciliação

entre a evolução promovida pela seleção dos mais aptos e a revelação que a

Bíblia nos faz de Deus e seu caráter, onde se percebe total repulsa pelo mal e

pelas disputas oriundas de um estado de guerra. Um Deus bom e sensato não

seria o patrocinador do sistema. Vejamos porque, através do Dr. Morris: "Se

Deus realmente criou o Universo, incluindo todos os seres vivos, pelo método da

evolução, a este escritor parece ter Ele selecionado o método mais ineficiente,

cruel e insensato para fazê-lo que se pode imaginar. Se o seuu alvo era a criação

do homem, que razão possível poderia ter havido para coisas tão desajeitadas

como os dinossauros, os quais dominaram e vaguearam pela terra por milhões de

anos, somente para morrerem muito antes de o homem haver aparecido em cena?

Supostamente, a evolução se verificou por meio da luta pela existência; e a

sobreviência dos mais aptos, caso seja verdade, significa que Deus institui

deliberadamente uma lei que, para ser posta em prática, dependia do credo que o

poder é o direito, e os fortes devem exterminar os fracos. Milhões de animais

devem ter perecido no decorrer desse suposto processo evolucionário, e isso sem

razão aparente se, conforme os modernistas asseveram, o homem era o alvo final

de tudo. Nas palavras de certo professor ateu: A história inteira da evolução

revela e testifica que não existe inteligência atrás desse processo. Ninguém pode

compreender a evolução e acreditar em Deus."18

Diríamos que a evolução não se compatibiliza com o Deus do livro

de Jonas 4:10 e 11, o qual tem dito como segue: "Tens compaixão da planta que

não te custou trabalho, a qual não fizeste crescer; que uma noite nasceu e numa

noite pereceu; e não hei eu de ter compaixão da grande cidade de Nínive em que

há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita

e da mão esquerda, e também muitos animais?"

A evolução teística lança-nos o problema de que Deus ou é Todo-

Bom mas não é Todo-Poderoso, ou de que Ele é Todo-Poderoso, mas não é

Todo-Bom.

Parece que, de fato, a teoria da evolução tem sido de modo

inconscientemente a responsável por muitos desmandos, visto que sua influência

atingiu a homens que nela tiveram o sinete da justificativa científica para que

suas vidas obtivessem o fim que desejassem sem a interferência de um Deus que

lhes cobraria os atos praticados iniquamente. Foi por causa dela que Marx,

depois de ter lido O Origem das Espécies por Via de Seleção Natural, exultou

escrevendo uma carta a Lassale afirmando que "Deus havia recebido o golpe de

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misericórdia".19

Nietzsche e Marx, ambos ateus, foram profundamente

influenciados pelas idéias de Darwin acerca da seleção natural e da sobrevivência

dos mais aptos. Mussolini era um fervoroso discípulo de Nietzsche e a

consequência foi o facismo. De Marx, herdamos o comunismo e os arquipélagos

de Gulga. A evolução também serviu de base para a atual imoralidade filosófica

de Freud, Russel, Sartre, Jaspers, Aldous Huxley e outros. Sim, a doutrina do

determinismo teve o seu berço no pressuposto científico de que as coisas

simplesmente surgiram de modo espontâneo. E, para um homem descriado, nada

mais resta além do desespero de pensar que ele, seus anseios, sua poesia, sua arte

e seus ideais, são simplesmente aberrações da natureza. Darwin reconheceu isso

no final de sua vida, quando declarou que "duas coisas se iam apagando em sua

mente à medida que envelhecia: a primeira delas era sua alegria e satisfação pelas

artes e a segunda, sua alegria pela natureza".20

Certamente isto é desconcertante.

Em sua autobiografia e em suas cartas, publicadas pelo filho, diz o seguinte:

"Com a minha mente, não posso crer que estas coisas venham ao acaso."21

Darwin revelou possuir uma tirana dúvida sobre o assunto que o tornou famoso:

"Por que, se as espécies dependem de outras espécies, através de estágios

minuciosos, a natureza toda não está em confusão, em vez de estar, como a

vemos, dividida em espécies bem definidas?"22

O professor Edward Poulton, da Universidade de Oxford, fez a

seguinte declaração a respeito de Tomas Henry Huxley, que foi o principal

discípulo e defensor de Darwin: “Ainda que ninguém tenha lutado com tanta

nobreza e com tanta desvantagem na sua defesa contra ataque desigual, ainda que

ninguém tenha participado com tanto sucesso na batalha da ciência, Huxley

nunca foi crente convicto da doutrina que ele defendia.”

Apesar de dúvidas nas mentes dos principais defensores da teoria,

seus sucessores parecem ter crido com agigantada fé na doutrina de seus mestres.

Poucos têm sabido que para Tomas Henry Huxley a possibilidade de a evolução

ter acontecido era a mesma de um bando de macacos, tendo sido posto diante de

várias máquinas de datilografar e com o espaço da eternidade pela frente,

datilografasse toda a Enciclopédia Britânica com suas dez mil páginas, letra por

letra, sem erros e sem erros e sem rasuras. De acordo com o Dr. Erwin Chartaff,

da Universidade de Colúmbia, “a nossa época é provavelmente a única em que a

mitologia penetrou no nível molecular.”

Parece-me que o grande prejudicado em toda essa questão é o

homem, que não tem como verificar se a água vem pura da fonte da verdadeira

ciência ou se é poluída por alguma filosofia materialista. Há casos, em que até

mesmo professores de universidades têm sido manipulados pela insistência dos

livros de textos e pelas declarações dos catedráticos.

Cremos que, indubitavelmente, a teoria da evolução, quando

entendida de acordo com as suas pretensões e origens filosóficas, impõe sempre,

de duas, uma posição. A primeira é de rejeitá-la, a segunda, de abraçá-la

juntamente com o materialismo. Infelizmente, o que normalmente acontece é que

as pessoas assumem a segunda posição e, em razão dela, vivem uma vida

destruída de critérios absolutos e de significado existencial, visto que todo

monumento da História humana supostamente repousa sobre as bases do acaso e

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do capricho. Isso é desconcertante para quem tem ideais natos como o homem, e

uma dignidade que se recusa a ser o produto do encontro casual de átomos.

Até há não muito tempo, era pensamento quase uniforme o fato de

que o homem era uma criatura. Um ser criado. No entanto, há cerca de cem anos,

Charles Darwin começou a verificar que há variações de animais da mesma

espécie. Ele concluiu que ocorrem variações em todos os animais e plantas, e que

o animal com uma variação mais útil sobrevive por mais tempo, e portanto, tem

mais tempo para gerar uma descendência mais numerosa. Advogava Darwin que

com o passar do tempo, os descendentes teriam a mesma variação, a qual se

tornaria mais evidente com o passar das gerações até que no final a variação ser

tornaria normal ao invés de ser exceção. Isto é conhecido como evolução por

seleção natural.

Darwin observou estas variações em animais da mesma espécie.

Por exemplo: as raças humanas com suas diferenças e os cães com suas

diferenças de tipos, variando do pequinês ao são-bernardo. Apesar destas

variações, os cães continuam sendo cães e os homens sendo homens, a despeito

dos pretos, brancos, amarelos, pigmeus e índios, todos são da mesma espécie.

Já vimos, mas vale a pena repetir, que foi exatamente a

permanência dos animais nas suas espécies que levou Darwin a declarar: “Por

que, se as espécies descendem de outras espécies, através de estágios minuciosos,

a natureza toda não está em confusão, em vez de estar, como o vemos, dividida

em espécies bem definidas?”

O professor T. H. Morgan, do Instituto de Tecnologia da Califórnia,

disse: “Em todo o período da História humana, não encontramos um único

exemplo da transformação de uma espécie em outra. Pode-se declarar então que a

teoria da evolução é falha no seu aspecto mais essencial, para que possa ocupar

lugar reconhecido na ciência.”

Deve-se admitir, no entanto, que a situação da teoria da evolução

evoluiu no pensamento do homem moderno, tendo sofrido uma mutação que a

colocou no campo da lei. Tal é a situação que se alguém diz não crê na evolução

está, automaticamente aos olhos de muitos, assinando o seu atestado de morbidez

intelectual.

Abra-se um livro de ciência e ler-se-á com certeza o seguinte: “Como

tem sido demonstrado pelos estudos da paleontologia, da antropologia e da

biologia, a evolução é um fato”. Isso não parece tão contundente quando se tem

declarações de homens sérios como o professor A. E. Hogton, da Universidade de

Harward: “As diversas reconstruções do homem de Piltdown feitas por Smith

Woodward Keith e outros peritos, diferem muito entre si. Tentar restaurar as partes

moles é mesmo uma tarefa muito arriscada. Os lábios, os olhos, as orelha e as

protuberância nasal, não representam nenhuma pista que ajude a determinar a

forma esqueletal básica Alguém pode, com a mesma facilidade, modelar sobre o

crânio de Neanderthal o contorno de um chipanzé ou as feições de um filósofo. As

alegadas restaurações de primitivos tipos de homens têm pouco valor científico, se

é que têm algum. No entanto, têm a capacidade de enganar o público.”

Do ponto de vista interno da evolução e de seu mecanismo, há hoje

em dia um número muito escasso de argumentos a seu favor, e os que há, são

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imprensados esmagadoramente pelas leis mendelianas que eram absolutamente

desconhecidas de Darwin e outros fervorosos discípulos de sua postulação, e que

demonstram que todas as possibilidades de variações seguem leis definidas e

matemáticas, ainda que, com freqüência, sejam complicadas. Essas leis têm

demonstrado, excetuando-se circunstâncias muito extraordinárias e que

normalmente na natureza não ocorrem, que toda a variação se coloca dentro de

certa fixidez de limite, e nenhuma característica hereditária pode aparecer em um

indivíduo se já não existia em pelo menos um de seus pais (essa característica pode

ter estado dormente, isto é, não evidente no pai ou mesmo em diversas gerações de

ancestrais, ainda que, não obstante, estivesse germinalmente presente).

As experiências feitas com os cromossomos têm revelado que há um

mundo bem organizado em cada célula viva, e isso só vem consubstanciar mais as

leis de Mendel.

O fato é que, de modo interno, as evidências legadas à evolução

lutam desesperadamente para sobreviver com um nome de mutação ou

micromutações, embora todas as mutações germinais que até o presente têm sido

observadas sejam de caráter patológico ou neutro. Uma mutação jamais é de

caráter benéfico. A maioria das mutações obtidas em laboratórios têm sido

provocadas artificialmente por meios químicos, calor, raios-x, raios ultravioletas,

etc. Não obstante, essas mutações são quase sempre recessivas quando cruzadas

novamente com o tipo original. Essa é outra razão pela qual as mutações não

persistem na natureza. Sendo assim, a seleção natural postulada por Darwin

continua sendo um labirinto, e o mecanismo que nela supostamente operaria ainda

é totalmente desconhecido, visto que em termos de leis mendelianas a seleção

natural não encontra escopo para, do ponto de vista interno do processo da

evolução, ser comprovada. No entanto, há uma disposição que atinge as raias da

mais extensa credulidade em muitos homens que defendem essa teoria. Como

exemplo disso, temos R. S. Loll, professor de Paleontologia de Yale, que diz:

“desde a época de Darwin, a evolução tem recebido uma aceitação mais e mais

generalizada até o presente momento, quando, nas mentes de homens instruídos e

que pensam, não resta a menor dúvida de que esta seja a única maneira pela qual se

pode entender e interpretar a evolução. Não temos tanta certeza quanto ao modo de

sua operação, mas podemos ter absoluta certeza de que o processo seguiu as

grandes leis da natureza, algumas das quais ainda são desconhecidas e talvez nem

sequer poderão ser conhecidas.”

Como poderemos confiar num processo em que o mecanismo e as

leis que agem nele são totalmente desconhecidos e também sem que se tenha um

único real e contundente exemplo desse processo em toda a natureza?

Na verdade quer me parecer que a evolução, hoje em dia, evoca

decididamente provas externas para sobreviver como teoria científica. Vejamos de

modo sucinto algumas destas provas:

As relações anatômicas e fisiológicas entre as várias espécies seriam

uma prova de que há uma relação de descendência indireta entre elas. Um exemplo

disso é a semelhança física do homem com o macaco ou entre os mamíferos de um

modo geral.

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As semelhanças, no entanto, nada provam além de que há entre todos

os seres vivos um plano mestre de criação. E isso é bastante simples de entender,

pois todos eles foram feitos para sobreviver em ambientes praticamente comuns e,

quando as diferenças ambientais da sobrevivência ocorrem, nunca se fazem em

totalidade. Temos também que observar as variações e minúcias que há em cada

esqueleto de animal, feito para atender as necessidades específicas. O esqueleto de

todo animal vertebrado é um modelo perfeito para sustentar, acomodar e

locomover a criatura que o possui. Todos os mamíferos possuem as mesmas

funções físicas, com variações é lógico, de acordo com o que a criatura é como

espécie. É, pois, natural que o equipamento para estas funções seja similar. Isto

revela um plano mestre do Criador.

No homem, o apêndice, as glândulas endócrinas, o cóccix, etc.

seriam vestígios de que esses órgãos um dia foram úteis em animais inferiores e as

suas existências caducas no ser humano seriam provas de que este existiu como

animal inferior.

Sobre o assunto diz-nos o Dr. Henry Morris: “Em certa ocasião

supostamente haveria 180 de tais órgãos no homem. Entretanto, conforme a

ignorância foi sendo substituída pelo conhecimento a respeito do uso desses

chamados órgãos inúteis, o número foi rapidamente diminuindo, até que agora os

evolucionistas não apresentam nenhum desses órgãos.”

E, se tais órgãos existissem sem função presente, isto facilmente

poderia ser explorado como resultado de “alterações mutacionais, as quais,... são

usualmente deteriorações.”

Postula que o desenvolvimento embrionário de qualquer criatura

sempre recapitula condensadamente o passado evolutivo da criatura. Foi assim

que, com Haeckel, surgiram intensos estudos embrionários com o fim de

determinar as filogenias das criaturas história evolucionária das criaturas.

Entretanto, “comparações entre muitas ontogenias (desenvolvimento

embrionário) com suas supostas filogenias correspondentes, conforme indicadas

pela expansão dos informes paleontológicos, têm revelado inúmeras omissões,

adições, acelerações, retardamentos, saltos etc. Conseqüentemente, a teoria tem

passado a ser considerada, provavelmente pela maioria dos embriologistas, como

incorreta, embora com freqüência prefiram considerar o desenvolvimento

embrionário sob perspectiva evolucionária. Seja como for, dificilmente, há

qualquer justificativa para o oferecimento dessa teoria como prova da evolução.”

Com o passar do tempo, a teoria da recapitulação foi perdendo o

lugar no campo da defesa da evolução.

O professor Arthur Keith, destacado o evolucionista do Real Colégio

dos Cirurgiões da Inglaterra e ex-presidente do Real Instituto de Antropologia,

disse: “Esperar-se-ia que o embrião recapitule o aspecto de seus ancestrais, das

formas de vida mais baixas às mais altas no reino animal. Agora que a aparência

do embrião em todos os seus estágios é bem conhecida, o sentimento geral é de

despontamento; o embrião humano não tem o aspecto de antropóide em nenhum

dos seus estágios. O embrião dos mamíferos jamais se parece com um verme, um

peixe ou um réptil. A embriologia não apóia, de maneira nenhuma, a hipótese

evolucionária.”

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A genética tem demonstrado que alterações nos cromossomos,

mutações de gens, e hibridização podem produzir e realmente têm produzido

muitas novas variedades distintas. Isso pode ser observado tanto no estudo das

plantas como no dos animais. Essas variações têm sido freqüentemente evocadas

como provas da evolução, pelo fato de que são consideradas como novas espécies.

A grande questão está aí. Ninguém sabe com certeza até hoje o que é

uma espécie. Há muito conflito na classificação das espécies entre os biólogos da

atualidade. Não tem havido unanimidade nesta questão, razão pela qual se supõe

haver revolução provada pela hibridização oriunda do cruzamento de alguns

animais e plantas. O Dr. John Raymond, em seu livro Porque acredito na historia

do Gênesis, fornece-nos alguns esclarecimentos necessários: “Os híbridos das

variedades da mesma espécie de plantas ou animais podem ser superiores de

diversos modos aos tipos de seus pais e podem ser férteis. Como, por exemplo, a

raça dos atarracados cavalos Clydesdale que foi desenvolvida no vale do rio Clyde

na Escócia e cruzado com o cavalo flamengo: o resultado foi um animal belo,

excepcionalmente forte e dócil, mas sempre um cavalo.

Além disso, as características que o distinguem de seus ancestrais

não são permanentes.

Quando se cruzam tipos com diferenças mais destacadas, os híbridos,

quando obtidos, tendem à esterilidade. O exemplo mais notável disso é a mula, um

cruzamento entre jumento e égua. Poucos exemplares de mulas têm sido férteis,

mas por alguma razão desconhecida atuam geneticamente como se fossem cavalos

(égua).

Às vezes, na natureza, a hibridização produz descendentes férteis e,

até que a fonte de tais animais seja descoberta, são freqüentemente apontados

como espécies recentemente descobertas. Mas é notável que haja tão pouca

ocorrência de hibridização na natureza, quando há tanta oportunidade para que

ocorra.

Com esterilidade ou sem ela, a hibridização é um beco sem saída sob

o ponto de vista da evolução, pois apenas produz novas combinações daquilo que

já existe. “Não produz nada realmente novo.”

Como, neste livro, nos propusemos a fazer uma análise simples desta

questão, deixaremos, neste ponto, a discussão das supostas evidências externas da

evolução e passaremos para os registro fósseis.

Para uma penetrante análise do material fóssil, seria necessária uma

discussão substanciosa das camadas geológicas, co-relacionando-as entre lugar e

lugar. Infelizmente, no momento, isso não é possível.

O registro fóssil, conquanto seja evocado como o juiz da grande

questão da evolução apresenta inúmeros problemas:

1) Há uma variedade de espécies que tem permanecido

absolutamente fixa durante todos os milhões e milhões de anos do tempo

geológico. Entre as criaturas que têm permanecido inalteráveis durante o curso

da história evolucionária, estão os protozoários dos quais se diz terem começado

a evolução; o braquiópode chamado Língula o crustáceo da ordem dos Xifósuros

chamados de Limulus e o peixe de barbatanas lobadas, o qual se cria ter sido

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extinto há milhões de anos e que tem sido apanhado vivo em águas profundas

próximas a Madagáscar, inalterado em seu aspecto e fisiologia. Algumas dessas

espécies são tidas como intermediárias entre a vida aquática e a vida dos animais

terrestres. Parece-me, no entanto, ser bastante estranho que esses animais

permaneçam inalteráveis durante esses acreditados milhões de anos de história

evolucionária se se supõe que a evolução é a lei universal.

2) Muitas das espécies modernas são degenerações de espécies

anteriores muito melhores adaptadas e não, formas superiores daquelas que se

encontram como fósseis. Isto é verdade no que diz respeito a uma inumerável

quantidade de plantas e também entre os insetos, pássaros, peixes, animais

anfíbios e répteis. Um cômico exemplo, para quem quiser, é só comparar os

dinossauros aos nossos crocodilos e serpentes. Isto inclusive está intrinsecamente

associado à segunda lei da Termodinâmica, a qual postula uma utopia no

Universo, isto é, uma involução Universal.

3) Todas as grandes filogenias e muitas famílias, ordens e

classes, e também um grande número de gênero e espécie, aparecem no registro

fóssil sem nenhuma forma intermediária ou pelo menos preliminar. Entretanto,

cremos que esses animais extintos e achados em forma fóssil merecem

consideração, por serem eles os que mais impressionam os estudantes dessa

matéria.

À parte do ser humano ou de seus propostos ancestrais, a

evolução convida a ser a sua prova convincente ou das mais convincentes a

evolução do cavalo. No entanto, o testemunho dos extintos cavalos fósseis não

prova a evolução para além dos limites da espécie.

O primeiro membro da família dos eqüinos foi chamado de

Echippus e o que hoje é comum na vida do planeta é o Equus.

O primeiro tinha presumivelmente o tamanho de uma raposa e

possuía também quatro artelhos nas partes dianteiras e três nas traseiras. O

segundo, ou seja, o cavalo de hoje, tem apenas em cada pata um artelho, sem que

também se exclua a possibilidade de haver vestígio de outros artelhos. Outros

fósseis eqüinos têm sido encontrados, alguns dos quais aparecem com os artelhos

do Echippus, outros com três artelhos em cada pata. Há, no entanto, alguns com

os artelhos reduzidos e vestígios como o cavalo do nosso momento histórico.

Não obstante, algo deve ser observado: as camadas geológicas em que aparecem

esses animais são atribuídas ao período terciário e não encontram sobrepostas

uma às outras, mas sim, separadas por continentes. Nesse caso não se tem visto

uma evolução gradual dentro da mesma espécie, mas sim, gigantescos e súbitos

saltos.

Outra faceta da questão é que o Echippus não tem indicação sobre

sua origem, sendo já encontrado altamente desenvolvido e especializado.

Analisando o material existente e também lendo o depoimento de

muitos homens sérios, pareceu-nos mais coerente pensar que essas formas dos

eqüinos não se sucederam num mecanismo de evolução, mas antes, existiram

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simultaneamente na história dos animais. Eles se assemelham a variações

mutantes da espécie criada originalmente, a qual se diversificou sem que,

contudo, tenha havido jamais uma mutação para além dos limites da espécie.

Ademais, as mutações são reconhecidas como deteriorações e nunca como

progresso, o que, de fato, é observável no Equus com seus vestígios de artelhos

passados.

O tamanho pode se verificar entre outras famílias no mundo animal,

obviamente o mesmo poderia acontecer com o Echippus e o Equus.

Além disso, tudo deve-se dizer ainda que muitos cavalos fósseis

têm sido encontrados, os quais, algumas vezes, são maiores que o cavalo hoje

existente. Vale notar que alguns desses fósseis são idênticos, ao Equus, exceto no

fato de possuírem três artelhos e outras pequenas diferenças.

Cumpre-nos dizer que a relação entre o Echippus e o Equus não

prova a evolução para além das fronteiras de uma única espécie, ainda que, como

já foi visto, creiamos que isso não aconteceu no caso deles, mas sim, que ambos

viveram simultaneamente em continentes diferentes como os registros revelam.

Outro exemplo de uma suposta evolução no reino animal é-nos

dado no livro do Dr. Hand, obra já citada, onde se lê: “Tem-se grandemente

proclamado que a evolução já foi comprovada ser um fato e que não pode ser

mais negada porque, por exemplo, na Inglaterra, existem mais mariposas escuras

do que claras nas áreas industrializadas e mais mariposas claras do que escuras

em outras áreas. Contudo, o motivo desse fenômeno é que os troncos das árvores

são normalmente claros, e durante o dia, quando as mariposas pousam nas

árvores os pássaros vêem-nas escuras com maior facilidade e as comem em

maior número. Assim as mariposas escuras são raras, mas, nas áreas industriais, a

situação é o reverso, porque a poluição enegrece as árvores. Assim, as mariposas

escuras harmonizam-se com o ambiente e as claras se destacam. Os pássaros

vêem as claras mais facilmente e as comem em maior número. O resultado é uma

população maior de mariposas escuras. Não há nada surpreendente a respeito

disso. Mas diz-se que é um maravilhoso exemplo da evolução. Diz-se Charles

Darwin tivesse vivido para ver isto, teria testemunhado a prova da obra de sua

vida.”

Como o grande envolvido na questão da evolução é o homem, isso

por que ele é tido como “o alvo inconsciente da natureza”, devemos então com

objetividade deter-nos nos imagináveis fósseis de transição entre o não-homem e

o homem.

Foi na ilha de Java, nos anos de 1891 e 1892, que o Dr. Eugene

Dubois descobriu o famoso Pithecantropus Erectus. A descoberta consistia de

um crânio-parcial, um fragmento de fêmur e dois ou três dentes molares. É

interessante observar que essas partes não foram achadas juntas, mas num raio de

dezesseis metros e com um intervalo de cerca de um ano e, mais confusamente,

foram encontrados em um leito de um antigo rio, misturados com muitos ossos

de animais e excessivo entulho.

Não faz muito tempo que o Pithecantropus foi rebatizado com o

nome de Homo Erectus, isso porque G. H. R. Von Koenigswald tem encontrado

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mais restos dele e o tem considerado essencialmente semelhante ao homem

moderno.

Quanto ao primeiro achado acabou sendo classificado como crânio

de uma mulher pequena, e o fêmur como sendo totalmente humano e os dentes

molares têm sido reputados como de símios, portanto não pertencem ao restante

achado. Com as águas do rio onde foi achado, foi-se Pithecantropus como prova

de evolução.

O Neanderthal foi outro fóssil que se popularizou excessivamente.

A descoberta original constava de um crânio. O crânio de Neanderthal quando

examinado pelos peritos revelou ser de homem macaco, de um negro, de um

demente, de um moderno cossaco, de um alemão, etc. As margens do mar

Mediterrâneo têm sido a área de escavações mais férteis em esqueletos desse

suposto “elo perdido”. Esses esqueletos têm sido reclassificados por muitos

paleontologistas como idênticos ao homem atual. Por isso, é lúcido dizer-se que

o Neanderthal parece ser uma raça que está em degeneração e não em

desenvolvimento, visto que têm sido encontrados “neanderthais” perfeitos em

povos modernos.

O Sinanthropus Pekinensis, ou Homem de Pequim, porque achado

perto daquela cidade, constituiu-se também numa prova da evolução. Porém,

agora, já foi reclassificado com o nome de Homo Erectus, por se ver que todas as

características daqueles fósseis também são encontradas no homem moderno.

Os Australopithrcines foram descobertos na África do Sul por Dart

e foram considerados como o exemplar de uma série de “homens macacos sul-

africanos”.

Atualmente, no entanto, problema está em situar uma posição com

relação ao Australopithrcines, visto que, a maioria das autoridades no assunto já

os tem como verdadeiramente humanos, como no caso do próprio Dart, que tem

demonstrado que eles possuíam uma cultura humana, ainda que muito primitiva,

assemelhando-se cerebral e fisicamente falando, aos pigmeus. Outros os

classificam como totalmente macacos, dizendo que as ferramentas que Dart

descobriu não pertenciam a eles, mas foram usadas “sobre eles”. Se se aceita a

opinião da maioria, eles já eram humanos e portanto não podem ser utilizados

como prova de evolução. Se por outro lado, assumir-se a segunda posição, esta

afasta do mesmo modo a hipótese evolucionista, visto que o período em que

viveram é recente demais para que tenham evoluído para o homem, além do que,

também de acordo com a segunda hipótese, já havia homens que usavam aqueles

macacos como instrumentos de serviços.

Estudo interessante do assunto é encontrado no livro do Dr. Hand,

entretanto, prefiro citar, no momento, o Dr. Morris que também documenta o

caso: “O assunto inteiro parece repleto de opiniões contraditórias e interpretações

que constantemente flutuam, da parte dos diferentes eruditos envolvidos. Nos

últimos sessenta anos, mais ou menos, tem sido apresentado um grande número

de ossos por parte de tais autoridades, tais como o osso do joelho de um elefante,

descoberto em Java, em 1926, o qual por algum tempo, foi aclamado como um

novo crânio de Pithecantropus. Além disso, houve o dente do Hesperopithecus,

encontrado na Nebraska em 1922, que foi aceito tão largamente como evidência

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da antiguidade do homem sendo apresentado pelos evolucionistas, como

testemunho técnico no famoso “Julgamento da Evolução”, em Tenessee, em

1925.

Dois anos mais tarde, entretanto, foi encontrado o esqueleto

completo, ficando provado que tal dente pertencia a um tipo extinto de porco. O

chamado homem do Colorado (também edificado em torno de um único dente)

posteriormente foi descoberto tratar-se de membro pertencente à família dos

cavalos. Um crânio de símio humanizado, também descoberto no Colorado,

exibido como tal em um museu, durante algum tempo, em realidade não passava

do crânio de um macaco domesticado, ali sepultado alguns anos antes. Um osso

encontrado perto de Seattle, identificado como antigo perôneo humano, acabou

sendo parte de uma pequena traseira de um osso. Finalmente, o famoso homem

de Piltdown, que até épocas recentes era considerado um dos três ou quatro dos

mais importantes “elos perdidos” na evolução do homem, agora foi formalmente

denunciado como habilidoso embuste, que enganou todos os especialistas

antropólogos, durante quarenta anos, antes de ser descoberto.”

O que a mim se torna intrigante é o silêncio que tem havido,

quando, com muita freqüência têm sido achados fósseis totalmente humanos em

lugares diferentes e tão antigos quanto os supostos não-humanos. Alguns têm

sido revelados como mais antigos do que os famosos ele perdidos. Entre esses

achados enumera-se os “Homens” de Grimald, Oldoway, Waldjak,

Fontechevade, Swanscombe, Galley Hill e outros, os quais são totalmente

identificados com o homem moderno. Lamento, no entanto, que esses achados

não seja dada a devida publicidade.

O que se pode dizer, resumindo, é que, tanto o homem moderno,

como o Neanderthal, o Cromagnon e os outros são uma degeneração de um

ancestral muito mais habilitado, cerebral, física e organicamente falando como

homem, e isso se coaduna com a lei da entropia, a qual é totalmente

incontestável.

O próprio Darwin reconheceu a dificuldade de falar-se em elos

perdidos quando disse: “Por que, se algumas espécies descendem de outras

espécies, através de estágios pequenos, não encontramos por toda parte

inumeráveis formas transitórias? Se, por esta teoria, existirem inumeráveis

formas transitórias, por que não as encontramos incrustadas em números

incontáveis na crosta terrestre?

O pensamento do homem moderno tem sido dirigido facilmente no

sentido da credulidade científica como disse Wernher Von Braun: “Em virtude

das coisas maravilhosas que tem sido feito pela sociedade, a ciência tem sido

valorizada, demasiadamente alta. Nós devemos recordar-nos de que a ciência só

existe porque há gente, e seus conceitos só existem nas mentes dos homens.”

Um exemplo interessante disso é-nos dado pelo Dr. Paul Little,

citando o Dr. Kerkut, tutor de muitos universitários durante vários anos. Conta-

nos Kerkut: “No decurso de vários anos até agora, tenha sido tutor de

universitários em vários aspectos da biologia. É muito comum, no decurso da

conversa, perguntar ao estudante se conhece as evidências da evolução. Isto

normalmente evoca um sorriso um pouco superior. “Então senhor, há a evidência

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da Paleontologia, da Anatomia Comparativa, da Embriologia, da sistemática das

distribuições geográficas”, diria o estudante papagaio como se fosse citar uma

poesia infantil, chegando até contar palavras nos dedos. Depois ficaria assentado,

com uma expressão de complacência, aguardando uma pergunta mais difícil tal

como a natureza da evidência em prol da seleção natural. Mas depois eu continuo

no assunto da evolução.

Você pensa que a teoria da evolução é a melhor explicação até

agora proposta para esclarecer os interrelacionamentos entre os animais? Vou

perguntando.

Mas naturalmente, senhor, é a resposta. Não existe outra

alternativa a não ser a explicação religiosa dada por alguns cristãos

fundamentalistas, e, segundo entendo, senhor, estes pontos de vista já não são

sustentados pelos eclesiásticos modernos.

Então você não crê na evolução por falta de uma outra teoria?

Oh, não senhor, creio nelas por causa das evidências que acabo

de mencionar.

Já leu algum livro sobre as evidências da evolução?

pergunto.

Sim senhor. E aqui menciona os nomes dos autores do livro

escolar popular. E naturalmente, senhor, há aquele livro de Darwin, A Origem

das Espécies.

Você já leu o livro? pergunto.

Bem,não o livro inteiro senhor.

As primeiras cinqüenta página?

Sim, um tanto assim; talvez um pouco menos.

Entendo. E isto lhe deu uma compreensão firme da evolução?

Sim senhor.

Bem, se realmente entende um argumento, poderá indicar não

somente os pontos em favor do argumento, mas também as objeções mais

eficazes contra eles.

Suponho que sim, senhor.

Muito bem, vá citando algumas evidências contrárias à teoria da

evolução.

Mas não há senhor.

A essa altura a conversa começa a ficar em pouco tensa. O

estudante olha para mim como se eu lhe tivesse pregando uma peça de maneira

injustificável. Ficaria muito magoado se eu fosse sugerir que seu ponto de vista

não era cientifico, repetindo como papagaio, ao ser interrogado, os pontos de

vistas do arcebispo da evolução em voga. Realmente seu comportamento seria

como o de certos estudantes de religião, aos quais ele quis tratar como desprezo.

Estaria aceitando pela fé o que não entendia intelectualmente, e, sob exame,

estaria apelando à autoridade do “bom livro” que no caso seria o A Origem das

Espécies.

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Nesta altura sugiro que o estudante vá ler as evidências em favor da

evolução e as evidências em contrário, transformando tudo numa posição. Depois

de uma semana aparece o aluno armado com uma tese sobre a evidência

favorável à evolução. Normalmente o trabalho é bem escrito, sendo que os

estudantes logo chegam à conclusão de que não é tão fácil me convencer. Depois

da leitura da composição e depois de eu perguntar sobre a evidência contra a

evolução, o estudante dá um sorriso um pouco ofendido.

Bem senhor, consultei vários livros, mas não descobri nada em

livros científicos contra a evolução. Achava que o senhor não iria querer um

argumento religioso contra a evolução. Então, senhor, parece que não existe

nenhum, e isto em si mesmo é mais uma evidência da evolução.

Então explico ao aluno que a teoria da evolução já é antiga e

menciono que poderia ter consultado o livro de Radi: A História das Teorias

Biológicas. Depois de assegurar-me que o aluno tomou nota do nome do livro

para pesquisas futuras, continuo como segue: Antes que se possa decidir que a

teoria da evolução é a melhor explicação da gama de formas diferentes de

matéria viva que atualmente existe, é necessário exaurir todas as implicações que

esta teoria traz consigo. Acontece por demais freqüentemente que a teoria se

aplica por exemplo, ao desenvolvimento do cavalo, e depois, porque considera

aplicável a este caso, estende-se ao restante do reino animal, sem se procurar

mais evidências.

Há porém, 7 suposições básicas que freqüentemente nem se

mencionam durante debates sobre a evolução. Muitos evolucionistas ignoram as

primeiras 6 suposições e consideram só a 7ª.

A primeira suposição é que as coisas sem vida dessem origem a

matéria viva, isto é, que ocorresse a geração espontânea.

A segunda suposição é que a geração espontânea tenha ocorrido

uma única vez.

A terceira, é que os vírus, bactérias, plantas e animais sejam

interrelacionados.

A quarta, é que os protozoários tenham dado origem aos

metazoários.

A quinta, é que os vários filos invertebrados sejam

interrelacionados.

A sexta, é que os invertebrados tenham dado origem aos

vertebrados e os peixes tenham dado origem aos anfíbios, aos répteis, e os répteis

aos pássaros e mamíferos. Isto, às vezes, se exprime em outras palavras, isto é,

que os anfíbios e répteis moderno remonta a antepassados de um tronco comum,

e assim por diante.

Para os propósitos iniciais desta discussão da evolução, vou levar

em conta que os que apóiam a teoria da evolução sustentam a validez destas sete

suposições e que estas suposições, no seu todo, compõem a teoria da evolução.

O primeiro ponto que eu gostaria de levantar é que as sete

suposições, pela sua própria natureza, não são passíveis de verificação

experimental. “Supõem que uma série de acontecimentos se tenha verificado no

passado.”

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Prossegue o Dr. Kerkut no seu diálogo com o jovem estudante

dizendo: “Assim mudar um réptil de nossos dias em mamíferos, por mais

interessante que seja, não demonstraria como surgiram de “fato” os mamíferos.

Infelizmente, nem essa mudança temos conseguido; ao invés disto, temos sido

forçados a depender de evidências circunstanciais limitadas para apoio das nossa

suposições”.

No que tem sido dado estudar sobre a evolução, tem-se sido parente

a incompatibilidade existente entre a evolução e a segunda Lei da

Termodinâmica. Trata-se da lei da entropia, a qual declara que “em qualquer

transferência ou mudança de energia, embora a quantidade de energia permanece

sem alteração, a quantidade de energia disponível e útil, sempre diminui”. Sendo

assim, não há compatibilidade entre ambos os enunciados científicos (evolução X

termodinâmica). Conforme declarou o Dr. Ramm: “estamos confrontados com a

clara distinção entre duas teorias: (A) a recuperabilidade de energia e (B) a

irrecuperabilidade de energia. Se energia é irrecuperável, temos que aceitar a

doutrina da criação. Até o presente momento, nunca foi comprovado nenhum

processo pelo qual a energia possa ser recuperada.”

Julgo importante mostrar o seguinte roteiro apresentado pelo Dr.

Kenneth Taylor, no seu livro, Evolução:

1) Não existe evidência conclusiva para a evolução nos

registros fósseis.

2) Não existe base teórica firme para o desenvolvimento

que leve uma espécie a transformar-se em outra mais perfeita, visto que a

genética, como sabemos, não permite variação além do que é inerente aos genes

originais.

3) Não há formas imagináveis, pelas quais cromossomos,

genes, enzimas, D.N.A., etc. se tenham desenvolvido por acaso e por seleção

natural.

4) Não há evidência de que a natureza tenha alvos criativos em

direção dos quais trabalhe durante milhões de anos. Isto reveste as cegas forças

da natureza de previsão e personalidade. Este conceito de natureza parece um

outro nome de Deus.

5) Não há maneira pela qual os órgãos, complexos possam

aperfeiçoar-se através de minúsculas e progressivas mutações; a seleção natural

eliminaria os pré-órgãos inúteis, em vez de encorajá-los.

6) Não há prova de que existe na natureza um processo como

seleção natural exceto quanto a variações minuciosas de tamanho, cor, forma

facial etc.

Um elo perdido de Darwin.

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Note-se lucidamente que a teoria da evolução não foi provada, foi

aceita! A teoria da evolução é, a cada dia, mais aceita por todas as mentes e os

fatos apresentados neste livro são, em geral, omitidos ao conhecimento popular,

assim como também são totalmente desconhecidos da maioria dos homens que já

leram as biografias de Darwin, o final de sua via e o seu encontro com Lady

Hope, conforme narrado no livro Âncora da Alma, de Orlando Boyer: “Ela foi

convidada a entrar e visitar o célebre autor da obra Origem das Espécies por Via

de Seleção Natural. Ele estava sentado e encostado em alguns travesseiros, na

cama coma a Bíblia na mão.”O que está lendo agora?” perguntou-lhe ela.

„Hebreus (uma parte da Bíblia), ainda em Hebreus, o livro real‟: e indicando

algumas passagens coma a ponta do dedo, fez alguns comentários sobre elas.

“Lady Hope falou algumas de suas afirmações claras que ele fizera

sobre a história da criação. Darwin parecia perturbado e com expressão de agonia

no rosto: „Era moço com idéias não bem formadas. Fizera algumas sugestões

admirado com todas as coisas e ficava surpreendido de ver tudo começar a arder

como fogo. O povo fez destas idéias uma religião‟. Então ficou calado por um

pouco e depois de mencionar a santidade de Deus e a grandeza da Bíblia que

segurava na mão, disse de repente: “Lady Hope, tenho uma casa no jardim, na

qual podem se ajuntar trinta pessoas. É aquela lá‟, indicando pela janela aberta.

„Quero que fale lá amanhã à tarde para os criados e alguns vizinhos‟.

Sobre qual assunto falarei? Perguntou-lhe Lady Hope Cristo

Jesus e a sua salvação; respondeu ele com ênfase. „Há alguma coisa melhor?

quero também que cante com eles. Pode marcar a reunião para as três horas, a

janela aqui ficará aberta e pode saber que estou acompanhando os hinos‟, disse

ele com muita animação.”

Infelizmente, o homem moderno desconhece esses fatos e se tem

envolvido aguerridamente na defesa da evolução, e enquanto a defende, tem

bebido do cálice que ela oferece, amargo e espumoso, e o pior é que o tem

sorvido até o fim.

A conseqüência da adesão consciente à evolução é uma vida sem

sentido, sem propósito e finalidade consciente, visto que a coerência no caso

compele o pensador a isso, e face de que ele como criatura consciente, nada mais

é do que uma aberração, um descriado, e o resultado dessa posição filosófica é

que a moral consciente morre, restando tão-somente os critérios da moral que

jazem no subconsciente e que, na maioria das vezes, ainda lutam com as

conceituações existenciais vigentes a propalarem que todas as formas e critérios

morais do homem, são, tão-somente, imposições de condicionamentos sociais

existentes e que, no entanto, podem ser destruídos mediante atos de autenticação

de vontade pessoal, segundo Freud e Jean-Paul Sartre. Essa é, sem dúvida, uma

das conseqüências que nos foi legada pela teoria da evolução, por ser ela, do

ponto de vista científico, a teoria que trouxe ao homem a justificativa para que

ele viva como bem entender viver, em sua total autonomia, porém, em seu

desgraçado abandono.

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BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) GREEN, M. Mundo em Fuga s. ed. S. Paulo, Edições

Vida Nova, s. d., pág. 37.

(2) Id., pág. 37.

(3) Id., ibid., Pág. 38.

(4) Id., ibid., pág. 39.

(5) Id., ibid., pág. 37.

(6) Id., ibid., pág. 36.

(7) BACON, Francis. Poluição e Morte de Homem. s. Ed.

Rio de Janeiro, Junta de Educação Religiosa e Publicações,

1976, pág. 76.

(8) SCHAEFFER, Francis. A Morte da Razão. s. ed. S.

Paulo, ABU Editora, 1975, pág. 31.

(9) GREEN, op. cit., pág. 41.

(10) HUXLEY, Aldous.

(11) HAWTHORNE, J. N. Questões de Ciência e Fé. s. ed.

S. Paulo, ABU Editora S. C., 1975, pág.25.

(12) GRAHAM, Billy. Como Nascer de Novo. s. ed.

Minas Gerais, Editora Betânia, 1977, pág. 27.

(13) HAWTHORNE, op. cit.

(14) GREEN, op. cit., pág. 52.

(15) Id. ibid., pág. 52.

(16) HUXLEY, op. cit.

(17) MORRIS, Henri. A Bíblia e a Ciência Moderna. s. ed.

S. Paulo, Imprensa Batista Regular, 1965, pág. 28.

(18) Id., ibid., pág. 33.

(19) WURMBRAND, Richard, Seria Karl Marx um

Discípulo de Satanás?

(20) BACON, op. cit., pág. 11.

(21) SCHAEFFER, Francis. A Igreja no Ano 2001.

(22) HAND, John Raymond. Porque Acredito na História

do Gênesis. s. ed. S. Paulo, Imprensa Batista Regular, 1977.

(23) TAYLOR, Kenneth N. Evolução. 2ª ed. S. Paulo,

Editora Mundo Cristão, 1973, pág. 42.

(24) Id., pág. 37.

(25) Id., ibid.

(26) Id., ibid.

(27) Id., ibid.

(28) MORRIS, op. cit., pág. 41.

(29) Id., ibid., pág. 42.

(30) HAND, op. cit., pág. 26.

(31) Id., ibid.

(32) Id., ibid.

(33) MORRIS, op. cit.

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(34) HAND, op. cit.

(35) “Porque Deus permitiu que o homem fosse ao

espaço.”, in “Revista Mundo Cristão.”

(36) LITTLE, Paul. Você Pode Explicar a sua Fé? s. ed. S.

Paulo. Editora Mundo Cristão, 1973, págs. 102-5.

(37) Id., ibid., pág. 106.

(38) TAYLOR, op. cit., pág. 58.

(39) BOYER, Orlando. Âncora da Alma.

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5

Um Universo Criado de um Princípio de Pluralidade

Foi Jean Paul Sartre quem expressou uma das verdades mais

significativas para quem quer se situar no universo e na existência. Ele disse que

a questão filosófica básica consiste em que algo é.

Na realidade, essa é a verdade: algo é. Não podemos negar o fato de

que estamos vivendo em algum lugar no tempo e no espaço.

A crise filosófica não é, primariamente, admitir que algo seja. O

grande e real problema é saber se o que é é por iniciativa de Alguém, ou se

sempre existiu, ou ainda, se passou a ser por mero e absurdo acaso.

Sempre ter sido ou passado a ser por um acidente universal

posterior é tão ateístico quanto se possa rotular algo de casual.

A metafísica do descriado Universo que é crê reduzir boa parte da

complicação já existente da complexidade universal abolindo um Deus de

existência-inerente bastante complexa, ou seja, um Ser que é espírito, que pensa,

que sente, que tudo pode e que é infinitamente existente.

Tenho ouvido com alguma freqüência esse tipo de negação de

Deus: “Crer num ser como Deus é complicar demais o Universo. É melhor

aceitar somente o Universo e diminuir a complicação.”

O engano, entretanto, é que a existência de algo como o Universo é

absurda sem Deus. Quando alguém diz que não pode aceitar a existência de Deus

por ser complicada, está complicando mais as coisas.

Primeiramente porque ao rejeitar Deus dizendo que sua existência é

complexa demais, cai-se no absurdo de aceitar pela fé ou pela “imposição de uma

realidade palpável”, um Universo complicado, isto é, um Universo divino, sem

princípio nem fim, ao menos na coisa ou no vácuo onde ele está. E onde é esse

lugar? Que vácuo é esse? Quais são os seus limites? Se tem limites, tem

referenciais de limites e, por conseguinte, novos espaços e realidade. E ainda se a

matéria universal deixa de existir a 15 bilhões de anos-luz daqui, como supõe

Luiz Bernardo Ferreira Clauzet, do Instituto Astronômico e Geofísico da

Universidade de São Paulo, então o que há para além desse último referencial

material? A pergunta se reforça ante a afirmativa de Richard Wielebinski, de que

“as nossas teorias nos obrigam a aceitar que o Universo é finito, sem saber o que

existe além dele”

Esse é um problema complexo: um Universo finito e, ao mesmo

tempo, cercado por algo que não se conhece. Ao admitirmos toda essa

complexidade e não há jeito de negá-la, pois vivemos nela estamos

aceitando viver pela fé em algo divinamente complexo e, portanto, não se está

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afastando o problema de termos que viver e aceitar algo que, em si, tem o

mistério do divino.

Em segundo lugar, a questão se torna mais séria ainda, quando está

em análise o material que compõe esse Universo: a energia. A energia é de

origem desconhecida. Dela derivam todas as outras formas e estruturas de

existência no universo dos sólidos, líquidos e gasosos.

O assunto é tão misterioso que chega a cair no místico, mesmo

quando as mentes cientificas tentam explicá-las. Observe-se alguns textos

eivados desse misticismo semântico: No começo havia apenas hidrogênio e hélio

(como se esses dois gases não necessitassem de explicação. Eu chamo a isso de :

o dogma da matéria primária). O universo era simples do ponto de vista químico

(mas não do ponto de vista químico (mas do ponto de vista metafísico). Dessa

matéria nasceram as estrelas, e estas, por sua vez, geraram os átomos mais

complexos nas poderosas reações termo nucleares que se processaram

continuamente em suas entranhas. De tais átomos se formaram as moléculas do

homem. Todos esses átomos foram preparados nas estrelas.

Algumas das palavras usadas no parágrafo anterior, e que estão em

itálico, melhor se adequariam em alguns livros de teologia simplista.

Quando alguns homens negam a existência de Deus por causa da

complexidade de um Ser como Deus, estão aceitando lidar e viver sem

explicações num Universo que se torna infinitamente complicado e absurdo a

partir de si mesmo e em si mesmo.

Usando uma expressão filosófica inadequada para expressar melhor

o nosso pensamento diremos: o elemento básico inerente a Deus (o espírito) e,

metafisicamente, mais simples do que a matéria básica inerente ao universo (a

energia).

Deus é mais complexo do que o Universo, senão, não o poderia

conceber e executar, mas a Sua intrinsicidade não é metafisicamente mais

complicada do que a energia universal.

Num Universo como o nosso, o espírito é a única maneira de ser

que não apela para a exacerbação de fé simplista.

Vejamos: energia é movimento mais força. Logo, são dois os

fenômenos. Todavia, não há movimento sem uma força que o acione. Tampouco

uma força sem um movimento anterior. Nesse caso a metafísica da energia seria

sempre o zero absoluto. Mas o eu divino admite uma espécie de movimento sem

deslocação, pois o que não era era em Deus e o que passou a ser foi feito em

Deus e por Deus, de maneira que um Ser, que é tanto imanente como

transcendente à sua criação ( e tal se dá com Deus que criou tanto em si, por si e

tudo fora de si, pois o que Ele criou não é Ele) possui um EU e pode ter esse

movimento sem deslocação. Não precisa movimentar-se para agir e, ao agir,

movimenta sem movimentar-se; porque a imanência de Deus pode ser imanente

no movimento produzido sem ser movimento em si, por causa da sua

possibilidade de ser em transcendência.

Quando a lógica parte de um Deus que é espírito e que criou o

Universo, ela está apenas achando muito mais razoável que a complexidade e

ordem que há no Universo não necessitam, além da complexidade dela mesma,

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apelar para o milagre criador do deus-absurdo. Sim, é mais lógico e menos

complicado, tanto em estrutura de ser como também em justificativa do que

existe, admitir a realidade de um Criador. Como disse Isaaque Newton: “O

ateísmo é tão insensato. Quando contemplo o sistema solar, vejo a terra colocada

a uma distância correta do sol para receber as quantidades adequadas de calor e

luz. Isto não acontece por acaso. Os movimentos dos planetas têm que ser

dispostos por um braço divino” (Gênio científico e homem de fé John Tiner,

pág. 144).

Há cada, dia mais firmemente definida no século XX, a idéia de

que há um Deus no Universo, esse Deus deve ser uma Unidade-Energética-

Impessoal.

Albert Einstein criticou fortemente os religiosos que não aceitavam

a religiosidade cósmica, ou seja, o Sistema Energético Universal como sendo o

Deus que existe.

Einstein dizia que sua religiosidade cósmica “consistia em

espantar-se em extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, que revelam

uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu

engenho nada podem desvendar diante dela a não ser seu nada irrisório.” Este

sentimento, pensava Einstein, desenvolve a regra dominante da vida do devoto da

religiosidade cósmica e de sua coragem, na medida em que supera a servidão dos

desejos egoístas. Entretanto, quando ele fala de egoísmo, fala de “pessoa”, ainda

que deformada. Todavia, essa é a tragédia: egoísmo e “pessoísmo”. Nesse caso,

teríamos uma pessoa contemplando um deus não-pessoa. E o problema que daí

advém é que o homem como ser pessoal é qualitativamente mais elevado do que

o deus impessoal que o criou. Como disse Bertrand Russel: “Os que tentam fazer

do humanismo uma religião, que nada admitem maior que o homem, não

satisfazem meus sentimentos. E no entanto, não posso crer que, no mundo

conhecido, haja alguma coisa que eu possa valorizar além dos seres humanos... A

verdade impessoal não-humana parece-me uma ilusão. E assim meu intelecto

segue com os humanistas embora meus sentimentos se oponham violentamente.”

Esse era o paradoxo de Russel: Com a razão-fria (intelecto) ele amava o calor da

existência do homem (pessoalidade). Mas com o calor dos seus sentimentos

como homem, ele repudiava tal idéia; ou seja, ele se esforçava para ser

sentimental com um universo sem sentimento na sua metafísica, e racional e frio

com aquilo que é sentimentalmente real o homem como pessoa. Esse é o tipo

de “devolução que a religiosidade cósmica produz nos seus adeptos.

Os adeptos da “religiosidade cósmica” dos nossos dias crêem que

em grau infinitamente elevado, o Budismo organiza os dados do Cosmo e estes

são decifrados com a ajuda de Schopenhauer.

Einstein cria que os gênios-religiosos de todos os tempos se

extinguiam por esta religiosidade ante o

Cosmo. Afirmava ele que essa religiosidade não tem dogmas nem Deus

concebido à imagem do Homem.

O famoso físico acertou ao dizer isso. Realmente o que caracteriza

a “religiosidade cósmica” é a sua total impossibilidade de falar à “pessoa” do

homem. Dizer que na religião panteísta não há um Deus feito à imagem do

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homem é, também, afirmar que nela não há nada com que o homem como ser

profundo, particular, pessoa (e até egoísta) possa se identificar. Nesse sentido, a

“religiosidade cósmica” sé é grande em equação filosófica, mas é infinitesimal

em relação ao “cosmo interior do homem.” O que é maior: o universo exterior no

qual os homens vivem ou o universo interior no qual os homens são? O que é

mais complexo: a nossa galáxia ou os sentimentos do homem?

Quando querem forçar-nos a aceitar ou por vaidade ou por

ignorância que o deus-coisa existente é suficiente para explicar o Universo, eles

se esquecem da pessoa do homem. Distraem-se ou fogem de três implicações:

1) Ninguém até hoje conseguiu tirar personalidade de

fontes não pessoais.

2) A religiosidade Cósmica (Panteísmo) não se identifica

com a personalidade do homem.

3) Que é irracional, pelo método filosófico da análise,

você começar a estudar a conclusão maior desse universo conhecido,

que é a pessoa do homem, como disse Russel, e partindo dessa

conclusão ou ápice universal, não chegar a uma “premissa pessoal”. Ao

invés disso, e contra o método de que a inferência de premissas a partir

das conseqüências é a essência da indução, tanto na investigação da

matemática quanto para descobrir as leis gerais em qualquer das

realidades científicas, eles começam com um “homem pessoal” e

querem terminar numa “energia sem coração”.

Ilustrando essa realidade, Francis Schaeffer, em seu livro O Deus

que intervém, põe-nos nitidamente diante dos olhos.

“Imagine-se nos Alpes e num pico bem alto. Você pode ver três

cadeias de montanhas paralelas com dois vales entre elas. Num dos vales há um

lago e o outro está seco. De repente você testemunha algo que às vezes acontece

no Alpes: um lago se formando no segundo vale onde antes não havia nada.

Enquanto observa a água subindo, você imagina de onde ela vem. Se ela pára no

mesmo nível do vale vizinho, você poderá, após medir cuidadosamente, concluir

que existe a possibilidade de que a água tenha vindo do primeiro vale. Porém, se

a medição mostrar que o nível do segundo lago é seis metros mais alto que o

primeiro, você não mais poderá admitir que a origem seja a do lago vizinho, e

terá que procurar outra explicação.” Assim se dá com o homem em relação a sua

pretensa fonte geradora. O homem é mais elevado do que a energia panteísta,

justamente porque o homem é uma pessoa.

Temos chegado até aqui apenas demonstrando que o Ateísmo é

mais complicado como matéria primária do que o Teísmo; que a justificativa

Teísta da complexidade universal é mais lógica do que a Materialista; e se se crê

que o Deus desse Universo é o “Todo-Energético-Universal”, então estamos

diante do problema de a que a pessoa do homem está perdida num universo que

não se comunica com ele e não responde o “porquê” de sua pessoa e que o

responsabiliza totalmente, como deus contemporâneo, que prosseguimento do

absurdo processo da existência.

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O tema deste capítulo é “Um universo criado dentro de um

princípio de pluralidade.” Aparentemente, até o momento não abordamos o

assunto. Pensar assim é um equívoco. Tudo que dissemos até agora teve a

finalidade de fundamentar melhor esse princípio bíblico que permeia o Universo.

No ateístico surgimento da matéria no Universo, só há lugar para a

unidade energética. Na religiosidade cósmica de Einstein, só há lugar para uma

inteligência inerente a tudo e a todos, mas sem nenhum sentimento particular em

algum ponto desse processo de unidade. Portanto, em todas as alternativas em

moda atualmente, só há lugar par a unidade, mas não há lugar a diversidade.

Todavia, o universo no qual vivemos tem unidade, diversidade e pessoalidade.

Em qual dos sistemas desse mundo há um princípio filosófico-

religioso que se compatibilize e se enquadre à realidade universal?

“No princípio criou Elohim o céu e a terra.”

O que pode significar tão antiga e repetida frase?

Primeiramente a frase revela que o Universo teve princípio. Aliás, a

teoria da “grande explosão” teve comprovação prática. Acreditava-se que uma

bomba-relógio como uma primeira bola de fogo teria deixado no espaço restos de

sua radiação e que esses sinais poderiam ser captados por um aparelho sensível

às oscilações eletromagnéticas. Acabou ocorrendo. Há alguns anos, os físicos

Arno Penzias e Robert Wilson, dos laboratórios Bell-Telephone, nos Estados

Unidos, procuravam captar radioemotivações da própria Via Láctea através de

um radiotelescópio de alta sensibilidade, capaz de afastar os mínimos ruídos de

interferência. De repente, o aparelho registrou algo inesperado uma fraca

oscilação, desconhecida, persistente, que parecia cair de todos os lados sobre a

terra. Pelos estudos que depois fizeram sobre essas ondas, Penzias e Wilson

concluíram, fascinados, que haviam sintonizado por acaso uma estação muito

antiga, que irradiava há 15 bilhões de anos. Mais precisamente, tinham captado

os sinais do primeiro óvulo os ecos da criação.

O ato criativo de Deus é descrito na Bíblia como sendo creatio

exnihilo, isto é, “o visível veio a existir veio a existir das coisas que não

aparecem” (Hebreus 11:3). “No princípio criou Deus os céus e a terra” indica que

os mundos não foram formados de qualquer matéria preexistente, mas antes

foram formados do Nada, nada-mesmo, pela palavra divina, demonstrando que

antes Fo “Fiat” criativo não havia qualquer outra espécie de existência.

A palavra criou, que no hebraico é bara, tem o sentido de extrair do

nada.

Essa é a primeira coisa que precisa ser colocada: o Universo teve

um princípio.

E segundo lugar, a frase revela que o Universo teve um princípio

pessoal

Desde o princípio o livro de Gênesis nos confronta com o Deus

vivo, Deus inequivocamente pessoal.

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Os verbos do capítulo inicial criou, fez, haja, viu, chamou...

expressam uma energia mental de vontade e de julgamento que exclui toda a

questão de conceber a Deus na categoria do “isto” em lugar do “tu”.

Em terceiro lugar, a frase revela um princípio de pluralidade. É

justamente nesse ponto que julgamos que devemos dar mais ênfase. Observemos:

“No princípio criou Elohim os céus e a terra.” O nome Elohim é um plural de

majestade. Indica uma intensa pluralidade no ser de Deus. Num sentido latente

alude à Trindade.

Alguém diria: Mas por colocar a Trindade nessa argumentação?

Será que ela não complicará mais as coisas? A resposta é não. Somente a

Trindade, somente o Deus Elohim, é que pode elucidar e justificar o tipo de

universo no qual vivemos.

Uma Unidade-Energética-Panteísta só tem resposta para a unidade

do Universo, mas não apresenta solução para a diversidade nem para a

pessoalidade que são realidades também observadas no Universo.

A Trindade não é uma tapeação teológica para preencher a

problemática metafísica que os gregos levantaram. Ela é a única maneira de

entendermos o Universo.

Nós vivemos num Universo que tem UNIDADE, DIVERSIDADE

E PESSOALIDADE (a pessoa do homem). Não é de se supor que um artista

deixe sobejar de si aquilo que ele “é” e “sente”? A fase azul de Picasso

porventura não revela a sua pessoa profunda? É claro que sim. Tal também se dá

com o Criador. Esse Universo tem que ser traços característicos e pequenas

maquetes do seu Criador.

Quando olhamos para os milhares de rostos que se cruzam nas ruas,

o que pensamos ou o que observamos? A mim, pelo menos, me espanta a

unidade das nossas características básicas (olhos, nariz, boca, etc.) em meio à

dessemelhança, ou seja, à diversidade das identidades e características pessoais.

Na Unidade-Energética-Panteísta haveria lugar para a diversidade?

É claro que não. Mas no Deus-Elohim, no Deus Trino, tanto Unidade como

Diversidade e Pessoalidade encontram esse lugar. Aliás, Deus não poderia existir

de outra forma, a não ser de maneira tripessoal. Isto tem sido defendido de várias

maneiras.

O Deus-Triúno é diferente da particular e individual consciência de

“si mesmo” que tem cada uma das pessoas da divindade, contudo pode perceber

o que faz, porque na consciência de “si mesmo” o sujeito deve conhecer-se como

objeto. Isto é possível por causa da sua existência trina.

Em o Desespero Humano, Kierkegaard diz que o eu ou o espírito é

uma relação que não se estabelece com qualquer coisa de alheio a si, mas

consigo própria. Mais e melhor do que na relação propriamente dita,ele consiste

no orientar-se dessa relação para a própria interioridade. O eu não é a relação em

si, mas sim o seu voltar-se sobre si próprio, o conhecimento que ele tem de si

próprio depois de estabelecido.

Kierkegaard dizia que “o homem é uma síntese de infinito e de

finito, de temporal e de eterno. Ora, uma síntese é uma relação entre dois termos.

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Numa relação de dois termos, a própria relação entra como um terceiro, e cada

um daqueles termos se relaciona com a relação, tendo cada um existência

separada no seu relacionar-se com a relação.” Ora nesse sentido, Deus não pode

ter no temporal e no eterno, no finito e no infinito, síntese de termos, porque Ele

transcende a tudo.

Todavia, se o homem e o seu “eu” foram feitos à imagem e

semelhança de Deus, então é de se supor que os termos não sejam os mesmos,

mas o modelo seja idêntico, variando apenas na dimensão do divino. Nesse caso,

os termos da síntese da pessoalidade do Deus-Triúno seriam a própria Trindade,

sendo cada duas das pessoas da Trindade termos para a síntese do “eu” da outra

(terceira), e assim, em interdependência, servindo cada duas de termos para a

síntese da outra pessoa divina, que seria sempre uma terceira pessoa em relação

aos termos. O Pai e o Filho são termos para a síntese do “Eu”do Espírito Santo.

O Filho e o Espírito Santo são termos para a síntese do “Eu” do Pai. E o Pai e o

Espírito Santo são termos para a síntese do “Eu” do Filho. Aliás, essa pode ser a

maneira do “Eu divino” ser.

PAI (eu) FILHO (eu)

ESPÍRITO SANTO (eu)

Síntese = Eu do Deus Triúno

Cada uma das relações tem a possibilidade de voltar-se sobre si, e

cada um dos dois termos faz a síntese do eu consciente da relação que se volta

sobre si. Dessa forma, temos um Deus e temos três pessoas, todas consciente e

todas dependentes e todas tendo nas outras duas os termos necessários à sua

relação com a terceira. Cada um dos termos se relaciona com a relação, embora

cada um tenha existência separada no seu relacionar-se com a relação.

Dependentes e independentes, eis um santo e maravilhoso mistério.

As melhores analogias que encontramos para a Trindade, são

aquelas tiradas da vida humana, particularmente da constituição e dos processos

da mente humana. Essas analogias têm especial significação porque o homem

tem a imagem de Deus.

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1.ª Analogia A Unidade psicológica do intelecto, dos

afetos, e da vontade.

2.ª Analogia A Unidade lógica da tese, antítese, síntese.

3.ª Analogia A Unidade metafísica de sujeito, objeto,

sujeito-objeto.

Em todas essas analogias temos universidade e diversidade.

A procura de analogias que bem determinem os traços do Criador

neste mundo revelando unidade e diversidade, não precisa ir longe. Em cada

rosto, andar, folha de árvore, fruto e coisa nesta existência, esse princípio está

presente. E por que está presente? Porque o Deus que criou esse universo é o

Deus-Triúno. Como tem dito Francis Schaeffer, olhando do ponto de vista da

infinitude de Deus, há um grande abismo entre Deus por um lado, e o homem, o

animal, a flor e a mecânica da terra por outro. Sendo olhado do ponto de vista da

infinitude de Deus, Ele está só. Ele é o Outro absoluto, porque somente Ele é

infinito. Portanto, no que se refere à infinitude de Deus, o homem está tão

separado de Deus quanto o átomo.

Todavia, olhando do ponto de vista da personalidade que Deus é o

abismo está entre o homem e o animal, a planta e a máquina. Isto porque o

homem foi feito à imagem de Deus, sendo, portanto, personalidade

qualitativamente divina.

Sobra agora uma pergunta: Teria Deus criado o homem para ter

com quem compartilhar suas idéias e sua personalidade? Realmente se Deus não

fosse triúno, a resposta teria que provavelmente ser afirmativa. Aliás, se assim

fosse, o pecado do homem teria um grande atenuante. Entretanto, a revelação de

que Deus é Elohim, isto é, tem pluralidade e é triúno, desbarata tal especulação,

pois a Trindade não necessitava criar para se comunicar e amar, pois havia uma

relação social no ser de Deus. O Criador não necessitava de companhia nem para

a sua infinitude nem para a sua personalidade, pois os termos da relação Deus-

Triúno, tanto são infinitos como são pessoais, em virtude de ser um deles como

síntese dos outros dois termos.

Deus não precisa do Universo. Aliás, Ele não pode ser achado

dentro do sistema fechado do Universo. Ele é imanente e transcendente em

relação à criação. O Universo foi criado fora de Deus. O Universo não é Deus.

Não é Deus quem precisa do Universo, é o Universo que precisa de Deus. Não é

o Criador quem precisa do homem para se comunicar; é o homem quem precisa

desesperadamente de um encontro com o Criador, pois o homem não é um ponto

de integração suficiente para si mesmo. Os termos da relação que compõem o

“eu” do homem, têm dimensões também do eterno.

Quando o homem tenta integrar seu “eu” a partir apenas do finito e

do temporal ele se fragmenta, se desespera, e tem que apelar para a solução de

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Buda, ou seja, tornar-se impessoal, aniquilando o seu “eu”, deixando de ser uma

“pessoa”, pelo menos em concepção filosófica e em tentativa religiosa.

“No princípio criou Deus os céus e a terra.” E o Universo que Deus

criou foi dentro de um princípio de pluralidade, justamente porque foi feito pelo

Deus TRIÚNO, mas os que não reconhecem essa “metafísica de esperança”, têm

que viver a angústia de serem o “deus-de-si-mesmos”, ou de serem filhos de uma

energia que não ama e não integra o homem como pessoa, daí resultando uma

tendência à esquizofrenia mental e existencial.

Concluo dizendo que viver sem o Deus-Triúno é, se se tem um

pingo de sensatez e sensibilidade, assumir a morte e o desespero.

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) Apud Luiz Bernado F. Clauzet “Sob a Atração Cósmica.”

in revista “Veja”, 24 de dezembro de 1980, Editora

ABRIL, n.º 642, pág. 84-92.

(2) Apud Richard Wielebinski, in ver., cit., ibid.

(3) Apud Isaaque Newton, in Genio cientifico y hombre de fe, de

John Tiner, version espanhola de Marta R. Pérez, Edicion

Espanhola de 1976, Logai Inc., E.O. Box 350128, Miami Florida

USA.

(4) EINSTEIN, Albert. Como vejo o Mundo. Rio de Janeiro,

Nova Fronteira, 1981.

(5) RUSSEL, Bertrand, Meu Desenvolvimento Filosófico. s. ed.

Rio de Janeiro, Zahar Editores, s.d., pág. 189.

(6) SCHAEFFER, Francis. O Deus que intervém. S. Paulo, Ed.

Refúgio e ABU Editora S.C., 1981.

(7) Apud Arno Penzias e Robert Wilson, in rev. cit., ibid.

(8) KIERKEGAARD, Sören. O Desespero Humano. 6.ª ed.

Porto Portugal, Livraria, 1979.

(9) SCHAEFFER, op. cit.

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A Constituição do Desespero

Depois de o homem assumir certas posições na religião, na

filosofia e na ciência resta-lhe, em nome da coerência, decretar certas “leis”.

Todo o fundamento dessa “Constituição” estará apresentado no terreno do

pensamento filosófico que ensina que o homem é um ser descriado, uma

aberração, filho de um Universo absurdo.

Os filhos do acaso devem decretar:

1) Que a moral está morta e que só falta ser enterrada. Sob que critérios se

edifica uma moral numa existência sem absolutos? Como dignificar alguma coisa

num universo sem desígnio e sentido real de ser? Qual o juiz que determinará

que o Mal é mau e que o Bem é bom? E se isso acontecer, por que aceitar tal

asserção para vidas cujas origens são as de mera coincidência?

Se a “existência organizada” é apenas aberração, não há porque se

dignificar o homem, a moral e a família! Não há por que também ser poeta,

musicista, pintor, filósofo, pai e homem como, instintivamente, se entende que o

homem deve ser.

Muitas são as vezes em que observamos o frustrado ou enganado

intento de alguns “ateus” que procuram agir, partindo de uma base moral

humanista.

Se se pensa que o homem é uma aberração, ainda maior aberração é

querer tratá-lo como se ele não o fosse. Não pode haver moral num universo

onde não há “moral na história”.

2) Que no humanismo não há racionalidade. Pensa-se com

muita freqüência que se pode conciliar o materialismo com um verdadeiro

humanismo. Normalmente, os que assim pensam, partem para seus planos de

ajuda humanística.

Vê-se com freqüência nas iniciativas desses protagonistas de um

humanismo ateu a ideologia de uma significação coletiva da espécie humana.

Nunca, porém, se observa a dignificação do homem. Fazem planos de uma

revolução de caráter sócio-econômico. Profetizam um futuro melhor, patrocinado

por uma era de humanização e de conscientização científica do homem.

Entretanto, todos esses ideais de uma utopia na terra esfacelam-se diante do

despropósito de uma finalidade, de uma direção e de um sentido. Falar-se em

dignificar o homem sem dizer “porquê” é tão pragmático quanto simplesmente

dizer que “o que é bom é bom”. Não há uma base moral para se dignificar o

homem descriado do século XX.

Quem é o homem atual? Filosófica e cientificamente ele se diz:

Filho do acaso, embrião num caldo quente, bebê em forma de célula simples, na

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forma de peixe, adolescente como anfíbio, rapaz como réptil e homem como

mamífero.

E o que pode alterar a concepção de um materialista sobre o

homem e seu destino? É de se esperar que esse peregrino filho do acaso, saia

desse beco sem saída por via de seleção natural também! A coerência manda que

seja assim!

Meu coração sofre e é rasgado ao contemplar a pobreza, o racismo,

as injustiças sociais ocasionadas pela manipulação econômica por parte de uma

elite, as favelas, os guetos, os deliquentes, os bêbados, as prostitutas, os

homossexuais, os drogados, e as grandes catástrofes da sociedade humana. No

entanto, tenho encontrado boas razões para autodoer-me, para lutar de alguma

forma para o benefício do meu próximo, simplesmente pela consciência que

tenho de que o meu próximo não é simplesmente filho da mesma ovada que eu,

num perdido mar primevo. Há razões pujantes e cheias de dignidade para que

todo homem, individualmente, seja amado por mim. Há razões para que eu abra

as portas de minha casa e da minha Igreja para receber bêbados, prostitutas,

drogados e também burgueses. Há razões para que eu sofra vendo a fome, mas há

muito mais razões ainda para que eu levante o faminto e o ponha à minha mesa e

lhe dê um prato de comida. Sim, meu relacionamento com os homens tem que

ser digno em razão de nossa igualdade, de nossa finalidade e de nossa

paternidade comum. Deus é nosso criador. Todos fomos criados!

Quem já viu um humanista ateu levantando um bêbado ou uma

prostituta na esquina? Confesso que nunca vi! Como Diógenes de Sinope (413-

323 A.C), que passava pelas ruas com sua lanterna acesa em pleno dia e que

respondia àqueles que lhe perguntavam o que procurava, dizendo-lhes: “Eu

procuro um homem.” Eu também estou à procura desse homem. Digo a mesma

coisa: estou procurando esse home que tenha encontrado uma base moral para se

relacionar com o seu próximo a partir do pensamento filosófico de que o

Universo é casual!...

Sempre a intenção do humanista ateu foi na direção do bem-estar

coletivo, porque é muito difícil fazer o bem individualmente. É difícil abraçar

uma pessoa malcheirosa em nome do acaso. É impossível aconselhar a um jovem

drogado no sentido de que este viva uma vida programada, se ele é nada mais do

que filho de uma total desprogramação cósmica. Ele está simplesmente vivendo

como pensa que surgiu. Mas, o fato é que mesmo o ateu não consegue ver o

homem vivendo como um Não-Homem. E por que não consegue ver? A resposta

é simples: A vida do homem exige finalidade, justamente porque o princípio de

sua existência teve finalidade!

3)Que a filosofia clássica morreu. Os pensadores de hoje se

apegam ao conceito clássico da filosofia, mas aceitando a total dicotomia entre a

racionalidade e a esperança. Como já vimos, no capítulo destinado à filosofia, o

conceito clássico dessa ciência do pensamento foi colocado no plano da

esperança irracional.

4)Que a arte inteligente morreu. Nessa crise, a arte e a poesia estão

perdidas no capricho e no acaso. A arte é um retrato da época e do homem com

seus ideais e suas crenças. Como já observamos, num universo descriado, numa

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existência casual não há lugar para uma arte que se entenda, visto que, para o

home descriado, o universo é absurdo e, por isso, não pode ser entendido. Seria

essa realidade bem expressa pelas palavras de Darwin, que disse ter perdido o

amor pela natureza e satisfação pelas artes.

O pintor moderno sente necessidade de criar. Mas como? Ele foi

ensinado e manipulado para crer num universo casual, produto da combinação

fortuita de elementos. Sendo assim, a coerência manda que ele crie sem criar, que

ele pinte sem pintar, num mundo tão pequeno em esperanças quanto o é o da sua

própria tela.

Embora muitos, filosoficamente, creiam num universo casual,

contra a coerência, gostam de uma arte criativa e organizada. Há, no entanto, na

música dos grupos de rock e outros estilos da atualidade, uma tentativa de reagir

musicalmente de acordo com o que crêem filosoficamente: suas músicas não

partem da harmonia nem da ordem. Neles tem havido uma desesperadora

coerência entre a arte, a música e filosofia hodierna.

5) Que o suicídio é o clímax da coerência e da dignidade

química. Um ser humano que pensa e assume sua existência como meramente

casual e que se percebe como apenas um conglomerado químico, uma máquina

solar, e que entende os seus sentimentos, ideais, sensações, apetites, prazeres,

ódio, amores e a sua absurda-inerente dignidade como sendo o resultado de

combinações do químico com o energético mais o acaso e a eternidade, então,

como resultado de ser monstruosamente maravilhoso, de ser abundantemente

parecido com o divino, de ser alguém cuja dor, amor e sentir têm suas raízes em

químicas que vêm do chão, e cujos sentimentos não sobrevivem à morte da

máquina (corpo), e cuja grande prisão é ser divinamente atraído pelo eterno e ser

irremediavelmente a evolução de “coisas”, o mais “racionalmente químico” seria

o dar à química a possibilidade de “ser-sem-sofrer”. Pois se o ajuntamento de

certa químicas resultam num homem que sofre, se desespera ou ama sem razão

para isso, o mais razoável é dar à química a possibilidade de ela ser o que é sem

sofrer, matando o homem, fuja grande angústia é “ser” química sem admitir que

o seja. A mais coerente de todas as atitudes seria o suicídio, pelo menos seria o

que eu faria, se eu me entendesse como sendo apenas “coisas” que um dia

sentiram e amaram sem nenhuma razão de ser.

Fica pois decretado que o homem que pensa de modo coadunável

com a cultura presente está morto como homem em razão e significado, e está, ao

mesmo tempo, vivo como aberração, num universo absurdo, onde o mais lógico

seria explodi-lo e acabar com as tristes e intermináveis histórias desse

desesperado homem, assim chamado não se sabe por quem!

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PARTE II

GENEALOGIA DA

ESPERANÇA

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7 A Esperança

O que se sabe sobre a esperança

Jean Paul Sartre disse que os homens “são angústia”. Todavia, ainda que

“angustiadamente” os homens são esperança. O que se sente interiormente desiludido, o

que foi abandonado pelos filhos e amigos, o que está paralisado num leito de

enfermidade e até mesmo a que reivindica para si o direito de praticar o suicídio

científico da eutanásia, projeta para depois da morte um espectro de esperança falando

da sobrevivência do psiquismo individual ou da tese espírita da reencarnação.

Há, basicamente, duas situações ou circunstâncias diante das quais a esperança

existe tomando o lugar do TUDO ou NADA. A primeira é diante da total

impossibilidade de se criar uma saída para a problemática humana. Por mais paradoxal

que seja, a esperança se manifesta mais fortemente quando os segmentos das razões

humanas se acabam, quando não há a chance de se criar uma saída, quando não existe

uma história a ser construída, quando não existe nenhum possível em nenhum sentido.

Nesses casos, a esperança é a própria expressão do “apesar de tudo”. A esperança é a

afirmação de um risco total; é a contradição do que está falido, é a ressurreição antes

dela, é a dízima periódica de um milagre.

Em segundo lugar, a esperança também se manifesta fortemente quando Deus

revela aquela sua presença-ausência tão “fortemente sentida”. Essa afirmação pode ser

percebida na experiência de Moisés quando Deus o enviou ao Egito a fim de libertar os

hebreus:

“Então Moisés, tornando-se ao Senhor, disse: Ò Senhor, por que afligiste este

povo? Por que me enviaste? Pois, desde que me apresentei a Faraó, para falar-lhe em

Teu nome, ele tem maltratado este povo. E Tu de nenhuma sorte o livraste.”

Deus sempre está presente, mas há vezes em que Ele manifesta uma presença-

ausência para não nos tirar da esperança. Sua presença nos “estimula” na esperança,

mas sua ausência nos “conduz” a ela.

Quando a Palavra de Deus é viva, dita, crua, ouvida e recebida claramente, a

esperança não tem muita razão de ser.

A esperança está entre a promessa e a realização. Ela existe neste hiato. Nessa

brecha. Ela é substância que preenche o vazio entre o que Deus falou e o que Deus fará.

A esperança completa o espaço entre o que recebemos historicamente como promessa e

o que esperamos historicamente como realização.

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É com esse entendimento que eu convido você a estudar agora a base da

esperança: o que Deus prometeu: E o seu alvo: o que Deus fará com base no que

prometeu.

A esperança e a sua ligação com a promessa.

Toda a esperança que a humanidade pode ter repousa sobre o fato de que Deus,

um dia, na História e, portanto, no espaço e no tempo, prometeu redenção, libertação e

restauração para o homem como ser caído e para a natureza caída também em

consequência do pecado do homem. É assim, pois, que o

apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito de Deus, afirma: “Porque para mim tenho por

certo que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória por vir

a ser revelada em nós. A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos

de Deus. Pois toda a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa

daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro

da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a

criação a um só tempo geme e suporta angústia até agora. E não somente ela, mas

também nós que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo,

aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Porque na esperança fomos

salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; pois se alguém vê, como espera?

Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.” (Romanos 8:18 a

25.)

Alguém talvez seja levado a perguntar: “Mas me diga o que é uma promessa, pois

isso é importante se ela é de fato o fundamento da esperança da humanidade?

Resumiremos o assunto aqui, visto que pretendemos abordá-lo mais

circunstancialmente, linhas adiante.

No Antigo Testamento hebraico, não há qualquer termo especial para o conceito

ou ato de promessa. Uma promessa é uma palavra que tem prolongamento

indeterminado. Ele normalmente se estende para além do momento em que é feita,

como também, para além do tempo daquele que a ouve ou a recebe, assinalando um

encontro entre os dois (o que fez e o que recebe) no futuro. Uma promessa pode ser uma

mensagem que provoque certeza de uma ação contínua para o futuro. Pode ser um

acordo firmado solenemente quando é feita uma aliança de relações permanentes entre

os participantes. Pode ser o anúncio de um acontecimento futuro, cujo cumprimento é

irrevogável.

Tudo aquilo que Deus proferiu com Sua boca foi e será realmente cumprido com

Suas mãos, sendo o sinal de que intervirá, pois conforme a Bíblia, a sua palavra jamais

retornará vazia ou sem que tudo se cumpra. Por todos os livros da História Sagrada uma

linha mestra pode ser seguida, um padrão de promessa divina e de cumprimento

histórico pode ser acompanhado e expressam essa verdade.

É deveras importante, no entanto, que se saiba a respeito d‟Aquele que faz as

promessas. Quem é Ele? Qual a Sua natureza? São perguntas que exigem respostas para

a própria segurança espiritual dos seus proponentes, os quais certamente já estão

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desejosos de encontrar a esperança que os possa erguer do caos presente até o firme

terreno da promessa imutável de Deus.

Quem é o Deus que faz a promessa?

A Bíblia inicia sua narrativa dizendo: “No princípio criou Deus os céus e a terra.”

A palavra “Deus” nesse texto em hebraico é Elohim. Derivações inúmeras têm sido

sugeridas para esta palavra. Sua significação parece ser: “Aquele que deve ser

reverenciado por excelência.” Elohim, no entanto, é um termo plural de majestade. Essa

ideia de pluralidade no ser de Deus é bem entendida quando vemos na sequência da

narrativa bíblica que Deus (Elohim) criou através da Palavra e do Espírito (Gênesis 1:1

a 3), como alguém já disse: “Somos apresentados aqui... a Palavra como a um poder

pessoal Criador e ao Espírito como doador da vida e da ordem a Criação. Assim, desde

o começo, foi revelado um centro de atividade. Deus, o Criador, imaginou o universo,

expressou Seu pensamento na Palavra e fez de Seu Espírito o Seu princípio animador.”

Na Bíblia, não obstante, não se lê em nenhuma de suas páginas a palavra

Trindade, contudo, observa-se do livro de Gênesis até o livro de Apocalipse, a

transformação de um conhecimento latente numa revelação patente deste fato do Ser de

Deus.

Sistematicamente a doutrina da Trindade diz que Deus é um em essência, mas que

a divina essência subsiste de três modos ou formas, cada uma constituindo uma pessoa,

mas de tal maneira que a divina essência é completa em cada uma das pessoas. Deus é

um só Ser, um só Deus, mas subsiste em três pessoas, sem que, contudo, sejam três

deuses.

Do ponto de vista natural, o Universo, por si só, já é uma gigantesca prova da

natureza Trina de Deus. É de esperar-se que um artista sempre deixe vestígios de sua

própria personalidade, caráter e pensamento em sua obra-prima ou na sua arte de um

modo geral.

Assim também, não é tarefa difícil olharmos para o Universo, que é obra das mãos

de Deus, e nele descobrirmos esses vestígios da natureza divina.

Encontramos, no Universo, uma diversidade que atinge e ultrapassa a fronteira das

coisas imagináveis. Por outro lado, observamos uma unidade que manifesta não só na

estrutura básica da existência da matéria que é a energia, mas também na relação e

organização do grande complexo Universal, o qual revela que nela há uma

interdependência de existências.

Olhando com um telescópio para as estrelas, descobriremos que mesmo entre elas

há diferenças de esplendor. De modo oposto, observando através de um microscópio,

veremos um mundo igualmente cheio de multiplicidade em meio à unidade. Tome-se,

como exemplo disso, um floco de neve. Todos eles têm uma estrutura básica de seis

lados iguais, no entanto, nenhum deles é igual ao outro, pois há em cada floco de neve

uma artística diversidade de desenhos interiores.

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É por isso que o Universo não é um multiverso mas um Universo.

Multiplicidade no Ser de Deus não exclui a ideia e a realidade de que Ele é Um.

Isso bem pode ser demonstrado matematicamente. Não estou afirmando que 1 + 1 + 1 é

igual a 1, mas sim, que 1 x 1 x 1 é igual a 1.

Essa é a única saída para a metafísica do Universo. Uma unidade energética

panteísta não resolveria o problema porque nela teríamos apenas a unidade. No entanto,

o Universo exige também diversidade e isso se coaduna perfeitamente com a revelação

bíblica, a qual nos mostra que Deus tem em Seu Ser unidade e diversidade.

A Trindade constitui-se uma necessidade do ponto de vista da onipotência de

Deus. Se Deus não fosse Trino, seria um solitário, um carente, precisaria criar para amar

e se comunicar. Essa realidade pode ser representada ficticiamente por um gravador

tocando e ecoando no vazio de um universo sem matéria, sem movimento, sem energia

e sem ninguém para ouvir. Desse modo estaria Deus perdido entre os ecos de sua voz

suplicante por toda a eternidade, necessitando criar para ver-se livre de tamanha solidão.

Entretanto, a revelação da Trindade mostra-nos que havia uma relação social no Ser de

Deus por toda a eternidade, pois a Trindade se amava e por isso Deus não precisava

criar, no entanto, o fez de livre vontade, o que torna maior ainda o Seu amor.

Esse foi o grande Deus que fez a promessa de esperança para o homem.

A revelação e as promessas

A cadeia da revelação divina é tão antiga quanto a queda do homem, visto ter sido

em razão do rompimento da comunhão com Deus, fato tanto inerente como oriundo da

posição de rebelião, que Deus

tomou a iniciativa de reaver e restaurar o ser humano, estabelecendo critérios legais

diante dos quais a Sua justiça seria satisfeita e a Sua misericórdia se revelaria

triunfantemente.

Quando da queda, instantaneamente, rompemos nossa comunhão com Deus e

Lúcifer tornou-se o senhor absoluto do homem. Ele constituiu-se no déspota da

humanidade. (Atos 26: 17-18).

Por trás de toda a tentativa e vitória de “derrubar” o homem, havia um sutil plano,

cujo intento seria colocar Deus a “parede”, imprensado entre o Seu amor e a sua justiça.

Como e por quê? Talvez você esteja se perguntando. Mas o ardil era bastante

engenhoso. Observemos: Lúcifer, num tempo misterioso na eternidade anterior à

criação da ordem existente, rebelou-se contra a soberania de Deus e caiu como

consequência de sua soberba. (I Timóteo 3:6.) Levando o homem a cair, seu plano era o

de fazer com que Deus revogasse o Seu decreto de punição eterna do pecado e

transgressão da rebelião satânica, não através de um ato de petição humilde, ainda que

isso fosse impossível na obstinação angelical, mas através de um ato soberano, onde o

próprio Deus seria manipulado por Seus próprios sentimentos. Satanás pensava que se

fizesse cair o homem, ser pessoal, com capacidade de reprodução de espécie, alvo de

um grande amor e fruto da ação trina de Deus, ele estaria forçando Deus a esquecer-se

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do julgamento da rebelião angelical, pois se Deus julgasse a primeira rebelião, a de

Satanás, esquecendo-se da segunda, a do homem, estaria sendo injusto, e um ato de

injustiça lhe legaria um estado de imperfeição e a imperfeição é sempre subdivina.

Satanás não podia esperar que Deus cumprisse toda a Sua justiça no homem,

condenando-o, rompendo com ele e manifestando assim a Sua santidade. No entanto,

muito menos ainda era de se esperar, que Deus fosse capaz de Ele próprio assumir a

forma humana, isento do gérmen moral e espiritual do pecado, para fazer convergir

sobre si o pecado do homem, sendo ao mesmo tempo justo e justificador, juiz e

advogado de defesa, executor e salvador. Mistério maravilhoso, obra do mais profundo

amor e da mais completa sabedoria; realização do maior poder e da mais lídima justiça,

cujo esquadrilhar transcende a qualquer mente finita. Sim, foi a obra de encantadora

soberania do Único Soberano!

A quem Deus revelou?

Foi nos momentos imediatamente posteriores à queda, que Deus fez a primeira e

fundamental promessa de revelação para a espécie humana caída.

O pecado tinha de ser tirado, mas como poderia o homem fazer isso se foi

justamente por ele que entrou o pecado no mundo? “Portanto, assim como por um só

entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a

todos os homens porque todos pecaram” (Romanos 5:12).

A cabeça da serpente, que tipificava e encarnava o próprio Satanás, tinha de ser

esmagada, mas como, se o homem havia se deixado subjugar pelo pecado e por

Satanás? “Vós sois do diabo, que é vosso pai e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi

homicida desde o princípio jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade.

Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da

mentira.” (João 8:44). Ele também é “o príncipe das potestades do ar” e o “espírito que

agora atua nos filhos da desobediência”.

As reivindicações de justiça de Deus precisavam ser satisfeitas. Mas como, se o

homem havia infringido pela desobediência a lei de Deus? “Porque, no tocante ao

homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei que,

guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está

nos meus membros”. (Romanos 7:22-23).

A morte tinha de ser abolida, mas como se, pelo pecado, ela havia entrado no

mundo trazendo tão horrível aguilhão? “Aos homens está ordenado morrerem uma só

vez e depois disto, o juízo.” (Hebreu 9:27).

Não obstante, foi mediante uma maldição que Deus pronunciou contra Satanás,

que surgiu a primeira promessa de redenção para o homem. Pronunciou Deus: “Porei

inimizade entre ti (a serpente) e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente.

Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3:15).

Deus começa decretando inimizade entre a serpente e a mulher. Faz parte da

ordem divina que, embora um animal não seja moralmente responsável por suas ações,

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ele deve sofrer por qualquer prejuízo e dano que possa trazer à vida do homem.

Observe-se em Gênesis 9:5: “Certamente requererei vosso sangue, o sangue de vossa

vida, de todo animal o requererei, como também da mão do homem, sim, da mão do

próximo de cada um requererei a vida do homem”, Leia-se também em Êxodo 21:28:

“Se algum boi chifrar homem ou mulher, que morra, o boi será apedrejado, e não

comerão a carne; mas o dono do boi será absolvido.” Todas as coisas foram criadas para

terem contribuição na perfeição moral do homem e, sempre que as criaturas animadas

ou inanimadas fogem dessa finalidade, devem sofrer juízo.

A profunda hostilidade entre a serpente e a espécie humana bem pode ser

explicada à luz de uma maldição, que envolva o reino animal, mas é óbvio que a

profundidade do texto e da maldição ultrapassa o reino animal e atinge o reino

espiritual. Vejamos a realidade do que tipificava a serpente: “E foi expulso o grande

dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo”.

É de suma importância notar que a inimizade não seria contra a descendência da

mulher mas sim, contra “o descendente de mulher”. Deus não falava de muitos mas sim,

de um.

Por essa inimizade, haveria uma luta, na qual o descendente da mulher iria ferir a

cabeça da serpente, e ela, feriria o calcanhar do descendente da mulher. “Há uma

sugestividade natural nesse texto e na figura por ele utilizada. A serpente mata ferindo o

calcanhar do homem, mas o homem destrói a serpente esmagando-lhe a cabeça. Mas, a

figura usada por Deus ultrapassa a natural e atinge o próprio diabo. Essas palavras

proclamam que a vitória estaria do lado do homem; visto que foi o homem que foi

vencido, assim seria o homem que efetuaria o triunfo. “Se pela ofensa de um, e por

meio de um só, pairou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e do

dom da justiça, reinarão em vida por meio de um só, a saber JESUS CRISTO. Pois

assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para a condenação,

assim também por um só ato de justiça sobre todos os homens para a justificação que dá

vida.” (Romanos 5:17-18).

Há uma significação individual na vitória da raça humana. . . Observe- a transição

da descendência da serpente para a própria serpente: “Entre a tua descendência e o seu

descendente. Este te ferirá.”; é igualmente significativo o fato de que a semente da

mulher está no singular. Somente em JESUS CRISTO a História revela idoneidade e

vitória absoluta sobre o pecado e sobre o diabo. “Porque o diabo vive pecando desde o

princípio. Para isso se manifestou o FILHO DE DEUS, para destruir as obras do diabo.”

(I João 3:8). A atual significação individual da profecia, realizar-se-á, um dia, de modo

abrangente e coletivo, tornando uma realidade para a humanidade que estiver em

CRISTO, “O DEUS da paz em breve esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás.”

(Romanos 16:20). E ainda: “Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso

SENHOR JESUS CRISTO”. (I Coríntios 15:57).

Consideramos essa promessa como uma das mais significativas, até mesmo do

ponto de vista histórico, do evento que ela vaticinava. É digno de nota que a promessa

envolvia a mulher e seu descendente. Não a humanidade. É encantador para o espírito

perscrutador observar que quando o Redentor veio ao mundo, fê-lo nascendo apenas de

mulher. “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho nascido de

mulher.” Respondendo a Maria a respeito do cumprimento da profecia sobre o

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nascimento de Jesus, falou o anjo Gabriel: “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder

do Altíssimo te envolverá com a Sua sombra; por isso também o entre santo que há de

nascer, será chamado Filho de Deus. Porque não haverá, para Deus, impossíveis em

todas as suas promessas.” (Lucas 1:35 a 37).

A admiração apodera-se do investigador atento à realização histórica da promessa

divina, quando se percebe outro magnífico cumprimento histórico dessa profecia. Note-

se que o descendente da mulher seria ferido no calcanhar pelas mordeduras da serpente.

Certamente seria mortalmente ferido e morreria, mas ganharia a vitória esmagando a

cabeça da serpente. Vejamos: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele

só; mas se morrer, produz muito fruto.” (João 12:24.) “porque Cristo, quando nós

éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.” (Romanos 5:6.) “Sabedores que

havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre: a morte já não tem domínio

sobre Ele.” (Romanos 6:9.) “Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e

ressurgiu; para ser Senhor tanto de mortos como de vivos.” (Romanos 14:9.) “Digno és

de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue

comprastes para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, para o nosso

Deus os constituístes reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.” (Apocalipse 5:9 e 10).

Assim foi que o descendente mortalmente ferido alcançou a vitória saindo da

morte pela ressurreição, pois Ele “foi entregue por causa das nossas transgressões, e

ressuscitou por causa da nossa justificação” (Romanos 4:25).

Essa foi a primeira promessa que Deus fez mediante sua revelação oral, cuja

importância é básica na esperança de que o homem possa ter de sua própria redenção.

Por isso, essa promessa é comumente chamada de proto-evangelho, pois é a primeira

boa-nova.

Portanto, voltando ao tema dessa subdivisão, afirmamos; Deus fez a revelação de

Sua promessa de redenção ao homem e sua companheira, logo, à humanidade ali

representada. Porém, a promessa de redenção para a humanidade implicava,

inerentemente, na própria condenação do diabo e seus agentes; podendo-se dizer que a

promessa da salvação do homem é também a sentença da condenação do diabo.

Portanto, Deus revelou redenção ao homem, mas condenação ao diabo.

Como Deus revelou?

DEUS sempre falou! Ele nunca esteve calado nem ficou “sem testemunho de si

mesmo,fazendo o bem, dando do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo os corações

de fatura e alegria” (Atos 14:17).

No entanto, a revelação que a natureza faz de Deus não traz ao homem, no seu

estado de ser caído, a objetivação de uma comunhão plena de Deus.

A antropologia classifica o homem como o comunicador por excelência. Sabemos

nós que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, logo, Deus sim é que é o

Comunicador dos comunicadores.

Se Deus falasse somente através da natureza ou da consciência do homem. Ele

seria um pequeno comunicador em relação ao homem. Poderíamos dizer, que, do ponto

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de vista da magnitude da comunicação, Deus seria apenas um mímico, pois estaria

utilizando-se apenas de “sinais naturais” para comunicar-se, contudo, Deus falou. Foi

Ele quem tomou a iniciativa de comunicar-se com o homem. Isso é perfeitamente

racional.

A epístola aos Hebreus inicia-se assim: “Havendo Deus, outrora falado muitas

vezes, e de muitas maneiras, aos pais (isto é, aos antepassados israelitas I Co 10:1),

pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho a quem constituiu herdeiro de

todas as coisas, pelo qual também fez o Universo.” (Hebreus 1:1 e 2). Observe:

“Havendo Deus. . . falado . . .” A iniciativa foi divina! Só Deus poderia romper, entre si

e o homem, o grande silêncio que o pecado provocou.

A fala tem um papel importante no Universo. Pela fala Deus o criou: “Pela fé

entendemos que foi o universo formado pela Palavra de Deus, de maneira que o visível

veio a existir das coisas que não aparecem.” (Hebreus 11:3.)

É a fala que representa a passagem do espiritual para o material. Vejamos alguns

exemplos disso: O camponês revela sua vontade aos animais através da fala. Pela fala,

os líderes agitam o frenesi nas massas humanas fazendo-as agir. Pela fala, o pensamento

torna-se ato. Pela fala e seus modos derivados como a escrita, os homens se comunicam

entre si e se influenciam. Quando dois homens desejam comunicar-se, sem a utilização

da escrita, devem falar, caso contrário, a comunicação torna-se difícil. Essa dificuldade

observa-se na comunicação entre duas pessoas finitas. Imaginemos agora a total

impossibilidade de o homem, pelo menos em parte, compreender a mente de Deus, sem

que Deus falasse. É a mesma coisa que pedir ao finito que engolfe o infinito.

A verdade é que foi Deus quem tomou a iniciativa de revelar-se ao homem. Ele

quis revelar a sua mente infinita às nossas mentes finitas. O próprio Deus diz por quê:

“Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos

mais altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos

pensamentos.” (Isaías 55:9).

No passado Ele fez uso dos profetas, homens santos aos quais falou, e falou

sempre de muitas maneiras diferentes.

Talvez as expressões mais repetidas do Velho Testamento sejam: “Assim diz o

Senhor.” “O Senhor me falou.” “Veio a mim a Palavra do Senhor.”

O plano de Deus, no entanto, era o de encarnar a Sua própria palavra, por isso que

“o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1:1 a 14).

Assim Deus, em tempos passados, usou “homens santos” que falaram de sua

parte, “movidos pelo Espírito Santo” (II Pedro 1:22) mas na plenitude dos tempos,

falou-nos pelo Seu próprio Filho, a palavra encarnada, o qual nos revelou de modo

pessoal a plenitude da Divindade, porque “Nele habita corporalmente toda plenitude da

Divindade” (Colossenses 2:9). Foi por isso que o apóstolo João exclamou com

adoração: “O que era desde o princípio, o que temos visto com os nossos próprios olhos,

o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a

vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho e vo-la anunciamos, a

vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que temos visto e ouvido

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anunciamos a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco.Ora,a

nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho JESUS CRISTO.”(I João1:1 a 3).

Atualmente Deus não é tangível, mas durante 33 anos da História, DEUS

apresentou-se num corpo que podia ser tocado e visto. Porque um menino chamado

Emanuel nasceu, Deus esteve pisando “na arena”.

Por que Deus falou?

Em primeiro lugar, porque não poderíamos conhecê-Lo por intermédio das nossas

divagações e elucubrações de pensamento. Somos finitos, Deus é infinito, e o infinito

sempre engolfa e devora o finito, de modo que o finito desaparece no infinito. E é

simples entender porque não poderíamos encaixotar Deus dentro do nosso intelecto. Se

pudéssemos entendê-Lo com as nossas mentes. Ele não seria maior do que as nossas

mentes, e de duas a uma conclusão chegaríamos: ou Ele subdivinizar-se-ia ou nós nos

divinizaríamos.

Em segundo lugar, porque nós “precisamos” conhecê-Lo e, de modo autônomo,

isso jamais acontecerá.

Há na alma de cada homem, pelo menos a nível subconsciente, uma fome

indizível de Deus. Alguns tentam escondê-la atrás de alguns rótulos utilizados

inconsciente ou deliberadamente como desculpas para uma descanalização e

desobjetivação da real carência da alma humana.

Conversamos com centenas de pessoas por mês. É em nosso escritório de

aconselhamento, pelo telefone, por cartas, em consultas na Igreja de onde sou pastor,

em casa, nos colégios, nas ruas, nas visitas e no trabalho de um modo geral. Em todas

essas conversas há uma nota constante: todos falam sobre um grande vazio que eu bem

conheço, pois quase me levou ao suicídio, antes de eu receber a CRISTO como meu

Salvador.

Seja no auge do carnaval carioca, onde muito nos esforçamos para acabar com o

vácuo espiritual da existência, seja numa pequena aldeia perto de Belém, em Israel,

onde estivemos conversando com um jovem árabe, maometano, o vazio faz-se notar. Na

conversa com aquele jovem, ouvi o seguinte: “Caio! eu tenho um grande vazio no meu

coração!”

O sábio Salomão disse que “Deus colocou a eternidade no coração do homem”. É

essa fome de coisas eternas e plenas o que leva o homem a desejar uma paz plena, uma

felicidade plena e uma vida plena, inclusive, no que diz respeito a não morrer. E por que

isso? Porque Deus não fez planos para a vida do homem à parte de uma relação com Ele

próprio. Deus é eterno e a alma humana tem fome de eternidade. Como diz o salmista:

“Assim como a corça suspira pela corrente das águas, assim por Ti, ó Deus, suspira a

minha alma.” (Salmo 42:1.) Foi por isso que os atenienses erigiram um altar no qual

estava inscrito: “Ao Deus desconhecido.” A alma humana sente necessidade de “adorar”

e de “transcender”, só que a satisfação que ela exige não está na “adoração”, mas sim no

conhecimento e na comunhão com o Deus verdadeiro. A adoração a um Deus

desconhecido deixa o espírito do homem tão insatisfeito e insaciado quanto a madre da

mulher sem filhos, a sepultura ao receber os mortos, a terra seca que não se cansa de

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beber água, e o fogo no trigal, que não pára enquanto não lamber com suas chamas o

último feixe. Assim, é a fome que o homem tem de Deus.

Em terceiro lugar, Deus revelou-se porque Ele queria, e porque não dizer, Ele era

o único que realmente queria.

O profeta Isaías disse: “Desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se

percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de Ti, que trabalha para aquele que Nele

espera.” (Isaías 64:4). Notadamente Ele é o Deus das grandes atitudes. Em João 3:16,

lemos: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho Unigênito,

para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a Vida eterna.

A revelação é fruto do mais terno e incomensurável amor. O amor de Deus!

Temos na história da Revelação a iniciativa divina de comunicar-se, de romper o

silêncio, de fazer-se conhecer e de ensinar o homem a ser feliz. Por isso Deus falou!

Há uma advertência para você, amigo leitor: “Se, hoje você ouvir a Sua voz não

endureça o seu coração.”

Na Bíblia, há a revelação verbalizada de Deus, portanto leia-a dizendo a Deus:

“Guardo no meu coração as tuas palavras, para não pecar contra Ti.” (Salmo 119:11.)

As promessas e a esperança do Salvador

O desenvolvimento histórico das promessas

Remanescente da promessa feita com Gênesis 3:15, é encontrado em quase todas

as culturas dos povos de todo o planeta. Alguns cristãos antropólogos, preocupados com

o alcance daquela primeira promessa, têm estudado inúmeras culturas, tanto de

comunidades vivas quanto daquelas extintas, e têm concluído que subjaz, no

pensamento de todos os povos, a ideia de que Deus, um dia, visitaria os homens. É

óbvio, no entanto que, quase integralmente, houve a distorção da promessa, observando-

se nessas culturas apenas a linha mestra daquele pensamento.

Abandonando a universalidade da promessa de Gênesis 3:15, nos deteremos,

objetivamente, na linha histórica e bíblica, que o próprio Deus nos revelou em Sua

Palavra acerca da “visita maravilhosa” que o mundo receberia acompanhando os

eventos, cronologicamente, tais como a própria Bíblia revela, a partir do patriarca

Abraão.

Em Gênesis 12:1 lemos: “Ora disse o Senhor a Abraão: Sai da tua terra, da tua

parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande

nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção: abençoarei os que

te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as

famílias da terra.” Foi precisamente nesse dia em que o Senhor chamou a Abraão para

servi-Lo e dedicar-Lhe a sua descendência, que o povo judeu foi constitucionalmente

estabelecido na terra mediante a promessa de Deus. Uma magnífica promessa também

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foi feita a Abraão: “em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Alguma coisa

realmente sublime estava sendo revelada ao grande patriarca.

A vida daquele gigante da fé revela uma galharda esperança. Tanto, que ele é

chamado de “o pai dos que têm fé”.

Abraão é apresentado em Hebreus 11 como aquele que “aguardava a cidade que

tem fundamentos, da qual DEUS é o arquiteto e edificador”. Mesmo a despeito de em

vida ter sido um nômade. É-nos revelado também que apesar de sua avançada idade,

que já remontava aos cem anos, aguardava “uma posteridade tão numerosa como as

estrelas do céu, e inumerável como a areia que está na praia do mar”. Era assombrosa

naquele homem a confiança ilimitada no poder de Deus, o qual julgava ele

poderia até ressuscitar os mortos. Foi assim que, quando posto à prova, ofereceu Isaque

e esteve mesmo para sacrificar o seu unigênito, aquele que acolheu alegremente as

promessas, e de quem se havia dito: “Em Isaque será chamada a tua descendência;

porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos de

onde também, figuradamente, o recobrou.” Julgamos, todavia, que a razão de todo

aquele ânimo e esperança foi revelada 2000 anos depois de Abraão, por Jesus: “Vosso

pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. Perguntaram-lhe, pois, os

judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste a Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em

verdade, em verdade vos digo: Antes que Abraão existisse, eu sou.”

Cremos ser inalienável o fato de que toda a esperança de Abraão estava lançada

sobre o alicerce das promessas de Deus, de que um dia o próprio Deus visitaria a terra,

encerrando-se como homem de descendência de Abraão e vindo a ser universalmente a

grande bênção para todas as famílias da terra.

Acompanhemos, então, o desenvolvimento histórico daquilo que Abraão apenas

pôde ver pela fé.

Abraão teve dois filhos. O primeiro, com a escrava Hagar, em razão da

esterilidade da Sara, sua mulher. Ao filho de Hagar, deu Abraão o nome de Ismael que,

historicamente, é o pai dos árabes.

O segundo era filho de Sara, e também o filho de sua velhice, tendo sido eleito

como o filho da promessa que Deus fizera ao dizer-lhe que ficaria sem descendência até

que um filho nascido de seu próprio casamento fosse constituído primeiro de sua prole

(Gênesis 21:12).

Ao determinar que no segundo (em Isaque) e não no primeiro (em Ismael) é que

seria chamada a descendência de Abraão, Deus estava revelando que alinha de Isaque é

que seria a da promessa de Sua vinda ao mundo.

Isaque também teve dois filhos. Ao mais velo chamou Esaú e ao mais novo

chamou Jacó.

A História e a Bíblia nos revelam que Deus escolheu a descendência de Jacó para

ser a que daria seguimento à promessa da vinda do Messias. (Gênesis 25:22 e 23;

Malaquias 1:2 e 3 . . .).

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Jacó foi muito mais fecundo do que o pai e o avô, e teve doze filhos, sendo

também verdade que teve duas esposas, as quais com ele tiveram filhos através de suas

criadas, que lhe foram entregues para a reprodução, numa guerra sui-generis onde a

vencedora seria aquela que desse mais filhos, ou de seu próprio ventre ou através do

ventre de outra.

Pela ordem de idades, esses foram os filhos de Jacó: Rubem, Simeão, Levi, Judá,

Zebulon, Issacar, Dã, Gade, Aser, Naftali, José e Benjamin. Desses doze filhos de Jacó,

um foi escolhido. Trata-se de Judá, de quem o próprio Jacó, profeticamente, antes de

morrer disse: “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre os seus pés, até

que venha Siló; a ele obedecerão os povos”. Essa profecia torna-se inefavelmente

significativa, quando a língua hebraica nos revela que Silo significa: “O enviado”.

Logo, tratava-se de uma escolha da tribo de Judá para ser aquela que reinaria até a vinda

do Messias.

A história da tribo de Judá é das mais eletrizantes de toda a narrativa sagrada. São

muitas as ocorrências históricas descritas na Bíblia concernentes a essa tribo.

Os membros de tão grande tribo são praticamente inumeráveis, até mesmo

fazendo-se um levantamento minucioso a respeito dessa genealogia. Há somente, nas

cronologias das genealogias bíblicas, a possibilidade de acompanhar-se os nomes das

cabeças da tribo, (I Crônicas 2 e 4).

No curso dos anos, entre as muitas famílias da tribo de Judá, Deus escolheu a casa

de Jessé, natural de Belém, para ser a da linha escarlata que conduziria ao Messias.

Jessé tinha oito anos (I Samuel 16:10 e 11), porém só se sabe o nome de sete (I

Crônicas 2:13 a 15). Deus ainda objetivou mais sua revelação, direcionando-a e

centrando-a de modo inconfundível em Davi, filho mais novo de Jessé (I Samuel 16).

De Davi disse Deus: “Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu

coração.”

Davi foi o pai de vinte filhos (I Crônicas 3:1 a 3) e, desses muitos rebentos, Deus

suscitou, em um deles, a raiz de Renovo (II Crônicas 1:9). Salomão foi o escolhido e,

daí para diante, a direção estabelece-se entre os reis da tribo de Judá. Depois do governo

de Salomão durante o tempo do reinado de Roboão

seu filho, Israel foi dividido em dois reinos, ficando o do norte sob o governo de

Jeroboão e do sul, sob o de Roboão (II Crônicas 10 e 11).

Para que se saiba qual a linha genealógica do Messias é só acompanhar o primeiro

capítulo do Evangelho de Mateus.

Entre Salomão e um menino nascido numa cama de feno na cidade de Belém,

filho de um humilde carpinteiro chamado José, mais ou menos vinte e cinco cabeças de

genealogia foram suscitadas.

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De Abraão, que foi o primeiro a receber a promessa, até Jesus Cristo, quarenta e

duas gerações se cumpriram na história de Israel como nação que Deus escolheu para a

revelação histórica de Sua visita ao mundo.

8 A Convergência do Tempo de

Sua Vinda ao Mundo

Em Daniel 9:20 a 27, uma desejada e suspirada declaração profética é feita pelo

anjo Gabriel a Daniel, profeta do Senhor, sobre o povo de Israel, seu sofrimento e

restauração e também sobre a vinda e morte do Ungido, do Príncipe, ou seja, do

CRISTO de DEUS.

Escrito aproximadamente seis séculos antes de CRISTO, o livro de Daniel é

minucioso e comprovadamente verdadeiro, como veremos a seguir.

A profecia de Daniel 9:24 traz consigo o seguinte vaticínio: “Setenta semanas

estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade para fazer cessar a

transgressão, para dar fim ao pecado, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça

eterna, para selar a visão e a profecia, e para ungir o santo dos santos.” Trata-se de uma

profecia estritamente ligada ao povo de Israel e à sua história, bem como à consumação

geral de todas as coisas, obviamente, ligando-as às promessas feitas a Israel como

nação. Note-se a expressão: “Sobre o teu povo, e tua santa cidade.” Logicamente, a

chave para desvendar este mistério é a história de Israel e os eventos nela ocorridos em

sucessão programada no restante da profecia, como veremos abaixo.

Dando prosseguimento no livro de Daniel, a partir de 9:25 até 27, observa-se que

alguns eventos importantes aconteceriam dentro do período de sessenta e nove semanas.

Estes foram os eventos vaticinados:

1) Dar-se-ia uma ordem para restaurar e edificar Jerusalém.

2) O período de sessenta e nove semanas iria terminar exatamente com o Ungido,

o Príncipe

(expressão messiânica).

É interessante observarmos que toda e qualquer cronologia, nesse período da

profecia, termina na manifestação do Ungido e Príncipe. No entanto, embora haja a

cessação da cronologia de predição em termos numéricos (de semanas proféticas), a

profecia não pára, mas antes prossegue afirmando que o

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Ungido morreria e que o povo de um príncipe que viria, destruiria a cidade e o santuário

e que até o final de tudo, haveria guerra e desolação sobre Israel. A curiosidade

aumenta sobremodo quando observamos

que, após esse período sem cronologia (morte do Ungido, destruição de Jerusalém,

perseguição e desolação dos judeus), o vaticínio retoma a sua característica cronológica

de semanas, a qual havia sido abandonada com o advento da aparição do Ungido, e

prediz a última semana que, somada às semanas cujo fim traria a consumação de todas

as coisas, completa o período profético.

A última semana começará com o advento de uma aliança, cujo tempo é

determinado para uma semana, na metade do qual esse pacto será interrompido

bruscamente e uma fase de abominação, profanação, perseguição e guerra será iniciada

pelo promotor da aliança, o qual será destruído por meio de uma intervenção

sobrenatural.

Descrever o que foi predito não torna a profecia elucidativa, cria apenas a

possibilidade de alguém melhor compreendê-la, mas não de alguém compreender seu

cumprimento.

Há algumas expressões “chaves” para que se entenda essa profecia:

1) Semanas o que significa uma semana?

2) Ordem para restaurar a cidade quando foi?

3) Quem é o Ungido? Quando ele viveu?

Creio ser óbvio que primeiro se compreenda o que significa uma semana.

Vejamos:

A palavra hebraica para semana é SHABUA que significa um “sete”. Em

português a semana sempre é de 7 dias. No entanto, no hebraico, a expressão é tão

aberta quanto alguém dizer: “uma dúzia” e não especificar de quê. Havia para o judeu,

a quem a profecia era dirigida, um entendimento amplo de que significava uma semana,

literalmente “um sete”. Os judeus tinham “sete” de dias e sete de anos (Levítico 25:3,4

8 e 9). Nada em termos de calendário tinha mais valor para o judeu do que os sete

sábados de anos que lhe traziam a bênção do ano do jubileu.

As razões que nos levam a pensar que os “sete” da profecia de Daniel são de anos,

são as seguintes:

1) Daniel sabia que o tempo do cativeiro babilônico fora baseado na violação

judaica da lei divina do ano sabático. De acordo com II Crônicas 36:21, os judeus

foram afastados da terra para que ela repousasse durante setenta anos; daí; é evidente

que o ano sabático fora violado por 490 anos, ou seja, exatamente setenta “setes”.

Torna-se bastante significativo que, sobrevindo o tempo em que o castigo pelas

violações fora cumprido, DEUS enviou o Seu anjo a Daniel para notificá-lo do início de

uma nova época, baseada também num período equivalente ao número de anos

sabáticos violados, ou seja, 490 anos ou setenta “setes” (Daniel 2:24).

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2) Os eventos vaticinados na profecia exigiam um espaço dilatado de tempo a fim

de que se efetuassem. Observem: Uma ordem tinha que ser dada por um soberano

persa; uma cidade inteira tinha que nascer, viver e morrer . . .

Em se considerando as condições de construção daquela época, conclui-se logo

que um período dilatado de tempo era exigido para as devidas restaurações.

3) Há, convincentemente, a prova advinda do estudo da palavra SHABUA, que

fora da profecia ora em discussão, aparece apenas no mesmo livro de Daniel no capítulo

10: 2 e 3, onde Daniel afirma ter jejuado por “três semanas”. É evidente que não jejuou

por vinte e um anos. O mais interessante é que hebraico, no texto mencionado, usa

literalmente a seguinte expressão: “Três sete de dias”. Se na profecia das setenta

semanas, o escritor quisesse dar a mesma ideia, ele o teria feito, pois o hebraico, como

vimos no capítulo dez, tem esta força linguística, todavia isto não acontece. Daniel

estava referindo-se a SHABUA (sete) de anos e quando usou o “sete de dias” (10: 2 e

3) fê-lo para distingui-lo dos sete anos (9:20 a 27).

Resta-nos agora uma pergunta: Qual será a duração desses anos proféticos?

Primeiramente, precisamos saber quantos dias tem um mês.

A evidência em dias do espaço mensal é-nos apresentada no livro de Gênesis

(7:11), onde somos informados que o dilúvio começou no dia dezessete do segundo mês

e que terminou no dia dezessete do sétimo mês (Gênesis 8:4). Em Gênesis 7:24 e 8:3,

o escritor nos diz que as águas “minguaram ao cabo de centro e cinquenta dias”.

Ora, se o dilúvio começou no segundo, mês e terminou no sétimo, evidentemente,

cinco meses se cumpriram. É significativo observar que cento e cinquenta dias divididos

em cinco meses, dão-nos meses de trinta dias. E o ano quantos meses tem?

Em Daniel 9:27, lemos que um príncipe virá para perseguir os judeus por um

período que equivale à metade de “um sete” de anos. Daniel 7:20 a 25, fala da mesma

perseguição, fixando a duração como sendo de tempo, tempos, e metade de um tempo o

que, na língua aramaica, significa três tempos e meio (observe o forma plural de

tempos).

No livro de Apocalipse a alusão ao mesmo regente e período é feita, e a duração

da perseguição é dada como “quarenta e dois meses” (Apocalipse 12: 4 a 7). No

capítulo 12:13 e 14, do Apocalipse, o tempo é determinado como sendo “tempo, tempos

e metade de um tempo”. É deveras esclarecedor observar que Apocalipse 12:6

estabelece esse tempo em dias dizendo que são “mil duzentos e sessenta dias”. Assim,

o mesmo espaço temporal é apresentado variadamente como três anos e meio; quarenta

e dois meses ou ainda como 1.260 dias. Logo, se conclui que se três anos e meio são

iguais a 1.260 dias, os anos desses períodos têm que ser de trezentos e sessenta dias.

A profecia de Daniel 9:20 a 27 diz que o período do vaticínio começaria com o

anúncio de uma ordem para reedificar Jerusalém e na sua primeira fase de sessenta e

nove semanas iria atingir o Ungido, ou seja, o CRISTO.

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A chave está em localizar-se a “ordem para restaurar a cidade”. Para isto é

necessária uma leitura cuidadosa de Neemias 1:1 a 4 e 2:1 a 8. Em 2:5, Neemias pede a

Artaxerxes que o envie a Judá para reedificá-la. A aquiescência do rei ao pedido de

Neemias é reconhecida como uma determinação de DEUS (Neemias 2:8). O mais

importante, no entanto, é ver como Neemias registra minuciosamente a data da saída da

ordem: “No mês de Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes” (2:1).

Qualquer livro de história e muito especialmente a Enciclopédia Britânica revelam

o começo do reinado de Artaxerxes como tendo início em 465 A.C. Logo, o vigésimo

ano de Artaxerxes era 445 A.C. No mês de Nisã, “o dia” não é mencionado por

Neemias, entretanto, como temos lido de alguns eruditos, o costume judaico nesses

casos tomava o primeiro dia do mês como referência. Diz-nos o Dr. Alva J. McClain: 1

data seria 14 de março de 445 A.C. Nesse dia saiu a “ordem”. (O calendário é judeu).

Eu o aconselharia, leitor, a perguntar: Quando terminou o período dos sessenta e

nove “setes” de anos?

Sir Robert Anderson, 2 celebrado cristão inglês, publicou em seu livro “The

Coming Prince” (obra ainda não traduzida em português), espantosos estudos a esse

respeito. Como demonstrou, para encontrarmos o final do período de sessenta e nove

“setes”, temos que reduzir o tempo a dias.

Se as 69 semanas têm 7 anos cada uma, e cada ano tem 360 dias, a operação a que

se chega é: 69 X 7 X 360 =173.880 dias. Começando em 14 de março de 445 A.C., este

total leva-nos a 6 de abril de 32 A.C.

As provas calendárias apresentadas por alguns estudiosos do assunto têm sido

essas:

445 A.C. até 32 D.C. = 476 anos (A.C. 1 até D.C. 1 = 1 ano).

476 X 360 dias = 173.740 dias.

Aumento dos anos bissextos = 116 dias ( 3 anos a menos em 4 séculos ).

14 de março a 6 de abril 24 dias.

Total = 173.880 dias.

Seis de abril de 32 D.C. é indicado como o fim das sessenta e nove semanas e

deve também indicar o dia da manifestação do UNGIDO MESSIAS como Príncipe de

Israel.

Seis de abril de 32 D.C. leva-nos ao período final do ministério público do Santo,

Maravilhoso, Encantador e Amoroso carpinteiro de Nazaré.

Como demonstrou Sir Robert Anderson, aquele foi precisamente “o dia” em que

Jesus entrou em Jerusalém num jumentinho sendo aclamado como Príncipe e Rei de

Israel.

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“Todos eles estendiam no caminho as suas vestes. E quando se aproximava da

descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos passou, jubilosa, a

louvar a DEUS em alta voz, por todos os milagres que tinham visto, dizendo: Bendito é

o Rei que vem em nome do Senhor! paz no céu e glória nas maiores alturas!” (Lucas

19:36-38).

A significação daquela data era tão importante que o Senhor JESUS disse a alguns

fariseus que se o povo se calasse “as próprias pedras clamariam”.

“Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou, e dizia! Ah! Se conheceras por ti

mesma ainda hoje o que é devido à paz! Mas isto está oculto agora aos teus olhos. Pois

sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os

lados, te apertarão o cerco: e te arrasarão, e os teus filhos dentro de ti; não deixarão em

ti pedra sobre pedra porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação.” (Lucas

19:41 a 44; compare com Daniel 9:26, Lucas 22 e 24 e Romanos 11:25).

Não é de se admirar que JESUS tenha dito que se eles se calassem as próprias

pedras clamariam, pois aquele era precisamente o dia do aniversário da sexagésima

nona semana de anos. Note a expressão de JESUS: “Neste teu dia” (Lucas 19:42).

Que dia? Exatamente o dia 173.880, e também o único dia em

que JESUS foi ovacionado publicamente como Messias e como Príncipe pelo povo de

Israel (compare com Zacarias 9:9).

Falta ainda a última semana da profecia cumprir-se e, juntamente com ela, a

consumação de todas as coisas!

Você poderia perguntar: Por que a profecia foi interrompida?

1) Cremos que, no desenvolvimento do próprio texto de Daniel 9:20 a 27, isto já

estava demonstrado. Note que as sessenta e nove semanas vão até ao Príncipe e, depois

Dele, os fatos sucedem-se sem qualquer relação com os números da profecia até

recomeçarem novamente da firme aliança que um governante futuro faria com o povo

de Israel, isto depois de já haverem experimentado guerras e desolações num período

não contado numericamente.

2) O desenvolvimento passado da História exige um intervalo entre a sexagésima

e septuagésima semana. Comparemos a profecia e a História.

Depois do “dia” da manifestação do Ungido e Príncipe aconteceria: (Daniel 9:26).

A convergência do tempo de sua vinda ao mundo

Profecia a-1) O Ungido seria morto.

História a-2) Sabemos que logo depois da consagração pública de JESUS como

Messias, ELE foi

morto (João 19:14 a 16).

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Profecia b-1) O Ungido já não estaria Parece que ELE não mais estaria

presente na sequência

histórica dos eventos mas, encantadoramente, essa expressão não o afasta “realmente”

do contexto da existência.

História b-2) Sabemos que JESUS ressuscitou no terceiro dia, que já não

está fisicamente

envolvido na presente ordem de coisas, conquanto realmente ELE tenha sido eleito

Príncipe e Salvador (Atos 5:31 e Isaías 53:10 e 11).

Profecia c-1) O povo de um príncipe, que há de vir, destruiria a cidade e o

santuário.

História c-2) É sabido por todos, que quarenta anos após a morte de JESUS, o

general romano Tito

destruiria a cidade e o santuário de Jerusalém, num dos cercos mais dramáticos da

História humana e num verdadeiro dilúvio de sangue.

Profecia d-1) Depois disso, até o fim, haveria guerra e desolações sobre o povo

de Israel.

História d-2) Basta que se olhe para a história de Israel e se observará a realidade

do que havia sido

vaticinado. As perseguições, as chacinas, e os holocaustos humanos têm sido comuns

quando praticados contra Israel. É interessante também observar que a profecia diz:

“Até ao fim.” Assim sendo, entenda-se por um período indeterminado de tempo.

3) É elemento muito conhecido na profecia bíblica o intervalo. Poderíamos

apresentar muitos, mas vejamos apenas um exemplo rápido: Em Lucas 4:18, JESUS

cita uma profecia de Isaías 61: 1 e 2 e a interrompe na expressão “e a anunciar o ano

aceitável do SENHOR”. Por que será que JESUS |interrompeu ali a narrativa?

Justamente porque a sequência diz: “e o dia da vingança de nosso DEUS.” Mas esse dia

ainda não havia chegado. Portanto, o próprio SENHOR aplicou o método do intervalo

profético.

Uma pergunta cabe no momento: Será que o DEUS que concretizou a Sua Palavra

na História dos homens, objetivando inclusive a época da vinda de Seu Filho ao mundo,

bem como o dia de Sua proclamação pública como o Messias, não fará também com

que se cumpram literalmente todas as outras profecias? É claro que sim! E para

aqueles que amam e seguem a JESUS, um céu cheio de esperança e luz está prestes a

ser manifestado.

Não me julguem enfadonho ao voltar e bater na mesma tecla, mas sinto que todos

devem saber de uma pequena parte do grande acúmulo de evidências que nos fazem,

jubilosamente, dizer que temos “ESPERANÇA”.

Transcrevemos, a seguir, um resumido, porém interessante estudo histórico feito

pelo cristão holandês H. L. Heijkoop:

“Podemos dividir a história de Israel nos seguintes períodos”:

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1) A origem Compreende o período desde o nascimento de Abraão à

Redenção do povo da escravidão do Egito e a promulgação da Lei no Monte Sinai.

2) A fixação no país Este período estende-se desde o Sinai à construção do

templo no reinado de Salomão.

3) O declínio e juízo Começa com a construção do templo e termina com a ida

de Neemias a Jerusalém para reedificá-lo.

4) Restauração e reconciliação Este período vai desde a reconstrução do

templo até a completa reconciliação do povo e sua entrada na glória do reino físico de

DEUS.

O mais extraordinário é que DEUS divide cada período em 490 anos, ou seja,

setenta semanas de anos.

1) A origem

Segundo Gênesis 12;4, Abraão era da idade de setenta e cinco anos quando

recebeu as promessas e saiu de sua terra para a Palestina (Hebreus 11:8). Em Gálatas

3:17, o apóstolo diz que a Lei veio 430 anos mais tarde. “Desde o nascimento de

Abraão à lei são 505 anos”.

“Estes 505 anos incluem também os 15 anos de incredulidade que vão desde o

momento em que Abraão pretendeu receber bênção de um modo carnal, tomando

Hagar por sua mulher, até o nascimento de Isaque (Gênesis 16;3; 21:5). Quando

subtraímos estes 15 anos, obtemos o resultado de 490.

A convergência do tempo de sua vinda ao mundo

2) A fixação no país

De acordo com Atos 13:18 a 22, obtemos este resultado:

No deserto............................................................ 40 anos

Conquista da terra.............................................. x

Desde a conquista da terra à

I Juízes ............................................................... ?

Período de Juízes ............................................... 450 anos

Saul .................................................................... 40 anos

Davi ................................................................... 40 anos

Salomão ao final da construção do templo ........ 11 anos

De Números 9:1 e Josué 14:7 a 10 é evidente que x é igual a 6 anos.

De Juízes 11:26 e os anos correspondentes entre a conquista da terra e I Juízes

pode concluir-se um período de 14 anos.

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Obtemos portanto um total de 601 anos. Neste período de anos, estão incluídos

111 anos em que os israelitas estiveram debaixo de reis estrangeiros.

Juízes 3:8 a 11 ............................. 8 anos sob Cucam-pisatain

“ 3:14 a 30 ........................... 18 anos sob Eglon

“ 3:31 a 4:3 .......................... 20 anos sob Jobim

“ 6;1 e 8:28 .......................... 7 anos sob os midianitas

“ 10:8 ................................... 18 anos sob os filisteus e os amonitas

“ 13:1 ................................... 40 anos sob os filisteus

T o t a l ...................................... 111 anos

Quando deduzimos estes anos 601 anos temos outra vez 490 anos. Segundo I Reis

6:1 e 38 obtemos 487 anos. Parece que ali são tirados os 3 anos de reinado de violência

de Abimeleque (Juízes 9:22 e 10:10).

3) O Declínio

O templo de Salomão foi acabado no ano 105 A.C. Neemias subiu a Jerusalém

para reconstruir a cidade no ano 445 A.C. A diferença é de 560 anos.

Se deduzirmos os 70 anos de cativeiro babilônico, durante os quais o povo não

esteve em sua terra, temos outra vez 490 anos.

4) Restauração e Reconciliação

Daniel 9:24 nos diz que setenta semanas (isto é 490 anos; confira com Levítico

25:8) estão determinados sobre o povo de Jerusalém para extinguir a transgressão e dar

fim aos pecados e para expiar a iniquidade e trazer a justiça eterna, e selar a visão da

profecia e para ungir o Santo dos Santos.

O princípio seria a reconstrução de Jerusalém, o fim seria a bênção eterna;

portanto, o Messias viria, mas seria rejeitado, e entre as 69 e 70 semanas encontramos

outras coisas que não são incluídas na conta das 70 semanas.

DEUS, que não contou os anos de Abraão em incredulidade, nem os anos de

domínio estrangeiro no tempo de Juízes, e os anos de cativeiro, tomaria em conta os

dias de Seu Filho? Claro que não!

As setenta semanas são interrompidas na Cruz. E serão continuadas logo que o

povo estiver no país e o remanescente for de qualquer modo salvo. (Romanos 11:23 e

25 a 29).” 3

Não é claro que tudo isto robustece os motivos da nossa Esperança?

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BIBLIOTECA SUMÁRIA

( 1 ) McCLAIN, Alva J.. As Setenta Semanas de Daniel. s. ed...

São Paulo, Imprensa Batista Regular do Brasil, s. d.

( 2 ) Id.

( 3 ) HEIJKOOP, H. L.. O Porvir. Lisboa, Depósito de Literatura Cristã,

1972.

9 A Vinda de Cristo

O cumprimento histórico

É matéria da mais alta edificação espiritual observar o cumprimento histórico das

promessas proféticas da Bíblia na cândida, encantadora e majestosa pessoa de Jesus

Cristo.

A vida de Cristo é o centro da História da humanidade. É a única folha limpa no

pisoteado e sujo livro da História do homem, pois qualquer pé que o tente pisar terá sua

sola queimada pelo fogo da verdade.

Em Cristo há um mistério encantador e fascinante convidando corações prazerosos

com a verdade a se deleitarem, mergulhando em suas profundas águas ou voando em

seu alcandorado céu.

As profundidades dos mares, a altura dos céus ou o coração do jovem sonhador

nem de longe podem ser comparados com o maravilhoso mistério da vida de Jesus.

Mistério, o qual “Deus nos revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito a todas as coisas

perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”. (I Coríntios 2:10).

Cristo é centro de tudo que existe porque “Nele tudo subsiste”, pois Deus fez com

que “Nele convergisse, na plenitude do tempo, todas as cousas, tanto as do céu como as

da terra” (Efésios 1:10). Ele é o centro da História, das Escrituras Sagradas e é o

Mediador entre Deus e os homens.

Profeticamente nas pegadas do Messias

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Já vimos a predição e o cumprimento histórico da vinda do Messias, inclusive

demonstrando que não se trata de mera especulação religiosa ou de uma esbelta e

engendrada cultura, que no topo de suas

aspirações ilusórias, no correr dos anos, tivesse pintado o retrato do Messias, de cuja

ideia procedesse uma pretensa aspiração à eternidade monárquica.

Amo ao Messias que nos foi designado (Atos 3:20) e aprendi a amá-Lo através das

Escrituras.

Lembro-me dos dias e meses seguintes à minha conversão ao evangelho. As

páginas das Escrituras encontravam-se como que irradiando luz celestial e meu espírito

deleitava-se em nelas descobrir a profundidade e a clareza do plano de Deus, cujo

desenrolar acompanhei extasiado do primeiro ao último livro da Bíblia. Entre jejuns e

petições, meu coração descobria a beleza incomparável do rosto de Jesus e, muito

especialmente alegrava-se, quando Suas feições eram por mim descobertas no Velho

Testamento, isto é, muito antes de Sua existência física. As descrições que Dele se

fizeram encantavam pela total harmonia com o próprio evento histórico descrito antes

da ocorrência.

Vejamos algumas dessas predições, comparando-as com os cumprimentos

históricos.

É matéria para um maior aprofundamento as revelações entre o profetizado e o

cumprido na vida de Jesus, no entanto, nosso estudo se propõe, de modo simples, a

traçar apenas um roteiro básico do que se profetizou acerca da vida e obra do amado

Salvador Jesus.

Sobre o seu nascimento

A CIDADE

Profecia (751 A.C.)

Texto: (Miqueias 5:2) “E tu Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo

de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são

desde os dias da eternidade.

Comentário

É óbvio que a pessoa a quem a profecia se refere como “Guia”, não era um

homem com características comuns. Observem “suas” origens eram desde a

eternidade.

Cumprimento Histórico

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Texto: (Mateus 2:1 e 5, Lucas 2:4,5; 10,11 e 12) “Tendo Jesus nascido em

Belém da Judeia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do oriente a

Jerusalém”.

Quando Herodes indagava dos escribas onde o Messias nasceria, a resposta foi:

“Em Belém da Judeia, responderam eles”.

Na noite do nascimento de Jesus, os anjos enviados para a celebração assim

anunciavam, através de Gabriel, aos pastores que apresentavam seu rebanho cerca de 1

½ km do local: “Eis que vos trago boas novas de grande alegria, que o será para todo o

povo: é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo o Senhor.”

NASCERIA DE UMA VIRGEM

Profecia (740 A.C.)

Texto: (Isaias 7:14) “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe porás

o nome de Emanuel.”

Comentário

O filho da virgem não seria apenas um homem, mas sim a própria manifestação

física de Deus, pois Emanuel quer dizer: “Deus conosco”.

Cumprimento Histórico

Texto: (Mateus 1:18 Lucas 1:34 e 35) “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi

assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado,

achou-se grávida pelo Espírito Santo!”

Antes de conceber, Maria foi visitada pelo anjo Gabriel que lhe falou sobre a sua

futura concepção. Ela, no entanto, perguntou: “Como será isto, pois não tenho relação

com homem algum? Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder

do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isto também o ente santo que há de

nascer, será chamado Filho de Deus.

O seu nascimento provocará um grande morticínio de crianças em Belém

Profecia (626 A.C.)

Texto: (Jeremias 31:15) “Assim diz o Senhor: Ouviu-se um clamor em Ramá,

pranto e grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos, e inconsolável por causa

deles, porque já não existem.”

Comentário

Ramá está no caminho às portas de Belém e é o lugar onde Raquel está enterrada.

Cumprimento Histórico

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Texto: (Mateus 2:16) “Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes

grandemente, e mandou matar todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores

de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com precisão se informara dos

magos.”

Os magos vieram adorar o Messias recém-nascido. Foram advertidos por Deus

que não deveriam comunicar o lugar da morada do infante a Herodes, pois os seus

instintos eram maus. Em virtude disto, desviaram-se de Jerusalém, indo para casa por

outro caminho.

Sua filiação divina

Profecia (1.000 A.C.)

Texto: (Salmo 2:7 e 12) “Proclamai o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu

filho, eu hoje te gerei.”

“Beijai o Filho para que não se irrite, e não pereçais no caminho; porque, dentro

em pouco, se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados os que Nele se refugiam.

Cumprimento Histórico

Texto: (João 17:1; 14:1 e 3:16 I João 1:3 Mateus 3:17) “Tendo Jesus falado

estas cousas levantou os olhos ao céu, e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu

Filho, para que o Filho te glorifique a Ti.”

“Ora a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo.”

Na ocorrência do batismo de Jesus o próprio Pai testificou: “Este é meu Filho

amado em que me comprazo.”

Obs.: A filiação divina é matéria da mais espantosa demonstração em todo o evangelho

do Apóstolo João. Leia-o, portanto.

Seu ministério

ELE SERIA PRECEDIDO

Profecia (740 A.C.)

Texto: (Isaías 40:3 Malaquias 3:1) “Voz do que clama no deserto: preparai o

caminho do Senhor. Endireitai no ermo vereda a nosso Deus.”

Obs.: Note como o precursor que clamaria esteve preparando o caminho para a vinda de

Deus.

“Eis que eu envio o meu mensageiro que preparará o caminho diante de mim; de

repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor

dos Exércitos.”

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Cumprimento Histórico

Texto: (Mateus 3:1 João 1:23 e 1:29 e 30) “Naqueles dias apareceu João

Batista pregando no deserto da Judeia.”

Quando perguntaram a João Batista quem era ele, sua resposta foi: “Eu sou a voz

do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.”

Ao ver Jesus, João Batista exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado

do mundo! É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a

primazia, porque já existia antes de mim.”

Note-se que João Batista era mais velho do que Jesus, no entanto ele sabia das

origens eternas de Cristo.

Ele curaria os enfermos

Profecia (740 A.C.)

Texto: ( Isaías 53:4 e 35:5 e 6) “Certamente Ele tomou sobre si as nossas

enfermidades, e as nossas dores levou sobre si.”

“Então se abrirão os olhos dos cegos, e se desempedirão os ouvidos aos surdos: os

coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas arrebentarão no

deserto e ribeiros no ermo.”

Cumprimento Histórico

Texto: (Lucas 7:18 a 23) “Disse Jesus: Ide e anunciai . . . o que vistes e ouvistes:

os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os

mortos são ressuscitados, e aos pobres anuncia-se-lhes o evangelho.”

Obs.: Os quatro evangelhos constituem-se em indiscutíveis provas desta proposição.

A sua pregação

Profecia (740 A.C.)

Texto: (Isaías 50:4 e 42:3) “O Senhor me deu língua de erudito, para que eu saiba

dizer boa palavra ao cansado.”

“Não clamará nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça. . . promulgará o

direito.”

Cumprimento Histórico

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Texto: (João 7:15;16 e 17) “O meu ensino não é meu, e, sim, dAquele que me

enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela

é de Deus ou se falo por mim mesmo.”

Ele seria rejeitado

Profecia (740 A.C.)

Texto: (Isaías 53:1 e 12) “Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o

braço do Senhor?”

Sobre ele diz o profeta: “Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens.”

Cumprimento Histórico

Texto: (João 15:24 e 25) “Se eu não tivesse feito entre eles tais obras, quais

nenhum outro fez, pecado não teriam; mas agora não somente têm eles visto, mas

também odiado, tanto a mim, como a meu Pai. Isto, porém, é para que se cumpra a

palavra escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo.”

Ele seria morto

Profecia (600 A.C.)

Texto: (Daniel 9:26 Isaías 53:8 e 9) “Depois . . . será morto o Ungido, e já não

estará.”

“Por causa da transgressão do meu povo foi Ele ferido.”

Cumprimento Histórico

Texto: (João 19:30) “Quando, pois Jesus tomou o vinagre disse: Está consumado!

E inclinando a cabeça, rendeu o espírito.”

Sua morte seria por crucificação

Profecia (1.000 A.C.)

Texto: (Salmo 22) “Derramei-me como água, e os meus ossos se desconjuntaram;

meu coração fez-se como a cera, derreteu-se dentro em mim. Secou-se o meu vigor,

como um caco de barro, e a língua se me apega no céu da boca; assim Me deitas no pó

da morte.”

“Transpassaram-me as mãos e os pés. Posso contar os meus ossos.”

Obs.: Descrição da morte de um crucificado pela sintomatologia apresentada.

Cumprimento Histórico

Leia-se todas as narrativas sinóticas de Mateus, Marcos e Lucas.

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Sobre as suas mãos traspassadas disse Tomé: “Se eu não vir em suas mãos o sinal

dos cravos e ali não puser o meu dedo, e não puser a minha mão no seu lado, de modo

algum acreditarei.”

(João 20:26.)

Oito dias depois destas palavras de Tomé, Jesus, já ressuscitado, aparece na sala

onde os discípulos se encontravam e diz a Tomé: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas

mãos.”

As suas vestes seriam repartidas e sua túnica disputada em sorte

Profecia (1.000 A.C.)

Texto: (Salmo 22:18) “Repartem entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica

lançam sorte.”

Cumprimento Histórico

Texto: (João 19:23 e 24) “Os soldados, pois, quando crucificaram a Jesus, tomaram-

lhe as vestes e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e a túnica.

Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para

ver a quem caberá.”

Acontecimentos paralelos à sua morte

(Compare profecia e cumprimento histórico relacionando-os numericamente.)

Profecia (1.000 A.C.)

Texto: (Salmo 22:1,7,8 e 16)

1 “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”

2 “Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a

cabeça: Confiou no Senhor!! Livre-o Ele, salve, pois Nele tem prazer.”

3 “Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia”.

Nota: Cães é uma expressão pejorativa usada para aqueles que não eram israelitas, ou

seja, usada para os gentios.

Cumprimento Histórico

Texto: (Mateus 27:46,39,40,41,42,43)

1 “Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lemá

sabactâni; que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”

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2 “Os que iam passando, blasfemavam dele, meneando a cabeça, e dizendo: . . .

Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus! E desce da cruz!” De igual modo as

autoridades diziam: “Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se . . . Confiou em

Deus; pois venha livrá-lo agora, se de fato lhe quer bem.”

3 É fato do conhecimento de todos que a morte de Jesus envolveu os gentios e

que Ele foi contemplado por eles.

Ele seria traspassado no seu lado

Profecia (538 A.C.)

Texto: (Zacarias 12:10) “Olharão para mim, a quem transpassaram; pranteá-lo-ão

como quem pranteia por um unigênito, e chorarão por Ele como se chora amargamente

pelo unigênito!”

Cumprimento Histórico

Texto: (João 19:31 a 37)

Os judeus queriam apressar a morte dos crucificados (Jesus e os dois ladrões), por

isso, pediram a Pilatos que as suas pernas fossem quebradas. “Os soldados foram e

quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele tinha sido crucificado;

chegando-se, porém, a Jesus, como vissem que já estava morto, não lhe quebraram as

pernas. Mas, um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu água e

sangue.”

Ele seria morto entre malfeitores

Profecia (740 A.C.)

Texto: (Isaías 53:9) “Designaram-lhe a sepultura com os perversos.”

Indubitavelmente o contexto predito é o messiânico.

Cumprimento Histórico

Texto: (Lucas 23:32 e 33, e as referências de Mateus e Marcos). “E também eram

levados outros dois, que eram malfeitores, para serem executados com Ele. Quando

chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram bem como aos malfeitores, um

à direita, outra à esquerda.”

Ele estaria amparado por um rico quando morto

Profecia (740 A.C.)

Texto: (Isaías 53:9b) “Mas com o rico esteve na Sua morte, posto que nunca fez

injustiça, nem dolo algum se achou em Sua boca.”

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Cumprimento Histórico

Texto: (Mateus 27:57,58,59 e 60) “Caindo a tarde, veio um homem rico de

Arimateia, chamado José, que era também discípulo de Jesus. Este foi ter com Pilatos e

lhe pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos ordenou que lhe fosse entregue. E José,

tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo de linho e O depositou no seu túmulo

novo, que fizera abrir na rocha; e, rolando uma grande pedra para a entrada do sepulcro,

se retirou.”

Ele ressuscitou dentre os mortos

Profecia (1.000 A.C.)

Texto: (Salomão 16:8,9 e 10 Isaías 53:10) “Alegra-se, pois o meu coração, e o

meu espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro. Pois não deixarás a minha alma

na morte, nem permitirás que o Teu Santo veja corrupção.”

“Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der Ele a sua

alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias.”

Como prolongaria o Messias os seus dias, depois de morto, senão mediante a sua

ressurreição?

Cumprimento Histórico

Texto: (Mateus 28:1 a 10 Lucas 24:1 a 12 João 20:1 a 10).

A cena desenrolou-se à porta do sepulcro e diante dos guardas que o guardavam,

bem como das mulheres que lá haviam ido para perfumarem o corpo de Jesus. Um anjo

apareceu-lhes e lhes disse: “Não temais: porque sei que buscais a Jesus, que foi

crucificado. Ele não está aqui: Ressuscitou, como havia dito. Vinde ver onde Ele jazia.”

O próprio Jesus, depois de ressuscitado, testificou a respeito dessas profecias:

“Assim está escrito que o Cristo havia de padecer, e ressuscitar de entre os mortos no

terceiro dia.” (Lucas 24:46.)

Ele se assentaria à direita de Deus

Profecia (1.000 A.C.)

Texto: (Salmo 110:1) “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,

até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.”

Cumprimento Histórico

Texto: (Atos 1:9 a 11) . . . “Foi Jesus elevado às alturas à vista deles e uma nuvem o

encobriu de seus olhos. E estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia,

eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles, e lhe perguntavam:

Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi

assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes subir.”

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Ao ser indagado pelo sacerdote israelita sobre sua origem divina, Jesus respondeu:

“Eu vos declaro que desde agora vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-

Poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu.” (Mateus 26:64.)

Ele virá um dia à terra visivelmente com as nuvens do céu

Profecia (538 A.C.)

Texto: “Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos com Ele”. “Naquele dia

estarão os seus pés sobre o Monte das Oliveiras . . .” (Zacarias 14:5-b e 4.)

Predição de Jesus

Texto: (Mateus 25:31) “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos

os Seus anjos em Ele, então se assentará no trono de Sua glória”.

Cumprimento histórico no futuro e em tempo desconhecido

Texto: (Atos 1:7) Os discípulos perguntaram a Jesus sobre o tempo da

“restauração” de todas as coisas. A resposta foi: “Não vos compete conhecer tempos

ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade.” O que alegra é que

conquanto o tempo da restauração seja incerto, no entanto, a restauração é certa.

“Visto que todas essas cousas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os

que vivem em santo procedimento e piedade, esperando a apressando a vinda do dia de

Deus, por causa do qual os céus incendiados serão desfeitos e os elementos abrasados se

derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra,

nos quais habita justiça.” (II Pedro 3:11,12,13.)

Diante das comparações estabelecidas é que penso seja razoável indagar: Haverá

por trás da História alguém, uma mente-coração, um Deus pessoal? A resposta é óbvia.

As predições cumpridas em Jesus exigem de nós uma resposta positiva. Tão

maravilhosa simetria e ordem não podem acontecer por acaso. Aliás, é isso mesmo que

se tem que pensar com base na cultura tecnológica do Ocidente, onde os números vão se

tornando sinônimos de verdade. Por isso penso que será, inclusive, interessante

olharmos para a exatidão dos vaticínios bíblicos sobre o Messias, do ponto de vista

matemático.

“Existem mais de trezentas profecias no Antigo Testamento que foram cumpridas

por Cristo na ocasião de sua primeira vinda. Na tentativa de determinar a significação

científica desses cumprimentos proféticos, certo matemático do Estado da Califórnia,

nos Estados Unidos da América, o professor Peter Stoner, fez interessante experiência

com uma de suas classes. A cada membro da classe foi dada uma profecia messiânica

particular para ser estudada com o propósito de determinar a probabilidade estatística de

como aquele evento especial poderia ter sido predito sem o concurso da inspiração

sobrenatural. Por exemplo, a profecia de Miqueias 5:2 diz que o Messias nasceria em

Belém. Não havia mais motivo para essa aldeia ser escolhida do que qualquer outra

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aldeia em Judá. Por conseguinte, sua possibilidade de cumprimento por acaso é

conseguida com a divisão pelo número das aldeias em Israel existentes naquele tempo.

Dessa maneira, as probabilidades de cumprimento foram determinadas para cada uma

das quarenta e oito profecias messiânicas. (Obs.: O doutor Morris refere-se às profecias

que, de um modo objetivo, são reconhecidos como cumpridas claramente nas narrativas

da vida de Jesus. No entanto, há um sem-número delas que também se cumpriram no

primeiro advento do Messias.)

Ora as leis da probabilidade matemática mostram que a probabilidade das diversas

ocorrências por acaso, independentes umas das outras, de serem realizadas

simultaneamente, é igual ao produto das probabilidades das diversas ocorrências

individuais. Assim, a probabilidade de todas essas quarenta e oito profecias se terem

cumprido simultaneamente em um indivíduo, o Messias e Salvador prometido, foi

calculada como o produto de todas as probabilidades separadas. E o professor Stoner

descobriu que a probabilidade resultante é a probabilidade entre o número que se

escreve com o algarismo 1 seguido por cento e oitenta e um zeros. Para percebermos a

significação desse número tremendo, poderíamos imaginar uma enorme bola composta

de elétrons solidamente amontoados. Os elétrons são as menores entidades que

conhecemos. Seriam necessários dois e meio milhões de bilhões deles para fazer uma

linha com uma polegada de comprimento.

A maior coisa que conhecemos a respeito é nosso Universo físico com cerca de

quatro bilhões de anos-luz de diâmetro (um ano-luz é a distância que a luz viaja durante

um ano, à velocidade de mais de trezentos mil quilômetros por segundo). Entretanto,

nossa bola de elétrons compacta deveria ter um diâmetro de cerca de quinhentos

quatrilhões de vezes maior que o diâmetro de nosso Universo.

Um desses elétrons seria a seguir destacado entre o demais e então a massa inteira

seria agitada completamente. Seria então enviado um homem de olhos vendados para

encontrar dentre a enorme massa o elétron marcado. A probabilidade que ele teria de

selecionar o elétron correto, na primeira tentativa, é em termos redondos equivalentes à

probabilidade de que essas quarenta e oito profecias referentes ao Messias tivessem tido

seu cumprimento sem o concurso da inspiração sobrenatural e divina.” 1

Cientificamente, qualquer coisa que, em termos de probabilidades tivesse tamanha

chance, há muito já teria sido estabelecida como a mais irrefutável das leis naturais. Por

que com relação a Cristo esse critério não é adotado? Por que se admite o “absurdo” de

Jacques Monod em seu livro Necessidade e acaso e não se admite tão forte

demonstração de probabilidade?

O que me choca é ver que os homens parecem querer continuar vivendo “sendo

angústia” e “encarnando o desespero”, ao invés de fundamentar sua vida sobre o sólido

fundamento da esperança em Jesus.

Ah! Como os homens são indesculpáveis quando tomam consciência da

esperança em Cristo e optam pelo desespero de viver sem Deus no mundo. É como

alguém que, não confiando na mais inabalável das estruturas, resolve abandonar-se aos

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cuidados do vácuo ou, na melhor das hipóteses, resolve confiar no etéreo. Ao fazer

isso, ele troca um ser-esperança” por um “ser-angústia”.

Entretanto, o fato de que a esperança cristã é a “Única” não faz dela uma “única-

opressora”, mas ela é, antes uma “única-opcional”. A prova disse é que a grande

maioria das pessoas tem feito uma opção para fora do cristianismo bíblico. O

cristianismo é a única “opção de vida” mas não é a única “opção de existência”. E não

adianta, para resolver o problema de uma existência sem significado, usar o artifício de

Sartre, que no fim da vida disse que se há “o desesperar”, então há “o esperar”, pelo

menos em termos linguísticos. Todavia, o próprio “esperar”, fora de Cristo, é

desesperar, pois se está esperando um-nada, um - não. O desespero de esperar é muito

pior do que o desespero de desesperar. Pois só se espera quando se espera em Cristo e

fora dEle tudo é desespero se houver coerência.

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) ARAÚJO FILHO, Caio Fábio, d‟ Onde Está o Infinito Pessoal. 1ª ed., Manaus,

Imprensa Oficial de

Manaus,1978.

(2) SCHAEFFER, Francis. Retorno a La Libertad y La Dignidad. Barcelona

(Espanha), Ediciones

Evangelicas Europeas, 1973.

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10 A Redenção

Tem sido tecla ininterruptamente batida neste livro, o fato de que toda a esperança

que a humanidade possui repousa sobre o fundamento da Palavra de Deus. Há, da parte

de Deus, a promessa da restauração, ou seja, da Redenção.

Toda e qualquer tentativa de encontrar esperança para a presente ordem de coisas

desfaz-se diante da irreversibilidade da natureza corrupta do homem, em sua forma

natural de ser. O homem nato é violento e mau.

No primeiro capítulo deste livro, vimos a queda e os seus resultados tenebrosos e,

a seguir, o processo humano de tentativas de “recuperabilidade”, visando à

“recuperação”. Mas o que se observou é que a nossa “qualidade de recuperação” está

aquém do que nos é exigido pela nossa própria necessidade de recuperação.

Evidenciou-se assim, que os nossos sistemas não nos podem dar a esperança de uma

vida verdadeiramente melhorada, quanto mais, transformada no verdadeiro padrão da

Criação.

Veremos agora a promessa de Redenção feita por Deus, nas fases diferentes de sua

execução no pano de fundo da História do homem.

Redenção versus queda

Nossa redenção não poderia ser menor do que a nossa queda. A decadência nos

levou ao desgraçado estado de “danos sem propriedade”. Reivindicou valores,

posições, sentimentos e relacionamentos na vida e temos sentido que sonhamos com

uma utopia, almejando o inatingível, querendo conhecer o incognoscível. É porque

somos como crianças que, nascidas com o sinal da dignidade real, vivem na mais vil das

moradas.

Com o trágico e contundente advento da queda, nós perdemos a propriedade que

nos havia sido dada por direito de criação e filiação.

Recapitulemos os efeitos básico da Queda.

1) O homem ficou debaixo da penalidade da morte da alma

“ . . . porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”

(Gênesis 2:17.) “A alma que pecar certamente morrerá.” (Ezequiel 18:4.) “Do que

adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perde a alma?” (Mateus 16:26) “O salário

do pecado é a morte.” (Romanos 6:23.)

2) O homem ficou debaixo da lei da morte física

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“Até que tornes à terra, pois dela foste formado: porque tu és pó e ao pó tornarás.”

(Gênesis 3:19.) “E assim (. . .) aos homens está destinado morrerem . . .” (Hebreus

9:27).

3) O homem perdeu seu direito de posse da terra

A terra passou a produzir cardos e abrolhos. As formas de vida tornaram-se

aguerridas entre si e contra o homem e, em consequência, uma guerra biológica também

teve início.

“Maldita é a terra por tua causa: em fadigas obterás dela o sustento durante os dias

de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos e tu comerás o teu pão, até que

tornes à terra, pois dela foste formado: porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gênesis 3:17b

a 19).

Como disse o Dr. Arthur E. Bloomfields, 1 se o resultado do pecado é tríplice,

então, faz-se mister que a recuperação dele envolva uma redenção tríplice.

A redenção estará incompleta enquanto não reouvemos o que perdemos na queda:

a vida espiritual em eterna bem-aventurança, a vida eterna do corpo e o convívio eterno

e pacífico com as coisas criadas e que compõem a natureza e, no nível do homem, a

sociedade .

A providência tomada por Deus no grande concerto da Redenção não foi só a de

redimir a vida espiritual do homem, ou seja, o espírito, o que o caracteriza como ser

pessoal, com consciência de si, de sua história e de seu ambiente. Um homem não é só

espírito. Ele tem sua mente mas também seu corpo. No entanto, o corpo está sem vida

pessoal se não tiver o espírito e a mente está sem a energia do pensamento emitida pelo

espírito se este não estiver presente. O Espírito sobrevive eternamente sem corpo, pois

ele é vida com as suas características de personalidade e consciência. No entanto, como

“um todo” na perspectiva da criação, o complexo espírito-mente-corpo precisa ser

redimido, porque a decadência atingiu a cada uma dessas áreas sendo totalmente

imprescindível para o perfeito equilíbrio, de acordo com o que foi revelado no projeto e

execução da Criação, haver total integração das três partes e, para que isso aconteça,

espírito, mente e corpo precisam ser redimidos.

Espírito e mente estão profundamente relacionados entre si. Não que o corpo a

eles esteja ligado, mas trata-se do mecanismo essencial do espírito e da mente, os quais

são tão entrelaçados, que se torna humanamente impossível separar um do outro e até

mesmo estabelecer fronteiras entre eles. Só a Palavra de Deus, com sua finíssima

lâmina de discernimento pode separar essas duas áreas (Hebreus 4:12).

O corpo, entretanto, está, pela sua própria condição material. ligado aos elementos

da natureza.

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O próprio Deus associa o corpo ao pó e à terra, mas revela que o espírito se

dimensiona noutra existência (Eclesiastes 12:7). Portanto, para melhor compreensão,

dividiremos o nosso estudo sobre a Redenção em três dimensões, da seguinte forma:

1) Espírito

2) Corpo Homem

3) Natureza Animais, plantas e mecanismo universal

A redenção em três dimensões

A redenção do espírito

Não se pode descobrir, em toda a Escritura Sagrada, qualquer possibilidade ou ao

menos esperança de Redenção para a alma, fora do sacrifício vicário de Jesus Cristo.

Por outro lado, não é o sacrifício da Cruz em si, somente no ato sacrificial, o que trouxe

a redenção para o espírito do homem. É fato da mais profunda significação que se saiba

que a Cruz só teve valor porque nela foi crucificado o Jesus Cristo que nós conhecemos:

sem pecado e Filho de Deus. O que encheu a crucificação de Cristo, de realidade

espiritual foi a justiça daquele que se ofereceu. A Cruz não é símbolo do pecado, é a

própria consequência e história do pecado, na absorção real de todas as injustiças,

pecados, dores e desesperanças. Tudo isso convergiu para Jesus e recebeu a justiça de

Deus contra o mal universal.

Quando dizemos que Cristo morreu, estamos de fato dizendo duas coisas:

1) Que ele morreu mesmo. Não foi um desmaio e tampouco qualquer outro

estado de semivida.

2) Que ele foi crucificado, mas que o “ato” de sua morte não foi provocado de

modo tão imediato, como aconteceu, pelos sofrimentos da crucificação ou pela

lança do soldado romano, mas sim, pelos nossos pecados.

Cristo de fato morreu pelas angústias, espirituais que padeceu; vejamos a prova

disso:

Samuel Houghton, M. D., grande fisiologia da Universidade de Dublin, Irlanda,

relata seu ponto de vista sobre a causa física da morte de Jesus.

“Quando o soldado romano furou com sua lança o lado de Cristo, Ela já estava

morto; e o derrame de sangue e água que resultou, ou foi um fenômeno natural

provocado por reações naturais ou foi um milagre. O fato de o apóstolo S. João tê-lo

achado um milagre, ou ao menos, estranho, revela-se bem claro pela observação que ele

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faz e pela maneira enfática e séria com o qual ele declara sua própria “perícia” na

narrativa do fato.

Observações e pesquisas feitas com homens e também com animais, têm-me

dirigido às seguintes conclusões:

Quando o lado esquerdo de uma pessoa está furado largamente depois da morte

provocada por uma facada, onde a arma é do tamanho de uma lança romana, três coisas

podem acontecer:

1) Nada sai do ferimento senão um pequeno fluxo de sangue.

2) Só sai um fluxo abundantemente de sangue do ferimento.

3) Um fluxo só de água, e depois algumas gotas de sangue saem do ferimento.

Deste três casos, o primeiro é o mais comum; o segundo acontece nos casos de

afogamento e morte provocada por envenenamento pela estricnina e pode ser

demonstrado se matar um animal com aquele veneno; também pode ser o caso natural

de uma pessoa crucificada; e o terceiro se encontra nos casos de morte por causa de

pleurisia, pericardia e rompimento do coração; mas os dois casos seguintes, mesmo

explicados pelos princípios fisiológicos, não são registrados nas Escrituras Sagradas

(exceto por S. João). Nem tenho tido a felicidade de encontrá-los.

4) Um fluxo copioso de água, e depois um fluxo copioso de sangue saem do

ferimento.

5) Um fluxo copioso de sangue, e depois um fluxo copioso de água saem do

ferimento.

A morte por crucificação produz uma condição de sangue nos pulmões comparada

à produzida por afogamento e por envenenamento à base de estricnina. A quarta causa

seria o resultado de uma pessoa que sofrendo de pleurisia fosse crucificada, vindo a

morrer na cruz por causa do rompimento do coração.

A história dos dias anteriores à crucificação de nosso Senhor efetivamente exclui a

suposição de pleurisia como consequência da morte e também está fora de cogitação

porque o sangue saiu antes da água. Não resta então nenhuma suposição possível para

explicar o fenômeno registrado senão a combinação da crucificação com o rompimento

do coração.

Que o rompimento do coração foi a causa da morte de Cristo é defendida com

capacidade pelo Dr. Willian Stroun; no que eu creio firmemente.

O apóstolo João registra minuciosamente uma descrição das suas observações no

Gólgota. Houghton conclui:

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“A importância deste fato é óbvia. Prova que a narrativa de S. João não poderia

ser inventada e que os fatos registrados têm que ser o resultado da observação de

testemunhas oculares; e que a testemunha ocular ficou tão impressionada que

aparentemente pensou que o fenômeno era um milagre.”2

O documento de Samuel Houghton, por nós transcrito, vem somente corroborar

aquilo que dizem crer os cristãos, sobre o modo físico, da morte de Jesus. Achamos

deveras importante àqueles que amam a Jesus que o seu coração “explodiu”, traduzindo

assim toda a angústia que os nossos pecados, para ele convergidos, causaram em Seu

espírito. Entretanto, a profundidade do que realmente aconteceu no Calvário, homem e

nem anjo algum jamais atingiu em total compreensão, pois um altar ali se ergueu, o altar

era Cristo. Um cordeiro ali se imolou, o cordeiro era Cristo. Um sacerdote ali se movia

maravilhosamente, o Sacerdote era Cristo. Por certo esse mistério também os anjos

anelam perscrutar.

Sobre a nossa pequena compreensão a respeito da profundidade de nossa

redenção, fala C. S. Lewis:

“Aprendemos que Cristo morreu por nós, que a Sua morte cancelou os nossos

pecados e que pela Sua morte venceu a própria morte. Esta é a fórmula. Isto é o

cristianismo. Isto é o que se deve crer. Quaisquer teorias que levantemos para explicar

como a morte de Cristo operou estes efeitos, em minha opinião, são inteiramente

secundárias; menos planos ou diagramas, que se podem abandonar, se não nos ajudam o

mesmo que nos ajudem, não se devem confundir com a cousa mesma. Não obstante,

algumas dessas teorias merecem ser consideradas.

A que a maioria das pessoas conhece é aquela segundo a qual fomos poupados

porque Cristo se ofereceu voluntariamente para sofrer um castigo em nosso lugar. A

julgar pela aparência, é verdadeiramente uma tola teoria. Se Deus podia poupar-nos por

que na realidade não o fez? E que desígnio podia haver em castigar uma pessoa

inocente? Nenhuma absolutamente, que eu possa ver, se pensais em castigo num

sentido policial. Por outro, se pensai em débito, há muito sentido em que uma pessoa,

que tem alguns haveres, o pague em nome de alguém que não os tem. Ou se tomais

“pagando uma penalidade” não no sentido de ser punido, mas num sentido mais geral de

“aguentar as consequências” ou “pagar a conta”, então naturalmente, é matéria de

experiência comum que, quando uma pessoa cai numa falta, o incômodo de se safar

recai ordinariamente sobre um bom amigo.

Que espécie de buraco é esse em que o homem caíra? Havia tentado viver por sua

própria conta, agir como se pertencesse a si mesmo. Em outras palavras, o homem

decaído não é simplesmente uma criatura imperfeita que necessita de aperfeiçoamento,

mas um rebelde que precisa render-se.

Depondo as armas, rendendo-vos, dizendo que sentis muito, compreendendo que

estivesse no mau caminho e preparando-vos para recomeçar a vida do marco zero. Esse

é o único modo de sair do “buraco”. Esse processo de rendição, esse movimento a toda

velocidade para trás é o que os cristãos chamam arrependimento. Mas, arrepender-se

não é absolutamente uma brincadeira. É algo muito mais penoso do que simplesmente

desculpar-se profusa e humildemente. Significa desaprender toda a presunção e vontade

própria que estivemos exercitando por muitos anos. Significa matar uma parte de nós

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mesmos, sofrer uma espécie de morte. É preciso, de fato, ser um bom homem para

arrepender-se. E aqui está a dificuldade. Somente uma pessoa má precisa arrepender-

se; somente uma pessoa boa pode arrepender-se perfeitamente. Quanto pior fordes,

tanto mais precisareis de arrepender-vos e tanto menos sereis capazes de arrepender-

vos. A única pessoa que poderia arrepender-se perfeitamente seria uma pessoa perfeita

e não precisaria arrepender-se.

Lembrai-vos de que esse arrependimento, essa voluntária submissão à humilhação

e a uma espécie de morte, não é algo que Deus vos peça antes de vos aceitar e de que

vos poderia dispensar se assim o quisesse; é simplesmente uma descrição do que seja a

volta para Deus. Se pedis a Deus que vos converta sem arrependimento, estais

realmente pedindo que vos converta sem vos converterdes. Isso não pode ser.

Fica, pois assente que devemos passar pela conversão. Mas a mesma maldade que nos

faz precisar dela, nos torna incapazes dela. Seremos, entretanto, capazes com o auxílio

de Deus? Sim, mas o que queremos dizer quando falamos em auxílio de Deus?

Queremos dizer que Deus põe em nós um pouco de si, por assim dizer. Ele nos

empresta um pouco das Suas faculdades de raciocínio e é assim que pensamos; Ele põe

em nós um pouco do Seu amor e é assim que amamos uns aos outros. Quando ensinais

uma criança a escrever, segurais a sua mão enquanto ele traça as letras, isto é, ele traça

as letras porque estais traçando. Nós amamos a raciocinamos porque Deus ama e

raciocina e segura nossa mão enquanto agimos. Se não tivéssemos caído, tudo seria

fácil. Mas certamente precisamos agora do auxílio de Deus para fazer algo que Deus,

em sua própria natureza, absolutamente nunca fez recapitular, sofrer, submeter-se,

morrer. Nada corresponde, absolutamente, na natureza de Deus, a esse processo.

Assim é que a via para a qual precisamos agora da liderança de Deus, antes de qualquer

outra, é uma via de Deus, em sua própria natureza nunca trilhou. Deus só pode

participar do que Ele tem e isso, em Sua natureza, Ele não tem.

Mas, admitindo que Deus se fez homem, que a nossa natureza humana, que pode

sofrer e morrer, se tenha amalgamado com a natureza de Deus numa pessoa, então essa

pessoa podia ajudar-nos. Ele podia entregar a Sua vontade, sofrer e morrer porque era

um homem e o podia fazer com perfeição, porque era Deus. Vós e eu poderemos

participar deste processo somente se Deus operar em nós, mas Deus só poderia ajudar-

nos tornando-se homem. Nossas tentativas de assim morrermos, só terão êxito se nós,

homens, participarmos da morte de Deus, como o nosso pensamento somente pode ter

êxito por ser como uma gota caída do oceano da Sua inteligência; Mas não poderemos

participar da morte de Deus a não ser que Deus morra e Ele não pode morrer a não ser

que seja um homem. É neste sentido que Ele paga os nossos débitos e sofrer por nós o

que Ele mesmo não precisa sofrer, de modo algum.

Tenho ouvido alguns murmurarem que, se Jesus era Deus tanto quanto homem,

então os Seus sofrimentos e a Sua morte perdem todo valor ao olhos “porque deve ter

sido muito fácil para ele”. Há outros (e muito justamente) que censuram a ingratidão e

a indelicadeza dessa objeção. O que me surpreende é a incompreensão que ela

denuncia. Num sentido, sem dúvida, os que a fazem estão certos, e ainda mais do que

certos, pois a submissão perfeita, o sofrimento perfeito, a morte perfeita não somente

eram mais fácies para Jesus porque Ele era Deus, mas somente eram possíveis porque

Ele era Deus. Não seria essa, porém, uma razão muito singular para não aceitá-los? O

professor é capaz de traçar letras para a criança porque o professor é adulto e sabe como

escrever. Isso faz sem dúvida, que seja mais fácil para o professor e somente porque é

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mais fácil para ele, pode ajudar a criança. Se esta o recusasse porque “é fácil para

adultos” e esperasse para aprender a escrever de uma outra criança que também não

pudesse escrever (e assim não se apresentasse com uma vantagem “desleal”), não

progrediria muito rapidamente. Se eu estou-me afogando num rio caudaloso, alguém

que ainda tenha um pé na margem pode estender-me a mão que salve a minha vida,

deveria eu gritar-lhe (entre os meus estertores): “Não, isso não é justo! Tens uma

vantagem, não estás com um pé na margem? “Essa vantagens chamai-a “desleal”, se

quiserdes, é a única razão por que ele me pode ser de alguma auxílio. Onde haveis de

buscar auxílio senão em algo mais forte do que vós?

Esse é o meu modo de ver o que os cristãos chamam a Redenção.”3

A redenção do corpo

A ideia agostiniana de que as coisas corpóreas e materiais são destituídas de valor

diante de Deus não provém das Escrituras.

Deus valoriza tudo aquilo que Ele criou. Não há nada na Criação, por mais

deteriorado que esteja,

que não tenha o seu valor diante de Deus. O valor, no entanto, não está na coisa mesma,

mas sim, em razão dAquele que a criou. É assim, que toda dicotomia entre o mundo

físico e o espiritual, atribuindo valor a este e negando valor àquele, foge ao escopo

escriturístico da valorização comum das coisa criadas. É óbvio, entretanto, que haja

uma escala de valores, uma ordem descendente, partindo da existência espiritual,

inclusive por ser a da natureza básica de Deus (João 4:24), para as outras existências

incluídas no universo material, admitindo-se inclusive que ao mundo da matéria há

existência com mais liberdade do que outras. E creio, particularmente, que o valor de

alguma coisa ou ser está intrinsecamente ligado à liberdade do Ser como Ser. Entenda-

se por liberdade os graus relativos à consciência de movimentos e existência que cada

ser possua. Assim é que uma pedra é totalmente escrava de sua existência como pedra,

pois não se movimenta se não for deslocada e, quando isso acontece, é para ela como se

não acontecesse, pois como pedra que existe ele inexiste em consciência, existindo

apenas para mim, homem, que sei que ela existe. Portanto, as pedras só existem para

Deus, os anjos, os homens e, segundo as percepções sensoriais, para alguns animais.

Entretanto, as pedras não existem por um acaso qualquer no Universo, mas

indiscutivelmente Deus as criou; logo, se Ele as criou Ele as valoriza, porque Ele não é

um criador casual, cuja criação advenha de alguns testes surpreendentes.

Em relação ao corpo do homem, Deus tem amor e planos. Quando Ele nos fez

também com vida física, fê-lo porque isso era necessário para que fôssemos “homens

totais” de acordo com o projeto divino da criação.

Pensar que Deus já fez o trabalho completo ao salvar o homem espiritualmente, é

minimizar a obra completa da criação. Se Deus salvasse apenas o espírito do homem,

ele estaria como um pintor que perdera um determinado museu que antes lhe pertencera

por direitos legais de construção e, que depois de certo tempo, tenta reaver seus direitos

entrando no edifício e levando apenas as telas pintadas de todos os quadros, deixando

para trás as molduras e o museu em poder dos inimigos que lhe usurparam o mando

legal do patrimônio. O corpo do homem será redimido em razão de duas coisas:

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1) Deus o criou.

2) Ele foi diretamente afetado pela queda.

Temos certeza absoluta de que Deus vai redimir os nossos corpos. A maioria

prova disto é que Ele nos deu de Seu Espírito, o qual é o penhor de nosso resgate.

“Em quem vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa

salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o

qual é o penhor da nossa herança até o resgate de sua propriedade em louvor de sua

“glória.” (Efésios 1:13 e 14).

A esperança e as promessas para os que estão em Cristo relativas ao corpo são as

seguintes:

“Também nós que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso

íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção de nosso corpo.” (Romanos 8:23)

“Eis que vos digo um mistério. Nem todos dormiremos, mas transformados

seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última

trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos

transformados.” (I Coríntios 15:50-52).

“Assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a

imagem do celestial.” (I Coríntios 15:49.)

A ordem da decadência dos nossos corpos é a seguinte: semeia-se o corpo na

corrupção, em desonra, em fraqueza e corpo natural (I Coríntios 15:42, 43 e 44).

A ordem da glorificação dos nossos corpos é a seguinte: ressuscita na

incorrupção, em glória, em poder e corpo espiritual (I Coríntios 15:42,43 e 44).

Isso acontecerá quando Jesus Cristo voltar para os seus santos, aqueles que nele

crêem depositam sua confiança e vivem vidas submissas a Cristo como Senhor.

Os corpos que Deus nos dará quando a ressurreição acontecer serão semelhantes

ao corpo que Jesus Cristo manifestou quando ressuscitou dos mortos.

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos

de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque

havemos de vê-lo com Ele é.” (I João 3:2.)

O corpo após a ressurreição

Seu corpo atravessava a matéria sólida

“Ao cair da tarde naquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa

onde estavam os discípulos, com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-

lhes: Paz seja convosco!”

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Os lençóis que envolviam o corpo de Jesus no túmulo não foram desenrolados

para que Cristo saísse de dentro deles, mas antes, Cristo passou por eles, bem como pela

pedra da porta do túmulo.

Seus corpo podia ser visto sem ser reconhecido

De caminho para Emaús, na tarde do domingo da ressurreição, dois discípulos de

Jesus caminharam e conversaram com ele sem que contudo, o tivessem reconhecido.

“Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou

e ia com eles. Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer.”

(Lucas 24:15 e 16.)

Tratava-se, portanto, de um “corpo real”, porém, noutra dimensão.

Seu corpo podia ingerir alimentos

Já ressuscitado de entre os mortos, Jesus perguntou aos seus discípulos: “Tendes,

aqui alguma coisa que comer? Então lhe apresentaram um pedaço de peixe assado e um

favo de mel. E Ele comeu na presença deles.” (Luc. 24:41 e 43.)

Pedro testemunhando da ressurreição de Jesus diz que ele e seus companheiros

eram os que comeram a beberam com Ele, depois que ressurgiu dentre os mortos. (Atos

10:41).

Seu corpo podia ser apalpado

Quando disseram a Tomé que Cristo havia ressuscitado, ele não acreditou,

chegando mesmo a dizer que só acreditaria se visse e tocasse os ferimentos no corpo de

Jesus.

Jesus, quando se manifestou aos seus discípulos, e estando Tomé presente,

disse a este:

“põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no

meu lado: Não sejais incrédulo, mas crente.”

Encho-me de esperança, ao ver nas Escrituras que Deus tem um plano eterno

também para o meu corpo, e, diante disso, posso exclamar como Jô: “Sei que o meu

Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da

minha pele, em minha carne então verei a Deus.” (Jô 19:25 e 26.)

E semelhante a Daniel, também sigo o meu caminho de peregrino, neste mundo,

sabendo que o que a ele foi prometido, o é também a mim:

“Tu, porém, segue o teu caminho até o fim; pois descansarás, e, ao fim dos teus

dias, te levantarás para receber a tua herança.” (Daniel 12:13.)

A redenção da natureza

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A terra pertence, por direito de herança, ao gênero humano. Quando Deus criou a

espécie humana, fê-lo dotando o ser que criara de direitos, os quais lhe foram dados em

testamento que o próprio Deus pronunciou: “Criou Deus, pois, ao homem “a sua

imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e

lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os

peixes do mar, sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que rasteja sobre a terra.”

(Gênesis 1:27 a 29). A realidade do domínio e supremacia da espécie humana é notada

nas seguintes expressões: “enchei a terra”, “sujeitai-a e “dominai-a”. Portanto, o direito

que o ser humano tem sobre os elementos criados lhe pertence por testamento, ou seja,

herança da criação. Todavia, com a queda, o homem perdeu esse direito, passando-o ao

atual “príncipe deste mundo”.

No Velho Testamento uma possessão adquirida não era permanente como

possessão, nas mãos daquele que a adquiria, pois ela estava sempre sujeita ao resgate ou

redenção.

“Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois

vós sois para mim estrangeiros e peregrinos. Portanto em toda a terra de vossa

possessão dareis resgate à terra. Se teu irmão empobrecer e vender alguma parte de

suas possessões, então virá o resgatador, seu parente, o resgatará o que o seu irmão

vender.” (Levítico 25:23 a 25.)

É bastante emocionante para o homem espiritual contemplar no proto-evangelho,

no livro de Gênesis, a promessa de redenção e resgate sendo feita por Deus ao gênero

humano, identificando a humanidade com a semente da mulher sendo que o

“descendente” seria um participante da espécie humana, logo também, com direito, de

herança na possessão perdida para aquele que disse: “Tudo isso te darei, se prostrado

me adorares.” (Mateus 4:9).

A terra é atualmente uma possessão adquirida e se o é, não foi Deus quem a

perdeu, mas sim o homem.

Satanás é o atual mordomo da terra, mas sua propriedade não é permanente, pois

não foi herdada, mas sim adquirida, melhor dizendo, usurpada.

No Israel do Velho Testamento, um membro chegado da família poderia intervir e

comprar de volta a possessão que a família perdera. Havia obrigatoriedade na execução

do negócio, ou seja, o dono temporário estava obrigado a vender a propriedade

mediante o pagamento de “um preço”. No entanto, se isso não acontecesse,

automaticamente, no ano de jubileu, a propriedade voltava aos herdeiros da terra.

Na presença conjuntura Deus já manifestou o Seu plano para o resgate da terra.

O parente chegado já foi manifestado JESUS CRISTO

“Vindo pois a plenitude do tempo, Deus enviou o seu filho, nascido de

mulher, nascido sob a lei, para resgatar . . .” (Gálatas 4:4 e 5a).

O preço da propriedade já foi pago o sangue de Jesus “Digno és de tomar o

livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue

compraste . . .” (Apocalipse 5:9a.)

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O tempo da desapropriação já está próximo

“Aí da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande

cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.” (Apocalipse 12:12.)

Ser-nos-á surpresa o tempo da tomada final

“Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou

para Sua exclusiva autoridade .” (Atos 1:7.)

No tocante às leis israelitas, havia uma passagem automática da propriedade

adquirida aos verdadeiros donos, no ano do jubileu. Contudo no caso da Terra, isso não

acontecerá pois aquele que a usurpou é o mais rebelde de todos os seres. A possessão

terá que ser tomada à força, por assim dizer.

Satanás reagirá de todas as formas para não perder a possessão. Chegará mesmo a

tentar “forjar” um herdeiro para disputar o direito. A Palavra de Deus chama a esse

pseudo-herdeiro de “O homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se

levanta contra tudo o que se chama Deus, ou objeto de culto, a ponto de assentar-se

como se fosse o próprio Deus.” (II Tessalonicenses 2:3 e 4).

Porque a possessão não passará automaticamente no ano jubileu para o herdeiro

(Jesus) e co-herdeiros (os crentes em Cristo Jesus), o nosso Resgatador toma-la-á à

força. “Será de fato revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de

Sua boca, e o destruirá, pela manifestação de Sua vinda!” (II Tessalonicenses 2:8.)

Portanto, amados irmãos, “levantemos as nossas cabeças, pois a nossa redenção se

aproxima” (Lucas 21:21). Ainda “que toda criação a um só tempo gema e suporte

angústias até agora” (Romanos 8:22). No entanto, “não retarda o Senhor a Sua

promessa, como alguns que a julgam demorada; pelo contrário, Ele é longânimo para

convosco, não querendo que nenhuma pereça, senão que todos cheguem ao

arrependimento. Virá como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com

estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras

que nela existem serão atingidas. Visto que todas as coisas hão de ser assim desfeitas,

deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e

apressando a vinda do dia de Deus, por causa do qual os céus incendiados serão

desfeitos e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a Sua promessa

esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça”. (II Pedro 3:9 a 13).

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) BLOOMFIELD, Artur E.. Futuro Glorioso do Planeta Terra. 1ª ed.. Belo

Horizonte, Editora Betânia, 1974.

(2) McDOWELL, Tosh. Evidencia que exige un veredicto. Cuernavaca (México),

Cruzada Estudiantil y Profesional para Cristo, 1972.

(3) LEWIS, C. S.. A Essência do Cristianismo. s. ed.. S. Paulo, ABU Editora,

1980.

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11 Vivendo na Esperança

Quando se ganha consciência de que há esperança para as vidas que estão ocultas

em Cristo, tem-se que assumir algumas posições importantes para um viver sadio que só

a esperança do evangelho aceito por nós possibilita. Passaremos a essas importantes

posições.

Sede ativos

Muitos há que, em nome de uma esperança cristã, se têm enclausurado entre quatro

paredes. Esperando o “Esperado” descer, fazem renascer assim, no seio da comunidade

evangélica, uma espécie de vida monástica em pequenas salas e apartamentos das selvas

de pedras do século XX. Tudo isso é patrocinado por uma leitura escatológica

eminentemente pessimista. Em outras palavras, essas pessoas dizem: “já que tudo vai

pegar fogo, deixa queimar”. Porém, nós julgamos que essa situação é alienadora, e

cremos que toda e qualquer forma de alienação deve ser combatida e rejeitada. A

esperança da vinda de Jesus nos move as atividades revolucionárias no contexto

presente. Temos que lutar contra a putrefação moral, social, política e sobretudo

espiritual, até que Ele venha. Paulo recomenda amor fraterno, trabalho, projetos,

serviço social (pelo menos no nível de igreja) e dignidade, antes de falar da volta de

Jesus ( I Tessalonicenses 4:9 a 12).

Outros há que dividem suas vidas em muitas áreas distintas e inaglutináveis; são os

responsáveis pela policotomia vigente no seio das comunidades cristãs. Normalmente,

essas pessoas têm uma vida familiar, uma vida profissional, uma vida intelectual e uma

vida religiosa. Postulam esses seres tão divididos que cada área deve ser respeitada em

seus exigidos afazeres. Pregam os protagonistas dessa tese que não se pode pregar fora

das horas em que se está realizando alguma “atividade religiosa”. Esses são os que

“vivem sem pregar e pregam sem viver”. Na realidade, esse é o câncer da Igreja

institucionalizada. Com

essa disposição mental os “pregadores” desse evangelho de “encontros-marcados”

fazem com que toda e qualquer esperança não sobreviva nos corações, pois, segundo

eles, há hora para se ter esperança e, quando a esperança só pode ser sentida em horas

marcadas, ela morre, e com a morte da esperança, o “sal” perde o sabor, fica sem força

ativa. O cristão passa a viver “pisado pelos homens” (Mateus 5:13).

Essa é a desesperadora dualidade dos evangélicos: serem “testemunhas de Jesus” em

lugares próprios, em horas marcadas (domingo de manhã, à noite e quinta na reunião de

oração), e “agentes secretos}” da Igreja no anonimato do trabalho, na faculdade e em

outras áreas de “espionagens”.

A atividade do ministério cristão tem que ser universal no corpo de Cristo e total na

vida dos crentes, caso contrário, a esperança dos cristãos morrerá na inatividade da vida

de cada crente e, consequentemente, a evangelização, passará a ser uma atividade

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mecânica; apenas mais uma atividade regulada pela tradição histórica da Igreja, uma

espécie de “folclore sério”, onde as pessoas têm uma oportunidade de autenticarem-se

sobre as outras, sob o disfarce cristão-burguês de que umas estão salvas e outras

perdidas.

A minha oração se faz objetivando a que vejamos em breve uma geração consciente

de seu papel no contexto cristão e, tenho certeza, em tempos não muito distantes, o

Brasil experimentará um avivamento, ainda que tenha que ser o primeiro e único, mas o

experimentará através das vidas jovens que se têm levantado com a disposição de

doarem-se por Cristo, minando e atuando em cada área da sociedade e também nas

áreas “consideradas” marginalizadas, pois tenho visto o Espírito Santo desaburguesando

muitos corações jovens que, sem qualquer antisséptico social, mas em verdadeira

abrangência universal do cristianismo, têm atuado incessantemente junto a vidas de

todas as camadas sociais sem tergiversações ou subterfúgios teológicos fazendo-o com a

urgência e a paixão espiritual com as quais a mensagem precisa ser pregada.

Sede compassivos

A esperança, que não confunde e que é derramada pelo Espírito Santo em nossos

corações, leva-nos também à necessidade de um relacionamento terno e compassivo

com todos os filhos dos homens (Romanos 5:5).

Aquele que tem consciência plena de em “quem tem crido” e de quanto “ele é

poderoso para guardar” o seu depósito “até aquele dia”, nada se torna mais significativo

do que esmerar-se, visando a que todos os homens possam receber também os mesmos

benefícios dessa esperança (Atos 23:6; Col. 1:23).

Quem está vivendo como verdadeiro “cidadão do céu”, banhando-se diariamente,

numa atitude de fé, nos rios da cidade santa, encontra razão suficiente para sair pelas

“ruas e becos da cidade”, em busca de “pobres, aleijados, cegos e coxos”, convidando

também, “pelos caminhos e atalhos e obrigando todos a entrar, para que fique cheia a

casa” (Lucas 14:15 a 24).

Entretanto não é apenas “um plano de evangelização”, tantas vezes engendrado num

gabinete, o que vai efetuar esta revolução no Reino, enquanto aguardamos o Senhor.

Para que se entre nós “becos e ruas escuras da cidade”, bem como para que se visite os

pobres, aleijados, cegos e coxos”, é preciso estar movido por um sentimento mais

profundo do que aquele que um plano evangelístico pode promover; é preciso estar

movido de compaixão (Mateus 14:14; 15:32).

O Senhor Jesus Cristo, em seu ministério público, agiu revelando intensa

“atividade”, de modo que não tinha tempo para comer, pois muitos eram os que iam e

vinham à Sua procura; igualmente com frequência, estendia um pouco mais o caminho

de sua viagem, “movido pela compaixão” que algum ser humano carente lhe fazia

sentir.

Não existe real esperança cristã sem atividade e sem compaixão. A compaixão

qualifica a ação e a ação exterioriza a profundidade da compaixão.

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A atividade cristã sem compaixão é ativismo e ativismo é um sistema, e sobre

sistemas e seus fracassos, nós temos a História inteira da humanidade como irrefutável

prova.

O maior exemplo de como a atividade deve caminhar junto à compaixão é-nos dada

pelo Senhor Jesus, pois “aconteceu que estando ele numa das cidades, veio à Sua

presença um homem coberto de lepra; ao ver a Jesus, prostrando-se com o rosto em

terra, suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E Ele, estendendo a mão,

tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E no mesmo instante lhe desapareceu a lepra”

(Lucas 5:12 e 13).

Nosso empreendimentos evangelísticos têm sido, na maioria das vezes, apenas a

“atividade” do quero, fica limpo”. Dizemos que queremos ver os pecadores salvos,

falamo-lhes do amor de Deus por todos os homens, mas aquilo que falaria muito mais

do que as nossas palavras, não temos revelado aos “leprosos espirituais”.

O Senhor Jesus não disse ao leproso apenas “quero, fica limpo”, mas antes disso,

“estendendo a mão, tocou-lhe‟.

Essa compaixão pelo leproso, pelo pecador, essa identificação com o drama

humano, essa coragem para tocar a ferida do leproso, tocar o local contaminado, é o que

de fato produz o milagre da cura. Não adianta ficarmos falando de vidas transformadas,

enquanto nós não tivemos a coragem de sair do pedestal, do nicho pseudocrístão em que

nos temos colocado; não adianta fazermos campanhas contra os tóxicos, odiando e

repelindo os toxicômanos; não adianta falarmos contra a prostituição enquanto não

tivermos a coragem de, olhando nos olhos de uma prostituta, afirma que Deus tem para

ela uma vida melhor; não adianta falarmos sobre o inferno, quando filhos do inferno

caminham ao nosso lado todos os dias e nós os tratamos como se estivessem indo para o

céu; não adianta dizermos que somos cristãos se o mundo não tiver a oportunidade de

verificar isso através das nossas ações (Mateus 5:16).

O mundo quer ver-nos chorando, aproximando-nos dos túmulos dos mortos em

putrefação, ordenando que as pedras de suas portas sejam tiradas, sentindo o mau odor

de seus corpos, para depois termos a autoridade de, da porta do túmulo, dizer: “vem

para fora” (João 11:35 a 43).

Alguém poderia perguntar: “Que esperança é essa que me faz chorar?” No entanto,

o mesmo Jesus que gemeu de angústias profundas e que chorou à porta do túmulo de

Lázaro e ao contemplar Jerusalém, foi o mesmo que exultou no Espírito em gratidão ao

Pai pela Salvação dos humildes e pequeninos (Lucas 10:21-24).

Precisamos amalgamar “atividade” e “compaixão” para que a nossa esperança

cristã seja sadia (I Tessalonicenses 4:9 a 18).

Sede intrépidos

A esperança sadia nos leva a uma confrontação espiritual (Efésios 6:10 a 20; Atos

23:6) com as forças do mal. Só a força da “esperança da vitória final” é que pode

impelir-nos a que, cheios do Espírito Santo, enfrentemos os desafios do espiritismo, da

macumba e dos cultos afro-ameríndios.

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Creio que em breve até o mais cético dos evangélicos estará reconhecendo esta

guerra espiritual. Vejo nessas religiões sincretizadas no transfundo pseudocrístão do

Brasil, a grande tragédia do futuro do nosso país, a menos que nos disponhamos a

enfrentá-las. Não se trata mais de uma realidade para os pobres e incultos; agora, houve

a adesão de boa parte da elite intelectualizada e, de outro lado, a contemplação daqueles

que afirmam serem tais práticas apenas folclóricas. Nós, no entanto, reconhecemos que

por trás desses ritos há o poder das forças da antevida e do anticristo.

A razão de nossa esperança precisa conhecer e lutar contra todos os agentes de

desespero abordados neste livro e, também, contra aqueles que aqui não tratados ou

porque fugissem à minha percepção, ou porque não tivesse lembrado de fazê-lo.

O meu desejo verdadeiro ao escrever este livro foi o de dizer aos amados leitores

algumas das maiores inquietações do meu coração cheio de esperanças, que tem sofrido

por não verificar, no seio da Igreja Cristã, o necessário compatível com a verdadeira

esperança que dizemos possuir. Portanto, este livro poderia também ser chamado de “O

meu manual de coerência”. Desejo, na realidade, que de alguma forma o Espírito Santo

unja estas páginas, a fim de que elas lhe tenham comunicação alguma coisa do coração

de Deus. Lembro-me ainda: a esperança nos ordena que enquanto houver uma classe

baixa, busquemos identificação com ela; enquanto houver alguém chorando, não

possamos viver rindo; enquanto existir alguém com fome, não possamos sobejar;

enquanto houver alguém preso, não possamos nos considerar realmente livres e,

enquanto houver alguém sem conhecimento de Jesus, sejamos responsáveis.

Vivamos e lutemos. Nós temos esperança.

© Copyright:

Caio Fábio D‟Araújo Filho