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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Disciplina: História da Escolarização Brasileira e Processos Pedagógicos
Professora: Simone Valdete dos Santos
Aluno: Vladimir Leni Madeira Cavalheiro
Turma D
A ESCOLA NA FORMAÇÃO DAS IDENTIDADES
Vladimir Leni Madeira Cavalheiro
Tenho percebido em diversas cadeiras da faculdade de educação que
existem muitas teorias sobre a educação e sobre a pedagogia. Atualmente, não
existe um consenso sobre qual o método ou a forma mais eficiente do fazer
educação. O que me parece, num primeiro momento, é que a Educação
contemporânea, como a Arte Contemporânea, não pode ser definida, pois
estamos um processo de Mudança. Escrevo aqui Mudança, com letra
maiúscula porque acredito que de fato a Escola como É não funciona mais e
serei repetitivo se inumerar as razões, pois estas são evidentes e muito
discutidas não só na academia, mas também em todas as instâncias da
sociedade.
Neste texto, não tenho a intenção de tratar de questões mais profundas
quanto aos aspectos teóricos da construção da identidade nem da história da
educação, mas sim explicitar uma reflexão recorrente que me ocorre diante dos
temas debatidos e expostos em duas cadeiras que estou matriculado neste
semestre de 2012/2, Patrimônio Histórico Nacional (extracurricular – História-
UFRGS) e História da Escolarização Brasileira, componente curricular da
minha graduação em Licenciatura em Artes Visuais – UFRGS, sem aprofundar-
me em análises mais complexas.
Muitos são os exemplos de iniciativas que demonstram a inquietação
dos interessados pelo assunto, as quais promovem experiências diferenciadas,
que vão de encontro ao modelo atual das escolas, como a Escola da Ponte, o
projeto Amora da Escola de Aplicação da UFRGS, a própria estrutura do
ENEM, entre outros.
A formação dos estados Nacionais, das Nações a partir dos ideários
difundidos pela Revolução Francesa, no final do século XVIII e início do século
XIX, passava pela configuração de uma identidade comum aos cidadãos. Estas
identidades, antes da revolução, eram esparsas, pouco consolidadas, ou seja,
não tinham o aspecto que abrangesse toda a população de um território
nacional que constituinte. A própria ideia de Nação era algo novo e ainda
difundido apenas nos meios dos intelectuais. Para o pensamento dos
Ilustrados, o Povo legitimava a Nação, para tanto precisava-se unir esse povo
através da difusão de uma identidade, a qual fosse consolidada nas raízes do
folclore, aliás, área do conhecimento que ganhou sua origem propriamente dita
nesta época.
A formação da identidade de um povo passava pela construção de
memória, a construção dos conhecimentos sobre a sua história, uma história
comum, que os unissem em laços únicos, ainda que esta história fosse
direcionada para tal fim. Este mesmo povo estava se constituindo dentro de um
espaço geográfico, para tanto era preciso instruí-lo quanto as questões político-
geográficas circundantes. E ainda, o que mais une um povo é falar a mesma
língua, portanto a criação de uma língua oficial era fundamental, juntamente
com a marginalização dos diversos dialetos falados num determinado território.
Portanto, temos aí a segmentação de disciplinas fundamentais na construção
de uma identidade nacional, difundidas nas escolas recém criadas.
A escola teve um peso importantíssimo na formação das identidades
nacionais, na difusão dos símbolos, dos heróis e das histórias nacionais. A
partir daí a escola foi sendo utilizada, apesar de haver diversas mudanças,
como elemento chave na propagação do pensamento comum de um
determinado povo.
A missão artística francesa e Debret constituíram uma gama de
elementos para formação da identidade da nacional brasileira. Muitos livros de
história do Brasil são cheios de imagens extraídas do livro “Viagem Pitoresca e
Histórica ao Brasil”, publicado na Europa em 1831. Neste livro foi publicado
muitas litografias a partir dos desenhos feitos por Debret durante sua viagem
pelo Brasil, juntamente com suas anotações. Neste livro ele descreve através
de imagens e textos os comportamento sociais e as características físicas dos
povos que viviam nesse mundo novo e pitoresco.
Em diversos momentos da história nacional, a educação foi peça chave
na formação da identidade de seu povo.
Apesar de suas transformações, a escola atual ainda reflete aspectos
constituídos a partir dessa função, mas isso não funciona mais.
É indiscutível que identidade é algo que se transforma organicamente e
não comporta mais imposição formal escolar.
As identidades são construídas por diversos meios, reflexo da
conjuntura, que vive um turbilhão de informações e influências que mudam a
todo instante. Acredito que o meio mais efetivo de transformação (não cabe
mais a palavra formação) das identidades coletivas (também não consigo usar
mais a expressão identidade nacional, pois não se pode ignorar as Identidades
Regionais e Locais) é a Mídia, principalmente a de entretenimento (filmes, tv,
músicas, internet, etc.) e que a escola deveria ter o papel, que é fundamental,
de educar o olhar para esses meios de transformação, provocando as reflexões
quanto ao papel do indivíduo em seu contexto social, preparando o cidadão
para ser agente social.