3
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE EDUCAÇÃO Disciplina: História da Escolarização Brasileira e Processos Pedagógicos Professora: Simone Valdete dos Santos Aluno: Vladimir Leni Madeira Cavalheiro Turma D A ESCOLA NA FORMAÇÃO DAS IDENTIDADES Vladimir Leni Madeira Cavalheiro Tenho percebido em diversas cadeiras da faculdade de educação que existem muitas teorias sobre a educação e sobre a pedagogia. Atualmente, não existe um consenso sobre qual o método ou a forma mais eficiente do fazer educação. O que me parece, num primeiro momento, é que a Educação contemporânea, como a Arte Contemporânea, não pode ser definida, pois estamos um processo de Mudança. Escrevo aqui Mudança, com letra maiúscula porque acredito que de fato a Escola como É não funciona mais e serei repetitivo se inumerar as razões, pois estas são evidentes e muito discutidas não só na academia, mas também em todas as instâncias da sociedade. Neste texto, não tenho a intenção de tratar de questões mais profundas quanto aos aspectos teóricos da construção da identidade nem da história da educação, mas sim explicitar uma reflexão recorrente que me ocorre diante dos temas debatidos e expostos em duas cadeiras que estou matriculado neste semestre de 2012/2, Patrimônio Histórico Nacional (extracurricular – História- UFRGS) e História da Escolarização Brasileira, componente curricular da minha graduação em Licenciatura em Artes Visuais – UFRGS, sem aprofundar- me em análises mais complexas.

Vladimir leni madeira cavalheiro

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Vladimir leni madeira cavalheiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Disciplina: História da Escolarização Brasileira e Processos Pedagógicos

Professora: Simone Valdete dos Santos

Aluno: Vladimir Leni Madeira Cavalheiro

Turma D

A ESCOLA NA FORMAÇÃO DAS IDENTIDADES

Vladimir Leni Madeira Cavalheiro

Tenho percebido em diversas cadeiras da faculdade de educação que

existem muitas teorias sobre a educação e sobre a pedagogia. Atualmente, não

existe um consenso sobre qual o método ou a forma mais eficiente do fazer

educação. O que me parece, num primeiro momento, é que a Educação

contemporânea, como a Arte Contemporânea, não pode ser definida, pois

estamos um processo de Mudança. Escrevo aqui Mudança, com letra

maiúscula porque acredito que de fato a Escola como É não funciona mais e

serei repetitivo se inumerar as razões, pois estas são evidentes e muito

discutidas não só na academia, mas também em todas as instâncias da

sociedade.

Neste texto, não tenho a intenção de tratar de questões mais profundas

quanto aos aspectos teóricos da construção da identidade nem da história da

educação, mas sim explicitar uma reflexão recorrente que me ocorre diante dos

temas debatidos e expostos em duas cadeiras que estou matriculado neste

semestre de 2012/2, Patrimônio Histórico Nacional (extracurricular – História-

UFRGS) e História da Escolarização Brasileira, componente curricular da

minha graduação em Licenciatura em Artes Visuais – UFRGS, sem aprofundar-

me em análises mais complexas.

Page 2: Vladimir leni madeira cavalheiro

Muitos são os exemplos de iniciativas que demonstram a inquietação

dos interessados pelo assunto, as quais promovem experiências diferenciadas,

que vão de encontro ao modelo atual das escolas, como a Escola da Ponte, o

projeto Amora da Escola de Aplicação da UFRGS, a própria estrutura do

ENEM, entre outros.

A formação dos estados Nacionais, das Nações a partir dos ideários

difundidos pela Revolução Francesa, no final do século XVIII e início do século

XIX, passava pela configuração de uma identidade comum aos cidadãos. Estas

identidades, antes da revolução, eram esparsas, pouco consolidadas, ou seja,

não tinham o aspecto que abrangesse toda a população de um território

nacional que constituinte. A própria ideia de Nação era algo novo e ainda

difundido apenas nos meios dos intelectuais. Para o pensamento dos

Ilustrados, o Povo legitimava a Nação, para tanto precisava-se unir esse povo

através da difusão de uma identidade, a qual fosse consolidada nas raízes do

folclore, aliás, área do conhecimento que ganhou sua origem propriamente dita

nesta época.

A formação da identidade de um povo passava pela construção de

memória, a construção dos conhecimentos sobre a sua história, uma história

comum, que os unissem em laços únicos, ainda que esta história fosse

direcionada para tal fim. Este mesmo povo estava se constituindo dentro de um

espaço geográfico, para tanto era preciso instruí-lo quanto as questões político-

geográficas circundantes. E ainda, o que mais une um povo é falar a mesma

língua, portanto a criação de uma língua oficial era fundamental, juntamente

com a marginalização dos diversos dialetos falados num determinado território.

Portanto, temos aí a segmentação de disciplinas fundamentais na construção

de uma identidade nacional, difundidas nas escolas recém criadas.

A escola teve um peso importantíssimo na formação das identidades

nacionais, na difusão dos símbolos, dos heróis e das histórias nacionais. A

partir daí a escola foi sendo utilizada, apesar de haver diversas mudanças,

como elemento chave na propagação do pensamento comum de um

determinado povo.

A missão artística francesa e Debret constituíram uma gama de

elementos para formação da identidade da nacional brasileira. Muitos livros de

história do Brasil são cheios de imagens extraídas do livro “Viagem Pitoresca e

Page 3: Vladimir leni madeira cavalheiro

Histórica ao Brasil”, publicado na Europa em 1831. Neste livro foi publicado

muitas litografias a partir dos desenhos feitos por Debret durante sua viagem

pelo Brasil, juntamente com suas anotações. Neste livro ele descreve através

de imagens e textos os comportamento sociais e as características físicas dos

povos que viviam nesse mundo novo e pitoresco.

Em diversos momentos da história nacional, a educação foi peça chave

na formação da identidade de seu povo.

Apesar de suas transformações, a escola atual ainda reflete aspectos

constituídos a partir dessa função, mas isso não funciona mais.

É indiscutível que identidade é algo que se transforma organicamente e

não comporta mais imposição formal escolar.

As identidades são construídas por diversos meios, reflexo da

conjuntura, que vive um turbilhão de informações e influências que mudam a

todo instante. Acredito que o meio mais efetivo de transformação (não cabe

mais a palavra formação) das identidades coletivas (também não consigo usar

mais a expressão identidade nacional, pois não se pode ignorar as Identidades

Regionais e Locais) é a Mídia, principalmente a de entretenimento (filmes, tv,

músicas, internet, etc.) e que a escola deveria ter o papel, que é fundamental,

de educar o olhar para esses meios de transformação, provocando as reflexões

quanto ao papel do indivíduo em seu contexto social, preparando o cidadão

para ser agente social.