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    DE VOSSA MERC A C:CAMINHOS, PERCURSOS E TRILHAS

    Clzio Roberto Gonalves(PUC Minas/IFMG-Ouro Preto)

    [email protected]

    Este trabalho privilegia a histria, a origem e o percurso dospronomes vossa merc e voc, priorizando-se o percurso social dasformas de tratamento, desde o latim, at hoje e o percurso gramaticaldessas formas em consonncia com a gramaticalizao de vossa

    merc.Em suas investigaes filolgicas sobre o pronome vossa

    merc, Said Ali (1950) conclui que a forma pronominal voc o re-sultado atual de uma evoluo de razes latinas, iniciadas com a in-troduo dos pronomes tu/vsno portugus, usados como tratamentodireto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra. Devido ne-cessidade de se diferenciar na hierarquia as formas de tratamento,usava-se o tuna intimidade e, ao seu lado, a forma vs para trata-mento cerimonioso indireto. Outro modo de tratamento indireto queera usado para dirigir a um atributo ou qualidade eminente da pessoae no a ela prpria era a forma vossa merc (entre outras) que, aolongo do tempo, tornou-se popular, sofreu transformaes fonolgi-cas e foi se simplificando, dando origem a vrias formas: vossemec,vossancevoc.

    Amaral (1955) assegura que, a partir dos fins do sculo XV,registra-se, em Portugal, o uso generalizado da forma vossa mercesuas variantes pela populao no aristocrtica, da qual eram mem-

    bros os diversos contingentes de pessoas que se estabeleceram noBrasil como colonos, no incio de sua ocupao, em meados do scu-lo XVI. Nesse processo, segundo ele, a forma de tratamento vsj seencontrava obsoleta e o processo de simplificao da forma vossamerc, em estgio avanado. De maneira que o portugus trazido pa-ra o Brasil j viera com variantes de vossa merc como formas detratamento.

    Por sua vez, Nascentes (1956, p. 116) reconhece que, no sc.XIV, vossa mercainda no chega a cristalizar-se em expresso pro-

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    nominal e mostra que, a partir do sc. XVIII, a mercpassou a serdada aos burgueses, ou seja, s pessoas que mereciam respeito no

    trato, mas no possuam senhoria.Nascentes (op. cit.) aponta os seguintes estgios da mudana:

    (1) Vossa Merc > vossemec > vosmec > vosmc > vosc > voc > oc > c

    Vrios outros autores referem-se a esse percurso, ora subtra-indo itens ora acrescentando outros novos. Um ponto comum entreeles o reconhecimento de que h uma srie de alteraes fonticasentre os itens vossa merce voc.

    Nascentes (1956, p. 114) aduz que, em Portugal, embora vo-cse empregue de igual para igual, usado com pessoas de condioinferior e, muitas vezes, pejorativamente, para indicar que a pessoa aquem se dirige a fala no merece o tratamento de senhor, mas in-dica, ainda, que a forma voc tem tambm valor afetivo, j quetambm pode revelar proximidade com a pessoa com quem se fala.Segundo Nascentes (1956, p. 114-115), h um carter dbio no usoda locuo nominal Vossa Merc:

    a) ora esta expresso marcada pela noo de causa, quando expres-sa uma estratgia argumentativa utilizada pelos sditos que, ao solicita-rem algo ao Rei, apresentavam os requerimentos utilizando o habitual

    pronome vs, pediam uma graa por merc e, assim, agregavam este vo-cbulo ao pronome possessivo em concordncia com o pronome utiliza-do, formando a expresso vossa merc. Expresso essa que afagava avaidade e o amor prprio do soberano;

    b) ora marcada pela noo de efeito, quando expressa a recompen-sa, denominada de merc ou mercede, que dada pelos reinantes aos s-ditos em troca dos servios prestados.

    De acordo com Nascentes (1956, p. 116), [...] vossa merc

    agradava todo mundo. A classe humilde no tardou a apoderar-se dafrmula nova para uso prprio.

    Luft (1957, p. 202-203) defende que em algumas povoaesde Portugal, o tratamento de vocsoa como pejorativo, mesmo sen-tido por alguns, como insulto. Pessoas tratadas por esse termo podemresponder ofendidas ou pelo menos chocadas. Segundo o autor, noBrasil, a forma voc tratamento familiar, entre iguais, colegas, oude superior a inferior; fora disso denota desconsiderao, falta e res-

    peito ou desprezo.

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    De maneira mais ampla, Biderman (1972) investiga o pro-blema das formas de tratamento, relacionando-as com as estruturas

    sociais nas sociedades latinas particularmente, na Pennsula Ibricae na Amrica Latina e mostra pontos comuns existentes entre ossistemas pronominais do espanhol, do PE e do PB.

    De acordo com essa autora, a forma vocque hoje no tem,em Portugal, o uso to generalizado quanto tem no Brasil, resultouda evoluo de vossa merc, que deve ter sido importada da Espa-nha, atravs das relaes intensas existentes entre a sociedade portu-guesa e a espanhola, quando Portugal se encontrava sob o domnioda Espanha (final do sculo XVI e primeira metade do sculo XVII).

    Essa forma, defende a linguista, tem a sua origem na forma vuestramerced, surgida na Espanha, para ocupar a lacuna deixada pelo tra-tamento vsno sculo XVI, e durante tal perodo que essa formasofre modificaes fonticas, resultando na forma espanhola usted.Esse processo de evoluo foi, segundo Biderman, documentado porPla Crceres (1923).

    Biderman diz tambm que, das variantes espanholas:

    (2) Vassunc, voaced, vueced, vuaced, voaz, vuaz, vuez

    a forma vassunc, que tem caracterstica rural na Espanha, tambm encontrada na fala rural de Portugal e do Brasil. E, citandoBasto (1931), a autora menciona, como formas dialetais usadas aolado do item voc,tanto em Portugal quanto no Brasil:

    (3) Vossemec, vosmec, vosminc, vassunc, vanc, mec, oc, c

    Em se tratando do PB, diz que atualmente s h duas formasde tratamento: voc(familiar) e senhor(formal), que correspondemrespectivamente ao tue vousdo francs; o tufoi substitudo pelo vo-

    cna virada do sculo XIX para o sculo XX.De uma maneira geral, segundo Biderman, digna de nota a

    simplificao a que se procedeu no Brasil, mas no em Portugal,com relao s formas de tratamento. E a tendncia brasileira, se-gundo ela, para ampliar a rea coberta por voc. A discrepncia en-tre os sistemas portugus e brasileiro pode ser assim explicada, atcerto ponto:

    A sociedade brasileira por ser tida como uma sociedade aberta e aportuguesa, como uma sociedade fechada. [...] a portuguesa uma socie-

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    dade arcaica cujos padres e relaes interpessoais j de h muito desa-pareceram nas outras sociedades europeias, mesmo no mundo latinomais conservador, em geral. [...] existe forte tendncia na sociedade bra-

    sileira para assimilar e absorver os padres dos pases desenvolvidos [...].A mera observao dos grandes centros brasileiros confrontados com asmetrpoles portuguesas, evidenciar a disparidade (ibidem, p. 367-368).

    Nos primeiros contatos com a sociedade portuguesa, defendea linguista, o brasileiro sofrera um forte impacto por causa do forma-lismo do portugus e em virtude da variada gama de tratamento entreos indivduos e as classes sociais. Algumas formas de tratamento,como Vossa Excelncia, Vossa Senhoria, que para ns, so estereti-

    pos amorfos da escrita comercial e burocrtica, vivem no trato hu-

    mano em Portugal. Na fala brasileira aparecem raramente e apenasem situaes muito formais como: discursos e defesas de tese em u-niversidades.

    Biderman (1972), discordando da maioria dos gramticos, fi-llogos e etimologistas, coloca em dvida a origem do pronome voc

    por eles tida como uma reduo fonolgica do antigo pronome detratamento vossa merc. Ela acredita que o tratamento vossa merctenha sido importado da Espanha1, quando Portugal estava sob o ju-go espanhol, e vocseria apenas uma das inmeras variantes que cir-

    culavam na Pennsula Ibrica, coexistindo com vossa mercainda nosculo XVIII.

    Dentre esses trabalhos sobre vossa merc, cumpre destacar ode Said Ali (1976) que afirma que no sculo XIV a locuo nominalvossa mercainda no havia se cristalizado como pronome, era usa-do como ttulo honorfico, correspondendo terceira pessoa do sin-gular, embora se associasse aos pronomes da segunda pessoa comovse vosso. Com a extenso do uso do pronome vossa mercpara os

    fidalgos que tal forma adquiriu o statusde tratamento.Sabe-se que o pronome vocse origina da forma de tratamen-

    to vossa merc, tendo havido um estgio intermedirio vosmecque foi abandonado, segundo Cmara Jnior (1979, p. 94). Os est-gios teriam se manifestado dessa forma: vossa merc > vosmec >

    1Wilhelm (1979) faz a meno forma vostram mercedem, oriunda do latim, queconsidera derivadora das variadas formas encontradas hoje no portugus.

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    voc.H outras propostas que, ainda, sero descritas aqui sobre osestgios histricos de vossa merc avoc.

    Um deles o de Lapa (1991) que aponta a forma pronominalde tratamento mais antiga do portugus como sendo vossa merc,que apareceu nos fins do sculo XIV, como forma de tratamento aorei. Ainda nesse perodo, devido a mudanas fonticas e a perda devalores semnticos, essa forma foi substituda pelo pronome de tra-tamento Vossa Alteza que, por sua vez, mais tarde, foi substituda

    por Vossa Senhoria. O referido autor afirma que vossa mercdeu o-rigem s formas voc/vocse, em Portugal, a forma pronominal deterceira pessoa do plural vocssubstituiu o pronome de segunda pes-

    soa do plural vs, considerado hoje como arcaico, de modo que, sal-vo no falar de algumas regies (tais como a Beira e o Norte) onde seusa o tu, a segunda pessoa praticamente caiu em desuso, permane-cendo apenas nas oraes religiosas e maneiras de se dirigir a Deus;a forma de terceira pessoa do singular voc, por ser considerada pou-co respeitosa, normalmente evitada, cedendo o seu lugar para aforma vossemec. Ainda segundo Lapa, a essa forma vossemec, u-sada em Portugal, correspondem as formas vosmice vancusadasno Brasil, onde o item voc usado, de maneira generalizada, entre

    interlocutores que possuem certo grau de conhecimento e familiari-dade e, por isso, considerada como uma forma de tratamento fami-liar.

    Menon (1995, p. 95), por sua vez, defende que, no processode pronominalizao da locuo nominal vossa merc, vrias altera-es em sua forma podem ser observadas, o pronome vossa mercsofre uma srie de mudanas fonticas que tiveram como resultado aforma voc.

    Um marco histrico, quase sempre referncia indicada nostrabalhos sobre pronome, o estudo em que Faraco (1996, p. 64) de-clara que, no Brasil, a entrada dos pronomes vossa merce voc sed de uma forma um pouco diferente, uma vez que, quando os portu-gueses aqui chegaram a forma vossa mercj no possua mais seucarter honorfico, e j era empregado, de forma generalizada, pelos

    portugueses que para c vieram. E, ainda, que o vsj se encontravaem processo de arcaizao.

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    Segundo esse autor, a distribuio de tratamento de acordocom a hierarquia pela qual passa Portugal, desde a sua formao, no

    afeta o Brasil, at a expanso do uso das Ordenaes Filipinas

    2

    paraas colnias portuguesas. O item voc, por sua vez, forma usada emPortugal desde o sculo XVII, para alguns autores, entra no PB comos portugueses3. Faraco (op. cit.) sustenta que, no Brasil, voc o

    pronome comumente usado para o tratamento ntimo, ficando o turestrito a certas variedades regionais.

    A fim de entender as mudanas gramaticais ocorridas nasformas de tratamento do interlocutor em portugus, Faraco (1996)

    busca, atravs de uma abordagem diacrnica, reconstituir aspectos

    do ambiente sociocultural que desencadeou o surgimento de novasformas e acompanhar o desenvolvimento dessas formas at os diasatuais. Nesse estudo, inclui-se a evoluo da forma de tratamentovossa merc. Segundo o autor, embora no se baseando em dados

    precisos, corrente a hiptese de que essa forma de tratamento, vos-sa merc, surge, com valor honorfico, na Idade Mdia4, tendo a suaorigem relacionada a duas das mais importantes instituies medie-vais a merc do rei (distribuio de justia e proteo real) e o se-nhorio (poder feudal). Ao longo do tempo, essa forma passa a ser u-

    sada em sentido amplo, perdendo o seu valor honorfico para a formaVossa Alteza (1477) e deixando completamente de ser usada com talvalor no final do sculo XV (1490). Aps essa expanso do seu uso,a forma vossa mercevolui em duas direes:

    (i) mantm sua integridade formal e seu valor honorfico num esti-lo cuidado entre a burguesia urbana, arcaizando-se durante os sculosXVII e XVIII;

    (ii) afetada por um rpido processo de simplificao fontica doque resultaram os pronomes voce vocs, de uso corrente do portugus

    atual.

    2Lei Filipina de 1597, Reformulao do Direito de Portugal.3H autores que apontam direes diferentes sobre o processo de surgimento do vocno PB, como: LOPES e DUARTE (2003); VITRAL (1996); MENON (1995, 2006).

    4O seu primeiro registro escrito data de 1331 (FARACO, 1996, p. 67) ou em 1324(MENON, 2006, p. 108).

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    Quanto a esse processo de simplificao, Faraco declara que,alm das formas nele envolvidas citadas por alguns estudiosos (Nas-

    centes, Lapa, Said Ali) e que seriam de uso urbano:(4) Vosmec, vossemec, vossec, voc, oc, c

    coexistiram outras formas, de uso rural registradas por AMARAL(1955), que seriam:

    (5)Vossunc, vassunc, mec, vanc, vac, vosminc

    Essa bipartio, segundo o autor, seria por si s, uma evidn-cia de que a evoluo de vossa mercem tantas direes se deve afatores de ordem social e geogrfica. Assim que a forma voc, por

    exemplo, mal vista em algumas regies rurais de Portugal.Para Faraco (1996), h fatos que sugerem a possibilidade de

    esse processo de evoluo ter estado correlacionado a aspectos devariao lingustica social e geogrfica, porque o item voc, por e-xemplo, uma forma que tem marca negativa em algumas regiesrurais de Portugal e, por isso, alguns linguistas supem que essaforma teve origem urbana, possivelmente na fala informal da bur-guesia, enquanto a maioria das outras formas possui caractersticas

    rurais.No Brasil, a forma voc, hoje, amplamente usada no trata-

    mento ntimo e familiar ao lado da forma tu, que tem seu uso restritoa algumas regies. Faraco (op. cit.) diz ainda que, mesmo no encon-trando documentos comprovadores da razo desse largo uso da for-ma voc, h dados que ajudam no processo de reconstruo hipotti-ca desse fato. A partir dos fins do sculo XV, registra-se, em Portu-gal, o uso generalizado da forma vossa merce suas variantes pela

    populao no aristocrtica. Foram membros dessa populao no

    aristocrtica que vieram para o Brasil como colonos, no incio da o-cupao do pas, nos meados do sculo XVI, quando a forma de tra-tamento vs estava se arcaizando e o processo de simplificao daforma vossa mercj se encontrava em estgio avanado. E esses fa-tos permitem supor que o portugus trazido para o Brasil inclua asdiferentes variantes da forma vossa merccomo forma de tratamentodo interlocutor, muitas das quais ainda encontradas no dialeto caipi-ra, do interior de So Paulo, descrito por Amaral (1955), no inciodeste sculo.

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    Faraco (1996, p. 21), alm de mostrar como fatos sociocultu-rais desencadeiam mudanas lingusticas, aponta fatos da histria das

    formas de tratamento da lngua, mal entendidos pelos gramticos,que, equivocadamente, continuam a classific-los como erros e a a-presentar realidades do portugus arcaico como modelos a serem se-guidos no ensino da forma padro nas escolas. Nas palavras do autor:

    Os gramticos se comportam como se pudssemos ignorar seis scu-los de histria, seis sculos em que a mudana nas formas de tratamentoacabou resultando em grandes modificaes dos paradigmas verbais e

    pronominais do portugus e, at mesmo, de alguns aspectos da estruturasinttica (FARACO, 1996, p. 21).

    Na opinio de Faraco, entretanto, reconstruir de forma precisaa evoluo da forma vossa merc difcil devido insuficincia dedados; alguns pontos dessa evoluo talvez possam ser recuperados

    por estudos dialetolgicos e sociolingusticos feitos onde o portugus falado, principalmente nas comunidades rurais, mas a realizaodesses estudos est sendo dificultada devido imigrao e urbaniza-o causadas pelas alteraes no sistema tradicional da produo a-grcola e da vida rural brasileira.

    Este processo, no entanto, parece estar em curso. O portugus

    atual dispe ainda das formas c e oc (que so bastante usuais nofalar mineiro). A distribuio destas trs formas voc, oc, c no idntica, defende Vitral (1996, p. 117).

    Dando continuidade aos relatos de pesquisas que investigamno portugus, diacronicamente, a forma pronominal voc, apresenta-se o trabalho de Salles (2001). Esse pesquisador, ao investigar os

    pronomes de tratamento do interlocutor em documentos informais,produzidos por usurios do PB, cuja referncia geogrfica tenha sidoSo Paulo, no sc. XIX, constata que os tratamentos em segunda eterceira pessoas coexistiam lado a lado, sem que se pudesse vislum-

    brar nessa competio que uma dessas formas sasse vencedora. Parao pesquisador, o pronome de tratamento voc documenta no sc.XIX uma etapa do percurso diacrnico da forma nominal vossa mer-c(sc. XIV), identificando o fenmeno denominado gramaticaliza-o. No caso especfico do voc, houve no s a perda do sentido o-riginal com o desenvolvimento de novos sentidos como tambm areduo fonolgica da antiga forma.

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    A respeito disso, Menon (2000, p. 131-132) menciona que:

    Temos, ento, uma situao lingustica que parece ter favorecido o

    desenvolvimento de uma forma diferenciada de tratamento, possibilitan-do um maior uso de vosmecnas relaes interpessoais, uma vez que a-qui no existiam as condies que regulamentavam um uso mais rgidodas formas honorficas, sobretudo na corte. Mais preocupados em sobre-viverem aos ataques dos ndios e dos franceses ou holandeses, os primei-ros habitantes e seus descendentes talvez no dispusessem dos mecanis-mos de conservao das formas mais polidas. bom lembrar que entreoutras coisas que faltavam no Brasil estava a inexistncia de imprensa eque a nica escolaridade naqueles primeiros tempos estava a cargo dos

    jesutas, ministrada em lngua geral at o incio do sculo XVIII. Semescolas para impingir normas e corrigir erros, sem imprensa para fixarvisualmente padres empregados na escrita, a lngua poderia perfeita-mente ter se modificado mais rapidamente que em Portugal no tocante aouso de vosmec, sobretudo na grande massa da populao; no caso da eli-te, nobre, que podia mandar os filhos estudar em Portugal, se desenvol-via uma lngua mais cuidada, inclusive produzindo literatura. Temos delembrar ainda que se constituiu em terras brasileiras um relacionamentodiverso do lusitano, por fora da mo-de-obra escrava: a relao entrecasa grande e senzala.

    De maneira contrria posio defendida por Faraco (1996)sobre o surgimento da forma vossa merc, Lopes e Duarte (2003) da-tam o sculo XVIII como incio do processo de pronominalizao devossa merc, e o incio do sculo XIX como a efetiva gramaticaliza-o de voc.

    Cruzando os fatores tempo e tipo de relao social, as duaslinguistas identificam o sculo XVIII como um momento em quevossa merc e voc no se diferenciam nos dilogos entre inferi-or/superior e superior/inferior em peas teatrais, o que interpretadocomo indicativo de que ambas as formas de tratamento expressamcortesia/reverncia, est, por isso, havendo estratificao, nos termos

    de Hopper (1991). J na segunda metade do sculo XIX h diminui-o de vossa merce, ao mesmo tempo, vocpassa a ocorrer no ex-presso, o que interpretado pelas autoras como aquisio do estatutode Nome recategorizao, nos termos de Hopper (1991). J vossamerc, no recategorizado, ainda se mantm como sujeito pleno.Com imperativo, o cenrio o mesmo. Outra evidncia da recatego-rizao do item voc o seu uso no plural, enquanto o pronome vos-sa merc preferido no singular. Em relao a situaes de dilogoentre inferior/superior, no sculo XIX, vossa merc preferido, o

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    que indica a manuteno do carter de reverncia/cortesia. J nos di-logos entre inferior/superior, o preferido voc, o que uma indi-

    cao de especializao dos itens, ainda nos termos de Hopper(1991).

    Em seu trabalho sobre variao/mudana da forma pronomi-nal voc em contraposio a tu, sua concorrente no portugus doBrasil, em um corpusdiacrnico, constitudo de textos do gnero e-

    pistolar e dos gneros literrios prosa de fico e dramtico, datadosentre os meados do sculo XIX e os anos 40 do sculo XX, Teixeira(2002) d nfase especial s relaes sociais que se estabelecem en-tre destinador e destinatrio das mensagens, quer sejam elas media-

    das pelo poder ou pela solidariedade.Costuma-se afirmar, parafraseando Viaro (2005), que o PB,

    bem como o portugus dos falantes da frica e da sia, remonta aum portugus quinhentista e no so poucos os esforos em recons-tru-lo. Mas para saber que lngua veio ao Brasil preciso ter emmente as contnuas levas do sculo XVI e XIX. tambm sabido,continua o etimlogo, que no h uniformidade nos diversos lugaresdo mundo em que se fala portugus e, nesse empreendimento, os fa-lares crioulos so interessantes.

    Por sua vez, Viaro (2005, p. 222) faz especulaes e levantahipteses, como:

    difcil provar que algumas variantes se derivam de outras [...] Noseria estranho imaginar migraes das colnias asiticas para o Brasil,quando foram perdidas para os holandeses, trazendo formas como oc

    para c. [...] Alguns basiletos brasileiros podem ter origem em idioletosde africanos trazidos para o Brasil, bem como de pessoas com algum

    prestgio, provenientes da sia, deixado vestgios assistemticos (a af-rese v > de oc no ocorre com outras palavras no PB como ocorre no

    CPI5

    ). S com mais pesquisa sobre migrao e demografia possvel es-clarecer fatos, por meio de explicaes policausais.

    A coexistncia de vrios fenmenos comuns, para o pesqui-sador citado, tanto ao PB como s diversas variedades do portugus,africano e asitico, fazem surgir diversas hipteses que so, na ver-dade, pressupostos de muitas teorias.

    5Crioulos indo-portugueses.

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    Menon (2006, p. 104) afirma que no portugus arcaico, merc um substantivo comum, como tantos outros. Do gnero gramatical

    feminino, tinha o significado bsico de favor, graa, benesse. Po-rm, tinha uma significao positiva e uma negativa: quando se re-cebia algo do rei, era positivo; no entanto, ao mesmo tempo, ficavasob o domnio e vontade desse mesmo rei; era o lado negativo do

    benefcio. E os reis sabiam cobrar. Mas no era somente o rei quepodia distribuir mercs: tambm as divindades Deus, Nossa Senho-ra, Jesus o faziam. Porm, parece que, depois que esse substantivoficou ligado ao tratamento ao rei passou-se a usar mais graa(s)

    para os benefcios religiosos recebidos.

    Em relao ao primeiro uso de a vossa merc, Menon(2006, p. 108) contesta, por ter encontrado exemplos mais antigosque os mencionados por Luz (1956). Segundo a linguista:

    [...] em um dos textos da coletnea de documentos relativos cidadede vora (com datao da Era de 1324. Anno 1280., concordata entreEl-Rei Dom Dinis e o Concelho dvora6, encontramos 09 ocorrnciasde merece (com o verbo pedir por merece e j com a forma de verbo su-

    porte pedir merece) e 2 de vos(s)a merec.

    De acordo com Menon (2006, p. 114), vossa merc(forma j

    gramaticalizada como tratamento honorfico) no empregado so-mente para se dirigir ao rei. O texto de uma carta do Bispo D. Gar-cia de Menezes, dirigida ao Senhor Secretrio (provavelmente se-cretrio do rei):

    (6)Senhor. Huma carta vossa me foi dada a que no respondo maiscedo com fadigas de doena, e assy lhe tenho muito em merc o que mediz na sua carta [...] e quanto he o que vossa merc diz que eu tenho le-vado mais do que havia de levar [...]7

    Menon (2006, p. 122) estabelece um roteiro, como tentativa

    de reconstituir o percurso de vulgarizao do emprego da locuonominal vossa merc, a partir de uma segunda interpretao socialque comea a se difundir o uso que vai levar a forma a dois destinosdiversos, mas complementares:

    6PEREIRA, 1998 p. 32-34 [42-44].7Idem, p. 85 [297], XLIII (Carta do Bispo D. Garcia de Menezes, 1463).

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    a)

    passa a ser forma exigida pelos escales superiores da hierarquia da corteaos seus imediatamente subordinados;

    b)

    o uso escapa do crculo da nobreza mais ligada corte e passa nobreza mais distanciada (rural ?) ou aos senhores de domnios que,

    por sua vez, passam a exigir esse tratamento dos que no so nobres;

    c) aqueles que no so nobres, mas dispem de dinheiro tambmquerem ter o seu quinho de dignidade e exigem de empregados ou ou-tras pessoas com quem mantenham contato e/ou comrcio o seu vossamerc...

    No estudo que faz sobre a Histria do voc, Menon (2006,p. 123-125) verifica que, no sc. XVI, qualquer um que tem um qua mais, passa a ter o seu vossa/sua merc. O pronome se vulgariza,

    passando de honorfico a comum, de comum a vulgar. Com tantamassificao, o segundo destino da locuo nominal, os reis rejeitama merc(o primeiro destino) e instauram aMajestade8.

    De acordo com os dados apresentados por Menon (2006, p.129-130), at prova em contrrio:

    [...] na obra de Francisco Manuel de Melo (1608-1666),Feira de Anexins, que aparece, pela primeira vez o novo pro-nome, grafado vosss. Apesar de essa obra no ter sido publicada

    em vida do autor9

    , ela foi composta no sc. XVII. Assim, remon-tamos em um sculo o uso do novo pronome de segunda pessoado plural, pois segundo afirmao de Biderman (1972-73), nosc. XVIII que o vs estaria arcaizado.

    Em um trabalho mais recente que a maioria dos citados nestaseo, Chaves (2006) investiga, no PB, a implementao da formavoccomo pronome presente de segunda pessoa, identificando eta-

    pas do processo que tem vossa merccomo ponto de partida e voccomo ponto de chegada. Atravs de uma abordagem social e histri-

    8 Sobrevivem ainda a Senhoria e a Alteza. Cria-se a Excelncia (Lei Filipina de1597), que vai ser, posteriormente, no sc. XVIII a catapulta para outra revoluo so-cial, como foi a do Senhorio no perodo arcaico [...] A excelncia, com a expanso douso concedida pela lei de 1739, passa a ser um marcador social to importante como aconstruo do escudo da famlia ou o ttulo ou o cargo recebido. a marca lingsticada diferena social (MENON, 2006, p. 125).

    9Obra publicada, pela primeira vez, em 1875, em edio organizada por InocncioFrancisco da Silva, ter uma nova edio em 1916, idntica primeira, salvo no quetoca a algumas coisas da introduo do organizador (MENON, 2006, p. 129-130).

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    ca da lngua, na modalidade escrita, identifica os contextos de uso,classifica-os conforme o grau de simetria das relaes pessoais efeti-

    vadas. um estudo que prioriza a escrita, pois o corpusse compede cartas particulares escritas de 1800 a 1954. Originalmente, umestudo sobre o uso das abreviaturas, buscando-se identificar sua sis-tematicidade. Foram inventariadas as normas, a histria e os usos dasabreviaturas. Segundo a pesquisadora, as abreviaturas evoluem noeixo do tempo por no serem indiferentes s transformaes que afe-tam o item.

    E, alm disso, Chaves se prope a fazer uma comparao en-tre as etapas do processo de gramaticalizao do pronome vossa

    mercna forma voce as diferentes formas de abreviar esses itens.Com esta pesquisa, delimitou-se a segunda metade do sc. XIX co-mo sendo a data das alteraes do pronome de tratamento vossamerc no processo de gramaticalizao. A partir disso, a linguistaconclui que, atravs dos estudos variacionistas, alm da fontica e dasintaxe, possvel contemplar as formas grficas.

    Tentou-se, aqui, descortinar um panorama de estudos e inves-tigaes sobre o pronome voc, sobretudo enfocando-se a origem e aevoluo histrica dos itens vossa merc > voc. Acredita-se na re-levncia deste trabalho, com o intuito de contribuir para a compreen-so melhor ainda de outros estudos que privilegiam o enfoque sin-crnico.

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