zeros das funções

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  • Clculo Numrico

  • Unidade:

    Zero de Funes Reais

    Responsvel pelo Contedo:

    Profa. Ms. Adriana D. Freitas

    Reviso Tcnica:

    Profa. Dr. Jaime Sandro da Veiga

    Reviso Textual:

    Profa. Ms. Alessandra Cavalcante

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    INTRODUO ORIGEM DOS ERROS

    A frase atribuda ao matemtico alemo David Hilbert (1862-

    1943) Nenhum outro problema afetou to profundamente o

    esprito do homem; nenhuma outra ideia to fertilmente

    estimulou seu intelecto; nenhum outro conceito necessita de

    maior esclarecimento do que o infinito ilustra bem o incio

    desta unidade de estudo.

    Ao efetuarmos operaes matemticas, mesmo que com nmeros naturais

    ou inteiros, devemos considerar que nem sempre obtemos resultados exatos, assim

    temos de interpretar nmeros que so finitos, mas que possuem representao

    infinita. Por exemplo, a diviso de 1 por 3 (1/3) finita (est entre 0 e 1), todavia

    possui representao no conjunto do nmeros reais com infinitas casas decimais

    (0,3333...). Alm disso, lidamos tambm com nmeros que no podem ser

    expressos como a diviso de dois nmeros inteiros, so os chamados nmeros

    irracionais, o que acarreta em chegarmos a apenas uma representao aproximada

    do nmero em questo.

    Com a evoluo das tecnologias para fins computacionais, os clculos

    complexos ficaram a cargo de mquinas que esto sendo sempre aperfeioadas a

    fim de aumentar seus recursos. As mquinas operam diversos clculos, dos mais

    simples aos mais complexos, porm por mais complexas que sejam, trabalham

    com um nmero finito de recursos, o que no suficiente quando lidamos com

    nmeros de infinitos dgitos.

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Assim, qualquer clculo, seja realizado por mos humanas ou por

    mquinas, que envolva nmeros que no possam ser expressos por um nmero

    finito de dgitos, no fornecer como resultado um valor exato, mas sim um valor

    aproximado; e, quanto maior o nmero de dgitos utilizados, maior ser a preciso

    obtida.

    por isso que precisamos aprender a lidar com os erros, ou melhor, com a

    margem de erro.

    Vejamos dois exemplos

    Exemplo 1: A primeira grande crise matemtica de que se tem conhecimento foi

    quando os pitagricos se depararam com o problema da diagonal de um

    quadrado. Sabemos que a diagonal de um quadrado de lado L qualquer

    calculada pela expresso L .

    O nmero irracional um nmero que no pode ser representado, em

    sua forma decimal, com um nmero finito de dgitos. Assim, qualquer operao

    que o envolva estar sujeita a aproximaes para sua representao, como por

    exemplo:

    1,4142 ou 1,4142136 ou ainda 1,4142135623730950488016887242097 .

    Por exemplo, na trigonometria, o arco de valor possui seno igual a

    , o que nos permite infinitas representaes, remetendo-nos a resultados

    prximos do exato, mas que no so verdadeiramente exatos:

    0,7 ;

    0,7071 ;

    0,7071067811865 .

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Exemplo 2: A rea A de uma circunferncia, de raio r, obtida atravs do clculo

    da frmula . Neste caso, para uma circunferncia de raio igual a 10m

    poderemos obter como rea:

    A = 314m ;

    A = 314,1592653m ;

    A = 314,159265358979323846 m .

    Como um nmero irracional no teremos um valor exato para o clculo

    da rea, mas sim valores aproximados. No primeiro clculo utilizamos 3,14 (trs

    algarismos significativos para ) e no segundo clculo, utilizamos 3,141592653

    (dez algarismos significativos) e no terceiro 3,1415926535897932384 (vinte

    algarismos significativos).

    Nenhum dos resultados est incorreto, porm o terceiro est mais preciso

    que o segundo, por sua vez est mais preciso que o primeiro, assim quanto maior o

    nmero de dgitos utilizados nos clculos, maior a preciso do nmero, ou seja,

    mais prximo estamos da representao real do nmero.

    As diferenas entre resultados para uma mesma operao podem ser

    consequncia da preciso dos dados de entrada da operao (como nos casos

    ilustrados acima), ou ainda da forma como estes nmeros so representados nos

    computadores ou calculadoras, pois devemos levar tambm em considerao que

    estes trabalham com o sistema de representao binrio. Assim, ao inserirmos um

    nmero no computador, normalmente o representamos na base decimal, este o

    converte para binrio, realiza operaes matemticas nessa base e converte o

    resultado novamente para a base decimal para que possamos observ-lo.

    Por isso ao analisarmos um resultado, devemos levar em considerao que

    este resultado limitado em funo dos nmeros de dgitos que a mquina dispe

    para trabalhar e tambm na converso, pois podemos ter alguns desvios do

    resultado real, j que um nmero possui uma representao finita decimal e pode

    no ter representao finita no sistema binrio ou vice-versa. Nesse caso, a

    mquina far aproximaes do nmero, o que implica avaliarmos a preciso do

    resultado.

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    ARITMTICA DE PONTO FLUTUANTE

    Agora vamos entender como os nmeros so armazenados na memria do

    computador. Se uma mquina trabalha com a base , os nmeros sero

    representados sob o seguinte formato:

    (0,d1d2d3... dt) x k

    Em que t o nmero de dgitos do nmero (o qual chamamos de

    mantissa), k um expoente contido em um intervalo com limite superior (M) e um

    limite inferior (m). Se o expoente k, necessrio para representar um determinado

    nmero, for maior que (M), temos overflow e, se for menor que (m), temos

    underflow.

    Considere, por exemplo, uma mquina que opera no sistema de base 10,

    com 4 dgitos e o expoente de -5 a 5, ou seja:

    = 10; t = 3; k [-5, 5] .

    Os nmeros sero representados na seguinte forma:

    0,d1d2d3 x 10e , 0 dj 9 , d1 0 , k [ -5, 5] .

    O que acarreta limitao na forma como os nmeros sero representados,

    tanto para o menor quanto para o maior nmero, em valor absoluto:

    Menor nmero absoluto representado: m = 0,100 x 10-5 = 10-6

    Maior nmero absoluto representado: M = 0,999 x 105 = 99900

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Devido a esta limitao de dgitos e expoentes (inferior e superior), a

    mquina acusar a ocorrncia de um underflow caso seja preciso representar um

    nmero cujo expoente seja menor do que -5 (limite inferior m), por exemplo, no

    caso do nmero x = 0,243 x 10-8, de outra forma acusar a ocorrncia de

    overflow quando precisar representar um nmero cujo expoente seja maior do

    que 5.

    Alm disso, se tivermos como resultado o nmero 127,84 = 0,12784 x 103,

    (note que este nmero possui 5 dgitos na mantissa) a mquina ir armazen-lo,

    mas como s dispe de trs dgitos, ter duas opes para represent-lo:

    Arredondamento ou Truncamento.

    i) Arredondar: significa determinar o dgito aps o ltimo algarismo

    significativo do nmero, utilizando o seguinte critrio:

    Menor que 5: desprezamos os demais dgitos aps o ltimo algarismo

    significativo.

    Maior que 5: somamos um ao ltimo algarismo significativo.

    No arredondamento de 0,12784 x 10, vemos que o dgito aps o ltimo

    algarismo significativo (que o terceiro, pois t =3) maior ou igual a 5. Ento,

    somamos um ao ltimo algarismo significativo, e de 0,12784 x 10 arredondamos

    para 0,128 x 10.

    ii) Truncar: simplesmente, consideramos os dgitos contidos pelo nmero de

    algarismos significativos e desprezamos os demais dgitos. Ao truncarmos o

    nmero 0,12784 x 10 teremos 0,127 x 103

    Poderemos utilizar ambas as representaes: 0,127 x 103 ou 0,128 x 10.

    Optar por arredondar ou truncar uma opo quando realizamos uma operao e

    estamos cientes da margem de erro.

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Chamamos de erro absoluto ao mdulo ou valor absoluto da diferena

    entre o valor exato de um nmero x e o de seu valor aproximado .

    Simbolicamente, seria escrito como |. Mas como em geral no

    conhecemos o valor exato de x, obtemos o que chamamos de erro relativo

    dividindo o erro absoluto pelo valor aproximado,

    . Por exemplo,

    sabemos que o valor de est entre 3,14 e 3,15, ou seja, , ento

    qualquer valor assumido como neste intervalo ter um erro

    . Mas, se refinarmos nossa preciso, por exemplo, sabendo

    que obteremos um erro menor ainda, pois neste caso o erro

    . Note que o erro relativo dado

    em termos percentuais.

    ZEROS DE FUNES REAIS

    Um nmero chamado de zero da funo f(x) ou raiz da equao f(x) =

    0 se f( ) = 0, ou seja, o valor que, quando assumido na funo, resulta na

    imagem nula, ou o valor de x que torna verdadeira a sentena matemtica da

    equao.

    Graficamente, o zero da funo o ponto da abscissa no qual o grfico da

    funo intercepta o eixo OX.

    Vejamos alguns exemplos:

    Exemplo 1: Na funo afim f(x) = x + 2, temos que o zero da funo o nmero

    -2, uma vez que f(-2) = -2 + 2 = 0, ou seja, f(-2) = 0.

    Para o clculo dessa raiz, basta resolver a equao:

    x + 2 = 0

    x = -2

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Graficamente, como observamos na Figura 1, comprovamos que a reta que

    representa f(x) = x + 2 intercepta o eixo OX no ponto (-2, 0), ou seja, na abscissa

    -2.

    Figura 1 - Zero da funo f(x) = x + 2 Fonte: O Autor.

    Exemplo 2: J no caso da funo quadrtica f(x) = x + 6x + 5, obtemos essas

    razes ao resolvermos a equao x + 6x + 5 = 0, que pode ser pela frmula de

    Bhaskara, ou ainda pelo mtodo da soma e produto das duas razes relacionadas

    aos coeficientes a, b e c da equao, tambm conhecidas como frmulas de Vite.

    Neste caso temos duas razes reais, que so = -5, pois f(-5) = 0 e = -1, pois

    f(-1) = 0.

    Podemos tambm confirmar no grfico da funo, conforme a Figura 2, os

    pontos nos quais o grfico intercepta o eixo OX.

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Figura 2 - Zero da funo f(x) = x + 6x +5 Fonte: O Autor.

    Exemplo 3 Neste outro exemplo, temos a funo f(x) = x + 1 e, ao

    calcularmos as razes, temos que:

    x + 1 = 0 x = -1 x = o que implica que a funo no

    admite razes reais e sim, complexas. Graficamente, notamos que a parbola, ao

    representar a funo f(x) = x +1, no intercepta o eixo das abscissas.

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Figura 3 - Grfico da funo f(x) = x + 1 - Fonte: O Autor.

    A anlise grfica da funo importante para reconhecermos os intervalos

    nos quais podemos identificar as razes. Alm disso, podemos analisar o

    comportamento da funo como crescimento, decrescimento e estudo do sinal.

    Vejamos alguns exemplos.

    O grfico da Figura 4 representa uma funo quadrtica e podemos notar

    que essa funo possui duas razes reais. Uma delas est no intervalo [-1,0] e a

    outra no intervalo [2,3].

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Figura 4 - Grfico zeros de uma funo quadrtica Fonte: O Autor.

    Alm disso, podemos identificar que a imagem da funo negativa no

    intervalo entre as duas razes, e positiva antes da primeira raiz e depois da segunda.

    No grfico da Figura 5, temos uma funo cbica e verificamos as trs razes

    reais, nos seguintes intervalos: [-2,-1] , [0,1] e [2,3], alm de identificar intervalos

    nos quais as imagens so positivas f(x) > 0 e negativas f(x)

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Figura 5 Grfico com a representao dos zeros de uma funo cbica Fonte: O Autor.

    Em relao aos clculos, sabemos que as razes das funes afins e

    quadrticas so rapidamente calculadas analiticamente, porm para algumas

    funes polinomiais de graus mais altos ou funes mais complexas no dispomos

    de frmulas explcitas para o clculo das razes e recorremos a mtodos do Clculo

    Numrico que nos fornecem recursos para determinao de zeros de uma forma

    aproximada, porm de acordo com uma preciso pr-determinada.

    Com o Clculo Numrico, temos mtodos distintos para o clculo

    aproximado das razes de uma equao qualquer, mas a ideia central dos mtodos

    partir de uma aproximao inicial para a raiz e, em seguida, refinar essa

    aproximao por meio de uma sequncia de clculos que so repetidos a cada

    passo e que chamamos de ITERAO.

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Assim, os mtodos numricos consistem de duas etapas:

    Primeira etapa: localizao ou isolamento das razes consiste na

    obteno de um intervalo fechado [a,b] que contenha uma nica raiz ( ) da

    funo.

    Segunda etapa: aproximao ou refinamento consiste na obteno de

    aproximaes cada vez melhores para a raiz, at a preciso fixada ( ) ou,

    em outras palavras, dentro do erro pr-estabelecido.

    Em nossa disciplina, dentre os mtodos para o clculo das razes de funes

    reais, estudaremos dois, so eles:

    Mtodo da Bisseco

    Mtodo de Newton-Raphson

    Para cada um desses mtodos, realizamos as Etapas 1 e 2, e cada um tem

    sua caracterstica, mas ambos convergem para a raiz dentro de um intervalo

    estabelecido.

    LOCALIZAO OU ISOLAMENTO DAS RAZES

    Nessa etapa, vamos utilizar a construo de grficos para localizao e

    isolamento das razes. A construo do grfico pode auxiliar com relao ao

    domnio da funo, aos pontos de descontinuidade, aos intervalos de crescimento

    e decrescimento, aos pontos de mximo e mnimo, concavidade, aos pontos de

    inflexo e s assntotas da funo.

    Exemplo 1: localizar as razes reais da funo f(x)=x3-4x2+2.

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    1 passo: construir uma tabela, atribuindo valores para x e analisar o

    comportamento do sinal de funo f(x).

    Tabela 1 Valor e anlise do comportamento de sinal da funo f(x) = x -4x + 2 .

    Ao analisarmos a tabela, verificamos que a funo alternou de sinal entre

    x= -1 e x= 0, assim como em x= 0 e x =1 e, em x =3 e x = 4. Ento, existe pelo

    menos uma raiz em cada intervalo. No entanto, por se tratar de um polinmio de

    terceiro grau, sabemos que f(x) possui trs razes. Assim sendo, existe apenas uma

    raiz em cada intervalo:

    Intervalo I1 = [-1,0]; Intervalo I2 = [0,1]; Intervalo I3 = [3,4].

    Utilizando os mesmos valores da tabela, podemos fazer a construo do

    esboo de um grfico para visualizarmos os intervalos em que existem as razes.

    Figura 6 - Grfico da funo f(x)=x3-4x2+2 com a localizao dos intervalos das razes Fonte: O Autor.

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Exemplo 2: localizar a raiz positiva da funo f(x)=4cosx - ex .

    Estamos interessados em isolar a raiz positiva dessa funo. Se formos

    utilizar a anlise grfica, no ser trivial a construo do grfico. Neste caso,

    faremos a funo inicial f(x) = 0 e dessa forma poderemos desmembrar a funo

    f(x) inicial em dois membros, separando f(x) em duas funes g(x) e h(x). Essa

    etapa importante, pois a abscissa da interseco das funes g(x) e h(x) a

    abscissa da raiz de f(x).

    Por exemplo: f(x)=4cosx - ex

    4cosx - ex =0 e, separando as funes, temos:

    4cosx = ex .

    Do lado esquerdo da equao, temos g(x) e do lado direito, h(x). Assim:

    g(x) = 4cosx e h(x) = ex .

    Depois, elaboramos uma tabela com pontos, partindo de x=0, j que

    queremos a raiz positiva. No se esquea de trabalhar com a calculadora em

    radianos, pois vamos trabalhar com uma funo trigonomtrica!

    Tabela 2 - Valor e anlise do comportamento de sinal de g(x) e h(x).

    Ao analisarmos a Tabela 2, podemos verificar que, no intervalo entre 0,5 e

    1, a imagem de g(x) = 4cosx vai de 3,51 para 2,16, enquanto que h(x) = ex vai de

    1,64 para 2,71. Dessa forma, podemos verificar que os valores convergem, e que

    neste intervalo h um determinado ponto em que g(x) = h(x) e a abscissa desse

    ponto o zero da funo f(x)=4cosx-ex.

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Podemos agora esboar o grfico de g(x) =4cosx e h(x) =ex, pois ao

    obtermos a equao equivalente g(x) = h(x) e tabelarmos valores e esboarmos os

    respectivos grficos, localizaremos o intervalo no qual g(x) = h(x), o que tambm

    representa f(x) = 0. Analisaremos os respectivos grficos:

    Figura 7 - Grficos das funes g(x)=4cosx e h(x)=ex, indicando a localizao da interseco A Fonte: O Autor.

    Verificamos no grfico da Figura 7 que o ponto A, que o ponto de

    interseco entre g(x) e h(x), est localizado no intervalo [0,5 ; 1].

    J na Figura 8, vemos que a abscissa de A coincide com a abscissa da raiz

    da funo no intervalo entre [0,5 ; 1]. Notamos tambm que h ainda outra raiz,

    mas, neste exemplo, vamos nos ater somente raiz positiva.

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Figura 8 - Grfico da funo f(x) = 4cosx - ex - Fonte: O Autor.

    Exemplo 3: Localizar a raiz positiva da funo f(x)=lnx + x .

    1 passo: para separar as funes, primeiro vamos igualar f(x) a zero para

    ento desmembramos lnx + x. Dessa forma, teremos que lnx + x = 0 e depois, lnx

    = -x . Do lado esquerdo da equao temos g(x) e do lado direito, h(x). Assim:

    g(x) = lnx e h(x) =-x .

    2 passo: construir a tabela com valores para x, em g(x) e h(x).

    Alm de o exemplo solicitar a raiz positiva, sabemos que o domnio da

    funo lnx , portanto, para construirmos a tabela, usaremos nmeros positivos.

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Tabela 3 - Valor e anlise do comportamento de sinal das funes g(x) e h(x) - Fonte: O Autor.

    X 0 0,25 0,5 0,75 1 1,25 1,5 2

    g(x) =lnx - -1,38 -0,69 -0,29 0 0,22 0,41 0,69

    h(x) = -x 0 -0,25 -0,5 -0,75 -1 -1,25 -1,5 -2

    3 passo: verificamos que h uma convergncia de valores entre 0,5 e 0,75,

    porm para auxiliar a localizao da interseco, podemos construir o esboo dos

    grficos de g(x) = lnx e de h(x) = -x

    Figura 9 - Grfico das funes g(x) = lnx e h(x) = -x .

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    Assim, verificamos a interseco entre g(x) e h(x), conforme a Figura 10:

    Figura 10 - Grfico com detalhe da interseco entre g(x) e h(x) .

    Note que a interseco entre g(x) e h(x) ocorre justamente no intervalo entre

    0,5 e 0,75, e para confirmar essa informao, podemos verificar se na funo f(x)

    = lnx + x existe a inverso de sinal entre o intervalo 0,5 e 0,75. Assim, sendo f(x)

    = lnx + x, temos que:

    f(0,5) = ln(0,5) + (0,5) = -0,69 e, portanto, f(x) < 0 ;

    f(0,75) = ln(0,75) + (0,75) = 0,46 e, portanto, f(x) > 0 .

    Como temos uma inverso de sinal de f(x) no intervalo ,

    podemos concluir que h uma raiz real nesse intervalo.

    Para treinar

    Agora isole os zeros reais, definindo o intervalo das seguintes funes:

    Raiz positiva em f(x) = 1 xlnx . Resposta: [1, 2]

    Raiz positiva em f(x) = 3x - 5x 4 . Resposta: [2 , 3]

    Raiz positiva em f(x) = 4senx ex . Resposta: [0, 1]

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    19

    Unidade: Zero de Funes Reais

    Ao identificarmos o intervalo no qual temos uma raiz real, ns chegamos a

    uma aproximao muito superficial do valor da raiz. No exemplo da funo f(x) =

    4cosx ex, identificamos a existncia de uma raiz positiva no intervalo [0,5; 1], mas

    podemos identificar melhor essa raiz por meio da segunda etapa do processo que

    consiste no refinamento, ou seja, dado este intervalo, podemos identificar com

    maior preciso qual o valor da raiz procurada.

    REFINAMENTO

    Na etapa anterior, aprendemos a isolar as razes de uma funo. Como

    resultado, obtivemos um ou mais intervalos fechados [a,b], contendo uma nica

    raiz em cada um deles. Nessa etapa, veremos os mtodos numricos para o clculo

    de uma aproximao para a raiz, o mtodo da Bisseco e, a seguir, o mtodo

    de Newton-Raphson. Comearemos pelo primeiro.

    MTODO DA BISSECO

    Se f(x) contnua em [a,b], com inverso de sinal entre f(a) e f(b), por

    consequncia, f(a)*f(b)

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    20

    Unidade: Zero de Funes Reais

    Seguiremos ento os seguintes passos:

    Calculamos f(a), f(b) e f( .

    1 condio: se f(a)0 e f( )>0, devemos fazer b= , pois devemos

    lembrar que entre os extremos do intervalo, deveremos ter a inverso de sinal.

    Ento, nesse caso, teremos como novo intervalo [a, ], j que f(x) 0 ;

    f(b) = 4cos(1) - e1 = -0,5571, assim f(b) < 0 ;

    f( = 4cos(0,75) - e0,75 = 0,8098, assim f( > 0 .

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    21

    Unidade: Zero de Funes Reais

    Como sabemos, a condio para que o intervalo contenha a raiz a de que

    o produto das imagens dos extremos tenha sinais inversos, ou seja, f(a)*f(b) < 0, o

    novo intervalo ser [b, e dividiremos novamente esse intervalo ao meio,

    fazendo a mdia entre b e , obtendo .

    Podemos executar esse processo por meio de uma tabela, acompanhando

    cada iterao:

    Tabela 4 - Incio da iterao do mtodo da bisseco

    I n a b f(a) f(b) f( ) Erro |

    |

    1 1 0,5 1,0 0,75 1,8616 -0,5571 0,8098 0,25

    Fazendo agora a mdia entre 0,75 e 1,0 temos o novo xn, que chamaremos

    = 0,8750 e analisaremos os sinais das respectivas imagens.

    Tabela 5 - Anlise do sinal no mtodo da bisseco.

    I n a b f(a) f(b) f( ) Erro |

    |

    1 1 0,5 1,0 0,75 1,8616 -0,5571 0,8098 0,25

    2 2 0,75 1,0 0,8750 0,8098 -0,5571 0,1651 0,1250

    De acordo com os clculos acima, temos que o novo intervalo ser

    composto por b e x1, ou seja [0,75; 0,8750] e repetimos o processo, agora para x3.

    E assim sucessivamente. O critrio de parada ser de acordo com a margem de

    erro pr-estabelecida. No caso de nosso exemplo queremos erro menor que 0,001,

    portanto consideraremos o xn a raiz aproximada de acordo com a margem de erro.

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    22

    Unidade: Zero de Funes Reais

    Tabela 6 Tabela mostrando todas as iteraes para se atingir a preciso desejada no mtodo da

    bisseco para o exemplo em questo.

    I n a b f(a) f(b) f( ) Erro |

    |

    1 1 0,5 1,0 0,75 1,8616 -0,5571 0,8098 0,25

    2 2 0,75 1,0 0,8750 0,8098 -0,5571 0,1651 0,1250

    3 3 0,8750 1,0 0,9375 0,1651 -0,5571 -0,1864 0,0625

    4 4 0,8750 0,9375 0,9063 0,1651 -0,1864 -0,0085 0,0313

    5 5 0,8750 0,9063 0,8907 0,1651 -0,0085 0,0786 0,0157

    6 6 0,8907 0,9063 0,8985 0,0786 -0,0085 0,0352 0,0078

    7 7 0,8985 0,9063 0,9024 0,0352 -0,0085 0,0134 0,0039

    8 8 0,9024 0,9063 0,9044 0,0134 -0,0085 0,0022 0,0020

    9 9 0,9044 0,9063 0,9054 0,0022 -0,0085 -0,0034 0,0010

    10 10 0,9044 0,9054 0,9049 0,0022 -0,0034 -0,0006 0,0005

    Como 0,0005 < 0,001, podemos considerar x10 = 0,9049 como a raiz

    procurada dentro do erro estabelecido.

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    23

    Unidade: Zero de Funes Reais

    Pontos importantes:

    Convergncia: estamos estudando mtodos iterativos em que

    partimos de uma estimativa inicial e, por meio do mtodo

    numrico utilizado, obtemos aproximaes sucessivas com erro

    cada vez menor. Quando isso ocorre, dizemos que o mtodo

    convergente. O mtodo da bisseco convergente, quando sabemos da

    existncia de uma raiz em determinado intervalo.

    Estimativa do nmero de iteraes: podemos saber quantas iteraes

    so necessrias para atingirmos a preciso desejada, utilizando o mtodo da

    bisseco. Basta utilizarmos a seguinte equao:

    (

    No exemplo que resolvemos, podemos verificar o nmero de iteraes.

    Sendo =0, = 1 e , temos:

    (

    (

    (

    Com a preciso estabelecida, comprovamos que o resultado ser obtido

    aps 10 iteraes, a partir de nosso exemplo.

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    24

    Unidade: Zero de Funes Reais

    MTODO DE NEWTON-RAPHSON

    O mtodo de refinamento de Newton-Raphson um mtodo iterativo no

    qual converge para a raiz da funo ( por intermdio da seguinte funo:

    ( (

    (

    Ou seja, para o clculo da raiz, por esse mtodo, deveremos determinar a

    primeira derivada da funo em questo para, a partir dela, gerar as possveis

    razes , onde:

    ( ; ( ; ( .... at que o processo

    seja interrompido de acordo com a margem de erro pr-estabelecida, ou seja,

    ( .

    Exemplo: utilizando o mtodo de Newton-Raphson, obter a raiz da funo f(x) =

    x +x -6 contida no intervalo I=[1,3], partindo de com uma preciso

    menor ou igual a 0,001.

    Primeiro passo: devemos obter a derivada ( da funo f(x):

    Se f(x) = x +x -6, ento ( = 2x + 1 .

    Segundo passo: substituir a funo f(x) e sua derivada ( na equao:

    ( (

    (

    (

    e (

    , logo (

    .

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    25

    Unidade: Zero de Funes Reais

    Terceiro passo: a partir da, devemos fazer a substituio dos valores, e

    utilizaremos uma tabela para organizar e facilitar os clculos:

    Tabela 7 - Tabela de Iterao - Mtodo de Newton Raphson

    n ( ) (

    1

    (

    = (

    (

    (

    ( ( (

    (

    2

    (

    = (

    (

    (

    ( ( (

    (

    3

    (

    (

    (

    (

    ( ( (

    (

    Como o erro na iterao 3 menor que o erro estabelecido pelo enunciado

    do problema (0

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    26

    Unidade: Zero de Funes Reais

    Para treinar:

    Seguindo o que aprendemos no final esta unidade, procure determinar as

    razes com o mtodo de Newton-Raphson para as seguintes funes:

    1) ( , contida no intervalo , com preciso igual a

    0,0001 e partindo de . Resolva o problema considerando 6 casas

    decimais.

    A resposta esperada : 3 iteraes, sendo e

    2) ( , contida no intervalo [0,5; 1,0], com preciso igual a

    0,0001 e partindo de . Resolva o problema arredondando para 6

    casas decimais.

    Chegamos ao final de nossa unidade! Voc deve rever os exemplos, refazer

    os exerccios, ouvir o material narrado, acessar o material complementar assim

    como a bibliografia, pois eles iro enriquecer sua aprendizagem. Procure sempre

    seu tutor para esclarecer pontos e aprofundar o sua aprendizagem.

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    27

    Unidade: Zero de Funes Reais

    ANOTAES

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    Unidade: Zero de Funes Reais

    REFERNCIAS

    FRANCO, N.M.B. - Clculo Numrico. So Paulo: Editora Pearson, 2006. HUMES, A.F.P.C., MELO, I.S.H., YOSHIDA, L.K., MARTINS, W.T. Noes de Clculo Numrico. So Paulo: Editora McGraw Hill, 1984. BURDEN, R. L.; FAIRES, J. D. Anlise Numrica. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. RUGGIERO, M. A. G., LOPES, V.L.R. Clculo Numrico: Aspectos Tericos e Computacionais, 2 ed. So Paulo: Editora Makron Books, 1998. SPERANDIO, D., MENDES, J.T., SILVA, L.H.M. Clculo Numrico: Caractersticas Matemticas e Computacionais dos Mtodos Numricos. So Paulo: Editora Pearson, 2003.

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    Tel: (55 11) 3385 -3000

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