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  • 7/26/2019 Distrbios Da Glndula Tireoide

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    BRUNO GARRETT BENTO2013.1

    DISTRBIOS DA GLNDULA TIREOIDE

    A tireoide produz dois hormnios semelhantes, a

    tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3). Esses hormnios

    desempenham um papel extremamente importante

    na diferenciao celular durante o desenvolvimento

    e ajudam a manter a homeostase termognica e

    metablica no adulto.

    As doenas autoimunes da tireoide podem estimular

    a superproduo de hormnios tireoidianos

    (tireotoxicose) ou causar a destruio da glndula e a

    deficincia hormonal (hipotireoidismo). Alm disso,

    os ndulos benignos e vrias formas de cncer da

    tireoide so relativamente comuns, podendo ser

    identificados pelo exame fsico.

    ANATOMIA

    A tireoide consiste em dois lobos conectados por umistmo. Est localizada adiante da traquia, entre a

    cartilagem cricide e a incisura supraesternal. A

    tireoide normal pesa 12-20g, sendo altamente

    vascularizada e de consistncia macia.

    Quatro glndulas paratireoides, que produzem o

    paratormnio, esto localizadas atrs de cada polo da

    tireoide. Os nervos larngeos recorrentes atravessam

    as bordas laterais da tireoide, devendo ser

    identificados durante a cirurgia dessa glndula para

    evitar a leso e a paralisia das cordas vocais.

    A origem da glndula a partir do assoalho da faringe

    primitiva e sua posterior migrao pelo ducto

    tireoglosso explica a rara localizao ectpica do

    tecido tireoidiano na base da lngua (tireoide lingual)

    assim como pela ocorrncia de cistos do ducto

    tireoglosso. Um 3 loboo lobo piramidal- pode ser

    encontrado fixado ao istmo, de forma alongada,

    como remanescente do ducto tireoglosso.

    As clulas C medulares, que so derivados da cristaneural, se espalham por toda a glndula e produzem

    calcitonina, um hormnio redutor do clcio. Nos

    seres humanos, a calcitona desempenha uma papel

    mnimo na homeostase do clcio, porm as clulas C

    so importantes devido ao seu envolvimento no

    cncer medular de tireoide.

    Mutaes em diversos fatores de transcrio

    desenvolvimentais ou de seus genes-alvo so causas

    raras de agenesia de tireoide, embora a maioria das

    causas de hipotireoidismo congnito continuaremdesconhecidas. A passagem transplacentria de

    hormnio tireoidiano materno ocorre antes de a

    tireoide fetal comear a funcionar e proporciona um

    suporte hormonal parcial ao feto com hipotireoidismo

    congnito. A reposio precoce do hormnio

    tireoidiano em recm-nascidos com hipotireoidismo

    congnito previne anormalidades desenvolvimentais

    potencialmente graves.

    A tireoide consiste em inmero folculos esfricos

    constitudos por clulas folicurares tireoidianas que

    circundam o coloide secretado, um lquidoproteinceo que contm grandes quantidades de

    tireoglobulina, o precursor proteico dos hormnios

    tireoidianos.

    As clulas foliculares tireoidianas so polarizadasa

    superfcie basolateral se justape a corrente

    sangunea, e a superfcie apical se ope ao lmen

    folicular. A demanda aumentada de hormnio

    tireoidiano regulada pelo hormnio

    tireoestimulante (TSH), que se liga ao seu receptor

    na superfcie basolateral das clulas foliculares,

    resultando em reabsoro da Tg a partir do lmem

    folicular e protelise dentro do citoplasma da clula,

    produzindo os hormnios tireoidianos para a

    secreo na corrente sangunea.

    REGULAO DO EIXO TIREOIDIANO

    O TSH, que secretado pelas clulas tireotrpicas da

    adeno-hipfise, desempenha um papel primordial no

    controle do eixo tireoidiano e funciona como

    marcador fisiolgico mais til da ao dos hormnios

    tireoidianos.

    O eixo tireoidiano um exemplo clssico de ala de

    retroalimentao endcrina. O TRH hipotalmico

    estimula a produo hipofisria de TSH, o qual, por

    sua vez, estimula a sntese e secreo dos hormnios

    tireoidianos. O T3e T4exercem seu efeito de

    retroalimentao para inibir a produo de TRH e TSH.

    O ponte de ajuste nesse eixo estabelecido pelo TSH.

    O TRH o principal regulador positivo da sntese esecreo de TSH; o pico de secreo de TSH ocorre

    cerca de 15 minutos depois da administrao de TRH

    exgeno.

    A dopamina, glicocorticides e somatostatina

    suprimem o TSH, porm no comportam uma grande

    importncia fisiolgica, exceto quando esses agente

    so administrados em doses farmacolgicas. Os

    nveis reduzidos de hormnio tireoidiano elevam a

    produo basal de TSH e realam a estimulao de

    TSH mediada por TRH. Os altos nveis de hormniotireoidiano suprimem rpida e diretamente a

    expresso gnica de TSH e inibem a estimulao do

    TSH pelo TRH, indicando que os hormnios

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    tireoidianos constituem os hormnios dominantes

    da produo de TSH.

    Como outros hormnios hipofisrios, o TSH

    liberado de maneira pulstil e exibe um ritmo

    diurno; seus nveis mais altos ocorrem a noite.

    Entretanto, essas excurses do TSH so moderadas

    em comparao quelas dos outros hormnios

    hipofisrios,em parte porque o TSH possui meia-vidaplasmtica relativamente longa (50 minutos).

    Consequentemente, as mensuraes isoladas de TSH

    so adequadas para determinar seu nvel circulante;

    assim, o TSH pode ser usado para fazer diagnstico

    de hipertireoidismo (TSH baixo) assim como para

    hipertireoidismo (TSH alto).

    SNTESE, METABOLISMO E AO DOS HORMNIOS

    TIREOIDIANOS

    Os hormnios tireoidianos derivam da Tg, umagrande glicoprotena iodada. Aps ser secretada no

    folculo tireoidiano, a Tg iodada aos resduos de

    tirosina. A recaptao de Tg dentro da clula folicular

    da tireoide torna possvel a protelise e a liberao

    de T4e T3recm-sintetizados.

    METABOLISMO E TRANSPORTE DO IODO

    A captao de iodo uma primeira etapa

    extremamente importante na sntese dos hormnios

    tireoidianos. O iodo srico fixa-se as protenassricas, particularmente a albumina. O iodo livre

    excretado na urina principalmente e, em menor

    quantidade, nas fezes. A tireoide extrai o iodo da

    circulao de maneira altamente eficiente, por meio

    do NIS, que expresso na membrana basolateral das

    clulas foliculares da tireoide.

    Os baixos nveis de iodo fazem aumentar a

    quantidade de NIS e estimulam a captao,

    enquanto os altos nveis de iodo suprimem a

    expresso e captao de NIS. A expresso seletiva deNIS na tireoide torna possvel o escaneamento

    isotpico, tratamento do hipertireoidismo e ablao

    do cncer de tireoide com os radioistopos de iodo,

    sem efeitos significativos sobre outros rgos. A

    mutao do gene para NIS uma causa rara de

    hipotireoidismo congnito. Outro transpotador de

    iodo, a pendrina, localiza-se na superfcie apical das

    clulas tireoidianas e medeia o efluxo de iodo para

    dentro do lmen.

    Em reas de relativa deficincia de iodo, observa-se

    maior prevalncia do bcio e, quando a deficincia

    acentuada, hipotireoidismo e cretinismo, que se

    caracteriza por deficincia mental e do crescimento,

    ocorrendo quando as crianas que vivem na regies

    com deficincia de iodo no so tratadas com iodo

    ou hormnio tireoidiano para restaurar os nveis

    normais desse hormnio durante o incio da vida. A

    deficincia concomitante de selnio tambm pode

    contribuir para as manifestaes neurolgicas do

    cretinismo.

    Lamentavelmente, porm, a deficincia de iodocontinua sendo a causa mais comum de deficincia

    mental previnvel. Alm do cretinismo evidente, uma

    ligeira deficincia de iodo pode acarretar sutil

    reduo do QI. O suprimento de iodo, por meio de

    alimento enriquecidos com iodo (moluscos, algas

    marinhas) est associado a maior incidncia de

    doena autoimune da tireoide.

    ORGANIFICAO, ACOPLAMENTO, ARMAZENAMENTO

    E LIBERAO

    Depois que o iodo penetra na tireoide, captado e

    transportado at a membrana apical das clulas

    foliculares tireoidianas, onde oxidado em uma

    reao de organificao que envolve TPO e perxido

    de hidrognio.

    O tomo de iodo reativo acrescentado a Tg e a

    seguir as iodotirosinas na Tg so acopladas por meio

    de uma reao catalisada pela TPO. Tanto T4quanto

    T3podem ser produzidos por essa reao,

    dependendo do nmero de tomos de iodo

    presentes nas iodotirosinas. Aps seu acoplamento,

    a Tg levada de volta para a clula tireoidiana onde

    processada nos lisossomos para liberar T3e T4.

    As monoiodotirosinas e diiodotirosina (MIT e DIT)

    no acopladas so desiodadas, reciclando desse

    modo qualquer iodo que no tenha sido

    transformado em iodos tireoidianos.

    Os distrbios da sntese de hormnios tireoidianos

    so causas raras de hipotireoidismo congnito. Agrande maioria desses distrbios decorrente de

    mutaes recessivas na TPO ou Tg. Por causa do

    defeito biossinttico, a glndula incapaz de

    sintetizar quantidades adequadas de hormnios

    tireoidianos.

    FATORES INFLUENCIADORES DA SNTESE E LIBERAO

    DOS HORMNIOS

    O TSH regula a funo da tireoide por meio de

    protena G estimuladora, que ativa adenilil ciclase,resultando em maior produo de AMP cclico, assim

    como estimula a renovao de fosfatidil-inositol por

    ativar a fosfolipase C.

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    O TSH o regulador hormonal dominante do

    crescimento e da funo da tireoide, porm ampla

    variedade de fatores de crescimento, a maioria deles

    produzida localmente na prpria glndula, tambm

    influencia a sntese de hormnios tireoidianos;

    IGF1: Na acromegalia, os maiores nveis

    desse fator esto associados ao bcio e

    predisposio para o bcio multinodular.

    Fator de crescimento epidrmico, TGF-B,

    endotelinas e vrias citocinas: Certas

    citocinas e interleucinas, produzidas em

    associao com a doena tireoidiana

    autoimune, induzem o crescimento da

    tireoide, enquanto outras induzem apoptose.

    A deficincia de iodo induz o aumento no fluxo

    sanguneo para a tireoide assim como uma supra-

    regulao do NIS, estimulando uma captao maiseficiente do iodo. O excesso de iodo inibe

    transitoriamente a organificao do iodo na tireoide,

    fenmeno conhecido como efeito Wolff-Chaikoff.

    TRANSPORTE E METABOLISMO DOS HORMNIOS

    TIREOIDIANOS

    A T4 secretada pela tireoide em um excesso de

    aproximadamente 20 vezes em relao ao T3. Ambos

    os hormnios esto ligados s protenas plasmticas,

    como TBG, transtiretina (TTR) e albumina. As

    protenas plasmticas de ligao fazem aumentar o

    reservatrio de hormnio circulante, retardam a

    depurao hormonal e podem modular o

    fornecimento do hormnio para certos locais

    teciduais.

    A concentrao da TGB(proteina ligadora de tiroxina)

    relativamente baixa, porm, em virtude de sua alta

    afinidade pelos hormnios tireoidianos (T4>T3),

    carreia cerca de 80% dos hormnios ligados. A

    albumina possui uma atividade relativamente baixapelos hormnios tireoidianos, porm possui alta

    concentrao plasmticae fixa at 10% de T4e 30% da

    T3. TTR carreia cerca de 10% de T4, porm pouca T3.

    Como a T3 menos firmemente ligada que a T4, a

    frao de T3livre maior que a de T4livre, porm

    existe menos T3no ligada na circulao, uma vez

    que ela produzida em menores quantidades e

    depurada mais rapidamente do que a T4. Admite-se

    que o hormnio no ligado (livre) torna-se

    biologicamente disponvel para os tecidos.Entretanto, os mecanismo homeostticos que

    regulam o eixo tireoidiano so dirigidos

    manuteno das concentraes normais dos

    hormnios livres.

    ANORMALIDADES DAS PROTENAS DE LIGAO DOS

    HORMNIOS TIREOIDIANOS

    Deficincia de TBG: Nveis muito baixos de T3e T4, no

    entanto, como os nveis dos hormnios no ligados

    so normais, os pacientes so eutireoidianos, e osnveis de TSH se mostram normais; Tentativa de

    normalizao de T4resultaria em tireotoxicose e seria

    intil por causa da rpida depurao hormonal na

    ausncia de TGB.

    Mulheres grvida ou em uso de contraceptivos orais:

    Os nveis de TBG so elevados pelo estrgenio, o que

    aumenta a sialilao e retarda a depurao de TBG.

    Consequentemente, a TBG elevada aumenta os nveis

    totais de T4e T3, entretanto os nveis de T4e T3esto

    normais; Essas caractersticas fazem parte daexplicao pela qual as mulheres com hipotireoidismo

    necessitam de maiores quantidades de reposio de l-

    tiroxina, visto que os nveis de TBG esto aumentados.

    Hipertiroxinemia eutireoidiana: Mutaes em TBG,

    TTR e albumina podem aumentar a afinidade de

    ligao para T4e/ou T3. Esses distrbios resultam em

    maiores quantidades de T4e/ou T3totais, porm os

    nveis de hormnios livres mantm se normais. A

    natureza familiar do distrbio e o fato de que os nveis

    de TSH so normais em vez de suprimidos deveriam

    sugerir esse diagnstico. Frmaco como propanolol e

    amiodarona podem ser responsveis por essa

    condio.

    DESIODADES

    A T4pode ser considerada um precursos para a T3,

    mais potente, sendo transformada na T3pelas

    enzimas desiodases. A desiodase tipo I, que se

    localiza principalmente na tireoide, fgado e nos rins,

    possui afinidade baixa pela T4. As desiodase II possuiuma afinidade mais alta pelo T4, sendo encontrada

    principalmente na hipfise, crebro, gordura marrom

    e tireoide.

    A expresso da desiodase tipo II permite regular

    localmente as concentraes de T3, propriedade que

    pode ser importante no contexto da reposio de

    levotiroxina (T4). A desiodase tipo II tambm

    regulada pelo hormnio tireoidiano; o

    hipotireoidismo induz enzima, resultando em

    converso acelerada de T4em T3nos tecidos, como

    crebro e hipfise.

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    A converso de T4em T3 prejudicada pelo jejum,

    enfermidade sistmica, traumatismo agudo, agentes

    de contraste orais, e em ampla variedade de

    medicaes (p.ex., propiltiouracila, propanolol,

    amiodarona, glicocorticoides).

    A desiodase tipo III inativa T4e T3, sendo a fonte mais

    importante de T3reverso (rT3).

    AO DO HORMNIO TIREOIDIANO

    Os hormnio tireoidianos circulantes penetram nas

    clulas por difuso passiva e por meio de

    transportadores especficos. Aps penetrarem nas

    clulas, os hormnios tireoidianos atuam

    principalmente por meio dos receptores nucleares,

    embora tenham aes no gnomicas tambm.

    Os receptores de hormnios tireoidianos nucleares

    (TR) se expressam na maioria dos tecidos,pormseus nveis relativos de expresso variam entre os

    rgos. O T3 ligado com uma afinidade 10-15 vezes

    maior que o T4, o que explica sua maior potncia

    hormonal. Apesar de a T4ser produzida em maiores

    quantidades que a T3, os receptores so ocupados

    principalmente pela T3, refletindo a converso de T4

    em T3pelos tecidos perifricos, maior

    disponibilidade da T3no plasma e maior afinidade

    dos receptores pela T3. Os hormnios tireoidianos

    possuem diversas funes, entre elas:

    Aumentam o consumo de oxignio e a

    produo de calor em todos os tecidos

    menos crebro, bao e testculos;

    Aumentam a captao de glicose pelos

    tecidos perifricos, glicogenlise,

    gliconeognese e a degradao de insulina;

    Aumentam a liplise;

    Estimulam a sntese e degradao do

    colesterol- a degradao acaba sobrepondo a

    sntese; Aumentam a protelise;

    Aumentam a absoro de clcio e a

    reabsoro ssea;

    Ao direta no miocrdioaumento dos

    receptores beta adrenrgicos (efeito

    inotrpico e cronotrpico positivo, aumento

    do dbito sistlico e frequncia cardaca);

    Vasodilatao;

    Estimulam a eritropoieseaumento da

    produo de eritropoietina (pelo aumento doconsumo de oxignio), mas como h aumento

    paralelo da volemia o hematcrito normal;

    Convertem o caroteno em vitamina A;

    Estmulo do sistema nervoso central (SNC)-

    rapidez de raciocnio e maior capacidade de

    concentrao;

    Atividade neuromuscular- estimulam

    reflexos tendinosos e a capacidade de

    contrao muscular;

    Aumentam a sensibilidade da reao

    catecolamina- receptor; Aumentam a motilidade da musculatura lisa;

    Irregularidades menstruais, menorragia, que

    pode cessar, diminuio da fertilidadee

    aumento do risco de abortamentos;

    LH e FSH geralmente so normais, mas os

    ciclos so geralmente anovulatrios;

    Em homens, diminuio da libido, disfuno

    ertil e oligoespermia;

    Aumento da PRL moderada (por aumento

    produo TRH); H maior converso dos andrgenos

    estrgenos - o estmulo da produo de

    estrgenos a partir de andrgenos parece ser

    o responsvel pela presena de ginecomastia,

    encontrada em 10% dos tireotxicos e pela

    irregularidade menstrual nas mulheres.

    Imprescindveis para o crescimento e

    maturao celular, principalmente nas

    crianascarncia acarreta malformao

    ssea, pequeno crescimento, retardo mental

    pela pequena maturao celular e pequeno

    tamanho cerebral.

    Resistncia ao hormnio tireoidiano (RTH): um

    distrbio autossmico dominante caracterizado por

    nveis elevados desse hormnio e um TSH

    inadequadamente normal ou elevado. Em geral, os

    indivduos no exibem sinais e sintomas tpicos do

    hipotireoidismo, pois a resistncia hormonal

    compensada pelos maiores nveis de hormnio

    tireoidiano. As caractersticas clnicas da RTH podemincluir bcio, distrbio com dficit de ateno, ligeira

    reduo no QI, maturao esqueltica retardada,

    taquicardia e respostas metablicas prejudicas ao

    hormnio tireoidiano. O diagnstico suspeitado

    quando os nveis de hormnios tireoidianos livres

    mostram-se aumentados sem supresso do TSH. No

    h indicao para qualquer tratamento; a importncia

    de fazer o diagnstico reside em evitar o tratamento

    inapropriado de um hipertireoidismo equivocado e

    proporcionar aconselhamento gentico.EXAME FSICO

    Alm do exame da tireoide, o exame fsico deve incluir

    uma busca de possveis sinais de funo tireoidiana

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    anormal bem como das caractersticas

    extratireoidianas de oftalmopatia e dermopatia.

    O exame do pescoo deve comear pela inspeo

    frontal e lateral do paciente sentado, observando

    quaisquer cicatrizes cirrgicas, massas bvias ou veias

    distentidas. A tireoide pode ser palpada por ambas as

    mos por detrs ou colocando-se adiante do paciente,

    utilizando os polegares para palpar cada lobo.

    O pescoo do paciente deve ser flexionado

    ligeiramente para relaxar seu msculos. Aps localizar

    a cartilagem cricide, o istmo pode ser identificado e

    acompanhado lateralmente a fim de localizar cada

    lobo (normalmente, o lobo direito ligeiramente

    maior que o esquerdo). Pedindo ao paciente que

    degluta goles de gua, a consistncia da tireoide pode

    ser mais bem reconhecida quando a glndula se

    movimenta por debaixo dos dedos do examinador.

    Os elementos a serem assinalados so o tamanho,

    consistncia da tireoide e qualquer hipersensibilidade

    ou fixao da tireoide. Deve ser feita uma estimativa

    do tamanho da tireoide (normalmente pesa 12-20g),

    entretanto, a ultrassonografia o mtodo de escolha

    quando se mostra importante determinar com

    exatido o tamanho da glndula.

    Um sopro sobre a glndula indica maior

    vascularizao, como ocorre no hipertireoidismo. Se

    as bordas inferiores dos lobos da tireoide no forem

    percebidas claramente, pode existir um bcio

    mergulhante. Os grandes bcios mergulhantes

    podem acarretar distenso venosa no pescoo e

    dificuldade respiratria, especialmente quando os

    braos so erguidos (sinal de Pembertom).

    Com qualquer massa central acima da tireoide, a

    lngua deve ser colocada em extenso, pois os cistos

    tireoglossos se deslocam para cima. O exame da

    tireoide no ter sido completo sem uma avaliaopara a possvel presena de linfadenopatia nas regies

    supraclavicular e cervical do pescoo.

    AVALIAO LABORATORIAL

    MENSURAO DOS HORMNIOS TIREOIDIANOS

    Primeiramente, se determina se o TSH est

    suprimido, normal ou elevado. Com raras excees,

    um nvel normal de TSH exclui uma anormalidade

    primria da funo tireoidiana. O teste de escolha o

    ensaio imunoquimiluminomtrico (ICMA).

    O achado de um nvel anormal de TSH deve ser

    acompanhado pelas mensuraes dos nveis

    circulantes de hormnios tireoidianos a fim de

    confirmar o diagnstico de hipertireoidismo (TSH

    suprimido) ou de hipotireoidismo (TSH elevado).

    Esto amplamente disponveis radioimunoensaios

    para os nveis srios de T4total e T3total.

    T4e T3exibem alta ligao s protenas, e inmeros

    fatores (enfermidade, medicaes, fatores genticos)

    podem influenciar a ligao s protenas. Por isso,

    til medir os nveis hormonais livres, quecorrespondem ao reservatrio de hormnios

    biologicamente disponveis. Dois mtodos so usados

    para medir os hormnios tireoidianos livres:

    1. Competio dos hormnios tireoidianos livres

    com a T4radiomarcada (ou a um anlogo)

    pela ligao a um anticorpo de fase slida.

    2. Separao fsica da frao hormonal livre por

    ultracentrifugao ou dilise de equilbrio.

    Um mtodo indireto para estimar os nveis dehormnios tireoidianos livres consiste em calcular o

    ndice de T3ou T4livre a partir da concentrao total

    de T4ou T3e a relao de ligao dos hormnios

    tireoidianos (THBR)a ligao de T3marcada resina

    aumenta quando existe um nmero reduzido de locais

    no ocupados s protenas (p.ex., deficincia de TBG)

    ou maior quantidade de hormnio tireoidiano total na

    amostra; O produto de THBR e a T3ou T4total

    proporcionam o ndice de T3ou T4livre.

    Os nveis de hormnios tireoidianos ficam elevados

    quando a TBG aumenta em virtude de estrognios

    (gestao, contraceptivos orais, terapia hormonal,

    tamoxifeno) e reduzidos quando a fixao de TBG

    menor (andrognios, sndrome nefrtica).

    Para a maioria das finalidades, o nvel de T4livre

    suficiente para confirmar a tireotoxicose, porm 2 a

    5% dos pacientes possuem apenas o T3elevado.

    Assim, os nveis de T3livres devem ser medidos nos

    pacientes com TSH suprimido, porm com nveisnormais de T4livre.

    Apesar de o hipotireoidismo ser a causa mais

    comum de um nvel elevado de TSH, as causas raras

    consistem em um tumor hipofisrio secretor de TSH,

    resistncia aos hormnios tireoidianose artefato de

    ensaio. Inversamente, um nvel suprimido de TSH,

    indica habitualmente tireotoxicose, mas pode ser

    observado durante o primeiro trimestre de gestao

    (por causa da secreo de hCG), aps o tratamento

    do hipertireoidismo (pois o TSH pode continuarsuprimido por vrios meses) e em resposta a certas

    medicaes (p.ex., altas doses de glicocorticoides ou

    dopamina).

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    Ainda mais importante, o hipotireoidismo

    secundrio, causado por doena hipotalmica-

    hipofisria, est associado a um nvel de TSH varivel

    (baixo a alto-normal), inapropriado para o nvel de T4

    baixo.Por conseguinte, o TSH no deve ser usado

    como exame laboratorial isolado para avaliar a

    funo tireoidiana em pacientes com doena

    hipofisria suspeitada ou desconhecida.TESTES PARA DETERMINAR A ETIOLOGIA DA

    DISFUNO TIREOIDIANA

    A doena tireoidiana autoimune identificada mais

    facilmente medindo os anticorpos circulantes contra

    TPO e Tg. Sabendo que os anticorpos para Tg

    isoladamente so incomuns, seria razovel medir

    apenas os anticorpos para TPO. Quase todos os

    pacientes com hipotireoidismo autoimune e at 80%

    dos com doena de Graves possuem anticorpos TPO,

    habitualmente em altos nveis.

    As TSI (imunoglobulinas tireoestimulantes) so

    anticorpos que estimulam o TSH-R na doena de

    Graves. A principal indicao para esses ensaios

    consiste em prever a tireotoxicose neonatal causada

    por altos nveis maternos de TSI no ltimo trimestre

    de gestao.

    Os nveis sricos de Tg mostram-se maiores em todos

    os tipos de tireotoxicose, exceto a tireotoxicose

    factciacausada pela auto administrao de

    hormnio tireoidiano. Os nveis de Tg ficam maiores

    particularmente na tireoidite, refletindo a destruio

    do tecido tireoidiano e a liberao de Tg. Entretanto,

    a mensurao de Tg tem seu principal papel no dos

    pacientes com cncer de tireoide. Aps a

    tireoidectomia total e radioablao, os nveis de Tg

    devem ser indetectveis;na ausncia de anticorpos

    anti-Tg, os nveis mensurveis indicam uma ablao

    incompleta ou recidiva do cncer.

    CAPTAO DE IODO RADIOATIVO E CINTILOGRAFIA

    DA TIREOIDE

    A imagem nuclear da doena de Graves caracteriza-

    se por uma glndula aumentada e maior captao do

    marcador (I123, I125ou I131) que se distribui

    homogeneamente. Os adenomas txicos aparecem

    como reas focais de maior captao, com captao

    do marcador suprimida no restante da glndula. No

    BMN txico, a glndula aumenta de volumena

    maioria das vezes, com arquitetura distorcida, eexistem mltiplas reas de captao do marcador

    relativamente aumentada ou diminuda. A tireoidite

    subaguda est associada a uma captao muito baixa

    por causa do dano s clulas foliculares e supresso

    de TSH.

    A utilizao da puno aspirativa por agulha fina

    (PAAF) um mtodo para a avaliao de ndulos

    tireoidianos solitrios.

    A cintilografia de tireoide usada tambm no

    acompanhamento do cancr dessa glndula. Aps atireoidectomia e ablao utilizando I131, haver

    menor captao de iodo radioativo no leito da

    tireoide, o que torna possvel a identificao dos

    depsitos metastticos do cncer de tireoide que

    conservam a capacidade de transportar iodo.

    ULTRASSONOGRAFIA DE TIREOIDE

    utilizada com frequncia cada vez maior para

    ajudar a fazer o diagnstico de doena nodular da

    tireoide, com qualidade de imagem excelente,tornando possvel a identificao de ndulos e cistos

    > 3 mm.Alm de detectar ndulos tireoidianos, a USG

    mostra-se til para monitorar o tamanho dos ndulos

    e para a aspirao de ndulos ou leses csticas, por

    meio da bipsia PAAF. A ultrassonografia tambm

    utilizada na avaliao do cncer recorrente de

    tireoide, incluindo a disseminao para linfonodos

    cervicais.

    HIPOTIREOIDISMO

    A deficincia de iodo continua sendo a causa mais

    comum do hipotireoidismo em todo o mundo. Nas

    reas com suficincia de iodo, a doena autoimune

    (tireoidite de Hashimoto) e as causas iatrognicas

    (tratamento do hipertireoidismo) so mais comuns.

    HIPOTIREOIDISMO CONGNITO

    Pode ser transitrio, especialmente quando a me

    possui anticorpos bloqueadores de TSH-R ou se

    recebeu agentes antitireoidianos, porm o

    hipotireoidismo permanente ocorre na maioria

    deles. As anormalidades desenvolvimentais so duas

    vezes mais comum em meninas.

    A maioria dos lactentes parece normal por ocasio

    do nascimento e menos de 10% so diagnosticados

    com base nas caractersticas clnicas, queincluem

    ictercia prolongada, problemas alimentares,

    hipotonia, lngua aumentada de volume, maturao

    ssea retardada e hrnia umbilical. Ainda mais

    importante, se o tratamento for retardado oresultado ser umdano neurolgico permanente.As

    caractersticas tpicas do hipotireoidismo adulto

    tambm podem estar presentes e sero discutidas

    mais a frente. Outras malformaes congnitas,

  • 7/26/2019 Distrbios Da Glndula Tireoide

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    BRUNO GARRETT BENTO2013.1

    especialmente cardacas, so quatro vezes mais

    comuns no hipotireoidismo congnito.

    H programas de triagem neonatal, que geralmente

    se baseiam na mensurao dos nveis de TSH ou T4em

    amostras de sangue obtidas por puno do calcanhar.

    Quando o diagnstico confirmado, administra-se T4,

    que possui uma alta demanda durante o primeiro ano

    de vida e um alto nvel circulante de T4 necessriohabitualmente para normalizar os nveis de TSH.

    Quanto mais grave o hipotireoidismo e mais

    protelado o tratamento, maiores as chances de

    anormalidades neurodesenvolvimentais.

    HIPOTIREOIDISMO AUTOIMUNE

    O hipotireoidismo autoimune pode estar associado a

    bcio (tireoidite com bcioou de Hashimoto) ou, nos

    estgios subsequentes da doena, h um tecido

    tireoidiano residual mnimo (tireoidite atrfica). Comoo processo autoimune reduz gradualmente a funo

    tireoidiana, existe uma fase de compensao quando

    os nveis normais de hormnios tireoidianos so

    mantidos por elevao do TSH. Apesar de alguns

    pacientes poderem ter sintomas menos significativos,

    esse estado denominadohipotireoidismo

    subclnico. A seguir os nveis de T4livre caem, e os

    nveis de TSH sobem ainda mais; os sintomas

    tornam-se mais prontamente evidentes em tal

    estgio (habitualmente, TSH > 10 mIU/L), que recebea denominao dehipotireoidismo clnico ou

    hipotireoidismo bvio.

    A taxa de incidncia 4 vezes maior nas mulheres,

    sendo mais comum em certas populaes, como os

    japoneses, provavelmente por fatores genticos e de

    exposio crnica a dite rica em iodo. A mdia etria

    de 60 anos, e a prevalncia aumenta com a idade.

    Na tireoidite de Hashimoto, existe acentuada

    infiltrao linfoctica da tireoide com a formao decentros germinativos, atrofia dos folculos tireoidianos

    acompanhada por metaplasia oxiflica, ausncia de

    coloide e fibrose ligeira a moderada. Na tireoidite

    atrfica (estgio final da tireoidite de Hashimoto) a

    fibrose muito mais extensa, a infiltrao linfoctica

    menos pronunciada e os folculos tireoidianos esto

    quase completamente ausentes.

    O distrbio uma combinao de fatores gentico e

    ambientais. ocasionado por associaes genticas,

    que so compartilhadas por outras doenasautoimunes, o que pode explicar a relao entre

    hipotireoidismo autoimune, diabetes melito tipo I,

    doena de Addison, anemia perniciosa e vitiligo.

    Alta ingesta de iodo e a sndrome da rbeola

    congnita acarretam um risco maior de

    hipotireoidismo autoimune; Na tabela abaixo, pode se

    verificar os fatores de risco para se avaliar a tireoide:

    O incio costuma ser insidioso, e o paciente poder

    tornar-se ciente dos sintomas somente depois que o

    eutireoidismo for restaurado. Os paciente com

    tireoidite de Hashimoto podem apresentar-se em

    virtude do bcio e no dos sintomas. O bcio podeno ser volumoso, porm geralmente irregular e de

    consistncia firme. Com frequncia, mostra-se

    palpvel um lobo piramidal, que representa

    normalmente um vestgio do ducto tireoglosso.

    Pacientes no estgio final (tireoidite atrfica)

    apresentam os sinais e os sintomas de forma plena.

    A pele spera, espessada e seca, e observa-se

    reduo da transpirao. H reteno drmica de

    gua dando origem ao espessamento da pele sem

    depresso (mixedema); as caractersticas tpicasconsistem em uma face inchada com plpebras

    edemaciadas e edema pr-tibial no depressvel. O

    crescimento ungueal retardado, e os cabelos ficam

    secos, quebradios. Alm da alopcia difusa, observa-

    se adelgaamento do tero externo das sobrancelhas

    (sinal inespecfico).

    Outras caractersticas comuns so constipao e

    aumento de pesomoderado, devido principalmente a

    reteno de lquidos (apesar de apetite precrio).

    Libido reduzida e menorragia(oligomenorreia e

    amenorreia subsequentes), com nveis de prolactina

    moderamente maiores, fertilidade reduzida e

    aumento da incidncia de abortos. Bradicardia,

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    BRUNO GARRETT BENTO2013.1

    extremidades frias.Pode haver acmulo de lquido

    em vrias cavidades serosas(p.ex derrame

    pericrdico) e no ouvido mdio, dando origem a

    surdez condutiva. Em geral, a funo pulmonar

    normal, porm a dispnia, pode ser causada por

    derrame pleural, apnia do sono, etc.

    As sndromes do tnel do carpo e de outros tipos de

    encaceramento so comuns, o mesmo ocorrendocom o comprometimento da funo muscular com

    rigidez, cibras e dor. Relaxamento retardado dos

    reflexos tendinosos. Memria e concentrao

    afetadas. Os problemas neurolgicos mais raros

    consistem em ataxia cerebelar reversvel, demncia,

    psicose e coma mixedematoso. A voz roucae ,

    ocasionalmente, a fala desajeitada do hipotireoidismo

    refletem o acmulo de lquido na cordas vocais e na

    lngua.

    Alm de algumas associaes j citadas

    anteriormente, o hipotireoidismo pode estar

    associado mais comumente doena celaca,

    dermatite herpetiforme, hepatite ativa crnica, artrite

    reumatide, LES, miastenia grave e sndrome de

    Sjgren.

    O hipotireoidismo incomum em crianas e se

    manifesta habitualmente com crescimento lento ematurao facial retardada. O aparecimento dos

    dentes permanentes tambm retardado. Na maioria

    dos casos, a puberdade retardada, porm as vezes

    ocorre puberdade precoce.Pode-se observar

    deteriorao intelectual quando o incio ocorre antes

    dos 3 anos de idade e a deficincia hormonal grave.

    AVALIAO DO HIPOTIREOIDISMO

    Um nvel normal de TSH exclui o

    hipotireoidismo primrio (porm no a

    forma secundria).

    No indicado mensuraes de T3

    Se houver alguma dvida acerca da causa de

    um bcio associado a hipotireoidismo, a

    bipsia PAAF pode ser usada para confirmar a

    presena de tireoidite autoimune.

    Pode haver aumento de CPK, colesterol e TG e

    anemia (habitualmente normoctica ou

    macroctica).

    Exceto quando acompanhada por deficincia

    de ferro, a anemia e outras anormalidades

    regridem gradualmente com a reposio de

    tiroxina.

    Um bcio assimtrico na tireoidite de Hashimoto

    pode ser confundido com um bcio multinodular ou

    carcinoma de tireoide, nos quais podem estar

    presentes tambm anticorpos tireoidianos. USG e

    bipsia PAAF podem ser utilizados para o diagnstico

    diferencial.

    A deficincia de iodo responsvel pelo bcio

    endmico e cretinismo, sendo, porm uma causa

    incomum de hipotireoidismo em adultos, a menos

    que a ingesto de iodo seja muito baixa ou estejam

    presentes fatores intercorrentes, como o consumo detiocianatos presentes na mandioca ou deficincia de

    selnio.

  • 7/26/2019 Distrbios Da Glndula Tireoide

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    BRUNO GARRETT BENTO2013.1

    Paradoxalmente, o excesso crnico de iodo tambm

    pode induzir ao bcio e hipotireoidismo. Outros

    frmacos, particularmente o ltio, tambm pode

    causa o hipotireoidismo.

    O hipotireoidismo secundrio diagnosticado

    habitualmente no contexto de outras deficincias

    dos hormnios da hipfise anterior; a deficincia

    isolada de TSH muito rara. Os nveis de TSH podemser baixos, normais ou mesmo ligeiramente

    aumentados. O diagnstico confirmado pela

    identificao de um nvel baixo de T4livre.

    O tratamento do hipotireoidismo consiste na

    reposio diria de levotiroxina, com a dose variando

    de acordo com a condio clnica do paciente. A dose

    deve ser ajustada tendo como base os nveis de TSH,

    consistindo o objetivo do tratamento em um TSH

    normal, preferencialmente na metade inferior do

    valor de preferncia. O aparecimento dos efeitos

    clnicos lento; os pacientes podem no obter um

    alvio pleno dos sintomas em at 6 mesesaps a

    restaurao dos nveis normais de TSH.Os pacientes

    com o tratamento com quantidades excessivas de T4,

    correm maior risco de fibrilao atrial e densidade

    ssea reduzida.

    No hipotireoidismo subclnico no h recomendao

    de tratamento de rotina quando os nveis de TSH

    esto abaixo de 10 mU/L. importante confirmar quequalquer elevao do TSH persistiu por um perodo de

    3 meses antes de iniciar o tratamento.

    Pode ser necessrio aumentar a dose de levotiroxina

    em 50% ou mais durante a gravidez e retornar aos

    nveis precedentes aps o parto. Os pacientes idosos

    podem necessitar de at 20% menos tiroxina que os

    pacientes mais jovens.

    COMA MIXEDEMATOSO

    Ainda comporta grande taxa de mortalidade, noobstante o tratamento intensivo. As manifestaes

    incluem um nvel de conscincia reduzido, s vezes

    associado a crises convulsivas, assim como outras

    caractersticas do hipotireoidismo. A hipotermia pode

    alcanar 23.

    Pode haver histria de hipotireoidismo tratado com

    adeso precria, ou ento o paciente pode no ter

    sido diagnostico previamente. O coma mixedematoso

    ocorre quase sempre no idoso e costuma ser

    desencadeado por fatores que afetam a respirao,

    como certos medicamentos (especialmente sedativos,

    anstesicos, antidepressivos), pneumonia,

    insuficincia cardaca congestiva, infarto do

    miocardio, sangramento gastrintestinal ou acidentes

    vasculares enceflicos. A sepse tambm deve ser

    suspeitada. A exposio ao frio tambm pode ser um

    fator de risco. A hipoventilao, que resulta em

    hipoxia e hipercapnia, desempenha papel

    proeminente na patogenia.

    Inicialmente, a levotiroxina pode ser administrada

    como uma nica injeo IV de 500 microgramas, quefunciona como dose de ataque. No h necessidade

    absoluta de levotiroxina adicional por vrios dias. A

    terapia de apoio deve ser proporcionada para corrigir

    qualquer distrbio metablico associado:

    Aquecimento externo quando a temperatura

    inferior a 30C.

    Hidrocortisona parenteral, visto que existe

    uma reserva suprarrenal comprometida no

    hipotireoidismo profundo. Uso precoce de antibiticos na suspeita de

    infeco.

    O apoio ventiltorio com gasometria regular

    costuma ser necessrio nas primeiras 48h.

    Evitar o uso de lquidos IV hipotnicos, e

    certos medicamentos, como sedativos, pois o

    metabolismo da maioria das medicaes

    prejudicado.

    TIREOTOXICOSE

    definida como o estado de excesso de hormnios

    tireoidianos e no o mesmo que hipertireoidismo,

    o qual representa o resultado de uma funo

    tireoidiana excessiva. Entretanto, as principais

    etiologias da tireotoxicose so o hipertireoidismo

    causado pela doena de Graves, o BMN txico e os

    adenomas txicos.

    Tireotoxicose sem hipertireoidismoTireoidite

    subaguda, uso de amiodarona, irradiao,

    tireotoxicose factcia.

    DOENA DE GRAVES

    responsvel por 60 a 80% dos casos de

    tireotoxicose. A prevalncia varia entres as

    populaes, refletindo fatores genticos e a ingesto

    de iodo (uma alta ingesto de iodo est associada

    maior prevalncia da doena de Graves). Ocorre com

    uma frequncia 10x maior nas mulheres.O distrbio

    raramente comea antes da adolescncia e

    observado entre os 20 e 50 anos de idade; podeocorrer tambm em idosos.

    Uma combinao de fatores ambientais e genticos

    contribui para a suscetibilidade doena de Graves. A

  • 7/26/2019 Distrbios Da Glndula Tireoide

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    BRUNO GARRETT BENTO2013.1

    evidncia indireta sugere que oestresse um

    importante fator ambiental, funcionando

    presumivelmente por meio dos efeitos

    neuroendcrinos sobre o sistema imune.

    Observa-se um aumento de 3 vezes na ocorrncia

    dessa doena no perodo ps-parto.

    O hipertireoidismo da doena de Graves causadopelas TSI sintetizadas na tireoide, assim como na

    medula ssea e nos linfonodos. Na gravidez, os altos

    nveis de TSI na gravidez podem atravessar a

    placenta e causar tireotoxicose neonatal. Os

    anticorpos contra TPO existem em at 80% dos casos;

    a longo prazo, o hipotireoidismo autoimune

    espontneo pode manifestar-se em at 15% dos

    pacientes com doena de Graves.

    As citocinas parecem desempenhar um papel

    proeminente na oftalmopatiaassociada tireoide; hum estmulo a maior sintese de glicosaminoglicanos

    que aprisionam gua, resultando dessa forma na

    tumefao celular caracterstica. Nas fases

    subsequentes da doena, observa-se fibrose

    irreversvel dos msculos. O aumento da presso

    intraorbitria pode resultar em proptose, diploplia e

    neuropatia ptica.

    Os sinais e sintomas incluem caractersticas comuns a

    qualquer causa de tireotoxicose, assim como as

    especficas da doena de Graves. A manifestao

    clnica depende da gravidade da tireotoxicose,

    durao da doena, suscetibilidade individual ao

    excesso de hormnio tireoidiano e idade do paciente.

    Nos idosos, as caractersticas de tireotoxicose podem

    ser sutis ou mascaradas, podendo os pacientes

    apresentar-se principalmente com fadiga e perda de

    peso, condio conhecida como tireotoxicose

    aptica.

    A tireotoxicose pode acarretar perda de pesoinexplicvel, no obstante o maior apetite, em

    virtude da maior taxa metablica. Outras

    caractersticas proeminentes incluem hiperatividade,

    nervosismo e irritabilidade, que acabam resultando

    em uma certa sensao de fadigabilidade fcil em

    alguns pacientes. A insnia e concentrao

    prejudicadas so comuns. A tireotoxicose aptica

    pode ser confundida com depresso no idoso.

    Tremor fino, hiperreflexia, desgaste muscular e

    miopatia proximal sem fasciculaes. Algumas vezes

    a tireotoxicose est associada a uma forma de

    paralisia peridica hipopotassmica, distrbio

    particularmente comum em homens asiticos.

    A manifestao cardiovascular mais comum a

    taquicardia sinusal, associada frequentemente a

    palpitaes, causadas ocasionalmente por taquicardia

    supraventricular. O alto dbito cardaco produz um

    pulso intenso, presso de pulso divergente e um

    sopro sistlico artico que pode resultar em

    agravamento da angina ou da insuficincia cardaca

    no idoso ou naqueles com cardiopatia preexistente.A fibrilao atrial mais comum nos pacientes com

    mais de 50 anos de idade.

    A pele apresenta-se habitualmente quente e mida e

    o paciente pode queixar-se de sudorese e

    intolerncia ao calor. Eritema palmar, oniclise e,

    menos comumente prurido, urticria e

    hiperpigmentao difusa podem ser observados. A

    textura dos pelos pode tornar-se mais fina, e

    alopcia difusa ocorre em at 40% dos pacientes. O

    tempo de trnsito gastrintestinal reduzido, dandoorigem a maior frequncia de evacuaes, na maioria

    das vezes diarreia. As mulheres experimentam com

    frequncia oligomenorreia ou amenorreia;nos

    homens, podese constatar funo sexual

    prejudicada e, raramente, ginecomastia.

    Pode haver osteopeniana tireotoxicose de longa

    durao; hipercalciria. A retrao palpebral, que

    acarreta um aspecto de olhar fixo com olhos

    arregalados pode ocorrer em qualquer forma de

    tireotoxicose, entretanto, a doena de Graves estassociada a sinais oculares especficos que constituem

    a oftalmopatia de Graves.O nicio dessa condio

    ocorre ao longo do ano precedente ou aps fazer o

    diagnstico de tireotoxicose em 75% dos pacientes.

    Os msculos extra-oculares aumentados,tpicos da

    doena, e outras caractersticas sutis podem ser

    detectados em quase todos os pacientes quando

    investigados pela US ou por imagens da TC das

    rbitas. As manifestaes mais precoces so

    sensao de arenosidade, desconforto ocular e

    lacrimejamento excessivo. Cerca de 33% dos

    pacientes exibem proptose, nos casos mais graves

    pode causar exposio e dano da crnea,

    especialmente quando as plpebras no se fecham

    durante o sono.

    Edema periorbitrio, injeo das esclerticas e

    quemose tambm so frequentes. Pode haver

    diplopia e a manifestao mais grave a compresso

    do nervo ptico no pice da rbita, resultando empapiledema, defeitos nos campos perifricos e se

    no for tratada, perda permanente da viso.

  • 7/26/2019 Distrbios Da Glndula Tireoide

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    BRUNO GARRETT BENTO2013.1

    A dermopatia tireoidianaocorre em menos de 5%

    dos pacientes com a doena de Graves, quase sempre

    na presena de uma oftalmopatia moderada a grave.

    So mais frequentes sobre as sperficie anterior e

    lateral da perna, da a denominao mixedema pr-

    tibial.A leso tpica uma placa sem inflamao,

    endurecida com uma colorao rosada ou prpura

    intensa e um aspecto casca de laranja .A acropatia tireoidianarefere-se a uma forma de

    baqueateamento dos dedos observado em menos de

    1% dos pacientes. Est associada to firmemente a

    dermopatia tireoidiana que uma causa alternativa de

    baqueteamento dos dedos deve ser procurada em

    um paciente com doena de Graves, porm sem

    acometimento cutneo e orbitrio concomitante.

    Na doena de Graves, a tireoide costuma ficar

    difusamente aumentadapara duas ou trs vezes o

    seu tamanho normal. A consistncia firme, porm

    muito menos que no BMN. Pode haver um frmito

    ou sopro, pelo aumento da vascularizao da glndulae circulao hiperdinmica.

    As investigaes usadas para determinar a existncia

    e a causa da tireotoxicose esto resumidas na figura:

    O diagnstico da doena de Graves simples empacientes com tireotoxicose bioquimicamente

    confirmada, bcio difuso palpao, oftalmopatia e,

    com frequncia, histria familiar ou pessoal de

    distrbios autoimunes.

    Para os pacientes com tireotoxicose que no exibem

    essas caractersticas, o mtodo diagnstico mais

    confivel consiste em determinar a TSI. Uma

    alternativa realizar uma cintilografia com

    radionucldios da tireoide, que diferencia a captao

    difusa e intensa na doena de Graves da doena

    tireoidiana nodular, da tireoidite destrutiva, do

    tecido tireoidiano ectpico e da tireotoxicose

    factcia.

    No hipertireoidismo secundrio devido a tumor

    hipofisrio secretor de TSH, existe tambm um bcio

    difuso. Um nvel de TSH no suprimido e o achado de

    um tumor hipofisrio TC ou RM identificam

    prontamente esses pacientes.

    As manifestaes clnicas da tireotoxicose podem

    simular certos aspectos de outros distrbios,

    incluindo ataques de pnico, mania, feocromocitoma

    e perda de peso associada a neoplasia maligna.

    Cerca de 15% dos pacientes que entram em remisso

    aps o tratamento com agentes antitireoidianos

    desenvolvem hipotireoidismo 10-15 anos depois

    como resultado do processo autoimune destrutivo.

  • 7/26/2019 Distrbios Da Glndula Tireoide

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    BRUNO GARRETT BENTO2013.1

    A evoluo clnica da oftalmopatia no mantm

    paralelismo com a da doena tireoidiana(H uma

    piora inicial, seguida de um plat, com melhora

    espontnea). A dermopatia tireoidiana, quando

    ocorre, manifesta-se habitualmente 1-2 anos aps o

    surgimento do hipertireoidismo da doena de Graves,

    podendo melhorar espontaneamente.

    O tratamento consiste nareduo da sntese dehormnios tireoidianos, utilizando agentes

    antitireoidianos ou reduzindo a quantidade de tecido

    tireoidiano pelo tratamento com iodo radioativo

    (I131) ou pela tireoidectomia. Nenhuma abordagem

    isolada ideal e o spacientes podem necessitar de

    vrios tratamentos para conseguir remisso.

    Os principais agentes antitireoidianos so

    propiltiouracila, carbimazol e metimazol, que inibem

    a funo de TPO, reduzindo a oxidao e

    organificao do iodo. A dose inicial dos agentes

    antitireoidianos pode ser reduzida gradualmente

    medida que melhora a tireotoxicose; como

    alternativa, as altas doses podem ser administradas

    combinadas com suplementao de levotiroxina para

    evitar o hipotireoidismo frmaco-induzido.

    As provas de funo tireoidiana e as manifestaes

    clnicas devem ser revistas 3-4 semanas aps iniciar o

    tratamento, e a dose ser titulada com base nos nveis

    de T4. Todos os pacientes devem ser acompanhadosatentamente para uma possvel recidiva durante o

    primeiro ano aps o tratamento e pelo menos a cada

    ano da em diante.

    O propanolol ou os beta bloqueadores de ao

    prolongada, como o atenolol, podem ser teis para

    controlar os sintomas adrenrgicos,especialmente

    nos estgios iniciais, antes de serem observados os

    efeitos dos agentes antitireoidianos.

    O iodo radioativo causa progressiva destruio dasclulas tireoidianas, podendo ser usado como

    tratamento inicial ou para as recidivas aps um

    ensaio com agentes antitireoidianos.Existe um

    pequeno risco de crise tireotxica aps a

    administrao do iodo radioativo, que pode ser

    minimizado pelo tratamento prvio com agente

    tireoidianos por pelo menos 1 ms antes do

    tratamento. Os agentes antitireoidianos devem ser

    suspensos com uma determinada antecedencia

    (dependendo do agente escolhido) de forma a

    conseguir uma captao tima do iodo.

    O hipertireoidismo pode persistir por 2-3 meses antes

    de ser observado o efeito pleno do iodo radioativo.

    Por esse motivo, os bloqueadores betaadrenrgicos

    ou agentes antitireoidianos podem ser usados para

    controlar os sintomas durante esse perodo. A

    gravidez e a amamentao so contraindicaes

    absolutas ao tratamento com iodo radioativo.

    A tireoidectomia subtotal ou quase total constitui

    uma opo para os pacientes que sofrem recidiva

    aps a administrao de agentes antitireoidianos eque preferem esse tratamento ao iodo radioativo. O

    minucioso controle da tireotoxicose com agentes

    antitireoidianos acompanhados por iodeto de

    potssio, necessrio antes da cirurgia, para evitar

    uma crise tireotxica e reduzir a vascularizao da

    glndula.

    O esquema de titulao dos agentes antitireoidianos

    deve ser utilizado para controlar a doena de Graves

    na gestao, visto que as doses bloqueadoras desses

    agentes causam hipotireoidismo fetal. A droga de

    escolha a propiltiouracila, sendo contraindicado os

    outros agentes.

    Em crianas, o tratamento de escolha so os agentes

    antitireoidianos, com indicao de cirurgia ou iodo

    radioativo em casos graves.

    A crise tireotxica, ou tempestade tireoidiana,

    manifestam-se com a exacerbao do

    hipertireoidismo capaz de ameaar a vida,

    acompanhada por febre, delirium, crises convulsivas,

    coma, vmitos, diarria e ictercia.A taxa de

    mortalidade devida insuficincia cardaca, arritimia

    ou hipertermia pode alcanar os 30% mesmo com

    tratamento. A crise desencadeada geralmente por

    enfermidade aguda(infeco, traumatismo, etc.),

    cirurgia ou tratamento com iodo radioativo.

    A conduta teraputica requer um intensivo

    monitoramento e cuidados de apoio, identificao e

    tratamento da causa desencadeante, bem comomedidas capazes de reduzir a sntese de hormnios

    tireoidianos. As altas doses de propiltiouracila

    devem ser administradas oralmente ou por sonda

    nasogstrica ou por via retal; a ao inibitria sobre

    a converso de T4em T3faz este ser o agente de

    escolha. Uma hora aps a primeira dose deve ser

    administrado iodeto de potssio. O propanolol

    tambm deve ser administrado para reduzir a

    taquicardia e outros efeitos adrenrgicos.As medidas

    teraputicas adicionais incluem glicocorticoides,

    antibiticos na presena de infeco, esfriamento,

    oxignio e lquidos intravenosos.

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    BRUNO GARRETT BENTO2013.1

    O iodo ou a reposio dos hormnios tireoidianos

    (levotiroxina) induzem uma regresso varivel do

    bcio na deficincia de iodo, dependendo do perodo

    o qual esteve presente e do grau de fibrose que se

    instalou.

    A cirurgia raramente est indicada no bcio difuso;

    as excees incluem evidncia documentada de

    compresso traqueal ou a obstruo da sadatorcica, associada mais provavelmente a bcios

    multinodulares subesternais.A cirurgia deve ser

    seguida de reposio com levotiroxina, com a

    finalidade de manter o nvel de TSH na extremidade

    inferior da faixa de referncia, a fim de evitar um novo

    crescimento do bcio.

    BCIO MULTINODULAR ATXICO

    O BMN mais comum em mulheres que em homens

    e aumenta de prevalncia com a idade. maiscomum nas reas com deficincia de iodo, porm

    ocorre tambm nas regies com deficincia de iodo,

    refletindo mltiplas influncias genticas, autoimunes

    e ambientais sobre a patogenia. A fibrose costuma ser

    extensa, podendo ser observada rea de hemorragia

    ou de infiltrao linfoctica.

    Os pacientes com BMN atxico, so, em sua maioria,

    assintomticos e eutireoidianos.Os BMN

    desenvolvem-se ao longo de muitos anos e so

    detectados pelo exame fsico de rotina ou quando o

    indivduo observa um aumento de volume no

    pescoo. Se o bcio for suficientemente grande,

    poder acabar resultando em sintomas compressivos

    que incluem dificuldade de deglutio, angstia

    respiratria (compresso traqueal) ou pletora

    (congesto venosa), apesar de tais sintomas serem

    incomuns.

    Os BMN sintomticos costumam ser extremamente

    volumosos e/ou desenvolvem reas fibrticas quecausam compresso. A dor sbita em um BMN

    causada habitualmente por hemorragia no interior

    do ndulo, mas deve levantar a possibilidade de

    malignidade invasiva. A rouquido, que reflete o

    acometimento dos nervos larngeos, tambm sugere

    a presena de malignidade.

    Ao exame, a arquitetura da tireoide distorcida e

    podem ser percebidos mltiplos ndulos com

    dimenses variveis.Um nvel de TSH deve ser

    medido para excluir o hipertireoidismo ouhipotireoidismo subclnico, porm a funo da

    tireoide costuma ser normal. O desvio da traqueia

    comum, porm a compresso em geral ter que ser

    maior que 70% do dimetro traqueal antes de ocorrer

    comprometimento significativo da via respiratria

    os testes de funo pulmonar podem ser utilizados

    para determinar os efeitos funcionais da compresso.

    A TC ou RM podem ser usadas para avaliar a

    anatomia do bcio e a extenso do prolongamento

    subesternal, que costuma ser muito maior que o

    evidenciado pelo exame fsico. Deglutio de briopode revelar a extenso da compresso esofgica. A

    US pode ser usada para identificar os ndulos que

    devem ser biopsiados, incluindo os grandes ndulos

    dominantes ou aqueles com caractersticas

    ultrassonogrficas sugestivas de malignidade (p.ex.,

    microcalcificaes, hipoecogenicidade, maior

    vascularizao).

    Os BMN atxicos costumam ser controlados, em sua

    maioria, por mtodos conservadores.Se for usada a

    levotiroxina, dever ser iniciada em baixas doses e

    aumentada gradualmente ao mesmo tempo que se

    monitora o nvel do TSH para evitar uma supresso

    excessiva.O iodo radioativo usado com frequncia

    crescente, visto que ele pode reduzir o tamanho do

    bcio e pode induzir ablao seletiva das regies

    com autonomia.Quando ocorre compresso aguda,

    poder ser necessrio o tratamento com

    glicocorticoides ou uma cirurgia.

    BCIO MULTINODULAR TXICO

    A patogenia do BMN txico parece ser semelhante

    do BMN atxico; a principal diferena a presena

    de autonomia funcional do BMN txico.

    Alm das caractersticas do bcio, a manifestao

    clnica do BMN txico inclui hipertireoidismo

    subclnico ou ligeira tireotoxicose. Em geral o

    paciente idoso,podendo apresentar-se com

    fibrilao atrial ou palpitaes, taquicardia,

    nervosismo, tremor ou reduo ponderal.O nvel de TSH baixo e o nvel de T4pode ser

    normal ou minimamente aumentado; com

    frequncia T3 est aumentada em um maior grau que

    T4. A cintilografia da tireoide mostra uma captao

    heterognea com mltiplas regies de captao

    aumentada e reduzida.

    Os agentes antitireoidianos, na maioria das vezes em

    combinao com betabloqueadores, podem

    normalizar a funo tireoidiana e eliminar as

    caractersticas clnicas da tireotoxicose. No entanto,

    com bastante frequncia, esse tratamento estimula o

    crescimento do bcio e a remisso espontnea no

    ocorre. O iodo radioativo pode ser usado para tratar

  • 7/26/2019 Distrbios Da Glndula Tireoide

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    BRUNO GARRETT BENTO2013.1

    as reas de autonomia assim como reduzir a massa

    do bcio. A cirurgia o tratamento definitivo que

    proporciona o fim da tireotoxicose adjacente, assim

    como o bcio.

    NDULO SOLITRIO HIPERFUNCIONANTE

    Um ndulo solitrio da tireoide com funcionamento

    autnomo recebe a designao de adenoma txico. A maioria dos pacientes com ndulos

    hiperfuncionates solitrios possui mutaes

    ativadoras somticas adquiridas no TSH-R.

    A tireotoxicose costuma ser leve. O distrbio

    sugerido pela presena de um ndulo da tireoide, em

    geral suficientemente volumoso a ponto de ser

    palpvel, e pela ausncia de caractersticas clnicas

    sugestiva da doena de Graves ou de outras causas

    de tireotoxicose. Uma cintilografia da tireoide

    proporciona um teste diagnstico definitivo,demonstrando captao focal no ndulo

    hiperfuncionante e uma captao diminuda no

    restante da glndula, pois a atividade da tireoide

    normal suprimida.

    A ablao com o iodo radioativo constitui

    habitualmente o tratamento de escolha. A resseco

    cirrgica tambm efetiva e se limita habitualmente

    enucleao do adenoma ou a uma lobectomia. A

    terapia clnica utilizando agentes antitireoidianos e

    beta-bloqueadores pode normalizar a funo da

    tireoide, porm no constitui um tratamento a longo

    prazo ideal. Utilizando a orientao por USG, as

    injees de etanol ou a ablao trmica por

    radiofrequncia percutnea so uma alternativa.

    NEOPLASIAS BENIGNAS

    Essas leses so comuns(5 a 10% dos adultos),

    particularmente avaliadas por tcnicas sensveis,

    como a US. O risco de malignidade muito baixo para

    adenomas macrofoliculares e adenomasnormofoliculares. As variantes microfolicular,

    trabecular e de clulas de Hrthle geram maior

    preocupao.Cerca de 33% dos ndulos palpveis

    representam cistos da tireideque podem ser

    reconhecidos por seu aspecto ultrassonogrfico ou

    com base na aspirao de grandes quantidades de

    lquido de colorao rosada.

    A abordagem ao tratamento dos ndulos benignos

    semelhante a adotada para BMN. A supresso com

    levotiroxina reduz o tamanho de aproximadamente

    30% dos ndulos e pode previneir crescimento

    adicional.Se o tamanho do ndulo no tiver

    diminudo depois de 6-12 meses de terapia, esta deve

    ser interrompida.

    CNCER DA TIREOIDE

    O carcinoma da tireoide a malignidade mais comum

    do sistema endcrino. Os tumores malignos que

    derivam do epitlio folicular so classificados em

    conformidade com as caractersticas histolgicas.

    Os tumores diferenciados, como o cncer papilfero

    de tireoide (CPT) ou o cncer folicular de tireoide

    (CFT), podem ser curados com bastante frequncia, e

    o prognstico bom para os pacientes identificados

    com a doea em seu estgio inicial. Em

    contrapartida, o cncer anaplsico de tireoide (CAT)

    agressivo, responde precariamente ao tratamento

    e est associado a um prognstico sombrio.

    A incidncia do cncer de tireoide aumenta com aidade, alcanando um plat por volta dos 50 anos. A

    idade tambm um fator de prognstico importante

    - o cncer de tireoide em uma idade jovem (< 20) ou

    nas pessoas mais velhas (> 45) est associado a um

    pior prognstico. O cncer de tireoide duas vezes

    mais comum em mulheres que em homens, porm o

    sexo masculino est associado tambm a um pior

    prognstico.

    Vrias caractersticas mpares do cncer de tireoide

    facilitam seu tratamento:

    1. Os ndulos da tireoide so prontamente

    palpveis, o que permite a identificao

    precoce e bipsia por PAAF.

    2. Os radioistopos do iodo podem ser usado

    para diagnstico (I123) e tratamento (I131) do

    cncer diferenciado de tireoide.

    3.

    Os marcadores sricos tornam possvel a

    identificao da doena recorrente ou

    residual, inculindo a utilizao de nvies de Tgpara CPT e CFT, bem como o de calcitonina

    para o cncer medular de tireoide (CMT)

  • 7/26/2019 Distrbios Da Glndula Tireoide

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    BRUNO GARRETT BENTO2013.1

    As neoplasias da tireoide podem originar-se em cada

    um dos tipos de clula que povoam a glndula, como

    as clulas foliculares da tireoide, clulas C

    produtoras de calcitoninca, linfcitos e elementos

    estromais e vasculares, alm de metstases

    provenientes de outros locais.

    Os critrios incluem: T, o tamanho e a extenso do

    tumor primrio (T1 1 cm; 1 cm < T2 4 cm; T3 > 4

    cm; T4 invaso direta atravs da cpsula da tireoide);

    N, ausncia (N0) ou presena (N1) de acometimento

    de linfonodos regionais; M, ausncia (M0) ou

    presena (M1) de metstases.

    Irradiao externa ( exceo da terapia com I131) e

    mutaes (TSH-R, ptn G, p53, etc) so as causas dedesenvolvimento de cncer. Muitos cnceres de

    tireoidem expressam TSH-R e, por isso, continuam

    respondendo a TSH.

    CNCER DE TIREOIDE BEM DIFERENCIADO

    PAPILFERO

    O CPT o tipo mais comum de cncer de tireoide,

    sendo responsvel por 70 a 90% das malignidades

    tireoidianas bem diferenciadas. Os elementos

    citolgicos caractersticos de CPT ajudam a fazem odiagnstico por PAAF ou aps resseco cirrgica

    (estruturas papilares principalmente).

    O CPT tende a ser multifocal e a invadir localmente

    dentro da prpria tireoide assim como atravs da

    cpsula tireoidiana e para dentro das estruturas

    adjacentes no pescoo. Exibe certa propenso

    propagao atravs do sistema linftico, porm pode

    metastizar tambm pela via hematognica,

    particularmente para ossos e pulmes.

    A maioria dos cnceres papilferos identificada nos

    estgios iniciais (> 80% nos estgios I ou II) e

    comporta excelente prognstico.A mortalidade

    aumenta acentuadamente com a doena no estgio IV

    (metstases distantes), porm esse grupo engloba

    apenas cerca de 1% dos pacientes.

    FOLICULAR

    mais comum nas regies com deficincia de iodo.O

    CFT difcil de diagnosticar por PAAF, pois a distino

    entre as neoplasias foliculares benignas e as malignasse baseia essencialmente na evidncia de invaso

    para os vasos, nervos ou estruturas adjacentes. O CFT

    tende a se propagar pela via hematognica,

    acarretando metstases sseas, pulmonares e para o

    SNC.

    A taxa de mortalidade maior que no CPT, em parte

    por causa da maior proporo de pacientes que se

    apresentam no estgio IV. As caractersticas

    prognsticas desfavorveis incluem metstases

    distantes, idade superior a 50 anos, tamanho dotumor primrio > 4 cm, histologia com clulas de

    Hrthle e a presena de acentuada invaso vascular.

    TRATAMENTO

    Todos os cnceres bem diferenciados de tireoide

    devem ser excisados cirurgicamente. Alm de

    remover a leso primria, a cirurgia torna possvel

    fazer um diagnstico histolgico preciso e o

    estagiamento. A disseminao para os linfonodos

    pode ser determinada por ocasio da cirurgia, e oslinfonodos acometidos removidos.

    A tireoidectomia quase total prefervel em quase

    todos os pacientes; a radioablao ps-cirrgica do

    tecido tireoidiano remanescente est sendo utilizada

    com frequncia cada vez maior, visto que pode

    destruir o carcinoma restante ou multifocal de

    tireoide, alm de facilitar o uso das determinaes

    de Tg e a realizao das cintilografias com iodo

    radioativo para o acompanhamento a longo prazo ao

    eliminar o tecido residual normal ou neoplsico.

    Terapia de supresso de TSH e tratamento com iodo

    radioativo (radioablao ps-cirrgica) so terapias

    acessrias tireoidectomia.

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    BRUNO GARRETT BENTO2013.1

    Acompanhamento: FORMA ANAPLSICA E OUTRAS FORMAS DE CNCER

    DE TIREOIDE

    CNCER ANAPLSICO DE TIREOIDE

    O CAT um cncer pouco diferenciado e agressivo. O

    prognstico sombrio e a maioria dos pacientes

    falece em at 6 meses aps o diagnstico. A captao

    com iodo radioativo costuma ser negligencivel, aquimioterapia ineficaz e a radioterapia com feixes

    externos pode ser tentada e continuada quando os

    tumores so responsivos.

    LINFOMA DE TIREOIDE

    Frequentemente surge tendo como antecedente uma

    tireoidite de Hashimoto. A presena de massa

    tireoidiana em rpida expanso sugere esse

    diagnstico. O linfoma difuso de grandes clulas o

    mais comum na tireoide. Com bastante frequncia,esses tumores so altamente sensveis radiao

    externa e a resseco cirrgica deve ser evitada como

    terapia inicial.

    CARCINOMA MEDULAR DE TIREOIDE

    O CMT pode ser espordico ou familiar (mais

    agressivo) e engloba cerca de 5% dos cnceres de

    tireoide. A calcitonina srica elevada representa um

    marcador de doena residual ou recorrente. O

    tratamento principalmente cirrgico.

    Diferentemente dos tumores que derivam das clulas

    foliculares da tireoide, esses tumores no captam

    iodo radioativo.


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