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Instituto Ciências Sociais Universidade do Minho Licenciatura Geografia e Planeamento Expressão Gráfica e Cartografia Práca 1º Semestre - 2014/2015 Docente: Discente: Duarte Nunes A73789 Luís Moreira Caracterização do mapa: Oporto [Porto]

Caracterização Mapa Oporto 1833

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Page 1: Caracterização Mapa Oporto 1833

Instituto Ciências Sociais

Universidade do Minho

Licenciatura Geografia e PlaneamentoExpressão Gráfica e Cartografia

Prática1º Semestre - 2014/2015

Docente:Discente: Duarte Nunes A73789

Luís Moreira

Caracterização do mapa:

Oporto [Porto]

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Mapa Oporto [Porto]

Fonte: http://www.raremaps.com/gallery/detail/36968/Oporto_Porto/SDUK.html

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1,2,3: Elementos cientificos (1,2) e puramente ilustrativo (3).

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Geografia e Planeamento Expressão Gráfica e Cartografia – Prática Docente: Luís Moreira Discente: Duarte Nunes A73789 1º Ano | 1º Semestre | 2014/2015

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Introdução

Com a introdução do estudo da cartografia e suas características que, ao longo

dos séculos evoluiu consoante a necessidade das sociedades e as suas respectivas

ideologias que estes pretendiam representar na sua própria cartografia, este trabalho

surge com o objectivo de analisar e caracterizar um mapa escolhido por nós.

Com o desenvolvimento dos conteúdos teóricos e práticos ao longo da unidade

curricular Expressão Gráfica e Cartografia, a identificação dos mapas e as suas

particularidades permitiu criar uma cronologia distintiva desde a época grega até aos

nossos dias. A cartografia, como ciência produtora de mapas deriva de uma evolução

histórica marcada por grandes picos (e estagnação) de desenvolvimento tanto científico

como intelectual. Iniciando-se na época grega com o primeiro mapa conhecido de

Anaximandro de Mileto (650-615 a.c.). e a introdução de medidas quantitativas,

meridianos e paralelos por Eratóstenes (276-196 a.c.), passando pela Roma antigo, e

após esta fase inicia-se um retrocesso devido à igreja católica influenciando fortemente

o poder e a incutir apenas a sua visão (Idade média).

A minha escolha do mapa, apesar de não se tratar cartografia propriamente portuguesa

retrata uma fase importante e uma nova realidade que mantem-se até ao presente.

Ao longo dos tempos a cartografia que serviria a ser unicamente instrumento alicerçado

ao poder e militar, apesar de actualmente se encontrar ainda conectada a esses poderes

governamentais, viria a se torna acessível ao grande público, servindo por vezes como

forma de propaganda de impérios mas igualmente de forma educativa no ensino e para

o grande público em geral.

Tratando-se de um mapa com objecto de estudo território português, fundamentei

pontos de vista tendo por base o livro: Os mapas em Portugal, da tradição aos novos

rumos da cartografia, Coordenação de Maria Helena Dias.

O mapa sobre o qual irei debruçar a minha análise encontra-se na nova tendência, de

apresentar o território de modo mais rigoroso e cientificamente correcto, possibilitando

múltiplas utilizações.

Fig.3: Pesquisa bibliográfia, Duarte Nunes

2014.

Fig.1: O mundo de Anaximandro. Fig.2: Mapa de Eratóstenes.

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Informações do mapa

Apresento alguns elementos informativos do mapa, sendo que este se encontra num

website de vendas e compras de mapas antigos, existindo grande diversidade e

tipologia, divididos por categorias, mundiais, regionais e outros recursos cartográficos.

Sendo que foi neste sítio web onde efectuei a minha pesquisa e escolha de mapa. Os

dados apresentados anexados ao mapa são:

Título: Oporto (Porto) Publicação por: SDUK

Data: 1833 Londres Tamanho: 15.5 x 12 polegadas ( 1 polegada = 2,54 cm)

Preço: 104€

Caracterização

“He inquestionável que o Cadastro, a Topografia e a Estatística são os três os grandes

elementos da sciência de governar, dellas deriam o conhecimento dos factos, que he

fundamento do verdadeiro saber; por consequência, he da rigorosa obrigação de um governo

que se chama de ilustrado, de um governo próprio do grande século em que vivemos,

estabelecer incessantemente estes meios governativos.”

Filipe Folque (1800-74)

O mapa Oporto, datado de 1833, foi produzida pela SDUK, antiga organização: Society

for the Diffusion of Useful Knowledge, Sociedade para a Difusão do Conhecimento Útil

que visava expandir e permitir o acesso ao conhecimento do público em geral e com

material didático de baixo custo, sediada em Londes, fundada em 1826 até 1848. Esta

planta foi desenhada por William Branwhite Clarke.

À primeira vista o mapa assemelha-se em grande medida ao actuais, produzidos pelas

instituições com tutela e jurisdição do território tais como camaras municipais, direcções

regionais de ordenamento do território, exercito, etc.. e Porquê?

Ao evoluir da cartografia a consolidação como ciência que comunica de um modo

universal e legível através de signos geográficos e linguagem própria, fez com que

Fonte adaptada:

http://www.raremaps.com/gallery/detail/36968/Oporto_Porto/SDUK.html

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certos elementos caracterizem o mapa. Estes elementos, escala, orientação, legenda,

título, fonte/autor tornam o mapa “cientificamente correcto”. Não significa que

determinada representação espacial não seja considerada mapa, mas, por termos

globalmente instituídos assim se constituí um mapa. É com esta realidade que se insere

o mapa escolhido, pois, observamos a presença destes elementos,logo um mapa

moderno.

Este mapa apesar de não ser propriamente fruto de uma cartografia exclusivamente

portuguesa, segue, a tendência que décadas atrás viriam a tornar numa nova realidade

para o destino final de um mapa. Em Portugal tinhamos assistido a mudanças de visão

com Marquês de Pombal a implementar um sentido de interpretação e planeamento do

território <<...a iconografia retrata normalmente Pombal na atitude de atenta

examinação de plantas e mapas, respeitantes aos muitos problemas de obras públicas,

sobre os quais teve de debruçar-se e decidir (...) foi o primeiro estadista lusitano a

servir-se da Cartografia como ferramenta imprescindível do trabalho de todos os dias.>>

Esta nova realidade é visível na nova cartografia produzida pelo mundo, altera-se a visão

da importância de um mapa, um modo <<.. A cartografia viria a ganhar um destaque,

pois em 1788, o governo português reconheceu que sem a cartografia não podia

governar, mandando que se iniciassem os trabalhos geodésicos necessários para a

cobertura do país.>>

A Cartografia já há muitos séculos tinha deixado de utilizar uma linguagem de fantasia

com representações divinas e seres míticos.

Como tal, trata-se de um mapa que podendo ser utilizado para fins lúdicos, também

poderia ter tido na altura uma utilização com vista ao planeamento e ordenamento do

terriório. Encontramos ao longo do mapa referência às cotas altimétricas, direcção do

rio Douro, representação de edifícios e assim como as zonas com vegetação e estrato

arbóreo.

É uma representação multifuncional, pois,

e segundo S. Rimbert 1995 que define as

funções de um mapa, encontramos neste

exemplo um mapa que nos satisfaz ao

permitir dar informações a nível:

localização; documental e ilustração.

Fig.4: Representação vegetação e estrato arbóreo.

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No canto superior esquerdo da imagem ( 1 ) temos um mapa de maior abrangência

territorial que serve como elemento de localização relativamente aos arredores do

Porto, um elemento fundamental que não era usado em tempos anteriores e tornando-

se hoje muito utilizado, permite ao leitor uma contextualização do território em estudo.

No canto superior direito do mapa (2) encontramos a conhecida escala numérica em

jardas e metros (500 m) e abaixo encontramos uma notas “note”, estas notas consistem

em traduções das expressões portuguesas encontradas no mapa para língua

inglesa,assim, intencionalidade de atingir o público britânico.

No parte inferior do mapa ( 3 ), temos um elemento diferente, mas tendo em conta, os

potenciais leitores, objectivo primordial de educação, esta imagem apresenta-se como

uma fonte de noção espacial, mostrando a paisagem característica da zona

representada no mapa, as suas gentes, e uma actividade muito forte ligada ao rio Douro.

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Fig.7: Elemento ilustrativo do mapa,vista sobre a cidade desde a Torre da Barca.

Fig.5: Contextualização do mapa relativamente ao território nos arredores.

Fig.6: Escala e notas, canto superior direito do mapa.

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Comparação Porto 1833 e 2014

Comparando o mapa escolhido a um mapa oficial recente produzido pela Câmara

Municipal do Porto, podemos encontrar elementos constantes, apesar de uma nova

realidade, o Sistema de Informação Geográfica permitiram um fundo e delimitação das

costas muito mais rigoroso e correcto. A escala mantêm-se um elemento fundamental

por forma a entender a conversão e a dimensão da mesma, as notas transformam-se

em legenda por forma a entender os elementos representado, perdendo-se o sentido

ilustrativo da imagem ( 3 ), mas atendendo ao aspecto formal da utilização final do mapa

recente, não fazia sentido transformá-lo em algo mais didático.

Ambos os mapas permitem uma visão de planeamento mas sendo a Fig.9, a

representação da ciência cartográfica oficial nestas questões, não conseguindo ser

legível para todos os leitores. Representa a Carta de Ocupação da Superfície.

Fig.9:Carta Ocupação da Superfície. Fig.8:Mapa Oporto.

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Conclusão

O papel do geógrafo na sociedade incube de tratar e olhar para o espaço como nenhuma

outra ciência o faz, é através de uma análise aos elementos cartográficos, à vivência no

território que podemos fazer geografia, um exercício de análise a um mapa, remete

muito além de mera localização e uma subjectividade de visão de opinião. O mapa serve

e sempre servirá como ponto de partida para um conhecimento do território, mas nunca

substituindo um conhecimento vivencial, um mapa além de meras linhas e pontos e sua

simbologia característica, apresenta um cartão visita do natural ao humanizado,

esvaziando e empobrecendo por um lado a dinâmica que se sucede no determinado

espaço, as suas gentes, as suas culturas.

É através de um exercício de reflexão sobre um mapa, que nós, como geógrafos e

agentes essenciais e necessários participativos nas decisões com enfoque territorial,

aprendemos a olhar os aspectos de outra forma e à multiplicidade de factores e

atributos que agem num dado local. Com este mapa apercebemo-nos da evolução

comparativamente aos instrumentos que hoje nos são acessíveis, o acesso à informação

computorizada permite-nos produzir mais e mais, mas, este tipo de mapas são pequenas

raridades. Com uma leitura de uma mapa temos que nos posicionar na época, no

contexto social-cultural, não são admitindo o que é cientificamente correcto como

objecto de estudo e tentando perceber a visão e a mensagem que se pretendia

transmitir. De uma cartografia em evolução, mas mantendo traços característicos,

sempre em prol de uma verdadeira produção e reprodução do espaço geográfico com

rigor e verdade.

O aluno, Duarte Nunes

Webgrafia

in Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2014-12-28]. Disponível na

Internet: http://www.infopedia.pt/$cartografia; Câmara Municipal do Porto: http://www.cm-porto.pt/cidade/carta-geotecnica-do-porto

Consultado a 30-12-2014 ; http://en.wikipedia.org/wiki/William_Branwhite_Clarke

Consultado a 2-01-2014; http://portoarc.blogspot.pt/2013/07/caractergenio-e-costumes-dos-portuenses.html

Consultado a 2-01-2014; http://www.davidrumsey.com/luna/servlet/detail/RUMSEY~8~1~21026~540003;

Consultado a 2-01-2014;

Bibliografia

Os mapas em Portugal, da tradição dos novos rumos da cartografia, Coordenação Maria

Helena Dias

Páginas 70-73;98; 127-128

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