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Telha de vidro

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Nem sempre a vida segue o curso que se deseja, que se

espera. Assim foi com Rachel.

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Depois da morte de seus pais, ela, ainda bem moça, deixou a cidade em que nascera para morar na fazenda,

com os tios que mal conhecia.

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Moraria na casa que havia sido construída por seu bisavô, há muito tempo. Era uma casa muito antiga e a maior parte dos móveis eram peças pesadas e escuras que ali estavam há mais

tempo do que as pessoas saberiam dizer.

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Seus tios eram pessoas simples, acostumados com a vida que sempre viveram, desconfiados com tudo que

pudesse alterar a rotina que lhes dava segurança.

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A chegada de Rachel representou para eles um certo transtorno.

Onde ficaria instalada a menina?

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Como não havia um cômodo mais apropriado, deram-lhe

um quarto pequeno, que ficava no sótão.

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Nem o tamanho reduzido, nem o cheiro de mofo incomodaram Rachel.

O que lhe entristecia naquele quartinho abafado era apenas o fato

de não ter janelas.

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Não se podia ver o sol, nem o céu, nem as árvores do quintal

ou as flores do jardim.

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A luz limitava-se a entrar timidamente pela porta. A falta de claridade naquele

quartinho parecia encher ainda mais de tristeza o coração dolorido da moça.

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Até que um dia, depois de muito ter chorado em silêncio,

Rachel, decidida a voltar a sorrir, pediu que lhe

trouxessem da cidade uma telha de vidro.

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Um pouco desconfiados, seus tios acabaram

cedendo. Daí, um milagre aconteceu.

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Mesmo sem janelas o quarto de Rachel, antes

tão sombrio, passou a ser a peça mais alegre da

fazenda.

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Tão claro que, ao meio-dia, aparecia uma

renda de arabesco de sol nos ladrilhos

vermelhos que, só a partir de então,

conheceram a luz do dia.

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A lua branda e fria também se mostrava, às vezes, pelo clarão da telha milagrosa.

E algumas estrelas audaciosas arriscaram surgir no espelho onde a

moça se penteava.

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O quartinho que era feio e sem vida,

fazendo os dias de Rachel cinzentos,

frios, sem luar e sem clarão, agora estava

tão diferente...

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Passou a ser cheio de claridade, luzes e brilho. Rachel voltou a sorrir.

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Toda essa mudança só porque um dia ela, insatisfeita com a própria tristeza, decidiu colocar uma telha de vidro no telhado daquela casa antiga,

trazendo para dentro da sua vida a luz e a alegria que faltavam.

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FORMATAÇÃO: LUZIA GABRIELEEMAIL: [email protected]: COM BASE NO POEMA TELHA DE VIDRO DE RACHEL DE QUEIROZ FOTOS: INTERNETMÚSICA: ENRIQUE CHIA ME OLVIDE DE VIVIRDATA : 20 DE MAIO DE 2015

Repasse sem modificarLuzia Gabriele

Muitas vezes, presos a hábitos antigos e em situações consolidadas, deixamos de lado verdades que nos fazem felizes.

Deixamos que a ausência de janelas em nossa vida escureça nossas perspectivas, enchendo de sombras o nosso sorriso e o nosso cotidiano.

Vamos nos acomodando, aceitando estruturas que sempre foram assim e que ninguém pensou em alterar, ou que não se atreveu a tanto.

Mudanças e reformas são necessárias e sadias.