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Cavidade Idiopática de Stafne Autores Israel Chilvarquer, Eduardo Felippe Duailibi Neto, Lilian Waitman Chilvarquer, Jorge Elie Hayek e Michel Lipiec. Agradecimentos Os autores agradecem a Drª Vania Kyriakos, pela oportunidade de apresentar esse caso tão didático. O presente relato clínico consiste em uma imagem de um paciente do sexo masculino com 94 anos de idade cronológica que procurou o serviço de radiologia, para a análise topográfica para a possível instalação de implantes osseointegráveis, além dessa indicação, foi observada na radiografia panorâmica uma extensa área osteolítica localizada na região apical do elemento 47 e sugestiva de lesão endodôntica. A presente lesão consistia em uma rarefação óssea de limites definidos de formato elíptico com 2cm de extensão. A possível alteração patológica localiza-se em corpo de mandíbula do lado direito em contiguidade com a porção apical do elemento 47. O elemento 47 apresentava tratamento endodôntico, o que gerou dúvida a respeito da etiologia da suposta lesão, motivou uma análise minuciosa da região por meio da solicitação do exame complementar: Tomografia Volumétrica de Feixe Cônico (TCFC). Após as análises dos resultados da TCFC (figura 1), notamos que a referida imagem era compatível com Defeito Ósseo de Desenvolvimento da Mandíbula; Cavidade óssea de Stafne; Cavidade Idiopática de Stafne; Cisto de Stafne; Defeito Ósseo de Stafne. Notamos a integridade da região apical do elemento 47 e a presença de uma cavidade côncava na região da fóvea da glândula submandibular. Edward Stafne em 1942 descreveu uma sequência de 34 imagens radiográficas semelhantes. Todas estas imagens possuíam um padrão radiográfico semelhante, uma radiolucência oval ou elíptica de margens definidas similares a cistos ósseos com uma moderada corticalização. Geralmente estas supostas lesões localizavam-se em corpo e ângulo de mandíbula (1,2) . Após vários relatos de imagens radiográficas e relatos de procedimentos cirúrgicos, muitos termos surgiram para caracterizar esta cavidade. Dentre eles podemos enumerar alguns mais relevantes tais como: Cavidade óssea de Stafne; Cavidade Idiopática de Stafne; Cisto de Stafne; Defeito Ósseo de Stafne. Independente do nome,

Caso Clínico - Cavidade Idiopatica de Stafne

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Page 1: Caso Clínico - Cavidade Idiopatica de Stafne

Cavidade Idiopáticade StafneAutoresIsrael Chilvarquer, Eduardo Felippe Duailibi Neto, Lilian Waitman Chilvarquer, Jorge Elie Hayek e Michel Lipiec.

AgradecimentosOs autores agradecem a Drª Vania Kyriakos, pela oportunidade de apresentar esse caso tão didático.

O presente relato clínico consiste em uma imagem de um paciente do sexo masculino com 94 anos de idade cronológica que procurou o serviço de radiologia, para a análise topográfica para a possível instalação de implantes osseointegráveis, além dessa indicação, foi observada na radiografia panorâmica uma extensa área osteolítica localizada na região apical do elemento 47 e sugestiva de lesão endodôntica. A presente lesão consistia em uma rarefação óssea de limites definidos de formato elíptico com 2cm de extensão. A possível alteração patológica localiza-se em corpo de mandíbula do lado direito em contiguidade com a porção apical do elemento 47. O elemento 47 apresentava tratamento endodôntico, o que gerou dúvida a respeito da etiologia da suposta lesão, motivou uma análise minuciosa da região por meio da solicitação do exame complementar:

Tomografia Volumétrica de Feixe Cônico (TCFC).

Após as análises dos resultados da TCFC (figura 1), notamos que a referida imagem era compatível com Defeito Ósseo de Desenvolvimento da Mandíbula; Cavidade óssea de Stafne; Cavidade Idiopática de Stafne; Cisto de Stafne; Defeito Ósseo de Stafne.

Notamos a integridade da região apical do elemento 47 e a presença de uma cavidade côncava na região da fóvea da glândula submandibular.

Edward Stafne em 1942 descreveu uma sequência de 34 imagens radiográficas semelhantes. Todas estas imagens possuíam um padrão radiográfico semelhante, uma radiolucência oval ou elíptica de margens definidas similares a cistos ósseos

com uma moderada corticalização. Geralmente estas supostas lesões localizavam-se em corpo e ângulo de mandíbula(1,2).

Após vários relatos de imagens radiográficas e relatos de procedimentos cirúrgicos, muitos termos surgiram para caracterizar esta cavidade. Dentre eles podemos enumerar alguns mais relevantes tais como: Cavidade óssea de Stafne; Cavidade Idiopática de Stafne; Cisto de Stafne; Defeito Ósseo de Stafne. Independente do nome,

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como conclusão geral, os artigos acadêmicos determinaram que esta cavidade é uma alteração de desenvolvimento ocasionalmente localizada na porção lingual de corpo e angulo de mandíbula(3).

A etiologia responsável por esta cavidade é incerta, no entanto duas linhas de pensamento permanecem atuais em determinar sua origem. Inicialmente atribui-se esta cavidade como uma porção da glândula salivar aprisionada na mandíbula durante o desenvolvimento e ossificação da mandíbula, porém, este defeito ósseo é reportado de modo frequente em indivíduos com 50 e 70 anos de idade cronológica contrariando esta teoria(3). A outra tese defendida para o desenvolvimento desta cavidade consiste na diminuição de tecido mineral com o passar da idade. A isto associa-se o aumento de glândulas salivares, principalmente a glândula submandibular. Este fato pode ocasionar uma reabsorção óssea localizada formando o Defeito Ósseo de Stafne(1). O diagnóstico desta alteração anatômica é complexo(4). Imagens bidimensionais tais como a radiografia periapical e panorâmica podem confundir o profissional no correto diagnóstico(5). A sobreposição de estruturas podem dificultar o diagnóstico correto e a ampla gama de possíveis alterações patológicas podem confundir o cirurgião dentista ao observar as imagens bidimensionais(6). A tomografia computadorizada favorece o correto diagnóstico, imagens axiais e reformatações volumétricas conseguem claramente demonstrar o defeito ósseo mas, infelizmente, não relacionam este defeito a alguma anormalidade glandular indicando a estes casos o acompanhamento clínico e radiográfico(7). Neste relato clínico, podemos observar como a tomografia computadorizada de feixe cônico pode auxiliar no diagnóstico destas cavidades. Tanto as imagens obtidas pela reformatação axial quanto as imagens obtidas pela reformatação transaxial solucionaram as dúvidas a respeito da origem da lesão, informando claramente pela corticalização da cavidade do remodelamento ósseo oriunda de processo proliferativo de tecido mole da Glândula submandibular. A ressonância magnética associada a tomografia computadorizada são métodos indicados para auxiliar este complexo diagnóstico(1,8,9).

ReferênciasBibliográficas 1. Herranz-Aparicio J, Figueiredo R, Gay-Escoda C. Stafne’s bone cavity: An unusual case with involvement of the buccal and lingual mandibular plates. J Clin Exp Dent. 2014 Feb;6(1):e96–9. 2. Probst FA, Probst M, Maistreli I-Z, Otto S, Troeltzsch M. Imaging characteristics of a Stafne bone cavity--panoramic radiography, computed tomography and magnetic resonance imaging. Oral Maxillofac Surg. Springer Berlin Heidelberg; 2014 Sep;18(3):351–3. 3. Schneider T, Filo K, Locher MC, Gander T, Metzler P, Grätz KW, et al. Stafne bone cavities: systematic algorithm for diagnosis derived from retrospective data over a 5-year period. Br J Oral Maxillofac Surg. 2014 Apr;52(4):369–74. 4. Kim H, Seok JY, Lee S, An J, Kim NR, Chung DH, et al. Bilateral stafne bone cavity in the anterior mandible with heterotopic salivary gland tissue: a case report. Korean J Pathol. 2014 Jun;48(3):248–9. 5. BoffanoP,GallesioC,DanieleD,RocciaF.An unusual trilobate Stafne bone cavity. Surg Radiol Anat. Springer-Verlag; 2013 May;35(4):351–3. 6. Turkoglu K, Orhan K. Stafne bone cavity in the anterior mandible. J Craniofac Surg. 2010 Nov;21(6):1769–75. 7. Ariji E, Fujiwara N, Tabata O, Nakayama E, Kanda S, Shiratsuchi Y, et al. Stafne’s bone cavity. Classification based on outline and contentdetermined by computed tomography. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1993 Sep;76(3):375–80. 8. Li B, Long X, Cheng Y, Wang S. Cone beam CT sialography of Stafne bone cavity. Dentomaxillofac Radiol. 2011 Dec;40(8):519–23. 9. Segev Y, Puterman M, Bodner L. Stafne bone cavity--magnetic resonance imaging. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2006 Jul;11(4):E345–7.