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BATISMO POR ASPERSÃO E BATISMO DE CRIANÇAS W. G. SWIFT IMPRENSA METODISTA PREFÁCIO Depois de haver estudado a Bíblia e os escritos de homens eruditos por mais de quarenta e cinco anos sobre o assunto contido neste livreto, tempo esse em que fiz uma excursão pelas terras da Bíblia, estou completa e claramente convencido de que o derramamento ou aspersão de água sobre uma pessoa em o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é o modo próprio de batismo, uma vez que derramamento e aspersão provêm da mesma palavra grega. Para reforçar essa opinião vou apresentar algumas afirmações de alguns dos mais eruditos mestres do grego. A primeira é do Léxico Grego e Inglês, de Robinson, considerado um dos melhores sobre o Novo Testamento. Diz ele: “Nas primeiras versões latinas do Novo Testamento, como, por exemplo, a Itala, que Agostinho considerava como a melhor de todas e que remonta aparentemente ao segundo século e ao uso ligado com a era apostólica, o verbo grego baptizo é apresentado uniformemente na forma latina baptizo, e nunca é traduzido por immergo ou por qualquer outra forma semelhante; demonstrando com isso que havia alguma coisa no rito do batismo com que a última não correspondia. As fontes batismais que ainda se encontram entre as ruínas das igrejas gregas mais antigas na Palestina, como em Técoa e Gofna, e que aparentemente remonta a tempos mui primitivos, não são suficientemente grandes de modo a admitir o batismo por imersão de pessoas adultas; e òbviamente jamais foram designadas para aquele uso.” O Dr. Rice (em sua Polêmica com Campbell) diz: “Já examinei todas as passagens na Bíblia e nos escritos apócrifos dos judeus, onde a palavra baptizo é usada em sentido literal, sem referência à ordenança do batismo cristão, e a minha convicção clara é que não há um único exemplo em que se possa provar signifique imergir; que todos os exemplos, exceto talvez um, expressam a aplicação de água à pessoa ou coisa por derramamento ou aspersão.”

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BATISMO POR ASPERSÃO

E

BATISMO DE CRIANÇAS

W. G. SWIFT

IMPRENSA METODISTA

PREFÁCIO

Depois de haver estudado a Bíblia e os escritos de homens eruditos por mais de quarenta e

cinco anos sobre o assunto contido neste livreto, tempo esse em que fiz uma excursão pelas terras

da Bíblia, estou completa e claramente convencido de que o derramamento ou aspersão de água

sobre uma pessoa em o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é o modo próprio de batismo,

uma vez que derramamento e aspersão provêm da mesma palavra grega. Para reforçar essa opinião

vou apresentar algumas afirmações de alguns dos mais eruditos mestres do grego. A primeira é do

Léxico Grego e Inglês, de Robinson, considerado um dos melhores sobre o Novo Testamento. Diz

ele: “Nas primeiras versões latinas do Novo Testamento, como, por exemplo, a Itala, que Agostinho

considerava como a melhor de todas e que remonta aparentemente ao segundo século e ao uso

ligado com a era apostólica, o verbo grego baptizo é apresentado uniformemente na forma latina

baptizo, e nunca é traduzido por immergo ou por qualquer outra forma semelhante; demonstrando

com isso que havia alguma coisa no rito do batismo com que a última não correspondia. As fontes

batismais que ainda se encontram entre as ruínas das igrejas gregas mais antigas na Palestina, como

em Técoa e Gofna, e que aparentemente remonta a tempos mui primitivos, não são suficientemente

grandes de modo a admitir o batismo por imersão de pessoas adultas; e òbviamente jamais foram

designadas para aquele uso.”

O Dr. Rice (em sua Polêmica com Campbell) diz: “Já examinei todas as passagens na

Bíblia e nos escritos apócrifos dos judeus, onde a palavra baptizo é usada em sentido literal, sem

referência à ordenança do batismo cristão, e a minha convicção clara é que não há um único

exemplo em que se possa provar signifique imergir; que todos os exemplos, exceto talvez um,

expressam a aplicação de água à pessoa ou coisa por derramamento ou aspersão.”

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Extraí o seguinte do The Christian Standard, um dos principais jornais da Igreja Cristã,

datada de 13 de fevereiro de 1932: “Parece-me que a palavra sobre imersão nunca deve ser usada

em uma discussão sobre o batismo cristão. Eis a prova: Em primeiro lugar não é um termo bíblico;

nunca é usada na Versão Americana nem na Edição Revista.” Aqui, na própria fortaleza dos

imersionistas, entre os discípulos de Alexandre Campbell, é admitido o meu ponto de vista.

O Dr. Jacob Ditzler, um dos maiores mestres gregos dos dias modernos, diz enfaticamente

em seus escritos que não existe nenhuma palavra grega para imersão no Novo Testamento.

W. G. Swift.

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MOTIVOS DESTES ARTIGOS

Escrevi uma série de artigos sobre “Por que Batizar por Aspersão e Batizar crianças”, e foi

tal o número de pedidos desses artigos, que resolvi pô-los em forma de folheto.

Enquanto alguns crêem que a imersão é a forma certa de batizar, a maioria dos protestantes

crê que a afusão é o modo ensinado na Bíblia.

Alguns que não concordam conosco quanto ao modo do batismo com água, perguntam-me

por que não discutimos mais este assunto, se é que temos qualquer base na Bíblia para a nossa

crença.

Nestes artigos procurarei responder a essa pergunta, atendendo assim a esse pedido. Uma

outra razão é que nossos pregadores raramente discutem o batismo de água, porque não crêem seja

essencial para salvação. Por isso a maioria dos nossos irmãos sabe muito pouco sobre qual seja a

nossa crença a esse respeito. Os membros de nossas igrejas estão ansiosos de conhecerem mais

sobre o que nós cremos e porque cremos assim. Estou certo de que nosso povo e outras pessoas que

são sinceras e honestas, apreciarão esta discussão franca. Pregadores de algumas igrejas dão a sua

opinião sobre o batismo quase todas as vezes que pregam, e outros ainda o fazem mui

freqüentemente. Por que não conceder aos demais o nosso privilégio de externar suas opiniões sobre

este assunto?

Quanto eu era rapaz fui batizado por aspersão, e fiquei inteiramente satisfeito. Depois de

ouvir muitas pregações que mandavam para o inferno (bad world) os que não eram imersos, fui

forçado a crer que eu estaria perdido se não mudasse minha opinião sobre o batismo. Ninguém pode

imaginar a tortura inútil que tive de suportar por muito tempo.

Resolvi deixar a Bíblia solucionar o assunto, e não o homem. Fiquei convencido, pelo estudo

do Velho Testamento, a única Bíblia que os profetas, Jesus e os apóstolos possuíam, que no Velho

quer no Novo Testamento, que a imersão não simbolizava o que Deus e o Filho do Homem

pretendiam.

A palavra “imergir” ou “imersão” não se encontra na Tradução do rei Tiago, do Bíblia,

considerada pelas maiores autoridades inglesas como a maior tradução que já foi dada ao mundo.

POR QUE HÁ CONFUSÃO SOBRE O BATISMO COM ÁGUA

Há milhares de pessoas em nossas igrejas que se sentem confusas a respeito do modo do

batismo. Muitas pessoas se têm filiado às igrejas imersionistas simplesmente porque não

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compreenderam o significado pleno do batismo com água. Posso perceber desde logo como se fica

confuso a respeito desta questão. Eu mesmo fui torturado por ela. Toda explicação que ouvia sobre o

assunto provinha das igrejas que batizam por imersão. “Desceram à água”, Jesus “batizado no rio

Jordão”, “sepultados com Cristo”, “muito águas”, e outras expressões tais parecem significar

imersão para aqueles que não estudam a Bíblia em sua verdadeira luz e significado. Eu era novato

no conhecimento da Bíblia e por isso me sentia mui confuso. Não sabia que o batismo tinha sido

administrado 1500 anos por aspersão e derramamento antes de nascer João Batista. Não sabia que

havia outra Bíblia até o ano 100 A. D., exceto a velha Bíblia chamada Escrituras. Não compreendia

que “a lei e os profetas” requeriam aspersão e derramamento como batismo e que a água usada

nessas cerimônias tinha que ser pura e de ribeiros de água corrente. Não sabia que um sacerdote

devia ter trinta anos de idade antes de sua dedicação para o sacerdócio. Não sabia que o lugar em

que o Eunuco foi batizado era deserto, e naquele lugar não havia rio. Não sabia que “sepultado com

Cristo” significa sepultado com Ele “na morte” e não na água. Não sabia que “no Jordão” tinha o

mesmo significado que “na Galiléia”, “em Samaria”, e que “na água” significava a mesma coisa que

“na montanha” e “numa figueira”. Jesus subiu em “um monte” e Zaqueu “trepou em uma figueira”;

e sabemos que Jesus não ficou no pó e nem Zaqueu na casca da árvore. Eu não sabia que “muitas

águas” em grego significavam “muitas fontes”. Mas depois do estudo da Bíblia, feito mui

circunstanciadamente por mais de 45 anos, tudo se esclareceu.

POR QUE A MAIORIA DOS PROTESTANTES DIFERE QUANTO AO MODO DO

BATISMO, DE ALGUNS QUE PRATICAM A IMERSÃO

Os que praticam a imersão crêem que representa o sepultamento e ressurreição de Cristo. Eu

creio que o batismo com água representa o batismo do Espírito Santo e que este foi efetuado por

aspersão.

“O Espírito Santo desceu sobre eles, como no princípio descera sobre nós. Lembrei-me da

palavra do Senhor, como disse: João na verdade batizou com água, mas vós sereis batizados com o

Espírito Santo” (Atos 11:15-16). Pedro, neste passo, lembra-se que o batismo de João foi por

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aspersão, porque em Jerusalém o batismo de Espírito Santo foi por aspersão. Como podia “com

água” significar imersão se “com o Espírito Santo” significa aspersão? Atos 1:5, “O Espírito Santo

veio sobre vós”. Isaías 32:15, “Até que sobre nós se derrame o Espírito lá do alto”.

O modo de os judeus se purificarem era por derramamento e aspersão. Ambos significavam

pureza. Eram tão comuns que a Bíblia menciona derramamento e aspersão mais de 200 vezes. Os

judeus aspergiam as pessoas e os vasos. (Vd. Hebreus 9:19-21), e isto era símbolo da purificação do

Espírito Santo. No casamento em Caná da Galiléia, quando Jesus realizou o seu primeiro milagre,

lemos em João 2:6: “Ora estavam ali colocadas seis talhas de pedra, que os judeus usavam nas

purificações”.

Na Bíblia não lemos a respeito de roupas de borracha, nem de batistérios, nem de pessoas

que eram levadas aos rios e arroio como hoje se costuma fazer. São invenções modernas e não

pertencem aos dias apostólicos.

Se a imersão fosse o único modo de batismo, muitas pessoas nas regiões geladas do norte, e

nos desertos como o Saara, onde não se poderia obter água suficiente, não poderiam ser batizadas, e

Deus teria ordenado uma impossibilidade.

ÊNFASE ERRADA SOBRE O BATISMO COM ÁGUA

Embora o batismo seja uma ordenança sagrada e represente a coisa mais santa da igreja – o

Espírito Santo – contudo muitas pessoas lhe dão ênfase errada e de tal modo o fazem que por pouco

não o tornam um ídolo.

Tem-se a impressão que muitos dão mais ênfase à ordenança exterior do Espírito Santo.

Muitas pessoas faziam isto nos dias de Paulo e dos apóstolos. Lede cuidadosamente as epístolas de

Paulo e vereis que uma das dificuldades de seu ministério era impedir que os judeus convertidos

dessem excessiva ênfase a ordenanças exteriores tais como a circuncisão, as lavagens, os batismos,

etc. “Porque Cristo não me enviou a batizar mas a pregar o evangelho.” “Deus não permita que eu

me glorie senão na cruz.”

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Exceção feita de uma simples referencia ao batismo, Jesus nunca pregou um sermão sobre

esse assunto, nem Paulo, nem os apóstolos. Jesus jamais batizou alguém, nem podemos apelar para

um versículo da Bíblia e demonstrar por ele que um dos doze apóstolos ou dos oito escritores do

Novo Testamento, exceto Paulo, fosse batizado de qualquer modo, ou tivesse batizado qualquer

candidato. Inferimos de certas passagens da Escritura que batizaram alguns, mas prova-lo

cabalmente é outra coisa. Onde Mateus, Marcos, Lucas, João, Pedro, Tiago e Judas foram batizados,

e onde a Bíblia diz positivamente que batizaram alguém? Onde foram batizados os doze apóstolos?

Quem os batizou? Por que Jesus não batizou os doze ou não permitiu que o fizessem?

O BATISMO COM ÁGUA, UM SINAL DA REALIDADE ESPIRITUAL

Há dois sacramentos ordenados por Cristo – o Batismo e a Ceia do Senhor. Estes “não são

apenas distintivos ou sinais de profissão dos cristãos, mas antes são sinais certos de graça”. O

batismo é “um sinal da regeneração ou novo nascimento”. Na Ceia do Senhor o pão é o sinal do

corpo quebrado de Cristo, enquanto que o vinho é um sinal do seu sangue derramado.

A oferta de Abel foi aceitável porque ele ofereceu um cordeiro com seu sangue derramado,

um tipo de Cristo, o Cordeiro de Deus, o que Caim não fez. Este tipo teve a sua origem cabal no

Egito quando os israelitas instituíram o cordeiro pascoal ou Páscoa. Depois de haverem matado o

cordeiro e colhido o sangue tomavam o hissopo e, mergulhando-o no sangue, esparziam as

ombreiras da casa em que deveriam comer o cordeiro. Esse cordeiro pascoal tipificava a morte de

Cristo e o seu sangue derramado. Assim como o cordeiro era um tipo de Cristo, assim também o

batismo da água é um tipo de batismo de Espírito Santo.

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Lemos em Isaías 44:3: “Derramarei água sobre o sedento”, etc. “Derramarei o meu espírito

sobre a sua semente”, etc. Mateus 3:11 cita João Batista: “Eu na verdade vos batizo com água”. “Ele

vos batizará com o Espírito Santo”. Qual era o sinal? A água derramada. Qual era a realidade ou

substancia? “O Espírito Santo derramado”. João disse: “Pra que Ele seja manifestado a Israel, é que

eu vim batizar com água”. Manifestado como? Pelos tipos familiares aos israelitas. Como deveria

ser aplicado o sangue de Cristo? Pedro diz (1 Pedro 1:2) “...a aspersão do sangue de Jesus

Cristo”. Isaías diz: “Ele borrifará muitas nações”. Isto designava o seu sangue. Qual era o sinal ou

tipo? Aspergindo ou batizando com água. Em I João 5:8 lemos: “Há três que dão testemunho na

terra, o Espírito, a água e o sangue: e estes três concordam”. Concordam em ensinar a lição da

purificação. A água é o símbolo e o Espírito e o sangue, a realidade.

ESCLARECIDO O MODO DE BATISMO

Chamo a vossa atenção para um quadro e para alguns trechos das Escrituras que nele se

encontram. Muitos anos antes de Cristo vir à terra, disse o profeta Joel (Joel 2:28): “E acontecerá

depois que derramarei o meu espírito sobre toda a carne”. Isto, devem admiti-lo todos os estudantes

honestos da Bíblia, se refere ao dia de Petencostes (vd. o quadro). Notai a palavra “derramado”.

Todas as passagens da Escritura, neste quadro,

apontam para o Petencostes quando o Espírito Santo

Atos 10:44 – “Caiu.”

Pente- coste

Atos 10:45 - “Derramado.”

Joel 2:28 – “Derramar.”

Atos 1:5 – “C

om o

Espírito S

anto”

Atos 1:5 –

“Com

água.”

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foi “derramado”. Duas das afirmações são do Senhor

e a outra é de Pedro referindo-se ao que o Senhor havia dito.

Quando Cristo estava na terra, disse aos seus discípulos (Atos 1:5): “Pois João, na verdade,

batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias”. Que

estudioso da Bíblia haveria de negar que esta afirmação de Jesus se refere ao dia de Petencostes, e a

Joel 2:28 “derramarei”? Ambas as afirmações são de Senhor, e se referem à mesma coisa (vd. O

quadro). Depois que Cristo foi para a glória, Pedro foi para a Cesaréia a fim de pregar, após o que

encontrou alguns dos discípulos e estava lhes contando o que pregava (vd. Atos 10:34-44). Também

Atos 10:44, 45: “Enquanto Pedro ainda falava estas coisas, desceu Espírito Santo sobre todos os que

ouviam a palavra. Admiraram todos os crentes que eram de circuncisão (judeus), quantos vieram

com Pedro, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo”. Agora lede

cuidadosamente Atos 11:1 a 16. Parece que Pedro jamais compreendera o que Jesus queria dizer em

Atos 1:5, até que testemunhou o poder do Espírito Santo em Cesaréia oito anos depois do dia de

Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre o povo. Agora lede cuidadosamente Atos 11:16:

“Lembrei-me da palavra do Senhor, como disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis

batizados com o Espírito Santo”. Se qualquer dos leitores não puder perceber que a conexão aqui

existente, isto é, com água, com o Espírito Santo, derramarei, e desceu sobre eles, são a mesma

coisa e que o batismo de João não poderia ser imersão, então o escritor destas linhas não sabe como

ajudá-lo a percebê-la.

AS TRADIÇÕES BÍBLICAS, OS COSTUMES JUDEUS E OS

BATISMOS ANTES DE CRISTO

Tendo estudado por muitos anos as tradições bíblicas e tendo feito uma viagem pelas terras

bíblicas, posso referir cerca de quarenta tradições e costumes da Palestina que estavam em uso antes

de Cristo, e muitos deles ainda em uso, os quais eu observei quando atravessava aquela região, tais

como duas mulheres moendo num moinho, aração feita com arado de um só cabo, homens

saudando-se mutuamente com ósculo santo, transporte de água e leite em odores de couro,

cambistas, etc. Se tais costumes ainda são vistos hoje em dia como o eram nos dias de Cristo e antes

desse tempo, por que o batismo de água seria indicado por derramamento e aspersão, se fora à

imersão o modo daquela época? O quadro que vedes impresso na capa é reprodução dos mais

antigos existentes. As pinturas ou desenhos dos cristãos primitivos encontravam-se nas catacumbas

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de Roma, uma das quais eu mesmo atravessei com uma candeia acesa. A que eu atravessei

completamente tinha oito acres de túneis subterrâneos. Muitos cristãos primitivos viveram e foram

enterrados sob o solo durante aqueles dias terríveis de perseguições, nos primeiros três séculos. Três

dessas pinturas, feitas logo depois dos últimos dias dos apóstolos, foram descobertas quando foram

desobstruídas as cavernas do subterrâneo. João ainda era vivo quando foi feita a primeira. Nas

primeiras duas, feitas pelos cristãos primitivos, vê-se o que mistura o batismo de pé, em terra seca,

derramando água sobre a cabeça do batizando. Na outra, vê-se o batizador de pé com água até junto

dos seus tornozelos, derramando água sobre a cabeça do batizando, como nas duas primeiras cenas.

O quadro que acompanha estes artigos é um dos dois mais antigos encontrados nas catacumbas. Em

um dos primeiros e também no último desses quadros, vê-se a pomba celestial descendo sobre a sua

cabeça. João 1 :32.

Foram tais descobertas na Palestina que levaram o Dr. Whitsit, por muito tempo professor no

Seminário Batista de Lousville, Kentucky, a renunciar à imersão como o verdadeiro modo de

batismo.

Fairfield, um outro batista eminente, fez a mesma coisa. Ambos escreveram livros sobre esse

assunto.

Durante a viagem pela Palestina vi este quadro pendente de algumas das igrejas. E cheguei

mesmo a vê-lo pendurado no viaduto de uma estrada. Na igreja de São Paulo, em Valleta, Capital da

ilha de Malta, vi uma estátua de Paulo e Públio, em tamanho natural, logo no interior da porta da

igreja. Paulo estava batizando Públio, derramando água na cabeça. O quadro do batismo de Cristo

estava dependurado nos fundos da mesma igreja. Trouxe comigo das margens do rio Jordão para

casa, uma pedra em que este quadro estava reproduzido. Em todas as terras da Bíblia por onde

andei, não vi um só quadro que indicasse imersão.

Deus mandou Moisés que esparzisse água como símbolo da purificação e por toda a era

profética os profetas ensinaram e praticaram a aspersão e o derramamento como ritos religiosos.

O QUE REQUERIA A LEI JUDAICA

Visto que João Batista batizou a Cristo, examinemos a lei mosaica sob a qual Ele viveu para

que viesse a cumpri-la. Que exigia a lei? Exigia a circuncisão (vd. Gên. 17:12, Lev. 12:3) Cristo foi

circuncidado com oito dias de idade, conforme a lei (vd. Luc. 2:21). Exigia a apresentação da

criança no templo. Ele foi apresentado (vd. Luc. 2:22). Exigia o tornar-se sujeito a à lei aos doze

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anos de idade. Eis porque ele se encontrava no templo, com seus pais, aos doze anos (vd. Luc. 2:42).

Exigia que os sacerdotes fossem dedicados desde os trinta anos de idade para cima (vd. Núm. 4:47;

Núm. 8:8 e Luc. 3:23).

Cristo era sacerdote. Lede Hebreus 3:1: “Considerai atentamente o apóstolo e o sumo-

sacerdote de nossa confissão,Jesus.” “Cristo não se glorificou a si mesmo para se tornar sumo-

sacerdote.” “És sacerdote eternamente conforme a ordem de Melquisedeque.” Jesus disse quando foi

a João, para ser dedicado: “Deixa por agora, pois nos convém cumprir toda justiça”.

João Batista havia sido instruído na lei e ele próprio a conhecia. Sabia que um sacerdote

nunca era imergido. Ele dedicou Jesus para a sua obra sacerdotal. Como fez isso? Por

derramamento, conforme a lei. Quando Jesus foi a João para ser batizado, este último hesitou, mas

Jesus insistiu sobre as exigências da lei. Que exigências eram essas? Os sacerdotes deveriam ter

trinta anos de idade quando dedicados para aquele ofício (vd. Núm. 4:47). Como se fazia

isso? Aspergindo ou derramando água. Quando Jesus purificou o templo e os judeus perguntaram

com que autoridade fazia isso, referiu-se ele ao seu batismo por João, Revestindo-o da autoridade de

um sacerdote para ministrar as coisas do templo.

Constituía violação da lei se qualquer pessoa assumisse o ofício e deveres de sumo-sacerdote

sem que primeiro fosse dedicado. Jesus jamais pregou um sermão, jamais escolheu seus discípulos,

jamais pronunciou uma parábola, jamais curou um doente nem fez qualquer outra coisa semelhante

antes de ser dedicado, porque Ele respeitava a lei rigorosamente, a lei do Velho Testamento, a lei

mosaica. Jesus disse aos seus discípulos obsecados: “Devem-se cumprir todas as coisas que estão

escritas na lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos, a meu respeito”. Como alguém poderá

redargüir que Cristo foi imergido, quando não havia lei para isso, está muito além da pobre

imaginação deste escritor.

DE QUE MODO DEUS BATIZOU O POVO

Determinamo-nos um momento e vejamos como Deus batizou o povo. Cristo batizou por

derramamento porque a Bíblia diz: “Ele vos batizará com o Espírito Santo”. Sabemos que isto se

deu (no dia de Pentecostes) por derramamento (vd. Joel 2:28 e Atos 2:17). Antes de Cristo

nascer Deus batizou os israelitas. Lede cuidadosamente a seguinte passagem: “Não quero, irmãos,

que ignoreis que nossos pais todos estiveram debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar, e todos

em Moisés foram batizados na nuvem e no mar” (I Cor. 10:1, 2). Qual é a diferença entre “no mar” e

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“no rio Jordão”? Quem pode explicar a diferença? Eles estiveram “no mar” e “foram batizados” pelo

Senhor. Como se deu isso? Se o batismo significa imersão, então Deus imergiu os israelitas.

Vejamos os fatos. Invoquemos Davi por testemunha. Eis o que ele diz a respeito deste batismo:

“Viram-te as águas ó Deus, viram-te as águas... As nuvens derramaram águas” (desfizeram-se em

água – Almeida). Este batismo, embora “no mar”, foi realizado “em terra enxuta”. Lede Êx. 14:29:

“Porém os filhos de Israel caminharam a pé enxuto no meio do mar”. Eles estiveram “no mar” e na

“terra enxuta” e “as nuvens derramaram água”. A palavra de Deus chama a isso “batismo”, pois diz

“e todos passaram pelo mar e foram batizados”. Não nos ensina a razão, neste passo, que Deus

batizou por derramamento? Não poderá entender isso uma criança de doze anos? Não façais um

deus do vosso preconceito. Sede coerente com o vosso próprio bom senso. Permiti que a verdade

realize a sua obra perfeita. Os israelitas estiveram “debaixo da nuvem” (I Cor. 10:2) e “as nuvens

derramaram água”. Ora, os egípcios que o seguiram foram imersos e morreram devido aos efeitos

dessa imersão. Nossos amigos imersionistas não falam muito a respeito deste batismo e de alguns

outros, tal como o de Paulo “levantando-se foi batizado”, etc. mas recorrem a “na terra de Enom – a

terra de muitas águas” – e “no rio Jordão”. Por que não experimentam inferir imersão de “no mar”,

“na terra enxuta” onde “as nuvens derramaram água” sobre os israelitas, o que foi pelo próprio

Deus?

JOÃO BATISTA BATIZAVA POR DERRAMAMENTO E

ASPERSÃO

A razão por que João Batista ou João “o purificador” batizava por aspersão e por

derramamento é que era a lei dada por Deus, e a única a cujo respeito ele conhecia alguma coisa. Ele

jamais ouvira de imersão. Todas as purificações e cerimônias eram feitas por afusão. Se Naamã se

mergulhou no Jordão, desobedeceu à lei. Adam Clark, um dos maiores conhecedores do Grego, do

mundo, diz que a palavra grega que é dada por mergulhar é traduzida por lavar, e que espargir e

purificar são preferidas pelas maiores autoridades modernas. A única desculpa para Naamã

mergulhar-se era, quiçá, a sua ignorância da lei. O mandamento foi para levar-se. Ver II Reis 5: 10:

“Vai e lava-te sete vezes no rio Jordão”. No versículo 14 diz que ele “mergulhou-se sete vezes”. Eis

o que diz a lei de Deus acerca da lepra, Levíticos 14: 7: “Aspergirá sete vezes sobre aquele que se há

de purificar da lepra, e declará-lo-á limpo”. O salmista Davi diz: “Purifica-me com hissopo, e ficarei

puro: lava-me e ficarei mais alvo do que a neve” (Salmo 51:7). Como se fazia isso? Qual era a lei?

Núm. 19:18, 19: “E um homem limpo tomará hissopo, e o molhará naquela água, e a espargirá sobre

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aquela tenda, e sobre todo o fato, e sobre as almas que ali estiverem: como também aquele que tocar

os ossos, ou a algum que foi morto, ou que faleceu, ou uma sepultura. E o limpo ao terceiro e sétimo

dia espargirá sobre o imundo”. Em Núm. 19:13 lemos: “... porque a água da separação não espargida

sobre ele, imundo será”.

Moisés espargia com água para limpar, purificar,santificar, etc. As palavras purgar, limpar,

lavar e santificar são usadas interpoladamente na Bíblia, com a significação de batismo. A tradução

escriturística da palavra batizar em um sentido literal significa limpar, cerimonialmente com água.

Os escritores dos evangelhos entenderam as palavras “batizar” e “purificar” como tendo o mesmo

significado. A lei judaica requeria a aspersão para a purificação. Os escritores do Novo Testamento

chamam a aspersão judaica: batismo. João Batista, que era judeu, entendeu os costumes judeus da

purificação da impureza física.

Filo, que vivia naquela ocasião, diz: “Era costume os judeus se espargirem com água do rio”.

JOÃO BATISTA BATIZANDO NO RIO JORDÃO

João era um sacerdote regular da mesma tribo de Levi, Moisés e Arão. Seu predecessor

Moisés batizara uma grande multidão: “E depois de Moisés haver dado todos os preceitos a todo o

povo conforme a lei... espargiu o livro e todo o povo”. Lede a este respeito I Cor. 10:1-2.

Agora lede Mateus 3:5-6: “Então9 iam ter com ele o povo de Jerusalém, e toda a Judéia, e de

toda a circunvizinhança do Jordão. E eram por ele batizados no rio Jordão”. Calcula-se que ele

esteve no deserto de nove a dezoito meses batizando esta grande multidão de um a seis milhões de

pessoas. Ele era o único batizador. Alguns dizem apenas seis meses, mas nós aceitamos o cálculo

maior. Se ele tivesse imergido 300 por dia durante dezoito meses teria havido apenas 162000

batizados e 5838000 seriam deixados por batizar. Ninguém poderia ter suportado o esforço físico de

batizar 300 diariamente durante dezoito meses a fim de chegar a esse número, 162000. pois teria

ficado paralítico ou teria morrido antes de haver batizado a metade daquele número.

O modo de João batizar aquela grande multidão fez com que muitos acreditassem ser ele o

Cristo porque o próprio livro da Lei e das profecias dizia que Cristo “borrifará muitas nações”

(Isaías 52:15). Chegaram mesmo a enviar judeus, sacerdotes e levitas de Jerusalém a fim de lhe

perguntarem se seria ele o Cristo. João 1:25: “Por que batizas então, se não és o Cristo?”

perguntaram. Ele respondeu: “Eu batizo com água”. Assim fez Moisés. Como? Tomou “lã escarlate

e hissopo e espargiu o livro e todo o povo”. Eis o mandamento de Deus a todos os sacerdotes, Núm.

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8:7: “Asperge sobre eles a água da purificação”. E’ o que fez João “o purificador”, usando sem

duvida a cana de hissopo. Era mandamento usar aquela cana.

“No Jordão”

“N o Jordão” não tem significação especial. O Jordão é uma região. Tem três encostas.

Descendo-se por uma encosta no caminho de Jerusalém a Jericó, estaremos “no Jordão”, cerca de

meia milha ou mais das águas do rio Jordão. Eu desci uma outra encosta e ainda estava “no Jordão”.

“No rio Jordão” não significa mais que a primeira frase. Lavei minhas mãos “no Jordão” e no “Mar

Vermelho”, mas não fiquei sob a água. Jesus “assentou-se no mar” mas não debaixo d’água. O navio

estava no meio do mar mas não debaixo d’água. Eu moro no Tennessee mas não sob o pó. “Paulo

ficou de pé no meio da colina de Marte”, mas não debaixo daquela grande rocha. “João batizava no

deserto” mas não debaixo do solo. Jesus “ficou” no lugar “onde João batizava no princípio” (João

10:40) Morou Jesus debaixo da água?

O BATISMO DE JESUS NO JORDÃO

Jesus não foi para nosso exemplo, pois não solicitou o batismo antes de todos terem sido

batizados (vd. Luc. 3:21). E, além do mais, tinha trinta anos de idade quando se deu esse fato. Não

queria esperássemos até essa idade para sermos batizados. Então, por que Jesus foi batizado? Foi

dedicado ao seu oficio sacerdotal como Sumo Pontífice de Deus. Quando os sacerdotes judeus eram

consagrados aspergia-se água sobre as suas cabeças, e eram ungidos com óleo. João derramou ou

aspergiu água sobre a cabeça do Filho de Deus como sinal ou passo preliminar para a unção do

Espírito santo. Deus o ungiu com o espírito Santo. Cristo estava cumprindo a lei que se encontra em

Núm. 4:3: “desde a idade de trinta anos e daí para cima até à idade de cinqüenta anos, de todos os

que entram no serviço para executarem a obra na tenda da revelação”. Ver também I Crôn. 23:3.

Cristo veio “não para destruir a lei, mas para cumpri-la”, e por este motivo respondeu a João:

“Deixe por agora, porque nos convém cumprir toda a justiça” – toda a lei. Subordinou-se à lei que

requeria esperar até trinta anos de idade; por que não havia Ele de sujeitar-se à forma de dedicação

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de um sacerdote, a qual era por aspersão ou derramamento de água sobre a cabeça? O propósito

principal de batismo de Cristo era o de ser dedicado ao9 seu oficio sacerdotal porque Ele era o

Sumo-sacerdote de Deus. Quase imediatamente entrou no templo e expulsou os que vendiam

mercadorias e quando lhe perguntaram a respeito de sua autoridade, referiu-se à dedicação por João,

o que lhe dava autoridade absoluta sob a lei. (vd. Mat. 21:25). Aceitavam a sua autoridade. Quem

ousaria dizer que Jesus fora imerso? Onde a autoridade para isso? Por que ficou Ele de pé no rio

Jordão para ser batizado por João? Vd. Josué 3:8: “Tu ordenarás aos sacerdotes que a arca da

aliança, dizendo: Quando chegardes à beira do rio Jordão, parareis aí”.

JESUS “SAIU LOGO DA ÁGUA”

A palavra “logo” (*) significa imediatamente e não verticalmente. E’ chocante ouvir algumas

pessoas usarem esta palavra no afã de provar que Cristo saiu verticalmente debaixo da água, ao

passo significa apenas que logo depois de terminarem a dedicação, desapareceu da cena.

Ele “saiu logo para fora da água”, após realizada a cerimônia. As duas palavrinhas “fora da”

em Mat. 3:16 são da palavra grega “Apo”, e todas as autoridades do grego que temos compulsado

traduzem “de” ou “fora de”. Os tradutores da Bíblia inglesa traduzem-na, trezentos e setenta e duas

ou trezentos e setenta e três vezes “de” em vez de “fora de”, em outras frases bíblicas. Alexandre

Campbell traduz esta palavra “de”, em vez de “fora de” em seu Novo Testamento. A União Bíblica

Americana, de convicção batista fez a mesma coisa. Os conhecedores do grego dizem que “fora de”

em Mat. 3:16 é tradução incorreta, e deveria ser “de”. O Dr. Carson, que foi um dos maiores

imersionistas destes últimos tempos, diz: - “A tradução própria de “Apo” é “de”. “Ele subiu da

água”. Ver Carson, sobre o Batismo, págs. 126-140.

“Muitas águas”

Os imersionistas fazem celeuma a respeito destas duas palavras (João 3:23). Enom é

uma terra de fontes. Podereis manusear qualquer dicionário bíblico que seja bom, e

descobrireis que a palavra Enom significa “fontes”, e a palavra “muitas” é de uma palavra

grega que tem esse sentido. Enom, uma terra de muitas fontes. A lei requeria que a água

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para o batismo fosse retirada de água corrente. Enom preenchia facilmente as exigências

para que João batizasse. Se pedirdes a alguém indique o nome de um rio em Enom,

havereis de ver quão difícil tarefa é a sua.

(*) Em inglês “logo” é “straightway” – uma palavra composta em que o radical “straight” significa reto, direito, - ou então,

como advérbio, imediatamente, no tempo mais breve. Alguns imersionistas de língua inglesa dizem que Jesus saiu straigth up

(straigth=reto+up=para cima, - ou completamente, inteiramente) = verticalmente da água, isto é, saiu debaixo da água, de pé. – Nota

do tradutor.

DESCERAM À ÁGUA

Estudemos agora o batismo do Eunuco. E’ este um caso de batismo ao qual os imersionistas

dão muita ênfase. Entretanto é um dos casos mais claros de não imersão. Em primeiro lugar o

caminho por onde viajavam era um “deserto” (vd. Atos 8:26). Não há muita água num deserto e o

Eunuco ficou surpreendido por ver água (Atos 8:36). Em segundo lugar a crosta da terra é tal que

não há nenhum sinal de jamais ter havido um rio naquela região. Solicitai a qualquer autoridade

sobre o assunto que mencione o nome de um rio naquela parte da Palestina. Os viandantes que

passaram por esse caminho dir-vos-ão que, onde Filipe batizou o Eunuco há um veio de água que sai

do lado da montanha e que, em um buraco, há regularmente água bastante que dá para dessedentar

um cavalo.

Em terceiro lugar o Eunuco estava lendo no livro de Isaías, onde se diz: “Ele borrifará muitas

nações”. Ele estava lendo a respeito da aspersão, o modo pelo qual os judeus realizavam as

cerimônias exteriores. Naquele tempo não se praticava a imersão. A única que possuíam (a Velha

Bíblia) estava cheia de aspersão e derramamento, e nada mais era ensinado nem se sabia. O eunuco

havia estado em Jerusalém para adorar. Sem dúvida bem versado nas Escrituras. Filipe encontrou-o

e “subiu” na carruagem. Esta possuía degraus. Quando o Eunuco viu água detiveram-se e o original

grego diz: “Eles desceram para fora da carruagem para a água”. Os conhecedores do grego nos

dizem que a palavra grega eis, que aqui se traduz “into”, é traduzida “to” mais vezes do que “into”.

Se é traduzida “into” isso não quer dizer que signifique da água.

Ainda mais, se o inglês em Atos 8:38 é correto, nesta passagem “into” significa imersão.

Então Filipe e Eunuco, ambos, foram para debaixo da água, cabeça e orelhas inclusive, e Filipe

realizou a cerimônia debaixo d’água, e ninguém viu a sua realização. Lede cuidadosamente a

declaração: “Eles (plural) desceram ambos (pl.) para dentro d’água, Filipe e Eunuco (ambos)”.

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SEPULTADOS COM CRISTO PELO BATISMO

Em Rom. 6:4 lemos: “Fomos, pois, sepultados com Cristo na morte pelo batismo”. E em

Col. 2:12 lemos ainda: “Sepultados com Ele no batismo”. Nestas passagens encontramos as

fortalezas (cidadelas) de nossos amigos imersionistas. Nenhuma dessas passagens contém uma gota

d’água sequer. È “sepultados na morte” e não na água. Ambas as passagens tem a mesma

significação. Em Col. 2:12, no mesmo versículo citado vemos que a alma é ressuscitada pela

“operação de Deus”. Não que nossos corpos sejam levantados para fora da água pela força física do

homem. Est5as passagens significam a obra profundíssima da graça – separação do pecado e

vivificado para Deus. Estas passagens são figuradas.Não tem mais sentido literal de ser mergulhado

na água do que outras passagens da escritura tais como “crucificados com Cristo”, significam que

devemos ser pregados a uma cruz literal de madeira ou que “ressurreição” e “ressuscitados dos

mortos” em Rom.6:4-5 significam uma ressurreição literal do corpo. Paulo diz: “Somos sepultados

com Cristo”, não que tenhamos sido sepultados na água. Para representar realmente seu

sepultamento, o corpo de candidato batizado teria de ser deixado sob a água três dias e três noites.

Há muita diferença entre ser sepultado com Cristo na morte pelo batismo e sepultados sob a

água por um pregador. O batismo de que Paulo está falando aqui é o mesmo de S. Lucas 12:50, que

é o batismo do sofrimento e morte. Jesus já havia sido batizado quando pronunciou aquelas palavras.

S. Paulo, em todos os seus escritos, usa a palavra batismo quinze vezes. O batismo judeu

uma vez, o batismo da morte três vezes, o batismo espiritual três vezes, o batismo pelos mortos duas

vezes, o batismo dos filhos de Israel em Moisés na nuvem uma vez, e o batismo com água cinco

vezes.

BATISMO NO DIA DE PENTECOSTES

Em um só dia, o dia de Pentecostes, três mil (3000) pessoas foram batizadas. Esta notável

reunião começou às nove horas da manhã e certamente as exclamações e o júbilo dos salvos não

cessaram antes do meio-dia. Se foram imersos desde o meio dia até às sete da noite, então foram

batizados sete por minuto. Não é razoável crer que naquela época do ano houvesse água em

Jerusalém, exceto nos tanques públicos, e quem poderia crer que os inimigos daquele movimento,

autoridades de Jerusalém, cedessem os tanques para serem contaminados? As multidões da cidade

tinham de usar aquela água para cozinhar e beber. Em Ez. 36:24-25a: “Pois vos tirarei dentre as

nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra. Então espalharei água

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pura sobre vós.” Conforme esta profecia, Deus reunia o seu povo de “todos os países” para a sua

própria terra. (vd. Atos 2:5). Lucas, que escreveu o livro de Atos, chama a isto batismo. O que Isaías

chama aspersão Jesus chama batismo. Jesus disse: “Porque na verdade João batizou com água mas

vós sereis batizados com o Espírito Santo”. Joel 2:28 disse: “Com o Espírito Santo” seria pelo

derramamento no dia de Pentecostes, e Pedro em Cesaréia disse “o Espírito Santo caiu sobre eles

como a princípio sobre nós”, o que foi feito por “derramamento”, disseram Joel e Pedro. (Vd. Joel

2:28 e Luc. 3:16).

A definição principal de Webster, a respeito da palavra “batismo” é “a aplicação da água ao

corpo como cerimônia religiosa”. Como aplicaríeis cataplasma ao corpo? Como aplicaríeis qualquer

coisa ao corpo? Como aplicaríeis água?

Henry Alford, um dos grandes conhecedores do grego, do mundo, diz: “Quase certamente

este primeiro batismo deveria ter sido administrado, como o foi o dos primeiros gentios convertidos,

por aspersão – não por imersão de três mil pessoas, em uma cidade tão esparsamente abastecida de

água, como Jerusalém, é tão inconcebível como uma profissão além dos muros até Cedron ou Siloé,

para esse propósito”.

O BATISMO DO CARCEREIRO

Paulo e Silas foram a Filipos, uma cidade pagã, para pregarem a Cristo. Esta nova doutrina

produziu grande tumulto. Foram presos e condenados. “E depois de os haverem açoitado muito,

lançaram-nos na prisão ordenando ao carcereiro para guardá-los com segurança: o qual, tendo

recebido tal ordem, lançou-os na prisão interior, e prendeu os seus pés a um cepo”. Notemos

cuidadosamente aqui que eles foram lançados no “cárcere interior”. Era um cárcere romano e o

carcereiro morava dentro de suas paredes. As prisões romanas não possuíam banheiros nem tanques

de água. Onde há, em nossa civilização moderna, prisões com tanques de banho para os presos?

Muito menos supomos que então tivessem tal coisa. À meia-noite Paulo e Silas oravam e um

terremoto sacudiu as portas da prisão e abriu-as. Era a morte para um carcereiro romano se um

prisioneiro escapasse. O carcereiro vendo abertas as portas da prisão, sacou de sua espada para se

suicidar, pois sabia que morreria se os prisioneiros saíssem e fugissem. Paulo vendo o carcereiro

prestes a se suicidar “clamou com grande voz”: “não te faça nenhum mal: todos nós estamos aqui”.

Nenhum escapou. Então o carcereiro “pediu luz e se lançou para dentro, e tremendo caiu diante de

Paulo e Silas e tirou-os para fora”. Tirou-os para fora de onde? Da “prisão interior” onde os havia

colocado. Fora da prisão principal o carcereiro perguntou o que devia fazer para ser salvo.

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Disseram-lhe: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”. E o carcereiro “tomou-os na mesma hora

da noite (meia-noite) e lavou as suas feridas; e foi batizado, imediatamente, com toda a sua casa”.

Onde estão agora? Em um aposento onde a família lavava o rosto e as mãos, sem duvida alguma.

Ali lavaram o sangue das costas dos prisioneiros, e ali foram batizados. Não saíram da prisão. Teria

sido a morte para o carcereiro se assim houvesse procedido. Após o almoço “Os magistrados

enviaram os soldados dizendo: soltai esses homens”. Paulo recusou sair da prisão mas disse:

“Venham eles mesmos e nos soltem”. Então os magistrados vieram “e tiraram-os para fora e

pediram-lhes para saírem da cidade”. Teriam saído para um rio a meia-noite, ainda que a pena de

morte não fosse lei?

BATISMO DE FAMÍLIA INCLUSIVA O BATISMO DE PAULO

Há cerca de cinqüenta casos de conversões individuais no Novo Testamento, sete dos quais

foram batizados e quatro destes dizem respeito a famílias. Notareis na Bíblia que quando e onde

pessoas se convertiam no mesmo lugar e na mesma ocasião eram batizadas. Não há um só exemplo

no Novo Testamento em que uma congregação ou pessoa tivessem deixado o lugar onde se deu a

conversão para irem procurar ansiosamente uma corrente de água para o batismo. Ouvis anúncios de

púlpitos, hoje, que o batismo será realizado em certa baía ou no tanque em uma certa igreja. Isto é

modernismo. Não encontrais nada na Bíblia, um único exemplo dessa espécie. Na Palavra de Deus

não há.

Paulo se converteu em uma casa em Damasco no lar de um certo Judas na rua chamada

Direita. Imediatamente após a sua conversão “levantando-se foi batizado”. O grego confirma a

afirmação que “levantando-se ele foi batizado”. Ananias disse a Paulo: “Levanta-te, se batizado, e

purifica os teus pecados, invocando o nome do Senhor”. Ananias era “um varão piedoso segundo a

lei”. (Atos 22:12). Qual era a “lei” entre os judeus acerca da “lavagem” dos pecados ou a respeito de

um símbolo da purificação? Lede Núm. 8:7: “Espargi a água da purificação sobre eles”.

O carcereiro de Filipos foi batizado no cárcere. Cornélio que morava em Cesaréia chamou

seus “parentes e amigos íntimos” e enquanto Pedro lhes pregava, o Espírito Santo “caiu” sobre eles

como sobre o povo de Jerusalém no dia de Pentecostes. “Respondeu então Pedro: pode alguém

impedir água para que não sejam batizados, estes que também já receberam como nós o Espírito

Santo?” O significado lógico é: “Quem pode proibir que se traga água para batizar estes que

receberam O Espírito Santo?” Pedro, mais tarde, encontrando os discípulos, e falando a respeito de

seu sermão e de como o Espírito Santo “caiu” sobre o povo em Cesaréia, como acontecera ao povo

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no dia de Pentecostes, disse: “E lembrei-me do dito de Senhor, quando disse: João certamente

batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo”.

NASCER DA ÁGUA

As palavras acima se encontram em João 3:5, quando Jesus disse a Nicodemos: “Se alguém

não nascer da água e do espírito não pode ver o reino de Deus”. Esta é a cidadela de alguns dos

nossos amigos imersionistas, e no entanto não há uma só gota de água neste texto no que diz

respeito ao batismo de água. Não há três nascimentos mencionados nesta conversa de Jesus, apenas

dois. Se houvesse três nascimentos então a sentença seria: “Se alguém não nascer mais de duas

vezes, etc”. “Nascer de novo” significa outra vez. “Nascer da água” é uma frase enfermiça para o

nascimento natural. O nascimento de uma criança, quando ela não “nasce da água”, mas do outro

modo, chama-se “nascimento seco”, e é quase morte para mãe. Nicodemos fez duas perguntas para

Jesus: “Como pode um homem nascer sendo velho?”, e “Pode ele entrar outra vez no ventre de mãe

e nascer?” Jesus respondeu imediatamente com estas palavras: “Se alguém não nascer da água e do

espírito não pode ver o reino de Deus”. Então, para explicar mais claramente o que queria dizer,

acrescentou: “O que é nascido da carne”, mulher ou ventre, é carne. Uma casa publicadora batista

pediu ao Dr. Edmund B. Fairfield, que por um quarto de século fora um forte Batista e um dos

melhores conhecedores do grego de seu tempo, que escrevesse um livro em defesa da posição

batista quanto ao batismo, etc., trabalho esse que ele empreendeu em boa fé, mas, disse ele, torreão

após torreão da sua fortaleza batista, ruíram por terra, embora houvesse trabalho por dois longos

anos para sustentar a sua antiga convicção. Disse não mais poder continuar como ministro batista.

Ele Diz: “nascido da água” não pode ser interpretado como se referido a qualquer outra coisa senão

ao nascimento natural. Mais adiante afirma: “Ora, no meu entender, não há mais alusão ao batismo

neste versículo do que ao planeta Marte ou à revolução Francesa. Fala-se apenas a respeito do

nascimento natural. Ser “nascido da água” era sem dúvida uma forma de expressar-se que Cristo

usava com este sentido”. Em defesa de sua interpretação cita Is. 48:1: “Ouve isto, casa de Jacó, vós

os que vos chamais do nome de Israel, e saístes das águas de Judá”. Isto se refere, diz ele, aos

descendentes nacionais de Judá.

OITO ALMAS SALVAS PELA ÁGUA

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O texto deste artigo é registrado em I Ped. 3:20-21. Ei-lo: “...a longanimidade de Deus

esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucas, (isto é, oito) almas, se

salvaram pela água: Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, batismo não do

despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus,

pela ressurreição de Jesus Cristo”.

Verdadeiramente é de estranhar como pode alguém inferir destas palavras a imersão. Os

antediluvianos (gente ímpia) foram os únicos afogados ou imersos. As “oito almas foram salvas”,

por se conservarem fora da água. Se tomaram alguma coisa sobre si, deve ter chovido sobre elas –

espargidos ou derramados. Isto é claro. “Como uma verdadeira figura” – dizem as autoridades do

grego – deve ser traduzida “o antítipo para o qual”. O mundo era mau, estava contaminado,

mergulhado no pecado. Os antediluvianos não quiseram obedecer ao Senhor, e pereceram afogados.

Noé e sua família entraram na Arca e se salvara – tinham uma consciência pura. Se nos

arrependermos e procedermos como Noé e sua família entraremos na Arca – o Espírito Santo dá

testemunho a uma consciência pura de que somos salvos. Heb. 10:22 diz: “Tendo os nossos

corações purificados (em inglês: espargidos) de uma consciência má e levados os nossos corpos com

água pura. Noé e sua família não foram imersos”.

“Salvaram-se pela água”. Por meio de uma Arca que foi construída para flutuar sobre a água.

Por este método foram salvos, não em um dilúvio ou por serem imersos. Noé creu em Deus e

obedeceu a Deus e foi salvo sobre a água, não por submergir nela.

RECAPITULANDO O ASSUNTO DO BATISMO

Certamente que o Senhor não haveria de requerer um modo de batismo que não pudesse ser

realizado em todas as estações do ano, em todos os climas e para todas as pessoas, em quaisquer

circunstâncias. O batismo por afusão pode ser feito em todos os tempos, e em todos os lugares, para

todas as pessoas, em todas as condições e circunstâncias. Isto não é verdade quanto à imersão.

Muitas pessoas têm crido em Cristo para a salvação na hora da morte como o ladrão na cruz, que

não podiam ser imersas. Muitas pessoas na história do mundo têm morrido devido aos efeitos da

imersão em água extremamente fria. Conta-se que em um município de Kentucky dois pregadores

morreram por se exporem imprudentemente à intempérie do inverno ao imergirem pessoas na água.

Em grandes desertos como o Saara, só se encontra água em poços profundos. Nas regiões

extremamente frias no Norte, seria impossível a imersão. João Batista era Judeu, e foi criado na

igreja judaica com Jesus; e os judeus eram muito aferrados à lei (great sticklers) (*).

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Todos os batismos feitos pelos judeus eram por aspersão, derramamento e lavagem. A aspersão e o

derramamento são termos familiares na única Bíblia que João e Jesus viram. Nada sabiam a respeito

de cerimônias ministradas por imersão. Toda evidência que se pode obter demonstra o fato de que

João batizava o povo por afusão. Um novo modo exigiria explicação. Jesus observou a lei em todos

os seus pormenores. Veio para cumprir a lei.

Canaã era um tipo do céu, e Jerusalém um tipo de Nova Jerusalém. O sacrifício era um tipo

de outro sacrifício, e a Páscoa o era da Ceia do Senhor. O batismo de água é um tipo de outro

batismo – o batismo do Espírito Santo que todos devem reconhecer era pela aspersão, e o sinal

compararia com a substância. Vejam-se Núm. 8:7; Is. 4:3, 52:15; Ezeq. 36:25, 39:29; Joel 2:28;

Atos 2:17.

MINHA PRÓPRIA ATITUDE PARA COM O BATISMO DE ÁGUA

Vou escrever o que segue para que eu seja claramente compreendido quanto à minha atitude

para com o batismo de água. Eu sei que há apenas uma Igreja real, e essa é a Igreja de Cristo,

constituída de todos os salvos, pouco importando a que denominação eclesiástica pertençam. Desejo

que todos os cristão sejam um só corpo e todos possamos ser companheiros. Não estou clamando

porque alguns lavam pés, alguns não usam instrumentos de música em suas igrejas, alguns batizam

por imersão e não crêem no batismo infantil. Mas eu estou insistindo em que o batismo não é

essencial para a salvação e que não deve ser elemento primário na pregação. Além disso não

concordo com o ridicularizarem constantemente o nosso modo de batizar. Recentemente um irmão

imersionista fincou uma vara na areia junto a um rio, quando ia batizar alguns candidatos ao batismo

por imersão, e espargiu um pouco de areia no topo da vara e disse: “Parece isso com o ser sepultado

na água?” Em nenhum lugar a Bíblia diz que alguém já fora sepultado na água. Isso tudo se faz ler

na Escritura, porque não está lá. E’ sepultado na morte, o que tem um significado diferente de água.

Por toda a nossa igreja o nosso povo tem sido insultado por meio de labéus ao nosso modo de

batismo e ao nosso modo de batizar crianças. Estou perfeitamente pronto a conceder sinceridade e

honestidade aos irmãos que não concordam comigo e respeito-os quanto à sua crença; e o mesmo

espero da parte deles. Mas ser mantidos no ridículo como se fôramos um bando de ignorantões e

como se nada conhecêssemos de melhor, é ir demasiado longe neste século de luz quando se tem

livre acesso à história da igreja e do estado. Isso pode ir tão longe a ponto de perder meu respeito

próprio e de não permanecer calado, pois eu creio seja caridade o permitir que o povo permaneça na

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ignorância. Não queremos tomar opiniões pelo que a Bíblia ensina. Temos a Bíblia (V. T.) sobre que

se baseavam Cristo e os apóstolos.

Estudemos essa velha Bíblia, e vejamos o que diz a respeito do batismo. Não havia outra

Bíblia durante uma centena de anos depois do nascimento de Cristo. Certamente que podemos obter

dela alguma idéia sobre o batismo. Não mais nos firmemos sobre opiniões de homens. Podemos ler

por nós mesmos, e assim o façamos. E’ o que fez o escritor, e encontrou verdadeira luz em assim o

fazendo.

POR QUE BATIZAR CRIANÇAS

O Pacto da Igreja incluía crianças

Quando deus fez um pacto de igreja com Abrão para as gerações futuras, fez um concerto

eterno, e nele incluiu as crianças. Esse concerto deveria perdurar tanto quanto a raça humana. Leia

Gên. 17:7: “Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua semente depois de ti nas suas

gerações por uma aliança eterna”. A circuncisão era o sinal ou “Selo do pacto”. Leia Gên. 17:10-11.

Enquanto que outros concertos que Deus fizera com o povo foram locais e efêmeros, como o

feito com Noé (Gên. 9:9), e o feito no Sinai (Êx. 34:28) etc., este concerto era universal e eterno, do

mesmo modo que a expiação. Deus organizou a Igreja para perdurar até o fim dos séculos, e este

concerto foi feito com Abrão 1911 anos antes que Cristo nascesse. Outro concerto foi feito com

Moisés 1481 anos antes de Cristo ou 430 anos após o concerto feito com Abrão. Lede Gál. 3:17,

também Atos 3:25.

A respeito deste pacto, diz Alexandre Campbell: “Este concerto, então, foi ratificado com

Abrão a respeito do Messias e inalteravelmente estabelecido. Conseqüentemente a lei, ou concerto

com toda a nação de Israel, 430 depois deste tempo, não poderia anular a promessa em outro

concerto, a respeito das pessoas não presentes, e , portanto, não tomando parte naquele concerto”.

O BATISMO INFANTIL NO LUGAR DA CIRCUNCISÃO

A circuncisão era o rito iniciatório na igreja visível antes da vinda de Cristo. Era o sinal ou

“Selo desse pacto”. Antes que Cristo viesse o sinal ou selo da Páscoa era o cordeiro pascoal, pão

asmo, ervas amargas e vinho. Sob a nova economia Cristo abandonou o cordeiro pascoal e as ervas

amargas e perpetuou o sacramento da Ceia do Senhor com apenas dois desses elementos – o pão e o

vinho. Semelhantemente o batismo da água, sozinho, substituiu toda a cerimônia. Tanto n primeira

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como na segunda economia, quando uma família gentia ingressava na igreja judaica, a única igreja

visível e a igreja que continha o pacto acima mencionado, os homens eram circuncidados e

batizados com água e as mulheres idosas e jovens, até mesmo as crianças eram apenas batizadas

com água. Crisóstomo, um dos mais antigos escritores cristãos dos primeiros séculos depois dos

apóstolos, diz: “Havia dificuldade e empecilho na prática da circuncisão judaica; mas nossa

circuncisão, quero dizer, a graça do batismo, dá cura sem dificuldade pois é tanto para crianças

quanto para adultos”.

Nenhum conhecedor da Bíblia poderá apresentar uma única passagem de escritura

inconfundível a fim de provar que João Batista, qualquer dos doze apóstolos ou mesmo dos oito

escritores do Novo Testamento, salvo S. Paulo, foram batizados por qualquer modo depois de

adultos. Onde foram batizados Mateus, Marcos, Lucas, João, Pedro, etc., senão na infância? Cremos

está aqui a solução para esta questão. Se algum dia foram batizados deve ter sido isso quando

crianças, aos oito dias de idade.

A IGREJA NO DESERTO E A IGREJA DE HOJE SÃO AS MESMAS – AMBAS SOB O

MESMO PACTO

Os que se opõem ao batismo infantil como regra negam o fato de que houve uma

organização de igreja visível antes da vinda de Cristo. Quando Cristo esteve na terra não organizou

uma igreja visível, nem sugeriu qualquer nome para uma igreja visível. Por quê? Porque já existia

uma. Era a igreja do “concerto eterno”.

“The Cristian Standard”, de 1 de janeiro de 1932, sustentando a crença de Alexandre

Campbell, trouxe a seguinte afirmação:

“Aos oito dias de idade entrava-se no antigo concerto pela circuncisão. Isto é, entrava-se

antes que pudessem mesmo “conhecer o Senhor” em cujo concerto estava se ingressando.

Conseqüentemente cada um e todos tinham de ser ensinados, subseqüentemente, nas coisas mais

elementares a fim de “conhecerem o Senhor”.

Vivemos hoje sob a forma de governo, da igreja que Deus deu aos judeus, e sob a qual Cristo

também viveu. As leis morais que Deus deu a Abrão e Moisés estão em vigor hoje para nós quanto

naquele tempo para eles. Certas leis sacrificiais foram encravadas na cruz, mas uma lei moral jamais

foi revogada. A igreja visível de hoje é a igreja que Deus iniciou com Abrão (vd. Gên. 17:7 e Sal.

105:8-10). Alguns dos nossos amigos não gostam de reconhecer este fato porque aquela igreja

incluía crianças. Jesus disse que esta igreja seria tomada dos judeus e dada aos gentios (vd. e lede

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cuidadosamente Mat. 21:33-43). A “vinha” que Deus plantou era a igreja visível. Ele “entregou sua

vinha a outros lavradores”. (Vd. Rom. 11:13-25).

Não era uma nova igreja visível. Paulo escrevendo aos Efésios (Ef. 2:20), diz que foram

“edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de

esquina”. A mensagem do evangelho estava na “igreja no deserto” como está na igreja hoje. Pedro,

discursando à multidão de judeus no dia de Pentecostes, disse (At. 2:39): “Porque a promessa é para

vós e vossos filhos”. Aqueles judeus tinham sido ensinados a receber crianças e a dar-lhes o selo do

concerto abrâmico. Os judeus não tinham de aprender isso. Eles já haviam sido educados ao longo

desta linha. Gên. 17:7 e Atos 2:39 se harmonizam: “a ti e à tua semente”, e “para vós e para vossos

filhos”. (Vd. também Gên. 12:3 e Atos 3:25).

Quando os discípulos perguntaram a Jesus “Quem é o maior no reino dos céus?” – a igreja

visível – Ele “chamou um menino” e “o pôs no meio deles” e disse: “quem receber um menino tal

como este, em meu nome, a mim recebe” (Mat. 18:5). Digam-me, por favor, como as igrejas

recebem os pequeninos em nome de Jesus? Levam-nos à Escola Dominical e registram os seus

nomes e os contam, mas não os levam à igreja. Levam as velhas ovelhas, para o morno aprisco, mas

os cordeirinhos devem ficar fora, junto ao portão, ou sob a umidade até crescerem. Nem Deus nem

Jesus os tratam assim. Deus os incluiu no seu pacto com Abrão e disse que deveria ser um “concerto

eterno”. Jesus disse (Mat. 19:14): “Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque dos

tais é o reino dos céus” – a igreja visível.

O BATISMO INFANTIL, UM MANDAMENTO DO SENHOR

Os que se opõem ao batismo infantil pretendem não haver mandamento específico para faze-

lo. Também não há um mandamento específico na Bíblia para dar a Ceia do Senhor às mulheres.

Nada se diz a respeito do sexo ou idade. Se nossos amigos forem honestos quanto ao não batizar

crianças porque não há mandamento específico para faze-lo, por que não deixam de dar a Ceia do

Senhor às mulheres?

As mulheres pertencem a uma classe que Jesus tinha em mente quando disse: “Fazei isto em

memória de mim”. Há um axioma que “tudo que se manda a uma classe, manda-se a cada indivíduo

dessa classe”. Quando Deus disse: “E ensiná-los-ás diligentemente a teus filhos” incluía tanto os

homens quanto as mulheres. Quando Cristo disse: “Ide, pois, e ensinai todas as nações batizando-as

em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, incluiu as crianças. Não são as crianças parte de

todas as nações? Cristo queria dizer, de fato, todos os que eram e deveriam ser súditos do seu reino.

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Cristo disse das crianças, “Porque dos tais é o reino céus”. As crianças estão em estado de salvas

pelos méritos expiadores do sangue de Cristo até que cheguem à idade da responsabilidade. Exige-se

a fé somente daqueles que podem exerce-la. Todos os outros são salvos sem fé. Os idiotas que o tem

sido durante a sua vida estão de salvos pelos méritos do sangue de Cristo. As criancinhas estão em

estado de salvas e Deus mandou que recebessem o seu sinal. Atos 3:25 diz: “Vós sois os filhos dos

profetas e da aliança que Deus estabeleceu com vossos pais, dizendo a Abrão: Na tua descendência

serão abençoadas todas as famílias da terra”.

O BATISMO INFANTIL DEVE PERMANECER PARA SEMPRE

Lê-se no Sal. 105:8-10: “Lembra-se perpetuamente do seu concerto, da palavra que mandou

até milhares de gerações; do concerto que fez com Abrão e do seu juramento a Isaque; o qual ele

confirmou a Jacó por estatuto, e a Israel por concerto eterno”. Até Cristo houve apenas quarenta e

uma gerações (vd. Mat. 1:17). Vedes, pois, que esta aliança de “mil gerações” não cessou quanto

Cristo veio.

Jesus primeiro ordenou aos seus discípulos para “irem às ovelhas perdidas da casa de Israel”.

Aqueles discípulos sabiam, e todos os que estão familiarizados com a história judaica sabem, que,

quando uma família gentia ingressava na igreja judaica, todos eram batizados (sinal de pureza, para

o que se fazia toda a aspersão e derramamento de água nos tempos antigos), homens, mulheres e

crianças.

Quando mais tarde, cerca de dois anos, Cristo disse novamente a seus discípulos: “Ide,

portanto, e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”,

aqueles homens que estavam familiarizados com as crianças batizadas, certamente não entenderam

que esta prática teria de cessar. Cristo não lhes disse para abandoná-la. A razão por que alguns não o

percebem claramente é que isso era um costume familiar entre os judeus, e por que Cristo haveria de

dizer mais alguma coisa a respeito?

CASOS BIBLICOS QUE PROVAM O BATISMO INFANTIL

Como prova desta prática estamos dando uma vista panorâmica de casos de batismo de

criança na Bíblia.

Ao estabelecer-se a igreja visível Deus ordenou que as crianças nela se iniciassem. Era

imposto um castigo se não se iniciassem: “Essa alma será excluída do meu povo; quebrou o meu

concerto”. (Gên.17:14).

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O Senhor ordenou a circuncisão e o batismo toma o lugar da circuncisão – um sinal de

pureza espiritual. Cristo instituiu o batismo com água somente, abandonando a cerimônia

relacionada com a circuncisão ou com o cortar da carne. A circuncisão, instituída por Deus, teve o

seu lugar antes de Cristo, do mesmo modo que as leis de sacrifício. Cristo instituiu o batismo infantil

e de adultos com água somente nestas palavras: “Ide, portanto, e ensinai todas as nações, batizando-

as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Agora vejamos o que Deus diz a respeito do

assunto. Joel 2:16: E’ “diz o Senhor”; “Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os

anciãos, congregai os filhinhos e os que mamam”. Não abrange todos – grandes, pequenos, velhos e

moços? Que significa, nesta passagem, a palavra santificar? Uma única passagem basta para as

pessoas inteligentes. Heb. 9:19: “Porque, havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os

mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes com água e lã purpúrea e

hissopo e espargiu o livro, e todo o povo”. Não esqueçais que o batismo de água era usado mil e

quinhentos anos antes de Cristo. Abri I Cor. 10:1-2. O vs. 2, diz: “E todos foram batizados em

Moisés na nuvem e no mar”. Havia pelo menos 100.000 crianças naquela multidão. Deus realizou o

batismo. Paulo chama a isto batismo, e Davi diz que a água foi “derramada” sobre eles. Agora, que

condenação lançarão contra Deus os nossos amigos que se opõem ao batismo infantil, por haver Ele

batizado 100.000 crianças? Por que condenar por seguirmos não só o mandamento do Senhor mas o

próprio Senhor?

O NOVO TESTAMENTO E O BATISMO INFANTIL

Agora chegamos ao Novo Testamento, mas este livro não existia nos dias terrenos de Jesus

Cristo. Quando foi escrito, porém, continha certos registros. Eis um dos primeiros: João Batista foi

iniciado na igreja – a única do mundo, a igreja visível de Deus – aos oito dias de idade. Se ele teve

qualquer outro batismo exceto o batismo infantil, nunca se registrou esse fato. O mesmo é verdade

de todos os apóstolos e de todos escritores do Novo testamento, menos Paulo. Paulo era considerado

um prosélito, do contrario o seu batismo infantil teria sido aceito, sem dúvida alguma. Maria iniciou

Jesus na mesma igreja aos oito dias. Este foi o seu batismo eclesiástico.

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Pedro, um judeu, educado naquela igreja que batizava crianças, igreja à qual Deus ordenou

batizasse crianças, pregou no dia de Pentecostes estas palavras: “Porque a promessa é para vós e

para vossos filhos”. Se Moisés naquela mesma igreja e sob o mesmo concerto, tomou uma vara de

hissopo e a mergulhou na água e batizou todo o povo, homens, mulheres e crianças; e se Deus

batizou 100.000 crianças com os seus pais no Mar Vermelho, por que duvidaríamos nós do fato de

que Pedro, que bem conhecia as Escrituras, batizou crianças entre os 3.000 no dia de Pentecostes?

Certamente não ignorava os costumes de sua igreja.

Os apóstolos batizavam famílias inteiras. John Wesley, comentando sobre Lídia, que foi

“batizada e sua casa”, diz: “Quem pode crer que em tantas famílias não havia crianças? Ou que os

judeus que fazia tanto tempo estavam acostumados a circuncidar seus filhos não o consagrassem a

Deus pelo batismo?” Paulo batizou “a família de Estefânia” e o carcereiro e toda “a sua casa”. As

palavras “casa” e “família” significam que há crianças nelas. Um manuscrito sério do Novo

Testamento, que se supõe ser a mais antiga versão do mundo, relatando o batismo de Lídia “e sua

família” e o carcereiro e “sua casa”, Atos 16:15 e Atos 16:33-34, traz: “Lídia e seus filhos” e o

carcereiro e “seus filhos” foram batizados.

OS APÓSTOLOS E A IGREJA PRIMITIVA

BATIZAVAM CRIANÇAS

Os que sucederam aos apóstolos deixaram atrás de si registros escritos que provam

claramente o costume do batismo infantil entre os apóstolos e entre as igrejas primitivas de nossa era

cristã. Orígenes, nascido na Grécia no ano 185 A.D., cujo pai, avô e bisavô eram cristãos, que se

remontavam ao tempo dos apóstolos, diz que receberam dos apóstolos o costume de batizar crianças

e diz que era costume universal das igrejas. Diz ele: “Conforme os usos da igreja, o batismo é

ministrado até mesmo às crianças”. Conta que ele próprio fora batizado na infância.

Justino Mártir, que nasceu na Palestina, em Siquém, que provavelmente vira o apóstolo João,

escreveu em 138 A.D., que havia então “Cristãos de ambos os sexos, alguns de sessenta, outros de

setenta anos de idade, que haviam se tornado discípulos desde a sua infância”. O que significa

“haviam se tornado discípulos desde a sua infância?” Simplesmente que foram batizados na

infância. Diz mais: “Somos circuncidados pelo batismo com a circuncisão de Cristo”.

Leia-se ainda de Justino Mártir: “Nós também que por Ele tivemos acesso a Deus, não temos

recebido a circuncisão carnal, que Enoque e os que como ele observaram, mas a circuncisão

espiritual; e todos a receberam pelo batismo”.

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Em 250 A.D., Cipriano e outros estiveram em um concilio eclesiástico, e Fido, um dos

antigos pais, escreveu-lhes que as crianças não deveriam ser batizadas antes dos 8 dias de idade “e

que se deveria observar a lei da antiga circuncisão”; ao que eles responderam: “A nosso irmão Fido,

saúde: Como somos de opinião contrária ao que pensas que a regra da circuncisão deve ser

observada, e que as crianças não devem ser batizadas antes dos oito dias de idade; e como a graça do

batismo não deve ser apartada de ninguém e especialmente das crianças, a nossa decisão é que, não

apenas podem ser batizadas antes dos oito dias de idade, como também imediatamente após terem

nascido”.

Hermas (vd. Rom. 16:14), contemporâneo do apóstolo Paulo, fala de crianças que receberam

o selo do batismo, nestas palavras: “Ora, esse selo é a água do batismo”.

Clemente, a quem Paulo menciona em Fil. 4:3, aconselhava os pais: “Batizai os vossos filhos

e criai-os na disciplina e correção do Senhor”. Ele não aconselhou a “circuncisão carnal”. Por quê?

Cristo aboliu essa parte do antigo cerimonial.

Ireneu, nascido em 97 A.D., um discípulo de Policarpo, que foi convertido do apóstolo João,

diz: “A igreja aprendeu dos apóstolos a ministrar o batismo a crianças”. Ele diz ainda: “Porque Ele

(Cristo) veio salvar a todos por Ele mesmo – todos, quero dizer, os que são regenerados (batizados)

para Deus; criancinha e pequeninos, meninos e jovens e pessoas adultas”. Isto lança luz sobre os

costumes judeus a respeito dos prosélitos – todos eram batizados, pais, moços e crianças.

Agostinho diz ainda: “desde a Antigüidade a igreja tem observado o batismo infantil”.

Pelágio, contemporâneo de Agostinho e um dos mais sábios da igreja do seu tempo, em uma

carta a Inocêncio, dizia: “Difamam-me como se eu negasse o sacramento do batismo às crianças.

Jamais ouvi dizer, nem mesmo de um herético ímpio, que não devem ser batizadas”. Ele continua:

“Pois não há ninguém tão ignorante do escrito evangélico a ponto de ter essa opinião”.

Jerônimo dizia: “O batismo era ministrado às crianças conforme a prática da igreja”. Tanto

Ambrósio quanto Crisóstomo nos dizem que “o batismo infantil pode ser traçado até os tempos

apostólicos”.

ORIGEM DA OPOSIÇÃO AO BATISMO INFANTIL

Os nossos amigos que se opõem ao batismo infantil afirmam que é uma doutrina Romana

originária da Igreja Católica Romana – “uma filha do papismo”, dizem.

A história refuta tal idéia. Decorreram centenas de anos depois do nascimento de Cristo antes

de nascer a Igreja Católica Romana. Temos apresentado esmagadora evidência de que os apóstolos e

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os primeiros pais da igreja batizavam crianças. Temos os escritores de uma boa porção deles, e

todos concordaram. Nenhuma evidência é mais clara do que a da igreja primitiva confirmando o

batismo de crianças.

Agostinho, um dos líderes cristãos mais antigos dizia: “O costume de nossa igreja mãe de

batizar crianças não deve ser desconsiderado nem tido como desnecessário; nem se deve crer que

seja algo mais do que uma ordenança que nos foi entregue pelos apóstolos”. Diz ainda: “Não foi

instituído por concílios mas sempre em uso”.

Tais afirmações de Agostinho e de outros foram feitas antes de jamais haver Igreja Católica

Romana.

Agora nos propomos a demonstrar como e quando se originou a oposição ao batismo

infantil. Citamos do Dr. Wall, conhecido como uma das maiores autoridades mundiais sobre o

batismo infantil: “Nos primeiros quatro séculos depois de Cristo, aparece um único homem

(Tertuliano) que aconselha o adiamento do batismo infantil em alguns casos; um Gregório, que,

talvez, praticou tal demora no caso de seus próprios filhos; mas nenhuma sociedade de homens

assim pensava, ou nenhum homem dizia que era ilícito batizar crianças; assim, nos setecentos anos

seguintes, não se encontra nem um único homem que se referisse a tal demora, ou a praticasse – mas

justamente pelo contrário. E, quando pelo ano 1130, uma seita entre os Valdenses, ou Albigenses, se

declarava contra o batismo de crianças por ser incapaz de salvar, a parte principal daquele povo

rejeitou esta opinião, e os que de entre eles sustentavam essa opinião diminuíram rapidamente e

desapareceram; não havendo mais ninguém que sustentasse tal afirmação até surgir o Anabatista

Alemão no ano de 1522.” Na declaração acima tendes a origem da oposição em uma casca de noz.

Tertuliano, nascido em 145 A.D., e morto em 220 A.D., era um crente no batismo infantil, mas cria

na regeneração batismal, e a sua idéia era procrastinar o batismo até pouco antes da morte, pois ele

cria que purificava o pecado. Aconselhava o batismo infantil no caso de uma criança moribunda.

Mil anos ou mais depois da era apostólica, é o único que ainda aconselhava a demora no batizar

crianças.

Hoje 5% dos cristãos nominais do mundo se opõem ao batismo infantil. Há trezentos anos

um por cento a ele se opunham e cerca de seiscentos anos atrás não havia, podeis afirma-lo,

oposição absoluta.

OBJEÇÕES FEITAS AO BATISMO INFANTIL

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Eu já mostrei que não havia objeção ao batismo infantil durante centenas de anos, após o

nascimento de Cristo. Chego agora às objeções modernas ao batismo infantil, sendo todas elas,

relativamente, entre as objeções imersionistas.

Afirmam que não há mandamento na Bíblia para o batismo de crianças. Tendo apresentado

evidencias bastante, para provar pela Bíblia que Deus o ordenou em suas direções para a

organização de uma igreja visível. O próprio Deus batizou cerca de 100.000 crianças, de uma só

vez. (I Cor. 10:1-2).

Cristo ordenou-o quando disse: “Portanto ide e ensinai (fazei discípulos) todas as nações,

batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. O próprio Cristo ordenou que as

crianças fossem recebidas em seu nome(Marc. 9:37).

Pretende-se que as crianças não podem compreender o significado do batismo. Nem as

crianças judias podiam entender o significado da circuncisão e a outra parte da cerimônia que dizia

respeito ao batismo de água, apesar de o Senhor exigir que os pais desse modo dedicassem os filhos.

Pretende-se ainda, que as crianças não exercem o direito de escolherem por si mesmas. Escolhem as

crianças por si mesmas em outros assuntos, tais como lavar o rosto, a qualidade de comida que

comem, sair ao tempo, chuva, frio e neve, ir a escola? Os pais cuidam de seus filhos quanto às coisas

materiais, e por que não quanto às religiosas? Por que se deveria deixar as crianças ao acaso no que

diz respeito ao bem-estar de suas almas? Deus tê-las-ia deixado à mercê da sorte? Deixou claro em

seu pacto com Abrão que os filhos deveriam ter a proteção da igreja.

Pergunta-se: “Que bem faz à criança o batismo de água?” Que bem fará ao adulto?

Respondam a esta pergunta e ajudá-los-ei a responder à primeira.

Dizem os objetores que as crianças não podem guardar os mandamentos, portanto não

podem ser batizadas. Lemos em Atos 15:24: “Pensais circuncidar-vos, e observar a lei”. Podia uma

criança daquele tempo guardar a lei? De fato, não. Não se pode esperar hoje que as crianças dessa

idade guardem os mandamentos mais que se esperava das crianças judias observassem a lei.

Deveriam ser criadas na disciplina e correção do Senhor, e levadas a “conhecer o Senhor”. Isto é o

que o Senhor espera de nós hoje – dediquemos a Ele os nossos filhos, criemo-los no caminho do

Senhor e levemo-los a “conhecer o Senhor”.

Concluindo, citamos de “O Batismo Infantil”, pelo Ver. C. W. Miller: “Perece, pois, que a

igreja fundada sobre o pacto com Abrão, e que por 1900 anos, em administrando a lei daquele pacto,

recebia crianças como seus membros e lhes aplicava o selo dessa recepção, é a Igreja de Deus hoje,

não tendo sofrido nenhuma mudança nem em sua grande lei constitucional, nem em seus membros.

Isto sendo verdade, segue-se inevitavelmente que o batismo infantil é a lei de atual igreja de Deus”.

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BENEFÍCIO DO BATISMO INFANTIL

Uma pergunta que freqüentemente ouvimos a respeito do batismo infantil é esta: “Que

beneficio traz?” Isto é, substancialmente, indagar a atitude de Deus para com as crianças, porque

qualquer pessoa pode perceber que estava Ele tão interessado pelas crianças que as incluiu no pacto

com Abrão no começo da igreja visível organizada.

Por que edificar um templo a Deus? por que dedicar um navio, um monumento de pedra, ou

qualquer outra coisa? Não tem as crianças mais valor do que pedra e edifícios? O tabernáculo e os

vasos sagrados do tabernáculo eram dedicados, tanto quanto o altar. Jacó estabeleceu uma pedra em

Betel e a dedicou. Saul, Davi, Salomão, Eliseu, Jacó e Moisés foram todos dedicados, e tudo isto foi

feito por meio de aspersão e derramamento. Ide à Bíblia e procurai, vós mesmos, e vereis com os

vossos próprios olhos. Maria dedicou o pequeno Jesus. Não nos pergunteis a respeito destas coisas,

perguntai a Deus e à Bíblia. Nos anos passados, penitenciárias foram visitadas e fizeram-se

pesquisas a respeito de influência do batismo infantil sobre os indivíduos. Visitaram-se as

penitenciárias do Tennessee e do Kentuchy, e não se encontrou nenhum protestante que houvesse

sido batizado na infância. Eis a afirmação de um pregador:

“Afirmou-se que não havia na penitenciária um protestante que houvesse sido batizado na

infância. Meu filho era guarda na penitenciária de Frankfort, e pedi-lhe para ver se havia. Investigou

o assunto, e jamais encontrou ali um protestante que houvesse sido batizado na infância, durante os

muitos anos em que ali trabalhou como guarda.”

O próprio fato de que uma criança se lembra de que seus pais a dedicaram ao Senhor, exerce

grande influência para levá-la a Deus. O Dr. J. A. Burrow, quando editor do Midland Methodist

contou de uma Igreja Batista em Chicago que dedicava crianças a Deus mas não usava água.

Prossegue o depoimento: “Duas mães foram chamadas a frente para a oração de consagração dos

seus filhinhos”. Que mal faz usar a água? Deus, Cristo, e a Igreja Primitiva não viam nenhum mal,

senão bem.