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ATIVOS INTANGÍVEIS, GRAU DE INOVAÇÃO E O DESEMPENHO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE

GRUPOS SETORIAIS INOVATIVOS1

KLéBER FORMIGA MIRANDA2 | ALESSANDRA CARVALHO DE VASCONCELOS3

JOSé CARLOS LázARO DA SILVA-FILHO4 | JOSé GLAUBER CAVALCANTE DOS SANTOS5

ANNA BEATRIz GRANGEIRO RIBEIRO MAIA6

INTANGIBLE ASSETS, DEGREE OF INNOVATION, AND THE BUSINESS PERFORMANCE OF BRAZILIAN COMPANIES IN THE INNOVATIVE

SECTORIAL GROUPS

RESUMO

Nos últimos anos, a variedade de mudanças ineren-tes ao ambiente organizacional tem sido objeto de discussão nos meios corporativo e acadêmico, sendo identificada a inovação como importante elemento de determinação para o melhor desempenho em-presarial. Esse cenário induz à questão de que em-presas com forte caráter inovador teriam intensivos investimentos em intangíveis e apresentariam vanta-gens competitivas capazes de influenciar a geração de valor para a empresa – enfoque adotado como pressuposto teórico do estudo. A pesquisa analisa a relação entre as variáveis ativos intangíveis e grau de inovação e o desempenho das empresas listadas na BM&FBovespa, participantes dos setores mais ino-vadores do Brasil, segundo classificação do Índice Brasil de Inovação (IBI). Trata-se de pesquisa descri-tiva, de natureza quantitativa, reunindo uma amos-tra de 174 empresas, compreendendo os anos de 2008 e 2009. Para tanto, utilizou-se como proxies: para os ativos intangíveis, os valores contábeis desses ativos divulgados nas demonstrações financeiras das empresas e para o grau de inovação, considerou-se o grupo de intensidade tecnológica que se enqua-drasse à empresa, conforme a classificação setorial do IBI. O desempenho empresarial foi mensurado a partir do valor de mercado e o retorno do patrimô-nio líquido (ROE) das empresas disponível na base de dados do Economática®. Os resultados indicam que os investimentos em ativos intangíveis têm rela-ção positiva com o valor de mercado das empresas pesquisadas, mas não se confirmou o mesmo con-texto com o ROE. Quanto ao grau de inovação, os resultados indicaram haver relação positiva entre o ROE e os investimentos em intangíveis das empre-sas componentes do grupo 3 do IBI e negativa com as do grupo 2. Nenhuma evidência estatisticamente significante pode ser inferida sobre a relação entre o grau de inovação da empresa e a maximização do seu valor de mercado.

Palavras-chave: Ativos intangíveis. Inovação. Valor da empresa. Retorno do Patrimônio Líquido (ROE).

ABSTRACT

In the last years, a variety of changes inherent to the organizational environment has been the subject of discussion in the academic and corporate commu-nity, identifying innovation as an important determi-nation factor for the best business performance. This scenario induces to the issue that companies with strong innovative character would have intensive in-vestments in intangible and would show competitive advantages that can influence the creation of value for the company – adopted focus as theoretical as-sumption of the study. The research examines the relationship between intangible assets variables and degree of innovation and the performance of com-panies listed on the BM&FBovespa, participants of the most innovative sectors of Brazil, according to the Brazil Innovation Index (IBI) classification. It is a descriptive research, with quantitative nature, ga-thering a sample of 174 companies, comprising the years 2008 and 2009. For this, it was used as pro-xies: for intangible assets, the accounting values of these assets disclosed in the financial statements of companies and for the degree of innovation, it was considered the group of technological intensity that would fit to the company, according to the sectorial classification of the IBI. The business performance was measured from the market value of the compa-nies and the Return On Equity (ROE) available in the database of Economática®. The results indicate that investments in intangible assets have positive rela-tionship with the market value of the surveyed com-panies, but didn’t confirm the same context with the ROE. Relative to the degree of innovation, the results showed a positive relationship between ROE and investments in intangible of the companies that are part of group 3 in the IBI and negative with the company group 2. There is no statistical evidence that can be inferred about the relationship between the degree of innovation of the company and the maximization of its market value.

Keywords: Intangible assets. Innovation. Company value. Return on Equity (ROE). Brazilian Innovation Index (IBI).

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ATIVOS INTANGÍVEIS, GRAU DE INOVAÇÃO E O DESEMPENHO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE GRUPOS SETORIAIS INOVATIVOS

1 Data de submissão: 09/01/2013. Data de aceite: 01/08/2013. Data de publicação: 21/02/2014.2 Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Professor Assistente da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). E-mail: mirandakf@ufersa.edu.br.3 Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Professora Adjunta da Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: alegallon@terra.com.br..4 Doutor em Planejamento Ambiental pela Technische Universität-Berlin (Alemanha) e Professor Adjunto da Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: lazaro.ufc@gmail.com.5 Mestrando em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: jglauber_cont@hotmail.com.6 Mestranda em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: deluxedama@hotmail.com.

INTRODUÇÃO

A inovação pode ser considerada como uma invenção que venceu os vários riscos associados, tanto tecnológicos quanto de mercado, e chegou ao mercado, gerando valor para os stakeholders envolvidos (GARCIA; CALANTONE, 2002).

Santos, Basso e Kimura (2010) comentam que a inovação tem recebido uma atenção crescente, desde a segunda década do último século, sendo que os estudos empíricos que tratam as relações entre a inovação e o desempenho empresarial são cada vez mais frequentes, muitos dos quais apre-sentaram resultados divergentes.

Conforme a terceira edição do Manual de Oslo da Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD, 2005), a inovação envolve investimentos relevantes que incluem a aquisição de ativos intangíveis que podem render retornos potenciais no futuro.

Nesta mesma linha, em pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Tironi e Cruz (2008) destacam o papel dos recur-sos intangíveis (conhecimento e capacidade de aprendizagem) para a inovação das empresas na era da economia do conhecimento e consideram como argumento central de seu trabalho que um maior grau de novidade requer maior proporção de absorção de intangíveis na atividade inovadora.

Por sua vez, Teh, Kayo e Kimura (2008, p. 88) afirmam que “a inovação é um importante ativo in-tangível. Ele gera vantagens competitivas sustentáveis que permitem erguer barreiras contra algumas das ameaças competitivas”, o que reforça a relação entre os temas ativos intangíveis e inovação, associando-os à sobrevivência das empresas no contexto atual.

Buscando retratar a nova estrutura patrimonial das empresas marcada pela representatividade dos ativos intangíveis, no contexto contábil, estabele-ceu-se o registro obrigatório dos ativos intangíveis no Balanço Patrimonial das empresas a partir da edição da Lei nº 11.638/2007, que tornou com-pulsória a introdução do Intangível no Ativo Não Circulante. Em seguida, o Pronunciamento Técni-co CPC 04 (2008), alterado em 2010 pelo CPC 04 (R1), com base no International Accounting Stan-dard (IAS) 38, estabeleceu critérios de contabiliza-

ção relativos ao reconhecimento e mensuração dos ativos intangíveis das demonstrações financeiras das empresas brasileiras.

Ao considerar a necessidade de ativos intangí-veis para a inovação, o pressuposto teórico da pre-sente pesquisa considera que empresas com forte caráter inovador teriam intensivos investimentos em ativos intangíveis e, ao gerarem vantagens com-petitivas, esses investimentos influenciariam posi-tivamente no valor de mercado destas empresas, representando o reconhecimento de perspectiva de retornos futuros e na taxa de retorno do patri-mônio líquido (capital próprio), caracterizando o bônus pelo investimento realizado em intangíveis.

Do exposto, este estudo procura responder ao seguinte questionamento: os investimentos em ati-vos intangíveis e o grau de inovação de empresas participantes dos setores mais inovadores do Brasil possuem relação positiva com seu desempenho?

De acordo com essa problemática e com as considerações da literatura, segundo as quais a ino-vação envolve investimentos em ativos intangíveis que, em consequência, gera resultados positivos, o presente estudo levanta as seguintes hipóteses:

1H : há uma relação positiva entre investimen-tos em ativos intangíveis e o desempenho das em-presas de grupos setoriais inovativos. Para análise dessa hipótese serão validadas as seguintes sub--hipóteses:

H1.1: há uma relação positiva entre investimen-tos em ativos intangíveis e o valor de mercado das empresas de grupos setoriais inovativos.

H1.2: há uma relação positiva entre investimen-tos em ativos intangíveis e o retorno do patrimônio líquido das empresas de grupos setoriais inovati-vos; e

2H : o grau de inovação das empresas de gru-pos setoriais inovativos relaciona-se positivamente com seu desempenho. Da mesma forma, essa hipó-tese também se subdivide em duas sub-hipóteses:

H2.1: o grau de inovação das empresas de gru-pos setoriais inovativos relaciona-se positivamente com seu valor de mercado.

H2.2: o grau de inovação das empresas de gru-pos setoriais inovativos relaciona-se positivamente com seu retorno sobre o patrimônio líquido.

As análises propostas fundamentam-se na pre-missa de que investimentos realizados pelas em-

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presas em ativos intangíveis requerem a identifi-cação de inovações pelo mercado para ter reflexo no seu valor de mercado e, consequentemente, na taxa de retorno aos acionistas, mesmo porque o êxito da inovação só deve ser confirmado se o valor criado com ela for superior às despesas e custos incorridos no seu desenvolvimento, conforme con-siderações levantadas por Carvalho (2009).

Assim, o objetivo geral do presente estudo con-siste em analisar a relação entre as variáveis ativos intangíveis e grau de inovação e o desempenho das empresas listadas na BM&FBovespa, participantes dos setores mais inovadores do Brasil, segundo classificação do Índice Brasil de Inovação (IBI). Essas empresas foram criteriosamente seleciona-das, com base no fato de que, devido ao seu forte caráter inovador, promoveriam intensivos investi-mentos em intangíveis, os quais, por consequência, teriam ampla evidenciação contábil.

Essa pesquisa adota a denominação constitu-tiva de desempenho empresarial a valoração da empresa pelo mercado, representa pelo valor de mercado, e o retorno do patrimônio líquido que demonstra a remuneração do capital do acionista pelos investimentos realizados nas empresas.

Partindo da taxonomia para inovação de Pavitt (1984), que considera diferença do uso da inovação entre os setores industriais, a classificação setorial de inovação do IBI pressupõe a identificação de simi-laridades de comportamento tecnológico entre as empresas para qualificá-las como pertencentes a um mesmo grupo de intensidade tecnológica, a saber: Grupo 1: setores de alta tecnologia; Grupo 2: seto-res de média-alta intensidade tecnológica; Grupo 3: setores de média-baixa intensidade tecnológica; e Grupo 4: setores de baixa intensidade tecnológica.

O IBI tem como matriz conceitual e metodo-lógica as diretrizes das pesquisas de inovação que seguem os conceitos do Manual de Oslo (OECD, 2005), de maneira que os indicadores de inovação considerados na composição do índice estão anco-rados em uma abordagem suficientemente ampla e abrangente para uma aproximação do que seria a capacidade efetiva de inovação das empresas. Cabe destacar que o ranking setorial construído pela metodologia do IBI a partir dos dados da PIN-TEC (2005), foi utilizado nos trabalhos de Furtado e Quadros (2006), Inácio Jr. e Quadros (2006), Fur-tado et al. (2007), Furtado, Quadros e Domingues (2007), Quadros e Furtado (2007), Righetti e Pallo-ne (2007) e aplicado nos estudos de Oyadomari et al. (2010), Cardoso et al. (2012), Santos et al. (2012), dentre outros.

O presente estudo justifica-se pela aplicabili-dade de seus resultados, cujas conclusões podem apresentar parâmetros e contribuir para o processo

de tomada de decisões empresariais quanto à qua-lificação da gestão de seus recursos, hodiernamen-te voltados a investimentos em ativos intangíveis, dada a necessidade emergente de inovar e adquirir novas tecnologias por meio de fusões e aquisições de empresas. Torna-se oportuno salientar que a cada dia as discussões sobre os ativos intangíveis no contexto da evidenciação contábil ganham mais destaque nos âmbitos acadêmico e corporativo, principalmente devido ao cenário de consolida-ção dos padrões internacionais de contabilidade no Brasil, apoiado nas Leis nº 11.638/2007 e nº 11.941/2009 e também nos documentos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

O artigo está organizado em cinco seções, além desta introdução, é apresentado o arcabouço teó-rico que serve como fundamentação para a pesqui-sa. Na terceira seção aborda-se a metodologia que norteou a condução do estudo. Na quarta seção são debatidos os resultados encontrados. Por fim, as considerações a que o estudo permitiu chegar.

REVISÃO TEÓRICA

A revisão teórica abordará os temas inovação e seus indicadores. Apresentará alguns estudos em-píricos anteriores sobre inovação e medidas de de-sempenho empresarial, com o objetivo de apoiar a discussão sobre como essas temáticas se relacionam.

Inovação e seus indicadores

Desde 1962, com a edição do Manual Fras-cati que deu origem a publicações posteriores da OCDE (como o Manual de Oslo), o tema inovação vem sendo conduzido por meio de orientações e padronização de conceitos, metodologias e cons-trução de estatísticas e indicadores de P&D de pa-íses industrializados (OCDE, 2005). Para a OCDE (2005), os dados sobre inovação podem ter usos variados, porém, os focos principais são a possibi-lidade de melhor compreensão da relação entre inovação e crescimento econômico e a disponibili-zação de indicadores para confrontar o desempe-nho nacional com as práticas existentes.

Seguindo a ideia inicial de Schumpeter (1988), diversos autores, como Zaltman, Duncan e Holbek (1973) entendem a definição de inovação como uma ideia, uma prática ou um artefato material percebido como novo, relevante e único, adotado em determinado processo, área ou por toda a orga-nização. Por sua vez, a terceira edição do Manual de Oslo (OECD, 2005, p. 55) apresenta a seguin-te definição de inovação: “é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativa-

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mente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organi-zacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas”.

Apesar de a literatura existente apresentar di-versas tipologias de inovação tanto em relação ao grau (GARCIA; CALANTONE, 2002; CARVALHO, 2009) quanto em relação ao objeto da mesma (DAFT, 1978; KIMBERLY; EVANISKO, 1981; DA-MANPOUR, 1987), neste trabalho é utilizada a ti-pologia de inovação apresentada pelo Manual de Oslo (OECD, 2005) que diferencia quatro tipos de inovação quanto ao objeto: (1) de produto e/ou serviço, (2) de processo, (3) de marketing e (4) or-ganizacional.

No caso específico desta pesquisa, são investi-gados os dois primeiros tipos de inovação. É consi-derada como inovação de produto e/ou serviço a(s) mudança(s) significativa(s) nas potencialidades de produtos e serviços, que incluem bens e serviços totalmente novos ou aperfeiçoamentos importan-tes para produtos existentes; e como inovação de processo a(s) mudança(s) significativa(s) nos méto-dos de produção e de distribuição, ambos deman-dantes de intensidade de P&D (indicador central do grau de inovação, segundo o IBI).

Assim como não há consenso na literatura quanto aos tipos de inovação, no que se refere aos indicadores e índices de inovação, estes também apresentam diferenças e similaridades. Archibugi e Coco (2005) enfatizam que medir capacidades tecnológicas é mais complicado que mensurar ou-tros fenômenos, como os econômicos e sociais, uma vez que a natureza da tecnologia, com seus aspectos e componentes heterogêneos torna difícil a agregação em um único índice significante que permita prover informação das capacidades tecno-lógicas de um país como um todo.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) desenvolve a Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC). O objetivo do estudo é pesquisar, através de recomendações in-ternacionais, as empresas brasileiras de setores in-dustriais e de serviços de alta tecnologia e atualizar dados de edições anteriores (IBGE, 2006).

A pesquisa, que teve sua quarta edição baseada no triênio 2006-2008 (IBGE, 2010) e sua primei-ra edição em 2000 (1998-2000) analisa e apon-ta indicadores de inovação, bem como apresenta classificação das atividades de acordo com o grau inovativo das empresas. Dentre os indicadores apontados pelo Manual de Oslo e pela PINTEC, podem-se citar: a) recursos destinados a P&D; b) estatística de patentes; c) estatística de publicações científicas; d) adoção de tecnologias da informa-ção e da comunicação; e) gerenciamento do co-nhecimento e; f) investimentos intangíveis como marketing não-rotineiro, treinamento, software e despesas correntes em P&D.

Em 2005 teve início o projeto IBI – Índice Brasil de Inovação – utilizado no presente estudo – com o objetivo de medir a capacidade inovativa das empresas para construção de uma classificação de empresas brasileiras inovadoras (FURTADO et al., 2007). O IBI é composto por um primeiro nível de macro-indicadores (Indicador Agregado de Esforço – IAE e Indicador Agregado de Resultado – IAR), divididos em um segundo nível de quatro mesoin-dicadores (IAI – Indicador de Atividade Inovadora, IRH – Indicador de Recursos Humanos, IRV – Indi-cador de Receitas de Vendas com novos produtos, e IPT – Indicador de Patentes), que, por sua vez, é subdividido em um terceiro nível de microindica-dores, num total de 16 micro-indicadores, confor-me apresenta o Quadro 1.

Quadro 1: Macro e microindicadores utilizados pelo IBI

Macroindicadores utilizados pelo IBI

Microindicadores utilizados pelo IBI

Indicador Agregado de Esforço – IAE

Dispêndios com P&D Interna, dispêndios com P&D Externa, dispêndios com Outros Conhecimentos Externos, dispêndios com Software, dispêndios com Máquinas e Equi-pamentos, dispêndios com Treinamento, dispêndios com Lançamento de Produto, dis-pêndios com Projeto Industrial, total de Graduados ocupados em P&D, total de Mestres ocupados em P&D e total de Doutores ocupados em P&D.

Indicador Agregado de Resultado – IAR

Receita total de vendas com produtos novos para a empresa, receita total de vendas com produtos novos para o mercado nacional, receita total de vendas com produtos novos para o mercado mundial, total de patentes/registro de programas de computador deposi-tados e total de patentes/registro de programas de computador concedidos.

Fonte: Adaptado de Furtado et al. (2007).

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Por meio dos indicadores apresentados no Quadro 1, o IBI classifica as atividades econômicas das empresas em quatro grupos, conforme a in-tensidade de P&D. No Grupo 1 (1° quartil) encon-tram-se as atividades potencialmente inovadoras e no Grupo 4 (4° quartil) são listadas as atividades com menor potencial de inovação. Para tanto, nes-te estudo, a mensuração do grau de inovação das empresas considera a classificação setorial do IBI.

Apresenta-se, a seguir, a revisão de literatura que evidenciou algumas pesquisas voltadas, direta ou indiretamente, aos ativos intangíveis e à inova-ção sob a perspectiva das medidas de desempenho empresarial, dentre as quais se destacam as medi-das de valoração das empresas pelo mercado.

Estudos empíricos anteriores sobre inovação e medidas de desempenho empresarial

Nos últimos anos a indagação acerca da rela-ção entre os temas ativos intangíveis, inovação e desempenho empresarial gerou uma série de pesquisas nacionais (KAYO et al., 2006; PEREZ; FAMÁ, 2006; TEH; KAYO; KIMURA, 2008; TI-RONI; CRUZ, 2008; SANTOS; CRISÓSTOMO, 2009; BRITO, E.; BRITO, L.; MORGANTI, 2009; BARROS JUNIOR et al., 2010; BASSO; KIMURA, 2010; KUSTHER et al., 2010; QUEIROZ, 2010; RITTA; ENSSLIN, 2010; STOECKICHT; SOARES, 2010; SQUENA; PASUCH, 2010; ALBUQUER-QUE JUNIOR; LIMA; LÁZARO, 2011; ARANTES; FURQUIM, 2011; BRASIL; NOGUEIRA; FORTE, 2011; NISIYAMA; OYADOMARI, 2012; BARBO-SA; CINTRA, 2012) e internacionais (ROGERS, 1998; BLUNDELL; GRIFFITHS; VAN REENENL, 1999; LEV, 2001; DARROCH; McNAUGHTON, 2002; JEFFERSON et al., 2003; EDVINSSON et al., 2004; NARVEKAR; KARUNA, 2006MUDAMBI, 2008; KOELLINGERA, 2008; SORESCU; SPAN-JOL, 2008; DAMANPOUR; WALKER; AVELLANE-DA, 2009; LEE; CHEN, 2009; LICHTENTHALER, 2009; KIRNER; KINKEL; JAEGER, 2009; ROSEN-BUSCHA; BRINCKMANNB; BAUSCH, 2011; GARCÍA-MORALES; JIMÉNEZ-BARRIONUEVO; GUTIÉRREZ-GUTIÉRREZ, 2012), muitas das quais apresentaram resultados contraditórios e, algumas vezes, inconsistentes.

Os investimentos realizados em iniciativas para inovação geram perspectivas de retorno futuro, cujos valores investidos acabam por incorporar o componente patrimonial das empresas denomina-do de ativos intangíveis (base de investigação deste estudo).

Importante ressaltar que conforme o norma-tivo contábil brasileiro Pronunciamento Técnico

CPC 04, emitido pelo Comitê de Pronunciamen-tos Contábeis (CPC) em 2008, nem todos os dis-pêndios nessas iniciativas podem ser considerados como ativos intangíveis (CPC 04, 2008). No Brasil, as alterações recentes na legislação contábil têm como objetivo a sua convergência para o padrão internacional (IFRS). De acordo com o Pronuncia-mento Técnico CPC 04 (2008), alterado pelo CPC 04 (R1) em 2010, um ativo intangível satisfaz o critério de ativo quando for separável, resultar de direitos contratuais e for controlado pela entidade.

Lev (2001) indica que o interesse em ativos intangíveis se deve à competição e ao desenvolvi-mento de tecnologia da informação, elevando os ativos intangíveis ao nível de maior direcionador de valor das empresas. Assim, não seria inade-quado, portanto, relacionar a inovação aos ativos intangíveis, visto que os esforços para inovar são caracterizados como tais ativos, cabendo reforçar, conforme Carvalho (2009), que a inovação é um processo que se inicia pela percepção de um novo mercado, distinguindo-se da invenção, que só se torna inovação quando se estabelece no mercado, e seu impacto econômico-financeiro está ligado in-timamente à sua difusão.

Logo, verifica-se que a inovação sugere pers-pectiva de resultados futuros, característica essen-cial para um ativo. Usando dados sobre mais de 20.000 novos produtos da indústria de bens de consumo embalados, Sorescu e Spanjol (2008) constataram que o avanço da inovação está as-sociado ao aumento no valor das empresas ana-lisadas. O estudo revelou ainda que o avanço da inovação também está associado ao aumento do risco de inovar das empresas, mas que este risco mais elevado é compensado por retornos acima do normal. Os resultados de Nisiyama e Oyadomari (2012, p. 194) corroboram com os de Sorescu e Spanjol (2008) por demonstrarem que “as trans-formações tecnológicas ou inovações em qualquer parte da cadeia de valores são fundamentais para a competitividade da empresa”.

Diferentes teorias, como as teorias de marketing e estratégicas, também revelam que a inovação or-ganizacional é essencial para um melhor desem-penho e para a consequente criação de valor da empresa (GARCÍA-MORALES; JIMÉNEZ-BARRIO-NUEVO; GUTIÉRREZ-GUTIÉRREZ, 2012), e den-tro desta abordagem os recursos intangíveis, pela sua própria natureza, destacam-se substancialmen-te.

Nesse contexto, a presente pesquisa investiga a existência de relação entre as variáveis ativos in-tangíveis (proxy para inovação) e grau de inovação e o valor de mercado de empresas participantes dos setores mais inovadores do Brasil. Cabe ressal-

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tar que as variáveis explicativas utilizadas nos testes estatísticos que serão realizados na presente pes-quisa foram fundamentadas nos estudos seminais de Durand (1952), Spence (1973) e Jensen e Me-ckling (1976).

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa descritiva, de natureza quantita-tiva, busca investigar, conforme explanação teóri-ca e empírica, a relação entre as variáveis “ativos intangíveis” e “grau de inovação” e o “valor de mercado” de empresas que possuem atividades potencialmente inovadoras, segundo o IBI, pressu-pondo que investimentos em intangíveis revelam vantagem competitiva para as empresas.

Para responder à questão de pesquisa, a sele-ção das empresas que compuseram a sua amostra se deu a partir da população de 174 empresas lista-das na BM&FBovespa, cujas atividades econômicas se enquadram naquelas previstas pela classificação setorial de inovação do IBI. A formação desta clas-sificação setorial do IBI pressupõe a identificação de similaridades de comportamento tecnológico entre as empresas para qualificá-las como perten-centes a um mesmo grupo de intensidade tecno-lógica, a saber: Grupo 1: alta tecnologia, Grupo 2: média-alta intensidade tecnológica, Grupo 3: mé-

dia-baixa intensidade tecnológica e Grupo 4: baixa intensidade tecnológica.

Para tanto, foram considerados: os investimen-tos em ativos intangíveis com evidenciação nas de-monstrações financeiras divulgadas pelas empresas no sítio eletrônica da BM&FBovespa, o grau de inovação de cada empresa mensurado a partir da respectiva classificação setorial de inovação do IBI e as variáveis valor de mercado e Retorno do Patri-mônio Líquido (ROE) das empresas disponível na base de dados do Economática® (DURAND, 1952; SPENCE, 1973; JENSEN; MECKLING, 1976). Os in-vestimentos em ativos intangíveis foram analisados considerando o total investido em cada ano anali-sado, pois dados detalhados sobre a composição dos investimentos são, normalmente, omitidos por declararem algumas estratégias empresariais. Con-tudo, propõe-se que esses investimentos se voltem aos propostos no Quadro 1 com predominância de origem interna.

Os dados para análise compreenderam os anos de 2008 e 2009. As empresas que não possuíam informações contábeis disponíveis no banco de da-dos da Economática® nesse período foram exclu-ídas da amostra, resultando no total uma amostra de 100 empresas. A Tabela 1 apresenta a distribui-ção de empresas da amostra por grupo setorial de inovação, conforme o IBI.

Tabela 1: Distribuição de empresas da amostra por atividades econômicas

Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) Grupo IBI

Nº de empresas por Setor

Nº de empresas por Grupo

Atividades de informática e serviços relacionadosGrupo

1

4 4%14 14%Máquinas para escritório e equipamentos de informática 3 3%

Veículos, reboques e carrocerias 7 7%Fabricação de máquinas e equipamentos

Grupo 2

10 10%

32 32%Fabricação de produtos químicos 10 10%Refino de petróleo e álcool 4 4%Telecomunicações 8 8%Confecção de artigos do vestuário e acessórios

Grupo 3

3 3%

20 20%

Couros, calçados e fabricação de artefatos de couro 3 3%Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 3 3%Fabricação de produtos de minerais não metálicos 3 3%Fabricação de produtos de fumo 1 1%Fabricação de produtos têxteis 7 7%Edição, impressão e reprodução de gravações

Grupo 4

1 1%

34 34%

Fabricação de produtos alimentícios e bebidas 17 17%Fabricação de produtos de madeira 2 2%Fabricação de produtos de metal 1 1%Indústrias extrativas 2 2%Metalúrgica básica 11 11%

Fonte: Elaborado pelos autores, com base no IBI.

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ALESSANDRA CARVALHO DE VASCONCELOS, JOSé CARLOS LáZARO DA SILVA-FILHO, JOSé GLAUBER CAVALCANTE DOS SANTOS, ANNA BEATRIZ GRANGEIRO RIBEIRO MAIA

Definida a amostra da pesquisa e sua distribui-ção nos grupos setoriais de inovação – Grupo 1: 14 empresas; Grupo 2: 32 empresas; Grupo 3: 20 empresas; Grupo 4: 34 empresas – realizou-se a transformação das variáveis referentes ao valor do intangível e valor de mercado por meio da fun-ção logarítmica, indicada por Martins e Theóphi-

lo (2007), na aplicação de análise de regressão no estudo da relação funcional entre duas variáveis. O valor da taxa de Retorno do Patrimônio Líquido (ROE) não foi linearizado por representar um índi-ce. A linearização obtida pela aplicação do modelo causou o efeito observado na diferença entre os gráficos de dispersão demonstrados na Figura 1.

Figura 1: Valor de mercado e intangíveis antes e depois da linearização

Antes da linearização Depois da linearizaçãoDepois da linearização

Fonte: Dados da pesquisa.

A pesquisa utiliza duas regressões lineares sim-ples do tipo y = a + bx, para teste da 1H . Nesses tipos de equações, “y” é a variável a ser explicada, representada pelo valor de mercado linearizado das empresas para a primeira sub-hipótese e o ROE para segunda. Em ambas as análises, o “x” será represen-tado pelo valor linearizado dos ativos intangíveis divulgados pelas empresas em suas Demonstrações Contábeis. Assim, será analisada a relação dos ativos intangíveis no valor de mercado e no retorno sobre o investimento dos acionistas das empresas.

Para teste da 2H , também subdividida em duas sub-hipóteses, adicionou-se uma variável qualitati-va (dummy) no intuito de investigar a influência do grupo setorial de inovação ao qual a empresa per-tence no seu desempenho. Cada grupo foi analisa-do considerando inicialmente a sua relação com o valor de mercado e, posteriormente, com o ROE.

Estabelecidas as variáveis, passou-se ao proces-so de análise da regressão, utilizando aplicativo es-tatístico E-Views 5.0, com a finalidade de responder às hipóteses levantadas nesta pesquisa, consideran-do uma significância estatística de 5% (Đ = 0,05), considerado mais adequado nas pesquisas sociais, conforme destacado por Barbetta (2008, p. 186).

Por fim, cabe esclarecer que a estimação foi realizada por indivíduo (empresa) e por grupo se-torial de inovação com o fim de investigar se a aná-lise em grupo manteria consonância com a análise individual.

ANáLISE DOS RESULTADOS

A análise dos resultados consistiu em investigar o efeito da variável independente (ativos intangí-veis) no desempenho empresarial das empresas definidas na amostra da pesquisa. Nessa pesquisa considera-se desempenho empresarial como a ge-ração de valor pelo mercado, analisado através do valor de mercado das empresas e pela taxa de re-torno aos acionistas com base em dados contábeis por meio do indicador ROE.

A aplicação do teste de Hausman indicou a utilização das estimações por efeitos aleatórios, cujos resultados da regressão são evidenciados, ini-cialmente, considerando a relação entre os ativos intangíveis e as variáveis de desempenho das em-presas e, em seguida, a relação entre o grau de ino-vação e o desempenho das empresas participantes dos setores mais inovadores do Brasil.

Relação entre os ativos intangíveis e o desempenho empresarial

Para o teste da hipótese ( 1H ) foi aplicada a re-gressão linear simples, que consiste na relação en-tre a variável independente “Ativos intangíveis com evidenciação contábil” e o desempenho empresa-rial. Primeiramente analisado o “valor de mercado das empresas” e depois o “retorno sobre o patrimô-nio líquido (ROE)”, cujos resultados são apresenta-dos na Tabela 2.

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ATIVOS INTANGÍVEIS, GRAU DE INOVAÇÃO E O DESEMPENHO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE GRUPOS SETORIAIS INOVATIVOS

Tabela 2: Resultados dos modelos de regressão para análise de H1

Influência dos ativos intangíveis no valor de mercado das empresas – H1.1R2: 0,8666Variáveis Coeficiente Erro Padrão Z P >│Z│Intangíveis 0,5488658 0,0377977 14,52 0,000Constante 8,233979 0,4219348 19,51 0,000

Influência dos ativos intangíveis no retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) – H1.2R2: 0,9779Variáveis Coeficiente Erro Padrão Z P >│Z│Intangíveis 0,0032807 0,0118750 0,28 0,782Constante 0,0905484 0,1298732 0,70 0,486

Fonte: Dados da pesquisa.

As informações da Tabela 2 sugerem que os coe-ficientes se mostraram estatisticamente significantes (Z > 1,96) e constatou-se um “R2” próximo a 0,9 na relação entre os ativos intangíveis e o valor de mercado, indicando que os investimentos em in-tangíveis das empresas brasileiras de grupos setoriais intensivos em inovação explicam 86,66% dos seus valores de mercado. Por sua vez, os coeficientes resultantes da relação entre os ativos intangíveis e o retorno sobre o investimento dos acionistas (ROE) se mostraram estatisticamente insignificantes, não permitindo ponderações sobre seus valores.

A utilização do valor dos ativos intangíveis como fonte de informação por analistas de investimentos foi identificada por Antunes e Leite (2008) como sinalizador de resultados futuros para as empresas, interferindo positivamente no desempenho das or-ganizações. Os dados da regressão correspondente a H1.1 revelam, por meio de seus coeficientes, que há uma relação de influência positiva entre os ati-vos intangíveis e o valor de mercado das empresas estudadas. Dessa forma, verifica-se que para cada 1% investido nesses ativos há um incremento de 54% no valor de mercado.

Damodaran (2007) indica a possibilidade de correlação entre a estrutura de capital das em-presas e seu valor, indicando haver provas de que atividades propulsoras de alavancagem financei-ra aumentam o valor da empresa. Considerando essa abordagem, torna-se importante ressaltar uma restrição ao modelo proposto para validação de H1.1, pois o investimento em ativos intangíveis, por si só, aumentaria o valor de mercado ao in-fluenciar na variação da estrutura de capital, seja pelo patrimônio líquido (capital próprio) ou por capitais de terceiros. Contudo, ao se analisar a relação entre os ativos intangíveis e o ROE (H1.2), constatou-se a insignificância estatística de seus coeficientes. Esse comportamento seria inespe-rado, pois o ROE possui o valor do patrimônio líquido em sua formulação (Lucro líquido / Patri-mônio líquido), contribuindo para uma correla-

ção forte nessa relação, que não foi constatada no estudo.

Em linhas gerais, os resultados estatísticos apre-sentados na Tabela 2 se alinham a pesquisas an-teriores, como de Perez e Famá (2006) e de Lee e Chen (2009), que constataram, estatisticamen-te, que os ativos intangíveis são responsáveis pela maior geração de valor ao acionista, concluindo que altos níveis de investimento neste ativo intangí-vel estariam associados a significantes crescimentos e geração de valor futuros. Nessa pesquisa cons-tatou-se uma percepção desse investimento ape-nas quanto ao valor de mercado, propondo que investidores são suscetíveis a atribuir maior valor a empresas que realizem investimentos em ativos intangíveis.

Dessa maneira, os dados apresentados indicam a aceitação de H1.1 e rejeição de H1.2, apontando que os investimentos em intangíveis influenciam positivamente o valor de mercado das empresas participantes dos setores mais inovadores do Brasil.

Relação entre o grau de inovação e o valor de mercado das empresas

Para investigar a contribuição do grau de ino-vação das empresas, conforme grupos setoriais de inovação do IBI – Grupo 1: setores de alta tecno-logia, Grupo 2: setores de média-alta intensidade tecnológica, Grupo 3: setores de média-baixa in-tensidade tecnológica e Grupo 4: setores de baixa intensidade tecnológica – para a maximização do valor de mercado das empresas, acrescentou-se uma variável (dummy) qualitativa de identificação de cada grupo setorial de inovação ao modelo de regressão inicial, figurando da seguinte forma:

γ = β0 + β1X1 + β1X1D1 + μ (1)

Para o teste de 2H : o grau de inovação das empresas de grupos setoriais inovativos relaciona-

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-se positivamente com o seu desempenho, apli-cou-se a análise de regressão, ao mesmo nível de significância de 5%. Primeiramente, considerando o valor de mercado como variável de desempenho empresarial e, posteriormente, com o retorno so-bre o patrimônio líquido (ROE).

Com base nas premissas levantadas para a cons-trução de H2 considerou-se, inicialmente, que as

empresas classificadas em setores mais inovativos apresentariam maior intensidade no seu desempe-nho.

A Tabela 3 apresenta os resultados da aplica-ção do modelo de regressão nos grupos setoriais de inovação de 1 a 4.

Tabela 3: Estimações após aplicação de modelos com inclusão de dummies considerando o valor de mercado

Influência dos ativos intangíveis no valor de mercado das empresas do Grupo 1R2: 0,9600Variáveis Coeficiente Erro Padrão Z P >│Z│Intangíveis 0,5533924 0,0377828 14,65 0,000Grupo 1 - 0,4257749 0,3806077 -1,12 0,263Constante 8,272787 0,4153107 19,92 0,000

Influência dos ativos intangíveis no valor de mercado das empresas do Grupo 2R2: 0,8630Variáveis Coeficiente Erro Padrão Z P >│Z│Intangíveis 0,5425018 0,0379931 14,28 0,000Grupo 2 0,3653185 0,4945823 0,74 0,460Constante 8,166766 0,4601355 17,75 0,000

Influência dos ativos intangíveis no valor de mercado das empresas do Grupo 3R2: 0,8662Variáveis Coeficiente Erro Padrão Z P >│Z│Intangíveis 0,5408937 0,0380342 14,22 0,000Grupo 3 - 0,4828119 0,5350222 - 0,90 0,367Constante 8,397984 0,4814829 17,44 0,000

Influência dos ativos intangíveis no valor de mercado das empresas do Grupo 4R2: 0,9345Variáveis Coeficiente Erro Padrão Z P >│Z│Intangíveis 0,5497622 0,0377975 14,54 0,000Grupo 4 0,3342797 0,3293 1,02 0,310Constante 8,123106 0,4333824 18,74 0,000

Fonte: Dados da pesquisa.

As informações da Tabela 3 apontam para a im-possibilidade de análise acerca da regressão apli-cada, visto que todos apresentaram insignificância estatística (Z < 1,96).

Do exposto, os resultados dos modelos forne-ceram subsídios para rejeitar H2.1, visto que, com base na análise realizada na pesquisa, não se pode afirmar que existe uma relação significante estatis-ticamente entre o grau de inovação e o valor de mercado das empresas.

Na Tabela 4 são demonstrados os resultados das regressões decorrentes da relação entre os ativos intangíveis e o ROE de cada grupo de intensidade tecnológica do IBI (Grupo 1: alta tecnologia; Gru-po 2: média-alta intensidade tecnológica; Grupo 3: média-baixa intensidade tecnológica; e Grupo 4: baixa intensidade tecnológica).

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Tabela 4: Estimações após aplicação de modelos com inclusão de dummies considerando o retorno sobre o patri-mônio líquido (ROE)

Influência dos ativos intangíveis no retorno sobre o patrimônio líquido das empresas do Grupo 1R2: 0,9318Variáveis Coeficiente Erro Padrão Z P >│Z│Intangíveis 0,0032867 0,0119401 0,28 0,783Grupo 1 - 0,0022942 0,1202800 -0,02 0,985Constante 0,0908078 0,1312469 0,69 0,489

Influência dos ativos intangíveis no retorno sobre o patrimônio líquido das empresas do Grupo 2R2: 0,4806Variáveis Coeficiente Erro Padrão Z P >│Z│Intangíveis 0,0073797 0,0117433 0,63 0,530Grupo 2 -0,2061107 0,0879951 -2,34 0,019Constante 0,1140252 0,1273937 0,90 0,371

Influência dos ativos intangíveis no retorno sobre o patrimônio líquido das empresas do Grupo 3R2: 0,7730Variáveis Coeficiente Erro Padrão Z P >│Z│Intangíveis 0,0089426 0,0117135 0,76 0,445Grupo 3 0,2733716 0,1023581 2,67 0,008Constante -0,0228004 0,1329471 -0,17 0,864

Influência dos ativos intangíveis no retorno sobre o patrimônio líquido das empresas do Grupo 4R2: 0,3771Variáveis Coeficiente Erro Padrão Z P >│Z│Intangíveis 0,0032951 0,0119366 0,28 0,783Grupo 4 0,0071252 0,0880776 0,09 0,926Constante 0,0876362 0,1342983 0,65 0,514

Fonte: Dados da pesquisa.

Os resultados dispostos na Tabela 4 sugerem não haver influência positiva entre todos os graus de inovação das empresas de grupos setoriais ino-vativos com o ROE, contudo, os grupos intermedi-ários de inovação (2: média-alta intensidade tec-nológica e 3: média-baixa intensidade tecnológica) apresentaram coeficientes significantes, possibili-tando a sua análise.

No Grupo 2 o coeficiente apresentou-se nega-tivo, sugerindo que para as empresas desse grupo o ROE é influenciado negativamente pelos investi-mentos em intangíveis. Esse contexto pode expli-car-se pela natureza das atividades componentes do Grupo 2, quais sejam: fabricação de máquinas e equipamentos, fabricação de produtos químicos, refino de petróleo e álcool e telecomunicações. Nessas atividades o lucro líquido gerado pelos in-vestimentos em intangíveis pode ocorrer no longo prazo dada a consolidação do produto ou serviço oferecido no mercado que impossibilita a sua di-versificação. Assim, o patrimônio líquido aumenta-ria em virtude do aumento dos intangíveis e o lucro líquido não sofreria interferência no curto prazo, reduzindo o valor do ROE.

Entre as empresas componentes do Grupo 3, predominantemente voltadas aos setores têxtil, con-fecção, papel e celulose e couro, em que a diversifi-cação de produtos exige resultados de curto prazo, a relação positiva pode ser explicada pela geração

do lucro líquido no mesmo período da realização de investimentos em ativos intangíveis. Tratando-se de um indicador essencialmente contábil essa seria uma condição necessária para essa relação.

Esses resultados divergem dos achados de Santos, Basso e Kimura (2010), que identificaram diferenças entre a capacidade de inovar de uma empresa em relação ao setor econômico ao qual pertence, expondo, assim, relação positiva entre a inovação e o desempenho das firmas.

Com isso, atestou-se, nesta pesquisa, que o grau de intensidade em P&D não define o desempenho de mercado das empresas analisadas, fato que con-traria o levantamento de Pavitt (1984) quanto à di-ferenciação de setores industriais, e de Lee e Chen (2009) quanto à sinalização que os investimentos em P&D poderiam afetar o valor da empresa. Ain-da assim, ressalta-se que a análise do retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) indicou a influência de dois dos quatro grupos inovativos no seu valor, em que o Grupo 2 com influência negativa e o Grupo 3 com influência positiva. Observa-se, portanto, o caráter idiossincrático das empresas componentes de cada grupo setorial de inovação analisado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O recente cenário de mudanças inerentes ao ambiente organizacional induz à questão de que

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as empresas têm realizado mudanças em sua es-trutura, com destaque para a absorção de recursos intangíveis, para gerar o máximo de benefícios ad-vindos do processo inovativo.

Assim, conjecturou-se, inicialmente, que uma das principais motivações para o foco na inovação nas empresas parte do pressuposto de que aquelas com forte caráter inovador teriam intensivos inves-timentos em intangíveis e apresentariam vantagens competitivas capazes de influenciar a geração de valor para a empresa.

A pesquisa teve como objetivo principal anali-sar a relação entre as variáveis ativos intangíveis e grau de inovação e o desempenho das empresas listadas na BM&FBovespa, participantes dos seto-res mais inovadores do Brasil, segundo classificação do Índice Brasil de Inovação (IBI).

Por meio da análise estatística da regressão, verificou-se o efeito da variável independente (ati-vos intangíveis) no desempenho das empresas e, complementarmente, examinou-se se a repercus-são do grau de inovação da empresa – com base na classificação setorial de inovação do IBI – na maxi-mização desse valor, buscando, assim, as hipóteses da pesquisa.

Em linhas gerais, os resultados obtidos fornece-ram subsídios para aceitar a hipótese de existência de relação entre os ativos intangíveis e o valor de mercado proposto na H1.1, indicando uma melhor percepção de investidores a esses recursos. Assim, ao se investir em recursos intangíveis o mercado re-age no curto prazo aumentando o valor da empre-sa. Essa percepção não foi constatada na relação entre esses investimentos e o ROE, possivelmente pelo lapso temporal existente entre o investimento em ativos intangíveis e a geração do lucro contá-bil, refutando-se H1.2. Quanto à segunda hipótese proposta, há uma relação positiva entre grau de inovação das empresas e o desempenho empre-sarial, não foi possível analisar os coeficientes da sub-hipótese H2.1diante da insignificância estatísti-ca dos coeficientes, portanto, nenhuma evidência pode ser inferida quanto a essa hipótese. Esse fato contraria a expectativa inicial de que uma maior intensidade tecnológica (indicador utilizado pelo IBI para a classificação das atividades econômicas das empresas nos quatro grupos setoriais de inova-ção) na empresa contribui para a maximização de seu valor de mercado. No entanto, leva a reflexões sobre a necessidade de inovar e investir em ativos intangíveis, mesmo em setores “não tão intensivos em inovação”, pois a análise do ROE indica que empresas dos grupos intermediários de inovação (2: média-alta intensidade tecnológica e 3: média--baixa intensidade tecnológica), mas com exigência de diversificação em seus produtos e serviços são

propulsoras de um melhor desempenho empresa-rial, explicado possivelmente pela ocorrência do lucro contábil no mesmo período da realização de investimento em ativos intangíveis.

Por fim, torna-se importante esclarecer que o estudo corrobora com pesquisas empíricas anterio-res e que os resultados encontrados se restringem à realidade verificada na amostra e aos exercícios pesquisados.

Não à parte das demais pesquisas científicas, este estudo deparou-se com algumas limitações que impossibilitaram mais resultados, a se desta-carem: (i) análise restrita aos exercícios de 2008 e 2009; (ii) a amostra intencional das empresas inovadoras classificadas nos grupos do IBI; e (iii) a utilização de duas proxies específicas - para os ativos intangíveis, os valores contábeis desses ati-vos evidenciados pelas empresas e para o grau de inovação, o grupo de intensidade tecnológica res-pectivo do IBI.

Diante do exposto, sugere-se que em trabalhos futuros sejam utilizadas outras técnicas estatísticas, como a análise discriminante, preferencialmente com séries temporais para melhor inferência entre as variáveis. Indicam-se, ainda, estudos compara-tivos que compreendam empresas que compõem atividades inovadoras e empresas de atividades não-inovadoras, diante da delimitação amostral desta pesquisa que abordou somente empresas inovadoras de setores de alta tecnologia, média--alta, média-baixa e baixa intensidade tecnológica, segundo o IBI.

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