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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: MOTIVAÇÕES E BARREIRAS
CHRISTINE DA SILVA REIS
Trabalho de Diplomação
Orientador: Morgana Pizzolato
Porto Alegre
2008
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: MOTIVAÇÕES E BARREIRAS
CHRISTINE DA SILVA REIS
Trabalho de Diplomação para a obtenção do título de Engenheiro de Produção
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Produção e Transportes
Orientador: Morgana Pizzolato
Porto Alegre
2008
6
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos
meus pais, por todo o apoio e
confiança depositada em mim
durante toda a minha vida.
8
AGRADECIMENTOS
Ao meu amado Luciano, pelo amor, carinho, paciência, compreensão e incentivo durante todo
o tempo.
Aos meus pais Pedro e Neuza, pelo auxilio, apoio, carinho e preocupação que sempre me
dispensaram.
A minha orientadora Morgana Pizzolato, pela paciência, tranqüilidade e sabedoria com que
atendeu a todas as demandas que despontaram durante o trabalho.
Enfim, a todas as pessoas que, direta, ou indiretamente, auxiliaram, contribuíram,
incentivaram e se interessaram por este trabalho.
10
RESUMO
Este trabalho apresenta as oportunidades, em relação à eficiência energética, existentes no
Brasil como, por exemplo, as medidas governamentais para conservação de energia e o
surgimento das ESCO (Energy Service Company). Mostra, também, algumas barreiras ainda
existentes ao uso eficiente da energia. Inicialmente, é realizada uma revisão de literatura
abordando temas referentes à matriz energética brasileira, custos com energia elétrica nas
empresas, programas de incentivo à eficiência energética, barreiras encontradas para a
realização de projetos de eficientização no uso de energia e cases de projetos realizados em
algumas empresas. Posteriormente é realizada uma pesquisa caracterizada como estudo de
caso. Nesta etapa, são apresentados o cenário em que o estudo está inserido, além dos
procedimentos metodológicos seguidos por esta pesquisa. Durante entrevistas individuais
foram coletados os dados para a obtenção dos resultados em relação às motivações, às etapas
críticas, as dificuldades e os benefícios encontrados no setor de energia em relação à
eficiência energética. Foi observado que a principal barreira encontrada para uma maior
eficiência energética é o desconhecimento das empresas em relação ao assunto e, a principal
motivação é a redução dos custos operacionais da empresa.
Palavras-chave: Eficiência energética, ESCO, recursos naturais.
12
ABSTRACT
This paper presents opportunities for energy efficiency existing in Brazil, such as government
measures to conserve energy and the emergence of Scotland (Energy Service Company). It
shows, too, some barriers still exist to the efficient use of energy. Initially, we conducted a
review of the literature addressing issues relating to the Brazilian energy matrix, with energy
costs on businesses, programs to encourage energy efficiency, barriers encountered in the
implementation of projects of efficiency in the use of energy and cases of projects in some
companies. It is then conducted a search characterized as a case study. At this stage, are given
the scenario where the study is inserted, in addition to the methodological procedures
followed by this research. During individual interviews were collected data to obtain the
results for motivations, the critical stages, the difficulties and benefits found in the energy
sector in relation to energy efficiency. It was observed that the main barrier found for greater
energy efficiency is the lack of business in relation to the matter, and the main motivation is
to reduce the operating costs of the company.
Keywords: Energy efficiency, ESCO, natural resources.
14
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Resultados alcançados pelo programa Conserve ..................................................... 42
16
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Classificação da pesquisa ....................................................................................... 26
Figura 2 Consumo final e perdas de energia ......................................................................... 30
Figura 3 Evolução da oferta interna de energéticos no Brasil .............................................. 31
Figura 4 Evolução do consumo final de energia elétrica por setor ....................................... 51
Figura 5 Percentual do consumo de energia elétrica por setor da economia em 2002 no
RS ................................................................................................................................................
.. 52
Figura 6 Diagrama de geração e transmissão de energia elétrica ......................................... 53
Figura 7 Descrição das partes do diagrama .......................................................................... 53
Figura 8 Distribuição do consumo de energia elétrica por concessionária em 2002 ............ 57
Figura 9 Sumarização da classificação dos itens para a categoria indústria ........................... 66
Figura 10 Sumarização da classificação dos itens para a categoria concessionária ............... 66
18
LISTA DE ABREVIATURAS
ABESCO – Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Conservação de Energia
ADEME – Agência do Meio Ambiente e da Matriz Energética
AES SUL – Distribuidora Gaúcha de Energia
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
ANP – Agência Nacional do Petróleo
APS – ESCO APS Engenharia
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento
BIRD – Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CEEE – Companhia Estadual de Energia Elétrica
CEEE-D – Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica – CEEE-D
CEEE-GT – Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica
CEEE-Par – Companhia Estadual de Energia Elétrica Participações
CEF – Caixa Econômica Federal
CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A .
CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
CGIEE – Comitê Gestor de Indicadores e de Níveis de Eficiência Energética
CGTEE – Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica
CLIMATE CHANGE – National Action Program on Climate Change
CNPE – Conselho Nacional de Política Energética
CONPET – Programa Nacional de Racionalização do Uso de Derivados de Petróleo e Gás
Natural
COPEL – Companhia Paranaense de Energia
DoE – Departamento de Energia Americano
ECCJ – Centro de Conservação de Energia do Japão
19
EE – Eficiência Energética
EERN – Energy Efficience and Renewable Energy Network
ELETROBRÁS – Centrais Elétricas Brasileiras S.A.
ENERSUL – Companhia Energética do Mato grosso do Sul S.A.
ESCO – Energy Service Companies
FINEM – Financiamento a empreendimentos
FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos
GERASUL – Centrais Geradoras do Sul do Brasil S.A.
GTZ – Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit GmbH
IDAE – Instituto para a Diversificação e Economia Energética
IPT – Instituto de pesquisas Tecnológicas
M&V – Medição e verificação
MME – Ministério das Minas e Energia
OEE – Office of Energy Efficiency
OIE – Oferta Interna de Energia
P&D – Pesquisa e desenvolvimento
PIB – Produto Interno Bruto
PND – Programa Nacional de Desestatização
PPE – Programas de Planejamento Energético
PROÁLCOOL – Programa Nacional do Álcool
PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia
PROESCO – Programa de Apoio a projetos de Eficiência Energética
PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
RA – Receita Operacional Anual
RGE – Rio Grande Energia
RGR – Reserva Global de Retenção
USAID – United States Agency for International Development
20
SUMÁRIO
1 Introdução..........................................................................................................................21
1.1 Tema e objetivos........................................................................................................24
1.1.1 Objetivo geral....................................................................................................24
1.1.2 Objetivos específicos.........................................................................................24
1.2 Justificativa.................................................................................................................24
1.3 Método de pesquisa....................................................................................................26
1.4 Delimitações do trabalho............................................................................................27
1.5 Estrutura do trabalho..................................................................................................27
2 Referencial teórico.............................................................................................................29
2.1 Matriz energética brasileira........................................................................................29
2.2 Gastos com energéticos..............................................................................................32
2.3 Eficiência Energética..................................................................................................33
2.3.1 Barreiras a uma maior eficiência energética.....................................................36
2.3.2 Programas de eficiência energética no mundo..................................................39
2.3.3 Programas de eficiência energética no Brasil....................................................41
2.3.4 Energy Service Companies (ESCO)..................................................................46
2.4 Projetos de eficiência energética................................................................................47
21
2.4.1 Dana Albarus.....................................................................................................48
2.4.2 APS Engenharia.................................................................................................48
2.4.3 HSBC Bank Brasil S. A.....................................................................................49
2.4.4 CSN – Companhia Siderúrgica Nacional..........................................................50
3 Relato do trabalho desenvolvido........................................................................................51
3.1 Descrição do cenário..................................................................................................51
3.2 Procedimentos metodológicos....................................................................................59
3.2.1 Coleta de dados..................................................................................................60
3.2.2 Análise de dados................................................................................................64
4 Apresentação e discussão dos resultados...........................................................................65
4.1 coleta de dados...........................................................................................................65
4.2 Análise de dados.........................................................................................................65
4.2.1 Interpretação das informações...........................................................................66
5 Conclusão..........................................................................................................................71
Referências bibliográficas.........................................................................................................73
22
1 Introdução
Conservar energia é manter ou aprimorar o padrão de serviços e a qualidade de vida, com
menor custo no consumo de energéticos (PINTO et al., 2001). Com a diminuição ou
eliminação dos desperdícios, a partir de mudanças comportamentais, ações corretivas e
ingresso de novas tecnologias é possível conquistar diferenciais competitivos (PROCOBRE,
1996 apud PINTO et al., 2001).
Por muito tempo acreditava-se que a Terra era abundante em relação a recursos energéticos e
podia oferecer, sem qualquer custo ou conseqüência, o necessário ao cumprimento de planos
de desenvolvimento das nações. Evidentemente o ser humano não nasce com tal visão, ela foi
formada através de um processo educativo em que não havia preocupação com o desperdício,
ao contrário, estimulava-se o consumo de energia (JANNUZZI, 2001).
A sociedade atual busca o desenvolvimento sustentável, que está relacionado ao
desenvolvimento atrelado ao gerenciamento dos recursos naturais e à proteção do meio
ambiente, visando ao mesmo tempo resolver o problema da pobreza, melhorar a condição
humana e conservar os sistemas biológicos, dos quais toda vida depende. Os recursos naturais
também devem estar disponíveis em níveis semelhantes aos atuais para utilização pelas
gerações futuras. (PAZZINI et al., 2003).
Com esta visão, o combate ao desperdício (de energético, de água, de alimento, etc.) se
justifica por si só. A conservação de energéticos ou, em outras palavras, o uso racional da
energia significa melhorar a maneira de se utilizar os recursos energéticos sem abrir mão do
conforto e das vantagens que ela proporciona (PINTO et al., 2001).
Ao se tratar da energia elétrica, verifica-se que as fontes de energéticos na natureza estão cada
vez mais escassas e temos que procurá-las cada vez mais distante dos centros consumidores.
A tendência mundial é o combate ao desperdício através de equipamentos eficientes e novos
hábitos de consumo. Para adaptar o sistema elétrico à nova necessidade de modernização,
foram criados, no Brasil, programas de incentivo à conservação de energia elétrica através do
Programa Nacional de Conservação de Energia (PROCEL) e programas de pesquisa e
desenvolvimento (ANEEL, 2008).
O combate ao desperdício de energéticos é a fonte de produção de energia mais econômica e
mais limpa que existe, pois não agride o meio ambiente. Ela funciona como uma fonte virtual
23
de produção de energia elétrica já que a energia não desperdiçada por um consumidor pode
ser utilizada por outro (ANEEL, 2008).
A redução de custos é uma intenção comum a todas as empresas, independentemente do porte
e do ramo de atuação. A prática de estratégias e a adoção de medidas no combate ao
desperdício dos recursos energéticos possibilita significativa diminuição de custos ao longo
do processo produtivo. A eficiência energética é também essencial para a sustentabilidade
corporativa. No Brasil, ganhos de eficiência energética adquirem valor adicional diante do
risco de racionamento (INTERNEWS, 2008).
A eficiência no uso de energéticos, em especial a elétrica, está na pauta no mundo desde os
choques do petróleo na década de 70, quando ficou claro que as reservas fósseis não seriam
baratas para sempre, nem o seu uso seria sem prejuízos para o meio ambiente. Logo se
descobriu que o mesmo “serviço de energia” (iluminação, força motriz e os usos que
proporciona, aquecimento, condicionamento ambiental, equipamentos eletro-eletrônicos, etc.)
poderia ser proporcionado com menos gasto de energéticos, repercussões econômicas,
ambientais, sociais e culturais. Equipamentos e hábitos de uso passaram a ser avaliados
também sob o ponto de vista de sua eficiência energética, verificando-se que muitos deles
eram economicamente viáveis, ou seja, o custo de sua implantação era menor que o custo do
energético cujo uso evitava (PNE, 2008).
A redução no consumo observada de 1995 a 1998 equivale à economia de se ter que construir
uma usina de 1430MW. Segundo as metas de longo prazo do programa incluídas no Plano
2015 da Eletrobrás, a redução do consumo deverá ser da ordem de 130TWh no ano de 2015, o
que equivale a evitar a expansão do sistema elétrico em 25.000MW (cerca de duas usinas de
Itaipu), com ganho líquido para o Brasil de R$ 34 bilhões (PROCEL, 2008).
No Balanço Energético Nacional do Ministério das Minas e Energia (2008) a Oferta Interna
de Energia (OIE), ou a matriz energética, é obtida pela soma das perdas e do consumo final. A
partir de 1970, o balanço vem registrando, anualmente, um aumento gradual das perdas, na
distribuição, armazenagem ou nos processos de transformação. Em 2002, as perdas de
energéticos atingiram algo em torno de 10% da OIE. Em países com grande geração térmica
as perdas estão entre 25% e 30% da OIE.
Atividades de P&D, que contribuem para o desenvolvimento de um plano energético,
científico e tecnológico, apresentam retorno financeiro em longo prazo e, por isso, não atraem
empresas privadas (JANNUZZI, 2000). As novas regras do setor elétrico e o Plano do
24
Governo Federal trazem novas perspectivas ao mercado de energia (SOLA; KOVALESKI,
2004).
A variedade de medidas de eficiência energética disponíveis e a análise correta das
oportunidades de implementação fez surgir, a partir do início da década de 80, as Empresas de
Serviços de Eficiência Energética (ESCO). O serviço típico de uma ESCO se dá através de
um “contrato de performance”, onde cabe a ela a análise, a sugestão e a implementação de
medidas para uma maior eficiência energética, sendo remunerada através da economia
proporcionada (PNE, 2008).
Apesar dos grandes benefícios que as medidas de eficiência energética podem trazer a seu
usuário e à sociedade como um todo, muitas barreiras impedem a sua disseminação:
dificuldades para financiamento, percepção dos riscos envolvidos, falta de informação,
conscientização, treinamento, ciência das regras de um contrato de performance, acesso às
tecnologias e equipamentos de uso eficiente de energéticos, falta de confiança no resultado
das medidas, etc. Essas barreiras precisam de políticas adequadas para serem quebradas,
incluindo o desenvolvimento e fortalecimento de agentes promotores como as ESCO (PNE,
2008).
O conceito de eficiência energética está ligado à minimização de perdas na conversão de
energia primária em energia útil. Essas perdas ocorrem na obtenção de qualquer tipo de
energia, seja térmica, mecânica ou elétrica (SOLA; KOVALESKI, 2006). A energia extraída
da natureza não se encontra na forma ideal para sua utilização, necessitando, na maioria dos
casos, passar por processos de transformação, tais como hidrelétricas que aproveitam a
energia mecânica da água para produção de energia elétrica e carvoarias que transformam a
lenha em carvão vegetal, dentre outras (BEN, 2007). A partir de mudanças comportamentais,
ou seja, através do desenvolvimento de novos hábitos de consumo podemos reduzir
significativamente todas essas perdas (PINTO et al., 2001).
Economizar 1kWh custa pelo menos quatro vezes mais barato que gerar a mesma quantidade
de energia. As vantagens econômicas são claras, mas há outros benefícios agregados nos
investimentos em ações de eficiência energética que não são computados (RIBEIRO, 2005). É
nesse contexto que surge a necessidade de estudar as barreiras existentes para o uso eficiente
de energéticos e, principalmente, os incentivos que estão disponíveis para a realização de
projetos de eficiência energética.
25
1.1 TEMA E OBJETIVOS
O racionamento de energia elétrica, no ano de 2001, fez crescer em todo o país o sentimento
de economia de energéticos. O aumento nas perdas de energéticos e pressões ambientais,
principalmente da comunidade internacional, fez com que fossem intensificadas as ações de
eficiência energética na geração, distribuição e no consumo final. A crise trouxe perdas para o
país, tanto para empresas como para a população, mas também o alerta para o uso racional de
energéticos (MME, 2008-b).
Este trabalho tem como tema a eficiência energética, mais especificamente a apresentação das
oportunidades em relação à eficiência energética já existente no Brasil como, por exemplo, as
medidas governamentais para conservação de energéticos e surgimento das ESCO, assim
como, mostrar barreiras ainda existentes ao uso eficiente de energéticos, principalmente, a
energia elétrica.
1.1.1 Objetivo geral
Este trabalho aborda o setor energético brasileiro, com foco nas ações das empresas para
melhoria da sua eficiência energética. O objetivo geral deste estudo é identificar as
motivações e as barreiras para a participação em programas de eficiência energética por parte
de empresas, no tocante a energia elétrica.
1.1.2 Objetivos específicos
Como objetivos específicos têm-se: (i) apresentar a importância do uso racional de energia
para o planejamento energético nacional; (ii) apresentar a matriz energética brasileira; (iii)
apresentar os programas disponíveis na área de eficiência energética no Brasil e; (iv)
pesquisar projetos realizados em eficiência energética no Brasil.
1.2 JUSTIFICATIVA
O uso de energéticos se tornou a força motriz das atividades econômicas e sociais
desenvolvidas pelo homem a partir, principalmente, da Revolução Industrial. Não há dúvida
que a energia é essencial para o desenvolvimento econômico e social das nações (CIMA,
2006).
Em grande parte das empresas a energia necessária para produção de bens e serviços
representa um dos principais itens dos custos operacionais totais. A eficiência energética
26
mostra-se como um bom negócio, já que essas empresas possuem um grande potencial de
redução dos custos com energéticos (SOLA et al., 2006).
Ganhos de eficiência energética podem ser alcançados através de diversas iniciativas, que
incluem troca ou manutenção de lâmpadas, motores elétricos, bombas, refrigeradores,
sistemas de ar condicionado, fornos, caldeiras e sistemas de co-geração (INTERNEWS,
2008).
Em relação à energia elétrica, sua redução nos processos produtivos ou em sistemas que
proporcionam conforto e amenidades não é um fim em si mesmo. Na realidade, o uso
eficiente de energia elétrica está estritamente relacionado com a consecução de importantes
objetivos mais abrangentes e de interesse da sociedade, como por exemplo: contribuir para
aumentar a confiabilidade do sistema elétrico; reduzir ou postergar as necessidades de
investimentos em geração, transmissão e distribuição; reduzir impactos ambientais (locais e
globais) especialmente relacionados com a produção de eletricidade; ereduzir custos de
energia elétrica para o consumidor final. Esses objetivos podem e devem receber
contribuições dos esforços de eficiência energética (JANUZZI; SANTOS, 2006).
O governo brasileiro tem programas de incentivo à redução do consumo de energia, de qualquer tipo, disponíveis para o setor industrial e de serviços, entretanto,
muitas organizações têm desconhecimento destes programas (ABESCO, 2008).
Em 2006, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) criou o
PROESCO, uma linha específica de crédito de apoio, com R$100 milhões para projetos de
eficiência energética apresentado por ESCO (Empresas de Serviços de Conservação de
Energia) e por consumidores finais de energia. São beneficiários as ESCO e usuários finais de
energia com intervenções que comprovadamente contribuam para a economia de energia. São
itens financiáveis pelo BNDES: Estudos e Projetos; Obras e Instalações; Máquinas e
Equipamentos; Serviços Técnicos Especializados; Sistemas de Informação, Monitoramento,
Controle e Fiscalização. Além disso, o BNDES possui parceria com bancos comprometidos
com o meio ambiente e compartilhamento dos riscos do projeto (BNDES, 2008).
A Lei 9991/2000 obriga as concessionárias a investirem 1% de suas Receitas Operacionais
Líquidas em programas de eficiência energética e em programas de pesquisa e
desenvolvimento no setor elétrico. A partir de 2006, a Lei determina que os percentuais, para
os programas de eficiência energética, sejam de 0,25% e para os programas de pesquisa e
desenvolvimento sejam de 0,75%. As concessionárias de distribuição são, hoje, portanto,
27
grandes financiadoras de projetos de eficiência energética e de pesquisa e desenvolvimento
científico (ELETROBRÁS, 2008-a).
De acordo com o exposto fica clara a importância da realização de um trabalho na área da
eficiência energética. Além de consolidar conhecimentos e analisar os resultados das
implantações, este trabalho pode auxiliar na divulgação dos programas de eficiência
energética junto às empresas e aos profissionais que possam contribuir com o tema.
1.3 MÉTODO DE PESQUISA
Conforme Silva e Menezes (2001) existem várias formas de classificar as pesquisas.
Tradicionalmente, classificam-se por natureza (básica ou aplicada), pela forma de abordagem
do problema (quantitativa ou qualitativa), por seus objetivos (exploratória, descritiva ou
explicativa) e, ainda, por procedimentos técnicos (bibliográfica, documental, experimental,
levantamento, estudo de caso, expost-facto, pesquisa-ação e participante).
A metodologia empregada neste trabalho é classificada, quanto à natureza, como aplicada,
tendo em vista que possui interesse em adquirir conhecimento através de investigação; quanto
à forma de abordagem, qualitativa, já que o pesquisador não está preocupado em enumerar ou
medir os eventos estudados, nem mesmo empregar instrumentos estatísticos para a análise de
dados; quanto aos objetivos, exploratória, por envolver levantamento bibliográfico e também,
descritiva, já que fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados,
sem interferência do pesquisador; e quanto aos procedimentos técnicos, estudo de caso, por
investigar um tópico empírico, seguindo um conjunto de procedimentos pré-estabelecidos
para a coleta e análise de dados para uma determinada pesquisa. Na Figura 1 é apresentado
um resumo da metodologia aplicada no trabalho.
Critérios de classificação Classificação da pesquisaNatureza Pesquisa aplicadaAbordagem do problema Pesquisa qualitativaObjetivos Pesquisa exploratória e descritivaProcedimentos técnicos Estudo de caso
Figura 1 Classificação da pesquisaFonte: Elaborado pelo autor
A elaboração deste trabalho se inicia com a revisão da literatura sobre o setor energético
brasileiro e mundial, a matriz energética brasileira, os custos com energéticos nas empresas,
28
os programas de eficiência energética brasileiros e casos de implantação de programas de
eficiência energética.
Posteriormente, será realizado um estudo de caso em empresas que de alguma forma estão
relacionadas ao setor de energia elétrica. As empresas serão analisadas quanto aos programas
de eficiência energética oferecidos pelo governo e pelas próprias centrais de energia elétrica,
assim como incentivos utilizados pelas ESCO como auxílio à realização de projetos de
eficientização. Também serão observadas as motivações e as barreiras enfrentadas pelas
empresas para implantação de seus projetos de eficiência energética. Para tanto, serão
realizadas entrevistas com os responsáveis pelos programas e projetos.
1.4 DELIMITAÇÕES DO TRABALHO
O presente estudo se limita a analisar programas realizados pelo Governo e por empresas para
melhoria da eficiência energética da sociedade, assim como, analisar projetos realizados pelas
ESCO, principalmente, em indústrias, que são as maiores consumidoras de energia elétrica.
Salienta-se que neste trabalho não se pretende realizar uma análise de dados técnicos no que
diz respeito aos programas de eficiência energética.
Também não será proposto um método para realizar e implementar programas de eficiência
energética, mas sim, serão relatados projetos bem sucedidos já realizados nesta área.
Serão apresentados os programas disponíveis na área de eficiência energética, como
financiamentos e incentivos, mas não serão questionadas as políticas brasileiras do setor
energético.
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho está dividido em cinco capítulos como apresentados na seqüência. No capítulo 1
são feitos os comentários iniciais do trabalho, bem como apresentação do tema estudado,
objetivos gerais e específicos, justificativa do trabalho, método de pesquisa e delimitações
impostas na realização deste e a estrutura do trabalho.
Já no capítulo 2 é apresentada uma revisão de literatura, contemplando os assuntos relevantes
à proposta deste trabalho, ou seja, a matriz energética brasileira, custos com energéticos nas
empresas, eficiência energética no Brasil e no mundo e, por fim, casos de implantação de
programas de eficiência energética.
29
No capítulo 3 é realizado o relato do trabalho desenvolvido, com a descrição do cenário de
energia elétrica e detalhamento dos procedimentos metodológicos. Nesta etapa serão
explicados, de maneira mais profunda, todos os procedimentos e recursos utilizados para
coleta e análise dos dados.
No capítulo 4, serão expostos os resultados obtidos com a aplicação dos procedimentos
metodológicos. Será realizada uma discussão quanto aos resultados obtidos e as informações
encontradas na literatura do assunto, apresentada no Capítulo 2. Por fim, será elaborada uma
análise crítica do trabalho desenvolvido, a fim de verificar se seus objetivos foram atendidos.
No capítulo 5, será apresentada a conclusão do trabalho. O tema será retomado, os resultados
obtidos e os objetivos serão confrontados e as limitações e conclusões obtidas serão
reapresentadas de forma sucinta. Neste capítulo, também serão apresentadas sugestões para
trabalhos futuros.
30
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA
Desde 1500, na chegada dos portugueses, até o final do período colonial, a biomassa, energia
hidráulica, tração animal e a força humana foram as principais fontes de energia utilizadas no
Brasil (MABOGUNGE, 1997 apud STRAPASSON, 2004).
Gradativamente, no início do século XX, o consumo de petróleo foi aumentando sua
participação na matriz energética brasileira, seguindo a tendência mundial da época. Várias
empresas estrangeiras instalam-se no Brasil, com o intuito de explorar o ainda modesto
mercado energético nacional (STRAPASSOM, 2004). Em 1953, a Petrobrás é criada para
executar as atividades do setor de petróleo em nome da União (COOPETRÓLEO, 2008).
Os dois grandes choques do petróleo, em 1973-1974 e 1979-1980, geraram a percepção de
que uma nova política energética se fazia necessária. Essa nova política contemplou os
seguintes aspectos: intensificação da prospecção de petróleo; incremento da produção de
carvão mineral; lançamento do programa nuclear brasileiro; criação do Programa Nacional do
Álcool (Proálcool); continuidade da expansão do parque gerador hídrico; e a realização dos
primeiros programas de eficiência energética em nível nacional (ANEEL; ANP, 1999).
Apesar dos esforços citados, a economia nacional obteve um crescimento muito baixo na
década de 80, em relação às décadas de 60 e 70. No final da década de 90 foram criadas
Agências Reguladoras tanto para o setor elétrico (Agência Nacional de Energia Elétrica –
ANEEL), quanto para o petróleo e gás natural (Agência Nacional de Petróleo – ANP), bem
como, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), visando orientar as ações do
governo para as questões energéticas (ANEEL; ANP, 1999).
O uso de energéticos no Brasil aumentou rapidamente, nos últimos anos. O uso total de
energéticos cresceu cerca de 250%, no período 1975-2000, enquanto que o uso de energéticos
per capita aumentou 60%. A rápida industrialização, incluindo o alto crescimento de algumas
indústrias, como as de alumínio e de aço, além dos crescentes serviços energéticos residencial
e comercial, foram as principais causas desse incremento no uso e na intensidade de
energéticos (TOLMASQUIM et al., 1998 apud GELLER, 2003).
31
A energia que atende às necessidades da sociedade em geral, movimentando a indústria, o
transporte, o comércio e demais setores econômicos do País recebe a denominação de
Consumo Final no Balanço Energético Nacional (ver Figura 2).
Figura 2 Consumo final e perdas de energia[Fonte: BEN, 2007]
NOTA: tEP = tonelada equivalente de petróleo (unidade de medida de energia equivalente, por convenção, a 12 x 103kWh (10.000 Mcal) de acordo com ANP, 2008)
De outro lado, a energia extraída da natureza não se encontra na forma mais adequada para os
usos finais, necessitando, na maioria dos casos, passar por processos em centros de
transformação, tais como refinarias que transformam o petróleo em óleo diesel, gasolina, etc;
usinas hidrelétricas que aproveitam a energia mecânica da água para produção de energia
elétrica; carvoarias que transformam a lenha em carvão vegetal, etc. Esses processos também
acarretam perdas de energia. No Balanço Energético Nacional, como mostrado na Figura 2, a
soma do Consumo Final de energia, das perdas no transporte, na distribuição e na
armazenagem e das perdas nos processos de transformação, recebe a denominação de Oferta
Interna de Energia (OIE), também denominada de matriz energética ou de demanda total de
energia (BEN, 2007).
A Figura 3 apresenta a evolução das diferentes fontes de energia, nos últimos 35 anos. O
Brasil expandiu amplamente seu parque de usinas hidrelétricas, e os esforços para substituição
e conservação de combustíveis, incluindo o programa nacional de álcool, limitaram o
crescimento de consumo de produtos de petróleo nos últimos anos. O carvão e o gás natural
são fontes menores de energia no Brasil, apesar de o fornecimento de gás natural vir
crescendo rapidamente (GELLER, 2003). A alta participação da energia hidráulica na geração
32
de eletricidade é uma vantagem complementada por grande utilização de biomassa, fazendo
com que o Brasil apresente baixa taxa de emissão de CO2 (BEN, 2007).
No Brasil, como pode ser observado na Figura 3, a década de 70 foi especialmente marcada
por grande substituição da lenha por derivados de petróleo, o que reduz significativamente a
sua participação na Oferta Interna de Energia. No início da década de 80 o processo de
substituição na indústria é suavizado, devido à elevação dos preços internos do óleo
combustível e do gás natural, favorecendo um maior uso da lenha e do carvão vegetal (BEN,
2007).
Figura 3 Evolução da oferta interna de energéticos no Brasil[Fonte: BEN, 2007]
Durante a década de oitenta, houve um aumento da participação das fontes renováveis de
energia na matriz energética brasileira, passando de 28% em 1980, para 34% em 1985. Esse
resultado foi conseqüência de uma série de políticas praticadas a partir do final dos anos
setenta e começo dos anos oitenta, devido aos dois choques do petróleo ocorridos (CIMA,
2006).
Os produtos da cana, que incluem o álcool e o bagaço de cana, crescem de participação no
período de 1975 a 1985, estabilizando-se a partir daí. Já a energia hidráulica mantém taxa
crescente de participação ao longo do período. O carvão mineral é impulsionado pela
indústria metalúrgica no início da década de 80, mantendo firme participação a partir de 1985.
O gás natural é a fonte de energia que vem apresentando o mais significativo
desenvolvimento nos últimos anos. A descoberta de novas reservas nacionais elevou o volume
de gás disponível para 588,6 bilhões de m³ em 2006 e a perspectiva de aumento da
importação de gás natural da Bolívia e do Peru permite ampliar ainda mais o seu uso, o que
33
representa melhorias em termos de eficiência energética e de qualidade do meio ambiente,
uma vez que o gás natural é o mais limpo dos combustíveis fósseis (BEN, 2007).
2.2 GASTOS COM ENERGÉTICOS
Atualmente, com a grande concorrência das empresas, se torna cada vez mais indispensável à
redução de custos de uma forma geral na empresa. Esse fato leva a refletir sobre o gasto com
energia elétrica, não só na empresa industrial, mas também no comércio, na prestação de
serviço, nas instituições de ensino, entre outras. O consumo de energéticos em empresas
comerciais e industriais pode ser racionalizado e eficientizado através de mudança do contrato
com a concessionária, alterando, assim, a estrutura tarifária, de redução do fator de potência,
conscientização dos colaboradores e de análise da demanda contratada (SCHENEIDER;
GHILARD, 2006).
É de vital importância à implementação de programas de conservação e uso racional de
energia elétrica visando a sua economia, já que a eletricidade vem apresentando crescente
taxa de utilização em todos os segmentos. Levando em consideração os elevados níveis de
investimentos que o setor elétrico necessita para atender a essa crescente demanda, toda e
qualquer ação que resulte na diminuição de necessidade de ampliação de recursos disponíveis
no sistema deve ser incentivada (PROLUMNI, 2008).
Será especialmente problemático levantar grandes somas de capital para expandir o
fornecimento de energéticos de países em desenvolvimento e de economias de transição
(NAKICENOVIC, 2000 apud GELLER, 2003). Os escassos fundos públicos desses países
são necessários para um amplo leque de prioridades que incluem educação, saneamento,
saúde e desenvolvimento rural (ROGNER; POPESCU, 2000 apud GELLER, 2003).
Os custos economizados com energéticos são, em geral, apresentados em US$/MWh,
resultado da divisão dos custos de implantação da medida (investimento inicial anualizado
acrescido dos custos de operação e manutenção) pela quantidade de energéticos economizada
anualmente (PNE, 2008).
A construção de usinas hidrelétricas, oleodutos e gasodutos, além de outros equipamentos
para o fornecimento de energéticos são capital-intensivos, ou seja, exigem investimentos
maciços. As análises mostram que, se o uso mundial de energéticos continuar a crescer na
ordem de 2% ao ano, investimentos em fornecimento de energéticos da ordem de US$11-13
trilhões serão necessários, no período 2000-2020, e US$26-35 trilhões adicionais serão
34
necessários, no período 2020-2050 (em valores de 1998). Esse nível de investimento, de
US$500 bilhões e US$1 trilhão por ano, é duas a quatro vezes o nível mundial de
investimento em produção e conversão de energéticos na década de 1990. O aumento de
investimentos em fornecimento e conversão de energia é viável em alguns países, mas será
bastante complicado em muitos outros (GELLER, 2003).
Os gastos com energéticos também são sentidos em nível individual, nos países em
desenvolvimento e em transição. As residências, em países em desenvolvimento,
freqüentemente gastam uma fatia considerável de sua renda com energéticos, incluindo
querosene, baterias e outros combustíveis; freqüentemente essas fontes de energia são
utilizadas com muita ineficiência. Da mesma forma, gastos com energéticos podem ”drenar”
uma considerável fração da renda das famílias mais pobres em países industrializados, porque
grande parte das famílias mais pobres habita casas ineficientes (GELLER, 2003).
Os programas de uso racional de energia elétrica apresentam ainda mais atratividade, se for
considerado que a necessidade de investimento em cada kW destes programas situa-se muito
abaixo do capital necessário para se implementar um novo kW desde a usina geradora até ser
disponibilizado na unidade consumidora. Portanto, a racionalização no uso da energia elétrica,
evitando o desperdício, pode criar perspectivas de se equilibrar as taxas de crescimento da
demanda de energia elétrica, a curto, médio e longo prazo. Assim, é postergada a necessidade
de investimento nas atividades de geração, transmissão e distribuição de eletricidade, obtendo
assim uma redução na alocação de recursos externos (PROLUMNI, 2008).
Dessa forma, é necessário que todos os setores da economia se conscientizem da atual
situação e passem a empregar os energéticos de forma mais racional, através de providências
técnicas e, principalmente, através de mudanças nos hábitos de consumo. O momento
econômico é de busca de competitividade entre as empresas, que se faz pela qualidade e pelo
preço dos produtos oferecidos. Busca-se a diminuição do preço final do produto, por meio da
queda de cada um de seus componentes, inclusive de energéticos utilizados para sua
produção. E é neste sentido, que as empresas buscam a racionalização do consumo de
energéticos (PROLUMNI, 2008).
2.3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
O aumento de eficiência energética ocorre quando há redução no consumo de energéticos para
realização de um dado serviço ou quando há aumento ou melhoria dos serviços para uma
35
mesma quantidade de energéticos gasta. No entanto, definir eficiência energética não é tarefa
fácil e ainda mais difícil é medir as variações resultantes dessa eficiência (ABEE, 2008).
De acordo com Abesco (2008) “eficiência energética trata-se de uma atividade técnico-
econômica que objetiva: (i) proporcionar melhor consumo de energéticos e água, com redução
de custos operacionais correlatos; (ii) minimizar contingenciamentos no suprimentos desses
insumos; e (iii) introduzir elementos e instrumentos necessários para o gerenciamento
energético e hídrico da empresa ou empreendimento”. Já, segundo ABS (2008), “eficiência
energética é a economia de energia aliada à utilização de tecnologias mais eficientes, novos
materiais e equipamentos, e o uso de recursos naturais com alternativas ecológicas. É a soma
de ações e atitudes”. Florianonet (2008) define eficiência energética como “a otimização que
se pode fazer no consumo de energia, ou seja, é a relação entre a energia consumida ou
recebida e a energia produzida”. Por fim, Ribeiro (2005) entende por eficiência energética “o
conjunto de práticas e políticas que reduzam os custos com energia e/ou aumentem a
quantidade de energia oferecida sem alteração da geração”. Dentre essas práticas e políticas, o
autor destacada: Planejamento Integrado dos Recursos – são práticas que subsidiam os
planejadores e reguladores de energia a avaliar os custos e benefícios sob as óticas da oferta e
demanda, de forma que a energia utilizada pelo sistema seja a de menor custo financeiro e
ambiental; Eficiência na Geração, Transmissão e Distribuição – são práticas e tecnologias que
estimulam a eficiência em toda a eletricidade que é gerada até a entrega aos consumidores
finais e; Eficiência no uso final – são tecnologias e práticas que estimulam a eficiência
energética no nível do consumidor final, incluindo tecnologias que propiciem a conservação e
o melhor uso de energéticos.
A Eficiência Energética esta relacionada diretamente com a utilização racional de energéticos,
que consiste num conjunto de ações e medidas que têm como objetivo a melhor utilização dos
energéticos. Essa é cada vez mais um fator importante de economia energética e redução de
custos, tanto no setor doméstico como no setor de serviços e industrial (FLORIANONET,
2008).
A eficiência energética implica na implementação de estratégias e medidas para combater o
desperdício de energéticos ao longo do processo de transformação desde o momento em que a
energia é transformada até a sua utilização. A eficiência energética contribui com a segurança
nacional, a redução de impactos ambientais e a postergação de investimentos na geração e
transporte de energéticos (BNDES, 2008).
36
A ameaça de esgotamento das reservas de combustíveis fósseis, a pressão dos resultados
econômicos e as preocupações ambientais, levam a encarar a eficiência energética como uma
das soluções para equilibrar o modelo de consumo existente e para combater as alterações
climáticas. Aprender a utilizar os energéticos disponíveis de forma responsável é garantir um
futuro melhor para as gerações futuras. No entanto, para se lá chegar, é precisamos alterar a
nossa atitude em relação ao consumo de energéticos, refletindo-a no nosso cotidiano
(FLORIANONET, 2008).
Se a eficiência energética não melhorar no país, isso poderá trazer conseqüências para o
ambiente, já que o consumo de energéticos está associado a uma alta da emissão dos
chamados gases causadores do efeito estufa (FolhaOnline 28/02/2008 - 10h04 apud ABEE,
2008). Assim sendo, as ações de eficiência energética auxiliam na preservação do meio
ambiente com a redução dos gases efeito estufa (APS, 2008).
A melhoria da eficiência energética, o uso de menos energéticos para uma dada tarefa, é um
importante “recurso” energético mundial. Uma grande quantidade de avanços de eficiência
energética em aparelhos, equipamentos de iluminação, veículos, instalações físicas, usinas e
processos industriais foi desenvolvida e introduzida nas últimas décadas. A adoção dessas
tecnologias vem se expandindo, contribuindo para uma redução substancial do uso e da
intensidade de energéticos em muitos países (GELLER, 2003).
Avanços em eficiência energética são possíveis tanto no fornecimento e na conversão quanto
no uso final de energia. Novas usinas de ciclo combinado geram eficiências de conversão de
eletricidade de 50-55%, chegando quase ao dobro do nível das antigas usinas termelétricas.
Sistemas combinados de calor e energia (também conhecidos como sistemas de co-geração)
podem converter 80-90% do combustível primário em energia útil (CASTEN 1998, apud
GELLER, 2003).
Uma economia muito maior de energéticos poderia ser alcançada mediante uma ampla adoção
de tecnologias disponíveis comercial e energeticamente eficazes como (GELLER, 2003):
dispositivos mais eficientes para cozinhar e aquecer água;
prédios que façam melhor uso da iluminação e ventilação naturais;
substituição de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas;
outras lâmpadas, reatores, controles e equipamentos de iluminação eficientes;
equipamentos de refrigeração com compressores mais eficientes e melhores conversores
de calor;
37
gerenciamento dos energéticos e dos sistemas de controle;
dispositivos eletrônicos com baixo consumo de energéticos;
projeto e controle avançados de bombeamento, ar comprimido, e de outros sistemas
motores;
motores de veículos mais eficientes, veículos mais leves e veículos elétricos híbridos.
Essas são apenas algumas das tecnologias que podem diminuir o volume de energéticos
consumido em tarefas como: aquecimento, refrigeração, iluminação e mobilidade. Há muitas
outras opções para reduzir o uso de energéticos em aplicações que vão desde a lavagem de
roupas ao uso de computadores e outros equipamentos eletrônicos e outros equipamentos
eletrônicos para fabricar aço, produtos químicos e outros materiais básicos. Também projetos
mais inteligentes para novas moradias, prédios de escritórios, veículos e processos industriais
por meio de uma “abordagem de engenharia de sistemas” integrada pode gerar economias
substanciais de energéticos, também freqüentemente com economia de custo primário
(HAWKEN, et al., 1999 apud GELLER, 2003).
É possível reduzir os consumos energéticos mantendo o conforto e a produtividade das
atividades dependentes de energéticos (FLORIANONET, 2008).
2.3.1 Barreiras a uma maior eficiência energética
Uma ampla gama de barreiras limita a introdução e implementação de eficiência energética no
mundo inteiro. A importância das diferentes barreiras varia entre setores, instituições e
regiões. Algumas dessas barreiras diminuirão à medida que a eficiência energética progrida e
conquiste sua fatia no mercado. Outras, porém devem persistir, a menos que sejam
diretamente confrontadas por meio de políticas de intervenção. No computo geral, essas
barreiras estão inibindo a transição para um futuro energético sustentável (GELLER, 2003).
As tecnologias eficientes no uso de energéticos não são produzidas ou não estão
imediatamente disponíveis em alguns países, especialmente naqueles em desenvolvimento.
Da mesma forma, esses países não dispõem de empresas fornecedoras de serviços de energia
especializadas em projetos e em investimentos de eficiência energética. Isto cria um “círculo
vicioso”, em que a demanda é baixa e permanece assim por causa da oferta limitada
(GELLER, 2003). No caso do Brasil, diversas tecnologias ainda enfrentam problemas
técnicos para ser produzidas ou utilizadas em algumas regiões do país (AES, 2007).
É difícil encontrar equipamentos eficientes no uso de energéticos, como produtos de
iluminação, aparelhos, motores e sistemas de controle, ou eles não existem em alguns países
38
em desenvolvimento. Em alguns casos, produtos eficientes no uso de energéticos são
produzidos em países em desenvolvimento para exportação, mas não estão disponíveis no
mercado. No Brasil, por exemplo, fábricas produzem ou montam condicionadores de ar e
motores de alta eficiência para exportação, mas ou não vendem esses modelos localmente ou
os comercializam de forma bastante limitada (GELLER, 2003).
A disponibilidade de tecnologias em eficiência energética pode ser limitada por: (i) a
tecnologia ainda estar em desenvolvimento; (ii) não haver fabricação nacional e não haver
ninguém preparado para importar; (iii) a tecnologia estar suprimida por direitos adquiridos.
Nos dias atuais, em que os mercados são competitivos, esta barreira pode diminuir se os
provedores de energia venderem eficiência energética, os usuários exigirem produtos mais
eficientes, esforços para aquisição destes produtos forem introduzidos e financiamentos
estarem disponíveis; ou pode aumentar, se os fundos para P&D decrescerem, as taxas de
importação para esses equipamentos mais eficientes forem altas, ou ainda, houver direitos
adquiridos que empeçam a entrada das novas tecnologias (GARCIA, 2008).
Em muitos casos, a eficiência energética se combina a outras características de um aparelho,
edifício, veículo ou outro produto. Os consumidores não têm acesso a uma melhoria em
eficiência energética, mesmo que se mostrem favoráveis a pagar mais por essa opção. Isto
normalmente acontece com veículos e aparelhos, como refrigeradores e congeladores. Se uma
maior eficiência energética não é uma opção destacada, os consumidores tendem a ignorar o
desempenho energético e os fabricantes têm pouco incentivo para melhorar a eficiência
(GELLER, 2003).
Consumidores e empresas podem desconhecer opções de eficiência energética. E, se têm
consciência dessas medidas, podem não ter informação sobre quanto energético e dinheiro
poderiam ser economizados ou a extensão de outros benefícios em termos de saúde ou de
aumento de produtividade. Os consumidores podem ter dúvidas sobre se um equipamento
energeticamente eficiente irá funcionar adequadamente em sua casa, prédio comercial ou
industrial (GELLER, 2003). Segundo Garcia (2008), os usuários finais e os agentes de
mercado têm pouca experiência em sistemas de promoção de eficiência energética.
Como os consumidores pagam uma conta mensal, não sabem quanto custa o consumo de cada
aparelho. Da mesma forma, os consumidores normalmente não são capazes de determinar
quanto tempo levará para que medidas de eficiência energética como um aparelho eficiente no
39
uso de energéticos recupere seu custo inicial. E os preços futuros de energéticos, que afetam a
viabilidade econômica de um , estão na linha de incerteza (GELLER, 2003).
Segundo Garcia (2008), os provedores de energéticos e consumidores focalizam o preço do
energético. Uma exceção se dá quando os provedores encaram a eficiência energética como
diferencial de mercado, o que já faz parte da estratégia de algumas concessionárias brasileiras.
Nos setores comercial e industrial, engenheiros industriais e administradores de instalações
prediais podem não compreender como otimizar a eficiência energética de processos
industriais ou de sistemas prediais. Arquitetos e construtores podem não deter o conhecimento
necessário para projetar instalações físicas com bom desempenho energético (GELLER,
2003).
O pouco conhecimento em relação às possibilidades de melhoria no uso de energéticos e a
falta de informação adequada por parte dos consumidores, vendedores, produtores e
administradores públicos desta área, pode desvirtuar a introdução de medidas de eficiência ou
o uso de fontes renováveis em situações onde estas já se encontram técnica e economicamente
viáveis. Para promover a efetiva introdução de medidas de uso eficiente de energéticos,
tecnologias adequadas e fontes renováveis é necessário um investimento contínuo e
sistemático em programas educacionais e de disseminação de boas informações (AES, 2007).
A eficiência energética é altamente descentralizada e diluída. Milhões de consumidores e
empresas não tomam decisões pensando em eficiência energética quando compram aparelhos,
iluminação ou veículos, constroem novos prédios e expandem a capacidade de fabricação. A
eficiência energética é freqüentemente ignorada ou recebe pouca prioridade quando essas
decisões são tomadas (GELLER, 2003).
A maioria dos consumidores não faz investimentos em eficiência de energéticos - muitas
vezes vantajosas, com rápido retorno do investimento inicial - porque não possui capital
disponível (ou acesso a fontes de financiamento) para novos equipamentos mais eficientes,
para fazer melhorias em suas instalações ou modernizar seus processos produtivos. Capital
não é o único fator financeiro de restrição: um consumidor pode ter capital, mas a eficiência
energética pode não ser sua prioridade para investimentos. Tipos diferentes de consumidores
terão maneiras distintas de avaliar os retornos econômicos sobre seus investimentos em
eficiência energética (AES, 2007).
Consumidores ou empresas podem não dispor do capital necessário para um e pode não haver
funcionamento para este. O empréstimo comercial de mais longo prazo é raro ou inexistente
40
em muitos países em desenvolvimento e nos que pertenciam ao bloco comunista
(MARTINOT, 1998 apud GELLER, 2003). Da mesma forma, empresas de serviço de energia
podem não ter capacidade para fornecer ou arranjar financiamento para clientes potenciais,
especialmente em países em desenvolvimento (GELLER, 2003).
Mesmo em países industrializados, pode não haver um financiamento com taxas de juros
atraentes para medidas ou projetos de eficiência energética. Consumidores ou empresas que já
estão endividados podem não estar aptos ou não desejar pagar o custo inicial extra de um
produto mais eficiente (GELLER, 2003).
As tarifas de eletricidade, em muitos casos, têm sido uma barreira para incentivar
consumidores e investimentos em eficiência energética e em novas fontes de energia. No
Brasil, praticamente nenhuma mudança tem ocorrido em termos de alternativas tarifárias para
os consumidores desde a década de oitenta. Em diversos países, tarifas especiais têm sido
introduzidas para estimular a adoção de tecnologias mais eficientes ou, então, melhor
remunerar investidores em tecnologias para geração de eletricidade através de fontes
renováveis (AES, 2007),
No Brasil, a cultura do desperdício é predominante em todos os segmentos da sociedade
principalmente nas áreas de alimentação e utilização de energia elétrica. Energia não é um
bem considerado vital para a maioria da população e principalmente ao empresário nacional.
Contudo, as barreiras são inter-relacionadas e não podem ser vistas independentes.
(TADASHI; MÁXIMO, 2001).
O financiamento com taxa de juros atraentes é crítico para que sejam bem-sucedidas a difusão
e a sustentabilidade no mercado das tecnologias de eficiência energética de uso final. Vários
países estabelecem programas de financiamento para projetos de eficiência energética
(GELLER, 2003).
2.3.2 Programas de eficiência energética no mundo
A França desenvolve atividades de eficiência energética através da Agência do Meio
Ambiente e da Matriz Energética (ADEME). Desta forma, existe uma forte relação entre as
políticas ambientais e energéticas francesas. A França considera como prioritárias três áreas
básicas: economia dos resíduos, poluição do ar e matriz energética. A ADEME desenvolve
diversos projetos de eficiência energética que vão desde a eficiência no setor agrícola,
transportes, construção civil e industrial, além da promoção do uso de energias renováveis e o
desenvolvimento urbano sustentável (ADEME, 2004 apud STRAPASSOM, 2004).
41
A França possui um parque gerador elétrico essencialmente nuclear. Por esse motivo, o uso da
eletricidade é amplamente incentivado em todos os setores de consumo para utilização em
processos térmicos, visando assegurar a demanda de eletricidade, provida pela geração
nuclear (ANEEL; ANP, 1999).
O planejamento energético espanhol busca privilegiar o uso de energias renováveis e
incentivar a implantação de sistemas de co-geração e a geração de eletricidade por produtores
independentes e auto-produtores. O Instituto para a Diversificação e Economia Energética
(IDAE) é um órgão ligado ao Ministério da Indústria e Energia Espanhol, que promove a
eficiência no país, através do fomento ao uso racional de energéticos e da diversificação das
fontes de energia, especialmente pelo incentivo as energias renováveis. O IDAE também
realiza auditorias energéticas e estimula o uso de combustíveis “limpos”, e a substituição de
equipamentos ultrapassados por tecnologias mais eficientes (IDAE, 2008).
O Japão desenvolve programas de conservação de energia através do Centro de Conservação
de Energia do Japão (ECCJ), que apresenta uma política de eficiência energética em sinergia
com as metas de redução de gases de efeito estufa. São objetivos do ECCJ: o uso eficiente de
energéticos, a proteção do meio ambiente global e o desenvolvimento sustentável. Além
desses objetivos, o Centro estimula o uso de equipamentos e processos mais eficientes, bem
como, desenvolve atividades de normalização, auditorias de consumo energético, redução de
desperdícios em edifícios, etiquetagem de equipamentos, conscientização da população e a
difusão de tecnologias voltadas à conservação de energéticos (ANEEL; ANP, 1999).
A exemplo de vários países do mundo, o Canadá também iniciou a programas de eficiência
energética em meados da década de 70, com reflexo dos choques do petróleo da mesma
década. Após várias reformulações dos programas, em 1995, foi criado o National Action
Program on Climate Change (CLIMATE CHANGE, 2008) coordenado pelo Office of Energy
Efficiency (OEE), em parceria com o Natural Resources Canada (NRCan). As principais
atividades desenvolvidas pelo OEE são: elaboração de base de dados; regulação; programas
de eficiência energética na indústria, setor público e transporte; normalização de
equipamentos e da construção civil; etiquetagem de equipamentos eficientes (Programa
“Energy Efficient Act”); orientação de consumidores; e um amplo estímulo à construção e
reforma de edificações, dentro de critérios voltados a conservação de energéticos
(STRAPASSOM, 2004).
42
Os EUA apresentam ampla experiência em programas de eficiência energética, embora sejam
os maiores consumidores de energéticos do mundo. Os programas são desenvolvidos pelo
Departamento de Energia Americano (DoE), que trabalha dentro de uma visão sistêmica de
eficiência energética, através do Energy Efficience and Renewable Energy Network (EERN).
O EERN estimula fontes de energia renováveis e a competitividade econômica, a fim de
baixar os custos de energéticos. Os principais atingidos pelo programa são as empresas
concessionárias de energia, as indústrias e os setores de transporte e construção civil
(GELLER, 2003).
Além disso, o DoE também fomenta programas de pesquisa e desenvolvimento na área de
eficiência energética, bem como, o gerenciamento energético pelo “lado da demanda”, a fim
de corrigir as distorções dos modelos de livre competição de mercado, para o qual interessa o
gerenciamento pelo “lado da oferta”. Porém, o consumo de energia americano ainda
permanece muito elevado e fortemente dependente de combustíveis fósseis, o que faz dos
EUA o maior emissor de gases de efeito estufa do planeta (GELLER, 2003).
2.3.3 Programas de eficiência energética no Brasil
Os primeiros programas de eficiência energética no Brasil surgiram logo após os choques do
petróleo ocorridos na década de 70. O Conserve foi o primeiro programa de peso em nível
nacional, criado em 1981 sob a coordenação do então Ministério da Indústria e Comércio. O
objetivo desse programa era a conservação de energia elétrica e a substituição de derivados do
petróleo por eletricidade no setor industrial. Paralelamente, o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT) também elaborou uma série de estudos e materiais de divulgação nesse
sentido (STRAPASSOM, 2004).
A Tabela 1 apresenta os principais resultados alcançados pelo programa Conserve. Pode-se
observar que a conservação de energia ficou muito aquém do esperado, se for considerado o
período de recessão industrial verificado no início da década de 80. Somente os Setores de
Papel e Celulose e de Siderurgia obtiveram um resultado expressivo. O total de energia
economizada foi de 374 mil tEP. No entanto, o programa obteve grande êxito quanto à
substituição de derivados de petróleo pela eletricidade. Neste caso, o total de energia
substituída foi de 1381 mil tEP, ou seja, 79% da economia total obtida pelo Conserve, 1755
mil tEP, no período de 1981 a 1985 (ANEEL; ANP, 1999).
43
Tabela 1 Resultados alcançados pelo programa Conserve
Setores Conversão (tEP) Substituição (tEP) Total (tEP)Papel e celulose 155,1 165,8 320,9Siderurgia 146,7 486,8 633,5Cimento 0,4 498,6 499,0Petroquímico 26,6 93,3 119,9Energético 42,0 7,4 49,4Metalurgia 2,1 13,9 16,0Mineração - 8,6 8,6Agroindústria 1,0 88,8 89,8Material de construção - 18,0 18,0Total 373,9 1381,2 1755,1
Fonte: adaptado de ANEEL; ANP, 1999
Com a crescente utilização da eletricidade para fins térmicos no setor industrial, ocorreu uma
transferência da responsabilidade sobre a conservação de energia para o setor elétrico, uma
vez que o crescimento da demanda por energia elétrica para fins térmicos na indústria
começava a pressionar a capacidade de oferta de eletricidade existente no parque gerador
(ANEEL; ANP, 1999).
Em 1985, o Governo brasileiro estabeleceu um programa nacional de conservação de energia
elétrica conhecido como PROCEL. O PROCEL é regido por uma secretaria executiva
subordinada à Eletrobrás, órgão nacional controlador de serviços públicos e empresa
coordenadora. O PROCEL promove a conservação da energia elétrica de uso final, assim
como a redução de perda no serviço de transmissão e distribuição. O PROCEL opera
financiando ou co-financiando uma vasta gama de projetos de eficiência energética
executados por concessionárias estaduais ou locais, agências estaduais, empresas privadas,
prefeituras, universidades e institutos de pesquisa (GELLER, 2003).
O PROCEL também auxilia concessionárias a obter recursos de um fundo de empréstimos do
setor de energia elétrica (conhecido como RGR), com baixa taxa de juros, para a
implementação de importantes projetos de eficiência energética.
O foco inicial do PROCEL estava voltado ao combate do desperdício de eletricidade, tanto na
produção, quanto no uso da energia elétrica. Na década de 90, o PROCEL tem o seu escopo
ampliado, tornando-se um programa de governo e não mais setorial. Atualmente, o Programa
é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e executado pela Eletrobrás. O
financiamento dos projetos conta com recursos do BNDES e da própria Eletrobrás. Desde que
44
foi criado até 2006, o PROCEL obteve uma economia de energia elétrica equivalente a 24,5
milhões de MWh/ano e isso significou uma economia de R$17,1 bilhões (ELETROBRÁS,
2008-a). As principais linhas de ação do programa são:
eliminação de desperdícios, através de orientação, assistência técnica, conscientização e
orientação em curto prazo;
aumento da eficiência energética de equipamentos, sistemas e processos produtivos,
com impactos em curto, médio e longo prazo, por meio desenvolvimento tecnológico,
certificação de qualidade e normalização;
cultura de racionalização energética em longo prazo, através de programas de educação,
política de preços, financiamento e legislação.
Os esforços cumulativos do PROCEL reduziram o consumo de energia elétrica e as perdas
pelo lado da oferta, no Brasil, em aproximadamente 5,3TWh por ano, em 1998, equivalentes a
1,8% do consumo daquele ano (GELLER, 2003).
A economia de energia elétrica, em 1998, permitiu que as concessionárias brasileiras
evitassem implementar aproximadamente 1,560MW de nova capacidade geradora, o que
significou cerca de US$3,1 bilhões de investimentos evitados em novas usinas e infra-
estrutura de transmissão e distribuição associadas. Por outro lado, o PROCEL e as
concessionárias associadas gastaram cerca de US$260 milhões em projetos de eficiência
energética e de melhoria de suprimento de energia elétrica, entre 1996 e 1998. Portanto, do
ponto de vista do setor de concessionárias, o PROCEL atingiu um coeficiente custo-benefício
global de aproximadamente 12:1 (GELLER, 2003).
Apesar dos resultados, o PROCEL recebe poucos recursos. Somente a partir de 2006 é que os
investimentos passaram a ser da ordem de R$100 milhões anuais. Para este ano, a meta é
R$120 milhões (ELETROBRÁS, 2008-a).
O PROCEL causou outros impactos positivos que não os da economia direta. Contribuiu para
o desenvolvimento de uma série de novas tecnologias agora produzidas no Brasil, incluindo
limitadores de demanda, controladores de iluminação, reatores para lâmpadas fluorescentes e
aquecedores solares de água. O PROCEL treinou um grande número de gerenciadores e
outros profissionais da área e reduziu o risco de escassez de energia elétrica, embora não o
suficiente para evitar a ameaça de “apagão” que ocorreu em 2001 (GELLER, 2003).
Este programa defendeu o estabelecimento de padrões obrigatórios de eficiência para
equipamentos, produtos para iluminação e sistemas motores à venda no Brasil. Após ter
45
considerado essa proposta por vários anos, o Congresso brasileiro aprovou uma lei, em 2001,
que determina que o Poder Executivo deve estabelecer tais padrões baseados em análises de
viabilidade técnica e econômica. A lei também determina que o Poder Executivo desenvolva
mecanismos para aumentar a eficiência energética de novas instalações comerciais. O
governo passou a implementar essa nova lei com o apoio do PROCEL (PROCEL, 2008).
O PROCEL demonstra que um programa nacional de eficiência energética pode ser bem-
sucedido, caso receba financiamento e apoio governamental sólidos, trabalhe em cooperação
com o setor privado e outras instituições e concentre seus esforços tanto na melhoria
tecnológica quanto no desenvolvimento de mercado (GELLER, 2003).
Paralelamente ao PROCEL, em 1991 é criado o Programa Nacional de Racionalização do Uso
de Derivados de Petróleo e Gás Natural (CONPET), sob a coordenação da Petrobrás, com a
participação de representantes do governo federal e da iniciativa privada. O Programa tem por
finalidade desenvolver e integrar as ações que visem a racionalização do uso dos derivados de
petróleo e do gás natural e obter um ganho de eficiência energética de 25% no uso dos
derivados de petróleo e gás natural nos próximos 20 anos (CONPET, 2008). O programa
possui quatro diretrizes básicas: (i) promoção e difusão através da realização de campanhas,
eventos, premiações, difusão de tecnologias e métodos, elaboração de relatórios; (ii)
racionalização energética; (iii) aumento da eficiência energética em equipamentos e sistemas;
e (iv) regionalização.
Os maiores avanços verificados nas atividades de eficiência energética no Brasil são
tributáveis ao PROCEL, na área de energia elétrica, e ao CONPET, no setor de petróleo
(RIBEIRO, 2005). Alguns Estados, como Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, São
Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Ceará, têm procurado intensificar as ações do CONPET e
PROCEL, além de desenvolverem outros programas específicos (ELETROBRÁS, 2008-a).
Além dos programas apresentados, em 24 de julho de 2000, foi aprovada a Lei 9991, que
obriga as concessionárias a aplicar 1% da receita operacional anual (RA) do ano anterior em
projetos de eficiência energética e em P&D (COPEL, 2008).
A partir da crise energética de 2001, o país começa a contar com novos projetos de lei e
taxações sobre o uso da energia elétrica. Entre esses instrumentos destacam-se a redução de
impostos para produtos/equipamentos que aumentam a eficiência energética e também para a
compra de geradores de energia elétrica e equipamentos para usinas termelétricas e
46
hidrelétricas; e alteração do código de obras visando estipular parâmetros e classificação de
eficiência energética (RIBEIRO, 2005).
Marco importante para a eficiência energética no Brasil ocorreu, em 17 de outubro de 2001,
com a sanção da Lei nº 10.295 que dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso
Racional de Energia. A lei estabelece níveis máximos de consumo específico de energia
elétrica, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas e aparelhos consumidores de
energia elétrica fabricados e comercializados no país. O Decreto nº 4.059, de 2001, instituiu o
Comitê Gestor de Indicadores e de Níveis de Eficiência Energética (CGIEE), que possui
como atribuições, dentre outras, a elaboração das regulamentações específicas para cada tipo
de aparelho consumidor de energia elétrica e o estabelecimento do Programa de Metas com
indicação da evolução dos níveis a serem alcançados por cada equipamento regulamentado
(PNE, 2008).
A Eletrobrás dispõe de linhas de crédito específico para projetos realizados pelas
concessionárias, utilizando recursos da Reserva Global de reversão (RGR), fundo do Governo
Federal constituído com recursos das próprias concessionárias, proporcionais aos
investimentos das mesmas em instalações e serviços. Este fundo destina-se a investimentos
nos sistemas de energia elétrica, sendo uma parte destinada a projetos de eficiência energética
(ELETROBRÁS, 2008-c).
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é a principal fonte de
financiamento de recursos de longo prazo no mercado. O prazo de financiamento para
investimentos em projetos de EE pode chegar a 8 anos, os juros são pagos trimestralmente e o
valor do financiamento cobre até 80% para máquinas e equipamentos, e 60% para outros
itens. Os empréstimos podem ser feitos dentro da modalidade Automática ou através do
FINEM. Aqueles até 10 milhões, necessariamente, têm que ser feitos através do Automático,
o que requer a participação de um agente. O BNDES credencia as instituições financeiras para
serem seus agentes (MCT, 2008).
Com a assinatura do Decreto nº1040 de 11/01/94, os agentes financeiros oficiais passam a
incluir em suas linhas prioritárias de crédito os Contratos de Performance. Para projetos
realizados por consumidores finais (industriais, comerciais e residenciais de grande porte)
podem ser obtidos financiamentos por intermédio de instituições de crédito oficiais do
Governo, projetos destinados à conservação de energia (BNDES, CEF, Banco do Brasil
FINEP) e financiadores internacionais (BIRD, BID, USAID, GTZ, Comissão Européia); e por
47
meio das Empresas de Serviço de Conservação de Energia (ESCO) que realizam os
investimentos necessários, remunerando-se com base nas economias obtidas nos projetos
(RIBEIRO, 2005).
2.3.4 Energy Service Companies (ESCO)
A questão dos energéticos muitas vezes é distante da atividade fim das empresas. Como o seu
tratamento adequado exige conhecimentos específicos, empresas especializadas em serviços
de eficiência energética podem ser fundamentais para muitos consumidores identificarem e
implementarem medidas de eficiência, não só de energéticos como também de água e outras
utilidades. São as chamadas Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ESCO)
(INEE, 2008).
No Brasil, as ESCO começaram a surgir após racionamento de energia elétrica ocorrido na
região nordeste entre 1987 e 1988, o que culminou com a definição de percentuais de redução
de consumo de energia elétrica para todos os setores da economia (RIBEIRO, 2005). No
início, as ESCO pretendiam assessorar grandes consumidores de energia elétrica sobre as
condições de fornecimento, seus direitos e as possibilidades existentes para que reduzissem
seus custos (RIBEIRO, 2005).
Em 1997, com a privatização de empresas do setor elétrico, foram criadas cláusulas nos
contratos de concessão sobre obrigações de investimentos em eficiência energética. Essas
obrigações resultaram na contratação das primeiras empresas de consultoria para realização de
diagnósticos energéticos. A partir de 2000, as ESCO brasileiras têm se desenvolvido
principalmente dentro dos recursos oriundos dos Programas de eficiência energética (PPE)
das concessionárias de energia elétrica, através da Lei 9.991, já citada anteriormente
(JANUZZI, SANTOS, 2006).
O mercado de ESCO no Brasil vem crescendo lentamente e hoje se organiza em torno da
Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Conservação de Energia (ABESCO),
sociedade voltada para difundir e defender os interesses deste grupo de empresas (INEE,
2008). A ABESCO foi fundada em julho de 1997 e conta com 64 associados de todo o país
(ABESCO, 2008).
Uma ESCO é o braço forte que o empreendedor pode contar se interessado na redução dos
custos no consumo de energia e água. O objetivo é o estabelecimento de parceria, partilhando
os resultados obtidos (ABESCO, 2008). Segundo APS (2008), “ESCO são empresas de
engenharia, especializada em serviços de conservação de energia, ou melhor, em promover a
48
eficiência energética e de consumo de água nas instalações de seus Clientes, utilizando-se
primordialmente de contratos de performance”.
Para se constatar se a eficiência energética é ou não obtida por uma ação é preciso medir os
resultados relacionados com a redução de consumo de energéticos e com os ganhos
associados. Para se garantir que os resultados obtidos se mantenham ao longo do prazo
contratual, é preciso verificar, por meio de monitoramento contínuo ou não, os seus valores. A
existência de procedimentos padronizados é especialmente importante quando há contratos de
desempenho garantido com ESCO ou financiamentos de terceiros. Ao mesmo tempo, a M&V
(medição e verificação) é uma ferramenta muito útil para a gestão energética em geral (INEE,
2008).
A principal vantagem de se contratar uma ESCO para Projeto de EE para implantações de
oportunidades de redução de custos é que a empresa não faz utilização de recursos próprios, já
que recentes e vantajosas oportunidades de financiamento auxiliam e dispensam um
empreendedor de aplicar seus próprios recursos (ABESCO, 2008). As ESCO possuem como
principais objetivos: a compra de energia elétrica ao menor custo possível (acompanhamento
de contas de energia elétrica, gás e outras); a garantia que os energéticos seja usada da
maneira mais eficiente possível (estudos de processos para a otimização de consumo); a
utilização da tecnologia mais adequada (motores, iluminação, ar comprimido, ar
condicionado, etc.); e treinamento e conscientização (APS, 2008).
Atuam nas seguintes áreas: gerenciamento dos custos de energéticos; eficientização de
projetos; análise de processos produtivos (térmicos, químicos, elétricos); sistemas de
distribuição de energia elétrica; motores elétricos; iluminação; sistemas de aquecimento e
refrigeração; correção do fator de potência; sistemas de ar comprimido; sistemas de
gerenciamento de energia; treinamento e conscientização; projetos de eficiência energética
(RIBEIRO, 2005).
2.4 PROJETOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Existem inúmeros casos de implementação de projetos de eficiência energética nos mais
diferentes setores industriais e de serviços. São apresentados a seguir alguns casos de projetos
que se destacaram no Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia publicados
no web site da Eletrobrás (PROCEL, 2008).
49
2.4.1 Dana Albarus
A principal ação implementada na Dana Albarus foi a correção do fator de potência. Foram
instalados 5.465kVAr em potência, divididos em 59 bancos de capacitores diferenciados
(capacitores fixos, semi-automáticos e bancos automáticos de capacitores). Após esta
correção, a Dana Albarus obteve uma economia média mensal de R$7.144,54.
No gerenciamento da energia e controle da demanda foram efetuados levantamentos dos
principais equipamentos e de todos os transformadores da empresa com o objetivo de
identificar as características de cada setor. Considerando estas análises verificou-se a
possibilidade de reduzir o contrato de demanda no horário de ponta e fora de ponta, junto com
a utilização de um controlador de demanda. Estes procedimentos resultaram numa economia
anual de 15,42%. Com a instalação de um gerenciador de energia elétrica interligado ao
medidor da concessionária e módulos para gerenciamento das sete unidades da planta da Dana
Albarus, a Unidade SCB (que pagava 36,6% do custo total da fatura de energia elétrica no
rateio de custos) passou a pagar entre 29,5% e 32%. Isto representou uma redução no custo
médio mensal de 5,85%.
Através da análise do carregamento dos transformadores, verificou-se um potencial de
economia com o desligamento de quatro transformadores, resultando numa economia anual
em torno de R$21.000,00. Todas estas economias foram possíveis devido ao fato de a Dana
Albarus ter designado um grupo de funcionários para acompanhar todos os trabalhos e
participar da análise das novas propostas que eram apresentadas à empresa. Este grupo vem a
compor a Comissão Interna de Gestão de Energia (CIGE).
2.4.2 APS Engenharia
Para a construção do prédio da APS foram consideradas, por exemplo, a correta escolha dos
materiais de construção opacos e translúcidos, colocação de protetores solares exteriores para
possibilitar a captação da luz natural sem elevar excessivamente a carga térmica, utilização de
lâmpadas com elevado rendimento, utilização de luminárias refletoras de elevado rendimento,
ambientes com controle individual da iluminação artificial, utilização de iluminação de
segurança para o período noturno, viabilização de implantação de iluminação de tarefa ou
iluminação setorizada.
Com a implantação de uma arquitetura inteligente, conseguiu-se reduzir a carga térmica e
obteve-se uma economia média na ordem de 30% no sistema de ar condicionado, se
50
comparado com uma construção normal, o que corresponde a 377kWh por mês. Isto
representa uma economia anual de 4.524kWh.
O elevador possui acionamento controlado eletronicamente o que proporciona uma economia
média de 30% se comparado com os elevadores com acionamentos convencionais, resultando
em uma economia média anual de 928kWh.
Foram instaladas torneiras com sensores automáticos de abertura e fechamento e vasos
sanitários econômicos, desta forma, usando de maneira disciplinada, o que reduz a quantidade
de horas de operação do sistema de bombeamento e economia de água de 60%. A instalação
do sistema de bombeamento se constitui num sistema eficiente, com motor de alto rendimento
e bomba eficiente, que proporcionam economias de 15% para o sistema.
Foram considerados também os computadores, impressoras, frigobares, geladeiras, forno,
cafeteira, torneiras automáticas. Os computadores foram programados para desligarem os
monitores depois de determinado período sem acesso, o que proporciona economia de energia
elétrica de 713kWh por ano. Mesmo com equipamentos eficientes, há a necessidade de uso
racional, ou seja, conscientização dos funcionários da empresa.
2.4.3 HSBC Bank Brasil S. A.
A fixação dos conceitos de eficiência energética, que estão incorporados na área de
engenharia do HSBC desde a década de 90, foi intensificada no ano de 2000 a partir da
elaboração do Diagnóstico Energético no Centro Administrativo Kennedy, que identificou
diversas oportunidades para eficientização do uso de energia elétrica.
Numa primeira fase, as ações foram concentradas em alguns usos finais (iluminação e
computadores) como forma de gerar percepção e impactos visuais nos usuários. Além dessas
ações, foram adotadas algumas medidas de impacto direto nos custos com energia, como a
utilização de grupos geradores para produção de energia elétrica no horário de ponta e
renegociação da demanda contratada e da modalidade tarifária com a concessionária.
Complementarmente, o HSBC lançou um programa de conscientização dos funcionários, com
o slogan “Quem poupa energia elétrica ajuda a preservar a natureza”, composto de farto
material educativo que foi distribuído em todos os prédios e agências do país.
O investimento total para a substituição do sistema de iluminação do prédio do Centro
Administrativo Kennedy, considerando o fornecimento de todos os materiais e o custo com a
51
mão-de-obra para instalação, foi de R$ 589.374,00 e os ganhos energéticos foram de 982.560
kWh/ano.
2.4.4 CSN – Companhia Siderúrgica Nacional
Em junho de 1994, a CSN implantou um plano de combate ao desperdício de energia elétrica
onde foram investidos R$568.000,00. Foi alcançada uma economia média mensal de
aproximadamente R$124.000,00.
O projeto teve três fases. Na primeira, foi estruturada a organização para implantação e foram
feitas a divulgação do plano e o treinamento dos funcionários. Na segunda, foi feito
levantamento dos desperdícios de cada setor, o que foi feito com a participação dos
empregados. Esta fase incluiu também o Plano de Conservação de Energia no sistema
gerencial e de qualidade da empresa. Na última fase o destaque foi dado a continuidade do
processo, garantindo a manutenção dos resultados obtidos e consolidando os valores e atitudes
associados ao combate ao desperdício de energia. Os resultados alcançados obtiveram
reconhecimento público e fez com que a CSN recebesse o Prêmio Procel em 1997.
52
3 RELATO DO TRABALHO DESENVOLVIDO
Neste capítulo são apresentados o cenário onde o trabalho foi realizado e o método de
pesquisa utilizado, as etapas do trabalho e como foram realizadas. Este trabalho traz uma
pesquisa qualitativa, com o levantamento de percepções e definições dos problemas
enfrentados quanto à realização de projetos de EE.
3.1 DESCRIÇÃO DO CENÁRIO
A energia elétrica é a principal fonte energética do Brasil. O consumo final de eletricidade
atingiu 390TWh em 2006, valor 3,9% superior ao de 2005. O consumo industrial, de
183,4TWh em 2006, foi o que apresentou a maior desempenho entre os setores, com
crescimento de 4,6% sobre 2005. Em 2005, com um acréscimo de aproximadamente 3,5GW,
a capacidade instalada das centrais de geração de energia elétrica do Brasil atingiu o montante
de 96,6GW. Várias usinas entraram em operação em 2006, além de três parques eólicos
situados no Rio Grande do Sul (MME, 2008-a).
Segundo BEN (2007), a estrutura do consumo de energia elétrica entre os segmentos de
consumidores mostra uma forte concentração do seu uso na indústria, com 47% do consumo
total, seguido do uso residencial com 22%, em 2006, como apresentado na Figura 4.
Figura 4 Evolução do consumo final de energia elétrica por setorFonte: [BEN, 2007]
53
Por sua importância relativa no consumo total de energia elétrica, 47%, o segmento industrial
merece acompanhamento e tratamento específico. Dentro desse segmento, destacam-se alguns
sub-setores que compreendem grandes consumidores industriais e respondem por quase
metade de toda a demanda industrial por energia elétrica (EPE, 2008).
Os segmentos industriais mais significativos quanto ao uso de energéticos são os de alumínio,
siderurgia, ferroligas, pelotização, cobre, soda-cloro, petroquímica, papel e celulose e
cimento. O consumo de energia elétrica desses sub-setores chegou a atingir, em 2004,
aproximadamente 22% do mercado total de energia elétrica brasileiro (EPE, 2008). Segundo
MME (2008-a), o setor industrial é responsável por quase metade do consumo final de energia
elétrica no Brasil e, certamente, o que tem maior potencial de conservação de seu uso.
No Rio Grande do Sul, a situação não é diferente; o consumo de energia elétrica por setor da
economia no Estado apresenta como destaque o consumo industrial e o consumo residencial,
cujos percentuais podem ser observados na Figura 5 (SCP, 2008).
Figura 5 Percentual do consumo de energia elétrica por setor da economia em 2002 no RSFonte: [SEMC (2004) apud SCP (2008)]
O consumo de energia elétrica no Rio Grande do Sul no período de 1991 a 2000 apresentou
um crescimento de 56,5%. Com a implementação de obras de ampliação do sistema de
geração e de transmissão, o potencial instalado teve um aumento de 34,1% a partir de 1998
(SCP, 2008).
Deve-se destacar que nos últimos anos o Estado equilibrou a relação entre a oferta e demanda
de energia elétrica, sendo que nos momentos de maior consumo a oferta vem se mantendo
acima da demanda. Considerando os consumos máximos, observa-se que enquanto a demanda
54
por energia elétrica cresceu 23%, de 1999 a 2005, a oferta aumentou 44% no mesmo período
(SCP, 2008).
Visto que a energia elétrica é a forma de energia mais consumida no Brasil, a pesquisa será
focada em organizações que estão relacionadas à eficiência energética quanto ao uso de
eletricidade. Essas organizações são empresas responsáveis pela geração e transmissão de
energia elétrica, as chamadas centrais elétricas, como, por exemplo, a Eletrosul, e as
concessionárias de energia elétrica, que são responsáveis pela distribuição da eletricidade.
Além dessas empresas que estão diretamente ligadas ao setor elétrico, serão pesquisadas
algumas ESCO e também empresas que realizaram projetos de eficiência energética em suas
instalações (ver Figura 6 e Figura 7).
Figura 6 Diagrama de geração e transmissão de energia elétrica[Fonte: ARRL, 2008]
Nome DescriçãoUsina Usina geradora de eletricidade (térmica, hidráulica, nuclear, eólica)Subestação Sub estação de energia, normalmente eleva a tensão na ordem de
28kV/750kVTransmissão Linhas de transmissão de alta potênciaSubestação Subestação próxima ao centro de consumo (abaixa a tensão)Linhas de distribuição Linhas de distribuição (normalmente em torno de 13kV)Transformador TransformadorLinha de serviço Linha de serviço (entrega a energia ao consumidor final)
Figura 7 Descrição das partes do diagrama. [Fonte: ARRL, 2008].
55
Na Figura 6 é apresentado um diagrama que mostra o caminho percorrido pela energia
elétrica desde a sua geração até chegar aos pontos de consumo. A Figura 7 traz a definição
dos termos apresentados na Figura 6.
Em relação à geração e a transmissão de energia elétrica, a Eletrobrás - Centrais Elétricas
Brasileiras S.A. se destaca. A empresa foi criada em 1962 como uma empresa de economia
mista e de capital aberto. Sua área de negócios está focada no financiamento e
desenvolvimento de projetos em geração, transmissão e comercialização de energia elétrica
(ELETROBRÁS, 2008-b).
A Eletrobrás é a maior holding do setor elétrico na América Latina, responsável por 38% da
capacidade instalada destinada à geração de energia elétrica no Brasil e 57% das linhas de
transmissão que se estendem por aproximadamente 57 mil quilômetros. Sua capacidade
instalada para produção de energia elétrica, em novembro de 2007, foi de aproximadamente
38 mil megawatts por meio de 31 usinas hidrelétricas, 15 termelétricas e duas termonucleares
(ELETROBRÁS, 2008-b).
A Eletrobrás controla grande parte dos sistemas de geração e transmissão de energia elétrica
do Brasil por intermédio de seis subsidiárias: Chesf, Furnas, Eletrosul, Eletronorte, CGTEE e
Eletronuclear. A empresa possui ainda 50% da Itaipu Binacional e também controla o Centro
de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL), o maior de seu gênero no hemisfério Sul
(ELETROBRÁS, 2008-b).
Além da geração e transmissão de energia elétrica, a Eletrobrás atua na área de distribuição
por meio das empresas federais de distribuição controladas pela Eletronorte. A empresa atua
como agente do governo em programas específicos do Setor Elétrico e, simultaneamente, é
uma das investidoras em projetos de geração e transmissão no país (ELETROBRÁS, 2008-b).
A Eletrobrás dá suporte a programas estratégicos do governo federal, como o Programa de
Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), o Programa Nacional de
Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica (Luz para Todos) e o Programa
Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) (ELETROBRÁS, 2008-b).
A Eletrosul, subsidiária da Eletrobrás, foi constituída em dezembro de 1968, sob a
denominação de Centrais Elétricas do Sul do Brasil, e funcionou como uma empresa
integrada de geração e transmissão até 1997, quando suas usinas e empreendimentos de
geração em fase de implantação foram transferidos para uma nova companhia, denominada
Centrais Geradoras do Sul do Brasil (GERASUL). A Eletrosul transformou-se assim numa
56
empresa exclusivamente de transmissão, mudando sua razão social para Empresa
Transmissora de Energia Elétrica do Sul do Brasil. Em março de 2004, a Eletrosul foi retirada
do Programa Nacional de Desestatização (PND) e autorizada a voltar à atividade de geração,
nos termos da Lei nº 10.848. No mesmo mês, uma assembléia geral de acionistas mudou a
denominação social da empresa para Eletrosul Centrais Elétricas. Desde sua criação, a
empresa funcionou com sede em Florianópolis. Sua área de atuação abrangeu inicialmente os
três estados da Região Sul, sendo ampliada em 1980 com a inclusão do Mato Grosso do Sul
(ELETROBRÁS, 2008-b).
A área abrangida pela Eletrosul representa 18,1% do mercado nacional de energia elétrica,
respondendo por 19% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, e atendendo um contingente de
28,8 milhões de pessoas (ELETROSUL, 2008).
O sistema de transmissão da Eletrosul tem como funções principais integrar os principais
mercados consumidores, interligá-los às fontes geradoras de energia elétrica, garantindo o
livre acesso ao sistema de transmissão e viabilizar a importação de energia elétrica dos demais
países do Mercosul e garantir a qualidade da energia elétrica nos pontos de suprimento
(ELETROSUL, 2008).
Com a implantação do novo modelo do setor elétrico, em 2004, a empresa retornou ao setor
de geração de energia, conquistando com sucesso, em 2005, a concessão para a construção da
Usina Passo São João, de 77MW, no Rio Grande do Sul. Ainda no mesmo ano, a Eletrosul
obteve autorização do Ministério de Minas e Energia para implantar e explorar, como
produtora independente de energia elétrica, quatro pequenas centrais hidrelétricas em Santa
Catarina, que juntas, terão uma potência instalada de 53MW (ELETROSUL, 2008).
A atenção com a área social também é uma diretriz permanente da empresa, que busca
desenvolver ações de responsabilidade social que atendam as comunidades nas quais está
inserida. Isso vem sendo feito por meio de programas próprios ou em parcerias, resultando em
ações de inclusão social, cultural e geração de trabalho e renda (ELETROSUL, 2008).
Na área de transmissão de energia elétrica, a Eletrosul está assegurando a disponibilidade do
sistema de transmissão, garantindo condições adequadas de suprimento de energia elétrica
com qualidade para a população. A empresa investe fortemente na melhoria dos serviços, na
capacitação dos profissionais e em obras de expansão da infra-estrutura do Sistema Eletrosul
(ELETROSUL, 2008).
57
Em 2006, somente na região geolétrica Sul, área de abrangência dos investimentos da
Eletrosul, o consumo de energia elétrica chegou a 62.599GWh, sendo que 94% deste valor
(ou seja, 56.567GWh) foram fornecidos pelas principais empresas distribuidoras situadas na
região. São elas: Companhia Energética do Mato grosso do Sul S/A (ENERSUL); Centrais
Elétricas de Santa Catarina S/A (CELESC); Companhia Paranaense de Energia (COPEL);
Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE); Distribuidora Gaúcha de Energia (AES
SUL); Rio Grande Energia (RGE) (SCP, 2008).
Juntas, as seis empresas de distribuição de energia elétrica foram as responsáveis por atender,
diretamente, cerca de 9,1 milhões de consumidores, dos quais 79,5% são da classe residencial.
O consumo total de energia elétrica nos quatro estados cresceu 2,3%, no ano passado, 2,3% se
comparado ao ano de 2005 (SCP, 2008).
Entre as principais classes de consumidores (industrial, comercial e residencial, que
representam 81% do consumo total), o maior acréscimo de consumo em 2006 foi observado
na classe comercial (4,1%). No industrial, em função da recuperação da atividade econômica,
foi registrado um aumento de 1,1%, enquanto que na residencial o crescimento foi de 2,9%
(SCP, 2008).
O sistema de transmissão de energia elétrica do Estado do Rio Grande do Sul faz parte do
sistema interligado brasileiro, estando também conectado ao sistema argentino e uruguaio por
meio das estações de Garabí e Uruguaiana e de Rivera Santana do Livramento (SCP, 2008).
A operação da rede básica de transmissão de energia elétrica no Rio Grande do Sul é realizada
na sua maior parte pela Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). A partir de 1997, a
distribuição de energia elétrica no Estado passou a ser feita por três concessionárias em três
grandes áreas: Norte-Nordeste - RGE; Sul-Sudeste - CEEE e Centro-Oeste - AES SUL.
Alguns municípios, no entanto, contam com serviços prestados por cooperativas de
eletrificação e pequenas concessionárias independentes, como pode ser observado na Figura 8
(SCP, 2008).
O setor elétrico do Rio Grande do Sul é composto atualmente por duas empresas de geração
de energia elétrica: a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) e a
Centrais Geradoras do Sul do Brasil S.A (GERASUL) (SCP, 3008).
58
Figura 8 Distribuição do consumo de energia elétrica por concessionária em 2002Fonte: [SEMC (2004) apud SCP (2008)]
O Grupo CEEE opera no desenvolvimento de atividades no setor energético, nos segmentos
de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, além de serviços
correlatos. Está presente em todo o Estado do Rio Grande do Sul, onde possui suas operações,
gerenciando seus negócios diretamente ou através da participação em outras sociedades de
capital intensivo e tecnologia de ponta (CEEE, 2008).
Criada em 1943, ao longo dos seus 63 anos de existência a CEEE foi a precursora das
empresas que hoje compõem o Grupo CEEE. Da reestruturação societária da CEEE, ocorrida
em 2006, originaram-se: a Companhia Estadual de Energia Elétrica Participações (CEEE-
Par), a Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-GT) e a
Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D) (CEEE, 2008).
O Grupo produz 75% da energia hidrelétrica gerada no RS, possui 5.781km em linhas de
transmissão de energia no Estado e distribui energia elétrica para um terço do mercado
gaúcho através de 47.000km de redes urbanas e rurais, localizadas em 72 municípios,
fornecendo eletricidade à cerca de 3,5 milhões de pessoas. Atua, também, em programas de
combate ao desperdício de energia elétrica e eletrificação rural, além de diversos projetos
sociais, culturais e ambientais (CEEE, 2008).
A Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-GT) é uma
empresa de economia mista pertencente ao Grupo CEEE, concessionária de serviços de
geração e transmissão de energia elétrica no Estado do Rio Grande do Sul (CEEE, 2008).
Com parque gerador composto por 15 usinas hidrelétricas, agrupadas nos Sistemas Salto e
Jacuí e algumas pequenas centrais hidrelétricas situadas na região norte do Estado, totalizando
59
uma potência efetiva própria de 910,6MW, a empresa redirecionou sua estratégia de expansão
da geração através da participação, como sócia, em diversos novos empreendimentos (CEEE,
2008).
A Companhia possui cerca de 6.000km de linhas de transmissão, o que, para efeitos
comparativos, seria mais que suficiente para cruzar os 4.300km de extensão do Brasil, do
Oiapoque ao Chuí. Essas instalações viabilizam o suprimento de energia elétrica às
concessionárias de distribuição que atuam no Estado, bem como a consumidores livres,
produtores independentes e a outras empresas de geração (CEEE, 2008).
No que se refere a distribuição de energia elétrica, a Companhia Estadual de Distribuição de
Energia Elétrica (CEEE-D), como citada anteriormente, é a responsável pela distribuição de
energia elétrica do grupo CEEE (CEEE, 2008).
A Rio Grande Energia (RGE) é a distribuidora de energia elétrica da região norte-nordeste do
Estado do Rio Grande do Sul. Privatizada em outubro de 1997, a RGE atende 262 municípios
gaúchos, o que representa 51% do total de municípios do RS (RGE, 2008).
A área de cobertura da Rio Grande Energia divide-se em duas regiões: a Centro, com sede em
Passo Fundo e a Leste, com sede em Caxias do Sul. São 90.718km2, 34% do território do
Estado. A RGE faz parte do Grupo CPFL Energia, um dos maiores grupos privados do setor
elétrico brasileiro (RGE, 2008).
A RGE possui um programa de eficiência energética do qual o projeto Uso Inteligente da
Energia faz parte. O programa distribui 186 mil lâmpadas econômicas para clientes de baixa
renda e entidades assistenciais. Os clientes recebem em sua casa a visita de um agente
autorizado pela RGE que faz a entrega das lâmpadas e a orientação de instalação (RGE,
2008).
A AES Sul é subsidiária da AES Corporation, a maior companhia do setor de geração e
distribuição de energia elétrica do mundo. No período de 1998 a 2003, a AES Sul investiu
mais de R$ 371 milhões em melhorias e ampliação do sistema, na estrutura de atendimento ao
cliente, em programas de combate ao desperdício de energia elétrica e em projetos sociais.
Dessa forma, proporcionou a milhares de pessoas o acesso a energia elétrica limpa, segura e
de qualidade (AES SUL, 2008).
A Empresa atende a 118 municípios das regiões metropolitana e centro-oeste do Estado,
possui mais de 1 milhão de clientes nas categorias residencial, industrial e rural, entre outros,
60
sendo que mais de 4 milhões de pessoas são beneficiadas com suas 48 subestações. A AES
SUL possui vários programas que contribuem para o uso eficiente da energia elétrica, entre
eles, o Projeto Troca de Lâmpadas, Projeto Financiamento de Motores, entre outros (AES
SUL, 2008).
Como apresentado no Capítulo 2, as ESCO são empresas especializadas em redução de custos
e consumo de energéticos sem prejuízo da produção, serviço ou conforto através da
implementação de ações de eficiência energética. As ESCO atuam diretamente junto ao
consumidor final facilitando a implementação de medidas e viabilizando os projetos de
eficiência energética. Suas características principais são capacidade técnica e alavancagem de
recursos financeiros para os projetos e faturam com os ganhos comprovados com os
resultados. Atuam como o marketing da eficiência energética junto ao consumidor, pois
acabam por induzir inovações entre as empresas, fabricantes de equipamentos e agentes
financeiros (RIBEIRO, 2005).
3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Quanto à abordagem do problema, esta pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa
qualitativa. Segundo Godoy (1995), na pesquisa qualitativa o pesquisador não está
preocupado em enumerar ou medir os eventos estudados, nem mesmo empregar instrumentos
estatísticos para a análise de dados. Sua maior preocupação é a obtenção de dados descritivos
sobre pessoas, lugares, processos, entre outros, procurando compreender os fenômenos
segundo a perspectiva de cada participante.
Os métodos qualitativos trazem como contribuição ao trabalho de pesquisa uma mistura de
procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensão
dos fenômenos (POPE; MAYS, 1995 apud NEVES, 1996).
Quanto a sua natureza, esta pesquisa caracterizou-se como pesquisa aplicada. Barros et. al.
(1994) definem este tipo de pesquisa como aquela que compreende a investigação original
concebida pelo interesse em adquirir conhecimentos, sendo primordialmente dirigida em
função de um fim ou objeto prático específico.
Sabendo-se que a pesquisa exploratória tem por objetivo a formulação de questões a fim de
interagir o pesquisador com o ambiente de trabalho e a pesquisa descritiva tem por finalidade
fazer a junção das respostas objetivando a finalização do trabalho em questão, este trabalho de
61
pesquisa será desenvolvido, inicialmente, por uma pesquisa qualitativa, e, num segundo
momento, será feita uma pesquisa descritiva.
No que se refere aos seus procedimentos, esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de
caso. Para Yin (2001), um estudo de caso investiga um fenômeno contemporâneo dentro de
seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não
estão claramente definidos. Este autor explica que a coleta de dados para os estudos de caso
pode se basear em muitas fontes de evidências. Destacando-se: documentação, registros em
arquivos, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos. O estudo
dessas fontes requer habilidades e procedimentos metodológicos sutilmente diferentes. Este
trabalho terá como principal fonte de evidência as entrevistas individuais.
Este trabalho foi iniciado com a revisão de literatura sobre Eficiência Energética. Yin (2001)
afirma que o desenvolvimento da teoria, anteriormente à realização de qualquer coleta de
dados, é essencial para a formulação de questões, proposições, unidades de análise, ligações
lógicas dos dados às proposições e critérios de interpretação das descobertas em um estudo de
caso.
O trabalho está dividido em duas fases gerais, coleta de dados, através de entrevistas
individuais semi-estruturadas, e posterior análise de dados.
3.2.1 Coleta de dados
Para Yin (2001), as evidências para um estudo de caso podem vir de seis fontes distintas:
documentos: memorandos, documentos administrativos, propostas, relatórios, estudos e
recortes de jornais;
registros em arquivo: registros de serviço, organizacionais, mapas e tabelas das
características geográficas de um lugar e dados oriundos do levantamento;
entrevistas: forma espontânea, focal e levantamento formal;
observações diretas: observações feitas no lugar em questão, avaliando-se incidência de
certos tipos de comportamento durante certos períodos de tempo no campo;
observação participante: quando o entrevistador atua também de forma ativa no
levantamento de dados em questão;
artefatos físicos: aparelho de alta tecnologia, uma ferramenta ou um instrumento;
Para Yin (2001), a entrevista em profundidade é uma das mais importantes fontes de
informação. As entrevistas direcionadas enfocam diretamente o tópico do estudo de caso, já as
62
perceptivas fornecem inferências causais percebidas. Geralmente, as entrevistas, para estudos
de caso, são conduzidas de forma espontânea, pois permitem tanto que se indaguem
respondentes-chave sobre os fatos, quanto se peça a opinião deles sobre determinados
eventos. As entrevistas, no entanto, devem sempre ser consideradas apenas como relatórios
verbais. Como tais, estão sujeitas a problemas como preconceito, memória fraca e articulação
pobre ou imprecisa, necessitando da corroboração de outras fontes de evidência.
As entrevistas individuais têm se consolidado como um dos principais métodos de coleta de
dados em pesquisas qualitativas. Através desse tipo de entrevista tem-se a oportunidade de
explorar um determinado tema ou objeto de pesquisa em profundidade (RIBEIRO; MILAN,
2004).
A forma escolhida para a condução das entrevistas individuais foi a entrevista semi-
estruturada. Segundo Ribeiro e Milan (2004), este tipo de entrevista possui um roteiro básico,
um conjunto de questões que eventualmente, ao longo da entrevista, serão posicionadas.
Apesar da existência deste roteiro, as entrevistas individuais nunca seguem uma estrutura
rígida e o entrevistador sempre deve estar propenso a complementar o roteiro, fazendo
perguntas que são diretamente motivadas pelas respostas que o respondente articula. Os sujeitos da pesquisa são aqueles que fornecem os dados necessários para a realização do estudo.
A pesquisa foi realizada em organizações que, de alguma forma, estão relacionadas ao setor
elétrico e à Eficiência Energética. Foram questionadas empresas responsáveis pela geração e
transmissão da energia elétrica, as chamada centrais elétricas brasileiras, como, por exemplo,
a Eletrosul, assim como empresas responsáveis pela distribuição de energia elétrica das
centrais elétricas até os pontos de consumo. Questões também foram aplicadas a empresas
pertencentes ao segmento industrial, que como apresentado anteriormente, são responsáveis
por 47% do consumo final de energia elétrica no Brasil. Não poderiam ficar fora da pesquisa
as ESCO, que contribuem para a eficientização do uso de energéticos através de projetos
implementados em empresas de vários setores.
Foram entrevistadas cinco empresas que realizaram projetos de Eficiência Energética em suas
instalações. A Empresa A pertence ao setor da construção civil, a Empresa B pertence ao setor
de produtos alimentícios e as Empresas C, D e E fazem parte do setor de metalurgia. Em
relação à pesquisa com as concessionárias, foram cinco o número de empresas pesquisadas –
CEEE, AES Sul, RGE, Copel e Eletrosul. Esta ultima, mesmo não se tratando de uma
63
concessionária de energia elétrica, foi entrevistada por mostrar-se muito ligada a Projetos de
Eficiência Energética..
As entrevistas foram realizadas, no caso das indústrias, com o responsável pela
implementação do projeto de EE de cada empresa. Já nas empresas de Geração, Transmissão
e Distribuição, as entrevistas foram realizadas junto ao responsável pelos programas de EE
disponibilizados pela organização. Nas ESCO, foi direcionada ao setor comercial. Semi-
estruturada, a entrevista foi guiada por uma lista de pontos a serem questionados. A entrevista
buscou verificar a percepção do entrevistado quanto às seguintes questões, apresentadas
divididas em grupos de acordo com o tipo da empresa entrevistada:
Grupo 1 - Indústrias que realizam projetos de EE em suas instalações
1) A empresa conhece os programas de eficiência energética do Governo Federal e das
concessionárias de energia elétrica?
2) A empresa tem preocupação com a questão ambiental? Como?
3) A empresa sabe como funcionam os programas de EE do Governo Federal? E de
concessionárias?
4) Qual o fator determinante para decidir realizar projetos em EE?
5) A empresa tem a preocupação de utilizar equipamentos mais eficientes
energeticamente?
6) A empresa tem conhecimento da Lei que obriga as concessionárias a investirem 1% da
ROL (Receita Operacional Líquida) em Eficiência Energética?
7) A empresa tem conhecimento dos empréstimos realizados pelo BNDES e outros agentes
financeiros para financiamento d projetos de Eficiência Energética?
8) A empresa desenvolve ou desenvolveu projetos de EE em suas instalações? Por quê?
9) Quais as dificuldades que a empresa encontrou na realização de projetos de EE?
10) Quais os recursos utilizados pela empresa para a realização do projeto?
11) Porque a empresa optou em participar de programas de EE?
12) Quais foram os investimentos que a empresa fez nos projetos de EE? Qual foi o
retorno?
13) Como a empresa tomou conhecimento da existência de programas de EE brasileiros?
14) Quais os benefícios proporcionados através da implementação do ?
Grupo 2 - Empresas responsáveis pela geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica
64
1) A empresa possui programas de eficiência energética incentivados pelo Governo? Quais?
2) A empresa está aplicando o percentual estabelecido pelo Governo (obrigações de investimento) para projetos/programas de eficiência energética?
3) Quais os programas de divulgação que a empresa possui para atingir essa meta? Descreva-os.
4) A empresa possui algum plano de metas a ser atingido no que diz respeito a programas de eficiência energética?
5) Existe a procura por parte de empresas e residências em busca de Eficiência Energética (equipamentos, tecnologias, etc.)?
6) Existe algum setor da empresa responsável por atender empresas que queiram eficientizar seus processos?
7) Quando há a procura por parte das empresas, qual é o procedimento para que ele possa se utilizar da Lei que obriga o investimento de 1% da ROL?
Grupo 3 - ESCO
1) Quais as principais dificuldades encontradas para a realização de projetos de EE?
2) Quais os incentivos oferecidos pelo Governo Federal para realização de projetos de EE por parte das ESCO?
3) Qual a principal fonte de recurso para realização dos projetos?
4) Qual a porcentagem de utilização de incentivos governamentais?
5) Quais são os termos de contrato para implementação desses projetos junto às empresas?
6) Qual a diferença entre uma empresa prestadora de serviços de energia elétrica e uma ESCO?
7) Existe algum responsável pela pesquisa dos programas relacionados a EE oferecidos pelo governo e pelas concessionárias?
8) Como é a procura por projetos de eficientização energética por parte das indústrias? Como é o procedimento?
Para finalizar a fase de coleta de dados foi realizada a transcrição das entrevistas. As
entrevistas foram transcritas para minimizar os efeitos das expressões figuradas e vícios de
linguagem, no intuito de facilitar a compreensão do texto.
65
3.2.2 Análise de dados
A análise de dados consiste em examinar, categorizar, classificar em tabelas ou, do contrário,
recombinar as evidências tendo em vista proposições iniciais de um estudo (YIN, 2001).
Segundo Roesch (1999), para analisar os dados coletados numa pesquisa qualitativa, o
pesquisador pode seguir os padrões de análise quantitativa, isto é, tentar qualificar com que
freqüência ocorre determinado fenômeno e a inter-relação entre os fenômenos. A análise de
conteúdo é o conjunto de técnicas que foram utilizadas para analisar os dados coletados neste
projeto.
Os dados foram classificados de acordo com os grupos de empresas, a saber: geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica; indústrias que realizaram projetos de eficiência
energética e ESCO. Essa classificação corresponde aos estratos dos tipos de empresas
pesquisadas. Outra classificação dos dados está relacionada às perguntas dirigidas a cada
grupo de empresa.
66
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo tem por objetivo apresentar os resultados da pesquisa sobre eficiência energética
em concessionárias de energia elétrica, ESCO e indústrias que realizam projetos de eficiência
energética. A apresentação dos resultados segue a metodologia apresentada anteriormente
neste trabalho.
4.1 COLETA DE DADOS
As entrevistas individuais foram realizadas de acordo com o roteiro apresentado no
procedimento metodológico deste trabalho. As entrevistas buscaram identificar as percepções
dos entrevistados no que se referente a projetos de eficiência energética implementados em
indústrias, comportamento das concessionárias e ESCO.
Houve certa dificuldade na realização da entrevista com as concessionárias de energia
elétrica, devido a pouca disponibilidade de tempo por parte de seus representantes. As demais
entrevistas transcorreram de forma tranqüila, sendo que todos os entrevistados se mostraram
dispostos a falar sobre as suas percepções com relação a barreiras e motivações em relação a
eficiência energética.
4.2 ANÁLISE DE DADOS
Os dados foram equalizados através da técnica de análise de conteúdo, a qual tem o objetivo
de classificar palavras, frases e parágrafos em categorias de conteúdos. Segundo Bilibio
(2005), os procedimentos de análise de conteúdo criam indicadores qualitativos, em que cabe
ao pesquisador interpretar e explicar esses resultados, utilizando-se das teorias estudadas.
Foram classificados os dados e informações obtidas da forma apresentada a seguir.
Para o grupo das indústrias os dados foram classificados de acordo com os seguintes itens: (a)
conhecimento sobre eficiência energética que a indústria possui; (b) motivação para
participação de programas de EE: motivação apenas em relação a redução dos custos da
empresa ou preocupação ambiental; (c) investimentos: a empresa utilizou os incentivos do
Governo ou das Concessionárias; (d) dificuldades: quanto a busca por recursos, burocracia
para utilização do recurso, investimento de recursos próprios no projeto; (e) benefícios:
67
retorno obtido pela empresa a partir do investimento realizado. A Figura 9 apresenta uma
sumarização desses itens.
Item a Item b Item c Item d Item eEmpresa A X - - - -Empresa B X X X X XEmpresa C X X X X XEmpresa D X - - - -Empresa E X X X X X
Figura 9 Sumarização da classificação dos itens para o grupo indústriaFonte: Elaborado pelo autor
Já, para o grupo das concessionárias de energia elétrica, os dados foram classificados de
acordo com os itens a seguir: (a) cumprimento da Lei 9991; (b) divulgação dos Programas de
Conservação de Energia Elétrica; (c) busca por recursos por parte das empresas; (d) existência
de setor responsável por EE. Também foi investigada a (e) existência de procedimentos para
utilização dos recursos naturais nas concessionárias. A Figura 10 apresenta uma sumarização
desses itens. A Eletrosul não aparece na Figura 10 por não se tratar de uma concessionária de
energia elétrica.
Item a Item b Item c Item dCEEE X X - XAES SUL X X - XRGE X X - XCOPEL X X X X
Figura 10 Sumarização da classificação dos itens para o grupo concessionáriaFonte: Elaborado pelo autor
Para a categoria ESCO, foi entrevistada apenas a ESCO APS Engenharia e foi abordada a
percepção do entrevistado quanto às dificuldades encontradas pelas ESCO para realização de
projetos de EE, existência e utilização de recursos do Governo e das Concessionárias, se esses
recursos disponíveis são utilizados pelas empresas, termos de contrato do projeto entre
indústria e ESCO, procura por parte das empresas e diferença entre empresa prestadora de
serviços de energia e ESCO.
4.2.1 Interpretação das informações
Todas as empresas entrevistadas disseram ter conhecimento sobre eficiência energética, mas
apenas as três indústrias, que utilizaram o serviço de uma ESCO, tinham conhecimento dos
incentivos do Governo e da obrigatoriedade de investimento por parte das concessionárias.
68
Mesmo essas três indústrias relataram que souberam da existência da ESCO após a pesquisa
sobre Eficiência energética quando tiveram interesse nesse assunto.
Em relação à motivação para participação de programas de EE, as indústrias destacaram a
redução de custos da empresa, as empresas B, D e E relataram ter preocupação com a questão
ambiental. A indústria D relatou que possui estação de tratamento de efluentes, aterro para
resíduos, utiliza madeira certificada e algumas empresas do Grupo já possuem implantadas a
NBR ISO 14001. Essa mesma empresa diz ter preocupação ambiental e vem padronizando há
alguns anos o uso de motores de alto rendimento para os novos equipamentos fabricados e
realizou a implementação do para melhorar a eficiência dos processos produtivos e reduzir
custo de produção. A indústria B também possui preocupação ambiental que é demonstrada
através de controle de efluentes, gases de combustão (GN), filtro e fossa sanitária e coleta
seletiva.
Quanto aos investimentos realizados pelas indústrias na realização dos projetos, ficou claro
que as três que utilizaram o serviço de uma ESCO não tiveram que investir recursos próprios,
ou utilizaram recursos de alguma concessionária de energia elétrica ou contrataram o serviço
da ESCO na modalidade performance, onde a ESCO faz o investimento e através da redução
dos custos com energia que são pagos os serviços prestados pela ESCO.
As indústrias que utilizaram os serviços de uma ESCO para realização do relataram que não
encontraram nenhuma dificuldade para realização e implementação do projeto. As indústrias
que contrataram empresa que prestam serviços de energia elétrica, que não são ESCO,
mostraram-se muito frustradas em relação ao projeto, pois não obtiveram os benefícios
esperados e também não obtiveram o retorno do investimento, já que tiveram que investir
recursos próprios no projeto.
Através dessa pesquisa, verificou-se que a principal barreira é o desconhecimento das
empresas em relação a eficiência energética e a falta de divulgação dos incentivos por parte
do Governo e das concessionárias. Também é importante difundir o termo eficiência
energética, pois durante as pesquisa, os entrevistados diziam que tinham conhecimento sobre
eficiência energética, mas ao descrever eficiência energética não tinham o conhecimento mais
amplo do termo, sabiam apenas que deveriam ter equipamentos com menos desperdício de
energia sem levar em conta os reaproveitamentos de energia.
Na pesquisa realizada com as concessionárias, observou-se que todas essas cumprem a Lei
9991/2000 aplicando 1% da sua ROL em Programas de Eficiência Energética. Os
69
representantes da CEEE, da RGE e da AES Sul relataram que para cumprirem a Lei
9991/2000 elas criam Programas de EE que beneficiam a comunidade como o projeto USO
INTELIGENTE DA ENERGIA que faz parte do programa de EE desde o ano de 2005 da
RGE, o projeto para troca de lâmpadas incandescentes por lâmpadas econômicas realizado
pela CEEE e também pela AES Sul e também projeto de financiamento de motores pelo qual
a AES Sul disponibiliza uma linha de crédito de 700 mil para troca de motores antigos e
rebobinados. Na Copel, é realizado o Programa de Eficiência Energética – PEE e Programa
Nacional de Iluminação Pública Eficiente – RELUZ. Além desses projetos, as concessionárias
possuem programas de pesquisa junto a universidades para que consigam aplicar os 75% de
sua ROL em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento para a área de EE, a AES Sul, por
exemplo, possui o Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento em conjunto com a PUC-RS
desde dezembro de 2001. A AES Sul possui em seu web site um link onde podem ser
enviados projetos para serem analisados pela concessionária, os projetos podem ser Projetos
de vias públicas ou Projetos em subestações e prédios, que inclui prédios de múltiplas
unidades consumidoras, Subestação individual e Unidades individuais de baixa tensão.
Todas as concessionárias disseram possuir um setor responsável por Eficiência Energética. Na
Copel, por exemplo, foi criado o Departamento de Utilização de energia que é responsável
por assuntos relacionados ao uso racional da energia. Em relação ao item aos Procedimentos
para utilização de recursos das concessionárias observou-se que estes são semelhantes para
todas as concessionárias. As concessionárias promovem Chamada Pública para que seus
clientes possam apresentar propostas de projetos que, após análise e aprovação de uma
comissão julgadora, venham a integrar o Programa de Eficiência Energética da Companhia. É
através dessa Chamada Pública que os clientes podem concorrer a aprovação de projetos de
eficientização energética nas instalações de suas unidades consumidoras. Mas por falta de
divulgação desses programas, muitas empresas não tomam conhecimento dessas chamadas
públicas e acabam por não participar desses Programas de Eficiência Energética. E com isso
as concessionárias acabam por investir o 1% que são obrigadas em outros programas que são
criados como os já citados anteriormente.
A Eletrosul, mesmo não sendo obrigada pela Lei 9991/2000 a aplicar um percentual de seus
recursos em EE, por se tratar de uma empresa de Geração e transmissão de Energia Elétrica e
não de Distribuição, aplica uma porcentagem de seu orçamento em Programas de EE.
Diariamente a empresa recebe e-mails de pessoas interessadas em utilizar conceitos e
tecnologias de eficiência energética em suas residências. Algumas empresas também fazem
70
essa procura, mas na maioria das vezes é para divulgação de produtos. A ELETROSUL
Centrais Elétricas S.A, numa parceria com Centrais Elétricas Brasileiras S.A. -
ELETROBRÁS, através do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica -
PROCEL Edifica e a Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, através do LabEEE
(Laboratório de Eficiência Energética em Edificações) criou o projeto Casa Eficiente. A
empresa possui outros projetos em parceria com a ELETROBRÁS, que obedecem aos
padrões PROCEL, como: PROCEL nas Escolas, PROCEL Hospitalar, e PROCEL Prédios
Públicos.
Na entrevista realizada com a ESCO, foi citada como principal dificuldade a desconfiança dos
clientes em relação aos resultados do projeto. Foi relatado que em grande parte das
negociações os clientes têm muitas dúvidas em relação à comprovação das economias
estimadas. Isso ocorre devido a existência de algumas empresas que se aproveitam do
desconhecimento de clientes e vendem uma economia que não existirá. Outro problema citado
é a demora na liberação de verbas para financiamentos do governo federal ou ainda na
burocracia e lentidão de decisões quando os projetos que ocorrem via concessionárias.
Quanto aos incentivos oferecidos pelo Governo, a ESCO pesquisada informa que há uma
linha de financiamentos do BNDES – o PROESCO - que disponibiliza recursos específicos
para Programas de Eficiência Energética executados por ESCO. Esse financiamento pode ser
solicitado tanto pela ESCO quanto pelo cliente. Outro importante incentivo do Governo é a
obrigatoriedade das concessionárias de investir 1% de seu faturamento em eficiência
energética. No caso da APS Engenharia, a principal fonte de recursos é proveniente de
Programas de Eficiência Energética via Concessionárias. A APS ainda nos diz que os contrato
para realização de projetos são bastante variáveis, de acordo com a modalidade de
contratação. Nos casos mais recentes, os contratos são realizados diretamente com as
indústrias através de contratos de performance. Na maioria dos casos, os investimentos nos
projetos são pagos com 100% da economia gerada, até amortização do investimento,
acrescido de custos financeiros, ou seja, os projetos geram uma economia muito significativa,
pagando todos os investimentos no projeto. Nos casos de contratos direto com as
concessionárias, não há essa modalidade Contrato de Performance e o projeto possui um
cronograma pré definido de pagamento.
Em relação à diferença entre uma ESCO e uma empresa prestadora de serviços de energia, a
APS Engenharia entende que este assunto é bastante polêmico. Na teoria as ESCO são
empresas especializadas em eficiência energética (indiferente das fontes energéticas) e que
71
inicialmente detectam potenciais de economia, mensuram economia e investimento,
implementam e comprovam essa economia e, mais recentemente, trabalham com contratos de
performance. Mas na prática, hoje é chamada de ESCO qualquer empresa que assim se
intitular e pagar regularmente a ABESCO.
A APS Engenharia possui uma pessoa responsável pela pesquisa de Programas de Eficiência
Energética que surgem, tanto do Governo como das Concessionárias. A procura pela
realização de Projetos de Eficiência Energética pode ser tanto por parte da APS ou do cliente
e na seqüência, a APS realiza um estudo de pré-viabilidade que apontará de forma geral os
potenciais de economia no cliente. Os resultados são discutidos com o cliente e, então, são
definidos quais os pontos serão mais profundamente analisados. A realização de Estudo de
Viabilidade, que trata do detalhamento da ação em nível de implementação, os valores de
investimentos e projeções de economia são bastante detalhados. Financiamento e busca por
recursos para implementação que pode ser do próprio cliente, da APS (performance),
concessionárias, PROESCO e cada um possui seu tempo de aprovação, implementação das
ações de eficiência energética, medição e verificação dos resultados após a implementação.
No caso de contratos de performance esta etapa que definirá os valores das parcelas do
financiamento, baseadas na economia comprovada.
72
5 CONCLUSÃO
Este trabalho abordou o setor energético brasileiro focando as ações das empresas para
melhoria de sua eficiência energética. Foram apresentadas as ações realizadas no Brasil e no
mundo em relação a eficiência energética.
Também foram identificadas as motivações e as barreiras para participação em programas de
eficiência energética por parte das empresas. Essa identificação foi realizada através do
levantamento da bibliografia existente e das entrevistas as empresas. Como principais
motivações a pesquisa apresentou a redução dos custos das empresas com a redução dos
gastos com energéticos e, também, a existência de incentivos do Governo e da
obrigatoriedade de investimento em eficiência energética pelas concessionárias de energia
elétrica. Ainda como motivação, pode-se citar a existência das ESCO, que são empresas
especializadas em energia e que possuem todo o conhecimento especifico necessário para a
realização de projetos de eficiência energética. Como principais barreiras destacam-se o
desconhecimento de todos esses incentivos existentes para uma melhor eficiência energética
nos processos industriais e também, a demora na liberação de verbas para financiamentos do
governo federal e a lentidão de decisões quando os projetos ocorrem via concessionárias.
A matriz energética brasileira foi apresentada como forma de atentar para o rápido aumento
no uso de energéticos no Brasil, nos últimos anos com conseqüente aumento nas perdas
durante o processo de transformação e distribuição da energia.
A importância do uso racional de energia elétrica para o planejamento energético nacional
ficou demonstrada através dos gastos com energéticos, onde a necessidade de investimento
em cada kW de programas de conservação de energia situa-se muito abaixo do capital
necessário para se implementar um novo kW. Dessa forma, é necessário que todos os setores
da economia se conscientizem da atual situação e passem a empregar os energéticos de forma
mais racional, através de providências técnicas e, principalmente, através de mudanças nos
hábitos de consumo.
Este trabalho também apresentou os programas disponíveis na área de eficiência energética.
Esses programas visam a conservação de energia elétrica de uso final, assim como a redução
de perda no serviço de transmissão e distribuição. O principal dos programas, o PROCEL,
opera financiando ou co-financiando projetos de eficiência energética executados por
73
concessionárias, empresas privadas, prefeituras, universidades e institutos de pesquisa e,
também, auxilia concessionárias a obter recursos de um fundo de empréstimos do setor de
energia elétrica com baixa taxa de juros, para a implementação de importantes projetos de
eficiência energética.
Para finalizar, este trabalho também mostrou alguns projetos de eficiência energética que se
destacaram no Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia publicados no
web site da Eletrobrás. Todos esses projetos apresentaram uma grande economia no uso de
energia, onde os ganhos foram muito superiores aos investimentos realizados pelas empresas.
Esses ganhos foram alcançados através de mudanças no contrato com a concessionária, mas
principalmente, através da conscientização dos funcionários.
Como sugestão para trabalhos futuros, este estudo deve ser complementado com uma
pesquisa com um grupo maior de empresas para a realização de uma análise qualitativa em
relação aos aspectos analisados.
74
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