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A Fisioterapia em
Cuidados Paliativos
II Encontro de Cuidados Paliativos da Serra da Estrela 27.11.2015
A Fisioterapia em Cuidados Paliativos objetiva prevenir e compensar o declínio da
funcionalidade, otimizando a mobilidade, a função e a qualidade de vida, através da
prevenção e alívio de sintomas chave e do ensino e treino de competências significativas
para o doente, cuidadores e equipa. (Grupo de Trabalho de Fisioterapia em Cuidados Continuados, 2014)
Patologias mais frequentes
CANCRO > > > > > (WHO, 2013)
SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA
INSUFICIÊNCIAS CRÓNICAS DE ÓRGÃOS
respiratória, cardíaca, hepática, renal
DOENÇAS NEUROLÓGICAS DE LONGA DURAÇÃO Doença de Alzheimer
Acidente vascular cerebral Esclerose lateral amiotrófica
Esclerose múltipla Doença de Parkinson
Doença de Huntington (APCP, 2006; Direção Geral de Saúde, 2010)
Sintomas mais comuns
dor anorexia obstipação fraqueza dispneia náuseas neuropsiquiátricos cansaço
perda de peso mau humor vómitos xerostomia tosse dermatológicos
urinários ansiedade edema distúrbios de sono fezes moles dispepsia
parestesias disfagia hemorragia saciedade precoce sudorese soluços
alterações de paladar diminuição da mobilidade incontinência fecal
(Potter, Hami, Bryan & Quigley, 2003)
Sintomas de atuação
Dor
Astenia/fadiga
Digestivos (obstipação e incontinência fecal)
Respiratórios (dispneia, tosse e secreções brônquicas)
Psicológicos (ansiedade, depressão, distúrbios de sono)
Linfedema
Diminuição da mobilidade
Incontinência urinária
Qual a intervenção específica do Fisioterapeuta em Cuidados
Paliativos?
DOR ELETROESTIMULAÇÃO NERVOSA TRANSCUTÂNEA
Diminui a perceção da dor e as respostas nocicetivas. (Fahrer, 1991; Sykes et al., 1997; Sampaio, et al., 2005)
É uma resposta eficaz em 70-96% dos pacientes com dor crónica. (Loeser, et al, 1975; Osório, 1991; Marcucci, 2005; Perna, et al., 2008)
Diminui o consumo de analgésicos, em até 47% o uso de morfina. (Reeve, Menon & Corabian, 1996; Hamza, White, Ahmed & Ghoname, 1999; Pena, Barbosa & Ishikawa, 2008)
Resposta excelente em 28% de doentes oncológicos, e favorável em 53% de pessoas com lesão de nervos periféricos, 75% com angina de peito e 69% com dor musculoesquelética. (Meyler, Jongste e Rolf, 1994; Pena, Barbosa & Ishikawa, 2008)
DOR TERMOTERAPIA
O calor reduz o espasmo muscular e a dor. (Lee, Yang & Eason, 1990; Michlovitz, 1996; Kitchen & Bazin, 2003; Sampaio et al., 2005)
O frio diminui a inflamação e a hiperexcitabilidade dos neuromas e dos pontos-gatilho miofasciais. (Lee et al., 1990; Franks & Teich, 1990; Lehmann & DeLateur, 1994; Michlovitz, 1996)
O banho de contraste é mais eficaz, indicado para um maior efeito analgésico e anti-inflamatório. (Yeng, Teixeira, Greve & Yuan, 2003)
DOR MASSAGEM
Produz sensação de prazer ou bem-estar, Melhora a qualidade de relaxamento, sono e
resposta imunológica dos doentes. (Wilkinson, et al., 2008; Ernst, 2009; Minson et al.,
2011)
Proporciona efeito benéfico imediato na dor e
humor em doentes com cancro avançado. (Ferreira & Lauretti, 2007;
Kutner et al., 2008; Jane, et al., 2009)
Melhora em 42-48% a dor oncológica. (Cassileth & Vickers, 2004; Marques, 2010)
DOR CINESITERAPIA
Benefícios fisiológicos e psicológicos. (Sampaio et al., 2005; Kramer & Erickson, 2007)
Reduz o edema e a inflamação,
Melhora as condições circulatórias,
Acelera o processo cicatricial e o relaxamento muscular,
Reduz a dor e a incapacidade funcional. (Berglund et al., 1993; Loscalzo, 1996; Teixeira, 2003; Yeng, et al., 2003; Minson et al., 2011; Florentino et al., 2012)
Após mastectomia aumenta a amplitude de movimento e diminui a dor no membro superior. (Rett, et al., 2012)
DOR ORTÓTESES E AUXILIARES DE MARCHA
Propiciam a estabilização de uma lesão dolorosa, Auxiliam na prevenção de fraturas, Permitem uma maior funcionalidade e a
preservação da mobilidade e autonomia. (Florentino et al., 2012)
Educar as famílias/cuidadores sobre a correta
aplicação! (Buga & Sarria, 2012)
ASTENIA/FADIGA
CONSERVAÇÃO DE ENERGIA E EXERCÍCIO FÍSICO
A realização de tarefas prioritárias resulta num menor
investimento de energia. (Portenoy & Itri, 1999; Lawrence, Kupelnick, Miller, Devine & Lau, 2004; Radbruch et al., 2008)
Uma opção de treino físico é o exercício aeróbio como caminhada, corrida, ciclismo e natação. (Marcucci, 2005)
Melhora os resultados funcionais, cognitivos e as doenças respiratórias. (Oldervoll et al., 2006; Schweickert et al., 2009)
Diminui a fadiga em pessoas com cancro e aumenta a capacidade de realizar as atividades de vida diária.
(Mock, 2004; Schmitz et al., 2005; Marcucci, 2005; Clini et al., 2011)
NA OBSTIPAÇÃO…
Massagem abdominal Facilita o trânsito do bolo fecal e estimula o reflexo de defecação. (Lämås, et al., 2009)
Associada à ingestão de um laxante natural diminui a obstipação em 92%. (Pena, et al., 2011)
Exercícios do pavimento pélvico e biofeedback Aumentam a força muscular,
Diminuem em pelo menos 50% ou extinguem a obstipação. (Harrington & Haskvitz; 2006; Lau, et al., 2006)
Melhoram a coordenação dos MPP em 70%. (Lau, et al., 2006; Chiarioni, et al., Whitehead, et al., 2006; Rao, 2009; Simon & Bueno, 2009; Rao, et al., 2010)
INCONTINÊNCIA FECAL EXERCÍCIOS DO PAVIMENTO PÉLVICO E BIOFEEDBACK
Melhoria significativa em 97% participantes. (Bartlett, Sloots, Nowak, & Ho, 2011)
Decréscimo de 32% da incontinência fecal em mais de 70% dos 385 pacientes.
(Byrne, Solomon, Young, Rex & Merlino, 2007)
INCONTINÊNCIA URINÁRIA ELETROESTIMULAÇÃO FUNCIONAL
Melhoria de 65% em 60 mulheres.
(Petros & Skilling, 2001)
Satisfação de 58 a 77% das pacientes. (Arruda, 2000; Herrmann et al., 2003; Santos et al., 2009)
INCONTINÊNCIA URINÁRIA EXERCÍCIOS DO PAVIMENTO PÉLVICO E BIOFEEDBACK
Melhoria na qualidade de vida após prostatectomia. (Chang et al., 1998; Kakihara, 2003)
88% dos homens sentiram-se curados. (Kampen et al., 2000)
A perda de urina decresceu 75%. (Moore, Griffiths & Hughton, 1999)
Pelo menos 50% sentiram-se curadas ou melhoradas, com 55% de aumento da contração muscular.
(Berghmans et al., 1996; Amaro, et al., 1997; Pages, et al, 2001; Aksac et al., 2003; Herderschee, et al., 2011)
NA TOSSE E SECREÇÕES BRÔNQUICAS…
Drenagem autogénica Eficaz na melhoria da função pulmonar e remoção das secreções em
pacientes com DPOC estável. (Miller, et al., 1995; Savci, et al., 2000)
Tosse Elimina as secreções. (Massery & Frownfelter, 1996; Nowobilski et al., 2010)
O cough-assist® é eficaz em pacientes com DPOC. (Winck ,et al., 2004)
Técnica do ciclo ativo da respiração A mais eficaz na remoção de secreções, sem aumentar a hipoxémia.
(Pryor et al., 1979; Pryor, Webber, Hodson & Warner, 1994)
Tão eficaz como a tosse na DPOC ou bronquiectasia, embora o huffing exija menos esforço. (Pryor, et al., 1979; Hasani, et al.,1994)
NA TOSSE E SECREÇÕES BRÔNQUICAS…
Pressão expiratória positiva
Impede o colapso das vias aéreas, facilitando a mobilização de secreções da periferia para as vias aéreas centrais. (Downs, 1996; Grotberg, 2001)
Exercício físico
Melhora o transporte e a expetoração do muco brônquico em pacientes com DPOC ou fibrose cística. (Oldenburg, et al., 1979; Zach, et al., 1981; Baldwin, et al., 1994)
Drenagem postural
Melhora a oxigenação, a ventilação/perfusão e a capacidade residual do pulmão. (Gillespie & Rehder, 1987; Stiller, et al., 1996; Mure, et al., 1997; Chatte et al., 1997; Jolliet, et al., 1998; Gattinoni et al., 2001)
Aspiração de secreções
Esta deve basear-se na necessidade do indivíduo. (Guglielminotti, et al., 2000; Stiller, 2000)
Sedação tópica na sonda, pré-oxigenação e preparo profissional. (Stiller, 2000)
DISPNEIA
O uso da ventoinha diminui a dispneia, em mais 1 ponto na EVA, quando o
ar é direcionado para o rosto. (Galbraith, et al., 2010)
A fisioterapia respiratória multidirecional diminui significativamente a dispneia em 14%, a tosse em 15% e as secreções brônquicas em 41% dos
pacientes. (Lox & Freehill, 1999; Riesenberg & Lübbe, 2010; Szczegielniak et al., 2011)
O uso de auxiliares de marcha também alivia a dispneia pela estabilização do tórax diminuindo assim a carga dos músculos respiratórios auxiliares.
(Bausewein, Booth, Gysels, & Higginson, 2008)
Exercícios de relaxamento também parecem ser eficazes no controlo de
agudizações. (Taylor, 2007)
SINTOMAS PSICOLÓGICOS
Exercício Físico
O exercício aeróbio diminuiu a depressão consideravelmente em comparação com o grupo placebo (exercícios de relaxamento). (McCann e Holmes, 1988)
O exercício é um recurso valioso para combater o stresse, entre a população jovem. (Brown & Siegel, 1988)
O exercício e o contacto social diminuíram a sintomatologia depressiva em idosos com depressão moderada. (McNeil, LeBlanc e Joyner, 1991)
Programas de caminhada, classes de exercício supervisionado ou fisioterapia convencional (aconselhamento, terapia manual e exercícios) melhoram a qualidade do sono. (Eadie et al., 2013)
NO LINFEDEMA…
Cuidados de pele
Devem ser evitadas lesões na pele como cortes, picadas, arranhões, e queimaduras, e locais quentes e húmidos. (Harris, Hugi, Olivotto & Levine, 2001)
Elevação
Reduz a exsudação capilar para os tecidos e promove o retorno linfático do edema. (Bernas, Witte & Witte, 2001)
Reduz significativamente 3% do volume da extremidade. (Swedborg, et al., 1993)
Exercícios terapêuticos
Ajudam a reduzir o edema em cerca de 5 a 9% do volume,
Melhoram o uso funcional do membro envolvido. (Box, et al., 2004; Moseley, et al., 2005; Kisner & Colby, 2005; Moseley, et al., 2006)
NO LINFEDEMA…
Drenagem linfática manual
Descongestiona os vasos linfáticos,
Melhora a absorção e transporte de líquidos. (Camargo & Marx, 2000; Godoy & Godoy, 2004;
Meirelles, Mamede, Souza & Panobianco, 2006; Moseley et al., 2006; Cheifetz & Haley, 2010)
Reduz o edema linfático do tronco e dos membros em 8-40% do volume. (Piller, et al., 1994; Johansson, et al., 1998; Moseley, et al., 2006; Clemens et al., 2010)
Bandas multicamadas
Diminuem a quantidade de formação de fluido intersticial. (Yasuhara, Shigematsu & Muto, 1996; Arrault & Vignes, 2007)
Reduzem 31% de volume em excesso. (Badger, Peacock & Mortimer , 2000)
Mantêm a redução volumétrica de linfedema 6 a 12 meses. (Boris, Weindorf & Lasinski, 1997; Vignes, Porcher, Arrault & Dupuy, 2007)
NO LINFEDEMA…
Terapia complexa descongestiva
Melhora a pele, restaura a forma do membro (Clemens et al., 2010),
Reduz o volume de membros em 14% - 88%. (Boris, et al., 1994; Bunce , et al., 1994; Casley-Smith & Casley-Smith, 1997; Ko , et al., 1998; Szuba , et al., 2000; Wozniewski , et al., 2001; Meirelles, et al., 2006; Hamner & Fleming, 2007;
Clemens, et al., 2010)
Compressão pneumática intermitente
Reduz entre 18% a 70% o volume dos membros. (Swedborg, 1984; Zelikovski, et al., 1980;
Szuba, Achalu & Rockson, 2002)
NO LINFEDEMA…
Estimulação elétrica
Reduz a perimetria em cerca de 2cm, a volumetria em 190ml e a severidade do linfedema em 4%. (Garcia & Guirro, 2005)
Laserterapia
Efeito anti-inflamatório, analgésico e regenerativo. (Carati, et al., 2003)
Reduz significativamente o volume do membro afetado (200 ml) em 31% dos indivíduos. (Carati, et al., 2003)
Reduz o edema em cerca de 20% do volume. (Moseley, et al., 2006; Omar, et al., 2011)
DIMINUIÇÃO DA MOBILIDADE EXERCÍCIO FÍSICO
Qualquer atividade que leve ao recondicionamento físico é benéfica. (Ahlskog, 2011)
Exercícios com pesos leves ou moderados para os principais grupos
musculares. (Marcucci, 2005)
Exercícios de alongamento. (Marcucci, 2005)
Num programa de exercício físico em esclerose múltipla, verificou-se
que a mobilidade aumentou em 19-21/100 pontos. (Wiles, et al., 2001)
Promover o “viver em pé”. (Gineste & Pellissier, 2007)
Como podemos fazer mais?
Comunicar com o doente/família/cuidadores Facilitar a comunicação entre si Comunicar com a equipa Trabalhar em equipa Respeitar sempre a vontade do doente
“Cuidar visa ajudar a pessoa a melhorar a sua saúde, o seu bem-estar, as suas
capacidades, a mantê-las… e acompanha sempre a pessoa enquanto
homem vivo confrontado com a doença, enquanto homem vivo confrontado com
a perspetiva da sua morte, enquanto homem a viver essas experiências e não
enquanto homem a morrer.” (Gineste & Pellissier, 2007)
Bibliografia
Afonso, R., Novo, A., Martins, P. (2015).
Fisioterapia em Cuidados Paliativos. Lisboa: Lusodidacta.
Bausewein, C., Booth, S., Gysels, M., Higginson, I. (2008). Non-pharmacological interventions for breathlessness in advanced stages of malignant and non-malignant diseases. Cochrane Database of Systematic Reviews (2): CD005623. Gineste, Y., Pellisier, J. (2008). Humanitude,
Cuidar e compreender a velhice. Lisboa: Instituto Piaget.
Taylor, J. (2007). The non-pharmacological
management of breathlessness. End of life care, 1, 20-9.
Rita Afonso ftritafonso@gmail.com
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