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relatorio tecnico sobre a extração de rocha ornamentais
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Estudo de Mercado 02/04, set. 2004
A INDÚSTRIA DE ROCHAS ORNAMENTAIS Vera Spínola
Luis Fernando Guerreiro Rafaela Bazan
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO 2
2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PRODUTOS E PROCESSOS 2
3. MERCADO MUNDIAL 8
4. A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ROCHAS ORNAMENTAIS 13
4.1 Dados Gerais 13
4.2 Consumo Interno 16
4.3 Exportações 16
5. A BEM SUCEDIDA INDÚSTRIA CAPIXABA DE ROCHAS ORNAMENTAIS 19
6. A INDÚSTRIA BAIANA DE ROCHAS ORNAMENTAIS 23
6.1. Dados gerais 23
6.2 Principais categorias e distribuição geográfica 24
6.3. Atividades de beneficiamento 27
6.4 O Mármore Bege Bahia 28 6.4.1 Dados Gerais 28 6.4.2 Oportunidades de Mercado e Desenvolvimentos Tecnológicos 30 6.4.3. Alguns entraves ao desenvolvimento do APL de Mármore Bege Bahia 32
6.5 Beneficiamento de Granito 33
6.6. A inserção da Bahia no mercado externo 35
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 38
REFERÊNCIAS 43
ANEXO 45
A INDÚSTRIA DE ROCHAS ORNAMENTAIS
1. APRESENTAÇÃO
Este trabalho se propõe a tratar da indústria de rochas ornamentais,
mármores e granitos, enfatizando sua conformação, gargalos e potencialidade no
estado da Bahia. Inicialmente, apresentam-se as particularidades dos produtos e
processos produtivos desta indústria, incluindo os principais equipamentos
utilizados. Descrevem-se as características do mercado internacional, principais
produtores, exportadores e importadores. Em seguida, mostra-se como o Brasil
está inserido neste mercado e como está organizada a sua referida indústria, com
especial destaque para o parque instalado no estado do Espírito Santo. A última
parte do trabalho discorre sobre as características do setor na Bahia, a sua
inserção nos mercados interno e externo, seus pontos fortes e fracos, as
oportunidades e ameaças ao seu desenvolvimento. Dedica-se maior atenção às
atividades voltadas ao beneficiamento do mármore Bege Bahia, para o qual,
aparentemente, se encontram boas oportunidades de negócios. Nas
considerações finais, são feitas reflexões sobre os entraves e as perspectivas
futuras do setor no Brasil e na Bahia. O anexo contém uma lista de empresas do
setor na Bahia.
2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PRODUTOS E PROCESSOS
O setor de rochas ornamentais tem características inerentes a uma
indústria tradicional. Trata-se de uma atividade extrativa cujos traços mais
marcantes são: o processamento de recursos naturais; a baixa intensidade
tecnológica; a reduzida exigência em termos de escala mínima de produção; o
caráter exógeno da inovação tecnológica, pois ela costuma vir incorporada nos
equipamentos; e o fato da capacidade empreendedora do dirigente ser um fator
crítico para a competitividade.
As rochas ornamentais e de revestimento, também chamadas pedras
naturais, rochas lapídeas e rochas dimensionais, do ponto de vista comercial, são
basicamente classificadas em mármores e granitos. Estas duas categorias
respondem por 90% da produção mundial. Os demais tipos são as ardósias,
quartzitos, pedra sabão, serpentinitos, basaltos e conglomerados naturais
(PEITER et al, 2001).
O corrente trabalho é focado nos mármores e granitos, categorias
predominantes no estado da Bahia. Os granitos são classificados como rochas
silicáticas e os mármores como rochas carbonáticas. Os mármores travertinos
são destacados no presente estudo porque neles se inclui o mármore Bege
Bahia, amplamente consumido em todo território nacional, cujas jazidas ocorrem
com exclusividade na região norte do estado. Os travertinos são rochas calcárias,
de cores claras, com grandes poros, gerados por fontes de água ricas em
bicarbonato de cálcio, e não raro, com vestígios de plantas (Foto 4). Por sua vez,
os granitos têm menor porosidade, elevada resistência e dureza.
Conseqüentemente, a serragem destes é mais trabalhosa e dispendiosa que a
dos mármores.
Segundo Chiodi (NEGÓCIOS, 2004), na categoria de rocha carbonática,
metamorfizada, o mármore tem quase a mesma aplicabilidade que o granito. A
seu favor está a durabilidade e a nobreza, e seu ponto fraco é ser menos
resistente a riscos (como arranhões) e mais sensível ao ataque químico, como os
produtos de limpeza (ácido). Por força da constituição de seus terrenos
geológicos, os mármores dos países mediterrâneos são mais nobres, possuem
massa fina e padrões cromáticos variados, de acordo com Chiodi (IBID, 2004).
As rochas ornamentais são utilizadas na indústria da construção civil como
revestimentos internos e externos de paredes, pisos, pilares, colunas e soleiras.
Compõem também peças isoladas, como estruturas, tampos, pés de mesa,
bancadas, balcões, lápides e arte funerária em geral, além de edificações. As
pedras ornamentais podem também ser torneadas para revestimento de colunas.
A aplicação do granito na construção civil em substituição a outros produtos vem
sendo crescente, pelo fato de suas características apresentarem vantagens de
uso: resistência, durabilidade, facilidade de limpeza e estética. Seu dinamismo de
mercado está fundamentado na sua elevada capacidade de substituição em
relação a outros materiais. Como é resistente ao ataque químico, ao desgaste
abrasivo, a utilização do granito em revestimentos externos tem aumentado, tanto
em pisos quanto em fachadas (PEITER et al, 2001). Na Figura 1, apresentam-se
as principais transformações técnicas pelas quais passam as rochas ornamentais,
da matéria prima ao produto final.
FIGURA 1
Transformações Técnicas e Principais Produtos da Indústria de Rochas
Ornamentais
O primeiro estágio de cadeia produtiva das rochas ornamentais é a lavra de
blocos a céu aberto desempenhada pelas empresas extratoras (Foto 1). O
beneficiamento primário é feito nas serrarias. Compreende o corte de blocos
brutos em chapas (Foto 2 e 3), por meio de equipamentos denominados teares,
ou em tiras e ladrilhos por meio de talha-bloco para a produção de ladrilhos. A
grosso modo, cada metro cúbico de pedra bruta gera 30 m2 de chapas, variando
Fonte: Villaschi Filho e Pinto, 2000 apud Spínola (2003).
Revestimentos com ladrilhos padronizados.
Blocos
Chapas
Tiras P
R O D U T O S
Semi- Acabados
Etapas Produtivas
Extração (Pedreira ou Jazida)
Desdobramento (Serraria)
Beneficiamento (Marmoraria)
Pisos, revestimentos sob medida, soleiras, rodapés, escadarias, móveis, objetos de adorno, bancadas, placas, peças de ornamentação.
Bancos e assentos, meio-fio e pavimentos.
Áreas de Aplicação
Urbanismo Arte Funerária Arte e Decoração Arquitetura e Construção Civil
de acordo com a espessura da chapa, tipo e qualidade do material. O último
processo de transformação ocorre nas marmorarias, cujos principais produtos são
materiais de revestimento interno e externo em construções, além de peças
isoladas como bancadas, soleiras, rodapés e objetos de decoração. Para atender
à demanda do consumidor final, as marmorarias situam-se na fase do corte que
dá dimensões e detalhes de acordo com as especificações requeridas.
Os bloquetes são blocos pequenos e irregulares, geralmente com menos
de 50 cm de aresta, que sobram nas pedreiras e são aproveitados por algumas
serrarias na fabricação de ladrilhos. Através de talhas blocos semelhantes a “mini
teares”, os bloquetes são serrados diretamente em ladrilhos. Este tipo de
processo, muitas vezes artesanal, é comum na região norte do estado da Bahia
na produção de ladrilhos de mármore bege.
Os materiais, muitas vezes refugados nas pedreiras, que não possuem
dimensões apropriadas para blocos ou bloquetes, são utilizados por empresas de
artesanato mineral, na feitura de mosaicos para tampos de mesa, esferas, objetos
de adorno e utilidades, como abajures, cinzeiros, castiçais (NERY; SILVA, 2001).
O equipamento mais comum na serragem de granitos é o tear
convencional, constituído por multi-lâminas. O corte do bloco se dá pela
combinação da lama abrasiva (mistura de granalha, cal e água), conduzido por
um conjunto de lâminas movimentadas pelo tear. As lâminas, geralmente são
provenientes de São Paulo ou Santa Catarina, e a granalha, de São Paulo e
Cachoeiro do Itapemirim (SPÍNOLA, 2003).
FOTO 1 Extração de granito branco Jazida em Medeiros Neto - BA
Fonte: Spínola (2003)
FOTOS 2 e 3 Blocos e Chapas de Granito, na serraria “ Granitos Venécia”
Teixeira de Freitas - BA
Fonte: Spínola (2003)
FOTO 4 Ladrilhos de mármore do tipo bege ou travertino
Fonte: Spínola (2003)
O tear convencional vem sendo crescentemente substituído pelo tear de
lâminas diamantadas, sobretudo na serragem do mármore bege (Foto 4). Nestes,
o corte se dá pela ação abrasiva de segmentos diamantados com lâminas de aço.
Os insumos (lâminas de aço e segmentos diamantados) são importados.
Segundo o engenheiro de minas e presidente da Associação Comercial de
Jacobina, Kurt Menchen, enquanto um tear convencional leva cem horas para
serrar um bloco de 6 m3 de mármore Bege Bahia, o de lâminas diamantadas leva
dez horas (IBID, 2003). Logo, a produtividade deste pode ser até dez vezes maior
que a do convencional. Na média, um tear convencional produz 1500 m2 de
chapas de mármore do tipo travertino por mês e o de lâminas diamantadas, de
6.000 a 8.000 m2.
Tanto as chapas de mármores como as de granito, em geral, após a
serragem são polidas. No caso do mármore, cuja superfície é mais irregular,
primeiramente ocorre o processo de estucamento, que tem a função de fechar os
poros existentes na superfície da chapa bruta com resinas especiais. Em seguida,
o polimento dá brilho e lustre ao material. Em se tratando do mármore bege,
devido à elevada porosidade, o estucamento e polimento são fundamentais. O
principal equipamento utilizado é a politriz, cujos principais tipos são: manual de
bancada fixa, e a multicabeça com esteira transportadora. Na primeira as chapas
ficam deitadas num balcão de concreto, para serem polidas por um cabeçote que
contém os abrasivos e é conduzido por um trabalhador. Por este motivo não dá
um brilho homogêneo ao produto, uma vez que é pouco provável que o
trabalhador aplique a mesma força e dê o mesmo tempo de polimento a todos os
lugares do material bruto (VILLASHI FILHO; PINTO, 2000). O segundo tipo, a
politriz automática, pode ser visualizada na Figura 5, e se fabrica no Brasil, em
Cachoeiro do Itapemirim e São Paulo.
FOTO 5
Politriz automática – Granitos Venécia Teixeira de Freitas, BA, 2002
Fonte: Spínola (2003)
Encontram-se no Brasil, especificamente no Espírito Santo, unidades de
beneficiamento de granito de altíssima produtividade, com maquinário de origem
italiana, a exemplo da marca Gaspari Menoti. Sua produção atinge 1,1 mil m2 de
chapas por dia. A seqüência do maquinário é toda automática, com condução das
chapas a uma politriz, um forno de desidratação com capacidade para 80 chapas,
seguido da etapa de resinagem, outro forno de secagem e uma máquina
recortadora, onde as chapas são refiladas nos quatro lados e catalogadas
(FORNAZIER, 2004).
3. MERCADO MUNDIAL
O mercado internacional de rochas ornamentais é caracterizado pela
participação de grandes grupos compradores que controlam o fluxo de material
oriundo de países do Terceiro Mundo em relação aos países industrializados da
Europa e Ásia (NERY; SILVA, 2001). Firmas produtoras de rochas ornamentais
estabelecidas no mercado internacional, sobretudo as italianas, detêm avançada
tecnologia no que se refere à extração e beneficiamento, bem como o domínio
dos canais de distribuição. Entretanto este quadro está se transformando devido
aos avanços e agressividade da indústria chinesa.
A produção mundial de rochas saltou de 2,0 milhões de toneladas nos anos
20 do século passado para 67,5 milhões em 2002. As rochas carbonáticas
representam aproximadamente 58% desse volume; as silicáticas, 37%; as
ardósias, 5% (MONTANI, 2003, apud MELLO, 2004).
Em 2002, a Ásia, puxada pela China, Índia e Irã, ultrapassou pela primeira
vez a Europa na produção de pedras naturais, ao responder por 43% do total
produzido no mundo. Segundo Mello (2004), a Europa reúne os mais tradicionais
e importantes produtores mundiais: Itália, Espanha, Portugal, Turquia e Grécia,
posicionando-se logo atrás da Ásia, com 42% da produção. Embora a Itália seja o
núcleo difusor de inovação tecnológica dessa indústria, a China assumiu o papel
que foi seu até o final dos anos 1990, de principal produtor e exportador mundial,
principal importador de produtos brutos e maior exportador de manufaturados. A
Itália permanece como maior exportador de máquinas, equipamentos e
tecnologia, cujo maior importador é a China. A Figura 2 mostra a participação dos
principais países na produção mundial.
No que se refere às importações mundiais, a China aparece como maior
importador do volume total de mármores e granitos brutos, seguida da Itália
(Figura 3). Esta é, contudo, o maior importador de granitos brutos e a China de
mármores brutos (Figuras 4 e 5).
FIGURA 2
Principais Produtores - ano 2002
32,40%
20,80%11,90%
9,60%
7,90%
6,30%4,10%3,70% 3,40%
OutrosChinaItáliaÍndiaEspanhaIrãBrasilTurquiaPortugal
Fonte: MONTANI (2003) apud Mello (2004)
FIGURA 3
Participação dos países nas importações mundiais - volume físico em 2002 - Total
Comercializado
10% 8,50%
8,20%
7,40%
6,90%
6,10%
5,70%3,80%
43,00%
China
Itália
EUA
Alemanha
Japão
Coréia do Sul
Taiwan
Espanha
Outros
Fonte: MONTANI (2003) apud Mello (2004)
Obs: Volume físico em 2002: 25,3 milhões de toneladas.
FIGURA 4
Fonte: MONTANI (2003) apud Mello (2004) Obs: Volume físico em 2002: 3,8 milhões de toneladas.
FIGURA 5
Participação dos países nas importações mundiais - volume físico, em 2002 - Mármores Brutos
32,40%
9,70%4,40%4,00%
3,70%
2,90%
2,80%
2,40%
37,70%
China
Itália
Espanha
EUA
Grécia
Hong-Kong
Taiwan
Suíça
Outros
Participação dos países nas importações mundias - volume físico, em 2002 - Granitos Brutos
19,10%
14,80%
12,50%7,70%
4,40%
3,60%
2,40%
2,30%
33,20%
Itália
China
Taiwan
Espanha
Alemanha
EUA
França
Suiça
Outros
Fonte: MONTANI (2003) apud Mello (2004) Obs: Volume físico em 2002: 8,4 milhões de toneladas.
FIGURA 6
Fonte: MONTANI (2003) apud Mello (2004). Obs: Volume físico em 2002: 9,6 milhões de toneladas.
Os Estados Unidos são o maior importador mundial de produtos
beneficiados, do tipo chapas e padronizados de mármores e granitos, pouco à
frente da Coréia do Sul e Japão. A Alemanha é o maior comprador de produtos
processados simples (pedras e placas para calcetar). Segundo Nery e Silva
Participação dos países nas importações mundiais - volume físico, em 2002 - Processados Especiais
15,40%
14,80%
14,40%11,20%
5,00%
4,70%
2,40%
32,10%
EUA
Coréia do Sul
Japão
Áustria
Alemanha
Arábia Saudita
Bélgica
Outros
(2001), os Estados Unidos optaram por reduzir ao mínimo seu parque industrial
de teares a partir de 1995, o que explica sua posição como principal importador
de semi-manufaturados.
Na Tabela 1, apresentam-se dados referentes às importações norte-
americanas de granitos semi-manufaturados por país de origem.
Vale ressaltar que o Brasil já é o segundo maior fornecedor de granitos
serrados no mercado norte americano, e que sua posição já está muito próxima à
da Itália, primeiro fornecedor.
TABELA 1 Importações de Granito Serrado pelos EUA (código SH/NCM 6802.23)
VALOR US$ CIF QUANTIDADE – m2 PAÍSES 2001 2002 2003 2001 2002 2003
Itália 14.582.931 18.057.984 19.536.464 13.432 17.419 19.125 Brasil 7.836.471 14.358.279 19.231.792 10.102 20.184 26.367 Índia 5.604.411 7.354.163 8.785.840 6.352 7.598 8.357 China 4.982.596 5.114.570 7.397.993 7.679 8.430 9.313 Canadá 2.264.689 1.355.582 1.091.426 4.114 3.185 2.164 Espanha 1.002.735 1.105.935 2.478.282 1.470 1.081 2.533 México 93.122 414.127 945.657 62 209 452 África do Sul 611.972 275.800 340.839 380 331 261 Taiwan 737.110 302.490 79.160 750 394 104 Outros 1.102.660 1.171.489 1.639.310 1.600 1.239 1.707
Total 38.818.697 49.510.419 61.526.763 45.941 60.070 70.383 Fonte: Promo Centro Internacional de Negócios da Bahia (Promo, 2004). Base de dados Tradstat. Dados coletados em maio de 2004.
Segundo Mello (2004), os preços médios praticados pelos países
produtores nas vendas internacionais de blocos oscilam entre US$ 300/m3 e US$
700/m3 FOB, para os granitos, e entre US$ 500/m3 e US$ 1300/m3 FOB, para
mármores. Os semi-manufaturados, como chapas polidas e ladrilhos, têm preços
entre três e cinco vezes maiores em relação à matéria prima. Já os produtos finais
– peças padronizadas, peças sob medida ou personalizadas, como bancadas de
pias, o preço por conteúdo pétreo pode atingir seis a dez vezes mais que os
materiais brutos. As transações com produtos processados – chapas e ladrilhos –
têm mostrado um crescimento constante, já superando as transações com
produtos brutos (MELLO, 2004).
Os substitutos mais próximos das pedras ornamentais são os produtos
cerâmicos. De acordo com Mello (2004), a partir dos anos 1990, o consumo
destes vem aumentando a taxas superiores a dos revestimentos pétreos. Para
cada metro quadro de rochas ornamentais, consomem-se sete metros quadrados
de cerâmica. O maior concorrente nos últimos anos tem sido o grés porcelanato,
que imita a aparência das pedras naturais. Contudo, os mármores e granitos
detêm características nobres que os tornam únicos. Justamente por se tratar de
produtos naturais sobrevivem aos modismos e podem ser considerados clássicos.
Uma das características do novo protecionismo comercial é a proliferação
de barreiras não tarifárias, a exemplo da crescente exigência pela qualidade. O
atendimento a padrões de nomenclatura, funcionalidade e durabilidade, com base
em normas técnicas específicas, será cada vez mais exigido na comercialização
de rochas ornamentais. Daí a importância da capacidade de internalizar novas
tecnologias como fator determinante da competitividade. Para ingressar no
mercado internacional é preciso adequar o produto às especificações
demandadas. Para a União Européia, por exemplo, o Comitê Europeu de
Normatização – CEN, criou o corpo técnico CEN.TC. 246 Natural Stone, que
estabelecerá normas para especificação de materiais, ensaios e produtos. Os
padrões definidos pela CEN.TC.246 serão adaptadas à ISO.TC.196 Natural
Stone, que regulará a utilização das pedras naturais no mercado global – Peiter et
al (2001). O Brasil terá que atingir os padrões ISO. TC. 196 para ocupar posição
de maior destaque no mercado internacional – (PEITER et al 2001).
4. A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ROCHAS ORNAMENTAIS
4.1 Dados Gerais
Segundo Chiodi (2003), a produção brasileira de rochas ornamentais é de
aproximadamente 6,0 milhões de toneladas, principalmente em blocos, existindo
cerca de 600 tipos comerciais, dos quais 57% são de granito e 17% de mármores
e travertinos. O restante inclui ardósias (8%) e quartzitos (5%). Estima-se que
75% da produção nacional são destinados ao mercado interno. Os estados do
Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia detêm mais de 70% do total produzido
nacionalmente. O estado do Espírito Santo produz o equivalente a 47% do total
do país. É seguido de Minas Gerais, com cerca de 18%. A Bahia é o terceiro
maior produtor e responde por quase 10% da produção nacional.
De acordo com Nery e Silva (2001), os principais municípios produtores de
mármores do Brasil são: Cachoeiro do Itapemirim (ES), Ourolândia, Campo
Formoso e Mirangaba (BA), Italva (RJ), Fronteiras (PI). Os principais municípios
produtores de granito são: Nova Venécia, Barra de São Francisco e São Gabriel
(ES), Rui Barbosa e Medeiros Neto (BA), Formiga e Itapecerica (MG).
QUADRO 1
Dados Gerais da Indústria de Rochas Ornamentais por Estado da Federação (Base 2000 – Estimado)
Uni
ão
Fed
eral
Pro
duçã
o m
il t/a
no
%B
rasi
l
Tip
o de
Roc
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Ser
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%B
rasi
l
Mar
mor
aria
s
%B
rasi
l
Mão
-de-
obra
di
reta
%B
rasi
l
ES 2.400 47 Granito Mármore
90 10
900 61 400 30 25.000 61 360 5 20.000 19
MG 1.103 22 Granito Ardósia Quartzito Outras
38 37 20 5
66 4 160 12 1.600 4 1.000 15 21.000 20
BA 490 10 Granito Mármores Quartzito e Arenito
52 25
23
48 3 97 7 1.200 3 180 3 3.200 3
PR 320 6 Granito Mármores Outras
32 25 43
69 4 12 1 1.700 5 300 5 3.500 0
RJ 260 5 Granitos Mármores Miracema
25 5
70
150 7 230 33 2.600 7 630 9 13.800 13
CE 180 2 Granito Pedra Cariri
85 15
44 3 57 3 1.100 3 60 1 1.400 1
GO 122 2 Granito Quartzito
50 50
7 0 36 3 170 0 100 1 1.700 2
RS 86 2 Granito Basalto
58 42
51 3 78 6 1.200 3 270 4 3.800 4
PB 63 1 Granito 100 9 0 12 1 330 1 20 0 400 0 SP 60 1 Granito 100 160 10 30 2 3.800 10 3.000 49 31.000 29 PE 47 1 Granito 100 21 1 13 1 500 1 60 1 800 1 Demais 55 0 49 4 38 1 1.430 3 469 7 5.120 5 Total 5.186 100 1.574 100 1.163 10
0 40.630 100 6.449 100 105.720 100
Fonte: Peiter (2001) apud Spínola (2003)
Chiodi (2003) estima que existam 1500 frentes de lavra ativas no país, com
um parque de beneficiamento de blocos com capacidade para serragem de 40
milhões de m2/ano. A produção e comercialização são desenvolvidas por quase
11.000 empresas, 1.000 delas atuando na lavra, 2.000 no beneficiamento primário
(serrarias), 7.000 no beneficiamento final (marmorarias) e 650 na exportação
(MELLO, 2004). Por sua vez, segundo a Abirochas – Associação Brasileira da
Indústria de Rochas Ornamentais, existem atualmente 877 empresas
exportadoras de rochas ornamentais no Brasil. Dessas, 80% são pequenas, 13%
são micros e 7% são médias (Pequenos exportam, 2004). A classificação de
porte seguiu o critério de faturamento do Ministério do Desenvolvimento (MDIC). O
Quadro 1 mostra um retrato da indústria brasileira de rochas ornamentais por
estado em 2000. Embora alguns dados estejam possivelmente defasados, pode-
se visualizar como o setor encontra-se distribuído por estado da federação.
No início da década de 1980, a produção brasileira de rochas ornamentais
era constituída principalmente por mármore. Contudo, a abertura de mercado
para exportação deu grande impulso à expansão do granito a partir do final da
década. A produção de mármore, por sua vez, foi orientada para atender ao
mercado interno. As tecnologias de polimento mais difundidas no país, sobretudo
a manual, não conseguiam proporcionar às chapas ou ladrilhos polidos de
mármore o padrão de qualidade exigido pelo mercado internacional. Itália,
Espanha e Portugal, e, recentemente, Grécia, Índia e Turquia têm disponibilizado
para o mercado mundial mármores de qualidade significativamente superiores,
particularmente em termos estéticos e de rara beleza.
Segundo Spínola (2003), tanto a produção de manufaturados de granito
como de mármore, que vinha aumentando entre 1991 e 1994, sofreu um
desaquecimento entre 1994 e 1995, provavelmente em função do crescimento da
oferta do produto importado, favorecido pela política aduaneira, de redução de
tarifas de importação, e pela política cambial, de valorização da moeda nacional.
A partir de julho de 1993, a alíquota do imposto de importação para os produtos
pertencentes ao capítulo 6802 (rochas processadas) e capítulos 2515 e 2516
(rochas carbonáticas e silicáticas em bruto) da NCM1 passou a ser zero.
A prolongada apreciação da moeda nacional entre 1994 e 1998
aparentemente contribuiu para a entrada de chapas e ladrilhos de mármore via
importação. De fato, segundo Spínola (2003), tanto a produção de mármore bruto
quanto de manufaturado decresceu entre 1996 e 1998. A partir de 1999, a
produção de mármore foi se recuperando. A depreciação da moeda, a partir da
implantação do câmbio flutuante no início de 1999, certamente concorreu para
essa retomada.
A produção de granito, por sua vez, que havia caído em 1995, continuou
aumentando até 1998, sem tanta pressão de importações, pois seu preço no
mercado internacional é superior ao do mercado interno. Com base na pesquisa
empírica realizada em janeiro de 2002 entre os produtores de chapas de granito
no extremo sul do estado da Bahia, verificou-se que o preço de exportação da
chapa serrada era 100% maior que o preço interno (SPÍNOLA, 2003).
1 NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul para classificação de mercadorias
4.2 Consumo Interno
Em 2002, de acordo com o Quadro 2, o consumo interno de blocos não
manufaturados foi de 925 m3, representando um crescimento de 9,0 % em relação
a 2001, que já havia apresentado um crescimento ainda maior, 13,5%, relativo a
2000. O aumento do consumo justificou o ingresso de expressivo número de
novos teares no parque industrial, com expansão da capacidade de
beneficiamento e diminuição da taxa de ociosidade dos equipamentos. No ano
2002, o consumo interno de produtos acabados foi da ordem de 27,3 milhões de
m2. São constituídos pelos ladrilhos para pisos e revestimentos internos e
externos, peças de arte funerária, tampos de mesa, bancadas de pia, soleiras,
divisórias, escadas, colunas, monumentos e esculturas, dentre outros.
QUADRO 2 Consumo Aparente de Mármores e Granitos
1992-2002 – em mil
Fonte: Nery e Silva,(2003) / DNPM-DIDEM
Com base nos dados do Quadro 2, ao se calcularem as médias anuais de
crescimento do consumo interno entre 1993 e 2002, numa série de dez anos,
obteve-se 8,45% ao ano para materiais brutos e 7,87% ao ano, para os bens
manufaturados.
4.3 Exportações
O Brasil ocupa atualmente o quarto lugar como exportador de material
bruto. Segundo Chiodi (2003), a posição brasileira como exportador de rochas
processadas evoluiu sensivelmente nos últimos anos. O país saltou da 12a
posição do ranking dos maiores exportadores de rochas semi-manufaturadas, em
Ano Consumo Aparente Variação Consumo Aparente Variação
material bruto/m3 (%) produtos manufaturado/m2 (%)
1992 411 12.804,00 1993 478 16,30 14.900,00 16,37 1994 530 10,88 16.402,00 10,08 1995 470 -11,32 14.559,00 -11,24 1996 505 7,45 15.765,00 8,28 1997 487 -3,56 15.076,00 -4,37 1998 516 5,95 15.969,00 5,92 1999 619 19,96 18.552,00 16,18 2000 748 20,84 21.748,00 17,23 2001 849 13,50 23.800,00 9,44 2002 925 8,95 27.300,00 14,71
1999, para a oitava em 2001. Estima-se que tenha se tornado o sexto maior
exportador de rochas processadas em 2003 (CHIODI, 2003), já sendo o segundo
maior fornecedor nos Estados Unidos. Com base nos dados da Tabela 2, a taxa
média de crescimento das exportações de granito serrado em dólares foi de 28%
ao ano entre 1992 e 2003. Este é o carro chefe dos semi-manufaturados – NCM
6802.2301.
TABELA 2 Exportações Brasileiras de Granitos Serrados por País de Destino
US$ FOB mil EUA México Itália Japão Outros TotalUS$ US$ US$ US$ US$ US$
1992 8.208 53,43% 1.432 9,32% 328 2,14% 1.829 11,91% 3.565 23,21% 15.362
1993 11.547 53,06% 1.423 6,54% 639 2,94% 931 4,28% 7.222 33,19% 21.762
1994 13.974 48,47% 2.224 7,71% 402 1,39% 1.593 5,53% 10.637 36,90% 28.830
1995 15.797 49,79% 715 2,25% 910 2,87% 1.486 4,68% 12.819 40,40% 31.727
1996 21.056 54,02% 1.278 3,28% 1.347 3,46% 2.061 5,29% 13.233 33,95% 38.975
1997 30.553 59,87% 1.367 2,68% 1.802 3,53% 1.754 3,44% 15.558 30,49% 51.034
1998 47.715 72,11% 1.576 2,38% 901 1,36% 661 1,00% 15.321 23,15% 66.174
1999 63.212 77,28% 1.977 2,42% 886 1,08% 366 0,45% 15.354 18,77% 81.795
2000 88.705 80,00% 2.997 2,70% 1.058 0,95% 661 0,60% 17.464 15,75% 110.885
2001 94.738 78,58% 3.256 2,70% 1.361 1,13% 1.253 1,04% 19.958 16,55% 120.566
2002 136.521 81,08% 4.065 2,41% 1.859 1,10% 442 0,26% 25.486 15,14% 168.373
2003 197.700 84,98% 4.033 1,73% 1.858 0,80% 276 0,12% 28.773 12,37% 232.640
2004* 108.232 83,42% 2.781 2,14% 1.402 1,08% 80 0,07% 17.243 13,29% 129.738
Ano
Fonte: MDIC –Sistema Aliceweb Dados coletados em 2 de setembro de 2004 – NCM 6802.23.01 *jan a jun 2004
O principal destino das vendas brasileiras de granito serrado no mercado
externo é os Estados Unidos, que absorve mais de 80% do valor exportado. O
Brasil vem progressivamente alterando seu perfil de exportação ao comercializar
cada vez mais produtos beneficiados, com maior valor agregado. Na tabela 3,
aparecem as exportações de granito bruto por país de destino. Verifica-se que até
o ano 2000, em valores, as exportações de blocos superavam as de granito
serrado. Em 2000, as de blocos somaram US$ 112,3 milhões (Tabela 3) e as de
chapas US$ 110,8 milhões (Tabela 2). A partir de 2001, o valor exportado do
granito serrado foi ficando crescentemente superior ao do material bruto. Em
2003, enquanto as exportações de bloco totalizaram US$ 122,2 milhões (Tabela
3), as de chapas atingiram US$ 232,6 milhões (Tabela 2), ou seja, quase o dobro.
De acordo com Mello (2004) o valor total das exportações brasileiras de rochas
ornamentais poderá ficar próximo a US$ 550 milhões.
TABELA 3 Exportações Brasileiras de Granitos em Bloco por País de Destino
US$ FOB mil Italia Espanha Japão China Outros Total US$ % US$ % US$ % US$ % US$ % US$
1992 30418 50,87 5380 9,00 4831 8,08 0 0,00 19162 32,05 59791
1993 37854 55,75 6447 9,50 2955 4,35 39 0,06 20599 30,34 67894
1994 35476 45,00 8751 11,10 3262 4,14 33 0,04 31314 39,72 78836
1995 40042 46,91 9903 11,60 3432 4,02 6360 7,45 25619 30,01 85356
1996 44748 46,67 17649 18,41 3722 3,88 8627 9,00 21132 22,04 95878
1997 56491 47,03 19470 16,21 4313 3,59 13095 10,90 26737 22,26 120106
1998 54841 47,78 23846 20,78 1437 1,25 0 0,00 34643 30,19 114767
1999 51395 45,62 21599 19,17 3211 2,85 44 0,04 36403 32,31 112652
2000 48116 42,82 21754 19,36 786 0,70 9187 8,18 32531 28,95 112374
2001 39.973 37,37 20192,9 18,88 905 0,85 13656,1 12,77 32247,3 30,14 106974
2002 41004 36,68 17926 16,04 205 0,18 23433 20,96 29209 26,13 111777
2003 34029 27,83 14597 11,94 134 0,11 38780 31,73 34715 28,39 122255
2004* 14449 31,59 5678 12,42 116 0,26 12696 27,76 12789 27,97 45728 Fonte: MDIC – dados coletados em 4/09/2004 *jan-jun NCMs: 6802.93.90; 2516.11.00; 2516.12.00
Mello (2003) aponta alguns obstáculos sistêmicos ao crescimento da
indústria de rochas ornamentais no Brasil. Um deles é a dificuldade de acesso e
elevado custo do seguro de crédito à exportação, uma vez que os compradores
de chapas nos Estados Unidos dificilmente abrem carta de crédito. Nesse
mercado prevalece o pagamento através de saque a prazo. Outro é a dificuldade
de acesso ao crédito para a produção e compra de equipamentos modernos.
Segundo este autor, a superação dos obstáculos requer uma maior aproximação
entre as entidades representativas do setor, para uma melhor utilização do
conhecimento disponível nas instituições de apoio comercial e tecnológico. Exige-
se a profissionalização de um maior número de empresas, a partir de melhoria da
gestão empresarial, aumento de produtividade, prática de preços sustentáveis e
certificação de produtos. É também fundamental o acesso direto ao mercado
internacional através de missões de negócios, participação em feiras
internacionais de empresas efetivamente preparadas para a realização de vendas
e cumprimento dos prazos contratados, iniciativas que devem estar associadas ao
marketing da “marca Brasil”.
Constata-se que as exportações de blocos neste ano de 2004 estão
reduzidas em relação a 2003. No primeiro semestre de 2004 atingiram US$ 45,7
milhões, apenas 37,4% do valor total exportado no ano anterior. Este
desempenho pode ser atribuído a questões logísticas. Os blocos são
normalmente transportados em navios de carga geral, enquanto as chapas e
ladrilhos em carga conteinerizada em navios de contêineres. O porto de Vitória
apresenta limitações físicas para manobra de navios de grande porte no seu
canal de navegação de 290 m de comprimento, considerada por Borgo Filho
(2004) insuficiente para girar uma embarcação grande. O calado máximo
acessível ao porto é de apenas 10,5 m. Além disso, a intensificação do processo
de industrialização da China contribuiu para aumentar a demanda por
contêineres, por navios, e conseqüentemente para aumento dos preços de frete.
Cabe registrar que apesar das dificuldades apontadas com contêineres, as
exportações de granito serrado permanecem em crescimento. No primeiro
semestre de 2004, já foi contabilizado um valor exportado 55,8% do total de 2003.
Este quadro evidencia que os maiores problemas estão concentrados no mercado
de blocos não manufaturados.
5. A BEM SUCEDIDA INDÚSTRIA CAPIXABA DE ROCHAS ORNAMENTAIS
As rochas fazem parte da história econômica do Espírito Santo. As
atividades mineiras e industriais com mármores e granitos foram pioneiramente
conduzidas por imigrantes europeus em Cachoeiro do Itapemirim, na região sul
do estado, onde ocorrem as reservas naturais de mármore. A região norte
concentra maior parte das jazidas de granito (Figura 7). Nos anos 1950, com o
aproveitamento dos mármores da região sul, iniciou-se uma rede de atividades de
lavra, beneficiamento, acabamento, serviços etc. Paralelamente, começava-se a
explorar o granito e a exportá-lo sob a forma de blocos. A região norte do estado,
cujo núcleo principal é o município de Nova Venécia, acabou se transformando
numa fronteira de lavra de granitos, consolidada nos anos 1990 (A FORÇA,
2001).
A vocação portuária do estado favoreceu a atividade exportadora,
transformando o Complexo Portuário de Vitória no maior pólo brasileiro de
exportação de rochas brutas e processadas. Por sua vez, a malha de ligação
rodo-ferroviária centralizada pela Estrada de Ferro Vitória/Minas – EFVM, também
contribuiu para o escoamento e distribuição da produção oriunda do estado de
Minas Gerais. O número de empresas capixabas exportadoras de rochas evoluiu
de 86 em 1997 para 154 em 2000, quando o estado passou a concentrar 30% das
empresas de exportação do Brasil. É o maior exportador de rochas ornamentais
brutas e manufaturadas. Na Tabela 4, pode-se visualizar as exportações de
granito em bloco não manufaturado, de 1992 a 2004 por estado da federação.
O Espírito Santo lidera também as exportações de granito serrado em
chapas, de acordo com a Tabela 5. Trata-se do carro chefe das exportações de
rochas ornamentais. A participação do Espírito Santo é de aproximadamente
70%, seguido do Rio de Janeiro, com cerca de 14%.
FIGURA 7
Mapa político do Estado do Espírito Santo com Destaque dos Principais Núcleos Produtores
Fonte: Spínola (2003)
Segundo Villaschi Filho e Sabadini (2000), Cachoeiro do Itapemirim
(Figura 7) possui uma história longa e consolidada, cujo ponto de partida foi a
exploração do calcário. Seu desenvolvimento ocorreu de forma autônoma. Não foi
induzido por políticas governamentais. Diversas famílias italianas estabeleceram-
se em Cachoeiro, muitas das quais foram pioneiras na fabricação de cal. Em
1924, foi fundada uma fábrica de cimento na região que também se beneficiava
Nova Venécia reservas de granito 88 extratoras 12 serrarias 50 marmorarias
Cachoeiro do Itapemirim reservas de mármore 125 extratoras 197 serrarias 248 marmorarias 30 fabricantes de máquinas
Vitória 8 serrarias 59 marmorarias
da presença de jazidas de calcário. Villaschi Filho e Sabadini (2000) chamam a
atenção de que o início da produção do mármore em Cachoeiro não se deu pela
lavra de blocos, e sim pelas marmorarias, instaladas na região a partir de 1930.
As atividades de extração de mármore começaram em 1957. Seus pioneiros
foram os empresários de origem italiana. As serrarias somente apareceram no
município a partir de 1966. Segundo esses autores, a exploração comercial do
mármore e granito tem início, efetivamente, a partir dos anos 1960 e 1970.
TABELA 4 Exportações Brasileiras de Granito em Bloco por Estado
US$ FOB mil
US$ % US$ % US$ % US$ % US$ % US$
1992 4.378 7,32 155 0,26 13.430 22,46 1.429 2,39 6.641 11,11 59.792
1993 2.648 3,90 103 0,15 12.770 18,81 2.474 3,64 9.035 13,31 67.894
1994 2.469 3,13 123 0,16 14.395 18,26 2.770 3,51 11.655 14,78 78.836
1995 4.603 5,33 99 0,11 17.937 20,77 3.174 3,68 16.352 18,94 86.350
1996 4.797 4,95 72 0,07 22.093 22,79 2.514 2,59 14.522 14,98 96.935
1997 3.942 3,39 76 0,07 31.833 27,40 67 0,06 16.099 13,86 116.181
1998 2.083 1,82 11 0,01 38.479 33,68 371 0,32 15.111 13,23 114.242
1999 2.987 2,65 250 0,22 43.474 38,62 993 0,88 14.821 13,16 112.578
2000 1.313 1,52 90 0,10 53.475 61,93 1.374 1,59 14.939 17,30 86.350
2001 907 0,94 321 0,33 57.178 58,99 1.240 1,28 14.174 14,62 96.935
2002 1.943 1,67 150 0,13 57.284 49,31 849 0,73 14.939 12,86 116.181
2003 1.661 1,36 105 0,08 58.128 47,54 1.244 1,02 17.174 14,05 122.255
2004* 2.363 5,17 30 0,06 21.831 47,83 463 1,01 3.484 7,62 45.728
BA BrasilAnos
SP PR ES RJ
Fonte: MDIC – dados coletados em 4/09/2004 *jan-jun NCMs: 6802.93.90; 2516.11.00; 2516.12.00
Boa parte dos blocos serrados em Cachoeiro é extraída de localidades
distantes. Granitos são trazidos dos municípios de Nova Venécia, Ecoporanga,
Barra de São Francisco e Baixo Guandu, ou do sul da Bahia, oeste de Minas
Gerais, e até de Goiás. Apesar da distância, pode ser vantajoso levar a pedra
para corte em Cachoeiro. A concentração de teares, a abundância de mão-de-
obra especializada, a maior facilidade na manutenção dos equipamentos e as
condições favoráveis para venda, com afluência de compradores de todo mundo,
fazem do local o núcleo mais dinâmico da indústria nacional de rochas
ornamentais (COMÉRCIO EXTERIOR, 2000). Segundo depoimento de Ribeiro
(2004), no Espírito Santo já existem mais de 1000 teares.
A origem do beneficiamento de mármore e granito na região norte do
estado, cujo núcleo é Nova Venécia (Figura 7) é mais recente. Está relacionada
às jazidas de granito encontradas na região, bem como ao fornecimento de infra-
estrutura física (terrenos, etc) e incentivos fiscais pelo governo local. O
desenvolvimento das atividades de beneficiamento foi, em parte, induzido. Em
1995, a prefeitura de Nova Venécia criou uma área onde estão estabelecidas
empresas de beneficiamento (90% de mármores e granitos). A primeira empresa
localizada nesse pólo industrial iniciou sua atividade de serragem em 1995
(VILLASCHI FILHO; SABADINI, 2000).
TABELA 5 Exportações Brasileiras de Granito Serrado em Chapas por Estado
US$ FOB mil SP SP/Br PR PR/Br ES ES/Br SC SC/Br RJ RJ/Br BA BA/Br Brasil
US$ % US$ % US$ % US$ % US$ % US$ % US$
1992 3.376 21,98 1.066 6,94 7.158 46,60 0 0,00 2.705 17,61 526 3,42 15.362
1993 2.692 12,37 2.684 12,33 9.178 42,17 1 0,00 3.626 16,66 956 4,39 21.762
1994 2.637 9,15 3.330 11,55 13.992 48,53 2 0,01 6.339 21,99 632 2,19 28.830
1995 4.074 12,84 3.020 9,52 17.041 53,71 32 0,10 4.364 13,76 1.578 4,97 31.727
1996 3.714 9,53 2.893 7,42 21.683 55,63 85 0,22 4.784 12,28 4.311 11,06 38.975
1997 5.999 11,76 3.384 6,63 24.769 48,53 3.973 7,78 5.962 11,68 3.910 7,66 51.034
1998 3.784 5,72 5.100 7,71 30.589 46,22 9.110 13,77 10.685 16,15 3.127 4,73 66.174
1999 5.911 7,23 6.073 7,42 39.584 48,39 9.803 11,98 15.326 18,74 2.312 2,83 81.795
2000 8.028 7,24 8.026 7,24 61.062 55,07 6.672 6,02 19.960 18,00 2.279 2,06 110.885
2001 7.518 6,24 8.938 7,41 68.962 57,20 5.771 4,79 19.523 16,19 1.859 1,54 120.566
2002 8.290 4,92 8.838 5,24 109.850 65,16 5.839 3,46 26.902 15,96 1.421 0,84 168.573
2003 12.495 5,37 11.275 4,85 161.647 69,48 5.634 2,42 31.766 13,65 923 0,40 232.640
2004* 5.681 4,38 5.430 4,19 92.725 71,47 2.735 2,11 16.862 12,99 440 0,34 129.738
Anos
Fonte: MDIC – dados coletados em 4/09/2004 *jan-jun NCM 6802.32.01
As firmas extratoras do norte do estado funcionam há quase 20 anos
em diferentes municípios dessa região. Do total de 146 empresas existentes na
região norte do estado, 88 declaram-se extratoras de pedras, 50 são enquadradas
como marmorarias e apenas doze são serrarias (VILLASCHI FILHO; SABADINI,
2000). Diferentemente do que ocorre na região sul, a maior parte de empresas da
região norte está concentrada nas atividades de extração. Já na Grande Vitória,
das 67 firmas registradas por Villaschi Filho e Sabadini (2000), 59 eram
marmorarias e apenas oito eram enquadradas como serrarias. Estes dados
podem estar defasados, contudo dão idéia da distribuição das empresas por ramo
de atividade em Nova Venécia.
Os produtores de bens de capital estão localizados na região de Cachoeiro
do Itapemirim. De acordo com a estimativa da Associação dos Fabricantes de
Máquinas, Equipamentos e Acessórios para a Indústria de Mármore e Granito
(Maqrochas), o Espírito Santo respondeu pelo fornecimento de metade do volume
de equipamentos consumido no Brasil em 2002. Dos 50% restantes, 25% foram
importados e 25% fabricados por outros estados (SPÍNOLA, 2003). Segundo
Ribeiro (2004), o Espírito Santo já é exportador também de máquinas.
Os empresários de rochas ornamentais do Espírito Santo têm elevado
poder de barganha em nível nacional. Os recursos da Agência de Promoção das
Exportações (Apex) destinados ao setor são praticamente monopolizados pelos
produtores capixabas que também detêm o controle das associações nacionais
ABIEMG e ABIROCHAS, além de contarem com apoio do Centro Tecnológico do
Mármore e Granito (Cetemag). Criado em 1988, o Cetemag coordena e executa
políticas de desenvolvimento para o setor de rochas.
Segundo Spínola (2003), o bom desempenho do segmento de rochas
ornamentais do Espírito Santo decorre da combinação de uma série de fatores: 1)
reservas naturais; 2) componente histórico cultural: presença de imigrantes de
origem italiana, cujos conhecimentos tácitos3 referentes a produtos e processos
contribuíram para uma aglomeração espontânea de firmas do ramo; 3)
localização: proximidade ao maior mercado consumidor nacional, na região mais
desenvolvida do país, a sudeste; 4) boa infra-estrutura rodoviária e ferroviária; 5)
manutenção de um complexo portuário com partidas regulares de navios para os
maiores países consumidores, embora sua infra-estrutura esteja insuficiente em
muitos aspectos para atender às demandas atuais do setor; 6) presença de
empresas organizadas e instituições consolidadas, orientadas por objetivos
claros; 7) presença de uma indústria de bens de capital; 8) oferta de mão-de-obra
capacitada; 9) difusão de tecnologia aplicada ao setor, com colaboração do
Cetemag; 11) política comercial agressiva e conjunta das empresas.
Pode-se afirmar que o caso mais próximo de um arranjo produtivo
maduro, em se tratando do segmento de rochas ornamentais no Brasil, é o que se
encontra na região sul do Espírito Santo, cujo núcleo é Cachoeiro do Itapemirim.
6. A INDÚSTRIA BAIANA DE ROCHAS ORNAMENTAIS
6.1. Dados gerais
3 O conteúdo tácito de uma tecnologia é aquela parte do conhecimento tecnológico que está incorporada nas rotinas das firmas e nas habilidades das pessoas, e que não pode ser transferida ou absorvida através de manuais, fórmulas, livros ou outras formas codificadas de informação (SCATOLIN et al., 2002).
Como terceiro maior produtor brasileiro de rochas ornamentais, o estado da
Bahia conta hoje com 83 empresas do setor, detentoras de 112 pedreiras, das
quais 31 são de mármores e 81 de granitos. Deste universo de empresas, 39 são
exportadoras. Entretanto, a maioria destas fornece o produto em blocos não
manufaturados. Apenas cinco empresas exportam o produto semi-manufaturado.
O padrão de cor é considerado o principal atributo para qualificação de
uma rocha. Em função das características cromáticas, os materiais são
enquadrados como clássicos, comuns ou excepcionais. Conforme dados da
CBPM, a Bahia é o estado brasileiro que possui a maior variedade de padrões e
cores de granitos do país. As rochas excepcionais têm como principal atributo
competitivo a diferenciação de produto, são caras, e atendem a nichos de
mercado, enquanto as comuns têm sua competitividade baseada em economias
de escala. Identificam-se quase 90 tipos de rochas na Bahia, agrupadas em
excepcionais, exóticas e comuns.
O estado é o único produtor do Granito Azul Bahia e do Azul Macaúbas,
que são considerados excepcionais, e do Mármore Bege Bahia, uma das rochas
mais consumidas no Brasil, cujas vendas são orientadas para o mercado interno.
Cerca de 10% de sua produção bruta é vendida para outros estados. Os 90%
restantes são serrados em chapas e ladrilhos dentro do próprio estado, nos
municípios de Jacobina, Ourolândia, Feira de Santana e Rui Barbosa, também
predominantemente destinados ao mercado nacional.
6.2 Principais categorias e distribuição geográfica
Granitos Excepcionais. Granito Azul Bahia, Quartzitos Azul Imperial e
Azul Macaúbas. São encontrados no município de Potiraguá, direção sudoeste do
estado próximo à divisa com Minas Gerais (Figura 8). A produção das rochas
excepcionais é pequena porque suas jazidas não são de fácil extração. Os azuis,
utilizados em detalhes arquitetônicos e de decoração, são explorados por
empresas extratoras sediadas no Rio de Janeiro, onde são serrados em chapas.
O granito azul é quase uma preciosidade. Enquanto o preço médio do bloco de
granito é vendido por aproximadamente US$ 600/m3 FOB Brasil, o preço do azul
pode chegar a US$ 4.000/m3 por tonelada (NERY; SILVA, 2001). A Bahia é seu
único produtor brasileiro. Há também jazidas dessa categoria de rochas na
Noruega e Zâmbia (NERY; SILVA, 2001).
FIGURA 8
Mapa Político do Estado da Bahia - Principais municípios produtores de rochas ornamentais
Granitos Exóticos. Granitos movimentados e rosados. Estes representam
o maior volume de exportação da Bahia em blocos. Existem reservas nos
municípios de Itaberaba, Macajuba e Rui Barbosa, na Chapada Diamantina,
direção centro oeste do estado (Figura 8). A empresa Corcovado, com sede no
Espírito Santo, é a grande exportadora desses materiais em estado primário.
Sofrem forte concorrência dos granitos espanhóis, cujos preços são mais
competitivos. Também pertence a esse grupo o Kashmir Bahia, comercializado
exclusivamente pela Peval S/A, cuja pedreira fica em Jequié, direção sudoeste do
estado.
Granitos Comuns. São os brancos, amarelos, verdes e marrons. Suas
jazidas estão nas regiões sul e sudoeste, nos municípios de Guaratinga,
Ourolândia •
• Teixeira de Freitas
Intanhém, Medeiros Neto, Itapebi, Jequié, Jitaúna, Itarantim e Riacho de Santana
(Figuras 7 e 8). Ressalta-se que a região sul é uma extensão geológica do
Espírito Santo, para onde também se estende a Serra do Mar. Em Guaratinga,
encontra-se o amarelo, categoria de rocha mais comum do Espírito Santo. Além
do Brasil, a Namíbia também é produtor desse tipo de pedra. Em Jequié, as
jazidas do verde, conhecido como Verde Glória, são de difícil extração. Em
Riacho de Santana há também reservas de granito marrom, conhecido como Café
Bahia.
Mármores Brancos. Em Belmonte, encontra-se o mármore branco
acinzentado, o Arabescato Bahia, de onde se iniciou, no ano 2000, a exportação
de blocos para Portugal, cuja jazida estava paralisada desde a década de 1970.
Este material apresenta semelhança com o famoso Mármore de Carrara, da Itália.
Há ainda o Pérola Bahia, proveniente do município de Uauá, direção norte do
estado (Figura 8).
Granito negro. Há ocorrências do negro nos municípios Ibiassucê e
Floresta Azul. Parte dele é consumida no mercado interno e parte é exportada
para os Estados Unidos. Seu preço externo foi reduzido em função do aumento
da oferta no mercado internacional, pela Índia e pelos países africanos. A
Espanha, Itália e México, embora não possuam reservas, são produtores do
granito negro manufaturado.
Mármore Bege Bahia. O estado da Bahia é o único estado brasileiro a
produzir esse tipo de mármore. Sua ocorrência estende-se pelo Vale do Salitre,
na direção noroeste do estado. O município de Ourolândia, localizado na região
conhecida como Piemonte da Diamantina, detém 90% de suas reservas. Os
demais produtores são: Campo Formoso, Mirangaba, Morro do Chapéu e
Itaguaçu da Bahia (Figura 8). Jacobina é maior núcleo urbano da região com
aproximadamente 100 mil habitantes. Ourolândia tem entorno de 20 mil
habitantes. Diferentemente das rochas excepcionais, o Bege Bahia é uma rocha
produzida e consumida em larga escala. Por ser mais poroso, seu custo de
serragem é inferior ao do granito. É uma das rochas de consumo mais amplo e
difundido no Brasil.
6.3. Atividades de beneficiamento
As atividades de beneficiamento de pedras ornamentais na Bahia são
desenvolvidas por apenas 20 unidades agrupadas no Quadro 3, de acordo com a
localização, matéria prima e processo produtivo. São todas micro, pequenas ou
médias empresas. Dentre elas, cinco são exportadoras de manufaturados, as
quais são de pequeno e médio porte. Não há microempresas exportadoras. Os
municípios onde estão implantadas essas empresas podem ser localizados na
Figura 8: Salvador, com duas serrarias na sua periferia industrial, uma delas em
implantação; Feira de Santana, com duas unidades; Jacobina e Ourolândia, na
direção noroeste, com doze; Rui Barbosa, direção centro oeste, com uma;
Teixeira de Freitas, no Extremo-Sul, com três.
QUADRO 3
Serraria produtoras de chapas e ladrilho - Bahia Município Mármore Bege Granito
Região Metropolitana de Salvador 1* 1 Jacobina 5 Ourolândia 7 Feira de Santana 2 Rui Barbosa 1 Teixeira de Freitas 3 Total 16 4
*Em implantação no Centro Industrial de Aratu Fonte: coleta direta do Sebrae/Jacobina e da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) em jul/04 Elaboração Promo Centro Internacional de Negócios da Bahia
Estima-se que existam aproximadamente 252 marmorarias no estado.
Segundo Ribeiro (2004), muitas destas encontram-se tecnologicamente
defasadas. O governo do estado através da Secretaria de Indústria Comércio e
Mineração e da CBPM está desenvolvendo um programa de recuperação do setor
marmorista. Como a cadeia produtiva de rochas na Bahia não é integrada, muitas
rochas de origem baiana são transportadas em bloco para o Espírito Santo onde
são serradas, para retornar sob a forma de chapas e serem utilizadas pelas
marmorarias.
6.4 O Mármore Bege Bahia 6.4.1 Dados Gerais
O mármore Bege Bahia representa entre 25 a 30% da produção baiana de
pedras ornamentais. Seu maior concorrente é o travertino italiano. Pelas suas
características físicas, é utilizado como revestimento interno, e em bancadas ou
tampos de mesas. Diferentemente do granito, não deve ser utilizado para
revestimentos externos.
Quando foi descoberto nos anos 1950, o produto era chamado Mármore
Marta Rocha, uma alusão à famosa Miss Brasil que, como a rocha em questão, é
de origem baiana. Entretanto, atualmente, no mercado interno, é mais conhecido
e consolidado como Mármore Bege Bahia. No mercado internacional é
denominado Bahia Travertine. Trata-se de um produto cujo nome se reporta às
características e à origem, o que o faz exclusivo.
Dentre os concorrentes internacionais do Bege Bahia estão: o granito
verde, popular nos EUA, o travertino e boticcino (Itália) e o crema marfil
(Espanha). O mármore bege é um material poroso e irregular. Embora seu custo
de serragem seja menor que o do granito, seu polimento é trabalhoso e demanda
utilização de insumos especiais, não encontrados na região norte do estado da
Bahia. A perda de produto pode ser grande. Os produtos similares italianos são
mais regulares.
Apesar da Bahia possuir uma incipiente atividade de beneficiamento de
rochas e se caracterizar como fornecedora de blocos brutos, sua produção de
semi-manufaturados encontra-se predominantemente voltada à serragem do
mármore Bege Bahia. Dezesseis das 20 serrarias do estado beneficiam esta
categoria de rocha (Quadro 2). Na região de Jacobina e Ourolândia, encontram-
se 12 serrarias, todas micro ou pequenas empresas estabelecidas
espontaneamente, atraídas pela presença de matéria prima e pela crescente
demanda do produto. Há dois anos atrás, de acordo com levantamento empírico
feito em 2001 (SPÍNOLA, 2003), havia nove serrarias. Portanto, no estado já
existe uma aglomeração de empresas em expansão voltadas ao beneficiamento
do mármore Bege Bahia. Atualmente, segundo Biglia (2004), há sete teares de
lâminas diamantadas instalados em Ourolândia. Há quatro anos atrás não havia
nenhum. As empresas estão se reestruturando e expandindo suas capacidades
com recursos próprios.
Vale lembrar que há também uma serraria de mármore Bege Bahia em
Aracaju, a Flama, cuja atividade de mineração encontra-se em Ourolândia. Além
do núcleo de beneficiamento em Jacobina e Ourolândia, existem três serrarias em
Cachoeiro do Itaperimirim – ES; uma, em Feira de Santana; uma, em fase de
implantação no CIA; uma, em Rui Barbosa. Embora a produção de chapas e
ladrilhos se destine principalmente ao mercado interno, as empresas que dispõem
de tecnologia de beneficiamento mais avançada estão começando a exportar, a
exemplo da Bege Bahia Mármores, em Ourolândia, e a Conde Export, em Rui
Barbosa.
Na região do Vale do Salitre, existem 29 lavras de Bege Bahia, das quais
nove estão paralisadas ou desativadas (RIBEIRO et al., 2003). Das 20 em
atividade, nove utilizam fio helicoidal como método de extração, e apenas uma, a
Flama (Foto 6), usa fio diamantado, técnica mais avançada. As demais jazidas
recorrem ao martelo, explosivos, pólvora, compressor e perfuratriz. Segundo
Ribeiro et al.(2002), os cortes contínuos são os mais recomendados na extração
desse tipo de rocha. Todavia, é evidente que o fio helicoidal é a técnica mais
comum nas lavras da região. Mesmo que este tipo de fio proporcione cortes de
superfícies maiores, trata-se de uma técnica ultrapassada nos centros produtores
usuários de tecnologia avançada, onde se dá preferência ao fio diamantado.
FOTO 6
Mineração Flama (Ourolândia/BA). Única lavra a utilizar a técnica de fio diamantado para extração do Bege Bahia
Fonte: Spínola (2003)
6.4.2 Oportunidades de Mercado e Desenvolvimentos Tecnológicos
O consumo do mármore bege nos Estados Unidos, importado sob a forma
de chapas ou ladrilhos, tem sido crescente. Seu maior fornecedor é a Itália com o
travertino italiano, consolidado no mercado. Nos Estados Unidos, o produto
italiano importado é taxado em 5%. Por outro lado, não há incidência de imposto
na importação sobre o produto brasileiro, já que é negociado no Sistema Geral de
Preferência (SGP) norte americano. Além disso, a implantação da Área de Livre
Comércio das Américas (Alca), projetada para 2005, apresenta-se como uma
oportunidade para se ampliar a presença do Mármore Bege Bahia naquele
mercado.
De acordo com dados levantados pelo Promo (2004), através de consulta
ao banco de dados Tradstat (www.tradstat.com ) em 23 de março de 2004, os
Estados Unidos importaram US$ 34,2 milhões em mármore travertino sob a forma
de chapas (NCMs 6802.21.50 e 6802.21.10) no ano de 2003, dos quais 37,45%
foram provenientes da Itália; seguida da Turquia, com 25,29%; e do México, com
14,39%.
O Brasil ocupa a 15a posição como fornecedor deste produto no mercado
norte americano, participando com apenas 0,42%. O baixo índice decorre da
produção brasileira de mármore ter se voltado essencialmente para o mercado
interno, ao contrário do granito, como foi explicado na introdução do corrente
estudo. Ressalta-se que a Turquia conseguiu alcançar elevada posição porque
desenvolveu uma agressiva estratégia de marketing e aperfeiçoamento do
produto.
A capacidade instalada das jazidas de mármore bege em atividade na
região de Jacobina e Ourolândia é estimada em 55.000 m3/ano. A capacidade de
serragem da região foi estimada em 700.000 m2/ano em 2003 por Ribeiro (2004).
Entretanto, com a instalação de novos teares ao longo de 2004, esta deve ser
aumentada significativamente. Considerando que cada m3 de pedra bruta gera
aproximadamente 30m2 de rocha serrada, constata-se que a produção atual de
blocos tem potencial para produzir 1.650.000 m2 de chapas (55.000 m3 X 30
m²/m³). Ao ser transformado em chapas ou ladrilhos, cada m3 de mármore bege
gera uma receita pelo menos quatro vezes e meia superior àquela auferida na
venda do bloco bruto.
Em 2002, as cadeias produtivas de rochas ornamentais, do sisal e do
cacau foram enquadradas pelo Ministério de Ciência e Tecnologia como
prioritárias, dentro do estado da Bahia, no seu programa nacional para a
formação de Arranjos Produtivos Locais (APL), que vem sendo coordenado, em
nível estadual, pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
(Fapesb). O primeiro projeto aprovado para o setor pela Financiadora de Estudos
e Projetos (Finep), o Desenvolvimento Integrado do Mármore Bege Bahia –
DETIMBA (ref. FINEP/FAPESB, projeto n° 2007/02, convênio n° 22.02.0457.00), orçado
em R$ 490,45 mil e com duração de 12 meses, está sendo implantado no ano de
2004. Envolve o Instituto de Geofísica e a Escola Politécnica, entidades da
Universidade Federal da Bahia (Ufba); o Senai; a CBPM; e o Instituto de Pesquisa
Tecnológicas (IPT), vinculado à Universidade de São Paulo (USP). Seu objetivo é
viabilizar a formação de um Arranjo Produtivo Local na região norte do estado da
Bahia, tendo como núcleos os municípios de Jacobina e Ourolândia, através do
aperfeiçoamento das técnicas de extração, serragem, polimento e produção de
ladrilhos; além da capacitação de mão-de-obra nas diferentes etapas de
transformação da cadeia produtiva. As ações visam, em última instância, adequar
seus produtos, sobretudo os de maior valor agregado, chapas e ladrilhos, às
exigências dos mercados interno e externo (SPÍNOLA, 2003).
Apesar de serem ainda pouco significativas, as exportações de semi-
manufaturados de mármores e travertinos vêm apresentando um comportamento
ascendente, conforme Tabela 6. O baixo valor médio das exportações baianas
pode ser atribuído ao tipo de mármore comercializado e à qualidade do seu
polimento ainda insatisfatória para os padrões internacionais. Ressalta-se que o
tipo travertino é menos valorizado que outras categorias de mármore, a exemplo
do Carrara, do Pérola, e mesmo dos seus concorrentes próximos, como o Crema
Marfil espanhol e o Boticcino italiano, que são menos porosos.
TABELA 6 Exportações Brasileiras de Mármore, Travertino etc.
Talhada/serrada superfície plana/lisa (NCM: 6802.21.00)
Estado Valor (US$ FOB) Quantidade (kg) Valor Médio (US$ FOB/kg)
2001 2002 2003 2001 2002 2003 2001 2002 2003 Espírito Santo 439.114 457.907 419.325 399.971 661.189 951.411 1,10 0,69 0,44 Ceará - 47.597 233.920 - 86.588 463.986 - 0,55 0,5 Minas Gerais 23.351 - 39.984 15.585 - 42.000 1,5 - 0,95 Rio de Janeiro 25.375 52.919 29.046 73.603 94.159 79.653 0,34 0,56 0,36 Bahia 654 3.549 13.278 1.200 22.920 36.034 0,55 0,15 0,37 Paraná - 13.345 12.776 - 42.344 46.746 - 0,32 0,27 São Paulo 148.097 81.353 11.857 466.606 40.805 4.481 0,32 1,99 2,65 Rio Gde do Sul 18.838 788 269 41.168 2.873 464 0,46 0,27 0,58 Pernambuco - 3.725 - - 8.053 - - 0,46 - Santa Catarina 2.884 3.375 - 2.980 680 - 0,97 4,96 - Total 658.313 664.558 760.455 1.001.113 959.611 1.624.775 0,66 0,69 0,47
Fonte: MDIC/SECEX//ALICEWEB, dados coletados em 05/02/04 Elaboração: PROMO - Centro Internacional de Negócios da Bahia
O governo do estado da Bahia assinou um protocolo de intenções com o
ISIM, Istituto Internazionale del Marmo, para execução de um plano de trabalho a
ser concluído em 2005 voltado aos melhoramentos tecnológicos do mármore
Bege Bahia, com uma agenda de cursos teóricos e práticos a serem realizados
em Jacobina e Salvador.
Através de exames laboratoriais de amostras de bloco bruto de Bege
Bahia, o ISIM está desenvolvendo técnicas de polimento adequadas para tornar o
produto competitivo no mercado internacional. Os primeiros resultados foram
apresentados aos empresários do setor no Seminário sobre Tecnologias Italianas
para Rochas Ornamentais, em 16 de julho de 2004 em Salvador, Bahia. No médio
prazo, com assessoria do ISIM, projeta-se instalar um centro de resinagem em
Ourolândia para atender às serrarias locais.
Ao lado desta iniciativa, o setor de rochas ornamentais, particularmente o
arranjo situado em Ourolândia, foi apontado como um dos segmentos prioritários
pela Rede de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais do Estado da Bahia
(coordenada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação), dentro de um
conjunto de quase 20 aglomerados produtivos.
6.4.3. Alguns entraves ao desenvolvimento do APL de Mármore Bege Bahia
No aglomerado de empresas de beneficiamento do mármore Bege Bahia,
em Jacobina e Ourolândia, considerado o ponto de partida para a formação de
um APL, segundo Ribeiro (2004), há questões que podem limitar a sua expansão.
Dentre eles estão o abastecimento de água e a gestão dos resíduos.
As atividades de beneficiamento de rochas são intensivas em água e
energia. Cada tear consome 250 mil litros de água por ciclo de 20 dias.
Atualmente cada empresa tem escavado o seu próprio poço artesiano, porém
este processo poderá gerar problemas futuros na gestão da distribuição de água.
O governo do estado deveria considerar a construção de uma central de
abastecimento de água subterrânea para otimizar o aproveitamento e evitar o
desperdício (Ribeiro, 2004).
No ciclo de produção das serrarias formam-se depósitos de carbonato de
cálcio que são jogados ao meio ambiente sem qualquer tipo de controle,
agredindo a natureza entorno. Entretanto, se forem recuperados, os resíduos
podem se tornar subprodutos para serem utilizados como insumo na produção de
tinta, argamassa e cal.
Finalmente, as tecnologias de resinamento e polimento poderiam ser
aperfeiçoadas e otimizadas se contassem com uma estação central para atender
as diferentes serrarias. Trata-se de uma questão relevante a ser considerada pelo
recém lançado Arranjo Produtivo de Rochas pela Rede de Apoio aos APLs
baianos, que deverá contar com recursos do Banco Interamericano de
Desenvolvimento. Os técnicos ISIM têm desenvolvido projetos semelhantes em
outros países.
6.5 Beneficiamento de Granito
No Quadro 4, apresentam-se a capacidade instalada das serrarias de
granito da Bahia, a localização, o número de empregados e seu tipo de
equipamento.
QUADRO 4
Capacidade Instalada e Equipamentos das Serrarias de Granito da Bahia
Localização Empresa
Capacidade Instalada m2////mês
N°°°° de Empre-gados
Equipamentos
Feira de Santana Granita (ladrilhos)* 4.000 29 Sistema importado (italiano) de talha-bloco, com
politirz automática
Teixeira de Freitas
Granífera 14.000 50 5 teares nacionais com politriz automática Granitos Venécia 16.000 29 2 teares italianos com politriz automática (18
cabeças)
Granitos Milano 15.000 23 5 teares nacionais com politriz automática Salvador Peval S/A 24.000 75 5 teares italianos com politriz automática Total 73.000 241 25 teares e 1 sistema de talha-bloco *A Granita tem se dedicado à produção de ladrilhos de mármore Bege Bahia Fonte: Spínola (2003)
Embora a Bahia tenha grandes reservas e tipos variados de granito, a
atividade de beneficiamento não tem se expandido nos últimos anos. O número
de serrarias permanece o mesmo de três anos atrás. Muitas serrarias apresentam
capacidade ociosa e acabam se dedicando à exportação de blocos brutos. Outras
têm se voltado à fabricação de ladrilhos de mármore Bege Bahia. Algumas
empresas alegam que, no mercado internacional, as exportações de blocos são
pagas à vista ou com carta de crédito, enquanto as de chapas, são pagas
preferencialmente com saque bancário, o que é mais arriscado. Algumas
empresas alegam que não conseguem competir com o Espírito Santo, onde
existe uma série de externalidades já mencionadas.
Atualmente, o município de Teixeira de Freitas concentra mais da metade
da capacidade de serragem de granito da Bahia. Ao se considerarem os teares
efetivamente em operação, verifica-se que pelo menos 60% da produção de
chapas graníticas do estado são provenientes de Teixeira de Freitas (Quadro 4).
Esse dado pode ser atribuído à proximidade do Espírito Santo, uma vez que o
município localiza-se a 180 km de Nova Venécia (ES), núcleo produtor de granito.
Observa-se que as empresas de Teixeira de Freitas possuem estreitas relações
comerciais com fornecedores capixabas e são usuárias da logística daquele
estado.
6.6. A inserção da Bahia no mercado externo
As exportações de rochas do estado da Bahia têm se caracterizado pela
elevada concentração em blocos não manufaturados. Através da Figura 9 e da
Tabela 4, verifica-se que a Bahia é o segundo maior exportador de blocos, depois
do Espírito Santo. No primeiro semestre de 2004, contudo, apesar de não ter
perdido esta posição, sua participação nas exportações brasileiras de blocos
decresceram para um percentual de apenas 7,62%, enquanto nos anos anteriores
este indicador ficava entorno de 13 e 14%. Alguns fatores vêm contribuindo para
esta retração. Primeiramente, devido à baixa freqüência de navios de carga geral
no porto de Salvador, o custo de logística tem se elevado. Algumas empresas
exportam seus produtos pelo porto de Vitória ou por outros portos, o que além de
encarecer o produto, compromete o cumprimento de prazos com clientes.
Segundo, a conjuntura internacional vem se mostrando mais favorável aos
produtos semi-manufaturados, pois a intensificação do processo de
industrialização da China tem acelerado suas importações de rochas
processadas, em detrimento do material bruto (Chiodi, 2004).
FIGURA 8
Exportações de Granito em Bloco (NCM) em US$ FOB milhões (2000–2004)
0,00
20,00
40,00
60,00
SP %
PR %
ES %
RJ %
BA %
SP % 1,17 0,85 1,74 1,36 5,17
PR % 0,08 0,30 0,13 0,08 0,06
ES % 47,59 53,45 51,25 47,54 47,83
RJ % 1,22 1,16 0,76 1,02 1,01
BA % 13,29 13,25 13,37 14,05 7,62
2000 2001 2002 2003 2004*
Fonte: Dados do Promo Centro Internacional de Negócios da Bahia, com base no Sistema Alice Web, Secex. Elaboração UEP/Desenbahia
FIGURA 9
Exportações de Blocos de Granito Serrado (NCM ) em US$ FOB (2000-2004)
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000 1999
2000
2001
2002
2003
2004*
1999 5.911 6.073 39.584 9.803 15.326 2.312 81.795
2000 8.028 8.026 61.062 6.672 19.960 2.279 110.885
2001 7.518 8.938 68.962 5.771 19.523 1.859 120.566
2002 8.290 8.838 109.850 5.839 26.902 1.421 168.573
2003 12.495 11.275 221.000 31.000 31.766 923 232.640
SP PR ES SC RJ BA Brasil
Fonte: Dados do Promo Centro Internacional de Negócios da Bahia, com base no Sistema Alice Web, Secex.
Elaboração UEP/Desenbahia
No que se refere às exportações de granito serrado, a participação da
Bahia tem sido decrescente. Os produtores não conseguem economias de escala,
internas ou externas, para competir com as empresas do Espírito Santo. Por outro
lado, os produtos nobres da Bahia são geralmente beneficiados fora do estado,
principalmente no Rio de Janeiro e Espírito Santo (Tabela 5 e Figura 9). A Bahia
participa com menos de 0,5 % nas exportações dos produtos enquadrados na
NCM 6802.32.01, carro chefe das vendas externas de rochas ornamentais. Vale
ressaltar que este percentual chegou a atingir 11% em 1996, conforme dados
expostos na Tabela 5.
TABELA 7 Exportações de Rochas Ornamentais do Estado da Bahia – US$ FOB 2002 2003 Variação Partic.
% % Rochas Silicáticas em Bruto (RSB) (1)
25062100 Quartzitos em bruto ou desbastados 1.009.491 1.118.325 10,78 5,50 25062900 Outras formas de Quartzitos 159.339 229.823 44,24 1,13 25161100 Granito em bruto ou desbastado 10.466.587 8.506.934 -18,72 41,87 25161200 Granito cortado em blocos ou placas 2.450.921 7.766.472 216,88 38,22 Subtotal 14.086.338 17.621.554 25,10 86,72 Rochas Carbonáticas em Bruto (RCB) (2)
25151210 Mármore Cortados em blocos ou placas 0 16.640 68029100 Mármores, travertinos, etc. 27.985 52.930 89,14 0,26 Subtotal 27.985 69.570 148,60 0,34 Rochas Processadas (RP) (3)
68010000 Pedra para calcetar meio-fio e placa p/ paviment.
0 82.260 0,40
68021000 Ladrilhos de pedra natural/serrada superficial.
1.925 5.889 205,92 0,03
68022100 Mármore, Travertino, etc talha/serr. sup. plana/lisa
3.549 13.278 274,13 0,07
68022200 Outras pedras calcárias talhadas 0 1.623 0,01 68022300 Granito talhado ou serrado, de superf. plana /
lisa 1.420.839 923.137 -35,03 4,54
68029200 Pedras calcárias trabalhadas de out.modo e obras
0 10.327 0,05
68029390 Granitos trabalhados 2.020.957 900.592 -55,44 4,43 68029990 Pedras de cantaria, trabalhadas 249.491 654.619 162,38 3,22 68030000 Ardósia Natural trabalhada 1.590 36.946 2223,65 0,18 Subtotal
3.698.351 2.628.671 -28,92 12,94
Total exportado de rochas ornamentais 17.812.674 20.319.795 14,07 100,00
Fonte: MDIC/SECEX, dados coletados em 28/01/04 Elaboração: Promo Centro Internacional de Negócios da Bahia (1)Rochas Silicáticas Brutas - RCB incluem granitos e quartzitos em blocos (2) Rochas Carbonáticas - RB incluem os mármores e travertinos em blocos (3) Rochas Processadas são rochas beneficiadas, predominantemente chapas e ladrilhos
A Tabela 7, exposta anteriormente, permite se observarem as exportações
baianas de rochas ornamentais por diferentes categorias de produtos em 2002 e
2003. A maior parte das exportações se concentra no granito, sobretudo em
estado bruto. Conforme mencionado, a produção brasileira de mármore, incluindo
a baiana, sempre se voltou ao mercado interno. As iniciativas para melhoramento
tecnológico do parque produtor do mármore Bege podem mudar este quadro a
médio prazo. Os valores expostos acima, embora ainda baixos em termos
absolutos, apresentam indícios de que os produtos do mármore começam a
aparecer nas estatísticas de comércio exterior.
O Brasil já está começando a exportar este material em chapas e ladrilhos.
Segundo informações coletadas diretamente com Chiodi (2004b), no primeiro
semestre de 2004, o Brasil comercializou US$ 870 mil do código 6802.10.00 no
mercado externo, em que se inserem os ladrilhos de mármore Bege. A Bahia
exportou apenas US$ 26,16 mil, enquanto o Espírito Santo, US$ 701 mil.
Segundo Chiodi (2004 a), dentre as melhores oportunidades para a
indústria baiana destaca-se o mármore Bege Bahia, em ladrilhos e chapas, com
foco nos mercados interno e externo.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O comércio de rochas ornamentais está estreitamente vinculado à indústria
da construção civil. O setor movimenta aproximadamente US$ 50 bilhões,
considerando os mercados internos dos países produtores e consumidores e as
transações com máquinas e equipamentos. Nos últimos 15 anos, foram
registradas taxas médias anuais entre 7% e 8% para o crescimento da produção,
exportação e consumo (MONTANI, 2000,2003 apud Mello, 2004). Portanto,
apesar de se tratar de uma indústria tradicional, em termos mundiais, suas taxas
de crescimento não são desprezíveis. Seus principais concorrentes são os
revestimentos cerâmicos cuja utilização tem crescido a taxas superiores às
pedras naturais, conforme mencionado. Entretanto, os mármores, granitos e
outros tipos de rochas ornamentais são considerados clássicos e estão menos
sujeitos a modismo. As projeções da Abirochas (Peiter et al, 2001) indicam a
manutenção da tendência de crescimento no mercado internacional de rochas e
das perspectivas de aumento da participação brasileira neste mercado.
Embora a Itália seja o núcleo difusor de inovação tecnológica como maior
produtor e exportador de máquinas, a partir de 2002, a China se tornou o maior
importador de produtos brutos e maior exportador mundial de semi-
manufaturados. O Brasil ocupa atualmente o quarto lugar como exportador de
material bruto. Segundo Chiodi (2003), a posição brasileira como exportador de
rochas processadas evoluiu sensivelmente nos últimos anos. O país saltou da
12a posição do ranking dos maiores exportadores de rochas semimanufaturadas,
em 1999, para 8a em 2001. Estima-se que tenha se tornado o sexto maior
exportador de rochas processadas em 2003 (CHIODI, 2003).
Em 2003, o Brasil foi o segundo maior fornecedor de granito semi-
manufaturado nos Estados Unidos, que absorvem cerca de 90% do valor das
exportações brasileiras dessa categoria de produto. Pode-se levantar a hipótese,
ao analisar a Tabela 1, que esta conquista tem sido via preço, já que o valor CIF
médio pago por unidade de produto proveniente do Brasil é cerca de 30% abaixo
do valor da Itália e da Índia, e 8% abaixo do valor CIF importado da China.
Foi demonstrado que, entre 1992 e 2002, o consumo interno de rochas
brutas cresceu a uma taxa de 8,45% ao ano, e de bens manufaturados, 7,87%. O
comportamento deste mercado depende do desempenho da construção civil.
As exportações brasileiras de granito semi-manufaturado na última década
cresceram à elevada taxa média de 30% ao ano, lideradas pelo Espírito Santo,
cuja participação atual é de quase 50%. No ano de 2004, o índice de crescimento
dessas exportações tem se mostrado inferior ao esperado, embora continue
positivo. As vendas externas foram afetadas por problemas de logística. Segundo
Chiodi (2004 a), o aumento dos fretes marítimos internacionais, estimado em 50%
no primeiro semestre, reduziu a competitividade das rochas brasileiras, sobretudo
das chapas de granito transportadas em contêineres. O aumento da demanda de
contêineres pela China contribuiu para a elevação de custo de transporte. Chiodi
(ibid, 2004) ressalta que a Índia e a China, os maiores concorrentes do Brasil no
mercado norte americano, não estão enfrentando as dificuldades brasileiras com
transporte.
Constatou-se uma sensível redução das exportações de blocos brutos no
primeiro semestre de 2004 em relação a 2003. Este fato pode ser atribuído: 1) à
baixa freqüência de navios de carga geral, transportadores de blocos; 2) às
dificuldades físicas do porto de Vitória para movimentação de navios de grande
porte, pelas dimensões limitadas de seu canal de navegação e de sua
profundidade, que suporta embarcações com no máximo 10,5 m de calado; 3) à
preferência da China por importações de rochas já semi-manufaturadas, motivada
pelo acelerado ritmo da sua construção civil (Chiodi, 2004). A redução da
demanda por blocos brutos pelo seu maior importador, inevitavelmente, teve forte
impacto no mercado.
Foram apontados os principais fatores determinantes para a liderança do
estado do Espírito Santo nesse setor, e particularmente do município de
Cachoeiro do Itapemirim, núcleo de um arranjo produtivo – APL - de rochas
ornamentais. O melhor desempenho do Espírito Santo e do Rio de Janeiro com
exportação de rochas graníticas processadas, bem como de Minas Gerais com
ardósias e quartzitos foliados, está lastreado na existência de parques industriais
de beneficiamento e em uma base de competitividade firmada para produtos
acabados/semi-acabados no mercado interno.
O estado da Bahia detém 10% da produção nacional, sendo o terceiro
produtor brasileiro de rochas, depois do Espírito Santo e Minas Gerais. Como a
indústria baiana se caracteriza pela produção e fornecimento de blocos não
manufaturados para os mercados internos e externos, suas exportações, no
primeiro semestre de 2004 tiveram redução superior a 40% em relação a 2003,
atribuída a fatores já mencionados, determinantes para a queda das exportações
do material bruto.
Em linhas gerais, as vantagens da indústria na Bahia são: 1) ocorrência de
reservas naturais em quase todo semi-árido baiano, em áreas pouco propícias à
agricultura, onde a mineração é uma alternativa; 2) ampla variedade de tipos de
rochas, excepcionais, exóticos e comuns; 3) boas condições portuárias naturais
da Baía de Todos os Santos, com terminais para calado de até 12,4m, superior,
portanto ao do porto de Vitória, cujo calado atinge no máximo 10,5 m; 4)
existência de distritos industriais organizados com acesso direto ao porto, a
exemplo do Centro Industrial de Aratu e Feira de Santana, além do Distrito de
Teixeira de Freitas, próximo ao Espírito Santo; 5) atuação consistente da
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM no que se refere à pesquisa
mineral e promoção comercial, pois, juntamente com o Promo Centro
Internacional de Negócios da Bahia, tem propiciado a participação de empresas
nas principais feiras temáticas nacionais e internacionais, em estande coletivo do
Estado da Bahia; 6) existência de um aglomerado de serrarias voltadas ao
beneficiamento primário do mármore Bege Bahia, estabelecidas
espontaneamente, configuradas como um potencial APL na região norte do
estado.
A expansão das empresas de beneficiamento de mármore Bege Bahia,
aliada ao esforço destas na substituição e modernização de seus equipamentos,
com recursos próprios (Ribeiro, 2004) mostra que há oportunidades de mercado
para o produto se houver planejamento, em nível micro e meso-econômico. Essa
expansão tem sido também apoiada por iniciativas institucionais voltadas ao
aperfeiçoamento das técnicas de beneficiamento, a exemplo do projeto DETIMBA
(Desenvolvimento Integrado do Mármore Bege Bahia), coordenado pela Fapesb
com apoio da FINEP, e da parceria firmada pelo governo do estado, através do
PROMO e da CBPM, com o Istituto Italiano Del Marmo ISIM, para a melhoria das
tecnologias de serragem, polimento e comercialização.
Vale ressaltar que a Polita, serraria estabelecida em Cachoeiro do
Itapemirim, acaba de lançar com exclusividade, o Mármore Bege Bahia
cristalizado, caracterizado por apresentar mais brilho, maior resistência e
impermeabilidade, com foco nos mercados interno e externo. Quando lustrado,
destaca-se pelo aspecto sofisticado e acolhedor, podendo ser usado como pisos
de salas, quartos, hall, escadas internas, lavabos e aparador. O material pode
também receber um tratamento de impermeabilização e manter o aspecto rústico,
tornando-se interessante em projetos de áreas externas como bordas de piscinas,
cascatas e passarelas em jardins. Além disso, é utilizado na fabricação de
móveis, objetos decorativos e uma infinidade de situações que dependerá da
criatividade do profissional.
Para garantir o crescimento sustentado do potencial APL do Mármore Bege
Bahia da região norte, deve-se considerar um melhor planejamento do
abastecimento de água, do tratamento de resíduos, bem como a implantação de
uma planta coletiva de beneficiamento, focada em desenvolvimentos
tecnológicos. Caso contrário, o aglomerado tenderá a se constituir de empresas
mono produtoras, competindo via preço. Estarão ameaçadas por concorrentes
inovadores, a exemplo da Polita
A desvantagem mais premente da indústria baiana refere-se ao fato de
estar concentrada na produção de blocos. Além das vulnerabilidades inerentes a
um mercado de matérias primas, há dificuldades no escoamento da produção
para os mercados interno e externo, devido à baixa freqüência de navios de carga
geral e ao encarecimento do frete rodoviário, agravado pelas más condições das
estradas. Por outro lado, as empresas a jusante da cadeia produtiva, voltadas ao
beneficiamento do granito, apresentam pouco dinamismo e baixa competitividade,
pois não conseguem concorrer com os produtores capixabas.
Segundo Sampaio (2004), presidente do SIMAGRAN/BA (Sindicato da
Indústria de Mármores e Granitos da Bahia), a penetração do granito semi-
manufaturado no mercado dos Estados Unidos foi calcada num trabalho de
marketing das rochas do Espírito Santo, os granitos verdes e amarelos,
considerados comuns. Daí seu principal atributo competitivo ser a vantagem
absoluta de custo que resulta no baixo preço de venda. Já os granitos baianos,
embora considerados mais nobres e resistentes, têm custo de serragem elevado
por serem muito rígidos. Sampaio (2004) sugere que se faça um agressivo
trabalho de marketing no mercado norte americano, com foco na diferenciação do
granito baiano.
Considerando-se as ameaças e oportunidades de mercado, recomenda-se
prioridade aos empreendimentos voltados à produção de manufaturados e semi-
manufaturados, ou seja as marmorarias e serrarias. Em se tratando do mármore
Bege Bahia, aparentemente há boas possibilidades de sucesso para as empresas
já existentes que estão se reestruturando.
REFERÊNCIAS
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_____. Balanço das exportações brasileiras de rochas ornamentais e de revestimento no primeiro semestre de 2004. Pedras do Brasil Pedras do Brasil. Rede de Opinião de Comunicação e Editora Ltda. Vitória, Espírito Santo:. Nr. 29 – Ano III – Agosto de 2004, p.50-61. 2004 a
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COMÉRCIO EXTERIOR INFORME BB. Consórcios de exportação. Brasília, n. 36, ago. 2001. 19 p.
___. Rochas ornamentais: desvendando o caminho das pedras. Brasília, n. 23, ago. 2000. 29 p.
A FORÇA do granito no Espírito Santo. Mármores & Granitos, São Paulo, p. 24-28. set. 2001.
FORNAZIER, Alessandra. Bruno Zanet inaugura indústria de beneficiamento. Revista Pedras do Brasil Pedras do Brasil. Rede de Opinião de Comunicação e Editora Ltda. Vitória, Espírito Santo:. Nr. 28 – Ano III – Julho de 2004, p.36
MELLO, Ivan Sergio de Cavalcanti. Indicadores do Mercado Nacional e Internacional de Rochas Ornamentais e para Revestimento. A Cadeia produtiva de rochas ornamentais e para revestimento no Estado de São Paulo: diretrizes e ações para inovação e competitividade. MELLO, Ivan Sergio de Cavalcanti (organizador). São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 2004, p.1-26.
MONTANI, C. Stone 2000 – World Marketing Handbook. Faenza (ITA): Gruppo Editoriale Faenza Editrice, 2000, 213 p.
__ Stone 2003 – World Marketing Handbook. Faenza (ITA): Gruppo Editoriale Faenza Editrice, 2003.
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NERY, Miguel Antonio Cedraz; SILVA, Emanoel Apolinário da. Balanço mineral de rochas ornamentais 1988-2000. [S.l.], 2001. Mimeografado.
____
PEITER, C.C. et al. Rochas Ornamentais no século XXI: bases de desenvolvimento sustentado das exportações brasileiras. Rio de Janeiro: Cetem/Abirochas. 150p, 2001.
PEQUENOS exportam mais. Pedras do Brasil Pedras do Brasil. Rede de Opinião de Comunicação e Editora Ltda. Vitória, Espírito Santo:. Nr. 29 – Ano III – Agosto de 2004.
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SAMPAIO, Reinaldo. Dantas. Presidente do Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos da Bahia – SIMAGRAN-BA.. Consulta direta em março de 2004.
SPÍNOLA, Vera. Potencial Exportador e Política Pública para uma Evolução Virtuosa: a Indústria de Rochas Ornamentais da Bahia. Dissertação. (Mestrado em Economia). Universidade Federal da Bahia – UFBA, Salvador, 2002, 179 p.
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____. Caracterização do Arranjo Produtivo Local de Rochas Ornamentais. Trabalho apresentado ao MCT para caracterização da indústria de rochas ornamentais como arranjo produtivo. Salvador: Fapesb, 2002.
___. FERREIRA JÚNIOR, H. M. Desafios para a Constituição de um Arranjo Produtivo Local: o caso da indústria de rochas ornamentais na Bahia. In: Anais do Forum do Banco do Nordeste de Desenvolvimento VII Encontro Regional de Economia. Fortaleza, 2002 (www.banconordeste.gov.br)
___. FERREIRA JÚNIOR, H. M. Rochas Ornamentais em Arranjo Produtivo: o desenvolvimento integrado do Mármore Bege Bahia. Revista Nexos Econômicos. Curso de Mestrado em Economia da Universidade Federal da Bahia – UFBA. Vol.3, n° 5, janeiro de 2004, p. 51-67.
VILLASCHI FILHO, Arlindo; PINTO, Míriam de Magdala. Arranjos produtivos e inovação localizada: o caso do segmento de rochas ornamentais no noroeste do Estado do Rio de Janeiro: nota técnica 16. Rio de Janeiro, 2000. (Estudos Empíricos). Mimeografado. SECEX
___. SABADINI, Maurício de Souza. Arranjo produtivo local de rochas ornamentais: (mármore e granito)/ES: nota técnica 13. Rio de Janeiro, 2000. (Estudos Empíricos). Mimeografado.
SCATOLIN, Fábio Dória et al. A formação de arranjos produtivos e a dinâmica do comércio internacional. Curitiba, 2002. Mimeografado.
ANEXO
Principais empresas de rochas ornamentais da Bahia – mineradoras e serrarias • Covemar – Com. Vendas Mármore
Estrada da Barragem, Km 68
CEP: 44706-000
Ourolândia, Bahia
Telefone: (74) 681-2183
• Marbege – Mármores e Granitos Ltda
Rua Sete de Setembro, 37 – Centro
CEP: 44706-000
Ourolândia, Bahia
Telefax: (74) 681-2118
• GMB – Granitos e mármores da Bahia
Rua Almerindo Pereira 64 – Alto da Colina Potiraguá
Bahia
Cep45790-000
Telefax:73285-2298
e-mail: gmb@hnnet.com.br
• Brasrochas – Brasil Rochas Ornamentais Ltda.
Br 324 Km 137 – Rua Bege Bahia, 137 Centro Industrial
do Subaé – Feira de Santana Bahia, Cep44052-510
Telefax:75 614-4322
e-mail: brasrochas@yahoo.com.br
• RRC Mármores e Granitos
Fazenda Pedra da Arara, s/n
CEP: 44718-000
Ourolândia, Bahia
Telefax: (74) 681-2211/6643
� AMEC Mineração de Mármore Ltda
Fazenda Rancho Alegre - Alazão
CEP: 44718-000
Ourolândia, Bahia
Telefones: (74) 621-3514/1859, 9961-1085 e-mail:
almeida.menezes@bol.com.br
• Flama – Fábrica de Laminados de Mármore S.A.
Estrada Engenho Velho
CEP: 44718-000
Ourolândia, Bahia
Telefone: (74) 9961-1479
• Travertino Mineração Ltda
Fazenda Cais – Estrada Ourolândia / Casa Nova
CEP: 44718-000
Ourolândia, Bahia
Telefone: (74) 681-2163
• Nordeste Agromineral Ltda
Centro Industrial do Mármore, s/n
CEP: 44718-000
Ourolândia, Bahia
Telefax: (74) 681-2205/4257
• Mármore Brasil – Maria Auxiliadora Lima Ribeiro
Estrada de Ourolândia/ Lajes, Km 29
CEP: 44718 - 000
Ourolândia – Bahia
• Mármore e Granito Jacobina Ltda
Estrada Jacobina Pau Ferro, Km 3 – Catuaba
CEP: 44718 – 000
Ourolândia – Bahia
Telefones: (74) 621-0333/1931/ 9962-7310
• Rochamármores Ltda
Rodovia Miguel Calmon, Km 1 – Catuaba
CEP: 44700 – 000
Jacobina – Bahia
Telefones: (74) 621-3576/7622 / 9961-1988
• Serramar – Raul Campos Dell’orto
Avenida Raimundo Gordiano Cedraz, 1542 – Aeroporto
CEP: 44700 – 000
Jacobina – Bahia
Telefone: (74) 612-5655
• Julialy Mármores e Granitos Ltda
Avenida Centenário, 1490 – Jacobina II
CEP: 44700 – 000
Jacobina – Bahia
Telefone: (74) 621-3448
• Marmoraria Jacobinense
Rua do Rosário, 40
CEP: 44700 – 000
Jacobina – Bahia
Telefones: (74) 621 – 3426 / 3716
• Pietrine – Brasil Rochas Ornamentais Ltda
Rua Bege Bahia, 137 – Centro Industrial Subaé
Feira de Santana – Bahia
CEP: 44062 – 510
Telefax: (75) 614-4322
e-mail: brasrochas@yahoo.com.br
• Granifera
Br 01, Km 884 – Pólo industrial
Caixa postal 087
CEP 45995-970
Teixeira de Freitas - Bahia
Telefax: (73) 665-1011
E-mail: granifera.ba@granifera.com.br
• Granita – Brazilian Granites & Italian Tecnology Ltda
Rodovia Br-324, Km 526, Núcleo CIS
Quadra B, lote 2 – Caixa Postal 1546
Feira de Santana – Bahia
CEP: 44051 – 970
Telefax: (75) 625-6868
• Granitos Venécia
Br 101 Km 884, 2 – Pólo industrial
Caixa postal 106
CEP 45995-000
Teixeira de Freitas – Bahia
Telefax(73) 665-1012
E-mail: granitosvenecia@uol.com.br
• Condexport – Marmore & Granito
Rodovia Otto Alencar, Km 0
Rui Barbosa – Bahia
CEP: 46800 – 000
Telefax: (75) 252-2002
e-mail: pepitos@bluewin.ch
• Ouromármore Jacobina Ltda
Lagoa do Peixe
CEP: 44700 – 000
Jacobina – Bahia
Telefones: (74) 621-7481 / 9964-0391
• Mármore da Bahia S.A.
Fazenda Mocambo, s/n
CEP: 44718 - 000
Ourolândia – Bahia
Telefone: (74) 681-2163/ (71) 243-0499
• Cava 1 Mineração Ltda
Fazenda Cais – Estrada Ourolândia/ Casa Nova
CEP: 44718 – 000
Ourolândia – Bahia
Telefone: (74) 681-2118/2468/
(71) 9131-6055
• Mineração Ourolândia Ltda
Rodovia BR 324, Km 67 – Barragem
Ourolândia – Bahia
CEP: 44718 – 000
Tel: (74) 681-2302/2303/2269
• Itanorte – mármores e granitos Ltda.
Distrito industrial de São Francisco, Qd. 1, lote 9
Juazeiro – Bahia
Cep48900-000
Telefone: 74613-202
Fax: 74612-5060
• Peval S/A
Rua Terra Nova s/n – BR-324, Km 14
Valéria
CEP: 41300-570
Salvador-Bahia
Telefone: (71)2107-7300
e-mail: peval@peval.com.br
• Braston – Brazilian Stones Ltda
Avenida Tancredo Neves, 1222 sala 203
Pituba
Salvador-Bahia
Telefone: (71)272-6229
E-mai: braston@brastonbr.com.br CEP:41820-020
• Granitos Milano Ltda.
Via 8 Qd E – Lote 53 – Br 101, Km 884 - - Pólo Industrial
CEP 45995-000
Teixeira de Freitas – Bahia
Telefone: (73) 665-1105/1104
Email: granitosmilano@uol.com.br
� Bege Representações e Comércio
Rua São Jorge, 320 – Bananeiras
Jacobina – Bahia
CEP: 44700 – 000
Telefax: (74) 621-3286
E-mail: begebahia@newnet.com.br
• Mineração Corcovado Ltda.
Rua Jâo dos Santos Neves, 218 – Centro
Espirito Santo
Cep: 29176-260
Telefone:273251-1421
e-mail:corcovado@mineracao-corcovado.com.br
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