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III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014 459
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Ações de Sensibilização Ambiental em uma Escola Pública Estadual de Guaçuí, Espírito Santo.
D. B. S. Gomes1, M. V. Costa Filho1, A. A. Amaral2, K. M. P. Abreu3 & SheilaMendonça da Silva 4
1Licenciandos em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) - Campus de Alegre 2Professor Doutor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, (Ifes) Campus de Alegre 3Professora Doutora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, (Ifes) Campus de Alegre 4Professora da Escola Estadual de Ensino Médio “E.E.E.M. Monsenhor Miguel de Sanctis” *Autor para correspondência:diegobruno87@hotmail.com
Introdução
Sustentabilidade ambiental é um tema muito importante e primordial na conservação do
meio ambiente e dos recursos naturais (Mentgeset al., 2013). De acordo com as mesmas
autoras devido ao aumento da degradação ambiental e da poluição surge a necessidade da
implantação de atividades sustentáveis. Atualmente a quantidade de resíduos vem
crescendo e a composição do mesmo se modificou graças aos avanços tecnológicos
(Assunção & Firmino 2007). Segundo Soares et al. (2007), os resíduos sólidos são um dos
maiores problemas ambientais da atualidade.
Nas últimas décadas o crescimento econômico realizado de qualquer maneira é
responsável pela degradação acentuada da natureza (Camargo &Borsatto, 2010).
A Educação Ambiental (EA) é uma ferramenta importantíssima que pode ser utilizada com
a finalidade de gerar sensibilizaçãonos cidadãos em relação às temáticas relacionadas ao
ambiente. Segundo Medeiros et al., (2011), através da EA o educando passa a adquirir
conhecimentos voltados para a área ambiental, no qual será capaz de desenvolver um olhar
crítico sobre os problemas ambientais de maneira que possa ser um transformador voltado
para a conservação ecológica. Contudo, as atividades de EA é um método que coloca o
educando em uma atribuição central atuando como componente fundamental no processo
de ensino e aprendizagem, sendo capaz de agir de forma investigativa nas problemáticas
ambientais e propor soluções (Neto, 2013).
O presente estudo objetivousensibilizar e desenvolver o senso crítico dos educandos
perante aos problemas ambientais causados pela ação antrópica especificadamente a
poluição causada pelo descarte de resíduos sólidos de maneira indiscriminada. A pesquisa
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constou em uma palestra com o tema sustentabilidade e solenidade de inauguração do
viveiro de mudas e orquidário em que os discentes realizaram projetos sustentáveis e
colocaram os mesmos em prática no dia da inauguração.
Material e Métodos
O trabalho foi executado no âmbito das atividades do Programa Institucional de Bolsade
Iniciação à Docência (PIBID) vinculada ao Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) -
Campus de Alegre, com a escola Estadual de Ensino Médio parceira “E.E.E.M. Monsenhor
Miguel de Sanctis” localizada no município de Guaçuí no sul do estado do Espírito Santo.
A pesquisa ocorreu em novembro de 2013 e contou com a participação de quatro turmas de
terceiros anos, totalizando aproximadamente 120 estudantes.
A primeira etapa envolveu a divulgação das atividades que iriam ocorrer na escola, ou seja,
elaboração de projetos com a reutilização de materiais considerados lixo, uma palestra
sobre sustentabilidade, solenidade de inauguração do viveiro de mudas e orquidário e a
realização prática dos projetos. Inicialmente os integrantes do PIBID pediram aos
estudantes que elaborassem os projetos a fim de ornamentar o viveiro de mudas no dia da
solenidade, tendo em vista que o mesmo já possuía mudas provenientes de atividades
realizadas anteriormente e o que faltava era apenas a ornamentação.
No segundo momento após uma semana, os educandos entregaram os projetos elaborados
em uma folha A4. Nos projetos continha os materiais que seriam utilizados, a quantidade
que seria gasto e o espaço que seria utilizado.
A terceira etapa ocorreu dias após a entrega dos projetos, houve uma palestra que abordou
alguns problemas ocasionados pela ação antrópica como a poluição do ar pela emissão de
gás carbônico, poluição causada pelo lixo, degradação causada pelo desmatamento e foram
abordadas formas sustentáveis que podem amenizar tais problemáticas. A palestra foi
ministrada pelo Educador do Pólo de Educação Ambiental da Mata Atlântica (PEAMA) do
Ifes que foi convidado para participar do evento.
A quarta etapa constou em uma solenidade na qual foi homenageado o ex-professor Gilvôn
Mapeli,da escola Monsenhor Miguel de Sanctis, falecido em meados do ano de 2004. O
professor homenageado cultivava orquídeas e foi esse o nome estabelecido para o viveiro
de mudas e orquidário.
A quinta etapa os educandos colocaram em prática os projetos que foram elaborados no
primeiro momento e posteriormente apresentaram os projetos para os visitantes e
educandos que não conheciam tais iniciativas. Houve explicações de como foi realizado os
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projetos e qual importância dessas ações como instrumento capaz de gerar sensibilização e
auxiliar na preservação do meio.
Como forma de avaliação dos resultados obtidos foi utilizada a metodologia
fenomenológica, no qual os dados foram coletados através de observação direta,
registrados simultaneamente e analisados qualitativamente. Esse método utiliza a
observação busca a compreensão particular daquilo que é estudado, visa atentar para o
específico, peculiar no individual, almejando sempre a compreensão (Martins& Bicudo,
1989).
Outra avaliação utilizada foi o relato de dez alunos (as) que compunham dois grupos
referentes aos projetos sustentáveis, os mesmos relataram de maneira descritiva o que a
atividade lhes proporcionou.
Resultados e Discussão
A palestra (Figura 1) proporcionou aos educandos maior atenção e participação e foi capaz
de gerar muita interação entre os mesmos e os educadores, no qual os assuntos propostos
sobre os problemas ambientais e formas sustentáveis foram problematizados surtindo
argumentos satisfatórios. Os estudantes participaram da palestra como ouvintes, mas
alguns realizaram questionamentos como descrito a seguir “é possível sermos sustentáveis
nas questões que envolvem o descarte de lixo?” e ainda alguns expuseram opiniões como a
seguinte, “temos que fazer nossa parte, mas é muito raro alguém que pense no futuro de
outras gerações”.Tais resultados corroboram com o trabalho de Bleichet al.(2008), em que
os participantes da palestra sobre a conservação e reabilitação de um curso d’ água
participaram interagindo com os educadores. A mesma autora salienta que para trabalhar a
sensibilização da sociedade é necessário mostrar a realidade local, ou seja, evidenciar
aquele problema que ocorre no cotidiano, pois dessa maneira cada indivíduo poderá ser
impactado possibilitando-os maior percepção das ações antrópicas que prejudicam o meio
ambiente.
Sobre os relatos elaborados pelos alunos,relacionados às atividades de sensibilização
ambiental desenvolvidas e os resultados que as mesmas proporcionaram aos
estudantes,segue o relato do primeiro grupo: “utilizamos garrafas pets para ornamentação e
plantio, dessa forma estamos evitando jogar no lixo um recurso que pode ser utilizado para
várias formas de decoração incluindo os jardins de nossa casa, escola e até mesmo das
praças de nossos bairros”.
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Figura 1. Palestra sobre sustentabilidade
O segundo grupo fez o seguinte relato: “A pergunta é, podemos agir com preservação e
sustentabilidade em nossas vidas, em nossas casas? Sim, a resposta é simples e objetiva,
pois nós somos a principal arma contra o aquecimento global, creio que foi pensando nesse
tema que o projeto do viveiro de mudas e orquidário foi criado na escola, pois aprendemos
a agir corretamente plantando de maneira sustentável utilizando recipientes reutilizáveis”.
O primeiro relato deixou nítido que houve o entendimento das dinâmicas realizadas nas
atividades educacionais, pois a reutilização de materiais recicláveis evita o consumo de
recursos naturais e a acentuada produção de lixo que são destinados na maioria das vezes
de forma inadequada.Os lixões a céu aberto são modelos inadequados de disposição final,
pois o lixo não é tratado e a deposição ocorre sem nenhum controle. Desse modo o
amontoado de lixo gera vários problemas para a sociedade como o surgimento de vetores
que causam doenças,mau cheiro, contaminação do solo e cursos d’ águas ocasionados pelo
chorume (Lima & Silva et al., 1999). Segundo Arantes e Fehr (2012), olixo gerado pela
sociedade tem que ser coletado e tratado para que haja disposição final adequada. Mesmo
que o lixo seja acondicionado de maneira correta os educandos perceberam que tem que
haver redução, pois os aterros sanitários são alternativas utilizadas com a finalidade de
amenizar os impactos ambientais e não são capazes de resolver o problema.
O segundo relato evidenciou o efeito estufa que pode ser causado por atitudes incorretas
praticadas pelo ser humano. Foi mencionado ainda que cada indivíduo deva agir
conscientemente em relação às questões ambientais e que a ação de plantio em recipientes
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reutilizáveis realizada na escola foi capaz de ensiná-los práticas ecologicamente corretas.
Segundo Mousinho (2003) iniciativas que envolvem a Educação Ambiental chama a
atenção para a preocupação individual e coletiva das problemáticas ambientais e ajuda a
progredir a consciência crítica dos cidadãos em relação às questões ambientais.
Os projetos executados pelos educandos foram bem realizados e todas as ideias utilizadas
envolveu a reutilização de materiais considerados lixo. Foi construído um porta revista
(Figura 2) com garrafas pets, composteiras com garrafas de vinte litros de água mineral e
vários suportes de garrafas pets para acondicionar plantas.
Figura 2. Porta revista confeccionado pelos educandos
Conclusão
As ações de sensibilização ambiental promovidas na escola foi um instrumento capaz de
despertar o interesse do alunado em relação aos problemas ambientais gerados pelas
atividades humanas, além de provocar reflexões e desenvolver o senso crítico dos
educandos. O viveiro de mudas e orquidário se mostrou um excelente recurso potencial na
formação de cidadãos mais comprometidos com as questões que envolvem a
sustentabilidade.
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Agradecimentos
Ao Programa Institucional de Bolsa e Iniciação à Docência (PIBID), a Escola Monsenhor
Miguel de Sanctis e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CAPES) pelo auxílio e bolsa à pesquisa ao segundo autor.
Literatura Citada
Arantes, C. A. & Fehr, M. 2012. Destino final dos resíduos sólidos na cidade de Monte
Alegre de Minas – MG. Revista Caminhos de Geografia, 13 (44):239-248.
Assunção, W. L. & Firmino, A. M. 2007. Lixo: disposição adequada, reaproveitamento,
reciclagem e recuperação. Belo Horizonte: FUNDEP.
Bleich, M. E. et al. Caracterização ambiental de um ecossistema aquático urbano na
Amazônia Matogrossense e sensibilização da comunidade para a sua conservação e
reabilitação. RevistaEletrônica Extensão Cidadã, 2008.
Camargo, E. A. O. M. & Borsatto, R. S. 2012.Reflexões sobre o processo de
conscientização ambiental de agricultores assentados a partir da implantação de um
projeto de extensão universitária no assentamento 23 de maio - Itapetininga/SP.
Revista Sapere, 4(1).
Lima-E-Silva, P. P. et al. 1999.Dicionário Brasileiro de Ciências Ambientais. Rio de
Janeiro: Thex.
Martins, J.; Bicudo, M. A. V. 1989.Apesquisa qualitativa em psicologia fundamentos e
recursos básicos. São Paulo: Educ Moraes.
Medeiros, A. B. et al. 2011. A importância da educação ambiental na escola nas séries
iniciais. Revista Faculdade Monte Belo,4(1):1-17.
Mentges, T.; Daronch, V. L. &Rossa, C. G. 2003.A Sustentabilidade Ambiental nas
Organizações. Revista Eletrônica de Iniciação Científica, 3(2):5-15.
Mousinho, P. 2003. Meio Ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão nas
suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante. 367 p.
Oliveira, A. H. et al. 2013. Processos de educação ambiental aplicados à mobilização
comunitária pela gestão do resíduo sólido urbano, Cabedelo – PB. Revista
Eletrônica Mestrado em Educação Ambiental, 30 (2):240-252.
Soares, L. G. C.; Salgueiro, A. A. & Gazineu, M. H. P. 2007. Educação ambiental aplicada
aos resíduos sólidos na cidade de Olinda, Pernambuco – um estudo de caso. Revista
Ciências & Tecnologia, 1 (1):1-9.
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