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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
AGR 99003 – ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO
VINICIUS BOARO
(141698)
AGRIFLORA COMÉRCIO DE
PRODUTOS AGRÍCOLAS LTDA
Porto Alegre, Novembro de 2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
AGR 99003 – ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO
Vinicius Boaro
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO
Orientador do Estágio: Engenheiro Agrônomo, M.Sc. João Agostinho Boaro
Tutor do Estágio: Engenheiro Agrônomo, Dr. Paulo Vitor Dutra de Souza
COMISSÃO DE ESTÁGIOS:
Prof(a). Lucia Brandão Franke (Coordenadora) - Depto. de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia
Prof. Paulo Henrique de Oliveira - Depto. de Plantas de Lavoura Prof(a). Mari Bernardi - Depto. de Zootecnia Prof. Lair Ferreira - Depto. de Horticultura e Silvicultura Prof. Elemar Antonino Cassol - Depto. de Solos Prof. Josué Sant’Ana - Depto. de Fitossanidade Prof. Fabio de Lima Beck – Depto. de Solos/ Núcleo de apoio pedagógico
Porto Alegre, Novembro de 2010
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo relatar as atividades desenvolvidas no
decorrer do estágio realizado na Agriflora Comércio de Produtos Agrícolas Ltda. Para
tanto, buscou-se contextualizar tais atividades, relacionando as mesmas com
características da região de atuação da empresa, bem como justificando o seu
desenvolvimento através de fundamentações teóricas.
Com a realização do referido estágio buscou-se contemplar o cumprimento da
grade curricular obrigatória do curso de graduação em Agronomia da UFRGS, ao
mesmo tempo em que pôde-se tem uma percepção prática a cerca de inúmeras
atividades inerentes ao Engenheiro Agrônomo e, neste caso, focando na minha principal
área de interesse: a horticultura.
Neste sentido, o fato de a empresa atuar fortemente no setor da horticultura
constituiu-se no principal motivador no sentido de escolher a mesma para a realização
do estágio. Além de possibilitar um grande acúmulo de conhecimentos, as atividades
proporcionaram o convívio com empresas e pessoas do meio, de modo que pôde-se ter
uma boa percepção a respeito das potencialidades e dificuldades enfrentadas pelo setor,
bem como dos desafios a serem superados pelos profissionais da área.
SUMÁRIO
Item Página
1. Introdução ................................................................................................................ 1 2. Descrição do meio físico e socioeconômico da região de realização do estágio .. 2 3. Caracterização da instituição de realização do estágio ........................................ 3 4. Revisão Bibliográfica ............................................................................................... 5 4.1. Olericultura ......................................................................................................... 5 4.2. Fruticultura ......................................................................................................... 7 4.2.1. Produção de Citros .................................................................................. 7
4.2.2. Produção de Mudas de Citros Certificadas ............................................. 8 5. Atividades Realizadas ............................................................................................. 9 5.1. Comercialização de Insumos e Equipamentos .................................................. 10 5.1.1. Acompanhamento do planejamento, das operações de compra (fornecedores) e da venda assistida (produtores) no ambiente da Empresa .................................................................................................... 10 5.1.2. Elaboração de projetos de irrigação ........................................................ 13 5.1.3. Comercialização e montagem de estufas agrícolas ................................. 14 5.1.4. Visita a propriedades de clientes ............................................................. 16 5.2. Produção Vegetal ................................................................................................ 19 5.2.1. Acompanhamento de atividades realizadas no pomar cítrico da Empresa ..................................................................................................... 19 5.2.2. Acompanhamento de atividades realizadas na área de produção dos materiais básicos para mudas cítricas ....................................................... 21 6. Conclusões ............................................................................................................... 22 7. Análise Crítica ......................................................................................................... 23 8. Bibliografia Citada ................................................................................................. 24
LISTA DE FIGURAS Nº Página 1. (A) Mudas de tomate enxertado; (B) Sistema de produção de tomate em “saco” ................................................................................................................................... 12 2. (A) Montagem de uma estufa geminada; (B) Estufa geminada montada ...................... 15 3. (A) Má formação do fruto e podridão apical; (B) Queimadura na casca; (C) Manchas necróticas ....................................................................................................... 17 4. (A) Produção de alface hidropônica; (B) Produção de salsa hidropônica; (C) Produção de pepino hidropônico ................................................................................ 17 5. (A) Bandeja com substrato onde as mudas são conduzidas; (B) Condução das mudas em estufa ........................................................................................................... 19
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1. INTRODUÇÃO
A horticultura constitui-se em um setor da agricultura que tem apresentado
muitos avanços nos últimos anos, seja pelas características inerentes à mesma, pelas
adaptações e inovações nas formas de manejo ou pelo emprego de novas tecnologias
que viabilizam e incrementam a produção. Neste cenário, destaca-se o importante papel
da pesquisa no sentido de desenvolver tais inovações, associado à não menos importante
contribuição dada pelos comerciantes e outros agentes de extensão rural, públicos ou
privados, que auxiliam os agricultores nas tomadas de decisão, bem como contribuem
para que as referidas inovações cheguem aos mesmos de forma qualificada.
Buscando conciliar o desejo de aprofundar os conhecimentos no âmbito da
horticultura, onde destaca-se a olericultura e fruticultura, com uma vivência prática de
interferência nos sistemas de produção, optou-se por realizar o Estágio Curricular
Supervisionado na Agriflora Comércio de Produtos Agrícolas Ltda, sediada em Ijuí/RS,
e cuja atuação estende-se, principalmente, a toda região Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul. O período de realização do estágio foi de 21 de dezembro de 2009 a 27
de fevereiro de 2010, totalizando um tempo efetivo de 300 horas.
Os principais objetivos dessa experiência foram obter uma percepção prática a
respeito do funcionamento de uma empresa privada que atua na agricultura, assim como
da interferência do Engenheiro Agrônomo nos sistemas de produção agrícolas, e, por
fim, aprofundar os conhecimentos sobre as características de espécies olerícolas e
frutícolas, bem como das tecnologias aplicadas às mesmas.
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2. DESCRIÇÃO DO MEIO FÍSICO E SÓCIO-ECONÔMICO DA REGIÃO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO
A região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, principal área de atuação da
empresa onde o estágio foi realizado, caracteriza-se por apresentar uma economia
bastante associada e dependente da atividade agropecuária, possuindo uma estrutura
fundiária com predomínio da pequena propriedade, de gerência familiar.
Trata-se de uma região que passou a explorar a agricultura de forma mais intensa
e em maior escala a partir da década de 50, principalmente com a cultura do trigo e,
mais tarde, nos anos 70, também com a soja, formando, então, o binômio trigo-soja, e
tendo como características o emprego de insumos químicos industrializados, sementes
melhoradas e motomecanização, acompanhando o processo de modernização da
agricultura que vinha ocorrendo em muitos países (BRUM, 1988).
A exceção ficou por conta de algumas microrregiões, principalmente onde as
áreas não eram favoráveis à motomecanização, em que o feijão e o milho
predominavam como alternativa para os agricultores, que praticavam uma agricultura de
subsistência, comercializando excedentes.
Contrapondo-se ao modelo em curso, ainda no final dos anos 70 surgem os
primeiros movimentos, através de cooperativas, sindicatos e outros órgãos de apoio,
visando a diversificação de culturas, principalmente para os pequenos agricultores, que
eram os mais prejudicados pelo modelo em curso. Segundo Brum (1988), o movimento
pela diversificação foi fortalecido pela primeira crise do referido modelo, causada por
frustrações de safras, elevação dos juros, queda dos preços agrícolas e aumento do preço
dos insumos.
Dentre as atividades resultantes da proposta de diversificação destaca-se a
produção leiteira, constituindo-se hoje em uma importante atividade da agropecuária
regional. Além desta, a suinocultura, avicultura, piscicultura, apicultura, produção de
fumo, olericultura, floricultura e a fruticultura, entre outras, também são resultantes do
processo de diversificação, sem contudo atingir o patamar desejado, já que a região
ainda é muito dependente da produção de grãos (KORB, 2000).
3
Em relação aos solos da região, predominam os Latossolos, que se caracterizam
pela coloração vermelho escura, perfil profundo e boa drenagem natural. Os
Chernossolos e os Neossolos também compõem uma parcela significativa dos mesmos,
principalmente nos municípios próximos ao Rio Uruguai. Estes são menos profundos e
menos aptos à mecanização devido à pedregosidade e ao relevo ondulado a
montanhoso. Os referidos solos são formados a partir do basalto, são argilosos e
normalmente necessitam de correção da acidez para uso agrícola.
O clima na região é subtropical, úmido e sem estiagem característica. Conforme
o Macrozoneamento Agroecológico e Econômico do Estado do Rio Grande do Sul,
Volume I, de 1994, a região em estudo, classificada pelo documento como pertencente
às Regiões 5, 7 e 8, apresenta temperatura média anual entre 17 e 20ºC, sendo que a
temperatura média do mês mais quente é superior a 22ºC e do mês menos quente é
inferior a 15 e superior a 11ºC.
3. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO
Fundada em 1995, a Agriflora Comércio de Produtos Agrícolas Ltda está situada
no município de Ijuí/RS, constituindo-se em uma empresa especializada na
comercialização de equipamentos e insumos voltados à horticultura. Dentre os produtos
fornecidos, destacam-se mudas de morango; sementes e mudas de hortaliças; substratos;
sistemas completos de irrigação; estufas agrícolas; telas de sombra e especiais; e
fertilizantes e defensivos agrícolas, possuindo um raio de atuação de cerca de 200
quilômetros e abrangendo toda a região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, com
alguns casos pontuais de atuação em regiões mais distantes. Para tanto, além do
engenheiro agrônomo, a empresa conta com cinco colaboradores, dentre os quais, dois
são técnicos agrícolas.
A percepção por parte do proprietário de que a região apresentava, e ainda
apresenta, um grande número de agricultores com vocação para atuação no ramo da
horticultura, associado à inexistência de uma estrutura especializada voltada a este setor,
foram os principais motivadores para a implantação da empresa. Ao longo dos dezesseis
4
anos de atuação, esta vem buscando por em prática as ações preconizadas naquela que é
considerada sua missão: “Incentivar atividades e tecnologias adequadas à realidade dos
produtores rurais, buscando possibilitar geração de renda e bem estar às pessoas
envolvidas no processo”.
É importante destacar que o trabalho desenvolvido pela empresa vai muito além
da simples comercialização dos insumos e equipamentos propriamente dita. Grande
parte dos produtores buscam na empresa uma orientação técnica por parte do
Engenheiro Agrônomo responsável, seja para solucionar problemas pontuais de cunho
agronômico, ou para orientação completa na implantação de sistemas de produção de
inúmeras espécies olerícolas. Portanto, a empresa busca se fazer presente nas diversas
etapas que envolvem o processo produtivo, auxiliando tecnicamente o agricultor nas
tomadas de decisão e fornecendo os insumos e equipamentos necessários ao bom
desenvolvimento das culturas, o que ocorre desde a implantação do sistema até a
comercialização da produção, contribuindo de forma bastante significativa para o
desenvolvimento da horticultura da região, e refletindo em melhoria da qualidade de
vida de um grande número de produtores, os quais são, majoritariamente, classificados
como familiares.
Além disso, há alguns anos a empresa desenvolve um trabalho paralelo, atuando
também na produção vegetal propriamente dita. Focada na citricultura, esta se dá por
meio da produção de frutas cítricas, como laranja e bergamota, e multiplicação de
material básico de citros. A referida produção de frutas é conduzida em um pomar de
cerca de 55 hectares situado em uma área arrendada de terceiros, localizada no
município de Catuípe – RS, de modo que a produção é prioritariamente comercializada
no âmbito regional. Já a multiplicação de material básico ocorre em uma propriedade
localizada no interior do município de Coronel Barros – RS, de tal forma que segue
todas as normas estabelecidas pela legislação vigente para realização da atividade, com
o objetivo de suprir a crescente demanda local por porta-enxertos e borbulhas de citros
certificadas.
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4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
De acordo com Filgueira (2000), a horticultura caracteriza-se pela prática de
produção intensiva de plantas, sendo dividida em alguns sub-grupos: a olericultura; a
fruticultura; a floricultura; a jardinocultura; a viveiricultura; a cultura de plantas
condimentares; a cultura de plantas medicinais; e a cultura de cogumelos comestíveis.
Neste contexto, destaca-se a olericultura e a fruticultura, que se caracterizam como
sendo os ramos da horticultura responsáveis pela produção de espécies olerícolas e de
frutas, respectivamente, e que serão abordados de maneira mais aprofundada por conta
de sua relevância ao longo do estágio realizado, focando, no caso da fruticultura, na
citricultura.
4.1. OLERICULTURA
A característica mais geral e marcante da olericultura é o fato de a mesma ser
uma atividade altamente intensiva, em que, na maioria dos casos, é feito o uso contínuo
do solo, com inúmeros ciclos anuais que se desenvolvem em sequência. Somado a isso,
considerando-se áreas de produção para fins comerciais, destaca-se a relativa pequena
área física normalmente ocupada; o alto investimento financeiro inicial; o rápido e
elevado retorno econômico por unidade de área; a grande demanda por mão-de-obra; a
diversidade de espécies, formas de manejo e possíveis sistemas de produção utilizados;
e a necessidade de emprego de produtos e equipamentos de alta tecnologia
(FILGUEIRA, 2000). Considerando tais características, ressalta-se a importância da
olericultura como forma de viabilizar a produção agrícola em pequenas propriedades, as
quais, na maioria dos casos, são de gerência familiar.
O avanço tecnológico do setor permite que hoje se possa empregar, como já
mencionado, inúmeras formas de manejo, bem como diferentes sistemas de produção.
Neste sentido destaca-se a produção em ambiente protegido e o uso de sistemas de
irrigação.
6
Principalmente em regiões onde o clima é um fator limitante em algum período
do ano, o cultivo em ambiente protegido tem viabilizado a produção, protegendo as
culturas de adversidades climáticas como geadas, ventos e chuva, e sendo uma
alternativa altamente rentável para alguns setores agrícolas, como a olericultura.
Segundo Bandão Filho & Callegari (1999), a prática permite um maior número de
colheitas durante o ano, inclusive fora de época normal de produção; maior crescimento
das plantas; precocidade de colheita; possibilidade de maior eficiência no controle de
doenças e pragas; redução de perdas de nutrientes por lixiviação; redução de estresses
fisiológicos das plantas; e melhoria na qualidade de produção, podendo, segundo
Martins (1992), haver um incremento de 4 a 15 vezes de produtividade em comparação
àquelas obtidas a campo.
De acordo com Goto (1997), as estruturas mais utilizadas no Brasil têm sido as
mais baratas, sem climatização artificial, e com controle parcial de temperatura e
umidade, o que é normalmente efetuado através do manejo de abertura e fechamento
das cortinas laterais. O aumento da temperatura interna é resultado da conversão da
radiação de onda curta que atinge a superfície do solo em onda longa, que por sua vez é,
em grande parte, retida pelo filme plástico que recobre a estrutura, gerando o efeito
estufa (FARIAS et al., 1992)
Em relação à prática da irrigação, a sua finalidade é, assim como no caso do
cultivo em ambiente protegido, proporcionar condições mais favoráveis ao
desenvolvimento das plantas. Com o avanço tecnológico que vem ocorrendo em
diversos setores da agricultura, como dos fertilizantes, controle de pragas e doenças,
preparo do solo, genética, entre outros, a disponibilidade hídrica passou a se destacar
ainda mais como um dos principais fatores limitantes ao desenvolvimento das plantas,
principalmente em regiões que apresentam déficit hídrico durante alguns períodos do
ano ou em sistemas de produção em ambiente protegido, onde a água da chuva não
consegue atingir a superfície do solo. Segundo Filgueira (2000), no caso específico da
olericultura isso é ainda relevante, já que a água constitui mais de 90% do peso fresco
da parte aérea utilizável da maioria das espécies oleráceas, de modo que o emprego da
irrigação pode proporcionar um aumento significativo de produtividade e conseqüente
aumento da rentabilidade do sistema de produção.
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Ainda de acordo com Filgueira (2000), o teor de água útil no solo, que é aquela
aproveitável pelo sistema radicular das plantas, pode variar entre 0 e 100%. Dentro
dessa faixa, quanto mais elevado for o teor, mais facilmente a água será utilizada pelas
referidas plantas, sendo que o teor ideal varia de acordo com a espécie e com o estádio
de desenvolvimento das mesmas. Entretanto, de maneira geral, esse teor deve ser
mantido entre 70 e 100%, o que auxilia na obtenção de bons resultados de produtividade
e qualidade dos produtos.
Neste contexto, as hortaliças herbáceas são as mais exigentes em água, devendo
o teor ser mantido constantemente próximo aos 100%. Em ordem decrescente de
exigência hídrica, as hortaliças-fruto constituem o grupo seguinte, sendo que os estádios
mais críticos são o vegetativo inicial e o de floração e frutificação. Já as hortaliças
tuberosas são as menos exigentes em água, podendo-se inclusive dispensar a irrigação
quando chuvas abundantes ocorrem semanalmente. Portanto, a necessidade de irrigação
varia de acordo com a espécie cultivada, com o estádio de desenvolvimento em que a
mesma se encontra, e com as condições climáticas momentâneas e previstas para os dias
subseqüentes, sendo que os tipos de sistema mais utilizados na olericultura são o
gotejamento e a aspersão (FILGUEIRA, 2000).
4.2. FRUTICULTURA
4.2.1. Produção de Citros
De acordo com Mattos Júnior et al. (2005), as espécies cítricas são originárias
principalmente das regiões subtropicais e tropicais do sul e sudeste da Ásia, incluindo
áreas da Austrália e África, tendo sido levados para a Europa na época das Cruzadas, e
chegando ao Brasil apenas no século XVI, trazidos pelos portugueses.
Em relação às condições climáticas mais favoráveis à produção, o ideal é que a
pluviosidade situe-se entre 1800 e 2400 mm, bem distribuídos durante o ano. No que se
refere à temperatura, a exigência mínima da cultura é 10 ºC, com temperaturas ótimas
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entre 20 e 30 ºC, e máxima de 35 ºC, sendo que esse fator, associado ao risco de geada,
é o principal determinante da distribuição geográfica das áreas de produção em nosso
Estado e País. Além disso, o solo deve ser profundo (mais de 1 metro de profundidade)
e apresentar boa drenagem (AZEVÊDO, 2003).
Considerando esses fatores e associando os mesmos às características de clima e
solo da região mencionados anteriormente, percebe-se que a mesma atende aos pré-
requisitos para produção de frutas cítricas, sendo que a possível ocorrência de geadas
primaveris constitui-se no principal fator adverso à produção, podendo acarretar em
perdas tanto quantitativas como qualitativas.
Considerando-se um pomar em plena produção, as principais atividades
demandadas são a poda de ramos, que é efetuada principalmente em tangerineiras com o
objetivo de proporcionar uma adequada penetração de raios solares, permitir uma boa
aeração, diminuir a quantidade de ramos indesejáveis por conta de sua posição na planta
ou eventual presença de sintomas de doenças, e fazer um ajuste na arquitetura da copa;
o raleio de frutos, que é realizado em algumas cultivares de tangerineiras e visa diminuir
a alternância de produção entre os diferentes anos e melhorar a qualidade dos frutos que
permanecem na planta; o controle de pragas e doenças, normalmente através de
defensivos químicos associados a práticas de manejo que visem diminuir a incidência e
severidade dos mesmos; o manejo da vegetação nas entrelinhas, por meio de roçadas os
herbicidas; e a colheita, que ocorre em épocas diferentes do ano para cada cultivar,
sendo realizada normalmente de forma manual e demandando grande emprego de mão-
de-obra (CUNHA SOBRINHO et al., 1993).
4.2.2. Produção de mudas de citros certificadas
As mudas de citros utilizadas em pomares comerciais são resultantes de um
processo de enxertia, de forma que ela apresente características desejáveis das diferentes
cultivares e/ou espécies. Para tanto, utiliza-se uma cultivar como “porta-enxerto” ou
“cavalo”, sobre o qual se enxerta uma borbulha retirada de uma planta-mãe da variedade
da qual se deseja produzir os frutos.
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Com o surgimento da Clorose Variegada do Citros - CVC no Estado de São
Paulo ainda na década de oitenta e sua rápida disseminação para praticamente todos os
pólos citrícolas do País, tornou-se necessário modificar o sistema tradicional de
produção de mudas. A referida doença tem como agente causal a bactéria Xylella
fastidiosa, que é disseminada no âmbito mais local por inúmeras espécies de cigarrinhas
e, a longas distâncias, por meio de mudas contaminadas. A partir disso e associado à
necessidade de se minimizar a proliferação do Cancro Cítrico (Xanthomonas
axonopodis pv. Citri), técnicos da defesa sanitária vegetal dos Estados de São Paulo,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul foram os primeiros a atuar no sentido de estabelecer
novas normas e padrões para a produção de mudas de citros (OLIVEIRA et al., 2005).
Nesse contexto, a legislação vigente estabelece que as mudas de citros somente
podem ser produzidas no interior de ambientes protegidos de insetos vetores de
doenças, como as cigarrinhas, seguindo uma série de exigências estabelecidas pela
Comissão Estadual de Sementes e Mudas, sendo que essas condições encontram-se
descritas na publicação "Normas e Padrões de Produção de Mudas de Fruteiras para o
Estado do Rio Grande do Sul" (SECRETARIA DA AGRICULTURA E
ABASTECIMENTO, 1998). Ao mesmo tempo, considerando o fato de as mudas serem
conduzidas em ambiente protegido, o manejo adequado da irrigação, associado a
técnicas de manutenção da umidade e temperatura ambiente, como abertura e
fechamento das cortinas laterais e utilização de telas especiais, auxilia no sentido de
evitar a incidência do Cancro Cítrico, já que, segundo Kimati & Galli, (1980), esta
doença tem seu desenvolvimento favorecido em condições de alto teor de umidade e
temperatura entre 20 e 35° C, infectando principalmente tecidos jovens.
5. ATIVIDADES REALIZADAS
Por meio do estágio desenvolvido pôde-se ter uma boa dimensão do
funcionamento de uma empresa do ramo agrícola cujo foco principal é a
comercialização de insumos e equipamentos. Pelo fato de a empresa atuar em um setor
da agricultura que caracteriza-se pela diversidade, seja por conta da quantidade de
10
espécies abrangidas ou pela ampla gama de práticas de manejo demandadas e passíveis
de serem aplicadas em tais espécies, pôde-se presenciar o desenvolvimento de inúmeras
diferentes atividades. Neste sentido, a descrição das mesmas se dará de forma mais
aprofundada apenas em relação àquelas que se destacaram ao longo do estágio, e
relatando de maneira mais superficial aquelas acompanhadas com menor freqüência ou
intensidade.
5.1. COMERCIALIZAÇÃO DE INSUMOS E EQUIPAMENTOS
5.1.1. Acompanhamento do planejamento, das operações de compra (fornecedores)
e da venda assistida (produtores) no ambiente da empresa
De forma geral, as atividades no ambiente da empresa envolveram o controle de
estoque; o contato com as empresas e fábricas fornecedoras; o recebimento de
mercadorias; e o atendimento aos clientes para efetuação da venda.
O referido controle de estoque é realizado através de um sistema informatizado
empregado pela empresa, no qual se verifica a quantidade de produtos e equipamentos
fisicamente disponíveis para imediata comercialização e, a partir disso e somado à
provável ou já existente demanda, avalia-se a necessidade de aquisição dos mesmos
junto aos fornecedores. Trata-se de algo que requer um planejamento prévio,
considerando que no segmento da horticultura essa demanda por diferentes produtos e
equipamentos está diretamente relacionada ao período do ano em que a espécie ou
atividade é implementada ou realizada, período no qual estes devem estar disponíveis.
Portanto, é de fundamental importância o conhecimento a cerca das características e
necessidades de cada espécie contemplada pelo trabalho desenvolvido pela empresa no
sentido de melhor atender aos clientes.
Neste sentido, a título de exemplificação, cabe relatar o planejamento necessário
no caso da comercialização de mudas de morango, atividade que pôde ser acompanhada
durante o estágio. As referidas mudas são buscadas junto a uma empresa sediada no
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município de Feliz/RS, que por sua vez importa as mesmas de viveiros situados na
região da Patagônia, na Argentina, onde as condições climáticas são mais propícias para
a produção.
Apesar de o plantio do morango na região ocorrer apenas no mês de abril, a
encomenda das mudas é efetuada cerca de quatro meses antes, acompanhando a época
de produção das mesmas na Argentina. Nesse momento é definida a quantidade de
mudas de cada cultivar a ser encomendada, o que está de acordo com as decisões dos
produtores, sendo que a empresa busca orientar alguns destes a respeito das cultivares
mais adequadas em cada caso.
Para a safra de 2010, as cultivares importadas mais adotadas pelos produtores
foram Camarosa, Festival e Camino Real, totalizando cerca de 400 mil mudas
comercializadas pela empresa na região. Visando manter a qualidade destas, a entrega
aos clientes é planejada de tal forma que não ultrapasse dois dias a contar da chegada do
caminhão à sede da empresa, já que, diferentemente do veículo, esta não possui câmara
fria para abrigo das mudas. Um eventual atraso na entrega pode diminuir o potencial
produtivo e prejudicar o “pegamento” das mudas quando transplantadas, já que o
aumento da temperatura, segundo Jones (1992), impulsiona o processo de transpiração e
altera a temperatura dos tecidos vegetais, com conseqüências para a taxa dos processos
metabólicos e o balanço entre eles e, considerando que a planta encontra-se com a raiz
nua e sem contato com um substrato para obtenção de água e nutrientes, esse processo
pode vir a apresentar conseqüências bastante negativas.
Em relação à comercialização dos produtos e equipamentos no ambiente da loja,
é interessante ressaltar que, em muitas ocasiões, pôde-se presenciar a intervenção
agronômica por parte do engenheiro agrônomo na tomada de decisão do produtor, o que
acaba por refletir sobre os sistemas de produção dos mesmos.
Como já mencionado, a horticultura abrange inúmeras espécies de plantas, com
diversas formas de manejo e com muitos possíveis problemas a serem contornados ou
controlados. Portanto, os produtores visitavam a empresa constantemente com o
objetivo de encontrar soluções para muitas questões a cerca desses fatores.
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No caso da cultura do tomate, por exemplo, alguns produtores relatavam
problemas de doenças de solo, como a Murcha Bacteriana causada pela bactéria
Ralstonia solanacearum, que constitui-se em uma doença de difícil controle pelo fato de
o patógeno manter-se constantemente no solo, ocorrendo principalmente em áreas com
cultivo ininterrupto com a cultura do tomate durante muitos anos. A interferência
agronômica foi muito importante para que tais agricultores deixassem de adotar práticas
inapropriadas e ineficientes ou, em alguns casos, insuficientes, que buscavam
possibilitar a produção.
As alternativas apresentadas pela empresa foram a utilização de mudas de
tomate enxertadas sobre o porta-enxerto conhecido como “Guardião” (Figura 1A), que é
resistente à Ralstonia solanacearum, ou implantação do sistema de produção em
“sacos” (Figura 1B). No caso das mudas enxertadas, o estágio possibilitou uma
experiência prática de enxertia, a qual é realizada por “garfagem”, e que constitui-se em
uma alternativa buscada pela empresa junto à Embrapa. Já em relação à produção em
“sacos”, o objetivo é manter as raízes das plantas fora do contato com o solo
contaminado, permanecendo dentro dos sacos com solo proveniente de local não
contaminado.
Figura 1 – (A) Mudas de tomate enxertado; (B) Sistema de produção de tomate em “saco”
De forma geral, as demais intervenções que puderam ser acompanhadas visavam
solucionar problemas pontuais de cunho agronômico, como fitopatológicos, nutricionais
e de manejo, por exemplo, ou orientação na implantação de sistemas completos de
produção de inúmeras espécies olerícolas, como melão, morango, melancia, alface,
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tomate, entre outros, o que normalmente era vinculado à elaboração de um orçamento.
Esta assistência envolvia a determinação de diversos fatores, como a área total a ser
plantada/semeada; o número de plantas por área; a densidade e espaçamento de plantio;
a adubação; as práticas de controle de pragas e doenças; o dimensionamento do sistema
de irrigação e de cobertura plástica; e o escalonamento da produção.
5.1.2. Elaboração de projetos de irrigação
A empresa trabalha com uma linha completa de equipamentos de irrigação para
horticultura e, em muitos casos, associado à forte demanda da região, também para
áreas de produção de pastagem para bovinos de leite.
A comercialização desses equipamentos, como aspersores, bombas, tubulações,
mangueiras, entre outros, por parte da empresa, pode ocorrer em duas situações: quando
o produtor deseja implantar ou aumentar um sistema de irrigação, ou quando necessita
substituir alguma peça ou equipamento do mesmo.
Neste contexto, apesar de o período de estágio ter coincidido com um verão
bastante chuvoso e, portanto, com baixa demanda por esse tipo de produto, pôde-se
acompanhar a elaboração de alguns projetos de irrigação, sendo que a elaboração dos
mesmos envolveu uma visita à área onde o produtor desejava instalar o sistema e o
posterior dimensionamento do mesmo. Para isso, levou-se em consideração diversos
fatores, como a cultura e a área total a ser irrigada; a topografia do terreno; e distância
entre a área a ser irrigada e a fonte hídrica. A partir de então estipulava-se a quantidade
de peças e equipamentos necessários e elaborava-se um orçamento para o produtor.
É interessante relatar que a aplicação dos sistemas de irrigação não se restringe
apenas ao fornecimento de água às plantas. Motivados pela empresa, alguns produtores
têm adotado esses sistemas visando contornar situações adversas ocasionados por
baixas temperaturas, principalmente na cultura do morango, podendo ser uma
alternativa bastante eficiente na minimização e até mesmo eliminação de problemas
causados por geadas.
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Apesar de, por conta da época de realização do estágio, não ter havido a
oportunidade de se acompanhar a comercialização e o funcionamento de equipamentos
para esse fim, pôde-se participar de discussões a respeito do interesse da empresa em
fomentar a prática, motivada por resultados positivos verificados na última safra de
morango.
Essa prática consiste em fazer uso de um sistema de irrigação com
microaspersores de baixa vazão e alta pressão, instalados de tal forma que, nas noites
propícias à ocorrência de geada, os aspersores pulverizem a água sobre o filme plástico,
que por sua vez deve permanecer completamente fechado, não permitindo a entrada de
ar. Com isso, as gotículas de água irão congelar, formando uma camada de gelo sobre
toda a superfície do plástico do túnel, atuando como um isolante térmico e diminuindo a
perda de calor da parte interior da estufa para o meio externo.
Trata-se de uma prática que vem apresentando bons resultados para os
produtores que fazem uso da mesma, sendo ambientalmente sustentável e tendo um
custo relativamente baixo quando comparado às possíveis perdas de produção sem sua
utilização.
5.1.3. Comercialização e montagem de estufas agrícolas
No decorrer do estágio pôde-se acompanhar a comercialização e montagem de
estufas agrícolas, a qual é realizada, na maioria dos casos, por uma equipe terceirizada
indicada pela empresa. Este acompanhamento foi muito interessante no sentido de
compreender a função de alguns materiais utilizados na estufa, como filmes plásticos e
telas, os quais auxiliam no sentido de proporcionar um ambiente mais favorável ao
desenvolvimento das espécies produzidas no local.
Visando atender diferentes necessidades dos clientes, a empresa disponibiliza
quatro diferentes modelos de estufa e, segundo o engenheiro agrônomo da Agriflora,
considerando a realidade da maioria dos agricultores da região, que produzem espécies
de relativo baixo valor, buscou-se criar modelos mais acessíveis economicamente e que,
15
ao mesmo tempo, oferecessem qualidade e resistência. Por esse motivo, três dos
modelos comercializados apresentam uma estrutura construída com madeira e metal
pintado e, para atender eventuais clientes que optam por estufas mais caras, de aço
galvanizado, fechou-se uma parceria com uma empresa de São Paulo que fornece todos
os materiais necessários à construção das mesmas.
O estágio proporcionou o acompanhamento da montagem de uma estufa para
produção de diferentes espécies olerícolas (Figura 2), sendo que as dimensões e
características da mesma foram projetadas para atender da melhor maneira possível as
necessidades das culturas e os objetivos de produção do produtor. Neste sentido, a
estufa construída é do tipo “geminada”, permitindo uma maior otimização do uso do
espaço interno, bem como apresenta tela anti-afídica, que constitui-se em barreira física
a eventuais pragas. Associado a isso, teve-se a oportunidade de compreender a função
de telas especiais comercializadas pela empresa, as quais podem ser utilizadas tanto
individualmente, como integradas à estufas. No caso da tela de coloração prata, estas
alteram a qualidade da luz que chega ao às plantas, já que as malhas “quebram” a luz
direta, convertendo-a em luz difusa, além de causar diminuição na temperatura do
ambiente. Já as de coloração vermelha aumentam ainda mais a quantidade de luz difusa,
quando comparadas às de coloração prata, mas com apenas uma pequena redução na
temperatura. Por fim, a função das telas de coloração preta resume-se à redução da
temperatura ambiente, mas com conseqüências negativas na disponibilidade de luz para
as plantas.
Figura 2 – (A) Montagem de uma estufa geminada; (B) Estufa geminada montada
16
5.1.4. Visita a propriedades de clientes
O Engenheiro Agrônomo da empresa realiza visitas a propriedades de alguns
clientes, sendo que, na maioria dos casos, esta é solicitada pelos produtores a fim de
receber algum tipo de suporte técnico. Em outras ocasiões, essa visita ocorre por
iniciativa da própria empresa, já que isto mantém uma relação próxima entre as partes e
contribui para um melhor conhecimento a respeito dos sistemas de produção dos
clientes e conseqüente melhoria no atendimento ao mesmo no ambiente da loja.
No decorrer do estágio teve-se a oportunidade de acompanhar essas visitas, o
que possibilitou a compreensão de características de inúmeras espécies olerícolas, como
melancia, pepino, tomate, couve-flor, alface, rúcula, entre outros, bem como de mudas
frutíferas e de hortaliças. Além disso, verificou-se diferentes formas de produção
olerícola, como sistema de produção convencional ou hidropônico, em ambiente
protegido ou a “céu aberto”, e as peculiaridades de cada referido sistema.
Nessas visitas buscou-se compreender, principalmente, as características
morfofisiológicas das diferentes espécies, bem como a relação destas com o clima e, em
casos eventuais, problemas fitossanitários e fisiológicos verificados na ocasião.
Durante visita à propriedade de um produtor de melancia que começou a pouco
na atividade, por exemplo, verificou-se frutos com má formação, queimadura na casca e
podridão apical, além da presença de manchas necróticas nas folhas, como pode ser
observado na Figura 3.
A má formação do fruto á atribuída a problemas durante a polinização. Trata-se
de um processo crítico na cultura, já que as flores femininas permanecem abertas apenas
durante um dia, devendo-se evitar a aplicação de inseticidas durante esse período para
que aumentem as chances de polinização por abelhas, principal inseto polinizador da
cultura (ANDRADE JUNIOR, 1998). Já a podridão apical é um sintoma relacionado à
deficiência de cálcio durante o desenvolvimento do fruto e estando mais associado a
cultivares de forma alongada.
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Figura 3 – (A) Má formação do fruto e podridão apical; (B) Queimadura na casca do fruto; (C) Manchas necróticas nas folhas
A queimadura na casca é ocasionada pela ação dos raios solares que incidem
diretamente sobre a superfície do fruto, sendo que o problema pode ser solucionado por
meio da aplicação prévia de produtos protetores diretamente sobre os mesmos, bem
como com um adequado manejo da área foliar, de forma que mantenham os referidos
frutos menos expostos. Por fim, as manchas necróticas são sintomas prováveis da
presença de Antracnose, doença ocasionada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides,
que, segundo Filgueira (2000), tem seu desenvolvimento favorecido em condições de
alta pluviosidade associada a temperaturas amenas.
Em outra propriedade, que por sua vez emprega o sistema de produção
hidropônico, pôde-se compreender melhor as características desse tipo de sistema de
produção, bem como das espécies produzidas no local, como alface, salsa, rúcula e
pepino (Figura 4).
Figura 4 – (A) Produção de alface hidropônica; (B) Produção de salsa hidropônica; (C) Produção de pepino hidropônico
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O referido sistema consiste na prática de conduzir as plantas em solução aquosa
de água e fertilizantes químicos, sem contato com o solo. Trata-se de uma técnica que
apresenta pontos positivos e negativos e que pode se constituir em uma interessante
alternativa de produção para alguns agricultores.
Neste caso, o principal problema enfrentado pelo produtor era o estiolamento
das plantas de alface. Esse comportamento está associado a uma menor disponibilidade
luminosa para o plantel, constituindo-se em um fator que, segundo Figueira (2000),
desencadeia o alongamento celular, aumentando a altura e extensão da parte aérea, sem
que haja uma correspondente elevação do teor de matéria seca. A ocorrência deste
“distúrbio” é justificada pelo fato de o período de realização do estágio ter sido bastante
chuvoso e, portanto, com muito dias nublados, o que está associado à uma menor
luminosidade.
Acompanhando o Engenheiro Agrônomo da empresa visitou-se, também, áreas
de produção de tomate. Em uma das propriedades que contempla esse sistema de
produção, verificou-se o método de produção em “sacos”, o qual já foi descrito
anteriormente. Entretanto, é interessante mencionar que esse é um dos poucos
produtores da região que ainda utiliza tal método, de forma que ele já vem relatando
interesse em passar a adotar mudas enxertadas com resistência à Murcha Bacteriana, o
que está associado ao abandono do sistema até o momento empregado. Trata-se de um
tendência que vem sendo percebida e incentivada pelo Engenheiro Agrônomo, o que é
atribuído à uma melhor relação custo/benefício apresentada pela adoção das mudas em
relação ao método dos “sacos”.
Por fim, considera-se interessante mencionar ainda uma visita realizada a um
viveiro de mudas de hortaliças, onde pôde-se verificar a forma de condução das mesmas
(Figura 5), bem como algumas práticas empregadas desde a semeadura até a formação
completa da muda. Neste contexto destaca-se o enchimento das bandejas com substrato,
a semeadura e o manejo das bandejas no ambiente da estufa como as práticas mais
intensas e freqüentes no viveiro, sendo que o sucesso da produção é extremamente
dependente do manejo adequado da irrigação.
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Figura 5 – (A) Bandeja com substrato onde as mudas são conduzidas; (B) Condução das mudas em estufa
5.2. PRODUÇÃO VEGETAL
5.2.1. Acompanhamento de atividades realizadas no pomar cítrico da empresa
O estágio permitiu um envolvimento prático com as atividades realizadas no
pomar de frutas cítricas (laranja e bergamota) da empresa, onde as cultivares produzidas
são as laranjas Valência, Folha Murcha e Bahia Navelina, e as bergamotas
Montenegrina, Murcott e Ponkan.
Em virtude da época de realização do estágio, as atividades resumiram-se à poda
e raleio da Montenegrina; colheita e comercialização da Folha Murcha; monitoramento
e controle de pragas e doenças; manejo da vegetação nas entrelinhas; e, de modo geral,
aprofundar os conhecimentos a respeito das características morfofisiológicas das plantas
e sua relação com as condições climáticas.
Dentre as mencionadas atividades, a mais freqüente foi o raleio da
Montenegrina, pois as plantas estavam apresentando um número bastante elevado de
frutos, o que pode ser atribuído à conhecida alternância natural de produção apresentada
pelas tangerineiras, já que na safra passada a mencionada produção foi menos
expressiva. Já a prática da poda foi menos freqüente, ficando restrita apenas a casos
pontuais em que as plantas necessitavam algumas correções na arquitetura da copa ou
20
remoção de ramos secos. Neste contexto, além de participar da orientação dos
funcionários e diaristas sobre a maneira de conduzir essas atividades, teve-se a
oportunidade de praticar a poda e o raleio, aplicando os conhecimentos teóricos
adquiridos em sala de aula.
Apesar de o emprego se defensivos químicos se constituir no único método de
controle de pragas e doenças adotado no pomar, as práticas de manejo utilizadas visam
diminuir a necessidade dos mesmos.
Neste sentido, a área total é subdividida em glebas, de tal forma que as práticas
de controle de pragas e doenças são adotadas de acordo com a necessidade específica de
cada referida gleba, e não de forma homogenia para todo o pomar. A partir de então, a
tomada de decisão a respeito da necessidade de aplicação de defensivos é feita com base
no monitoramento constante das plantas, o qual é realizado por amostragem em cada
uma das glebas.
A principal praga verificada no pomar durante o período de estágio foi o Ácaro
da Falsa Ferrugem (Phyllocoptruta oleivora) que, apesar de não ocasionar perdas
quantitativas e nem interferir em características qualitativas importantes, como o sabor,
acarreta em desvalorização comercial dos mesmos por conta da coloração escura na
casca resultante de sua ação. O monitoramento constante, como já mencionado, visava
principalmente detectar a presença e a severidade dessa praga nas plantas, o que,
associado às condições climáticas momentâneas e previstas para os dias subseqüentes,
servia de subsídio para a tomada de decisão a respeito da intervenção com defensivos
químicos.
A partir de vistorias no pomar notou-se também a presença de outras pragas,
como cochonilhas (Coccus viridis, Unaspis citri e Pinnaspis aspiditrae), larva minadora
(Phyllocnistis citrela) e pulgão preto (Toxoptera citricidus). Entretanto, a severidade
dessas pragas era baixa, assim como o potencial de dano e, portanto, não presenciou-se
a aplicação de defensivos especificamente para tais pragas.
21
Já em relação às doenças, verificou-se a presença de Verrugose (Guignardia
citricarpa), Cancro-cítrico (Xanthomonas axonopodis pv. citri) e Clorose Variegada do
Citros – CVC (Xylella fastidiosa). No caso da Verrugose, não se presenciou o controle
da doença já que este é efetuado em um momento que não coincidiu com o período de
realização do estágio. Quanto ao Cancro-cítrico, são adotadas práticas de manejo que
visam diminuir a sua incidência e severidade, como a não realização da poda nas
laranjeiras, que são mais suscetíveis; a não circulação em áreas com presença da doença
em dias chuvosos ou de alta umidade; a aplicação de defensivos cúpricos em fases de
maior suscetibilidade das plantas à doença; o manejo adequado da adubação
nitrogenada; entre outros. Da mesma maneira, em relação à CVC são adotadas práticas
de manejo com o mesmo objetivo, como a manutenção adequada de quebra-ventos; a
aplicação de inseticidas em momentos críticos da planta (brotações novas); e a cautela
na aplicação de fertilizantes nitrogenados, sendo que algumas dessas puderam ser
observadas no decorrer do estágio.
O manejo da vegetação nas entrelinhas era realizado de tal forma que a roçada
era efetuada intercaladamente, sendo que a cada duas entrelinhas, uma era mantida com
a vegetação. Essa atitude tinha como objetivo propiciar a manutenção de uma população
mínima de insetos predadores, como ácaros e joaninhas, auxiliando no controle de
pragas.
Por fim, acompanhou-se a colheita e comercialização da variedade Folha
Murcha, a qual era majoritariamente destinada a suprir a demanda do mercado regional,
tendo em vista a baixa oferta de laranja durante essa época (verão).
5.2.2. Acompanhamento de atividades realizadas na área de produção dos
materiais básicos para mudas cítricas
Pôde-se acompanhar algumas atividades desenvolvidas na área de produção de
materiais básicos para mudas cítricas. Trata-se de um projeto que está iniciando e que
tem por objetivo suprir a potencial demanda por porta-enxertos e borbulhas de citros
com garantia de sanidade, atendendo, principalmente, viveiristas que utilizam esses
materiais para produção de mudas cítricas em ambiente protegido.
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De forma geral, participou-se de atividades envolvidas na condução dos porta-
enxertos, como adubação, seleção de plantas e manejo da irrigação. Esses materiais são
produzidos em estufas com ante-câmara e tela anti-afídica, bem como com controle de
entrada de pessoas, o que minimiza riscos de incidência de doenças, das quais se
destacam o Cancro-cítrico, causado pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. Citri, e a
Clorose Variegada do Citros (CVC), cujo agente causal é a bactéria Xylella fastidiosa.
A possível comercialização de plantas com tais doenças acarretaria na
disseminação e introdução das mesmas em áreas de produção de frutas cítricas,
comprometendo o potencial produtivo desses pomares e acarretando em danos
econômicos e ambientais.
6. CONCLUSÕES
Os objetivos traçados foram alcançados no decorrer do estágio, o qual se
constituiu em uma experiência bastante enriquecedora do ponto de vista técnico,
principalmente pelo contato contínuo com o Engenheiro Agrônomo da empresa, bem
como com técnicos agrícolas e agricultores, o que se deu, muitas vezes, em situações de
campo. Neste sentido, considera-se muito interessante a oportunidade de se presenciar
discussões e diferentes opiniões a respeito de situações práticas, que por sua vez,
possivelmente, farão parte da breve realidade profissional.
Além disso, o envolvimento com as atividades diárias de uma empresa atuante
no ramo agrícola foi muito interessante no sentido de se entender a complexidade do
sistema como um todo. Neste contexto, ressalta-se a interdependência dos diversos
setores que compõem o referido sistema, como as instituições de pesquisa, as fábricas e
indústrias, os comerciantes, os agricultores e, por fim, as diversas pessoas envolvidas no
processo, destacando, entre elas, o Engenheiro Agrônomo.
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7. ANÁLISE CRÍTICA
Em relação à atuação da empresa, foi marcante a ética profissional com que a
mesma busca conduzir suas ações, bem como a preocupação desta com a viabilidade
dos sistemas de produção de seus clientes, com foco na sustentabilidade.
Já no caso da produção de frutas, do ponto de vista técnico, a prática do raleio
que pôde ser acompanhada não estava totalmente de acordo com o que considera-se
recomendado, já que, por conta da escassez de mão-de-obra, ocorreu um atraso na
mesma, de modo que nas últimas glebas a serem raleadas os frutos já apresentavam um
tamanho maior do que o limite máximo ideal para a realização de tal atividade.
Entretanto, do ponto de vista ambiental, as aplicações de defensivos sempre estavam de
acordo com a recomendação técnica para cada produto, respeitando o tempo de carência
dos mesmos.
Considera-se que a realização do estágio contribui de maneira bastante
significativa no enriquecimento da formação acadêmica, ressaltando-se que tal atividade
é de fundamental importância para que se tenha uma percepção prévia a respeito das
atribuições e desafios do Engenheiro Agrônomo. Além disso, o mesmo demonstrou-se
uma importante ferramenta para a aquisição e aprofundamento de conhecimentos
inerentes aos assuntos abordados no decorrer do curso de graduação, o que colabora no
sentido de desenvolver uma maior confiança por parte do aluno que, na maioria dos
casos, possui muitas incertezas e inseguranças quanto à realidade prática com que em
breve irá se deparar.
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8. BIBLIOGRAFIA CITADA
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