View
221
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
CADERNO PEDAGÓGICO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
DISCIPLINA: GESTÃO ESCOLAR
PROFESSORA: ELAINE GIUNTA
PROFESSORA ORIENTADORA: CLARICE LINHARES
IES: UNICENTRO - GUARAPUAVA
NÚCLEO REGIONAL DE PATO BRANCO
JANEIRO, 2008
APRESENTAÇÃO
O diretor tem um papel fundamental na escola. Além de administrá-la e gerenciar as
inúmeras demandas da instituição, ele precisa e deve atuar na constituição de uma equipe
colaborativa de trabalho incentivando a participação da comunidade escolar, ou seja: equipe
pedagógica, professores, funcionários, alunos e pais, na reflexão dos rumos e da identidade da
escola.
Este caderno apresenta sugestões de projetos e atividades realizados com essa parceria,
em escolas públicas, e que deram excelentes resultados.
Esperamos que ele seja um instrumento facilitador do trabalho do diretor, tendo em
vista que o sucesso ou o fracasso da escola é resultado do trabalho de uma equipe. O diretor
deve ser o líder da comunidade escolar.
O trabalho coletivo, não tira a autoridade, torna o trabalho mais ágil e os resultados
mais eficientes, a isso chamamos de gestão democrática.
Por reconhecer a relevância do papel do diretor, como liderança na condução de uma
escola promotora de valores voltados para o respeito, o convívio e a ética, o que
inegavelmente contribui para o aprimoramento das aprendizagens dos alunos, oferecemos esta
contribuição para subsidiar sua tarefa.
AGRADECIMENTOS
À SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, pela oportunidade de nos dar condições
de avanço na carreira e tempo livre para estudos, demonstrando a preocupação com a
formação permanente dos educadores e com o aprendizado dos alunos.
AO G.T.R. GRUPO DE TRABALHO EM REDE, pelo relato de suas experiências com
projetos significativos desenvolvidos em parcerias com suas comunidades escolares.
AS COLEGAS DE CURSO, CLEIDES, MARISTELA, SILDA, MARINÊS E WLASTA,
pela tolerância e por tornarem os longos dias longe de casa sempre produtivos e agradáveis.
A MINHA FAMÍLIA, pelas atitudes, parte integrante desse processo.
A PROFESSORA ORIENTADORA CLARICE LINHARES, pelo incentivo nos
momentos de inquietação. Com sua sabedoria fez com que idéias se transformassem em
projetos.
METODOLOGIA
Este caderno foi elaborado com a participação e sugestão do GTR, Grupo de trabalho em
rede, relato de experiências de colegas diretores, integrantes do PDE, programa de
desenvolvimento educacional, consultas a web, leituras de livros, revistas, monografias, teses
de mestrado e doutorado que estudam a questão da participação da comunidade escolar nos
processos educativos objetivando tornar a escola um espaço democrático.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Há uma célebre frase de Heráclito que nos diz “nada há de permanente exceto a
mudança”.
Tudo muda o tempo todo e o ser humano mais ainda. Assim evidentemente todas as
suas produções sofrem também essa transformação. Cultura, política, educação são algumas
das produções do homem que vão se transformando com o passar dos tempos. Cada uma
dessas produções interfere nas demais.
No processo de ensino brasileiro essas transformações foram bem claras nos últimos
anos.
A educação sofreu influência dos fatores políticos e dos fatores econômicos atrelados a eles,
desde o regime militar e a posterior abertura democrática.
Em 1980, por exemplo, ao examinar as idéias que nortearam as reformas de ensino
brasileiro depois do regime militar.
Se a escola foi o lugar privilegiado para a reprodução da estrutura de classe, das relações de poder da ideologia dominante, e se na concepção liberal a escola superior se distingue das demais por ser um bem cultural das elites dominantes, hoje, com a reforma do ensino, a educação é encarada como adestramento da mão-de-obra para o mercado. Concebida como capital, é um investimento e, deve gerar lucro social (CHAUÍ, 1980, p. 38).
De lá pra cá, anos se passaram e as mudanças continuaram, foram décadas de grandes
transformações.
Peter Drucker, consultor americano, escreveu recentemente que: “O reator da
economia moderna não é a fazenda, não é a fábrica, não é o banco. É a escola”.
E esta é talvez uma das mais significativas mudanças dos últimos anos.
Atualmente o que se busca é um trabalho coletivo; considerado “ sine qua non” para o
desenvolvimento da educação e da sociedade democrática.
O trabalho coletivo deverá envolver a comunidade escolar a fim de que esta reflita e se
posicione frente aos caminhos da escola. A base deste trabalho deverá estar na participação
consciente e na liberdade responsável.
Essa democratização deve ser iniciada pela elaboração do Projeto Político Pedagógico
na escola. “Ao construirmos os projetos de nossas escolas, planejamos o que temos intenção
de fazer, de realizar. Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando o possível.
É antever um futuro diferente do presente.” (Veiga, 1995, p. 1).
O trabalho coletivo na escola não poderá surgir a partir do momento que se julgar
conveniente que ele exista. Ele deverá ser iniciado na ocasião do Projeto político Pedagógico
na escola. Esse trabalho deverá ter garantia de não ser apenas um trabalho de colaboração,
mas de participação, caso contrário, teremos apenas a “prestação de serviços”.
O projeto Político Pedagógico é entendido, neste estudo, como a própria organização do trabalho pedagógico da escola. A construção do Projeto Político Pedagógico parte dos princípios de igualdade, qualidade, liberdade, gestão democrática e valorização do magistério. A escola é percebida como um espaço social marcada pela manifestação de práticas contraditórias, que apontam para a luta e/ou acomodação de todos os envolvidos na organização do trabalho pedagógico. (Veiga, 1995, p. 22)
Sendo assim, se todos estiverem envolvidos, desde o conhecimento das dificuldades
da escola e metas a atingir, mais fácil será a participação, nas propostas e a responsabilidade
das decisões. “Uma das exigências do processo de construção do Projeto Político pedagógico,
é indicar e reforçar a função precípua da equipe diretiva ou coordenadora no sentido de
administrar e liderar sua consecução, em sintonia com o grupo.” (Veiga, 1995, p. 22)
O trabalho então repercutirá no dia-a-dia da escola, modificando as relações inter-
pessoais. Assim todos os interessados deverão participar.
À medida que conseguimos a participação da comunidade escolar temos maiores
condições de pressionar os escalões superiores no sentido de nos apropriarmos da almejada
autonomia. Certamente a participação coletiva é uma das vias que nos leva a melhoria da
qualidade do ensino e a consciência crítica o que torna a escola verdadeiramente pública.
[...] A possibilidade de uma ação administrativa na perspectiva de
construção coletiva exige a participação de toda comunidade escolar
nas decisões do processo educativo, o que resultará na democratização
das relações que se desenvolvem na escola, contribuindo para o
aperfeiçoamento administrativo pedagógico. (Hora, 1994, p. 49)
A necessidade de promover a articulação entre a escola e a comunidade a que serve é
fundamental. O entendimento de que a escola não é um órgão isolado do contexto global de
que faz parte, deve estar presente no processo de organização de modo que as ações a serem
desenvolvidas estejam voltadas para as necessidades comunitárias.
A democracia só se efetiva por ações e relações que se dão na realidade concreta, em
que a coerência democrática entre o discurso e a prática é um aspecto fundamental. A
participação não depende de alguém que “dá abertura ou permite” sua manifestação.
Democracia não se concebe, conquista-se, realiza-se. Há que se considerar os determinantes
econômicos, sociais, políticos e culturais mais amplos que agem em favor da tendência
autoritária enfrentados como manifestação, num espaço restrito. Não é suficiente permitir
formalmente que a comunidade participe da administração da escola; é preciso que haja
condições que propiciem essa participação.
[...] Nesse sentido, considero importante o significado dessa participação para os sujeitos:a) Para a comunidade participar da gestão de uma escola significa inteirar-se e opinar sobre assuntos, para os quais muitas vezes se encontra despreparada ; significa todo um aprendizado político e organizacional (Participar de reuniões, dar opinião, anotar, fiscalizar, cumprir decisões); significa mudar sua visão de direção da escola, passando a não esperar decisões prontas para serem seguidas; significa, enfim, pensar a escola não como um organismo governamental, portanto externo, alheio, e sim como um órgão público que deve ser não apenas fiscalizado e controlado , mas dirigido pelos seus usuários.
b) A direção vê-se colocada diante de tarefas eminentemente políticas, pois assume o papel de dirigente técnico e político. A abertura não acontece para um todo homogêneo e sim para uma população dividida, socialmente estratificada e ideologicamente diferenciada; significa lidar com inúmeras expectativas e projetos políticos diferenciados.c) Para os alunos, a principal mudança refere-se à sua relação com os professores e com a direção; assumir sua parte de responsabilidades na direção da escola e do processo pedagógico, deixando de esperar soluções acabadas e de esperar apenas a punição como saída; compreender que transitar na difícil fronteira entre “liberdade e segurança”, exige um compromisso com o projeto educacional, com princípios e também com uma visão mais global, menos fragmentária da escola. ( Hora, p. 133,134,135)
No processo de democratização da gestão escolar, é indispensável que a escola
respeite a localidade, ao invés de continuar reduzindo o fazer educacional aos moldes das
classes médias urbanas, como é comum acontecer. Somente a partir de uma relação dinâmica
e consciente com a comunidade poderá ser garantida uma possibilidade para que a escola atue
como um fator de mudança social, porém não é a única.
Sendo assim é preciso estar consciente de que os desafios e conflitos, não faltarão,
Entretanto, o resultado passará a ser resultado de muitos, assim, será mais fácil, muitos
procurarem as melhores saídas, que deixar apenas para um, que poderá terminar sem tempo e
sem encontrá-las.
No trabalho coletivo, cada um trará as experiências diárias na resolução dos problemas
e, havendo responsabilidade geral, os resultados serão mais eficazes.
Toda vez que se propõe uma gestão democrática da escola pública, que tenha efetiva participação de pais, educadores, alunos e funcionários da escola, isso acaba sendo considerado como uma coisa utópica. Acredito não ser de pouca importância examinar as implicações decorrentes dessa utopia. A palavra utopia significa o lugar que não existe. Não quer dizer que não possa vir a existir. Na medida em que não existe, mas, ao mesmo tempo se coloca como algo de valor, algo desejável do ponto de vista da solução dos problemas da escola, a tarefa deve consistir, inicialmente, em tomar consciência das condições concretas, ou das contradições concretas, que apontam para a viabilidade de um projeto de democratização das relações no interior da escola. ( Paro, 2005, p. 09)
Quando falamos “gestão democrática da escola”, está implícita a participação da
população em tal processo. Quando, entretanto, destacamos a “gestão democrática da escola”,
para examinar as relações que tal gestão tem com a comunidade, estamos imputando a ela um
caráter de exterioridade ao processo democrático que se daria no interior da escola, como se,
consubstanciada a democracia na unidade escolar, a comunidade fosse apenas mais um fator a
ser administrado por meio das “relações” que com ela se estabelecessem. Se, todavia
concebemos a comunidade para cujos interesses a educação escolar deve voltar-se como o
real abstrato de um processo de democratização das relações na escola, é absurda a proposição
de uma gestão democrática que não suponha a comunidade como parte integrante.
Na estrutura formal de nossa escola pública está quase totalmente ausente a previsão de relações humanas horizontais, de solidariedade e cooperação entre as pessoas, observando-se, em vez disso, a ocorrência de uma ordenação em que prevalecem relações hierárquicas de mando e submissão. O mais alto posto dessa hierarquia é ocupado pelo diretor, verdadeiro chefe da unidade escolar e responsável último por tudo que acontece aí dentro. Esta condição lhe dá uma imensa autoridade diante das demais pessoas que interagem no interior da escola, mas quase nenhum poder de fato, já que a autoridade que ele exerce é concebida pelo estado, a quem deve prestar conta das atividades pelas quais é responsável. Assim, independentemente de sua vontade, o diretor acaba assumindo o papel de preposto do estado diante da instituição escolar e de seus usuários. (Paro, 2005, p. 140)
Uma estrutura administrativa da escola adequada à realização de objetivos
educacionais de acordo com os interesses das camadas trabalhadoras deve também prever
mecanismos que facilitem e estimulem a participação de pais e membros da comunidade em
geral nas decisões aí tomadas. Hoje a instituição escolar encontra-se quase totalmente
impermeável a qualquer forma de participação da população usuária, como se não fosse essa
população que mantivesse o estado com seus impostos e como se a escola não devesse servir
precisamente a seus usuários, procurando agir de acordo com seus interesses, manifestados a
partir de sua participação nas tomadas de decisão que ai se dá.
Percebe-se, na fala de Paro, que o autor questiona se a escola pública no Brasil, é
verdadeiramente pública ou um sistema de ensino mantido precariamente.
Paro considera imprescindível a criação de mecanismos que tornem a escola
democrática de fato.
Alega também que para que essa almejada democracia aconteça, Diretor, professor,
alunos, pais, funcionários devem deliberar em conjunto atendendo assim as reais necessidades
do educando. Analisa também as dificuldades de se implantar essa democracia. Ainda coloca
a falta de estrutura favorecedora da participação coletiva.
Faz ainda considerações a respeito do papel do diretor, que é herói e vilão. Que o
diretor passe a dividir o direito e a responsabilidade de decidir com a comunidade escolar os
rumos da escola.
[...] Há a crença de que a introdução da gestão participativa resolve todos os problemas, como se o objetivo da escola fosse o de propiciar relações democráticas e participativas. Também há sistemas de ensino entendendo que, além da gestão participativa, se deve adotar uma organização curricular em que a vivência das experiências e das interações sociais entre os alunos seja mais relevante do que a aprendizagem de conhecimentos formais, ou seja, de certa forma, os processos seriam prioritários em relação aos resultados da aprendizagem. Os objetivos da instituição podem ser esses, mas será necessário explicitar que essa escola não busca alcançar prioritariamente objetivos cognitivos. ( Libâneo, 2004, p. 12, 13 )
O autor faz muitas considerações a respeito da participação da comunidade escolar na
tomada de decisões, no entanto enfatiza bastante a crença que há a respeito de que a gestão
participativa resolverá todos os problemas, ressalta que essa gestão participativa não esgota
as ações necessárias para que seja assegurada a qualidade do ensino. A participação é um
meio de alcançar melhor e mais democraticamente os objetivos da escola, que se centram nos
processos de ensino e aprendizagem. Na escola, pelo conhecimento e pelo desenvolvimento
das competências cognitivas, torna-se possível analisar e criticar a informação. Os alunos vão
aprendendo a buscar a informação (na TV, rádio, no jornal, no livro didático, nos vídeos, no
computador etc.), mas também os instrumentos conceituais para analisarem essa informação
criticamente e darem-lhe um significado pessoal e social. A escola fará assim, a síntese entre a
cultura formal (dos conhecimentos sistematizados) e a cultura experienciada. Por isso, é
necessário que proporcione não só o domínio de linguagens para a busca da informação, mas
também para a criação da informação. Ou seja, a escola precisa articular sua capacidade de
receber e interpretar informação, bem como produzi-la, considerando-se o aluno sujeito do
seu próprio conhecimento.
A participação é o principal meio de se assegurar a gestão democrática da escola,
possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões
e no funcionamento da organização escolar. Além disso, proporciona um melhor
conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e de sua dinâmica, das
relações da escola com a comunidade, e favorece uma aproximação maior entre professores,
alunos, pais. Nas empresas, a participação nas decisões é quase sempre uma estratégia que
visa o aumento de produtividade. Nas escolas, esse objetivo não precisa ser descartado, pois
elas também buscam bons resultados. Entretanto, há aí um sentido mais forte de prática da
democracia, de experimentar formas não-autoritárias de exercício do poder, de intervir nas
decisões da organização e definir coletivamente o rumo dos trabalhos.
O conceito de participação se fundamenta no de autonomia, que significa a capacidade
das pessoas e dos grupos de livre determinação de si próprios, isto é, de conduzirem sua
própria vida. Como a autonomia opõe-se as formas autoritárias de tomada de decisão, sua
realização concreta nas instituições é a participação. Portanto, um modelo de gestão
democrática participativa tem na autonomia um dos seus mais importantes princípios,
implicando a livre escolha de objetivos e processos de trabalho e a construção conjunta do
ambiente de trabalho.[...] Nesse modelo de gestão, é indispensável a introdução do trabalho em equipe. Uma equipe é um grupo de pessoas que trabalha junto, de forma colaborativa e solidária, visando à formação e a aprendizagem dos alunos. Do ponto de vista organizacional, é uma modalidade de gestão que, por meio da distribuição de responsabilidades, da cooperação, do diálogo, do compartilhamento de atitudes e de modos de agir, favorece a convivência, possibilita encarar as mudanças necessárias, rompe com as práticas individualistas e leva a produzir melhores resultados de aprendizagem dos alunos. (Libãneo, 2004 p.103)
A exigência da participação dos pais na organização e gestão da escola corresponde a
novas formas de relação entre escola, sociedade e trabalho, que repercutem na escola nas
práticas de descentralização, autonomia, co-responsabilização, interculturalismo. De fato, a
escola não pode ser mais uma instituição isolada em si mesma, separada da realidade
circundante, mas integrada numa comunidade que interage com a vida social mais ampla.
Na realidade concreta, todavia, surgem questões não desprezíveis referentes à
possibilidade de síntese entre interesses e competências diversas, como é o caso da presença
dos pais (e estudantes) em órgãos colegiados da escola. Não se pode ignorar que cada
categoria de sujeitos componentes da organização escolar (professores, alunos, diretores,
coordenadores, pais, pais, funcionários) possuem interesses específicos implicando diferentes
culturas e hábitos e diferentes visões das questões escolares. Por exemplo, os professores
podem fazer uma legítima reivindicação de uma competência profissional autônoma que pode
colocar-se como barreira nas relações com pais, bloquear a discussão e até mesmo a
comunicação. Os pais, ao abordar problemas pedagógicos, podem assumir uma atitude
preconcebida de censura aos professores, num campo em que, a rigor, não são especialistas.
Resguardando o princípio da participação, será necessário considerar que a escola tem funções sociais explícitas, objetivos próprios, projeto pedagógico-curricular, estrutura de gestão, formulados de forma coletiva e pública, dentro do critério de respeito aos papéis e competências. Isso significa que não se pode pôr em dúvida o espaço específico e autônomo dos professores, mas por outro lado, se estes forem seguros de sue papel, sua dignidade profissional não ficará abalada com a discussão pública sobre seu trabalho, já que o envolvimento dos pais é não só legítimo como necessário. Somente a prática pode ajudar a esclarecer esses problemas, de modo a encontrar formas de acordo mútuo e de ajuda recíproca, melhorando a organização do trabalho escolar e os trabalhos dos professores em função da qualidade cognitiva, operativa, social e ética dos processos de ensino e aprendizagem. (Libâneo 2004, p. 115)
Participação significa a atuação dos profissionais da educação e dos usuários (alunos e
pais) na gestão da escola. Há dois sentidos de participação articulados entre si. Há a
participação como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos,
constituindo-se como prática formativa, como elemento pedagógico, metodológico e
curricular. Há a participação como processo organizacional em que os profissionais e usuários
da escola compartilham, institucionalmente, certos processos de tomada de decisão.
No primeiro sentido, por meio de canais de participação da comunidade, a escola
deixa de ser uma redoma, um lugar fechado e separado da realidade, para conquistar o status
de uma comunidade educativa que interage com a comunidade civil. Vivendo a prática da
participação nos órgãos deliberativos da escola, os pais, os professores, os alunos vão
aprendendo a sentir-se responsáveis pelas decisões que os afetam num âmbito mais amplo da
sociedade. No segundo sentido, a participação é ingrediente dos próprios objetivos da escola e
da educação. A escola é lugar de compartilhamento de valores e de aprender conhecimentos,
desenvolver capacidades intelectuais, sociais, afetivas, éticas, estéticas. Mas é também lugar
de formação de competências para a participação na vida social, econômica e cultural.
Percebe-se que o autor mostra-se preocupado, pois muitos autores abordam a questão
da “gestão democrática” como solução para todos os problemas do atual sistema de ensino.
O autor acredita que a participação é um caminho, mas não o fim, que de nada adianta saber o
que fazer sem sabermos o como fazer. A participação da comunidade escolar deve ser ativa
nas ações, mas não podemos transformar os meios em objetivos. Todos queremos uma escola
mais democrática e participativa que prepare os alunos para a cidadania e isso pode ser
construído pelos que dirigem a escola e por seus usuários conscientemente. O autor oferece
uma contribuição direta para o exercício de competências profissionais básicas dos
educadores: Participar na gestão e organização da escola, cooperar com os outros
profissionais em projetos comuns, saber tomar decisões pedagógico-didáticas,
organizacionais, administrativas.
[...] No meio de ataques gerais à educação, temos de manter viva a longa tradição de reforma educacional democrática que desempenhou o papel importantíssimo de fazer de muitas escolas lugares cheios de vitalidade e força para aqueles que as freqüentam, em vez de renunciar à idéia das escolas “públicas” e descer a escada que leva à privatização, precisamos nos concentrar nas escolas que dão certo. Apesar das incansáveis tentativas de algumas pessoas de nos levar a pensar o contrário, não temos que nos resignar a escolher entre um sistema decadente de escola pública e as iniciativas de mercado como os projetos de escolas “públicas” que visam o lucro, administradas por empresas privadas como Edson Project ou Education Auternatives Inc. Há escolas públicas em todo o território norte-americano onde o trabalho duro dos professores, administradores, pais, ativistas comunitários e alunos deu bons resultados. São escolas vivas, cheias de entusiasmo, mesmo em circunstâncias eventualmente tristes e difíceis. São escolas onde professores e alunos igualmente empenhados num trabalho sério que frutifica em experiências de aprendizagens ricas e vitais para todos. ( Michel Apple e Janes Beane, 1997 p. 11 e 12 )
Os autores acreditam que existem várias possibilidades de tornar as escolas públicas
vivas e efetivamente democráticas. O que se necessita é o envolvimento e comprometimento
de todos os usuários no processo. A participação, em seu sentido pleno, caracteriza-se por
uma forma de atuação consciente pela qual os membros de uma unidade social reconhecem e
assumem seu poder de exercer influência na determinação da dinâmica dessa unidade, de sua
cultura e seus resultados da competência e vontade de compreender, decidir e agir sobre
questões que lhe são afetas, dando à unidade social vigor e direcionamento firme.
“Alguns estudos apontam para a necessidade de desenvolvimento de metodologias e opções políticas concretas que efetivamente incorporem setores organizados da sociedade civil. A busca de uma metodologia capaz de superar as formas “tradicionais” e “basistas” de planejamento deve pautar-se no compromisso com a democratização da educação. Estas novas formas não podem, contudo, prescindir dos seus aspectos operacionais, sem o que corre-se o risco de incorrer na crítica pela crítica. Mas não devem também cair no deleite fácil das propostas “milagrosas”, ditas participativas e democráticas, sem a devida fundamentação conceptual e político – metodológica, sem o que poderão contribuir no a-politicismo tecnocrático ás avessas ou no basismo comunitário.” ( oliveira, 1997, p. 97 e 98 )
Oliveira, procura dar subsídios que contribuam na tentativa de interpretação do que
vem ocorrendo nas reformas em curso.
A compreensão da gestão democrática da educação como aparece na lei, a partir da
constituição federal de 1988 e nos estatutos de luta do movimento social em defesa da escola
pública e de qualidade, é necessária para que se possa enfrentar os desafios teóricos e práticos
que esta discussão comporta.
Um dos maiores desafios atuais seria conseguir ampliar os limites da análise para além
do espaço institucional assumido pela educação pública, como resultado das determinações
políticas e legais do estado nacional.
A legalização da problemática educacional dentro de um cenário mais amplo que
comporte as transformações ocorridas em âmbito mundial é indispensável a compreensão do
caráter de certas intervenções externas que agenciam supranacionais, como o Banco Mundial
e a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), vem exercendo, em
realidades nacionais distintas, através de “ Orientações metodológicas” para a gestão e
planejamento dos sistemas de ensino.
Bibliografia
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5 ed. Revista e ampliada. Goiânia: Editora Alternativa, 2004.
HORA, Dinair Leal da. Gestão democrática na escola: Artes e ofícios da participação coletiva. Campinas, SP: Papirus,1994. (Coleção Magistério: formação e trabalho pedagógico).
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Projeto Político pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas, SP, 1995.
APPLE, Michael W.; BEANE, James A. (orgs.). Escolas Democráticas. São Paulo: Cortez, 1997.
OLIVEIRA, Dalila Andrade (org.). Gestão democrática da educação: desafios contemporâneos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
SOUZA, Vera Sandra Chagas de. Coordenadora de gestão da Escola de Ensino Médio Liceu José Furtado de Macedo, de Jaguaribara, Ceará. Revista Gestão em rede, agosto, 2005.
PARO, Vítor Henrique. Gestão democrática da escola pública. Série educação em ação. 3 ed. São Paulo: Ática, 2005.
CURY, Augusto. Pais brilhantes professores fascinantes. 5 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
CHAUÍ , Marilena. O que é ideologia. São Paulo , Brasiliense, 1980.
MARX, Karl. O capital. Crítica da economia política. Rio de Janeiro, Civilização brasileira, s.d. livro 1 , 2 v.
GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da história. 2 ed. Rio de Janeiro, Civilização brasileira, 1978.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 2. ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1975.
SAVIANI, Dermeval. Ensino público e algumas falas sobre a Universidade. São Paulo, Cortez: Autores associados, 1984.
GESTÃO EM REDE: Consed – Conselho Nacional de Secretários de Educação, 2000 a 2007.
Projetos para a Sala de Aula
Projeto 1
5a a 8a Séries e Ensino Médio.
FESTA NA ESCOLA
Uma campanha eficiente
RESUMO
Nesta atividade, os alunos estarão aperfeiçoando suas habilidades de redação, ao mesmo
tempo em que aprendem os passos de uma campanha para um evento que envolva a escola
toda. Através da criação de anúncios, folhetos, convites, calendários especiais e faixas de
divulgação, os alunos terão uma oportunidade para desenvolver seu talento nas técnicas de
redação.
OBJETIVOS
♦ Utilizar a linguagem escrita de maneira criativa;
♦ Relacionar-se com a comunidade em torno da escola.
TEMPO PREVISTO
De 2 a 4 semanas
COMO COMEÇAR
Explique aos alunos que eles estarão planejando um evento na escola e que o sucesso de
qualquer evento depende de materiais promocionais e de propaganda. Peça aos alunos que
tragam seus anúncios de revista favoritos e discuta com eles sobre o que mais lhes agrada
nesses anúncios. O que os torna tão eficientes? Estimule-os a falar sobre as cores, a
mensagem, o estilo e as ilustrações como um todo.
Além disso, faça comente sobre os vários elementos que devem ser incluídos na criação de
um cartaz ou folheto de promoção, como: nome, data, horário, local e preço da entrada (caso
seja pago), além das imagens que chamam a atenção. Deixe que os alunos decidam quanto ao
tipo de evento que desejam planejar. Divida a classe em grupos e atribua a cada um uma
tarefa específica — como criar um folheto ou os convites — que ajudará a transformar o
projeto em realidade.
Atividade do aluno
DESCRIÇÃO
Nesta atividade, você trabalhará com seus colegas no desenvolvimento de material
promocional de uma festa na escola.
ETAPA 1
Projeto de folheto
O QUE FAZER: É fácil criar material promocional para qualquer evento .
Um ou mais grupos devem criar um folheto ou cartaz divulgando o evento. Lembre-se de que
o nome do evento deverá ocupar uma posição central. O texto deve ser escrito com letras de
tamanho grande e especificar a data, horário e local.
O segredo da propaganda eficiente é a simplicidade. Ao criar seus folhetos ou qualquer outro
material promocional, assegure-se de que sejam diretos, visualmente limpos e fáceis de serem
lidos pelo público. Agora peça autorização para pregar uma cópia dos seus folhetos em todos
os quadros de aviso da escola (quanto mais, melhor!).
ETAPA 2
Um calendário
O QUE FAZER: Um calendário de um mês pode ser uma ótima idéia para destacar a data da
festa, que pode ser personalizado para se adaptar a sua necessidade.
ETAPA 3
As faixas
O QUE FAZER: Crie o projeto de uma ou mais faixas para decorar as paredes no dia da festa.
As faixas podem conter texto e gráficos, criar faixas fica fácil e divertido, em qualquer
ocasião!
A mensagem do texto deve chamar a atenção e refletir o espírito do evento. A faixa Viva a
Música (veja o Exemplo ) foi criada para divulgar o festival musical da escola.
ETAPA 4
Os convites
O QUE FAZER: Crie convites especiais para o evento, do tipo cartão comemorativo, envie-os
aos membros da comunidade. Lembre-se de convidar o Diretor da escola e representantes do
comércio local.
Aproveitem para preparar também mensagens de agradecimento aos pais, professores,
funcionários ou alunos de outras classes que ajudaram a planejar o evento.
Projeto 2
A Escola Promovendo Hábitos Alimentares Saudáveis.
Histórico do Projeto
O Projeto a Escola Promovendo Hábitos Alimentares Saudáveis é formado por uma equipe de
nutricionistas, pedagoga e alunos de nutrição que juntos elaboram estratégias que unem o
conhecimento científico às técnicas pedagógicas que procuram envolver toda a escola em prol
da alimentação saudável para todos.
Foi iniciado em Brasília no ano de 2000 em escolas de ensino fundamental da rede pública de
ensino através de alunos do curso de nutrição da Universidade de Brasília como projeto final
da disciplina de educação nutricional por meio da avaliação nutricional das crianças atendidas
e do desenvolvimento de atividades pedagógicas sobre alimentação saudável com as crianças
com sobrepeso. Em 2001, realizou-se o aperfeiçoamento destas atividades e a elaboração do
kit educativo contendo jogos sobre a escolha saudável e cd-rom com manuais técnicos para os
educadores. Em 2002, foi lançado com o título de “A Escola Promovendo Hábitos
Alimentares Saudáveis” , tendo sido selecionado um grupo de 23 escolas do Distrito Federal
para o desenvolvimento de ações educativas para os alunos, pais e/ou responsáveis e oficinas
com os educadores, além de ter sido fornecido o kit educativo a cada uma dessas escolas e
ainda para outras 373 escolas da redes de ensino pública.
No ano de 2003, as atividades foram sistematizadas e consolidada a experiência da “A Escola
Promovendo Hábitos Alimentares Saudáveis” , que passou a incluir a educação infantil nas
suas ações, bem como atividades educativas com os donos de lanchonetes escolares de modo
a oferecer lanches mais saudáveis nas escolas. A sistematização do projeto foi estruturada e
definida em 3 eixos estratégicos para execução de ações para a promoção da alimentação
saudável nas escolas: Eixo A, Eixo B e Lanchonete Escolar.
EIXO A: No eixo A, as estratégias para promoção da alimentação saudável no âmbito escolar
envolvem os alunos, educadores e pais ou responsáveis. Com os escolares são desenvolvidas
atividades educativas (apresentações teatrais, fantoches e estórias ilustrada), avaliação do
consumo alimentar e antropometria. Para os educadores é disponibilizado um instrumento
norteador de ações denominado Plano de Ação o qual corresponde aos principais conteúdos
abordados nas atividades educativas e os quais devem ser trabalhados em sala de aula. Este
instrumento tem o propósito de reforçar as mensagens sobre alimentação e nutrição
ressaltadas nas atividades lúdicas.
Para os pais ou responsáveis são realizados 03 encontros anuais para realização de palestras
informativas sobre Alimentação Saudável, Lanche Escolar Saudável e Rotulagem Nutricional.
EIXO B: O eixo B caracteriza-se por promover Oficinas de Capacitação em Alimentação e
Nutrição para educadores do ensino infantil e fundamental. Esta oficina é realizada na
Universidade de Brasília com certificação pela Escola de Extensão e possui carga horária
mínima de 50 horas. Os educadores capacitados são responsáveis pelo desenvolvimento e
multiplicação de conceitos e práticas para a comunidade escolar.
LANCHONETE ESCOLAR: O Projeto desenvolve ações junto às lanchonetes escolares
promovendo a adequação da Lanchonete Saudável através de um manual com informações
sobre alimentação saudável e cultura, higiene pessoal e alimentar, rotulagem e legislação
sobre lanchonetes, que prevê a proibição da venda de alimentos ricos em gorduras e açúcares
e, ainda, a realização de campanhas educativas para comunidade escolar. Inclui também
atividade com os escolares e educadores, como as apresentações de teatro e desenvolvimento
do plano de ação, respectivamente.
Em 2005 foi desenvolvida uma nova estrutura de atuação para o Projeto em função dos
resultados observados em 2004. Veja a nova estrutura em O PROJETO.
O Projeto A Escola Promovendo Hábitos Alimentares Saudáveis desenvolve suas atividades
utilizando duas estratégias para promoção da alimentação saudável no âmbito escolar: a
Oficina de Capacitação para Educadores e a Lanchonete Saudável.
OFICINA DE CAPACITAÇÃO PARA EDUCADORES
São realizadas oficinas/cursos de capacitação na Universidade de Brasília com o intuito de
estimular o professor a desenvolver atividades sobre alimentação e nutrição de forma
transversal e interdisciplinar, no decorrer de todo o ano letivo.
O principal objetivo das oficinas é tornar o educador um multiplicador de conceitos e práticas
de alimentação e nutrição envolvendo toda a comunidade escolar (educadores, alunos e
pais/responsáveis).
A oficina possui duração de 60 horas com certificação pela Escola de Extensão da UnB.
Os principais temas trabalhados são:
• Princípios da Alimentação Saudável;
• Higiene Pessoal, Alimentar e Ambiental;
• Produção de Alimentos;
• Rotulagem Nutricional.
Além dessas ações, o Projeto avalia o consumo alimentar e realiza avaliação antropométrica
dos alunos de professores capacitados a fim de verificar os impactos das atividades
desenvolvidas pelo educador.
LANCHONETE ESCOLAR
O trabalho dentro das lanchonetes escolares tem como objetivo assessorar os donos de
lanchonete para a promoção de lanches saudáveis dentro do ambiente escolar. Além da
promoção dos lanches saudáveis o projeto assessora as lanchonetes no aspecto higiênico-
sanitário.
A metodologia do eixo visa a implantação, por parte da cantina, dos 10 passos para a
lanchonete saudável, desenvolvidos pelo projeto.
OBJETIVOS DO PROJETO
Como a escola exerce uma grande influência sobre as crianças e os adolescentes, contribuindo
enormemente para a formação de seus valores, ela representa o lugar ideal para o
desenvolvimento de programas de promoção da saúde, como o de Alimentação Saudável.
Um programa de alimentação saudável implantado na escola não atinge somente os alunos,
tendo uma abrangência ampliada, por englobar também os professores, os pais e a
comunidade. A percepção da escola como um dos espaços para promoção de hábitos
alimentares saudáveis se reflete na iniciativa das Escolas Saudáveis ou Escolas Promotoras de
Saúde, traduzindo esse núcleo de convivência em local de grande relevância para a promoção
de saúde, principalmente quando ela está inserida na construção do conhecimento do cidadão
crítico, estimulando-o a assumir atitudes mais saudáveis de viver hoje e no futuro.
O Projeto "A Escola Promovendo Hábitos Alimentares Saudáveis" tem como principal
objetivo promover a alimentação saudável junto às crianças, pais, professores e responsáveis
pelas cantinas. Todas as atividades desenvolvidas na escola visam a modificação do ambiente
escolar para o estimular a adoção de hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis e a
prevenir o aumento dos casos de obesidade e de doenças crônico-degenerativas na infância,
conseqüências direta de erros alimentares e inatividade física das crianças.
ALCANCE DAS AÇÕES
ESCOLAS
Entre os anos de 2002 e 2004, o Projeto atuou em mais de 60 escolas públicas e privadas do
Distrito Federal (Brazlândia, Candangolândia, Ceilândia, Gama, Guará, Lago Sul, Paranoá,
Planaltina, Plano Piloto, Samambaia, Sobradinho, Taguatinga) e do estado de Goiás (Águas
Lindas, Formosa, Valparaíso).
ALUNOS
Até o momento cerca de 7000 alunos foram beneficiados com atividades desenvolvidas pelo
Projeto e educadores capacitados nas oficinas.
EDUCADORES
Em torno de 200 educadores tornaram-se multiplicadores de conceitos e práticas em
alimentação e nutrição propostos pelo Projeto.
LANCHONETES
Para as atividades deste eixo foi realizado um encontro com donos de lanchonete para
capacitação em alimentação e nutrição a fim de promover uma lanchonete saudável no
ambiente escolar.
Deste encontro, 9 lanchonetes, no ano de 2003, participaram das ações propostas pelo eixo.
Em 2004 participaram 6 lanchonetes, com resultados significativos para a promoção da
lanchonete saudável.
Curso
Nutrição para donos de cantina escolar: como implantar uma cantina saudável
Objetivo:
Capacitar o(a) dono(a) de cantina para a implantação de uma cantina saudável, para que os
mesmo se adequem à legislação nº 3.695. de 08/11/05, que trata da promoção da alimentação
saudável nas escolas da rede de ensino, pública e privada do Distrito Federal
ATIVIDADE COM AS CRIANÇAS-TIPO A
As atividades de educação nutricional são desenvolvidas apenas nas escolas Tipo A e nas
Escolas inseridas no Projeto “Lanchonete Saudável”, são atividades tanto para educação
infantil quanto para o ensino fundamental até a 4ª série.
Atividades para Educação Infantil
Baú dos alimentos 1 e 2
Objetivo: Ensinar os princípios da Pirâmide dos Alimentos.
Método: Peça teatral com montagem da Pirâmide dos Alimentos.
Resumo: A fada dos alimentos e o duende Jajá Maracujá ouvem um pedido de ajuda de uma
professora e partem para a escola para ensinar às crianças os princípios da pirâmide dos
alimentos.
Terra da Comelândia 1 e 2
Objetivo: Ensinar a importância de comer alimentos variados e em quantidades adequadas.
Método: Teatro de fantoches.
Por que comemos?
Objetivo: Mostrar a importância dos alimentos na nossa saúde e incentivar o envio de lanches
saudáveis e diferentes para a escola a cada dia pelas crianças.
Método: Teatro de fantoches.
N ovos sabores 1 e 2
Objetivo: Incentivar o consumo de novos alimentos.
Método: Contador de história e oferecimento de alimentos como frutas, sucos, bolos para
começarem a perder o medo de alimentos desconhecidos.
Atividades para o Ensino Fundamental:
Pirâmide dos Alimentos 1 e 2
Objetivo: Ensinar os princípios da Pirâmide dos Alimentos.
Método: Peça teatral com montagem da Pirâmide dos Alimentos.
A tividade da Imagem Corporal 1e 2
Objetivo: de informar sobre os perigos das dietas da moda e valorizar a importância de se ter
um peso saudável.
Método: Peça teatral
Fome x Desperdício 1 e 2
Objetivo: estimular as crianças a evitarem o desperdício de alimentos e contribuir com as
pessoas que necessitam de ajuda comunitária.
Método: Peça teatral.
Senhor Real 1 e 2
Objetivo: Esclarecer, analisar e identificar os alimentos industrializados e contribuir com
informações para mudança de hábitos e práticas alimentares.
Método: Peça teatral.
Depoimentos de crianças participantes
“Aprendi que tenho que comer de tudo... comer direito. Não comer mais refrigerante,
chocolate, salgadinho, sanduíche todo dia. Comer ovo de vez em quando. Tem que comer o
que é natural... suco natural e melhor (sexo feminino, escola particular).
“Não podemos desperdiça comida... se tiver comida para sobrar tem que dar para alguém que
passa fome... e não jogar comida fora. Temos que pensar nos pobre que não tem o que comer
onde morar”. ( sexo feminino, escola pública).
“Passei a comer de tudo coisas diferentes. Antes eu comia todo dia salgadinho, pirulito.
Comecei a comer feijão, verdura, carne e não muito doce. Diminui o refri, o doce um
pouquinho, comecei a tomar suco da fruta, pelo menos de manhã. Como salgadinho uma vez
por semana. Não to comendo muita coisa frita, nem gordura... Tô comendo mais fruta, menos
besteiras. Antes não levava nada para o lanche, agora to trazendo frutas”. (sexo feminino,
escola particular).
ATIVIDADE COM OS PAIS-TIPO A
São realizados stands expositivos dentro das escolas com o objetivo de informar a
comunidades sobre a importância da alimentação saudável. E em seguida, são realizados
encontros com os pais de alunos das escolas Tipo A, sendo abordado os mais diversos temas
como Alimentação Saudável, Higiene dos Alimentos, Rotulagem Nutricional e Lanches
Saudáveis.
Em 2003, os temas abordados foram alimentação Saudável, Higiene dos Alimentos e
Rotulagem Nutricional em todas as escolas do eixo Tipo A, participantes do projeto.
1 o Encontro- Abordou o tema alimentação e cultura, além dos princípios da alimentação
saudável.
Relatos de pais participantes: “(...) onde a gente morava ele [meu filho] não tinha o costume
de comer as verduras que aqui tem, que lá pra gente não tinha. Aí, eu fui oferecendo de uma
forma diferente, né? E ensinando pra ele. Eu copiava as coisa aqui da reunião e chegava lá e
lia pra ele, pra ele ver o tanto que é importante pra ele ter aquela alimentação balanceada,
mas uma alimentação saudável, né? Aí hoje não, hoje tá uma maravilha, tá aceitando numa
boa” (responsável de escola pública, sexo feminino).
“(...) a gente tá acostumado a comer arroz, feijão e carne e aí depois que eu comecei a vir
né?, assistir palestra com as menina, a gente passou a comer mais verduras, frutas, legumes.
O rapazinho (...) agora já passou a se alimentar melhor depois que eu passei a ouvir a
palestra” (responsável de escola particular, sexo feminino).
“Lá em casa acho que mudou desde (pausa) a primeira reunião. Vocês falaram sobre
diversificar. Aí eu tentei mudar. Meus meninos não gostam de verdura, (...) então aí eu faço,
enfeito o prato, fica bem colorido. Agora eles tão começando a comer mais” (responsável de
escola pública, sexo feminino).
“(...) no primeiro encontro eu não tinha muita noção do que era alimentação saudável, não.
Pra mim era aquela coisa fruta, verdura, massa, mas nada de doce. Nada, nenhum. Então, eu
comecei a ver diferente, não posso tirar a minha filha do mundo também, né? E essa coisa de
balancear (pausa) eu consegui fazer, assim (pausa) eu tô menos preconceituosa (risos)”
(responsável de escola particular, sexo feminino).
2 o Encontro - Teve como temas a higiene, a conservação e aproveitamento dos alimentos.
Relatos de pais participantes:
" De noite se o leite tivesse quente, dormia ali em cima do fogão e tudo. Agora não, agora
passei a guardar tudo na geladeira. As comida que as vez ficava na panela, agora tiro tudo,
boto nos potinho, tampo direitinho e coloco na geladeira” (responsável de escola pública,
sexo feminino).
“Por mim foi bom. A gente aprende muitas coisas novas, melhores. Pra mim foi importante”
Você aprendeu alguma coisa nova, mudou a sua vida? “Mudou, não descongelei mais a
carne em bacia de água. Não deixei mais panela em cima do fogão (risos)” (responsável de
escola pública, sexo feminino).
“(...) foi proveitoso pra mim a lavagem das verduras. Até então eu lavava e lavava com
vinagre. E achei que tava certo, né? Agora não, eu lavo direitinho com água sanitária as
frutas, folhas, que a gente usa muitas folhas lá em casa, e eu me sinto muito segura com isso.
(...) E isso pra mim foi rico, essa informação que eu tive aqui de higiene dos alimentos”
(responsável de escola particular, sexo feminino).
“ Foi muito proveitoso, (...) principalmente aprender a lavar as mãos. Você pensa que está
fazendo as coisas direito e (pausa) você tá vivendo e aprendendo as coisas. (...) e é tão bom
que você fica satisfeita que você tá cuidando” (responsável de escola particular, sexo
feminino).
3 o Encontro - Abordou o tema rotulagem nutricional
Em 2004, os temas que estão sendo trabalhados nas escolas são: Lanches Saudáveis e
Rotulagem Nutricional.
Relatos de pais participantes:
“(...) eu antes olhava pro valor nutricional, mas o rótulo era aquilo: você olhava algumas
coisas básicas, mas aqueles detalhezinhos, ainda não. Aí hoje, eu já me atento um pouco
mais pros rótulos, né?” (responsável de escola particular, sexo feminino).
“(...) aquele negócio do rótulo foi interessante. Eu realmente comprava, mas eu nunca
olhava. (...) Então, a gente já tem mais esse cuidado de olhar mesmo o rótulo e analisar
realmente o que a gente tá comprando” (responsável de escola particular, sexo feminino).
“ Eu tô olhando, meus meninos já aprendeu a olhar, eles mesmos ficam procurando lá, onde
que é, onde que tá, quanto que tem, então (pausa) mudou” (responsável de escola pública,
sexo feminino).
Projeto 3
ARTE CONSCIENTE NO MEIO AMBIENTE INTEGRA ESCOLA E
COMUNIDADE.
Projeto de arte-educação e ecologia transforma práticas de ensino da escola e promove
exercício da cidadania. Com isso, escola e comunidade se integraram, resultando uma nova prática
de gestão pedagógica, que reduz a evasão e leva à melhoria da qualidade do ensino.
Criar, pensar, discutir, conscientizar, mobilizar e fazer arte foram os ingredientes utilizados por
alunos e professores, e pela arte-educadora Mari a Aparecida Perussi Martins, para transformar a
comunidade do Parque Novo Oratório, em Santo André, SP, promovendo a integração da comunidade
com a escola, um dos princípios da gestão compartilhada.
O Projeto "Arte consciente no meio ambiente", criado em 2001, a cada ano ganha roupagem nova
e resulta num relacionamento de perfeita harmonia a comunidade 10 alunos da Escola Estadual Prof. José
Henrique de Paula e Silva, O projeto traduz um exercício de cidadania e de produção artística, reunindo a
importância da preservação do meio ambiente com a produção de esculturas, pinturas, instalações, peças
teatrais, grupos musicais, danças e artesanatos com sucata e materiais recicláveis.
A falta de consciência ambiental faz com que muitas famílias negligenciem a formação de valores
essenciais aos jovens, passando à escola a função de estabelecer e resgatar hábitos, valores éticos,
preservação do meio ambiente e da própria saúde.
Muitas gerações cresceram sem notar a degradação ambiental que nos circunda, banalizando a
presença dos agentes poluidores, sem perceber o quanto a vida e a saúde foram afetadas .. Com esta
mesma inconsciência tratam da educação dos filhos, dando formação ética e moral inconsistente às
crianças. Por isso, enfrentar as dificuldades do dia-a-dia e conscientizar sobre os assuntos ambientais do
bairro e da cidade foi um desafio para a escola Prof. José Henrique.
A semente foi plantada em 2001, quando, ao utilizar o jornal em sala de aula, a arte educadora
Maria Aparecida Martins inteirou-se e sensibilizou-se sobre os problemas que o bairro e a cidade en-
frentam com a poluição dos rios e do ar, entre outros. Imediatamente, passou a pensar de que forma a
escola poderia ajudar a minimizar os problemas ambientais. O assunto foi levado à discussão e passou a
integrar as novas ações do Projeto Pedagógico da escola, para criar consciência ambiental.
A reflexão sobre a questão levou à necessidade de resgatar um pouco da história do
desenvolvimento da humanidade até os dias de hoje, quando o mundo enfrenta a escassez de água
potável; com a vida nos mares, rios e florestas seriamente afetados pela poluição; espécies em extinção;
poluição do ar prejudicando a saúde das pessoas. Verificou-se que nem todos da comunidade conheciam
a realidade dos danos que o homem tem causado à natureza.
A partir desse diagnóstico, a escola procurou o Sem asa Serviço Municipal de Saneamento
Ambiental de Santo André que, com seus programas de Experiências em Educação Ambiental, tornou-se
parceiro em uma série de projetos, entre eles o "Caminho das águas" e "Meio Ambiente, água e gente",
que promoveu visitas monitoradas às áreas de mananciais, à área de reserva florestal Recanto Arco-íris,
ao Aterro Sanitário e à Estação de Tratamento de Água e Esgoto de Santo André.
A educadora Maria Aparecida conta que "no desenvolvimento do projeto, sentiu-se que os
alunos se comprometeram na mudança da relação sociedade x natureza e descobriram como participar
da recuperação da natureza degradada, aproximando-se e conscientizando-se sobre as questões relativas
dos recursos hídricos, resíduos sólidos, preservação do meio ambiente natural e urbano, uso de novas
tecnologias, e, principalmente, sobre a questão do tratamento da água, fundamental para a qualidade de
vida das pessoas". Estima-se que aproximadamente um quarto da população mundial não tem água
tratada para consumo, a principal causa da mortalidade infantil.
Foram realizadas várias pesquisas sobre os conceitos de "Reciclar, Reutilizar e Reduzir",
envolvendo discussões sobre os temas: diferenças do desenvolvimento das sociedades e de classes
sociais; relações do homem com o seu semelhante e com a natureza; sociedade de consumo, seus valores
e conseqüências para o ser humano e a vida; o mundo de referências das pessoas - o individual e o
coletivo; reciclagem, escassez dos recursos naturais, o lixo no meio ambiente; poluição, desmatamento.
Também foram feitas visitas monitoradas, gráficos, relatórios, depoimentos, aulas com vídeo. Após esta
maratona, partiu-se para a elaboração de produções artísticas.
A arte promove a intervenção
A proposta de trabalho envolveu atividades variadas, utilizando recursos disponíveis, com o
objetivo da escola ser uma instituição que reflita as características da sociedade, em seus aspectos sócio-
políticos, econômicos e culturais, firmando-se como espaço destinado ao crescimento intelectual,
cultural, profissional e ético dos alunos. Os alunos, adolescentes ativos, inteligentes e criativos, ao serem
estimulados, conseguem produzir excelentes trabalhos que levam à reflexão e ao desenvolvimento real
do conhecimento.
A orientação principal era no sentido de fazer com que o jovem quisesse atuar como
protagonista. As propostas em arte foram sugeridas aos alunos, que se dividiam nas tarefas, respeitando
prazos para a elaboração das obras de arte.
Realizaram-se assim atividades de artes visuais - pintura, colagens, esculturas, artesanato,
instalação, moda, painéis; teatro - fantoches; música percussão; dança - expressão corporal; e as
oficinas de pinturas paisagistas, em telas acrílicas, óleo e tecido - "Meio Ambiente Água e Gente";
painéis: pinturas com paisagens (natureza e água), em papel pardo com guache; esculturas com sucata:
artesanato com materiais recicláveis e sucatas, produzindo-se vasos, potes, flores, máscaras, moda, e
ornamentações diversas e brinquedos - carrinhos, bonecas, instrumentos musicais, jogos: instalação com
sucata de material fotográfico; mini jornal ambiental; Grupo Rebate: com instrumentos de percussão;
Música tema: "Ambiência"; Grupo Natureza--Expressão corpora I; Peças teatrais - Teatro de Bonecos
(Releitura do grupo Giramundo), "A turma do utilixo" e Nada de Desperdício", Após as oficinas, demons-
trou-se a analogia entre o produto e a arte para mostrar, visualmente, como todos podem ajudar a preservar
o meio ambiente, refletindo-se sobre 'o que acontecerá com os seres vivos se cada pessoa não colaborar
para a conservação do meio em que vive.
REPERCUSSÕES DE SUCESSO
Os alunos ficaram animados com exposições de suas produções na escola e no Shopping de Santo
André - pinturas em tela de paisagens, instalações, esculturas e brinquedos de sucata, artesanatos,
releituras de obras de arte, desfile de moda com materiais recicláveis -- e apresentação do Grupo Musical
Rebate e do Teatro de Sonecas para a comunidade local, inclusive para os alunos do Centro Educacional
de Santo André. Também foram feitas exposições de pinturas no Primeiro de Maio Futebol Clube. As
exposições e as apresentações fora m bem sucedidas, contando com a participação direta e indireta de 950
alunos, com presença de mais de duas mil pessoas da comunidade.
Na seqüência, o Semasa escolheu a escola para fazer parte do Projeto Piloto do "programa
Sentindo a Cidade: Ar, água e solo", desenvolvido em conjunto com a Faculdade de Medicina da USP,
com coordenação do professor titular de Patologia Clínica e médico pneumologista Paulo Saldiva.
O sucesso do projeto fez com que o trabalho de pintura em tela fosse ampliado para fora do
horário de sala de aula, aos sábados e domingos, envolvendo pais de alunos, funcionários, comunidade, di-
reção e professores. A experiência promoveu maior socialização entre os participantes, servindo como
terapia e diversão, além de resultar, para alguns, em forma de empreendimento.
OS BONS RESULTADOS
O engajamento de alunos e professores no projeto, nas produções artísticas, pesquisas e
mobilização junto à sociedade durante as ações do projeto Arte Consciente no Meio Ambiente,
proporcionou benefícios peculiares à comunidade escolar: a arte como estímulo à preservação ambiental;
o reforço do espírito de solidariedade e respeito à natureza; o senso crítico pela arte; o resgate de valores
morais, sociais, éticos e auto-estima; o estímulo ao trabalho coletivo e ao exercício da tolerância; o estí-
mulo à investigação e à produção de conhecimento; a fazer da atividade um prazer; o estímulo à criação e
ao aprendizado' de técnicas de reciclagem de papel, integrando arte e economia como princípios para a
vida cotidiana; a sensibilização e capacitação de recursos humanos como agentes multiplicadores dos
princípios de reaproveitamento; o trabalho e a atividade na educação ambiental para subsidiar melhoria de
condições socioeconômicas das pessoas envolvidas, com o desenvolvimento de possibilidades de criar,
produzir arte e ,fontes de renda; a descoberta de novos usos para embalagens de produtos industrializados
e demonstração da importância de sua reutilização; a valorização da vida pela solidariedade e interação
entre os adolescentes; o relacionamento da questão água/floresta, de vital importância para garantir o
suprimento da água para as cidades; o entendimento de que reciclagem também é preservação do meio
ambiente; o estímulo da vida em harmonia com a natureza; a valorização do trabalho em equipe; o resgate
da importância da História do homem e sua responsabilidade em relação às gerações futuras; o incentivo
ao empreendedorismo; a reflexão sobre a melhoria da qualidade de ensino, meta principal da proposta
pedagógica da escola, que tem sido comprova.da, com clareza, pelos resultados do projeto.
Os alunos formaram novos conceitos e hábitos assimilados a partir de vivências concretas. Nas
oficinas de brinquedos com sucatas, nas atividades lúdicas com o conceito que a comunidade tinha da
escola foi se transformando a cada passo dado, teatro e dança, nas aulas de pintura em tela
observou-se que todo adolescente tem o direito e a necessidade de expressar-se para ter um
desenvolvimento adequado do ponto de vista sócio afetivo, cognitivo e motor.
Através da arte os alunos puderam traduzir não somente o saber adquirido, mas também atitudes,
comportamentos e habilidades desenvolvidas: ser saber - fazer. O reflexo social deste projeto já é sentido
pela comunidade, revelando aptidões vocacionais e abrindo novos campos de trabalho para os jovens,
pois o tema é trabalhado na escola há cinco anos.
Implementado periodicamente, o projeto traz reflexos pedagógicos transformadores: percebeu-
se, com clareza, modificações no ambiente escolar, melhorando as atitudes dos alunos; e o conceito que a
comunidade tinha da escola foi se transformando a cada passo dado - antes do projeto, muitos alunos
eram individualistas ou formavam-se grupos isolados, discriminados, ignorados, agindo como se
esperassem a sua exclusão natural; aos poucos, sente-se a inclusão pedagógica, com a dissolução das
desavenças anteriores e o surgimento de interesses comuns, que tem como fio condutor a produção
artística.
Os alunos incluídos apresentaram progresso significativo no desempenho global durante as
atividades. O projeto contribuiu concretamente para a melhoria da qualidade do ensino e para a qualidade
de vida. A versatilidade do projeto, construtivista em sua essência, criativo e motivador, transformou o
educando, que adotou atitudes conscienciosas de preservação. Os conceitos adquiridos levaram os alunos
a atuar como agentes transformadores.
Efetivamente despertados para a cidadania, resgataram-se jovens pré-destinados ao fracasso,
diminuindo a evasão escolar. Vários alunos ficaram motivados a seguirem carreira profissional
associadas às das habilidades adquiridas. Outros manifestaram interesse no mercado de trabalho
informal, como o artesanato e a pintura.
As manifestações de apreço e mudanças de comportamento são a prova do sucesso deste projeto.
O que se espera com a realização dos trabalhos artísticos é que os alunos possam analisar, refletir,
respeitar e aprender a preservar a natureza através de diversas manifestações artísticas,
interdisciplinarmente abordadas, integrando os temas transversais, com foco principal no meio ambiente.
O respeito ao trabalho coletivo e a intensa participação destes jovens, trouxe a sensação de "missão
cumprida" e de que "valeu a pena",
Projeto 4
ESCOLA E COMUNIDADE DESCOBREM NOVOS CAMINHOS
Cidadania. Essa é a palavra de ordem da comunidade escolar que dá vida à Escola
Estadual Augusto Montenegro, em Belém do Pará. A história da escola tem servido de exemplo
para muitas que se multiplicam pelo país.
De segunda pior escola do Brasil, mostrada em rede por cadeia nacional de televisão,
com o Projeto Renascer, a Augusto Montenegro se torna exemplo a ser seguido, com a
participação decisiva da comunidade.
“Parece que foi ontem, diz a aluna Isis Bastos, matriculada no 3a ano do Ensino Médio e uma
das trinta integrantes do Projeto Renascer. "Mas, já estamos completando um ano de muita luta, mas de
muitas alegrias também", completa Jaqueline Sousa, também aluna da escola. Até o ano passado, o
cenário da escola não era dos melhores: paredes pichadas, banheiros sujos, desorganização, violência
entre alunos e o que é pior, evasão escolar e baixa aprovação.
Em menos de um ano, a escola já apresenta novo visual e, no dia 11 de agosto, comemorou um
ano de vitórias do Projeto Renascer. "Os desafios continuam, mas as vitórias já são muitas. Nossa
intenção era levantar a auto-estima de todos que participam da escola", diz o professor de Matemática,
João Carlos Sanches, um dos idealizadores do projeto. "Começamos com oito professores e hoje já so-
mos 12, de todas as disciplinas", conta.
A pedagoga e especialista em gestão escolar Nazaré Paranhos, há quatro anos na direção da
escola, enumera os desafios encontrados: desânimo, morosidade, baixa estima eram algumas das
barreiras a vencer. Hoje, ela se diz mais animada, pois o Projeto Renascer "acordou todo mundo e o
que é melhor, recuperou a dignidade da escola", diz.
O que é o Renascer
O Projeto Renascer começou no ano passado, envolvendo oito professores, 120 alunos e uma
dezena de pais. As mudanças que o projeto tem provocado podem ser observadas, não só na melhoria do
projeto pedagógico, como também na relação com a comunidade local, tida como uma das que apresenta
maior índice de violência.
A Escola Estadual Augusto Montenegro ganhou repercussão nacional através de matéria
veiculada no ano passado, em programa dominical de uma grande emissora de televisão. "Apesar de ter
sido anunciada como a segunda pior escola no Brasil, em termos de estrutura, nós, alunos sabemos que
não eram éticas bem assim", defende Jaqueline. "Mas isso foi o sinal de alerta para que iniciássemos o
que já vínhamos pensando há algum tempo", reitera Sanches.
Aproveitando a oportunidade de participar do Prêmio Estadual de Incentivo às Ações Inovadoras
no Ensino Médio, projeto desenvolvido pela Secretaria Executiva de Educação do Estado do Pará Seduc,
oito professores do Augusto se reuniram para refletir sobre o papel da escola em todos os aspectos (peda-
gógico, físico, social etc). Dessa reflexão nasceu o Projeto Renascer, desenvolvido em conjunto com
todos os segmentos escolares, moradores próximos da escola e algumas parcerias com as empresas locais.
Eixos temáticos
O projeto contempla quatro eixos temáticos:
“Comunicação e Troca de Experiências” - no qual os alunos têm acesso a palestras e
eventos na área da educação, para receber informações que, posteriormente, são repassadas à comunidade
escolar.
“Memória e História” - Alunos e professores, em parceria com a comunidade, estão resgatando a his-
tória da escola, Esse trabalho deverá se estender até 2007, quando será lançado o livro "Memória e
História da Escola Augusto Montenegro", em comemoração aos 70 anos da instituição.
“COTIDIANO ESCOLAR”- Os alunos da escola vão até a comunidade para conhecer melhor a sua
realidade. Para tanto, os alunos da escola visitaram a Vila da Barca para realizar levantamento sócio-
econômico e cultural daquela comunidade.
“Trabalho e Técnica”. Dentre as atividades realizadas, são desenvolvidos outros projetos. "O Renas-
cer é um projeto através do qual são desenvolvidos outros projetos menores de acordo com a
necessidade dos alunos e da comunidade do entorno da escola", explica Sanches.
Benefícios chegam à comunidade carente
O projeto tem contribuído para a melhoria da qualidade de vida da comunidade escolar{ com a
integração entre alunos,educadores, equipe técnico-pedagógica, pais e moradores. "Nunca havia
participado de nada igual{ mas agora sei da importância para os pais estarem junto da
escola na educação de seus filhos", diz Guilherme Haber, que estudou na escola e hoje é
pai do aluno Marlon Haber. Ele é um dos pais que passaram a freqüentar a escola, através
das atividades do Renascer.
O mestre de música Carlos Figueiredo, pai da aluna Rosa Helena, em conjunto com o professor
de História, Orivaldo Delgado e alguns alunos, organizaram uma oficina de música, onde foram mostra-
das técnicas de percussão e de instrumentos de pau e corda. "Foi muito importante a vinda dos pais
para a escola e para o projeto", diz a diretora Nazaré Paranhos.
A ação realizada na Vila da Barca, com índices elevados de pobreta, onde moram vários alunos,
levou à população carente do bairro duas ações. A primeira foi uma pesquisa sócio-econômica entre os
moradores, que responderam sobre suas principais carências. A pesquisa foi aplicada por cerca de 30
alunos do Ensino Médio, que utilizaram os dados para nortear a coleta e doação de alimentos não pe-
recíveis que o Renascer organizou na programação desenvolvida pela escola, em dezembro, chamada de
"Natal sem Fome".
"Estamos agora discutindo a realização de uma grande campanha em todo o bairro! onde a
escola vai desenvolver ações de sensibilização entre os moradores! visando o renascer da
comunidade! para a importância da limpeza e conservação do meio ambiente"! Explica Sanches, que
entende ser imprescindível o apoio do comércio local.
Conquista da cidadania
Para o professor de História, Raimundo Nonato Miranda, um dos coordenadores, desenvolver o
projeto foi um grande desafio. "A escola era um local de conflitos emergentes, havia uma grande evasão
escolar, o índice de aprovação era pequeno, entre outros problemas". Ficamos muito tristes ao ver nossa
escola mostrada em rede nacional, com banheiros interditados pela Vigilância Sanitária do Estado",
lamenta o professor, As dificuldades eram enormes, mas com o apoio dos alunos, direção e da Secretaria
de Educação do Pará, o projeto foi aos poucos conscientizando a comunidade da necessidade de reverter
o quadro. Segundo Raimundo, hoje até a comunidade do bairro já sente a mudança na escola. Ele diz que
agora a escola não é mais conhecida como "Augusto Mete Medo",
Dentre as ações desenvolvidas, destaca-se ainda o mutirão organizado pela direção, alunos e
professores para pintar o muro da escola, que havia sido pichado por pessoas estranhas. "A Seduc doou o
material necessário e o grupo de professores e alunos recuperou a pintura do muro ", comemora o
professor Raimundo, Segundo a aluna Jaqueline, agora na escola todos são fiscais da limpeza. "Desde
que inauguramos o novo visual na escola ninguém mais sujou ou pichou" elogia.
O projeto tem mudado a vida dos estudantes. O professor Nonato diz que a freqüência melhorou
e o índice de repetência diminuiu consideravelmente, Os alunos assistem palestras diferenciadas, de
acordo com a faixa etária, pois o projeto sempre tem trazido profissionais de outras áreas para debater
assuntos como sexualidade, acesso ao e n s i n o superior, Estatuto da Criança e do Adolescente etc. Isis
Morais Bastos, 21 anos, aluna do 3° ano do Ensino Médio, é uma das multiplicadoras do projeto
Renascer na comunidade do entorno da escola. "Com o projeto os alunos passaram a se interessar mais
pela escola e pelo estudo também. Quando comecei a participar do projeto tive mais acesso a
informações, o que também contribuiu para a melhoria do meu desempenho escolar", afirma Isis.
PROJETO 5
“CONSERVAÇÃO DA ESCOLA PROFESSORA RENILDA SILVA MORAES”.
A Escola Professora. Renilda Silva Moraes, de ensino fundamental, em Rondonópolis/MT,
como muitas outras escolas brasileiras, enfrentava sérios problemas com depredações e danificações de
suas instalações físicas, objetos e materiais adquiridos. A diretora, Aracy de Campos e Silva, conta que
a situação tornou se tão desagradável "que foi preciso criar um mecanismo de conscientização para que
todos os segmentos da comunidade escolar se voltassem para um objetivo comum: a implantação de
alguns critérios, dentro da escola, para acabar com as atitudes negativas e de vandalismo contra uma
propriedade que, afinal, pertencia a todos".
Naquele momento de necessidade de mudança na escola, a secretaria de Educação do Estado
de Mato Grosso lançava o projeto Cuida Bem de Mim, que atendia exatamente às necessidades da
Escola Renilda, oferecendo excelentes materiais para divulgação. Ao mesmo tempo, em 1997, ao se
discutir os temas a serem trabalhados na Feira das Ciências da escola, afIora a criatividade em um
grupo de alunos de 3a série, que decidem desenvolver um projeto chamado "Conservação da Escola
Estadual Profa. Renilda Silva Moraes". O projeto dos meninos conta, de imediato, com o apoio e a ori-
entação da professora Yara Vieira da Silva Pistori, da coordenadora Luzélia Enéas Senis e e da diretora
Margarida, que repassam para a equipe folders, cartazes e adesivos do projeto Cuida Bem de Mim, da
secretaria de Educação.
A escola abraça o projeto
Ao ser apresentado para a comunidade escolar, o projeto teve muito destaque e foi recebido
com entusiasmo, lembra a diretora. "Todos os alunos defenderam e abraçaram a proposta de cuidar da
escola como um espaço familiar, onde todos devem multiplicar ações de zelo, carinho, conservação e
preservação do patrimônio". Ao perceber o grande interesse dos alunos, a direção decidiu então
investir da melhor forma possível: "Sentimos que este projeto já estava mobilizando toda a escola",
conta Aracy. Assim, enquanto alunos e professores providenciavam e pintavam galões vazios de óleo
diesel para servir de lixeiras, a direção providenciava suportes para serem redistribuídos em todo o am-
biente escolar. Animados, os alunos iniciaram a confecção de várias placas e cartazes com advertências
sobre cuidados e higiene, que foram colocados nas árvores, canteiros, gramados etc.
"O mais interessante foi o espírito crítico dos alunos nas entrevistas realizadas com a
comunidade. Eles demonstraram, estatisticamente, que somente 40% dos alunos da escola tinham o
hábito de colaborar com sua limpeza e conservação. Diante desse quadro assustador, sentimos que o
projeto deveria continuar com mais intensidade", explica a diretora.
Assim, o projeto dos "baixinhos" não ficou somente como demonstração na Feira das
Ciências. Para auxiliar o crescimento da boa idéia, a escola criou o Projeto de Educação Ambiental,
que permitiu que dirigentes, coordenadores, professores e funcionários fizessem um curso para serem
multiplicadores em toda escola e, principalmente, entre os alunos.
Atualmente, a escola apresenta visíveis mudanças positivas. "Os alunos sentem-se motivados
em colaborar e os professores de todas as turmas intensificaram a conscientização e a busca de
soluções na prática" comemora a diretora Aracy.
Os mirins da escola
A idéia "contaminou" também as torneiras dos banheiros, bebedouros e outras se estragam
menos; as carteiras, mesas e quadros são mais conservados. Há cuidados com a grama e troncos de
árvores, zelo com canteiros e contribuição na economia de água e energia.
A diretora acrescenta que "resultados tão gratificantes devem-se também à paciência e
compreensão da direção e coordenação da esçola que, democraticamente, ouvem os alunos e procuram
soluções para os problemas detectados".
É claro que um projeto como esse tem dado o que falar. O destaque da limpeza e higiene da
escola já atinge a comunidade, que percebe que o envolvimento de todos é a razão de tal sucesso. E para
incentivar mais pessoas da comunidade, pela segunda vez, o projeto "Conservação da Escola" foi
apresentado na Feira das Ciências, pelos alunos das quartas séries, em agosto deste ano. A idéia é que
todos possam perceber que é possível implantar e expandir um trabalho sério, com compromisso par-
ticipativo e democrático, levando a comunidade à conscientização para sentir, conservar, mudar e
valorizar o espaço público que é dela.
alunos que agora estão cursando a 4a série - eles decidiram incrementar o projeto, sugerindo à
coordenadora Iracema do Carmo, que criasse os "Mirins" da escola. "Não pensamos duas vezes - diz a
diretora a sugestão foi acatada e os critérios de seleção foram estabelecidos pelos alunos".
Escolheram-se quatro representantes como coordenadores das demais turmas e em cada turma
elegeu-se um mirim com mandato de dois meses; inicialmente a equipe ficou com catorzes mirins,
que passaram a atuar como orientadores na conservação da escola. Os alunos do projeto estabeleceram
como proposta, que para ser mirim é preciso ter quatro requisitos fundamentais: ter responsabilidade
e interesse; agir com honestidade e respeito; falar sempre a verdade; e dar bons exemplos aos demais
através de seus atos.
Todos os mirins ficaram sobre orientação da coordenadora Iracema do Carmo e da professora
Yara Pistori, que têm muita paciência para ouví-los e os orientam nas tarefas a. serem executadas. A
cada bimestre são escolhidos novos mirins, q4e, em sessão solene, são uniformizados com coletes
sobre as camisetas; os que já atuaram recebem uma boina que os identifica como veteranos. Assim, a
cada bimestre, mais 14 crianças se unem às já atuantes para melhorar o ambiente escolar, que fica, a
cada dia, mais conservado, mais preservado e mais bonito.
O projeto rende ainda outros dividendos positivos: a integração da comunidade, o
companheirismo. As melhoras em todos os setores são surpreendentes, segundo os professores. O lixo
é jogado nas lixeiras; as paredes deixaram de ser rabiscadas; portas, ventiladores e vidros já não são
quebrados, nem se estragam com muita intensidade; as torneiras dos banheiros, bebedouros e outras se
estragam menos, as carteiras mesas e quadros são mais conservados,há cuidado com a grama e tronco
de árvores.A diretora acrescenta que “ resultados tão gratificantes devem-se também a paciência e
compreensão da direção e coordenação da escola que, democraticamente, ouvem os alunos e procuram
soluções para os problemas detectados”. A idéia é que todos possam perceber que é possível implantar
e expandir um trabalho sério, com compromisso participativo e democrático, levando a comunidade à
conscientização para sentir, conservar, mudar e valorizar o espaço público que é dela.
Projeto 6
A escola aberta à comunidade
Escola Estadual de Educação Básica Professor Aníbal Moura
Rua Miramar, s/n, Ponta de Mato, Cabedelo, PB.
“No cotidiano escolar contamos com parceiros de grande porte. São eles que
favorecem o crescimento e auxiliam no desenvolvimento de projetos que beneficiam a
todos”.
Entendemos que a escola para desempenhar sua real função precisa estar integrada
à comunidade. As dinâmicas entre escola e comunidade possibilitam a aquisição de
subsídios para resgatar e transformar o ensino público, visando uma melhor qualidade.
Nossa escola, inaugurada em 1985 e localizada numa comunidade de pescadores,
era discriminada e desacreditada. No inicio de suas atividades, contava com uma equipe de
dois administradores, sete professores pró-tempore e 50 alunos em três turnos de P a 2a
série do ensino fundamental.
Em 1987, ao assumir a direção, Maria da Penha Bezerra dos Santos e as adjuntas
Rosa Maria da Silva e Severina da Silva Freire, desenvolveram um trabalho de
conscientização junto à comunidade. Em 1986 foram implantadas as classes de educação
especial; em 1988, a pré-escola e a alfabetização; em 1993, as turmas de 5a a 8a séries; e
em 1997, o ensino médio.
Com o apoio da comunidade, em 1990, foi criado o Projeto Musicalização,
desenvolvido por um Amigo da Escola. Este projeto tem elevado o nome da escola e
contribuído para a formação profissional dos jovens com talento musical.
Hoje, após tantas lutas, a instituição, que oferece escolarização da educação
infantil ao ensino médio, conta com o apoio e a participação ativa de 51 funcionários,
sendo 37 docentes e três administradores que, juntamente com 855 alunos, desenvolvem
projetos dinâmicos e significativos para a formação de cidadãos conscientes, críticos e
atuantes na sociedade.
Entre outros projetos desenvolvidos na escola em 2001, e que continuaram em
2002, destacou-se o Projeto Ética, Cidadania e Paz, que ampliou a integração entre a escola
e a comunidade.
A escola vem realizando palestras sobre temas como drogas, alcoolismo, violência
sexual, racismo, vandalismo, ética e cidadania. Para tanto, obtemos apoio e participação de
profissionais da comunidade das áreas de medicina, psicologia, religião, direito, ética, entre
outras. Os profissionais, voluntários, apresentam, de maneira clara e concisa, os problemas
que a sociedade vivencia, suas conseqüências e os mecanismos de prevenção e superação.
Dessa forma, o projeto tem levado toda a comunidade à reflexão sobre a importância do
respeito mútuo, da solidariedade, princípios de ética e cidadania, dentro e fora do espaço
escolar.
Amigos da Escola - No dia-a-dia somos prestigiados pelo projeto "Amigos da
Escola", nas atividades pedagógicas de reforço em disciplinas criticas; realização de
palestras e atividades culturais; esportes; dança; conservação e manutenção das instalações
etc.
Como nossos jovens dão preferência às danças atuais, desvalorizando as danças
folclóricas, a escola a partir pré-escola e a alfabetização do empenho de uma professora
Amiga da Escola, um grupo folclórico, que se apresenta em eventos internos e externos,
valorização a preservação da cultura regional.
Outra contribuição valiosa para o processo ensino-aprendizagem foi a criação de
uma sala de informática, só possível pela doação de computadores, realizada pela Empresa
de Correios e Telégrafos. Com esta sala, os alunos sentiram-se mais interessados em
participar das atividades escolares. Também surgiu a oportunidade para alguns alunos e ex-
alunos ministrarem aulas de computação para seus colegas, como voluntários.
Percebe-se que a parceria escola-comunidade tem dado bons frutos. A escola tem
ampliado seus horizontes de maneira significativa, de modo que nossos alunos têm
adquirido as competências necessárias para bem atuar na sociedade.
Projeto 7
Com uma equipe interativa escola soluciona problema de evasão
Escola Estadual Professor Hermógenes Nogueira da Costa
Rua Glicério Cíacero, s/n, Mossoró, RN
As dificuldades
A situação mais desafiadora que vivemos no ano letivo de 2000 foi a proposta de
eliminar a progressiva evasão escolar que havia sido constatada desde o segundo bimestre.
Quando os professores apresentaram o quadro, percebemos que se não encentrássemos
uma saída imediata para solucionar o problema, com certeza, a tendência seria aumentar o
índice de evasão, o que causaria um descrédito com relação ao trabalho pedagógico e um
déficit no corpo discente. O objetivo principal era manter o padrão de qualidade existente
no processo de ensino adotado pela escola e, ao mesmo tempo, não deixar nenhuma
criança ou adolescente fora da escola, por negligência ou omissão.
A solução
Foi convocada uma reunião com o Conselho da escola - professores, supervisores,
técnicos da secretaria, um representante de aluno e pais - para eliminar a evasão
diagnosticada. Ao final da reunião, elegeu-se uma equipe formada pela comunidade
escolar para um trabalho de campo. Foram determinados alguns procedimentos
imprescindíveis para o sucesso do trabalho: o professor comunicava à supervisão
pedagógica as evasões ocorridas; em seguida, esses dados eram apresentados ao técnico de
secretaria para fazer um levantamento acerca da residência do aluno; a equipe visitava as
famílias dos alunos para descobrir as causas da evasão e convencer os pais e o aluno com
relação a seu retorno à escola. A principal causa detectada para o problema foi o descaso
da família, que afirmava ser a educação algo desnecessário, secundário; entretanto,
conseguimos reverter este quadro, mostrando a importância da educação para todo o
cidadão que se propõe a atuar intensamente e com criticidade na sociedade. Assim, os
alunos retornavam à escola com um novo ânimo para os estudos.
Recomendações
Acreditamos que o trabalho pedagógico deva ser pautado numa interação
constante entre todos os segmentos da escola, pois assim ocorrerá um significativo avanço
no processo ensino-aprendizagem. Para tanto, é preciso que a supervisão pedagógica preste
um auxílio eficaz no fornecimento do suporte didático-metodológico aos professores.
Também é importante ressaltar que se o professor atua dentro de uma proposta de
avaliação contínua, diagnóstica e mediadora, o supervisor deve buscar em todos os
segmentos escolares as soluções indicadas para os problemas apresentados.
Aprendizado
Constatamos que a equipe que se mobilizou para a realização deste trabalho,
compreendeu o real sentido de um projeto em que a interação foi o eixo norteador para a
resolução do problema detectado.
Projeto 8
Adote uma escola.
É o projeto Cidadão Solidário.
Diretoria e APM montam projeto para que empresários e pessoas da comunidade
trabalhem por uma escola melhor e pela formação de cidadão responsável.
O projeto Cidadão Solidário, criado pelo diretor, Brazilino Alves Pereira, e pelo
presidente da Associação de Pais e Mestres - APM, Eunecir Moreira, da Escola Estadual
Tancredo Neves, de Medianeira, no Paraná, foi estruturado para integrar representantes de
empresas e do comércio em geral, alunos, professores e pais da escola, voltados para um
único objetivo: melhorar as condições de ensino.
Para isso o projeto tem como proposta valorizar o professor possibilitando o uso
de recursos audiovisuais e de informática nas salas de aula; despertar o interesse do aluno,
tornando as aulas mais atrativas, com metodologias diferentes; promover palestras e
estágios em empresas-parceiras para interessar o aluno para o trabalho e a qualidade;
promover a empresa ou entidade que investe em Educação, divulgando sua participação
em diversos projetos da escola, nos jornais da cidade e revistas, como Gestão em Rede, e
até mesmo em programas de televisão, como o TV Escola.
O diretor Brazilino conta que "como a maioria dos pais dos alunos da escola são
funcionários das indústrias de Medianeira, as empresas têm bastante interesse que estas
crianças aprendam, desde já, a conhecer os ambientes onde poderão trabalhar no futuro; os
empresários também têm interesse em investir na Educação, para que possíveis futuros
funcionários tenham mais conhecimentos e melhor qualificação".
Os recursos obtidos junto às empresas serão aplicados, principalmente em novas
tecnologias de comunicação que possibilitem melhor ensino e aprendizagem, como
computadores, provedoras e despesas com Internet, linhas telefônicas, assinatura de jornais
e revistas regionais e nacionais, vídeos e livros para a biblioteca, aparelhos de vídeo e
videokê, além da melhoria das dependências físicas com construção de praça e
ajardinamento, troca dos quadros-negros antigos por "quadros brancos", manutenção das
inovações, despesas com viagens previstas por diversos projetos, além da compra de
camisetas e bermudas para monitores e funcionários.
A empresa ou pessoa que colaborar com o projeto entra, mensalmente, com o
apoio financeiro que puder dispor ou com compra de material solicitado pela escola;
poderá também auxiliar com projetos elaborados por seus técnicos e
com relatórios bimestrais para avaliação e cumprimento de metas. Isso fica estabelecido,
em um contrato de parceria, de um ano, feito com a APM da escola.
Projetos voltados para a cidadania
Todos os sub-projetos que integram o Projeto Cidadão Solidário - Adote uma
Escola, da Escola Estadual Tancredo Neves, são voltados para o desenvolvimento entre os
alunos dos temas transversais previstos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, como
cidadania, ética, caráter, auto-estima etc, temas voltados para a formação do homem, que
devem estar presentes em todos os conteúdos curriculares tradicionais.
Projeto raciocinando através de jogos lúdicos - Xadrez
Pretende utilizar a prática do xadrez especialmente nas aulas de matemática, de
forma a interagir com o conteúdo teórico; treinar partidas e conhecer o jogo nas aulas de
educação física; e utilizar o jogo para entreter os alunos e quebrar a monotonia das aulas.
Projeto resgatando a cidadania - Educação Física
Por meio do planejamento de uma viagem - elaboração do calendário de eventos,
rifas, grupo de trabalhos e monitores, palestras quer mostrar ao aluno sua capacidade de
trabalho, dentro de um espírito de união, respeito mútuo e trabalho em grupo, integrando
especialmente os adolescentes marginalizados.
Projeto visitas às indústrias - História
Fazer com que os alunos conheçam os diversos tipos de empregos existentes na
região, ambientando-se aos espaços de trabalho próprios da região.
Projeto conhecendo o oeste - Geografia
Fazer com que os alunos conheçam a região oeste do Estado e ao mesmo tempo
vejam que fora das salas de aula existe um mundo diferente, que pode ser apreciado por
meio do estudo que gera conhecimento e formação profissional. A idéia é sair da rotina da
sala de aula, com viagens e passeios que conciliem conhecimento e lazer.
Projeto oratória
Deixar um pouco de lado as aulas expositivas e programáticas para desenvolver a
comunicação e desenvoltura dos alunos, por meio de seminários de apresentação de
trabalhos, discussões e mesa redonda com assuntos que tenham a ver com sua realidade.
Projeto jardinagem - Ciências
Fazer com que a escola se embeleze e fique com uma cara nova, por meio de
novas propostas de trabalho desenvolvidas por alunos e professores: plantio De flores,
árvores, grama, canteiros e até mesmo uma horta.
Projeto tomando gosto pela leitura
Será definido um prêmio aos dois alunos que mais lerem, com comprovação de
resumo e monitoria dos professores de português, até novembro de 2001. Uma leitura
mínima de dez livros por aluno será recomendada, acompanhada de formas de atração pela
leitura que levem as crianças a procurarem as bibliotecas e aumentarem o interesse pelos
livros.
Projeto salas ambientes / individuais - Educação Artística / Educação Física
Eliminar as salas tradicionais e o posicionamento de carteiras em fila, uma atrás
da outra, para uma sala com mesas coletivas e ornamentos vivos e alegres nas paredes,
tornando o ambiente atrativo para que os alunos se interessem mais pelas aulas; fazer com
que os alunos cuidem mais do espaço físico da escola e desenvolvam atividades de pintura
em painéis; eleger, via Conselho dos Alunos, monitores "Guardiões Escolares".
Projeto 9
O perfil de gestão nas escolas de Bela Cruz indica a vontade de se consolidar uma
gestão democrática
Nélia Helcias Moura
Durante toda a minha carreira profissional me preocupava a questão da influência
do desempenho da gestão para o desenvolvimento satisfatório, ou não, de uma escola. Com
estudos desenvolvidos nos cursos do Progestão, pude organizar idéias e acompanhar de
perto como ocorre o trabalho dos gestores de escolas e como ele tem reflexo nas
comunidades.
Ao ouvir os agentes que integram a comunidade escolar, é perceptível a mudança
ocorrida no modelo de gestão das escolas. Hoje, se evidencia a crença de que a mudança de
atitudes não pode ser realizada apenas pelo professor, pois não é possível trabalhar em
educação sem uma mudança de conceitos por parte de todos os membros da escola, em
especial do diretor.
Por meio de pesquisa de campo, pude escutar todos os segmentos escolares de
algumas escolas do município de Bela Cruz (CE), quando constatei as mudanças ocorridas
nos últimos anos. Em todas as escolas observadas, foi possível verificar que o surgimento
de uma gestão participativa ocorre a partir de alguns procedimentos; entre eles, pode-se
citar o planejamento, ponto fundamental para uma gestão democrática e participativa. É
importante também a presença e envolvimento de todos os atores que compõem o ambiente
escolar, centrados em um objetivo comum.
Foi notória a preocupação no discurso de todos os segmentos escolares
pesquisados, sobre o valor da democracia, palavra que soa a cada instaste nos corredores
escalares, mas ainda distante das ações diárias que propõem uma visão mais ampla. A isto
se atribui a falta de conhecimento do verdadeiro significado da palavra por parte dos
gestores escolares.
Talvez devido à diversidade de idéias por parte dos atores que compõem a escola,
os gestores ainda não conseguem levar em conta todas as boas sugestões e opiniões,
respeitando a cada uma de acordo com as individualidades. Mas este não é ponto que
impede a efetivação de mudanças na gestão das escolas do município, e sim, o medo de
envolver-se ao assumir um novo método de trabalho e atitude de vida. Na fala de uma das
diretoras entrevistadas, observa-se que a sua escola apresenta à comunidade a proposta de
participação de todos os segmentos envolvidos, mas ainda é preciso aguçar esta
participação para que ela se torne efetiva e representativa a ponto de gerar mudanças para a
melhoria da educação escolar.
São muitos os fatores que contribuem para uma mudança rumo ao processo
democrático. A descentralização de poderes, por exemplo, é essencial para que todos os
atores do processo se sintam responsabilizados ao convite de se tornar partícipes nas
decisões inerentes à vida escolar. A criação de espaços de discussão, observando os
objetivos do trabalho e aceitando a decisão coletiva da maioria, também é fator
fundamental. A avaliação é também um critério imprescindível no processo de
democratização de gestão, pois fundamenta o nível de participação de cada agente e procura
identificar erros e acertos, possibilitando assim o redirecionamento do trabalho do grupo.
A caminhada na construção de uma gestão democrática e participativa é
normalmente lenta e gradativa, pois implica a quebra de paradigmas, que, muitas vezes,
estão arraigados a conceitos e procedimentos antigos. Mas, para as escolas entrevistadas,
isto não parece ser uma tarefa impossível, pois a força de vontade por parte dos gestores, a
implementação de conselhos e grêmios escolares e a procura constante da integração de
pais, mostra a crença que estas instituições buscam se posicionar como escolas construídas
através de uma gestão participativa.
Ao se falar em um novo modelo para a gestão, espera-se que todos, diretores,
professores, pais e comunidade em geral, sejam os agentes transformadores na promoção
desse novo ambiente. São eles que poderão implementar um modelo em que todos têm
igual importância no desenrolar do processo.
O diretor(a) precisa ter clareza de que sua atuação deve estar voltada para os
objetivos comuns e sua postura pautada na transparência de ações, pois é quem organiza e
gerencia todas as atividades da escola, auxiliado pelos demais componentes do grupo. É
importante que o diretor tenha convicção do seu papel dentro da escola, para que sempre
promova momentos de reflexão, abertura ao diálogo e, principalmente, procure estabelecer
a participação de todos.
A importância da participação de todos
“Às vezes venho à escola no horário da merenda dos alunos, freqüento as
reuniões e venho quando é preciso", (Mãe entrevistada).
“É muito importante a participação de todos nas decisões da escola (... ) acho tão
importante que faço parte". (aluna entrevistada).
Nas falas acima, se observa o espaço oferecido pelo (a) diretor (a) para a constante
participação de todos os membros. Daí a certeza de que muitos diretores fazem a diferença,
não só por oferecerem momentos de participação, transparência, mas por sua postura de
líderes que exemplificam seu discurso por meio de ações democráticas. Se a participação de
todos os segmentos escolares é importante, a postura do(a) diretor(a) como mediador de
abertura para uma gestão democrática é também fundamental.
Diante do novo panorama que envolve o campo educacional, alguns
posicionamentos de segmentos da comunidade permitem detectar que não há mais lugar
para o autoritarismo e a gestão individualista no âmbito escolar. Foi possível analisar, por
meio dos dados coletados, que a democracia é um interesse presente na gestão escolar do
município e que, aos poucos, ela está abrindo um leque participativo, que permite a busca
da integração de todos segmentos escolares.
É importante frisar que existe na maioria das escolas uma intenção no
desenvolvimento de uma gestão democrática e participativa, porém muitas delas ainda se
encontram atreladas a instâncias superiores, não buscando sua autonomia. O que importa é
que a maioria das escolas trabalha constantemente na busca de seu espaço e autonomia e da
integração com a comunidade, na procura de um novo modelo de gestão.
Unidade Escolar José de Deus Barros
Av. Manoel de Souza Santos Neto, s/n,
Parque de Exposição,
CEP 64600-000, Picos, PI
Escola consegue bons resultados no combate ao uso de drogas entre alunos. A
coordenadora da Unidade Escolar José de Deus Barros, do município de Picos, no Piauí,
Gerusa Rodrigues de Carvalho Brito, conta que para promover a integração família-escola,
que se fazia tão desejável naquela comunidade, a equipe gestora decidiu promover várias
ações. Entre elas, Gerusa destaca a realização mensal, ou a qualquer momento que for
necessário, de reuniões de pais e mestres para discutir problemas e encontrar soluções para
os desafios enfrentados diariamente na escola. Também a promoção de festas em várias
datas comemorativas faz com que se conte sempre com a presença das famílias, dando-lhes
oportunidade de se integrar à vida escolar e se sentirem valorizadas. Outra forma de
interação ocorre por meio da promoção de palestras para instruir e conscientizar a família
sobre o valor e a importância de se interagir de forma ativa na comunidade escolar.
A coordenadora afirma que já é possível verificar alguns resultados dessas ações:
"Temos visto resultados gratificantes e muito positivos, pois, por meio destas ações a escola
conseguiu a simpatia e uma aproximação maior da família", Ela destaca também a
promoção de parcerias com a comunidade, como outro fator importante para promover a
integração necessária: "A parceria existente é a do trabalho coletivo entre escola e
comunidade, pois todas as vezes que a escola necessita de ajuda, a comunidade está pronta
para participar e colaborar”,
Parcerias para enfrentar o problema das drogas na escola
A Unidade Escolar José Duarte de Deus Barros, localizada na periferia de Picos,
em bairro de pessoas muito carentes, enfrenta inúmeros problemas, pois há um grande
número de alunos usuários de drogas. Diante dessa realidade, a escola resolveu se unir e
debater o assunto, chegando-se à conclusão de que deveria se desenvolver um projeto
voltado para essa problemática.
Gerusa Brito, juntamente com as professores Silvina Leodegária da Silva, Maria
das Neves de Sousa e da diretora-adjunta Marilene Leodegária da Silva, começaram a
analisar e estudar minuciosamente o problema para poderem elaborar, de forma rápida, o
projeto Prevenção ao Uso Indevido de Drogas, que foi enviado à Secretaria Estadual de
Educação para apoio financeiro. Aprovado e com recursos do governo estadual o projeto foi
iniciado, sendo necessária, entretanto, a busca de outras fontes de recursos para
complementar aqueles recebidos. O apoio foi obtido junto à Polícia Militar, Secretaria
Municipal de Saúde, igrejas católicas e evangélicas, Associação de Moradores, Conselho
Tutelar, psicólogos e médicos, parceiros que contribuíram muito na execução das mais
variadas atividades.
O combate ao uso indevido de drogas na escola foi iniciado por meio de medidas
preventivas e de recuperação, levando o aluno a se conscientizar dos riscos, perigos, danos
e grandes perdas que as drogas provocam neles mesmos, em suas famílias e na sociedade
em geral.
O projeto durou três meses, de março a junho de 2006. Durante o período foi feito
um levantamento do índice de usuários de drogas na escola, identificação dos tipos de se
drogas mais utilizadas pelos alunos, pesquisas, depoimentos, palestras, aulas-passeio a
instituições recuperadoras, dramatizações e sessões envolvendo psicólogos e usuários.
"Diante de tudo isso a escola conseguiu obter resultados significativos", conta
Gerusa Brito. "Muitos adolescentes envolvidos com drogas tiveram coragem de assumir o
seu vício e procuraram ajuda e tratamento, pois os profissionais na área de saúde que
ajudaram a desenvolver o projeto também se prontificaram a prestar ajuda gratuita a todo e
qualquer aluno que quisesse se recuperar", conclui.
Pode-se dizer que o projeto foi um sucesso, graças ao trabalho e ao empenho de
todos os profissionais que fazem a escola, as parcerias e à Secretaria Estadual de Educação.
O índice de usuários de drogas diminuiu, muitos mudaram de comportamento após se
conscientizarem dos malefícios das drogas e procuraram ajuda, facilitando o
desenvolvimento do trabalho pedagógico, a convivência na comunidade escolar e o
desenvolvimento na aprendizagem.
Projeto 10
Projeto de incentivo à leitura promove integração escolar
O Colégio Estadual Raimundo Neiva de Carvalho (CERNC), com
aproximadamente 700 alunos, atende ao Ensino Fundamental e Médio, em três turnos. Sua
clientela é composta de alunos da comunidade local e de assentamentos vizinhos. O quadro
de professores é qualificado, com todos lotados em suas áreas de formação. No entanto, até
meados de 2003, o colégio enfrentava grandes dificuldades com relação à aprendizagem
dos alunos, que apresentavam falta de domínio das habilidades básicas de leitura e
interpretação, o que acabava comprometendo os resultados em todas as disciplinas e
gerando altos índices de reprovação e, às vezes, até abandono escolar.
Outra dificuldade detectada pela equipe de professores referia-se à falta de
familiaridade do aluno com os textos literários, ao iniciarem o Ensino Médio. A Literatura e
seus autores pareciam um universo muito distante da realidade dos alunos - levá-los a
compreender e a tomar gosto por este tipo de leitura era um grande desafio para toda a
equipe. Foi a partir dessa realidade, que as professoras Vanderléia Alves dos Santos e
Rosilene Vicente de Souza se propuseram a apresentar à Coordenação Pedagógica o Projeto
"Semana Literária", com o objetivo principal de incentivar a prática constante da leitura,
aumentando a capacidade de interpretação dos alunos, estabelecendo ralação de sentido,
causa e efeito nos textos a serem lidos. Outro objetivo era o e levar os alunos a produzir
poesias com base nas experiências adquiridas nos trabalhos elaborados, a partir de obras de
autores consagrados da literatura.
A primeira Semana Literária, em 2003, denominada "Cecília Meireles", teve como
tema de estudo as obras da referida autora e sua biografia. O evento conseguiu despertar
nos alunos um grande interesse pela poesia e pela leitura de outros textos literários. A partir
do momento em que se percebeu a dimensão do projeto e a sua relevância para a qualidade
do ensino na escola, todos os professores abraçaram a causa e o projeto ganhou caráter
interdisciplinar, tornando-se uma ação permanente do PPP da escola.
Na Segunda Semana Literária 2004 o autor homenageado foi Vinícius de Morais,
mas os alunos tiveram oportunidade de produzir seus próprios textos poéticos e apresentá-
los ao público escolar. A metodologia utilizada contempla além do recital de poesias dos
autores, montagem de painéis informativos e vivência de sua autobiografia encenada pelos
alunos.
Na versão 2005, decidiu-se por unanimidade homenagear Manuel Bandeira, Carlos
Drumonnd de Andrade e Fernando Pessoa, ficando os alunos de cada turno com um autor.
No entanto, no encerramento, todos os alunos se reuniram em um mesmo horário para que
pudessem assistir às apresentações. Tudo foi realizado com o acompanhamento e orientação
da equipe de professores responsáveis pelas turmas.
Em 2006, o projeto trabalhou com autores como Mário Quintana, Luís Fernando
Veríssimo, Ana Maria Machado, Machado de Assis, Érico Veríssimo, Monteiro Lobato e
Ziraldo. Com esta diversidade procurou-se unir a literatura tradicional à literatura moderna,
incentivando a continuidade da produção e apresentação de poesias inéditas, com temas
como ecologia e meio ambiente, além de abordar experiências do cotidiano de caráter
político, social e filosófico. Como resultado desse trabalho, a escola Publicou o livro
"Minhas Primeiras Poesias", composto de poesias inéditas dos alunos, com homenagens aos
autores trabalhados, temáticas sobre a preservação do Rio Mosquito, que banha a região e é
tema de um projeto para a preservação ambiental. Alguns ousaram até criar poesias
matemáticas. O livro possui participação especial de alguns professores, porém procurou-se
valorizar ao máximo as produções dos alunos que, inclusive, criaram a capa e poesia de
capa do livro.
Vale ressaltar que a participação da comunidade em todas as fases de execução do
projeto foi imprescindível para o sucesso de todas as ações propostas.
Para a coordenadora pedagógica do Colégio Raimundo de Carvalho, Maria Zélia
Rodrigues Bezerra, "à medida que a comunidade sente-se atraída pelas ações pedagógicas
que a escola se propõe a realizar, ela também se sente parte do processo e comprometida
com seus projetos". Por assim acreditar, a equipe CERNC decidiu que a versão 2006, da
Semana Literária deveria marcar o encerramento do ano letivo, apresentando ao público
seus melhores momentos, com o lançamento do livro e de noite de autógrafos com os
alunos escritores.
A escola foi convidada a apresentar o projeto em fóruns educacionais na
circunvizinhança e já está trabalhando as produções que farão parte da segunda edição do
livro, em 2007. "Com isso, cresceu o número de alunos interessados em produzir e a escola
já definiu uma equipe que fará a triagem dos textos, a fim de que a qualidade deles seja a
melhor possível", conta Maria Zélia.
É claro que um trabalho como esse, exige grande esforço por parte dos envolvidos
e necessita de apoio incondicional da equipe gestora, mas esse requisito foi plenamente
preenchido - a gestora Maria da Luz Sousa ofereceu suporte em todos os aspectos,
garantindo a eficácia das ações, Entretanto, Maria Zélia lembra que "ainda há muito a ser
feito, para que as dificuldades de leitura e interpretação sejam plenamente superadas. Mas é
perceptível a singular relevância da execução desse projeto para a melhoria da qualidade de
ensino em nossa escola", A Semana Literária é considerada hoje a "menina dos olhos" do
Colégio Raimundo Neiva de Carvalho e todos os professores, independente de sua área de
formação, se envolvem com as atividades, orientando as classes na organização de
trabalhos.
Colégio Estadual Raimundo Neiva de Carvalho
Oficinas buscam maior participação dos pais na vida escolar
No Paraná, desde o início de 1995, um forte trabalho de comunicação e
mobilização social vem sendo desenvolvido nas comunidades escolares, para que se
compreenda a importância da Associação de Pais e Mestres APM na gestão escolar. Para se
ter uma idéia, no início de 1995, havia apenas 500 APMs legalizadas nas escolas estaduais;
ao final de 1998, mais de 2 mil APMs estavam legalizadas e aptas a funcionar como agentes
escolares legais na captação e recebimento de recursos financeiros e na tomada de decisões
conjuntas em benefício da comunidade escolar.
Mas, a necessidade de promover ainda mais o processo de gestão compartilhada na
escola, especialmente entre os pais de alunos da rede estadual de ensino, fez com que a
secretaria estadual de Educação continuasse realizando uma série de oficinas de
mobilização, no final do ano passado, no Centro de Capacitação de Professores, em Faxinal
do Céu.
As oficinas reuniram grupos de pais de alunos, um segmento fundamental na
tomada de decisões, no planejamento e nas ações de mobilização da comunidade escolar.
Os trabalhos permitiram aos pais líderes, membros da diretoria das APMs, tomarem
decisões conjuntas, trocar idéias e experiências, refletir sobre o problema da pouca
participação dos pais na vida escolar e trabalhar em equipe na busca de soluções.
De acordo com o consultor J. Gomes Moreira autor de um plano de marketing e
mobilização social dirigido para as escolas estaduais, "o produto social a ser trabalhado
junto aos pais é a mudança de comportamento da família com relação a sua participação na
vida escolar".
Participação é fundamental
A técnica selecionada para realizar o trabalho em grupos foi o Mapa das Causas,
baseada na teoria da problematização, que favorece a análise das diferentes causas de um
problema e permite aos grupos perceberem a situação de uma forma mais abrangente. De
acordo com a especialista em gestão, Heloísa Lück, "a participação das pessoas envolvidas
nas questões em discussão e no processo de solucionar problemas está começando a ser
reconhecida como uma condição indispensável para que o processo decisório seja eficaz e,
igualmente, sua implantação".
Participaram das oficinas 1.311 pessoas, sendo 1.138 pais e dirigentes de APMs e
143 professores, além de alguns funcionários de escolas e diretores.
O trabalho, desenvolvido em três etapas - consciência do problema, diagnóstico do
problema e geração de alternativas – foi realizado em seis eventos com o mesmo conteúdo,
distribuindo-se assim o grande número de participantes.
É interessante observar que 36% dos participantes atuavam na APM por um
período de 1 a 3 anos, sendo que 50% eram presidentes de APMs.
Grupos de trabalho apontam causas e soluções
Sete principais causas foram apontadas pelos participantes como responsáveis pela
pouca participação dos pais na vida escolar de seus filhos: a falta de motivação e o
desinteresse, causados pela pouca conscientização e integração da escola para com os pais;
o desconhecimento do valor da participação dos pais na educação; o comodismo,
incentivado pelo fato de se assistir muita televisão em casa; a pouca comunicação e diálogo
entre a direção da escola e a APM; a falta de informações da APM; o excesso de trabalho
dos pais causado pela baixa renda familiar e pela preocupação exagerada com bens
materiais; e a cultura de que os pais acham que educação é responsabilidade única da
escola.
Detectadas as causas, os grupos partiram para a discussão das possíveis soluções.
As principais sugestões apontadas foram: realizar reuniões e eventos mais dinâmicos,
participativos e atraentes; valorizar a auto-estima das famílias; divulgar a programação das
escolas de forma mais atrativa; expor os trabalhos dos filhos para que os pais conheçam o
que eles fazem; melhorar o relacionamento entre APM e direção da escola; conhecer a
realidade das famílias; promover maior aproximação entre pais, filhos e escola;
conscientizar os pais sobre a importância da sua participação na escola; incentivar os pais a
participar das reuniões promovidas pela APM; realizar oficinas de capacitação para que os
membros da APM possam se comunicar melhor com os pais; usar o rádio, a TV, jornais e
boletins para informar mais e melhor; organizar reuniões com horários adaptáveis à
disponibilidade dos pais; fazer reuniões recreativas nos finais de semana; promover cursos,
palestras e atividades sócio-culturais e esportivas; estimular parcerias escola/comunidade;
divulgar a importância das ações voluntárias.
Participação é um trabalho voluntário
O relatório sobre o trabalho dos grupos nas oficinas de mobilização dos pais da
rede estadual de ensino do Paraná conclui que "o desafio da tarefa de trazer os pais a
participarem na vida da escola de seus filhos incide, fundamentalmente, nas estratégias
adotadas para atuar com serviços de voluntariado, isto porque as ações que os pais
desenvolvem nas APMs são de caráter voluntário". Além disso, o relatório lembra que
"dentro da visão da escola participativa, os pais representam um grupo importantíssimo no
processo de gestão e para que a direção escolar atue baseada na realidade de sua
comunidade, ambos devem atuar num espaço integrador e com um programa de trabalho da
APM com objetivos, regras e prazos definidos".
Muitos e excelentes casos de sucesso foram apresentados pelas APMs no
seminário de Faxinal do Céu. A maioria delas demonstra a importância da atuação dos pais
para a melhoria da escola. Mas, por ser um trabalho voluntário, é preciso estimular, de
forma permanente, a motivação das pessoas envolvidas, para atender suas necessidades
individuais e coletivas. Por isso, o relatório recomenda que a identificação das motivações
deve ser o ponto de partida, assim como a percepção das expectativas. Algumas
expectativas dos pais mais citadas pelo grupo que participou do seminário são: poder
compartilhar o planejamento das metas com os diretores; estabelecer indicadores; sentir que
são capazes de atingir os objetivos propostos e que estes fazem sentido; assumir
responsabilidades e desafios; e serem reconhecidos pelo seu trabalho voluntário.
Projeto 11
Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Prof. Gabriel Epifânio dos Reis
A gestão é de todos.
A escola é feliz.
A gente queria que a escola tivesse cara brasileira, portanto, uma Escola aberta,
feliz, crítica, que provocasse a criatividade dos meninos e não o medo.
Paulo Freire
Um lugar feliz. Assim pode ser definida a Escola Prof. Gabriel Epifânio dos Reis,
conhecida por toda a comunidade de Icapuí, no Ceará, como Escola Gabriel. Considerada
uma das seis melhores do país pelo Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar
2000, promovido pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a Gabriel
fica a 200 km de Fortaleza, em um local de praias paradisíacas.
Icapuí, sede da escola, teve um passado de lutas pela sua emancipação das
oligarquias do município de Aracati. Jovens recém-formados e cheios de ideais
conseguiram a independência sócio-administrativa do município e fizeram de sua terra natal
referência em termos de políticas transparentes, com a participação de todos os segmentos
sociais da população local. Nesse contexto de conquistas e clima democrático, atendendo-se
às reivindicações da comunidade, foi construída a escola Gabriel, numa área de coqueirais
chamada pelos moradores mais velhos da comunidade de Paraíso das Graúnas. Criada
oficialmente em 9 de março de 1987 é a única escola estadual no município. Hoje, a Gabriel
trabalha com 394 alunos de ensino fundamental e 690 do ensino médio. Seu grande trunfo é
a gestão participativa, que abre canais de participação para todos os segmentos sociais.
A gestão é de todos
O Conselho Escolar, composto por representantes de pais, alunos, professores,
representantes do grêmio estudantil, todos eleitos pela vontade do colegiado, é quem
determina todas as ações e decisões da escola. Mas, como a gestão participativa não ocorre
espontaneamente, ela é provocada, vivida e aprendida por todos os que pertencem à
comunidade escolar - diretor, professores, alunos', pais, funcionários, amigos da escola,
conselho escolar.
A transparência na aplicação dos recursos financeiros é evidente. Todos discutem
as prioridades mais urgentes a serem resolvidas, equipamentos a serem adquiridos e outras
providências para melhorar o dia-a-dia escolar. Efetuadas as solicitações de compras, todos
recebem a prestação de conta; o grêmio, o conselho e lideranças de classe são chamados
para a discussão de qualquer eventualidade administrativa e/ou didático-pedagógica.
A comunicação é considerada fator indispensável para divulgar melhor as ações de
gestão escolar: por isso, a Gabriel publica, há nove anos, o Jornal "Na Ponta do Lápis",
considerado "um arauto das ações pedagógicas". Para a pesquisa e leitura, a instituição
possui um "pequeno-grande" acervo literário, com 3.400 exemplares, que é um de seus
orgulhos. Mas, o grupo de educadores vai além do conteúdo dos livros, pois sabe sonhar e
antecipar-se para a importância das práticas de uma ação colegiada, de forma a trabalhar o
aluno na construção de conhecimentos significativos para sua formação cultural, política,
social e histórica.
É importante ressaltar também o procedimento para a avaliação do Projeto
Pedagógico e/ou PDE (Plano de Desenvolvimento da Escola), que é trabalhado de maneira
contínua e sistemática. Mensalmente, nas reuniões de pais, professores ou conselho, a
escola faz uma releitura do desencadeamento das ações pré-estabelecidas por assembléia.
Todos ficam ávidos para proporem as soluções mais cabíveis no que diz respeito a cada
questão. O grupo mostra-se sempre atento, deixando bem clara sua preocupação e seu
compromisso - porque o projeto é uma conquista do coletivo da escola e todos passam a
defender seu fortalecimento, sintonizado com o desejo de construir uma escola aberta,
crítica e, acima de tudo, feliz.
Ações interativas com a comunidade
O "Arraiá dos Namorados", tradicional festa junina e diversas outras atrações
culturais são exemplos das fortes relações entre escola e comunidade. Assim como a Feira
de Ciências, Artes e Cultura, as atividades extraclasses, as práticas nas trilhas ecológicas,
atividades que estimulam o estabelecimento permanente de interação e parcerias fora dos
muros da escola. A direção da escola entende que suas ações "só são possíveis quando
realizadas em parcerias com outras instituições".
Assim acontece com a luta sócio-ambiental de um grupo de professores, alunos e
amigos da escola que buscam, pela troca de experiências, preservar um pequeno
remanescente de mangue. Próximo da escola, e salvar algumas praias da especulação
imobiliária - a ação é realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo e Meio
Ambiente, Secretaria de Obras e outros órgãos de âmbito estadual e federal, como o
IBAMA, do Ministério do Meio Ambiente.
Na escola o trabalho é realizado pelo Grupo Ambiental Amigos da Terra, formado
por crianças e adolescentes de 8 a 13 anos.
Escola de Ensino Fundamental e Médio Prof. Gabriel Epifânio dos Reis Endereço:
Av. Enoque Carneiro S/N
Bairro: Cajuais Icapuí, CE
CEP 62.810-000 Fone: 088 432.1079 fax: 432.1079
Projeto 12
Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Aníbal Lopes da Silva
Aqui o que vale é a integração e a parceria
Localizada a cerca de oito quilômetros do centro da cidade de Cascavel, no oeste
do Paraná, a Escola Aníbal Lopes da Silva é a única de ensino fundamental do bairro
Jardim Floresta, criado a partir da construção de 1.360 casas financiadas pelo Banco
Nacional de Habitação (BNH), em 1981. Hoje a escola tem 649 alunos de classe especial,
pré-escola, e 1a. a 4a.série e 30 alunos da Educação de Jovens e Adultos.
Os alunos vêm de famílias de baixa renda, a maioria moradores da favela vizinha.
A escola conta com um grupo de professores que lá trabalha há mais de quinze anos, o que
faz com que o trabalho seja desenvolvido de forma cooperativa, compromissada e em clima
de grande amizade.
Quando se falou em participar do Prêmio Nacional de Referência em Gestão
Escolar, a aprovação foi unânime, com todos prontos para colaborar na elaboração do
trabalho.
Gestão participativa
As metas da escola foram traçadas a partir de um Projeto Político Pedagógico que
prioriza o atendimento dos anseios da comunidade no que se refere à formação educacional.
As discussões para a elaboração do PPP foram realizadas com a participação de toda a
comunidade. Dessa forma, a democratização das ações no processo de gestão escolar leva a
um compromisso coletivo e permanente, garantindo a melhoria na qualidade de ensino, a
igualdade e a permanência da criança na escola.
A Associação de Pais e Mestres - APM da Escola Aníbal, dirigida por Pedro
Pinheiro Prates, é organizada e participativa, reunindo-se periodicamente para tomar,
decisões conjuntas que favorecem o crescimento de professores e alunos, decidindo sobre a
melhor maneira de aplicar os recursos e contribuindo e apoiando os projetos desenvolvidos
com as crianças. O clima da APM, marcado pela reflexão e discussão dos problemas da
escola, contagia educadores e funcionários, que trabalham com garra, dando tudo de si.
Além da participação na APM, os pais são incentivados a se integrar ainda mais à
escola para garantir melhor qualidade na aprendizagem de seus filhos, por meio do Projeto
Escola e Comunidade.
Inúmeras parcerias garantem o desenvolvimento de projetos como o Da Rua para a
Escola, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, a Escolinha de Trânsito, o projeto
de Saúde Escolar, o Projeto Xadrez e o Projeto Capoeira. É destaque o Projeto Viver Bem,
em conjunto com a Secretaria Municipal de Esportes, que melhora o desempenho escolar e
socializa o aluno, obtendo até mesmo a mudança de comportamento, por meio de atividades
esportivas e de lazer no contra-turno das aulas. As práticas ensinam aos alunos normas, re-
gras e limites necessários ao convívio social. Já o uso correto dos bens e materiais dispo-
níveis, a organização da escola, a promoção da limpeza, a prevenção de doenças e a
manutenção de um ambiente harmonioso são a trabalhados pelo Projeto Qualidade Total.
Gestão pedagógica
O Plano de Ação da Escola Aníbal definiu claramente seus objetivos e metas:
diminuir a reprovação; discutir e rediscutir a questão da avaliação; buscar formas de acabar
com a evasão escolar; fazer com que os pais participem mais da vida escolar. A partir
desses pontos, uma série de medidas foram tomadas. Eliminou-se o dia da prova e passou a
se trabalhar com um sistema de avaliação continuada, retomando-se os conteúdos em que o
aluno não foi bem sucedido, organizando-se a recuperação paralela; e outros
encaminhamentos voltados para eliminar a repetência e a evasão escolar. Com relação aos
pais, observa-se um constante crescimento de sua participação da vida escolar - nas
discussões e elaboração do planejamento, organização de festas, grupos de estudos,
mutirões e elaboração do planejamento, nos momentos de entrada das crianças na escola e
na distribuição de leite.
A escola também trabalha com um sistema de avaliação de todos os seus
funcionários e professores, utilizando-se de vários recursos, como participação, produção
espontânea e coletiva, trabalhos em grupo pesquisas, relatórios etc. E todos também fazem
sua auto-avaliação, quando refletem sobre o desempenho de suas funções.
A escola conta com duas coordenadoras pedagógicas que participam das reuniões e
conselho de classe, buscando enfatizar não apenas os conteúdos, mas também oferecer
meios criativos para motivar alunos e professores.
Gestão de pessoas
Há vários anos, a Escola Estadual Aníbal Lopes da Silva realiza um trabalho de
valorização do professor, com apoio pedagógico e momentos de descontração e lazer.
Grupos de estudo são promovidos fora do horário de trabalho, quando as mais variadas
questões são colocadas em debate aberto, o que resulta em uma série de decisões conjuntas,
enriquecendo o processo de gestão da escola e melhorando os resultados no ensino-
aprendizagem.
Com apoio da Secretaria Municipal de Educação são oferecidos constantemente
cursos de aperfeiçoamento para professores, monitores, coordenadores, secretários e
diretores. A escola não mede esforços em organizar esses cursos de formação, liberando a
todos para participar, sem que haja prejuízo dos conteúdos no ensino das crianças.
A equipe administrativa se preocupa em trabalhar o lado humano, a socialização e
o apoio em relação ao trabalho dos professores. Por isso, durante o ano letivo desenvolvem-
se com todos os funcionários momentos de descontração - amigo secreto, jantares,
excursões - para elevar a auto-estima de todos e valorizar os profissionais.
Merece destaque o fato de que a escola mantém a chamada "hora-atividade"- o
professor tem quatro horas semanais, em cada período de 20 horas, para preparar
atividades, fazer avaliações e aprofundar seus conhecimentos com leituras e pesquisas em
livros, revistas, jornais e internet. Nessas horas, os alunos são atendidos por um professor
que ministra aulas de Educação Física, Educação Artística, Ensino Religioso e Espanhol.
Gestão de serviços de apoio, físicos e financeiros
Recentemente, a escola passou por uma reforma geral de todos os banheiros,
lavanderia, almoxarifado, pintura interna e externa e colocação de sinteco em 14 salas de
aula e área administrativa. Também foram construídas calçadas e mureta, reformado o
palco, feito ajardinamento e colocada grade na frente da escola. A Aníbal também foi
equipada com 16 mesas e 63 jogos de carteiras, 35 cadeiras para sala de vídeo e sala de
direção, além de cortinas para salas de aula, cozinha e salas administrativas.
Nos finais de semana, o espaço é usado pela comunidade para atividades de
catequese, encontro de casais, cursos, retiros etc. Utensílios de cozinha, cadeiras, retro-
projetos, televisores e vídeo também são cedidos para a comunidade.
Integração e parceria fazem parte da filosofia da Escola Estadual Aníbal Lopes da
Silva
Buscar a integração, construindo parcerias com os pais e demais entidades da
comunidade, para que, em conjunto, possa realizar um bom trabalho, no qual todos se
sintam responsáveis pelo processo de ensino-aprendizagem e conscientes de que cada
sujeito deve ser participante e seguro de suas ações, em busca da transformação da
sociedade.
Priorizar a realidade concreta do aluno, na qual os professores devem procurar trabalhar a
formação pedagógica, sociológica e cultural, for mando um cidadão crítico e com condições
de atuar na sociedade.
Fala Diretora!
“O conhecimento não é estático e é na dinâmica do desenvolvimento da sociedade
que, muitas vezes, sentimos a preocupação e nos questionamos se realmente estamos
fazendo o melhor ou dando oportunidades ao aluno sobre o que realmente é necessário
aprender neste momento histórico. Acreditamos também que o trabalho sério e coletivo,
envolvendo a comunidade, é o caminho para a transformação. Por isso, procuramos dar
nossa contribuição para que ocorram as mudanças necessárias, para a garantia dos
direitos de cidadania de todas as nossas crianças".
Sueli Góiz da Silva, diretora, que atua na escola desde outubro de 1982, em
diversas funções.
Escola Municipal Aníbal Lopes da Silva Rua Siriema, 234, Jardim Floresta
Cascavel, PR
CEP 85810-560
Fone-fax: (45) 3227-6541
E-mail: www.escolaanibalopes@unimidia.com.br
Projeto 13
Barrolândia, TO
Município discute, em fórum, gestão escolar
A Renageste - Rede Nacional de Referência em Gestão Educacional é um
programa de formação de gestores educacionais, desenvolvido a partir da adesão de
profissionais interessados na produção do conhecimento sobre gestão e na formação de
massa crítica para a liderança e desempenho das funções de gestão educacional. Tem como
objetivo, contribuir de maneira sistemática, para o avanço da gestão educacional e
promover condição para a construção de um referencial teórico-metodológico de gestão
educacional para a Educação no país.
Foi pensando nisso. Que o Comitê Municipal de Barrolândia, no estado de
Tocantins, realizou no mês de novembro do ano passado, o I Fórum Municipal de Gestão
Escolar. Participaram do evento, o Colégio Estadual Presidente Tancredo Neves, a Escola
Estadual Paulina Câmara, a Escola Estadual Presidente Costa e Silva, a Escola Municipal
Jardim de Infância Criança Feliz, a Escola Especial "Amor de Deus", a Secretaria
Municipal de Educação e a Secretaria Municipal de Saúde.
O objetivo maior do evento foi proporcionar à comunidade local um momento para
mostrar o trabalho desenvolvido pelas escolas, integrando-as para a melhoria do processo
ensino-aprendizagem. As escolas montaram stands e fizeram exposições de atividades,
trabalhos e projetos desenvolvidos em equipe. Além de socializar o seu trabalho, as escolas
também mostraram à comunidade o que estão desenvolvendo em relação à parte cultural,
por meio de apresentações pelos alunos de danças e coreografias, teatro e outras
apresentações culturais.
Participação revela habilidades
Segundo Maria de Fátima Silva Cardoso, coordenadora da Renageste de Tocantins,
estas atividades são gratificantes para os educadores e para a comunidade, "pois é somente
em eventos assim que podemos perceber o quanto é produtivo o trabalho desenvolvido nas
escolas. Os trabalhos são diversificados, todos participam e é, esse momento, que
verificamos como temos alunos talentosos - cada um participa e mostra suas habilidades.".
A coordenadora conta que para a realização do Fórum Municipal de Gestão
Escolar houve o apoio de todos os gestores, funcionários, professores, alunos, da Secretaria
Municipal de Educação, da Secretaria Municipal de Saúde, e da Delegacia Regional de
Ensino, além de toda a comunidade.
Miracema do Tocantins, TO
Escola desacreditada pela comunidade dá a volta por cima
Até o ano 2000, a Escola Estadual Manoel Messias, situada na zona periférica de
Miracema do Tocantins - TO, era desacreditada pela comunidade e enfrentava desafios e
discriminações, como a baixa estima de funcionários e alunos, alto índice de abandono e
repetência, ausência dos pais e comunidade na escola, número considerável de adolescentes
grávidas, influência externa de gangs, envolvimento de alunos com drogas, alunos carentes
de afetividade da família, falta de higiene física, mental e social; falta de material e suporte
pedagógico, depredação do patrimônio escolar, preconceito social para com a escola e
alunos, falta de incentivo e valorização profissional dos servidores, dentre outros.
A escola contava com 467 alunos em 1999 e, atualmente, elevou para 738 o
número de matriculados, distribuídos entre a educação infantil, ensino fundamental, acele-
ração da aprendizagem e ensino de jovens e adultos.
Com a mudança de gestor, a escola passou a ter uma liderança compromissada
com um trabalho de qualidade e de interação com a comunidade. Priorizou-se o aluno e sua
família e incentivou-se maior participação e engajamento democrático de todos os
segmentos da comunidade.
Hoje, a escola desenvolve suas ações baseadas em um Projeto Político-Pedagógico
(PPP) e em um Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), comprometidos com o
desenvolvimento de competências, que permitem intervir na realidade para transformá-Ia.
Trata-se de um fazer coletivo, em que se busca a coerência entre o pensar e fazer, e que tem
como missão assegurar um ensino de qualidade, o respeito e o incentivo ao indivíduo e a
participação da comunidade na escola, formando cidadãos capazes de agir na transformação
social.
As metas da escola foram traçadas a partir de um PPP que prioriza a qualidade de
ensino. Nelas estão contidas as competências e habilidades que a comunidade escolar
pretende desenvolver nos educandos e as ações a serem desencadeadas para alcançar os
objetivos propostos.
A escola tem realizado atividades e eventos interativos em parcerias, com destaque
para o concurso de leitura e redação - para incentivar o aluno ao hábito da leitura e
produção textual; visitas às residências de alunos faltosos - para diminuir os índices de
evasão e repetência; reuniões bimestrais com pais de alunos que apresentam baixo
desempenho na aprendizagem - conscientizar os pais das dificuldades de aprendizagem dos
filhos e propor soluções; reuniões bimestrais com pais e alunos - para divulgar a avaliar as
ações e acatar sugestões de melhorias; parcerias com outros segmentos da sociedade -
palestras educativas, campanhas de higiene, aulas de reforço escolar; reunião de avaliação
da prática pedagógica - para detectar dificuldades dos professores e alunos, buscando
soluções em coletividade; mostra de ciências, matemática e arte - divulgação para a
comunidade dos resultados dos conteúdos trabalhados em sala de aula; encontros
pedagógicos mensais - momentos de socialização das experiências, de reflexão da prática e
realização de leituras complementares de acordo com a necessidade dos profissionais da
escola; e eventos comemorativos - que propõem maior integração entre escola e
comunidade.
Além dessas ações de sucesso, a equipe pedagógica desenvolve projetos
interdisciplinares em todas as séries. São destaques o Projeto Leitura e Produção de Textos,
que desperta o interesse para o hábito da leitura e escrita; o Projeto Reforço Escolar, que
busca sanar as dificuldades de aprendizagem nas disciplinas e séries críticas; o Projeto Meio
Ambiente, que oferece aos alunos diversidade de experiência e participação nas questões
ambientais e doenças transmissíveis, como a dengue; o Projeto Vida Sim! Drogas Não! -
que quer conscientizar os alunos com relação ao uso de drogas; o Projeto Orientação
Sexual, que contribui para que os alunos possam valorizar e cuidar da saúde e posicionar-se
contras discriminações ligadas à sexualidade; o Projeto Lugar da Família também é na
Escola, que envolve os pais no processo de ensinoaprendizagem e sua participação nas
atividades da escola; o Projeto: Arte e Educação, que busca a compreensão da arte como
linguagem ao realizar e deixar fluir produções artísticas.
Todas as ações são realizadas com o objetivo de sanar os problemas enfrentados
pela escola e têm trazido resultados positivos, de forma gradativa. O clima é democrático,
de ações transparentes e de compromisso com a educação.
O sucesso do trabalho em equipe, fez com que a escola obtivesse colocação
significativa 1° lugar regional e 5° lugar estadual -, no Prêmio Gestão - 2001 e se tornasse
referência em Gestão Escolar.
Escola de Ensino Fundamental General Antônio da Silva Campos
Rua Siqueira Campos, 575, São Pedro, Camocim, CE
CEP 62.400.000 Fone/Fax: Oxx 88 621-2975
e-mail: eefgalcampos@bol.com.br
Projeto 14
Um caso de amor com a comunidade
A Escola de Ensino Fundamenta General Antonio da Silva Campos não tinha, até
1993, um projeto sistematizado para nortear a sua estrutura de ensino. Não era
reconhecida nem autorizada pelo Conselho de Educação do Ceará e as taxas de evasão e
reprovação chegavam perto dos 30% ao ano. A comunidade não acreditava na escola -
uma pesquisa chegou a apontar um descrédito próximo de 90%, conforme pesquisa
realizada pela Secretaria Municipal de Educação de Camocim, em 1993. Podia-se afirmar
que todo o sistema da escola - pedagógico e administrativo - passava por uma crise.
Mas, a partir de 1994, a escola começa a passar pelas primeiras mudanças
significativas. É criado o Conselho Escolar e é elaborado seu primeiro Projeto
Pedagógico. Com isso, a comunidade escolar começa a trilhar os caminhos que a levam à
conquista de avanços importantes em termos de educação de qualidade voltada para a
cidadania. Assim, depois de quase dez anos de muito trabalho, em 2002, a Escola Antônio
da Silva Campos é selecionada pelo Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar
como uma das seis melhores do país.
Destaque-se que todas as metas traçadas nos projetos anteriores, passo a passo
estão sendo atingidas, por isso, o projeto da escola tem passado por avaliações periódicas
e por reformulações, a fim de atender as necessidades e desejos de sua comunidade.
Redefinição dos princípios de gestão
Em 1995, a escola decidiu redefinir os princípios norteadores de sua gestão. Com a
criação do Conselho Escolar, no ano anterior, foi despertado na escola o interesse em adotar
práticas participativas em seu cotidiano. A partir de então, nascia a preocupação por parte
de todas as pessoas envolvidas no processo, em reformular a definição e a construção de
uma nova postura política, administrativa e pedagógica.
Um projeto emergencial surgiu, em dezembro de 1995, após várias reuniões com
os segmentos da escola e sua comunidade externa. Era baseado nos fundamentos teóricos
do Programa Raízes e Asas e baseava-se na busca de respostas para as três perguntas
clássicas: Que tipo de escola temos? Que tipo de escolas queremos? O que fazer para
termos a escola que queremos?
Este projeto inicial foi reformulado em 1997, também com a par- : ticipação de
toda a comunidade. A nova versão, válida para o biênio 1998/99, foi analisada pelo Centro
Regional de Desenvolvimento da Educação. Uma nova mudança foi feita pela comunidade
escolar em agosto de 2001.
Um empenho cada vez maior em boas práticas de gestão
Com relação à gestão, os objetivos da Escola General Antônio da Silva Campos se
concentram fortemente em criar condições para a mobilização dos seus segmentos:
assegurando a ampla participação de todos no gerenciamento da escola; promover o
processo de formação do aluno, sua autonomia crítica e sua cidadania; mobilizar e firmar
parcerias com a sociedade, na busca de melhorias para a escola, para a construção e
execução de um projeto permeado pela ação coletiva; e realizar uma gestão voltada para as
seguintes dimensões: gestão democrática, gestão de pessoas, gestão de serviços e apoio,
recursos físicos, financeiros, e gestão de resultados, que são exatamente aqueles itens que
compõem a auto-avaliação proposta para as escolas pelo Consed e seus parceiros para
concorrer ao Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar.
Gestão participativa e estratégica - A escola possui um Núcleo Gestor que está continua-
mente empenhado para que o verdadeiro conceito de gestão democrática seja uma
realidade, e não apenas uma expressão no dia-a-dia da escola. A meta principal é a
construção da cidadania pautada em princípios como autonomia, participação e construção
coletiva para a execução do Projeto Político Pedagógico da escola. O respeito às decisões
tomadas por todos é primordial, eliminando o princípio de subalternidade. Esta dinâmica
funciona graças à boa atuação da congregação de professores, do conselho escolar, do
grêmio estudantil e do fórum da família, Para que tudo fique ainda mais democrático, esses
órgãos que atuam de forma integrada com o Núcleo Gestor, formam o Conselho Pleno de
Gestão, que desempenha um papel amplo nas decisões da escola, e principalmente, na
busca da escola-cidadã.
Gestão pedagógica - A escola tem uma proposta curricular definida a partir dos
Referenciais Curriculares Básicos e dos Parâmetros Curriculares Nacionais, feito por todos
os professores e especialistas, discutida 'e aprovada pelo Conselho Pleno de Gestão.
Outros mecanismos para aperfeiçoar permanentemente a gestão pedagógica é o
projeto de ensino organizado por semestre; a avaliação formativa; a atuação do fórum da
família, que realiza as aulas da família e é modelo para outras escolas; e o projeto
alfabetização competente, que assume o compromisso coletivo pelos alunos de 1ª a 4a.
séries para garantir-Ihes uma aprendizagem capaz de Ihes assegurar o domínio do mundo da
leitura, da comunicação com autonomia pela escrita e pelo exercício da oralidade; a
interação com os números e o domínio das operações numéricas naturais. Este projeto
eliminou a reprovação e garante aulas de reforço e apoio pedagógico no contra-turno.
Para o coordenador do Comitê Escolar de Avaliação, que oficializou a candidatura
da escola ao Prêmio Nacional, Ed. Carlos Xavier de Noronha, "o compromisso com o
controle dos indicadores de fracasso, a capacitação, formação dos profissionais e a busca
para se firmar parcerias são elementos que fazem a Escola General Antônio da Silva
Campos uma escola eficaz".
Pesquisa realizada pela Escola General Antônio da Silva Campos junto aos pais de
seus alunos, como um dos itens que compõe seu processo de auto-avaliação, revela que a
escola tem vivido um caso de amor com sua comunidade.
Desde a criação do Conselho Escolar, órgão pelo qual os pais passaram a ter uma
interferência direta nos rumos da escola, os gestores da Silva Campos têm podido sempre
contar eles. Mas, foi com o funcionamento do Fórum da Família que este relacionamento se
fortaleceu ainda mais. O desconforto e o sobressalto de ir a escola é para os pais coisa do
passado - cedeu lugar para o diálogo estreito com a gestão e os professores, em um clima
muito agradável de troca de experiências e amizade.
Assim, os questionários da pesquisa revelaram que os pais acreditam na escola
General Antônio Carlos Campos. Algumas das respostas dos pais são aqui destacadas. Com
relação aos motivos que levaram a matricular os filhos na escola, os pais alternam elogios -
43% afirmam ser a melhor escola do município; 43% por considerar a escola
organizada; 29% por considerar os professores dedicados; e 29% por acreditarem que
o ensino é elevado. Os pais também têm comparecido em massa às aulas da família. Assim,
ficou fácil para eles opinar sobre os assuntos que consideram importantes de serem lá
discutidos. Destacamos: 71%, doenças sexualmente transmissíveis; 43%, educação dos
filhos; 29%, casamento; e 29%, comportamento dos filhos.
A escola, na realidade, faz um tratamento às famílias, falando a respeito da
educação e comportamento dos filhos, mas indo muito, muito mais, além disso, com a
abordagem de diversos assuntos de interesse dos pais. Merece também destaque o assunto
relativo ao dinheiro da escoa: 100% dos pais afirmam conhecer sobre os recursos vindos
para a escola e também como são aplicados. Quanto aos professores, são só elogios. Eles
foram considerados ótimos, competentes, amigos e bons.
Conheça o Fórum da Família
O Fórum da Família é um aliado da Escola General Antônio Carlos Campos e da
família na tentativa de resgatar os valores fraternos, éticos, afetivos e sociais no meio
familiar. Por meio de reflexões e discussões que tratam de temas relacionados aos conflitos
familiares e suas implicações na sociedade e no âmbito escolar, busca-se a harmonia entre
as duas instituições que têm objetivos comuns, o fórum, de caráter consultivo, é formado
por pais de alunos, professores e membros da sociedade diretamente atendida pela escola e
desempenha o papel de mediador entre escola e família. Questões de indisciplina dos
alunos, falta de acompanhamento e abandono intelectual por parte dos pais também são
colocados em discussão nas reuniões do fórum, que não tem nenhum caráter de favoritismo
ou de corporativismo.
Projeto 15
RELATOS DE SUCESSO
Escola Estadual de Ensino Fundamental Olga Dellaia,
Av. Pe. Adolpho Rohl, 1.260, Jaru, RO
Comunidade funciona como equipe de trabalho
A Escola Estadual de Ensino Fundamental Olga Dellaia implantou o Plano de
Desenvolvimento da Escola (PDE) e, a partir de então, sua equipe conseguiu desenvolver
um trabalho pedagógico voltado para o sucesso de aprendizagem dos alunos.
A comunidade interna escolar foi transformada numa "equipe" de trabalho
pedagógico-terapêutica. Os professores passaram a fazer, diariamente, um diagnóstico de
suas turmas, para certificar-se de quantos alunos gostaram da aula, quantos dominaram ou
não o conteúdo trabalhado, de forma que a próxima aula seja elaborada de acordo com o
nível de aprendizagem da turma. O preparo das aulas agora leva em conta que não é interes-
sante passar para novos conteúdos todos os dias, mas trabalhar de forma criativa, clara e
objetiva, usando recursos didático-pedagógicos que facilitem a compreensão e a
aprendizagem do aluno. Assim, de acordo com a metodologia aplicada e o sucesso da
aprendizagem, vão sendo acrescentados conteúdos novos, gradativamente, sem que o aluno
sinta-se cansado e desanimado.
Compromisso com a qualidade - Graças ao compromisso do Governo de Rondônia com a
"Educação de Qualidade", a direção da escola tem recebido, via APP - Associação de Pais e
Mestres da escola, recursos financeiros com autonomia para aplicá-Ias. Isto tem permitido
investir com criatividade na capacitação dos professores, em recursos didático-pedagógicos
e projetos inovadores, na ampliação do material de pesquisa e em leitura bibliográfica, na
modernização tecnológica nos instrumentos de comunicação da secretaria, em supervisão,
na sala de leitura. Investiu-se também na qualidade da merenda escolar para todos os
alunos, em materiais de apoio e recursos pedagógicos para a disciplina de Educação Física,
na manutenção de aulas de pintura ministradas por "Amigos da Escola", na formação
continuada dos professores, e em aulas de reforço escolar. Trabalhou-se também com uma
oficina de aprendizagem, em que foram realizadas atividades multidisciplinares, com
materiais concretos para desenvolvimento' da leitura e escrita no 1º ciclo do Ciclo Básico de
Alfabetização (CBA).
Participação ativa da comunidade - A direção da Olga Dellaia desenvolveu um trabalho
escolar que julga muito importante, com a participação ativa da comunidade escolar, nas
análises de situações e decisões sobre quaisquer que sejam as necessidades da escola.
Enfim, usou-se flexibilidade, senso crítico e criatividade para elevar a auto-estima dos
alunos e, automaticamente, conseguir sucesso na qualidade e no índice de aprovação.
Integração família-escola - A direção trabalhou muito a integração da família na escola
por meio de correspondências, visitas, sugestões para o diálogo educativo, atividades
recreativas com a participação dos pais e das mães na escola, comemorações participativas
em dias festivos, reuniões periódicas com os pais para comunicar fatos ou informar sobre
mudanças pedagógicas, reunião pedagógica para a entrega de notas, editais informativos no
pátio escolar, exposição dos trabalhos de alunos, realização de conselho de classe com a
participação dos alunos. Também foi adotado o processo de eleição para "Líderes de Sala" e
feita convocação especial aos pais, quando surgem problemas de faltas, indisciplina ou
dificuldades na aprendizagem.
Enfim, procurou-se trabalhar com respeito, cordialidade e atenção a relação com os
pais e mães de nossos alunos. Assim, investiu-se na conquista dos pais e,
conseqüentemente, na permanência dos alunos na escola.
Projeto político pedagógico - Uma análise situacional de toda a conjuntura organizacional
pedagógica da escola, em ação compartilhada entre a direção e a comunidade escolar, fez
com que se concluísse pela necessidade de elaboração de um Projeto Político Pedagógico
que realmente mostrasse "a escola que se queria e onde se devia chegar". Elaborou-se o
referido projeto em parceria com a comunidade escolar e, hoje, a escola adota critérios
pedagógicos para a distribuição de turmas, horário, calendário escolar, calendário específico
para as atividades pedagógicas extraclasse. Procurou-se atender as solicitações da comu-
nidade escolar no que nos diz respeito ao funcionamento das classes de ensino fundamental,
com todas as séries nos três turnos. Durante o ano letivo a direção da escola realiza
processos sistemáticos participativos dos aspectos de sua gestão, realiza reuniões mensais
com os servidores da escola para replanejar as ações e avaliar o desempenho das
atribuições. Há também uma preocupação com o bem estar dos professores, para que eles se
sintam bem na escola e possam desempenhar suas tarefas com prazer e dignidade.
A direção trabalhou também com a auto-avaliação da gestão, pois sabe-se que toda
construção pedagógica só se realiza por meio de ações compartilhadas com a comunidade
escolar.
Clara Leni Borges Rodrigues - Diretora
Projeto 16
Envolvimento da comunidade e pedagogia de projetos
Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Carlos Gomes,
Av. Recife, 225, Cacoal, RO
Com relação à questão dos resultados de aprendizagem dos alunos, nossa escola
tem dinamizado suas atividades, por meio da Pedagogia de Projetos, que dá às ações de
aprendizado um sentido novo: as necessidades de aprendizagem afloram durante as
tentativas de se resolver situações problemáticas, permitindo aos alunos decidirem,
opinarem, debaterem e irem construindo sua autonomia e cidadania.
Resultados da aprendizagem - Para melhorar os índices de aprendizagem e aprovação os
resultados são avaliados e discutidos, replanejando a prática pedagógica dentro da sala, e
criando alternativas, como reforço escolar e atualização do professor.
Permanência e evasão - Para aumentar o índice de permanência do aluno na escola,
evitando faltas e evasão escolar, desenvolvem-se projetos que tornam o ambiente escolar
prazeroso, com destaque para os projetos: Repensando o Carnaval, Incentivo à Leitura,
Rádio na Escola, palestras educativas, Amigos da Escola, feira de ciência, festival de
música, escolha da miss e mister estudantil, noite cultural, Vivenciando a Cidadania,
Viajando pelos Continentes, Faça uma Criança feliz e campeonato de futsal inter-classes.
Envolvimento da comunidade - Para promover o envolvimento efetivo da comunidade
com a vida escolar, os pais estão participando dos projetos existentes na escola. São
promovidas palestras educativas sobre temas que contribuam para o fortalecimento da
família e da aprendizagem. Também se realizam reuniões bimestrais para divulgar as
atividades da escola e o desenvolvimento dos alunos.
Projeto 17
Escola Estadual John Kennedy, São José do Jacuri
Comunidade participante garante sucesso da escola
Desde 1999, a Escola Estadual John Kennedy, localizada no município de São
José do Jacuri, MG, é considerada uma referência em âmbito estadual. Durante o 2º
Encontro Regional Pólo Sul da Renageste, realizado no final do ano passado, em Itajubá,
MG, o diretor José de Fátima Oliveira, falou sobre as experiências que deram à escola este
destaque.
José de Fátima assinalou que, em sua opinião, foi fundamental para a mudança do
perfil da escola o fato da sua direção optar por um modelo de gestão democrático, em que
toda a comunidade envolvida participa. "Assim, conseguimos entrelaçar a escola com a
vida do município", explicou.
O dirigente chamou a atenção sobre a necessidade de se ter entusiasmo em todas
as ações dos profissionais da Educação. "Acredito que a proposta da Renageste pode dar
esta injeção de entusiasmo que todos nós necessitamos para enfrentar as dificuldades e
levarmos em frente nossos projetos, mudando assim o perfil da educação brasileira", co-
mentou José de Fátima, incentivando todas as escolas a integrarem-se à Renageste.
Educação Física ainda não encontrou caminho dentro da escola
Ainda durante o 2º Encontro do Pólo Sul da Renageste, realizado em Itajubá, MG,
foi abordada a situação da disciplina de Educação Física nas escolas públicas. Amauri
Aparecido Bassoli de Oliveira, professor e doutor na área pela Universidade de Campinas,
lembrou a importância da educação física no projeto político e pedagógico da escola.
Ele ressaltou que apenas uma porcentagem mínima da população está consciente
de que o ser humano tem necessidade da prática de esportes regularmente para a
manutenção do equilíbrio físico e mental. "Infelizmente, nós, profissionais desta área,
ainda não conseguimos conscientizar os professores e dirigentes escolares sobre isto e,
assim, a maioria da população continua levando uma vida sedentária", lamentou.
Amauri fez uma análise da disciplina nas escolas, desde o período da pré-escola
até o ensino médio. Para ele, não há motivação alguma para a prática de esportes em
nenhuma das etapas da vida estudantil. "Na pré-escola e nas séries de 1ª a 4ª, ela se resume
a jogos, como queimada, pula-corda, amarelinha. Da 5ª série em diante, surgem outros
tipos de jogos, como futebol, vôlei e basquete. 'No ensino médio, a educação física
praticamente não existe porque os alunos devem ter tempo para a preparação ao
vestibular", explicou.
Na opinião do professor, em nenhum momento a Educação Física se concretiza
dentro do ambiente escolar. "Deveria ser algo que pudesse realmente ajudar às crianças e
adolescentes neste período de formação a crescerem, tendo preocupação com um preparo
físico que é importante para todos os períodos da vida". Essa situação remete os gestores a
considerarem a repercussão da falta apontada na formação dos alunos e na incompletude
do projeto pedagógico escolar.
Pequenas reflexões sobre parcerias na escola
O diretor do Colégio Estadual Leôncio Correia, de Curitiba, no Paraná, IVQ Fitz, é
professor desde 1968. Sua trajetória na carreira educacional, desde que se formou em Letras
Franco-Portuguesas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e em Filosofia, pela
Universidade Federal do Paraná, até os dias atuais, sempre foi marcada pela inovação e
pela busca da realização de idéias interessantes e criativas para seus alunos e para toda a
comunidade escolar. Neste depoimento, prestado durante o Seminário Mobilização
Educacional,.realizado em Curitiba, no último mês de maio, ele revela seu entusiasmo e
crença na escola pública.
"Não trago aqui novidades nem coisas diferentes daquelas que todos nós fazemos nas
escolas. Isso eu quero deixar bem claro: entre diretores e professores sempre se comenta que
os problemas só mudam de endereço - acontecem em todas as escolas. Nosso grande mal é
que, poucas vezes, divulgamos aquilo que fazemos, porque não temos uma estrutura de
divulgação. Isso é um erro, não na sua essência, mas na sua forma, pois na hora em que
fazemos alguma coisa diferente na escola e não divulgamos, estamos deixando de dar aos
outros a oportunidade de tomar conhecimento daquilo - quer dizer, não estamos praticando
aquilo que pregamos: a universalização do conhecimento e sua disponibilização para todos.
Como diretor de um colégio com 3.500 alunos e um total de 94 turmas, classifico a
escola pública em duas categorias: aquelas que esperam. pelo governo para resolver seus
problemas e melhorar a qualidade do ensino e aquelas que não esperam e agem. As que
esperam, "continuam esperando" e aquelas que não esperam, são as que vão em busca de
inovações. Só o fato de estarmos aqui, em um seminário como este, já nos coloca na segunda
categoria: não somos daqueles que esperam pelo governo, nós vamos em busca das coisas
acontecerem.
A resistência de novos e velhos
Com relação às parcerias na área de Educação, entendo que os grandes "resistentes"
às parcerias somos nós mesmos. Talvez não nós diretores, mas nós professores. E a
resistência não parte apenas do professor mais velho, mais experiente, mas do professor novo
também, porque o professor novo também se formou e cresceu em uma estrutura viciada. A
grande decepção que, às vezes, os diretores têm, é de esperar alguma abertura a mais por parte
de professores novos, e sentir o mesmo bloqueio, a mesma resistência neles, embora não
possamos dizer que a culpa seja deles. Eles também vêm de uma universidade que ainda é
arcaica, passaram por professores que, muitas vezes, pensam como a maioria, ou seja, não
buscam inovações. Esta é uma realidade que encontramos nas escolas e que deve ser
enfrentada na hora que buscamos trabalhar em parceria.
APM, a grande parceira
Toda parceria automaticamente traz gente de fora para dentro da escola. E o grande
problema que, ainda hoje, tememos é exatamente a entrada de pessoas de fora, na escola.
Para acabarmos com este medo, vou falar sobre quais são as parcerias que temos no
"Leôncio Correia". Não são propriamente parcerias, mas trabalhos em conjunto, ou com o
'poder público, ou com associações, ou com o setor privado. A grande parceira do colégio é,
sem dúvida, a Associação de Pais, Professores e Funcionários - APM, que também funciona
como "mola financeira". E talvez aí ainda esteja um erro. Sem a APM, a escola não
conseguiria fazer qualquer projeto, porque mesmo que um projeto ou parceria não envolva
nenhum custo financeiro direto - ou seja, a pessoa ou entidade com quem fazemos uma
parceria não precisa gastar dinheiro conosco - nós gastamos dinheiro, sim. Porque, na maioria
das vezes, uma parceria envolve locomoção, palestras, uma série de coisas para serem com-
pradas. Aí, a APM precisa entrar em ação.
Então, a grande parceira que muitas escolas têm é a APM. O que queremos é que,
com o tempo, a APM se torne uma parceira de tal forma que isto chegue a ser a própria
essência da associação - uma associação que venha para dentro da escola, e que não seja
apenas sua "mola financeira". Mas, no "Leôncio Correia" ainda temos grande dificuldade em
trazer os pais para a escola e uma série de fatores tem influência nisso.
Educação fiscal
O Colégio Leôncio Correia está inserido no protagonismo juvenil, linha que
trabalhamos em conjunto com o Idac Instituto Internacional do Desenvolvimento da
Cidadania e outras escolas, como o Colégio Unificado, particular, e a Escola Maria
Montessori, pública, lá da nossa região.
Outro projeto é o de "Educação Fiscal", uma grande parceria na qual estamos
entrando, junto com a Coordenadoria da Receita do Estado -CRE e com a Receita Federal. Já
tivemos alguma atividade este ano, com o lançamento oficial do projeto realizado em junho.
São os alunos até a 6a série que vão simular situações de arrecadação na área de produção
industrial e no comércio. Os alunos vão receber, por meio do projeto de parceria, assistência e
orientação de pessoas que entendem muito do assunto, com o objetivo de formar cidadãos
cônscios das suas obrigações também com o Estado. Quando promovemos a discussão sobre
aquilo que o governo faz com o dinheiro que arrecada - não de forma pessimista, mas com
uma discussão otimista - mostrando o que o governo faz com nosso dinheiro, e não apenas o
que ele deixa de fazer, mudamos o enfoque da discussão, tornando-a mais produtiva e crítica.
Ações na área da saúde
Outro projeto é o "Saúde na Escola", em parceria com a Unidade de Saúde do bairro
Bacacheri, outra entidade pública que veio ao encontro de nossos anseios. Desde 1995,
tentávamos desenvolver algum tipo de ação na área de saúde, principalmente com relação às
DST - Doenças Sexualmente Transmissíveis, mas tínhamos apenas atividades Muito esparsas,
sem articulação entre as atividades. Agora, nossos alunos recebem, na escola, profissionais da
Unidade de Saúde e conforme a idade dos alunos são realizados objetivos diferentes. Os
menores, por exemplo, têm informações e aulas práticas a respeito de higiene bucal e
orientações a respeito de saneamento básico, porque muitos de nossos alunos vêm da
periferia. Se o aluno é maior, como no caso específico do ensino médio ou das 7as e as séries
do ensino fundamental, tem acompanhamento específico sobre sexualidade e doenças se-
xualmente transmissíveis. E de que forma é feito isto? Ou os profissionais de saúde vão à sala
de aula onde está o aluno, ou os alunos, individual ou coletivamente, vão a uma sala destinada
especialmente para este projeto, que dispõe de vídeo, retro projetor e outros equipamentos
para diversificar as atividades. Quando a atividade atinge um grupo maior, sempre um
professor acompanha, pois não se pode exigir do profissional da saúde que ele tenha a
pedagogia que nós temos, ou que deveríamos ter.
Esporte e conhecimento
Em novembro se inicia outro projeto, em parceria com a Sociedade Duque de Caxias,
um clube esportivo-social próximo da nossa escola. Como o clube irá sediar um Campeonato
Mundial Feminino de Punhobol, que vai reunir seleções de nove países, estabelecemos com
eles, uma parceria, que vai promover entre os alunos, estudos sobre aqueles países; em troca,
na hora que esses países jogarem, os alunos vão torcer pelos atletas.
Parcerias e “parcerias"
Por sermos um colégio grande, somos procurados pelos mais diversos tipos de gente
que querem fazer parcerias; entretanto, muitas vezes, esta "parceria" não passa da venda de
livros na sala de aula, com comissão de 10% para a APM, e isso não interessa .. Se
permitíssemos este tipo de coisa, estaríamos transformando a escola num lugar
essencialmente comercial. Por isso, é preciso refletir e questionar sobre o verdadeiro papel da
escola e das parcerias - muitas vezes até, parcerias contemplam apenas a vontade e os
objetivos de quem está de fora da escola, deixando de lado aquilo que o aluno gostaria de
fazer, aquilo que o professor gostaria que os alunos fizessem.
Assim, como forma de reflexão para todos, deixo esta questão: será que a escola ao
buscar e realizar parcerias está conseguindo efetivar sua verdadeira finalidade? Ou, na ânsia
de buscar qualquer tipo de parceria satisfaz mais quem está fora da escola do que sua própria
comunidade? Essa pergunta eu faço continuamente e ainda não consegui chegar ao âmago da
questão. Mas, deixo a questão em aberto como forma de reflexão para todos nós".
Projeto 18
Bahia
Grupo Renageste busca sucesso do aluno na escola
O Grupo da Renageste na Bahia tem se reunido para padronizar critérios de avaliação
dos relatórios elaborados pelas escolas, direcionados ao Prêmio Nacional de Referência em
Gestão Escolar. O grupo entende que o Prêmio é uma oportunidade para que as escolas se
auto-avaliem e, conseqüentemente, fortaleçam a gestão escolar, melhorem a aprendizagem, a
participação dos pais e da comunidade. Possibilita também que a escola, em parceria com a
comunidade, avalie e revise seu Projeto Político Pedagógico, de forma que ele expresse o
coletivo escolar, fazendo com que a própria comunidade saiba identificar o que faz a escola
ser boa.
O entendimento do grupo baiano é que apenas a participação dos diversos segmentos
que compõem o Colegiado Escolar na elaboração do Projeto Político Pedagógico e nas
decisões a serem tomadas no processo de gestão, vai permitir a construção da escola-cidadã.
A Renageste na Bahia é formada por representantes de diversas instâncias: Órgão
Central - Secretaria da Educação e Cultura, Direc - Diretoria Regional de Educação,
Secretaria Municipal de Educação – Pindaí, UBFA - Programa de Gestão Participativa com
Liderança em Educação PGP, Unidade Escolar Centro Educacional Carneiro Ribeiro - Escola
Parque e Classes, representante da Unesco e representante da Undime. Esse grupo pretende
dar continuidade ao estudo de gestão escolar e avaliação institucional, por entender que as
escolas são instituições muito mais complexas do que, por vezes, a experiência docente e
mesmo alguns estudos conseguem aprender.
Sucesso do aluno
O grupo também entende que a escola está inserida num ambiente político,
econômico, social e cultural. É a liderança do trabalho cotidiano do diretor, com a
comunidade interna e externa que leva à realização do principal objetivo da escola: o sucesso
do aluno.
Para justificar sua proposta, o grupo questiona: Para que servem as escolas? A
resposta não exige muito esforço intelectual: para promover o desenvolvimento dos alunos; se
os alunos não aprendem, a escola não é boa. Assim, os resultados dessa instituição se avaliam
principalmente pelo aluno que se quer plenamente desenvolvido, respeitando-se seu ritmo
individual.
O ponto de partida para nortear o estudo do Grupo é o de se ter clareza sobre o que é
e para que serve a escola; reconhecer a responsabilidade da escola pelo aprendizagem dos
alunos e reconhecer que o problema e a solução para a aprendizagem dos alunos estão na
escola, na forma como ela funciona e como se organiza.
Participação dos pais e voluntários
Os membros da Renageste entendem ainda que os pais devem compartilhar a visão e
as expectativas da escola a respeito do sucesso dos filhos, como voluntários ou como mem-
bros do Colegiado Escolar. O apoio e a participação dos pais podem levar a escola a atrair
voluntários e parceiros para a melhoria do seu desempenho.
O grupo pretende ainda este ano, ampliar a participação das escolas no Prêmio
Nacional de Referência em Gestão Escolar. Para isso, esteve na Bahia, a convite da Secretaria
da Educação, a especialista em Educação Heloísa Luck, coordenadora da Renageste Nacional,
que proferiu palestra para os gestores das escolas da Rede Pública Estadual, mobilizando-os
para participar do Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar.
Heloísa Lück também se reuniu com os representantes da Renageste, enfatizando que
esta Rede tem o papel principal de repensar a gestão escolar, provocando mudanças de
paradigmas no processo de gestão.
Programa Gestão Participativa com liderança em Educação promove atividades
O PGP/Lidere - Programa Gestão Participativa com Liderança em Educação - é um programa
de extensão da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sediado no Centro de Estudos
Interdisciplinares para o Setor Público - ISP, que conta com o apoio financeiro da Fundação
Fard. Iniciado em 1995, o programa integra ações de uma equipe multidisciplinar de
professores e estudantes da graduação e pós-graduação da UFBA, e outras instituições par-
ceiras. Suas ações buscam fortalecer as lideranças educacionais e competências voltadas para
a melhoria da qualidade da gestão e da aprendizagem em escolas, por meio da efetiva
participação dos professores, funcionários, alunos e comunidade, na construção e execução de
propostas pedagógicas comprometidas com a formação de cidadãos críticos, democráticos,
participativos e engajados na preservação do meio ambiente.
Coordenado por Katia Siqueira de Freitas, Ph.D. em Educação, o PGP/Lidere vem
realizando uma série de atividades que integram o Ciclo de Palestras e Oficinas Gestão
Educacional em Foco. Os trabalhos visam o aprofundamento dos estudos sobre Projeto
Pedagógico, Plano de Desenvolvimento da
Escola, Liderança e Gestão Educacional, aperfeiçoando as diferentes lideranças que
fazem parte do processo de melhoria da qualidade do ensino da rede pública baiana.
Nesta linha de trabalhos, o PGP/Lidere já desenvolveu em 2002 atividades
interativas com lima Passos Alencastro Veiga, pesquisadora da Universidade de Brasília e do
CNPq sobre o tema "Projeto Político Pedagógico da Escola". IIma Veiga é autora e
organizadora de publicações científicas diversas, com destaque para as obras "Projeto Político
Pedagógico, uma construção possível", "Escola: espaço do projeto político pedagógico"; "Di-
dática: o ensino e suas relações"; "Pedagogia Universitária: a aula em foco".
A pesquisadora provocou a reflexão sobre os fundamentos teórico-metodológicos
que respaldam a construção, execução e avaliação do Projeto Político Pedagógico das Unida-
des Escolares da Educação Básica ao Ensino Superior. O público alvo eram professores da
rede pública de ensino, professores e aluno universitários, comunidade escolar e afins.
Projeto 19
Prêmio de Gestão Escolar traz benefícios para escola mineira
O diretor da Escola Estadual Clóvis Salgado, de São Sebastião do Paraíso, MG, Ivan
Alexandre Menossi, faz questão de afirmar, para quem quiser ouvir, que "graças ao Prêmio
Naciona I de Referência em Gestão Escolar, do Consed", tem sido convidado para várias ofi-
cinas e cursos de capacitação. Ele conta que o Prêmio só veio a beneficiar a escola: "Fomos
priorizados pela Secretaria Estadual como Escola Piloto do Paed Programa de Apoio para
Educação da Diversidade - Escola Inclusiva",
A escola Clóvis Salgado também enviou ao Ministério da Educação um projeto do
programa "Esporte na Escola" e foi selecionada como escola-piloto. Para isso, já recebeu uma
antena Sky e conta com cinco canais educativos por assinatura, que têm contribuído para a
melhoria pedagógica da escola. Menossi disse também que sua escola está implantando
inúmeras inovações educacionais, que em breve estará divulgando.
"Os diretores de todas as escolas de minha jurisdição regional e outras escolas do
Estado têm me procurado para ajudar na elaboração do projeto "Escola Sagarana", que vai
selecionar as escolas de Minas Gerais que vão concorrer ao Prêmio Nacional de Gestão
Escolar", conta o diretor, animado. Ele completa que tem ajudado e incentivado todos os
colegas dirigentes e está muito feliz com os convites para participar de eventos, inclusive o da
Unesco-Orealc, de Santiago do Chile, como convidado para o Seminário sobre "Uso da In-
formação para melhorar as decisões e resultados da aprendizagem", em Ouro Preto, MG.
A participação do aluno na gestão democrática escolar: coadjuvante ou protagonista?
Adejaíra Leite da Silva
Considera-se que o desafio de construção do processo de Gestão Democrática
Escolar está interligado às condições expressas nas relações contraditórias, determinadas pelo
modelo sócio-político e ideológico instituído pela sociedade capitalista dominante.
Entende-se que a participação efetiva nos processos decisórios da escola constitui
requisito essencial na formação dos jovens, no sentido de prepará-los para intervir de forma
crítica e produtiva na sociedade. Este fato motivou a realização da pesquisa "A participação
do aluno no processo da gestão democrática escolar: coadjuvante ou protagonista?",
realizada como requisito para obtenção do título de Mestre em Educação, pelo Programa de
pós-graduação do Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso, sob
orientação de Artemis Augusta M. Torres, doutora em Educação.
O aluno foi eleito como sujeito desta pesquisa e sua participação foi o objeto do
nosso olhar. Esta participação é aqui entendida como processo, ou seja, vir-a-ser, fazendo-se,
portanto, essência e conquista. Para melhor compreender esta participação, dois outros temas
auxiliaram a análise realizada: a autonomia e a gestão democrática. Este segundo tema serviu
de base e pano de fundo, na tentativa de melhor descrever e compreender como vem
ocorrendo a participação do aluno na construção deste processo.
A investigação realizou-se no período de março de 1999 a setembro de 2001, tendo
como campo a Escola Estadual de 1° e 2° Grau Liceu Cuiabano Maria de Arruda Müller,
situada na cidade de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso.
A pesquisa foi realizada como estudo de caso, com a intenção de produzir uma
radiografia que possibilitasse a compreensão das formas como ocorre a participação do aluno
da referida escola, o que exigiu uma reflexão da ação educativa e das suas implicações no
contexto educacional. O estudo revela a existência de ações internas de resistência à
participação do aluno na gestão da escola. Constatou-se que os alunos têm consciência dessa
resistência, e gostariam de ver uma escola preocupada com a adoção de uma gestão
efetivamente colegiada, onde possam ter voz e voto efetivos.
A questão nuclear deste estudo foi analisar a participação do aluno no processo de
gestão democrática. Nesta tarefa, procurou-se dar uma visão da ação da gestão escolar,
confrontada com a realidade social em que está inserido o aluno. Seus conhecimentos e
habilidades criativas foram observados como indícios e exemplos de participação que podem
favorecer também a construção da gestão democrática escolar nas escolas públicas do Estado
de Mato Grosso.
Para o processo de compreensão da gestão democrática escolar, percorreu-se o
caminho da evolução do conhecimento no campo da Teoria Geral da Administração, auxílio
introdutório que resultou na compreensão de que a Gestão Escolar é um processo em
construção inacabado, e carente ainda de olhares diversos, sendo por isso, contraditório. A
ação política e discursiva dos mandatários inseridos nesse contexto é ora carregada de atitudes
e relações de poder que traz consigo o ranço de uma cultura de base tradicionalista ao
conceber a escola, ora se apóia em atitudes progressistas e democráticas que conferem o
caráter de ambigüidade e remetem à própria contradição das relações sociais mais amplas,
vividas na sociedade.
SANDER (1984) anuncia o caminho da mediação participativa como alternativa
proposta pela teoria crítica da administração. Essa teoria se apóia na realidade do contexto em
que se situa a gestão escolar e oferece elementos concretos para identificar as limitações
existentes na prática pedagógica, favorecendo o seu aperfeiçoamento. O autor argumenta que
a prática de uma gestão participativa implica em reflexão crítica e merece atenção especial
por parte dos gestores escolares. A gestão participativa permite mediar a contradição existente
entre os valores proclamados e as possibilidades de ação concreta, assim como possibilita que
se crie uma visão crítica do contexto, requisito fundamental na formação de cidadãos plenos e
atuantes. Daí, então, a nossa. posição em concordar com FREITAS (1997), que pela sua
experiência com professores da rede estadual e municipal, afirma que ( ... ) com o foco na
escola e no aluno e com autonomia, o sucesso da escola pode ser aumentado; e uma das
alternativas capaz de impulsionar esse sucesso é a prática da gestão participativa, "voltada
para objetivos claros, definidos coletivamente pela comunidade escolar",
As experiências vividas na escola-alvo deste estudo foram particularmente
relevantes. Foi possível constatar que o exercício da gestão democrática está comprometido
devido à ausência de conhecimento do processo, bem como do próprio entendimento sobre o
que ela seja.
As falas dos alunos e suas formas de participação, ainda que não especificamente no
contexto da gestão democrática da escola, revelam uma vontade de atuar numa escola
diferente, participativa, retratando a visão crítica que eles entendem do que deve ser a
instituição escola: viva, atuante, criativa, como é o próprio grêmio estudantil.
Ao se analisar as formas com que os alunos percebem o ambiente escolar, constatou-
se que as relações cotidianas refletem sobre a questão do poder na escola, pois, quando se
pretende mobilizar os jovens para que participem efetivamente da construção do seu
conhecimento, poucas são as oportunidades proporcionadas a este, como agente de
transformação e mudança. Neste sentido, nos referimos sobre a importância da participação
dos alunos no processo de planejamento e de decisão coletiva, o que certamente estaria
contribuindo para ajudar este ator a construir sua autonomia, pela geração de espaços e
situações propiciadas à sua participação criativa, construtiva e solidária na solução de
problemas reais, na escola, na comunidade e na vida social mais ampla.
Porém, verificou-se a resistência de alguns educadores a essa participação. Neste
caso, considera-se que a resistência perpassa, sem dúvida, a questão da autoridade e do poder
existente nas relações escolares. Entretanto, existe a necessidade de a própria escola e seu
segmento docente perceberem que a participação organizada dos alunos oferece a
oportunidade de subverter esta forma hierarquizada de submissão aos adultos e, portanto, não
devem ser vistas como ameaça ao poder instituído, mas como direito de exercício da sua
cidadania.
Com relação à direção escolar, observou-se que os alunos apontam a necessidade de
uma direção competente, comprometida com os alunos e presente na vida da escola. Eles
querem esta direção preocupada, não só com o bem-estar deles, mas atenta ao corpo docente,
velando pela suficiência e eficiência dos professores.
Quanto às suas preocupações com a questão pedagógica, esta remete a um relativo
distanciamento entre a coordenação pedagógica e a instância representativa dos alunos, visto
que eles analisam a qualidade das aulas ministradas por alguns professores, e, quando levam
suas considerações ao conhecimento da coordenação pedagógica da escola, como questão a
ser estudada, são pouco ouvidos. Isto tem a ver com a pouca importância que se dá àquilo que
o aluno fala: escutar a voz do aluno e seguir o seu olhar, para que, tanto um quanto outro, seja
objeto de análise e se incorpore às propostas de mudanças - educar alunos hoje é uma
proposta muito mais complexa do que no passado, pois ele quer, deseja e, muitas vezes, exige
que o escute.
Trazer a voz do aluno, cuja ausência foi explícita quando se descreveu a experiência
de um deles como membro do Conselho Deliberatívo e nos Conselhos de Classe, nos mostra o
desejo que o aluno possui de inserir-se nos contextos do ambiente escolar, como sujeito que
pensa, critica, sonha, deseja estar presente no processo de reforma e reconstrução da educação
voltada para ele.
Deste modo, verifica-se que as idéias manifestadas pelos alunos precisam ser
ouvidas, analisadas, discutidas e confrontadas com as dos outros segmentos com a mesma
seriedade e atenção dedicadas aos adultos; os atores aqui eleitos deram sinal de que estão
construindo os primeiros passos para uma participação efetiva, através da sua agremiação,
conforme palavras de ZAGURY citado por COSTA (2000):
Devemos isto aos nossos jovens: o direito de ensiná-Ios a pensar, a criticar e a
refletir com base em estudos concretos da realidade, para que não se deixem manipular por
pessoas ou grupos inescrupulosos que se aproveitam de sua inexperiência, ingenuidade e
paixões. Dar-Ihes o instrumental necessário para que possam fazer suas escolhas com
consciência e segurança é o papel que a escola e a família devem perseguir juntas. Se nos
furtarmos a esse objetivo urgente, poderemos ver - como aliás já estamos vendo -
recrudescer as perseguições étnicas, o esmagamento de minorias e a marginalização das
grandes massas populares. E com isso, estaremos condenando as futuras gerações a viver
num mundo cada vez mais insano de desamor, de violência e de desesperança.
DEZ ANOS DE PARTICIPAÇAO DA COMUNIDADE NA GESTÃO DA ESCOLA
A gestão compartilhada facilitou a integração dos pais/responsáveis por alunos na escola e
a descentralização tornou mais fácil e transparente todo o processo da gestão, prestando-se
contas de "tudo" para a comunidade.
Autonomia é a palavra de ordem do Programa Escola Comunitária de Gestão
Compartilhada, em curso há dez anos, nas escolas estaduais do estado de Tocantins. Na
prática, isso significa autonomia para gerir os recursos financeiros e para decidir sobre' as
necessidades e prioridades de cada escola, expressando um novo olhar de confiabilidade e
transparência na aplicação dos recursos públicos.
Com uma década de experiência, pode-se afirmar que a gestão democrática se
exprime em ações entre governo, escola, família e comunidade, com compartilhamento de
responsabilidades e efetiva participação colegiada no processo educativo, na
responsabilidade social, na descentralização dos recursos públicos, na autonomia financeira,
administrativa e pedagógica, visando à melhoria da qualidade da educação.
Uma trajetória em busca da participação da comunidade
O Programa Escola Comunitária de Gestão Compartilhada foi implantado, em
1997, na busca de alternativas para melhorar a qualidade do ensino. Para tanto, foi criada a
Associação de Apoio à Escola, envolvendo na gestão escolar os pais, funcionários, alunos e
comunidade.
No início, eram apenas 56 as escolas atendidas, com repasses de recursos
financeiros mensais para sua manutenção, com base no número de alunos. No segundo
semestre do mesmo· ano, começaram a participar mais 240 escolas, totalizando 296, que
passaram a receber taxa de administração para pagamento de água, energia elétrica, despesas
com material de consumo e material permanente, capacitação e substituição de pessoal.
Houve grande avanço em relação às condições físicas das escolas, na aquisição de materiais
diversos, reformas e ampliações dos prédios, com significativa economia nos gastos,
verificando-se a capacidade da escola gerir recursos e contribuir para o desenvolvimento
comercial e social da comunidade.
Em 1998, com a implantação do Plano de Desenvolvimento da Escola - PDE, com
base nos resultados obtidos no decorrer de três anos do Programa, redefiniu-se a distribuição
dos recursos financeiros, de forma a garantir a qualidade do ensino e a autonomia da gestão
escolar nas dimensões financeira, administrativa e pedagógica. Até 1999, mais de 420
escolas foram beneficiadas, recebendo o recurso financeiro bimestralmente, em cinco
parcelas, livre de dedução de pessoal, sem taxas de administração e com ônus para a
Secretaria da Educação para o pagamento de água, telefone e luz. Em 2002, o programa
passou a se chamar Programa Escola Comunitária de Gestão Compartilhada, como medida
de fortalecimento da gestão e envolvimento da comunidade.
A base de cálculo dos repasses passa por modificações periódicas, para corrigir
distorções dos valores e oferecer um tratamento eqüitativo às escolas, considerando o
número de alunos atendidos, localização, e particularidades físicas como, quadra de esportes
iluminada e laboratório de informática. Ano a ano as escolas foram aderindo ao Programa,
chegando a um total de 527 escolas beneficiadas em 2007.
Ao considerar os avanços na organização da gestão escolar, foi incorporada uma
nova proposta: a transferência de recursos financeiros para custear ações pedagógicas, com
foco em disciplinas críticas: Matemática e Língua Portuguesa. Assim, atualmente, os
recursos financeiros são repassados em 12 quotas anuais para a manutenção da escola e mais
uma quota específica para o financiamento do Projeto de Aprendizagem da Escola, podendo
ainda ser repassados recursos para pequenas reformas e ampliações.
O que a Escola ganhou com isso?
"A mudança nos últimos anos foi surpreendente: a visão que temos da escola hoje
é bem diferente de tempos atrás.Podemos participar, opinar e até dar idéias, pois ela está
aberta a isso" . Itavera Cantuares, mãe de aluno, Escola Estadual Silva Dourado, município
de Arraias, TO.
É inegável que essa forma de gestão trouxe mudanças para a escola e a
comunidade, que descobriram novos caminhos, aumentando o regime de colaboração e de
responsabilização. Para consolidar esta concepção, as escolas construíram, de forma coleti-
va, o seu PDE, para orientar o fazer pedagógico, com foco no processo ensino-aprendi-
zagem.
A diretora do Colégio Estadual Dom Alono Marie Du Noday, de Palmas, Lívia
Reis Acácio, destaca que "com o programa, podemos planejar e realizar o fazer escolar no
dia-a-dia, inserindo todas as pessoas do contexto escolar, para melhorar ainda mais o
trabalho em equipe. Na escola sugerimos a permanência do diálogo, da participação e da
solidariedade, para que haja eficiência na gestão compartilhada".
A superação de problemas passou pelo investimento na atualização e qualificação
profissional, por meio, por exemplo, do Progestão (Programa de Capacitação a Distância
para Gestores Escolares), GSE (Curso Gestão para o Sucesso Escolar) e GET (Curso Gestão
Escolar e Tecnologias); pela realização de fóruns regionais e estadual da Escola Comu-
nitária, para avaliar práticas pedagógicas, socializar experiências, aprofundar e atualizar
teorias educacionais; pelo incentivo a participação na Renageste (Rede Nacional de
Referência em Gestão Educacional) e em programas de intercâmbio entre escolas para
compartilhar experiências bem-sucedidas.
Para estimular a cultura da avaliação, desenvolve-se o Prêmio Escola Comunitária
do Estado do Tocantins, realizado conjuntamente com o Prêmio Nacional de Referência em
Gestão Escolar, e está em implantação a Avaliação Institucional da Escola. A consolidação
da gestão participativa é percebida no fortalecimento das lideranças estudantis, em ações e
programas como: Parlamento jovem, jovens Embaixadores, Grêmio Destaque, Amigos da
Escola, Faça Parte, Voluntariado, Associação de Apoio à Escola.
Trabalho em equipe e forte presença da comunidade
Na Escola Municipal Primeiro de Maio, na periferia de Salvador (BA), os alunos
são acompanhadas de perto e se um deles falta por três dias, recebe a visita da professora
Lindalva Silva, há treze anos na escola, que passou a ser gerida pela rede pública em 1983.
Lindalva conta que todo a equipe escolar - diretora, oito professoras, secretária,
merendeira, faxineira e porteiro - se orgulha de trabalhar em conjunto e em colaboração com
os pais, também muito unidos em torno da escola, que consideram um bem. Na visão de
Lindalva, depois da eleição da diretora Simone de Jesus, em 2005, as idéias de todos
ganharam mais organização.
A própria Simone atribui os bons resultados à equipe: "Dei sorte de ser diretora
aqui porque peguei um grupo que gosta de trabalhar mesmo com todas as carências, de criar
e inovar, buscando alternativas para os meninos aprenderem mais. A gente saiu da fase da
acomodação e da reclamação. Se a escola não tem, a gente improvisa e faz", ensina.
A capacidade de transformar boas idéias em boas práticas veio de um curso de
gestão escolar que Simone fez quando terminou a faculdade de Pedagogia, na Universidade
Federal da Bahia. Depois de capacitada, apresentou um plano de gestão à Secretaria
Municipal de Educação e à comunidade escolar, que a elegeu diretora. Na eleição, votaram
pais, professores e funcionários da escola.
À frente de uma instituição que atende 314 crianças de uma comunidade carente, a
diretora investe na parceria com vários segmentos da sociedade para driblar suas
dificuldades. "Procuro fazer uma gestão participativa. Sempre cobro mais participação dos
pais, busco ajuda na prefeitura e quero ampliar a parceria com a paróquia do bairro. Uma
das necessidades que Simone pretende resolver com o apoio da comunidade é a do
transporte escolar, pois hoje ainda não há meios permanentes de levar os alunos para
atividades fora da escola.
Conselho quer disciplina e pais na escola - O Conselho Escolar ajuda a tornar a gestão
mais democrática e transparente. Formado por quatro pais de alunos, dois professores e pela
diretora, o Conselho tem poder deliberativo e fiscalizador. Na prática, os membros discutem,
por exemplo, medidas para frear a indisciplina dos alunos ou para atrair os pais à escola.
Alem disso, é preciso fiscalizar se o dinheiro recebido está sendo bem gasto.
A nova diretora, o Conselho e as professoras concordam que o papel da
comunidade escolar é trabalhar para que os alunos aprendam mais. Para isso, eles se
encontram regularmente. Numa dessas reuniões ficou decidido o acompanhamento
individual do aluno. Hoje, cada estudante tem uma caderneta em que a professora anota
habilidades e deficiências. Ao final de cada bimestre, são avaliadas as cadernetas. "Vemos
quais as habilidades os meninos não alcançaram. Por exemplo, quando eles apresentam
leitura si/abada. Aí, intensificamos o trabalho de leitura com aquela turma, porque
geralmente não é um aluno só que precisa de reforço", explica Simone.
Alunos cuidam da escola - Outra preocupação é a de envolver os próprios alunos na
conservação e na organização do dia-a-dia da escola. No ano passado, os meninos e meninas
escolheram seus representantes. Silas Santana tem 9 anos, está na 3a série e foi eleito vice-
presidente. "O vice-presidente ajuda a presidente. E tudo que vê de errado na escola ele
avisa à diretora. Na semana passada, eu fui ao banheiro e os meninos estavam riscando a
parede. Aí, eu avisei a presidente e a gente falou com a diretora", relata Silas.
Professoras, pais e diretora também pensam em desenvolver atividades para refor-
çar o conteúdo das aulas e que tenham relação com o universo das crianças. "No ano
passado, a gente trabalhou com histórias e memórias regionais. Os meninos fizeram
maquetes das redondezas e pesquisas da história do bairro: como surgiu, como era antes",
conta a diretora. O projeto será retomado este ano, agora relacionado ao meio ambiente.
A idéia é aproveitar um programa desenvolvido pelo governo do estado, que está
trabalhando com a conscientização dos moradores quanto à poluição, e levar especialistas à
escola para dar palestras e mostrar vídeos sobre o assunto.
Merenda regional - Na Escola Primeiro de Maio até a merenda tem sabor regional. No
cardápio são privilegiados pratos típicos, como a quiabada ou caruru, com alimentos
saudáveis e frescos. Para incrementar. O prato do dia, a solidariedade é o tempero: na
tradição baiana, camarão combina com quiabo. Mas como a escola não recebe o fruto,do
mar, a merendeira, cujo marido é pescador, leva camarão de casa.
Para envolver ainda mais os pais na escola, a equipe cria atividades como a
comemoração do Dia das Mães, que organizou uma aula conjunta entre pais e filhos; ou
apresentações do coro de alunos, quando os pais são sempre convidados; além de reuniões
semestrais para informá-Ias sobre o rendimento dos filhos e atividades da escola. "Eu acho
que o sucesso da escola está nessa união e comprometimento, da menina que faz a limpeza à
professora na sala de aula. Eu só faço estimular, orientar e dar sugestões. E todos abraçam a
causa", conclui a diretora.
Projeto 20
Florianópolis, Santa Catarina
UMA ESCOLA SE TRANSFORMA PELA INTEGRAÇÃO COM A COMUNIDADE
Quando Terezinha Lisabeth Coelho assumiu a direção da Escola Estadual Pero Vaz
de Caminha, há sete anos, a escola estava sucateada, o moral baixo e os ânimos de-
sencontrados. Não se sentia uma determinação orientada para a necessária melhoria da
qualidade do ensino. Lisabeth aceitou o desafio e percebeu que era possível transformar a
escola.
Hoje, quem visita a Pero Vaz encontra um estabelecimento exemplar pelo esforço
coletivo e integrado de professores, pais, alunos e gestores, voltado para garantir ensino de
qualidade e formação adequada para os alunos participarem dos desafios da sociedade.
Quem passa pelos corredores e observa o que acontece nas salas de aula, vê alunos
fazendo exercícios e os professores pelas filas de carteira, dando-Ihes orientação e apoio
individual. Todos os nossos professores valorizam muito o tempo de aprendizagem na sala
de aula e se dedicam pat"a que todos aprendam. Eles sabem que o olhar atento do professor
faz uma grande diferença não só na aprendizagem, mas na vida dos alunos." diz a diretora.
Dessa forma, é geral em todas as turmas, a concentração dos alunos nos estudos e a
canalização da sua energia para aprender"; os ambientes de aprendizagem são tranqüilos e
produtivos. Observa-se em toda a escola que os trabalhos dos alunos são valorizados, sendo
expostos na sala de aula e nos corredores.
Com a essa prática, os alunos aprenderam a respeitar os trabalhos uns dos outros e a
admirá-Ias - ninguém os arranca ou danifica. Esse foi um aprendizado que fez parte da
preparação para a cidadania a que as escolas se propõem. Ao mesmo tempo, os alunos são
estimulados a caprichar mais na elaboração dos seus trabalhos, pois sabem que serão
observados por muita gente. Portanto, múltiplos resultados ocorrem dessa prática de
exposição contínua de trabalhos: desenvolvimento de atitude de respeito ao que é exposto,
aprendizagem dos conteúdos apresentados, reforço de aprendizagem e estimulação ao
capricho.
Um fator básico para estas transformações foi a expectativa de que todos juntos
podem fazer uma diferença e que os pais e a comunidade são parceiros imprescindíveis da
gestão escolar com foco na aprendizagem dos alunos. Na Pero Vaz de Caminha, uma escola
situada entre três favelas, vive-se um importante intercâmbio com a comunidade, mediante a
prática de escola aberta em que se verifica que ninguém é tão ignorante que não tenha algo a
ensinar, nem tão conhecedor que não tenha muito a aprender. Escola e comunidade
aprendem juntos e se dedicam em conjunto a oferecer a seus alunos um processo dinâmico,
criativo e ao mesmo tempo organizador de formação e aprendizagem de seus alunos.
A partir dessa sinergia, em que a comunidade escolar como um todo se dedica à
promoção da aprendizagem, é que todos se sentem realizados e estimulados a melhorar
continuamente seu desempenho.
E. E. B. PEROVAZ DE CAMINHA
RUA IRMÃ BONAVITA, 954 Florianópolis, Santa Catarina (48) 32481347
Mail: perovaz@sed.sc.gov.br
Projeto 21
EM 2008, ADOTE ESTA BOA IDEIA:
DIA DO MEIO AMBIENTE COM CRIATIVIDADE
Comunidade escolar marca data com criação de Clube de Ciências voltado para a
área ambiental e ecológica.
Todos sabem que no dia 5 de junho comemora-se o Dia Mundial do Meio Am-
biente, ambiente que o ser humano vem destruindo avassaladoramente. Para auxiliar nas
ações que buscam reverter esse quadro, a equipe do Colégio Estadual Antonio de Jesus
Gomes, do município de Vassouras, no Rio de Janeiro, começou a trabalhar de forma
diferenciada. Partiu-se do princípio de que a aprendizagem da cidadania nasce no meio em
que vivemos e que, para termos qualidade de vida e direitos e deveres como cidadãos, é
preciso estar, antes de mais nada, abertos às mudanças sobre o meio ambiente.
Dessa forma, durante a semana de 10 a 6 de junho, os alunos do Colégio Antonio
de Jesus Gomes elaboraram cartazes, confeccionaram murais, escreveram inúmeras frases
em prol da preservação do Meio Ambiente, marcando assim um ciclo de conscientização e
de preservação do espaço em que vivemos.
O processo teve seu ponto alto com uma caminhada ecológica, quando professores
e alunos plantaram várias mudas de árvores na comunidade escolar. Com esse evento alunos
e professores, em conjunto, organizaram uma eleição sobre questões ecológicas, com parti-
cipação da comunidade local, além de criarem um Clube de Ciências, onde alunos e comuni-
dade têm participação ativa na luta pela preservação do meio ambiente, numa verificação
contínua de problemas e busca de soluções possíveis, transformando todos os dias em "dia
de meio ambiente". Faz parte do processo de gestão participativa a necessidade fundamental
de se buscar permanentemente a integração entre família, escola e comunidade, para que se
alcance melhor qualidade no ensino. Gestão em Rede perguntou aos gestores, em sua edição
n.° 77, quais as principais ações adotadas para promover a integração família-escola e como
essas ações são promovidas.
COMO INTEGRAR FAMÍLIA, ESCOLA E COMUNIDADE?
Faz parte do processo de gestão participativa a necessidade fundamental de se
buscar permanentemente a integração entre família, escola e comunidade, para que se
alcance melhor qualidade no ensino. Gestão em Rede perguntou aos gestores, em sua
edição nº 77, quais as principais ações adotadas para promover a integração família-
escola e como essas ações são promovidas.
Escola e município "se conhecem"
Com a vivência do projeto "Conhecendo o Município de Sertânia", tornamos
possível a realização de várias entrevistas com pais de alunos, pessoas da nossa vizinhança,
prefeito do município, dirigentes de vários segmentos, gestores anteriores da escola,
historiador do município, locutor de rádio, secretários de saúde e educação, artistas, artesãos.
Essa ação aproximou as pessoas da escola e alunos, pais, professores e funcionários que,
passaram a participar de todas as atividades e projetos da escola.
Temos observado as famílias fortalecidas participando de todas as festividades
promovidas pela escola. Os alunos têm melhorado mais o rendimento escolar, aprendendo a
fazer, fazendo e brincando. Temos também parcerias com o "Amigos da Escola" - várias
pessoas já fazem parte dessa associação e se apresentam como amigos da nossa escola,
contribuindo muito com as nossas realizações - com as secretarias de educação, de saúde, de
obras municipais; com pais artistas, cantores, artesãos.
Maria José Neves Ferreira, Escola Agrícola Municipal de Sertânia, Av. Agamenom
Magalhães, 336, Centro, 56600-000, Sertânia, PE.
Projeto 22
Pais e avós participam da vida escolar
Além dos conselhos colegiados, com reuniões mensais, temos reuniões de Pais e
Mestres em cada sala, bimestralmente, para verificação da aprendizagem e/ou soluções de
problemas, além de parabenizações para os alunos-destaque. Temos o projeto "Escola da
Família", com pais voluntários atuando em atividades aos sábados e domingos; e a partici-
pação contínua dos Amigos da Escola no decorrer do ano letivo. Promovemos eventos na
escola em parceria com o clube Morungabense, atividades filantrópicas com assistência
social e projetos pedagógicos como o "Unindo Gerações"; com o Conselho c do Idoso temos
a parceria "Avós e Netos".
Como resultado dessas ações, obtemos maior participação de pais ou avós na vida
escolar do aluno, incentivando, cobrando, enfim participando em uma escola de qualidade,
em termos de conteúdo e na manutenção do prédio. Alguns exemplos positivos: alunos com
altas notas no Enem, com bolsa Prouni, passam em vestibulares nas melhores universidades
ou são os primeiros classificados em cursos profissionalizantes.
Mantemos também parcerias com a comunidade para realizar projetos e eventos
que melhorem a aprendizagem dos alunos (assimilação de conteúdos, auto-estima, união e
valorização da relação família/filho, soluções em dificuldades de aprendizagens, inclusão,
importância do retorno aos estudos de vários pais no EJA fundamental e médio) e interação
social do aluno por meio dos projetos "música", festas, férias culturais etc.
E. E. Monsenhor Honório H. B. Nache, Rua Amadeu Conso/in, 165, Vila Primavera,
CEP 13260000, Morungaba / SP.
Projeto 23
Escola sempre em ação com muitas parcerias
Nossa escola tem conseguido grandes parcerias para a formação de três turmas de
manicura e pedicura, até em cidades vizinhas; em 2007, temos nossa primeira turma de
cabeleireiros e maquiadores formados; há ainda parcerias para limpeza de jardins e com
psicólogos que atuam na parte familiar. Temos parceria de manutenção e limpeza com o
hotel Fredy e seus funcionários. O ginásio de esportes ao lado da escola foi cedido pela
comunidade. Com auto-escolas realizamos o projeto Trânsito com Responsabilidade.
Mantemos ainda os projetos Portas Abertas e Sou Pai, Sou Educador, além de realizar festas
e ações comunitárias. Todas as ações são desenvolvidas como projeto avaliado e promovidas
por meio de atividades dinâmicas, reuniões, envolvimento da comunidade. Como resultado,
constatamos na escola um Projeto Político vivo e uma escola sempre em ação para o bem
aprender de todos.
E.E. Francisco Tozzi, Maria Zilda Cardoso, Pça Philomena Tozzi, 30, J. Paraíso, CEP
13940-000, Águas de Lindóia SP.
Projeto 24
Prazer de estar na escola
Desde 2005, quando chegamos à escola, fazemos reuniões com a comunidade e
convidamos a todos para serem parceiros da nossa administração. Em dezembro, fazemos
uma reunião com os pais para junto organizarmos o encerramento das aulas. Nesses dois
anos, a escola recuperou sensivelmente a auto-estima dos alunos e o respeito da comunida-
de. Também já se verifica a melhoria do ensino-aprendizagem, respeito mútuo, dedicação da
maioria dos professores pelo processo ensino-aprendizagem, o prazer das crianças de
estarem na escola. Passamos ainda por uma grande reforma do espaço físico e do mobiliário.
Alguns pais nos ajudam na hora do recreio e a escola está aberta para a comunidade
realizar atividades sociais. Também promovemos em parceria com a Secretaria de Cultura,
aulas de dança e teatro para alunos e comunidade.
E. M.Joana Angélica, Lindalfa Santos de Só, Rua Iracê s/n°, CEP 42808-230,
Mangueiral Camaçari, BA.
Projeto 25Brasília, DF
UNICEF APÓIA INICIATIVAS DE EDUCAÇAO INTEGRAL E COMUNITÁRIA
NO BRASIL
O Unicef, em parceria com o Ministério da Educação, ONGs e governos locais,
acaba de lançar um guia para que municípios passem a oferecer educação integral e
comunitária às crianças de sete a 14 anos, em todo o País. O guia, Bairro-escola: passo a
passo, foi produzido a partir das experiências da ONG Cidade Escola Aprendiz, em um
bairro de São Paulo, e de duas prefeituras municipais de grandes cidades brasileiras, Nova
Iguaçu, no Estado do Rio de Janeiro (com 1 milhão de habitantes) e Belo Horizonte, a quarta
maior cidade do País, com mais de 3 milhões de habitantes.
Como os alunos da grande maioria das escolas públicas brasileiras ficam na escola
por apenas um período do dia, e a maior parte dos pais trabalha fora, milhões de crianças
ficam em casa sozinhas ou ficam nas ruas no horário contrário ao turno escolar. Além disso,
os índices de evasão e repetência no País são altos: apenas 59% das crianças que começam a
primeira série fundamental concluem esse ciclo da educação.
Cuidar dessas crianças e ajudá-Ias a ter melhor desempenho na escola são os
principais objetivos dos programas de educação integral comunitária, reconhecidos e
apoiados pelo Unicef. "As experiências de bairro-escola podem ajudar o Brasil a avançar no
alcance do Obietivo de Desenvolvimento do Milênio 2, que diz respeito à conclusão do ciclo
escolar", explica a representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier.
Nesses programas, ruas, praças, parques, centros comunitários são adaptados em
lugares onde as crianças experimentam, brincam e aprendem com segurança, sob a
supervisão de professores comunitários da escola onde estudam. As crianças recebem apoio
para fazer as tarefas escolares; reforço para disciplinas em que tenham mais dificuldades,
como matemática e português, dadas por estudantes universitários; e aulas de capoeira,
música, dança, com educadores de suas comunidades. As experiências criam redes de
educação e proteção, que integram professores, pais, alunos e instituições públicas e
privadas.
"O guia Bairro-escola: passo a passo, lançado pelo UNICEF e seus parceiros,
mostra por que a educação integral e comunitária é uma tecnologia social de baixo custo",
explica Marie-Pierre Poirier.
A publicação será disseminada entre especialistas e dirigentes municipais de Edu-
cação e servirá de subsídio para políticas de educação comunitária e integral, dentro do
conceito do bairro-escola, na busca de modelos de educação para o desenvolvimento
sustentável de bairros, cidades e, conseqüentemente, do País.
O conceito de bairro-escola tem origem nos trabalhos de John Dewey, no começo
do século XX em Nova Yorque, e foi trazido ao Brasil por importantes educadores
brasileiros, como Anísio Teixeira e Paulo Freire.
Para mais informações: Rachei Mel/o, (67) 3035-7947.
Projeto 26Macapá, Amapá
GESTÃO COMPARTILHADA É SEGREDO DO SUCESSO ESCOLAR
Ao colocar em prática a fórmula que combina boa vontade, dedicação e com-
prometimento, gestores e comunidade da Escola Estadual Santa Maria, localizada em
Macapá (AP), ultrapassou limites, destacou-se entre as instituições da rede pública de ensino
e obteve o melhor índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) do Amapá.
Na Santa Maria estudam, da primeira à quarta série do Ensino Fundamental, 250
crianças da periferia de Macapá. Seus pais e professores têm em comum o orgulho de
participar de uma instituição que transforma a vida dos alunos. O desempenho da escola está
1,6 ponto acima da média do estado: a escola obteve índice de 4,7 no Ideb, enquanto a
média do Amapá é de 3,1.
Estes bons índices quantitativos se refletem no processo de aprendizagem dos
alunos. Um exemplo é dado pelo depoimento de Marcos Aurélio Bezerra, que teve seus três
filhos alfabetizados na Santa Maria: "Essa escola é rica em conteúdo humano, em dedicação.
Isso nenhum dinheiro pode comprar", afirma. Para Marcos, o desempenho de seus filhos
surpreende os professores de outras escolas. "Todos me perguntam onde eles estudaram e
ficam surpresos quando digo que foi nessa pequena escola."
A diretora Lia Maria Santos Ramos, no cargo há 11 anos, atribui o sucesso à gestão
compartilhada: "Não faço nada sozinha. Tudo aqui tem a participação de todos", diz. A
escola funciona em um prédio da diocese, e o governo estadual paga o aluguel das salas,
mas as melhorias na infra-estrutura são solicitadas diretamente ao padre Rui Pinheiro, que
mora na diocese. "Estou reformando o prédio a pedido da direção da escola. Rezo muito por
isso aqui. A diocese ajuda como pode, mas ajuda sempre", explica Padre Rui.
Os pais e professores também ajudam. Quando falta dinheiro, eles organizam bin-
gos e quermesses. Graças a isso, todas as salas têm ar condicionado. "O calor aqui do
Amapá é muito grande. As crianças ficam moles, dispersas e adoecem. Com o ar-
condicionado, aumenta-se o bem-estar delas e, conseqüentemente, a qualidade da
aprendizagem", explica a diretora.
Projeto 27
A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA NO UNIVERSO ESCOLAR
Simoni Stefanello Pandolfo
Este artigo analisa os elementos o'-'e configuram a gestão democrática do ensino e da
participação no contexto educacional, que quando articulados são responsáveis por uma
atmosfera democrática na escola. O objetivo central do estudo foi investigar o debate
teórico sobre democracia e participação, e analisar elementos abordados na Constituição
Federal (CF) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LD8). sobre a organização das
escolas em relação à gestão escolar. Realizou-se uma pesquisa sobre a gestão da Escola
Estadual de Ensino Fundamental Caiçara, em Caiçara - RS, por intermédio de entrevista
com seu diretor. Concluiu-se que a participação da comunidade escolar ainda é tímida em
relação aos processos decisórios, mas diversas melhorias têm sido registradas ao longo do
percurso.
Nos últimos anos, cresceram as discussões sobre os debates acerca dos limites da
democracia representativa e da necessidade de criação de novos mecanismos de participação
dos cidadãos na gestão pública. A complexidade das sociedades contemporâneas torna
materialmente impossível a participação de todos os cidadãos em todas as decisões.
Todavia, valendo-se de uma afirmação do jurista italiano Norberto Bobbio (1 986), verifica-
se que é possível a democracia direta e representativa estar integrada reciprocamente,
conformando a democracia íntegra e que, entre estes dois tipos de democracia, existe uma
continuidade de formas intermediárias.
No Brasil, análises referentes às iniciativas de governos locais indicam para a
concretização de novos formatos que aliam democracia direta e representativa.
Nessa perspectiva, o objetivo deste artigo é apresentar uma análise sobre o debate
teórico a respeito da democracia e participação, com base nos posicionamentos dos autores
Casassus e Bresser Pereira, além de revisar aspectos da Constituição Federal e da LDB no
que diz respeito à organização das escolas em relação à gestão escolar; analisar o caso da
gestão na Escola Estadual de Ensino Fundamental Caiçara, do município de Caiçara - RS,
por meio de uma entrevista com o seu diretor, que buscou contemplar aspectos da gestão,
participação dos professores, alunos, pais, mães, representantes da comunidade escolar,
êxitos e problemas apresentados nos processo de participação e os desafios ou aspectos que
devem ser melhorados para promover maior participação da comunidade escolar na vida
democrática na escola.
Gestão democrática e participação
Para Casassus (2005) é interessante ver o que ocorre com o processo de gestão
democrática do ensino. A demanda das pessoas não é considerada nos itens de avaliação, e é
por isso que se configura como prioridade dos tomadores de decisões. A gestão democrática,
portanto, ocorre entre as demandas da sociedade e do sistema. De acordo com Casassus
(2005, p. 10):
‘’La gestión ocurre como un proceso de interacción de una organización con su
contexto. La forma de gestión que se adopta, es dependiente de Ia representación del
contexto. Lo importante a retener de Ia resena de los principios o marcos orientadores de
Ia gestión, es Ia constante transformación en Ia representación dei contexto, en Ia manera
como es representada Ia organización, y en Ia forma de concebir Ia gestión. ‘’
Em uma análise da trajetória das mudanças produzidas pela gestão democrática
do ensino, é possível verificar que é elaborada uma série de transformações, que
ocorrem em âmbito de concepção organizacional e em torno da concepção a respeito da qual
ela opera. Enquanto a concepção da organização vai de um piano abstrato ao concreto, pode-
se Afirmar que a percepção da organização constitui um ente normativo, existindo a
compreensão e o conflito, a preocupação por compreender o funcionamento de uma
organização no plano comunicacional e emocional. Nesse sentido, é possível observar
transformações que vão de uma concepção rígida e abstrata na perspectiva normativa, até
outras que vão, progressivamente, flexibilizar o contexto educacional e, simultaneamente,
representando-o como mais concreto.
Parâmetros legais no processo de gestão democrático do ensino brasileiro
Ao analisar a situação vigente no Brasil, a Constituição Federal (CF) de 1988 de-
terminou diversas leis centradas na institucionalização de mecanismos de participação, que
garantissem a democracia e os direitos individuais, expandindo o conceito de cidadania e
participação.
A Constituição assegura, entre seus maiores princípios, o direito à democracia
direta, por intermédio de plebiscitos, referendos de iniciativa popular e conselhos co-
gestores, além da democracia representativa, por meio das eleições e dos processos de des-
centralização. No Art. 29, Incisos XII e XIII, que abordam a situação dos municípios, ela
dispõe:
o Município reger-se-á por lei orgânica, ( ... ) atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes
preceitos: ( ... ) cooperação das associações representativas no planejamento municipal [e]
iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de
bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; ( ... ) cida-
dãos ( ... ).
A respeito da gestão das políticas públicas em Seguridade Social, o Artigo 194,
Parágrafo Único, Inciso VII garante o "caráter democrático e descentralizado da ad-
ministração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos
empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados". No Artigo 204, Inciso
li, sobre a Assistência Social, afirma-se que a "participação da população, por meio de
organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos
os níveis". Por fim, no Artigo 227, Parágrafo 1º, acerca da Família, da Criança, do
Adolescente e do Idoso, dispõe que "[o] Estado promoverá programas de assistência integral
à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de entidades não
governamentais ( ... )". A CF de 1988 determinou também a necessidade de os municípios
regulamentarem possibilidades de exercício da democracia direta, indireta e de ações
conjuntas.
Embora sejam apresentadas possibilidades de práticas participativas que a CF
estabeleceu, são poucas as experiências municipais que conseguiram fundamentar e
implementar essas práticas. A maioria deles, por enquanto, vale-se somente das instituições
obrigatórias, vinculadas a alguma forma de transferência, como os conselhos de saúde e
educação, pressupostos para que os municípios recebam recursos do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) e do
Sistema Único de Saúde (SUS). Mesmo os conselhos gestores de políticas públicas têm
passado por um questionamento de seu funcionamento, na proporção em que a própria
formulação de suas funções é ambígua, pois os conselhos devem, ao mesmo tempo, propor
ações e políticas públicas e controlar o Estado no desempenho desses ações. Além da
discussão em torno de suas funções, diversos pesquisadores têm questionado o quanto os
conselhos realmente promovem maior diálogo entre Estado e sociedade ou o quanto acabam
por ser tomados por elites locais ou têm seu conteúdo esvaziado pela falta de incentivo e
participação. Em relação a isso, a LDB/96, contempla em seu artigo 14 o seguinte:
- Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino
público na educação básica de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
princípios:
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico de escola;
II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou
equivalentes.
A partir desses aspectos, realizou-se a análise da entrevista com o diretor da Escola
Caiçara, que por meio da institucionalização de mecanismos de participação tem conseguido
envolver a população e dialogar com ela para a constituição de um programa de gestão
democrática da educação.
Aspectos da gestão democrática do ensino na Escola Caiçara
Entre os principais aspectos contemplados na Escola Caiçara, cujos gestores
priorizam a participação democrática nos processos decisórios, destacam-se a maior
possibilidade de organização das decisões a respeito da elaboração do currículo, Projeto
Político Pedagógico e Regimento Escolar. Isto faz com que a prática pedagógica desenvolva
uma aprendizagem mais ativa, investigativa e desafiadora.
O maior desafio da escola em relação ao envolvimento da comunidade escolar em
suas decisões é fazer com que esta seja participativa, pois em conformidade com o diretor da
escola, esta oferece a possibilidade dos pais participarem de decisões, mas muitos se
comprometem timidamente com essa forma de participação. Em relação ao registro do
envolvimento e a contribuição de pais, responsáveis, alunos e funcionários no que tange à
construção da democracia no universo escolar, verificou-se que na Caiçara todas as decisões
são tomadas em assembléias gerais, com a participação do CPM (Círculo de Pais e Mestres),
Conselho Escolar e Clube de Mães. Em outras situações, os alunos também são ouvidos.
Na gestão democrática e participativa, os professores estão profundamente com-
prometidos com o ser humano. Somente assim, de acordo com o diretor entrevistado, será
possível desenvolver na escola um currículo integrado, atualizado e voltado para a realidade
de cada aluno.
Os argumentos presentes no debate teórico a respeito da participação democrática
na gestão educacional configuram uma série de elementos, incluindo-se as normas de
comportamento; calendário escolar; taxas de auxílio para o Conselho de Pais e Mestres
(CPM); formações pedagógicas; sistema de avaliação; recuperação paralela; merenda;
festivais, jogos, entre outros. O marco legal referente à participação assegurado pela
Constituição de 1988 gira em torno do planejamento escolar, podendo ser desenvolvido pela
comunidade escolar, em conformidade com a LDB/1996.
A respeito dos êxitos da escola em seu percurso de gestão participativa, o diretor
destacou que esta veio substituir os regimentos outorgados, proporcionando uma abertura
para que houvesse planejamento, incluindo-se, por exemplo, a mudança da média de
avaliação de 50 para 60 pontos, bimestre para trimestre, aprovação com a quarta avaliação
(Provão) e conselho de classe especial.
Sobre as deficiências no processo democrático de educação, o diretor da escola
enfatizou que diversas alternativas poderiam ser propostas a fim de superá-Ias. Os professo-
res que atualmente exercem suas atividades didáticas foram formados pela antiga lei
5692/71, que "criou" profissionais conteudistas, preocupados com sua disciplina,
apresentando pouco interesse pela formação do aluno como ser humano.
Em relação aos desafios ou aspectos que devem ser melhorados para promover
maior participação dos professores, pais, comunidade escolar, o diretor destacou que a sua
postura é bastante cética em relação a qualquer espécie de mudança, em um contexto
educacional em que muitos profissionais se vêem obrigados a buscar outras alternativas de
trabalho para melhorar a renda familiar, pois o sistema governamental não está preocupado
em oferecer uma remuneração digna aos profissionais da educação. As famílias, todavia,
acreditam na educação e vêem nela, muitas vezes, a única maneira de seus filhos
conseguirem garantir um futuro melhor, principalmente após os programas desenvolvidos
como, Enem, Peies e Prouni. As famílias, embora estejam participando cada vez mais dos
processos decisórios, ainda se revelam bastante reservadas em relação a este aspecto.
Reflexões e conclusões
Considerando as informações teóricas e a entrevista realizada com o diretor da
Escola Caiçara, é possível verificar que a redemocratização do Estado brasileiro, sob a
perspectiva de um contexto geral de pressões da sociedade civil, registrou o crescimento do
potencial inovador da esfera local, a partir do início da década de 80. Observase que, a ação
de diferentes atores sociais e políticos, inseridos na luta democrática e popular, nas últimas
décadas, produziu não só uma constatação do autoritarismo e do clientelismo vigentes, como
também a afirmação de um ideário democrático de gestão pública da educação.
Particularidades da democracia brasileira atua Imente foram convertidas em possi-
bilidades de efetivação da participação popular na gestão democrática do ensino, por meio
dos fóruns inscritos da Constituição Federal, a exemplo dos conselhos, e da criação de novas
institucionaIidades. O Programa Gestão Democrática da Educação deve ter como objetivo
romper com a cultura assistencialista e cliente lista, criando canais de diálogo, participação e
transparência, de forma que a população se torne um agente no desenvolvimento local. O
programa precisa, assim, readequar a distribuição do poder da escola, por meio da
institucionalização de mecanismos participativos.
A construção da democracia participativa pode ser observada em diferentes
aspectos característicos de um programa desta natureza. Inicialmente, a participação se dá na
priorização da educação e na formulação do programa de gestão democrática. O
envolvimento e a discussão com a população, sindicato de professores, pais e alunos precisa
gerar espaço para discussão e troca de idéias e conhecimentos, possibilitando que o poder
público venha a focar suas ações na escolha e necessidade da sociedade.
A transformação da escola, iniciada com a substituição da figura autoritária do
diretor e pelo estabelecimento de eleições para a sua escolha, foi um marco nessa iniciativa.
O compartilhamento de responsabilidades entre a comunidade escolar deve ser entendido
como o ponto máximo desta prática, permitindo que o protagonismo individual e coletivo
venha à tona. Assim, com a criação de novas instâncias, iniciou-se na Escola Caiçara um
processo educativo que gerou aumento da compreensão dos cidadãos sobre a política e
aumentou as possibilidades de interação e diálogo entre sociedade e Estado.
A experiência da Escola Caiçara também demonstra a institucionalização de uma
série de mecanismos de democracia direta eco-gestão previstos pela CF e pela LDB, como o
estabelecimento do planejamento participativo e do controle do orçamento da educação. A
experiência da escola mostra um caminho possível para o estabelecimento da democracia
participativa, pois oferece instrumentos de inclusão,democratização das informações,
transparência administrativa, divisão do poder, criação de massa crítica e multiplicação da
cidadania.
Essa iniciativa efetiva mecanismos consagrados pela CF /1988 e pela LDB,
tornando concretos mecanismos induzidos pelas políticas públicas federais, além de propor
novas institucionalidades que permitem a construção de uma gestão pública mais legítima,
efetiva e voltada à realidade, vontade e necessidade da comunidade escolar.
Recommended