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O objetivo deste trabalho foi comparar a atividade de eliminação de Eucalyptus sp. em uma área de preservação permanente de margem de rio, realizada pelos métodos mecânico, por meio de anelamento, e químico, com uso de uma cavadeira química. A área de estudo pertence a uma empresa florestal localizada no estado de São Paulo. Foram amostradas 15 árvores em cada método, sendo cinco por trabalhador, e cada trabalhador executou a atividade em ambos os métodos de trabalho. A análise técnica foi realizada por meio de um estudo de tempos, contemplando a fase propriamente dita da atividade, de modo a se verificar o tempo médio demandado em cada método. A análise de custos foi realizada por meio da determinação dos custos fixos e variáveis, bem como do custo de produção. A análise da eficácia foi realizada pela observação visual das árvores amostradas, a fim de se verificar possíveis sintomas indicativos de morte dos indivíduos. Os resultados mostraram que o método químico apresentou...
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ISSN 2178 - 3608
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COMPARAÇÃO ENTRE DOIS MÉTODOS DE ELIMINAÇÃO DE
Eucalyptus sp. EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
FELIPE MARTINS DE OLIVEIRA1; SILVIO HENRIQUE SEGALA
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RESUMO: O objetivo deste trabalho foi comparar a atividade de eliminação de Eucalyptus
sp. em uma área de preservação permanente de margem de rio, realizada pelos métodos
mecânico, por meio de anelamento, e químico, com uso de uma cavadeira química. A área de
estudo pertence a uma empresa florestal localizada no estado de São Paulo. Foram amostradas
15 árvores em cada método, sendo cinco por trabalhador, e cada trabalhador executou a
atividade em ambos os métodos de trabalho. A análise técnica foi realizada por meio de um
estudo de tempos, contemplando a fase propriamente dita da atividade, de modo a se verificar
o tempo médio demandado em cada método. A análise de custos foi realizada por meio da
determinação dos custos fixos e variáveis, bem como do custo de produção. A análise da
eficácia foi realizada pela observação visual das árvores amostradas, a fim de se verificar
possíveis sintomas indicativos de morte dos indivíduos. Os resultados mostraram que o
método químico apresentou menor tempo demandado, onde a relação entre os dois métodos
foi de 4,3 árvores inoculadas com o produto químico para cada 1 árvore anelada. O método
químico apresentou maior custo operacional em relação ao método mecânico, devido
principalmente à depreciação da cavadeira química e aos custos com o herbicida. Entretanto,
devido à maior produtividade, o custo de produção no método químico se mostrou menor. Por
fim, durante o período de quatro semanas de observação, foi comprovada a eficácia do
método químico, devido à existência de sintomas indicativos de morte, como coloração
marrom das folhas e sua queda parcial. No entanto, não se deve tomar a decisão final sem
antes verificar o impacto ambiental do produto químico.
PALAVRAS-CHAVE: ERRADICAÇÃO, EXÓTICAS INVASORAS, ÁREA DE
PRESERVAÇÃO PERMANENTE, CUSTOS, PRODUTIVIDADE.
COMPARISON BETWEEN TWO METHODS OF ELIMINATION OF
Eucalyptus sp. IN PERMANENT PRESERVATION AREA
ABSTRACT - The objective of this study was to compare the activity of elimination of
Eucalyptus sp. in a permanent preservation area of riverbank, performed by mechanical
methods, by annealing, and chemical, using a chemical spade. The study area belongs to a
forestry company located in the state of São Paulo. 15 trees were sampled in each method,
1 Engenheiro Florestal, Professor Mestre em Ciências Florestais – União Latino-Americana de Tecnologia, ULT
– Rua Santa Catarina, nº 04, Bairro Jd. N. S. de Fátima – 84200-000 – Jaguariaíva, PR –
felipe.oliveira@ult.com.br 2 Acadêmico de Engenharia Florestal – União Latino-Americana de Tecnologia, ULT – Rua Santa Catarina, nº
04, Bairro Jd. N. S. de Fátima – 84200-000 – Jaguariaíva, PR.
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five per worker, and each worker performed the activity in both methods work. Technical
analysis was performed by means of a time study, considering the actual phase of activity, to
verify if the average time required by each method. A cost analysis was performed by
determining the fixed and variable costs as well as production cost. The efficacy analysis was
performed by visual observation of the trees in order to verify possible symptoms indicative
of death of individuals. The results showed that the chemical method showed less time
required, where the relationship between the two methods was 4.3 trees inoculated with the
chemical for each one ringed tree. The chemical method showed higher operating costs
compared with the mechanical method, mainly due to the depreciation of the chemical spade
and costs with the herbicide. However, due to increased productivity, the cost of production in
the chemical method was lower. Finally, during a four week period of observation proved the
effectiveness of the chemical method, due to the existence of symptoms indicative of death,
such as brown coloring of the leaves and their partial drop. However, one should not make the
final decision without checking the environmental impact of the chemical.
KEYWORDS: ERADICATION, INVASIVE ALIEN, PERMANENT PRESERVATION
AREA, COSTS, PRODUCTIVITY.
1 INTRODUÇÃO
Dentre as atividades que a empresa florestal executa, visando o cumprimento da
legislação e a conservação do meio ambiente, podem ser citadas a manutenção de áreas de
reserva legal e preservação permanente e a recuperação de áreas degradadas. Cita-se, também,
o estabelecimento de corredores ecológicos, os planos de proteção a ecossistemas com
importância cultural, histórica e ambiental, o levantamento de fauna e flora, com a
demarcação e proteção dos habitats da fauna e a proibição e controle de caça e pesca, o uso
racional de defensivos químicos e fertilizantes, e também a prevenção e o controle de
incêndios florestais.
Nesse sentido, pode-se dar destaque às Áreas de Preservação Permanente - APP, as
quais são protegidas pela Lei n° 12.651/2012, com as alterações produzidas pela Lei n°
12.727/2012, não podendo ser alteradas pela ação do homem, devendo manter sua cobertura
vegetal em estado natural. De acordo com a legislação ambiental, Área de Preservação
Permanente (APP) é aquela “protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-
estar das populações humanas” (BRASIL, 2012).
As APPs ao longo dos rios, comumente estão situadas em áreas de solos férteis e
úmidos, formando ecossistemas muito degradados pelo homem estando, em muitos locais,
reduzidas a pequenos fragmentos remanescentes. Sendo assim, enormes benefícios
proporcionados pelas APPs ficam gravemente comprometidos (VILELA et al. 1998) como,
por exemplo, a estabilização das margens dos cursos d’água, hábitat para a fauna silvestre e
aquática e manutenção da qualidade da água (CARVALHO et al., 2005).
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Um problema encontrado em APPs é a presença de Espécies Exóticas Invasoras - EEI,
que são definidas segundo Ziller (2001), como aquelas que não são nativas de um ambiente e
que, uma vez ali introduzidas, provocam mudanças ou alterações no local, reproduzem-se e se
dispersam além dos limites do povoamento florestal, causando impactos, prejuízos
ambientais, sociais e econômicos. Um exemplo de EEI é o eucalipto, facilmente encontrado
em APPs próximas a áreas de povoamentos comerciais da mesma espécie, por ser de fácil
dispersão e propagação.
Diante do exposto, percebe-se a necessidade da readequação das áreas de preservação
permanente que possuem espécies exóticas invasoras vivendo em seu interior, por meio de
técnicas que causem o menor impacto possível ao meio ambiente e à vegetação nativa. Sendo
assim, o objetivo deste estudo foi comparar a atividade de eliminação de Eucalyptus sp. em
uma área de preservação permanente de margem de rio, realizada pelos métodos mecânico,
por meio de anelamento, e químico, com uso de uma cavadeira química.
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 ÁREA DE ESTUDO
O estudo foi conduzido em uma área localizada no estado de São Paulo. Os dados
foram coletados em uma área de preservação permanente de 1.846,90 m² (aproximadamente
0,1847 hectares) onde existia uma nascente. O local apresentou vegetação secundária inicial
com formação de sub-bosque em seu entorno, compondo a fitofisionomia de Floresta
Ombrófila Mista.
2.2 POPULAÇÃO PESQUISADA
A população pesquisada foi composta por trabalhadores devidamente treinados nas
atividades de eliminação, em ambos os métodos de trabalho. A participação dos trabalhadores
no estudo foi de forma voluntária, onde todos receberam esclarecimentos sobre os objetivos e
a metodologia.
Foi estudada uma amostra composta por três trabalhadores, onde cada um executou a
eliminação de cinco árvores de cada método. Foi contabilizado apenas o tempo efetivamente
consumido pela atividade, desconsiderando-se pausas, deslocamentos e demais fases.
2.3 DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE
O estudo foi realizado na atividade de eliminação de Eucalyptus sp. sem a necessidade
de derrubada da árvore. As árvores amostradas se encontravam em uma APP de margem de
rio, localizada entre uma área de floresta nativa e um povoamento comercial de Eucalyptus
sp. Foram estudados os métodos eliminação mecânico, por meio de anelamento das árvores, e
o método químico, por meio da inoculação de herbicida. Foram estudadas 15 árvores em cada
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método, escolhidas com base na semelhança entre si. As médias seguidas dos respectivos
desvios-padrão dos dados relativos às árvores amostradas podem ser vistos na Tabela 1.
Tabela 1. Características das árvores amostradas.
Média ± s Quantidade amostrada
DAP (cm)
Altura (m)
Espessura da casca (mm)
M. Mecânico 15 33,8 ± 4,2 ns
24,7 ± 3,9 ns
19 ± 6 ns
M. Químico 15 35,6 ± 6,6 23,7 ± 3,7 21 ± 7 ns
não significativo a 5%. Fonte: Autores, 2011.
A atividade de eliminação pelo método mecânico foi realizada por meio da técnica de
anelamento (Figura 1a), que consiste em cortes sucessivos e intercalados ao redor do tronco, a
fim de retirar uma faixa de cerca de 10 a 15 cm de largura da casca (floema) na altura do
diâmetro à altura do peito - DAP - da árvore (AMARAL et al., 1998). A eliminação pelo
método químico foi realizada com o uso de uma cavadeira química (Figura 1b) como
ferramenta para inoculação do herbicida na árvore, sendo a cavadeira aferida para inocular 3
ml de produto químico a cada inserção na árvore. O produto químico utilizado foi o de nome
químico N-(phosphonomethyl) glycine, sendo utilizado em sua forma líquida na concentração
de 50% do produto e 50% de água.
a) b) Figura 1. Eliminação mecânica utilizando a técnica de anelamento (a) e química com o uso de cavadeira (b).
Fonte: Autores, 2011.
A área experimental possuía vegetação herbáceo-arbustiva pouco densa ao redor das
árvores tratadas por ambos os métodos, também podendo ser verificada na Figura 1. Tal
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situação tornava relativamente fácil o deslocamento do trabalhador no interior do sub-bosque,
mesmo com o transporte manual da cavadeira química.
2.3 COLETA DE DADOS
2.3.1 ANÁLISE OPERACIONAL
A análise operacional foi realizada por meio de um estudo de tempos e movimentos,
empregando-se o método de cronometragem de tempo individual para cada indivíduo, onde o
cronômetro foi acionado no ponto de início da eliminação, e a leitura foi feita no ponto final
referente a cada árvore eliminada. Para auxílio na coleta foram utilizados um cronômetro
digital centesimal, uma prancheta e formulários específicos.
O tempo consumido nas atividades de eliminação mecânica foi determinado pelo
tempo total efetivo dividido pelo número de árvores aneladas, dado em minutos por árvore
(min/arv), por meio da seguinte expressão:
em que: = produtividade média da eliminação mecânica, em minutos por árvore; =
nº de árvores aneladas; e = tempo consumido, em minutos.
O tempo consumido nas atividades de eliminação mecânica foi determinado pelo
tempo total efetivo dividido pelo número de árvores inoculadas, dado em minutos por árvore
(min/arv), por meio da seguinte expressão:
em que: = produtividade média da eliminação química, em minutos por árvore; = nº
de árvores inoculadas com o herbicida; e = tempo consumido, em minutos.
Por fim, os dados representativos dos tempos consumidos para as atividades de
eliminação em ambos os métodos foram comparados pelo teste t, ao nível de 5% de
significância. Para análise do teste foi utilizada a ferramenta Análise de Dados do software
Microsoft Excel®.
Análise de custos
A análise de custos foi realizada por meio da determinação do custo operacional e de
produção de cada método de eliminação. Foram utilizados os dados levantados no banco de
dados da empresa.
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O custo operacional por hora efetiva de trabalho foi obtido pela determinação dos
custos fixos, variáveis e administrativos, utilizando a metodologia proposta por Harry et al.
(1991) e adaptado para esta pesquisa. O custo de produção foi obtido pela divisão do custo
operacional pela produtividade da ferramenta ou equipamento.
Eficácia dos métodos
A eficácia foi estudada por meio da observação visual do aparecimento de sintomas
que indicassem a morte ou a perda da saúde do indivíduo amostrado. A coleta a campo foi
realizada por monitoramento semanal da área de estudo, totalizando 4 coletas desde a semana
1 até a semana 4.
Na coleta de dados foi feito o registro por meio de fotos e anotações em um formulário
específico, onde foram verificados os seguintes itens:
a) Aparência foliar das árvores testadas, observando sua coloração.
b) Sintomas parciais de morte, como amarelamento e queda de folhas.
c) Sintomas presentes no tronco da árvore, observando possíveis anormalidades.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análise operacional
A análise operacional foi realizada pela comparação entre os tempos consumidos para
eliminação das árvores no método mecânico e no método químico. Os dados relativos aos
tempos consumidos na eliminação de cada árvore amostrada se encontram na Figura 2, para
ambos os métodos mecânico (a) e químico (b).
(a)
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(b)
Figura 2. Tempo de eliminação pelo método mecânico (a), e químico (b), para cada árvore. A linha vermelha
representa o tempo a médio gasto na execução do método, que foi de 5 minutos e 42 segundos e 1 minuto e 20
segundos, respectivamente.
Fonte: Autores, 2011.
Como pode ser observado, a eliminação pelo método mecânico demandou maior
tempo para a execução da atividade, quando comparado com o método químico. Em média, o
método mecânico demandou mais de quatro vezes o tempo exigido pelo método químico.
No método mecânico observou-se que o tempo médio para realização da atividade foi
de 5 minutos e 42 segundos. No método químico, realizado com uma média de 13 inserções
por árvore com a cavadeira, foram observados menores tempos demandados para a realização
da atividade, quando comparados com o método mecânico, demonstrando uma média de 1
minuto e 20 segundos por árvore. Esses resultados podem ser observados com mais detalhes
na Tabela 2.
Tabela 2. Tempo médio demandado para a eliminação em ambos os métodos.
Média ± s DAP (cm) Altura (m) Espessura da casca (mm)
Produtividade (min:seg/arv)
M. Mecânico 33,8 ± 4,2 24,7 ± 3,9 19 ± 6 5:42 ± 1:42 M. Químico 35,6 ± 6,6 23,7 ± 3,7 21 ± 7 1:20 ± 0:19
Fonte: Autores, 2011.
Assim sendo, foi realizada a análise de variância e o teste de comparação de médias, a
fim de verificar se houve diferenças estatísticas entre os tempos consumidos para eliminação
em ambos os métodos. Na Tabela 3 é possível verificar que existiu diferença significativa,
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pelo teste t a 5%, entre os tempos consumidos nos dois métodos, mostrando que o método de
eliminação químico é mais eficiente com 95% de confiabilidade.
Tabela 3. Análise estatística dos tempos médios demandados na eliminação pelo método
mecânico e pelo método químico.
* significativo a 5%.
Fonte: Autores, 2011.
O método de eliminação mecânico demandou maior tempo na sua execução por exigir
grande esforço físico por parte dos trabalhadores na retirada da faixa de cerca de 10 a 15 cm
de largura da casca (floema) de cada árvore, com o auxílio do facão. Isto confirma o descrito
por Souza (1993), o qual relata que à medida que o cansaço aumenta, reduz-se o ritmo de
trabalho, atenção e rapidez de raciocínio, tornando o trabalhador menos produtivo e,
consequentemente, mais sujeito a erros e acidentes. Já a eliminação pelo método químico, por
não exigir grande esforço físico, foi executada com maior rapidez, com o trabalhador apenas
realizando o esforço de transportar a cavadeira com produto químico e fazer as inserções na
árvore.
É importante ressaltar que a área de estudo não possuía vegetação herbáceo-arbustiva
ao redor das árvores amostradas que fosse significativa a ponto de interferir na produtividade
dos métodos. Deve-se observar que, se as atividades fossem executadas em áreas de maior
presença de vegetação rasteira, provavelmente o rendimento não seria o mesmo,
principalmente no método químico, pela dificuldade de locomoção com a cavadeira dentro do
sub-bosque da floresta.
Análise de custos
Na Tabela 4 são apresentados os custos operacionais para cada método estudado.
Utilizou-se o valor de 10% no custo de administração. Nos cálculos que necessitavam da
eficiência operacional, foi utilizado o valor 1 como simulação, devendo o mesmo ser
readequado para as produtividades mensuradas pelos estudos futuros, ou seja, esse valor deve
ser modificado quando houver um estudo de tempos e movimentos contemplando todas as
fases das atividades.
Tabela 4. Custos operacionais de ambos os métodos estudados.
Método Custos fixos
(R$/he) Custos variáveis
(R$/he) Custo de administração
(R$/he) (10%) Custo total
(R$/he)
Mecânico 0,02 16,93 1,69 18,64 19,45 Químico 0,07 17,49 1,89
Método de eliminação
Produtividade média
(min:seg/arv) Variância F calculado F crítico T calculado T crítico
Mecânico 05:42 0,00509093 26,7790* 2,4837 9,7189*
1,7530
Químico 01:20 0,00019010
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Fonte: Autores, 2011.
Como pode ser observado, o custo operacional total do método químico se mostrou
maior do o custo do método mecânico. Isto pode ser explicado pelo maior custo de aquisição
e depreciação da ferramenta, bem como pelo herbicida utilizado. Na Tabela 5 abaixo, são
mostrados os custos de produção de ambos os métodos estudados, também calculados para
uma eficiência operacional de 100%.
Tabela 5. Custo de produção de ambos os métodos.
Fonte: Autores, 2011.
Como pode ser visto, devido à maior produtividade do método químico, o custo por
árvore mostrou-se menor do que o custo de produção do método mecânico. Estes custos
podem variar de acordo com as diferentes eficiências operacionais que podem ocorrer nas
atividades. Porém, para uma mesma eficiência operacional, o custo de produção do método
químico será sempre menor.
Eficácia dos métodos
Os sintomas das árvores amostradas podem ser observados na Tabela 6, onde são
mostrados, também, os períodos em que foi realizada a coleta dos dados com a respectiva
descrição geral de como as árvores testadas reagiram a cada método de eliminação.
Tabela 6. Descrição dos sintomas apresentados pelas árvores testadas após a eliminação.
Período Método Mecânico Método Químico
Semana 0 As árvores se encontravam normais
apresentando folhas verdes. As árvores se encontravam normais
apresentando folhas verdes.
Semana 1 As árvores se encontravam normais
apresentando folhas verdes. As árvores apresentaram folhas de
coloração cinza claro.
Semana 2 As árvores se encontravam normais
apresentando folhas verdes.
Algumas árvores apresentaram folhas amareladas e outras com folhas de cor
marrom.
Semana 3 As árvores se encontravam normais
apresentando folhas verdes.
Todas as árvores apresentaram folhas de cor marrom e algumas já mostravam
queda de folhas.
Semana 4 As árvores se encontravam normais
apresentando folhas verdes.
Todas as árvores apresentaram folhas de cor marrom e perda parcial das
folhas.
Fonte: Autores, 2011.
Método Custo operacional
total (R$/he) Produtividade (min:seg/arv)
Relação entre as produtividades
Custo de produção (R$/arv)
Mecânico 18,64 5:42 1 1,78
Químico 19,45 1:20 4,3 0,43
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Como pode ser observado, a Semana 0 foi o dia da execução do teste de eliminação
para ambos os métodos, onde as árvores não apresentavam nenhum sintoma anormal.
Na Semana 1 observou-se que o método químico começou a fazer efeito, pois as
árvores testadas começaram a apresentar os primeiros sintomas em reação ao produto
químico, apresentando folhas de cor cinza claro ou sem pigmentação, e as árvores tratadas
pelo método mecânico não apresentavam sintomas algum. Ainda nesta mesma semana,
observou-se, ainda, sinais no lenho referentes à absorção do herbicida pela árvore, logo acima
do local onde foram feitas as inserções com a cavadeira química (Figura 3).
a) b) Figura 3. Sinal na madeira provocado pela absorção do produto químico (a), com detalhe aparente no lenho (b).
Fonte: Autores, 2011.
Na Semana 2, algumas árvores testadas com o método químico apresentavam folhas
amareladas, e outras, folhas de cor marrom. Em contrapartida, as do método químico não
apresentavam sintomas de anormalidade.
Na Semana 3, todas as árvores testadas com o método químico apresentavam folhas de
cor marrom, e algumas delas já estavam perdendo as folhas, enquanto as do método mecânico
continuavam a não apresentar nenhum sintoma semelhante.
Por fim, na Semana 4, todas as árvores testadas com o método químico apresentavam
folhas secas, de coloração marrom, juntamente com perda parcial das folhas, podendo ser
considerados como sintomas indicativos de morte, como podem ser observados na Figura 4a.
Nesta última semana de observação, as árvores testadas pelo método mecânico não
apresentavam sinal anormal algum, estando todas com folhas verdes, como pode ser visto na
Figura 4b.
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a) b)
Figura 4. Semana 4: Árvore testada pelo método químico, com folhas secas e sua perda parcial (a). Árvore
testada pelo método mecânico, com copa verde apresentando aparência normal (b).
Fonte: Autores, 2011.
Na Figura 5 é mostrado um comparativo de duas árvores amostradas, observadas do
mesmo ponto, na semana 0 e na semana 4. Fica clara a diferença entre os dois métodos. Na
semana 0, ambas as árvores apresentam copa densa com coloração esverdeada. Na semana 4,
enquanto a árvore eliminada pelo método mecânico não apresentou mudanças visíveis, a
eliminada pelo método químico mostrou copa menos densa e de coloração marrom. De modo
geral, pôde-se comprovar a eficácia e melhor eficiência do método químico na eliminação das
árvores estudadas.
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a)
b)
Figura 5. Árvores amostradas, observadas do mesmo ponto, na semana 0 (a) e na semana 4 (b).
Fonte: Autores, 2011.
Estes resultados confirmam o descrito por Carvalho et al. (2010), os quais relatam em
seu estudo de avaliação da técnica de anelamento que, ao final de dois anos, algumas das
Método Mecânico Método Químico
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árvores tratadas pelo método mecânico resistiam à esta técnica e continuavam vivas. Desta
forma, explica-se o fato de todas as árvores tradadas pelo método mecânico neste estudo ainda
não apresentarem nenhum sintoma indicativo de morte, visto que o horizonte de observação
limitou-se a quatro semanas.
A aceitação ambiental, inclusive pela legislação, é um complexante ao uso de
herbicidas para eliminação de exóticas. Porém utilizando a dosagem adequada, eles são
considerados muito eficientes no que tange ao intuito pelo qual estão sendo aplicados (KLINE
e DUQUESNEL, 1996; SMITH, 1998).
Atualmente, alguns produtos registrados não oferecem ideal grau de controle, são
grupos não-seletivos, ou não são competitivos. Esta condição, juntamente com o alto preço
dos herbicidas disponíveis e as preocupações ambientais, fez com que os proprietários
florestais busquem por métodos alternativos para o manejo da vegetação (LITTLE et al.,
2006). Sendo assim, a eficácia dos métodos deve ser analisada paralelamente ao possível
impacto ambiental deles decorrentes, a fim de que, priorizando o baixo custo ou a eficácia,
acabe-se por prejudicar o meio ambiente em longo prazo.
4 CONCLUSÃO
De acordo com a análise e discussão dos resultados, as principais conclusões obtidas
neste trabalho foram:
Os valores de tempo médio consumido na eliminação pelo método mecânico e
químico foram diferentes estatisticamente entre si, devendo-se ressaltar que no método
mecânico houve maior dificuldade dos trabalhadores em executar a atividade, devido
ao maior esforço físico exigido pela mesma.
A relação de tempo entre as produtividades dos dois métodos foi de 1 árvore anelada
para 4,3 árvores inoculadas com o produto químico, comprovando a maior
produtividade do método químico, quando considera-se somente a atividade
propriamente dita.
A eliminação pelo método mecânico apresentou maior custo de produção devido a
menor produtividade apresentada, tendo uma relação entre as produtividades 4,3 para
1, sugerindo a maior viabilidade econômica do uso da cavadeira química ara
eliminação das árvores.
O método químico se mostrou mais eficiente na eliminação das árvores amostradas,
pois elas apresentaram vários sintomas indicativos de morte, enquanto as árvores
amostradas pelo método mecânico não apresentaram sintoma algum. No entanto,
deve-se atentar para o possível impacto ambiental causado pelo uso do produto
químico.
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