Custo do metrô de 6km ultrapassa os R$ 450 milhões

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Consórcio Metrosal e prefeitura têm de explicar até dezembro desse ano o sobrepreço da obra que já dura 10 anos

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salvador@grupoatarde.com.br

SA LVA D O RA4 SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 2/11/2009

REGIÃO METROPOLITANA

INFRAESTRUTURA Consórcio Metrosal e prefeitura têm de explicar atédezembro desse ano o sobrepreço da obra prometida para final de 2010

Custo do metrô de 6 kmultrapassa 450 milhões

HIEROS VASCONCELOS

Dez anos após ter sido assina-do o contrato para a constru-ção do metrô de Salvador,R$ 525,2 milhões foram gastospela prefeitura e os trens quefariam o trajeto de 6km ligan-do Estação da Lapa ao AcessoNorte ainda não estão nos tri-lhos. O governo do Estado,parceiro no projeto, já pagouR$ 880 mil de aluguel paraalojar num galpão do ParqueIndustrial CIA-Sul os seistrens e 24 vagões adquiridosentre novembro de 2008 e ja-neiro deste ano por US$ 50 mi-lhões. O aluguel mensal, se-gundo a Companhia de De-senvolvimento Urbano do Es-tado (Conder), é de R$ 80 mil.Segundo a Secretaria Munici-pal de Transporte e Infraes-trutura (Setin), já foram gas-tos R$ 459 milhões com os pri-meiros seis quilômetros.

Em 1999, a previsão de tér-mino para a 1ª etapa, com 12km ligando a Estação da Lapa àEstação Pirajá, era para 2003.Em 2005, houve a diminuiçãodo trecho para seis quilôme-tros. Ao todo, sete prazos deconclusão foram prometidose um deles se esgotou anteon-tem, 31 de outubro.

No entanto, uma nova pre-visão foi anunciada pela pre-feitura: o trecho Estação da La-pa/Acesso Norte deverá ficarpronto em meados de 2010 eentregue no final do mesmoano. “A conclusão das obrasde engenharia civil está pre-vista para o final de 2009 e ainstalação de equipamentos,energização do sistema, co-missionamento dos trens, fa-se de teste e pré-operação, atéo final do primeiro semestrede 2010. A operação comercialserá no segundo semestre”,informa por email a assesso-ria de imprensa da SecretariaMunicipal de Transporte e In-fraestrutura (Setin).Para atender esse prazo, a pre-feitura e o Consórcio Metrosal– responsável pelas obras – te-rão que justificar até dezem-bro um sobrepreço do valororiginal de R$ 110 milhões,apontado pelo Tribunal deContas da União (TCU) duran-te fiscalização realizada emjunho e julho deste ano. Preci-sarão explicar ainda o super-faturamento no valor deR$ 2,9 milhões em um aditivodo contrato com o ConsórcioMetrosal. Fora isso, o TCUapontou também irregulari-dades na contratação de ser-viços de ventilação e exaustãona ordem de R$ 2,8 milhões.

Conforme o TCU, a justifica-tiva do sobrepreço precisa serfeita em planilhas onde ospreços unitários da obra este-jam descritos, para que sejamcomparados com os preços domercado. Enquanto isso nãofor feito, a CTS está proibidade liberar a verba destinadaao metrô para o ConsórcioMetrosal e não terá o repassefederal de R$ 425 milhões paraa conclusão do segundo tre-cho do metrô, que liga o Aces-so Norte à Estação Pirajá.

A deputada federal Lídiceda Matta se reuniu em setem-bro com o relator do metrô noTCU, ministro Augusto Scher-man. Segundo ela, a prefeitu-ra informou não ter condi-ções de realizar um levanta-mento detalhado por não dis-por de condições técnicas. “Ocontrato, a princípio, pareciamais liberal e pensou-se quenãoteriaesse niveldecobran-ça. Esse é o grande impasse”,declara a deputada. “Ou a pre-feitura toma um empréstimobancário que cubra o sobre-preço ou o TCU faz retenção”,acrescenta.

Paralisações edemissõesaumentaramorçamento

De acordo com dados forneci-dos pelo diretor do TCU na Ba-hia, Marcus Vinícius Reis, ATARDE calcula um acréscimode 79,2% em relação ao proje-to original, no trecho Lapa-Pi-rajá (12 km). Ele afirma que“há uma clara deficiência ge-rencial. Muitas modificaçõesforam feitas no contrato”.

A preços de 1999, a 1ª etapaprevista, da Estação da Lapa àEstação Pirajá, com 12 km, cus-tava R$ 530 milhões. Hoje, es-tá orçada em R$ 950 milhões.Só no primeiro trecho, de 6km, já foram consumidosquase 100% do previsto nocontrato para a 1ª etapa.

Conforme a Secretaria Mu-nicipal de Transporte e In-fraestrutura (Setin), até on-tem foram gastos R$ 459 mi-lhões com os primeiros seisquilômetros, e R$ 66,2 mi-lhões com o segundo trecho,que liga o Acesso Norte a Pira-já. “Restam ainda executarobras no valor de aproxima-damente R$425,5 milhões”,diz em nota.

O aumento no orçamento,conforme a Setin, ocorreu de-vido às paralisações dasobras, que custaram demis-sões de funcionários e perdasde material. “Os custos foramcom as sucessivas paralisa-ções das obras: pagamento deindenizações de funcioná-rios, recontratação de pes-soal, perda de material, alémde modificações do projetofeitas no início da obra”.

NO COMEÇO ERAM 48KM E 28 ESTAÇÕES

1999 É assinado contratopara a construção dometrô, com 48 km e 28estações

2000 Em abril, as obrassão iniciadas peloConsórcio Metrosal

2002 Obras ficamparadas devido a nãoliberação de recursos dogoverno federal

2003 Apenas R$ 3milhões do orçamento daUnião são liberados paraas obras, que continuou apassos lentos

2004 Governo federalpede ao Banco Mundial ocancelamento de US$ 32milhões dos recursosfinanciados

2005 Prefeito JoãoHenrique formalizaacordo com o governofederal para a liberaçãodos recursos

2006 O TCU retém R$ 20milhões da Companhia deTransporte de Salvador(CTS) porque encontroususpeitas desuperfaturamento

2008 Metrosal pede maisR$ 88,7 milhões paraconcluir 6 km de metrô,aumentando suspeitas desuperfaturamento. TCUaumenta a retenção deR$ 20 milhões para R$ 50milhões

ARQUIVO A TARDE

Fotos Marco Aurélio Martins / Ag. A TARDE

Trilhos postos no túnel escavado no Campo da Pólvora. Tráfego, segundo a prefeitura, somente no final de 2010

Vagões estão guardados no Parque Industrial CIA-Sul. Aluguel é de R$ 80 mil mensais

Engenheiro deempresa doconsórcio visitaEstação Brotas

Meus netosEsse metrô já foi promessade campanha política. Já dis-seram que seria inauguradono dia do aniversário de Sal-vador em 2008. Já se falouem outubro de 2009 e agoraem 2010. Talvez meus netospresenciem a inauguração.RUBE NS

Passos de tartarugaAqui os projetos são a passosde tartaruga. Desde a décadade 70 não temos feito gran-dioso em obras, fora o BahiaAzul. E quando se inicia algovem MP, Ibama para atrapa-lhar.Precisamos depoliticoscompromissados com a so-ciedade. PAULO BACELAR

Falta sorteEstá mais fácil São Paulo eRio inaugurarem o trem balae o Japão o metrô espacial. ABahia não tem sorte com po-líticos. E eles como desculpausam a façanha de dizer queo governo federal só enviadinheiro para a regiãoSu l / Su d e s t e . ELIONE TEIXEIRA

DescrençaApesar de termos entre nósas empresas que já demons-traram mundialmente capa-cidade de construir grandesobras, estamos patinando hámais de 10 an os para deixarpronto um metrô de 6 km.Ele dificilmente sai do papelem 2010 LUCIANO LIMA

“A reconstruçãoda Fonte Novadeve terminarantes que ometrô”

CA E T Ê

Editora-coordenadoraMarlene Lopes

“Empréstimo ouretenção peloTribunal deCo n t a s ”

LÍDICE DA MATTADeputada federal

Gildo Lima / Ag. A TARDE