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Revista de Educação, Cultura e Comunicação do Curso de Comunicação Social das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – FATEA, Lorena, SP, Brasil.
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
ISSN 2177-5087
Lorena, SP – Brasil volume 4, número 7, jan./jun. 2013
EDUCAÇÃO, CULTURA E COMUNICAÇÃO
FACULDADES INTEGRADAS TERESA D’ÁVILA
LORENA - SP
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
ISSN 2177 – 5087
ECCOM – Revista de Educação, Cultura e Comunicação
Lorena, SP, volume 4, número 7, jan./jun 2013
© Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – FATEA
Curso de Comunicação Social
ECCOM – Revista de Educação, Cultura e Comunicação / Faculdades
Integradas Teresa D´Ávila - vol. 4, n. 7 (2013). – Lorena, SP: Curso de
Comunicação Social, 2013 –
Semestral
ISSN: 2177-5087
1. Educação - periódicos. 2. Cultura - periódicos. 3. Comunicação - periódicos. I.
Brasil, Faculdades Integradas Teresa D´Ávila.
CDU.001.5(05)
CDU 001.5 (05)
3
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Equipe Editorial
Editor Científico
Neide Aparecida Oliveira, Fatea, Brasil
Editor Gerente
Neide Aparecida Oliveira, Fatea, Brasil
Revisores
Neide Aparecida Oliveira, Fatea, Brasil (Línguas portuguesa e inglesa)
Jefferson José Ribeiro de Moura, FATEA, Brasil (Normatização)
Conselho Editorial
Prof. Dr. Adilson da Silva Mello, UNIFEI, Brasil
Prof. Dr. André Luiz Moraes Ramos, FATEA, UniFOA, Brasil
Prof. Dr. Carlos Manuel Nogueira, Universidade de Lisboa, Portugal
Profª Drª Débora Burini, UFSCar, Brasil
Profª Drª Lucia Rangel Azevedo, FATEA, Brasil
Profª Drª Olga de Sá, PUC-SP, FATEA, Brasil
Prof. Dr. Rosinei Batista Ribeiro, UniFOA, FATEA, Brasil
Prof. Dr. Walter Moreira, UNIMAR, Brasil
Prof. Me. Jefferson José Ribeiro de Moura, FATEA, UNITAU, Brasil
Profª Me. Neide Aparecida Arruda de Oliveira, FATEA, Brasil
Publicação On Line
http://publicacoes.fatea.br/
http://www.issuu.com
http://www.doaj.org
© Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – FATEA
Curso de Comunicação Social
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
SUMÁRIO
EDITORIAL...............................................................................................................
5
SEMINÁRIO COMO PRÁTICA EDUCOMUNICATIVA NO CONTEXTO
SOCIOAMBIENTAL................................................................................................
Irani Cristina Silverio Tirelli
7
COMUNICAÇÃO INTERNA COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DA
QUALIDADE TOTAL PARA A SATISFAÇÃO DO CLIENTE............................
Adriana Bernadete Barros Carvalho Garcia
17
O CONHECIMENTO EM PRONTO-SOCORRISMO DE PROFESSORES DA
REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO CICLO I DE CRUZEIRO-SP....................
Miguel A. de Oliveira Júnior, Carlos Jaime da Silva Júnior, Elizandra Maria de
Toledo
39
TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO: A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA
INGLESA POR MEIO DA REDE SOCIAL LIVEMOCHA...................................
Neide Aparecida Arruda de Oliveira, Francini Mengui Campos
49
A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NA EMPRESA: A APLICAÇÃO EFICIENTE E
EFICAZ DA PEDAGOGIA EMPRESARIAL..........................................................
André Alves Prado, Elaine Machado da Silva, Mônica Aparecida Batista da Silva
Cardoso
63
SOFTWARE EDUCATIVO COMO AUXÍLIO NA APRENDIZAGEM DA
MATEMÁTICA: UMA EXPERIÊNCIA UTILIZANDO AS QUATRO
OPERAÇÕES COM ALUNOS DO 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I..
Marcílio Farias da Silva, Rita de Cássia Costa Cortez, Viviane Barbosa de Oliveira
79
REFLEXÕES SOBRE A LINGUAGEM TELEVISIVA E SUA INFLUÊNCIA
SOCIALIZADORA.....................................................................................................
Débora Burini, Jefferson José Ribeiro de Moura
105
TECNOLOGIAS MÓVEIS EM EDUCAÇÃO: O USO DO CELULAR NA SALA
DE AULA....................................................................................................................
Maria Cristina Marcelino Bento, Rafaela dos Santos Cavalcante
113
SÁTIRA E IRONIA NA POESIA DE MANUEL ANTÓNIO PINA........................
Carlos Nogueira
121
NORMAS PARA ENVIO DE ORIGINAIS................................................................
127
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
EDITORIAL
A ECCOM – revista eletrônica do curso de Comunicação Social, das Faculdades Integradas
Teresa D’Ávila (FATEA), cujo ISSN é 2177-5077, classificada no Qualis da Capes como B5,
no ano de 2012, passou a incorporar também as pesquisas científicas produzidas pelo curso de
Pós-graduação “Educação, Mídia e Novas Tecnologias” da mesma instituição.
Também passou a fazer parte do sistema DOAJ – Directory Open Access Journals – uma
plataforma internacional onde são disponibilizados artigos científicos de vários países. Para
acessá-la www.doaj.org
O próximo passo agora é continuar a evoluir no Qualis que é o conjunto de procedimentos
utilizados pela Capes para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas
de pós-graduação. Tal processo é baseado nas informações fornecidas por meio do aplicativo
Coleta de Dados. Como resultado, disponibiliza uma lista com a classificação dos veículos
utilizados pelos programas de pós-graduação para a divulgação da sua produção. Para acessar
as informações sobre o sistema, veja http://qualis.capes.gov.br/webqualis/principal.seam
Importantes ações têm sido realizadas para que a revista alcance uma certificação de
qualidade de acordo com os critérios da Capes, por isso, prezados colaboradores agradecemos
o envio e a participação na ECCOM.
Nesta edição, em seu quarto volume, e, no sétimo número, traz nove artigos científicos
mantendo a periodicidade e a qualidade.
Lançar mais um volume da ECCOM é um grande prazer, pois este periódico eletrônico já está
em seu quarto ano. Agradecemos aos colaboradores: professores, alunos e profissionais das
áreas de Comunicação, Educação e Cultura que têm nos enviado artigos científicos e estudos
para que o conhecimento e a troca de experiências sejam possíveis. Boa leitura a todos!
Neide Aparecida Arruda de Oliveira
Editora Gerente
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Seminário como prática educomunicativa no
contexto socioambiental democratização
Irani Cristina Silverio Tirelli Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade de Taubaté, pós-graduada em Sexualidade Humana pela
Faculdade de Medicina do ABC – SP, professora do Centro Universitário Salesiano – Unisal – Lorena/SP,
Brasil
Resumo
Este artigo tem como objetivo relatar uma prática pedagógica com caráter educomunicativo, na
forma de um seminário, que se apresenta como uma forma de expressão oral que se constitui de
várias exposições de aspectos diferenciados de um tema comum. Esta atividade contempla trabalhos
de pesquisa desde os combustíveis fósseis até estudos recentes de Energia Limpa, privilegiando, dessa
forma, um estudo voltado para as questões ambientais. É realizado anualmente com educandos dos
8os
anos do Ensino Fundamental II em uma escola particular pertencente à Rede Salesiana de
Escolas, na disciplina de Ciências. A classe inicialmente é dividida em seis grupos, as datas da
apresentação são definidas com, pelo menos, dois meses de antecedência, sendo sorteada a ordem de
apresentação dos mesmos. Por ser um estudo assistido diretamente pelo professor responsável ao
longo do seu desenvolvimento, os resultados obtidos, além de garantirem grande satisfação aos
educandos envolvidos, propiciam ricas trocas e a certeza de que o saber produzido foi propagado e a
informação realmente apreendida, gerando o conhecimento tão almejado no ambiente escolar.
Palavras-chave
Educação ambiental; Prática educomunicativa; Práticas ambientais.
Abstract
This article aims to present a pedagogical practice with mass communication character, in the form of
a seminar, which is presented as a way of speaking which consists of various exhibitions of different
aspects of a common theme. This activity includes research papers from fossil fuels to recent studies of
Clean Energy, favoring thus a study focused on environmental issues. It is held annually to students of
8th years of the Elementary School II in a private school belonging to the Salesiano Network of
Schools, in the discipline of science. The first class is divided into six groups, the dates of submission
are set with at least two months in advance and is drawn to the order of presentation of the same. For
a study to be assisted directly by the teacher responsible throughout its development, results, and
guarantee great satisfaction to the students involved, provide rich exchange and the certainty of that
knowledge was produced and propagated information actually seized, generating knowledge as
desired in the school environment.
Keywords
Environmental education; Practice mass communication; Environmental practices.
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Introdução
Este estudo pretendeu relatar uma prática pedagógica com característica
educomunicativa desenvolvida com alunos dos 8os
anos de uma escola particular do Ensino
Fundamental II pertencente à Rede Salesiana de Escolas, na disciplina de Ciências. Os
educandos foram preparados para o desenvolvimento de um seminário, prática esta que
contempla várias exposições orais que devem estar pautadas em dois eixos principais: o
estudo do tema proposto e o momento da apresentação ou exposição oral do conhecimento
adquirido.
O objetivo maior desta prática pedagógica educomunicativa é o de propiciar
oportunidades aos educandos de um maior aprofundamento em um trabalho de pesquisa,
buscando a fundamentação teórica do tema comum proposto, que neste caso foi “Energia
Limpa” e, por meio de recursos multimídia, propagar através de exposição oral, o trabalho
realizado; integrando, dessa forma, a comunicação e a educação. Nesse sentido, esta
integração mostrou-se como um facilitador da prática desenvolvida já que os meios de
comunicação e as novas tecnologias propiciam novas formas de produção, circulação e
recepção do conhecimento.
O tema proposto também oportunizou aos educandos um maior envolvimento com
questões ambientais atuais propiciando ricos debates e a busca de novas atitudes que possam
contribuir para a mitigação dos problemas ambientais gerados pelo grande consumo de
combustíveis fósseis em nossa sociedade. Dessa forma, de maneira bastante natural e
enriquecedora, o trabalho se desenrolou buscando ambientalizar os educandos na atual
realidade energética, promovendo momentos de aprendizagem com características
ambientais. Assim, a prática pedagógica desenvolvida apresentou-se como uma prática
ambiental e, por utilizar os meios de comunicação e tecnologia para a produção e propagação
do saber, caracterizou-se também como uma prática educomunicativa.
Este estudo está estruturado em tópicos que visam trazer uma revisão da literatura onde
estão inseridos conceitos de Educação Ambiental e práticas ambientais, assim como conceitos
de Educomunicação e práticas educomunicativas, com o objetivo de mostrar a necessidade de
ambientalizar o processo educacional e também tornar a aprendizagem mais envolvente por
meio da utilização de recursos tecnológicos. Após essa revisão, detalharam-se os
procedimentos utilizados para o desenvolvimento da atividade proposta e os resultados
confirmaram a necessidade de aproximar nossos educandos dos meios de comunicação, como
forma de estimular a produção e propagação do saber e, assim, contribuir para a formação de
cidadãos conscientes, aptos a decidirem e a atuarem na realidade socioambiental de modo
comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global.
Revisão da Literatura
1. Educação Ambiental e Práticas Ambientais
Os últimos anos têm evidenciado, das mais variadas formas, a situação problemática em
que se encontram a sociedade e o meio ambiente, sendo essa problemática toda discutida em
conferências governamentais no mundo inteiro. A Educação Ambiental – EA - tem ganhado
importância nas pautas desses encontros desde a Primeira Conferência Mundial de Meio
Ambiente em Estocolmo, na Suécia, em 1972. Assim para Tozoni-Reis (2004, p. 3), as
discussões sobre educação ambiental no mundo contemporâneo estão relacionadas às
questões ambientais mais amplas e, por essa razão, têm feito parte das preocupações dos mais
variados setores da sociedade.
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Nas palavras de Guimarães (1995, p.9) “a EA apresenta uma nova dimensão a ser
incorporada ao processo educacional, trazendo toda uma recente discussão sobre as questões
ambientais e as consequentes transformações de conhecimentos, valores, atitudes diante de
uma nova realidade a ser construída”.
Segundo Carvalho (2006), a EA é uma proposta educativa que busca responder aos
sinais de falência de todo um modo de vida da população, o qual já não sustenta as promessas
de felicidade, progresso e desenvolvimento. Dessa forma, ainda segundo a autora:
A EA possibilita o oferecimento de um ambiente de aprendizagem
social e individual no sentido mais profundo da experiência de
aprender. Uma aprendizagem em seu sentido radical, a qual, muito
mais do que apenas prover conteúdos e informações, gera processos
de formação do sujeito humano, instituindo novos modos de ser, de
compreender, de posicionar-se ante os outros e a si mesmo,
enfrentando os desafios e as crises do tempo em que vivemos (2006,
p.69).
De acordo com Reigota (2004), a EA é uma proposta que altera profundamente a
educação como a conhecemos, já que visa não só a utilização racional dos recursos naturais,
mas basicamente a participação dos cidadãos nas discussões sobre a questão ambiental. Grün
(1996, p.21) alerta para o fato da educação ambiental “surgir hoje como uma necessidade
quase inquestionável”. Para esse autor, isto acontece devido à inexistência de ambiente na
educação moderna, ou seja, “tudo se passa como se fôssemos educados e educássemos fora de
um ambiente”.
Nas palavras de Silva (2000 apud PRINTES, 2004, p.24), “EA significa um processo
coletivo, longo, recíproco, no qual os indivíduos se eduquem em comunhão medializados pelo
ambiente. Num sentido mais amplo, a EA é educação apenas, já que resgatar valores, discutir
percepções, compartilhar saberes, são processos educativos”. Esta definição se aproxima à de
Grün (1996) ao enfatizar que a educação que não for ambiental, não poderá ser considerada
educação. Carvalho (2002, p.36) contribui ao afirmar que “toda educação é ambiental, pois se
a educação não vier acompanhada pela dimensão ambiental, perde sua essência e pouco pode
contribuir para a continuidade da vida humana” e nas palavras de Dias (1992, p.28) “existe
educação e esta, quando fiel à sua natureza integradora, incluiria tudo”.
As considerações acima tornam-se necessárias para que tenhamos uma visão maior
sobre o verdadeiro conceito de educação, tão distante da educação que presenciamos nos
espaços escolares, já que esta ainda se caracteriza por fragmentar o conhecimento, por não
buscar situar os educandos no ambiente em que vivem e, nem tampouco, promover um estudo
desse meio e., a partir daí, buscar soluções para os problemas que vivenciamos no nosso dia-
a-dia.
Sendo a educação um direito dos cidadãos, torna-se pertinente considerar que, por este
motivo, deve contribuir para a formação de educandos para exercerem a cidadania, por meio
do incentivo a discussões, participação, reivindicações, assim como ações concretas e
engajamento responsável e ético de cada um, enquanto sujeito e enquanto coletividade
(GOUVÊA, 2004). Dessa maneira, a consciência de que os recursos naturais são finitos,
obriga-nos a refletir sobre os estilos de desenvolvimento adotados até o presente momento e
que necessitam de mudanças, seja nos pensamentos, seja nas práticas e à escola cabe uma
parcela de contribuição nessas novas buscas por se configurar como um espaço privilegiado
de informação, de transmissão e produção de conhecimentos, de criatividade, de
possibilidades. Nesse sentido, Reigota (1999, p. 8) acrescenta que “trabalhar as questões
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ambientais na escola, desde que não seja no contexto de uma única disciplina, é e sempre será
uma proposta bem-vinda quando acompanhada de preceitos éticos e de busca de melhoria da
qualidade de vida da população”. Segundo o autor, para essa proposta acontecer de maneira
produtiva, é preciso trabalhar na perspectiva da superação de visões distorcidas, ingênuas,
reducionistas das novas gerações e, por isso, torna-se importante o questionamento que o
professor deve ter com relação ao trabalho que vem desenvolvendo com seus alunos no
cotidiano escolar. Dessa maneira, para a escola dar conta desses novos desafios em seu
interior, de acordo com o autor, faz-se necessário que todos os professores estejam discutindo
e refletindo as noções de meio ambiente e suas inter-relações no plano físico, natural,
biológico, social e como o educando se relaciona com essa realidade.
A principal função do trabalho dentro da escola com o tema meio ambiente é contribuir
para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidirem e a atuarem na realidade
socioambiental de modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da
sociedade, local e global. Para isso, é necessário, mais do que informações e conceitos, que a
escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a
aprendizagem de habilidades e procedimentos. Esse é o grande desafio para a educação.
Comportamentos ambientalmente corretos serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola:
gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes (PCN, BRASIL,
1998, p.67). Dessa forma, a educação para o meio ambiente é um assunto que deve ser tratado
de maneira integrada, englobando a prática pedagógica e a representação social dos sujeitos
envolvidos, como salienta Reigota (2004), colocando as pessoas como participantes de um
mesmo processo, na tentativa de solucionar os problemas ambientais. Segundo Travassos
(2004), é essencial que seja uma proposta que altere sensivelmente a educação, tal como ela é
concebida nos dias atuais, deixando de ser direcionada apenas para a transmissão de teorias e
de conhecimentos sobre ecologia. Para o autor, a EA precisa ter como objetivo não só os
ensinamentos sobre a utilização racional dos recursos que a natureza oferece, mas também o
desenvolvimento da participação da sociedade nas discussões e nas decisões sobre as questões
ambientais.
Sendo assim, a prática de EA tão necessária nos trabalhos desenvolvidos nas escolas,
precisa de um novo olhar de todos os profissionais envolvidos com a educação. Olhar
carregado de responsabilidade, de compromisso, de zelo, de cuidado, de emoção e de amor.
Só quando se inclui também a sensibilidade, a emoção, sentimentos e energias, se obtêm
mudanças significativas de comportamento. Nessa concepção, torna-se possível aproximar-se
do pensamento de Paulo Freire (1998) ao perceber a EA como a constituição de um espaço de
troca de conhecimentos, de experiências, de sentimentos e de energia. Paulo Freire (1998, p.
85) ainda nos confirma que “ensinar exige a convicção de que a mudança é possível”.
2- Educomunicação e Práticas Educomunicativas
O espaço escolar há muito não se mostra atraente para os educandos, visto que não
acompanhou as mudanças tecnológicas, nem tampouco melhorou seu espaço físico, sendo
comum, na maioria das escolas públicas ou particulares, a aula ser ministrada ainda por meio
de quadro negro, giz branco e as carteiras dos estudantes enfileiradas propiciando, ainda mais,
a dispersão por conta de conversas paralelas e/ou mensagens enviadas por meio de aparelhos
celulares, enquanto o professor continua insistindo na transmissão do conhecimento. Assim,
como não conseguiu acompanhar a evolução tecnológica e a grande e crescente influência dos
meios de comunicação, a escola deixou de ser o único espaço de aprendizagem.
Com essa realidade, torna-se urgente e necessário dar um novo significado à prática
educativa no âmbito da escola, que pode acontecer ao aproximarmos o educando dos meios de
comunicação, por serem mais atrativos e mais próximos da realidade que os cercam. Desse
modo, uma estratégia bastante envolvente é o trabalho realizado utilizando-se os meios de
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comunicação convencionais como o jornal, o rádio, a televisão, o cinema como ponto de
partida para a exploração de um novo assunto, como pesquisa prévia para debates, motivação
e estímulo; além disso, a interpretação de letras de músicas por meio de desenhos; o trabalho
de pesquisa direcionado com resultados compartilhados por meio de produção de slides e
filmes; a produção de panfletos, História em Quadrinhos - HQ, jornais, revistas pelos próprios
educandos; programa de rádio nos intervalos de aula; leitura de textos jornalísticos com
comentários e discussão; são alguns exemplos para se buscar um trabalho mais contagiante e
que trará melhores resultados de aprendizagem do que as formas convencionais que são
atualmente utilizadas no espaço escolar, já que os alunos poderão produzir seu próprio
material, por meio de pesquisas em variados meios de propagação do saber, bem como
desenvolver um olhar crítico em relação à produção exibida na mídia, valorizando temáticas
de seu interesse e da comunidade escolar.
A partir do que foi exposto, pode-se perceber a estreita relação entre comunicação e
educação, que tem sido reconhecida em um novo campo do saber denominado
Educomunicação. Essa relação está ganhando um novo conceito e sendo direcionada para
uma educação cidadã emancipatória. Em outras palavras, de acordo com Merzker (2008), por
meio da educomunicação é possível promover a educação emancipatória, aquela que prepara
o sujeito para pensar, desenvolver sua consciência, seu senso crítico, já que pode ser utilizada
como uma das ferramentas para a formação de um ser humano livre e uma sociedade
efetivamente democrática. Possibilita ao educando vivenciar maneiras de se expressar,
conhecendo métodos e novos assuntos, além de possibilitar uma leitura crítica da realidade.
Ainda, segundo a autora, a inter-relação entre comunicação e educação inaugura um
novo paradigma dircursivo transverso, que se estrutura, de um modo processual, midiático,
transdisciplinar e interdiscursivo.
Segundo Soares (2000), a educomunicação pode ser entendida como um conjunto de
atividades voltado para o conhecimento do uso dos meios de comunicação numa perspectiva
de prática de cidadania.
A grande possibilidade da educomunicação na escola é formar pessoas observadoras e
responsáveis, que conseguem buscar a abordagem dos acontecimentos sob diferentes pontos
de vistas. A educomunicação, ainda, visa trabalhar com aquilo que cada um traz de si:
história, percepções, realidade vivida, experiência cotidiana e, nesse sentido, aproxima-se da
educação ambiental que, por sua vez, prioriza a busca de soluções para problemas locais, de
forma participativa, envolvendo a comunidade.
A prática pedagógica educomunicativa oferece oportunidade ao educando de explorar
sua oralidade, expressando-se com mais desenvoltura, buscando vencer obstáculos como
timidez, confiança em si mesmo, uso de palavras adequadas para expressar seu ponto de vista,
entre outros; além disso, oferece igualmente oportunidades para aprender a ouvir e respeitar
pontos de vista de seus companheiros, o que propicia uma maior liberdade de expressão e
enriquecimento do saber. Todo esse cuidado deve, ainda, ser compartilhado com o domínio
que o educando deverá ter com os equipamentos tecnológicos necessários para a propagação
do saber, tais como mesa de som, computadores, filmadoras, entre outros.
Se todas essas barreiras forem vencidas, será possível, de acordo com Metzker (2008)
afirmar que a educomunicação chega para vencer as barreiras que dificultam a integração
entre educadores, educandos, comunidades e, consequentemente, a aprendizagem, priorizando
o relacionamento entre as pessoas e o desenvolvimento da democracia. O aluno ganha voz e
o professor aprende que seu papel vai além de transmitir conhecimentos, descobrindo-se
como facilitador da aprendizagem.
Finalizando, de acordo com Soares (2000), uma ação educomunicativa só existe quando
o espaço comunicativo é criado e os alunos compartilham a produção do conhecimento. Neste
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contexto, ao professor cabe dar autonomia aos seus educandos e estes, pro sua vez, tornam-se
os protagonistas do saber.
Metodologia
No âmbito escolar, busco desenvolver trabalhos enfatizando o cuidado com o ambiente,
sendo o objetivo maior das atividades pedagógicas desenvolvidas, despertar o aluno para um
consumo consciente dos bens naturais, assim como de qualquer outra forma de consumo.
A prática pedagógica educomunicativa contemplada neste artigo é o seminário, que se
apresenta como uma forma de expressão oral que prevê várias exposições de aspectos
diferenciados de um tema comum. Por esse motivo, é situação privilegiada de estudo nas mais
diversas áreas do conhecimento. Trata-se de uma situação comunicativa que prevê diferentes
exposições orais articuladas, mediadas por um coordenador que, ao final, deverá articular as
diferentes exposições procurando a melhor compreensão do tema pelos participantes. Essas
exposições podem ser enriquecidas por recursos materiais diversos, como por exemplo, slides
em Power Point com esquemas escritos que possam sintetizar as principais ideias que serão
focalizadas, data-show, movie-maker, quadros-sinóticos, músicas, fotografias, apresentações
musicais e de dança, tudo o que for mais adequado para atrair o público para o tema
proposto.
A organização de um seminário e de cada uma das exposições orais que o compõe deve
estar pautada em dois eixos: o estudo do tema proposto e o momento da apresentação ou
exposição oral do conhecimento adquirido. O estudo do tema proposto é parte fundamental, já
que o grupo buscará toda a fundamentação teórica necessária para o enriquecimento do
trabalho. Para esse estudo, é necessária a leitura de muitos textos que apresentem as
informações necessárias para a aprendizagem dos educandos. É muito importante que o
educador contemple em seus momentos de aula, um espaço para este estudo, pois é o
momento que poderá acompanhar o desenvolvimento do trabalho, indicando fontes de
pesquisas, tomar conhecimento do que já foi produzido, estimulando seus alunos na produção
do material a ser apresentado; enfim, dando ao educando todo o suporte que ele precisará para
vencer também sua insegurança na apresentação. Além dessa assistência importante e
necessária, deve-se também garantir ao aluno que o trabalho produzido será todo revisado
pelo professor e também oportunizar ao grupo um momento de apresentação individual antes
da apresentação oficial que deverá ser prevista com bastante antecedência. A exposição oral,
por sua vez, pressupõe articulação de informações e seleção daquelas que forem consideradas
fundamentais para o tratamento do assunto, de modo a garantir a compreensão dos ouvintes.
Com o trabalho anteriormente revisado pelo professor e uma apresentação prévia antes da
apresentação oficial, é comum que o grupo esteja bastante seguro e superando suas próprias
expectativas.
O tema comum a ser trabalhado é Energia Limpa, conteúdo programático contemplado
no último trimestre na disciplina de Ciências do 8º ano do Ensino Fundamental II em uma
escola particular da Rede Salesiana de Escolas no município de Lorena, estado de São Paulo.
Este estudo contempla trabalhos de pesquisa desde os combustíveis fósseis até estudos
recentes de Energia Limpa. Embora seja desenvolvido com alunos do 8º ano do Ensino
Fundamental II, pode também ser desenvolvido com turmas do Ensino Médio em Geografia
ou outra disciplina. A classe é dividida em seis grupos, as datas da apresentação são definidas
com, pelo menos, dois meses de antecedência, sendo sorteada a ordem de apresentação e deve
obedecer a orientação abaixo:
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
I- ENERGIA LIMPA - FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA
Grupo Tema Data apresentação
1º grupo Energia Eólica
2º grupo Energia das Marés
3º grupo Energia das águas ou
Hidroenergia
4º grupo Energia Solar
II – ELETRICIDADE- OUTRAS FONTES
Grupo Tema Data apresentação
1º grupo Usina termelétrica
2º grupo Usina termonuclear
O trabalho de pesquisa deve conter:
1- Introdução: deve apresentar o objetivo, importância do estudo e estrutura do mesmo.
No caso do trabalho envolvendo Energia Limpa, a introdução deve abranger também o
conceito de energias renováveis, assim como a necessidade de investimentos nesse tipo de
energia, já que os combustíveis fósseis, como sabemos, vêm enfrentando problemas com
relação à insegurança do suprimento do petróleo e ao impacto ambiental causado pela sua
utilização.
No caso do trabalho envolvendo Eletricidade - Outras Fontes, a introdução deve também
abranger a necessidade do uso de outras fontes para a geração de energia elétrica, já que o uso
de energias renováveis ainda está se iniciando em nosso país.
2- Desenvolvimento: nessa etapa, que começa com um estudo mais detalhado do tema
específico do grupo, deve conter conceitos relacionados ao tipo de energia, seu histórico,
mecanismos de funcionamento, aplicações, curiosidades, vantagens e desvantagens e
investimentos nesse setor no Brasil e, se possível, em outros países.
3- Conclusão: deve conter, de forma bem resumida, a contribuição desse estudo na
construção do conhecimento do grupo, além de evidenciar as dificuldades apresentadas pelo
mesmo; ressaltando, de forma envolvente, a nossa responsabilidade na formação de
multiplicadores de atitudes conscientes, ou seja, reafirmando o nosso papel de cidadãos na
construção de um mundo melhor.
Observações Importantes:
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Todas as apresentações deverão utilizar recursos de multi-midia, MOVIE-MAKER E
SLIDES (POWER-POINT), isto é, deverão ser produzidos, pelos alunos, slides com tópicos e
figuras, com a finalidade de facilitar a compreensão dos ouvintes, além de uma rápida
apresentação do tema por meio de um filme.
Na avaliação do seminário serão considerados:
- o modo como o grupo estabelece contato com os ouvintes;
- os argumentos utilizados para mostrar a importância do tema;
- uso adequado da linguagem, gestos, vestuário;
- conhecimento e domínio dos conceitos apresentados.
Tempo de apresentação: 20 minutos
Ao final da sequência de atividades, espera-se que os alunos sejam capazes de
apropriar-se de procedimentos de escuta e participação de uma exposição oral e de um
seminário; organizar a sua apresentação de maneira a possibilitar a compreensão dos ouvintes;
apropriar-se de procedimentos de planejamento, produção e revisão de uma exposição oral;
compreender as características fundamentais da organização interna de uma exposição oral;
utilizar o registro adequado de fala ao organizar a exposição; utilizar os recursos auxiliares
mais adequados à compreensão do aspecto focalizado.
Resultados
Esta atividade pedagógica de caráter educomunicativo teve como objetivo oferecer aos
educandos oportunidades para a construção do seu saber ambiental, por meio da utilização das
linguagens e tecnologias de comunicação, num espaço privilegiado para construção desse
saber e também estimular e valorizar a produção e propagação do saber dos educandos
envolvidos.
A partir das atividades desenvolvidas espera-se que o aluno tenha aumentado seu
potencial de construir e expressar opiniões; sua capacidade de fazer críticas; sua capacidade
de ser gentil e paciente, ouvindo e respeitando opiniões; sua capacidade de realizar um
trabalho em grupo, dividindo tarefas, compartilhando ideias; enfim, sua capacidade de
produzir e propagar saberes, principal objetivo de uma prática pedagógica educomunicativa.
Importante salientar que, ao longo do desenvolvimento do trabalho, é comum verificar
o entusiasmo dos educandos na realização do mesmo e, ao final, ouvir que aprenderam muito
com o trabalho realizado. Isso torna nossa tarefa de mediadores igualmente estimulada,
principalmente quando é possível perceber que muitas atitudes são modificadas a partir do
estudo propiciado e, daí, é possível confirmarmos que existiu realmente a aquisição do
conhecimento, pois este nada mais é do que a informação apreendida.
Considerações Finais
O ensino sobre meio ambiente deve contribuir principalmente para o exercício da
cidadania, estimulando a ação transformadora, além de buscar aprofundar os conhecimentos
sobre as questões ambientais, estimular a mudança de comportamentos e a construção de
novos valores éticos menos antropocêntricos. De acordo com Berna (2001, p.18), “a
educação ambiental é fundamentalmente uma pedagogia da ação. Não basta se tornar mais
15
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
consciente dos problemas ambientais sem se tornar também mais ativo, crítico, participativo,
ou seja, o comportamento dos cidadãos em relação ao seu meio ambiente é indissociável do
exercício da cidadania”.
Importante salientar que o fato de adquirirmos consciência ambiental não nos faz
perfeitos. O importante é que tenhamos o compromisso de sermos melhores todo dia,
procurando sempre nos superar e que a falta de conhecimento, assim como a falta de
consciência ambiental são grandes responsáveis pelas destruições ambientais. Com os
recursos tecnológicos que temos ao nosso alcance, é possível conhecer mais facilmente a
realidade em que vivemos e intervir nela; exercendo, dessa maneira, nosso papel de cidadãos,
pessoas que conhecem seus direitos e cumprem seus deveres.
Enfim, quando a Educação e Comunicação se cruzam, estamos realizando o que
propõe a Educomunicação. Estamos formando os mais jovens para usar a comunicação como
ferramenta poderosa para transformar sonhos em realidade, para contribuir para que cresçam
altivos, autônomos e com capacidade de transformação, intervindo diretamente na realidade
em que vivem.
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17
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Comunicação Interna como Ferramenta de
Promoção da Qualidade Total para a Satisfação do
Cliente
Adriana Bernadete Barros Carvalho Garcia Mestranda em Engenharia Mecânica na UNESP, MBA em Gestão de Produção pela UNESP, Pós-Graduação
em Administração de Marketing pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e Publicitária formada pela
Universidade de Taubaté.
Resumo
A prestação de serviços está presente de forma cada vez mais significativa na vida econômica e social
das pessoas, a ênfase em qualidade torna-se de extrema importância no setor de serviços, fazendo
com que surja, assim, a necessidade das empresas desenvolverem um entendimento apurado sobre
qualidade na prestação de serviços, buscando alcançar a satisfação dos clientes. Destacando os
preceitos ditados pelos mais renomados autores na área de qualidade que pregam o
comprometimento da alta administração e o envolvimento dos funcionários em relação a valores,
cultura, visão, missão, resultantes na qualidade das atividades desenvolvidas no trabalho, este estudo
conclui que a comunicação interna é a linha que deve costurar todos esses aspectos eliminando
barreiras, suavizando arestas e promovendo a integração. Como importante resultado tem-se que, há
necessidade de integração entre áreas organizacionais visando o esforço conjunto para atingir
objetivos comuns.
Palavras-chave
Controle de Qualidade Total; TQC; Qualidade Total; Comunicação Interna.
Abstract
The service delivery is present in an ever more significant way in social and economic life of people.
The sector of service plays the role of one of the leaders of the new wave of economic expansion and
became fundamental in the process of global growth. The implications of a change in an economy
supported by manufacturing to an economy based on services are amazing.The proposal presented in
this paper is that internal communication, helps to promote quality. However, the achievement of total
quality through continuous improvement in internal processes, the industry is hampered by the
inherent characteristics of services, especially the measurability of results, the intangibility, and “
production” of the service usually on the fly in front of customers.
Keywords
Total quality control; Total quality; Iinternal communication.
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Introdução
As empresas e organizações estão passando por grandes transformações, as quais
necessitam, cada vez mais, acompanhar a evolução para atender as expectativas de um novo
consumidor, extremamente exigente.
A pressão crescente por produtividade em uma economia globalizada tem exigido uma
série de ações visando colocar as organizações em sintonia com as necessidades dos clientes.
Programas de qualidade têm sendo vistos como disciplinadores e nesse contexto a
comunicação, especificamente a interna, assume papel relevante, pois a implantação desses
programas, envolvem pessoas e mudanças, além de gestores e funcionários que precisam
acreditar nas mudanças, assim ocorrendo a necessidade da sintonia entre gerente e
funcionário.
Para que funcionários tornem-se comprometidos com a qualidade de produtos e
serviços entregues ao consumidor é preciso que recebam informações que lhes permitam
compreender o processo, e a grande importância do processo de comunicação interna.
De acordo com Kotler (2005) a satisfação do consumidor está na forma como o
produto ou serviço é percebido, ou seja, se o desempenho não atende às expectativas, o cliente
fica insatisfeito, se atende fica satisfeito e se supera as expectativas, fica encantado. E esse
alto grau de contentamento, cria vínculo com a marca, construindo alta fidelidade do cliente,
tendo em vista seu valor a longo prazo.
Ainda segundo Kotler (2005), em virtude de mudança de comportamento, as organizações
estão fazendo reajustes em vários aspectos, passando por uma reengenharia, estando a maioria
dos serviços fornecidos por pessoas, como por exemplo, seleção, o treinamento e o estado de
motivação dos funcionários impactando fortemente na satisfação final do cliente.
Seguindo a mesma linha Zeithml (2003) refere-se que é com base em fatores de
experiências passadas, comunicação boca a boca, comunicação externa e preço que o
consumidor analisa em um primeiro momento a marca. Assim, nota-se que para um bom
desempenho na oferta de serviços com qualidade requer que haja uma comunicação eficaz em
todos os níveis da organização, no qual Lovelock (2006) declara que em prestação de serviços
o cliente interage diretamente com o serviço prestado, ficando difícil melhorar a qualidade e
produtividade sem entender totalmente o envolvimento do cliente em determinado ambiente.
Tendo a empresa que eliminar etapas e acelerar processos para evitar perda de tempo e
esforço do cliente, melhorando o valor percebido pelo consumidor.
Os clientes estão cada vez mais orientados para a busca da qualidade, observando as
vantagens e desvantagens em adquirir determinado produto; qualidade esta que está focada
nos processos internos da organização e que promove melhor interação empresa e o cliente, o
que pode ser melhorado pela comunicação interna que, por sua vez, vem a promover
qualidade, como um círculo virtuoso, por isso, a cada dia as questões relacionadas ao
planejamento, operação e mensuração da comunicação com os “stakeholders” (funcionários,
acionistas e partes interessadas) se fazem mais presentes entre as principais análises dos
gestores, assim sendo a comunicação interna é considerada um instrumento vital, para o
cumprimento da satisfação total do consumidor.
Conceituando a Comunicação
Churchill (2000) refere-se à comunicação como sendo o processo de transmissão de
uma mensagem do emissor para o receptor, de forma que ambos entendam da mesma forma,
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
no qual através dela as pessoas se comunicam, compartilhando experiências, conhecimentos e
sentimentos, onde a comunicação é um processo, no qual existe a fonte (informação a ser
comunicada), que codifica (mensagem) através de veículos de comunicação, e é transmitida
ao receptor que deverá decodificar a mensagem, caso ocorra falta de decodificação, refere-se
que ocorreu o chamado ruído no sistema de comunicação, ou quando o receptor fornece um
retorno para o emissor, ocorre o feedback, e assim é o processo de comunicação, conforme
figura 1.
A fontecodifica a
mensagem
A fonte transmitea mensagemvia meio de
comunicação
Receptor decodifica a mensagem
O receptor fornecefeedback para
a fonte
Figura 1 – Processo de Comunicação. Fonte Churchill (2000)
Ainda segundo Churchill (2000) a comunicação só é eficaz quando concebida de
forma compreensível e atraente para o público-alvo. No projeto em estudo a comunicação
interna deve atrair de alguma forma os stakeholders, seja através de imagem ou escrita,
proporcionando a promoção da qualidade no ambiente de trabalho e obtendo a satisfação do
cliente.
Considerando que para Yanaze (2007) a comunicação é um poderoso e precioso
instrumento, se não o mais importante de qualquer empresa que se disponha a ter e manter
sucesso com o público-alvo (formado por todos aqueles que compõem o ambiente).
Comunicação Organizacional
Para que o estudo pudesse chegar a conclusão da importância da comunicação, alguns
estudos foram realizados no que tange a comunicação como um todo, onde para Kunsch
(2006, p. 170) a comunicação organizacional é hoje fruto de sementes lançadas no período da
Revolução Industrial, que a partir do século XIX, propiciou o surgimento de mudanças
radicais nas relações de trabalho e na maneira de produzir e no processo de comercializar.
As mudanças frente ao processo de industrialização obrigaram as empresas à buscar
novas formas de se comunicar com o público interno e externo, no qual Kunsch (2006) refere-
se às mudanças ocorridas com o fim da Guerra Fria, com a nova política, a globalização,
revolução tecnológica e da comunicação, tendo as empresas que enfrentar um novo cenário
mundial, agora uma economia marcada pela competição, e com isso foram alteradas por
completo o comportamento das organizações, passando a comunicação, a ser vista como algo
fundamental na área estratégica, no qual, Kunsch (2006) refere-se que Taylor adotava uma
perspectiva dialética no que tange a comunicação, dizendo que a relação entre pessoas com
diferentes visões de mundo, para que haja sucesso na organização devem ser capazes de
agregar experiências e perspectivas para a organização.
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Seguindo a mesma percepção Marchiori (2006, p. 77) diz que toda empresa é um
sistema vivo e que consequentemente apresenta uma realidade de vida diária, a qual é
compartilhada com outros, e nesse processo de comunicação pessoas reagem, pensam,
desenvolvem ações e a construção de diálogos entre lideres e liderados são caminhos
positivos na efetividade nas organizações. Notando que a comunicação é questão de grande
relevância, podendo monitorar e fazer a manutenção de relacionamentos dentro da
organização, o que garante que as empresas que desejam ir além de um sistema altamente
técnico e produtivo, devem dirigir-se ao conhecimento do comportamento das pessoas, afinal,
a organização é um fenômeno social e sua principal característica é a interação humana.
Ainda sobre comunicação organizacional Yanaze (2007) afirma que a boa
comunicação com os fornecedores é a que apresenta objetivamente às necessidades de compra
da empresa, ou seja, especificações claras da qualidade, quantidade, preço, prazo de entrega e
formas de pagamento, assim, garantindo compromissos de ambas as partes, consequentemente
atraindo o interesse de outros fornecedores, o que significa mais opções, que por sua vez
permite maior poder de negociação, resultando em boas compras.
Afinal, a comunicação da empresa e seus clientes, referem-se ao fluxo de comunicação
entre a empresa e o cliente, seja ele pessoa física ou jurídica, que ainda segundo Yanaze
(2007) pode ser definido como “Push – Comunicação que vai da empresa vendedora passa
pelos intermediários e por último, o consumidor final; Pull – Comunicação dirigida ao cliente
final;Push – Pull – Comunicação que combina entre intermediários e clientes finais.”.
Comunicação integrada de marketing de serviços
Muito se diz a respeito da comunicação integrada ao marketing de serviços, mas
seguindo Zeithamal (2003), Gronroos (2009) e Kotler (2005) às expectativas dos clientes são
formadas por fatores incontroláveis e por outros que a empresa pode controlar; De acordo
com a figura 2, a comunicação boca a boca, experiências com outros fornecedores são fatores
que influenciam as expectativas dos clientes, mas geralmente são difíceis de controlar, porém
as ações de comunicação, a força de vendas e as promessas feitas pelos funcionários também
influenciam e são mais fáceis de controlar.
Boca a Bocareferencias
Interações(momento de Verdade)
ExperiênciasExpectativas
Figura 2 – Circulo de comunicação. Fonte: GRÖNROOS (2009)
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Onde, se analisada como o consumidor recebe as informações, nota-se que no passado,
as informações chegavam apenas de veículos de comunicação de massa, já na atualidade o
cenário mudou e o consumidor é bombardeado com informações que vem de todos os lados,
inclusive com interações com os funcionários, por isso a importância de integrar as
informações, para que o cliente receba mensagens e promessas unificadas em todos os níveis
da organização.
A qualidade nos serviços prestados de acordo com Zeithamal (2003) pode levar a
percepções errôneas se houver falta de comunicação, podendo ser afetadas pelos seguintes
fatores: 1) Administração inadequadas das promessas de serviços; 2) Elevadas expectativas
dos clientes; 3) Falta de educação de clientes;4) Comunicações internas inadequadas. E isso
ocorre quando há falha na administração das promessas feitas. Se a comunicação interna é
fraca, a qualidade percebida pelo cliente estará correndo sérios riscos, podendo a empresa
deixar o cliente insatisfeito e não mais atendendo de forma eficiente, perde-se valor, no qual
Kotler (2000, p. 56) define como sendo a diferença entre o valor total para o cliente e o custo
total para o cliente. O valor total para o cliente é o conjunto de benefícios que o cliente espera
de um determinado produto ou serviço. O custo total para o cliente é o conjunto de custos em
que o cliente espera incorrer para avaliar, obter, utilizar e descartar o produto ou serviço.
Portanto, uma comunicação interna de acordo com Zeithamal (2003) pode
proporcionar qualidade de serviços, quando existem políticas e procedimentos entre todos os
departamentos, conforme podem ser vistos na figura 3, a meta é executar serviços maiores ou
igual ao prometido, e isso, pode ser feito administrando às expectativas, administrando a
comunicação e administrando as promessas.
Administrar expextativasdos clientes
Melhorar a educação dos clientes
Administrar as promessas de
serviços
Administrar a comunicaçãode marketing interno
META:Executar serviços
maioresou igual ao prometido
Figura 3 – Abordagem para integração da comunicação de marketing de serviço
Fonte: ZEITHAML (2003)
Dessa forma, Lovelock (2006) afirma que a comunicação é necessária para cultivar
um espírito de equipe, além de assegurar a entrega de um serviço eficiente e satisfatório,
desenvolvendo relacionamentos produtivos e harmoniosos, através de confiança, respeito e
fidelidade entre os funcionários.
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Banwari Mittal (apud LOVELOCK (2006) refere-se que a prestação de serviços
possui problemas de intangibilidade, no qual, procuram-se benefícios como: abstratividade,
generalidade, impossibilidade de pesquisa e impalpabilidade, enfatizando ainda que o
marketing de serviços precisa comunicar com clareza os
atributos e benefícios, para isso Gronroos (2009) dá algumas diretrizes para gerenciar a
comunicação como: esforços de comunicação direta com o funcionário; capitalizar a
propaganda boca a boca; fornecer indícios tangíveis; comunicar intangibilidade; fazer com
que o serviço seja entendido; manter continuidade da comunicação; prometer o que é
possível; observar os efeitos de longo prazo da comunicação; estar consciente dos efeitos da
ausência de comunicação sobre a comunicação; integrar os esforços e mensagens de
comunicação de marketing; os clientes integram as mensagens de comunicação com suas
experiências anteriores, bem como com suas experiências de vida e expectativa; no final, são
os clientes que extraem mensagens pra si mesmas dos esforços de comunicação de uma
empresa, onde completa Lovelock (2006) que refere-se a importância do planejamento de
comunicação com base no modelo 5w e 1H, também muito utilizado na Qualidade Total: -
Quem (Who) – É o nosso público-alvo? - O que (What) – Precisamos comunicar e conseguir?
- Como (How) – Devemos comunicar isso? - Onde (Where) – Devemos comunicar isso? -
Quando (When) – As comunicações precisam ocorrer?
No figura 4, pode-se notar que a comunicação se origina dentro da organização, porém
pode também ser externa como a boca a boca.
Fontes
Boca a Boca
Pessoal da Linhade frente
Pontos de Serviços
PropagandaPromoção de VendasMarketing DiretoVenda PessoalRelações Públicas
Editoriais e veiculos de comunicação
Mensagens Originadas
dentro da organização
Mensagens Originadas
fora da organização
Canais de Produção
Canais de Marketing
PUBLICO
Figura 4 – Fontes que dão origem às mensagens recebidas por um público-alvo
Fonte: LOVELOCK (2006 PAG. 115)
A comunicação assim como outro assunto, possui implicações no mundo corporativo,
desde o pessoal da linha de frente até o CEO da empresa, porém, poucas empresas pensam
estrategicamente a comunicação. Conforme figura 5, Argenti (2006) refere-se que a estrutura
da comunicação dentro da empresa é realizada de forma circular, o que reflete a realidade de
que a comunicação é um processo contínuo, em vez de um processo com principio e fim.
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Comunica-se pormensagens
Que entãoresponde para
Seu público-alvo
A empresa
Figura 5 – Estrutura da comunicação dentro da organização. Fonte: Argenti 2006
Assim, o processo de comunicação de acordo com Gronroos (2009) refere-se que às
empresas devem sempre utilizar de campanhas internas para reforçar a moral dos
funcionários, pois atitudes e motivação vem há muito tempo sendo uma preocupação dos
profissionais de administração e recursos humanos, onde de acordo com Argenti (2006) para
se ter uma comunicação eficiente é necessário: 1) Determinar objetivos de dada
comunicação;2) Decidir que recursos estão disponíveis e 3) Diagnosticar a reputação da
organização, ou seja, analisar a imagem da empresa junto à seus funcionários.
E, além disso, é necessário analisar o público-alvo que Argenti (2006) compara com
estudar a platéia na hora em que se planeja um discurso, o que determina:- Qual o público-
alvo da organização; - O que cada um pensa sobre a organização; - O que cada um sabe sobre
a comunicação em questão
E então a figura 6 a seguir, resume esse modelo de estratégia de comunicação
(ARGENTI 2006, p. 42), no qual existem vários canais para transmitir as comunicações
internas e externas da empresa.
Mensagens
Qual é o melhor canal de comunicação?Como a empresa deve estruturar a mensagem?
Cada público-alvo respondeu da maneira que a empresa desejava?A empresa deve revisar a mensagem à luz das respostas do público?
Quais são os públicos da empresa?Qual é sua atitude em relação à empresa
e ao tópico em questão?
O que a empresa deseja que cada público faça?Que recursos estão disponíveis?Qual é a reputação da empresa?
Públicos
Respostas do público
A empresa
Figura 6 – Estrutura expandida da estratégia de comunicação empresarial
Fonte: Argenti 2006
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Qualidade e Comunicação
A abordagem do estudo no que tange a comunicação interna como ferramenta da
promoção da qualidade total para a satisfação do cliente, segundo Oakland (1994) a
comunicação é uma estratégia essencial para mudar as atitudes em relação à qualidade é
ganhar a aceitação para a idéia da necessidade de mudar e para isso acontecer é indispensável
fornecer informações pertinentes, ensinar boas práticas e gerar interesse, idéias e
conscientização por meio de excelentes processos de comunicação junto aos funcionários,
assim a qualidade e comunicação devem trabalhar juntas, desenvolvendo relacionamentos
adequados com o público interno, e logo desenvolver estratégias de fidelização, no qual de
acordo com Kotler (2000, p. 80) para um projeto de implantação da qualidade, deve-se
investir não apenas tempo em melhorar o marketing externo, mas também melhorar o
marketing interno.
Afinal, a busca pela excelência na prestação de serviços e produtos busca garantir a
satisfação do cliente e vem para agregar valor à marca, e isso deve-se estender para a
satisfação dos funcionários, pois os fundamentos da qualidade estão voltados para dentro da
organização, por isso a importância de uma política de valorização das pessoas.
A comunicação interna deverá partir da alta administração para o pessoal de todos os
níveis, explicando a necessidade e compreensão de todos os processos e aperfeiçoamento de
seus desempenhos.
Ainda segundo Oakland (1994) o processo de comunicação deve ser passado com
entusiasmo e comprometimento e deve incluir as seguintes diretrizes: necessidade de
melhoramento; conceito de qualidade total; importância da compreensão dos processos da
empresa; abordagem a ser feita; responsabilidades individuais e dos grupos dos processos;
princípios de medição de controle.
Para Ferreira (2004) a política de comunicação da empresa deve restabelecer o clima
de confiança entre a empresa e o funcionário, que devem saber o que a organização espera
deles; e dizer quantas vezes forem necessárias. Ainda segundo Ferreira, existem alguns
fatores que definem a importância e o papel da comunicação dentro das organizações que
desejam implantar o programa de qualidade são eles:
- O sucesso do programa de qualidade é diretamente proporcional à
qualidade das decisões que forem tomadas na área de comunicação;
- A qualidade da informação que circula na empresa e indica o estágio
de desenvolvimento do programa de qualidade;
- A empresa deve incluir comunicação nas decisões, pois, segundo ele
na comunicação tem-se que:
1) O domínio do processo de comunicação é essencial ao sucesso dos
programas de qualidade;
2) A falta de informação gera desinformação;
3) Persistência e paciência, são virtudes exigidas aos comunicadores
no programa de qualidade;
4) Idéias valiosas merecem repetição;
5) Programa de qualidade é feito com a participação dos funcionários;
6) Quem diz, informa e quem repete educa.
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Tratando do processo de comunicação nos programas de qualidade, Oakland (1994)
refere-se que através de processos de comunicação excelentes pode-se ganhar a aceitação de
mudança e propõe alguns métodos: sugestões, reuniões de departamento, treinamento
vocacional e de integração, campanhas com cartazes, lembretes, competições, premiações,
demonstrações e exposições, revistas e jornais, pesquisa de opinião ou atitudes.
O tema da comunicação nas obras dos principais mestres da qualidade total – Deming,
Juran e Crosby (apud OAKLAND, 1994) são características como um modelo de
implementação de cima para baixo, também chamado de Top Down, e isso requer a
comunicação organizacional que prioriza a comunicação dentro da empresa, afinal é
necessária a transmissão de informação para repassar os objetivos e instruções. Pois de acordo
com Deming, Juran e Crosby (apud OAKLAND, 1994) é necessário educação e treinamento
para qualidade, visando sempre o comprometimento de todos os envolvidos.
Onde, para Mirshikawa (1990) as empresas precisam aprender a chamar a atenção de
seus funcionários e parar de ter medo da síndrome “medo de perder a pose”.
A importância da comunicação dentro das organizações na
implantação dos Programas de Qualidade
As transformações ocorridas no final do século XX fizeram com que as empresas
analisassem todos os seus processos, devido à concorrência que é cada vez maior. A
globalização impôs para as empresas uma redefinição de posicionamento, devido a
competitividade, às exigências do cliente e das necessidades de criar um produto que atenda
as necessidades do mercado.
Partindo do ponto de vista de Kunsch (2009 p. 196) “vive-se a era da informação, dos
avanços tecnológicos, que invadem e transformam o ambiente organizacional e o ambiente
doméstico, rearticulando e redefinindo as relações espaço temporais”, afinal, as organizações
buscam organizar-se frente as mudanças através da reengenharia, programas de implantação
da qualidade etc, pois vêem nessas ferramentas a busca pela produtividade/lucratividade, além
de uma abordagem mais participativa.
A implantação de um programa de qualidade demanda envolvimento e
comprometimento ativo da alta gerência, através do sistema Top Down, como já foi
visto anteriormente.
Com a abertura do mercado em todo o mundo às organizações sabem que não basta
somente competir na região de atuação, a marca precisa estar fortalecida para concorrer em
qualquer mercado e, está conscientização faz com que a competitividade seja cada vez maior,
e que as empresas tenham sempre que reduzir custos e melhorar a qualidade, pois os clientes
estão cada vez mais exigente.
E uma excelente ferramenta na busca dessa melhoria continua é o modelo de gestão da
qualidade total, que exige um grande trabalho interno de comunicação, análise dos
concorrentes e união dos funcionários e gerência.
Segundo Vieira (2007) a gestão da qualidade total é composta de 5 itens básicos:1-)
Qualidade Intrínseca; 2-) Preço Baixo; 3-) Pontualidade; 4-) Segurança na utilização; 5-)
Moral da equipe
E para Oakland (1994) a qualidade de produtos e serviços não é definida pela empresa
em si, e sim pelo reconhecimento das necessidades e avaliação das exigências do cliente, ou
seja, sua necessidade e expectativa. Tem-se falado que
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
qualidade não é simplesmente o atendimento das exigências do cliente e isso tem sido tido por
autores consagrados, assim como para outros autores mestres da qualidade - Deming, Juran e
Crosby (apud OAKLAND, 1994) -, processo, produto, fornecedor, cliente e produtividade são
conceitos que fazem parte da linguagem da qualidade total.
Nessa perspectiva Kunsch (2009, p. 208) refere-se, na medida em que, tais decisões tendem a
provocar mudanças, ou seja, as políticas de comunicação através de ações planejadas e
integradas junto ao público-interno farão com que os funcionários colaboradores “vistam a
camisa na satisfação do cliente”, pois é exigida participação efetiva e comprometimento por
parte deles, assim, exige-se profundo conhecimento dos processos comunicacionais, para que
a comunicação interna promova o envolvimento dos colaboradores no processo de
implantação dos programas de qualidade.
Para Kunsch (2009) o gestor deve fazer levantamentos de sua comunicação no
processo de implantação da qualidade, tais como:- Como as informações estão chegando aos
funcionários?- Que tipo de linguagem está sendo utilizada?- Como se processa a comunicação
entre os departamentos?- Os funcionários tem recebidos as informações?- Tem conseguido
esclarecer dúvidas e manifestar suas ansiedades, frustrações e expectativas? E Marchiori
(2006) reforça dizendo que qualquer mudança pressupõe comunicação, visto que a
sobrevivência da organização e a manutenção de suas relações são obtidas e mediadas por
processos organizacionais, o que possibilita à organização: a cooperação e o senso comum.
Conceitos e Evolução da Qualidade
Na perspectiva da qualidade, há uma evolução visto que ao longo dos anos, muito se
tem a comemorar, mundialmente e no Brasil, o papel do ser humano nos programas de
qualidade é fator que pode levar ao sucesso na implantação dos programas de qualidade.
No que se refere ao conceito de qualidade para Deming (apud MIRSHIKAWA,1990):
“a qualidade deve ter como objetivo às necessidades do usuário, presentes e futuras”;
Feigenbaum: “o total das características de um produto e de um serviço referentes à
marketing, engenharia, manufatura e manutenção, pelas quais o produto ou serviço, quando
em uso, atenderá as expectativas do cliente. E segundo Oakland (1994) deve-se visualizar a
qualidade do atendimento, das exigências do cliente também como: disponibilidade,
efetividade de entrega, confiabilidade, condições de manutenção, adequação de custos dentre
outros.
Já Campos (2004) enxerga a qualidade como atender as necessidades do ser humano,
ou seja, as organizações devem produzir produtos/serviços que devem ser projetados e
produzidos e que o consumidor consiga perceber o valor; que segundo Porter (1989, p. 33)
define como uma junção de atividades executadas para projetar, produzir, comercializar,
entregar e sustentar um produto ou serviço, que de acordo com a figura 7, envolve vários
departamentos da empresa.
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Figura 7: A Cadeira de Valores Genérica (PORTER 1989)
Além disso para Campos (2004) a empresa que conseguir oferecer um produto de
qualidade e preço bom, assim conseguirá maior fatia do mercado, o que garante a
sobrevivência da empresa é a garantia de sua competitividade, conforme figura 8.
Sobrevivência
Competitividade
Produtividade
ProjetoPerfeito
FabricaçãoPerfeita
SegurançaPerfeita
AssistênciaPerfeita
Entrega no Prazo Certo
CustoBaixo
Qualidade (Preferência do Cliente)
Figura 8 – Interligação entre os conceitos. CAMPOS (2004)
Seguindo o conceito de qualidade, Garvin (1984) identifica cinco abordagens distintas
das quais podem se originar os possíveis conceitos da qualidade.
1-) Abordagem centrada no processo: Está abordagem prioriza o
processo produtivo, como conformidade com as especificações do
projeto, proporcionando confiança no consumidor, no qual o processo
é conhecido e aprovado pelo cliente.
2-) Abordagem centrada no produto: A Qualidade está relacionada
com as características que o produto apresenta, ou seja, na análise dos
itens que compõem o produto.
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
3-) Abordagem centrada no valor: A qualidade pode ser considerada
como sendo o valor financeiro, ou seja, o custo/benefício, mas
também é analisado valores como: culturais, éticos, morais,
sentimentais, do interesse em obter o produto.
4-) Abordagem transcendental: A qualidade é definida como sinônimo
a excelência, os elementos não mais estão presentes no produto e sim
na identificação da marca, ou pela confiança e status.
5-) Abordagem centrada no usuário: A qualidade está vinculada ao
real atendimento das necessidades do consumidor, são de caráter
subjetivo, pois está associado às suas características pessoais que o
produto pode ter.
No qual para Carvalho et al (2005) as classificações temporais mais adotadas é a
proposta por David Garvin, que classifica a evolução histórica da qualidade em quatro eras:
inspeção, controle estatístico da qualidade, garantia da qualidade e gestão da qualidade.
Características Interesse
Principal
Visão de
Qualidade
Ênfase Métodos Papel dos
profissionais
da qualidade
Quem é o
responsável
pela
qualidade
Inspeção
Verificaçã
o
Um
problema a
ser resolvido
Uniformidad
e do produto
Instrumentos
de medição
Inspeção,
classificação,
contagem
avaliação e
reparo
Departamento
de inspeção
Controle
Estatístico do
Processo
Controle
Um
problema a
ser resolvido
Uniformidad
e do produto
com menos
inspeção
Ferramentas e
técnicas
estatísticas
Solução de
problemas e a
aplicação de
métodos
estatísticos
Os
departamentos
de fabricação e
engenharia
(controle de
qualidade)
Garantia da
Qualidade
Coordena
ção
Um
problema a
ser
resolvido,
mas que é
enfrentado
proativament
e
Toda cadeia
de
fabricação,
desde o
projeto até o
mercado, e a
contribuição
de todos os
grupos
funcionais
para impedir
falhas de
qualidade
Programas de
Sistemas
Planejamento,
medição da
qualidade e
desenvolviment
o de programas
Todos os
departamentos
com alta
administração
se envolvendo
superficialmen
te no
planejamento e
na execução
das diretrizes
para a
qualidade
Gestão Total
da Qualidade
Impacto
Estratégic
o
Uma
oportunidade
de
diferenciaçã
o da
concorrência
As
necessidades
de mercado
e cliente
Planejamento
Estratégico,
estabeleciment
o de objetivos
e a
mobilização da
organização
Estabeleciment
o de metas,
educação e
treinamento,
consultoria em
outros
departamentos
e
desenvolviment
o de programas
Todos na
empresa, com
a alta
administração
exercendo
forte liderança.
Quadro 1 Eras da Qualidade - Fonte: CARVALHO (et al 2005) adaptado de Garvin, 1992
29
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Planejamento da qualidade
No campo do estudo em questão, há ainda que se falar sobre o planejamento da
qualidade, visto que há a necessidade de analisar a importância desse processo, em todo
campo da qualidade, onde segundo Juran (1988) muitas organizações estão se defrontando
com perdas e desperdícios, tudo devido às deficiências no processo de planejamento da
qualidade o que tem levado à:
- Perdas nas vendas devido a alta competitividade entre as empresas, pela preferência
do consumidor.
- Custos com retrabalho e reclamações dos clientes.
- Ameaças a sociedade que estão cada vez mais preocupadas em aumentar a duração
de suas vidas e diminuir tarefas banais.
Ainda segundo, Juran (1989) admite que a qualidade está diretamente ligada ao
desempenho e satisfação do produto ou serviço, no qual estão ligados aos seguintes aspectos:
rapidez de atendimento, eficácias das campanhas publicitárias e uniformidade intrínseca de
um processo de produção, conforme figura 9.
Clientes
Marketing
Clientes
Operações
Desenvolvimento do produto
Desenvolvimento do produto
Figura 9 – A espiral do processo de qualidade. Fonte: Juran 1988
A espiral refere-se às atividades empregadas para colocar um produto no mercado, no
qual cada departamento efetua um processo da operação que é entregue ao cliente de outro
departamento ou não, cliente este podendo ser interno ou externo.
O propósito do planejamento de qualidade é fazer com que os produtos atendam às
necessidades do cliente e que diminuam desperdícios, que compreendem às seguintes
atividades: identificação dos clientes e suas necessidades; desenvolvimento de um produto
que responda essa necessidade; e desenvolvimento de um processo capaz de fazer tal produto.
Conforme figura 10 que se refere ao roteiro para detecção de quem são os clientes,
suas necessidades, conhecimento sobre o produto, características do produto, processo de
produção e o produto final que deverá satisfazer as reais necessidades do cliente.
30
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Produtos e processos existentes
Necessidades de clientes (em unidades de medida)
Lista de clientes Características do produto
IdentificarClientes
Desenvolvimentodo produto
Descobrirnecessidades dos clientes
Otimização doprojeto do produto
Tradução Desenvolvimentodo processo
Estabelecimentode unidades de medida
Capacidade do processo
Estabelecimento demensuração Transferência para
produção
Necessidades dos clientes
Produto pronto para produzir
Necessidades do clientena linguagem deles
Metas do produto
Necessidades dosclientes na nossa
linguagem
Características do processo
Unidades de medida Processo prontopara transferência
Figura 10 – O roteiro do planejamento da qualidade. Fonte: Juran 1989
Completando Juran (1989) defende o planejamento da qualidade, como também sendo
necessário para vários processos, entre eles o recrutamento de novos funcionários, preparação
de previsão de vendas e produção de faturas.
E Paladine (2008) completa que a qualidade requer ações planejadas, afinal requer
tomadas de decisões, além de eliminar ações improvisadas, decisões com base intuitiva e
subjetiva, ou seja, o planejamento antecipa-se aos problemas, significando agregação de valor
ao processo produtivo e na relação com o mercado, contribuindo para superar às expectativas
frente ao consumidor.
31
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Gerenciamento da Qualidade
O gerenciamento da qualidade, de acordo com Oakland (1994) e Paladine (2008) é
uma abordagem para melhorar a competitividade, a eficácia e a flexibilidade de toda a
organização, no qual é necessário planejar, organizar e compreender cada atividade; para uma
organização ser realmente eficiente, cada parte deve trabalhar em sinergia, visando os
mesmos objetivos, reconhecendo que cada atividade afeta outro departamento e,
consequentemente, por eles o seu pode ser afetado. E CAMPOS (2004) completa que é uma
abordagem para detecção de prevenção de problemas, onde Falconi utiliza o gerenciamento
pelas diretrizes para solucionar os problemas da organização, de acordo com a figura 11.
Melhoria dos produtose processos existentes
Nível do Resultadoda empresa
Tempo
Prazo
Meta Atingívelpelo gerenciamento
da rotina
Meta Necessáriapara a sobrevivência
Situação Atual
Novos produtos e novos processos (tecnologia)
Busca das causas queimpossibilitam o atingimento
Idéias de medidas
Medidas de rompimentocom a situação atual
(breakthrough)
Desdobramento dasmedidas
Gerenciamento pelasDiretrizes
AnáliseDiferença
Figura 11 – Conceituação do Gerenciamento pelas Diretrizes. Fonte: CAMPOS 2004
O gerenciamento pelas diretrizes de Falconi tem como objetivo transformar as
estratégias da organização em realidade, e o que irá operacionalizar esse gerenciamento é a
utilização do método PDCA, método esse desenvolvido por Walter
A. Shevart na década de 20, que significa:
P = Planejar (plan)
D = Executar (do)
C = Controlar (control)
A = Agir (action)
Gestão da Qualidade Total
Ao se tratar da gestão pela qualidade total para Siqueira (2005) os pioneiros da
qualidade são: Deming (Controle Estatístico do processo), Juran (Metodologia para a solução
32
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
dos problemas); Ishikawa (as sete ferramentas da qualidade), conforme figura 12, tem-se o no
aprimoramento da organização, na redução de custos, aprimoramento da equipe de trabalho e
na satisfação do cliente. A filosofia requer mudança na mentalidade de toda a empresa e é a
colaboração horizontal entre todas as funções e departamentos, estendendo para clientes e
fornecedores. Por isso, para (SIQUEIRA, 2005), a importância da comunicação em todo
processo de implantação de programas de qualidade.
MelhorQualidade
MelhorProdutividadeCustos
diminuem graças a menos
retrabalho,menos atrasoe obstáculos,melhor usode tempo,máquinase insumos
Conquistade mercadocom melhorqualidadee preços menores
Manutençãodos negócios
Ampliação do
mercado de trabalho
Figura 12 - Qualidade: estágios do conceito de qualidade, ferramentas e procedimentos.
Fonte: Siqueira, 2005
Afinal, de acordo com Oakland (1994), a Qualidade Total é uma abordagem para
melhorar competitividade, a eficácia e a flexibilidade da organização. É uma maneira de
planejar, organizar e compreender cada atividade, e depende de cada individuo em
cada nível, por isso, a necessidade do envolvimento, onde a comunicação torna-se fator
estratégico para a execução com sucesso dos programas de qualidade.
Por isso, para Kunsch (2009) a gestão da qualidade total ou o controle da qualidade
total, pode ser definido como um sistema administrativo, ou melhor uma função ou filosofia
gerencial, no qual apesar de não haver consenso entre os expertises da qualidade, TQM (Total
Quality Management), GQT (Gestão da qualidade total) e TQC (Total Quality Control) são
modelos de gerenciamento, tornando assim a necessidade de uma comunicação bem
estruturada, afim de facilitar a compreensão do processo como um todo, especialmente com o
público-interno. Processo, produto, fornecedor, cliente e produtividade são conceitos básicos
e que fazem parte da linguagem da qualidade total.
Qualidade em Serviços
Considerando que serviço é algo intangível, torna-se extremamente difícil de ser
avaliado, onde Lovelock (2006), defende que para que a empresa possua qualidade em
serviços, é necessário que o pessoal da empresa tenha um entendimento comum para poder
atacar questões como a medição da qualidade, identificar as causas de carência e elaborar
implementações de ações corretivas.
Alguns pesquisadores sugerem que a qualidade percebida de um serviço é o resultado
de um processo de avaliação no qual cliente comparam suas percepções da entrega do serviço
e o resultado com aquilo que esperavam.
Segundo Zeithaml (2003) os consumidores consideram cinco dimensões nas análises
sobre qualidade em serviços:
33
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
- Confiabilidade: Habilidade para executar o serviço prometido de
modo seguro e preciso.
- Responsividade: A vontade de ajudar os clientes e de prestar
serviços sem demora.
- Segurança: O conhecimento dos funcionários aliado a simpatia e à
sua habilidade para passar credibilidade.
- Empatia: Cuidado, atenção individualizada e dedicada aos clientes.
- Tangíveis: Aparência das instalações físicas, equipamentos, pessoal
e materiais impressos.
Segundo Zeithaml (2003) é importante observar que existe uma diferença entre
satisfação e qualidade em serviços, no qual satisfação é vista como um conceito mais amplo,
visto que qualidade em serviços, concentra-se especificamente nas dimensões dos serviços, de
acordo com a figura13.
Confiabilidade
Qualidadeem
serviços
Qualidadedo
Produto
Preço
Fatoressituacionais
Satisfaçãodo
cliente
FatoresPessoais
Responsividade
Segurança
Empatia
Tangibilidade
Figura 12 – Percepções de clientes sobre qualidade e satisfação. Fonte: Valerie (2005)
Ainda segundo Zeithaml (2003) o processo de formação do nível de satisfação do
cliente passa por algumas experiências, que envolve: necessidades, desejos, experiências
passadas, comunicação e preço, assim como mostra a figura 14, no entanto GRÖNROOS
(2009) defende a idéia de que qualidade em serviço envolve a percepção do cliente, onde está
diretamente ligada na função do desempenho percebido x expectativas apresentadas.
Expectativas do cliente
Necessidades Desejos ExperiênciaPassada
ComunicaçãoBoca a Boca
ComunicaçãoExterna
Preço
Figura 14 – Expectativa do cliente. Fonte: ZEITHAML (2003)
34
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Completando Zeithaml (2003) e Correa (2008) defendem que o contato do cliente
com a prestação de serviço, ou o momento verdade, pode assumir uma importância muito
grande na percepção de qualidade do cliente, por isso a identificação das falhas é tão
complexa e requer tanta atenção.
De acordo com a figura 14 as expectativas do cliente, além de passar pelo processo de
formação da satisfação (conforme visto na figura 15) passam também por cinco brechas
“gaps”, os quais se referem às falhas de qualidade na prestação de serviço:
Gap 1 – Falha na comparação expectativa do cliente (percepção gerencial);
Gap 2 – Falha na comparação percepção gerencial – especificação da
qualidade do serviço;
Gap 3 – Falha na comparação especificação do serviço – prestação do serviço;
Gap 4 – Falha na comparação prestação do serviço – comunicação externa com
o cliente;
Gap 5 – Falha na comparação expectativa do cliente – percepção do cliente.
Expectativas do cliente
Percepção do cliente quanto ao desempenho apresentado
Prestação (ciclo) do serviço - oepração
Especificação (design) do processo do serviço - Projeto
Percepção do gestor sobre o que seriam as expectativas do cliente
Necessidades Desejos ExperiênciaPassada
ComunicaçãoBoca a Boca
ComunicaçãoExterna
Preço
Gap 1
Gap 2
Gap 3
Gap 4Gap 5
Figura 15 – Modelo dos 5 gaps para análise de causas de falhas de qualidade. Fonte: CORREA, 2008
Cultura da qualidade na organização
Quando a organização decide implantar a gestão pela qualidade total, deve ter em
mente que o foco na qualidade não será apenas presente nos setores de produção, deve saber
que a qualidade deve ser uma cultura compartilhada entre todos os funcionários, daí a
importância do processo de comunicação interna, que de acordo com Ferreira (2004) é preciso
35
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
que as regras estejam definidas e explicitas para que a informação transmitida possa ter o
envolvimento dos colaboradores.
Já para Kunsch (2009), também, as organizações devem quebrar paradigmas
organizacionais, principalmente no mundo de avanços e inovações tecnológicas e buscar se
redefinir. Embora a qualidade seja conhecida há milênios, atualmente essas atividades
relacionadas à qualidade são consideradas fatores essenciais para o sucesso estratégico da
empresa, e exigem uma abordagem mais participativa e em uma perspectiva holística.
A mobilização e o envolvimento desejados pela organização serão mais facilmente
conquistados, compartilhados e vivenciados se houver reconhecimento e compreensão por
parte de todos da empresa, vista à importância dos processos comunciacionais com foco na
cultura da qualidade e excelência.
Para Marchiori (2006) a partir do momento em que as pessoas passam a se relacionar
em grupo e a desenvolver formas de ser e agir, fica claro que a cultura está sendo
desenvolvida dentro da empresa, pois é formada por um conjunto de valores e crenças que são
transmitidas dentro da organização, e a partir do momento que a cultura da qualidade passa
ser a implementada dentro da empresa, ocorre um choque, por isso a necessidade da
comunicação, e Kunsch (2009) completa que a partir do momento que a organização deseja
a implantação dos programas de qualidade, passa então a requerer uma mudança de atitude e
muitas vezes da cultura organizacional, precisando do engajamento de todos, e clareza nas
informações passadas, melhorando espaços de diálogo, de efetiva participação e colaboração
de seus funcionários.
Conclusões
A Comunicação interna deve ampliar a visão do empregado, dando-lhe um
conhecimento sistêmico do processo. Por isso, o processo de comunicação interna precisa ser
valorizado e os canais de que ele dispõe (jornais, boletins, intranet, murais etc) devem ser
disponibilizados de forma eficaz e atrativa para que realmente cumpram sua missão de
integrar todo o quadro funcional de uma organização.
Comunicar é mais que informar, é atrair, é envolver. E neste processo, todos os
empregados possuem seu valor e atuam de forma a tornar uma organização bem informada,
assim é preciso que haja uma cultura nas empresas que suporte essa configuração voltada para
a Qualidade Total e, em não havendo, é necessário que sejam feitas as mudanças culturais
necessárias para tanto. Novos valores, novas atitudes devem ser adotados, ou seja, uma
mudança de mentalidade desde a direção.
até o nível operacional da estrutura é, em última análise, uma questão de conscientização para
a promoção da qualidade e a busca pela satisfação do cliente.
A qualidade total em uma empresa tem o objetivo de melhorar a eficácia, e deve ser
entendida como estratégia que pode levar a empresa à uma situação de diferenciação frente à
concorrência. O caminho é longo e exige determinação e comprometimento da alta
administração, tendo como foco principal a satisfação total do cliente.
No processo de promoção da qualidade total, a comunicação interna torna-se mais
urgente e necessário principalmente no que se refere a um programa que suportará estratégias
e propostas a serem utilizadas em novos processos organizacionais. Para isso devem–se
construir mensagens que sejam eficazes, éticas e favoráveis ao que está sendo proposto.
Assim, a comunicação e o treinamento podem ser um poderoso estimulo para promover os
melhoramentos da satisfação do cliente para a organização. E isso deverá ocorrer utilizando
métodos apropriados de comunicação. Dentre os principais estão: Comunicação verbal
36
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
realizada entre pessoas ou grupos, de forma direta ou indireta; Comunicação escrita por meio
de boletins, folhas de informação, relatórios e recomendações e Comunicação Visual por
meio de Cartazes, exposições, vídeos, mostruários.
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38
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
O Conhecimento em Pronto-Socorrismo de
Professores da Rede Municipal de Ensino do Ciclo I de
Cruzeiro-SP
Miguel A. de Oliveira Júnior Mestre em Linguística Aplicada – Professor das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila, da
Associação Educacional Dom Bosco e da Escola Superior de Cruzeiro
Carlos Jaime da Silva Júnior Graduado em Educação Física e em Gestão de Recursos Humanos
Elizandra Maria de Toledo Graduado em Educação Física
Resumo
A falta de conhecimento da população em primeiros socorros acarreta inúmeros problemas, como a
manipulação incorreta da vítima e a solicitação, às vezes desnecessária, do socorro especializado em
emergência. O objetivo deste trabalho é identificar o nível de conhecimento dos professores do ciclo I das
escolas municipais de ensino da cidade de Cruzeiro-SP. O estudo foi realizado em quatro escolas públicas
municipais que oferecem ensino fundamental. O trabalho é relevante por se tratar de um tema de grande
importância e pela conscientização dos profissionais da área a importância de um socorro correto. Para a
coleta de dados foi elaborado questionário, sendo aplicado aos professores das escolas em estudo. Por meio da
análise estatística descritiva, verificou-se um bom conhecimento para a realização de atendimento aos casos de:
desmaios e sangramento nasal, já frente às situações de convulsão, fraturas e avulsão dental, não tomariam a
conduta correta. Conclui-se que o treinamento sobre princípios básicos de primeiros socorros nas escolas é de
fundamental importância para minimizar danos advindos da incorreta manipulação com a vítima e falta de
socorro imediato.
Palavras-chave
Primeiros socorros; Conscientização; Ensino Fundamental.
Abstract
The lack of knowledge of the population in first aid entails numerous problems such as incorrect handling the
victim's request, sometimes unnecessary, the specialized help in emergencies. The objective of this study is to
identify the knowledge level of teachers from the first cycle of education in municipal schools of the city of
Cruzeiro-SP. The study was conducted in four public schools offering elementary education. The study is
relevant because it is a matter of great importance and awareness of professionals about the importance of a
proper rescue. For the data collection questionnaire was devised, and applied to teachers in schools in the
study. Through statistical analysis, there was a good understanding for the realization of care of patients:
nosebleeds and fainting, as the face of situations of seizures, dental avulsion fractures and not take the right
conduct. It is concluded that training on the basics of first aid in schools is crucial to minimize damage arising
from incorrect handling with the victim and lack of immediate help.
Keywords
First aid; Awareness, Schools, Elementary School.
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Introdução
A prática educativa em saúde não é uma preocupação atual. Na Europa, desde o século
XIX, eram adotadas medidas de higiene e controle de doenças utilizando a educação em saúde
(HERINGER, FERREIRA, ACIOLI & BARROS, 2007). No Brasil, desde o início do século
XX, quando a população encontrava-se assolada por graves epidemias, deu-se ênfase à
educação em saúde, a qual assumiu a conotação de determinar normas de conduta moral,
convívio social e de higiene (SABÓIA, 2005).
O artigo 135, do Código Penal Brasileiro, é bem claro: a omissão de socorro e a falta
de atendimento de primeiros socorros eficiente são os principais motivos de mortes e danos
irreversíveis nas vítimas. Os momentos após um acidente, principalmente as duas primeiras
horas são os mais importantes para se garantir a recuperação ou a sobrevivência das pessoas
feridas.
Os acidentes com crianças no âmbito escolar são frequentes. Cabe ao profissional
dessa área, ter o mínimo de conhecimento para socorrer seu corpo discente em situações
decorrentes, segundo pesquisas os acidentes mais frequentes na escola são: corpos estranhos
nos ouvidos, olhos e nariz, objetos engolidos, além dos estudados nessa pesquisa.
No capítulo um, será abordada a importância dos primeiros socorros, suas definições e
modo de socorro não só no âmbito escolar, mas para o dia a dia, já no capítulo dois, os
acidentes escolares mais comuns e suas formas práticas de socorro.
Os resultados das pesquisas nos mostram que o trabalho de conscientização dos
profissionais dessa área é muito importante, pois os mesmos apresentaram, algum
conhecimentos em primeiros socorros, se portaram de maneira certa, nas situações de
desmaios e sangramentos, parcialmente em fraturas, e não souberam como
socorrer alunos em situações de convulsão e avulsão dental.
A importância dos primeiros socorros
Em 1958, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o termo “acidente” como
um acontecimento independente da vontade humana, provocado por força exterior que atue
rapidamente sobre o indivíduo, com consequente dano físico ou mental (BATAGLIA, 2002).
Primeiros socorros são os cuidados imediatos que devem ser dispensados à vítima de
acidente ou mal súbito. Via de regra, estes serão prestados no local da ocorrência, até a
chegada de um médico, e se destinam a salvar a vida ameaçada e a evitar que se agravem os
males de que a vítima está acometida. (ROJO, 2002)
Acidentes podem ocorrer em qualquer lugar e a qualquer momento. Trata-se de
situações nas quais se pratica atividade física, em academias, nos parques e, principalmente,
na escola, o risco de acidentes aumenta ainda mais.
Assim, um atendimento de emergência mal feito pode comprometer ainda mais a
saúde da vítima. Pode-se dizer que todos os seres humanos são possuidores de um forte
espírito de solidariedade e é este sentimento que os impulsiona a tentar ajudar as pessoas em
dificuldades. E, nestes trágicos momentos após os acidentes, muitas vezes entre a vida e a
morte, as vítimas são totalmente dependentes do auxílio de terceiros. Acontece que somente o
espírito de solidariedade não basta. Para que se possa prestar um socorro de emergência
correto e eficiente, é necessário que se dominem as técnicas de primeiros socorros.
41
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Assim, estas noções de primeiros socorros devem ser dadas, preferencialmente, por
profissionais da área de saúde.
Acidentes escolares
Geralmente, os acidentes são formados de vários fatores e é comum quem os
presencia, ou quem chega ao acidente logo que este aconteceu, deparar com cenas de
sofrimento, nervosismo, pânico, pessoas inconscientes e outras situações que exigem
providências imediatas (SABÓIA, 2005).
Acidentes no ambiente escolar são muito frequentes. A curiosidade natural das
crianças expõe-nas a situações de risco nem sempre perceptíveis para seus responsáveis. Na
escola, por exemplo, somente após o acidente é que o professor percebe o perigo de uma
cadeira próxima à janela ou um móvel pontiagudo na sala de aula. Muitas vezes, os
professores não recebem um treinamento adequado em “primeiros socorros”, assim, diante de
uma situação extrema, não sabem como proceder. (COLLUCI, 2007).
Métodos
Trata-se de uma pesquisa do tipo descritivo. O principal objetivo foi aferir o grau de
conhecimento dos professores da rede municipal de ensino do ciclo I de Cruzeiro-SP.
Amostra
Esta pesquisa foi realizada com os professores da rede municipal de ensino escolhidos
de forma aleatória da cidade de Cruzeiro-SP, totalizando 30 sujeitos na pesquisa.
Materiais e Instrumentos
Para a realização desta pesquisa utilizou-se um questionário com nove (9) perguntas.
Procedimentos
Os professores pesquisados expuseram os objetivos da pesquisa aos diretores das
instituições de ensino que compõem a amostra deste estudo e receberam autorização deles
para responderem os questionários e usarem das informações coletadas sigilosamente. As
participações dos entrevistados foram voluntárias e mediante a assinatura de termo de
consentimento esclarecido, autorizando a utilização e divulgação dos dados.
Análise dos dados
Os dados foram demonstrados em tabelas e gráficos acompanhados de análise que
realiza a devida leitura de cada um deles.
42
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Resultados e discussão
Gráfico 1: Sua formação aconteceu em que período?
8%
30%
39%
23%
Década de 70
Década de 80
Década de 90
Década de 2000
Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.
Com relação ao período de formação, apenas 8% dos entrevistados tiveram sua
formação na década de 70, já 23% dos profissionais na década de 80, 30% na década de 90, e
a maioria do corpo docente entrevistada tiveram sua formação concluída na de 2000.
Segundo Faro (2001), a formação dos profissionais da educação mudou drasticamente,
o nível de conhecimento adquiridos durante o período acadêmico a partir da década 90, não se
compara a formação de décadas passadas, por isso cabe aos profissionais dessas décadas uma
reciclagem, que devem acontecer no mínimo de cinco em cinco anos.
Gráfico 2: Você teve uma disciplina específica voltada aos primeiros socorros no seu curso de
formação ?
20%
80%
Sim
Não
Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.
43
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Com relação à disciplina de primeiros socorros, apenas 20% dos entrevistados tiveram
em sua grade curricular, primeiros socorros, entretanto 15% desta população tiveram esse
conteúdo na formação de educação física, e não na formação que utilizam para dar aulas. 80
% dos entrevistados não obtiveram primeiros socorros em sua formação acadêmica.
Gráfico 3: Você já presenciou, ou teve a incumbência de socorrer um aluno
100%
0%
Sim
Não
Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.
Com relação ao pronto socorrismo 100% dos entrevistados, já passaram por uma
situação de acidentes escolares. Como confirma Rojo (2005), acidentes no ambiente escolar
são muito frequentes. A curiosidade natural das crianças expõe-nas a situações de risco nem
sempre perceptíveis para seus responsáveis.
Gráfico 4: Quais os acidentes mais comuns em sua escola ?
18%
8%
45%
12% 3%
14%
Desmaios
Convulsão
Fraturas
Sangramentos
Avulsão dental
outros
Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.
44
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Com relação aos acidentes que mais acontecem no âmbito escolar, 45% dos
entrevistados acusaram o sangramento como fato apresentado dentro do quadro de acidentes
escolares, 18 % desmaios, 14% relacionaram as fraturas, 12% convulsões, apenas 8 % avulsão
dentária, e 3% outros, dos quais foram relacionadas hemorragias externas e dores de
estomago.
Gráfico 5: Como agir em uma situação de desmaio ?
83%
17%
Certa
Errada
Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.
Com relação a desmaios, apenas 17% dos entrevistados agiriam de forma incorreta e
83% fariam corretamente as técnicas.
Gráfico 6: Como agir em uma situação de sangramento ?
100%
0%
Certa
Errada
Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.
45
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Segundo Nogueira (1994), pressionar o ferimento até que pare de sangrar, pedir para a
vítima elevar o membro ferido e pressionar pontos específicos.
Se o sangramento não parar, rever a técnica quantas vezes for necessária. Não aplicar
torniquete, somente o aplique, se ocorrer amputação e o sangramento estiver abundante, sem
ter resulatado eficaz com as tentativas das técnicas de hemostasia.
Gráfico 7: Como agir em uma situação de convulsão ?
37%
63%
Certa
Errada
Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.
Segundo Rojo (2002), a crise convulsiva costuma ser um momento muito estressante.
A primeira coisa que deve se ter em mente é que a maioria das crises dura menos que 5
minutos e que a mortalidade durante a crise é baixa. Assim, deve-se manter a calma para que
se possa, efetivamente, ajudar a pessoa. Medidas protetoras que devem ser tomadas no
momento da crise são apoiar a cabeça da vítima, afrouxar tudo que possa estar apertado e
afastar qualquer objeto que possa feri-la.
Gráfico 8: Como agir em uma situação de avulsão dental ?
7%
93%
Certa
Errada
Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.
46
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Segundo Fox (2005), a avulsão dental deve-se seguir os procedimentos lavando o
dente em água mineral sem esfregar a peça, recolocando a mesma na cavidade, se não houver
a possibilidade pela vítima estar nervosa e agitada coloque a peça em um copo com leite, água
mineral ou na boca da mãe e leve a vítima imediatamente para o dentista.
Gráfico 9: Como agir em uma situação de fratura ?
40%
60%
Certa
Errada
Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.
Segundo Fox (2005), deve-se cobrir a área fraturada com um pano limpo,
principalmente se a fratura for aberta e fazer com que o acidentado fiquei calmo. Imobilizar a
fratura colocando uma superfície plana por baixo e nas laterais do ferimento e envolva com
uma tira de pano ou gaze. Sendo a fratura próxima à articulação, imobilize esta também.
Chame rapidamente socorro especializado levando a vítima o mais rápido possível ao pronto-
socorro.
Conclusão
Essa pesquisa possibilitou a observação dos procedimentos de urgência e emergência
realizados por professores de escolas públicas, mediante os acidentes, avaliando-se assim o
conhecimento dos profissionais de escolas de ensino fundamental.
Percebeu-se que pouco dos profissionais que trabalham na área da educação infantil
tiveram em sua grade formação primeiros socorros, cabe enaltecer que apenas os profissionais
de educação física que trabalham nessa área, são habilitados para prestar os primeiros
socorros. Como pôde-se observar, os acidentes estudados nessa pesquisa são os mais
decorrentes na escolas, de acordo com os profissionais estudados e a literatura apresentada.
Os profissionais apresentaram, sim, alguns conhecimentos em primeiros socorros, se
portaram de maneira certa nas situações de desmaios e sangramentos, parcialmente em
fraturas, e não souberam como socorrer alunos em situações de convulsão e avulsão dental.
Sugere-se, ainda, a implantação de um programa de treinamento de urgências e
emergências com professores e funcionários do sistema de ensino fundamental, visando
desenvolver ações de prevenção e promoção da saúde do escolar, a fim de minimizar danos
advindos da incorreta manipulação com a vítima e/ou a falta de socorro imediato, visto que
estes fatores citados, não só contribuem com o agravamento do estado da vítima, como
resultam em maior tempo de permanência hospitalar devido a complicações.
47
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Além disso, evidencia-se a importância de realização de outros estudos na área para
identificação dos acidentes mais frequentes bem como a adoção de medidas preventivas e de
condutas de emergência no âmbito escolar.
Referências
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SABÓIA, V.M. A Enfermeira e a prática educativa em saúde: a arte de talhar pedras. Rev
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48
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49
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Tecnologia na Educação: a aprendizagem da Língua
Inglesa por meio da rede social LiveMocha
Neide Aparecida Arruda de Oliveira Mestre em Linguística Aplicada pela Unitau
Francini Mengui Campos Graduada em Letras Português/Inglês
Resumo
O objetivo deste artigo é promover uma reflexão sobre os processos de ensino e aprendizagem em
meio virtual com auxílio das novas tecnologias em uma comunidade virtual conhecida como
Livemocha. Trata-se de um ambiente virtual que busca promover a aprendizagem de idiomas de
forma colaborativa, uma vez que o aprendiz de língua estrangeira no Livemocha também passa a ser
professor de sua língua materna. A aplicação de novas tecnologias na educação vem modificando o
panorama do sistema educacional e, por isso, pode-se falar de um tipo de aula antes e depois da
difusão de mídias integradas e tecnologias avançadas de comunicação digital. Os resultados das
aplicações de tais tecnologias estão criando condições objetivas para questionarem a real
necessidade de se preparar para o ensino virtual. Na era da tecnologia, da Internet, das redes sociais,
a aprendizagem de idiomas se remodela e modela a atividade do aluno. Cada vez mais, surgem
mobilizações virtuais em busca de conhecimentos. Um fator relevante para manter o aluno envolvido
na sua aprendizagem por conta dos sistemas mochapoints e outros recursos e estratégias
disponibilizadas no Livemocha.
Palavras-chave
Educação; Internet; Livemocha; Tecnologia; Língua Inglesa.
Abstract
The purpose of this article is to discuss teaching and learning process through virtual media with the
support of new technologies in a virtual community known as Livemocha. It is a virtual environment
that seeks to promote language learning in a collaborative way, once the apprentice of foreign
language in Livemocha also happens to be their mother tongue’s teacher. The implementation of new
technologies in education has been changing the prospect of the educational system and, therefore, it
can be said that there is a former and later sort of lesson after the diffusion of an integrated media and
advanced technologies of digital communication. The results of such implementation are bringing
forth objective conditions to questioning the real need to prepare for virtual learning. In the age of
technology, the Internet, social networks, language learning remodels and modeling the activity of the
student. Increasingly, there is a virtual mobilization searching for knowledge. This is an relevant point
to preserve the student engagement in learning throught Mochapoints systems and other resources
and strategies available on Livemocha.
Keywords
Education; Internet; Livemocha; Technology; Foreign Language
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Introdução
Há 30 anos seria impossível imaginar uma sala de aula sem o quadro ou uma pesquisa
escolar feita sem uma enciclopédia. Muito menos, que esses instrumentos consagrados seriam
substituídos por modernas lousas digitais e inúmeras obras virtuais disponíveis na Internet.
Mas os tempos mudaram, sim, e a presença da tecnologia na educação avança a cada dia.
A aplicação de novas tecnologias na educação vem modificando o panorama do
sistema educacional e, por isso, pode-se falar de um tipo de aula antes e depois da difusão de
mídias integradas e tecnologias avançadas de comunicação digital. Os resultados das
aplicações de tais tecnologias estão criando condições objetivas para questionarem a real
necessidade de se preparar para o ensino virtual.
Hoje, há a percepção de algumas tendências relativas aos novos modelos de ensino e
aprendizagem de idiomas mediados por computador. Uma dessas tendências é a
aprendizagem por meio de Redes Sociais ou Comunidades Virtuais de Aprendizagem.
O objetivo deste artigo é refletir sobre os processos de ensino e aprendizagem em meio
virtual com auxílio das novas tecnologias em uma comunidade virtual conhecida como
Livemocha. Trata-se de um ambiente virtual que busca promover a aprendizagem de idiomas
de forma colaborativa, uma vez que o aprendiz de língua estrangeira no Livemocha também
passa a ser professor de sua língua materna. Segundo informações do próprio site, a
comunidade possui mais de 9,5 milhões de membros espalhados ao redor do mundo,
aprendendo mais de 35 idiomas.
Este artigo concentra-se em uma pesquisa descritiva, de natureza bibliográfica que
segundo Lakatos e Marconi (2001) é um procedimento de investigação que consiste na
utilização de informações coletadas por outros estudiosos, por intermédio de levantamento de
documentação indireta ou fontes secundárias.
Educação e as novas tecnologias
Atualmente a escola não satisfaz mais os estudantes, eles não têm interesse nos
conteúdos apresentados, pois muitos estão fora de suas necessidades e conforme estudos
desenvolvidos, o trabalho por projetos surge do interesse dos estudantes, onde o mesmo
buscará o conhecimento suprindo as suas necessidades e com isso sua aprendizagem se
tornará efetiva e significativa.
Santomé (1998, p. 206), afirma que: “o processo educacional precisa apoiar-se nos
interesses dos estudantes, mas também deve gerar novos interesses. Um bom projeto
curricular tem que ser prazeroso e educacional ao mesmo tempo; tem de propiciar uma certa
continuidade nos aprendizados”.
O uso da rede mundial de computadores, como ferramenta de grande utilidade para o
processo de educação a distância, não deve apenas resolver as questões referentes a distâncias.
Com a modernidade, a vida corrida do dia-a-dia, computadores ligados à Internet e o
estudo a distância ganham espaço efetivo na vida das pessoas. Muitos são os benefícios,
principalmente quanto à qualidade de vida, entretanto, a competitividade profissional que
exige que os profissionais sejam cada vez mais mais qualificados, impossibilitando a muitos
jovens que não possuem acesso as TICs – Tecnologia da Informação e Comunicação – a
inserção a trabalhos mais dignos. A opinião de muitos estudiosos é que a atualização hoje, é
uma questão de sobrevivência.
51
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Segundo o pedagogo Lima Júnior (2011 apud ANJOS, 2007) o acesso às redes digitais
de comunicação é importante para o funcionamento e o desenvolvimento de qualquer
instituição social, especialmente para a educação que lida diretamente com a formação
humana. Cabe à educação uma responsabilidade tanto na compreensão crítica do(s)
significado(s) dessa transformação, quanto na formação dos indivíduos e dos grupos sociais.
Estes devem assumir com responsabilidade a condição social de tal virada, provocada entre
outros fatores, pela revolução nas dinâmicas sociais de comunicação.
A tecnologia baseada no computador, que permite acesso rápido e imediato a fontes
ampliadas de informação e agiliza seu tratamento, poderá com certeza contribuir para ajudar a
escola a se transformar em um local onde se constrói conhecimento e onde se desenvolvam
habilidades.
Os processos ou estratégias para a melhoria da educação envolvem riscos, e, por isso,
relutamos em disparar um processo de mudança. E, no estado atual da educação, seria
irresponsabilidade recusar-se a correr riscos (JOLY, 2002).
No Brasil as tecnologias de informação estão presentes nas instituições educacionais
desde o surgimento dos computadores como produtos comerciais. A princípio em algumas
Universidades como objeto de pesquisa e de acesso bastante restrito. Posteriormente, como
máquinas de ensinar destinadas a jovens e adultos e, atualmente, na perspectiva de auxiliares
da aprendizagem para todos os níveis escolares.
As primeiras iniciativas na utilização de tecnologias em atividades de ensino
envolvendo a educação básica datam da década de 1980 com o projeto EDUCOM
(VALENTE, 2002). Deste então muitas ações se sucederam na tentativa de incorporar as
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) ao contexto educacional e vários grupos de
pesquisa foram constituídos nas universidades brasileiras (FERNANDES, SANTOS, 1999).
Segundo Lévy (1999), a tecnologia não pode ser considerada autônoma, separada do
homem, ou mais especificamente separada da sociedade e da cultura, pois é um produto desta
mesma sociedade e cultura. As atividades humanas interagem com ideias e representações e
também com partes materiais, naturais e artificiais.
Não adianta virtualizar o ensino tradicional. A tecnologia como apoio ao ensino é
limitada e até desnecessária. O que se pretende é que a tecnologia seja usada como uma
ferramenta para a aprendizagem. A postura pedagógica do professor define qual utilização
será feita.
A integração das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) aos processos
educacionais é uma das transformações necessárias à escola para que esteja mais em sintonia
com as demandas geradas pelas mudanças sociais típicas da sociedade contemporânea, de
economia globalizada e cultura mundializada.
Cunha Filho et al (2000 apud TORRES, MARRIOTT, 2006) atribuem à tecnologia a
sustentação do processo colaborativo, ou seja, a tecnologia oferece meios que facilitam o
processo de cooperação, seja ele educativo, seja ele do campo laboral.
A aprendizagem colaborativa assistida por computador pode ser um caminho a ser
considerado nesses processos de formação desde que não se limite a conectividade à
distância. O que deve ser valorizado é a troca do conhecimento em rede. Deve-se encontrar
um meio termo entre o que se conhece hoje como ensino presencial e o que se pretende com o
ensino à distância. Ambos têm as suas limitações, mas para se adaptarem às necessidades
atuais e obterem melhores resultados pedagógicos devem ser integrados.
52
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
O surgimento das tecnologias da informação – TIs
A (TI) é, seguramente, um dos maiores campos de pesquisas e discussões deste final
de século. Para se ter uma compreensão adequada de sua influência atual na vida das
organizações, sejam públicas ou privadas, é conveniente observar sua trajetória desde seu
surgimento.
Em 1969, um jovem engenheiro elétrico chamado Ted Hoff teve uma ideia ao mesmo
tempo simples e inteligente. Holf acabara de ingressar na Intel Corporation, uma empresa que
se iniciava no ramo dos semicondutores e fora designado para um projeto a fim de produzir
um conjunto de doze microchips para uma nova calculadora em desenvolvimento pela
empresa japonesa de produtos eletrônicos Busicon. Cada chip seria destinado a uma função
diferente: um executaria os cálculos, um controlaria o teclado, um exibiria as imagens na tela,
um controlaria a impressão e assim por diante. Tratava-se de uma missão delicada, alguns
chips precisariam conter até 5.000 transistores, e todos eles precisariam encaixar-se
precisamente dentro do aparelho, e Hoff temia que o custo total do conjunto de chips acabasse
excedendo o orçamento da empresa. Ele, então, deixou de lado o plano original do cliente e
adotou uma metodologia completamente diferente. Em vez de tentar encher a calculadora com
uma dúzia de chips especializados, Hoff decidiu criar um único chip para tudo, uma unidade
de processamento central, que poderia incumbir de muitas funções diferentes. Dois anos
depois, a ideia de Hoff teve sucesso quando a Intel revelou seu semicondutor 4004, o primeiro
microprocessador do mundo (CARR, 2009, p. 1).
Ao apresentar o cérebro para uma nova geração de computadores pequenos e fáceis de
programar, o microprocessador mudou o curso não só da computação, mas também do
comércio. Embora os computadores fossem usados nas empresas desde 1951, seu tamanho,
complexidade e inflexibilidade tendiam a limitar o uso em tarefas rotineiras rigidamente
definidas, como o processamento de folhas de pagamento, discriminação de inventários e
execução de cálculos de engenharia. O microprocessador programável desencadeou toda a
potência do computador, permitindo-o ser usado por todos os tipos de pessoas, para todos os
tipos de coisas, e em todos os tipos de empresas (CARR, 2009, p. 2).
Ainda segundo Carr (2009, p. 2) a invenção de Hoff promoveu o surgimento de
inovações na computação empresarial. Em 1975, apareceu o primeiro computador pessoal
produzido em massa. Em 1976, o primeiro programa de planilhas, o VisiCalc, foi posto à
venda, seguido, em 1979, pelo WordStar, o primeiro processador de textos para PC (personal
computer), e pelo primeiro sistema de banco de dados relacional Oracle. Em 1982, a
introdução do TCP/IP, um conjunto de protocolos de comunicação por rede, abriu caminho
para a moderna internet. Em 1984, chegou o Macintosh, com sua interface gráfica fácil de
usar, assim como a primeira impressora a laser de mesa. Em 1989, os e-mails começaram a
fluir pela internet, e em 1990, foi inventada a World Wide Web por Tim Berners-Lee. À
medida que a década de 1990 prosseguia, proliferavam os websites e as intranets corporativas.
Cada vez mais transações comerciais começaram a ser realizadas on-line, e os fabricantes de
softwares criaram novos programas sofisticados para administrar tudo, desde aquisição de
suprimentos até a destruição de produtos para comercialização, além das vendas.
Juntamente com a retirada das restrições governamentais sobre o comércio, a
proliferação dos equipamentos e programas de computação foi o principal fator a dar forma
aos negócios ao longo dos últimos quarenta anos. Atualmente, poucos ainda questionam que a
tecnologia da informação tornou-se a espinha dorsal do comércio no mundo desenvolvido. Ele
sustenta as operações de empresas individuais, estabelece a união de cadeias de abastecimento
dispersas e relaciona cada vez mais empresas com os clientes a que elas atendem (CARR,
2009, p. 3).
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Uma pesquisa de opinião feita em 1997 conduzida pela Faculdade de Economia de
Londres revelou que os executivos chefes e diretores de grandes empresas, norte-americanas e
europeias acreditavam que, até o final da década, 60% das suas iniciativas na TI seriam
voltadas para obter vantagem competitiva em vez de apenas manter-se atualizado ou
sobreviver. Isso representa uma reviravolta total nas opiniões expressas na década de 1980 e
no início dos anos 1990.
A reviravolta é perfeitamente resumida pela história de Welch que explorou
pessoalmente o funcionamento da internet antes de 1999, quando, durante um período de
férias no México, a esposa colocou-o diante do seu laptop e mostrou-lhe como enviar e-mail e
usar um navegador da rede.
Com o colapso do estouro da internet, o pêndulo começou a oscilar para trás. Ao longo
dos últimos anos, à medida que ficava dolorosamente claro que muitos dos investimentos em
tecnologia da década de 1990 tinham ido para o lixo, começou os olhares indiferentes tanto
em relação às propostas quanto a grandes iniciativas em novas tecnologias.
Segundo Levy (1996, p. 20) a palavra virtual vem do latim medieval virtualis,
derivado por sua vez de virbus, força, potência. Na filosofia escolástica, é virtual o que existe
em potencia e não em ato. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto, à
concretização efetiva ou formal. Em termos rigorosamente filosóficos, o virtual não se opõe
ao real, mas ao atual: virtualidade e atualidade são apenas duas maneiras de ser diferentes.
Segundo Lévy (1996, p. 21), durante o ato da comunicação, em um primeiro
momento, ocorre a transmissão de informação e, num segundo momento, essa mesma
informação carrega em seu bojo uma certa intencionalidade, que, durante o diálogo, ganha
sentido. “Seria a transmissão de informações a primeira função da comunicação? Decerto que
sim, mas em um nível mais fundamental o ato de comunicação define a situação que vai dar
sentido às mensagens trocadas” (LÉVY, 1996, p. 21).
Em plena era da informática, a Internet é o veículo de comunicação em que a
informação é processada em tempo real, de uma forma interligada e globalizada. Quando um
indivíduo se depara com um texto escrito em seu microcomputador, incondicionalmente
busca conhecer o conteúdo desse texto, seguido logicamente de seu próprio interesse.
Utilidades das TICs
No decorrer dos tempos, as tecnologias utilizadas pelos educadores como: quadro-
negro, giz e livros didáticos já não são mais vistas como tecnologias educativas, pois limitam
o acesso às informações não suprindo as necessidades dos estudantes e professores. Essas
tecnologias ainda são usadas e serão por muito tempo, mas nem por isso podemos fechar os
olhos para as novas Tecnologias da Informação e Comunicação, as denominadas TICs que
estão presentes em nosso meio social.
“A escola, como um espaço privilegiado para a apropriação e construção de
conhecimento, tem como papel fundamental instrumentalizar seus estudantes e professores
(...)” (NEVADO,1999, p. 2).
A escola muda lentamente em relação aos avanços tecnológicos da sociedade, mas o
importante é ela não parar, estar em constante busca, inovando para que seus estudantes
encontrem nela recursos tecnológicos que enriquecem o ambiente de aprendizagem onde
todos interagem com um fim comum, a busca do conhecimento.
Com os avanços tecnológicos no meio social, a escola também sente a necessidade de
oferecer aos seus estudantes meios que possam ser utilizados para desenvolver a
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
aprendizagem e tomarem conhecimento dos recursos que já fazem parte da realidade em que
vivem. Visando aproximar mais as questões teóricas, cabe agora, de forma simples e modesta,
apresentar uma alternativa de experimentação das mesmas. Assim segue o delineamento de
uma proposta de trabalho por projetos a ser executada durante as práticas pedagógicas.
Com o uso das TICs, professores e alunos têm a possibilidade de utilizar a escrita para
descrever/reescrever suas ideias, comunicar-se, trocar experiências e produzir histórias.
Assim, em busca de resolver problemas do contexto, representam e divulgam o próprio
pensamento, trocam informações e constroem conhecimento, num movimento de fazer,
refletir e refazer, que favorece o desenvolvimento pessoal, profissional e grupal, bem como a
compreensão da realidade. Temos assim a oportunidade de romper com as paredes da sala de
aula e da escola, integrando-a à comunidade que a cerca, à sociedade da informação e a outros
espaços produtores de conhecimento, aproximando o objeto do estudo escolar da vida
cotidiana e, ao mesmo tempo, nos transformando em uma sociedade de aprendizagem e
também da escrita (ALMEIDA, 2001, p. 4).
Com a chegada das novas Tecnologias da Informação e Comunicação nas escolas, a
Internet entra como mais uma fonte de pesquisa, trocas de informações, comunicação e
interação no processo de aprendizagem.
De acordo com Hamacher (2000, p. 21) o conhecimento técnico é importante, porém
não é o suficiente. Em um processo de implantação de um ambiente de apoio decisões, como
o da ferramenta proposta, o primeiro conceito que embasa o seu desenvolvimento é o de
Sistemas de informações (SI). Conhecer os SI proporciona uma visão de conjunto que
favorece a efetividade nos momentos de tomada de decisão.
Baseados na Tecnologia de Informação e Comunicação (TICs), os SI devem sem
capazes de processar transações de forma rápida e precisa; armazenar e acessar rapidamente
grande volume de dados; prover comunicação rápida; reduzir sobrecarga de informações,
além de fornecer suporte para a tomada de decisões.
Albertin e Moura (2002, p. 176) definem que os benefícios de TICs podem então ser
definidos como custo, produtividade, flexibilidade, qualidade e inovação, sendo que estes
benefícios podem ser entendidos como a oferta que esta tecnologia traz para as instituições.
Os vários usos de TICs podem apresentar proporções diferentes dos benefícios oferecidos, de
acordo com o tipo de aplicação e nível de reconfiguração.
Assim, o uso da TICs na educação caminha no sentido da produção compartilhada de
conhecimento, favorecida pela resolução de problemas ou desenvolvimento de projetos, nos
quais a escrita, por meio da TICs, induz à liberdade de expressar e comunicar sentimentos,
registrar percepções, ideias, crenças e conceitos, refletir sobre o pensamento representado e
reelaborá-lo.
A aprendizagem por projetos ou situações-problema ocorre por meio da interação e
articulação entre conhecimentos de distintas áreas, conexões estas que se estabelecem a partir
dos conhecimentos cotidianos dos alunos, cujas expectativas, desejos e interesses são
mobilizados na construção de conhecimentos científicos. Os conhecimentos cotidianos
emergem como um todo unitário da própria situação em estudo, portanto sem fragmentação
disciplinar, e são direcionados por uma motivação intrínseca. Cabe ao professor provocar a
tomada de consciência sobre os conceitos implícitos nos projetos e sua respectiva
formalização, mas é preciso empregar o bom senso para fazer as intervenções no momento
apropriado (MORAES, 1997, p. 2).
Atualmente a escola não satisfaz mais os estudantes, eles não têm interesse nos
conteúdos apresentados, pois muitos estão fora de suas necessidades e conforme estudos
desenvolvidos, o trabalho por projetos surge do interesse dos estudantes, onde o mesmo
55
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buscará o conhecimento suprindo as suas necessidades e com isso sua aprendizagem se
tornará efetiva e significativa.
Santomé (1998, p. 206), afirma que: o processo educacional precisa apoiar-se nos
interesses dos estudantes, mas também deve gerar novos interesses. “Um bom projeto
curricular tem que ser prazeroso e educacional ao mesmo tempo; tem de propiciar uma certa
continuidade nos aprendizados”.
O uso da rede mundial de computadores, como ferramenta de grande utilidade para o
processo de educação a distância, não deve apenas resolver as questões referentes a distâncias.
O uso da TICs no desenvolvimento de projetos ou na resolução de situações-problema
permite o registro desse processo construtivo, funcionando como um recurso de diagnóstico
sobre o nível de desenvolvimento dos alunos, suas dificuldades e potencialidades, e,
principalmente, favorecendo-lhes a identificação e correção dos erros e a constante
reelaboração, sem perda do que já foi criado.
As tecnologias trazem um mar de possibilidades para utilização no âmbito
educacional, entre eles um melhor aproveitamento pedagógico, de forma a potencializar o
processo de ensino aprendizagem. Podemos encontrar muitas propostas de metodologias,
ferramentas e atividades a serem desenvolvidas pelos alunos na rede interna das instituições e
também na internet. Realmente enquanto educadores não podemos ficar parados diante de
tantas oportunidades que nos afrontam. Não só devemos, mas temos o dever de aproveitá-las
da melhor forma, o dever de buscar novos pensamentos e de estarmos sempre atualizados.
Independente das novas tecnologias é necessário inovar o fazer pedagógico na
educação. As redes de comunicações possibilitam espaços para que a aprendizagem
cooperativa ocorra dentro e fora das salas de aula, a Internet vem facilitar essa cooperação.
Cabe a nós professores, aproveitar essas tecnologias em benefício da educação,
fazendo com que os estudantes saiam da escola preparados para a vida, para enfrentarem a
competitividade do mercado de trabalho, conscientes da realidade que os espera.
Aprendizagem colaborativa em ambientes virtuais
A aprendizagem seja em ambiente virtual ou não, deve ser proporcionada a partir da
participação de todos os envolvidos garantindo uma rede de interações propiciada por
recursos comunicacionais. Num ambiente virtual de aprendizagem a interação é fator
fundamental na construção do conhecimento, onde professor e aluno devem ter garantido uma
bidirecionalidade na emissão e recepção de mensagens, potencializando a comunicação. É
através da colaboração e participação que se dá a aprendizagem significativa (SANTOS,
2004).
A questão é manter uma educação à distância em que os envolvidos mantenham uma
postura na qual cada um possa garantira a interatividade no grupo, seja questionando,
buscando informações, trocando ideias e textos escritos, propiciando uma formação baseada
em interesse que mesmo comum a todos, seja possibilitado a cada integrante construir seu
conhecimento a partir das especificidades de cada um, ou seja, “ser capaz de atender as
demandas dos novos ambientes online de aprendizagem, (...) de se perceber como parte de
uma comunidade virtual de aprendizagem colaborativa e desempenhar o novo papel a ele
reservado nesta comunidade” (SANTOS, 2004, p. 57)
De acordo com Franco, Braga e Rodrigues (2011, p. 15) a aprendizagem colaborativa
em cursos virtuais pode ser definida “como um processo estratégico de comunicação
educativa no qual dois ou mais sujeitos constroem o seu conhecimento através da discussão,
56
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da reflexão e da tomada de decisões”. Nesse contexto, os recursos da tecnologia da
informação atuam como importantes e eficazes mídias do processo de ensino-aprendizagem
virtual, presencial, semipresencial ou à distância.
Os ambientes e seus recursos tecnológicos proporcionam uma interatividade entre o
aluno e o ambiente, criando no aluno uma consciência de sala de aula virtual que o incentiva à
sua aprendizagem.
Na aprendizagem colaborativa, o aluno é responsável pela sua própria aprendizagem e
pela aprendizagem dos outros membros do grupo. Os alunos constroem conhecimento através
da reflexão da discussão em grupo. A troca ativa de informações instiga o interesse e o
pensamento crítico, possibilitando aos alunos alcançarem melhores resultados do que quando
estudam individualmente. Na aprendizagem colaborativa, os professores deixam de ser uma
autoridade para se transformarem em orientadores (FULKS et al, 2006, p. 369).
Na aprendizagem colaborativa valoriza-se a participação do aprendiz e suas
competências em resolver problemas. Se o aluno demonstrou ter as competências necessárias
a partir de suas participações no curso, então passa de fase, de modo semelhante ao que ocorre
nos videogames.
Além dos recursos para administração de conteúdos, tarefas, etc., esses ambientes são
compostos por ferramentas que, segundo Franco, Braga e Rodrigues (2011, p. 16), entre
outras coisas proporcionam: a interação por meio de atividades síncronas e assíncronas, entre
alunos/conteúdos, alunos/formadores, formadores/alunos e alunos/alunos; o
compartilhamento de informações pessoais e profissionais (que constam num perfil, por
exemplo): conhecimento prévio das experiências pessoais, profissional, línguas e culturas dos
alunos e dos professores; a troca de ideias entre professores e alunos; a participação em
discussões temáticas (conduzidas ou não), a valorização da adversidade, das diferenças, etc.; o
desenvolvimento de trabalhos em grupos; o compartilhamento entre colegas de trabalhos
individuais, e, a construção do conhecimento do aluno com a colaboração dos outros
participantes do grupo.
A EaD – Ensino a Distância - é caracterizada quando o ensino e a aprendizagem
acontecem em sala aula virtual mediada por tecnologias onde a comunicação estabelecida no
ambiente online deve favorecer o intercâmbio de informações entre participantes do processo.
Os ambientes virtuais para EaD são elaborados por vários profissionais de conhecimento
específico, o que contribui para um bom desenvolvimento do ensino da aprendizagem, pois o
mesmo deve ser construído a fim de favorecer o envolvimento do aluno de forma colaborativa
no ambiente e o leve a sistematizar sua prática de estudos, promovendo assim, o
processamento das informações para gerar conhecimento (SANTOS, 2004).
Este é um processo pedagógico que ultrapassa os espaços da escola, permitindo que
professores e alunos tenham a possibilidade do desenvolvimento da aprendizagem
colaborativa através do intercâmbio de informações.
O ensino da língua inglesa
A linguagem é o principal instrumento para a expressão do ilimitado leque de relações
que constituem a existência do homem. Com a evolução da tecnologia e ciência vem
dependendo cada vez mais da troca de informações, o que coloca a linguagem no cerne da
questão da eficiência e do controle dessas informações. A globalização da informação, graças
a Internet, que permite a instantânea partilha dessa informação, implica a necessidade de um
instrumento linguístico comum entre os povos para permitir esse intercâmbio.
57
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
De acordo com Celani (1996 apud NICHOLLS, 2001) o desconhecimento de uma
língua estrangeira constitui, muitas vezes, um entrave que fecha o acesso ao mundo moderno,
que impede o consumo de conhecimentos produzidos no estrangeiro, além de cercear a
contribuição ativa e eficiente na produção e no desenvolvimento científico e tecnológico
internacional.
Nos dias atuais torna-se indispensável o conhecimento de pelo menos uma língua
estrangeira, para se ter mais acesso a informações e para maior participação do mundo
moderno, o que contribuirá positivamente para o crescimento pessoal, cultural, científico e
profissional.
Atualmente, a LDB 9.394, é favorável ao ensino de línguas estrangeiras, tornando
compulsória a inclusão de, pelo menos uma língua estrangeira no currículo escolar e de ensino
fundamental e médio.
A aprendizagem do inglês, tendo em vista o seu papel hegemônico nas
trocas internacionais, desde que haja consciência crítica desse fato, pode
colaborar na formulação de contra-discursos em relação às desigualdades
entre países e entre grupos sociais (...). Assim, os indivíduos passam de
meros consumidores passivos de cultura e de conhecimento a criadores
ativos: o uso de uma língua estrangeira é uma forma de agir no mundo para
transformá-lo. A ausência dessa consciência crítica no processo de ensino e
aprendizagem de inglês, no entanto, influi na manutenção do status quo ao
invés de cooperar para sua transformação. (BRASIL, 1998, p. 40).
A aprendizagem de língua inglesa é uma possibilidade de aumentar a autopercepção
do aluno como ser humano e como cidadão. Por esse motivo, ela deve centrar-se no
engajamento discursivo do aprendiz, ou seja, em sua capacidade de se engajar e engajar
outros no discurso de modo a poder agir no mundo social.
Todo tempo é tempo de conhecer e de exigir um novo modelo de ensino. Um ensino
interativo; um ensino interessante, atual e real. E, principalmente, um ensino exigente, que
desperte no estudante a responsabilidade de atualizar-se, de buscar informações e de manter-
se atento às mudanças.
Este novo posicionamento no ensino, implica aprender a aprender, traduzindo a
capacidade de refletir, analisar e tomar consciência do que se sabe, buscar novas informações,
adquirir novos conhecimentos resultantes da rápida evolução.
Segundo Fabiano (1999) reconhece-se a importância de focalizar o processo de
aprendizagem, mais do que a instrução e a transmissão de conteúdo, lembrando que hoje é
mais relevante o “como” você sabe do que “o que e o quanto” você sabe. Aprender é saber
realizar. Conhecer é compreender as relações, é atribuir significados às coisas, levando em
conta não apenas o atual, mas também o passado.
O que se observa é que não se aprende a língua para fins comunicativos, ensina-se
falar sobre a língua, mas não a falar a língua, a fazer uso dela para se comunicar, numa triste
demonstração do total desprezo ou mesmo desconhecimento dos princípios e pressupostos
que subjazem ao ensino de línguas,
A língua inglesa com meio de comunicação de várias comunidades interage dentro de
um espaço geográfico e esta por sua vez se relaciona com outras comunidades no mundo,
promovendo um processo de ensino-aprendizagem transformador da sociedade.
O ensino da língua inglesa vem mostrando sinais de mudanças através da sua
aplicabilidade, apesar de sua tendência tradicional, um ensino de uma língua estrangeira
58
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orientada para o desenvolvimento de habilidades específicas faz aumentar a motivação do
aluno pelo rápido aprendizado. E, diante dessa nova realidade, a inserção da tecnologia no
processo de aprendizagem da língua inglesa contribui muito para uma mudança na vida dos
agentes de aprendizagem.
LiveMocha uma rede social para ensino da língua inglesa
A utilização das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) na
educação tem gerado nos últimos tempos muitas opiniões no âmbito escolar em relação as
suas vantagens e desvantagens, envolvendo interrogações e reflexões acerca da atual situação
das escolas públicas. É um processo lento, mas percebem-se pequenos resultados, entre os
quais, a consciência de muitos docentes, devido às constantes transformações e revoluções
tecnológicas.
Enfatizando essa questão, Proserpio e Gioia (2007 apud REGO, 2010, p. 64) apontam
que a rotina dos jovens de hoje inclui várias horas em frente ao computador, seja em casa ou
em cibercafés. É grande a disseminação das ferramentas de Internet, simulações e jogos de
computador e ferramentas de comunicação mediada por computador na vida cotidiana da
nova geração de estudantes. Tais estudantes participam ativamente de comunidades virtuais,
se relacionam por mensagens instantâneas e buscam informações sobre diversos temas na
Internet.
O site Livemocha é uma comunidade mundial de aprendizagem de idiomas com
métodos de aprendizagem com a prática online e interação com falantes nativos ao redor do
mundo. Foi lançado em 2007 e conta com 14 milhões de membros em mais de 195 países,
com destaque para a demanda internacional por uma abordagem envolvente e colaborativa
para aprendizagem de línguas.
A etimologia da palavra Livemocha, segundo estudos de Quadros (2011), vem do
casamento entre duas palavras: Live e Mochaccino. A palavra "Live” é referida como todo o
tipo de comunicação em tempo real do site, em que os sujeitos da comunidade interagem
através de chats, mensagens e correções de lições feitas por um membro ao mesmo tempo. Já
a palavra “Mocha” tem origem italiana (mochaccino) e denota um tipo de café com chocolate.
A justificativa dada pelos fundadores do ambiente virtual para a escolha do nome
Livemocha trata de salientar que a empresa que presta esse serviço está situada nos Estados
Unidos, na cidade de Seattle, conhecida pelo seu café tradicional. Outra referência é dada ao
prazer que as pessoas dessa cidade têm em se encontrar para beber um café e assim fazem
uma analogia ao prazer de se encontrar virtualmente para aprender um idioma.
A Internet está revolucionando a questão sociocultural das pessoas e, atualmente, os
indivíduos têm o compromisso de se familiarizar com essa ferramenta, já que é cobrado esse
tipo de conhecimento imprescindível para qualquer área. Marshall (2010 apud QUADROS,
2011) tece a ideia de que quando há uma grande promoção na comunicação interativa,
hipertextual e virtual, a Internet se configura em um ambiente amistoso para o
desenvolvimento do aprendizado de uma língua estrangeira. Segundo a autora, a comunicação
entre indivíduos no meio eletrônico possibilita que a abordagem comunicativa se torne efetiva
na ação pedagógica, ainda a ser consolidada efetivamente na escola. Para tanto, o estudante de
uma língua estrangeira precisa se envolver em situações, contextos sociais e culturais
autênticos na língua-alvo. É importante que ele realmente produza sentidos de forma
colaborativa com seus interlocutores, buscando agir socialmente.
A aprendizagem da língua inglesa no Livemocha é interpretada na teoria como o
objeto/motivo. Os sujeitos motivados a aprender o idioma estrangeiro buscam transformar
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esse objeto em resultado. Essa transformação só é possível por conta do domínio oriundo da
prática com acertos e erros que os sujeitos têm sobre o computador e todas as possibilidades
tecnológicas. A Internet, em especial, o site do Livemocha, é vista na Teoria da Atividade
como a ferramenta de mediação (QUADROS, 2012).
O site oferece recursos para iniciar conversas ao vivo em texto ou áudio com outros
estudantes. A própria rede de pessoas no curso oportuniza opções de revisão de textos e
conversas.
Quadros (2011) nos explica que o Livemocha divide as lições em quatro partes: a)
aprender – Nesse item, o aluno tem mais de 30 lições para ler e ouvir o texto e o áudio
correspondente; b) Revisão – Aqui o aprendiz tem uma aleatória série de exercícios de leitura,
compreensão oral, visando reforçar o que foi desenvolvido no curso; c) escrever – A partir da
compreensão da escrita das palavras com a compreensão do vocabulário aprendido, o
indivíduo fará suas primeiras produções de texto, sendo para realizar descrições ou
especificações de um determinado item; d) falar – Nessa lição o aluno pode gravar uma
mensagem para praticar suas habilidades de expressão oral e recebe dicas da comunidade do
Livemocha.
Há uma forma de avaliação de desempenho no aprendizado de um idioma entre os
usuários ocorre através de um sistema de pontos, chamados mochapoints, um recurso que
determina o desenvolvimento do aprendiz, cujo acúmulo permite aos associados avaliar as
contribuições entre si e monitorarem a proficiência linguística.
Conclusão
As TIC, amplamente disseminadas nos espaços cotidianos, impulsionadoras de
integração entre pessoas de diferentes partes do mundo, ainda não foram suficientemente
incorporadas nos sistemas educacionais. A educação a distância, que seria facilitada com o
uso das mesmas reproduz na prática o modelo de transmissão unilateral, adotado pelo ensino
presencial.
Constata-se que as TIC têm na prática educacional um papel extremamente reduzido.
Para os sujeitos envolvidos no processo, especialmente nos processos de educação a distância,
é evidente que as TIC têm o potencial de diminuir as fronteiras e ampliar a circulação da
informação, ocasionando a construção do conhecimento.
Aprender um idioma por meio de uma rede social já é realidade. Segundo o site do
Livemocha, mais de 12 milhões de pessoas são membros dessa comunidade, onde cerca de 5
milhões são brasileiros aprendendo uma nova língua por meio de recursos como bate-papo,
recursos multimídia – como vídeos de aprendizado, e-books, audio-books e outros materiais
de estudo.
Os dados sugerem que, mesmo um ambiente virtual possuindo os melhores recursos
disponíveis para a aprendizagem, é relevante a aprendizagem ser acompanhada por uma
pessoa com mais experiência ou mesmo um professor. Esse fator é para a manutenção e
sustentação dessa aprendizagem virtual. É evidente que essa realidade dependerá de uma
iniciativa pessoal.
Outro ponto que se acrescenta é o aspecto social deste método de aprendizagem
online, pois o sujeito está imerso em uma realidade de aprendizagem autêntica, com a
possibilidade de estabelecer laços de amizade e parceria autênticos, podendo ser valiosos para
o futuro desses aprendizes. Nesse sentido os nativos de uma determinada língua meta seriam
capazes de dar aos sujeitos ajuda adicional fora da sala de aula.
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
A integração da tecnologia na aprendizagem de línguas pode potencializar a
aprendizagem dos alunos. No entanto, o professor precisa manter um monitoramento efetivo a
fim de verificar a eficiência dos alunos nesse ambiente virtual, buscando regular as estratégias
e evitar que os alunos se dispersem ou se desinteressem pelo aprendizado online.
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A Atuação do Pedagogo na Empresa: A Aplicação
Eficiente e Eficaz da Pedagogia Empresarial
André Alves Prado
Mestre em Educação com Menção em Gestão Educativa pela Universidad Politécnica Salesiana Ecuador,
Docente Graduação/Pós-Graduação FATEA e Extensão Universitária EEL USP
Elaine Machado da Silva
Graduada em Pedagogia
Mônica Aparecida Batista da Silva Cardoso Graduada em Pedagogia
Resumo
O presente trabalho visa desenvolver uma pesquisa sobre a atuação de pedagogos nas empresas
objetivando a melhoria da prestação de serviço nas organizações. Atualmente esse profissional vem
conseguindo abrir seu espaço junto às organizações a fim de promover projetos, solucionar
problemas, formular hipóteses e visa também à melhoria do serviço oferecido pela empresa, por isso
a pesquisa se justifica a partir do paradigma de que o pedagogo é somente professor de ensino
fundamental, pedagogia empresarial vem assumindo novos cenários organizacionais delimitados pela
organização, execução de bons projetos e treinamentos para uma nova base de gestão de pessoal. Isto
permite uma renovação no espírito dos funcionários e no desenvolvimento da empresa, promovendo
atitudes transformadoras e assim direcionando os negócios, objetivando atingir as exigências do
mercado e sociedade atual. A metodologia deste estudo segundo GIL (2008) realizado a partir de
estudo exploratório com delineamento de pesquisa bibliográfica, desenvolvida através de pesquisa
bibliográfica, por meio de artigos, livros e publicações on-line. Após análise bibliográfica, percebe-se
que para enfrentar os desafios da Nova era Globalizada, as empresas têm que gerar capacidades
decorrentes da distribuição de práticas e funções, assim o pedagogo é de suma importância no âmbito
empresarial, pois ele irá analisar e direcionar os funcionários e a empresa para melhorias
objetivadas.
Palavras-chave
Pedagogia Empresarial; Organização; Desenvolvimento.
Abstract This study aims to develop a research on the role of educators in companies aiming to improve service
delivery in organizations. Currently this Professional has been able to open his space with
organizations to promote projects, solve problems, formulate hypotheses and also aims to improve the
service offered by the company, that is why the research is justified from the paradigm that the teacher
educator is only na elementary education teacher, pedagogy business has been assuming new
organizational scenarios delimited by the organization, implementation of good projects and training
for a new base of personnel management. This allows a renewal in the spirit of the employees and the
company development, promoting changing attitudes and thus directing the business, aiming to meet
the demands of the current market and society. The methodology of this study according GIL (2008)
conducted from exploratory study with bibliographic research design, developed through
bibliographic research , using articles, books and online publications. After bibliographic analysis, it
is realizable that to meet the challenges of the New Globalized Era, companies must generate
capabilities arising from the distribution of functions and practices, so the educator is of Paramount
importance in the business scope, because it will analyze and direct employees and the company for
aimed improvement.
Keywords
Business Pedagogy; Organization; Development.
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1. Introdução
As empresas possuem fundamentos teóricos diferenciados em relação ao
desenvolvimento e treinamento de pessoal. Estas empresas buscam profissionais capacitados e
especializados para liderar equipes e trabalhar com pessoas em situações adversas. As
tecnologias, em constante modificação, alteram o cenário das organizações. Para acompanhar
essas alterações, os funcionários devem estar preparados a essas mudanças, visando atender às
necessidades das organizações.
O trabalho do pedagogo empresarial deve ser de estruturação e reestruturação em
determinadas áreas problemáticas da empresa.
Segundo Cagliari (2009)
[...] O pedagogo empresarial está inserido auxiliando no, desenvolvimento
das competências e habilidade de cada individua, para que cada
profissional saiba lidar com varias demandas, com incertezas, com várias
culturas ao mesmo ao mesmo tempo, direcionando o resultado positivo em
um mercado onde a competição gera mais competição.
Com esse trabalho desenvolvido pelo pedagogo, as transformações serão lentas, mas
efetivas, pois mudanças necessitam de persistência e resiliência com esses princípios e
trabalho se observará ao final conquista significativas. Com tudo podemos afirmar que a
combinação pedagogo e empresa são de suma importância, tendo em vista que ambos visam o
mesmo objetivo a formação de cidadãos críticos e com competências para tal função.
2. Revisão de Literatura
2.1 A pedagogia
Pedagogia é um tema muito rico, mas por ser extremamente extenso requer estudos
aprofundados e muita pesquisa. As gerações passadas foram grandes desbravadores nesse
campo e nos dias atuais está estático necessitando de novas pesquisas, ousadia para que se dê
continuidade ao trabalho iniciado anteriormente.
Pedagogia tende para um objetivo prático definido, através de meios
(processos e técnicas de ensino) eficientes para alcançá-los Komenisky,
considerado pai da pedagogia cujo sobrenome foi latinizado para
Comenius, recebeu esse titulo pela descoberta de que o estudante merece
cuidados especiais para efetivação de uma aprendizagem mais produtiva e
deleitosa (Greco, 2005)
A experiência e os sentidos eram de suma importância para Comenius, que propôs
sistemas educativos para a infância e universitários, tinha uma doutrina filosófica para uma
universalização do saber suas reformas educativas e as inovações por ele introduzidas o
fizeram ser chamado em vários países para por em prática suas teorias pedagógicas. Morreu
em Amsterdã em 15 de novembro de 1670.
Os métodos de ensino a partir daí sucederam-se no intuito de propor aos alunos
aprendizado de acordo com sua faixa etária progredindo para uma eficácia no ensino.
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2.2 Definição de pedagogia
Campos de conhecimentos que abriga os saberes da área da educação. Na Grécia
antiga, pedagogo era o nome dado ao escravo que acompanhava as crianças para o local de
aprendizado não era o instrutor e sim o responsável pela melhoria da conduta dos mesmos
passando assim as normas de boa educação.
A concepção diz que a pedagogia é a parte normativa do conjunto de
saberes que precisamos adquirir e manter se quisermos desenvolver uma
boa educação, é mais ou menos consensual entre os autores que discutem a
temática da educação (Greco, 2005)
2.3 O psicólogo e o pedagogo nas organizações
No âmbito empresarial, psicólogo e pedagogo vêm atuando junto às dificuldades da
organização ligadas aos assuntos de recursos humanos, na gestão de pessoal proporcionando
integração do funcionário junto à diretoria, em ações resolutivas de conflitos para maior
rendimento no exercício das tarefas do pessoal.
Psicólogo é o profissional qualificado para o exercício da psicologia, utiliza de
métodos e técnicas, que tem como foco principal o funcionamento da mente, emoções e o
comportamento humano. O psicólogo deve atuar diretamente no comportamento humano
visando técnicas de investigar os problemas psicossociais no contexto do trabalho. “O papel
do psicólogo organizacional é criar metodologias de intervenção, que auxilie todo o grupo a
mover ou agir no sentido de mudar a si mesmo, assinalando novos moldes intelectuais e de
conduta.”. (Silva, 2009)
O Pedagogo é um mediador do processo de aprendizado, pesquisador, gestor. Esse
profissional tem domínio da ciência pedagógica que fundamenta sua atuação. Segundo
Giroux, (2000) “O pedagogo precisa colocar na condição de um eterno aprendiz buscando
desenvolver profissionalismo, integridade e responsabilidade, capacitação na área educacional
deixando de serem meros executores para se tornarem intelectuais transformadores”.
O que se encontra atualmente é um conjunto de profissionais mais interessados em
manter as aparências, seguindo as culturas empresariais de alienação e não definindo
transformações e processos de mudança abandonando paradigmas de que as tarefas de um RH
são burocráticas.
Para que as empresas modifiquem o seu modelo de gestão e cresça, o RH necessita ser
modificado atraindo olhares e perspectivas de crescimento e desenvolvimento.
O que se tem visto como políticas de RH em muitas organizações são:
jornais internos, festas de confraternização ao final do ano, flores para as
mulheres no dia da internacional da mulher, cartões de aniversario, dia das
mães e dos pais e outras atividades dessa natureza e sem a mínima
acuidade. (Silva, 2009)
As organizações atualmente visam novas competências dos funcionários, tendo em
vista o mundo globalizado e suas exigências. A tarefa do pedagogo empresarial estará focada
em analisar as necessidades e deficiências das organizações e assim desenvolver projetos
voltados ao aprimoramento das mesmas visando trabalhadores críticos analíticos, ativos que
resolvam seus problemas e trabalhem em equipe sendo flexíveis as necessidades e
transformações atuais.
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O psicólogo deve atuar diretamente no comportamento humano visando técnicas de
investigar os problemas psicossociais no contexto do trabalho.
De acordo com Silva (2009) “Mas o verdadeiro reconhecimento da atuação desses
dois profissionais na organização dar-se-á somente mediante ao aproveitamento real de todas
as capacidades [...]”.
Para isso, os profissionais devem se especializar profissionalmente tendo em vista o
ser humano e as necessidades das organizações, mas sempre estando cientes de que estão
gerindo pessoas e que a mesma tem necessidades especificas e devem aprimorá-las para um
rendimento satisfatório para ambas as partes.
2.4 Os profissionais de pedagogia no ambiente empresarial
A pedagogia empresarial é uma possibilidade de atuação do pedagogo muito recente
no Brasil surgiu pela necessidade de preparação na formação de pessoal. Essa preocupação,
no entanto se dá pela necessidade de um melhor desempenho e formação profissional que foi
incentivada inclusive por ações governamentais para sua operacionalização como, por
exemplo, a lei nº 6.297/75.
Portanto o pedagogo atua na área de desenvolvimento de recursos humanos, sendo
responsável pela preparação e voltada para as necessidades da organização.
A função do pedagogo empresarial é a qualificação de pessoal nas diferentes áreas do
saber empresarial gerando qualidade e produtividade.
Dessa maneira esse profissional atua como articulador entre desenvolvimento de
estratégias organizacionais desenvolvendo atividades no departamento de recursos humanos.
Em outras palavras, as ações deste departamento ultrapassam os aspectos
instrumentais e tornam-se mais sensíveis a dinâmica das ralações entre
individuo e sociedade; compreendem que o espaço organizacional é,
sobretudo, um espaço de valorização da dimensão e da dignidade humana.
(RIBEIRO, 2010, p.10).
Na perspectiva do RH, o pedagogo transforma os indivíduos de maneira a valorizá-lo e
gerar mudanças. A empresa também é um espaço educativo que visa atividades objetivadas e,
portanto a pedagogia visa garantir estratégias para o aprimoramento de conhecimento com
ideias e objetivos pré definidos e provocar assim mudanças no desempenho individual. “Nesta
perspectiva, a pedagogia empresarial se ocupa basicamente com conhecimentos, as
competências e habilidades e as atitudes diagnosticadas como indispensáveis/necessários da
melhoria da produtividade.”. (RIBEIRO, 2010, p.11)
Assim podemos afirmar que o pedagogo empresarial tem uma vasta gama de atuação
nas organizações trabalha em conjunto com RH e prepara os indivíduos para atuarem em suas
áreas de maneira satisfatória para a empresa e para os colaboradores que trabalharem nela.
2.5 O processo de aprendizagem dentro da empresa
Desde que o ser humano nasce, entra em um processo de aprendizado, primeiro na
família, depois na escola, na rua, na empresa onde trabalha. Enfim, em vários lugares. Assim
pode-se dizer que seria inconcebível o homem sem aprendizagem, em qualquer momento da
vida ele deverá estar em um ambiente de aprendizado permanente. Nesse âmbito o pedagogo
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empresarial atua, visa sempre melhoria da qualidade na prestação de serviços e a vida pessoal
do individuo.
Atualmente a empresa começa abrir espaço para que este profissional
possa de maneira consciente e competente, proporcionar um ambiente que
se esteja solucionando problemas, elaborando projetos formulando
hipóteses visando à melhoria dos processos instituindo, na empresa,
garantindo a qualidade do atendimento contribuindo para a instalação da
cultura institucional da formação continuada dos empregados. O pedagogo
poderá atuar na empresa produzindo e difundindo conhecimento, assim,
exercendo seu papel de educador. (Gonçalves, 2009)
Atualmente, as empresas almejam um diferencial, e por conta disso investem no
capital humano, e também na construção do conhecimento por parte do trabalhador. Essas
empresas focalizam a comunicação entre indivíduos.
Nesta nova realidade, entra a conexão que deve existir entre o pedagogo e
a empresa lembrando que o aprendizado é o saber assimilado, isto é, a
construção do conhecimento por cada indivíduo e se estabelece quando a
pessoa encontra um sentido para aprender e do porque aprender.
(GONÇALVES, 2009)
Na era do conhecimento na qual estamos, exige-se que os profissionais se atualizem
constantemente. As habilidades e competências são capacidades necessárias para executar,
analisar e desenvolver com sucesso as tarefas. Nesse processo de aprendizado o pedagogo
empresarial deve ter a habilidade, o olhar, a consciência de que esta desenvolvendo projetos
com seres humanos e que os mesmos devem ser parte ativa nesse processo. Para
Gonçalves(2009) :
A atuação do pedagogo empresarial, à educação integral, isto é, ao
processo de influenciar e sugestionar positivamente os funcionários em
todos os aspectos da sua personalidade. Vão proporcionar o
desenvolvimento da produtividade pessoal nas mais diversas atividades.
Portanto, deve demonstrar com o seu trabalho pratico, na empresa, os
efeitos benéficos da adoção de varias atividades educativos.
Desenvolver pessoas é mais do que informar é sim permitir que elas desenvolvam-se
em todas as habilidades e se tornem eficientes no que fazem. Formar é mais que informar é
enriquecer a pessoa humana e o pedagogo deve conceber a educação como forma de
humanizar os indivíduos.
2.6 Atuação do pedagogo na empresa
A atuação do pedagogo na empresa vai além de técnicas escolares, que são aprendidas
na graduação. Muitas vezes ao terminar o curso de pedagogia, o pedagogo se pergunta: O que
vou fazer em uma empresa? O pedagogo empresarial atua em empresa de todos os tipos tais
como: construção civil, órgãos municipais, estaduais e federais, escolas, hotéis, ONGs,
instituições de capacitação profissional e assessoria de empresas. O mesmo, a partir de seus
conhecimentos, técnicas e práticas, deve ser somado à experiência de outros profissionais na
68
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
constituição de instrumentos importantes, à gestão de pessoas e coordenação de equipe
multidisciplinares, no desenvolvimento de projetos, visando formas de aprendizagem
organizacional significativa, gerando mudanças no ambiente e na definição de políticas
voltadas ao desenvolvimento humano permanente.
Segundo Gonçalves (2009),
O desafio desse novo profissional, diferentemente do que podem pensar
alguns, não se resume a conduzir dinâmicas de grupo e preparar material
de treinamento para o qual as pessoas não estão engajadas ou enxergando
uma necessidade imediata. Isso requer muito trabalho como de observações
cuidadosas principalmente ao que se refere ao capital humano, (Termo
utilizado nas empresas ao referir-se as pessoas que trabalham nelas), para
que com elas seja possível desenvolver estratégias no bom sentido, que
venha favorecer a humanização dentro da empresa.
Essas ações exigem do pedagogo empresarial, observação envolvimento,
desprendimento, ousadia, vontade criatividade e desejo efetivo pela descoberta de como será
desenvolvido seu trabalho na organização.
Assim, o pedagogo terá um olhar filosófico, pedagógico, psicológico por meio dos
colaboradores da empresa em promover ações que não faça com que os mesmos não sejam
objetos que só tenham a necessidade de cumprir os objetivos da empresa.
Uma questão importante para a formação e atuação do pedagogo
empresarial diz respeito ao entendimento dos comportamentos humanos no
contexto organizacional, tendo em vista que toda sua atuação esta pautada
na dimensão humana. As políticas de recursos humanos, por si só, não
garantem mudanças ou comprometimentos mais ou menos efetivos, tem no
elemento o seu ponto - chave. A maneira de agir desse novo profissional
precisa ocorrer de forma relacionada a cooperativa com a dos outros
profissionais de gestão (GONÇALVES, 2009)
O campo de atuação do pedagogo é tão vasto quanto as práticas educativas na
sociedade, onde houver pratica educativa intencional haverá pedagogia. Desta forma, não se
deve associá-las a intenções políticas ou pratica alienadora de massas.
O pedagogo que atua na empresa deve ser cauteloso, pois ao invés de sugerir
programas de treinamento a fim de melhorar a empresa em seus aspectos produtivos e
humanos, ele pode apenas adestrar os colaboradores tornando-os objetos dentro da empresa e
contribuindo para ações desumanizadoras.
O pedagogo devera ser um profissional capacitado para lidar com fatos e
situações diferentes da pratica educativa em vários segmentos sociais e
profissionais, que a sua ação seja holística, devera ser além da relação de
poder. Com essas atitudes ele será capaz aos poucos de romper o conceito
de que só poderia atuar em uma instituição de ensino (GONÇALVES, 2009)
Dentro das organizações, o pedagogo irá planejar, executar, coordenar e avaliar
programas e projetos educacionais dentro da empresa. Através de acompanhamento do
69
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
desenvolvimento do pessoal sob o desempenho e direcionando-o como agente de mudanças
de mentalidade e cultura.
Sua capacidade em lidar com a comunicação e com aprendizagem faz com que ele
conduza as pessoas e direcione suas verdadeiras funções, não implicando a mudança de seu
comportamento, mas ajudando o funcionário a descobrir seu verdadeiro potencial, para que
possa desempenhar sua função de acordo com as necessidades de cada organização.
As mudanças no mercado de trabalho exigem atualização, nesse sentido o pedagogo
empresarial deve ser valorizado nas organizações, pois ele contribui para o processo de
crescimento dos indivíduos por meio de atividades formativas, trabalha o lado humano dos
funcionários: busca mobilizar o trabalhador nas dimensões: intelectuais, físicas, emocionais,
atitudinais, entre outras. Trabalha sempre com sutileza, utiliza métodos de autocontrole para
entender e atender as exigências do mercado.
2.7 Pessoas, Técnicas e Treinamento
As empresas vinculam seus resultados a causas internas e externas. Assim os
resultados positivos são atribuídos a causas internas e os resultados negativos atribuídos a
causas externas. Para que se proponha um treinamento é necessário que se faça um pré
diagnostico, assim pode-se visualizar questões como funcionários que atribuem culpas aos
colegas ou chefes e se esquivam do processo de treinamento sem aceitar as situações
propostas, pois a culpa dos problemas é sempre dos outros.
A partir de esse contexto o profissional irá propor atividades nas quais os funcionários
visualizem que em uma empresa nada se constrói sozinho e que o trabalho em equipe é o
melhor caminho para uma integração organizacional.
Quando o fazer vem dissociado do pensar, as ferramentas tornam-se
instrumentos de frustração (sobre tudo pela ausência de elementos
mobilizadores da utilização da ferramenta)e não de mobilização do desejo
de aprender. Hoje em dia, as descobertas das neurociências tem apontado
para a importância do oferecimento e experiências de aprendizagem,
independentemente da idade, que estimulem o funcionamento das redes
neurais, em um ambiente onde os aprendizes confiem em suas
potencialidades e no sucesso da aprendizagem. (RIBEIRO, 2010, p.148)
Atualmente o conhecimento passou a ser algo fundamental para as organizações, esta
relacionado ao modelo de gestão organizacional, mas a maioria dos gestores não esta
preparada e não consegue atingir plenamente os objetivos da organização em relação à
preparação de pessoal e formulação de projetos ou iniciativas concretas.
“É necessário que se acrescente, na perspectiva da empresa, que esta tenha uma ambição
positiva para almejar algo melhor, daí a importância de métodos inovadores que lhes
permitam aprender a progredir”. (RIBEIRO, 2010, p.154)
O ser humano é essencial para as organizações o êxito depende fundamentalmente das
pessoas, o fundamental para que seja alcançado os objetivos da empresa é o treinamento ele
será a base para o diferencial.
“O profissional de recursos humanos, incluindo se aqui o pedagogo empresarial, é o
responsável por preparar e desenvolver as pessoas para que, independentemente do setor em
que trabalham, tragam os resultados esperados” (RIBEIRO, 2010, p.155)
70
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O setor de recursos humanos promove estratégias para as organizações visando à
acepção da capacitação. A aprendizagem organizacional capacita os indivíduos para atuarem
nesses novos cenários sócios produtivos.
“A aprendizagem (pessoal, individual e organizacional) faz a diferença no mundo de hoje.
Nesse sentido, cultivar, desenvolver e promover a capacidade de aprender passa a ser uma das
atribuições do pedagogo empresarial” (RIBEIRO, 2010, p.156)
O treinamento e desenvolvimento de recursos humanos devem visar o desempenho
individual e em equipes para que se promova maior produtividade e mudanças. Para isso, se
faz necessários programas de treinamento desenvolvidos fora das salas visando melhorias na
capacidade de liderança e trabalho em equipe. (RIBEIRO, 2010, p.157) Ressalta: vale lembrar
que o ensino aprendizagem de habilidades isoladas ou com finalidades puramente
instrumentais reduz a eficácia dos resultados.
2.7.1 Organizações inteligentes
Nota-se que ainda hoje apesar das mudanças e atualizações, os empresários são
resistentes em reconhecer que o capital mais importante de sua organização é o capital
humano. Alguns profissionais exercem funções iguais empresas diferentes e não brilham em
uma organização e em outra fazem trabalhos excelentes inúmeros problemas encontrados em
organizações por falta de dialogo, omissões que geram insatisfação entre lideres e liderados.
Ninguém esta livre de ser vitima de sua própria zona de conforto e ela
escraviza mais do que nunca executivos, diretores e gerentes devido ao
posicionamento mais “confortável” para se fazer o que acha certo com as
pessoas? Evidencia-se uma crise na linha tênue entre o que é profissional e
pessoal. (Elias, 2007)
Um executivo deve ser um líder por seu próprio mérito e não por sua posição de
hierarquia. O mesmo deve ter cuidado para não interpretar seus subordinados tratando-os
como meros números. As empresas pecam por atribuir sua evolução pelos aparatos
tecnológicos, caem e um raciocínio mecanicista, e em um paradigma cartesiano.
Mas sabiamente não podemos deter o significado da palavra tecnologia
para referenciar somente a modernidade e a evolução das maquinas. E
nós, os seres humanos não se modernizam e evoluem?O que seria a
tecnologia humana dentro e fora de uma organização?Será que podemos
dividir um ser humano em dois, onde haja um ser que é dinâmico “X” no
perfil profissional e no outro um ser “Y” estático na família e com os
amigos?(ELIAS, 2007)
Os contextos atuais pedem dos indivíduos mais percepção e bom senso, alem do
caráter o empresário que ao não abrir mão de estimular princípios como honestidade,
disciplina, comprometimento, bom discernimento, fraqueza, empatia, caráter a frente de seus
colaboradores, ira evitar malefícios que a manipulação traz a médio e longo prazo: A ausência
e confiança.
Isso faz a diferença quanto a sensações positivas de quem, por lucidez, terá
uma aprendizagem vivencial mais significativa. Ninguém é ou se torna
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
excelente no que faz num ambiente de desconfianças, rivalidades, medos,
entre outras depreciações humanas. (Isso tudo se vincula a treinamentos
adequados a todos os envolvidos no processo organizacional Sem exceções
hierárquicas). Um trabalho que podemos até intitular de “elevação de
consciência”.É como ter um professor perspicaz(filosofo e gestor) para
tratar de assuntos subjetivos e tornar simples a complexidade dos desafios
objetivos internos e externos do meio organizacional.(ELIAS, 2007)
Uma pessoa que é excelente no que faz não é uma obra do acaso. Faz parte das
pessoas que acreditam em seu contexto e a todo o momento se interagem. Às vezes passamos
parte da vida envolvida com assuntos profissionais, deve-se perceber os motivos de estar ali e
não se limitar a motivos financeiros e tentar alinhar-se a uma busca de realização pessoal. É
natural do ser humano sempre buscar situações felizes.
São esses os motivos que nos fazem repensar as palavras importantes ao ser humano
desde a evolução. A confiança, a humildade, a empatia, o comprometimento, a liderança, e
várias atribuições indispensáveis a quem espera crescer na vida pessoal ou profissional.
Aprender a aplicá-las no cotidiano é o caminho para qualquer meta a ser alcançada.
2.7.2 Trabalho em equipe
Não se sabe ao certo, quando surgiu a ideia de reunir indivíduos em grupos em prol de
um objetivo comum. Mas sabe-se que isso ocorreu há muito tempo desde que o homem
iniciou o processo de trabalho.
A idéia do trabalho em equipe advém de uma necessidade do homem em somar
esforços para alcançar um objetivo comum, algo que não seria alcançado isoladamente. Ou
seja, o trabalho em equipe é uma estratégia para a melhoria da efetividade do trabalho.
Mas nem todo grupo trabalha em equipe e nem toda a equipe trabalha em grupo.
Grupo então é um conjunto de pessoas com objetivos comuns que atuam unidos para cumprir
metas especificas. O respeito entre os indivíduos e seus princípios, a interação dos membros
para atingir as metas e o respeito deve favorecer muito os resultados e a organização. É isso
que torna o trabalho desse grupo um verdadeiro trabalho e equipe. “Fazem com que todas as
pessoas da organização caminhem na mesma direção, não é tão difícil quanto parece. É
necessário muita estratégia, objetivos definidos, comunicação eficaz, feedbacks constantes e
lideranças compartilhadas”. (MICHELETTI, 2012)
Precisamos aprender a trabalhar em equipe, destacar o potencial de cada indivíduo,
conviver com as diferenças e entender que o trabalho em equipe nos promove maiores
chances de superar limites, contribuir para a realização de uma gestão que considera a
participação dos seus profissionais e a construção de um processo de gestão democrática,
participativa, comunicacional.
3. Elaboração de Projetos
Uma das atividades importantes do pedagogo empresarial será de colaborar na
realização de projetos. A realização de um projeto implica em construir e elaborar um roteiro
de trabalho desenhando e projetando as ações da empresa.
Uma ação que irá ser executada vem de um projeto elaborado para se obter exatidão
das técnicas abordadas de modo a garantir resultados satisfatórios em sua execução
72
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Ribeiro (2010, p.121) afirma que:
No âmbito das ações de treinamento de desenvolvimento de recursos
humanos que a efetividade desta ocorre, em grande parte da coerência na
elaboração dos projetos. Cabe alertar para cuidado especial que se deve
ter com a linguagem utilizada e com a precisão quanto ao que se pretende
alcançar.
Os objetivos explícitos devem propor subsídios para que os profissionais presentes
envolvam-se nas atividades planejadas. Alguns itens são necessários a elaboração de projetos
de treinamento organizacional ressalta que não há modelo para seguir, pois cada organização
ira adotar um roteiro que julgue necessário os seus objetivos.
Ratificar inicialmente o projeto ressaltando seus objetivos como uma ação de
transformação para determinada realidade definindo prioridades e metodologias para a ação.
Enfatiza, portanto uma ação destinada a uma situação problema ou
necessidade. Pode-se dizer que as relações entre ação e realidade atendem
a quatro momentos, a saber, projeção da ação, especificação das etapas da
ação (incluindo procedimentos acompanhamento e avaliação) dinamização
da ação e elaboração do relatório um. (RIBEIRO, 2010, p.122)
3.1 Apresentação de um projeto
Caracteriza-se como fundamental ao projeto, necessita de uma objetividade, conteúdo
de problemática que originou a idéia inicial do projeto esclarecido os motivos da proposta.
“Vale lembrar que não se podem propor ações suficientes e adequadas tampouco
operacionalizá-las sem que antes se tenha uma idéia clara do problema a ser resolvido”.
(RIBEIRO, 2010, p.123).
Nesse momento, definem-se os problemas, esclarecem-se limites pelos quais as ações
pretendidas serão desenvolvidas e os procedimentos que serão adotados. “Uma alternativa
para a apresentação é iniciá-la com uma discussão mais ampla acerca de gênese do problema,
isto é, explicita-se como se chegou a ele explicando os motivos mais relevantes para que (o
problema) fosse percebido como tal.”. (RIBEIRO, 2010, p.124).
Deve-se esclarecer o tema e relacioná-lo ao projeto. Detalhar a questão enfatizando a
aproximação e o distanciamento identificando-os no contexto e por fim, descreve-se a
situação.
3.1.1 Justificativa para elaboração de um projeto
A ação é projetada mediante as necessidades que a organização deseja que sejam
atendidas. Nesse aspecto deve-se obter informações quantitativas e qualitativas sobre a
situação existente sendo assim indispensável à elaboração do projeto.
Após a identificação da situação-problema devem-se explicitar as razões pelas quais, o
projeto será implantado.
“Isto implica o levantamento, análise e a interpretação dos dados relativos ao problema, o que
permite uma visão prospectiva da situação” (RIBEIRO, 2010, p.124).
Deve-se ressaltar que a justificativa não é de ordem pessoal e sim baseada no contexto
social a qual se destina. É necessário clareza para a importância dos resultados a serem
73
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alcançados. “Deste modo apos a descrição da situação existente aponta-se as alternativas de
solução e a importância da ação que se propõe realizar, em relação ao empreendimento como
um todo.”. (RIBEIRO, 2010, p.125)
3.1.2 Objetivos de um projeto
O objetivo é muito importante na elaboração de projetos, pois é por esses que se
definem os propósitos e norteia o trabalho a ser realizado. Assim é necessário que se saiba o
motivo pelo qual se deseja responder questões. (Ribeiro, 2010 p.125) evidencia que “a
natureza da resposta depende do que se pretende fazer com ela”.
A formulação dos objetivos necessita de certa clareza, dependendo assim de modelos
teóricos e uma seleção de praticas especifica ou não.
“Esta clareza determina o sucesso (ou não) do projeto, posto que seja a partir dos objetivos
que se estabelecem os indicadores para a avaliação e a adoção de novos procedimentos e de
novas ações” (RIBEIRO, 2010, p.125).
3.1.3 Acompanhamento controle e avaliação
Nesta etapa, explicitam-se as atividades realizadas para garantir o êxito do projeto, nos
termos gerais e específicos da proposta. Constitui-se em verificação sistemática no
desenvolvimento das atividades em função do limite proposto e realizado.
O controle evidencia por quem foi feita a ação. A quantidade e a qualidade são
passíveis de controle e servem assim como instrumento de mecanismos de ajuste. Sua
efetividade depende de critérios pré-estabelecidos.
A avaliação estabelece valor ao que foi realizado, a partir de acompanhamento de todo
o processo sugere-se uma padronização de instrumentos que serão utilizados como (relatórios,
questionários, entrevistas, etc.)
Vale lembrar que todos os instrumentos são úteis na medida em que
obedeçam aos critérios de objetividade, validade e fidedignidade inerentes
a um instrumento cientificamente elaborado. Assim torna-se possível
garantir a articulação entre objetivos, meios e resultados. (RIBEIRO, 2010,
p.130)
A impossibilidade de controle da avaliação e atividades estabelece-se prioridades
obedece a critérios de pertinência, economia e abrangência outro aspecto a ser considerado
diz respeito à apresentação dos resultados e ter como referencia dos desvios. Quando mais
tempo gasto na preparação da comunicação, mais difícil se tornará a erradicação de aspectos
desviantes.
Vale dizer que os processos de acompanhamento, controle e avaliação
precisam ter em conta:
-A clareza dos objetivos e das metas a serem alcançadas;
- O reconhecimento de todos os membros da equipe responsável na
operacionalização do projeto;
- O reconhecimento da avaliação como fatos de melhoria organizacional;
- A competência para analisar e interpretar critica e, imparcial, os dados
obtidos. (RIBEIRO, 2010, p.132)
74
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É de suma importância que os envolvidos no processo vejam como um instrumento de
trabalho pode ser reestruturado quando necessário ressalta-se que um projeto é um meio e não
um fim. A realização do projeto também poderá partir do diagnóstico realizado por meio da
avaliação institucional. Em ambos os processos tanto na avaliação e na projeção o pedagogo
poderá orientar todo o trabalho.
3.2 Recursos Humanos (RH)
O termo RH (Recursos Humanos) se dá ao conjunto de colaboradores ou empregos de
uma organização.
A área de recursos humanos tem razão de existir, como todas as outras áreas dentro da
organização. No atual sistema capitalista onde se visa sempre o lucro, as áreas da empresa tem
o objetivo de melhorar o desempenho da organização utilizando algum tipo de recurso. Assim
o RH (Recursos Humanos) tem o objetivo de melhorar o resultado da empresa através do
recurso de “pessoas” Müller (2012) afirma que o RH (Recursos Humanos) deve fazer com
que os acionistas e a sociedade tenham suas necessidades atendidas, através do conhecimento
do trabalho e da atitude das pessoas de uma empresa.
O objetivo do RH (Recursos Humanos) é de alinhar as suas políticas com as
estratégias da empresa.
3.3 O pedagogo empresarial e os programas de treinamento
Consideremos que existem pontos importantes para o êxito de atividades de
treinamento e que essas dependem de uma atuação precisa do pedagogo empresarial. Dentre
eles podemos ressaltar sólido conhecimento sobre planejamento e precisão/clareza de
linguagem.
O pedagogo empresarial deve ter cautela para que não confunda um planejamento
educacional (processo de ensino aprendizagem voltado à escola) com as atividades que serão
desenvolvidas no âmbito empresarial.
Há de ter uma visão precisa (tanto quanto possível) do que se pretende com
o treinamento/formação de recursos humanos dentro de um espaço de
tempo previamente demarcado (mesmo que dentro de uma política
empresarial mais abrangente, as atividades de treinamento/formação
atendem a objetivos/necessidades específicos a serem enfrentados em curto
prazo. (RIBEIRO, 2010, p.109).
O que se pretende com o resultado, precisa estar claro nos termos do conhecimento,
controle ou atitude dos treinados.
Na formulação dos objetivos, esse tem a função de materializar os propósitos das
atividades, marcando certos padrões a serem atingidos utilizando uma linguagem concreta
evitando formulações excessivamente abstratas. Alem disso, se faz necessário que o
planejamento efetivo não seja feito com palavras bonitas é de suma importância que as
formulações sejam precisas e enfoquem o pretendido.
Segundo RIBEIRO (2010, p.110) as etapas são detalhadas minuciosamente em estreita
simbiose com as características do grupo ao qual se destina.
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
4. Discussões e Resultados
Segue abaixo gráficos e tabela para uma breve discussão sobre temas importantes em
pedagogia Empresarial.
Figura 1 – Ciclo Atitudinal Fonte: Albuquerque, 2012
Na figura 1, pode-se observar que antes de tudo o pedagogo deve ter atitude e através
disso, perceber estratégias a utilizar nas empresas. Em linhas gerais, será essencial que o
mesmo não perca tempo aplicando métodos numerosos, perdendo assim os propósitos da
formação e da empresa. Esse programa de treinamento deve ser pensado com antecedência,
assim como a seleção dos métodos que visem respeitar os princípios dos desenvolvimentos
das técnicas e competências, bem como o relacionamento social.
E para atender as mudanças constantes no mercado de trabalho, onde as
empresas se obrigam a ter cada vez mais responsabilidades sociais e
atender os clientes com alto padrão de qualidade, entra em cena o
pedagogo empresarial para atuar na área de gestão de pessoas, nas
organizações de diferentes portes e setores, viabilizando o desenvolvimento
e a integração dos processos de gestão e os relacionamentos internos e
externos, bem como a implementação de programas de ação em relação à
formação, aperfeiçoamento, processos de superação do conhecimento, das
competências e das habilidades e mudanças no comportamento das pessoas
na empresa que propiciem as almejadas vantagens competitivas gerenciais.
(CEZAR, BIANCHINI, PIASSA, 2008)
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Figura 2 – Pilares da Educação
Fonte: Albuquerque, 2012
A figura 2 aponta que é necessário que se desenvolva projetos de aprendizagem para
que as mudanças constantes no mercado de trabalho não atinjam maleficamente a
organização. Isto pode desestimular o colaborador que necessita de constante preparo. Cabe
ao pedagogo utilizar seus conhecimentos educacionais para planejar caminhos a serem
percorridos, onde o colaborador se sinta útil e necessário naquele contexto em que está
inserido.
Os pilares da educação propõem situações onde o pedagogo empresarial pode
percorrer e propor ações inovadoras sob esses aspectos.
Verifica-se que, na realidade destas empresas não existe um trabalho
pedagógico, na verdade, é passado o conteúdo aos palestrantes que devem
transmiti-los aos funcionários, e estes ao final do processo devem saber
executar o lhes foi transmitido fortificando o pensamento tecnicista e o
caráter de treinamento para procedimentos.
Quando na verdade é preciso haver abertura para o conhecimento, pensar
o novo, reconstruir o velho, reinventar o pensar. A educação abrange mais
que o saber fazer, é preciso aprender a viver com os outros,
compreenderem os outros, desenvolver a percepção de interdependência,
administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no
esforço comum. (CESAR, BIANCHINI, PIASSA, 2008)
Diferente do que se utiliza tanto na escola quanto na empresa a comunicação deve ter
o cuidado de ser eficaz para que não se corra o risco de interpretações equivocadas sobre os
temas. Devem-se escolher as palavras adequadamente de modo a evitar conflitos e distorções
a compreensão da mensagem em seu fluxo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pedagogia empresarial é um tema muito atual, é um novo horizonte, no qual o
pedagogo deve buscar atuação.
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O curso de pedagogia ainda hoje forma profissionais para atuarem em espaços
escolares, o que dificulta que esse profissional se coloque diante da sua função na sociedade, a
de formar cidadãos e desenvolver em qualquer espaço a prática educativa. A presença do
pedagogo na empresa é de suma importância para impedir que o trabalhador na se torne
apenas capital humano de uma empresa, mas possa desenvolver suas competências.
Constatamos que o pedagogo poderá contribuir com a formação dos profissionais a
educação continuada humaniza o homem, torna-o conhecedor de si e dos outros faz com que
este se relacione positivamente com seus semelhantes.
Não se pode dizer que o pedagogo tem uma fórmula infalível ou mágica para atuar. O
que ele propõe é uma diversidade de atividades voltadas para o conhecimento que envolve as
ações dos indivíduos e um planejamento de um plano de formação continuada voltado às
necessidades da empresa. Ainda o pedagogo irá desenvolver a sensibilidade e a atitude dos
indivíduos de modo que atendam os anseios dos colaboradores e da organização favorecendo
um ambiente de aprendizagem, de colaboração, de trabalho em equipe.
Portanto, o pedagogo empresarial tem a necessidade de ser crítico e visionário capaz
de se adaptar as mudanças, contribuir efetivamente para o processo empresarial com o
objetivo de se apresentar de forma pratica e teórica a função da área de funcionamento
pessoal. Nessa nova perspectiva, o pedagogo deve pensar em uma educação que se estenda
além dos muros da escola, ser crítico e ter atitudes, pois será um articulador
empregador/pessoal que fará mudanças necessárias através de projetos juntamente com o R.H.
(Recursos Humanos) para promover interação dentro da empresa e assim poderá obter novas
conquistas nas áreas sob os dois âmbitos trabalhados, colaborar significativamente nos
projetos da empresa, ou seja, na sua organização e crescimento como um todo.
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Empresas.Disponivel
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MICHELETTI, Camila. Trabalho em Equipe: Essencial para todas as Empresas.
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Software Educativo como auxílio na aprendizagem da
matemática: uma experiência utilizando as quatro
operações com alunos do 4º Ano do Ensino Fundamental
I
Marcílio Farias da Silva
Mestre em Educação Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Doutorando em
Educação Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Rita de Cássia Costa Cortez
Graduada em Pedagogia pelas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – Fatea
Viviane Barbosa de Oliveira
Graduada em Pedagogia pelas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – Fatea
Resumo
As dificuldades de aprendizagem decorrentes do modelo de ensino encontrado nas escolas e os
avanços dos recursos tecnológicos são fatores que influenciam a educação matemática. Os alunos
apresentam um grau de dificuldade relevante com relação ao ensino-aprendizagem, causado pela
falta de motivação, de aulas monótonas e sem relação com o cotidiano. Ao mesmo tempo, os recursos
tecnológicos vêm sendo inseridos na educação de forma crescente, trazendo resultados positivos para
o ensino. Considerando tais fatores, este trabalho analisou o uso de software educativo como auxílio
na aprendizagem de matemática, apresentando-o como uma possibilidade de tornar as aulas mais
motivadoras aos alunos. Para verificar se essa utilização traz resultados positivos para o ensino-
aprendizagem, buscou-se tal comprovação por meio de estudo de caso de natureza exploratória
realizado com alunos do 4º ano do ensino fundamental I, utilizando como ferramenta o software
educativo Tux of Math Command. Realizou-se uma análise comportamental dos alunos na realização
de operações matemáticas em diferentes situações: resolvendo as operações em sala de aula, e
utilizando o jogo no laboratório de informática. Na utilização do software, verificou-se uma atitude
mais instigante dos alunos do que na resolução das operações em sala de aula. Esse interesse foi
decorrente da associação do jogo feita pelos alunos, não como problema a ser resolvido e sim como
algo prazeroso e significativo, em oposição ao ocorrido em sala de aula, momento em que prevaleceu
a insegurança e a necessidade de apresentar soluções. A pesquisa possibilitou afirmação do
questionamento apresentado neste trabalho, confirmando que a utilização do software educativo
auxilia o processo de ensino-aprendizagem de matemática.
Palavras-chave
Software educativo; Matemática; Educação.
Abstract
Learning difficulties arising from teaching model found in schools and the advances of technology
resources are factors that influence mathematics education. Students have a relevant degree of
difficulty with respect to teaching and learning, caused by lack of motivation, classroom monotonous
and unrelated to everyday life. At the same time, the technological resources have been inserted in
education increasingly, bringing positive results for education. Considering these factors, this study
examined the use of educational software as an aid in the learning of mathematics by presenting it as
an opportunity to make lessons more motivating to students. To verify that this use has positive
outcomes for teaching and learning, we sought such evidence through a case study of an exploratory
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conducted with students from the 4th year of elementary school, using as a tool the educational
software Tux of Math Command. We conducted a behavioral analysis of the students in performing
mathematical operations on different situations: solving the operations in class, and using the game in
the computer lab. In using the software, there was a more provocative than the students in the
resolution of the operations in the classroom. This interest was due to the association of the game
made by students, not as a problem to be solved but as something pleasurable and meaningful, as
opposed to what happened in the classroom, when the prevailing insecurity and the need to provide
solutions. The research allowed the questioning assertion presented in this study, confirming that the
use of educational software aids the process of teaching and learning of mathematics.
Keywords
Educational software ; Mathematics ; Education.
1. Introdução
A relação do homem com a Matemática é antiga, desde os tempos primitivos, no qual
ele fazia seu uso para contar grãos, analisar situações, seriar objetos, classificar, resolver
problemas, dentre outros. Foi assim que ela surgiu e foi se desenvolvendo, fazendo-se
presente no nosso cotidiano em diversas situações. Essa ligação íntima do ser humano com a
Matemática torna-a extremamente necessária e importante para a nossa vida.
Apesar de sua importância e da sua capacidade de desenvolver no indivíduo um pensar
matemático, a maioria dos alunos encontra dificuldades em seu aprendizado, e acaba
rotulando-a como difícil, “chata”, e disciplina de eliminação, sendo vista também como
matéria de alcance para poucos, em que apenas as mentes mais brilhantes são capazes de
compreendê-la.
Como afirma Medeiros ([198-], p. 24) sobre a aprendizagem da Matemática “o ensino
tradicional, sob o peso de uma apresentação lógica e consistente, induz a acreditar na
existência de um método que teria levado a criação deste saber, e ao qual, aparentemente,
apenas os mais dotados poderiam ter acesso”.
Por esse motivo, verificam-se frequentes dificuldades encontradas pelos alunos na
aprendizagem da Matemática, causando descontentamento para os mesmos, deixando-os
desmotivados e desinteressados. “A insatisfação revela que há problemas a serem enfrentados,
tais como a necessidade de reverter um ensino centrado em procedimentos mecânicos,
desprovidos de significados para o aluno” (BRASIL, 1997, p.15).
Tais dificuldades são percebidas inclusive, em relação às quatro operações,
acarretando problemas no decorrer do processo escolar. Entende-se que o aprendizado das
operações Matemáticas nas séries iniciais é a base para a aprendizagem posterior. Portanto
esse conhecimento deve ser proporcionado de forma coesa e concisa, de modo a garantir que
o aluno tenha apreendido e possa fazer uso de tais conhecimentos também fora do ambiente
escolar.
Visando a necessidade de atingir os objetivos educacionais, de um ensino que consiga
alcançar todos os alunos, e esses apreendam o conteúdo como um todo, é preciso que esse
modelo de ensino utilizado nas aulas de Matemática seja repensado. O Parâmetro Curricular
Nacional (BRASIL, 1997, p.15) defende que “há urgência em reformular objetivos, rever
conteúdos e buscar metodologias compatíveis com a formação que hoje a sociedade reclama”.
Não se pode negar a crescente utilização das novas tecnologias em diversos ramos
sociais, inclusive na educação, de forma direta ou indireta. Os alunos, desde a mais tenra
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idade, têm contato direto com esses novos recursos, e a escola, se não imersa nessa realidade,
torna-se obsoleta, não conseguindo alcançar de maneira satisfatória seus objetivos.
Nas palavras de Baranauskas et al (1999, p.49)
A tecnologia computacional tem mudado a prática de quase todas as
atividades, das científicas às de negócio até às empresariais. E o conteúdo e
prática educacionais também seguem essa tendência. Podemos dizer que a
criação de sistemas computacionais com fins educacionais tem
acompanhado a própria história e evolução dos computadores.
A sociedade da informação exige da escola a busca de novos métodos para tornar as
aulas mais integradas à realidade de seus alunos. Mediante tal exigência, faz- se necessário
encontrar quais as possibilidades de tornar essa aproximação real.
Várias são as formas de mudança no método de ensino, e o uso de software educativo
como auxílio às aulas de Matemática torna-se relevante. “Com o advento da Informática
Educativa [...] programas específicos para o ensino da Matemática estão sendo desenvolvidos,
direcionados para o público infantil que recreiam, divertem e educam ao mesmo tempo”
(DUARTE, 2009, p.76).
Diante de tais indagações, o interesse no uso do software educativo direcionado ao
ensino da Matemática no Ensino Fundamental I, norteador da nossa pesquisa, nasceu das
nossas indagações quanto ao ensino da Matemática tornar-se tão penoso aos alunos; dos
relatos de nossas colegas de sala sobre suas experiências frustradas na aprendizagem da
Matemática; na observação de que os métodos utilizados para o ensino não motivam os
alunos que, por não compreenderem ou acharem a matéria difícil, acabam não gostando das
aulas; na observação do avanço dos recursos tecnológicos educacionais como auxílio para
tornar a aprendizagem mais significativa nas diferentes áreas do ensino; na visão de uma
educação que está inserida na sociedade, e como tal, deve acompanhar e adequar-se aos seus
avanços, para que continue contextualizada, atualizada e motivadora.
Pensando nas constantes transformações sociais, no papel que a escola tem na
formação do indivíduo inserido na sociedade, sendo esta com crescentes avanços
tecnológicos, temos como objetivos deste trabalho apresentar uma possibilidade de tornar as
aulas de Matemática mais motivadoras para os alunos através do uso de recurso tecnológico
especializado; utilizar o software educativo matemático Tux, of Math Command, como
ferramenta de auxílio da aprendizagem Matemática, aplicado ao ensino das quatro operações
com alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I; analisar o comportamento dos alunos frente o
uso deste recurso; verificar se o jogo utilizado na pesquisa tornou o ambiente educativo
motivador para a aprendizagem Matemática.
Sendo assim, é possível tornar as aulas de Matemática mais motivadoras e
significativas, com a utilização do software educativo auxiliando na aprendizagem?
2. Revisão de Literatura
2.1 A Educação Matemática
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2.1.1 A importância do ensino da Matemática
A Matemática está inserida na vida cotidiana em diferentes momentos, e noções
básicas como o reconhecimento das formas geométricas, quantidade, espaço e localização são
aprendidos antes mesmo do ingresso na escola.
Apesar de seu caráter abstrato, seus conceitos e resultados têm origem no mundo real e
encontram muitas aplicações em outras ciências e em inúmeros aspectos práticos da vida
diária: na indústria, no comércio e na área tecnológica. Por outro lado, ciências como Física,
Química e Astronomia têm na Matemática ferramenta essencial (BRASIL, 1997).
Sendo assim, o domínio do pensamento lógico-matemático torna a resolução de
situações do dia-a-dia mais claras e objetivas, direcionando as atitudes e decisões a serem
tomadas.
De acordo com Souza (2001, p.27),
A aplicabilidade dos conhecimentos matemáticos se manifestará em nossa
vida de maneira sutil, associados, estes, a outras informações, auxilia-nos a
resolver situações-problema diversificadas, através de soluções distintas,
convenientes possíveis a cada indivíduo.
Sendo entendida como forma particular de organizarmos os eventos e objetos do
mundo, é necessário não só compreender o que é essa Matemática realizada pelos indivíduos,
mas também como estes se relacionam com ela.
Souza (2001) ainda afirma que a Matemática é parte substancial de todo o patrimônio
cognitivo da humanidade e está presente em nossa vida de todas as formas e em todos os
momentos. Daí a grande importância de seu ensino em nossas escolas, pois, se o currículo
escolar deve levar a uma boa formação humanística, então o ensino de Matemática é
indispensável para que essa formação seja completa.
Para tanto, é importante que a Matemática desempenhe, equilibrada e
indissociavelmente, seu papel na formação de capacidades intelectuais, na
estruturação do pensamento, na agilização do raciocínio dedutivo do aluno,
na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e atividades do
mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em outras
áreas curriculares (BRASIL, 1997, p.29).
Mas, analisando a realidade, vemos que o ensino da Matemática é questionado pelos
alunos por ser vista apenas como uma disciplina de difícil compreensão, desmotivadora e sem
elo com o cotidiano. Dessa forma “[...] o aluno aprende as terminologias e as fórmulas e
treina fazer substituições para resolver problemas de rotina. A Matemática fica transformada
em algo rígido, acabado, chato, sem finalidade” (ROSA NETO, 1987, p.39).
O problema desse quadro não está apenas na aprendizagem, mas na forma como a
Matemática é ensinada, que a torna distante da realidade dos alunos. Por consequência, ocorre
um elevado índice de reprovação e evasão escolar, já que os alunos não conseguem ver como
válida a sua aprendizagem.
Os conceitos matemáticos não se desenvolvem de um modo 'tudo ou nada',
de inicio são conceitos vagos e nebulosos, que crescem em clareza,
amplitude e profundidade, com a maturação e a experiência. 'A taxa de
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desenvolvimento parece depender da qualidade dos mecanismos cerebrais
da criança, de sua motivação e do meio cultural (que incluem condições na
sala de aula)' (LOVELL, 1988, p.124).
Para que, de fato, a Matemática seja considerada útil para os alunos, torna-se
necessário que estes consigam observar nessa matéria um vínculo com sua realidade; dessa
forma perceberão que o conhecimento aprendido dentro da escola poderá também ser
utilizado fora do ambiente escolar, pois como afirma D'Ambrosio (1996, p.98) “tudo que se
nota na realidade dá oportunidade de ser tratado criticamente com um instrumental
matemático”. Criado esse vínculo, a Matemática passa a ser vista pelos alunos por uma ótica
motivadora.
Segundo Carvalho (1990), existem duas concepções referentes à Matemática. A
primeira a considera como uma área do conhecimento pronta, acabada, perfeita, pertencente
apenas ao mundo das ideias e cuja estrutura de sistematização serve de modelo para outras
ciências. Na escola, a consequência dessa concepção é um ambiente onde o professor impõe
de maneira autoritária o conhecimento matemático a um aluno passivo. Assim, transforma
essa ciência em um avaliador de inteligência, de forma que só pode ser acessível a mentes
privilegiadas e que nem todos têm condições de possuí-la. A segunda contrapõe-se à primeira,
pois considera a Matemática como um conhecimento em construção e os indivíduos como
atuantes no processo de aprendizagem. Assim, a sala de aula não é o ponto de encontro de
alunos totalmente ignorantes com o professor totalmente sábio e sim, de alunos que interagem
com conhecimentos do senso comum, almejam a aquisição de conhecimentos sistematizados,
e um professor cuja competência está em mediar o acesso do aluno a tais conhecimentos.
A primeira concepção apresentada por Carvalho opõe-se ao esperado para o ensino da
Matemática e infelizmente se faz presente no cotidiano escolar. A permanência de aulas em
que o aluno é um sujeito passivo e o professor, o único detentor do conhecimento, que
transmite um conteúdo descontextualizado, utilizando listas de exercícios, exposições
calcadas na memorização de regras; gera uma aprendizagem automática, definida por Ausubel
et al (1980, p.121) como
[...]tarefas da aprendizagem automática [...] incorporadas na estrutura
cognitiva somente na forma de associações arbitrárias. Essas associações
são entidades discretas encerradas em si mesmas, organizacionalmente
isoladas, para todos os fins práticos, a partir dos sistemas ideacionais
estabelecidos no indivíduo.
Ou seja, o conhecimento, da forma como é ensinado pelo professor, sendo ele o único
detentor do conhecimento, não tem ligação com a prática e não estabelece relação com o que
o aluno vai usar posteriormente, tornando-se isolado e apreendido mecanicamente. O
aprendizado se torna útil enquanto é utilizado diversas vezes na escola, mas será esquecido
assim que deixar de ser necessário. Assim afirma Sadovsky (2007, p.14), quanto à
aprendizagem mecânica
[…] propostas ‘rasas’, muito baseadas na mecanização, provocam um vazio
de sentido para os alunos, que, sem disposição de bancar os ‘custos de
aprendizagem’ em algo que não tem o menor atrativo para eles, acabam
mesmo ficando incapacitados.
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Para alcançar os objetivos esperados para o ensino-aprendizagem da Matemática,
deve-se levar em conta a segunda concepção apresentada por Carvalho, que valoriza o
conhecimento prévio do aluno e a aprendizagem significativa.
Ausubel et al (1980, p.34) definem como aprendizagem significativa:
[...] as ideias expressas simbolicamente são relacionadas às informações
previamente adquiridas pelo aluno através de uma relação não arbitraria e
substantiva (não literal). Uma relação não arbitraria e substantiva significa
que as ideias são relacionadas a algum aspecto relevante existente na
estrutura cognitiva do aluno.
Nessa perspectiva, a ideia central é a de que o mais importante é aquilo que o aluno já
sabe, e quando ele estabelece significado entre as novas ideias e as já existentes, a
aprendizagem significativa acontece.
Para tanto, é necessário a apresentação de um material potencialmente significativo,
ou seja, “um material que apresente possibilidades do indivíduo estabelecer relações não-
arbitrárias e substantivas aos aspectos relevantes de sua estrutura, e mais, que este esteja
disposto a estabelecer tais relações” (BARALDI, 1999, p.38).
Jesus e Fini (2001, p.136) definem os critérios em relação ao material significativo de
aprendizagem.
O primeiro critério é que o material deve apresentar uma relação não-
arbitrária às ideias especificamente relevantes [...] No que diz respeito ao
segundo critério, essa relação deve ser substantiva para permitir que os
símbolos com ideias equivalentes se relacionem à estrutura cognitiva do
aprendiz sem alterar o significado.
Sendo assim, na realidade da sala de aula, conhecimentos matemáticos devem ser
construídos, adquiridos de maneira significativa, levando os alunos a alcançarem os objetivos
pressupostos pela elaboração de atividades utilizando materiais didáticos diversificados,
recursos inovadores e experiências da vivência diária (CARVALHO, 1990).
Dentre os materiais diversificados possíveis de serem utilizados em sala de aula,
ganham destaque o uso de jogos didáticos, computador e softwares educativos desenvolvidos
com fins específicos para as diversas disciplinas, dentre elas a Matemática. Os objetivos
matemáticos podem ser explorados com a utilização de jogos e desafios, pois estes favorecem
o desenvolvimento moral, social e emocional da criança. Eles “apresentam situações-
problemas, onde as crianças são desafiadas a utilizar seus esquemas mentais na construção da
resolução” (FONSECA, 1997, p.59).Através da exploração de materiais diversificados como
recurso para o ensino da Matemática, é possível tornar as aulas mais motivadoras e
significativas, pois como afirma Dante (2003), quando o professor usa materiais diversos e
jogos, parece tornar o aluno mais alerta e participativo, explorando nestes a formação de um
caráter crítico, e favorecendo o uso da criatividade, trabalho coletivo, iniciação pessoal e
autonomia, através da capacidade de conhecer e enfrentar novos desafios.
2.1.2 O ensino das quatro operações
As operações aritméticas básicas estão inseridas nos mais diversos contextos e
situações cotidianas das crianças. Como explica Fonseca (1997, p.47) “compreende-se por
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Operações Fundamentais as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão, porque é
a base para todas as outras operações existentes”.
Sendo assim, pequenas situações-problemas que surgem no dia-a-dia são facilmente
resolvidas pelas crianças: nas brincadeiras, na divisão de um brinquedo, na compra de doces,
entre outros. No entanto quando se deparam com tais situações na escola eles não conseguem
resolvê-las, muito menos associá-las às situações já vivenciadas.
Na afirmação de Bezerra (2008, p.38)
Na prática escolar, verificam-se, em grande parte dos alunos, e até mesmo
em alguns professores, as dificuldades quanto ao domínio pleno dos
algoritmos, que são utilizados de maneira mecânica e sem significado.
Muitos professores empregam técnicas diversas de cálculo, mas não
compreendem o porquê de cada procedimento, e os alunos repetem um
modelo ao qual não atribuíram sentido lógico ou prático.
Possibilitar ao aluno meios para realizar as quatro operações com eficiência é um dos
maiores objetivos da Matemática nas séries iniciais. Para tanto é necessário sempre levar em
conta as experiências e atividades diárias das crianças, buscando a contextualização do
conteúdo a ser ensinado.
As operações devem estar sempre contextualizadas, para que os algoritmos
não se tornem vazios de significado, por não estarem traduzindo situações
que possuem sentido e nem uma situação-problema em que a criança esteja
desafiada a resolver (FONSECA, 1997, p.49).
Se na escola o aluno não conseguir fazer a associação das quatro operações com
situações cotidianas, tampouco compreenderá a maneira de resolvê-las pelos exercícios
propostos em sala, pois estes serão meros mecanismos de ensino de algo sem valor simbólico
para o aluno. Essa relação da Matemática com a realidade do estudante é necessária, pois
fora do ambiente escolar o aluno já realiza cálculos e operações a seu modo. Esse
conhecimento não deve ser menosprezado pela escola, pelo contrário, ela precisa ser capaz de
levar a criança a associar os mecanismos usados na resolução de problemas matemáticos, com
os mecanismos apreendidos na escola.De acordo com pesquisa realizada,
[…] a escola nos ensina como deveríamos multiplicar, subtrair, somar e
dividir; esses procedimentos formais, quando seguidos corretamente,
funcionam. Entretanto, as crianças e adolescentes no presente estudo
demonstraram utilizar métodos de resolução de problemas que, embora
totalmente corretos, não são aproveitados pela escola (CARRAHER;
CARRAHER; SCHLIEMANN, 1988, p. 38).
A escola, ao se preocupar apenas com o conteúdo a ser ensinado para o aluno,
desconsiderando sua capacidade de construir seu próprio conhecimento, utiliza estratégias
prontas e definidas, sem significado para os mesmos e estes, acabam por não absorver e
interiorizar tais conteúdos, reproduzindo mecanicamente de acordo com a necessidade
surgida.
Ramos (2009) explica com precisão a passagem utilizada pelas crianças na
transformação de situações de contagem para o cálculo das operações: quando uma criança
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considera a quantidade que já tem e com base nisso acrescenta a nova quantidade para
encontrar o resultado, está adicionando, ou seja, realizando uma operação Matemática;
quando faz o processo inverso, retirando uma quantidade da que já tem, sem contar quanto
sobrou, ela está subtraindo. Ainda em Ramos (2009, p.62), “Operar matematicamente é
realizar uma transformação reversível. Reversibilidade é a capacidade de ir e vir do
pensamento, ou seja, partir de uma ação realizada e ser capaz de refazer os passos de volta ao
início, desfazendo a ação.”. Considerando esse processo de aprendizagem das crianças, faz-se
necessário que a escola busque maneiras de auxiliá-lo, possibilitando ao aluno compreender,
pois segundo Valente (1999, p.89)
A aprendizagem pode ocorrer basicamente de duas maneiras: a informação
é memorizada ou é processada pelos esquemas mentais e esse
processamento acaba enriquecendo esses esquemas. Neste último caso, o
conhecimento é construído. Essas diferenças em aprender são fundamentais,
pois em um caso significa que a informação não foi processada e, portanto,
não está passível de ser aplicada em situações de resolução de problemas e
desafios. Essa informação, quando muito, pode ser repetida de maneira mais
ou menos fiel, indicando a fidelidade da retenção. Por outro lado, o
conhecimento construído está incorporado aos esquemas mentais que são
colocados para funcionar diante de situações problema ou desafios. Neste
caso, o aprendiz pode resolver o problema, se dispõe de conhecimento para
tal ou deve buscar novas informações para serem processadas e agregadas
ao conhecimento já existente.
Nesse sentido a atuação do professor é de extrema importância, pois tendo papel de
mediador do conhecimento, cabe a ele introduzir na aprendizagem dos alunos maneiras
diversificadas de apreender o conteúdo proposto. Uma das formas de tornar o ensino das
quatro operações significativo aos educandos é através da utilização de materiais didáticos
diversificados, como os jogos. As crianças, por sua própria natureza, veem nos jogos e
brincadeiras uma forma de relacionar o conhecimento prévio com o novo conhecimento a ser
apreendido, interiorizando-os de forma significativa. Dessa forma, como afirma Fonseca
(1997, p.48) “à medida que as crianças vão sendo desafiadas a desenvolverem seu raciocínio,
por meio de jogos, vão construindo relações de estruturas lógicas que permeiam todas as
quatro operações”. É preciso, no entanto, que o professor desempenhe o papel de
organizador da aprendizagem, fazendo a seleção adequada do material a ser utilizado em sala
com os alunos, buscando alcançar os objetivos propostos.
[...] para desempenhá-lo, além de conhecer as condições socioculturais,
expectativas e competência cognitiva dos alunos, precisará escolher o(s)
problema(s) que possibilita(m) a construção de conceitos/procedimentos e
alimentar o processo de resolução, sempre tendo em vista os objetivos a que
se propõe atingir (BRASIL, 1997, p.40)
Sendo tais objetivos relacionados com as operações matemáticas, faz-se necessário a
utilização de recursos envolvendo as ideias de adição, subtração, multiplicação e divisão, pois
estes, sempre sendo explorados pelo professor, possibilitam ao aluno a compreensão e o
desenvolvimento da autonomia (FONSECA, 1997). Repensando o ensino da
Matemática, a sua utilização no cotidiano, a possibilidade de aprendê-la de forma diferenciada
e fazendo a escolha de material adequado a essas modificações, a escola conseguirá fazer a
associação dos jogos com a resolução das quatro operações matemáticas, mostrando aos
alunos que é possível aprender de forma divertida e interessante, e dessa forma os problemas
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enfrentados por estes diminuirão significativamente e o interesse pela aprendizagem será cada
vez maior.
2.2 Educação Matemática e Informática
2.2.1 O software no contexto educativo
Buscam-se incessantemente maneiras de melhorar a qualidade de ensino e deixar as
aulas de Matemática mais motivadoras, com o intuito de estabelecer um ambiente propício ao
ensino-aprendizagem, para que este se torne significativo e, por consequência, que o aluno
aprenda o conteúdo a ser ensinado. “O grande desafio é encontrar opções que venham a
contribuir na superação das dificuldades encontradas por professores e alunos no ensino-
aprendizagem da Matemática” (SOUZA, 2001, p.24). Nessa perspectiva é importante
observar o computador como um recurso utilizado em diversas áreas, e que pode ser incluído
no ensino para tornar-se um facilitador da aprendizagem, pois embora os computadores ainda
não estejam amplamente disponíveis para a maioria das escolas, eles já começam a integrar
muitas experiências educacionais, prevendo-se sua utilização em maior escala em curto prazo
(BRASIL, 1997, p.47). Em decorrência do grande avanço tecnológico. “Ele é apontado como
um instrumento que traz versáteis possibilidades ao processo de ensino e aprendizagem de
Matemática, seja pela sua destacada presença na sociedade moderna, seja pelas possibilidades
de sua aplicação nesse processo”. (BRASIL, 1997, p.47).
Sendo assim, é necessário um planejamento usando estratégias para adequar o uso
desse recurso como aliado na construção do conhecimento de forma mais sucinta, motivadora,
e desafiadora. Uma das formas de empregar o computador como ferramenta educacional com
o qual o aluno resolve problemas significativos, é por meio de softwares educativos
(ALMEIDA, 2000). Dessa forma,
Pedagogicamente falando, a utilização de ambientes informatizados,
empregando-se softwares educativos avaliados previamente pelo professor,
acompanhados de uma didática construtiva e evolutiva, pode ser uma
solução interessante para os diversos problemas de aprendizagem em
diferentes níveis. (MAGEDANZ, 2004. p.6)
Com o advento da informática, muitos softwares estão sendo desenvolvidos para
atender às diversas áreas, e a educação é uma delas. “A quantidade de programas
educacionais e as diferentes modalidades de uso do computador mostram que esta tecnologia
pode ser bastante útil no processo de ensino-aprendizado” (VALENTE, [1991 e 2002], p.2).
Para o professor, o uso dessa ferramenta possibilita uma maior apreensão dos
conteúdos pelos alunos, entretanto é importante lembrar que, como encontramos no PCN
(BRASIL, 1997, p.47)
Quanto aos softwares educacionais é fundamental que o professor aprenda a
escolhê-los em função dos objetivos que pretende atingir e de sua própria
concepção de conhecimento e de aprendizagem, distinguindo os que se
prestam mais a um trabalho dirigido para testar conhecimentos dos que
procuram levar o aluno a interagir com o programa de forma a construir
conhecimento.
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É necessário ressaltar que a utilização do software educativo como ferramenta de
auxílio no ensino da Matemática tornar-se-á eficaz se o professor planejar as ações a serem
desenvolvidas e fazer a escolha adequada dos softwares que serão utilizados em sala de aula
para atender os objetivos educacionais estabelecidos previamente.Dessa forma, com uma
proposta educacional bem planejada e estruturada.
Os softwares educativos podem ser um notável auxiliar para o aluno
adquirir conceitos em determinadas áreas do conhecimento, pois o conjunto
de situações, procedimentos e representações simbólicas oferecidas por
essas ferramentas é muito amplo e com um potencial que atende boa parte
dos conteúdos das disciplinas. Estas ferramentas permitem auxiliar aos
alunos para que deem novos significados às tarefas de ensino e ao professor
a oportunidade para planejar, de forma inovadora, as atividades que
atendem aos objetivos do ensino (BONA, 2009, p.36).
Além dos benefícios para a educação Matemática, tornando o processo de ensino-
aprendizagem mais dinâmico, a utilização do computador e de softwares educativos propicia
aos alunos um olhar diferenciado para o ensino, pois este já faz parte do cotidiano de muitos
estudantes, tanto para a elaboração de trabalhos escolares ou como modo de entretenimento.
O fato dos alunos crescerem em uma sociedade permeada de recursos tecnológicos
torna-os hábeis manipuladores da tecnologia, dominando-a com maior rapidez e desenvoltura
que seus professores; mesmo os pertencentes as camadas menos favorecidas têm contato com
recursos tecnológicos (ALMEIDA, 2000).
O envolvimento da prática escolar com as novas tecnologias, por meio do uso de
softwares educativos, despertará no aluno a curiosidade e a vontade em aprender o que está
sendo proposto pela escola, trazendo como resultados educacionais uma aprendizagem rica e
dinâmica.
Quando o aluno usa o computador para construir o seu conhecimento, o
computador passa a ser uma máquina para ser ensinada, propiciando
condições para o aluno descrever a resolução de problemas, usando
linguagens de programação, refletir sobre os resultados obtidos e depurar
suas ideias por intermédio da busca de novos conteúdos e novas estratégias
[…]. A construção do conhecimento advém do fato de o aluno ter que
buscar novos conteúdos e estratégias para incrementar o nível de
conhecimento que já dispõe sobre o assunto que está sendo tratado via
computador (VALENTE, 1999, p.2).
Nessa abordagem o computador não é o detentor do conhecimento, mas é uma
ferramenta que permite ao aluno construí-lo. Dessa forma
O computador […] e as mídias digitais precisam estar presentes na escola,
concorrendo para que essa deixe de ser mera consumidora de informações
produzidas alhures e passe a se transformar – cada escola, cada professor e
cada criança – em produtores de culturas e conhecimentos. Cada escola,
assim, começa a ser um espaço de produção, ampliação e multiplicação de
culturas, apropriando-se das tecnologias (PRETTO; ASSIS, 2008, p.81).
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Contudo, com a inserção do software no contexto educativo, auxiliando no processo
de ensino-aprendizagem, espera-se que os alunos sejam capazes de usar os conhecimentos
existentes, adquirindo novos com a intervenção do recurso tecnológico, tornando-se
pensadores ativos e críticos. “Além disso, espera-se que eles sejam capazes de conhecer o seu
potencial intelectual e utilizá-lo no desenvolvimento de suas habilidades e aquisição de novos
conhecimentos” (PAPERT, 1988, p.9).
2.2.2 Software educativo de Matemática: Tux, of Math Command
Como já citado anteriormente, no modelo educacional encontrado hoje, faz-se
necessária a implantação de novos recursos tecnológicos no ensino da Matemática. Dessa
forma, podemos afirmar, assim como no PCN (BRASIL, 1997, p.20) que: “recursos didáticos
como jogos, livros, vídeos, calculadoras, computadores e outros materiais têm um papel
importante no processo de ensino e aprendizagem”.
Em um ambiente em que o recurso favoreça a aprendizagem, fazendo o aluno perceber
que o conteúdo proposto tem ligação com sua vivência, e que o professor exerce papel de
mediador de conhecimento, ele se tornará mais confiante e disposto a interagir com a
aprendizagem, conseguindo assimilar os conteúdos propostos em sala. Quanto aos recursos
a serem utilizados, os softwares educativos trazem benefícios ao processo de ensino-
aprendizagem de alunos em Matemática, devido aos vários elementos neles presente.
Um software será relevante para o ensino da Matemática se o seu
desenvolvimento estiver fundamentado em uma teoria de aprendizagem
cientificamente comprovada para que ele possa permitir ao aluno
desenvolver a capacidade de construir, de forma autônoma, o conhecimento
sobre um determinado assunto (BONA, 2009, p.36).
Os softwares educativos são desenvolvidos com recursos que buscam chamar a
atenção das crianças, ao mesmo tempo em que levam a uma aprendizagem significativa dos
conteúdos presentes no jogo. Uma das grandes vantagens do uso do software educativo é o
seu apelo visual, pois as imagens, cores, personagens e movimento presentes se contrapõem
às características do ensino tradicional. Livros e quadro não se comparam à dinâmica que
pode possuir um jogo no computador, sendo essa uma importante causa da atração que as
crianças sentem pelo mundo virtual. Outra vantagem é a capacidade de interação e a
velocidade da resposta que um software pode dar a uma intervenção do aluno, pois o mantém
atento estimulando-o a construir o seu conhecimento.
O jogo utilizado em nossa pesquisa, o Tux, of Math Command possui alguns desses
elementos. O mesmo foi citado em um dos artigos da Revista Espírito Livre (2009, p.3) criada
com o objetivo de “[...] reunir colaboradores, técnicos, profissionais liberais, entusiastas,
estudantes, empresários e funcionários públicos em atividades, como em eventos afim de
estreitar os laços destes com iniciativas livres, entre elas o próprio software livre.”.Este jogo,
desenvolvido com a ideologia de software livre, pode ser encontrado e baixado gratuitamente
do site http://tux4kids.alioth.debian.org/tuxmath/.
Dentre as características encontradas no jogo, destacam-se o som, a animação, a
premiação e o erro. Os sons utilizados como recurso despertam a atenção; as animações do
personagem, o pinguim, permite uma relação maior do usuário com o jogo; as imagens reais
do universo apresentadas como plano de fundo proporcionam a interdisciplinaridade entre as
matérias de Matemática e Ciências, possibilitando uma exploração abrangente do universo e
suas características; e assim a junção destes promovem o envolvimento do aluno com o jogo.
90
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
O erro, situação muito temida pelos alunos, que gera vergonha, culpa e sentimento de
inferioridade perante os colegas, é trabalhado de forma oposta no jogo, pois é visto como
parte da brincadeira. Ele também oferece novas chances aos jogadores e ausência de
violência, onde os personagens ao serem atingidos, não morrem, são apenas eliminados.
A premiação adotada no software ocorre de diversas formas: com a música, na
animação do personagem, nos acertos e nas mudanças de nível; na recompensa, com a
possibilidade de registrar o nome mesmo sem finalizar, de escolher em qual nível vai iniciar e
pela pontuação. A junção de todos esses elementos oferecidos no jogo proporciona ao usuário
pensar de forma rápida, desenvolvendo a lógica matemática e a velocidade de raciocínio
utilizando as quatro operações.
Considerando os fatores abordados anteriormente em relação ao uso de software na
educação, é importante ressaltar que “quando utilizados corretamente, software e hardware
podem ajudar a preparar os estudantes tanto em termos de formação ‘clássica’ quanto para sua
inserção em uma sociedade cada vez mais integrada à tecnologia” (MAIA; NASSARDEN,
[200-], p.14).
3. Metodologia
O trabalho desenvolvido teve como metodologia o estudo de caso de natureza
exploratória que se refere à “ênfase dada à descoberta de práticas ou diretrizes que precisam
modificar-se e na elaboração de alternativas que possam ser substituídas” (OLIVEIRA, 2000,
p.134), com análise quanti-qualitativa, pois quantifica opiniões e dados nas formas de coleta
de informações não empregando dados estatísticos como centro do processo de análise do
problema, enfatizando a qualidade (OLIVEIRA, 2000). Para a realização da pesquisa, o
projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa da FATEA, responsável por realizar a
análise e aprovação do mesmo, o qual foi aprovado no dia 16 de junho de 2010, de acordo
com o Parecer n. 51/2010 (ANEXO A). O local escolhido para a realização do estudo foi uma
Instituição particular de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, localizada
no interior do estado de São Paulo. Desta Instituição foi utilizada a sala de aula (Figura 1),
onde acontecem as aulas regulares. Nesta se encontra a mesa da professora, quadro branco,
carteiras individuais para todos os alunos, ventiladores e iluminação adequada. Também foi
utilizado o laboratório (Figura 2) que apresenta computadores em perfeita condições de uso,
sala iluminada, com ventiladores e ar condicionado, bancada para micro, com apoio de
cadernos e cadeiras apropriadas e data show.
Figura1 – Sala de Aula
91
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Figura 2 – Laboratório de Informática
A população de estudo constitui-se de 26 alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I da
própria Instituição, com idade entre 8 e 10 anos, sendo grande parte dos participantes
meninos.
Os instrumentos de coleta de dados utilizados neste trabalho foram: Questionário geral
(APÊNDICE A), Questionário específico (APÊNDICE B), software educativo e Questionário
de opinião (APÊNDICE C). O questionário geral é composto por perguntas relacionadas aos
dados dos participantes, da utilização do computador e de sua relação com as quatro
operações; o questionário específico apresenta contas utilizando as operações matemáticas
para serem resolvidas pelos alunos; o software educativo matemático contém algoritmos das
quatro operações e o questionário de opinião contém perguntas relacionadas à experiência dos
alunos com o software para obter a avaliação deste.
O software utilizado como ferramenta na pesquisa é o jogo matemático Tux, of Math
Command (Figura 3) que apresenta como objetivo impedir que as bombas atinjam os iglus
sob ataque. No entanto, o interessante do jogo é a capacidade de divertir ensinando as quatro
operações de forma lúdica, pois as bombas só serão destruídas se o jogador acertar contas
aleatórias.
A dificuldade vai crescendo à medida que o nível aumenta. No menu opções pode-se
escolher entre algoritmos de somar, subtrair, multiplicar ou dividir. Há também a
possibilidade de mesclar as operações ou escolher apenas uma delas. É bem simples, a criança
digita o número correspondente à resposta da conta proposta e aperta o ENTER. Se a resposta
estiver certa, dispara-se um raio laser diretamente na bomba (conta), destruindo-a. Se errada,
o raio vai em outra direção e a bomba continua descendo. O jogador tem a possibilidade de
responder corretamente até que esta atinja o iglu.
Figura 3 – Software matemático Tux, of Math Command
92
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
A pesquisa foi realizada em três etapas, como mostra o cronograma (Tabela 1) a seguir
Cronograma da Pesquisa de Campo
27/05/2010 Reunião para autorização da pesquisa
08/09/2010 Aplicação do questionário 1 e 2
23/09/2010 Aplicação do software, do questionário 3 e encerramento da
pesquisa
Tabela 1 – Cronograma da Pesquisa de Campo
A primeira etapa iniciou-se com a reunião entre a Coordenadora Pedagógica da
Educação Infantil e Ensino Fundamental I, a professora do 4º ano e as pesquisadoras para
explicar a finalidade do trabalho e conseguir autorização para a pesquisa.
Na segunda etapa foi realizada a aplicação dos questionários geral e específico em sala
de aula, explicando sua finalidade, deixando claro que os erros e acertos não seriam avaliados
e sim uma análise das tentativas e participação. O questionário geral foi preenchido com o
auxílio das pesquisadoras, fazendo o acompanhamento dos alunos em todos os itens presentes
no mesmo. O questionário específico foi resolvido pelos participantes com intervenção das
pesquisadoras quando necessário ou solicitado. A duração deste encontro foi de
aproximadamente 1 (uma) hora.
A terceira etapa aconteceu no laboratório de informática, com a aplicação do software
educativo Tux, of Math Command (Figura 4). O jogo foi previamente instalado em todas as
máquinas para a realização do encontro, deixando-os pronto para jogar. A turma foi dividida
em dois grupos, e enquanto um estava no laboratório, o outro estava na sala com a professora.
Figura 4 – Aplicação do Jogo
O procedimento realizado com os grupos foi explicar as regras, objetivos e opções do
jogo, sugerindo a realização de uma das fases e observando o comportamento dos alunos
frente ao jogo. Posteriormente, foi proposto que os alunos escolhessem outras alternativas de
acordo com sua preferência. Após a exploração do jogo, foi entregue o questionário de
opinião para o relato dos alunos sobre a experiência com a utilização do software.
A etapa foi finalizada com o agradecimento pela colaboração dos participantes e a
entrega de uma circular contendo informações sobre o jogo e o procedimento necessário para
sua obtenção via web.
93
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4. Resultados e Discussão
Realizamos uma análise quanti-qualitativa do comportamento dos sujeitos da pesquisa
e do resultado dos procedimentos executados para avaliar o desempenho do software
educativo como ferramenta de auxílio nas aulas de Matemática. Os resultados da pesquisa
serão descritos a seguir.
Alguns objetivos da aplicação do questionário geral foram: verificar qual a relação dos
alunos com o computador, como eles o utilizavam e se tinham experiências anteriores com
software educativo de Matemática. Tais objetivos puderam ser alcançados através das
respostas obtidas nas questões 3 e 4, como mostra a figura abaixo
Figura 5 – Questões 3 e 4 do Questionário geral
Observamos durante a aplicação do questionário a necessidade de alguns alunos em
querer acrescentar mais opções quanto à utilização do computador, como vemos na figura a
seguir. Isso revela a grande interação existente entre a criança e os recursos nele disponíveis,
possibilitando à escola aproveitar o interesse por esse recurso para vinculá-los à educação.
Figura 6 – Questão 3 do Questionário geral
Analisamos as respostas deste questionário e obtivemos como resultados que a maioria
dos alunos utilizam o computador para jogos e já brincaram com software matemático, pois
94
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como afirmam Almeida (2000) e o Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), eles
crescem numa sociedade permeada de recursos tecnológicos. Os resultados podem ser
comprovados nos gráficos a seguir
Figura 7 – Análise das respostas da questão 3 do Questionário geral
Figura 8 – Análise das respostas da questão 4 do Questionário geral
De acordo com as respostas obtidas, podemos verificar que a utilização do software
como recurso pedagógico auxiliando na aprendizagem da Matemática é possível,
principalmente quando se trata de um jogo educativo, pois dentre as diversas possibilidades
de utilização do computador, a preferência dos alunos é por jogos. Sendo assim, segundo
Fonseca (1997) e Dante (2003), os objetivos matemáticos podem ser explorados com a
utilização de jogos, tornando o aluno participativo, as aulas mais dinâmicas e motivadoras,
próximas da realidade deles, auxiliando o processo de ensino-aprendizagem.
Analisando a questão 5 (Figura 9) do questionário geral, podemos verificar, em
relação às quatro operações, que os alunos preferem as operações de adição justificando
serem mais fáceis de fazer.
0
5
10
15
20
25
23 4
9
24
Número de respostas
Para que utiliza o computador
outros
sites
desenhos
trabalho
jogos
0
10
20
3025
1
Número de participantes
Já brincou com jogo matemático
Já brincou
Não brincou
95
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Figura 9 – Análise das respostas da questão 5 do Questionário geral
Já na questão 6 (Figura 10), as operações de divisão foram apontadas como sendo a
que menos gostam, pois segundo as respostas obtidas, os alunos as consideram difíceis,
complicadas, “com muita coisa para fazer”.
Figura 10 – Análise das respostas da questão 6 do Questionário geral
A figura a seguir ilustra as respostas apresentadas por diversos alunos no questionário
e comprova a análise realizada nos gráficos anteriores.
0
2
4
6
8
10
12
12
5
1 1 1
Número de respostas
Conta que menos gosta
divisão
subtração
multiplicação
divisão e subtraçãotodas menos adição
0
2
4
6
8
10
12
1413
7
32
1
Número de respostas
Conta que mais gosta
adição
multiplicação
todas
divisão
96
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Figura 11 – Questões 5 e 6 do Questionário geral
As comparações feitas acima demonstram que a preferência dos alunos por uma ou
outra operação tem ligação direta com sua aprendizagem, sendo assim, para que essa
aprendizagem seja eficaz e completa, é preciso que o professor consiga atender as
necessidades dos alunos de forma abrangente, e isso pode acontecer através da utilização do
recurso tecnológico, no caso o computador.
Na aplicação do questionário específico, o objetivo era avaliar o comportamento dos
alunos frente a realização das contas de maneira convencional utilizando as quatro operações,
não focando a verificação dos resultados certos ou errados, e sim a postura e estratégias
utilizadas por eles na resolução das situações-problema.
Os alunos não demonstraram entusiasmo em resolver as contas e sim, ficaram
preocupados em apresentar resultados, realizando-as de qualquer maneira, ou não insistindo
em resolvê-las quando tinham dificuldades, deixando em branco.
Figura 12 – Explicação dos alunos sobre a resolução da contas
Ficaram com dúvidas e constantemente perguntavam, sem tentar resolver sozinhos.
Muitos colocavam um resultado qualquer e quando questionados sobre como resolveram,
afirmavam que fizeram de cabeça ou que não sabiam como tinham resolvido. Alguns
exemplos estão apresentados abaixo
97
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Figura 12.1 – Explicação dos alunos sobre a resolução das contas
Os alunos logo se dispersaram, não demonstrando interesse em continuar resolvendo o
questionário.
Ao contrário do comportamento apresentado na aplicação do questionário específico,
no qual os alunos resolveram as contas em sala, na aplicação do software no laboratório de
informática, os sujeitos da pesquisa demonstraram muito entusiasmo com nossa presença,
pelo fato de proporcionarmos a utilização de um jogo no computador.
Na aplicação do jogo dividimos a turma e percebemos que, com ambas, o
comportamento dos alunos foi de empolgação, com pouca dificuldade em manusear o
software após as instruções dadas. No primeiro contato com o jogo não conseguiam
acompanhar o seu ritmo, mas devido a interação entre os colegas, pedindo ajuda e
comparando resultados, e as possibilidades de acertos e novas tentativas dada pelo jogo eles
conseguiram, estimulando-os a continuar a jogar.
Aos alunos foi dada a possibilidade de escolha dos níveis do jogo de acordo com o que
mais interessava a cada um. Percebemos que as crianças escolheram os níveis de acordo com
o grau de facilidade que tinham em resolver as contas. Dessa forma é possível perceber que o
jogo proporcionou aos alunos a possibilidade de acompanhar os diferentes níveis de
aprendizagem, como afirmou Magedanz (2004), através dos níveis de dificuldades presente
no mesmo.
Mesmo com dúvidas, os alunos não paravam de jogar para fazer perguntas, tiravam
essas dúvidas com o colega do lado, ou faziam tentativas de respostas no jogo. Ficaram
concentrados na atividade até o final da etapa.
Algumas crianças não gostaram de utilizar o jogo pelo fato de não gostarem da
disciplina, portanto, como afirma o PCN (BRASIL, 1997), tanto o computador como o
software educativo servem como facilitadores e motivadores à aprendizagem, entretanto há
necessidade em repensar conteúdos, metodologias e objetivos para torná-la significativa, pois
assim essa visão do aluno em relação a disciplina pode ser modificada, levando-o a interessar-
se por ela.
Analisando e comparando o comportamento dos alunos durante a pesquisa foi possível
verificar uma atitude mais entusiasmada na utilização do jogo porque este não foi encarado
como problema, mas como diversão e atração, ao contrário da sala, onde se sentiram presos e
necessitados em resolver as contas, apresentar soluções, mesmo deixando claro que não era
essa a proposta da atividade.
No questionário de opinião, o objetivo que queríamos alcançar era obter a avaliação do
jogo por parte dos participantes da pesquisa após a utilização deste, observando se houve
dificuldade e se gostariam de utilizá-lo nas aulas de Matemática.
98
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Figura
13 – Questão 1 do Questionário de opinião
Constatamos que a maioria dos participantes fez uma avaliação positiva do jogo,
fazendo diversas justificativas, tais como: é um jogo educativo, é legal na aula de Matemática,
a gente aprende mais, nos ajuda nas contas e nos diverte, adoro fazer continhas, entre outras.
Pôde ser constatado através das respostas obtidas nas questões 2 e 3 deste questionário
que, assim como foi verificado anteriormente, mesmo utilizando o jogo, os alunos ainda
encontram facilidade na resolução das contas que envolvem adição e dificuldade nas que
envolvem multiplicação e divisão, como podemos ver nos gráficos seguinte.
Figura 14 – Análise da questão 2 do Questionário de opinião
Figura 15 – Análise da questão 3 do Questionário de opinião
1 1 12
2
3
8
10
O que foi mais difícil no jogo
fazer as contas grandes
divisor positivo e negativodividir com dois algarismosnível I
tudo
nada
divisão
multiplicação
Númerode
respostas
1 1 12
2
4
14
O que foi mais fácil
fazer as contas
subtração
divisão
tudo
nível I
multiplicação
adição
Número de
respostas
99
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Fazendo uma análise comparativa entre os dados apresentados nos gráficos das
questões 5 e 6 do questionário geral e com os gráficos apresentados acima, podemos perceber
que os alunos apontaram no questionário geral as contas de adição como sendo as que mais
gostam, devido a facilidade que encontram em resolvê-las, e de multiplicação e divisão que
menos gostam porque acham difícil. A mesma resposta foi obtida quando se depararam com
situação semelhante na utilização do software educativo de Matemática.
É importante ressaltar que, apesar das dificuldades apresentadas, as duas formas de
resolver as operações foram encaradas de forma contrária. Na situação em sala os alunos se
mostraram tensos, preocupados com os erros e acertos, e sobretudo, preocupados em não
saber resolver a conta proposta, já na resolução das operações com o auxílio do jogo isso não
ocorreu. Mesmo querendo acertar as respostas, buscavam maneiras diferentes de encontrá-las
sem ficar presos ao erro. Além disso, a situação do jogo proporcionou uma interação maior
entre os alunos, possibilitando que ajudassem uns aos outros a resolver as contas propostas, o
que não aconteceu com a mesma facilidade em sala.
Pode-se concluir com esta análise que a utilização do software não elimina as
dificuldades encontradas em sala, e como afirma Bona (2009), ele dá novos significados aos
problemas e oferece ao aluno a possibilidade de encará-los como algo que pode ser superado.
Os participantes da pesquisa também foram questionados sobre a utilização do jogo na
aula de Matemática, podendo ser constatado que, por diversas razões, a maioria gostaria de
fazer seu uso. Entre as justificativas apresentadas podemos destacar: seria mais fácil aprender,
a gente aprende mais Matemática, nos ajudaria nas contas, seria muito legal se a gente usasse,
a gente poderia ser mais inteligente, gosto muito de usar o computador. Outras justificativas
apresentamos nas figuras abaixo:
Figuras 16 – Questão 4 do Questionário de opinião
Figura 16.1 – Questão 4 do Questionário de opinião
Ao responderem esse questionário, as crianças se mostraram motivadas afirmando
que, se as aulas de Matemática utilizassem jogos como o apresentado na pesquisa, ela ficaria
mais interessante e dinâmica.
A constatação das respostas apresentadas pelos alunos completa o que foi verificado
na Revisão de Literatura por Souza (2001) em relação aos recursos que possam contribuir
para a superação das dificuldades no ensino-aprendizagem da Matemática, deixando claro que
o uso do software educativo matemático serve de auxílio nessa aprendizagem.
100
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Durante a pesquisa alguns alunos apresentaram respostas negativas nos questionários e
na utilização do jogo. Foi possível perceber que essas respostas se deram pela relação deles
com a disciplina, como apresentado anteriormente, ou seja, por não gostarem de Matemática,
não quiseram resolver as contas e utilizar o jogo da maneira proposta.
Figura 17 – Justificativa do aluno em relação ao jogo
Como afirmou Bezerra (2008) na Literatura apresentada, os alunos sentem
dificuldades em resolver os algoritmos, pois são utilizados de maneira mecânica e sem
significado, não atribuindo sentido lógico e prático para a resolução dos problemas, dessa
forma os alunos ficam dispersos e sem interesse nas aulas, ou acabam atribuindo à ela um
caráter negativo.
Figura 17.1 – Justificativa do aluno em relação ao jogo
Figura
17.2 – Justificativa do aluno em relação ao jogo
Dessa forma fica evidente que, se as aulas fossem motivadoras e aos alunos os
conceitos fossem apresentados com significado, como afirma Carvalho (1990) e Fonseca
(1997), os alunos apresentariam respostas diferentes quando questionados em relação aos
saberes matemáticos.
Analisando as duas situações, em sala e no laboratório de informática, foi possível
constatar que, mesmo os alunos que apresentaram dificuldades na resolução de problemas
matemáticos em sala conseguiram utilizar o recurso, e o numero de sujeitos insatisfeitos com
sua aplicação foi relativamente baixo, como mostra o gráfico a seguir.
101
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Figura 18 – Avaliação software pelos alunos
Isso evidencia a importância da utilização do software educativo nas aulas de
Matemática, pois como foi comprovado na pesquisa, os alunos aprovaram a utilização do
recurso mostrando resultados positivos e a possibilidade de utilizá-lo como auxílio na
aprendizagem.
5. Conclusão
Durante a realização de nossa pesquisa percebemos a importância de proporcionar aos
alunos um ambiente mais dinâmico, enriquecedor e motivador para o processo de ensino-
aprendizagem por meio da inserção do recurso tecnológico, como no caso, o software
educativo. Pudemos constatar que, em um ambiente no qual a utilização do recurso se torna
possível, as atividades são desenvolvidas de forma natural pelos alunos, sem apresentar
muitas dúvidas ou receio em resolvê-las, pela habilidade que estes têm em utilizar a
tecnologia, proporcionando dessa forma maior interação e troca de experiências entre as
crianças.
Encontramos no Parâmetro Curricular Nacional (BRASIL, 1997) e nas palavras de
Souza (2001) que o desafio das aulas de Matemática é encontrar recursos que possibilitem
tornar as aulas motivadoras aos alunos, e que nesse sentido, o computador e a informática
chegam como auxílio para a resolução dessa questão, pois a maioria dos alunos, até mesmo os
menos favorecidos, tem contato e facilidade de utilização das novas tecnologias.
Foi interessante notar também que, mesmo com a utilização do recurso tecnológico, a
importância do aprendizado em sala não é menosprezado, pois para que o aluno possa
desenvolver habilidades na utilização do mesmo, ele precisa utilizar os conhecimento
apreendidos para superar seus desafios. Dessa forma, o software se apresenta como auxílio a
aprendizagem, ou seja, uma forma de tornar a aula mais motivadora e interessante, servindo
de suporte ao professor.
Por isso, como afirmou Bona (2009), é importante que a utilização do software seja
bem planejada pelo professor, pois o bom planejamento permite que o aluno dê novos
significados as tarefas de ensino.
O trabalho com software educativo proporciona ao aluno a possibilidade de construir
seu próprio conhecimento, e ao professor a oportunidade de alcançar os objetivos
102
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educacionais de forma ampla, levando todos os alunos a apreender os conceitos pela
multiplicidade de recursos.
Finalmente acrescentamos que foi possível alcançar os objetivos propostos e
confrontar o questionamento da pesquisa com a realidade, comprovando que é possível a
utilização do software educativo como recurso na aprendizagem da Matemática.
Encerramos nossas observações ressaltando a importância de aprofundamentos
posteriores no tema, pois este não está acabado, pelo contrário, ainda há muitos caminhos a
serem percorridos e estudados para que o mito das aulas de Matemática como difíceis e
distantes da realidade dos alunos sejam derrubados, e a visão da incorporação dos recursos
tecnológicos à educação possam ser aceitos e utilizados com frequência.
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105
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Reflexões sobre a linguagem televisiva e sua influência
socializadora
Débora Burini Bacharel em Comunicação Social na habilitação Rádio e Televisão (1989), Mestre em Comunicação e
Semiótica pela PUC de São Paulo (1996), e Doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de
São Paulo-UMESP. Atuou desde 1988 em emissora de televisão, e participou como membro do Conselho
Deliberativo da Direção do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (1995). Professora
universitária desde 1995 atuou na Universidade de Taubaté, FAAP e Faculdade Cásper Líbero. Atualmente
ministra aulas na Universidade Federal de São Carlos – UFSCar.
Jefferson José Ribeiro de Moura Formado em Comunicação Social pela USP nas habilitações Rádio e TV e Publicidade e Propaganda.
Especialista em Comunicação Social e Mestre em Lingüística Aplicada pela Universidade de Taubaté. Professor
há 27 anos, atuou na PUC de Campinas, Faculdades Anhembi Morumbi e Universidade Braz Cubas.
Atualmente leciona na UNITAU e Faculdades Integradas Teresa D’Ávila onde também é Coordenador nos
Cursos de Comunicação Social.
Resumo
O trabalho aborda uma reflexão panorâmica e ensaística sobre o papel da linguagem televisiva
dentro da perspectiva de influência socializadora. Tem por objetivo estabelecer uma discussão no
campo da produção de conteúdo audiovisual veiculado nas emissoras de televisão, a evolução
histórica dos modos de produção e a relação estabelecida entre quem edita e quem assiste, tendo
como mediador a estética do veículo e a evolução tecnológica. Parte do estudo do veículo e da técnica
inserida em seu modus operandi, através das obras de Sérgio Mattos, Raymond Willians e Walter
Bonásio, e da compreensão da mensagem, com apoio das obras de Karl Popper e Joan Ferrés.
Palavras-Chave
Comunicação; Televisão; Audiovisual; Linguagem.
Abstract
This paper presents a panoramic and essayistic reflection on the role of television language from the
perspective of socializing influence. It aims to establish a discussion in the field of audiovisual content
production aired on television stations, the historical evolution of modes of production and the
relationship between those who edits and assists, with the mediator aesthetics of the vehicle and
technological developments. Part of the study vehicle and technology embedded in its modus
operandi, through the works of Sergio Mattos, Raymond Williams and Walter Bonásio, and
understanding the message, with support from the works of Karl Popper and Joan Ferrés.
Keywords
Communication, Television, Audiovisual; Language.
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Introdução
Nas sociedades modernas, a construção do imaginário social é determinada, em grande
parte, pelo poder cultural e simbólico da comunicação em suas múltiplas formas de mediação
e suportes, que estabelecem consensos “fabricados” e não “negociados”, como seria próprio
de sociedades democráticas. A historicidade mediada faz parte do cotidiano das pessoas. Os
efeitos dessa mediação do espaço público, em que a realidade é elaborada não mais a partir de
experiências, mas pelas informações e imagens fornecidas pela tela da televisão, que oferece
“uma janela para o mundo”, vem sendo objeto de reflexão de diferentes autores.
Bosi (1972, p. 383), já alertava para os riscos da colonização pelos meios de
comunicação de massa e reivindicava o caráter plural da cultura.
Dos meados do século XX em diante, passa a ser colonizada em escala
planetária a alma de todas as classes sociais. Colonizar quer dizer agora
massificar a partir de certas matrizes poderosas de imagens, opiniões e
estereótipos. Apesar dos mil e um estudos científicos e de todos os hosanas ou
maldições que há meio século pairam sobre a indústria cultural e,
particularmente, sobre a televisão, continua em aberto a tarefa da inteligência
que pretenda decifrar o que vem acontecendo com as mentes e corações de um
público vastíssimo e, de algum modo, ainda trabalhado pela cultura erudita ou
pela cultural popular.
Quase 40 anos depois, apesar da globalização da comunicação, da desterritorialização
do espaço e do tempo provocados pela comunicação por satélite, e pela web, a população
brasileira ainda repete, diariamente, a rotina descrita por Bosi em seu clássico livro “Dialética
da Civilização”, da década de 70, como um processo corrente de difusão na sociedade de
consumo, onde os bens simbólicos são consumidos principalmente pelos meios de
comunicação de massa.
Em sociedades com baixo índice de leitura e acesso a bens culturais em geral, como é
o caso do Brasil, o poder da televisão é ainda maior, particularmente a televisão aberta,
comercial, considerando a facilidade com que entra nas casas e nas mentes, fomentando
identidades coletivas. Nessa perspectiva, o direito e o acesso à informação multifacetada e
produzida por diferentes atores sociais, tem um papel fundamental para garantir a diversidade
cultural, e contribuir para a formação crítica do cidadão, e desta forma, que possa se tornar
sujeito de sua própria história.
Numa democracia não deveria existir nenhum poder político incontrolado. Ora,
a televisão tornou-se hoje em dia um poder colossal; pode-se mesmo dizer-se
que é potencialmente o mais importante de todos, como se tivesse substituído a
voz de Deus. Não pode haver democracia se não submetermos a televisão a um
controle, ou, para falar com mais precisão, a democracia não pode subsistir de
uma forma duradoura enquanto o poder da televisão não for totalmente
esclarecido. (POPPER, 1992).
Em 1974, no livro Television: technology and cultural form, Raymond Willians
desenvolvia suas reflexões partindo da idéia/concepção de que a televisão é o lugar onde se
entrelaçam três importantes processos: o tecnológico, o institucional e o cultural. Isto leva a
uma compreensão do ponto de vista das relações entre a dimensão tecnológica e a cultural na
televisão. Entender essa relação pressupõe compreender a história dos meios de comunicação,
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em especial da televisão, e como ela se constituiu tecnologicamente ao longo dos tempos para
determinar formas de comunicação que até hoje se mantém presentes. Ainda que os avanços
tecnológicos propiciem tecnologias de plasma ou cristal líquido LCD (Liquid Cristal
Display), LED (Diodo Emissor de Luz), e em 3D (dimensões), a televisão segue sendo o meio
com maior audiência e popularidade.
No Brasil, dados do Censo 2000 do IBGE e do Ministério das Comunicações indicam
que a televisão está presente em boa parte dos lares brasileiros, e seu alcance chega quase a
totalidade da população brasileira.
Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 91,4% dos mais de 53 milhões de lares do país
possuem pelo menos um aparelho receptor de televisão e 88%, de rádio. Ao mesmo tempo,
apenas 8% possuem assinatura de televisão a cabo ou por satélite e 14,4% têm acesso à rede
mundial de computadores (internet), apesar de 18,6% possuírem computador.1
Arlindo Machado (2001) critica as pesquisas sobre televisão e a visão de diferentes
pesquisadores sobre esse meio, que deixam a impressão que na tevê não existe nada além do
comum, do superficial. Segundo Machado, por mais que pareçam avançar os estudos sobre a
televisão, permanece ainda muito amplamente disseminada a idéia antiga de que televisão é
meramente um “serviço”, um sistema de difusão, fluxo de programação, ou, numa acepção
mais “integrada”, produção de mercado, sem considerar os aspectos positivos do próprio meio
e sem discutir o modus operandi e de produção mais diretamente relacionados ao meio como
business, do que ao próprio meio.
Martín-Barbero (2006), considerado um dos principais teóricos da América Latina,
analisa a televisão como relato, dispositivo cultural e indústria; que busca compreender suas
formas, lógicas e conexões; e se propõe como meio central da comunicação contemporânea,
uma vez que a tela televisiva tornou-se o local da visualidade que ritualiza formas de
interpretar o mundo, e classifica as maneiras de “ver” socialmente aceitas.
Por outro lado, considerando que a televisão entra em praticamente todos os
domicílios do país, e compete diretamente com a escola, no processo de formação cultural, é
necessário refletir sobre o sistema brasileiro de televisão e de rádio, que até recentemente foi
marcado pelas emissoras privadas comerciais, apesar de suas concessões serem reguladas pelo
Estado, cuja legislação, o Código Brasileiro de Radiodifusão, de 1962 é ainda considerado
anacrônico, apesar dos “remendos” existentes e face às constantes mudanças tecnológicas do setor e às demandas sociais.
A linguagem e a recepção
A linguagem da televisão passou por um processo evolutivo que conduziu o modo de
edição, antes determinado pelos planos-sequência, para um modelo fragmentado, no qual
prevalece a estética da velocidade em detrimento da estética da profundidade.
No início preponderavam as entrevistas de estúdio e os comentários. As reportagens
externas eram realizadas em película, com o predomínio de longos planos-sequência. Por conta
do equipamento não havia a gravação do som direto. O áudio normalmente era composto por
locuções acrescentadas a posteriori. Devido ao tempo destinado à revelação/montagem, as
matérias externas eram mais frias. A referência da linguagem audiovisual era o cinema.
Com a invenção do vídeo tape surge a possibilidade de realizar reportagens em vídeo
com equipamento de gravação externa. Ainda há a predominância dos grandes planos-
1 Disponível em: http://alainet.org/active/20521 acesso em 2 de fevereiro de 2009.
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seqüência, porém começa a surgir uma linguagem mais específica para o veículo TV, baseada
em uma construção que utiliza planos de câmera variados, apoiada pela possibilidade da
edição eletrônica, mais rápida e simples. A edição, segundo Becker (2008) precisa ser muito
rápida, com planos curtos e fechados, muita ação o tempo todo, de modo a manter o
espectador permanentemente motivado e interessado na trama.
Esta linguagem vai se tornando cada vez mais dinâmica, e a consciência de manter o
público telespectador “ligado” vai desenvolvendo cada vez mais uma preocupação da estética
visual para apoiar o conteúdo.
Com a popularização do controle remoto nos aparelhos de TV, o desafio de manter o
telespectador aumenta consideravelmente. Paralelamente a evolução dos equipamentos de
captação e edição permite o desenvolvimento de uma linguagem mais rápida, dinâmica e em
alguns momentos fragmentada. Uma linguagem que se aproxima da estética do vídeo clipe.
Baseado nesta análise determina-se dois momentos que marcam a estética audiovisual
na TV brasileira. Como se trata de uma mudança, marcada por uma evolução cultural e
tecnológica contínua não há como estabelecer datas, ou momentos de quebra explícitos. Tudo
acontece em um processo de adequação aos novos desafios.
ESTÉTICA DA PROFUNDIDADE ESTÉTICA DA VELOCIDADE
Quantidade menor de notícias
Maior aprofundamento
A informação é o ponto chave
Gera discussão
Quantidade maior de notícias
Menor aprofundamento
A audiência é o ponto chave
Gera busca de + informação
A discussão proposta é que se uma exclui a outra. Se os novos desafios para “prender”
o telespectador geram uma estética visual que determina padrões específicos para o conteúdo.
Do ponto de vista da estética da profundidade a edição dinâmica, veloz e fragmentada
e a grande quantidade de notícias transforma a informação em um show/espetáculo que será
esquecido assim que o próximo programa entrar no ar. Falta informação. Do ponto de vista da
estética da velocidade a edição “lenta”, mais explicativa, com notícias com um tempo maior,
transforma o telejornal em um programa pouco atrativo, que será substituído rapidamente pelo
controle remoto. Falta entretenimento.
Não podemos negar “o olho” do novo telespectador, que reflete uma sociedade
altamente estimulada pela evolução tecnológica. O olhar é multimídia. O tempo é acelerado.
O “banquete” muitas vezes superficial. Porém a informação não deve ser escrava da estética.
É preciso criar alternativas em que se ofereça um conteúdo mais crítico que permita ao
telespectador aprender a “ler” além da superfície.
[...] não se controla a comunicação audiovisual se não se conhecerem os
mecanismos emocionais e inconscientes a partir dos quais ele atua [...] o
analfabetismo audiovisual é mais perigoso que o verbal. O analfabeto verbal é
consciente de sua limitação. Não poderá ter acesso à informação escrita, mas
tampouco poderá ser manipulado por ela. O analfabeto audiovisual, no entanto,
será presa fácil da manipulação audiovisual, porque terá acesso às mensagens
sem capacidade de análise e, ao mesmo tempo, sem uma atitude de defesa, de
controle. (FÉRRES, 1998, p.273)
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Como indústria de consumo e entretenimento, a televisão abocanha uma fatia de quase
60% da publicidade nacional. É apresentada como um midium capaz de colaborar para alterar
uma sociedade, desde que responda às necessidades e expectativas dos públicos que a
assistam.
A convergência multimidiática aliada à plataforma digital reforça que os atuais
modelos de TV não poderão permanecer da forma como estão, e exigem a ampliação das
discussões em torno de mecanismos que garantam a diversidade de conteúdos, aliado a uma
convergência, que não é só de suporte, e sim crítica, de diálogo capaz de fomentar novos
conteúdos. A TV digital, por exemplo, deverá originar linguagens novas, e conteúdos novos.
Uma espécie de repositório natural gerado a partir do avanço da tecnologia.
O novo cenário possibilita uma experimentação de linguagem na produção
audiovisual, uma vez que os custos de produção são baixos e há espaço para a veiculação em
outros suportes.
Na nova televisão (digital e interativa), a estética televisiva atinge outro patamar.
Profundidade e velocidade passam a conviver em um mesmo espaço, e a decisão pela escolha
de um ou de outro passa a ser do telespectador. Seu desejo pode ser atendido
instantaneamente pela internet, ele está livre da grade de programação das emissoras e das
linhas editoriais. A possibilidade de participar ativamente da programação permite ao
telespectador experimentar a alternância de ritmos, dependendo do seu interesse.
Levando em conta a velocidade da mídia (agora digitalizada), o que se vê num
primeiro momento é o predomínio da estética da velocidade. Textos curtos (agora o texto faz
parte da mensagem televisiva), vídeos curtos, que com edição dinâmica atingem a superfície
da informação. Porém a possibilidade do hipertexto autoriza o telespectador a buscar por si,
um aprofundamento da informação através de cliques em links de texto, vídeos e álbuns de
fotos. A possibilidade de participar de um fórum ou chat pode aumentar ainda mais esta
profundidade.
ESTÉTICA DA
PROFUNDIDADE
ESTÉTICA DA
VELOCIDADE
Escolha de links
Vídeos com informação
fracionada
Textos um pouco mais longos
recheados de links
Álbuns de fotos
Fóruns e Chats
PERMITE
Navegação rápida
Vídeos resumidos
Textos curtos
Pesquisas instantâneas
A convergência entre televisão e internet torna-se um fator inquestionável na lógica do
mercado digital. Mas há muitas questões a serem respondidas, principalmente, relacionadas
ao tipo de conteúdo que essa fusão exigirá. É nessa convergência midiática que surge a
necessidade de produção de conteúdos específicos para o suporte.
Não basta ter a intenção de estabelecer uma comunicação dialógica a partir da
televisão é preciso estabelecer um universo comum de competências comunicativas, que
permitam ao telespectador sua real participação. O uso das tecnologias deverá combinar a
melhor maneira de conseguir uma interatividade com a presença física, que ofereça acesso,
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disposição para criar a capacidade de resolver problemas, e produção dos conteúdos pela
investigação da comunidade, gerando assim, o desenvolvimento de conhecimento local,
respeitando-se as especificidades do ambiente.
O ser humano é essencialmente um agente em suas atividades, as quais não
comportam serem definidas em termos de simples reações ou respostas. Conhecer, saber
manusear, entender o modo de expressão da televisão cria uma competência importante no
sentido de utilizá-la com eficiência na produção de conteúdos esperados pelos telespectadores
envolvidos na comunicação.
O desenvolvimento das tecnologias de produção audiovisual digital, ocorrido no final
do século XX, mais precisamente nos anos 90, foi responsável por gerar uma pluralidade de
meios de recepção, captação e de programas de edição de imagens e sons.
Este cenário tem redefinido o papel tanto das grandes emissoras de broadcasting, que
realizam a comunicação massiva, centralizada, vertical e unidirecional, quanto o papel
político e social desempenhado pelo digital, que desempenha a função de descentralização e
democratização da comunicação.
Assim, já é possível produzir conteúdos com um pequeno orçamento, com
equipamentos semi-profissionais utilizando câmera digital, computador, e softwares de edição
de som e imagem. Além do baixo custo, estes equipamentos apresentam qualidade próxima à
profissional e são responsáveis pelo aumento da produção, uma vez que a internet é um
grande repositório, dos portais como YouTube, MySpace, entre outros.
Os novos ambientes de comunicação vão unir cada vez mais soluções textuais, visuais
e audiovisuais em uma forma integrada e atraente, que altera os conceitos clássicos de
emissão, recepção e produção, e que está em constante construção e reelaboração. Estamos
vivenciando a Era Digital, um momento de transformação da lógica de comunicação de
massa, para uma comunicação multilateral e colaborativa.
O Consumidor/Produtor
Quando falamos de democratização ou popularização dos meios de produção, o
primeiro ponto é o acesso ao equipamento. Câmeras de vídeo baratas (fita mini DV, DVD,
cartão de memória), com manuseio descomplicado. Câmeras fotográficas digitais com opção
de gravação em vídeo. Celulares com câmeras integradas com razoável qualidade de imagem
e capacidade de armazenamento. Softwares de edição de manuseio simples e com interface
amigável em versões free. Câmeras integradas a celulares ou não que agregam softwares de
edição de imagens e geradores de efeitos. O mesmo podemos dizer sobre a captação e edição
de áudio, com gravadores digitais com saída USB, celulares, tocadores de MP3, MP4 com
gravadores integrados. E tudo isso oferecido a preços convidativos e com distribuição em
grandes magazines. Inúmeros softwares de distribuição gratuita podem ser “baixados” da
web.
Mas sem canal de distribuição, essa acessibilidade tecnológica ficaria restrita a
pequenos grupos familiares e de amigos, como foi o super-8 e o vídeo-cassete.
Aí surge o segundo ponto importante: a facilidade de distribuição para um grande número de
pessoas através de sites de armazenamento e acesso (youtube, vimeo, etc.) na web. Basta
“abrir uma conta”, seguir os passos determinados pelo site e pronto! E sem a censura técnica,
muitas vezes travestida de “controle de qualidade” das emissoras de rádio e TV, sejam elas
grandes redes, pequenas emissoras regionais ou até mesmo emissoras comunitárias.
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O grande boom da descoberta a utilização massiva destes sites de armazenamento e
acesso vem transformando os estão telespectadores e radiouvintes em
consumidores/produtores de informação. O número de acessos (já não se fala em audiência)
de determinados vídeos na web supera muitas vezes a audiência de programas da televisão
aberta. E comparando, o número de acessos é mais real que o cálculo estatístico de audiência
da TV.
O consumidor de televisão, da televisão pré-digital, era menos ativo do que o
usuário da internet, que tem mais recursos para trabalhar na edição dos
materiais, interromper e selecionar, ir e voltar. Às vezes o telespectador o imita,
porque o controle remoto permite esse jogo, mas, em geral, ele se mostra mais
rígido em sua fidelidade. (GARCIA CANCLINI, 2008, P. 52)
Considerações Finais
Um novo produto/produtor começa a surgir. Sem técnica, sem ideologia, mas com
coragem de se expor e apresentar suas ideias, que pode ser de um simples fato
engraçado/trágico flagrado pelo celular, até um projeto produzido com o objetivo mais
definido de exibir uma ideia. Talvez esse novo produtor não tenha consciência de sua força e
poder. Talvez a idéia da “inatacabilidade” da TV/rádio convencionais não tenha ainda
permitido que ele compreenda seu poder.
A organização em redes possibilita exercer a cidadania para além do que a
modernidade esclarecida e audiovisual fomentou para os eleitores, os leitores e
os espectadores. Diariamente estão sendo difundidas informações eletrônicas
alternativas que transcendem os territórios nacionais e são desmentidos em
milhares de webs, blogs e e-mails os argumentos falsos com que os governantes
“justificam” as guerras, a tal ponto que as emissoras de rádio e televisão, que
repetiam a falsidade, às vezes se vêem obrigadas a reconhecer o embuste.
(GARCIA CANCLINI, 2008, P. 30)
Porém, outro ambiente que não o espaço tradicional da mídia eletrônica (rádio e TV
broadcast) oferece uma brecha, permitindo que a população em geral tenha acesso a meios de
produção e divulgação em uma mídia mais simples e barata. Isso quer dizer que há lugar para
todas as formas de comunicação. Da mesma forma que o mundo eletroeletrônico não aboliu a
escrita, o novo paradigma digital não anula as formas de representação mediadas pelos
dispositivos analógicos, ou seja, as formas massivas.
As funções pós-massivas, como por exemplo, massivas existentes na internet e nas
novas mídias digitais, como nos grandes portais jornalísticos, não representam a abolição da
comunicação de massa, mas, ao contrário, apresentam-se como um processo de
complexificação do momento anterior. Portanto, não se pode recusar o modelo tradicional de
mídia massiva, pois, todos os modelos (massivos e pós-massivos) podem coexistir,
sincronicamente, num mesmo espaço social. Os novos ambientes de comunicação vão unir
cada vez mais soluções textuais, visuais e audiovisuais em uma forma integrada e atraente,
que altera os conceitos clássicos de emissão, recepção e produção, e que está em constante
construção e re-elaboração. Estamos vivenciando a Era Digital, um momento de
transformação da lógica de comunicação de massa, para uma comunicação multilateral e
colaborativa.
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Referências
BECKER, Beatriz e MACHADO, Arlindo. Pantanal: A Reinvenção da Telenovela. Natal-
RN: INTERCOM, 2008.
BONASIO, Walter. Televisão. Manual de produção & direção. Belo Horizonte: Leitura,
2002.
BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. Cia das Letras, São Paulo, 1972.
FERRÉS, Joan. Televisão subliminar. Socializando através de comunicações
despercebidas. Porto Alegre: Artmed, 1998.
GARCIA CANCLINI, Néstor. Leitores, espectadores e internautas. São Paulo: Iluminuras,
2008.
MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. 2ª ed, São Paulo:Senac, 2001.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e
hegemonia. 4ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 2006, p.196
POPPER, Karl. Televisão – Um perigo para a democracia. Lisboa: Gradiva Publicações,
1995.
WILLIAMS, Raymond. Television: technology and cultural form. Technosphere Series,
London: Collins, 1974.
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Tecnologias Móveis em Educação: o uso do celular
na sala de aula
Maria Cristina Marcelino Bento Professora Titular da FATEA- Lorena/SP, Mestre em Educação pela UMESP/SBC/SP, Doutoranda pela
PUC/SP –TIDD
Rafaela dos Santos Cavalcante Bolsista PIBIC-EM/CNPq/E.E.L.C.P.
Resumo
A presente pesquisa busca atender ao objetivo do PIBIC-EM: fortalecer o processo de disseminação
das informações e conhecimentos científicos e tecnológicos básicos, bem como desenvolver as
atitudes, habilidades e valores necessários à educação científica e tecnológica dos estudantes do
ensino médio.
Palavras-chave
Tecnologias Móveis; Prática Educativa; Ensino Médio; Tecnologias da Informação e Comunicação.
Abstract
This research seeks to meet the goal of PIBIC-IN: strengthen the process of disseminating information
and basic scientific and technological knowledge, and develop the attitudes, skills and values
necessary for science and technology education for high school student.
Keywords
Mobile Technologies; Educational Practice; High School; Information Technology and
Communication.
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1. Introdução
O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação Móveis e sem Fio (TIMS)
aumentam os desafios da realidade escolar. Educadores precisam se adequar a realidade
desenhada pelas TIMS. Entre as TIMS, temos o celular, um aparelho popular, com aplicativos
que podem vir a ser utilizados em sala de aula como recurso pedagógico. Desta forma, a
presente pesquisa busca responder: qual a visão de um grupo de professores do Ensino Médio
em relação ao uso do celular em sala de aula? Os objetivos da pesquisa são: conhecer a
história do celular; apresentar possibilidades do uso do celular como recurso pedagógico para
as aulas no Ensino Médio.
A justificativa desta pesquisa se dá pelo registro de Moura (2012): “O acesso a
conteúdos multimédia deixou de estar limitado a um computador pessoal (PC) e estendeu-se
também às tecnologias móveis (telemóvel, PDA, Pocket PC, Tablet PC, Netbook),
proporcionando um novo paradigma educacional, o mobile learning ou aprendizagem móvel,
através de dispositivos móveis. O mobile learning, uma extensão do e-learning, tem vindo a
desenvolver-se desde há alguns anos, resultando em vários projetos de investigação”.
Foi realizado um estudo de caso, com professores que atuam no Ensino Médio, em
uma escola estadual pública, do Vale do Paraíba do Sul. A coleta de dados foi realizada por
meio de um questionário, a análise dos dados é quantitativa e qualitativa. Para o grupo de
docentes que participou desta pesquisa o celular pode ser um recurso pedagógico, ainda que
proibido pelo Decreto Estadual.
Entendemos que se faz necessário um momento de estudo e organização de atividades
escolares de modo que o celular não seja apenas um instrumento de entretenimento para os
alunos.
2. Referencial teórico
O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação Móveis e Sem Fio (TIMS)
aumentam os desafios da realidade escolar. Educadores precisam se adequar a realidade
desenhada pelas TIMS. Entre as TIMS, temos o celular, um aparelho popular, com aplicativos
que podem vir a ser utilizados em sala de aula como recurso pedagógico.
Na perspectiva de Saccol, Schlemmer e Barbosa (2011,p.30): “Em boa parte das
instituições formais de ensino o uso de telefones celulares é restrito, por uma espécie de
convenção social.”
O Estado de São Paulo determinou a proibição do uso do celular pelos alunos das
escolas do sistema estadual de ensino durante as aulas, conforme consta no Decreto nº
52.625, de 15 de Janeiro de 2008. Essa prática precisa ser revista se esse dispositivo for usado
com fins educacionais.
O educador precisa ter consciência que a escolha de tecnologias educacionais estão
vinculadas à concepção de conhecimento que concebe. Desta forma concordamos com
Saccol, Schlemmer e Barbosa (2011, p.31): “... se adotarmos uma concepção epistemológica
de que o conhecimento é fruto de construção do indivíduo feita em colaboração com
professores e colegas, devemos selecionar tecnologias que permitam interação intensiva entre
as pessoas, por exemplo, por meio de ambientes virtuais que disponibilizem fóruns, chats,
espaços para compartilhamento de projetos, arquivos de interesse comum.” Os telefones
celulares surgiram.
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De acordo com o guia do celular em 1947, foi inaugurado o primeiro sistema móvel de
maior amplitude, que atendia todo o trajeto da rodovia que liga as cidades americanas de
Nova Yorque e Boston. Desde então, a comunicação móvel foi sendo aperfeiçoada,
principalmente pelos pioneiros do laboratório Bell. No mesmo site, encontramos a informação
de que a primeira cidade brasileira a contar com a telefonia móvel celular foi o Rio de Janeiro,
em 1990; no ano seguinte implantado em Brasília, e depois em Campo Grande, Belo
Horizonte e São Paulo; não temos certeza se exatamente nesta ordem ou não.
Ainda no site Guia do celular, encontramos uma explicação sobre o funcionamento
deste aparelho: “por mais que evolua a tecnologia, um aparelho celular não deixa de ser um
rádio, que estabelece comunicações com uma Estação Rádio-Base (ERB)”. Uma ERB é uma
estação emissora e receptora, que consiste de uma torre e uma pequena caixa,
aproximadamente do tamanho de um contêiner, que contém o equipamento de rádio.
Este aparelho converge vários aplicativos, entre eles, listamos alguns, os mais simples
e considerados por nós de uso, também, na escola: calculadora, relógio, calendário, rádio,
câmera fotográfica, jogos. Conforme o nível de sofisticação do aparelho os aplicativos
aumentam. O acesso à internet possibilita a utilização de outros aplicativos, se fossemos
relacioná-los aqui usaríamos muitas páginas. Mediante as facilidades da utilização de
diferentes aplicativos no celular, fica nítida para nós a possibilidade de sua utilização em sala
de aula: desde a calculadora ao acesso de bibliotecas virtuais.
3. Metodologia
A pesquisadora bolsista pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
para o Ensino Médio do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento - PIBIC-EM-
CNPq solicitou permissão à coordenadora pedagógica da escola em estudo, para aplicar um
questionário durante a Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC), onde todos os
professores estariam reunidos, permissão foi concebida. A autorização para a pesquisa na
instituição de ensino já havia sido realizada, momento em que o projeto de pesquisa foi
apresentado à direção da escola. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da FATEA pelo Parecer nº 79068, está cadastrado na Plataforma Brasil.
Conforme combinado no dia vinte e oito de agosto durante a ATPC, foi exposto o
trabalho de pesquisa. Porém, quando a coordenadora da escola em questão apresentou a
pesquisadora do PIBIC-EMFATEA, muitos professores ali presentes não sabiam do que se
tratava esse projeto. Iniciamos explicando sobre o que é o projeto PIBIC-EM. O que esta sigla
significa, quais eram os objetivos desta bolsa de estudo para os jovens, e a importância da
pesquisa -fortalecer o processo de disseminação das informações e conhecimentos científicos
e tecnológicos básicos, bem como desenvolver as atitudes, habilidades e valores necessários à
educação científica e tecnológica dos estudantes do ensino médio.
Continuando, apresentamos o tema da pesquisa e os objetivos da mesma. Convidamos
os presentes a participarem da pesquisa respondendo a um questionário pré-elaborado pelas
pesquisadoras responsáveis, com duas questões abertas e quatro fechadas. Alguns professores
chegaram a citar exemplos sobre o uso das tecnologias como o notebook nas escolas. Todos
os professores presentes, no momento, aceitaram participar. Distribuiu-se a Carta de
Consentimento de Livre e Esclarecido, na medida em que os professores liam e assinavam o
documento distribuiu-se o questionário para iniciar a coleta de dados. Os dados coletados
foram analisados de forma quantitativa e qualitativa.
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4. Resultados e Discussões
4.1. Questionário aos Professores
O questionário aplicado aos professores foi composto de duas partes, a primeira sobre
dados pessoais, para descrever o perfil dos sujeitos participantes.
De acordo com a figura 1, 71% dos sujeitos pertencem ao sexo feminino, apresentando a
maioria feminina no trabalho docente.
Figura 1 – Sexo
Dos docentes que participaram 71% possuem curso de graduação, 19% Latu Sensu e
10% Stricto Sensu, conforme figura2.
Figura 2 – Formação Acadêmica
A figura 3, o tempo de serviço no magistério dos sujeitos está entre 5 a 20 anos de
docência.
Figura 3 - Tempo de serviço no Magistério
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Ao verificarmos as disciplinas lecionadas pelos sujeitos encontramos: quatro
professores de Matemática; cinco professores de Português, um de Ciência, quatro de
História, três de Geografia, um de Arte, dois de Inglês, um de Biologia, dois de Física, um de
Química, um de Espanhol e dois que se apresentaram como polivalentes, lecionando qualquer
disciplinas na ausência do professor regente.
A primeira questão da segunda parte do questinário ajudar-nos-ia a verificar se os
sujeitos tinham celulares. Entre os vinte e um sujeitos somente um não possui celular. A
questão seguinte completava a primeira, indagamos quantos aparelhos de celular cada docente
possuía. A figura abaixo mostra que 71% dos professores possuíam um aparelho.
Figura 4 - Quantidade de aparelhos que possui
Entre as marcas de celular utilizadas pelos sujeitos encontramos: Apple, LG,
Motorola, Multilaser, Nokia, Sansung, Sony Ericsson, ZTE. Um sujeito registrou não
conhecer a marca do produto e outro deixou a resposta em branco.
A penúltima questão, indagou-se sobre a permissão do uso do celular em sala de aula.
A figura 5 mostra que 71% dos sujeitos não permite o uso do celular. Entre as justificativas
pela não permissão as respostas se dividem entre a proibição pelo Decreto nº 52.625, de 15 de
Janeiro de 2008 e “atrapalha os alunos a prestarem atenção as aulas”, “não perceber relação
didática com o aparelho”, “muitos alunos em sala dificulta o controle por parte do professor”
e “o acesso a esta tecnologia é só para alguns, além de ser um instrumento contra o professor
e expor os colegas de classe.” . Os professores que permitem o uso em sala de aula – 14% -
“utilizam tradutor”, “fotografias, músicas e vídeos para aprimorar os conteúdos em sala e
aula”, “uso da calculadora”. Um professor registrou sim e não, explicou que solicita
fotografias tiradas pelo celular fora da escola, com o intuito de utilizar em atividades em sala
de aula.
Figura 5 – Permite o uso do celular em sala de aula
118
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
Na última questão do questionário, indagou se o docente considera o celular um
recurso pedagógico. A maioria reconhece o celular como recurso pedagógico, as justificativas
para tal são: “ necessidade de planejamento prévio”, “alguns modelos possuem internet e
podem facilitar as pesquisas e dúvidas em sala de aula”, “deve haver uso consciente por parte
do aluno”, “ se usado corretamente, o aluno em geral não usa o celular para aumentar seus
conhecimentos e sim só para mandar mensagem”. Dos 14% da população do estudo que
desconsideram o celular um recurso pedagógico justificaram: “outros recursos deveriam ser
melhor trabalhados em sala de aula, como os computadores da sala de informática, lousa
digital” “não” “nem todos têm acesso à internet, usam para fins próprios e podendo usá-lo
contra você.”
Figura 6 - O celular pode ser considerado um recurso pedagógico
4.2 Possibilidades de uso do celular pelo olhar da aluna bolsista
Existem várias formas de se utilizar um celular em sala de aula, seja de um celular
simples até mais moderno. Um celular simples, por exemplo, que tem como aplicações, a
calculadora, o conversor de moeda, de comprimento, de peso, de volume, de área, e de
temperatura, tem também a contagem regressiva e o cronômetro. E os mais modernos
possuem, além disso, tudo como aplicações, também o tradutor de línguas que bastante
conhecido por ser utilizado no Google, mais que em alguns não têm necessidade da internet
para o uso, o gravador de voz, a filmadora a câmera, e a internet.
A calculadora pode ser utilizada na aula de matemática, como uma forma de conferir
os resultados, ou até mesmo resolver algumas frações e equações antes, para saber o resultado
que se deve obter no final da conta antes de fazê-las em seu caderno.
O conversor como é uma ferramenta para se transformar metro em centímetro e vice-
versa, peso em grama, etc., pode ser utilizada em física que exige esses tipos de transformação
de um para outro, também uma forma de conferir os resultados a ser obtido.
O cronômetro como é um marcado de tempo, servi para as aulas de químicas como um
instrumento útil para as experiências em sala, saber quanto tempo leva para uma reação de
duas substancias deferentes reagirem. A contagem regressiva é também uma ferramenta que
marca tempo que poderá ser muito bem utilizada em educação física, como uma forma de
marca o tempo de cada esporte como o futebol e o vôlei, por exemplo, quanto estiver
praticando.
O tradutor que pode ser utilizado como dicionário na aula de língua portuguesa, é será
um modo mais fácil que o dicionário na versão impressa, já que tem a vantagem da
portabilidade; mas não que o dicionário fique de lado, ele também pode ser utilizado
normalmente por aqueles que preferirem.
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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
A câmera, em arte como uma forma de registrar as cenas de um teatro, por exemplo, e
mandar para o blog da escola direto do celular, a filmadora também poderá ser bem útil a
filmar as cenas de cada personagem, assim como o gravador que pode auxiliar nos ensaios da
fala de cada pessoa em seu papel de personagem
A filmadora também pose ser usada na aula de português, em trabalhos que pedem
para o aluno entrevistar uma pessoa, e o gravador como uma maneira de corrigir o próprio
modo se falar, como um autoajuda para si mesmo melhora a fala em relação a linguagem
correta.
A internet é um meio em que todos têm para se comunicar com a outra, e levando em
consideração que o aparelho celular pode levar a qualquer lugar sem problema. Pode ser útil
para se pesquisar em sala durante a aula sem precisar se locomover para outro espaço.
Seria ainda melhor se as escolas possuíssem um sistema que desse acesso aos alunos
para usar a internet da mesma em seus aparelhos, durante as situações que fosse preciso.
Essas são só algumas das funções de um celular que pode servir de material
pedagógico na escola. Mas para que isso se torne um hábito comum em sala de aula, os
professores e os demais representantes do corpo docente necessitam de um treinamento com a
finalidade de obter conhecimento sobre as mudanças que vêm acontecendo na era da
tecnologia, para assim aproveitar melhor o celular como uma forma de educação e não só para
comunicação.
E para os alunos que possuem um aparelho celular simples, o que pode ser feito? Para
esses alunos pode-se deixá-los fazer as atividades propostas junto a um amigo, de forma
colaborativa. Mas quem não possui um celular hoje em dia? Podemos até dizer que existe sim,
mas são raros os que não possuem. Propor atividades em dupla ou até mesmo coletivas seria
uma boa ideia para amenizar essas situações, além de proporcionar uma discussão com
opiniões diversificadas e preparando para que eles possam trabalhar em equipe sabendo
respeitar as ideias contrárias.
Conclusão
Para o grupo de docentes que participou desta pesquisa, o celular pode ser um recurso
pedagógico, ainda que proibido pelo Decreto Estadual. Entendemos que se faz necessário um
momento de estudo e organização de atividades escolares de modo que o celular não seja
apenas um instrumento de entretenimento para os alunos. Para a pesquisadora, o celular pode
ser um recurso didático a ser utilizado em diferentes momentos na escola, desde que conste no
planejamento do plano de aula do docente e da instituição escolar. Para isto é necessário que o
corpo docente, as famílias e a escola comuniquem-se e promovam um trabalho colaborativo.
Referências
MOURA, Adelina. Geração Móvel: um ambiente de aprendizagem suportado por
tecnologias móveis para a “Geração Polegar”. Disponível
em:<http://adelinamouravitae.com.sapo.pt/gpolegar.pdf>. Acesso em: 03 agosto de 2012
SACCOL A., SCHLEMMER E. e BARBOSA J. m-learming e u-learning – novas
perspectivas da aprendizagem móvel e ubíqua. São Paulo: Pearson, 2011.
SILVA, Mauro Alves da. Portal do Movimento COEP. Disponível
em:<http://movimentocoep.ning.com/forum/topics/lei-estadual-de-sp-n-12730-de> Acesso em
120
ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
12 agosto de 2012
http://www.guiadocelular.com/2011/09/historia-do-celular.html Acesso em 12 agosto de 2012
Agradecimentos
Agradecemos ao CNPq por conceder a bolsa de Iniciação Científica, PIBIC-EM, que
possibilitou a realização da presente pesquisa.
121
ECCOM, v. 4, n. 4, jan./jun. 2013
Sátira e ironia na poesia de Manuel António Pina
Carlos Nogueira IELT, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 1069-061 Lisboa,
Portugal.
Resumo
Neste artigo procuramos identificar e caracterizar o trabalho de (des)construção paródica de Manuel
António Pina, em cuja poesia confluem vozes e memórias (do quotidiano, da literatura, da música, do
cinema…) que suscitam comentários de tipo irónico e satírico. Mas esta ironia e esta sátira, mais ou
menos humorísticas, nunca são meramente destrutivas e unívocas; propõem sempre reflexões que
convidam a olhar o mundo de maneira menos convencional e previsível.
Palavras-chave
Poesia; Manuel António Pina; Ironia; Humor; Sátira.
Abstract
In this paper we identify and characterize the work of (de) construction of parodic Manuel António
Pina, whose poetry in voices and memories converge (everyday, literature, music, film ...) of very kind
comments ironic and satirical. But this irony and satire this, more or less humorous, are never merely
destructive and univocal; always offer reflections that invite you to look at the world in a less
conventional and predictable.
Keywords
Poetry; Manuel António Pina, Irony, Humor, Satire.
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Introdução
Conhecido, sobretudo como cronista, Manuel António Pina (Sabugal, 1943), Prémio
Camões 2011, é tão competente na crónica como na poesia, publicada, de modo não muito
regular, desde 1974.
São frequentes nesta obra os poemas ou as sequências em que o olhar atento, mordaz,
mas nunca moralista, do poeta irónico e satírico coincide com o olhar do cronista moderno,
que, para além de registrar um momento, também o interpreta, procurando um equilíbrio entre
a sobriedade e a subjectividade: «A conversa era sobre Deus,/ embora o teólogo estivesse
inclinado/ a pensar que fosse sobre outra coisa,/ pois era hora de jantar./ Pegou num cigarro e
perguntou às senhoras se podia fumar./ Tinha devorado o pargo com honesto apetite/ e
elogiava as virtudes do cozinheiro./ Só Deus, algures, chorava sobre/ os despojos da sua
pequena criatura na travessa/ a caminho da copa, antes da sobremesa»1.
Este é um humor insólito que nasce naturalmente de um cenário comum. O poeta-
cronista, combinando perspectivas que existem no real e juntando-lhe um apontamento
ironicamente metafísico, usa uma linguagem que parece evocar o acontecimento descrito tal e
qual ele é. A enunciação, calma e familiar, oscila entre a transcrição objectiva de um episódio
e a provocação social e religiosa.
Num poema com o título muito sugestivo de «km 82», o humor também estrutura todo
o texto. Um humor negro, cínico, que se apoia numa ironia e numa sátira, como é próprio de
Manuel António Pina, instáveis: «I’m on the highway to hell a 170 à hora/ no CD, ou então o
rádio para sempre sintonizado/ na final da Taça./ Nunca saberás o resultado, Faéton,/ hey
mumma, look at me,/ I’m on my way to the promised land/ e está visto que uma ligação directa
não chega/ para pôr em marcha uma vida como a tua,/ de subúrbio, ou para ir de encontro a
um destino/ diferente do abono da Caixa ou de um poste de betão»2.
O eu ridiculariza, diminui o outro, mas o seu descontentamento e a sua indignação não
se fixam no particular. Abrangem, num misto de desprezo e benevolência, de decepção e
indignação, a condição humana, o que nela é imperfeição e abjecção trágica. Sátira lúcida,
inquieta, que não esconde a solidão nem o desespero do eu: «Para quê palavras agora,/ com a
moral da história inteiramente à mostra?/ E lágrimas, quem as chorará?/ Nem a companhia de
seguros, pois que/ a tua morte foi facto de terceiro/ e a tua vida não estava coberta/ senão pela
chuva da madrugada de sábado./ Um raio de Júpiter ou um pneu rebentado, que importa?/
Ovídio ou o Jornal de Notícias?/ Ilic frena jacent, ilic temone revulsus/ axis, in hac radii
fractarum parte rotarum»3.
Ironia, sátira de costumes, sátira social; mas, acima de tudo, indecidibilidade na ironia
e na sátira, hesitação na revolta e na melancolia do eu, que de livro para livro desafia a vida,
os lugares-comuns, a literatura, o destino, e que sobretudo se desafia a si próprio.
Deste o primeiro livro, Ainda Não É o Princípio Nem o Fim do Mundo Calma É Só
um Pouco Tarde (1974), o poema é para este autor um modo de questionamento que se revela
sempre deceptivo. Essa desilusão explica o elevado número de metapoemas e as passagens
metapoéticas que atravessam toda a sua obra. Na origem do desencontro entre o eu e as
palavras, estão os impasses que vêm da temática privilegiada nesta poesia, a que alguma
crítica já se tem referido: a meditação sobre a vida e a morte, e sobre o passado, o presente e o
futuro.
1 «Sexta-feira santa», in Atropelamento e Fuga (2001), in Poesia Reunida (1974-2001), Lisboa, Assírio &
Alvim, 2001, p. 290. 2 Os Livros, Lisboa, Assírio & Alvim, 2003, p. 41.
3 Ibidem. Sublinhados no original.
123
ECCOM, v. 4, n. 4, jan./jun. 2013
Mas esta não é uma poesia radicalmente melancólica. Como se pode concluir pelos
exemplos transcritos, a sensibilidade expressionista de Manuel António Pina é acompanhada
de um algo indefinível tom irónico e satírico que sustém o que poderíamos ler como excessos
de sentimentalismo e confessionalismo. O próprio poema, expressando uma revolta
angustiada mas moderada pelo pensamento, diz como controla a expressão desse intimismo.
Numa das estrofes da secção IV de «Farewell happy fields», o eu interpela-se sobre o
significado e os modos da expressão poética, que parece existir para o poeta se organizar e
sublimar, mas que, afinal, é tão imperfeita quanto ele: «(Adeus perfeição, adeus imperfeição.)/
Às vezes pergunto-me se valeu a pena,/ se não haveria outra solução,/ se não poderia, por
exemplo, ter embarcado/ num desses barcos que aparecem sempre/ milagrosamente na última
estrofe,/ e se tu não poderias ter ficado/ no cais, ou em alguma metáfora mais/ imperiosa,
partindo também donde te via,/ e se assim não teria tudo sido/ menos improvável e menos
cansativo»4.
Desconstrução da poesia e do mundo, desconstrução da crença num mundo em que as
palavras existem para salvar o real: «Tudo é tudo ou quase tudo/ e nada é a mesma coisa./ Na
realidade são tudo coisas diferentes./ (Imagens… Imagens… Imagens…)// […]// Tenho que
tornar a fazer tudo,/ a emoção é um fruto fútil, a pura luz/ pensando dos dois lados da
Literatura./ Aqui estão as palavras, metei o focinho nelas!»5. Neste poema (e nesta poética),
que parodia alguns excessos pós-pessoanos, as palavras não são mais do que o que são:
falíveis, imperfeitas, provisórias, mesmo viciosas, mas também o principal recurso do
Homem enquanto ser que pensa, sente e se emociona.
Esta ideia de que a vida e a literatura valem o que valem explica que se discuta a
impossibilidade, a improbabilidade da poesia, num mundo em que a religião e a ciência
continuam a confrontar-se, num tempo que é de excesso ou de falta de deuses e de
tecnologias: «No princípio era o Verbo/ (e os açúcares/ e os aminoácidos)./ Depois foi o que
se sabe./ Agora estou debruçado/ da varanda de um 3.º andar/ e todo o Passado/ vem
exactamente desaguar/ neste preciso tempo, neste preciso lugar,/ no meu preciso modo e no
meu preciso estado!»6. O real de Manuel António Pina é, como em O’Neill, o «real
quotidiano», o eu num dia-a-dia concreto mas também vago, dúbio, ilusório e repugnante. A
sua poesia não sabe o que é, mas sabe que não quer ser poesia retórica e vazia, poesia do belo:
«Todavia em vez de metafísica/ ou de biologia/ dá-me para a mais inespecífica/ forma de
melancolia:/ poesia nem por isso lírica/ nem por isso provavelmente poesia./ Pois que faria eu
com tanto Passado/ senão passar-lhe ao lado,/ deitando-lhe o enviesado/ olhar da ironia?»7
O eu assume a dureza da expressão e a aspereza dos seus sentimentos, e reconhece a
sua relação difícil com a poesia e a fala em geral, num tempo em que «Já não é possível dizer
mais nada/ mas também não é possível ficar calado»8: «Mas não arranjo maneira de entrar no
poema/ e de sair de mim/ e por isso a minha voz é profunda e rouca/ e por isso me calo (e
como me calarei?)/ No entanto ninguém é tão falador como eu/ Nem há palavras que não
cheguem para não dizer nada.// E vós também: não me faleis de nada ou falai-me./ Porque não
sabeis o que dizeis»9.
4 Farewell Happy Fields (1992), in Poesia Reunida (1974-2001), pp. 172-173.
5 «A pura luz pensante», in Aquele Que Quer Morrer (1978), in idem, p. 67.
6 «Neste preciso tempo, neste preciso lugar», in Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança (1999), in idem, p.
252. 7 Ibidem, in idem, p. 252.
8 «Já não é possível», in Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo Calma é apenas um Pouco Tarde (1974),
in idem, p. 14. 9 «Calo-me», in idem, in idem, p. 16. Não é por acaso que no primeiro poema deste livro inaugural o tema é
também a relação entre as palavras, o seu silêncio e o silêncio que as rodeia (mesmo quando se fala muito); é a
recusa da palavra narcísica que se encerra na sua própria volúpia: «Os tempos não vão para nós, os mortos./
Fala-se de mais nestes tempos (inclusive cala-se)./ As palavras esmagam-se entre o silêncio/ que as cerca e o
silêncio que transportam.// É pelo hálito que te conheço no entanto/ o mesmo escultor modelou os teus
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ECCOM, v. 4, n. 4, jan./jun. 2013
A ironia, o humor e a sátira de Manuel António Pina não são menos inconstantes na
série de poemas atribuídos a Clóvis da Silva, ao contrário do que sugere a apresentação em
prosa: «Nenhuma morte foi mais pequena do que (1966) a de Clóvis da Silva. Estava a coçar
o cu quando um camião de fruta lhe passou por cima. Não teve tempo de dizer uma palavra,
ele que poderia ter dito, se se lembrasse, algumas das coisas mais importantes deste século.
Nem uma simples denúncia, um tropesto, um dos maiores revolvetados de sempre! Molto
sobre uma sapateira de peões, um espírito estulturalmente desobediente! A morte
surpreendeu-o a caminho de um grande projecto literário, definitivamente prejuficado. De
Clóvis se diz que um dia, entramigos, afirmara: “A littratura morreu. Eu e o Flávio lhe
faremos o emperro”. Aqui se reúnem alguns poemas de Clóvis (é dedicado a Plágio dos
Fazeres o poema “Van Gogh Mondrian”), datados de 1965 e 1966, os poucos que foi possível
salvar da destruição a que a irmã procedeu nas suas roubas e babéis […]»10
. A desarticulação
de palavras lembra Alexandre O’Neill mas Manuel António Pina leva às vezes ainda mais
longe esta técnica, criando palavras em que coexistem perfeitamente os sentidos das palavras
originais; em «prejuficado», por exemplo, vemos “prejudicado” e «crucificado».
Os poemas de Clóvis da Silva são antes de mais um exercício lúdico muito sério. Em
cada texto tem lugar o conflito que atravessa toda a poesia de Manuel António Pina: o rigor
das palavras que buscam a sua própria organização e o seu próprio significado; o sentido do
poema num mundo em que, regra geral, não se convive bem com a poesia, e muito menos
com a poesia que se dessacraliza e dessacraliza a vida.
«A poesia vai» é por isso uma arte poética central na produção deste poeta criado por
um poeta-cronista. Vemos neste poema uma paródia ambiguamente satírica da literatura auto-
suficiente e heróica, e uma paródia não menos incertamente mordaz dos discursos que
proclamam a inutilidade da literatura: «A poesia vai acabar, os poetas/ vão ser colocados em
lugares mais úteis./ Por exemplo, observadores de pássaros/ (enquanto os pássaros não/
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao/ entrar numa repartição pública./ Um senhor míope
atendia devagar/ ao balcão; eu perguntei: “Que fez algum/ poeta por este senhor?” E a
pergunta/ afligiu-me tanto por dentro e por/ fora da cabeça que tive de voltar a ler/ toda a
poesia desde o princípio do mundo./ Uma pergunta numa cabeça./ – Como uma coroa de
espinhos:/ estão todos a ver onde o autor quer chegar? –»11
.
A ambiguidade desta paródia, que parece oscilar entre a homenagem a uma literatura
desejadamente livre e a subversão da literatura obsessivamente intimista, vê-se também nos
poemas que usam procedimentos retórico-estilísticos tipicamente surrealistas (como o
automatismo psíquico, a colagem e as imagens insólitas) e experimentalistas (derivações
morfológicas, associações fónicas e semânticas): «O que me vale aos fins de semana/ é o teu
amor provinciano e bom/ para ele compro bombons/ para ele compro bananas/ para o teu
amor teu amon/ tu tankamon meu amor/ para o teu amor tu te flamas/ tu te frutti tu te
inflamas/ oh o teu amor não tem com/ plicações viva aragon/ morram as repartições»12
. Este é
o modo de Clóvis da Silva emperrar a literatura canónica: desconstruí-la, abri-la
parodicamente a todos os recursos de linguagem, a todas as combinações entre tema e estilo, a
todas as dicções individuais e originais.
Manuel António Pina é o poeta da memória (intertextual e interdiscursiva) e das
máscaras. A sua voz iconoclasta, para usarmos um termo que aparece nalgumas das
apreciações críticas da sua obra, nunca é monocórdica, mas também não é voz de apóstata
ouvidos/ e a minha voz, agora silenciosa porque nestes tempos/ fala-se de mais são tempos de poucas palavras.//
Falo contigo de mais assim me calo e porque/ te pertence esta gramática assim te falta/ e eis por que não temos
nada a perder e por que é/ cada vez mais pesada a paz dos cemitérios» («Os tempos não», in idem, in idem, p.
13). 10
«C. da Silva», in idem, in idem, p. 32. 11
Idem, in idem, p. 38. 12
«O que me vale», in idem, in idem, p. 46.
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colérico. Por isso é que nesta ironia e nesta sátira não há caricatura em sentido estrito. Existe
provocação, humor mais ou menos corrosivo, mas não se distende o traço risível até à
deformação carnavalesca.
Nisto este autor é único. Dá a ver o burlesco nomeando características do objecto,
descreve-o quase sem o transfigurar. Mas, como a imitação é fiel ao original, o efeito torna-se
surpreendente. Há uma articulação harmoniosa entre o referente e a linguagem não
superlativante que o evoca. Até a maiusculação de certas palavras destaca uma característica,
em vez de a superlativizar desmedidamente: «Velhice e morte de Bartholomew, bispo de B.»,
é um bom exemplo: «Clérigo sem ser crente/ nem descrente (nem céptico),/ apenas um pouco
menos que indiferente,/ no entanto uma indiferença/ vagamente inconvicta e indeterminada;/
[…]// Roma era longe/ e os seus sonhos não tinham já/ o alcance de outros tempos,/ ficavam-
se pelo fim da rua,/ pela Mulher Absoluta desproporcionadamente nua,/ por comuns
acontecimentos como sentimentos,/ livros de versos, hábitos, manias;/ levantava-se tarde e
deitava-se cedo,/ perdera a esperança, mas em certos dias/ sobressaltava-se ainda como uma
criança,/ tinha Visões, e metiam-lhe medo/ os Ângulos Agudos e as Abstracções»13
.
A voz do enunciador, em discurso parentético, vem recordar-nos que a poesia de
Manuel António Pina não é ingénua nem arrogante. O eu não anula o seu olhar crítico mas
vigia-se, e assim busca o seu próprio enriquecimento interior. Nada está imune a julgamentos
constantes que podem contrariar opiniões em que o próprio eu estruturava o seu mundo. No
poema tudo pode ser relativizado e discutido ironicamente, incluindo o mistério da criação
literária e as diferentes concepções de literatura (que pode passar pelo plágio): «Morreu
serenamente sem dizer/ uma palavra que fosse às Novas Gerações,/ ou então falou para
dentro, para um/ auditório de recordações./ (Ilda, vai à cozinha ver/ se o café está pronto, que
eu estou a escrever)»14
.
A objectividade e a subtileza desta ironia e desta sátira vêem-se, aliás, num recurso
técnico que tem como função passar quase despercebido: os apartes parentéticos. Neles
concentra-se grande parte da capacidade satírica de Manuel António Pina (na poesia como na
crónica), que não quer cair em excessos de melancolia ou de azedume, de compreensão ou de
sobranceria: «Deixou uma obra confusa:/ alguns epigramas alheios, um soneto,/ um tratado de
versificação (incompleto)/ e a sua obra-prima, o poema “Medusa”,/ interminável e repetitiva
digressão/ em décimas irregulares de rima pobre/ (e sem rima) em que cada verso termina/
invariavelmente em ponto de interrogação»15
.
Esta é uma provocação formal e controlada, realista e ambígua, que nos convida a
reflectir sobre os caminhos da literatura e a sua relação com o quotidiano, o ser humano, a
vida e as suas leis. Não podemos, de resto, deixar de estabelecer uma analogia entre algumas
partes deste texto e o discurso jurídico. A segunda parte do excerto transcrito acima ou o final
do poema, por exemplo, lembram-nos um artigo de Acusação que reconhece a complexidade
do réu e por isso hesita parodicamente, com subtileza, entre a enumeração objetiva e a
avaliação subjectiva: «Foi, a contragosto, um Mestre e um Exemplo./ Em 1936 redigiu um
Testamento/ (em verso) cheio de passagens ilegíveis,/ de despropósitos, de citações,/ e de
instruções inexequíveis:/ legava indistintas ideias/ para elegias, odes, epopeias,/ e dispunha
que o seu corpo fosse/ posto na cruz por 168 dias/ vestido com os trajes episcopais./ Cultivou
a Banalidade como nenhum outro Autor/ e fez da Irrelevância uma Arte Maior./ (Bateram à
porta, Ilda, vê se é gente morta ou viva)»16
.
Os poetas irónicos e satíricos sempre interagiram com uma memória mais ou menos
lúcida e com diversos tipos de leis: lei civil e lei moral, lei poética e lei do género satírico.
13
Os Livros cit., p. 38. 14
Idem, p. 39. 15
Ibidem. 16
Idem, p. 40.
126
ECCOM, v. 4, n. 4, jan./jun. 2013
Manuel António Pina, combinando discretamente estas várias leis e cruzando-as com uma
memória intercultural muita vasta, recorda-nos que a ironia, a sátira e a poesia são problemas
e princípios de uma práxis dinâmica e transformadora.
Referências
BRITO, Casimiro de. Recensão crítica a Aquele Que Quer Morrer, de Manuel António
Pina, in Colóquio/Letras, n.º 56, Jul. 1980, pp. 75-76.
MARTINHO, Fernando J. B. A crónica e a modernidade (crítica a O Anacronista, de
Manuel António Pina), in Colóquio/Letras, n.º 142, Out. 1996, p. 230.
PINA, Manuel António. Poesia Reunida (1974-2001). Lisboa: Assírio & Alvim, 2001.
PINA, Manuel António. Os Livros. Lisboa: Assírio & Alvim, 2003.
REYNAUD, Maria João. Recensão crítica a Nenhum Sítio, de Manuel António Pina, in
Colóquio/Letras, n.º 91, Out. 1986, pp. 91-92.
SALEMA, Álvaro. Mais livros para crianças, in Colóquio/Letras, n.º 91, Out. 1986, p. 83.
127 ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013
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