View
3
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
EDUCAÇAO
POPULAR
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
Sumário 1 EDUCAÇÃO POPULAR E MOVIMENTOS POPULARES .............................. 3
1.1 Definição de termos .................................................................................. 6
1.1.1 MOBRAL ............................................................................................. 6
1.1.2 Ensino Supletivo ................................................................................. 8
1.1.3 MOVA ................................................................................................. 9
1.1.4 CONFINTEA ..................................................................................... 11
1.2 Os movimentos populares ...................................................................... 12
2 EDUCAÇÃO NO CAMPO.............................................................................. 15
2.1 A Pedagogia da Alternância .................................................................... 19
3 PAULO FREIRE ............................................................................................ 20
3.1 A Pedagogia de Paulo Freire e a Educação de Jovens e Adultos .......... 23
3.2 O método Paulo Freire de Alfabetização de Adultos ............................... 25
3.3 Educação Libertadora ............................................................................. 28
REFERÊNCIAS UTILIZADAS E CONSULTADAS ........................................... 29
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
1 EDUCAÇÃO POPULAR E MOVIMENTOS POPULARES
Historicamente, a Educação de Jovens e Adultos, no cenário brasileiro,
nasce da união e compromisso estabelecido entre a alfabetização e a educação
popular. Alfabetização era concebida como um processo de grande extensão e
profundidade, destinando-se a grandes contingentes populacionais, ao mesmo
tempo em que contribuísse para que estas pessoas voltassem a acreditar na
possibilidade de mudança e melhoria de suas vidas ao poderem “ler o mundo e,
ao lê-lo, transformá-lo” (FREIRE, 1976 apud FREITAS, 2007). A educação
popular era concebida como um instrumento de libertação das classes
subalternas, exploradas e expulsas da mínima condição de sobrevivência digna
e humana (MANFREDI, 1980; FREITAS, 1998).
Nas décadas de 1960 e 1970, esta união e compromisso materializa-se
nos diversos movimentos da educação popular, em que a alfabetização dentro
da proposta e filosofia do método/sistema de Paulo Freire, torna-se a viga mestra
destes trabalhos de emancipação dos setores desfavorecidos. Assim, de um
lado, as práticas de alfabetização desenvolvidas na perspectiva freiriana
denunciam, claramente, o caráter reprodutivista e classista da ideologia
dominante, que estava presente nas diretrizes educacionais oficiais e que visava
a continuidade das condições de exploração e a submissão pacífica dos setores
populares a esse status quo (FREIRE, 1992, 1980; PAIVA, 1987).
De outro lado ou, muitas vezes, conjuntamente, é na educação popular
que se encontra o compromisso de tornar as condições concretas de vida, destes
setores, como a matéria-prima a estar presente nas situações de aprendizagem
e nos conteúdos dos diferentes materiais pedagógicos, assim como das análises
conjunturais e estruturais que se faziam à época. Ao fazer isto, os trabalhos de
educação popular iniciam, junto aos mais variados setores populares, processos
intensos de discussão, análise e reflexão. Isto, por sua vez, potencializa
processos de conscientização e participação destas pessoas, que passam a
entender – dentro de uma perspectiva histórico-social crítica – as razões e os
porquês delas estarem vivendo em tais condições desumanas e de exploração.
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
E, ao entenderem isto, começam a eliminar o caráter de psicologização das
explicações vigentes ou mesmo dos inúmeros fatalismos propagados pela
ideologia dominante, e, portanto, passam a divisar alternativas de mudança e de
melhoria para suas vidas (FREITAS, 2007).
Assim, dentro dos trabalhos da educação popular aliados às práticas da
alfabetização, nesta concepção histórico-social crítica, presenciamos a busca e
a criação de novos métodos e teorias, de inspiração e historicidade nacionais,
que passam a substituir ou, ao menos, fazer frente à forte importação dos
modelos estrangeiros àquela época, nos diversos campos profissionais e, entre
eles, também no campo da educação (BEZERRA, 1980). Além disto, é desta
parceria clara que são gestados também os germens para o fortalecimento da
participação dos setores populares na reivindicação dos seus direitos básicos e
fundamentais. Um detalhamento e ilustração maiores e mais ricos a respeito
destas várias práticas podem ser encontrados nos trabalhos educacionais
desenvolvidos na década de 1960, no campo da alfabetização, dos movimentos
populares e da cultura popular. Entre os mais conhecidos encontramos as várias
experiências da alfabetização de adultos dentro da filosofia de Paulo Freire, e a
experiência acontecida no Rio Grande do Norte denominada “De Pé no Chão
também se aprende a ler”, numa alusão aos trabalhadores do campo (FREITAS,
2007).
Durante estas décadas de 1960 e 1970, de reivindicações da maioria da
população por melhores condições de vida e contra a carestia, assiste-se à
institucionalização dos novos movimentos e tendências no campo da cultura e
da educação, que explicitavam um forte vínculo, simpatia e proximidade para
com os setores populares. É neste período que se encontram vários
movimentos, como: os Movimentos de Educação de Base (MEB), que recebem
o apoio da Igreja Católica para a realização de suas atividades; os Movimentos
de Cultura Popular (MCP), que materializam os projetos artísticos e culturais
(como o teatro de resistência e crítica social, os tipos de música de reivindicação,
de protesto e de raízes, entre outros) gestados pelos grupos de profissionais
liberais preocupados com a criação e preservação de uma cultura nacional e
autóctone; os Centros Populares de Cultura (CPC) da União Nacional dos
Estudantes (UNE) e da União Estadual dos Estudantes (UEEs), que
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
expressavam um movimento universitário e secundarista nacional mostrando,
através da arte e música estudantis, o comprometimento político e a participação
nos rumos do país; e programas e campanhas de educação de adultos e de
alfabetização em escala ampla, acontecidos em maior abrangência no
Nordeste(BEZERRA, 1980)
Portanto, é neste contexto e processo que, ao se falar de educação e em
seu perfil e características predominantes, podemos dizer que sempre
aparecem, intimamente conectadas, a alfabetização de adultos, a educação de
base e a cultura popular (BEZERRA, 1980; FREIRE, 1976).
Falar de educação popular, ao lado da alfabetização de adultos e Jovens,
significa falar da relevante presença da dimensão popular no cenário político
nacional. Em verdade, o que se via era uma íntima relação entre três aspectos
que levam a uma politização da consciência, a saber, entre: alfabetização-
educação popular-participação e conscientização. Neste tripé, a ação e a
prática populares desempenham um papel importante, ancoradas na assessoria
de diferentes naturezas que os profissionais liberais e os intelectuais forneceram
a estes movimentos. Esta ligação – ou seja, falar em alfabetização significava na
época, também, falar em educação popular e conscientização – mantém-se
ainda por alguns anos, nas décadas seguintes, quase permanecendo junta até
o final do período do governo de exceção, quando então divisam-se outras
possibilidades e anunciam-se outras definições epistemológicas para cada um
destes campos e para os diversos movimentos populares e sociais até então
(FREITAS, 2007).
Numa definição mais clara, mas não menos simplista, Projeto de
Educação Popular vem a ser um instrumento inspirador e transformador da
realidade política, social e econômica daqueles que lutam para manter sua vida
no campo e na cidade com dignidade, em formas coletivas e de produção
associada que correspondam aos sotaques regionais, sem constrangimentos e
estigmas (PASSOS, 2007).
A educação popular nasce de duas fontes importantes e decisivas para
qualquer projeto: a primeira que tenha como objetivo universal construir pessoas
conscientes, críticas e capazes de interferir pessoal e coletivamente no rumo da
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
vida de todos. Neste sentido tem uma ação socializadora ou civilizatória. Volta-
se como ingrediente da vida cotidiana e perpassa todas as sociedades e
agrupamentos na produção dos indivíduos do qual esta sociedade precisa para
não perecer. A segunda fonte é a educação que tenha como objetivo específico
e estrito sair da generalidade e entabular diálogo intercultural com as
especificidades de cada sujeito. Precisa neste sentido recuperar a primeira de
sua fonte a de geral e universal, mas ao mesmo tempo que seja específica e
capaz de conter as idiossincrasias, isto é as dimensões particulares de cada
grupo, na sociedade humana. Precisa, ainda, sair do âmbito privado e cotidiano
e mediar-se para o campo institucional, sobretudo aquele reconhecido
socialmente como o lugar privilegiado da educação, a sua dimensão escolar
(PASSOS, 2007).
A educação popular é, portanto, uma prática política, constituindo-se num
tencionamento, para que a realidade se transforme a partir de propostas
populares em educação. Como prática educativa coletiva das classes populares,
a educação popular é um campo de luta social, em que nos envolvemos em um
movimento permanente, buscando a transformação de um quadro histórico que
a educação do povo, trabalhadores urbanos e do campo, enfrenta, por estar
diferentemente colocada em certos contextos de nossa formação social, em
contradição com a necessidade social e econômica (PAIVA, 1987).
1.1 Definição de termos
1.1.1 MOBRAL
O Movimento Brasileiro de Alfabetização - o MOBRAL surgiu como um
prosseguimento das campanhas de alfabetização de adultos iniciadas com
Lourenço Filho. Só que com um cunho ideológico totalmente diferenciado do que
vinha sendo feito até então. Apesar dos textos oficiais negarem, sabemos que a
primordial preocupação do MOBRAL era tão somente fazer com que os seus
alunos aprendessem a ler e a escrever, sem uma preocupação maior com a
formação do homem (BELLO, 1993).
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
Foi criado pela Lei n. 5.379, de 15 de dezembro de 1967, propondo a
alfabetização funcional de jovens e adultos, visando “conduzir a pessoa humana
a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la a sua
comunidade, permitindo melhores condições de vida”. Apesar da ênfase na
pessoa, Bello (1993) enfatiza que o objetivo do MOBRAL relaciona a ascensão
escolar a uma condição melhor de vida, deixando à margem a análise das
contradições sociais inerentes ao sistema capitalista. Ou seja, basta aprender a
ler, escrever e contar e estará apto a melhorar de vida.
O programa de alfabetização funcional do Mobral apresentava seis
objetivos:
1. Desenvolver nos alunos as habilidades de leitura, escrita e contagem;
2. Desenvolver um vocabulário que permita o enriquecimento de seus
alunos;
3. Desenvolver o raciocínio, visando facilitar a resolução de seus problemas
e os de sua comunidade;
4. Formar hábitos e atitudes positivas, em relação ao trabalho;
5. Desenvolver a criatividade, a fim de melhorar as condições de vida,
aproveitando os recursos disponíveis;
6. Levar os alunos: a conhecerem seus direitos e deveres e as melhores
formas de participação comunitária; a se empenharem na conservação da
saúde e melhoria das condições de higiene pessoal, familiar e da
comunidade; a se certificarem da responsabilidade de cada um, na
manutenção e melhoria dos serviços públicos de sua comunidade e na
conservação dos bens e instituições; a participarem do desenvolvimento
da comunidade, tendo em vista o bem-estar das pessoas (CORRÊA,
1979, p. 152).
Dando continuidade ao seu programa, foi implantado em 1971, o
Programa de Educação Integrada, tendo seu período de expansão entre os anos
de 1972 e 1976 e, segundo os técnicos do MOBRAL, revitalizou-se em 1977.
Esse programa foi criado para dar continuidade ao Programa de
Alfabetização Funcional, imbuídos do sentimento de educação permanente. Ou
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
seja, o aluno considerado alfabetizado recebia uma espécie de promoção
passando para uma fase onde teria continuidade e progressividade das
condições educativas.
Para este Programa foram criados os seguintes objetivos gerais:
1. Propiciar o desenvolvimento da autoconfiança, da valorização da
individualidade, da liberdade, do respeito ao próximo, da solidariedade e
da responsabilidade individual e social;
2. Possibilitar a conscientização dos direitos e deveres em relação à família,
ao trabalho e a comunidade;
3. Possibilitar a ampliação da comunicação social, através do
aprimoramento da linguagem oral e escrita;
4. Desenvolver a capacidade de transferência de aprendizagem, aplicando
os conhecimentos adquiridos em situações de vida prática;
5. Propiciar o conhecimento, utilização e transformação da natureza pelo
homem, como fator de desenvolvimento pessoal e da comunidade;
6. Estimular as formas de expressão criativa;
7. Propiciar condições de integração na realidade socioeconômica do país
(CORRÊA, 1979, p. 177-178).
O livro de Arlindo Lopes Corrêa “Educação de massas e ação comunitária”
apresenta de maneira bem detalhada todos os passos, os acontecimentos que
fizeram parte da trajetória do Mobral até sua extinção nos anos 1980, quando foi
incorporado pela Fundação Educar.
1.1.2 Ensino Supletivo
A Lei de Reforma Educacional n. 5.692/71 atribuiu um capítulo para o
ensino supletivo e recomendava aos Estados atender jovens e adultos, no artigo
24 encontramos que o supletivo tem por finalidade suprir a escolarização regular
para os adolescentes e adultos que não tenham seguido ou concluído na idade
própria; proporcionar, mediante repetida volta à escola, estudos de
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
aperfeiçoamento ou atualização para os que tenham seguido o ensino regular
no todo ou em parte.
No artigo 25 encontramos que o ensino supletivo abrangerá, conforme as
necessidades a atender, desde a iniciação no ensino de ler, escrever e contar e
a formação profissional definida em lei específica até o estudo intensivo de
disciplinas do ensino regular e a atualização de conhecimentos.
Terão estrutura, duração e regime escolar que se ajustem às suas
finalidades próprias e ao tipo especial de aluno a que se destinam.
Os cursos supletivos serão ministrados em classes ou mediante a
utilização de rádio, televisão, correspondência e outros meios de comunicação
que permitam alcançar o maior número de alunos (BRASIL, 1971).
1.1.3 MOVA
O Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA) surgiu em
São Paulo (1989), na gestão de Luiza Erundina enquanto prefeita e durante a
gestão de Paulo Freire na Secretaria Municipal de Educação da cidade de São
Paulo.
Sua proposta reunia Estado e organizações da Sociedade Civil para
combater o analfabetismo, oferecendo o acesso à educação de forma adaptada
às necessidades e condições dos alunos jovens e adultos.
As salas do MOVA estão instaladas em locais onde existem poucas
escolas e grande demanda por educação básica, geralmente as aulas são dadas
em associações comunitárias, igrejas, creches, empresas, enfim, lugares em
que há espaço e necessidade. A flexibilidade e a capacidade de se adequar à
realidade e as necessidades dos alunos são as maiores vantagens do MOVA, já
que geralmente as salas são próximas de suas casas (poupando o custo e o
desgaste do transporte), as exigências com relação à faltas e horários são
menores do que e em uma escola tradicional (uma vez que a maior parte dos
alunos trabalham e têm obrigações familiares), além do conteúdo ensinado estar
mais relacionado com o cotidiano de um adulto que já tem uma experiência de
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
vida, cabendo aos educadores fazer uma mediação entre o saber do aluno e a
educação formal.
Na cidade de São Paulo, o MOVA é um programa de alfabetização
permanente que funciona a partir de convênios entre a prefeitura e entidades
assistenciais, sociedades e associações. A prefeitura custeia as despesas de
funcionamento das classes e dá bolsa-auxílio os educadores e as entidades se
responsabilizam pelo local das aulas e por indicar os educadores.
Cada sala tem cerca de 15 alunos e as aulas, que têm duração média de
3 horas, são dadas 4 vezes por semana (geralmente no período nortuno).
Inspirado no MOVA, o Projeto MOVA-Brasil segue no caminho para além
das letras e números. Desenvolvido por meio de uma parceria entre Petrobras,
Federação Única dos Petroleiros (FUP) e Instituto Paulo Freire (IPF), tem como
finalidade promover a dignidade humana garantindo aos indivíduos e às
comunidades a oportunidade de reconstruírem seu destino e de conquistarem o
direito à cidadania plena e participativa.
Metodologicamente fundamenta-se nos princípios filosófico-político-
pedagógicos de Paulo Freire. A ação pedagógica se desenvolve com base na
Leitura do Mundo do educando, a partir da qual se identificam as situações
significativas da realidade em que está inserido. Desse processo, surgem os
Temas Geradores que, por sua vez, orientam a escolha dos conteúdos
programáticos.
Tem como objetivos:
• Contribuir para a redução do analfabetismo no Brasil, o fortalecimento da
cidadania e a construção de políticas públicas para a Educação de Jovens
e Adultos;
• Estabelecer parcerias com outros projetos do Programa de
Responsabilidade Social da Petrobras Desenvolvimento & Cidadania e
com organizações, sindicatos, movimentos sociais e populares e
governos;
• Organizar turmas de Alfabetização de Jovens e Adultos em regiões
prioritárias para os parceiros envolvidos no processo;
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
• Formar Coordenadores de Polo, Assistentes Pedagógicos,
Coordenadores Locais e Monitores.
Dentre as metas: atender 120 mil alfabetizandos em 36 meses,
distribuídos em 4.800 turmas, com dez meses de aula e formar 4.800
alfabetizadores e 350 coordenadores (IPF, 2010).
1.1.4 CONFINTEA
Em 2009 aconteceu a VI Conferência Internacional da UNESCO de
Educação de Adultos – Confintea em Belém do Pará – PA.
Na tabela abaixo estão relacionadas de forma sucinta todas as Confinteas
realizadas desde sua inauguração em 1949.
Uma vez que discutem e elaboram propostas para a EJA a nível global
são as conferências mais importantes e que mesmo rapidamente, o aluno
precisa conhecer.
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
1.2 Os movimentos populares
A mobilização popular em torno das questões referentes à cidadania, em
exercer o seu poder de escolha pelo voto, contribuiu com os movimentos de
cultura e educação popular, isto é, vitorioso em algumas eleições locais e
urbanas, o movimento popular abriu espaço para o pensamento renovador em
educação e absorveu alguns intelectuais com experiência de lutas políticas das
classes subordinadas. Estes vão se transformar em intelectuais orgânicos de
uma política voltada para a cultura popular (CUNHA e GÓES, 2002).
Neste sentido, o educador pernambucano Paulo Freire, ao participar do II
Congresso Nacional de Adultos, realizado na cidade do Rio de Janeiro em 1958,
apresentou sua proposta pedagógica fundamentada na História, Antropologia e
Metodologia.
Assim, em relação à fundamentação histórica, pressupunha que: [...] nos
anos 1960 o povo viveria o “trânsito” de uma sociedade fechada para uma
sociedade que se abria, e o cidadão ultrapassaria uma consciência
mágica/intransitiva para uma consciência transitiva/crítica (CUNHA e GÓES,
2002, p. 11).
Na perspectiva freiriana, o conceito de “trânsito” representaria o momento
em que a educação seria feita pelo povo e não para ele, substituindo assim a
educação bancária, caracterizada pela verticalidade do ensino centrado no
professor, tido como único detentor do saber, por outra, onde o processo de
ensino e aprendizagem se faria por meio do diálogo entre professores e alunos,
que conscientes de seu “inacabamento e historicidade”, se constituiriam em
sujeitos construtores do conhecimento, perfazendo uma educação crítica e
conscientizadora, por isto, libertadora.
Em relação à Antropologia, o objetivo era que o sujeito do conhecimento
compreendesse a relevância e a diferença entre o mundo da natureza e o mundo
da cultura, como nos esclarece Paiva (1987, p. 252 - 253):
Evitando repetir os erros de uma educação alienada, esta reflexão partia
da própria análise da sociedade brasileira como uma sociedade em trânsito.
Nela, como evitar a massificação? O diálogo parecia o único caminho possível,
pois nele os dois polos se ligam “com amor, com esperança, com fé um no outro,
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
se fazem críticos na busca de algo” e só aí há comunicação. Mas, qual o
conteúdo desse diálogo?
Pareceu então que conceito antropológico de cultura, a distinção entre o
mundo da natureza e o mundo da cultura e o realce do papel ativo do homem
sobre a realidade criando cultura, seria o conteúdo mais adequado para ajudar
o analfabeto a superar a sua compreensão mágica do mundo e desenvolver uma
postura crítica diante da realidade. Ele ajudaria o homem a perceber o seu papel
como sujeito e não como mero objeto e serviria de base para a mudança de suas
atitudes (SILVA, 2007).
Já na questão metodológica, Paulo Freire propunha que, antes do
momento da sala de aula, deveriam ser executados alguns procedimentos que
propiciassem um trabalho pedagógico, contextualizado e interdisciplinar,
mediante a realidade vivenciada pela comunidade, sugerindo as seguintes
etapas:
• Levantamento do universo vocabular / investigação do universo temático:
pesquisa informal, dialogada, feita com os moradores da comunidade,
para apurar o universo de fala da cultura da gente do lugar (BRANDÃO,
1981, p. 25);
• Definição das palavras geradoras / mundo: ocorre por meio da compilação
do universo vocabular dos alunos, em que são identificadas e
selecionadas as palavras ma apropriadas para o início da alfabetização,
sob um triplo critério: riqueza fonêmica, dificuldades fonéticas da língua e
densidade pragmática do sentido (BRANDÃO, 1981, p. 31);
• Elaboração de situações que envolvam o cotidiano dos alunos, para
posterior discussão com o grupo classe (debates);
• Elaboração de material a ser utilizado no decorrer das aulas, como
cartazes de cultura, fichas de roteiro / plano de palavras (BRANDÃO,
1981, p. 31), para auxiliar o professor nos debates em sala; fichas de
decomposição das famílias silábicas, elaboradas a partir das palavras
geradoras, e fichas de descoberta, com as quais, os alunos passam a
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
formar novas palavras, a partir dos fonemas, que compõe as famílias
silábicas (BRANDÃO, 1981, p 31).
Desta maneira, motivados pela efervescência de ideias, proporcionadas
no II Congresso Nacional de Adultos (Rio, 1958), no período compreendido entre
1960 e 1961, têm um aumento crescente de movimentos populares, destacando-
se: o MCP (Movimento de Cultura Popular) de Recife; De pé no chão também
se aprende a ler – Natal (RN); o MEB (Movimento Educacional Brasileiro) –
iniciativa ligada à Igreja Católica; CPC (Centro Popular de Cultura) – iniciativa
ligada à UNE (União Nacional dos Estudantes) (SILVA, 2007).
Assim, em maio de 1960, na cidade de Recife, sob a administração de
Miguel Arraes, o MCP (Movimento de Cultura Popular) organizou-se como
Sociedade Civil, constituindo-se em uma rede de ensino paralela à rede de
ensino pública, cuja visão de mundo:
[...] não era a da produção de bens culturais para a posterior doação ao
povo. Pelo contrário, a participação do povo no processo de elaboração da
cultura foi fundamental para os pernambucanos. Por isso, em 1963, o MCP
recomendou uma estratégia que privilegiasse atividades que caracterizassem:
a) pela oferta de assessoramento a esforços criadores de cultura desenvolvidos
pelos núcleos de cultura das próprias organizações populares; b) pela aplicação
das várias modalidades de incentivos ao surgimento, ao florescimento e à
multiplicação de tais fontes produtoras de cultura popular; c) pela criação de
mecanismos de estímulo e de coordenação capazes de criar interdependências
e ajudas mútuas entre as diversas organizações nos seus diversos níveis de
existência social, facilitando desse modo que as deficiências de umas sejam
completadas pelas pontencialidades de outras e permitindo, em última análise,
que as mais atrasadas encontrem condições favoráveis para ascender ao nível
das mais adiantadas (CUNHA e GÓES, 2002, p. 16).
A partir daí, sob a coordenação do MCP (Movimento de Cultura Popular),
no Centro de Cultura Dona Olegarinha, surge a primeira oportunidade de
aplicação do Sistema Paulo Freire, onde foram alfabetizados, em
aproximadamente trinta horas, a primeira turma de formandos, composta por
quatro homens e uma mulher, que segundo CUNHA e GÓES (2002, p. 20):
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
“No clima das Reformas de Base do Governo de Jango, o Sistema Paulo
Freire foi um verdadeiro achado. Através dele seria possível – era a previsão –
acrescentar cinco milhões de eleitores ao corpo eleitoral em 1965, e assim
desequilibrar o poder da oligarquia em favor do movimento popular. De janeiro
de 1962 (Dona Olegarinha) até final de 1963 e início de 1964, a proposta de
Paulo Freire de alfabetização em 30 horas saiu dos limites de uma quase
anônima experiência com cinco analfabetos para ser adotada nacional e
oficialmente como proposta do governo federal”.
Neste contexto, em abril de 1963, na cidade de Angicos, interior do Rio
Grande do Norte, mais uma turma de alunos se formava pelo Sistema Paulo
Freire de alfabetização, ocasião que foi prestigiada pela presença do presidente
da República e pelo governador do Estado (SILVA, 2007).
2 EDUCAÇÃO NO CAMPO
A constituição histórica das práticas educativas emerge das necessidades
de diferentes grupos sociais em acessar a educação. A perpetuação de traços
coloniais na estrutura social brasileira, na composição dos governos e na
administração do público tem fortes raízes rurais e patriarcais. A sobrevivência
de traços coloniais na interpretação da realidade perpassa as relações históricas
que conformam a estrutura fundiária brasileira. Atrelada a esta estrutura, a
educação rural não é exceção nas determinações que, antes de representarem
um instrumento de ruptura com a ordem estabelecida, sofrem processos de
conformação em relação à estrutura social, cultural e econômica gestada no e
para o país.
Como afirma Leite (1999, p. 14) a educação rural no Brasil, por motivos
socioculturais, sempre foi relegada a planos inferiores e teve por retaguarda
ideológica o elitismo acentuado do processo educacional aqui instalado pelos
jesuítas e a interpretação político-ideológico da oligarquia agrária, conhecida
popularmente na expressão: “gente da roça não carece de estudos. Isso é coisa
de gente da cidade”.
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
Delineia-se, assim, um imaginário de que, para viver na roça, não há
necessidade de amplos conhecimentos socializados pela escola. Esta
concepção de educação rural considerava que, para os trabalhadores do campo,
não era importante a formação escolar já oferecida às elites brasileiras. As
“escolinhas” criadas no meio rural, geralmente multisseriadas e isoladas, eram
poucas e questionadas pelas forças hegemônicas da sociedade quanto a sua
eficácia no ensino. Com o processo de urbanização crescente e o movimento de
correntes migratórias, a educação rural começa a ser objeto de algumas
preocupações de alguns setores ligados à educação. Contudo, algumas
iniciativas destas forças, de caráter assistencial e outras privadas, defendiam a
necessidade de alguma formação para o trabalho agrícola. Também no âmbito
público, algumas manifestações se dirigiam a “clamar por uma educação de
sentido prático e utilitário, e insistia-se na necessidade de escolas adaptadas à
vida rural” (Calazans, 1993, p. 17).
De acordo com Vendramini (2007) a educação do campo vem
conquistando espaço, nos últimos anos, nos debates e nas políticas
educacionais no Brasil. Tal fato merece nossa reflexão, diante do contexto em
que ele se manifesta. Observamos a continuidade do êxodo rural, iniciado no
século passado e intensificado nas décadas de 1960 e 1970 (hoje, 19% da
população vive nas zonas rurais), a inviabilização da agricultura familiar e o
fortalecimento do agronegócio e da produção para a exportação.
É preciso compreender que a educação do campo não emerge no vazio
e nem é iniciativa das políticas públicas, mas emerge de um movimento social,
da mobilização dos trabalhadores do campo, da luta social. É fruto da
organização coletiva dos trabalhadores diante do desemprego, da precarização
do trabalho e da ausência de condições materiais de sobrevivência para todos.
Uma importante e significativa mudança de teoria e de prática no que se
refere à educação rural foi o movimento nacional desencadeado para a
construção de uma escola do campo, vinculada ao processo de construção de
um projeto popular para o Brasil, que inclui um novo projeto de desenvolvimento
para o campo. Nesta orientação, foram realizadas diversas conferências
estaduais e nacionais, sendo a primeira conferência nacional, "Por uma
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
Educação Básica do Campo", realizada em 1998 e organizada pelo MST, CNBB,
UNICEF e UNESCO. Essa primeira Conferência inaugurou uma nova referência
para o debate e a mobilização popular: Educação do Campo e não mais
educação rural ou educação para o meio rural, ao reafirmar a legitimidade da
luta por políticas públicas específicas e por um projeto educativo próprio para os
sujeitos que vivem e trabalham no campo (VENDRAMINI, 2007).
Para compreender a diferença da conceituação rural e campo, é preciso
considerar alguns pensamentos construídos dentro do conhecimento
acadêmico, que resultam de pesquisas realizadas e compartilhadas pelos atores
sociais do campo. Partindo desse princípio, a expressão educação rural está
relacionada em uma postura encadeada pela concepção positivista,
mercadológica, competitiva, capitalista, na qual a política de educação direciona
para uma formação pragmática, que instrui o indivíduo para desenvolver
atividades no mundo do trabalho. Transforma a força de trabalho humana em
objeto, coisa, mercadoria. É a “coisificação” e desumanização do sujeito.
A expressão educação rural foi empregada na época do governo Vargas,
para delimitar o espaço urbano e definirem políticas públicas de ação para estes
espaços geográficos já compreendidos na época, como diferentes, mas, no
entanto, as práticas educativas implementadas para ambas as situações, se
constituíam em um único paradigma, o urbano.
O rural representava o espaço das políticas compensatórias e paliativas,
um lugar onde projetos econômicos e políticos da cultura capitalista se
instauravam demarcando o território do agronegócio, das empresas
exploradoras de madeira, mineiro e outros. Nessas circunstancias, a relação
homem-natureza se caracteriza como exploratória, depredatória, concentradora
de bens, o lugar do latifúndio, da escravidão, exclusão social e da expropriação
de uns em detrimento de outros.
A educação rural esteve também associada a uma situação de
precariedade, atrasada, com pouca qualidade e recursos pedagógicos escassos,
estrutura física inadequada: “A sala de aula é a sala da residência da professora.
Pequena e ladeada por meia parede de madeira que se estende até o final da
casa. O teto é coberto parte por telha de cerâmica, parte por palhas”. Tinha como
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
pano de fundo um interior arcaico, com tímidos programas educacionais
pensados e elaborados para o povo sem sua participação (MOLINA, 2004).
Observamos que a educação do campo foi incorporada e/ou valorizada
na agenda de lutas e de trabalho de um número cada vez maior de movimentos
sociais e sindicais do campo, com o envolvimento de diferentes entidades e
órgãos públicos. O que pode ser conferido pelo conjunto de promotores e
apoiadores da II Conferência Nacional por uma Educação do Campo, ocorrida
em Luziânia (GO), em 2004. Participaram desta iniciativa representantes de
movimentos sociais, sindicais e outras organizações sociais do campo e da
educação, de universidades, de ONGs e de Centros Familiares de Formação por
Alternância, de secretarias estaduais e municipais de educação e de outros
órgãos de gestão pública (VENDRAMINI, 2007).
A Conferência de Luziânia debruçou-se especialmente sobre como
efetivar no Brasil um tratamento público específico para a Educação do Campo,
enquanto política pública permanente (VENDRAMINI, 2007).
Uma conquista do conjunto das organizações do campo, no âmbito das
políticas públicas, foi a aprovação das Diretrizes Operacionais para a Educação
Básica nas Escolas do Campo (Parecer n. 36/2001 e Resolução n. 1/2002 do
Conselho Nacional de Educação). As diretrizes definem a identidade da escola
do campo
(...) pela sua vinculação às questões inerentes à sua realidade,
ancorando-se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória
coletiva que sinaliza futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na
sociedade e nos movimentos sociais em defesa de projetos que associem as
soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida coletiva no País
(BRASIL, 2002, p. 37)
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
2.1 A Pedagogia da Alternância
A Pedagogia da Alternância consiste numa metodologia de organização
do ensino escolar que conjuga diferentes experiências formativas distribuídas ao
longo de tempos e espaços distintos, tendo como finalidade uma formação
profissional. Esse método começou a tomar forma em 1935 a partir das
insatisfações de um pequeno grupo de agricultores franceses com o sistema
educacional de seu país, o qual não atendia, a seu ver, as especificidades da
Educação para o meio rural. A experiência brasileira com a Pedagogia da
Alternância começou em 1969 no estado do Espírito Santo, onde foram
construídas as três primeiras Escolas Famílias Agrícolas (TEIXEIRA,
BERNARTT, TRINDADE, 2008).
Atualmente existem no Brasil diversas experiências de educação escolar
que utilizam a Pedagogia da Alternância como método. As experiências mais
conhecidas são as desenvolvidas pelas Escolas Família Agrícola (EFAs) e pelas
Casas Familiares Rurais (CFRs). Não obstante, tendo em vista a proximidade de
propósitos, as entidades que articulam essas organizações educacionais, bem
como diversos pesquisadores da área, vêm utilizando uma terminologia genérica
para se referir às instituições que praticam a alternância educativa no meio rural:
Centros Familiares de Formação por Alternância (CEFFAs). O Brasil conta hoje
com 243 CEFFAs (UNEFAB, 2007) em atividade em todas as regiões e em
quase a totalidade dos estados, com exceção de Alagoas, Paraíba, Pernambuco
e Rio Grande do Norte (TEIXEIRA, BERNARTT, TRINDADE, 2008).
A Pedagogia da Alternância atribui grande importância à articulação entre
momentos de atividade no meio socioprofissional do jovem e momentos de
atividade escolar propriamente dita, nos quais se focaliza o conhecimento
acumulado, considerando sempre as experiências concretas dos educandos.
Por isso, além das disciplinas escolares básicas, a educação nesse contexto
engloba temáticas relativas à vida associativa e comunitária, ao meio ambiente
e à formação integral nos meios profissional, social, político e econômico
(Gimonet, 1999; Estevam, 2003; Silva, 2005; Begnami, 2006 apud TEIXEIRA,
BERNARTT, TRINDADE, 2008).
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
3 PAULO FREIRE
Aqueles que estão engajados na educação de jovens e adultos sabem
perfeitamente que ela não existe sem Paulo Freire! Essa é uma verdade, uma
constatação que não se pode deixar de exaltar.
Aos que não são tão familiarizados, terão oportunidade de conhecer um
pouco do trabalho desse pedagogo que revolucionou uma época, é um ícone,
um ídolo que precisamos sempre buscar.
Pensando na situação de exploração do trabalhador e nas condições que
oportunizam uma educação conscientizadora, Paulo Freire nos possibilita
observar o sistema educacional da sociedade brasileira, dentro do processo de
mudança, quando identifica a educação como elemento fundamental para o
sujeito do campo ou da cidade. E considera como necessidade primordial dessa
mudança, a leitura de mundo com o sujeito que aprende, mas que também
ensina. Ele desenvolveu uma metodologia de ensino para a alfabetização e
conscientização do trabalhador do campo que partia dessa leitura de mundo.
Uma iniciativa surgida na década de 1950, que continua presente na ação
educativa de muitos professores do campo e da cidade. Ao fazer uma apologia
a educação da cultura dominante comentava Freire:
Na concepção bancária a educação é o ato de depositar, de transferir, de
transmitir valores e conhecimentos; Se o educador é o que sabe, se os
educandos são os que não sabem, cabe aquele que dá entregar, levar, transmitir
o seu saber aos segundos. Saber que deixa de ser experimento feito para ser
experiência narrada ou transmitida (2002, p. 59, 60).
Estudos de Medeiros (2005) mostram que o pensamento pedagógico de
Paulo Freire, assim como sua proposta para a alfabetização de adultos
inspiraram os principais programas de alfabetização e educação popular que se
realizaram no país no início dos anos 1960. Esses programas foram
empreendidos por intelectuais, estudantes e católicos engajados numa ação
política junto aos grupos populares. Desenvolvendo e aplicando essas novas
diretrizes, atuaram os educadores do MEB (Movimento de educação de base),
ligados à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dos CPCs (Centros
de Cultura Popular), organizados pela UNE (União Nacional dos Estudantes),
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
dos Movimentos de Cultura Popular, que reuniam artistas e intelectuais e tinham
apoio de administrações municipais, a Campanha de Pé no Chão Também se
Aprende a Ler, da Secretaria Municipal de Educação de Natal e a Campanha de
Educação Popular (CEPLAR) na Paraíba. Essas duas últimas campanhas
citadas tinham vínculos com o estado e efetuaram um tipo de educação popular,
que, "se não estavam diretamente em função dos interesses dos trabalhadores,
abriram espaços, a partir de interesses imediatos, para a conquista daqueles
interesses fundamentais” (WANDERLEY, 1984, p.106).
Em 1963, a União Estadual de Estudantes do Estado de São Paulo
realizou importante projeto piloto de educação popular na vila Helena Maria em
Osasco, também orientando os trabalhos pela concepção de alfabetização de
Paulo Freire.
Segundo Jezine (2003, p.157), esses movimentos "tinham como objetivo
promover a conscientização do povo, para que este pudesse atuar
transformando sua realidade". Esses diversos grupos foram se articulando e
passaram a pressionar o governo federal para que os apoiasse e estabelecesse
uma coordenação nacional das iniciativas. Em janeiro de 1964, foi aprovado o
Plano Nacional de Alfabetização, que previa a disseminação por todo o Brasil de
Programas de Alfabetização orientados pela proposta de Paulo Freire.
A alfabetização e a educação de adultos deveriam partir sempre de um
exame crítico da realidade existencial dos educandos, da identificação das
origens de seus problemas e das possibilidades de superá-los. “Uma educação
que lhe propiciasse a reflexão sobre seu próprio poder de refletir e que tivesse
sua instrumentalidade, por isso mesmo, no desenvolvimento desse poder, na
explicitação de suas potencialidades, de que decorreria sua capacidade de
opção” (FREIRE, 1985, p.59). Em outras palavras, uma educação que “tratasse
de ajudar o homem brasileiro em sua emersão e o inserisse criticamente no seu
processo histórico. Educação que por isso mesmo libertasse pela
conscientização” (FREIRE, 1986, p.66).
Além da dimensão social e política, os ideais pedagógicos que se difundiam
tinham um forte componente ético, implicando um profundo comprometimento
do Educador com os educandos. Os analfabetos deveriam ser reconhecidos
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
como homens e mulheres produtivos, que possuíam uma cultura. Dessa
perspectiva, Paulo Freire criticou a chamada educação bancária, que
considerava o analfabeto rejeitado e ignorante, uma espécie de gaveta vazia
onde o educador deveria depositar conhecimento. No dizer de Freire (2002,
p.67):
A educação que se impõe aos que verdadeiramente se comprometem
com a libertação não pode fundar-se numa compreensão dos homens como
seres vazios a quem o mundo encha de conteúdos; não pode basear-se numa
consciência espacializada, mecanicistamente compartimentada, mas nos
homens como corpos conscientes e na consciência como consciência
intencionada ao mundo. Não pode ser a do depósito de conteúdos, mas a da
problematização dos homens em suas relações com o mundo.
Tomando o educando como sujeito de sua aprendizagem, Freire
propunha uma ação educativa que não negasse sua cultura, mas que fosse
transformando através do diálogo. Na época, ele referia-se a uma consciência
ingênua ou intransitiva, herança de uma sociedade fechada, agrária e
oligárquica, que deveria ser transformada em consciência crítica, necessária ao
engajamento ativo no desenvolvimento político e econômico da nação
(MEDEIROS, 2005).
O paradigma da educação popular, inspirado originalmente no trabalho de
Paulo Freire nos anos 1960, encontrava na conscientização sua categoria
fundamental. A prática e a reflexão sobre a prática levou a incorporar outra
categoria não menos importante: a da organização. Afinal, não basta estar
consciente, é preciso organizar-se para poder transformar (MEDEIROS, 2005).
Segundo Freitas (2007) Nas "Cartas aos Camaradas de São Tomé e
Príncipe", que trabalhavam em animação cultural nos grupos de alfabetização
Paulo Freire vai indicando uma série de aspectos e reflexões que servem como
diretrizes às atitudes e posturas necessárias a esse trabalho político-pedagógico
de aprender ensinando e ensinar aprendendo no processo de alfabetização.
Estes aspectos podem ser indicados, brevemente, nos seguintes itens
que poderiam ter, aqui, um papel de relembrar cuidados e compromissos
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
importantes ao trabalho de alfabetização dentro de uma perspectiva histórico-
social de emancipação. Esses aspectos referem-se a:
• Ter uma atitude crítica diante de qualquer material, instrumento ou
proposta de ação pedagógica, buscando uma compreensão da sua
construção histórico-social;
• A própria decisão de participar de um processo de alfabetização (seja o
educando, seja o educador) é já um ato político. Consequentemente, a
própria educação e alfabetização também expressam uma intenção
política;
• Necessidade de estar vigilante quanto à coerência entre a opção política
assumida e a prática que é realizada no processo de alfabetização. Isto
leva a ter de explicitar e responder à indagação: em favor de que e de
quem se trabalha em Educação?;
• A prática do educador deve ser crítica, consciente e oposta à prática dos
educadores colonizadores ou reprodutivistas;
• É na prática que se aprende cada vez melhor o como trabalhar, de acordo
com cada realidade em questão;
• Toda educação e também a alfabetização, além de terem uma intenção
política, são um ato de conhecimento;
• No processo de alfabetização, o necessário diálogo permanente entre
educando e educador se dá através da prática e da reflexão, gerando um
conhecimento mútuo em que há saberes distintos e relevantes;
• O trabalho do educador/animador/alfabetizador não termina quando finda
seu trabalho diário; é importante que conviva com os alfabetizandos e com
o povo (FREITAS, 2007).
3.1 A Pedagogia de Paulo Freire e a Educação de Jovens e Adultos
A Pedagogia proposta por Paulo Freire, parte do pressuposto de uma
Educação problematizadora, que envolve o processo de dialogicidade entre os
polos dialéticos formados por professores e alunos de tal modo que, um inexiste
sem o outro, porque há um influxo que permeia esta relação como se uma força
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
os atraísse e os repelisse ao mesmo tempo, razão pela qual nenhum deles se
basta, fazendo com que se movam pela complementaridade.
Assim a dialogicidade, essência da Educação, refere-se ao diálogo
ocorrido entre os sujeitos do conhecimento que por meio da palavra compõem a
práxis pedagógica, constituída pela dimensão da ação e da reflexão, pois:
Não há palavra verdadeira que não seja práxis. Daí que dizer a palavra
verdadeira, seja transformar o mundo. [...] A existência, porque humana, não
pode ser muda, silenciosa, nem tampouco nutrir-se de falsas palavras, mas de
palavras verdadeiras. [...] Existir, humanamente, é pronunciar o mundo. [...] O
mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos
pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar (FREIRE, 2002, p. 77 - 78).
Porém, para que haja um novo pronunciar da palavra, é necessário que a
leitura do mundo preceda sempre a leitura da palavra (FREIRE, 2002, p. 90),
pois a partir da compreensão do contexto imediato dos alunos em relação ao
mundo, do qual este cotidiano faz parte, é que começa a se formar a inquietação
no professor que é educador. Assim, o processo de dialogicidade se inicia não
no momento em que os alunos se encontram com o professor em sala de aula,
mas, quando este ao refletir, se questiona em torno do que vai dialogar com
aqueles (FREIRE, 2002, p. 83).
Referindo-se ao diálogo, Paulo Freire insiste que o professor de Educação
de Jovens e Adultos, precisa compreender que a cultura dos grupos populares
é tão importante quanto a sua própria, e que a compreensão que eles têm sobre
o mundo, provém de uma construção empírica (senso-comum), que embora não
tenha os padrões de cientificidade que a norma culta exige, produz um
conhecimento que é relevante para a sobrevivência do grupo social, e que
portanto, deve ser respeitado, valorizado e apreendido.
Assim, a visão que os grupos populares têm sobre o mundo, pode ser o
início desse diálogo entre professores e alunos, que propiciará além da
investigação da realidade, também, uma análise do nível de imersão ideológica
em que se encontram, e ainda, o estabelecimento de uma mútua confiança entre
os sujeitos, que, a partir do conhecimento obtido por meio da análise destas
informações que exprimem o pensamento coletivo do grupo, será possível
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
compor a base de dados, na qual se constituirá o conteúdo programático do
planejamento a ser feito pelo professor, isto é, a estruturação organizada e
sistematizada do conhecimento de senso-comum, obtido diretamente da
comunidade, transformado em conhecimento científico, e que será ministrado
nas aulas.
3.2 O método Paulo Freire de Alfabetização de Adultos
De acordo com Brandão (1981, p. 21), Paulo Freire ao pensar em um
método de alfabetização para adultos, partiu do pressuposto que: [...] educar é
uma tarefa de trocas entre pessoas e, se não pode ser nunca feita por um sujeito
isolado (até a auto-educação é um diálogo à distância), não pode ser também o
resultado do despejo de quem supõe que possui todo o saber, sobre aquele que,
do outro lado, foi obrigado a pensar que não possui nenhum. [...] De um lado e
do outro do trabalho em que se ensina e aprende, há sempre educadores-
educando e educandos-educadores. De lado a lado se ensina. De lado a lado se
aprende.
Por outro lado, o saber contido nas cartilhas, é um saber imposto que
reflete em suas entrelinhas o pensamento da elite dominante, que acaba
determinando o pensamento e a consciência da população, ao propor o uso de
materiais como este.
Daí a importância de investigar junto às comunidades que farão parte das
classes de alfabetização a sua realidade sociocultural, o seu modo de “dizer o
mundo” (BRANDÃO, 1981, p. 23), fazendo o levantamento do universo
vocabular.
No entanto, cabe ressaltar que este levantamento não se constitui em uma
pesquisa metódica, rigorosa, mas algo mais simples, que ocorre por meio do
diálogo, em reuniões informais costumeiras, onde se investiga as palavras mais
usadas pela população da comunidade (BRANDÃO, 1981, p. 25). A ideia em
relação a esta etapa, reside no fato de que existe uma oralidade peculiar da
comunidade que traduz sua cultura e que precisa ser observada mais de perto
pela equipe de educadores e ainda, como uma forma de aliar a teoria à prática,
o pensado e o vivido, que segundo Brandão (1981, p. 27):
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
O que se descobre com o levantamento não são homens-objeto, nem é
uma realidade neutra. São os pensamentos-linguagens das pessoas. São falas
que, a seu modo, desvelam o mundo e contêm, para a pesquisa, os temas
geradores falados através das palavras geradoras.
Após a coleta de dados, a equipe têm o resultado efetivo do trabalho
realizado, que se traduz no registro das falas, costumes e hábitos, também a
afetividade mútua gerada pela convivência e a identificação da equipe de
pesquisadores com os problemas da comunidade, ou seja, é o momento gerador
– da descoberta coletiva da vida através da fala; do mundo através da palavra
que consiste em um ato criativo e não um ato mecanizado, alienado ou de
consumo (BRANDÃO, 1981, p. 28).
Assim, o Método Paulo Freire prossegue com a escolha das palavras
geradoras, que além de ser um instrumento de releitura da realidade social do
lugar, também contém do ponto de vista pedagógico, relevância quanto ao valor:
• Sintático (possibilidade ou riqueza fonêmica, grau de dificuldade fonêmica
complexa, de manipulabilidade dos conjuntos de sinais, as sílabas, etc.);
• Semântico (maior ou menor intensidade do vínculo entre a palavra e o ser
que designa, maior ou menor adequação entre palavra e ser designado,
etc.);
• Pragmático (maior ou menor teor de conscientização que a palavra traz
em potencial, ou conjunto de reações socioculturais que a palavra gera
na pessoa ou grupo que a utiliza) (BRANDÃO, 1981, p. 31).
Mas se as palavras geradoras, codificam o modo de vida das pessoas, o
“Círculo de Cultura”, faz a decodificação por meio dos “núcleos de referência
gerador” (BRANDÃO, 1981, p. 33), que são roteiros de sugestão para os debates
durante as aulas, contemplando questões ao mesmo tempo existenciais,
referentes à vida, e políticas, referentes “aos determinantes sociais das
condições de vida” (BRANDÃO, 1981, p. 33).
Nesta perspectiva, para uma comunidade situada nos morros do Rio de
Janeiro, as palavras geradoras escolhidas foram: “favela, chuva, arado, terreno,
comida, batuque, poço, bicicleta, trabalho, salário, profissão, governo, mangue,
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
engenho, enxada, tijolo, riqueza” (BRANDÃO, 1981, p. 33), cujo sentido
semântico e pragmático evoca o modo de vida das pessoas, assim: [...] para a
palavra 'batuque' os aspectos de discussão foram: 'cultura do povo, folclore,
cultura erudita, alienação cultural'. Para 'governo': 'plano político, o poder político,
o papel do povo na organização do povo, participação popular' (BRANDÃO,
1981, p. 33 – 34).
Desta maneira, a palavra geradora ao trazer à lembrança recordações de
vida, provoca e instiga o pensamento a refletir sobre as questões sugeridas,
entretanto, quando o objetivo do trabalho pedagógico é apenas o de ler, escrever
e realizar cálculos, sem adentrar na dimensão da conscientização crítica, o
planejamento e elaboração do material didático para as aulas, termina com a
seleção das palavras, mas, quando o objetivo é mais amplo, o trabalho de
“codificação” do material didático prossegue com a escolha dos temas
geradores.
A princípio Paulo Freire, pensou em trabalhar com os temas geradores
somente na pós-alfabetização, mas como Brandão (1981, p. 38) nos esclarece,
o seu levantamento ocorre em dois níveis, o primeiro como núcleo gerador
dentro da fase de alfabetização, quando o professor está trabalhando a palavra
geradora, e observa durante o debate dentro do Círculo de Cultura, um
apontamento que sugere o tema gerador que deverá ser trabalhado no segundo
nível, correspondente à pós-alfabetização, como o exemplo a seguir:
Uma série de temas geradores pode ser distribuída assim:
1) A natureza e o homem: o ambiente;
2) Relações do homem com a natureza: o trabalho;
3) O processo produtivo: o trabalho como questão;
4) Relações de trabalho (operário ou camponês);
5) Formas de expropriação: relações de poder;
6) A produção social do migrante;
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
7) Formas populares de resistência e de luta (BRANDÃO, 1981, p. 39).
3.3 Educação Libertadora
No entendimento de Passos (2007) a educação voltada para um projeto
que vise a libertação e protagonismo dos setores populares, é a educação que
tem sido chamada de educação libertadora.
Ela é o projeto de educação através da qual, os trabalhadores do campo
e da cidade construirão o seu projeto transformador das relações desiguais e
injustas da presente sociedade. É um projeto democrático porque tem por
objetivo negar ou superar a manutenção das díades: oprimido-opressor. Esta
educação é cultural, isso é, é marcada pelo jeito do povo da terra, com os seus
projetos e objetivos, em função de construir neles e nos seus filhos, a defesa dos
seus interesses, a partir do lugar que ocupam nesta sociedade. É um jeito de
pensar o mundo, orientar valores e uma prática coerente com o projeto de
transformação do mundo, com óbvias implicações para o modelo econômico-
social e educacional do país. Possui uma cultura, isso é um projeto que tem o
jeito humano e cultural do povo que vive nas periferias sociais e culturais,
construído com a ‘cara’ que estes trabalhadores possuem (PASSOS, 2007).
A história da educação popular, uma das geradoras dos fundamentos da
educação do campo, como vimos anteriormente, possibilita-nos compreender
que os anseios populares de transformar a sociedade em que vivemos
encontraram nos Temas Geradores uma das formas de problematizar essa
realidade, mas também nos mostra que os processos históricos estão sempre
se fazendo, e, como agentes deste processo histórico, necessitamos nos situar
em constante refazer-se. Essa dinamicidade processual constitui-se em matéria
de reflexão, que nos permite sempre reelaborar nossas práticas pedagógicas no
sentido de uma educação necessária à libertação e nos remete ao desafio
constante de reiventar as formas como as produzimos, o que significa refletirmos
sobre a complexidade em que nossas práticas educativas estão imersas
(ANTONIO E LUCINI, 2007).
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
REFERÊNCIAS UTILIZADAS E CONSULTADAS
ANTONIO, Clésio Acilino; LUCINI, Marizete. Ensinar e aprender na educação do campo: processos históricos e pedagógicos em relação. Cad. CEDES [online]. 2007, vol.27, n.72, pp. 177-195. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v27n72/a05v2772.pdf> Acesso em: 02 mai. 2010.
BELLO, José Luiz de Paiva. Movimento Brasileiro de Alfabetização - MOBRAL. História da Educação no Brasil. Período do Regime Militar. Pedagogia em
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
Foco, Vitória, 1993. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb10a.htm> Acesso em: 03 mai. 2010.
BEZERRA, A. As atividades em Educação Popular. In: BRANDÃO, C. R. (Org.). A questão política da Educação Popular. São Paulo: Brasiliense, 1980, p. 16-39.
BRANDÃO, Rodrigues. O que é método Paulo Freire. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Resolução CNE/CEB n. 1, de 3 de abril de 2002. Institui as diretrizes operacionais para a educação básica nas escolas do campo. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 9 de abril de 2002. Seção 1, p. 32.
CALAZANS, M.J.C. Para compreender a educação do Estado no meio rural: traços de uma trajetória. In: THERRIEN, J.; DAMASCENO, M.N. (Org.). Educação e escola no campo. Campinas: Papirus, 1993.
CORRÊA, Arlindo Lopes (ed.). Educação de massa e ação comunitária. Rio de Janeiro: AGGS/MOBRAL. 1979. 472 p.
CUNHA, Luiz Antônio; GÓES, Moacyr. O golpe na educação. 11 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 16 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 11 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 8 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 33 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
FREIRE, Paulo. Política e educação. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1995. (coleção questões de nossa época; v.23).
FREITAS, M. F. Quintal de. Novas práticas e velhos olhares em psicologia comunitária. uma conciliação possível? In: SOUZA, L.; RODRIGUES, M. M. P.; FREITAS, M. F. Quintal de (Orgs.). Psicologia: reflexões (im)pertinentes. São Paulo: Casa do psicólogo, p. 83-108, 1998.
FREITAS, Maria de Fátima Quintal de. Educação de jovens e adultos, educação popular e processos de conscientização: intersecções na vida cotidiana. Educ. rev. [online]. 2007, n.29, pp. 47-62. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/er/n29/05.pdf> Acesso em: 02 mai. 2010.
GADOTTI, Moacir; TORRES, Carlos Alberto. Educação Popular: Utopia Latino-Americana. São Paulo: Cortez, 1994.
GOHN, Maria da Glória Marcondes. Movimentos sociais e educação. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1994.
INSTITUTO PAULO FREIRE (IPF). MovaBrasil. Disponível em: <http://www.paulofreire.org/Programas/MovaBrasil> Acesso em: 02 mai. 2010.
JEZINE, Edineide. Universidade e saber popular: o sonho possível. João Pessoa: UFPB/ PPGE/Editora Universitária, 2003.
LEITE, S.C. Escola rural: urbanização e políticas educacionais. São Paulo: Cortez, 1999.
MANFREDI, S. M. A Educação Popular no Brasil: uma releitura a partir de Antonio Gramsci. In: BRANDÃO, C. R. (Org.). A questão política da educação popular. São Paulo: Brasiliense, p. 38-61, 1980.
MATSUBARA, Marilda Calhão Esteves. Movimentos Populares Urbanos e o Processo de Organização Social: Experiência do Grupo de Saúde Popular no Bairro Alvorada. Cuiabá: EdUFMT, 1994.
MEDEIROS, Maria das Neves de. A educação de jovens e adultos como expressão da educação popular: a contribuição do pensamento de Paulo Freire. V Colóquio Internacional Paulo Freire – Recife, 19 a 22-setembro 2005.
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
MELO NETO, Francisco. SCOCUGLIA, Celso (organizadores). Educação popular: outros caminhos. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1994.
MOLINA, Mônica Castanga; JESUS, Sônia Meire Azevedo de. Contribuições para a construção de um projeto de educação do campo. Brasília, DF: Articulação Nacional Por uma Educação do Campo, 2004.
MOVA. Educação em Valores. Disponível em: <http://nev.incubadora.fapesp.br/portal/educacao/alfabetizacaoadultos> Acesso em: 04 mai. 2010.
PAIVA, Vanilda Pereira (org.). Perspectivas e dilemas da educação popular. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984.
PAIVA, Vanilda Pereira. Educação popular e educação de adultos. 4 ed. São Paulo: Loyola, 1987.
PASSOS, Luiz Augusto. Educação popular: um projeto de rebeldia e alteridade. Educação em movimento: espaços, tempos e atores para o século XXI. Revista de Educação. Cuiabá, v.16, n. 31, mai/ago-2007.
PINTO, João Bosco Guedes. Reflexões sobre as estratégias educativas do Estado e a prática da educação Popular: IN: Serviço social e sociedade nº 15, ano V. São Paulo: Editora Cortez, 1984.
SILVA, Solange Aparecida da. Educação de jovens e adultos: um confronto entre teoria e prática na construção da cidadania. Bauru: UNESP, 2007.
SIMIONATO, Ivete. GRAMSCI: Sua teoria, incidência no Brasil, influencia no Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1999.
TEIXEIRA, Edival Sebastião; BERNARTT, Maria de Lourdes; TRINDADE, Glademir Alves. Estudos sobre Pedagogia da Alternância no Brasil: revisão de literatura e perspectivas para a pesquisa. Educ. Pesqui. [online]. 2008, vol.34, n.2, pp. 227-242. ISSN 1517-9702
TORRES, Ártemis (org.). Mato Grosso em movimentos: ensaios de educação popular. Cuiabá: EdUFMT, 1994.
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
EDUCAÇAO POPULAR
WWW.INSTITUTOINE.COM.BR – (31) 3272-9521
TORRES, Rosa Maria (org.). Educação popular: Um Encontro com Paulo Freire. São Paulo: Ed. Loyola, 1987.
UNEFAB. Revista da Formação por Alternância. Brasília: União Nacional das Escolas Famílias Agrícolas do Brasil. n. 4. jul. 2007.
VENDRAMINI, Célia Regina. Educação e trabalho: reflexões em torno dos movimentos sociais do campo. Cad. CEDES [online]. 2007, vol.27, n.72, pp. 121-135. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v27n72/a02v2772.pdf> Acesso em: 02 mai. 2010.
WANDERLEY, Luiz Eduardo. Educar para transformar: educação popular, igreja católica e política no Movimento de Educação de Base. Petrópolis: vozes, 1984.
Recommended