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Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais
EFEITO DE CONDIÇÕES DE NITRETAÇÃO A PLASMA NA
TOPOGRAFIA DE SUPERFÍCIE E NA ADESIVIDADE DE
REVESTIMENTO DLC EM AÇO CARBONO
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Gradua-
ção em Ciência e Engenha-
ria de Materiais da Univer-
sidade Federal de Santa Ca-
tarina para obtenção do títu-
lo de Mestre em Ciência e
Engenharia de Materiais.
Pedro Henrique Teshima Shioga
Florianópolis
2013
Pedro Henrique Teshima Shioga
EFEITO DE CONDIÇÕES DE NITRETAÇÃO A PLASMA NA
TOPOGRAFIA DE SUPERFÍCIE E NA ADESIVIDADE DE
REVESTIMENTO DLC EM AÇO CARBONO
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mes-
tre em Ciência e Engenharia de Materiais, Área de Concentração Metais,
e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em
Ciência e Engenharia de Materiais.
Cristiano Binder, Dr.Eng.
Coorientador (EMC/UFSC)
Prof. Dr. Sc. Antonio Pedro Novaes de Oliveira
Coordenador – PGMAT/UFSC
Banca examinadora:
Prof. Lourival Boehs, Dr.Eng.
(UFSC)
Roberto Martins de Souza, Ph. D.
(USP)
Florianópolis, 2013
Prof. José Daniel Biasoli
de Mello, Doc.-Ing.
Orientador (EMC/UFSC)
Prof. Ana Maria Maliska, Dr.Eng.
(UFSC)
AGRADECIMENTOS
Ao professor Aloisio Nelmo Klein pela oportunidade de trabalhar
em um laboratório com infraestrutura exemplar para outros centros de
pesquisa e desenvolvimento deste país e pela liberdade de desenvolver
metodologias e ferramentas de trabalho com a equipe do Labmat (Labo-
ratório de Materiais – UFSC).
Ao professor José Daniel Biasoli de Mello, referência internacio-
nal em tribologia, pela orientação neste trabalho, mostrando o caminho
sempre que as dúvidas surgiram. E pelas conversas que ajudaram a de-
cidir meu futuro profissional.
Ao Cristiano Binder pelo apoio no crescimento pessoal e profis-
sional ao longo dos últimos anos. Por acreditar e dar liberdade nas pro-
postas de planejamento e organização das atividades do laboratório.
Aos colegas de mestrado e doutorado, pelo apoio e discussões do
dia a dia.
À equipe de projeto pela dedicação nas atividades diárias e por
participarem em meu desenvolvimento interpessoal e de gestão.
Ao PGMAT, à UFSC e ao Governo Brasileiro pela infraestrutura
institucional que permitiram este estudo e o desenvolvimento de tecno-
logia neste laboratório.
À Whirlpool-Embraco e ao BNDES pelo financiamento e manu-
tenção do centro de pesquisa e por viabilizar todo o recurso financeiro
deste trabalho, assim como o de outros colegas, contribuindo diretamen-
te para o crescimento do país.
À minha família que me incentivou e propiciou o ambiente ne-
cessário para que eu me desenvolvesse até hoje.
E a Deus por me abençoar e iluminar meu caminho sempre.
Minha sincera gratidão.
RESUMO
A demanda por desenvolvimento de tecnologia para redução do
atrito e do aumento da resistência ao desgaste de mancais mecânicos
está diretamente relacionada às exigências do consumo energético mun-
dial. Uma vez que ao invés de encontrar novas fontes de energia, é pos-
sível prolongar as reservas atuais consumindo-a de forma mais eficiente.
Uma solução para atrito e desgaste são os tratamentos superficiais como
os revestimentos multicamadas, em que se desenvolvem as propriedades
superficiais dos componentes sem a alteração do núcleo. Filmes a base
de carbono e hidrogênio chamados DLC são capazes de trabalhar nos
dois sentidos. Para isto diversos fatores devem ser considerados para
proporcionar o desempenho mecânico esperado, como eficiência, vida
útil e confiabilidade. Dentre estes fatores estão os tipos de intercamadas,
a dureza superficial, a rugosidade e a afinidade química entre outros.
Neste trabalho foi estudado, com função de suporte mecânico e adesão,
o efeito de diferentes camadas nitretadas por plasma em aço carbono no
desempenho tribológico do revestimento DLC. Foram avaliadas as ca-
racterísticas superficiais com ênfase na topografia, adesão e tribologia.
Ao longo da caracterização topográfica foi necessário realizar um pré-
estudo para determinar o método de análise e os parâmetros de avalia-
ção. A evolução da topografia a cada etapa de processamento foi regis-
trada e apresentada através destes parâmetros. Foi também proposta uma
metodologia de caracterização de adesão baseada na norma alemã
VDI3198. Por fim, todas as características avaliadas foram relacionadas
com o comportamento tribológico.
ABSTRACT
The demand for technology development to reduce friction and
improve wear resistance in mechanical bearings is closely related to
world energy consumption. Once instead of finding new sources of
energy, it is possible to extend current resources consuming in a more
efficient way. One solution for friction and wear are surface treatments
like multilayer coatings, which develop surface properties without core
modifications. Coatings made of carbon and hydrogen called DLC are
capable of handling the both sides. To do that many factors must be
considered to allow the desired mechanical performance like efficiency,
life cycle and reliability. Within these factors are types of interlayers,
case hardness, roughness, chemical bonding and others. In this work,
with mechanical support and adhesion purposes, the effect of different
plasma nitride layers over steel substrate on the tribological performance
of a DLC coating has been studied. Superficial characteristics were stud-
ied with emphasis on topography, adhesion and tribology. During the
characterization of the surface topography it was necessary to perform a
pre-study to determine assessment method and parameters. Topography
evolution along each process stage was registered and presented through
these parameters. It was also proposed an adhesion characterization
methodology based on the German standard VDI3198. Finally all evalu-
ated characteristics were correlated to the tribological behavior.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Diagrama ternário de classificação de DLC's ............... 2 Figura 2: Perfil de dureza de camadas nitretadas ......................... 3 Figura 3: Diagrama Ferro Nitrogênio ........................................... 4 Figura 4: Morfologia de camada nitretada .................................... 5 Figura 5: Mecanismo de formação de camada nitretada via
plasma ..................................................................................................... 6 Figura 6: Norma VDI3198 ........................................................... 8 Figura 7: Indentação de amostra polida e revestida. ..................... 9 Figura 8: Indentação de amostra não polida e revestida. .............. 9 Figura 9: Superfície retificada .................................................... 10 Figura 10: Superfície manipulada ............................................... 10 Figura 11: Espectro de frequências de uma superfície hipotética
............................................................................................................... 11 Figura 12: Aumento de rugosidade através da nitretação a plasma
............................................................................................................... 12 Figura 13: Influência da qualidade superficial na espessura de
camada nitretada .................................................................................... 12 Figura 14: Influência da mistura gasosa da nitretação a plasma no
perfil de microdureza da camada nitretada ............................................ 13 Figura 15: Diagrama de processamento e caracterização de
amostras................................................................................................. 15 Figura 16: Configuração de processamento em reator a plasma 16 Figura 17: Sinal da fonte de plasma ........................................... 17 Figura 18: Definição de cume pelo método dos oito pontos
vizinhos ................................................................................................. 19 Figura 19: Curva de Abott-Firestone .......................................... 21 Figura 20: Curva de Abott-Firestone para uma superfície real... 21 Figura 21: Análise de desplacamento ......................................... 23 Figura 22: Evolução da amostra ao longo do processamento ..... 25 Figura 23: DRX das camadas nitretadas ..................................... 26 Figura 24: Seção transversal da camada de compostos com
predominância de fase ε e revestimento DLC. ...................................... 27 Figura 25: Seção transversal da camada de compostos com
predominância de fase γ’ e revestimento DLC...................................... 27 Figura 26: Seção transversal da camada de difusão e revestimento
DLC ....................................................................................................... 28 Figura 27: Espessuras médias das camadas de compostos e de
DLC ....................................................................................................... 28
Figura 28: Perfil de microdureza das camadas nitretadas formadas
.............................................................................................................. 29 Figura 29: Projeções axonométricas da superfície analisada com
diferentes aumentos .............................................................................. 31 Figura 30: Sq para diferentes aumentos ..................................... 32 Figura 31: Sds para diferentes aumentos .................................... 32 Figura 32: Sdq para diferentes aumentos ................................... 32 Figura 33: Projeção axonométrica da superfície polida não
nitretada ................................................................................................ 34 Figura 34: Superfície polida não nitretada ................................. 34 Figura 35: Projeções axonométricas das camadas nitretadas ..... 35 Figura 36: Projeções axonométricas das camadas revestidas ..... 36 Figura 37: Camadas nitretadas ................................................... 38 Figura 38: Camadas revestidas ................................................... 39 Figura 39: Evolução de Sq para cada camada ao longo do
processo ................................................................................................ 40 Figura 40: Camada γ’ ................................................................. 41 Figura 41: Evolução de Sds para cada camada ao longo do
processo ................................................................................................ 41 Figura 42: Evolução de Sdq para cada camada ao longo do
processo ................................................................................................ 43 Figura 43: Evolução de Sk para cada camada ao longo do
processo ................................................................................................ 43 Figura 44: Evolução de Spk para cada camada ao longo do
processo ................................................................................................ 44 Figura 45: Evolução de Svk para cada camada ao longo do
processo ................................................................................................ 44 Figura 46: Comportamento da área desplacada em função do
tempo .................................................................................................... 45 Figura 47: Distribuição normal de áreas desplacadas ................ 46 Figura 48: Ensaio de adesão: área desplacada ............................ 47 Figura 49: Indentação da camada ε revestida ............................. 48 Figura 50: Indentação da camada γ’ revestida ........................... 49 Figura 51: Indentação da camada de difusão revestida .............. 50 Figura 52: Ensaio de durabilidade da camada ε ......................... 52 Figura 53: Ensaio de durabilidade da camada γ’ ........................ 52 Figura 54: Ensaio de durabilidade da camada de difusão .......... 52 Figura 55: Durabilidade das camadas ........................................ 53 Figura 56: Durabilidade x Área desplacada ............................... 54 Figura 57: Pistas de desgaste ...................................................... 55 Figura 58: Pista de desgaste da camada de difusão revestida..... 56
Figura 59: Resistência de interface para conjunto DLC/CrN ..... 57 Figura 60: Evolução de Sq ao longo do ensaio de durabilidade . 58 Figura 61: Evolução de Spk ao longo do ensaio de durabilidade 58 Figura 62: Pista de desgaste do ensaio de durabilidade
interrompido em dois momentos ........................................................... 59
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Influência da mistura gasosa da nitretação a plasma na camada
nitretada ................................................................................................ 13 Tabela 2: Parâmetros de nitretação para as camadas nitretadas ............ 16 Tabela 3: Parâmetros topográficos utilizados no trabalho .................... 18 Tabela 4: Aumento ótico, área amostral e resolução lateral para
diferentes configurações do interferômetro. ......................................... 30
LISTA DE SÍMBOLOS
M Quantidade de pontos na coordenada x
N Quantidade de pontos na coordenada y
Sa Média aritmética das alturas da superfície
Sq Desvio padrão das alturas da superfície
Sds Densidade de cumes da superfície
Sdq Média quadrática da inclinação da superfície
Sk Profundidade do núcleo
Spk Altura reduzida de pico
Svk Altura reduzida de vale
Sr1 Coordenadas do limites entre Sk e Spk
Sr2 Coordenadas do limites entre Sk e Svk
t Tempo
ton Tempo de pulso ligado
toff Tempo de pulso desligado
U(V) tensão de plasma
Δx Resolução lateral na direção x
Δy Resolução lateral na direção y
η(x,y) Altura na coordenada (x,y)
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................. 1
2. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS .................................... 15
2.1. PROCESSAMENTO DE AMOSTRAS ............................... 16
2.2. CARACTERIZAÇÃO .......................................................... 17
2.2.1. Análise de fases .......................................................... 17
2.2.2. Seção transversal da camada ...................................... 18
2.2.3. Topografia .................................................................. 18
2.2.4. Adesão ........................................................................ 22
2.2.5. Durabilidade ............................................................... 23
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................ 25
3.1. EVOLUÇÃO DO PROCESSAMENTO .............................. 25
3.2. DRX ...................................................................................... 26
3.3. SEÇÃO TRANSVERSAL DA CAMADA .......................... 27
3.4. TOPOGRAFIA ..................................................................... 30
3.4.1. Pré-análise de superfícies nitretadas .......................... 30
3.4.2. Análise das superfícies nitretadas ε, γ’ e difusão ....... 33
3.5. ADESÃO .............................................................................. 45
3.5.1. Metodologia ............................................................... 45
3.5.2. Resultados .................................................................. 47
3.6. DURABILIDADE ................................................................ 51
4. CONCLUSÕES ............................................................................ 61
5. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................ 63
6. REFERÊNCIAS ............................................................................ 65
1
1. INTRODUÇÃO
Engenharia de superfícies é a área da engenharia que estuda e de-
senvolve tratamentos superficiais que possibilita os materiais desempe-
nharem funções distintas daquelas que são exigidas do núcleo. É uma
área multidisciplinar que envolve engenharia mecânica, de materiais,
química, física, biologia e diversas outras[1]
.
As técnicas de modificação superficial podem ser divididas em
três grandes categorias[1]
:
Técnicas de preparação da superfície para tratamentos
subsequentes: limpeza, descalcificação etc.;
Técnicas de revestimento da superfície com materiais de
composição diferente do volume: pintura, filmes, trata-
mentos físico-químicos etc.;
Técnicas que modificam a topografia de superfície, a
composição química ou a microestrutura: polimento,
brunimento, implantação de íons etc.
Os avanços nesta área são utilizados por diferentes setores: auto-
motivo, aeroespacial, biomédico, químico, construção civil, energia,
entre muitas outras.
Na indústria mecânica e particularmente na tribologia, a modifi-
cação superficial tem impacto significativo em desgaste e atrito[2]
.
Em carros de passeio, por exemplo, um terço da energia do com-
bustível é utilizado para vencer o atrito do motor, transmissão, pneus e
freios, que totalizaram 208.000 milhões de litros de combustível desper-
diçados no mundo todo no ano de 2009. Estimativas dizem que em curto
prazo (5-10 anos) é possível reduzir este desperdício em 18%, chegando
a 61% em 25 anos[3]
. O que resulta em um impacto expressivo na matriz
energética mundial e na preservação do meio ambiente, uma vez que a
economia pode continuar crescendo sem a descoberta de novas formas
de energia, mas reduzindo o consumo.
Dentro da tribologia, reduzir o atrito não é a única forma de di-
minuir as perdas dos sistemas mecânicos, é possível ainda reduzir outra
parcela de desperdício representada pelo desgaste. Componentes que
desgastam menos implicam em paradas para manutenção menos fre-
quentes e consequentemente em grande redução de custo de vida do
produto[4]
.
Uma forma de reduzir atrito e desgaste de componentes mecâni-
cos ao mesmo tempo, é o revestimento da superfície dos materiais.
2
Um tipo de revestimento muito conhecido para este tipo de apli-
cação é o DLC – do inglês, Diamond Like Carbon, “carbono tipo dia-
mante” – um filme composto de carbono amorfo que apresenta ligações
carbono-carbono do tipo sp2 e sp
3 e ligações carbono-hidrogênio, que
resultam em características semelhantes às do diamante, como dureza e
inércia química[5]
. Este revestimento possui diversas famílias, depen-
dendo da quantidade de hidrogênio e da razão entre ligações sp2 e sp
3,
que podem ser classificadas de acordo com um diagrama ternário, inici-
almente utilizado por Jacob e Moller[6]
, Figura 1.
É comum, com o uso de DLC’s a redução do coeficiente de atrito
(em aplicações comuns metal-DLC) para valores inferiores a 0,2, che-
gando a valores de 0,01[7; 8; 9]
e redução da taxa de desgaste para níveis
de 10−9–10
−10 mm
3/N m.
[9; 10]
Entretanto, para que o revestimento DLC permaneça aderido em
superfícies metálicas comuns, é necessário atuar em dois aspectos. Um
deles é a afinidade química entre os átomos dos materiais. O outro é
diminuir a diferença de módulo de elasticidade entre DLC e substrato
metálico. Caso não haja uma região intermediária, o DLC sobre o metal
pode ser comparado a uma fina lâmina de vidro sobre um colchão maci-
o, basta uma mínima solicitação normal para a lâmina se partir em vá-
rios pedaços e se soltar da superfície. Para isto, comumente utilizam-se
sistemas de multicamadas intermediárias, em que cada camada exerce
uma função específica[11; 12]
. Geralmente em DLC’s, utilizam-se duas
camadas, uma de suporte mecânico e outra rica em silício para adesão
química[11]
.
Figura 1: Diagrama ternário de classificação de DLC's
Fonte: Adaptado de Robertson
[5]
3
Uma opção de suporte mecânico, para diminuir a diferença de e-
lasticidade entre os materiais, é a nitretação a plasma da superfície metá-
lica, que promove o aumento gradual de dureza superficial[13; 14; 15]
, Fi-
gura 2. A curva representa a dureza do material em função da profundi-
dade medida da superfície. A dureza tem seu valor máximo na camada
externa, em uma região chamada de camada de compostos e vai decres-
cendo gradualmente em direção ao centro do material em outra região
chamada de camada de difusão.
A nitretação a plasma é um tratamento termoquímico difusivo de
endurecimento superficial em aços e ligas metálicas. Este processo leva
à alteração das propriedades mecânicas na superfície, sem grandes alte-
rações do núcleo. Os ganhos resumem-se basicamente em aumento de
dureza, resistência ao desgaste, à fadiga e à corrosão[1; 14; 16]
.
Diferentemente de outros processos de tratamento superficial, a
nitretação, na maioria dos casos, não provoca mudança de fase da matriz
durante todo o processo, assim como não necessita de transformação
através de resfriamento rápido, isto significa redução de distorções di-
mensionais nos componentes tratados. As distorções que ocorrem são
geralmente causadas pelo alívio de tensões na peça, caso elas estejam
presentes anteriormente ao processo, devido ao processo normalmente
utilizar temperaturas entre 300 e 600oC
[15].
Figura 2: Perfil de dureza de camadas nitretadas
Fonte: Adaptado de ASM International
[14]
4
O endurecimento é causado basicamente por solução sólida e
precipitação. Átomos de nitrogênio são inseridos na rede cristalina do
ferro e constituem solução sólida dependendo da concentração e tempe-
ratura a qual o material é submetido, o que pode ser verificado no dia-
grama de fases Fe-N[17]
, Figura 3. A partir da concentração máxima de
nitrogênio na dada condição, ocorre precipitação, geralmente de nitretos
ou carbonitretos de ferro em forma de placas ou agulhas. O principal
efeito é a formação de uma dura camada de difusão com distorção da
rede cristalina[18]
.
Sobre a camada de difusão forma-se ou não, dependendo das cir-
cunstancias de processamento, uma camada de compostos de nitretos.
Esta camada pode ser formada por uma mistura das fases ε (Fe2-3N) e γ’
(Fe4N) ou apenas por alguma delas, Figura 4. A formação destas fases
depende do tempo de tratamento, da temperatura, do potencial de nitro-
gênio entre outros fatores. A camada com duas fases geralmente é evita-
da por apresentar suscetibilidade à fratura, devido à fraca ligação entre
as fases e diferentes coeficientes de expansão térmica[14]
.
Figura 3: Diagrama Ferro Nitrogênio
Fonte: Adaptado de ASM International
[17]
5
Figura 4: Morfologia de camada nitretada
Fonte: Adaptado de ASM International
[15]
Na nitretação via plasma, utiliza-se descarga elétrica luminescen-
te em regime anormal (plasma) para difundir os átomos de nitrogênio na
matriz metálica. Há mais de um modelo que explica o mecanismo de
formação da camada nitretada via plasma, um deles é o de Kolbel, Figu-
ra 5.
Dentro da região ionizada pelo plasma, íons positivos são bom-
bardeados contra a superfície das peças que está carregada negativamen-
te. Estes íons promovem a pulverização dos átomos de ferro superficiais
que reagem com átomos de nitrogênio reativos presentes no plasma
formando compostos FeN. Este nitreto é retroespalhado pela superfície
das peças, condensa e decompõe-se em nitretos com menor teor de ni-
trogênio: Fe2N, Fe3N etc. Uma parcela deste nitrogênio liberado é ab-
sorvido pela superfície onde sua concentração localizada aumenta. O
gradiente de concentração promove difusão no sentido do núcleo e a
profundidade atingida depende do fluxo de nitrogênio, da temperatura e
do tempo de processo.[14]
Controlando os parâmetros da nitretação a
plasma é possível produzir diferentes camadas nitretadas.[19; 20; 21]
O processo não é novo, foi registrado pela primeira vez em 1932
pelo físico Dr. Wehnheldt. Apesar da tecnologia ter sido utilizada pela
Alemanha na Segunda Grande Guerra, ela não foi utilizada em larga
escala, pois foi considerada cara, inconsistente e difícil de estabelecer
repetibilidade. A técnica ganhou força dentro da indústria, apenas a
partir da década de 70, particularmente na Europa[15]
, devido à evolução
da área eletrônica, principalmente a de fontes de plasma.
6
Figura 5: Mecanismo de formação de camada nitretada via plasma
Modelo de Kolbel
Fonte: Adaptado de ASM International[14]
7
No Brasil, a técnica está presente principalmente em centros de
pesquisa como na UFRGS (RS), UFSCar (SP), UFSC (SC), USP – São
Carlos (SP), USP (SP) entre outras instituições. Fora das universidades,
a tecnologia é geralmente importada, mas nos últimos anos surgiram
várias empresas no setor.
Apesar de apresentar alto investimento inicial, devido ao custo
dos equipamentos e sistemas necessários para estabelecer o processo, a
nitretação via plasma apresenta muitas vantagens em relação a outros
processos de nitretação[13; 15; 21]
. Entre elas destacam-se:
Baixo nível de resíduos poluentes: em uma sociedade
onde há forte pressão por redução de emissões, o proces-
samento via plasma é interessante por liberar uma quan-
tidade muito pequena de resíduos, que basicamente se re-
sume aos gases utilizados: N2, H2 e CH4, além de se ter
um ambiente de trabalho limpo e não insalubre;
Menor consumo de insumos e tempo. Devido à velocida-
de de processamento e baixo consumo de energia e gás, o
custo variável para a empresa é baixo;
Facilidade de controle das variáveis de processo, devido
às condições e equipamentos utilizados. Consequente-
mente possibilita a automação do processo;
Menor risco de alteração dimensional da peça. Com tem-
peraturas de processo mais baixas que a nitretação gaso-
sa ou líquida, o controle dimensional é mais simples e
evita-se trabalhar com mudança de fase e em faixas de
temperatura onde geralmente são realizados revenimento
ou alívio de tensões.
Outra característica deste processo de formação da camada endu-
recida é a alteração das características topográficas da superfície[15]
, em
que o aumento da rugosidade chega à ordem de um micrometro[19; 22]
e
pode influenciar diretamente no ancoramento mecânico do revestimento
DLC medido através de ensaios de adesão.
Um teste de adesão muito comum é o definido pela norma alemã
VDI3198[23; 24]
, que padroniza um ensaio utilizando indentação Rock-
well-C. A superfície da amostra é indentada com penetrador e carga
padrão, provocando a falha do revestimento. O modo de falha é caracte-
rizado em seis padrões qualitativos denominados HF1 a HF6, como
apresentado na Figura 6.
8
Figura 6: Norma VDI3198
Caracterização de adesão de filmes finos
Fonte: Vidakis[23]
Utilizando este método de caracterização, foram identificados
quatro aspectos importantes na forma com que a análise é realizada:
Existe forte dependência da interpretação qualitativa da
falha, o que acaba comprometendo a caracterização
quando as formas de desplacamento são semelhantes ou
quando são classificadas por pessoas diferentes;
Como existem apenas seis padrões de falha, a norma a-
caba classificando igualmente formas e intensidades de
desplacamentos diferentes;
Uma vez que existe uma classificação máxima HF6,
qualquer indentação com área de desplacamento maior é
classificada no mesmo nível;
O desplacamento do revestimento varia em função do
tempo decorrido depois da indentação, entretanto a nor-
ma não define em que momento a análise deve ser reali-
zada.
Com o objetivo de caracterizar a adesão de forma mais refinada,
foi desenvolvido um método que utiliza uma rotina de análise de ima-
gens para poder quantificar a área de revestimento desplacado e assim
comparar diretamente os revestimentos produzidos. Esta metodologia será apresentada detalhadamente nos procedimentos experimentais.
Ensaios preliminares de adesão utilizando esta metodologia mos-
traram que o revestimento DLC sobre superfícies nitretadas polidas,
Figura 7, desplacou mais do que sobre superfícies nitretadas não poli-
9
das, Figura 8. Este comportamento interessante foi um dos principais
fatores que levou a este estudo do ancoramento mecânico em função de
diferentes camadas de nitreto e rugosidades resultantes.
Para investigar a influência da rugosidade no ancoramento mecâ-
nico, é necessário avaliar a topografia das diferentes camadas nitretadas
formadas. A análise topográfica que fornece mais informações, repre-
sentatividade e maior critério estatístico é a abordagem 3D – mapas
tridimensionais de superfície – ao invés da 2D – perfilometria[25]
.
Figura 7: Indentação de amostra polida e revestida.
Área desplacada: 4mm
2
Fonte: Autoria própria
Figura 8: Indentação de amostra não polida e revestida.
Área desplacada: 1mm
2
Fonte: Autoria própria
Indentação
Substrato aparente
(Área desplacada)
DLC
Indentação
Substrato aparente (Área desplacada)
DLC
10
Por meio desta caracterização é possível traduzir as superfícies
em números através de parâmetros de amplitude, espaçamento e híbri-
dos. Entretanto o estudo das superfícies não é realizado apenas por pa-
râmetros numéricos, mas também pela interpretação de curvas, distribu-
ições estatísticas, projeções axonométricas e manipulação de dados.[26]
Em um estudo de Dong[27]
foram verificadas questões de anisotropia e
características funcionais das superfícies que não seriam representadas
apenas por números. A Figura 9 mostra uma superfície retificada e trun-
cando as alturas, é possível evidenciar características obtidas por este
processo de fabricação, como pode ser visto na Figura 10. Neste estudo,
foi mostrado que os vales profundos provocariam grande variação dos
parâmetros de rugosidade se fossem utilizados perfis 2D e provavelmen-
te nos parâmetros 3D caso a área amostral não contivesse estas caracte-
rísticas ou se a área não fosse grande o suficiente para evidenciá-las.
Figura 9: Superfície retificada
Fonte: Adaptado de Dong
[27]
Figura 10: Superfície manipulada
Fonte: Adaptado de Dong
[27]
11
Para analisar as superfícies também é necessário decompô-las em
três componentes: forma; ondulação e rugosidade[26]
, o que é realizado
por ferramentas matemáticas no campo das frequências, através de cu-toff’s e filtros. A Figura 11 mostra um espectro de um perfil 2D onde a
amplitude é traçada em função das frequências. Este espectro está divi-
dido em três faixas: baixa, média e alta frequência que são a interpreta-
ção de forma, ondulação e rugosidade, respectivamente. Estes intervalos
são determinados pelas frequências de cutoff – definidas por norma ou a
critério do pesquisador – e a separação dos intervalos é realizada utili-
zando filtros. Para aplicações tribológicas, por exemplo, geralmente se
está interessado em isolar a rugosidade.
Entretanto, de acordo com Sout[25]
, na abordagem 3D a questão
de filtros é bastante controversa. A definição de forma, ondulação e
rugosidade dependem de cada superfície e estão muito correlacionadas
com sua função e portanto não existem normas para os filtros assim
como na análise 2D. Desta forma as análises 3D devem conter especifi-
cados os parâmetros de filtro utilizados, e em caso de incertezas em
relação aos filtros, eles não devem ser utilizados[25]
.
Percebe-se que a análise topográfica 3D envolve muitos aspectos
além dos parâmetros de amplitude Ra e Rq encontrados frequentemente
na literatura. Porém, apenas utilizando estes parâmetros, estudos já a-
pontam forte correlação entre a nitretação e topografia.
Figura 11: Espectro de frequências de uma superfície hipotética
f1: Frequência de cutoff 1
f2: Frequência de cutoff 2
I: Intervalo de baixa frequência: forma
II: Intervalo de média frequência: ondulação
III: Intervalo de alta frequência: rugosidade
Fonte: Autoria própria
f1 f2
I II III
12
Singh[22]
mostrou que o incremento em rugosidade após a nitreta-
ção é maior para amostras polidas, do que aquelas com superfície bruta,
Figura 12, e o melhor acabamento também produz espessuras de camada
nitretada maiores, mantidas as mesmas condições de processamento,
Figura 13.
Figura 12: Aumento de rugosidade através da nitretação a plasma
Fonte: Adaptado de Singh
[22]
Figura 13: Influência da qualidade superficial na espessura de camada nitretada
Fonte: Adaptado de Singh
[22]
13
E Karakan[20]
também pesquisou o efeito de diversas misturas ga-
sosas na nitretação de aço liga 5140, nas mesmas condições de nitreta-
ção, variando os fluxos de: nitrogênio, hidrogênio e argônio. Foram
obtidos tipos de nitretos, espessuras e perfis de dureza diferentes[20]
,
Tabela 1 e Figura 14.
Entre outros estudos, foi apresentada a relação entre rugosidade,
carregamento e descarregamento em indentação instrumentada[28]
e a
influência da frequência do processo de nitretação via plasma na rugosi-
dade final dos componentes[19]
.
Tabela 1: Influência da mistura gasosa da nitretação a plasma na camada nitre-
tada
Mistura gasosa
Camada
composta
(µm)
Espessura
da camada
(µm)
Dureza
superficial
(HV)
90%N2 + 10%H2 4 -5 160 – 190 540 – 550
10%N2 + 90%H2 2 – 2,5 210 – 240 760 – 770
90%N2 + 10%Ar - 35 – 65 290 – 300
10%N2 + 90%Ar 8 – 10 60 – 90 470 – 480
80%N2 + 10%H2 + 10%Ar 5 - 6 110 – 140 470 – 480
10%N2 + 10%H2 + 80%Ar 5,5 – 6,5 90 – 120 500 – 510
10%N2 + 80%H2 + 10%Ar 2 - 3 185 - 215 700 – 710
Fonte: Adaptado de Karakan[20]
Figura 14: Influência da mistura gasosa da nitretação a plasma no perfil de
microdureza da camada nitretada
14
Fonte: Adaptado de Karakan[20]
Existe, portanto, relação entre a nitretação a plasma e rugosidade.
A qualidade superficial afeta a formação da camada nitretada, assim
como a nitretação afeta a superfície resultante.
Com base nestes fatos, os objetivos deste trabalho são:
Produzir três tipos de camadas nitretadas diferentes: ε, γ’
e de difusão em amostras de aço SAE1040;
Revestir as superfícies com filme de DLC padrão;
Caracterizar a evolução da topografia através da aborda-
gem 3D;
Caracterizar a adesão e o desempenho tribológico do re-
vestimento DLC nas três condições;
Correlacionar a adesão e o desempenho tribológico de
filme DLC com as diferentes superfícies nitretadas e su-
gerir a melhor configuração para este tipo de revestimen-
to multicamadas.
15
2. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Para realizar este estudo foram preparadas seis amostras para ca-
da tipo de condição definida. A rota de processamento e caracterização
das amostras é apresentada na Figura 15. A cada etapa de processamen-
to, as amostras foram caracterizadas para avaliar a evolução do processo
e as características intermediárias.
Figura 15: Diagrama de processamento e caracterização de amostras
Preparação das
amostras
FotografiaCaracterização
topográfica
Nitretação
FotografiaCaracterização
topográfica
Imagem da
superfície em
MEV
Análise de fases
via DRX
DLC
FotografiaCaracterização
topográfica
Imagem da
superfície em
MEV
Adesão
Foto seção
transversal da
camada
Perfil de
microdureza
Ensaio de
durabilidade em
tribômetro
Processo
Legenda
Caracterização
Fonte: Autoria própria
Nitretação camada ε;
Nitretação camada γ’;
Nitretação camada de difu-
são.
6 amostras condição ε;
6 amostras condição γ’;
6 amostras condição difusão.
Ciclo deposição I;
Ciclo deposição II;
Ciclo deposição III.
16
2.1. PROCESSAMENTO DE AMOSTRAS
As camadas nitretadas foram obtidas em amostras de aço carbono
SAE1040, por ser de uma classe de material muito comum na indústria.
De uma barra maciça de 20mm de diâmetro, as amostras foram cortadas
transversalmente com espessura de 5mm e uma das faces planas foi
lixada e polida até a qualidade superficial espelhada, com valor de Sq
menor que 0,05µm.
A superfície polida das amostras foi nitretada em reator a plasma
de configuração apresentada na Figura 16. As fases de nitreto esperadas:
ε, γ’ e de difusão foram obtidas em três ciclos de nitretação de acordo
com os parâmetros da Tabela 2, baseados no estudo de Binder[29]
. A
tensão negativa aplicada ao cátodo do reator é um sinal pulsado quadra-
do com período total de 250µs (frequência de 4kHz). ton na tabela refere-
se ao tempo de pulso da fonte de plasma ligado, a Figura 17 ilustra o
sinal fornecido pela fonte. A temperatura, a pressão e a proporção dos
gases são controladas por sistemas automáticos integrados ao reator. O
tempo em horas contabiliza o período de patamar de processo, excluin-
do-se as etapas de aquecimento e resfriamento do sistema.
Figura 16: Configuração de processamento em reator a plasma
Fonte: Autoria própria
Tabela 2: Parâmetros de nitretação para as camadas nitretadas
[29]
Temperatura
(oC)
Pressão
(Torr)
Tempo
(h)
Mistura gasosa
(%)
ton
(μs)
Tensão
(V)
Fase
esperada
550 2 1,5 90N2-9H2-1CH4 150 500 ε
570 2 4 20 N2-80 H2 150 500 γ’
480 2 1,5 5 N2-95 H2 150 500 Difusão
17
Figura 17: Sinal da fonte de plasma
Fonte: Autoria própria
As mesmas condições de deposição de DLC foram aplicadas, a-
través de deposição assistida por plasma (PECVD: Plasma Enhanced Chemical Vapour Deposition), a todas as superfícies nitretadas e o pro-
cesso é composto por duas etapas, uma com alto teor de silício e outra
apenas com precursor de carbono e hidrogênio.
Devido à capacidade de produção do reator, foram necessários
três ciclos de deposição para produzir todas as amostras necessárias.
Para evitar que a variabilidade entre estes ciclos influenciasse nos resul-
tados de caracterização, as amostras foram tratadas por pareamento de
amostras, método de projeto e análise de experimentos[30]
. Neste estudo,
o método foi utilizado da seguinte forma: foram formados conjuntos de
amostras com as três diferentes condições de nitretação e cada conjunto
foi revestido com DLC em um mesmo ciclo. Em seguida para caracteri-
zar uma determinada característica, só podiam ser comparadas amostras
do mesmo conjunto ou ciclo, amostras de conjuntos diferentes não pode-
riam ser comparadas diretamente, justamente devido à possibilidade da
variabilidade entre ciclos de DLC gerar incertezas sobre a tendência nos
resultados.
2.2. CARACTERIZAÇÃO
2.2.1. Análise de fases
Os tipos de fase de nitreto formados foram caracterizados em de
difratômetro de raios-X Philips X’Pert MPD com anodo de cobre e radi-
ação kα (λ=1,5418Å). Utilizou-se a seguinte configuração: geometria Bragg-Bretano; potência de 40kV e 30mA; no caminho óptico: fendas
Soller e Divergente de 1o 1/4
o respectivamente; rotacionador de amos-
tras de 60rpm; colimador e monocromador com monocristal plano de
grafite; intervalo de medida 2ϴ de 3˚ a 118˚ e resolução de 0,02˚; com
tempo total de varredura de 3 horas.
-500
0
0 50 100 150 200 250
U(V)
t(μs)
toff ton
18
2.2.2. Seção transversal da camada
A fim de analisar a morfologia das camadas formadas, a seção
transversal da camada foi obtida por preparação metalográfica e micro-
grafia em microscópio óptico Olympus BX60M. O perfil de microdure-
za foi determinado através de microindentações Vickers com carga de
50g e incrementos de distância de 25µm da superfície em direção ao
núcleo do material em microdurômetro Leco LM100AT.
2.2.3. Topografia
A evolução topográfica da superfície foi acompanhada etapa a e-
tapa em interferômetro óptico de luz branca Zygo Newview7300. Utili-
zou-se para análise a área amostral de 640x480 pontos, com resolução
lateral de 0,28µm/ponto e resolução vertical de 0,1nm. As análises dos
dados obtidos no interferômetro foram realizadas no software de análise
Mountaismap 3. Da superfície digitalizada foram subtraídas a forma e a
ondulação. Da rugosidade resultante foram obtidos os parâmetros de
caracterização topográficos.
.Parâmetros topográficos
Para este estudo foram escolhidos parâmetros do projeto Surfs-
tand[31]
, desenvolvido pela União Europeia que depois continuou a ser
utilizado pela Organização Internacional para Padronização (ISO). Exis-
te na literatura uma grande variedade de parâmetros, mas para descrever
uma superfície, são necessários basicamente ao menos três tipos: parâ-
metros de amplitude, de espaçamento e híbridos ou funcionais. Os pa-
râmetros escolhidos estão apresentados na Tabela 3.
Tabela 3: Parâmetros topográficos utilizados no trabalho
Tipo Parâmetro Descrição
Amplitude Sq (µm) Desvio padrão das alturas da superfície
Espaçamento Sds (cumes/mm2) Densidade de cumes da superfície
Híbrido Sdq (µm/ µm) Média quadrática da inclinação da superfície
Funcional Sk Sk (µm) Profundidade do núcleo
Funcional Sk Spk (µm) Altura reduzida de pico
Funcional Sk Svk (µm) Altura reduzida de vale
19
.Sq
Pode-se notar que o parâmetro Sa não foi incluído na lista anteri-
or apesar de ser muito comum na literatura e um valor de referência para
muitos processos na indústria. Ele representa a média aritmética do
desvio das alturas da superfície em relação ao plano médio. Todavia, o
parâmetro Sq tem basicamente o mesmo conceito, mas é mais sensível
que o Sa e é estatisticamente mais representativo, pois é o desvio padrão
das alturas em relação ao plano médio[25; 32]
. Portanto optou-se por utili-
zar apenas o Sq para mostrar o quanto os picos e vales se afastam do
plano médio e será uma referência de amplitude da superfície. Os cálcu-
los de Sa e Sq são apresentados nas equações 1 e 2[31]
.
(1)
(2)
Onde M e N são a quantidade de pontos nas direções x e y e η(x,y) é a
altura correspondente a cada coordenada.
.Sds
Sds é um parâmetro de espaçamento que mede a quantidade de
cumes por milímetro quadrado, ou seja, o quanto os cumes estão próxi-
mos uns dos outros. A definição de cume na análise 3D é relativa e de-
pende do método utilizado para defini-los. Neste caso o método utiliza-
do foi o de oito pontos vizinhos, que define um cume sempre que um
ponto central em uma matriz 3x3 de alturas for o mais alto dentre os
demais, como pode ser observado na Figura 18, o ponto A é um cume e
as linhas representam curvas de nível.
Figura 18: Definição de cume pelo método dos oito pontos vizinhos
Fonte: Stout
[25]
20
A densidade de cumes por milímetro quadrado é calculada pela
equação 3.[31]
(3)
Onde M e N são a quantidade de pontos nas direções x e y e Δx e Δy
são as resoluções laterais nas direções x e y.
.Sdq ou SΔd
Sdq é um parâmetro híbrido que avalia a amplitude e o espaça-
mento ao mesmo tempo. Este parâmetro é uma medida de variação de
amplitude ao longo da superfície, que caracteriza se uma superfície é
mais aguda ou suave.
A média quadrática da inclinação da superfície é calculada pelas
equações 4 e 5[31]
.
(4)
(5)
Onde M e N são a quantidade de pontos nas direções x e y, η(x,y) é a altura
correspondente a cada coordenada e Δx é a resolução lateral na direção x.
21
.Parâmetros Sk: Sk, Svk, Spk
Os parâmetros Sk estão relacionados diretamente à curva de A-
bott-Firestone, Figura 19, que mostra a proporção entre material por
espaço vazio em função da altura. A esquerda está uma superfície hipo-
tética e a direita sua respectiva curva de Abott-Firestone. À medida que
se avança do ponto mais extremo da superfície em direção ao núcleo, a
proporção de material por espaço vazio vai aumentando, partindo de
zero para 100%. A curva pode ser dividida em três partes: Spk, Sk e Svk
e esta divisão é definida nas duas inflexões que a curva apresenta. Sua
interpretação funcional pode ser entendida como: Sk é a altura do núcleo
da superfície do material; Spk, a altura dos picos sobre o núcleo que
serão removidos nos instantes iniciais de operação da superfície; Svk, a
altura dos vales sob o núcleo que servirão de reservatório de lubrificante
e detritos durante a operação.[26]
A Figura 20 mostra um exemplo de
curva de Abott-Firestone para uma superfície real.
Figura 19: Curva de Abott-Firestone
MRP: Razão de material em percentagem
Fonte: Whitehouse[26]
Figura 20: Curva de Abott-Firestone para uma superfície real
Sr1 e Sr2 são as coordenadas dos limites de Sk, Spk e Svk.
Fonte: Autoria própria
22
.Testes estatísticos
O estudo da evolução e da comparação das diferentes camadas a-
través dos parâmetros topográficos foi realizado por meio de análise de
variância, teste-t de duas amostras e teste de Tukey quando necessário,
sempre com 5% de nível de confiança[30]
. Desta forma, foi possível
determinar com critério estatístico se os valores das médias obtidas po-
dem ser consideradas iguais ou diferentes baseado na dispersão dos
resultados.
.Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
Para complementar a análise topográfica, imagens das superfícies
foram adquiridas em MEV em modo SE (Elétrons Secundários) e BSE
(Elétrons Retroespalhados) em microscópio Philips XL30X.
2.2.4. Adesão
Como citado na introdução, a adesão do revestimento DLC sobre
as camadas nitretadas foi caracterizada utilizando uma rotina de análise
de imagens baseada no método da norma alemã VDI3198, com o objeti-
vo de quantificar a área de desplacamento provocada pela indentação
Rockwell-C.
Para isto foi necessário desenvolver a rotina de análise de ima-
gens e realizar a análise crítica das respostas deste método, assim como
avaliar a variação da área desplacada ao longo do tempo e definir quanto
tempo depois da indentação o desplacamento pode ser medido.
Para indentar as amostras foi utilizado durômetro EMCOTEST
M4C/R G3, com penetrador Rockwell C (cone de diamante, 120o, raio
da ponta de 0,2mm) com força de 1474N.
A avaliação do desplacamento foi realizada no software de análi-
se de imagens Analysis Auto 5.1. Utilizando uma ferramenta de contras-
te, foi possível identificar a diferença de cor entre o revestimento e o
substrato aparente na região onde o filme desplacou, Figura 21. Com
isto, foi calculada a área de desplacamento em mm2, subtraindo-se a
região da indentação.
Para verificar como o desplacamento varia em função do tempo,
uma mesma indentação foi analisada em diferentes momentos. Em se-
guida, para validar o método, foram medidas diversas amostras de con-
juntos diferentes já conhecidos.
23
Figura 21: Análise de desplacamento
(a)
(b)
(a) Amostra indentada; (b) Área desplacada medida
Fonte: Autoria própria
2.2.5. Durabilidade
Para prever o desempenho de mancais de deslizamento, é possí-
vel simular os mecanismos de desgaste e o comportamento do atrito
através de ensaios em tribômetro. Desta forma pode-se ter uma aproxi-
mação do coeficiente de atrito do sistema real, da taxa de desgaste, da
durabilidade relativa de um revestimento, da evolução do contato for-
mado dentre outras características.
O desempenho tribológico do sistema DLC-camada nitretada foi
avaliado em ensaio de durabilidade utilizando a metodologia apresenta-
da por de Mello[33]
, em que o revestimento é submetido a movimento
alternativo sob carga escalonada até seu rompimento e consequente
aumento de coeficiente de atrito.
Foi utilizado tribômetro CETR UMT; movimento alternativo com
frequência de 10Hz; carga inicial de 7N e incrementos de 7N; contra-
corpo: esfera de 3mm de diâmetro de Si3N4 e atmosfera: ar ambiente
(25oC e 60% de umidade relativa). Estas condições foram definidas a
partir do artigo em que a metodologia foi apresentada. A única diferença
é em relação ao contracorpo utilizado, que no artigo utilizou-se esfera de
aço rolamento AISI52100 de 10mm de diâmetro. Como o revestimento
DLC sobre as camadas nitretadas apresentou alta resistência ao desgas-
te, foi necessário diminuir o diâmetro da esfera para aumentar a pressão
de contato e intensificar o ensaio. Também não foi possível utilizar me-
tal como contracorpo, pois mesmo aços duros como o aço ferramenta
apresentaram desgaste muito maior que o DLC, de forma que ao longo
do teste a esfera se desgastou, a pressão de contato diminuiu e o ensaio
24
praticamente não teve fim, não sendo possível determinar a durabilidade
do revestimento.
25
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos neste estudo serão discutidos à medida que
forem apresentados e no capítulo conclusões será apresentada uma sín-
tese geral.
3.1. EVOLUÇÃO DO PROCESSAMENTO
As amostras foram fotografadas logo após cada etapa de proces-
samento para registrar a evolução do tratamento superficial. A Figura 22
mostra a condição inicial polida de todas as amostras, depois os aspectos
visuais de cada tipo de nitretação e então como todas as amostras ficam
após a aplicação do revestimento DLC.
Figura 22: Evolução da amostra ao longo do processamento
(Polida) (Nitretada) (DLC)
(ε)
(γ’)
(Dif)
Fonte: Autoria própria
ε
γ'
dif.
26
3.2. DRX
A variação dos parâmetros de processamento, segundo a Tabela
2, produziram camadas nitretadas com predominância de diferentes
fases de nitreto, como pode ser observado nos difratogramas da Figura
23.
A camada (a) da figura apresentou uma combinação de fases ε e
γ’, mas com predominância da primeira. A camada (b) é basicamente
formada apenas pela fase γ’. E a camada (c) apresenta picos de ferro-α e
picos de γ’, devido à presença de pequenas formações não contínuas de
nitretos γ’ na superfície.
Como desejado, foram obtidos os três diferentes tipos de camada
nitretada: camada ε, camada γ’ e camada de difusão. Portanto, ao longo
do texto as amostras serão identificadas de acordo com as respectivas
fases de nitreto formadas.
Figura 23: DRX das camadas nitretadas
(a) camada ε; (b) γ’ e (c) de difusão.
Fonte: Autoria própria
30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
Inte
ns
ida
de
2ϴ(o)
(a)
(b)
(c)
27
3.3. SEÇÃO TRANSVERSAL DA CAMADA
As seções transversais de cada camada nitretada obtidas por pre-
paração metalográfica são apresentadas nas Figura 24, Figura 25 e Figu-
ra 26. Na Figura 27, estão sintetizadas as médias das espessuras das
camadas de compostos e de DLC.
Figura 24: Seção transversal da camada de compostos com predominância de
fase ε e revestimento DLC.
Fonte: Autoria própria
Figura 25: Seção transversal da camada de compostos com predominância de
fase γ’ e revestimento DLC
Fonte: Autoria própria
DLC
Camada de
compostos
Agulhas de
nitretos
DLC
Camada de
compostos
Agulhas de
nitretos
28
Figura 26: Seção transversal da camada de difusão e revestimento DLC
Fonte: Autoria própria
Figura 27: Espessuras médias das camadas de compostos e de DLC
Fonte: Autoria própria
Para as duas primeiras condições, ε e γ’, houve formação de ca-
mada de compostos relativamente homogênea. A espessura da camada
nitretada ε obtida é de aproximadamente 6,5µm, enquanto a camada γ’
apresentou espessura de 4,5µm. Percebe-se que a taxa de crescimento da
camada ε é maior e mesmo aumentando o tempo de tratamento da ca-
mada γ’ em mais de 2,5 vezes, ainda assim a camada formada continua
30% menor. Na camada de difusão, houve o começo de uma formação
heterogênea de camada de compostos em algumas regiões da superfície.
É possível verificar, nas fotos de todas as condições, as agulhas de nitre-
to na região de difusão logo abaixo da camada de compostos.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Epsilon Gamma Difusão
Es
pe
ss
ura
(µ
m)
Camada de compostos
DLC
DLC
Agulhas de
nitretos
Começo de
formação de camada de
compostos
29
As camadas de DLC formadas também foram medidas e são pra-
ticamente iguais em torno de 1,8µm de espessura.
Considerou-se neste estudo que a pequena diferença de espessura
das camadas ε e γ’ formadas pouco influenciarão no comportamento
tribológico e adesão do filme.
O endurecimento superficial causado pelas camadas de nitretação
pode ser avaliado através das médias de perfis de microdureza que são
apresentadas na Figura 28. As camadas ε e γ’ possuem as maiores dure-
zas superficiais da ordem de 880HV, que decaem rapidamente em me-
nos de 20μm igualando-se à dureza do núcleo de 300HV. A camada de
difusão apresenta dureza superficial de aproximadamente 380HV dimi-
nuindo também em menos de 20μm.
Assim como verificado nas seções transversais reveladas por me-
talografia, os perfis de microdureza mostram que a modificação induzi-
da pela nitretação ocorreu em uma estreita faixa superficial. No estudo
de Binder[29]
, foram utilizadas as mesmas condições de processamento e
obtiveram-se, para amostras de ferro puro sinterizadas, camadas de
compostos e de difusão de 10 e 400μm de profundidade, respectivamen-
te, com suave decréscimo de dureza em direção ao centro da amostra.
Isto mostra que a presença de carbono na composição diminui a taxa
difusão de nitrogênio na matriz.
Figura 28: Perfil de microdureza das camadas nitretadas formadas
Fonte: Autoria própria
0
200
400
600
800
1000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Du
rez
a (
HV
)
Profundidade (μm)
Epsilon
Gamma
Difusão
30
3.4. TOPOGRAFIA
3.4.1. Pré-análise de superfícies nitretadas
Para avaliar a topografia das superfícies nitretadas através do in-
terferômetro óptico, antes foi necessário um pré-estudo deste tipo de
superfície formada e da própria técnica de interferometria de luz branca.
.Área amostral
O primeiro passo foi definir a área amostral e a resolução lateral
do mapa 3D a ser analisado. Assim como em um microscópio óptico, é
possível configurar as lentes do interferômetro e aumentar a resolução
lateral, mas sempre em detrimento do tamanho da área amostral e vice-
versa. Isto significa que quanto maior o nível de detalhe da superfície,
menor é a região estudada. Portanto, deve haver um comprometimento
entre resolução e tamanho de área amostral de forma que as característi-
cas estudadas não sejam omitidas, sendo elas relativamente grandes ou
pequenas.
De acordo com o teorema de Nyquist[25]
: “para um sinal periódi-
co, o menor intervalo de medida deve ser menor que a metade do com-
primento de onda deste sinal”. Para avaliar o sinal, neste caso as super-
fícies, foram adquiridos três mapas 3D de uma mesma superfície nitre-
tada com ampliações diferentes. As ampliações estão apresentadas na
Tabela 4, juntamente com as respectivas áreas amostrais e resoluções
laterais resultantes. Para esta análise inicial, foi subtraída a forma, mas
não foram aplicados filtros subsequentes.
Para verificar se não estão sendo excluídos motivos importantes
da superfície, o primeiro passo é analisar visualmente as projeções axo-
nométricas dos mapas 3D. A Figura 29 mostra a superfície nos três au-
mentos. Além da texturização aleatória que a nitretação produz é possí-
vel notar, apenas no menor aumento, uma suave curvatura que prova-
velmente é função do processo de preparação da amostra e não afeta a
análise, principalmente depois de aplicado um filtro.
Tabela 4: Aumento óptico, área amostral e resolução lateral para diferentes
configurações do interferômetro.
Aumento total Área amostral (mm2) Resolução lateral (µm)
2,5X 5,85 4,82
10X 0,37 1,11
40X 0,02 0,28
31
Figura 29: Projeções axonométricas da superfície analisada com diferentes
aumentos
(a)
(b)
(c)
(a) 2,5X; (b) 10X; (c) 40X.
Fonte: Autoria própria
32
Para verificar a influência do aumento nos parâmetros topográfi-
cos, foram analisados Sq, Sds e Sdq em função das três áreas amostrais,
Figura 30, Figura 31 e Figura 32, respectivamente.
Figura 30: Sq para diferentes aumentos
Fonte: Autoria própria
Figura 31: Sds para diferentes aumentos
Fonte: Autoria própria
Figura 32: Sdq para diferentes aumentos
Fonte: Autoria própria
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
2,5X 10X 40X
Sq
(µ
m)
0
1
2
3
4
2,5X 10X 40X
Sd
s
(De
ns
ida
de
de
pic
os
) x 1
05
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
2,5X 10X 40X
Sd
q (
µm
/µm
)
33
O parâmetro Sq não é influenciado pelas ampliações, o que não
acontece com os parâmetros de espaçamento e híbrido. Observando o
comportamento de Sds, a densidade de cumes aumenta com a amplia-
ção, o que pode ser explicado pelo aumento da resolução, uma vez que
os menores e mais numerosos detalhes da superfície vão sendo revela-
dos. Por ser um parâmetro híbrido, Sdq acompanha o comportamento de
Sds, como o intervalo de medição diminui, as inclinações aparentes da
mesma superfície também aumentam.
Neste estudo, deseja-se avaliar a superfície sem perder a repre-
sentatividade, ou seja, sem ocultar motivos, mas ao mesmo tempo, ana-
lisar as menores características superficiais que estão fortemente ligadas
à adesão mecânica do filme com o substrato. Portanto, esta pré-análise
mostra que a melhor forma de fazer isto é utilizando a ampliação máxi-
ma de 40X.
Isto também evidencia, e é importante destacar, que a própria de-
finição de área amostral e resolução lateral já atuam como filtro.
.Filtro
Uma vez definida a área amostral, decidiu-se aplicar um filtro
gaussiano para separar a ondulação da rugosidade. Para remover apenas
os grandes comprimentos de onda, foi utilizado 25µm de cutoff, maior
valor disponível no software de análise. Da rugosidade apenas, foram
obtidos os parâmetros numéricos de caracterização superficial.
3.4.2. Análise das superfícies nitretadas ε, γ’ e difusão
Definido o método de medição e de tratamento das superfícies
digitalizadas, os parâmetros de rugosidade puderam ser calculados e as
superfícies caracterizadas.
.Projeções axonométricas
A projeção da superfície polida inicial pode ser observada na Fi-
gura 33. A superfície apresenta-se bastante suave de baixíssima ampli-
tude na ordem dos nanometros e em uma altura predominante (platô).
34
Figura 33: Projeção axonométrica da superfície polida não nitretada
Fonte: Autoria própria
É possível observar pequenas imperfeições na superfície pela pre-
sença de cavidades, devido à natureza do material. Como as amostras
foram obtidas a partir de uma barra de aço carbono extrudada, pode-se
dizer que estas cavidades são causadas por inclusões que foram arranca-
das nas fases de lixamento e polimento. A Figura 34 obtida em MEV
mostra a cavidade em detalhe e confirma a hipótese. Na mesma imagem
também podem ser observados pequenos riscos do processo de prepara-
ção.
As superfícies metálicas polidas foram então nitretadas e revesti-
das seguindo o procedimento experimental e as projeções axonométricas
resultantes podem ser verificadas nas Figura 35 e Figura 36.
Figura 34: Superfície polida não nitretada
Fonte: Autoria própria
35
Figura 35: Projeções axonométricas das camadas nitretadas
(a)
(b)
(c)
(a) ε; (b) γ’; (c) difusão
Fonte: Autoria própria
36
Figura 36: Projeções axonométricas das camadas revestidas
(a)
(b)
(c)
(a) ε; (b) γ’; (c) difusão
Fonte: Autoria própria
37
Percebe-se, a princípio, que as condições de nitretação que pro-
movem a maior alteração superficial são as camadas ε e γ’, principal-
mente a camada γ’. Na camada de difusão verifica-se um platô, sobre o
qual se pode ver a formação de picos. Comparando as superfícies nitre-
tadas antes e depois de revestidas, o DLC aparenta copiar o relevo da
superfície nitretada nas camadas ε e de difusão, entretanto na camada γ’,
a rugosidade parece ter aumentado, principalmente na forma de vales.
Para complementar a análise topográfica via interferômetro, fo-
ram obtidas fotos de microscopia eletrônica a cada etapa do processo. A
Figura 37 apresenta os três tipos de superfícies nitretadas e a Figura 38
apresenta as respectivas superfícies revestidas.
As figuras de MEV comprovam as alterações topográficas causa-
das pela nitretação e observadas nas projeções dos mapas 3D do interfe-
rômetro. Fica claro nas imagens que a mistura gasosa e principalmente o
tempo de tratamento influenciam diretamente na qualidade das superfí-
cies resultantes.
A camada de difusão é a que menos promove alteração, seguida
da camada ε e depois a γ’, em que é possível ver diversos pontos de
carregamento eletrônico, ao contrário das outras duas camadas. Isto
pode ser explicado principalmente pelo maior tempo de tratamento, de
acordo com Mason[34]
, 90% dos átomos pulverizados retornam ao cáto-
do sendo retrodifundidos e acabam criando as estruturas que são eviden-
ciadas na imagem de MEV.
Analisando as imagens das superfícies revestidas em relação às
nitretadas, nota-se que o DLC copiou a topografia nas camadas ε e de
difusão. Na imagem da camada γ’ é possível constatar a alteração super-
ficial detectada nas imagens do interferômetro. A imagem de MEV
mostra que houve formação heterogênea do revestimento, aparentemen-
te há regiões de adensamento do filme e regiões de má formação de
camada de DLC onde se pode ver a topografia anterior. Pode-se dizer
que a topografia e a composição da camada γ’ alteraram significativa-
mente as condições de deposição do DLC.
38
Figura 37: Camadas nitretadas
(a)
(b)
(c)
(a) ε; (b) γ’ e (c) difusão
Fonte: Autoria própria
39
Figura 38: Camadas revestidas
(a)
(b)
(c)
(a) ε; (b) γ’ e (c) difusão, depois de revestidas
Fonte: Autoria própria
40
.Parâmetros topográficos
Através dos parâmetros topográficos, foi possível caracterizar
numericamente a evolução das superfícies apresentadas nas projeções
dos mapas 3D e imagens de MEV.
.Sq O acompanhamento do parâmetro Sq evidenciou o aumento de
rugosidade ao longo do processo que pode ser verificado na Figura 39,
onde estão demonstradas as médias das medidas na forma de colunas e
as barras de erro de um desvio padrão. Os dados estão organizados por
tipos de camadas e por etapas de análise no interferômetro: I1 - superfí-
cie polida, I2 - superfície nitretada e I3 - superfície revestida. Esta forma
de apresentação será utilizada nos demais parâmetros.
Figura 39: Evolução de Sq para cada camada ao longo do processo
I1: Superfície polida; I2: Superfície nitretada; I3: Superfície revestida
Fonte: Autoria própria
Nota-se que a nitretação promoveu aumento de rugosidade - de
no mínimo uma ordem de grandeza - em todas as condições de nitreta-
ção. Assim como foi visto anteriormente, as camadas ε e γ’ promoveram
o maior aumento da rugosidade, mas segundo Sq suas médias são esta-
tisticamente iguais e diferentes da camada de difusão.
Depois do revestimento DLC, não se pode dizer estatisticamente
que as camadas ε e de difusão tiveram a rugosidade alterada. Já na ca-
mada γ’, o efeito percebido anteriormente nas imagens de MEV e proje-
ções dos mapas 3D é capturado por este parâmetro. Houve aumento
considerável da média acompanhada pela dispersão, resultado da forma-
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
Epsilon Gamma Difusão
Sq
(µ
m) I1
I2
I3
41
ção heterogênea do revestimento. O aumento na dispersão dos resulta-
dos está correlacionado com o tamanho das regiões de má formação do
filme que tem ordem de grandeza similar à área amostral. Aumentando-
se a área de análise, a amostra passa a ser mais representativa, como
mostrado na Figura 40 que tem metade do aumento da região analisada
anteriormente.
Figura 40: Camada γ’
Fonte: Autoria própria
.Sds Devido ao fato da definição de cume ser extremamente depen-
dente do método e da função matemática utilizada para defini-lo, a in-
terpretação deste parâmetro deve levar isto em conta. A evolução do
parâmetro pode ser verificada na Figura 41.
Figura 41: Evolução de Sds para cada camada ao longo do processo
Fonte: Autoria própria
0
1
2
3
4
5
6
Epsilon Gamma Difusão Sd
s (
de
ns
ida
de
de
pic
os
) x 1
00
00
0
I1
I2
I3
42
Em relação ao parâmetro Sds, percebem-se três comportamentos
distintos para cada tipo de camada.
Na camada ε, apesar de ter havido modificação superficial, o va-
lor de Sds não mudou, ou seja, superfícies diferentes foram caracteriza-
das igualmente.
Para a camada γ’, este parâmetro indica que houve uma aglome-
ração dos cumes, ou seja, que eles ficaram mais próximos uns dos ou-
tros, à medida que se evoluiu no processo. Isto pode estar correlaciona-
do com o maior tempo de bombardeamento durante a nitretação e a
formação heterogênea do DLC.
Na camada de difusão, o valor de Sds diminuiu depois da nitreta-
ção e aumentou depois do DLC. Este comportamento mostra a influên-
cia da definição de cumes. Quando a superfície está polida, as pequenas
variações de amplitude da superfície geram um determinado número de
cumes por milímetro quadrado. Quando a superfície é submetida à nitre-
tação para obtenção de camada de difusão, começam a surgir modifica-
ções sobre a superfície, neste momento o parâmetro Sds começa a con-
siderar estas novas características como cumes e o valor decresce. Logo
depois, o revestimento parece induzir aglomeração de cumes assim co-
mo a camada γ’.
Devido a estes aspectos, pode-se dizer que Sds não é uma forma
interessante de caracterizar a evolução deste tipo de processo, apesar de
mostrar que as superfícies são diferentes.
.Sdq ou SΔd
A evolução de Sdq é apresentada na Figura 42. A análise mostra
que a nitretação resulta em uma superfície com maiores inclinações em
todas as condições, principalmente nas camadas ε e γ’. Depois de reves-
tidas, não se pode dizer através de Sdq que as superfícies foram altera-
das nas condições das camadas ε e de difusão. Entretanto, na camada γ’
percebe-se aumento considerável na média das medidas e grande disper-
são dos resultados.
O comportamento de Sdq é bastante similar ao observado no pa-
râmetro Sq e a razão destas modificações são as mesmas. Nota-se por-
tanto que as respostas destes parâmetros são equivalentes para o estudo
deste tipo de superfície e apenas Sq seria suficiente.
43
Figura 42: Evolução de Sdq para cada camada ao longo do processo
Fonte: Autoria própria
.Parâmetros Sk: Sk, Svk, Spk
As Figura 43, Figura 44 e Figura 45 mostram a evolução dos pa-
râmetros Sk, Spk e Svk respectivamente.
Figura 43: Evolução de Sk para cada camada ao longo do processo
Fonte: Autoria própria
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
Epsilon Gamma Difusão
Sd
q I1
I2
I3
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Epsilon Gamma Difusão
Sk
(µ
m) I1
I2
I3
44
Figura 44: Evolução de Spk para cada camada ao longo do processo
Fonte: Autoria própria
Figura 45: Evolução de Svk para cada camada ao longo do processo
Fonte: Autoria própria
As superfícies iniciais polidas apresentam, como esperado, baixos
níveis de rugosidade.
Depois de nitretadas, todos os parâmetros tiveram aumento, com
destaque para a camada de difusão que teve as menores modificações.
Depois de revestidas, as camadas ε e de difusão não apresentaram
mudanças estatísticas em nenhum dos parâmetros, entretanto a camada γ’ apresentou comportamento distinto aumentando consideravelmente
em Sk e valores dispersando em Svk.
Isto significa que em todas as condições de nitretação as superfí-
cies foram modificadas desenvolvendo picos e vales e resultando no
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
Epsilon Gamma Difusão
Sp
k (
µm
)
I1
I2
I3
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
Epsilon Gamma Difusão
Sv
k (
µm
)
I1
I2
I3
45
aumento de rugosidade como mostrado em Sq. Nas camadas ε e de difu-
são o revestimento copiou a superfície, resultando praticamente na
mesma topografia. Já a camada γ’ se desenvolveu de uma forma total-
mente diferente, como mostrado nas imagens de MEV. Nesta condição a
camada de DLC desenvolveu profundidades maiores de núcleo e vale o
que está relacionado com as regiões de má formação do filme.
O conjunto de parâmetros Sk se mostrou interessante por caracte-
rizar diferentes as diferentes alturas da topografia: pico, núcleo e vale,
correlacionadas com as características de cada camada.
.Síntese
Depois de analisada a topografia das superfícies formadas, pode-
se dizer que houve aumento de rugosidade para todas as condições de
nitretação – em menor intensidade na camada de difusão – e que o re-
vestimento DLC copia a topografia das camadas ε e de difusão, mas na
camada γ’ o mecanismo de difusão e a morfologia resultante são com-
pletamente diferentes.
3.5. ADESÃO
3.5.1. Metodologia
Antes de avaliar a adesão das amostras utilizando o método pro-
posto, foi necessário verificar a variação do desplacamento em função
do tempo e a variabilidade das medidas em amostras conhecidas.
A evolução da área desplacada, medida desde o momento da in-
dentação, é mostrada na Figura 46.
Figura 46: Comportamento da área desplacada em função do tempo
Fonte: Autoria própria
y = 0,1474ln(x) + 1,7839 R² = 0,989
1,7
1,9
2,1
2,3
2,5
2,7
2,9
0:00 0:30 1:00 1:30 2:00 2:30 3:00 3:30 4:00 4:30
Áre
a (
mm
²)
Tempo (horas)
46
É possível ver que a área desplacada varia muito na primeira hora
depois da indentação, aumentando muito pouco nas horas seguintes. A
análise de regressão resultou na curva tracejada cuja função é mostrada
na própria figura. Através desta função, foi definido o período de 24
horas depois da indentação para o desplacamento estabilizar e então
registrar a imagem. Após este período, a variação da área é menor que
1%, valor consideravelmente menor que variações de 10% observadas
em alguns resultados.
Definidos os parâmetros do ensaio, foi verificada a influência da
variabilidade de cinco medidas na confiabilidade do método proposto.
Amostras foram processadas com dois tipos de revestimento diferentes,
que já se sabia terem comportamentos de adesão distintos. As áreas
desplacadas foram medidas e o teste estatístico (teste-t com 5% de nível
de confiança) revelou que não havia diferença de adesão entre amostras
do mesmo lote, Figura 47(a), ao contrário das amostras de lotes diferen-
tes, Figura 47(b). Nestas figuras estão representadas as curvas de distri-
buição normal equivalentes em que se podem analisar as médias, as
dispersões e sobreposição das medidas obtidas.
Concluiu-se com estes resultados que a rotina é adequada para es-
te estudo da adesão e sugere-se sua utilização para demais estudos que
se baseiam na norma VDI3198 de forma a refinar a análise.
Figura 47: Distribuição normal de áreas desplacadas
(a)
(a) Amostras do mesmo lote
Fonte: Autoria própria
47
Figura 47: Distribuição normal de áreas desplacadas (continuação)
(b)
(b) Amostras de lotes diferentes.
Fonte: Autoria própria
3.5.2. Resultados
A Figura 48 apresenta os resultados de adesão dos três tipos de
camada revestida. As camadas de DLC depositadas sobre as camadas de
compostos do tipo ε e γ’ tiveram o menor desplacamento e possuem
médias iguais. O desplacamento associado àquelas depositadas sobre a
camada de difusão foi quase o dobro das demais. Todas apresentaram
pequena dispersão de resultados.
Figura 48: Ensaio de adesão: área desplacada
Fonte: Autoria própria
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Epsilon Gamma Difusão
Áre
a d
es
pla
ca
da
(m
m2
)
48
Para verificar o comportamento do desplacamento induzido pela
indentação, foram registradas imagens de MEV de cada condição. A
Figura 49 mostra o desplacamento da camada ε em diferentes aumentos.
É possível ver que a maior parte do desplacamento ocorre no perímetro
da indentação, onde as tensões são maiores[35]
. Nesta região observam-
se trincas circunferenciais e radiais na camada de compostos, setas na
imagem de maior aumento (b), que tendem a aparecer no carregamento
e descarregamento, respectivamente[36]
.
Figura 49: Indentação da camada ε revestida
(a)
(b)
R: Trinca Radial; C: Trinca Circunferencial
Fonte: Autoria própria
SE
BSE
C
R
49
A Figura 50 mostra a indentação na camada γ’ revestida. Assim
como a camada ε, o desplacamento ocorre no perímetro da indentação e
parte do revestimento permanece dentro dela. Observa-se a formação de
trincas da camada de compostos, seta na imagem de maior aumento,
entretanto quase não se vê trincas circunferenciais. Nesta condição a
indentação deixa pequenas porções de filme aderido cercadas por área
sem revestimento, isto mostra uma forma de propagação do desplaca-
mento distinta. Portanto, apesar das áreas desplacadas nas condições ε e
γ’ serem estatisticamente iguais, os comportamentos são diferentes.
Figura 50: Indentação da camada γ’ revestida
(a)
(b)
R: Trinca Radial
Fonte: Autoria própria
SE
BSE
R
50
A indentação na camada de difusão revestida é apresentada na
Figura 51. O perímetro da indentação foi quase totalmente desplacado
assim como a maior parte do filme dentro da indentação. Não se encon-
tram trincas e a borda da indentação é bem definida, o que pode ser
explicado pelas maiores deformações na borda.
Figura 51: Indentação da camada de difusão revestida
(a)
(b)
Fonte: Autoria própria
SE
BSE
51
Analisando estes resultados, pode-se dizer que a adesão está for-
temente correlacionada com as características superficiais e os fatores
que mais influenciam são:
Rugosidade: Nas superfícies com rugosidade elevada, e-
xiste uma grande quantidade de picos e vales. Nestas va-
riações de amplitude há concentrações de tensões mais
elevadas onde o filme tende a falhar primeiro[37]
;
Morfologia da camada: Características das camadas for-
madas como espessura, módulo de elasticidade, tensão
de escoamento e ruptura influenciam no campo de ten-
sões durante e depois da indentação. Assim, podem apa-
recer diferentes tipos de trincas e regiões deformadas que
causam comportamentos de desplacamentos distintos;
Homogeneidade do revestimento: A qualidade do DLC
formado está correlacionada com a topografia da superfí-
cie nitretada. Dependendo das características pode-se
formar homogênea ou heterogeneamente, o que também
gera modos de falha diferentes.
A combinação destas três características leva a formas de despla-
camento e propagação distintas. Superfícies com maior rugosidade e
formação heterogênea do revestimento aparentam bloquear a propaga-
ção do desplacamento. Para explicar este fenômeno, um estudo detalha-
do dos campos de tensão e deformação deste sistema de camadas é ne-
cessário.
3.6. DURABILIDADE
O comportamento das camadas revestidas em ensaio de durabili-
dade pode ser observado nas Figura 52, Figura 53 e Figura 54, que mos-
tram a evolução do coeficiente de atrito de três ensaios, em cada condi-
ção, até a ruptura do revestimento quando há grande aumento do valor
medido. Nelas, o coeficiente de atrito (COF) é traçado em linha escura e
a força escalonada em linha clara, ambos em função da distância percor-
rida no ensaio. A Figura 55 apresenta o valor médio dos resultados.
52
Figura 52: Ensaio de durabilidade do DLC sobre a camada ε
Fonte: Autoria própria
Figura 53: Ensaio de durabilidade do DLC sobre a camada γ’
Fonte: Autoria própria
Figura 54: Ensaio de durabilidade do DLC sobre a camada de difusão
Região A: alto atrito; Região B: baixo atrito.
Fonte: Autoria própria
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0 50 100 150 200 250
F (
N)
CO
F
Distância (m)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0 50 100 150 200 250
F (
N)
CO
F
Distância (m)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0 50 100 150 200 250
F (
N)
CO
F
Distância (m)
A
B
53
Figura 55: Durabilidade das camadas
Fonte: Autoria própria
A evolução do coeficiente de atrito nos gráficos mostra claramen-
te que as camadas apresentaram comportamentos distintos, assim como
a durabilidade.
O melhor desempenho no tribômetro foi alcançado pelo filme
DLC sobre a camada de difusão com durabilidade de 13.000N.m – resis-
tindo até a nona carga – e o menor coeficiente de atrito, na faixa de 0,05.
Em seguida veio, a camada ε revestida, que apresentou aproxi-
madamente 6.000N.m de durabilidade – rompendo na sexta carga – e
coeficiente de atrito inicial da ordem de 0,125 decrescendo suavemente
até o valor de 0,1.
Por último, o pior desempenho foi a da camada γ’ que falhou lo-
go no começo do ensaio, na segunda carga, apresentando aproximada-
mente 600N.m de durabilidade. Das três condições, também foi aquela
que teve o maior coeficiente de atrito da ordem de 0,2.
Observando os resultados da durabilidade e relacionando-os com
as respostas do ensaio de adesão, encontrou-se um comportamento anta-
gônico, como está mostrado na Figura 56, onde as duas variáveis são
traçadas no mesmo gráfico. Para facilitar o entendimento, a adesão está
expressa pelo inverso da área desplacada, desta forma a melhor resposta
para ambos os ensaios seria o limite superior da área do gráfico, ou seja,
deseja-se que a durabilidade seja máxima e a área desplacada seja mí-nima.
Entretanto, não é o que se vê na figura. Apesar da camada de di-
fusão ter apresentado a pior adesão no ensaio de indentação, ela teve a
maior durabilidade, além disto o menor coeficiente de atrito. Já o DLC
sobre a camada γ’ teve o pior comportamento tribológico, mas não teve
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Epsilon Gamma Difusão
Du
rab
ilid
ad
e (
N.m
)
x1
03
54
desplacamento acentuado, assim como a camada ε revestida que teve
desempenho mediano entre as outras duas.
Para compreender estes resultados, foram analisadas as pistas de
desgaste ao final do ensaio, as imagens de MEV são apresentadas na
Figura 57.
Assim como visto na evolução do coeficiente de atrito, as pistas
de desgaste são bastante diferentes. No final do ensaio, quando o coefi-
ciente de atrito aumenta rapidamente, sobre a camada ε ainda há uma
tribocamada com pequenas regiões de substrato aparente. Na condição
γ’, pode-se dizer que uma tribocamada se desenvolveu e depois foi re-
movida até o substrato ser revelado, pois são visíveis faixas desta cama-
da ainda presentes no final do ensaio. Na condição da camada de difu-
são, que atingiu a maior distância de deslizamento, o revestimento foi
totalmente removido e a interface entre pista e revestimento é bem defi-
nida. Pequenas porções da camada sob o DLC também foram arrancadas
devido às maiores solicitações, como pode ser visto na Figura 58. Tam-
bém devido a esta maior força normal, a largura da pista de desgaste é
praticamente o dobro das anteriores.
Figura 56: Durabilidade x Área desplacada
Fonte: Autoria própria
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
0
2
4
6
8
10
12
14
Epsilon Gamma Difusão
Áre
a d
es
pla
ca
da
-1 (
1/m
m2)
Du
rab
ilid
ad
e (
N.m
) x
10
3
Durabilidade
Adesão
55
Figura 57: Pistas de desgaste
(a)
(b)
(c)
DLC sobre (a): camada ε; (b) camada γ’ e (c) camada de difusão.
Fonte: Autoria própria
BSE
BSE
BSE
Pista de desgaste
Tribocamada
Substrato aparente
Pista de
desgaste
Vestígio de tribocamada
Pista de
desgaste
56
Figura 58: Pista de desgaste da camada de difusão revestida
Setas: partículas de substrato removidas
Fonte: Autoria própria
Analisando estas imagens e utilizando os resultados obtidos até
então, alguns comportamentos podem ser explicados.
Durante a indentação, a formação heterogênea do revestimento
DLC sobre a camada γ’ provoca rapidamente seu desplacamento, em
contrapartida ela também é responsável por influenciar sua propagação.
Porém a indentação é restrita a um único ponto, o que não acontece no
ensaio de durabilidade onde também existe movimento lateral. À medi-
da que o contracorpo desliza pela pista de desgaste, a região de defor-
mação se move e vai quebrando todo o revestimento, forma-se uma
tribocamada que é logo removida e a condição de baixo atrito se esgota.
Outro detalhe, que mostra como o mecanismo de desplacamento é o
mesmo, está na borda da pista de desgaste, Figura 57(b), que é similar
ao perímetro desplacado da indentação da Figura 50.
Já na camada ε revestida que também tem rugosidade elevada,
mas com formação homogênea do DLC, a durabilidade é maior e ao
final do ensaio, a tribocamada ainda está presente, apesar de alguns
pedaços terem sido removidos. Isto mostra que mesmo tendo áreas des-
placadas praticamente iguais, as camadas ε e γ’ produzem respostas
diferentes, em que a ε é mais favorável.
Contudo, é a camada de difusão revestida que tem o comporta-
mento mais intrigante. Foi a condição que mais desplacou no ensaio de
adesão, mas teve a maior durabilidade. Observando os resultados junta-
mente com os parâmetros dos ensaios, percebe-se que as cargas utiliza-
das são muito diferentes, e provavelmente os campos de tensões tam-
SE
57
bém. Enquanto o teste de adesão utiliza força de 1474N, a força normal
nos ensaios de durabilidade não ultrapassou 70N. Isto significa que
foram obtidos resultados de regimes diferentes. O estudo de Lara[38]
mostra isto, utilizando um modelo matemático de diferentes amostras
foi mostrado que a resistência de interface de um filme DLC sobre um
substrato de CrN decresce em função da força da indentação, diminuin-
do acentuadamente até 300N, como pode ser observado na Figura 59.
Portanto, fica claro que a correlação direta do ensaio de adesão,
através de indentação, com o ensaio de durabilidade só pode ser realiza-
da, se os campos de tensão e deformação criados forem similares. Caso
contrário os comportamentos são diferentes, como por exemplo, o apa-
recimento de trincas nas camadas ε e γ’ e o efeito antagônico na camada
de difusão.
Figura 59: Resistência de interface para conjunto DLC/CrN
Fonte: Lara
[38]
58
Além da relação entre os ensaios de adesão e durabilidade, outro
detalhe importante verificado nestes ensaios no tribômetro, é a redução
do coeficiente de atrito, exceto na camada γ’ revestida que falha logo no
início. Para verificar este efeito, foram produzidas mais duas pistas de
desgaste na camada de difusão revestida, uma interrompendo o ensaio
no instante A da Figura 54, quando o atrito ainda estava alto e outra no
instante B, quando o atrito estabilizou em um valor menor. Assim os
três momentos puderam ser analisados: superfície intacta, regime de alto
atrito e regime de baixo atrito. Amostras de 56x56µm de área foram
obtidas fora e dentro das pistas de desgaste através do interferômetro e
os mapas 3D foram analisados no software. Removendo-se a forma,
foram calculados os parâmetros Sq e Spk que melhor representaram a
evolução da superfície. As médias são apresentadas na Figura 60 e Figu-
ra 61.
Figura 60: Evolução de Sq ao longo do ensaio de durabilidade
Fonte: Autoria própria
Figura 61: Evolução de Spk ao longo do ensaio de durabilidade
Fonte: Autoria própria
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
Início Alto atrito Baixo atrito
Sq
(µ
m)
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
Início Alto atrito Baixo atrito
Sp
k (
µm
)
59
Estes parâmetros dizem que houve redução da rugosidade princi-
palmente logo após o início do ensaio, através da remoção dos picos da
superfície. Imagens de MEV foram obtidas nos dois momentos e são
apresentadas na Figura 62. As pistas de desgaste são apontadas pelas
setas nas duas imagens.
Figura 62: Pista de desgaste do ensaio de durabilidade interrompido em dois
momentos
(a)
(b)
Região A: alto atrito; Região B: baixo atrito
Fonte: Autoria própria
SE
SE
60
Nestas imagens é possível ver que até o ensaio ser interrompido
na região de alto atrito, ocorreu apenas o alisamento dos picos como
mostrado pelos parâmetros topográficos. Porém, quando o ensaio foi
parado pela segunda vez na região de baixo atrito, é possível ver a for-
mação de uma tribocamada. Apesar de pouco alterar os parâmetros de
rugosidade, é o principal motivo da redução do coeficiente de atrito. Isto
mostra que o revestimento DLC produzido sobre estas camadas nitreta-
das exige um período inicial de “amaciamento” até atingir a melhor
condição de operação do ponto de vista tribológico.
Os resultados mostram que a topografia e o tipo de camada nitre-
tada formada influenciam diretamente no desempenho do DLC. Ficou
comprovado que o controle topográfico é extremamente importante,
principalmente por que existe uma condição ideal de rugosidade que
melhora o ancoramento mecânico do filme e bloqueia a propagação do
desplacamento, mas sem comprometer o desempenho tribológico do
sistema.
61
4. CONCLUSÕES
A rugosidade está relacionada com o desempenho tribológico
deste tipo de revestimento. Dependendo das condições de processamen-
to e camadas nitretadas resultantes, pode-se aumentar a durabilidade e
reduzir o coeficiente de atrito.
O melhor tipo de camada para este tipo de sistema foi o DLC so-
bre a camada de difusão, que depois de um período inicial de “amacia-
mento” apresenta o melhor desempenho tribológico.
Foi desenvolvida uma metodologia que permite quantificar a área
desplacada do ensaio de adesão da norma VDI3198 e refinar os resulta-
dos da técnica.
Comparar diretamente resultados de ensaio de adesão através de
indentação Rockwell-C e ensaio de durabilidade somente é possível se
os níveis de tensões tiverem a mesma intensidade.
O revestimento DLC estudado copia a topografia das superfícies,
mas na presença de camada de compostos γ’, a formação do filme é
heterogênea.
As condições de processamento que promovem o crescimento de
camada de compostos ε e γ’ aumentam muito mais a rugosidade do que
as condições para camada de difusão apenas.
62
63
5. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Caracterizar o comportamento do sistema multicamadas: cama-
da de difusão e revestimento DLC em componentes mecânicos
reais e comparar com o desempenho de soluções comerciais;
Realizar os ensaios de durabilidade em atmosferas controladas:
em vácuo e em diferentes misturas gasosas para verificar se o
comportamento se mantém;
Refazer os ensaios de adesão e de durabilidade com campos de
tensões de mesmo nível e comparar os resultados;
Analisar o mecanismo de formação do revestimento de DLC a-
través de deposição assistida por plasma sobre camadas nitreta-
das;
Estudar o efeito do polimento das camadas nitretadas no ensaio
de adesão e durabilidade, uma vez que a alteração topográfica
não parece ser a única causa da diminuição do ancoramento;
A caracterização da adesão quantificando a área desplacada se
mostrou importante para o estudo de filmes finos, entretanto é
necessário desenvolver um método para caracterizar as trincas
(radiais e circunferenciais) e sua propagação;
Estudar a influência da rugosidade, morfologia do sistema de
camadas e homogeneidade do DLC nos campos de tensão e de-
formação criados pelos ensaios de adesão e durabilidade e con-
sequentemente na propagação do desplacamento.
64
65
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